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EMPRESAS 28 Diário Económico Terça-feira 11 Junho 2013 Projecto Empresa Impetus aposta em têxteis para o Maior fabricante europeu de roupa interior masculina lançou produto inovador para incontinentes e Carla Alves Ribeiro [email protected] A Impetus não nasceu numa ga- ragem, mas quase. Maria Emília Figueiredo recorda os primeiros tempos da empresa, criada por ela em Dezembro de 1973, em Barcelos, com 6 operárias e 250 contos emprestados. “Pedimos um empréstimo a um particular, porque o banco não nos dava crédito. Começá- mos numa casa velha. O quarto era a confecção, o embalamento era a cozinha, o outro quarto era o corte, tudo estava distribuído. Estivemos aí durante um ano e meio. As coisas começaram a correr melhor e passámos para uma casa maior.” Maria Emília e o marido, Al- berto Figueiredo, presidente da Impetus, lideram hoje um dos maiores fabricantes europeus de roupa interior masculina. Com quatro fábricas, o grupo factura 30 milhões de euros, emprega 800 trabalhadores, 100 dos quais numa unidade industrial em Cabo Verde. “A seguir ao 25 de Abril havia fábricas fabulosas que acabaram por fechar. Nós fomos dando um passinho de cada vez, investindo sempre aquilo que ganhávamos.” Na sede da Impetus , em Bar- queiros, faz-se tudo: dese- nham-se as peças, fabrica-se a malha, procede-se ao corte, à confecção e aos acabamentos. Também se trata da comunica- ção e o marketing das várias marcas. “Temos a marca pró- pria, a Impetus, que vai fazer 40 anos. Depois lançámos a marca Hot, muito mais ‘fashion forward’, mais vanguardista”, descreve Fernando Figueiredo, filho dos fundadores e respon- sável pela Comunicação e o Marketing. A compra de licenças inter- nacionais permitiu alargar o portefólio e entrar em novos mercados: “tínhamos necessi- dade de entrar no mercado francês, e foi aí que adquirimos as marcas Coup de Coeur e Eden Park. Posteriormente, em 2010, conseguimos a licença da Re- play, uma marca muito mais ‘world wide’,que conseguiu abrir-nos as portas do mercado americano e italiano”. A estratégia comercial da Im- petus passa pela presença nas mais prestigiadas lojas multi- marca do mundo. “Temos um grande êxito em Espanha, por- que estamos no El Corte Inglés, um grande êxito em França, porque estamos nos Lafayette e nos Printemps. As grandes ca- deias é que dão o nome. Preci- samos de entrar numa grande cadeia em Inglaterra, estamos à espera de uma oportunidade para entrar nos Harrods”, subli- nha Abílio Couto, assessor da administração. Crescer com a saúde A Impetus também produz para grandes empresas internacio- nais, como a Gap, Guess e Tommy Hilfiger. Mas é nas mar- cas próprias, que representam 25% da facturação total, que a empresa mais quer investir. E também numa nova área de ne- gócio, a da saúde. O objectivo é Alis lor s o dips 700 é o número de trabalhadores do grupo, com oito empresas e quatro fábricas 1 Área da confecção, onde as costureiras juntam as várias partes das peças de roupa interior. 2 Impetus, Hot, Coup de Coeur, Eden Park e Replay são as cinco marcas fabricadas pela Impetus. 3 O design das diferentes colecções é feito internamente. 4 Trabalhadora inspecciona a peça para detectar falhas na malha. 1 3 4 2

Impetus

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Entrevista Diário Económico 11 de Junho 2013

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Page 1: Impetus

EMPRESAS

28 Diário Económico Terça-feira 11 Junho 2013

ProjectoEmpresa

Impetus aposta em têxteis para oMaior fabricante europeu de roupa interior masculina lançou produto inovador para incontinentes eCarla Alves [email protected]

A Impetus não nasceu numa ga-ragem, mas quase. Maria EmíliaFigueiredo recorda os primeirostempos da empresa, criada porela em Dezembro de 1973, emBarcelos, com 6 operárias e 250contos emprestados.

“Pedimos um empréstimo aum particular, porque o banconão nos dava crédito. Começá-mos numa casa velha. O quartoera a confecção, o embalamentoera a cozinha, o outro quarto erao corte, tudo estava distribuído.Estivemos aí durante um ano emeio. As coisas começaram acorrer melhor e passámos parauma casa maior.”

Maria Emília e o marido, Al-berto Figueiredo, presidente da

Impetus, lideram hoje um dosmaiores fabricantes europeus deroupa interior masculina. Comquatro fábricas, o grupo factura30 milhões de euros, emprega800 trabalhadores, 100 dosquais numa unidade industrialem Cabo Verde. “A seguir ao 25de Abril havia fábricas fabulosasque acabaram por fechar. Nósfomos dando um passinho decada vez, investindo sempreaquilo que ganhávamos.”

Na sede da Impetus , em Bar-queiros, faz-se tudo: dese-nham-se as peças, fabrica-se amalha, procede-se ao corte, àconfecção e aos acabamentos.Também se trata da comunica-ção e o marketing das váriasmarcas. “Temos a marca pró-pria, a Impetus, que vai fazer 40anos. Depois lançámos a marca

Hot, muito mais ‘fashionforward’, mais vanguardista”,descreve Fernando Figueiredo,filho dos fundadores e respon-sável pela Comunicação e oMarketing.

A compra de licenças inter-nacionais permitiu alargar oportefólio e entrar em novosmercados: “tínhamos necessi-dade de entrar no mercadofrancês, e foi aí que adquirimosas marcas Coup de Coeur e EdenPark. Posteriormente, em 2010,conseguimos a licença da Re-play, uma marca muito mais‘world wide’,que conseguiuabrir-nos as portas do mercadoamericano e italiano”.

A estratégia comercial da Im-petus passa pela presença nasmais prestigiadas lojas multi-marca do mundo. “Temos um

grande êxito em Espanha, por-que estamos no El Corte Inglés,um grande êxito em França,porque estamos nos Lafayette enos Printemps. As grandes ca-deias é que dão o nome. Preci-samos de entrar numa grandecadeia em Inglaterra, estamos àespera de uma oportunidadepara entrar nos Harrods”, subli-nha Abílio Couto, assessor daadministração.

Crescer com a saúdeA Impetus também produz paragrandes empresas internacio-nais, como a Gap, Guess eTommy Hilfiger. Mas é nas mar-cas próprias, que representam25% da facturação total, que aempresa mais quer investir. Etambém numa nova área de ne-gócio, a da saúde. O objectivo é

Alislor s

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700é o número de trabalhadoresdo grupo, com oito empresas

e quatro fábricas

1 Área da confecção, ondeas costureiras juntam as váriaspartes das peças de roupainterior.2 Impetus, Hot, Coup de Coeur,Eden Park e Replay são as cincomarcas fabricadas pela Impetus.3 O design das diferentescolecções é feito internamente.4 Trabalhadora inspecciona apeça para detectar falhasna malha.

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Terça-feira 11 Junho 2013 Diário Económico 29

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Terça-feira, 22h00Canal 16 > ZON/Meo | Canal 9 > CabovisãoCanal 200 > Vodafone Casa TV/Optimus Clix

mercado da saúdeprepara nova solução para o mercado da obesidade.

desenvolver têxteis para esse sec-tor. “Acredito muito na saúde,ainda não sabemos o que ela poderepresentar, mas temos fortesexpectativas. É nossa convicçãoque vai ser um negócio muitoforte”, avança Abílio Couto.

Um produto inovador, pa-tenteado, para incontinentes li-geiros, o ProtechDry, criado emparceria com a universidade doMinho, marcou a estreia nestenovo mercado. Em desenvolvi-mento está também uma solu-

ção destinada aos que sofrem deexcesso de peso e obesidade.“Essas pessoas têm áreas defricção que as incomodam. Es-tamos, em conjunto com a uni-versidade do Minho, a desen-volver um tecido que produz al-guma electro-estimulação, fa-zendo com que as células e adi-pósitos se vão eventualmentequebrando”, afirma AlexandraTorres, responsável pelo novonegócio.

A empresa criou uma novasociedade em parceria com umaempresa holandesa para distri-buir o ProtechDry nos paísesnórdios e árabes. Em negocia-ção está a entrada na cadeia bri-tânica Boots, e também na Lo-catel, uma importante rede defarmácias e parafarmácias co-lombiana. O negócio da saúde

vai contribuir para reforçar ain-da mais a actividade internacio-nal do grupo, que exporta maisde 90% da produção.

De acordo com Luís Mota, di-rector comercial, a empresaperspectivava, no início desteano, um crescimento internacio-nal de 48%. “Todos os indicado-res e prognósticos a nível de no-vos mercados apontavam nessesentido. Esta crise veio-nos pas-sar uma rasteira. Temos de nosadaptar, mas ainda não perde-mos de vista esse objectivo.”

Os próximos anos serão deforte crescimento. As vendas de-vem aumentar para 45 milhõesde euros em 2015, e para 60 mi-lhões, em 2016. Previsões con-servadoras, que deixam de fora onegócio da saúde, que pode fazerdisparar os números. ■

0,123%nullam iliqui tem nit, silex exerit

se tatin vel uter luptat nit ipismolorperat. Esting euis etemi entsums andipismod doleseniat alit

vel dio d

60 Mێ quanto a empresa

prevê facturar em 2016,o dobro do actual volume

de negócios

A Impetus pondera abrir umaempresa no mercado norte-americano se o acordocomercial entre a Europa e osEstados Unidos se concretizar

O valor do euro face ao dólar, eas taxas pagas para entrar nosmercados fora da Europa, sãoentraves à reindustrialização,defende Alberto Figueiredo

A reindustrialização é o cami-nho para o crescimento?Acho que sim, mas tive oportu-nidade de dizer ao senhor mi-nistro da Economia que isso nãoé um problema apenas de Por-tugal. É da Europa. Têm de sealterar algumas regras. Era mui-to importante que o euro seaproximasse mais do dólar.Quando falamos de importar daÁsia, não é apenas um problemade mão-de-obra mais barata, étambém um problema de dólar,porque são economias que fun-cionam à base da moeda norte-americana, e por isso são maiscompetitivas. Fala-se muito emexportar para o Brasil e paraAngola, mas esquece-se quantocusta entrar nesses países. OBrasil paga 9% para exportarpara a Europa, e nós pagamos40% para entrar no Brasil. E emAngola é a mesma coisa. Tem dehaver um tratamento de igual-dade. Acho excelente este pos-sível acordo comercial com osEstados Unidos.Que impacto é que um tal acor-do podia ter na actividade daImpetus?Um impacto muito grande.Quando estamos a discutir ospreços, temos dois problemas: amoeda e os impostos. Temosduas agravantes que represen-tam quase 50% do preço de umapeça. Estamos mesmo a ponde-rar abrir uma empresa nos Esta-dos Unidos, pensando nesseacordo. Se o acordo se concluirvai ser muito benéfico para nós,vai ser um grande mercado.Uma redução de IRC seria im-portante para as empresas na-cionais?A redução de impostos é sempreimportante, não só para as em-presas que estão a operar, maspara possíveis investidores. Mastambém é preciso estabilidade.O que é que fizemos perante acrise? Aumentámos impostos.O que deveria ter havido era

ENTREVISTA ALBERTO FIGUEIREDOPresidente da Impetus

“Possível acordocom os EstadosUnidos seriaexcelente”

uma reforma da despesa do Es-tado. Agravou-se a situação daeconomia e não se resolveu oproblema do Estado. Não sei senão se poderia ter evitado a fa-lência de muitas empresas...Não há alternativa ao corte dedespesa que o Governo está apreparar?Penso que não. Com mais im-postos vamos ter mais empre-sas, pelo menos aquelas que de-pendem do mercado interno, aentrar em dificuldades e a falir.Fala-se muito no crédito, mas oque as empresas precisam não étanto de crédito, mas de quemcompre os produtos que fabri-cam. Só posso produzir se tiverquem compre. E o que nos faltaé procura no mercado interno.Lançou agora um produto ino-vador para o mercado da saúde.É promissor?Pode crescer muito. Mas um pro-duto só não chega. Os nossosparceiros, nos vários países, vãoter produtos novos sempre a che-gar. É uma área interessante emque o País devia investir. Aqueladiscussão que existe muito na te-levisão, de chamar a atenção paraaquilo que cada país investe emdesenvolvimento, é positiva. Es-tamos desconectados com o quese passa no resto do mundo, so-bretudo no sector privado. Aocontrário do que se possa imagi-nar, aquilo entra-nos, e hoje écapaz de ser difícil a Impetus vi-ver sem um sector de desenvol-vimento. Um desenvolvimentomais tecnológico, porque em ter-mos de design já o temos. ■ C.A.R

O que as empresasprecisam não é tantode crédito, masde quem compreos produtos quefabricam”

“A Impetus tambémproduz paragrandes marcasinternacionais,como a GAP, Guesse Tommy Hilfiger.