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IDÉIAS PARA A LUTA [2] CONVENCER, NO LUGAR DE IMPOR MARTA HARNECKER 1. Os movimentos populares, e em geral os diferentes atores sociais que h trincheiras de luta contra a globalização neoliberal, tanto em nível inte próprios países, repelem, com razão, as práticas hegemonistas . ão aceitam a atitude de tratoragem que costumavam usar algumas organizaç!es políticas e sociais a de serem as mais fortes e açambarcando cargos de direção, pretendiam inst movimento. Não aceitam que se tente impor a direção de cima e de forma autoritária # que se pretenda conduzir o movimento com ordens, por mais corretas que estas se $. %ma atitude hegemonista, em lugar de somar forças, produz o efeito con mal"estar nas organizaç!es( estas se sentem manipuladas e obrigadas a ace não participaram, e, por outro, reduz o campo dos aliados, j& que uma org posição desse tipo ) incapaz de captar os verdadeiros interesses de todo em muitos deles desconfiança e ceticismo. *. +as, lutar contra o hegemonismo não significa renunciar a lutar para ganhar a hegemonia , que ) apenas tratar de conquistar, de persuadir os demais da correção de validade de nossas propostas. . 'ara ganhar a hegemonia, inicialmente, não ) preciso que sejamos muito - hegemonia alcançada pelo +ovimento $ de /ulho, conduzido por 0idel a parece"nos uma prova suficientemente convincente dessa afirmação. 2. +ais importante que criar um partido poderoso, com um grande n3mero de desfraldar um projeto político que reflita as aspiraç!es mais sentidas do conquiste sua mente e seu coração. O importante é que sua política seja respaldada pelas massas, que estimule o consenso na maioria da sociedade. 6. á partidos que se vangloriam do grande n3mero de militantes que t4m, mas, d s! dirigem seus filiados . O ponto central não ), então, que o partido seja grande ou interessa ) que a maioria das pessoas se sinta identificada com suas prop ". #m lugar de impor e instrumentalizar, é preciso con$encer e somar todos os que se sintam atraídos pelo projeto que se pretende realizar. 5 só somos capazes de som demais, se somos capazes de compartilhar responsabilidades com outras fo 6. 7oje, setores importantes da esquerda chegaram 8 compreensão de que su quando conseguirem que mais gente siga suas propostas, embora estas não a bandeira. 9 preciso abandonar a antiga pr&tica equivocada de pretender c organizaç!es que ousam levantar suas bandeiras. :. ;e conseguirmos conquistar para essas id)ias um n3mero importante de l asseguramos com isso que suas id)ias cheguem de modo mais eficaz aos dife populares. 9 importante tamb)m conquistar para o projeto personalidades 279293013.DOC 1

Idéias Para a Luta 2

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IDIAS PARA A LUTA

Idias para a luta [2]Convencer, no lugar de impor

Marta Harnecker

1. Os movimentos populares, e em geral os diferentes atores sociais que hoje esto nas principais trincheiras de luta contra a globalizao neoliberal, tanto em nvel internacional como em seus prprios pases, repelem, com razo, as prticas hegemonistas. No aceitam a atitude de tratoragem que costumavam usar algumas organizaes polticas e sociais as quais, aproveitando-se de serem as mais fortes e aambarcando cargos de direo, pretendiam instrumentalizar o movimento. No aceitam que se tente impor a direo de cima e de forma autoritria; que se pretenda conduzir o movimento com ordens, por mais corretas que estas sejam.

2. Uma atitude hegemonista, em lugar de somar foras, produz o efeito contrrio. Por um lado, cria mal-estar nas organizaes: estas se sentem manipuladas e obrigadas a aceitar decises das quais no participaram, e, por outro, reduz o campo dos aliados, j que uma organizao que assume uma posio desse tipo incapaz de captar os verdadeiros interesses de todos os setores populares e cria em muitos deles desconfiana e ceticismo.

3. Mas, lutar contra o hegemonismo no significa renunciar a lutar para ganhar a hegemonia, que apenas tratar de conquistar, de persuadir os demais da correo de nossos pontos de vista e da validade de nossas propostas.

4. Para ganhar a hegemonia, inicialmente, no preciso que sejamos muitos, bastando uns poucos. A hegemonia alcanada pelo Movimento 26 de Julho, conduzido por Fidel Castro, em Cuba, parece-nos uma prova suficientemente convincente dessa afirmao.

5. Mais importante que criar um partido poderoso, com um grande nmero de militantes, desfraldar um projeto poltico que reflita as aspiraes mais sentidas do povo e, por isso mesmo, conquiste sua mente e seu corao. O importante que sua poltica seja respaldada pelas massas, que estimule o consenso na maioria da sociedade.

6. H partidos que se vangloriam do grande nmero de militantes que tm, mas, de fato, s dirigem seus filiados. O ponto central no , ento, que o partido seja grande ou pequeno, o que interessa que a maioria das pessoas se sinta identificada com suas propostas.

7. Em lugar de impor e instrumentalizar, preciso convencer e somar todos os que se sintam atrados pelo projeto que se pretende realizar. E s somos capazes de somar se respeitamos os demais, se somos capazes de compartilhar responsabilidades com outras foras.8. Hoje, setores importantes da esquerda chegaram compreenso de que sua hegemonia ser maior quando conseguirem que mais gente siga suas propostas, embora estas no apaream sob sua bandeira. preciso abandonar a antiga prtica equivocada de pretender cobrar direitos autorais das organizaes que ousam levantar suas bandeiras.

9. Se conseguirmos conquistar para essas idias um nmero importante de lderes naturais, asseguramos com isso que suas idias cheguem de modo mais eficaz aos diferentes movimentos populares. importante tambm conquistar para o projeto personalidades de destaque em mbito nacional, porque elas so formadoras da opinio pblica e sero instrumentos eficazes para divulgar as propostas e conquistar novas adeses.

10. Pensamos que uma boa maneira de medir a hegemonia alcanada por uma organizao examinar quantos lderes naturais e personalidades assumiram suas idias e, em geral, quantas pessoas se sentem identificadas com elas.

11. O grau de hegemonia alcanado por uma organizao poltica no pode ser medido, ento, pela quantidade de cargos que consiga conquistar. O fundamental que aqueles que estejam em cargos de direo nas diversas organizaes e movimentos faam suas propostas e ponham em prtica as propostas elaboradas por essa organizao, ainda que no sejam militantes dela.

12. Uma prova da conseqncia de um agrupamento poltico que se declara no hegemonista justamente ser capaz de propor para os diferentes cargos os melhores homens, sejam estes de seu prprio partido ou sejam independentes ou de outros partidos. Das figuras que a esquerda seja capaz de levantar depender em grande medida a credibilidade que o povo tenha em seu projeto.

13. claro que isso mais fcil dizer do que praticar. Costuma acontecer que, quando uma organizao forte, ela tenda a subvalorizar a contribuio que possam fazer outras organizaes e que tenda a impor suas idias. mais fcil fazer isso que arriscar-se ao desafio que representa ganhar a conscincia das pessoas. Quanto mais cargos se tm, mais atentos preciso estar para no cair em prticas hegemonistas.

14. Por outro lado, o conceito de hegemonia um conceito dinmico, a hegemonia no se ganha de uma vez para sempre. Mant-la um processo que tem que ser recriado permanentemente. A vida segue seu curso, aparecem novos problemas e com eles novos desafios.

15.

Bibliografa de Marta Harnecker sobre el tema:

La izquierda en el umbral del Siglo XXI. Haciendo posible lo imposible (A esquerda no umbral do Sculo XXI), Publicado em: Brasil, Paz e Terra, 2000; Mxico, Siglo XXI Editores, 1999; Espaa, Siglo XXI Editores, 1 ed., 1999, 2 ed., 2000 y 3 ed., 2000; Cuba, Editorial de Ciencias Sociales, 2000; Portugal, Campo das Letras Editores, 2000; Italia, Sperling and Kpfer Editori, 2001; Canad (francs), Lantt diteur, 2001; El Salvador, Instituto de Ciencias Polticas y Administrativas Farabundo Mart, 2001.

Hacia el Siglo XXI, La izquierda se renueva (Rumo ao Sculo XXI, A esquerda se renova), Quito, Ecuador, CEESAL, 1991

Vanguardia y crisis actual o Izquierda y crisis actual (Vanguarda e crise atual ou Esquerda e crise atual), Siglo XXI Espaa, 1990. Publicado em: Argentina, Ediciones de Gente Sur, 1990; Uruguay, TAE Editorial, 1990; Chile, Brecha, 1990; Nicaragua, Barricada, 1990. Com o ttulo Izquierda y crisis actual: Mxico, Siglo XXI Editores, 1990; Per, Ediciones Amauta, 1990; Venezuela, Abre Brecha, 1990; Dinamarca, Solidaritet, 1992.

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