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In Furtado ;L. G., Leitão W. & Fiuza de Mello A.(eds.) (< Povos das &gas, 1 realidade e perspectivas na Amazônia D. Mus. Par. Emilio Goeldi. Coleçã0 1 Eduardo G ~ V ? U : 292 p. ___ - - _ - 2__- PESCAË ËCÕLOGIA DOS RECURSOS I AQUÁTICOS NA AMAZôNIA Bernard de Mèronal RESWO - As reflexões aqui trazidas basearam-se em longa experiência de campo na Amazônia, particularmente ir0 dmbito das águas interiores, e enfocam a relação entre as atividades humanas,através dapesca, e a dinâmica dos recursosnaturaisaquàticos (espéciesicticasprincipalmente}, mobilizáveis pelas populações ribeirinhas da região. A parfir de uma breve história da interaçã0 homem-macrofauna aquática na Amazônia, com base em sínteses recentes, destacam-se três pontos relevantes e relacionados a: I) em que momentode sua evolução se encontra apesca, 2) qual o impactodapesca sobre os recursos naturais aquáticos e 3) qua1 o impacto de transfom2açõesdo meio ambiente sobre os recursos e a pesca. Neste capítulo se tentará juntar os elementos disponiveis hoje para a Bacia Amazônica relacionados a estes três pontos. PALAVRAS-CHAW Pescaamazônica,Ecologia depeixes,Interagliohomem- meio aquático, Recursos pesqueiros, Desenvolvimento pesqueiro. ABSTRACT - The ideas devoloped in this chapter are based on a IongJield expen’ence in the Amazon region, especially in thefresh-waters, aiidpoint out the relationships between fishing activities and the dynamicsof aquatic natural resources (mainlyfish), accessible to the riverside populations. Starting by a short review of the histoiy of the interaction man-aquatic macrofauna in the Amazon region based ou recent synthesis, 1 address three relevant questions: I) at what step of its evolution is the fishing system, 2) what is the impact of changes driven by developmentplans other thanfishing, on the resources and thefishing activiq. The infomation related to these questionsavailable for the Amazon basin is presented and discussed. KEY WORDS: Amazon fisheries, Fish ecology, Man-aquatic environment interaction, Fish resources, Fishing management. I I fishing on the aquatic resource and 3) what are the impacts of environmental ORSTOM, Antenneau MuséumNationald’Histoire Naturelle, Laboratoire d’Ichtyologie, 43, rue Cuvier, 75005 Paris, France I I

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In Furtado ;L. G., Leitão W. & Fiuza de Mello A.(eds.) (< Povos das &gas, 1 realidade e perspectivas na Amazônia D. Mus. Par. Emilio Goeldi. Coleçã0 1 Eduardo G ~ V ? U : 292 p. _ _ _ - - _ -

2__-

PESCAË ËCÕLOGIA DOS RECURSOS I AQUÁTICOS NA AMAZôNIA

Bernard de Mèronal

R E S W O - As reflexões aqui trazidas basearam-se em longa experiência de campo na Amazônia, particularmente ir0 dmbito das águas interiores, e enfocam a relação entre as atividades humanas, através dapesca, e a dinâmica dos recursos naturais aquàticos (espécies icticas principalmente}, mobilizáveis pelas populações ribeirinhas da região. A parfir de uma breve história da interaçã0 homem-macrofauna aquática na Amazônia, com base em sínteses recentes, destacam-se três pontos relevantes e relacionados a: I ) em que momentode sua evolução se encontra apesca, 2) qual o impactodapesca sobre os recursos naturais aquáticos e 3) qua1 o impacto de transfom2ações do meio ambiente sobre os recursos e a pesca. Neste capítulo se tentará juntar os elementos disponiveis hoje para a Bacia Amazônica relacionados a estes três pontos.

PALAVRAS-CHAW Pescaamazônica, Ecologia depeixes, Interaglio homem- meio aquático, Recursos pesqueiros, Desenvolvimento pesqueiro.

ABSTRACT - The ideas devoloped in this chapter are based on a IongJield expen’ence in the Amazon region, especially in the fresh-waters, aiidpoint out the relationships between fishing activities and the dynamics of aquatic natural resources (mainlyfish), accessible to the riverside populations. Starting by a short review of the histoiy of the interaction man-aquatic macrofauna in the Amazon region based ou recent synthesis, 1 address three relevant questions: I ) at what step of its evolution is the fishing system, 2) what is the impact of

changes driven by development plans other than fishing, on the resources and thefishing activiq. The infomation related to these questionsavailable fo r the Amazon basin is presented and discussed.

KEY WORDS: Amazon fisheries, Fish ecology, Man-aquatic environment interaction, Fish resources, Fishing management.

I I

fishing on the aquatic resource and 3) what are the impacts of environmental

ORSTOM, Antenneau MuséumNationald’Histoire Naturelle, Laboratoire d’Ichtyologie, 43, rue Cuvier, 75005 Paris, France I

I

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’ Pesca e ecologia dos reciirsos aqiiaticos na A~tiazôriia

A ecologia, na sua acepção moderna, é definida como o estudo das interações entre os seres vivos e o meio ambiente, porum lado, e dos seres vivos entre si, por outro lado, nas condições naturais (Frontier &Pichod-Viale 199 1).

Essa definiqão tem por conseqüência que o homem em todas as suas dimensões (culturais, sociais, econômicas. ..) não pode ser ignorado pela abordagem ecológica. Parao ecólogo, o homem constitui-se num elemento do ecossistema que apresenta comportamentos extremamente elaborados, resul- tando de causas h vezes distantes, tanto no tempo (herança culturd) como no espaço (pressões sócio-econôniico-políticas). Destamaneira, a ecologia deve manter relações estreitas com as ciências humanas. A associação dos termos “pesca” (atividade humana) e “ecologia” (estudo dos ecossistemas) no título deste capítulo representa a eqressão deste postulado.

Pelasuadefiniqão, a ecologiaabrangeum campo de estudo extremamen- te amplo (da macro-molécula até a biosfera) em suas dimensões espacial e temporal, tendo assim problemas agudos de definição de limites. O ecólogo é assim levado, baseando-se em considerações tanto conceptuais como operacionais, adefinirum ob-jeto de estudo que ele considerará comoum nível de organização na estrutura hierárquica de sistemas mais amplos. Definido a partir da interaqão fonnuladapelo termo “pesca”, o objeto de estudo conside- rado neste capítulo é a macrofauna aquática. Serão particularmente enfocadas as inter-relações entre este objeto e o elemento liumano.

Até mos recentes, a teoria ecológica era baseada em noções tais como estabilidade, equilíbrio ou clímax, quer dizer que se supunha que um conjunto de condições (sinal de entradano sistema) devialevaraum tipo de organiza@ío úniCo dos sistemasvivos. Tratava-se então deumavisãomecanísticadomundo. Recentemente, e cada vez mais, os ecólogos tomam consciência de que os ecossistemas se transformam constantemente sob efeito de interações intemas e de estimulos extemos, sendo aevolução dosmesmosum fenômeno irreversível (=histórico). Segundo esta visão estocástica, não teria posição de equilíbrio única, mas uma sucessão de equilibrios, ou seja, um “equilíbrio dinâmico” (Cury 1991).

Neste contexto teórico, a oposição, ainda vivaz, entre conservaqão e desenvolvimentonão tem sentido. Conservar os sistemasvivosnum determina- do estado éum objetivo impossívelporque, emprimeiro lugar, ele conflitacom apropriedade fundamental dos sistemas vivos que é de evoluir e, em segundo lugar, o fato de observar um sistema num certo momento da sua evolução não diz nada a respeito do estado “Ótimo” em que deveria mantê-lo. Portanto, desenvolver e conservar devem ser vistos como uma tentativa de ajuste dos

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Pesca e ecologia dos recursos aquáticos iia Airiazdiiia

comportamentos liumanos que permite, no mínimo, a manuntenção das potencialidades dos sistemas vivos. O conceito agora desenvolvido e o de “desenvolvimento sustentável’’ (Clarke & Munn 1986).

Um desenvolvimeto sustentável daatividade pesqueiranecessita de um conhecimento dos processos de evolução e de fimcionmento do sistema da pesca. Em particular três tipos de questionamentos podem ser submetidos à ecologia

1) em que momento da sua evolução se encontra o sistema “pesca”, i.e., qual suahistóriae qual suasituação atud‘? Um sistemanum estado ‘cvirgemyynão reagirá damesma maneira que um sistema explorado desde muitos anos.

2) qual fiação dos recursos naturais que pode ser extraída sein prejudicar a reprodução destes recursos, i.e., qual o impacto direto da pesca sobre os recursos ‘?

3) qual o nível e qual tipo de transfonnação do meio aiibieiite relacionadas às outras necessidades de desenvolvimento que são suportáveis paragarantir areprodução dos recursos, i.e., qual C o impacto indireto do homem sobre os recursos ?

Neste capítulo, se tentará juntar os elementos disponíveis ho-ie para a Bacia knazônica, relacionados a esses três questionanentos.

HISTÓRIA DAINTERAÇÃO HOMEM-MACROFAUNA AQUÁTICANA AMAZôNIA E SITUAÇÃO ATUAL

Está fora do enfoque deste capítulo retraçar aliistória detalhada da pesca naRegião Amazônica. Somente se enfatizarádguns pontos básicos, essenciais para a interpreta@ío dos dados atuais, baseando-se em sínteses recentes (Furtado 1981, Goulding 1983, Ribeiro 1992, Grenand & Grenand 1993).

Em primeiro lugar, é coniprovado, spartir de descobertas arqueológicas recentes, que aocupação humana da Amazôniaé muito antiga, datada há cerca de 8000 anos BP (Roosevelt et al. 199 1) e que, háum pouco mais de 2000 anos, o meio aquaticojBeraexplorado (Roosevelt 1989). Outrossim, baseando-se em estimativas de densidade populational na região, pode-se supor que, na epoca da chegada dos primeiros exploradores no século XVI, a exploração dos ambientes aquáticos era muito desenvolvida, principalmente na calha do rio Solimões-Amazonas7 e provavelinelite diversificada, incluindo peixes, quelônios e mamíferos (Verissimo 1985). O processo de colonizaç5o nos séculos XVII e

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Pesca e ecologia cios reciwsos apáiicos ìia Amazônia

XVIII teve como conseqüência um despovoamento importante da várzea que levou então a uma diminuição da pressão de exploração dos ambientes aquáticos. A segundametade do século XIX viuumnovo desenvolvimento da pesca que, desta vez, era dirigida para um número limitado de produtos, destinados principalmente ao comércio. Estes produtos são o peixe-boi (Trichechus inzanguis), a tartaruga (Podocnemis expansa) e o pirarucu (Arapaima gigas). A exploração em grande escalae o uso de métodos cadavez mais elaborados levou aumadiminuição drkticadaabundthciadestes animais e a uma política de defeso total ou parcial. Em seguida, houve um desenvolvi- mento rápido das pescarias junto com a diversificação e Meschkat (1961) estabelece um diagn6stico detalhado da situação no final da década de 1950. Entretanto, este último autor conclui numa ampla subexplorqão dos recursos e sugere aprimoramentonas técnicas de pescacom, em particular, aintrodução de fio de náilon pela fabricação das redes, ageneralização do uso demalhadeiras e autilizaqão de motores potentes. O autor insiste também naimpossibilidade de manejo da pesca na região pela inexistência de dados biológicos sobre as espécies e a falta de fiabilidade das estatísticas de pesca. Somente no início dos anos 1970 começam a existir dados confiáveis, mas o número de situações estudadas ainda é muito limitado (Figura 1).

A,cidade de Manaus abriga0 mercado mais importante daregião comum volume de desembarques muais médio de cerca de 30000 t. Um sistema de coletade estatisticas de desembarques foi implantado em 1976 (Petrere 1978b) emantido até 1988. A frotapesqueirade Manaus exploraumaregião extensa., incluindo o curso do rio Solimões-Amazonas desde afronteira Brasil-Peru até o limite leste do Estado do Amazonas com a Pará, assim como as partes inferiores dos cursos dos principais afluentes. Grande paste das capturas são provenientes dos ambientes de planície de inundação (várzea) e alguns estudos se focalizaram nestes ambientes. Smith (1 979) estudou durante o ano de 1977 as pescarias de várzea nas proximidades da pequena cidade de Itacoatiara. A pescaria das pescadas (Plagioscion sqziamosissimus e P. montei) no lago do Rei foi descrita em detalhe por Annibal (1 982) e a situação deste pesqueiro tradicional, próximo a Manaus, foi analisada por um projeto multidisciplinar baseado, entre outras fontes de informações, nos dados de desembarque no mercado de Manaus entre 1976 e 1988 (Mérona 1990a; Mérona& Bittencourt 1993). No rio Madeira, apesca é conhecida através deum estudo realizado em 1977porGoulding (1979). Enfim, dadosrelativos ao baixo rio Tocantins foram obtidos no contexto deum projeto integrado de estudo deimpacto ecológico da barragem de Tucuruí. Coletas pré-fechamento, durante um ano, e

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Pesen e ecologia dos pecwsos nqiiriticos vin Aiiiazôiiia

pós-fechamento, durante três anos, levaram a uma descrição precisa da situação e uniaavaliação das transformações induzidas pelabarragem (Mérona 1985; 1990b; Odinetz-Collart 1987). Em complemento destes estudos, existem dados difusos, geralmente oriundos da SUDEPE (Superintendênciade Desen- volviineiito da Pesca) e coinpilados em trabalhos de síntese (L’Hostis 198 la, b; Goulding 1983; Junk 1984; Bayley & Petrere 1989). Estes dados são principalmente relativos a unia pescaria industrial de piramutaba (Buuchyplutystomu vuillunti) no estuário do rio Amazonas e àpesca de peixes omanentais .

Apesar do caráter liiiiitado deste conjunto de dados, pode-se tentar um delineamento esquematizado da situação geral da pesca na Região Amazônica no final da década 80. Existem duas características básicas. A primeira é a importância rceduzidadas exportações relativamente ao volume das capturas e, por corolário, a grande importincia do consumo local. Segundo estimativa de Bayley & Petrere (1 989), o volume de produtos alimentares da pesca exporta- dos da Região Amazônica representa soniente 13% da captura total. Caso a parte é o dos peixes ornamentais, quase que exclusivamente destinados à exportação, nias cuja captura ponderd é fraca comparada à captura total. A seguiida característica é o caráter artesailal da pesca coni urn investimento relativamente fraco e tima remuneração dos pescadores baseada nuni sistema de parceria (Freitas 1977). A imicaatividade realmente industrial é apesca da piramitaba na região do estuário do rio Ainazonas para produção de filés destinados A exportação.

Os estudos sobre pesca artesanal evidenciam agrande lieterogeneidade dos modos de exploração. A anlalise dos desembarques no mercado de Manaus possibilitaaidentificação devLArías pescarias diferentes. Apescariadotambaqui (Colossoinu ~nacmpoinzim) (Figura 2) se desenvolve nuni espaço vasto, cobrindo todaextensão da planície de inundação do no Solimões-Aniazonas no Estado do AmLuonas. Scgundo Petrere (1 983), esta pescaria poderia ser independente das outras B iiiedidaeiii que aespécie teria poucas iiiter-relações coni as outras espécies csploradas. Outra pcscaria esplora os .jarquis (Seinupi~ocliilo~iis spp.) (Figura 2), aproveitando os movimentos migratórios dessas espécies no baixo rio Negro (Ribeiro 1983). Outrossim, existe uma pescamulti-específica, usando vários apetrechos, desenvolvida na várzea, em locais próximos ao mercado que, por sua vez, pode ser subdividida ein duas pescarias distintas: unia dirigida para espécies migratórias. aproveitando OS

movimentos laterais planície-rio, e outra explorando os corpos d’água da própria planicie (Mérona &. Bittencourt 1993). Outra ilustração da

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Pesca e ecologia dos reciirsos nquúticos na Aiiiazûnia

heterogeneidade é a comparação das situações do alto Madeira e do baixo Tocantins. As características fisiográfícas das duas regiões são comparáveis, contendo ambas a fratura entre o escudo brasileiro e aplanície amazônica. No alto Madeira, os pescadores desenvolveram uma importante pescaria de Siluriformes (bagres) de graide porte no momento dasubidadestes peixes nas cachoeiras do Teotônio (Goulding 1979). Ao contrário, no baixo Tocantins, a pescanas corredeiras épouco desenvolvida, inas os pescadores aproveitam o ciclo migratório do niapará (Hypophfalmus marginatus) (Figura 2), limitado no trecho àjusante das corredeiras, provavelmente pelaincapacidade daespécie em nadar contra correntezas violentas (Carvalho 1978; Carvalho & Mérona 1986). Estas diferenças nos modos de exploração são evidentemente ligadas à ecologia das populações de peixes (abundância local, concentrações migrató- rias, etc.), mas são também influenciadas por fatores culturais. Existem numerosas crenças populares e até mesmo tabus alimentares e anível regional como evidenciou Smith (1 979) na pequena cidade de Itacoatiara.

Apesar destaheterogeneidade, algumas características se revelam como constantes da pesca wesanal na Amazônia. Em primeiro lugar, todas as pescarias estudadas são submetidas a amplas variações sazonais. Todos os ambientes explorados sofrem influênciado ciclo hidrológico dos rios ao qual os animais aquáticos adaptaram as suas estratégias de vida. Esta variabilidade sazonal é percebida através das variações no volume das capturas, em geral máximo durante o período de águas baixas e mínimo na cheia (Figura 3). As capturas são resultantes de fenômenos complexos, De um lado, hávariaçõesna abundfincia das populações animais que, em planície de inundação, foram modelizadasporWelcomme & Hagborg (1977). Abiomassadepeixes aumenta durante acheiasob os efeitos conjugados do recrutamento e do crescimento, ela é máximadtirante a descidadas águas emínimano final daestiagem. De outro lado, as amplas variações sazonais no volume da água no sistema levam a mudanças inversas na densidade dos mimais aquáticos. Para complicar ainda a situação, os comportamentos migratórios causam concentrações locais de algumas popula9ões. Os pescadores se adaptam a esta variabilidade espaço- temporal escolhendo estratégias de captura apropriadas (Figura 4).

De modo geral, as capturas da pesca artesanal em ambiente fluvial são multi-específicas e aBaciaAinazônicanão foge àregra. Entretanto, não sepode concluir auina coleta ao acaso por parte dos pescadores profissionaais. Como jávimos, algumas pescarias são mono ou bi-específicas (tambaqui, jarquis, mapará) e as pescarias multi-específicas exploram poucas das espécies poten- cialmente caphiráveis pelos apetrechos usados. No mercado de Manaus, por

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exemplo, somente 1 0 produtos (espécies ou grupos de espécies vizinhas) representavam 92,7% dos deseiiibarques entre 1970 e 1980 (Junk 1984). No lago do Rei, MCroiia (1 Y90a) evidencia as diferenças entre a composição das capturas comerciais e da coniuiiidade de peixes. Algumas espécies, e particu- lanneiite o curiinatã (Prochilodus nigricans) são dominantes na captura enquanto elas são pouco representadas nacomunidade. Portanto, é evidente que os pescadores conseguem uiiiaseleçiío das espécies apartir deum conhecimento aprofulidado do ambiente e dos organismos que nele habitam.

O manqjo da pesca C baseado no controle das variações intermuais da captura e do esforço de pesca cuja anilise requer longas séries de dados. Para a pesca artesaial, esiste uma só serie deste tipo: a dos desembarques no mercado de Manaus, que evidencia unia importante variabilidade interanual nas diferentes pescarias (MCrona & Bittcncourt 1988; 1993). Ein tennos de volume de capturas, as variações são muito niais niarcadas quando se considera as pescarias individuais do que quando se tratado desembarque total, pois uma diniinuição das capturas de unia pescariapode ser compensada pelo deseiivol- vinieiito de outra. Estas variações podeni ter três origens: 1) mudanças na capturabilidade inCdia anual e difíceis de serein avaliadas, 2) uin efeito de variações do esforço de pesca, quando maior, aumentaamortandade dos peixes e 3) variações naturais da abundiincia das populações de peixes causadas por parâinetros ani bjaitais. Os estudos desta variabilidade constituem-se num dos fiindamentos do diagnóstico do efeito da pesca sobre os recursos.

PESCA E RECURSOS PESQUEIROS

A primeira questá0 quc se procura solucionar C se o nível e o tipo de exploração corre o risco de prejudicar arenovaçáo dos recursos pesqueiros, ou, ein outros termos. coinparar o volunie tomado it produção biológica natural destes recursos. Dois tipos de abordagm forain desenvolvidos na Amazônia, uni global e outro casual.

Análise global:

Nesta aridise o recurso C considerado conio iiin todo e se coniparou as capturas atuais a uni determinado potencial (Bayley 1981; Bayley & Petrere 1989). As estimativas de potencial propostas por estes autores são baseadas na coniparação coin ou tras grcvldes bacias lias quais a atividade pesqueira 6 inais intensa, particulannente 110 continentc Africano (Welcomme 1976 & 1979).

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Pesca e ecologia dos recimos aqi!ático.r ita Ainazôiiia

Este último autor propõe relações entre as capturas e as dimensões da bacia liidrogrjfca (área ou comprimento máximo) e reconhece que a exist2ncia e a extensão de planícies de inundação dentro das bacias é associada a uma produção pesqueiramaior, o que leva a relações capturddimensão diferentes. Considerando a extensão da planície de inundação na Bacia Amazônica, estimadsem 2,6% daáreatotal, Bayley { 198 1) calculaumaproduçãopotencial de 217.000 tano-1 parraaAmazôiiiaocideiita1 brasileiraque ele compara aum volume de capturas em 1977 de 85.200 t. Num estudo ulterior, Bayley & Petrere (1989) avaliam aprodução pesqueiratotal dabacia, em 1980, em 198.650 t. Essevaloré coinparado aumpotencial estimado de 5 14.000 t.an0-~0~270.000 t.ano-1, dependendo do modelo considerado (área ou comprimento). Introdu- zindo o esforço de pesca expresso pela densidade de pescadores, Welcomme (1979) iildicao valor aproximativo de 50 Kgporhectare alagável, que, aplicado ao caso da Bacia Amazônica, dá um potencial de 902.000 tano-1. Estas consideraçóes levam então à coiiclusão de que a Bacia Amazônica em geral seria amplamente subexplorada. Esta conclusão é ainda reforçada por resulta- dos de estudos sobre a produção biológica de peixes e macrocrustaceos na várzeada Amazônia central (Bayley 1982). O autor define ‘‘ireas produtivas” em que aproduçãoinedidaé de280 g.m-Zao-1 e estimaquecercade 1/3 desta produção é oriunda de animais de tamanho superior a 25 cm, potencialmente exploráveis. Nestas bases, a produção pesqueira de 1977 representava apenas 7,4% da produção potencialmente exploravel.

Entretanto, as conclusões destes tmbalhos devem ser consideradas como cautela. Por um lado, como os próprios autores o assinalam, trata-se de estimativas aproximadas que apresentam grandes incertezas estatísticas, priii- cipalmente por causa do nimero baixo de casos estudados e da grande diversidade das situações. Por outro lado, estimativas de captura da pescaem pequena escala se baseiam em extrapolaçóes de valores poiltuais de consumo per capita e Mérona & Bittencourt { 1991) suspeitam que os valores adotados poderiam ser inferiores ao consumo real. O erro acumulado pode entiío levarà grande sobestimativa da produção real. Outrossim, estimar um valor de produção potencial supôe que estae abioinassaque asuporta sej am aproxiina- damente coiistaites, ora alguinas observações contrariam esta suposiçiío. O estudo 110 “lago do Rei”mostra que a biomassa, estimada a partir das capturas de pescarias experimentais, pode variar de um ano para o outro (Mérona 1990a). Baseando-se ein dados dapescacoiiiercial, MCrona & Gascuel(1993) evidencian anplasvariações de biomassa da fraçã0 explorada da comunidade

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Pesca e ecologia dos recursos aquáticos na Amazônia

de peixes num período de 12 anos. Parâmetros hidrológicos explicam amaior parte destas variações através de fenômenos complexos. O sucesso dareprodu- ção e particularmente a sobrevivência larval (Petry 1988) é relacionado à velocidade da enchente. A abundância de peixes recrutados na pescariaé, em seguida, regulada pela duração e intensidade das estiagens. Assim, pela ação combinadade umasubavaliação da produção pesqueirae de uma superavaliação do potencial, a conclusão de uma ampla subexploração atual dos recursos da Bacia Amazônica pode ser exagerada e qualquer medida objetivando uma intensificação daexploração deveria considerar cuidadosamente avariabilida- de interanual.

Outro aspecto esta relacionado à heterogeneidade descrita acima. De fato, se a produção pesqueiraatual pode ser supostainferior ao potencial numa média, esta suposição não se verifica eni algumas situações locais. Petrere (1986b), num estudo da pesca de tucunares (Cichla ocellaris e C. temensis) (Figura2) com zagaia nos lagos da Aniazôniacentral, mostra que o esforço de pesca é mais elevado em lagos próximos a Manaus. No baixo Tocantins, Mérona (1985) calcula uma produção pesqueira de 10,7 t.Km-l .ano-l num trecho decercade 400Kni. Naiinicaáreamais ijusante de 200 km de extensão observa-se umaprodução pesqueirade 14 t.fin-1. ano-1, enquanto Welcomme (1979) propõe o valor de 8 t.Kni-1 ano-1 como potencial para rios africanos. Portanto, a repartição especial do esforço de pesca é um parâmetro importante a ser considerado, Também, acoiiclusão de uma provável subexploração geral não significa que alguns estoques particularmente procurados não sejam superexplorados. Análises caso a caso se tornam então indispensáveis e compleineiitares da análise global.

Análises casuais

O tambaqui 6 um produto estremamente apreciado na maioria dos mercados na região central da bacia, onde ele representava, até os anos 80, a inaior porcentagem dos desembarques (Junk 1984). Trata-se 'de um grande Characiforme migrador cu-jo centro da distribuição é constituído pelas aguas ricas e túrbidas do rio Solimões-Amazoiias (Goulding & Carvalho 1982). Numa análise de produção por recruta baseada nos dados do mercado de Manaus entre 1976 e 1978, Petrere (1 983) concluía que o nível de exploração daépoca, muito provavelmente, não levaria aunia superesploração do estoque. Alguns anos depois. MCroiia 61t Bittencourt (1988) aplicam aos dados de 1976 a 1986 o modelo global de dinâmicade populações exploradas (Schaeffer 1954)

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Pesca e ecologia dos rectir4w.s aqitciticos na Arnazôiria

e concluem queháumasuperexploração da espécie em 1985 e 1986 (Figura6). Todavia, estaconclusão é moderadapelaobsenração dadistribuição dos pontos que deixa supor uma influência forte dos parâmetros ambientais sobre o tamanho do estoque. Precisa tambem assinalar que o conhecimento limitado que se tem sobre a biologia da espécie toma as conclusões destes trabalhos discutíveis. Em particular não se sabe se apesca explora um estoque Único em toda extensão da bacia, ou se, ao contrário, existem populações separadas.

Desde 1980, osjaraquis substituíram o tambaqui no primeiro lugar dos desembarques no mercado de Manaus. O modelo de Schaeffer aplicado aos dados deste conjunto de duas espécies leva àconclusão de que, até 1986, não teria superexploração dos estoques, mas aqui também os resultados são discutíveis devido às mesmas críticas formuladas pelo tambaqui.

Apiramutabaé um grande Siluriforme predador, explorado, em particu- lar, por uma pescaria industrial localizada na parte inferior do rio Amazonas (Barthem 1990).Aandise dasérie de dados disponível atualmente (1972-1984) mostra que não teria superexploração da espécie ao nível de exploração da época {Bayley & Petrere 1989).

No “lago do Rei”, submetido auma exploração intensapor causa da sua proximidade de Manaus, nenhum indice de um efeito do esforço de pescasobre osestoquesdepescadas énotadoporAnnibal(1982)entreosanos 1976e 1980. No caso dapescariamultiespecífica, Mérona & Gascuel(l993) não detectam efeito do esforço sobre abundhciaglobal dos peixes explorados até 1988.

Ao lado destes casos, onde alguns dados, mesmo que incompletos, são suficientes paraelabora@o de hipóteses prováveis sobre o estado dos estoques, existem indicaçces para algumas espécies ou grupos de espécies em situações pontuais. Embarasem embasamento científico, é muito provável que espécies tais como o peixe-boi, a tartaruga e o pirarucu se encontravam em estado de superexploração no início do século. Infelizmente não se sabe se as medidas de defeso total OLI parcial aplicadas até ho-je levaram a uma recuperação dos estoques. Espécies tais como o mapará ou camarão canela (Macrohrachium amazoniczim), no baixo Tocantins, antes do fechamento da barragem de Tucuruí eram exploradas num nível que podia fragilizar os estoques (veja parágrafo seguinte). Os peixes ornamentais são alvos de ulna exploração intensa para exportação desde os anos 70 (Welcomme et al. 1979; L’Hostis 1981b; Junk 1984; Hanek 1982; Chao 1992). Os valores de número de exemplares vivos exportados são elevados: entre 1 O e 20 milhões, dependendo do ano, dos quais mais de 80% são constituídos de uma só espécie (Cheirodon axelrodj) (Figura 2). Quando se considera que amortalidade entre a captura e

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Pesca e ecologia dos recursos aqitbiico.r iia Amazônia

a comercialização fica ao redor de 80%, tem-se unia idéia da importância da captura. Entretanto, os autores consideram que os estoques destas espécies de pequeno porte não são ameaçados: de ~lltl lado porque indivíduos de criação entram cadavez niais ein concorrênciacom indivíduos selvagens, e, por outro lado, pelo fato das populações serem partilhadas e com taxa de reprodução elevada.

Exceto alguns casos específicos,não existiaentão no final dos aios 1980 sobrepesca caracterizada na Bacia Amazônica. Entretanto, é evidente que a pescainodifica sensivelmente a composição e provavelineilte também aestni- tura das comunidades aquáticas. Estas modificações podem ser prejudiciais, causando uma desestruturação das comunidades e, neste caso, se falageralmen- te de “pesca predatória” (embora o tenno sejaimpróprio, pois todae qualquer atividade de pesca é predatória no sentido ecológico da palavra). Alguns métodos de captura são universalmente apoiitados por representar ameaças para a fauna aquática em geral. Todavianenlium estudo permite quantificar ou até mesmo qualificar o impacto destes métodos. Evidentemente, ninguém contesta o aspecto destruidor da pesca com explosivo, praticada comumente nas cercanias de Manaus nos aios 1970. Os arrastos de fundo, usados napesca industrial de piramutaba, sem diivida, estragam o ecossistema bentico que eles atravessam. As malhadeiras foram sempre muito acusadas de capturar indiscrimiiilad~ente.iLiveiiis de espécies de grande porte junto com adultos de espécies de médio porte. Dados de pesca experimental assim como a minha experiência coin os pescadores profissionais mostram que, na Amazôiiia central, estasuspeitanão tem real fiindamento. As capturas de mallideiras por pescadores profissionais, de fato, são pouco multi-específicas. Tanto a dimen- são da malha como a sua localização no ambiente são diferentes, dependendo da espécie alvo. Mesmo que não tenlia efeito catastrófico, a pesca induz modificações nas comunidades. As mudanças observadas na composição dos desembarques no mercado de Manaus são, em parte, o reflexo destas modifi- cações (Figura7). A diminuição do volume de desembarque de tambaqui deve ser relacionado auma diminuição da suaabundhcia relativanas comunidades. Petrere ( 1986) tem notado uniaabundânciarelativadestaespécie mais fracanos lagos próximos a Manaus que sofrem uma exploração inais intensa. No Baixo Tocantins, diferenças notáveis naestnituradas comunidades de peixes em três áreas podem ser relacionadas ao nível da pressão de pesca (Figura 8). As comunidades da área jusante, submetida à exploração mais intensa, têm proporcionalmente uninúmero inaior de espécies perifitófagas e fitoplanctófagas e menos espécies ictiófagas do que as outras áreas. Também, os peixes têm tamdios menores nesta Breajusante (Mérona 1985).

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Pesca e ecologin dos recurmos nquáticos na diirazdnia

DESENVOLVIMENTO E RECURSOS PESQUEIROS

Emnunierosos casos, existe um conflito entre optimização daexploqão dos recursos pesqueiros e outras ações para o desenvolvimento de umaregião. Por exemplo, o desenvolvimento de atividades agrícolas pode levar ao desmatamento das margens dos ecossistemas aquáticos e introduzirinseticidas e adubos ilas águas; as barragens hidroelétricas interrompem o curso dos rios; a exploração mineira leva nas ágnas quantidade de produtos químicos e sedimentos.

No Baixo Tocantins, uma grande barragem hidroelétrica foi construída à montante de uma área intensamente pescada. O fechamento da obra em setembro de 1984 teve conseqüências imediatas na pesca (Odinetz-Collart 1987; Mérona 1990). Nabase das suas características hidrológicas, duas zonas foram identificadas na parte do rio à jusante da barragem. Na zona mais à jusante, o movimento das marés leva a inversões diárias do fluxo. Apartir de aproximadamente 100 km da foz, as marés são sentidas somente por uma oscilaçiio do nível d’água decrescente quando se aproxima da barragem. Na primeira zona, desde os primeiros meses após o fechamento, houve uma rápida e drástica diminui@í0 das capturas (Figura 9) que pode ser atribuída a dois fenômenos principais. Em primeiro lugar, a interrupção total do fluxo do rio durante o enchimento da represa fez com que a água se tornasse estagnante e o movimento devai-e-vem das marés favoreceu àincorporaqão de grandemassa de sedimentos que, por suavez, provocouum fenômeno de “auto-eutrofização”. Os animais aquáticos móveis teriam fugido da área. Ao mesmo tempo, os pescadores mantiveram uma pressão de pesca elevada, trazendo ao mercado grandes quantidades dejuvenis. Em agosto e setembro de 1985 um volume importante de desembarques éregistrado, mas é constituído principalmente de juvenis de mapará, capturados na época da migração ascendante. .É muito provável que este comportamento dos pescadores tem provocado umaredução drástica durável dos estoques nesta zona. Ao contrkio, na zona superior do trecho àjusante dabarragem, as capturas se mantiveram numnível comparável ao do ano 198 1. As comunidades de peixes ficaram num estado de equilíbrio, porém com algumas modificações na composição (Mérona et al. 1987). A partir de 1985 os pescadores dazonamais àjusante se deslocam paraáreas mais à montante, inclusive o lago de represa onde a produtividade de peixes aumentou rapidamente. Estas observações sugerem então que aimplantação da barragem de Tucuruínão teriatido efeito ecológico catastrófico nas comunida- des aquáticas se apressão de pescapudesse ter sido diminuída. Infelizmente esta

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conclusão não se pode generalizar a outras situações. O fato de a basragein de Tucunií ser localizada perto da desembocadura do rio Tocantins. a vazão elevadadeste rio, costituem particularidades que favorecem uinaliniitação dos iinpactos negativos deste tipo de obra. Estudos comparativos se toman então necessários para poder relacionar os iinpactos coni as Características do curso d7água represado.

As conseqiiCiicias do desiiiatainento das margens de corpos d'água sãoio, ein geral, bein docuinentadas (Cuininins ef al. 1985: Ward & Stanford 1989). A vegetação inarginal iiiflueiicia os ciclos de luz e temperatura, controla a erosão das margeiis e enriquece o ambiente aquático pela introdução de matéria orgânica alóctone. Na Amazônia, vhrias espécies de peixes apresentani adap- taçõesparticulares parase aliiiientarein dos fnitos dafloresta(G0ttsberg 1978; Goulding 1979.1980). A dependhcia alinieiitar de numerosas espCcies de peixes da floresta marginal constitui uni fenômeno ecológico de primeira iiiiport~iciaiiavárzea. No Iago do Rei, 16,296 das espécies. correspondente a 30,7% da biomassa total da comunidade, dependem dos produtos da floresta para sua alimentação. Considerando somente as espicies exploradas, essas porcentagens são, rcspectivaniente, de 42,9% e 44.9% (Rankin de MCrona & MCroiia 1993).

CONCLUS~ES

Este sobrevôo dos dados disponíveis no canipo dapescae daecologiadas comunidades aquáticas na Amazôiiia sugere que a situação geral não está, ou inellior não estava no final da dCcada 80, nuin estado crítico. Ao contrário: exceto alguns casos particulares, existiu muito provavelinenteuni certo volume de recursos ainda não explorados. PorCm, preocupante C uin n i " muito fraco de situações estudadas. considemido a inieiisidão e aheterogeneidade da região. De inodo geral, pode-se afinnar que o esforço de pesquisa não i: adaptado i importância do potencial ecoiiôinico em jogo. O potencial e uma produção pesqueira para fins alimentares de 300 a 900 inil toneladas anuais, na condição de se tornar capaz de adiniiiistrh-la ou, em outros tennos, de preservarareprodução do recurso num longo prazo. Isto Co ob-jetivo do manejo dapesca, tarefaestaque terá resultados somente com aadesão detodos os atores do setor pesqueiro: poderes piiblicos, industriais, artesãos, comerciantes, intermediários, consumidores e cientistas. Com efeito, na base de qualquer manejo, deve haver opções que empenham toda coinunidade interessada.

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Pesca e ecologia dos recvr,sos nqnciiicos ìin t l~~inzôì i in

Bayley (198 1) propôs 4 possibilidades de manejo da pesca na Amazônia: 1) proibirtotalmente apescacomercial, 2) conservar umacomposição de capturas baseada em espécies de grande porte e de preço elevado, 3) favorecer uma captura elevada e 4) não f'xzer nada. Na realidade, é possível a combinação de várias destas possibilidades:

- Deseilvolveruma política de conservação, proibindo apescacomercial num determinado niimero de áreas que poderiam servir de refügios paravárias espécies;

-desenvolver as exportações de alguns produtos de altovalor comercial, controlando estreitamente a pesca das populações destes produtos;

- responder às necessidades alimentares regionais de uma população em progressão constante, favorecendo uma diversificação da captura.

Todavia, quaisquer que sejam as opções, a aplicação práticanecessitará de dois tipos de dados igualmente indispensáveis:

- longas séries de dados de desembarques, quer dizer que é preciso um sisteniade coleta de estatísticas de desembarques anível regional, coordenado e confiável;

-numerosos dados ecológicos e biológicos sobre amacrofaunaaquatica, explorada ou explorável> e nisto também precisa de uma boa coordenação das pesquisas.

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Figura 1 - Localizaçiio dos sstudos de pesca iia Uacia .-bna~dnica. 1 : inerrado de hlanaus (Petrere. 197th et b: 1982; 1985: L12roiia CI B~ttsncourt, 1988). 2: mercado de Porto Velho (Goulding, 1979). 3: Lago do Rei - Ilha do Careiro (Annibal, 1982; Mérona, 1990a et b; Mérona et Bittencourt, 1993). 4: Itacoatiara (Smith, 1979). 5: Baixo Tocantins (Mérona, 1985,1990b; Odinetz-Collart, 1987). 6: Amazônia peruana (Hanek, 1982; Ekmann, 1985).

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Pesca e ecologia dos recursos aquaticos na Amazônia

Figura 2 - Principais espécies de peixes exploradas na bacia amazônica e citadas na texto: I A: pirarucu (Arapaima gigas); B: tambaqui (Colossoma macropomum); C: piramutaba (Brachyplatystoma vaillanti); D tucunaré (Cichla monoculus), E: pescada (Plagioscion squamosissimus); F curimatä (Prochilodus nigracans); G jaraqui (SetnaprochiIodus theraponttra); H: mapará (Hypophtalmus marginatus): I: letra (Cheirodon axelrodi).

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Pesca e ecologia dos recursos aquaticos na Amazônia I

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Figura3 - Variações sazonais do volume de desembarques no mercado de Porto Velho, em 1977, em relação com o ciclo de enchente. Segundo Goulding (1979).

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Pesca e ecologia dos recursos aguaticos na Amazônia

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Figura 4 - Variações sazonais das captÚras pelos diferentes aparelhos utilizados no lago do Rei, em 1986 e 1987, evariações concomitantesdaalturad'gguano rio AtnazonasemJatuarana. S:gundoMérona(l990a).

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Pesca e ecologia dos recursos aquáticos na Amazônia

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CI Pescada El Autres IZI cuiu e;l Tucunare

El Tambaqui Ei Aruana El Pirarucu W Acara E Piranha

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Figura 5 - Variações interanuais da captura total e da sua composição especifica no lago do Rei, entre 1976 e 1988. Segundo M6rona.k Bittencourt (1993).

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Pesca e ecologia dos recursos aquáticos na Amazônia

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Evolução da captura 14000

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o Pacu x Molrinchã - Tucunar4

Figura 7 - Variações interanuais na abundància das principais espécies nos desembarques no mercado de Manaus entre 1976 e 1986. Segundo Mdrona & Bittencourt (1988).

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Pesca e ecologia dos recursos aqudticos na Amaz6nia

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Figura 8 - Resultado da análise fatorial das correspondências das amostras de pescaexperimental no Baixo Tocantins: projeçb das estações e das espécies no plano dos dois primeiros fatores da análise. As letras correspondem às estações: m = montante; r = corredeiras; v =: jusante; os simbolos representam espécies caracterizadas pela categoria trófica: = detritivores bênticos; I = consumidores primários; A = consumidores secundários, * - predadores; Segundo Mérona (1986).

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Pesca e ecologia dos recursos aquciticos na Amazônia

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1 3 1 5 6 7 I 9 10 Il Il I 1 3

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Month

Figura9 - Variaçõesmensais dos parâmetrosdapescano BaixoTocantinsdepois do fechamento dabarragem de Tucurui. A: volume dos desembarques (yield) no mercado de Cametá e proveniente da área àjusante; B: volume dos desembarques (yield) e captura por unidade de esforço (cpue) no mercado de Tucurui e proveniente no lago de represa de Tucurui. Segundo Mérona (1990b).

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Pesca e ecologia dos recursos aqucificos na Amazônia

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