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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE IMPACTOS DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: um estudo do comportamento do consumidor da geração Y Jackeline Midori Ishii ` Orientador: Prof. Dr. José Afonso Mazzon São Paulo 2013

IMPACTOS DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

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um estudo do comportamento do consumidor da geração Y.autor: Jackeline Midori Ishii

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E CONTABILIDADE

    IMPACTOS DAS AES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

    CORPORATIVA NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR:

    um estudo do comportamento do consumidor da gerao Y

    Jackeline Midori Ishii

    `

    Orientador: Prof. Dr. Jos Afonso Mazzon

    So Paulo

    2013

  • ii

    Prof. Dr. Joo Grandino Rodas

    Reitor da Universidade de So Paulo

    Prof. Dr. Reinaldo Guerreiro

    Diretor da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade

    Prof. Dr. Roberto Sbragia

    Chefe do Departamento de Administrao

    Prof. Dr. Hamilton Luiz Corra

    Coordenador do Curso de Graduao em Administrao

  • iii

    JACKELINE MIDORI ISHII

    IMPACTOS DAS AES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

    CORPORATIVA NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR:

    um estudo do comportamento do consumidor da gerao Y

    Trabalho de concluso de curso apresentado

    ao Departamento de Administrao da

    Faculdade de Economia, Administrao e

    Contabilidade da Universidade de So Paulo

    como requisito para a obteno do ttulo de

    Bacharel em Administrao de Empresas.

    Orientador: Prof. Dr. Jos Afonso Mazzon

    So Paulo

    2013

  • iv

    ISHII, Jackeline Midori

    Impactos das aes de responsabilidade social corporativa no

    comportamento do consumidor: um estudo do comportamento do

    consumidor da gerao Y / Jackeline Midori Ishii So Paulo, 2013.

    107 p.

    Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade.

    Universidade de So Paulo, 2013.

    1. Responsabilidade Social Corporativa. 2. Comportamento do Consumidor. 3. Gerao Y. 4. Gerao

    Milnio

  • v

    Aos meus pais, Marcos e Ivone

    e ao meu irmo, William,

    pois sem o apoio de vocs,

    nada disso seria possvel.

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  • vii

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente, um grande agradecimento ao meu orientador, Prof. Dr. Jos Afonso

    Mazzon, por acreditar neste estudo e no meu trabalho ao longo deste ano. Por transformar

    uma ideia em uma pesquisa atravs de questionamento e melhorias que engrandeceram meu

    aprendizado.

    minha famlia, meus pais, Marcos e Ivone, e ao meu irmo William que fizeram

    todo o possvel e o impossvel para me apoiar em todos os momentos, e por me ensinarem que

    a educao a herana mais valiosa de todas. minha prima Carolina, que gentilmente me

    acolheu em sua casa, tornando possvel o incio da faculdade.

    Ter estudado todos esses anos na FEA foi um grande privilgio. Sou muito grata a

    todas as pessoas com quem convivi nesses ltimos anos e por todos os amigos que criei nesta

    faculdade. Agradeo pelos bons momentos do qual j sinto saudades, Leonardo Dzioba,

    Patrcia Tame, Paula Yamamoto, Laura Martini, Mardem Feitosa, Maria Fernanda de Lorenzi,

    Renan Santos, Rafael Aquino, Alexandre Sobral, Augusto Grillo, Marcelo Zanini e a tantos

    outros amigos que me proporcionaram grandes momentos do qual sempre me recordarei. Aos

    amigos do Projeto Bandeira Cientifica, por uma das experincias de vida mais intensas e ricas

    de aprendizado que j passei. E a todos os professores que j passaram por minha vida, e que,

    de algum modo, passaram seus conhecimentos e me ajudaram em minha trajetria.

    Meu agradecimento a todos que participaram diariamente dos meus anos de faculdade,

    mesmo que indiretamente: s minhas companheiras de repblica, Daniele Ishida, Jlia

    Almeida e Naiara Morino pela convivncia diria e todos os inesquecveis momentos que isso

    nos trouxe. Aos meus colegas de trabalho da Combe do Brasil por todo conhecimento e

    experincia adquiridos nesses anos de estgio e pela compreenso da importncia desta

    pesquisa para o meu aprendizado. s minhas amigas Tatiane Machulis e Cristiane Sfeir, por

    toda a amizade durante esses anos.

    Durante a pesquisa de campo, recebi a ajuda de muitos amigos e familiares que

    gentilmente me auxiliaram a conseguir respostas suficientes para as anlises desejadas. Muito

    obrigada a Mardem Feitosa, Patrcia Tame, Arthur Teixeira, Matheus Ogliari, Bruna Gomes,

    Mariana Granziera, Renan Santos, Jlia Almeida, Laura Martini, Leonardo Dzioba, Letcia

    Hyppolito, Carolina Mayumi e a tantos outros que anonimamente participaram da pesquisa ou

    que reenviaram sua rede de contatos.

    A todos vocs, muito obrigada por terem me ajudado e participado da minha vida, pois

    tudo isso foi importante para me ajudar a chegar at aqui.

  • viii

  • ix

    One's mind, once stretched by a new idea, never regains its original dimensions.

    Oliver Wendell Holmes

  • x

  • xi

    RESUMO

    O tema de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) tem sido cada vez mais

    considerado nas gestes estratgicas das organizaes. Entender de que forma as aes de

    Responsabilidade Social que as empresas praticam influenciam no comportamento do

    consumidor no momento de sua deciso de compra pode ser de grande valia para que os

    profissionais de marketing saibam criar vantagens competitivas a partir desse conhecimento.

    Ainda dentro desse contexto, o surgimento da Gerao Y (nascidos entre 1981 e 2001) na

    sociedade cria um novo perfil de jovens, com caractersticas singulares de uma gerao que

    cresceu num mundo globalizado e digital. O objetivo deste estudo ampliar o conhecimento a

    cerca das percepes que as pessoas da Gerao Y possuem sobre Responsabilidade Social

    Corporativa e de que forma isso influencia no seu momento de deciso de compra.

    Para isso, foi realizada uma pesquisa quantitativa com coleta de dados no formato de

    survey e aplicao de questionrio estruturado on-line. Foram entrevistados 204 jovens pelo

    mtodo no probabilstico no perodo de novembro de 2013.

    Os dados foram estatisticamente tratados e o estudo revelou que a gerao Y

    formada por grupos que possuem interesses e comportamentos bem diferentes entre si no que

    diz respeito sobre empresas socialmente responsveis. Ao mesmo tempo em que existe grupo

    de jovens desinteressados e indecisos quanto a RSC, h tambm jovens interessados no tema

    e impactados em sua deciso de compra por atributos ligados a RSC.

    Os resultados deste estudo devem contribuir para a compreenso do comportamento

    de consumo da Gerao Y, jovens que devero ser grande parte do pblico dos profissionais

    de marketing nos prximos anos e sobre um tema latente nas atuais estratgias de marketing.

    Sob o aspecto acadmico, a presente pesquisa colabora para o entendimento tcnico da

    dos temas de Responsabilidade Social Corporativa, Comportamento do Consumidor e

    Gerao Y, bem como da transversalidade dos temas, podendo ser um primeiro passo para o

    estudo do assunto em diversas reas do marketing.

    Palavras-Chave: Responsabilidade Social Corporativa, Comportamento do

    Consumidor, Gerao Y, Gerao Milnio

  • xii

  • xiii

    ABSTRACT

    The topic of Corporate Social Responsibility (CSR) has been increasingly considered

    in the strategic management of organizations. To understand how the Social Responsibility

    actions that companies engage influences the consumer behavior on their purchase decision

    can be of great value for marketing professionals to know how to create competitive

    advantage from this knowledge. Within this context, the appearance of Generation Y (those

    born between 1981 and 2001) in society creates a new profile of young people with unique

    characteristics of a generation that grew up in a globalized and digital world. The aim of this

    study is to expand knowledge about the perceptions that Generation Y have on Corporate

    Social Responsibility and how this influences in their moment of purchase decision.

    For this, a survey was conducted to collect quantitative data in a structured online

    questionnaire. 204 young people were interviewed by the non-probabilistic method in

    November 2013.

    Data were statistically treated and the study revealed that Generation Y consists in

    groups that have interests and consumer behaviors very different in terms of socially

    responsible companies. While there is group of youth unconcerned and undecided about CSR,

    there are also young people interested in the theme and impacted on their purchase decision

    on attributes linked to CSR.

    The results of this study should contribute to the understanding of consumer behavior

    of Generation Y, youth that will be the main target of marketing professionals in the

    upcoming years and about a latent thematic in today's marketing strategies.

    Under the academic aspect, the present research contributes to the technical

    understanding of the subjects of Corporate Social Responsibility, Consumer Behavior and

    Generation Y, as well as the transversally of this themes and can be a first step to this subject

    study in various areas of marketing .

    Keywords: Corporate Social Responsibility, Consumer Behavior, Generation Y,

    Millennium Generation

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  • xv

    SUMRIO

    INTRODUO .......................................................................................................... 23

    1. REFERENCIAL TERICO................................................................................. 25

    1.1. Responsabilidade Social Corporativa (RSC) ........................................................ 25

    1.2. Comportamento do consumidor ........................................................................... 29

    1.3. Comportamento do consumidor e RSC ................................................................ 33

    1.4. A gerao Y ......................................................................................................... 36

    2. PROBLEMA, OBJETIVOS E HIPTESES DE PESQUISA ............................... 39

    3. MTODO ............................................................................................................ 40

    3.1. Plano amostral ..................................................................................................... 40

    3.2. Instrumento de pesquisa ....................................................................................... 40

    3.3. Coleta e crtica dos dados ..................................................................................... 42

    3.4. Processamento dos dados e anlise dos resultados ................................................ 43

    3.4.1. Anlises univariadas e bivariadas ...................................................................... 44

    3.4.2. Anlise fatorial .................................................................................................. 44

    3.4.2. Anlise de agrupamentos ................................................................................... 45

    3.4.2. Anlise de correspondncia (AC) ...................................................................... 47

    4. ANLISE DOS RESULTADOS ......................................................................... 48

    4.1. Perfil da amostra .................................................................................................. 48

    4.2. Interesse por temas diversos ................................................................................. 50

    4.3. Percepo sobre responsabilidade social corporativa ............................................ 54

    4.3.1. Autodeclarao do entendimento do termo RSC ................................................ 54

    4.3.2. Responsabilidade social das entidades ............................................................... 55

    4.3.3. Principais aes de uma empresa socialmente responsvel ................................ 58

    4.3.4. Motivao das empresas agirem de maneira socialmente responsvel ................ 62

    4.4. Comportamento do consumidor sobre RSC .......................................................... 63

  • xvi

    4.4.1. Atitudes e opinies do consumidor sobre RSC ................................................... 63

    4.4.2. Fontes de informao sobre aes socialmente responsvel das empresas .......... 70

    4.5. Grupos de consumidores quanto a RSC ................................................................ 72

    4.5.1. Identificao dos Clusters .................................................................................. 75

    4.5.2. Anlise socioeconmica e demogrfica entre os grupos ..................................... 80

    4.5.2. Anlise de comportamento do consumidor entre os grupos ................................ 84

    4.6 Correspondncias com clusters ............................................................................ 87

    4.6.1. Correspondncia entre dados socioeconmicos e clusters .................................. 87

    4.6.2. Correspondncia entre comportamento do consumidor e clusters....................... 91

    5. CONCLUSES, IMPLICAES, LIMITAES E DIRECIONAMENTOS ..... 94

    5.1. Concluses .......................................................................................................... 95

    5.2. Implicaes acadmicas e gerenciais .................................................................... 96

    5.3. Limitaes de estudo e sugestes para estudos futuros ......................................... 97

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................... 98

    ANEXO 1 ROTEIRO DE ENTREVISTA EXPLORATRIA ............................... 103

    ANEXO 2 QUESTIONRIO ................................................................................ 104

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Perfil da amostra por gnero ............................................................................... 48

    Tabela 2 Perfil da amostra por faixa etria ......................................................................... 48

    Tabela 3 Perfil da amostra por critrio CCEB de renda ...................................................... 49

    Tabela 4 Nmero de Domiclios no Brasil por Estrato Socioeconmico ............................ 49

    Tabela 5 Grau de Instruo dos Entrevistados (%) ............................................................. 50

    Tabela 6 Interesse por Temas Diversos.............................................................................. 50

    Tabela 7- Matriz de Correlao - Interesse por Diversos Temas ........................................... 52

    Tabela 8 - KMO e Teste de Bartlett - Interesse por Diversos Temas ..................................... 52

    Tabela 9 - Autodeclarao de entendimento do termo RSC (%) ........................................... 55

    Tabela 10 Responsabilidade Social das Entidades ............................................................. 55

    Tabela 11 Matriz de Correlao Responsabilidade Social das Entidades ......................... 56

    Tabela 12 KMO e Teste de Barlett para Responsabilidade Social das Entidades ................ 56

    Tabela 13 Aes de empresas socialmente responsveis .................................................... 58

    Tabela 14 Matriz de Correlao - Aes de empresas socialmente responsveis ................ 59

    Tabela 15 KMO e Teste de Bartlett Aes de empresas socialmente responsveis .......... 60

    Tabela 16 Principal motivao para as empresas serem socialmente responsveis ............. 63

    Tabela 17 Atitudes do consumidor sobre RSC ................................................................... 65

    Tabela 18 Matriz de correlao - Atitudes do consumidor sobre RSC ................................ 66

    Tabela 19 -KMO e Teste de Barlett para Responsabilidade Social das Entidades ................. 67

    Tabela 20 Fontes de Informao sobre RSC ...................................................................... 70

    Tabela 21 Matriz de correlao Fontes de Informao sobre RSC................................... 70

    Tabela 22 - KMO e Teste de Bartlett Fonte de informao sobre RSC ............................... 71

    Tabela 23 Anlise de Frequncia do agrupamento ............................................................. 73

    Tabela 24 Tabela ANOVA fatores em interesse em temas diversos ................................... 75

    Tabela 25 Tabela ANOVA responsabilidade social das entidades...................................... 76

    Tabela 26 Tabela ANOVA responsabilidade social das entidades...................................... 76

    Tabela 27 Tabela ANOVA atitudes do consumidor sobre RSC.......................................... 77

    Tabela 28 Resumo dos fatores por grupo ........................................................................... 80

    Tabela 29 Gnero dos entrevistados por grupo .................................................................. 80

    Tabela 30 Teste qui-quadrado do gnero dos entrevistados por grupo ................................ 81

    Tabela 31 Faixa etria dos entrevistados por grupo............................................................ 81

  • xviii

    Tabela 32 Teste qui-quadrado faixa etria por grupo ......................................................... 81

    Tabela 33 Nvel de instruo dos entrevistados por grupo ................................................. 82

    Tabela 34 Teste qui-quadrado escolaridade do entrevistado ............................................... 82

    Tabela 35 Classe socioeconmica dos entrevistados por grupo .......................................... 83

    Tabela 36 Teste qui-quadrado classe socioeconmica do entrevistado ............................... 83

    Tabela 37 Atividade voluntariado dos entrevistados por grupo .......................................... 83

    Tabela 38 Teste qui-quadrado atividade voluntariado dos entrevistados ............................ 83

    Tabela 39 Principal motivao de empresas por RSC por grupo ........................................ 84

    Tabela 40 Teste qui-quadrado principal motivao de empresas por RSC .......................... 84

    Tabela 41 -Autodeclarao de entendimento do termo RSC por grupo ................................. 85

    Tabela 42 - Teste qui-quadrado autodeclarao de entendimento do termo RSC................... 85

    Tabela 43 Empresas Socialmente Responsveis pelo Grupo 1 ........................................... 86

    Tabela 44 Empresas Socialmente Responsveis pelo Grupo 2 ........................................... 86

    Tabela 45 Empresas Socialmente Responsveis pelo Grupo 3 ........................................... 86

    Tabela 46 Principais inrcias dados socioeconmicos e clusters ..................................... 87

    Tabela 47 Contribuies das colunas dados socioeconmicos e clusters ......................... 88

    Tabela 48 Contribuies das linhas dados socioeconmicos e clusters............................ 89

    Tabela 49 - Principais inrcias comportamento do consumidor e clusters ......................... 91

    Tabela 50 Contribuies das colunas comportamento do consumidor e clusters ............. 91

    Tabela 51 Contribuies das linhas comportamento do consumidor e clusters ................ 92

  • xix

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 - Pirmide da Responsabilidade Social ................................................................... 27

    Figura 2 Modelo Geral do Comportamento do Consumidor............................................... 31

    Figura 3 Os Processos Decisrios do Consumidor ............................................................. 33

    Figura 4 Interesse Por Temas da Gerao Y ...................................................................... 51

    Figura 5 Interesse do Consumidor Brasileiro por diversos temas ....................................... 51

    Figura 6 Scree Plot para Anlise Fatorial do Interesse em Temas Diversos........................ 53

    Figura 7- Scree plot - Responsabilidade Social das Entidades............................................... 56

    Figura 8 Scree plot Aes de empresas socialmente responsveis ................................... 60

    Figura 9 Scree Plot Atitudes do consumidor sobre RSC .................................................. 67

    Figura 10 Scree Plot Fonte de informao sobre RSC..................................................... 71

    Figura 11 Dendograma da anlise de agrupamento pelo mtodo Ward .............................. 74

    Figura 12 Resumo da identificao de clusters .................................................................. 79

    Figura 13 - Mapa perceptual dados socioeconmicos e clusters ........................................ 90

    Figura 14 Mapa perceptual comportamento do consumidor e clusters ............................ 93

    Figura 15 Resumo da anlise de resultados ........................................................................ 94

  • xx

  • xxi

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Anlise Fatorial Interesse por Temas Diversos ................................................ 54

    Quadro 2 - Anlise Fatorial Responsabilidade Social das Entidades .................................. 57

    Quadro 3 - Anlise Fatorial Aes de empresas socialmente responsveis ......................... 62

    Quadro 4 Resumo da anlise fatorial atitude do consumidor sobre RSC ......................... 69

    Quadro 5 Anlise fatorial Fontes de informao sobre RSC ............................................ 72

  • xxii

  • 23

    INTRODUO

    O tema de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) vem de uma histria longa e

    diversificada. Apesar de algumas referncias sobre o tema terem sido realizadas antes da

    dcada de 50, foi depois disso que surgiu a Era Moderna da Responsabilidade Social

    (CARROL, 1999).

    Da dcada de 50 em diante, o assunto de RSC desenvolveu-se nas empresas. Em 1994,

    Smith afirmou que a Responsabilidade Social no significa mais caridade e hoje faz parte da

    estratgia empresarial, como instrumento para o aumento do reconhecimento da marca entre

    os consumidores, aumento da produtividade dos funcionrios, reduo dos custos de P&D e

    outros objetivos que trazem vantagem competitiva empresa.

    Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) articulam que o mundo passa hoje por grandes

    mudanas macroeconmicas. A recente crise financeira influenciou na perda de crescimento

    econmico e de confiana do consumidor. As altas taxas de crescimento de pases orientais

    comeam a deixar para trs os pases ocidentais. Impactos vm tambm das mudanas

    climticas e problemas ambientais cada vez mais evidentes, alm da mudana rpida nas

    tecnologias e nas interaes humanas.

    Ainda segundo os autores, essas mudanas macroeconmicas impactam numa mudana

    do consumidor que, por sua vez, impactam em mudanas no marketing. Nesse sentido, os

    autores citam o Marketing 3.0, um novo modelo de no qual o centro no mais produto ou

    consumidor, mas sim os valores e o ser humano. Nesse modelo, responsabilidade corporativa

    e lucratividade so contrapontos inseridos na gesto estratgica da empresa.

    Atentas a essas mudanas, as companhias desejam cada vez mais investir em aes de

    responsabilidade social. Porm, sempre com a mentalidade de objetivo de lucro, as empresas

    encontram a necessidade de entender quais so os retornos de tais investimentos e como o

    consumidor impactado aps tal comportamento corporativo.

    Para Peixoto (2005), a influncia das informaes de RSC merece ateno, pois faz

    parte de uma associao corporativa do consumidor. Tal associao faz parte e impacta no

    comportamento do consumidor, aumentando a habilidade dos profissionais de marketing de

    gerenciar decises cruciais para o posicionamento de seus produtos.

    Nesse sentido, encontra-se a a necessidade de entender melhor qual a relao entre as

    aes de responsabilidade corporativa e o comportamento do consumidor, para que as

  • 24

    empresas possam alinhar expectativas de uma relao de causa-efeito em seus planejamentos

    de marketing.

    A literatura sobre RSC aponta que no h uma resposta conclusiva a respeito da

    percepo das pessoas sobre RSC e o impacto disso na construo da imagem da empresa e

    nas decises de compra (SERPA e FORNEAU, 2007). Existem que apontam correlao

    positiva para a reputao da empresa e inteno de compra dessas empresas, e outros estudos

    concluem que essa correlao extremamente dependente de outas variveis da empresa e do

    consumidor (BHATTACHARYA e SEN, 2004; CASTRO, SIQUEIRA e KIBRUSLY, 2011).

    Indo ao encontro com esse contexto, uma pesquisa do Instituto Nielsen (2012) mostra

    uma tendncia global do surgimento dos chamados consumidores conscientes socialmente,

    aqueles que responderam pesquisa como dispostos a pagar um preo adicional por produtos

    ou servios de empresas que tm programas sociais. Ainda de acordo com a pesquisa, esse

    tipo de consumidor majoritariamente jovem 63% deles possuem menos de 40 anos.

    Esses jovens fazem parte da gerao Y. Nascidos depois de 1981 e antes de 2000, em

    um mundo globalizado, essa gerao vive um alto do poder de consumo e parecem possuir

    interesses e valores diferentes das geraes anteriores (ARNETT, 2010; COUTINHO, 2005).

    Mesmo assim, o interesse por valores ticos e sociais dessa Gerao um tema

    controverso. Enquanto alguns estudos defendem uma gerao mais altrusta e engajada com

    problemas sociais (GREENBERG e WEBER, 2008; ARNETT 2010), outros defendem uma

    Gerao Y narcisista e desinteressada por valores sociais (TWENGE e CAMPBELL, 2010;

    TWENGE, CAMPBELL e FREEMAN, 2012).

    O estudo bibliomtrico de Ltz, Canes e Beuron (2012) da transversalidade dos temas

    Responsabilidade Social Corporativa e Comportamento do Consumidor demonstrou que no

    exterior h um nmero significativo de trabalhos abordando esses temas. Porm, o mesmo

    no se repete na academia brasileira, que ainda possui poucas pesquisas realizadas sobre o

    assunto, portanto, comportando-se como um tema ainda recente no Brasil.

    Assim sendo, o objetivo geral desse trabalho investigar de que forma as atividades de

    responsabilidade social de uma organizao afetam o comportamento do consumidor da

    gerao Y e influenciam na tomada de deciso de aquisio de um produto ou servio desta

    mesma empresa.

  • 25

    1. REFERENCIAL TERICO

    O objetivo neste captulo foi buscar referencial terico para as ideias centrais que

    compem esse estudo. Ele se divide em 4 partes, cada um abordando uma dimenso que

    compe a temtica do estudo.

    A primeira parte discute o surgimento e desenvolvimento do tema de

    Responsabilidade Social nas corporaes, e o crescimento de significado desde seu

    surgimento at os dias atuais. A segunda parte discute diversos autores sobre o tema de

    Comportamento do Consumidor, sua importncia dentro do estudo do marketing e as

    principais metodologias de estudo sobre o tema. A terceira parte consiste numa reviso das

    pesquisas j realizadas sobre a transversalidade do tema de RSC e Comportamento do

    Consumidor no mundo e no ambiente brasileiro. A quarta e ltima parte dedicada ao estudo

    da Gerao Y, definio de faixa etria e linhas de comportamento dos principais estudos

    sobre o tema, definindo as singularidades e caractersticas dessa gerao.

    1.1. Responsabilidade Social Corporativa (RSC)

    A literatura sobre RSC uma histria longa e diversificada. Apesar de algumas

    referncias sobre o tema terem sido realizadas antes da dcada de 50, foi depois disso que

    surgiu a Era Moderna da Responsabilidade Social (CARROL, 1999).

    Uma das primeiras perspectivas veio de Bowen (1957), que definiu a

    Responsabilidade Social Corporativa como as obrigaes dos homens de negcios de adotar

    orientaes, tomar decises e seguir linhas de aes, que sejam compatveis com os fins e

    valores de nossa sociedade. Essa definio, segundo Carroll (1999), marcou o incio da

    discusso moderna sobre RSC.

    Na dcada de 60, McGuirre (1963) conceituou a RSC alm dos deveres legais e

    econmicos, no qual as obrigaes corporativas incluem interesse em poltica, no bem estar

    da comunidade e dos funcionrios, na educao, entre outros aspectos que resultam na

    organizao agindo de maneira justa, como um bom cidado faria.

  • 26

    Conforme Carroll (1999), foi na dcada de 1970 que as definies sobre o tema se

    espalharam pela literatura. Em 1970, Friedman publicou um artigo com o ttulo The social

    responsability of business is to increase profit. Nessa publicao, o autor defendeu uma

    viso econmica clssica de que a sociedade deveria ser responsvel pelas consideraes

    sociais, cabendo s organizaes apenas maximizar lucros e a obedecer s leis.

    Na mesma dcada outros autores publicaram definies sobre a RSC em linha com o

    que viria a ser a definio atual sobre o tema. Davis assim define a responsabilidade social

    corporativa:

    Para os fins desta discusso, [RSC] refere-se considerao da empresa, e em

    resposta de, questes que ultrapassam as restritas exigncias econmicas, tcnicas e

    legais da empresa. (p. 312)

    obrigao da empresa para avaliar, em seu processo de tomada de deciso efeitos

    de suas decises sobre o sistema social externo de uma forma que ir realizar

    benefcios sociais, juntamente com os ganhos econmicos tradicionais que a

    empresa procura. (p. 313)

    Isso significa que a responsabilidade social comea onde a lei termina. Uma

    organizao no ser socialmente responsvel se ele simplesmente est em

    conformidade com os requisitos mnimos da lei, porque isso o esperado de

    qualquer cidado. (DAVIS, 1973, p. 312-313)

    Alm de Davis (1973), Carroll props em 1979 um modelo para explicar a

    Responsabilidade Social Corporativa, aprimorado em publicao posterior (1991),

    denominado Pirmide de Responsabilidade Social, disposto na Figura 1.

    Esse modelo agregou preocupaes econmicas num enquadramento de desempenho

    social. Alm disso, inclui expectativas ticas e filantrpicas em um quadro de racional

    econmico e legal. (CARROLL, 1979) e um dos modelos mais aceitos para explicar o

    tema (LTZ, CANES e BEURON, 2012).

    Nesse modelo, existem quatro tipos de responsabilidade que uma organizao pode

    exercer: econmica, legal, tica e filantrpica. As duas primeiras responsabilidades so

    consideradas como requeridas e as duas ltimas so desejadas e esperadas pela

    sociedade. A apresentao em pirmide significa que elas so camadas consecutivas que

    devem ser preenchidas para o alcance da RSC. (LTZ, CANES e BEURON, 2012). A

    organizao no precisa preencher as camadas de maneira sequencial, mas sim

    simultaneamente (CARROLL, 1999).

  • 27

    Figura 1 - Pirmide da Responsabilidade Social

    Fonte: Adaptado de Carroll, 1991.

    Na dcada de 1980, Druker (1984) defendeu que responsabilidade social e

    lucratividade no s eram compatveis, mas que as empresas deveriam converter problemas

    sociais em oportunidades de negcios:

    [...] a responsabilidade social corporativa apropriada deve domar o

    drago, que transformar um problema social em oportunidades econmicas

    e benefcio econmico, em capacidade produtiva, em competncia humana,

    em empregos bem remunerados e em riqueza." (DRUKER, 1984, p. 62).

    Assim como Druker (1980), Smith (1994) afirma que a Responsabilidade Social saiu de

    uma perspectiva de caridade para fazer parte da estratgia empresarial, como instrumento para

    o aumento do reconhecimento da marca entre os consumidores, aumento da produtividade dos

    funcionrios, reduo dos custos de P&D e outros objetivos que trazem vantagem competitiva

    empresa.

    Apesar de Responsabilidade Social ter diferentes definies, Toldo (2002) destaca que

    preciso distingu-la de filantropia. Segundo a autora, filantropia est associada a atos de

    caridade eventuais, como distribuir uma parte do lucro a pedintes. J a Responsabilidade

    Social est ligada aos objetivos permanentes da organizao, unindo estratgia empresarial

    com necessidades sociais. Tal ato formado por aes sociais duradouras e que objetivam

    ajudar a alcanar o lucro, a satisfao dos clientes e o bem estar da sociedade.

    Contribuir com recursos para a comunidade

    Melhorar a qualidade de vida

    Obrigao de fazer o que certo, justo

    Evitar danos.

    Responsabilidades ticas

    SER TICO

    A legislao a codificao do certo e errado numa sociedade.

    Jogar dentro das regras do jogo.

    Responsabilidades Legais OBEDECER A LEI

    A base da pirmide da qual derivam as demais responsabilidades

    Responsabilidades Econmicas

    SER LUCRATIVO

    Responsabilidades

    Filantrpicas SER UM BOM

    CIDADO

  • 28

    No Brasil, a responsabilidade social corporativa ainda uma postura nova a ser adotada

    pelas empresas (ASHLEY et al., 2003), mas tem se mostrado uma tendncia. Conforme o

    Instituto de Pesquisas Econmicas Aplicadas (2006), em 1998, 67% das empresas da regio

    Sudeste contribuam para alguma ao social, percentual que subiu para 71%, em 2003.

    O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2009) publicou um estudo

    sobre as prticas e perspectivas das prticas de RSC no Brasil e demonstra que o tema ainda

    um processo em construo. Muitas das prticas de RSC adotadas em outros pases ainda no

    so seguidas no pas, sendo a maior parte formada por prticas relacionadas a temas que

    impactam na sobrevivncia das empresas e a imposies de regulamentaes do setor.

  • 29

    1.2. Comportamento do consumidor

    Engel, Blackwell e Miniard (2000) definem o comportamento consumidor como sendo

    as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e servios.

    Incluem-se nisso os processos decisrios que antecedem e sucedem estas aes.

    J a definio de Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007) mais ampla. Para os autores,

    estudar o comportamento do consumidor analisar os indivduos, grupos ou organizaes e

    entender o processo usado para selecionar, obter, usar e dispor de produtos, servios,

    experincias ou idias para satisfazer suas necessidades. Tambm envolve o estudo do

    impacto que esses processos tm sobre o consumidor e a sociedade.

    A origem do estudo do comportamento do consumidor tem razes histricas ligadas a

    teorias econmicas e, mais tarde, rea de marketing (ENGEL, BLACKWELL e MINIARD,

    2000). Para os autores, entender a motivao do consumidor uma atividade realizada por

    empresrios e empreendedores muito antes do surgimento do marketing moderno. Os

    dirigentes das pequenas empresas da poca tentavam conhecer profundamente seus clientes,

    podendo inclusive desenvolver produtos e/ou servios personalizados.

    Ningum tem maior interesse em motivao e comportamento do consumidor que os

    empresrios. Estes no procuram apenas entender o consumo, e incluem o objetivo de torn-

    lo uma ferramenta gerencial, escolhendo o mix de marketing para que estes tenham efeitos de

    comportamento de compra em determinados tipos de consumidores.

    Atualmente, a pesquisa de marketing a ferramenta que ajuda as organizaes a

    entender a motivao e o comportamento do consumidor que podem ser entendidos com

    preciso suficiente para reduzir os riscos de fracasso de aes de marketing.

    A soberania do consumidor apresenta um desafio formidvel, mas o

    marketing especializado pode afetar tanto a motivao quanto o

    comportamento se o produto ou servio oferecido for projetado para atender

    as necessidades e expectativas do consumidor. (ENGEL, BLACKWELL e

    MINIARD, 2000, p. 08)

    Dentro do tema, os autores consideram trs perspectivas de abordagem sobre o

    assunto: [1] influncia do consumidor, [2] ps-moderna e [3] intercultural.

    A perspectiva da influncia do consumidor dedica-se a compreender o comportamento

    do consumidor para influenciar ou mudar este comportamento. Sob essa perspectiva, as

  • 30

    pesquisas seguem dominantemente a viso do positivismo lgico, que deseja entender e

    prever o comportamento do consumidor com tcnicas empricas rigorosas, alm de descobrir

    as relaes de causa e efeito que conduzem a persuaso. Os principais objetivos para o estudo

    do tema sob essa perspectiva so aes de marketing, educao e proteo do consumidor,

    bem como para a construo de polticas pblicas de regulao de proteo. Conhecer as

    variveis de influncia sobre o comportamento de compra importante para que se

    posicionem produtos e servios considerando efetivamente os desejos e as necessidades do

    consumidor, orientando suas ofertas para o mercado.

    A perspectiva ps-moderna utiliza uma viso suplementar ao mtodo positivista. Essa

    perspectiva difere-se da primeira principalmente por desenvolver a pesquisa com

    consumidores para entender o objetivo de consumo, sem a inteno de influenci-lo.

    A terceira e ltima perspectiva descrita por Engel, Blackwell e Miniard, (2000)

    engloba a intercultura global. Significa dizer que embora as necessidades bsicas do

    consumidor e os processos decisrios sejam universais, as diferenas culturais devem ser

    consideradas no estudo do comportamento do consumidor. Essa viso objetiva conseguir

    desenvolver esforos para entender necessidades de origem culturalmente relevantes.

    A Figura 2 representa um modelo conceitual de Hawkins, Mothersbaugh e Best

    (2007), usado para entender a estrutura e o processo geral do comportamento do consumidor.

    De acordo com o processo desenhado pelos autores, os indivduos desenvolvem uma

    autoimagem e um subsequente estilo de vida com base em uma variedade de influncias

    internas (psicolgicas e fsicas, principalmente) e influncias externas (principalmente

    sociolgicas e demogrficas).

    A autoimagem e o estilo de vida do indivduo geram suas necessidades e desejos que

    muitas vezes sero satisfeitos com decises de compra. O processo de deciso do consumidor

    ativado quando o indivduo possui uma situao relevante.

    Esse processo e as experincias envolvidas nela iro, por sua vez, influenciar na

    autoimagem e o estilo de vida do consumidor ao afetar suas caractersticas internas e externas.

    De acordo com o modelo proposto por Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007), o

    presente estudo dessa pesquisa dever compreender os processos de deciso de compra: [1]

    como o RSC considerado na busca de informao das alternativas de compra e [2] como a

    RSC impacta na avaliao de seleo dessas alternativas.

  • 31

    Figura 2 Modelo Geral do Comportamento do Consumidor

    Fonte: adaptado de Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007)

    Ao longo dos anos, os pesquisadores focaram suas atenes para produzir estudos e

    teorias sobre o comportamento de escolha humano. Na situao de compra e consumo,

    geralmente, composto por uma combinao de benefcios utilitrios (racionais) e hedonistas

    (emocionais) (ENGEL, BLACKWELL e MINIARD, 2000).

    Segundo os autores, a tomada de deciso do consumidor influenciada e moldada por

    trs tipos de fatores. O primeiro formado pelas diferenas individuais, incluindo

    conhecimento, atitudes, motivao e recursos do consumidor, bem como sua personalidade,

    valores e estilo de vida. O segundo fator so as influncias ambientais como cultura, classe

    social, famlias e outros estmulos externos ao indivduo. O ltimo tipo de influenciador so

    os processos psicolgicos, compostos por processamento de informao, aprendizagem e

    mudana de atitude e comportamento.

    Kotler e Keller (2006) estudaram tambm o tema de comportamento de compras do

    consumidor, afirmando que ele influenciado por quatro fatores: culturais, sociais, pessoais e

    psicolgicos. Desses, a cultura quem exerce a maior e mais profunda influncia. Os fatores

    culturais so absorvidos pelo consumidor desde a infncia, incluindo certos valores,

    percepes, preferncias e comportamentos. Cada cultura ainda se divide em subculturas,

  • 32

    identificaes mais especficas que envolvem nacionalidade, religies, grupos sociais e

    regies geogrficas.

    O processo de compra de um consumidor inclui muitas decises multi relacionadas, e

    composto por diversos estgios. Engel, Blackwell e Miniard, (2000) criaram um modelo

    representado graficamente na Figura 3.

    No estgio 1, chamado de Reconhecimento da Necessidade, quando o indivduo

    percebe uma diferena entre a situao real e a desejada, forte o suficiente para despertar e

    ativar o processo decisrio. O reconhecimento da necessidade pode ser influenciado por

    fontes de natureza ambiental (como cultura, classe econmica e famlia) e/ou diferenas

    individuais (tais como motivao, envolvimento, valores e conhecimento).

    No estgio 2, a Busca de Informaes composta por uma busca de informaes

    relevantes para a tomada de deciso. Essa busca pode iniciar-se nas fontes internas de

    informao (prpria memria). Quando as informaes oriundas da memria no permitem

    uma escolha satisfatria, os consumidores partem para a busca de informaes no ambiente

    externo. Essa busca pode incluir diversas fontes e pode ser influenciada por uma srie de

    fatores situacionais.

    No estgio 3, com as informaes processadas, o consumidor faz uma Avaliao de

    Alternativa Pr-Compra, estreitando sua escolha para a alternativa preferida, de acordo com

    os benefcios esperados de cada uma das opes e os atributos preferidos do consumidor,

    O estgio 4 consiste na Compra em si, com a aquisio da alternativa preferida, ou at

    mesmo de uma substituta aceitvel. Aps a compra, o estgio 5 definido pelo Consumo do

    produto ou servio oferecido e relaciona-se com a satisfao mensurada no estgio posterior.

    O estgio 6 inclui a Avaliao de Alternativa Ps-Compra, onde o consumidor avalia

    qual foi o grau de satisfao que a experincia de consumo produziu. Durante esse estgio, os

    profissionais de marketing podem compreender se o consumo trouxe satisfao ou

    arrependimento ps-deciso. A qualidade do servio do ps-venda pode tambm participar na

    influncia dessa percepo positiva ou negativa.

    O stimo e ltimo estgio o Descarte do produto restante ou no consumido,

    podendo ser descartado com reciclagem ou a venda no mercado de usados, por exemplo.

  • 33

    Fonte: Adaptado de Engel, Blackwell e Miniard (2000).

    1.3. Comportamento do consumidor e RSC

    Influenciar o modo como os consumidores reconhecem as empresas uma questo

    estratgica importante (BARICH e KOTLER, 1991). Segundo Aaker (1996), essa associao

    cognitiva um tipo de vantagem competitiva de sustentabilidade.

    Apesar disso, ainda faltam evidncias de como, quando e que tipos de associaes

    corporativas afetam as relaes dos consumidores com a imagem da empresa,. Enquanto isso,

    empresas investem pesado em aes de propaganda, filantropia, patrocnios, cause-related

    marketing e estudos de imagem pblica sem realmente saber se isso realmente assegura uma

    melhoria da imagem da organizao (PEIXOTO, 2003).

    Diversas pesquisas foram desenvolvidas para ajudar a mostrar os benefcios que aes

    de RSC trazem para empresas (FILE e PRINCE, 1998), e as descobertas so extrememante

    Reconhecimento de Necessidade

    Busca

    Avaliao de Alternativa Pr-Compra

    Compra

    Consumo

    Descarte

    Figura 3 Os Processos Decisrios do Consumidor

  • 34

    destintas. Alguns estudos sobre a correlao entre RSC e retorno financeiro evidenciam

    relaes positivas, como no estudo de McGuire, Sungren, & Schneewels (1988), outras

    demonstram ausncia dessa relao (AUPPERLE, CARROLL, & HATFIELD, 1985).

    Recentemente, tm sido realizados estudos no campo de efeitos da responsabilidade

    social corporativa na atitude de funcionrios e consumidores (SERPA e FORNEAU, 2007).

    Em uma das pesquisas mais proeminentes nessa rea, Brown e Dacin (1997) demostraram que

    a deciso de compra leva em conta as associaes corporativas. Segundo os autores da

    pesquisa, a RSC no atribui qualidades aos produtos em si, mas cria um contexto favorvel

    que ajuda na avaliao positiva do produto. Isso resultou numa correlao positiva entre

    empresas que realizam aes de RSC e a preferncia dos consumidores por essas empresas.

    Para Dick, Chakravarti e Biehal (1990), o motivo que quando informaes

    importantes do produto esto faltando para a deciso de compra, os consumidores fazem

    inferncias atravs de associaes sobre a empresa e a marca, para substituir os atributos

    ausentes dos produtos, utilizando, por exemplo, a reputao da empresa em relao a

    inovao. como se a empresa servisse para uma avaliao genrica do produto e, nesse

    momento, surge a oportunidade da empresa influenciar a avaliao do produto atravs de sua

    imagem.

    Outro estudo, realizado por Mohr e Webb (2001), indicou que RSC e inteno de

    compra apresentaram correlao positiva, assim como para as avaliaes de produtos e

    empresas. O mesmo estudo indicou que doaes pequenas podem ser prejudiciais imagem

    da empresa.

    Porm nem sempre os resultados so positivos. Existem muitas pesquisas que

    apresentaram resultados onde a RSC surpreendentemente no demonstrou impacto ou valor

    adicional na viso do consumidor (CASTALDO et al., 2009).

    Um exemplo um estudo de grupo de foco realizado em 2011, no qual a maioria dos

    participantes declarou que comprariam um tnis da Nike mesmo sabendo que a empresa

    possui um pssimo histrico tico (CARRIGAN e ATALLA, 2001). O motivo, segundo

    pesquisa de Page e Fearn (2005) que os consumidores valorizam mais aes que afetam

    diretamente a si mesmo do que aes de efeito a outros stakeholders da empresa.

    Porm significante o nmero de empresas no mercado que conseguiram diferenciar

    seus produtos atravs de associao da empresa com termos ticos (CASTALDO et al.,

    2009), como a varejista de alimentos americana Whole Foods e a fabricante de cosmticos

    brasileira Natura.

  • 35

    No h uma resposta conclusiva a respeito da percepo das pessoas sobre RSC e o

    impacto disso na construo da imagem da empresa e nas decises de compra. (SERPA e

    FORNEAU, 2007). Enquanto algumas pesquisas demonstram correlao positiva para a

    reputao da empresa e inteno de compra dessas empresas, muitos outros estudos concluem

    que essa correlao extremamente dependente de outas variveis da empresa ou de

    caractersticas do consumidor (BHATTACHARYA e SEN, 2004; CASTRO, SIQUEIRA e

    KIBRUSLY, 2011).

    Estudos demonstram que o perfil do consumidor pode influenciar nessa correlao por

    diferenas em caractersticas como classe social, nvel educacional, sentimento de

    coletivismo, idade e sexo (CASTRO, SIQUEIRA e KIBRUSLY, 2011)

    O que McWilliam e Siegel (2001) descobriram que o grau de diferenciao dos

    produtos e o ciclo de vida da indstria tambm so importantes para influenciar na correlao

    entre RSC e comportamento do consumidor. Empresas maduras ou em indstrias de alto grau

    de diferenciao mais provvel que a RSC tenha maior impacto na deciso de compra do

    consumidor.

    No Brasil, a responsabilidade social corporativa ainda uma postura nova a ser

    adotada pelas empresas (ASHLEY et al., 2003), apesar de o tema ser de grande interesse para

    o consumidor brasileiro, segundo estudo do Instituto Ethos em 2005. Ainda mais importante,

    o estudo na rea acadmica da transversalidade desses temas no pas um tema recente, ainda

    com poucos trabalhos que exploram esse assunto (LTZ, CANES e BEURON, 2012).

    Segundo Pesquisa do Instituto Ethos (2005), quando perguntado sobre o significado do

    termo Responsabilidade Social Empresarial, o consumidor brasileiro espontaneamente

    vincula o assunto ao respeito pelo trabalhador e filantropia emergencial, tal como fazer

    doaes e adotar prticas de caridade (19% das respostas dadas), enquanto o conceito como

    proteo do meio ambiente aparece apenas em quinto lugar. Comportamento contrrio do

    que se v em pesquisas com consumidores de outros pases.

    Esses mesmos consumidores pesquisados pelo Instituto Ethos (2005), quando foram

    estimulados a explorar outros significados possveis atravs da avaliao de itens que

    sintetizam algumas das principais prticas de responsabilidade social no mundo,

    redirecionam, ao menos em parte, para o interesse prprio as principais aes das empresas

    nessa rea, como segurana e qualidade dos produtos. Esse resultado muito similar

    pesquisa de Page e Fearn em 2005 citado anteriormente.

  • 36

    1.4. A gerao Y

    O conceito de gerao possui diversas teorias. Para este estudo, ser utilizada a

    definio de maior influncia, de autoria de Karl Mannheim (CORDEIRO, 2012). Para

    Mannheim (1993), as geraes so formadas por indivduos de uma mesma idade-classe que

    compartilham de um mesmo processo histrico. Para a formao de uma gerao, deve existir

    a presena de eventos que quebrem a continuidade histrica e a vivncia desse momento por

    determinado grupo etrio, predispondo-os a certos modos de pensar.

    Por esse motivo, nem s a data de nascimento define uma gerao. Os indivduos de

    uma mesma gerao presenciam o mesmo acontecimento vivenciando experincias

    semelhantes e, sobretudo, processando essas experincias de forma semelhante (CORDEIRO,

    FREITAG e ALBUQUERQUE, 2012).

    Alguns autores tambm utilizam o termo coorte como equivalente a Gerao. A

    diferena que para determinar um coortes, no utilizado como ponto de partida o

    acontecimento de um evento histrico como no estudo geracional. Para o surgimento de um

    coortes, definido primeira uma faixa etria e as demais e encontra-se diferenas nos valores,

    atitudes e comportamento entre indivduos de diversos grupos (CORDEIRO, FREITAG e

    ALBUQUERQUE, 2012).

    Para Cordeiro (2012), a maioria das produes sobre a temtica de geraes vem dos

    Estados Unidos. Normalmente, eles tm foco no envelhecimento da populao, estudando como

    ser a continuidade do mercado de trabalho dado que a pirmide etria comeou a se inverter,

    mudando aspectos como economia, previdncia, sade pblica e fora de trabalho. No Brasil, as

    pesquisas sobre o tema comearam a surgir apenas nos ltimos anos.

    Para este estudo, sero utilizadas pesquisas geracionais nacionais e internacionais.

    Principalmente por se tratar do tema da gerao Y, a globalizao e os meios modernos de

    comunicao, fizeram com que jovens de diferentes pases compartilhassem dos mesmos

    acontecimentos e experincias, sendo possvel que eles faam parte de uma mesma posio

    geracional (TAPSCOTT, 2010).

    Os pesquisadores discutem atualmente a existncia de quatro geraes: os Veteranos,

    Baby Boomers, Gerao X e Gerao Y. Apesar da divergncia de datas de nascimento dessas

    geraes, as caractersticas de cada uma so bem semelhantes (CORDEIRO, 2012).

    A gerao dos Veteranos, das dcadas de 1930 a 1940 tiveram uma juventude

    estabilizada e de confiana quanto economia, seguido por uma reviravolta de depresso e

  • 37

    Guerra Mundial. Os Baby Boomers, nascidos entre 1946 e 1964 foram marcados por

    estabilidade nos anos 50 e uma revoluo social na dcada seguinte (TULGAN, 2009). A

    Gerao X iniciou-se na dcada de 1970, com o mundo no final da Guerra Fria e o Brasil

    passando por um processo de redemocratizao com a luta para Diretas-J (CORDEIRO,

    2012).

    Para Tulgan (2009), apesar de alguns chamam de Gerao Millenium os nascidos entre

    1978 e 2000, o autor divide-os em dois grupos, a Gerao Y de nascidos entre 1978 e 1990 e a

    Gerao Z dos nascidos entre 1991 e 2000.

    J a autora Cordeiro (2012) estudou os principais autores brasileiros e, de acordo com

    pesquisa de Amaral (2004), definiu a Gerao Y compreendendo jovens nascidos a partir de 1981

    at 2000. Apesar da internacionalidade de geraes dita acima por Tapscott (2010), para efeitos

    deste estudo, ser utilizado o corte de datas de Cordeiro (2012), por se tratar de um estudo

    realizado no Brasil.

    Em termos histricos internacionais, a Gerao Y cresceu num mundo j consolidado pela

    potncia econmica dos Estados Unidos e presenciou os ataques terroristas de 11 de setembro de

    2001, bem como a resposta com os ataques americanos ao Afeganisto e ao Iraque (SANTOS,

    2011)

    No Brasil, essa gerao vivenciou o impeachment do Presidente Fernando Collor em

    1992, o controle da inflao na economia brasileira bem como a abertura comercial ao mercado

    internacional e viu o seu pas ser destaque como um dos quatro mais promissores pases em

    desenvolvimento (SANTOS, 2011).

    Sob o aspecto social, a Gerao Y formada por pessoas que cresceram envolvidas com

    TV a cabo, videogames, computadores, internet e telefones celulares. O mundo possui uma viso

    virtual e global (CORDEIRO, 2012). O envolvimento com recursos tecnolgicos fez com que se

    desenvolvesse a bedroom culture, reforando a caractersticas individualistas dessa Gerao

    (COUTINHO, 2005).

    Essa gerao, segundo Twenge e Campbell (2008) marcado por caractersticas como

    autoestima, narcisismo, ansiedade e depresso, menor necessidade de autoaprovao e um lcus

    de controle mais externo do que jovens de outras geraes.

    No estudo de Twenge et al. (2010) com estudantes americanos, mostrou que valores

    extrnsecos, como status e dinheiro, so mais altos para a Gerao Y do que para os Baby

    Boomers. Surpreendentemente, a pesquisa mostrou que a Gerao Y no privilegia valores

    altrustas no trabalho como ajuda e valor social mais do que as demais geraes.

    O mesmo se repete no estudo de Twenge, Campbell e Freeman (2012), que demonstrou

    que as Geraes X e Y so menos preocupadas com os outros do que os Baby Boomers. A

  • 38

    Gerao X foi considerada menos propensa a querer um trabalho que ajude a sociedade ou que

    poderia ajudar aos outros, e menos provvel a mudar a sua alimentao se isso ajudasse a

    alimentar os famintos. Porm, numa tendncia contrria, a Gerao Y foi a que respondeu ser

    mais propensa a participar de servios comunitrios durante o colegial.

    Outas pesquisas relacionadas ao assunto encontraram resultados bem diferentes. O Instituto

    Nielsen de Pesquisa (2012) detectou uma tendncia global do surgimento dos chamados

    consumidores conscientes socialmente, aqueles que responderam pesquisa como dispostos

    a pagar um preo adicional por produtos ou servios de empresas que tm programas sociais.

    Ainda de acordo com a pesquisa, esse tipo de consumidor majoritariamente jovem 63%

    deles possuem menos de 40 anos.

    Outras pesquisas tambm seguiram o mesmo rumo e indicaram que essa gerao

    preocupada com questes sociais. De 1989 a 2006, a porcentagem de jovens voluntrios nos

    Estados Unidos dobrou de 13,4% para 26.4% de acordo com o relatrio da Corporation for

    National and Community Service (2006). Arnett (2010) chamou a gerao Y de Firsts

    Global, mais conscientes das questes sociais globais e mais propensos a participar em

    programas de voluntrios de causas mundiais. Greenberg e Weber (2008) consideraram essa

    populao como Generation-We, de jovens engajados politicamente e socialmente, que

    desejam inovar e encontrar solues para problemas de escala mundial.

    Como foi possvel observar, o resultado os estudos envolvendo o comportamento da

    gerao Y frente preocupao e ao contra problemas sociais encontrou-se divido em

    opinies completamente distintas. A presente pesquisa teve como objetivo investigar mais

    sobre o comportamento dessa gerao quanto ao seu senso de responsabilidade social,

    principalmente referente a empresas e marcas que esses jovens consomem.

  • 39

    2. PROBLEMA, OBJETIVOS E HIPTESES DE PESQUISA

    A definio do problema extremamente importante, pois para ao projeto ser

    conduzido de maneira adequada, necessrio que o problema de pesquisa seja identificado de

    maneira clara e precisa (MALHOTRA, 2012).

    Aps o levantamento do referencial terico sobre os diversos temas que compem a

    pesquisa, foram delimitados o problema, as hipteses e os objetivos de pesquisa.

    Como problema de pesquisa, foi desenvolvida a seguinte questo: as atividades de

    responsabilidade social adotadas pelas empresas influenciam a deciso de compra do

    consumidor da Gerao Y?

    Alm de nos questionar sobre o principal problema que a pesquisa responde, foram

    delimitados os objetivos especficos do trabalho, ou seja, metas que foram levadas em conta

    para que a pesquisa fosse considerada bem sucedida (MALHOTRA, 2012). Configuraram-se

    como esses os objetivos [1] entender o histrico de estudos sobre os temas de RSC,

    Comportamento do Consumidor e Gerao Y; [2] levantar dados secundrios de estudos

    semelhantes; [3] levantar dados primrios sobre o tema de RSC com os consumidores da

    Gerao Y atravs de um questionrio com uma dada amostra e, finalmente [4] investigar de

    que maneira a Gerao Y entende o tema de RSC e como isso impacta suas decises de

    compra.

    As hipteses formuladas de maneira a responder o problema de pesquisa podem assim

    ser definidas:

    H1: Os consumidores da gerao Y interessam-se sobre assuntos referentes a RSC.

    Durante a reviso bibliogrfica, foram identificados vrios estudos com resultados

    totalmente distintos para a questo do comportamento da gerao Y frente preocupao e

    ao contra problemas sociais. Por isso, a H1, apresentou-se como fundamental para o

    entendimento do comportamento da Gerao Y e a resoluo do problema de pesquisa.

    H2: Atos de RSC influenciam a tomada de deciso de compra dos consumidores da

    gerao Y.

    A reviso bibliogrfica mostrou que no h uma resposta conclusiva a respeito da

    percepo das pessoas sobre RSC e o impacto disso na construo da imagem da empresa e

    nas decises de compra. Tambm no foi encontrada nenhuma pesquisa especificamente

    direcionada para o pblico da Gerao Y, o que tornou fundamental que a pesquisa em campo

    testasse H2 para a resposta do problema de pesquisa.

  • 40

    3. MTODO

    Segundo Prodanov e Freitas (2013), a maneira pela qual os dados necessrios para a

    elaborao da pesquisa so obtidos chamada de procedimento tcnico, ou seja, a delimitao

    de um modelo conceitual de forma mais ampla, envolvendo diagramao, previso de anlise

    e interpretao de coleta de dados, considerando o ambiente em que so coletados e as formas

    de controle das variveis envolvidas. Dentre eles, os autores consideram o elemento mais

    importante para a identificao de um delineamento, o procedimento adotado para a coleta de

    dados.

    Nesse aspecto, a pesquisa aqui apresentada teve a sua coleta de dados pelo formato de

    levantamento, ou survey. Nesse tipo de pesquisa, a interrogao feita diretamente para as

    pessoas cujo comportamento deseja-se saber. Sua coleta feita atravs de algum tipo de

    questionrio respondido por um grupo significativo de pessoas para obter-se as concluses

    correspondentes aos dados coletados atravs de anlise quantitativa (PRODANOV e

    FREITAS, 2013).

    3.1. Plano amostral

    A elaborao de um plano amostral iniciou-se na especificao do pblico-alvo, ou

    seja, a coleo de elementos ou objetos que possuem a informao desejada pelo pesquisador

    e sobre as quais devem ser feitas inferncias (MALHOTRA, 2012).

    Para esta pesquisa, o pblico-alvo escolhido foi a chamada gerao Y. As datas que

    compreendem as Geraes so muito discutidas e diferem para diferentes autores (TULGAN,

    2009). Para este estudo, porm, foi utilizado um corte feito pela autora Cordeiro (2012),

    realizado com base em estudos brasileiros, principalmente de Amaral (2004). De acordo com

    essa diviso, a gerao Y compreendeu todos os jovens nascidos a partir de 1981 e

    terminando no ano 2000.

    No Brasil, o Censo (IBGE, 2010) apontou uma populao de Gerao Y de

    aproximadamente 51,3 milhes de pessoas, representando 27% do total da populao

    brasileira. Esse grupo apresenta-se formado em 50% homens e 50% mulheres.

  • 41

    Segundo Lauri (2009), devido ao alto custo e quantidade de tempo para coletar dados

    de toda a populao desejada, as pesquisam utilizam a amostra. A amostra uma parte

    representativa da populao, que deve ter quantidade e qualidade representativa.

    A qualidade definida como a capacidade de selecionar como e onde escolher os

    elementos da amostra. No caso desta pesquisa, a amostra foi recrutada por mtodo no

    probabilstico por adeso de voluntrios.

    Por quantidade entende-se pelo nmero ideal de casos a serem estudados. Esse clculo

    depende das caractersticas da populao e da pesquisa, bem como o grau de preciso

    desejado. Para essa pesquisa, foi calculado inicialmente como tamanho de amostra ideal 200

    respondentes. O nmero foi escolhido para possibilitar um adequado tratamento de dados.

    Aps aplicao do questionrio, foram apurados 204 casos vlidos da populao selecionada.

    importante ressaltar que objetivo da amostra selecionada foi o de criar um resultado

    vlido somente para essa amostra e, portanto, no generalizvel para toda a populao da

    gerao Y.

    3.2. Instrumento de pesquisa

    Compreenderam-se como procedimentos de desenvolvimento do instrumento de

    pesquisa as seguintes etapas [1] levantamento de dados secundrios; [2] entrevistas

    exploratrias; [3] desenvolvimento do questionrio e finalmente [4] o teste do questionrio.

    O levantamento de dados secundrios foi desenvolvido com a pesquisa pela coleta de

    dados que j disponveis e acessveis mediante pesquisa bibliogrfica e/ou documental

    (PRODANOV e FREITAS, 2013). O objetivo desta etapa foi colher informaes de pesquisas

    semelhantes da mesma rea temtica para auxiliar na modelagem do questionrio. Foram

    utilizados como dados secundrios as pesquisas realizadas pelo Instituto Akatu (2006; 2010)

    sobre o tema de Responsabilidade Social Empresarial e Consumo Consciente.

    A segunda etapa foi a realizao de entrevistas exploratrias com o pblico-alvo,

    consumidores da Gerao Y, sobre a rea temtica estudada nesta pesquisa. Foram

    entrevistadas quatro pessoas, sendo dois homens e duas mulheres de diferentes nveis

    socioeconmicos. Essa fase teve como objetivo descobrir possveis questionamentos e

    aprofundamentos temticos, bem como investigar o comportamento dos entrevistados com

  • 42

    questes bsicas do assunto de RSC atravs de conversas abertas delimitadas por blocos

    temticos. O roteiro da entrevista aplicado nessa etapa pode ser encontrado no Anexo 1.

    Aps a fase de entrevistas exploratrias, o questionrio foi desenvolvido com questes

    fechadas, utilizando escalas adequadas e preferencialmente mtricas.

    Aps o desenvolvimento, foi realizado um pr-teste, ou seja, um teste do questionrio

    em uma pequena amostra de entrevistados, com o objetivo de identificar e eliminar problemas

    potenciais (PRODANOV e FREITAS, 2013). Considerando a clareza e preciso dos termos,

    quantidade de perguntas, forma das perguntas, ordem das perguntas e introduo (GIL, 2005).

    No pr-teste tambm foi analisado o tempo de resposta, que obteve um tempo mdio de 7

    minutos e a adequao de escala.

    A verso final do questionrio aplicado encontra-se no Anexo 2. Algumas questes

    tiveram as opes exibidas sempre em ordem aleatria para que isso no influenciasse na

    qualidade das respostas.

    3.3. Coleta e crtica dos dados

    O instrumento utilizado para a coleta de dados primrios nessa pesquisa foi o

    questionrio com perguntas fechadas autoadministradas pelos entrevistados, utilizando

    aplicao on-line do questionrio atravs do software Question-Pro1. Os motivos que levaram

    a essa escolha incluem a facilidade e rapidez de aplicao (SEKARAN, 2002), considerando-

    se o nmero da amostra necessria para tornar a pesquisa representativa.

    A pesquisa em campo foi conduzida pela tcnica metodolgica snowball sampling,

    (amostragem bola de neve, em portugus). Segundo Baldin e Munhoz (2011) essa tcnica

    uma forma de amostra no probabilstica onde os participantes iniciais de um estudo indicam

    novos participantes e assim sucessivamente, at que seja alcanado o objetivo proposto.

    Desse modo, a pesquisa foi encaminhada para o crculo social da autora e completada pelo

    mtodo de snowball sampling.

    Diante de tal metodologia, a tcnica de amostragem desta pesquisa configura-se como

    no probabilstica por convenincia, pois os dados foram obtidos por elementos convenientes

    e as unidades de amostra escolhidas pela autora (MALHOTRA, 2012).

    1 Question-Pro Online Survey Software, disponvel em www.questionpro.com

  • 43

    A pesquisa de campo ocorreu no perodo de 10/10/2013 a 26/10/2013, no qual foram

    registradas 358 respostas. Aps a coleta, foi realizado o processo de crtica dos dados, onde

    todas as informaes previamente coletadas foram analisadas com a finalidade de encontrar

    possveis inconsistncias na base de dados, objetivando eliminar possveis erros capazes de

    provocar resultados no condizentes com a realidade do fenmeno pesquisado.

    Foram retirados participantes que se enquadraram em pelo menos uma as seguintes

    caractersticas: (i) no completou o questionrio, (ii) estava fora dos limites de idade

    permitido para a amostra, (iii) terminou o questionrio em trs minutos ou menos ou (iv)

    demonstrou anormalidade no padro de respostas como, por exemplo, o mesmo cdigo de

    resposta para diferentes itens de uma mesma escala. Aps o processamento crtico, restaram

    204 participantes vlidos, que foram utilizados como amostra nesta pesquisa.

    importante ressaltar que o mtodo escolhido possui algumas restries. O mtodo de

    amostragem no probabilstico por convenincia possui a limitao de no ser representativa

    da populao geral de jovens da Gerao Y do Brasil, por seu carter tendencioso de seleo

    das unidades amostrais (MALHOTRA, 2012).

    Alm disso, conforme colocado por Mohr, Webb e Harris (2001), como o custo de

    responder uma questo menor do que realmente se comportar de tal forma, possvel

    presumir que os respondentes podem tender a se comportarem de forma mais preocupada com

    questes de RSC do que realmente seriam na realidade.

    3.4. Processamento dos dados e anlise dos resultados

    O processamento de dados foi realizado por mtodo estatstico. Segundo Gil (2008),

    este mtodo se fundamenta na aplicao da teoria estatstica da probabilidade e constitui

    importante auxlio para a investigao em cincias sociais..

    Os dados foram processados por testes estatsticos univariados, bivariados e

    multivariados com as ferramentas do software estatstico IBM SPSS2 22.0 e o programa de

    planilhas eletrnicas Microsoft Excel 2010.

    2 IBM SPSS Statistics: Pacote de software estatstico que inclui aplicao analtica, Data Mining, Text Mining e

    estatstica.

  • 44

    3.4.1. Anlises univariadas e bivariadas

    Para a anlise univariada foram utilizados os mtodos de medidas de posio e

    medidas de disperso.

    Segundo Malhotra (2012), as anlises de posio so estatsticas que descrevem uma

    posio dentro de um conjunto de dados. Nesta categoria, foi calculado a mdia, uma medida

    de tendncia central, mtodo mais utilizado para descrever o centro de distribuio.

    As anlises de disperso tm a finalidade de encontrar um valor que resuma a

    variabilidade de um conjunto de dados e incluem desvio padro, varincia e coeficiente de

    variabilidade.

    Com a estatstica bivariada, a anlise concentra-se na relao de duas variveis,

    estabelecendo ou no uma relao de causa/efeito entre elas. Podem ser considerados mtodos

    de anlise bivariada o teste para a independncia de duas variveis e o estudo da relao linear

    entre duas variveis, pelos coeficientes de correlao linear de Pearson ou Spearman ou

    regresso linear simples (REIS, MELO, ANDRADE e CALAPEZ, 1997).

    As tcnicas aplicadas para essa pesquisa com a estatstica bivariada incluem a matriz

    de correlao e o teste qui-quadrado.

    O teste qui-quadrado proporciona um teste estatstico da diferena nas

    matrizes de covarincia tal que 2 = (n -1) (matriz observada de covarincia

    da amostra matriz da covarincia estimada), onde n o tamanho da

    amostra. (...) Quanto menor a probabilidade (p

  • 45

    A principal anlise multivariada utilizada nesta pesquisa foi a Anlise Fatorial. Esse

    tipo de anlise tem como objetivo resumir e reduzir os dados, definindo um conjunto de

    variveis latentes comuns chamadas de fatores. Esse modelo permite uma viso direta das

    interrelaes entre variveis e respondentes e possui um papel importante para outras tcnicas

    multivariadas (HAIR, ANDERSON, TATHAM, BLACK, 2005).

    Todas as anlises fatoriais deste estudo utilizaram a rotao de fatores, com o objetivo

    de atingir um padro fatorial mais simples e significativo. O mtodo de rotao ortogonal

    escolhido foi o varimax. Segundo Hair et al. (2005), esse mtodo um dos mais populares e

    fornece uma separao mais clara dos fatores do que outros mtodos, como quartimax e

    equimax.

    Para a escolha do nmero de fatores, utilizaram-se as tcnicas de raiz latente

    (preferencialmente no patamar de 1,0 para o eigenvalue, podendo ser menor em alguns casos)

    e teste do grfico de declive (scree plot) como orientao inicial, porm com a escolha do

    nmero de fatores sujeitos a mudana por interpretao da pesquisadora, modelo conforme

    descrito por Hair et al. (2005).

    O critrio de deciso final do nmero de fatores foi definido pela percentagem de

    varincia. So considerados satisfatrios, para pesquisas da rea de cincias sociais, conjuntos

    de fatores que expliquem pelo menos 60% da varincia total (HAIR et al., 2005).

    Para testar a relevncia do modelo foi usado o teste de esfericidade de Bartlett e o

    coeficiente de adequao KMO. A estatstica do teste baseia-se na transformao do qui-

    quadrado de determinante da matriz de correlaes, com um nvel de significncia associado

    de 0,000 (MALHOTRA, 2012).

    E, finalmente, as anlises fatoriais passaram por uma anlise de confiabilidade pelo

    mtodo de alfa de Cronbach, a medida diagnstica mais amplamente usada em pesquisas.

    Para esse modelo, foi delimitado como limite inferior o valor de 0,7, que geralmente aceito

    nas pesquisas em geral (HAIR et al., 2005).

    3.4.2. Anlise de agrupamentos

    A anlise de agrupamentos inclui tcnicas multivariadas cujo objetivo agregar

    objetos com base nas caractersticas que eles possuem. Esse tipo de anlise se assemelha

  • 46

    anlise fatorial em seu objetivo de avaliar a estrutura. A diferena que a anlise de

    agrupamento est interessada em agregar objetos e utiliza a distncia como critrio de

    agrupamento, enquanto a anlise fatorial agrega variveis utilizando critrio de correlao

    entre os dados (HAIR et al., 2009).

    Segundo o autor, o funcionamento da anlise de agrupamento est ligado em executar

    um reconhecimento de padres e agrupamento de objetos. No caso desta pesquisa, os objetos

    estudados so os entrevistados. Ou seja, os entrevistados sero agregados em grupos

    tambm chamados de clusters baseados nas similaridades das respostas dadas por eles.

    A anlise de agrupamento, para esta pesquisa, teve o objetivo de descrio

    taxonmica. Ou seja, com carter exploratrio e focado em formar uma classificao com

    base emprica (HAIR et al., 2009). De acordo com as respostas dadas pelos entrevistados,

    cada cluster deve representar uma partio da gerao Y, cada um com caractersticas

    prprias.

    A pesquisa utilizou um mtodo hierrquico de agrupamento, combinando os objetos

    em uma estrutura do tipo rvore. Isso significa que os resultados de um estgio anterior so

    sempre aninhados com os resultados de um estgio posterior. O procedimento foi observado

    por uma representao grfica chamada dendograma (HAIR et al., 2009).

    Tendo em vista o objetivo da anlise de agrupamento, foi escolhido o mtodo de

    agrupamento de Ward. Hair et al. (2009) observa que esse mtodo utiliza alm da

    similaridade entre dois grupos, a anlise da soma dos quadrados dentro dos agrupamentos

    feita sobre todas as variveis. A medida de distncia utilizada foi a euclidiana quadrtica, que

    a soma dos quadrados das diferenas, medida indicada para o mtodo de Ward (HAIR et al.,

    2009).

    Para cada varivel, foi calculada a anlise de varincia, ou simplesmente ANOVA.

    Hair et al. (2009) explica que esse teste usado para determinar se a amostras dos grupos

    surgem de populaes com mesma mdias. A hiptese teste nula testada (H0) que todas as

    mdias de grupos so iguais, ou seja, elas se originam da mesma populao. Os casos em que

    a hiptese foi rejeitada significou que houve diferenciao estatstica significante na varivel

    entre os clusters.

  • 47

    3.4.2. Anlise de correspondncia (AC)

    A anlise de correspondncia uma tcnica multivariada que prope uma reduo

    dimensional e um mapeamento perceptual, configurando um mtodo hbrido de

    escalonamento multidimensional. Ou seja, ela compe um mapa perceptual baseado na

    associao entre os objetos e um conjunto de caractersticas descritivas ou atributos

    especificados pelo pesquisador. (HAIR et al., 2009)

    Ainda segundo os autores, o diferencial desta tcnica de anlise a sua habilidade de

    demonstrar graficamente a associao de objetos e atributos e, principalmente, a possibilidade

    de anlise com dados nominais. Essa ltima caracterstica permite usar a AC em muitas

    situaes nas quais outras tcnicas multivariadas mais tradicionais so inadequadas.

    O objetivo deste tipo de anlise observar as relaes entre os objetos e as variveis.

    Isso possvel atravs do mapa perceptual, que compe graficamente ambos itens

    simultaneamente.

  • 48

    4. ANLISE DOS RESULTADOS

    A seguir so apresentados os resultados da pesquisa em 6 partes. A primeira parte

    retratou o perfil da amostra entrevistada. A segunda parte investigou sobre o interesse desse

    grupo em relao a diversos temas. A terceira parte buscou entender a percepo dos jovens

    sobre o tema RSC. A quarta parte trata-se de um estudo sobre as atitudes e comportamentos

    da amostra. Na quinta parte dos resultados, os entrevistados foram agrupados em clusters e

    analisados quanto a perfil socioeconmico e diversos traos de comportamento e opinio. Na

    sexta e ltima parte, as anlises de correspondncia observaram as relaes de associao

    entre os clusters e demais dados obtidos na pesquisa.

    4.1. Perfil da amostra

    A Tabela 1 exibe que a amostra foi constituda em 49% por mulheres e 51% homens.

    Alm disso, a maioria dos respondentes pertencia faixa etria de 23 a 27 anos (40% da

    amostra), sendo 37% da amostra de 18 a 22 anos, 23% de 28 a 32 anos e 0,5% da faixa etria

    de 13 a 17 anos, conforme apresentado na Tabela 2.

    Tabela 1 Perfil da amostra por gnero

    Gnero Frequncia %

    Feminino 100 49

    Masculino 104 51

    Total 204 100

    Tabela 2 Perfil da amostra por faixa etria

    Faixa Etria Frequncia %

    Entre 13 a 17 anos 1 0,5

    Entre 18 a 22 anos 75 36,8

    Entre 23 a 27 anos 82 40,2

    Entre 28 a 32 anos 46 22,5

    Total 204 100,0

    Para mensurar perfis de renda, foi utilizado o Critrio de Classificao Econmica

    Brasil (CCEB) da Associao Brasileira de Empresas e Pesquisa. O CCEB um critrio que

  • 49

    tem como objetivo a segmentao econmica da populao brasileira. Parte-se do

    entendimento que o status socioeconmico a habilidade de se beneficiar de diversos

    recursos sociais. Cada estrato identificado atravs do padro de consumo do indivduo

    (PILLI, 2013).

    Para esta pesquisa, foi utilizada a diretriz vlida pra 2014 de CCEB. Segundo Pilli

    (2013), esse modelo traz inovaes tericas e prticas, com o potencial de consumo baseado

    no conceito de renda permanente e a reduo para sete estratos econmicos.

    Conforme a Tabela 3, a amostra da pesquisa formada por representantes de 6 dos 7

    estratos socioeconmicos, concentrado em 54% dos entrevistados pertencentes ao estrato 1.

    No participou nenhuma pessoa do 7 estrato, populao que hoje representa 14,5% da

    populao, de acordo com a Tabela 4.

    Tabela 3 Perfil da amostra por critrio CCEB de renda

    Estrato Frequncia %

    estrato 1 110 53,9

    estrato 2 29 14,2

    estrato 3 54 26,5

    estrato 4 10 4,9

    estrato 6 1 0,5

    Total 204 100,0

    Tabela 4 Nmero de Domiclios no Brasil por Estrato Socioeconmico

    Estratos Tamanho

    % No de domiclios

    NSE 1 2,8% 1.611.731

    NSE 2 3,6% 2.064.400

    NSE 3 15,1% 8.748.844

    NSE 4 20,6% 11.910.497

    NSE 5 20,6% 11.889.847

    NSE 6 22,8% 13.187.503

    NSE 7 14,5% 8.403.783

    Total 57.816.604

    Fonte: Adaptado de MAZZON e KAMAKURA, 2013.

    Os entrevistados apresentaram alto nvel de instruo, sendo que mais da

    metade possuam Ensino Mdio Completo/Superior Incompleto (60,8% da amostra), seguido

    por 30% dos entrevistados que possuam o Ensino Superior Completo/Ps-Graduao

    Incompleta, conforme descrito na Tabela 5.

  • 50

    Tabela 5 Grau de Instruo dos Entrevistados (%)

    Grau de Instruo do Entrevistado Frequncia %

    Mdio Completo/ Superior Incompleto 124 60,8

    Superior completo/ Ps Graduao Incompleta 62 30,4

    Ps Graduao Completa 17 8,3

    Fundamental 2 Completo/ Mdio Incompleto 1 0,5

    Total Geral 204 100,0

    4.2. Interesse por temas diversos

    Os entrevistados foram questionados sobre os seus interesses sobre nove temas

    diversos, sendo eles (1) Sade/Doena; (2) Produtos/ Compras/ Consumo; (3) Cultura,

    Ecologia/ Meio Ambiente; (4) Economia; (5) Poltica; (6) Empresas e Negcios; (7)

    Responsabilidade Social Empresarial e (9) Sustentabilidade. Foi utilizado uma escala Likert

    de 0 a 10, sendo 0 nenhum interesse e 10 total interesse.

    A Tabela 6 demonstra as mdias e os desvios padres para cada um dos temas.

    Observamos que Responsabilidade Social Empresarial o tema que a Gerao Y declarou

    menos interesse (mdia de 6,33), seguido por outro tema relacionado ao assunto,

    Ecologia/Meio Ambiente (mdia de 6,58).

    Tabela 6 Interesse por Temas Diversos

    Mdia Padro

    Coef. de

    Variao

    Cultura 7,67 2,006 26,2

    Economia 7,35 2,356 32,0

    Empresa e negcios 7,12 2,473 34,7

    Sade/ doena 6,87 2,445 35,6

    Sustentabilidade 6,78 2,301 33,9

    Produtos/ compras/ consumo 6,69 2,495 37,3

    Poltica 6,63 2,515 37,9

    Ecologia/ meio ambiente 6,58 2,392 36,3

    Responsabilidade Social Empresarial 6,33 2,485 39,2

    Esse resultado se assemelha em parte ao estudo feito pelo Instituto Akatu (2010) com

    a populao de 12 capitais brasileiras. A comparao pode ser feita observando-se a Figura 4,

  • 51

    do resultado dos entrevistados nesta pesquisa com a Figura 5, dos resultados da pesquisa do

    Instituto Akatu (2010). Em ambas, os termos de RSC e Sustentabilidade aparecem como

    temas que menos interessam a populao no geral.

    Figura 4 Interesse Por Temas da Gerao Y

    Figura 5 Interesse do Consumidor Brasileiro por diversos temas

    Fonte: Instituto Akatu (2010), p.20

  • 52

    Ao observar a matriz de correlao entre as variveis na Tabela 7, observamos vrios

    pares com correlao expressiva, o que tornou possvel a anlise fatorial das nove variveis

    que compem a declarao de interesse dos entrevistados por diversos temas.

    Tabela 7- Matriz de Correlao - Interesse por Diversos Temas

    V01 V02 V03 V04 V05 V06 V07 V08 V09

    V01 Sade/ doena 1,000

    V02 Produtos/

    compras/ consumo ,253*** 1,000

    V03 Cultura ,200*** ,161** 1,000

    V04 Ecologia/ meio ambiente

    ,339*** ,139** ,382*** 1,000

    V05 Economia ,166*** ,186*** ,177*** ,044** 1,000

    V06 Poltica ,151** -,024** ,271*** ,075** 0,579*** 1,000

    V07 Empresa e negcios

    ,117** ,497*** ,216*** ,152** 0,506*** ,292*** 1,000

    V08 Responsabilidade Social Empresarial

    ,180*** ,228*** ,436*** 0,562*** ,273*** ,218*** ,404*** 1,000

    V09 Sustentabilidade ,300*** ,167*** ,380*** 0,826*** ,147** ,148** ,169*** 0,666*** 1,000

    ***: p

  • 53

    mais adequada do ponto de vista terico. Os resultados obtidos encontram-se apresentados no

    Quadro 1.

    Figura 6 Scree Plot para Anlise Fatorial do Interesse em Temas Diversos

    Os quatro fatores extrados explicam 78,4% da varincia dos dados. O primeiro fator

    incluiu as variveis de Sustentabilidade, Ecologia/ Meio Ambiente, Responsabilidade Social e

    Cultura. Esse fator revela que os aspectos mais estritos de sustentabilidade, ecologia/meio

    ambiente e responsabilidade social devem constituir um trao cultural da sociedade e no

    serem vistos de maneira isolada. Este primeiro fator explica 29,6% da varincia total,

    representando assim o fator como maior fora das correlaes existentes entre essas variveis.

    No segundo fator, incluram-se as variveis Poltica e Economia. Ou seja, interesse

    pela situao poltica e econmica situa-se em segundo plano em termos da fora das

    correlaes entre variveis.

    O terceiro fator compreendeu a varivel Produtos/ Compras/ Consumo e a varivel

    Empresas e Negcios. Vale dizer que isso representa a relao de interesse dos consumidores

    pelo consumo de produtos produzidos e comercializados por empresas em termos de negcios

    especficos de atuao.

    No quarto fator, a varivel com maior carga fatorial correspondeu a Sade e Doena.

    Este fator percebido como independente por parte dos consumidores, no apresentando

    assim relao de dependncia com os demais fatores.

    As cargas fatoriais com valor superior a .50 so apresentadas no Quadro 2. Nota-se

    que as comunalidades de cada varivel so expressivas exceo varivel Cultura, que

  • 54

    apresenta maior disperso entre os fatores mostrando que os quatro fatores extrados

    explicam 78,4% da varincia dos dados.

    Os coeficientes da anlise de confiabilidade pelo Alfa de Cronbach tambm foram

    satisfatrios, tanto para cada fator como no agregado ( = .773).

    Quadro 1 Anlise Fatorial Interesse por Temas Diversos

    Fator Comunalidade

    1 2 3 4

    Sustentabilidade ,903 ,844

    Ecologia/ meio ambiente ,875 ,829

    Responsabilidade Social Empresarial ,801 ,761

    Cultura ,585 ,421

    Poltica ,892 ,827

    Economia ,824 ,773

    Produtos/ compras/ consumo ,883 ,844

    Empresa e negcios ,772 ,807

    Sade/ doena ,940 ,948

    Eigenvalue valor 3,3 1,6 1,1 ,9

    acumulado (%) 29,6 49,3 66,7 78,4

    Allfa de

    Cronbach

    do fator ,829 ,733 ,664 -

    agregado ,773

    Em sntese, podem-se agregar os interesses dos consumidores nos seguintes macro

    temas de interesse: responsabilidade social, poltica e economia, consumo de produtos e

    servios e sade.

    4.3. Percepo sobre responsabilidade social corporativa

    Nesta parte da anlise de resultados, os entrevistados foram questionados sobre suas

    percepes de Responsabilidade Social Corporativa em termos de significado, entendimento

    prprio sobre o assunto e em que nvel as empresas so responsveis por preservar o meio

    ambiente e solucionar problemas sociais.

    4.3.1. Autodeclarao do entendimento do termo RSC

    Quando perguntados sobre o seu prprio entendimento do termo Responsabilidade

    Social Corporativa, 49% dos entrevistados declarou saber mais ou menos o que o termo

  • 55

    significa, sendo que 16% declararam nunca ter ouvido falar sobre isso, conforme demonstrado

    na Tabela 9.

    Tabela 9 - Autodeclarao de entendimento do termo RSC (%)

    Em relao ao termo "Responsabilidade Social

    Corporativa" Frequncia %

    Nunca ouvi falar sobre isso 33 16,2

    Ouvi falar mas no sei definir o que isso 40 19,6

    Ouvi falar e sei mais ou menos o que isso representa 100 49,0

    Ouvi falar e sei muito bem o que isso representa 31 15,2

    Total Geral 204 100,0

    4.3.2. Responsabilidade social das entidades

    Os entrevistados foram questionados sobre a responsabilidade de governos, sociedade

    civil, empresas e organizaes internacionais em preservar o meio ambiente e solucionar

    problemas sociais. Cada entidade foi julgada numa escala de 0 a 10 sendo 0 nenhuma

    responsabilidade e 10 total responsabilidade.

    Na Tabela 10 percebe-se que as entidades julgadas mais responsveis so os Governos

    (mdia de 8,9), seguido de Sociedade Civil e Organizaes Internacionais (mdias 8,7 e 8,0

    respectivamente). As empresas ficaram em quarto lugar, com uma mdia de 7,7 e a entidade

    menos responsvel na opinio dos entrevistados so as Organizaes No Governamentais, ou

    ONGs, com mdia de 6,9.

    Tabela 10 Responsabilidade Social das Entidades

    Mdia

    Desvio

    Pado

    Coef. de

    Variao

    V10 ONGs 6,95 2,4937 35,9

    V11 Governos 8,90 1,9912 22,4

    V12 Empresas 7,73 2,3474 30,4

    V13 Organizaes Internacionais

    (ONU, Unesco)

    8,07 2,2936 28,4

    V14 Sociedade Civil 8,65 1,9100 22,1

    Ao observar a matriz de correlao entre as entidades na Tabela 11, observamos todos

    os pares com correlao expressiva, o que tornou possvel a anlise fatorial das cinco

    variveis.

  • 56

    Tabela 11 Matriz de Correlao Responsabilidade Social das Entidades

    V10 V11 V12 V13 V14

    V10 ONGs 1,000

    V11 Governos 0,209*** 1,000

    V12 Empresa