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1 ILUSTRÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) PROCURADOR(A) DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - MPF POLO ILHÉUS/ITABUNA – ESTADO DA BAHIA. vem, perante Vossa Senhoria, oferecer COMUNICAÇÃO DE FATO em desfavor de: (1) SUELI CARNEIRO DA SILVA CARVALHO, brasileira, casada, Prefeita Municipal de Ubaitaba/BA, filha de Alberto Carneiro da Silva e Genildes Oliveira da Silva, natural de Ubaitaba - BA, nascida a 25/03/1961, portadora do RG n° 01.659.478-96, expedida pela Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia - SSP/BA, devidamente inscrita no CPF sob n° 215.788,695-87, residente e domiciliada naquela cidade à Rua Cícero Ribeiro de Castro, 56, Centro, CEP: 45.545-000, podendo ainda ser encontrada na sede da Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA localizada à Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000. (2) ROBERTA CARNEIRO VASCONCELOS PEREIRA, brasileira, divorciada, professora, atualmente exercendo o cargo de Secretária Municipal de Educação no município de Ubaitaba/BA, filha de Roberto Jose Jambeiro Vasconcelos e de Vera Lucia Carneiro Vasconcelos, natural da cidade de Ilhéus/BA, nascida em 26/08/1976, inscrita no CPF sob n° 865.902.005-72, residente e domiciliada na Travessa Cursino Leite, s/n, Bairro Bela Vista, município de Ubaitaba/BA, CEP 45.545-000, podendo ainda, ser encontrada na sede da Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA, localizada à Rua Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000. (3) JAMILE CARNEIRO VASCONCELOS, brasileira, casada, filha de Roberto José Jambeiro Vasconcelos e de Vera Lucia Carneiro Vasconcelos, RG sob n° 08.623.006-90, inscrita no CPF n° 001.410.215-35, podendo ser encontrada na Sede da Secretaria Municipal de Educação de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000. (4) SILVIA MARA MENEZES BORGES, brasileira, solteira, servidora pública municipal, Presidente da Comissão Permanente de Licitação e Pregoeira Oficial, inscrita no CPF sob n° 656.197.305- 49, com endereço residencial à Rua Macário dos Reis n° 641, 1° andar, bairro Santo Antônio, município de Itabuna/BA, CEP: 45.602- 144, podendo ser encontrada na Sede da Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.

ILUSTRÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) PROCURADOR(A) DO ...‡ÃO... · 5 Compulsando os autos do Processo Administrativo, verifica-se que em 26.06.2017, (fls. 24), a Pregoeira Oficial

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1

ILUSTRÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) PROCURADOR(A) DO MINISTÉRIO

PÚBLICO FEDERAL - MPF POLO ILHÉUS/ITABUNA – ESTADO DA BAHIA.

vem, perante Vossa Senhoria, oferecer COMUNICAÇÃO DE FATO em

desfavor de:

(1) SUELI CARNEIRO DA SILVA CARVALHO, brasileira,

casada, Prefeita Municipal de Ubaitaba/BA, filha de Alberto

Carneiro da Silva e Genildes Oliveira da Silva, natural de Ubaitaba

- BA, nascida a 25/03/1961, portadora do RG n° 01.659.478-96,

expedida pela Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia -

SSP/BA, devidamente inscrita no CPF sob n° 215.788,695-87, residente

e domiciliada naquela cidade à Rua Cícero Ribeiro de Castro, 56,

Centro, CEP: 45.545-000, podendo ainda ser encontrada na sede da

Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA localizada à Rua Rafael

Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.

(2) ROBERTA CARNEIRO VASCONCELOS PEREIRA, brasileira,

divorciada, professora, atualmente exercendo o cargo de Secretária

Municipal de Educação no município de Ubaitaba/BA, filha de Roberto

Jose Jambeiro Vasconcelos e de Vera Lucia Carneiro Vasconcelos,

natural da cidade de Ilhéus/BA, nascida em 26/08/1976, inscrita no

CPF sob n° 865.902.005-72, residente e domiciliada na Travessa

Cursino Leite, s/n, Bairro Bela Vista, município de Ubaitaba/BA,

CEP 45.545-000, podendo ainda, ser encontrada na sede da Prefeitura

Municipal de Ubaitaba/BA, localizada à Rua Rua Rafael Oliveira, n°

01, Centro, CEP: 45.545-000.

(3) JAMILE CARNEIRO VASCONCELOS, brasileira, casada,

filha de Roberto José Jambeiro Vasconcelos e de Vera Lucia Carneiro

Vasconcelos, RG sob n° 08.623.006-90, inscrita no CPF n°

001.410.215-35, podendo ser encontrada na Sede da Secretaria

Municipal de Educação de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael

Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.

(4) SILVIA MARA MENEZES BORGES, brasileira, solteira,

servidora pública municipal, Presidente da Comissão Permanente de

Licitação e Pregoeira Oficial, inscrita no CPF sob n° 656.197.305-

49, com endereço residencial à Rua Macário dos Reis n° 641, 1°

andar, bairro Santo Antônio, município de Itabuna/BA, CEP: 45.602-

144, podendo ser encontrada na Sede da Prefeitura Municipal de

Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP:

45.545-000.

2

(5) MARCOS ROBERIS MORENO NUNES, brasileiro, casado,

servidor público municipal, Membro da Comissão Permanente de

Licitação, inscrito no CPF sob n° 655.835.405-59, podendo ser

encontrado na Sede da Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA,

localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.

(6) SAULO DE TARSO SANTOS FERREIRA, brasileiro,

solteiro, servidor público municipal, Membro da Comissão

Permanente de Licitação, inscrito no CPF sob n° 655.835.405-59,

podendo ser encontrado na Sede da Prefeitura Municipal de

Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP:

45.545-000.

(7) JOSELITO SANTIAGO DA SILVA, brasileiro, solteiro,

servidor público municipal, Membro da Comissão Permanente de

Licitação, inscrito no CPF sob n° 210.285.915-00, podendo ser

encontrado na Sede da Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA,

localizada na Rua Rafael Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.

(8) ROBERLAN LIMA DE SOUZA, brasileiro, solteiro,

servidor público municipal, Membro da Comissão Permanente de

Licitação e lotado na Controladoria Geral do Municipio, inscrito

no CPF sob n° 041.924.845-52, podendo ser encontrado na Sede da

Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael

Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.

(9) MÁRCIO DE SOUZA MAGALHÃES, brasileiro, casado,

Procurador Geral do Municipio de Ubaitaba, inscrito no CPF sob n°

993.877.4350-0, com endereço profissional à Rua Alfredo Ferreira

s/n – Centro, CEP: 45.545-000, podendo ser encontrado na Sede da

Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael

Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.

(10) FRANCISCO JOSE SANTOS NASCIMENTO, brasileiro,

casado, Controlador Geral do Municipio de Ubaitaba/BA, inscrito no

CPF sob n° 710.118.035-34, podendo ser encontrado na Sede da

Prefeitura Municipal de Ubaitaba/BA, localizada na Rua Rafael

Oliveira, n° 01, Centro, CEP: 45.545-000.

(11) RICARDO CARVALHO SANTOS, brasileiro, solteiro,

atualmente exercendo o cargo de Auditor de Controle Interno, CPF n°

881.050.835-15, podendo ser encontrado na sede da Prefeitura

Municipal de Ubaitaba/BA, localizada à Rua Rua Rafael Oliveira, n°

01, Centro, Ubaitaba – Bahia CEP: 45.545-000.

(12) A empresa ANA CARINE ASSIS AZEVEDO SOUZA ME -

RES PUBLICAE CONSULTORIA E ASSESSORIA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ME

com sede na Rua Rui Barbosa, nº 350, Sala 05, Térreo, Centro,

Itabuna-Bahia, CEP: 45.600-222, inscrita no CNPJ sob n°

21.602.390/0001-40, representada por sua sócia proprietária a Srtª.

ANA CARINE ASSIS AZEVEDO SOUZA, brasileira, solteira, portadora do

RG n° 0941333876 SSP-BA, CPF nº 825.974.055-91, residente e

3

domiciliada à Rua Rui Barbosa, nº 346, 1º andar, Centro, Itabuna -

Bahia, CEP: 45.600-222.

(13)a empresa MUNIZ DE GOES RIBEIRO E ASSOCIADOS com

sede na Av. Tancredo Neves, 274, Centro Empresarial lguatemi, BL.

B, Sala 734, Caminho das Árvores, CEP: 41820-907, Salvador-BA, CNPJ:

24.263.997/0001-30, representada por seu sócio administrador, ALLAH

NASCIMENTO SILVA MUNIZ DE GÓES, brasileiro, casado, advogado,

portador do RG n° 6447653 SSP/BA, inscrito no CPF n° 709.999.615-

00, residente e domiciliado na Rua Rodolpho Coelho Cavalcante, 162,

Ed. Morada das Torres, Apto. 1206-B, Jardim Armação, Salvador-BA,

CEP: 41.750-166.

(14) A empresa RUBI VEÍCULOS LTDA, inscrita no CNPJ

n° 18.202.856/0001-05, estabelecida na Av. José Soares Pinheiro,

2.555-A, Bairro Lomanto Júnior, Itabuna-BA, CEP: 45600-971

representada por um dos seus sócios, o Sr. ERVINO BINOW JÚNIOR,

brasileiro, casado, comerciante, inscrito no CPF n° 514.913.975-00,

portador da cédula de identidade n° 0495195570 SSP/BA, residente e

domiciliado à Av. Nações Unidas, 549, centro, Edf. Torre das Nações,

Apto. 600, Itabuna-BA, CEP 45600-939, pelos fatos adiante narrados:

DOS FATOS:

A Prefeita Municipal do município de Ubaitaba/BA,

autorizou a deflagração de Processo Administrativo com o objetivo

de adquirir veículos para compor a frota da secretaria de educação

do município (fls. 03).

A publicação(divulgação)do Aviso do Edital da

Licitação se deu em 05.07.2017, no Diário Oficial Eletrônico do

Municipio (fls. 04), e no dia 06.07.2017 no desconhecido, jornal

denominado Folha do Estado (fls. 05).

A modalidade utilizada foi o de Pregão Presencial,

pelo Sistema de Registro de Preços (SRP), sob o critério de

julgamento das propostas pelo menor preço por ítem, conforme Edital

tombado sob n° 028/2017.

Aqui destacaremos o ítem 5, objeto da licitação assim

transcrito (fls.15): “VEÍCULO UTILITÁRIO MOTOR 2.0 A 2.3. ANO DE

FABRICAÇÃO MÍNIMO: 2016, MODELO MÍNIMO: 2017, GARANTIA DE FÁBRICA

MÍNIMA: 12 MESES. COR PRATA. 05 PORTAS. ARCONDICIONADO. FLEX .TRAVAS

ELÉTRICAS + TRAVA AUTOMÁTICA DAS PORTAS .VIDROS ELÉTRICOS DIANTEIROS

.BARRA DE PROTEÇÃO NAS PORTAS.LUZ DE FREIO TRASEIRA.TANQUE DE

COMBUSTÍVEL MÍNIMO DE 60 LITROS .CÂMBIO DE MÍNIMO DE 06 MARCHAS A

FRENTE E UMA A RÉ. PNEUS R16.DIREÇÃO HIDRAÚLICA.POTÊNCIA MÍNIMA DE

130 CV, APOIOS DE CABEÇA DIANTEIROS. CINTOS DE SEGURANÇA LATERAIS

DIANTEIROS RETRÁTEIS DE TRES PONTAS .TAPETE DE BORRACHA NO ASSOALHO.

TEMPORIZADOR DO LIMPADOR DE PARA-BRISA.BANCOS RECLINÁVEIS, PROTEÇÃO

PARA O MOTOR. NO mínimo 15 LUGARES PARA PASSAGEIROS.TODOS OS

EQUIPAMENTOS DE SÉRIE NÃO ESPECIFICADOS EXIGIDOS PELO CONTRAN.

4

A licitante vencedora desse ítem específico, foi a

empresa Rubi Veículos Ltda, apresentando proposta final, após o

quarto lance, no valor de R$ 160.800,00 (cento e sessenta mil,

oitocentos reais)(fls. 06) por cada veículo, conforme descrito

acima, totalizando R$ 643.200,00 (seiscentos e quarenta e mil e

duzentos reais).

Ademais, os pagamentos dos valores foram pagos à conta

da licitante vencedora, através de transferências, com assinaturas

bancárias eletrônicas das Srªs. Sueli Carneiro da Silva Carvalho

(fls. 07/08) e Jamile Carneiro Vasconcelos (fls. 09/10), utilizando-

se para isso, os recursos federais oriundos do FUNDEB – Fundo de

Manutenção e de Desenvolvimento da Educação Básica, (fls. 11/12) e

do Salário Educação (fls. 13/14), fontes de custeio 19 e 04,

respectivamente.

As dotações orçamentárias utilizadas para os

pagamentos das despesas conforme descrito na Cláusula Terceira do

Contrato Administrativo n° 298/2017 (fls. 15) e nas Notas de

Empenhos n° 169 e 170 juntadas às fls. 21/22, foram as seguintes,

e estão assim transcritas:

UNIDADE GESTORA PROJETO/ATIVIDADE ELEMENTO DA DESPESA FONTE

03.06.06-SEC.

MUNIC. EDUCAÇÃO

2.113 - MANUT. DAS

AÇÕES

DO ENSINO

FUNDAMENTAL

(FUNDEB)

449052 - EQUIP. E

MATERIAL PERMANENTE

19

03.06.06-SEC.

MUNIC. EDUCAÇÃO

5.001 - PROGRAMA

DE

TRANSPORTE ESCOLAR

449052 - EQUIP. E

MATERIAL PERMANENTE

04

Ocorre que durante as fases (interna e externa) do

certame ocorreram inúmeras ilegalidades, no qual passamos a expor:

Inexistência de autuação, onde a Comissão Permanente

de Licitação apenas numerou o processo administrativo o que fere o

art. 38, caput da Lei Geral de Licitações e Contratos

Administrativos n° 8.666/93.

Às fls. 23, a Pregoeira Oficial, em correspondência

dirigida à Prefeita Municipal datada de 04.07.2017, solicita

autorização para “abertura do processo licitatório”, “Após a

conclusão dos atos referentes à fase interna do processo

administrativo n° 203/2017”.

5

Compulsando os autos do Processo Administrativo,

verifica-se que em 26.06.2017, (fls. 24), a Pregoeira Oficial

encaminha correspondência a assessoria jurídica solicitando apenas

o Parecer Jurídico da Minuta do Edital.

Como se explica a solicitação de parecer jurídico na

Minuta do Edital em 26.06.2017 (fls. 24), antes da autorização.

A data do parecer jurídico prévio (fls. 71) da Minuta

do Edital não deveria ser posterior a data da autorização para a

abertura do certame? (fls. 03), já que o mesmo foi encaminhado à

assessoria jurídica em 26.06.2017 (fls. 24).

Não consta nos autos do Processo Administrativo, as

cotações devidamente assinadas e datadas das empresas Rodobens

Veículos Ltda, Itadil Itabuna e Conveima Comércio de Veículos cujos

valores foram determinantes para a planilha de formação de preços

(fls. 25)e concomitantemente para realização dos lances.

É de se estranhar que na planilha para a formação de

preços às fls. 25, consta que a empresa Itadil Itabuna, supostamente

“forneceu cotação no valor de R$ 185.000,00 (cento e oitenta e cinco

mil reais)”, à época. Ocorre que ao solicitar um orçamento, via e-

mail (fls. 26/27), a empresa Itadil Itabuna nos apresentou uma

cotação no valor de R$ R$ 149.980,00 (cento e quarenta e nove mil,

novecentos e oitenta reais)(fls. 28), valores atuais, sendo o

veículo com as mesmas características (fls. 29/30). Será que de

fato a comissão permanente de licitação realizou ampla pesquisa de

mercado? Ou simplesmente, sem parâmetros nenhum “fabricou” os

orçamentos?

Em resumo, verifica-se que o valor constante na

planilha para a formação de preços (fls. 25), foi inserida pela

suposta cotação, apresentado pela empresa Itadil Itabuna, o que nos

leva ao forte indício de manipulação documental, afim de mascarar

o certame no dia marcado para acontecer a sessão de julgamento, com

o objetivo de dá a impressão de que os valores estão dentro dos

parâmetros daqueles praticados no mercado. Importante assegurar que

no processo administrativo as cotações não estão presentes

No orçamento solicitado via e-mail (fls. 31) datado

de 19 de fevereiro de 2018 (fls. 32), encaminhado pela licitante

vencedora, dos veículos com as mesmas características (fls. 33/34),

custaria aos cofres públicos o valor de R$ 149.301,00 (cento e

quarenta e nove mil, trezentos e um reais), com um detalhe, esse

valor refere-se a um veículo ano e modelo 2018-2019 e, o veículo

adquirido pela Secretaria Municipal de Educação foi 2016-2017,

portanto 1 (um) ano mais velho.

Solicitado ao vendedor o Sr. Marcelo Torres, para

encaminhar orçamento oficial com o valores do veículo com as mesmas

características, porém com ano/modelo 2016-2017, fui informado que

6

não seria possível, tendo em vista que a empresa não mais

disponibiliza o veículo 2016-2017.

Perguntado quanto ao preço do veículo ano 2016-2017,

custava em 2017, o mesmo afirma em conversa por aplicativo de

mensagens whatsapp o seguinte (fls. 35):

“Vendedor – “não houve reajuste”

Vendedor – “Continua mesmo preço do veículos

2017/2018”

Uildson – “2016-2017 também não sofreu reajustes?”

Vendedor – “2016-2017 145.300,00”

Uildson – “para pessoa jurídica?”

Vendedor – “sim”

Portanto, o veículo 2016-2017, custava em 2017, na

empresa vencedora do certame, R$ 145.000,00 (cento e quarenta e

cinco mil reais), o que facilmente pode ser comprovado, requerendo

as notas fiscais emitidas pela própria empresa vencedora a outros

clientes pessoa jurídica que adquiriram esse tipo de veículo no

mesmo período em que ocorreu a licitação no municipio (julho/2017).

Outra alternativa é requerer junto a Secretaria Estadual da Fazenda

– SEFAZ/BA, as notas fiscais emitidas pela Rubi Veículos Ltda,

durante o período referido.

Pesquisando num dos maiores sites nacional de compra

e venda de veículos novos, seminovos e usados, Webmotors

(http://www.webmotors.com.br), verifica-se que na média nacional,

o veículo aqui em discussão está sendo negociado atualmente por R$

145.000,00 (cento e quarenta e cinco mil reais) (fls. 36).

Se levarmos em conta os parâmetros utilizados com as

cotações juntadas às fls. 28, 32 e 36, temos a média de preço de R$

149.093,66(cento e quarenta e nove mil, noventa e três reais,

sessenta e seis centavos), com valores atuais, e não de R$

190.666.67(cento e noventa mil, seiscentos e sessenta e seis reais,

sessenta e sete centavos), apresentados à época, conforme

demonstrados na planilha de formação de preços às fls. 25.

Caso a Comissão Permanente de Licitação fosse mais

diligente nas suas tarefas ou houvesse a manifestação do sistema de

controle interno do município, irregularidades desse tipo, não

ocorreria, evitando dá margem para causar prejuízo ao erário.

Se de fato fosse realizado ampla pesquisa de preços,

a empresa licitante vencedora do certame, apresentaria sua proposta

inicial no valor de R$ 181.000,00 (cento e oitenta e um mil reais)?

A não ser se a mesma tivesse a certeza que seria a

única a participar da sessão de julgamento, que adiante teceremos

comentários a respeito.

O prejuízo total causado ao município está em torno

de R$ 46.825,36 (quarenta e seis mil, oitocentos e vinte e cinco

7

reais, trinta e seis centavos), comparando o valor pago com o valor

da média dos orçamentos atuais apresentados às fls. 28, 32 e 38.

Acerca da importância de apresentar a estimativa de

preços à luz da Lei Complementar n° 8.666/93, é o que reservamos

nos parágrafos a seguir.

A estimativa de preços (orçamentos) realizada pela

Administração tem o condão de verificar quais parâmetros estão sendo

cobrados pelo mercado no âmbito público e/ou privado, de forma a

cumprir as exigências da Lei nº 8.666/1993.

A estimativa de preços é realizada na busca de

balizamento para os itens a serem licitados, com o objetivo de obter

a contratação mais vantajosa e, ao mesmo tempo, eficaz na sua

execução. Além disso, serve de parâmetro para avaliar a

disponibilidade de orçamento.

A cotação de preços é a etapa principal do processo e

é precedida de ampla pesquisa de mercado público, nos termos do

art. 15, inc. V da Lei nº 8.666/1993. É importante ressaltar que

quanto maior for o número de propostas oriundas das pesquisas, mais

fiel ao mercado será o preço médio a ser aplicado como referência

nos certames.

E ainda para reforçar tal entendimento, o § 1°, do

art. 15 da Lei n° 8.666/93, é cristalino em afirmar:

(...)

§ 1o O registro de preços será precedido de

ampla pesquisa de mercado”.

Ao não observar esse requisito básico, a de realizar

pesquisas de preços amplamente, a Comissão Permanente de Licitação,

induziu a municipalidade a adquirir os 04 (quatro) veículos ao preço

de R$ 160.800,00 (cento e sessenta mil e oitocentos reais) cada,

acima daqueles praticados no mercado, conforme depreendem-se as

Notas Fiscais n° 17195, 17219, 17220 e 17221, juntadas às fls. 37-

40, e comprovantes de transferências às fls. 07-10, deixando

claramente, fortes indícios de superfaturamento e fraude documental

em relação as cotações, para o preenchimento da planilha juntada às

fls. 25.

Ainda na fase interna os prepostos da prefeita,

Comissão Permanente de Licitação e a empresa que presta serviço de

assessoria e consultoria na área de licitação, não observaram os

seguintes aspectos jurídicos legais:

O inciso V, do art. 4° da Lei n° 10.520/2002, que

instituiu a modalidade do Pregão, âmbito da União, Estados, Distrito

Federal e Municípios, está incerto o seguinte:

“Art. 4º A fase externa do pregão será

iniciada com a convocação dos interessados e

observará as seguintes regras:

8

(...)

V - o prazo fixado para a apresentação das

propostas, contado a partir da publicação do

aviso, não será inferior a 8 (oito) dias

úteis;”(gn)

Já o art. 21 em seu § 3° da Lei Complementar n°

8.666/90, sinaliza o seguinte:

“Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos

editais das concorrências, das tomadas de

preços, dos concursos e dos leilões, embora

realizados no local da repartição

interessada, deverão ser publicados com

antecedência, no mínimo, por uma vez:

(...)

§ 3° Os prazos estabelecidos no parágrafo

anterior serão contados a partir da última

publicação do edital resumido ou da expedição

do convite, ou ainda da efetiva

disponibilidade do edital ou do convite e

respectivos anexos, prevalecendo a data que

ocorrer mais tarde.” (gn)

Como se observa às fls. 05 a última publicação se deu

em 06.07.2017, no desconhecido veículo de imprensa denominado Folha

do Estado, na área de classificados, portanto para efeito de

contagem de prazo, a realização da sessão de julgamento do certame

deveria ocorrer no dia 18.07.2017 e não no dia 17.07.2017, conforme

consta em ata de julgamento, juntada às fls. 41-43.

Talvez o entendimento na interpretação de V. Sª., seja

irrelevante, por se tratar de apenas 1 (um) dia, porém aqui

demonstra a falta de observação às normas que regem a licitação

pública, além de outras falhas, inconsistências, irregularidades e

ilegalidades que apontaremos durante o decorrer das narrativas.

Da necessidade de efetiva previsão de recursos na lei

orçamentária anual em vigor no exercício financeiro para deflagrar

licitações públicas.

A Lei n.º 8.666/1993 exige que, para deflagrar

licitações públicas com vistas à aquisição de bens e à contratação

de serviços e obras, o administrador promova, nos autos do processo

licitatório, a indicação dos recursos orçamentários necessários ao

pagamento das obrigações decorrentes a serem executadas no exercício

em curso.

Segue transcrição de dispositivos da Lei ne 8.666/1993

relacionados com o tema:

“Art. 7° As licitações para execução de obras

e para prestação de serviços obedecerão ao

disposto neste artigo e, em particular,à

seguinte seqüência:

9

(...)

§ 2° As obras e os serviços somente poderão

ser licitados quando:

(...)

III - houver previsão de recursos

orçamentários que assegurem pagamento das

obrigações decorrentes de obras ou serviços

a serem executadas no exercício financeiro

em curso, de acordo com respectivo

cronograma;

(...)

§ 9° O disposto neste artigo aplica-se

também, no que couber, aos casos de dispensa

de inexigibilidade de licitação.

(...)

Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a

adequada caracterização de seu objeto e

indicação dos recursos orçamentários para

seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e

responsabilidade de quem lhe tiver dado

causa.

(...)

Art. 38. O procedimento da licitação será

iniciado com abertura de processo

administrativo, devidamente autuado,

protocolado numerado, contendo autorização

respectiva, a indicação sucinta de seu

objeto do recurso próprio para despesa, ao

qual serão juntados oportunamente:

(...)

Art. 55. São cláusulas necessárias em todo

contrato as que estabeleçam:

(...)

V- o crédito pelo qual correrá despesa, com

indicação da classificação funcional

programática da categoria econômica;”(gn)

Os dispositivos da legislação de direito financeiro

relacionados com o tema, assim são transcritos:

Constituição Federal

“Art. 167. São vedados:

I - início de programas ou projetos não

incluídos na lei orçamentária anual;

II - a realização de despesas ou assunção de

obrigações diretas oue excedam os créditos

orçamentários ou adicionais:(gn)

Lei Complementar n° 101/2000 Lei de Responsabilidade

Fiscal

“Art. 15. Serão consideradas não

autorizadas, irregulares e lesivas ao

patrimônio público a geração de despesa ou

10

assunção de obrigação que não atendam o

disposto nos arts. 16 e 17.

Art. 16. A criação, expansão ou

aperfeiçoamento de ação governamental que

acarrete aumento da despesa será acompanhado

de:

I - estimativa do impacto orçamentário-

financeiro no exercício em que deva entrar

em vigor e nos dois subseqüentes;

II - declaração do ordenador da despesa de

que o aumento tem adequação orçamentária e

financeira com a lei orçamentária anual e

compatibilidade com o plano plurianual e com

a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1o Para os fins desta Lei Complementar,

considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a

despesa objeto de dotação específica e

suficiente, ou que esteja abrangida por

crédito genérico, de forma que somadas todas

as despesas da mesma espécie, realizadas e a

realizar, previstas no programa de trabalho,

não sejam ultrapassados os limites

estabelecidos para o exercício;

II - compatível com o plano plurianual e a

lei de diretrizes orçamentárias, a despesa

que se conforme com as diretrizes,

objetivos, prioridades e metas previstos

nesses instrumentos e não infrinja qualquer

de suas disposições.

§ 2o A estimativa de que trata o inciso I

do caput será acompanhada das premissas e

metodologia de cálculo utilizadas.

§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a

despesa considerada irrelevante, nos termos

em que dispuser a lei de diretrizes

orçamentárias.

§ 4o As normas do caput constituem condição

prévia para:

I - empenho e licitação de serviços,

fornecimento de bens ou execução de obras;

Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito

e estão vedados:

(...)

IV - assunção de obrigação, sem autorização

orçamentária, com fornecedores para

pagamento a posteriori de bens e serviços.

(grifo nosso)

Decreto-lei n° 200/1967:

11

“Art. 73. Nenhuma despesa poderá ser

realizada sem a existência de crédito que a

comporte ou quando imputada a dotação

imprópria, vedada expressamente qualquer

atribuição de fornecimento ou prestação de

serviços cujo custo exceda aos limites

previamente fixados em lei.” (gn)

Diante de toda fundamentação constitucional e

infraconstitucional acima transcrita, torna-se evidente, pois que

exige a legislação pertinente, para a deflagração de licitações com

vistas à aquisição de bens e à contratação de obras e serviços, a

previsão ou indicação dos recursos orçamentários suficientes para

tanto, além de exigir sua compatibilidade com o Plano Plurianual e

Lei de Diretrizes Orçamentárias.

As contratações administrativas não podem ser feitas

sem prévia dotação orçamentária. A regra vale tanto para as

modalidades ordinárias de licitação - concorrência, tomada de

preços, convite, concurso e pregão - como para o sistema de registro

de preços.

Como citadas a Constituição Federal, as Leis Federais

n° 8.666/93 – Lei de Licitações, 101/00 - Lei de Responsabilidade

Fiscal e Decreto Lei n° 200/67, e em alguns casos leis estaduais,

convergem para a proibição de qualquer despesa pública ou assunção

de obrigações diretas sem autorização orçamentária com

fornecedores, para pagamento por bens e serviços.

Nesse sentido o Tribunal de Contas do Estado do Paraná

se pronunciou através do Acórdão 3312/2013 - Tribunal Pleno, em

consulta a LUCIANO DUCCI e MUNICÍPIO DE CURITIBA, que pode ser

acessada no seguinte link eletrônico

https://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2013/9/pdf/00249740.pdf

EMENTA:

Consulta. Contratação Administrativa derivada

do Sistema de Registro de Preços. Prévia

dotação orçamentária. Necessidade.

O entendimento encontra fundamento na Constituição

Federal em leis de diversos âmbitos e níveis.

Porém essa exigência de previsão orçamentária

suficiente (art. 167, II CF/88), torna-se obrigatória no momento em

que se dá a deflagração/abertura/autorização do certame

(05.07.2017) (fls. 03).

Em 30 de junho de 2017, conforme Balancete da Despesa

juntados às fls. 45/46, verifica-se que os saldos das dotações

orçamentárias (rubricas) apresentavam-se insuficientes para fazer

face ao pagamento das Notas de Empenhos n° 169 e 170, juntadas às

12

fls. 21/22, no valor total de R$ 643.200,00 (seiscentos e quarenta

e três mil e duzentos reais), vejamos então:

Quadro 1 (balancete às fls. 45):

UNIDADE

GESTORA

PROJETO/ATIVIDADE ELEMENTO DA

DESPESA

FONTE Saldo em

30.06.2017

R$

03.06.06-

SEC.

MUNIC.

EDUCAÇÃO

2.113 - MANUT. DAS

AÇÕES

DO ENSINO

FUNDAMENTAL

(FUNDEB)

449052 -

EQUIP. E

MATERIAL

PERMANENTE

19

20.000,00

Para a dotação orçamentária acima (quadro 1), foi

editado o Decreto de abertura de Crédito Adicional Suplementar n°

14, datado de 03 de julho de 2017,(fls. 47-52), reforçando a dotação

em mais R$ 338.800,00 (trezentos e trinta e oito mil, oitocentos

reais)(fls. 48), que somando ao saldo remanescente de R$ 20.000,00

(vinte mil reais) totalizou R$ 358.800,00 (trezentos e cinquenta e

oito mil e oitocentos e reais), o que, em tese cobriu o valor para

o pagamento da despesa de R$ 321.600,00 (trezentos e vinte e um mil

e seiscentos reais), conforme Nota de Empenho n° 170 (fls. 22)

suficientes para quitar com o pagamento de 2 (duas) vans.

Quadro 2 (balancete às fls. 46):

UNIDADE

GESTORA

PROJETO/ATIVIDADE ELEMENTO DA

DESPESA

FONTE Saldo em

30.06.2017

R$

03.06.06-

SEC.

MUNIC.

EDUCAÇÃO

5.001 - PROGRAMA

DE

TRANSPORTE

ESCOLAR

449052 -

EQUIP. E

MATERIAL

PERMANENTE

04

13.814,30

No Quadro 2, para fazer face ao pagamento das despesas

no valor total de R$ 321.600,00 (trezentos e vinte e um mil e

seiscentos reais), conforme Nota de Empenho n° 169 (fls. 21), foi

editado o Decreto n° 13, de 03 de julho de 2017, alterando o Quadro

de Detalhamento da Despesa (fls. 53-57), com acréscimo na dotação

orçamentária no valor de R$ 97.250,00 (noventa e sete mil, duzentos

e cinquenta reais), (fls. 53), concomitantemente, na edição do

Decreto de abertura de crédito adicional suplementar n° 14, de 03

de julho de 2017 (fls. 48), percebe-se que na mesma dotação

orçamentária houve um reforço no valor de R$ 210.535,70 (duzentos

e dez mil, quinhentos e trinta e cinco reais, setenta centavos)

que, também em tese cobriu os valores para o pagamento das outras

2 (duas) vans, Nota de Empenho n° 169.

13

Não obstante, estaria tudo perfeito, se não fosse por

um detalhe, os Decretos n° 13 e 14, datado de 03 de julho de 2017,

somente foram publicados no dia 31 de agosto de 2017 (fls. 58-68).

As normas nascem com a promulgação que é o ato pelo

qual o Executivo autentica a lei, atestando a sua existência

ordenando-lhe a aplicação. Mas só começam a vigorar com a sua

publicação (no diário oficial, gera presunção de conhecimento geral

do texto).

Ninguém pode deixar de cumprir a lei, alegando

desconhecimento.

Assim, a publicação é a condição para a lei entrar em

vigor e tornar-se eficaz. Ela é obrigatória para todos, mesmo para

os que a ignoram.

A norma vale para qualquer espaço ou para qualquer

período de tempo. Essa norma tem vida própria, pois nasce, existe

e morre. Esses momentos dizem respeito à determinação do início de

sua vigência, à continuidade de sua vigência e a cessação de sua

vigência.

Antes de entrar em vigor, a norma passa por todo um

procedimento específico. Além disso, depois de devidamente

elaborada, publicada e promulgada, ela pode passar um tempo de

espera para começar a produzir efeitos – juridicamente esse tempo

de espera é conhecido por vacatio legis. O tempo de vacatio varia

de norma para norma, quanto mais complexa, maior é a possibilidade

do tempo devacatio ser mais longo.

Existem leis que produzem efeitos de imediato, assim

que são publicadas – geralmente por serem de pouco impacto. São as

famosas leis cujos artigos finais deixam expresso os termos “esta

lei entra em vigor na data de sua publicação”.

Aliás, nos casos nos quais o legislador decida por um

prazo de vacatio legis (vacância da lei), pode ser que ele esqueça

de deixar de forma expressa esse prazo. Para se precaver desse

pequeno problema, o legislador brasileiro estabeleceu que quando a

lei for omissa quanto ao período de vacância da lei, este prazo

será de 45 dias dentro do território nacional – começando a contagem

do dia da publicação e incluindo o dia do prazo final do vencimento.

É o que determina o §1º do Art. 8º da LC 95/88:

“ § 1º A contagem do prazo para entrada em

vigor das leis que estabeleçam período de

vacância far-se-á com a inclusão da data da

publicação e do último dia do prazo, entrando

em vigor no dia subsequente à sua consumação

integral.”

14

Tudo isso pode ser refletido muito bem no Art. 8º da

LC 95/88,

“Art. 8º A vigência da lei será indicada de

forma expressa e de modo a contemplar prazo

razoável para que dela se tenha amplo

conhecimento, reservada a cláusula "entra em

vigor na data de sua publicação" para as leis

de pequena repercussão.”

Esses prazos também estão descritos no Art. 1º da

LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Basileiro:

“Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei

começa a vigorar em todo o país quarenta e

cinco dias depois de oficialmente publicada.”

Vê-se, portanto, assentado na interpretação das leis

acima citadas, que os Decretos 13 e 14, de 03 de julho de 2017, só

surtiram efeitos à partir do dia 31 de agosto de 2017, quando da

sua publicação em Diário Oficial do Municipio (fls. 58-68).

Portanto, o ato de reforço e alteração do quadro das dotações

orçamentárias se tornaram ilegais, configurando burla a legislação.

Mesmo se houvesse discussão acerca de que em

procedimentos licitatórios pelo Sistema de Registro de Preços (SRP),

não há necessidade de previsão orçamentária suficiente, estaria o

vício ainda não sanado, tendo em vista que na data da assinatura do

Contrato Administrativo n° 298/2017 (fls. 20), em 19.07.2017, ainda

não houvera saldo de dotação orçamentaria suficiente para fazer

face a despesa.

Ainda em relação ao contrato administrativo em tela,

ressalte-se, que a “Cláusula Terceira – Da Dotação Orçamentária”

(fls. 15), a mesma não define quais os valores determinados para

cada rubrica.

Assim define o art. 55, inc. V, in verbis:

“Art. 55. São cláusulas necessárias em todo

contrato as que estabeleçam:

(...)

V - o crédito pelo qual correrá a despesa,

com a indicação da classificação funcional

programática e da categoria econômica;”(gn).

Desta forma fica patente a afronta ao art. acima

transcrito.

Não obstante, ordenadores da despesa, Comissão

Permanente de Licitação e Parecerista, deixaram de observar a

existência de adequação da despesa com Plano Plurianual 2014-

2017,(art. 16, “II”, da Lei Complementar n° 101/2000), portanto

15

incompatível, apesar do parecer jurídico prévio (fls. 69), asseverar

que havia preenchido tal formalidade.

No caso em tela a aquisição dos 4 (quatro) veículos,

tipo van realizado pela Secretaria de Educação do município de

Ubaitaba/BA, não atendeu aos requisitos impostos pelas leis, ora

citadas.

DA PARTICIPAÇÃO E DO ENVOLVIMENTO DE CADA MEMBRO NA

CONDUÇÃO DO PROCESSO LICITATÓRIO.

Sueli Carneiro da Silva Carvalho (1), prefeita

municipal, Roberta Carneiro Vasconcelos Pereira (2), Secretária

Municipal de Educação e Jamile Carneiro Vasconcelos (3), servidora

municipal – Professora, como se percebe as três são membros da mesma

familia, atuaram como ordenadoras de despesas, sendo que Sueli

Carneiro da Silva Carvalho, autorizou a abertura do certame (fls.

03),assinou nota de empenho (fls. 21/22), ordenou os pagamentos

(fls. 11-14) e transferiu os recursos à conta da licitante vencedora

(fls.07/08), Roberta Carneiro Vasconcelos Pereira, assinou nota de

empenho (fls. 21/22), ordenou os pagamentos (fls. 11-14) e Jamile

Carneiro Vasconcelos, apesar de não existir ato que a autorize

movimentar contas bancárias, mesmo assim atuou na transferência dos

valores à empresa licitante (fls. 09/10).

Revela-se por oportuno e conveniente tecer

considerações sobre as atribuições e competências do ordenador de

despesa e sobre sua responsabilização em face da legislação regente.

A Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estatui

normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos

orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do

Distrito Federal, reservou poucos comandos ao ato de ordenar

despesas, reflexo da pouca complexidade da execução orçamentária

(empenho, liquidação e inscrição em restos a pagar) e financeira

(pagamento) de então. Por isso, as atribuições e competências do

que viria a constituir o ordenador de despesa foram cometidas à

‘autoridade competente’.

“Art. 58. O empenho de despesa é o ato

emanado de autoridade competente que cria

para o Estado obrigação de pagamento

pendente ou não de implemento de condição.

Art. 59 - O empenho da despesa não poderá

exceder o limite dos créditos concedidos.

Art. 60. É vedada a realização de despesa

sem prévio empenho.

(...)

Art. 62. O pagamento da despesa só será

efetuado quando ordenado após sua regular

liquidação.

(...)

16

Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho

exarado por autoridade competente,

determinando que a despesa seja paga.”

A figura do ordenador de despesa aparece pela primeira

vez na esteira da implantação do Sistema de Fiscalização Financeira

e Orçamentária determinada pela Constituição Federal de 1967, cujo

principal suporte foi o Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de

1967, que dispõe sobre a organização da Administração Federal:

Art. 80. Os órgãos de contabilidade

inscreverão como responsável todo o

ordenador da despesa, o qual só poderá ser

exonerado de sua responsabilidade após

julgadas regulares suas contas pelo Tribunal

de Contas.

§ 1° Ordenador de despesas é toda e qualquer

autoridade de cujos atos resultarem emissão

de empenho, autorização de pagamento,

suprimento ou dispêndio de recursos da União

ou pela qual esta responda.

§ 2º O ordenador de despesa, salvo

conivência, não é responsável por prejuízos

causados à Fazenda Nacional decorrentes de

atos praticados por agente subordinado que

exorbitar das ordens recebidas.

§ 3º As despesas feitas por meio de

suprimentos, desde que não impugnadas pelo

ordenador, serão escrituradas e incluídas na

sua tomada de contas, na forma prescrita;

quando impugnadas, deverá o ordenador

determinar imediatas providências

administrativas para a apuração das

responsabilidades e imposição das

penalidades cabíveis, sem prejuízo do

julgamento da regularidade das contas pelo

Tribunal de Contas.

Art. 81. Todo ordenador de despesa ficará

sujeito a tomada de contas realizada pelo

órgão de

contabilidade e verificada pelo órgão de

auditoria interna, antes de ser encaminhada

ao Tribunal de Contas (artigo 82).”

Com o advento da Lei Complementar nº 101, de 5 de maio

de 2000, foram introduzidas importantes normas de finanças públicas

voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal; daí o nome pelo

qual ficou conhecida: Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Todavia, a única incumbência nova, diretamente

atribuída pela LRF às competências do ordenador de despesa, diz

respeito à declaração prevista em seu art. 16, que será objeto de

comentários mais adiante.

17

A previsão legal de responsabilização por desvios na

execução orçamentária e financeira surgiu ainda timidamente na Lei

nº 1.079, de 10 de abril de 1950, que define os crimes de

responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento.

Apenas dois estão relacionados com atribuições do ordenador de

despesa (que, como visto, só bem mais tarde assumiria essa

nomenclatura):

“Art. 10. São crimes de responsabilidade

contra a lei orçamentária:

(...)

4 - Infringir, patentemente, e de qualquer

modo, dispositivo da lei orçamentária.”

Mais adiante, o Decreto-Lei nº 200/1967 introduziu um

único dispositivo versando sobre esse tema:

“Art. 90. Responderão pelos prejuízos que

causarem à Fazenda Pública o ordenador de

despesas e o responsável pela guarda de

dinheiros, valôres e bens.”

Novos dispositivos foram acrescentados ao arcabouço

legal com a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que dispõe sobre

as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de

enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou

função na administração pública direta, indireta ou fundacional:

“Art. 10. Constitui ato de improbidade

administrativa que causa lesão ao erário

qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,

que enseje perda patrimonial, desvio,

apropriação, malbaratamento ou dilapidação

dos bens ou haveres das entidades referidas

no art. 1º desta lei, e notadamente:

(...)

IX - ordenar ou permitir a realização de

despesas não autorizadas em lei ou

regulamento;

(...)

Art. 12. Independentemente das sanções

penais, civis e administrativas, previstas

na legislação específica, está o responsável

pelo ato de improbidade sujeito às seguintes

cominações:

(...)

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento

integral do dano, perda dos bens ou valores

acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se

concorrer esta circunstância, perda da

função pública, suspensão dos direitos

políticos de cinco a oito anos, pagamento de

multa civil de até duas vezes o valor do dano

e proibição de contratar com o Poder Público

ou receber benefícios ou incentivos fiscais

18

ou creditícios, direta ou indiretamente,

ainda que por intermédio de pessoa jurídica

da qual seja sócio majoritário, pelo prazo

de cinco anos;”

Já a LRF aponta em seu art. 73 para o conjunto de

normas que podem ser utilizadas para punir desvios de conduta, mas

nada acrescenta nesse sentido:

“Art. 73. As infrações dos dispositivos

desta Lei Complementar serão punidas segundo

o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de

1940 (Código Penal); a Lei nº 1.079, de 10

de abril de 1950; o Decreto-Lei nº 201, de

27 de fevereiro de 1967; a Lei nº 8.429, de

2 de junho de 1992; e demais normas da

legislação pertinente.”

Só após a edição da LRF foram significativamente

alteradas as disposições do referido conjunto de normativos, por

meio da Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, como se pode ver,

a título de exemplo, na nova redação do Decreto-Lei nº 2.848/1940

(Código Penal), que recebeu o acréscimo de um capítulo e oito

artigos dedicados à execução orçamentária e financeira:

CAPÍTULO IV DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS

PÚBLICAS

(...)

Inscrição de despesas não empenhadas em

restos a pagar

Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição

em restos a pagar, de despesa que não tenha

sido previamente empenhada ou que exceda

limite estabelecido em lei:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)

anos.

Assunção de obrigação no último ano do

mandato ou legislatura

Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção

de obrigação, nos dois últimos quadrimestres

do último ano do mandato ou legislatura, cuja

despesa não possa ser paga no mesmo exercício

financeiro ou, caso reste parcela a ser paga

no exercício seguinte, que não tenha

contrapartida suficiente de disponibilidade

de caixa:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Ordenação de despesa não autorizada

Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada

por lei:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

19

(...)

Não cancelamento de restos a pagar

Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar

ou de promover o cancelamento do montante de

restos a pagar inscrito em valor superior ao

permitido em lei:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)

anos.

Como se observa nas citações e fundamentações, as Srªs,

Sueli Carneiro da Silva Carvalho, Roberta Carneiro Vasconcelos

Pereira e Jamile Carneiro Vasconcelos, todas na função de

ordenadoras de despesa concorreram para a prática das inúmeras

ilegalidades, conquanto na autorização das despesas conforme,

comprovação através das notas de empenhos às fls. 21/22, notas de

pagamentos às fls. 11-14 e comprovantes de transferências bancárias

às fls. 07-10.

Silvia Mara Menezes Borges (4), Marcos Roberis Moreno

Nunes (5), Saulo de Tarso Santos Ferreira (6), Joselito Santiago

da Silva (7) e Roberlan Lima de Souza (8), membros da Comissão

Permanente de Licitação (fls. 72), todos solidariamente com a

prefeita municipal, também concorreram para a ocorrência das

irregularidades, ilegalidades, falhas, inconsistências e omissões,

tendo em vista que os mesmo foram os responsáveis na condução dos

trabalhos que culminaram na contratação da empresa licitante

vencedora, Rubi Veiculos Ltda, para o fornecimento dos 4 (quatro)

veículos, tipo van e, consequentemente nos leva a crer, que de

acordo com os documentos incertos no processo administrativo,

existe fortes indícios de crimes cometidos contra a lei de

licitações públicas.

A empresa Ana Carine Assis Azevedo Souza Me - Res

Publicae Consultoria e Assessoria em Administração Pública – ME

(11) e sua sócia proprietária Ana Carine Assis Azevedo Souza, por

ser a responsável pela orientação aos servidores, desincumbiu do

seu papel de bem orientá-los, a empresa portanto teve um papel de

extrema responsabilidade, permitindo o prejuízo e/ou desvio de

recursos públicos.

Quanto a participação da empresa Muniz de Goes Ribeiro

e Associados (12), representada por seu sócio administrador, Allah

Nascimento Silva Muniz de Góes, se deu em dois momentos distintos,

a saber:

Na ocasião da emissão do seu Parecer Prévio (fls. 69-

71), a mesma afirma o seguinte:” Os autos foram instruídos com os

seguintes documentos: “a) Requerimento oriundo da Secretaria

interessada destinado a Prefeita Municipal, solicitando a abertura

do procedimento licitatório, sendo que, o procedimento foi

devidamente autorizado pela Sra. Prefeita; b) Declaração informando

que a despesa tem adequação orçamentária e financeira com a LOA e

20

compatibilidade com o PPA e LDO e que atende as exigências do artigo

16 da Lei Complementar 101/2000.

È destoante as afirmativas do parecerista, visto que

ao vasculhar profundamente e detalhadamente os autos do processo

administrativo, não foram encontrados:(a)“Requerimento oriundo da

Secretaria interessada destinado a Prefeita Municipal” e (b)”

Declaração informando que a despesa tem adequação orçamentária e

financeira com a LOA e compatibilidade com o PPA e LDO e que atende

as exigências do artigo 16 da Lei Complementar 101/2000.”

Outro fato que nos deixa bastante intrigado, o

parecerista diz que: “o procedimento foi devidamente autorizado

pela Sra. Prefeita”, ora atentemos para as datas. O documento às

fls. 03, que trata da autorização para a abertura do processo

licitatório, está datado de 05.07.2017 e a data do parecer jurídico

prévio em 04.07.2017 (fls. 71), como se explica então, o parecer

jurídico prévio datado anteriormente a data da autorização? Como o

parecerista em 04.07.2017, afirma que o documento de autorização

para abertura do certame, já constava nos autos do processo

administrativo?

Para a municipalidade só há uma explicação para que

tal fato pudesse ocorrer: “erro de digitação”.

Mais para quem tem experiência no âmbito de licitações

públicas não há de se duvidar que o processo se deu de marcha à ré.

Não se pode esquecer que nos autos do processo

administrativo, existe apenas uma correspondência da Comissão

Permanente de Licitação, datada de 26.06.2017 (fls. 24), para a

empresa encaminhando a minuta do Edital. Como de repente o

parecerista afirma que nos autos do processo administrativo

constava, a minuta do contrato e outros?

E ainda lembrando, todos os documentos que o

parecerista jura ter analisado, exceto o Contrato Administrativo

(fls. 15-20) não estão devidamente vistados pelo mesmo, visto que,

neste caso tornou-se um procedimento átipico, tendo em vista ser

prática corriqueira, vistar o que é analisado, em especial em peça

jurídica, como se depreende nos documentos acostados ao autos do

processo administrativo. (ver mídia de CD anexa, nome do arquivo: Processo

Adm PARTE V, Pág. 35-40” e Nome do arquivo: Processo Adm PARTE VI, Pág. 14-36)

Agora Sr. Procurador(a), o fato que comprova indicios

de que a licitação em tela foi fraudada, trata-se do Parecer

Jurídico Final (fls. 73/74).

Observe que o Parecer Jurídico Final foi datado e

assinado digitalmente pelo parecerista, às 10:44:29 – 03’00’, do

dia 17.07.2017(fls. 74). A sessão pública de julgamento se deu

exatamente às 14:00 horas do dia 17.07.2017, conforme ata juntada

21

às fls. 41, então como se explica a expedição do Parecer Jurídico

Final, antes do horário da realização da sessão de julgamento?

Não se pode arguir que houve “erro de digitação” em

vista de que o documento foi assinado utilizando-se Certificação

Digital”.

De que forma o parecerista, às 10:44:29 – 03’00’ do

dia da realização da sessão de julgamento já tinha as seguintes

certezas:

“Na data designada para a data dos envelopes

A e B relativos respectivamente à proposta

de preços e habilitação, o ato realizou-se

com o comparecimento de 03 (três) licitantes

e o conseqüente cumprimento rigoroso do

procedimento previsto na Lei n° 10.520/2002,

apurando-se em primeiro a colheita da

proposta de preços, seguida de lances

verbais e havendo negociações e, por fim,

processando-se a fase de habilitação.”

E ainda, continua dizendo:

“Os demais procedimentos atinentes ao PREGÃO

foram realizados de conformidade com Lei

especifica e com Edital, observando-se

ainda, que os preços ofertados pela empresa

declarada vencedora estão compatíveis com o

valor de mercado”.

Pode-se observar que apenas a vencedora do ítem 5 da

referida licitação, Rubi Veículos Ltda, compareceu à sessão de

julgamento.

Quanto ao comparecimento de somente uma empresa ao

pregão em tela, alinho-me no sentido de que não há impedimento na

legislação à conclusão da licitação, só que neste caso, a meu ver

houve restrição ao caráter competitivo.

Convém não esquecer que a presença de comparecimento

apenas da empresa Rubi Veículos Ltda, evidenciou restrições

indevidas à competividade verificadas nos autos do processo

administrativo, a deficiência, dissonantes com a legalidade, na

publicidade do certame, quanto a Comissão Permanente de Licitação,

resolve publicar o aviso do edital na área de classificados de um

jornal desconhecido, de pouca ou nenhuma circulação à nível estadual

(fls. 05).

De acordo com o apresentado no Parecer Jurídico Final

(fls. 73/74), não restam dúvidas de que a licitação foi de cartas

marcadas, e consequentemente fraudada.

22

Francisco Jose Santos Nascimento (10), Ricardo

Carvalho Santos (11) e Roberlan Lima de Souza (8), na qualidade de

servidores do Controle Interno do Municipio, se omitiram no caso em

tela, dentro de uma das suas prerrogativas de função, qual seja

dentre outras, auditar os processos administrativos e processos de

pagamentos. Especificamente ao servidor Roberlan Lima de Souza, em

grau maior, em vista de que irregularmente é membro da Comissão

Permanente de Licitação, não o podendo fazer, devido as atribuições

que exerce dentro do sistema de controle interno.

Ao conceituarmos, controle interno, temos pois o

conjunto de métodos e processos adotados com a finalidade de

comprovar atos e fatos, impedir erros e fraudes e otimizar a

eficiência da Administração.

O controle interno é aquele executado por órgão, setor

ou agente da própria estrutura administrativa do órgão controlado.

Diferencia-se, pois, do controle externo, que é de responsabilidade

de órgão externo, não pertencente à estrutura administrativa do

órgão controlado (Freesz, 2007).

Assegurar que a Administração atue em consonância com

os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, com

os da legalidade, moralidade, finalidade pública, publicidade,

motivação, impessoalidade; em determinadas circunstâncias, abrange

também o controle chamado de mérito e que diz respeito aos aspectos

discricionários da administração pública. (Di Pietro, 2005, p. 637).

A fiscalização do Município será exercida pelo Poder

Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas

de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

(Art. 31,CF/88).

Cabe ao CONTROLE INTERNO a fiscalização contábil,

financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, quanto à

legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções

e renúncia de receitas. (art. 70, CF/88).

Compete ao Controle Interno a fiscalização contábil,

financeira, orçamentária e operacional e, apoio ao Controle Externo.

FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL - dá-se mediante a verificação

dos registros dos atos e fatos contábeis, as autorizações de quem

compete e o lançamento de valores exatos.

FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA – é a verificação da

conformidade do gerenciamento e aplicação dos recursos, as renúncias

de receitas e concessões de auxílios e subvenções, com as normas e

princípios da administração pública.

FISCALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA – tem como objetivo

verificar se as despesas tem previsão no orçamento que está sendo

23

executado, assim como, se estão sendo cumpridas as metas e programas

previstos na Lei de Diretriz es Orçamentárias e o Plano Plurianual.

FISCALIZAÇÃO OPERACIONAL - diz respeito ao

acompanhamento e avaliação da gestão dos administradores públicos

para alcançar seus objetivos institucionais, verificando a

legalidade e legitimidade dos atos, certificando-se da economia,

eficiência e eficácia da gestão orçamentária, financeira,

patrimonial, de pessoal e demais sistemas administrativos e

operacionais.

FISCALIZAÇÃO PATRIMONIAL – tem como objetivo o controle

de bens móveis ou imóveis, de créditos, títulos de renda,

participações e almoxarifados, além das dívidas e de fatos que,

direta ou indiretamente possam afetar o patrimônio.

Dentre as atribuições do Controle Interno, podemos

citar:

a) determinar a adoção de medidas corretivas quando

verificar irregularidades nos editais de licitação (art. 113, § 2

o , Lei 8.666/93);

b) fiscalizar a legalidade dos atos de execução

orçamentária será prévia, concomitante e subsequente. ( art. 113,

§2º, art. 116, § 1º e §3º, I, Lei 8.666/93, art. 77, Lei 4.320/64).

Prévio – é exercido com a finalidade de evitar a

ocorrência de erros, desperdícios ou irregularidades.

Concomitante - durante o fato, são projetados para

detectar erros, desperdícios ou irregularidades, no momento em que

eles ocorrem, permitindo a adoção de medidas corretivas tempestivas.

Subsequente - após o fato, que admite controles

corretivos os erros, desperdícios ou irregularidades depois de

ocorridos para que não mais se repitam.

c) receber representação/denúncia contra

irregularidades nas licitações, contratos e convênios ( art. 113,

§ 1 o , Lei 8.666/93);

d) fiscalizar o cumprimento das normas da Lei de

Responsabilidade Fiscal (art. 59 da LRF).

No desempenho do servidor público nas atividades de

controle interno, o mesmo deve balizar-se em:

a) comportamento ético - proteger os interesses da

sociedade e respeitar as normas de conduta, não valer-se da função

em benefício próprio ou de terceiros;

24

b) cautela e zelo profissional - agir com prudência,

habilidade e atenção de modo a reduzir ao mínimo a margem de erro

nas avaliações, conclusões e recomendações;

c) independência - manter uma atitude de independência

com relação ao agente controlado, de modo a assegurar imparcialidade

no seu trabalho;

d) imparcialidade - abster-se de intervir em casos onde

haja conflito de interesses que possam influenciar a imparcialidade

do seu trabalho;

e) objetividade – fundar-se em documentos e evidências

que permitam convicção da realidade ou a veracidade dos fatos ou

situações examinadas;

f) conhecimento técnico e capacidade profissional - em

função de sua atuação multidisciplinar, deve possuir um conjunto de

conhecimentos técnicos ou equipe, com experiência e capacidade para

as tarefas que executa, conhecimentos contábeis, econômicos,

financeiros e de outras disciplinas para o adequado cumprimento do

objetivo do trabalho, mantendo-se atualizado.

Posto isto, percebe-se nos autos do procedimento

licitatório, em nenhum momento, e os documentos acostados ao

processo administrativo, demonstram claramente que as ações do

sistema de controle interno ficou inerte, leniente aos fatos

ocorridos.

As transcrições a seguir mostram que o Controle

Interno, responderá solidariamente, senão vejamos:

Na Constituição Federal:

“Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo

e Judiciário manterão, de forma integrada,

sistema de controle interno com a finalidade

de:

(...)

§ 1º Os responsáveis pelo controle interno,

ao tomarem conhecimento de qualquer

irregularidade ou ilegalidade, dela darão

ciência ao Tribunal de Contas da União, sob

pena de responsabilidade solidária.”(gn)

Na Lei n° 8.666/93 – Lei de Licitações:

“Art. 102. Quando em autos ou documentos de

que conhecerem, os magistrados, os membros

dos Tribunais ou Conselhos de Contas ou os

titulares dos órgãos integrantes do sistema

de controle interno de qualquer dos Poderes

verificarem a existência dos crimes

definidos nesta Lei, remeterão ao Ministério

25

Público as cópias e os documentos

necessários ao oferecimento da denúncia.

Márcio de Souza Magalhães (9), na qualidade de

Procurador Geral do Município, ficou demonstrado nos autos do

processo administrativo da licitação, sua omissão, quanto ao seu

papel de verificar junto a empresa que presta serviço de consultoria

e assessoria jurídica ao município, se os procedimentos de fato

estavam sendo feitos corretamente dentro dos parâmetros que as leis

impõem. O mesmo ficou silente, não se pronunciando, apesar de ter

sido chamado à lide, conforme demonstra o Parecer Jurídico Prévio

(fls. 71) e o Parecer Jurídico Final (fls.74).

A empresa RUBI VEÍCULOS LTDA, representada por seu

sócio administrador, o Sr. ERVINO BINOW JÚNIOR, não restou dúvidas

que se beneficiou diretamente com as ilegalidades cometidas pelos

agentes públicos, cabendo as investigações, caso se concretizem,

averiguar se houve por parte da mesma, oferecimento indevida de

vantagens, em troca de algum tipo de favor ou benefício,

caracterizando corrupção ativa (art. 333, do Decreto Lei n° 2.848/40

– Codigo Penal Brasileiro).

Quero aqui se me permite, abrir um adendo antes da

conclusão dos fatos e deixar um alerta, o quanto é temerário a

permanência da atual prefeita, frente ao destino do município de

Ubaitaba.

Durante o ano de 2017, a mesma dispensou e inexigiu

licitação fora dos critérios estabelecidos pelos nos art. 24 e 25

da Lei Geral das Licitações Públicas n° 8.666/93, no aporte de R$

1.488.046,53 (um milhão, quatrocentos e oitenta e oito mil, quarenta

e seis reais e cinquenta e três centavos), valores altíssimos para

a realidade do município. Sendo, R$ 1.219.787,85 (um milhão duzentos

e dezenove mil, setecentos e oitenta e sete reais, oitenta e cinco

centavos) dispendidos para pagamentos com processos de

inexigibilidade de licitação, somente para consultoria e assessoria

jurídica, também por inexigibilidade de licitação, o valor alcançou

as cifras de R$ 213.880,00 (duzentos e treze mil, oitocentos e

oitenta reais) (fls. 75-95).

O interessante é que a atual prefeita quando no

exercício do seu 4° mandato, combatia veementemente essas práticas

perpetradas pelo ex gestor, Sr. Asclepíades de Almeida Queiroz

(2013-2016),inclusive levando ao conhecimento do Ministério Público

Estadual tais fatos, com essa ação, em 13 de novembro de 2017, o

MPE o denunciou à justiça pela prática de crime contra a Lei de

Licitações Públicas (fls. 96).

Pensa ela que a lei só serve para atingir aos outros?

Ou porque se acha “amiga” do Governador do Estado e entende

atropelar as leis?

26

Essa demanda em breve será levada ao conhecimento do

MP Estadual, para que sejam tomadas todas as providências

necessárias que o caso requer.

Ressalte-se ainda, que os itens 1, 2, e 3 do referido

certame, não estão sendo objetos dessa demanda, em vista das

dificuldades encontradas para obtenção de mais elementos

probatórios, porém serão em breve relatadas.

Baseados nos fatos narrados e nos documentos juntados,

REQUER, seja, apurada as responsabilidades de cada agente público

e privado, qualificados no preâmbulo desta, nos termos da legislação

vigente, em especial aos arts. 90, 91, 95, 96, inc. I e V, todos da

Lei Complementar n° 8.666/90, nos arts. 297, 299, 316, 333, 317 e

359-D, do Decreto Lei n° 2.848/40 – Código Penal Brasileiro, art.

90 do Decreto Lei n° 200/67, art. 10, 4 da Lei n° 1.079/50, art. 73

da Lei Complementar n° 101/2000, art. 10 da Lei n° 8.429/92 – Lei

de Improbidade Administrativa.

Segue anexo a essa demanda, 01 (uma) mídia contendo,

ao todo 11 (onze) arquivos, sendo:

a)Processo Administrativo n° 203/2017, do Pregão

Presencial n° 028/2017, devidamente digitalizado, extraído do

Portal e-tcm, do Tribunal de Contas dos Municipios da Estado da

Bahia – TCM/BA;

b)Processos de Pagamentos n° 434, 435, 438 e 439,

devidamente digitalizados, extraídos do Portal e-tcm, do Tribunal

de Contas dos Municipios da Estado da Bahia – TCM/BA;

c) petição inicial em formato editável (MS Word).

E ainda, 96 (noventa e seis anexos) devidamente

numerados e rubricados.

Termos em que pede e

Espera deferimento

Ilhéus – Bahia, 12 de março de 2018.

Comunicante

“A vida pública requer ser gerenciada com o

máximo de cautela: por mais que a justiça

dos homens se revele complacente e a

clemência de Deus ofereça o perdão, a

história, nem mesmo com o passar dos

séculos, nos brindará com a mesma

generosidade.” (Luiz Roberto Bodstein)