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II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e PrticasUNIVERSIDADE DO MINHO - INSTITUTO DE EDUCAODEPARTAMENTO DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAO
1, 2 E 3 DE OUTUBRO DE 2015
Home
ORGANIZADORES
Virgnio SLeonor TorresGuilherme SilvaDaniela Silva
ISBN
978-989-8557-57-5DATA
Outubro 2015
EDIO DIGITAL
De Facto Editores
Todos os direitos reservados
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
Comisso OrganizadoraCarlos GomesCarla SoaresCustdia RochaDaniela SilvaFtima AntunesFernanda MartinsFernando IldioGuilherme SilvaLeonor TorresManuel SilvaVirgnio S (Coord.)
Comisso CientficaAlexandre Ventura (Univ Aveiro)Almerindo Janela Afonso (Univ do Minho)Ana Maria Seixas (Univ Coimbra)Antnio Bento (Univ Madeira)Antnio Bolivar (Univ Granada)Antnio Neto Mendes (Univ Aveiro)Clementina Cardoso (Univ Londres)Custdia Rocha (Univ Minho)Dalila Oliveira (UFMG-FE-Belo Horizonte)Daniela Silva (Univ Minho)Dora Castro (ESE Porto)Elisabete Ferreira (Univ Porto)Ftima Antunes (Univ Minho)Ftima Choro Sanches (Univ Lisboa)Fernanda Martins (Univ Minho)Florbela Sousa (Univ Lisboa)Guilherme Silva (Univ Minho)Henrique Ferreira (ESE Bragana)
Jean-Louis Derouet (IFE-ENS-Lyon)Joo Barroso (Univ Lisboa)Jorge Adelino Costa (Univ Aveiro)Jorge vila de Lima (Univ Aores)Jos Verdasca (Univ vora)Leonor Torres (Univ Minho)Licnio Lima (Univ Minho)Lus Carvalho (Univ Lisboa)Luiz Dourado (UFG-FE Goias)Mrcia Aguiar (UFP- Pernambuco)M Joo de Carvalho (UTAD-Vila Real)Manuel Sarmento (Univ Minho)Mariana Dias (ESE Lisboa)Romualdo Portela (USP-So Paulo)Theresa Adrio (UNICAMP-FE Campinas)Virgnio S (Univ Minho)
Comisso OrganizadoraComisso Cientfica
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
Programa
1 DE OUTUBRO DE 2015 09.00 h Abertura do Secretariado 09.30 h Sesso de Abertura 10.00-11.15 h Conferncia de Abertura: Yves Dutercq (Uni-
versidade de Nantes) Comentrio: Manuel Sarmento (Uni-versidade do Minho)
11.15-11.30 h Intervalo 11.30-13.00 h Mesa redonda I: Escola pblica, gerencia-
lismo e desigualdades em educao - Maria Joo Carvalho (Universidade de Trs os Montes e Alto Douro); Romualdo Portela (USP, S. Paulo); Sofia Viseu (Universidade de Lisboa); Almerindo Afonso (Universidade do Minho) (Coordenador/comentador)
13.30-14.30 h Almoo 14.30-16.30 h Comunicaes livres 16.30-16.45 h Intervalo 16.45-18.45 h Comunicaes livres
2 DE OUTUBRO DE 2015 09.00-11.00 h Comunicaes livres 11.00-11.15 h Intervalo 11.15-13.00 h Mesa Redonda II - Centralizao, descentra-
lizao, autonomia e (hper)burocracia- Joo Barroso (Uni-versidade de Lisboa); Jorge Adelino Costa (Universidade de Aveiro); Elisabete Ferreira (Universidade do Porto); Virgnio S (Universidade do Minho) (Coordenador/comentador)
13.00-14.30 h Almoo 14.30-16.30 h Mesa Redonda III- O/A Diretor/a em ao:
estudos- Jean-Louis Derouet (IFE-ENS, Lyon); Custdia Rocha (Universidade do Minho); Antnio Bolivar (Universi-dade de Granada); Leonor Torres (Universidade do Minho)(Coordenadora/comentadora)
16.30-16.45 h Intervalo 16.45-18.15 h Comunicaes livres 18.15-19.30 h Conferncia: Dalila Oliveira (Universidade
Federal de Minas Gerais); Comentrio: Ftima Antunes (Uni-versidade do Minho)
20.00 h Jantar do Colquio
3 DE OUTUBRO DE 2015 09.00-11.00 h Comunicaes Livres 11.00-11.15 h Intervalo 11.15-12.30 h Conferncia de Encerramento: Licnio Lima
(Universidade do Minho) 12.30-13.00 h Sesso de Encerramento
Programa
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
O Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas As reformas modernizadoras da governao das escolas, ancoradas numa agenda gerencialista de inspirao neoliberal, e materializadas nas propostas de aplicao ao espao educativo dos cnones da nova gesto pblica, constituem uma tendncia cujo epicentro se localiza nos pases centrais, mas com ineludveis rplicas nos pases perifricos e semi-perifricos onde se inclui Portugal.De entre os vetores mais salientes dessa modernizao conservadora, alimentada pela fabricao de um certo pnico moral, destacam-se uma maior centralizao das decises estratgicas, potenciada pelos novos recursos do taylorismo informtico, e frequentemente travestida atravs de um discurso que procura ocultar o que realmente promove; uma ressemantizao de conceitos de forte poder apelativo, com destaque para a descentralizao, a autonomia e suas derivaes; uma obsesso quan-tofrnica com desdobramentos diversos, incluindo a avaliao dos alunos, dos professores e das escolas; uma desqualificao do controlo democrtico e sua substituio pela retrica do controlo do consumidor; uma gesto baseada em evidncias, mesmo quando objetivamente faltam evidncias que sustentem a consistncia das opes tomadas; e, particularmente no caso portugus, a procura de um rosto em cada escola/agrupamento, devidamente assessorado por pessoas da sua confiana, a quem possam ser assacadas responsabilidades.Neste cenrio, as escolas, enquanto contextos de ao concreta onde confluem distintos agentes e agendas, vo reagindo aos terrores da performatividade, explorando as zonas de incerteza que, apesar de tudo, subsistem, com impactos educativos que ainda no esto inteiramente estudados, mas que podem comprometer a sua sobrevivncia como espao pblico promotor da convivncia democrtica, da construo do bem comum e de afirmao da razo comunicativa sensvel sonoridade de todas as vozes.Mobilizando especialistas de diferentes geografias socioculturais, o II Colquio de Cincias Sociais da Educao, atravs de distintos dispositivos organizativos, pretende constituir-se como um frum de reflexo e de debate, criando as condies para a partilha de inquietaes, de experincias, de aspiraes e de perplexidades, contribuindo assim para um dilogo, que se espera profcuo, entre a cincia dos atores e a cincia dos autores.
O Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
EIXO 01Globalizao, europeizao e administrao da educao
Globalizao, internacionalizao e mobilidade acadmica no ensino superior: um estudo do Programa Cincia sem Fronteiras na UFRB. 26Alessandra Queirz de Almeida
Da Poltica Educativa Nacional e Supranacional s Prticas Curriculares 38Carla Lacerda
A globalizao enlaces e faces nos estudos das organizaes educativas 48Carlos Antonio de Queiroz, Marly Alfaia Simes de Queiroz e Fabiane Maia Garcia
A globalizao da educao e os contextos: respeito s diferenas ou atenuao das identidades? 58Carolina da Costa Santos, Ftima Pereira e Amlia Lopes
O Programa Novas Oportunidades e a aprendizagem ao longo da vida: efeitos da Unio Europeia em Portugal 65Daniela Vilaverde e Silva
Quais os efeitos da Globalizao na Avaliao Externa de Escolas? 79Joana Sousa e Natlia Costa
A formao de professores no contexto das mudanas do ensino superior: uma perspectiva comparada entre Portugal e o Brasil 86Maria Rejane Lima Brandim e Marina Graziela Feldmann
Polticas Educacionais de Ampliao da Jornada Escolar: uma perspectiva comparada Brasil e Portugal 95Marlia Beatriz Ferreira Abdulmassih e Antonio Chizzotti
Unio Europeia e Mercosul: Congruncias na Concepo de Qualidade da educao Superior 103Mary Ane de Souza
NDICE DE ARTIGOS
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
As Relaes entre a Unio Europeia e o Mercosul e o Processo de Integrao Universitria Mercosulino 115Vernica de Lourdes Pieto de Oliveira
Agenda Global e Mercantilizao da Educao: Algumas Problematizaes Sobre as Polticas Educacionais de Distribuio Massiva de Laptops Educacionais no Modelo 1:1 128Viviane Grimm e Geovana Mendona Lunardi Mendes
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
EIXO 02Organizao e gesto pedaggica da escola/agrupamento
Avaliao de Escolas: os efeitos nos processos de mudana e melhoria da escola 140A. P. Correia, I. Fialho e Virgnio S
Organizao e gesto pedaggica da escola: das prticas escolares lgica do seminrio integrado do Ensino Mdio Politcnico 151Andrelisa Goulart de Mello e Rosane Carneiro Sarturi
A Escola em Ciclos: Novos Currculos e Velhas Prticas Docentes? 162Anuska Andreia de Sousa Silva
Polticas Pblicas e Educao Infantil: um olhar para a gesto da Lei 12.796 no contexto da escola 173Camila Moresco Possebon e Rosane Carneiro Sarturi
Gesto pedaggica das escolas pblicas paranaenses: entre as polticas educacionais e a redefinio governamental 185Eliane Cleide da Silva Czernisz, Maria Jos Ferreira Ruiz e Leise Cristina Bianchini
Noes de Emancipao atravs do Trabalho: Um Estudo a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educao Bsica Brasileira 193Eucaris Joelma Rodrigues Ferreira e Gabriel dos Santos Kehler
Organizao e Gesto Pedaggica da escola sob o olhar de licenciandos que participam de um programa de iniciao docncia- PIBID 203Glucia Signorelli de Queiroz Gonalves, Marlia Beatriz Ferreira Abdulmassih e Vlademir Marim
A Organizao e Gesto Pedaggica Inseridas na Noo de Contrato 213Henrique Ramalho
A floresta como espao de aprendizagem: Um complemento oferta educativa para a infncia 224Isabel Duque, Luana Pinho, Emlia Bigotte, Aida Ferreira Figueiredo, Marlene Miguis, Vera Vale e Ana Coelho
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
Gesto Democrtica na Escola Estatal: Eleies, Prticas e Processos 234Ivanilso Santos da Silva
Colaborao entre professoras em escolas do pr-primrio e primrio em Portugal 248Joana M. B. Pacheco de Castro e Jos Manuel Matos
A Agregao de Escolas e Agrupamentos e a Possibilidade de Inovao e Melhoria 260Joo Esteves Salgueiro
Gesto e Trabalho Pedaggico na Escola nos Discursos de Professores 272Liliana Soares Ferreira
Contabilidade e seu Objeto de Estudo: do patrimnio a necessidade de uma insero social 283Luciana Silva Moraes Sardeiro e Joo Bosco Pavo
Procura do Par Pedaggico Perdido: Repensando a Gesto Pedaggica 292Lus Santos e Joaquim Duarte
As condies de trabalho na escola pblica angolana: o contedo dos textos normativos e a realidade concreta das escolas 304Manuel da Cruz Pedro
Do governo das escolas ao governo dos indivduos Polticas de construo do cidado social 317Manuel Dinis P. Cabea
A Gesto Curricular em Escolas do 1. Ciclo de um Agrupamento de Escolas: Entre os Projetos, os Discursos e as Prticas 329Maria Adelina da Conceio Martins
A influncia das polticas pblicas no desenvolvimento infantil nas primeiras etapas da Educao Bsica: limites e possibilidades1 341Naila Cohen Pomnitz e Nathana Fernandes
Desafios da gesto na escola: a atuao das professoras supervisoras do PIBID/UFSM/Pedagogia 354Nicole Zanon Veleda
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
A figura do encarregado de educao e a sua (des)conformidade com o regime das responsabilidades parentais do Cdigo Civil 366Rossana Martingo Cruz
Repensar as Plataformas de gesto em funo dos padres de qualidade das escolas 379Rui Antnio Ribeiro Loureno, Paula Maria Sequeira Farinho, Maria Joo Delgado e Eva Maria Lacerda Correa
O papel da autoavaliao no processo de melhoria organizativa 397Teresa de Jesus Correia Paulino dos Santos
A Poltica Educacional, Projeto Professor Diretor de Turma no Campo Educacional Brasileiro Entre o Local e o Global: A Experincia do Cear Brasil 410Vagna Brito de Lima e Maria Zuleide da Costa Pereira
Da Avaliao Interveno - Uma Experincia de Implementao das Equipas Educativas 422Zita Esteves, Joo Formosinho e Joaquim Machado
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
EIXO 03Participao, democracia e a nova gesto pblica na administrao educacional
Polticas Pblicas Democrticas nos Sistemas Municipais de Ensino: Interlocuo entre Escolas e Conselhos de Educao 435Andrelisa Goulart de Mello, Marilene Gabriel Dalla Corte, Joacir Marques da Costa, Marina Lara Silva dos Santos Teixeira e Francine Mendona da Silva
Gesto Gerencial e Gesto Democrtica no Programa Nacional Escola de Gestores 447Anieli Sandaniel, Eliane Cleide da Silva Czernisz e Maria Jos Ferreira Ruiz
A gesto da educao Municipal: autonomia e participao 459Anita dos Reis de Almeida, Ione Oliveira Jatob leal e Ivan Luiz Novaes
Verticalizao, prticas profissionais e formao docente no Instituto Federal Farroupilha, Campus So Vicente do Sul. 470Antnio Carlos Minussi Righes, Mrcia Eliana Migotto Arajo e Rosane Carneiro Sarturi
A Avaliao do Desempenho Docente em Portugal e suas principais consequncias 481Carmo Moreira e Manuel A. Silva
O Estgio Supervisionado na Escola Pblica Estadual: reflexes sobre a gesto pblica e a participao dos professores no processo formativo 492Cludia Tavares do Amaral, Maria Geralda Oliver Rosa e Jussara Bueno de Queiroz Paschoalino
Nova Gesto Pblica e a nfase nos resultados: reflexes sobre a atual gesto educacional brasileira 505Daniela Cunha Terto e Alda Maria Duarte Arajo Castro
Um estudo sobre os Sistemas Municipais de Ensino no Estado do Rio Grande do Sul Brasil: inter-relaes com a lei de gesto democrtica e o contexto escolar 514Diego Dartagnan da Silva Tormes, Marilene Gabriel Dalla Corte, Rosane Carneiro Sarturi e Marina Lara Silva dos Santos Teixeira
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
Gesto das Escolas em Africa: anlise comparativa do funcionamento das escolas pblicas de nvel secundrio em frica do Sul e Cabo Verde. 526MBangula Katmua
A qualidade de ensino no Plano Nacional de Educao (2014-2024): desafios gesto educacional local no Brasil 536Elisangela Alves da Silva Scaff e Marilia Fonseca
A Governao da Educao: Redes e Lgicas de Ao 546Emlia Vilarinho e Esmeraldina Veloso
A democracia participada das famlias no interior das escolas 557Eva Gonalves
Centralidades e periferias na interveno educacional: a insero escolar como problema de incluso social e a escola como instituio parceira 570Ftima Antunes e Rosanna Barros
O Novo Modelo de Gesto da Escola Pblica e as Prticas de Gesto do Diretor: Opinies e Perspetivas dos Atores Educativos de uma Escola do Norte de Portugal 581Fernanda Martins e Ana Paula Macedo
Planejamento e gesto educacional brasileira nos anos 2000 590Jailda Oliveira Santos e Luciane Terra dos Santos Garcia
Escola Democrtica no Brasil? polticas pblicas e conselhos municipais de educao - discursos confluentes 602Joacir Marques da Costa, Andrelisa Goulart de Mello, Ticiane Arruda da Silva e Marilene Gabriel Dalla Corte
Conselho da Comunidade Educativa-Figura de retrica ou retrica de figuras? 613Joo Estanqueiro e Virgnio S
A Vez e a Voz dos Pais 619Joo Macedo Faria
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
A evaso estudantil como um desafio para a democratizao da educao superior no Brasil 630Jos da Silva Santos Junior e Giselle Cristina Martins Real
A autonomia como construo na escola e a participao dos professores 641Maria Alexandra de Oliveira Antunes Romero
Democratizao da Educao e Relao Pblico-Privada no Plano Nacional de Educao 2014-2024: Confronto de Lgicas 652Marilda de Oliveira Costa
O processo de [re]construo democrtica do projeto poltico-pedaggico: interlocues entre escola pblica e o conselho municipal de educao 663Marilene Gabriel Dalla Corte, Marina Lara Silva dos Santos Teixeira, Luciana Guilhermano da Silva, Francine Mendona da Silva e Diego Dartagnan da Silva Tormes
Conselho da Comunidade Educativa, Precioso ou Prescindvel? Anlise do rgo mximo da direo das escolas RAMadeira 676Paula Gomes da Lage Olim e Joo Carlos de Gouveia Faria Lopes
O SINAES e suas Implicaes na Educao Superior Brasileira 692Roberto Arajo da Silva e Maria Anglica Rodrigues Martins
Relao dos Alunos com a Escola: Participao e Prticas de Envolvimento Institucional 704Slvia Cruz Parreiral
O Papel dos Conselhos Gerais: do enquadramento legal s prticas em contextos escolares distintos 716Susana Batista
A comunicao como elemento estruturante da mudana nas organizaes escolares na nova gesto pblica 726Susana Faria
Tratamentos Semnticos da Noo de Autonomia Escolar e Possibilidades de Contribuio para a Transformao Educacional 738Talitha Lessa Orestes
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
O que conta na hora de eleger o diretor 751Teresa Silva Soares e Maria Joo de Carvalho
Desenhos e Desenhos: Conselhos Municipais de educao em pauta 759Virgnia Coeli Bueno de Queiroz Matias e Rosimar de Ftima Oliveira
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
EIXO 04Escola pblica, polticas de escolha e desigualdades em educao
Concepo de Sustentabilidade Ambiental e as Prticas de Professores em Formao Inicial nas reas Rurais Degradadas no Amazonas 770Ademar Vieira dos Santos e Jascqueson Alves de Oliveira
Incluso de estudantes com deficincia na Educao Superior: dificuldades na prtica pedaggica 780Aline Pereira da Silva Matos e Susana Couto Pimentel
As polticas educativas na arena da educao: o futuro dos Infantrios Pblicos na Regio Autnoma da Madeira 792Ana Isabel de Gouveia
As Reformas e os contextos sociais do ensino tcnico e profissional em Portugal 801Antnio Bernardo Pinto, Paulo Delgado e Fernando Diogo
Ensino profissional na escola pblica: igualdade de oportunidades ou uma outra forma de legitimao das desigualdades? 813ngela Maria de Castro Silva Oliveira e Manuel Antnio Ferreira da Silva
O fazer gesto na escola Farol: dilemas e tticas 826Danieli Tavares
Infncia, educao e direitos: um estudo com crianas nas feiras de Manaus 837Evelyn Lauria Noronha
Apago Docente no contexto Educacional Brasileiro: endereamentos ao trabalho e identidade docente, a partir de uma poltica de formao 850Gabriel dos Santos Kehler , lvaro Moreira Hypolito e Eucaris Joelma Rodrigues Ferreira
A evaso na Universidade Federal do Recncavo da Bahia: um estudo inicial 860Janete dos Santos e Leonor Torres
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
Teorias da aprendizagem: contributos para a compreenso do fracasso escolar 873Janete dos Santos
Desigualdades na Educao Superior Brasileira: O Enem como poltica de democratizao do acesso 884Jonas de Paula Oliveira e Giselle Cristina Martins Real
O ensino da matemtica no Curso de Pedagogia: a ludicidade como alternativa no ensino e na aprendizagem 895Jussara Bueno de Queiroz Paschoalino, Cludia Tavares do Amaral e Maria Geralda Oliver Rosa
O Governo da Infncia no Filme Como Estrelas Na Terra 907Luiza Pereira Monteiro e Snia Maria Rodrigues
Ensino Mdio Politcnico no Rio Grande do Sul: Poltica Pblica e o Jovem 918Marcia Eliana Migotto Araujo e Antnio Carlos Minussi Righes
Avaliao do ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb): um estudo nos municpios do Rio Grande do Norte (2009-2013) 928Maria das Vitrias Ferreira da Rocha e Lincoln Moraes de Souza
Estudar no Ensino Superior A questo da igualdade de oportunidades de sucesso no ensino superior pblico 939Maria Jos Arajo e Fernando Diogo
A dimenso socioeducativa da escola: o papel da Educao Social na relao com as famlias e a comunidade 948Paulo Delgado, Ftima Correia, Slvia Azevedo e Teresa Martins
Projetos no-formais de rdio escolar e o combate s desigualdades em educao 957Rachel Severo Alves Neuberger
Os efeitos do capital econmico, social e cultural no sucesso escolar dos alunos do Instituto Federal do Rio Grande do Norte campus Natal central 966Raimundo Nonato Camelo Parente e Maria Jos Casa-Nova
A (in)visibilidade da escola rural na produo acadmica portuguesa 979Renilton Cruz
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
Trabalho e educao na perspectiva dos jovens egressos da escola de ensino mdio rural 991Renilton Cruz, Renata Cunha e Waldeyzi Willock
A escola de servio pblico e a busca de resultados em contexto concorrencial: Um estudo de caso numa escola secundria 1003Roberto Lopes
Se essa rua, se essa rua fosse minha... Infncia, Brincadeiras e Educao em Espaos de Vulnerabilidade Social. 1016Roberto Sanches Mubarac Sobrinho
O jovem estudante do Ensino Mdio no contexto das Escolas Municipais de Educao Infantil da cidade de Santa Maria/ Brasil: Investigaes sobre polticas pblicas de qualidade 1026Rosa Maria Bortolotti de Camargo e Rosane Carneiro Sarturi
Gesto do Fracasso Escolar: A escolarizao de jovens pobres no Brasil, um estudo com base na tese de Monica Peregrino e na teoria de Pierre Bourdieu 1038Rosivaldo Pereira de Almeida
Transio dos Jovens e Adultos do Trabalho para a Escola 1044Tatiana Rachel Andrade de Paiva e Marco Antnio Cavalcanti da Rocha Jnior
Polticas Pblicas de Atendimento da Educao de Jovens e Adultos no Brasil: desafios e potencialidades. 1051Valria Aparecida Vieira Velis
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
EIXO 05Centralizao, descentralizao, autonomia e (hper)burocracia
A Realidade de Uma Instituio Escolar Atpica. Contributos Para a Compreenso Organizacional do IFRN a Partir do Ponto de Vista dos Alunos 1064Andr Luiz Ferreira de Oliveira
O gerencialismo nas universidades portuguesas: quando o gestor substitui o professor 1078Catharina Marinho Meirelles
As consequncias das avaliaes externas em larga escala no trabalho escolar: perspetiva de professores e diretores 1090Edna Borges e Virgnio S
A Autonomia Escolar e o Programa Mais Educao 1100Elisangela Maria Pereira Schimonek
A Gesto Educacional do Plano de Aes Articuladas (PAR): O papel dos entes federados na trajetria do federalismo brasileiro 1112Emmanuelle Arnaud Almeida Cavalcanti e Antonio Cabral Neto
O Fundeb Brasileiro como Instrumento de Descentralizao de Recursos para Estados e Municpios: a Valorizao do Magistrio 1123Fdyla Kssia Rocha de Arajo Alves, Magna Frana e Janana Lopes Barbosa
O governo das escolas: estado, escolas e municpio 1136Filomena Correia
Autonomia e Governo das Escolas: uma anlise aos efeitos (des)centralizadores do contrato de autonomia 1148Henrique Ramalho
A Ambivalncia na Instrumentao da Ao Pblica quanto aos Modos de Regulao: A Contratualizao da Autonomia das Escolas Revisitada 1160Jos Hiplito Lopes
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
Organizao administrativa de projetos em EAD: do Pr-Licenciatura Universidade Aberta do Brasil 1172Laura Wunsch e Eduardo Pertille Costa Leite
Agentes de Implementao de Polticas Educacionais: atores, ideias e prticas 1182Lvia Cristina Ribeiro dos Reis
Polticas e modelos de governana do Ensino Superior em Angola 1194MBangula Katmua
Modos de Regulao das Escolas de Educao de Infncia do Municpio de Belo Horizonte: Entre o Controle e a Autonomia 1205Mrcia de Figueiredo Noronha Pinto e Adriana Maria Cancella Duarte
Formao de professores em cursos a distncia: interlocues entre polticas pblicas e prticas pedaggicas na educao bsica 1219Naila Cohen Pomnitz, Fernanda Cristfari Machado, Laura Wunsch e Rosane Carneiro Sarturi
A (des)construo da autonomia num agrupamento de escolas: discursos e prticas 1230Virgnio S e Daniela Silva
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
EIXO 06Poder local e Educao
A Autarquia e a Escola: dinmicas de partilha na gesto dos recursos humanos 1243Armando Paulo Felizardo e Maria Joo de Carvalho
Poder local e Educao Descentralizar para otimizar processos de ensino-aprendizagem 1255Carla do Esprito Santo Guerreiro e Manuel Lus Pinto Castanheira
Poder Local e Ensino de Histria Regional no Maranho 1267Dayse Marinho Martins
A Regulao do Poder Central no Processo da Construo das Cartas Educativas e a Homogeneizao dos Discursos 1278Dora Castro, Irene Figueiredo e Fernando Diogo
A dimenso educativa da experincia urbana na construo da cidadania no perodo do Estado Novo em Cuiab-Mato Grosso/Brasil 1289Elizabeth Figueiredo de S e Gino Francisco Buzato
A Categoria Cidadania no Contexto Escolar: Endereamentos Discursivos na Fabricao e Consumo de Identidades Estudantis 1296Gabriel dos Santos Kehler e Joacir Marques da Costa
A Escola, o Movimento Social e a Poltica 1305Jos Adelson da Cruz
Adeso transferncia de competncias na rea da educao: O caso dos municpios de Viana do Castelo e de Esposende 1315Lus Alexandre da Torre Gaivoto, Alice Donat Trindade e Andr Azevedo Alves
Qualidade Anunciada no Plano Nacional de Educao como Norte para Aes da Poltica Pblica Brasileira 1327Maria Alice de Miranda Aranda e Franciele Ribeiro Lima
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
O Plano de Aes Articuladas e a qualidade do ensino municipal de Dourados/MS: reflexes preliminares sobre resultados de uma pesquisa 1338Maria Isabel Soares Feitosa e Marlia Fonseca
Relao Autarquia/Escola. A construo do Projeto Educativo Municipal de bidos 1348Miguel Oliveira, Ana Sofia Godinho e Cludio Rodrigues
Gesto dos Recursos Pblicos para a Educao Infantil: concepes dos secretrios municipais de educao e conselheiros do FUNDEB em municpios do nordeste brasileiro 1361Patrcia Maria Ucha Simes, Juceli Bengert Lima e Manoel Zzimo Neto
Planejamento da Educao em Municpios Brasileiros: as Aes de Gesto Educacional em mbito Local 1373Regina Tereza Cestari de Oliveira
A Formao Inicial de Professores do Ensino Bsico e as TIC: Um cenrio de convergncia de polticas e de divergncia na concretizao 1385Rosana Martnez Barcellos, Carlinda Leite e Anglica Reis Monteiro
Polticas Pblicas para a Educao Infantil e os desafios do poder local frente universalizao 1398Silviani Monteiro Sathres, Jucemara Antunes e Rosane Carneiro Sarturi
Direito versus obrigatoriedade para a Educao Infantil: um dilogo com a escola pblica e os desafios do poder local 1410Jucemara Antunes, Silviani Monteiro Sathres e Rosane Carneiro Sarturi
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
EIXO 07Projetos de escola/agrupamento, lideranas e culturas de autonomia
Prticas de liderana de coordenadores de departamento curricular 1422Ana Isabel Freitas e Ldia da Conceio Grave-Resendes
O Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH) como desafio aos professores na (Re) construo de Metodologias de trabalho que facilitem o processo ensino aprendizagem de crianas e adolescentes 1434Anne Ariadne Alves Menezes Ponce de Leo
De P no Cho Lei 10.639/03 Estudo Sobre a Aplicabilidade do Ensino Afro-Brasileiro na Rede Municipal de So Lus de Montes Belos - Brasil 1448Fernando da Rocha Rodrigues
Educao para o Desenvolvimento de Competncias de Sustentabilidade nas comunidades ribeirinhas de Coari Amazonas. Um estudo com professores e alunos do Ensino Fundamental 1459Jascqueson Alves de Oliveira e Patrcia Alexandra Pacheco de S
Associao de Escolas e Mega-Agrupamento: da Autonomia Conquistada Autonomia Confiscada 1468Lus Santos e Robert Wagner Santos
Formao autnoma e crtica em educao profissional de trabalhadores em sade no Brasil: a escola pblica democrtica em risco? 1479Maria Ins Bomfim e Valeria Morgana Pezin Goulart
O diretor de curso na universidade: lder pedaggico ou gestor administrativo? 1489Marta Oliveira e Jorge Adelino Costa
Escola Indgena de Povos Indgenas: Polticas de Educao dos Povos Indgenas 1501Mrcia Montenegro e Roberto Sanches Mubarac Sobrinho
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
A (re)construo da cultura organizacional em mega-agrupamentos de escolas: tenses e contradies 1508Mrio Sanches e Leonor L. Torres
A importncia da liderana na formao de turmas como instrumento de combate ao insucesso escolar 1520Paula Cristina Romo Pereira e Maria de Ftima dos Santos Martins Fradinho
Brincando de Ser Sater-Maw: contextos ldicos diversificados como elementos de construo das culturas infantis 1531Roberto Sanches Mubarac Sobrinho
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
EIXO 08O/A Diretor/a em ao: estudos
Situaes de conflito, indisciplina e violncia: o campo de tenso na gesto de escolas pblicas 1543Angela Maria Martins, Cristiane Machado e Maria Helena Bravo
O Diretor entre muros: um estudo caso. 1556lia de Sousa Alves
O Diretor de Escola- contributos para um estudo comparativo entre Brasil e Portugal 1568Elianeth Dias Kanthack Hernandes e Marlia Evangelina Sota Favinha
Da anlise de Projetos de Interveno aos Saberes e Prticas de Diretores de Escolas e Agrupamentos 1580Filinto Lima, Elisabete Ferreira e Rui Trindade
A Percepo de Gestores Escolares sobre a Participao da Famlia na Escola 1591Ione Oliveira Jatob Leal, Cristiane Regina Dourado Vasconcelos, Anita do Reis de Almeida e Leandro Gileno Milito Nascimento
Prticas de gesto de polticas pblicas: uma anlise scio-organizacional do campo escolar em Pernambuco 1602Jamerson Kemps Gusmo Moura
O Diretor do Centro de Formao de Associao de Escolas e a Formao Contnua de Professores 1613Jorge Cardoso, Ldia da Conceio Grave-Resendes e Antnia Barreto
O Diretor do Agrupamento de Escolas entre a realidade e o sonho! 1625Maria Lusa Supico
Um Estudo Sobre os Diretores das Escolas No Agrupadas/Agrupamentos dos Distritos de Viana do Castelo e de Braga 1631Maria Margarida da Rocha Barbosa
II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo da Escolas, Atores, Polticas e Prticas
Gesto democrtica: interlocues entre aes, polticas pblicas e prticas pedaggicas no contexto de uma escola de educao infantil 1644Naila Cohen Pomnitz e Natlia Pergher Miranda
Diretores(as) de Escola nas Barras da Justia: anlise da legislao brasileira e de alguns casos judiciais com a respectiva jurisprudncia 1654Tereza Cristina Albieri Baraldi
O Diretor Escolar em Portugal: Esboo de um Perfil 1666Virgnio S e Guilherme Rego da Silva
Globalizao, europeizao e administrao da educao
EIXO 01
1
Globalizao, internacionalizao e mobilidade acadmica no ensino superior: um estudo
do Programa Cincia sem Fronteiras na UFRB.
Alessandra Queirz de Almeida Universidade Federal do Recncavo da Bahia
Resumo - O desenvolvimento das tecnologias de comunicao e informao nos
anos 90 promoveu alteraes significativas das relaes entre Estado, mercado e
sociedade, ocasionando maior empoderamento aos organismos multilaterais e
acentuando o debate sobre o papel da educao da educao superior em um
processo de transnacionalizao ainda em transio (Morosini, 2014). A partir de
1995, a Organizao Mundial de Comrcio vem defender reas em que os pases
poderiam proceder internacionalizao de servios educacionais, a exemplo da
oferta transfronteiria (Castro & Neto, 2012). Neste cenrio, a influncia dos
processos de globalizao, vem promover uma redefinio do papel Estado (Afonso,
2003). Um Estado envolvido em transformaes cujas prioridades se orientam para a
actuao em instncias supranacionais (Antunes, 2005). Na dcada seguinte, a
mobilidade acadmica passou a ser a principal estratgia de internacionalizao,
levando as universidades no s a ampliar convnios de cooperao, mas a competir
num vasto mercado de servios educacionais. Este o panorama em que se insere o
presente estudo. Objetivos: Compreender o fenmeno da mobilidade internacional a
partir da experincia do Programa Cincia sem Fronteiras; Analisar o impacto do
programa na formao de graduao e na prpria UFRB. O modelo de anlise
qualitativo e o mtodo de Estudo de Caso. A coleta de dados inclui levantamento
documental, questionrios e entrevistas. A discusso dos resultados ser feita a partir
de anlises estatsticas e de contedo.
Palavras-chave: Globalizao; Internacionalizao; Mobilidade acadmica;
Programa.
Consideraes iniciais
Ao propor uma anlise crtica de uma poltica educativa fundamental conhecer o espao-tempo
em que ela surge e quais motivaes subjazem sua implementao. preciso compreender que
diretrizes determinam o seu pblico-alvo, o seu porte e em que moldes se d a sua execuo. Por
estas razes, uma investigao sobre um programa de mobilidade internacional (neste caso, o
Cincia sem Fronteiras) exige, no s dar a conhecer o cenrio em que o mesmo est inserido,
mas antes de tudo, perceber como este foi construdo e como se deu o seu delineamento.
Baseado em fontes de carter bibliogrfico e documental, o presente trabalho pretende chamar
ateno para a viso entusiasmada que h em torno do conceito de globalizao (que tambm a
26
2
mais recorrente no senso comum) desenvolvendo uma discusso sucinta com vistas a destacar o
quanto complexa tal definio.
Este estudo pretende ainda tratar de relaes entre os impactos que este fenmeno vem provocar
e transformaes ocorridas no mbito dos Estado-Nao. S a partir da, destacar os principais
contornos que a internacionalizao da educao passa a ter e que vem destacar a mobilidade
acadmica como a principal estratgia de internacionalizao da educao superior.
Por fim, em linhas gerais, apresentar o Programa Cincia sem Fronteiras, com nfase na
modalidade Graduao-Sanduiche, situando-o no contexto brasileiro, mas permitindo articulaes
entre o que foi apresentado anteriormente e a realidade vivenciada pela UFRB.
A complexa teia da globalizao
Nos anos 90 assistimos a consolidao de uma nova ordem mundial, a um novo momento
histrico. O aparecimento de novos padres de comportamento, de comunicao e de consumo,
os eventos migratrios cada vez mais constantes, a formao de redes internacionais de
cooperao (de natureza comercial e/ou tcnico-cientficas) e o incremento de parcerias entre
organizaes, entre pessoas, entre diferentes pases, no s na esfera econmica, mas tambm
em nome de ideais comuns (a exemplo da defesa do meio ambiente, dos direitos humanos ou de
minorias tnicas) evidenciam o incio de um novo tempo. De certo modo, estes e muitos outros
processos, so alavancados pelo advento da globalizao, e ao mesmo tempo so partes
constitutivas desta nova realidade mundial. nesse contexto que o socilogo brasileiro Octvio
Ianni considera a globalizao como um dos grandes desafios postos s cincias sociais:
Este um momento epistemolgico fundamental: o paradigma clssico, fundado na reflexo sobre a sociedade nacional, est sendo subsumido formal e realmente pelo novo paradigma,
fundado na reflexo sobre a sociedade global. O conhecimento acumulado sobre a sociedade
nacional no suficiente para esclarecer as configuraes e os movimentos de uma realidade
que j sempre internacional, multinacional, transnacional, mundial ou propriamente global.
(Ianni, 1994: 148).
Em uma perspectiva dominante, esta realidade concebida como um mundo novo onde os
mercados, bens e servios so concretamente globalizados, implicando em espaos homogneos,
onde a informao e a tecnologia so tambm mercadorias que podem ser comercializadas
(Lastres & Albagli, 1999).
Em uma anlise crtica das perspectivas que associam a globalizao idia de progresso e
desenvolvimento (que em alguns aspectos chega a sugerir um carter mtico ao fenmeno da
globalizao), Roger Dale afirma: a globalizao frequentemente considerada como representando um inelutvel progresso
no sentido da homogeneidade cultural, como um conjunto de foras que esto a tornar os
estados-nao obsoletos e que pode resultar em algo parecido com uma poltica mundial, e
como reflectindo o crescimento irresistvel da tecnologia da informao (Dale, 2004: 424)
Prximos a esta anlise, os autores Castro e Neto salientam que: A globalizao, na maioria das vezes, conclama uma ideia de um processo de conformao de um nico mundo em escala planetria, em que a eficcia individual e a competncia do
mercado so os motores do progresso e do desenvolvimento. Todavia, a globalizao no
27II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
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consegue romper com as desigualdades regionais, e em algumas situaes, concorre para o
aprofundamento do gap existente entre os pases propiciando uma discrepncia nas formas
como as regies e os pases se inserem nesse processo. (Castro & Neto, 2012: 94)
Como atrs se referiu, a palavra globalizao, por si s, no consegue evidenciar o seu real
significado no sendo possvel apresentar aqui uma discusso de natureza conceitual em torno
do termo. De modo a contrariar a perspectiva dominante, que tende a naturalizar e generalizar os
impactos da globalizao, este estudo prope seguir no sentido contrrio do que o termo
globalizao superficialmente conota (Santos, 2001: 19) tendo como foco os impactos deste
fenmeno no campo educativo.
Novas exigncias para a educao: novas dinmicas para os Estados-Nao. Ou o inverso?
As novas formas de acessar e produzir conhecimentos, o consumo crescente de bens e servios e
novas formas de sociabilidade acarretam novas responsabilidades e exigncias voltadas para as
instituies educativas, especialmente as instituies de ensino superior. Soma-se a isto que os
avanos tecnolgicos e comunicacionais tm impactos significativos nos requisitos de qualificao
e insero para o mundo produtivo, acompanhados de uma importncia cada vez maior do
conhecimento, seja local ou globalmente, nos processos de desenvolvimento tecnolgico, na
competitividade e na inovao. Essas novas necessidades de formao do educao superior
uma importncia cada vez maior em todo mundo e os pases so chamados a responder tais
exigncias.
Desponta assim, o comprometimento das universidades em formar profissionais cada vez mais
qualificados e necessrios para ocupar funes no mundo do trabalho vigente, cedendo s aes
e recomendaes de organismos multilaterais para estruturao de um novo modelo de
universidade mundial. As universidades passam a ficar refns dos interesses do atual estgio de
acumulao do capital, resultando em um modelo acima de tudo, neoprofissional, empresarial e
competitivo. (Sguissardi & Franco & Morosini, 2005:8)
Educao e qualificao passam assim a ser condicionantes importantes para a competitividade e
crescimento econmico, seja no meio privado, seja no meio pblico, vindo a ser requisito para as
novas polticas que se voltam para os processos coletivos de aprendizagem, em blocos que
atuam em diferentes redes e que aglutinam diferentes atores (Cassiolato, 1999).
E os principais atores deste processo no so as grandes corporaes transnacionais, que no
devem lealdade ao Estado-Nao, podendo estabelecer suas corporaes em qualquer pas
visando vantagens oferecidas pelos diferentes mercados. Nesta lgica dominante, no ser um
perdedor seja como nao, empresa ou indivduo ser o mais inserido, articulado e
competitivo possvel no cenrio global (Lastres & Albagli,1999:11).
Tambm no o Estado-Nao o ator principal na conduo deste mega processo, uma vez que
diante dos impactos trazidos pelos processos de globalizao, o Estado passa a ter novas formas
de atuao e a adotar estratgias (a exemplo dos mecanismos de avaliao e regulao) a fim de
continuar tendo o controle sobre seus processos educativos, contudo sem deixar de fazer parte de
tais redes (Afonso, 2000).
28II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
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o Estado, em si mesmo, enquanto sujeito histrico e poltico, continua a existir, por isso,
continuamos a precisar de teorias que dem conta da redefinio do seu papel e que sejam
capazes de explicar quais os limites e possibilidades da sua aco no contexto das novas
condicionantes megaestruturais (Afonso, 2003: 38)
Nesse sentido, a investigadora portuguesa Ftima Antunes, alicerada em estudos anteriores,
discute trs configuraes ou formas de atuao do Estado neste novo cenrio mundial. Para
Antunes, tais configuraes atuam de forma parcial, mas fundamentais. Primeiro: o Estado de
competio, em que as prioridades so voltadas para as instncias supranacionais, com o objetivo
de promover a competitividade de sua economia e expandir oportunidades de acumulao.
Segundo: O Estado em rede, que atua no sentido de assegurar a interveno em reas da vida
social em que o controle foge s fronteiras da soberania nacional. Terceiro: o Estado-articulador,
que tem suas aes voltadas para a criao de condies de mediao dos interesses sociais.
Neste caso, o Estado no o nico e nem o principal protagonista. Salienta a autora, que estas
trs configuraes/formas de atuao do Estado tm fortalecido o seu protagonismo, colocando-o
novamente como ator central na gestao de novas formas de regulao social (Antunes,
2005:39).
Tal compreenso coaduna com uma das teses de Afonso (2000), de que diante da globalizao o
Estado no se anula, mas passa por uma redefinio do seu papel. Tambm reforada pela
afirmativa de Morosini (2006: 113) de que vivenciamos a consolidao do Estado
avaliativo/regulador/supervisor na educao.
Todavia, o intenso debate contemporneo em torno do Estado (de sua legitimidade, da sua
soberania ou do seu papel...) tem no fortalecimento das organizaes transnacionais1 o seu maior
catalisador. Entre estas organizaes esto: Organizao das Naes Unidas (ONU), a
Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO), a
Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) e o Banco Internacional para
a Reconstruo e Desenvolvimento (BIRD), parte integrante do Banco Mundial. Estes sim, so os
principais atores deste cenrio e que vem de forma decisiva colocar em xeque o poder dos
Estados-Nao.
Para alm da acelerada financeirizao das economias, da maior exposio e, ao mesmo tempo,
da maior influncia dos eventos externos sobre as economias e polticas dos Estados-Nao, so
estes organismos que passam a apresentar novas demandas e exigncias, novos mecanismos de
orientao e interveno aos diferentes agentes, sejam eles econmicos, governamentais ou da
sociedade. So os organismos multilaterais que na realidade vm delineando as normas a serem
seguidas pelos Estados, especialmente se so dependentes destas agncias.
Internacionalizao da educao Superior: alguns contornos
1 Conhecidas tambm como organismos multilaterais, estas entidades foram criadas pelas naes com maior poderio econmico com o objetivo de trabalhar em conjunto para o pleno desenvolvimento das diferentes reas da atividade humana: poltica, economia, sade, segurana, etc. em todo mundo.
29II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
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O processo de internacionalizao surge na Europa em 1945 com o intuito de oferecer assistncia
tcnica para o desenvolvimento dos pases destrudos pela Segunda Guerra Mundial, com bases
em acordos culturais e cientficos. Notadamente, nem sempre as estratgias de
internacionalizao da educao superior estiveram submetidas s agendas tecnolgicas e
econmicas, prprias da contemporaneidade e do mundo globalizado, todavia conforme cenrio
apresentado acima, nas ltimas dcadas as polticas educativas para a educao superior
passaram a estar comprometidas cada vez mais com as orientaes dos organismos
financiadores.
A internacionalizao ressurge com fora, como uma ttica importante para atender por um lado, a
aspectos defendidos pela Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a
Cultura (UNESCO), e por outro, a uma forte tendncia mercantilista colocada pela Organizao
Mundial do Comrcio (OMC). Esta organizao, em 1995, no mbito do Acordo Geral de
Comrcio de Servios, vem estabelecer quatro campos em que se poderiam proceder
internacionalizao dos servios educacionais: oferta transfronteiria, a partir de programas de
formao ou capacitao organizados, na modalidade presencial ou a distncia e na implantao
de sistemas de avaliao; consumo no exterior , quando o consumidor cruza a fronteira para
participar de cursos de curta ou longa durao; a presena comercial quando o fornecedor cruza
a fronteira estabelecendo-se e investindo em um pas estrangeiro; e o movimento temporrio de
pessoas fsicas, quando o fornecedor cruza a fronteira, como o deslocamento de professores e
outros profissionais da rea de educao (Castro & Neto, 2012)
As diretrizes globais para o ensino superior, previstas no marco da Declarao Mundial sobre o
Educao Superior para o Sculo XXI (1998) apontam para a idia de que a internacionalizao
deve estar presente at mesmo nos currculos, planos de estudo e nos processos de ensino e de
aprendizagem de educao formal, passando a ser includa como temtica prioritria das agendas
governamentais. No que tange a mobilidade, ainda segundo o documento, todos os atores devem
promover a mobilidade universitria internacional e necessrio o esforo dos estabelecimentos
para garantir um reconhecimento justo e razovel dos estudos cursados no exterior. A UNESCO,
junto com todos os interlocutores interessados da sociedade, responsvel tambm por tomar
medidas no sentido de mitigar os efeitos negativos da chamada fuga de crebros, substituindo-a
por um processo dinmico de recuperao dos mesmos (UNESCO, 1998). a partir deste documento que h uma mudana significativa no conceito de cooperao
internacional. Inicialmente entendida como fonte de financiamento externa, esta passa a assumir
uma caracterstica mais ampla, passando a um instrumento para a internacionalizao dos
sistemas de educao superior e englobando polticas mais ativas, temticas e prioridades
regionais. Por conseguinte, os mecanismos de cooperao passam a ser considerados como um
meio para o desenvolvimento institucional e de atividades conjuntas entre as universidades,
configurando-se com uma integrao com fins mtuos. (Castro & Neto, 2012:74)
esta idia que, em 1998, a Unio Europia vem empreender uma iniciativa pioneira onde
Ministros de Educao da Frana, Alemanha, Itlia e Reino Unido, reunidos em Paris, assinam a
30II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
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Declarao de Sorbonne, tendo como pressuposto atender as demandas de uma sociedade em
mudana e com vistas a construo de um Espao Europeu de Ensino Superior (EEES).
No ano seguinte, 29 ministros assinam a Declarao de Bolonha com objetivo de concretizar, at
2010, a implementao do EEES, que tem, entre outras coisas, a finalidade de estabelecer um
espao de educao comum, que seja coeso, ajustado, competitivo e atrativo para estudantes
europeus e de pases de outras regies do mundo. Atualmente mais de 45 pases europeus j
assinaram o documento. Esta estratgia de internacionalizao, tambm focada nos movimentos de capitais, de informao
e tecnologia, atualmente se amplia para a mobilidade de recursos humanos, especialmente de alta
qualificao, demarcando uma transferncia internacional de conhecimentos e tecnologias. Lima
e outros autores trazem uma reflexo importante acerca desse quadro:
Adotando programas de cooperao e de financiamento, produzindo relatrios, livros brancos e
outros textos de natureza poltico-normativa, decidindo freqentemente atravs da nova
metodologia da adeso voluntria dos governos nacionais a polticas comuns ou, noutros
casos, podendo vir a admitir processos de opting-out (ficar-de-fora, ainda que transitoriamente),
estabelecendo metas e objetivos a atingir, avaliaes intermedirias e recomendaes
vigorosas, a UE vem-se revelando um autntico locus supranacional de definio de polticas
educacionais de carter transnacional, com particular destaque, atualmente, para a educao
superior. (Lima & Azevedo & Catani, 2008: 9)
Prximo a esta anlise Dale (2004), afirma que a agendas para educao tm sido definidas
muito mais com base em conjunturas polticas e econmicas do que com base em princpios e
processos para a definio e formulao de polticas educativas voltadas para as necessidades
nacionais.
A prpria expresso internacionalizao passa a uma configurao relativamente nova. Segundo
Garca (2009), o termo passa a ser entendido como o processo de desenvolvimento e
implementao de polticas e programas para integrar as dimenses internacionais e interculturais
das misses aos propsitos e funes das instituies universitrias. Assim, tende a ampliar-se os
benefcios resultantes de acordos de cooperao internacional e, consequentemente, o nmero de
convnios formalizados entre as universidades de diferentes pases.
Merece destaque a investigao de Lima e Maranho (2009) sobre as formas mais comuns de
ocorrncia do fenmeno internacionalizao no setor educacional. Segundo as autoras a
internacionalizao pode ser ativa - quando os pases mantm polticas de Estado voltadas para
atrao e acolhimento acadmico, oferecem servios educacionais no exterior, abrangendo
mobilidade de experts em reas de interesse estratgico, exporta programas e instalam campi no
exterior; e passiva que se caracteriza pela inexistncia de uma poltica criteriosa para envio dos
estudantes para o exterior e que os pases possuem pouca capacidade instalada (recursos
materiais e humanos) para o acolhimento e a oferta de servios educacionais.
Seguramente a Amrica Latina e o Brasil aproximam-se do modelo de internacionalizao
passiva, tendo a mobilidade acadmica como uma das principais formas de internacionalizao
dos estudos.
31II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
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Em uma verso mais recente, a Conferncia Mundial sobre a Educao Superior (UNESCO,
2009) aponta que, em todos os pases do mundo, existem problemas cruciais, entre eles na
pertena dos programas, no estabelecimento de acordos de cooperao eficazes, alm da
necessidade de igualdade de acesso aos benefcios no que diz respeito cooperao
internacional. Nesta dimenso o aumento crescente das aes e fomentos destes organismos
tiveram/tem a finalidade de promover novas formas de cooperao e integrao com a
argumentao de que o sucesso na concretizao desses projetos e os esforos na produo de
conhecimentos acerca do tema representam compromisso com o desenvolvimento humano e
social (Morosini, 2014: 398).
Os novos contextos da mobilidade acadmica internacional
Considerando que a mobilidade no um trao especfico da atualidade, Arajo afirma que ela
surge como um novo contorno, porque se molda s prprias transformaes econmicas e sociais
que se verificam no mundo aps a dcada de 90, podendo assim ser assumida como um estilo de
vida, no apenas de determinados grupos, mas das sociedades inteiras pertencendo, inclusive,
aos mundos privados dos indivduos. A autora salienta ainda que em geral, a mobilidade
compreende uma srie de fatores e processos que esto na base de um sistema produtivo e, ao
mesmo tempo, no cotidiano das pessoas, englobando todo um complexo sistema de transporte,
gesto do espao e do tempo, interaes sociais e ambientais, at dinmicas geogrficas mais
especficas (Arajo, 2004:1) .
Embora o debate sobre a temtica da internacionalizao tenha se intensificado nas ltimas
dcadas, a mobilidade acadmica internacional no um fenmeno novo. Na Antiguidade,
estudantes de diversas regies do mundo buscaram conhecimentos na Academia de Plato, no
Liceu de Aristteles e na biblioteca de Alexandria. Desde a criao das universidades medievais
os estudantes praticavam peregrinaes em busca dos melhores professores que pudessem lhes
dar o conhecimento que desejavam. Do mesmo modo, a valorizao de professores renomados
por parte das universidades para atrair estudantes talentosos no algo recente na Histria,
assim como sempre existiu o desejo de estudantes para acessar as melhores universidades ou
centros de conhecimento. H inclusive, registros de que no sculo XIII, em universidades
europias, professores e estudantes j se deslocavam entre diferentes pases com interesse de
trocar informaes e difundir saberes (Guadilla, 2010).
Buscando investigar a histria da mobilidade na educao superior, Knight e Wit (1995)
apresentaram um panorama dividido em trs perodos: a) da Idade Mdia ao perodo
renascentista; b) do sculo XVIII Segunda Guerra Mundial; c) da Segunda Guerra at a dcada
de 90. Estes autores descreveram estes perodos da seguinte forma:
No primeiro perodo, os motivos para a mobilidade eram os mais variados como: o uso do latim,
como lngua comum; um programa de estudo e sistemas uniformes. A maioria dos acadmicos
pertencia elite do seu pas de origem e mais tarde assumiriam cargos mais elevados. O segundo
perodo apresenta elementos significativos, como a exportao dos sistemas de educao
superior (em particular, das potncias coloniais para as colnias e, s mais tarde, para os novos
32II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
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Estados independentes) e a mobilidade internacional (tanto de alunos como de docentes). Os
autores chamam ateno para o fato de que neste perodo j havia acordos de cooperao
internacional. Muitas universidades ficaram conhecidas mundialmente nesta poca, algumas delas
tornaram-se referncia de qualidade, sendo assim reconhecidas no meio acadmico at os dias
de hoje. No terceiro e ltimo perodo, os mesmos autores apontam que houve uma expanso do
intercmbio no ensino internacional, entretanto localizado nos Estados Unidos e na antiga Unio
Sovitica (as super potncias que emergiram da guerra). E ainda que, como o mundo ocidental
no era uma prioridade para a cooperao acadmica, nesta altura novos programas de
internacionalizao do ensino superior foram praticamente incipientes.
vlido ressaltar que programas de mobilidade internacional, genericamente nomeados de
intercmbio, podem incluir ainda estgios lingsticos, realizao de disciplinas isoladas ou high
school. Tem sido cada vez mais freqente a busca por programas de mobilidade internacional,
mesmo aqueles promovidos por agncias ou financiados pelas prprias famlias ou intercambistas,
estando assim voltados para estudantes de meios sociais favorecidos (Nogueira et al, 2008: 357).
Assim, conforme indica Altbach (2009), a desigualdade social tambm se expressa em termos de
mobilidade, o que nos leva a possvel reflexo sobre como a globalizao pode afetar o ensino
superior nos pases em desenvolvimento. De um lado, estes pases ainda vivero as
consequncias da expanso deste nvel de formao ao longo das prximas dcadas. E, por
outro, as iniciativas ligadas internacionalizao da educao so predominantemente
estabelecidas pelo e com os pases desenvolvidos, que tem realidades muito diferentes de pases
como o Brasil.
Desta maneira possvel afirmar que a mobilidade estudantil no envolve, apenas, o movimento
de deslocamento; ela muito mais ampla, pois social e envolve estruturas, meios, culturas e
significados (Castro & Neto, 2012: 76).
O Programa Cincia sem Fronteiras (CsF)
No Brasil, at 1990, a mobilidade internacional decorria de polticas pblicas voltadas para a
educao superior, predominantemente financiada pelas agncias pblicas de fomento pesquisa
e limitada a acadmicos vinculados aos cursos de ps-graduao stricto sensu. De 1990 em
diante, as experincias de estudo internacionais passaram a ocorrer cada vez mais cedo.
Apenas a partir de 2010, possvel perceber a materializao de uma poltica de
internacionalizao da educao superior, atravs da criao de duas universidades institudas
com base em acordos de cooperao internacional: a Universidade Federal da Integrao Latino-
americana (UNILA) e a Universidade da Integrao Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB), fundada por membros da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP).
O Programa Cincia Sem Fronteiras (CsF), institudo pelo Decreto Presidencial n. 7642 de 13 de
dezembro de 2011, fruto do empenho conjunto dos Ministrios da Cincia, Tecnologia e Inovao
(MCTI) e do Ministrio da Educao (MEC), por meio de suas respectivas instituies de fomento
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico-CNPq e Coordenao de
Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior- CAPES).
33II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
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O objetivo do programa propiciar a formao e capacitao de pessoas com elevada
qualificao em universidades, instituies de educao profissional e tecnolgica, e centros de
pesquisa estrangeiros de excelncia, alm de atrair para o Brasil jovens talentos e pesquisadores
estrangeiros de elevada qualificao, em reas de conhecimento definidas como prioritrias
(Brasil, 2011). Entre as reas prioritrias esto as Engenharias, Nanotecnologia e demais reas
tecnolgicas, Cincias Exatas, da Terra e da Sade, Energia, Indstria e formao de tecnlogos.
As modalidades de concesso de bolsas so: Doutorado Pleno, Doutorado-sanduche, Ps-
doutorado, Graduao-sanduche, alm de bolsas para Pesquisadores Visitantes e de
Desenvolvimento tecnolgico para profissionais. Entre os critrios para a seleo dos bolsistas esto o melhor desempenho acadmico, a
participao em programas de iniciao cientfica e a conquista de premiaes em olimpadas
acadmicas oficiais. Em relao durao da estadia no pas de destino foi definido o perodo de
at 12 meses. Entretanto, em alguns casos, a estadia pode chegar a 15 meses. Isto porque os
estudantes que optaram por pases de lngua portuguesa e aceitaram a transferncia para pases
de outro idioma que no o portugus permanecem por um perodo de at 6 meses a mais no
destino, com vistas a atingir o nvel de proficincia lingustica necessria para a realizao dos
estudos.
A UFRB e o CsF
As aes voltadas para a mobilidade internacional na UFRB antecedem o programa Cincia sem
Fronteiras. A UFRB j buscava firmar acordos de cooperao voltados para mobilidade
internacional de estudantes e pesquisadores desde a sua fundao, em 2005.
Entre os principais convnios com institucionais internacionais esto: Universidade Autnoma de
Chapingo, Mxico; Instituto Politcnico de Bragana (IPB) e Universidade do Minho, em Portugal;
a Universidade da Flrida, nos Estados Unidos. A UFRB tambm integra a Associao das
Universidades dos Pases de Lngua Portuguesa e a Organizao Universitria Interamericana
(OUI).
A UFRB aderiu ao Programa em 2012. Em relao a pertinncia dos cursos da UFRB s reas
prioritrias definidas pelo programa, pode-se afirmar que dos 36 cursos ofertados pela instituio,
em torno de 20 deles esto vinculados s reas prioritrias definidas pelo Governo, incluindo a de
formao de tecnlogos.
Dados levantados atravs da consulta a processos acadmicos que esto em curso nesta
investigao revelam que em 2014 o Centro de Cincias Agrrias e Biolgicas possua 45% do
quantitativo de estudantes em mobilidade e que, entre os pases que lideravam a escolha dos
estudantes da UFRB para realizao da mobilidade estavam Canad, Estados Unidos e Itlia. No
entanto, a anlise por curso, revelou que o curso do Centro de Cincias Exatas e Tecnolgicas,
Engenharia Sanitria e Ambiental o com maior numero de estudantes em mobilidade. Quanto
origem escolar dos estudantes, 57% dos participantes do CsF deriva de escolas privadas. Quanto
faixa etria, 50% dos participantes apresentam entre 22 e 24 anos. E 59% dos estudantes em
mobilidade so do gnero feminino.
34II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
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Atualmente a UFRB possui aproximadamente 140 estudantes com registro de mobilidade
internacional, e em torno de 80% deste nmero atravs do programa CSF. Considerando que
estes dados tratam dos estudantes de graduao e que atualmente a UFRB possui
aproximadamente 7000 estudantes matriculados neste nvel, evidencia-se a carncia de uma
poltica prpria de internacionalizao
Consideraes finais
Cooperao e mobilidade acadmica passam a ser uma das atividades centrais das
universidades, apresentando-se como uma das principais formas de materializao da
internacionalizao da educao superior. Um fenmeno que ganha relevncia por ser a principal
estratgia para atender aos objetivos de um projeto amplo de educao transnacional, transversal,
por fronteiras, e, sobretudo, sem fronteiras.
No tocante ao program em si, o conhecer sua realidade fornece indcios de problemas postos
sua operacionalizao (que envolve aspectos de ordem financeira, geogrfica, cultural e
estrutural). Nesse contexto, vale destacar que no h, at ento, uma avaliao do prprio
Programa ou mesmo o acompanhamento dos bolsistas egressos. Apenas conhecida a
avaliao do bolsista feita pelo Coordenador, que indicado pela instituio de origem do prprio
estudante e realizada atravs da plataforma do programa ao final do perodo de mobilidade.
preciso refletir ainda sobre a deficincia do ensino de lngua estrangeira no pas, que tem
limitado a inscrio de estudantes em pases no falantes do idioma portugus. Alm disso,
aprofundar o debate sobre as restries de cunho financeiro, a insuficiente prtica de
reconhecimento de estudos, a pequena ou inexistente presena de sistemas de crditos, bem
como os limites burocrticos relativos aos vistos, permisses e taxas que dificultam a ampliao
desses programas e de seus estudos qualitativos no Brasil.
Por fim, a partir desta breve anlise conclui-se que a mobilidade internacional figura na prpria
histria das instituies universitrias, nas diferentes regies do mundo, podendo estar entre
diversas realidades e possibilidades ao longo do tempo. No entanto, os processos de mobilidade
so, sobretudo, heterogneos, apresentando uma variedade de enfoques e estratgias, conforme
o contexto socioeconmico, histrico e de lugar.
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1
Da Poltica Educativa Nacional e Supranacional s Prticas Curriculares
Carla Lacerda Escola Superior de Educao de Viseu
Resumo - A presente proposta de comunicao insere-se num projeto de doutoramento que tem
por objetivo central compreender o modo como as polticas educativas tm influenciado as
concees e prticas curriculares dos professores no ensino bsico. Como se sabe, a avaliao
das polticas no nosso pas quase inexistente, e pese embora o facto, de existirem
investigaes em torno das polticas educativas a compreenso da relao intrnseca entre
mudanas enunciadas normativamente e as prticas decorrentes de professores no nos tm
permitido perceber a sua real abrangncia e implicao.
Em Portugal, como alis em quase todos os pases da Europa, h uma tendncia em definir
polticas educativas mal um governo constitucional tome posse. Decorridos 40 anos da
democratizao do ensino, e tendo presente que ao longo destes foram 19 os governos
constitucionais que tiveram a oportunidade de alterar as polticas educativas, queremos aqui, de
forma breve, caracterizar este percurso e perceber o modo como a poltica educativa pode e/ou
deve fomentar a mudana nas escolas, melhorar o sistema de ensino, incentivar o trabalho dos
professores e melhorar a qualidade de aprendizagem dos alunos.
A investigao seguiu uma metodologia de natureza qualitativa de meta anlise a investigaes
cujos propsitos se centraram na anlise de concees e prticas de professores do ensino
bsico e concluiu-se que nenhuma anlise curricular pode considerar-se completamente sria,
se no colocar no seu mago uma ateno na definio de poltica educativa, que numa
determinada poca e que num determinado contexto se toma.
Nas escolas, o desempenho dos professores determinante para qualquer objetivo que se
espere alcanar, portanto qualquer teoria de mudana, qualquer reforma que se queira
implementar no deve ignorar o terreno da ao do professor, portanto o seu contexto e a sua
pessoalidade.
Palavras-chaves: Globalizao, polticas educativas, currculo, prticas curriculares
As tendncias transnacionais e supranacionais na educao
cada vez menos frequente as decises polticas estarem imunes de influncias externas. cada
vez menos frequente, tambm, termos como panaceia para os contextos educativos apenas e s
as recomendaes nacionais. A poltica educativa inspira-se nos frmacos internacionais que
parecem enquadrar qualquer mal pelo qual a educao padea. As organizaes germinam no
sentido de controlar, em nome da qualidade, as polticas que se vo tomando nos diferentes
territrios deste planeta Terra.
Organizaes como a OCDE, o Banco Mundial, a Unesco, a Unio Europeia legitimam cada vez,
de forma mais frequente, as propenses governativas. No se conhecem os propsitos, o
enquadramento, a legitimidade nem to pouco as razes da existncia destas organizaes, que
muitas vezes, em nome de finalidades genricas para o progresso social, so comandadas por
interesses encobertos de instituies cujos representantes, no sendo legitimados por eleies,
38
2
representam os diferentes povos como se o fossem. Controlam e determinam linhas de actuao
para com os seus subordinados, servindo muitas vezes de mote para decises que diferentes
governos contraditoriamente tomam em nome da educao.
Lima (2011) considera que a centralidade que organizaes como a OCDE, a UNESCO, a Unio
Europeia, o Banco Mundial a par da influncia dos poderosos tink-tanks assumem, remete os
Estados para uma posio nova e para dinmicas transnacionais e supranacionais que obrigam os
Estados, atravs de tratados e convnios, adoo de medidas de poltica educacional.
O pressuposto, de a educao ser a panaceia da reestruturao da economia, no verificvel
apenas nesta altura. Vrios investigadores deram-nos conta disso bem como do facto de a nvel
mundial existir um movimento de reconstruo dos sistemas escolares, nos finais da guerra fria.
Pedr & Puig (1998) referem que na Europa ocidental, e no final da segunda guerra mundial, teve-
se a conscincia que se deveria usar a escola para a reconstruo social do sistema poltico
democrtico e tambm usar a escola, na qualificao da mo-de-obra para a reconstruo da
economia, muitas vezes debaixo da batuta do Plano Marshall dos Estados Unidos.
Segundo Pacheco (2009) as teorias polticas da globalizao, num contexto de um pensamento
neoliberal, abraam duas realidades distintas, por um lado a defesa do princpio do livre mercado,
sem a existncia dos limites e barreiras impostos pelo Estado e por outro um controlo maquilhado
em que o Estado sem intervir diretamente intervem sob formas indiretas de controlo.
A educao e a formao so consideradas traves mestras da mudana, no contexto da
globalizao (Pacheco, 2008) que se orientam agora para a preparao dos jovens para os
mercados competitivos e para responder aos desafios das economias de mercado. Estas
mudanas, que ocorrem na sociedade em geral, comprometem a educao, em esta se assumir
como um instrumento que permite encaminhar os valores, os conhecimentos, os princpios e
finalidades para propsitos que correspondam s expectativas dos mercados. Os sujeitos sero
formados segundo esses princpios e essas finalidades atravs do controlo que o prprio Estado,
ao servio dos mercados, consegue impor a partir da definio de critrios de qualidade de ensino
e aprendizagem consentneos com a economia de mercado.
Conseguimos perceber estas realidades a partir de uma teorizao vasta sobre a qualidade que se
espera ver desenvolvida nas escolas, mas tambm conseguimos compreender que essa qualidade
no existe mais do que nos manuais ou panfletos propagandistas, programas de governo ou
relatrios transnacionais e supranacionais que ao criticarem o estado da educao produzem um
manancial de receiturios para que as escolas, ao t-los em conta, se adaptem a algo que
desconhecem e que na prtica no resultam mais do que num turbilho de desordem, de
desconfiana, de descompromisso, de conflito, de desmotivao, de desinvestimento sobre aquela
que sempre foi a misso da escola - a de ensinar para que os alunos possam aprender mais e
melhor.
Nesta ordem de ideias, Scristan (2008) refere que a globalizao tem vindo a actuar num contexto
onde actuam outras concorrentes: o neoliberalismo, as tecnologias da comunicao e a sociedade
da informao. Para alm desta relao, estes fenmenos concorrentes tm implicaes no papel
do Estado, na estruturao da sociedade, no trabalho, na cultura e no sujeito. Por sua vez as
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mudanas nestes eixos tm importantes projeces para a educao () para o modo de a
conceber, para a hierarquia de valores que se cr que deve servir, para as prioridades das polticas
educativas, o entendimento da qualidade, o desenho dos curricula, os processos de controlo das
instituies escolares, etc. (p.27).
Antunes (2007) considera que a Unio Europeia, hoje como uma instncia supranacional, regula
objectivos, princpios e fundamentos para a educao dos pases que a integram. O sistema
educativo pluralizou-se, heterogeneizou-se, balcanizou-se. Todos os dias nos deparamos com mais
uma parceria, uma extenso de funes o que nos permite perceber que talvez no faa muito
sentido falarmos em sistema educativo.
A partir de 1986 visvel em Portugal uma poltica social convergente com a dos outros pases da
Europa (Teodoro & Anbal, 2007), as reformas educativas levadas a cabo em Portugal nos ltimos
anos, revelam-nos a existncia de conformismos com as reformas e as decises polticas levadas
a cabo noutros pases da Unio Europeia. Esta tendncia apenas criticvel quando se opta por
transpor reformas de outros pases sem que se tenha em conta os contextos da sua implementao.
Nenhuma reforma, por mais semelhante na sua fundamentao e preparao, poder ter efeitos
iguais em pases, que pela sua natureza, se apresentam com culturas sociais e histricas diferentes.
Bernard Charlot (2007) considera que para se entender as relaes entre educao e globalizao
necessrio perceber a relao que o Estado tem vindo a assumir com a educao. O primeiro
fenmeno de relao entre o Estado e a educao diz respeito ao facto da educao ser pensada
numa lgica econmica. Numa poca anterior globalizao (dcadas de 60 e 70) a escola era
pensada numa lgica econmica e social do desenvolvimento. O Estado educador preocupado com
a inculcao dos valores, com a educao como uma forma de construir uma nao justa
socialmente e em paz passa a partir dos anos 50 por ser um Estado desenvolvimentista, um Estado
preocupado com o crescimento econmico e portanto coloca a educao ao servio desse
desenvolvimento econmico. Neste perodo, cresce o nmero de alunos que procura a escola, o
nmero de anos que frequentam e cresce o apoio a esta escola que vista como um meio para se
alcanar o sucesso profissional. A este Estado desenvolvimentista das dcadas de 60 e 70, d lugar
a um Estado regulador, que embora pese o facto de a escola ainda ser pensada numa lgica de
desenvolvimento econmico, outras variantes como a qualidade e a globalizao ingressam como
preocupaes nas dcadas de 80 como novas lgicas econmicas, sociais e educacionais. Charlot
(2007) refere-se s lgicas da qualidade, eficcia e diversificao, transpondo-nos para um modelo
de mercado em que a crise se resolve, pela intensificao da concorrncia e pelo fabrico de produtos
de melhor qualidade e a preos mais competitivos, usando tecnologias e processos cada vez mais
eficazes. Estas lgicas de mercado fazem recuar o Estado pela livre circulao internacional dos
bens e produtos em que o engajamento directo do Estado nos assuntos econmicos diminui. A
concorrncia desenfreada, sob a batuta da competitividade pela eficcia, resultam em prticas em
que o Estado perde o controlo para o capitalismo, que agora v abertas as fronteiras, estendendo-
se a integrao entre as economias de vrios pases, integrao que se realiza numa lgica
neoliberal e que constitui a prpria globalizao, como refere o autor.
Nesta ordem de ideias conceitos como o de qualidade, eficcia, diversidade e contexto ganham um
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sentido de modernidade. Em que a competitividade comea desde logo na escola. A escola neste
contexto de diversidade deve ser capaz de formar a mo-de-obra de qualidade necessria para se
lanar com eficcia no mercado de trabalho. Esta relao de escola e sociedade continua a
estabelecer-se, mas agora sob os comandos de um Estado que, embora preocupado com o
desenvolvimento da economia, se assume como regulador dessa economia e reclama s escolas
produtos de qualidade.
A noo de mercado , decerto, a pedra angular da tendncia neoliberal, que se identifica com os
princpios de privatizao, da globalizao e da livre escolha, e que servem de argumento para a
eficincia, a qualidade e a equidade. (Pacheco, 2009, p.113).
Tambm no entendimento de Charlot (2007) as tendncias neoliberais reclamam uma escola de
qualidade. Contudo considera que o foco da questo est em perceber o que se entende por
qualidade e por eficcia. Quais so os critrios que definem uma escola de qualidade? Importa
referir tambm que pese embora o facto de assistirmos a polticas que se preocupam com a
organizao da escola, com a sua avaliao, com o desempenho dos seus professores, as polticas
neoliberais escondem os problemas reais das escolas no que s desigualdades socais diz respeito.
Ball (2006), a propsito das polticas ideolgicas de inspirao neoliberal, diz que os pontos-chave
de ligao entre a reestruturao e a reavaliao do sector pblico so fomentadas pelos discursos
de excelncia, efectividade e qualidade, bem como a lgica e cultura do novo gerencialismo. Este
novo gerencialismo (j que o autor contrape o velho gerencialismo do neo-taylorismo) centra-se
num modelo de organizao onde as pessoas so as protagonistas principais. Este modelo difcil
de ser gerenciado, pouco produtivo para a eficincia e repressivo de esprito empreendedor.
Embora pese o facto de algumas das polticas educativas terem uma relao com o Estado em
tempos e espaos distintos nos diferentes pases da Europa e servirem de inspirao para muito do
que em Portugal se verifica, importa aqui situar essas influncias no nosso contexto e como a escola
se assumiu ao longo dos ltimos 40 anos.
A democratizao da escola em Portugal e as suas reformas
Teodoro & Anbal (2007), ao estudarem o estado da educao em Portugal e ao situarem a Reforma
Veiga Simo como promotora da educao na assuno de um lugar central na recomposio do
Estado, referem que com a revoluo de abril que os problemas educativos ganham um novo
espao poltico, tornando-se num campo privilegiado de legitimao de uma nova democracia. No campo especfico das polticas de educao, a revoluo permitiu uma nova centralidade
para os problemas educativos, remobilizando as aspiraes de acesso aos diferentes nveis de
escolarizao, amplificado no incio dos anos 1970 pelo discurso meritocrtico do ltimo ministro
da Educao do Estado Novo, e abrindo novas frentes nos planos da participao na gesto
escolar e na reformulao das estruturas e contedos de ensino. A educao, nesse perodo de
crise revolucionria, para alm de um aceso palco de lutas polticas, tornou-se um campo
privilegiado de legitimao da nova situao democrtica, apostada em mostrar uma radical
mudana face s anteriores polticas obscurantistas do Estado Novo. (Teodoro & Anbal, 2007;
p.16-17).
41II COLQUIO INTERNACIONAL DE CINCIAS SOCIAIS DA EDUCAOO Governo das Escolas: Atores, Polticas e Prticas
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A reforma Veiga Simo, consumada pela Lei n. 5/73, de 25 de Julho, deu incio educao
democratizante. Ainda no tnhamos assistido revoluo de abril para percebermos que a
educao dava os seus primeiros passos para a democratizao do ensino. Naturalmente que a
revoluo de abril foi um dos marcos mais significativos para essa democratizao, por ela prpria
representar esses ideais de liberalizao e democratizao. Portugal trilhava os primeiros passos
do que seria viver numa sociedade mais plural, mais liberal e tambm ela, numa primeira tentativa,
de se transformar numa sociedade mais democrtica. Os primeiros anos que se sucederam ao 25
de abril foram anos de conturbao poltica e na educao ainda se considerou a continuidade dos
princpios da reforma iniciada em 1973, mas cedo se percebeu que Portugal iria tomar um novo
rumo com a economia direcionada para o espao europeu.
Em 1976, Portugal redefinia o seu papel com a Europa e esta viria a influenciar as polticas
nacionais. Acreditava-se, como ainda hoje se acredita, embora se faa pouco para sustentar esta
premissa, que a sociedade seria to mais desenvolvida quanto o fosse a educao. A sociedade
portuguesa necessitava urgentemente de se reerguer e a superao dos seus problemas passava
efetivamente pela integrao na Europa. Portugal ao assumir a integrao comunitria foi como
implementar um motor exgeno de desenvolvimento do pas, cujo discurso sobre a educao se
centrou na qualificao da mo-de-obra necessria para a requalificao da economia (Teodoro &
Anbal, 2007).
Uma das teorias explicativas de reforma que Pedr & Puig (1998) nos trazem, e que mais relao
estabelece com as nossas reformas escolares, so as que consideram as reformas educativas como
fenmenos que s podem ser entendidas enquadradas numa perspetiva internacional escala
mundial ou supranacional. As respostas que as polticas educativas tm dado no contexto das
mudanas escolares centram-se no imperativo que a globalizao e internacionalizao da
economia colocam. Esta teoria apelidada de teoria da convergncia que ainda na obra dos autores
possvel compreendermos que uma outra se associa como a teoria da dependncia, segundo a
qual os interesses em jogo sero os do capitalismo internacional. Neste contexto, os organismos
internacionais contribuem para a propagao das estruturas e mtodos de ensino que mais convm
aos grupos internacionais dominantes, financiando e prestando apoio s reformas educativas
dirigidas a favorecer os princpios do capitalismo moderno e do neoliberalismo.
As teorias de convergncia e de dependncia aqui retratadas, na perspetiva de Pedr & Puig (1998)
apresentam-se no contexto de causas internacionais, contudo os autores tambm nos referem a
existncia de teorias explicativas de reformas educativas cuja causa o contexto nacional, neste
mbito, temos uma teoria meliorstica, que combina uma causa nacional com uma finalidade de
estabelecer o equilbrio entre o desenvolvimento social e a necessria (re)adaptao e
desenvolvimento educacional. Estamos perante reformas que so necessrias para o equilbrio, a
harmonia e a estabilidade entre a educao e o funcionamento da sociedade. Por sua vez e tambm
no quadro das causas nacionais encontramos a teoria dialtica, num marco de explicao de
conflito, numa matriz marxista, cujas reformas se desenvolvem numa base de conflitos de interesses
entre diferentes classes socais.
Numa perspectiva ecolgica podemos dizer ainda que uma poltica educativa pode centrar-se em
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dimenses distintas, assim, mediante o contexto em que nos possamos situar a definio de poltica
educativa pode resultar em prticas diferenciadas mas que estabelecem uma relao entre si e o
seu carcter dinmico e evolutivo permitindo-nos perceber que a poltica educativa resulta, nos
diferentes contextos, em prticas que se podem sintetizar do seguinte modo:
Ao nvel do mega contexto podemos considerar as influncias que as organizaes supranacionais
como o Banco Mundial, o FMI, a OCDE, a UNESCO exercem sobre as polticas nacionais. Estas
organizaes no contexto da Europa colocam determinaes que influenciam directa e
indirectamente a poltica educativa nacional.
Ao nvel do macro contexto encontramos a determinao do sistema educativo, a sua organizao,
composio e financiamento, princpios e orientaes educativas, na prescrio e avaliao do
currculo nacional, na formao e avaliao dos professores, na determinao dos princpios de
organizao e administrao da escola, nas orientaes didcticas, pedaggicas e curriculares da
forma como o currculo nacional deve ser implementado. Estamos certos que a este nvel que se
definem e sustentam as maiores prescries e determinaes dos out