Implantação de um Módulo de Produção de carne Ovina em Pastagem com novo layout de área e corrigida

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    Implantao de um Mdulo de Produo de carne Ovina em

    Pastagem

    Jos Antonio Alves Cutrim Junior

    Ana Clara Rodrigues Cavalcante

    O manejo correto das pastagens fundamental para qualquer sistema de

    criao de bovinos a pasto. Em pastagens bem manejadas, as forrageiras normalmente

    apresentam crescimento mais vigoroso, protegem melhor o solo e conseguem competir

    de forma mais vantajosa com as plantas invasoras, resultando em menor gasto com

    limpeza e manuteno das pastagens.

    O pastejo rotacionado tem sido uma das principais tcnicas adotadas no

    processo de intensificao dos sistemas pastoris. O pastejo rotacionado consiste na

    utilizao de pelo menos dois piquetes submetidos a sucessivos perodos de descanso e

    de ocupao. Como vantagens do uso do sistema rotacionado podemos citar:

    Melhor aproveitamento da forragem produzida, devido maior uniformidade depastejo:

    o Permite o uso de maior taxa de lotao.o Aumenta a produo de carne e leite por hectare.

    Favorece a rebrotao da forrageira sem a interferncia do animal (perodos dedescanso)

    Maior longevidade da pastagem devido constante renovao (elevadoperfilhamento)

    Auxilia no controle de verminoses e carrapatos Favorece a ciclagem de nutriente mais eficiente Reduz a abertura de novas reas para pastagem, aumentando reas de reserva

    legal devido a utilizando pequenas reas com elevada produtividade

    Algumas premissas bsicas devem ser observadas pelos produtores na

    implantao de um sistema de produo de ovinos com pastejo rotacionado nas

    pastagens:

    ____________________

    Doutorando do Programa de Doutorado Integrado UFC/UFPB/UFRPE. Email: [email protected] da Embrapa Caprinos e Ovinos Doutoranda USP-ESALQ. E-mail: [email protected]

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    1. Escolha da rea importante observar alguns parmetros para escolha do local para

    implantao de um sistema de pastejo rotacionado. Dar preferncia a terrenos regulares

    de preferncia j desmatados, com solos fisicamente bons e com boa fertilidade; rea

    plana ou levemente ondulada; acesso fcil a mquinas, energia eltrica e gua; prximo

    ao centro de manejo, casa do morador e mercados consumidores.

    2. Escolha da forrageiraFatores como clima e solo so fundamentais para a escolha da forrageira.

    Tambm devemos levar em considerao a declividade do terreno para tal escolha, onde

    gramneas como o Tifton-85 e Coast cross so recomendadas para reas de maior

    declividade (devido ao hbito de crescimento estolonfero, enramar) e Tanznia,Massai, e Aruana para rea de menor declividade. Segue abaixo a tolerncia a seca

    (Tabela 1) exigncia a fertilidade (Tabela 2) e atributos fsicos (Quadro 1) de algumas

    gramneas.

    Tabela 1. Classificao de plantas forrageiras por tolerncia a seca

    Alta(300-450mm)

    Mdia(500-700mm)

    Baixa(acima de 700mm)

    Capim-andropogon

    (Andropogon gayanus)

    Capim-rhodes

    (Chloris gayana)

    Capim-marandu

    (Brachiaria brizantha cv Marandu)Capim-buffel(Cenchrus ciliaris)

    Capim-massai(P. maximum x P.infestum)

    Capim-piat(Brachiaria brizantha cv Piat)

    Capim-corrente(Urochloa mocambicensis)

    Capim-tanznia(Panicum maximum cv Tanznia)

    Capim-xaras(Brachiaria brizantha cv Xaras)

    Capim-gramo(Cynodon dactilon)

    Capim-mombaa(Panicum maximum cv Mombaa)

    Capim-aruaua(Panicum maximum cv Aruana)

    Fonte: Cavalcante e Reis (2010)

    Tabela 2. Classificao de plantas forrageiras por exigncia em fertilidade do solo

    Baixa Mdia Alta

    Capim-andropogon(Andropogon gayanus)

    Capim-rhodes(Chloris gayana)

    Capim-elefante(Pennisetum purpureum)

    Capim-buffel(Cenchrus ciliaris)

    Capim-massai(P. maximum x P.infestum)

    Capim-aruaua(Panicum maximum cv Aruana)

    Capim-corrente(Urochloa mocambicensis)

    Capim-gramo(Cynodon dactilon)

    Capim-tanznia(Panicum maximum cv Tanznia)

    Capim-marandu(Brachiaria brizantha cv Marandu)

    Capim-Tifton 85(Cynodon spp.)

    Capim-piat(Brachiaria brizantha cv Piat)Capim-xaras(Brachiaria brizantha cv Xaras)

    Fonte: Cavalcante e Reis (2010)

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    Quadro 1 Grau de tolerncia de plantas forrageiras para atributos fsicos do solo

    Planta ForrageiraTextura Profundidade Encharcamento

    Argilosa Mdia Arenosa Raso Mdio Profun Boa Mdia BaixaCapim-andropogon X X XCapim-buffel X X X

    Capim-corrente X X XCapim-tanznia X X XCapim-mombaa X X XCapim-massai X X XCapim-elefante X X XCapim-tifton X X X

    Fonte: adaptado de Evangelista e Lima (2002)

    3. Uso da IrrigaoO uso da irrigao tem como objetivo primrio de solucionar o problema de

    estacionalidade de produo das pastagens, provocado pelo dficit hdrico associado a

    outros fatores climticos, tais como a temperatura e a luminosidade.

    Em reas de pastagem, necessrio irrigar toda a rea, uniformemente e com

    equipamento que no dificulte o manejo e o deslocamento dos animais. Portanto, os

    sistemas de irrigao por asperso so os mais adequados a essa funo.

    Para implantao do sistema de irrigao necessrio realizar

    (Mendona, et al. 2007):

    Levantamento de dados bsicos: vazo disponvel e fonte de gua, velocidade deinfiltrao de gua e armazenamento de gua no solo e evapotranspirao

    mxima da(s) cultura(s) a ser(em) plantadas;

    Estimativa da demanda e da periodicidade de aplicao de gua (lmina d gua eturno de rega);

    Dimensionamento hidrulico para atender a demanda e a periodicidadeestimadas na primeira parte.

    Os principais dados bsicos para a elaborao de projetos de irrigao so

    listados a seguir (Mendona, et al. 2007):

    Vazo mnima disponvel; Evapotranspirao de referncia da regio (ETo); Dficit hdrico (mensal, semanal, dirio);

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    rea mxima irrigvel (dependente da vazo mnima); rea do projeto; Tipo de solo (textura e armazenamento de gua); Forrageira a ser irrigada.

    Alm disso, importante observar a distncia da rea ao ponto de captao de

    gua, declividade do terreno, pois em terrenos com elevada declividade os custos com

    bombeamento da gua sero maiores. Escolher materiais de boa qualidade e

    dimensionar o sistema de forma que facilite o manejo da irrigao (setorizao da rea

    irrigada).

    Figura 1. Montagem de um sistema de irrigao em um sistema de pastejo rotacionado (Foto: acima - Ana

    Clara Cavalcante, abaixo esquerda- Rodrigo Gregrio, abaixo direita Leandro Oliveira)

    A irrigao de pastagens, quando eficientemente aplicada, proporciona a

    obteno de alimentos de menor custo. Para elevar a eficincia de aplicao da gua de

    irrigao, deve-se evitar faz-lo nas horas mais quentes do dia, em que a velocidade do

    vento causa muito efeito de deriva. A irrigao noturna seria o mais adequado,

    inclusive trazendo o benefcio de reduo nos custos de produo, pois a tarifa de

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    energia noturna inferior diurna. Avaliaes peridicas da eficincia de irrigao

    tambm podem ser efetuadas por tcnicos especializados.

    4. Formao da pastagemPara que os pastos a serem estabelecidos permaneam sustentveis preciso que

    os solos sejam corrigidos por meio de aplicaes de fertilizantes e corretivos, pois estes

    auxiliam na germinao e crescimento inicial da planta at seu pronto estabelecimento e

    uso pelos animais. Para que essas aplicaes sejam efetivas e tenham resultado positivo

    em termos ambientais e econmicos, a coleta e anlise de solo fundamental.

    Esta coleta feita inicialmente identificando machas de diferentes tipos de solo

    existentes na rea, quando houver, dividindo assim a rea em glebas e as coletas feitas

    em zig zag em cada gleba, coletando-se em cada ponto at uma profundidade de 20 cm

    dez amostras simples/ha e depois misturando-as para formar uma amostra composta em

    torno de 500g que ser identificada com informaes relevantes da rea atual e seu

    histrico e levada ao laboratrio de solos mais prximo. Os materiais necessrios para

    tal operao so: enxado para abrir o perfil do solo; trado, tubo para amostragem, p ou

    qualquer outro material que possa ser utilizado para coletar o solo; balde de 20L para

    colocar as amostras simples e efetuar a homogeneizao; saco plstico ou caixa de

    papelo para envio da amostra de solo ao laboratrio (MAPA, 2009).

    Figura 2. Sequncia de operaes na coleta de amostra de solo, utilizando-se enxado e p reta (p de

    corte). Foto: MAPA (2009)

    A interpretao dos resultados das anlises dos solos realizada em laboratrios

    assim como os clculos de doses de calcrio e adubos deve ser feitos sob a orientao de

    um engenheiro agrnomo. Esse profissional, com base nas recomendaes oficiais por

    Estado, de calagem e adubao para as mais diversas culturas, das informaes que

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    constam do questionrio sobre o ambiente geral da gleba ou talho e do histrico de

    manejo ir ajud-lo na tomada de deciso que seja tcnica e economicamente mais

    adequada.

    Caso seja necessrio, a calagem deve ser feita pelo menos 60 dias antes doplantio para que possa ocorrer s reaes necessrias com o solo. A aplicao feita em

    toda rea e incorporada na camada 0-20 cm do solo. Deve-se realizar o preparo da terra

    antes do plantio com arao e gradagem e em casos de solos muito compactados o uso

    de um subsolador. Tais prticas facilitam no processo de plantio, mantendo a semente

    em contato com o solo a uma profundidade adequada para melhores ndices de

    germinao.

    Figura 3. Gradagem (esquerda, Foto: Ana Clara Cavalcante) e sulcagem da rea para o plantio (direita,

    Foto: Ncleo de Ensino e Estudos em Forragicultura)

    A adubao de formao dever ocorrer concomitantemente com a semeadura.

    Em plantios mecanizados isso ocorre facilmente, pois h compartimentos tanto para

    semente quanto para o adubo. Em plantio manual aps a abertura do sulco ou da cova, o

    adubo pode ser colocado tanto em um sulco paralelo ou no fundo da cova, coberto com

    uma camada de terra e por cima, a semente. Seque abaixo (Tabela 3) um exemplo de

    recomendao de adubao levando em considerao o nvel tecnolgico empregado e a

    disponibilidade de nutrientes, avaliada atravs da anlise de solo.

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    Tabela 3. Recomendao de adubao (kg/ha) de plantio conforme disponibilidade do

    nutriente e nvel tecnolgico

    Adubo Nutrientes DisponibilidadeNvel Tecnolgico

    Baixo Mdia Alto

    Super triplo Fsforo Baixa 189,2 243,2 297,3

    Mdia 94,6 189,2 243,2

    Alta - - 108,1

    Super simples Fsforo Baixa 437,5 562,5 687,5

    Mdia 218,8 437,5 562,5

    Alta - - 250,0

    Cloreto Potssio Potssio Baixa 33,3 66,7 100,0

    Mdia - 33,3 66,7

    Alta - - -

    UriaNitrognio

    s/r - 111,1 277,8

    Sulfato Amnia s/r 250,0 625,0

    FTE BR 12 Micronutrientes s/r - 30,0 50,0

    Fonte: Adaptado deRecomendao para uso de corretivos e fertilizantes de Minas Gerais (5/Aproximao, 1999)

    No tocante a taxa de semeadura, quantidade de sementes a ser usada/ha,

    importante verificar o valor cultural (VC) da semente a ser utilizada, onde quanto maior

    for menor ser a quantidade de semente. Em capins propagados por muda, estima-se

    para uma boa formao da rea o uso de 800 kg de mudas/ha. Segue abaixo a taxa de

    semeadura dos principais gneros de gramneas cultivadas.

    Tabela 4. Taxa de semeadura (kg/ha) para os principais gneros cultivados de gramneas

    GneroCondio de cultivo Profundidade

    de plantio (cm)Ideal Mdia AdversaAndropogon 240/VC 320/VC 480/VC 01Brachiaria 240/VC 320/VC 480/VC 02Cenchrus 240/VC 320/VC 480/VC 01Panicum 180/VC 240/VC 340/VC 01

    Urochloa 200/VC 220/VC 300/VC 01Fonte: Neiva, 2005

    Quanto ao mtodo de semeadura possvel utilizar-se tanto a lano como em

    sulcos ou em covas. O mtodo a lano mais utilizados quando no se dispe de

    maquinrio adequado para plantio. A preocupao neste sistema fazer com que ele

    seja homogneo, para no haver falhas de emergncia na rea. Aps o plantio,

    necessrio passar um rolo compactador para uma leve incorporao das sementes,

    fazendo com que elas tenham maior contato com o solo e maior absoro de umidade. O

    rolo no sistema de pequena produo pode ser um tambor com gua.

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    Figura 4. Sementes de capim-tanznia com 85% de pureza (Foto: Ana Clara Cavalcante)

    J o sistema em sulcos possvel utilizar vrias mquinas para fazer o plantio,

    como a semeadeira, a plantadeira de cereais, entre outras. Este mtodo bastanteutilizado, pois a regulagem do equipamento permite maior preciso na distribuio da

    semente. O espaamento deve ser de 50 cm entre linhas e profundidade de, no mximo,

    2 cm para as Brachiarias e 1 cm para Panicum.

    Figura 5. Plantio manual em covas (esquerda) e irrigao logo aps o plantio (Foto: Rodrigo Gregrio)

    Se, aps o plantio, as sementes no forem devidamente incorporadas ao solo

    (ficando expostas), utilize grade niveladora fechada (onde os discos fiquem em posioparalela) somente para efetuar uma leve cobertura ou faa uma compactao com rolo

    compactador. O plantio em covas tambm pode ser feito utilizando-se uma matraca ou

    manualmente. A operao de semeadura feita por uma pessoa e a distribuio das

    sementes feita de cova em cova. um sistema muito utilizado em reas com alto

    declive e de difcil acesso com mquinas. Este tipo de semeadura feito com

    espaamento de aproximadamente 50 cm entre linhas e 20 cm entre covas. necessrio

    lembrar que, ao optar por plantio com matraca, necessrio soldar uma chapahorizontal distante 2 cm da boca para evitar o aprofundamento excessivo das

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    sementes. preciso tomar cuidado com o espaamento para que a densidade de plantas

    no fique baixa.

    5. Dimensionamento e manejo do sistemaO dimensionamento de um mdulo para uso sob lotao rotativa depende de

    vrias situaes existentes na propriedade.

    O primeiro ponto a ser discutido relacionado gramnea existente ou a ser

    implantada. Gramneas cespitosas (touceiras; ex: Tanznia, Aruana e Massai)

    normalmente expe os pontos de crescimento e sofrem mais com o pastejo feito pelos

    animais. Para essas espcies necessrio um maior perodo de descanso para retornar

    com os animais. Normalmente o perodo de descanso est em torno de 30 a 40 dias

    (NEIVA E CNDIDO, 2003).

    J as gramneas estolonferas (Tifton-85, Grama estrela, Coast cross), as quais

    se enrazam a partir do contato do caule com o solo, expem menos os pontos de

    crescimento e sofrem menos com o pastejo, se recuperando mais rapidamente aps a

    sada dos animais. Para essas espcies um perodo de descanso de 25 a 30 dias

    suficiente para que os animais possam retornar aos piquetes

    (NEIVA E CNDIDO, 2003).

    Tabela 5. Perodo de descanso e manejo da pastagem (condies de entrada e sada dos

    animais) em algumas espcies forrageira

    Espcie ForrageiraPerodo de

    descanso (dias)

    Manejo da pastagemAltura de entrada dos

    animais (cm)Altura de sada dos

    animais (cm)Panicum maximum cv. Tanznia 24 a 30 75 a 85 25 a 35Panicum maximum cv. Massai 21 a 28 55 a 65 20 a 25Panicum maximum cv. Aruana 21 a 28 40 a 50 20 a 25Capim Andropgon(Andropogon gayanus)

    25 a 30 - 20 a 30

    Tifton-85 (Cynodon spp.) 20 a 28 20 a 25 7 a 15Brachiaria humidicola 20 a 30 25 a 30 10 a 15Brachiaria decumbens 24 a 36 30 a 40 15 a 25Fonte: Adaptado de Martha Jnior, et al. 2003

    Tais condies descritas na Tabela 4 dependem principalmente no nvel de

    adubao de manejo empregado no sistema. Um manejo cotidiano do pasto com

    adubao nitrogenada na ordem de 300 kg de N/ha x ano, resulta em perodos de

    descanso maiores, menor produo de forragem e possivelmente reduo na qualidadeda mesma. J uma adubao de manejo de 600 kg de N/ha x ano promove reduo no

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    perodo de descanso, favorece maior produo de folhas, perfilhamento e melhora a

    qualidade da forragem consumida pelos animais. Como fonte de nitrognio, geralmente

    usa-se a Uria, mas sendo possvel o uso de outras fontes (Sulfato de Amnia e Nitrato

    de Amnia). Para o clculo da adubao nitrogenada deve-se levar em considerao a

    dose padro a ser utilizado (nas condies de Nordeste utiliza-se dose de 600 kg de

    N/ha x ano) o ciclo de pastejo (dias), n de ciclos/ano, tamanho do piquete, percentual

    de N no adubo a ser usado. Como exemplo em uma pastagem de capim tifton-85

    utilizando-se uma dose padro de 600 kg de N/ha x ano, uma altura residual de 10 cm,

    um perodo de descanso de 20 dias, perodo de pastejo de 4 dias, com 15,2 ciclos/ano e

    um piquete de 1250 m a dose total/ciclo de Uria de 10,9 kg. Para alcance maior

    eficincia de uso do nitrognio recomenda-se o fracionamento em duas partes da

    quantidade aplicada por ciclo, sendo a primeira parte aplicada aps a sada dos animais

    e a segunda parte no meio do perodo de descanso. Nesse caso, seguindo o exemplo

    acima temos 5,48 kg de Uria/aplicao.

    Outro ponto importante a ser determinado o perodo que o grupo de animais

    ir permanecer em cada piquete. Quanto maior o perodo de ocupao menor o nmero

    de piquetes necessrios. Normalmente usa-se um perodo de pastejo de 3 a 5 dias para

    ovinos.

    Uma vez definido o perodo de descanso e o perodo de pastejo possvel

    calcular o nmero de piquetes no pastejo rotacionado atravs da seguinte frmula:

    Nmero de piquetes =Perodo de Descanso

    + N de grupos no sistemaPerodo de Pastejo

    Se formos trabalhar com um capim Tanznia com um perodo de descanso de

    28 dias e um perodo de pastejo de 4 dias com apenas um grupo animal, devemos ter na

    rea 8 piquetes. Nesse mesmo caso, uma vez o produtor tendo duas categorias de animal

    (um de maior outro de menor exigncia), e optando por separ-las, isso caracterizara na

    modalidade de pastejo primeiro-ltimo do mtodo de pastejo sob lotao rotativa,

    onde os animais mais exigentes entram primeiro e os demais em segundo caso, a nova

    quantidade de piquetes ser:

    NP = 28/4 + 2 => NP = 9

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    O tamanho do piquete (TP) pode ser calculado dividindo o tamanho da rea

    pelo n de piquetes no sistema. Como exemplo, em uma rea de 1,0 ha (10000 m) e

    com 8 piquetes o tamanho de cada um ser de: TP = 10000/8 = 1250 m.

    Figura 6. Layout de distribuio dos piquetes de uma rea de pastagem cultivada, adubada e irrigada,

    manejada sob lotao rotativa

    Vale lembrar ainda que quanto maior o nmero de piquetes, maior o gasto com

    cercas divisrias. No item cercas, o produtor deve entender que pelo carter intensivo

    desse sistema de explorao das pastagens, no se concebe mais o uso de cercas com

    arame farpado. Alm do alto custo, os estragos que esse tipo de cerca, causa pele dosanimais, torna o uso dessa modalidade de cerca invivel.

    Atualmente recomenda-se o uso cercas eltricas ou de tela campestre. A

    escolha entre as duas depende de particularidades de cada propriedade. A tela campestre

    embora apresente custos de implantao mais elevados tem a vantagem de no

    necessitar de manuteno constante. J no caso da cerca eltrica, o custo de implantao

    baixo, porm h necessidade de limpeza peridica para se evitar que partes das plantas

    entrem em contato com a cerca e provoquem perdas de corrente. Em propriedades ondeno h energia eltrica o uso de placas de energia solar tem sido feito com sucesso

    (NEIVA e CNDIDO, 2003).

    6. Clculo da taxa de lotaoUma das principais causas de degradao das pastagens o superpastejo, causado

    pelo excesso de animais presentes na rea advindos de pocas de grande oferta de

    forragem para pocas de escassez.

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    O uso da equivalncia de unidade animal (EUA) para ajustar a presso de pastejo

    numa determinada rea uma das ferramentas mais utilizadas no manejo de pastagens.

    importante que a unidade animal seja calculada com base no peso metablico, ou seja,

    com base em uma medida que reflete melhor a necessidade nutricional do animal. A

    frmula para obter a EUA : EUA= 450,75 /4500,75 EUA= 17,37/97,70 EUA= 0,18

    UA. Portanto, ao contrrio do que se possa imaginar grosseiramente, uma rea de

    pastagem que suporta uma vaca de 450 kg, no ir suporta 10 ovelhas de 45, mas

    apenas 5,6 ovelhas. Colocar 10 ovelhas de 45 kg nessa rea significa colocar 1,8 UA, ou

    seja, uma presso de pastejo 80% superior ao mximo que suporta a pastagem

    (CNDIDO, 2005).

    A capacidade de consumo animal outra forma disponvel para ajustar a pressode pastejo. O quadro 1 traz algumas simulaes de como proceder este ajuste.

    Quadro 2. Exemplos de ajustes na capacidade de suporte para um hectare de pasto

    cultivado manejado sob lotao rotativa.

    PRODUO DO PASTO (MSFT)

    Mtodo de pastejoMSFT-PRE

    (kg)MSFT-RES

    (kg)MSF-ACUM.

    (kg)

    DUR.CICLOPASTEJO

    (dias)

    P FORR.(kg/dia)

    EFIC. USO(%)

    PLF (kg/dia)

    CONTINUO* 2700 2300 400 07 57 60 34,20ROTATIVA 3000 1200 1800 24 75 65 48,75

    NECESSIDADE DE CONSUMO DE MATRIA SECA (CMS)TIPO ANIMAL PVi(KG) PVf (KG) PVm (KG) CMS (%PV) CMS (kg/dia)OVELHA 40 40 40 3,5 1,4

    CORDEIRO 15 25 20 3,5 0,7TAXA DE LOTAO (TL)

    SIST. PASTEJO LOTAO CONTNUA LOTAO ROTATIVATIPO ANIMAL PLF (kg/dia) CMS (kg/dia) TL (cab/ha) PLF (kg/dia) CMS (kg/dia) TL (cab/ha)

    OVELHA 34,2 1,4 24 `48,75 1,4 35CORDEIRO 34,2 0,7 49 48,75 0,7 70

    Fonte: Adaptado de Cndido (2005).* No exemplo, a MSF-pre se refere a massa no dia 1 e a MSF-ps massa no dia 08. no contnuo toda a forragem que crescediariamente tem que desaparecer para que seja mantida sempre a mesma condio do pasto.LEGENDA: MSFT-PRE=matria seca de forragem total no pr-pastejo; MSFT-RES=matria seca de forragem total no resduo ps-pastejo; P.FORR.= produo de forragem; PLF=prod. Liquida de forragem; PVi=peso vivo inicial; PVf=peso vivo final; PVm= pesovivo mdio; PLF=produo lquida de forragem.

    7. Controle de verminoseO principal problema que afeta a produtividade de ovinos mantidos em condio

    de pasto tropical a alta incidncia de verminose. Vrias tentativas de manejo vm

    sendo testadas, no entanto, com baixa eficincia. Especulou-se que o manejo no

    esquema rotacionado poderia reduzir a incidncia de verminose. No entanto, o intervalo

    de descanso deveria ser to longo que comprometeria completamente a qualidade da

    forragem ofertada e consequentemente do desempenho animal.

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    Mtodos de controle, como a contagem de ovos por grama de fezes (OPG), com

    freqncia mensal e coleta de fezes de 20% do rebanho e o mtodo Famacha

    (freqncia quinzenal em todo o rebanho) tm sido utilizados com o intuito de tanto

    diagnosticar como tratar as verminoses. Fernandes et al. (2004) tm utilizado como

    critrio para vermifugao pelo mtodo o OPG o nmero mdio de 3.000. Neiva (2002)

    utilizando o mtodo do OPG, vermifugou rebanho ovino quando a mdia do nmero de

    OPGs foi superior a 10.000, desse modo, realizou uma vermifugao a cada trs meses.

    Vieira et al. (2009) tem testado o mtodo Famacha, que consiste em vermifugar apenas

    animais que apresentem sinal de anemia (Figura 7) pela observao da mucosa ocular,

    com ajuda de um carto com fotos. So cinco nveis avaliados pela mucosa do animal

    onde os nveis 1 e 2 no necessrio vermifugar. O nvel 3 a vermifugao dar-se

    alternada, caso o animal apresente tal nvel sucessivamente. Os nveis 4 e 5 a

    vermifugao indispensvel. Por esse ltimo mtodo possvel identificar animais

    mais susceptveis e assim, fazer uma seleo no rebanho para esta caracterstica. Esta

    foi a estratgia utilizada na Nova Zelndia, cuja base da produo de ovinos so as

    pastagens.

    Figura 7. Observao da mucosa ocular para determinao da necessidade de vermifugao indicando a

    necessidade de vermifugao do animal direita. (Fotos: Ana Clara Cavalcante)

    H quem sugira a entrada dos animais nos piquetes apenas aps a secagem do

    orvalho, pois nesse momento as larvas infestantes migram para as partes mais baixas do

    relvado procurando melhores condies ambientais e os animais sofreriam menores

    infestaes. Essa prtica precisa ser melhor avaliada na regio nordeste pois em funo

    da alta radiao solar e temperatura predominantes pode haver comprometimento do

    consumo de forragem pelos animais em funo do desconforto ambiental nas horas

    mais quentes do dia.

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    8. Consideraes FinaisO uso de um sistema de pastejo sob lotao rotativa pode trazer muitos

    benefcios econmicos e ambientais, desde que este seja bem planejado e racionalmente

    executado, levando em considerao as inter-relaes existentes entre solo-planta-animal.

    importante um auxilio de um tcnico experiente para que as tomadas de

    decises sejam feitas corretamente, gerando o equilbrio do sistema e ndices produtivos

    satisfatrios, pois caso contrrio, a eficincia do uso da tcnica de manejo intensivo de

    pastagem na produo de ovinos poder ser questionada, principalmente pelos

    produtores.

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    9. Referncias BibliogrficasCNDIDO, M. J. D. . Princpios do Manejo de Pastagens. In: Ana Cludia Nascimento

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    CAVALCANTE, A.C.R.; REIS, F.A. POTENCIALIDADE E DESAFIOS PARAPRODUO DE OVINOS EM PASTOS TROPICAIS. In: TECNOLOGIAS,MERCADO E DIVERSIDADE NA CADEIA PRODUTIVA DACAPRINOVINOCULTURA,. Anais... 5 Congresso Internacional FEINCO SoPaulo-SP. 2010.

    EVANGELISTA, A.R., LIMA, J.A. Formao da pastagem: primeiro passo para asustentabilidade. In: SIMPOSIO SOBRE MANEJO ESTRATGICO DAPASTAGEM. Anais...Viosa. UFV:Viosa. 2002. 1-42p.

    FERNANDES, L.H., SENO, M.C.Z., AMARANTE, A.F.T., et al. Efeito do pastejorotacionado e alternado com bovinos adultos no controle da verminose emovelhas. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.56,n.6, p.733-740, 2004.

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    MARTHA JNIOR, G.B.; BARIONI, L.G.; VILELA, L.; BARCELLOS, A. de O.rea do piquete e Taxa de lotao no Pastejo Rotacionado . Planaltina-DF:

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    MENDONA. F.C.; CAMARGO, A.C. de.; STIVARI, A.; LIMA, C.R. C.;FERREIRA, F.C.; AKINAGA, L.; COTI, L.B.; GONALVES, L.R.; NETO, P.Q.Dimensionamento de sistemas de irrigao para pastagens em propriedadesde agricultura familiar. (Verso eletrnica). So Carlos-SP: Embrapa PecuriaSudeste, 2007. Disponvel em:

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    57-64.

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    RECOMENDAES PARA O USO DE CORRETIVOS E FERTILIZANTES EMMINAS GERAIS. 5 Aproximao. CFSEMG. Viosa, 1999.

    VIEIRA, L.S., CHAGAS, A. C. S., LIMA, F. W. M., XIMENES, L. J. F., Costa,L.S.A.C. Controle de Verminose Gastrintestinal em Caprinos. In: Ximenes, L.J.F.,

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