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POPCULT+WEB2.0 #04 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA novembro 2009

IGUAL #04_parteum

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popcult + web2.0

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POPCULT+WEB2.0

#04DISTRIBUIÇÃO GRATUITA novembro 2009

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FOTOGRAFIADE CAPA POR

Jenn Turner(Milwaukee, WI, USA)

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Olá,

a revista de que pouco se fala regressa depois de ter ido a banhos. Agora, com maisroupa no corpo e menos horas de sol, continua a ser uma boa altura para alterar algumas coisas, de maneira que mudámos de identidade visual e apresentamos em Novembro uma cara nova.

Editorialmente falando, regressa a crónica graças à repescada colaboração da Ana, regressa o Daniel a escrever sobre cinema asiático – desta vez fomos a HongKong sem sair do sofá –, regressam as recomendações musicais do Pedro Rios(para seguir religiosamente ou ignorar de forma pedante) e regressa a secção Culto, este mês dedicada aos brindes do McDonald’s. Há ainda uma entrevista aMiguel Gomes, realizador de “Aquele Querido Mês de Agosto”.

Imperdíveis estão as fotografias desta edição, o que justifica o título deste Editorial.O Flickr é uma ferramenta de trabalho indispensável na feitura desta revista e emNovembro trazemos às nossas páginas três utilizadores daquele site de partilha.Jenn Turner assina a capa, o Miguel Teixeira ocupa-se do Centrão e a ChristinaRoberts ilustra secções habitualmente mais cinzentas (Ficha Técnica e Índice, a que se juntam Até À Próxima e a contra-capa).

A conferir nas páginas seguintes. Ou enrolar para cartuchos de castanhas.

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EditorialObrigado, Flickr

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Miguel Carvalho

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Ficha Técnica

Director Vitalício & Editor: Miguel Carvalho Top-Ajudante: Ana Maria Henriques

Colaboradores:Ana Maria Henriques, Daniel Sylvester,Pedro Rios, Francisco Dias, Miguel Teixeira, Christina Roberts

Capa: Jenn Turner

Conteúdo: todos os textos, fotografias e ilustrações são da autoria de Miguel Carvalhoexcepto se creditados

Paginação & Design: Miguel Carvalho Contacto: [email protected]/Edição: Eufaçooquequero PRESS

Tiragem: só para os amigos/onlinePeriodicidade: errática (distribuição gratuita)Assinaturas: [email protected]

Site: http://issuu.com/miguelc

Disclaimer: Esta revista é um trabalho académico. As imagens e fotografias que não são da autoria do DirectorVitalício, Miguel Carvalho, além de estarem devidamente creditadas, estão aqui presentes sem qualquer fim lucrativo e são contempladas pelo uso justo, ou seja, de total boa fé no contexto académico/não-lucrativo inerente à IGUAL.

Chri

stin

a R

ober

ts

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Índice

Chri

stin

a R

ober

ts

editorial , 4

crónica , 10

pedro rios recomenda , 12

culto: mcbrindes , 14

centrão: miguel teixeira , 17

entrevista: miguel gomes , 22

cinema de hong kong , 26

até à próxima vez , 30

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ColaboradoresAna Maria Henriques

Nasceu numa vila piscatória onde não se passa nada e habita agora no Porto. O pai foi olheiro doBenfica. Não come carne e bebe leite de soja todosos dias. Gosta de vestidos e tem uma predilecçãopor sapatilhas vermelhas. Não gosta de pessoas que se exercitam. Já foi operada a laser.

Pedro RiosVive na Vergada, onde se pavoneia ao volante do seucitadino azul. Quando veste de cabedal as pessoastendem a dar-lhe razão. No Twitter, já são mais aspessoas que o seguem do que as seguidas. Já foichefe de quase toda a redacção desta revista e atétocou em bandas. Gosta de listas.

Francisco DiasNascido no Porto, passou a infância entre o CasãoMilitar e a montra da Brinca Brincalhão no C.C.Brasília. Nunca se refez do fecho da Roma Megastorena Baixa. Recorda com carinho o entusiasmo com queparticipou pela primeira vez numa rede social. O seu lema de vida é “tem pai que é cego”.

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Nasceu em Hamburgo e cedo causou polémica ao dizerque era tão conhecido como os Beatles. Tem doisgatos e é frequentemente gozado no círculo de amigos pelas posições humanistas e razoáveis queteima em defender. Se fosse ele a mandar o Presidente do Mundo era Sonic, o ouriço radical.

Daniel Sylvester

Tem 18 anos e é australiana. Adora a sua vida, mas como esta é curta a Christina aproveita para tirar fotos. Das muitas disponíveis, escolhemos quatro que ilustram várias secções: o Índice, a Ficha Técnica, o Até À Próxima e a contra-capa. Gosta de skate e de cenas baratas.

Christina Roberts(flickr.com/people/rhinocerosbeetlebattle)

É este lisboeta de 27 anos que faz o Centrão destaedição com oito fotos (nove, se contarmos a dacapa) do seu portefólio. Além de fazer fotografiana praia, o Miguel gosta de ouvir Jon Hassell,Ducktails ou Neil Young. Miguel Teixeira (flickr.com/people/miguelteixeira)

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por Ana Maria Henriques

CrónicaDo Acordo e Da Escrita

Ele é pontos. Vírgulas, dois pontos: três pontos, o ponto mais a vírgula, o travessão -os pontos de interrogação e os de exclamação! Ele é regras, alturas específicas, entoações, sentidos e significados, ironia e sinceridade, dúvida ou espanto, paragemlonga, média, curta, só para respirar. Parágrafos e entradas de falas, aspas para discursos roubados, parêntesis para explicações jocosas, barras para significadosambíguos. Acentos agudos e graves para palavras parecidas ficarem diferentes, tis e tiles, circunflexos para palavras tão simples, bem mais simples que a palavra circunflexo. Apóstrofos para a preguiça que une duas letras.

MAIÚSCULAS e minúsculas. Cedilhas para nós. Factos que regem a língua. Factosque vão passar a ser fatos, completos, com direito a colete, laço e barra.

E depois há o Saramago, que não usa os pontos como nós usamos, que usa as vírgulas como sinal de pontuação por excelência, sinal que introduz tudo e não deixanada de fora, sinal ritmado, a vírgula que diz, Olha o Sr. José, aquele que vive na ilhaespanhola, que gosta tanto de nós, sempre a dar-nos o devido valor, o Saramagoque ignora as regras que cortam o ritmo e o dinamismo da escrita e da leitura, quecria uma melodia constante, que embala a estória.

e depois há o valter hugo mãe, que não suporta as maiúsculas, nem nos nomes dossenhores nem nos nomes das senhoras, nem das terras, dos países, dos rios, dosdias da semana, dos meses. para o valter hugo mãe são todos iguais, as pessoas eas coisas, o espaço, o tempo, os sentimentos, os pontos e as vírgulas, as letras sempre todas do mesmo tamanho, sem nenhuma a destacar-se.

E porque a escolha e a enumeração se pode tornar longa, há o

Lobo Antunes, que gosta de frases profundas e cheias de raivaque não cabem todas na mesma linha, diálogos partidos pelo espaço onde actuam, manchas

gráficas difusas, irregulares, a formar figuras feitas de letras impressas pretinhas.

Ufa!, com direito a pontos vários... !?

Não me podem obrigar a abdicar de todas estas especificidades, o tempero não pode

ser, de repente, abolido da língua. Faz parte dela, está sempre presente: nunca é

pedido, ainda assim apreciado como se fosse o único. Não, não quero alternativas,

menus exóticos com sabores que desconheço. Quero ter direito a tudo o que à partida

parece inútil. Mas que na realidade não o é. Sou dos cês e dos pês e dos agás (agá

levará agá?) mudos, dos xis que podem ser zês.

Se for necessário deixar claro, sou contra.

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A PRÓXIMA PODESER A TUA

fotos, ilustrações e etc:[email protected]

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O PEDRO RIOSRECOMENDA :

Emeralds por Emeralds // Gneiss Things / 2009

Alguma da música mais entusiasmante que tem saído do underground (ainda existe essa coisa?) faz-se de sintetizadores.Já não de guitarras acústicas com afinações estranhas, comoacontecia na free folk, já não de ruído bruto, como no noise,mas de sintetizadores, esse instrumento que a new age e a popoitentista tornaram num pecado. Agora, com a bênção dotempo, a new age torna-se fonte legítima de inspiração, encon-tra elos (que, afinal de contas, estiveram sempre lá) com a kosmische de um Klaus Schulze e o minimalismo de Terry Riley.

(Recomendações musicais de quem ganha a vida a ouvir a música dos outros)

Stellar Om Source, Oneohtrix Point Never e Emeralds são alguns dos nomes mais interessantes desta tendência que, porora, se mantém fresca. “Emeralds”, um dos vários registos quelançaram recentemente, recorda Schulze em “Geode”, uma daspeças de música mais brilhantes do ano pela forma como dispõe ritmos de sintetizador em cascata, entre o ambient e adança (mental, claro está).

Música para imaginar prismas em mutações geométricas – valeimenso. “Overboard (Off The Deep End)” viaja pelo espaçocomo os Tangerine Dream faziam e “Diotima” é um mar de “digitalia” e guitarras gentis a flutuar. “Passing away” é a peçamaior do disco, com os seus 17 minutos a condensar as coorde-nadas anteriores em vários momentos. Há um disco dos Emeralds que se chama, com ironia, “Bullshit Boring DroneBand". Chiça coisa mais falsa: isto é drone dinâmico, do melhor nos últimos anos.

Os Emeralds: Mark McGuire, John Elliott & Steve Hauschildt

(Foto: Shannon Neale)

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Beyond the Valley of Ultrahits por Richard Youngs// Sonic Oyster / 2009

Richard Youngs é dos músicos mais brilhantes e idiossincráticosda música experimental contemporânea. Já lá vão 19 anossobre “Advent”, esse portento minimalista que o lançou a solo.Desde então, tem-se multiplicado em dezenas de registos asolo, com Andrew Paine, Simon Wickham-Smith, Alex Neilson e Jandek. “Beyond the Valley of Ultrahits”, um dos vários discosque lançou a solo este ano, vai directamente para o grupo dosmelhores discos de Youngs, ao lado de “The Naïve Shaman” e “Garden Of Stones”.

Nele, o inglês aproxima-se da música pop. A sua voz (centro das suas obras mais interessantes) mantém-se naquele registoúnico entre a austeridade e a doçura, mas a música deixa-selevar pela repetição de estruturas própria da pop. Claro que há elementos suficientes para sabotar qualquer ideia de queYoungs sucumbiu a facilitismos. “Collapsing Stars”, cançãolindíssima, coloca a voz em duplicado, com ligeira assincronia, e há um solo de guitarra que caberia numa balada rock FM em cima de uma melodia esquizóide.

Reconhecemos o gosto pelas estruturas modais que enformamuma obra genial como “The Naïve Shaman”, mas já não estamos perantes longas peças (nenhuma canção tem mais dequatro minutos). “Oh Reality” é um convite ao singalong (a sério)sobre ritmos em colisão, um exercício de simplicidade e eficácia.“Beyond the Valley of Ultrahits” é, ao mesmo tempo, uma belaporta de entrada no universo Richard Youngs e um passo firmee corajoso de um músico que, igualmente este ano, também seaventurou pelo tecno e pela house (em “Like a Neuron”).

Um artista imprevisível, livre, único.

Flamingo Breeze por Matrix Metals // Not Not Fun / 2009

“Flamingo Breeze” é um grande título, não é? Lembra-nos praia e envolve flamingos, animais porreiríssimos, cheios de pinta e cor-de-rosa. É curioso ver como os blogues de mp3 se dividem a atribuir estedisco a James Ferraro, metade dos Skaters e prolífico músico a solo(edita regularmente sob diversos e obscuros pseudónimos). Somos dosque dizemos que não é Ferraro, apesar do universo de referências sercomparável: detritos culturais (música de vídeojogos, de elevador, defilmes manhosos) e longas peças instrumentais com aura lo-fi que transforma os ritmos em texturas e dilui as melodias (o hiss da cassetee a gravação fodida são mais um instrumento). É em “Tanning Salon”que esta cassete melhor se revela: com apenas quatro minutos, revela-se uma canção que Ariel Pink não desdenharia, se se lembrassede explorar a psicadelia de guitarras.

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por Miguel Carvalho e Francisco Dias

Culto

McBrindes: o boneco mais coleccionado no mundoDe 1932, ano em que abriu oprimeiro “fast food drive-in” nosEUA, até 2007, ano em que aMcDonald’s Portugal se tornouna primeira franchise europeiaa fornecer wi-fi gratuito em cadaum dos 120 (à época) estab-elecimentos no nosso país, vaiuma longa distância. Pelo meio,a cadeia dos irmãos McDonaldrevolucionou hábitos, crioupolémicas, deu origem a umíndice económico, a um con-ceito laboral pejorativo e a umtermo da Sociologia, promoveuincontáveis referências pop cul-turais e espalhou-se por 119países onde alimenta milhõesde pessoas diariamente.

Sem querer discutir os méritose defeitos da McDonald’s, im-portam-nos as memórias. E nãoestamos a falar do patrocíniooficial ao Euro 2004. Estamos a falar dos brindes do HappyMeal.

O Happy Meal apareceu em1978 como a refeição dos maisnovos. A prová-lo está otamanho das doses e a intro-dução de um brinde. Atraindoas crianças, a McDonald’s ten-tava vender-se como restau-rante familiar e em 1980exportou o Happy Meal parafora dos EUA. Quando, em1991, o primeiro restaurante da

marca abriu em Portugal oHappy Meal era um conceitoimplementado e um produto desucesso: “preferido pelos filhos,aprovado pelos pais”. Apesarde por cá não termos a nossaprópria tradução para HappyMeal, ao contrário do Brasilonde se deve pedir umMcLanche Feliz, também as crianças portuguesas têmcrescido a brincar com osbrindes do seu menu. No entanto, é justo dizer que amaioria de nós vê os premiumscomo uma diversão descartávele não como o item de colecçãoque realmente é. Os brindes doHappy Meal - os brinquedos