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Compras Públicas MANUAIS DE REFERÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA # # # 0 0 0 1 1 1 NOV’08 COM O PATROCÍNIO VERSÃO DIGITAL

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A nova lei da contratação pública em Portugal trouxe pequenas «revoluções» às práticas de aprovisionamento público seguidas até aqui. A lógica de responsabilização dos dirigentes e os meios e processos que suportam o concurso público, são disso um bom exemplo. Este documento pretende ser um guia de referência sobre a nova lei de contratação pública, e sobre os meios, processos e procedimentos envolvidos.

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Compras Públicas

MANUAIS DE REFERÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ### 000111 NOV’08

COM O PATROCÍNIO

VERSÃO DIGITAL

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COMPRAS PÚBLICAS

Uma edição

índice 03

Prefácio Mark Kirkby, Advogado da Sérvulo & Associados

04

Opinião Pedro Coimbra Costa, General Manager B2B da BizDirect

06

Enquadramento Contexto nacional e europeu | Desafios do novo CCP

16

Entrevista Pedro Felício, Presidente da Agência Nacional de Compras Públicas

22

Passo-a-Passo Novas Regras | Funcionamento Prático | Plataformas Electrónicas

35

Casos Práticos Portal BASE: | AMAL | AdP

41

Referências Entidades | Legislação | Livros | Portais

ficha técnica Directora Ana Pinto Martinho

Coordenação Editorial André Julião

Redacção José Carlos Lages

Colaboraram nesta edição Mark Kirkby Pedro Felício

Conceito editorial e gráfico Paulo Rodrigues

Direcção Comercial Gil Margarido

Propriedade

Espiral Conhecimento, Lda. www.espiral-net.com Morada: Av. 25 de Abril, nº. 36-B, 1º A 2800-298 Almada

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Versão Digital

patrocínio

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COMPRAS PÚBLICAS PREFÁCIO

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COMPRAS PÚBLICAS

O O Código dos Contratos Públicos (CCP) con-cretiza um conjunto de soluções inovadoras que visam a adequação do regime da con-tratação pública às exigências de moderni-zação e desburocratização da actividade administrativa.

O e-Procurement, que ganha relevância central no novo Código, prossegue, em primeira linha, um objectivo de simplificação da tramitação dos procedimentos pré-contratuais através da utilização de meios electrónicos.

A desmaterialização dos procedimentos de contratação pública, com a substituição do clássico suporte de papel por meios de comunicação e tramitação electrónicos, agili-za as compras públicas, permite encurtar pra-zos procedimentais e assegura, ainda, econo-mias significativas de recursos materiais e hu-manos, tanto da parte da Administração, como dos particulares que com ela pretendem contratar.

Para além da criação de uma plataforma electrónica utilizada pelas entidades adju-dicantes (infra-estrutura composta por um conjunto de meios, serviços e aplicações

informáticas na qual decorrem as formalidades electrónicas relativas aos procedimentos de formação dos contratos públicos), são ainda acolhidas no CCP as figuras, de origem comunitária, do leilão electrónico e dos siste-mas de aquisição dinâmicos. O leilão electró-nico é uma fase facultativa na formação de certos contratos, que se destina a permitir aos concorrentes melhorar, progressivamente, os atributos das suas propostas em termos quanti-tativos.

Os sistemas de aquisição dinâmicos são sistemas totalmente electrónicos, destinados a permitir às entidades adjudicantes a celebra-ção de contratos de aquisição de bens ou de serviços de uso corrente.

É ainda de salientar, numa lógica de maior rigor na gestão dos recursos públicos, a obrigação de publicitação, no portal da Internet dedicado aos contratos públicos, da celebração de contratos na sequência de ajuste directo (pela entidade adjudicante), bem como dos actos ou acordos que impli-quem um desvio de mais de 15 por cento, em relação ao preço inicialmente previsto no contrato, sob pena da respectiva ineficácia, nomeadamente para efeitos de quaisquer pagamentos (artigo 127.º e 315.º do CPP).

CCP e novidades electrónicas

Por Mark Kirkby, Advogado e Sócio da Sérvulo & Associados *

Advogado e sócio da Sérvulo & Associados, Mark Kirkby é mestre em Direito, na área de Ciências Jurídico-Políticas e especialista na temática das Compras Públicas. Foi, entre outros, chefe do gabinete do ministro do Trabalho e da Solidariedade, adjunto do ministro do Trabalho e da Solidariedade e assessor jurídico do secretário de Estado do Emprego e Formação e, depois, do secretário de Estado do Trabalho e Formação.

*Mark Kirkby

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OPINIÃO COMPRAS PÚBLICAS

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COMPRAS PÚBLICAS

E Este código, que tinha como principais objectivos a simplificação, a transparência e a desmaterialização de processos, terá um papel de ainda maior relevo, acelerando a revolução electrónica no sector público, nos processos que suportam a sua relação com o sector privado.

Este facto terá ainda como consequência adicional, com a adopção das melhores práti-cas existentes, a modernização das entidades públicas, provocada pela necessidade destas se questionarem sobre o seu desenho organi-zativo e processual actual.

Quando em supostos tempos de crise as pessoas, as instituições e as empresas se questionam sobre como a ultrapassar, deve-mos olhar para a contratação pública elec-trónica como uma das grandes oportunidades para fomentar a competitividade das peque-nas e médias empresas nacionais, dinamizar as relações entre sector público e sector privado, entidades públicas e empresas mas, sobre-tudo, abrir horizontes para uma estratégia e um modelo tecnológico inevitavelmente globais.

Em perspectiva, para além da contratação pública electrónica, todas as etapas comple-mentares a montante e a jusante dos procedi-mentos pré-contratuais, deverão ser integradas no mesmo ciclo de processos electrónicos, numa lógica end-to-end, sempre e invaria-velmente em harmonia com as pessoas - a chave do sucesso destas iniciativas.

A montante da contratação, surgem, entre outras actividades, o levantamento de neces-sidades dos clientes internos e a monitorização do histórico da despesa como ferramentas cruciais para o planeamento e definição da estratégia de compras, que também deverão

O início da Revolução Electrónica!

Por Pedro Coimbra Costa, General Manager B2B da BizDirect

A entrada em vigor do novo Código dos Contratos Públicos, a 30 de Julho de 2008, significou, inegavelmente, novos desafios. Novos desafios para a administração pública, para os agentes económicos e para os prestadores de serviço que operam plataformas electrónicas onde serão suportadas estas relações, tão fundamentais para o desenvolvimento da economia portuguesa.

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COMPRAS PÚBLICAS OPINIÃO

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COMPRAS PÚBLICAS

ser desmaterializadas. Desde o desenho do caderno de encargos e dos critérios de adjudi-cação, à estratégia de sourcing e selecção do tipo de procedimento, todas podem ser faci-litadas pela eficiência com que se recolhem e entendem, desde logo, as reais necessidades quantitativas e sobretudo qualitativas a que os responsáveis de compra devem dar resposta.

A desmaterialização dos procedimentos para a contratação, obrigatória por lei e asse-gurada por plataformas electrónicas, ainda que actualmente em regime transitório, pode-rá ser acompanhada por ferramentas onde se incluem os leilões electrónicos, que potenciam o sucesso negocial.

Deve existir especial preocupação na defi-nição e planeamento das negociações e res-pectivos aspectos submetidos à concorrência, de forma a não criar desequilíbrios no mer-cado, que de modo contraproducente, com-duzam à perda da qualidade de serviço ou da saúde financeira dos operadores económicos. O risco de nos centrarmos no factor preço, como o factor preponderante no critério de decisão, poderá implicar a concentração das adjudicações num grupo restrito de opera-dores económicos, em prejuízo das micro e pequenas empresas.

Assegurada a etapa da contratação, e co-nhecida a necessidade de garantir a intero-perabilidade entre os diferentes sistemas exis-tentes (gestão financeira, armazém, etc.) e as plataformas electrónicas, existem processos subsequentes que tornam imperiosa a evolu-ção para a desmaterialização completa da função compras.

Estes compreendem as requisições electró-nicas a fornecedores (ao abrigo de contratos previamente estabelecidos), baseadas em catálogos e fluxos de aprovação electrónicos

e no fornecimento contínuo de bens e serviços, acompanhado pelo permanente controlo da execução dos contratos.

Na componente financeira, a emissão e recepção de facturas electrónicas com valor legal, surge como uma necessidade para as entidades compradoras e fornecedoras. Para tal, contam com ferramentas electrónicas de validação e conferência electrónica de facturas, pagamento a fornecedores, o que lhes permite o rápido e estruturado acesso a toda a informação, suportando, em renovados ciclos, a definição de novas estratégias de compra.

Para as mais de 11 mil entidades do sector público nacional, e que, independentemente da sua tipologia e especificidades, têm que, a partir de 30 de Julho de 2009, utilizar uma plataforma de contratação pública electró-nica, é sem dúvida urgente que estudem em profundidade os seus actuais processos, a sua organização e sistemas, para que consigam endereçar o desafio da revolução electrónica no seu todo, aproveitando o enorme «click» que foi a contratação.

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ENQUADRAMENTO PRIORIDADES NACIONAIS

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COMPRAS PÚBLICAS

A A criação da Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP), em Fevereiro de 2007, permitiu uniformizar as regras e procedimentos aplicáveis à contratação pública, com ganhos de tempo, rigor e transparência, reduzindo a carga administrativa e aumentando a sua eficiência.

Para consubstanciar a sua actividade em termos legislativos, a 30 de Julho de 2008, entrou em vigor o Código dos Contratos Públicos (CCP), que transpõe para a legislação portuguesa as várias directivas europeias referentes à modernização das compras públi-cas, introduzindo a obrigatoriedade de contra-tação por meios electrónicos. A implemen-tação da contratação pública, exclusiva-mente por meios electrónicos, tem como data limite o mês de Julho de 2009, ou seja, um ano após a publicação do CCP, concretizando a definitiva desmaterialização do sistema aquisi-tivo português.

O papel activo dos gestores públicos no e-Procurement obriga a maior responsabilização e a mais informação, tendo sempre como objectivo último que o preço é o factor mais importante de todas as contratações. O conceito de preço base é útil para quem compra e para quem vende serviços ou bens.

Tendo como base e referência o CCP, o com-prador público passa a ter uma responsa-bilidade acrescida, porque é obrigado a saber

muito bem o que quer adquirir ou contratar, segundo uma lógica de compras agregadas, com evidentes benefícios económicos. O resultado dos concursos e das aquisições passa a ter um maior controlo, pela centra-lização, num único sistema e numa única pla-taforma electrónica, o portal «BASE: Contratos Públicos Online», de todos os seus detalhes. A fusão de procedimentos, a normalização de etapas, a maior adequação à realidade das compras públicas, a regulação da execução dos contratos, os prazos de pagamento, adiantamentos e cauções e o reconhe-cimento da responsabilidade entre as partes são benefícios inequívocos dos novos proces-sos aquisitivos. A implementação do CCP implica alterações pragmáticas e mudanças de atitude nos processos teóricos: a introdução do conceito de procedimento urgente e simplificado, maior e melhor rigor na exposição pública, períodos de esclarecimento, maior informação e preci-são nos processos de avaliação, aceitação de propostas e soluções e melhor acesso à informação. Aumenta também o poder negocial do comprador público nas compras agregadas (acordos quadro e centrais de compras), na avaliação dos fornecedores e no diálogo concorrencial, possibilitando encontrar solu-

A Nova Era das Compras Públicas

Se 2008 foi o ano de arranque das compras públicas electrónicas, graças, sobretudo, à entrada em vigor do novo Código dos Contratos Públicos, 2009 promete implementar, definitivamente, a sua execução. O Orçamento de Estado já prevê reduções de custos por esta via.

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PRIORIDADES NACIONAIS ENQUADRAMENTO

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COMPRAS PÚBLICAS

ções mais adequadas às necessidades e em linha com a realidade da oferta do mercado.

Os ganhos, temporais e financeiros são, acima de tudo, resultado de uma gestão agrupada de bens e serviços (quanto, quando, onde) e da definição antecipada de uma política uniforme de compras, uma vez que o CCP, comparado com todos os diplomas que lhe deram origem, deve ser visto e entendido como um instrumento operacional e orientador das atitudes a tomar. Compras Públicas aceleram em 2009 A proposta para o Orçamento de Estado de 2009 prevê que a aquisição de bens e serviços para o Estado através da Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP) possa resultar numa poupança, em 2009 e 2010, estimada em 150 milhões de euros, para um volume total de compras previsto de 800 milhões de euros.

A celebração de novos acordos quadro, que irão abranger, pelo menos, 15 categorias de bens e serviços transversais e a agregação e centralização de necessidades de compras

são, na prática, a procura das soluções eficientes para reduzir a burocracia, aumentar a transparência e controlar a despesa pública.

A ANCP lançou já, em 2008, 10 concursos públicos para a celebração de acordos quadro nas áreas da higiene e limpeza, combustíveis rodoviários, energia, comunica-ções móveis, veículos automóveis, seguro auto-móvel, papel, economato, cópia e impressão, equipamento informático e software. Destes, três foram já concluídos e celebrados os respectivos acordos quadro: comunicações móveis, combustíveis e papel e economato.

O Catálogo Nacional de Compras Públicas (CNCP) é uma referência essencial para a aquisição de bens e serviços na Administração Pública, estando a sua actualização sob a responsabilidade da Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP). Disponível via web no portal da ANCP (https://catalogo.ancp.gov.pt/catalogo), o objectivo é facilitar todo o processo de compras, simplificando os procedimentos de aquisição de bens e serviços, ao abrigo dos acordos quadro celebrados pela ANCP. O CNCP destina-se não só aos organismos compradores da Administração Central e Local ou do sector empresarial público, mas também aos fornecedores com contratos celebrados ao abrigo dos acordos quadro. A adesão ao CNCP é gratuita, mas obriga a um registo prévio junto da ANCP. No CNCP, estão disponíveis diversas categorias de bens e serviços, com fornecedores e preços previamente estabelecidos ao abrigo dos acordos quadro.

CATÁLOGO NACIONAL DE COMPRAS PÚBLICAS

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ENQUADRAMENTO ESTRATÉGIA EUROPEIA

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COMPRAS PÚBLICAS

A As Directivas 2004/17/CE e 2004/18/CE, de 31 de Março, do Parlamento Europeu e do Conselho, relativas à coordenação dos pro-cessos de adjudicação dos contratos públicos de fornecimento de bens, dos contratos pú-blicos de serviços e dos contratos de empreitada de obras públicas, implementam um quadro jurídico que visa impulsionar o desenvolvimento e a utilização de meios electrónicos para a aquisição pública de bens e serviços.

Trata-se de um plano de acção estratégico que tem como alvo os Estados-membros, no sentido de removerem obstáculos ao e-Procu-rement para reduzir a carga administrativa e aumentar a sua eficiência.

Neste contexto, assume uma importância exemplar o Sistema Europeu de Informação para os Contratos Públicos, materializado no portal SIMAP (Gateway to European Public Procurement), que dá acesso, em várias línguas, incluindo o português, a informação relativa aos contratos públicos na Europa.

Os anúncios de concursos públicos são publicados no Suplemento do Jornal Oficial da União Europeia, disponível na Internet, na base

e-Procurement Uma Prioridade Europeia

A Comissão Europeia identificou a contratação pública electrónica, ou e-Procurement, como uma área onde podem ser alcançados grandes ganhos por parte das entidades públicas dos 27 e está activamente empenhada em promover a utilização de plataformas administrativas informatizadas nos países da União Europeia. Portugal é um «bom aluno».

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ESTRATÉGIA EUROPEIA ENQUADRAMENTO

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COMPRAS PÚBLICAS

de dados TED. Para publicitar os anúncios de concursos públicos na TED, as entidades contratantes podem utilizar os formulários em linha, disponíveis no «eNotices», um instrumento web que simplifica e acelera a preparação e a publicação dos anúncios.

Outro meio de publicação é o recurso aos «eSenders», organizações certificadas junto do Serviço das Publicações Europeias para a transmissão directa, em formato XML, dos textos a publicar.

Portugal: e tudo começou em 2003… Aprovado em Junho de 2003, o Programa Nacional de Compras Electrónicas (PNCE) foi lançado com o objectivo de introduzir ferra-mentas informáticas que permitissem processar electronicamente as compras públicas. O PNCE implementou processos de compras para aumentar a eficiência e transparência e obrigou à adopção de práticas de negócio e comércio electrónico por parte das empresas fornecedoras. O programa ficou a cargo da então denominada Unidade de Missão Inovação e Conhecimento – actual Agência para a Sociedade do Conhecimento - (UMIC), tendo o seu desenvolvimento e implemen-tação conduzido a profundas mudanças nos processos de compras públicas em Portugal. A primeira fase do programa decorreu até final de 2005, envolvendo directamente sete Ministérios e a Presidência do Conselho de Ministros, 52 processos de agregação e negociação, 370 organismos e 12 categorias de produtos.

Na segunda fase, no início de 2006, o programa passou a abranger todos os Ministérios (14), assim como a Presidência do Conselho de Ministros e foi generalizado a todas as entidades ministeriais da primeira fase. Em 2007, o programa envolveu já 918 orga-nismos e o número de processos de agrega-ção e negociação realizados totalizou 103.

A implementação do Modelo Tecnológico, com várias plataformas e ferramentas electrónicas, geridas de forma centralizada pela Administração Pública, e o novo modelo de compras públicas resultante do PRACE (Programa de Reestruturação da Admi-nistração Central do Estado) implicam

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ENQUADRAMENTO ESTRATÉGIA EUROPEIA

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COMPRAS PÚBLICAS

reformulações significativas em três áreas fundamentais: • Criação de Unidades Ministeriais de Compras

(UMC) e da Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP), alterando o modelo orga-nizacional de compras públicas e centrali-zando nas secretarias-gerais o processo de sourcing de cada um dos Ministérios, rácio-nalizando o número de estruturas de com-pras e eliminando duplicações orgânicas e de processos;

• Lançamento de concursos públicos para

celebração de novos acordos quadro;

• Desenvolvimento do Modelo Tecnológico de suporte às compras públicas electrónicas.

O processo foi iniciado pela UMIC e está actualmente sob a responsabilidade da Agência Nacional de Compras Públicas. Foi juridicamente regulamentado pelas portarias do novo Código dos Contratos Públicos (CCP), que foram publicadas no dia 29 de Julho de 2008. Alguns regulamentos estabelecem regi-mes transitórios, possibilitando aos interve-nientes económicos um período adequado para a adaptação às novas realidades e requisitos legais em matéria de contratação pública electrónica.

SIMAP: PALAVRAS CHAVE

Portal dos contratos públicos europeus com formulários-tipo para contratos públicos, oportunidades de negócio na União Europeia, legislações, ligações úteis, ferramentas informáticas e ligações às bases de dados nacionais de contratos públicos. URL: http://www.simap.europa.eu/index_pt.html. Formulários on-line para anúncios de concursos públicos. Organizações certificadas junto do Serviço das Publicações Europeias para a transmissão directa, em formato XML, dos textos a publicar. Portal Tenders Electronic Daily (TED), que oferece oportunidades de negócio em toda a Europa e dá acesso ao Suplemento do Jornal Oficial da União Europeia. URL: http://www.ted.europa.eu. Adesão e acreditação dos fornecedores, apoio na utilização do sistema e disponibilização de informação de gestão. Formação dos utilizadores, apoio ao cliente, certificação digital e validação cronológica com inserção exacta da data/hora da recepção das propostas. Suporte a todo o procedimento pré-contratual, gestão de perfis dos utilizadores, garantia de evolução e manutenção e universalidade de acesso aos utilizadores. Alta disponibilidade, garantia nas comunicações, confidencialidade dos dados, certificação de segurança ISO 27001 e assinatura electrónica com observância da Directiva 1999/93/CE.

SIMAP eNotices eSenders TED Plataforma Electrónica de Contratação Serviços Software utilizado Infra-estrutura

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CCP ENQUADRAMENTO

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COMPRAS PÚBLICAS

A A vigorar desde 30 de Julho de 2008, o Código dos Contratos Públicos (CCP) aposta nas novas tecnologias de informação e obriga à realização de todos os procedimentos pré-contratuais por via electrónica, assegurando uma importante diminuição dos prazos processuais, legais e reais.

Este diploma constitui um marco histórico na evolução do direito administrativo nacional e, em especial, no crescentemente evoluído e

sofisticado domínio da actividade contratual da Administração Pública. Além disso, reduz o número e a diversidade de procedimentos pré-contratuais, simplificando a contratação públi-ca e uniformizando as regras aplicáveis, elimi-nando métodos até aqui pouco consentâneos com a transparência e a concorrência empre-sarial privada. O CCP transpõe para a ordem jurídica portu-guesa as directivas comunitárias n.º 2004/17 e

Código dos Contratos Públicos moderniza procedimentos

O Código dos Contratos Públicos (CCP), que entrou em vigor em Julho de 2008, moderniza procedimentos e estabelece a disciplina aplicável à contratação pública e o regime substantivo dos contratos públicos administrativos. É o primeiro diploma no ordenamento jurídico nacional que tem por objecto a formação e execução dos contratos públicos em geral, realizando um tratamento integrado e unitário desta matéria.

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ENQUADRAMENTO CCP

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COMPRAS PÚBLICAS

2004/18 (ambas do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março de 2004) e codifica regras até agora dispersas pelo Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março (empreitadas de obras públicas), Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho (aquisições de bens e serviços), Decreto-Lei n.º 223/2001, de 9 de Agosto (empreitadas e aquisições no âmbito dos sectores especiais) e vários outros diplomas e preceitos legais avulsos relativos à contratação pública.

Além do objectivo de transposição das mais recentes directivas comunitárias respeitantes à fase da formação dos contratos públicos, o CCP faz a uniformização e a sistematização racional dos regimes de execução dos contratos administrativos, que se encontravam dispersos por muita legislação avulsa.

O CCP regula dois procedimentos funda-mentais: • Formação da Contratação Pública – regras e

procedimentos a cumprir para se celebrar um contrato público, desde a tomada da decisão inicial até ao momento em que o documento é outorgado;

• Execução – a concretização do contrato

obriga as partes, através das regras (imperativas ou supletivas) que integram o regime substantivo dos contratos públicos e conformam as relações jurídicas contratuais.

Para a centralização das compras do Estado, encontra-se em fase de densificação o Sistema Nacional de Compras Públicas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 37/2007, de 19 de Fevereiro, que define organicamente a Agência Nacional de Compras Públicas, EPE, como entidade gestora do mesmo, funcio-nando em rede com as Unidades Ministeriais de Compras.

Na sequência da reorganização da área de compras públicas, que decorreu da criação da Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP) e da publicação do CCP, o Portal das Compras Públicas (www.compras.gov.pt) foi desactivado.

Alguns serviços foram transferidos para o portal «BASE: Contratos Públicos Online» (www.base.gov.pt) como, por exemplo, a publicação de anúncios de aquisição e subs-crição de alertas, sendo toda a informação respeitante a bens e serviços assegurada no portal da ANCP (www.ancp.gov.pt).

Assim, estabelece-se a base organizacional que permitirá uma gestão centralizada e racional das compras públicas, não só através da implementação do modelo previsto no Decreto-Lei n.º 37/2007, de 19 de Fevereiro, em relação ao Estado, mas também através do DL 200/2008, de 9 de Outubro, que define as orientações necessárias à criação de Centrais de Compras, no âmbito das Regiões Autóno-mas e das autarquias locais, tendo sido ouvidos os órgãos de governo próprios das Regiões Autónomas e a Associação Nacional de Municípios Portugueses, e promovida a audi-ção da Associação Nacional de Freguesias. As vantagens de uma boa «BASE:» «BASE:» é a designação do portal dos contratos públicos portugueses, que constitui a porta de entrada e o «armazém» de todos os contratos de compras públicas. Permite aceder aos sistemas que gerem a recepção, a organi-zação e o tratamento de dados relativos à formação e à execução dos contratos públi-cos de locação ou aquisição de bens móveis, de serviços, empreitadas ou concessões de obras públicas e de serviços públicos.

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CCP ENQUADRAMENTO

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COMPRAS PÚBLICAS

A base de dados do portal «BASE: Contratos Públicos Online» é actualizada pela infor-mação originada no Diário da República Electrónico ou introduzida directamente no portal dos contratos públicos, desenvolvendo um arquivo que permite estudos e análises estatísticas do mais variado teor, no que respeita às obras e às compras públicas de bens e serviços. O portal é gerido pelo Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI) e pela Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP) e centraliza a informação relativa a todos os procedimentos pré-contratuais e onde são publicitados os elementos de formação e execução dos com-tratos públicos, permitindo o seu acompanha-mento e monitorização. Permite a publicitação dos anúncios de todos os procedimentos de formação de contratos (excepto ajuste directo), em simultâneo com a sua publicitação no Diário da República Electrónico (DRE), a publicitação da celebra-ção de todos os contratos na sequência de ajuste directo, a publicitação das modifica-ções aos contratos públicos com valores acumulados superiores a 15 por cento do preço contratual e a publicitação das deci-sões de privação do direito de participação em procedimentos pré-contratuais públicos, em virtude de contra-ordenação. O portal servirá ainda para disponibilizar informação estatística e legislação nacional e europeia.

As principais alterações do novo CCP O CCP, enquanto documento legislativo, por excelência, da contratação pública, trouxe alterações de monta ao panorama das compras públicas em Portugal. O enfoque foi na simplificação e modernização. Entre as mais importantes, destacam-se os procedimentos de contratação pública, que passam a ser cinco (anteriormente eram 12): ajuste directo (por convite a uma ou várias entidades), concurso público, concurso limitado por prévia qualificação, procedimento de negociação e diálogo concorrencial.

O valor máximo para o ajuste directo de aquisição de bens e serviços sobe de cinco para 75 mil euros e, no caso das empreitadas de obras públicas, aumenta para 150 mil euros.

A publicitação dos ajustes directos é obrigatória para contratos de qualquer valor (artigo 127.º do Código dos Contratos Públicos). Essa publicitação é dispensada, nos termos do n.º 3 do artigo 128.º, nos casos de regime simplificado (aquisições abaixo dos cinco mil euros), tal como descritos nesse artigo.

Se o anúncio do concurso for apenas publicado em Portugal, só podem ser celebrados contratos de valor inferior a 5.150.000 euros nas empreitadas de obras públicas, 133.000 euros nas aquisições de bens e serviços, se for o Estado, e 206.000 euros nas aquisições de bens e serviços, se for alguma das outras entidades adjudicantes.

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ENQUADRAMENTO CCP

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COMPRAS PÚBLICAS

Se o anúncio do concurso também for publicado no Jornal Oficial da União Europeia, os contratos podem ser de qualquer valor.

A entidade adjudicante preencherá online, no site do Diário da República Electrónico, um formulário de anúncio, que será publicado, no prazo máximo de 24 horas ou em tempo real, em caso de «Concurso Público Urgente». Os anúncios ficam disponíveis no portal «BASE:»

para visualização por parte de interessados.

O CCP prevê também a possibilidade de se adoptar um concurso de configuração rapidíssima, em caso de urgência na celebração de um contrato de locação, de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços de uso corrente, desde que o preço contratual não exceda os limiares comunitários de 133.000 euros, se a entidade adjudicante

CCP: O QUE MUDA?

O acto público nos procedimentos pré-contratuais deixará de existir, passando apenas a publicitar-se a lista electrónica dos concorrentes e respectivas propostas. Os procedimentos de contratação pública passam a ser cinco (antes eram 12): Ajuste directo (por convite a uma ou várias entidades); Concurso público; Concursolimitado por prévia qualificação; Procedimento de negociação; Diálogoconcorrencial. O CCP prevê a possibilidade de se adoptar um concurso de configuração rapidíssima – «Concurso Público Urgente» -, em caso de urgência na celebração de um contrato de locação, de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços de uso corrente para valores abaixo de 133.000 euros (Estado) ou 206.000 euros (outras entidades adjudicantes). A adjudicação neste procedimento é feita ao preço mais baixo. Foi estabelecido um prazo máximo de 66 dias, prorrogável por mais 44, para umatomada de decisão de adjudicação. As novas regras obrigam a divulgar, antecipadamente, os parâmetros de avaliação das propostas explicitadas num modelo de avaliação. A publicitação dos ajustes directos é obrigatória para contratos de qualquer valor. O valor máximo para o ajuste directo de aquisição de bens e serviços sobe decinco para 75.000 euros e, no caso das empreitadas de obras públicas, aumenta para 150.000 euros

Procedimentos pré-contratuais Procedimentos Concurso Público Urgente Prazos Parâmetros Ajustes Directos Valores

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CCP ENQUADRAMENTO

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COMPRAS PÚBLICAS

for o Estado, e 206.000 euros, se for alguma das outras entidades adjudicantes.

O prazo mínimo para a apresentação das propostas no âmbito deste «Concurso Público Urgente» é de 24 horas, desde que decorram em dias úteis. A adjudicação neste tipo de procedimento é feita, obrigatoriamente, ao mais baixo preço. Para contratos de serviços, de locação ou de aquisição de bens móveis, a entidade adju-dicante pode recorrer a um leilão electrónico. O leilão electrónico é um processo interactivo que permite classificar propostas com base num tratamento automático e apresentando uma redução progressiva das propostas apresentadas em concurso. A actual legislação apenas obriga à apresentação de documentos de habilitação do adjudicatário no final dos procedimentos por via electrónica, constituindo o incumpri-mento uma contra-ordenação muito grave. Foi igualmente eliminada a avaliação da capacidade técnica e financeira do adjudi-catário, excepto no concurso limitado por prévia qualificação, encurtando cerca de duas semanas na tramitação do processo. Além disso, o acto público dos procedimentos pré-contratuais deixará de existir, passando apenas a publicitar-se a lista electrónica dos concorrentes e respectivas propostas. Para evitar o arrastamento dos concursos por tempo indeterminado, foi estabelecido um prazo máximo de 66 dias, prorrogável por mais 44, para uma tomada de decisão de adjudi-cação. As novas regras obrigam ainda a divulgar, antecipadamente, os parâmetros de avalia-

ção das propostas explicitadas no modelo de avaliação.

O CCP introduz ainda o concurso de concepção (semelhante ao concurso público), um instrumento especial que permite seleccionar estudos prévios de trabalhos nos domínios artístico, ordenamento do território, planeamento urbanístico, arquitectura, enge-nharia civil ou processamento de dados.

A entidade adjudicante pode adquirir, posteriormente, por ajuste directo, ao abrigo da alínea g) do n.º 1 do artigo 27.º do CCP, as criações que tenham sido seleccionadas.

As contratações e aquisições por parte das entidades públicas europeias correspondem a mais de 16 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), assumindo grande relevância na Estratégia de Desenvolvimento Sustentável da União Europeia. Para permitir uma abordagem mais abrangente e sustentável das questões ecológicas, foram incluídos critérios de defesa do ambiente nas compras públicas. A Comissão Europeia, na sua comunicação ao Conselho e ao Parlamento Europeu, relativa à Política Integrada de Produtos, solicitou aos Estados-membros que elaborassem planos de acção de Compras Públicas Ecológicas, até ao final de 2006.

A transposição da Directiva n.º 2004/17/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, relativa à coordenação dos processos de adjudicação dos contratos nos sectores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais, e da Directiva n.º 2004/18/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, relativa à coordenação dos processos de adjudicação dos contratos de empreitada de obras públicas, dos contratos públicos de fornecimento e dos contratos públicos de serviços, alerta para a necessidade de tornar ecológicos os contratos públicos.

A ANCP introduz nos concursos públicos para celebração de acordos quadro critérios e requisitos ambientais e ecológicos obrigatórios, permitindo que todas as aquisições ao seu abrigo tenham preocupações ambientais e estejam em linha com a estratégia nacional para as compras públicas ecológicas definidas pela Resolução do Conselho de Ministros 65/2007.

COMPRAS EM TONS DE VERDE

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ENTREVISTA PEDRO FELÍCIO

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COMPRAS PÚBLICAS

E Em plena «revolução» do processo aquisitivo para as entidades públicas, Pedro Felício, presidente da Agência Nacional de Compras Públicas, revela quais as principais vantagens do novo sistema. Desmistificando as alterações introduzidas pelo novo Código dos Contratos

Públicos, o responsável sustenta que se trata, sobretudo, de uma oportunidade para agilizar procedimentos e fazer economias de escala. As compras públicas electrónicas estão no cerne desta «revolução».

Compras electrónicas são «excelente oportunidade»

São um dos pilares do novo código da contratação pública e prometem optimizar todo o processo de aquisição do Estado. A Agência Nacional de Compras Públicas já preparou terreno para a chegada, em força, das compras públicas electrónicas.

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PEDRO FELÍCIO ENTREVISTA

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COMPRAS PÚBLICAS

iGOV: A contratação pública está em pleno processo de transformação a diversos níveis, nomeadamente com recurso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Quais os principais objectivos desta «revolução»?

Pedro Felício (PF): A contratação pública, ao longo dos últimos dois anos, teve duas reformas de fundo. A primeira foi a criação da Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP) e a segunda foi a publicação, no início deste ano, do novo Código dos Contratos Públicos (CCP).

Nesta altura, existem dois grandes marcos a assinalar. Primeiro, o que tem a ver com toda a reforma dos contratos públicos de aprovi-sionamento existentes até à data. A ANCP está, neste momento, a promover uma série de concursos públicos, tendo em vista reformular esses contratos e celebrar novos acordos quadro.

Por outro lado, o novo código da contratação pública tem diversos pilares, nomeadamente, ao nível da transparência, da publicidade e da desmaterialização e desburocratização de processos, sobretudo por assentar os processos concursais em plataformas tecnológicas, que serão obrigatórias a partir de Julho de 2009.

Portanto, um ano após a entrada em vigor do CCP, todo o processo de contratação pública terá, obrigatoriamente, que ser feito com recurso a uma plataforma electrónica. Essa é, sem dúvida, uma das grandes mudanças do novo código.

iGOV: O que vem alterar, na prática, o novo Código dos Contratos Públicos?

PF: O novo Código dos Contratos Públicos foi mais longe do que o que era exigível pelas directivas comunitárias. Desde logo, reuniu, numa mesma legislação, um conjunto de leis que se encontravam dispersas. Além disso,

promove os princípios da transparência e da publicidade.

Com o novo código, passa a ser obrigatória a publicitação de qualquer procedimento, mesmo que seja um ajuste directo. Isto significa que há sempre uma publicitação da adjudicação no portal «BASE:», o portal dos Contratos Públicos, além da continuação da obrigatoriedade de publicitação, quer dos lan-çamentos, quer da adjudicação dos concursos públicos, naqueles valores que estão acima dos limiares comunitários. Ou seja, mesmo abaixo desses limiares comunitários, o que não acontecia até aqui, é obrigatória a publi-citação, nomeadamente, dos ajustes directos.

Além disso, são reduzidos para cinco os tipos de procedimentos que há no código. Finalmente, um dos marcos mais importantes respeita à tecnologia, porque o diploma visa, não só, a desmaterialização e desburocra-tização dos processos, como o encurtamento dos prazos dos vários procedimentos concur-sais previstos no código. iGOV: E outras inovações, como o portal «BASE:», o que pretendem realmente agilizar e de que forma?

PF: O portal «BASE:» é, acima de tudo, um portal que procura estar «linkado» a tudo o que se passa em termos de compras públicas, tanto de bens e serviços, a cargo da Agência Nacional de Compras Públicas, como de obras, a cargo do Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI).

Por excelência, trata-se de um portal onde vai estar publicitado tudo o que for feito a nível de compras públicas, no que toca à adjudicação e lançamento de concursos. Tem ainda vários «links», onde se pode consultar toda a legislação que tenha a ver com compras

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ENTREVISTA PEDRO FELÍCIO

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COMPRAS PÚBLICAS

públicas, e outras ligações, que se destinam à discussão pública de portarias e da regula-mentação que é feita ao abrigo do novo código e que tem a ver com a contratação pública.

Depois, tem a ligação aos portais do InCI e da ANCP, este último onde tudo se passa ao nível da contratação pública de bens e serviços. iGOV: No que toca à desmaterialização dos procedimentos por via electrónica, quando se processará e de que forma vem agilizar os concursos públicos? PF: A ANCP já lançou 10 concursos, nove dos quais em plataformas electrónicas. A obrigato-riedade de recorrer a uma plataforma electró-nica para o lançamento de concursos, incluin-do as fases de recepção e abertura das propostas, qualificação e selecção dos con-correntes, até à adjudicação, tem início a partir de 30 de Julho de 2009, um ano após a entrada em vigor do CCP. Nessa altura, e do ponto de vista legal, passa a ser obrigatório

recorrer a uma plataforma electrónica para fazer um processo de aquisição público. Actualmente, existem já algumas plataformas no mercado. A ANCP e muitas outras entidades públicas recorrem, inclusive, a plataformas electrónicas para os procedi-mentos aquisitivos e, a partir de 1 de Janeiro de 2009, todas as plataformas que sejam utilizadas por uma entidade pública nas suas aquisições têm que obedecer já aos requisitos do novo código. Os concursos que vamos lançar até final do ano, já serão lançados numa plataforma completamente adaptada ao CCP. A ANCP vai também lançar, ainda este mês, um concurso para celebração de um acordo quadro na área das plataformas electrónicas. Isto é muito importante, porque as plataformas que têm sido utilizadas precisam de ser reformuladas para adaptação ao novo código.

Com a entrada em vigor, a 1 de Janeiro de 2009, da legislação que regulamenta os requisitos a que devem obedecer as platafor-mas electrónicas da contratação pública, os critérios tornam-se muito mais exigentes e vão desde a segurança à auditabilidade, acesso e outros que têm que ser cumpridos escrupulosa-mente pelas plataformas e pelas empresas que prestam serviços nessas áreas. iGOV: Quais os próximos passos da ANCP neste processo?

PF: A ANCP, não só porque tem que fazer um procedimento aquisitivo para contratação de uma solução para disponibilização dos seus acordos quadro e realização dos seus concur-sos, como porque tem também esta missão de disponibilizar acordos quadro e procedimentos aquisitivos mais simples a todas as entidades públicas, vai celebrar um acordo quadro nesta

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PEDRO FELÍCIO ENTREVISTA

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COMPRAS PÚBLICAS

área das plataformas, onde vão ficar já estabelecidos os preços e os fornecedores que consigam cumprir todos os requisitos legais, de modo a facilitar que todas as entidades públi-cas possam adquirir a sua plataforma para os procedimentos fora dos acordos quadro da ANCP.

Seja através da aquisição total, seja por via de uma anuidade, da aquisição de alguns procedimentos de concurso público, de negociação, etc. A nossa ideia é ter, a 1 de Janeiro de 2009, esse acordo quadro celebrado, para que possamos disponibilizar, a todas as entidades, um acordo quadro onde estejam classificados e seleccionados os fornecedores capazes de disponibilizar esse tipo de serviço às entidades públicas. iGOV: A ANCP pretende lançar a sua própria plataforma de compras públicas? PF: A ANCP vai fazer com que a plataforma que vier a ser utilizada pela agência comece a ser disponibilizada logo, não só para fazer os concursos para celebração de acordos qua-dro da agência, como para que, quer as entidades vinculadas, quer as entidades volun-tárias, que venham a aderir aos acordos qua-dro da ANCP, possam, dentro da plataforma utilizada pela agência, fazer todas as consultas ao abrigo dos 15 acordos quadro da agência.

Ou seja, a plataforma utilizada pela ANCP para fazer os seus concursos públicos, que são fundamentalmente concursos para celebra-ção de acordos quadro, será disponibilizada a todas as entidades que queiram comprar ao abrigo dos acordos quadro da ANCP. O procedimento, que é uma consulta aos fornecedores qualificados nos acordos quadro, é feito dentro da plataforma da agência. Em

teoria, se uma determinada entidade apenas precisar dos bens e serviços que a ANCP tem nos acordos quadro, nunca precisará de comprar serviços de plataforma.

O segundo passo é, dentro da mesma plataforma, permitir às Unidades Ministeriais de Compras – que integram, em conjunto com a ANCP, o Sistema Nacional de Compras Públicas -, que utilizem a plataforma para que possam celebrar os seus próprios acordos quadro de âmbito ministerial.

Do ponto de vista legal, foi definido que a ANCP trabalha bens e serviços transversais, mas pode haver bens e serviços que sejam transversais a um determinado ministério e para os quais a Unidade Ministerial de Compras queira fazer um acordo quadro próprio do seu ministério, como produtos escolares, fardamentos ou outros, mais específicos.

A plataforma, nesta fase, tem esses dois objectivos. Por um lado, que tudo o que forem consultas ao abrigo dos acordos quadro da

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ENTREVISTA PEDRO FELÍCIO

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COMPRAS PÚBLICAS

ANCP, quer sejam feitas pelas Unidades Minis-teriais de Compras, pelas entidades vinculadas - da administração directa do Estado – ou pelas entidades voluntárias – câmaras, admi-nistração regional, empresas públicas – que venham a aderir ao Sistema Nacional de Compras públicas, sejam feitas na plataforma da ANCP. Ainda nesta primeira fase, a plataforma será também disponibilizada às Unidades Ministeriais de Compras para fazerem os seus procedimentos de âmbito ministerial. iGOV: Que tipo de economias de escala e redução de custos se poderão obter com base nestas pequenas «revoluções», tanto a nível central como local? PF: Desde logo, e pela experiência que a ANCP tem tido ao longo dos últimos meses, a própria desmaterialização do processo concursal apresenta economias, quer para o fornecedor, quer para a agência. Não há papel a circular, apenas ficheiros dentro das plataformas, que são depois abertos na data prevista no concurso. Por isso, há uma série de entregas de documentação, que eram feitas nos anteriores concursos públicos, que deixam de existir, proporcionando uma grande economia. Por outro lado, toda a parte processual do concurso é feita dentro da plataforma, desde a abertura das propostas ao primeiro relatório preliminar disponibilizado pelo júri, a audiência prévia e todas as interacções que os concor-rentes tenham de fazer a nível de reclama-ções, de pedidos de esclarecimento sobre os relatórios preliminares de avaliação, etc.

Tudo isto se passa dentro da plataforma electrónica, de uma forma totalmente desmaterializada, totalmente acessível a todos os concorrentes dentro daquele procedi-

mento, permitindo uma grande agilização de todo o processo e uma grande economia temporal e processual.

Ao nível do arquivo de toda a documentação, há também grandes ganhos, porque fica tudo dentro da plataforma. Quando o concurso fecha, a documentação é passada para uma parte de arquivo, não sendo necessário guardar papéis.

Além da economia em termos da documen-tação, ao nível do trâmite do próprio procedi-mento, que é feito em plataforma electrónica, permite um rigoroso e escrupuloso cumpri-mento de todos os prazos das várias fases do concurso e que todos os concorrentes tenham muito mais facilmente acesso a toda a docu-mentação do concurso.

Antes era preciso o relatório preliminar ir pelo correio, aguardar que todas as empresas o recebessem, os concorrentes que quisessem consultar um determinado documento ou uma proposta de um outro concorrente, tinham de se deslocar à entidade adquirente, pedir uma cópia, etc. Tudo isto agora é resolvido pela plataforma, estando disponível toda a documentação para quem quiser consultar.

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PEDRO FELÍCIO ENTREVISTA

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COMPRAS PÚBLICAS

Por outro lado, e no contexto do espírito da ANCP e do novo código, a agregação das necessidades aquisitivas é uma das grandes ferramentas de economias de escala e de ganhos financeiros e obtenção de poupanças.

Diria que a agregação de compras e a desmaterialização dos processos são as grandes revoluções permitidas pelo novo contexto das compras públicas. iGOV: Quando se prevê que a plataforma da ANCP possa começar a funcionar em pleno?

PF: O nosso objectivo é, no início de 2009, ter o concurso das plataformas finalizado e ter qualificado e seleccionado os fornecedores habilitados a disponibilizar esse tipo de serviços às entidades do Estado, e celebrado um acordo quadro com esses fornecedores.

Na sequência desse concurso, a ANCP vai depois também adquirir os serviços para a sua própria plataforma, pelo que a nossa previsão é que, durante o primeiro trimestre de 2009, quer os acordos quadro e os concursos feitos pela ANCP, quer todas as consultas ao abrigo desses acordos sejam feitas já nessa plataforma.

iGOV: Em termos tecnológicos, que alterações vem impor a nova legislação? PF: Alterações profundas com a obrigatorie-dade de realização dos procedimentos por via electrónica. No entanto, penso que não terão impacto significativo.

Já passámos por esse processo na ANCP, ainda ao abrigo da anterior legislação de contratação pública - o Decreto-Lei 197/99 - e adquirimos os serviços de uma plataforma, na sequência de um processo de consulta, que foram instalados em três ou quatro semanas, e isto tendo em conta as especificidades da actividade da ANCP. O acordo quadro que a agência vai disponibilizar, no início do próximo ano, permitirá que as entidades comprem procedi-mentos, anuidades ou valores semestrais, o que terá um impacto praticamente nulo nos sistemas das próprias entidades. Estamos a falar de uma aplicação que é instalada na entidade, em três ou quatro semanas e, dentro da plataforma, estará defi-nido o próprio funcionamento legal dos vários procedimentos: o prazo limite, quando são abertas as propostas, quais as chaves de aces-so do júri, o modo como o fornecedor entrega a proposta e como a encripta, como é feita a audiência prévia, onde são disponibilizados os documentos do concurso, etc. Tudo isso estará incluído dentro da plataforma, não sendo necessária nenhuma adaptação desse ponto de vista. Estamos a falar da instalação da aplicação numa entidade e de dar formação a quem a vai utilizar e não num impacto grande em termos de sistemas actuais dessas entidades.

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Com a entrada em vigor do novo Código dos Contratos Públicos (CCP), nomeadamente com a introdução de mecanismos de desburocratização e desmaterialização, com recurso a meios electrónicos, os concursos públicos sofreram algumas alterações, quer ao nível da estrutura, quer no que respeita aos seus diversos processos de desenvolvimento.

O CCP passou a estruturar os concursos públicos tipo em 10 passos fundamentais, introduzindo ainda a figura do Concurso Público Urgente.

ANÚNCIO

O concurso público é publicitado no Diário da República, através de anúncio, conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas.

O anúncio ou um resumo dos seus elementos mais importantes pode ser posteriormente

divulgado por qualquer outro meio conside-rado conveniente, nomeadamente através da sua publicação em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. Publicitação no Jornal Oficial da União Europeia (JOUE) O anúncio no Jornal Oficial da União Europeia (JOUE) é obrigatório para concursos de valor total superior a 133.000 euros, no caso da contratação de Bens ou Serviços em que a entidade adjudicante seja o Estado, e superior a 206.000 euros, também para a contratação de Bens ou Serviços, no caso em que a entidade adjudicante não seja o Estado, directamente. Nos casos em que os concursos impliquem valores inferiores a estes limites, a publicação do anúncio no JOUE é dispensada. Quando a entidade adjudicante pretenda publicitar o concurso público no Jornal Oficial da União Europeia, deve fazê-lo através de um anúncio, conforme modelo constante do anexo II do Regulamento (CE) n.º 1564/2005,

Na Senda de um Concurso Público

Do anúncio à adjudicação, são 10 os passos fundamentais para a constituição de um concurso público tipo, definidos pela entrada em vigor do Código dos Contratos Públicos.

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CONCURSO PÚBLICO PASSO-A-PASSO

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da Comissão, de 7 de Setembro. Os anúncios devem ser enviados ao Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, através de meios electrónicos, conforme formato e modalidades de transmissão indicados no portal da Internet (http://simap.eu.int) ou através de qualquer outro meio. Nestes casos, o respectivo conteúdo deve limitar -se a cerca de 650 palavras. Além disso, deve ser junto ao processo de concurso, um documento comprovativo da data do envio do anúncio para publicação no Jornal Oficial da União Europeia. Programa do concurso O programa do concurso público deve indicar: • A identificação do concurso; • A entidade adjudicante; • O órgão que tomou a decisão de contratar

e, no caso de esta ter sido tomada no uso de delegação ou subdelegação de com-petência, a qualidade em que aquele decidiu, com menção das decisões de delegação ou subdelegação e do local da respectiva publicação;

• O fundamento da escolha do concurso público;

• O órgão competente para prestar esclare-cimentos;

• Os documentos de habilitação, directa-mente relacionados com o objecto do contrato a celebrar;

• O prazo para a apresentação dos documentos de habilitação pelo adjudi-catário;

• Se é admissível a apresentação de propostas variantes e o número máximo de propostas variantes admitidas;

• O prazo para a apresentação das propostas;

• O prazo da obrigação de manutenção das propostas;

• O critério de adjudicação, bem como, quando for adoptado o da proposta economicamente mais vantajosa, o modelo de avaliação das propostas, explicitando claramente os factores e os eventuais subfactores relativos aos aspectos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, os valores dos respectivos coeficientes de ponderação e, relativamente a cada um dos factores ou subfactores elementares, a respectiva escala de pontuação, bem como a expressão matemática ou o conjunto ordenado de diferentes atributos susceptíveis de serem propostos, que permita a atribuição das pontuações parciais;

• O modo de prestação da caução ou os termos em que não seja exigida essa prestação;

• O valor da caução, quando esta for exigida;

O programa do concurso pode indicar ainda, por referência ao preço base fixado no caderno de encargos, um valor, a partir do qual o preço total resultante de uma proposta é considerado anormalmente baixo.

Pode prever adjudicações de propostas por lotes, devendo, nesse caso, identificar as regras específicas aplicáveis a cada lote ou pode ainda conter quaisquer regras específicas sobre o procedimento de concurso público, consideradas convenientes pela entidade adjudicante, desde que não tenham por efeito impedir, restringir ou falsear a concorrência. As normas do programa do concurso prevalecem

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sobre quaisquer indicações constantes dos anúncios com elas desconformes.

CONSULTA E FORNECIMENTO DE PEÇAS DO PROCEDIMENTO

O programa do concurso e o caderno de encargos devem estar disponíveis nos serviços da entidade adjudicante para consulta dos interessados, desde o dia da publicação do anúncio, até ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas.

As peças do concurso devem ser integralmente disponibilizadas, de forma directa, no portal da Internet dedicado aos contratos públicos - «BASE:» - ou em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante.

Os serviços da entidade adjudicante devem registar o nome e o endereço electrónico dos interessados que adquiram as peças do concurso.

Quando, por qualquer motivo, o programa do concurso ou o caderno de encargos não tiverem sido disponibilizados, desde o dia da publicação do anúncio, o prazo fixado para a apresentação das propostas deve ser prorrogado, a pedido dos interessados, no mínimo, por período equivalente ao do atraso verificado.

A decisão de prorrogação cabe ao órgão competente para a decisão de contratar e deve ser junta às peças do procedimento e notificada a todos os interessados que as tenham adquirido, publicando-se, imediatamente, um aviso daquela decisão, nos mesmos termos em que foi publicitado o anúncio do procedimento.

APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS

Quando o anúncio do concurso público não for publicado no Jornal Oficial da União Europeia, não pode ser fixado um prazo para a apresentação das propostas inferior a nove dias ou, no caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de empreitada de obras públicas, a 20 dias, a contar da data do envio, para publicação, do anúncio. Quando o anúncio for publicado no JOUE, este prazo não pode ser inferior a 47 dias, a contar da data do envio desse anúncio ao Serviço de Publicações Oficiais das Comunidades Europeias.

Até ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas, os interessados que já as tenham apresentado podem retirá- las, bastando, para tal, comunicarem à entidade adjudicante. Esta retirada não prejudica o direito de apresentação de nova proposta dentro daquele prazo.

LISTA DE CONCORRENTES E CONSULTA E FORNECIMENTO DE PROPOSTAS APRESENTADAS No dia imediato ao termo do prazo fixado para a apresentação das propostas, o júri procede à publicitação da lista dos concorrentes na plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante. Mediante a atribuição de um «login» e de uma «password» aos concorrentes incluídos na lista, é facultada a consulta, directamente na plataforma electrónica, de todas as propostas apresentadas.

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Os interessados que não tenham sido incluídos na lista dos concorrentes, podem reclamar desse facto, no prazo de três dias, contados da publicitação da lista, devendo para o efeito apresentar comprovativo da apresentação da sua proposta. Caso a reclamação seja deferida, mas não se encontre a proposta do reclamante, o júri fixa-lhe um novo prazo para a apresentar

AVALIAÇÃO DAS PROPOSTAS Modelo de avaliação das propostas A pontuação global de cada proposta, expressa numericamente, corresponde ao resultado da soma das pontuações parciais, obtidas em cada factor ou subfactor elementar, multiplicadas pelos valores dos respectivos coeficientes de ponderação.

Para cada factor ou subfactor, deve ser definida uma escala de pontuação, através de uma expressão matemática ou em função de um conjunto ordenado de diferentes atributos, susceptíveis de serem propostos para a execução do contrato, submetido pelo caderno de encargos, respeitante a esse factor ou subfactor.

Na elaboração do modelo de avaliação das propostas, não podem ser utilizados quaisquer dados que dependam, directa ou indirectamente, dos atributos das propostas a apresentar, com excepção dos da proposta a avaliar. As pontuações parciais de cada proposta são atribuídas pelo júri, através da aplicação da expressão matemática definida, ou, quando esta não existir, através de um juízo de comparação do respectivo atributo com o conjunto ordenado.

Leilão electrónico

Em caso de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de contratos de aquisição de serviços, a entidade adjudicante pode recorrer a um leilão electrónico, que consiste num processo interactivo, baseado num dispositivo electrónico, destinado a permitir aos concorrentes melhorar, progres-sivamente, os atributos das respectivas propostas, depois de avaliadas, obtendo-se a sua nova pontuação global, através de um tratamento automático.

Só podem ser objecto de um leilão electrónico os atributos das propostas, desde que o caderno de encargos fixe os parâmetros base dos respectivos aspectos da execução do contrato a celebrar, submetidos à concor-rência, e tais atributos sejam definidos apenas quantitativamente.

A entidade adjudicante não pode utilizar o leilão electrónico de forma abusiva ou de modo a impedir, restringir ou falsear a concorrência.

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Quando a entidade adjudicante decidir utilizar um leilão electrónico, o programa do concurso deve indicar: • Os atributos das propostas objecto do

leilão electrónico; • As condições em que os concorrentes

podem propor novos valores relativos aos atributos das propostas objecto do leilão electrónico, nomeadamente as diferenças mínimas exigidas entre licitações;

• Outras regras de funcionamento do leilão electrónico;

• As informações relativas ao dispositivo electrónico a utilizar e às modalidades e especificações técnicas de ligação dos concorrentes ao mesmo.

Todos os concorrentes são, simultaneamente, convidados pela entidade adjudicante, por via electrónica, a participar no leilão electrónico. O convite deve indicar a pontuação global e a ordenação da proposta do concorrente convidado, a data e a hora de início do leilão e o modo de encerramento do leilão.

O leilão electrónico tem de obedecer às seguintes regras:

• Não pode ser dado início ao leilão electrónico antes de decorridos, pelo menos, dois dias a contar da data do envio dos convites;

• O dispositivo electrónico utilizado deve permitir informar, permanentemente, todos os concorrentes acerca da pontuação global e da ordenação de todas as propostas, bem como dos novos valores relativos aos atributos das propostas objecto do leilão;

• No decurso do leilão electrónico, a entidade adjudicante não pode divulgar,

directa ou indirectamente, a identidade dos concorrentes que nele participam.

RELATÓRIO PRELIMINAR

Após a análise das propostas, a utilização de um leilão electrónico e a aplicação do critério de adjudicação constante do programa do concurso, o júri elabora um relatório preliminar, no qual deve propor a ordenação das propostas. No relatório preliminar, o júri deve também propor a exclusão das propostas que, por não cumprirem as normas estabelecidas, sejam passíveis de ser eliminadas. O relatório preliminar deve ainda fazer referência aos esclarecimentos prestados pelos concorrentes.

Quando for adoptada uma fase de negociação aberta a todos os concorrentes, cujas propostas não sejam excluídas, o júri não deve aplicar o critério de adjudicação nem propor a ordenação das propostas no relatório preliminar.

AUDIÊNCIA PRÉVIA

Elaborado o relatório preliminar, o júri envia-o a todos os concorrentes, fixando-lhes um prazo, não inferior a cinco dias, para que se pronunciem, por escrito, ao abrigo do direito de audiência prévia.

Durante a fase de audiência prévia, os concorrentes têm acesso às actas das sessões de negociação com os demais concorrentes e às informações e comunicações escritas, de qualquer natureza, que estes tenham prestado, bem como às versões finais integrais das propostas apresentadas.

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8 RELATÓRIO FINAL

Seguidamente, o júri elabora um relatório final, fundamentado, no qual pondera as observações dos concorrentes, efectuadas ao abrigo do direito de audiência prévia, mantendo ou modificando o teor e as conclusões do relatório preliminar, podendo ainda propor a exclusão de qualquer proposta, se verificar, nesta fase, a ocorrência de qualquer dos motivos previstos. Quando do relatório final resulte uma alteração da ordenação das propostas constante no relatório preliminar, o júri procede a nova audiência prévia. O relatório final, juntamente com os demais documentos que compõem o processo de concurso, é enviado ao órgão competente para a decisão de contratar.

Cabe a este órgão decidir sobre a aprovação de todas as propostas contidas no relatório final, nomeadamente para efeitos de adjudicação ou de selecção das propostas ou dos concorrentes para a fase de negociação, quando seja adoptada essa fase. Negociação das propostas Em caso de contratos de concessão de obras públicas ou serviços públicos, a entidade adjudicante pode adoptar uma fase de negociação das propostas. Esta fase pode ser restringida aos concorrentes cujas propostas sejam ordenadas nos primeiros lugares ou aberta a todos os concorrentes cujas propostas não sejam excluídas.

Quando a entidade adjudicante decidir adoptar uma fase de negociação das propostas, o programa do concurso deve indicar se a negociação é restringida aos concorrentes cujas propostas foram ordenadas nos primeiros lugares e, nesse caso, qual o

número mínimo e máximo de propostas ou de concorrentes a seleccionar. Além disso, deve mencionar quais os aspectos da execução do contrato a celebrar que a entidade adjudicante não está disposta a negociar e se a negociação decorrerá, parcial ou totalmente, por via electrónica e os respectivos termos. O programa do concurso pode reservar, para o termo da fase de avaliação das propostas, a possibilidade de o órgão competente para a decisão de contratar adoptar uma fase de negociação restringida aos concorrentes cujas propostas foram ordenadas nos primeiros lugares.

Após a análise das versões finais das propostas e a aplicação do critério de adjudicação, o júri elabora um segundo relatório preliminar, no qual deve propor a ordenação das mesmas, podendo ainda propor a exclusão de qualquer proposta.

Quando seja adoptada uma fase de negociação restringida aos concorrentes cujas propostas sejam ordenadas nos primeiros lugares, o júri deve ainda propor a exclusão das versões finais cuja pontuação global seja inferior à das respectivas versões iniciais.

Durante a fase de audiência prévia, cada concorrente tem acesso às actas das sessões de negociação com os demais concorrentes e às informações e comunicações escritas de qualquer natureza que estes tenham prestado à entidade adjudicante, bem como às versões finais integrais das propostas apresentadas.

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ADJUDICAÇÃO

A adjudicação é o acto pelo qual o órgão competente para a decisão de contratar aceita a única proposta apresentada ou escolhe uma de entre as propostas apresentadas. No mesmo procedimento, podem efectuar-se adjudicações de propostas por lotes, caso em que podem ser celebrados tantos contratos quantas as propostas adjudicadas ou quantos os adjudicatários.

A adjudicação é feita segundo o critério da proposta economicamente mais vantajosa para a entidade adjudicante ou o do mais baixo preço. Só pode ser adoptado o critério de adjudicação do mais baixo preço quando o caderno de encargos defina todos os restantes aspectos da execução do contrato a celebrar, submetendo apenas à concorrência o preço a pagar pela entidade adjudicante pela execução de todas as prestações que constituem o objecto daquele.

O órgão competente para a decisão de contratar deve tomar a decisão de adjudicação e notificá-la aos concorrentes até ao termo do prazo da obrigação de manutenção das propostas. A decisão de adjudicação é notificada, em simultâneo, a todos os concorrentes. Juntamente com a notificação da decisão de adjudicação, o órgão competente para a decisão de contratar deve notificar o adjudicatário para:

• Apresentar documentos de habilitação exigidos;

• Prestar caução, se esta for devida, indicando expressamente o seu valor;

• Confirmar, no prazo fixado para o efeito, se for o caso, os compromissos assumidos por terceiras entidades, relativos a atributos, a termos ou condições da proposta adjudicada.

APRESENTAÇÃO DE DOCUMEN-TOS DE HABILITAÇÃO

Nos procedimentos de formação de quaisquer contratos, o adjudicatário deve apresentar uma declaração emitida conforme o modelo constante do anexo II ao Código dos Contratos Públicos e do qual faz parte integrante:

«(nome, número de documento de identificação e morada), na qualidade de representante legal de (1) ... (firma, número de identificação fiscal e sede ou, no caso de agrupamento concorrente, firmas, números de identificação fiscal e sedes), adjudicatário(a) no procedimento de... (designação ou referência ao procedimento em causa), declara, sob compromisso de honra, que a sua representada (2)».

Além disso, tem, obrigatoriamente que apresentar também documentos comprovativos de que não se encontra nas situações previstas nas alíneas b), d), e) e i) do artigo 55.º do mesmo diploma, relativas a situações diversas de ilegalidade e que impedem quaisquer entidades de serem candidatas, concorrentes ou integrar qualquer agrupamento.

Independentemente do objecto do contrato a celebrar, o adjudicatário deve ainda apresentar os documentos de habilitação que o programa do procedimento exija, nomeadamente, no caso de se tratar de um procedimento de formação de um contrato de aquisição de serviços, quaisquer documentos comprovativos da titularidade das habilitações legalmente exigidas para a prestação dos serviços em causa.

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CONCURSO PÚBLICO PASSO-A-PASSO

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COMPRAS PÚBLICAS

O órgão competente para a decisão de contratar pode sempre solicitar ao adjudi-catário, ainda que tal não conste do progra-ma do procedimento, a apresentação de quaisquer documentos comprovativos da titularidade das habilitações legalmente exigi-das para a execução das prestações objecto do contrato a celebrar, fixando-lhe prazo para o efeito.

O adjudicatário deve apresentar a reprodu-ção dos documentos de habilitação através de correio electrónico ou de outro meio de transmissão escrita e electrónica de dados.

Quando os documentos se encontrem disponí-veis na Internet, o adjudicatário pode, em substituição da apresentação da sua reprodu-ção, indicar à entidade adjudicante o ende-reço do sítio onde aqueles podem ser consultados, bem como a informação neces-sária a essa consulta, desde que os referidos

sítios e documentos dele constantes estejam redigidos em língua portuguesa.

O órgão competente para a decisão de contratar pode sempre exigir ao adjudicatário, em prazo que fixar para o efeito, a apresentação dos originais de quaisquer documentos cuja reprodução tenha sido apresentada, em caso de dúvida fundada sobre o conteúdo ou a autenticidade destes.

O órgão competente para a decisão de contratar notifica, em simultâneo, todos os concorrentes da apresentação dos documentos de habilitação pelo adjudicatário, indicando o dia em que ocorreu essa apresentação. Os documentos de habilitação apresentados pelo adjudicatário devem ser disponibilizados, para consulta de todos os concorrentes, em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante.

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PASSO-A-PASSO CONCURSO PÚBLICO

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COMPRAS PÚBLICAS

Anúncio da adjudicação

Quando o procedimento de formação do contrato tenha sido publicitado através de anúncio publicado no Jornal Oficial da União Europeia, a entidade adjudicante deve enviar ao Serviço de Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, no prazo de 30 dias após a adjudicação, um anúncio conforme modelo constante do anexo III ou do anexo VI ao Regulamento (CE) n.º 1564/2005, da Comissão, de 7 de Setembro, consoante o caso. Esta obrigação é ainda aplicável aos procedimentos de formação de acordos quadro e aos procedimentos de formação de contratos a celebrar, ao abrigo de um sistema de aquisição dinâmico, quando o anúncio com indicação expressa da instituição desse sistema tenha sido publicado no Jornal Oficial da União Europeia.

Não é aplicável aos procedimentos de formação de contratos celebrados ao abrigo de um acordo quadro.

Concurso Público Urgente

O Código dos Contratos Públicos veio introduzir a figura do Concurso Público Urgente. Trata-se de um concurso a que as entidades públicas podem recorrer em caso de urgência na celebração de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços de uso corrente para a entidade adjudicante.

É possível recorrer a um Concurso Público Urgente desde que o valor do contrato a celebrar seja inferior a 133.000 euros, para o Estado, e a 206.000 euros, para outras entidades, sendo o critério de adjudicação, sempre, o do preço mais baixo. O procedimento de Concurso Público Urgente rege-se, com as necessárias adaptações, pelas

disposições que regulam o concurso público, em tudo o que não esteja especialmente previsto nos artigos específicos ou que com eles seja incompatível.

Anúncio O Concurso Público Urgente é publicitado no Diário da República, através de anúncio conforme modelo aprovado por portaria dos ministros responsáveis pela edição do Diário da República e pelas áreas das finanças e das obras públicas.

Programa O programa do concurso e o caderno de encargos constam do anúncio previsto no número anterior.

Apresentação de propostas O prazo mínimo para a apresentação das propostas é de vinte e quatro horas, desde que estas decorram integralmente em dias úteis.

Manutenção das propostas O prazo da obrigação de manutenção das propostas é de 10 dias, não havendo lugar a qualquer prorrogação.

Adjudicação Da decisão de adjudicação devem constar os motivos da exclusão de propostas. No caso de o mais baixo preço constar de mais de uma proposta, deve ser adjudicada aquela que tiver sido apresentada mais cedo.

Apresentação dos documentos de habilitação Sem prejuízo de o programa do procedimento poder fixar um prazo inferior, o adjudicatário deve apresentar os documentos de habilitação exigidos no prazo de dois dias a contar da data da notificação da adjudicação.

PROCEDIMENTOS DO CONCURSO PÚBLICO URGENTE

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PLATAFORMAS PASSO-A-PASSO

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COMPRAS PÚBLICAS

O O Código dos Contratos Públicos (CCP) aposta na desmaterialização dos procedimentos de contratação pública e consequente utilização de meios electrónicos na formação dos contratos. Trata-se do recurso às plataformas electrónicas, peça essencial a esta missão.

A sua utilização por parte das entidades adjudicantes deve ser conformada por uma série de regras e obedecer a requisitos e condições, inclusive no que se refere à interligação ao Portal dos Contratos Públicos - «BASE:».

As plataformas electrónicas constituem uma infra-estrutura informática que serve de suporte aos procedimentos de contratação pública, desenrolando-se os vários passos sob o comando directo da entidade adjudicante e dos interessados ou concorrentes, nos termos e dentro dos limites previamente estabelecidos.

A entidade gestora da plataforma electrónica seleccionada é encarregada, pelas entidades adjudicantes, da condução técnica do siste-ma e das aplicações informáticas necessárias ao funcionamento das formalidades electró-

nicas, relativa aos procedimentos de formação dos contratos públicos. A plataforma electró-nica não intervém enquanto entidade auto-noma, no procedimento de formação de contratos públicos, cabendo ao utilizador dos serviços disponibilizados pela plataforma electrónica, enquanto representante da enti-dade adjudicante, conduzir o procedimento de formação de contratos públicos. As plataformas electrónicas a utilizar pelas entidades adjudicantes devem disponibilizar os serviços de base necessários à implementação das formalidades electrónicas, relativas aos procedimentos de formação dos contratos públicos, previstas no CCP. Além disso, devem garantir a sua interligação com o Portal dos Contratos Públicos, quer em termos técnicos, quer no que respeita ao cumprimento das regras de sincronismo necessárias à transferência dos dados reque-ridos entre a plataforma electrónica e o referido Portal. Devem ainda ter interligação com o portal do Diário da República Electrónico (DRE), através de protocolo a

Plataformas Electrónicas Normas e Requisitos

O recurso a plataformas electrónicas é obrigatório a partir de 30 de Julho de 2009. Mas as normas que as regulamentam estão já definidas e começam a vigorar já em Janeiro do próximo ano.

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PASSO-A-PASSO PLATAFORMAS

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COMPRAS PÚBLICAS

celebrar com a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A. (INCM), e também, quando estejam em causa empreitadas de obras públicas e concessão de obras públicas, com o Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI), no que respeita ao envio e recepção dos anúncios referidos no CCP, quer sejam publicados no DRE ou no Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), cabendo à INCM a ligação ao JOUE.

Para que possam exercer a sua actividade, as entidades gestoras de plataformas electró-nicas têm obrigatoriamente de nomear um auditor de segurança, o qual deve estar credenciado pelo Gabinete Nacional de Segurança para o exercício desta actividade e cumprir as normas definidas pela portaria nº 701-G/2008, de 29 de Julho, que regula as regras de funcionamento, requisitos e condições das plataformas electrónicas (ver caixa). Utilização das plataformas electrónicas na formação de um contrato público Para a formação de um contrato público, os serviços de uma plataforma electrónica devem obedecer aos seguintes requisitos de base: • Os serviços a prestar pela plataforma

electrónica devem satisfazer todas as exigências e condições estabelecidas no CCP, no âmbito de cada uma das fases do procedimento de formação dos contratos públicos;

• Todas as operações de recolha, trans-missão, tratamento, gestão e armaze-namento de informação necessárias à plena aplicação de todas as disposições do CCP, no que respeita à contratação

electrónica em boas condições de segurança, de registo, de fiabilidade e de sustentabilidade são da responsabilidade dos serviços a prestar pela plataforma electrónica;

• O interface com os utilizadores e todas as comunicações e procedimentos realizados nas plataformas electrónicas são redigidos em língua portuguesa, podendo ser disponibilizado interface adicional noutras línguas;

• Desde o início do procedimento de formação do contrato público na plata-forma electrónica até à respectiva con-clusão, a entidade gestora da mesma obriga-se a determinadas condições técnicas de utilização (ver caixa);

• Para cumprir as obrigações previstas no número anterior, a entidade responsável pela plataforma electrónica fica obrigada a disponibilizar na mesma os contactos de suporte e apoio técnico aos representantes das entidades adjudicantes e aos interes-sados no procedimento pré-contratual.

Troca de dados entre as plataformas electrónicas e o Portal dos Contratos Públicos A plataforma electrónica deve importar o anúncio do procedimento do Portal dos Contratos Públicos, nos exactos termos em que o mesmo foi publicado no Diário da República, independentemente dos dados que a entidade adjudicante aí tenha carregado directamente. A informação transmitida pela plataforma electrónica ao Portal dos Contratos Públicos destina-se a arquivo, mas também a ser

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PLATAFORMAS PASSO-A-PASSO

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COMPRAS PÚBLICAS

susceptível de tratamento automático. Para que o tratamento automático possa efectivar-se, os dados transmitidos devem estar devida-mente codificados.

A codificação utilizada deve estar perfeita-mente sincronizada com o Portal dos Contratos Públicos, com vista a que não se verifique qualquer perturbação na correcta identifi-cação das entidades e dos processos a que respeita a informação transmitida. As regras e requisitos relativos à interligação com o Portal dos Contratos Públicos são disponibilizados nesse portal. Regras de funcionamento das plata-formas electrónicas De acordo com a portaria nº 701-G/2008, de 29 de Julho, que regula as regras de funcionamento, requisitos e condições das plataformas electrónicas, complementando a legislação contida no Código dos Contratos Públicos, a autenticação da identidade dos utilizadores perante as plataformas electró-nicas efectua-se mediante a utilização de certificados digitais. Os utilizadores podem, para efeitos de autenticação, utilizar certificados digitais

próprios ou utilizar certificados disponibilizados pelas plataformas electrónicas.

As plataformas electrónicas estão adaptadas para permitir o acesso exclusivo dos utilizadores às mesmas, através de autenticação forte baseada na utilização de certificados digitais.

O mecanismo de validação de certificados dos utilizadores é efectuado tendo por base o referido certificado e a respectiva cadeia de certificação. Além disso, todos os documentos carregados nas plataformas electrónicas deve-rão ser assinados electronicamente mediante a utilização de certificados de assinatura electrónica qualificada. Nos casos em que o certificado digital não possa relacionar directamente o assinante com a sua função e poder de assinatura, deve a entidade interes-sada submeter à plataforma um documento electrónico oficial, indicando o poder de representação e assinatura do assinante.

O XML deverá ser o standard utilizado para todos os ficheiros carregados nas plataformas e todos os documentos assinados electroni-camente utilizam uma assinatura do tipo XadES-X (eXtended). As plataformas devem cumprir as normas, «standards» e procedi-mentos de arquivo para garantir a preser-vação digital e a interoperabilidade,

• Nomear um auditor de segurança, o qual deve estar credenciado pelo Gabinete Nacional de Segurança para o exercício desta actividade;

• O auditor de segurança deve elaborar um documento que ateste a conformidade da plataforma electrónica com as normas da portaria 701-G/2008, de 29 de Julho;

• O documento de conformidade compreende a descrição das funções e identificação dos perfis de recursos humanos técnicos que operam as plataformas, descrição técnica detalhada dos sistemas e arquitecturas da plataforma electrónica e um relatório de segurança que ateste a conformidade da plataforma electrónica com as normas técnicas previstas na respectiva portaria;

• O documento é submetido à entidade supervisora, devendo ser publicado por esta no portal dedicado aos contratos públicos, caso aquele documento ateste a conformidade da plataforma electrónica com as normas da portaria;

• A lista de entidades certificadas pela entidade supervisora para prestar serviços de plataforma electrónica é publicada no portal único dedicado aos contratos públicos.

PLATAFORMAS ELECTRÓNICAS: Requisitos de acesso à actividade de gestão

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PASSO-A-PASSO PLATAFORMAS

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COMPRAS PÚBLICAS

garantindo também, ao longo do tempo, a preservação das assinaturas electrónicas utili-zadas nos diversos procedimentos.

Estas plataformas devem implementar meca-nismos tecnológicos para preservação, arma-zenamento, indexação e recuperação dos arquivos, assegurando que a informação respeitante a cada procedimento pode ser exportada em formatos normalizados para efeitos de preservação. Segurança Ao abrigo da mesma portaria, as plataformas electrónicas têm, obrigatoriamente, que utilizar mecanismos de cópia e salvaguarda da informação associada aos procedimentos de

contratação electrónica. Devem ainda assegurar mecanismos de protecção da informação na sua vertente de confiden-cialidade, impossibilitando o acesso indevido à informação, garantindo, por outro lado, a disponibilidade da informação para todos os utilizadores.

As plataformas têm de disponibilizar tecnologias que permitem efectuar auditorias técnicas e de conformidade e garantir mecanismos de segurança, físicos e lógicos, que protejam os serviços e a informação armazenada nos sistemas. Todos os serviços das plataformas devem estar sincronizados com o serviço de tempo de rede (NTP), definido a partir do tempo universal coordenado (UTC).

Os documentos carregados nas plataformas são encriptados, através da utilização de criptografia assimétrica, baseada na utilização de troca de chaves. Para cada procedimento, as plataformas emitem um certificado próprio e único, que permite a encriptação de documentos, sendo que a entidade adjudicante pode utilizar um certificado próprio para a encriptação, no âmbito do seu procedimento.

Além de garantirem a recuperação de chaves privadas de encriptação, com recurso a mecanismos de segurança que obriguem à partilha, por mais de um utilizador, do segredo de recuperação da chave de encriptação, as plataformas electrónicas têm de assegurar a custódia de chaves privadas e atribuir acesso às mesmas aos membros do júri, para efeitos da desencriptação dos documentos.

Além disso, devem disponibilizar aos interes-sados os programas e aplicações que permi-tem utilizar certificados digitais para cifrar os documentos.

• Intervir no esclarecimento de eventuais dúvidas na utilização da plataforma electrónica por parte dos representantes da entidade adjudicante ou dos interessados no procedimento contratual;

• Prestar auxílio quando necessário ou quando tal lhe seja solicitado;

• Resolver problemas específicos nas plataformas que venham a colocar-se no âmbito do procedimento contratual, garantindo um canal de comunicação entre os vários intervenientes;

• Disponibilizar relatórios de anomalias, registos de acessos, submissões ou outra informação relevante solicitada pelo júri para efeitos de tomada de decisões que surjam nos procedimentos de formação de um contrato público.

CONDIÇÕES TÉCNICAS PARA GESTORAS DE PLATAFORMAS

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Portal BASE: CASOS

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COMPRAS PÚBLICAS

O O acesso aos sistemas de informação, que vão gerir os dados relativos à formação e execução dos contratos públicos, torna-se fundamental para permitir ao Estado acumular, organizar e tratar a informação que diz respeito aos contratos públicos, em áreas como a locação ou aquisição de bens móveis, aquisição de serviços, empreitadas ou concessões de obras e serviços públicos.

A alimentação das bases de dados que surgem no portal é feita através da informação enviada pelo Diário da República Electrónico, das plataformas electrónicas ou introduzida directamente. Estas serão posteriormente utilizadas para a realização de estudos estatísticos sobre obras e compras públicas.

O portal De acordo com Cláudia Assis de Almeida, vogal do Conselho de Administração do Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI), uma das entidades responsáveis pelo portal «BASE:», esta é «a porta de entrada para aceder aos sistemas de informação que vão permitir a recepção, a organização e o tratamento de dados relativos à formação e à execução dos contratos públicos de locação ou aquisição de bens móveis, aquisição de serviços, empreitadas ou concessões de obras públicas e de concessões de serviços públicos».

A iniciativa surgiu como resultado da «transparência e desmaterialização presentes no Código dos Contratos Públicos e da existência de duas realidades distintas - empreitadas e bens e serviços», o que levou à «necessidade da criação de um portal único».

Este portal é mesmo considerado por Cláudia Assis de Almeida como «uma componente indispensável da implementação do Código». O principal objectivo do «BASE:» é assim «centralizar a informação mais importante relativa a todos os procedimentos pré-contratuais, os quais, de acordo com o CCP, são obrigatoriamente desmaterializados», esclarece.

Neste espaço virtual, é possível encontrar diversas informações sobre a formação e

A «Base» Virtual dos Contratos Públicos

Pedra basilar das regras resultantes do novo Código dos Contratos Públicos, publicadas em Diário da República a 29 de Julho, o portal «BASE:» é, por excelência, o ponto único de acesso aos sistemas de informação, que vão gerir os dados relativos à formação e execução dos contratos públicos.

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CASOS PORTAL BASE:

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COMPRAS PÚBLICAS

execução dos contratos públicos. Nomea-damente, no que se refere à publicitação de anúncios relacionados com os procedimentos de formação de contratos, em simultâneo com a sua publicação em Diário da República, à celebração de contratos na sequência de ajuste directo, a modificações dos contratos públicos, a decisões de aplicação da sanção acessória de privação do direito de participar em procedimentos pré-contratuais públicos, em virtude de contra-ordenação, a informação estatística e à legislação vigente.

Segundo a responsável, com o «BASE:» torna-se, pela primeira vez, possível «saber quais os ajustes directos efectuados, qual o valor dos contratos celebrados, o acompanhamento da concretização de empreitadas, etc.», o que permite «ao Estado agir atempadamente em caso de necessidade». Tecnologias envolvidas Desenvolvido em parceria com a Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP), que, a par do InCI, é a reguladora responsável pelo controlo do investimento público ligado à contratação, o projecto baseia-se em «princí-pios e standards de mercado, como por exemplo SOAP (Simple Object Access Protocol) ou WS (Web Services)», o que permite garantir «a integração futura com aplicações de terceiros, com um esforço bastante reduzido», sublinha a vogal. Neste caso, a plataforma utilizada tem como base a Microsoft.NET Framework 3.5 com o Office SharePoint Server 2007, BizTalk Server 2006, SQL Server 2005 e Windows Server 2003.

Cláudia Assis de Almeida revela que os primeiros resultados e as críticas dos utilizadores

têm sido «positivas» e apelam ao «sentido de melhorarmos o portal BASE:». Para o futuro, está previsto o estabelecimento das «ligações essenciais a outros organismos, para melhorar e optimizar» a utilização do portal. Duas das ligações já previstas incluem uma «ligação à ANCP e respectivos sistemas de suporte às compras públicas e a ligação à Imprensa Nacional Casa da Moeda, cujos códigos de acesso ao Diário da República serão os mesmos a utilizar no portal «BASE:», garantindo a simplificação do acesso e a segurança do mesmo». Por outro lado, será ainda desenvolvida toda a área estatística, que alimentará, nomeada-mente, o Observatório das Obras Públicas e as necessidades de reporte à União Europeia, permitindo um conhecimento efectivo do investimento público na generalidade.

Portal «BASE:» URL: http://www.base.gov.pt Entidade: Instituto da Construção e do Imobiliário URL: http://www.inci.pt Implementação: 2008 Desenvolvimento: Interno Parceiros: Agência Nacional das Compras Públicas URL: http://www.ancp.gov.pt Contactos: Tel: (+351) 21 794 67 00 | E-mail: [email protected]

Projecto

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AMAL CASOS

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COMPRAS PÚBLICAS

O Os 16 municípios algarvios que integram a AMAL - Grande Área Metropolitana do Algarve - estão já a fazer compras conjuntas, utilizando, para o efeito, uma plataforma de compras adequada aos projectos piloto da entidade. Apostando no lema «reforçar a capacidade de resposta a necessidades comuns dos associados», a AMAL alivia assim a carga administrativa dos municípios associados, através de processos e metodologias de criação de sinergias e partilha de conheci-mento, ajudando a definir uma estratégia e planeamento de compras comuns e ante-cipando o futuro próximo. Em declarações ao iGOV, Sónia Ferreira, responsável da Divisão de Projectos e Apoio às Autarquias da AMAL, esclareceu que «a adesão dos municípios ao projecto foi total e reduzimos a carga administrativa, com a substituição de 16 procedimentos por apenas um único, passando a ter o controlo total da execução dos contratos e da análise de diversas métricas como, por exemplo, a avaliação do desempenho dos fornecedores».

Pontos críticos

Os pontos críticos referenciados pela respon-sável algarvia são «de ordem prática,

obrigando a um relacionamento muito próxi-mo entre a associação e os municípios, para garantir a celeridade das etapas adminis-trativas, de ordem social, com a preocupação de salvaguardar o equilíbrio da economia e dos fornecedores locais, e de ordem proces-sual, no sentido de integrar e compatibilizar os sistemas de back-office dos municípios com a plataforma de compras da AMAL, evitando uma carga administrativa adicional».

Atento às evoluções e às obrigações legais, aquele organismo tem vindo a apostar na

AMAL «treina» Compras Electrónicas

Para antecipar a chegada da plataforma escolhida para as contratações públicas, a AMAL - Grande Área Metropolitana do Algarve – foi acautelando o futuro, utilizando um sistema específico que permite executar compras electrónicas, assente numa estratégia de centralização dos contratos negociados com os fornecedores.

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CASOS AMAL

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COMPRAS PÚBLICAS

obtenção de consensos nos critérios de adjudicação de bens e serviços para responder, transversalmente, às necessidades comuns e especificidades de cada um dos municípios associados. O grande desafio foi dar resposta ao tipo de procedimentos a adoptar, elaborando peças procedimentais comuns às 16 entidades, para utilizar em cada negociação. A actual plataforma de compras da AMAL não inclui qualquer custo associado à adesão e integração antecipada dos fornecedores, que apenas passam a fazer parte do sistema, após lhes terem sido adjudicados bens ou serviços.

Plataformas O projecto preparatório, actualmente em curso na AMAL, terá a sua concretização plena no início de 2009, com a implementação da nova plataforma, compatível e certificada para os contratos públicos. «A redução de custos associada à centralização das aquisições previstas irá depender dos tipos de categorias e volumes negociados, mas as estimativas apontam para poupanças na ordem das centenas de milhares de euros, nas despesas mais repre-sentativas», disse Sónia Ferreira, acrescentando que «os indicadores estatísticos relativos ao projecto piloto, realizado em 2007, indicam que foram transaccionados, via plataforma de compras da AMAL, na categoria papel de fotocópia e consumíveis de informática» cerca de 500 mil euros, em 550 requisições, num total de 354 artigos. Actualmente, a AMAL tem implementadas as soluções «Plataforma de Compras» e «Leilões Electrónicos», da empresa BizDirect, que

permitem, através de leilão, o ajustamento dos preços, online e em tempo real, estando previstos, até final de 2008, mais proce-dimentos na categoria «papel de fotocópia e consumíveis de informática». Em 2009, serão abrangidas, entre outras, as áreas de «higiene e limpeza», «material de escritório», «viagens», «licenciamento de soft-ware», «comunicações móveis», «inertes», «ma-terial eléctrico e iluminação», «combustíveis e lubrificantes», «seguros» e «transportes». «Após a contratualização com os fornecedores – que podem incluir sessões negociais e leilões – as condições comerciais ficarão disponíveis na plataforma de compras da AMAL, sob a forma de catálogos electrónicos, indicando as características dos produtos, preços e outros aspectos negociados, permitindo aos muni-cípios interessados na aquisição executar on-line os pedidos de fornecimento», explica Sónia Ferreira.

Plataforma de compras electrónicas de 16 municípios algarvios Entidade: Grande Área Metropolitana do Algarve - AMAL URL: http://www.amal.pt Implementação: 2008 Desenvolvimento: Externo Parceiros: BizDirect e Logica Contactos: Tel.: (+351) 289 880 800 | E-mail: [email protected]

Projecto

Page 39: iGOV.DOC "Compras Públicas"

AdP CASOS

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COMPRAS PÚBLICAS

O O projecto piloto, lançado pela Unidade de Serviços Partilhados do Grupo Águas de Portugal (AdP), foi apresentado por Alberto Martins, coordenador de compras da EPAL, e Nuno Fragoso, gestor de projecto da AdP Serviços, e arrancou, em Novembro de 2003, com sete empresas (AdP SGPS, AdP Serviços, Águas do Algarve, EGF, EPAL, Luságua e Simtejo) e três categorias de compras (econo-mato, consumíveis de informática e reagentes para tratamento da água), agregando cerca de 300 utilizadores.

O objectivo foi ajudar a consolidar as escolhas relativas à expansão a outras empresas do Grupo e para novas categorias de compras. A solução adoptada, feita in-house, com a utilização do Sistema SAP/EBP e BW, assegura a integração com os sistemas de back-office existentes (SAP/R3), tendo sido desenvolvidas internamente as actividades de sourcing e construção dos catálogos electrónicos.

Enquadramento e objectivos Segundo os responsáveis, «o projecto de compras electrónicas da responsabilidade da AdP Serviços contribuiu para a reestruturação

e modernização das aquisições, nas vertentes corporativa e de serviços partilhados.» Alberto Martins e Nuno Fragoso focaram os objectivos estratégicos do projecto, destacando que «além da automatização das actividades de compra, a tecnologia é utilizada para mudan-ças ao nível organizacional, processual e dos sistemas de suporte às aquisições».

Assim, «o projecto pretende contribuir para a prossecução de três importantes objectivos: consolidação da negociação centralizada e descentralizada da compra, disponibilizar uma ferramenta de suporte com informação completa, actual e de utilização simples, e dotar o Grupo de soluções de vanguarda, incorporando as tecnologias mais recentes e as melhores práticas de gestão.»

A solução adoptada e a metodologia de im-plementação caracteriza-se fundamentalmen-te, por uma solução in-house, com total inte-gração com os sistemas de back-office existen-tes nas empresas do Grupo, pela construção dos catálogos electrónicos desenvolvidos internamente e pela sua aplicação num grupo restrito de empresas e categorias de produtos, antes de a alargar a todo o Grupo.

Grupo Águas de Portugal Pioneiro nas «e-compras»

O projecto de Compras Electrónicas do Grupo Águas de Portugal visa contribuir para a reestruturação e modernização da Função de Compras da AdP, através da utilização de uma tecnologia inovadora, como motor para o seu desenvolvimento.

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CASOS AdP

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COMPRAS PÚBLICAS

O projecto-piloto O Grupo AdP desenvolveu um projecto piloto para comparar o nível de concretização com as expectativas criadas, adaptar a solução às especificidades das empresas do Grupo, ganhar experiência, identificar obstáculos, encontrar soluções e construir um business-case sólido para fundamentar a decisão relativa à expansão das compras electrónicas. Os responsáveis pelo piloto destacaram que «o projecto congregou sete empresas do Grupo, geograficamente dispersas e representando todas as unidades de negócio, e três categorias de compras (reagentes, econo-mato e consumíveis de informática), envolven-do cerca de 300 utilizadores e 30 fornece-dores», acrescentado que «foram escolhidas categorias de compras de elevado valor estratégico (reagentes para o tratamento da água, de elevado valor de compra e importância vital para a actividade) e de reduzida importância estratégica (como o economato e consumíveis de informática). O economato e os consumíveis de informática integrados no projecto passaram a ser agregados e negociados centralmente, com evidentes benefícios económicos». Após a conclusão do projecto piloto, foi enviado aos utilizadores um questionário de satisfação relativo à nova solução, verificando-se que 95 por cento recomendaram a expansão do projecto a novas empresas e categorias de compra.

Benefícios

Foi possível identificar um vasto conjunto de benefícios, nomeadamente uma efectiva descentralização do acto da compra, com

processos comuns às empresas, maior inter-venção do departamento de compras em actividades de natureza estratégica e informa-ção de gestão sobre o processo.

Foi também possível verificar uma redução de custos, com a eliminação de stocks de economato e consumíveis de informática, com libertação de recursos afectos a armazéns para outras actividades. «Verificou-se uma redução significativa do ciclo de compra, nas fases de aprovação da requisição e criação do pedido, maior eficiência e redução do volume de compras fora de contrato, redução do custo administrativo e acesso descentra-lizado ao sistema, via Internet», adiantaram os responsáveis. A nível organizacional, foi possível garantir a reestruturação e modernização da função de compras.

Considerando o sucesso do projecto piloto, é agora um objectivo do Grupo AdP expandir as compras electrónicas, de forma simultânea, contemplando o alargamento da solução a mais empresas e introduzindo novas categorias de compras. Estima-se que o sistema possa processar cerca de 9,5 milhões de euros em compras.

Compras Electrónicas do Grupo Águas de Portugal Entidade: Grupo Águas de Portugal (AdP) URL: http://www.adp.pt Implementação: 2003 Desenvolvimento: Interno Contactos (AdP): Tel.: (+351) 21 246 95 00 | E-mail: [email protected]

Projecto

Page 41: iGOV.DOC "Compras Públicas"

COMPRAS PÚBLICAS REFERÊNCIAS

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COMPRAS PÚBLICAS

E

P

LENTIDADES Ministério das Finanças e da Administração Pública Av. Infante D. Henrique, 1 1149-009 Lisboa Telef.: (+351) 218 816 800 E-mail: [email protected] URL: http://www.min-financas.pt

Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações Rua de São Mamede (ao Caldas), 21 1149-050 Lisboa Telef.: (+351) 218 815 100 E-mail: [email protected] URL: http://www.moptc.pt/

Agência Nacional de Compras Públicas Rua Laura Alves, 4 – 1050-138 Lisboa Telef.: (+351) 217 944 200 E-mail: [email protected] URL: http://www.ancp.gov.pt/

Parlamento Europeu (PE) Allée du Printemps – F-67070 Strasbourg Telef.: (0033) 388 17 40 01 URL: http://www.europarl.europa.eu/

Comissão Europeia (CE) Rue Archimède, 73 – 1000 Bruxelles Telef.: (+352) 2929 44404 URL: http://ec.europa.eu/

PORTAIS Agência Nacional de Compras Públicas http://www.ancp.gov.pt/

«BASE: Contratos Públicos Online» http://www.base.gov.pt/

Diário da República Electrónico http://www.dre.pt/

Jornal Oficial da União Europeia (JOUE) http://publications.europa.eu/official/index_pt.htm

Informação Europeia para os Contratos Públicos (SIMAP) http://www.simap.europa.eu/

Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI) http://www.inci.pt/

LIVROS A Contratação Pública Electrónica e o Guia do Código dos Contratos Públicos

Manuel Lopes Rocha, Jorge Cruz Macara e Filipe Viana Lousa A obra é um guia prático do processo de contratação pública resultante do Código dos Contratos Públicos (CCP) com incidência na contratação por via electrónica. Dá a conhecer ao leitor a nova realidade da

contratação pública electrónica. Apresenta conceitos e casos práticos, nacionais e internacionais, de forma simples e pragmática com explicações das principais novidades integradas no CCP neste novo quadro legal. ST & SF – Sociedade de Publicações, 2008.

«e-Procurement»: Estratégia de Implementação Dale Neef Business-to-Business (B2B) e eCommerce, a área que engloba a compra e venda de transacções electrónicas entre organizações e em que o eProcurement é uma função central. Reflexões, estratégias e tendências. Editora Wiley, 2001

«e-Procurement»: Guia dos Aspectos Legais Helen Alder, Ken Burnett E Paul Abbiati Este é um guia prático para os aspectos jurídicos dos contratos online. A Internet proporciona uma plataforma global para o comércio mundial, embora não haja nenhum organismo legislativo ou de direito que defina as práticas comerciais globais. Na

opinião dos autores, este guia pretende esclarecer algumas das principais questões jurídicas sobre os meios electrónicos. CIPS-The Chartered Institute of Purchasing & Supply, 2003

International Handbook of Public Procurement Khi V Thai Neste volume global de 840 páginas, estão incluídas discussões sobre as negociações de contratos, licitações, preço e custo, estratégias de análise e um capítulo sobre respostas do mercado a anúncios de adjudicação. Esta enciclopédia foi escrita

pelo tailandês Khi V., professor na Florida Atlantic University e editor do Journal of Public Procurement. O autor tem prestado assistência técnica, no domínio dos contratos públicos, aos agentes de todo o mundo. Auerbach Publications, 2008

Recursos

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REFERÊNCIAS COMPRAS PÚBLICAS

iGOVDOC#01 42

COMPRAS PÚBLICAS

N

C

NACIONAL Decreto-Lei n.º 200/2008, de 9 de Outubro Aprova o regime jurídico aplicável à constituição, estrutura orgânica e funcionamento das centrais de compras. MFAP Portaria n.º 701-A/2008, de 29 de Julho Estabelece os modelos de anúncio de procedimentos pré-contratuais previstos no Código dos Contratos Públicos a publicitar no Diário da República. PCM, MFAP e MOPTC Portaria n.º 701-B/2008, de 29 de Julho Nomeia a comissão de acompanhamento do Código dos Contratos Públicos e fixa a sua composição. MFAP e MOPTC Portaria n.º 701-E/2008, de 29 de Julho Aprova os modelos do bloco técnico de dados, do relatório de formação do contrato, do relatório anual, do relatório de execução do contrato, do relatório de contratação e do relatório final de obra. MFAP e MOPTC Portaria n.º 701-F/2008, de 29 de Julho Regula a constituição, funcionamento e gestão do portal único da Internet dedicado aos contratos públicos (Portal dos Contratos Públicos). MFAP, MOPTC e MCTES Portaria n.º 701-G/2008, de 29 de Julho Define os requisitos e condições a que deve obedecer a utilização de plataformas electrónicas pelas entidades adjudicantes, na fase de formação dos contratos públicos e estabelece as regras de funcionamento das plataformas. MFAP, MOPTC e MCTES Decreto-Lei n.º 143-A/2008, de 25 de Julho Estabelece os termos a que deve obedecer a apresentação e recepção de propostas, candidaturas e soluções no âmbito do Código dos Contratos Públicos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro. MOPTC Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro Regula a formação e execução dos contratos públicos, definindo desta forma todos os procedimentos que decorrem, desde o momento em que é tomada a decisão de contratar uma entidade até à adjudicação, assim como a execução do contrato. MOPTC Resolução n.º 65/2007, de 7 de Maio Aprova a Estratégia Nacional para as Compras Públicas Ecológicas 2008-2010. Conselho de Ministros

Despacho n.º 19545/2006 Publica os contravalores dos limiares aplicáveis aos contratos públicos relativos à aquisição de bens ou serviços e aos contratos públicos de empreitadas de obras públicas e de empreitadas de obras públicas. MFAP

Despacho conjunto n.º 280/2006, DR 59 Série II de 2006-04-23 Na sequência da publicação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 111/2003, de 12 de Agosto, que aprovou o Programa Nacional de Compras Electrónicas, foi criada uma equipa de trabalho na Secretaria-Geral do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações para implementar um projecto-piloto. MFAP e MOPTC

Decreto-Lei n.º 43/2005, DR 37 Série I-A de 2005-02-22 Altera o Decreto-Lei n.º 245/2003, de 7 de Outubro, que transpôs para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 2001/78/CE, da Comissão, de 13 de Setembro, alterando os anexos relativos aos modelos dos concursos para os contratos relativos à adjudicação de empreitadas de obras públicas, constantes do Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março, os anexos relativos aos modelos dos concursos para aquisição de bens móveis e serviços, constantes do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho, e os anexos relativos aos modelos dos concursos para a celebração de contratos nos sectores da água, energia, transportes e telecomunicações constantes do Decreto-Lei n.º 223/2001, de 9 de Agosto. MOPTC

Despacho n.º 1338/2005, DR 14 Série II de 2005-01-20 É criada a Estrutura de Projecto de Compras (EPC) do Ministério das Finanças e da Administração Pública, na dependência do secretário-geral do MFAP, com a missão de actuar transversalmente a todo o ministério. MFAP

COMUNITÁRIA Regulamento (CE) n.º 1422/2007 Altera as Directivas 2004/17/CE e 2004/18/CE relativamente aos limiares de valor aplicável nos processos de adjudicação dos contratos públicos. Comissão Europeia.

Rectificação da Directiva n.º 1993/37/CEE, de 14 de Junho de 1993, Jornal Oficial L 111 Coordenação dos processos de adjudicação de empreitadas de obras públicas. Conselho Europeu

Legislação