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102 www.backstage.com.br SOM NAS IGREJAS O critério que influenciou na escolha da Bose para o novo sistema de sonorização foi o fato de a igreja ser muito eclética em estilos musicais e a solução resolveria então o principal problema: a reverberação. A igreja, construída no século passado, precisava manter suas características tradicionais. Karyne Lins [email protected] Igreja Metodista Central S ão 123 anos da Igreja Metodista Central, em São Paulo, 85 anos da inauguração do templo no bairro Li- berdade e 77 anos da autonomia da Igreja Metodista. Mesmo para uma igreja que ainda mantém as características tradicio- nais dos templos seculares, a idéia de acom- panhar a tendência de se investir em novos sistemas de som não foi descartada. Sabendo que a questão de sonoriza- ção de igrejas é uma realidade no Brasil, a igreja passou a investir em som profissi- onal, levando sempre em consideração a preservação do estilo tradicional do tem- plo. Segundo o técnico Silas, a igreja já passou por algumas reformulações desde o primeiro projeto, porém nada compara- do à seriedade deste último. O primeiro sistema de som foi monta- do com duas caixas antigas no P.A. e re- tornos em forma de side fill, porém, de- pois de tantos anos, toda a equipe técni- ca atual da igreja e o pastor Marcos Garcia decidiram que já estava na hora de realizar mudanças no som e investir o que fosse preciso em equipamento que atendesse essa nova proposta. Fotos: Divulgação

Igreja Metodista Central - backstage.com.br · com seis caixas MA12, sendo quatro para o P.A. e duas para torre de delay, dando uma cobertura tal que a máxima dife-rença seria de

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SOM NAS IGREJAS

O critério que influenciou na escolha da Bose para o novo sistema desonorização foi o fato de a igreja ser muito eclética em estilos musicais ea solução resolveria então o principal problema: a reverberação. A igreja,construída no século passado, precisava manter suas característicastradicionais.

Karyne [email protected]

Igreja Metodista Central

São 123 anos da Igreja Metodista

Central, em São Paulo, 85 anos da

inauguração do templo no bairro Li-

berdade e 77 anos da autonomia da Igreja

Metodista. Mesmo para uma igreja que

ainda mantém as características tradicio-

nais dos templos seculares, a idéia de acom-

panhar a tendência de se investir em novos

sistemas de som não foi descartada.

Sabendo que a questão de sonoriza-

ção de igrejas é uma realidade no Brasil,

a igreja passou a investir em som profissi-

onal, levando sempre em consideração a

preservação do estilo tradicional do tem-

plo. Segundo o técnico Silas, a igreja já

passou por algumas reformulações desde

o primeiro projeto, porém nada compara-

do à seriedade deste último.

O primeiro sistema de som foi monta-

do com duas caixas antigas no P.A. e re-

tornos em forma de side fill, porém, de-

pois de tantos anos, toda a equipe técni-

ca atual da igreja e o pastor Marcos

Garcia decidiram que já estava na hora

de realizar mudanças no som e investir o

que fosse preciso em equipamento que

atendesse essa nova proposta.

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tos: D

ivu

lgação

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A primeira coisa levada em conside-

ração quando a equipe se reuniu para

pôr em discussão o que seria prioridade

nas mudanças foi a melhoria na qualida-

de de áudio, item unânime, pois a igreja

trabalha com muitos estilos de música e

era preciso ter um sistema de som que se

adequasse à igreja (especificamente fa-

lando da igreja no bairro Liberdade).

O desafio era adaptar um novo sistema

com o material que a igreja já possuía do

projeto anterior, e que funcionava muito

bem, como as caixas para monitor, e não

fazer mudanças que comprometessem a

estrutura antiga da igreja, que manteve

seus vitrais, a madeira antiga do chão, dos

bancos e do teto e dispensou tratamento

acústico. “As diferenças audíveis quando

se mudou do sistema tradicional para o

atual foram muito grandes. A pressão so-

nora perto do palco diminuiu e no fundo

da igreja o som está audível. A inteligibi-

lidade aumentou e agora temos qualida-

de sonora, podemos até ter o órgão e o pi-

ano da igreja ligados no sistema”, comen-

tou o pastor Marcos Garcia.

Mudanças,mas não muitasPor meio de um estudo da acústica da

igreja, o técnico Alan foi convidado para

fazer o projeto de som e chegou a possí-

veis soluções para as dificuldades de se

sonorizar o ambiente. O templo tem um

pé direito muito alto, 12 metros, aproxi-

madamente, com telhado em V, paredes

paralelas, vitrais, entre outros inconveni-

entes e, portanto, qualquer tratamento

acústico era uma solução cara, complica-

da e influenciaria diretamente no visual

da igreja (o que, no caso deste templo,

não poderia ser feito).

Alan foi então procurar uma solução

eletroacústica e se deparou com a possibi-

lidade de um line array Bose (as MA12 e

os subgraves MB4 Bose formam um siste-

ma line array de caixas de som projetadas

exclusivamente para ambientes com pro-

blemas de reverberação, proporcionando

um som com menor nível de ecos, facili-

tando a clareza das palavras e do som).

Esse tipo de sistema logo mostrou ser a

melhor solução técnica e financeira.

Apesar de saber da existência de al-

gumas igrejas com sistema Bose, Alan e

Silas não visitaram estes locais, contudo,

conheciam e sabiam da funcionalidade

deste sistema e como iria atender as ne-

cessidades específicas do templo. “Após

eu ter mostrado a solução para a lideran-

ça da igreja, e mostrado custos, entrei em

contato com a distribuidora da Bose no

Brasil e eles vieram até a igreja fazer uma

demonstração das caixas. Todos gosta-

ram e dei início à execução do projeto”,

explica Alan.

Após a sua primeira boa impressão, foi

a vez de Alan calcular alguns fatores a

fim de verificar se realmente seria uma

boa aposta. O primeiro foi a amplitude de

cobertura do sistema. A caixa da Bose

MA12 tem uma cobertura horizontal de

170°, o que ajuda a cobrir toda a largura

da igreja sem deixar sombras, caso fossem

colocadas nas paredes laterais.

O segundo fator foi a reverberação

do ambiente. Como o line array não

tem amplitude vertical para enviar som

em direção ao teto da igreja, a reverbe-

ração diminuiria consideravelmente,

mas Alan verificou, calculando, e o re-

sultado ficou dentro do aceitável. A

reverberação causada pelo P.A. não se-

ria um inconveniente, mas sim uma re-

verberação natural que até beneficia-

ria, não entrando na zona de dupli-

cidade do som (delay) e não prejudi-

cando a inteligibilidade.

O terceiro fator foi a distribuição de

pressão sonora pelo ambiente. O line

array tem uma curva de perda de sinal

pela distância muito boa e foi com essa

propriedade que Alan projetou o sistema

com seis caixas MA12, sendo quatro para

o P.A. e duas para torre de delay, dando

uma cobertura tal que a máxima dife-

rença seria de 8dB-SPL.

Em toda parte do projeto o diálogo

com a liderança da igreja sempre foi in-

tenso. Cada sugestão, o passo-a-passo da

As mudanças para instalar o novo sistema de som preservou o estilo tradicional da igreja, que manteve seus

vitrais e a madeira antiga do chão, dos bancos e do teto

“As diferenças audíveis quando se mudou do sistematradicional para o atual foram muito grandes. A pressãosonora perto do palco diminuiu e no fundo da igreja osom está audível. A inteligibilidade aumentou e agora

temos qualidade sonora”

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execução do sistema

foi conversado e discu-

tido com toda a equipe

e o pastor, assim, todos

estavam cientes do

prosseguimento que

o técnico dava para a

nova sonorização.

Quando da mon-

tagem do equipamen-

to e para o alinhamen-

to, não foi necessário

algum software que

permita fazer simula-

ções eletroacústicas.

Para alinhamento do

sistema, foram utili-

zados recursos do pró-

prio controlador digital da Bose e o Ultra-

curve como analisador de espectro, já que

o equalizador do P.A. é o TGE2313X.

Existem dois subgraves da Bose mo-

delo Panaray MB4 dispostos nas laterais

da igreja no chão, logo abaixo do P.A. O

sistema tem crossover pelo controlador

digital do sistema Bose. Alan disse que

após o alinhamento do sistema o técnico

Silas não precisa se preocupar em traba-

lhar independentemente com o sub.

Isso foi uma facilidade oferecida pelo

sistema em se tratando de trabalhar

com freqüências.

Lista de Equipamentos

P.A.

4 caixas Bose Panaray MA12

(projetado para seis, três de cada lado)

2 subwoofer Bose Panaray MB4

(2 caixas por lado)

1 Controlador Digital - Bose Panaray

System Digital Controller

Mesa Ciclotron Techvox Vega 2 MF40

Equalizador Techvox TGE2313X

1 Amplificador Machine 3,8 SBX

1 Amplificador Machine 2,5 SBX

Compressor dbx 166A

Processador de efeito Yamaha Rev500

2 Estabilizadores de Energia Phonic

PPC 1100

Monitor

Processador Digital Behringer Ultra-

curve DEQ2496

Equalizador Peavey Q231

(equipamento do projeto antigo)

2 caixas ativas Alto PS4HA

4 monitores Staner Upper 200R (equipa-

mento do projeto antigo)

Equipe técnica

Silas de Souza Tiburcio: técnico respon-

sável pelo áudio

Rafael Hori: técnico de áudio auxiliar

Edy Penas Valladares Kulinski: técnico

de gravação

A característicada igreja e como isso veioinfluenciar na escolha donovo sistemaA igreja tem uma característica muito

eclética, abrigando eventos de todos os

tipos, desde casamentos, cultos domini-

cais a gravações de CD, seminários e

apresentações de bandas. Para dar conti-

nuidade a essas programações, o sistema

de som teria de ser bem flexível, para dar

conforto também aos freqüentadores

que são de várias faixas etárias e de gos-

tos diferenciados. Era primordial uma co-

bertura de som de

maneira que não fos-

se muito agressiva

(melhor distribuição

de pressão sonora),

pois era a maior re-

clamação feita pelos

membros.

Como já foi expli-

cado anteriormente,

os técnicos Alan e Si-

las e o pastor Marcos

Garcia procuravam

não afetar a estrutura

da igreja e o visual

com as novas aquisi-

ções de equipamen-

tos. A questão da fle-

xibilidade os fez pensar também no restan-

te do sistema, como mesa e periféricos.

A mesa Ciclotron Techvox Vega 2 MF

40 foi escolhida pela facilidade de opera-

ção por parte dos técnicos e quantidade

de recursos oferecidos por um custo acei-

tável para o projeto. Essa console faz P.A.,

monitoração de palco e esporadicamen-

te é utilizada para as gravações.

Continuação daconclusão do sistemaO projeto foi feito para que a igreja tives-

se mais duas caixas MA12 fazendo delay,

porém, a igreja escolheu separar o projeto

em duas partes para viabilizá-lo. Isso não

impediu que o pastor investisse para que

toda a instalação fosse preparada para fina-

lizar esta segunda etapa de conclusão do

sistema de som. Alan ressaltou que a única

diferença é que o sistema foi projetado para

ter uma diferença máxima de 8dB SPL

(como já foi dito acima) entre a caixa e o

pior ponto de cobertura, agora sem a torre

de delay, existe 15dB-SPL de diferença.

Palco e grupo de louvorAs mudanças feitas no palco foram pra-

ticamente uma adaptação do sistema de

Integrantes do coral da Igreja Metodista Central de São Paulo, que trabalha com vários estilos musicais

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Para saber mais

monitoração anterior com as novas caixas.

Silas explicou que o novo projeto previa tro-

car alguns monitores para que fossem usa-

dos pelos vocais e para uso do pastor no púl-

pito. Os instrumentistas passariam a utilizar

um sistema de monitoração por fones.

Por vários motivos, a equipe da igreja

optou por continuar com sistema integral

de monitoração de chão e deixar que a

compra do sistema in-ear fosse parte da

segunda etapa do projeto a ser concluída.

Sendo assim, Silas deixou alguns moni-

Seis caixas MA12 e dois subgraves Panaray MB4formam o sistema de P.A. da igreja

tores antigos para serem usados para os

músicos do grupo de louvor.

Ainda em relação ao palco, outra gran-

de mudança foi a retirada do side fill, an-

tes utilizada com muita cautela, pois as

altas reverberações influenciavam direta-

mente no som do P.A. Por esse motivo, o

side-fill utilizado no palco (antes do proje-

to) foi desativado. Mais um motivo pela

qual o side não é utilizado é a disposição

dos músicos, que se posicionam apenas de

um lado da igreja e em alguns eventos eles

tomam o local do púlpito, que fica atrás do

local utilizado frequentemente.

Isso ajudou a disciplinar o som gera-

do pelo grupo de louvor e passaram a

controlar o volume gerado no palco.

Nesse caso, a configuração ficou assim:

duas novas caixas de monitor são da

Alto, modelo PS4HA, e estão dispostas

no chão para os vocais, outras duas cai-

xas estão dispostas no púlpito para os

pastores e mais duas caixas estão dispos-

tas para os instrumentistas. “Para nós,

como ministério de louvor, as mudanças

do projeto foram sensíveis, pois agora te-

mos mais clareza do som e escutamos

tudo através dos novos retornos que

agora estão no chão e não mais como

side. E a igreja também sentiu a mudan-

ça do ministério após a finalização do

projeto”, disse o técnico Silas, satisfeito

com a nova aquisição do som.

Ciclotron Techvox Vega 2 MF 40 para P.A.,monitoração de palco e gravações na igreja

O novo sistema de sonorização agradou ao ministériode louvor que agora percebe mais clareza do som

O projeto foi feito paraque a igreja tivesse

mais duas caixas MA12fazendo delay, porém,

a igreja escolheuseparar o projeto em

duas partes paraviabilizá-lo