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Impactos do PL 2.295
CÂMARA DOS DEPUTADOSComissão de Legislação Participativa – CLS
Brasília – 30 de novembro de 2011
Eduardo PerilloCo-autor do estudo “Impactos do PL 2.295/00”
Dialética
A dialética permite a percepção da realidade social
como um todo, em permanente transformação, a partir
do entendimento de suas contradições;
Com as mudanças do modo de produção, modificam-se
as relações sociais;
O diálogo e a negociação são a via para a construção
do consenso democrático.
O PL 2.295/00
Nasce de um anseio dos trabalhadores da Enfermagem – enfermeiros, técnicos e auxiliares, a maior força de trabalho na saúde, predominantemente feminina – em obter melhores condições de trabalho e remuneração;Objetiva fixar a jornada de trabalho dos profissionais de Enfermagem, limitando-a a seis horas diárias e trinta horas semanais.
O PL 2.295/00
As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas;O PL 2.295/00, modificando o modo de produção, provocará mudança nas relações sociais; A dialética nos permitirá compreender as contradições internas do PL 2.295/00, de forma a buscar sua superação.
Impactos do PL 2.295/00
A Fehoesp – Federação dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e de Análises Clínicas e Demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo – comissionou estudo sobre os possíveis impactos do PL 2.295/00 sobre as instituições de saúde, visando contribuir para o seu entendimento e discussão.
Impactos do PL 2.295/00O estudo buscou identificar os possíveis impactos que sua implementação poderáprovocar, em especial nas estruturas do Sistema Único de Saúde (SUS) – hospitais e Estratégia de Saúde da Família (ESF);Procurou também cotejar os principais argumentos para sua implementação com a legislação específica já existente e as recomendações da OIT.
Principais impactos - I
Aumento superior a 20% nas obrigações
salariais dos hospitais com profissionais de
Enfermagem, variando com o tipo de instituição
hospitalar:
Principais impactos - I
Aumento de 22,16% na quantidade de
profissionais e de 23,70% no desembolso
com remuneração.
Principais impactos - II
Aumento superior a 20% no quadro de
profissionais de Enfermagem dos hospitais
para manter atual volume de horas
trabalhadas.
SUS
2.100 santas casas e outros hospitais sem fins lucrativos em municípios com até 30 mil habitantes;
174 mil leitos (34% do total do País);
41% das internações do SUS;
Qual será o impacto do PL 2.295/00?
Principais impactos - III
Despesas adicionais para as instituições de saúde: mais pessoas trabalhando implica ampliar vestiários e refeitórios, área de suporte administrativo (funcionários e equipamentos), benefícios oferecidos aos trabalhadores e dependentes: despesas de alimentação, plano de saúde, cesta básica, vale transporte, etc.
Principais impactos - IV
Aumento superior a 33% do número de
profissionais de Enfermagem das equipes de
Estratégia de Saúde da Família (ESF) ou
redução de 25% no período de atuação das
equipes, mantido o quadro atual de
profissionais.
Principais impactos - V
A pretendida redução da carga horária pode potencialmente produzir o efeito motivador para o acúmulo de vínculos de trabalho, tornando a dupla ou tripla jornada o novo padrão profissional, com prejuízos para os usuários, as instituições de saúde, a sociedade e agravos àsaúde dos trabalhadores.
Razão do Número de Ocupações por Número de Profissionais
0
1
1
1
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1
1
1
2
2
2
2
2
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223515-Enfermeiro de Bo rdo
223525-Enfermeiro de TerapiaIntens iva Enf Inte
223535-Enfermeiro Nefro lo gis ta
223545-Enfermeiro Obs té trico EnfermP arte ira
223555-Enfermeiro P uericulto r eP ediá trico
2235C1-Enfermeiro Saúde da Família
Razão
Set/2010
Figura 10São Paulo - ocupações e enfermeiros 2010
Fonte: CNES
Razão do Número de Ocupações por Número de Profissionais
1,2
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1,4
1,1
1,1
1,1
1,1
1,4
0,0 2,0
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Ambula tó ri
322200-Auxilia r deEnfermagem Saúde
Família
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Traba lho
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P s iquiá trica
Razão
Set/2010
Figura 11 - São Paulo
Ocupações e profissionais de enfermagem 2010
Fonte: CNES
Principais impactos - V
A maioria dos trabalhos em publicações
especializadas aponta as dificuldades
econômicas dos profissionais da Enfermagem
como justificativa para a multiplicidade de
vínculos de trabalho.
Principais impactos - V
Por outro lado, também relaciona a
multiplicidade de vínculos de trabalho com
doenças ocupacionais, entre elas a síndrome
de Burnout, e o aumento de erros e acidentes
no trabalho, com a consequente queda na
qualidade do atendimento à população.
Argumentos
A Convenção C149 e a Recomendação R157 da OIT (Nursing Personnel) não mencionam a jornada de 30 horas semanais, enquanto a legislação brasileira (Constituição e CLT) jácontempla grande parte dos argumentos utilizados para justificar a redução da jornada, inclusive quando comparada a outros países.
Argentina
Faltam profissionais qualificados para o exercício da profissão;
A exemplo dos demais países do Mercosul, não há regulamentação
específica da profissão, tão pouco órgãos específicos para a categoria;
O controle da profissão é feito pelo Ministério da Saúde e Ação Social, na
prática, descentralizado para os governos provinciais;
Inexistem dados confiáveis sobre a quantidade de profissionais, salários
médios e nível de instrução. As associações têm funções técnicas, não
influenciam e não participam das decisões dos governos.
Austrália
A regulamentação do trabalho dos profissionais de enfermagem e das
parteiras (midwife) é complexa, a classificação das atividades, condições
de trabalho (jornada, entre elas) e os salários variam em cada um dos
sete estados e na capital, o que provoca muitas tensões entre
profissionais de saúde;
Os acordos entre trabalhadores e empregadores são obtidos sem a
intermediação do Estado;
Austrália
Na tentativa de reduzir as tensões, o governo federal fez em 2010 um
grande esforço para unificar as regras das condições de trabalho, que, no
entanto, variam de acordo com o tipo de instituições empregadoras. Criou
três categorias: 1) hospitais públicos; 2) hospitais privados; 3) “aged care”,
cuidados para os idosos. Ainda assim, as regras federais são flexíveis,
admitem variações para contemplar as especificidades dos estados e até
mesmo dos territórios na determinação de salário mínimo, jornada de
trabalho, formação escolar, etc.
Austrália
A prestação de serviços pelos profissionais da área é regulamentada, há
salários mínimos por tipo de empregador (público, privado ou aged care),
especialidade, nível de instrução e qualificação;
Os trabalhadores do setor estão organizados em uma federação nacional,
com representação nos estados e em territórios, e a lei federal garante a
participação desses nas negociações;
Austrália
Em síntese, a profissão e as condições de trabalho são regulamentadas,
mas as regras variam de acordo com os estados, tipo de instituição
empregadora, tipo de serviço prestado pelo profissional e níveis de
instrução e qualificação. E ainda, os benefícios são negociados entre a
categoria e os empregadores, o Estado garante o direito à negociação,
mas não a intermedia.
Estados Unidos
O exercício da profissão é regulamentado por lei, de acordo com o grau
de instrução; as licenças para trabalhar são periodicamente renovadas e
podem estar associadas à educação continuada. Os salários e as
condições de trabalho variam de acordo com a região e especialidade, a
remuneração pode ser acrescida por bônus.
As classificações e imposições quanto à formação escolar variam de
acordo com os estados. Não há regulamentação quanto às condições de
trabalho específicas aos profissionais de enfermagem. As demandas da
categoria giram em torno do aumento de profissionais por pacientes e da
proibição da exigência de horas extras.
França
A França, como os demais países da OCDE, enfrenta o problema da
escassez de enfermeiras qualificadas. Para superar a dificuldade, a
jornada de trabalho foi reduzida para 35 horas semanais e o governo
autorizou a contratação de profissionais espanholas e libanesas;
As medidas, tomadas no final dos anos 90, no entanto não resolveram o
problema;
A regulamentação da profissão é assegurada pelo governo, com
participação dos sindicatos;
França
Aproximadamente 50% trabalha em instituições públicas, cujos salários e
condições de formação educacional são melhores que as oferecidas pelas
instituições privadas;
A seguridade social é garantida para todos profissionais (a aposentadoria
é após 30 anos de trabalho no setor público e 35 no privado). O nível
universitário (“enfermeiras diplomadas”, em tradução livre) garante
salários muito acima da média dos “sem diploma”.