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ANAIS DO III SIMPÓSIO PARANAENSE DE ESTUDOS CLIMÁTICOS e XXVIII SEMANA DA GEOGRAFIA DA UEL 22 a 26 de outubro de 2012 Londrina/PR EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS Conhecimentos e IMPACTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE MOBILIDADE URBANA NO MUNICIPIO DE LONDRINA EIXO: (Clima e espaço urbano)

IMPACTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE MOBILIDADE … DAS... · 2013-07-24 · urbano com o escopo de obter suas opiniões e percepção pertinente a vida cotidiana que está sendo

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ANAIS DO III SIMPÓSIO PARANAENSE DE ESTUDOS CLIMÁTICOS e

XXVIII SEMANA DA GEOGRAFIA DA UEL 22 a 26 de outubro de 2012 – Londrina/PR

EVENTOS CLIMÁTICOS

EXTREMOS Conhecimentos e

desafios

IMPACTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE MOBILIDADE URBANA NO

MUNICIPIO DE LONDRINA

EIXO: (Clima e espaço urbano)

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EVENTOS CLIMÁTICOS

EXTREMOS Conhecimentos e

desafios

IMPACTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE MOBILIDADE URBANA NO

MUNICIPIO DE LONDRINA1

Lincon Neves Garcia – Universidade Estadual de Londrina

[email protected]

Profª. Drª. Ideni Terezinha Antonello – Universidade Estadual de Londrina

[email protected]

RESUMO

O artigo tem como objetivo discutir as questões vinculadas à políticas públicas, principalmente no setor de mobilidade urbana e abordar estas políticas na esfera muncipal da cidade de Londrina-PR, no intuito de apreender as diretrizes do planejamento e gestão urbana voltados para a temática. No sentido de analisar os resultados das políticas públicas de mobilidade urbana e seu impacto nas transformações territoriais. Nesse contexto, o trabalho teve com um dos foco da investigação empirica o projeto de readequação da Avenida Maringá, o que influenciará na reestruturação urbana, mediante obras de infraestrutura do sistema viário municipal. Para realizar com mais clareza a pesquisa, o trabalho de campo foi um procedimento metodológico de grande eficiência, principalmente, com a execução de entrevistas abertas como os atores sociais que vivenciam o espaço urbano com o escopo de obter suas opiniões e percepção pertinente a vida cotidiana que está sendo afetada pelo intervenção do poder local com o projeto de readequação da referida avenida. Palavras-chave: Políticas Públicas; Mobilidade urbana; Urbano; infraestrutura. INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende apresentar uma reflexão sobre as políticas

públicas, mais especificamente das políticas de mobilidade urbana da cidade de

Londrina-PR, uma vez que a importância do transporte é alinhada

fundamentalmente na vida humana, desde o desenvolvimento econômico e social,

trazendo assim a necessidade da infraestrutura que o Estado tem que estar

presente frequentemente para atender a população.

Nesse contexto, encontra-se a necessidade de realização de estudos sobre

a reformulação do sistema viário da cidade londrinense, onde a Avenida Maringá,

1 O trabalho proposto teve origem a partir de um projeto de pesquisa que ainda está em processo de

desenvolvimento, voltado para as discussões de políticas públicas e políticas de mobilidade urbana.

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uma das avenidas mais movimentadas da cidade e da região oeste está em

processo de reforma, ou melhor, de adequação para melhorar a mobilidade do local,

mas o que acontece é que esse processo pode afetar alguns comerciantes e

residentes da Avenida Maringá, podendo ser maléfica ou benéfica em alguns pontos

que serão apontados nas entrevistas feitas no trabalho de campo. Dessa forma, o

procedimento metodológico da presente investigação baseia-se no levantamento e

análise de um referencial teórico sobre a temática da investigação na perspectiva de

fundamentar os encaminhamentos da pesquisa. Bem como, se realizará a pesquisa

empírica mediante a realização de trabalho campo in loco, a qual se torna

necessário para identificar a perspectiva das pessoas em relação a essa

reestruturação no local.

O presente artigo irá abordar uma discussão conceitual de políticas públicas

e suas implicações na sociedade com ênfase na política de mobilidade urbana. Um

breve resgate histórico das práticas de políticas públicas no Brasil também é feito

para mostrar como elas se desenvolveram no território brasileiro, principalmente no

desenvolvimento urbano do país. A problemática foco do trabalho vem em seguida

para mostrar as implicações mais diretas da política de mobilidade urbana na cidade

de Londrina-PR, ressaltando como a atuação do governo irá afetar a dinâmica do

trânsito motorizado perante a percepção da população que atua nas atividades

terciárias da Avenida Maringá, com relatos sobre suas opiniões de como a

readequação do sistema viário da avenida irá influenciar a atual organização

sócioespacial da área.

Breve discussão sobre políticas públicas e política de mobilidade urbana

A complexidade do entendimento sobre as políticas públicas nos obriga a

recorrer aos conceitos básicos muitas vezes para uma melhor compreensão do

assunto, dessa forma, o resgate de autores mais engajados no assunto é

necessário. De acordo com Fernandes (2007), para compreender o significado de

políticas públicas precisamos ter um duplo esforço, o primeiro constitui-se em

entender a eficiência, no sentido de verificar o resultado prático das políticas

públicas na sociedade, o segundo é reconhecer que qualquer política pública é uma

forma do governo participar e decidir relações de interesses sociais.

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Conforme resgata Fernandes (2007, p. 213), dois conceitos clássicos de

Bolívar Lamonier, os quais são abordados por ele da seguinte forma, “[...] que

definem o significado da formulação e implementação de políticas públicas, quais

sejam: agenda e arenas decisórias”. O objeto contido na agenda da política estará

sempre presente nas arenas decisórias, que compõem a formulação dos grupos de

interesse.

Souza (2006) ensina que não existem definições hegemônicas de políticas

públicas, sempre complexas e difíceis de seguir uma única linha de raciocínio para

ser definido. Mas nesse mesmo raciocínio, Souza (2006) complementa que a política

pública, só vigora quando o governo dá avanços para tal projeto progredir com

ações no mundo real que regem de tais processos propostos por governos

democráticos, obtendo resultados favoráveis ou não em sua conduta, submetidas a

acompanhamentos e avaliações.

Assim, sobre as políticas públicas, em palavras mais simplificadas, pode-se

considerar que são ações que o Estado coloca em prática para solucionar ou agir

em uma determinada questão, como por exemplo, na melhoria da qualidade de vida

da sociedade, visando atuar para um bem estar social de interesses públicos e

privados, como diz Souza (2003, p. 18), “[...] Até porque não podemos esquecer que

a análise de política pública é, por definição, estudar o governo em ação”.

A produção de estudos sobre políticas públicas é desenvolvida por

diferentes setores do conhecimento como afirma Souza (2003, p. 16), “[...] sendo a

área de política pública subdividida em várias subáreas, esses estudos focalizam,

em geral, aspectos determinados de uma política pública”. Nesse seguimento

podemos dizer que as políticas públicas de mobilidade urbana é uma dessas

subáreas, submetida a análises, pois conforme Souza (2003) para se transformar

em uma política pública, ela tem que o mínimo apresentar o problema, que no caso

foco desta é a mobilidade urbana, bem como ter legitimação, gestão, implementação

e ser avaliada. Conforme o desenvolvimento a análise, veremos que todas essas

características que formam a política pública serão expostas para uma melhor

compreensão da problemática trabalhada.

A mobilidade urbana é algo essencial no cotidiano das pessoas, em

qualquer país a circulação de pessoas é frequente, o sistema urbano mundial só

tende a crescer e requer cada vez uma organização que vise uma fluidez que

permita uma melhor qualidade de vida para a população urbana. Ainda mais em um

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país como o Brasil, onde a maior parte da população reside e transita no espaço

urbano. “O censo 1920 revelava que 30% da população brasileira vivia nas cidades

e 70%, no campo. Cinqüenta anos depois, ocorria o inverso – 70% nas cidades e

30% no campo” (BACELAR, 2007, p. 22). Cinquenta anos estes explicado por

Bacelar, como uma era em que o Estado promovia o desenvolvimento,

principalmente o industrial e não um governo preocupado em transformar as

relações sociais na busca de uma equidade socioeconômica, tal fato levou um

aprofundamento das desigualdades sociais presentes no espaço urbano.

A cidade de Londrina-PR não deixa de ser diferente de qualquer outra no

mundo, a circulação na área urbana de pessoas e de qualquer tipo de transporte

tem a necessidade de deslocamento, algo fundamental tanto para as relações

sociais, quanto para as econômicas e políticas. Assim. a infraestrutura passa a ser

sinônimo de necessidade quando falamos de melhoramento da circulação urbana,

neste ponto é que a intervenção do Estado tem que estar mais presente na

legitimidade do processo, na gestão e na implementação, como diz um dos dez

princípios para o planejamento urbano, a saber: “[...] Estruturar a gestão local,

fortalecendo o papel regulador dos órgãos públicos gestores dos serviços de

transporte público e de trânsito” (BOARETO, 2007, p. 22).

Segundo Bacelar (2007), o Brasil estava numa esfera de grande

desenvolvimento entre os anos de 1920-1980, com caráter desenvolvimentista,

conservador, centralizador e autoritário, o que mostra um governo investidor em

políticas públicas voltadas para o crescimento econômico, alimentando mais ainda o

processo de industrialização, sem transformar significativamente as políticas de

desenvolvimento social. Este breve resgate histórico caracterizando o Brasil como

um país desenvolvedor de políticas públicas, principalmente no setor de

infraestrutura voltada para o crescimento econômico assentado na preocupação da

industrialização nacional, o que consequentemente desencadeou um processo de

urbanização desorganizado no país, com a inserção de uma grande massa da

população brasileira na área urbana, advinda das transformações do espaço rural,

tal fato implicou diretamente nas questões de mobilidade urbana.

Conforme afirma Boareto (2007, p. 21), sobre a importância da mobilidade

para a sociedade:

[...] Primeiro, por ser um fator essencial para todas as atividades humanas; segundo, por ser um elemento determinante para o

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desenvolvimento econômico e para a qualidade de vida; e, terceiro, pelo seu papel decisivo na inclusão social e na equidade na apropriação da cidade e de todos os serviços urbanos. Também devem ser destacados os efeitos negativos do atual modelo de mobilidade, como a poluição sonora e atmosférica; o elevado número de acidentes e suas vítimas, bem como seus impactos na ocupação do solo urbano.

Bem como explicado por Boareto (2007), o sistema de mobilidade urbana

tem toda uma dinâmica dos comandos de gestão e dos dispositivos regulatórios, que

visa proporcionar imparcialmente as pessoas os bens e oportunidades de uma

cidade, junto à aplicação dos dez princípios fundamentais que o caderno de

referência para elaboração de plano de mobilidade urbana proposto pelo Ministério

das Cidades, o qual tem a perspectiva de contribuir para uma melhoria no sistema

viário nas cidades brasileiras.

O caderno de referência para elaboração do plano diretor de mobilidade

urbana tem como objetivo proporcionar uma orientação para a realização dos

programas e projetos voltados à política nacional de mobilidade urbana, abordando

todas as questões de transporte e de circulação urbana, este caderno visa

proporcionar uma capacidade de atuação estratégica na mobilidade urbana para as

cidades com 100 mil habitantes e aquela que estão situadas em regiões

metropolitanas, defende um desenvolvimento integrador. Assim, considera-se que o

mesmo pode colaborar muito para as cidades brasileiras se reorganizarem em um

modo mais sustentável e ter uma circulação urbana mais acessível.

Discussão da política de mobilidade urbana na cidade de Londrina-PR: o

projeto de readequação da Avenida Maringá

Pode-se considerar a área central da cidade como cerne do

desenvolvimento das principais relações econômicas, políticas, culturais e sociais,

onde se concentra a prestação de serviços que fomenta a economia londrinense, a

qual tem influência municípios que compõem a Região Metropolitana do norte do

Paraná. Segundo Gouvêa (2011, p.3), em abril de 2007, a cidade recebeu uma base

chamada Coordenadoria da Região Metropolitana de Londrina, que exerce a função

desde então de promover e articular toda a integração regional e das políticas

públicas que interessam em comum entre os Municípios e o Estado.

O município de Londrina localiza-se no norte do estado do Paraná,

exercendo uma função de centro urbano em nível nacional, “Município de

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importância regional tanto para o Paraná como para o Sul do Brasil, comporta em

seu desenvolvimento urbano estratégias bem definidas nos Planos Diretores que

aconteceram através dos tempos” (GOUVÊA, 2011, p. 8).

Quadro 1 – Evolução da População Residente do Município de Londrina – 1970/2000

Fonte: IBGE – Censos Demograficos 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000

Neste Quadro 1 pode-se considerar que a cidade de Londrina teve uma

evolução bastante significativa na população residente no espaço urbano,

mostrando uma evolução de 25,25%. Desde sua criação no ano de 1934, o

município londrinense vem dando importância para a ocupação do solo urbano, “As

principais realizações no final dos anos 40 foram: a implantação de galerias pluviais,

construção de escolas, elaboração do plano urbanístico”. (PREFEITURA DE

LONDRINA, 2012).

Segundo a Prefeitura (2012), a década de 1970 o município de Londrina se

destacou pelo fato de ter criado os primeiros centros industriais que incentivou a

coordenação do desenvolvimento industrial da cidade e também do desenvolvimento

urbano. Como a população ia se concentrando mais no espaço urbano, os

investimentos para a articulação do município crescia com uma dinâmica urbana

avançada, “ampliação na prestação de serviços como educação, sistema de água e

esgoto, pavimentação, energia elétrica, comunicação, e a criação do Parque Arthur

Thomas, a construção da nova Catedral, Ginásio de Esporte Moringão”.

(PREFEITURA DE LONDRINA, 2012).

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A década de 1980, segundo Prefeitura de Londrina (2012) ficou marcada

pela preocupação do capital comercial e desenvolvimento de ações para incentivar o

planejamento urbano, como a retirada da ferrovia da área central, criação das vias

Expressa Norte – Sul e da Avenida Leste – Oeste e também com a instalação do

terminal urbano e do transporte coletivo para que a circulação urbana se tornasse

mais flexível.

Na chegada década de 1990, a evolução da área urbana e do município de

Londrina não foi diferente das outras décadas, cada vez mais visando à dinâmica do

espaço urbano e a concentração de pessoas na cidade, se destacando como a

terceira mais importante cidade do Sul do Brasil segundo a Prefeitura de Londrina

(2012). “Neste período a cidade apresentava uma estrutura voltada para áreas

residenciais em praticamente todo seu território, destacando a região central em

razão do desenvolvimento da construção civil, refletida em inúmeros edifícios”.

(PREFEITURA DE LONDRINA, 2012). Conforme a Prefeitura de Londrina (2012) a

região norte também se transformou em região urbana formando uma grande área

residencial da cidade, concentrando grande parte da população nos conjuntos

habitacionais financiados pelo Banco Nacional de Habitação (BNH).

Como se observou, Londrina tem importância regional, destacando-se

bastante nas áreas de comércios e serviços, conforme constatam pesquisas

reveladas pelo IBGE, com um PIB de 5.789.237 milhões de reais na área de

serviços, número de grande expressão perto de um PIB industrial de 1.546.662

milhões de reais e um PIB agropecuário de 109.851 mil reais (IBGE, 2009).

A partir de dados do IBGE percebe-se que a cidade londrinense se destaca

expressivamente na área de serviços, que apresenta suas maiores funções na zona

central, onde gera toda uma circulação urbana muito mais intensa. Assim como

considera Santos (1996, p. 197), os lugares “se especializam, em função de suas

virtudes naturais, de sua realidade técnica, de suas vantagens de ordem social”.

(Apud: AZEVEDO –; OLIVEIRA, 2005, p. 434).

Devido essa elevada participação das atividades terciárias na economia

local, podemos dizer que existe um acúmulo de recursos financeiros de serviços e

comércio que refletem nos desenvolvimentos de Londrina. Como observado a

campo, a Avenida Maringá localizada na zona oeste, exerce características muito

semelhantes do que acontece no centro da cidade, com grande número de

comércios e serviços em todo seu percurso e com um sistema viário de circulação

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intensa, na qual está recebendo uma adequação para um melhoramento da

mobilidade urbana local (Figura 1)

Figura 1 - Avenida Maringá e Espaço Urbano de Londrina

Fonte: maps.google.com.br

Este projeto é fruto de políticas públicas de mobilidade urbana do município

de Londrina, que afeta diretamente os comerciantes e residentes da avenida e

também aos que circulam constantemente no perímetro urbano. A adequação tem

como foco principal melhorar a mobilidade urbana, dando maior flexibilidade aos

veículos motorizados. Mas o que acontece é que esses impactos geram

consequências benéficas ou maléficas aos comerciantes que exercem suas funções

no local. E para saber mais sobre esses impactos, foi realizado o trabalho de campo

na Avenida Maringá no dia 23 de agosto de 2012, o qual proporcionou obter

algumas considerações importantes das pessoas que estão vivenciando esse

processo e sendo afetado diretamente.

Segundo a Prefeitura de Londrina (2012) a Secretaria de Obras e

Pavimentação do Município de Londrina visa à melhoria da fluidez do tráfego,

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aumento no número de vagas de estacionamento e a melhor circulação dos

pedestres, e o Instituo de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL)

visa garantir a segurança na circulação do sistema viário e facilitar o acesso das

pessoas aos comércios da região. O projeto irá trabalhar em conjunto entre os

proprietários/locatários de lotes nesta avenida e o poder público, com a parceria

entre IPPUL, CMTU e Secretaria de Obras e Pavimentação de Londrina, buscando o

interesse comum de solução técnica, econômica e eficaz para conseguir uma

qualidade de atendimento e de vida as famílias e clientes do local.

Conforme a Lei n.º 10.637/08 – Plano Diretor, aprovada no dia 24 de

dezembro de 2008, que no capítulo III trata-se dos princípios básicos sobre a

política municipal de mobilidade. As leis n.º 281/55 e n.º 5.468/93- Código de Obras,

afirma que em edificações coletivas será permitido um rebaixamento de guia de 3,0

metros (três metros) linear por pavimento de estacionamento, com no mínimo 5

(cinco) vagas por pavimento. As leis valem também para unidades comerciais e

residenciais existentes na Avenida Maringá.

O problema do projeto é que a proposta para aumentar as vagas de

estacionamentos na Avenida Maringá não está coincidindo com a realidade, onde

muitos relataram a perda de muitos clientes pela falta de estacionamentos dos

mesmos. A realização do trabalho de campo foi de bastante importância para que

estas situações fossem registradas para esclarecer como os comerciantes estão

lidando com todas essas dificuldades.

Ao ser entrevistado (23/08/12), um comerciante da Avenida Maringá destaca

que a adequação pode melhorar o fluxo de pessoas em seu estabelecimento e

também está otimista para que a mobilidade urbana do local melhore devido a

alguns acidentes já evidenciados próximo ao seu estabelecimento. Ele diz que com

a construção do canteiro central vai evitar que veículos e motocicletas façam retorno

ilegal no meio da avenida e está otimista com a amplificação da esquina que cruza a

Avenida Maringá com a Rua Humaitá (Figura 2), dizendo pode melhorar

significativamente o fluxo:

Eu penso assim, se o transito for mais fluente e mais organizado, ele tende a orientar melhor as pessoas. Se o motorista tiver mais oportunidades de manobrar e se sentir seguro e também assegurar isso a outras pessoas, com certeza os acidentes e transtornos que estamos acostumados a ver no trânsito serão praticamente extintos [...]. (Trabalho de campo, 2012)

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Figura 2 - Ampliação da esquina que cruza Avenida Maringá com Rua Humairá

Fonte: Trabalho de campo, 2012

O comerciante ao ser entrevistado (23/08/12) deixa claro que sua maior

preocupação é com o comércio, expondo claramente que a adequação Avenida

Maringá foi projetada somente para o fluxo de carros, assim deixando com que os

estacionamentos para os clientes do seu estabelecimento e dos outros diminuíssem,

afetando diretamente seus atendimentos:

Uma coisa que vai melhorar com certeza é a fluidez do tráfego, mas para os comerciantes evidentemente é ruim, porque nós perdemos a faixa de estacionamento e ficaram duas pistas de rolagem e isso para os comerciantes fica claramente que é ruim, mas para o transito em si vai melhorar, a rapidez será muito maior e nossos clientes vão passar, olhar e dar um “tchauzinho” e até amanhã. Na verdade a prefeitura já vem lidando com isso a muito tempo, cerca de 20 anos atrás já pleiteava mudar a Maringá, minha empresa está aqui a sessenta anos e os proprietários antigos já vivenciaram algumas idéias, como fazer recuos iguais os que tem aqui na frente do meu estabelecimento para ter mais estacionamento, mas os comerciantes não concordaram e a prefeitura não seguiu com o projeto, mas desta vez não pediram a opinião dos comerciantes e simplesmente começaram a fazer e já está caminhando para a finalização [...]. (Trabalho de campo, 2012)

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O terceiro comerciante ao ser entrevistado (23/08/12) deixou claro sua

indignação perante a reforma da Avenida Maringá, porque além de já estar sendo

afetada ela corre risco de perder mais da metade de seus clientes e a alta

movimentação que tem em sua loja, mas também como todos os outros, afirma a

melhoria do trânsito:

Vai ser horrível, porque pra gente que só tem quatro vagas e bastante cliente será horrível, eles teriam que dar uma volta toda no quarteirão para estacionar e vir até meu estabelecimento, mas ninguém vai querer fazer isso, porque todo mundo quer algo prático e rápido. Minha opinião perante o transito é que vai melhorar, obviamente, mas para nós comerciantes não vai ser bom não, porque não vai ter mais estacionamento na rua. Todo cliente que vem aqui já reclama e muito, fica muito difícil de estacionar e vir até a loja, isso faz com que eles simplesmente sigam seu caminho para suas casas ou outros lugares por falta de conforto ao vir no meu estabelecimento [...]. (Trabalho de campo, 2012)

O depoimento acima refete a nova confiruração da av. como retirada dos

estacionamento como pode ser visualizada na Figura 3.

Figura 3 - Faixa Amarela que impede o Estacionamento

Fonte: Trabalho de campo, 2012

Essa configuração remete a lei de trânsito que segundo Departamento de

Trânsito do Paraná (Detran), existe uma infração que alega ao “Estacionar na pista

de rolamento das estradas, das rodovias, das vias de trânsito rápido e das vias

dotadas de acostamento”, recebendo multa gravíssima com penalidade de multa no

valor de 191,54 R$ e remoção do veículo do local e registrado com 7 pontos na

carteira de motorista.

A entrevista com o quarto comerciante (23/08/12) que está passando por

uma fase de improvisos, dizendo que está sendo a sorte seu caminho para ainda ter

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esperança que seu estabelecimento consiga ficar firme no local, por ser um

restaurante ele precisa muito de estacionamento grande durante a hora do almoço:

A preocupação maior é o estacionamento, eu ainda tive a sorte de ter aqui do lado um estacionamento de outra empresa que aluga por algumas horas que é na hora do almoço no caso, mas estou pagando um custo que não era previsto. Isto deixa claro que a prefeitura não me apóia, sem dar satisfação e eu tenho que lutar, conversando com meus clientes para que eles estacionem seus carros no lugar que eu alugo por um custo muito mais alto do que qualquer outro estacionamento por falta de ter qualquer tipo de vaga aqui, está bem complicado. A grande maioria dos meus clientes tem reclamado muito, dizendo além de tudo os carros não podem nem estacionar mais aqui em frente e eu só tenho quatro vagas, isso não suporta toda minha clientela. A Avenida Maringá irá virar uma avenida fantasma, onde só tem loja, mas não tem cliente por falta de estacionamentos, já perdi muitos clientes, estou tendo mais renda com os lojistas aqui da proximidade [...]. (Trabalho de campo, 2012)

Considera-se fundamental a opinião das pessoas perante a ação do governo

ao aplicar a política pública de mobilidade urbana para apreender como seu

cotidiano é afetado por esses processos, que neste primeiro momento de pesquisa,

se voltou para os comerciantes da área de estudo.

Desta forma, pode-se inferir que a percepção dos comerciantes sobre a

adequação da Avenida Maringá é de bastante descaso em relação ao setor, uma

vez que para eles faltou um planejamento por parte da prefeitura, pelo fato de não

apresentarem reformas que valorizassem mais o comércio, pois só visarem o

melhoramento da circulação de veículos motorizados. Todos os entrevistados

apresentam opiniões claras que o fluxo dos veículos irá melhorar, mas isso resulta

em uma dificuldade maior para eles, porque uma avenida considerada comercial e

que tem grande importância no município londrinense não pode ignorar a atividade

terciária.

MATERIAIS E MÉTODOS

Primeiramente foi feito um levantamento bibliográfico para leitura e

interpretação de obras voltadas ao tema proposto, pesquisa essa fundamental para

a construção do artigo. Como forma empírica, o trabalho de campo também é peça

chave para realização desta pesquisa, procedimento metodológico que contribui

para o levantamento das opiniões com entrevistas da população que está ligada

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diretamente com a adequação da Avenida Maringá. O uso do Caderno de

Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana, que atua como

coordenador de programas e projetos voltados à política nacional de mobilidade

urbana, discutindo todas as questões pertinentes do transporte e de circulação

urbana, um instrumento de ótima utilidade que proporciona uma capacidade

estratégica a todas as cidades com 100 mil habitantes e que estão situadas em

regiões metropolitanas e de desenvolvimento integrador, colaborando para a

reorientação de muitas cidades brasileiras relacionadas à infraestrutura do sistema

de mobilidade.

CONCLUSÃO

Este artigo teve um resultado dotado de discussões sobre políticas públicas,

mais especificamente de políticas de mobilidade urbana, no qual procurou mostrar a

atuação do Estado como condutor das políticas públicas de mobilidade urbana. E

mediante a opinião da população sobre a reorganização do sistema viário do

município de Londrina-PR, mais precisamente os comerciantes, verificar como estão

lidando com essa readequação da Avenida Maringá.

O projeto desta reforma que corre atualmente, deveria ter se efetivado a

mais de 20 anos, como relatado por um comerciante que tem seu estabelecimento

no local a mais de 60 anos. Mas o que acontece é que o projeto está causando

efeitos não muito satisfatórios para os maiores atuantes da Avenida Maringá, que

são os comerciantes, onde os mesmos não estão otimistas com a reforma pelo fato

de não apresentar resultados prazerosos para seus estabelecimentos, como por

exemplo, uma acessibilidade maior de seus clientes pela avenida e não apresentar

estacionamentos suficientes para que os mesmos clientes se acomodem e

movimentar seus comércios.

Por outro lado, quando falamos na questão de um sistema de mobilidade

urbana mais ágil e confortável, o projeto provavelmente em sua concretização irá

conseguir êxitos, por relatos dos próprios comerciantes que já perceberam a melhor

fluidez na avenida pelo fato de proibirem o estacionamento e garantir mais uma pista

aos motoristas, deixando assim a circulação muito mais ágil e confortável na

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Avenida Maringá e entre outras mudanças que serão evidenciadas após toda sua

realização.

O presente trabalho pode considerar que a discussão das políticas públicas

tem sempre que serem abordadas para que as ações do governo sejam

evidenciadas, como na atuação da população quanto ao planejamento do sistema

viário do município de Londrina-PR, com suas percepções e criticas apresentadas

neste artigo. Suas opiniões ajudam a considerar que a ação do Estado não foi

imparcial, que no caso os comerciantes não terão benefícios com a reforma da

Avenida Maringá. Isto mostra que a falta de planejamento e a implantação das

políticas públicas tem que ter uma melhor elaborada no município de Londrina-PR,

para que o objetivo dos projetos atinja uma imparcialidade maior e que estude

melhor antes de atuar em uma área de atividade comercial que depende

funcionalmente de todo um sistema viário de qualidade e que também atenda seus

requisitos para obter a circulação de pessoas no comércio constantemente.

A população também tem que estar mais atualizada destes projetos para

que possa opinar e conseguir fazer com que a atuação do Estado tenha uma melhor

visibilidade de suas necessidades. O cidadão tem que estar mais engajado com as

questões públicas, principalmente as que mais afetam grande parte de uma

população que sobrevive dos planejamentos públicos cotidianamente, mas se isso

não acontecer, as pessoas ficam passíveis de mudanças maléficas como é o caso

apresentado neste trabalho no que se refere ao comércio local.

REFERÊNCIAS AZEVEDO, A. M. de ; OLIVEIRA, L. . Políticas territoriais e padrões urbanos atuais em São José do Rio Preto. In: MENDES, Auro A., LOMBARDO, M.A.. (Org.). Paisagens geográficas e desenvolvimento territorial. Paisagens geográficas e desenvolvimento territorial. Rio Claro: Programa de Pós-graduação em Geografia - UNESP-Rio Claro e AGETEO, 2005, v. 1 , p. 427-445. BOARETO, R. Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana. Ministério das Cidades, Brasília: Ministério da Cidade, 2007. DETRAN – DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO PARANÁ. Infrações de Trânsito – Infrações Gravíssimas. Disponível em: < http://www.detran.pr.gov.br > Acessado em: 08/09/12.

ANAIS DO III SIMPÓSIO PARANAENSE DE ESTUDOS CLIMÁTICOS e

XXVIII SEMANA DA GEOGRAFIA DA UEL 22 a 26 de outubro de 2012 – Londrina/PR

EVENTOS CLIMÁTICOS

EXTREMOS Conhecimentos e

desafios

FERNANDES, ANTÔNIO SÉRGIO A. . Políticas Públicas: Definição, Evolução e o Caso Brasileiro na política social. In: José Paulo Martins Jr.; Humberto Dantas. (Org.). Introdução à Política Brasileira. São Paulo: Paulus, 2007, p. 203-226. GOUVÊA, S. L. Perfil da Região Metropolitana de Londrina – 2011. Secretaria de Planejamento-DP/GPI, 2011. IBGE - INSTITUTUO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE :: Cidades@ :: Londrina - PR. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br > Acessado em 05/09/12. PREFEITURA DE LONDRINA. Dados Populacionais. Disponível em: < http://www1.londrina.pr.gov.br > Acessado em 09/09/12. _______. História da Cidade. Disponível em: < http://www1.londrina.pr.gov.br > Acessado em 09/09/12. _______. Sistema Viário. Disponível em: < http://www1.londrina.pr.gov.br > Acessado em 09/09/12. SOUZA, C. Estado do campo da pesquisa em políticas públicas no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 18, n.51, p. 15-20, 2003. _______. Políticas públicas: Uma revisão de literatura, Sociológicas, Porto Alegre-RS, ano 8, nº 16, p.20-45, jul/dez 2006.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a minha orientadora Professora Doutora Ideni

Terezinha Antonello, que me ajudou na construção do presente trabalho e pela

paciência para me atender sempre que pode.

Agradeço também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) pelo apoio com a bolsa de estágio.

Ao meu Pai e à minha Mãe, por me proporcionar continuidade nos meus

estudos, meus eternos agradecimentos.

Queria agradecer também a todas as pessoas que aceitaram ser

entrevistadas em meu trabalho de campo para o desenvolvimento do trabalho.

Gostaria de agradecer também ao Departamento de Geociências (DGEO) e

a organização III SIMPEC & XXVIII SEMANA DE GEOGRAFIA DA UEL pela

oportunidade de apresentação do meu trabalho.