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XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO ESTRATÉGICA DE CONHECIMENTO NOS NÍVEIS ORGANIZACIONAIS EM EMPRESA DO AGRONEGÓCIO – O CASO DO GRUPO AMAGGI EDIANE MÁRCIA LAZZARI ANGHINONI; ELERI HAMER. FACSUL/CESUR, RONDONÓPOLIS, MT, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL ADMINISTRAÇÃO RURAL E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO ESTRATÉGICA DE CONHECIMENTO NOS NÍVEIS ORGANIZACIONAIS EM EMPRESA DO AGRONEGÓCIO – O CASO DO GRUPO AMAGGI Grupo de Pesquisa: Administração Rural e Gestão do Agronegócio Resumo O presente estudo discute aspectos dos ativos de conhecimento nos diferentes níveis organizacionais e analisa a importância e a aplicação estratégica do conhecimento no Grupo André Maggi, no ramo do agronegócio de Rondonópolis-MT e tem como pontos básicos: identificar a percepção do conhecimento pelos integrantes; analisar a localização, o compartilhamento e a disseminação do conhecimento nas empresas do grupo e verificar a utilização do conhecimento como estratégia empresarial. Como metodologia, optou-se pelo estudo de caso de base qualitativa e para análise foi utilizada a análise de conteúdo. Como resultados constatou-se que a empresa reconhece o conhecimento como fator de competitividade e verifica-se a utilização estratégica do conhecimento, embora de diferentes maneiras, e implementa esse conhecimento quando na elaboração do planejamento Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro"

IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO ESTRATÉGICA DE CONHECIMENTONOS NÍVEIS ORGANIZACIONAIS EM EMPRESA DO AGRONEGÓCIO –

O CASO DO GRUPO AMAGGI

EDIANE MÁRCIA LAZZARI ANGHINONI; ELERI HAMER.

FACSUL/CESUR, RONDONÓPOLIS, MT, BRASIL.

[email protected]

APRESENTAÇÃO ORAL

ADMINISTRAÇÃO RURAL E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO

IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO ESTRATÉGICA DE CONHECIMENTONOS NÍVEIS ORGANIZACIONAIS EM EMPRESA DO AGRONEGÓCIO –

O CASO DO GRUPO AMAGGI

Grupo de Pesquisa: Administração Rural e Gestão do Agronegócio

Resumo

O presente estudo discute aspectos dos ativos de conhecimento nos diferentes níveisorganizacionais e analisa a importância e a aplicação estratégica do conhecimento no GrupoAndré Maggi, no ramo do agronegócio de Rondonópolis-MT e tem como pontos básicos:identificar a percepção do conhecimento pelos integrantes; analisar a localização, ocompartilhamento e a disseminação do conhecimento nas empresas do grupo e verificar autilização do conhecimento como estratégia empresarial. Como metodologia, optou-se peloestudo de caso de base qualitativa e para análise foi utilizada a análise de conteúdo. Comoresultados constatou-se que a empresa reconhece o conhecimento como fator decompetitividade e verifica-se a utilização estratégica do conhecimento, embora de diferentesmaneiras, e implementa esse conhecimento quando na elaboração do planejamento

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estratégico. É possível afirmar que existe a perfeita percepção sobre conceito deconhecimento, o que é extremamente importante, e o modo mais intenso de conversão é acombinação. Observou-se que alguns colaboradores detêm o conhecimento como forma deproteção, o que pode interferir na aplicação do conhecimento; ou é encarado como estratégicoe, portanto devem ser resguardados como forma de competir no mercado. Na rotina daempresa são usados instrumentos de comunicação como Internet, intranet e e-mail apontandoa ênfase na valorização da tecnologia em favor do conhecimento. Não se observou um projetode formalização do conhecimento, o que pode dificultar o treinamento de novoscolaboradores dentre outros problemas. Percebeu-se que a empresa utiliza o conhecimento,mesmo não intencionalmente, para organizar-se no mercado competitivo a partir do modelodas cinco forças de Porter, tornando-se a base na elaboração das estratégias empresariais e natomada de decisões.

Palavras-chave: Conhecimento, Competitividade, Estratégia, Agronegócio, NíveisOrganizacionais.

Abstract

The present study discuss knowledge in different organizational levels and analyze theimportance and the strategic application of knowledge in the André Maggi Group, anagribusiness company in Rondonópolis-MT and has the objectives: to indentify thecomprehension of knowledge by company's integrants; to analyse the localization, sharingand dissemination of the knowledge in companies of the group and to verify the use ofknowledge as an organizational strategy. As methodology, it was decided to make aqualitative case study and for the analysis it was used the content analysis. The resultsshowed that the company recognize knowledge as a competitiveness factor and use theknowledge as a strategy, although in different ways, and implement this knowledge in theelaboration of its strategic planning. It is possible to affirm that there is a perfect perceptionabout knowledge's concept which is extremely important, and the most intense manner ofconversion is the adjustment. It was noticed that some co-workers retain the knowledge as away of protection what can interfere in knowledge's application; or as a strategy, that iscovered as a way to compete in market. In company quotidian the communicationinstruments used are Internet, Intranet and e-mail that indicates the emphasis in thetechnology valorization in benefit of knowledge. The process of knowledge's formalizationwas not noticed which can turn difficult the training of new employees, causing other kind ofproblems. The company use the knowledge, even though it is not intentional, to organizeitself in competitiveness market from the model of Porter's five forces, becoming theelaboration's base of organizational strategies and decisionmaking.

Keywords: Knowledge, Competitiveness, Strategy, Agribusiness, Organizational Levels.

1 INTRODUÇÃO

As mudanças econômicas, tecnológicas, políticas e sociais, causaram uma intensatransformação na composição de valores da sociedade. Nessa nova era, o conhecimentopassou a ter uma importância fundamental em todas as atividades econômicas,transformando-se em seu principal recurso estratégico. O conhecimento é o recursoeconômico mais valioso para a competitividade das empresas, no qual o conhecimento das

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pessoas, numa economia intensiva em conhecimento, adquire características de um bemvalioso, às vezes escasso, mas que idealmente deve ser compartilhado.

Desta forma, o conhecimento tem sido uma importante ferramenta para o sucesso dasorganizações, considerando que a partir do domínio do saber é possível desenvolverestratégias competitivas no cenário que a empresa esta inserida. Há que se destacar que agestão do conhecimento tem fomentado a competição no ambiente organizacional levando osadministradores a buscar estratégias para esse cenário globalizado.

Deste modo, as organizações, de um modo geral, precisam de informações pontuais econhecimentos personalizados para efetivamente ajudar na formulação das estratégias, nosprocessos decisórios, enfim, em sua gestão empresarial, principalmente por estaremenfrentando um mercado globalizado, dinâmico e altamente competitivo.

O conhecimento por sua vez, está ligado à ação, às habilidades, às competências daempresa, pelo qual permite identificar cenários futuros, reconhecer padrões decomportamento, prever e classificar uma determinada situação no ambiente interno ou externoda organização, auxiliando na leitura de tendências futuras. Cabe a organização criar umambiente de compartilhamento, disseminação e utilização deste conhecimento estratégico, quelhe proporcionará uma vantagem competitiva sustentável.

O presente artigo caracteriza-se como um estudo de caso, de cunho qualitativocomplementado por dados quantitativos, com o objetivo de verificar e analisar a importância eaplicação do conhecimento como elemento fundamental das estratégias empresariais, sob aperspectiva dos integrantes que compõem os níveis estratégico, tático e operacional daempresa, sendo fundamentado pelos conceitos de conhecimento, competitividade, estratégia egestão.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Conhecimento Como Fator Estratégico e Competitivo

A globalização e a competitividade são termos intimamente ligados aoagronegócio, em se tratando de fenômenos irreversíveis, decorrentes do forte aumentono intercâmbio mundial de conhecimentos, mercadorias, serviços, tecnologias,informações e capitais entre outros. Assim para Jank e Nassar (2000, p. 141), “acompetitividade pode ser definida como a capacidade sustentável de sobreviver e, depreferência, crescer nos mercados concorrentes ou novos mercados”.

Diante desta realidade de transformações constantes e rápidas, o conhecimento torna-sefator importante também e inclusive no cenário do agronegócio. Assim, o conceito deagronegócio para Duarte e Castro (2004, p. 32), é “uma maneira de perceber a dinâmica daprodução desde a fabricação dos insumos até o consumo de determinado produto, umcomplexo que envolve a dinâmica e o relacionamento de vários setores”.

Desta forma, as empresas do agronegócio devem ter o conhecimento como basefundamental de planejamento e ação, como estratégia de atração e manutenção dasatividades produtivas com maior capacidade de administração e competitividade. ParaNeves (2005, p. 59), “torna-se importante elaborar um planejamento estratégico comhorizonte de uma década, focando as cadeias produtivas escolhidas”.

Vale lembrar, que há constância nas transformações, com inovações ligadas a tecnologias,biotecnologias, entre outras, revoluciona as formas de comunicação, transportes e produção,

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encurta distâncias, aproxima mercados, enfim, de modo específico, exige mudanças nasformas de relacionamento entre os agentes nas diversas cadeias produtivas. As organizaçõestêm procurado implantar ferramentas e instrumentos administrativos buscando a melhora nosresultados e gerar maior competitividade, haja vista que os métodos de produção de lucros eriquezas concentram-se no uso, controle e domínio da informação e do conhecimento.

Nesta sociedade, o conhecimento pode ser chamado de capital intelectual, e definidocomo a soma de experiência, talentos e conhecimentos dos indivíduos. Assim, conhecimento,para Oliveira Jr (2001, p. 132), é “[...] o conjunto de crenças mantidas por um individuoacerca das relações causais entre fenômenos” e o conhecimento organizacional é consideradocomo “[...] o conjunto compartilhado de crenças sobre relações causais mantidas porindivíduos dentro de um grupo”.

Neste sentido, Sveiby (1998) apoiado nos conceitos de Michael Polanyi e LudwigWittgenstein define conhecimento como ‘uma capacidade de agir’, pois a capacidade de umapessoa agir continuamente é criada por um processo de saber, assim a capacidade écontextual, pois o conhecimento não pode ser separado de seu contexto. Para Davenport ePrusak (1998, p. 1), “conhecimento não é dado nem informação, embora esteja relacionadocom ambos e as diferenças entre esses termos sejam normalmente uma questão de grau”.

Com o crescente aumento da literatura acerca do tema, é comum haver certa confusãocom as palavras: informação e conhecimento que acabam sendo usadas como sinônimos,porém são distintas. Assim, informação é um conjunto de dados com um determinadosignificado para o sistema e o conhecimento é a informação que, devidamente tratada, muda ocomportamento do sistema.

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997) a informação é um meio material necessário paraextrair e construir o conhecimento, constituindo-se em fluxo de mensagens. Portanto, oconhecimento é criado por um fluxo de informações, porém amarrado nas crenças ecompromissos de seu detentor e está diretamente relacionada à ação humana: é sempreconhecimento com algum fim.

Para Sveiby (1998) na teoria da informação e na ciência da computação tem doisfenômenos distintos: a informação, em forma de números, símbolos, fotos ou palavrasexibidas em uma tela, e o conhecimento, que é o que a informação passa a ser depois deinterpretada. O autor reconhece a noção radical de que “a informação é desprovida designificado e vale pouco”, acrescentando que o valor não está na informação armazenada, masna criação do conhecimento de que ela pode fazer parte.

Assim, na discussão sobre conhecimento, é importante conceituar e apresentar asdiferenças entre dados, informação e conhecimento. Para Silva, Soffner e Pinhão (2004),dados, informação e conhecimento não são sinônimos, pois dados são o registro estruturadodo que aconteceu na organização, não envolvem juízos de valor ou interpretações para atomada de decisões. A informação, por sua vez, tem significado, é um conjunto de dadosagrupados e devidamente processados que visa o alcance de um determinado objetivo. Oconhecimento, quem o detém são as pessoas e sua criação deriva das experiências, sucessos efracassos dos indivíduos, grupos e organizações no qual o conhecimento é utilizado para atomada de decisões.

Nonaka e Takeuchi (1997) adotam a definição filosófica do conhecimento como “crença,verdadeira e justificada”. Para os autores, a distinção e semelhança entre conhecimento einformação são: “Primeira, o conhecimento ao contrário da informação, diz respeito a crenças

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e compromissos. Segunda, o conhecimento ao contrário da informação está relacionado àação. É sempre o conhecimento ‘com algum fim’. E terceira, o conhecimento, como ainformação, diz respeito ao significado. É específico ao contexto e relacional” (p. 63).

Os autores concluem afirmando, que “a informação é um fluxo de mensagens, enquanto oconhecimento é criado por esse próprio fluxo de informação, ancorados nas crenças ecompromissos de seu detentor”. Assim, “a informação é um meio ou material necessário paraextrair e construir o conhecimento”. E “o conhecimento está essencialmente relacionado coma ação humana” (p. 64).

Existem diferentes tipos de conhecimento, e podem ser classificados em: conhecimentoexplícito e conhecimento tácito. Conhecimento explícito é aquele que está registrado e podeser facilmente processado, armazenado e transmitido, é encontrado em relatórios, livros,banco de dados e palestras. É o conhecimento que foi tácito e ao ser explicitado écompartilhado com todos os funcionários da instituição. O conhecimento tácito é aquele queestá na “mente das pessoas”, as experiências e insights.

Teixeira Filho (2001, p. 23) afirma que o conhecimento tácito “é aquele que as pessoaspossuem, mas não está descrito em nenhum lugar, residindo apenas em suas cabeças” e, o“conhecimento explícito é aquele que está registrado de alguma forma e, assim, disponívelpara as demais pessoas”. Para Spender (2001, p. 31), “[...] conhecimento tácito é um termocomplexo usado para identificar o conhecimento que não pode ser armazenado na formainanimada e, assim, transportado ou comercializado”.

Assim, na sociedade industrial, quanto mais se consome uma determinada matéria prima,menos ela estará disponível. Nos paradigmas da sociedade do conhecimento a tendência é queeste processo seja diferente. Quando se extrai o conhecimento de dentro das pessoas, elas nãoo perdem, pelo contrário, aumentam seu conhecimento, por interagir com outras pessoas. “Aocontrário dos recursos físicos, o conhecimento cresce quando é compartilhado” (SVEIBY,1998, p. 33).

Neste contexto, o conhecimento tem vantagem sustentável, pois gera retornos crescentes econtínuos. Ao contrário dos ativos materiais, que diminuem à medida que são usados, osativos do conhecimento aumentam com o uso: idéias geram novas idéias e o conhecimentocompartilhado permanece com o doador ao mesmo tempo em que enriquece o recebedor(DAVENPORT; PRUSAK, 1998).

Assim, em análise e observando a importância da competitividade, se esta for aliada aoconhecimento pode ser uma grande estratégia para que as empresas ampliem-se no mercado.Terra (2001) afirma que, o conhecimento em suas várias formas, é um fator determinante paraa competitividade das empresas e dos países, onde a gestão pró-ativa do conhecimentoassume um papel importante.

Na concepção de Leite e Silva (2004), incorporar o conhecimento ao processo estratégicorequer destacá-lo como capaz de auxiliar a remover gaps para obter melhores patamares dedesempenho, seguido do estabelecimento das possibilidades que levarão a criação edesenvolvimento do conhecimento organizacional. Entretanto, a estratégia orientada para oconhecimento focaliza o potencial humano para o alcance dos objetivos organizacionais.

É importante salientar que o conceito de estratégia está intimamente ligado aos conceitosde missão, alvo, competência, competitividade, determinação e coragem para assumir riscosindependentes da economia e da cultura. Assim, a ação estratégica não deve ser consideradacomo uma forma científica de prever ou enfrentar situações. A estratégia é uma arte, uma

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ação essencialmente criadora pela qual se empregam recursos disponíveis para gerar ouutilizar condições que sejam compatíveis e favoráveis para o alcance de metas específicas.

O poder de competitividade de uma empresa depende principalmente de sua capacidadede perceber a si mesma e ao mercado em que atua. Planejar adequadamente umposicionamento que leve em conta às forças competitivas pode ser a diferença entre aquelasempresas que crescem ou se perpetuam no mercado e aquelas que perecem. Porter (1996) emseu modelo de ambiente competitivo envolve organizações específicas com as quais aorganização em questão interage onde são incluídos neste ambiente cinco forças: osconcorrentes atuais, a ameaça de novos entrantes, a ameaça de substitutos, os fornecedores econsumidores.

Entretanto, a estratégia orientada para o conhecimento focaliza o potencial humano para oalcance dos objetivos organizacionais. Segundo Sveiby (1998), a estratégia do conhecimentoé muito competitiva, difícil de ser copiada e pode oferecer novas oportunidades de negócios.Quando descreve a estratégia, Porter (1989, p. 15) a apresenta como "uma fórmula ampla parao modo como uma empresa irá competir, quais deveriam ser suas metas quais as políticasnecessárias para levarem-se a cabo estas metas". Já Oliveira (2000, p. 11) chama a atenção doconhecimento para o processo decisório estratégico quando conceitua a disciplina daestratégia como sendo "um conjunto de decisões formuladas com o objetivo de orientar oposicionamento da empresa no ambiente".

É importante salientar que o conceito de estratégia está intimamente ligado aos conceitosde missão, alvo, competência, competitividade, determinação e coragem para assumir riscosindependentes da economia e da cultura. Assim, a ação estratégica não deve ser consideradacomo uma forma científica de prever ou enfrentar situações. Um bom posicionamentoestratégico contribui para um desempenho coerente durante longos períodos. Nenhumaempresa pode ousar entrar no mercado competitivo sem uma definição clara de como seposicionar no seu setor, ou seja, sem ter uma estratégia. Desta forma, para Oliveira Júnior(2001, p. 324), estratégia é o “caminho, maneira ou ação formulada e adequada para alcançar,preferencialmente, de maneira diferenciada, os objetivos e desafios estabelecidos, no melhorposicionamento da empresa perante o ambiente”.

Portanto, as empresas inseridas no cenário do agronegócio onde as transformaçõestambém são rápidas e constantes, têm o imperativo de aperfeiçoar o seu desempenhopreocupando-se com estratégias de gerenciamento para manterem-se ou tornarem-se maiscompetitivas. Todavia é necessária aplicação intensiva do conhecimento juntamente com aparticipação pró-ativa dos lideres e uma visão generalizada da empresa em relação aosambientes em que atua. Na percepção de Anghinoni e Hamer (2005, p. 2), “no contexto atualcresce em importância a construção das vantagens competitivas, que por sua vez estabelecemuma relação com a produtividade no uso destes fatores de produção, mas principalmenteatravés da tecnologia e da inovação”, ao invés das vantagens comparativas anteriormentemuito valorizadas.

Desta forma, com a crescente internacionalização dos mercados e das economias têm-seproduzido efeitos surpreendentes em muitos âmbitos, como o acirramento da concorrência e anecessidade de se perseguir vantagens competitivas sustentáveis. Neste contexto, o mercadointerno também é ”profundamente afetado pela concorrência de produtos importados e pelomovimento de entrada e de novas empresas multinacionais, fusões, aquisições e aliançasestratégicas em geral” (JANK ; NASSAR, 2000, p. 142).

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Por outro lado, há de se salientar que a adoção do planejamento estratégico requer,normalmente, uma mudança significativa na filosofia e na prática gerencial da maioria dasempresas. Assim, cabe a alta direção à responsabilidade de definir e pôr em prática todo oprocesso de planejamento global da empresa.

2.2 Gestão Estratégica do Conhecimento

Para que o conhecimento seja de fato instrumento para obtenção de riquezas, é necessárioque o mesmo seja gerenciado e em seguida, compartilhado entre todos os membros daorganização. Desta forma, a gestão do conhecimento tem por finalidade gerir o conhecimentodos processos de negócio da empresa, buscando promover o desenvolvimento constanteatravés do uso do seu capital humano, aumentando continuamente a competênciaorganizacional. Assim para Murray (1996), gestão do conhecimento é a estratégia quetransforma os bens intelectuais das organizações, as informações e o talento dos membros, emmaior produtividade, novo valor e aumento da competitividade.

Para Silva, Soffner & Pinhão (2004, p. 177), “[...] gestão do conhecimento é o conjuntode processos e meios para se criar, utilizar e disseminar o conhecimento dentro de umaorganização”. Segundo os autores, a gestão do conhecimento “[...] permite a criação, acomunicação e a aplicação do conhecimento de todos os tipos, com a finalidade de se atingirmetas e objetivos traçados para a organização”. Na gestão do conhecimento a ênfase está naspessoas, nos processos e na incorporação de novas tecnologias.

Portanto, a gestão do conhecimento envolve gerir o conhecimento dos processos denegócio da empresa, buscando promover a melhora constante dos mesmos através dautilização do seu capital humano e estrutural, aumentando continuamente a competênciaorganizacional. Neste sentido, para Leite e Silva (2004), é importante que a gestão doconhecimento se constitua num processo contínuo nas organizações. Processo este, queenvolva as ações que determinem os conhecimentos de acordo com a estratégia, queidentifiquem os conhecimentos disponíveis, que desenvolvam e compartilhem conhecimentoe que apliquem e avaliem o valor deste conhecimento ao negócio.

As empresas de modo geral, possuem dificuldades de identificar e armazenar os ativos deconhecimento. Assim, para Spender (2001) o conhecimento é um ativo fluido, mas necessitade gerenciamento, porém não pode ser gerenciado antes de ser identificado, no qual existe apossibilidade dos gerentes terem em suas mãos a organização como um feixe de ativos doconhecimento, se estes forem identificados, valorizados e custeados. Já para Terra (2001) asempresas que focam sua gestão na criação, aquisição e compartilhamento do conhecimentotêm maiores possibilidades de alcançar bons resultados. Para o autor, gestão do conhecimentonão é meramente uma coletânea de projetos, mas uma nova forma de entender os desafiosempresariais das organizações.

Desta forma, o ideal para as empresas é criar sistematicamente novos conhecimentos,disseminando-os por toda a organização, e rapidamente incorporá-los a novas tecnologias eprodutos. Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que a criação do conhecimento deve serentendida como um processo que amplia organizacionalmente o conhecimento criado porindivíduos. Argumentam que o conhecimento é criado por meio da interação entre oconhecimento tácito e conhecimento explícito. A interação entre as duas formas deconhecimento resulta em quatro processos da conversão do conhecimento:

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Socialização - tácito para tácito – “um processo de compartilhamento de experiências e, apartir daí, da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicascompartilhadas” (NONAKA ; TAKEUCHI, 1997, p. 69).

Externalização - tácito para explícito – “processo de criação do conhecimento perfeito, namedida em que o conhecimento tácito se torna explícito, expresso na forma de metáfora,analogias, conceitos, hipóteses e modelos” (NONAKA ; TAKEUCHI, 1997, p. 71).

Combinação - explícito para explícito – “processo de sistematização de conceitos em umsistema de conhecimento. Esse modo de conversão do conhecimento envolve a combinaçãode conjuntos diferentes de conhecimento explícito” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 75).

Internalização - explícito para tácito – “ processos de incorporação do conhecimentoexplícito no conhecimento tácito” (NONAKA ; TAKEUCHI, 1997, p. 77).

As organizações que aprendem, reconhecem que o valor do conhecimento raramente écriado e compartilhado por acaso. São necessários mecanismos conscientes, que devem sercolocados em ação para adquiri-lo, e uma força considerável deve ser dedicada paradisseminá-lo e impulsioná-lo, no qual, os integrantes das organizações, independente da suaposição, precisam colaborar com idéias, com criatividade e inovação, ter uma postura deaprendizagem contínua, pois as organizações aprendem através dos seus indivíduos, onde oambiente comunicativo irá proporcionar a interação entre os indivíduos possibilitando a trocade experiências e conhecimento.

Garvin (2000) destaca que no processo de aprendizagem, pensar de um modo novo éfundamental para romper os bloqueios à aprendizagem, assim como considerar que oprocessamento de informação é um dos mecanismos pelo qual se efetiva a aprendizagem.Para o autor, a criação de um ambiente favorável; a abertura de fronteiras e o estímulo aointercâmbio de idéias auxiliam na promoção da aprendizagem.

Conforme Senge (1990), as organizações de aprendizagem são aquelas nas quais aspessoas ampliam ininterruptamente sua capacidade de criar os resultados que realmentedesejam, onde surgem novos e elevados padrões de raciocínio, onde a aspiração coletiva élibertada e onde as pessoas aprendem continuamente a aprender em grupo. Esse entendimentoé percebido como uma alternativa possível para as organizações, já que, todos os seremhumanos são eternos aprendizes. Para que essa concepção se consolide, Senge (1990)enumerou cinco disciplinas básicas necessárias: domínio pessoal; modelos mentais; objetivocomum; aprendizado em grupo e raciocínio sistêmico.

Assim, as empresas que se constituírem como organizações de aprendizagem e queconseguirem descobrir como despertar o empenho e a capacidade de aprender das pessoas emtodos os níveis da organização, alcançará maior sucesso. No entanto, é necessário que aorganização tenha um modelo de gestão, para que seus recursos sejam bem utilizados, econseqüentemente aumente sua produtividade e competitividade. Na concepção de Angelonie Dazzi (2004), as organizações expostas a uma competição cada vez mais acirrada, quecompreenderem as interações que acontecem tanto nos processos de desenvolvimento, comonos processos de gestão do conhecimento organizacional, dominarão diferenciais que irãolhes conferir capacidade de intervenção em ambientes economicamente e socialmentecomplexos.

Desta forma, Sveiby (1998) afirma que em grande parte, a competência depende doambiente, especialmente para os componentes empíricos da rede social das competênciasformadas por cinco elementos reciprocamente dependentes: conhecimento explícito,

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habilidade, experiência, julgamento de valor e rede social. Já para Angeloni (2002), nomodelo de organizações do conhecimento, é indispensável trabalhar as seguintes variáveisque possibilite o indivíduo navegar nas ondas do cérebro: trabalhar os modelos mentais;procurar a aprendizagem contínua; criatividade e inovação; intuição e partilha de informaçãoe conhecimento.

A empresa deve abrir os canais de comunicação, criando um ambiente onde existaincentivos para as pessoas experimentarem novidades, sentirem-se estimuladas a correr riscos,participarem de programas de manifestação da criatividade; enfim, envolverem-se com oaprendizado, que representa a essência da mudança.

Cavalcanti et al (2001, p.50) afirmam que “longe de ser um modismo, a gestão doconhecimento é, ao contrário, uma absoluta necessidade das organizações que desejam tersucesso no século XXI”. Desta forma, quando a gestão estratégica do conhecimento forreconhecida como parte da estratégia empresarial, criar-se-á nas organizações um processo degestão voltado ao conhecimento. Assim, aprender refere-se não só a incorporar informações,mas, à construção da capacidade de criar e romper formas rotineiras de pensar e agir.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este artigo tem por objetivo verificar e analisar a importância e aplicação doconhecimento como fator fundamental das estratégias empresariais, sob a perspectiva dosintegrantes que compõem o nível estratégico, tático e operacional. Assim, estabeleceu-secomo pontos básicos da pesquisa: Identificar a percepção do conhecimento pelos integrantes;analisar a localização, o compartilhamento e a disseminação do conhecimento na empresa everificar a utilização do conhecimento como estratégia empresarial.

Para tanto foi realizado um estudo de caso de caráter qualitativo, complementado pordados quantitativos em uma empresa do agronegócio cujo escritório central está localizadoem Rondonópolis. A empresa objeto da pesquisa foi o Grupo André Maggi, fundada noParaná em 1977, a qual acompanhou a migração dos grãos para o Centro-Oeste e está sediadaem Rondonópolis-MT, possuindo ramificações em mais de trinta cidades de cinco diferentesEstados. É composto pelas empresas: Amaggi Exportação e Importação Ltda, Maggi EnergiaLtda, Hermasa Navegação da Amazônia e Divisão Agro; sendo que o Grupo atua na área deoriginação e comercialização de grãos, energia, transporte fluvial, produção agrícola,sementes de soja, fertilizantes e processamento de soja.

Possui em torno de 2.513 (dois mil quinhentos e treze) funcionários permanentes e chegaa 3.500 (três mil e quinhentos) funcionários sazonais, sendo que 235 (duzentos trinta e cinco)possuem nível superior e 93 (noventa e três) estão cursando uma faculdade. Todos osfuncionários passaram por algum programa de treinamento em 2006, além de desenvolveremum programa de trainee voltado a pessoas que já trabalham no grupo. O faturamento em 2006foi em torno de US$ 750 milhões, o que é bastante significativo em um cenário de taxa decâmbio baixa e preços em queda, totalmente desfavoráveis às exportações agrícolas.

Para a coleta de dados neste estudo utilizaram-se entrevistas semi-estruturadas, comroteiros previamente definidos, guiados por uma relação de pontos de interesse, associado aum questionário com perguntas fechadas. O roteiro das entrevistas era composto por 20questões, e os questionários por 20 questões, desenvolvidas com a finalidade de responder osobjetivos propostos. Anteriormente à utilização dos instrumentos de pesquisa foi realizadauma sondagem, com o propósito de aferir e adequá-los aos propósitos da pesquisa.

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Para a escolha dos elementos da amostra utilizou a técnica qualitativa da amostragem poracessibilidade (GIL, 1996). Foi fornecida por um dos gestores da empresa, uma lista formadade dez nomes, dentre os quais seria possível à realização das entrevistas. Assim, depois deefetuados os contatos realizaram-se as entrevistas com os dez nomes indicados pela empresaformando a amostra deste estudo.

Para a análise de dados foi utilizada análise de conteúdo, complementada pelasinformações disponíveis nos questionários, associando o uso do conhecimento com a práticaencontrada na empresa pesquisada.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após análise de conteúdo das entrevistas semi-estruturadas, aplicadas aos integrantes dosdiferentes níveis organizacionais da empresa pesquisada, e informações obtidas doquestionário, percebeu-se que o conceito de conhecimento pela ótica dos entrevistados,aponta vários elementos citados pelos autores estudados como um conjunto de informação,experiência, vivência e ação.

A seguir, apresenta-se um resumo da análise e discussão dos resultados da pesquisa,conforme quadro 1, o que facilitará um acompanhamento da discussão dos resultados.

QUADRO 1 - Quadro síntese da análise dos dados

Objetivos Informações obtidas das entrevistas

Nível Estratégico

• Conhecimento é a junção de experiência, vivência, interação e estudo.• É crucial, é primordial.• Percebido como descobertas e ocorrem através de busca de alternativas, para

simplificar procedimentos e com erros e acertos.• A reação da descoberta é pró-ativa.• A empresa aprende com planejamento, com o dia-a-dia, com o conhecimento

interno e externo.• Percebido como inovação, fator competitivo e estratégico.• Fator que define as estratégias.

Nível Tático

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• Conhecimento é o somatório de informação, experiência, aprendizado, estudo,erros e acertos do dia-a-dia.

• É fundamental.• Percebido como descobertas e ocorrem através da inovação.• A reação da descoberta é incentivada para tornar aquela atitude uma prática.• A empresa aprende com a experiência, as atividades, aporte de conhecimento,

cursos e treinamentos.• Percebido como inovação, vantagem competitiva, estratégia, e fundamental para

a tomada de decisão.• Fator que proporciona agilidade ao negócio, um diferencial.

Nível Operacional

• Conhecimento é aprendizado, informação, experiência e vivência.• Fundamental, importantíssimo.

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• Percebido parcialmente como descobertas.• A reação da descoberta é recebida com incentivo.• A empresa aprende investindo em novos conhecimentos, trocando informações,

experimentando, através de cursos, consultorias e palestras.• Percebido como inovação, vantagem competitiva e melhoria dos resultados.• Fator fundamental é o diferencial do profissional e da empresa.

Nível Estratégico

• Localizado nas pessoas.• Compartilhamento na empresa ocorre basicamente de forma hierárquica.• O compartilhamento depende da personalidade de cada pessoa.• Se houver o hábito de compartilhar se terá uma melhoria contínua.• As pessoas se disporiam a compartilhar para referendar aquilo que tem dentro

delas, porque faz parte da cultura humana.• Os registros das reuniões são feitos em atas.• São transmitidos e disseminados em reuniões formais semanais, mensais e

anuais com os envolvidos, através de e-mail, internet, intranet, e informalmente.Nível Tático

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• Localizado nas pessoas, o conhecimento estratégico do Grupo está no nível dediretoria.

• Compartilhamento na empresa ocorre em reuniões de diretoria em que osgestores são incentivados a estimular o compartilhamento com a equipe.

• O compartilhamento entre os integrantes depende da cultura.• Se fosse compartilhado mudaria o clima organizacional.• As pessoas se disporiam a compartilhar conforme o conhecimento. Se for

estratégico, irá reter.• Os registros das reuniões, uma parte é feito em ata, mas a maioria é feita em

uma agenda pessoal.• São transmitidos e disseminados através de intranet, boletins internos, e-mail e

em reuniões semanais com a equipe, mas é necessário estimular mais essaprática.

Nível Operacional

• Localizado em todos os setores, o planejamento estratégico, que é umconhecimento corporativo está somente na diretoria.

• Compartilhamento na empresa ocorre em reuniões, palestras, Internet,informalmente e por conveniência.

• O compartilhamento entre os integrantes depende das pessoas.• Se for compartilhado, melhoraria o desempenho do grupo, porém alguns

conhecimentos estratégicos, não há a necessidade de todo o grupo conhecer.• As pessoas se disporiam a compartilhar porque ninguém faz nada sozinho.• Os registros são feitos parcialmente, são feitas anotações informais, mas nas

reuniões da alta diretoria são feitas atas.• São transmitidos e disseminados através de reuniões, treinamentos, internet,

intranet, e-mail. Conhecimentos específicos são repassados hierarquicamente e

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de forma isolada para alguns grupos que estão atuando no processo.Nível Estratégico

• Consideram conhecimento poder, um dos maiores tesouros.• O conhecimento é usado para aumentar a competitividade e na formulação de

estratégias global.• Percebem que é usado nas estratégias empresariais, no planejamento e para

definir os rumos da companhia.• A resistência a mudanças a maior é dificuldade de se implementar novos

procedimentos, levando-se em consideração a cultura.• Diferencial na empresa é o conhecimento na área de atuação, no negócio

principal, em conhecer bem o interior da Brasil, na logística, na produção, nacomercialização e principalmente no planejamento.

Nível Tático

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• A maioria considera conhecimento poder, mas depende das circunstâncias.• O conhecimento é o fator fundamental para aumentar a competitividade, é o

diferencial.• Usado como recurso para criar estratégias, no planejamento estratégico. É o que

define a competitividade.• Resistência a mudanças é a maior dificuldade de se implementar novos

procedimentos.• Diferencial da empresa é o conhecimento no negócio, na logística, na

comercialização e o acompanhamento das novas tendências.

Nível Operacional

• Alguns consideram conhecimento poder.• Conhecimento usado para aumentar a competitividade tem que ser estratégico.• Usado como recurso nas estratégias empresariais, para agilizar a comunicação e

tomar decisões.• As maiores dificuldades de implementar novos procedimentos é a falta de

comprometimento e a resistência a mudanças .• Diferencial da empresa é o conhecimento em relação ao mercado exterior, nas

relações internacionais, na exportação e no conhecimento estratégico.

No grupo pesquisado, verificou-se que nos três níveis organizacionais os integrantespossuem uma boa conceituação de conhecimento, onde afirmam que “é um conjunto defatores como informações, estudo que se aprende na teoria, experiência, atitude, ação, dia-a-dia, erros e acertos por empresas, por concorrentes ou por outros executivos, isso eu entendoque é conhecimento de um indivíduo ou de uma organização”.

No que diz respeito à percepção dos entrevistados sobre a importância e geração doconhecimento, verificou-se que os conceitos apresentados abordam alguns dos elementoscitados pelos autores estudados, e passa tanto pela aquisição externa de conhecimentos quantopelo desenvolvimento interno. O conhecimento é considerado pelos entrevistados como oprincipal fator da empresa; significado de sua existência.

Neste contexto, o que parece conferir às organizações vantagem competitiva é suacapacidade de, ininterruptamente, se reinventarem, de desenvolverem suas competências

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essenciais, de tentarem novas idéias e de estarem sempre buscando novos desafios. Sendoassim, essas organizações enfrentam a necessidade de desenvolver novas estratégias, quetenham como objetivo agregar valor aos seus produtos e serviços, processos e sistemas,através da captação, sistematização e manutenção de seus ativos intangíveis, e maisespecificamente o conhecimento (ANGELONI, 2002).

Da mesma forma constatou-se que todos os entrevistados percebem o conhecimento comoprimordial para a atividade em que atuam, no qual o conhecimento adquirido ao longo dosanos é fundamental para a organização como foi relatado que “é muito importante para asobrevivência da empresa[...] em todas as formas o conhecimento é primordial”.

No que tange respeito à descoberta de novas técnicas ou métodos, os integrantesdeclararam que ocorre pela busca de novas alternativas para racionalizar o serviço, simplificarprocedimentos, conforme relatos: “dentro de uma empresa você está sempre buscandoalternativas [...] que melhore o trabalho das pessoas, que melhore teu próprio trabalho”.Assim, quando um colega utiliza um novo procedimento ou faz uma nova descoberta a reaçãoé pró-ativa, no qual procuram incentivar, motivar, de acordo com depoimento do tipo “vejo deuma forma positiva, pelo fato dele ter tido uma massa crítica naquilo que vinha fazendo e comisso faz um upgrade naquilo que estava desempenhando, pois isso é um fator de grandesucesso na questão da gestão do conhecimento”. Vale ressaltar que alguns integrantesrevelaram que procuram entender, discutir e compartilhar este novo conhecimento.

Contudo, os entrevistados declararam que se descobrissem algo novo na sua atividade, amaioria compartilharia primeiramente com as pessoas mais próximas, com a equipe, no qualdiscutiriam se esse algo novo realmente agrega valor, como citado que “eu penso que deveriadividir com pessoas que tem o conhecimento um pouco maior que o meu, pra fazer uma boacrítica [...], e verificar se realmente agrega valor para companhia ou pra aquilo que eu estourealmente pensando implementar”.

Na opinião dos entrevistados, a empresa mais aprende com planejamento, com oconhecimento dos colaboradores, com o mercado, com os pares, competidores, dia-a-dia, comos erros e acertos, com o aporte de conhecimentos internos e externos, trocando informações,além de cursos, treinamentos, palestras e pela mídia. Vale salientar que foi citada,predominantemente no nível tático, a necessidade de filtrar as informações, de selecionar oque realmente pode ser útil para a empresa.

Ressalte-se, que um problema gerado pelo avanço da tecnologia da informação nasempresas é a sobrecarga. Sveiby (1998) adverte que o acréscimo de informação tende aconfundir em vez de esclarecer. Para Davenport (1998), os gerentes precisam criar estratégiasquanto aos tipos de informações que devem ser focalizadas para auxiliar a empresa a alcançarseus objetivos.

No que diz respeito à percepção do conhecimento como fonte de inovação, criação deestratégias e vantagem competitiva, os integrantes percebem e reconhecem sua importância,no qual manter esses fatores é uma questão de competitividade e de sobrevivência, poisrevelam que o conhecimento é essencial para a elaboração do planejamento, e que acapacidade e o conhecimento das pessoas são muito importantes para enfrentar situações quemuitas vezes não foram planejadas. Depoimento como “o conhecimento é um fatordeterminante, como um divisor de águas nas estratégias das organizações” ou “oconhecimento das pessoas é muito importante pra você enfrentar aquilo que muitas vezes nãofoi planejado”, é um indício dessa realidade.

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O conhecimento é considerado pelo grupo entrevistado, como o fator de produção maisimportante da empresa, como uma ferramenta que dá subsídios, como um diferencial, no qualo ideal é registrar esses conhecimentos ao longo do tempo, para que as futuras gerações degestores possam usufruir os mesmos. Fleury e Fleury (2000) apontam à importância daconstrução da memória organizacional que se refere ao processo de armazenagem deinformações com base na história organizacional e deve incluir todas as experiências, tanto asbem sucedidas quanto as mal sucedidas. Essas informações podem auxiliar a aprendizagem ea tomada de decisões.

Outro aspecto relevante citado, é que o conhecimento adquire-se ao longo do tempo, poracúmulo, ou pela busca de conhecimentos externos, conforme discurso que “o Grupo AndréMaggi, tem conhecimento muito grande no business, no negócio, na produção agrícola, naparte de trade, e a curto espaço de tempo em logística, no caso a navegação, [...] não tinha oconhecimento muito grande na parte de fábrica, então com a construção dessas fábricas, teveque buscar conhecimento externo, por pessoas, por diretores, por técnicos que conhecem oprocesso de crushing, de esmagamento”.

Quanto à localização de conhecimento na empresa, o nível estratégico considera queesteja nas pessoas, no planejamento estratégico, nas estratégias e na execução das mesmas.Por outro lado, os demais níveis consideram que o conhecimento localiza-se em todos osdepartamentos, em todos os setores, na vivência e na experiência das pessoas, porém oconhecimento estratégico da empresa encontra-se bastante restrito na diretoria, gerandodepoimento como “o conhecimento estratégico da organização está no nível de diretoria nestemomento”.

O compartilhamento de conhecimento ocorre basicamente de forma hierárquica, atravésde reuniões, de treinamentos conforme depoimento que “se a gente está treinando, estáuniformizando o conhecimento dos colaboradores”. Entretanto, os entrevistados do níveloperacional acreditam que o compartilhamento de conhecimento na empresa ocorre porconveniência, por necessidade, e não simplesmente para difundir o conhecimento pra todos,são compartilhamentos pontuais e isolados. Para Sveby (1998, p. 17) “uma idéia ouhabilidade compartilhada com alguém não se perde, e sim se multiplica por dois”.

Vale ressaltar que a empresa está iniciando um processo de gestão diferenciada, em queos gestores são incentivados a compartilharem com suas equipes, para que essesconhecimentos sejam difundidos por todos os níveis e não fiquem apenas centralizados nocorporativo do grupo. Igualmente, os departamentos são estimulados a compartilharem entresi, seja através de reuniões, internet, intranet ou e-mail. Desta forma, na opinião de Davenporte Prusak (1998), a tecnologia deve ser tratada de maneira integrada, orientada para o serhumano e suas necessidades, com o objetivo de criar um ambiente do conhecimentodinâmico.

A empresa possui ainda um programa de treinamento subsidiado, em que participa doprocesso de crescimento intelectual e cultural das pessoas, contribuindo com um percentualfinanceiro, a fim de facilitar o ingresso às universidades e viabilizar a aquisição deconhecimentos e técnicas que posteriormente serão utilizados na empresa. Na opinião deDavenport (1998, p. 129), “a cultura mais positiva valoriza e premia o ensino, bem comotodas as outras formas de educar que ofereçam a transmissão, em longo prazo, doconhecimento”.

Os entrevistados reconhecem que o compartilhamento de conhecimento depende dacultura, da personalidade das pessoas, no qual revelam que muitas pessoas retêm o

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conhecimento, até mesmo por insegurança, e que a empresa é um tanto vulnerável nesteaspecto. Porém existem pessoas que tem o hábito de compartilhar e reconhecem suaimportância, como relato que “eu aprendi muito cedo que compartilhar conhecimento faziabem pra carreira das pessoas, e quanto mais pessoas bem treinadas e competentes, maiores aschances de se vencer”.

Deste ponto de vista, o compartilhamento do conhecimento, tanto por práticas formais einformais, é importante para empresa, onde o nível e o volume de conhecimentocompartilhado podem ter uma sensível melhora, pois a dificuldade de compartilhamentotranspõe as fronteiras tecnológicas e formais e pode estar relacionada com as característicasculturais que envolvem a organização (GROTTO, 2002).

No grupo pesquisado, a hipótese de compartilhamento entre todos do grupo, é visto deforma positiva, pois possibilita uma melhoria contínua, uma mudança de estágio, de climaorganizacional e de nível de gestão. Entretanto uma parcela do nível operacional considerainconvenientes que alguns conhecimentos estratégicos sejam compartilhados, conformedeclaração do tipo: “tem conhecimento, que não tem o porquê todo o grupo conhecer”. Naopinião de Sveby (1998), o compartilhamento de conhecimento é a principal atividade nasorganizações do conhecimento.

Quanto aos registros das reuniões, foi relatado que nas reuniões dos acionistas e dadiretoria são realizadas atas, no restante das reuniões são feitos registros, mas nãoespecificamente atas, são feitos apontamentos pessoais em agendas, de acordo com anecessidade de cada área, mas sempre é feito algum tipo de registro, embora nãosistematizado. Desta forma, os rumos e objetivos da empresa são repassados através deprocedimentos internos como reuniões, internet, intranet entre outras, em que a área decomunicação é responsável por difundi-los em nível de grupo. Percebeu-se que todos osentrevistados conhecem os rumos, os objetivos da empresa, conforme relato que “fazemosreuniões com a equipe, onde se discutem os problemas, os objetivos, os procedimentos,porque temos objetivos que devem ser alcançados”.

No que tange os conhecimentos adquiridos, sob a ótica do nível estratégico, eles sãotransmitidos e disseminados de maneira formal através de reuniões, Internet, Intranet e e-mail. Os demais níveis se dividiram, no qual alguns citaram que depende de cada área e decada conhecimento, sendo que o conhecimento estratégico fica limitado ao corporativo, esomente é repassado o que considera-se necessário para o desenvolvimento da atividade,como relato de que “quando alguns colaboradores viajam pra feiras ou reuniõesinternacionais, no retorno não se repassa o que foi discutido, qual foram os pontosimportantes”. Também foi citada a baixa formalização destes procedimentos, pois toda ainformação recebida por e-mail, por exemplo, parece ter uma vigência, um determinadotempo de validade, o que deixa a empresa muito vulnerável na questão de repasse detreinamentos para os colaboradores recém contratados.

Neste contexto, observou-se que a empresa tem uma política de buscar no mercadopessoas que possuem um elevado grau de conhecimento, para ocupar cargos de nívelestratégico e tático. Por outro lado, à empresa também revela uma grande habilidade depromover e captar talentos, o que explica o grande número de colaboradores que tem muitosanos de empresa e hoje ocupam cargos importantes, e que relataram que cresceram junto coma empresa.

Quanto à relação de conhecimento com poder, de um modo geral o grupo reconhece queconhecimento é poder e os benefícios atribuídos aos seus detentores, onde afirmam que “o

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conhecimento é um dos maiores tesouros que se tem”. Assim, uma pequena parcela admiteque conhecimento seja poder, porém salienta algumas ressalvas como “conhecimento te dáum poder [...] pra estar numa posição melhor, mas isso não significa que você vai terrealmente autoridade, que você realmente vai estar em destaque”. Vale ressaltar, que apenasum entrevistado do nível operacional não reconhece conhecimento como poder.

Quanto ao termo “poder”, observou-se que houve uma analogia comportamental, em quealguns entrevistados responderam que conhecimento é poder, mas preferiram usar outraexpressão, pois associaram a palavra poder ao autoritarismo, e não aos benefícios auferidosaos detentores de conhecimento. Entretanto, este comportamento, talvez possa ser explicadolevando-se em conta a cultura vivenciada. De acordo com Sveiby (1998, p. 48), “as pessoasreagem de determinada maneira porque imprime às palavras seus próprios significados,emoções e interpretações, em função de experiências passadas nas quais foram ouvidas”.

No grupo pesquisado, observou-se uma unanimidade, em que todos reconhecem que oconhecimento é usado para aumentar a competitividade da empresa, no qual foi ressaltado que“a empresa tem que ter objetivo e metas bem claras de aonde ela quer chegar, e em cima distovai se diferenciar [...] a competitividade depende muito daquilo que você quer”. Assim osentrevistados consideram o conhecimento como uma ferramenta estratégica para acompetitividade da organização, e que utilizam este conhecimento de forma prática paraanalisar mercado, concorrência, ameaça de novos entrantes e poder de barganha defornecedores e clientes. Desta forma, alguns autores como Stewart (1998); Sveby (1998);Davenport (1998) afirmam que se está no início de uma nova era, na qual o conhecimento éreconhecido como o principal ativo das organizações e o diferencial para uma vantagemcompetitiva sustentável.

Neste mesmo contexto, os entrevistados consideram que o capital intelectual daorganização é o fator primordial para o aumento da competitividade, conforme relato como“aquelas cabeças pensantes dentro da organização é o diferencial da minha empresa [...] econhecimento é a habilidade de decidir, de formular estratégias, de assumir posiçõesdiferentes do meu concorrente, e isso vai depender do nível de conhecimento que eu tenhodentro da empresa”. Isso talvez explique porque cada vez mais o conhecimento é o únicoativo realmente próprio, e de certa forma, inimitável de uma empresa, pois se aplicadocorretamente, com diferenciação, torna-se a principal arma de competição no mercado.

No que se refere à utilização do conhecimento como recurso nas estratégias empresariais,na opinião dos entrevistados o conhecimento permite que a empresa efetue seu planejamentoestratégico com melhor visão do futuro, propiciando ou facilitando à tomada de decisão, poisé fundamental para definir as estratégias de intervenção, que envolve o conhecimento demercado, conhecimento dos fatores internos e externos, além dos recursos disponíveis daempresa, como relato que “se tem acesso a várias informações de mercado, de concorrentesde economia, de logística, então, em cima dessas informações, todo esse conhecimento, éusando para montar as estratégias”.

Para Garvin (2000), uma organização baseada no conhecimento é uma organização deaprendizagem que reconhece o conhecimento como recurso estratégico, e cria conhecimentoque pode ser processado internamente e utilizado externamente, aproveitando o potencial deseu capital intelectual.

Por outro lado, o nível estratégico e o nível tático percebem que a maior dificuldade deimplementar novos procedimentos na empresa é a resistência a mudanças, conforme algumascolocações como o fato de a empresa ser familiar, e ainda ter o estigma do fundador. É

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importante salientar que os componentes destes níveis relacionam estes fatos à filosofia e acultura da empresa, que precisa ser mudada. Neste mesmo sentido, o nível operacional citoucomo dificuldades a falta de comprometimento e a resistência a mudanças. Isso talvez seexplique pelo fato de estar passando por tranformações no processo de gestão.

Por fim, na opinião dos entrevistados a organização possui vários conhecimentos que sãoconsiderados como diferencial. Assim, os integrantes citaram o planejamento, oconhecimento do negócio, conhecimento na produção, na comercialização, na logística, nasrelações internacionais e principalmente o conhecimento de todo o processo, o conhecimentoholístico, como o diferencial da empresa e, talvez, o que lhe conceda uma posiçãodiferenciada no cenário nacional e internacional.

Desta forma, Stewart (1998) analisa como as organizações têm mudado e como oconhecimento tem se tornado um recurso econômico proeminente, afirmando que aadministração do conhecimento, ou seja, encontrá-lo, armazená-lo vendê-lo e compartilhá-lo,tem se tornado a tarefa econômica mais importante dos indivíduos, das empresas e dos países.

Vale salientar o pioneirismo da empresa na questão da logística, investindo na navegaçãofluvial, o que elevou consideravelmente a competitividade do grupo, conforme relato de que“o crescimento que a Empresa teve nos últimos cinco anos, tem um fator principal que éjustamente a logística”.

5 CONCLUSÕES

Considerando os objetivos pelo qual se propôs esta pesquisa, algumas ponderações sãoimportantes no que diz respeito à percepção do conhecimento que existe dentro da empresapesquisada e qual sua aplicação estratégica.

Alguns pontos fundamentais foram observados após a análise de resultados da pesquisa,destacando-se a percepção do conhecimento, no qual é possível afirmar que existe a perfeitapercepção sobre conceito de conhecimento, o que é extremamente importante, poisatualmente, o sucesso e a sobrevivência de uma empresa dependem do conhecimento dos seuscolaboradores, dos quais a empresa deve tirar o máximo proveito, administrando-os eincentivando-os de forma a alcançar a máxima produtividade, como observa Lévy (1994),mostrando que as empresas tendem a se diferenciar pelo que sabem e pela forma comoconseguem usar esse conhecimento.

No que se refere à conversão de conhecimento, observou-se que ocorre de três formas, noqual a mais intensa é através da combinação, que é a união de diferentes conhecimentosexplícitos para formar um novo conhecimento explicito; pela socialização, que é a troca deconhecimento tácito entre indivíduos, principalmente por experiências vivenciadas; e pelainternalização, que é o processo de conversão do conhecimento explícito em tácito. Issorevela-se positivamente, considerando que o ideal é que a criação de conhecimento ocorra apartir dos quatro processos de conversão do conhecimento (socialização, externalização,combinação, internalização) propostos por Nonaka e Takeuchi (1997).

Neste contexto, o compartilhamento do conhecimento na empresa ocorre tanto de maneiraformal, como informal. O que, para Davenport (1998), o compartilhamento corresponde àtransferência do conhecimento, seja esta espontânea (informal), ou entre os membros daorganização. Vale ressaltar, que observou-se uma deficiência no compartilhamento, o qual foiapontado como causa a personalidade e cultura de cada indivíduo e da organização.

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Destaca-se que foi possível observar que nem todos os integrantes participam docompartilhamento de conhecimento, prevalecendo em muitas ações o individualismo, detendoo conhecimento como forma de proteção, o que pode interferir negativamente na aplicação doconhecimento. De outro modo, muitos conhecimentos são reconhecidos pelos gestores comoestratégicos e, portanto, devem ser resguardados até como forma de competir no mercado.

Assim, cabe a empresa favorecer um ambiente em que os colaboradores busquem esintam-se incentivados a compartilharem seus conhecimentos, pois o simples fato dosindivíduos trabalharem juntos em um mesmo ambiente demonstra que algum conhecimentoestá sendo transferido, independentemente de se gerenciar ou não esse processo. Oquestionamento está na efetividade dessas transferências, ou seja, na forma como elasocorrem e como contribuem para as pessoas e para a organização. Desta forma, Figueiredo(2004) adverte que qualquer profissional que queira permanecer no mercado terá de se abrir aoportunidades de troca.

Desta forma é importante salientar, que o compartilhamento na empresa ocorre de formainvoluntária, e este fato talvez se atribua à ausência de um projeto que vise ocompartilhamento desse conhecimento. Percebeu-se que os envolvidos na pesquisa têmconsciência de que existem falhas nesse sentido, mas ressaltam que esse compartilhamentodepende de cada um, da cultura e dos interesses individuais.

Porém, mesmo sem um projeto específico, a empresa está iniciando um processo degestão diferenciado, baseado na disseminação de conhecimento para todos os níveis, o quepode levar a uma visão holística, auxiliar na elaboração das estratégias alicerçadas peloconhecimento, elevar a empresa á outro patamar de valor e fortalecimento de umapersonalidade ou cultura própria.

É também importante frisar que os colaboradores da organização repassam, disseminam,transmitem os conhecimentos através de reuniões, que acontecem semanalmente de acordocom cada setor, porém na rotina da empresa, são usados basicamente instrumentos decomunicação como Internet, intranet e e-mail. Esse comportamento adotado pela empresa emestudo aponta a ênfase na valorização da tecnologia em favor do conhecimento, mostrando-secomo uma ferramenta facilitadora da criação e disseminação do conhecimento, de maneira aaproveitar o máximo possível dos seus recursos, atribuindo a esse, agilidade e eficiência.

A empresa possui registros de procedimentos de suas atividades, entretanto não observou-se nenhum projeto que privilegiasse essa formalização, dificultando o treinamento de novoscolaboradores. Entretanto, se a empresa criasse um repositório coletivo de conhecimentos,poderia aproveitar melhor as informações, e todo o grupo teria acesso, considerando que aofazer uso, na sua maioria, dos recursos tecnológicos e esses apresentam vigência na suatemporalidade, as informações acabam ficando no âmbito individual.

Observou-se que a empresa possui uma habilidade de buscar conhecimentos externos, noqual a busca pelo conhecimento se dá pela seleção do profissional altamente capacitado naárea, o que representa que a empresa não mede esforços para encontrar o melhor profissionaldo mercado e assim tê-lo em sua equipe de colaboradores, e conseqüentemente posiciona-seno mercado com vantagens competitivas, provindas do conhecimento. Todavia, muito dosconhecimentos existentes na empresa são gerados internamente, o que demonstra acapacidade de captar as habilidades individuais em busca de uma inovação criativa.

Percebeu-se que a empresa utiliza o conhecimento mesmo não intencionalmente, paraorganizar-se no mercado competitivo a partir do modelo das cinco forças de Michael Porter,

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que torna-se a base na elaboração das estratégias empresariais e na tomada de decisões. Destaforma concluiu-se que existe na empresa uma valorização e percepção do conhecimento, queé intensamente utilizado na elaboração do planejamento estratégico, o que lhe confere umdiferencial que a conduz a uma maior competitividade no mercado nacional e internacional.

Vale ressaltar, que os resultados da pesquisa sugerem que o futuro construído pelaempresa se paute fundamentado no conhecimento, por um planejamento estratégicoininterrupto, holístico e objetivo na execução, visando obter um maior controle das situaçõespelas quais não foram planejadas. Dessa forma, o conhecimento revela-se como um fortealiado capaz de responder o questionamento sobre o que vai acontecer no futuro, e assimtomarem-se decisões mais seguras e soluções de longo alcance.

Dessa forma, observou-se a importância do conhecimento nas estratégias empresariais,que contribuem para que as empresa alcancem seus objetivos, considerando a interaçãodinâmica do ambiente. Vale ressaltar a importância da valorização dos pontos fortesexistentes, para superar as mudanças no ambiente, pois um processo de criação, implantação esucesso da estratégia de uma empresa representa o compartilhamento de conhecimento eaprendizado contínuo, resultando em informações valiosas e fundamentais na dinâmica domercado.

Isso permite salientar que uma estratégia voltada para o conhecimento valoriza os ativosintangíveis, e é o processo apropriado para maximizar o potencial do conhecimento existenteem uma organização, disponibilizando todo conhecimento necessário para que as pessoas queconstituem a empresa desempenhem suas tarefas eficazmente. A formulação de estratégiasdepende de um clima que deve ser conquistado em ambientes abertos, com processosparticipativos, com fluxos eficientes de comunicação, com compartilhamento de informações,com linguagem adequada que flua em todos os níveis da organização.

Por fim, concluiu-se que mesmo com ausência de projeto para o gerenciamento doconhecimento, este é amplamente utilizado para formulação das estratégias empresariais, oque a qualifica como uma empresa de sucesso, pois verificou-se que o conhecimento éutilizado na elaboração do planejamento estratégico, e usado como uma ferramenta de apoiopara enfrentar a dinâmica competitiva do mercado.

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Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural