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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração Mestrado Acadêmico em Administração Fernando Horta Latini IDENTIFICAÇÃO DE FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO NA ADOÇÃO DE BPM PÓS-IMPLANTAÇÃO DE ERP: estudo de casos múltiplos Belo Horizonte 2015

IDENTIFICAÇÃO DE FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO NA

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração

Mestrado Acadêmico em Administração

Fernando Horta Latini

IDENTIFICAÇÃO DE FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO NA ADOÇÃO DE BPM

PÓS-IMPLANTAÇÃO DE ERP: estudo de casos múltiplos

Belo Horizonte

2015

Fernando Horta Latini

IDENTIFICAÇÃO DE FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO NA ADOÇÃO DE BPM

PÓS-IMPLANTAÇÃO DE ERP: estudo de casos múltiplos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação da Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais e Fundação Dom Cabral como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre

em Administração.

Linha de Pesquisa: Inovação e Conhecimento.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Baroni de Carvalho

Belo Horizonte

2015

FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Latini, Fernando Horta

L357i Identificação de fatores críticos de sucesso na adoção de BPM pós-implantação

de ERP: estudo de casos múltiplos / Fernando Horta Latini. Belo Horizonte, 2015.

118 f.: il.

Orientador: Rodrigo Baroni de Carvalho

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Administração.

1. Sistemas de informação gerencial. 2. Gerenciamento de recursos de

informação. 3. ERP (Software). 4. Fluxo de trabalho. 5. Administração de

empresas - Inovações tecnológicas. I. Carvalho, Rodrigo Baroni de. II. Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em

Administração. III. Título.

CDU: 658.011.56

Fernando Horta Latini

IDENTIFICAÇÃO DE FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO NA ADOÇÃO DE BPM

PÓS-IMPLANTAÇÃO DE ERP: estudo de casos múltiplos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação da Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais e Fundação Dom Cabral como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre

em Administração.

Linha de Pesquisa: Inovação e Conhecimento.

____________________________________________________________________________________________________

Orientador Prof. Dr. Rodrigo Baroni de Carvalho - PUC Minas

____________________________________________________________________________________________________

Prof. Dr. José Márcio de Castro - PUC Minas

____________________________________________________________________________________________________

Prof. Dr. Cesar Alexandre de Souza - Universidade de São Paulo

____________________________________________________________________________________________________

Prof. Dr. Fernando Silva Parreiras - Universidade FUMEC

Belo Horizonte, 24 de abri de 2015

Aos meus pais,

por todo amor, esforço e dedicação

Aos meus irmãos,

pelo apoio ao longo da vida

A minha esposa,

pela trajetória juntos

Aos meus filhos, turminha MaLuCa,

pela alegria e motivação

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer ao meu orientador, professor Baroni, pelo

enorme apoio nos momentos difíceis (e foram muitos mesmo), pelas palavras e e-mails de

motivação e perseverança, pela dedicação e comprometimento com os ensinamentos e pela

cumplicidade na elaboração da dissertação.

Aos demais professores do mestrado da PUC, em especial ao professor José Márcio,

pelas palavras de apoio, perseverança e motivação e ao pessoal da secretária do PPGA pela

presteza e ajuda.

Aos meus mestres do colégio técnico da UFMG, da engenharia do CEFET e da Escola

de Design da UEMG, por todos os ensinamentos acadêmicos, profissionais e de vida e por

terem acredito em mim e me apoiado nos momentos conturbados que passei.

A todos meus amigos de infância, do bairro, da escola, da turma e colegas de classe

que de alguma forma ou de outra estiveram ao meu lado e me apoiaram ao longo da minha

trajetória acadêmica, profissional e pessoal.

Aos colaboradores das empresas que fiz o estudo de caso, pelo tempo, pela presteza e

informações repassadas. Aos colegas profissionais pelo apoio na condução da minha pesquisa.

A minha vô Judith que, enquanto em vida, me cobriu de amor e orações. A minha tia

Doia, que sempre me acolheu com carinho em sua casa, o que me poupou muitas horas de

deslocamento até as escolas que estudei.

E por fim aos meus pais que sempre acreditaram e confiaram em mim, me

incentivando nos estudos, me encorajando e não deixando que eu desistisse disso. Aos meus

irmãos que sempre estiverem ao meu lado. A minha esposa pelo apoio e ao meu maior

patrimônio: meus filhos Caio, Luca e Malu. Malu, você nasceu no último dia de aula da

disciplina isolada do meu futuro orientador e agora, com um pouquinho mais de 2 aninhos,

estou entregando a minha dissertação, mesmo sem saber você me inspirou muito.

Vocês não devem fazer isso. Afinal é o que todos fazem, e se vocês também o

fizessem seriam conformistas; devem, isto sim, fazer o que os distinga dos demais,

por que o homem só se realiza nos atos de responsabilidade inovadora. (Eco, 1997)

RESUMO

Ao unificar bases de dados corporativos e reduzir os silos de informação nos departamentos, a

adoção do ERP permite uma visão organizacional mais integrada e orientada a processos,

favorecendo a implantação do BPM. Este trabalho tem como objetivo geral identificar os

fatores críticos de sucesso para a implementação de BPM pós-implantação de ERP. Os dois

temas centrais, BPM e ERP, foram interpretados com foco na melhoria de processos

organizacionais. Os fatores críticos de sucesso (FCS) de implementação de BPM e de ERP

foram identificados na literatura e compilados de forma a gerar uma proposição de

classificação dos FCS. Optou-se pela estratégia de pesquisa qualitativa por meio de estudo de

caso múltiplos em organizações com ERPs amadurecidos. Além da análise documental dos

projetos de ERP e BPM, foram realizadas entrevistas com oito profissionais chave em cada

organização, compreendendo usuários finais, gestores de TI e de qualidade, donos de

processos, analistas de suporte e executivos. Um caso foi realizado em uma organização que

atingiu os objetivos planejados e o outro caso em uma organização que atingiu parcialmente

os objetivos, de forma a avaliar os impactos, positivos e negativos, dos processos submetidos

à gestão por BPM. Entende-se que a principal contribuição teórica desse trabalho é a

classificação dos FCS integrados do BPM e ERP nas dimensões pessoas, processos e

tecnologia. Os resultados dos estudos de casos evidenciaram que o sucesso na integração

BPM e ERP não está nas tecnologias utilizadas nas empresas, mas sim na qualidade e

eficiência dos processos e nos reflexos que isso causa no cliente final. Esse sucesso não está

atrelado apenas nos processos, mas fundamentalmente nas pessoas que engendram, realizam,

gerem e apoiam os processos.

Palavras-chave: Gestão por Processos de Negócios (BPM). Sistemas de Planejamento dos

Recursos Empresariais (ERP). Fatores Críticos de Sucesso (FCS). Workflow. Inovação em

Processos.

ABSTRACT

By unifying corporate databases and reducing information silos across departments, the

adoption of ERP enables a more integrated and process-oriented organization, favoring the

deployment of BPM. The main objective of this work is to identify the critical success factors

(CSF) for the BPM’s implementation in ERP’s post-deployment scenarios. The two central

themes, BPM and ERP, were interpreted with the focus on improving organizational

processes. The critical factors for successful implementation of BPM and ERP were identified

in the literature and compiled in order to generate a CSF classification proposal. The

qualitative research strategy was applied through multiple case study in organizations with

mature ERP. In addition to the documentary analysis of ERP and BPM projects, interviews

were conducted with eight key professionals in every organization, including end users, IT

and Quality managers, process owners, support analysts and executives. A case was

conducted in an organization that reached the BPM success and the other case in an

organization that partially achieved the objectives, allowing the assessment of the positive and

negative impacts, of the cases submitted to BPM. It is believed that the main theoretical

contribution of this work is the integrated BPM and ERP classification of FCS into the

dimensions of people, processes and technology. The results of the case studies showed that

success in BPM and ERP integration is not on the technologies used in business, but in the

quality and efficiency of processes and also impacts for end customers. This success is not

linked only on processes, but mainly in people who generate, hold, manage and support

processes.

Keywords: Business Processes Management (BPM). Enterprise Resource Planning (ERP).

Critical Success Factors (CSF). Workflow. Process Innovation.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Principais restrições para evolução de BPM. ........................................................... 33

Figura 2: Comparação entre baixa e alta maturidade e os cinco estágios de maturidade. ...... 35

Figura 3. Gestão do ciclo de vida BPM na empresa................................................................ 37

Figura 4. O ciclo de vida do BPM comparado ao ciclo do Gerenciamento de Workflow. ...... 38

Figura 5. Um exemplo de um diagrama utilizando a notação BPMN 2.0............................... 40

Figura 6. Representação de um desenho de processo de embarque aéreo com a troca de

informação entre raias. ............................................................................................................. 41

Figura 7. Ranking dos Componentes e Principais Requisitos do BPMS. ............................... 44

Figura 8. Evolução do sistema ERP e representação esquemática da abrangência. ................ 46

Figura 9. Distribuição do mercado de ERP no Brasil. ............................................................ 47

Figura 10. Utilização dos ERP no Brasil por segmento (número de teclados). ...................... 48

Figura 11. Participação do mercado mundial de ERP. ............................................................ 48

Figura 12. Fases do ciclo de vida do ERP. .............................................................................. 49

Figura 13 – Modelo de Pesquisa: Classificação dos FCS de BPM e ERP. ............................. 60

Figura 14. Framework para análise do estudo de caso. ........................................................... 62

Figura 15 - Desenho do fluxo de liberação de pagamento da organização ALFA. ................. 73

Figura 16 - Desenho do fluxo de reclamação do cliente da organização BETA. .................... 83

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo das definições de BPM .............................................................................. 29

Tabela 2 - Pontos de convergência das definições de BPM ..................................................... 30

Tabela 3 - Fatores Críticos de Sucesso na adoção de BPM ...................................................... 31

Tabela 4 - Modelos de maturidade em BPM ............................................................................ 34

Tabela 5 - Fatores Críticos de Sucesso de implantação de sistema ERP ................................. 50

Tabela 6 - Práticas e ferramentas de GC .................................................................................. 56

Tabela 7 - Junção e classificação de FCS de BPM e ERP ....................................................... 58

Tabela 8 - Quadro com as fontes para embasamento do roteiro de entrevista ......................... 66

Tabela 9 - Perfil dos Especialistas ............................................................................................ 68

Tabela 10 - Número de entrevistados por função no processo ................................................. 68

Tabela 11 - Perfil dos Entrevistados ......................................................................................... 71

Tabela 12 - Análise das respostas das entrevistas organização ALFA..................................... 78

Tabela 13 - Documentos pesquisados na organização ALFA .................................................. 80

Tabela 14 - Análise das respostas das entrevistas da organização BETA ................................ 92

Tabela 15 - Documentos pesquisados na organização BETA .................................................. 95

Tabela 16 - Análise interpretativa consolidada das organizações ALFA e BETA .................. 97

Tabela 17 - Análise interpretativa das organizações ALFA e BETA..................................... 100

LISTA DE SIGLAS

ABPMP - Association of Business Process Management Professional

BPM - Business Process Management

BPMN - Business Process Modeling Notation

BPMS - Business Process Management Systems

BPR - Business Process Reengineering

CBOK - Common Body Knowledge

CMM - Capability Maturity Model

CRM - Customer Relationship Management

ECM - Enterprise Content Management

ERP - Enterprise Resource Planning

FCS - Fatores Críticos de Sucesso

FGV - Fundação Getúlio Vargas

GC - Gestão do Conhecimento

GED - Gestão Eletrônica de Documentos

IDC - International Data Corporation

ISO - International Organization for Standardization

KPI - Key Performance Indicator

MRP - Materials Requirements Planning

MRP II - Manufacturing Resources Planning

NF-e - Nota Fiscal Eletrônica

ONG - Organização Não Governamental

PDCA - Plan, Do, Check, Act

PLM - Product Lifecycle Management

QSB - Quality Systems Basics

RFP - Request for Proposal

SAD - Sistemas de Apoio à Decisão

SCM - Supply Chain Management

SOA - Service Oriented Architecture

SPED - Sistema Público de Escrituração Digital

SRM - Supplier Relationship Management

ROI - Return Over Investment

TI - Tecnologia da Informação

TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação

TQM - Total Quality Management

WFM - Workflow Management

XML - eXtensible Markup Language

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14

1.1 Problema de Pesquisa ............................................................................................. 14

1.2 Justificativa da Pesquisa ......................................................................................... 19

1.3 Objetivos da Pesquisa............................................................................................. 23

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 24

2.1 BPM - Business Process Management................................................................... 24

2.1.1 Histórico do BPM................................................................................................... 24

2.1.2 Caracterização do BPM ......................................................................................... 26

2.1.3 Fatores críticos de sucesso em BPM...................................................................... 31

2.1.4 Maturidade em BPM .............................................................................................. 33

2.1.5 Ciclo de vida do BPM ............................................................................................ 36

2.1.6 BPMN - Business Process Model and Notation ..................................................... 38

2.1.7 BPMS - Business Process Management Systems ................................................... 41

2.2 ERP - Enterprise Resource Planning ..................................................................... 45

2.2.1 Histórico e definição do sistema ERP .................................................................... 45

2.2.2 Caracterização do mercado de ERP ...................................................................... 47

2.2.3 Ciclo de vida e fatores críticos de sucesso do ERP ............................................... 49

2.2.4 Benefícios de uso do ERP....................................................................................... 52

2.3 Uso integrado ERP/BPM: Relações com Inovação e Gestão do Conhecimento ... 54

2.4 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) do uso integrado ERP/BPM ........................... 58

3. METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................ 61

3.1 Estratégia e método de pesquisa............................................................................. 61

3.2 Unidade empírica de análise .................................................................................. 62

3.3 Estratégia de coleta de dados ................................................................................. 64

3.3.1 Construção do instrumento de coleta de dados ..................................................... 65

3.3.2 Categorização dos entrevistados ........................................................................... 68

3.4 Estratégia de análise de dados ................................................................................ 69

4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS............................................................... 70

4.1 Caracterização das organizações analisadas .......................................................... 70

4.2 Perfil dos entrevistados .......................................................................................... 71

4.3 Estudo de caso da organização ALFA ................................................................... 72

4.3.1 Caracterização dos processos analisados ............................................................. 72

4.3.2 Análise das entrevistas ........................................................................................... 73

4.3.2.1 Categorias de análise .............................................................................................. 73

4.3.2.2 Maturidade em BPM .............................................................................................. 73

4.3.2.3 Fatores Críticos de Sucesso – Base Pessoas........................................................... 75 4.3.2.4 Fatores Críticos de Sucesso – Base Processos ....................................................... 76

4.3.2.5 Fatores Críticos de Sucesso – Base Tecnologias ................................................... 77

4.3.3 Consolidação das análises das entrevistas ............................................................ 77

4.3.4 Análise documental e observação .......................................................................... 79

4.4 Estudo de caso da organização BETA ................................................................... 82

4.4.1 Caracterização dos processos analisados ............................................................. 82

4.4.2 Análise das entrevistas ........................................................................................... 83

4.4.2.1 Categorias de análise .............................................................................................. 83

4.4.2.2 Maturidade em BPM .............................................................................................. 84

4.4.2.3 Fatores Críticos de Sucesso – Base Pessoas........................................................... 86

4.4.2.4 Fatores Críticos de Sucesso – Base Processos ....................................................... 88

4.4.2.5 Fatores Críticos de Sucesso – Base Tecnologias ................................................... 89

4.4.3 Consolidação das análises das entrevistas ............................................................ 91

4.4.4 Análise documental e observação .......................................................................... 94

4.5 Análise interpretativa ............................................................................................. 97

4.5.1 Análise interpretativa consolidada ........................................................................ 97

4.5.2 Análise do grau de maturidade em BPM ............................................................... 99

5. CONCLUSÕES .................................................................................................... 101

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 107

APÊNDICE ............................................................................................................................ 116

14

1. INTRODUÇÃO

1.1 Problema de Pesquisa

As pressões internas e externas têm forçado as organizações a responder de forma

mais rápida e precisa ao contexto de mudanças. As pressões internas envolvem crescimento,

flexibilização do portfólio de produtos e serviços, redução de custos, aumento de

produtividade dentre outras. As pressões externas incluem concorrência crescente e acirrada,

novos concorrentes, novos mercados, alterações de legislação dentre outras. Em função desse

dinamismo, cada vez mais as organizações têm investido em aplicações de Tecnologia da

Informação (TI), objetivando aumento de produtividade, redução de custos, maior agilidade e

melhor qualidade na fabricação de produtos e prestação de serviços. Como os investimentos

em TI representam valores significativos dos aportados pelas organizações em suas

operações, os recorrentes questionamentos de natureza gerencial acerca do retorno sobre o

investimento (ROI – Return Over Investment) em TI são bastante legítimos e inevitáveis

(Biancolino, Maccari & Kniess, 2011).

As organizações que desejam obter os benefícios advindos do sistema de gestão

integrado ou do inglês Enterprise Resource Planning – (ERP) devem adotar mecanismos de

aperfeiçoamentos constantes em sua cadeia de aprendizado interno. Devem possuir modelos

internos de melhorias contínuas, de forma a retroalimentar determinada cadeia informacional

que seja capaz de exercer a busca da sustentação da qualidade de uso do ERP (Clark Jr.,

Jones, & Zmud, 2006).

O ERP é um sistema em constante evolução provocada pelo surgimento de novas

funcionalidades, regras de negócios, requisitos demandados pela comunidade de usuários,

tecnologias e versões. A mudança da natureza do valor dos benefícios gerados pelos ERP com

o passar do tempo faz com que os sistemas ERP sejam precursores potenciais de contínuas

mudanças no formato de gestão das organizações. Devido ao processo evolutivo dos ERP e

também às mudanças impulsionadas por frequentes alterações nos ambientes internos e

externos das organizações, o valor investido no ERP tende a se dissipar com o tempo. Porém,

as despesas ou investimentos com o ERP não cessam, sejam através dos valores pagos com

manutenção (correções de problemas, adequação à legislação vigente, melhorias de

funções/processos/tecnologias) ou em valores pagos, normalmente para consultorias, com

implantação de novas funcionalidades, treinamentos, revisão ou revitalização de uso,

adequações a novas formas de gestão, enfim mudanças e melhorias de toda ordem.

15

Na literatura especializada, são feitos questionamentos em relação à adoção de ERP.

Conforme apresentado por Vieira, Carvalho, & Carvalho (2013), uma grande dúvida de

mercado consiste em quantificar os benefícios na adoção de ERP nas empresas. Ao utilizar

um ERP, as organizações esperam obter diversos benefícios dentre os quais, estão à

integração dos sistemas e a disponibilidade de informação de qualidade em tempo real para a

tomada de decisão. Na linha dos questionamentos, estudos feitos pelo Gartner Research

demonstram que de 20% a 35% das implementações de ERP falham e que o resultado de até

80% dos projetos são questionáveis por excederem o tempo e/ou orçamento propostos (Ganly,

2008 como citado em Medeiros, 2009).

Gerir na perspectiva de custos e dos resultados departamentais foi um objetivo

tradicional das implantações de ERP em décadas passadas, mas já está bem aquém das

possibilidades de benefícios que a TI pode permitir às organizações. De acordo com Camacho

(2009), a eficiência mantém-se como vital, mas para competir, as empresas necessitam

também de agilidade, flexibilidade e inovação. O Business Process Management (BPM) ou,

do português, gerenciamento dos processos de negócio, é a forma de dotar as empresas de

uma visão holística, introduzindo uma nova disciplina de gestão baseada em processos, novas

tecnologias e ferramentas, e um novo estilo de adoção de TI baseado em relações mais

concretas entre a estratégia e a execução (Camacho, 2009).

Uma forma de gestão das organizações é construída sobre um alicerce baseado na

gestão por processos, que busca alinhar seus recursos (humanos e tecnológicos) com objetivos

da organização. As organizações avaliam a melhor forma de trabalhar e revisar

constantemente os prazos que seus recursos possuem para executar suas atividades e realizar

as entregas de maneira a buscar formas de melhorar os seus processos de negócio, executando

e medindo os resultados alcançados, buscando assim a máxima utilização dos seus recursos. A

Association of Business Process Management Professionals (ABPMP) elaborou um

compêndio de conhecimento referente ao BPM constituindo assim o Guia para o

Gerenciamento de Processos de Negócio – Corpo Comum de Conhecimento (BPM CBOK)

que já está em sua 3º edição. De acordo com o CBOK (2013), a prática de BPM é definida:

...por um conjunto de valores, crenças, liderança e cultura que formam

os alicerces do ambiente no qual uma organização opera,

influenciando e guiando o comportamento e a estrutura

organizacional. A organização fornece oportunidades a seus

profissionais para uma discussão aberta e crescimento pessoal e

profissional formando a base para relacionamentos externos com

clientes, fornecedores e comunidade em geral. Tais valores, crenças,

16

cultura e estilos de liderança determinam o sucesso ou fracasso das

iniciativas empreendidas pela organização. O compromisso com o

valor do processo e do cliente é o alicerce da prática de BPM

(ABPMP, Association of Business Process Management

Professionals, 2013).

As integrações entre sistemas e organizações são demandas apresentadas que se

tornam cada vez mais intensas e requeridas aos ambientes de negócios, tanto interna quanto

externamente. Quatro principais motivos de integrações nas organizações brasileiras são

listados por De Sordi & Marinho (2007): (i) o aumento de organizações que necessitam trocar

informações entre si; (ii) a busca de vantagens competitivas que implicam em melhor gestão

da informação; (iii) as exigências de órgãos reguladores por maior agilidade e transparência

no trâmite das informações e (iv) o aumento da diversidade e quantidade dos sistemas de

informação nas organizações.

Ambas as iniciativas, ERP e BPM, possuem pontos comuns que visam o atendimento

de objetivos gerenciais para as organizações que os adotam, de tal forma, que elas se

complementam em alguns aspectos, principalmente no foco da gestão por processos

(Menezes, 2011). Adicionalmente, o uso intensivo de tecnologia tem tornado cada vez mais

tênue a fronteira entre sistemas de informação e processos de negócios, pois o sistema passa a

ser entendido como a informatização do processo, tornando a relação bastante imbricada. Sob

essa perspectiva e pela estrutura baseada em processos, o ERP torna-se um aliado para a

adoção de BPM.

Um ponto importante é que, após implantações de sistemas de gestão empresarial, as

organizações esperam ser compensadas, principalmente, mas não somente, com aumento de

produtividade e/ou reduções de custos. São esses tipicamente os objetivos das implantações

do ERP, conjuntamente com iniciativas complementares como revisão de processos, em que o

BPM passa ser a iniciativa mais comum (Arbogast, Nackashi, Rittscher, & Thornton, 2008).

Porém, os mesmos autores especularam se esta adoção do BPM é uma conveniência das

consultorias ou se realmente há uma sinergia que gerasse resultado para as organizações. Para

tanto, realizaram uma pesquisa com uma amostra de 32 organizações e chegaram à conclusão

de que o BPM não atua como uma ação que acelera o retorno sobre o investimento (Arbogast

et al., 2008). Uma ressalva pode ser feita com relação ao tamanho da amostra utilizada, porém

o estudo apresentando por Arbogast et al. (2008) levanta uma questão a ser discutida e

aprofundada, pois é preciso que esta relação seja melhor investigada e compreendida tanto da

perspectiva teórica quanto prática, considerando o número de consultorias e os valores

monetários que estes mercados movimentam. Uma perspectiva de avaliação pode ser feita

17

sobre os fatores críticos de sucesso (FCS) da implantação das duas tecnologias nas

organizações, ERP e BPM, e assim tentar compreender essa relação.

Os sistemas ERP possuem uma estrutura lógica que é baseada em regras de negócio,

sendo divididos em módulos departamentalizados, tais como engenharia de processo,

compras, faturamento, contas a pagar (Davenport, 1998). Como exemplos de regras de

negócios, pode-se citar como ocorre o recebimento de uma nota fiscal de compra, como é

custeada uma ordem de produção de retrabalho, como é o faturamento de um pedido de venda

de serviço para fora do estado. No entanto, a estrutura departamentalizada está ficando menos

evidente no ERP, dando lugar a estruturas orientadas a processos. Por exemplo, um processo

de aquisição de material se inicia com uma solicitação de compras e passa pelas etapas de

aprovação, cotação, colocação do pedido, recebimento do material, pagamento do título e

contabilização, envolvendo assim vários departamentos da organização em um único processo

que deve respeitar as regras de negócio já existentes no ERP. Ao unificar bases de dados

corporativos e reduzir os silos de informação nos departamentos, a adoção do ERP favorece

uma visão organizacional mais integrada e orientada a processos (Gordon & Gordon, 2006).

Os processos que acontecem dentro da organização compõem um sistema maior, cada

qual com seu objetivo, sua lógica, mas integrados com o todo. Por isso, as análises e estudos

dos processos são fundamentais para as empresas, uma vez que fazem parte de todos os

departamentos e de todas as atividades, desde a mais simples até a mais complexa. Nesse

contexto, a modelagem, análise, simulação, avaliação, execução e o gerenciamento de

processos de negócio são importantes fatores de êxitos na organização (Rodrigues & Assolari,

2007).

Vários estudos apontam a modelagem ou reengenharia de processos como um dos

fatores críticos de sucesso (FCS) na implantação e mensuração dos resultados obtidos com a

implantação de sistema ERP (Esteves & Pastor, 2000; Carpinetti, 2000; Nielsen, 2002;

Gaspar, Donaire, & Batista, 2006; Silva & Pereira, 2006; Rodrigues & Assolari, 2007), bem

como a criação de valor por meio das melhorias de processos (Souza & Zwicker, 2004;

Biancolino et al., 2011; Santos, Santana, & Alves, 2012; Vieira et al., 2013) e a integração

entre processos (Carpinetti, 2000; Rodrigues & Assolari, 2007; Moreno & Oliveira, 2007;

Medeiros, 2009; Silva, Perez, Medeiros, Lex, Santos, & Vieira, 2011; Vieira et al., 2013). Os

FCS são um mecanismo de identificação das necessidades de informação para os gestores das

organizações atentarem para os pontos importantes das áreas chave de forma a viabilizar o

sucesso do negócio (Medeiros, 2009).

18

A gestão por processos, nesse contexto na figura do BPM, e a utilização de um sistema

de gestão empresarial, nesse caso o ERP, figuram como ferramentas para uma gestão

organizacional apoiada pela TI em níveis táticos e operacionais. Apesar de não ser

amplamente discutida, em função dos poucos estudos encontrados até o momento, a

correlação entre os dois temas (BPM e ERP) é nítida em função dos pontos comuns

apresentados. A partir dos estudos realizados e da percepção da congruência entre os temas, o

contexto desta pesquisa consiste em articular os dois temas centrais, ERP e BPM, com foco

na melhoria de processos baseados nas regras de negócio existentes nos ERP de tal forma que

os fatores críticos de sucesso possam ser compreendidos e disseminados para que as

organizações possam maximizar os potenciais de ambas as práticas. Na literatura, existem

vários estudos sobre os FCS na implantação de sistema ERP e na adoção de BPM, porém não

foi identificada uma relação de FCS na adoção de BPM em empresas que já possuíam o ERP

implantado. Se trabalhados de maneira integrada, tais fatores podem vir a trazer maiores

possibilidades de sucesso no uso conjugado,

Portanto, a pergunta que norteia a pesquisa a ser realizada é: em organizações que já

possuem ERP implantado e estabilizado, quais são os fatores críticos de sucesso para o uso do

BPM de maneira integrada ao ERP? Por ERP implantado e estabilizado, entende-se que o

sistema já está em uso e as rotinas da empresa já ocorrem sistematicamente sem maiores

problemas dentro do sistema. A opção por ERPs amadurecidos no contexto da pesquisa

ocorreu no sentido de minimizar eventuais influências das perturbações decorrentes de

implantações em curso do ERP, ficando o presente trabalho com o foco no uso do BPM em

um ambiente mais estabilizado. Determinados aspectos caracterizam um contexto de um ERP

amadurecido: os próprios usuários da empresa resolvem os problemas com razoável

autonomia, resultando em um bom uso do sistema; existe redução ou nenhuma dependência

de consultores externos dentro da organização; existe boa aderência do sistema aos processos

de negócio da empresa; o conhecimento interno do sistema já está consolidado; os

procedimentos estão documentados; os usuários chave estão bem capacitados e com bom

conhecimento das regras de negócio do ERP e também da organização. Há que se ressaltar

que existem empresas onde a implantação inicial do ERP já foi feita há uma década sem que o

ERP possa ser considerado como estabilizado. Em contrapartida, há implantações mais bem

sucedidas em que esse estágio é atingido a partir do primeiro ano da implantação inicial.

19

1.2 Justificativa da Pesquisa

Em levantamento anual realizado em 2014, no Brasil, pela Fundação Getúlio Vargas

(FGV) com 2.300 empresas validadas, sendo que 68% das 500 maiores empresas nacionais de

capital privado compunham a amostra, demonstrou-se que os gastos e investimentos em TI

atingem 7,5% da receita das organizações e dobrou nos últimos 14 anos (Meirelles, 2014).

O problema da mensuração do valor da TI no âmbito empresarial tem-se apresentado

mais complexo quando tecnologias específicas têm sido analisadas nas suas múltiplas

dimensões e em diferentes momentos de sua evolução histórica. O ERP é um dos

representantes. Este tipo de aplicativo não só é complexo em sua constituição, como também

causa inúmeros impactos em vários processos de negócio das organizações, de diferentes

maneiras e em diferentes momentos da cadeia informacional (Biancolino & Riccio, 2011).

O mercado mundial de ERP movimentou, no ano de 2012, US$24,5 bilhões com um

crescimento de 2,2% em relação ao ano anterior. Já o mercado brasileiro está em grande

evolução. Somente no período entre 2009 e 2011, o crescimento foi de 26,5% e o faturamento

de R$4,72 bilhões (Gartner, 2012). Já no mercado mais abrangente das TICs (Tecnologias da

Informação e Comunicação), os números são ainda mais expressivos com uma previsão de

investimento no Brasil, em 2014, em torno dos US$ 175 bilhões, o que consolida o país como

o 4º maior mercado do mundo (IDC Brasil, 2014). Ainda em relação ao ERP, estudo da

empresa IDC Brasil, identificou que o Brasil é um dos três principais mercados de software,

junto com sistemas operacionais e banco de dados (Soares, Dornelas, Guimarães, & Pereira,

2007).

Os projetos de implantação de sistemas ERP são normalmente projetos longos, de

vários meses a alguns anos. Segundo pesquisa realizada pela consultoria americana Panorama

Consulting em 2013, o tempo médio de duração da implantação, entre os anos de 2009 a 2012

foi de 16,6 meses (Panorama Consulting, 2014). Estes projetos de implantação envolvem

quantias significativas de investimento, podendo variar de milhares a milhões de reais, em

função do tamanho, da complexidade do projeto e do tempo. Segundo a mesma consultoria, o

valor médio de implantação entre os anos de 2009 a 2012 foi US$7,32 milhões. Esses

projetos, em geral, envolvem quase a totalidade dos setores da organização, o que representa

um grande número de pessoas envolvidas da organização e não obstante um grande número

de pessoas envolvidas por parte do fornecedor, sem aqui, entrar nos méritos dos riscos do

projeto, para ambas as partes. De acordo com a pesquisa da consultoria, 55,7% das

organizações ainda não atingiram mais de 50% dos benefícios esperados, sendo que 18% das

20

empresas atingiram entre 51 a 80% e apenas 8% atingiram entre 81 a 100% dos objetivos

esperados, isto para projetos entre os anos de 2009 a 2012 (Panorama Consulting, 2014). Por

essa pesquisa, constata-se que as implantações de ERP, em sua maior parte, estão aquém das

expectativas.

As diversas fases de implantação gradual do ERP podem ocorrer em ondas de

atividades, impactando o tempo da implantação, os valores investidos e número de pessoas e

processos envolvidos. O período de estabilização pode ser longo, compreendendo de vários

meses a alguns anos. Durante essa etapa, os processos que foram implantados e controlados

pelo ERP passam por um natural amadurecimento. Estes processos podem ser mantidos como

projetados inicialmente ou ainda melhorados e ampliados conforme as necessidades

atualizadas da organização. Não obstante, os processos podem ser reduzidos e até mesmo

descontinuados, por não terem tido a aderência ou a importância necessária. Outros processos

ainda podem não ter sido implantados à época em função de prioridades, tempo, escopo e ou

custo. Em suma, mesmo após a implantação do ERP, costumam ainda existir esforços de

tempo e investimentos das organizações na adequação dos seus processos e,

consequentemente no uso do ERP.

Passada então esta etapa de estabilização e adequações, as organizações poderiam ou

deveriam, teoricamente, iniciar uma etapa de melhorias de processos, pois com o sistema ERP

estabilizado, as organizações podem buscar extrair o máximo aproveitamento do investimento

realizado (B. R. Silva, 2011). Além disso, existe a pressão natural por resultados oriundos

desse esforço para obtenção de melhores resultados que um ERP pode fornecer e a

justificativa do retorno sobre o investimento, permitindo assim uma evolução da aderência do

ERP aos processos da organização (Colangelo, 2009). No entanto, por conta do receio com

custos de treinamento e customizações do ERP ou até mesmo por desconhecimento, há casos

em que ocorre uma estagnação dos processos após a adoção do ERP, enrijecendo assim a

organização e estacando uma abordagem evolutiva da melhoria por processos.

Saindo do contexto do ERP e entrando no contexto do BPM, com relação ao mercado

de BPM como um todo e não apenas em sistema BPMS (Business Process Management

System), esse possui números menos expressivos do que o de ERP, porém o mercado de BPM

vem se solidificando ao longo dos tempos. A última pesquisa internacional realizada e

publicada pela BPTrends, que é intitulada “A situação do mercado mundial de BPM – 2014”

apresenta um panorama atual da adoção de BPM nas organizações. O relatório final analisa as

respostas da pesquisa de 2014 e as comparam com as respostas de outras quatro pesquisas

anteriores realizadas nos anos de 2005, 2007, 2009 e 2011. Foram usadas questões similares

21

de tal forma que se pudesse observar o desenvolvimento do mercado de BPM (BPTrends,

2014). O fato de comparar praticamente dez anos com intervalo entre dois anos possibilitam

uma melhor análise temporal e que as conclusões sejam mais consistentes, avaliando a

evolução e as tendências relacionadas ao tema.

Uma conclusão que se pode tirar desse relatório é que ele fornece uma descrição da

situação do gerenciamento dos processos de negócios na atualidade. Outra conclusão

relevante é que existe pouco desenvolvimento no mercado, como um todo. Dando um corte

apenas sob a ótica de investimentos (resultados apresentam a média das 5 pesquisas), observa-

se que a maioria, 56% das organizações (de um total de 309 respondentes), gasta até

US$500.000 por ano em iniciativas relacionadas à gestão por processos de negócio, 16% entre

US$500.000 a US$1 milhão, 17% entre US$1 milhão a US$5 milhões, 4% entre US$5

milhões a US$10 milhões e 7% acima de US$10 milhões (BPTrends, 2014).

Em pesquisa realizada no Brasil e respondida por 385 profissionais praticantes de

BPM em todo o Brasil, identificou-se que 68% desses profissionais estão ligados à iniciativa

privada, 26% à iniciativa pública, 5% à organizações de economia mista e 1% à ONG

(Organização Não Governamental). Em relação à receita anual das organizações em que os

respondentes estão vinculados, a distribuição ocorre da seguinte forma: 19% dos respondentes

estão vinculados a organizações que possuem receitais anuais entre 20 e 50 milhões de reais,

29% vinculados a receitas entre 50 a 300 milhões e 52% vinculados a receitas acima de 300

milhões de reais (BPM Global Trends, 2014).

Analisando a compilação dos dados, verifica-se que a maioria das iniciativas de

trabalho com gerenciamento de processos de negócio no país (63% das organizações) ainda é

recente, trabalhando há menos de três anos. Ao analisar os motivos para o início do trabalho

com BPM, 27% das organizações enxergam a implementação de sistema ERP como

motivador para adoção desta disciplina (BPM Global Trends, 2014), ou seja, praticamente 1/3

dos respondentes entendem que o ERP não conseguiu cobrir áreas de atuação da gestão

organizacional e que o BPM pode ser útil para cobrir essa lacuna. Adicionalmente, em

organizações que já utilizam ERP, não faz tanto sentido implantar o BPM em processos já

suportados pelo ERP, uma vez que o mesmo já possui regras de negócio definidas muitas

vezes de acordo com normas, regulações ou melhores práticas. A adoção do BPM pós-ERP se

faz mais coerente no sentido de cobrir as lacunas de processos dos ERP.

Ainda de acordo com a pesquisa realizada BPM Global Trends (2014), os principais

resultados alcançados pelas organizações brasileiras estão vinculados à padronização de

processos, com 20%; atendimento a normas, regulações, legislações, certificações ou modelos

22

de referência, com 18% e documentação de conhecimento tácito, com 17%. Esses resultados

demonstram que as organizações brasileiras ainda estão com uma visão centrada

internamente. Isso é o contrário do proposto por Smith & Fingar (2003) que consideram que a

consolidação do BPM requer uma visão para fora da organização, para a satisfação do cliente

e para a construção da vantagem competitiva. A série de definições apresentadas

anteriormente também realça o olhar externo do BPM ao colocar o cliente como objetivo

principal. Nessa abordagem, o BPM auxiliaria a remodelar o processo interno de negócio a

partir da necessidade externamente demandada pelo cliente. Analisando os resultados dessa

última pesquisa realizada no Brasil, muitas organizações ainda não alcançaram ganhos

significativos com a prática de BPM, ficando limitadas a atividades de menor valor agregado

(como a modelagem de processos e elaboração de padrões de trabalho) sem contribuir, de

fato, para os ganhos de vantagem competitivas esperados para negócio da organização.

Outra pesquisa realizada no Brasil pela consultoria Elo Group (2010) com 77

profissionais de 46 organizações distintas, de segmentos diversos como: manufatura; energia;

serviços e tecnologia entre outros, concluiu que a adoção de BPM vem passando por um

momento de afirmação e consolidação dentro das organizações, assim como a própria

disciplina de gestão por processos vem ganhando credibilidade e destaque junto a outras

disciplinas de gestão. A pesquisa citou como pontos fundamentais a serem trabalhados: (i)

capacidade em projetar processos cada vez mais eficientes, flexíveis, em conformidade com

as regulações vigentes (compliance) e que, principalmente, atendam adequadamente os

clientes; (ii) a difusão da cultura de BPM; (iii) a implantação da governança de processos e

(iv) o aumento da sinergia com as áreas TI, Recursos Humanos, Estratégia, Projetos,

Auditoria e Financeiro (Elo Group, 2010).

Essas pesquisas fornecem dados do cenário nacional com relação aos investimentos

realizados, importância do tema, tendências e pontos de atenção. Apesar de não se ter uma

pesquisa detalhada sobre os investimentos realizados pelas organizações em BPM, pode ser

verificada que os valores dispendidos em práticas de BPM e com sistemas ERP são

significativos. Além disso, o Brasil é um dos três maiores mercados de software do mundo, o

que corrobora a importância de estudos que tratem temas relacionados ao sucesso da adoção

de sistema ERP e das práticas de BPM, incluindo a adoção dos sistemas de BPM. Portanto,

justifica-se essa pesquisa pelas possibilidades de sinergia da adoção do BPM em organizações

que já possuem ERP. A pesquisa pode auxiliar empresas que estejam considerando adotar a

abordagem de BPM bem como elucidar fatores críticos que podem mitigar as possibilidades

de insucesso da iniciativa de BPM em processos suportados pelo ERP.

23

1.3 Objetivos da Pesquisa

Este trabalho tem como objetivo geral identificar e analisar os fatores críticos de

sucesso para a implementação de BPM pós-implantação de ERP. Para alcançar tal objetivo,

faz-se necessário analisar o movimento de adoção de práticas de gerenciamento de processos

de negócio (BPM) em organizações que já possuem sistema de gestão integrada (ERP)

implantados e estabilizados.

O trabalho tem como objetivos específicos:

a) Propor uma lista de FCS para implantação de BPM pós-ERP com base nos FCS de

ERP e BPM existentes na literatura;

b) Analisar os FCS por meio do estudo de casos múltiplos e polares a fim de avaliar

os pontos, positivos e negativos, da adoção da gestão por BPM;

c) Avaliar o grau de maturidade em BPM das organizações estudadas;

d) Analisar a relação entre os FCS e a maturidade em BPM.

24

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico apresentado a seguir está composto de dois pilares teóricos, ERP

e BPM, e contemplam conceituações, histórico, evolução, caracterização do mercado e fatores

críticos de sucesso. A seção 2.1 sobre BPM procura abordar mais detalhadamente o tema,

visto que se trata de um tema mais recente e que possui menos literatura a respeito do que os

outros temas abordados neste trabalho. Por seu turno, a seção 2.2 é mais objetiva e discorre

sobre o ciclo de vida do ERP, seus benefícios e fatores críticos de sucesso.

Posteriormente, a seção 2.3 é dedicada ao uso integrado entre o ERP e o BPM, com

foco nas relações com inovação incremental em processos e com a gestão do conhecimento

apoiada pela classificação teórica nas dimensões de pessoas, processos e tecnologia. Em

seguida, a seção 2.4 aborda o uso integrado dos fatores críticos de sucesso do ERP e BPM,

com base na classificação pessoas, processos e tecnologias de apoio à gestão do

conhecimento.

2.1 BPM - Business Process Management

2.1.1 Histórico do BPM

Ao longo do tempo, houve mudanças em como as organizações fazem a gestão de seus

processos. No início dos anos 1900, a partir de Taylor e da administração científica, foram

introduzidos os conceitos de eficiência e medição dos processos. Posteriormente, por volta da

década de 1980, houve a introdução do conceito de gestão da qualidade total (TQM) cujo foco

reside na análise crítica de seus processos, produtos e serviços para identificação de pontos de

melhorias. Depois, nos anos de 1990, a onda de reengenharia de processos de negócio (BPR)

propunha recriar um processo de maneira mais simples e implementá-lo por meio de um

programa de mudança organizacional (Balzarova, Bamber, Mccambridge, & Sharp, 2004;

Ahmad, Francis, & Zairi, 2007; Borgatti, 2007; Hammer M., 2010; Minonne & Turner,

2012).

Também, entre os anos 1980 e 1990, vivenciou-se o início da era dos sistemas

integrados de gestão empresarial (ERP), com o intuito de implementar o modelo de empresa

integrada. A mesma década foi pródiga em relatos acadêmicos e empresariais sobre o

desenvolvimento e uso de sistemas de Fluxos de Trabalho (Workflow). Em decorrência da

evolução destes sistemas ou com a finalidade de suprir as deficiências apontadas por

25

especialistas, Hammer e Davenport propuseram uma nova abordagem administrativa: a gestão

por processos de negócios ou BPM (Davenport, 1993; Hammer & Champy, 1994 e Sobreira

Netto, 2009).

O método inicialmente proposto para implementação da gestão por processos nas

organizações – a reengenharia – não se mostrou adequado (De Sordi & Spelta, 2007). Nesta

abordagem mais radical, os processos da organização deveriam ser redesenhados sem um

ponto de partida, ignorando o conhecimento adquirido pela organização, o que dificultava

atingir os resultados esperados (Minonne & Turner, 2012). Por conta da redução de níveis

hierárquicos (downsizing) sugerido pelo redesenho de processos, o conceito da reengenharia

foi, muitas vezes, deturpado e utilizado como eufemismo para processos de demissão de

pessoal. Em particular, no Brasil, o movimento da reengenharia nos anos 1990 coincidiu com

a abertura de mercado, privatizações, o advento do Plano Real (1994) e com os ajustes de

processos e de pessoal necessários para se adequar ao fim da ciranda inflacionária e a novos

parâmetros de competição. No final dos anos 90, a reengenharia ganha contornos mais

tecnológicos por conta da adoção crescente de ERP, principalmente o sistema alemão SAP em

grandes empresas, devido ao bug do milênio que demandava a substituição de sistemas

legados.

Em um segundo momento, a reengenharia foi introduzida por outros métodos não tão

radicais quanto o primeiro, destacando-se o método contínuo e gradual de redesenho de

processos (De Sordi & Spelta, 2007) de tal forma que na abordagem do BPM os processos

são melhorados e não recriados, significando que o conhecimento e as experiências adquiridos

pela organização ao longo do tempo não sejam ignorados (Minonne & Turner, 2012).

Os movimentos em torno da gestão por processos podem ser classificados em três

ondas (Smith & Fingar, 2003). A primeira onda se deu com o movimento taylorista dos anos

1920, quando os processos estavam implícitos nos trabalhos, mas não eram automatizados. A

segunda onda se refere ao movimento da reengenharia, complementada pelo ERP, quando os

processos foram automatizados, mas se ressentiam de flexibilidade e de agilidade para atender

as mudanças internas e externas. A terceira onda de BPM, a partir dos anos 2000, que está em

fase de consolidação, é voltada ao gerenciamento dos processos, divididos em fases, dirigidos

à satisfação dos clientes e como fundação para a construção da vantagem competitiva (Smith

& Fingar, 2003).

Estudos recentes realizados por Schmiedel, Brocke, & Recker (2014) identificaram

quatro valores distintos que definem a cultura de BPM: (i) orientação para o cliente: A atitude

pró ativa e receptiva para as necessidades dos beneficiários de saída do processo; (ii)

26

excelência: A orientação para a melhoria contínua e inovação a fim de alcançar o desempenho

superior do processo; (iii) responsabilidade: O compromisso com os objetivos e a prestação

de contas para as decisões do processo; (iv) trabalho em equipe: A atitude positiva em relação

à colaboração. Entretanto há pouco conhecimento sobre como os vários conceitos culturais

interferem em projetos de BPM (Schmiedel et al., 2014).

Para Yoshihara (2012), existem no mercado vertentes que pregam a possibilidade de

implementar gestão por processos sem investir em plataformas BPM robustas ou ainda,

aqueles que defendem que, para o BPM, não há necessidade alguma de solução de TI. Os

sistemas de BPM ou o BPMS são abordados no tópico 2.1.7. Porém, o autor enfatiza que as

tecnologias de BPM são tão importantes como qualquer outra variável que compõem o

esforço para a gestão por processos. Não se trata de discutir se as pessoas são mais

importantes do que tecnologia, se a cultura organizacional é mais importante do que a

comunicação e assim em diante. Para o sucesso da iniciativa BPM, diversos elementos

organizacionais são importantes (Yoshihara, 2012).

2.1.2 Caracterização do BPM

A fim de analisar de maneira mais profunda o que vem a ser a disciplina de

gerenciamento de processo de negócio, desmembrando na explicação dos termos, têm-se o

termo “negócio” e o termo “processo”. Apoiando nas definições extraídas do CBOK 3.0

(2013), o termo “negócio” refere-se a pessoas que interagem para executar um conjunto de

atividades de entrega de valor a clientes e gerar retorno de investimento a partes interessadas.

Já o termo “processo” é um conjunto definido de atividades ou comportamentos

executados por humanos ou máquinas para alcançar uma ou mais metas. Os processos são

disparados por eventos específicos e apresentam um ou mais resultados. Processos são

compostos por várias tarefas ou atividades inter-relacionadas que solucionam uma questão

específica. No contexto do gerenciamento de processos de negócio, um “processo de negócio”

é definido como um trabalho ponta-a-ponta que entrega valor aos clientes. A noção de

trabalho ponta-a-ponta é chave, pois envolve todo o trabalho cruzando limites funcionais

necessários para entregar valor aos clientes (ABPMP, 2013).

Ainda continuando com a definição extraída do CBOK 3.0, o BPM é uma abordagem

disciplinada para identificar, desenhar, executar, documentar, medir, monitorar, controlar e

melhorar processos de negócio automatizados ou não para alcançar os resultados pretendidos

consistentes e alinhados com as metas estratégicas de uma organização. BPM envolve a

27

definição deliberada, colaborativa e cada vez mais assistida por tecnologia, melhoria,

inovação e gerenciamento de processos de negócio ponta-a-ponta que conduzem a resultados

de negócios, criam valor e permitem que uma organização cumpra com seus objetivos de

negócio com mais agilidade. BPM permite que uma organização alinhe seus processos de

negócio à sua estratégia organizacional, conduzindo a um desempenho eficiente em toda a

organização por meio de melhorias das atividades específicas de trabalho em um

departamento, na organização como um todo ou entre organizações (ABPMP, 2013).

O BPM consiste em um conjunto de técnicas que permitem a modelagem e o

gerenciamento de troca de informações das organizações por meio da visão semântica dos

processos de negócios, envolvendo empregados, clientes, parceiros, aplicações e bancos de

dados. Os processos devem ser modelados, executados, ter os resultados monitorados e

gerenciados, sendo que os modelos de negócios possuem visões, diagramas, objetos e

processos (Montanini, Amalfi, Moretti, & Monteiro, 2008).

BPM também é definido como um modelo de apoio ao processo de negócio usando

métodos, técnicas e software para projetar, definir, controlar e analisar processos operacionais

que envolvam pessoas, organizações, documentos e outras fontes de informação (Aalst,

Hofstede, & Weske, 2003).

Além disso, o BPM tem por objetivo prover o alinhamento dos processos de negócios

com a estratégia, os objetivos e a cadeia de valor das organizações. É metodologia para

gerenciamento sistemático centrado no cliente, objetivando medição e melhoria de todos os

processos da organização por meio de times multifuncionais e com delegação de autonomia

aos funcionários (Lee & Dale, 1998).

BPM também pode ser entendido como uma abordagem para a orientação dos

processos de negócio. A organização orientada a processos é uma organização que enfatiza os

processos ao invés de hierarquias em todas as áreas com especial ênfase nos resultados e

satisfação do cliente (Skrinjar & Trkman, 2013).

O BPM é também uma disciplina responsável por tornar processos um ponto chave na

gestão, destacando-se as três seguintes faces: (i) a TI, dando a contribuição para o valor da

automação de processos (racionalização, consistência, redução do índice de erro e tempo de

processo e modelo para execução); (ii) o projeto, dando valor da gestão do ciclo de vida de

um processo (análise, melhoria, implantação e mudança na gestão do processo) e (iii) a

capacidade da empresa, dando valor a partir da mentalidade de processos da empresa

(alinhamento estratégico, dono do processo, educação em BPM e mudança cultural)

(Rosemann, 2014).

28

Conforme Smith & Fingar (2003), o BPM tenta criar uma definição de um processo de

tal maneira que profissionais de diferentes áreas de uma organização possam ver e manipular

o mesmo processo por meio de uma representação adequada, e agir nele segundo suas

competências e responsabilidades. De acordo com os autores, o que diferencia o BPM dos

demais movimentos é o desenvolvimento de uma capacidade que permite à área de negócio

ter controle de suas necessidades presentes e futuras, gozando o processo de visibilidade de

ponta a ponta, e de agilidade e comunicação para a sua inovação. A partir daí, o BPM visa

construir uma base de entendimento comum entre as comunidades de negócio e de TI.

Ainda de acordo com Smith & Fingar (2003), no BPM a habilidade para mudar é mais

fundamental do que a habilidade para criar processos e que é uma espécie de síntese entre a

representação de processos e as tecnologias de colaboração onde promove a remoção dos

obstáculos que bloqueiam a execução dos objetivos organizacionais. Em suma, BPM é uma

espécie de convergência das teorias da administração: gestão da qualidade total reengenharia,

Six Sigma e gerenciamento de projetos, com tecnologias modernas: desenvolvimento de

aplicativos, integração de sistemas de informação, arquitetura orientada ao serviço, workflow,

XML1 (eXtensible Markup Language) e web services

2 (Smith & Fingar, 2003).

A padronização de processos corporativos, intermediada pelo BPM, possibilita o

aumento de produtividade e eficiência e, assim, permite que sejam feitas medições, análises e

aperfeiçoamento da gestão do negócio (Elzinga, Horak, Chung-Yee, & Bruner, 1995).

BPM é uma disciplina da área da gestão empresarial que orienta as organizações para

melhoria de ações em diversas áreas a fim de permitir um refinamento continuado e mais ágil

da organização. A organização que adota BPM adota um modelo de gestão. BPM não é um

projeto, mas sim uma estratégia organizacional. BPM é conhecimento estruturado e

direcionador de ações, tanto no nível estratégico, tático e operacional (Capote, 2013a).

A cultura da organização possui um papel importante, pois, em última instância, será

o ponto de partida para a criação de uma arquitetura empresarial orientada ao processo

(Computerworld, 2008). BPM engloba mudança de cultura, mudança de comportamento,

orientação ao cliente, redução de desperdícios, gestão por indicadores, alinhamento

estratégico, modelagem dinâmica e documentação de processos com a notação específica do

Business Process Modeling Notation (BPMN), monitoramento - em tempo real - dos

trabalhos, reutilização de tecnologias e agilidade na tomada de decisões (Capote, 2013a).

1 XML é uma linguagem de marcação recomendada para fins específicos e é utilizado por Web services com o

fim de integrar sistemas e realizar a comunicação entre aplicações diferentes. 2 Web services são conjuntos de padrões que permitem a integração e a comunicação de diferentes aplicações

baseados na web, independentemente da linguagem na qual foram escritos.

29

A adoção de BPM ajuda as organizações a melhorar seus controles e processos, como

também a reformá-los ou otimizá-los, se necessário, e a realizar tarefas importantes com

maior eficácia e eficiência (Montanini et al., 2008). Destaca-se no BPM o fato de permitir a

resposta para questões críticas sobre o negócio da organização, tais como: O quê? Por que é

feito? Por quem? Onde? Quando? Como é conduzido? (Iendrike & Araujo, 2007).

A Tabela 1 apresenta de forma sucinta as definições apresentadas. Ainda que não

existam definições “oficiais”, há um consenso em considerar BPM como a abordagem

empresarial focada em gerenciar os processos de negócio. A partir das análises das definições

apresentadas, tanto as que possuem enfoque acadêmico, mas mais fortemente quando da

análise oriunda de entidades ligadas ao setor de TI, percebe-se que o fator tecnológico é um

importante componente da abordagem BPM, porém, convém ressaltar que a tecnologia não é

o único fator. A tecnologia é apoiada pelas pessoas, em seus diversos patamares de atuação

(definições, atribuições de responsabilidades e segurança, implementação, homologação,

execução, análises, acompanhamento e tomada de decisões).

No âmbito deste trabalho, a definição de BPM a ser adotada é baseada nos pontos de

consenso encontrados nas várias definições levantadas na literatura, podendo ser assim

formulada: uma abordagem empresarial focada em gerenciar os processos de negócio de

ponta a ponta em suas várias etapas, favorecendo o alinhamento entre os processos e uma

estratégia corporativa com foco na cadeia de valor e no cliente. O BPM deve possibilitar a

melhoria contínua, favorecer o alinhamento entre as áreas de negócio e a área de TI, trabalhar

com várias fontes e níveis de informação, utilizar métodos, técnicas e representação

adequadas e ser apoiado por software adequado.

Tabela 1 - Resumo das definições de BPM

Resumo das definições de BPM

(continua)

Id Resumo das definições de BPM Fonte

1 Técnicas que permitem a modelagem e o gerenciamento de troca de

informações com envolvimento de vários agentes.

Montanini et al. (2008)

2 Modelo de apoio ao processo de negócio usando métodos, técnicas e

software.

Aalst et al. (2003)

3 Alinhamento dos processos de negócios com a estratégia, os objetivos e a

cadeia de valor das empresas. Centrado no cliente, objetivando medição e

melhoria de todos os processos da organização.

Lee & Dale (1998)

4 Definição de um processo por meio de uma representação adequada que

permite à área de negócio ter controle do processo de ponta a ponta. É uma

espécie de convergência das teorias da administração com tecnologias.

Smith & Fingar (2003)

30

(conclusão)

Id Resumo das definições de BPM Fonte

6 Orienta as organizações para melhoria de ações em diversas áreas a fim de

permitir um refinamento continuado e ágil da organização. É um modelo

de gestão e uma estratégia organizacional. É conhecimento estruturado e

direcionador de ações.

Capote (2013a)

7 Criação de uma arquitetura empresarial orientada ao processo. Computerworld (2008)

8 Permite respostas para questões críticas sobre o negócio da organização. Iendrike & Araujo (2007)

9 É uma abordagem para identificar, desenhar, executar, documentar, medir,

monitorar, controlar e melhorar processos de negócio. Definido como um

trabalho ponta-a-ponta que entrega valor aos clientes.

ABPMP (2013)

10 Enfatiza os processos ao invés de hierarquias em todas as áreas com

especial ênfase nos resultados e satisfação do cliente.

Skrinjar & Trkman (2013)

11 Tornar processos um ponto chave na gestão, destacando a TI, o Projeto e a

Capacidade da empresa.

Rosemann (2014)

Avaliando os pontos de convergência das definições de BPM (Tabela 2), percebe-se a

formação de um tripé que estrutura a adoção da prática de BPM, composto por pessoas,

tecnologia e processos, sendo necessário que haja sinergia entre as mesmas para uma adoção

eficiente e eficaz do BPM.

Tabela 2 - Pontos de convergência das definições de BPM

Pontos de convergência das definições de BPM

Id Convergência Base Fonte

1 Várias etapas Processos Montanini et al. (2008); Aalst et al. (2003); ABPMP

(2013); Rosemann (2014)

2 Várias fontes / níveis de

informação

Pessoas Montanini et al. (2008); Aalst et al. (2003); Smith &

Fingar (2003); Capote (2013a)

3 Vários métodos / técnicas /

representação adequada

Tecnologias Montanini et al. (2008); Aalst et al. (2003); Smith &

Fingar (2003); Elzinga et al. (1995); Capote (2013a)

4 Uso de software Tecnologias Aalst et al. (2003); Smith & Fingar (2003); Montanini

et al. (2008); Computerworld (2008); Totvs (2013);

Capote (2013a); ABPMP (2013); Rosemann, (2014)

5 Alinhamento entre processo

e estratégia / cadeia de valor

Processos Lee & Dale (1998); Capote (2013a); ABPMP (2013);

Skrinjar & Trkman (2013); Rosemann (2014)

6 Processo ponta a ponta Processos Smith & Fingar (2003); ABPMP (2013)

7 Foco no cliente Pessoas Lee & Dale (1998); ABPMP (2013); Skrinjar &

Trkman (2013)

8 Convergência entre área de

negócio e TI

Processos Smith & Fingar (2003); Computerworld (2008)

9 Melhoria contínua Processos Elzinga et al. (1995); Capote (2013a)

31

2.1.3 Fatores críticos de sucesso em BPM

Fatores críticos de sucesso (FCS) são as condições que devem ocorrer para assegurar o

sucesso, ou seja, o que a organização precisa fazer para ter sucesso na adoção de determinada

prática (ABPMP, 2013). Identificar e gerenciar esses fatores envolvidos em iniciativas de

BPM pode aumentar as chances de sucesso (Sentanin, Santos, & Jabbour, 2008). Entretanto,

os FCS são específicos por segmento e local, podem variar entre organizações, ramos de

negócio e cargos e setores dentro de uma mesma organização (Sentanin et al., 2008; ABPMP,

2013).

A literatura sobre FCS ainda não apresenta muitas pesquisas que consolidam

especificamente os FCS ligados à adoção de iniciativas de BPM (Santos et al., 2012; Ceribeli,

Pádua, & Merlo, 2013). Entretanto, foi possível mapear na literatura alguns trabalhos

abordando o assunto, bem como ampliar os FCS na adoção de BPM nas organizações. Os

fatores são apresentados a seguir em ordem decrescente do número de referências (Tabela 3).

Essa tabela foi baseada no trabalho de Santos et al. (2012), porém foi revista por meio de

novas fontes e ampliada ao serem incluídos novos FCS identificados na literatura.

Tabela 3 - Fatores Críticos de Sucesso na adoção de BPM

Fatores Críticos de Sucesso na adoção de BPM

(continua)

ID Fatores Críticos de Sucesso Fonte

1 Apoio da alta administração / liderança /

patrocinador

Miers (2006); Baldam (2008); Jeston & Nelis (2008); Smith &

Furt (2009); Trkman (2010); Burlton (2011); Minonne &

Turner (2012); Ceribeli et al. (2013); ABPMP (2013); BPM

Global Trends (2014)

2 Designação de papéis, responsabilidades

e donos de processos

Miers (2006); Davidson & Holt (2008); Jeston & Nelis

(2008); Trkman (2010); Elo Group (2010); Minonne & Turner

(2012); ABPMP (2013); BPM Global Trends (2014);

Schmiedel et al. (2014); Waal & Batenburg (2014)

3 Medição e monitoramento da iniciativa Balzarova et al. (2004); Ahmad et al. (2007); Jeston & Nelis,

(2008); Smih & Furt (2009); CIO (2010); Trkman (2010);

Burlton (2011); Minonne & Turner, 2012; ABPMP (2013);

Schmiedel et al. 2014

4 Conhecimento dos membros da

organização a respeito dos conceitos de

BPM

Miers (2006); Davidson & Holt (2008); Jeston & Nelis

(2008); Smih & Furt (2009); CIO (2010); Trkman (2010), Elo

Group (2010); BPM Global Trends (2014)

5 Alinhamento estratégico Miers (2006); Jeston & Nelis (2008); Trkman (2010); CIO

(2010); Burlton (2011); Minonne & Turner, 2012; ABPMP

(2013); Ceribeli et al. 2013; Forrester (2013)

6 Metodologia estruturada de implantação Miers (2006); Baldam (2008); Jeston & Nelis (2008); Trkman

(2010); Elo Group (2010); Burlton (2011); ABPMP (2013)

7 Automação de processos Miers (2006); Ahmad, et al. (2007); Jeston & Nelis (2008);

Smith & Furt (2009); Trkman (2010); Burlton (2011);

ABPMP (2013)

8 Inter funcionalidade, competências e

treinamentos da equipe de processos

Balzarova, et al. (2004); Davidson & Holt (2008); Baldam

(2008); Jeston & Nelis (2008); Smith & Furt (2009); Trkman

(2010); ABPMP (2013); Ceribeli et al. 2013

32

(conclusão)

ID Fatores Críticos de Sucesso Fonte

9 Comunicação e gerenciamento da

mudança organizacional

Balzarova, et al. (2004); Ahmad, et al. (2007); Baldam

(2008); Davidson & Holt (2008); Jeston & Nelis (2008); CIO

(2010); Trkman (2010); Forrester (2013); ABPMP (2013)

10 Interações com clientes dos processos CIO (2010); Elo Group (2010); ABPMP (2013); Schmiedel et

al. 2014

11 Entendimento da cultura organizacional ABPMP (2013); BPM Global Trends (2014); Waal &

Batenburg ( 2014)

Nota. Fonte: Adaptado de Santos, H. M., Santana, A. F., & Alves, C. F. (2012). Análise de fatores críticos de

sucesso da gestão de processos de negócio em organizações públicas. Revista Eletrônica de Sistemas de

Informação, 11(1), pp. 1-20.

Os FCS (Tabela 3) podem ser agrupados de maneira a refletir diferentes aspectos da

adoção do BPM. Os fatores 1 e 5 compreendem os aspectos estratégicos do BPM, ao passo

que os fatores 9 e 10 estão associados aos aspectos interativos e comunicacionais do BPM.

Por sua vez, os fatores 2, 3 e 6 dizem respeito à maturidade da organização na temática da

gestão por processos (empresa orientada a processos) e na sua capacidade em atribuir

responsabilidades bem como definir metodologias e práticas de monitoramento. Já os fatores

4 e 8 estão vinculados ao conhecimento, seja esse prévio ou derivado de treinamentos, sobre

gestão por processo. O aspecto tecnológico do BPM é representado pelo fator 7, enfatizando

novamente que a tecnologia não é um componente isolado de uma iniciativa BPM. Por fim, o

aspecto 11 ressalta o necessário ajuste do BPM à cultura da organização.

De acordo com a pesquisa realizada no Brasil, BPM Global Trends (2014), verifica-se

que a maior restrição para a evolução de BPM nas organizações estudadas se trata da falta de

cultura organizacional favorável juntamente com falta de patrocínio da Alta Administração

que, de uma maneira mais profunda, remete a falta de cultura organizacional. Na Figura 1, são

apresentadas as principais restrições para evolução de BPM nas organizações brasileiras.

33

Figura 1. Principais restrições para evolução de BPM.

Fonte: BPM Global Trends. (2014). Pesquisa Nacional em Gerenciamento de Processos de Negócio - 2013: O

status e a evolução do Gerenciamento de Processos de Negócio nas organizações brasileiras. Acesso em 07 de

Maio de 2014, disponível em BPMGlobalTrends: www.bpmglobaltrends.com.br

2.1.4 Maturidade em BPM

Além dos fatores críticos de sucesso, os modelos de maturidade constituem outra

abordagem para orientar as organizações na evolução de suas iniciativas em BPM.

Genericamente adotados em vários campos do conhecimento como engenharia de software e

gerência de projeto, os modelos de maturidade geralmente incluem uma sequência de níveis

ou estágios que formam um caminho ou lógica desejada partindo de um estado inicial até um

estado final (Roglinger, Poppelbu, & Becker, 2012). A maturidade atual de uma organização

representa as suas capacidades no que diz respeito a uma classe específica de objetos e

aplicação domínio (Rosemann, Bruin, & Power, 2006).

Modelos de maturidade geralmente representam teorias sobre como uma organização

deve evoluir, fase a fase, ao longo de um caminho lógico. A finalidade básica dos modelos de

maturidade é descrever as etapas dos caminhos de maturação. Um modelo de maturidade

também irá servir com um propósito comparativo interno ou externo a outras organizações

(Rosemann et al., 2006 & Baldam, 2008).

Modelos de maturidade têm sido utilizados em várias áreas como engenharia de

software, gerência de projetos, gestão do conhecimento e também BPM. Em geral, esses

modelos descrevem o desenvolvimento de BPM nas organizações a partir de um estado

34

imaturo e inicial a um estado altamente desenvolvido e com desempenho superior (Roglinger

et al., 2012). Nove modelos de maturidade em práticas de adoção de BPM foram identificados

no estudo apresentado por Rosemann & Brocke (2010), conforme Tabela 4.

Tabela 4 - Modelos de maturidade em BPM

Modelos de maturidade em BPM

Modelo Assunto Fonte

Modelo de Condição do Processo Eficácia e eficiência para medir e

avaliar as condições do processo De Toro & McCabe (1997)

Modelo de maturidade de

alinhamento estratégico Maturidade do alinhamento estratégico Luftman (2003)

Modelo de Maturidade BPR Programas de reengenharia de

processos de negócios Maull et al. (2003)

Modelo de Maturidade BPM de

Harmon

Modelo de maturidade de processo

baseado em CMM Harmon (2003, 2004)

Modelo de Maturidade de Processo

do grupo de Rummler-Brache

Fatores de sucesso para processos-

chave de negócio Rummler-Brache (2004)

Modelo de Maturidade BPM da

OMG

Práticas aplicadas ao gerenciamento de

processos discretos

Curtis et al. (2004); OMG,

(2008)

Modelo de Maturidade BPM de

Rosemann e Bruin

Maturidade das capacidades do

gerenciamento de processos de negócio

Rosemann & de Bruin

(2005); de Bruin, (2009)

Integração Modelo Maturidade de

Capacidade (CMMI)

Maturidade do processo de

desenvolvimento de software SEI (2006a, 2006b)

Modelo de Maturidade BPM de

Hammer (Auditoria de Processo)

Definições de processos e

competências empresariais Hammer (2007)

Nota. Fonte: Rosemann, M., & Brocke, J. v. (2010). The Six Core Elements of Business Process Management.

In: J. v. Brocke, & M. Rosemann, Handbook on Business Process Management: Introduction, Methods and

Information Systems (pp. 107-122). Berlin: Springer.

Um quadro esquemático, Figura 2, proposto Rosemann et al. (2006), procura

demonstrar a comparação entre baixa e alta maturidade e os cinco estágios de maturidade do

CMM3 (Capability Maturity Model), a fim de esclarecer a abrangência e a faixa de

maturidade de BPM. A ideia de comparar é para facilitar a compreensão dos conceitos de

maturidade de processos. O modelo de maturidade de BPM proposto adota 5 estágios de

maturidade do CMM, na tentativa de diferenciar vários níveis de sofisticação da iniciativa de

BPM.

3 CMM é desenvolvido pelo Software Engineering Institute at Carnegie Mellon University, Pittsburgh, PA na

qual a forma mais popular de avaliar a maturidade é a escala de cinco pontos de Likert, com 5 representando o

maior nível de maturidade.

35

Figura 2: Comparação entre baixa e alta maturidade e os cinco estágios de maturidade.

Fonte: Rosemann, M., Bruin, T. d., & Power, B. (2006). Maturidade de BPM. Acesso em 14 de fevereiro de

2014, disponível em Portal BPM 360: www.bpm360.com.br.

Para este trabalho será considerado o modelo proposto Rosemann et al. (2006),

ilustrado na Figura 2, pois o modelo demonstra, de uma maneira simplificada e didática, o

nível atual de maturidade da organização. Os estágios são assim descritos:

a) estágio 1 - Inicial: nenhuma iniciativa ou tentativas de BPM descoordenadas e

desestruturadas (abordagens pontuais; esforços individuais; escopo limitado de

iniciativas de BPM; baixo envolvimento de colaboradores; alta dependência em

expertise externa de BPM; alto nível de intervenção manual);

b) estágio 2 - Repetitivo: primeiras experiências e começará a construir uma

capacidade em BPM (primeiros processos documentados; reconhecimento da

importância de BPM; aumento do envolvimento de alta administração; um

propósito principal para explorar BPM; uso extenso de processos de modelagem

simples com repositórios simples; primeiras tentativas com metodologias

estruturadas e padrões comuns);

c) estágio 3 - Definido: avanço nas experiências de BPM, com definição de

ferramentas e métodos (uso de ferramentas elaboradas e tecnologia com uso

combinado de diferentes métodos; foco no gerenciamento das fases iniciais do

estilo de vida do processo; maior utilização de tecnologia de entrega e

comunicação de BPM; treinamento de BPM abrangente e formal);

36

d) estágio 4 - Gerenciado: irá aproveitar os benefícios de ter BPM fortemente

enraizado na estratégia de melhoria da organização (centro de excelência em BPM

ou escritório de processos; exploração de métodos de controle e tecnologias nos

processos de negócio; fusão das perspectivas de TI e do negócio em gerenciamento

de processos; métodos e tecnologias amplamente aceitos; efeitos integrados de

gerenciamento de processos; orientação por processos como componente

mandatório);

e) estágio 5 - Otimizado: irá aproveitar os benefícios de ter BPM fortemente

implantado como uma importante parte tanto do gerenciamento estratégico quanto

do operacional (gestão por processos é parte das atividades gerenciais, das

responsabilidades e das medições de performance; ampla aceitação e utilização de

métodos e tecnologias padronizados; ampla abordagem organizacional para a

gestão por processos; gerenciamento de ciclos de vida de processos estabelecido;

redução do tamanho do centro de excelência na medida em que a gestão por

processos se torna uma simples forma de como o negócio é gerido).

2.1.5 Ciclo de vida do BPM

Por não ser um projeto único e por ter característica de continuidade, a gestão do ciclo

de vida do BPM nas organizações é cíclica e sem fim, envolve vários processos da

organização, impactando no dia a dia das pessoas e, portanto é necessário que esta visão seja

clara para todos. Camacho (2009) propõe um modelo de gestão do ciclo de vida BPM na

organização em que há a interação contínua entre os processos de negócio, em conformidade

com as necessidades de controles de gestão, a fim de transformar a forma de gestão da

organização continuamente (Figura 3).

37

Figura 3. Gestão do ciclo de vida BPM na empresa.

Fonte: Adaptado de Camacho, J. (2009). ARIS Business Process Excellence. Acesso em 5 de Janeiro de 2014,

disponível em IDS SCHEER: http://www.softwareag.com/

O ciclo de vida do BPM descreve as várias fases no suporte operacional aos processos

de negócio, semelhante ao ciclo do PDCA4 (Plan, Do, Check, Act) aplicado ao BPM (Figura

4). Na fase 1, os processos são redesenhados. Na fase 2, os processos são implementados pela

configuração de um sistema de informação, como, por exemplo, um Workflow Management

(WFM). A fase 3 se inicia quando os processos operacionais de negócio são executados

usando o sistema configurado. Na fase 4, os processos são analisados para identificar

problemas e encontrar melhorias. O foco dos sistemas de gerenciamento de workflow

tradicionais está na metade inferior do ciclo de vida do BPM, fases 1 e 2 (Sobreira Netto,

2009). Como resultado, existe pouco apoio à fase de diagnóstico. Mais ainda, o apoio à fase

de projeto é limitado ao fornecimento de um editor, similar a um editor de textos, já que o

suporte à análise e ao desenho real dos processos não existe (Aalst et al., 2003). Usando o

ciclo de vida do gerenciamento de processos de negócio, a Figura 4 exibe a relação entre o

WFM e o BPM.

4 PDCA é um método gerencial para promover a melhoria contínua de origem japonesa na qual propõe um ciclo

continuo que consiste em Planejar, Desenvolver, Executar e Controlar.

38

Figura 4. O ciclo de vida do BPM comparado ao ciclo do Gerenciamento de Workflow.

Fonte: Adaptado de Aalst, W. M., Hofstede, A. H., & Weske, M. (2003). Business Process Management: A

Survey. Lecture Notes in Computer Science, pp. 1-12.

O BPM possui uma visão holística das organizações e vários níveis da sua estrutura

são envolvidos no processo de adoção de projetos com BPM (Camacho, 2009). Os

envolvimentos dos níveis estratégico, tático e operacional ocorrem da seguinte forma: (i) nível

Estratégico - “Porquê?”: Definição dos objetivos; (ii) nível Tácito - “Como?”: Definir do

modo (processos de negócio) como a organização se propõe alcançar os objetivos e (iii) nível

Operacional - “Com Quem?”, “Com Quê?”: Os processos de negócio consomem recursos

humanos (Com quem) e tecnológicos (Com Quê) e o seu desempenho depende da adequação

dos mesmos.

Para Camacho (2009), a melhoria contínua é importante no processo de adoção de

BPM porque não basta planejar e executar; é necessário medir e analisar sistematicamente,

identificar os desvios e tomar medidas corretivas e assim prosseguir continuamente.

2.1.6 BPMN - Business Process Model and Notation

Existem várias notações existentes para modelar os processos de negócio das

organizações. A padronização permite que profissionais de outras organizações e que não

conhecem aquele determinado processo possam compreendê-lo, permitindo assim, uma maior

abrangência de uso e entendimento, pois perpassa por qualquer organização que adote uma

notação padrão de mercado.

Como não é objetivo deste trabalho identificar as vantagens e desvantagens de cada

uma delas, optou-se por pesquisar a notação BPMN em virtude de ser a notação mais utilizada

no Brasil, a qual foi indicada por 53,11% enquanto os fluxogramas tradicionais foram

indicados por 37,58% dos respondentes (BPM Global Trends, 2014).

39

A notação para modelagem de processos de negócio BPMN foi desenvolvida para

prover o uso da gerência de processos de negócio por meio do estabelecimento de padrões

(Object Management Group, 2011). BPMN é uma notação, uma linguagem gráfica que

descreve as etapas de um processo de negócio e serve para descrever fluxo de processo ponta

a ponta evidenciando participantes, eventos, mensagens, atividades e pontos de distribuição

do trabalho. “BPMN não é como um fluxograma tradicional, não é apenas para documentação

de processos, mas sim para a documentação e execução de processos” (Capote, 2013b).

De acordo com Reis (2008), a notação preocupa-se em coletar o que há de melhor nos

mapeamentos de processos e criar um modelo entendível para todos os profissionais

envolvidos na criação, implementação e controle de processos, independentemente de sua

posição na organização ou de sua formação. A documentação dos processos é feita com certa

variedade de informações entre os indivíduos nas organizações. Porém, por meio da notação,

a troca de informações no âmbito organizacional ocorre de forma única e com pouca ou

nenhuma variação.

Conforme os resultados descritos no trabalho de Pereira (2011), a notação BPMN

permite definir status e tempo para cada atividade do processo, fazendo com que o gestor

analise as atividades de cada um dos atores do processo, buscando detectar limites e

possibilidades para a sua melhora. Dessa forma, podem-se definir indicadores e métricas para

os processos e saber qual tarefa está atrasada, a fim de que o gestor tome decisões de forma

que não atrase o processo e prejudique as demais atividades, tornando-se proativo na solução

dos problemas.

A notação BMPN é utilizada para modelar a situação atual dos processos denominados

AS-IS (estado atual). Com os recursos que a notação oferece, são realizadas simulações de

processos que permitem automatizar as atividades de forma simples e rápida com o controle

por meio de indicadores visuais, gerando assim um modelo proposto com melhorias

conhecidas como TO-BE (estado futuro).

A aceitação da BPMN tem crescido em várias dimensões com sua inclusão nas

principais ferramentas de modelagem. Essa notação apresenta um conjunto robusto de

símbolos para modelagem de diferentes aspectos de processos de negócio. Como na maioria

das notações, os símbolos descrevem relacionamentos claramente definidos, tais como fluxo

de atividades e ordem de precedência (ABPMP, 2013).

Um dos pontos fortes da BPMN é a possibilidade de utilizar a mesma notação para

modelar processos com o foco tanto na visão do negócio, quanto com foco na visão da TI

(automação do fluxo). Em geral, os fluxos para modelos de processos de negócio são mais

40

simples e objetivos do que os fluxos para modelos com visão de TI (Fukamati, Kazokas, &

Jesus, 2013).

As Figura 5 e Figura 6 apresentam exemplos de processos com a notação BPMN. Por

conta da diversidade de símbolos utilizados pela notação, constata-se um ganho semântico da

notação BPMN em relação ao fluxograma tradicional, uma vez que há padrões definidos e

coordenados pela OMG (Object Management Group) que é uma organização internacional

que mantém o padrão BPMN, desenvolvendo melhorias e divulgação da notação.

Figura 5. Um exemplo de um diagrama utilizando a notação BPMN 2.0.

Fonte: Object Management Group. (2011). Business Process Model and Notation (BPMN) - Version 2.0. Acesso

em 20 de Fevereiro de 2014, disponível em Object Management Group: http://www.omg.org/spec/BPMN/2.0

41

Figura 6. Representação de um desenho de processo de embarque aéreo com a troca de informação entre raias.

Fonte: Fukamati, T., Kazokas, L., & Jesus, L. (2013). Revista BPM em Foco. Acesso em 27 de 01 de 2014,

disponível em bpmglobaltrends: http://www.bpmglobaltrends.com.br/wp-content/themes/BPM/BPMemFoco-

edicao6.pdf

2.1.7 BPMS - Business Process Management Systems

O BPMS é uma ferramenta criada para executar atividades de processos de forma

automatizada, distribuindo trabalho, cobrando prazos, integrando dados e tecnologias ao

longo do caminho. “De forma sucinta, o BPMS é um software que apoia a adoção prática da

disciplina de BPM em um ciclo de vida de gestão por processos” (Capote, 2013b).

BPMS são sistemas baseados na filosofia do BPM que automatizam as tarefas manuais

e eliminam as atividades que não agregam valor, tais como decisões de rotina e transferência

de formulários. Possibilitam a criação de uma série de tarefas específicas que seguem um

workflow e permite o controle das atividades de cada ator, implicado em processos em tempo

real (Menezes, 2011). O BPMS pode ser encarado como uma ferramenta capaz de tornar mais

ágeis as empresas, funcionando como ponte entre o negócio e a TI (Computerworld, 2008).

Com os sistemas de BPM, os processos se tornaram protagonistas no mundo

corporativo, automatizando os procedimentos que não estavam estruturados e fazendo com

que as tarefas fluam com maior precisão e agilidade. Desta forma, auxilia-se todo o ciclo de

vida de processos de negócios e também se realiza o gerenciamento de maneira efetiva,

automatizando as decisões e responsabilidades dentro do processo (Totvs, 2013). O uso de

42

sistemas de BPM dão ao usuário maior controle sobre a automação de processos, o que

possibilita aos analistas de processos maior autonomia, não exigindo da área de TI demandas

altas de trabalho para extração das regras de negócios. As ferramentas de BPM têm o objetivo

de automatizar fluxos, de forma rápida e simples, sem, necessariamente, modificar regras nos

sistemas legados (Montanini et al., 2008).

Processos normatizados de setores distintos do mercado, como as normas

International Organization for Standardization (ISO), Quality Systems Basics (QSB) dentre

outras, são uma boa oportunidade para o BPMS já que consiste em uma ferramenta para

criação e publicação de procedimentos, controles de revisão e versão, aprovação, workflow,

monitoramento e geração de indicadores.

De acordo com o fabricante AuraPortal, BPMS é:

um software que suporta o BPM. Implantação de um BPMS é o

mesmo que introduzir nos sistemas os fundamentos teóricos de BPM.

O próprio sistema se encarrega de otimizá-los, automatizá-los (na

medida do possível), controlar o cumprimento e proporcionar as

análises para a sua melhoria contínua (Aura Portal, 2012).

Segundo Mayorga, Vargas, Mejía, Arias, & Martinez (2012), os sistema de BPMS não

são projetados para lidar com grandes bases de dados como dados mestre de clientes, nem

dados transacionais oriundos das áreas de produção, contabilidade ou vendas. Como

consequência, eles precisam ser integrados com sistemas ERP que armazenam dados

transacionais.

O principal objetivo do BPMS é dissociar o processo de negócio a partir da base da

infraestrutura tecnológica, utilizando SOA (Service Oriented Architecture) em que as funções

são empacotadas em serviços modulares reutilizáveis que podem ser usado por qualquer outro

sistema, como ERP, CRM (Customer Relationship Management), SCM (Supply Chain

Management), SRM (Supplier Relationship Management) ou PLM (Product Lifecycle

Management) (Snabe, Rosenberg, Møller, & Scavillo, 2008). Em suma, o BPMS se situa em

uma camada tecnológica com maior grau de abstração (nível mais alto) do que o sistema ERP,

permitindo uma fluidez das atividades, não importando de que sistema seja proveniente a

tarefa a ser realizada, podendo ficar em uma única plataforma vários fluxos de trabalhos

oriundos de outros sistemas.

Para Contador, De Sordi, Marinho, & Carvalho (2005) os sistemas ERP, CRM, PLM e

SRM são alguns exemplos de softwares que pontencializama nas organizações os processos

de negócios. Entretanto organizações identificaram a incapacidade desses softwares em poder

43

atender toda complexidade, extensão, dinamismo e segmentação dos atuais processos de

negócio, criando demanda para as funções porpostas pelos BPMS, ou seja, um sistema que

possa ser uma camada de orquestração de atividades, de gestão de regras de negócios,

aplicável a qualquer processo de negócio e independentes dos softwares transacionais.

As ferramentas de BPMS oferecem um grupo de funcionalidades mais avançadas que

ferramentas mais simples de modelagem não conseguem prover, tais como: gerenciamento de

regras; gerenciamento de fluxo de trabalho; monitoramento e medição de desempenho;

geração de aplicações e controle de acesso e manipulação de dados, gerando benefício de

oferecer suporte a mudanças rápidas e poder acompanhar melhor o ritmo da necessidade em

qualquer nível no modelo de processos (ABPMP, 2013).

Ainda de acordo com a ABPMP (2013), o principal motivo para usar BPMS é a

capacidade de gerar rapidamente aplicações para aprimorar tanto o modo que a operação é

controlada e monitorada, quanto fornecer automação de tarefas. Isso reduz a carga sobre a

área de TI e habilita mudanças rápidas por meio de desenhos e testes iterativos.

Outra questão diretamente ligada ao BPMS é a necessidade de reduzir o ciclo de

integrações. Com a utilização do BPMS, os processos operacionais ficam integrados aos

sistemas analíticos e vice-versa, de tal forma que cada um possa trocar informações com o

outro em tempo real. Além destes benefícios, pode-se destacar que os tomadores de decisão

têm uma visão clara dos indicadores de desempenho dos negócios (Montanini et al., 2008).

A principal vantagem apresentada para o uso do BPMS, de acordo com Oliveira,

Motta, & Oliveira (2012), é permitir uma atualização dinâmica, de tal forma que cada vez que

mudar as regras de negócios, não há a necessidade de alteração dos componentes dos

softwares. Isto é, esta arquitetura permite que as regras de negócio sejam mudadas

rapidamente e passem imediatamente a gerir a nova forma e condições de negócio,

minimizando tempo e recursos normalmente consumidos nos modelos tradicionais de

desenvolvimento e manutenção de aplicações. Ainda de acordo com os mesmos autores, as

linguagens de descrição dos modelos orientados aos negócios são mais fáceis, amigáveis,

melhores entendidas, usadas e manipuladas tanto pelos especialistas de TI como pelos

especialistas de negócio, o que dá a estes profissionais mais liberdade de ação e participação

no trabalho de modelagem dos processos de negócios. Isto contribui para a quebra de

barreiras existentes entre o departamento de TI e os profissionais da estratégia de negócios.

Em cenários de negócios dinâmicos e competitivos, a capacidade do software se adaptar

rapidamente às mudanças de legislação e de regras de negócios constitui importante

diferencial. O uso do BPMS permite que a alteração da regra de negócio ocorra no nível mais

44

abstrato do desenho do processo (modelo BPMN), repassando as modificações para o ERP e

permitindo agilidade ao processo de manutenção.

O Delphi Group (2005) elaborou um ranking dos principais requisitos exigidos por

pessoas relacionadas com o uso de BPMS, como dirigentes, desenvolvedores de sistemas,

consultores de negócio e de TI. Em primeiro lugar, com 63%, está o monitoramento de

desempenho por meio de indicadores e relatórios analíticos dos processos de negócio. Em

segundo lugar, com 57%, foi apontada a clareza do modelo organizacional (regras, equipes e

gerenciamento de usuários) e na mesma posição o monitoramento das atividades em tempo

real. E em quarto lugar, está o desenho das regras de negócio dos processos e em seguida, na

quinta posição, a possibilidade de simulação e modelagem de processos de forma gráfica,

conforme detalhado na Figura 7.

Figura 7. Ranking dos Componentes e Principais Requisitos do BPMS.

Fonte: Adaptado de Delphi Group. (2005). BPM 2005: market milestone report. Acesso em 05 de Março de

2014, disponível em DelphiGroup.com: http://www.delphigroup.com

Para Oliveira et al. (2012), há um descompasso entre o estágio do BPM e o

desenvolvimento dos BPMS. A razão pela qual as ferramentas (softwares) não se encontram

45

no mesmo estágio evolutivo do BPM é óbvia: o BPM é uma disciplina teórica e o BPMS é um

conjunto de ferramentas tecnológicas (software). Nas diversas áreas do conhecimento

humano, as ideias e teorias acontecem antes no nível conceitual, para somente depois serem

incorporadas aos produtos, neste caso no software. Entretanto de acordo Utomo (2011 como

citado em Oliveira et al., 2012), duas tendências estão mudando as linhas de pesquisas em

BPM. Uma é a adoção do conceito de integração de aplicações orientadas a processos por

parte da maioria dos fornecedores de solução de e-business, e a outra é o avanço dos serviços

da web como plataforma de computação universal.

2.2 ERP - Enterprise Resource Planning

2.2.1 Histórico e definição do sistema ERP

Os atuais sistemas de planejamento dos recursos empresariais (ERP) tiveram sua

evolução originada a partir dos sistemas de planejamento de necessidades materiais ou MRP

(Materials Requirements Planning) originários da década de 1970. Os cálculos automatizados

possibilitados pelo uso de computadores permitiu que listas de materiais fossem gerenciadas

em conjunto com os dados de estoque para um planejamento fabril (Moura, 2012).

Em 1981, Oliver Wight publicou o livro Manufacturing Resources Planning, MRP II,

possibilitando um significativo aumento da abrangência do modelo. Além de incorporar a

possibilidade de uma análise para estabelecer uma relação direta entre o programa mestre de

produção e a carga dos centros produtivos, e também a possibilidade dinâmica de ajustes na

programação da produção, houve a inclusão de outros recursos para a produção, como os

recursos humanos e orçamentários (Moura, 2012).

A evolução dos sistemas MRP II se deu com o desenvolvimento e incorporação de

novas funcionalidades como a possibilidade de cálculos mais complexos e a utilização de

informações de outros sistemas. Neste ponto, quando integração passou a ser uma palavra-

chave, houve um novo salto tecnológico e uma nova denominação para os sistemas que não

somente gerenciam os recursos de manufatura, mas sim os recursos empresariais (Hypolito &

Pamplona, 1999). A partir dessas evoluções, chegaram-se as primeiras versões dos sistemas

ERP que incorporavam funcionalidades de finanças, contabilidade, custos, vendas, logística

de entrada e saída, recursos humanos, antes gerenciados por sistemas isolados.

A sigla ERP foi cunhada pelo Gartner Group com a intenção de definir esses sistemas

integrados como uma evolução dos sistemas MRP II. A nomenclatura ERP ganhou muita

46

força na década de 90, entre outras razões pela disseminação da arquitetura cliente/servidor

(Vieira et al., 2013). As evoluções desses sistemas são contínuas e cada vez mais novas

funcionalidades são incorporadas aumentando a sua abrangência de atuação dentro das

organizações. A Figura 8 apresenta de forma esquemática a abrangência e os períodos de

surgimento desses sistemas.

Figura 8. Evolução do sistema ERP e representação esquemática da abrangência.

Fonte: elaborado pelo autor.

Há uma vasta literatura sobre sistema ERP e inúmeras definições. Para o presente

trabalho será adotada a seguinte definição compilada a partir da literatura: ERP é um sistema

que facilita o fluxo de informação de todas as funções de uma organização (principalmente

funções operacionais e administrativas). Visa automação dos procedimentos, fornecendo

integração e mobilidade para toda a empresa. Possui um banco de dados único que interage

com o conjunto integrado de aplicações e é dividido em módulos, o que permite maior

flexibilidade no seu uso e implantação. É comprado de um único fornecedor e abrange um o

conjunto de diferentes portes e naturezas de organizações independente da sua área de atuação

no mercado (Luna, 2001; Gordon & Gordon, 2006; Haberkorn, 2006; Vieira et al., 2013).

ERP

a partir dos anos 90

MRP II

anos 80

MRP

anos 70

47

2.2.2 Caracterização do mercado de ERP

Segundo a última pesquisa realizada pela FGV, que possui dados apurados até abril de

2014, as empresas Totvs5, SAP e Oracle detêm 83% do mercado nacional de ERP, conforme a

Figura 9.

Figura 9. Distribuição do mercado de ERP no Brasil.

Fonte: Meirelles, F. S. (2014). 25ª Pesquisa Anual do Uso de TI, 2014. São Paulo: FGV.

A Figura 10 apresenta a distribuição da utilização dos ERP no Brasil por segmento6.

De acordo com a pesquisa, a Totvs possui hegemonia de uso em empresas até 700 teclados,

que se for traçado um paralelo com critério de classificação do porte das empresas, de acordo

com o SEBRAE (2014)7, pode-se afirmar que a Totvs possui hegemonia no mercado de

pequenas e médias empresas, sendo esse aspecto um elemento diferenciador do mercado

brasileiro em relação aos mercados de outros países.

5 Totvs é uma empresa brasileira, a SAP é alemã e a Oracle americana.

6 A pesquisa distribui a segmentação baseado no número de teclados, ou seja, número de estações aptas a serem

utilizadas por usuários do ERP. 7 O critério de tamanho de empresa varia de acordo com o tipo da empresa, se indústria ou comércio/serviços.

SAP 30%

Totvs (Datasul, Logocenter, Microsiga e

RM) 37%

Oracle 16%

Outros (Infor, QAD, Senior,

StarSoft..) 17%

48

Figura 10. Utilização dos ERP no Brasil por segmento (número de teclados).

Fonte: Meirelles, F. S. (2014). 25ª Pesquisa Anual do Uso de TI, 2014. São Paulo: FGV.

Já no mercado mundial, que movimentou em 2012 US$24,5 bilhões, a SAP é líder

com 25% do mercado, a Oracle em 2º posição com 13% e a Totvs encontra-se na 6º posição

(Gartner, 2012), conforme ilustrado na Figura 11.

Figura 11. Participação do mercado mundial de ERP.

Fonte: Gartner. (2012). Market Share Analysis: ERP Software Worldwide. Acesso em 01 de Março de 2014,

disponível em https://www.gartner.com/doc/2477517%E2%80%8E

49

2.2.3 Ciclo de vida e fatores críticos de sucesso do ERP

A adoção de sistema do tipo ERP é um processo longo (Panorama Consulting, 2014)

e, geralmente, composto de várias etapas. A primeira etapa consiste na seleção e aquisição do

ERP a ser utilizado na organização. A segunda etapa refere-se à implantação do sistema,

quando serão feitas as parametrizações, cadastros, adaptações necessárias no software,

readequação dos processos da organização e capacitação dos usuários. Em geral, nessa etapa

ocorre um projeto de implantação do ERP, quando irão trabalhar em conjunto a organização e

a consultoria escolhida para execução da implantação. A terceira etapa compreende a fase de

utilização do sistema rumo à estabilização do uso, quando os problemas decorrentes da

implantação serão sanados e os usuários adaptados às novas rotinas. A quarta etapa consiste

no processo de estabilização do sistema, no qual são buscados o refinamento dos processos

implantados, otimização das rotinas e a obtenção de informações gerenciais confiáveis. Por

fim, na quinta e última etapa, encontra-se a busca por melhorias, quando a organização - em

conjunto com alguma empresa de consultoria, ou não -, irá buscar atingir o máximo

aproveitamento do sistema, a fim de atender a todas as demandas possíveis suportadas pelo

ERP (Figura 12).

Figura 12. Fases do ciclo de vida do ERP.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Durante o processo evolutivo dos sistemas de gestão, o sistema ERP percorreu seu

caminho de maneira ampla e rápida, permitindo abranger um o conjunto de diferentes portes e

naturezas de empresas. Os riscos e a insegurança com o bug do milênio e, mais recentemente

no caso brasileiro, a adoção do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) contribuíram

para inflar esse mercado (Vieira et al., 2013). No contexto brasileiro, a partir de 2006, muitas

pequenas e médias empresas tiveram de aprimorar sua infraestrutura tecnológica e aderir ao

ERP por conta da obrigatoriedade crescente da nota fiscal eletrônica (NF-e) que não era

suportada por sistemas caseiros e obsoletos.

Seleção / Aquisição

Implantação Utilização Estabilização Melhorias

50

O Governo brasileiro vem exigindo cada vez mais informações das organizações,

como no caso mais recente, com o eSocial8, que vai unificar o envio de informações pelo

empregador em relação aos seus empregados (http://www.esocial.gov.br, recuperado em 09,

dezembro, 2014). O eSocial integrado ao sistema ERP irá buscar informações em vários

momentos (eventos diários, mensais e anuais), principalmente, mas não somente, da área de

Recursos Humanos. As demais áreas da empresa como financeiro; contábil; fiscal e jurídico

também serão afetadas.

Às empresas, cabe a responsabilidade de rever seus processos e implementar os

sistemas de controle, integração e geração de informações em linha com as exigências do

Governo. E essa não é uma responsabilidade restrita às áreas de Recursos Humanos, mas a

todos os departamentos operativos e de liderança (Sanches, 2014). As empresas deverão

utilizar-se de uma solução tecnológica para geração dos arquivos eletrônicos, mensageria e

consistência prévia dos dados para transmissão (Lima, 2013), o que faz com que o mercado de

ERP se movimente obrigatoriamente para atender seus clientes. Tais particularidades tornam

ainda mais dinâmico o mercado brasileiro de ERP.

Na Tabela 5, são listados vários FCS que devem ser observados nos processos de

implantação de sistema ERP, conforme trabalho de Gaspar et al. (2006). Os autores elaboram

essa lista a partir dos trabalhos de Esteves & Pastor (2000) e Nielsen (2002) – que consolidam

os resultados das pesquisas anteriormente feitas por (McCredie & Updegrove, 1999); (Somers

& Nelson, 2001) e (Nah, Lau, & Kuang, 2001).

Tabela 5 - Fatores Críticos de Sucesso de implantação de sistema ERP

Fatores Críticos de Sucesso de implantação de sistema ERP

(continua)

Id Descrição do FCS

1 Estrutura adequada para tomada de decisão

2 Estrutura gerencial

3 Apoio da alta administração

4 Experiência externa

5 Equipe de projeto

6 Escopo, foco e objetivos claros

7 Gerenciamento do projeto

8 Gerenciamento de mudança

8 O eSocial é um projeto do Governo Federal em ação conjunta dos seguintes órgãos e entidades do governo

federal: Trabalho e Emprego – MTE, Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB.Caixa Econômica Federal,

Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Ministério da Previdência – MPS, Ministério do

51

(conclusão)

Id Descrição do FCS

9 Participação do usuário

10 Educação e treinamento

11 Escolha cuidadosa do parceiro para implantação

12 Customização mínima

13 Teste de desenvolvimento de software e correção de problemas

14 Disciplina e padronização

15 Comunicação efetiva

16 Conhecimentos técnicos e do negócio

17 Cultura

18 Monitoramento e avaliação da performance

19 Reengenharia dos processos de negócio

20 Gerenciamento de expectativas

21 Cooperação e comunicação interdepartamental

22 Questões de hardware

23 Questões de software

24 Segurança de informação e acesso

25 Abordagem de implementação

26 Comprometimento da alta administração e dos proprietários dos processos

Nota. Fonte: Gaspar, M. A., Donaire, D., & Batista, A. E. (2006 ). Modelo Compreensivo Para Análise de

Fatores Críticos de Sucesso na Implantação de Sistemas ERP. XXIV Simpósio de Gestão da Inovação

Tecnológica, pp. 1-14.

Vale destacar o item “reengenharia dos processos de negócio” que é mencionado por

diversos autores com um fator crítico de sucesso para o ERP e que gera grandes benefícios à

organização (Esteves & Pastor, 2000; Carpinetti, 2000; Nielsen, 2002; Gaspar et al., 2006;

Silva & Pereira, 2006; Rodrigues & Assolari, 2007). Esse item é parte importante da base do

BPM e de onde o mesmo evoluiu (Balzarova et al., 2004; Ahmad et al., 2007; Borgatti, 2007;

Hammer, 2010) e pode ser encontrado especialmente em duas etapas do ciclo de vida (Figura

12): Implantação e Melhorias.

Na etapa de Implantação, a visão de processos é importante, pois são necessárias

adptações para que os processos da organização possam ser gerenciados pelo ERP. Já na etapa

de Melhorias, a orientação a processos também é importante para que ocorram as melhorias

desejadas na gestão da organização, uma vez que o ERP proporciona uma “revisão dos

processos”. Esta sinergia entre a gestão de processos de negócio e o efetivo uso do ERP fazem

parte do tema central desse trabalho e base para o estudo de caso a ser apresentado.

52

2.2.4 Benefícios de uso do ERP

A partir da 4º fase do ciclo de vida do ERP (Figura 12), é que as organizações que

implantaram o ERP podem começar a se beneficiar mais visivelmente dos investimentos

feitos. Mediante os benefícios abordados sobre a utilização do ERP, Rodrigues & Assolari

(2007) colocam que, para alcançar o sucesso do sistema de informação, é preciso que todos os

participantes entendam a importância da utilização do sistema e de sua efetiva participação.

Além das mudanças tecnológicas e funcionais, o avanço no uso desta tecnologia traz a

necessidade de mudança cultural e passa a exigir das pessoas a capacidade de renovar seus

conceitos (Rodrigues & Assolari, 2007).

As organizações terão que reformular seus processos de negócios para fazer com que a

informação flua suavemente entre eles, tendo os funcionários que assumir novas funções e

responsabilidades. As organizações que não se convencerem de que essas mudanças serão

necessárias ou que sejam incapazes de fazê-las terão problemas para implementar sistemas

integrados ou poderão não atingir um grau mais alto de integração entre processos

fundamentais e empresariais (Laudon & Laudon, 2004). Esta possível lacuna apontada pelos

autores é um dos pontos suportados pela adoção do BPM, o que vem corroborar para a adoção

conjunta do BPM suportada pelo ERP. Ainda para reforçar esta questão, Rodrigues &

Assolari (2007) ressaltam que a modelagem, análise, simulação, avaliação, execução e o

gerenciamento de processos de negócio são importantes fatores de êxitos na organização.

Nesse sentido, os administradores precisam ser apoiados por profissionais conhecedores de

gestão de processos, do ramo de atividade da empresa, e apoiados por métodos e ferramentas

de trabalho específicas para reestruturação ou gestão de processos.

Um meio para alavancar o negócio e obter vantagens competitivas é descobrir formas

inovadoras de melhorar os processos (Bruzarosco, 2005). Empresas mais competitivas

usualmente têm procurado por novas formas para reestruturar o trabalho e melhorar a

organização do negócio.

As expectativas dos gestores, ao implantar um sistema de informação, é que este lhes

proporcione confiança de que terão o controle das informações disponíveis quando

necessitarem para que assim possam transformar a informação em conhecimento e o usá-la

como um diferencial. Para colocar em prática tais conhecimentos, é necessário ter controles e

o maior número de informações possível, e é justamente nestes aspectos que se enquadram os

benefícios oriundos dos sistemas de informações (Rodrigues & Assolari, 2007).

53

Saga e Zmud (1994) propõem a inclusão de um terceiro patamar de uso dos ERPs

denominado “extensivo” no qual os usuários, com base em sua experiência no manejo do

aplicativo, passam a explorar novas formas de utilização do ERP, de forma criativa e

inovadora, obtendo grande desempenho operacional em um espaço limitado de tempo. Nestes

termos, quanto mais próxima a organização estiver deste patamar, maiores serão os benefícios

do uso do ERP, já que os usuários não só utilizarão toda a capacidade da ferramenta, como

também a aproveitarão para novas demandas informacionais derivadas do dinamismo do

negócio (Faber, Jorna, Engelen, 2005 como citado em Biancolino et al., 2011).

Baseado nestes argumentos, Biancolino et al. (2011) afirmam que a qualidade do uso

do sistema ERP na fase de pós implementação configura-se como uma importante

competência necessária para a aquisição de valor de uso dos sistemas ERP. Assim, percebe-se

que o efetivo ganho com a utilização de sistemas ERP é um desafio pós-implementação e um

esforço que depende muito dos usuários e da organização, adotando práticas que estimulem o

aprendizado e a busca continuada de melhoria em seus processos apoiado pelo ERP. Porém,

as organizações precisam ter claro o patamar de gestão que pretendem atingir com o apoio

destes sistemas para que possam mensurar o quão próximo ou distante estão deste patamar e

daí procurar meios de atingir o nível desejado de maturidade no uso do sistema.

O processo de implantação de um sistema ERP é um processo de transformação

organizacional. Por essa razão, alguns autores afirmam que a implantação de um sistema

integrado de gestão é, na realidade, um processo sem fim Davenport (2002) que permite o

desenvolvimento de melhorias e evolução constante. Entretanto, Davenport (2000 como

citado em Vieira et al., 2013) aponta que um dos tópicos menos visados sobre ERP consiste

justamente em analisar as implicações da utilização desse sistema na estratégia

organizacional, além de seu impacto sobre a estrutura e a cultura organizacional. Caso não

seja adequadamente implantado, o ERP pode ser subutilizado ou relegado ao nível

operacional, minimizando o seu potencial como apoio à tomada de decisões.

Como a implantação do ERP pode ser caracterizada como um processo sem fim e os

resultados obtidos com a implantação nem sempre são satisfatórios, as organizações não

devem entrar em uma zona de conforto ou subutilização após a implantação do ERP,

buscando sempre explorar melhorar as potencialidades da solução. Para tanto, faz-se

necessário que um processo de melhoria contínua seja buscado pelas organizações e seus

usuários. Neste aspecto, o modelo de ciclo de vida da adoção do BPM pode ser uma forma

consistente de fazer com o potencial do ERP possa ser buscado de maneira consistente a fim

de atingir o máximo de aderência da ferramenta aos processos da organização.

54

2.3 Uso integrado ERP/BPM: Relações com Inovação e Gestão do Conhecimento

Os ciclos de vida do BPM e do ERP passam pela constante avaliação dos processos a

ele submetidos e isso faz com que a transformação, a mudança e a melhoria sejam variáveis

presentes. Sob essa perspectiva, é possível argumentar que os processos submetidos ao BPM

e ERP passam por um processo de inovação, isso porque esses processos sofrerão algum tipo

de mudança a fim de atribuir novas capacidades e técnicas, que possam incorporar e combinar

conhecimento e o uso da criatividade na gestão, conforme definições apresentadas na

literatura e expostas a seguir. Ainda com a adição da tecnologia, por si, já demanda uma

revisão dos processos envolvidos visto que rotinas manuais e atividades baseadas em regras

de negócios bem estabelecidas são potenciais candidatas à informatização. Tal revisão

usualmente resulta em uma inovação incremental em processos.

Pelo termo inovação, entende-se: ato de atribuir novas capacidades aos recursos tanto

processos, quanto pessoas (Drucker, 1986); a busca por novos produtos, processos e novas

técnicas organizacionais (Dosi, 1988); a incorporação e combinação de conhecimentos

relevantes, como um novo produto, processo ou serviço (Luecke, 2003) e é resultante do uso

da criatividade utilizada pelas empresas na gestão de todos os seus processos (Girardi, 2001).

Mas as inovações não são iguais, possuem caracteristicas bem distintas, sendo que

nem todas são novas, originais e causam grande impacto. A dimensão da mudança é o grau de

novidade envolvido que pode ser incremental (sistemática/contínua) ou radical (ruptura/

descontínua), sendo que na incremental as melhorias são menores, mas não menos

importantes (Tigre, 2006; Tidd, Bessant, & Pavitt, 2008). Os melhoramentos e modificações

cotidianas que tratam da otimização do negócio existente são considerados como inovação

incremental (Tigre, 2006). Embora a inovação, algumas vezes, envolva uma mudança

descontínua, ela é na maioria das vezes uma inovação incremental (Tidd et al., 2008).

A inovação também pode ser classificada como inovação em produtos, processos ou

organizacionais (Tigre, 2006). A inovação de processo consiste em mudar a forma em que os

produtos/serviços são criados e entregues (Tidd et al., 2008).

Acerca da inovação incremental afirma-se que:

Os produtos raramente são “novos para o mundo”, a inovação de

processos é basicamente centrada na otimização ou na “eliminação de

pragas do sistema”... Estudos acerca do desenvolvimento de processo

incremental sugerem que os ganhos cumulativos de eficiência são

muito maiores em longo prazo do que aqueles obtidos com mudanças

radicais ocasionais (Tidd et al., 2008).

55

Destaca-se que inovação incremental está atrelada às mudanças nos processos

organizacionais e que a adoção de práticas de BPM e também dos sistemas ERPs é grande

aliada da inovação em processos uma vez que estas práticas/sistemas propiciam o fluxo de

informações e a adoção de melhorias nos processos organizacionais. O próprio redesenho de

um processo para introduzir componentes tecnológicos consiste, por si só, em uma inovação

em processos. Para as organizações que possuem uma maior maturidade com relação ao uso

de BPM e ERP, maiores são as oportunidades de inovação em processos, pois sistemas bem

projetados são suficientemente flexíveis para mudar regras de negócio a partir de mudanças

no ambiente de negócios, tais como alterações na legislação e oferta de novos serviços pelos

concorrentes. Em contrapartida, sistemas mal especificados e implementados

atabalhoadamente consomem muitos recursos de manutenção corretiva, deixando pouco

espaço para a manutenção evolutiva. Nesses casos, os sistemas acabam se tornando

verdadeiras “camisas de força” para a organização e ao invés de estimular a inovação, tornam-

se grandes entraves caracterizados pelo chavão “o sistema não permite”.

Os ciclos de vida do BPM e do ERP também influenciam e são influenciados pelos

processos da Gestão do Conhecimento (GC). A GC é uma combinação complexa de pessoas,

processos e tecnologia, que também são bases do BPM e ERP. Embora a tecnologia não seja

o componente principal da GC, não seria uma atitude prudente tentar implantar GC sem se

beneficiar de nenhum suporte tecnológico (Carvalho & Ferreira, 2001).

Atualmente existe um conjunto de tecnologias que facilitam a tarefa da GC nas

organizações, dentre elas encontra-se o workflow (Dalfovo, 2007) que é um dos precursores

do BPM e se desenvolveu a partir das evoluções e carências do workflow e ERP, dentre outros

sistemas (Davenport, 1993; Hammer & Champy, 1994; Sobreira Netto, 2009).

Conforme a espiral do conhecimento, proposta por Nonaka & Takeuchi (1997), a

externalização é um processo de articulação do conhecimento tácito (que está com as pessoas)

em conhecimento explícito (que está nos processos/procedimentos). A adoção conjunta de

BPM e ERP constitui uma externalização do conhecimento, pois há a transformação de

processos manuais tácitos em processos explicitamente formalizados, com procedimentos

definidos e sistematizados. O BPM requer que o conhecimento tácito centralizado nos donos

do processo seja devidamente representado em modelos para posterior compartilhamento.

Essa ideia também é expressa por Contador et al. (2005) que consideram como um dos

objetivos das soluções BPMS apoiar a geração de conhecimento a respeito dos processos de

negócio.

56

Da identificação de atores envolvidos com a gestão de processos de

negócios e da interação entre eles e deles com o processo de negócio,

foram identificadas as situações mais prováveis para a criação do

conhecimento, segundo os quatro ambientes do modelo de Nonaka

para criação de conhecimento (Contador et al., 2005).

Pode-se atribuir à GC o entendimento de um conjunto de atividades e processos

sistemáticos, orquestrados e intencionais, que visa criar, armazenar, preservar, compartilhar e

reutilizar o conhecimento organizacional, disponibilizando-o para as pessoas certas, nos

momentos certos, de forma segura e confiável, de forma que se possa agir da maneira mais

eficiente e eficaz, e assim gerar valor e vantagem competitiva para uma organização

(Davenport & Prusak, 1998). E é justamente essa uma das intenções da adoção de BPM e

ERP nas organizações: permitir que o conhecimento organizacional seja gerenciado e

disponibilizado no tempo certo, com qualidade necessária e para as pessoas certas.

Na Tabela 6, estão listadas diversas práticas e ferramentas de GC descritas na

literatura que foram compiladas, comparadas, integradas e sintetizadas de acordo com os

significados e escopos das descrições e classificados com base no tripé Pessoas, Processos e

Tecnologias.

Tabela 6 - Práticas e ferramentas de GC

Práticas e ferramentas de GC

Id Práticas e ferramentas de GC Base

1 Melhores práticas e lições aprendidas Processos

2 Mapeamento e gestão por competências Pessoas

3 Gerenciamento de processos Processos

4 Benchmarking Pessoas

5 Memória organizacional Pessoas

6 Comunidades de prática Pessoas

7 Inteligência competitiva Processos

8 Portais do conhecimento ou portais corporativos Tecnologias

9 Narrativas Pessoas

10 Sistemas de apoio à decisão (SAD) Tecnologias

11 Sistemas de gestão eletrônica de documentos (GED) Tecnologias

12 Coaching e mentoring Pessoas

Nota. Fonte: Adaptado de Moreno, V. A., & Lima, E. J. (2013). Incorporação de práticas de gestão do

conhecimento em processos de negócios: estudo de caso da Itaipu binacional. XXXVII Encontro da ANPAD.

Dentre essas práticas e ferramentas da GC, encontram-se algumas que compõem a

prática de BPM, como o gerenciamento de processos, portais do conhecimento ou portais

57

corporativos, sistemas de apoio à decisão e sistemas de gestão eletrônica de documentos. Para

Carvalho & Ferreira (2001), a TI possui um papel de coadjuvante nas iniciativas de GC

cabendo às pessoas o papel principal. Com a evolução constante das tecnologias, cada vez

mais surgem ferramentas para apoiar as atividades das pessoas de tal forma que os processos

que não geram valor sejam colocados às margens, ou até mesmo descartados, deixando o

esforço e o foco para os processos que geram valor para a organização (Carvalho & Ferreira,

2001).

Pessoas, Processos e Tecnologia são fatores considerados por muitas organizações

como alicerces para permitir a compreensão do estado geral e as capacidades da empresa e,

ainda, quando alinhados com estratégia de negócios e com governança coorporativa

impulsionarão a organização a operar em um nível que lhe permita alcançar melhores

resultados (Fisher, 2004). Esses mesmos fatores são meios de grande importância para que o

compartilhamento de informações e de conhecimento ocorra (Fontanillas, Cruz, & Gonçalves,

2012). De acordo com Pee & Kankanhalli (2009), esses três fatores são considerados como

atributos importantes para a GC, contribuindo para a maturidade da GC nas organizações. A

integração entre pessoas, processos e tecnologias possibilita que as organizações e seus

colaboradores possam utilizar os melhores recursos disponíveis referentes à GC (F. T. Silva,

2011).

De acordo com Agostini (2010), para que as organizações possam obter e usufruir dos

benefícios proporcionados pelo BPM, as mesmas devem priorizar os fatores Pessoas,

Processos e Tecnologia. A tríade formada por pessoas, processos e tecnologias é capaz de

compor a combinação ideal do BPM e pode ajudar a conduzir uma empresa ao sucesso, uma

vez que prioriza os componentes essenciais e as atividades que permitam uma gestão eficaz

dos processos organizacionais (Enser 2008 como citado em Agostini, 2010).

Esse tripé (Pessoas, Processos e Tecnologia) está alinhado com as bases dos FCS do

BPM e ERP e pode possibilitar uma classificação teórica que permitirá identificar os pontos

mais importantes para uma estrutura sólida e qualificada e com uma classificação dos pontos

importantes que suportem a gestão organizacional. Desta forma, no presente trabalho, foram

adotados estes três fatores com base para os FCS integrados do ERP e BPM, a fim de

evidenciar que a gestão de cada um possui determinado grau de importância e ambos

precisam trabalhar em conjunto para que a adoção da prática de BPM em processo suportados

pelo ERP possa trazer os objetivos pretendidos.

58

2.4 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) do uso integrado ERP/BPM

A adoção de BPM e a implantação de ERP possuem vários objetivos associados à

melhoria da gestão das organizações. O bom uso isolado já garante às organizações vários

benefícios gerenciais e o bom uso de ambos irá proporcionar potencialmente efeitos

sinérgicos. Para Menezes (2011), as soluções BPMS e ERP caminham juntas no dia a dia das

organizações, em um projeto de implantação de um ERP, o tema BPMS será recorrente e

vice-versa. As lacunas existentes no ERP, pelo fato de serem sistemas transacionais e

departamentais, são preenchidos pela natureza “interfuncional” dos BPMS (Menezes, 2011).

Em função da sinergia entre ERP e BPM, a partir das informações levantadas sobre os

FCS, tanto de BPM (Tabela 3) quanto de ERP (tabela 5), foi elaborado um quadro de junção e

classificação desses FCS (Tabela 7). O objetivo foi encontrar os pontos comuns que poderão

apoiar uma melhor gestão da organização, baseada no uso do ERP e de práticas de BPM. Dos

11 FCS do BPM baseados em Santos et al. (2012) e 26 FCS do ERP baseados em Gaspar et al

(2006), apenas 7 não convergiram (1-Estrutura adequada para tomada de decisão, 2-

Experiência externa, 4-Estrutura gerencial, 11-Escolha cuidadosa do parceiro para

implantação, 12-Customização mínima, 14-Disciplina e padronização, 20- Gerenciamento de

expectativas). Em função do nível de interseção entre os FCS de ERP e BPM, fica

evidenciado que pontos mal resolvidos do projeto de implantação do ERP poderão influenciar

negativamente a adoção de práticas de BPM e no oposto, os pontos de sucesso do projeto de

implantação do ERP podem aumentar as chances de sucesso do BPM, apesar de não haver

evidências desta correlação.

Tabela 7 - Junção e classificação de FCS de BPM e ERP

Junção e classificação de FCS de BPM e ERP

(continua)

Id FCS BPM FCS ERP FCS BPM/ERP Base

1 Apoio da alta administração

/ liderança / patrocinador 1-Apoio da alta administração,

2-Comprometimento da alta

administração

Comprometimento e

apoio superior

Pessoas

2 Designação de papéis,

responsabilidades e donos

de processos

2-Comprometimento dos

proprietários dos processos, 5-

Equipe de projeto

Responsabilidades e

funções claras

Pessoas

3 Medição e monitoramento

da iniciativa

18-Monitoramento e avaliação

da performance

Monitoramento Tecnologias

4 Conhecimento dos membros

da organização a respeito

dos conceitos de BPM

10-Educação e treinamento,

16-Conhecimentos técnicos e

do negócio

Conhecimento do

negócio com bases no

ERP e BPM

Pessoas

59

(conclusão)

Id FCS BPM FCS ERP FCS BPM/ERP Base

5 Alinhamento estratégico 6-Escopo, foco e objetivos

claros

Alinhamento

estratégico

Processos

6 Metodologia estruturada de

implantação

7-Gerenciamento do projeto,

25-Abordagem de

implementação

Metodologia e

gerenciamento de

projetos

Processos

7 Automação de processos 19-Reengenharia dos

processos de negócio

13-Teste de desenvolvimento

de software e correção de

problemas, 22-Questões de

software, 23-Questões de

hardware, 24-Segurança de

informação e acesso

Automação e segurança

dos processos

Tecnologias

8 Inter funcionalidade,

competências e treinamentos

da equipe de processos

10-Educação e treinamento

16-Conhecimentos técnicos e

do negócio

Capacitação

multidisciplinar

Pessoas

9 Comunicação e

gerenciamento da mudança

organizacional

8-Gerenciamento de mudança,

15-Comunicação efetiva, 21-

Cooperação e comunicação

interdepartamental

Gerenciamento da

comunicação e

mudança

Processos

10 Interações com clientes dos

processos

9-Participação do usuário Envolvidos com foco

no cliente

Pessoas

11 Entendimento da cultura

organizacional

17-Cultura Difusão da cultura

organizacional

Pessoas

A fim de proporcionar um melhor entendimento, foi elaborada a Figura 13 baseada no

tripé: Pessoas, Processos e Tecnologias. Pode-se notar que a maioria dos FCS são

classificados na base “Pessoas” o que fortalece a importância das atitudes das pessoas,

aspecto esse fundamental também para os processos de inovação e de GC. A Tabela 7 e a

Figura 13 são sínteses esquemáticas da revisão de literatura, constituindo assim o modelo de

pesquisa que serviu de alicerce para a construção do instrumento de coleta de dados detalhado

no próximo capítulo juntamente com os procedimentos metodológicos.

60

Figura 13 – Modelo de Pesquisa: Classificação dos FCS de BPM e ERP.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Pessoas

Comprometimento e apoio superior

Responsabilidades e funções claras

Conhecimento do negócio

Capacitação multidisciplinar

Foco no cliente

Conhecimento organizacional

Processos

Alinhamento estratégico

Metodologia e Gerenciamento

Gerenciamento da comunicação e

mudança

Tecnologias

Monitoramento

Automação e segurança dos

processos

61

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 Estratégia e método de pesquisa

A pesquisa qualitativa compreende usualmente a obtenção de dados descritivos

mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. É

frequente que o pesquisador procure entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos

participantes da situação estudada e, a partir daí, situe sua interpretação dos fenômenos

estudados (Godoy, 1995).

No campo das Ciências Sociais Aplicadas, há fenômenos de elevada complexidade e

de difícil quantificação. Nestes casos, abordagens qualitativas são adequadas, tanto no que diz

respeito ao tratamento contextual quanto à sua operacionalização (Martins, 2006).

A pesquisa qualitativa compreende um conjunto de diferentes técnicas

interpretativas que visam a descrever e decodificar os componentes de

um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e

expressar o sentido dos fenômenos do mundo e trata-se de reduzir a

distância entre indicador e indicado, teoria e dados, contexto e ação

(Maanen, 1979).

Oliveira, Maçada & Goldoni (2009) identificaram o estudo de caso como principal

método de pesquisa utilizado na área de Sistemas de Informação, baseando-se nos artigos

publicados por Lai & Mahapatra (1997) e Hoppen & Meirelles (2005).

Face às informações expostas, como direcionamento ao longo do desenvolvimento;

obtenção de dados descritivos; elevada complexidade; difícil quantificação; descrição e

decodificação dos componentes de um sistema complexo e ainda reforçado pelos estudos

apresentados por Oliveira et al. (2009) para o presente projeto, a estratégia de pesquisa

adotada foi a qualitativa.

O método utilizado foi o de estudo de caso por ter boa aderência ao problema de

pesquisa apresentado uma vez que permite uma compreensão profunda do fenômeno como

um todo, possibilidade de conhecer uma grande variedade de aspectos e detalhes sobre muitos

fatores e dimensões do caso. É valioso como método exploratório e ainda permite a

oportunidade de adquirir uma compreensão inicial sobre um fenômeno com o qual não está

familiarizado Greenwood (1973). Além disso, possibilita que seja investigado o fenômeno

contemporâneo em seu ambiente natural, adotando múltiplas fontes de evidência (Yin, 2005),

permite o estudo de diversos aspectos dentro do seu ambiente completo (Meyer, 2001),

62

permite um exame intensivo em amplitude e profundidade e liberdade de movimento para o

investigador (Mariz, Goulart, Dourado, & Regis, 2004; Godoi & Balsini, 2004), é pertinente

quando o conhecimento existente sobre o fenômeno é pequeno, quando as teorias disponíveis

para explicá-lo não são adequadas (Halinen & Tornroos, 2005).

Quanto ao objetivo da pesquisa, este trabalho possui natureza exploratória que trata de

problemas pouco conhecidos, objetivando definir hipóteses ou proposições para futuras

pesquisas (Yin, 2012). Foi adotado o framework proposto por Oliveira et al. (2009) para

análise do estudo de caso, conforme a Figura 14.

Figura 14. Framework para análise do estudo de caso.

Fonte: Oliveira, M., Maçada, A. C., & Goldoni, V. (2009). Forças e fraquezas na aplicação do estudo de caso na

área de sistemas de informação. Revista de Gestão USP, 16(1) pp. 33-49.

De acordo com Meyer (2001), faz-se necessária a discussão das decisões relacionadas

aos requisitos de projeto, aos procedimentos de coleta de dados, a análise de dados e a

validade e confiabilidade, e por isso estes tópicos serão abordados em pontos distintos da

metodologia.

3.2 Unidade empírica de análise

Em relação à(s) unidade(s) de análise, Yin (2005) afirma que as mesmas se relacionam

com o problema fundamental de se definir o que é um “caso”. A orientação da unidade de

análise está relacionada à maneira como as questões iniciais da pesquisa foram definidas. A

63

partir dos objetivos da pesquisa deve-se considerar cuidadosamente a escolha da unidade de

análise.

Para este trabalho foi utilizado o estudo de caso múltiplo, no qual a lógica a ser

adotada na seleção dos casos é a de replicação (adotar os mesmos procedimentos definidos

em mais de um caso) que pode ser de dois tipos: replicação literal, que conduz a resultados

semelhantes por motivos previsíveis; e replicação teórica, que leva a resultados contrastantes

por características do caso conhecidas (Eisenhardt, 1989; Dubé e Paré, 2003; Yin, 2005). E

ainda que os estudos de casos sejam incorporados, pois envolve mais de uma unidade de

análise (Yin, 2005).

Frente ao exposto, a presente pesquisa trabalhou com estudo de casos exploratórios,

múltiplos e incorporados uma vez que o objetivo perpassa por compreender a adoção de

práticas de BPM em organizações que já possuem sistema ERP implantados e estabilizados a

fim de identificar os fatores críticos para a implementação de BPM pós implantação de ERP.

Foi realizado o estudo de caso em duas organizações com maturidades distintas no

uso do BPM. Um caso foi realizado em uma empresa que atingiu os objetivos planejados

(sucesso na implantação conforme o escopo projetado) e o outro caso em uma empresa que

não atingiu ou atingiu parcialmente os objetivos planejados.

A fim de evitar diferenças entre as organizações que possibilitassem perder o foco do

objetivo das análises a serem feitas, foi definido uma série de fatores que pudessem minimizar

vieses de diversas ordens como: tamanho da organização, época das implantações, tipo do

ERP e BPMS utilizado. Assim sendo optou-se pelos seguintes critérios para a seleção dos

casos: (i) usam o mesmo sistema de ERP; (ii) usam o mesmo sistema de BPM - existem

inúmeros sistemas de ERP e BPM disponíveis no mercado; (iii) fornecedor consolidado no

mercado nacional - 37 anos no mercado de software de gestão empresarial; (iv) a mesma

versão atualizada de ambos os sistemas - assegura que possuem acesso às mesmas tecnologias

e funcionalidades; (v) ambas mantêm contrato ativo de manutenção com o fornecedor -

garante que ambas possuem o mesmo suporte e atualizações disponíveis; (vi) o mesmo

fornecedor dos serviços de consultoria - assegura que ambas têm acesso a mesma qualificação

de mão de obra da consultoria; (vii) números próximos de licenças de uso - isso permite

qualificá-las com números próximos de usuários dos sistemas (porte da implantação); (viii)

implantaram os sistemas em períodos próximos - isso permite qualificá-las com o mesmo

tempo de experiência na utilização dos sistemas.

Após levantamento prévio em diversas organizações, foram identificadas algumas que

atendiam os critérios estabelecidos e após contatos com gestores destas organizações, foram

64

pesquisadas organizações que utilizam o ERP Totvs11–Linha Datasul e o BPMS Totvs ECM,

ambos da empresa brasileira Totvs. Nas organizações escolhidas para o estudo de caso, foram

pesquisados dois processos distintos, consolidados e bastante utilizados, sendo esses

processos de apoio ao negócio fim da organização e que estão suportados por dados oriundos

do ERP.

3.3 Estratégia de coleta de dados

Os aspectos a serem consideradas em relação ao método estudo de caso associadas à

coleta de dados são: técnica de coleta de dados, validade do constructo, múltiplas fontes de

evidência, triangulação, base de dados e confiabilidade (Oliveira et al., 2009). Vários são os

métodos de coleta de dados que podem ser utilizados nos estudos de caso como arquivos,

documentos, entrevistas, participação em reuniões e eventos e observações (Greenwood,

1973; Eisenhardt, 1989; Leonard-Barton, 1990; Voss, Tsikriktsis, & Frohlich, 2002; Yin,

2005). Yin (2005) destaca a importância da coleta de dados em documentos, que serve

principalmente para complementar as evidências obtidas de outras fontes. A observação é um

método pelo qual se pode chegar a respostas subjacentes ao discurso em determinados

contextos e que podem trazer respostas nem sempre manifestadas claramente (Rocha &

Rocha, 2013) e também permite tratar do acontecimento em tempo real e captar o contexto do

evento (Yin, 2005). A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada em

estudos de caso (Voss et al., 2002; Dubé & Paré, 2003).

Em relação à entrevista, os aspectos mais importantes a serem considerados e descritos

na pesquisa são: critério para escolha dos entrevistados; utilização ou não de roteiro de

entrevista; pré-teste e validação de conteúdo do roteiro de entrevista; número de entrevistados

e meio para registro da entrevista (Oliveira et al., 2009). Quando as entrevistas são o principal

método de coleta de dados, Meyer (2001) destaca a importância de estabelecer uma relação de

confiança entre o pesquisador e os entrevistados.

A principal fonte de informação desse trabalho foram as entrevistas que foram

conduzidas de modo semiestruturado, servindo de guia para orientar o pesquisador de maneira

a não prejudicar um bom desenvolvimento da entrevista, mas que possa conduzir por todas as

questões a serem abordadas (Bauer & Gaskell, 2008) de forma a prover maior flexibilidade no

trabalho de campo e facilitar uma interação mais aberta entre o pesquisador e os entrevistados.

Desta forma, neste projeto, foram realizadas entrevistas, análise de documentos e arquivos

relacionados aos projetos de implantação e observação direta, acompanhando a execução dos

65

processos pesquisados. Desta forma, pretende-se que a análise de documentos e a observação

direta fortaleçam e valorizem evidências, assim como forneçam informações adicionais

àquelas coletadas nas entrevistas (Yin, 2005). Essa combinação dos métodos de coleta de

dados é típica do estudo de caso, possibilitando o confronto das informações obtidas a partir

de cada fonte, permitindo maior confiabilidade e rigor aos resultados desta pesquisa

(Greenwood, 1973; Jick, 1979; Eisenhardt, 1989; Yin, 2005). A combinação de diferentes

métodos também favorece a realização da triangulação da coleta de dados de forma de

aumentar a validade do constructo (Voss et al., 2002).

Com o objetivo de superar as fraquezas encontradas em únicos métodos de pesquisa,

aumentar a validade e torná-lo mais robusto foi realizado a triangulação dos dados, que

consiste na adoção de duas ou mais forma de coleta de dados (Jick, 1979; Leonard-Barton,

1990; Meyer, 2001; Voss et al., 2002). Também a fim de aumentar a confiabilidade e a

validade dos dados do estudo de caso foi feito o detalhamento do que e como será feito, por

meio de procedimentos e protocolos de pesquisa bem projetados (Yin, 2012).

3.3.1 Construção do instrumento de coleta de dados

O roteiro de entrevista foi construído contendo blocos separados para identificar o

perfil da organização, o perfil do entrevistado, o grau de maturidade do uso do BPM e os FCS

de acordo com os pilares PPT (Pessoas, Processos e Tecnologias). As perguntas foram

elaboradas para ser o guia, ficando por conta do entrevistador a aprofundar em cada resposta,

conforme a necessidade de entendimento e busca por evidências.

Para caracterizar o perfil da empresa com relação ao uso do ERP (implantado e

estabilizado), foram elaboradas cinco questões que foram respondidas pelo gestor ou

responsável pela TI (APÊNDICE A). A partir do modelo de maturidade de Rosemann et al.

(2006), foram elaboradas quatro perguntas a fim de identificar o nível de maturidade do BPM

percebido pelos entrevistados. Baseados nos FCS de BPM e ERP (Tabela 8) foram elaboradas

quinze questões (pergunta 5 a 19) agrupadas em três grupos de análise, conforme os pilares do

PPT.

66

Tabela 8 - Quadro com as fontes para embasamento do roteiro de entrevista

Quadro com as fontes para embasamento do roteiro de entrevista

(continua)

Base FCS BPM/ERP Pergunta do roteiro de entrevista Fonte

Pessoas

Comprometimento

e apoio superior

5. Qual o grau de

comprometimento e apoio da alta

administração com relação à

adoção de BPM?

Miers (2006); Baldam (2008);

Jeston & Nelis (2008); Smith &

Furt (2009); Trkman (2010);

Burlton (2011); Minonne & Turner

(2012); Ceribeli et al. (2013);

ABPMP (2013); BPM Global

Trends (2014)

Responsabilidades

e funções claras

6. Em relação à adoção de

processos submetidos ao BPM, são

claras as responsabilidades e

funções dos envolvidos?

Miers (2006); Davidson & Holt

(2008); Jeston & Nelis (2008);

Trkman (2010); Elo Group (2010);

Minonne & Turner (2012);

ABPMP (2013); BPM Global

Trends (2014); Schmiedel et al.

(2014)

Conhecimento do

negócio com bases

no ERP e BPM

7. Os colaboradores que participam

de ações relacionadas com BPM

possuem conhecimento dos

processos de negócio da

organização e das regras de negócio

do ERP?

Miers (2006); Davidson & Holt

(2008); Jeston & Nelis (2008);

Smih & Furt (2009); CIO (2010);

Trkman (2010), Elo Group (2010);

BPM Global Trends (2014)

Envolvidos com

foco no cliente

8. Os colaboradores envolvidos

possuem com foco no cliente do

processo e da organização?

CIO (2010); Elo Group (2010);

ABPMP (2013); Schmiedel et al.

(2014)

Difusão da cultura

organizacional

9. A cultura organizacional está

disseminada e é difundida entre os

colaboradores? (a cultura influencia

os processos, em como o trabalho é

executado e o gerenciamento da

mudança)

ABPMP (2013); BPM Global

Trends (2014)

Capacitação

multidisciplinar

10. São realizados treinamentos

para capacitação multidisciplinar

dos envolvidos com o BPM?

Balzarova, et al. (2004); Davidson

& Holt (2008); Baldam (2008);

Jeston & Nelis (2008); Smith &

Furt (2009); Trkman (2010);

ABPMP (2013); Ceribeli et al.

(2013)

Processos

Alinhamento

estratégico

11. Qual é o grau de alinhamento

estratégico dos processos

submetidos à gestão por BPM com

o negócio fim da organização?

Miers (2006); Jeston & Nelis

(2008); CIO (2010); Trkman

(2010); Burlton (2011); Minonne

& Turner (2012); ABPMP (2013);

Ceribeli et al. (2013)

Metodologia e

gerenciamento de

projetos

12. A organização possui ou segue

uma metodologia estruturada e

gerenciamento de projetos para a

implantação de processos

submetidos ao BPM?

Miers (2006); Baldam (2008);

Jeston & Nelis (2008); Trkman

(2010); Elo Group (2010); Burlton

(2011); ABPMP (2013)

Gerenciamento da

comunicação e

mudança

13. Como são realizadas ações de

comunicação nas iniciativas do

BPM?

14. Como são conduzidas as

mudanças relativas à adoção do

BPM?

Balzarova, et al. (2004); Ahmad, et

al. (2007); Baldam (2008);

Davidson & Holt (2008); Jeston &

Nelis (2008); CIO (2010); Trkman

(2010); ABPMP (2013)

67

(conclusão)

Base FCS BPM/ERP Pergunta do roteiro de entrevista Fonte

Tecnologias

Monitoramento

15. Como é conduzido o

monitoramento e gestão dos

indicadores dos processos

amparados pelo BPM?

Balzarova, et al. (2004); Ahmad, et

al. (2007); Jeston & Nelis (2008);

Smih & Furt (2009); CIO (2010);

Trkman (2010); Burlton (2011);

Minonne & Turner (2012);

ABPMP (2013); Schmiedel et al.

(2014)

Automação e

segurança dos

processos

16. Existe automação dos processos

que usam o BPM? Como ocorre a

construção e implantação de novos

processos?

17. Qual é o grau de facilidade

(rapidez, custo e esforço da área de

negócio e TI) de desenvolvimento e

implementação de processos

submetidos à automação?

18. Os workflows estão integrados

ao ERP? Se sim, como se deu o

processo de integração? (os fluxos

iniciaram sem integração e com a

maturidade foram surgindo as

integrações?)

19. Os acessos e permissões são

controlados, garantindo integridade

e segurança dos processos?

Miers (2006); Ahmad, et al.

(2007); Jeston & Nelis (2008);

Smith & Furt (2009); Trkman

(2010); Burlton (2011); ABPMP

(2013)

Para terminar o roteiro das questões acerca do tema, foram incluídas duas perguntas de

caráter geral e livre, a fim de permitir estimular uma conclusão final do entrevistado.

Por se tratar de um questionário semiestruturado e flexível, o mesmo instrumento foi

utilizado para todos os grupos de entrevistados independente da sua função na organização.

Anteriormente à coleta de dados referente às entrevistas, no período de Novembro a

Dezembro de 2014, o roteiro com as perguntas foi enviado a um grupo de especialistas com

conhecimento em ERP e BPM (Tabela 9) para validação antes da sua aplicação em campo, a

fim de revisar a terminologia, rever o enunciado das questões, verificar a abrangência dos

assuntos abordados e com isso permitir uma depuração do instrumento de coleta dos dados.

Após os retornos dados pelos especialistas, foram realizados os ajustes com base na

avaliação das sugestões apresentadas. De maneira geral, as contribuições permitiram uma

melhor sequencia lógica das questões, o reforço de determinado assunto em função da sua

importância e clareza das questões.

68

Tabela 9 - Perfil dos Especialistas

Perfil dos Especialistas

Especialista Experiência com

ERP (em anos)

Experiência com

BPM (em anos) Escolaridade

Especialista 1 14 18

MBA em Gestão de Finanças e Investimentos,

Especialista em Administração Financeira,

Especialista em Tecnologia da Informação e

Bacharel em Economia

Especialista 2 20 10 Mestre em Administração e

Bacharel em Contabilidade

Especialista 3 12 9 Bacharel em Sistemas da Informação

Especialista 4 13 6 MBA em Gestão de Empresas,

Bacharel em Ciência da Computação

Tempo médio 15 11

3.3.2 Categorização dos entrevistados

Em função de o BPM envolver diversas esferas da organização e para buscar uma

heterogeneidade nas funções organizacionais, foram realizadas entrevistas nos níveis

estratégico, tácito e operacional. No nível estratégico, foi entrevistado o patrocinador

(sponsor) do BPM. No nível tático, foram entrevistados os responsáveis pelos processos de

negócio escolhidos (process owner). No nível operacional, foram entrevistadas as pessoas

envolvidas diretamente no processo, que são fornecedoras e clientes internos do processo.

Também foram entrevistados o gestor da área de TI e da Qualidade (gestores responsáveis por

suportar a adoção de BPM) e o responsável pelo suporte aos usuários do processo (software

ERP e BPM), conforme Tabela 10. Com isso, o número de entrevistados em cada organização

foi de oito pessoas, atendendo as necessidades da pesquisa.

Tabela 10 - Número de entrevistados por função no processo

Número de entrevistados por função no processo

Função no Processo Número de entrevistados

Patrocinador 1

Donos de processo 2a

Executores 2b

Gestor de TI 1

Gestor da Qualidade 1

Analista (suporte ao BPM) 1c

Total 8

Nota: a 1 dono de cada processo,

b 1 como fornecedor e 1 como cliente,

c o analista de sistema ou de negócio

Fonte: Elaborado pelo autor.

69

Com esta seleção dos respondentes, foi possível coletar informações e percepções

com visões distintas do processo pesquisado com o objetivo explorar o espectro das diferentes

opiniões e representações sobre o tema.

3.4 Estratégia de análise de dados

Para análise dos dados, foi utilizada a técnica de análise interpretativa, que configura

como meio para inferir conclusões de entrevistas, documentos e observações (Mariz et al.,

2004). Também foi utilizada a análise de conteúdo, que possibilita o agrupamento das

informações em categorias de análise (Bardin, 1994) e a inferência de conhecimentos

relativos às condições de produção com a ajuda de indicadores (Freitas & Janissek,

2000), partindo de uma massa complexa de informações para uma redução em categorias

principais de análise (Langley, 1999). Essa categorização reduz a complexidade e permite a

reconstrução de valores, atitudes e opiniões e sua comparação a partir de uma classificação

sistemática (Bauer, 2003). De acordo com Godoy (1995) e Gaskell (2002), a análise de

conteúdo quando bem realizada, pode contribuir para clarear aspectos implícitos e

subtendidos do dado registrado. Os dados foram coletados e examinados a partir do nível de

maturidade das organizações com relação à adoção do BPM e também com relação aos FCS

classificados, de acordo com os fatores Pessoas, Processos e Tecnologia.

De acordo com o framework proposto por Oliveira et al. (2009), modelo adotado para

este trabalho, após o planejamento do estudo de caso (período de Outubro a Novembro de

2014), seguiu-se com a etapa de coleta de dados (período de Dezembro de 2014 a Fevereiro

de 2015) e posteriormente com a análise de dados (mesmo período, Dezembro de 2014 a

Fevereiro de 2015). As análises do primeiro caso começaram logo após a coleta dos dados e

somente após o término dessa análise é que foi iniciado o segundo estudo de caso e concluído

em Fevereiro de 2015.

70

4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

4.1 Caracterização das organizações analisadas

Com o intuito de preservar a identidade das organizações escolhidas, serão adotados

os nomes Organização ALFA e BETA. Tais organizações foram escolhidas em uma amostra

por conveniência na rede de empresas atendidas por um fornecedor de soluções ERP em que o

autor do trabalho atuou como consultor durante oito anos e atua desde 2013 como gerente de

projetos e por atenderem os critérios estabelecidos conforme o tópico 3.2.

A organização ALFA é empresa ligada ao Governo do Estado de Minas Gerais, porém

de âmbito nacional e é uma sociedade de economia mista que atua na área de serviços. Já a

organização BETA é uma indústria nacional, de capital privado que atua no segmento de bens

de capital e também é localizada no Estado de Minas Gerais. Possuem o mesmo ERP, com

quantidade similar de licenças de uso (empresa ALFA: 28 licenças concorrentes e empresa

BETA: 25 licenças concorrentes), a mesma ferramenta de BPMS (com número ilimitado de

usuários) e tiveram ambos os sistemas implantados com o suporte da mesma empresa de

consultoria. A opção por casos com variáveis similares constitui uma forma de focar a análise

nos fatores críticos de sucesso, evitando assim associar o sucesso ou insucesso do projeto às

diferenças de fornecedor ERP, BPMS ou ainda empresa de consultoria de suporte. As

implantações dos ERP e do BPMS ocorreram em períodos próximos uma da outra (início do

uso do ERP: empresa ALFA em 09/2007 e empresa BETA em 01/2006; início do uso do

BPMS: empresa ALFA em 09/2008 e empresa BETA em 11/2007).

A organização ALFA existe desde 1965, atualmente possui 290 pessoas no seu quadro

de colaboradores e atua apenas no mercado nacional. Possui ERP Datasul desde 2007 e

atualmente utiliza a versão 11 do ERP da Totvs – Linha Datasul. As rotinas da empresa -

atendidas pelo ERP - ocorrem sistematicamente sem necessidade de intervenção de

consultoria externa, podendo ser considerada uma organização autônoma e madura em

relação ao uso do ERP. Porém, quando precisam realizar mudanças nos processos suportados

pelo ERP, recorrem a serviços especializados de consultoria externa. Utilizam como

ferramenta de BPMS o ECM (Enterprise Content Management) 3.0 da Totvs também desde

2008.

A organização BETA existe desde 1990, atualmente possui 196 pessoas no seu quadro

de colaboradores. É uma empresa nacional de capital fechado, que atua tanto no mercado

interno e externo, possuindo uma unidade fabril no Estado de Minas Gerais com atuação no

71

setor de bens de capital. Possui ERP Datasul desde 2006 e atualmente utiliza a versão 11 do

ERP da Totvs – Linha Datasul. As rotinas da empresa - atendidas pelo ERP - ocorrem

sistematicamente sem necessidade de intervenção de consultoria externa, podendo também ser

considerada uma organização autônoma e madura em relação ao uso do ERP. De maneira

similar à organização ALFA, quando precisa realizar mudanças nos processos suportados pelo

ERP, a empresa BETA recorre a serviços especializados de consultoria externa. Utilizam

como ferramenta de BPMS o ECM 3.0 da Totvs desde 2007.

4.2 Perfil dos entrevistados

Ao todo, foram realizadas 16 entrevistas nas organizações ALFA e BETA. Para todos

os entrevistados foram levantados o tempo de experiência profissional geral, o tempo de

experiência profissional relacionado ao processo pesquisado ou ao ERP ou ao BPM e o tempo

de trabalho na organização (Tabela 11).

Tabela 11 - Perfil dos Entrevistados

Perfil dos Entrevistados

Função

Organização ALFA Organização BETA

Experiên

cia gerala

Experiência

relacionadab

Tempo de

organizaçãoc

Experiên

cia gerala

Experiência

relacionadab

Tempo de

organizaçãoc

Patrocinador 52 25 4 38 20 25

Dono do Processo 1 13 4 6 13 6 10

Dono do Processo 2 10 8 10 15 7 10

Executor - Cliente 12 6 7 5 4 5

Executor - Fornecedor 11 4 4 22 6 14

Gestor TI 17 8 14 15 10 4

Gestor Qualidade 8 8 3 6 6 6

Suporte BPM 12 8 8 15 3 3

Média d 11,9 6,6 7,4 13,0 6,0 7,4

Nota: atempo experiência profissional geral (em anos),

btempo experiência profissional relacionado ao processo

pesquisado ou ao BPM (em anos), ctempo de trabalho na organização (em anos),

dRetirando da média o outlier.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Retirando-se os patrocinadores (sponsors) da organização ALFA e BETA (por ambos

serem um outlier, ou seja, um valor discrepante), o tempo médio de experiência dos

entrevistados na organização ALFA é de aproximadamente 12 anos, tendo 6,5 anos de

experiência relacionados com BPM e 7,5 anos de trabalho na organização. Na organização

BETA, o tempo médio de experiência dos entrevistados é de 13 anos, tendo 6 anos de

experiência relacionada com BPM e 7,5 anos de trabalho na organização. O perfil dos

entrevistados demonstra um excelente nível de experiência para responder as questões, o que

72

aumenta a qualidade dos dados coletados, pois a vivência no processo e na organização é

importante para que o respondente tenha tido a possibilidade de participar e executar

atividades relacionadas aos processos da organização. Outro fator importante e positivo

relacionado com o perfil dos entrevistados é que novamente são perfis muito parecidos em

ambas as organizações, o que elimina qualquer variável de comparação relacionada ao tempo

de experiência. Em suma, não só o ambiente tecnológico é similar nas duas organizações, mas

também o perfil dos profissionais entrevistados, apesar de ALFA ser uma sociedade de

economia mista e BETA uma empresa privada.

4.3 Estudo de caso da organização ALFA

4.3.1 Caracterização dos processos analisados

Na organização ALFA, as entrevistas foram realizadas entre os dias 22 a 30 de dezembro

de 2014. Ao todo foram realizados 340 minutos de duração das entrevistas com tempo médio

de 43 minutos por entrevista. Foram geradas 24 laudas de transcrição ao todo com uma média

de 3 laudas por entrevista. Nenhuma entrevista foi gravada por opção do pesquisador,

evitando assim constranger os respondentes e buscando favorecer um ambiente mais propício

para a coleta de dados já que eventuais críticas aos sistemas ERP e BPM poderiam ser

manifestadas.

Os processos avaliados foram “liberação de pagamento” (Figura 15), que está relacionado

à área financeira e cujo “dono do processo” é a gerente de controladoria (entrevistado Dono

do Processo 1) e o processo de “solicitação e aprovação de compras” que está relacionado

com a área de contratos e cujo “dono do processo” é a gerente de administração de contratos

(entrevistado Dono do Processo 2). Tratam-se de processos importantes para a operação do

negócio, sendo rotineiros e consolidados na organização. Ambos os processos são suportados

por dados oriundos do ERP. Além desses, foram entrevistados: o diretor administrativo e

financeiro (Patrocinador); assistente administrativo (Cliente e Fornecedor); gerente de TI

(Gestor TI); coordenadora da qualidade (Gestor Qualidade); assessor de TI (Suporte BPM).

73

Figura 15 - Desenho do fluxo de liberação de pagamento da organização ALFA.

Fonte: Organização ALFA (2014)

4.3.2 Análise das entrevistas

4.3.2.1 Categorias de análise

As análises de cada resposta foram consolidadas sendo elaborada a percepção pelos

seguintes blocos do questionário: Visão da Maturidade em BPM; Visão dos Fatores Críticos

de Sucesso – Base Pessoas; Visão dos Fatores Críticos de Sucesso – Base Processos; Visão

dos Fatores Críticos de Sucesso – Base Tecnologias. Buscou-se assim permitir formar

inicialmente uma a percepção segregada, de acordo com a proposta elaborada dos FCS do

Uso Integrado ERP – BPM e da maturidade do uso do BPM.

4.3.2.2 Maturidade em BPM

O roteiro de entrevista iniciou-se com quatro questões relacionadas com o nível de

maturidade em BPM da organização.

Ao avaliar o conjunto das respostas da primeira questão, pode-se notar que as

percepções são bastante divergentes entre os entrevistados com relação à importância do

BPM na organização. Os entrevistados que consideraram o BPM importante (Patrocinador,

Gestor de TI, Gestor da Qualidade, Dono do Processo 1 e Dono do Processo 2) destacaram

74

que gestão deve ser por processos, “o caminho para a boa gestão passa, obrigatoriamente, pela

gestão por processos” (Entrevistado Patrocinador). Já para o outro grupo que não vê ou

identifica importância (Suporte BPM, Cliente e Fornecedor), foram coletados depoimentos do

tipo “os gestores não têm uma visão clara e nem os colaboradores envolvidos têm ideia dos

processos” (Entrevistado Cliente).

A segunda questão, que aborda o envolvimento dos colaboradores, também

apresentou divergências dos entrevistados. Houve respondentes que consideraram que

existem grupos distintos em relação ao grau de envolvimento (Patrocinador, Gestor da

Qualidade e Dono do Processo 2) com depoimentos tais como “alguns estão bem envolvidos,

outros são muito resistentes” (Entrevistado Dono do Processo 2). Outros reportaram que há

bom envolvimento (Gestor de TI, Fornecedor): “os processos estão incorporados ao dia a dia

dos usuários” (Entrevistado Gestor de TI). Outro grupo considerou que não há envolvimento

(Dono do Processo 1, Suporte BPM e Cliente), como por exemplo “muito pouco

envolvimento, a cultura da organização dificulta muito” (Entrevistado Dono do Processo 1).

A terceira questão, que trata de abordagens estruturadas em BPM, pode ser dividida

em dois grupos. Os entrevistados que identificaram que não há abordagens estruturadas (Dono

do Processo 1, Dono do Processo 2, Cliente e Fornecedor) e os que citaram estar em

desenvolvimento (Patrocinador, Gestor da Qualidade, Gestor de TI, Suporte BPM), como por

exemplo “é notável a melhora quando o gestor acompanha de perto o processo” (Entrevistado

Patrocinador).

Na última questão do bloco, houve consenso total quanto ao uso da ferramenta de

workflow utilizada na organização, no caso o ECM 3.0 da fabricante Totvs. Também foi

citada a ferramenta de modelagem Visio, da fabricante Microsoft (Gestor da Qualidade,

Gestor de TI, Suporte BPM).

De acordo com o modelo proposto Rosemann et al. (2006), a organização ALFA

possui características que correspondem ao estágio 2 de maturidade (Estágio Repetitivo), pois

está identificada a importância da adoção do BPM com apoio da alta administração, possui

ferramentas de modelagem e automação de workflow, está em estágio inicial de adoção de

padrões e ações para modelagem e já possui certo reconhecimento por parte dos

colaboradores da importância da visão e gestão por processo.

75

4.3.2.3 Fatores Críticos de Sucesso – Base Pessoas

Posteriormente ao bloco de perguntas referentes à maturidade da organização, foram

realizadas seis perguntas referentes ao FCS da dimensão pessoas. Ao avaliar as respostas

conjuntamente com relação ao grau de comprometimento e apoio da alta administração,

pode-se perceber que existe o apoio da alta administração (Patrocinador, Gestor da Qualidade,

Gestor de TI, Dono do Processo 1) com afirmativas como “total apoio das diretorias”

(Entrevistado Gestor da Qualidade), porém há colaboradores que identificaram o apoio apenas

parcialmente (Dono do Processo 2, Suporte BPM, Cliente, Fornecedor), como no seguinte

depoimento: “não incentivam, mas não dificultam” (Entrevistado Dono do Processo 2).

Na sexta questão, sobre a clareza das responsabilidades e funções, apenas o

entrevistado Gestor da Qualidade declarou que existem algumas áreas que não estão claras,

sendo que os demais identificam como claras as responsabilidades e funções dos envolvidos

em relação à adoção de processos submetidos ao BPM, como por exemplo “todas as etapas

possuem clareza da sua função, assim as responsabilidades também são claras” (Entrevistado

Patrocinador).

Na sétima questão, que aborda se os colaboradores possuem conhecimento do

negócio, apenas o entrevistado Fornecedor considerou que sim. Os entrevistados

Patrocinador, Gestor da Qualidade consideraram que parte conhece e parte não e os demais

avaliaram que o conhecimento é superficial ou não existe, conforme ilustra o seguinte

depoimento: “o conhecimento é bem limitado e operacional, não conhecendo o negócio

principal da empresa” (Entrevistado Cliente).

Se os colaboradores envolvidos possuem foco no cliente foi a investigação feita pela

oitava pergunta. Apenas os entrevistados Patrocinador e o Dono do Processo 2 consideraram

que parte dos colaboradores possuem foco no cliente do processo, “estão aprendendo,

melhorou muito. A falta de relacionamento funcional gerava muitos problemas, isso foi

trabalhado e teve melhorias” (Entrevistado Patrocinador). A maioria acredita não haver foco

no cliente, “apenas possuem a visão dele” (Entrevistado Gestor de TI).

A cultura organizacional não está disseminada é o que pode ser verificado por meio das

respostas da nona questão, conforme os seguintes entrevistados Patrocinador, Gestor da

Qualidade, Dono do Processo 1, Suporte BPM, Cliente, Fornecedor: “são várias culturas,

sendo que as pessoas que promovem a sua própria cultura" (Entrevistado Dono do Processo

1). Apenas os entrevistados Gestor de TI e Dono do Processo 2 destacaram que a cultura é

76

parcialmente difundida, afirmando que “sim, mas não tanto quanto deveria, poderia ser mais”

(Entrevistado Dono do Processo 2).

O tema treinamento é apresentado na última questão do bloco Fatores Críticos de

Sucesso – Base Pessoas, sendo que é unânime a escassez da capacitação dos

colaboradores, conforme corroborado pela afirmativa “muito pouco treinamento, pouco

abrangentes e superficiais” (Entrevistado Dono do Processo 1).

4.3.2.4 Fatores Críticos de Sucesso – Base Processos

O terceiro bloco das entrevistas procurou avaliar os FCS relativos aos processos. A

primeira questão do bloco, décima primeira do roteiro de entrevista, avalia o alinhamento

estratégico da organização com o BPM e neste assunto não houve consenso, sendo que os

entrevistados Patrocinador e Fornecedor visualizam alinhamento. Os entrevistados Gestor da

Qualidade e Suporte BPM relataram não haver alinhamento: “os processos estão

desconectados, não trazem ganho para o negócio” (Entrevistado Suporte BPM). Já os demais

respondentes (Gestor de TI, Dono do Processo 1, Dono do Processo 2 e Cliente) acreditam

haver um movimento para que o alinhamento ocorra, conforme a seguinte afirmativa: “agora

a organização está buscando isso, mas ainda não atingiram este objetivo” (Entrevistado Dono

do Processo 1).

Não existe metodologia estruturada para implantação de BPM é o que pode ser

constatado na décima segunda questão, apesar de algumas ações a fim de ter uma

metodologia, “apenas traços de tentativas” (Entrevistado Cliente) e “está sendo construída”

(Entrevistado Suporte BPM).

As ações de comunicação, abordadas na décima terceira questão, são incipientes, pouco

efetivas e falhas, “deixam a desejar” (Entrevistado Fornecedor) e “a comunicação é muito

falha, é um ponto crítico” (Entrevistado Patrocinador). Apenas o entrevistado Gestor de TI e

Suporte BPM considerou a comunicação aceitável, pois “ocorre dentro dos limites do

processo” (Entrevistado Suporte BPM).

A última questão do bloco, base Processo dos FCS, trata das mudanças relativas à adoção

do BPM e pode ser verificado que as mudanças são top-down de acordo com os entrevistados

Gestor de TI, Cliente e Fornecedor, “as mudanças partem da alta administração”

(Entrevistado Cliente). Além de não haver estudos de impactos das mudanças, conforme os

entrevistados Dono do Processo 1, Dono do Processo 2 e Suporte BPM, “não há estudo

detalhado sobre as mudanças, dos impactos futuros” (Entrevistado Dono do Processo 2).

77

4.3.2.5 Fatores Críticos de Sucesso – Base Tecnologias

O último bloco das perguntas referentes aos FCS trata das questões referentes à base

tecnologia, sendo que a primeira questão do bloco, décima quinta do questionário, já deixa

claro que a organização não realiza o monitoramento e gestão dos indicadores dos

processos.

A décima sexta questão que trata da automação dos processos evidencia que há poucos

processos automatizados e que precisa haver incrementos, conforme depoimento “poucos

processos automatizados, muitos manuais” (Entrevistado Fornecedor).

Com relação à facilidade, desenvolvimento e implementação, assunto abordado na

décima sétima questão, fica evidente que não é um processo simples e rápido, pois “sente que

é engessado, muito demorado” (Entrevistado Fornecedor) e “difícil para a área de TI, difícil

de implementar, muita resistência” (Entrevistado Suporte BPM).

Os processos desenvolvidos na ferramenta de workflow estão todos integrados com o

ERP. Este foi o levantamento feito através da décima oitava questão e houve unanimidade na

resposta, já que os processos “são integrados, apesar de ter sido bastante complicados”

(Entrevistado Dono do Processo 1).

Por fim, a última questão do FCS da base tecnologias aborda a questão da integridade e

segurança dos processos. Pode-se perceber a importância uma vez que todos, com exceção

do entrevistado Gestor da Qualidade, identificaram que há um trâmite de controle “através de

níveis, papéis e grupos. As definições vem da área de negócio (organograma) e a TI

implementa” (Entrevistado Suporte BPM).

4.3.3 Consolidação das análises das entrevistas

Para sintetizar as análises, as respostas das entrevistas foram tabuladas em planilha

eletrônica, sendo que as colunas representavam os entrevistados e as linhas continham as

perguntas. Posteriormente, foram feitas uma avaliação geral por coluna (percepção por

entrevistado) e também uma avaliação geral por linha, ou seja, a consolidação dos pontos

comuns das respostas de cada uma das perguntas feitas. Em seguida, foi feita a análise de

cada resposta consolidada, sendo elaborada a percepção por blocos do questionário, ou seja, a

Maturidade em BPM; Fatores Críticos de Sucesso – Base Pessoas; Fatores Críticos de

Sucesso – Base Processos; Fatores Críticos de Sucesso – Base Tecnologias (Tabela 12).

78

Tabela 12 - Análise das respostas das entrevistas organização ALFA

Análise das respostas das entrevistas da organização ALFA

Base FCS Consolidação das respostas Consolidação do FCS

Pessoas

Comprometimento

e apoio superior

Existe apoio da alta da

administração, além da mesma

acreditar muito no BPM. As ações

de BPM são top-down.

Os FCS com foco nas pessoas

apresentam nuances que vão da

importância e apoio dados pela

alta administração ao baixo nível

de capacitação no BPM. Apesar

dos papeis e responsabilidades

serem claros, não possuem foco

no cliente, não tem conhecimento

do negócio e da cultura

organizacional.

Dos seis FCS relacionados às

pessoas, apenas dois possuem

resultados positivos

(Comprometimento e apoio

superior e Responsabilidades e

funções claras). Os demais

(Conhecimento do negócio,

Capacitação multidisciplinar,

Foco no cliente e Conhecimento

organizacional) possuem pouca

ou nenhuma importância

percebida ou praticada pelos

colaboradores da organização.

Responsabilidades

e funções claras

As responsabilidades e funções são

claras, apesar de sinais de que para

alguns colaboradores não são.

Conhecimento do

negócio com bases

no ERP e BPM

O conhecimento da organização e

do negócio ao qual estão inseridos é

baixo, não tendo visão ponta a

ponta dos processos.

Envolvidos com

foco no cliente

Os colaboradores não possuem foco

no cliente do processo, em geral

enxergam apenas a parte ao qual

estão inseridas. Possuem indícios

de problemas de relacionamento

funcional.

Difusão da cultura

organizacional

A cultura organizacional não está

clara e nem difundida entre os

colaboradores. Existem culturas

"paralelas" a cultura da

organização.

Capacitação

multidisciplinar

São poucos, esporádicos e limitados

os treinamentos relativos ao BPM.

Processos

Alinhamento

estratégico

As visões são bem diferentes, a alta

administração diz que há

alinhamento, mas no nível gerencial

e operacional visualizam como

tentativa este alinhamento e que

ainda os processos estão

desconectados do objetivo

estratégico.

Os FCS relacionados com a base

processos são pouco observados e

colocados em prática na

organização. Não possuem

nenhum FCS de processos com

um nível satisfatório. Os

processos não estão alinhados

com a estratégia da organização,

não possuem metodologia e as

decisões de adoção de BPM são

top-down, além de não realizarem

uma gestão estruturada de

comunicação e de mudanças.

Metodologia e

gerenciamento de

projetos

Possuem ações na tentativa de criar

uma metodologia para adoção de

BPM em seus processos. Ainda está

sendo construída e em fase inicial.

Gerenciamento da

comunicação e

mudança

A comunicação relativa ao BPM é

ruim e falha, apesar de ser

divulgado por meio dos canais

disponíveis. As mudanças são top-

down e sem planejamento e gestão.

Tecnologias

Monitoramento e

Indicadores Não trabalham com KPIs

Os FCS com base em tecnologias

também são pouco observados na

organização em estudo. Não

possuem indicadores (KPIs),

possuem baixo nível de

automação dos processos, apesar

dos mesmos serem integrados

com o ERP e o desenvolvimento

e implementação da automação é

moroso e complicado. Um bom

entendimento dos colaboradores

é referente à segurança dos

processos.

Automação e

segurança dos

processos

Baixo nível de automação dos

processos, sendo que o

desenvolvimento e implementação

da automação de processos são

difíceis e morosos, além de ter

resistência de colaboradores. Os

processos automatizados estão

integrados com o ERP e a

integridade e segurança dos

processos é observado pela área de

negócio e gerido pela TI.

79

Como sugestões colocadas ao final das entrevistas, pode-se destacar que o

acompanhamento pelo gestor da área é um ponto importante para o sucesso na adoção do

BPM, assim como a percepção dos ganhos por parte dos colaboradores e agilidade no

desenvolvimento dos workflows. O envolvimento e comprometimento dos atores e um melhor

conhecimento dos processos também são pontos observados para viabilização e atingimento

dos objetivos.

4.3.4 Análise documental e observação

Durante os meses de Dezembro de 2014 e Janeiro de 2015, foram realizadas análises

em documentos impressos e digitais fornecidos pelo gestor da área de TI. No âmbito da

observação, houve momentos de escuta atenciosa do ambiente de trabalho e também foram

realizadas conversas e interações com alguns usuários chave e líder do projeto que

participaram da implantação do ERP e BPMS, a fim de obter informações que não constavam

nos documentos e também compreender melhor alguns fatos que não ficaram claros nos

documentos pesquisados.

Como parte da observação, foi realizado o acompanhamento de algumas atividades

dos usuários nos processos pesquisados. Durante o processo de acompanhamento, pode ser

observado o manuseio da ferramenta BPM bem como informações que eram avaliadas para a

atividade. Pode-se perceber que os usuários possuem muito conhecimento do processo, porém

em alguns casos foram consultados dados de outras fontes (e-mail, planilha eletrônica, ERP e

colegas de trabalho). O usuário responsável pelo Suporte BPM demonstrou todo fluxo e as

regras de negócio atreladas aos formulários que compunham o fluxo. Ao longo da

demonstração, o usuário relatou alguns problemas já identificados e que já estão sendo

tratados em uma nova versão em fase final desenvolvimento e início de homologação.

Por meio da análise documental e pela observação, identificou-se que o processo de

implantação foi bastante complicado em virtude de terem ocorrido problemas com relação ao

escopo ofertado e às demandas da organização, mesmo tendo sido elaborado um documento

com os requisitos para o sistema de gestão corporativa. Entretanto, a oferta vencedora no

pregão9 ficou bem abaixo do valor inicial o que pode ter ocasionado alterações de escopo de

maneira subliminar. Alguns módulos do ERP entraram em produção dentro do prazo

planejado, porém outros se arrastaram por alguns anos. A ferramenta de BPMS e as versões

9 Pregão é uma modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns no âmbito da União,

Estados, Distrito Federal e Municípios (Lei n 10.520 de 17 de Julho de 2002, 2002)

80

iniciais de alguns fluxos do workflow foram implantadas mais de um ano após a implantação

parcial do ERP. O uso dos fluxos foi interrompido, em virtude de problemas do

desenvolvimento e da própria ferramenta, e por volta de oito meses após voltaram a ser

utilizados, após o acerto dos problemas, sendo que os fluxos foram estabilizados e o uso

rotineiro e constante até recentemente quando houve atualização dos softwares e também

atualização dos processos, no final de 2013 e início de 2014.

Outro fato complicador foi que, durante o processo de implantação do ERP Datasul e

do BPMS Webdesk, a empresa fornecedora da solução dos sistemas de gestão (Datasul) foi

incorporada pela empresa Totvs em 2008. Além disso, a empresa de consultoria, que estava

realizando a implantação e que era uma franquia da Datasul, também foi comprada pela

empresa Totvs. Durante esse processo de aquisição, houve perdas de pessoas que participaram

do processo de venda e estavam participando do processo de implantação. Com isso, o projeto

foi paralisado algumas vezes e também houve perda de conhecimento do negócio da empresa

por parte do fornecedor e da consultoria.

De acordo com os documentos levantados, os principais marcos do projeto de

implantação do ERP e BPMS foram: o processo de aquisição iniciou-se 2004; em 2006 foi

celebrado o contrato de fornecimento dos softwares e dos serviços; em 2007 houve a entrada

em produção parcial do escopo contratado e em 2010 concluiu-se a implantação.

Em 2013 iniciou-se um novo processo licitatório para atualização, novas

implementações e melhorias no sistema ERP e BPM, e no final do mesmo ano e ao longo de

2014 ocorrem várias ações, conforme edital (Tabela 13). Nesta segunda etapa, as ações

ocorreram em conformidade com o edital e o planejamento (custos, escopo e prazos).

Tabela 13 - Documentos pesquisados na organização ALFA

Documentos pesquisados na organização ALFA

(continua)

Documento Geração Informação extraída

Levantamento e mapeamento de

processos

Antes do projeto de implantação

(entre 10/2003 a 01/2004) Plano diretor de TI

Plano diretor de ampliação de

sistemas

Antes do projeto de implantação

(08/2004)

Requisitos para o sistema de gestão

coorporativa – ERP e BPMS

Edital de licitação / Pregão Antes do projeto de implantação

(09/2006)

Requisitos e funcionalidades

necessárias para o ERP e BPMS e

para o projeto de implantação

(Quatro fornecedores - RM,

Squadra/SAP, Senior, Datasul -

estavam aptos a participar da

tomada de preços)

Proposta comercial Antes do projeto de implantação

(11/2006)

Condições técnicas (escopo) e

comerciais

Ata de reunião Planejamento do projeto

(01/2007) Preparação para o início do projeto

81

(continua)

Documento Geração Informação extraída

Apresentação da reunião de Kick-

off (início do projeto)

Planejamento do projeto

(01/2007)

Reunião inicial de apresentação do

projeto para as equipes envolvidas

com informações sobre escopo,

prazos e responsabilidades

Cronograma detalhado do projeto Planejamento do projeto

(01/2007)

Datas dos marcos do projeto, com

previsão de Go-Live (entrada em

produção) em 01/10/2007

Plano do Projeto Planejamento do projeto

(01/2007)

Detalhamento do projeto

contemplando o escopo, condições

de execução, custos, riscos, prazos,

responsabilidades, marcos do

cronograma, plano de comunicação,

gestão de mudanças.

Lista de Tarefas e Pendências Execução do projeto (ao longo de

2007)

Evidências das tarefas e das

pendências do projeto

Acompanhamento de Projeto Execução do projeto (ao longo de

2007)

Evidências do andamento das

atividades do projeto

Ata de reunião Execução do projeto (ao longo de

2007)

Evidências de problemas

relacionados ao escopo vendido vs.

demanda do cliente

Check List para Go-Live parcial Preparação para virada (08/2007)

Preparação para entrada em

produção parcial do sistema (apenas

os módulos de Controladoria e

Finanças)

Ata de reunião Operação Assistida (09/2007) Acompanhamento das atividades

em produção

E-mails / Cartas / Protocolos Ao longo de 2008

Impasse sobre a implantação dos

módulos de outras áreas (RH,

Materiais)

Proposta comercial Aditivo em decorrência de

alteração de escopo (05/2008)

Condições técnicas (escopo) e

comerciais

Modelagem de Processos Revisão dos processos (ao longo

de 2008)

Modelo atual (AS-IS) e modelo

proposto (TO-BE)

Ata de reunião e Cronograma 09/2008 Implantação dos fluxos do

workflow

Comunicado Oficial Datasul /

Totvs 10/2008 Incorporação da Datasul pela Totvs

E-mails e Ata de reunião 12/2008 Interrupção do uso dos fluxos

Ata de reunião, Cronograma e

Plano do Projeto (revisado) Ao longo de 2009 e 2010

Demais módulos, acerto dos fluxos

e fluxos faltantes do escopo

contratado e aditivado

Termo de encerramento 05/2010

Conclusão da implantação dos

módulos contratados do ERP e dos

processos de BPM

Elaboração da RFP - Request for

Proposal

Antes do projeto de melhoria

(01/2013)

Requisitos das atualizações de

versão, melhorias e implementações

do ERP e do BPM

Edital de licitação / Pregão Antes do projeto de melhoria

(08/2013)

Dois fornecedores estavam aptos a

participar da tomada de preços

(Totvs e DTS)

Proposta comercial Antes do projeto de melhoria

(10/2013)

Condições técnicas (escopo) e

comerciais

Ata de reunião Planejamento do projeto

(10/2013) Preparação para o início do projeto

82

(conclusão)

Documento Geração Informação extraída

Apresentação da reunião de Kick-

off (início do projeto)

Planejamento do projeto

(10/2013)

Reunião inicial de apresentação do

projeto para as equipes envolvidas

com informações sobre escopo,

prazos e responsabilidades

Cronograma detalhado do projeto Planejamento do projeto

(10/2013) Datas dos marcos do projeto

Lista de Tarefas e Pendencias Execução do projeto (ao longo de

2014)

Evidências das tarefas e das

pendências do projeto

Ata de reunião Execução do projeto (ao longo de

2014)

Evidências do andamento das

atividades do projeto

Termos de encerramentos Encerramento parcial do projeto

(ao longo de 2014)

Evidências das entregas conforme

edital

Após a elaboração da Tabela 13, a mesma foi enviada por e-mail para o gestor de TI, que

participou de todos os processos, envolvendo a implantação e melhorias dos sistemas

discutidos neste trabalho. Foi solicitado que o gestor fizesse uma avaliação crítica dos fatos e

da cronologia em acordo com o que realmente ocorreu. O retorno foi positivo, ratificando

assim as informações obtidas por meio da análise documental. Portanto, pode-se afirmar que

os documentos obtidos são fidedignos à história dos projetos ERP e BPM na organização

ALFA.

Vários documentos analisados bem como os momentos de observação corroboraram

vários aspectos levantados nas entrevistas, especialmente aqueles nos quais as pessoas

relataram pontos de problemas que acarretam no uso deficiente da adoção do BPM. Os

documentos “Lista de Tarefas e Pendências”, “Acompanhamento de Projeto” e “Ata de

reunião” foram os que mais contribuíram para reforçar problemas identificados em vários

FCS que apresentaram um resultado ausente, conforme demostrado no tópico 4.5, apresentado

após a análise do segundo estudo de caso.

4.4 Estudo de caso da organização BETA

4.4.1 Caracterização dos processos analisados

As entrevistas foram realizadas entre os dias 02 a 05 de fevereiro de 2015. Ao todo foram

realizados 355 minutos de duração das entrevistas com tempo médio de 45 minutos por

entrevista. Foram geradas 28 laudas de transcrição ao todo e com uma média de 3,5 laudas

por entrevista. Analogamente ao caso anterior, nenhuma entrevista foi gravada por opção do

pesquisador, evitando assim constranger os respondentes e buscando favorecer um ambiente

83

mais propício para a coleta de dados já que eventuais críticas aos sistemas ERP e BPM

poderiam ser manifestadas.

Na organização BETA, os processos avaliados foram “reclamação do cliente” (Figura 16),

que está relacionado à área administrativa/comercial e cujo “dono do processo” é o gerente

administrativo (entrevistado Dono do Processo 2) e também o processo de “desvio de

produto” que está relacionado com a área de produção e engenharia, cujo “dono do processo”

é o supervisor de Planejamento e Controle da Produção (entrevistado Dono do Processo 1).

Tratam-se dos dois processos mais utilizados na empresa e que são processos importantes

para a operação do negócio, sendo rotineiros e consolidados na organização. Ambos os

processos são suportados por dados oriundos do ERP. Além dos entrevistados já citados,

foram entrevistados: o diretor industrial (Patrocinador); engenheiro de processo (Cliente);

supervisor de processo (Fornecedor); gerente de TI (Gestor TI); engenheiro de processo

(Gestor Qualidade); analista de TI (Suporte BPM).

Figura 16 - Desenho do fluxo de reclamação do cliente da organização BETA.

Fonte: Organização BETA (2015).

4.4.2 Análise das entrevistas

4.4.2.1 Categorias de análise

Da mesma forma das análises da organização ALFA, as análises de cada resposta

foram consolidadas sendo elaborada a percepção pelos seguintes blocos do questionário:

Visão da Maturidade em BPM; Visão dos Fatores Críticos de Sucesso – Base Pessoas; Visão

84

dos Fatores Críticos de Sucesso – Base Processos; Visão dos Fatores Críticos de Sucesso –

Base Tecnologias. Buscou-se assim permitir formar inicialmente uma percepção segregada,

de acordo com a proposta elaborada dos FCS do Uso Integrado ERP – BPM e da maturidade

do uso do BPM.

4.4.2.2 Maturidade em BPM

O roteiro de entrevista foi o mesmo aplicado na organização ALFA e iniciou-se com

quatro questões relacionadas com o nível de maturidade em BPM da organização.

Ao avaliar o conjunto das respostas da primeira questão, é possível identificar a

elevada importância do BPM na organização, por meio de afirmativas tais como: “a gestão

por processos é fundamental na atividade da empresa” (Entrevistado Patrocinador),

“extremamente importante para o registro de informações” (Entrevistado Gestor da

Qualidade), “muito importante e muito utilizado na empresa” (Entrevistado Fornecedor).

Nota-se um forte destaque para a padronização, controle e fluência dos processos, já que “é

muito importante, pois consegue ligar as diversas áreas e fazer com que a informação flua

entre as mesmas de maneira eficiente” (Entrevistado Cliente) e ainda “o mais importante é o

controle que é proporcionado pelos fluxos. Os processos precisam fluir de forma harmoniosa

e a gestão por processo permite isso” (Entrevistado Dono do Processo 1). Houve apenas um

entrevistado (Entrevistado Suporte BPM) que considerou que para alguns ainda não está tão

evidente a importância, pois “de maneira geral o BPM está em processo de amadurecimento”.

A segunda questão, que aborda o envolvimento dos colaboradores, apresentou

divergências entre os entrevistados. Três entrevistados consideram que os colaboradores estão

bem envolvidos, visto que “há muita participação e interesse dos colaboradores”

(Entrevistado Fornecedor), “são muito comprometidos e envolvidos com a organização e,

portanto isso perpassa para as atividades relacionadas com os processos aos quais estão

inseridos” (Entrevistado Patrocinador). Já outro grupo (5 entrevistados) considera que parte

dos colaboradores ainda não se envolvem muito, mas fica evidente que é apenas parte, sendo

que a outra parte se envolve bem, porque “alguns apenas participam quando são cobrados. Às

vezes, as pessoas não dão a devida importância” (Entrevistado Gestor da Qualidade), “têm os

que participam e exercem bem a sua função no processo, mas existem colaboradores que não

têm o devido conhecimento e por isso a participação é baixa”, “há grande variação de

envolvimento dependendo do fluxo e da gerência” (Entrevistado Gestor de TI).

85

Na terceira questão, que trata de abordagens estruturadas em BPM, houve

unanimidade de que não existe uma abordagem estruturada, porém há uma efetiva

participação dos envolvidos nas definições dos processos, “há setores envolvidos

constantemente com a avaliação e melhoria do BPM. Não há nada estruturado, mas a

participação é muito importante e ocorre efetivamente” (Entrevistado Patrocinador), “as

pessoas envolvidas com os processos participam para opinar de acordo com a

responsabilidade de cada um no processo, mas não há um procedimento definido e

estruturado” (Entrevistado Dono do Processo 1).

Na última questão do bloco, da mesma forma que na organização ALFA, houve

consenso total quanto ao uso da ferramenta de workflow utilizada na organização, no caso o

ECM 3.0 da fabricante Totvs. Também foi citada a ferramenta de modelagem Visio, da

fabricante Microsoft (Gestor da Qualidade, Gestor de TI, Suporte BPM), igualmente citada

pela organização ALFA e pelo mesmo perfil de entrevistado.

De acordo com o modelo proposto Rosemann et al. (2006), a empresa BETA não

apresenta características que permitam enquadrar em um único estágio determinado de

maturidade do BPM. A empresa apresenta características que podem ser vistas em mais de um

estágio de maturidade (2-Estágio Repetitivo, 4-Gerenciado e 5-Otimizado). Isso fica

evidenciado devido à grande importância dada ao BPM, em função do BPM estar fortemente

enraizado na estratégia de melhoria da organização, a gestão de processos ser parte das

atividades gerenciais, por ter ferramentas de modelagem e workflow, por ter equipe

comprometida. Por outro lado, a maturidade é diminuída pois o BPM não possui uma

abordagem estrutural e por não estar amplamente aceito entre os colaboradores envolvidos.

Isto permite fazer uma leitura de que a empresa BETA já se encontra em certo estágio

de maturidade e está em processo de amadurecimento e, se resolvidas algumas questões, dará

um salto no estágio de maturidade. Inclusive algumas destas questões foram comentadas pelos

entrevistados por meio dos seguintes depoimentos: “cada vez mais as pessoas estão se

comprometendo e a gestão por indicadores tem forçado muito o amadurecimento do uso pelos

colaboradores” (Entrevistado Gestor de TI), “os processos sempre se baseiam nos princípios

do BPM, entretanto não há metodologia, porém estão melhorando continuamente a forma”

(Entrevistado Gestor da Qualidade).

86

4.4.2.3 Fatores Críticos de Sucesso – Base Pessoas

Posteriormente ao bloco de perguntas referentes à maturidade da organização, foram

realizadas seis perguntas referentes ao FCS classificadas tendo como base as pessoas. Com

relação ao comprometimento e apoio superior, são evidentes o apoio, comprometimento e

incentivo das diretorias à adoção e ao uso do BPM. Participam ativamente das cobranças e

resultados dos processos. A resposta do Entrevistado Cliente evidencia a cobrança: “a

diretoria cobra a aderência aos processos definidos e exigem o cumprimento dos envolvidos”.

A resposta do Entrevistado Gestor de TI demonstra o apoio e incentivo: “a diretoria foi a

grande apoiadora no início da implementação, dando todo suporte necessário. Posterior à

estabilização do uso dos primeiros processos continuaram comprometidos e por vezes

incentivando a adoção” e também nas próprias palavras do diretor (Entrevistado Patrocinador)

“participam ativamente, tanto na cobrança, quanto no processo de melhoria”.

A sexta questão indaga sobre a clareza das responsabilidades e funções com relação

às pessoas envolvidas com o BPM. As responsabilidades são bastante claras, apesar de um ou

outro desvio, pois “em alguns poucos casos acredita que há algum tipo de dificuldade, mas

para a grande maioria estão bem definidas” (Entrevistado Cliente). E ainda existe um esforço

de disseminar para todos os envolvidos porque “são definidas, delimitadas e bastante claras,

além de disseminarem o conhecimento aos outros envolvidos” (Entrevistado Patrocinador) e

“nas reuniões de análises críticas, é o momento onde os gestores são cobrados e então

repassam para os demais colaboradores. Essa é uma forma da responsabilidade ser

direcionada aos envolvidos” (Entrevistado Gestor de TI).

Na sétima questão, que aborda se os colaboradores possuem conhecimento do

negócio, os colaboradores da empresa BETA possuem bom conhecimento do negócio ao qual

estão inseridos, bem como do negócio fim da empresa, pois “com certeza, tem que saber

muito do objetivo fim do seu processo e também da empresa. É fundamental para o negócio

da empresa” (Entrevistado Patrocinador). Entretanto, existem algumas ressalvas feitas com

relação aos usuários mais operacionais e também com relação a algumas pessoas e processos,

conforme os seguintes depoimentos: “em alguns processos, que tem participação de recursos

mais operacionais, tem alguma dificuldade deste entendimento, porém para os demais, com

certeza, tem conhecimento” (Entrevistado Gestor da Qualidade) e “parte sim, parte não. Tem

pessoas mais comprometidas, mesmo em níveis hierárquicos diferentes. Acredita que falta o

incentivo de alguns gestores em conscientizar da importância” (Entrevistado Dono do

Processo 1).

87

Se os colaboradores envolvidos possuem foco no cliente foi a investigação feita pela

oitava pergunta e percebe-se que existe divergência de opiniões. Os entrevistados

Patrocinador e Fornecedor acreditam que todos possuem o foco no cliente, quando afirmam

que “sim, todos os que participam dos fluxos tem o foco no cliente. São muito instruídos a

terem a visão do cliente para não chegar nenhum tipo de problema até o cliente final”

(Entrevistado Fornecedor). Apesar de boa parte citar que há uma preocupação com o cliente,

existem exceções com relação ao perfil do profissional que participa, como destacados nas

seguintes afirmativas: “a maioria sim, mas pelo fato de terem pessoas mais operacionais que

participam dos processos, estes não tem tanta visão clara dos clientes internos e externos” e

também quanto à postura do profissional, “infelizmente têm pessoas que só pensam na sua

atividade e não no fluxo como um todo. Pessoas com mente fechada na sua atividade e não

abertas para o processo como um todo” (Entrevistado Dono do Processo 1).

A cultura organizacional está disseminada e difundida entre os colaboradores e isto afeta

como o BPM é trabalhado dentro da empresa BETA. Isso pode ser verificado por meio das

respostas da nona questão tais como “constantemente existe a divulgação da visão, missão e

dos princípios da empresa. Além do contato direto com os donos da empresa, que além de

falar, demonstram bem a cultura da organização e isso tudo reflete muito em como as pessoas

trabalham e lidam com os processos”. Apesar de haver algumas divergências sobre como esta

cultura afeta o BPM, pois para os entrevistados Gestor da Qualidade e Suporte BPM a cultura

afeta de forma negativa, “influencia negativamente, pois possuem desfoque e as pessoas

mantem este desfoque” (Entrevistado Suporte BPM). Apenas para o entrevistado Dono do

Processo 2, existem divergências de cultura em função da diretoria, pois “a empresa possui

divergência em relação à sua cultura, pois existem formas distintas de pensar a empresa de

acordo com a diretoria, porém a cultura, mesmo que divergente, está disseminada”.

O tema treinamento é apresentado na última questão do bloco Fatores Críticos de

Sucesso – Base Pessoas e os mesmos são realizados regularmente quando da admissão de

funcionários que irão ter contato com o BPM, visto que “no treinamento admissional, as

pessoas são treinadas no BPM caso tenham algum contato com algum fluxo” (Entrevistado

Gestor da Qualidade) e de acordo com a demanda, “quando há alterações significativas em

algum processo ou quando um novo fluxo é introduzido é realizado treinamento pelo gestor

do processo” (Entrevistado Suporte BPM). Sempre que há necessidade, é realizada a

capacitação, tanto na ferramenta quanto do processo de negócio, já que “a TI realiza

treinamentos de como utilizar a ferramenta e os responsáveis pelo processo dão os

88

treinamentos referentes ao workflow de sua gestão” (Entrevistado Cliente). Apenas o

entrevistado Dono do Processo 2 considerou que os treinamentos são suficientes.

4.4.2.4 Fatores Críticos de Sucesso – Base Processos

O terceiro bloco das entrevistas procurou avaliar os FCS relativos aos processos. A

primeira questão do bloco, décima primeira do roteiro de entrevista, avalia o alinhamento

estratégico da organização com o BPM e neste assunto houve consenso geral. O alinhamento

entre os fluxos e a estratégia da empresa é alto e ocorre em todos os fluxos, conforme

ressaltado a seguir: “estão alinhados sim. Na verdade, os processos são desenhados para

atender o objetivo fim da empresa” (entrevistado Dono do Processo 1), “sim, todos os

processos de BPM são pensados em função da estratégia da empresa e para atender as

necessidades do cliente” (entrevistado Fornecedor). Entretanto, o entrevistado Patrocinador e

Cliente demostraram haver espaço para melhorias, destacando que “existe o alinhamento sim,

mas podem melhorar” (entrevistado Patrocinador).

Assim como na empresa ALFA, na empresa BETA não existe metodologia estruturada

para implantação de BPM. É o que pode ser constatado na décima segunda questão, entretanto

existe uma pessoa na empresa mais focada nas implementações e acompanhamento das ações

do BPM, conforme evidenciado em seguida: “no setor de gestão da qualidade existe uma

pessoa que cuida das atividades de BPM, porém não existe uma metodologia estruturada”.

As ações de comunicação, abordadas na décima terceira questão, demonstram eficiência e

a principal forma de comunicação é por meio de reuniões presenciais, sendo que “o grande

foco da comunicação na empresa é pessoal” (entrevistado Patrocinador), “na reunião de

análise crítica é apresentado a todos os gestores e envolvidos” (entrevistado Gestor da

Qualidade). Também é utilizado o envio de e-mail e treinamentos para divulgação, “é feito e-

mail de comunicação, dependendo é realizada reunião. Quando necessário, é feito treinamento

para divulgação e capacitação” (entrevistado Gestor de TI). Não houve nenhum tipo de

reclamação e em virtude de boa parte do treinamento ser presencial, facilitam-se a

interlocução e o entendimento.

A última questão do bloco, base Processo dos FCS, trata das mudanças relativas à adoção

do BPM e pode ser verificado que não existe uma gestão de mudanças estruturada, como

comentado pelo entrevistado Dono do Processo 2: “não existe nada formal. Não existe

conhecimento interno para esta prática”. Entretanto, são feitas avaliações, principalmente de

custo, dos impactos que irão gerar as mudanças ou novas adoções, pois “sempre são avaliados

89

os custos, prazos, impactos e necessidade de treinamento e acompanhamento” (entrevistado

Gestor de TI) e estas avaliações são feitas com o envolvimento dos participantes do processo

em questão, visto que “as análises são feitas conjuntamente com os envolvidos nos processos”

(entrevistado Cliente). E ainda, sempre que é identificada uma falha, é feita a mudança para

resolver o problema, pois “geralmente quando há alguma revisão, é em virtude de alguma

falha ou necessidade de melhoria” (entrevistado Patrocinador).

4.4.2.5 Fatores Críticos de Sucesso – Base Tecnologias

O último bloco das perguntas referentes aos FCS trata das questões referentes à base

tecnologia, sendo que a primeira questão do bloco, décima quinta do questionário, trata do

monitoramento e gestão dos indicadores dos processos e é unânime que a avaliação dos

processos submetidos ao BPM é baseada em indicadores, conforme atestado a seguir:

“existem em torno de 18 a 20 indicadores de processos. Cada área possui os seus. Todos são

monitorados e discutidos em reunião. Todos possuem metas e as pessoas estão bem

envolvidas com eles” (entrevistado Patrocinador). A empresa BETA realiza uma reunião

bimestral de análise crítica em que todos os indicadores são apresentados e avaliados de

acordo com a meta estabelecida, sendo que “bimestralmente é realizada uma reunião com

todos os gestores e lideres onde são apresentados e discutidos cada um dos indicadores”

(entrevistado Gestor de TI). A partir das análises dos indicadores, são tomadas ações de

correção ou de melhoria, pois “são usados na reunião de análise crítica e a partir da reunião

são tratadas ações de melhorias” (entrevistado Dono do Processo 2), “os mesmos são usados

na reunião de análise crítica. Sempre que há desvios grandes dos indicadores em relação à

meta, são tomadas ações para solução do problema” (entrevistado Cliente).

A décima sexta questão trata da automação dos processos e pode ser constatado a seguir

que os fluxos são bem automatizados: “com certeza. Acredita que está bem automatizado. Já

estão rodando por anos. A ferramenta é excelente” (entrevistado Patrocinador), “a automação

dos processos é um dos quesitos que são bastante observados na concepção dos fluxos, como

realizar ações automáticas, alterar o caminho de atividades, comunicar envolvidos, cobrar

ações” (entrevistado Gestor de TI). Possuem vários mecanismos de automação, “dependendo

da seleção e do preenchimento seguem caminhos distintos, isso é uma grande vantagem, pois

evita o erro do usuário e garante que o fluxo irá percorrer todo o caminho” (entrevistado

Gestor da Qualidade), “ao concluir uma etapa, várias outras atividades são iniciadas e sempre

há interações automáticas entre os agentes dos fluxos” (entrevistado Dono do Processo 1).

90

Existe um procedimento de construção, por meio de uma empresa parceira, e

implementação que envolve uma solicitação, uma aprovação, o desenvolvimento, a

homologação para depois então colocar em produção e posteriormente é feito

acompanhamento, sendo que “os processos são modelados no Visio e avaliados por todos os

envolvidos e a TI. A implantação ocorre num ambiente de homologação e após validações da

TI, Qualidade e dos donos do processo e colocado no ambiente de produção” (entrevistado

Gestor de TI), “existe uma empresa parceira que cuida de toda a manutenção, melhoria e

criação de novos fluxos. Sempre são feitas as mudanças no ambiente de homologação e só

entra em produção depois do aval da TI e da Qualidade. Posterior há um período de

acompanhamento até a estabilização do procedimento” (entrevistado Suporte BPM).

Com relação à facilidade, desenvolvimento e implementação, o uso de uma empresa

parceira, que possui contrato de fornecimento mensal de serviço, facilita muito o

desenvolvimento, pois após aprovação interna, é passada a demanda para o parceiro e então é

feito o desenvolvimento, sem necessidade de orçamentos e contratos.

“temos um contrato de outsourcing com um parceiro que faz os

desenvolvimentos, melhorias e ajustes nos fluxos. Isso facilita muito o

desenvolvimento da adoção de BPM e a melhoria contínua, pois

contamos com uma empresa especializada com um banco de horas

mensal e utilizamos conforme com a demanda. O atendimento é

rápido e eficiente” (entrevistado Gestor de TI).

Entretanto existem algumas dificuldades por não desenvolverem internamente, visto que

“não é tão fácil porque não desenvolvem internamente, porém também não é difícil porque

tem um parceiro que faz toda a parte de desenvolvimento” (entrevistado Gestor da Qualidade)

e às vezes depender de orçamentos, “entretanto alguns fluxos exigem muitas horas de

desenvolvimento e em alguns casos, torna-se inviável fazê-lo dentro do contrato, neste caso

então é solicitado um orçamento, aí o processo fica um pouco mais lento” (entrevistado

Gestor de TI).

Na décima oitava questão, foi identificado que os processos desenvolvidos na ferramenta

de workflow não são integrados com o ERP, sendo que dados oriundos do ERP são inseridos

manualmente nos formulários dos fluxos. Este é um ponto negativo levantado por dois

entrevistados: “acredita que este seja um dos grandes pontos negativos do BPM na empresa”

(entrevistado Dono do Processo 2)” e que faz com que haja um pouco de perda de

importância dentro empresa, “não há integração e por isso deixa de ganhar uma importância

91

maior ainda” (entrevistado Gestor da Qualidade). Mas de acordo com o gerente de TI, esta

situação é conjuntural:

“ainda não, estão sendo feitas as integrações com o ERP porque

partimos da seguinte lógica: colocar os fluxos sem integração com o

ERP, estabilizá-lo, fazer as melhorias necessárias para depois partir

para as integrações. Isso reduz o custo e o risco. Já era para ter

ocorrido, mas em função de conjunturas financeiras ainda não se

iniciou este processo de integração” (entrevistado Gestor de TI).

Por fim, a última questão do FCS – base tecnologias, aborda a questão da integridade e

segurança dos processos. As respostas foram unânimes em afirmar que existe um controle de

acessos e permissões, “todos os processos são acessados mediante as permissões que o

usuário tem em relação a sua função no processo. Existe uma estrutura definida de controle e

acesso que é efetiva para as necessidades da empresa” (entrevistado Dono do Processo 1) e

“são controlados e a liberação é definida pelo responsável do setor ao qual o workflow está

associado. Em cada etapa do workflow, o setor responsável define quem pode ter acesso”

(entrevistado Cliente). Nota-se um cuidado especial com a segurança da informação por meio

de um processo de solicitações que passa por aprovação dos gestores de negócio e por

verificação das normas de segurança pela TI e do perfil do usuário, sendo que “existe uma

grande preocupação da diretoria e da TI com relação a segurança da informação. Existe um

fluxo para o controle das solicitações, aprovações e liberações de acessos. Também existe um

processo de auditoria sistemática para verificação da integridade das permissões e acessos”

(entrevistado Gestor de TI), “existe um fluxo de solicitação que passa por aprovação dos

gestores. Os usuários possuem grupos e papeis e estes definem o que pode ser acessado e qual

a participação nos processos” (entrevistado Suporte BPM).

4.4.3 Consolidação das análises das entrevistas

A fim de sintetizar as análises, da mesma forma que para a organização ALFA, as

respostas das entrevistas foram tabuladas em planilha eletrônica, sendo que as colunas

representavam os entrevistados e as linhas continham as perguntas. Posteriormente, foram

feitas uma avaliação geral por coluna (percepção por entrevistado) e também uma avaliação

geral por linha, ou seja, a consolidação dos pontos comuns das respostas de cada uma das

perguntas feitas. Em seguida, foi feita a análise de cada resposta consolidada, sendo elaborada

a percepção por blocos do questionário, (Tabela 14).

92

Tabela 14 - Análise das respostas das entrevistas da organização BETA

Análise das respostas das entrevistas da organização BETA

(continua)

Base FCS Consolidação das respostas Consolidação do FCS

Pessoas

Comprometimento

e apoio superior

É claro o apoio, comprometimento

e incentivo da diretoria a adoção e

uso do BPM. Participam ativamente

das cobranças, resultados e

melhoria dos processos.

Os FCS com foco nas pessoas

apresentam grande importância

na empresa. Todos os FCS

apresentam quase que

unanimidade de opiniões com

pequenas ressalvas. Pode-se

destacar positivamente o FCS

responsabilidades e funções

claras onde todos possuem boa

opinião similar. Também merece

um destaque o FCS

comprometimento e apoio

superior, uma vez que os

diretores participam ativamente

da adoção e manutenção do

BPM. O FCS conhecimento do

negócio também possui

unanimidade quando se refere ao

BPM aplicados e ligados em

processos fim da empresa,

ressalvando apenas os usuários

mais operacionais possuem

algum tipo de dificuldade o que é

muito parecido também com o

FCS relacionado com o foco no

cliente. Para o FCS difusão da

cultura organizacional as

respostas, também, são unânimes

com relação à cultura estar

plenamente difundida, entretanto

existe uma ressalva que talvez

isso não seja um ponto muito

positivo para o BPM. Apenas o

FCS relacionado com a

capacitação possui uma pequena

vertente não tão positiva, mas

também não chega a ser negativa,

em função dos treinamentos

sempre mais focados na demanda

e não tanto na disseminação da

cultura do BPM.

Responsabilidades

e funções claras

As responsabilidades e funções das

pessoas envolvidas com o BPM são

bastante claras, apesar de um ou

outro desvio. E ainda existe um

esforço de disseminar para todos os

envolvidos.

Conhecimento do

negócio com bases

no ERP e BPM

Os colaboradores possuem bom

conhecimento do negócio ao qual

estão inseridos, bem como do

negócio fim. Entretanto, existem

algumas ressalvas feitas com

relação aos usuários mais

operacionais e também com relação

a algumas pessoas e processos.

Envolvidos com

foco no cliente

Existe uma divergência de opiniões

com relação ao foco no cliente

interno e no cliente externo. Apesar

de boa parte citar que há uma

preocupação com o cliente, existem

exceções com relação ao perfil do

profissional que participa e também

quanto à postura do profissional.

Mas pode-se perceber que existe

sim, a preocupação com os clientes,

porém com ressalvas.

Difusão da cultura

organizacional

A cultura organizacional está

disseminada e difundida entre os

colaboradores e isto afeta como o

BPM é trabalhado. Interessante

notar, que existem algumas críticas

com relação em como a cultura

afeta de maneira não objetiva em

relação a uma boa condução do

BPM.

Capacitação

multidisciplinar

Os treinamentos são realizados

regularmente quando da admissão

de funcionários que irão ter contato

com o BPM e de acordo com a

demanda. Não existem

treinamentos regulares, entretanto

sempre que há necessidade é

realizada a capacitação, tanto na

ferramenta quanto do processo de

negócio.

93

(conclusão)

Base FCS Consolidação das respostas Consolidação do FCS

Processos

Alinhamento

estratégico

O alinhamento entre os fluxos e a

estratégia da empresa é alto e ocorre em

todos os fluxos, porém ainda há espaço

para melhorias.

Os FCS relacionados com a base

processos apresenta um bom nível

de preocupação e uso com relação

ao alinhamento estratégico e

gerenciamento da comunicação e

mudança, entretanto o FCS

relacionado com a metodologia e

gerenciamento de projetos não são

utilizados na empresa. O FCS

Alinhamento estratégico é

observado em todos os fluxos da

empresa e todos os respondentes

sinalizaram isso claramente. Já o

FCS gerenciamento da

comunicação e mudança, apesar de

não possuir instrumentos formais, é

bem empregado na empresa e

destaca o fato de reuniões

presenciais envolvendo os

participantes tanto para tratarem

das mudanças, quanto para

realizarem as comunicações acera

do BPM.

Metodologia

e gerencia

-mento de

projetos

Não existe metodologia, apesar de ter

uma pessoa que cuida das atividades de

BPM.

Gerencia-

mento da

comunicação

e mudança

A principal forma de comunicação é

através de reuniões e envio de e-mails.

Não houve nenhum tipo de reclamação,

onde se pode deduzir que a comunicação

é eficiente e também em virtude de boa

parte dela ser presencial, o que facilita

muito a interlocução. Não existe uma

gestão de mudanças, entretanto são feitas

avaliações, principalmente de custo, dos

impactos que irão gerar as mudanças ou

novas adoções. Estas avaliações são

feitas com o envolvimento dos

participantes do processo em questão.

Sempre que é identificada uma falha é

feita a mudança para resolver o

problema.

Tecnologias

Monitora-

mento e

indicadores

A avaliação dos processos submetidos ao

BPM é baseadas em indicadores.

Bimestralmente é feita uma reunião onde

todos os indicadores são avaliados de

acordo com a meta estabelecida. A partir

das análises dos indicadores são tomadas

ações de correção ou de melhoria.

Os FCS relacionados com a base

tecnologias são muito bem

avaliados na empresa, apenas com

exceção de não haver integração

dos fluxos com o ERP. A empresa

utiliza KPIs com metas

estabelecidas e que são extraídos

dos processos para

acompanhamento da qualidade,

correções de falhas e ações de

melhorias. São a base para reunião

de análise crítica com todos os

gestores e diretoria. Os processos

são bem automatizados e ajudam a

fluidez e agilidade dos processos.

Essa é uma preocupação que nasce

juntamente com o fluxo. O contrato

com disponibilidade de horas de

serviços com uma empresa

especializada no desenvolvimento

de fluxos no software de BPM é

um diferencial para garantir a

agilidade e qualidade no

desenvolvimento dos fluxos. A

questão de segurança da

informação é muito bem tratada e

resolvida dentro da empresa e

garante a integridade e segurança

das informações.

Automação

e segurança

dos

processos

Os fluxos são bem automatizados,

possuindo vários mecanismos de

automação. Existe um procedimento de

construção e implementação que envolve

uma solicitação, uma aprovação, o

desenvolvimento, a homologação para

depois então colocar em produção e feito

acompanhamento. É utilizada uma

empresa parceira que possui contrato de

fornecimento mensal de serviço e isto

facilita muito o desenvolvimento. Porém

existem algumas dificuldades, por não

desenvolverem internamente e às vezes

depender de orçamentos. Os fluxos ainda

não possuem integração dom o ERP, mas

é uma situação conjuntural, pois já era

para ter ocorrido a integração. Pode ser

notado um cuidado especial com a

segurança da informação através de um

processo de solicitações onde passa por

aprovação dos gestores de negócio e

verificação as normas de segurança pela

TI e com o perfil do usuário.

94

Como sugestões colocadas ao final das entrevistas, pode-se destacar que se existissem

um setor dedicado, uma metodologia de adoção, um número maior de processos funcionando

no BPM e ainda uma melhor e mais abrangente capacitação no BPM, a empresa teria mais

ganhos com a adoção das práticas de BPM.

4.4.4 Análise documental e observação

Durante os meses de Janeiro e Fevereiro de 2015, foram realizadas análises em

documentos impressos e digitais fornecidos pelo gestor da área de TI, administrativo e pelo

suporte ao BPM. No âmbito da observação, houve momentos de escuta atenciosa do ambiente

de trabalho e também foram realizadas conversas e interações com alguns usuários chave e

diretores que participaram da implantação do ERP e BPMS, a fim de obter informações que

não constavam nos documentos e também compreender melhor alguns fatos que não ficaram

claros nos documentos pesquisados.

Similar ao caso da organização ALFA, também foi realizado o acompanhamento de

algumas atividades dos usuários nos processos pesquisados. Durante o processo de

acompanhamento, pode ser observado o manuseio da ferramenta, bem como informações que

eram avaliadas para a atividade. Pode-se perceber que os usuários possuem muito

conhecimento do processo e da atividade que realizam dentro do processo. Também foi

demonstrado pelo usuário responsável pelo Suporte BPM todo fluxo, destacando as regras de

negócio atreladas aos formulários e também às decisões automáticas que estão configuradas

no próprio fluxo. Posteriormente, foi demonstrada a extração de alguns indicadores do próprio

software e novos dois indicadores que tinham sido liberados há alguns dias antes.

Em fevereiro de 2015, foi possível participar de uma reunião de análise crítica na qual

são analisados todos os indicadores da empresa, o que inclui a análise de todos os indicadores

de processos submetidos ao BPM. Está reunião foi muito citada nas entrevistas e foi possível

perceber a importância que é dada ao BPM nos processos decisórios da empresa. Foi

destacado que o andamento das atividades nos fluxos não estava condizente com os eventos

físicos de um determinado processo e que deveriam ser tomadas ações corretivas para acabar

com o problema. Isso demonstra a importância do uso constante e mais próximo possível do

evento real, ou seja, que o andamento das atividades no sistema esteja condizente com as

atividades reais, a fim de que, a qualquer tempo, possa-se ter no sistema de BPM as

informações reais da empresa e com isso apoiar a tomada de decisão. Além disso, foram

apresentados dois novos indicadores e a importância dos mesmos na gestão do processo em

95

questão, evidenciando dessa forma o uso dos indicadores como forma de acompanhar o

processo.

Um dos intuitos da análise documental foi fazer um resgate histórico do processo de

implantação do ERP e do BPMS já que tal trajetória tem impacto relevante na forma de uso

do sistema. As avaliações dos fornecedores iniciaram em janeiro de 2005, com a participação

dos fornecedores da Datasul, Microssiga, RM e SAP. Em maio de 2005, foi assinado o

contrato com a Datasul para implantação do EMS 2.04. O projeto iniciou-se em junho de

2005 e entrou em produção em janeiro de 2006. O processo de implantação do ERP ocorreu

dentro do planejado no tocante ao escopo e custo e quanto ao prazo, houve um pequeno atraso

de um mês para o Go-Live (entrada em produção) em função de especificidade do negócio,

pois teve que ser realizado o desenvolvimento específico no ERP para atender a demanda.

Em outubro de 2008, iniciaram-se as avaliações dos fornecedores da ferramenta de

BPM com a participação da própria Datasul e do concorrente SoftExpert. Em janeiro de 2009,

foi assinado o contrato com a Datasul para implantação do sistema Webdesk 2.3. O projeto

iniciou-se em fevereiro 2009 e entrou em produção em junho do mesmo ano. O processo de

implantação ocorreu dentro do planejado (escopo e prazo), entretanto houve um pequeno

desvio com relação a um fluxo (atraso inferior a 1 mês). Tabela 15 apresenta a cronologia

com detalhes das informações extraídas dos documentos.

Tabela 15 - Documentos pesquisados na organização BETA

Documentos pesquisados na organização BETA

(continua)

Sistema Documento Geração Informação extraída

ERP Elaboração da RFP -

Request for Proposal

Antes do projeto de

implantação (12/2004) Requisitos do ERP

ERP Propostas comerciais Antes do projeto de

implantação (03/2005)

Funcionalidades do ERP (Quatro

fornecedores: Datasul, Microsiga,

RM e SAP)

ERP Proposta comercial

assinada

Antes do projeto de

implantação (05/2005)

Escopo do projeto de implantação do

ERP da Datasul

ERP

Apresentação da

reunião de Kick-off

(início do projeto)

Planejamento do projeto

(06/2005)

Reunião inicial de apresentação do

projeto para as equipes envolvidas

com informações sobre escopo,

prazos e responsabilidades

ERP Cronograma detalhado

do projeto

Planejamento do projeto

(06/2005)

Datas dos marcos do projeto, com

previsão de Go-Live (entrada em

produção) em 01/12/2005

ERP Lista de Tarefas e

Pendencias

Execução do projeto (ao longo

do 2º semestre de 2005)

Evidências das tarefas e das

pendências do projeto

ERP Acompanhamento de

Projeto

Execução do projeto (ao longo

do 2º semestre de 2005)

Evidências do andamento das

atividades do projeto

ERP Ata de reunião Execução do projeto (ao longo

do 2º semestre de 2005)

Evidências do andamento das

atividades do projeto

96

(conclusão)

Sistema Documento Geração Informação extraída

ERP Check List para Go-

Live

Preparação para virada

(12/2005)

Preparação para entrada em produção

do sistema

ERP Ata de reunião Operação Assistida (01/2006) Acompanhamento das atividades em

produção

ERP Termo de encerramento Encerramento do projeto

(03/2006)

Conclusão da implantação dos

módulos contratados do ERP

BPM Ata de reunião Antes do projeto de

implantação (10/2008)

Levantamento da necessidade de uma

ferramenta para BPM com os

principais requisitos

BPM Propostas comerciais Antes do projeto de

implantação (11/2008)

Funcionalidades do BPM (Dois

fornecedores: Datasul e SoftExpert)

BPM Proposta comercial

assinada

Antes do projeto de

implantação (01/2009)

Escopo do projeto de implantação do

BPM (Webdesk 2.3 da Datasul) e dos

desenvolvimentos dos fluxos

BPM Cronograma detalhado

do projeto

Planejamento do projeto

(02/2009)

Datas dos marcos do projeto, com

previsão de Go-Live (entrada em

produção) em 05/2009

BPM Ata de reunião Execução do projeto (ao longo

do1º semestre de 2009)

Evidências do andamento das

atividades do projeto

BPM Termo de encerramento Encerramento do projeto

(06/2009)

Evidências da entrega do software e

das entregas dos fluxos contratados

BPM Contrato assinado Após projeto (02/2012)

Contrato de outsourcing com

empresa especializada em

desenvolvimento de fluxos

BPM Contrato renovado Após projeto (02/2013 e

02/2014)

Renovação do contrato de

outsourcing

Após a elaboração da Tabela 15, a mesma foi enviada por e-mail para o dono do processo

2, que participou de todos os processos envolvendo a implantação e melhorias dos sistemas

discutidos neste trabalho. Foi solicitado que se fizesse uma avaliação crítica dos fatos

levantados na análise documental e da cronologia em acordo com o que realmente ocorreu. O

retorno foi positivo com pequeno ajuste em um evento e uma data, ratificando assim as

informações contidas na mesma. Portanto, pode-se afirmar que os documentos obtidos são

fidedignos à história dos projetos ERP e BPM na organização BETA.

Os documentos analisados e os momentos de observação reforçaram a compreensão de

vários aspectos das entrevistas, porém neste caso de maneira inversa ao à organização ALFA,

visto que as pessoas relataram pontos positivos que acarretam em uma boa adoção do BPM.

Os documentos “Lista de Tarefas e Pendências”, “Acompanhamento de Projeto”, “Ata de

reunião” e “Termo de encerramento” foram os que mais contribuíram para reforçar problemas

identificados em vários FCS que apresentaram um resultado presente, conforme demostrado

no tópico 4.5, a seguir.

97

4.5 Análise interpretativa

4.5.1 Análise interpretativa consolidada

Após as análises individualizadas das organizações estudadas, foi realizada uma

análise interpretativa consolidada dos FCS. Para facilitar a interpretação, foi elaborada a

Tabela 16 em que constam os FCS, um breve resumo das respostas e uma avaliação feita pelo

autor com base na compilação dos resultados e obedecendo aos seguintes critérios:

a) ausente, quando a organização não percebe/realiza ações referentes ao FCS;

b) parcial, quando a organização já realiza ações em direção ao FCS, mas que ainda

apresenta algum tipo de ressalva;

c) presente, quando as ações da organização estão alinhadas com o FCS.

Na última coluna da Tabela 16 consta um comparativo dos resultados entre as

empresas ALFA e BETA, sendo adotada a seguinte simbologia:

d) símbolo “=”: as duas organizações apresentaram resultado semelhante;

e) símbolo “↑”: o resultado da empresa BETA foi melhor do que da ALFA.

Tabela 16 - Análise interpretativa consolidada das organizações ALFA e BETA

Análise interpretativa consolidada das organizações ALFA e BETA

(continua)

Base FCS

Organização ALFA Organização BETA Compara-

ção BETA vs

ALFA Resumo das respostas Resulta-

do Resumo das respostas

Resulta-

do

Pessoas

Comprometi-

mento e apoio

superior

Alto - As ações de BPM são

top-down.

Presente Alto - Participam

ativamente.

Presente = Responsabilida

-des e funções

claras

Claras

- Desvio para alguns

colaboradores.

Presente

Claras

- Desvio para alguns

colaboradores.

Presente = Conhecimento

do negócio

com bases no

ERP e BPM

Baixo - Não tem visão ponta

a ponta dos processos.

Ausente

Alto

- Desvio para alguns

colaboradores mais

operacionais.

Presente ↑

Envolvidos

com foco no

cliente

Não são

- Enxergam apenas a

parte ao qual estão

inseridas.

Ausente

São - Existem exceções

com relação ao perfil

do profissional que

participa.

Presente ↑

98

(conclusão)

Base FCS

Organização ALFA Organização BETA Compara-

ção BETA vs

ALFA Resumo das respostas Resulta-

do Resumo das respostas

Resulta-

do

Pessoas

Difusão da

cultura

organizacional

Não há

- Existem culturas

"paralelas".

Ausente

Há forte

- Afeta como o BPM é

trabalhado.

Presente ↑

Capacitação

multidiscipli-

nar

É deficitária

- Treinamentos são

poucos, esporádicos e

limitados.

Ausente

É realizada a

contento - Treinamento de

acordo com a

demanda, ocorrendo

tanto na ferramenta

quanto nos processos.

Parcial ↑

Proces-

sos

Alinhamento

estratégico

Não há - Ainda como

tentativa.

Ausente Há forte - Ainda há espaço para

melhorias.

Presente ↑ Metodologia e

gerenciamento

de projetos

Não há

consolidado - Possuem ações na

tentativa de criar uma

metodologia.

Parcial

Não há

consolidado - Possui uma pessoa

que cuida das

atividades de BPM.

Parcial =

Gerenciamento

da

comunicação e

mudança

Não há

A comunicação

relativa ao BPM é

ruim e falha.

Ausente

Não há

consolidado

- A comunicação é

eficiente e são feitas

avaliações das

mudanças.

Parcial ↑

Tecnolo-

gias

Monitoramento

e indicadores

Não há

- Não trabalham com

KPIs

Ausente

Há forte A partir das análises

dos indicadores são

tomadas ações de

correção ou melhoria.

Presente ↑

Automação e

segurança dos

processos

Baixo nível de

automação e há

segurança.

- Há integração com o

ERP. É difícil o

desenvolvimento de

fluxos e há integridade

e segurança.

Parcial

Baixo nível de

automação e há

segurança.

- Ainda não possuem

integração com o ERP.

O desenvolvimento de

fluxos é fácil. Possui

cuidado especial com a

integridade e

segurança.

Parcial =

A partir da compilação da Tabela 16, foram feitas as análises comparativas entre a

organização ALFA e a organização BETA. Dos onze FCS, quatro (36% do total)

apresentaram o mesmo resultado avaliativo em ambas as organizações, sendo que dois (18%

do total) tiveram avaliações positivas: os FCS “Comprometimento e apoio superior” e

“Responsabilidades e funções claras”. Tal resultado demonstra para os casos estudados que a

alta direção apoia e se compromete com as ações relacionadas ao BPM e também que os

colaboradores entendem bem as suas funções nos processos submetidos ao BPM. Por outro

lado, os FCS “Metodologia e gerenciamento de projetos” e “Automação e segurança dos

99

processos” (18% do total) tiveram avaliações neutras em ambas às organizações, mas ambas

sinalizaram que estão atentas e trabalhando para melhoria desses pontos.

Os demais FCS, ou seja, sete dos onze (64% do total), tiveram uma avaliação melhor

na empresa BETA do que na organização ALFA. Desses, dois FCS (18% do total)

“Capacitação multidisciplinar” e “Gerenciamento da comunicação e mudança” tiveram

avaliação negativa na organização ALFA e nenhum indício de tratamento para melhoria. Já na

empresa BETA, tais FCS tiveram avaliação neutra, mas demonstrando eficiência nos

resultados e preocupação para uma melhora, faltando ações estruturadas na condução das

ações de BPM e treinamentos mais regulares. Convém ressaltar que foram nos FCS da base

Pessoas onde ocorreu o maior número (quatro) de avaliações discrepantes entre ALFA e

BETA, sempre a favor de BETA, trazendo assim fortes evidências de que, muitos mais do que

os processos e as tecnologias foram os conhecimentos e atitudes das pessoas responsáveis

pela diferença entre os casos estudados.

Cinco dos FCS, ou seja, 46% do total, apresentaram avaliação positiva na empresa

BETA e negativa na ALFA, sendo esses: “Conhecimento do negócio com bases no ERP e

BPM”; “Envolvidos com foco no cliente”; “Difusão da cultura organizacional”;

“Alinhamento estratégico” e “Monitoramento e indicadores” o que demonstra diferenças

significativas nas abordagens relativas à adoção do BPM nas organizações.

4.5.2 Análise do grau de maturidade em BPM

Com base nos dados da Tabela 16, mas agora de maneira isolada, a organização ALFA

apresenta apenas dois FCS (18% do total) com avaliação positiva, também dois com avaliação

neutra e o restante, ou seja, sete (64% do total) com avaliação negativa (Tabela 17).

Confrontou-se a avaliação dos FCS com a maturidade avaliada (tópico 4.3.2.2-Maturidade em

BPM), na qual a organização ALFA foi classificada no estágio 2 de maturidade (Estágio

Repetitivo) em uma escala que vai até o estágio 5. Pode-se averiguar coerência entre o estágio

de maturidade e as adoções de práticas incipientes relativas aos FCS.

Fazendo a mesma análise com empresa BETA, não foi identificado nenhum FCS que

possuísse classificação negativa, havendo quatro neutros (36% do total e com tendências a

melhorias) e sete (64% do total) com avaliação positiva (Tabela 17). Confrontou-se a

avaliação dos FCS com a maturidade avaliada (tópico 4.4.2.2-Maturidade em BPM), na qual a

organização não pode ser classificada em um único estágio, mas apresentou características

que vão de um estágio mais incipiente (Estágio 2 - Repetitivo), passando pelo estágio 4-

100

Gerenciado e chegando ao estágio mais avançados de maturidade, o estágio 5-Otimizado.

Novamente, pode-se verificar coerência entre os estágios de maturidade e as adoções de

práticas relativas aos FCS, permitindo afirmar, para os casos estudados, que a lista de FCS

proposta no trabalho é coerente com as dimensões observadas nos graus de maturidade do

BPM.

Para facilitar a interpretação final das avaliações de cada empresa perante aos onze

FCS foi atribuída uma pontuação para cada resultado baseado em um total de 110 pontos. Foi

atribuída a nota máxima para a avaliação positiva - 10, a nota média para a avaliação neutra -

5 e a nota mínima para a avaliação negativa - 0. Desta forma, se uma organização tivesse tido

avaliação positiva em todos os FCS, ficaria com a nota 110. (Tabela 17).

Tabela 17 - Análise interpretativa das organizações ALFA e BETA

Análise interpretativa das organizações ALFA e BETA

Base FCS ALFA BETA

Resultado Nota Resultado Nota

Pessoas

Comprometimento e apoio superior Positivo 10 Positivo 10

Responsabilidades e funções claras Positivo 10 Positivo 10

Conhecimento do negócio com bases no ERP e BPM Negativo 0 Positivo 10

Envolvidos com foco no cliente Negativo 0 Positivo 10

Difusão da cultura organizacional Negativo 0 Positivo 10

Capacitação multidisciplinar Negativo 0 Neutro 5

Processos

Alinhamento estratégico Negativo 0 Positivo 10

Metodologia e gerenciamento de projetos Neutro 5 Neutro 5

Gerenciamento da comunicação e mudança Negativo 0 Neutro 5

Tecnologias Monitoramento e indicadores Negativo 0 Positivo 10

Automação e segurança dos processos Neutro 5 Neutro 5

Resultado

Percentual Negativo 64% 0%

Percentual Neutro 18% 36%

Percentual Positivo 18% 64%

Soma das notas 30,0 90

Percentual alcançado do total 27% 82%

A partir do resultado final apresentado (Tabela 17), pode-se concluir que a

organização ALFA - que obteve apenas 27% - é o estudo de caso de estagnação com relação

ao sucesso na adoção do BPM e a empresa BETA - que obteve 82% - é o estudo de caso de

sucesso da adoção de BPM pós implantação de ERP.

101

5. CONCLUSÕES

A presente dissertação procurou identificar e analisar os FCS para a implementação de

BPM pós-implantação de ERP, em organizações que já possuem ERP implantado e

estabilizado, de forma a contribuir para a melhoria da gestão organizacional baseada em

processos através da adoção do BPM. Para tal, foram realizados dois estudos de casos polares,

sendo que um caso foi realizado em uma organização que não atingiu ou atingiu parcialmente

os objetivos planejados (ALFA) e o segundo caso foi realizado em uma organização que

atingiu os objetivos planejados (BETA) a fim de avaliar os impactos, positivos e negativos,

dos processos submetidos à gestão por BPM e ainda confrontar a teoria com a prática

resultante dos estudos de casos.

Com o propósito de alcançar esse objetivo, desenvolveu-se um arcabouço teórico

capaz de embasar a busca de dados empíricos. Para tanto, analisou-se o movimento de adoção

de práticas de BPM em organizações que já possuem ERP implantados e estabilizados,

buscando dialogar os dois temas centrais da pesquisa: BPM e ERP. O elo desse diálogo se deu

por meio da formulação dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) de ambos. Mesmo com a

escassez teórica específica dos dois temas relacionados, a convergência dos FCS levantados

separadamente possibilitou a proposição de uma classificação dos FCS integrados ERP e

BPM (Tabela 7 e Figura 13). Entende-se que essa classificação constitui a principal

contribuição teórica desse trabalho. De posse dessa matriz de FCS integrados BPM e ERP,

construiu-se um questionário estruturado para que pudesse ir a campo e levantar na prática

como se dá o sucesso e maturidade ou não de processos de BPM suportados pelo ERP.

Para estratificar os fatores, foi realizado um agrupamento de acordo com as dimensões

Pessoas, Processos e Tecnologias que são bastante utilizadas na Gestão do Conhecimento. Tal

agrupamento demonstrou aderências aos objetivos deste estudo e facilitou as análises e

interpretações dos estudos de caso, sendo as análises feitas separadamente por essas

dimensões para posteriormente permitir uma análise consolidada nessas dimensões. Além

disso, a estratificação Pessoas, Processos e Tecnologias permitiu uma melhor identificação

dos pontos mais críticos entre os fatores críticos.

Para este trabalho, foram realizados dois estudos de caso em organizações com perfis

parecidos: mesmos sistemas de gestão; mesma época de implantação, mesma empresa de

consultoria de implantação e números próximos de licenças de uso. Além disso, o perfil dos

entrevistados também foi bem parecido no que diz respeito à experiência profissional, à

experiência relacionada ao tema e ao tempo de organização (Tabela 11). Tal escolha foi

102

importante para que se pudesse focar no contexto do uso integrado do ERP-BPM e não nas

ferramentas (software) em si. Caso fossem ferramentas diferentes ou consultorias diferentes

entre as organizações estudadas, o sucesso de um caso poderia ser atribuído parcialmente à

ferramenta ou à consultoria. Uma analogia automotiva que poderia ser aplicada a esse

trabalho seria a seguinte: foram avaliados os usos por condutores diferentes (contexto de

trabalho das empresas ALFA e BETA) de dois carros (software) do mesmo modelo e ano de

fabricação acompanhados pela mesma oficina autorizada (empresa de consultoria). Seguindo

essa metáfora, os resultados apontaram que as atitudes dos condutores foram os fatores

críticos mais determinantes para as diferenças entre os padrões de utilização dos carros

(ferramenta BPM integrado ao ERP).

A organização ALFA se caracterizou pelo estudo de caso em que os objetivos não

foram ou foram parcialmente atendidos demonstrados por meio do baixo nível de maturidade

percebido (estágio 2-Repetitivo, conforme Tabela 4) e também pela baixa quantidade de FCS

identificados como positivos (18%, conforme Tabela 16). A organização BETA se

caracterizou pelo estudo de caso no qual os objetivos planejados foram alcançados

demonstrados pelo nível de maturidade percebido (estágio 2-Repetitivo, estágio 4-Gerenciado

e estágio 5-Otimizado, conforme Tabela 4) e também pela boa quantidade de FCS

identificados como positivos (64%, conforme Tabela 16). Como ponto primaz, a importância

dada à gestão por processos é um dos alicerces que sustentam e direcionam ações de

melhorias nas organizações, tornando o uso do BPM juntamente com o ERP uma das

condições chave para o sucesso. Esta importância perpassa pela atitude de comprometimento

e apoio superior, iniciando pela alta direção e também pelo nível gerencial de forma a

demonstrar para todos os colaboradores envolvidos nos processos os resultados e os ganhos

que se atingem com o bom uso conjugado do BPM e ERP.

No que concerne às dimensões base pessoas, processos e tecnologias dos FCS, os

resultados obtidos para os dois casos estudados reforçam a importância crítica das pessoas no

atingimento de uma utilização superior da integração BPM-ERP. A clareza como os

colaboradores enxergam as suas responsabilidades e funções perante os processos é um fator

que ficou evidenciado, apesar de não ser unânime, sendo o nível operacional o que possui

determinado grau de dificuldade, mas que não chega a comprometer o resultado do processo

final. Isso seria minimizado se a difusão da cultura organizacional chegasse fortemente a

todos os níveis da organização, visto que a cultura organizacional é um fator crucial, pois

permite que ocorra um efeito multiplicador, uma vez que enraizada, se torna rotineiro e

intrínseco aos processos da organização. Permitindo, assim, que os envolvidos foquem

103

conforme a cultura da organização e foquem, também, a sua participação nos clientes dos

processos, tanto interno e externo, e que disseminem o conhecimento do negócio com bases

no BPM e ERP. Para avaliação dos resultados, o monitoramento e acompanhamento dos

processos são vitais, pois a partir deles, ações de correção de desvios e melhorias são tomadas

para que ciclo de vida do BPM possa passar por todas as etapas (Figura 3 e Figura 4). A

gestão baseada nas métricas e os indicadores dos processos são uma forma de acompanhar,

facilitar e permitir que os gestores tenham como garantir o cumprimento dos objetivos

elaborados em cada um dos processos conjugados de BPM e ERP.

No contraponto aos fatores de sucesso observados, primaz está à baixa ou pouca

qualidade das capacitações dos colaboradores que participam de processos relacionados com

BPM e isso é um dos fatores que contribui para o não atingimento do sucesso. Esse pode ser

considerado como o ponto mais prejudicial, uma vez que dos onze FCS seis estão

relacionados com as pessoas. Por limitação de recursos financeiros e de disponibilidade de

tempo dos colaboradores, a capacitação em BPM e ERP tem sido feita apenas, quase

exclusivamente, com e para os envolvidos nos processos e não para todos os colaboradores

das organizações estudadas. Uma alternativa seria adotar a abordagem de multiplicadores

internos para repassar os conhecimentos e difundir os benefícios do uso do BPM e do ERP.

Muito do conhecimento dos processos é perdido com as pessoas, quando as mesmas deixam a

sua função, setor ou a organização.

Outro ponto que atravanca o atingimento do sucesso diz respeito à questão de

metodologias e ações estruturadas para a adoção e gerenciamento de projetos, que pouco é

observado e chega a ser negligenciado. Apesar de ter colaboradores envolvidos dedicados ao

apoio, acompanhamento e iniciativas do BPM e que, concordam que uma metodologia única

poderia aumentar a sinergia de trabalho com processos na organização, as mesmas não

existem de maneira estruturada, mas sim são utilizados métodos de maneira pontual,

conforme a necessidade. De forma semelhante, o gerenciamento da comunicação e das

mudanças é outro ponto que não há uma estruturação e definições claras para que possam

apoiar o sucesso da adoção das práticas do BPM nos processos suportados pelo ERP.

Considerando que os processos integrados BPM-ERP são processos que envolvem,

geralmente, várias áreas da organização, bem como afetam diversas rotinas dos

colaboradores, a gestão da comunicação e da mudança deveria ser mais bem estruturada e

aplicada. Não obstante, a falta ou dificuldades de avaliações dos impactos e de efetiva

comunicação afetam a participação, o entendimento e comprometimento dos usuários, tanto

do nível operacional, quanto dos formadores de opinião e tomadores de decisões.

104

Por fim, a automação dos processos se mostrou um ponto ainda a ser mais bem

explorado tanto no que diz respeito à inteligência atribuída aos processos quanto melhores e

mais integrações com o ERP. Parte desse problema está atrelada aos custos e demora nos

desenvolvimentos dos workflows, integrações e indicadores e também a falta de equipe

interna para tal.

Pode-se constatar que a organização que obteve maior presença positiva dos FCS é

uma organização com maior maturidade na adoção das práticas de BPM. Para os casos

estudados, demonstra-se dessa forma que o processo de adoção de BPM bem sucedido conduz

a uma maior maturidade em suas práticas de gestão e também que os FCS estão diretamente

relacionados com o grau de maturidade.

Pequenas ações poderão trazer efeitos positivos, aumentar o sucesso e posteriormente

a maturidade do uso do BPM e ERP. Para tal, o corpo gerencial tem um fator determinante na

boa condução das ações e não deve haver visões díspares de alguns gestores. Isso não permite

a adoção do BPM em sua plenitude visto que uma das premissas do BPM é a visão ponta a

ponta dos processos com foco nos clientes internos e externos. Outro ponto impactante é a

capacitação dos colaboradores tanto no BPM quanto no ERP, pois uma melhora neste ponto

permitiria o fortalecimento de tantos outros fatores, visto que são as pessoas os condutores

das definições e ações, mesmo que em alguns casos haja automatismo de tarefas. A

capacitação do BPM deveria ser estendida a colaboradores além dos que participam dos

processos atuais. Uma melhor disseminação do conhecimento sobre BPM poderia permitir

que novos processos fossem submetidos ao BPM e ainda contar com o apoio de colaboradores

que por vez executam atividades sem saber do seu impacto no resultado interno e na

satisfação do cliente final dos processos e da organização.

Avaliando os fatores críticos para a adoção do BPM pós-implantação do ERP, é

notório que a melhoria da gestão organizacional baseada em processos possui fatores

múltiplos, mas que se observados mais de perto e atentamente, podem permitir melhorias sem

demandar novos investimentos de maior monta. Como a maioria dos FCS encontra-se

relacionados com a base Pessoas, a atitude das pessoas é o que pode mais causar impactos no

sucesso das empreitadas pela melhoria da gestão. O grande dispêndio financeiro e de tempo já

ocorreu nos momentos da implantação de ambas as soluções e para maximizar os resultados

não mais é necessário um grande volume de investimentos e tempo. Se bem direcionados nos

pontos mais críticos e com o conhecimento de quais são esses fatores, poder-se-ia minimizar

os gastos financeiros, o consumo de tempo dos colaboradores, os desgastes naturais das

mudanças e consequentemente aumentar o retorno sobre investimento. Além disso, permitir

105

que as organizações melhorem continuamente sua gestão por meio de seus vários processos e

consequentemente aumentem o seu sucesso, longevidade e o sua existência.

A limitação primum da pesquisa encontra-se relacionado com a quantidade de casos

pesquisados. A quantidade de organizações que utilizam BPM e ERP conjuntamente é um

dado não revelado, não obstante é notório que a quantidade seja alta em função dos números

que ambos os mercados apresentam. Postulado isso, pode haver outra gama de fatores que

podem pesar mais ou menos para o sucesso ou insucesso da adoção de BPM em cenários com

ERP estabilizado.

Outra limitação encontra-se quantidade de processos pesquisados e com isso na

quantidade de pessoas entrevistadas relacionadas aos processos submetidos ao BPM.

Ademais, a pouca quantidade de referências teóricas na área pesquisada limita o espectro de

variáveis que poderiam ser abordadas no estudo de caso e com isso encontrar outras nuances

que justifiquem o sucesso ou a falta dele.

Por ser um trabalho incipiente, principalmente no Brasil, o uso conjugado dos FCS

relativos ao ERP e BPM pode permitir várias pesquisas futuras, tais como: Submeter vários

processos suportados pelo BPM/ERP a fim de avaliar e validar os FCS propostos; Avaliar a

gestão do conhecimento relativo aos processos submetidos à gestão por BPM/ERP; Avaliar o

processo de inovação incremental oriundo dos processos submetidos à gestão por BPM/ERP;

Propor um modelo de adoção (framework) de BPM em processos suportados pelo ERP a

partir dos FCS propostos; Avaliar as relações entre os FCS; Avaliar o resultado da gestão

organizacional baseada em processos em contexto em que o BPM foi introduzido após

implantação de ERP e a situação inversa, quando o BPM veio antes da implantação do ERP.

Diante da revisão bibliográfica e dos estudos de caso realizados, foi possível constatar

que a implantação do BPM após o ERP, fato frequente no mercado, se dá por motivos

diversos, mas que está relacionada à falta de planejamento de médio / longo prazo e à falta de

maturidade da gestão e dos processos. Quando o ERP é implantado, vários controles são

possíveis de serem alcançados, de maneira padronizada. Entretanto, como os processos ainda

não estão bem definidos e estruturados, começam a surgir as lacunas de controle e gestão,

além das mudanças naturais do mercado. Também com o amadurecimento da gestão

organizacional, baseada em regras de negócio, visões por processos e boas práticas de

mercado, que estão embutidas no ERP, novas necessidades surgem e que não são atendidas de

forma padrão pelo ERP, entrando em cena o BPM. Como este novo agente dentro das

organizações, novos paradigmas são aflorados, novas demandas surgem e uma nova forma de

gerenciar é colocada nas organizações. Este trabalho procurou gerar informações úteis para

106

apoiar os gestores no sentido de usufruir melhor os benefícios do BPM, do ERP e do uso

concomitante de ambos, por meio da elucidação de vários fatores ligados ao sucesso da

adoção dessas práticas, apontando também pontos de atenção para não deixar o insucesso

ocorrer ou minimizar os seus impactos.

O sucesso não está nos sistemas utilizados nas empresas, mas sim nas atitudes das

pessoas, tanto no nível operacional, mas principalmente no nível gerencial e dos tomadores de

decisões, e também nas definições, qualidade e eficiência dos processos e no reflexo que isso

causa no cliente final, seja interno ou externo. Novamente, esse sucesso não está atrelado

apenas nos processos, mas sim está fundamentalmente nas pessoas que engendram, realizam,

apoiam e geremos processos.

Para os casos estudados, o trabalho evidenciou que os maiores ganhos da integração

BPM-ERP serão mais tangíveis para aquelas organizações que se dispuserem a aprofundar a

jornada técnico-gerencial do ERP, investindo tempo, recursos financeiros e humanos.

Certamente esse não será o caso de muitas organizações que se acomodarão com sistemas

ERP subutilizados, pois temem seguir adiante na jornada de implementação de mais

funcionalidades e mais módulos visto que entendem que já investiram demais para atingir o

estágio atual. No entanto, a escalada íngreme da maturidade do BPM associada ao ERP requer

o atendimento de fatores críticos que, se observados, tendem a propiciar o sucesso de uma

gestão organizacional baseada em processos.

Uso de fontes para marcar na parte de referências como citado. Isto se dá no caso em que a citação é antes do texto e então preciso convertê-

la em texto, ao fazer isto o Word não marca como referências citadas, então para ter o controle através do Word, estão colocando nesta parte

do texto todas as citações em que isso ocorreu e deixando com fonte na cor branca para não interferir no texto: (Trkman, 2010), (Reis, 2008),

(Davenport T. H., Process Inovation, 1993), (Rosemann & Brocke, The Six Core Elements of Business Process Management, 2010), (Vieira,

Carvalho, & Carvalho, 2013), (Luna Filho, 2001), (Haberkorn, 2006) (Haberkorn E. , 2006), (Nonaka & Takeuchi, 1997); (Nonaka &

Takeuchi, 1997); (Medeiros Jr., 2009) (Oliveira, Maçada, & Goldoni, 2009); (Voss, Tsikriktsis, & Frohlich, 2002) (Borgatti Neto, 2007),

(Hammer M. , 2010), (Hammer & Champy, 1994), (Rosemann M. , O valor do Business Process Management, 2014); (Jeston & Nelis,

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2013); (Minonne & Turner, 2012); (Ahmad, Francis, & Zairi, 2007); (Balzarova, Bamber, Mccambridge, & Sharp, 2004); (Baldam, 2008);

(Yin R. K., 2005); (Tidd, Bessant, & Pavitt, 2008); (Moreno & Lima, 2013), (Mariz, Goulart, Dourado, & Regis, 2004) e (Godoi & Balsini,

2004); (Yin R. K., 2012); (Dubé & Paré, 2003), (De Sordi & Marinho, 2007); (CIO, 2010); (Forrester, 2013); (Pee & Kankanhalli, 2009);

(Silva F. T., 2011); (Agostini, 2010); (Rocha & Rocha, 2013); (Carpinetti, 2000); (Esteves & Pastor, 2000); (Gaspar, Donaire, & Batista,

2006 ); (Greenwood, 1973); (Nielsen, 2002); (Delphi Group, 2005); (Mayorga, Vargas, Mejía, Arias, & Martinez, 2012); (Menezes, 2011);

(Oliveira, Motta, & Oliveira, 2012); (Pereira, 2011); (Santos, Santana, & Alves, 2012); (Silva, Perez, Medeiros, Lex, Santos, & Vieira,

2011); (Silva & Pereira, 2006); (Souza & Zwicker, 2004); (Vieira, Carvalho, & Carvalho, 2013) (Moreno Junior & Oliveira Junior, 2007);

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107

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116

APÊNDICE

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

Apresentação inicial

Bom dia/Boa tarde,

Meu nome é Fernando Horta Latini, inicialmente agradeço pela participação nesta

entrevista e colaborar com uma das etapas do meu projeto de Mestrado Acadêmico em

Administração pela PUC Minas / Fundação Dom Cabral.

Este trabalho tem como objetivo identificar os fatores críticos para a implementação

de BPM (Gerenciamento de Processos de Negócio) pós implantação de ERP (Sistema de

Gestão Empresarial). Para alcançar esse objetivo, faz-se necessário analisar o movimento de

adoção de práticas de gerenciamento de processos de negócio em organizações que já

possuem ERP implantados e estabilizados.

Gostaria de salientar que todas as análises posteriores serão feitas sobre o conjunto do

material e que, portanto, não haverá identificação individual. Asseguro que seu nome não

aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer

informações que permitam identificá-lo(a) e também não será divulgada nenhuma informação

da empresa e não será revelado o nome da mesma.

Você pode se recusar a responder qualquer questão que não se sentir confortável com

a pergunta, bem como desistir de participar da pesquisa a qualquer tempo. Sinta-se à vontade

para expressar sua opinião e percepções, lembrando que não existem respostas certas ou

erradas.

Os resultados da pesquisa serão utilizados para a dissertação “Avaliação da adoção do

BPM pós-implantação de ERP: estudo de casos múltiplos”, podendo ser publicados

posteriormente.

Qualquer dúvida em relação à pesquisa pode ser esclarecida diretamente com o

pesquisador responsável Fernando Latini.

A fim de buscar heterogeneidade das informações serão realizadas entrevistas nos

níveis estratégico (patrocinador), tácito (responsável/“dono” do processo) e operacional

(pessoas que realizam o processo, que são fornecedoras e clientes). Além das pessoas

envolvidas diretamente com os processos escolhidos, será entrevistado o gestor da área de TI

e da Qualidade - que normalmente são responsáveis por suportar todos os processos de BPM -

e o analista de sistema ou analista de negócio (suporte ao BPM).

117

Visão da maturidade em BPM

1. Qual a importância na organização do BPM? (iniciando, reconhecida, orientação

por processos, gestão por processos como forma de gestão do negócio)

2. Como é o envolvimento dos colaboradores nas atividades relacionadas ao BPM?

(esforços individuais, apoio da alta administração, escritório de processos...)

3. As ações de revisão de processos são baseadas em abordagens estruturadas em

BPM? (as ações são descoordenadas, possuem alguma metodologia ou abordagem

estruturada, possuem equipe dedicada, escritório de processos...)

4. Quais ferramentas são utilizadas para apoio ao BPM? (software de modelagem,

workflow, BPMS...)

Visão dos Fatores Críticos de Sucesso – Base Pessoas

5. Qual o grau de comprometimento e apoio da alta administração com relação à

adoção de BPM?

6. Em relação à adoção de processos submetidos ao BPM, são claras as

responsabilidades e funções dos envolvidos?

7. Os colaboradores que participam de ações relacionadas com BPM possuem

conhecimento do negócio ao qual estão inseridos e também conhecem o negócio

principal da organização?

8. Os colaboradores envolvidos possuem foco no cliente do processo e da organização?

9. A cultura organizacional está disseminada e é difundida entre os colaboradores? (a

cultura influencia os processos, em como o trabalho é executado e o gerenciamento da

mudança)

10. Que tipos de treinamentos são oferecidos aos envolvidos com o BPM?

Visão dos Fatores Críticos de Sucesso – Base Processos

11. Qual é o grau de alinhamento estratégico dos processos submetidos à gestão por

BPM com o negócio fim da organização?

12. A organização possui ou segue uma metodologia estruturada de gerenciamento de

projetos para a implantação de processos submetidos ao BPM?

13. Como são realizadas ações de comunicação nas iniciativas do BPM?

14. Como são conduzidas as mudanças relativas à adoção do BPM? (avaliação dos

impactos, planejamento e gestão da mudança...)

Visão dos Fatores Críticos de Sucesso – Base Tecnologias

118

15. Como é conduzido o monitoramento e gestão dos indicadores dos processos (KPIs)

amparados pelo BPM?

16. Existe automação dos processos que usam o BPM? Como ocorre a construção e

implantação de novos processos?

17. Qual é o grau de facilidade (rapidez, custo e esforço da área de negócio e TI) de

desenvolvimento e implementação de processos submetidos à automação?

18. Os workflows estão integrados ao ERP? Se sim, como se deu o processo de

integração? (os fluxos iniciaram sem integração e com a maturidade foram surgindo as

integrações?)

19. Os acessos e permissões ao BPM são controlados, garantindo integridade e

segurança dos processos?

Gerais

20. Você gostaria de fazer algumas considerações adicionais sobre a adoção de BPM

na organização?

21. Você gostaria de abordar algum assunto que não foi citado anteriormente a fim

de viabilizar o sucesso de adoção de BPM?

Perfil do entrevistado

1. Tempo de experiência profissional (relacionado ao processo pesquisado/BPM):

2. Tempo de experiência profissional:

3. Função no processo:

4. Cargo na empresa:

5. Tempo de empresa:

Perfil da empresa com relação ao uso do ERP (caracterizar que a empresa possui ERP

implantado e estabilizado)

1. Tempo de ERP implantado:

2. Como é a utilização do ERP na empresa?

3. As rotinas da empresa já ocorrem sistematicamente sem problemas dentro do sistema:

4. Qual o grau de documentação dos procedimentos relacionados com o ERP?

5. Qual é o grau de dependência de consultores externos dentro da organização?