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IMPACTO DE UM PROTOCOLO DE DESMAME VENTILATÓRIO PARA ADULTOS NUMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS DO NORTE DE PORTUGAL Sandra Oliveira Vila Real, 2017 Universidade do Minho Escola Superior de Enfermagem UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO/UNIVERSIDADE DO MINHO ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE VILA REAL

IMPACTO DE UM PROTOCOLO DE DESMAME VENTILATÓRIO …xi RESUMO Introdução: A ventilação mecânica invasiva (VMI) é uma medida de suporte vital utilizada em cuidados intensivos,

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IMPACTO DE UM PROTOCOLO DE DESMAME

VENTILATÓRIO PARA ADULTOS NUMA

UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS DO

NORTE DE PORTUGAL

Sandra Oliveira

Vila Real, 2017

Universidade do Minho Escola Superior de Enfermagem

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO

DOURO/UNIVERSIDADE DO MINHO

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE VILA REAL

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Curso de Mestrado Em Enfermagem Da Pessoa Em Situação Crítica

2015/2016

DISSERTAÇÃO DE NATUREZA APLICADA

IMPACTO DE UM PROTOCOLO DE DESMAME

VENTILATÓRIO PARA ADULTOS NUMA UNIDADE DE

CUIDADOS INTENSIVOS DO NORTE DE PORTUGAL

Sandra Oliveira nº 55430

Orientador

Professor Doutor Amâncio António de Sousa Carvalho

Co-Orientador

Professor Rui Manuel Freitas Novais

Composição do júri:

Professora Doutora Maria Alice Rodrigues dos Mártires, Professora Coordenadora da

ESEnfVR-UTAD;

Professora Doutora Maria de Fátima Dias Braga, Professora Adjunta da ESE-UM;

Professor Doutor Amâncio António de Sousa Carvalho, Professor Adjunto da

ESEnfVR-UTAD.

Vila Real, 2017

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO

DOURO/UNIVERSIDADE DO MINHO

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE VILA REAL

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Este trabalho foi expressamente elaborado como

dissertação original para efeito de obtenção do

grau de Mestre em Enfermagem da Pessoa em

Situação Crítica, sendo apresentada na

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Ao nosso filho, nosso anjinho

Renato …

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Um Pouco Mais de Nós

“Podes dar mais uma asa a quem tem sede

de voar

ou apenas o tesouro sem preço do teu

tempo em qualquer lugar…

podes dar em suma, com emoção, tudo

aquilo que, em silêncio, te segreda o

coração…

porque o que conta, vendo bem, é dar

sempre um pouco mais…

que a máxima recompensa de quem dá é o

júbilo de um gesto voluntário.

E, afinal, tudo isso quanto vale?

Vale o nada que é tudo

sempre que damos de nós

o que, sendo ato amor, ganha voz

e se torna eterno por ser único e total.

José Jorge Letria

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AGRADECIMENTOS

Embora uma dissertação seja, pela sua finalidade académica, um trabalho individual,

existiram contributos de natureza diversa que não podem deixar de ser realçados, o que

torna a elaboração desta página um desafio tão grande quanto a realização do próprio

processo de investigação. Assim, a todos os intervenientes o meu mais sincero

reconhecimento e agradecimento.

Ao Professor Doutor Amâncio António de Sousa Carvalho, orientador deste estudo,

pelo interesse, disponibilidade e apoio prestados ao longo desta caminhada e pela sua

capacidade de desmistificar as várias etapas do processo de investigação.

Ao Professor Rui Manuel Freitas Novais, coorientador da investigação pela partilha de

conhecimentos e pelo suporte científico facultados, apesar da distância.

À Enfermeira Jandira Carneiro e ao Doutor Francisco Esteves, pelas oportunidades,

pelo incentivo e pelos seus contributos na construção das minhas competências e

evolução enquanto profissional.

Às minhas amigas Filipa e Carla pela amizade, pelo apoio nos momentos em que a

desistência surgia tentadora, pelos conselhos e sugestões que permitiram enriquecer este

trabalho e por serem, simplesmente, boas ouvintes nas horas de puros desabafos.

Ao principal lesado ao longo desta caminhada, o meu amado esposo, Henrique, que

sempre me estimulou a ir mais além em todas as dimensões. Acima de tudo, pela

compreensão, pelo suporte emocional e familiar que permitiram colmatar os meus

momentos de ausência, e pelo amparo, força e coragem transmitidos aquando a perda

mais dolorosa das nossas vidas.

Uma referência à minha irmã Carla, pelo apoio, companheirismo e cumplicidade e pelo

facto de estar sempre a torcer por mim.

Finalmente, aos meus pais pelo amor, dedicação e paciência com que me educaram,

incutindo em mim a alegria de viver e a força de vontade para realizar os meus sonhos,

incentivando, incondicionalmente, o meu crescimento pessoal e profissional.

A todos,

“ Obrigada…”

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RESUMO

Introdução: A ventilação mecânica invasiva (VMI) é uma medida de suporte vital

utilizada em cuidados intensivos, associada a custos elevados e a inúmeras

complicações. O desmame ventilatório consiste no processo de transição entre a VMI e

a respiração espontânea, representando 40% do período de VMI, sendo, imperiosa a sua

otimização. Neste sentido, vários autores defendem o recurso a protocolos de desmame

ventilatório.

Objetivo geral: Avaliar o impacto de um protocolo de desmame ventilatório na

qualidade do desmame e nos outcomes dos doentes.

Metodologia: Estudo quase-experimental, comparando um estudo prospetivo com um

estudo retrospetivo. O grupo experimental (GE) foi constituído pelos doentes admitidos

e ventilados na unidade de cuidados intensivos (UCI) em estudo, entre 1 de setembro e

31 de dezembro de 2015. O grupo controlo (GC) correspondeu aos doentes admitidos

na mesma UCI em igual período do ano anterior. A recolha de dados foi realizada

através da aplicação de um formulário, tendo o tratamento sido efetuado com recurso ao

SPSS versão 22.

Resultados: O GE teve uma média de score de qualidade global de desmame superior,

verificando-se uma redução do timing de início do desmame em 27,3% e do tempo de

desmame em 36,6%, relativamente ao GC. A proporção de doentes que efetuaram as

tentativas de provas de respiração espontânea (PRE) de forma contínua e durante o

período noturno foi menor no GE (8,3% e 0%) do que no GC (24,2% e 19,4%).

Considerações finais: A implementação do protocolo de desmame ventilatório

melhorou a qualidade global do mesmo, facilitando a identificação dos doentes com

critérios para iniciar o processo, possibilitando que o desmame ventilatório se iniciasse

mais precocemente, o que resultou numa diminuição do tempo de desmame ventilatório

e no respeito pelo ritmo circadiano do doente.

Palavras-chave: Unidade de cuidados intensivos; desmame da ventilação mecânica;

protocolo de desmame ventilatório; enfermagem de cuidados críticos.

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ABSTRAT

Introduction: Mechanical ventilation (MV) is a life support treatment commonly used

in intensive care and often associated to complications and increased health costs

related. Weaning consists in a transition process between mechanical ventilation and

spontaneous breathing, representing 40% of the MV time, therefore, is imperative its

optimization. Based on these previous statements, many authors defend the appeal to

weaning protocols.

Main objective: To evaluate the impact of a weaning protocol in the quality of weaning

and patients outcomes.

Methodology: Quasi-experimental study, comparing a prospective study with a

retrospective one. The experimental group (EG) was constituted by all the ventilated

patients admitted in the intensive care unit (ICU) designed for the study, between

September the 1st and December 31th of 2015. The control group (CG) was created with

all the patients admitted in the same ICU at the same period but in the year before. All

the data were collected threw the application of a form and the statistics were made in

the SPSS version 22.

Results: The EG had a better mean score of quality of weaning and we verified a

reduction in the beginning of weaning of 27,4% and also, a weaning time of 36,6%

compared to the CG. The proportion of patients that got threw spontaneous breathing

trials (SBT) continuously and during the night shift was smaller in the EG (8,3% and

0%) than in CG (24,2% and 19,4).

Final statements: The implementation of a weaning protocol improved the quality of

weaning which facilitated the identification of patients that had criteria to begin the

weaning process. In turn, weaning begun earlier in the EG, resulting in a decrease of

weaning time and a respect of the circadian rhythm of the patients included in the study.

Keywords: Intensive care unit ; weaning from mechanical ventilation ; weaning

protocol; nursing critical care .

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ÍNDICE

DEDICATÓRIA ............................................................................................................ v

AGRADECIMENTOS ................................................................................................... ix

RESUMO ...................................................................................................................... xi

ABSTRACT ................................................................................................................... xiii

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................ xix

ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................. xxi

ÍNDICE DE GRÁFICOS .............................................................................................. xxiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................... xxv

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................. 7

1. Ventilação Mecânica Invasiva ........................................................................... 7

2. Desmame Ventilatório ........................................................................................ 9

2.1. Classificação dos doentes relativamente ao desmame ventilatório ............... 9

2.2. Critérios para desmame ventilatório .............................................................. 10

2.3. Métodos de desmame ventilatório ................................................................. 11

2.3.1. A ventilação não invasiva como método dedesmame ventilatório ...... 12

2.4. Causas de falência do desmame ventilatório ................................................ 14

2.5. Gestão do suporte ventilatório na falência do desmame ventilatório. ........... 15

2.6. Falência do desmame ventilatório: Alternativas ........................................... 16

2.6.1. A ventilação não invasiva como medida de resgate ........................... 17

2.6.2. A traqueostomia .................................................................................. 17

2.7. Intervenção da enfermagem no desmame ventilatório .................................. 18

3. Protocolos de desmame ventilatório: Estado da arte ...................................... 20

CAPÍTULO II – CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA .......................... 25

1. Metodologia ......................................................................................................... 25

1.1 Protocolo de desmame ventilatório ................................................................ 26

1.2. Tipo de estudo ............................................................................................... 27

1.3. População alvo e amostra em estudo ............................................................ 28

1.4. Hipóteses de investigação ............................................................................. 31

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1.5. Operacionalização e categorização de variáveis ........................................... 32

1.6. Instrumento de recolha de dados ................................................................... 33

1.7. Procedimento de recolha de dados e questões éticas .................................... 34

1.8. Análise de dados ........................................................................................... 36

CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................ 39

1. Caracterização demográfica da amostra .......................................................... 39

2. Caracterização clínica da amostra ..................................................................... 41

3. Características da ventilação mecânica invasiva e desmame ventilatório ..... 43

4. Análise do efeito da implementação do protocolo de desmame ventilatório

nos outcomes dos doentes e na qualidade do desmame ................................... 49

4.1. Hipótese H1 ................................................................................................... 49

4.2. Hipótese H2 ................................................................................................... 51

4.3. Hipótese H3 ................................................................................................... 53

CAPÍTULO III - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................ 57

1. Quanto à caracterização demográfica da amostra ..................................... 57

2. Quanto à caracterização clínica da amostra ................................................ 58

3. Quanto às características da ventilação mecânica invasiva e desmame

ventilatório ..................................................................................................... 58

4. Quanto aos outcomes dos doentes e qualidade global do desmame ........... 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 65

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APÊNDICES ................................................................................................................ 73

Apêndice A – Indicadores de qualidade ....................................................................... 75

Apêndice B – Protocolo de desmame ventilatório ....................................................... 79

Apêndice C – Programa de formação ........................................................................... 83

Apêndice D – Formulário de recolha de dados ............................................................. 87

Apêndice E – Tabela de estudos de referência ............................................................. 91

Apêndice F – Tabela de operacionalização e categorização das variáveis ................... 99

Apêndice G – Variável da Qualidade Global do Desmame Ventilatório ..................... 107

Apêndice H – Pedidos de autorização .......................................................................... 111

Apêndice I – Declaração de responsabilidade do coordenador científico do estudo .... 117

Apêndice J – Parecer do Diretor do serviço ................................................................. 121

Apêndice K – Formulário de consentimento informado .............................................. 125

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Resultados do teste χ2 para avaliar diferenças quanto às variáveis

demográficas ............................................................................................... 41

Tabela 2. Caracterização clínica da amostra quanto às medidas de tendência central

e de dispersão .............................................................................................. 41

Tabela 3. Distribuição da amostra quanto às Categorias diagnósticas (%) .................. 42

Tabela 4. Resultados do teste χ2 quanto às Categorias diagnósticas ............................ 43

Tabela 5. Análise descritiva do desmame ventilatório de acordo com o Grupo de

estudo .......................................................................................................... 43

Tabela 6. Análise descritiva da VMI e desmame ventilatório de acordo com o

Grupo de estudo e Categorias diagnósticas ................................................ 46

Tabela 7. Modos de desmame ventilatório de acordo com Grupos de estudo (%). ...... 47

Tabela 8. Tabulação cruzada entre Modos de desmame vs Grupos de estudo e

Categorias diagnósticas (%) ....................................................................... 47

Tabela 9. Tabulação cruzada entre VNI Programada vs Grupos de estudo e

Categorias diagnósticas (%) ....................................................................... 48

Tabela 10. Tabulação cruzada entre VNI Programada vs Grupos de estudo e

Antecedentes clínicos relevantes (%) ......................................................... 48

Tabela 11. Teste de t de” student” para diferenças entre as médias das variáveis

dependentes da hipótese H1 em função do Grupo de estudo ..................... 50

Tabela 12. Teste χ2 para diferenças entre as proporções das categorias das

variáveis nominais dependentes da hipótese H2 em função do Grupo de

estudo .......................................................................................................... 52

Tabela 13. Teste t de “Student” para comparar as médias do somatório da pontua-

ção da qualidade global do desmame entre os Grupos de estudo ............... 54

Tabela 14.- Teste ANOVA a dois fatores não paramétrica: teste de efeitos entre

assuntos ....................................................................................................... 54

Tabela 15. Teste Mann-Whitney para comparar as ordenações da qualidade global

do desmame entre os Grupos de estudo ...................................................... 55

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Critérios para iniciar o desmame ventilatório ............................................... 10

Figura 2. Características dos métodos de desmame ventilatório .................................. 11

Figura 3. Algoritmo da etiologia da falência do desmame ventilatório ........................ 15

Figura 4. Indicadores de intolerância à prova de respiração espontânea ..................... 16

Figura 5. Desenho e estrutura do estudo ...................................................................... 28

Figura 6. Seleção da amostra ........................................................................................ 31

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ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Distribuição da amostra segundo o sexo ..................................................... 40

Gráfico 2. Distribuição da amostra por grupos etários ................................................. 40

Gráfico 3. Distribuição da categoria cirúrgica .............................................................. 42

Gráfico 4. Classificação do desmame ventilatório em função do tempo de desmame

vs Grupos de estudo ..................................................................................... 44

Gráfico 5. Classificação do desmame ventilatório em função do nº de tentativas de

PRE vs Grupos de estudo ............................................................................ 44

Gráfico 6. Classificação da VMI vs Grupos de estudo ................................................. 45

Gráfico 7. Análise descritiva da Qualidade global do desmame em função do

Grupo de estudo .......................................................................................... 49

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APACHE - Acute Physiologic And Chronic Health Evolution

AHRQ - Agency for Healthcare Research and Quality

CHTMAD – Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

DGS – Direção-Geral da Saúde

DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

EfCCNa – European federation of Critical Care Nursing associations

ESEnfVR – Escola Superior de Enfermagem de Vila Real

ESE – Escola Superior de Enfermagem

EOT – Entubação orotraqueal

ESICM - European Society of Intensive Care Medicine.

GE – Grupo experimental

GC – Grupo controlo

HTA – Hipertensão Arterial

IC – Insuficiência Cardíaca

INE – Instituto Nacional de Estatística

JCAHO - Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

LET – Limitação de Esforço Terapêutico

MW – Mann-Whitney

nº - Número

p. - Página

PA – Modos ventilatório assistidos

PRE – Provas de Respiração Espontânea

SAPS - Simplified Acute Physiology Score

SCICI – Serviço de Cuidados Intensivos e Cuidados Intermédios

SEMICYUC - Sociedad Española de Medicina Intensiva, Crítica y Unidades Coronarias

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SIMV – Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada

TET – Tubo Endotraqueal

TISS - Therapeutic Intervention Scoring System

UCI – Unidade de Cuidados Intensivos

UCIs – Unidades de Cuidados Intensivos

UM – Universidade do Minho

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

VAP – Pneumonia Associada ao Ventilador

VE – Ventilação espontânea

VMI – Ventilação Mecânica Invasiva

VNI - Ventilação Não Invasiva

χ2- Qui- quadrado

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INTRODUÇÃO

A ventilação mecânica invasiva (VMI) é uma forma de assistência ventilatória artificial

utilizada para promover a oxigenação e ventilação do doente com insuficiência

respiratória, constituindo uma medida de suporte comumente utilizada em contexto de

cuidados intensivos. De acordo com Jordan et al. (2012), aproximadamente dois terços

dos adultos admitidos em unidades de cuidados intensivos (UCIs) necessitam de suporte

ventilatório invasivo. Contudo, a VMI não é isenta de riscos, estando associada a

inúmeras complicações psicológicas e fisiológicas, acarretando custos económicos

elevados para as instituições. Nesta perspetiva, o seu prolongamento indevido piora os

outcomes dos doentes, pelo que deve ser interrompida assim que a capacidade de

respirar, espontaneamente, seja restabelecida. De realçar, porém, que a suspensão

demasiado precoce da VMI traz, igualmente, riscos para os doentes, na medida em que

a re-intubação está associada a um aumento da incidência de pneumonia associada ao

ventilador (VAP), prolongamento do período de internamento em UCI e ao aumento da

taxa de mortalidade. Assim, a identificação do momento ideal para interromper a VMI é

fundamental.

A expressão, consensualmente, utilizada para descrever a descontinuação da VMI é o

desmame ventilatório, que consiste no processo de transição da ventilação artificial para

a respiração espontânea. Tradicionalmente, as decisões relativas ao desmame

ventilatório dependiam, unicamente, do julgamento clínico, o qual, embora baseado em

critérios objetivos, sofria as variações da influência da experiência, das competências e

das filosofias de desmame. Neste sentido, o interesse por uma praxis mais consistente

foi crescendo, transitando-se de uma abordagem informal para uma prática mais formal

com o desenvolvimento de protocolos de desmame ventilatório. Atualmente existem

guidelines, que orientam os profissionais de saúde relativamente aos critérios e modos

de desmame, definindo formas de atuação perante situações de desmame difícil. A

literatura enfatiza, cada vez mais, o recurso a protocolos com o intuito de uniformizar as

atuações relativamente ao desmame ventilatório. Diversos autores estudaram a

influência da implementação de protocolos de desmame ventilatório em UCIs, sendo

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que, na maioria dos estudos, foram observados resultados positivos, destacando-se a

diminuição do período de desmame ventilatório, de VMI e de internamento na UCI,

bem como, uma redução da incidência de VAP (Tonnelier et al., 2005; McLean et al.,

2006; White, Currey e Botti, 2011; Blackwood et al.,2011; Roh et al., 2012; Dancker et

al.,2013; Plani, Becker e Aswegen, 2013).

Nesta perspetiva, a implementação de protocolos de desmame ventilatório parece estar

associada, de uma forma geral, à melhoria da qualidade do desmame e dos outcomes

dos doentes críticos.

De realçar que, a avaliação da qualidade assistencial, constitui uma das maiores áreas de

interesse nas instituições de saúde, surgindo a monitorização, melhoria e a garantia da

qualidade como um dos objetivos preconizados, tendo em consideração a conjuntura

atual (Feldman, Gatto & Cunha, 2005).

Assim, o desenvolvimento de planos de gestão da qualidade adequados e adaptados aos

diferentes serviços e especialidades na área da saúde é fundamental, particularmente nas

UCIs que, dado o seu cariz intrínseco de especificidade, aspiram a uma melhor

qualidade dos seus serviços com o menor risco possível para o doente.

Em Portugal, o Decreto-Lei n.º 212/2006, de 27 de outubro, alterado pelo Decreto-Lei

n.º 234/2008, de 02 de dezembro, conferiu à Direção-Geral da Saúde (DGS) a promoção

do desenvolvimento, implementação, coordenação e avaliação de instrumentos,

atividades e programas de melhoria contínua da qualidade clínica e organizacional.

Neste sentido, surgiram diversas entidades com o intuito de avaliar e garantir a

qualidade dos estabelecimentos de saúde, destacando-se, entre outras, a Joint Comission

on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO) e o Sistema Nacional de

Avaliação em Saúde (SINAS), surgindo, progressivamente, o conceito de indicadores,

que constituem a unidade básica de um sistema de monitorização da qualidade, sendo

instrumentos de medida que indicam a presença de um fenómeno ou sucesso, bem como

a sua intensidade (AHRQ, 2003).

Em 2013, a UCI de nível III onde se realizou o presente estudo, adotou, por consenso de

um grupo de peritos do serviço, vinte e cinco indicadores de qualidade selecionados a

partir do documento “Indicadores de Calidad en el enfermo crítico” elaborado pela

Sociedad Española de Medicina Intensiva, Crítica y Unidades Coronarias

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(SEMICYUC) publicado em 2011, onde constam dois indicadores relativos ao

desmame ventilatório (Apêndice A).

Com base nestas considerações e no âmbito do Curso de Mestrado em Enfermagem da

Pessoa em Situação Crítica, lecionado na Escola Superior de Enfermagem de Vila Real

da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em convênio com a Escola Superior

de Enfermagem da Universidade do Minho, escolhi estudar o impacto de um protocolo

de desmame ventilatório para adultos numa UCI do norte de Portugal.

A escolha desta temática prende-se com o facto de exercer a minha atividade

profissional enquanto enfermeira na área do doente crítico, há cinco anos. Nesta

perspetiva, trabalho, diariamente, com doentes ventilados, estando familiarizada com as

dificuldades que surgem aquando do desmame ventilatório, sentindo a necessidade de

uniformizar e sistematizar a atuação da equipa multidisciplinar, facilitando, igualmente,

a integração de novos elementos.

Assim, motivada pela problemática em estudo, surge a seguinte questão de

investigação: Quais os efeitos de um protocolo de desmame ventilatório na qualidade

do desmame e nos outcomes de doentes críticos, adultos, submetidos a VMI numa

UCI do norte de Portugal, entre 1 de setembro e 31 de dezembro de 2015?

Este estudo tem subjacente o seguinte objetivo geral:

Avaliar os efeitos de um protocolo de desmame ventilatório na qualidade do

desmame e nos outcomes dos doentes.

Tendo em conta os pressupostos anteriormente referidos e o objetivo geral supracitado,

para este estudo foram delineados os seguintes objetivos específicos:

­ Caracterizar os doentes submetidos a desmame ventilatório em termos

demográficos e relativamente às respetivas categorias diagnósticas, índices de

gravidade, cargas de trabalho de enfermagem e antecedentes clínicos relevantes;

­ Elaborar um protocolo de desmame ventilatório;

­ Avaliar a qualidade do desmame ventilatório e outcomes dos doentes críticos

adultos, submetidos a VMI;

­ Analisar os efeitos da implementação do protocolo de desmame ventilatório

sobre o timing do início do desmame; número de tentativas de provas de

respiração espontânea (PRE) e período do dia em que as mesmas se realizam;

duração do desmame ventilatório; necessidade de ventilação não invasiva (VNI)

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após a extubação como medida de resgate; incidência de re-intubações e

traqueotomias durante o internamento em UCI, no grupo experimental;

­ Analisar as diferenças entre o grupo experimental e o grupo controlo, no que se

refere à qualidade do desmame ventilatório e outcomes dos doentes.

A abordagem escolhida para o estudo foi quantitativa, tratando-se dum estudo quase-

experimental composto pela comparação de um estudo prospetivo com um estudo

retrospetivo, na medida em que o grupo experimental, que realizou o desmame

ventilatório protocolizado, foi constituído pelos doentes admitidos e ventilados na UCI

entre 1 de setembro e 31 de dezembro de 2015 e o grupo controlo, que efetuou o

desmame de forma convencional, pelos doentes admitidos na mesma unidade em igual

período do ano anterior, portanto, previamente à implementação do protocolo.

Do ponto de vista estrutural, este trabalho encontra-se organizado em quatro capítulos,

correspondendo o primeiro à fundamentação teórica, onde se encontram definidos os

conceitos e particularidades da VMI, a importância do desmame ventilatório,

especificando o método de classificação dos doentes, os critérios, atualmente, em vigor

e as diretrizes de atuação relativas aos métodos de desmame. São, igualmente,

abordadas as principais causas de falência do desmame, esclarecendo-se a forma como

deve ser feita a gestão do suporte ventilatório nestes doentes e apresentando-se

estratégias alternativas para estas situações. Esta primeira parte culmina com a

apresentação de alguns estudos sobre a implementação de protocolos de desmame

ventilatório, justificando, desta forma, a pertinência deste trabalho, esclarecendo,

igualmente, a intervenção da enfermagem no processo de desmame.

O segundo capítulo diz respeito à metodologia onde consta a descrição das fases da

investigação, definição do tipo de estudo, população alvo e amostra, enumeração das

hipóteses de investigação com respetiva categorização e operacionalização das

variáveis, especificando o instrumento de recolha de dados e procedimentos utilizados

na análise dos mesmos, bem como, uma referência às questões éticas.

Finalmente, no terceiro e quarto capítulo procedeu-se à caracterização da amostra,

apresentação dos resultados do estudo e discussão dos mesmos, culminando com as

considerações finais onde se efetua uma breve reflexão sobre a temática, descrevendo as

principais limitações do estudo, desvendando algumas projeções para futuras

investigações.

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5

A elaboração desta investigação tem por finalidade melhorar a qualidade do desmame

ventilatório, iniciando o mesmo o mais precocemente possível, diminuindo o número de

tentativas de PRE e reduzindo o período de desmame, de VMI e o tempo de

internamento em UCI, melhorando assim, os outcomes dos doentes críticos ventilados.

5

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CAPÍTULO I

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. Ventilação Mecânica Invasiva

Os cuidados de enfermagem especializados à pessoa em situação crítica têm evoluído

muito nos últimos anos, tornando-se cada vez mais complexos e exigindo profissionais

altamente qualificados de forma a responder a situações de doença, potencialmente,

reversíveis que põem em risco a vida das pessoas, tendo como recurso uma

concentração de meios técnicos e humanos com diferenciação específica capazes de

suportar, prevenir e reverter falências com implicações vitais. Neste sentido, as UCIs

são os locais qualificados para assumir a responsabilidade integral pelo doente crítico,

definido como “aquele cuja vida está ameaçada por falência ou eminência de falência de

uma ou mais funções vitais e cuja sobrevivência depende de meios avançados de

vigilância, monitorização e terapêutica” (Regulamento nº124/2011, de 18 de fevereiro,

p. 8656).

Aproximadamente, dois terços dos adultos admitidos em UCI necessitam de VMI

(Jordan et al., 2012). De acordo com a Sociedade Europeia de Cuidados Intensivos

(ESICM), a VMI é definida como sendo uma forma de assistência ventilatória artificial

utilizada, essencialmente, para promover a oxigenação e ventilação do doente com

insuficiência respiratória de qualquer etiologia, pelo tempo que for necessário até

reversão do quadro clínico (Camporta & Rubulotta, 2012). Por este motivo, a VMI é,

comumente, utilizada como medida de lifesaving em UCI (Besel, 2006, como citado em

Saadatmand et al., 2013).

A duração da VMI varia consoante a etiologia da insuficiência respiratória e evolução

clínica dos doentes, sendo designada de curta duração quando se prolonga até três dias,

o que é mais frequente nos doentes cirúrgicos; e de duração prolongada quando excede

os três dias, o que acontece em 6% dos doentes (Scales & Pilsworth, 2007; Tonnelier,

2011). De realçar que 10% dos doente críticos requer VMI por um período superior a

três semanas (Cohen, 1994, como citado em Roh, 2012).

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Enquadramento Teórico

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A VMI não é, contudo, isenta de riscos, estando associada a diversas complicações

fisiológicas, nomeadamente: i) relacionadas com o tubo endotraqueal (TET) (mau

funcionamento por acumulo de secreções ou fuga de ar no cuff, mau posicionamento do

TET, auto-extubações, lesão traqueal, edema laríngeo e sinusite); ii) associadas ao

ventilador (hiper/hipoventilação, atelectasias, VAP, hipotensão, pneumotórax, lesão

alveolar); e iii) relacionadas com os efeitos da ventilação a nível multiorgânico

(hipomotilidade gastrointestinal, pneumoperitoneu, úlcera gástrica de stresse,

hemorragia gastrointestinal, arritmias e malnutrição) (Camporta & Rubulota, 2012). Os

doentes submetidos a VMI por tempo prolongado apresentam um aumento da

morbilidade, nomeadamente, da incidência de VAP e da mortalidade (Coplin, Pierson,

Cooley, Newell e Rubenfeld, 2000, como citado em King, 2010; Jordan et al., 2012). A

VMI está, igualmente, associada a um aumento de custos para as instituições. Segundo

Tan (2008), o custo médio por dia de internamento em UCI, a nível europeu, é de 1911

± 230 euros, sendo que a presença de VMI representa um aumento de 29% nesse custo

diário. Os doentes submetidos a VMI prolongada, embora constituam uma minoria,

representam 37% dos custos das UCI (Dasta, McLaughlin, Moby e Piech, 2005, como

citado em Tonnelier at al., 2011). Por outro lado, a VMI está associada a experiências

psicológicas stressantes. A presença do TET é um fator de agitação, pelo desconforto

que provoca, bem como, pelo défice de comunicação associado (Heidersgheit et al.,

2011, Khalaila et al.,2001, como citado em Saadatmand et al., 2013). Assim, e apesar da

sedação, os doentes críticos vivenciam sensações de ansiedade e agitação relacionadas

com a dor, o medo da morte, o défice de mobilização, a dispneia, a privação de sono, a

perda de auto-controlo, e a solidão (Thomas, 2003, Dijkstra et al., 2010, como citado

em Saadatmand et al., 2013).

A VMI deve ser interrompida o mais precocemente possível, logo que a capacidade de

respirar espontaneamente seja restabelecida (Blackwood, 2010). Contudo, a extubação

precoce também acarreta danos, na medida que aumenta a probabilidade de ocorrer re-

intubações, apresentando os doentes maior risco de pneumonia (Thille, Harrois,

Shortgen, Brun-Buisson e Bochard, 2011). Segundo Frutos-Vivar et al. (2011), 31% dos

doentes re-intubados desenvolvem VAP. Além disso, a re-intubação representa, em

média, um acréscimo de doze dias ao período de VMI, vinte e um dias ao tempo de

internamento em UCI e trinta dias a nível hospitalar, assim como, um aumento da

incidência de traqueostomias (King, 2010).

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Enquadramento Teórico

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A VMI é, portanto, uma prática comum em contexto de cuidados intensivos, estando

associada a inúmeras complicações. Neste sentido, a sua suspensão deve ser promovida

assim que possível, de forma a reduzir as complicações que lhe estão associadas.

2. Desmame ventilatório

A descontinuação da VMI pode ser definida como sendo a interrupção brusca ou

gradual do suporte ventilatório, representando um dos aspetos mais importantes dos

cuidados ao doente crítico (Peñuelas et al. 2011). O desmame ventilatório corresponde à

expressão, consensualmente, utilizada para descrever o processo de descontinuação da

VMI (MacIntyre et al. 2001).

O desmame ventilatório consiste, assim, num processo de transição da ventilação

artificial para a respiração espontânea nos doentes que permaneceram submetidos a

VMI por um período igual ou superior a vinte e quatro horas. O seu planeamento deve

iniciar-se aquando a admissão do doente na UCI e envolve o tratamento da causa da

falência respiratória, a identificação dos critérios para iniciar o desmame, a realização

de PRE e a extubação (Boles et al., 2007).

Este processo é complexo e desafiante e não se reduz, meramente, à descontinuação da

VMI, implicando a continuação de cuidados centrados no doente crítico e um

conhecimento profundo de cada um, realçando o papel da enfermagem no processo

(Crocker, 2009, como citado em Lavelle & Dowling, 2011).

2.1. Classificação dos doentes relativamente ao desmame

ventilatório

A maioria dos doentes são facilmente desmamados do ventilador, para outros o

desmame ventilatório torna-se um processo mais difícil e prolongado (Boles et al.,

2007).

Em 2005, decorreu uma conferência internacional sobre o desmame ventilatório onde

foi proposta uma classificação do desmame em função da sua duração e do número de

PRE precedentes à extubação bem-sucedida (Boles et al., 2007). Essa classificação foi

aprovada, consensualmente pela European Respiratory Society, American Thoracic

Society, Society of Critical Care Medicine e pela Societé de Reanimation de Langue

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Enquadramento Teórico

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Fonte: Camporta & Rubulotta, 2012, p.54

Figura 1. Critérios para iniciar o desmame ventilatório

Francaise, permanecendo, atualmente, em vigor (Camporta & Rubulotta, 2012). De

acordo com a mesma, o desmame pode ser considerado fácil, quando os doentes são

extubados à primeira tentativa (o que ocorre em 70% dos casos); difícil quando são

necessárias até três tentativas de PRE ou o processo perdura até sete dias; e prolongado

quando se excede as três tentativas de PRE ou quando o desmame se prolonga para

além dos sete dias.

De acordo com Esteban et al. (2008), o tempo despendido no desmame ventilatório

representa cerca de 40% do tempo total de VMI, pelo que a sua otimização é imperiosa.

2.2. Critérios para o desmame ventilatório

A identificação do timing ideal para iniciar o desmame é o aspeto mais decisivo do

processo. Boles et al. (2007), defendem que a identificação dos doentes com critérios

para o desmame é mais importante do que o método de desmame para redução da

duração da VMI. MacIntyre (2001) enfatiza, ainda, que o desmame ventilatório deve

realizar-se, preferencialmente, no período diurno, de modo a respeitar o ritmo

circadiano do doente, permitindo o repouso durante o período noturno.

No que reporta aos critérios para iniciar o desmame ventilatório, a ESICM estabeleceu

guias orientadoras com o intuito de facilitar e sistematizar a identificação dos doentes

com capacidade para respirar espontaneamente (Camporta & Rubulotta, 2012).

Essencialmente, esses critérios consistem na melhoria da causa da falência respiratória

aguda e na estabilidade hemodinâmica, respiratória e mental do doente (Figura 1).

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Enquadramento Teórico

11

Fonte: Blackwood et al., 2011, p.6

Figura 2. Características dos métodos de desmame ventilatório.

2.3. Métodos de desmame ventilatório

Ao longo da história da VMI, existiu uma considerável variação nos métodos utilizados

para se proceder ao desmame ventilatório. Na revisão sistemática de literatura realizada

por Blackwood et al. (2011), sobre o desmame ventilatório em doentes críticos, foram

incluídos onze estudos realizados entre 1996 e 2009 e participaram 1971 doentes. Os

autores verificaram que, na maioria dos estudos, as PRE eram realizadas diariamente,

por um período que oscilava entre trinta, e cento e vinte minutos. Os métodos utilizados

incluíam a ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV), os modos

ventilatórios assistidos (PA), a peça em T e os métodos computorizados (Figura 2). Na

maioria dos estudos supracitados, o modo SIMV e os métodos computorizados são

descritos como sendo os métodos menos eficientes, enquanto a peça em T e PA estão

associados a melhores resultados, não havendo diferenças significativas entre eles.

Esteban et al. (2008) realizaram, em 2004, um estudo observacional prospetivo em vinte

e três países onde foram incluídos doentes submetidos a VMI por um período até vinte e

oito dias, sendo colhida informação relativamente às caraterísticas da VMI e desmame

ventilatório. Os dados obtidos foram comparados com um estudo similar realizado em

1998, tendo os autores verificado que a peça em T foi o método de desmame mais

comum, observando que o modo SIMV está em desuso.

Estudos Avaliação Método de desmame Critérios de

extubação

Ely, 1996 Diária PRE duas horas em CPAP 5cmH2O Notificação

médica

Kollef, 1997 PRE com duração de 30-60 minutos em

CPAP 5cmH2O, PS de 6 cmH2O e IMV

reduzida gradualmente até 0 ciclos/min

Todos de

acordo

Krishnan, 2004 Diária PRE de uma hora em CPAP 5cmH2O Notificação

médica

Marelich, 2000 Duas

vezes por

dia

< 72horas de admissão: PRE de 30 min com

PS=8 cmH2O.>72 horas de admissão: PEEP,

IMV e PS reduzidos progressivamente para

alcançar FiO2 0,5, PEEP=8 cmH2O, IMV=6

ciclos/min, PS=8 cmH2O.

Notificação

médica

Namen, 2001 Diária PRE de duas horas em CPAP 5cmH2O Notificação

médica

Navalesi, 2008 Diária PRE de uma hora em CPAP 2-3 cmH2O,

FiO2 0,4.

Sim

Piotto, 2008 Diária PRE de duas horas com PS 7 cmH2O,

PEEP=5 cmH2O, FiO2=0,4, FR=1

ciclo/min.

Sim

Rose, 2008 Nenhuma Reduções graduais através de métodos

computorizados até PS 7 cmH2O e PEEP

5cmH2O.

Não

Simeone, 2002 Nenhuma SIMV e PS com reduções progressivas até 0

ciclos/min e PS 4 cmH2O.

Sim

Stahl, 2009 Nenhuma Reduções graduais da PS via métodos

computorizados.

Sim

Strickland, 1993 Nenhuma Reduções progressivas da SIMV e PS

através de métodos computorizados até FR 2

ciclos/min e PS 5cmH2O

Não

CPAP= pressão positiva contínua nas vias aéreas; IMV= ventilação mecânica intermitente;

PEEP= pressão positiva no final da expiração; PS= pressão de suporte; PRE= prova de respiração

espontânea; SIMV= ventilação mecânica intermitente sincronizada; FR= frequência respiratória

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Enquadramento Teórico

12

Atualmente, as guias de orientação da ESICM, vão de encontro às conclusões da revisão

sistemática de literatura efetuada por Blackwood et al. em 2011, devendo o desmame

ventilatório proceder-se mediante a realização de PRE, as quais podem ser realizadas

através de peça em T ou com o doente conectado ao ventilador em PA (com ou sem

pressão de suporte), por um período de trinta minutos (Camporta & Rubulotta, 2012).

De acordo com a tolerância que o doente apresenta à PRE, esta poderá culminar em

extubação, considerando-se o desmame ventilatório bem-sucedido quando o doente

permanece sem necessidade de VMI até quarenta e oito horas após a suspensão do

suporte ventilatório (Teixeira et al., 2012).

2.3.1. A ventilação não invasiva como método de desmame

ventilatório

Mais recentemente, a ventilação não invasiva (VNI), habitualmente, usada em

determinadas situações como alternativa à VMI, para evitar a entubação orotraqueal

(EOT), tem sido utilizada como método de desmame ventilatório.

A VNI pode ser definida como “o conjunto de técnicas que aumentam a ventilação

alveolar sem necessidade de utilizar uma via aérea artificial, evitando ou minimizando

as complicações decorrentes da EOT e da traqueostomia” (Celaya López, Picazo Soto &

González Cruzado, 2011, p.29).

Como já foi referenciado, a VMI é uma medida de suporte, comumente, utilizada nas

UCIs, sendo que na maioria dos casos, pode ser retirada assim que a causa da falência

respiratória esteja resolvida. Contudo, entre 15 a 25% das situações é necessário

proceder ao desmame ventilatório (Epstein & Durbin, 2010).

O sucesso do desmame ventilatório implica, entre outros, a existência de um equilíbrio

entre o aporte e as exigências da musculatura respiratória e a capacidade do sistema

neuromuscular respiratório para superar e manter um padrão respiratório estável e

eficaz. Nesta perspetiva, um desequilíbrio fisiopatológico terá por consequência a

falência do desmame ventilatório, sendo esta situação mais frequente em determinadas

patologias, nomeadamente, nos doentes com Insuficiência Cardíaca (IC), Doença

Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e com patologia neuromuscular (Esquinas

Rodríguez & Celaya López, 2011).

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Enquadramento Teórico

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Durante a VMI a ventilação ocorre por pressão positiva, sendo a capacidade residual

funcional mantida através da aplicação de uma pressão expiratória positiva. Após a sua

remoção ocorre um descongestionamento alveolar e a capacidade residual funcional

diminui abruptamente. Por outro lado, a transição de uma ventilação por pressão

positiva para a respiração espontânea, que ocorre por pressão negativa, aumenta a pré-

carga cardíaca. Por estes motivos, a maioria dos doentes com IC, DPOC e com

patologia neuromuscular não toleram as PRE, beneficiando de uma extubação direta

para VNI que, nestas situações, constitui um método de desmame (Esquina Rodríguez e

Banderas Bravo, 2011).

A utilização de VNI após a extubação proporciona a aplicação de uma pressão positiva

contínua nas vias aéreas, permitindo: i) a nível pulmonar, aumentar a permeabilidade

das vias aéreas superiores, possibilitando o recrutamento de unidades pulmonares

inundadas ou colapsadas, melhorando o shunt intrapulmonar, as trocas gasosas, a

distensibilidade pulmonar e possibilitando a correção das alterações gasosas, bem como

a diminuição do trabalho respiratório com melhoria da sincronia respiratória,

facultando, assim, conforto aos doentes com DPOC (Gordillo Brenes, Días Sesé, &

Picazo Soto, 2011); e ii) a nível hemodinâmico, a pressão intratorácica positiva provoca

uma redução na pré-carga, através da diminuição do retorno venoso e diminuição da

distensibilidade ventricular durante a diástole, facilitando o esvaziamento ventricular

durante a sístole, o que beneficia doentes com algum grau de congestão pulmonar por

IC e aporte excessivo de fluídos (Esquinas Rodríguez & Banderas Bravo, 2011). Na

patologia neuromuscular, a insuficiência respiratória resulta, essencialmente, da

diminuição da força dos músculos respiratórios associada à deformação músculo-

esquelética da caixa torácica, sendo, por este motivo, a hipercapnia a forma de

insuficiência respiratória crónica predominante, surgindo a hipoxia como uma

manifestação secundária e tardia da hipoventilação alveolar. Nestas situações o recurso

à VNI permite diminuir o trabalho da musculatura respiratória e corrigir a

hipoventilação alveolar (Moita, Martins & Guimarães, 2011).

As indicações para o recurso à VNI mediante uma extubação controlada compreendem

várias situações que vêm descritas na literatura.

Em 2003, Ferrer et al. efetuaram um estudo randomizado em doentes que falharam as

PRE durante 3 dias consecutivos. Destes doentes, vinte e um foram extubados

diretamente para VNI e vinte e dois mantiveram o desmame através da realização de

PRE. Os autores constataram que o grupo que foi extubado para VNI apresentou um

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Enquadramento Teórico

14

menor período de VMI, de internamento em UCI e a nível hospitalar, uma menor taxa

de traqueostomias, VAP e choque séptico, bem como, uma maior taxa de sobrevida.

Na revisão sistemática e meta análise de Burns, Adhikari, Keenan e Meade (2009)

foram incluídos doze estudos sobre o uso da VNI em adultos críticos, na sua maioria

com DPOC, para facilitar o desmame ventilatório, verificando que a VNI permitiu

reduzir, significativamente, a taxa de mortalidade, a incidência de VAP, o período de

VMI e de internamento em UCI e hospitalar, concluindo que os doentes com DPOC

beneficiam de uma extubação direta para VNI.

Bach, Gonçalves, Hamdani e Winck (2010) realizaram um estudo sobre o uso de VNI

como método de desmame em doentes com patologia neuromuscular. Os dados foram

recolhidos de cento e cinquenta e sete doentes que tinham previamente falhado as PRE.

Todos os doentes foram extubados para VNI e efetuaram cought assist. Os autores

verificaram que 95% dos doentes foram extubados com sucesso e dos oito doentes que

falharam a extubação numa fase inicial, seis foram extubados com sucesso em tentativas

subsequentes, sendo que apenas dois doentes necessitaram de traqueostomia.

2.4. Causas de falência do desmame ventilatório

Como já foi referido, a existência de um desequilíbrio fisiopatológico pode ter

repercussões ao nível do sistema neuromuscular respiratório, levando à falência do

desmame ventilatório, definida pela intolerância às tentativas de PRE ou pela

necessidade de uma re-intubação nas quarenta e oito horas seguintes à extubação (Boles

et al., 2007).

A fisiopatologia da falência do desmame é complexa e multifatorial, pelo que em 2010,

Heunks e Hoeven desenvolveram um algoritmo estruturado com intuito de fornecer aos

clínicos um instrumento que facilitasse uma abordagem sistematizada das potenciais

causas do fracasso do desmame ventilatório. De acordo com esse algoritmo (Figura 3),

os doentes classificados como tendo um desmame difícil devem ser avaliados

relativamente a eventuais disfunções ao nível dos seguintes itens: A- via aérea e

pulmões; B- função cerebral; C- sistema cardíaco; D- diafragma e E- sistema endócrino,

sendo as situações mais, frequentemente, mencionadas como estando na origem da

falência do desmame ventilatório as seguintes: resolução incompleta da situação que

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Enquadramento Teórico

15

originou a falência respiratória aguda; sedação prolongada; sobrecarga de volémia,

disfunção cardíaca e falência dos músculos respiratórios.

2.5. Gestão do suporte ventilatório na falência do desmame

ventilatório

De acordo com MacIntyre et al. (2001), Vassilakopoulos, Zakynthinos e Roussos

(2005) e Rose, Dainty, Jordan e Blackwood (2014) nos casos em que o doente apresente

algum critério de intolerância à PRE (Figura 4), esta deve ser interrompida e o doente

conectado, novamente, ao ventilador em modo assistido com uma pressão de suporte

que possibilite o repouso da musculatura respiratória, mantendo um certo grau de

autonomia ventilatória, prevenindo, assim, complicações tais como a atrofia muscular e

a disfunção diafragmática. Nestas situações, os autores recomendam que o doente seja,

diariamente, reavaliado quanto aos critérios de desmame ventilatório, realizando as

respetivas PRE, ocorrendo o processo de desmame de forma mais gradual, sendo

prioritária a identificação e correção das causas subjacentes à falência do desmame

ventilatório.

Fonte: Heunks & Johannes, 2010, p. 2

Figura 3. Algoritmo da etiologia da falência do desmame ventilatório

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Enquadramento Teórico

16

2.6. Falência do desmame ventilatório: Alternativas

Como foi referenciado anteriormente, a VMI está associada a inúmeras complicações,

pelo que deve ser evitado o seu prolongamento indevido, promovendo-se a sua

interrupção o mais breve possível. Contudo, a sua suspensão precoce também é

prejudicial para os doentes, uma vez que a necessidade duma re-intubação está

associada a uma maior incidência de VAP e ao aumento da taxa de mortalidade (Ely et

al., 2001; McLean, Jensen, Schroeder, Gibney & Skjodt, 2006).

Nesta perspetiva, é imperioso o desenvolvimento de estratégias para contornar as

complicações associadas à falência do desmame ventilatório.

Fonte: Stawicki, 2007, p. 14

Figura 4. Indicadores de intolerância à prova de respiração

espontânea

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Enquadramento Teórico

17

2.6.1. A ventilação não invasiva

A VNI, para além de ser utilizada como método de desmame, constitui, também, uma

alternativa à re-intubação na insuficiência respiratória aguda pós-extubação, diminuindo

a permanência na UCI, bem como a incidência de complicações associadas à re-

intubação (Esquinas Ridríguez & Celaya López, 2011).

Nava et al. (2005) realizaram um estudo randomizado, com o objetivo de avaliar a

eficácia da VNI para prevenir a falência respiratória no período pós-extubação em

doentes de risco. Na investigação foram incluídos noventa e sete participantes entre os

quais quarenta e nove receberam o tratamento convencional e quarenta e oito foram

submetidos a VNI, tendo os autores concluído que o recurso à VNI permitiu uma

redução de 16% na taxa de re-intubações.

Em 2012, Glossop, Shepherd, Bryden e Mills efetuaram uma meta-analise sobre o uso

da VNI como estratégia para evitar a re-intubação em doentes cirúrgicos, onde foram

incluídos dezasseis estudos, tendo verificado que o uso da VNI permitiu reduzir,

significativamente, a taxa de re-intubações e incidência de VAP, sobretudo em doentes

em período pós-operatório.

A VNI constitui, assim, cada vez mais, uma alternativa válida à VMI, tendo

demonstrado a sua eficácia em diminuir o tempo de VMI, o período de desmame

ventilatório e, consequentemente, em reduzir a incidência de VAP, possibilitando um

menor período de internamento em UCI e a nível hospitalar, dependendo o seu êxito ou

fracasso da precocidade da sua instauração e da seleção adequada dos doentes que dela

poderão beneficiar (Esquinas Ridríguez & Celaya López, 2011).

2.6.2. A traqueostomia

A traqueostomia é o procedimento cirúrgico que consiste na abertura da parede anterior

da traqueia, na sua porção cervical para ventilação. Este procedimento pode ser

realizado através da técnica cirúrgica ou percutânea, mais frequentemente utilizada na

UCI (Ricz, Mello, Freitas & Mamede, 2011).

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Enquadramento Teórico

18

A indicação mais comum para realização de traqueostomia é a necessidade de VMI

prolongada, sendo que outros critérios incluem um baixo nível de consciência, ausência

de reflexos de proteção da via aérea e severas alterações fisiológicas relacionadas com

traumatismos ou doenças neuromusculares. Nestas situações o procedimento é realizado

tendo subjacentes os seguintes objetivos: i) aliviar a via aérea superior da obstrução

relacionada com um tumor, cirurgia, trauma, corpo estranho ou infeção; ii) prevenir o

dano da via aérea associado à VMI prolongada; iii) facilitar o acesso à via aérea

superior para a aspiração de secreções; iv) reduzir o espaço morto, facilitando o

desmame ventilatório e v) promover uma via aérea estável aos doentes que requerem

suporte ventilatório prolongado. De uma forma geral, a traqueostomia proporciona aos

doentes melhor conforto e segurança, na medida em que está associada a uma menor

taxa de auto-extubações (Durbin, 2010).

Nesta perspetiva, a traqueostomia é um procedimento utilizado em doentes que

requerem suporte ventilatório prolongado, constituindo uma solução de último recurso,

dado tratar-se de um método invasivo, sendo recomendada a sua realização nos casos

em que a VMI se prolonga para além dos dez dias (Stawicki, 2007; Durbin, 2010).

Posto isto e apesar das estratégias apresentadas como alternativas à falência do

desmame ventilatório, esta constitui sempre uma situação negativa, associada a piores

resultados, devendo, por isso, ser evitada. Neste sentido, o processo de desmame

ventilatório deve ser planeado aquando a admissão do doente em UCI e iniciado o mais

brevemente possível, de forma a limitar as complicações associadas à VMI, bem como

as decorrentes de uma extubação precoce.

2.7. Intervenção da enfermagem no desmame ventilatório

De uma forma geral, o desmame ventilatório é um processo de responsabilidade médica.

Tradicionalmente, o papel da enfermagem centrava-se, sobretudo, nos cuidados aos

doentes ventilados e na monitorização do processo de desmame ventilatório. De facto,

há muito que a enfermagem desempenha um papel preponderante nos cuidados aos

doentes ventilados, os quais incluem: i) monitorização do estado de

consciência/sedação/agitação e analgesia; ii) reconhecimento e intervenção nos

elementos stressores, tais como: ruídos, alterações da comunicação, perturbações do

sono, sentimentos de solidão, perda de autocontrolo e isolamento social; iii) medidas de

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Enquadramento Teórico

19

conforto (cuidados de higiene e posicionamentos); iv) higiene oral e toilette brônquica e

v) cuidados oftálmicos (Coyer, Wheeler, Wetzig & Couchman, 2006).

No entanto, na última década, com a implementação de protocolos de desmame num

número crescente de UCIs, a intervenção e autonomia da enfermagem, no que respeita

ao desmame ventilatório, tem sido amplamente valorizada, uma vez que os enfermeiros

participam mais ativamente no processo (Lavelle & Dowling, 2011; Haugdahl, Storil,

Rose, Romild & Egerod, 2013; Tingsvik, Johansson & Martensson, 2014).

Atualmente, a nível internacional, assiste-se a uma grande disparidade quanto ao grau

de autonomia e responsabilidade da enfermagem no desmame ventilatório. Assim, na

Nova Zelândia e na Austrália, os enfermeiros de cuidados intensivos são responsáveis

por alterar os parâmetros do ventilador em função das respostas fisiológicas dos

doentes; nos países Escandinavos, os enfermeiros têm autonomia para ajustar as

dosagens da sedação; enquanto no Reino Unido o suporte ventilatório e respetivo

desmame é responsabilidade de uma equipa multidisciplinar constituída por

enfermeiros, fisioterapeutas e médicos, os quais trabalham em colaboração (Rose et al.,

2015).

Em 2012, a Federação Europeia das Associações de Enfermeiros de Cuidados

Intensivos (EfCCNa) emitiu uma posição relativamente ao papel da enfermagem no

desmame ventilatório, afirmando que os enfermeiros devem participar ativamente na

identificação dos doentes com critérios para iniciar o processo de desmame, facilitando

o decurso do mesmo através da aplicação de protocolos de desmame ventilatório.

Assim, o desmame ventilatório é uma intervenção de responsabilidade médica e de

enfermagem, sendo os enfermeiros responsáveis pelo planeamento e implementação do

desmame, bem como pela avaliação e registo das intervenções prestadas aos doentes

ventilados. A proximidade que os enfermeiros de UCI têm aos doentes capacita-os em

identificar, mais precocemente, o momento em que estes reúnem critérios para iniciar o

desmame ventilatório. Contudo, o papel do doente não deve ser menosprezado, tendo

este de ser um participante ativo no processo de desmame ventilatório, sendo, para tal,

fundamental o estabelecimento de uma relação de confiança entre enfermeiro/doente, a

fim de fomentar a interação e comunicação (Tingsvik, Johansson & Martenson, 2014).

De facto, o conhecimento do doente e do seu contexto é crucial para a eficiência do

desmame, tendo os enfermeiros de desenvolver um diálogo dinâmico, sabendo

reconhecer e interpretar, adequadamente, as expressões faciais e corporais dos doentes,

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Enquadramento Teórico

20

pois nem sempre o pânico e suas repercussões hemodinâmicas são indicadores da

necessidade do doente ser novamente conectado ao ventilador (Haugdahl & Storli,

2011).

Assim, a colaboração entre a equipa médica e de enfermagem é determinante para

minimizar as complicações e atrasos na transição para a extubação. Uma colaboração

efetiva requer uma comunicação aberta e coordenada focando os mesmos objetivos,

resultando num aumento da qualidade dos cuidados prestados, maior segurança dos

doentes e melhor satisfação profissional. Em contrapartida, a ausência de colaboração

entre a equipa multidisciplinar conduz a decisões fragmentadas, inconsistentes e a

atrasos no desmame ventilatório (Rose et al, 2011; Haugdahl, Storil, Rose & Egerod,

2013).

3. Protocolos de desmame ventilatório: Estado da arte

Tradicionalmente, todas as decisões relativas ao desmame ventilatório dependiam

unicamente do julgamento clínico, o qual, embora baseado em critérios objetivos, sofria

a influência da experiência, competências e filosofias de desmame de cada médico.

Nesta perspetiva, o interesse por uma praxis mais consistente foi crescendo, transitando-

se de uma abordagem informal, baseada na educação e experiência clínica, para uma

prática mais formal com o desenvolvimento de protocolos de desmame ventilatório

(Blackwood et al., 2010; Jordan et al. 2012).

O conceito de protocolo é baseado no princípio de que o conhecimento coletivo é mais

fidedigno do que o individual. Neste sentido, o seu recurso tem por objetivo diminuir a

variação e incrementar a eficiência da prática, reduzindo a influência da subjetividade

do julgamento e da experiência (Murtagh & Baum, sd.).

De acordo com Blackwood et al. (2011), um protocolo de desmame ventilatório deve

ser elaborado com base em diretrizes atuais e constituído pelos seguintes elementos: i)

lista objetiva dos critérios para iniciar o desmame ventilatório; ii) forma como se deve

proceder o desmame; e iii) lista de critérios para extubação.

Os protocolos de desmame ventilatório são cada vez mais populares entre a comunidade

de cuidados intensivos, pois tem sido demonstrada a sua eficiência na redução da

duração de VMI (Blackwood et al., 2010; Jordan et al., 2012. Rose at al., 2015). A nível

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Enquadramento Teórico

21

europeu, os protocolos de desmame são usados em 56% a 69% das UCIs (Rose et al.

2011).

Tonnelier et al. (2005) realizaram um estudo quantitativo, prospetivo, sobre o impacto

de um protocolo de desmame ventilatório aplicado pela equipa de enfermagem em

doentes submetidos a VMI por um período superior a quarenta e oito horas. O estudo

decorreu numa UCI de um hospital universitário francês de janeiro 2002 a fevereiro

2003, tendo participado cento e quatro doentes. Foram incluídos doentes ventilados por

mais de quarenta e oito horas com critérios para realizar PRE, sendo excluídos

indivíduos com menos de dezoito anos e doentes traqueostomizados à admissão em UCI

ou traqueostomizados nas primeiras quarenta e oito horas de internamento. Os dados

recolhidos foram comparados com um grupo controlo criado entre 1999 e 2001,

submetido a um desmame ventilatório convencional. Os autores verificaram que o

grupo experimental permaneceu menos tempo ventilado (16,6±13 dias versus 22,5±21

dias) e apresentou um período de internamento em UCI inferior (21,6±14,3 dias versus

27,6±21,7 dias) comparativamente com o grupo controlo. Não observaram diferenças

significativas relativamente à incidência de VAP, extubações mal sucedidas e taxa de

mortalidade.

O estudo quantitativo prospetivo de McLean et al. (2006) sobre a implementação de um

protocolo de desmame ventilatório realizou-se numa UCI polivalente de um hospital

universitário dos Estados Unidos da América e abrangeu duzentos e três doentes com

idade igual ou superior a dezoito anos, submetidos a VMI e elegíveis para iniciar

desmame ventilatório. Os critérios de exclusão aplicados foram os seguintes: doentes

extubados após quarenta e oito horas, doentes com doença traqueal e doentes com

síndrome de stresse respiratório em que o desmame não constituía um objetivo. Este

estudo decorreu ao longo de cinco meses e consistiu em recolher dados relativamente ao

desmame ventilatório, num período prévio à implementação do protocolo de desmame,

constituindo, assim, uma base line. Posteriormente, os autores elaboraram um protocolo

de desmame ventilatório que apresentaram à equipa médica e de enfermagem,

realizando, em simultâneo, um programa de formação cuja frequência era voluntária.

Em seguida, o protocolo de desmame foi aplicado no serviço, sendo colhidos os dados e

efetuada a comparação com a base line. Os autores constataram uma redução do período

de VMI, bem como, uma diminuição da incidência de extubações mal sucedidas e VAP

nos doentes submetidos a desmame ventilatório protocolizado.

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Enquadramento Teórico

22

Em 2010, White, Currey e Botti efetuaram uma revisão sistemática de literatura sobre o

desenvolvimento e implementação de protocolos de desmame ventilatório por equipas

multidisciplinares. A pesquisa incluiu artigos publicados entre janeiro 1999 e junho

2009, tendo sido incluídos estudos randomizados e não randomizados realizados em

doentes com dezasseis anos ou mais e submetidos a VMI, tendo como intervenção a

implementação de um protocolo, desenvolvido por uma equipa multidisciplinar, com o

objetivo de facilitar o desmame ventilatório e a extubação. Os resultados da intervenção

foram comparados com um grupo controlo submetido a desmame ventilatório

convencional. De acordo com os critérios de inclusão mencionados, apenas três artigos

foram considerados nesta revisão. Os autores constataram que, em todos os estudos, a

implementação de um protocolo de desmame cursou com a redução do período de VMI,

embora a significância estatística se verificasse em apenas um estudo. Em dois dos

estudos, observou-se uma redução do período de internamento em UCI e das taxas de

re-intubação nos grupos de intervenção. Apesar dos resultados carecerem de

consistência, os autores concluíram que os protocolos de desmame ventilatório podem

ser aplicados com segurança e influenciam positivamente os outcomes dos doentes.

Na revisão sistemática de Blackwood et al. (2011) sobre o uso de protocolos de

desmame ventilatório para redução da duração de VMI em doentes críticos adultos,

foram incluídos ensaios clínicos randomizados ou quase randomizados, efetuados em

adultos submetidos a VMI, sendo excluídos os estudos praticados em crianças, em

doentes traqueostomizados e nos quais a VNI era considerada um método de desmame.

Da pesquisa efetuada, foram considerados um total de onze estudos nos quais

participaram um total de 1971 doentes. Os autores concluíram que, em média, o recurso

a protocolos de desmame ventilatório permitiu reduzir o período de VMI em 25%, o

período de desmame em 78% e a duração do internamento em UCI em 10%.

Roh et al. (2012) desenvolveram um estudo quantitativo prospetivo, randomizado sobre

um protocolo de desmame ventilatório aplicado pela equipa de enfermagem. O estudo

decorreu entre janeiro 2007 a janeiro 2009 e realizou-se numa UCI para adultos de um

hospital da Coreia do Sul. Participaram cento e vinte e dois doentes com idades

compreendidas entre dezoito e noventa anos. Os critérios de inclusão englobavam dados

gasométricos e analíticos. Foram excluídos do estudo doentes: i) ventilados por um

período inferior a doze horas ou superior a catorze dias; ii) submetidos a VNI; iii) com

ordem de não reanimar; iv) com hemorragia ativa; e v) com suspeita de aumento da

pressão intracraniana. A randomização foi efetuada através de um programa

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Enquadramento Teórico

23

computorizado, sendo os doentes divididos em grupo controlo e experimental,

aleatoriamente. No grupo experimental foi instituído o protocolo de desmame

ventilatório elaborado com base nas diretrizes em vigor na altura. Comparando os

resultados, obtidos, os autores verificaram uma redução do período de desmame no

grupo experimental (25 horas versus 47 horas).

O estudo quantitativo prospetivo realizado por Dancker et al. (2013) entre janeiro e

junho 2008 numa UCI de doentes adultos de categoria diagnóstica médica e cirúrgica

sobre a implementação de um protocolo de desmame ventilatório, aplicado pela equipa

de enfermagem, tinha como premissa que a aplicação do protocolo melhoraria os

resultados dos doentes e seria bem aceite pela equipa clínica. Os dados obtidos foram

comparados com os resultados de um estudo retrospetivo em que o desmame

ventilatório decorreu de forma convencional, realizado no mesmo período, em 2007,

com intuito de minimizar o impacto das variações sazonais. Em ambos os grupos, foram

incluídos doentes maiores de idade, submetidos a VMI por um período superior a vinte

e quatro horas, com início de desmame ventilatório na UCI em estudo, sendo excluídos

traqueostomizados à admissão e os que faleceram antes de iniciar o desmame

ventilatório. No total, participaram duzentos e dois doentes (cento e dois no grupo onde

foi implementado o protocolo de desmame e cem no grupo de controlo). Os autores

confirmaram a hipótese inicial, constatando uma redução significativa da duração de

VMI (4 dias versus 2 dias) e do período de internamento (7 dias versus 5 dias) no grupo

de intervenção, onde a extubação ocorreu, em média, 2 horas e 13 minutos mais cedo do

que no grupo controlo. Não foram observadas diferenças significativas relativamente à

taxa de mortalidade, re-intubação e incidência de VAP.

Em 2013, Plani, Becker e Aswegen efetuaram um estudo quantitativo prospetivo numa

UCI polivalente de África do Sul sobre o uso de um protocolo de desmame ventilatório

e de extubação. O estudo decorreu entre setembro 2006 e abril 2008. Os dados obtidos

foram comparados com os resultados de um estudo retrospetivo similar realizado entre

janeiro 2005 e setembro 2006, previamente à implementação do protocolo de desmame

ventilatório. No estudo foram incluídos um total de cinquenta e seis doentes (vinte e

oito em cada grupo) que foram submetidos a VMI por um período superior a três dias e

inferior a trinta dias, sendo excluídos os doentes com lesões neurológicas irreversíveis

ou que falharam mais do que três PRE e doentes com antecedentes de doença cardíaca.

Os autores verificaram uma redução da duração da VMI no grupo de intervenção (14,4

dias versus 16,3 dias), embora sem significado estatístico. Esta redução do período de

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Enquadramento Teórico

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ventilação não resultou numa diminuição do período de internamento. Não observaram

diferenças na taxa de re-intubação.

Em suma, na maioria dos estudos, a implementação de protocolos de desmame

ventilatório aufere resultados positivos nos outcomes dos doentes, destacando a

diminuição do período de desmame ventilatório, de VMI e de internamento em UCI,

bem como uma redução da incidência de VAP. Alguns estudos referem alguma variação

nos resultados obtidos, as quais são associadas, essencialmente a diferenças contextuais

(diferenças culturais entre países, diferentes praticas clínicas, relações interpessoais

entre equipas profissionais, formação académica e profissional) (Rose et al., 2011;

Lavelle e Dowling, 2011; Jordan et al, 2012; Rose et al., 2014).

Além do acima exposto, importa, ainda, salientar que em adição com os protocolos de

desmame, a sedação e analgesia constituem um fator chave na eficiência do desmame,

preconizando-se o uso de protocolos e a interrupção diurna da sedação (Girard et al.

2008).

Por último, salienta-se que, na maioria dos estudos consultados, os protocolos são

desenvolvidos por equipas multidisciplinares e aplicados pela equipa de enfermagem

em colaboração com a equipa clínica.

Posto isto, com base nestas considerações e motivada pela temática foi desenvolvido um

estudo de investigação numa UCI portuguesa para adultos sobre o impacto de um

protocolo de desmame ventilatório, elaborado à luz das atuais guidelines, sobre a

qualidade do desmame.

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CAPÍTULO II

CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA

Nesta parte, descreve-se a metodologia utilizada na realização deste trabalho, que teve

como objetivo principal avaliar os efeitos de um protocolo de desmame ventilatório na

qualidade do desmame e nos outcomes dos doentes.

1. Metodologia

Segundo Baranãno (2008), a metodologia é a análise sistemática e crítica dos

pressupostos, princípios e procedimentos lógicos que modelam a investigação de

determinado problema, devendo indicar o tipo de estudo a realizar, as técnicas utilizadas

para a obtenção de dados, bem como, os métodos aplicados para a exploração de dados

obtidos.

No presente estudo, a metodologia utilizada para elaborar o enquadramento teórico do

tema escolhido consistiu numa revisão bibliográfica nos motores de busca b-on e

EBSCOhost entre o ano 2000 e 2015, através da introdução das seguintes palavras-

chave: unidade de cuidados intensivos; desmame da ventilação mecânica; protocolo de

desmame ventilatório; enfermagem de cuidados críticos.

No sentido de dar resposta aos objetivos propostos para esta investigação, o estudo foi

delineado em duas fases. A primeira fase englobou: i) a elaboração de um protocolo de

desmame ventilatório (Apêndice B), à luz das diretrizes atuais e sua respetiva submissão

ao parecer da equipa clínica do serviço onde foi aplicado; ii) a criação de um

formulário, contendo uma lista de verificação para recolha de dados; iii) o

desenvolvimento e execução de um programa de formação para aplicação do protocolo,

dirigido à equipa multidisciplinar do serviço onde decorreu o estudo cujos planos de

sessão se encontram no Apêndice C; iv) a aplicação do protocolo de desmame no

serviço com a colaboração da equipa médica e de enfermagem, após prévia autorização

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Contextualização Metodológica

26

da comissão de ética da instituição; e v) a recolha de dados através do preenchimento do

formulário elaborado (Apêndice D).

A segunda fase consistiu em efetuar a recolha dos mesmos dados relativos ao desmame

ventilatório num período prévio à implementação do protocolo de desmame

ventilatório, construindo, assim, uma base line, correspondente ao grupo de controlo.

Por último, procedeu-se à análise, tratamento dos dados e respetiva interpretação,

comparando os resultados obtidos no grupo experimental (GE) e no grupo controlo

(GC).

Em seguida, será apresentado o protocolo aplicado, especificado o tipo de estudo que

foi elaborado e enunciadas as hipóteses de investigação. Posteriormente, será

apresentado o instrumento de colheita de dados utilizado, o procedimento de recolha de

dados e respetivas considerações éticas, bem como, a forma como os mesmos foram

analisados.

1.1. Protocolo de desmame ventilatório

O protocolo de desmame ventilatório foi elaborado de acordo com as diretrizes da

ESICM ( Camporta & Rubulotta, 2012) e da EfCCNa (2012), segundo as quais a

elegibilidade de um doente para iniciar o desmame é identificada pela avaliação diária

dos enfermeiros desde a admissão na UCI.

Como já foi referido anteriormente, o protocolo foi apresentado ao staff clínico da UCI

em estudo, tendo sido adaptado ao serviço, resultando dessa colaboração o algoritmo

constante no apêndice B, segundo o qual os critérios para iniciar as PRE consistem na

melhoria da causa da falência respiratória aguda e na estabilidade hemodinâmica,

respiratória e mental do doente. As PRE foram realizadas mediante o recurso à peça em

T ou à PA, por um período de trinta minutos, sendo consideradas bem-sucedidas se o

doente não apresentasse nenhum sinal de intolerância. Nestas situações, a equipa

médica era informada, de forma a poder decidir relativamente à extubação. Caso as PRE

não fossem toleradas, eram interrompidas e o doente reconectado ao ventilador com os

parâmetros previamente programados.

O protocolo supracitado foi objeto de um plano de formação da equipa multidisciplinar,

decorrendo um total de três sessões ao longo do estudo, onde os participantes foram,

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Contextualização Metodológica

27

igualmente, instruídos, relativamente ao preenchimento do instrumento de recolha de

dados.

1.2. Tipo de estudo

Neste subcapítulo da metodologia, importa relembrar a problemática em estudo,

nomeadamente: Quais os efeitos de um protocolo de desmame ventilatório na

qualidade do desmame e nos outcomes de doentes críticos, adultos, submetidos a VMI

numa UCI do norte de Portugal, entre 1 de setembro e 31 de dezembro de 2015?

Nesta perspetiva e mediante os objetivos propostos, a abordagem escolhida foi

quantitativa, pois de acordo com Fortin, Côté e Filion (2009), a abordagem quantitativa,

baseada na perspetiva teórica do positivismo, constitui um processo dedutivo pelo qual

os dados numéricos fornecem conhecimentos objetivos relativamente às variáveis em

estudo.

Relativamente à sua natureza, o estudo corresponde a uma investigação quase-

experimental. A investigação experimental tem subjacente a verificação de relações

causa e efeito entre as variáveis, apresentando as três características seguintes: a

intervenção em situação de investigação, o estabelecimento de um GC e a repartição

aleatória dos participantes no GE e no GC, sendo que se uma ou mais destas

características estiver ausente, o estudo é considerado quase-experimental ou pré-

experimental (Fortin, Côté & Filion, 2009). No estudo elaborado, foi introduzida uma

intervenção, nomeadamente: a implementação de um protocolo de desmame

ventilatório, numa situação de investigação, avaliando o seu efeito sobre as variáveis

dependentes, nomeadamente: “qualidade do desmame” e “outcomes dos doentes”. No

entanto e devido a questões éticas, não se verifica o requisito da distribuição aleatória

dos doentes em GC e GE, uma vez que o GC corresponde a uma base line, constituída

por doentes avaliados num igual período de tempo, relativamente aos mesmos

parâmetros, mas num espaço temporal prévio à implementação do protocolo de

desmame ventilatório, tratando-se, portanto, de um estudo quase-experimental.

Quanto à classificação do estudo segundo o período de referência, o estudo tem uma

parte prospetiva, pois as intervenções foram planeadas com antecedência e a exposição

foi controlada pelos pesquisadores (Sousa, 2009). Contudo, o estudo tem também uma

parte retrospetiva, uma vez que foram, igualmente, colhidos dados relativamente a um

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Contextualização Metodológica

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período prévio à implementação do protocolo de desmame, sendo esta parte do estudo

utilizada para a constituição da base line, correspondente ao GC.

Em suma, o estudo proposto corresponde a um estudo quase-experimental composto

pela comparação de um estudo prospetivo com um estudo retrospetivo (Figura 5).

Figura 5. Desenho e estrutura do estudo

1.3. População alvo e amostra em estudo

Segundo Fortin, Côté e Filion (2009), a população corresponde a um conjunto de

elementos que possuem características comuns. A amostragem, por sua vez, consiste em

definir, claramente, a população considerada e os elementos que a compõem, sendo a

população objeto do estudo designada de população alvo. Nesta perspetiva, a população

alvo engloba o conjunto de indivíduos que satisfazem os critérios de seleção

previamente definidos e que possibilitam efetuar generalizações. Uma vez que

dificilmente existe possibilidade de estudar a população alvo na sua totalidade,

examina-se a população acessível, correspondente à porção da população alvo a que se

pode aceder, correspondendo a amostra à fração da população sobre a qual se realiza o

estudo.

Hipóteses de

investigação

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Contextualização Metodológica

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Com base nestas considerações e tendo em conta a natureza e objetivo do estudo, o

método de amostragem selecionado foi a amostragem não probabilística por escolha

racional. De acordo com Fortin, Côté e Filion (2009), este método é utilizado nas

situações em que a população completa não é acessível, em particular nos estudos

experimentais onde a finalidade é demonstrar a eficácia duma intervenção, sendo os

indivíduos selecionados em função de um conjunto de critérios de inclusão pré-

definidos, de forma a representar o fenómeno em estudo.

Assim, no presente estudo, a população acessível corresponde aos doentes admitidos

numa UCI da região norte de Portugal, sendo a amostra constituída pelo GE e pelo GC

definidos para o estudo.

O GE integrou os doentes admitidos numa UCI do norte de Portugal entre 1 de

setembro e 31 de dezembro de 2015, tendo sido incluídos no estudo todos os doentes

adultos, submetidos a VMI por um período igual ou superior a vinte e quatro horas,

reunindo critérios para iniciar o desmame ventilatório durante o período de

internamento na UCI em estudo. Os critérios de exclusão definidos foram os seguintes:

doentes em peça em T e/ou traqueostomizados à admissão na UCI, doentes que

faleceram ou que foram transferidos antes de reunirem critérios para iniciar o desmame

ventilatório ou antes de o completarem, doentes que foram extubados diretamente para

ventilação espontânea por decisão médica e os doentes nos quais o desmame

ventilatório não constitui um objetivo clínico.

O GC, por sua vez, foi constituído pelos doentes admitidos na UCI em estudo, entre 1

de setembro e 31 de dezembro de 2014, estando sujeitos aos mesmos critérios de

inclusão e exclusão e sendo estudados relativamente às mesmas variáveis que o GE.

De referir que foi escolhido o mesmo período do ano anterior de forma a minimizar o

impacto das variações sazonais relativamente aos diagnósticos médicos, causas da

falência respiratória subjacentes à necessidade de VMI e índices de gravidade aquando a

admissão dos doentes na UCI.

Posto isto, durante o estudo prospetivo foram admitidos, na UCI em estudo, 139 doentes

dos quais 112 necessitaram de suporte ventilatório. Destes doentes, um total de 101

indivíduos foram submetidos a VMI, dos quais 94 por um período superior a vinte e

quatro horas, cumprindo, assim, os critérios de inclusão no estudo. Destes potenciais

participantes, 34 foram excluídos pelos seguintes motivos: i) traqueostomia à admissão

na UCI (3 doentes); ii) transferência para outros serviços ou unidades hospitalares antes

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Contextualização Metodológica

30

de reunirem critérios para o desmame ventilatório ou antes de o completarem (5

doentes, 2 dos quais foram transferidos com traqueostomia, sendo 1 tetraparético); iii) o

desmame ventilatório não constituía um objetivo clínico (9 doentes em limitação de

esforço terapêutico (LET)); iv) falecimento antes da reunião de critérios para o

desmame ventilatório ou antes da sua conclusão (15 doentes); e v) extubação direta para

ventilação espontânea, por indicação médica, sem efetuar desmame ventilatório prévio

(2 doentes, cuja categoria diagnóstica era médica), ficando incluídos no GE, um total de

60 indivíduos, que foram submetidos ao desmame protocolizado (Figura 6).

Por outro lado, durante o estudo retrospetivo, foram admitidos, na UCI em estudo, 145

doentes, dos quais 134 necessitaram de suporte ventilatório. Instituiu-se VMI em 114

doentes, tendo 91 elementos cumprido os critérios de inclusão na investigação, estando

ventilados por um período superior a vinte e quatro horas. Um total de 29 doentes foi

excluído do estudo pelos motivos, em seguida discriminados: i) peça em T à admissão

(1 doente); ii) transferência para outros serviços ou unidades hospitalares antes de reunir

critérios para o desmame ventilatório ou antes de o completar (2 doentes, sendo 1 deles

transferido com traqueostomia); iii) o desmame ventilatório não constituía um objetivo

clínico (13 doentes, dos quais 9 em LET e 4 em morte cerebral para doação de órgãos);

iv) morte antes de reunir critérios para o desmame ventilatório ou antes de o completar

(4 doentes); v) extubação direta para ventilação espontânea, por indicação médica, sem

efetuar desmame ventilatório prévio (9 doentes, com as seguintes categorias

diagnósticas: 2 de cirurgia urgente; 4 de cirurgia programada e 3 de categoria médica).

Esta seleção resultou em 62 doentes incluídos no GC, onde o desmame decorreu de

forma convencional (Figura 6).

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Contextualização Metodológica

31

Figura 6. Seleção da amostra

1.4. Hipóteses de investigação

O estudo realizado corresponde a um estudo quase-experimental no qual uma

intervenção, a implementação de um protocolo de desmame ventilatório, foi introduzida

numa situação de investigação, com o intuito de avaliar o seu efeito sobre as variáveis

dependentes, tendo por base as teorias e os resultados de estudos já realizados sobre o

tema, os quais constam do enquadramento teórico e, sinteticamente, no Apêndice E.

Nesta perspetiva serão avançadas hipóteses de investigação sobre as relações entre as

variáveis em estudo.

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Contextualização Metodológica

32

“Uma hipótese é um enunciado que antecipa relações entre variáveis e que necessita de

uma verificação empírica” (Fortin, Côté & Filion, 2009, p. 165).

As hipóteses abaixo enunciadas correspondem a hipóteses de causalidade, na medida

em que postulam uma relação causa e efeito entre duas ou mais variáveis, definindo

sempre uma direção (Fortin, Côté & Filion, 2009).

Posto isto, e tendo em consideração os objetivos anteriormente definidos, foram

elaboradas as seguintes hipóteses de investigação:

H1: O GE apresentará uma média de número de dias de internamento em UCI,

de dias de VMI, de desmame ventilatório, uma média de timing de início de

desmame e de número de tentativas de PRE até à extubação bem-sucedida

inferior ao GC;

H2: A proporção de doentes que realizará as PRE durante o período noturno

e/ou de forma contínua, que necessitará de VNI de resgate e re-intubações após a

extubação, que serão traqueostomizados e que desenvolverão VAP durante o

internamento na UCI em estudo, será menor no GE do que no GC.

H3: O GE apresentará uma média de score e de ordenação das categorias da

qualidade global de desmame ventilatório superior ao GC.

Em suma, prevê-se que o GE apresente melhor qualidade do desmame ventilatório e

melhores outcomes que o GC.

1.5. Operacionalização e categorização de variáveis

De acordo com Fortin, Côté e Filion (2009), as variáveis constituem as unidades de base

da investigação, correspondendo a características, qualidades ou propriedades de

pessoas, objetos de situações passíveis de alterar ou variar no tempo. Os autores

supracitados referem, ainda, que as variáveis assumem diferentes valores que podem ser

medidos, manipulados ou controlados.

No presente trabalho, as variáveis em estudo foram divididas em três grupos,

nomeadamente:

Dados demográficos, que englobam as variáveis: sexo e idade;

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Contextualização Metodológica

33

Dados clínicos, onde estão inseridas as variáveis: categorias diagnósticas,

antecedentes clínicos, índices de gravidade (Acute Physiologic And Chronic

Health Evolution (APACHE II), Simplified Acute Physiology Score (SAPS II) e

índices de carga de trabalho de enfermagem (Therapeutic Intervention Scoring

System (TISS-28));

Dados de VMI e desmame ventilatório, que abrangem as variáveis

independentes: grupo de estudo, desmame ventilatório invasivo, modos de

desmame, VNI programada e auto-extubações. As variáveis dependentes

encontram-se divididas nas duas grandes variáveis da problemática em estudo: i)

“qualidade do desmame” que engloba as seguintes variáveis: tempo de VMI,

número de tentativas de PRE, período do dia das PRE, tempo de desmame

ventilatório, VNI de resgate, re-intubações; e ii) “outcomes dos doentes” que

insere o tempo de internamento em UCI, timing de início do desmame, VAP e

traqueostomias.

No Apêndice F encontra-se a respetiva classificação, operacionalização e categorização

das variáveis supracitadas.

De acordo com a divisão das variáveis dependentes pertencentes aos dados de VMI e

desmame ventilatório, acima apresentada e elaborada tendo em consideração a

fundamentação teórica já apresentada, foi, posteriormente, criada uma variável que

permite avaliar a qualidade geral do desmame com base no somatório da pontuação

atribuída às seguintes variáveis: tempo de VMI, número de tentativas de PRE, período

do dia das PRE, tempo de desmame ventilatório, VNI de resgate e re-intubações, cujas

tabelas se encontram no Apêndice G.

1.6. Instrumento de recolha de dados

O instrumento de recolha de dados foi elaborado com base na revisão bibliográfica

efetuada e consiste num formulário organizado em três partes, de acordo com os grupos

das principais variáveis estudadas: i) o grupo dos dados demográficos que engloba as

variáveis sexo e idade; ii) o grupo dos dados clínicos, nomeadamente as categorias

diagnósticas, antecedentes clínicos, índices de gravidade e de carga de trabalho de

enfermagem; e iii) o grupo dos dados de VMI e desmame ventilatório onde estão

inseridas as variáveis relativas à qualidade do desmame e outcomes dos doentes, sendo

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Contextualização Metodológica

34

constituído por uma lista de verificação relativa às variáveis inseridas neste último

grupo (Apêndice D).

1.7. Procedimento de recolha de dados e questões éticas

A investigação na área da saúde envolve seres humanos, pelo que é fundamental

assegurar que a mesma decorra no respeito pelos direitos da pessoa. Ao longo do século

XX cometeram-se atrocidades na investigação científica com seres humanos, motivando

o desenvolvimento de códigos de ética e regulamentos em matéria de investigação,

destacando-se o Código de Nuremberga que estabeleceu as regras e princípios éticos na

investigação sobre seres humanos e que serviu de base à Declaração de Helsínquia, que

recomendou a criação de comissões de ética nos estabelecimentos de saúde (Fortin,

Côté & Filion, 2009).

Neste sentido e no intuito de salvaguardar os direitos dos participantes, foi elaborado

um pedido de autorização à Comissão de Ética da instituição (Apêndice H) para

realização do estudo proposto, sendo apresentados os seguintes documentos: a

declaração de responsabilidade do coordenador científico do estudo (Apêndice I), o

parecer do Diretor do serviço em causa (Apêndice J) sobre a disponibilidade para

acolher o processo de colheita da informação solicitada, um exemplar do formulário de

colheita de dados a aplicar, bem como, o formulário de consentimento informado

(Apêndice K).

Após avaliação, a Comissão de Ética autorizou a realização do estudo proposto, sob a

condição de alterar o consentimento informado, possibilitando a sua assinatura pelo

representante legal do doente, o que foi realizado.

Relativamente ao consentimento informado e de acordo com a Norma nº 015/2013

emitida pela Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre o Consentimento Informado e

atualizada a 14 de Outubro de 2014, o consentimento informado, dado por escrito, é

obrigatório nas seguintes situações:

- Interrupção voluntária da gravidez;

- Realização de técnicas invasivas em grávidas;

- Esterilização voluntária;

- Procriação medicamente assistida;

- Colocação de dispositivos anticoncetivos subcutâneos intrauterinos;

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Contextualização Metodológica

35

- Administração de gamaglobulina anti-D;

- Eletroconvulsivoterapia e intervenções psicocirúrgicas;

- Testes genéticos identificados no número 2 do artigo 9 da Lei n.º 12/2005;

- Dádiva, colheita, análise, processamento, preservação, armazenamento,

distribuição e aplicação de tecidos e células de origem humana;

- Colheita e transplante de órgãos de dador vivo;

- Doação de sangue;

- Videovigilância de doentes;

- Bancos de ADN e de outros produtos biológicos;

- Investigação sobre genoma;

- Investigação em pessoas de acordo com o artigo 16.º, alínea V da Convenção de

Oviedo;

- Realização de atos cirúrgicos e/ou anestésicos, com exceção das intervenções

simples de curta duração para tratamento de afeções sobre tecidos superficiais

ou estruturas de fácil acesso, com anestesia local;

- Realização de atos diagnósticos ou terapêuticos invasivos major;

- Gravações de pessoas em fotografia ou suporte áudio ou audiovisual;

- Uso off label de medicamentos de dispensa hospitalar;

- Colheita, estudo analítico, processamento e criopreservação de sangue e tecido

do cordão umbilical e placenta.

De realçar que no serviço onde decorreu o estudo, o desmame ventilatório já se

processava de acordo com as diretrizes orientadoras da ESICM, não se tratando,

portanto, de um estudo experimental/ensaio clínico. A implementação do protocolo de

desmame ventilatório, elaborado à luz das guidelines atuais, em conjunto com o staff

clínico do serviço e aprovado pelo Diretor de Serviço, apenas teve por objetivo

uniformizar e sistematizar o trabalho da equipa multidisciplinar.

A população alvo do estudo foi, essencialmente, constituída por doentes sedo-

analgesiados, sob ventilação mecânica invasiva, apresentando um nível de consciência

insuficiente para um adequado discernimento (estado de coma). Nestas situações, o n.º 7

da Norma 015/2013 da DGS informa que: “As decisões sobre a saúde de uma pessoa

que careça de capacidade para decidir obrigam, independentemente de ser tentado o

seu envolvimento, à obtenção de autorização do seu representante legal, do procurador

de cuidados de saúde, de uma autoridade ou de uma pessoa ou instância designada

pela lei”(p.3), sendo este parâmetro respeitado através da alteração efetuada ao

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Contextualização Metodológica

36

Consentimento informado, imposta pela Comissão de Ética, que consistiu em

acrescentar a possibilidade de este ser assinado pelo representante legal do doente.

De realçar, contudo que a mesma norma prevê, o Consentimento Presumido “nos casos

em que a pessoa está inconsciente ou não está legalmente representada e há risco sério

para a saúde ou vida dessa pessoa em se adiar o ato para a obtenção do seu

consentimento expresso”, prevalecendo, nestas situações, “o dever de agir decorrente

do princípio da beneficência consagrado na ética da saúde”(Norma 015/2013 da DGS,

Textos de Apoio, alinha J., p.5).

Posto isto, e tendo em conta o acima mencionado, perante doentes com um nível de

consciência débil para a tomada de decisão e que reuniam os critérios de inclusão no

estudo, na ausência/inexistência de um represente legal, prevaleceu o Consentimento

Presumido.

A recolha de dados, propriamente dita, foi efetuada com a colaboração da equipa de

enfermagem, mediante o preenchimento do instrumento de colheita de dados nos turnos

da manhã e da tarde, respetivamente.

1.8. Análise de dados

A análise de dados constitui a fase empírica do estudo, tendo sido construída, para o

efeito, uma base de dados no Programa Estatístico para tratamento de dados em

Ciências Sociais (SPSS, versão 22), no qual os mesmos foram editados.

De acordo com Fortin, Côté & Filion (2009), existem duas grandes categorias de

análises estatísticas, nomeadamente: a estatística descritiva e a estatística inferencial. A

análise descritiva consiste em descrever as características da amostra e responder às

questões de investigação. A estatística inferencial, por sua vez, prevê os parâmetros da

população a partir das medidas estatísticas da amostra, tendo em vista a generalização

dos resultados das mesmas, permitindo a verificação das hipóteses de investigação.

Assim, no presente estudo, recorreu-se à estatística descritiva através do cálculo das

frequências absolutas e relativas para todas as variáveis e das medidas de tendência

central e de dispersão para as variáveis de nível de medição de rácio. De acordo com o

exposto anteriormente e tendo em consideração que o presente estudo é de natureza

quase-experimental, os dados obtidos foram analisados através da estatística inferencial,

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Contextualização Metodológica

37

uma vez que se pretende generalizar os resultados da amostra de sujeitos ao conjunto da

população.

Neste sentido, para a análise da hipótese H1 recorreu-se ao teste t de “Student” para

amostras independentes, uma vez que o objetivo consistia em comparar as médias de

um conjunto de variáveis dependentes em dois grupos diferentes, nomeadamente: GC e

GE. Segundo Pestana e Gageiro (2005), este teste estatístico é destinado à comparação

de médias de uma variável quantitativa em dois grupos diferentes de sujeitos. Sendo um

teste paramétrico, o teste t pressupõe a existência de normalidade e homogeneidade. De

acordo com o Teorema do limite central, assume-se que para uma amostra em que cada

grupo tenha uma dimensão superior a trinta, a distribuição da média amostral aproxima-

se da distribuição normal (Maroco, 2007). A homegeneidade foi verificada através do

teste de Levene.

O teste da hipótese H2 foi efetuado com recurso ao ² que “serve para testar se a

frequência com que determinados elementos da amostra se repartem pelas classes de

uma variável nominal é ou não idêntica” (Maroco, 2007, p.103). Segundo Pestana e

Gageiro (2005), trata-se de um teste não paramétrico que se aplica a uma amostra em

que a variável nominal tem duas ou mais categorias, comparando as frequências

observadas com as esperadas., testando-se a igualdade das proporções entre todas as

categorias da varável nominal, sendo, precisamente, o que se pretendia no teste desta

hipótese de investigação.

Na análise estatística da hipótese H3 verificamos, através do teste de 2, se existiam

diferenças estatísticas entre os grupos quanto às categorias diagnósticas, o que não se

constatou (2: p≥ 0,720). Depois utilizou-se o teste t de “Student”, para comparar as

médias da pontuação da variável Qualidade Global do Desmame, no GE e no GC. Além

disso, recorreu-se à ANOVA para comparar a variância de cada grupo (intragrupo), com

a variância entre grupos (intergrupos) (Maroco, 2007). Neste teste estatístico o objetivo

principal consistiu em determinar o efeito isolado e conjunto dos fatores na variável

dependente (Pestana e Gageiro, 2005). Uma vez que se encontravam em estudo, dois

fatores, isto é, duas variáveis independentes (grupos de estudo e categorias

diagnósticas), optou-se pela ANOVA a dois fatores (Maroco, 2007). Sendo um teste

paramétrico exige o cumprimento dos pressupostos da normalidade e homogeneidade.

Pelo Teorema do limite central, pressupõe-se a normalidade. A homogeneidade foi

verificada através do teste de Levene (p≥0,923). Por último, verificou-se se as

ordenações médias das categorias da variável Qualidade Global do desmame, construída

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Contextualização Metodológica

38

a partir da pontuação, diferiam entre o GE e o GC, através do teste de Mann-Whitney. O

nível de significância considerado foi de 5% (Pestana e Gageiro, 2005; Maroco, 2007).

Além do acima exposto, procedeu-se, ainda, à recodificação de algumas variáveis. A

idade foi, inicialmente, recodificada em três grupos etários (adultos, meia idade e

idosos), de acordo com Bee (1997), em função do ciclo de vida. Porém, e tendo em

conta que existiam poucos doentes na faixa etária dos 20 aos 40 anos, foi efetuada uma

adaptação, resultando em apenas dois grupos etários (adultos e idosos), conforme consta

no apêndice F. A variável tempo de VMI foi recodificada em VMI de duração

prolongada, média duração e curta duração, respetivamente, em função do número de

dias de VMI, de acordo com Scales e Pilsworth (2007) e Vianna (2007). As variáveis

tempo de desmame e número de tentativas de PRE foram recodificadas em função do

número de dias de duração do desmame ventilatório e quantidade de PRE realizadas,

respetivamente, permitindo a classificação do desmame em prolongado, difícil e fácil,

de acordo com ESICM (Camporta & Rubulotta, 2012). Por fim, a variável da qualidade

global do desmame foi recodificada em quatro níveis de qualidade (fraca, média, boa e

excelente), em função do somatório dos pontos atribuídos às variáveis: tempo de VMI,

número de tentativas de PRE, período do dia das PRE, tempo de desmame ventilatório,

VNI de resgate, re-intubações, conforme consta no Apêndice G elaborado com base na

pesquisa bibliográfica efetuada.

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39

CAPÍTULO III

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

A apresentação dos resultados encontra-se dividida em quatro subcapítulos:

caracterização demográfica da amostra, caracterização clínica da amostra,

características da ventilação mecânica invasiva e desmame ventilatório, e análise do

efeito da implementação do protocolo de desmame, nos outcomes dos doentes e na

qualidade do desmame, em função do GE e do GC. Inicialmente, procedeu-se à análise

descritiva e de seguida à análise inferencial.

A caraterização demográfica da amostra faz-se quanto ao sexo e ao grupo etário. Na

caraterização clínica descrevem-se os índices de gravidade APACHE II, SAPS II e

carga de trabalho de enfermagem TISS 28, bem como os antecedentes clínicos

relevantes e respetivas categorias diagnósticas dos doentes da amostra. No subcapítulo

referente à ventilação mecânica invasiva e desmame ventilatório, apresentam-se os

dados relativos, respetivamente, ao tempo de internamento, tempo de VMI, timing de

início do desmame, tempo de desmame ventilatório e número de tentativas de PRE, bem

como a descrição dos modos de desmame utilizados, e a classificação da VMI, do

desmame ventilatório e da qualidade global do desmame. No subcapítulo relativo à

análise do efeito da implementação do protocolo de desmame nos outcomes dos doentes

e na qualidade do desmame, procedeu-se à apresentação dos resultados relativos ao teste

das hipóteses de investigação.

1. Caracterização demográfica da amostra

Como já foi referido anteriormente, foram incluídos na amostra um total de 122

participantes, subdivididos em GE (n= 60) e GC (n= 62), respetivamente. No GE foi

observada uma igualdade entre a proporção dos dois sexos (50%) e a maioria dos

doentes (71,7%) pertencia ao grupo etário dos 65-90 anos de idade (idosos), sendo a

média de idade de 69,08±13,5 anos, (Δ39-90). No GC predominavam os doentes do

sexo masculino (68%), mantendo-se a prevalência do grupo etário dos 65-90 anos de

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Apresentação dos Resultados

40

68%

32%

Grupo de Controlo

Masculino

Feminino

idade (idosos) (53,2%), mão não de forma tão acentuada como no GE. A média de idade

era de 63,68±14,85 anos, (Δ21-87) (Gráficos 1 e 2).

Gráfico 1. Distribuição da amostra segundo o sexo

Gráfico 2. Distribuição da amostra por grupos etários

No sentido de verificar se existiam diferenças significativas entre os dois grupos de

estudo, quanto às variáveis demográficas da amostra, procedeu-se à análise inferencial

das variáveis, através do teste estatístico χ², constatando-se que os dois grupos em

estudo não diferiam significativamente quanto ao sexo (p ≥ 0,65). No entanto,

relativamente aos grupos etários observaram-se diferenças significativas entre os grupos

(p ≤ 0,041), havendo uma maior proporção de idosos no GE (Tabela 1).

50%

50%

Grupo Experimental

Masculino

Feminino

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

GRUPO EXPERIMENTAL GRUPO CONTROLO

28,3%

46,8%

71,7%

53,2%

21-64 anos Adultos 65-90 anos Idosos

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Apresentação dos Resultados

41

Tabela 1.

Resultados do teste χ² para avaliar diferenças quanto às variáveis demográficas

Variáveis GE GC n Valor do

teste

gl p

Sexo

3,968

1

0,065* Masculino

RA 30 (50%)

-2,0

42 (67,7%)

2,0

72

Feminino RA

30 (50%)

2,0

20 (32,3%)

-2,0

50

Grupos etários

Adultos

(21-64 anos) RA

17 (28,3%)

-2,1

29 (46,8%)

2,1

46

4,415

1

0,041*

Idosos

(65-90 anos) RA

43 (71,7%)

2,1

33 (53,2%)

-2,1

76

Legenda: GE – Grupo experimental; GC – Grupo de controlo; n – Frequência absoluta; gl – Graus de

liberdade; p - Probabilidade; RA – Resíduo ajustado. * Teste Exato de Fisher

2. Caracterização clínica da amostra

Relativamente aos dados clínicos, a amostra apresentava elevados índices de gravidade

e cargas de trabalho de enfermagem. Para o GE calculou-se um APACHE II médio de

19,55±10,6, um SAPS II de 43,53±10,9 e TISS 28 de 34,82±5,91. O GC, por sua vez,

apresentou um APACHE II de 18,52±6,1, um SAPS II de 43,97±11,12 e TISS 28 de

32,81±3,8 (Tabela 2).

Tabela 2.

Caracterização clínica da amostra quanto às medidas de tendência central e de dispersão

Variáveis me±dp md mo min Máx

GE

APACHE II SAPS II

TISS 28

19,55±10,6 43,53±10,9 34,82±5,91

18

42,5

35

18

42

32

7

15

16

75

71

48

GC

APACHE II SAPS II

TISS 28

18,52±6,1 43,97±11,12

32,81±3,8

18

44,5

33

17

47

33

6

23

20

31

62

40 Legenda: GE – Grupo experimental; GC – Grupo de controlo; me±dp – média e desvio padrão; md –

mediana; mo – moda; min – mínimo; máx – máximo.

A categoria diagnóstica mais prevalente na amostra foi a médica (48,4%) e a menos

prevalente a do trauma (9,8%). A proporção da categoria diagnóstica médica e cirúrgica

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Apresentação dos Resultados

42

é ligeiramente mais elevada no GE, enquanto a categoria trauma é quase o dobro no GC

(Tabela 3).

Tabela 3.

Distribuição da amostra quanto às categorias diagnósticas (%)

Categorias

diagnósticas

GE GC Total

Médica 50,0 46,8 48,4

Cirúrgica 43,3 40,3 41,8

Trauma 6,7 12,9 9,8

No que respeita à categoria cirúrgica, contatou-se que as cirurgias urgentes são mais

frequentes, representando 38,3% das cirurgias no GE e 35,5% no GC, respetivamente

(Gráfico3).

Gráfico 3. Distribuição da categoria cirúrgica

No sentido de verificar se os dois grupos de estudo diferiam entre si relativamente à

distribuição dos doentes pelas respetivas categorias diagnósticas, procedeu-se à análise

inferencial da variável, recorrendo ao teste estatístico χ², constatando-se que não

existiam diferenças significativas entre os grupos de estudo (p≥0,72) (Tabela 4). Assim,

as categorias diagnósticas não são, à partida, uma condição diferenciadora entre os dois

grupos.

0 5 10 15 20 25

CRUPO EXPERIMENTAL

GRUPO CONTROLO

38,3%

35,5%

5%

4,8%

Cirurgia Programada Cirurgia Urgente

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Apresentação dos Resultados

43

Tabela 4.

Resultados do teste de χ2 quanto às Categorias diagnósticas

Categoria diagnóstica GE GC N Valor do

teste

Gl P

Médica RA

30 (50%)

0,4

29 (46,8%)

- 0,4

59

1,34

3

0,72*

Cirurgia Urgente RA

23 (38,3%)

0,3

22 (35,5%)

- 0,3

45

Cirurgia Programada RA

3 (5%)

-0,0

3 (4,8%)

0,0

6

Trauma RA

4 (6,7%)

-1,2

8 (12,9%)

1,2

12

Legenda: GE – Grupo experimental; GC – Grupo de controlo; n – Frequência absoluta; gl – Graus de

liberdade; p - Probabilidade; RA – Resíduo ajustado. * Teste Qui-quadrado de Pearson

3. Características da ventilação mecânica invasiva e desmame

ventilatório

A análise descritiva dos dados obtidos revela que o GE apresentou médias de tempo de

internamento, tempo de VMI, timing de início de desmame, tempo de desmame

ventilatório e número de tentativas de PRE inferiores ao GC (Tabela 5).

Tabela 5.

Análise descritiva do desmame ventilatório de acordo com o Grupo de estudo

Variáveis Grupo Experimental Grupo Controlo

Tempo de internamento

em UCI

8,47±5,8 10,1±7,1

Tempo de VMI 6,95±5,17 8,69±6.65

Timing do início do

desmame

4,47±2,29 6,15±4,35

Tempo de desmame

ventilatório

2,1±3,25 3,31±3,41

Nº de tentativas de PRE 2,08±1,7 2,42±2,41

Por outro lado, no GE assiste-se a uma redução da proporção de doentes com desmame

difícil, prevalecendo o desmame fácil, tendo em conta que 55% dos doentes concluiu o

desmame entre 0 a 1 dia, necessitando apenas de uma tentativa de PRE em 51,7% dos

casos. Por sua vez, verificou-se que a maioria dos doentes do GC apresentava um

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Apresentação dos Resultados

44

desmame difícil, uma vez que 69,4% dos doentes foi desmamado entre 2 a 7 dias e

43,5% necessitou de 2 a 3 tentativas de PRE até à extubação bem-sucedida (Gráfico 4 e

5).

Gráfico 4. Classificação do desmame ventilatório em função do tempo de desmame vs Grupos de estudo

Gráfico 5. Classificação do desmame ventilatório em função do nº de tentativas de PRE vs Grupos de

estudo

Nesta perspetiva, observou-se um aumento na proporção de doentes submetidos a VMI

de curta duração no GE (36,7%), relativamente ao GC (22,6%) (Gráfico 6).

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

DESMAME PROLONGADO (> 7 DIAS)

DESMAME DIFÍCIL (2-7 DIAS)

DESMAME FÁCIL (0-1 DIA)

3,3%

41,7%

55%

6,5%

69,4%

24,2%

Grupo Controlo Grupo Experimental

0 10 20 30 40

DESMAME PROLONGADO (> 3 TENTATIVAS)

DESMAME DIFÍCIL (2-3 TENTATIVAS)

DESMAME FÁCIL (1 TENTATIVA)

13,3%

35%

51,7%

14,5%

43,5%

41,9%

Grupo Controlo Grupo Experimental

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Apresentação dos Resultados

45

Gráfico 6. Classificação da VMI vs Grupos de estudo

A análise dos dados, respeitantes às categorias diagnósticas, revelou os mesmos

resultados, sendo mais notório relativamente aos doentes de categoria diagnóstica

médica. No GC, a maioria dos doentes de categoria médica apresentavam um desmame

difícil, uma vez que 75,9% efetuou o desmame entre 2 a 7 dias e 48,3% necessitou entre

2 a 3 tentativas de PRE, sendo submetidos a VMI de média duração em 48,3% dos

casos. No GE, a maior parte dos doentes de categoria médica efetuou um desmame

fácil, na medida em que 66,7% efetuou o desmame entre 0 e 1 dia e 60% necessitou de

apenas uma tentativa de PRE, prevalecendo a VMI de curta duração (46,7%) (Tabela 6).

Relativamente aos doentes de categoria cirúrgica programada, não se observaram

diferenças entre os grupos de estudo, no que concerne o tempo de VMI e a classificação

do desmame. Contudo, no GE, assistiu-se a um aumento da proporção de doentes

submetidos a VMI de duração prolongada e de desmame prolongado, no que respeita ao

nº de tentativas de PRE, relativamente aos doentes de categoria diagnóstica trauma. De

facto, 50% destes doentes foram submetidos a VMI por um período superior a 10 dias,

necessitando de mais de 3 tentativas de PRE até à extubação bem-sucedida em 25% dos

casos, enquanto, no GC somente 37,5% dos doentes de trauma necessitou de VMI

prolongada, realizando-se mais do que 3 tentativas de PRE em apenas 12,5% das

situações (Tabela 6).

0 10 20 30

VMI DE DURAÇÃO PROLONGADA (> 10 DIAS )

VMI DE MÉDIA DURAÇÃO (4-10 DIAS)

VMI DE CURTA DURAÇÃO (1-3 DIAS)

Grupo Controlo Grupo Experimental

n=14

(22,6%) n=22

(36,7%)

n=28

(45,2%)

n=24

(40%)n=20

(32,3%)n=14

(23,3%)

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Apresentação dos Resultados

46

Tabela 6.

Análise descritiva da VMI e desmame ventilatório de acordo com o Grupo de estudo e Categorias

diagnósticas (%)

Variáveis Categorias diagnósticas Total

GE

Tempo de desmame

ventilatório Desmame prolongado

(> 7 dias)

Desmame difícil

(2-7 dias)

Desmame fácil

(0-1 dia)

Nº Tentativas de PRE

Desmame prolongado

(> 3 tentativas)

Desmame difícil

(2-3 tentativas)

Desmame fácil

(1 tentativa)

Tempo de VMI

VMI prolongada

(>10 dias)

VMI de média duração

(4-10 dias)

VMI de curta duração

(1-3 dias)

Médica

3,3

30

66,7

13,3

26,7

60

13,3

40

46,7

Cirurgia

Programada

0

33,3

66,7

0

33,3

66,7

0

33,3

66,7

Cirurgia

Urgente

4,3

52,2

43,5

13

43,5

43,3

34,8

43,5

21,7

Trauma

0

75

25

25

50

25

50

25

25

3,3

41,7

55

13,3

35

51,7

23,3

40

36,7

GC

Tempo de desmame

ventilatório Desmame prolongado

(> 7 dias)

Desmame difícil

(2-7 dias)

Desmame fácil

(0-1 dia)

Nº Tentativas de PRE

Desmame prolongado

(> 3 tentativas)

Desmame difícil

(2-3 tentativas)

Desmame fácil

(1 tentativa)

Tempo de VMI

VMI prolongada

(>10 dias)

VMI de média duração

(4-10 dias)

VMI de curta duração

(1-3 dias)

3,4

75,9

20,7

13,8

48,3

37,9

24,1

48,3

27,6

0

33,3

66,7

0

33,3

66,7

0

33,3

66,7

13,6

63,6

22,7

18,2

36,4

45,5

45,5

40,9

21,4

0

75

25

12,5

50

37,5

37,5

50

12,5

6,5

69,9

24,2

14,5

43,5

41,9

32,3

45,2

22,6

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Apresentação dos Resultados

47

De uma forma geral, a PA foi o método de desmame utilizado com mais frequência na

amostra (52,5%), observando-se diferenças entre as proporções nos grupos de estudo.

No GE, as PRE realizaram-se, predominantemente, através de peça em T (56,7%),

sendo esta proporção superior à do GC, enquanto no GC, as PRE fizeram-se recorrendo

a PA na maioria dos doentes (61,3%), sendo esta proporção mais elevada do que a do

GE (Tabela 7).

Tabela 7.

Modos de desmame ventilatório de acordo com Grupos de estudo (%)

Modos de desmame GE GC Total

PA 43,3 61,3 52,5

Peça T 56,7 38,7 47,5

VNI Programada 28,3 24,2 26,2

No GE, a maioria dos doentes de categoria médica efetuaram o desmame através de

peça em T (63,3%), enquanto no GC recorreram a PA em 69% dos casos. Em ambos os

grupos, constatou-se que os doentes de categoria cirúrgica urgente foram desmamados,

na sua maioria, com recurso à PA, enquanto 100% dos doentes de cirurgia programada

utilizaram peça em T (Tabela 8).

Tabela 8.

Tabulação cruzada entre Modos de desmame vs Grupos de estudo e Categorias diagnósticas (%)

Variáveis Modos de desmame

PA Peça T

GE

Categorias diagnósticas

Médica 36,7 63,3

Cirurgia Programada 0 100

Cirurgia Urgente 56,5 43,5

Trauma 50 50

GC

Categorias diagnósticas

Médica 69 31

Cirurgia Programada 0 100

Cirurgia Urgente 63,6 36,4

Trauma 50 50

Total 52,5 47,5

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Apresentação dos Resultados

48

Em ambos os grupos, observou-se que a maioria dos doentes que necessitou de VNI

programada pertencia à categoria diagnóstica médica (58,8% no GE e 46,7% no GC)

(Tabela 9).

Tabela 9.

Tabulação cruzada entre VNI programada vs Grupos de estudo e Categorias diagnósticas (%)

Variáveis VNI programada

Sim Não

GE

Categorias diagnósticas

Médica 58,8 46,5

Cirurgia Programada 0 7

Cirurgia Urgente 35,3 39,5

Trauma 5,9 7

GC

Categorias diagnósticas

Médica 46,7 46,8

Cirurgia Programada 0 6,4

Cirurgia Urgente 33,3 36,2

Trauma 20 10,6

Total 26,2 73,8

Por fim, verificou-se, ainda, que 58,8% dos doentes do GE e 40% do GC que

necessitaram de VNI programada após a extubação tinham antecedentes clínicos

relevantes, sendo o mais frequente a IC (Tabela 10).

Tabela 10.

Tabulação cruzada entre VNI Programada vs Grupos de estudo e Antecedentes clínicos relevantes (%)

Variáveis VNI programada

Sim Não

GE

Antecedentes Clínicos

Não 41,2 67,4

Sim 58,8 32,6

IC 50 42,9

DPOC 20 35,7

DPOC+IC 20 14,3

Dça. Neuromuscular 10 7,1

GC

Antecedentes Clínicos

Não 60 72,3

Sim 40 27,7

IC 50 61,5

DPOC 0 23,1

DPOC+IC 50 15,4

Total 26,2 73,8

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Apresentação dos Resultados

49

0%

21%

55%

24%

Grupo Controlo

Fraca (0-1 pontos) Média (2-5 pontos)

Boa (6-8 pontos) Excelente (9-11 pontos)

Relativamente à qualidade global do desmame, o estudo descritivo efetuado revela que

a maioria dos doentes do GE efetuaram o desmame ventilatório com qualidade

excelente (53%), e apenas 7% foram submetidos a desmame de qualidade medíocre. No

GC, prevaleceu o desmame de boa qualidade (55%), ocorrendo desmame de medíocre

qualidade em 21% dos casos (Gráfico 7).

Gráfico 7. Análise descritiva da Qualidade global do desmame em função do Grupo de estudo

4. Análise do efeito da implementação do protocolo de desmame

ventilatório nos outcomes dos doentes e na qualidade do desmame

Em seguida, procede-se à apresentação dos resultados obtidos, relativos à estatística

inferencial para testar as hipóteses colocadas no âmbito desta investigação.

4.1. Hipótese H1

H1 - O GE apresentará uma média de número de dias de internamento em UCI, de dias

de VMI, de desmame ventilatório, uma média de timing de início de desmame e de

número de tentativas de PRE até à extubação bem-sucedida inferior ao GC.

A análise inferencial da hipótese H1 foi efetuada através duma análise univariada,

recorrendo ao teste t de “Student” para duas amostras independentes. Constatou-se que,

no GE, o desmame ventilatório iniciou-se, em média, ao 4,47±4,35 dia de VMI,

2%

7%

38%

53%

Grupo Experimental

Fraca (0-1 pontos) Média (2-5 pontos)

Boa (6-8 pontos) Excelente (9-11 pontos)

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Apresentação dos Resultados

50

enquanto no GC, teve início, em média, ao 6,15±2,9 dia de VMI. Além disso, o GE

demorou, em média, 2,1±3,25 dias a concluir o desmame ventilatório, contrastando com

o GC, que necessitou, em média, de 3.31±3,41 dias.

As diferenças observadas entre os dois grupos relativamente às médias de timing de

início de desmame e tempo de desmame ventilatório são estatisticamente

significativas (p≤0,013 e p≤0,048, respetivamente), não se rejeitando a hipótese H1 para

estas variáveis, constatando-se que a média de timing de início do desmame e tempo

de desmame ventilatório do GE difere, significativamente, relativamente ao GC, sendo

menos elevada no primeiro grupo.

Não se observaram diferenças estatísticas significativas entre os grupos de estudo no

que respeita às médias de tempo de internamento, tempo de VMI e número de

tentativas de PRE, rejeitando-se a hipótese H1 para essas variáveis (Tabela 11).

Tabela 11.

Teste t de ”Student” para diferenças entre as médias das variáveis dependentes da hipótese H1 em função

do Grupo de estudo

Variáveis

dependentes

Grupos do estudo Me±dp Valor do

teste

gl p

Tempo de

internamento

em UCI

GE

GC

8,47±5,81

10,1±7,1

1,39 120

0,17

Tempo de

VMI

GE

GC

6,95±5,17

8,69±6,65

1,61 120 0,109

Tempo de

desmame

ventilatório

GE

GC

2,1±3,25

3,31±3,41

2 120 0,048

Timing de

inicio do

desmame

GE

GC

4,47±4,35

6,16±2,9

2,52 106,8 0,013

Nº de

tentativas de

PRE

GE

GC

2,08±1,71

2,42±2,41

0,89

120 0,378

Legenda: GE – Grupo experimental; GC – Grupo de controlo; me±dp – média e desvio padrão; gl –

Graus de liberdade; p – Probabilidade.

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Apresentação dos Resultados

51

4.2. Hipótese H2

H2 - A proporção de doentes que realizará as PRE durante o período noturno e/ou de

forma contínua, que necessitará de VNI de resgate e re-intubações após a extubação,

que serão traqueostomizados e que desenvolverão VAP durante o internamento na UCI

em estudo, será menor no GE do que no GC.

A análise inferencial da hipótese H2 foi efetuada, recorrendo ao teste χ2, verificando-se

que apenas o período do dia das PRE dependia do grupo de estudo (p≤0,000).

Observou-se um menor número de casos de PRE realizadas de forma contínua (8,3%) e

durante o período noturno (0,0%) no GE, não se rejeitando a hipótese H2

relativamente ao período do dia das PRE.

Não foram observadas diferenças significativas entre as proporções das categorias das

restantes variáveis nominais dependentes, para as quais a hipótese H2 deve ser rejeitada

(Tabela 12).

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Apresentação dos Resultados

52

Tabela 12.

Teste χ2 para diferenças entre as proporções das categorias das variáveis nominais dependentes da

hipótese H2 em função do Grupo de estudo

Variáveis GE GC n Valor do

teste

Gl P

Período do dia das PRE

Contínua

RA 5 (8,3%)

-2,4

15 (24,2%)

2,4

20

25,704

3

0,000*

Noite

RA 0 (0%)

-3,6

12 (19,4%)

3,6

12

Tarde

12 (20%)

-0,6

15 (24,2%)

0,6

27

Manhã

RA

43 (71,7%)

4,4

20 (32,3%)

-4,4

63

VNI de resgate 1

0,440ª Sim

RA

Não

RA

2 (3,3%)

-1,1

58 (96,7%)

1,1

5 (8,1%)

1,1

57 (91,9%)

-1,1

7

115

1,262

Reintubações 1

0,363ª Sim

RA

Não

RA

4 (6,7%)

-1,2

56 (93,3%)

1,2

8 (12,9%)

1,2

54 (87,1%)

-1,2

12

110

1,337

VAP 1

0,717ª Sim

RA

Não

RA

3 (5%)

-0,7

57 (95%)

0,7

5 (8,1%)

0,7

57 (46,7%)

-0,7

8

114

0,467

Traqueostomia 1

0,241ª Sim

RA

Não

RA

4 (6,7%)

-1,4

56 (93,3%)

1,4

9 (14,5%)

1,4

53 (85,5%)

-1,4

13

109

1,973

Legenda: GE – Grupo experimental; GC – Grupo de controlo; n – Frequência absoluta; gl – Graus de

liberdade; p - Probabilidade; RA – Resíduo ajustado. * Teste Qui-quadrado de Pearson; ª – Teste Exato de

Fisher.

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Apresentação dos Resultados

53

4.3. Hipótese H3

H3 - O GE apresentará uma média de score e de ordenação das categorias da

pontuação da qualidade global de desmame ventilatório superior ao GC.

A abordagem da hipótese H3 procedeu-se em 3 etapas.

Inicialmente, procedeu-se à verificação da hipótese H3, efetuando a comparação das

médias da pontuação da qualidade global do desmame nos dois grupos de estudo,

através do teste t de “Student” para amostras independentes.

Em seguida, procurou-se perceber o efeito isolado e conjunto dos dois fatores: grupos

de estudo e categoria diagnóstica na qualidade global do desmame através do teste

ANOVA a dois fatores.

Na terceira e última etapa, testou-se as médias de ordenação das categorias de

pontuação contruídas para a qualidade global do desmame (Apêndice G), recorrendo

ao teste Mann-Whitney para amostras independentes.

Teste t de “Student”

Através do t teste, comparou-se as médias da qualidade global do desmame, nos dois

grupos de sujeitos GE e GC, em análise. Constatou-se que existem diferenças altamente

significativas entre a média da qualidade global do desmame (p≤0,000) dos dois

grupos em análise, verificando-se que a média do GE (8,47) é mais elevada do que a do

GC (6,79), não se rejeitando, portanto, a hipótese H3. Em suma, a qualidade de

desmame do GE foi superior à do GC (Tabela 13).

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Apresentação dos Resultados

54

Tabela 13.

Teste t de “Student” para comparar as médias do somatório da pontuação da qualidade global do

desmame entre os Grupos de estudo

Variável

dependente

Grupos do

estudo

Me±dp Valor do

teste

gl P

Qualidade global

do desmame

GE

GC

8,47±2,4

6,79±2,33

-3,914 120 0,000

Legenda: GE – Grupo experimental; GC – Grupo de controlo; me±dp – média e desvio padrão; gl –

Graus de liberdade; p – Probabilidade.

Teste ANOVA a dois fatores

Depois de considerar os efeitos das categorias diagnósticas, através do teste ANOVA, foi

possível afirmar que o grupo de estudo, ou seja, a implementação do protocolo de

desmame teve um efeito significativo (p≤0,033) na qualidade global do desmame,

com uma potência de 0,534.

Em contrapartida, a categoria diagnóstica não teve uma influência relevante na média

da qualidade global do desmame (p≥0,147).

Finalmente, o efeito do fator grupo de estudo sobre a qualidade global do desmame

não foi influenciado pela categoria diagnóstica (ou vice-versa) como sugere a

interação não significativa entre os dois fatores (p≥0,505) (Tabela 14).

Tabela 14.

Teste ANOVA a dois fatores não paramétrico: teste de efeitos entre assuntos

FATORES P Potência

GRUPOS DE ESTUDO 0,033 0,534

CATEGORIA DIAGNÓSTICA 0,147 0,411

GRUPOS DE ESTUDO*CATEGORIA

DIAGNÓSTICA

0,505 0,153

Nota: Variável dependente – Qualidade global do desmame ventilatório

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Apresentação dos Resultados

55

Teste Mann-Whitney

Nesta última abordagem da hipótese H3 optou-se pelo teste Mann-Whitney, na medida

em que se pretendia comparar as ordenações médias das categorias da qualidade global

do desmame entre os grupos de estudo. Após aplicar o teste estatístico supracitado

verificou-se que, as ordenações médias das categorias da qualidade global do

desmame dos dois grupos diferiam significativamente (MW: p≤0,001), sendo que a

ordenação média do GE (71,50) é superior à do GC (51,82). Assim, o GE teve uma

maior proporção de casos enquadrados nas categorias de qualidade boa e excelente de

desmame do que o GC, não se rejeitando a hipótese H3 (Tabela 15).

Tabela 15.

Teste Mann-Whitney para comparar as ordenações da qualidade global do desmame entre os Grupos de

estudo

Variável

dependente

Grupos

de estudo

N Média das

ordens

Valor do

teste

P

Qualidade global do

desmame

GE 60 71,50 1260 0,001

GC 62 51,82

Legenda: GE – Grupo experimental; GC – Grupo de controlo; p – Probabilidade.

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39

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57

CAPÍTULO IV

Discussão DOS RESULTADOS

Após a apresentação dos resultados obtidos proceder-se-á à sua discussão, na mesma

ordem sequencial: caraterização demográfica da amostra, caraterização clínica,

características da VMI e desmame ventilatório, e análise do efeito da implementação do

protocolo de desmame ventilatório nos outcomes dos doentes e na qualidade do

desmame. Será feita a comparação dos mesmos com a literatura consultada e, sempre

que possível, com resultados de outros estudos.

1. Quanto à caracterização demográfica da amostra

No presente estudo verificou-se igualdade de proporções dos dois sexos no GE e

predomínio do sexo masculino (68%) no GC, diferenças que não se revelaram

estatisticamente significativas. Em ambos os grupos, prevalecerem doentes idosos, entre

a sexagésima e a nonagésima década de vida, tendo sido identificadas diferenças

estatísticas significativas (2: p≤0,041) no que concerne à distribuição dos doentes por

grupos etários, existindo uma maior proporção de idosos no GE. A prevalência de

doentes idosos do sexo masculino estende-se a outros estudos realizados sobre a mesma

temática. No estudo realizado por Tonnelier et al. (2005) a amostra foi constituída por

uma maioria de sujeitos do sexo masculino (62%) com idade média de 57±18 anos.

McLean et al. (2006) obtiveram uma amostra em que 64,3% dos indivíduos eram

homens, sendo a faixa etária predominante da sexagésima à octogésima década de vida.

Na investigação desenvolvida por Roh et al. (2012), o GE era constituído, na sua

maioria, por doentes do sexo masculino (68,0%) e apresentava uma idade média de

64,2±13 anos. No GC mantinha-se, igualmente o predomínio do sexo masculino (77%),

sendo a média de idades de 63,4±13,3 anos.

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Discussão dos Resultados

58

2. Quanto à caracterização clínica da amostra

No presente estudo, a categoria diagnóstica médica foi predominante, e os índices de

gravidade e cargas de trabalho de enfermagem revelaram-se elevados, características,

igualmente, encontradas nos estudos de Tonnelier et al. (2005) onde a proporção da

categoria diagnóstica médica foi de 54% no GE e 63% no GC, sendo o SAPS II médio

superior ao que se observou no presente estudo (49±18 em ambos os grupos). O mesmo

sucedeu na investigação de McLean et al. (2006), que calcularam um APACHE II de

20,8±7 antes da intervenção e de 20,2±7,6 após instituir o protocolo. Danckers et al.

(2013) determinaram uma média de APACHE II de 19,5±7,9 no GE e 19,3±8,1 no GC,

valores similares aos que se obtiveram neste estudo.

3. Quanto às características da ventilação mecânica invasiva e

desmame ventilatório

No GE constatou-se a uma diminuição do timing de início do desmame, do nº de

tentativas de PRE, do tempo de desmame, de VMI e do período de internamento, o que

vai de encontro aos resultados obtidos em estudos anteriores. Através de uma revisão

sistemática, White, Currey & Botti (2010) constataram que, através da implementação

de um protocolo de desmame: i) Smynios et al. (2002) conseguiram uma redução do

tempo de VMI de 8,1±8 para 7,6±7,1 dias e do período de internamento de 10,7±11,1

para 9,6±7,9 dias, e ii) Grap et al. (2003) passaram de uma média de 7±10,4 dias de

VMI para 5,59±7 dias e um período médio de internamento de 8,62±11,4 para 7,93±8,2

dias. Roh et al. (2012), através dum estudo prospetivo randomizado sobre a aplicação de

um protocolo de desmame, verificaram que o GE apresentou uma redução do tempo de

desmame relativamente ao GC (139 horas versus 151 horas), bem como uma tendência

para uma diminuição do período de internamento (12 dias versus 14 dias). Num estudo

quantitativo prospetivo, Danckers et al. (2013) descobriram que a duração média de

VMI antes e após a implementação do protocolo de desmame era de 3 e 2 dias,

respetivamente, e que o tempo de desmame foi reduzido em cerca de 2 horas e 13

minutos no GE. Plani, Becker e Aswegen (2013), por sua vez, observaram que o GC foi

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Discussão dos Resultados

59

ventilado durante uma média de 16,3 dias, enquanto o GE esteve submetido a VMI por

uma média de 14,4 dias.

Relativamente ao suporte ventilatório, observou-se um aumento da proporção de

doentes com desmame fácil e de VMI de curta duração no GE, o que era espectável

tendo em consideração os resultados acima referidos, nomeadamente, pelo facto do

desmame ter sido iniciado mais cedo, demorado menos tempo a ser concluído,

resultando num menor período de VMI. No entanto, não se observaram diferenças

significativas entre os grupos de estudo nos doentes de cirurgia programada. Nos

elementos de categoria trauma, verificou-se um aumento da incidência de desmame

prolongado e VMI de duração prolongada no GE. Possivelmente, estes resultados

devem-se à especificidade do doente politraumatizado e à gravidade das suas lesões.

No que respeita aos modos de desmame ventilatório, no GE prevaleceu a peça em T

(56,7%) e no GC a PA (61,3%). A proporção de doentes que necessitou de VNI

programada após a extubação foi similar em ambos os grupos (28,3% no GE e 24,2%

no GC), mantendo-se a tendência verificada por Esteban et al. (2008), através dum

estudo observacional prospetivo. Estes autores observaram que o modo de desmame

mais frequentemente utilizado era a peça em T (71%), mas que o recurso a PA

apresentava um crescimento exponencial (14% versus 10% em 1998), ocorrendo o

mesmo relativamente ao uso da VNI, que havia duplicado entre 1998 (4,4%) e 2004

(11%).

No presente estudo, verificou-se, ainda, que a maioria dos doentes do GE, a quem foi

instituída VNI programada, tinha antecedentes clínicos relevantes, sendo o mais

frequente a IC. Esta prática reflete a evolução na utilização da VNI como método de

desmame ventilatório, sendo benéfica em determinadas situações, nomeadamente, nos

doentes com antecedentes de IC, DPOC e doença neuromuscular como referem os

autores (Querol Gutiérrez, Querol Gutiérrez, Domínguez Pérez, Escobedo Pajares &

Esquinas Rodriguez, 2011).

4. Quanto aos outcomes dos doentes e qualidade global do desmame

Através da análise descritiva efetuada, observou-se um aumento da proporção de

doentes com desmame de excelente qualidade (53%) comparativamente ao GC (24%).

Contudo e contrariamente ao que era esperado, constatou-se que, no GC, não existiam

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Discussão dos Resultados

60

casos de desmame ventilatório de fraca qualidade, enquanto no GE esta situação

ocorreu em 2% dos doentes, o que poderá estar relacionado com uma presumível

existência de um maior número de co-morbilidades e gravidade da situação clínica dos

indivíduos em questão.

A análise inferencial das hipóteses de investigação corrobora, de uma forma geral, os

resultados supracitados. De facto, apesar de ser composto por um maior número de

idosos, o GE apresentou uma qualidade global de desmame superior ao GC, conforme

se previa na hipótese H3. O GE apresentou uma redução do timing de início do

desmame em 27,4% e do tempo de desmame em 36,6%, relativamente ao GC,

constatando-se, ainda, que a proporção de doentes que efetuou as tentativas de PRE de

forma contínua e durante o período noturno, foi menor no GE do que no GC, conforme

se presumia na hipótese H1 e H2. No entanto, analisando as restantes variáveis

dependentes relativas aos outcomes dos doentes, não se verificaram diferenças

significativas entre os grupos no que respeita ao tempo de internamento, incidência de

VAP e traqueostomias. A mesma situação sucedeu relativamente às variáveis

dependentes associadas à qualidade do desmame, observando-se que, somente, o tempo

de desmame e o período do dia das PRE refletiram o impacto da aplicação do protocolo,

não tendo sido identificadas diferenças significativas entre os grupos de estudo, quanto

ao nº de tentativas de PRE, tempo de VMI e incidência de VNI de resgate e re-

intubações, o que, apesar de diferir dos resultados esperados para este estudo, já havia

sido constatado por outros investigadores. Num estudo quantitativo prospetivo,

Tonnelier at al. (2005) observaram que a proporção de VAP (20,2% versus 31%, p=

0,12) e de extubações mal sucedidas (31% vs 35%, p = 0,81) eram similares entre os

grupos. Blackwood et al. (2011), através duma revisão sistemática sobre o uso de

protocolos de desmame, verificaram não existirem diferenças significativas entre os

grupos, relativamente à incidência de re-intubações (odds ratio de 0,4 versus 1,42,

p=0,39) e traqueostomias (odds ratio de 0,45 versus 1,22, p = 0,24). No estudo

quantitativo prospetivo de Plani, Becker e Aswegen (2013), os grupos de estudo não

diferiam, significativamente, no que respeita ao tempo de VMI (14,4 dias versus 16,3

dias, p = 0,3), ao período de internamento (20,8 dias versus 21 dias, p = 0,9), nem à

incidência de re-intubações, que foi similar entre os grupos (10,7% versus 16,7%, p=

0,5).

Assim, apesar de se verificar uma redução no timing e tempo de desmame, não se

constataram diferenças significativas entre os grupos relativamente ao tempo de VMI e

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Discussão dos Resultados

61

de internamento, o que, presumivelmente, dever-se-á ao facto destas variáveis serem

influenciadas por outros fatores, nomeadamente, pela evolução clínica dos doentes.

A ausência de diferenças significativas entre os grupos de estudo no que concerne a

incidência de traqueostomias, VAP, VNI de resgate e/ou re-intubações, está,

provavelmente relacionada com o número reduzido de elementos sujeitos a essas

ocorrências. De realçar, porém, que o facto de não se ter observado diferenças

significativas na ocorrência de eventos adversos, sugere, igualmente, que a aplicação de

protocolos de desmame ventilatório é segura.

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Discussão dos Resultados

62

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise cuidada da apresentação e discussão dos resultados, encontram-se

reunidas as condições para elencar algumas conclusões.

A realização deste estudo viabilizou a elaboração de um protocolo de desmame

ventilatório e a sua aplicação numa UCI, contribuindo para a uniformização da prática

quanto a este processo. A colheita de dados efetuada revelou que os doentes submetidos

a VMI e, consequentemente, a desmame ventilatório são, na sua maioria idosos, do sexo

masculino, com predomínio da categoria diagnóstica médica, apresentando índices de

gravidade e cargas de trabalho de enfermagem elevados. Esta investigação possibilitou,

igualmente, a introdução de um novo conceito, o da qualidade global do desmame

(Apêndice G).

A análise inferencial dos dados permitiu verificar que a implementação do protocolo de

desmame ventilatório melhorou a qualidade global do mesmo, facilitando a

identificação dos doentes que reuniam critérios para iniciar o processo, o que

possibilitou que o desmame ventilatório se iniciasse mais precocemente, resultando

numa diminuição do tempo de desmame ventilatório. Por outro lado, a implementação

do protocolo influenciou a seleção do período do dia para a realização das PRE,

resultando na diminuição das PRE realizadas de forma contínua e durante o período

noturno, o que traduz o respeito pelo ritmo circadiano do doente, permitindo o seu

repouso durante a noite, conforme preconizado por MacIntyre (2001).

De salientar que estes resultados foram obtidos sem o aumento da incidência de eventos

adversos (VAP, traqueostomias, re-intubações, VNI de resgate), sugerindo que a

aplicação de protocolos de desmame ventilatório é segura.

Assim, os resultados desta investigação têm implicações para a prática de cuidados ao

doente crítico, na medida em que se verificou que a aplicação de protocolos de

desmame ventilatório em UCI, permite identificar, mais precocemente, os doentes com

capacidade para transitar da VMI para a respiração espontânea, reduzindo o período de

desmame e melhorando a qualidade do mesmo de forma segura para os doentes.

Através da implementação do protocolo de desmame, o presente estudo possibilitou,

ainda, o incremento da qualidade institucional, uma vez que a UCI de nível III em

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estudo, passou a cumprir o indicador de qualidade relativo à existência de protocolos

básicos, no que diz respeito ao desmame ventilatório. Por outro lado, suscitou uma

análise crítica do indicador relativo às PRE (Apêndice A). De facto, este indicador

avalia somente a proporção de doentes que efetuaram PRE, não tendo em consideração

os resultados das provas, isto é, não avalia a proporção de doentes extubados com

sucesso após a realização das mesmas. Ora, a quantidade de PRE efetuadas, por si só,

não reflete a qualidade do desmame. Neste sentido, esta investigação contribuiu para

reavaliar a pertinência deste indicador de qualidade, levantando questões que poderão

ser aprofundadas em projetos futuros.

As limitações deste estudo parecem estar relacionadas com a metodologia, mais

precisamente pelo facto da amostragem ter sido não probabilística, uma vez que esta

corre o risco de não ser representativa, sendo, tradicionalmente, menos fiável que a

probabilística, quanto à generalização dos resultados (Fortin, Côté & Filion, 2009).

Além disso, o processo de seleção por escolha racional poderá ter reduzido o número de

participantes incluídos na amostra, uma vez que apenas uma pequena proporção dos

doentes admitidos durante os períodos de estudo cumpriram os critérios de inclusão e

exclusão da investigação. Por outro lado, a implementação do protocolo de desmame

ventilatório implicou a realização de sessões de formação no sentido de uniformizar e

sistematizar a atuação da equipa multidisciplinar, facilitando, igualmente, a integração

de novos elementos. Ora, um processo formativo tem sempre subjacente alguma

mudança de comportamentos, o que não se consegue, totalmente, numa janela temporal

tão estreita.

Idealmente, e como já foi referido no enquadramento teórico, o protocolo de desmame

deve ser implementado em conjunto com um protocolo de sedação e analgesia. De

acordo com Girard et al. (2008) a conjugação dos dois protocolos é mais eficiente na

redução do tempo de VMI e do período de internamento em UCI e a nível hospitalar do

que o uso do protocolo de desmame isoladamente. Nesta perspetiva, em estudos futuros

deverá ser criado um protocolo de sedação e analgesia para ser implementado,

paralelamente, ao protocolo de desmame, sendo necessário o envolvimento dos clínicos

anestesistas e a colaboração/coordenação de toda a equipa multidisciplinar.

Por último, o facto da investigação ter sido circunscrita a uma só instituição também

constituiu uma limitação, pelo que é fundamental replicar e prolongar o estudo em

outros estabelecimentos de saúde, na medida em que as conclusões serão tanto ou mais

válidas quanto mais alargada e aleatória for a amostra.

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APÊNDICES

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Apêndice A

Indicadores de Qualidade

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Apêndice B

Protocolo de desmame ventilatório

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Apêndice C

Programa de formação

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Apêndice D

Formulário de recolha de dados

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Apêndice E

Tabela de estudos de referência

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Apêndice F

Tabela de operacionalização e categorização das variáveis

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Apêndice G

Variável da Qualidade Global do Desmame Ventilatório

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QUALIDADE GLOBAL DO DESMAME VENTILATÓRIO

VARIÁVEIS DEPENDENTES QUALIDADE DO DESMAME

VENTILATÓRIO

1- TEMPO DE VMI 0) >10 dias

1) 3-10 dias

2) 1-3 dias

0= Fraca

1=Média

2=Boa

2- Nº DE PRE 0) >3 tentativas

1) 2-3 tentativas

2) 0-1 tentativas

0=Fraca

1=Média

2=Boa

3- PERÍODO DO DIA DAS PRE 0-Contínua

1-Noite

2-Tarde

3-Manhã

0-1=Fraca

2= Média

3=Boa

4- TEMPO DE DESMAME

VENTILATÓRIO

0) >7 dias

1) 2-7

2) 0-1 dia

0= Fraca

1= Média

2= Boa

5- VNI DE RESGATE 0- Sim

1- Não

0=Fraca

1= Boa

6- RE-INTUBAÇÕES 0- Sim

1- Não

0=Fraca

1= Boa

Variáveis dependentes Qualidade do Desmame Ventilatório

Fraca Média Boa

1- Tempo de VMI 0 - 1 2

2- Nº de PRE 0 - 1 2

3- Período do dia das PRE 0 1 2 3

4- Tempo de desmame

ventilatório

0 - 1 2

5- VNI de resgate 0 - - 1

6- Re-intubações 0 - - 1

Score 0-1 2-5 6-11

De realçar, que no desmame de boa qualidade foram consideradas de qualidade excelente,

situações com scores de 9-11.

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Apêndice H

Pedidos de autorização

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Apêndice I

Declaração de responsabilidade do coordenador

científico do estudo

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Apêndice J

Parecer do Diretor do serviço

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Apêndice K

Formulário de consentimento informado

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