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IMPACTOS AMBIENTAIS DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS URBANOS Prof. Nemésio Neves Batista Salvador Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia Civil

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IMPACTOS AMBIENTAIS DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS URBANOS

Prof. Nemésio Neves Batista Salvador

Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia Civil

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IMPACTOS AMBIENTAIS DE ESTAÇÕES

DE TRATAMENTO DE ESGOTOS URBANOS

IMPACTO AMBIENTAL

Definição - qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas

do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia

resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

. as atividades sociais e econômicas;

. a biota;

. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

. a qualidade dos recursos ambientais.

(Resolução 01/1986 do CONAMA)

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CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

Positivo – benéfico

Negativo – adverso

Direto – resultante da relação causa e efeito

Indireto – resultante de uma relação secundária

Cumulativo/ sinergético – soma-se a outros impactos/ agrava os efeitos

Local – afeta apenas o próprio sítio

Regional – afeta as imediações e regiões mais afastadas do sítio

Estratégico – componente ambiental afetado tem relevante interesse coletivo

Imediato – efeito surge no instante da ação

A médio ou longo prazo – impacto se manifesta após a ação

Temporário – efeito tem duração determinada

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Permanente – após executada a ação os efeitos não cessam

Cíclico – efeitos se manifestam em intervalos de tempo

determinado

Reversível – quando o fator afetado, cessada a ação, retorna às

suas condições originais

Irreversível – quando o fator afetado não retorna às suas condições

originais

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POTENCIAIS IMPACTOS DAS ETES SOBRE O MEIO FÍSICO

E RESPECTIVAS MEDIDAS MITIGADORAS

SOLO

- Remoção da cobertura vegetal para a construção da ETE.

Minimizar no projeto da ETE a necessidade de remoção.

Otimizar o arranjo das unidades.

- Impermeabilização do solo/ aumento do escoamento superficial.

Minimizar no projeto a área a ser impermeabilizada.

Especificar pavimento semi-permeável.

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- Erosão na fase de construção.

Minimizar movimentação de terra.

Executar logo estruturas e pavimentação.

Fazer curvas de nível, drenagem adequada.

- Assoreamento de corpos d’água.

Controle de erosão.

Manter/ recompor mata ciliar.

- Alteração no relevo/ paisagem.

Considerar no projeto a composição da ETE com o relevo/ paisagem.

Minimizar movimentação de terra.

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- Poluição/ contaminação do solo por disposição de efluentes, de lodo,

vazamentos, acidentes, etc. (*)

Prever diques de contenção.

Fazer isolamento da área.

Evitar a presença de sustâncias tóxicas no efluente/ lodo.

ÁGUA

- Poluição/ contaminação das águas subterrâneas por disposição de

efluentes, de lodo, vazamentos, acidentes, etc. (*)

Procurar localizar a ETE em regiões de solo menos permeável, fora de

áreas recarga de aqüífero.

Evitar a presença de sustâncias tóxicas no efluente/ lodo.

Instalar poços de monitoramento/ monitorar.

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+ Despoluição do corpo receptor, melhoria da qualidade das águas

superficiais. (*)

- Poluição/ contaminação das águas superficiais por lançamento de

nutrientes, produção de cianotoxinas (lagoas de estabilizaçã), mau

funcionamento da ETE, acidentes, vazamentos, extravazão. (*)

Implantar remoção de nutrientes/ tratamento terciário.

Melhoria das condições operacionais e de segurança.

Monitoramento e controle de algas cianofícias

+ Alteração do regime hidrológico: aumento da vazão/ disponibilidade

hídrica na estiagem.

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AR

- Poeiras durante a fase de construção.

Executar logo estruturas e pavimentação.

Aspergir água sobre o solo.

- Ruídos durante a fase de construção e de operação.

Obras em horários adequados.

Instalar barreiras.

Enclausurar alguns equipamentos (ex: compressores).

+ Eliminação de odores ofensivos devido ao tratamento dos esgotos e

pela despoluição do corpo receptor.

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- Liberação de odores ofensivos (H2S e outros), principalmente na chegada do

esgoto à ETE, na grade, na caixa de areia, e em unidades anaeróbias. (*)

Implantar a ETE distante do perímetro urbano e contra os ventos

predominantes (usar ¨Rosa dos Ventos¨).

Pré-aerar o esgoto.

Instalar sistemas de exaustão e tratar os gases.

POTENCIAIS IMPACTOS SOBRE O MEIO BIÓTICO E RESPECTIVAS MEDIDAS

MITIGADORAS/ COMPENSATÓRIAS

- Desmatamento para a construção: supressão de vegetação em geral e de

fragmentos florestais.

Localizar a ETE e suas unidades em áreas de vegetação mais pobre.

Implantar reflorestamento como medida compensatória.

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EXEMPLO DE “ROSA DOS VENTOS”

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- Impactos sobre a fauna devido ao desmatamento e durante a

fase de operação: destruição do habitat, expulsão da fauna,

perturbação/ afugentamento de animais do entorno devido a

ruídos.

Relocação/ repovoamento de algumas espécies em outros

locais.

Instalação de barreiras de vegetação.

Controle de ruídos.

+ Melhoria das condições para a biota aquática, principalmente

a ictiofauna, pela despoluição do corpo receptor. (*)

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- Impactos sobre o ecossistema aquático por lançamento de

nutrientes, mau funcionamento da ETE, acidentes, vazamentos,

extravazão: desequilíbrio ecológico; eutrofização (*), com proliferação

excessiva de algas e macrófitas; prejuízos à ictiofauna, por depleção

de oxigênio; etc.

Implantar remoção de nutrientes/ tratamento terciário.

Melhoria das condições operacionais e de segurança da ETE.

POTENCIAIS IMPACTOS SOBRE O MEIO ANTRÓPICO E

RESPECTIVAS MEDIDAS MITIGADORAS/ COMPENSATÓRIAS

+ Melhoria das condições de saúde pública, pela despoluição/

descontaminação dos corpos d’água (*).

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- Problemas de saúde pública, por mau funcionamento da ETE,

acidentes, vazamentos, extravazão, produção de aerossóis

patogênicos, atração/ procriação de vetores de doenças, etc.

Melhoria das condições operacionais e de segurança; implantar

medidas de controle de aerossóis e de vetores.

+ Valorização imobiliária de áreas ao longo das margens dos corpos

d’água, pela sua despoluição.

- Desvalorização imobiliária de áreas próximas (Efeito “NIMBY”) (*).

Localizar a ETE em áreas menos valorizadas.

Informação adequada à população/ agentes econômicos.

Educação ambiental.

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+ Geração de empregos, demanda por bens e serviços, recolhimento de

impostos, dinamização da economia.

- Desapropriações, remoção de populações.

Localizar a ETE em áreas menos valorizadas, com menos casas/ benfeitorias.

Pagar o justo valor das indenizações.

Prestar assistência às populações removidas.

- Risco a sítios arqueológicos devido a escavações na fase de construção.

Fazer prospecções na fase de projeto.

Relocar a ETE/ unidades de tratamento.

Fazer escavações arqueológicas e resgate de peças, antes da construção.

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+ Exemplo positivo à comunidade, instrumento de educação ambiental. (*)

+ Melhoria de imagem da administração pública e do prestador dos serviços.

- Impacto sobre a paisagem urbana.

Harmonizar o projeto arquitetônico/ paisagístico da ETE com a paisagem

urbana.

Elaborar EIV.

Plantio de barreira visual de vegetação/ árvores.

- Impacto sobre o tráfego das vizinhanças por veículos pesados/ máquinas na

construção, por caminhões de transporte de lodo.

Escalonar horários adequados de trabalho/ transporte.

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- Impacto nas finanças do órgão de saneamento e nas tarifas dos

serviços. (*)

Informação/ esclarecimentos adequados à comunidade.

Conscientização da comunidade para a importância do tratamento.

Educação ambiental.

RESUMO

Total de 30 impactos, sendo 11 relevantes (*), dos quais sete

negativos e quatro positivos, sendo que no conjunto, estes últimos,

de um modo geral, sobrepujam em muito os demais.

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EXEMPLO DE UMA REDE DE INTERAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DE UMA ETEFonte: Gonçalves (1998).

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QUADRO DE MEDIDAS MITIGADORAS (MM)Procedimentos (ações a serem implementadas para mitigar os impactos)

Principal Impacto Ambiental Potencial

Socialização da ocupação do solo.

Negociações concernentes à eventual necessidade de desapropriar e indenizar as áreas escolhidas, ocupadas ou não por moradores (conflitos legais, sociais e institucionais). / Expectativa desfavorável dos moradores das áreas de entorno das áreas cogitadas (Efeito NIMBY*).

Estudos de alternativas tecnológicas e locacionais para a implantação do sistema de tratamento apropriado para o município

Número de Ordem dos Impactos

Fase de Incidência da Intervenção do Empreendimento

Intervenção do Empreendimento

Aumento do custo total do empreendimento.

Reflexões sobre as implicações da inserção do empreendimento proposto nos meios físico, biótico e antrópico.

Maior conhecimento da área a ser ocupada pela ETE

Planejamento e Licenciamento

Ambiental

5

1

4

Levantamentos preliminares de campo (topografia, sondagens, uso e ocupação do solo, estudo de auto-depuração dos corpos hídricos, estudos arqueológicos, etc) nos locais escolhidos.

Incremento dos custos dos empreendimentos.

Desapropriação e indenização da área escolhida

Licenciamento ambiental dos sistemas de tratamento de esgoto de São Carlos. / Pagamento pela análise do processo de licenciamento prévio (LP) junto à SMA e das Licenças Instalação (LI) e de Operação (LO), junto à CETESB-Araraquara.

Melhoria da qualidade da inserção ambiental das ETEs em São Carlos-SP. / Atendimento integral à legislação ambiental do Estado de São Paulo.

Aumento do custo total do empreendimento.

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7

3

MATRIZ DE IMPACTOS AMBIENTAIS POTENCIAIS DA IMPLANTAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS ETE- MONJOLINHO E ETE-ÁGUA FRIA, EM SÃO CARLOS-SP

Criação de uma pequena comissão formada por pelo menos 1 (um) representante do empreendedor (SAAE), 1 (um) da Prefeitura Municipal, 1 (um) dos proprietários de áreas a serem desapropriadas, 1 (um) dos cidadãos diretamente afetados pelo empreendimento (moradores da área de entorno) e 2 (dos) representantes da comunidade científica local ligada ao saneamento, com a finalidade de buscar soluções concensuais para as situações conflituosas.

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Atendimento à normatização técnica da ABNT e às disposições de outras entidades como SAAE, CETESB, SMA/DAIA, DPRN, DAEE, Secretarias Municipais envolvidas, DER-SP, etc, tanto na elaboração dos estudos e projetos como nos levantamentos de campo.

Exemplo: RAP das ETEs Monjolinho e Água Fria - São Carlos (Modificado de SENDER Consultoria, 2004).

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Maior conforto estético para o empreendimento. / Instalação de barreira natural para eventuais odores emitidos pelo tratamento de esgotos. / Proteção contra o alastramento de incêndios. / Proteção contra a entrada de trauseuntes e de animais soltos nas áreas de entorno da ETE.

Desmobilização das instalações de apoio à construção das obras.

Construção

Limpeza dos terrenos. / Remoção dos entulhos. / Remoção das instalações e dispositivos provisórios. / Restabelecimento de infra-estruturas locais danificadas durante as obras, etc.

Execução de obras civis da ETE Monjolinho: (englobando fundações, concretagem, instalação de sistemas de drenagem de águas pluviais e pavimentação)

Poluição sonora, formação de poeiras, interferências com o sistema viário e tráfego local, aumento do índice de criminalidade local.

(Aterros: empastilhamento de solos; recalques. / Cortes: exposição de horizontes mais frágeis às intempéries naturais; deflagração de processos erosivos. / Carreamento de materiais: assoreamento do Rio Monjolinho). / Distúrbios ambientais generalizados. / Riscos de acidentes.

Fiscalização por parte dos órgãos ambientais antes de emitir a Licença de Operação.

Empreendimento de aterros com índices de compactação adequados segundo projeto de engenharia. / Proteção adequada de solos em regime de movimentação contra o carreamento para cursos d'água. / Instalar todos os dispositivos provisórios de drenagem local. / Instalar dispositivos de segurança exigidos pelas Normas do Trabalho e Corpo de Bombeiros. / Treinar pessoal para reagir à situações de emergência. Manutenção de guarda noturna na área e solicitação formal de ronda policial nas áreas de construção das ETEs.

Basear todo o procedimento de supressão de vegetação nativa em planejamento prévio de modo a remover o menor número possível de espécimes vegetais nativas, principalmente em APPs*. Coletar sementes, mudas e bromélias para uso posterior no paisagismo local. / Realizar operações de resgate à fauna e enviar espécimes resgatadas ao Parque Ecológico Municipal.

Delimitar limites horários para o funcionamento das máquinas mais ruidosas. / Manter motores regulados. / Aspergir água (não tratada) para descer a poeira sempre que necessário. / Estabelecer ampla sinalização de apoio. / Instruir pessoal da obra quanto ao comportamento no contato com a população da circunvizinhança. / Solicitar rondas policiais noturnas para as áreas de construção das ETEs.

Enriquecimento de fragmentos remanescentes de vegetação nativa. / Formação de corredores de escape de fauna entre fragmentos de mata. / Contratação de jardineiro para formar mudas e cuidar das plantas dos jardins das ETEs.

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Implementação de projeto paisagístico incluindo cinturão verde, tratamento estético geral das instalações e dispositivos de proteção das áreas ocupadas pelas ETEs, como cercas, portões aceros, etc.

(Aterros: empastilhamento de solos; recalques. / Cortes: exposição de horizontes mais frágeis às intempéries naturais; deflagração de processos erosivos. / Carreamento de materiais: assoreamento do Rio Monjolinho). / Distúrbios ambientais generalizados em vizinhança de difícil relacionamento. / Riscos de acidentes.

Execução de obras civis da ETE Água Fria: (englobando fundações, concretagem, instalação de sistemas de drenagem de águas pluviais e pavimentação)

Supressão de cobertura vegetal (distúrbios na fauna, poluição das águas superficiais).

Aterros: empastilhamento de solos; recalques em solos moles / Cortes: exposição de horizontes mais frágeis às intempéries naturais; deflagração de processos erosivos. / Introdução de práticas sanitárias passíveis de veicular doenças entre os trabalhadores do empreendimento.

Instalação do canteiro de obras e serviços de terraplanagem

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Empreender programa de prospecção arqueológica intensiva nas áreas de implantação das ETEs. / Empreender a construção em períodos secos do ano. / Instalar dispositivos provisórios de drenagem e de saneamento básico no canteiro de obras. / Diposição de lixo, vegetação removida e entulho em locais

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Melhoria da qualidade de vida da população e de todos os índices sanitários relacionados à doenças de veiculação hídrica. / Melhoria da qualidade dos recursos hídricos que drenam o município. / Possibilidade de aproveitamento do biogás produzido na ETE, para a geração de energia elétrica.

Funcionamento dos sistemas de tratamento dos efluentes urbanos de São Carlos.

Operação e Processos de

Monitoramento

Busca de soluções relacionadas à destinação adequada dos lodos

Plano de procedimentos emergenciais para a operação das ETEs.

Geração de resíduos sólidos (lodo das ETEs).

Contratação de profissional ou empresa especializada em monitoramento de processos de tratamento igual ou similar aos adotados nas ETE-Monjolinho e ETE Água Fria.

Suporte de segurança para os funcionários da ETE, para o sistema de tratamento e para o controle da poluição dos componentes ambientais da área.

Elaboração de análises periódicas dos parâmetros que demonstram o atendimento às exigências legais relativas ao padrão de emissão de efluentes e padrão de qualidade de corpos receptores.

Controle da poluição das águas subterrâneas. / Controle sobre eventuais vazamentos na tubulação enterrada

Dota o sistema de tratamento de maior confiabilidade. / Aumenta a vida útil dos equipamentos e a confiabilidade em relação à disponibilidade de equipamentos essenciais.

Emissão de gases mal-cheirosos

Monitoramento rotineiro da operação das ETEs.

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21

19

Recuperação da Área de Preservação Permanente do Rio Monjolinho em toda a sua extensão municipal. / Empreendimento de estudos sobre a viabilização do aproveitamento do biogás para a produção de enrgia elétrica.

Manter registros de análises físico-químicas e bacteriológicas e de metais pesados do efluente tratado e da qualidade das águas superficiais em pontos pre-determinados dos cursos receptores.

Empreendimento de estudo de alternativas para a destinação do lodo formado na ETE. Sugere-se parceria com EMBRAPA-Instrumentações, em São Carlos-SP.

Elaboração de cartilha contendo instruções gerais e específicas sobre a operação da ETE e sobre procedimentos de emergência. / Oferecer treinamento em ações de emergência para pessoal encarregado da operação.

Manutenção de registros sobre qualidade do lençol freático através instalação de poços de monitoramento nas áreas das ETEs (1 poço a montante e pelo menos 2 poços a jusante) coleta periódica de amostras e registros dos resultados dos ensaios físico-químicos e bacteriológicos das águas subterrâneas. / Caso seja constatada a contaminação das amostras dos poços de jusante, empreender a investigação para a localização e conserto da

Elaboração de estudos de alternativas locacionais levando-se em conta a direção dos ventos predominantes nas áreas consideradas, sempre buscando áreas onde tais ventos soprem em direção oposta aos adensamentos urbanos. / Instalação de dispositivos de coleta e/ou tratamento dos gases mal-cheirosos produzidos nas ETEs (Biogás: CH4, NH3, H2S, CO2 e mercaptanas). / Adição de essência de eucalipto no sistema de tratamento, entre outras soluções.

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EXEMPLO DO IMPACTO POSITIVO DE UMA ETE NA QUALIDADE DA ÁGUA

Determinar o impacto do tratamento dos esgotos de um loteamento na

qualidade da água (DBO) de um rio de Classe 2, dados:

. Vazão do rio à montante do lançamento: 180 l/s;

. DBO do rio à montante: 1,4 mg/L;

. DBO máxima permitida para Classe 2: 5,0 mg/L;

. População do loteamento: 8.000 hab;

. Contribuição per capta de esgotos: 200 l/habxd;

. DBO dos esgotos brutos: 300 mg/L;

. Eficiência de remoção de DBO da ETE: 90 %;

. Considerar mistura completa dos esgotos no rio.

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Solução:

. DBO do rio após o lançamento, sem tratamento (DBO1):

DBO1 = =

= ≈ 29,2 mg/L > 5,0 mg/L

. DBO do rio após o lançmento, com tratamento (DBO2):

DBO2 = ≈

≈ 4,1 mg/L < 5,0 mg/L (OK).

)400.86/200000.8(180

300)400.86/200000.8(4,1180

x

xxx

)400.86/200000.8(180

)9,01(0,300)400.86/200000.8(4,1180

x

xxxx

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MODELO DE AUTODEPURAÇÃO APLICADO AO RIO DO EXEMPLO ANTERIOR

Determinar o impacto no perfil de oxigênio dissolvido do rio, à jusante do

lançamento para os esgotos brutos e tratados - OD a 5 km, OD a 10 km, e OD

mínimo, dados:

- Vazão dos esgotos: 18,51 l/s;

- OD nos esgotos brutos: zero;

- OD nos esgotos tratados: 1,0 mg/l;

- OD médio do rio: 6,8 mg/L;

- OD mínimo da Classe 2: 5,0 mg/L;

- OD de saturação do rio: 8,1 mg/L;

- Velocidade média do rio: 0,2 m/s;

- Temperatura média da água: 22,0 ºC;

- Coeficiente de desoxigenação (k1): 0,36 1/d;

- Coeficiente de reaeração superficial (k2): 0,70 1/d;

- Considerar o trecho de 10 km como sendo homogêneo, sem sedimentação.

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Resultados

Fazendo-se a simulação através do modelo de autodepuração

AGUARIO 2.0 (Yu & Salvador, 2004), tem-se para os esgotos brutos:

AGUARIO 2.0 - Dissolved oxygen and other results

Reach 1:

Input parameters:

K1 = 0.36 1/d gC = 22.0 cels Qf = 0.180 m3/s Lc = 300.0 mg/lK2 = 0.70 1/d V = 0.20 m/s Qc = 0.019 m3/s Nc = 0.0 mg/lK3 = 0.00 1/d A = 1.0 m2 Qo = 0.199 m3/s Df = 1.30 mg/lKr = 0.36 1/d Dos = 8.10 mg/l Lf = 1.4 mg/l Dc = 8.10 mg/lKn = 0.40 1/d FC = 1.48 Nf = 0.0 mg/l Qd = 0.000 m3/sF = 0.00 mg/l.d Ld = 0.00 Kg/Km.dP = 0.00 mg/l.d Nd = 0.00 Kg/Km.d Output variables:

S (Km) T (d) BOD (mg/l) NBOD (mg/l) DF (mg/l) DO (mg/l)

0.0 0.000 Lo = 29.2 No = 0.0 Do = 1.93 DOo = 6.171.0 0.058 28.6 0.0 2.73 5.37

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S (Km) T (d) BOD (mg/L) NBOD (mg/L) DF (mg/L) DO (mg/L)

2.0 0.116 28.6 0.0 3.48 4.62

3.0 0.174 27.5 0.0 4.18 3.92

4.0 0.231 26.9 0.0 4.84 3.26

5.0 0.289 26.4 0.0 5.45 2.65

6.0 0.347 25.8 0.0 6,02 2.08

7.0 0.405 25.3 0.0 6.55 1.55

8.0 0.463 24.8 0.0 7.05 1.05

9.0 0.521 24.2 0.0 7.51 0.59

10.0 0.579 23.7 0.0 7.94 0.17

Solução: OD 5 km = 2,65 mg/L; OD 10 km = OD min = 0,17 mg/L.

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Gráfico do perfil de oxigênio dissolvido do rio para lançamento dos esgotos brutos

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Para os esgotos tratados com 90 % de eficiência de remoção de DBO,

tem-se, após a simulação:

AGUARIO 2.0 - Dissolved oxygen and other results

Reach 1:

Input parameters:

K1 = 0.36 1/d gC = 22.0 cels Qf = 0.180 m3/s Lc = 30.0 mg/lK2 = 0.70 1/d V = 0.20 m/s Qc = 0.019 m3/s Nc = 0.0 mg/lK3 = 0.00 1/d A = 1.0 m2 Qo = 0.199 m3/s Df = 1.30 mg/lKr = 0.36 1/d Dos = 8.10 mg/l Lf = 1.4 mg/l Dc = 7.10 mg/lKn = 0.40 1/d FC = 1.48 Nf = 0.0 mg/l Qd = 0.000 m3/sF = 0.00 mg/l.d Ld = 0.00 Kg/Km.dP = 0.00 mg/l.d Nd = 0.00 Kg/Km.d Output variables:

S (Km) T (d) BOD (mg/l) NBOD (mg/l) DF (mg/l) DO (mg/l)

0.0 0.000 Lo = 4,07 No = 0.0 Do = 1.84 DOo = 6.261.0 0.058 3,98 0.0 1.89 6,21

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S (Km) T (d) BOD (mg/L) NBOD (mg/L) DF (mg/L) DO (mg/L)

2.0 0.116 3,9 0.0 1,93 6,17

3.0 0.174 3,8 0.0 1,97 6,13

4.0 0.231 3,7 0.0 2,01 6,09

5.0 0.289 3,7 0.0 2,04 6,06

6.0 0.347 3,6 0.0 2,07 6,03

7.0 0.405 3,5 0.0 2,10 6,01

8.0 0.463 3,4 0.0 2,12 5,98

9.0 0.521 3,4 0.0 2,14 5,96

10.0 0.579 3,3 0.0 2,15 5,95

Solução: OD 5 km = 6,06 mg/L; OD 10 km = OD min = 5,95 mg/L (OK).

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Gráfico do perfil de oxigênio dissolvido do rio para lançamento dos esgotos tratados.

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