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MANUELLA CAROLINI MARÉCO LAMARÃO IMPACTO DA DOENÇA CÁRIE, DA PERDA PRECOCE E NECESSIDADE DE TRATAMENTO ENDODÔNTICO DE PRIMEIROS MOLARES PERMANENTES NA QUALIDADE DE VIDA DE ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE MACAPÁ CAMPINAS 2015

IMPACTO DA DOENÇA CÁRIE, DA PERDA PRECOCE E NECESSIDADE DE … · 2018-05-08 · de molares permanentes acometidos por cárie extensa podem levar a perda precoce desses elementos

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MANUELLA CAROLINI MARÉCO LAMARÃO

IMPACTO DA DOENÇA CÁRIE, DA PERDA PRECOCE E NECESSI DADE DE

TRATAMENTO ENDODÔNTICO DE PRIMEIROS MOLARES PERMANE NTES NA

QUALIDADE DE VIDA DE ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE MACA PÁ

CAMPINAS

2015

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MANUELLA CAROLINI MARÉCO LAMARÃO

IMPACTO DA DOENÇA CÁRIE, DA PERDA PRECOCE E NECESSI DADE DE

TRATAMENTO ENDODÔNTICO DE PRIMEIROS MOLARES PERMANE NTES NA

QUALIDADE DE VIDA DE ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE MACA PÁ

Dissertação apresentada ao Centro de Pós Graduação / CPO São Leopoldo Mandic, para obtenção do título Mestre em Odontologia.

Área de concentração: Odontopediatria

Orientadora: Profa. Dra. Gabriela Azevedo de Vasconcelos Cunha Bonini

CAMPINAS

2015

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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca São L eopoldo Mandic “Prof. Dr. Cid Santos Gesteira”

L215i

Lamarão, Manuella Carolini Maréco. Impacto da doença cárie, da perda precoce e necessidade de tratamento endodôntico de primeiros molares permanentes na qualidade de vida de escolares do município de Macapá / Manuella Carolini Maréco Lamarão. – Campinas: [s.n.], 2015. 69f.: il.

Orientadora: Gabriela Azevedo de Vasconcelos Cunha Bonini. Dissertação (Mestrado em Odontopediatria) – C.P.O. São

Leopoldo Mandic – Centro de Pós-Graduação. 1. Qualidade de vida. 2. Cárie dentária. 3. Odontopediatria. I. Bonini, Gabriela Azevedo de Vasconcelos Cunha. II. C.P.O. São Leopoldo Mandic – Centro de Pós-Graduação. III. Título.

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Aos meus pais: Lamarão e Maricélia

Aos meus irmãos Raphael, Gabi e Junior

Aos meus sobrinhos Lucas, Luiza e Laisa

As minhas avós Luzia e Dulcinéia (em

memória)

Ao meu amor: Douglas

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AGRADECIMENTOS

Eu não poderia deixar de iniciar meus agradecimentos ao que me

proporcionou a oportunidade de viver isto: Deus, é claro! ELE que sempre me guiou

para os melhores caminhos e que, unindo forças com sua mãe, Nossa Senhora, mãe

poderosa, sempre me protegeram e atenderam quando pedi.

Meu eterno agradecimento às pessoas que são minha fonte de inspiração:

meus pais. Graças a eles eu cheguei onde estou. Sem eles eu não seria o que sou.

Vocês são presentes para mim, sem dúvida sou abençoada por ser sua filha. Obrigada

por tudo, por toda ajuda e apoio. Amo vocês imensamente.

Agradeço aquele que tanto reclamou da minha ausência, mas mesmo

assim me incentivava. Desculpa pelos dias que mal falava com você. Obrigada pelo

apoio e paciência meu amor: Douglas. Te amo, Vida!

A minha amada irmã, Gabi, pelas palavras de incentivo quando o

desespero quase tomava conta de mim. Te amo, mana!

Ao meu irmão Raphael pelo suporte tecnológico. Obrigado, mano! Te amo!

À Professora Orientadora Gabriela Azevedo de Vasconcelos Cunha Bonini,

sem seu incentivo e cobrança não teria concluído este trabalho. Só tenho a agradecer.

Você é uma pessoa admirável.

Ao Coordenador do Curso, Prof. Dr. José Carlos Pettorossi Imparato, se

soubesse que fazer mestrado a seu comando, seria tão bom, teria feito muito antes.

Obrigada pelo ensinamento passado em cada aula durante o curso.

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Aos Professores do mestrado em Odontopediatria, que destinaram parte

do seu precioso tempo para contribuir na minha formação como mestra.

As amigas que conquistei no curso de mestrado, Amanda Vasconcelos,

Bianca Fiorentin, Daniela Girão, Juliana Tiethbol. Sem dúvida nossa amizade será

eterna.

A Neusline Monteiro pela disponibilidade em ajudar no que foi preciso. Seu

coração é enorme. Serei eternamente grata.

Ao Professor Fausto Mendes por ter aceitado realizar a estatística desta

pesquisa. Muita obrigada pela contribuição, atenção e disponibilidade.

Aos funcionários das escolas, diretores, professoras, merendeiras, que

sempre me receberam com um sorriso no rosto. Fui muito bem tratada por eles.

Aos pais que autorizaram que seus filhos participassem desta pesquisa.

Eles não têm ideia da grande contribuição que me foi dada.

Agradeço as crianças que participaram. Estabeleci com elas uma relação

de afeto, algumas me pediam para ir embora comigo. Acompanhei a rotina delas, vi

não só condições de saúde bucal ruins, mas a estrutura precária das escolas. Não

tínhamos nem pia para realizar escovação e os banheiros com mínimas condições de

uso. Desejo que este trabalho possa contribuir para que sejam tomadas providências

para melhorias de saúde bucal de crianças do município de Macapá. Seria uma forma

de retribuir a colaboração dada por elas.

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"Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é

pensar que não existem milagres e a outra é que tudo

é um milagre".

(Albert Einstein)

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RESUMO

O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto da doença cárie, da perda precoce e necessidade de tratamento endodôntico de primeiros molares permanentes, na qualidade de vida de crianças de 8 a 10 anos. O estudo foi realizado com 660 crianças que responderam ao questionário Child Perceptions Questionnaire 8-10 (CPQ8-10). Foi elaborada uma ficha clínica para avaliar doença cárie, necessidade de tratamento endodôntico e perda precoce de molares permanentes. O examinador avaliou o índice de cárie por meio do International Caries Assessment and Detection System (ICDAS). O índice ICDAS foi modificado pelo fato do exame intra-bucal ser realizado nas escolas e não em consultório odontológico. Desta forma, o escore 1 foi considerado como score 0 (hígido). A necessidade de tratamento endodôntico foi avaliada por meio do índice PUFA. A perda precoce foi avaliada clinicamente com a presença ou ausência do dente. As crianças foram categorizadas em 0= criança sem lesão de cárie; 1 = crianças apenas com lesões iniciais; 2= crianças com lesão de cárie moderada; 3 = crianças com lesão de cárie severa. O envolvimento pulpar foi categorizado em 0= sem sinais relacionados à possível envolvimento pulpar; 1= lesões de cárie com envolvimento pulpar visível (P); 2= ulcerações (U); 3= fístulas (F); 4= abscessos (A). A QVRSB foi mensurada por meio dos escores por domínios e total do (CPQ8-10) e a regressão de Poisson foi realizada para associação de diferentes fatores com o resultado. Os resultados mostraram que a doença cárie, a perda dental precoce e a necessidade de tratamento endodôntico causam impacto negativo na QVRSB, e quanto maior a severidade de doença cárie maior impacto na qualidade de vida.

Palavras-chave: Qualidade de vida. Cárie dentária. Odontopediatria.

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ABSTRACT

The present study was to evaluate the impact of dental caries disease, early loss and need for endodontic treatment of the first permanent molars, in quality of life of children from 8 to 10 years old. The study was realized with 660 children who answered the questionnaire Child Perceptions Questionnaire 8-10 (CPQ8-10). A medical record was elaborated to evaluate the dental caries disease, the necessity of endodontic treatment and early loss of permanent molars. The examiner evaluated the numbers of dental caries through International Caries Assessment and Detection System (ICDAS). The ICDAS was modified by the fact that the intra-oral exam was realized in the schools and not in dental office. In this way, the score 1 was considered as score 0 (healthy). The necessity of endodontic treatment was evaluated through PUFA numbers. The precocity loss was clinically evaluated with or without the teeth. The children were categorized in 0= children without dental caries injury; 1= children only with beginning dental caries injury; 2= children with moderated dental caries injury; 3= children with severe dental caries injury. The pulp involvement was categorized in 0= without signals related to possible pulp involvement; 1= dental caries injury with visible pulp involvement (P); 2= ulcerations (U); 3= fistulas (F); 4= abscesses (A). The QVRSB was measured through the domains and total scores of (CPQ8-10) and the Possion’s regression was realized to the different factors association with the result. The results showed the dental caries disease, the precocity dental loss and the necessity of endodontic treatment cause a negative impact in QVRSB, and as higher the severity of dental caries disease is the higher is the impact in quality of life.

Keywords: Quality of life. Dental caries. Pediatric dentistry

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................... ......................................... 14

2.1 Qualidade de vida e sua relação com a saúde buc al infantil (QVRSB) ... 14

2.2 Percepção da criança sobre a QVRSB ............ ........................................... 15

2.3 Instrumentos utilizados para medir QVRSB em cri anças ......................... 17

2.4 Impacto das doenças e/ou desordens bucais na QV RSB de crianças .... 20

2.4.1 Impacto da doença cárie dentária .................. .......................................... 20

2.4.2 Impacto da perda precoce de molares permanent es ............................. 24

2.4.3 Impacto da necessidade de tratamento endodônt ico de molares

permanentes ....................................... ....................................................... 27

3 PROPOSIÇÃO .................................................................................................. 31

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 32

4.1 Comitê de Ética e Pesquisa-CEP ................ ................................................ 32

4.2 Tipo de estudo ................................ .............................................................. 32

4.3 Amostra do estudo ............................. .......................................................... 32

4.4 Critérios de inclusão e exclusão da amostra ... .......................................... 33

4.5 Coleta de dados ............................... ............................................................. 34

4.6 Análise dos dados ............................. ........................................................... 37

5 RESULTADOS ...................................... ............................................................ 40

6 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 45

7 CONCLUSÃO ................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 51

APÊNDICE A - FICHA DE EXAME CLÍNICO ............... ....................................... 60

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APÊNDICE B - SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA AS ESC OLAS ....... 61

ANEXO A - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA .............. ................................... 62

ANEXO B - AUTORIZAÇÃO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ED UCAÇÃO . 63

ANEXO C- QUESTIONÁRIO CPQ 8-10 (VERSÃO EM PORTUGUÊS ) .............. 64

ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECID O ............. 69

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1 INTRODUÇÃO

A saúde bucal tem influência direta na qualidade de vida dos seres

humanos, tanto em adultos como crianças. Apesar dos avanços na saúde bucal nos

últimos anos, a doença cárie ainda representa um dos principais problemas de saúde

(Ribeiro et al., 2004), e grande parte da população mundial, especialmente as de baixo

poder aquisitivo, ainda é afetada pela cárie e a doença periodontal (Petersen, 2003).

Na infância a cárie é considerada a doença mais comum dentre as que não

possuem regressão espontânea e nem são passíveis de cura por intervenções

farmacológicas de curto prazo (Vargas et al., 1998).

Segundo a Coordenação Nacional de Saúde Bucal (Brasil, 2011), uma

criança brasileira, aos cinco anos de idade, possui, em média, o índice de 2,43 dentes

com experiência de cárie. Além disso, podem ser observadas diferenças entre as

regiões do País. As médias são mais elevadas nas regiões Norte, Centro-Oeste e

Nordeste, em comparação com as regiões Sul e Sudeste. A proporção de dentes

cariados é maior nas regiões Norte e Nordeste, enquanto a de dentes restaurados é

maior nas regiões Sudeste e Sul.

Dentre os malefícios resultantes da doença cárie pode se destacar a

desarmonia na função mastigatória em casos de destruições dentais extensas ou até

mesmo perdas dentais precoces de molares permanentes. Isso é muito comum em

algumas regiões do Brasil, como Macapá na região norte do País (Gradella, 2007). As

alterações na fonação, comprometimento da estética facial e consequentemente,

problemas de auto-estima que afetam o bem-estar do ser humano e sua qualidade de

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vida também são consequências relevantes da doença cárie; assim como dificuldades

de se alimentar, dores constantes, vergonha ao sorrir, diminuição do apetite, perda de

peso, irritabilidade, dificuldade para dormir, diminuição do rendimento escolar e

exclusão social Feitosa (2005); Yusuf et al. (2006); Barbosa (2010). É importante

ressaltar que o sorriso tem papel fundamental na vida adulta e infantil, favorecendo

um estado de bem-estar geral e emocional (Alvarez, 2009; Castro, 2012).

Os primeiros molares permanentes têm papel fundamental no equilíbrio do

sistema estomatognático, erupcionam por volta dos seis anos de idade e, muitas

vezes, erroneamente, são confundidos com os segundos molares decíduos. Casos

de molares permanentes acometidos por cárie extensa podem levar a perda precoce

desses elementos ou a necessidade de tratamento endodôntico. A perda de um molar

permanente pode gerar distúrbios na articulação têmporo-mandibular (ATM), redução

da capacidade mastigatória em 50%, gengivite, destruição dos tecidos de suporte e

migração mesial dos segundos molares permanentes do mesmo lado da perda dental,

extrusão, retração gengival e hipersensibilidade do primeiro molar superior

permanente com a perda do seu antagonista Aguiar & Pinto (1996). Outros efeitos

incluem alterações na dimensão vertical e no comprimento e largura do arco (Tubel et

al.,1999).

A Organização Mundial de Saúde (OMS/WHO) conceitua qualidade de vida

como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e

sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,

padrões e preocupações”. Levando-se em consideração este conceito, fica explícito

que a cárie pode afetar diretamente o bem-estar físico, mental e social de um

indivíduo, trazendo consequências para sua vida. Em função disso, há uma

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preocupação em mensurar quanto estes fatores influenciam na qualidade de vida dos

indivíduos, uma vez que ela é importante no processo de desenvolvimento de um ser

humano WHO (1997). Além disso, há um reconhecimento crescente de que a

qualidade de vida é um importante mediador de tratamento odontológico. Assim,

existe a necessidade de se desenvolver instrumentos que possibilitem mensurar a

influência das alterações bucais nas atividades diárias de seres humanos (Slade,

1997; Martins-Júnior, 2012a).

Atualmente, o interesse em se avaliar a gravidade das alterações da

cavidade bucal e seus impactos na qualidade de vida dos indivíduos tem aumentado

Martins-Júnior (2012b); Scarpelli et al. (2013); Ramos-Jorge et al. (2015). Entretanto,

os estudos envolvendo crianças ainda são escassos Araujo et al. (2009); Abanto,

(2013). No município de Macapá, onde este estudo foi realizado, ainda não existem

trabalhos que demonstrem a relação da doença cárie na qualidade de vida de

crianças. Portanto, há a necessidade de se avaliar como este fator pode exercer

influência na qualidade de vida de crianças para que se desperte o interesse em

ampliar medidas de promoção de saúde bucal. Com isso, poderia se prevenir perdas

precoces de molares permanentes e os tratamentos endodônticos desses elementos,

melhorando o bem-estar físico, mental e social dessas crianças, garantindo um

desenvolvimento infantil saudável.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Qualidade de vida e sua relação com a saúde buc al infantil (QVRSB)

O interesse pelo tema qualidade de vida é cada vez mais frequente Chen,

Hunter (1996); Locker (2000), (2004); Sheiham et al. (2001). Petersen (2003) afirmou

que todos os indivíduos deveriam dispor de uma condição de saúde bucal que lhes

permitissem falar, mastigar, reconhecer o sabor dos alimentos, sorrir, viver livre de dor

e desconforto, e se relacionar com outra pessoa sem constrangimentos.

Estudos prévios sobre repercussão da condição bucal na qualidade de vida

demonstraram que alterações de saúde bucal interferem negativamente na qualidade

de vida das pessoas afetadas por problemas bucais (Slade,1997; Leão et al., 1998;

Dini et al., 2003).

Qualidade de vida é um conceito multidimensional que inclui a percepção

subjetiva das funções físicas, psicológicas e sociais, assim como um senso subjetivo

de bem-estar (Corless et al., 2001; Oliveira, Sheiham, 2004). Diversos estudos

comprovam que alterações bucais e orofaciais provocam impacto negativo na

qualidade de vida de crianças de diferentes idades (Locker et al., 2002; Feitosa et al.,

2005; Marques et al., 2005; Oliveira, Sheiham, 2008).

As crianças podem estabelecer relações interpessoais e autoestima,

através de um sorriso saudável Rebok et al. (2001). Desequilíbrios na saúde bucal

durante a infância podem exercer influência no sorriso, dicção, alimentação e

socialização. A aparência facial e suas relações com a imagem do corpo, auto-estima

e bem-estar emocional exercem um papel importante na interação social. Portanto,

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interferências nestas funções podem comprometer a qualidade de vida infantil

(Petersen, 2003; Filstrup et al., 2003; Yusuf et al., 2006).

Independentemente da idade, existe uma preocupação das pessoas com a

estética. Elias et al. (2001) afirmaram que em qualquer faixa etária, tanto saúde bucal

quanto a estética do sorriso são considerados importantes para a auto-imagem e o

convívio social normal. Segundo Damasceno et al. (2002), desde a infância a estética,

no contexto psicossocial, possui relação direta com a auto-imagem e auto-estima,

interferindo no desenvolvimento emocional da criança.

2.2 Percepção da criança sobre a QVRSB

A percepção do processo saúde-doença depende da capacidade cognitiva

da criança. Esta varia de acordo com a idade, pois existem diferentes estágios de

desenvolvimento emocional, social e de linguagem. Outros fatores também podem

exercer influência nessa percepção como cultura, condições de saúde e condições

sócio-econômicas (Pal, 1996; McGrath et al., 2004; Riley, 2004). Para responder

adequadamente a uma pergunta sobre qualidade de vida, a criança precisa entender

o que está sendo questionado, para assim formular sua resposta. Pode haver

dificuldade, por parte da criança, de se expressar quanto ao que viveu e sentiu durante

um determinado período, como dias, semanas ou meses (Wallander et al., 2001).

Portanto, há a necessidade de se elaborar instrumentos específicos para cada idade,

ou seja, idade-específicos, pois um questionário destinado a uma criança de 8 anos

não pode ser aplicado a uma de 11 anos (Eiser, 1997; Wallander et al., 2001; McGrath

et al., 2004). Ainda é necessário um número maior de pesquisas para que se entenda

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como a faixa etária, o nível cognitivo, as habilidades de leitura e interpretação, as

condições sócio-econômicas e o estado de saúde afetam os relatos das crianças

(Riley, 2004).

As crianças vivem em processo contínuo de mudanças e isso pode ter

repercussão nas suas características bucais e de sua aparência, o que torna mais

difícil a comparação entre crianças de diferentes idades e a avaliação, nas mesmas

crianças, de alterações na qualidade de vida ao longo do tempo (McGrath et al., 2004).

Crianças muito jovens ou enfermas apresentam dificuldade para fornecer

informações sobre a sua qualidade de vida (Wallander et al., 2001). Em função disso,

questionários destinados a pré-escolares, geralmente são respondidos pelos pais

(Jockovic et al., 2004). Isto pode interferir na fidedignidade das respostas, pois há a

possibilidade deles não conseguirem retratar bem a realidade de seus filhos e nem

fornecerem respostas verdadeiras, podendo considerar que uma doença tem mais

impactos negativos sobre a vida da criança mais do que a própria criança (Eiser,

Morse, 2001; McGrath et al., 2004). Porém existem estudos que comprovam que

crianças consideravam a sua qualidade de vida mais comprometida por problemas

bucais do que suas mães (Jockovic et al., 2003).

Segundo Jokovic et al. (2004), o gênero da criança também pode exercer

influência no entendimento da qualidade de vida. Estudos comprovam que meninas

apresentaram tendência negativa mais alta, em relação aos meninos, no que diz

respeito ao escore do domínio de bem-estar emocional (Foster-Page et al., 2005;

Barbosa, Gavião, 2008).

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2.3 Instrumentos utilizados para medir QVRSB em cri anças

Na década de 90 existiam poucos instrumentos que avaliavam a interação

de problemas bucais no cotidiano dos seres humanos (Locker, 2002). Atualmente, já

podemos encontrar uma gama de índices desenvolvidos, mas a maioria é destinada

à população adulta ou idosa (Pinto, 2000). Porém, o interesse em desenvolver

instrumentos que avaliem o impacto da saúde bucal na qualidade de vida de crianças,

que permaneceu por tempos, desconhecido, aumentou.

Somente em 2002 foi publicado o primeiro estudo relatando o processo de

construção e validação de um questionário para medir qualidade de vida relacionada

à saúde bucal da criança (Jockovic et al., 2002). Neste mesmo ano foi desenvolvido o

CPQ (Questionário de Percepção de Crianças) e dois anos depois o CHILDOIDP

(Índice de Impactos Odontológicos no Desempenho das Atividades Diárias da

Criança) (Jokovic, 2002; Gherunpong, 2004).

O uso de instrumentos direcionados para crianças foi introduzido na

pesquisa recentemente e poucos foram desenvolvidos ou validados para a língua

portuguesa, o que limita ainda mais sua aplicação no Brasil (Tesch et al., 2007).

Os questionários são instrumentos específicos denominados

genericamente de indicadores sociodentais. Os mesmos tem a função de avaliar o

impacto dos problemas bucais sobre a qualidade de vida (Locker, 1996).

Dentre os questionários de QVRSB (qualidade de vida) já validados para o

idioma português do Brasil, temos:

a) Questionário de Percepção de Crianças (CPQ11-14) (Goursand et al., 2008);

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b) Questionários de Percepção de Crianças (CPQ8-10)- O CPQ é um instrumento

específico que avalia a percepção do impacto das desordens orais no bem-

estar físico e psicossocial, aplicável a crianças de 8 a 10 anos (CPQ8–10)5 e

de 11 a 14 anos (CPQ11–14), inclui aspectos genéricos e específicos relativos

às doenças bucais (Martins, 2008);

c) Índice de Impacto Bucal sobre a Performance Diária de Crianças (Child-OIDP

– Child Oral Impacts on Daily Performances Índex) (Castro et al., 2008);

d) Versão reduzida do questionário original CPQ11-14 (Torres et al., 2009);

e) Questionário de Percepção de Pais/Cuidadores (P-CPQ) (Goursand et al.,

2009b);

f) Escala de Impacto Familiar (FIS – Family Impact Scale) (Goursand et al.,

2009a).

De acordo com a literatura os questionários destinados para avaliar o

impacto das doenças e/ou desordens bucais na QVRSB de pré-escolares são:

a) Michigan COHRQoL Scale – Escala de QVRSB para crianças de Michigan.

Esta escala foi desenvolvida por Filstrup et al. (2003) para avaliar o efeito da

Cárie Precoce na Infância (CPI) na qualidade de vida de crianças entre 22-

70 meses de idade. Os autores obtiveram os relatos da própria criança (limitado

para crianças de 36 a 70 meses de idade) e seus respectivos pais sobre a

QVRSB e avaliaram o grau de concordância e discordância destes com os

relatos que as crianças ofereceram sobre diversos aspectos da sua QVRSB. A

amostra deste estudo foi pequena e restrita ao âmbito clínico. Existem poucas

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evidências de que esta escala forneça avaliações válidas e confiáveis a

respeito da QVRSB de crianças;

b) ECOHIS (Early Childhood Oral Health Impact Scale) – Escala de Impacto da

Saúde Bucal na Primeira Infância. Esta escala foi desenvolvida por Pahel et al.

(2007), para avaliar a QVRSB de crianças com idades entre 2 e 5 anos. O

instrumento possui uma subescala para a criança e outra para a família e deve

ser preenchido pelos responsáveis das crianças. Ele acessa tanto o impacto

da saúde bucal na vida diária da criança, como o impacto relativo aos

tratamentos dentários que ela possa ter realizado. O ECOHIS foi traduzido e

adaptado para o idioma francês (Li et al., 2008), e o idioma português, no Brasil

(Tesch et al., 2007; Tesch et al., 2008) demonstrando ser válido e confiável em

culturas distintas.

c) SOHO-5 (Avaliação em Saúde Bucal de Crianças Precoces, Submetidas a

Tratamento Odontológico). Este instrumento foi desenvolvido e testado pela

primeira vez por Tsakos et al. (2012), em crianças de 5 anos do Reino Unido.

Abanto et al. (2013) avaliaram a capacidade de resposta da versão brasileira

deste questionário, que é o único indicador sócio-dental onde existe a análise

do auto-relato de crianças de pouca idade. Após a análise dos dados o SOHO-

5 mostrou-se sensível na verificação das mudanças na saúde bucal e em

consequência na qualidade de vida de crianças precoces.

De acordo com Abanto et al. (2011) houveram um aumento do uso

instrumentos de avaliação da QVRSB . Isto significa que o bem-estar das crianças e

de suas famílias passam a ser de grande valia para estudos clínicos e pesquisas.

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20

2.4 Impacto das doenças e/ou desordens bucais na QVRS B de crianças

2.4.1 Impacto da doença cárie

Na infância a cárie é considerada a doença mais comum dentre as que não

possuem regressão espontânea e nem são passíveis de cura por intervenções

farmacológicas de curto prazo (Vargas et al., 1998).

Em 2004 a cárie dentária acometia 27% das crianças brasileiras entre 18

e 36 meses de idade, sendo que este percentual chegou a 59,4% em crianças com

cinco anos de idade. Entre as crianças de 12 anos, 70% possuíam pelo menos um

dente permanente cariado e, entre os adolescentes de 15 a 19 anos, 90%

apresentavam a doença. Em 2012, o Ministério da Saúde divulgou uma nova pesquisa

informando que crianças de cinco anos apresentavam, em média, 2,43 dentes

acometidos por cárie. Desses, menos de 20% estavam tratados, ou seja, uma redução

apenas de 13,9% em sete anos. Além disso, a proporção de dentes não tratados se

manteve no mesmo patamar de 80%. Os resultados para as crianças de 12 anos

foram mais satisfatórios (Brasil, 2004; 2011).

Crianças e adolescentes do Brasil menos favorecidos

socioeconomicamente apresentam maior prevalência de cárie. A maioria dos

municípios brasileiros, em geral os mais pobres, a saúde bucal ainda é um dos

grandes desafios do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no que se refere

à universalização e à equidade do atendimento e, nesse contexto, a cárie dentária se

configura em um dos principais problemas de saúde bucal a serem equacionados. As

médias de índice de cárie são mais elevadas nas regiões Norte, Centro-Oeste e

Nordeste (Brasil, 2011).

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No Amapá, na região norte do Brasil, pouco se sabe sobre a epidemiologia

da cárie dentária em crianças. O primeiro e único trabalho foi realizado em 2007 para

avaliar a prevalência e severidade de cárie em crianças de 5 a 59 meses do município

de Macapá. Na população estudada, a primeira faixa etária de 5 a 11 meses,

apresentou apenas 0,7% das crianças com lesões de cárie enquanto que na última

faixa etária de 48 a 59 meses, a prevalência foi de 71,3%. Os pesquisadores

observaram que ocorreu um aumento estatisticamente significante de acordo com o

aumento das faixas etárias e a doença cárie foi altamente prevalente quando

considerado o grupo amostral como um todo, abrangendo quase a metade da

população estudada (42,6%) (Gradella et al., 2007).

Bönecker et al. (2010) observaram através de um estudo de tendência da

doença cárie uma diminuição acentuada e estatisticamente significativa na

prevalência e gravidade desta doença entre 1997 e 2008 em pré-escolares no Brasil.

Entretanto, pesquisas que mensuram QVRSB em crianças mostram que, mesmo

baixos níveis de cárie dentária são capazes de produzir impactos negativos

consideráveis.

De acordo com Elias et al. (2001), a doença cárie pode atingir a população

precocemente. Isto pode provocar perdas de dentes permanentes em crianças, que

chegam a adolescência desdentedados, ou com dentes mal posicionados. Além disso,

a cárie também pode provocar dores, problemas na escola e absenteísmo no trabalho

por parte de seus pais (Antunes et al., 2004).

Estudos epidemiológicos que avaliam cárie dental, usualmente, utilizam

índices com critérios de diagnóstico que levam em consideração a presença de lesões

cavitadas, fazendo com que os examinadores não detectem a presença de lesões de

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cárie em outros estágios (WHO, 1997). Em função disso, é necessária a inclusão das

lesões não cavitadas nos índices de diagnóstico de cárie, uma vez que as mesmas

podem ser controladas através de técnicas não invasivas, diminuindo os custos do

tratamento (Pitts, Fyffe, 1988; Ismail et al., 1992; Fyffe et al., 2000; Pitts, 2004; Assaf

et al., 2006). Portanto, incluir o critério de lesões não cavitadas melhoraria a

sensibilidade de índices para diagnóstico de cárie (Assaf et al., 2006).

Em razão do que foi descrito acima, o sistema internacional de avaliação e

detecção da cárie dentária (ICDAS - International Caries Detection and Assessment

System) foi desenvolvido para uso em pesquisa clínica, prática clínica e estudos

epidemiológicos odontológicos (Pitts, 2004). Para aprimorar este índice, foram feitas

modificações, passando a ser denominado de ICDAS II (Ismail et al., 2007). A

utilização dos critérios do ICDAS II pode melhorar o desempenho do exame clínico

visual, sendo possível a avaliação da presença, severidade e atividade das lesões de

cárie (Braga et al., 2010).

O ICDAS foi criado em 2002, é considerado um método novo e estudos

envolvendo seu uso, estão sendo realizados mais recentemente. Após sua criação,

foi validado para tentar estandardizar e globalizar, um sistema de detecção e

avaliação de lesões de cárie. É considerado um sistema simples, lógico, baseado em

evidências para a detecção e classificação de cárie dental, podendo ser utilizado em

métodos educacionais, prática clínica, pesquisa odontológica e saúde pública. A maior

contribuição deste sistema encontra-se na área de diagnóstico (Ekstrand et al., 2010).

e na atualidade pesquisadores envolvidos com a sua criação adiantam trabalhos na

área de risco individual e no sistema de manejo de cárie (Caries Management System

- CMS). O ICDAS já tem sido utilizado em vários países na Europa (Agustsdottir et al.,

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2010; Ormond et al., 2010; Boner et al., 2011), nos Estados Unidos (Sohn et al., 2007;

Cook et al., 2008; Ismail et al., 2008), e na América Latina (Braga et al., 2010; Ekstrand

et al., 2010; Martignon et al., 2010; Mendes et al., 2010).

Na América Latina, o ICDAS tem tido uma grande aceitação principalmente

em países como o Brasil e a Colômbia. No Brasil, o ICDAS tem sido usado nas áreas

de pesquisa, clínica, epidemiologia e educação principalmente pelas instituições de

ensino superior como a Universidade de São Paulo no Departamento de Ortodontia e

Odontopediatria, onde conta-se com uma equipe de trabalho forte e

internacionalmente reconhecida na área de diagnóstico de cárie (Braga et al., 2009a;

Braga et al., 2009b; Braga et al., 2010; Mendes et al., 2010; Abanto et al., 2011).

Ao realizar busca recente no PubMed foram encontrados 189 artigos que

utilizavam o ICDAS. Dentre esses artigos, a maioria abordou a confiabilidade e

aplicabilidade desse sistema em estudos epidemiológicos e também o compararam

com outros métodos de diagnósticos.

Foi realizado em São Paulo, um estudo comparativo entre os sistemas

Nyvad e ICDAS II. O objetivo do estudo era avaliar a reprodutibilidade dos dois

sistemas na detecção de cárie oclusal em dentes decíduos e para testar se os

mesmos poderiam estimar a profundidade das lesões. Dentre os resultados,

observou-se que o exame clínico bucal realizado de acordo com os critérios do ICDAS

II, além de fornecer informações sobre lesões não cavitadas, teve a capacidade de

gerar dados que podem ser comparados aos dados provenientes de exames clínicos

bucais que utilizam o critério OMS (Braga et al., 2009a). O método também mostrou

ser superior para o diagnóstico de lesões cavitadas e não cavitadas em molares

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decíduos quando comparado à interpretação radiográfica e ao Diagnodent pen (Braga

et al., 2009b).

O atendimento odontológico em tenra idade constitui uma importante

estratégia destinada a reduzir o custo de tratamento e tem contribuído para o

acompanhamento de cárie dentária desde o início, antes que se tome a decisão de

intervenção restauradora Savage et al. (2004). A necessidade de tratamento

restaurador pode levar ao estabelecimento de um ciclo restaurador repetitivo, o que

aumenta os custos do tratamento (Elderton 1990; Zero et al., 2011) .

A cárie dentária é apontada, por diversos estudos como a condição bucal

que mais afeta negativamente a qualidade de vida de crianças Wong et al. (2011);

Abanto et al. (2011). Assim, é importante que se avalie os estágios das lesões de cárie

dentária não tratada, bem como os dentes acometidos, que afetam a qualidade de

vida de crianças para definição de prioridades dos programas de saúde bucal.

2.4.2 Impacto da perda precoce de molares permanent es

Os molares permanentes são elementos dentais que desempenham papel

importante no equilíbrio do sistema estomatognático. Erupcionam na infância, por

volta dos seis anos e em função disso, podem ser confundidos erroneamente com

dentes da dentição decídua. Perder um molar permanente gera consequências na

condição bucal, uma vez que pode ocasionar diminuição da capacidade de

mastigação em 50%, destruição dos tecidos de suporte dental, migração mesial dos

segundos molares permanentes do mesmo lado da perda dental, extrusão, inflamação

gengival, retração gengival, hipersensibilidade do primeiro molar superior permanente

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com a perda do seu antagonista, alterações na dimensão vertical e no comprimento e

largura do arco e distúrbios têmporo-mandibulares (Aguiar, Pinto, 1996; Tubel et

al.,1999).

De acordo com Nogueira et al. (1995), os molares permanentes são mais

suscetíveis à lesões de cárie em função das suas características anatômicas, e em

especial, a face oclusal, pois apresenta cicatrículas, fóssulas profundas e estreitas,

transformando-as em zonas de risco na dentição permanente, pois dificultam a

autolimpeza e o controle de higienização por parte do paciente. Isto contribui para o

alto índice de perda, ocasionando alterações funcionais.

Estudos epidemiológicos realizados no Brasil Ferlin et al. (1989);

Magalhães et al. (1996); Vieira & Rosenblatt (2003) avaliaram a perda de molares

permanentes em crianças e adolescentes. Esta perda varia de 7,2% Ferlin et al.

(1989), a 19,2% Badauy & Barbachan (2001). Melo & Cavalcanti (2007) encontraram

um percentual de 21,8%. Esse resultado é superior aos 3,5% descritos por Coser et

al. (2005), aos 6,3% relatados por Ferlin et al. (1989), e aos 7,5% encontrados por

Casanova-Rosado et al. (2005). Porém, é próximo dos 19,1% repostados por Badauy

& Barbachan (2001), em jovens de Porto Alegre/RS. Em 2001, Gonzáles et al. (2001),

registraram a prevalência de 32% de perda precoce de molares permanentes em

crianças venezuelanas de 6 anos de idade.

Melo & Cavalcanti (2007) realizaram um estudo epidemiológico para avaliar

a prevalência de perda de primeiros molares permanentes em crianças de 9, 12 e 15

anos, de ambos os sexos, em Campina Grande-PB. Um total de 156 estudantes foram

aleatoriamente selecionados, sendo 82 meninos (52,6%) e 74 meninas (47,4). Os

resultados revelaram uma prevalência de 21,8% de perda dentária, sem diferenças

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entre os sexos e os molares inferiores foram os mais frequentemente perdidos

(71,2%). Os autores concluíram que essas crianças necessitam receber informações

sobre educação em saúde bucal, incluindo a orientação de higiene bucal e a

participação em programas preventivos nas escolas, dando-lhes a oportunidade de

aumentar seus conhecimentos em saúde bucal.

As perdas dentárias podem ocasionar nos pacientes que a vivenciam,

problemas não só funcionais como psicossociais e seus sentimentos relacionados

foram bastante negativos (Vargas, Paixão, 2005).

Thilander et al. (2001) encontraram associação da perda dentária precoce

com o apinhamento, a qual foi explicada pela grande ocorrência de lesões de cárie e

extrações de molares decíduos, o que favoreceria a migração do primeiro molar

permanente, inclinações e rotações.

A perda dos primeiros molares permanentes inferiores ocasiona um

aumento do desvio da linha média do arco inferior e também leva a um aumento

significativo do diastema na região ântero-posterior. Logo, as alterações produzidas

pela perda uni ou bilateral dos primeiros molares permanentes inferiores não se

restringem ao segmento posterior do arco dentário, acarretando graves alterações na

região ântero-inferior (Normando, 2003).

Dermibuga et al. (2013) realizaram um estudo para avaliar a frequência da

perda precoce e necessidade tratamento endodôntico em primeiros molares

permanentes em crianças e adolescentes da Turquia. Tanto a perda precoce como a

necessidade de tratamento endodôntico foram maiores nos adolescentes. As meninas

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apresentaram maior necessidade de tratamento endodôntico. Os molares inferiores

foram perdidos com maior frequência em relação aos superiores.

Alsumait et al. (2015), através de uma pesquisa observaram que crianças

com mais de quatro dentes ausentes foram 45% mais propensos a apresentar

estresse emocional.

Os estudos sobre o impacto da perda precoce de molares permanentes na

qualidade de vida, envolvendo crianças ainda são escassos. Entretanto, ao analisar a

literatura, fica claro que perdas dentais podem trazer consequências negativas para a

qualidade de vida dos indivíduos.

2.4.3 Impacto da necessidade de tratamento endodônt ico de molares

permanentes

Lesões de cárie não tratadas demonstraram causar impacto significativo na

qualidade de vida de crianças, pois causam desconforto e dor Figueiredo et al. (2011);

Finuance (2012). Além disso, podem dificultar a mastigação, afetam o aprendizado da

criança Leal et al. (2012), o sono e o comportamento ficam alterados Gradella et al.

(2011). Dentes cariados são conhecidos também por afetarem negativamente a

nutrição, crescimento, peso corporal e saúde geral infantil (Benzian et al., 2011).

Segundo Gradella et al. (2011) e Monse et al. (2010), as consequências de

lesões de cárie não tratadas trazem prejuízos gerais para a criança, pois sua saúde e

bem-estar ficam prejudicados. Porém, poucos estudos têm registrado essas

consequências através de indíces de avaliação de cárie.

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Os indíces epidemiológicos utilizados, geralmente não avaliavam cárie não

tratada WHO (1997). Em função disso, Monse et al. (2010) desenvolveram o indíce

PUFA – (P/p- presença de envolvimento pulpar visível, U/u - ulceração provocada por

deslocamentos de fragmentos dentários, F/f- fístula e A/a - abcesso). Este índice além

de avaliar cárie não tratada, ajuda a avaliar ulcerações em mucosa bucal e fístula,

como consequências clínicas da cárie e serve de complementação para os índices de

avaliação de cárie já existentes.

Muitos pesquisadores têm investigado a prevalência de cárie não tratada e

poucos têm avaliado o impacto da cárie dentária não tratada em índice de massa

corporal (Benzian et at., 2011), e qualidade de vida de crianças (Gradella et al., 2011;

Leal et al., 2012).

Um estudo realizado na Índia avaliou a prevalência de cárie não tratada e

sua relação com medo em escolares. O índice PUFA foi utilizado para avaliar cárie

não tratada. O envolvimento pulpar (código p/P) foi a condição mais pontuada. Os

autores concluíram que crianças com muito medo eram mais propensas a ter cárie

não tratada (Murthy et al., 2013).

Ramos-Jorge et al. (2015) realizaram um estudo transversal em Diamantina

(Minas-Gerais) com objetivo de avaliar a associação entre cárie dentária não tratada

com o impacto sobre qualidade de vida de crianças pré-escolares e seus pais ou

cuidadores. Foram selecionadas aleatoriamente 451 crianças pré-escolares

brasileiras com idade entre três a cinco anos que foram submetidas a um exame

clínico bucal para a avaliação da cárie dentária, utilizando os critérios ICDAS II. Para

avaliar cárie não tratada foi utilizado o índice PUFA. A prevalência de cárie precoce

na infância foi de 51,2%. A maioria dos dentes com cárie exibiram deterioração grave

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(60,6%). Lesões de cárie graves não tratadas, foram associadas com um impacto

negativo na qualidade de vida. Sendo assim, os autores concluíram que as lesões de

cárie não tratadas graves ativas e inativas foram associados com um impacto negativo

sobre a qualidade de vida de pré-escolares e seus pais ou cuidadores.

Jazrawi (2014) realizou um estudo para avaliar a gravidade das condições

bucais relacionadas com a cárie não tratada em alunos de 7 a 12 anos da cidade de

Mosul no Iraque. Frente aos resultados, o componente do índice PUFA que

apresentou maior frequência, foi o envolvimento pulpar (código P). Segundo o autor o

índice PUFA é uma ferramenta epidemiológica lógica que pode fornecer aos

planejadores de saúde, informações relevantes que irão complementar índices de

avaliação de cárie como o CPO.

Mota-Veloso et al. (2015) realizaram um estudo em Diamantina (Minas

Gerais) com de objetivo avaliar o impacto da cárie não tratada e as suas

consequências clínicas sobre a qualidade de vida de escolares brasileiros com idade

entre 8-10 anos. A amostra reuniu 587 crianças que foram submetidas a exame clínico

intra-oral para avaliação de cárie não tratada e suas consequências clínicas. Para

isso, foi utilizado CPOD e PUFA. A qualidade de vida em relação a saúde oral foi

avaliada usando o questionário (CPQ8-10). A prevalência de cárie não tratada foi de

64,6% e 17,9% das crianças apresentaram consequências clínicas de cárie. A cárie

não tratada foi significativamente associada com a pontuação total de todas as

subescalas do CPQ8-10. As consequências clínicas de cárie dentária avaliadas

através do índice PUFA foram significativamente associadas com o valor total do

CPQ8-10, bem como os sintomas orais da subescala "limitações funcionais”. Os

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autores concluíram que a cárie não tratada e suas consequências clínicas exercem

um impacto negativo sobre a qualidade de vida dos escolares analisados.

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3 PROPOSIÇÃO

O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto da doença cárie, da

perda precoce e necessidade de tratamento endodôntico de molares permanentes na

qualidade de vida de crianças de 8 a 10 anos de idade.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Comitê de ética em pesquisa – CEP

A presente pesquisa teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do

CPO São Leopoldo Mandic com o protocolo nº 053602/2013 (anexo A).

A pesquisa foi realizada mediante a autorização concedida pela Secretaria

Municipal de Educação de Macapá – SEMED (anexo B).

Os questionários e exame clínicos foram realizados somente após

autorização dos pais ou responsáveis por meio da assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE (apêndice A ).

4.2 Tipo de estudo

Foi realizado um estudo observacional onde foi executado somente o

exame clínico visual e questionário. Nenhum outro procedimento odontológico foi

realizado na criança para a pesquisa.

4.3 Amostra do estudo

A amostra foi constituída por 660 crianças com idade entre 8 a 10 anos, de

ambos os gêneros, matriculadas em escolas públicas do município de Macapá. Essas

crianças, oriundas de classes sociais e estruturas familiares diversas, foram

selecionadas de maneira aleatória, por sorteio, nas próprias escolas.

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Pacientes que necessitaram de tratamento, foram encaminhados para as

Unidades Básicas de Saúde do município (UBS), onde receberam o tratamento

necessário e os pais foram orientados pela pesquisadora quanto a condição de saúde

da criança e quais dentes necessitavam de intervenção.

A amostra foi obtida por meio de um processo sistemático em duplo estágio

(primeiro foi realizado o sorteio das escolas e posteriormente dos alunos). Foi

realizado um cálculo amostral com valor mínimo de 422 crianças. Como não há dados

a respeito da prevalência de cárie e o impacto na qualidade de vida nesta faixa etária

no município, utilizou-se o valor de 50% conforme indicado na literatura (WHO, 1997).

Considerando um erro amostral de 5% com nível de confiança de 95% e adicionando-

se 10% para eventuais perdas, obteve-se como valor mínimo considerado uma

amostra de 422 crianças. Entretanto, devido a alteração da precisão das estimativas

geradas pelo processo de conglomerado em duplo estágio (efeito de delineamento),

multiplicou-se o tamanho amostral por 1.4, obtendo-se assim um valor total requerido

de 660 crianças (Peres, Peres, 2006).

4.4 Critérios de inclusão e exclusão da amostra

Os critérios de inclusão foram:

a) crianças com idade entre 8 e 10 anos;

b) ambos os gêneros;

c) matriculadas em escolas da rede pública de ensino;

d) qualquer nível socioeconômico;

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e) crianças com e sem experiência odontológica anterior;

f) crianças que concordaram participar do estudo;

g) crianças que aceitaram o exame clínico visual;

h) autorização dos pais ou responsáveis pelo TCLE.

Os critérios de exclusão foram:

a) crianças com atraso no desenvolvimento cognitivo, com má formação

congênita, com problemas neurológicos e ou psicológicos já

diagnosticados ou tratados, que impossibilitaram responder o questionário;

b) responsável pela criança não alfabetizado;

4.5 Coleta de dados

Após a autorização dos responsáveis por meio do TCLE foi realizado um

exame clínico visual intra-bucal por uma única pesquisadora nas escolas públicas

municipais. As crianças foram selecionadas nas escolas por meio de sorteio nos

diários escolares.

O exame foi feito na própria escola com a criança deitada em um mesa,

sob luz natural, com auxílio de gaze, espelho clínico estéril, sonda OMS estéril e

espátula de madeira. A gaze foi usada para limpar as regiões dentais com acúmulo

de biofilme. Os materiais utilizados foram vestimenta e equipamentos de proteção

individual seguindo as normas de biossegurança para profissionais de saúde.

Os dados do exame intra-bucal realizado foram registrados em ficha clínica

elaborada especialmente para o estudo (apêndice B). Foram registrados a condição

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de todos os elementos dentários presentes por meio do ICDAS II (International Caries

Assessment and Detection System). O ICDAS foi modificado, pelo fato do exame ter

sido realizado nas escolas e não em consultório odontológico. Desta forma o escore

1 foi considerado como escore 0 (hígido). O quadro 1 mostra os escores e critérios

utilizados para o exame de cárie dentária (Shoaib, 2009).

Quadro 1 - Escores do ICDAS para Severidade (ICDAS-Core Group)

Fonte: Autoria própria

Para avaliar a necessidade de tratamento endodôntico nos primeiros

molares permanentes foi utilizado o código PUFA, conforme tabela abaixo: (monse et

al., 2010).

Código Sinais clínicos

0 Nenhuma ou sutil alteração na translucidez do esmalte após secagem de 5 segundos.

1 Opacidade visível após secagem de 5 segundos.

2 Opacidade visível mesmo na presença de umidade.

3 Cavidade localizada em esmalte opaco ou pigmentado.

4 Sombreamento da dentina subjacente.

5 Cavidade em esmalte opaco ou pigmentado com exposição da dentina subjacente.

6 Cavitação em esmalte opaco ou pigmentado com exposição da dentina subjacente, envolvendo mais de metade da superfície.

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Quadro 2 - descrição do código PUFA.

P Envolvimento pulpar: quando a abertura da câmara pulpar é visível ou quando a estrutura coronária do dente foi destruída pelo processo de cárie e somente as raízes ou fragmentos radiculares estão presentes.

U Ulceração devido ao trauma: arestas de um dente com envolvimento pulpar ou fragmentos de raízes causando ulceração traumática nos tecidos moles adjacentes.

F Fístula: presença de pus liberado do trajeto sinuoso relacionado a um dente com envolvimento pulpar.

A Abcesso: presença de pus e inchaço relacionado a um dente com envolvimento pulpar.

Fonte: Autoria própria

Após o exame clínico, a criança foi encaminhada a outra sala, na própria

escola, onde a mesma respondeu um questionário com 29 perguntas, onde a

pesquisadora fez as perguntas, aguardou a resposta e anotou no questionário. Houve

treinamento prévio para que se usasse a mesma entonação de voz com o intuito de

não induzir a resposta da criança.

O questionário utilizado foi a versão brasileira do Child Perceptions

Questionnaire 8-10/CPQ8-10 como um instrumento para avaliar a percepção do

impacto das desordens orais no bem-estar físico e psicossocial, em crianças de 8 a

10 anos (CPQ8–10) (Martins, 2008; Barbosa et. al, 2010) (anexo C).

O CPQ8-10 contém 29 perguntas e seus domínios sem dividem em:

a) 1 - Domínio de sintomas orais- questões de 5 a 9;

b) 2 - Domínio de limitações funcionais- questões de 10 a 14;

c) 3 - Domínio de bem-estar emocional- questões de 15 a 19;

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d) 4 - Domínio de bem-estar social- questões de 20 a 29.

As respostas destas questões foram categorizadas e codificadas. A

pontuação total é obtida pela soma dos escores de todas as questões. Quanto maior

a pontuação, maior o impacto na qualidade de vida.

A perda precoce dos molares permanentes foi avaliada clinicamente com

perda ou sem perda. Nos casos de presença da perda precoce foi indicado qual molar

permanente estava ausente e anotado na ficha clínica.

Após a coleta, os dados foram tabulados e encaminhados para as análises

estatísticas adequadas.

4.6 Análise dos dados

A unidade experimental no presente trabalho foi a criança. Inicialmente, as

variáveis explanatórias foram consideradas e comparadas em relação aos escores

totais obtidos com o questionário CPQ(8-10). As variáveis explanatórias ou

independentes foram: sexo da criança (feminino ou masculino), idade (8, 9 ou

10 anos), presença de lesões de cárie (sem lesões de cárie, apenas com lesões

iniciais, com lesões moderadas, com lesões severas), presença de perda precoce

decorrente da cárie (sem perda precoce e com perda precoce), e envolvimento pulpar

avaliado com o índice PUFA (sem sinais relacionados à possível envolvimento pulpar,

lesões de cárie com envolvimento pulpar visível, ulcerações, fístulas e abscessos).

Nas análises iniciais, a variável de desfecho foi o escore total obtido com o CPQ(8-

10), que foi analisado como variável quantitativa discreta.

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Os valores de média e desvio padrão do CPQ(8-10) foram calculados por

cada uma das categorias das diferentes variáveis explanatórias. Após, análise de

regressão de Poisson com variância robusta univariada foi realizada para todas as

variáveis. Com essa abordagem estatística, as razões de taxa e respectivos intervalos

de confiança a 95% (IC95%) foram calculados. Após a análise univariada, análises

múltiplas foram realizadas com o mesmo tipo de análise. Para construção do modelo

múltiplo, variáveis com valor de p menor de 0,20 na análise univariada foram testadas

no modelo múltiplo. As variáveis foram mantidas no modelo múltiplo final apenas se

alcançassem o valor de p menor que 0,05.

Após a realização dessas análises, os pacientes foram recategorizados de

acordo com a severidade de cárie. A categoria severidade de cárie foi composta dos

resultados obtidos com as avaliações das lesões de cárie, com o índice PUFA e com

a presença ou não de perda precoce relacionada à cárie dentária. Dessa forma, a

variável independente experiência de cárie foi categorizada da seguinte forma:

ausência de lesões de cárie ou apenas lesões iniciais; presença de lesões moderadas;

presença de lesões severas; presença de sinais relacionados ao envolvimento pulpar

(índice PUFA diferente de 0); e presença de perdas precoces decorrentes da cárie.

Os escores totais obtidos com o CPQ (8-10) foram comparados entre essas diferentes

categorias através do teste de Kruskal-Wallis. Análise de regressão de Poisson com

variância robusta foi também realizada com essa variável e os escores totais do

questionário de qualidade de vida. Todos os valores de razão de taxas obtidos com

essa análise foram ajustados pelo sexo e idade da criança.

Por fim, a associação dessa mesma variável de severidade de cárie foi

avaliada com os escores obtidos nos diferentes domínios do CPQ(8-10). A associação

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entre a severidade de cárie e os domínios percepção, sintomas orais, limitação

funcional, bem-estar emocional e bem-estar social foi analisado por regressão múltipla

de Poisson, e da mesma forma como descrito anteriormente, os valores foram

ajustados pelo sexo e idade da criança.

Todas as análises foram realizadas usando um software estatístico

apropriado (Stata 13.1, StataCorp LP, College Station, EUA), e o nível de significância

adotado para todas as análises foi de 5%.

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5 RESULTADOS

Foram convidadas 675 crianças para participar da pesquisa. Após os

critérios de inclusão terem sido determinados, o estudo foi realizado com o total de

660 crianças, sendo que, 15 crianças não participaram devido aos pais não terem

assinado o TCLE concordando com a pesquisa.

A tabela 1 descreve a amostra com a média dos escores do CPQ 8-10 em

relação ao sexo, idade, presença de cárie, perda precoce e índice PUFA.

A tabela 2 mostra que o sexo feminino é mais associado a pior qualidade

de vida que o sexo masculino (p < 0,001). A severidade das lesões de cárie também

foram associadas, sendo que quanto maior a severidade pior a qualidade de vida.

Perda precoce e o índice PUFA também foram associadas a qualidade de vida.

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Tabela 1 – Média dos escores totais obtidos com o Child Perceptions Questionnaire (CPQ 8-

10) de acordo com características clínicas e demográficas da amostra.

Fonte: Autoria própria.

Variáveis explanatórias N (%)

Escores do CPQ (8-10) Média (Desvio Padrão)

Exame inicial

Sexo

Feminino 318 48,2 36,3 (23,9)

Masculino 342 51,8 26,0 (19,2)

Idade

8 anos 136 20,6 29,8 (21,2)

9 anos 145 42,6 34,4 (22,2)

10 anos 379 57,4 30,1 (22,4)

Lesões de cárie

Sem lesões 81 12,3 5,6 (5,2)

Apenas lesões iniciais 77 11,7 8,2 (9,2)

Lesões moderadas 185 28,0 18,9 (10,3)

Lesões severas 317 48,0 50,0 (14,0)

Perda precoce

Sem perda 535 81,0 27,5 (21,4)

Com perda 125 19,0 45,9 (18,9)

PUFA

Sem sinais 453 68,6 21,8 (18,7)

Envolvimento pulpar (P) 139 21,1 49,4 (15,1)

Ulcerações (U) 6 0,9 39,7 (12,6)

Fístula (F) 44 6,7 56,0 (11,3)

Abscesso (A) 18 2,7 55,8 (14,6)

Total da amostra 660 100,0 31,0 (22,2)

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Tabela 2 – Associação das variáveis explanatórias com os escores totais obtidos com o

Child Perceptions Questionnaire (CPQ 8-10) no exame inicial.

Variáveis explanatórias Razão de taxas não

ajustada (95% IC)

P Razão de taxas

ajustada (95% IC)

p

Sexo

Feminino 1,00 1,00

Masculino 0,71 (0,64 a 0,79) <0,001 0,76 (0,73 a 0,81) <0,001

Idade *

8 anos 1,00

9 anos 1,16 (0,99 a 1,36) 0,072

10 anos 1,01 (0,88 a 1,16) 0,881

Lesões de cárie

Sem lesões 1,00 1,00

Apenas lesões iniciais 1,47 (1,06 a 2,03) <0,001 1,44 (1,06 a 1,97) 0,021

Lesões moderadas 3,39 (2,73 a 4,22) <0,001 3,37(2,74 a 4,14) <0,001

Lesões severas 8,96 (7,30 a 11,01) <0,001 8,04 (6,58 a 9,81) <0,001

Perda precoce

Sem perda 1,00 <0,001 1,00

Com perda 1,67 (1,51 a 1,84) 1,14 (1,07 a 1,21) <0,001

PUFA

Sem sinais 1,00 1,00

Envolvimento pulpar (P) 2,27 (2,06 a 2,49) <0,001 1,07 (1,01 a 1,14) 0,024

Ulcerações (U) 1,82 (1,42 a 2,33) <0,001 1,13 (1,01 a 1,26) 0,038

Fístula (F) 2,57 (2,33 a 2,84) <0,001 1,19 (1,10 a 1,28) <0,001

Abscesso (A) 2,56 (2,22 a 2,95) <0,001 1,10 (0,97 a 1,25) 0,136

Legenda: 95% IC = Intervalo de confiança a 95%. * Variáveis não incluídas no modelo

ajustado.

Fonte: Autoria própria

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Tabela 3 – Média dos escores totais obtidos com o Child Perceptions Questionnaire (CPQ 8-

10) de acordo com a severidade de cárie categorizada.

Legenda: DP = Desvio padrão. Letras diferentes indicam diferença estatisticamente

significante entre as categorias pelo teste de Kruskal-Wallis (p < 0,05).

Fonte: Autoria própria

Na tabela 3 pode-se observar que as lesões de cárie severas sem

envolvimento pulpar e as crianças com sinais de envolvimento pulpar possuem um

impacto semelhante na qualidade de vida.

As tabelas 4 e 5 revelam a severidade de cárie com escores totais e os

diferentes domínios do CPQ 8-10. Os resultados demonstram que a severidade de

cárie foi associada a todos os domínios do índice, demonstrando associação

estatisticamente significante com a qualidade de vida.

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Tabela 4 – Associação das variáveis explanatórias relacionadas à severidade de cárie com

os escores totais obtidos com o Child Perceptions Questionnaire (CPQ 8-10) no

exame inicial.

Severidade de cárie Razão de taxas* (95% IC) p

Sem lesões ou lesões iniciais 1,00

Lesões moderadas 2,96 (2,54 a 3,46) <0,001

Lesões severas 7,32 (6,34 a 8,45) <0,001

Envolvimento pulpar 8,01 (6,97 a 9,19) <0,001

Perdas por cárie 7,32 (6,31 a 8,49) <0,001

Legenda: 95% IC = Intervalo de confiança a 95%. * valores ajustados pelo sexo e idade da

criança.

Fonte: Autoria própria

Tabela 5 – Associação das variáveis explanatórias relacionadas à severidade de cárie com

os escores obtidos nos diferentes domínios do Child Perceptions Questionnaire

(CPQ 8-10)

Domínios do CPQ Percepção Sintomas Orais Limitação funcional

Razão de taxas* (Intervalo de Confiança a 95%)

Severidade de cárie Sem lesões ou lesões iniciais 1,00 1,00 1,00

Lesões moderadas 1,97 (1,66 a 2,34) 2,93 (2,43 a 3,53) 3,01 (2,32 a 3,92)

Lesões severas 3,38 (2,90 a 3,94) 5,63 (4,72 a 6,72) 8,62 (6,80 a 10,93)

Envolvimento pulpar 3,41 (2,94 a 3,94) 5,96 (5,05 a 7,05) 9,77 (7,76 a 12,29) Perdas por cárie 3,15 (2,69 a 3,69) 5,56 (4,66 a 6,64) 8,62 (6,79 a 10,95)

Domínios do CPQ Bem-estar emocional Bem-estar social

Razão de taxas* (Intervalo de Confiança a 95%)

Severidade de cárie Sem lesões ou lesões iniciais 1,00 1,00

Lesões moderadas 3,11 (2,40 a 4,03) 3,70 (2,83 a 4,86)

Lesões severas 7,56 (5,91 a 9,67) 12,97 (10,22 a 16,46)

Envolvimento pulpar 8,16 (6,42 a 10,37) 14,63 (11,64 a 18,39)

Perdas por cárie 7,63 (5,97 a 9,74) 13,32 (10,46 a 16,95)

Legenda: * Valores ajustadas pela idade e sexo da criança. Todas as variáveis em todos os

domínios apresentaram associação estatisticamente significante ao nível de 5%.

Fonte: Autoria própria.

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6 DISCUSSÃO

O presente estudo mostrou que a severidade da doença cárie está

associada a qualidade de vida de maneira bastante importante. Pode-se notar que

crianças com lesões de cárie sem envolvimento pulpar e crianças com perdas

dentárias por cárie possuem um impacto semelhante na qualidade de vida. Desta

maneira, percebe-se o quanto a doença cárie pode afetar a qualidade de vida de

crianças. Outro ponto importante é que os resultados demonstraram que quanto maior

a severidade da doença cárie, maior o impacto na qualidade de vida dessas crianças.

As lesões severas e as perdas dentárias tiveram impacto negativo semelhante, ou

seja, em média sete vezes mais chance de se ter impacto negativo na qualidade de

vida. O envolvimento pulpar aumentou mais ainda a chance de impacto negativo

(8,01).

Diversos estudos comprovaram que a cárie dentária é a condição bucal que

mais afeta negativamente a qualidade de vida de crianças Wong et al. (2011); Abanto

et al. (2011). E as lesões de cárie não tratadas demonstraram causar impacto

significativo na qualidade de vida das mesmas, pois causam desconforto e dor

(Figueiredo et al., 2001; Finuance, 2012). Além disso, podem dificultar a mastigação,

afetam o aprendizado da criança (Leal et al., 2012), o sono e o comportamento

(Gradella et al., 2011).

Reafirmando que a severidade da doença cárie tem maior influência

negativa na qualidade de vida de crianças Ramos- Jorge et al. (2015) utilizando os

critérios ICDAS II e o índice PUFA, observaram que a maioria dos dentes com cárie

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exibiram deterioração grave e que as lesões de cárie não tratadas graves ativas e

inativas foram associadas a um impacto negativo sobre a qualidade de vida de pré-

escolares e seus pais ou cuidadores.

Quando se avaliou a qualidade de vida por domínios, pôde-se perceber que

todos os domínios apresentaram associação estatisticamente significante com a

severidade de cárie. Assim, os domínios de percepção, sintomas orais, limitação

funcional, bem-estar emocional e bem-estar social foram associados a qualidade de

vida. Isso mostra que a associação da severidade da doença cárie com qualidade de

vida é forte e importante nesta faixa etária. O destaque principal é para o domínio de

bem-estar social, que foi o domínio mais pontuado entre os demais, demostrando o

maior impacto. Em concordância com este estudo, a pesquisa realizada por Mota-

Veloso et al. (2015), com escolares brasileiros com idade entre 8-10 anos, a cárie não

tratada foi significativamente associada com a pontuação total de todas as subescalas

do CPQ8-10. As consequências clínicas de cárie dentária avaliadas através do índice

PUFA foram significativamente associadas com o valor total CPQ8-10 total.

Os resultados desta pesquisa em relação ao índice PUFA, demonstram que

todos os códigos apontaram para o impacto negativo na qualidade de vida. O

envolvimento pulpar (código p/P) foi a condição mais pontuada. Estes resultados

também foram encontrados nos estudos de Murthy et al. (2013) e Jazrawi (2014). O

envolvimento pulpar foi considerado o aspecto que mais causou impacto negativo na

qualidade de vida das crianças, aumentando cerca de oito vezes a chance de impacto

(8,1%). O índice PUFA mostrou ser uma ferramenta epidemiológica lógica que pode

auxiliar os planejadores de saúde, dando-lhes informações relevantes que

complementam os índices de avaliação de cárie.

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O ICDAS II demonstrou eficácia, pois forneceu informações sobre lesões

cariosas não cavitadas e cavitadas e teve a capacidade de gerar dados que podem

ser comparados aos dados provenientes de exames clínicos bucais que utilizam o

critério OMS (Braga et al., 2009a).

A prevalência de 19% de perda precoce de molares permanentes foi

observada na pesquisa em questão e tais perdas provocaram impacto na qualidade

de vida das crianças semelhante ao impacto causados por lesões de cárie severas

sem envolvimento pulpar. Ambas aumentaram em média, em sete vezes (7,32) a

chance de impacto. Melo e Cavalcanti (2007) observaram em sua pesquisa 21,8% de

prevalência de perda precoce. De acordo com Vargas, Paixão (2005), pacientes com

perdas dentárias vivenciam não só problemas funcionais, mas psicossociais e seus

sentimentos relacionados são bastante negativos. Além disso, é uma perda precoce

de um dente permanente e isso pode levar a impacto na qualidade de vida desde o

momento da perda até futuramente.

em relação ao sexo, houve diferença estatisticamente significante onde as

meninas foram mais associadas ao impacto negativo na qualidade de vida do que os

meninos. Isso pode ser pelo fato de o sexo feminino se incomodar e se importar mais

com a condição de saúde bucal, dor e estética. Outros estudos corroboram neste

sentido (Foster-Page et al., 2005; Barbosa, Gavião, 2008), pois comprovaram que

meninas apresentaram tendência negativa mais alta, em relação aos meninos, no que

diz respeito ao escore do domínio de bem-estar emocional. O sexo da criança pode

exercer influência no entendimento da qualidade de vida (Jokovic et al., 2004).

A procura por orientação odontológica desde a erupção dos primeiros

elementos dentais constitui uma importante estratégia destinada a reduzir o custo de

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tratamento e tem contribuído para o acompanhamento de cárie dentária desde o

início, antes que se tome a decisão de intervenção restauradora (Savage et al., 2004).

A necessidade de tratamento restaurador pode levar ao estabelecimento de um ciclo

restaurador repetitivo, o que aumenta os custos do tratamento (Elderton, 1990; Zero

et al., 2011). Portanto, estratégias de saúde e prevenção coletiva devem ser

estabelecidas a fim de se evitar doenças que afetem a qualidade de vida do indivíduo.

Após a análise dos resultados fica nítido que essas crianças necessitam

receber mais informações sobre educação em saúde bucal, incluindo a orientação de

higiene oral e a participação em programas preventivos nas escolas, dando-lhes a

oportunidade de aumentar seus conhecimentos sobre a saúde de sua boca. Com isso,

poderia se prevenir a progressão de lesões de cárie e reduzir a necessidade de

tratamento, que geralmente não são disponibilizados na saúde pública, principalmente

em se tratando de tratamento endodôntico, que apresenta custo considerado alto e

que muitas vezes se torna inacessível a populações de baixa renda.

Ficou compreendido neste estudo que a doença cárie provoca impacto

negativo na qualidade de vida de crianças e que quanto maior o grau de severidade

da doença maior o impacto. A perda precoce provocou impacto semelhante. Portanto,

há a necessidade de que se desperte o interesse em ampliar medidas de promoção

de saúde bucal, especialmente nas regiões Norte do Brasil, como no município de

Macapá, pois de acordo com dados do Ministério da Saúde as médias de índice de

cárie são mais elevadas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste (Brasil, 2011).

No Amapá, na região norte do Brasil, pouco se sabe sobre a epidemiologia da cárie

dentária em crianças. Mas sabe-se que a prevalência de cárie é alta (Gradella et al.,

2007). Com isso, poderia se prevenir perdas precoces de molares permanentes e os

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tratamentos endodônticos desses elementos, melhorando o bem-estar físico, mental

e social dessas crianças, garantindo um desenvolvimento infantil saudável.

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7 CONCLUSÃO

Diante do que foi exposto pode se concluir que a doença cárie afeta a

qualidade de vida de crianças e quanto maior o grau de severidade da doença maior

o impacto. Além disso, conclui-se que crianças com lesões de cárie severa e crianças

com perdas dentárias possuem um impacto semelhante na qualidade de vida.

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APÊNDICE A- FICHA DE EXAME CLÍNICO

NOME : Gênero: ( ) M ( ) F

Data de nascimento: ___/___/___ idade:

Vestibular

16 15/55 14/54 13/53 12/52 11/51 21/61 22/62 23/63 24/64 25/65 26

46 45/85 44/84 43/83 42/82 41/81 31/71 32/72 33/73 34/74 35/75 36

Presença de perda precoce

PUFA

Elemento 16 ( ) sim ( ) não

Elemento 16 ( )

Elemento 46 ( ) sim ( ) não

Elemento 46 ( )

Elemento 26 ( ) sim ( ) não

Elemento 26 ( )

Elemento 36 ( ) sim ( ) não

Elemento 36 ( )

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APÊNDICE B- SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA AS ESCO LAS

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ANEXO A- PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

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ANEXO B- AUTORIZAÇÃO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDU CAÇÃO

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ANEXO C- VERSÃO FINAL EM PORTUGUÊS DO QUESTIONÁRIO CPQ8-10

Data de hoje: --------/-----------------/------ 1. Você é um menino ou uma menina? □ Menino □ Menina 2. Quantos anos você tem? 3. Você acha que os seus dentes e a sua boca são: □ Muito bons □ Bons □ Mais ou menos □ Ruins 4. Quanto os seus dentes ou a sua boca te incomodam? □ Não incomodam □ Quase nada □ Um pouco □ Muito 5. No último mês, quantas vezes você sentiu dor de dentes ou dor na boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 6. No último mês, quantas vezes você teve feridas na sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 7. No último mês, quantas vezes você sentiu dor nos seus dentes quando comeu alguma coisa ou bebeu alguma coisa gelada ? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias

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8. No último mês, quantas vezes a comida ficou agarrada em seus dentes? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 9. No último mês, quantas vezes você ficou com cheiro ruim na sua boca ? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 10. No último mês, quantas vezes você gastou mais tempo do que os outros para comer sua comida por causa de seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 11. No último mês, quantas vezes você teve dificuldade para morder ou mastigar comidas mais duras como: maçã, pão, milho ou carne, por causa de seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 12. No último mês, quantas vezes foi difícil para você comer o que você queria por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 13. No último mês , quantas vezes você teve problemas para falar por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias

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14. No último mês, quantas vezes você teve problemas para dormir à noite por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 15. No último mês, quantas vezes você ficou chateado por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 16. No último mês, quantas vezes você se sentiu triste por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 17. No último mês , quantas vezes você ficou com vergonha por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 18. No último mês, quantas vezes você ficou preocupado com o que as pessoas pensam sobre seus dentes ou sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias

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19. No último mês, quantas vezes você achou que você não era tão bonito quanto outras pessoas por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 20. No último mês , quantas vezes você faltou à aula por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 21. No último mês, quantas vezes você teve problemas para fazer seu dever de casa por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 22. No último mês, quantas vezes você teve dificuldade para prestar atenção na aula por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 23. No último mês, quantas vezes você não quis falar ou ler em voz alta na sala de aula por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias

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24. No último mês, quantas vezes você deixou de sorrir ou dar risadas quando estava junto de outras crianças por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 25. No último mês, quantas vezes você não quis falar com outras crianças por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 26. No último mês, quantas vezes você não quis ficar perto de outras crianças por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 27. No último mês, quantas vezes você ficou de fora de jogos e brincadeiras por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 28. No último mês, quantas vezes outras crianças fizeram gozação ou colocaram apelidos em você por causa dos seus dentes ou de sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias 29. No último mês, quantas vezes outras crianças fizeram perguntas para você sobre seus dentes ou sua boca? □ Nenhuma vez □ Uma ou duas vezes □ Às vezes □ Muitas vezes □ Todos os dias ou quase todos os dias

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ANEXO D- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Prezado senhor (a) Estou estudando a influência da doença cárie na qualidade de vida das crianças. Quero obter maior conhecimento sobre essa doença e destacar como a mesma afeta na qualidade de vida de crianças. Se o (a) senhor (a) autorizar seu filho (a) participar da pesquisa que será minha dissertação de mestrado, ele (a) fará um exame clínico bucal na escola, uma única vez, com hora agendada e responderá um questionário (algumas perguntas) sobre sua saúde bucal. Não será preciso fazer qualquer tipo de anestesia ou exames dolorosos. Informarei o (a) senhor (a) sobre o estado da saúde bucal de seu filho (a), sem que o (a) senhor (a) tenha qualquer despesa. Caso o (a) senhor (a) autorizar seu filho a participar , seu nome, ou qualquer outra identificação, não aparecerá na pesquisa. Apenas suas informações e os seus dados, que constam da sua ficha odontológica, serão usados. Terminada a pesquisa, os resultados, que são de minha inteira responsabilidade, estarão à sua disposição. Também estou à sua disposição para esclarecer dúvidas sobre este trabalho. Se o (a) senhor (a) permitir a participação, ou tiver qualquer dúvida sobre essa questão,converse comigo: Fico, desde já, agradecido pela sua cooperação. Atenciosamente. MANUELLA CAROLINI MARÉCO LAMARÃO CRO 413-AP PARA SER PREENCHIDO PELO PACIENTE Declaro que concordo em participar da pesquisa do Dra Manuella Lamarão por livre e espontânea vontade, sem qualquer despesa de minha parte, mas sem qualquer tipo de pagamento por esta participação. NOME:__________________________________________________ RG:_____________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________ Assinatura do menor: _______________________________________