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COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN PEYTARD: UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA 21 a 23 de março de 2012 Mariana - MG/Brasil CADERNO DE RESUMOS Belo Horizonte/Mariana Março 2012

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COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN PEYTARD:

UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA

21 a 23 de março de 2012

Mariana - MG/Brasil

CADERNO DE RESUMOS

Belo Horizonte/Mariana

Março 2012

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COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN PEYTARD:

UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA

CADERNO DE RESUMOS

Organizadoras:

Emília Mendes

Mônica Santos de Souza Melo

Dylia Lysardo-Dias

Belo Horizonte/Mariana

Março 2012

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COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN

PEYTARD: UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA

21 a 23 de março de 2012

Comitê Organizador:

Ida Lucia Machado (UFMG-Brasil)

William Augusto Menezes (ICHS/UFOP-Brasil)

Serge Borg (SCAC/Embaixada da França)

Jerônimo Coura-Sobrinho (CEFET-MG-Brasil)

Emília Mendes (UFMG-Brasil)

Paulo Henrique de Aguiar Mendes (ICHS/UFOP-Brasil)

Simone Mendes (ICHS/UFOP-Brasil)

Dylia Lysardo-Dias (UFSJ/MG-Brasil)

Comitê Científico:

Ida Lucia Machado (UFMG-Brasil)

Jerônimo Coura-Sobrinho (CEFET/MG-Brasil)

Emilia Mendes Lopes (UFMG-Brasil)

Dylia Lysardo-Dias (UFSJ/MG-Brasil)

Wander Emediato (UFMG-Brasil)

Renato de Mello (UFMG-Brasil)

Patrick Dahlet (UAG – Univ. das Antilhas e da Guiana)

Sophie Moirand (Paris III/França)

João Bosco Cabral dos Santos (UFU/MG-Brasil) -

Mônica Santos de Souza Melo (UFV/MG-Brasil)

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COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN

PEYTARD: UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA

21 a 23 de março de 2012

Promoção:

Apoio:

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ÍNDICE

APRESENTAÇÃO 9

APRESENTAÇÃO DE JEAN PEYTARD 11

PROGRAMAÇÃO COMPLETA 13

RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS 20

MESAS REDONDAS 23

MESA REDONDA I: DISCURSO, LINGUÍSTICA E SEMÂNTICA LEXICAL 23

MESA-REDONDA II : ANÁLISE DO DISCURSO E APLICAÇÕES DIVERSAS 25

MESA-REDONDA III: ANÁLISE DO DISCURSO E LITERATURA 27

MESA-REDONDA IV: ANÁLISE DO DISCURSO E DIDÁTICA (A) 29

MESA-REDONDA V: ANÁLISE DO DISCURSO, POLÍTICA E PROCESSOS DE

AVALIAÇÃO 30

MESA-REDONDA VI: ANÁLISE DO DISCURSO E PSICANÁLISE 33

MESA-REDONDA VII: ANÁLISE DO DISCURSO E DIDÁTICA (B) 35

SEMINÁRIOS TEMÁTICOS 37

SEMINÁRIO TEMÁTICO 1: A NOÇÃO DE GÊNERO EM DIDÁTICA DO FRANCÊS

LÍNGUA ESTRANGEIRA (FLE) 37

SEMINÁRIO TEMÁTICO 2: ANÁLISE DO DISCURSO E MÍDIAS 40

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SEMINÁRIO TEMÁTICO 3: ANÁLISE DO DISCURSO E FICÇÃO 44

SEMINÁRIO TEMÁTICO 4: DISCURSO E BIOGRAFIAS 47

SESSÃO DE PAINÉIS DE PESQUISA: DIÁLOGOS COM JEAN

PEYTARD 50

ÍNDICE REMISSIVO DE AUTORES 62

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APRESENTAÇÃO

O presente colóquio tem por objetivo fazer uma homenagem ao pesquisador

francês Jean Peytard, por sua atuação vanguardista em vários campos conceituais

como: a questão do sentido, a semiótica, a análise do discurso, a didática de línguas,

dentre outros.

Nas palavras de Madini (2010), "Jean peytard sempre disse, como

em Syntagmes 5, que 'nunca desejou ser considerado como um «mestre», [...]

um condottiere que domina seus discípulos do alto de sua ciência, mas, que preferia

ser um «acompanhador», um «parceiro de pesquisa»' (Syntagmes, 2001, p.15) "

Assim, a proposta deste evento é estabelecer um diálogo de parceria com as

contribuições científicas deste brilhante pesquisador, ao mesmo tempo, em uma

perspectiva histórica e em uma perspectiva de exploração de seus estudos e

atualização dos mesmos, seguindo seu espírito sempre moderno e atual.

Dois colóquios serão organizados para compor esta homenagem: o primeiro,

é este, promovido no Brasil, pelo NAD-FALE/UFMG e o segundo será promovido

pelo LASELDI (ELLIADD a partir de janeiro 2012) da Université de Franche-Comté

(UFC-França) e ocorrerá em Besançon (UFR SLHS et IUFM) nos dias 7, 8 e 9 de

junho/2012 : « Jean Peytard : syntagmes et entailles ».

Ida Lucia Machado (NAD/FALE/UFMG)

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APRESENTAÇÃO DE JEAN PEYTARD

Há praticamente cinquenta anos atrás, ou seja, em 1962, Jean Peytard inicia em

Besançon sua carreira universitária, na Faculdade de Letras. Ele contribuirá, de modo

decisivo a transformar Besançon em um importante pólo da linguística francesa,

mantendo sempre um diálogo com a Literatura e as Ciências Humanas.

Jean Peytard pluraliza as Ciências da Linguagem em uma época em que a

Linguística era uma ciência-piloto, ou seja, na década de 60-70, pois vai trabalhar e

pesquisar, ao mesmo tempo, do lado do discurso e dos textos e do lado da didática.

/.../

A didática do francês, do francês língua estrangeira e da literatura são linhas

de força que estão presentes no seu livro Linguistique et enseignement du Français (e

a sua adapatação para o português: Linguística e ensino do Português), escrito em

colaboração com Genouvrier, em 1970. Uma outra obra, esta mais recente, escrita

com Sophie Moirand aparece em 1992: Discours et enseignement du français. /.../

A associação “linguistica, semiótica, didática” (na qual Peytard inclui a

Informática, e isso nos anos 85-90) sintetiza as pesquisas que faz e também que

orienta.

Deve-se lembrar que a dimensão social e ideológica sempre acompanhou suas

ideias e que estas são intimamente ligadas à análise do discurso de hoje, ou já a

anunciam, na época. /.../

Segundo o linguista Michel Arrivé, Peytard foi “um dos professores de

linguística que mais levou doutorandos à defesa”, ou seja, cerca de cem! Peytard

formou centros de pesquisa importantes. E também revistas que existem até hoje

(Semen). Recebeu orientandos do mundo inteiro, da Europa, América, Ásia, África...

(Mongi Madini, UFC, resumo sobre a carreira de Jean Peytard, 2011 - Trad. do

francês por Ida Lucia Machado)

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COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM A JEAN

PEYTARD: UM PRECURSOR NO CAMPO DA LINGUÍSTICA DISCURSIVA

21 a 23 de março de 2012

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

21 DE MARÇO DE 2012

(QUARTA-FEIRA)

HORÁRIO/LOCAL ATIVIDADE

De 09:00h às 9:30h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Mesa-Redonda de abertura – Sessão inicial

Professores Participantes:

João Luiz Martins (Reitor UFOP-Brasil)

Claude Condé (Reitor UFC/França)

William Augusto Menezes (Diretor do ICHS/UFOP-

Brasil)

Luiz Francisco Dias (Diretor FALE/UFMG-Brasil)

Serge Borg (Adido Cultural Embaixada Francesa

MG)

Ida Lucia Machado (Presidente do Colóquio–

UFMG-Brasil).

De 9:30h às 10:30h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Conferência inicial

Tema: Jean Peytard, um precursor.

Conferencista:

Claude Condé (Reitor de l‟UFC-França).

Mediadora: Dylia Lysardo Dias (UFSJ-Brasil)

De 10:30h às 10:50h Pause café

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De 10:50h às 11:50h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Conferência I

Tema: As trocas culturais entre o Brasil e a França

Conferencista:

Eni Orlandi (UNICAMP/UNIVAS-Brasil)

Mediadora:

Ida Lucia Machado (UFMG-Brasil)

De 11:50h às 14:00h

Intervalo para almoço

De 14:00h às 15:30h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Conferência II (a duas vozes)

Tema: Jean Peytard: dois olhares que se cruzam, o brasileiro e o

francês

Conferencistas:

Ida Lucia Machado (UFMG-Brasil)

Mongi Madini (Laseldi/UFC-França)

Mediador: Paulo Henrique Aguiar Mendes (UFOP-Brasil)

De 15:30h às 15:50h Pause café

De 15:50h às 17:20h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Mesa-Redonda I:

Tema: Discurso, linguística e semântica lexical

Participantes :

Luiz Francisco Dias (Diretor FALE/UFMG-Brasil)

(Coordenador)

Hugo Mari (PUC-Minas-Brasil)

Daniel Lebaud (UFC-França)

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De 17:20h às 18:50h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Mesa-Redonda II

Tema: AD e aplicações diversas

Participantes:

Gláucia Lara (UFMG-Brasil) (Coordenadora)

Beth Brait (PUC/SP-Brasil)

Helcira Lima (UFMG-Brasil)

22 DE MARÇO DE 2012

(QUINTA-FEIRA)

HORÁRIO/LOCAL ATIVIDADE

De 09:00h às 10:15h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Mesa-Redonda III

Tema: AD e literatura

Participantes:

Virginie Lethier (UFC-France)

Renato de Mello (UFMG-Brasil)

Emilia Mendes (UFMG-Brasil) (Coordenadora)

De 10:15h às 10:30h Pause café

De 10:30h às 11:50h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Conferência III

Tema: O discurso totalitário

Conferencista :

Béatrice Turpin (UCP-França)

Mediador:

William Augusto de Menezes (UFOP-Brasil)

De 11:50h às 14:00h Intervalo para almoço

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De 14:00h às 15:30h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Mesa-Redonda IV

Tema: AD e Didática (a)

Participantes :

Jerônimo Coura-Sobrinho (CEFET-MG-Brasil)

(Coordenador)

Patrick Anderson (UFU - Brasil)

João Bôsco Cabral dos Santos (UFU-Brasil)

De 15:30h às 15:50h Pause café

De 15:50h às 17:20h

SEMINÁRIOS 1 E 2 -

Seminário Temático 1 - SALA 21

Tema: A noção de gênero em didática do Francês Língua

Estrangeira (FLE)

Coordenadores:

Wellington Costa (AF-BH) e Ceres Leite Prado

(UFMG-Brasil)

Participantes:

Eliane Lousada (USP)

Raíssa Palma (Alliance Française/UFOP)

Maria Lucia J. D. Barros (UFMG)

Seminário Temático 2 - SALA 22

Tema: AD e Mídias

Coordenadores:

Giani David Silva (CEFET-MG) e Paulo Henrique

de Aguiar Mendes (ICHS/UFOP)

Participantes:

Maria Carmem A. Gomes (UFV)

Lílian Arão (CEFET-MG)

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De 17:20h às 18:50h

SEMINÁRIOS 3 E 4

Seminário Temático 3 - SALA 21

Tema : AD e ficção

Coordenadoras :

Simone Mendes (ICHS/UFOP-Brasil) e Wiliane

Rolim (PBH -Brasil)

Participantes:

Carolina Assunção e Alves (UniCEUB)

Marcelo Cordeiro (UFMG)

Seminário Temático 4 - SALA 22

Tema : AD e Biografias

Coordenadoras :

Dylia Lysardo-Dias (UFSJ-Brasil) e Mônica Santos

Melo (UFV-Brasil)

Participantes:

Cláudio Humberto Lessa (UFMG)

Mariana Ramalho Procópio (UFMG)

De 18:50h às 20:00h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Conferência IV

Tema: AD comunicacional e Jean Peytard

Conferencista:

Patrick Charaudeau (Paris XIII e INA-França)

Mediadora: Emilia Mendes (UFMG-Brasil)

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23 DE MARÇO DE 2012

(SEXTA-FEIRA)

HORÁRIO/LOCAL ATIVIDADE

De 09:00h às 10:30h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Mesa-Redonda V

Tema: AD, política e processos de avaliação

Participantes :

William Augusto Menezes (ICHS/UFOP-

Brasil)

Patrick Chardenet (UFC-França)

Wander Emediato (UFMG-Brasil)

De 10:30h às 10:50h Pause café

De 10:50h às 11:50h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Mesa-Redonda VI

Tema: AD e psicanálise

Participantes:

Maria Antonieta Cohen (UFMG-Brasil)

(Coordenadora)

Cássio Eduardo Soares Miranda (NAD/UFMG)

Maralice Neves (UFMG-Brasil)

De 11:50h às 14:00h Intervalo para almoço

De 14:00h às 15:30h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Mesa-Redonda VII

Tema: AD e didática (b)

Participantes:

Serge Borg (SCAC-Embaixada da França)

(Coordenador)

Patrick Dahlet (UAG-Universidade das

Antilhas e da Guiana)

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De 15:30h às 15:50h Pause café

De 15:50h às 16:30h

Saguão do Prédio do

Seminário

Sessão de Painéis de pesquisa: diálogos com Jean

Peytard

De 16:30h às 17:30h

Local:

Auditório Francisco Iglesias

Conferência de encerramento

Tema: Jean Peytard: entre alteração e reformulação,

qual lugar dar ao dialogismo do Círculo de Bakhtin?

Conferencista:

Sophie Moirand (Universidade de Paris III –

França)

Mediador:

Jerônimo Coura-Sobrinho (CEFET-MG-Brasil)

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20

RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS

J. PEYTARD: O EXERCÍCIO DA TRANSVERSALIDADE

Eni Puccinelli Orlandi

(Unicamp/Univás – Brasil)

Trata-se de expor, através de uma reflexão que se faz na articulação da história

das ideias linguísticas e a análise de discurso, um percurso de J. Peytard que

produziu as condições para a formação de professores que estão na fonte da

implantação do atual Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, percurso

que tem seu ponto mais significativo na relação com J. Peytard, em sua função de

professor, na Universidade de Besançon, nos anos 70 do século XX. Além desse

percurso, analisamos também o sentido e importância da obra de J. Peytard e E.

Genouvrier, Linguistique et enseignement du français / Linguística e ensino do português

(trad. De R. Ilari, Almedina, Coimbra) que atesta mais uma ponto de articulação

entre o trabalho de J. Peytard e a linguística produzida no IEL/Unicamp, no Brasil.

Nosso objetivo é mostrar como isso que chamamos transversalidade, como prática de

J. Peytard, teve consequências não só teóricas mas também institucionais na relação

entre este mestre e a história das ciências da linguagem no Brasil.

“MEU” JEAN PEYTARD

Ida Lucia Machado

(FALE/UFMG)

Como imagino que o título desta conferência pode parecer pretensioso, passo

logo a explicar a presença deste “meu” que é a priori marca de uma posse individual

por parte do sujeito falante: no entanto, ele se refere aqui à experiência que guardei

de meus contatos com o Professor Jean Peytard, em Besançon, durante quase três

anos e depois, ao longo da vida. Logicamente este “meu” vai se refletir em outros

“meus” de outros pesquisadores que tiveram experiências semelhantes a minha, já

que nunca somos originais ou únicos. De modo bem panorâmico, gostaria de falar

sobre “quem” Jean Peytard apresentava aos seus alunos: Ducrot, Greimas, Perelman,

Lacan e, sobretudo, Bakhtin. Algo encantador que Jean Peytard nos passou foi ter

deixado bem claro que vários teóricos e as teorias da linguagem existiam: cabia a

nós, jovens pesquisadores, escolher e priorizar aquele que mais atendesse nossas

próprias especificidades e gostos no mundo intricado e complexo da pesquisa

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21

linguageira. É claro que, para jovens pesquisadores tal “liberdade” de decisão pode

ter parecido, em algum momento, uma forma de descaso do orientador para com o

orientando: não nego que fui vítima desse mau julgamento durante algum tempo.

Somente com o passar do tempo vi quanto foi importante ter tido na vida um Mestre

que acreditava em seus alunos e no potencial que estes podiam desenvolver por eles

mesmos.

Entre as inúmeras aquisições que o contato deste Mestre me proporcionou

destaco algo que me impressionou bastante na época em que tentava realizar meu

doutorado em Besançon: uma aula em que Jean Peytard se mostrou contra o “sujeito

único” do discurso, no caso, do discurso literário. Mas, logo vi que tal raciocínio

poderia se aplicar a diferentes tipos de discursos. Pela primeira vez na vida vi então

que diferentes entidades são convocadas a comparecer em um ato de leitura ou em

um ato de uso da linguagem: destaco assim a entidade do scripteur, já que acredito

que foi Jean Peytard o primeiro ou um dos primeiros a inserir essa instância

intermediária entre o que hoje chamamos (seguindo outro teórico do discurso,

Patrick Charaudeau) sujeito comunicante e sujeito enunciador. Mas o objetivo

implícito (e ambicioso) desta apresentação é sem dúvida, o desejo de ressaltar que

Jean Peytard foi politicamente correto na vida e na pesquisa e sua grande vontade de

defender a liberdade de pensar e ser do pesquisador, viesse ele da França ou de

outros países do mundo.

O DISCURSO TOTALITÁRIO

Béatrice Turpin

(UCP-França)

Nous nous proposons, à partir de la conception du sens chez Jean Peytard dont

nous analyserons les principaux traits, de définir « a contrario » le langage totalitaire

et de voir les processus discursifs et rhétoriques qui y sont engagés. Nous

montrerons comment le langage totalitaire fige le sens dans un discours clos, a-

historique qui peut être considéré comme la négation du fonctionnement même de la

langue, comme une sorte de mécanique grippée qui opère cependant au cœur du

fonctionnement langagier. En nous référant en outre aux résultats du colloque de

Cerisy-la-Salle sur Victor Klemperer et le langage totalitaire à paraître aux éditions

du CNRS, nous montrerons que ces processus doivent être appréhendés à partir d‟un

point de vue interdisciplinaire, suivant en cela les leçons du linguiste bisontin. Ils

réfèrent en effet à une sémiotique de la complexité qui allie point de vue

translinguistique, pragmatique, étude de la syntaxe, théories sémantiques et

rhétoriques, théorie de l‟énonciation.

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JEAN PEYTARD: ENTRE ALTERAÇÃO E REFORMULAÇÃO, QUAL

LUGAR DAR AO DIALOGISMO DO CÍRCULO DE BAKHTIN?

Sophie Moirand

(Universidade de Paris III – França)

Revenir sur les travaux de Jean Peytard dans une double perspective,

épistémologique et prospective, c‟est d‟abord s‟interroger, entre autres, sur les

concepts opératoires qu‟il a « expérimentés » (au sens de Guilhaumou, Maldidier,

Robin 1995), c‟est-à-dire mis à l‟épreuve des discours littéraires, médiatiques,

scientifiques et techniques. On reviendra ainsi sur le traçage de l‟altération tel qu‟il

l‟a « pensé » au travers des opérations de reformulation et de transcodage et de

l‟activité d‟altération telle qu‟elle se manifeste dans la surface du texte : la similarité,

l‟équivalence, la fracture… constituant ainsi ce qu‟on appelerait aujourd‟hui des

« observables » des textes et des discours (dans Peytard et Moirand 1992).

Mais on s‟interrogera dans un second temps sur la lecture que Jean Peytard a

proposé, parfois de manière implicite, des écrits des Bakhtine et/ou Volochinov dans

leurs relations à cette activité d‟altération qui se manifeste « là où le texte se fissure »,

là où l‟on devine ce qu‟ «il porte en lui de devenir autre » et donc de discours

produits avant et ailleurs par d‟autres, y compris par « le tiers parlant ». C‟est ici

qu‟il situe la rencontre entre la sémantique discursive de Michel Pêcheux et le

concept de dialogisme (Peytard 1995), tel qu‟il l‟a « interprété », dans le contexte

particulier des sciences du langage et dans le paysage francophone européen où lui-

même se trouve (Moirand 2012), et qu‟il l‟a « expérimenté » dans ses propres travaux

(sémiotique différentielle, instance du tiers parlant, discours relatés, évaluation

sociale…).

On voit alors comment le concept de dialogisme et les notions que Jean

Peytard lui avait associées fonctionnaient pour lui comme des « outils pour penser

avec », c‟est-à-dire, conformément à la définition du philosophe J. Benoît (2010),

comme des filets qui, jetés dans les discours circulant, « capte » ou « capture » les

éléments nécessaires à l‟interprétation des discours, des textes et des documents, ce

qu‟on pourrait élargir aujourd‟hui à la compréhension des relations entre discours et

société et à la construction des faits sociaux des sociétés contemporaines.

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23

MESAS REDONDAS

Mesa redonda I: Discurso, linguística e semântica lexical

UM LUGAR PARA O DISCURSIVO NA RELAÇÃO ENTRE O

DISPOSITIVO LEXICAL E O DISPOSITIVO SINTÁTICO

Luiz Francisco Dias

(FALE/UFMG)

Desenvolvemos uma reflexão sobre as formas como as unidades lexicais se expõem

ao campo da memória discursiva frente às determinações da articulação sintática. O

verbo, na medida em que é instado a sair do estado de item lexical e assumir a

nucleação sintática, é afetado por uma regularidade na língua portuguesa, cuja

característica mais marcante é a constituição de um lugar sintático que a tradição

gramatical denomina objeto verbal. Especificamente, analisamos a determinação

contraída pelo substantivo ou por uma formação nominal quando assume o lugar do

objeto. Nessa direção, defendemos a tese segundo a qual a ocupação desse lugar

passa por um apontamento no campo da memória discursiva. Para isso, analisamos

enunciados produzidos na esfera jornalística, no sentido de mostrar como a

ocupação.

DO SIGNIFICADO LEXICAL À AÇÃO DISCURSIVA

Hugo Mari

(PUC - Minas)

As três categorias centrais que compõem o tema dessa mesa serão assumidas,

na minha proposta de análise, como escalas de problemas de significação que

contribuem de forma decisiva, mas diferenciada, para a produção do sentido. Na

primeira parte da formulação, destacarei questões associadas ao significado lexical,

conforme discussões propostas por Gibbs (2002), Giora (2002), Ariel (2002), Cutting

(2002), entre outros, relativas ao contraste entre significado literal e significado

figurativo. Na segunda parte, abordarei a questão do significado linguístico com base

no princípio da composicionalidade (propriedades lexicais e relações sintagmáticas),

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desenvolvida nas teorias semânticas pós-estruturalistas. Destacarei nessa dimensão a

controvérsia entre intensionalismo e extensionalismo (Katz, Lakoff, Bierwisch) Na

parte final, comentarei a hipótese desenvolvida por Grice relativamente ao

significado do enunciado e ao sentido do falante, como condição fundamental à

percepção do sentido discursivo em sua dimensão pragmática. Por fim, concluo

minha proposta apontando a importância da confluência desses três estágios da

significação como condição essencial para a produção/percepção do sentido

discursivo e como condição necessária para a ação.

SÉMANTIQUE LEXICALE ET SÉMANTIQUE GRAMMATICALE

Daniel Lebaud

(UFC - França)

Nous situant dans une théorie - la Théorie des Opérations Prédicatives et

énonciatives (TOPE), initiée par Antoine Culioli - qui formule des hypothèses très

fortes sur la sémantique des unités lexicales et des unités grammaticales et la

construction des valeurs référentielles (ou signification), nous expliciterons à partir

de quelques exemples de chacune de ces sortes d‟unités en quoi ces hypothèses sont

pertinentes et opératoires et, de façon incidente, quelle conception du langage et des

langues elles engagent.

Pour ce qui est des unités lexicales, nous soutenons que leurs conditions

d‟emploi en constituent le sens même : pour décrire ce sens, il convient alors de

chercher leurs contextes et de décrire leurs conditions d‟emploi. Le contexte, dans

cette approche, n‟est pas un ajout, un « en plus », mais il est constitutif des unités

lexicales et de leurs valeurs : leurs conditions d‟emploi constituent leur sens. Les

unités tirent leur identité de ce que l‟on appelle leur forme schématique, qui est la façon

singulière dont elles ordonnent leur contexte d‟insertion.

Nous pourrons distinguer, dès lors, les unités grammaticale des unités

lexicales1 (et parmi celles-là les termes et les mots): les unités grammaticales, à la

différence des unités lexicales, n‟ont pas une distribution singulière, si ce n‟est celle

qu‟elles partagent avec l‟ensemble des autres unités de la classe distributionnelle à

laquelle elles appartiennent. En conséquence, ces unités ne peuvent être identifiées

dans leur singularité par leur distribution, mais le sont par leur différence avec les

autres unités de leur classe (les désinences de l‟imparfait par rapport à celles du

présent simple, du passé simple, par exemple). Les unités grammaticales se définissent

1 Notons que la distinction qui sera proposée pour ce qui est du mode de caractérisation de ces deux

sortes d‟unités ne fait pas l‟unanimité au sein de la TOPE : elle est soutenue par Sarah de Voguë, en particulier.

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donc paradigmatiquement (leur position dans leur classe est ce qui fait leur singularité)

alors que les unités lexicales se définissent syntagmatiquement (leur combinatoire est

ce qui fait leur singularité). Les unités grammaticales auront en conséquence une

caractérisation en terme de configuration d’opérations et non en terme de forme

schématique.

Mesa-Redonda II : Análise do Discurso e aplicações diversas

ATUALIZANDO AS (PRE) OCUPAÇÕES DE JEAN PEYTARD

Glaucia M. P. Lara

(FALE/UFMG)

Figura dominante nas ciências da linguagem por mais de três décadas, o

linguista (-analista) de discurso Jean Peytard pautou seus trabalhos por três eixos

principais: o «pendor» para a didática, a « a apetência » pela semiótica literária e o

« desejo » da linguística, como mostra o prefácio de Syntagmes 5 (última coletânea de

artigos, publicada postumamente em 2001). Considerando a didática como uma

questão central para o autor e seu interesse, depois de 1980, pela semiótica visual e

pelas mídias, nossa contribuição, no presente trabalho, é tentar articular essas três

instâncias: propor a análise de publicidades (textos midiáticos), pelo viés da

semiótica visual (inaugurada por J. M. Floch, na sequência dos trabalhos de A. J.

Greimas) e mostrar como esse trabalho pode ser levado para a sala de aula (didática),

de modo a tornar os alunos leitores eficientes não apenas de textos verbais, mas

também de textos não verbais/visuais (imagens), uma vez que a publicidade

(impressa) é, via de regra, um texto sincrético, que reúne, no plano de expressão,

essas duas linguagens para veicular um dado plano de conteúdo. Nesse trabalho,

focalizaremos anúncios brasileiros e chineses de produtos similares para verificar até

que ponto essas culturas tão distintas se aproximam/se distinguem na construção do

gênero publicidade e como essa discussão pode ser abordada na formação de um

aluno/leitor mais crítico e participativo.

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JEAN PEYTARD, DIALOGISMO E ANÁLISE DO DISCURSO

Beth Brait

(PUC-SP)

A partir dos anos 1970, a noção de dialogismo aflora como presença constante

nos estudos da linguagem, quer linguísticos, literários ou das Ciências Humanas em

geral. Entretanto, essa noção está, ainda, pouco associada, de maneira explícita e

rigorosa, à teoria e análise de discursos de vertente russa, surpreendida no conjunto das

obras de Bakhtin e do Círculo. Em geral, o desconhecimento dessa articulação

epistemológica, teórica e metodológica empurra o conceito para a utilização/prática,

como uma espécie de agregado das vertentes francesas e anglo-saxônicas. Nesse

sentido, é necessário destacar que, há 16 anos, exatamente nas comemorações do

centenário de nascimento de Bakhtin, Jean Peytard lançou um livro com o sugestivo

título: Mikhaïl Bakhtin. Dialogisme et analyse du discours (Paris: Bertrand-Lacoste, 1995).

Uma obra pequena, considerando-se suas 128 páginas, encerradas nos onze

centímetros de largura por dezoito de altura (tamanho padrão da Coleção Parcours

de Lecture/Référence). Apesar das dimensões, ela representa importante

contribuição para a inserção do pensamento bakhtiniano, e especialmente do

conceito de dialogismo, na vertente análise do discurso, com singularidades que a

distinguem da AD francesa, por exemplo. O objetivo desta exposição é mostrar de

que maneira o livro é construído, que obras de Bakhtin e do Círculo Peytard

seleciona para concretizar sua proposta, e como ele vai estabelecendo discussões e

relações que permitem responder, pelas obras de Bakhtin e do Círculo, questões

centrais para a análise de discursos, caso de Como o discurso da sociedade, o discurso da

ideologia que circula, pode ser interiorizado pelo sujeito?

DRAMATIZAÇÃO ARGUMENTATIVA: O TRIBUNAL DO JÚRI

ENTRE O RITUAL E A INSTABILIDADE

Helcira Lima

(FALE/UFMG)

As interações estabelecidas no âmbito do discurso jurídico são altamente

ritualísticas e delimitam os espaços e os modos do dizer de cada sujeito envolvido no

caso em julgamento. Em se tratando do Tribunal do Júri, um dos órgãos do judiciário

responsável por julgar crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados, o

ritual sociolinguageiro que marca a performance dos agentes jurídicos, apesar das

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idiossincrasias de cada crime, pressupõe uma dramatização necessária ao fim visado:

a persuasão dos jurados.

A seleção e a adequação linguístico-discursiva empreendida pelos advogados

atende a determinações próprias ao ritual, mas, evidentemente, também escapa ao

controle desses sujeitos. Há, nesse sentido, um incessante jogo entre uma adequação

necessária à “sobrevivência” naquela dramatização do dizer e uma flutuação própria

ao movimento de produção de sentido, marcada por retomadas e retornos, próprios

à interdiscursividade. Ambas as partes – defesa e acusação – visam atingir os

jurados, levando-os a compartilhar de determinados pontos de vista sobre o caso

(crime em julgamento, suposto autor, vítima, testemunhas etc.) e, para tanto, valem-

se de elementos dóxicos a fim de acionar em seus interlocutores determinados

valores e crenças que podem melhor conduzir ao sucesso da construção

argumentativa empreendida. Nesse sentido, ao nos valermos das ideias precursoras

de Jean Peytard, pretendemos refletir sobre o processo de “reformulação” delineado

pelos advogados de defesa e acusação em três julgamentos, cujo percurso é marcado

por fissuras, retomadas, modificações e instabilidades, no intuito de captar elementos

de uma determinada “dramatização argumentativa”, própria ao discurso jurídico do

Tribunal do Júri.

Mesa-Redonda III: Análise do Discurso e literatura

PRAXIS D‟ANALYSE DU DISCOURS LITTÉRAIRE ET NOUVELLES

TECHNOLOGIES

Virginie Lethier

(Université de Franche-Comté)

Plus de 60 ans après les premiers développements d‟une « lexicométrie

littéraire » avec les travaux de R. Busa, Guiraud (1954), C. Muller (1967) et E. Brunet

(1981) dont la valeur heuristique a été mise en exergue par J. Peytard (1992) insistant

sur les apports d‟une approche différentielle du texte à partir des contrastes

observables en corpus, quel rôle tiennent aujourd‟hui les outils informatiques et

statistiques dans les pratiques d‟analyse du discours littéraire ?

Mode d‟analyse longtemps accusé de ne procéder qu‟à une description

superficielle du texte en raison d‟une approche fondée sur sa matérialité graphique

seule, l‟analyse assistée par informatique, bénéficiant des progrès technologiques

réalisés dans la dernière décennie du XXe siècle, s‟est enrichie d‟une approche des

unités linguistiques, sémantiques, grammaticales et syntaxiques. Elle offre désormais

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à une analyse du discours littéraire soucieuse de la matérialité textuelle un accès

renouvelé au texte et à la pluralité de ses dimensions jusqu‟alors occultées par les

artefacts du régime matériel de l‟imprimé. Plus, la constitution de vastes corpora

numériques, dans le même temps qu‟elle (ré)interroge nos conceptions du texte, offre

de nouvelles perspectives pour une approche contrastive et différentielle des

frontières du texte et de ses variations, dont dépend l‟historicisation du texte comme

fait de discours (Adam, 2005).

RELAÇÕES PERIGOSAS ENTRE LAUTRÉAMONT, SEU TEXTO, SEU

NARRADOR E SEU LEITOR

Renato de Mello

(FALE/UFMG)

Os Cantos de Maldoror, de Lautréamont, chama a atenção pela importância que

o narrador atribui ao leitor, sempre tratado como uma “presa” em seu texto

“armadilha”. O narrador o seduz com sua astúcia para, em seguida, através de uma

relação dialógica íntima (eu-tu), levá-lo a um turbilhão de imagens que compõem

esse texto “perigoso”. Entendendo que a leitura dessa obra e a revelação de suas

especificidades, de suas características são uma construção progressiva, pretendo

analisar discursivamente a relação entre narrador e leitor existente nos Cantos de

Maldoror, valendo-me, sobretudo, do contrato de comunicação proposto por Patrick

Charaudeau (e adaptado, aqui, ao discurso/texto literário), e dos trabalhos de Jean

Peytard sobre leitura e leitor e também sobre sua leitura da obra de Lautréamont.

Veremos que, para o Lautréamont, seu narrador e seu leitor são instâncias

discursivas criadas e explicitamente marcadas no ato de enunciação literária. Ambos

são mais que uma previsibilidade, uma intencionalidade do autor, ambos são

personagens, função indispensável na obra, em razão da capacidade de

comunicação/interação entre si e das potencialidades significativas do texto.

A FILP VISTA À LUZ DA MEDIACRÍTICA DE JEAN PEYTARD.

Emília Mendes

(FALE/UFMG)

O objetivo de nossa comunicação é observar de que maneira os discursos

sobre a representação da literatura, dos escritores e dos leitores se estabelecem na

cobertura da Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP), edição de 2011, feita pelo

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jornal Folha de São Paulo. Para tal, nos valeremos das reflexões de Jean Peytard a

respeito da mediacrítica e de seu arcabouço teórico. Na proposta de Peytard (1993),

uma de suas questões era verificar: como se escreve sobre a literatura no jornal?

Estendemos esta questão para: como se escreve sobre escritores que são tidos como

figuras de renome nacional e internacional em uma feira comercial de livros?

Também é nosso objetivo pensar que tipo de representações o Jornal Folha de São

Paulo faz não só destes escritores, mas também da crítica literária acadêmica e do

público que frequenta esta feira, ou seja, um público de leitores majoritariamente não

acadêmicos. O corpus escolhido nos parece interessante porque se trata de uma feira

de editoras e tem relação com a promoção de obras, ou seja, a crítica acadêmica quase

não participa deste evento e o que está em jogo é a promoção e venda de livros

literários e a construção de uma imagem de si de cada escritor (que adquirem status

de celebridade) em uma lógica de mercado.

Mesa-Redonda IV: Análise do Discurso e Didática (a)

LÉXICO E ENSINO DE LÍNGUAS

Jerônimo Coura-Sobrinho

(CEFET-MG )

A atualidade das discussões promovidas por Jean Peytard no âmbito dos

Estudos da Linguagem pode ser observada em estudos sobre o discurso e sobre o

ensino de línguas. Questões relacionadas ao estudo do vocabulário e do léxico e de

sua importância na aprendizagem das línguas alimentam pesquisas tanto no âmbito

da lexicografia quanto da lexicologia. Mais recentemente, observa-se um vertiginoso

desenvolvimento da lexicografia pedagógica, que trata de dicionários destinados a

aprendizes de línguas (estrangeira ou materna), e, também, de um tratamento

especial do léxico em manuais para ensino de línguas. Neste trabalho, são discutidas

questões relativas às “palavras potenciais”, assim designadas por Peytard, no ensino

de francês como língua estrangeira, tomando-se como base um manual didático para

iniciantes.

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TRÊS ESTEREÓTIPOS DE FORMADORES

João Bôsco Cabral dos Santos

(UFU)

Este trabalho tem por objetivo problematizar estereótipos de professores-

formadores, para explicitar as condições de produção que perpassam uma instância-

sujeito formador. Focalizarei esses estereótipos em três lugares discursivos: o

formador fenomenológico; o formador relativista e o formador estruturalista.

Pretendo evidenciar as inscrições discursivas que subjazem à constituição

sujeitudinal de cada projeção estereotípica. Dessa forma, colocarei em discussão

elementos como os processos de denegação, contradição, opacidade, equivocidade e

silenciamento atuam na constituição sujeitudinal desses estereótipos. A denegação

como a negação de um lugar discursivo no qual uma instância-sujeito afirma não está

inscrita, no entanto, suas ações remetem a tal inscrição. A contradição se refere a um

conjunto de crenças sobre as quais uma instância-sujeito fabula e produz enganos. A

opacidade está relacionada aos processos de apagamento e de esquecimento que

uma instância-sujeito se vincula, inconsciente ou conscientemente, para asseverar

elementos que deseja sobrepor em nível de valores, ou para descaracterizar tomadas-

de-posição, que possam comprometer/favorecer uma inscrição enunciativa. A

equivocidade trata dos níveis de ilusão de completude das instâncias-sujeito no

processo de enunciação acadêmica. Por fim, o silenciamento, tomado, aqui, como

uma condição ideológica que coloca a instância-sujeito em estado de interpelação

acerca do acontecimento acadêmico frente às inscrições discursivas de uma instância-

sujeito.

Mesa-Redonda V: Análise do Discurso, política e processos de avaliação

JOGO AVALIATIVO E ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NAS ELEIÇÕES 2010:

O PAPEL DA MEMÓRIA EM TEMAS QUENTES DA DISPUTA SERRA /

DILMA

William Augusto Menezes

(ICHS - UFOP)

Segundo Jean Peytard, a troca verbal se mostra como um lugar em que se

manifestam, com insistência, efeitos de dramatização discursiva, definida como a mise

en mots não apenas dos pólos da comunicação (o “eu”, o “tu”), mas também do “ele”

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sob a forma de tiers-parlant – um conjunto indefinido de enunciados emprestados aos

enunciadores, que caracterizam o “discurso relatado” (PEYTARD, 1993). Entretanto,

ao tomar para si a voz do terceiro, o locutor não o faz indistintamente, mas como

parte do seu projeto de ação e das estratégias discursivas que coloca em cena. A

noção de jogo avaliativo, também exposta pelo mesmo teórico, parece-nos bastante

produtiva nessa empreitada levada em frente pelo locutor. O jogo avaliativo

(implícito ou explícito) é percebido como um dos componentes do processo de

reformulação que envolve o tiers-parlant, e na medida em que o sujeito joga com a voz

do terceiro – aquela voz que melhor serve ao seu projeto, ele é levado também a

assumir as características do terceiro. Nessa aproximação entre a noção de jogo

avaliativo e a de estratégias discursivas, pretendemos realçar aspectos como as

imagens do tiers-parlant, os quadros de dramatização e espaços de construção

identitária realçados pelos candidatos José Serra e Dilma Rousseff na disputa

eleitoral pela presidência do Brasil, em 2010. Para tal, centraremos a análise

ilustrativa em produções midiáticas durante o período eleitoral, com destaque para

dois dos chamados “temas quentes” da campanha (o problema da corrupção e a

polêmica sobre o aborto). Ao final, pretendemos demonstrar como as noções

avançadas por Jean Peytard contribuem para uma abordagem atual sobre a memória

discursiva.

LA DÉHISCENCE DANS LES DISCOURS D´ÉVALUATION

Patrick Chardenet

(Université de France Comté)

A la fin des années 1990, je travaillais sur l´analyse de la formation et la

circulation de la notion d´évaluation en empruntant à l´analyse du discours et dans le

même temps je tentais de comprendre le fonctionnement de l´activité évaluative

naturelle qui permet la mise en oeuvre des actes d´évaluation formelle. Dans la

description de ce mouvement, un phénomène proche de ce que Jean Peytard a appelé

l´altération, permet d´appréhender la mise en discours de l´acte d´évaluation dans le

cadre d´une sémiotique différentielle qui explique en partie le fonctionnement de

cette composante du dialogue pédagogique.

On peut ainsi autant expliciter la différence d´appréciation d´une même

production scolaire, par les effets de variation établis par la docimologie critique, que

par les effets de différence (Peytard, J. : 1999) ou de distinction (Chardenet, P. : 1999

b) entre les discours. Ce qui questionne de fait l´objectivité comme moyen de

l´évaluation et interroge la qualité de la mesure des performances, ouvrant une voie

pour une théorie de l´évaluation fondée sur le discours.

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Aujourd´hui schématisé comme un ensemble de discours, les actes

d´évaluation constituent un sous-ensemble particulier de l´ensemble des discours

d´éducation ou de formation, qui structurent un système global d´évaluation.

Interreliés, ces discours forment un tout mais cette interrelation constitutive qui

semblerait pouvoir dire qu´elle assure une cohésion entre chacun et une cohérence de

l´ensemble, fonctionne plutôt dans la pratique de l´évaluation comme une déhiscence

(Peytard J., Moirand, M.1992, p. 148).

Cette communication insistera sur ce en quoi l´approche révèle une dualité

constructive entre des méthodes positivistes de mesure (positive ou négative) des

performances encadrées par le nombre et des méthodes qualitatives complexes

d´appréhension des compétences qui portent sur les points de fracture entre les

discours de l´acte d´évaluation.

DISCURSO, ARGUMENTAÇÃO E MODALIZAÇÃO NOS PROCESSOS

AVALIATIVOS

Wander Emediato

(FALE/UFMG)

O objetivo desta apresentação é de refletir sobre aspectos discursivos

relacionados à avaliação, como atitude modal, e aos processos avaliativos, como

discurso institucional. Buscando apreender os aspectos mais essenciais da atitude

avaliativa em sua dimensão modal, apresentarei também uma reflexão mais geral

sobre diferentes aspectos e propriedades dos processos avaliativos institucionais, sua

relevância dentro das organizações e os níveis mais determinantes de sua função

como prática social. Em especial, farei uma descrição dos aspectos subjetivos e

objetivos da avaliação e dos diferentes parâmetros envolvidos em sua manifestação,

incluindo a sua dimensão intencional, seus princípios de regulação e sua função

argumentativa. Em um primeiro momento, analisarei a avaliação como organização

enunciativa ligada ao fenômeno da modalização; em seguida, apresentarei uma

reflexão sobre a avaliação como prática institucional, seja no contexto escolar, seja no

contexto mais geral das organizações; por fim, explorarei a função argumentativa da

avaliação, dos processos avaliativos e das políticas de avaliação, buscando

compreender melhor sua relevância, seus objetivos interacionais e discursivos

ligados às ações de influência e de regulação.

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Mesa-Redonda VI: Análise do Discurso e psicanálise

RELAÇÕES ENTRE LINGUAGEM E PSICANÁLISE: POSSIBILIDADES

Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen

(FALE/UFMG)

Apresentaremos uma breve discussão sobre as interfaces entre os estudos da

linguagem e a psicanálise. Do ponto de vista da linguagem, inúmeros são os autores

que tentaram estabelecer esta relação, a exemplo de Benveniste, Pêcheux, Jakobson e

muitos outros. Do ponto de vista da psicanálise, a interrelação com a linguagem

sempre existiu e está mesmo em sua base, a partir de Freud. Muitos recortes têm de

ser feitos no estabelecimento dessas relações, que dependem do interesse de quem os

propõe.Tais aproximações seguem três eixos, como vimos discutindo, um gramatical,

um universalista e um discursivo.Do ponto de vista gramatical, traremos à pauta

alguns textos freudianos, do ponto de vista universalista, alguns conceitos de Lacan e

do ponto de vista discursivo, visitaremos alguns textos clássicos da análise do

discurso e de lingüistas e analistas do discurso que têm se embrenhado nesta

intrincada interação. Considera-se que as tradicionais funções da linguagem

desempenharam um papel importante na constituição da área dos estudos

discursivos, tomando como parâmetro as propostas por Jakobson e muitas que se

lhes seguiram, que divergiram da circularidade conceptual de alguns dos

estruturalismos lingüísticos, já criticada por Pêcheux em célebre obra de 1975. A

proposta de Jakobson questionou a função exclusivamente comunicacional da

linguagem, em face dos fenômenos psico-socioculturais que existem na relação de

interlocução e mostrou a relevância do funcionamento indireto da linguagem, como

que escondido sob as abordagens do fenômeno lingüístico centradas apenas no

extremo da produção.Neste sentido tenta-se uma aproximação com os estudos

psicanalíticos.

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NOMEAÇÃO E DESIGNAÇÃO: DO NOME AO SINTHOMA E AS

POSSÍVEIS ARTICULAÇÕES ENTRE PSICANÁLISE E LINGUÍSTICA

Cássio Eduardo Soares Miranda

(FALE-UFMG/FAPEMIG)

O presente trabalho discute, a partir da articulação entre a lingüística do

discurso e a psicanálise, a função da nomeação e da designação. A partir das

considerações da lingüística, a nomeação pode ser tomada como um ato que consiste

em dar existência a um ser, salientando-se que, quem nomeia é aquele que produz o

discurso e, portanto, está submetido à subjetividade daquele que nomeia e descreve.

Na perspectiva semiolinguística do discurso, o ato de nomear enquanto um modo

descritivo de organização do discurso é arbitrário até certo ponto, uma vez que o

sujeito nomeado é determinado pelas características culturais dos grupos sociais a

que pertence sendo, portanto, um ato dotado de intencionalidade. Assim, as

operações de nomeação e de qualificação são componentes do processo de semiotização do

mundo (CHARAUDEAU, 2005), o que acarreta certo uso dos substantivos e dos

adjetivos, mas, em uma perspectiva que ultrapassa o nível puramente morfológico,

atingindo, principalmente, o discursivo. Para Judith Butler (1997), uma crítica

ferrenha da psicanálise, o ato de fala de nomeação é considerado como um ato

violento na medida em que torna o corpo vulnerável a uma identificação linguística

que funciona como uma marca, uma identidade da qual o sujeito não consegue se

livrar. Da psicanálise, tomaremos o conceito lacaniano de “être nommé” (LACAN,

1969) para pensar como uma ação linguística toca o sujeito e, de modo mais

específico, como a ação de um substantivo ou adjetivo proveniente do campo do

Outro são hábeis para estabilizar sujeitos em franco desencadeamento psicótico.

DISCURSO, PSICANÁLISE E O CINEMA NO ENSINO DE LÍNGUA

ESTRANGEIRA

Maralice de Souza Neves

(FALE/UFMG)

O ensino de línguas através do uso de filmes não é novidade e é largamente utilizada

por sua ampla possibilidade de exploração de questões não só lingüísticas como

também de ordem sócio-culturais. Entretanto, além do propósito de explorar esses

aspectos, acredito ser possível apresentar uma abordagem discursivo-psicanalítica de

filmes para o ensino de línguas estrangeiras. O presente trabalho traz a questão

proposta por Lacan de que “A Mulher não existe”, ou seja, a mulher passa a sua vida

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se definindo identitariamente num caminho longo e repleto de obstáculos, uma vez

que não há significante ou essência da mulher como tal. A protagonista Mary, do

filme Mary e Max, é o alvo da análise que apresento. O filme é uma animação que

conta a história de 20 anos de amizade através da correspondência entre uma menina

australiana inicialmente com oito anos e um homem norte-americano de 44 anos que

sofre da Síndrome de Asperger. Desse modo, aproveito-me da forma sempre aberta

como Jean Peytard acolhia trabalhos interdisciplinares para ousar apresentar uma

proposta que convoca estudos da subjetividade psicanalítica e estudos linguísticos e

discursivos para desenvolver uma atividade didática que trata da dimensão

enunciativa da subjetivação feminina.

Mesa-Redonda VII: Análise do Discurso e didática (b)

ANALYSE DE DISCOURS ET DE CONTENU APPLIQUÉES À L‟ÉTUDE

DU CONCEPT DE PROGRESSION EN DIDACTIQUE DES LANGUES.

Serge Borg

(Université de Franche Comté)

Explorer le concept central de progression en didactique des langues, et plus

particulièrement en français langue étrangère, suppose la constitution d‟un corpus de

textes susceptibles d‟être soumis à une rigoureuse analyse de discours et de contenu

pour en révéler le cheminement épistémique, les facteurs (externes et internes) qui

président aux (ré)orientations méthodologiques qu‟il intégre, ainsi que les

représentations mentales (d‟inspiration idéologique) dont l‟impact se fait ressentir

aussi bien dans le choix des théories de référence que dans les supports didactiques

et les pratiques de classe. Le tableau de la constitution du corpus que nous

présenterons nous montre le nombre conséquent d‟appareils pédagogiques analysés

dans cette étude, ainsi que le nombre d‟unités didactiques explorées au sein de ces

appareils, majoritairement des préfaces, avant-propos, avertissements et autres

préambules qui trahissent, en la traduisant de manière plus ou moins explicite,

cryptée ou en filigrane, l‟option retenue en matière de progression.

Le dialogisme de Bakhtine (1981,1984) et l‟intertextualité de Barthes (1974)

constituent ici des références théoriques et des outils d‟intervention privilégiés pour

cibler les interactions qui se constituent entre les énonciateurs, à savoir les auteurs de

ces textes à orientation didactique, et les discours qui leur sont extérieurs (Chauvin-

Vileno A. Madini M. 2007) et qui transparaissent via des citations, des allusions, des

références idéologiques (Schepens Ph. Lambert C. 2010) et des co-occurrences

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thématiques, où l‟on voit clairement se profiler dans les discours, l‟affaiblissement du

concept de progression, avec des glissements de champs sémantiques explicites (ex :

approche préféré à méthode, mais aussi itinéraire ou parcours préférés à progression, pour

ne citer que quelques exemples classiques, quand ce n‟est pas le recours systématique

à des périphrases démesurées pour éviter tout simplement d‟employer le vocable

progression...).

Si nous nous sommes également inspiré des théories de Greimas (1970), de

Harris (1969), et de P. Charaudeau (1997) dans l‟analyse des discours développés sur

la notion de progression, nous nous sommes majoritairement appuyés sur les

analyses de contenu proposées par Bardin (1992) et celles de Quivy et Van

Campenhoudt (1988), plus particulièrement dans le cadre de la construction du

concept de progression à partir d‟indicateurs, de composantes et de dimensions. Ils

permettent d‟établir le schéma général de la construction du concept de progression

ainsi que celui de la répartition générale des composantes et des indicateurs de

transformation Borg (2001). Une modélisation très efficace qui permet d‟identifier le

poids dominant de la dimension externe : composantes philosophique, politique,

économique, institutionnelle, socioculturelle ; et de relativiser fortement celui des

composantes internes à la didactique des langues : linguistique appliquée,

méthodologie, psychopédagogie, etc.

(DES)APROPRIAR AS APRENDIZAGENS DISCURSIVAS: PERFIS DE

UMA ALTEROTIPOLOGIA

Patrick Dahlet

(Universidade das Antilhas e da Guiana)

É uma das grandes lições da linguística e da análise dos discursos, em

particular, de mostrar que não teria sentido, se tudo ficasse parecido. As formas de

coesão de um discurso não se concebem fora das alteridades que entram em seu

movimento. Paradoxalmente, contudo, o paradigma destas alteridades não parou de

ocupar um papel marginal na didática das línguas. Em todo caso, as abordagens tais

como as de Moirand et Peytard(1992) que, no traço dos « cortes » dos textos literários

sondados por Peytard (1982) convidam a reconstruir a eventual comunidade de um

sentido a partir da alteração intrínseca da sua composição, são raras. Como se a

insistência sobre os lugares de diferenças podia ameaçar a conquista e o ensino do

lugar comum. Em contraponto ao investimento didático, em ele mesmo

indispensável, do sentido na coerência e linearidade, propõe-se aqui então uma

alterotipologia, que retoma a relação semelhança/diferença, ampliando a tensão das

alterações, correlativamente a escala infralingue do outro significante e a, mixilíngue,

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da mistura de línguas, tão ativa nos regimes plurilíngues da comunicação. Sendo a

expectativa que o perfil desta alterotipologia, ao oferecer-se como motivação e

suportes de aprendizagens em línguas, inplica nelas no mesmo movimento, uma

crítica da necessidade de identidade.

SEMINÁRIOS TEMÁTICOS

Seminário temático 1: A noção de gênero em didática do Francês Língua

Estrangeira (FLE)

Coordenadores : Profa. Dra. Ceres Leite Prado (UFMG) e Prof. Wellington Júnio

Costa (UFMG/AF BH)

La trajectoire de Jean Peytard centrée sur l‟association « linguistique,

sémiotique, didactique » articulées à l‟analyse du discours, a inspiré de nombreux

héritiers parmi nos universitaires au Brésil. Sa manière d‟interroger le langage « dans

la concrétude des situations variées de la production discursive » et de « ne pas

séparer les systèmes de la langue des conditions sociales et individuelles de leur

situation » (Mélanges, 1993 : 41) a inscrit la dimension sociale dans la didactique du

français langue étrangère.

Dans le chapitre intitulé « Les objectifs d‟une analyse du discours » (Moirand,

S., Peytard, J., Discours et enseignement du français), les auteurs se posent la question

« […] quelle est la place de l‟analyse du discours dans l‟enseignement/apprentissage

d‟une langue étrangère ou maternelle ? », et ils énoncent, parmi quatre projets, celui

qui pose la nécessité de décrire les genres auxquels les apprenants sont confrontés.

L'intérêt des didacticiens par la notion de genre témoigne de l'importance du

rôle que les genres peuvent jouer en didactique des langues, et plus précisément,

dans l‟activité de lecture et de production écrite en classe de langue.

L‟objectif de ce séminaire thématique est donc de discuter l‟impact des

descriptions des genres des textes et leur utilisation dans l‟enseignement d‟une

langue étrangère.

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LE SYNOPSIS DE FILM : UN GENRE TEXTUEL ET UNE ENTREE

DISCURSIVE DANS LA LANGUE FRANÇAISE ET DANS LE CINEMA

FRANCOPHONE.

Wellington Júnio Costa

(Alliance Française BH / UFMG)

La notion de genre en didactique du français langue étrangère est d‟autant

plus pertinente que les évaluations en classe de langue portent, à l‟heure actuelle, de

plus en plus sur la compréhension/production discursive de l‟apprenant dans un

contexte donné. Jean Peytard et Sophie Moirand nous avaient signalé cette rencontre

entre la notion de genre et la didactique dans Discours et enseignement du français : les

lieux d’une rencontre (1992) en nous proposant une pratique de la description des

genres en classe de langue, ce qui nous mènerait, entre autres choses, à « la

sensibilisation aux faits de langue et aux faits culturels. » (PORTILLO SERRANO,

2010).

Ainsi, à partir d‟un travail réalisé au cours de l‟année 2011 à l‟Alliance

Française de Belo Horizonte avec des apprenants de FLE, le but de cette

communication est de mener une réflexion sur l‟utilisation des synopsis de film en

classe, en tant que genre textuel et discursif permenttant un accès à la langue

française et au cinéma francophone. Nous espérons donc contribuer à la disussion

autour de la notion de genre en didactique du FLE en apportant des données d‟une

expérience personnelle et récente.

QUELLE EST LA PLACE DES GENRES TEXTUELS DANS

L‟ENSEIGNEMENT-APPRENTISSAGE DU FRANÇAIS LANGUE

ETRANGERE ?

Eliane Lousada

(DLM-FFLCH-USP)

Le titre de cette intervention ne vous est certainement pas étranger : il rappelle

justement la phrase « […] quelle est la place de l‟analyse du discours dans

l‟enseignement/apprentissage d‟une langue étrangère ou maternelle ? » proposée

par Jean Peytard et Sophie Moirand dans Discours et enseignement du français : les lieux

d’une rencontre, publié il y a exactement dix ans. La phrase et l‟ouvrage ne pourraient

pas être plus actuels, si l‟on considère l‟évolution des dernières années dans le

domaine de la Didactique des langues étrangères (LE). En effet, plus la Didactique

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considère l‟importance de la dimension sociale de l‟apprentissage des langues

étrangères, plus il est impératif d‟admettre le rôle des textes/discours comme des

unités communicatives globales ou les correspondants empiriques d‟actions

langagières (Bronckart, 1997, 2005), produits dans des situations d‟interaction sociale

et donc de vraies unités d‟apprentissage en LE. L‟objectif de cette communication est

de présenter la notion de genre textuel (Bronckart, 1997; Schneuwly & Dolz, 2004) et

de discuter de sa pertinence pour l‟enseignement du FLE. On vise ainsi à

approfondir le sous-titre du livre de Peytard et Moirand (1992), en proposant une

réflexion sur les possibles lieux d‟une rencontre entre l‟étude des genres

textuels/discursifs et la Didactique du français langue étrangère ou seconde.

LE THÉÂTRE DANS LE PROCESSUS

D‟ENSEIGNEMENT/APPRENTISSAGE DU FRANÇAIS LANGUE

ÉTRANGÈRE

Raíssa Palma

(Alliance Française de Ouro Preto / UFOP)

Dans mon intervention j‟analyse le genre « théâtre » en tant qu‟outil

déclencheur et visée finale d‟un processus d‟enseignement/apprentissage du

Français Langue Étrangère dans le contexte de l‟Université Fédérale de Ouro Preto

avec des étudiants en Lettres (dont la majorité : Lettres Portugais), durant les

semestres 2010-1, 2010-2 et 2011-1. Il est question ici de l‟applicabilité de cet outil,

sans abandonner son coté formel et traditionnel. Plusieurs résultats de cette pratique

s‟avèrent intéressants, dont l‟un des plus positifs étant un engagement croissant et

inhabituel de la part de certains étudiants, parmi d‟autres, comme la grande efficacité

pour l‟acquisition du sociolinguistique, une forte amélioration de la prononciation et

la possibilité de jouer de plusieurs façons avec la grammaire. Toutefois, il est fort

souhaitable que l‟enseignant ait une formation théâtrale de base à fin de pouvoir

mener à bien l‟entreprise jusqu‟à son but : jouer devant le public. En d‟autres termes,

il est absolument nécessaire que l‟apprenant ne soit pas mis dans des situations

gênantes, qu‟il se sente rassuré, dans un esprit de groupe. Il s‟ensuit une réflexion sur

la possibilité d‟utilisation de cette pratique dans un contexte autre que celui où a été

faite cette première expérience, et notamment dans les Alliances Françaises du Brésil,

en ayant pour base le découpage choisi par la plupart d‟entre elles, à partir de la

méthode unique qui a été adoptée au début de l‟année 2011.

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CHANSON ET SLAM: QUEL GENRE DE DISCOURS?

Maria Lúcia Jacob Dias de Barros

(FALE/UFMG)

Dans notre intervention, nous étudierons la chanson dans ses spécificités en

tant que genre discursif et son rapport avec le texte poétique, en tant que genre

discursif littéraire.

Nous essaierons également d‟établir le rapport entre la chanson et un autre

type de manifestation artistique qui se situe, nous semble-t-il, à la frontière entre le

texte poétique et la chanson: le slam.

Notre but étant prioritairement pédagogique, à travers la question du genre

discursif nous afficherons les difficultés de même que les éléments qui constituent

des facteurs de “facilitation” dans l‟enseignement/apprentissage du français, par

l‟utilisation de ces genres de discours.

Situé actuellement dans une catégorie intitulée “musiques urbaines”, cet “art

déclamatoire” pourrait justement servir de pont entre un art considéré comme

“mineur” – la chanson – et cet autre art “majeur” - la poésie ou le discours poétique,

cela pouvant constituer un atout pour ceux qui enseignent une langue en se servant

de documents authentiques.

Dans le cas spécifique du slam, et également dans celui de la chanson, ces

supports pédagogiques sont le reflet d‟une société francophone dont le profil se

dessine de plus en plus métissé. Pour nos étudiants, c‟est l‟occasion de découvrir les

aspects culturels et interculturels intrinsèques à un concept majeur dans

l‟enseignement/apprentissage du français: la francophonie et/ou les identités

francophones.

Seminário temático 2: Análise do discurso e Mídias

Coordenadores: Paulo Henrique A. Mendes (ICHAS-UFOP) e Giani David Silva

(CEFET-MG)

OS PROCESSOS ENUNCIATIVOS NO DISCURSO MIDIÁTICO

As mídias em suas diversas formas de manifestação têm sido objeto de

pesquisas dos diferentes modelos de análise do discurso ao longo das últimas

décadas, configurando uma vasta e complexa literatura de estudos sobre o discurso

midiático. Na verdade, podemos dizer que esses modelos de análise do discurso se

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inscrevem numa certa tradição mais ampla das ciências da linguagem, que começava

a se delinear desde a primeira metade do século XX, consolidando-se na segunda

metade, especialmente a partir dos estudos sobre a enunciação e o texto e de seus

desdobramentos sobre a questão do sujeito e do social na linguagem. É nessa

tradição que situamos Jean Peytard, como grande estudioso, aberto à investigação

das diferentes dimensões da linguagem e interessado pelos fenômenos discursivos,

entre os quais se destacavam a importância da oralidade, que supõe um dinamismo

na troca e a co-presença em contexto de elementos plurimodais, a consciência da

dimensão social da enunciação e a problemática do sujeito e da alteridade. No rol dos

inúmeros objetos de análise a que se dedicou o autor, inclui-se o discurso das mídias,

que ora postulamos como foco central de nosso seminário temático, destacando a

investigação da construção de seus processos enunciativos a partir de diferentes

enfoques teóricos e de diversos recortes temáticos.

ATOS DE LINGUAGEM E DISCURSO RELATADO NA IMPRENSA

ESCRITA

Paulo Henrique A. Mendes

(ICHS-UFOP)

Considerando-se a proposta geral do seminário temático, que é a de analisar a

construção dos processos enunciativos no discurso midiático, a presente intervenção

visa a investigar um aspecto fundamental desses processos na constituição desse tipo

de discurso, qual seja, o uso de certos atos de linguagem na realização do discurso

relatado como condição enunciativa do discurso de informação midiática. Nesse

sentido, interessa-nos balizar inicialmente a relação entre o domínio/campo

discursivo midiático, a rede de gêneros discursivos mais significativos desse domínio

e os atos discursivos que lhes são mais típicos. Em seguida, destacaremos a

importância dos atos que se traduzem pelo discurso relatado, com vistas a analisar

alguns padrões lingüístico-enunciativos mais recorrentes de configuração desses

atos. Focalizaremos alguns aspectos lexicais que nos parecem relevantes, a exemplo

do uso de formas verbais e/ou nominais dicendi, ilocucionais e perlocucionais,

buscando avaliar a produção de determinados efeitos de sentido, em termos de

orientação argumentativa e/ou de captação do leitorado. Para tanto, faremos recortes

temáticos relativos a fatos da atualidade, veiculados em jornais e/ou revistas de

referência nacional, a partir de uma fundamentação teórica baseada em teorias da

enunciação, da análise do discurso e da pragmática.

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UMA ANALISE DOS PROCEDIMENTOS ENUNCIATIVOS NA

INFORMAÇÃO TELEVISIVA: O TELEJORNAL DA MANHÃ

Giani David Silva

(CEFET-MG)

No vasto universo de produtos midiáticos, o telejornal se mantém, mesmo

com o advento da internet, como uma referência para quem procura se informar. Por

ser um objeto pertencente ao suporte televisão, vale ressaltar que eles produzirão

necessariamente mensagens pluricodificadas (Peytard, 1993), em que palavras,

imagens e sons são organizados obedecendo aos critérios determinados pelo contrato

de comunicação em questão. Os telejornais, por serem discursivamente complexos,

possibilitam diferentes análises, seja de sua estrutura de conjunto, de seu estatuto e

modos de construção e funcionamento, da combinação de matérias e temas, do

cruzamento de gêneros discursivos que o caracterizam, da posição na grade

programática do canal, entre muitas outras possibilidades. Podemos perceber, então,

que são várias as escolhas feitas na construção de seu tecido discursivo. Escolhas que,

apesar de, às vezes, não serem intencionais ou conscientes, constituem um espaço

estratégico para o enunciador regular suas intencionalidades e seus recursos. Sendo

assim propomos analisar a dimensão enunciativa dos telejornais, destacando a

problemática do sujeito e da alteridade.

DISCURSO E MÍDIA: ANÁLISE DISCURSIVA DA NATURALIZAÇÃO

DO CORPO HEGEMÔNICO EM MATÉRIAS JORNALÍSTICAS

BRASILEIRAS

Maria Carmem Gomes

(UFV)

Nesta comunicação, temos como foco central refletir sobre o corpo diferente,

partindo do princípio que todo pensamento crítico é centrífugo e subversivo na

medida em que visa criar desfamiliarização em relação ao que está estabelecido e

convencionalmente aceito (Souza Santos, 2000). O propósito aqui é refletir sobre a

forma como a mídia trata o corpo diferente, aquele que não atende aos padrões

hegemônicos sob o viés dos pressupostos dos Estudos Discursivos Críticos (Norman

Fairclough, 2001, 1999, 2003), da Lingüística Sistêmico-Funcional (Halliday, 2004;

Theo van Leeuwen, 1997, 2008), com base ainda em uma combinação de ferramentas

teórico-metodológicas dos estudos sobre a Gramática do Design Visual (Kress e van

Leeuwen, 1996). Para tanto, analisarei algumas matérias jornalísticas que tratam da

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reprovação de professoras em concurso públicos pelo fato de serem obesas. Tal fato

gerou discussão no país inteiro e foi parar no programa Fantástico, da Rede Globo,

exibido no dia 06/02/2011. A análise de tal problema social nos permitirá

compreender melhor o diferente, reconhecer que existe o outro, focando nas relações

de solidariedade. Fairclough (2003) destaca que a orientação para a diferença ressalta

as várias formas de viabilizar o debate sobre o tema na esfera pública.

UMA OUTRA RETÓRICA PUBLICITÁRIA: DO PRODUTO AOS

VALORES

Lílian Arão

(CEFET - MG)

O imbricamento da mídia no cotidiano de nossa sociedade alcançou um grau

tão alto que podemos dizer que nós, cidadãos-consumidores-espectadores-

internautas, vemos nossa própria existência midiatizada e narrativizada. Nesse

contexto, a publicidade, cuja linguagem pode nos remeter ao produto mas também

ao imaginário, tem uma forte implicação nos modos de ser da sociedade. Ela

mobiliza sentidos e sensações em função daquilo que ela fornece e da forma como o

consumidor é instaurado pela linguagem utilizada. Nesse trabalho, propomos, a

partir de uma retrospectiva do discurso publicitário, discutir sobre uma outra

estratégia retórica que se tem mostrado recorrente na produção de consumidores: o

apelo aos valores. Partindo de uma análise do campo semântico presente nos

primeiros anúncios, passando pela utilização da linguagem figurada, até chegar ao

campo lexical referente aos valores tão presentes na publicidade atual, pretendemos

trazer a baila a discussão em torno dessa outra retórica presente no discurso

publicitário que, de certa forma, mascara o teor capitalista da relação interação

presente nessa troca discursiva. Dessa forma, pensaremos no processo de

desdobramento dos sujeitos, através do qual, o recurso ao imaginário social propicia

uma visão desses procedimentos de mascaramento. Veremos como, a questão da

mídia pode ser considerada através da topologia das instâncias proposta por

Peytard, atualizada pela Semiolinguística.

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Seminário temático 3: Análise do Discurso e Ficção

Coordenadoras: Simone Mendes (ICHS/UFOP-Brasil) e Wiliane Rolim (PBH -Brasil)

Enquanto Analista do Discurso, Jean Peytard recorre à teoria da “comunicação

literária” de S.I. Schmidt para embasar a sua proposta de uma “Topografia das

Instâncias do Campo Literário”, partindo da regra de ficcionalização a qual

determina que para que a comunicação literária se realize a contento, é necessário

que os papéis sejam tornados fictícios ou ficcionalizáveis. Nesse seminário serão

apresentadas quatro comunicações cujos corpora serão analisados, considerando seu

caráter ficcional. As análises serão realizadas a partir da atualização da obra de

Peytard pelo viés da Semiolinguística e de outras teorias da Análise do Discurso

atuais. Os corpora serão estudados enquanto objetos de interações realizadas por

sujeitos historicamente determinados, clivados numa topografia das instâncias

discursivas em que a compreensão do desdobramento dos sujeitos do discurso possa

permitir apreender a suspensão que caracteriza o contrato de ficção. Assim, a

primeira comunicação tratará da análise do discurso fílmico ficcional e do pacto entre

as instâncias discursivas para a participação em um jogo de “faz de conta”. A

comunicação seguinte analisará uma lenda da cidade de Barra Longa enquanto

fenômeno midiatizado. A terceira comunicação analisará a utilização da mitologia

nos diálogos de Platão, e a quarta analisará um extrato do Hamlet de Shakespeare na

filmagem de Peter Brook, realocando os três níveis de produção e recepção no

discurso teatral.

FICÇÃO NO CINEMA E ANÁLISE DO DISCURSO: REFLEXÃO SOBRE A

APLICABILIDADE DE ALGUNS CONCEITOS

Carolina Assunção e Alves

(UniCEUB)

Pensar a ficção cinematográfica na AD remete ao cruzamento interdisciplinar

de ideias, no sentido de averiguar a adequação das mesmas à análise do discurso

fílmico ficcional – é este o objetivo da presente comunicação. Autores como Eco

(2009) e Maingueneau (1996) fazem referência a Searle (1982) quanto ao caráter

“fingido” das asserções ficcionais e ao pacto entre as instâncias produtora e receptora

do discurso para a participação de um jogo de “faz de conta”: o que é mostrado não

deverá ser comprovado como verdadeiro, mas deve ser digno de crédito no

momento da troca comunicativa. Na mesma linha podem ser acrescentadas as

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contribuições de Odin (2000) e Boillat (2001), que se dedicaram ao estudo da ficção

especificamente no cinema, dialogando com a questão da enunciação de maneira

semelhante à Teoria Semiolinguística. O primeiro apresenta uma abordagem

semiopragmática da ficção ou ficcionalização como um modo de produção de

sentido. O segundo discute a existência de diferentes gradações de ficção, bem como

a distinção entre ficcional e fictício. Ao tratar do assunto, Boillat parte do princípio de

que, para esse tipo de estudo, é preciso levar em conta os níveis de produção do

enunciado fílmico: demonstração, menções escritas e orais, ruídos e música.

SITUAÇÃO CÊNICA DO DISCURSO TEATRAL

Marcelo Cordeiro

(POSLIN/FALE/UFMG)

Neste trabalho buscaremos verificar em que medida os três níveis de uma

topografia das instâncias do campo literário como apresentado por Jean Peytard, a

saber: a instância situacional, a instância ergo-textual e a instância textual como lugar

da elaboração da atividade linguageira podem ser aplicados ao discurso de ficção

teatral. Propomos verificar no extrato de Hamlet de Shakespeare na filmagem de

Peter Brook (2001) como as categorias de autor-público, scripteur-leitor, narrador-

narratário ocorrem na situação cênica da ficção teatral. O lugar corresponde à

instância situacional, o ato corresponde a instância ergo-textual e os papéis

correspondem à instância textual. Estas três instâncias configuram a produção e

recepção do discurso literário e podem corresponder, em certa medida, aos três

níveis da produção e recepção do discurso teatral, a saber: o situacional como o lugar

dos atores e do público, o ergo-textual como autor-scriptor e os leitores e o textual

como os personagens.

“CABOCLO D‟ÁGUA APARECE EM BARRA LONGA”: VERDADE

OU MENTIRA?

Simone Mendes

(PNPD/CAPES)

Se verdade ou mentira, o fato é que a lenda do Caboclo d‟água, presente em

várias cidades brasileiras, está mais viva do que nunca. De 2009 para cá, a lenda se

transformou em um fenômeno midiático, que teve como implicações mais imediatas,

a inauguração de uma estátua de 2 metros na entrada da cidade de Barra Longa/MG

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e a criação de uma Associação de Caçadores de Assombrações, que vem se

dedicando à captura do Caboclo d‟água, oferecendo, inclusive, um prêmio de R$

10.000,00 para quem tirasse uma foto da criatura. Diante disso, o presente trabalho

objetiva analisar, do ponto de vista discursivo, a (re)construção moderna da lenda

por veículos midiáticos e por moradores que afirmam terem visto o Caboclo d‟água,

sobretudo no município de Barra Longa/MG. Além disso, pretende-se refletir sobre

os impactos da midiatização sofridos pela lenda, do ponto de vista de sua construção

discursiva. O aporte teórico utilizado por nós está ligado às reflexões de Charaudeau

( 2006) acerca do discurso midiático, e Bravin (2011) sobre a repercussão midiática da

lenda em jornais impressos e na internet. Interessamo-nos, assim como Jean Peytard

em seus estudos, pela concretude das situações variadas da produção discursiva, às

quais não podem ser separadas das condições sociais e individuais de utilização, o

que nos permite compreender melhor a complexidade das interações pelas quais se

interessa o analista do discurso.

VERDADE E FICÇÃO: O PAPEL DO MITO NOS DIÁLOGOS

PLATÔNICOS

CONSTITUIÇÃO DISCURSIVA

Wiliane Viriato Rolim

(RME/PBH)

Em sua obra, Jean Peytard apresenta um instrumental teórico metodológico

denominado Topografia das Instâncias do Campo Literário que permite a análise das

instâncias de produção e recepção do discurso consideradas em três níveis, a saber, o

situacional, o ergo-textual e o textual. A partir dessa visão do desdobramento dos

sujeitos do discurso, propomos verificar nos diálogos platônicos o papel atribuído à

narrativa mitológica na configuração do discurso filosófico enquanto gênero de

discurso constituinte de um tipo de saber dotado de uma especificidade muito

própria e que estava sendo cunhado historicamente naquele momento. Nesse

sentido, procuramos verificar a relação interdiscursiva estabelecida por Platão entre

o discurso filosófico constituído segundo critérios de verdade, estabelecidos a partir

da distinção entre verdadeiro e falso e o discurso mitológico determinado por seu

caráter ficcional. Para isso, analisamos o uso que Platão faz da mitologia, enquanto

estratégia argumentativa, ou seja, a utilização estratégica da ficção na construção

textual dos diálogos. Assim, procuramos verificar o jogo das instâncias em que se

desdobram os sujeitos para ver se aí se encontram as nuances diferenciadoras do

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logos e do mythos e como se realizam os atos ergo-textuais possibilitadores da

construção dos sentidos.

Seminário temático 4: Discurso e Biografias

Coordenadoras: Dylia Lysardo-Dias (UFSJ) e Mônica Santos Melo (UFV)

Este seminário se propõe a discutir, à luz das reflexões de Jean-Peytard e das

contribuições das teorias do discurso, as biografias e histórias de vida considerando

esses relatos como reconstruções da realidade submetidas às circunstâncias de

comunicação e responsáveis por veicularem valores e representações que circundam

os sujeitos envolvidos no ato de linguagem.

ESPAÇOS DIALÓGICOS EM RELATOS BIOGRÁFICOS

Dylia Lysardo-Dias

(UFSJ)

O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão sobre relatos biográficos

dentro de uma perspectiva sócio-discursiva, voltada para a dimensão cultural dos

“textos” que circulam em nosso espaço-tempo. A biografia não é a vida, mas uma

apreensão de uma trajetória visível, em meio a tantas outras possíveis, realizada por

um sujeito biográfo inserido em um circuito de comunicação. Considerando os

outros agentes inscritos nesse circuito e a responsividade inerente à relação que entre

eles se estabelece, será proposta uma reflexão sobre o jogo interlocutivo no qual se

encontram tais agentes no caso de biografias disponíveis em sites da internet. Serão

utilizados os conceitos de pacto autobiográfico, de Philippe Lejeune (2008) e de

contrato de comunicação, de Patrick Charaudeau (2009) e as formulações de Jean

Peytard ( 1980 ) sobre a leitura e seus códigos culturais .

ANÁLISE DE AUTOBIOGRAFIAS DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS: ÉTICA, ESTÉTICA E ALTERIDADE

Cláudio Humberto Lessa

(POSLIN/FALE/ UFMG)

Em muitas das reflexões de Jean Peytard sobre a linguagem, percebemos um

diálogo intenso com a noção de dialogismo bakhtiniano. Em uma dessas reflexões,

Peytard propõe o conceito de Alteração, que remete às diversas operações

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discursivas pelas quais os sujeitos transformam, alteram as mensagens uns dos

outros, produzindo novos sentidos. Para o lingüista, o sentido só seria produzido a

partir de outros já dados, circulantes no interdiscurso. As diversas formas de

discurso relatado seriam formas da Alteração. A discursivização das palavras de um

tiers implica, segundo Peytard, em um “jogo avaliativo” no qual o locutor “situa o

outro em seu discurso retor e se situa”, se posiciona em relação a eles. Neste painel,

analiso como os alunos da EJA de uma escola municipal de Belo Horizonte, ao

escrever suas autobiografias, encenam esse “jogo avaliativo” em relação à alteridade

que os constitui (crenças, ideologias, imaginários e senso comum), mostram que no

relato de si é indissociável a representação/avaliação de si e de outrem: utilizam-se

da trama narrativa a fim de “enformar” experiências passadas, buscando dar-lhes

um acabamento, um sentido de totalidade para sua trajetória de vida; projetam uma

imagem de si de acordo com ideais de uma “vida boa”.

ARGUMENTAÇÃO E HISTÓRIA DE VIDA NO DISCURSO RELIGIOSO

TELEVISIVO

Mônica Santos de Souza Melo

(UFV)

Considerando que a argumentação resulta da combinação de diferentes

componentes que são vinculados a uma situação que tenha finalidade persuasiva,

pretendemos, nesse trabalho, investigar o papel da narrativa de vida como elemento

que favorece a construção argumentativa e, consequentemente, a captação do público

no discurso religioso. Para isso, vamos analisar um fragmento do programa Direção

Espiritual, apresentado semanalmente pelo Padre Fábio de Melo, na TV Canção

Nova, investigando como ocorre a construção argumentativa desse discurso. Nossa

análise levará em conta tanto o estrato linguístico quanto o estrato televisivo. Para

análise do linguístico, vamos conciliar pressupostos que tratam da argumentação, do

discurso narrativo e das narrativas de vida, fornecidos por autores como

Charaudeau, Amossy e Orofiamma. Para á análise do estrato televisivo, tomaremos

por referência as reflexões de Jean Peytard e os trabalhos de Soulages sobre a mídia

televisiva.

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REFLEXÕES SOBRE AUTORIALIDADE NAS BIOGRAFIAS ESCRITAS

POR JORNALISTAS

Mariana Ramalho Procópio

POSLIN/UFMG/CNPq

Nesta comunicação, propomos refletir sobre a questão da autorialidade, isto é, sobre

o papel do autor nas narrativas biográficas, notadamente naquelas em que o biógrafo

é, além de escritor, jornalista. Nosso objetivo é analisar como se apresenta esse espaço

de autoria em tais narrativas, a partir da investigação dos principais sujeitos inscritos

nessa situação comunicativa. A fim de demonstrar essa configuração, realizamos

uma breve análise discursiva da biografia Vale Tudo – o som e a fúria de Tim Maia,

escrita pelo jornalista Nelson Motta, tendo como base algumas proposições de

Peytard (1983), Charaudeau (2008) e Maingueneau (2006, 2010). Por meio de nossa

análise, foi possível perceber que a função de autor, numa narrativa biográfica, revela

a instância que enuncia adicionada ao estatuto social que ela ocupa. A autorialidade

da biografia parece ser de suma importância para conferir um atributo de

credibilidade ao relato, além de acrescentar-lhe valores como originalidade e

legitimidade.

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SESSÃO DE PAINÉIS DE PESQUISA: DIÁLOGOS COM JEAN PEYTARD

INFLUÊNCIAS DAS OBRAS DE JEAN PEYTARD NA ANÁLISE DO

DISCURSO

Alcione Aparecida Roque Reis

PósLin/UFMG

Peytard desenvolve em sua obra < La place le statut et du “ lecteur” dans

l”ensemble “public”> uma abordagem sociolinguística acerca de conceitos da

sociologia tais quais capital cultural, habitus e representação que tem sido alguns dos

pilares da conceituação de identidade, seja ela coletiva ou individual como também

de biografia e pertença, amplamente utilizados na contemporaneidade por diversos

autores da Análise do Discurso.

O autor se dedica a criar uma topografia das instâncias do campo literário, no

qual especifica os agentes da comunicação, inserindo o papel do scriptor e traçando

vasta base para autores tais como Patrick Charaudeau, dialogar e ampliar seu

aparato conceitual/analítico que vem sendo amplamente aplicado aos mais diversos

corpora.

MANUAL DOS INQUISIDORES NOS AUTOS DE FÉ: UMA

ANÁLISE DA AÇÃO PEDAGÓGICA E DESENVOLVIMENTO DO

DISCURSO À LUZ DA LINGUÍSTICA DE JEAN PEYTARD

Crístia Rodrigues Miranda

A constituição de uma identidade, supostamente universal, para os ocidentais,

poderia ser analisada também através das relações entre os códigos éticos,

entendidos pela forma como eles são aceitos, discursivamente? No processo de

expansão do Catolicismo, o controle do “embate” entre o bem e o mal constituía-se

como categoria presente no discurso da Igreja. O princípio da unidade religiosa

precisava ser mantido e respeitado. Nesse sentido, o Manual dos inquisidores, de

Nicolau Eymerico, constituiu-se como um dos elementos destinados, a princípio, a

nortear as ações dos seus inquisidores e é, ao mesmo tempo, historicamente, a

representação identitária dos valores dominantes e/ou repressivos de uma

instituição social e religiosa de uma época. Nesse sentido, o presente trabalho

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pretende partir da amplitude da abordagem dos estudos de Jean Peytard o qual não

se limitou em dialogar com a lingüística e seus precursores, mas, antes, transitou

entre a lingüística estrutural e a análise do discurso como também entre a

diversidade de suas análises: didática, sociolingüística e semiótica literária. Jean

Peytard, em seus estudos, abordou a problemática da enunciação, juntamente com

Jackobson, Benveniste e Bakhtin. Abordou, também, o problema da transmissão e

apropriação do enunciado que nos será útil para compreender a utilização do gênero

instrucional, a argumentação e os valores latentes à semiótica que ajuda a consolidar

o valor jurídico e didático dos manuais dos autos inquisitoriais e a identidade social

institucional construída e transmitida pelo manual aos inquisidores. Não sendo o

manual um texto de ampla circulação, na Idade Média, mas, antes, um texto didático

que se destinava a instruir o inquisidor, no que concerne à sua prática, a análise de

discurso proposta por Jean Peytard ajudar-nos-á a elucidar essas três categorias que,

conforme a análise nos indica , estão presentes no Manual dos Inquisidores, a saber:

o caráter didático, sociológico e semiótico dos efeitos de sentido nele produzidos.

O BORDADO FICCIONAL DE LYGIA FAGUNDES TELLES:

ALGUMAS SINGULARIDADES

Fabiana Rodrigues Carrijo

(UFU/PPGEL/LEP)

Dizer que, a obra de Lygia Fagundes Telles foge a qualquer tentativa de

estereótipo, é cair em lugar comum. Na tentativa de desvendar, cada vez mais, o

íntimo das personagens, a autora só se dá por, temporariamente satisfeita, à medida

que suas personagens estejam despidas, expostas. Nesse sentido, este trabalho tem

como objetivo delinear as singularidades da obra lygiana, que a exemplo da metáfora

que compõe parte deste título é um bordado que alinhava fios de invenção e fios de

memória – par não díspar em sua ficção. A metodologia a ser utilizada nesta

proposta recorre a uma interface: de um lado dos flancos: corpus literário, de outro, a

escritura ficcional, alinhavados sobre o viés de Jean Peytard que, aventou e

assegurou a possibilidade de estudos com esta peculiaridade, ora, minimamente,

esboçada.

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“„COÇA... COÇA... PULA... PULA... OLHA A PURGA!‟: PRÁTICAS DE

ENSINO DE LÍNGUA MATERNA NAS SÉRIES INICIAIS – ESBOÇANDO

UM OLHAR TRANSDISCIPLINAR PARA AS RELAÇÕES ENTRE

SUJEITO, LÍNGUA E IDENTIDADE, NA PERSPECTIVA APONTADA

POR JEAN PEYTARD”

Fabiana Rodrigues Carrijo

(UFU/PPGEL/LEP)

O presente trabalho tem como objetivo recuperar e entremostrar a descrição e

os resultados de um projeto que foi desenvolvido durante os anos letivos de 2009 a

2011, no espaço da Biblioteca „Cornélio Ramos‟, no Centro de Atenção Integral à

Criança e ao Adolescente (CAIC- São Francisco de Assis), em Catalão/GO. Quanto à

singularidade desta proposta, entendemos que o Ensino de Língua Portuguesa tem,

efetivamente, que se pautar por uma postura que contemple, de fato, as

singularidades de um aluno que embora estando nas séries iniciais, já é falante nativo

desta língua, portanto, traz, indelevelmente, tatuado em sua fala, suas inscrições

sócio, política, ideológica e culturais. Neste caso, aprender uma língua é, sobretudo,

respeito pelo conhecer do outro, implica, ainda, em um processo que a princípio recai

também na questão da alteridade e da constituição de sujeitos aprendizes de uma

língua, com todas as singularidades que aí subjazem. Optamos, no presente caso, por

Práticas de Ensino de Língua Portuguesa, já que este era/é/ e será nosso

ambicionado objetivo principal correlacionado com as propostas vanguardistas de

Jean Peytard ao imiscuir linguística discursiva e ensino de língua. Foi/é pensando

neste dizer recorrente das crianças que verbaliza purga, que traz purga como

experiência primeira que desenvolvemos todo o projeto ora brevemente e/ou de

maneira embrionária descrito. Foram para elas que a despeito de falar purga – como

uma variante recorrente em seu dizer – que levamos música clássica para a

Biblioteca, como Villa Lobos, Erik Satie; levamos ainda MPB, compositores e

intérpretes famosos entre eles Marisa Monte, Chico Buarque. Insistimos, ainda, foram

com elas, para elas que preparamos o 1º e 2º Chá com Poesia.

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AS REPRESENTAÇÕES LINGUÍSTICO-DISCURSIVAS DO AGIR

PROFISSIONAL DO PROFESSOR DE LÍNGUA MATERNA

Fábio Delano Vidal Carneiro

Faculdade 7 de Setembro / Universidade Federal do Ceará (PPGL-GEPLA)

O agir profissional é representado a partir de interpretações temático-

discursivas apreensíveis a partir dos textos/discursos produzidos pelos próprios

profissionais acerca da sua atividade. BRONCKART (2004) apresenta essas diferentes

interpretações como estratégias de reorganização das autorepresentações

profissionais, cuja atualização constante serve de “motor de desenvolvimento” dos

indivíduos em situação de trabalho. BULEA (2007, 2010) denomina essa modalidade

de apreensão discursiva de Figuras de Ação identificáveis a partir de um agir-

referente (prática social) específico. Em nosso estudo, entrevistamos professores de

língua portuguesa do 5º ano do Ensino Fundamental. A partir do corpus coletado,

analisamos o discurso dos professores ao descrever o seu próprio agir, utilizando

uma metodologia de análise descendente, partindo dos tipos de discurso e chegando

às estratégias enunciativas, em particular à análise das vozes e das modalizações

presentes nos textos orais analisados. Como resultado, percebermos a bifurcação da

rede de interpretações gerada pelos professores, ora referindo-se ao seu próprio agir,

ora referindo-se ao agir dos alunos, gerando uma dupla ancoragem tanto do ponto

de vista ontológico (a ação é realizada pelo professor, mas sempre com uma

expectativa sobre o agir do aluno), quanto gnosiológico (a interpretação do agir

referente dá-se através de figuras de ação internas e externas).

MEDIACRÍTICA LITERÁRIA NA CONVERSA SOBRE O TEMPO DE

VERÍSSIMO & VENTURA

Fernanda Chaves

(UFMG/FAPEMIG)

Nossa proposta de pesquisa é refletir sobre o conceito de “mediacrítica

literária” apresentado por Jean Peytard (1993) no artigo La médiacrítica littéraire à la

télevision a partir da entrevista com os escritores Luiz Fernando Verissimo e Zuenir

Ventura, exibida no Programa Sempre um Papo, veiculada pela TV Câmara e o

Youtube. O objetivo do encontro dos escritores (a entrevista que é nosso objeto de

análise) foi falar sobre o livro Conversas sobre o Tempo (2010), escrito a quatro mãos

pelos escritores brasileiros que abordam temáticas presentes na vida cotidiana:

família, amizade, paixões, política e morte. Os diálogos na entrevista e do livro foram

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intermediados pelo escritor e jornalista Arthur Dapieve. A partir das considerações

de Peytard (1993) acerca do papel atual do jornalista (como intermediador e pré-

leitor da obra), da encenação discursiva dos escritores e, também, da TV enquanto

médium desses discurso (que, no nosso caso, também se insere na internet),

pretendemos abordar alguns aspectos ligados ao conceito de “mediacrítica literária”

trazidos por Peytard (1993), através de uma breve aplicação em nosso corpus. Em

acordo com o que defende o autor no supracitado artigo, validamos o entendimento

de que as narrativas literárias, com as novas médias, vem conquistando outros

espaços de veiculação e que, no que tange à crítica literária, outros formatos, outros

atores. Dessa forma, nossa contribuição para este Colóquio é de, justamente, refletir

sobre essa inovadora perspectiva, à luz da Análise do Discurso, inserida em nossa

realidade contemporânea.

POSSIBILIDADES DE PENSAR O UNIVERSO COMUNICATIVO

MIDIÁTICO ATUAL NA OBRA DE JEAN PEYTARD

Gerlice Teixeira Rosa

(POSLIN/UFMG)

A proposta deste painel é buscar uma aproximação das teorias cunhadas por

Jean Peytard com discussões próprias do âmbito da comunicação na atualidade,

especialmente no que diz respeito às adaptações das mídias escrita e televisiva e às

variações da multimodalidade na representação discursiva. O conceito de

transcodificação apresentado por Peytard no diagrama da função figurativa

referenciado na adaptação de poemas para músicas, nas traduções, na relação entre

texto e imagens, na oralidade e na construção de mensagens mistas e com variados

códigos parece estar próximo do movimento observado nas mídias de junção dos

tipos de linguagem e aproximação das mesmas. Pretende-se com este painel uma

reflexão e um delineamento das possibilidades interpretativas da discussão proposta

pelo linguista ainda em 1984 perante os avanços no campo da comunicação e da

linguagem. A ideia de aprofundar as noções do diagrama da função figurativa e das

inter-relações estabelecidas pode ser importante para colocar em evidência a

construção de sentido e a função dos “transcodificadores” no processo de adaptação

das mensagens. A base da discussão indicada neste painel é a abordagem sobre a

alteração, baseada na problemática da construção do sentido. De maneira ampla, e

não direcionada a nenhum corpus especificado, este painel apresentará discussões

pautadas nas observações e nos estudos sobre as adaptações do universo

comunicacional, no que diz respeito às possibilidades de adequação e, por vezes, de

transcodificação, de uma mídia a outra e de construção de sentido.

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A RECEPÇÃO MIDIÁTICA À LUZ DE JEAN PEYTARD

Ivan Vasconcelos Figueiredo

(UFMG/ CAPES)

O estudo debate, em uma perspectiva teórica, a aplicabilidade do modelo de

“topografia das instâncias do campo literário”, elaborado por Jean Peytard (1983),

para pesquisas contemporâneas de recepção midiática. Em sua esquematização,

Peytard prevê três instâncias de comunicação: a primeira, a situacional

(sociodiscursiva) posiciona o autor e o público, os quais atuam com “doador” e

“receptor”, respectivamente, para adentrarem em um contrato comunicativo da

instância ergo-textual (domínio da elaboração do trabalho de linguagem) em seus

papeis de escritor e leitor; por fim, o ato de escrever e ler, na instância textual (lugar

onde se inscrevem os papeis), determina a emergência de traços de competências de

escrita e de leitura. As concepções de “contrato de comunicação”, “instâncias

sociodiscursiva/situacional/textual”, “papeis dos sujeitos”, também presentes na

Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau, podem permitir a compreensão do

processo dado pelo público diante de uma mensagem, seja ela literária ou midiática.

Acredita-se que a perspectiva de Peytard abre espaço para o entendimento de que o

público não compõe massa amorfa, mas insere-se dentro de um estrato social de

pertencimento, possuindo capitais linguísticos e culturais, os quais devem ser

considerados na análise dos discursos reconstruídos pelos receptores, a partir dos

dizeres recebidos.

A NOÇÃO DE “LEITOR” NA TOPOGRAFIA DAS INSTÂNCIAS DO

CAMPO LITERÁRIO DE PEYTARD

Leonardo Coelho Corrêa Rosado

(UFV)

Considerando a topografia das instâncias do campo literário de Peytard

([1983] 2007), cuja divisão relaciona três instâncias: a instância situacional, a instância

ergo-textual e a instância textual, o presente trabalho objetiva apresentar a noção de

leitor (lecteur) no que diz respeito ao seu estatuto e posição na referida topografia,

bem como discutir a relação desta agente com o público, evidenciando como ele é

formado a partir deste último. Assim, partiremos da ideia de que ao se tornar

“doador” de um texto, o autor percebe e visa um determinado conjunto social, isto é,

um público, na qual o leitor se constitui sendo equipado por uma rede de códigos e

práticas de leituras e por tipos de comportamento. Desse modo a atividade de

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leitura, realizada pelo leitor (que, por sua vez, se situa na instância ergo-textual,

instância de realização de atividades), não é uma escolha individual; na verdade, tal

atividade é orientada socialmente e condicionada por um conjunto de dispositivos

sociais realizados por um conjunto de agentes que, no caso da comunicação literária,

seria os intermediários (editores, livreiros e os bibliotecários) e os agentes de

transformação (os críticos literários).

PERCURSOS DO SUJEITO DO DISCURSO: DIÁLOGOS ENTRE JEAN

PEYTARD E PATRICK CHARAUDEAU

Liliane de Oliveira Neves,

Mônica Oliveira Pereira

Jerônimo Coura-Sobrinho

(INFORTEC – CEFET-MG)

Questões relacionadas ao discurso têm sido objeto de investigação científica

no âmbito de diversas disciplinas e, em se tratando do campo da linguística, é

possível dizer que a figura do sujeito do discurso está sempre marcada.

Considerando isso, pretende-se, a partir da primeira parte do livro escrito por

Genouvrier e Peytard, intitulado Linguística e Ensino do Português, especificamente no

que diz respeito ao “esquema da comunicação”, estabelecer um diálogo entre alguns

conceitos tratados por esses autores e por Charaudeau, em sua teoria

semiolinguística. Trata-se de um diálogo ancorado nos sujeitos do discurso e no ato

de comunicação, como forma de mostrar como algumas perspectivas de análise

desenvolvidas por Genouvrier e Peytard vêm sendo trabalhadas na

contemporaneidade pela Análise do Discurso.

A FICCIONALIDADE COMO ESTRATÉGIA NA CONSTRUÇÃO DE UM

SONHO DE CONSUMO.

Lizainny Aparecida Alves Queiróz

Giani David

(INFORTEC – CEFET-MG)

A publicidade televisual por meio dos recursos técnicos e audiovisuais

apropria-se da ficcionalidade, da fantasia e do arquetípico; a fim de persuadir o

enunciatário/telespectadores, por meio de valores intangíveis. Este trabalho

investiga como a publicidade televisiva utiliza ethos persuasivo, as estratégias de

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linguagem e seus efeitos de sentido. O corpus foi constituído pelas publicidades

“Cachorro peixe” e “Ovelha Nuvem” do carro Volkswagen Space Fox. Usamos a

metodologia qualitativa baseada no modo narrativo que possui uma ficcionalidade

que pode ser constitutiva, colaborativa e predominante (MENDES, 2004, p.131). A

Análise do Discurso e a teoria de Peytard são reconhecidas pelos princípios

interdisciplinares e por buscarem a articulação das dimensões psicológicas e

discursivas contempladas nos planos: micro e macrossocial. Durante as análises,

consideraram as construções narrativas como estrategicamente planejadas e

organizadas em prol da elaboração de uma estória a partir dos três níveis propostos

por Peytard: o situacional, o ergo-textual e o textual. Procuramos perceber como

esses enunciadores almejaram atingir seus objetivos por meio de estratégias de

captação do público-alvo.

O CONCEITO DE SCRIPTOR NO TEXTO LITERÁRIO

Lucas Piter Alves Costa

(Mestrando em Letras – UFV – FAPEMIG)

Como se configuram as instâncias enunciativas no texto literário? Quais seus

desdobramentos e papéis possíveis? Ainda que uma separação estanque dessas

instâncias no processo de produção/recepção da obra literária possa trazer

dificuldades conceituais, percebe-se que há distinções entre sujeito histórico, ser

agente, e sujeito discursivo, ser de fala, entre sujeito empírico e sujeito discursivo. O

conceito de scriptor, por exemplo, formulado por Jean Peytard (1983, 2007), fornece-

nos possibilidades de reflexão a respeito das relações entre essas instâncias. A noção

de scriptor, que acabou sendo inserida por Mello (2004, 2006) no quadro

comunicacional proposto por Charaudeau (2008), se coloca como a passagem da

representação sócio-histórica do sujeito à sua representação discursiva.

O scriptor seria aquele que exerceria uma função específica dentro do texto literário,

uma função atrelada ao projeto de fala do sujeito situado sócio-historicamente

(MELLO, 2004). Sendo assim, nossa intenção, neste trabalho, é mostrar como o

conceito de scriptor, inserido na configuração do quadro comunicacional presente na

teoria semiolinguística para o discurso literário, pode re-significar o conceito de

autor, de narrador, de leitor e de narratário.

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A PRESENÇA DO “TIERS-PARLANT” EM UM ANÚNCIO

PUBLICITÁRIO COMO GÊNERO TRANSGREDIDO

Luciana Martins Arruda

Dalcylene Dutra Lazarini

(POSLIN/FALE/ UFMG)

Os estudos de Jean Peytard merecem destaque não só pelo seu caráter social e

ideológico, mas também por estarem intimamente ligados à análise do discurso

praticada atualmente. Na tentativa de dialogar com esses estudos, selecionamos um

anúncio publicitário de um site de compras – que por intermédio de uma carta ao

Papai Noel – apresenta implicitamente os vários pedidos de Natal, os quais deverão

ser desvendados a partir dos diversos produtos oferecidos pelo site. Essa proposta

insere-se no slogan do site: “Pode imaginar. Aqui tem.”. Nesse anúncio, podemos

identificar a presença de um “tiers-parlant”, por meio dos índices de indefinição e de

pluralidade. Ao analisar o discurso publicitário, percebemos a existência de um

“tiers” presente no interdiscurso que remete a declarações pertencentes ao senso

comum e a determinados imaginários tais como: “Eu sou um bom menino”, logo

mereço ganhar um presente do Papai Noel. Assim sendo, nossa análise busca

mostrar como os enunciados que remetem à doxa, a imaginários partilhados

caucionam a visée persuasiva da propaganda, podem atuar no sentido de buscar

comunhão com o público-leitor e assim, captar sua atenção. Conforme já apontava

Peytard, os discursos dialogam entre si e essa dialogicidade tem se mostrado

bastante recorrente na publicidade.

PEYTARD E A ANÁLISE DO DISCURSO – ASPECTOS

CONVERGENTES ENTRE O LUGAR E DO ESTATUTO DO LEITOR E OS

CONCEITOS MAIS RECENTES DESTE CAMPO DE ESTUDO

Luiza Sá Guimarães

(POSLIN/UFMG)

No início da década de 80 do século passado, quando Peytard se ocupava em

compreender o lugar do leitor em uma entidade maior genericamente denominada

de público, o autor acabou abordando conceitos que posteriormente vieram a ser

desenvolvidos em um âmbito mais amplo por teóricos contemporâneos da Análise

do Discurso. Em seminários apresentados durante os anos de 1980 e 1981, Peytard

apresentou a Topografia das Instâncias do Campo Literário, que ao conceber a leitura

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como um processo que se dá duplamente em uma instância situacional e em outra

ergo-textual (relativa ao trabalho de compreensão dos textos), introduziu elementos

que anos mais tarde, vieram a ser retomados e novamente definidos por Charaudeau

como os constituintes do contrato de comunicação – modelo usado para explicar

qualquer ato de interação verbal. Os conceitos de ficcionalização e

polifuncionalidade usados por Peytard para definir o “literário” têm relação com as

noções de contrato ficcional, imaginários sociodiscursivos e modos de apreensão dos

gêneros publicados por Charaudeau até 2010. A proposta da presente comunicação é

mostrar de que maneira os estudos de Peytar sobre o leitor confluem com conceitos

debatidos pela Análise do Discurso nos últimos anos.

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS PARODICOS

Maíra Avelar Miranda

(PUC Minas/CNPq)

Neste trabalho, analisaremos a paródia a partir de um ponto de vista

discursivo. Para tanto, abordaremos, primeiramente, os conceitos de intertexto

(MAINGUENEAU, 2004) e interdiscurso (MAINGUENEAU, 1997; AUTHIER-

REVUZ, 1998), buscando analisar como esses conceitos podem ser aplicados ao texto

paródico. Complementarmente, recorreremos a conceitos que derivam dos conceitos

suparcitados, tais como: a heterogeneidade mostrada e constitutiva e a

hipertextualidade. Em seguida, abordaremos a relação entre a paródia e os conceitos

de dialogismo e polifonia. No tocante ao dialogismo, retomaremos o trabalho de

Bakhtin (2004), a fim de elucidarmos tal conceito. Já no tocante à polifonia,

abordaremos os trabalhos de Ducrot (1984/1987), retomando o conceito de polifonia

do ponto de vista linguístico; os trabalhos de Peytard (1983), focalizando nas

questões dos quatro agentes da comunicação e do contrato de leitura; e os trabalhos

de Machado (1995, 1999, 2003 e 2004), que abordam a análise do texto paródico a

partir do quadro comunicacional e do contrato de comunicação, propostos por

Charaudeau (1984, 1993, 2005 etc). Exploraremos, por fim, as semelhanças e

diferenças entre os modelos propostos por Machado e Peytard, buscando explorar,

por meio da análise de exemplos, como pode ser analisado o processo de leitura e

interpretação do texto paródico.

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ANÁLISE DO USO DO “TIERS-PARLANT” EM RELATOS DE

MORADORES DE ISRAEL

Raquel Lima de Abreu Aoki

(POSLIN/ FALE/UFMG)

O nosso ponto de partida é a contribuição vanguardista de Jean Peytard sobre

a estratégia do uso do tiers-parlant e as atualizações deste estudo por Charaudeau

(2004). Esta estratégia é significativa para os estudos da linguagem, pois a partir dela

é possível apreendermos o interdiscurso e, assim, compreendermos o jogo de

dramatização que se instaura quando o sujeito falante delega a sua fala a um terceiro.

Para ilustrar essa dinâmica, selecionamos o relato de um mulçumano, morador de

Jerusalém Oriental; de uma alemã, convertida ao judaísmo; de uma sobrevivente do

Holocausto, moradora de Tel Aviv; e de uma brasileira, que fez a aliya, e mora

também, em Tel Aviv. Estes relatos estão inseridos no livro Meu Israel da autora

Sabrina Abreu, no capítulo “O Israel de cada um”. Ao lançar mão do discurso do

outro, por meio de discursos relatados, a autora evoca a voz potente de um tiers, seja

para trazer uma prova de autenticidade evocando um testemunho, seja para

confortar seus próprios dizeres, incitando um jogo de mascaramento e

distanciamento em relação a seu projeto de escrita, que é o de mostrar uma outra face

de um país tão negativizado pela mídia secular.

OS TEXTOS LITERÁRIOS NOS LIVROS DIDÁTICOS

PARA ENSINO DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

Regina L. Péret Dell´Isola

(UFMG)

Luiz Antônio Prazeres

(UFMG)

A análise da presença de textos literários nos livros de ensino do português

como língua estrangeira (PLE) nos remete a uma investigação detalhada do modo

como a literatura é explorada para fins didáticos nesses materiais. Ao identificar

práticas pedagógicas e estratégias utilizadas nos cursos de língua estrangeira, Jean

Peytard (1982) ressalta a importância da inclusão de textos literários nesse contexto e

assinala que um dos objetivos dessa inserção é o de legitimar a língua, sendo que

trechos dos textos selecionados constituem-se como modelos que podem servir de

base à formulação de exercícios gramaticais e de sintaxe. Neste painel, retomamos

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estudos feitos por Jean Peytard (1988) que focalizam aspectos relacionados ao

aprendizado da língua através da literatura, sobretudo no que diz respeito às

estratégias de exploração textual que podem conduzir o aluno a considerar o texto

literário como espaço de aprendizado da língua. Assim, a partir das reflexões de

Peytard, realizamos nossa investigação que consiste no levantamento de textos

literários presentes em alguns dos mais recentes livros didáticos de PLE.

Apresentaremos os resultados da análise das abordagens propostas pelos autores das

obras selecionadas, da avaliação de como são explorados dos textos literários, com

vistas ao ensino desse idioma.

O RÁDIO E A TELEVISÃO DE PEYTARD

Sônia Caldas Pessoa

(POSLIN/UFMG)

O rádio e a televisão imprimiram um novo ritmo à crítica literária, antes

restrita aos jornais impressos. Com os novos suportes surgem as novidades. Com a

transmissão imediata em ondas sonoras e em imagens, o texto ganha velocidade e

atinge um número infinitamente maior de pessoas. Associada à velocidade está a

possibilidade de interação entre o autor e o público, e a mudança da linguagem, que

assume uma perspectiva mais dialógica e adequa-se à necessidade para se atender a

uma demanda de mercado. Assim, constitui-se, na perspectiva de Jean Peytard, o

fenômeno das mass media. Por meio da comunicação de massa, há a difusão de

informação em larga escala. No que tange à crítica literária, reforça-se a divulgação

de ideias, títulos, nomes de autores, entre outros detalhes. A obra de Peytard, além

de atual, é importante para a compreensão da comunicação e das interações na

sociedade contemporânea pautada por situações cada vez mais midiatizadas e

espetacularizadas.

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ÍNDICE REMISSIVO DE AUTORES

A

Alcione Aparecida Roque Reis ..... 50

B

Béatrice Turpin ............................... 21

Beth Brait ........................................ 26

C

Carolina Assunção e Alves ........... 44

Cássio Eduardo Soares Miranda .. 34

Ceres Leite Prado ........................... 37

Cláudio Humberto Lessa .............. 47

Crístia Rodrigues Miranda ........... 50

D

Dalcylene Dutra Lazarini .............. 58

Daniel Lebaud ................................ 24

Dylia Lysardo-Dias ........................ 47

E

Eliane Lousada ............................... 38

Emília Mendes ................................ 28

Eni Puccinelli Orlandi ................... 20

F

Fabiana Rodrigues Carrijo ...... 51, 52

Fábio Delano Vidal Carneiro ........ 53

Fernanda Chaves ........................... 53

G

Gerlice Teixeira Rosa ..................... 54

Giani David .................................... 56

Giani David Silva ........................... 42

Glaucia M. P. Lara .......................... 25

H

Helcira Lima ................................... 26

Hugo Mari ...................................... 23

I

Ida Lucia Machado .............. 9, 11, 20

Ivan Vasconcelos Figueiredo ........ 55

J

Jerônimo Coura-Sobrinho ....... 29, 56

João Bôsco Cabral dos Santos ....... 30

L

Leonardo Coelho Corrêa Rosado . 55

Lílian Arão ...................................... 43

Liliane de Oliveira Neves .............. 56

Lizainny Aparecida Alves Queiróz

...................................................... 56

Lucas Piter Alves Costa ................. 57

Luciana Martins Arruda ................ 58

Luiz Antônio Prazeres ................... 60

Luiz Francisco Dias ........................ 23

Luiza Sá Guimarães ....................... 58

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M

Maíra Avelar Miranda ................... 59

Maralice de Souza Neves .............. 34

Marcelo Cordeiro ........................... 45

Maria Antonieta Amarante de

Mendonça Cohen ....................... 33

Maria Carmem Gomes .................. 42

Maria Lúcia Jacob Dias de Barros. 40

Mariana Ramalho Procópio .......... 49

Mônica Oliveira Pereira ................ 56

Mônica Santos de Souza Melo ...... 48

P

Patrick Chardenet .......................... 31

Patrick Dahlet ................................. 36

Paulo Henrique A. Mendes ........... 41

R

Raíssa Palma ................................... 39

Raquel Lima de Abreu Aoki ......... 60

Regina L. Péret Dell´Isola .............. 60

Renato de Mello ............................. 28

S

Serge Borg ....................................... 35

Simone Mendes .............................. 45

Sônia Caldas Pessoa ....................... 61

Sophie Moirand .............................. 22

V

Virginie Lethier .............................. 27

W

Wander Emediato .......................... 32

Wellington Júnio Costa.................. 38

Wiliane Viriato Rolim .................... 46

William Augusto Menezes ............ 30

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ANOTAÇÕES .............................................................................

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