Imperio Da Embalagem Professor

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  • 8/17/2019 Imperio Da Embalagem Professor.

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    Por dentro da notícia 

    Império da embalagemC

    hega a ser exasperante a super-

    ficialidade e o primarismo que o

    discurso político assumiu em dé-

    cadas recentes. […] Parte da culpa por

    essa situação pode ser atribuída aos

    avanços no campo do marketing  político

    que agora ganha apoio da neurociência.

    O que o estudo dos caminhos pelos

    quais os eleitores fazem suas escolhas

    revelou é que a razão pesa muito pou-

    co. Quase tudo é decidido com base

    em emoções, que podem ser até certo

    ponto manipuladas. Muito mais impor-

    tante do que o conteúdo do discurso é

    o “framing ” (enquadramento), isto é, a

    embalagem em que vêm as ideias. A

    chave para o sucesso eleitoral não es-

    tá em apresentar propostas boas e re-

    alizáveis, mas em associar a imagem

    do candidato a emoções positivas e a

    de seu rival a negativas.

    Ensino médio / Pré-vestibular

    1.  O filósofo inglês John Locke (1632-1704) define a autêntica sociedade política como uma associação de indivíduos quesão naturalmente proprietários de si mesmos, dado que possuem a razão necessária para a condução de suas vidas.a) Hélio Schwartsman comenta que, sob o influxo do marketing político, as escolhas eleitorais são manipuladas por es-

    pecialistas. Essa observação do autor do artigo revela um aspecto da realidade que contraria a sociedade defendi-da por Locke? Por quê?

     b) É correto afirmar que, segundo o ponto de vista de Schwartsman, a teoria liberal de Locke não é passível de apli-cação histórica? Justifique sua resposta.

    2.  O filósofo alemão Jürgen Habermas defende a formação, nas sociedades contemporâneas, de uma esfera públicacidadã, caracterizada por uma razão comunicativa, livre de qualquer dominação ideológica e na qual os argumentossejam publicamente examinados e confrontados. Habermas propõe ainda a constituição de uma democracia delibera-tiva, assinalada pela efetiva participação dos cidadãos nas decisões acerca da sociedade.a) Uma esfera pública cidadã, conforme conceituada por Habermas, comportaria o império da embalagem identifica-

    do por Schwartsman? Por quê? b) Confronte a democracia deliberativa, proposta por Habermas, com a democracia representativa, afetada pela ma-

    nipulação das emoções.

    FILOSOFIA

    Adaptado de SCHWARTSMAN, Hélio. Império da embalagem . www1.folha.uol.com.br. (24 fev. 2013).

  • 8/17/2019 Imperio Da Embalagem Professor.

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    Expectativa de respostas1.

    a) Sim, pois uma realidade política regida por estratégias que pretendem arrebatar eleitores a partir da utilização de seus senti-mentos compromete a vigência da autonomia dos indivíduos, segundo a perspectiva de John Locke, para quem os seres huma-nos são senhores de si com base em sua capacidade racional. Além disso, a elaboração mercadológica da imagem dos candida-tos a cargos públicos, em detrimento dos conteúdos das propostas políticas, é contrária à noção da sociedade política como umaassociação de indivíduos. Afinal, prioriza os interesses particulares de determinados grupos, muitas vezes em prejuízo dos di-

    reitos individuais. b) O texto de Schwartsman, em que explicita severos e concretos obstáculos à plena efetividade histórica do liberalismo, não nospermite a conclusão de que a tese liberal de Locke seja inviável em termos práticos. Não há, no artigo em questão, qualquer afir-mação que nos autorize tal conclusão.

    2.

    a) A esfera pública cidadã não comportaria o império da embalagem, posto que este se baseia na primazia das emoções e no pou-co espaço concedido a conteúdos políticos, enquanto a proposta de Habermas pauta-se pela reivindicação de uma razão comu-nicativa alicerçada no debate em torno de ideias propriamente políticas.

     b) Embora a democracia deliberativa defendida por Habermas não exclua os mecanismos de representação política, a submissãodas escolhas eleitorais, característica da democracia representativa, a critérios passionais e mercadológicos contraria frontalmen-te a perspectiva de participação racional dos cidadãos nos processos decisórios da sociedade.