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SOM NAS IGREJAS
Sonorizar um templo que ministra cultos ao ar livre investindo em umsistema específico para voz foi a prioridade nas recentes mudanças daigreja, que buscou os serviços de consultoria, projeto e execução doengenheiro Framklim Garrido.
Karyne Lins
Igreja Messiânica
O
Mundial do Brasil, Solo Sagrado deGuarapiranga (São Paulo)
áudio consiste em um sistema de
som com caixas Panaray, da Bose.
O Solo Sagrado da Igreja Messiâ-
nica Mundial do Brasil foi inaugurado em
1995 e desde então vem utilizando um sis-
tema de áudio da TOA, fabricado no Ja-
pão. A igreja, que possui a tradição de re-
alizar cultos ao ar livre, além desse sistema
(caixas especiais desenhadas com corne-
tas) que sonoriza essa área aberta, possui a
maior parte dos equipamentos de som tra-
zidos do Japão (local de origem da igre-
Foto
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ação
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SOM NAS IGREJAS
ja). Cada caixa tem 1200 watts e ficam no
alto do anel direcionadas para o público.
Com o passar do tempo e com o au-
mento da freqüência dos cultos, houve a
necessidade de sonorizar uma área maior
para atender às pessoas que se alojavam
em outros lugares ao redor do pátio. Em
princípio, a decisão da diretoria foi
terceirizar a sonorização. Para isso, con-
tratou uma empresa que prestava servi-
ços técnicos de som para atender os dias
de culto e eventos.
Com a ampliação gradativa dos espa-
ços no Solo Sagrado, foi preciso ter téc-
nicos que estivessem todo tempo dispo-
níveis para os serviços da própria igreja.
Foi com esta visão que em 2003 ocorreu
uma série de mudanças administrati-
vas, e a Messiânica resolveu investir em
um sistema próprio de áudio e em seu
próprio gerenciamento.
Para essa nova etapa, Otávio Lourenço
Filho, responsável pelo departamento de
áudio, coordenou junto a Framklim Gar-
rido, engenheiro e projetista de som, as
mudanças no áudio e no treinamento de
uma equipe técnica disponível para todos
os dias de celebração na igreja. Otávio,
que trabalhava com tecnologia de infor-
mação (informática, áudio e imagem) há
dez anos na igreja, foi convidado a geren-
ciar e montar a equipe técnica.
Em seguida, foi contratado o projetista
Framklim Garrido, que estudou o novo
projeto de sonorização ao ar livre durante
seis meses. “Não é comum um projeto de
sistema de som ao ar livre e em áreas espe-
cíficas para atingir o público. A direção da
igreja nos deu pouco tempo, pois, na épo-
ca, o contrato da empresa terceirizada se
encerraria e não seria mais renovado. Em
junho de 2003 teríamos de ter uma equipe
pronta para assumir os eventos desta data
em diante”, lembrou Otávio.
Essa equipe hoje é composta por vo-
luntários. Técnicos com experiência
com bandas e membros da igreja que se-
guem uma escala organizada por Otávio.
“Por existir pequenos sistemas de caixas
de som em vários lugares diferentes, essa
equipe conta hoje com dez técnicos que
revezam o plantão durante a semana.
Apesar de o gerenciamento ser todo feito
na central, o técnico é treinado para re-
solver situações no local onde presta
plantão”, disse.
Sem sombrasPara implantar o novo sistema, foi reali-
zado um estudo em toda a área do pátio e
arredores a ser sonorizada, tanto com as
caixas do novo projeto como as já existen-
tes da TOA, além de como seria feita a
cobertura de áudio destas caixas em algu-
mas áreas de sombra. Segundo Otávio,
essas áreas de sombra são locais onde há
uma deficiência de áudio, quando se tra-
ta de um espaço ao ar livre, como o do
Solo Sagrado. “O som reflete num local
fechado e chega onde você desejar fazen-
do os procedimentos corretos. Em uma
área aberta não existe reflexão e é mais
difícil trabalhar a acústica, ou seja, como
não existe essa reflexão, fica complicado
fazer o direcionamento do som. Foi preci-
so neste caso ampliar a área de cobertura
por causa das colunas”, explicou.
Para resolver essas áreas de sombra e
permitir que o sistema atinja as pessoas
que ficam atrás das colunas, Framklim
Garrido achou uma forma de ‘sumir’
com aquelas sombras, ou seja, posicionar
as caixas de forma estratégica e um pou-
co fora do convencional. Depois destes
pontos detalhados na pesquisa do projeto
de sonorização, o objetivo era encontrar
o equipamento que atendesse especifi-
camente essa prioridade no espaço do
Solo Sagrado.
Menos pressão“O Framklim deixou bem claro que
além de se obter uma boa qualidade
“Não é comum um projeto de sistema de som ao arlivre e em áreas específicas para atingir o público. Adireção da igreja nos deu pouco tempo. Em junho de2003 teríamos de ter uma equipe pronta para assumir
os eventos desta data em diante” (Otávio)
Sonorização externa com sistema de caixas Bose
modelo Panaray
Sistema de caixas TOA, fabricado no Japão: parte
do áudio da igreja
P.A. da Bose com características específicas para
serem utilizadas em locais abertos
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sonora, o P.A. deveria suprir a igreja
levando em consideração os nossos
eventos e cultos que são diferentes
dos templos cristãos, que normalmen-
te planejam seu sistema de P.A. com
uma pressão sonora maior”, lembra
Otávio, se referindo às igrejas com ca-
racterísticas musicais. O estilo de cul-
to da igreja messiânica é direcionado
à voz e em casos de eventos especiais,
as pessoas se alojam em um ambiente
próximo a área principal (o espaço
para cultos ao ar livre) para assistir a
apresentação do coral que hoje com-
porta 90 pessoas acompanhadas so-
mente por teclado e percussão. Se-
gundo Otávio, o coral e esses instru-
mentos ficam dentro da faixa de fre-
qüência da voz. “Foi tudo pensado
para trabalhar especificamente com a
voz. O Framklim e eu definimos quais
seriam os equipamentos necessários e,
após a saída da empresa terceirizada,
demos início à instalação do nosso pró-
prio som”. Toda a área externa foi
sonorizada com caixas da Bose mode-
los Panaray: quatro caixas Panaray
402 e seis Panaray 802, tendo caracte-
rísticas específicas para serem utiliza-
das em ambientes abertos, indepen-
dente das condições do tempo. Con-
forme já explicou Otávio Lourenço Fi-
lho, responsável pela equipe de som,
Framklim Garrido dispensou o uso de
subgrave na instalação do P.A., pois a
proposta dos cultos é trabalhar com a
voz e não necessitam de um P.A. com
pressão sonora.
Tanto é que as caixas TOA do sis-
tema antigo trabalham com uma faixa
de freqüência bem estreita. “O fabri-
cante nos deu a garantia de que o
equipamento funciona, digamos, até
debaixo d’água, e optamos por este
modelo por ter esta função. A inten-
ção era uma instalação fixa, sem a ne-
Ambiente onde acontecem os eventos com o coral da igreja Messiânica. O coral e os instrumentos usadosficam dentro da faixa de freqüência da voz
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cessidade de montar e desmontar nos
dias de celebração”, disse Otávio.
Sonorizandooutros espaçosO Solo Sagrado, hoje, possui cerca de
327 mil metros quadrados e a interliga-
ção entre os departamentos é feita por
fibra ótica.
Esses departamentos, que estão em
prédios muito distantes uns dos outros,
se usassem cabos metálicos, existiria o
risco de descargas eletromagnéticas e,
conseqüentemente, os equipamentos
poderiam queimar. Otávio Lourenço
conta que o departamento de TI (Tec-
nologia da Informática) desenvolveu
junto com a equipe de engenharia da
igreja Messiânica o sistema de pára-raios
e foi feita uma malha de aterramento
que interliga todos os prédios. Esse pro-
cedimento impede problemas sérios
com descargas elétricas.
Toda transmissão de dados, voz e
imagem entre os prédios é feita por meio
de fibra ótica com a intenção de elimi-
nar interferências de outras rádios.
Também foi criada uma rede específica
para a transmissão de áudio que é feito
em vários pontos.
Na entrada do Solo Sagrado exis-
tem plataformas para estacionamento
de ônibus de excursões e a rádio da
própria igreja transmite informações
para esta área a partir da central, via fi-
bra ótica, que depois é distribuída para
vários pontos dentro do Solo Sagrado
(lanchonetes, estacionamentos, par-
ques, auditório, etc).
Para saber mais
http://www.toaelectronics.com
http://www.toa.jp
www.messianica.org.br
Equipamentos da centralda Igreja Messiânica“Não usamos nenhum tipo de soft-
ware para transmissão, somente o sis-
tema próprio desenhado para isso, que
consiste em um hardware específico
para este trabalho”, esclareceu Otávio
Lourenço. A compra do novo sistema
de som também inclui duas mesas
Yamaha: a O2R, que recebe o sinal do
coral e onde é feita a mixagem, e a
Yamaha 01V, que recebe sinal da rá-
dio e de todos os microfones (de lape-
la e mão) usados no altar. Os microfo-
nes para o coral são vários modelos da
JTS, SM57, e microfones de lapela ori-
ginais da TOA para os altares e para a
cabine de locução.
Todos os eventos e as apresentações
do coral são gravados em multitrack.
Após o evento, quando há solicitação
do público pelo CD do evento, a equi-
pe técnica faz uma edição do coral
gravado ao vivo. O sinal da mesa prin-
cipal é dividido e vai para a equipe de
vídeo que está no templo fazendo a
captação e gravação ao vivo. Otávio
Lourenço espera que, em breve, tenha
disponível toda a tecnologia para pos-
síveis transmissões dentro da rede da
Messiânica nas outras unidades locali-
zadas em vários pontos do Brasil e fa-
zer transmissões ao vivo para qualquer
lugar do mundo.
Framklim Garrido dispensou o uso de subgravena instalação do P.A., pois a proposta dos cultos
é trabalhar com a voz e não necessitam de um P.A.com pressão sonora. As caixas TOA do sistema antigotrabalham com uma faixa de freqüência bem estreita