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Ramos, Susie Medeiros Oliveira

610.153 Otimização de Protocolo em Exames de R175o Cintilografia de Perfusão Miocárdica com a Utilização

de um Simulador Antropomórfico / Susie Medeiros Oliveira Ramos. – Rio de Janeiro: IRD, 2013.

xviii, 90f. 29,7cm: il., graf.,tab.

Orientadora: Lidia Vasconcellos de Sá Dissertação (mestrado) – Instituto de

Radioproteção e Dosimetria, 2013.

Referências bibliográficas: f. 82-90

1.Física Médica; 2. Cardiologia Nuclear; 3. Cintilografia de Perfusão Miocárdica; 4. Simulador AntropomórficoI. Título

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O presente trabalho foi desenvolvido no Instituto de Radioproteção e Dosimetria da

Comissão Nacional de Energia Nuclear, sob a orientação da Prof. Dra. Lidia

Vasconcellos de Sá, com auxílios concedidos pela Comissão Nacional de Energia

Nuclear e CAPES.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de demonstrar a minha enorme gratidão a algumas pessoas que me acompanharam e foram essenciais para a realização de mais este sonho. Com sinceridade, tentarei expressar a importância que cada um teve, e ainda tem, nesta conquista. Primeiramente agradeço a Deus pela minha vida e por tudo que tem me concedido no passar dos anos. Um agradecimento especial para a minha melhor amiga, e por acaso também minha mãe, Geiza, pelo esforço incalculável para me ajudar com muito amor e carinho sempre quando preciso, além do profundo apoio durante toda a minha vida de estudos, estimulando-me nos momentos mais difíceis. Agradeço ao meu marido, Iuri, por todo auxílio dado e principalmente pelo seu amor e compreensão ao ser privado em muitos momentos da minha companhia e atenção. Agradeço ao meu pai, Alcemir, e à minha irmã, Érika, por desejarem sempre o melhor para mim, pelo esforço que fizeram para que eu pudesse superar cada obstáculo em meu caminho e chegar aqui e, principalmente, pelo amor imenso que vocês também têm por mim. Agradeço também à minha avó e a todos os meus parentes do Norte por estarem sempre torcendo por mim, independente da distância entre nós. A vocês, minha família, sou eternamente grata por tudo que sou, por tudo que consegui conquistar e pela felicidade que tenho. Agradeço aos meus amigos e padrinhos Silvio e Priscilla, que me acompanharam e me deram suporte na minha vida pessoal e acadêmica desde o ensino médio. Minha gratidão especial à Prof. Dra. Lidia Vasconcellos de Sá, minha orientadora e, sobretudo, uma querida e grande amiga, pela pessoa e profissional que é. Obrigada por ter acreditado e depositado sua confiança em mim ao longo de todos esses anos de trabalho que se iniciaram ainda na graduação. Sem sua orientação praticamente angelical, apoio, confiança e amizade, não somente neste trabalho, mas em todo o caminho percorrido até aqui, nada disso seria possível. Quero também agradecer aos colegas envolvidos neste projeto, o físico médico Tadeu Kubo e a cardiologista Dra. Adriana Glavam pelo apoio na parte prática deste trabalho e pelo companheirismo durante todo o processo de desenvolvimento da dissertação. Agradeço aos responsáveis pelo local onde foi realizado este estudo por abrirem as portas da clínica e tornarem tudo possível. Aos técnicos de medicina nuclear da clínica por colaborarem gentilmente com a parte prática também. Ao José Luiz Mantovano do IEN pelas análises do material utilizado no trabalho. Aos professores da Pós-Graduação do IRD, por contribuírem fortemente para a minha formação acadêmica, ensinando-me praticamente tudo o que sei sobre a área nuclear e estando prontos para me ajudar sempre que necessário. Por fim, mas nem de perto menos importante, agradeço à CAPES e à CNEN pelo investimento que tornou possível a minha pesquisa, para que eu pudesse estar colaborando com a ciência e a tecnologia do país sem grandes preocupações financeiras. Muito obrigada a todos, de coração.

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"Cada pessoa deve trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo,

participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade."

Marie Curie

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RESUMO

As doenças arteriais coronarianas são a causa número um de mortes no mundo todo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Existem procedimentos médicos para avaliar as condições do coração, como a Cintilografia de Perfusão Miocárdica, que tem mostrado alto valor preditivo negativo. Esta técnica de medicina nuclear é baseada na introdução de material radioativo no organismo, sendo o radiofármaco 99mTc-Sestamibi o mais utilizado. Neste exame, o uso das imagens em posição prona é validado para atenuações que englobam parede inferior do ventrículo esquerdo em homens, porém faltam dados que comprovem que o seu uso pode ser extrapolado para atenuações encontradas em outros segmentos em pacientes do sexo feminino devido a atenuações pelas mamas. Este estudo teve como objetivo otimizar o protocolo usado em exames de Cintilografia de Perfusão Miocárdica no grupo feminino, avaliando diferentes tempos de aquisição,atividades injetadas e posicionamento na qualidade da imagem, assim como a influência da concentração hepática do radiofármaco no diagnóstico. Para isso foi utilizado um simulador antropomórfico de torso, com simuladores de mamas e de gordura. As aquisições foram realizadas em uma gama câmara Ventri e o radiofármaco utilizado foi o 99mTc-Sestamibi. Para quantificação das imagens foi utilizado o software ImageJ. As imagens também foram analisadas qualitativamente por um cardiologista. Para validar os dados obtidos através do simulador, os resultados foram comparados ao de um grupo de pacientes do sexo feminino com baixa probabilidade pré-teste para Doenças Arteriais Coronarianas, que formaram o banco de dados de normalidade para este estudo. É possível reduzir o tempo de aquisição em 53,34% do tempo padrão com uma pequena redução na qualidade da imagem, quando a atividade administrada for de 925 MBq. Com 1110 MBq, o tempo pôde ser reduzido em 53,34% do tempo padrão sem nenhuma alteração na qualidade da imagem.Mantendo-se o tempo padrão de aquisição da imagem, é possível reduzir a quantidade da atividade injetada em 33,34%. Com 740 MBq e 925 MBq, a simulação realizada em posição prona demonstrou ser imprescindível para não gerar falso-positivos por atenuação causada pelas mamas.Foi possível observar que a influência da atividade hepática na imagem depende da concentração de radiofármaco. A partir dos resultados, foi concluído que há margem para otimização do protocolo, e estes dados poderão ser utilizados pelos cardiologistas como base para posteriores estudos com pacientes, aperfeiçoando o uso desta técnica no Brasil. Palavras-chave: Cintilografia de Perfusão Miocárdica, Otimização de protocolo, Simulador antropomórfico.

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ABSTRACT

Coronary Artery Diseases are the number one cause of death worldwide according to the World Health Organization. There are medical procedures to evaluate the heart conditions, such as Myocardial Perfusion Scintigraphy, which has showed high predictive negative value. This nuclear medicine technique is based on the injection of radioactive materials in the organism, being the radiotracer 99mTc-Sestamibi the most used one. On this procedure, the use of the prone position is validated in men for attenuations in the inferior wall of the left ventricle, however more data is needed to prove that it can also be used for other kinds of attenuations found in other parts of the heart in women due to breast attenuation. The present study aimed to optimize the protocol used in Myocardial Perfusion Scintigraphy in the female group evaluating different acquisition times, injected activities and the prone positioning in the image quality as well as the influence of the liver uptake in the diagnosis. To do so, it was used an anthropomorphic torso phantom, with breast and adipose phantoms. The acquisitions were performed in a gamma camera Ventri and the radiotracer used was 99mTc-Sestamibi. For the quantification of the images, the software used was ImageJ. The images were also analyzed and evaluated by a cardiologist. To validate the obtained data through the phantom, the results were compared to the ones of a group of female patients with low pre-test probability for Coronary Artery Diseases, which built the database of normality for this study. The results showed that it is possible to reduce the time acquisition by 53.34% with a small reduction of the image quality when the injected activity is 925 MBq.With 1110 MBq, the time could also be reduced by 54.34%, but with no change in image quality. With the standard acquisition time, it is possible to reduce the amount of injected activity by 33.34%.With 740 MBq and 925 MBq, the study performed in prone position has revealed to be indispensable for not generating false-positives caused by breast attenuation. It was observed that the influence of the liver uptake in the image depends on the concentration of the radiotracer. Through the results, it was concluded that there is a line for optimization of the protocol, and these data could be used by physicians as a base for future studies with patients, enhancing the use of this technique in Brazil.

Keywords: Myocardial Perfusion Scintigraphy, Optimization of protocol, Anthropomorphic Phantom.

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.Representação de uma câmara gama e processo de administração por injeção ....................................................................................................................... 6 Figura 2. Esquema de decaimento do 99Mo .............................................................. 8 Figura 3. Fórmula estrutural do 99mTc-Sestamibi, complexo hexamérico catiônico monoligante .............................................................................................................. 9 Figura 4. Esquema simplificado da entrada do 99mTc-Sestamibi na célula do miocárdio ................................................................................................................... 10 Figura 5. O modelo LNT (Linear no threshold)de dose-resposta, sendo o termo Background a radiação de fundo............................................................................... 12 Figura 6. Doses efetivas recebidas devido aos exames de imagem mais utilizados em cardiologia, sendo A= cateterismo, B= Angiografia ou CT cardíaco em espiral, C= Angiografia em espiral com modulação, D= Angiografia Axial, E= Angiografia com escore de cálcio, F= SPECT com 99mTc em repouso e estresse, G= SPECT com dois isótopos, H=SPECT somente estresse, I= PET com 82Rb em repouso e estresse e J= PET com 13NH3 em repouso e estresse............................................... 13 Figura 7. Gama câmaras com uma, duas e três cabeças, respectivamente............ 16 Figura 8. Esquema resumido do funcionamento de uma gamacâmara SPECT...... 17 Figura 9. Os três principais cortes tomográficos do coração e as imagens bidimensionais para interpretação e análise do VE................................................... 21

Figura 10. Exibição do VE com a nomenclatura recomendada dos 17 segmentos para imagens tomográficas do coração..................................................................... 22 Figura 11. Exibição do VE em um mapa polar circunferencial com os 17 segmentos ........................................................................................................... 23 Figura 12. A irrigação dos 17 segmentos pelas artérias descendente anterior esquerda (DAE), coronária direita (ACD) e circunflexa esquerda (CXE).................. 24 Figura 13. Comparação dos eixos curtos do exame feito em repouso e em esforço. Notam-se claramente os círculos completos, sem nenhum defeito de perfusão..................................................................................................................... 24

Figura 14. SPECT, eixo curto, repouso normal e esforço anormal usualmente significa isquemia miocárdica.................................................................................... 26

Figura 15. SPECT, eixo curto, repouso anormal e esforço com ainda mais defeito de perfusão, frequentemente significa infarto com isquemia residual...................... 26

Figura 16. Exame realizado com 201Tl, mostrando tecido cardíaco viável na porção ínfero-lateral do coração............................................................................................ 27

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Figura 17. Posicionamento do paciente em decúbito supino (ou dorsal) e decúbito prono (ou ventral)...................................................................................................... 31

Figura 18. Esquema de emissão de radiação proveniente de um radiofármaco captado pelo coração................................................................................................ 32

Figura 19. Alto grau de influência da atividade extra cardíaca na imagem (setas amarelas), resultante da excreção hepatobiliar de Sestamibi................................... 33

Figura 20. Esquema do posicionamento de uma paciente e a presença de artefato na parede inferolateral............................................................................................... 34

Figura 21. Defeito de perfusão aparente na região interventricular, setas amarelas 35 Figura 22. Esquema do corpo humano, vista anterior. A: Expiração, B: Inspiração. 36 Figura 23. Interface e operações com o programa Image J: A=Desenho de ROI, B= Linhas para segmentação, C= Ferramenta para criação de ângulos, D= Seleção de ponto(s), E= Ferramenta para tracejar, F= Criação de texto, G= Zoom, H= Ferramenta para arrastar a imagem, I= Seletor de cores, J= Menu desenvolvedor, L= Menu de stacks, M= Pincel, N= Ferramenta de preenchimento. 38 Figura 24. Interface com o usuário do Image J para análise de regiões de interesse (ROI).......................................................................................................... 39

Figura 25. Interface com o usuário do ImageJ para operações matemáticas nas imagens..................................................................................................................... 39 Figura 26. Interface com o usuário do Image J para ajuste de brilho e contraste.... 40

Figura 27. Sistema SPECT, modelo Ventri™ da GE Healthcare........................... 41 Figura 28. Simulador antropomórfico modelo ECT/TOR/P, Data Spectrum Corporation, visto anteriormente............................................................................... 42 Figura 29.CardiacInsert™ Modelo ECT/CAR/I – Data Spectrum Corporation. A) Ventrículo esquerdo; B) Miocárdio ....................................................................... 43

Figura 30. Defeito artificial do tipo sólido................................................................... 43 Figura 31. Próteses externas de silicone (SiligelMamma®da OrthoPauher©).A) Mama 36, B) Mama 42, C) Mama 46 e D) Mama 52 ........................................... 45 Figura 32. Tomografia Computadorizada (TC) do simulador antropomórfico para comparação com mamas de pacientes femininas..................................................... 45 Figura 33. Simulador antropomórfico na gama câmara, com os simuladores mamários e de gordura anexados............................................................................. 46 Figura 34. Medidor de atividade, Capintec modelo CRC-25R................................. 47

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Figura 35. Exemplo de exame de paciente normal para composição do BDN. Posição Supino (Fileira de cima) e posição prona (Fileira de baixo).........................

56

Figura 36. Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com 555 MBq e 4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado cinza)........................................................................................................ 57

Figura 37. Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com 740 MBq e 4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado cinza)........................................................................................................ 58 Figura 38. Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com 925 MBq e 4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado cinza)........................................................................................................ 58 Figura 39. Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com 740 MBq e 1,4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado cinza)........................................................................................................ 59

Figura 40. Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com 925 MBq e 1,4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado cinza)........................................................................................................ 60

Figura 41. Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com 1110 MBq e 1,4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado cinza)................................................................................... 60

Figura 42. Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração comparando-se os diferentes tipos de mamas com o BDN...................................... 61

Figura 43. Comparação dos valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração no simulador com 740 MBq de atividade injetada. Imagem adquirida com 7 segundos (círculo preto), 10 segundos (em vermelho), 15 segundos (em verde) e 20 segundos (losango preto), comparadas ao BDN (em azul)........................................................................................................................... 62

Figura 44. Imagens cardíacas reconstruídas das simulações realizadas com 740 MBq, nos tempos de 7 a 20 segundos por projeção e avaliação visual médica 63

Figura 45. Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração no simulador com 925 MBq. Imagem adquirida com 7 segundos (em roxo), 10 segundos (em vermelho), 15 segundos (em verde) e 20 segundos (em laranja), comparadas ao BDN (em azul) ................................................................... 64

Figura 46. Simulações realizadas com o equivalente a 925 MBq, nos tempos de 7 a 20 segundos por projeção e com avaliação visual médica ................................. 65

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Figura 47. Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração no simulador com 1110 MBq. Imagem adquirida com 7 segundos (círculo preto), 10 segundos (em vermelho), 15 segundos (em verde) e 20 segundos (losango preto), comparadas ao BDN (em azul)..................................................................... Figura 48. Simulações realizadas com o equivalente a 1110 MBq, nos tempos de 7 a 20 segundos por projeção e com avaliação visual médica..................................

66 67

Figura 49. Simulações de exames com as atividades simuladas de 740 a 1110 MBq................................................................................................................... 68

Figura 50. Imagens cardíacas de reconstrução exemplificando pacientes que demonstraram aumento de perfusão quando em posicionamento prona (fileiras de baixo) em diferentes segmentos (setas amarelas) além dos inferiores (setas azuis)......................................................................................................................... 69

Figura 51. Simulação com 740 MBq apresentando aumento da perfusão em todos os segmentos do VE. A = eixou curto, B= eixo longo vertical e C= eixo longo horizontal................................................................................................................... 70 Figura 52. Valores de contagem para cada segmento da aquisição em supino (losango preto) e em prona (quadrado cinza) com a simulação de 740 MBq de atividade injetada....................................................................................................... 71 Figura 53. Simulação com 925 MBq apresentando aumento da perfusão na posição prona. A = eixou curto, B= eixo longo vertical e C= eixo longo horizontal. Fileira de cima: Supino. Fileira de baixo: prona......................................................... 72

Figura 54. Valores de contagem para cada segmento da aquisição em supino (losango preto) e em prona (quadrado cinza) com a simulação de 925 MBq de atividade injetada....................................................................................................... 73

Figura 55. Simulação com 1110 MBq não apresentando aumento da perfusão na posição prona. A = eixou curto, B= eixo longo vertical e C= eixo longo horizontal. Fileira de cima: Posição Supino. Fileira de baixo: Posição prona............................. 74

Figura 56. Valores de contagem para cada segmento da aquisição em supino (losango preto) e em prona (quadrado cinza) para simulação de 1110 MBq de atividade injetada....................................................................................................... 75

Figura 57. Visualização da lesão (setas amarelas) em supino (fileira de cima) e em prona (fileira de baixo). Simulações com 740 MBq (A), 925 MBq (B) e 1110 MBq (C) ............................................................................................................ 76

Figura 58. Influência da atividade hepática na imagem de cintilografia de perfusão miocárdica em um paciente. Fileira de cima: Supino. Fileira de baixo: Prona.......... 77

Figura 59. Influência da atividade hepática na análise do eixo longo vertical no exame de paciente..................................................................................................... 77

Figura 60. Ajuste da projeção e corte tomográfico no Xeleris, com influência da alta concentração de atividade hepática no simulador.............................................. 78 Figura 61. Imagem reconstruída com influência da atividade hepática no simulador................................................................................................................... 78

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. ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Diferenças dos protocolos da ASNC e da EANM/ESC............................

29

Tabela 2. Diferenças dos protocolos da ASNC e da EANM/ESC em relação à recomendação de atividade injetada nos protocolos de um e de dois dias.............

30

Tabela 3. Configurações recomendadas pela EANM/ESC para os parâmetros de aquisição do SPECT cardíaco com 99mTc-Sestamibi................................................

30

Tabela 4. Caracterização dos simuladores mamários..............................................

44

Tabela 5. Características das 40 pacientes selecionadas para representarem o BDN...........................................................................................................................

48

Tabela 6. Atividades em cada órgão para cada simulação, considerando a hipótese de 2-4% de captação pelo miocárdio.........................................................

50

Tabela 7. Atividades em cada órgão para cada simulação, considerando a hipótese de 1,2-1,4% de captação pelo miocárdio...................................................

50

Tabela 8. Médias e desvios-padrão de contagens para cada segmento do BDN para as posições prona e supino..............................................................................

55

Tabela 9. Notas da avaliação médica para 740 MBq nos tempos simulados..........

64

Tabela 10. Notas da avaliação médica para 925MBq nos tempos simulados........

66

Tabela 11. Notas da avaliação médica para 1110 MBq nos tempos simulados......

67

Tabela 12. Avaliação médica para o posicionamento da simulação para 740 MBq.

70

Tabela 13. Avaliação médica para o posicionamento em simulação de 925 MBq...

72

Tabela 14. Avaliação médica para o posicionamento da simulação de 1110 MBq..

74

Tabela 15. Notas da avaliação médica para as simulações realizadas com uma lesão artificial inserida no coração............................................................................

76

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LISTA DE ABREVIATURAS

DAC – Doenças Arteriais Coronarianas

WHO – Organização Mundial de Saúde

DCV – Doenças Cardiovasculares

ECG – Eletrocardiograma

TC – Tomografia Computadorizada

RMN – Ressonância Nuclear Magnética

IVUS – Ultrassonografia Intracoronariana

FFR – Reserva de Fluxo Coronariano

SPECT – Single Photon Emission Computed Tomography

IAEA – Agência Internacional de Energia Atômica

VE – Ventrículo Esquerdo

FDA – Food and Drug Administration

PET – Tomografia por Emissão de Pósitrons

CZT – Cadmium-Zinc-Telluride Detector

ALARA – As Low As Reasonably Achievable

LNT – Linear No Threshold

ASNC – American Society of Nuclear Cardiology

FBP – Filtered Back-Projection

MLEM – Maximum-Likelihood Expectation-Maximization

OSEM – Ordered-Subset Expectation-Maximization

VD – VentrículoDireito

SSS – Summed Stress Score

SRS – Summed Rest Score

SDS – Summed Difference Score

SS% - Summed Stress Percent

SD% - Summed Difference Percent

IMC – Índice de Massa Corpórea

DICOM – Digital Imaging and Communications in Medicine

NIH – National Institute of Health

ROI – Region(s) of Interest

FOV – Field of View

LEHR – Low Energy High Resolution

RR – Resolution Recovery

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MAP – Maximum a Posteriori

HT – Half Time Acquisition

BDN – Banco de Dados de Normalidade

AAp - Anterior apical

SAp - Septal apical

IAp - Inferior apical

LAp - Lateral apical

AM - Anterior médio

ISM - Inferior septal médio

IM - Inferior médio

ILM - Inferior lateral médio

ALM - Anterior lateral médio

AB - Anterior basal

ASB - Anterior septal basal

ISB - Inferior septal basal

IB - Inferior basal

ILB - Inferior lateral basal

ALB - Anterior lateral basal

Ap - Apical

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SUMÁRIO

1. Introdução............................................................................................................. 1

2. Fundamentos Teóricos......................................................................................... 5

2.1. Medicina Nuclear................................................................................................ 5

2.1.1. A História......................................................................................................... 5

2.1.2. Os Princípios................................................................................................... 6

2.2. Radiofármacos.................................................................................................... 7

2.2.1. Tecnécio-99m.................................................................................................. 8

2.2.2. 99mTc-Sestamibi............................................................................................... 9

2.2.2.1. Farmacocinética do 99mTc-Sestamibi............................................................ 10

2.2.3. Tão baixo quanto razoavelmente exequível: ALARA (As Low As

Reasonably Achievable)............................................................................................ 12

2.2.4. Crise dos Geradores........................................................................................ 14

2.3. Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único – SPECT.............. 16

2.3.1. SPECT Cardíaco – Cintilografia de Perfusão do Miocárdio............................ 19

2.3.1.1. Fundamentos da Interpretação do Exame................................................... 20

2.3.1.2. Protocolos..................................................................................................... 28

2.3.1.3. Qualidade da Imagem: Artefatos.................................................................. 31

2.3.1.3.1. Artefato por Atividade Sobreposta de Órgãos Abdominais....................... 32

2.3.1.3.2. Atenuação Mamária ou por Próteses........................................................ 33

2.3.1.3.3. Atenuação por Inserção do Ventrículo Direito........................................... 34

2.3.1.3.4. Artefatos Originados pelo Diafragma......................................................... 35

2.3.1.3.5. Artefatos de Movimentos........................................................................... 36

2.3.1.3.6. Artefatos por Bloqueio de Ramo Esquerdo............................................... 37

2.4. Software Leitores de Imagem do tipo DICOM.................................................... 37

3. Materiais e Métodos.............................................................................................. 41

3.1. Materiais............................................................................................................. 41

3.1.1. SPECT: Gama câmara.................................................................................... 41

3.1.2. Simulador Antropomórfico............................................................................... 42

3.1.3. Simuladores de Tecido Mamário..................................................................... 43

3.1.4. Simulador de Gordura..................................................................................... 46

3.1.5. Medidor de Atividade....................................................................................... 47

3.1.6. Radiofármaco.................................................................................................. 47

3.1.7. Banco de Dados de Normalidade.................................................................... 48

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xvii

3.1.8. Outros Materiais.............................................................................................. 49

3.2. Métodos.............................................................................................................. 49

3.2.1. Preparação do Simulador Antropomórfico....................................................... 49

3.2.2. Protocolo e Aquisição das Imagens................................................................ 50

3.2.3. Reconstrução e Processamento das Imagens................................................ 51

3.2.4. Análise dos Dados........................................................................................... 51

3.2.5. Análise Estatística........................................................................................... 54

4. Resultados e Discussão....................................................................................... 55

4.1. Construção do Banco de Dados de Normalidade.............................................. 55

4.2. Captação do Radiofármaco................................................................................ 57

4.3. Diferentes Tamanhos de Mama......................................................................... 61

4.4. Otimização do Tempo de Aquisição................................................................... 62

4.5. Otimização da Atividade Injetada....................................................................... 68

4.6. Avaliação do Posicionamento Prona.................................................................. 69

4.6.1. Alterações da Imagem de Perfusão e da Contagem nos Segmentos do

Coração..................................................................................................................... 69

4.6.2. Visualização da Lesão..................................................................................... 75

4.7. Avaliação da Influência da Atividade Hepática na Imagem ............................... 77

5. Conclusões............................................................................................................ 80

Trabalhos futuros.................................................................................................. 81

Referências Bibliográficas......................................................................................... 82

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

As doenças arteriais coronarianas (DAC) são a causa número um de mortes no

mundo todo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2011).

Estimativas (American Heart Association, 2013) indicam que aproximadamente a cada

minuto um indivíduo é levado a óbito por doenças coronarianas.

Dados estatísticos e epidemiológicos (WHO, 2011) apontam que 29% de todas

as mortes no mundo foram por Doenças Cardiovasculares (DCV) no ano de 2008.

Destas, 7,2 milhões foram especificamente devido a DAC. Alguns estudos sugerem

ainda que, para um adulto de 40 anos de idade, o risco de desenvolver DAC durante a

vida é de 49% para homens e 32% para mulheres. No Brasil, estudos demonstraram

que as DCV correspondem a 32% da mortalidade, sendo a prevalência de DAC na

população adulta estimada em 5 a 8% (PIEGAS et al, 2013, POLANCZYK& RIBEIRO,

2009). Além da prevalência, as DAC são intimamente ligadas à alta morbidade e

elevado custo para os sistemas de saúde.

As DAC são desenvolvidas principalmente a partir de um processo patológico

de aterosclerose nas artérias coronarianas, que nada mais é que a deposição de

gordura na parede das artérias, formando uma placa que obstrui os vasos. Os fatores

de risco incluem hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes mellitus, tabagismo, e uma

história familiar de aterosclerose. Outras causas de DAC são os espasmos, que

podem ocorrer em qualquer população, mas é prevalente em japoneses; os êmbolos,

ocorrência rara em pacientes com endocardites; além de anormalidades congênitas da

artéria coronária, que estão presentes em somente 1 a 2% da população, causando

isquemia sintomática, sendo, portanto, também uma causa rara. A doença pode incluir

angina pectoris, infarto do miocárdio, isquemia silenciosa do miocárdio e, ainda, morte

súbita cardíaca (MCPHEE & GANONG, 2007, VLODAVER et al, 2012).

Afortunadamente, avanços prolíficos têm sido realizados recentemente para

aumentar a precisão das formas de detecção e tratamento destas doenças,

principalmente em seus estágios mais precoces, resultando num melhor prognóstico

para o paciente. Existem alguns procedimentos médicos para avaliar as condições do

coração e da circulação sanguínea para pacientes, sendo que cada exame possui

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uma indicação e um propósito (BONOW et al, 2002, SNOW et al, 2004,

GHEORGHIADE et al, 2006).

O Eletrocardiograma (ECG) de repouso deve sempre ser realizado. No entanto,

mais da metade dos pacientes apresentam ECG normal. Mesmo pacientes com DAC

extensa podem apresentar ECG normal. O restante apresenta apenas alterações

discretas ou inespecíficas na maioria dos casos (VLODAVER et al, 2012, OLIVEIRA et

al, 2002).

A Tomografia Computadorizada (TC) Cardíaca é um método de imagem que

vem sendo muito utilizado para a investigação de doença arterial coronariana em

pacientes sintomáticos e assintomáticos. O principal uso da TC cardíaca na doença

coronariana é a realização da coronariografia não invasiva para investigação de

DAC. No entanto, devido à alta taxa de falso-positivos, esse exame não é

recomendado para avaliação rotineira de doença arterial coronariana na maior parte

dos pacientes (CURA et al, 2010, VLODAVER et al, 2012).

O Teste Ergométrico é a forma de avaliação funcional mais utilizada. É simples,

barato e de boa precisão para a maior parte dos pacientes. Sua principal indicação é

na avaliação de pacientes com probabilidade intermediária de doença

coronariana. Sua principal limitação é quando há incapacidade do paciente realizar

exercício físico (VLODAVER et al, 2012).

A avaliação de DAC com o Ecocardiograma de estresse tem a finalidade de

correlacionar a motilidade e o espessamento durante o repouso e o estresse. As

principais limitações do ecocardiograma são relacionadas à janela para aquisição do

exame e a experiência do examinador (VLODAVER et al, 2012).

A Ressonância Nuclear Magnética (RMN) é um método que tem sido utilizado

na avaliação funcional da DAC da mesma forma que outros métodos de imagem. O

exame é realizado durante repouso e estresse e as imagens são comparadas. Como o

ecocardiograma, a RNM permite a avaliação de outras estruturas cardíacas, porém

tem o estresse restrito aos métodos farmacológicos. Sua principal limitação é a pouca

disponibilidade e o alto custo (CURA et al, 2010, VLODAVER et al, 2012).

A Coronariografia ainda é o padrão-ouro no diagnóstico de doença arterial

coronariana crônica. É o exame habitual e ideal para investigar a extensão e a

gravidade da DAC. Apesar disso, a coronariografia é um exame de risco, que utiliza

contraste e radiação, sendo de alto custo. Por isso, está indicada para diagnóstico

somente nos casos duvidosos em que os exames não invasivos, são inconclusivos ou

conflitantes (CURA et al, 2010, VLODAVER et al, 2012).

Novos métodos de avaliação da DAC pelo Cateterismo têm sido desenvolvidos

recentemente. As principais formas adjuvantes são a Ultrassonografia Intracoronariana

(IVUS) e a avaliação da Reserva de Fluxo Coronariano (FFR). Devido a pouca

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disponibilidade, estes métodos não costumam ser utilizados como rotina na maioria

dos centros de diagnóstico (VLODAVER et al, 2012).

A Cintilografia de Perfusão Miocárdica tem mostrado sensibilidade, alto valor

preditivo negativo (cerca de 95%) e especificidade baixa (cerca de 70%). É uma

avaliação funcional e pode ser realizada tanto com estresse físico quanto

farmacológico, como adenosina em pacientes estáveis pode melhorar a sensibilidade

diagnóstica. A principal indicação do teste farmacológico é a incapacidade do paciente

realizar atividade física de forma adequada. A avaliação da cintilografia consiste na

comparação da perfusão miocárdica no estresse e no repouso (CURA et al, 2010,

VLODAVER et al, 2012, BURY et al, 2007).

As técnicas de medicina nuclear, como na cintilografia de perfusão miocárdica

por SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography), são baseadas na

introdução de material radioativo no organismo, normalmente por injeção intravenosa.

A radiação gama emitida é detectada por uma gama câmara e a distribuição do

material radioativo é registrada digitalmente. A natureza da substância injetada

determinará qual órgão ou processo fisiológico é registrado na forma de imagem

(BURY et al, 2007).

Um problema técnico inerente à aquisição de imagem cintilográfica é a

presença frequente de artefatos, ou falsos defeitos de captação, gerados pela

passagem do fóton através do tecido mole (PÁDUA et al, 2008, EINSTEIN et al 2010,

GERBER et al, 2009).

O controle da qualidade das imagens faz parte de um sistema responsável pela

qualidade da cintilografia que a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA)

define como “quão próximo os resultados de um determinado procedimento estão do

ideal, sem erros e artefatos”. No entanto, a avaliação do procedimento de cintilografia

é delicada, exigindo muitas tentativas para que cada parâmetro utilizado na aquisição,

no processamento e reconstrução da imagem seja testado e aprovado (IAEA, 2003).

Recentemente, a pesquisa em medicina tem se desenvolvido bastante na área

de otimização de procedimentos de cuidados à saúde devido à contribuição de três

grandes áreas: (a) a pesquisa operacional, com estudos que objetivaram a eficiência

dos métodos e resolução de problemas em larga escala; (b) a ciência da computação,

que evoluiu com as novas tecnologias; e (c) a medicina, que desenvolve

continuamente novos métodos cada vez mais sofisticados para diagnóstico e

tratamento (PARDALOS et al, 2005).

Atualmente, em exames de Cintilografia de Perfusão Miocárdica, o

posicionamento do paciente interfere nos resultados obtidos e no diagnóstico,

principalmente devido à atenuação dos fótons em tecidos do corpo humano. O uso de

imagens adquiridas em posição prona (decúbito ventral) já é validado para atenuações

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que englobam a parede inferior do ventrículo esquerdo (VE) em homens, melhorando

a qualidade do exame (KIAT et al, 1992). Ainda faltam dados que comprovem que o

seu uso pode ser extrapolado para atenuações encontradas em outros segmentos do

VE (como na parede anterior), muito comuns em pacientes do sexo feminino devido a

atenuações pelas mamas.

O presente estudo tem como objetivo otimizar o protocolo usado em exames

de Cintilografia de Perfusão Miocárdica no grupo feminino com o uso de um simulador

antropomórfico, avaliando a influência de diferentes atividades, tempos de aquisição e

posicionamento das pacientes na qualidade da imagem, assim como a influência da

concentração hepática do radiofármaco no diagnóstico médico.

Os objetivos específicos são: (a) Estudar as atividades ideais para não interferir

na avaliação médica; (b) Analisar o tempo ideal para realização dos exames; (c)

Realizar uma avaliação semiquantitativa das imagens obtidas através de Softwares

apropriados; (d) Obter avaliação qualitativa (por notas) e semiquantitativa (SSS) das

imagens através da avaliação de um cardiologista nuclear.

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CAPÍTULO 2

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1- MEDICINA NUCLEAR

“A medicina nuclear é uma modalidade médica de imagem que envolve a

injeção ou inalação de material radioativo para visualização de específicos órgãos.”

- Organização Mundial de Saúde (WHO, 2013)

2.1.1- A HISTÓRIA

Em 1896, na França, Henri Becquerel descobriu que certos materiais emitiam

“raios energéticos”, conceito que foi definido e refinado como radioatividade mais tarde

por Pierre e Marie Curie. Em 1929, o físico americano Ernest Lawrence construiu o

primeiro cíclotron e foi capaz de produzir radionuclídeos emissores de pósitron. Em

1932, os físicos franceses Irene Curie (filha de Marie Curie) e Frederick Joliot (marido

de Irene) anunciaram a descoberta da radioatividade artificial e demonstraram que

átomos estáveis poderiam ser convertidos a radioativos. Com a publicação de Curie e

Joliot, Lawrence imediatamente reconheceu o grande potencial de fabricação de

traçadores radioativos, o que tornou possível importantes aplicações destes, tanto na

área médica, quanto na química e na física. Em 1945, o governo norte-americano

decidiu produzir radioisótopos para uso civil. Já em 1950, o FDA (Food and Drug

Administration) reconheceu o Iodo-131 como a primeira droga radioativa. Em seguida,

vários desenvolvimentos ocorreram na área de imagem nuclear. A radioatividade tem

sido usada desde então em medicina para imaginologia através de equipamentos de

varredura e câmaras. A gama câmara, equipamento que forma a imagem da

distribuição de um traçador radioativo e captado em alguns pontos de interesse do

corpo do paciente, foi desenvolvida nos anos 50 e, mais tarde, foi aperfeiçoada com a

capacidade tomográfica. Mais recentemente, a Tomografia por Emissão de Pósitrons

(PET) marcou o nascimento da imagem molecular que, associada à Tomografia

Computadorizada (CT) proporcionou a fusão das modalidades funcional do PET com a

morfológica do CT, originando o PET/CT (ELGAZZAR, 2011).

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2.1.2- OS PRINCÍPIOS

A medicina nuclear utiliza técnicas para diagnóstico e tratamento consideradas

seguras, indolores e de custo efetivo. O médico obtém informações anatômicas e

funcionais dos órgãos nas imagens, fornecendo dados que só seriam possíveis a partir

de cirurgias ou testes invasivos. Outra vantagem da técnica é a possibilidade de

identificar anormalidades no início do progresso de uma doença, já que diversas

patologias se manifestam primeiramente alterando a função do órgão ou sistema

(SNMMI, 2013).

Inovações tecnológicas têm sido introduzidas constantemente na área,

fornecendo equipamentos cada vez mais sofisticados para a obtenção de imagens

com melhor resolução e sensibilidade, diminuindo, ainda, o tempo de exame. Portanto,

a medicina nuclear é um campo que está sempre se desenvolvendo e passando por

rápidas mudanças (SNMMI, 2013).

Atualmente, a medicina nuclear tem oferecido procedimentos que são

essenciais em especialidades médicas como a cardiologia, a oncologia, a psiquiatria, a

pediatria, a ortopedia, entre tantas outras, com tecnologias inovadoras que estão

revolucionando a forma de tratar diversas doenças.

Para tanto, a medicina nuclear utiliza baixas quantidades de material radioativo

na forma de radiofármacos. Na imagem diagnóstica, os radiofármacos são detectados

por câmaras especiais, como representada na Figura 1) baseadas nas técnicas de

SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography) e PET (Positron Emission

Tomography) ou por detectores CZT (Cadmium-Zinc-Telluride Detector), entre outras

técnicas, que fornecem imagens precisas da área do corpo que está sendo examinada

(SNMMI, 2013).

Figura 1: Representação de uma gama câmara e processo de administração por injeção (UFS, 2013).

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2.2- RADIOFÁRMACOS

“Radiofármacos são drogas radioativas. São utilizados em hospitais

principalmente para diagnóstico e, num ramo limitado, porém crescente, para o

tratamento de doenças.”

- Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, 2013)

Uma das maiores contribuições da medicina nuclear é o desenvolvimento de

radiofármacos. Estas drogas são sintetizadas com componentes radioativos, o que

permite que funcionem como traçadores, e sua distribuição seja acompanhada dentro

do corpo humano. A quantidade de radiofármaco que é absorvida por diversos órgãos,

como o fígado e rins, e o quanto deste material é excretado também podem ser

determinados.

Fisiologicamente, uma doença pode ser caracterizada pela redução ou parada

total de um processo bioquímico normal. Os procedimentos de diagnóstico em

medicina nuclear envolvem quatro tipos de medidas:

Fluxo regional sanguíneo, transporte e localização celular de várias

moléculas;

Metabolismo de tecidos;

Funcionamento fisiológico de órgãos;

Comunicação intra e intercelular.

A captação e a retenção de radiofármacos por diferentes tecidos e órgãos são

realizadas por diferentes mecanismos, como difusão passiva, transporte ativo, difusão

facilitada, fagocitose, proliferação celular e migração celular.

Na Cardiologia, a medicina nuclear fornece informações essenciais para o

diagnóstico e tratamento de diversas doenças cardiovasculares, permitindo meios não

invasivos de avaliar o funcionamento cardíaco. Um exame bastante comum na

cardiologia nuclear é a avaliação do fluxo sanguíneo no miocárdio, principalmente em

conjunto com estresse físico ou farmacológico, para a detecção e a avaliação de

doenças arteriais coronarianas. Estes exames são realizados com isótopos de

Tecnécio-99m, ou com a técnica de dois isótopos com Tecnécio-99m e Tálio-201, ou

ainda, em um procedimento mais recente com a técnica PET com isótopos como o

Flúor-18, que adicionou a possibilidade de avaliação da viabilidade cardíaca

(ELGAZZAR, 2011).

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2.2.1- TECNÉCIO-99m

O Tecnécio 99 (99Tc) é um elemento com número atômico Z igual a 43 e massa

atômica A igual a 99, obtido pelo decaimento radioativo do Molibdênio 99 (99Mo, Z=42,

A=99). Em 1937, Carlo Perrier e Emilio Segrè bombardearam uma amostra de 99Mo

com deutérios em um cíclotron de 8 MeV, resultando em uma espécie radioativa de

99Mo, com meia-vida de aproximadamente 66 horas. Ao decair por emissão β, este

gerou um isótopo de meia-vida curta (6,01 horas) com novas propriedades,

identificado como Tecnécio-99m (99mTc) (ZOLLE, 2007). Pelo esquema de decaimento

do 99Mo, denominado radionuclídeo “pai”, representado na Figura 2, observa-se que

82,4% dos decaimentos acontecem por emissão beta seguida de conversão interna

para o nível metaestável identificado como 99mTc. Este radionuclídeo “filho” decai após

cerca de 6 horas para 99Tc por emissão de raios gama monoenergético de 140,5

keV(BUCERIUS et al, 2012).

Figura 2: Esquema de decaimento do 99Mo (BUCERIUS et al, 2012).

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2.2.2- 99mTc- SESTAMIBI

O 99mTc-Hexaquis-2-metoxi-2-metil-isopropil-isonitrila (99mTc-Sestamibi) é um

radiotraçador para testes em SPECT que foi introduzido primeiramente na rotina

médica para o exame de cintilografia de perfusão miocárdica há mais de duas

décadas. Desde então, diversas aplicações não cardiológicas têm sido desenvolvidas

e relatadas. Em 1989, foi relatada a captação anormal de 99mTc-Sestamibi por tumores

benignos e malignos pulmonares, o que gerou estudos clínicos em doenças

oncológicas e não-oncológicas. Mesmo com a rápida difusão do uso de 18F-FDG em

PET, a enorme gama de aplicações do 99mTc-Sestamibi faz com que este radiofármaco

ainda seja de grande interesse em estudos clínicos (BUCERIUS et al, 2012). Sua

fórmula estrutural pode ser observada na Figura 3 a seguir.

Figura 3: Fórmula estrutural do 99mTc-Sestamibi, complexo hexamérico catiônico monoligante (BUCERIUS et al, 2012).

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2.2.2.1- FARMACOCINÉTICA DO 99MTc- SESTAMIBI

O Sestamibi é um complexo catiônico lipofílico que se acumula no tecido viável

do miocárdio, de forma proporcional ao fluxo sanguíneo. Há estudos (MAUBLANT et

al, 1988) que demonstram que a captação do fármaco no miocárdio é independente da

entrada na célula pela via da bomba sódio-potássio. A entrada deste nos miócitos

ocorre de forma passiva devido ao potencial negativo da membrana celular de um

miócito normal. Após sua entrada, o complexo tende a se acumular nas mitocôndrias

da célula. A captação deste radiofármaco no miocárdio é, portanto, dependente do

funcionamento normal dos miócitos, conforme Figura 4 (PIWNICA-WORMS et al,1992,

CARVALHO et al, 1992, ISKANDRIAN,& GARCIA, 2008, BUCERIUS et al, 2012).

Figura 4: Esquema simplificado da entrada do 99mTc-Sestamibi na célula do miocárdio.

A isquemia miocárdica é caracterizada pelo baixo fluxo sanguíneo, cuja

consequência é a falta de oxigênio e outras moléculas que sustentam o bom

funcionamento das células, levando ao quadro secundário de hipóxia celular, ou seja,

as células ficam prontas para morrer, porém ainda viáveis. Quando este quadro

permanece, ou o fluxo sanguíneo é ainda mais reduzido, as células morrem e se

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tornam inviáveis (PIWNICA-WORMS et al, 1992). Em geral, há uma relação linear

positiva entre a distribuição de Sestamibi no tecido do miocárdio e o fluxo coronariano.

Há controvérsias na literatura sobre qual é a real captação do radiofármaco

99mTc-Sestamibi no organismo humano (TIPPAROJ, 2008, HERZOG et al, 2010, BAI et

al, 2010, GAMBHIR et al, 2009, SAVI et al, 1989, MÜNCH et al, 1997, ZOLLE, 2007,

BUCERIUS et al, 2012). Há ainda parâmetros que interferem significativamente neste

tipo de estudo, como a variação de metabolismo entre humanos, além de diferenças

na fixação do órgão-alvo e no processo de eliminação do radiofármaco (OLIVEIRA et

al, 2006). Porém, de maneira geral, há estudos (OKADA et al,1988, MCKUSICK et al,

1987, SAVI et al, 1989) que demonstram que cerca de 2 a 4% do 99mTc-Sestamibi que

é administrado em um paciente é captado pelo miocárdio, enquanto outros autores

estabelecem que esta captação é de aproximadamente (1,2 ± 0,4)% da atividade

injetada para a situação de repouso e de (1,5 ± 0,4)% para estresse (BUCERIUS et

al, 2012, ZOLLE, 2007). Encontram-se na literatura trabalhos referentes a estudos de

SPECT cardíaco com a utilização de simuladores antropomórficos que evidenciam a

falta de consenso sobre a biocinética real deste radiofármaco em humanos

(TIPPAROJ, 2008, HERZOG et al, 2010, BAI et al, 2010, GAMBHIR et al, 2009).

A eliminação do material presente no sangue é rápida: 23% da atividade

injetada pode ser medida 3 minutos após a injeção intravenosa, reduzindo para 9% em

5 minutos e 2,5% em 10 minutos, sendo que a meia-vida efetiva varia de 2,13 minutos

a 2,18 minutos. Menos de 1% da atividade se liga a proteínas no sangue (ZOLLE,

2007, BUCERIUS et al, 2012).

Diferentemente do 201Tl, a eliminação de 99mTc-Sestamibi do miocárdio é

bastante lenta, 27% em 3 horas, sendo a meia-vida biológica de aproximadamente

6 horas, tanto em repouso quanto em estresse. Não é observada redistribuição

significativa de 99mTc-Sestamibi no organismo (ZOLLE, 2007, BUCERIUS et al, 2012).

A principal via de excreção metabólica do radiofármaco é pelo trato

hepatobiliar. A atividade na vesícula biliar aparece no intestino 1 hora após injeção.

Após 24 horas, 29% da atividade injetada é eliminada por via renal sem ter sido

metabolizada e 37% é eliminada por via intestinal após 48 horas (ZOLLE, 2007,

BUCERIUS et al, 2012).

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2.2.3- TÃO BAIXO QUANTO RAZOAVELMENTE EXEQUÍVEL: ALARA (AS LOW

AS REASONABLY ACHIEVABLE)

Acrônimo para “tão baixo quanto razoavelmente exequível”, ALARA significa

fazer todo o esforço razoavelmente possível para manter a exposição à radiação o

mais baixa possível. Neste conceito, também se deve levar em conta o estado da

tecnologia e fatores socioeconômicos (UNITED STATES NUCLEAR REGULATORY

COMMISSION, 2009).

De acordo com a Sociedade Americana de Cardiologia Nuclear (American

Society of Nuclear Cardiology - ASNC), todo exame de cintilografia de perfusão

miocárdica deve ser realizado sob o princípio internacional ALARA, uma vez que o

modelo LNT (Linear no threshold) da International Commission on Radiological

Protection ICRP (Figura 5), que atualmente é ainda o mais utilizado para efeitos

estocásticos, não reconhece um limiar de dose de radiação abaixo do qual não haveria

danos para o ser humano (CERQUEIRA et al, 2010, HENDEE & O’CONNOR, 2012).

Figura 5: O modelo LNT (Linear no threshold) de dose-resposta, sendo o termo Background a radiação de fundo (HENDEE & O’CONNOR, 2012).

Ainda segundo a ASNC (HENZLOVA, 2009, CERQUEIRA, 2010), a dose

efetiva total de corpo inteiro devido ao uso de um radiofármaco contendo Tecnécio-

99m é de aproximadamente 8,1 mSv por GBq administrado e, com isso, uma das

questões críticas que deve ser considerada pelos médicos nucleares e pesquisadores

em relação à exposição do paciente na realização do exame é “Como a cintilografia de

perfusão miocárdica pode ser otimizada para injetar o mínimo possível de atividade,

mantendo a precisão do diagnóstico?”

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Os exames cardiológicos mais realizados expõem os pacientes a doses

efetivas de radiação que variam de 2 a 24 mSv, sendo esta maior dose resultado do

exame de cintilografia por SPECT utilizando-se dois radioisótopos (EINSTEIN, 2012).

A Figura 6 apresenta a estimativa de dose efetiva em diferentes tipos de

procedimentos diagnósticos, relacionando-os com o número de anos que resultaria em

uma mesma dose efetiva recebida pela população devido à radiação natural ou

Background (Bg).

Ainda baseando-se nas recomendações da ASNC (CERQUEIRA, 2010),

espera-se que os pacientes que realizarem exames cardiológicos em medicina nuclear

devam sofrer uma dose efetiva menor ou igual a 9 mSv em pelo menos metade dos

exames até 2014, tanto para SPECT como para PET (CERQUEIRA et al, 2010).

Figura 6: Doses efetivas recebidas devido aos exames de imagem mais utilizados em cardiologia, sendo A= cateterismo, B= Angiografia ou CT cardíaco em espiral, C= Angiografia em espiral com modulação, D= Angiografia Axial, E= Angiografia com escore de cálcio, F= SPECT com 99mTc em repouso e estresse, G= SPECT com dois isótopos, H=SPECT somente estresse, I= PET com 82Rb em repouso e estresse e J= PET com 13NH3 em repouso e estresse (EINSTEIN, 2012).

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2.2.4- CRISE DOS GERADORES

Tendo em vista que a meia-vida do 99Mo (66 horas) e a de seu radionuclídeo

“filho” 99mTc (6 horas) são consideradas “curtas”, esta propriedade tem sido um dos

fatores positivos para o uso destes radionuclídeos em exames de medicina nuclear.

Porém, dessa forma, a garantia do fornecimento contínuo do gerador torna-se

imprescindível. Sendo o molibdênio produzido em reator nuclear, o suprimento no

mundo é dependente de um pequeno número de usinas que produzem e processam o

material antes de ser distribuído, posto que a quantidade necessária por semana de

99Mo é de aproximadamente 444 TBq/6dias. (PONSARD, 2010, PARMA, 2009)

De acordo com o centro de pesquisas belgas (PONSARD, 2010) SCK-CEN–

Studie Centrum Voor Kernenergie – Centre d’Étudie de L’Énergie Nucléaire – o risco

de haver rupturas no fornecimento global de 99Mo tem aumentado significativamente

desde 1995 por diversas razões como, por exemplo:

• 1995: Problemas no envio de 99Mo devido a greve de equipes do transporte

aéreo canadense;

• 1995 - 1997: Desligamento do reator BR2 na Bélgica por 21 meses para

grande remodelação;

• 1997: Desligamento do reator NRU no Canadá por 5 dias por motivos de

greve;

• 1997: Desligamento definitivo do reator SILOE em Grenoble, na França, que

produzia 99Mo;

• 2002: Desligamento do reator holandês HFR por 42 dias por questões de

segurança operacional;

• 2005 - 2006: Recall dos geradores de 99Mo/99mTc pela companhia COVIDIEN,

durante 5 meses;

• 2006: Desligamento do reator NRU no Canadá por 6 dias por questões de

segurança operacional;

• 2006: Desligamento definitivo do reator FRJ-2 em Jülich, na Alemanha, que

produzia 99Mo;

• 2007: Outro recall dos geradores de 99Mo/99mTc pela companhia COVIDIEN,

que durou 1 mês;

• 2007: Desligamento do reator holandês HFR por 1 mês por questões de

segurança operacional;

• 2008: Desligamento do reator canadense NRU por 11 dias por questões de

segurança operacional;

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• 2008: Desligamento da usina europeia de processamento IRE (Institute for

Radioelements) por 3 meses devido a vazamento de 131I;

• 2008 - 2009: Desligamento do reator holandês HFR por 6 meses por questões

de segurança operacional;

• 2009 - 2010: Desligamento do reator canadense NRU por 12 meses para

reparos;

• 2010:Desligamento do reator holandês HFR por 6 meses para reparos.

A disponibilidade reduzida de 99Mo e, consequentemente, a escassez de

geradores 99Mo/99mTc no passado recente tem trazido de volta o interesse em produzir

99Mo, assim como 99mTc, por meios alternativos (DASH et al, 2013).

Os reatores envolvidos atualmente na produção de radioisótopos são reatores

de pesquisa financiados pelos governos. Nenhum deles é comercialmente viável

somente com a produção de radioisótopos. Até hoje, o único reator dedicado

construído por uma empresa privada (projeto MAPLE, Canadá) acabou se tornando

um desastre técnico e financeiro (PONSARD, 2010).

Algumas das soluções (KAMINSKI, 2009) já implementadas mundialmente são

a utilização de exames alternativos para conservar o99mTc para exames essenciais que

necessitam do material, além de pesquisar/construir novos reatores mais econômicos.

Se a atividade injetada nos pacientes puder ser reduzida sem alterar a

qualidade técnica do diagnóstico, menor quantidade de 99mTc deverá ser produzida

para a realização de exames médicos. Portanto, é evidente a importância de estudos

de otimização da atividade injetada em todos os tipos de exames médicos que utilizem

este material.

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2.3- TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA POR EMISSÃO DE FÓTON ÚNICO-

SPECT

“Uma imagem SPECT do coração é um exame não invasivo em medicina

nuclear, que utiliza radiofármacos que são injetados no sangue para produzir imagens

do coração. Os médicos utilizam SPECT para o diagnóstico de doenças arteriais

coronarianas.”

- American Heart Association (2013)

Atualmente, o equipamento de imagem em medicina nuclear mais utilizado é a

gama câmara baseada em detectores de iodeto de sódio, desenvolvido nos anos 50. A

gama câmara convencional pode ser constituída por um a três detectores e pode ser

usada tanto para imagens planas, quanto para tomográficas. A técnica permite que

uma série de imagens de cortes bidimensionais adquiridas em diversos ângulos em

torno do paciente seja reconstruída, formando uma imagem da distribuição

tridimensional do radiofármaco no corpo, em função do tempo de aquisição de cada

projeção (CHERRY et al,2003, ISKANDRIAN,& GARCIA, 2008).

O sistema de aquisição do SPECT consiste em uma gama câmara com uma a

três cabeças rotativas (Figura 7), que detectam os fótons emitidos pelo corpo do

paciente. A vantagem da técnica é de captar a radiação gama emitida pelo órgão de

interesse, onde o radiofármaco é mais absorvido.

Figura 7: Gama câmaras com uma, duas e três cabeças, respectivamente. (ELGAZZAR, 2011)

As projeções são adquiridas em pontos definidos durante a rotação, totalizando

um tempo de exame de oito a vinte minutos, dependendo do equipamento e região de

estudo.

Para a formação da imagem é necessário que os raios-gama emitidos sejam

colimados pelo equipamento, como uma espécie de modulação. O tipo de colimador

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mais comum é constituído de chumbo e modelado em múltiplos orifícios paralelos que

permitem que os fótons passem por estes e atinjam o cristal cintilador, dentro do

ângulo de aceitação desejado.

O cristal cintilador de iodeto de sódio dopado com tálio - NaI(Tl) - e uma série

de tubos fotomultiplicadores (com quantidades que variam entre 30 e 100 tubos),

localizam-se atrás do cristal em um arranjo bidimensional, como mostrado na Figura 8.

As fotomultiplicadoras, como o próprio nome diz, multiplicam o sinal da interação dos

fótons com o cristal, produzindo um pulso de corrente elétrica. Um circuito eletrônico é

então utilizado para determinar a localização de cada interação de raio gama no

interior do cristal (CHERRY et al,2003, ISKANDRIAN,& GARCIA, 2008). O tamanho do

cristal depende do tipo de exame a ser realizado e sua espessura (6,0 a 9,5 mm) é

escolhida com o fim de fornecer eficiência de detecção adequada para os raios gama

emitidos pelo radionuclídeo utilizado. (CHERRY et al,,2003).

Figura 8: Esquema resumido do funcionamento de uma gama câmara SPECT (CHERRY et al,2003).

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Os sinais elétricos de saída das fotomultiplicadoras são processados por um

circuito lógico digital ou analógico, que determina a localização de cada evento de

cintilação através de uma média ponderada dos sinais dos tubos fotomultiplicadores. A

posição do evento e a altura do pulso são identificadas por um software baseado nos

sinais digitalizados dos tubos fotomultiplicadores. Uma parte dos procedimentos

clínicos disponíveis utiliza as projeções planas das distribuições volumétricas contendo

o radiofármaco para extrair informações, enquanto que outra parte faz uso de imagens

tomográficas por emissão, reconstruídas a partir de projeções, para apresentar os

conteúdos em cortes ou volumes (ISKANDRIAN & GARCIA, 2008). Para a

reconstrução tomográfica, um algoritmo é aplicado nas múltiplas projeções, resultando

em um sinograma, que é uma imagem das projeções das intensidades em diversos

ângulos. Este conjunto de dados pode ser manipulado para mostrar cortes em

qualquer eixo do corpo humano. (CHERRY et al, 2003).

A velocidade de reconstrução da imagem é inerente às técnicas de

reconstrução, que melhoram o contraste da imagem e reduzem os ruídos que são

comuns em imagens com baixa contagem reconstruídas por retroprojeção filtrada

(Filtered Back-Projection– FBP). Algoritmos cada vez mais sofisticados têm sido

desenvolvidos e empregados para a reconstrução de imagens médicas, que modelam

as características do sistema envolvido com o processo de formação da imagem. Os

dois algoritmos mais conhecidos são o MLEM (Maximum-LikelihoodExpectation-

Maximization) e o OSEM (Ordered-SubsetExpectation-Maximization) (SHEPP &

VARDI, 1982, HUDSON & LARKIN, 1994). A reconstrução por FBP presume que o

objeto é detectado igualmente em todas as projeções angulares. Isso pode gerar

artefatos causados pela variação da atenuação, espalhamento, resolução e densidade

de contagem. Os métodos de reconstrução iterativa MLEM e OSEM permitem que a

geometria da aquisição varie para cada projeção, aumentando bastante a flexibilidade

na modelagem de parâmetros físicos (SLOMKA et al, 2009).

Para equipamentos mais recentes que contêm novos cristais cintiladores, a

escolha preferencial para formação da imagem tomográfica é realizada através de

algoritmos como o MLEM e o OSEM, que não somente geram a tomografia, mas

também corrigem uma quantidade estimada de radiação espalhada utilizando a janela

de energia (BOWSHER & FLOYD, 1991, XAIO et al, 2006). Além disso, os algoritmos

MLEM e OSEM permitem o detalhamento sobre a maneira pela qual a resposta de

cada detector varia com a distância (DAOU et al, 2003).

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2.3.1- SPECT CARDÍACO – CINTILOGRAFIA DE PERFUSÃO DO MIOCÁRDIO

Entre as técnicas de aquisição de imagens em medicina nuclear aplicadas à

cardiologia, a cintilografia de perfusão miocárdica por SPECT é a que possibilita a

obtenção de imagens da captação do radiofármaco pelas células do miocárdio,

particularmente no ventrículo esquerdo (VE) por sua espessura (três a quatro vezes

maior que o ventrículo direito - VD), permitindo a detecção e avaliação, de forma não

invasiva, de áreas de isquemia ou fibrose resultantes de cardiomiopatias isquêmicas.

Existem várias indicações do SPECT de miocárdio no acompanhamento de pacientes

com problemas cardiovasculares, como por exemplo:

• Detectar se um paciente tem doença arterial coronariana obstrutiva.

Doença arterial coronariana é causada pelo acúmulo de placas na parede das artérias

(aterosclerose) que levam sangue ao miocárdio. Estas placas criam bloqueios

(estenoses) nas artérias coronárias que diminuem o fluxo sanguíneo para o miocárdio.

A diminuição do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco restringe sua habilidade de

bombear sangue para o corpo. A imagem de perfusão é o teste disponível mais

acurado na avaliação do impacto dessas placas no fluxo sanguíneo em pacientes com

risco de infarto do miocárdio, incluindo aqueles com testes de esforço anormais ou

inconclusivos.

• Determinar a extensão e o impacto da estenose coronária. A extensão da

anormalidade de perfusão do miocárdio irá guiar procedimentos de cateterismo e a

decisão de realizar tratamento de revascularização, procedimento que restabelece o

fluxo sanguíneo para o coração através da desobstrução de uma artéria bloqueada

com um balão ou cirurgicamente através de pontes de safena ou mamária.

• Avaliar o prognóstico e guiar a decisão do tratamento médico. O risco de

desenvolver doença cardíaca aumenta com a idade do paciente e em grupos

especiais de pacientes em risco como, por exemplo, pacientes com diabetes mellitus.

A extensão do miocárdio com perfusão reduzida ajuda médicos e pacientes a tomarem

decisões efetivas.

• Monitorar o tratamento médico dos pacientes com doença arterial

coronariana. Somente cerca de 1% dos pacientes com exames normais sofrem

eventos como infarto do miocárdio ou morte devido à doença cardíaca, mesmo

naqueles pacientes que já foram identificados com doença arterial coronariana ou que

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já tiveram infarto do miocárdio no passado. Em contraste, exames que mostram

anormalidades extensas e severas estão fortemente correlacionados ao maior risco de

infartos ou morte cardíaca (SNM, 2013).

Doença cardíaca é a maior causa de morte entre as mulheres, mas é

geralmente muito mais difícil de ser detectada do que nos homens. Nas mulheres, a

interferência do tecido mamário e próteses mamárias durante a aquisição das imagens

e, ainda, a inabilidade de detectar apropriadamente sintomas suspeitos de ataque

cardíaco dificulta o diagnóstico acurado de doença cardíaca. Pela técnica SPECT, as

mulheres têm um menor número de exames verdadeiramente positivos que os

homens, sendo ainda que os sintomas por elas apresentados de um possível ataque

cardíaco, que incluem náusea, vômitos e dor nas costas e na mandíbula, são

diferentes em relação aos dos homens, tornando o diagnóstico mais difícil (SNM,

2013).

O exame é realizado com o paciente em condições de repouso e esforço (ou

estresse), podendo o último ser através de exercício físico ou induzido por meio

farmacológico por meio da injeção de agentes vasodilatadores. A aquisição das

imagens é feita com a injeção do radiofármaco na corrente sanguínea do paciente,

sendo mais comumente utilizados o 99mTc-Sestamibi ou Cloreto de Tálio-201. Os

fótons emitidos pela radioatividade acumulada nos diferentes segmentos do órgão alvo

são, então, detectados, quantificados e processados pelo sistema gerando as imagens

(PÁDUA et al,2008, DEPUEY et al, 2001).

2.3.1.1- FUNDAMENTOS DA INTERPRETAÇÃO DO EXAME

Em um exame de cintilografia de perfusão do miocárdio, a imagem se

apresenta no sistema final na forma de cortes bidimensionais que são relacionados à

respectiva estrutura anatômica do coração.

Os três principais cortes tomográficos do coração em um estudo de cardiologia

nuclear são os dois eixos longitudinais ou eixos longos e um eixo curto, conforme

descrito na Figura 9 a seguir.

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Figura 9: Os três principais cortes tomográficos do coração e as imagens bidimensionais para interpretação e análise do VE. (NUCLEARVINA, 2013)

O eixo longo vertical foi assim denominado pelo sentido do corte tomográfico

que a gama câmara realiza em uma secção virtual do VE. Sua parte superior

corresponde à parede anterior do coração, vista de perfil, irrigada e nutrida pela artéria

descendente anterior esquerda, que também irriga a ponta do ápice cardíaco. A parte

inferior corresponde à parede inferior, território irrigado pela artéria coronariana direita.

O eixo longo horizontal também foi definido em função do sentido horizontal

em que o corte tomográfico secciona o VE, e não a forma que a imagem é

apresentada. A porção esquerda corresponde ao septo interventricular, irrigado pela

artéria descendente anterior esquerda, como na ponta do ápice. A porção final da

direita corresponde à parede lateral do coração, nutrida pela artéria circunflexa.

O eixo curto é considerado o mais importante para a interpretação da imagem,

pois é neste eixo que se analisam todos os segmentos do coração, exceto o ápice. A

parte superior do círculo corresponde à parede anterior, a parte inferior corresponde à

parede inferior e as partes da esquerda e direita correspondem às paredes septal e

lateral, respectivamente (ANAYA, 2013).

A interpretação é baseada no modelo dos 17 segmentos que pode ser

visualizado na Figura 10 e que foi desenvolvido da seguinte forma: os segmentos do

miocárdio devem ser localizados e nomeados com referência tanto aos eixos longos

do VE, quanto às localizações circunferenciais do eixo curto. Considerando o eixo

curto, as porções basal e média devem ser divididas em seis segmentos iguais de 60º

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cada. A junção entre a parede do VD com o VE deve ser utilizada para identificar e

separar o septo interventricular da parede anterior e inferior.

Figura 10: Exibição do VE com a nomenclatura recomendada dos 17 segmentos para imagens tomográficas do coração. (adaptado de CERQUEIRA et al, 2002)

A Figura 11 mostra a localização e os nomes recomendados para os 17

segmentos do miocárdio no mapa polar, que é uma exibição da imagem no formato

Bull’s-eye. Para definir a localização por todo o eixo longo do VE do ápice à base,

utilizam-se as porções basal, média e apical como parte do nome. As localizações

circunferenciais nas porções basal e média são: anterior, anterosseptal, inferosseptal,

inferior, inferolateral e anterolateral. Usando esse sistema, os segmentos 1 e 7

identificam a localização da parede anterior na porção basal e média. Os nomes

apropriados dos segmentos são: anterobasal e anterior médio. O septo é dividido nos

segmentos anterior e inferior. Os segmentos 2 e 3 são então nomeados anterosseptal

basal e inferosseptal basal. A partir desta mesma metodologia, o segmento 4 é o

inferior basal, o segmento 5 é o inferolateral basal, e o segmento 6 é o anterolateral

basal. Na porção média do coração os segmentos 7 ao 12 foram nomeados de forma

similar. Ao se aproximar do ápice, o VE se torna cônico, e por isso foi divido em

somente 4 segmentos. Os segmentos 13 a 16 são: anteroapical, septoapical,

inferoapical e lateroapical. A ponta do ápice representa o músculo sem cavidade

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presente e é definido como o segmento 17, denominado apical (CERQUEIRA et al,

2002).

Figura 11: Exibição do VE em um mapa polar circunferencial com os 17 segmentos (adaptado de CERQUEIRA et al, 2002).

Apesar de haver uma grande variabilidade no suprimento sanguíneo

coronariano nos segmentos do miocárdio, existem territórios que são geralmente

específicos de irrigação de algumas artérias coronarianas. Na Figura 12 é mostrada a

relação dos 17 segmentos com as três principais artérias coronarianas. Os segmentos

1, 2, 7, 8, 13, 14 e 17 são irrigados pela artéria coronariana anterior descendente

esquerda. Os segmentos 3, 4, 9, 10 e 15 são irrigados pela artéria coronária direita e

os segmentos 5, 6, 11, 12 e 16 geralmente são irrigados pela artéria circunflexa

esquerda (CERQUEIRA et al, 2002).

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Figura 12: A irrigação dos 17 segmentos pelas artérias descendente anterior esquerda (DAE), coronária direita (ACD) e circunflexa esquerda (CXE). (CERQUEIRA et al,

2002)

A interpretação do exame é feita através da comparação das imagens na fase

de esforço com as imagens adquiridas na fase de repouso, como pode ser verificado

na Figura 13. Em um exame normal, as imagens apresentam distribuição uniforme do

radiofármaco em todas as paredes do VE, sendo iguais em ambas as etapas. Na

isquemia do miocárdio encontra-se uma diminuição da captação do radiofármaco em

uma ou mais paredes do VE nas imagens em que o paciente é submetido a esforço

físico, com melhora ou normalização da captação nas imagens em repouso. A fibrose

do miocárdio, ou infarto com isquemia, é caracterizada pela diminuição da captação do

radiofármaco em uma ou mais paredes do VE nas imagens em esforço e que persiste

nas imagens em repouso; ou seja, o problema de captação nas imagens em esforço

continua a aparecer nas imagens em repouso (DEPUEY et al, 2001).

Figura 13: Comparação dos eixos curtos do exame feito em repouso e em esforço. Notam-se claramente os círculos completos, sem nenhum defeito de perfusão. (ANAYA, 2013)

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Cada território anatômico corresponde a um território arterial coronariano bem

definido: a região anteroseptal é nutrida pela artéria descendente anterior, a parede

lateral pela artéria circunflexa e a porção inferior do coração pela artéria coronária

direita.

Comparando a imagem do repouso com a do esforço, pode-se conhecer o

estado das células contráteis do coração, nutridas pela circulação microscópica do

músculo cardíaco, ou microcirculação coronária, que são os vasos sanguíneos que

medem menos de 100 m de diâmetro, cuja função não é possível conhecer por

outras técnicas das ciências cardiovasculares (ANAYA, 2013).

Para considerar o exame normal, imagem mostrada na figura 13, deve-se

observar se o eixo curto em repouso é um círculo completo, sem defeitos de perfusão.

Depois, comparar cada imagem circular do repouso com sua imagem correspondente

em esforço. O mesmo procedimento comparativo deve ser feito para os eixos longos.

Se as imagens do repouso, definidas como normais no estudo, coincidirem com as de

esforço e ambas são semelhantes, tem-se um estudo provavelmente normal. É

importante ressaltar que a utilidade demonstrada pela técnica SPECT é que se um

estudo tem um resultado normal, feito com a metodologia correta, o risco de um

ataque cardíaco é muito baixo, muito parecido com o do restante da população

saudável, maior de 40 anos. Esta característica é conhecida como valor preditivo

prognóstico do estudo de cardiologia nuclear. Um estudo feito com acompanhamento

de 69.655 pacientes durante 10 anos mostrou que o grau de isquemia e taxa anual de

eventos graves variou de 0,85% para isquemia leve de baixo risco e 5,9% para

isquemia severa de alto risco, tornando consagrado o alto valor preditivo prognóstico

do SPECT cardíaco (SHAW & ISKANDRIAN, 2004).

A isquemia miocárdica, mostrada na Figura 14, é simplificadamente a

deficiência na circulação sanguínea do músculo cardíaco somente durante esforço

físico ou durante situações de estresse mental intenso, como angústia ou outras

emoções fortes. A isquemia ocorre na maioria dos casos pela obstrução (por placas de

gordura) de uma ou mais artérias ou vasos sanguíneos do coração. Neste caso, a

circulação do coração em repouso é normal. A isquemia em repouso é muito rara, e

ocorre somente quando as obstruções arteriais são muito severas, ocupando mais de

90% da luz arterial coronariana.

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Figura 14: SPECT, eixo curto, repouso normal e esforço anormal usualmente significa isquemia miocárdica. (ANAYA, 2013).

O infarto é uma zona morta com tecido fibroso e tecido residual vivo, com risco

de reinfarto. A cintilografia detecta este problema, que deve ser resolvido com

urgência para evitar a perda de mais músculo cardíaco. No exame, a imagem aparece

com defeito de perfusão em repouso e este defeito piora em esforço, como pode ser

visualizado na Figura 15.

Figura 15: SPECT, eixo curto, repouso anormal e esforço com ainda mais defeito de perfusão, frequentemente significa infarto com isquemia residual (ANAYA,2013).

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Se o exame realizado com 201Tl (Figura 16) em repouso mostrar infarto e

depois de 24 horas repetir o exame e este mostrar grande melhora, como mostra a

Figura 16, o estudo resultará na possível presença de tecido hibernante que é tecido

cardíaco vivo, ou células vivas, dentro da área do infarto. Estas células hibernantes, ou

tecido cardíaco viável, se encontra metabolicamente ativo, mas paralisado do ponto de

vista mecânico, pois não tem fluxo sanguíneo suficiente devido à obstrução da artéria.

É de suma importância detectar o miocárdio hibernante em pacientes com grande

infarto, pois uma vez que a obstrução do vaso é reparada, a contratilidade e

funcionamento do coração melhoram e, com isso, melhora também o prognóstico de

vida do paciente (ANAYA, 2013).

Figura 16: Exame realizado com 201Tl, mostrando tecido cardíaco viável na porção ínfero-lateral do coração(ANAYA, 2013).

Existe um aplicativo interativo denominado Quantitative Perfusion SPECT

(QPS) que segmenta, quantifica, analisa e exibe automaticamente as imagens do eixo

curto em cintilografia de perfusão miocárdica. Este aplicativo é fornecido pelas

próprias companhias que comercializam o equipamento para SPECT cardíaco

(GERMANO et al, 2000, GERMANO et al, 2007).

O programa tem como principal função gerar contagens ou pontuações que

representam automaticamente a perfusão em cada segmento baseado nos modelos

de pontuações globais: SSS (summed stress score = pontuação somada do estresse),

SRS (summed rest score = pontuação somada do repouso), SDS (summed difference

score = pontuação somada da diferença), SS% (summed stress percent =

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porcentagem somada do estresse) e SD% (summed difference percent = porcentagem

somada da diferença). Estes modelos de pontuações globais são baseados na

segmentação do VE e escala de pontuação múltipla sendo, na maioria dos casos,

realizados de forma semiquantitativa e observador-dependente, ou seja, a pontuação

é dada para cada um dos segmentos pelos cardiologistas nucleares no momento do

laudo (SHARIR et al, 2000).

A interpretação é feita a partir de um sistema de cinco pontos, sendo que o

SSS e SRS são o somatório desses pontos em todos os 17 segmentos (TIPPAROJ,

2008):

0 (zero) = normal;

1 (um) = leve redução da captação do radiofármaco;

2 (dois) = redução moderada da captação, implicando

geralmente em uma anormalidade significativa;

3 (três) = severa redução da captação;

4 (quatro) = ausência de captação;

2.3.1.2- PROTOCOLOS

Os protocolos para realização do exame de cintilografia de perfusão miocárdica

são baseados, normalmente, em recomendações da American Society of Nuclear

Cardiology (HENZLOVA et al, 2009) ou da European Council on Nuclear Cardiology,

que é o conjunto da European Association of Nuclear Medicine com a European

Society of Cardiology (HESSE et al, 2005). Esses guias ou diretrizes possuem

indicações e contraindicações para o SPECT cardíaco, além de sugestões de

protocolos a serem seguidos.

Tanto a sociedade americana quanto a europeia apontam que o protocolo de

dois dias é o ideal a ser seguido, pois ao realizar estresse em um dia e repouso em

outro, evita-se atividade residual do primeiro exame contaminando o segundo. Em

pacientes com Índice de Massa Corpórea IMC > 30, ou mulheres nas quais

visualmente pode-se antecipar um problema de atenuação pelo tecido mamário, uma

dose muito baixa do radiofármaco pode gerar uma imagem de qualidade inferior,

sendo então recomendado, preferencialmente, o protocolo de dois dias.

O protocolo de um dia é mais prático para os pacientes, que, normalmente,

preferem fazer os dois exames em um só dia, a ter de voltar ao centro diagnóstico em

outro dia. A ordem dos exames, estresse ou repouso primeiro, depende da indicação

da investigação. Se o problema é detectar miocárdio viável e a reversibilidade de um

defeito em um paciente que já teve infarto, seria teoricamente melhor realizar o

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repouso primeiro. Porém, se o exame é realizado visando o diagnóstico de isquemia, o

estresse deve ser feito primeiro, pois isto evita a redução de contraste de um defeito

induzido por estresse, por um exame de repouso feito anteriormente.

Na etapa do repouso, o radiofármaco é injetado no paciente, normalmente pelo

enfermeiro ou técnico de enfermagem e, após repouso pelo tempo recomendado para

a captação do material, a imagem é adquirida pela gama câmara, com o paciente em

posição supino (decúbito dorsal). Na etapa de esforço, o paciente é colocado em uma

esteira ergométrica e o radiofármaco é injetado quando a frequência cardíaca atinge o

pico, ou quando o paciente apresenta sintomas limitantes. Depois do tempo indicado,

a imagem do coração é adquirida pela gama câmara, com o paciente em posição

supino. A variação de tempos de espera difere de acordo com a diretriz de escolha

(Guideline) que é seguida pela clínica de diagnóstico. Na Tabela 1 são apresentadas

as recomendações da ASNC e da EANM/ESC em relação aos tempos de espera, para

protocolos de um dia e de dois dias.

Tabela 1: Diferenças dos protocolos da ASNC e da EANM/ESC.

Protocolo ASNC Estresse

físico Estresse

farmacológico Repouso

Protocolo de um dia (Sestamibi)

10 – 20 minutos

45 – 60 minutos

30 – 60 minutos

Protocolo de dois dias (Sestamibi)

10 – 20 minutos

60 minutos

30 – 60 minutos

Protocolo EANM/ESC

Estresse físico Estresse

farmacológico Repouso

Protocolo de um dia (Sestamibi)

30 – 60 minutos

30 – 60 minutos

30 – 60 Minutos

Protocolo de dois dias (Sestamibi)

30 – 60 minutos

30 – 60 minutos

30 – 60 Minutos

Fonte: HENZLOVA et al, 2009 e HESSE et al, 2005.

A atividade administrada nas clínicas segue as recomendações da diretriz,

conforme Tabela 2. No contexto de exposição médica, este parâmetro lida com a

proteção da saúde de pessoas em relação aos danos causados pela radiação

ionizante. Portanto, essas recomendações devem ser aplicadas com cautela e as

atividades devem ser otimizadas visando dose mais adequada para o paciente

garantindo a qualidade diagnóstica e, ainda, visando a proteção da equipe

multidisciplinar de profissionais envolvidos no exame (CASE & BATEMAN, 2013).

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Tabela 2: Diferenças dos protocolos da ASNC e da EANM/ESC em relação à recomendação de atividade injetada nos protocolos de um e de dois dias.

Protocolo ASNC Estresse Repouso

Dois dias (Sestamibi)

888 – 1332 MBq 24 – 36 mCi

888 – 1332 MBq 24 – 36 mCi

Um dia (Sestamibi)

296 – 444 MBq 8 – 12 mCi

888 – 1332 MBq 24 – 36 mCi

Protocolo EANM/ESC

Estresse Repouso

Dois dias (Sestamibi)

600 – 900 MBq 16 – 24,3mCi

600 – 900 MBq 16 – 24,3mCi

Um dia (Sestamibi)

400 – 500 MBq 11 – 14 mCi

1200 – 1500 MBq 32 – 41 mCi

Fonte: HENZLOVA et al, 2009 e HESSE et al, 2005.

Os parâmetros de aquisição como tipo de colimador, janela de energia e

características das projeções são especificados pela EANM/ESC e mostrados na

Tabela 3. Estes parâmetros são seguidos pelos serviços de medicina nuclear em

geral.

Tabela 3: Configurações recomendadas pela EANM/ESC para os parâmetros de aquisição do SPECT cardíaco com 99mTc-Sestamibi.

Parâmetro Recomendação

Colimadores LEHR (Low Energy High Resolution)

- Baixa Energia Alta Resolução

Janela de energia 140 keV 15 a 20%

Número de projeções com órbita de 180o 64-128

Para órbita de 180o Detectores em 90oou em L

Tempo por projeção (protocolo de dois dias) 25 segundos

Tempo por projeção (protocolo de um dia) Primeiro exame: 25 s

Segundo exame: 20 s

Rotação Circular

Tamanho do Pixel 6,4 0,4 mm

Tamanho da Matriz 64 x 64

Tipo de aquisição Step-and-shoot - Descontínuo

Fonte: HESSE et al, 2005.

De acordo com a EANM/ESC, o posicionamento do paciente mais comumente

utilizado é o decúbito dorsal (supino) com os braços levantados acima da cabeça. É

importante deixar o paciente o mais confortável possível para evitar artefatos de

movimento na imagem. A elevação dos joelhos com um suporte auxilia na redução de

deslocamentos do paciente na mesa da gama câmara. A posição decúbito ventral

(prona) pode ajudar também na redução de movimentos do paciente e, ainda, reduzir

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a atenuação por espalhamento da parede inferior (Figura 17). Se um exame feito na

posição supino for prejudicado pela atenuação infradiafragmática, deve ser feita uma

aquisição adicional na posição prona. Não há ainda evidências suficientes para se

estabelecer uma posição ideal para a rotina dos serviços de medicina nuclear, sendo

determinada pelo cardiologista que analisa as imagens.

Figura 17: Posicionamento do paciente em decúbito supino (ou dorsal) e decúbito prono (ou ventral) (ANATOMIA UBA, 2013).

2.3.1.3- QUALIDADE DA IMAGEM: ARTEFATOS

O grau com o qual a imagem alcança seu propósito diagnóstico, ou demonstra

que não há doenças ou danos presentes, é descrito como qualidade da imagem. Em

parte, a qualidade da imagem nada mais é que a demonstração do quão clara esta

exibe informações sobre a anatomia, fisiologia e capacidade funcional do paciente,

incluindo alterações nestas características causadas por doenças.

Os artefatos são uma das características da imagem que mais prejudicam o

diagnóstico correto, podendo gerar falso-positivos e falso-negativos (HENDEE &

RITENOUR, 2002).

Em exames cardíacos, a radiação que sai do coração é isotrópica (Figura 18),

ou seja, é emitida para todas as direções, podendo outros órgãos, tecidos de

diferentes densidades ou mesmo o movimento do diafragma produzir artefatos.

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Figura 18: Esquema de emissão de radiação proveniente de um radiofármaco captado pelo coração.

2.3.1.3.1- ARTEFATO POR ATIVIDADE SOBREPOSTA DE ÓRGÃOS ABDOMINAIS

Como o Sestamibi é excretado via sistema hepatobiliar pelo intestino, há uma

presença considerável de artefatos causados pela atividade sobreposta da alça

intestinal e fígado na parede inferior do VE (DEPUEY, 1994). Como pode ser visto na

Figura 19, se a atividade hepática for muito intensa, a análise da parede inferior do

coração não pode ser realizada de forma confiável (MÜNCH et al, 1997, GERMANO et

al, 1994, SINGH et al, 2007). O caso mais insidioso tem lugar quando não há presença

de defeitos nem artefatos, mas a proximidade entre o coração e o fígado, que contém

muita atividade, pode pôr em dúvida a interpretação de anormalidades na parede

inferior e na inferosseptal do miocárdio. Um estudo feito com simulador de coração e

fígado demonstrou que a atividade hepática em SPECT cardíaco pode também ser

responsável por áreas de hipoperfusão aparente na região inferior e inferosseptal do

VE, mesmo na ausência de anormalidades de perfusão verdadeiras (GERMANO et al,

1994).

Atualmente, existem dúvidas em relação a esse tipo de artefato com respeito a

quando se deve refazer um exame devido à alta captação extra cardíaca na

cintilografia (JOHANSEN et al, 2013).

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Figura 19: Alto grau de influência da atividade extra cardíaca na imagem (setas amarelas), resultante da excreção hepatobiliar de Sestamibi (adaptado de JOHANSEN et al, 2013).

2.3.1.3.2- ATENUAÇÃO MAMÁRIA OU POR PRÓTESES

Em até 40% dos exames realizados em mulheres há atenuação na imagem

causada pela presença de tecido mamário (SINGH et al, 2007). A influência da

atenuação das mamas é importante nos estudos de perfusão do miocárdio devido à

redução da especificidade associada à perda de informação. Entretanto, pouco se tem

evoluído na determinação precisa da influência de artefatos por atenuação mamária

sobre a qualidade da cintilografia miocárdica (STINIS et al, 2006, HANSEN &

SUNDARAM, 2006, OLIVEIRA et al, 2011, CASE & BATEMAN, 2013).

A atenuação causada pelo tecido mamário em mulheres pode produzir

artefatos na parede anterior, na parede lateral, no septo e no ápice (MANGLOS et al,

1993, BURRELL & MACDONALD, 2006, SINGH et al, 2007). Estes artefatos são

dependentes do tamanho das mamas, e não da composição destas (OLIVEIRA et al,

2011), o que dificulta a diferenciação para um defeito de perfusão real (BURRELL &

MACDONALD, 2006). Quando há presença de uma camada espessa de tecido

mamário, a radiação pode ser espalhada (representado como uma seta vermelha no

esquema da Figura 20), e não chegar a seu destino na gama câmara, originando o

artefato. Dessa forma, há perda na confiabilidade do diagnóstico e risco de falso-

positivos se o médico decidir ignorar a atenuação pelas mamas; e risco de falso-

negativos se este efeito for superestimado. Portanto, para mulheres com mamas muito

grandes pode ser bastante difícil um diagnóstico conclusivo de defeitos na parede

anterior do coração (MANGLOS et al, 1993, MOVAHED, 2007).

É importante que os parâmetros do paciente sejam gravados junto com seus

dados no sistema, como o tamanho do sutiã e se houve alguma cirurgia de mamas,

como mastectomia ou implantes de silicone. Se houver próteses externas, estas

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devem ser removidas antes de realizar o exame (MEINE et al, 2005, BURRELL &

MACDONALD, 2006, MOVAHED, 2007, STINIS, et al, 2006).

Nas últimas décadas, alguns estudos têm sido realizados envolvendo o

posicionamento prona com a finalidade de resolver a questão da atenuação mamária.

Esses estudos demonstram que a combinação dos posicionamentos supino e prona

podem ser recomendadas, quando possível, para pacientes com mamas grandes, pois

aumentam a especificidade sem reduzir a sensibilidade do exame (SLOMKA et al,

2007). Um estudo com simulador antropomórfico (MANGLOS et al, 1993) demonstrou

a importância de se corrigir este tipo de atenuação para o diagnóstico de DAC.

Figura 20: Esquema do posicionamento de uma paciente e a presença de artefato na parede inferolateral.

2.3.1.3.3- ATENUAÇÃO POR INSERÇÃO DO VENTRÍCULO DIREITO

Algumas áreas com densidade de contagem reduzida podem estar presentes

na imagem na região de inserção da parede livre do VD, nas porções anterosseptal e

inferosseptal do VE do miocárdio, como podem ser vistas na Figura 21. O motivo para

o defeito de perfusão aparente nas regiões interventriculares ainda não está muito

bem estabelecido. Não há evidência histopatológica da redução da vascularização ou

desbaste do miocárdio nesta região para indivíduos normais. Este artefato pode ser

observado quando o paciente está tanto em posição supino, quanto em prona

(DEPUEY, 1994).

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Figura 21: Defeito de perfusão aparente na região interventricular, setas amarelas (NUCLEARMD, 2013).

2.3.1.3.4- ARTEFATOS ORIGINADOS PELO DIAFRAGMA

Se o músculo do diafragma estiver elevado, como durante a expiração, por

exemplo, este pode causar artefatos de atenuação na parede inferior, (BELLER &

ZARET, 2000), como mostra o esquema da Figura 22. O coração fica imediatamente

acima do diafragma, sendo que em alguns movimentos de respiração este pode

inclusive cobrir parte da parede inferior. A geometria é diferente para cada paciente e

depende inclusive do posicionamento do mesmo na maca de exame. Por exemplo, é

na posição supino em que mais casos de artefatos originados pelo diafragma podem

ser observados (MANGLOS et al, 1993). Há mais de 20 anos a posição prona tem

mostrado melhoras comprovadas na contagem da parede inferior quando comparado

à posição supino, minimizando a atenuação diafragmática (KIAT et al, 1992, HAYES et

al, 2003, NISHINA et al, 2006, SINGH et al, 2007). Teoricamente, o coração se

desloca ligeiramente para cima na posição prona, enquanto o diafragma é empurrado

para baixo, aumentando a distância entre o diafragma e o VE e, dessa forma,

reduzindo a possibilidade de atenuação (SINGH et al, 2007).

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Figura 22: Esquema do corpo humano, vista anterior. A: Expiração, B: Inspiração. (adaptado de VISIBLE HEART LAB, 2013)

2.3.1.3.5- ARTEFATOS DE MOVIMENTO

A movimentação dos pacientes é uma frequente causa de artefatos em

SPECT, estudada há pelo menos duas décadas (DEPUEY, 1994, CASE & BATEMAN,

2013). Contudo, para um operador atento, sejam os técnicos ou médicos, tal artefato é

relativamente fácil de ser identificado e, mais importante, de ser evitado.

Na prática clínica, um grau moderado de movimento (mais de um pixel) é

necessário para resultar em um artefato quando se utiliza 201Tl no SPECT. Porém, com

o uso de Sestamibi, a resolução espacial torna-se maior devido às características da

energia do 99mTc, assim como à elevada contagem. Além disso, os parâmetros de

aquisição e processamento de imagem são mais bem otimizados, tais como uso de

colimadores de alta resolução, maior número de projeções e uso de filtros de

reconstrução de imagem. Portanto, a movimentação do paciente, e consequentes

erros associados, podem resultar em artefatos mais evidentes quando o radiofármaco

utilizado é o Sestamibi (DEPUEY, 1994).

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2.3.1.3.6- ARTEFATOS POR BLOQUEIO DE RAMO ESQUERDO

Em pacientes que possuem bloqueio do ramo esquerdo no coração é comum

encontrar defeito de perfusão na região septal, mesmo na ausência de DAC (RIERA et

al, 2002, DEMIR et al, 2003, MÖLLER et al, 2005, HIGGINS, et al, 2006).

Porém, a detecção não invasiva de isquemia em pacientes com bloqueio do

ramo esquerdo continua sendo um desafio. Frequentemente é associado com DAC ou

hipertensão, porém não há indicações de cardiopatias. Vários estudos têm mostrado

um aumento da mortalidade na presença de bloqueio do ramo esquerdo. Alguns

pesquisadores relatam defeitos anterosseptais na ausência de DAC pela artéria

anterior descendente esquerda. Vários mecanismos têm sido propostos para explicar

este fenômeno (MÖLLER et al, 2005). Dentre estas possíveis explicações, há a

redução da perfusão por defeitos na corrente sanguínea da microvasculação, ou

perfusão normal com redução aparente da densidade de contagem devido ao septo

relativamente delgado (HIGGINS et al, 2006). Felizmente, a realização de cintilografia

realizada conjugada ao eletrocardiograma (SPECT gated ou SPECT-ECG),

particularmente com a obtenção de imagens no final da diástole, revelou uma

quantidade bem menor de resultados falso-positivos. Este método hoje é utilizado para

evitar falso-positivos de defeitos de perfusão no septo, comumente encontrados em

SPECT cardíaco sem gated para pacientes com bloqueio de ramo esquerdo (DEMIR

et al, 2003).

2.4- SOFTWARES LEITORES DE IMAGEM DO TIPO DICOM

Os serviços de medicina nuclear, assim como todos os serviços que se utilizam

de imagens médicas, estão cada vez mais se informatizando. Os exames modernos

geram imagens digitais para análise em estações de trabalho específicas.

Eventualmente, existe a necessidade do uso dessas imagens para trabalhos,

conferências, discussões de estudos de caso, reuniões científicas, aulas, entre outros.

As imagens são disponibilizadas no formato DICOM (Digital Imaging and

Communications in Medicine), que é o padrão mundial para imagens médicas, e estas

não são visualizadas nem manipuladas pelos sistemas operacionais Windows ou

MacOS X, sendo necessário obter programas específicos para este fim (BARRA et al,

2010).

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Existem disponíveis na internet diversos programas capazes de visualizar

imagens DICOM. Wayne Rasband do National Institute of Health (NIH) criou o

Image J, um programa escrito em Java com código aberto atualmente na versão 1.47,

que tem sido utilizado na avaliação de imagens. A NIH relata que a quantidade de

downloads do programa chega a uma taxa de 24 mil por mês. O programa Image J

está disponível ao público e funciona nos principais sistemas operacionais, além de

ser relativamente fácil de usar. É interessante ressaltar que o programa consegue ler

praticamente todos os formatos de imagens biomédicas, incluindo o formato DICOM

(ABRAMOFF et al, 2004). É possível acessar o leitor descritivo da imagem, operar

cada pixel separadamente ou, ainda, regiões específicas, imagens inteiras e volumes

(denominados stacks no Image J). Algumas das operações básicas incluem a

transformação de Fourier, formação de histogramas, análise de partículas, alterações

de cores, zoom, entre outros. A Figura 23 mostra a interface do programa com o

usuário, em que se pode observar que este possui ferramentas que auxiliam o uso,

tais como a aplicação e análise de regiões de interesse (ROI – Region of Interest)

(Figura 24), a possibilidade de realização de operações matemáticas com a imagem

(Figura 25), além do ajuste do brilho/contraste (Figura 26).

Figura 23: Interface e operações com o programa Image J: A=Desenho de ROI, B= Linhas para segmentação, C= Ferramenta para criação de ângulos, D= Seleção de ponto(s), E= Ferramenta para tracejar, F= Criação de texto, G= Zoom, H= Ferramenta para arrastar a imagem, I= Seletor de cores, J= Menu desenvolvedor, L= Menu de stacks, M= Pincel, N= Ferramenta de preenchimento.

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Figura 24: Interface com o usuário do Image J para análise de regiões de interesse

(ROI)

As Regiões de Interesse podem ser desenhadas de inúmeras formas

(apontado com setas na Figura 24), sendo de livre escolha do usuário. As ROI criadas

podem ser salvas para que sejam reproduzidas de forma idêntica, quantas vezes for

necessário, através da ferramenta “ROI Manager”, selecionada na Figura 24, para

gerenciamento das ROI criadas.

Figura 25: Interface com o usuário do ImageJ para operações matemáticas nas

imagens.

O Image J permite que sejam feitas operações matemáticas com as contagens

dos pixels da imagem inteira, ou de uma região da mesma. Essas operações, tais

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como adição, subtração, multiplicação, entre outras, são importantes para correções

da imagem.

Figura 26: Interface com o usuário do Image J para ajuste de brilho e contraste.

O programa permite realizar um ajuste manual ou automático do brilho e

contraste da imagem, que muitas vezes é necessário após uma operação matemática

com a imagem.

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CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS

3.1- MATERIAIS

3.1.1- SPECT: GAMA CÂMARA

O sistema de captação de imagens utilizado foi uma gama câmara modelo

Ventri™ da GE Healthcare (Figura 27), com duas cabeças numa geometria de 90o

entre si e software Xeleris™, com possibilidade de aquisição nas posições supina e

prona. A cabeça de cada detector possui um Campo de Visão (Field of View – FOV)

retangular de 370 mm x 190 mm e é constituído de um cristal de NaI(Tl), de espessura

de 9,5 mm, acoplado a um colimador de furos paralelos do tipo LEHR (Low Energy

High Resolution).

Figura 27: Sistema SPECT, modelo Ventri™ da GE Healthcare. (GE HEALTHCARE,

2012)

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3.1.2 – SIMULADOR ANTROPOMÓRFICO

Todos os estudos foram realizados utilizando um simulador denominado

Anthropomorphic Torso Phantom™, Modelo ECT/TOR/P, fabricado pela Data

Spectrum Corporation. O simulador consiste em um corpo de acrílico com diversos

compartimentos para simular a parte superior do torso de um paciente masculino ou

feminino, de tamanho padrão a grande (38 x 26 cm), com 9,5 mm de espessura da

parede e 9795 mL de volume.

Um dos compartimentos é um simulador removível de coração (Cardiac

Insert™ Modelo ECT/CAR/I – Data Spectrum Corporation), com 125 mL de volume.

Outros compartimentos são: Fígado (com 1200 mL), Pulmões (esquerdo com 900 mL

e direito com 1100 mL) e Coluna Espinhal, conforme Figura 28. Os pulmões foram

preenchidos com água e Styrofoam® até alcançarem a densidade de um pulmão

humano normal de aproximadamente 0,30 g/mL. A coluna espinhal é composta de

Teflon® de alta densidade, do tipo sólido e cilíndrico.

Figura 28: Simulador antropomórfico modelo ECT/TOR/P, Data Spectrum Corporation,

visto anteriormente.

O inserte de coração mostrado na Figura 29 pode simular a captação normal e

anormal do radiofármaco no miocárdio do ventrículo esquerdo (VE). O compartimento

do VE possui 9,3 cm de comprimento e 6,0 cm de diâmetro, com 61 mL de volume. O

miocárdio possui 125 mL de volume, com 1,0 cm de espessura de parede.

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Para os estudos de simulação de uma anormalidade transmural do miocárdio

foi utilizado um defeito artificial do tipo sólido, com 1,0 cm de espessura e 60o por 2 cm

de comprimento, conforme Figura 30. Esta peça é fornecida junto ao Cardiac Insert™

para ser anexada em casos de avaliação de defeitos de perfusão no órgão.

Figura 29: Cardiac Insert™ Modelo ECT/CAR/I – Data Spectrum Corporation. A)

Ventrículo esquerdo; B) Miocárdio.

Figura 30: Defeito artificial do tipo sólido.

3.1.3 – SIMULADORES DE TECIDO MAMÁRIO

De forma a se realizar o estudo do efeito de atenuação da mama em pacientes

femininos, foram anexadas ao corpo do simulador duas próteses mamárias externas,

compostas de silicone (Siligel Mamma® da Ortho Pauher©), mostradas na Figura 31,

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de tamanhos 38, 42, 46 e 54, tamanhos correspondentes ao sutiã, conforme

apresentado na Tabela 4. As próteses foram avaliadas por Tomografia

Computadorizada (TC) para comparação de densidade, e correspondente coeficiente

de atenuação, de mamas de pacientes femininos (Figura 32). A TC foi realizada com

os seguintes fatores de técnica: 120 kV de voltagem, 364 mA de corrente, cortes de

3 mm e largura de pulso de 420 ms. Foram delineadas ROI nas próteses e

comparadas ao número de TC de ROI em mamas de pacientes. O número de TC

encontrado para as próteses foi de -160 HU (Unidades Hounsfield), comparável ao

número de TC de mamas reais, 120 40 HU, medidos simultaneamente na estação

de serviço. Para fixar as próteses mamárias no simulador foi utilizado um tecido

elástico suporte, constituído de 95% poliamida e 5% elastano, sem a presença de

metal em sua constituição.

A análise da composição do simulador de tecido mamário foi realizada na

Divisão de Química, do Instituto de Engenharia Nuclear da Comissão Nacional de

Energia Nuclear, localizado na Cidade Universitária da Ilha do Fundão, no Rio de

Janeiro – RJ, em um Espectrômetro de Fluorescência de Raios X com Energia

Dispersiva (EDXRF), modelo EDX série 800HS, marca Shimadzu, detector de Si(Li),

tubo de raio X Rh com 50KV e 1000µA, colimador de 10mm e condição automática

para análise qualitativa/quantitativa do Ti ao U e Na ao Sc. O resultado da análise

mostrou que (99,366 0,436) % da composição do simulador é Silício.

Tabela 4: Caracterização dos simuladores mamários. A incerteza dos valores de

densidade é de 0,01g/cm³.

Simulador de Mamas Tamanho de

sutiã Densidade

(g/cm³)

Dimensões (cm) Comprimento x largura x altura

Pequeno Direito 36-38 0,82 12,8 x 9,0 x 3,9

Pequeno Esquerdo 36-38 0,87 13,6 x 9,1 x 3,4

Médio Direito 42-44 0,99 17,6 x 12,4 x 4,8

Médio Esquerdo 42-44 0,98 17,1 x 12,4 x 5,5

Grande Direito 46-48 0,87 20,8 x 13,2 x 7,0

Grande Esquerdo 46-48 0,74 21,2 x 14,6 x 7,2

Extra-grande Direito 52-54 0,95 24,4 x 16,9 x 11,0

Extra-grande Esquerdo

52-54 0,97 25,0 x 17,5 x 12,5

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45

Figura 31: Próteses externas de silicone (Siligel Mamma® da Ortho Pauher©).

A) Mama 36, B) Mama 42, C) Mama 46 e D) Mama 52.

Figura 32: Tomografia Computadorizada (TC) do simulador antropomórfico para

comparação com mamas de pacientes femininas.

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46

3.1.4- SIMULADOR DE GORDURA

Um estudo de cálculo de tecido adiposo determinou que a gordura total no

corpo de qualquer biótipo de adulto pode ser medida por meio da quantidade total de

carbono no organismo do indivíduo (KEHAYIAS et al, 1991), visto que é no tecido

adiposo que mais se concentra o elemento carbono no corpo humano.

A partir deste conceito, foi desenvolvido no presente trabalho um simulador de

gordura, que foi anexado em torno do simulador antropomórfico (Figura 33), para

melhor representar os pacientes que realizam o exame de cintilografia de perfusão

miocárdica. A análise da composição do simulador foi realizada na Divisão de

Química, do Instituto de Engenharia Nuclear, da Comissão Nacional de Energia

Nuclear, localizado na Cidade Universitária da Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro – RJ,

em um Espectrômetro de Fluorescência de Raios X com Energia Dispersiva (EDXRF),

modelo EDX série 800HS, marca Shimadzu, detector de Si(Li), tubo de raio X Rh com

50KV e 1000µA, colimador de 10mm e condição automática para análise

qualitativa/quantitativa do Ti ao U e Na ao Sc. O resultado da análise mostrou que

(89,702 4,446) % do simulador de gordura era carbono.

A espessura do simulador de aproximadamente 3,0 cm foi baseada na

espessura normal da parede do tórax de um adulto de referência, determinada pela

ICRP 89 (ICRP, 2002) como de (3,0 0,3) cm.

Figura 33: Simulador antropomórfico na gama câmara, com os simuladores mamários e de gordura anexados.

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47

3.1.5 – MEDIDOR DE ATIVIDADE

O medidor de atividade, também conhecido como calibrador de dose,

activímetro ou curiômetro, utilizado para as medidas das atividades injetadas foi o da

marca Capintec, modelo CRC-25R. Este medidor é constituído por uma câmara de

ionização de formato cilíndrico, do tipo poço, conforme mostrado na Figura 34. Há um

guia que leva a fonte, na forma de frasco ou seringa, até o centro da câmara, onde a

atividade é determinada.

Esse equipamento apresenta uma incerteza de medição de 5%, a ser

considerada quando do cálculo das atividades inseridas e na quantificação realizada.

Figura 34: Medidor de atividade, Capintec modelo CRC-25R.

3.1.6 – RADIOFÁRMACO

O radionuclídeo 99mTc foi obtido por meio de um gerador 99Mo-99mTc fornecido

ao serviço de medicina nuclear participante pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e

Nucleares (IPEN). Após a eluição do tecnécio-99m, o fármaco Sestamibi foi marcado,

obtendo-se o radiofármaco 99mTc-Sestamibi, objeto do presente estudo. O material foi,

então, diluído em água, nas concentrações correspondentes ao protocolo do serviço e

utilizado no preenchimento do simulador antropomórfico.

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3.1.7 – BANCO DE DADOS DE NORMALIDADE (BDN)

Para validar os dados obtidos por meio do simulador, os resultados foram

comparados ao de um grupo de pacientes do sexo feminino com baixa probabilidade

pré-teste de DAC, de acordo com os critérios de Diamond e Forrester (Diamond &

Forrester, 1979). Um grupo de 40 estudos foi escolhido retrospectivamente (pacientes

femininos do período de 2010-2011) e aleatoriamente, de forma a representar o

padrão de normalidade da população, originando um banco de dados representativo

da captação normal do radiotraçador em cada um dos 17 segmentos do VE

analisados. Os dados e características do grupo são apresentados na Tabela 5, a

seguir. Esses dados foram colhidos em pacientes da clínica onde o estudo foi

realizado.1

Seguindo os critérios de Diamond e Forrester (Diamond & Forrester, 1979), as

pacientes devem ser saudáveis, assintomáticas, sem histórico familiar de doenças

cardíacas ou DAC prévia, não apresentar nenhuma outra condição médica severa,

não ser fumantes, apresentar ausência de anormalidades no exame físico, ausência

de frequência respiratória para DAC, sem sinais de hipertensão arterial sistêmica, não

apresentar Diabetes Mellitus e nem dislipidemia.

Tabela 5: Características das 40 pacientes selecionadas para representarem o BDN.

1- Conselho de Ética: Estas pacientes pertencem a um projeto de pesquisa, que pode ser encontrado na Plataforma Brasil do Ministério da Saúde (2013) sob o nome: “Valor Da Cintilografia Miocárdica de Perfusão na Posição Prona em Mulheres com Suspeita de Doença Arterial Coronariana”, que é um estudo feito em conjunto com este.

Característica Média (mínimo-máximo)

Idade 57,30 anos (36-69 anos)

Índice de Massa Corpórea (IMC) 25,40 (19 – 37)

Tamanho do sutiã 42 (36 – 50)

Atividade injetada de acordo com os técnicos (MBq)

811,78 (699,30 - 1013,80)

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3.1.8 – OUTROS MATERIAIS

Para cada simulação foram também necessários:

11,120 litros de água para preenchimento do simulador;

1 (um) funil;

Materiais descartáveis: luvas, seringas, papéis absorventes e saco

plástico;

1 (um) computador da estação de trabalho do Serviço de Medicina

Nuclear, com o software Xeleris para a reconstrução das imagens

obtidas;

1 (um) Computador pessoal com software ImageJ.

3.2- MÉTODOS

3.2.1- PREPARAÇÃO DO SIMULADOR ANTROPOMÓRFICO

A concentração da radioatividade no simulador cardíaco obedeceu a

biodistribuição de Sestamibi, porém a captação foi investigada em duas hipóteses

devido às divergências encontradas na bibliografia quanto à biocinética em estudos

que utilizaram o mesmo simulador (TIPPAROJ, 2008, HERZOG et al, 2010, BAI et al,

2010, GAMBHIR et al, 2009). A primeira hipótese levou em conta a captação de 2%

em exames de repouso e 4% em exames de estresse no miocárdio, e a segunda

hipótese levou em conta a captação de 1,2 % (repouso) e 1,4% (estresse). Os

detalhes da atividade para cada órgão individualmente são apresentados nas Tabelas

6 e 7.

A razão da concentração (MBq/ml) no Coração:Fígado:Corpo foi de 12:8:1. A

razão da concentração (MBq/ml) Miocárdio/Fígado foi de 1,3 0,1, de acordo com a

literatura (SAVI et al, 1989, MÜNCH et al, 1997, ZOLLE, 2007, BUCERIUS et al,

2012).

Para os estudos de hipocaptação, o defeito artificial do tipo sólido descrito

anteriormente foi colocado na região inferior basal do simulador cardíaco.

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Tabela 6: Atividades em cada órgão para cada simulação, considerando a hipótese de 2-4% de captação pelo miocárdio.

Tabela 7: Atividades em cada órgão para cada simulação, considerando a hipótese de 1,2-1,4% de captação pelo miocárdio.

3.2.2- PROTOCOLO E AQUISIÇÃO DAS IMAGENS

O estudo seguiu o Protocolo de Dois Dias do serviço de medicina nuclear,

utilizando a gama câmara com duas cabeças descrita anteriormente. Os parâmetros

da aquisição da imagem SPECT foram:

Tempo de espera: 60 minutos

Atividade injetada: 555 – 1110 MBq

Tempo por projeção: 7 – 20 segundos

Posicionamento: Supino e Prona

Matriz: 64 x 64

Zoom: 1.0

Tamanho do pixel: 6,4 mm

Tamanho do Voxel: 6,40 x 6,40 x 1 mm

Simulador Atividade total

simulada (MBq) Atividade em

repouso (MBq) Atividade em

estresse (MBq)

Coração 925 18,50 ± 0,92 37,00 ± 1,85 740 14,80 ± 0,74 29,60 ± 1,48 555 11,10 ± 0,55 22,20 ± 1,11

Fígado 925 100,82 ± 2,86 201,63 ± 2,86 740 66,22 ± 2,12 132,43 ± 2,12 555 49,66 ± 1,59 99,32 ± 1,59

Corpo 925 95,27 ± 4,76 190,53 ± 9,53 740 70,77 ± 3,54 141,53 ± 7,08 555 53,07 ± 2,65 106,15 ± 5,31

Simulador Atividade total

simulada (MBq) Atividade em

repouso (MBq) Atividade em

estresse (MBq)

Coração

1110 13,32 ± 0,67 17,76 ± 0,89

925 9,13 ± 0,46 12,17 ± 0,61

740 6,52 ± 0,33 8,69 ± 0,43

Fígado 1110 93,40 ± 4,67 124,54 ± 6,23 925 60,49 ± 3,02 80,66 ± 4,03 740 39,73 ± 1,98 52,98 ± 2,65

Corpo 1110 115,16 ± 5,76 153,55 ± 7,68 925 57,16 ± 2,86 76,22 ± 3,81 740 42,46 ± 2,12 56,61 ± 2,83

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Órbita: 180º

Número de projeções: 60 = trinta por detector, dois detectores em uma

geometria de 90º

Janela de energia: 140 keV 20%

Contorno: circular

Tipo de aquisição: Step-and-shoot

Colimador: Furos paralelos do tipo LEHR

3.2.3- RECONSTRUÇÃO E PROCESSAMENTO DAS IMAGENS

As imagens foram reconstruídas de forma iterativa através do software

Evolution for Cardiac da GE Healthcare, que é um algoritmo de reconstrução

relativamente novo para imagem clínica cardíaca. Este algoritmo incorpora RR

(Resolution Recovery) e regularização de ruído do tipo MAP (Maximum a Posteriori),

permitindo que as imagens SPECT sejam adquiridas em aproximadamente metade do

tempo necessário que seria para a reconstrução com algoritmo padrão do OSEM,

sendo conhecido também como aquisição HT (Half Time acquisition) (ALI et al, 2009).

3.2.4- ANÁLISE DOS DADOS

Análise qualitativa e semiquantitativa por notas de avaliação médica.

A avaliação médica foi realizada por um cardiologista nuclear experiente e de

forma cega, ou seja, sem conhecimento dos parâmetros utilizados na aquisição das

imagens bem como da atividade injetada, tempo de aquisição por projeção e

posicionamento (prona ou supino). Para tal, as imagens foram todas anonimizadas de

forma aleatória.

As notas foram divididas em três quesitos:

1- Qualidade técnica da imagem (avaliação de ruído, artefatos e

contraste), baseada nas letras A, B e C, sendo:

A = Qualidade ótima, sem nenhuma característica da imagem que possa

atrapalhar a interpretação do estudo;

B = Qualidade boa, presença de alguma(s) característica(s) que possa (m)

eventualmente atrapalhar a interpretação do estudo

C = Qualidade ruim, interpretação prejudicada do estudo.

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2- Perfusão

Normal = captação homogênea do radiotraçador

Anormal = captação heterogênea do radiotraçador

3- Escore somado do estresse ou SSS (summed stress score)

A avaliação semiquantitativa visa padronizar a análise segmentar do ventrículo

esquerdo (VE) e a menor subjetividade da interpretação. É usado um sistema de

escores para os 17 segmentos do VE que considera três cortes no eixo menor (apical,

médio e basal) e um corte no eixo longo vertical.

Cada um dos 17 segmentos é pontuado de acordo com o grau de captação do

radiofármaco, da seguinte forma:

0 (zero) = normal;

1 (um) = leve redução da captação do radiofármaco;

2 (dois) = moderada redução da captação do radiofármaco;

3 (três) = importante redução da captação do radiofármaco;

4 (quatro) = ausência de captação do radiofármaco.

O somatório dos valores atribuídos a cada segmento representativo da fase de

estresse recebe o nome de SSS. Valores de SSS entre 0 e 4 são considerados

normais ou equívocos (possibilidade de artefato de atenuação) e valores de SSS

maiores que quatro são considerados anormais.

Análise semiquantitativa por software

Após processamento das imagens pelo Evolution for Cardiac no computador

da estação de trabalho da clínica, estas foram transferidas para um computador

pessoal, onde foram analisadas pelo programa Image J.

A análise semiquantitativa foi realizada da seguinte forma:

1) Dos resultados do processamento, eram selecionadas as imagens:

IRNCRR SA 001 DS = Imagem reconstruída iterativamente do eixo

curto em posição supino;

IRNCRR SA 001 DS = Imagem reconstruída iterativamente do eixo

curto em posição prona;

IRNCRR VLA 001 DS = Imagem reconstruída iterativamente do eixo

longo vertical em posição supino;

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IRNCRR VLA 002 DS = Imagem reconstruída iterativamente do eixo

longo vertical em posição prona;

2) Foi aplicado zoom de 600% em todas as imagens.

3) As imagens adquiridas em posição prona tiveram os valores dos pixels

multiplicados por 15/7 (=2,14285714) a partir dos comandos “Process>math>multiply”

do Image J. Essa multiplicação foi feita para corrigir o tempo em que a imagem em

posição prona é adquirida (7 segundos por projeção), e assim tornar possível a

comparação com a imagem em posição supino (15 segundos por projeção).

4) Após a multiplicação, as imagens obtidas com o posicionamento em

prona passaram pelo ajuste de brilho a partir dos comandos

“Image>adjust>brightness> auto” do Image J.

5) Após, as imagens obtidas tanto na posição supino, quanto na posição

prona foram colocadas na coloração “Rainbow RGB”, o que facilitou a visualização da

contagem nos diferentes pontos. Isso foi feito a partir dos comandos

“Image>LookupTable>Rainbow RGB”

6) Por fim, foram aplicadas regiões de interesse (ROI) nos 17 segmentos.

Essas ROI foram construídas com auxílio de um cardiologista nuclear e

posteriormente arquivadas para que pudessem ser reproduzidas de forma idêntica em

todas as imagens. Foram construídas, portanto, 17 ROI, uma para cada segmento.

Essas ROI são acessadas a partir do comando “Analyze> Tools > ROI manager” no

Image J.

7) Cada ROI passou pelo processo de contagem a partir do comando

“Analyze>Measure” que abre uma janela extra com os dados: “Area, Mean, min, max,

IntDen, RawIntDen”.

Area = área da ROI dada em pixel quadrados;

Mean = valor médio da contagem na ROI a partir da soma de toda a

contagem na ROI, dividido pelo número de pixel na ROI;

Min = Valor mínimo de contagem na ROI;

Max = Valor máximo de contagem na ROI;

IntDen = Produto da área com o valor médio da contagem na ROI;

RawIntDen = Soma dos valores de contagem dos pixels na ROI.

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54

8) Com os valores do “RawIntDen”, foram construídos gráficos

comparando os resultados oriundos das imagens obtidas nas posições prona e supino

para os pacientes do BDN e para o simulador.

3.2.5- ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística foi realizada no programa Microsoft Office Excel. Dados

discretos foram expressos com a média e desvio-padrão. O Teste T foi usado para

comparar os 17 segmentos dos exames na posição supino com os mesmos

segmentos na posição prona do BDN. Todos os testes estatísticos foram bicaudais,

com nível de significância p < 0,05.

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55

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um total de 24 simulações foi realizado no período de 2012 a 2013 em uma

clínica privada de diagnóstico por imagem, no Rio de Janeiro. Destas, 21 foram

realizadas com sucesso, sem nenhum imprevisto, como falha no funcionamento da

gama câmara ou erro no processamento da imagem pelo software Xeleris. A análise

dos resultados foi iniciada com a formação do Banco de Dados de Normalidade,

descrito a seguir.

4.1 – CONSTRUÇÃO DO BANCO DE DADOS DE NORMALIDADE (BDN)

De forma a construir um BDN para comparação com os resultados obtidos, os

exames de 40 pacientes foram analisados pelo software Image J e as contagens das

regiões de interesse (ROI) nas imagens em posicionamento supino e prona, para cada

segmento, foram comparados estatisticamente no Excel pelo Teste T (p<0,05). As

médias das contagens obtidas com seus respectivos desvios-padrão, para cada

segmento do BDN, são apresentadas na Tabela 8:

Tabela 8: Médias e desvios-padrão de contagens para cada segmento do BDN para as posições prona e supino.

Segmento Supino Prona

Média das contagens

Desvio-padrão

Média das contagens

Desvio-padrão

Anterior apical (AAp) 14446 3176 14539 5034

Septal apical (SAp) 20927 4882 19994 6834

Inferior apical (IAp) 17077 4705 16596 5580

Lateral apical (LAp) 13166 3428 13115 4688

Anterior médio (AM) 17647 4173 16876 6236

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Tabela 8 (continuação): Médias e desvios-padrão de contagens para cada segmento do BDN para as posições prona e supino.

Segmento Supino Prona

Média das contagens

Desvio-padrão

Média das contagens

Desvio-padrão

Inferior septal médio (ISM) 14067 3130 13429 4636

Inferior médio (IM) 20223 4311 19655 6485

Inferior lateral médio (ILM) 14637 3303 14541 5132

Anterior lateral médio (ALM) 14247 3082 13973 4756

Anterior basal (AB) 21191 4791 19710 7113

Anterior septal basal (ASB) 14348 2934 13465 4536

Inferior septal basal (ISB) 12532 2773 11943 4208

Inferior basal (IB) 16296 2878 16887 6099

Inferior lateral basal (ILB) 14567 2785 15209 5220

Anterior lateral basal (ALB) 17776 3869 17004 5825

Apical (Ap) 17241 4343 18432 4096

Todos os Testes T apresentaram p > 0,05 (sendo o menor = 0,2048 no

segmento ASB e o maior = 0,95714 no segmento LAp), demonstrando que as

contagens das ROI em supino e em prona destes pacientes são estatisticamente

iguais, apresentando significativo grau de normalidade a ser utilizado para

comparação e validação do método.

A Figura 35 a seguir mostra um exemplo de exame de paciente normal para

composição do BDN, sem defeitos de perfusão ou atenuações, boa qualidade técnica

da imagem e sem influência da atividade hepática.

Figura 35: Exemplo de exame de paciente normal para composição do BDN. Posição

Supino (Fileira de cima) e posição prona (Fileira de baixo).

É importante ressaltar que o diagnóstico é realizado com um conjunto de

imagens, e não somente o eixo curto em supino e estresse. A avaliação médica é feita

também dos outros dois eixos, longo vertical e horizontal, além da imagem do exame

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realizado na posição prona e da imagem do exame realizado com o paciente em

repouso. Contudo, a imagem essencial para o laudo final é a do eixo curto em supino

e estresse, apresentada nas figuras deste estudo para melhor visualização da

otimização.

4.2 – CAPTAÇÃO DO RADIOFÁRMACO

A falta de um consenso sobre a biocinética real de 99mTc-Sestamibi em

humanos é evidenciada pela existência de estudos que demonstraram que cerca de 2

a 4% do radiofármaco que é administrado em um paciente é captado pelo miocárdio

(MCKUSICK et al, 1987, SAVI et al, 1989), enquanto outros autores estabelecem que

seja de aproximadamente 1,2 a 1,4% (BUCERIUS et al, 2012, ZOLLE, 2007).

A Figura 36 mostra o gráfico com os valores de contagem para cada segmento

do miocárdio com a atividade simulada de 555 MBq, considerando a captação de 4%

do radiofármaco no coração.

Figura 36: Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com 555 MBq e 4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado cinza).

Nota-se que as contagens em todos os segmentos estão acima das contagens

no BDN, sendo que, em sete segmentos (AAp, AM, ASM, ALM, AB, ASB, Ap), o valor

foi superior ao desvio-padrão da média das contagens do BDN.

A Figura 37 mostra os valores de contagem para a simulação com 740 MBq,

considerando a captação de 4% pelo coração.

7000

12000

17000

22000

27000

32000

37000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador (555 MBq) x BDN

Co

nta

gen

s

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Figura 37: Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com

740 MBq e 4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os

valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado

cinza).

Nota-se na Figura 37 que todos os valores de contagem permaneceram acima

da média e desvio-padrão do BDN, não representando adequadamente a realidade

dos pacientes.

As contagens para cada segmento quando a simulação foi realizada com a

atividade de 925 MBq, que é a estabelecida no protocolo usual da clínica, podem ser

visualizadas na Figura 38.

Figura 38: Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com

925 MBq e 4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os

valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado

cinza).

7000

12000

17000

22000

27000

32000

37000

42000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador (740 MBq) x BDN

7000

17000

27000

37000

47000

57000

67000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador (925 MBq) x BDN

Co

nta

gen

s

Co

nta

gen

s

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O valor das contagens para a atividade do protocolo da clínica de 925 MBq

considerando-se 4% de captação do radiofármaco no coração permaneceu bastante

elevada em todos os segmentos, demonstrando um comportamento que diverge

significativamente da realidade dos pacientes.

A outra hipótese a ser testada iniciou com a aquisição de imagens do simulador

com 1,4% de captação do fármaco dos 740 MBq simulados. Os valores de contagem

para cada segmento podem ser vistos na Figura 39.

Figura 39: Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com

740 MBq e 1,4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os

valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado

cinza).

Observa-se na Figura 39 que para a atividade de 740 MBq, a captação em

todos os segmentos estão abaixo do BDN, não representando, portanto, a captação

real dos pacientes.

Na Figura 40 são mostradas as contagens para a atividade do protocolo usual

da clínica de 925 MBq a partir da hipótese de captação de 1,4% do radiofármaco.

2000

7000

12000

17000

22000

27000

32000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador (740 MBq) x BDN

Co

nta

gen

s

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60

Figura 40: Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com

925 MBq e 1,4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os

valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado

cinza).

Na Figura 40 pode-se observar que as contagens nos segmentos se

aproximam do BDN, porém permanecem abaixo dos valores das médias e desvios-

padrão, não representando, assim, a realidade dos pacientes.

Foram realizadas, por fim, as simulações com 1110 MBq, cujas contagens em

todos os pontos podem ser verificadas no gráfico da Figura 41.

Figura 41: Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração com

1110 MBq e 1,4% de captação no miocárdio para o simulador (losango preto) e os

valores obtidos pela mesma análise para o banco de dados de normalidade (quadrado

cinza).

5000

10000

15000

20000

25000

30000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador (925 MBq) x BDN

9000

11000

13000

15000

17000

19000

21000

23000

25000

27000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador (1110 MBq) x BDN

Co

nta

gen

s

Co

nta

gen

s

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61

É importante notar no gráfico presente na Figura 41 que as contagens em

todos os segmentos se encontraram dentro da média e desvio-padrão do BDN,

representando adequadamente os pacientes reais. É, então, possível afirmar que esta

é a real captação do radiofármaco, e que a atividade administrada nestes pacientes se

aproxima de 1110 MBq, seguida pelo protocolo usual da clínica.

4.3 – DIFERENTES TAMANHOS DE MAMAS

A Figura 42 mostra o gráfico com quantificação nos 17 segmentos para as

simulações em supino com cada tamanho de mama, mantendo atividade e tempo

padrão (1110 MBq e 15 s/projeção). Neste gráfico, nota-se que as contagens para a

simulação realizada com a mama GG possuem um comportamento diferente,

principalmente nas regiões apicais, quando comparadas com outros tamanhos de

mama e do BDN.

Figura 42: Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração

comparando-se os diferentes tipos de mamas com o BDN.

As simulações realizadas com mamas P, M e G (tamanho de sutiã 36, 42 e 46,

respectivamente) não apresentaram atenuações que pudessem ser relacionadas à

presença do tecido mamário pela avaliação do cardiologista. Já a mama GG (tamanho

de sutiã 52) apresentou atenuações que se mostraram com relevância médica para

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador P,M,G e GG: Supinos

P M G GG Banco de Dados

Co

nta

gen

s

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62

investigação, portanto este tamanho foi o utilizado nas simulações de otimização e

avaliação de posicionamento.

4.4 – OTIMIZAÇÃO DO TEMPO DE AQUISIÇÃO

Para estudar o tempo de aquisição da imagem no exame, foram executados

testes com o tempo utilizado como protocolo padrão de 15 segundos por projeção e

variando para 7, 10 e 20 segundos. As imagens foram então quantificadas nos

segmentos e comparadas com o BDN, além de serem analisadas por um cardiologista

experiente, que forneceu notas para a qualidade da imagem, perfusão e valor SSS.

Atividade de 740 MBq

O gráfico da Figura 43 apresenta as contagens em cada segmento para

740 MBq a cada tempo de realização do exame simulado e comparando-se com as

contagens obtidas para o BDN. A redução da contagem no segmento IB representa a

lesão inserida no simulador nesta região.

Figura 43: Comparação dos valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do

coração no simulador com 740 MBq de atividade injetada. Imagem adquirida com 7

segundos (círculo preto), 10 segundos (em vermelho), 15 segundos (em verde) e 20

segundos (losango preto), comparadas ao BDN (em azul). SUGIRO COLOCAR UMA

LEGENDA NA FIGURA

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador (740 MBq; 7 a 20 segundos/projeção) x BDN

Co

nta

gen

s

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63

Simulando um exame com 740 MBq (Figura 43) e um coração com lesão no

segmento IB, as contagens que mais se aproximam do BDN pertencem a simulação

realizada com 20 segundos por projeção, que seria um tempo maior do que o utilizado

normalmente na clínica, de 15 segundos por projeção.

Na Figura 44 a seguir é mostrada a diferença visual e qualitativa dos exames

simulados com 740 MBq e com lesão no coração no segmento IB correspondente ao

gráfico da Figura 43. Os defeitos de captação apontados pelo cardiologista estão

destacados com setas na imagem.

Figura 44: Imagens cardíacas reconstruídas das simulações realizadas com 740 MBq, nos tempos de 7 a 20 segundos por projeção e avaliação visual médica.

As notas correspondentes a análise visual das imagens realizada pelo

cardiologista com o simulador, para atividade de 740 MBq, nos tempos simulados e

mostrados na Figura 44, são listadas na Tabela 9.

Tabela 9: Notas da avaliação médica para 740 MBq nos tempos simulados.

Avaliação médica

7 segundos/ projeção

10 segundos/ projeção

15 segundos/ projeção

20 segundos/ projeção

Qualidade técnica

B B A A

Perfusão Anormal Normal Anormal Anormal

SSS 4, sendo: ALB =2 IB = 2

0 2, sendo: ALB = 1 IB = 1

2, sendo: ISM = 2

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64

É importante notar, a partir da avaliação visual da Figura 44 junto ao parecer

médico da Tabela 9, que não é recomendado reduzir o tempo de realização do exame

do tempo padrão de 15 segundos para a atividade de 740 MBq, visto que com 10

segundos a lesão foi mascarada e o cardiologista considerou um coração normal, sem

defeitos de perfusão.

Atividade de 925 MBq

O gráfico da Figura 45 apresenta as contagens em cada segmento para cada

tempo de realização do exame simulado para 925 MBq e as compara com as

contagens obtidas para o BDN. A redução de contagem no segmento IB representa a

lesão inserida no simulador nesta região.

Figura 45: Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração no

simulador com 925 MBq. Imagem adquirida com 7 segundos (em roxo), 10 segundos

(em vermelho), 15 segundos (em verde) e 20 segundos (em laranja), comparadas ao

BDN (em azul).

É possível notar que simulando um exame com 925 MBq e um coração com

lesão no segmento IB, o tempo de 20 segundos por projeção permanece na média e

desvio padrão do BDN (exceto no segmento em que se encontra a lesão), sendo que

em alguns segmentos, a aquisição com 15 segundos também se comporta desta

maneira.

Na Figura 46 a seguir é mostrada a diferença visual e qualitativa dos exames

simulados com 925 MBq e com lesão no coração no segmento IB correspondente ao

gráfico da Figura 45. Os defeitos de captação apontados pelo cardiologista estão

destacados com setas na imagem.

3000

8000

13000

18000

23000

28000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador (925 MBq; 7 a 20 segundos/projeção) x BDN

Co

nta

gen

s

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65

Figura 46: Simulações realizadas com o equivalente a 925 MBq, nos tempos de 7 a 20 segundos por projeção e com avaliação visual médica.

A avaliação médica da qualidade, perfusão e notas SSS das imagens do

simulador cardíaco para 925 MBq em diferentes tempos por projeção encontrados na

Figura 46 estão listadas na Tabela 10.

Tabela 10: Notas da avaliação médica para 925 MBq nos tempos simulados.

Avaliação médica

7 segundos/projeção

10 segundos/projeção

15 segundos/ projeção

20 segundos/ projeção

Qualidade técnica

B A A A

Perfusão Anormal Anormal Anormal Anormal

SSS 2, sendo

IB = 1 ISB = 1

2, sendo IB = 2

2, sendo IB = 2

2, sendo IB = 2

Tendo como base a avaliação médica da Tabela 10 e a análise visual da Figura

46, nota-se que é possível reduzir o tempo de realização do exame para 7 segundos

por projeção, ou seja, reduzir o tempo de realização do exame em 53,34%. Esta

redução de tempo teria como consequência uma pequena redução na qualidade da

imagem, entretanto a visualização da lesão ainda seria feita no lugar correto para a

atividade utilizada de 925 MBq, que é a atividade recomendada pela European Council

on Nuclear Cardiology (HESSE et al, 2005).

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Atividade de 1110 MBq

O gráfico da Figura 47 apresenta as contagens em cada segmento para

1110 MBq a cada tempo de realização das simulações e compara com o BDN. A

redução da contagem no segmento IB representa a lesão inserida no simulador nesta

região.

Figura 47: Valores de contagens para cada um dos 17 segmentos do coração no

simulador com 1110 MBq. Imagem adquirida com 7 segundos (círculo preto),

10 segundos (em vermelho), 15 segundos (em verde) e 20 segundos (losango preto),

comparadas ao BDN (em azul).

Observa-se pelo gráfico da Figura 47 que simulando um exame com 1110 MBq

e um coração com lesão no segmento IB, as contagens em cada segmento na

simulação realizada com o tempo padrão de 15 segundos por projeção permaneceu

na média e desvio padrão do BDN. Isto deve ocorrer devido à atividade utilizada na

simulação ser equivalente a real atividade administrada nos pacientes, como mostrado

anteriormente na Figura 41.

Na Figura 48 a seguir é mostrada a diferença visual e qualitativa dos exames

simulados com 1110 MBq e com lesão no coração no segmento IB correspondente ao

gráfico da Figura 47. Os defeitos de captação apontados pelo cardiologista estão

destacados com setas na imagem.

4000

9000

14000

19000

24000

29000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Simulador (1110 MBq; 7 a 20 segundos/projeção) x BDN

Co

nta

ge

ns

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67

Figura 48: Simulações realizadas com o equivalente a 1110 MBq, nos tempos de 7 a 20 segundos por projeção e com avaliação visual médica.

Estão listadas na Tabela 11, a seguir, as notas fornecidas pelo cardiologista

para as imagens adquiridas com o simulador para 1110 MBq representadas na Figura

48.

Tabela 11: Notas da avaliação médica para 1110 MBq nos tempos simulados.

Avaliação médica

7 segundos/ projeção

10 segundos/ projeção

15 segundos/ projeção

20 segundos/ projeção

Qualidade técnica

A A A A

Perfusão Anormal Anormal Anormal Anormal

SSS 3, sendo

IB = 2 ISB = 1

2, sendo IB = 2

2, sendo IB = 2

2, sendo IB = 2

Observa-se a partir da análise visual da Figura 48 e das notas médicas da

Tabela 11 que ao simular a atividade real administrada nos pacientes, a lesão pôde

ser identificada e evidenciada no segmento correto com aquisições realizadas com 7

segundos por projeção, apresentando ótima qualidade da imagem e representando

uma redução de 53,54% do tempo utilizado na rotina atual.

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4.5– OTIMIZAÇÃO DA ATIVIDADE INJETADA

Como visto anteriormente na Figura 41, a atividade real administrada nos

pacientes deste Serviço de Medicina Nuclear é de aproximadamente 1110 MBq.

Mesmo para os exames simulados com 740 e 925 MBq, que apresentaram contagens

abaixo do que é injetado nos pacientes, Figuras 38 e 39, todas as imagens foram

consideradas de ótima qualidade pelo cardiologista e adequadas para o diagnóstico de

lesões, evidenciando a possibilidade de redução da atividade injetada em 33,34% do

que está sendo administrado. Na Figura 49 é possível visualizar a qualidade da

imagem para as atividades simuladas de 740 a 1110 MBq, sem alterações no restante

do protocolo, como o tempo por exemplo.

Figura 49: Simulações de exames com as atividades simuladas de 740 a 1110 MBq.

É interessante visualizar na Figura 49 que não há alterações significativas em

nenhum segmento ou região do coração, demonstrando-se sempre um miocárdio

normal, mesmo após redução de 33,34% da atividade injetada, sendo este um bom

exemplo da aplicabilidade do conceito internacional ALARA, que postula a redução do

máximo que for possível da quantidade de radiação ionizante utilizada em todos os

procedimentos.

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69

4.6 – AVALIAÇÃO DO POSICIONAMENTO PRONA

4.6.1- ALTERAÇÕES DA IMAGEM DE PERFUSÃO E DA CONTAGEM NOS

SEGMENTOS DO CORAÇÃO

Atualmente o uso das imagens em posição prona só é validado para

atenuações que englobam parede inferior do VE (KIAT et al, 1992) em homens. Ainda

faltam dados que comprovem que o seu uso pode ser extrapolado para atenuações

encontradas em outros segmentos do ventrículo esquerdo (como na parede anterior),

comuns em pacientes do sexo feminino devido à atenuação pelas mamas.

A Figura 50 é de exames de pacientes que demonstraram melhora em outras

regiões do VE além dos segmentos da parede inferior quando foram posicionados em

decúbito prona.

Figura 50: Imagens cardíacas de reconstrução exemplificando pacientes que demonstraram aumento de perfusão quando em posicionamento prona (fileiras de baixo) em diferentes segmentos (setas amarelas) além dos inferiores (setas azuis).

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70

Todos os eixos são mostrados na Figura 51, resultante de uma simulação com

740 MBq em estresse sendo que, para cada eixo, a fileira superior é composta de

imagens da simulação realizada na posição supino e a fileira inferior é a

correspondente ã posição prona, realizado imediatamente após à posição supino.

Figura 51: Simulação com 740 MBq apresentando aumento da perfusão em todos os segmentos do VE. A = eixou curto, B= eixo longo vertical e C= eixo longo horizontal.

A simulação observada na Figura 51 demonstra um notável aumento de

perfusão em todos os segmentos do coração, para todos os eixos, quando o simulador

foi colocado em posição prona, em relação ao supino. Isto se deve ao achatamento

das mamas quando se é posicionado com o “ventre” para baixo, denominado decúbito

ventral.

Na Tabela 12, a seguir, são apresentadas as notas da avaliação médica para a

imagem do simulador na Figura 51.

Tabela 12: Avaliação médica para o posicionamento da simulação para 740 MBq.

Simulação Supino Prona

Qualidade técnica A A

Perfusão Anormal Normal

SSS

5, sendo

AAp =1

AM = 1

AB = 1

ALB =1

ASM = 1

0

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71

É importante constatar na Tabela 12 que se a aquisição tivesse sido realizada

somente em supino, o parecer médico resultaria em falso-positivo, com SSS igual a

cinco, devido à atenuação causada pelo tecido mamário. Contudo, a consideração da

imagem em prona realizado logo em seguida resultou no parecer médico de um

coração normal, sem defeitos de perfusão em nenhum dos 17 segmentos.

O gráfico na Figura 52 mostra as contagens para cada segmento do coração

na simulação de 740 MBq, comparando a intensidade da contagem quando foi

adquirido na posição supino com o prona.

Figura 52: Valores de contagem para cada segmento da aquisição em supino (losango

preto) e em prona (quadrado cinza) com a simulação de 740 MBq de atividade

injetada.

Observa-se pelo gráfico da Figura 52 que nos segmentos AAp, IAp, IM, ILM,

ALM, AB, ISB, IB e ALB as contagens foram mais elevadas no prona em relação ao

supino, ou seja, acima da média e desvio padrão, demonstrando um aumento de

perfusão nestas áreas. Relacionando-se as notas da avaliação médica encontradas na

Tabela 12 com o gráfico da Figura 52, é possível observar que somente nos

segmentos AAp, AB e ALB houve correlação das contagens com as notas SSS. A

maior diferença de contagens encontrada foi no segmento IM (inferior médio), com

21,78% a mais no prona.

Na Figura 53 observa-se uma simulação realizada com 925 MBq em estresse,

cujo arranjo se assemelha ao da simulação para 740 MBq, com os três eixos

mostrando o supino e o prona.

3500

4500

5500

6500

7500

8500

9500

10500

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Supino x Prona Simulador (740 MBq)

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Figura 53: Simulação com 925 MBq apresentando aumento da perfusão na posição prona. A = eixou curto, B= eixo longo vertical e C= eixo longo horizontal. Fileira de cima: Supino. Fileira de baixo: prona.

Nota-se na Figura 53 um considerável aumento de perfusão nas paredes

anterior e inferior do coração quando o simulador foi colocado em posição prona, em

relação ao supino.

Na Tabela 13 a seguir são apresentadas as notas da avaliação médica para a

imagem do simulador na Figura 53.

Tabela 13: Avaliação médica para o posicionamento em simulação de 925 MBq.

Simulação Supino Prona

Qualidade técnica A A

Perfusão Anormal Anormal

SSS

4, sendo AM = 1 AB = 2 IB = 1

1, sendo AB = 1

É fundamental salientar a partir da Tabela 13 que se a aquisição tivesse sido

realizada somente em supino, o parecer médico resultaria em falso-positivo, com SSS

igual a quatro, devido à atenuação causada pela atividade hepática próxima à parede

inferior e atenuação por tecido mamário na parede anterior. Apesar disso, a avaliação

do mesmo simulador em prona, realizada logo em seguida, resultou no parecer

médico de um coração com leve redução de perfusão na parede anterior, considerado

inclusive como “equívoco” (SSS < 3).

O gráfico da Figura 54 mostra as contagens para cada segmento do coração

na simulação de 925 MBq, comparando as intensidades na posição supino com

prona.

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Figura 54: Valores de contagem para cada segmento da aquisição em supino (losango preto) e em prona (quadrado cinza) com a simulação de 925 MBq de atividade injetada.

Observa-se pelo gráfico da Figura 54 que em todos os segmentos, com

exceção do IAP, LAp, ISM e IM, as contagens foram mais elevadas nas ROI da

imagem obtida na posição prona em relação a obtida em supino, ou seja, acima da

média e desvio padrão, demonstrando um aumento de perfusão nestas áreas. Para os

seguimentos IAP, LAp, ISM e IM, as contagens também foram maiores, porém dentro

do desvio estatístico. Relacionando-se as notas da avaliação médica encontradas na

Tabela 13 com o gráfico da Figura 54, é possível observar que todos os segmentos

apresentaram contagens que corresponderam com o SSS qualitativo, sendo que a

maior diferença pelo software foi para o segmento AM, apresentando 39,32% a mais

de contagens na ROI da imagem no posicionamento prona em relação ao supino.

Na Figura 55 pode-se visualizar a simulação com 1110 MBq em estresse,

comparando-se as posições supino e prona no mesmo arranjo das simulações

anteriores.

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

11000

12000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Supino x Prona Simulador (925 MBq)

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Figura 55: Simulação com 1110 MBq não apresentando aumento da perfusão na posição prona. A = eixou curto, B= eixo longo vertical e C= eixo longo horizontal. Fileira de cima: Posição Supino. Fileira de baixo: Posição prona.

Nota-se pela Figura 55 que para 1110 MBq não há a demonstração de

aumento de perfusão nas paredes do coração quando o simulador é colocado em

posição prona, em relação à posição supino.

Na Tabela 14 a seguir são apresentadas as notas da avaliação médica para a

imagem do simulador na Figura 55.

Tabela 14: Avaliação médica para o posicionamento da simulação de 1110 MBq.

Simulação Supino Prona

Qualidade técnica A B

Perfusão Normal Normal

SSS 0 0

Tendo em vista a Tabela 14 e a Figura 55, nota-se que se a aquisição tivesse

sido realizada somente em supino, o parecer médico resultaria em normal, com SSS

igual a zero, não sendo alterado ao mudar o posicionamento para prona. Isto se deve

à maior quantidade de radiação injetada que supera a atenuação causada pela mama.

O gráfico da Figura 56 mostra as contagens para cada segmento do coração

na simulação de 1110 MBq, comparando a intensidade da contagem quando foi

adquirido na posição supino e prona.

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Figura 56: Valores de contagem para cada segmento da aquisição em supino (losango preto) e em prona (quadrado cinza) para simulação de 1110 MBq de atividade injetada.

Observa-se pelo gráfico da Figura 56 que somente nos segmentos IB e ILB as

contagens foram mais elevadas na posição prona em relação à posição supino, ou

seja, acima da média e desvio padrão, demonstrando um aumento de perfusão nestas

áreas. Confrontando-se as notas da avaliação médica da Tabela 14 com o gráfico da

Figura 56, percebe-se que não há melhoras significativas nas contagens na posição

prona em relação à posição supino, sendo a maior de 15,89% para o segmento ILB.

4.6.2- VISUALIZAÇÃO DA LESÃO

Para se determinar o significativo valor do posicionamento prona foi

imprescindível demonstrar que nesta conformação não haveria erro de visualização de

uma lesão, isto é, se o defeito de perfusão não seria “mascarado” pelo

posicionamento.

Para tanto, foram realizadas simulações com uma lesão artificial inserida no

segmento IB para as atividades de 740 a 1110 MBq. A Figura 57 a seguir exibe as

imagens para todas as atividades nas duas posições, supino e prona.

5000

7000

9000

11000

13000

15000

17000

AAp SAp IAp LAp AM ASM ISM IM ILM ALM AB ASB ISB IB ILB ALB Ap

Supino x Prona Simulador (1110 MBq)

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76

Figura 57: Visualização da lesão (setas amarelas) em supino (fileira de cima) e em

prona (fileira de baixo). Simulações com 740 MBq (A), 925 MBq (B) e 1110 MBq (C).

As notas do parecer médico para as imagens da Figura 57 podem ser

observadas na Tabela 15.

Tabela 1: Notas da avaliação médica para as simulações realizadas com uma lesão artificial inserida no coração.

Avaliação médica

Supino 740 MBq

Prona 740 MBq

Supino 925 MBq

Prona 925 MBq

Supino 1110 MBq

Prona 1110 MBq

Qualidade técnica

A B A B A A

Perfusão Anormal Anormal Anormal Anormal Anormal Anormal

SSS 2

ALB = 1 IB = 1

2 IB = 2

2 IB = 2

2 IB = 2

2 IB = 2

2 IB = 2

Em todas as imagens com diferentes atividades e posicionamentos foi possível

diagnosticar a lesão no segmento correto, estando assim comprovado que a posição

prona não encobre nenhuma lesão e auxilia de forma fundamental o médico

especialista com um parecer mais preciso.

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4.7 – AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE HEPÁTICA NA IMAGEM

É sabido que o metabolismo varia entre os seres vivos, inclusive dentre os

humanos. Em alguns indivíduos, é possível constatar que a quantidade de

radiofármaco que se acumula no fígado durante o exame é significativamente elevada,

tendo como consequência complicações na visualização do coração e na qualidade

técnica da imagem. Na Figura 58 é apresentado como exemplo o eixo curto no exame

de um paciente que apresenta este tipo de alteração.

Figura 58: Influência da atividade hepática na imagem de cintilografia de perfusão miocárdica em um paciente. Fileira de cima: Supino. Fileira de baixo: Prona.

Na Figura 59 a seguir é apresentado como exemplo o eixo longo vertical no

exame de um paciente, com forte influência de atividade extra cardíaca, possivelmente

hepatobiliar.

Figura 59: Influência da atividade hepática na análise do eixo longo vertical no exame de paciente.

No primeiro corte septal da imagem na Figura 59 é possível observar a

atividade extra cardíaca bem pronunciada (apontado pela seta azul), formando metade

da imagem.

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Nas simulações foram variadas as relações de concentração no coração e no

fígado para avaliar este tipo de influência. Para todas, estas relações foram calculadas

a partir da divisão matemática entre as concentrações.

Foi observado, então, que quando esta relação é igual a 1,20 ± 0,10, a

quantidade de radiofármaco no simulador de fígado não dificulta nem altera a

avaliação da imagem. Quando a relação coração:fígado é maior que 1,45, há

dificuldade no processamento da imagem, ajuste da projeção e dos cortes

tomográficos antes da reconstrução iterativa (Figura 60) e análise de redução da

perfusão, como pode ser observado na Figura 61.

Figura 60: Ajuste da projeção e corte tomográfico no Xeleris, com influência da alta

concentração de atividade hepática no simulador.

Como pode ser observada na Figura 60, a concentração da atividade no fígado

em relação ao coração é elevada o suficiente para prejudicar o ajuste da projeção e do

corte tomográfico a ser reconstruído, gerando a imagem da Figura 61 após a

reconstrução iterativa.

Figura 61: Imagem reconstruída com influência da atividade hepática no simulador.

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Observa-se na Figura 61 a redução de perfusão nas regiões inferiores

(apontado com setas), principalmente para o segmento ILM devido à concentração de

atividade no fígado em relação ao coração ser maior que 1,4; situação comum em

diversos pacientes na rotina de uma clínica.

São necessários estudos de biodistribuição mais aprofundados sobre a relação

de concentração entre o miocárdio e o fígado a fim de se compreender melhor o

porquê de um aumento de 0,15 nesta relação acarretar tamanha diferença na imagem,

com consequências negativas para o processo de análise do exame e da qualidade da

imagem.

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80

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

Tendo em vista que a Cintilografia de Perfusão Miocárdica é um dos exames

mais utilizados para diagnóstico de DAC, o estudo em questão foi direcionado para

otimização do protocolo utilizado atualmente com relação a tempo, atividade

administrada e posicionamento do paciente na gama câmara.

Todos os testes estatísticos utilizados nos 40 pacientes do Banco de Dados de

Normalidade demonstraram significativo grau de normalidade, sendo então este

adequado para validar o método por simulador proposto no presente trabalho.

A partir da análise bibliográfica evidenciou-se uma falta de consenso sobre a

biocinética real do 99mTc-Sestamibi em humanos. Simulações com 1110 MBq e

captação de 1,4% do radiofármaco no coração representam adequadamente os

pacientes reais, sendo que esta se aproxima da real captação do radiofármaco

observado no Banco de Dados de Normalidade.

As simulações realizadas com as mamas de tamanhos P, M e G não

apresentaram atenuações relacionadas com tecido mamário de acordo com a análise

efetuada pelo cardiologista. Contudo, a mama de tamanho GG, correspondente a um

tamanho de sutiã 52, apresentou atenuações de relevância médica.

Não é recomendado reduzir o tempo padrão de 15 segundos por projeção

quando a atividade administrada for de 740 MBq. É possível reduzir o tempo de

aquisição em 53,34% do tempo padrão com uma pequena redução na qualidade da

imagem, mas ainda com a visualização da lesão, quando a atividade administrada for

mantida em 925 MBq. Com a atividade do protocolo da ASNC, de 1110 MBq, o tempo

pôde ser reduzido em 53,34% em relação ao tempo padrão sem nenhuma alteração

na qualidade da imagem.

Mantendo-se o tempo padrão de aquisição da imagem em 15 segundos por

projeção, é possível reduzir a quantidade da atividade injetada em 33,34% em relação

à atividade recomendada pelo protocolo da ASNC, de 1110 MBq.

Com 740 MBq e 925 MBq de atividade injetada, a simulação realizada em

posição prona foi imprescindível para não gerar um falso-positivo por atenuação

causada pelas mamas, enquanto que em 1110 MBq o acréscimo desta posição não

mostrou alterações significativas. É importante ressaltar que foi possível diagnosticar a

lesão em todas as imagens com diferentes atividades, no entanto foi constatado que o

acréscimo da posição prona é mais eficaz em virtude de não encobrir nenhuma lesão,

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auxiliando o médico com um parecer mais preciso. Nem sempre é possível posicionar

os pacientes em decúbito prona devido às limitações físicas que alguns possuem,

porém ficou comprovado que para um diagnóstico mais confiável é necessário a

análise em posição supino e prona também em mulheres, uma vez que possíveis

atenuações observadas em uma posição são frequentemente confirmadas em outra

posição, estabelecendo um parecer mais preciso.

Foi possível observar a influência da atividade hepática na imagem,

dependente da quantidade de radiofármaco injetado. No entanto, são necessários

mais estudos de biodistribuição para se compreender melhor porque diferenças tão

pequenas de concentração acarretam em diferenças significantes na qualidade da

imagem.

A partir dos resultados, foi concluído que há margem para otimização do

protocolo, e estes dados poderão ser utilizados pelos cardiologistas como base para

posteriores estudos com pacientes, aperfeiçoando o uso desta técnica no Brasil.

TRABALHOS FUTUROS

O presente trabalho deve ter como continuidade a variação das composições e

tamanhos de mamas, já que a influência da atenuação do tecido foi comprovada. O

comportamento biocinético do radiofármaco no corpo do paciente também parece

ainda não ser bem definido na literatura, podendo também ser estudado com mais

profundidade, inclusive com simuladores cardíacos dinâmicos para inclusão da

avaliação do ECG.

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