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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL- PPGEC IMPERMEABILIZAÇÃO EM LAJES DE COBERTURA: LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS FATORES ENVOLVIDOS NA OCORRÊNCIA DE PROBLEMAS NA CIDADE DE PORTO ALEGRE CLAUDIO ROBERTO KLEIN DE MORAES Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Ruy Alberto Cremonini PORTO ALEGRE, RS 2002

IImpermeabilização em lajes de cobertura

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Este documento trata da impermeabilização em lajes de cobertura e faz um levantamento dos principais fatores envolvidos na ocorrência de problemas na cidade de porto alegre.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL- PPGEC

    IMPERMEABILIZAO EM LAJES DE COBERTURA: LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS FATORES

    ENVOLVIDOS NA OCORRNCIA DE PROBLEMAS NA CIDADE DE PORTO ALEGRE

    CLAUDIO ROBERTO KLEIN DE MORAES

    Dissertao apresentada Universidade Federal do Rio Grande do Sul para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Civil.

    Orientador: Prof. Ruy Alberto Cremonini

    PORTO ALEGRE, RS 2002

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL UFRGS ESCOLA DE ENGENHARIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL - PPGEC

    IMPERMEABILIZAO EM LAJES DE COBERTURA: LEVANTAMENTO DOS PRINCIPAIS FATORES

    ENVOLVIDOS NA OCORRNCIA DE PROBLEMAS NA CIDADE DE PORTO ALEGRE

    CLAUDIO ROBERTO KLEIN DE MORAES

    PORTO ALEGRE, RS

    2002

  • Esta dissertao de Mestrado foi julgada adequada para a obteno do ttulo de MESTRE EM

    ENGENHARIA CIVIL e aprovada em sua forma final pelo orientador e pelo Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    PROF. RUY ALBERTO CREMONINI, ORIENTADOR DR. PELA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    PROF. FRANCISCO DE PAULA SIMES LOPES GASTAL COORDENADOR DO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL

    PROF. NGELA BORGES MASUERO DRA. PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    PROF. CLUDIO DE SOUZA KAZMIERCZAK DR. PELA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    PROF. DENISE CARPENA COITINHO DAL MOLIN DRA. PELA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

  • Aos puros de esprito, justos de corao e incgnitos pelo mundo, que no cotidiano da vida, mais do que nunca, lutam pela PAZ da humanidade.

    (Valria Maria SantAnna)

  • Aos meus pais pelo carinho, apoio e incentivo.

  • AGRADECIMENTO

    Agradeo ao meu professor orientador - Dr. Ruy Alberto Cremonini -, pela valiosa ajuda na elaborao deste trabalho.

  • SUMRIO

    P. LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ ix

    LISTA DE TABELAS ........................................................................................... x

    RESUMO .............................................................................................................. xi

    ABSTRACT .......................................................................................................... xii

    1

    INTRODUO ......................................................................................... 11.1 Objetivos do Trabalho ........................................................................... 41.1.1 Objetivo geral ........................................................................................... 41.1.2 Objetivo especfico ................................................................................... 41.2 Delimitaes do Trabalho ..................................................................... 51.3 Estruturao do Trabalho ..................................................................... 5

    2

    IMPERMEABILIZAO DE ESTRUTURAS .......................................... 72.1 Introduo .............................................................................................. 72.2 Histrico ................................................................................................. 72.3 Sistemas de Impermeabilizao .......................................................... 122.3.1 Classificao quanto presso dgua e direo do fluxo a ser

    contido ..................................................................................................... 152.3.2 Classificao quanto rigidez / flexibilidade da estrutura ....................... 172.3.3 Classificao quanto aderncia ao substrato ....................................... 212.3.4 Classificao quanto aos materiais pr-fabricados utilizados ................. 212.3.5 Classificao quanto aplicao in loco ................................................. 252.3.6 Vantagens e desvantagens sobre a utilizao de sistemas de

    impermeabilizao ................................................................................... 262.3.7 Fatores a serem observados para uma boa impermeabilizao ............. 292.3.8 Novas tendncias para o mercado de impermeabilizao ...................... 312.4 Custos ..................................................................................................... 342.4.1 Custos intangveis .................................................................................... 352.5 Defeitos (Falhas) em Impermeabilizao ............................................. 362.5.1 Defeitos devido ao projeto ....................................................................... 372.5.2 Defeitos devido qualidade dos materiais .............................................. 382.5.3 Defeito devido execuo ....................................................................... 38

  • viii

    2.5.4 Defeitos devido m utilizao e/ou manuteno .................................. 392.5.5 Exemplos de manifestaes patolgicas em impermeabilizaes de

    lajes ......................................................................................................... 402.6 Recomendaes e Cuidados para Impermeabilizao ...................... 492.6.1 Importncia do projeto ............................................................................. 502.6.2 Execuo da impermeabilizao ............................................................. 522.6.3 Fases de uma impermeabilizao ........................................................... 552.6.3.1 Na contratao da obra ........................................................................... 552.6.3.2 Antes da impermeabilizao .................................................................... 562.6.3.3 Durante a impermeabilizao .................................................................. 562.6.3.4 Depois da impermeabilizao .................................................................. 572.6.4 A tica na impermeabilizao .................................................................. 572.7 Normalizao .......................................................................................... 582.7.1 Comparao das normas de impermeabilizao no Brasil e no mundo .. 602.7.1.1 Regulamentao de novos materiais para impermeabilizao ............... 61

    3

    METODOLOGIA ...................................................................................... 633.1 Populao e Amostragem ..................................................................... 633.2 Instrumento de Coleta de Dados .......................................................... 64

    4

    APRESENTAO DOS RESULTADOS ................................................ 654.1 Anlise dos Questionrios .................................................................... 654.1.1 Taxa de retorno ........................................................................................ 654.1.1.1 Resultados dos projetistas ....................................................................... 664.1.1.2 Resultados das construtoras ................................................................... 714.1.1.3 Resultados das concreteiras .................................................................... 784.1.1.4 Resultados dos aplicadores ..................................................................... 81

    5

    CONSIDERAES FINAIS .................................................................... 885.1 Concluses ............................................................................................ 895.2 Sugestes para Novos Estudos ........................................................... 91

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................... 92

    ANEXOS .............................................................................................................. 98ANEXO A: INSTRUMENTOS DE PESQUISA ..................................................... 99ANEXO B: CDIGO DE TICA DA IMPERMEABILIZAO, INSTITUIES

    INTERNACIONAIS DO RAMO DE IMPERMEABILIZAO E LISTA DE NORMAS DA ABNT RELATIVAS IMPERMEA-BILIZAO ...................................................................................... 106

  • LISTA DE FIGURAS

    P. Figura 1 Problema de transpasse em manta asfltica .............................. 41 Figura 2 Infiltrao junto viga de concreto .............................................. 42 Figura 3 Fissuras e infiltraes em laje de terrao .................................... 42 Figura 4 Obstculos para impermeabilizao ........................................... 43 Figura 5 Detalhe de soleira ........................................................................ 43 Figura 6 Preparao para encaixe da impermeabilizao ........................ 44 Figura 7 Manchas em revestimento interno .............................................. 44 Figura 8 Preparao do substrato ............................................................. 45 Figura 9 Formao de mofo ...................................................................... 45 Figura 10 Fixao de luminria ................................................................... 46 Figura 11 Domos com infiltrao ................................................................. 46 Figura 12 Arremates em terrao .................................................................. 47 Figura 13 Vedao de junta ......................................................................... 48 Figura 14 Teste de estanqueidade 48 Figura 15 Detalhe caracterstico de um projeto de impermeabilizao

    mostrando informaes importantes para a execuo da impermeabilizao .......................................................................

    52 Figura 16 Aplicao de mantas asflticas para impermeabilizao em

    rodaps ........................................................................................

    53 Figura 17 Proteo mecnica para impermeabilizao de junta perimetral 54 Figura 18 Proteo mecnica para impermeabilizao de junta de

    dilatao ......................................................................................

    54 Figura 19 Preparao de superfcie para impermeabilizao de soleiras ... 55

  • LISTA DE TABELAS

    P. Tabela 1 Anlise dos questionrios............................................................. 66 Tabela 2 Resultados para pergunta 1 Projetistas ................................... 66 Tabela 3 Resultados para pergunta 2 Projetistas ................................... 67 Tabela 4 Resultados para pergunta 3 Projetistas ................................... 68 Tabela 5 Resultados para pergunta 4 Projetistas ................................... 68 Tabela 6 Resultados para pergunta 5 Projetistas ................................... 69 Tabela 7 Resultados para pergunta 6 Projetistas ................................... 69 Tabela 8 Resultados para pergunta 7 Projetistas ................................... 70 Tabela 9 Resultados para pergunta 1 Construtoras ................................ 71 Tabela 10 Resultados para pergunta 2 Construtoras ................................ 72 Tabela 11 Resultados para pergunta 3 Construtoras ................................ 72 Tabela 12 Resultados para pergunta 4 Construtoras ................................ 73 Tabela 13 Resultados para pergunta 5 Construtoras ................................ 73 Tabela 14 Resultados para pergunta 6 Construtoras ................................ 74 Tabela 15 Resultados para pergunta 7 Construtoras ................................ 74 Tabela 16 Resultados para pergunta 8 Construtoras ................................ 75 Tabela 17 Resultados para pergunta 9 Construtoras ................................ 76 Tabela 18 Resultados para pergunta 10 Construtoras .............................. 76 Tabela 19 Resultados para pergunta 11 Construtoras .............................. 77 Tabela 20 Resultados para pergunta 12 Construtoras .............................. 78 Tabela 21 Resultados para pergunta 1 Concreteiras ................................ 79 Tabela 22 Resultados para pergunta 2 Concreteiras ................................ 79 Tabela 23 Resultados para pergunta 3 Concreteiras ................................ 80 Tabela 24 Resultados para pergunta 4 Concreteiras ................................ 80 Tabela 25 Resultados para pergunta 1 Aplicadores ................................. 81 Tabela 26 Resultados para pergunta 2 Aplicadores ................................. 82 Tabela 27 Resultados para pergunta 3 Aplicadores ................................. 82 Tabela 28 Resultados para pergunta 4 Aplicadores ................................. 83 Tabela 29 Resultados para pergunta 5 Aplicadores ................................. 84 Tabela 30 Resultados para pergunta 6 Aplicadores ................................. 84 Tabela 31 Resultados para pergunta 7 Aplicadores ................................. 85 Tabela 32 Resultados para pergunta 8 Aplicadores ................................. 85 Tabela 33 Resultados para pergunta 9 Aplicadores ................................. 86 Tabela 34 Resultados para pergunta 10 Aplicadores ............................... 86 Tabela 35 Resultados para pergunta 11 Aplicadores ............................... 87

  • RESUMO

    Este trabalho teve por objetivo o levantamento dos principais fatores envolvidos na ocorrncia de problemas na impermeabilizao em lajes de cobertura na cidade de Porto Alegre, assim como salientar para a importncia dos diversos cuidados necessrios visando a sua estanqueidade. Foi realizada uma coletnea fotogrfica sobre alguns defeitos ocorridos em terraos nas diversas etapas da construo. Tambm utilizou-se questionrios enviados ao meio tcnico atuante na construo civil (Projetistas, Construtoras, Concreteiras e Aplicadores de produtos impermeabilizantes). O percentual das respostas obtidas foi acima de 60% e, os resultados mostraram que a maioria dos Projetistas consideram a Norma Brasileira inadequada a nossa realidade climtica; as Construtoras no utilizam trao especial para a execuo do concreto da laje de cobertura, por sua vez as Concreteiras deixam totalmente a critrio do solicitante esse trao especial; e os aplicadores na sua totalidade acusam a inexistncia do projeto de impermeabilizao em obras executadas.

  • WATERPROOFING ON FLAGSTONES: A SURVEY OF THE MAIN FACTORS INVOLVED IN THE OCCURRENCE OF

    PROBLEMS IN THE CITY OF PORTO ALEGRE

    ABSTRACT

    This study was meant not only to survey the main factors that have caused the problems on waterproofing in flagstones in the city of Porto Alegre, but also to emphasize the importance of avoiding them. A collection of photos taken show some flaws in flagstones and a questionnaire was sent to technicians, to people working in the building industry (structural designers, constructors, concrete companies and waterproofing applicators). The percentage of results obtained was above 60% which shows that most of the structural designers consider the Brazilian regulation inadequate to our weather conditions; the building companies dont use special mixes to make the concrete for flagstones, the concrete companies Ieave the decision to the client; the applicators say that there isnt any project for waterproofing.

  • 1 INTRODUO

    Existem vrias exigncias para que uma habitao tenha um desempenho adequado visando a satisfao do seu usurio.

    Essas exigncias podem ser, segundo a ISO - Internacional Organization for Standartization, ISO-Draft Proposal (1979):

    - Exigncias de estabilidade (estabilidade e resistncia estrutural);

    - exigncias de segurana ao fogo (limitao do risco do surgimento e propagao de incndio, condies de evacuao dos usurios);

    - exigncias de segurana utilizao (segurana do usurio durante o uso da edificao e intruses);

    - exigncias de estanqueidade (estanqueidade aos gases, lquidos);

    - exigncias de conforto higrotrmico (temperatura e umidade do ar internos);

    - exigncias de pureza do ar (pureza do ar e limitao dos odores);

    - exigncias de conforto visual (claridade para trabalho, descanso e vista exterior);

    - exigncias de conforto acstico (isolamento acstico e nveis de rudo);

  • 2

    - exigncias de conforto ttil (rugosidade, umidade e temperatura das superfcies);

    - exigncias de conforto antropodinmico (limitao de vibraes e aceleraes e conforto nas manobras dos componentes);

    - exigncias de higiene (abastecimento de gua, evacuao de matrias usadas);

    - exigncias de adaptao ao uso (nmero e tamanho dos ambientes e as relaes dos espaos com equipamentos);

    - exigncias de durabilidade (conservao dos elementos e componentes);

    - exigncias de economia (custo de construo e utilizao).

    Existe um importante requisito que o da habitabilidade por estar ligado ao conforto trmico, acstico, s condies de renovao de ar e a prpria salubridade do ambiente.

    Impermeabilizao a proteo das construes contra a infiltrao da gua. O sucesso na impermeabilizao importante para que no haja degradao dos materiais, principalmente, para que no se perca a habitabilidade da edificao.

    Para que se compreenda melhor a importncia da impermeabilizao em terraos importante que se faa um breve comentrio acerca desta parte da edificao, tendo em vista serem tipos de cobertura plana muito utilizados nas grandes cidades pela possibilidade do uso externo dessa rea e pela sensao psicolgica de liberdade conferida ao usurio.

    Os terraos so reas muito sensveis s condies ambientais de insolao direta, agentes poluentes agressivos, deformaes devido a cargas de servio, recalque de fundaes, e pelo prprio trnsito de pessoas.

  • 3

    Essas reas, por serem muito utilizadas, devem receber uma ateno especial na impermeabilizao, levando em conta, principalmente, que o custo gira em torno de 1% a 3% do custo total da obra, podendo, quando a mesma no atender seu objetivo, gerar custos de reparo na ordem de 5% a 10% do custo total da obra (PORCELLO, 1998).

    O Sindicato das Empresas de Compras, Vendas, Locao e Administrao de Imveis e dos Edifcios em Condomnio Residenciais e Comerciais do Estado de So Paulo - SECOVI-SP efetuou um levantamento em 52 obras de oito construtoras, detectando que 90% dos problemas, aps a entrega das chaves, estavam reunidos em cinco itens, sendo a impermeabilizao o primeiro deles. No foi fornecido pelo SECOVI-SP a participao percentual para cada item. (BOCCHILE, 2002).

    Alm do custo financeiro, h o custo relativo aos inconvenientes, provocados por problemas de impermeabilizao por apresentarem dificuldades tais como:

    - Localizao do defeito;

    - recuperao de reas atingidas pelo servio e no diretamente relacionadas a ele;

    - garantia restrita rea recuperada;

    - avaliao dos custos;

    - desconforto do usurio.

    Conforme a NBR 12190/01 (ABNT, 2001), a impermeabilizao definida como sendo a proteo das construes contra a passagem de fluidos. Contudo, esta no a realidade que se constata nas obras, mas sim problemas no sistema de impermeabilizao que criam a necessidade de se avaliar sua origem, tipo e porque ocorrem, alm de verificar o grau de conhecimento do meio tcnico no assunto.

    Acerca dos problemas que se constata, abaixo esto listados, em itens, os principais responsveis pelos insucessos na impermeabilizao:

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    - Falta de projeto;

    - mo-de-obra desqualificada ou pouco treinada;

    - uso de materiais no normalizados;

    - preparao inadequada do substrato;

    - caimentos para os coletores pluviais insuficientes;

    - interferncias de outros projetos na impermeabilizao;

    - trnsito sobre a impermeabilizao;

    - construo sobre a laje j impermeabilizada.

    A falta de um projeto de impermeabilizao gera dificuldades na fiscalizao dos servios, na indefinio dos materiais a serem utilizados e nos detalhes da preparao do substrato, ocasionando infiltraes em estruturas de concreto armado, corroso em armaduras, comprometimento da habitabilidade, custos e transtornos ao usurio.

    Todos os aspectos apontados acima justificam a avaliao realizada junto ao meio tcnico, visando a constatao dos principais problemas de impermeabilizao em lajes de cobertura, na cidade de Porto Alegre.

    1.1 Objetivos do Trabalho

    1.1.1 Objetivo geral

    O objetivo geral o levantamento dos principais fatores envolvidos na ocorrncia de problemas na impermeabilizao em lajes de cobertura na cidade de Porto Alegre, a partir da viso de agentes envolvidos em sua execuo e/ou projeto.

    1.1.2 Objetivo especfico

    Analisar, de forma particular, as dificuldades sentidas pela populao alvo (projetistas, construtoras, concreteiras e aplicadores), acerca da melhor forma de se projetar e executar a impermeabilizao de coberturas.

  • 5

    1.2 Delimitaes do Trabalho

    A anlise foi realizada na regio metropolitana de Porto Alegre, por ser a rea de atuao dos profissionais-alvo da pesquisa, mais especificamente em terraos, local da construo onde ocorrem manifestaes patolgicas devido aos problemas de impermeabilizao.

    Quanto a escolha dos participantes, deu-se dentro do seguinte critrio:

    - Projetistas estruturais: foram selecionados projetistas, atuantes na cidade de Porto Alegre, colaboradores das empresas construtoras selecionadas;

    - Construtoras: foram selecionadas empresas construtoras atuantes no mercado de construo e incorporao imobiliria em Porto Alegre;

    - Concreteiras: foram escolhidas as empresas atuantes em Porto Alegre;

    - Aplicadores: a seleo se realizou dentre os associados da ASBI/RS (Associao Sul Brasileira de Impermeabilizao).

    1.3 Estruturao do Trabalho

    O trabalho foi estruturado em 5 captulos:

    O Captulo 1, relativo Introduo, apresenta a dissertao, justificando o tema escolhido, definindo os objetivos e mostrando suas principais limitaes.

    No Captulo 2 apresenta-se a reviso bibliogrfica dos assuntos relacionados ao tema impermeabilizao de coberturas. Inicialmente so apresentados os aspectos bsicos sobre impermeabilizao, histrico, sistemas de impermeabilizao, classificao de sistemas e materiais de impermeabilizao, vantagens e desvantagens, usos, recomendaes e restries, novas tendncias para o mercado de impermeabilizao, custos, patologias em impermeabilizao, defeitos devido ao projeto, defeitos devido qualidade dos materiais, defeitos devido

  • 6

    execuo, defeitos devido m utilizao e/ou manuteno, recomendaes e cuidados para impermeabilizao, procedimentos a serem aplicados, importncia do projeto, execuo da impermeabilizao, a tica na impermeabilizao, normalizao, comparao da impermeabilizao no Brasil e no mundo.

    O Captulo 3 mostra a metodologia empregada para a realizao do trabalho: Populao e Amostragem; Instrumento de Coleta de Dados.

    No Captulo 4 esto apresentados os resultados sobre as informaes obtidas sobre a impermeabilizao em lajes de cobertura na cidade de Porto Alegre levantamento de problemas e cuidados.

    No captulo 5, so apresentadas as concluses que envolvem os aspectos mais importantes sobre o trabalho e sugestes para futuros trabalhos.

    Complementando o trabalho, foram utilizados os anexos a saber:

    Anexo A apresenta os questionrios, Instrumentos da coleta de dados.

    Anexo B apresenta o Cdigo de tica da Impermeabilizao, Instituies Internacionais do Ramo de Impermeabilizao e a Lista de Normas da ABNT Relativas Impermeabilizao.

  • 2 IMPERMEABILIZAO DE ESTRUTURAS

    2.1 Introduo

    Falar de impermeabilizao fazer uma trajetria metodolgica em busca da correta utilizao de sistemas impermeabilizantes, visto que atravs dela que se alcana, com fidelidade, a proteo de construes que em moldes mais condizentes impeam a passagem de guas, por meio de infiltraes, fludos e vapores.

    A durabilidade das edificaes, bem como a reduo de custos de manuteno e recuperao, dependem da adequada utilizao de sistemas impermeabilizantes. Quando no se utiliza mtodos adequados de impermeabilizao, corre-se o risco de provocar problemas de habitabilidade, alm dos prejuzos quanto funcionalidade da construo e degradao dos materiais constituintes, j que a maioria deles no resiste ao conjugada e cclica de gua, oxignio, vapores agressivos, gases poluentes, maresia, oznio, chuvas cidas, entre outros agentes. Infelizmente, o mercado atual de impermeabilizao ainda conta com expressivo nmero de tcnicos que tm dado preferncia s correes dos problemas, posterior construo, por no terem a preocupao de elaborar um projeto que fornea subsdios para o correto uso da impermeabilizao.

    2.2 Histrico

    Desde os primrdios das civilizaes, os primeiros materiais utilizados nas construes foram os leos e betumes naturais, j que forneciam caractersticas impermeabilizantes. Como exemplo, cita-se No que, segundo os Livros Apcrifos, impermeabilizou o casco da arca com leos e betumes naturais. Outros exemplos a

  • 8

    serem citados, acerca da utilizao do mesmo material so: a Muralha da China; as piscinas das termas romanas; e os Jardins da Babilnia. J os egpcios utilizavam leos aromticos para proteger os sarcfagos. Na Era romana, o material impermeabilizante era a albumina, composta por clara de ovo, sangue, leos, entre outros e tinha como funo impermeabilizar saunas e aquedutos. (PICCHI, 1986).

    Todavia, se tm informaes complementares de que as primeiras impermeabilizaes, datadas do sculo XX, foram executadas com Coaltar Pitch (Piche de alcatro, asfalto de hulha), com asfaltos naturais armados com tecidos grosseiros (juta, papelo, entre outros), materiais estveis e impermeveis, pouco plsticos, que porm, satisfaziam s exigncias da poca, em funo da baixa movimentao estrutural dos edifcios, j que os mesmos eram de pequeno porte e de grande rigidez (SIKA INFORMATION, 1991).

    RESENDE (1987) refere que o comeo da utilizao de impermeabilizantes na era moderna coincide com as primeiras obras efetuadas em concreto armado no incio do sculo XX, notadamente aps a introduo de novos conceitos arquitetnicos de Le Corbusier (1914), que resultaram em estruturas mais esbeltas, trabalhando mais flexo e menos compresso, sendo exigidas novas tcnicas de impermeabilizao, com o intuito de absorver maiores movimentaes estruturais. Por volta de 1930, foram formuladas as primeiras emulses asflticas dirigidas para impermeabilizao, ainda utilizadas atualmente.

    O mesmo autor salienta que novo progresso foi sentido com o desenvolvimento dos elastmeros a partir de 1932 pela E I. Du Pont de Nemours e Cia. (USA) denominados Neoprene e com o Polisopreno (Butil) em 1940 pela Standard Oil of New Jersey, tambm empregados em impermeabilizao. Estes materiais j apresentavam desempenho mais compatvel com as solicitaes exigidas pela moderna arquitetura.

    At a dcada de 60 os sistemas impermeabilizantes eram aplicados in loco; contudo, em razo dos altos custos de mo-de-obra, principalmente nos pases do hemisfrio norte, foram desenvolvidos os sistemas pr-fabricados em monocamada, com o surgimento, em seqencial, das mantas butlicas, de PVC e, finalmente, a manta asfltica. (RESENDE, 1987).

  • 9

    Torna-se notrio, que desde as primeiras impermeabilizaes conhecidas at os dias de hoje, um longo caminho, entre erros e acertos, tem sido percorrido.

    Segundo Picchi (1986) em fins de 1982, em funo do quadro existente (internacional), engenheiros pesquisadores de dez pases europeus reuniram-se na Union European Pour lagrement Techinique dans la Construction (UEATC), publicando o trabalho Diretrizes bsicas para impermeabilizao de coberturas, aceito em todo o mundo, como pedra basilar e real na tecnologia de Impermeabilizao.

    No Brasil, a impermeabilizao remonta ao incio da colonizao. Os primeiros servios que se tm conhecimento so os fortes ou fortalezas, feitas pelos portugueses. O Forte de So Marcelo, na cidade de Salvador, na Bahia, e o Forte dos Reis Magos, na cidade de Natal (RN), so exemplos tpicos da engenharia impermeabilizante da poca. Ambos foram construdos no sculo XVI em contato direto com o mar. A tcnica utilizada na poca, e que at hoje continua atendendo s necessidades da obra, era o emprego do leo de baleia misturado com cal e areia, formando uma argamassa de grande durabilidade e de baixa permeabilidade. Era uma exigncia extremamente importante, pois a maioria das construes era de pau-a-pique que, em linguagem mais atualizada, poderamos chamar de barro armado (varas de madeira revestidas com barro), ou ainda, as construes de adobe, que eram grandes blocos confeccionados com barro cru. Eram, portanto, materiais extremamente perecveis ao ataque das guas. Outras tcnicas eram adotadas para evitar os problemas de umidade: por exemplo, nas construes dos sculos XVII e XVIII, evitava-se o contato direto com o solo construindo pores com ventilao. Grandes beirais eram utilizados nos telhados de maneira a evitar ou minimizar o ataque direto das chuvas s paredes. (POZZOLI, 1991).

    A partir do sculo XIX, o Brasil toma conhecimento das impermeabilizaes metlicas, confeccionadas com chapas de cobre. Este tipo de impermeabilizao, bastante empregado na Europa em grandes obras, persistiu aqui no Brasil nas primeiras dcadas do sculo XX. Exemplos tpicos so os teatros municipais do Rio de Janeiro e de So Paulo (POZZOLI, 1991).

  • 10

    O mesmo autor cita que em fins do sculo XIX, comearam a surgir as primeiras impermeabilizaes com a utilizao de alcatro, piche e asfaltos. Nesses primeiros servios, os especialistas vindos da Europa empregavam os mais diversos mtodos e sistemas.

    Em demolies, nas cidades de Recife, Santos e So Paulo, pesquisadores tiveram a oportunidade de ver o emprego de jornais velhos e piche, aplicados em camadas sucessivas at atingir-se espessuras que variavam entre 5 e 10 milmetros. Nessas observaes e pesquisas arqueolgicas, encontraram muitos terraos em demolies, nas quais a impermeabilizao era obtida atravs de finas tiras de bambu entrelaadas, recebendo por baixo e por cima, uma argamassa de cal e argila, com posterior saturao feita base de leo de peixe (POZZOLI, 1991).

    Com o desenvolvimento da arquitetura brasileira, a partir da 1a Guerra Mundial, comeam a surgir no Brasil, asfaltos importados de Trinidad e da Judia - asfaltos naturais, tambm chamados de betume, que eram materiais de excelente qualidade, empregados em princpio sem nenhum elemento de estruturao. Posteriormente, comearam a ser empregados feltros base de linter de algodo, tambm com papeles de asbesto como reforo (POZZOLI, 1991).

    Pode-se dizer que as primeiras impermeabilizaes de melhor desempenho, e com maior critrio, comearam com o Departamento de Energia da Light. Os tcnicos da referida empresa trouxeram para o Brasil a tecnologia do emprego correto dos sistemas fibroasflticos, importando materiais dos Estados Unidos e Canad. A utilizao de aditivos ao concreto e argamassas de cimento e areia comeou a partir da dcada de 30, com a chegada da empresa Sika, uma das pioneiras trazendo para o Brasil tecnologia desenvolvida na Sua.

    A partir da dcada de 30 surgiram pequenos fabricantes de materiais para impermeabilizao. Na dcada de 50 pode ser citada a empresa Arthur Viana Companhia de Materiais Agrcolas, em So Paulo, como a maior empreiteira de impermeabilizaes da poca. Esta empresa utilizava principalmente dois sistemas conhecidos como "telhado mineralizado e telhado extra-forte. Tambm da dcada de 50 so as empresas Asfaltadora Brasileira e Isoterma, que

  • 11

    constituram-se em um marco importante na engenharia da impermeabilizao brasileira. Estas empresas foram precursoras de firmas com atuao especfica na rea, como por exemplo, Wolf Hacker, Ondalit, Montana, Prema entre outras. Nesta mesma dcada, comeou tambm a utilizao de emulses asflticas, mantas butlicas, as resinas epoxdicas e as mantas de PVC e as emulses asflticas trazidas, inicialmente para o Brasil pelo engenheiro Bruno Lev, com a marca Vadimex (PICCHI,1986).

    PICCHI (1986) refere-se que, na dcada de 60, comeou o emprego dos sistemas impermeabilizantes com elastmeros sintticos de neoprene e hypalon em soluo. Nesse mesmo perodo houve um sensvel aprimoramento das emulses asflticas, fruto do desenvolvimento do estudo da petroqumica.

    Ainda na dcada de 60, com os estudos para a implantao do Metr, em So Paulo, surgiu a necessidade da criao de normas brasileiras para esse campo. At ento existiam apenas as normas internas das empresas, onde cada uma empregava seus mtodos e sistemas (POZZOLI, 1991).

    POZZOLI (1991) informa que um grupo de pesquisadores liderados por Kurt Baungart, ainda na dcada de 60, passou a trabalhar junto Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) com o objetivo de elaborar a normalizao necessria. Este trabalho durou cerca de 8 anos e deu origem nas atuais normas.

    Em 1975, foi criado o Instituto Brasileiro de Impermeabilizao (IBI), entidade que tem um papel preponderante na difuso das normas da ABNT e na normalizao da impermeabilizao.

    A manta de elastmero Poli-Isobutileno-Isopreno (Butil) comeou a ser utilizada nos Estados Unidos (USA) por volta de 1934 e desde 1965 no Brasil, sendo recomendada para impermeabilizaes em geral e em casos de estruturas fissurveis ou fissuradas.

    O surgimento do neoprene e do hypalon, na dcada de 60, foi o fundamento para o desenvolvimento das mantas termoplsticas de alta resistncia, a base de elastmeros sintticos e, entre eles, o Etileno-Propileno-Dieno-Monmero (EPDM)

  • 12

    que um elastmero com propriedades de maior resistncia trao e ao puncionamento. (PICCHI, 1991).

    BURGE (1997) orienta que os primeiros estudos realizados com o intuito de desenvolver tcnicas e procedimentos, visando inibir os problemas surgidos com a implementao do uso dos diversos sistemas de impermeabilizao, apareceram logo aps a segunda guerra mundial. Coincidiram para isto, alm do rpido avano tecnolgico no mesmo perodo, uma maior utilizao de lajes de concreto como cobertura de edificaes.

    No Brasil os avanos observados em relao aos sistemas e materiais tem sido adotadas com rapidez e praticamente todos os grandes fabricantes de produtos para impermeabilizao tm unidades aqui instaladas, seja produzindo diretamente ou pelo fornecimento do know how s indstrias nacionais.

    Observa-se que depois de anos de luta para normalizar os sistemas impermeabilizantes e torn-los mais adequados para atender s necessidades da Construo no Brasil, o setor de impermeabilizao que envolve fabricantes, projetistas, construtoras, concreteiras, aplicadores e o comrcio especializado, vem dando alguns passos importantes para transformar essa atividade em elemento importante para uma obra, alm de tentar inclu-la como ramo da Engenharia Civil.

    2.3 Sistemas de Impermeabilizao

    So conjuntos de servios executados acima da laje de cobertura, compreendendo:

    - Regularizao; - caimentos; - a impermeabilizao propriamente dita; - isolamento trmico (quando especificado); - proteo mecnica.

    A literatura estudada oferece noes importantes como as de alguns autores citados a seguir.

  • 13

    SCHLAEPFER e CUNHA (2001) orientam que conforme o tipo de estrutura, sua rigidez, sua situao perante os fluxos dgua, dentre outros fatores, podem ser projetados diversos tipos de sistemas de impermeabilizao, que atendero contento s solicitaes do usurio no que diz respeito ao custo mais adequado.

    Dizem os mesmos autores que basicamente os sistemas de impermeabilizao dividem-se nos seguintes fatores:

    - Presso dgua e direo do fluxo a ser contido; - rigidez / flexibilidade da estrutura; - aderncia do sistema estrutura; - metodologia de preparao e aplicao; - estruturao do produto impermeabilizante; - quantidade de camadas de impermeabilizante.

    DINIS (1997) refere-se que os sistemas de impermeabilizao existentes possuem diferenas de concepo, princpio de funcionamento, materiais, tcnicas de aplicao entre outros. Estas variaes servem de base para diversas classificaes, que podem auxiliar na compreenso e comparao dos sistemas existentes no mercado brasileiro.

    SCHMITT (1990) assegura que os sistemas impermeabilizantes referem-se especificao de diversos itens e que o projetista quem ir determinar caso a caso individualizando as reas e peas a serem impermeabilizadas, levando ento em considerao o seguinte roteiro:

    a) Seleo do sistema de impermeabilizao mais apropriada; b) material impermeabilizante dentro do sistema como o mais indicado,

    escolhido basicamente em funo dos prximos itens; c) tipo de gua que atua na pea; d) comportamento da pea em relao movimentao trmica que ser

    submetida; e) desempenho do material escolhido;

  • 14

    f) anlise com preciso da proporo custo x benefcio, quando da determinao do material impermeabilizante.

    PICCHI (1986) refere que para que os sistemas impermeabilizantes sejam perfeitamente identificados, quanto ao seu funcionamento e desempenho estrutural, necessrio que se identifiquem tambm todas as solicitaes a que os mesmos estaro submetidos. Segundo o mesmo autor, de forma geral, pode-se reunir as seguintes solicitaes conforme designado a seguir:

    a) Alongamento distenso da impermeabilizao diante dos efeitos de trao;

    b) cisalhamento deformaes tangenciais causadas por esforos paralelos impermeabilizao, decorrentes de foras de frenagem de veculos, ventos, movimentaes do substrato devido abertura de trincas, entre outros;

    c) esmagamento colapso da estabilidade dimensional do sistema impermeabilizante, provocada por carregamentos aplicados em superfcies discretas, provocando a deslocabilidade lateral dos materiais constituintes do sistema;

    d) puncionamento cisalhamento ortogonal e perimetral, provocado por carregamentos aplicados em superfcies pequenas;

    e) fendilhamento fissuramento radial, causado por carregamentos pontuais, aplicados geralmente em forma de impacto;

    f) arrancamento ruptura das ligaes de aderncia, por foras ortogonais ao substrato e de sentido oposto ao de assentamento da impermeabilizao;

    g) deslizamento ruptura das ligaes de aderncia, por foras tangencionais ao substrato, aplicadas atravs das movimentaes estruturais ou diretamente na prpria impermeabilizao, atravs de agentes externos;

    h) empenamento ondulaes e franzimento, decorrentes de deslocamentos diferenciais de dois panos independentes do substrato, separados por juntas ou trincas generalizadas;

    i) abraso perda da massa por frico.

  • 15

    2.3.1 Classificao quanto presso dgua e direo do fluxo a ser contido

    A NBR 12190/01, define a classificao quanto presso d'gua e direo do fluxo a ser contido:

    - gua de percolao: gua que atua sobre superfcies, no exercendo presso hidrosttica superior a 1 kPa.

    - gua sob presso: gua confinada ou no, exercendo presso hidrosttica superior a 1 kPa.

    - umidade do solo: gua existente no solo, absorvida e/ou adsorvida pelas partculas do mesmo.

    Sobre a presso dgua, eis algumas consideraes segundo PICCHI (1986):

    a) gua de percolao gua que atua sobre superfcie, no exercendo presso hidrosttica superior a 1 kPa (=10cm de altura dgua), isto , a gua que obedecendo a lei da gravidade, escorre sobre as superfcies em direo determinada, no exercendo presso hidrosttica.

    b) gua sob presso gua confinada ou no, exercendo presso hidrosttica superior a 1 kPa.

    c) Umidade do Solo gua existente no solo, absorvida pelas partculas do mesmo.

    Entende-se que os produtos impermeabilizantes devero ser especificados em funo de formas de solicitaes impostas pela gua ou at mesmo das trs formas, ficando a sua escolha, em projeto, condicionada a outros fatores, tais como: facilidade de execuo, rapidez de execuo, experincia com dado sistema seja por parte do aplicador, seja por parte do cliente, alm do custo do sistema, etc.

    DINIS (1997) informa que existem trs tipos de solicitao imposta pela gua s impermeabilizaes:

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    a) gua de percolao: ocorre quando da incidncia da gua em terraos, coberturas, fachadas e empenas, onde o escoamento livre no existindo esforo hidrosttico sobre a construo.

    b) gua com presso: o caso de piscinas, caixas dgua, subsolos imersos em lenol dgua, onde a presso provoca um esforo hidrosttico sobre os elementos da construo.

    c) gua por capilaridade: a ao da migrao da gua absorvida pelos elementos estruturais e que caminha, por capilaridade, pelos poros dos mais diversos materiais de construo, em maior ou menor intensidade.

    A diferena existente na literatura dos autores acima citados est apenas na letra c onde, o primeiro se refere umidade do solo enquanto que o segundo gua por capilaridade. De qualquer modo, embora de forma implcita possvel compreender que ambos falam a mesma linguagem. Ou seja, pode ocorrer em funo de capilaridade, chuva dirigida acidental incorporada durante a construo.

    Em outra bibliografia analisada e, que pode ser considerada mais atualizada a de SCHLAEPFER e CUNHA (2001) cuja orientao a de que quanto presso dgua atuante na estrutura a ser impermeabilizada, os sistemas de impermeabilizao se dividem em:

    a) Sistemas sob presso positiva - reservatrios, piscinas, terraos, etc, onde se promove uma impermeabilizao interna, na direo positiva da presso hidrosttica.

    b) Sistemas sob presso negativa subsolos, reservatrios, piscinas sob ao do lenol fretico, onde se promove a impermeabilizao interna, na direo negativa da presso hidrosttica.

    c) Sistemas sob percolao - fundaes de edificaes, baldrames, subsolos, piscinas enterradas, sob ao do lenol fretico ou apenas umidade de solo, onde se promove uma impermeabilizao externa, na direo positiva da percolao.

  • 17

    d) Sistemas sob contato positivo impermeabilizaes verticais de fachadas ou empenas.

    2.3.2 Classificao quanto rigidez ou flexibilidade da estrutura

    Quanto rigidez do sistema de impermeabilizao, SCHLAEPFER e CUNHA (2001) orientam no sentido de que esta deve ser compatvel com a rigidez ou flexibilidade da estrutura na rea impermeabilizada.

    Classificadas as estruturas, tem-se a seguir, a classificao dos sistemas como segue:

    a) Sistemas rgidos Aplicveis em estruturas sujeitas a mnimas variaes trmicas, pequenas vibraes e/ou exposio solar. So normalmente empregados em reservatrios dgua inferiores, subsolos, piscinas enterradas, galerias enterradas de: cabos eltricos, de inspeo em barragens e galerias em geral, pequenas estruturas isostticas expostas.

    O sistema rgido sob presso positiva por argamassa, por exemplo, geralmente atendido por argamassas impermeveis, no estruturadas, de preparao e aplicao no local da obra ou pr-fabricadas, em sistemas monocapa (aplicao em uma nica vez).

    Destaca-se a evoluo dos sistemas rgidos que se originaram pela adio de aditivos impermeabilizantes em argamassas de cimento e areia, passando pela pr-fabricao destas argamassas industrialmente, sendo oferecidas prontas para uso, com metodologia de aplicao mais simplificada e rpida, at a obteno de argamassas de uso misto, que permitem sua aplicao em estruturas moderadamente esbeltas e flexveis, face a dosagem dos constituintes do produto que garantem mdulo de elasticidade muito inferior ao da estrutura.

    Os sistemas rgidos esto dentre os processos de impermeabilizao mais difundidos e utilizados no Brasil, chamados de Sistemas contnuos de Impermeabilizao com emprego de argamassas. Este processo, de aplicao tradicional , inclusive, normalizado pela ABNT Associao Brasileira de Normas

  • 18

    Tcnicas atravs da NBR 9574/86 (Execuo de Impermeabilizao) sendo denominado Argamassa Impermevel.

    J os sistemas rgidos sob presso negativa por argamassa so tambm argamassas ou pastas cimentceas que visam deter os fluxos dgua que percolam pela estrutura ou parte desta.

    Geralmente no so estruturados, posto que so necessrios em estruturas enterradas, naturalmente rgidas.

    Em estruturas novas, em que se tenha rebaixado o lenol fretico para sua execuo, a impermeabilizao se procede como no caso anterior, com argamassas aditivadas com impermeabilizantes, de execuo local ou pr-fabricada.

    Em estruturas antigas, que apresentem problemas de infiltraes, necessrio a execuo de revestimentos aderentes com aditivos especiais que permitam a sua aplicao em presena do fluxo de gua. Para tal se dispe de aditivos impermeabilizantes aceleradores de pega para argamassas de impermeabilizao, que permite entre a aplicao e o endurecimento, com o estancamento do fluxo, intervalos de tempo de alguns minutos e at mesmo, em casos mais graves, alguns segundos entre preparao e tamponamento dos fluxos.

    Os cimentos polimricos tambm podem ser utilizados em estruturas antigas, que apresentam problemas de umidade por capilaridade.

    b) Sistemas flexveis Aplicveis em estruturas sujeitas a variaes trmicas diferenciadas e/ou grandes vibraes, cargas dinmicas, recalques e/ou forte exposio solar. So normalmente empregados em: terraos, pilotis expostos, piscinas suspensas, lajes, fossos, reatores de usinas nucleares, jardins suspensos, calhas de grandes dimenses de barragens, galerias de trens metropolitanos, coberturas, casas de comando e fora de usinas hidreltricas.

    O sistema flexvel sob presso positiva por membrana se caracteriza pela aplicao de produtos de impermeabilizao flexveis, diferindo das argamassas, classificadas como sistemas rgidos.

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    Podem apresentar-se em camadas simples ou mltiplas, estruturadas ou no, de execuo local, aderentes ao substrato ou flutuantes, conforme necessidades de projeto.

    Destinam-se basicamente impermeabilizao de estruturas flexveis ou deformveis, onde sistemas rgidos no se adequam.

    J o sistema flexvel sob presso positiva por manta, um sistema flexvel cuja indicao bsica se d para estruturas muito deformveis, onde as membranas poderiam apresentar falhas.

    Podem apresentar-se em camadas simples ou mltiplas, estruturadas ou no, de aplicao local dos elementos pr-fabricados, semi-aderentes ao substrato ou flutuantes, conforme necessidades de projeto.

    Podem ser de diversas naturezas, destacando-se as mantas polimricas de PVC e as mantas asflticas, de grande simplicidade de aplicao e de custo reduzido.

    Em geral, as mantas asflticas possuem estruturao intermediria, podendo ser em fibras de vidro, poliester, ou outras fibras, at mesmo naturais.

    Os asfaltos utilizados na confeco das mantas so modificados com elastmeros visando maior durabilidade e elasticidade, sendo em geral protegidos nas faces externas por membranas plsticas que facilitam o manuseio e o estoque dos rolos.

    Os sistemas flexveis de percolao (positiva) por membrana destinam-se a conter umidades provenientes de solo, sendo em geral promovido por membranas ou pinturas superficiais penetrantes, como emulses asflticas simples ou tintas asflticas base de solventes, de alto poder de penetrao no substrato de concreto ou alvenaria.

    No visa conter presses de gua ou fluxos negativos, e sim a umidade ativa pelo lado positivo da atuao desta. por isso, indicado para

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    impermeabilizao de estruturas enterradas (fundaes), baldrames, caixas de passagem eltricas, entre outros.

    DINIS (1997) refere que o material que constitui a impermeabilizao deve possuir rigidez e flexibilidade adequadas s temperaturas de utilizao, de forma que acompanhe os movimentos normais que lhe so impostos, sem perder a continuidade pelo surgimento de fissuras, ranhuras, rompimentos ou outras falhas.

    O mesmo autor trata assim, o sistema de impermeabilizao quanto rigidez e flexibilidade:

    a) Sistemas rgidos: cristalizao, concreto impermevel, argamassa impermevel, so sistemas rgidos e s devem ser adotados em estruturas no sujeitas fissurao ou grandes deformaes, em reas com adoo de componentes construtivos, que possam se movimentar e descolar.

    b) Sistemas semi-rgidos: argamassa polimrica, epxi, suportam micro-fissuras, dependendo de sua espessura e reforos, suportando tambm grandes deformaes estruturais.

    c) Sistemas elsticos: possuem capacidade de se alongar em funo da resistncia estrutural, podendo absorver fissurao desde que adequadamente especificados, dependendo da espessura, capacidade de deformao e reforos. Pode-se ter nesta condio sistemas com alongamento ao redor de 40% at mais de 1000%.

    d) Impermeabilizaes laminares: so os sistemas cujos materiais possuem boa resistncia ao alongamento, sendo capaz de se deformar e retornar ao estado original continuamente sem se romper.

    e) Impermeabilizaes por pintura: so as impermeabilizaes executadas in loco, ou seja, na prpria obra, formada pela intercalao de vrias

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    camadas de asfalto, armadas ou no, com materiais diversos, tais como os tecidos de feltro asflticos, tecidos de vidro entre outros.

    2.3.3 Classificao quanto aderncia ao substrato

    A classificao quanto aderncia ao substrato, os sistemas de impermeabilizao podem ser classificadas como:

    a) Aderido: Quando o material impermeabilizante totalmente fixado ao substrato, seja por fuso do prprio material ou por colagem com adesivos, asfalto quente ou maarico.

    b) Semi-aderido: Quando a aderncia parcial e localizada em alguns pontos, como platibandas e ralos.

    c) Flutuante: Quando a impermeabilizao totalmente desligada do substrato. Utilizada em estruturas de grande deformabilidade.

    2.3.4 Classificao quanto aos materiais pr-fabricados utilizados

    As mantas podem ser subdivididas em classe:

    - Manta normal; e

    - Manta de alta resistncia, sendo esta classificao relacionada aos ensaios de alongamento, resistncia trao e carga-deformao

    PIRONDI (1979) define a classificao quanto aos materiais pr-fabricados utilizados em:

    a) Manta asfltica: produto impermevel, industrializado, obtido por calandragem, extruso ou outros processos, com caractersticas definidas.

    As mantas so prontas para uso, necessitando a soldagem ou colagem entre elas, com processos indicados pelos fabricantes.

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    Nas mantas asflticas existem vrias opes de estruturante, polmeros e acabamentos superficiais.

    Exemplos de materiais estruturantes:

    - Polister: um tecido projetado para a estruturao de impermeabilizaes flexveis, moldadas no local. destinado a absorver esforos e conferir resistncia mecnica ao sistema de impermeabilizao. O material resulta em um sistema laminar e flexvel, aonde so aplicadas diversas camadas sucessivas de impermeabilizaes e tela. Este processo estrutura e d resistncia, formando um processo monoltico e sem emendas. Todas as impermeabilizaes moldadas no local devem ser estruturadas com, pelo menos, uma camada de tela de polister. Para a aplicao, deve-se primeiro verificar se h ou no a necessidade de se fazer uma regularizao no substrato. Este deve estar firme, limpo, sem p e graxa, seco e isento de materiais estranhos. Ao aplicar o impermeabilizante, o reforo txtil ser intercalado entre a primeira e a Segunda demo, de forma a armar a pelcula, para em seguida, montar a pelcula formada pelo impermeabilizante. Quando o substrato apresentar trincas generalizadas recomendado estender a tela ao longo de toda a trinca, fixando-a com uma nova demo de impermeabilizante. Entre as principais caractersticas das telas de polister pode-se citar: no possuem emendas; so moldveis a formatos geomtricos (cantos, tubos, ralos); resistem umidade, ao envelhecimento, ao ataque de microorganismos; no formam bolhas nem rachaduras; so dimensionalmente estveis, possuindo ainda a capacidade de se alongar.

    - Fibras de vidro: So fabricados na forma de manta fina, com espessura variando de 0,20 a 0,35mm. Os seus elementos constituintes so filamentos de vidro com dimetro de 12 a 15 micras. Estes esto uniformemente distribudos em padro multidirecional e apresentam-se aglutinados com resinas sintticas o que permite seu emprego com materiais frios. Resistem ao do tempo indefinidamente, no se

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    degradando e tampouco sofrendo qualquer reao em contato com a umidade. Alm de serem inorgnicos, demonstram-se totalmente no combustveis: resistem a temperaturas de at 800C.

    Exemplos de polmeros:

    - APP (Polipropileno Attico)

    O APP se divide em dois tipos: o sinttico, que produzido por empresas petroqumicas, e aquele que gerado a partir de um sub-produto do polipropileno.

    Os sintticos possuem melhores caractersticas para o uso em adesivos e em outras aplicaes.

    O APP produzido como sub-produto amorfo e tem maior compatibilidade com os produtos de impermeabilizao, como os base de asfalto.

    - SBS (Estireno-Butadieno-Estireno)

    O SBS uma borracha sinttica produzida por diversas petroqumicas.

    Exemplos de acabamentos superficiais:

    - AP: areia/polietileno, sendo o polietileno na face de colagem para aplicao a maarico.

    - PP: Polietileno / polietileno, em ambas as faces para colagem a maarico.

    Utilizadas, AP como PP em reas externas com utilizao de proteo mecnica para trnsito em geral.

    - Agregado mineral (ardsia): so mantas auto protegidas, indicadas como sistema impermeabilizante com acabamento final de coberturas no transitveis, dispensando a camada de argamassa de proteo mecnica. o sistema ideal para impermeabilizao de reas de cobertura com

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    inclinaes no superiores a 30%, tais como: cpulas, abbadas, etc. recomendada para estruturas de pequenas deformaes.

    - Alumnio (face superior): lmina de alumnio para reas de acabamento final de coberturas no transitveis, no utilizando argamassa de proteo mecnica, possuindo uma fita de polietileno removvel na faixa de sobreposio lateral entre mantas. Face inferior: filme de polietileno extinguvel chama de maarico.

    b) Mantas de PVC: as mantas de PVC so utilizadas na impermeabilizao de coberturas, terraos transitveis, jardineiras, galerias sanitrias, reservatrios dgua e lagos.

    As emendas so feitas com pistola de ar quente, a manta aplicada sobre um substrato perfeitamente regularizado e fixados nos rodaps com cola para PVC.

    c) Mantas butlicas: trata-se de um sistema no armado, monocapa, que se aplica s impermeabilizaes em geral, especialmente em coberturas pr-moldadas, lajes mistas, estruturas fissurveis ou fissuradas de grandes dimenses, calhas, coberturas de madeiras, metlicas, baldrames.

    Face baixa permeabilidade a gases, grande resistncia ao oznio, aos raios infravermelho, ultravioleta e istopos radioativos, pode ser empregado em todas as vedaes com durabilidade garantida pelos fabricantes para mais de 25 anos.

    Estas mantas so fabricadas na espessura mnima de 0,8 mm devido ao alto custo da matria-prima (butyl). Devido a sua esbeltez estas mantas so aplicadas sobre um bero de amortecimento e as emendas so feitas a frio com adesivo autovulcanizante e fita de caldeao.

    d) Mantas EPDM (Etileno, Propileno, Dieno Monmero): trata-se de manta pr-vulcanizada utilizada para impermeabilizaes em geral. Tem durabilidade garantida pelos fabricantes de acordo com as normas brasileiras e internacionais de impermeabilizao, mesmo estando exposta constantemente s intempries.

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    Este sistema indicado para lajes sujeitas a movimentaes trmicas, fissuras estticas ou dinmicas e pr-moldados. So fabricadas em espessura de 0,8 mm com camada amortecedora e 1 mm sem camada amortecedora.

    um sistema single ply (manta aplicada em uma camada) de maior aceitao e utilizao nos Estados Unidos e Brasil e, tem sido nos ltimos anos o sistema de maior ndice de crescimento na Europa. A aplicao simples, totalmente a frio, sem perigo de fogo, ao inverso dos sistemas asflticos clssicos. Sua grande performance decorrente do seu sistema de fixao no flutuante, colagem por contato na laje do substrato. Todos os sistemas de proteo trmica ou pisos podem ser aplicados sobre esta manta.

    2.3.5 Classificao quanto aplicao in loco

    PIRONDI (1979) orienta que para a impermeabilizao in loco, utiliza-se o processo com membranas. Membranas so produtos ou conjunto impermeabilizante, moldado no local, com ou sem armadura. Proporcionam impermeabilizaes seguras e de custo baixo, podendo ser executadas facilmente pelo prprio pessoal da obra. A tcnica empregada simples e no requer ferramentas especiais.

    As membranas so sistemas obtidos pela aplicao de diversas camadas. Existem tipos para aplicao a quente (asfaltos oxidados) e a frio (base gua, base solvente ou isento de solvente).

    Em reas com pouca ventilao (reservatrios) deve-se tomar cuidado na utilizao de produtos aplicados a quente porque possuem restries, tanto na manipulao quanto ao risco de fogo.

    A frio, a impermeabilizao feita em camadas e forma sobre a estrutura uma membrana impermevel, flexvel e sem emendas.

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    2.3.6 Vantagens e desvantagens sobre a utilizao de diferentes sistemas de impermeabilizao

    Devido a sua facilidade de colocao, economia de mo-de-obra e caractersticas de peso, espessura, alongamento e resistncia previamente definidas no processo de industrializao, as mantas asflticas adquiriram a confiana dos aplicadores de impermeabilizao e hoje ocupam um lugar de destaque entre os sistemas de impermeabilizao. So comercializadas nas espessuras de 3mm, 4mm e 5mm, em rolos de 10 metros de comprimento e 1 metro de largura.

    Quanto ao seu mtodo de aplicao existem 2 sistemas:

    a) utilizao de asfalto a quente (na manta com acabamento de areia na face de contato com o substrato);

    b) utilizao de maarico a gs (na manta com acabamento de polietileno na face de contato com o substrato).

    Uso de asfalto a quente na aplicao das mantas asflticas:

    a) Vantagens: Asfalto tem caractersticas auto-nivelantes (corrige irregularidades

    do substrato); Manta fica totalmente assentada e aderida ao mesmo; Asfalto usado como ponto de ligao entre o substrato e a manta

    funciona como um bero amortecedor da mesma, protegendo-a de possveis sacrifcios provenientes de deficincias do substrato.

    b) Desvantagens: Risco de acidentes. Necessrio maior nmero de funcionrios.

    Uso de maarico a gs na aplicao das mantas asflticas:

    a) Vantagens: Trabalho mais limpo;

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    Menor risco de acidentes de trabalho; Nmero reduzido de funcionrios; Rapidez na aplicao.

    b) Desvantagens:

    Necessidade de substrato muito bem regularizado e aplicado de primer asfltico.

    Treinamento e conscientizao de funcionrios na aplicao.

    Mantas asflticas com polmero de APP ( Polipropileno Attico )

    a) Vantagens: Tem muito boa resistncia a altas temperaturas; Excelente resistncia aos raios ultravioleta; Boa flexibilidade ao frio.

    b) Desvantagens:

    No possui elasticidade; Tem pouca resistncia fadiga.

    Mantas asflticas com polmero de SBS ( Estireno-Butadieno-Estireno)

    a) Vantagens:

    A maior vantagem do SBS ser flexvel a altas e baixas temperaturas;

    Ter grande elasticidade e boa resistncia fadiga.

    b) Desvantagens:

    No suporta os ataques dos raios ultravioleta.

  • 28

    Mantas de PVC (cloreto de polivinil)

    a) Vantagens:

    So mantas termoplsticas pr-moldadas; Por ser um sistema flutuante, independe das variaes trmicas

    sofridas pela laje; Sua execuo mais limpa; Nmero reduzido de funcionrios; Rapidez na aplicao.

    b) Desvantagens:

    Por ser um sistema flutuante, eventuais infiltraes so difceis de serem localizadas;

    Necessidade de substrato bem regularizado; Exige mo-de-obra especializada.

    Membranas impermeveis:

    a) Vantagens:

    So utilizadas para reas com muitos recortes, arremates (exemplos: floreiras, lajes recortadas, vigas invertidas) e outras reas com muitas interferncias construtivas;

    Sistema monoltico e sem emendas.

    b) Desvantagens:

    Necessrio maior nmero de funcionrios; Demora na aplicao; Sujeitas s variaes trmicas da laje.

  • 29

    2.3.7 Fatores a serem observados para uma boa impermeabilizao

    Existem, no processo de impermeabilizao, tpicos que devem ser observados e obedecidos, objetivando resultados satisfatrios.

    a) Tpicos a serem referenciados:

    Materiais (devero ser de boa qualidade, satisfazendo as condies das especificaes da ABNT);

    Concreto de consistncia prpria para adensamento vibratrio; Juntas de concretagem (ateno especial s mesmas,

    principalmente nos reservatrios dgua); Cura do concreto (dever ser feita atravs de processos clssicos,

    ou ainda, com aplicao de cura qumica); Juntas de dilatao devero ser tratadas (impermeabilizadas) com

    sistema escolhido em funo das deformaes previstas na junta e presso hidrosttica atuante.

    b) Escolha tcnica dos Sistemas de Impermeabilizao: a escolha do Sistema de Impermeabilizao mais adequado para uma dada construo funo de vrios fatores, tais como:

    Forma da estrutura; Deformao admissvel no dimensionamento da mesma, esbeltez,

    tipo de exposio; Presso da gua e sua direo; Efeito arquitetnico que se deseja obter; Custos.

    Objetivando uma escolha tcnica, so considerados quatro pontos (impermeabilidade dos materiais; elasticidade dos materiais; proteo mecnica e isolamento trmico; durabilidade) quantificveis por ensaios de laboratrios; particularmente intemperismo acelerado e/ou; ainda, experincias e pesquisas prprias para avaliao de um Sistema de Impermeabilizao:

  • 30

    Impermeabilidade dos materiais - Traduz a propriedade dos materiais de impermeabilizao de apresentarem-se estanques penetrao dgua, vapor, umidade e agentes externos em geral.

    Elasticidade dos materiais - Caracteriza a propriedade dos materiais de impermeabilizao de absorverem deformaes provocadas por: esforos trmicos (diferenas de temperatura/umidade); esforos mecnicos (trao/compresso/recalques/cisalhamento); esforos fsicos (ao de agentes tais como: gua/guas agressivas/ao dos ventos).

    Dependendo das condies de implantao da obra, os esforos variam de importncia e grandeza e/ou ainda, atuam associadamente. Portanto, a elasticidade do material de impermeabilizao exprime sua capacidade de se deformar sob tenso (qualquer que seja sua causa e voltar a posio original quando cessada a mesma).

    Proteo mecnica e isolamento trmico - estes dois aspectos so muito importantes no que diz respeito ao desempenho de um sistema de impermeabilizao, particularmente impedindo ou retardando os seguintes efeitos: danificao do material impermeabilizante por trfego (pedestre, veculos, etc.); alterao das propriedades intrnsecas do material (migrao de plastificantes, volatilizao, aumento de absoro capilar); diminuio dos diferenciais trmicos; tanto na estrutura, como nos materiais de impermeabilizao; bem como, aumento do ndice de conforto no meio ambiente.

    Durabilidade - caracteriza a propriedade dos Sistemas de Impermeabilizao de apresentarem performances satisfatrias; ou seja, estanqueidade total num intervalo de tempo, variando de 5 a 10 anos, conforme o sistema adotado, tipo e localizao da obra, custos de execuo, etc.

    Conforme experincia prtica na construo civil no Brasil, um Sistema de Impermeabilizao com durao de 20 anos, considerado de notvel longevidade.

  • 31

    Deve-se observar que o uso dos materiais impermeabilizantes em laje de cobertura tambm esto condicionados dimenso da laje, forma geomtrica e outros detalhes construtivos. O perfeito desempenho de um material impermeabilizante est diretamente ligado anlise preliminar da estrutura como um todo.

    2.3.8 Novas tendncias para o mercado de impermeabilizao

    Pode ser citada como inovao relativa a materiais e tcnicas o surgimento de revestimento flexvel base de poliuria. Trata-se de uma membrana projetada de cura rpida com equipamento de alta presso, resultando em uma membrana com alta resistncia mecnica, elevada aderncia e boa resistncia ao intemperismo. A principal desvantagem novamente, est ligada ao custo, j que por exemplo as mantas asflticas (considerando material e mo de obra), chegam ao valor aproximado de 6% do CUB/RS, o metro quadrado, ou seja R$ 34,63/m2 (CUB/RS-Fev/02). Por outro lado os revestimento flexveis base de poliuria chegam a atingir nveis de 13% do CUB/RS. (OLIVEIRA et al, 1999).

    Alm do custo para o consumidor existe o custo para o aplicador j que para adquirir o equipamento (tipo hot spray, de alta presso, com componentes pr-aquecidos desenvolvido por empresas norte-americanas), o mesmo precisar desembolsar em torno de US$ 30,000, para poder aplicar o produto, limitando a sua utilizao apenas a grandes obras. (OLIVEIRA et al, 1999).

    BORIGATO (1993) refere que no ramo da impermeabilizao os resultados em final de obra convergem numa gama de insucessos. Geralmente ocorrem esses problemas porque os construtores, em vez de optar por um correto processo de impermeabilizao, optam por solues mais simples como forma de agilizar a execuo da obra.

    A preocupao com os fatos citados torna fcil compreender que a qualidade o principal fator na obteno de resultados satisfatrios no processo de impermeabilizao.

    Cabe fazer uma panormica acerca da qualidade, alm da evoluo das tendncias no mundo da impermeabilizao.

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    A tendncia para o sculo XXI para melhoramentos no processo de impermeabilizao a implantao de sistemas de controle de qualidade. Porm, apesar de no ser uma tarefa simples, os resultados podero ser imediatos na seqncia do processo de implantao. Sugere o autor que para a compreenso deste processo importante que a Trilogia de Juran torne-se conhecida.

    A Trilogia de Juran foi um processo criado para medir as dificuldades que um determinado mercado enfrenta e dar incio implantao de Controle de Qualidade que resulta no inter-relacionamento da trilogia: planejamento da qualidade; controle da qualidade e melhoramento da qualidade. Foi criada na dcada de 90, visando melhorar o atendimento ao cliente.

    a) Planejamento da qualidade - o planejamento da qualidade a fase que trata do desenvolvimento dos produtos e processos exigidos para a satisfao das necessidades dos clientes envolvendo uma srie de etapas como: Estabelecimento de metas de qualidade; identificao dos clientes; determinao das necessidades dos clientes; desenvolvimento das caractersticas do produto que atendam as

    necessidades dos clientes; desenvolvimento de processos que sejam capazes de produzir as

    caractersticas dos produtos; estabelecimento de controles de processos e transferncia dos

    planos resultantes para as foras operacionais.

    b) Controle de Qualidade - o Controle de Qualidade tem como objetivos: avaliar o desempenho real de qualidade; comparar o desenvolvimento real com as metas de qualidade; agir em relao s diferenas.

    c) Melhoramento de Qualidade segundo Borigato (1993) a base do processo que objetiva a elevao do desempenho da qualidade a nveis sem precedentes. Este processo consiste em:

  • 33

    estabelecer a infra-estrutura necessria para garantir o melhoramento anual da qualidade;

    identificar as necessidades especficas de melhora; estabelecer, para cada projeto, uma equipe com clara

    responsabilidade em lev-lo a uma concluso bem sucedida; prover recursos, a motivao e o treinamento de que as equipes

    necessitam para bem diagnosticar as causas, estimular o estabelecimento de remdios e estabelecer controles para manter os ganhos.

    O referido autor encerra esta abordagem dizendo que para sobreviver no sculo XXI, as empresas do segmento de impermeabilizao devero investir em melhoria da qualidade, porque nada mais importante para uma empresa do que compreender bem os anseios de seus clientes e/ou usurios. Os clientes dos servios de impermeabilizao esto interessados em reduzir seus problemas, seus custos e, principalmente, melhorar a qualidade ao final da obra. Portanto, s existe uma sada para a sobrevivncia e garantia do sucesso neste ramo, que a implantao de melhoria da qualidade.

    A evoluo e a melhoria dos materiais impermeabilizantes propiciaro soluo para grande parte dos problemas mais comuns nas obras tais como: uniformidade na espessura nos sistemas pr-fabricados, resistncia mecnica, alongamento razovel, aplicao fcil e vida til mais longa que os asfaltos comuns, porm, inferior aos materiais sintticos.

    Em funo das altas taxas de desemprego no Brasil, inmeras empresas devero surgir nesse mercado de impermeabilizao, obrigando os profissionais da rea de engenharia a procurar solues por conta prpria, porque deve-se levar em conta o aviltamento de preos dos materiais pela concorrncia despreparada onde, somente o aplicador habilidoso poder explorar com o sucesso esse novo mercado.

    Portanto, somente com investimentos macios em treinamento se obter melhores resultados e, consequentemente, o mercado da impermeabilizao experimentar um forte crescimento.

  • 34

    O aplicador brasileiro tem boas possibilidades de prestar um servio, desde que instrudo de forma adequada. Para tanto, essencial que o mercado disponha, para este profissional, requisitos importantes como:

    Credenciamento por critrio tcnico do aplicador; treinamento completo e reciclagem anual, no s para o dono ou

    engenheiro, mas em nvel de encarregados e fiscais porque so estes que vo transmitir as orientaes aos oficiais;

    literatura tcnica completa e sria e no simples folhetos comerciais; no autorizar a aplicao por aplicador no credenciado; proceder a efetiva e eficaz fiscalizao e cobrana do que ocorre no

    campo; no publicar ndices irreais de consumo e custos, levando o consumidor

    final a iluso de que pode conseguir servio a preos impraticveis no canteiro de obras.

    Alguns autores advertem que a evoluo dos materiais impermeabilizantes depende da disponibilidade de recursos para investimentos e adoo de medidas para se permitir resultados a curto prazo.

    O enfoque gerencial de inovao assume grande importncia pelas caractersticas do mercado, onde h um predomnio da utilizao de mantas asflticas. Os demais tipos de manta, ou sejam: PVC, Butlica e EPDM, tem seu uso cada vez mais restrito, principalmente por razes econmicas, sendo que a maioria das inovaes nas mantas so aperfeioamentos feitos nas mantas asflticas existentes. Como exemplo pode ser citado a manta asfltica aderente, estruturada com filme de polister, utilizada com cola de alto poder de aderncia, desenvolvida para facilitar a aplicao em reas onde a utilizao de maarico por questes de segurana ou ecolgicas no for permitida.

    2.4 Custos

    PORCELLO (1998) diz que o custo de uma impermeabilizao na construo civil gira em torno de 1% a 3% do custo total da obra. Entretanto, este

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    valor pode variar entre 5% e 10% quando a impermeabilizao no atender o seu objetivo, apresentando defeitos.

    Segundo a Associao Sul Brasileira de Impermeabilizao (ASBI/RS) o custo por metro quadrado (material e mo-de-obra) para aplicao de uma manta asfltica gira em torno de 6% do Custo Unitrio Bsico (CUB/RS).

    AZEVEDO (1993) refere que para que se possa obter resultados positivos no que diz respeito aos custos da impermeabilizao fundamental que haja interao harmoniosa entre todos os setores envolvidos, ou seja, construtoras, aplicadores, fabricantes e revendedores.

    O mesmo autor cita que para se obter xito na reduo dos custos imprescindvel que sejam muito bem observadas as condies de fechamento de contrato, visto que, numa economia instvel, prazos maiores de pagamento embutem encargos financeiros que deixam de existir ou podem ser minimizados se a condio de faturamento for mais apropriada. Enfim, adiantamento de numerrio na aquisio de materiais, menores prazos de faturamento so fatores determinantes na reduo do preo final de comercializao.

    Cita-se:

    Em funo de no tomada de atitudes na utilizao da impermeabilizao, como proteo da edificao contra os efeitos patolgicos [...] as manifestaes patolgicas tm crescido muito nos ltimos anos, gerando [...] a uma despesa em manuteno que atinge a astronmica verba de 4% do PIB (Produto Interno Bruto), que equivale a mais ou menos dez bilhes de dlares. (FARINA e GRANATO, 1991, p. 270).

    2.4.1 Custos Intangveis

    Alm da correta seleo e execuo de um sistema de impermeabilizao, outro fator exerce influncia no custo da edificao, o uso do isolamento trmico.

    PIRONDI (1997) menciona que se obtm uma economia significativa ao se realizar uma impermeabilizao adequada com o uso do isolamento trmico. esse componente que proporciona, alm da economia, o conforto, a estabilidade das

  • 36

    estruturas e a durabilidade da impermeabilizao, j que com a sua utilizao, as movimentaes provenientes da variao trmica so reduzidas.

    2.5 Defeitos (Falhas) em Impermeabilizao

    FARINA e GRANATTO (1991) citam que as principais origens das manifestaes patolgicas em impermeabilizao so:

    a) Manifestaes patolgicas originrias de infiltrao de gua provocadas por uma falha.

    b) Manifestaes patolgicas originrias do processo construtivo que podem provocar o rompimento ou degradao da impermeabilizao.

    Em relao natureza dos defeitos na impermeabilizao, podem ser citados os seguintes aspectos:

    - umidade; - deslocamento da estrutura devido a esforos no previstos, causando

    rompimento na impermeabilizao; - fissurao; - instalaes.

    Promover a reexecuo total da impermeabilizao existente uma forma de soluo dos problemas porque os reparos localizados em impermeabilizao so freqentes e reconhecidos como procedimentos fracassados. Seguem abaixo sugestes para as fases da reexecuo:

    a) demolio do piso existente;

    b) remoo da proteo mecnica existente;

    c) retirada e transporte do entulho gerado;

    d) remoo da impermeabilizao antiga;

    e) reconstituio da regularizao;

  • 37

    f) aplicao de nova impermeabilizao;

    g) colocao da camada separadora;

    h) proteo mecnica;

    i) colocao de novo piso;

    j) reconstituio do lay out;

    k) execuo de novo paisagismo.

    Estes servios so geradores de grandes transtornos para os usurios tais como: elevao dos custos, interrupes nas passagens, mudanas nos acessos, desvios, barulhos, poeiras alm da movimentao de materiais e entulhos.

    Estas manifestaes podem ser originadas nas diversas etapas do processo construtivo, tais como:

    - projeto; - execuo; - defeitos materiais; - erros de utilizao dos materiais.

    2.5.1 Defeitos devido ao projeto

    O sucesso de uma impermeabilizao depende de uma srie de detalhes. A maior parte dos problemas de estanqueidade localizam-se em pontos crticos, singularidades especficas para cada construo.

    As origens dos defeitos podem ser:

    - pela ausncia do prprio projeto; - pela especificao inadequada de materiais; - pela falta de dimensionamento e previso do nmero de coletores

    pluviais para escoamento dgua; - pela interferncia de outros projetos na impermeabilizao;

  • 38

    - pela falta de previso de desnvel junto soleira; - em funo da planta baixa do terrao apresentar apenas uma cota

    indicando o nvel da rea externa; - pela ausncia do isolamento trmico.

    2.5.2 Defeitos devido qualidade dos materiais

    VICENTINI (1997) refere-se que geralmente ocorrem defeitos pela m qualidade dos materiais porque os tcnicos no seguem corretamente as normas, utilizando materiais inadequados; adulterados; mantm a ausncia de controle de qualidade; adulterao pelo fornecedor e/ou aplicador.

    A utilizao de materiais inadequados, segundo o mesmo autor, pode trazer conseqncias para a edificao, tais como:

    - danos construo; - danos estrutura; - danos funcionais; - danos sade dos usurios; - danos aos bens internos do imvel; - descrdito ao segmento da impermeabilizao; - desgastes entre cliente final/construtora/aplicador; - aes na justia; - grandes gastos para reparos totais; - desvalorizao do imvel; - necessidade de recuperao estrutural.

    2.5.3 Defeito devido execuo

    Esses defeitos so causados pelos aplicadores e operrios. Entre os defeitos devido execuo, GODY e BARROS (1997) destacam:

    - falta de argamassa de regularizao que ocasiona a perfurao da impermeabilizao;

    - no arredondamento de cantos e arestas;

  • 39

    - execuo da impermeabilizao sobre a base mida, no caso de aplicaes de solues asflticas, comprometendo a aderncia e podendo gerar bolhas que ocasionaro deslocamento e rupturas da pelcula impermeabilizante;

    - execuo da impermeabilizao sobre base empoeirada, comprometendo a aderncia;

    - juntas travadas por tbuas ou pedras, com cantos cortantes que podem agredir a impermeabilizao;

    - arremate da aresta das juntas executado com argamassa que pode desprender-se pela ao do mastique;

    - falta de bero para manta butlica; - uso de camadas grossas na aplicao da emulso asfltica, para

    economia de tempo, dificultando a cura da emulso; - falhas em emendas (pouco transpasse, mau uso da pistola de ar quente

    nas mantas de PVC); - perfurao de mantas pela ao de sapatos com areia, carrinhos entre

    outros.

    2.5.4 Defeitos devido m utilizao e/ou manuteno

    Os defeitos devido m utilizao e/ou manuteno esto relacionados ao usurio. CANTU (1997) destaca:

    - danos causados na obra em funo da colocao de peso excessivo (entulho, equipamentos etc) sobre a impermeabilizao;

    - perfurao da impermeabilizao, sem qualquer reparo, aps instalao de antenas, varais;

    - troca de pisos; - instalao de floreiras na cobertura de modo a possibilitar a penetrao de

    gua por cima do rodap impermeabilizado; - colocao de camada de brita sobre a cobertura, com o intuito de efetuar-

    se uma correo trmica, que no entanto pode ocasionar fissuras devido sobrecarga da laje (caso no tenha sido prevista).

  • 40

    2.5.5 Exemplos de manifestaes patolgicas em impermeabilizaes em lajes

    Neste item sero apresentados alguns problemas observados em impermeabilizao de lajes de cobertura que teve por objetivo validar os dados obtidos atravs dos questionrios.

    Os problemas so apresentados atravs de figuras, extradas de um acervo de 200 figuras que vem sendo armazenado h algum tempo.

    Cabe salientar que utilizou-se 14 figuras, de diferentes obras e aplicadores, apenas para tornar mais clara a compreenso dos problemas gerados pela falta de projeto e conseqente m utilizao do sistema de impermeabilizao.

    Sobre as patologias apontadas nas figuras, alguns comentrios foram feitos para mostrar as possveis causas que originaram esses problemas de impermeabilizao.

    As figuras utilizadas neste trabalho ficaram condicionadas aos seguintes aspectos:

    a) problemas localizados nas lajes de cobertura dos terraos; b) nitidez do registro fotogrfico; c) freqncia de ocorrncia e, d) importncia da rea afetada.

  • 41

    Figura 1 Problema de transpasse em manta asfltica

    A figura 1 mostra um problema de execuo na regio central por insuficincia de transpasse , tendo como conseqncia infiltrao no teto do cmodo inferior conforme demonstrado na figura 2 , e no lado direito vrios enrugamentos.

  • 42

    Figura 2 Infiltrao junto viga de concreto

    Na figura 2, verifica-se diversos pontos de infiltrao ao longo da viga com destaque para as manchas escuras que comprometem o aspecto esttico, indicando processo inicial de corroso nas armaduras, prejudicando a habitabilidade.

    Figura 3 Fissuras e infiltraes em laje de terrao

    A figura 3 apresenta a tubulao de gua pluvial foi instalada aps a concretagem da laje e da impermeabilizao. A falta de previso para a sada da gua gerou tenses e fissuras que provocaram infiltraes.

  • 43

    Figura 4 Obstculos para impermeabilizao

    A figura 4 demonstra um tpico erro de falta de projeto. Trata-se de tubulao da rede d'gua fixada junto laje, sem possibilidade de colocao da argamassa de regularizao e posterior impermeabilizao.

    Figura 5 Detalhe de soleira

    A figura 5 apresenta outro erro de projeto na qual se pode observar: a) desnvel pequeno entre a rea coberta e a descoberta; b) encaixe inferior a 50 cm na parte coberta, para a impermeabilizao. Conforme demonstrado no item 2.6.2, na figura 19, Preparao de superfcies para impermeabilizao de soleiras.

  • 44

    Figura 6 Preparao para encaixe da impermeabilizao

    A figura 6 demonstra outra falha no projeto de impermeabilizao. Observando-se dois problemas: a) desnvel entre as reas interna e externa insuficiente; b) pequeno encaixe para a impermeabilizao na rea interna.

    Figura 7 Manchas em revestimento interno

    A figura 7 apresenta falha do projeto em funo do pequeno desnvel existente entre as reas interna e externa e a m vedao no encontro entre os materiais na soleira. A entrada da umidade atingiu a parte inferior do revestimento provocando as manchas escuras.

  • 45

    Figura 8 Preparao do Substrato

    A figura 8 mostra problemas de execuo, onde verifica-se: a) arremate na parede para encaixe da impermeabilizao mal executado devido presena de reentrncias e irregularidades; b) arremate no ralo coletor do pluvial mal executado para aplicao da impermeabilizao.

    Figura 9 Formao de mofo

    Na figura 9, verifica-se erro de execuo em arremate da impermeabilizao junto a ralo na rea externa.

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    Figura 10 Fixao de luminria

    Na figura 10 observa-se colocao de poste com luminria sobre laje externa j impermeabilizada, sendo um erro devido ao uso inadequado. A execuo da base para chumbamento da luminria perfurou a impermeabilizao comprometendo seu desempenho.

    Figura 11 Domos com infiltrao

    A figura 11 demonstra infiltraes junto aos domos em funo da dificuldade de execuo do arremate superficial, caracterizando erro de execuo e/ou projeto. Percebe-se tambm inicio de processo de corroso e manchas de umidade junto aos bordos.

  • 47

    Figura 12 Arremates em terrao

    N a figura 12 verifica-se erro provocado por deficincia de projeto. O encaixe da impermeabilizao fica dificultado nas entradas de ar colocadas junto ao piso e nas soleiras das portas. bem provvel que tenha que ser reformulado, isto , as entradas de ar tero que ter seus nveis elevados para ficarem dentro dos padres que a impermeabilizao requer e, as portas remanejadas, desta maneira evitando problemas de entrada de gua por ocasio de chuvas ou outros tipos de intempries. Ressalta-se que os procedimentos de reexecuo acarretam elevao dos custos da obra alm de transtornos relativos habitabilidade do usurio.

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    Figura 13 Vedao de junta

    Na figura 13 verifica-se provveis erros de execuo e especificao de materiais, uma vez que a vedao da junta de dilatao foi executada com material imprprio e falha na proteo impermevel ocasionando corroso nas armaduras.

    Figura 14 Teste de estanqueidade

    A figura 14 mostra erro de execuo em virtude da colocao dos tijolos que podem prejudicar a impermeabilizao. No teste de estanqueidade com lmina de gua os tijolos foram colocados para facilitar o trnsito na rea impermeabilizada.

  • 49

    2.6 Recomendaes e Cuidados para Impermeabilizao

    POLISSENI (1993) orienta que a estrutura que compe os terraos ou lajes de cobertura no pode ser projetada nem executada como se fosse uma das estruturas dos demais pavimentos visto que, por estar exposta ao tempo, sofre diretamente as aes do meio ambiente.

    O mesmo autor faz uma importante observao no que diz respeito a NBR-9575 (ABNT, 1998), que trata do projeto de impermeabilizao, que ao referir-se estrutura da laje de cobertura (portante) a ser impermeabilizada, faz apenas meno em ser importante levar em considerao no projeto: o tipo de estrutura e o estdio de clculo, a finalidade da estrutura, a deformao prevista da estrutura e o posicionamento das juntas de dilatao.

    Desta forma, a interao entre os profissionais que sero responsveis pela qualidade da laje de cobertura, quer seja na fase de clculo estrutural, definio do projeto de impermeabilizao, bem como de sua execuo no canteiro de obras, passa a ter relevante significado, pois dela resultar a qualidade em termos de estanqueidade gua.

    Um roteiro correto na execuo da impermeabilizao de grande importncia. Assim, seguindo as sugestes de VICENTINI (1997), a melhor forma de se evitar que problemas aconteam, a utilizao de procedimentos corretos na execuo de um processo completo de impermeabilizao, tais como:

    a) projeto de impermeabilizao; b) especificao adequada; c) utilizao de sistemas e produtos normalizados; d) contratao de empresa especializada e capacitada; e) cuidados especiais nos detalhes especficos da obra; f) fiscalizao dos servios por empresa capacitada; g) cuidados posteriores (instalao de antenas, mudana de tubulaes,

    etc).

  • 50

    2.6.1 Importncia do Projeto

    Os projetos de impermeabilizao devem seguir as diretrizes contidas na Norma NBR 9575/98.

    O projeto de impermeabilizao deve ser desenvolvido conjuntamente com o projeto geral e os projetos setoriais, de modo a serem previstas as correspondentes especificaes em termos de dimenses, cargas, ensaios e detalhes.

    AZEVEDO (1993) refere que o projeto de impermeabilizao contribui com vrios benefcios:

    - alternativa de impermeabilizao para uma mesma rea; - condies e possibilidades para comparar o custo inicial previsto com o

    custo efetivo aps projeto escolhido; - facilidades em se obter oramentos mais homogneos porque geralmente

    esses acompanham o projeto; - melhor acompanhamento da equipe tcnica durante as fases de aplicao

    detalhadas no projeto; - garantia ao usurio de que residir num imvel onde foram aplicados

    produtos e materiais impermeabilizantes que suportaro todos os tipos de solicitaes que a estrutura ir sofrer.

    PICCHI (1986) refere que a importncia de um projeto de impermeabilizao concentra-se em seu objetivo que de analisar, discriminar e especificar todas as metodologias adequadas visando o bom comportamento da impermeabilizao. Alm disso, analisa-se, tambm, no projeto os sistemas impermeveis possveis de serem aplicados nas coberturas, visando a escolha do mais adequado.

    J est demonstrado que o projeto de extrema importncia pois ser a linha mestra, tanto para a execuo dos servios como para a fiscalizao.

    BRTOLO (2001) diz que proteger as edificaes dos malefcios de infiltraes, eflorescncias e vazamentos causados pela gua, a principal funo dos sistemas de impermeabilizao que vm se tornando cada vez mais sofisticados.

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    Essas observaes vem justificar a importncia de ser desenvolvido um projeto de impermeabilizao em funo de outros projetos que compem o escopo da construo, tais como: arquitetnico, estrutural, hidrulico, eltrico, paisagismo e ar-condicionado. Contudo, necessrio que se observe o clima e o local a ser protegido pois, a escolha certa do material adequado depender desses fatores.

    PINTO (1991) refere que uma anlise minuciosa desses itens permite ao projetista desenvolver um projeto executivo detalhado para que o executor possa proceder impermeabilizao de maneira correta. A espessura de uma manta asfltica e a quantidade de camada a ser aplicada em uma cobertura, por exemplo, dependem da rigidez da estrutura.

    Nas coberturas e terraos preciso deixar um desnvel entre os ambientes internos e externos alm de ralos para escoamento de gua de chuva. Contudo, muito comum encontrar projet