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ILUSTRÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) PROCURADOR(A) DO MINISTÉRIO
PÚBLICO FEDERAL - MPF POLO ILHÉUS/ITABUNA – ESTADO DA BAHIA.
vem, perante Vossa Senhoria, oferecer COMUNICAÇÃO DE FATO em
desfavor de:
(1) SUELI CARNEIRO DA SILVA CARVALHO, brasileira,
casada, Prefeita Municipal de Ubaitaba/BA, filha de Alberto
Carneiro da Silva e Genildes Oliveira da Silva, natural de Ubaitaba
- BA, nascida a 25/03/1961, portadora do RG n° 01.659.478-96,
expedida pela Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia -
SSP/BA, devidamente inscrita no CPF sob n° 215.788,695-87, residente
e domiciliada naquela cidade à Rua Cícero Ribeiro de Castro, 56,
Centro, CEP: 45.545-000, podendo ainda ser encontrada na sede da
Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA localizada à Rua Rafael
Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.
(2) ROBERTA CARNEIRO VASCONCELOS PEREIRA, brasileira,
divorciada, professora, atualmente exercendo o cargo de Secretária
Municipal de Educação no município de Ubaitaba/BA, filha de Roberto
Jose Jambeiro Vasconcelos e de Vera Lucia Carneiro Vasconcelos,
natural da cidade de Ilhéus/BA, nascida em 26/08/1976, inscrita no
CPF sob n° 865.902.005-72, residente e domiciliada na Travessa
Cursino Leite, s/n, Bairro Bela Vista, município de Ubaitaba/BA,
CEP 45.545-000, podendo ainda, ser encontrada na sede da Prefeitura
Municipal de Ubaitaba/BA, localizada à Rua Rua Rafael Oliveira, n°
01, Centro, CEP: 45.545-000.
(3) JAMILE CARNEIRO VASCONCELOS, brasileira, casada,
filha de Roberto José Jambeiro Vasconcelos e de Vera Lucia Carneiro
Vasconcelos, RG sob n° 08.623.006-90, inscrita no CPF n°
001.410.215-35, podendo ser encontrada na Sede da Secretaria
Municipal de Educação de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael
Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.
(4) SILVIA MARA MENEZES BORGES, brasileira, solteira,
servidora pública municipal, Presidente da Comissão Permanente de
Licitação e Pregoeira Oficial, inscrita no CPF sob n° 656.197.305-
49, com endereço residencial à Rua Macário dos Reis n° 641, 1°
andar, bairro Santo Antônio, município de Itabuna/BA, CEP: 45.602-
144, podendo ser encontrada na Sede da Prefeitura Municipal de
Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP:
45.545-000.
2
(5) MARCOS ROBERIS MORENO NUNES, brasileiro, casado,
servidor público municipal, Membro da Comissão Permanente de
Licitação, inscrito no CPF sob n° 655.835.405-59, podendo ser
encontrado na Sede da Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA,
localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.
(6) SAULO DE TARSO SANTOS FERREIRA, brasileiro,
solteiro, servidor público municipal, Membro da Comissão
Permanente de Licitação, inscrito no CPF sob n° 655.835.405-59,
podendo ser encontrado na Sede da Prefeitura Municipal de
Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP:
45.545-000.
(7) JOSELITO SANTIAGO DA SILVA, brasileiro, solteiro,
servidor público municipal, Membro da Comissão Permanente de
Licitação, inscrito no CPF sob n° 210.285.915-00, podendo ser
encontrado na Sede da Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA,
localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.
(8) ROBERLAN LIMA DE SOUZA, brasileiro, solteiro,
servidor público municipal, Membro da Comissão Permanente de
Licitação e lotado na Controladoria Geral do Municipio, inscrito
no CPF sob n° 041.924.845-52, podendo ser encontrado na Sede da
Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael
Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.
(9) MÁRCIO DE SOUZA MAGALHÃES, brasileiro, casado,
Procurador Geral do Municipio de Ubaitaba, inscrito no CPF sob n°
993.877.4350-0, com endereço profissional à Rua Alfredo Ferreira
s/n – Centro, CEP: 45.545-000, podendo ser encontrado na Sede da
Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael
Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.
(10) FRANCISCO JOSE SANTOS NASCIMENTO, brasileiro,
casado, Controlador Geral do Municipio de Ubaitaba/BA, inscrito no
CPF sob n° 710.118.035-34, podendo ser encontrado na Sede da
Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael
Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.
(11) RICARDO CARVALHO SANTOS, brasileiro, solteiro,
atualmente exercendo o cargo de Auditor de Controle Interno, CPF n°
881.050.835-15, podendo ser encontrado na sede da Prefeitura
Municipal de Ubaitaba/BA, localizada à Rua Rua Rafael Oliveira, n°
01, Centro, Ubaitaba – Bahia CEP: 45.545-000.
(12) A empresa ANA CARINE ASSIS AZEVEDO SOUZA ME -
RES PUBLICAE CONSULTORIA E ASSESSORIA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ME
com sede na Rua Rui Barbosa, nº 350, Sala 05, Térreo, Centro,
Itabuna-Bahia, CEP: 45.600-222, inscrita no CNPJ sob n°
21.602.390/0001-40, representada por sua sócia proprietária a Srtª.
ANA CARINE ASSIS AZEVEDO SOUZA, brasileira, solteira, portadora do
RG n° 0941333876 SSP-BA, CPF nº 825.974.055-91, residente e
3
domiciliada à Rua Rui Barbosa, nº 346, 1º andar, Centro, Itabuna -
Bahia, CEP: 45.600-222.
(13)a empresa MUNIZ DE GOES RIBEIRO E ASSOCIADOS com
sede na Av. Tancredo Neves, 274, Centro Empresarial lguatemi, BL.
B, Sala 734, Caminho das Árvores, CEP: 41820-907, Salvador-BA, CNPJ:
24.263.997/0001-30, representada por seu sócio administrador, ALLAH
NASCIMENTO SILVA MUNIZ DE GÓES, brasileiro, casado, advogado,
portador do RG n° 6447653 SSP/BA, inscrito no CPF n° 709.999.615-
00, residente e domiciliado na Rua Rodolpho Coelho Cavalcante, 162,
Ed. Morada das Torres, Apto. 1206-B, Jardim Armação, Salvador-BA,
CEP: 41.750-166.
(14) A empresa RUBI VEÍCULOS LTDA, inscrita no CNPJ
n° 18.202.856/0001-05, estabelecida na Av. José Soares Pinheiro,
2.555-A, Bairro Lomanto Júnior, Itabuna-BA, CEP: 45600-971
representada por um dos seus sócios, o Sr. ERVINO BINOW JÚNIOR,
brasileiro, casado, comerciante, inscrito no CPF n° 514.913.975-00,
portador da cédula de identidade n° 0495195570 SSP/BA, residente e
domiciliado à Av. Nações Unidas, 549, centro, Edf. Torre das Nações,
Apto. 600, Itabuna-BA, CEP 45600-939, pelos fatos adiante narrados:
DOS FATOS:
A Prefeita Municipal do município de Ubaitaba/BA,
autorizou a deflagração de Processo Administrativo com o objetivo
de adquirir veículos para compor a frota da secretaria de educação
do município (fls. 03).
A publicação(divulgação)do Aviso do Edital da
Licitação se deu em 05.07.2017, no Diário Oficial Eletrônico do
Municipio (fls. 04), e no dia 06.07.2017 no desconhecido, jornal
denominado Folha do Estado (fls. 05).
A modalidade utilizada foi o de Pregão Presencial,
pelo Sistema de Registro de Preços (SRP), sob o critério de
julgamento das propostas pelo menor preço por ítem, conforme Edital
tombado sob n° 028/2017.
Aqui destacaremos o ítem 5, objeto da licitação assim
transcrito (fls.15): “VEÍCULO UTILITÁRIO MOTOR 2.0 A 2.3. ANO DE
FABRICAÇÃO MÍNIMO: 2016, MODELO MÍNIMO: 2017, GARANTIA DE FÁBRICA
MÍNIMA: 12 MESES. COR PRATA. 05 PORTAS. ARCONDICIONADO. FLEX .TRAVAS
ELÉTRICAS + TRAVA AUTOMÁTICA DAS PORTAS .VIDROS ELÉTRICOS DIANTEIROS
.BARRA DE PROTEÇÃO NAS PORTAS.LUZ DE FREIO TRASEIRA.TANQUE DE
COMBUSTÍVEL MÍNIMO DE 60 LITROS .CÂMBIO DE MÍNIMO DE 06 MARCHAS A
FRENTE E UMA A RÉ. PNEUS R16.DIREÇÃO HIDRAÚLICA.POTÊNCIA MÍNIMA DE
130 CV, APOIOS DE CABEÇA DIANTEIROS. CINTOS DE SEGURANÇA LATERAIS
DIANTEIROS RETRÁTEIS DE TRES PONTAS .TAPETE DE BORRACHA NO ASSOALHO.
TEMPORIZADOR DO LIMPADOR DE PARA-BRISA.BANCOS RECLINÁVEIS, PROTEÇÃO
PARA O MOTOR. NO mínimo 15 LUGARES PARA PASSAGEIROS.TODOS OS
EQUIPAMENTOS DE SÉRIE NÃO ESPECIFICADOS EXIGIDOS PELO CONTRAN.
4
A licitante vencedora desse ítem específico, foi a
empresa Rubi Veículos Ltda, apresentando proposta final, após o
quarto lance, no valor de R$ 160.800,00 (cento e sessenta mil,
oitocentos reais)(fls. 06) por cada veículo, conforme descrito
acima, totalizando R$ 643.200,00 (seiscentos e quarenta e mil e
duzentos reais).
Ademais, os pagamentos dos valores foram pagos à conta
da licitante vencedora, através de transferências, com assinaturas
bancárias eletrônicas das Srªs. Sueli Carneiro da Silva Carvalho
(fls. 07/08) e Jamile Carneiro Vasconcelos (fls. 09/10), utilizando-
se para isso, os recursos federais oriundos do FUNDEB – Fundo de
Manutenção e de Desenvolvimento da Educação Básica, (fls. 11/12) e
do Salário Educação (fls. 13/14), fontes de custeio 19 e 04,
respectivamente.
As dotações orçamentárias utilizadas para os
pagamentos das despesas conforme descrito na Cláusula Terceira do
Contrato Administrativo n° 298/2017 (fls. 15) e nas Notas de
Empenhos n° 169 e 170 juntadas às fls. 21/22, foram as seguintes,
e estão assim transcritas:
UNIDADE GESTORA PROJETO/ATIVIDADE ELEMENTO DA DESPESA FONTE
03.06.06-SEC.
MUNIC. EDUCAÇÃO
2.113 - MANUT. DAS
AÇÕES
DO ENSINO
FUNDAMENTAL
(FUNDEB)
449052 - EQUIP. E
MATERIAL PERMANENTE
19
03.06.06-SEC.
MUNIC. EDUCAÇÃO
5.001 - PROGRAMA
DE
TRANSPORTE ESCOLAR
449052 - EQUIP. E
MATERIAL PERMANENTE
04
Ocorre que durante as fases (interna e externa) do
certame ocorreram inúmeras ilegalidades, no qual passamos a expor:
Inexistência de autuação, onde a Comissão Permanente
de Licitação apenas numerou o processo administrativo o que fere o
art. 38, caput da Lei Geral de Licitações e Contratos
Administrativos n° 8.666/93.
Às fls. 23, a Pregoeira Oficial, em correspondência
dirigida à Prefeita Municipal datada de 04.07.2017, solicita
autorização para “abertura do processo licitatório”, “Após a
conclusão dos atos referentes à fase interna do processo
administrativo n° 203/2017”.
5
Compulsando os autos do Processo Administrativo,
verifica-se que em 26.06.2017, (fls. 24), a Pregoeira Oficial
encaminha correspondência a assessoria jurídica solicitando apenas
o Parecer Jurídico da Minuta do Edital.
Como se explica a solicitação de parecer jurídico na
Minuta do Edital em 26.06.2017 (fls. 24), antes da autorização.
A data do parecer jurídico prévio (fls. 71) da Minuta
do Edital não deveria ser posterior a data da autorização para a
abertura do certame? (fls. 03), já que o mesmo foi encaminhado à
assessoria jurídica em 26.06.2017 (fls. 24).
Não consta nos autos do Processo Administrativo, as
cotações devidamente assinadas e datadas das empresas Rodobens
Veículos Ltda, Itadil Itabuna e Conveima Comércio de Veículos cujos
valores foram determinantes para a planilha de formação de preços
(fls. 25)e concomitantemente para realização dos lances.
É de se estranhar que na planilha para a formação de
preços às fls. 25, consta que a empresa Itadil Itabuna, supostamente
“forneceu cotação no valor de R$ 185.000,00 (cento e oitenta e cinco
mil reais)”, à época. Ocorre que ao solicitar um orçamento, via e-
mail (fls. 26/27), a empresa Itadil Itabuna nos apresentou uma
cotação no valor de R$ R$ 149.980,00 (cento e quarenta e nove mil,
novecentos e oitenta reais)(fls. 28), valores atuais, sendo o
veículo com as mesmas características (fls. 29/30). Será que de
fato a comissão permanente de licitação realizou ampla pesquisa de
mercado? Ou simplesmente, sem parâmetros nenhum “fabricou” os
orçamentos?
Em resumo, verifica-se que o valor constante na
planilha para a formação de preços (fls. 25), foi inserida pela
suposta cotação, apresentado pela empresa Itadil Itabuna, o que nos
leva ao forte indício de manipulação documental, afim de mascarar
o certame no dia marcado para acontecer a sessão de julgamento, com
o objetivo de dá a impressão de que os valores estão dentro dos
parâmetros daqueles praticados no mercado. Importante assegurar que
no processo administrativo as cotações não estão presentes
No orçamento solicitado via e-mail (fls. 31) datado
de 19 de fevereiro de 2018 (fls. 32), encaminhado pela licitante
vencedora, dos veículos com as mesmas características (fls. 33/34),
custaria aos cofres públicos o valor de R$ 149.301,00 (cento e
quarenta e nove mil, trezentos e um reais), com um detalhe, esse
valor refere-se a um veículo ano e modelo 2018-2019 e, o veículo
adquirido pela Secretaria Municipal de Educação foi 2016-2017,
portanto 1 (um) ano mais velho.
Solicitado ao vendedor o Sr. Marcelo Torres, para
encaminhar orçamento oficial com o valores do veículo com as mesmas
características, porém com ano/modelo 2016-2017, fui informado que
6
não seria possível, tendo em vista que a empresa não mais
disponibiliza o veículo 2016-2017.
Perguntado quanto ao preço do veículo ano 2016-2017,
custava em 2017, o mesmo afirma em conversa por aplicativo de
mensagens whatsapp o seguinte (fls. 35):
“Vendedor – “não houve reajuste”
Vendedor – “Continua mesmo preço do veículos
2017/2018”
Uildson – “2016-2017 também não sofreu reajustes?”
Vendedor – “2016-2017 145.300,00”
Uildson – “para pessoa jurídica?”
Vendedor – “sim”
Portanto, o veículo 2016-2017, custava em 2017, na
empresa vencedora do certame, R$ 145.000,00 (cento e quarenta e
cinco mil reais), o que facilmente pode ser comprovado, requerendo
as notas fiscais emitidas pela própria empresa vencedora a outros
clientes pessoa jurídica que adquiriram esse tipo de veículo no
mesmo período em que ocorreu a licitação no municipio (julho/2017).
Outra alternativa é requerer junto a Secretaria Estadual da Fazenda
– SEFAZ/BA, as notas fiscais emitidas pela Rubi Veículos Ltda,
durante o período referido.
Pesquisando num dos maiores sites nacional de compra
e venda de veículos novos, seminovos e usados, Webmotors
(http://www.webmotors.com.br), verifica-se que na média nacional,
o veículo aqui em discussão está sendo negociado atualmente por R$
145.000,00 (cento e quarenta e cinco mil reais) (fls. 36).
Se levarmos em conta os parâmetros utilizados com as
cotações juntadas às fls. 28, 32 e 36, temos a média de preço de R$
149.093,66(cento e quarenta e nove mil, noventa e três reais,
sessenta e seis centavos), com valores atuais, e não de R$
190.666.67(cento e noventa mil, seiscentos e sessenta e seis reais,
sessenta e sete centavos), apresentados à época, conforme
demonstrados na planilha de formação de preços às fls. 25.
Caso a Comissão Permanente de Licitação fosse mais
diligente nas suas tarefas ou houvesse a manifestação do sistema de
controle interno do município, irregularidades desse tipo, não
ocorreria, evitando dá margem para causar prejuízo ao erário.
Se de fato fosse realizado ampla pesquisa de preços,
a empresa licitante vencedora do certame, apresentaria sua proposta
inicial no valor de R$ 181.000,00 (cento e oitenta e um mil reais)?
A não ser se a mesma tivesse a certeza que seria a
única a participar da sessão de julgamento, que adiante teceremos
comentários a respeito.
O prejuízo total causado ao município está em torno
de R$ 46.825,36 (quarenta e seis mil, oitocentos e vinte e cinco
7
reais, trinta e seis centavos), comparando o valor pago com o valor
da média dos orçamentos atuais apresentados às fls. 28, 32 e 38.
Acerca da importância de apresentar a estimativa de
preços à luz da Lei Complementar n° 8.666/93, é o que reservamos
nos parágrafos a seguir.
A estimativa de preços (orçamentos) realizada pela
Administração tem o condão de verificar quais parâmetros estão sendo
cobrados pelo mercado no âmbito público e/ou privado, de forma a
cumprir as exigências da Lei nº 8.666/1993.
A estimativa de preços é realizada na busca de
balizamento para os itens a serem licitados, com o objetivo de obter
a contratação mais vantajosa e, ao mesmo tempo, eficaz na sua
execução. Além disso, serve de parâmetro para avaliar a
disponibilidade de orçamento.
A cotação de preços é a etapa principal do processo e
é precedida de ampla pesquisa de mercado público, nos termos do
art. 15, inc. V da Lei nº 8.666/1993. É importante ressaltar que
quanto maior for o número de propostas oriundas das pesquisas, mais
fiel ao mercado será o preço médio a ser aplicado como referência
nos certames.
E ainda para reforçar tal entendimento, o § 1°, do
art. 15 da Lei n° 8.666/93, é cristalino em afirmar:
(...)
§ 1o O registro de preços será precedido de
ampla pesquisa de mercado”.
Ao não observar esse requisito básico, a de realizar
pesquisas de preços amplamente, a Comissão Permanente de Licitação,
induziu a municipalidade a adquirir os 04 (quatro) veículos ao preço
de R$ 160.800,00 (cento e sessenta mil e oitocentos reais) cada,
acima daqueles praticados no mercado, conforme depreendem-se as
Notas Fiscais n° 17195, 17219, 17220 e 17221, juntadas às fls. 37-
40, e comprovantes de transferências às fls. 07-10, deixando
claramente, fortes indícios de superfaturamento e fraude documental
em relação as cotações, para o preenchimento da planilha juntada às
fls. 25.
Ainda na fase interna os prepostos da prefeita,
Comissão Permanente de Licitação e a empresa que presta serviço de
assessoria e consultoria na área de licitação, não observaram os
seguintes aspectos jurídicos legais:
O inciso V, do art. 4° da Lei n° 10.520/2002, que
instituiu a modalidade do Pregão, âmbito da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, está incerto o seguinte:
“Art. 4º A fase externa do pregão será
iniciada com a convocação dos interessados e
observará as seguintes regras:
8
(...)
V - o prazo fixado para a apresentação das
propostas, contado a partir da publicação do
aviso, não será inferior a 8 (oito) dias
úteis;”(gn)
Já o art. 21 em seu § 3° da Lei Complementar n°
8.666/90, sinaliza o seguinte:
“Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos
editais das concorrências, das tomadas de
preços, dos concursos e dos leilões, embora
realizados no local da repartição
interessada, deverão ser publicados com
antecedência, no mínimo, por uma vez:
(...)
§ 3° Os prazos estabelecidos no parágrafo
anterior serão contados a partir da última
publicação do edital resumido ou da expedição
do convite, ou ainda da efetiva
disponibilidade do edital ou do convite e
respectivos anexos, prevalecendo a data que
ocorrer mais tarde.” (gn)
Como se observa às fls. 05 a última publicação se deu
em 06.07.2017, no desconhecido veículo de imprensa denominado Folha
do Estado, na área de classificados, portanto para efeito de
contagem de prazo, a realização da sessão de julgamento do certame
deveria ocorrer no dia 18.07.2017 e não no dia 17.07.2017, conforme
consta em ata de julgamento, juntada às fls. 41-43.
Talvez o entendimento na interpretação de V. Sª., seja
irrelevante, por se tratar de apenas 1 (um) dia, porém aqui
demonstra a falta de observação às normas que regem a licitação
pública, além de outras falhas, inconsistências, irregularidades e
ilegalidades que apontaremos durante o decorrer das narrativas.
Da necessidade de efetiva previsão de recursos na lei
orçamentária anual em vigor no exercício financeiro para deflagrar
licitações públicas.
A Lei n.º 8.666/1993 exige que, para deflagrar
licitações públicas com vistas à aquisição de bens e à contratação
de serviços e obras, o administrador promova, nos autos do processo
licitatório, a indicação dos recursos orçamentários necessários ao
pagamento das obrigações decorrentes a serem executadas no exercício
em curso.
Segue transcrição de dispositivos da Lei ne 8.666/1993
relacionados com o tema:
“Art. 7° As licitações para execução de obras
e para prestação de serviços obedecerão ao
disposto neste artigo e, em particular,à
seguinte seqüência:
9
(...)
§ 2° As obras e os serviços somente poderão
ser licitados quando:
(...)
III - houver previsão de recursos
orçamentários que assegurem pagamento das
obrigações decorrentes de obras ou serviços
a serem executadas no exercício financeiro
em curso, de acordo com respectivo
cronograma;
(...)
§ 9° O disposto neste artigo aplica-se
também, no que couber, aos casos de dispensa
de inexigibilidade de licitação.
(...)
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a
adequada caracterização de seu objeto e
indicação dos recursos orçamentários para
seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e
responsabilidade de quem lhe tiver dado
causa.
(...)
Art. 38. O procedimento da licitação será
iniciado com abertura de processo
administrativo, devidamente autuado,
protocolado numerado, contendo autorização
respectiva, a indicação sucinta de seu
objeto do recurso próprio para despesa, ao
qual serão juntados oportunamente:
(...)
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo
contrato as que estabeleçam:
(...)
V- o crédito pelo qual correrá despesa, com
indicação da classificação funcional
programática da categoria econômica;”(gn)
Os dispositivos da legislação de direito financeiro
relacionados com o tema, assim são transcritos:
Constituição Federal
“Art. 167. São vedados:
I - início de programas ou projetos não
incluídos na lei orçamentária anual;
II - a realização de despesas ou assunção de
obrigações diretas oue excedam os créditos
orçamentários ou adicionais:(gn)
Lei Complementar n° 101/2000 Lei de Responsabilidade
Fiscal
“Art. 15. Serão consideradas não
autorizadas, irregulares e lesivas ao
patrimônio público a geração de despesa ou
10
assunção de obrigação que não atendam o
disposto nos arts. 16 e 17.
Art. 16. A criação, expansão ou
aperfeiçoamento de ação governamental que
acarrete aumento da despesa será acompanhado
de:
I - estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva entrar
em vigor e nos dois subseqüentes;
II - declaração do ordenador da despesa de
que o aumento tem adequação orçamentária e
financeira com a lei orçamentária anual e
compatibilidade com o plano plurianual e com
a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 1o Para os fins desta Lei Complementar,
considera-se:
I - adequada com a lei orçamentária anual, a
despesa objeto de dotação específica e
suficiente, ou que esteja abrangida por
crédito genérico, de forma que somadas todas
as despesas da mesma espécie, realizadas e a
realizar, previstas no programa de trabalho,
não sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exercício;
II - compatível com o plano plurianual e a
lei de diretrizes orçamentárias, a despesa
que se conforme com as diretrizes,
objetivos, prioridades e metas previstos
nesses instrumentos e não infrinja qualquer
de suas disposições.
§ 2o A estimativa de que trata o inciso I
do caput será acompanhada das premissas e
metodologia de cálculo utilizadas.
§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a
despesa considerada irrelevante, nos termos
em que dispuser a lei de diretrizes
orçamentárias.
§ 4o As normas do caput constituem condição
prévia para:
I - empenho e licitação de serviços,
fornecimento de bens ou execução de obras;
Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito
e estão vedados:
(...)
IV - assunção de obrigação, sem autorização
orçamentária, com fornecedores para
pagamento a posteriori de bens e serviços.
(grifo nosso)
Decreto-lei n° 200/1967:
11
“Art. 73. Nenhuma despesa poderá ser
realizada sem a existência de crédito que a
comporte ou quando imputada a dotação
imprópria, vedada expressamente qualquer
atribuição de fornecimento ou prestação de
serviços cujo custo exceda aos limites
previamente fixados em lei.” (gn)
Diante de toda fundamentação constitucional e
infraconstitucional acima transcrita, torna-se evidente, pois que
exige a legislação pertinente, para a deflagração de licitações com
vistas à aquisição de bens e à contratação de obras e serviços, a
previsão ou indicação dos recursos orçamentários suficientes para
tanto, além de exigir sua compatibilidade com o Plano Plurianual e
Lei de Diretrizes Orçamentárias.
As contratações administrativas não podem ser feitas
sem prévia dotação orçamentária. A regra vale tanto para as
modalidades ordinárias de licitação - concorrência, tomada de
preços, convite, concurso e pregão - como para o sistema de registro
de preços.
Como citadas a Constituição Federal, as Leis Federais
n° 8.666/93 – Lei de Licitações, 101/00 - Lei de Responsabilidade
Fiscal e Decreto Lei n° 200/67, e em alguns casos leis estaduais,
convergem para a proibição de qualquer despesa pública ou assunção
de obrigações diretas sem autorização orçamentária com
fornecedores, para pagamento por bens e serviços.
Nesse sentido o Tribunal de Contas do Estado do Paraná
se pronunciou através do Acórdão 3312/2013 - Tribunal Pleno, em
consulta a LUCIANO DUCCI e MUNICÍPIO DE CURITIBA, que pode ser
acessada no seguinte link eletrônico
https://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2013/9/pdf/00249740.pdf
EMENTA:
Consulta. Contratação Administrativa derivada
do Sistema de Registro de Preços. Prévia
dotação orçamentária. Necessidade.
O entendimento encontra fundamento na Constituição
Federal em leis de diversos âmbitos e níveis.
Porém essa exigência de previsão orçamentária
suficiente (art. 167, II CF/88), torna-se obrigatória no momento em
que se dá a deflagração/abertura/autorização do certame
(05.07.2017) (fls. 03).
Em 30 de junho de 2017, conforme Balancete da Despesa
juntados às fls. 45/46, verifica-se que os saldos das dotações
orçamentárias (rubricas) apresentavam-se insuficientes para fazer
face ao pagamento das Notas de Empenhos n° 169 e 170, juntadas às
12
fls. 21/22, no valor total de R$ 643.200,00 (seiscentos e quarenta
e três mil e duzentos reais), vejamos então:
Quadro 1 (balancete às fls. 45):
UNIDADE
GESTORA
PROJETO/ATIVIDADE ELEMENTO DA
DESPESA
FONTE Saldo em
30.06.2017
R$
03.06.06-
SEC.
MUNIC.
EDUCAÇÃO
2.113 - MANUT. DAS
AÇÕES
DO ENSINO
FUNDAMENTAL
(FUNDEB)
449052 -
EQUIP. E
MATERIAL
PERMANENTE
19
20.000,00
Para a dotação orçamentária acima (quadro 1), foi
editado o Decreto de abertura de Crédito Adicional Suplementar n°
14, datado de 03 de julho de 2017,(fls. 47-52), reforçando a dotação
em mais R$ 338.800,00 (trezentos e trinta e oito mil, oitocentos
reais)(fls. 48), que somando ao saldo remanescente de R$ 20.000,00
(vinte mil reais) totalizou R$ 358.800,00 (trezentos e cinquenta e
oito mil e oitocentos e reais), o que, em tese cobriu o valor para
o pagamento da despesa de R$ 321.600,00 (trezentos e vinte e um mil
e seiscentos reais), conforme Nota de Empenho n° 170 (fls. 22)
suficientes para quitar com o pagamento de 2 (duas) vans.
Quadro 2 (balancete às fls. 46):
UNIDADE
GESTORA
PROJETO/ATIVIDADE ELEMENTO DA
DESPESA
FONTE Saldo em
30.06.2017
R$
03.06.06-
SEC.
MUNIC.
EDUCAÇÃO
5.001 - PROGRAMA
DE
TRANSPORTE
ESCOLAR
449052 -
EQUIP. E
MATERIAL
PERMANENTE
04
13.814,30
No Quadro 2, para fazer face ao pagamento das despesas
no valor total de R$ 321.600,00 (trezentos e vinte e um mil e
seiscentos reais), conforme Nota de Empenho n° 169 (fls. 21), foi
editado o Decreto n° 13, de 03 de julho de 2017, alterando o Quadro
de Detalhamento da Despesa (fls. 53-57), com acréscimo na dotação
orçamentária no valor de R$ 97.250,00 (noventa e sete mil, duzentos
e cinquenta reais), (fls. 53), concomitantemente, na edição do
Decreto de abertura de crédito adicional suplementar n° 14, de 03
de julho de 2017 (fls. 48), percebe-se que na mesma dotação
orçamentária houve um reforço no valor de R$ 210.535,70 (duzentos
e dez mil, quinhentos e trinta e cinco reais, setenta centavos)
que, também em tese cobriu os valores para o pagamento das outras
2 (duas) vans, Nota de Empenho n° 169.
13
Não obstante, estaria tudo perfeito, se não fosse por
um detalhe, os Decretos n° 13 e 14, datado de 03 de julho de 2017,
somente foram publicados no dia 31 de agosto de 2017 (fls. 58-68).
As normas nascem com a promulgação que é o ato pelo
qual o Executivo autentica a lei, atestando a sua existência
ordenando-lhe a aplicação. Mas só começam a vigorar com a sua
publicação (no diário oficial, gera presunção de conhecimento geral
do texto).
Ninguém pode deixar de cumprir a lei, alegando
desconhecimento.
Assim, a publicação é a condição para a lei entrar em
vigor e tornar-se eficaz. Ela é obrigatória para todos, mesmo para
os que a ignoram.
A norma vale para qualquer espaço ou para qualquer
período de tempo. Essa norma tem vida própria, pois nasce, existe
e morre. Esses momentos dizem respeito à determinação do início de
sua vigência, à continuidade de sua vigência e a cessação de sua
vigência.
Antes de entrar em vigor, a norma passa por todo um
procedimento específico. Além disso, depois de devidamente
elaborada, publicada e promulgada, ela pode passar um tempo de
espera para começar a produzir efeitos – juridicamente esse tempo
de espera é conhecido por vacatio legis. O tempo de vacatio varia
de norma para norma, quanto mais complexa, maior é a possibilidade
do tempo devacatio ser mais longo.
Existem leis que produzem efeitos de imediato, assim
que são publicadas – geralmente por serem de pouco impacto. São as
famosas leis cujos artigos finais deixam expresso os termos “esta
lei entra em vigor na data de sua publicação”.
Aliás, nos casos nos quais o legislador decida por um
prazo de vacatio legis (vacância da lei), pode ser que ele esqueça
de deixar de forma expressa esse prazo. Para se precaver desse
pequeno problema, o legislador brasileiro estabeleceu que quando a
lei for omissa quanto ao período de vacância da lei, este prazo
será de 45 dias dentro do território nacional – começando a contagem
do dia da publicação e incluindo o dia do prazo final do vencimento.
É o que determina o §1º do Art. 8º da LC 95/88:
“ § 1º A contagem do prazo para entrada em
vigor das leis que estabeleçam período de
vacância far-se-á com a inclusão da data da
publicação e do último dia do prazo, entrando
em vigor no dia subsequente à sua consumação
integral.”
14
Tudo isso pode ser refletido muito bem no Art. 8º da
LC 95/88,
“Art. 8º A vigência da lei será indicada de
forma expressa e de modo a contemplar prazo
razoável para que dela se tenha amplo
conhecimento, reservada a cláusula "entra em
vigor na data de sua publicação" para as leis
de pequena repercussão.”
Esses prazos também estão descritos no Art. 1º da
LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Basileiro:
“Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei
começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada.”
Vê-se, portanto, assentado na interpretação das leis
acima citadas, que os Decretos 13 e 14, de 03 de julho de 2017, só
surtiram efeitos à partir do dia 31 de agosto de 2017, quando da
sua publicação em Diário Oficial do Municipio (fls. 58-68).
Portanto, o ato de reforço e alteração do quadro das dotações
orçamentárias se tornaram ilegais, configurando burla a legislação.
Mesmo se houvesse discussão acerca de que em
procedimentos licitatórios pelo Sistema de Registro de Preços (SRP),
não há necessidade de previsão orçamentária suficiente, estaria o
vício ainda não sanado, tendo em vista que na data da assinatura do
Contrato Administrativo n° 298/2017 (fls. 20), em 19.07.2017, ainda
não houvera saldo de dotação orçamentaria suficiente para fazer
face a despesa.
Ainda em relação ao contrato administrativo em tela,
ressalte-se, que a “Cláusula Terceira – Da Dotação Orçamentária”
(fls. 15), a mesma não define quais os valores determinados para
cada rubrica.
Assim define o art. 55, inc. V, in verbis:
“Art. 55. São cláusulas necessárias em todo
contrato as que estabeleçam:
(...)
V - o crédito pelo qual correrá a despesa,
com a indicação da classificação funcional
programática e da categoria econômica;”(gn).
Desta forma fica patente a afronta ao art. acima
transcrito.
Não obstante, ordenadores da despesa, Comissão
Permanente de Licitação e Parecerista, deixaram de observar a
existência de adequação da despesa com Plano Plurianual 2014-
2017,(art. 16, “II”, da Lei Complementar n° 101/2000), portanto
15
incompatível, apesar do parecer jurídico prévio (fls. 69), asseverar
que havia preenchido tal formalidade.
No caso em tela a aquisição dos 4 (quatro) veículos,
tipo van realizado pela Secretaria de Educação do município de
Ubaitaba/BA, não atendeu aos requisitos impostos pelas leis, ora
citadas.
DA PARTICIPAÇÃO E DO ENVOLVIMENTO DE CADA MEMBRO NA
CONDUÇÃO DO PROCESSO LICITATÓRIO.
Sueli Carneiro da Silva Carvalho (1), prefeita
municipal, Roberta Carneiro Vasconcelos Pereira (2), Secretária
Municipal de Educação e Jamile Carneiro Vasconcelos (3), servidora
municipal – Professora, como se percebe as três são membros da mesma
familia, atuaram como ordenadoras de despesas, sendo que Sueli
Carneiro da Silva Carvalho, autorizou a abertura do certame (fls.
03),assinou nota de empenho (fls. 21/22), ordenou os pagamentos
(fls. 11-14) e transferiu os recursos à conta da licitante vencedora
(fls.07/08), Roberta Carneiro Vasconcelos Pereira, assinou nota de
empenho (fls. 21/22), ordenou os pagamentos (fls. 11-14) e Jamile
Carneiro Vasconcelos, apesar de não existir ato que a autorize
movimentar contas bancárias, mesmo assim atuou na transferência dos
valores à empresa licitante (fls. 09/10).
Revela-se por oportuno e conveniente tecer
considerações sobre as atribuições e competências do ordenador de
despesa e sobre sua responsabilização em face da legislação regente.
A Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estatui
normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos
orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal, reservou poucos comandos ao ato de ordenar
despesas, reflexo da pouca complexidade da execução orçamentária
(empenho, liquidação e inscrição em restos a pagar) e financeira
(pagamento) de então. Por isso, as atribuições e competências do
que viria a constituir o ordenador de despesa foram cometidas à
‘autoridade competente’.
“Art. 58. O empenho de despesa é o ato
emanado de autoridade competente que cria
para o Estado obrigação de pagamento
pendente ou não de implemento de condição.
Art. 59 - O empenho da despesa não poderá
exceder o limite dos créditos concedidos.
Art. 60. É vedada a realização de despesa
sem prévio empenho.
(...)
Art. 62. O pagamento da despesa só será
efetuado quando ordenado após sua regular
liquidação.
(...)
16
Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho
exarado por autoridade competente,
determinando que a despesa seja paga.”
A figura do ordenador de despesa aparece pela primeira
vez na esteira da implantação do Sistema de Fiscalização Financeira
e Orçamentária determinada pela Constituição Federal de 1967, cujo
principal suporte foi o Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de
1967, que dispõe sobre a organização da Administração Federal:
Art. 80. Os órgãos de contabilidade
inscreverão como responsável todo o
ordenador da despesa, o qual só poderá ser
exonerado de sua responsabilidade após
julgadas regulares suas contas pelo Tribunal
de Contas.
§ 1° Ordenador de despesas é toda e qualquer
autoridade de cujos atos resultarem emissão
de empenho, autorização de pagamento,
suprimento ou dispêndio de recursos da União
ou pela qual esta responda.
§ 2º O ordenador de despesa, salvo
conivência, não é responsável por prejuízos
causados à Fazenda Nacional decorrentes de
atos praticados por agente subordinado que
exorbitar das ordens recebidas.
§ 3º As despesas feitas por meio de
suprimentos, desde que não impugnadas pelo
ordenador, serão escrituradas e incluídas na
sua tomada de contas, na forma prescrita;
quando impugnadas, deverá o ordenador
determinar imediatas providências
administrativas para a apuração das
responsabilidades e imposição das
penalidades cabíveis, sem prejuízo do
julgamento da regularidade das contas pelo
Tribunal de Contas.
Art. 81. Todo ordenador de despesa ficará
sujeito a tomada de contas realizada pelo
órgão de
contabilidade e verificada pelo órgão de
auditoria interna, antes de ser encaminhada
ao Tribunal de Contas (artigo 82).”
Com o advento da Lei Complementar nº 101, de 5 de maio
de 2000, foram introduzidas importantes normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal; daí o nome pelo
qual ficou conhecida: Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Todavia, a única incumbência nova, diretamente
atribuída pela LRF às competências do ordenador de despesa, diz
respeito à declaração prevista em seu art. 16, que será objeto de
comentários mais adiante.
17
A previsão legal de responsabilização por desvios na
execução orçamentária e financeira surgiu ainda timidamente na Lei
nº 1.079, de 10 de abril de 1950, que define os crimes de
responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento.
Apenas dois estão relacionados com atribuições do ordenador de
despesa (que, como visto, só bem mais tarde assumiria essa
nomenclatura):
“Art. 10. São crimes de responsabilidade
contra a lei orçamentária:
(...)
4 - Infringir, patentemente, e de qualquer
modo, dispositivo da lei orçamentária.”
Mais adiante, o Decreto-Lei nº 200/1967 introduziu um
único dispositivo versando sobre esse tema:
“Art. 90. Responderão pelos prejuízos que
causarem à Fazenda Pública o ordenador de
despesas e o responsável pela guarda de
dinheiros, valôres e bens.”
Novos dispositivos foram acrescentados ao arcabouço
legal com a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que dispõe sobre
as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de
enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou
função na administração pública direta, indireta ou fundacional:
“Art. 10. Constitui ato de improbidade
administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação
dos bens ou haveres das entidades referidas
no art. 1º desta lei, e notadamente:
(...)
IX - ordenar ou permitir a realização de
despesas não autorizadas em lei ou
regulamento;
(...)
Art. 12. Independentemente das sanções
penais, civis e administrativas, previstas
na legislação específica, está o responsável
pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações:
(...)
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento
integral do dano, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
concorrer esta circunstância, perda da
função pública, suspensão dos direitos
políticos de cinco a oito anos, pagamento de
multa civil de até duas vezes o valor do dano
e proibição de contratar com o Poder Público
ou receber benefícios ou incentivos fiscais
18
ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
de cinco anos;”
Já a LRF aponta em seu art. 73 para o conjunto de
normas que podem ser utilizadas para punir desvios de conduta, mas
nada acrescenta nesse sentido:
“Art. 73. As infrações dos dispositivos
desta Lei Complementar serão punidas segundo
o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal); a Lei nº 1.079, de 10
de abril de 1950; o Decreto-Lei nº 201, de
27 de fevereiro de 1967; a Lei nº 8.429, de
2 de junho de 1992; e demais normas da
legislação pertinente.”
Só após a edição da LRF foram significativamente
alteradas as disposições do referido conjunto de normativos, por
meio da Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, como se pode ver,
a título de exemplo, na nova redação do Decreto-Lei nº 2.848/1940
(Código Penal), que recebeu o acréscimo de um capítulo e oito
artigos dedicados à execução orçamentária e financeira:
CAPÍTULO IV DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS
PÚBLICAS
(...)
Inscrição de despesas não empenhadas em
restos a pagar
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição
em restos a pagar, de despesa que não tenha
sido previamente empenhada ou que exceda
limite estabelecido em lei:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos.
Assunção de obrigação no último ano do
mandato ou legislatura
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção
de obrigação, nos dois últimos quadrimestres
do último ano do mandato ou legislatura, cuja
despesa não possa ser paga no mesmo exercício
financeiro ou, caso reste parcela a ser paga
no exercício seguinte, que não tenha
contrapartida suficiente de disponibilidade
de caixa:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Ordenação de despesa não autorizada
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada
por lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
19
(...)
Não cancelamento de restos a pagar
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar
ou de promover o cancelamento do montante de
restos a pagar inscrito em valor superior ao
permitido em lei:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos.
Como se observa nas citações e fundamentações, as Srªs,
Sueli Carneiro da Silva Carvalho, Roberta Carneiro Vasconcelos
Pereira e Jamile Carneiro Vasconcelos, todas na função de
ordenadoras de despesa concorreram para a prática das inúmeras
ilegalidades, conquanto na autorização das despesas conforme,
comprovação através das notas de empenhos às fls. 21/22, notas de
pagamentos às fls. 11-14 e comprovantes de transferências bancárias
às fls. 07-10.
Silvia Mara Menezes Borges (4), Marcos Roberis Moreno
Nunes (5), Saulo de Tarso Santos Ferreira (6), Joselito Santiago
da Silva (7) e Roberlan Lima de Souza (8), membros da Comissão
Permanente de Licitação (fls. 72), todos solidariamente com a
prefeita municipal, também concorreram para a ocorrência das
irregularidades, ilegalidades, falhas, inconsistências e omissões,
tendo em vista que os mesmo foram os responsáveis na condução dos
trabalhos que culminaram na contratação da empresa licitante
vencedora, Rubi Veiculos Ltda, para o fornecimento dos 4 (quatro)
veículos, tipo van e, consequentemente nos leva a crer, que de
acordo com os documentos incertos no processo administrativo,
existe fortes indícios de crimes cometidos contra a lei de
licitações públicas.
A empresa Ana Carine Assis Azevedo Souza Me - Res
Publicae Consultoria e Assessoria em Administração Pública – ME
(11) e sua sócia proprietária Ana Carine Assis Azevedo Souza, por
ser a responsável pela orientação aos servidores, desincumbiu do
seu papel de bem orientá-los, a empresa portanto teve um papel de
extrema responsabilidade, permitindo o prejuízo e/ou desvio de
recursos públicos.
Quanto a participação da empresa Muniz de Goes Ribeiro
e Associados (12), representada por seu sócio administrador, Allah
Nascimento Silva Muniz de Góes, se deu em dois momentos distintos,
a saber:
Na ocasião da emissão do seu Parecer Prévio (fls. 69-
71), a mesma afirma o seguinte:” Os autos foram instruídos com os
seguintes documentos: “a) Requerimento oriundo da Secretaria
interessada destinado a Prefeita Municipal, solicitando a abertura
do procedimento licitatório, sendo que, o procedimento foi
devidamente autorizado pela Sra. Prefeita; b) Declaração informando
que a despesa tem adequação orçamentária e financeira com a LOA e
20
compatibilidade com o PPA e LDO e que atende as exigências do artigo
16 da Lei Complementar 101/2000.
È destoante as afirmativas do parecerista, visto que
ao vasculhar profundamente e detalhadamente os autos do processo
administrativo, não foram encontrados:(a)“Requerimento oriundo da
Secretaria interessada destinado a Prefeita Municipal” e (b)”
Declaração informando que a despesa tem adequação orçamentária e
financeira com a LOA e compatibilidade com o PPA e LDO e que atende
as exigências do artigo 16 da Lei Complementar 101/2000.”
Outro fato que nos deixa bastante intrigado, o
parecerista diz que: “o procedimento foi devidamente autorizado
pela Sra. Prefeita”, ora atentemos para as datas. O documento às
fls. 03, que trata da autorização para a abertura do processo
licitatório, está datado de 05.07.2017 e a data do parecer jurídico
prévio em 04.07.2017 (fls. 71), como se explica então, o parecer
jurídico prévio datado anteriormente a data da autorização? Como o
parecerista em 04.07.2017, afirma que o documento de autorização
para abertura do certame, já constava nos autos do processo
administrativo?
Para a municipalidade só há uma explicação para que
tal fato pudesse ocorrer: “erro de digitação”.
Mais para quem tem experiência no âmbito de licitações
públicas não há de se duvidar que o processo se deu de marcha à ré.
Não se pode esquecer que nos autos do processo
administrativo, existe apenas uma correspondência da Comissão
Permanente de Licitação, datada de 26.06.2017 (fls. 24), para a
empresa encaminhando a minuta do Edital. Como de repente o
parecerista afirma que nos autos do processo administrativo
constava, a minuta do contrato e outros?
E ainda lembrando, todos os documentos que o
parecerista jura ter analisado, exceto o Contrato Administrativo
(fls. 15-20) não estão devidamente vistados pelo mesmo, visto que,
neste caso tornou-se um procedimento átipico, tendo em vista ser
prática corriqueira, vistar o que é analisado, em especial em peça
jurídica, como se depreende nos documentos acostados ao autos do
processo administrativo. (ver mídia de CD anexa, nome do arquivo: Processo
Adm PARTE V, Pág. 35-40” e Nome do arquivo: Processo Adm PARTE VI, Pág. 14-36)
Agora Sr. Procurador(a), o fato que comprova indicios
de que a licitação em tela foi fraudada, trata-se do Parecer
Jurídico Final (fls. 73/74).
Observe que o Parecer Jurídico Final foi datado e
assinado digitalmente pelo parecerista, às 10:44:29 – 03’00’, do
dia 17.07.2017(fls. 74). A sessão pública de julgamento se deu
exatamente às 14:00 horas do dia 17.07.2017, conforme ata juntada
21
às fls. 41, então como se explica a expedição do Parecer Jurídico
Final, antes do horário da realização da sessão de julgamento?
Não se pode arguir que houve “erro de digitação” em
vista de que o documento foi assinado utilizando-se Certificação
Digital”.
De que forma o parecerista, às 10:44:29 – 03’00’ do
dia da realização da sessão de julgamento já tinha as seguintes
certezas:
“Na data designada para a data dos envelopes
A e B relativos respectivamente à proposta
de preços e habilitação, o ato realizou-se
com o comparecimento de 03 (três) licitantes
e o conseqüente cumprimento rigoroso do
procedimento previsto na Lei n° 10.520/2002,
apurando-se em primeiro a colheita da
proposta de preços, seguida de lances
verbais e havendo negociações e, por fim,
processando-se a fase de habilitação.”
E ainda, continua dizendo:
“Os demais procedimentos atinentes ao PREGÃO
foram realizados de conformidade com Lei
especifica e com Edital, observando-se
ainda, que os preços ofertados pela empresa
declarada vencedora estão compatíveis com o
valor de mercado”.
Pode-se observar que apenas a vencedora do ítem 5 da
referida licitação, Rubi Veículos Ltda, compareceu à sessão de
julgamento.
Quanto ao comparecimento de somente uma empresa ao
pregão em tela, alinho-me no sentido de que não há impedimento na
legislação à conclusão da licitação, só que neste caso, a meu ver
houve restrição ao caráter competitivo.
Convém não esquecer que a presença de comparecimento
apenas da empresa Rubi Veículos Ltda, evidenciou restrições
indevidas à competividade verificadas nos autos do processo
administrativo, a deficiência, dissonantes com a legalidade, na
publicidade do certame, quanto a Comissão Permanente de Licitação,
resolve publicar o aviso do edital na área de classificados de um
jornal desconhecido, de pouca ou nenhuma circulação à nível estadual
(fls. 05).
De acordo com o apresentado no Parecer Jurídico Final
(fls. 73/74), não restam dúvidas de que a licitação foi de cartas
marcadas, e consequentemente fraudada.
22
Francisco Jose Santos Nascimento (10), Ricardo
Carvalho Santos (11) e Roberlan Lima de Souza (8), na qualidade de
servidores do Controle Interno do Municipio, se omitiram no caso em
tela, dentro de uma das suas prerrogativas de função, qual seja
dentre outras, auditar os processos administrativos e processos de
pagamentos. Especificamente ao servidor Roberlan Lima de Souza, em
grau maior, em vista de que irregularmente é membro da Comissão
Permanente de Licitação, não o podendo fazer, devido as atribuições
que exerce dentro do sistema de controle interno.
Ao conceituarmos, controle interno, temos pois o
conjunto de métodos e processos adotados com a finalidade de
comprovar atos e fatos, impedir erros e fraudes e otimizar a
eficiência da Administração.
O controle interno é aquele executado por órgão, setor
ou agente da própria estrutura administrativa do órgão controlado.
Diferencia-se, pois, do controle externo, que é de responsabilidade
de órgão externo, não pertencente à estrutura administrativa do
órgão controlado (Freesz, 2007).
Assegurar que a Administração atue em consonância com
os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, com
os da legalidade, moralidade, finalidade pública, publicidade,
motivação, impessoalidade; em determinadas circunstâncias, abrange
também o controle chamado de mérito e que diz respeito aos aspectos
discricionários da administração pública. (Di Pietro, 2005, p. 637).
A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
(Art. 31,CF/88).
Cabe ao CONTROLE INTERNO a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, quanto à
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções
e renúncia de receitas. (art. 70, CF/88).
Compete ao Controle Interno a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária e operacional e, apoio ao Controle Externo.
FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL - dá-se mediante a verificação
dos registros dos atos e fatos contábeis, as autorizações de quem
compete e o lançamento de valores exatos.
FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA – é a verificação da
conformidade do gerenciamento e aplicação dos recursos, as renúncias
de receitas e concessões de auxílios e subvenções, com as normas e
princípios da administração pública.
FISCALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA – tem como objetivo
verificar se as despesas tem previsão no orçamento que está sendo
23
executado, assim como, se estão sendo cumpridas as metas e programas
previstos na Lei de Diretriz es Orçamentárias e o Plano Plurianual.
FISCALIZAÇÃO OPERACIONAL - diz respeito ao
acompanhamento e avaliação da gestão dos administradores públicos
para alcançar seus objetivos institucionais, verificando a
legalidade e legitimidade dos atos, certificando-se da economia,
eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira,
patrimonial, de pessoal e demais sistemas administrativos e
operacionais.
FISCALIZAÇÃO PATRIMONIAL – tem como objetivo o controle
de bens móveis ou imóveis, de créditos, títulos de renda,
participações e almoxarifados, além das dívidas e de fatos que,
direta ou indiretamente possam afetar o patrimônio.
Dentre as atribuições do Controle Interno, podemos
citar:
a) determinar a adoção de medidas corretivas quando
verificar irregularidades nos editais de licitação (art. 113, § 2
o , Lei 8.666/93);
b) fiscalizar a legalidade dos atos de execução
orçamentária será prévia, concomitante e subsequente. ( art. 113,
§2º, art. 116, § 1º e §3º, I, Lei 8.666/93, art. 77, Lei 4.320/64).
Prévio – é exercido com a finalidade de evitar a
ocorrência de erros, desperdícios ou irregularidades.
Concomitante - durante o fato, são projetados para
detectar erros, desperdícios ou irregularidades, no momento em que
eles ocorrem, permitindo a adoção de medidas corretivas tempestivas.
Subsequente - após o fato, que admite controles
corretivos os erros, desperdícios ou irregularidades depois de
ocorridos para que não mais se repitam.
c) receber representação/denúncia contra
irregularidades nas licitações, contratos e convênios ( art. 113,
§ 1 o , Lei 8.666/93);
d) fiscalizar o cumprimento das normas da Lei de
Responsabilidade Fiscal (art. 59 da LRF).
No desempenho do servidor público nas atividades de
controle interno, o mesmo deve balizar-se em:
a) comportamento ético - proteger os interesses da
sociedade e respeitar as normas de conduta, não valer-se da função
em benefício próprio ou de terceiros;
24
b) cautela e zelo profissional - agir com prudência,
habilidade e atenção de modo a reduzir ao mínimo a margem de erro
nas avaliações, conclusões e recomendações;
c) independência - manter uma atitude de independência
com relação ao agente controlado, de modo a assegurar imparcialidade
no seu trabalho;
d) imparcialidade - abster-se de intervir em casos onde
haja conflito de interesses que possam influenciar a imparcialidade
do seu trabalho;
e) objetividade – fundar-se em documentos e evidências
que permitam convicção da realidade ou a veracidade dos fatos ou
situações examinadas;
f) conhecimento técnico e capacidade profissional - em
função de sua atuação multidisciplinar, deve possuir um conjunto de
conhecimentos técnicos ou equipe, com experiência e capacidade para
as tarefas que executa, conhecimentos contábeis, econômicos,
financeiros e de outras disciplinas para o adequado cumprimento do
objetivo do trabalho, mantendo-se atualizado.
Posto isto, percebe-se nos autos do procedimento
licitatório, em nenhum momento, e os documentos acostados ao
processo administrativo, demonstram claramente que as ações do
sistema de controle interno ficou inerte, leniente aos fatos
ocorridos.
As transcrições a seguir mostram que o Controle
Interno, responderá solidariamente, senão vejamos:
Na Constituição Federal:
“Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo
e Judiciário manterão, de forma integrada,
sistema de controle interno com a finalidade
de:
(...)
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno,
ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade, dela darão
ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
pena de responsabilidade solidária.”(gn)
Na Lei n° 8.666/93 – Lei de Licitações:
“Art. 102. Quando em autos ou documentos de
que conhecerem, os magistrados, os membros
dos Tribunais ou Conselhos de Contas ou os
titulares dos órgãos integrantes do sistema
de controle interno de qualquer dos Poderes
verificarem a existência dos crimes
definidos nesta Lei, remeterão ao Ministério
25
Público as cópias e os documentos
necessários ao oferecimento da denúncia.
Márcio de Souza Magalhães (9), na qualidade de
Procurador Geral do Município, ficou demonstrado nos autos do
processo administrativo da licitação, sua omissão, quanto ao seu
papel de verificar junto a empresa que presta serviço de consultoria
e assessoria jurídica ao município, se os procedimentos de fato
estavam sendo feitos corretamente dentro dos parâmetros que as leis
impõem. O mesmo ficou silente, não se pronunciando, apesar de ter
sido chamado à lide, conforme demonstra o Parecer Jurídico Prévio
(fls. 71) e o Parecer Jurídico Final (fls.74).
A empresa RUBI VEÍCULOS LTDA, representada por seu
sócio administrador, o Sr. ERVINO BINOW JÚNIOR, não restou dúvidas
que se beneficiou diretamente com as ilegalidades cometidas pelos
agentes públicos, cabendo as investigações, caso se concretizem,
averiguar se houve por parte da mesma, oferecimento indevida de
vantagens, em troca de algum tipo de favor ou benefício,
caracterizando corrupção ativa (art. 333, do Decreto Lei n° 2.848/40
– Codigo Penal Brasileiro).
Quero aqui se me permite, abrir um adendo antes da
conclusão dos fatos e deixar um alerta, o quanto é temerário a
permanência da atual prefeita, frente ao destino do município de
Ubaitaba.
Durante o ano de 2017, a mesma dispensou e inexigiu
licitação fora dos critérios estabelecidos pelos nos art. 24 e 25
da Lei Geral das Licitações Públicas n° 8.666/93, no aporte de R$
1.488.046,53 (um milhão, quatrocentos e oitenta e oito mil, quarenta
e seis reais e cinquenta e três centavos), valores altíssimos para
a realidade do município. Sendo, R$ 1.219.787,85 (um milhão duzentos
e dezenove mil, setecentos e oitenta e sete reais, oitenta e cinco
centavos) dispendidos para pagamentos com processos de
inexigibilidade de licitação, somente para consultoria e assessoria
jurídica, também por inexigibilidade de licitação, o valor alcançou
as cifras de R$ 213.880,00 (duzentos e treze mil, oitocentos e
oitenta reais) (fls. 75-95).
O interessante é que a atual prefeita quando no
exercício do seu 4° mandato, combatia veementemente essas práticas
perpetradas pelo ex gestor, Sr. Asclepíades de Almeida Queiroz
(2013-2016),inclusive levando ao conhecimento do Ministério Público
Estadual tais fatos, com essa ação, em 13 de novembro de 2017, o
MPE o denunciou à justiça pela prática de crime contra a Lei de
Licitações Públicas (fls. 96).
Pensa ela que a lei só serve para atingir aos outros?
Ou porque se acha “amiga” do Governador do Estado e entende
atropelar as leis?
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Essa demanda em breve será levada ao conhecimento do
MP Estadual, para que sejam tomadas todas as providências
necessárias que o caso requer.
Ressalte-se ainda, que os itens 1, 2, e 3 do referido
certame, não estão sendo objetos dessa demanda, em vista das
dificuldades encontradas para obtenção de mais elementos
probatórios, porém serão em breve relatadas.
Baseados nos fatos narrados e nos documentos juntados,
REQUER, seja, apurada as responsabilidades de cada agente público
e privado, qualificados no preâmbulo desta, nos termos da legislação
vigente, em especial aos arts. 90, 91, 95, 96, inc. I e V, todos da
Lei Complementar n° 8.666/90, nos arts. 297, 299, 316, 333, 317 e
359-D, do Decreto Lei n° 2.848/40 – Código Penal Brasileiro, art.
90 do Decreto Lei n° 200/67, art. 10, 4 da Lei n° 1.079/50, art. 73
da Lei Complementar n° 101/2000, art. 10 da Lei n° 8.429/92 – Lei
de Improbidade Administrativa.
Segue anexo a essa demanda, 01 (uma) mídia contendo,
ao todo 11 (onze) arquivos, sendo:
a)Processo Administrativo n° 203/2017, do Pregão
Presencial n° 028/2017, devidamente digitalizado, extraído do
Portal e-tcm, do Tribunal de Contas dos Municipios da Estado da
Bahia – TCM/BA;
b)Processos de Pagamentos n° 434, 435, 438 e 439,
devidamente digitalizados, extraídos do Portal e-tcm, do Tribunal
de Contas dos Municipios da Estado da Bahia – TCM/BA;
c) petição inicial em formato editável (MS Word).
E ainda, 96 (noventa e seis anexos) devidamente
numerados e rubricados.
Termos em que pede e
Espera deferimento
Ilhéus – Bahia, 12 de março de 2018.
Comunicante
“A vida pública requer ser gerenciada com o
máximo de cautela: por mais que a justiça
dos homens se revele complacente e a
clemência de Deus ofereça o perdão, a
história, nem mesmo com o passar dos
séculos, nos brindará com a mesma
generosidade.” (Luiz Roberto Bodstein)