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Editora IST Press Relações Públicas & Distribuição Instituto Superior Técnico | Av. Rovisco Pais, 1 | 1049-001 Lisboa | Portugal Tel.: +351 21 841 76 86 / 59 | Fax: +351 21 841 76 14 E-mail: [email protected] | www.istpress.ist.utl.pt Ilustração e Banda Desenhada no Ar.Co. OSCAR MARTINEZ JOANA SILVESTRE TIAGO MARTINS MARIA IMAGINÁRIO VASCO MARTINS ISBN 978-972-8469-72-6 ANO 2008 PVP 15,75 (5% IVA Incluído) 32 PÁGINAS O departamento de Ilustração / Banda Desenhada do Ar.Co tem vindo a desenvolver um trabalho pedagógico continuado na área da ilustração editorial de imprensa e a colaborar, neste âmbito, com várias revistas e jornais. Grande parte deste trabalho centra-se na compreensão e aprendizagem dos mecanismos criativos e técnicos relacionando imagem e palavra de forma directa ou metafórica, produzindo uma expressão autoral. Os trabalhos aqui impressos foram desenvolvidos no contexto do curso, subordinaram-se ao tema geral da Colecção Reticências, foram acompanhados pelos formadores e apresentam-se ao público como objectos finalizados com competência gráfica e autoral. Jorge Nesbitt Responsável | Departamento de Ilustração e Banda Desenhada | AR.CO Notas tópicas sobre ideias utópicas. 1. As utopias fascinam. O fascínio é feito de ignorância, pelo menos parcial. Prefiro considerar as utopias, todas elas, com Cioran, uma forma de ingenuidade, se não mesmo de loucura. A faculdade que se lhe deve votar é antes o cepticismo. Independentemente da mais corrente das atitudes. 2. A mais antiga utopia, e que se encontra permanentemente no passado, é o do “jardim fechado”, o paraíso terrestre que abandonámos; a Idade de Ouro, Atlântida, o ventre materno, são suas variações. As mais recentes, que vieram com a modernidade, apontam ao futuro, um futuro qualquer, e podem revestir-se do mais maleável e fantástico dos plásticos e tecnologias tanto quanto retornar a um estado da Natureza (que jamais existiu): expressa-se nos mais diversos graus de natureza política (-ismos.1) ou artística (outros –ismos.2). O facto de poder dizer “utopias” e inventariar seus autores esbate a força de cada uma. 3. A própria palavra parece prometer um lugar cuja única certeza que nos oferece é que “não é aqui” Impelindo-nos, portanto, a um movimento de viagem ou a um gesto de construção. Bebendo dos ícones de ambos os tipos de –ismos referidos acima, Oscar Martinez expressa esse estímulo, com um grão de sal de ironia. 4. A faceta brilhante da utopia é permitir ver e pensar para além das coisas “tal qual elas são”, ou seja, não aceitar sequer a possibilidade das coisas serem alguma coisa de certo. Assim, podemos imaginá-las (torná-las imagem) como cidades visíveis ou ocultas, ilhas de meios-dias ou Laputas, enseadas amenas ou portos blindados, terras do Nunca: Joana Silvestre contorna-as a lápis.

Ilustração e Banda Desenhada no Ar.Co. - ULisboaistpress.tecnico.ulisboa.pt/files/MONOFOLHA_BD.pdf · Work & Shop intitulada "Lar Doce Lar. É finalista do curso de Ilustração

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Editora IST Press Relações Públicas & Distribuição Instituto Superior Técnico | Av. Rovisco Pais, 1 | 1049-001 Lisboa | Portugal Tel.: +351 21 841 76 86 / 59 | Fax: +351 21 841 76 14 E-mail: [email protected] | www.istpress.ist.utl.pt

Ilustração e Banda Desenhada no Ar.Co.

• OSCAR MARTINEZ • JOANA SILVESTRE • TIAGO MARTINS • MARIA IMAGINÁRIO • • VASCO MARTINS •

ISBN 978-972-8469-72-6 ANO 2008 PVP €15,75 (5% IVA Incluído) 32 PÁGINAS

O departamento de Ilustração / Banda Desenhada do Ar.Co tem vindo a desenvolver um trabalho pedagógico continuado na área da ilustração editorial de imprensa e a colaborar, neste âmbito, com várias revistas e jornais.

Grande parte deste trabalho centra-se na compreensão e aprendizagem dos mecanismos criativos e técnicos relacionando imagem e palavra de forma directa ou metafórica, produzindo uma expressão autoral.

Os trabalhos aqui impressos foram desenvolvidos no contexto do curso, subordinaram-se ao tema geral da Colecção Reticências, foram acompanhados pelos formadores e apresentam-se ao público como objectos finalizados com competência gráfica e autoral.

Jorge Nesbitt Responsável | Departamento de Ilustração e Banda Desenhada | AR.CO

Notas tópicas sobre ideias utópicas.

1. As utopias fascinam. O fascínio é feito de ignorância, pelo menos parcial. Prefiro considerar as utopias, todas elas, com Cioran, uma forma de ingenuidade, se não mesmo de loucura. A faculdade que se lhe deve votar é antes o cepticismo. Independentemente da mais corrente das atitudes.

2. A mais antiga utopia, e que se encontra permanentemente no passado, é o do “jardim fechado”, o paraíso terrestre que abandonámos; a Idade de Ouro, Atlântida, o ventre materno, são suas variações. As mais recentes, que vieram com a modernidade, apontam ao futuro, um futuro qualquer, e podem revestir-se do mais maleável e fantástico dos plásticos e tecnologias tanto quanto retornar a um estado da Natureza (que jamais existiu): expressa-se nos mais diversos graus de natureza política (-ismos.1) ou artística (outros –ismos.2). O facto de poder dizer “utopias” e inventariar seus autores esbate a força de cada uma.

3. A própria palavra parece prometer um lugar cuja única certeza que nos oferece é que “não é aqui” Impelindo-nos, portanto, a um movimento de viagem ou a um gesto de construção. Bebendo dos ícones de ambos os tipos de –ismos referidos acima, Oscar Martinez expressa esse estímulo, com um grão de sal de ironia.

4. A faceta brilhante da utopia é permitir ver e pensar para além das coisas “tal qual elas são”, ou seja, não aceitar sequer a possibilidade das coisas serem alguma coisa de certo. Assim, podemos imaginá-las (torná-las imagem) como cidades visíveis ou ocultas, ilhas de meios-dias ou Laputas, enseadas amenas ou portos blindados, terras do Nunca: Joana Silvestre contorna-as a lápis.

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Editora IST Press Relações Públicas & Distribuição Instituto Superior Técnico | Av. Rovisco Pais, 1 | 1049-001 Lisboa | Portugal Tel.: +351 21 841 76 86 / 59 | Fax: +351 21 841 76 14 E-mail: [email protected] | www.istpress.ist.utl.pt

5. De utopia deriva eutopia - “boas” utopias, que se confunde com o primeiro termo, sede do que passou, plano para o que virá - e distopias - “más” utopias, quer as da ficção quer as que se vieram a provar por terem sido implementadas (novamente os –ismos, mormente os .1); são as terras do Nunca-mais-outra-vez ou do Esperemos-que-nunca: Tiago Martins, d’aprés Huxley, ilustra-as, falsamente felizes.

6. Se não é aqui, mas ali, tem de haver melhores galinhas no campo da vizinha. Simples variação do João-que-ri e João-que-chora, Vasco Martins mostra que, de facto, rir não só é o melhor remédio como mais vale um riso no ar do que dois chorares na mão.

7. De todas estas topias, há ainda as heterotopias, “espaços outros” (Foucault). A banda desenhada e a ilustração, por viverem um tanto ou quanto fora do círculo maior do diálogo das artes – não por fraqueza sua, mas por falta de rigor do olhar ecuménico dessas mesmas artes -, acabam por se constituir numa heterotopia, um alhures no qual ainda se podem experimentar determinadas linguagens que se têm afastado de outros meios (a emoção, a figuração redonda, a plena narrativa), e também no qual já se procuram efectivar conceitos inalcançáveis por agora (corpos perfeitos, sociedades futuras, ciências livres, deslimitação de praticamente tudo, a fantasia na rua).

8. Maria Imaginário abre espaço a esse espaço: sob a ilusão de pequeno conto para os mais pequenos, o delicodoce imaginário oculta qualquer coisa de mais negro, de podre, de esquisito, ainda que não saibamos o quê.

9. Aviso à navegação: muitos se preocupam e querem impedir o 1984, de George Orwell, de acontecer. Não há problema, é impossível realizar-se. Já O Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, é que já vingou. CCTV, chip e Cartão de Cidadão. Fia-te na virgem e não corras.

Pedro Moura" Oscar Martinez, nascido em 1972, vive e trabalha em Barcelona. Estudou na escola Massana em

Barcelona e frequentou recentemente o curso de Ilustração e Banda Desenhada do Ar.Co. Publicou o seu trabalho em revistas como EADA view e Barcelona Educacio. Em 2006 ganhou o primeiro prémio de desenho de letra num concurso promovido pelas empreses Tria e Letraset. Em 2007 ganhou o concurso de ilustração para a publicação de um poster com o tema " La setmana de la Ciencia" para a Fundação ICREA.

Joana Silvestre, nascida em 1982, vive e trabalha em Lisboa. Fez a António Arroio no Curso Geral de Artes, desenvolveu trabalho no Atelier de Pintura. Presentemente encontra-se a estudar no Ar.Co, Centro de Arte e Comunicação Visual, a concluir o curso de Ilustração e Banda Desenhada.

Tiago Martins, nascido em 1986, vive na margem Sul e trabalha em Lisboa. Publicou recentemente ilustrações na revista Cais e na agenda de 2008 do Alto Comissariado para a Imigração. É finalista do curso de Ilustração e Banda Desenhada do Ar.Co. Participou na exposição de ilustração para a Infância do Ar.Co na edição do concurso Ilustrarte de 2007.

Maria Imaginário, nascida em 1986, vive e trabalha em Lisboa. Publicou por diversas vezes ilustrações na Revista Cais, recentemente publicou ilustrações na Agenda de 2008 do Alto Comissariado para a Imigração. Desenvolveu um projecto de publicidade para o Oceanário de Lisboa através da Agência Lowe, fez a capa da Agenda Cultural da Lecool. Realizou uma exposição na Galeria Work & Shop intitulada "Lar Doce Lar. É finalista do curso de Ilustração e Banda Desenhada do Ar.Co.

Vasco Costa Martins, nascido em 1981, vive e trabalha em Lisboa. É arquitecto, faz banda desenhada, ilustração e cartoon fora de horas, tendo esse trabalho sido reconhecido com o primeiro prémio do FIBDA (Amadora) em 2007, e com menções honrosas no Concurso Virus BD (Leiria) e no 16º Salão Internacional de Desenho para Imprensa de Porto Alegre (Brasil) em 2008. Frequenta o último ano do curso de Ilustração e Banda Desenhada do Ar.Co. "