In-Mind_Português, 2012, Vol. 3, Nº. 1-4

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In-Mind_Português, 2012, Vol. 3, Nº. 1-4

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  • In-Mind _ Portugus

    Volume 3, Nmero 1-4, Dezembro 2012

    ISSN 1877-5322

    Editor

    Rui S. Costa, Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa & Universidade de Princeton, EUA

    In-Mind_Portugus W http://pt.in-mind.org/ E [email protected]

  • ndice

    Negligncia parental: Uma abordagem experimental a problemas comunitrios

    por Margarida V. Garrido e Cludia Camilo 1

    Ver ou no ver, eis a questo: A relao entre ateno visual selectiva e emoo

    por Pedro J. Rosa, Francisco Esteves e Patrcia Arriaga

    15

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4

  • Negligncia parental: Uma abor-dagem experimental a problemas comunitrios

    Margarida V. Garrido1 e Cludia Camilo

    A negligncia parental2,

    ou seja a incapacidade para res-

    ponder de forma adequada s

    necessidades dos filhos, e os

    fatores de risco3 a ela associados,

    constitui-se actualmente como uma das principais preo-

    cupaes no mbito da proteo de crianas e jovens.

    Como resposta a estas situaes, os servios tendem a

    privilegiar a preservao familiar4. Todavia, manter a crian-

    a na famlia poder implicar mant-la exposta ao risco,

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

    1

    1 CIS/ISCTE-IUL

    2 Ver Glossrio para a definio de negligncia parental.

    3 Ver Glossrio para a definio de fatores de risco.

    4 Ver Glossrio para a definio de preservao familiar.

    1

  • criando assim a necessidade de implementar respostas

    adequadas ao desenvolvimento de competncias paren-

    tais 1. O presente artigo apresenta uma breve reviso teri-

    ca do fenmeno da negligncia parental e seus determi-

    nantes, bem como uma breve descrio do processo de

    sinalizao aos servios de proteo de crianas e jovens

    e posterior avaliao da situao de perigo. Seguidamente

    apresentam-se as linhas gerais orientadoras do processo

    de interveno com famlias negligentes em contexto co-

    munitrio, e descrevem-se os principais contedos e me-

    todologias, no mbito de uma proposta que sugere uma

    abordagem experimental ao desenho, implementao e

    avaliao de programas de interveno parental.

    O atual cenrio socioeconmico veio acentuar os

    problemas associados situao de pobreza, fazendo

    aumentar o nmero de famlias multidesafiadas 2, em situa-

    o de risco psicossocial e dependentes dos apoios go-

    vernamentais. Este cenrio coloca novos desafios inter-

    veno com estas famlias, nomeadamente com aquelas

    que tm filhos menores potencialmente expostos a mlti-

    plos fatores de risco, designadamente a negligncia paren-

    tal. Por falta de recursos, conhecimentos ou competnci-

    as, estas famlias so incapazes de responder adequada-

    mente s necessidades dos filhos, designadamente no

    que respeita a cuidados fsicos, educacionais e de super-

    viso, essenciais ao seu pleno desenvolvimento.

    A negligncia parental constitui atualmente um

    dos principais motivos de sinalizao dos menores s

    Comisses de Proteo de Crianas e Jovens em Portugal

    (Relatrio CPCJ, 2012). Em alternativa medida de aco-

    lhimento institucional, ou seja, a retirada da criana da

    famlia de origem (com consequncias psicolgicas, soci-

    ais e econmicas largamente documentadas), so atual-

    mente inmeros os estudos que evidenciam a importncia

    da preservao familiar, acompanhada muitas vezes de

    apoios socioeconmicos governamentais (e.g., Caldera et

    al., 2007; Fernndez, Alvarez, & Bravo, 2003; Martins,

    2005; Palacios, 2003; Rodrigo, Miquez, Correa, Martn, &

    Rodrguez, 2006). Todavia, a permanncia dos menores na

    famlia de origem poder perpetuar a sua exposio ao

    risco. Neste contexto, a interveno dos servios de pro-

    teo de crianas e jovens, atravs de instituies desi-

    gnadas de 1 linha, assume um papel fulcral na ativao

    da rede de suporte social3 famlia. No contexto portu-

    gus, as equipas locais de Rendimento Social de Insero

    (RSI; Lei 13/2003, de 21 de Maio) e de Ao Social ten-

    dem a assumir o acompanhamento direto a estas famlias.

    Apesar dos esforos polticos de suporte a estas

    famlias, nomeadamente s populaes em situao de

    maior carncia econmica, a natureza multiproblemtica

    destas situaes reflete-se em crises individuais e familia-

    res, e vulnerabilidades a vrios nveis que implicam trans-

    formaes e adaptaes constantes (Bodarenko, 2008;

    Gmez, Muoz, & Haz, 2007; Matos & Sousa, 2004). Esta

    complexidade exige uma interveno em situao de cri-

    se, perante necessidades e problemas urgentes, promo-

    vendo prticas de assistencialismo4, ao invs de em-

    powerment5 e capacitao. A natureza desta interveno

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

    2

    1 Ver Glossrio para a definio de competncias parentais.

    2 Ver Glossrio para a definio de famlias multidesafiadas.

    3 Ver Glossrio para a definio de suporte social.

    4 Ver Glossrio para a definio de assistencialismo.

    5 Ver Glossrio para a definio de empowerment.

  • tende, por isso, a perpetuar as suas vulnerabilidades e os

    riscos a elas associados, designadamente prticas negli-

    gentes e maltratantes para com os filhos menores. Por

    outro lado, a natureza multiproblemtica destas famlias, o

    carter urgente da interveno, e a prpria falta de forma-

    o de tcnicos e decisores determinam prticas algo

    distantes daqueles que so os princpios mais bsicos da

    investigao e interveno em psicologia, designadamente

    no que respeita ao eficaz delineamento da interveno e

    avaliao rigorosa do seu impacto na resoluo dos pro-

    blemas identificados.

    O objetivo deste artigo apresentar resumida-

    mente a problemtica da negligncia parental, seus de-

    terminantes e principais fatores protetores 1 e fatores de

    risco associados, assim como discutir as linhas gerais de

    uma abordagem experimental do desenho, interveno e

    avaliao no trabalho com famlias negligentes, designa-

    damente, programas de desenvolvimento de competnci-

    as parentais, com vista preservao familiar.

    O que se entende por negligncia parental?

    A negligncia, do latim negligentia, significa des-

    cuido e falta de cuidado. Em linhas gerais, definida como

    uma falha na proviso das necessidades da criana decor-

    rente de omisses parentais no cuidar (Calheiros, 2006;

    Dubowitz, Black, Starr, & Zuravin, 1993), constituindo uma

    ameaa ao seu desenvolvimento e bem-estar (De Pal &

    Guibert, 2008; Hildyard & Wolfe, 2002; Wolock & Horowitz,

    1984).

    Contrariamente a outras formas de mau-trato,

    organizadas em episdios especficos com consequncias

    mais facilmente identificveis (Starr, Dubowitz, &

    Bush,1990), a negligncia constitui a forma de mau-trato

    mais comum (DePanfilis, 2006) e a mais difcil de identificar

    pois carateriza-se por situaes crnicas (Stowman &

    Donohue, 2005) com marcas menos visveis e impactos

    no desenvolvimento a mais longo prazo (Hildyard & Wolfe,

    2002), nomeadamente ao nvel do comportamento da

    criana (English et al., 2005).

    Calheiros (2006) especifica a definio de negli-

    gncia distinguindo (i) a negligncia fsica, como falta de

    cuidados bsicos criana ao nvel das suas necessida-

    des fsicas (habitao, alimentao, higiene, vesturio,

    acompanhamento da sade fsica), (ii) a negligncia edu-

    cacional, como omisses parentais relativamente ao

    acompanhamento escolar, desenvolvimento e sade men-

    tal da criana e, (iii) a falta de superviso, como omisses

    ao nvel dos cuidados com a segurana fsica, socializa-

    o, estimulao e acompanhamento aos filhos menores.

    Quais os determinantes da negligncia parental?

    Atualmente, a negligncia reconhecida como

    um fenmeno complexo e multideterminado. Contudo, no

    mbito das conceptualizaes iniciais sobre as vrias for-

    mas de mau-trato, comearam por considerar-se unica-

    mente fatores de ordem individual, admitindo este proble-

    ma como uma condio clnica da criana consequente

    da ocorrncia de trauma fsico - sndroma da criana ba-

    tida (Kempe, Silverman, Steele, Droegmueller, & Silver,

    1962). Progressivamente, a conceptualizao dos deter-

    minantes da negligncia foi assumindo uma abordagem

    cada vez mais social, recorrendo a modelos que integram

    diferentes nveis de anlise.

    Uma destas propostas foi avanada por Belsky

    (1993) que, com base nos trabalhos de Bronfenbrenner

    (1979), desenvolve um modelo que integra componentes a

    vrios nveis que interagem na emergncia de comporta-

    mentos abusivos. Estes nveis interativos incluem: nvel de

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

    3

    1 Ver Glossrio para a definio de fatores protetores.

  • desenvolvimento ontognico, microsistema, exosistema e

    macrosistema. O nvel ontognico diz respeito a aspetos

    trazidos para a situao pelo prprio sujeito que maltrata,

    incluindo fatores como a experincia dos pais enquanto

    crianas, a sade mental dos pais, a histria e o nvel de

    desenvolvimento parental, os sentimentos em relao aos

    filhos e a compreenso do desenvolvimento da criana. O

    microsistema contribui para o comportamento e envolve o

    meio imediato da criana-famlia onde se encontram fato-

    res promotores de stress, como a constituio e a nature-

    za da famlia, a sade e o temperamento da criana e a

    relao marital. No exosistema a criana e a famlia so

    contextualizados num sistema mais abrangente, como a

    famlia alargada, a comunidade, e a estrutura econmica

    que as influenciam. Aqui esto includos fatores sociais

    como o trabalho, o desemprego e o isolamento social. O

    quarto nvel, macrosistema, inclui os determinantes cultu-

    rais, as atitudes sociais em relao violncia em geral,

    expectativas em relao disciplina da criana em casa e

    na escola, e o nvel de violncia no pas e comunidade

    onde a violncia fsica e o abuso podem ser esperados.

    Na mesma linha, outros modelos, como o Modelo Tran-

    saccional de Cicchetti e Rizley (1981), abordam as causas

    do mau-trato a menores e a sua propagao ao longo das

    geraes da criana maltratada, conduzindo a uma viso

    do mau-trato como expresso de um desequilbrio subja-

    cente ao sistema pais criana meio.

    luz destes modelos tericos, so identificados

    fatores de risco que predispem a criana ao abuso ou

    negligncia, e fatores protetores, que diminuem a probabi-

    lidade deste risco. No mbito dos fatores de risco associ-

    ados s prticas negligentes, destacam-se a falta de in-

    formao, a incapacidade para fornecer aos menores o

    cuidado que necessitam e ainda as situaes de pobreza

    (Roig & De Pal, 1993). A situao de pobreza surge na

    literatura como um dos principais fatores de risco da negli-

    gncia (Almeida, Andr, & Almeida, 1999; Calheiros,

    2006). Esta situao aumenta a exposio a mltiplas

    fontes de stress, nomeadamente interaes negativas

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

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  • pessoa-meio, falta de recursos, isolamento social, baixa

    insero sociocultural e presso econmica (Bondarenko,

    2008; Evans & English, 2002). Dearing (2008) refere ainda

    que a situao de pobreza provoca stress aos pais, refle-

    tindo-se negativamente na relao pais-filhos aumentando

    assim a probabilidade de emergncia de prticas parentais

    abusivas, com consequncias graves no desenvolvimento

    das crianas. Dizem ainda Bradley e Corwyn (2001) que

    este efeito negativo do ambiente familiar no desenvolvi-

    mento depende das crenas de auto-eficcia das crianas

    e jovens. Note-se, no entanto, que a pobreza no tem

    uma relao direta com a negligncia, e que a negligncia

    surge associada a outros fatores de risco relacionados

    com a situao de pobreza (e.g., Tang, 2008).

    Por outro lado, o adequado desempenho paren-

    tal (Hanson, McLanahan, & Thomson, 1997), o suporte

    social (Horwath, 2007; Matos & Sousa, 2004) e as rotinas

    familiares (Fiese & Marjinsky, 1999; Kiser, Bennett, Heston,

    & Paavola, 2005; Resnick et al., 1997) tm sido identifica-

    dos como os principais fatores de proteo para as crian-

    as que enfrentam os riscos associados pobreza.

    Como se sinaliza e avalia a negligncia parental?

    No contexto portugus, a Lei de Proteo de

    Crianas e Jovens em Perigo (Lei n. 147/99, de 1 de Se-

    tembro) vem legitimar a interveno das CPCJs, referindo

    no artigo 3, que a promoo dos direitos da criana e sua

    proteo deve ser feita sempre que os pais ou represen-

    tante legal coloquem em causa a sua segurana, sade,

    formao, educao e desenvolvimento. A negligncia

    parental especificamente referida na legislao (n. 2,

    artigo 3) considerando-se que a criana est em perigo

    se houver situao de abandono ou se encontre entregue

    aos seus prprios cuidados, ou no receba os devidos

    cuidados, pessoais e sociais, para o seu pleno desenvol-

    vimento, entre outras tipologias de perigo mencionadas.

    A comunicao de perigo tambm regulamen-

    tada (Captulo IV), e de carter obrigatrio, prevendo a

    sinalizao das situaes s CPCJs pelas autoridades

    policiais e entidades com competncia em matria de

    infncia e juventude, nomeadamente, escolas, centros de

    sade e servios de proximidade, ou qualquer pessoa que

    tenha conhecimento de situaes de negligncia, mau-tra-

    to ou abuso de menores.

    Posteriormente, as CPCJs ou o Ministrio Pbli-

    co, caso as primeiras no obtenham consentimento da

    famlia ou da criana maior de 12 anos de idade para a

    interveno, iniciam o processo de avaliao da situao

    atravs da audio dos envolvidos, incluindo as prprias

    crianas ou jovens envolvidos, recolhendo a informao

    necessria para averiguar a potencial situao de perigo

    (Captulo VIII). A legislao prev assim as diretrizes legais

    que enquadram a interveno no mbito da negligncia

    parental, nomeadamente medidas de promoo e prote-

    o especficas e princpios orientadores da interveno

    (entre eles o de prevalncia da famlia, alnea g), artigo 4),

    no prevendo no entanto instrumentos e procedimentos

    de avaliao do perigo estandardizados e adaptados

    populao portuguesa.

    Como se pode intervir em famlias negligentes?

    A interveno com famlias negligentes implica

    um conjunto de estratgias que respondam ao problema

    da negligncia mas tambm aos restantes fatores de risco

    associados a estas famlias. DePanfilis (1999) rev e sinte-

    tiza os principais princpios orientadores desta interveno:

    Atender aos contextos de interao da famlia -

    aos seus membros individualmente e respetivas

    necessidades, sua relao com a comunidade,

    s relaes entre si e ao funcionamento enquan-

    to famlia;

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

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  • Privilegiar os recursos comunitrios na constru-

    o da rede de suporte social;

    Adequar a interveno s necessidades identifi-

    cadas na avaliao inicial;

    Estabelecer uma relao de parceria com a

    famlia;

    Privilegiar metodologias de empowerment;

    Contextualizar culturalmente a interveno, pois

    a comunidade de referncia quem dita a defini-

    o de negligncia;

    Responder s necessidades de desenvolvimen-

    to da criana e dos cuidadores.

    A autora refere ainda que as intervenes devem

    providenciar no imediato recursos concretos, relacionados

    com as necessidades bsicas, assim como suporte social,

    atividades teraputicas e de estmulo ao desenvolvimento,

    realizadas atravs de intervenes individualizadas e/ ou

    em contexto familiar.

    Propostas convergentes sugerem que a preven-

    o do mau-trato infantil e da negligncia parental dever

    iniciar-se com intervenes a vrios nveis que permitam

    promover as competncias parentais, a utilizao dos ser-

    vios da comunidade e as vrias redes de suporte social.

    Chaffin, Bonner e Hill (2001), propem, como estratgias

    prioritrias de interveno, atividades de interveno co-

    munitria como assistncia contnua s famlias no supri-

    mento das suas necessidades bsicas associadas a pro-

    gramas de formao com outros membros da comunida-

    de ou grupos de suporte parental, e ainda programas de

    visitas domicilirias para necessidades especficas (ver

    Camilo & Garrido, 2013 para informao mais detalhada

    sobre programas de formao parental).

    Em Portugal, os apoios socioeconmicos gover-

    namentais s famlias em situao de pobreza prevem

    uma interveno com a famlia, nomeadamente no mbito

    do RSI, cujo acompanhamento realizado por um tcnico

    gestor de caso, ao abrigo de um programa de insero

    assinado entre as partes, que define as medidas de inter-

    veno adequadas nos campos da sade, educao/for-

    mao, emprego, gesto domstica, entre outros (Lei 13/

    2003, de 21 de Maio). Esta interveno caracteriza-se

    muitas vezes por uma natureza assistencialista, no con-

    templando uma interveno especfica a nvel nas compe-

    tncias parentais, que a par das restantes mudanas,

    possa potenciar um adequado desempenho parental, e

    diminuir o perigo a que a criana est exposta (ver Guia

    Prtico - Rendimento Social de Insero, 2012). No entan-

    to, relevante referir que a criao dos Centros de Apoio

    Familiar e Aconselhamento Parental (pela Direo Geral da

    Segurana Social, da Famlia e da Criana, no ano de

    2006) constitui um avano na interveno com as famlias

    em situao de risco, a par do desenvolvimento de pro-

    gramas especficos de interveno com pais, apesar das

    limitaes que ainda apresentam, nomeadamente uma

    abordagem individualizada em vez de sistmica e muitas

    vezes segmentada (Melo & Alarco, 2009).

    Quais as temticas e metodologias mais utilizadas

    na interveno com famlias negligentes?

    Uma das principais formas de intervir com famli-

    as em situao de risco, nomeadamente negligentes e/ou

    maltratantes passa pelo desenvolvimento de competnci-

    as parentais. A promoo destas competncias dever

    necessariamente abordar contedos relativos satisfao

    das necessidades da criana e relao educativa (Abreu-

    Lima et al., 2010), considerando tambm as necessidades

    dos cuidadores, a sua auto-estima e o seu bem-estar

    (Cruz & Carvalho, 2011). Com base neste referencial, e

    atendendo s necessidades particulares da famlia, pos-

    svel definir temticas mais especficas que possam ser

    abordadas no mbito da interveno dirigida ao desenvol-

    vimento de competncias parentais. Estas temticas deve-

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

    6

  • ro globalmente, abordar questes relativas ao desenvol-

    vimento da criana e do adolescente e problemas e desa-

    fios caractersticos de cada idade (Vaz et al., 2011), abran-

    gendo os comportamentos e necessidades das crianas,

    a comunicao na interao pais-filhos, cuidados bsicos

    de sade, gesto domstica e do oramento familiar, esti-

    los educativos e estratgias disciplinares (Camilo, 2010;

    Camilo, Garrido, & S, 2013; Camilo, Garrido, & S, no

    prelo; Capelo & Carinhas, 2011; Pacheco et al., 2011; Vaz

    et al., 2011).

    No que respeita estrutura, os programas de

    formao parental podem ser aplicados de forma estan-

    dardizada ou totalmente focalizados nas necessidades

    especficas de cada famlia (para uma tipologia de progra-

    mas ver Abreu-Lima et al., 2010). A eficcia associada ao

    formato dos programas e sua aplicao em grupo ou indi-

    vidualmente (realizados atravs de visitas domicilirias) tem

    tambm sido discutida (Chaffin et al., 2001; Gomby, 2007;

    MacLeod & Nelson, 2000; Sweet & Appelbaum, 2004),

    enfatizando a importncia de conjugar a interveno atra-

    vs das visitas domicilirias com atividades de grupo, nos

    servios da comunidade. A par destas respostas, o supor-

    te em situao de crise com tcnicos de acompanhamen-

    to sempre contatveis pode ser importante para a eficcia

    da interveno (Vaz et al., 2011).

    As metodologias utilizadas devero ser ativas,

    dinmicas e reflexivas, atravs de tcnicas de role-play,

    jogo estruturado (e.g., Capelo & Carinhas, 2011; Rodri-

    gues et al., 2011; Soares & Ferreira, 2011), incluir momen-

    tos de observao e debate com recurso a vdeos e outros

    recursos audiovisuais (Pacheco et al., 2011) ou sesses

    temticas, atravs da utilizao de mtodos expositivos e

    dinmicas de grupo.

    Os problemas mltiplos a que estas famlias e

    filhos menores esto expostos e a natureza urgente das

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

    7

  • suas necessidades impem lgicas de interveno cada

    vez mais estruturadas e baseadas em prticas teorica-

    mente enquadradas e empiricamente testadas. Se por um

    lado a situao de crise, luz da perspetiva comunitria,

    pode ser impulsionadora de mudana (Ornelas, 1997), por

    outro lado, tem limitado o desenvolvimento de interven-

    es estruturadas assim como a avaliao da sua eficcia,

    designadamente atravs de delineamentos experimentais.

    Como abordar experimentalmente o desenho, im-

    plementao e avaliao de programas de interven-

    o parental?

    Os estudos de avaliao de programas reportam,

    na sua maioria, resultados pouco consistentes na medida

    em que, muitas das vezes, no consideram as proprieda-

    des dos programas e variveis da famlia que demonstram

    ter um efeito bastante significativo no grau de sucesso das

    intervenes (Bagdasaryan, 2005).

    Alm disso, a introduo da abordagem

    experimental na avaliao de programas de interveno

    com famlias, na dcada de 90, veio mostrar que o suces-

    so atribudo a vrios programas de interveno com deli-

    neamento no experimental, designadamente sem inclu-

    rem grupo de controlo, se revelou infundado (Dagenais,

    Begin, Bouchard, & Fortin, 2004; McCroskey & Meezan,

    1998).

    Para elaborar e testar programas de interveno,

    os delineamentos experimentais constituem a soluo

    mais adequada para assegurar a validade interna, permi-

    tindo realizar inferncias causa-efeito (e.g., Trochim & Don-

    nelly, 2006). Nas situaes em que possvel utilizar um

    delineamento desta natureza (e note-se que nem sempre

    este o caso), possvel estabelecer se determinado pro-

    grama ou tratamento causa de determinado resultado. O

    delineamento experimental permite assim avaliar a valida-

    de da proposio se X ento Y, ou seja se o programa

    aplicado ento o resultado ocorre. No entanto, neces-

    srio demonstrar tambm que se no X, ento no Y na

    medida em que podero existir outras razes pelas quais

    o resultado observado. A demonstrao de uma relao

    causal exige ento a validao das duas proposies: se

    o programa implementado ento o resultado ocorre e

    se o programa no implementado, ento o resultado

    no ocorre. Para tal, necessrio identificar elementos

    com caratersticas semelhantes, avaliados antes da inter-

    veno (e.g., famlias semelhantes, a viver em contextos

    semelhantes, com problemas semelhantes, etc.), que so

    distribudos aleatoriamente por um grupo experimental1

    (GE) ao qual o programa aplicado e por um grupo de

    controlo2 (GC) ao qual o programa no aplicado. No final

    avaliam-se os dois grupos e as diferenas observadas

    podero ser atribudas quilo que os diferencia a aplica-

    o do programa.

    Todavia, necessrio atender a algumas limita-

    es na aplicao deste tipo de delineamento, designa-

    damente em contextos de interveno social e comunit-

    ria. A maior dificuldade parte da presumida equivalncia

    dos grupos; por mais caractersticas que tenham em co-

    mum, os seres humanos so necessariamente diferentes.

    Outra dificuldade associa-se ao acesso a amostras sufici-

    entemente numerosas a que este delineamento obriga. A

    obteno de amostras suficientemente grandes que per-

    mitam a aplicao de determinadas metodologias estats-

    ticas e que, de algum modo, assegurem a prpria validade

    externa do estudo associa-se geralmente a um grande

    esforo em termos de recursos humanos e financeiros.

    Por outro lado, importante atender s inmeras altera-

    es na vida das pessoas durante o programa, que po-

    dem limitar a sua permanncia na amostra. aplicao de

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

    8

    1 Ver Glossrio para a definio de grupo experimental.

    2 Ver Glossrio para a definio de grupo de controlo.

  • um delineamento experimental a indivduos ou famlias

    com problemas graves associa-se ainda um importante

    dilema tico: a natureza deste delineamento implica negar

    o programa ou tratamento a pessoas que igualmente o

    merecem (GC). Por outro lado, so frequentes as ingern-

    cias das equipas e dos decisores institucionais na prpria

    composio dos grupos. Finalmente, a criao de dois

    grupos aleatrios e artificiais para avaliar uma relao cau-

    sal com elevada validade interna poder limitar a validade

    externa, ou seja, a possibilidade de generalizao dos

    resultados para contextos mais alargados. Neste sentido,

    uma abordagem experimental pode ser difcil de imple-

    mentar nestes contextos.

    Para superar estes constrangimentos uma alter-

    nativa comum a utilizao de delineamentos quasi-expe-

    rimentais incluindo dois grupos avaliados em pr e ps-

    teste1 embora sem a distribuio aleatria dos casos pelos

    dois grupos. Estes delineamentos so indicados para gru-

    pos reais considerados semelhantes. Por exemplo, em

    contexto educativo, duas turmas ou escolas que sejam

    comparveis, na investigao comunitria, duas comuni-

    dades com caratersticas idnticas. Evidentemente, estes

    grupos nunca sero to semelhantes como se tivessem

    sido criados aleatoriamente. Por esse motivo, poderemos

    ter grupos que diferem partida e no pior dos casos ser

    levados a concluir que o programa no teve qualquer im-

    pacto, quando de fato teve, ou que fez toda a diferena

    quando de fato no teve qualquer impacto. No entanto,

    uma correta anlise e interpretao dos resultados permite

    minimizar inferncias errneas. Imaginemos um caso em

    que o GE apresenta, no pr-teste2, melhores resultados

    em determinados atributos que o GC; no entanto, no ps-

    teste os resultados so ainda melhores enquanto o GC

    no muda entre o pr e ps-teste. Noutros casos, quer o

    GE quer o GC apresentam ganhos do pr para o ps-tes-

    te mas os ganhos do GE so mais acentuados. Outro

    exemplo parte de um GE avaliado abaixo do GC no pr-

    teste mas que no ps-teste se aproxima dos resultados do

    GC, ou vice-versa. Mais interessante ainda, quando o

    GE parte de uma posio desvantajosa em relao ao GC

    e no ps-teste consegue super-lo. Qualquer destes ce-

    nrios sugere uma ameaa validade interna porque os

    grupos no so equivalentes partida. No entanto, podem

    ser tomados como indicadores da eficcia do programa.

    Em resumo, um delineamento experimental

    adequado sempre que reunidas as condies que o per-

    mitam implementar num contexto de interveno social,

    designadamente a possibilidade de ter grupos equivalen-

    tes. Quando tal no possvel, embora no to adequa-

    dos na legitimao da validade interna, os delineamentos

    quasi-experimentais constituem uma boa alternativa, sen-

    do at mais fcil e frequentemente implementados dos

    que os delineamentos experimentais na investigao

    social.

    Concluso

    A complexidade do funcionamento das estrutu-

    ras familiares e os fenmenos acerca da parentalidade

    obrigam os profissionais a respostas eficazes, que privile-

    giem a preservao familiar e que potenciem os fatores de

    proteo criana e famlia. A negligncia parental cons-

    titui uma das principais causas de sinalizao de situaes

    de perigo s CPCJs em Portugal e as respostas direcio-

    nadas para a problemtica da negligncia so ainda es-

    cassas, apesar de terem aumentado nos ltimos anos.

    Todavia, intervenes generalistas e massificadas, desi-

    gnadamente a nvel da formao parental, configuram

    respostas institucionais com graves lacunas ao nvel da

    fundamentao e da adequabilidade de contedos e me-

    todologias s reais necessidades das famlias. Conse-

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

    9

    1 Ver Glossrio para a definio de ps-teste.

    2 Ver Glossrio para a definio de pr-teste.

  • quncias destas prticas so a perpetuao do risco a

    que as crianas esto expostas, a constante vitimizao

    das famlias que continuam a sentir-se pouco capazes, e o

    desperdcio de recursos financeiros, humanos ou materi-

    ais.

    A negligncia parental constitui um desafio de

    crescente complexidade, que exige intervenes eficazes.

    Para maximizar o sucesso da interveno preciso adotar

    programas teoricamente fundamentados e empiricamente

    validados. Esta validao poder ser conseguida utilizando

    delineamentos experimentais ou quasi-experimentais, que

    maximizem a validade interna e permitam inferir causalida-

    des, fundamentando programas que respondem efetiva-

    mente s necessidades das famlias, e que se possam

    generalizar na promoo do desempenho eficaz das fun-

    es parentais.

    Glossrio

    Famlias multidesafiadas: famlias com vrios problemas

    psicossociais.

    Negligncia parental: falha, consciente ou inconsciente,

    por parte dos pais na proviso de cuidados bsicos aos

    filhos menores.

    Preservao familiar: manuteno da criana na famlia;

    fortalecimento das competncias das famlias, impedindo

    a institucionalizao da criana.

    Suporte social: respostas de apoio ao indivduo pela

    comunidade; pode ser formal (respostas institucionais) ou

    informal (apoio da rede de vizinhos, amigos, familiares pr-

    ximos).

    Assistencialismo: prticas de caridade, beneficncia e

    apoio paliativo.

    Empowerment: ou empoderamento, refere-se capaci-

    tao do indivduo, proporcionando-lhe conhecimento e

    competncia para ser capaz de tomar decises.

    Fatores protetores: variveis externas ou internas fam-

    lia que protegem a criana do risco de negligncia ou

    mau-trato.

    Fatores de risco: variveis externas ou internas famlia

    que aumentam a probabilidade de negligncia ou mau-tra-

    to criana.

    Grupo experimental: grupo de indivduos (com caraters-

    ticas semelhantes s do grupo de controlo), que recebem

    a interveno ou tratamento.

    Grupo de controlo: grupo de indivduos (com caratersti-

    cas semelhantes s do grupo experimental) que no so

    alvo de qualquer interveno ou tratamento.

    Pr-teste: avaliao antes da interveno ou tratamento.

    Ps-teste: avaliao aps a interveno ou tratamento.

    Competncias parentais: conjunto de conhecimentos e

    estratgias relacionadas inerentes ao ato de educar, no

    papel de pai ou me ou sujeito equiparado.

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    Autores

    Margarida V. Garrido dou-

    torada em Psicologia Social e

    Professora no ISCTE-IUL onde

    coordena e lecciona unidades

    curriculares de mtodos e de

    psicologia em cursos de licenci-

    atura, mestrado e doutoramen-

    to, orientando ainda estgios, e

    teses de mestrado e doutora-

    mento. investigadora no CIS/

    ISCTE-IUL onde desenvolve pesquisa na rea da cognio

    social situada, e no estudo da influncia de factores con-

    textuais na cognio e julgamento social. Na rea da psi-

    cologia comunitria colabora no Mestrado de Psicologia

    Comunitria e Proteco de Menores no ISCTEIUL e em

    projectos de investigao e interveno social comunitria,

    designadamente na consultoria metodolgica, anlise de

    dados e desenho e avaliao de programas de interven-

    o social. Tem publicado em revistas cientficas e livros da

    especialidade.

    E [email protected]

    Cludia Camilo licenciada

    em Servio Social pelo ISSSL-

    UL e Mestre em Psicologia Co-

    munitria e Proteco de Meno-

    res, pelo ISCTE-IUL, onde a sua

    tese de mestrado intitulada

    pR.paRental: Construo, im-

    plementao e avaliao de um

    Programa de Formao Parental

    foi distinguida com o Prmio

    Silva Leal 2011, atribudo pelo ISCTE-IUL e a Secretaria de

    Estado da Segurana Social. Tem experincia na interven-

    o comunitria, com crianas e jovens em contextos

    socialmente vulnerveis e famlias em risco e os seus inte-

    resses de investigao centram-se nas temticas da negli-

    gncia e maus tratos criana e na concepo e avalia-

    o de programas de interveno com famlias em risco.

    Actualmente aluna do Programa Doutoral em Psicologia,

    ISCTE-IUL e bolseira de investigao no CIS-IUL no mbi-

    to de um projecto de investigao sobre sucesso escolar.

    E [email protected]

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 1-14 Garrido e Camilo, Negligncia parental

    14

  • Ver ou no ver, eis a questo. A relao entre ateno visual se-lectiva e emoo

    Pedro J. Rosa1 2, Francisco Esteves 3 e Patrcia Arriaga

    Contrariamente ao

    pensamento shakespearia-

    no4, o ser humano drama-

    ticamente limitado nas suas

    capacidades, especialmente

    no que respeita ateno. A

    ateno um processo selectivo que coordena o ciclo de

    percepo-aco e preserva metas ao longo do tempo,

    apesar da sua capacidade limitada (Raymond, Fenske, &

    Westoby, 2005). Para lidar com o bombardeamento de

    estmulos visuais, o crebro dotado de um conjunto de

    mecanismos atencionais que so regulados por dois ob-

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 15-24 Rosa, Esteves e Arriaga, A relao entre ateno visual selectiva e emoo

    15

    1 Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias - CEPCA, Lisboa, Portugal.

    2 Instituto Universitrio de Lisboa (ISCTE-IUL), CIS-IUL, Lisboa, Portugal.

    3 MidSweden University, Sweden.

    4 Ver Glossrio sobre Shakespeare.

    2 2

  • jectivos fundamentais. Em primeiro lugar, a ateno pode

    ser usada para seleccionar informaes relevantes e/ou a

    ignorar informao irrelevante ou distratora (Rayner &

    Castelhano, 2007). Em segundo lugar, a ateno pode

    melhorar esta seleco de informao de acordo com o

    estado e os objectivos do individuo. Com ateno, o indi-

    vduo mais do que um receptor passivo de informao,

    sendo capaz de transformar a informao e de interagir de

    forma funcional com o ambiente (Chun & Wolfe, 2000). De

    facto, o estudo da ateno pode estar organizado em

    torno de um conjunto vasto de temas, contudo, este artigo

    foca os efeitos da emoo na selectividade atencional,

    centrando-se em estudos que tentam explicar esta dade

    conceptual. So apresentados os modelos tericos mais

    relevantes, bem como uma explicao de ndole evolutiva

    sobre os efeitos dos estmulos emocionais na ateno e as

    suas implicaes prticas.

    A Influncia da Emoo na selectividade atencional:

    evidncias da unio de facto

    Qual a relao entre a emoo e ateno?

    Desde h muito que se tem tentado deslindar que tipo de

    relao estes dois conceitos mantm entre si.

    A emoo e ateno so conceitos cruciais para

    a sobrevivncia tanto nos humanos como nos animais

    (Fenske & Raymond, 2006). A resposta emocional fornece

    informaes importantes sobre quais os objectos ou situa-

    es que so benficos e quais so aqueles nos podem

    causar potenciais danos e por em causa a nossa sobrevi-

    vncia (Raymond et al., 2005). Visto que a inspeco do

    campo visual no pode ser realizada na sua totalidade, a

    constante seleco e priorizao dos estmulos mais rele-

    vantes crucial (e.g. hman, Flykt, & Esteves, 2001;

    Rosa, Gamito, Oliveira, & Morais, 2011). Dada a importn-

    cia da emoo orientar o nosso comportamento adaptati-

    vo, faz todo o sentido que os processos emocionais mo-

    delem a ateno (hman et al., 2001).

    Pressupe-se desta forma, que no processa-

    mento da informao visual esto envolvidos os sistemas

    da ateno, da avaliao emocional, bem como a sua

    interaco (Fenske & Raymond, 2006). No entanto, inte-

    ressa saber que para qualquer estmulo visual (e.g. uma

    ma) a ateno pode ser direcionada de duas maneiras:

    endogenamente ou exogenamente (Posner, 1980). Na

    ateno endgena ou voluntria, direccionamos activa-

    mente a ateno para possveis fontes de estmulo, com o

    objectivo de identificar ou processar de forma mais eficaz

    uma determinada informao (Yantis, 1988). Por exemplo,

    estou entrar numa mercearia e tenho fome, a minha aten-

    o ser direccionada para a seco dos produtos alimen-

    tares. Em contraste, a ateno pode ser tambm reflexiva

    ou exgena quando accionada por um estmulo externo,

    que automaticamente capta a ateno para uma rea vi-

    sual especfica. Por exemplo, uma ma de cor vermelha

    entre mas verdes ir captar a ateno exogenamente

    (Cheal & Lyon, 1991).

    Vrios paradigmas, tal como, a tarefa de localiza-

    o de pontos (e.g. MacLeod, Mathews, & Tata, 1986),

    apresentao visual rpida em srie (e.g., Arend & Botella,

    2002) e tarefas de pesquisa visual (e.g., hman et al.,

    2001), tm sido utilizados para avaliar a selectividade

    atencional em amostras no clnicas. Os resultados destes

    paradigmas so congruentes, por mostrarem que os est-

    mulos negativos (imagens ou palavras) so detectados

    mais rapidamente quando apresentados entre imagens ou

    palavras neutras. Estes evidncias so suportados por

    estudos com eye tracking1 (e.g. Nummenmaa, Hyn, &

    Calvo, 2006; Rosa, et al., 2011) demonstraram que os

    estmulos com contedo emocional (negativos e positivos)

    foram mais susceptveis de ser fixados primeiro do que

    estmulos neutros, o que indica um vis na orientao da

    ateno. Visto que a maior parte dos estmulos utilizados

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 15-24 Rosa, Esteves e Arriaga, A relao entre ateno visual selectiva e emoo

    16

    1 Ver Glossrio para a definio de eye tracking.

  • foram diferentes nos dois estudos, a generalizao dos

    efeitos reforada. Estes resultados so suportados

    igualmente por estudos com neuro-imagem, que esto

    em linha com a ideia que a ateno visual selectiva influ-

    enciada por estmulos com contedo emocional, estando

    vrias reas cerebrais responsveis pela avaliao emoci-

    onal constantemente activadas (e.g., Adolphs, Traner, Da-

    masio, & Damasio,1995; Vuilleumier, 2005). De facto, a

    acumulao de evidncias sobre o efeito da emoo na

    ateno manifesta (para uma reviso, ver Yiend, 2010) e

    tem sido frutfera no desenvolvimento de modelos tericos

    sobre a selectividade atencional.

    Alguns modelos tericos da ateno selectiva

    A partir da dcada de 50, com o advento da

    psicologia cognitiva, os estudos sobre a ateno selectiva

    comearam a surgir de forma mais frequente e a dar im-

    portantes contributos para o entendimento da relao

    entre a emoo e ateno, e de que forma a informao

    relevante era discriminada. O estudo sobre este processo

    de seleco foi inicialmente realizado com estmulos audi-

    tivos, por Colin Cherry (1953), que pensou no efeito

    cocktail party. Este efeito refere-se capacidade do indi-

    vduo processar a informao relevante (uma conversa),

    ignorando os estmulos irrelevantes (rudo de fundo) numa

    festa. Com o objectivo de tentar entender este fenmeno,

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 15-24 Rosa, Esteves e Arriaga, A relao entre ateno visual selectiva e emoo

    17

  • desenvolveu uma tarefa de escuta dictica que consiste

    na apresentao de 2 estmulos auditivos em simultneo,

    um para cada ouvido, atravs de auscultadores. Esta tare-

    fa experimental permitiu verificar que temos a capacidade

    de separar os sons do rudo de fundo, mas este pode ser

    afectado por muitas variveis, tais como o sexo do locutor,

    a direco da provenincia do som e at o prprio tom.

    Este acervo terico estendeu-se at Donald

    Broadbent (1958), sendo o primeiro autor a propor um

    modelo que abordasse no s estmulos auditivos, mas

    tambm visuais. Este autor definiu um modelo da ateno

    filtrada, no qual defendia que, apenas os estmulos rele-

    vantes eram seleccionados e processados. Segundo este

    modelo, os estmulos so detectados e seleccionados

    numa primeira fase em funo das suas caractersticas

    fsicas. Nesta fase, pensado que a ateno actue com

    um filtro que permita apenas os estmulos relevantes se-

    rem processados numa fase posterior. Nesta ptica, os

    estmulos irrelevantes seriam simplesmente bloqueados,

    como se existisse um gargalo (bottleneck1) atencional,

    impossibilitando o um processamento cognitivo mais

    complexo (Para uma leitura aprofundada ver Lachter, Fors-

    ter, & Ruthruff, 2004). Porm, este modelo apresentava

    limitaes, facilmente verificadas com a tarefa de escuta

    dictica. Se o filtro atentivo permitisse apenas informao

    relevante ser processada, apenas a mensagem no ouvido

    considerado deveria ser processada.

    No entanto, diversos estudos experimentais reali-

    zados por Treisman (1960, 1964), suportaram a ideia que

    o filtro atentivo podia ser parcial, e que em situaes es-

    pecficas, a informao no considerada a priori, podia at

    ser processada em nveis cognitivos superiores. Estas

    evidncias levaram elaborao de um modelo de atenu-

    ao de sinal. Neste modelo, o sistema atencional tem a

    capacidade de reduzir a interferncia dos estmulos irrele-

    vantes/distractores. Este modelo no funcionaria como um

    sistema de filtragem de Broadbent (1958) do tipo tudo ou

    nada, mas sim com processamento menos profundo da

    informao no pertinente.

    J para Deutsch e Deutsch (1963), os nveis de

    filtragem do modelo de Treisman so redundantes. Em

    alternativa, os autores propuseram um modelo directa-

    mente centrado em mecanismos de reconhecimento mn-

    sico. Desta forma, toda a informao recebida era analisa-

    da antes de qualquer seleco. Para estes autores, ao

    contrrio dos modelos de Broadbent e Treisman, o filtro

    (gargalo) estaria colocado mesmo antes da resposta, isto

    , um filtro presente numa fase tardia do processamento

    atencional. Contudo, este modelo tem as suas limitaes

    em termos de economia cognitiva, visto que implicaria o

    processamento de todos os estmulos, mesmo sabendo

    que grande parte desta informao no seria posterior-

    mente utilizada.

    O acumular de evidncias de que informaes

    em canais desatentos podiam ser categorizadas, levou

    Norman (1968) a elaborar um modelo que fosse funda-

    mentado, no numa seleco que ocorresse a priori da

    categorizao, mas imediatamente aps. Assim, no seu

    modelo existe uma tentativa de conciliar a limitao do

    processamento extensivo a um nmero limitado de est-

    mulos, com a possibilidade de alguns elementos irrelevan-

    tes poderem ser igualmente processados. Este sistema

    capaz deste modo de descartar elementos irrelevantes

    desde as primeiras fases de processamento bem como

    durante a fase final do processamento, atenuando as po-

    tenciais exigncias iniciais do sistema visual.

    A partir dos anos 70, comeou a haver uma pre-

    dominncia da utilizao de estmulos visuais na investiga-

    o da selectividade atencional. Esta tendncia tem-se

    conservado at aos dias de hoje, permitindo a elaborao

    de vrios modelos tericos baseados fundamentalmente

    nos processos automticos e voluntrios propostos por

    Schneider e Shiffrin (1977). Modelos tericos mais com-

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 15-24 Rosa, Esteves e Arriaga, A relao entre ateno visual selectiva e emoo

    18

    1 Ver Glossrio para a definio de bottleneck.

  • plexos e especficos, tal como o modelo do vis atencional

    de Wells e Matthews (1994) ou o modelo pr-atencional de

    hman (1993) de base evolutiva, tm sido extensivamente

    utilizados para explicar a resposta emocional de medo.

    Em suma, todos estes modelos apresentam de-

    nominador comum: a ateno visual selecciona a informa-

    o pertinente e ignora a irrelevante de forma dinmica,

    seleccionando informao relevante das diferentes vias

    sensoriais e organizando o processamento cognitivo.

    O peso evolutivo da emoo na ateno

    A emoo protagoniza um papel vital na ateno

    (Fenske & Raymond, 2006), permitindo uma relao funci-

    onal com o ambiente (Oatley & Jenkins, 1996). As emo-

    es marcam eventos/situaes com significado para o

    indivduo, dando-lhes prioridade para o processamento

    cognitivo. De facto, muitas definies de emoo envol-

    vem o conceito de funcionalidade (ver Ellsworth & Scherer,

    2003). As emoes no so funcionais s em situaes de

    perigo para a sobrevivncia do indivduo, mas tambm em

    situaes mais complexas, como por exemplo, nas rela-

    es sociais (hman, Dimberg, & Ost, 1985). Por isso,

    uma situao de predao ou de ataque de um rival da

    mesma espcie poder ser classificada como situao

    com risco de sobrevida, que pode pr em causa o suces-

    so reprodutivo do individuo. Assim, os resultados das situ-

    aes acima mencionadas podem resumir-se a uma res-

    posta binria (sobrevivo/no sobrevivo), traduzindo-se em

    termos comportamentais, em respostas de luta ou fuga

    (Hamm & Weike, 2005).

    A recorrncia deste tipo de situaes de presso

    evolutiva parece ter modelado as emoes (hman & Mi-

    neka, 2001). Numa perspectiva bio-evolutiva, existem de-

    terminados estmulos que ao longo do processo evolutivo

    foram de extrema importncia para a sobrevivncia do

    indivduo (e.g. cobras, aranhas, faces), adquirindo pela sua

    relevncia uma significao emocional que permite uma

    captao atencional mais rpida comparativamente a ou-

    tros estmulos no relevantes (LeDoux, 1996; hman &

    Soares, 1994). Um consistente corpo de literatura tem

    demonstrado que estmulos com relevncia evolutiva tm

    maior capacidade de captar e reter a ateno (e.g.

    McGlynn, Wheeler, Wilamowska, & Katz, 2008; hman et

    al., 2001). No entanto, o que leva a esta captao atenci-

    onal, isto , quais as especificidades do estmulo ou even-

    tos que captam a ateno ainda constitu um grande de-

    bate. Para confirmar que determinados estmulos pelo

    significado emocional e evolutivo guiam a ateno,

    hman e colaboradores (2001) conduziram uma tarefa

    experimental de pesquisa visual e mostraram evidncias

    da prioridade atencional a estmulos ameaadores de ca-

    rcter evolutivo (cobras) comparativamente a estmulos

    neutros. Os autores concluram que um estmulo aversivo

    (com relevncia evolutiva) mais rapidamente detectado

    numa matriz de estmulos neutros do que o inverso, no

    sendo a latncia para a deteco do estmulo discrepante

    significativamente afectada pelo tamanho da matriz de

    estmulos. Desta forma, concluram que o indivduo d

    prioridade atencional a estmulos aversivos biologicamente

    relevantes, ao evidenciar uma predisposio para um pro-

    cessamento mais rpido e eficiente perante este tipo de

    estmulos.

    Diversos estudos tambm tm demonstrado que

    estmulos aversivos com relevncia evolutiva, tais como

    aranhas e cobras, tendem a ser processados mais rapi-

    damente do que estmulos aversivos no-evolutivamente

    relevantes, como por exemplo, seringas e armas (Fox,

    Griggs, & Mouchlianitis, 2007). A extensa investigao

    referida parece sugerir que os estmulos com relevncia

    evolutiva criam um efeito pop-out1 no crtex visual, cap-

    tando mais facilmente a ateno, o que permite um pro-

    cessamento mais rpido da informao emocional (Beck &

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 15-24 Rosa, Esteves e Arriaga, A relao entre ateno visual selectiva e emoo

    19

    1 Ver Glossrio para a definio de pop-out.

  • Kastner, 2005). Constitui uma hiptese que esta prioridade

    atencional esteja relacionada com benefcios evolutivos,

    tanto ao nvel da sobrevivncia (e.g. evitar uma ameaa),

    como ao nvel da reproduo (e.g. escolha de um parcei-

    ro). No entanto, existem factores de ordem superior que

    so normalmente descurados, como por exemplo: as ca-

    pacidades perceptivas, as representaes mentais, as

    capacidades mnsicas, que podem influenciar os proces-

    sos atencionais atravs de uma regulao descendente

    (Miller & Cohen, 2001). De facto, para alguns autores, es-

    tas presses evolutivas associadas a emoes especficas

    de medo, no s moldaram o sistema atencional, mas

    igualmente os vrios sistemas de memria (e.g. Anderson

    & Shcooler, 2000; Tulving, 2002). Para sustentar suportar a

    ideia que a memria est sintonizada com estmulos

    relacionados com a sobrevivncia, a tarefa de processa-

    mento de sobrevivncia, que consiste numa tarefa de

    aprendizagem no intencional de palavras, tem sido fre-

    quentemente utilizada em estudos experimentais. Os re-

    sultados sugerem que os nossos sistemas de memria

    podem modelar a ateno para o processamento de in-

    formao relevante (e.g. Nairne & Pandeirada, 2008;

    Wurm, 2007).

    Contudo, em muitos casos, o efeito que a emo-

    o tem na ateno e memria poder ser disfuncional.

    A emoo no-adaptativa

    Em muitas situaes a emoo poder ter um

    papel no-adaptativo, pois pode facilitar a manuteno de

    medo excessivo, como acontece nas fobias (Larson et al,

    2006). A percepo de ameaa parece ter uma relao

    entre o estmulo e intensidade da resposta de medo

    (hman & Soares, 1994). Com base nisto, as respostas

    defensivas face a uma potencial ameaa dependem de

    vrias caractersticas do indivduo (e.g. nvel de ansiedade),

    que podem actuar como facilitador/amplificador dos est-

    mulos ameaadores com relevncia evolutiva, como o

    caso das cobras ou aranhas (Mayer, Muris, Vogel, Nojo-

    redjo, & Merckelbach, 2006; hman et al., 2001, Rosa,

    Patrcia, & Esteves, 2009). Tem sido demonstrado que o

    reconhecimento de ameaa exacerbado em indivduos

    fbicos quando comparados com os no fbicos (hman

    & Soares, 1994).

    Os fbicos so geralmente capazes de reconhe-

    cer e processar estmulos potencialmente aversivos mais

    rapidamente quando em comparao com os no fbicos

    (Mayer et al, 2006). Esta deteco rpida tem sido atribu-

    da a um varrimento contnuo do campo visual. Os estudos

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 15-24 Rosa, Esteves e Arriaga, A relao entre ateno visual selectiva e emoo

    20

  • tm demonstrado que os fbicos tendem a detectar po-

    tenciais estmulos ameaadores, uma vez que o campo

    perceptivo geralmente varrido automaticamente

    (Eysenck, 1992; Thorpe & Salkovskis, 1999). De facto, os

    estudos sobre a relao entre a ateno e emoo na

    psicopatologia tm mostrado que estmulos emocionais

    congruentes com a caracterstica da fobia (e.g. medo de

    cobras para quem tem fobia a cobras) so atendidos de

    forma diferente dos estmulos neutros, no se verificando

    este efeito nos grupos dos no fbicos (e.g. MacLeod,

    Campbell, Rutherford, & Wilson, 2004; Yiend, 2010). Estes

    estudos evidenciam com robustez que este vis atencional

    encontrado nos fbicos caracteriza-se por uma orientao

    da ateno e por um processamento de informao espe-

    cfico que pode manter o medo patolgico (APA, 2000;

    hman & Soares, 1994).

    Incontestavelmente a emoo parece enviesar a

    seleco da informao a ser processada. Os estmulos

    emocionais parecem ser vencedores que levam tudo,

    pois tendem a captar mais facilmente a ateno e so

    processados mais rapidamente, permitindo uma melhor

    adaptao situao. Porm, o peso da emoo pode,

    por vezes, ser disfuncional, consumindo demasiado recur-

    sos atencionais e mnsicos, traduzindo-se em respostas

    comportamentais disfuncionais presentes nas perturba-

    es ansiosas.

    Glossrio

    Shakespeare: foi um poeta e dramaturgo ingls (1564-

    1616), tido como o maior escritor de idioma ingls e o

    mais influente dramaturgo do mundo. Na sua pea

    Hamlet, referiu-se ao homem como um ser nobre na sua

    razo e de infinitas capacidades.

    Eye tracking: uma tcnica de registo de movimentos

    oculares, que permite estimar para onde o indivduo est a

    olhar.

    Bottleneck: diz respeito forma de um gargalo de garrafa

    (Y) , simbolizando duas fontes de entrada de informao e

    uma fonte final a ser reconhecida, atravs do filtro. O gar-

    galo simboliza o local da seleco da informao.

    Efeito pop-out: efeito de salincia perceptiva provocada

    por uma dissemelhana suficiente entre um elemento e o

    seu contexto que produz uma captao atencional deste

    elemento sempre que a ateno no esteja focalizada num

    determinada rea do campo visual.

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    Autores

    Pedro J. Rosa licenciado em

    Psicologia e mestre em Psicolo-

    gia, Aconselhamento e Psicote-

    rapias pela Universidade Lusfo-

    na de Humanidades e Tecnolo-

    gias. docente na Faculdade de

    Psicologia da ULHT e docente

    convidado na Universidad de

    San Buenaventura, Medelln,

    Colmbia. A terminar o Doutoramento em Psicologia no

    ISCTE-IUL, em Lisboa. As reas de investigao incidem

    no estudo dos processos atencionais e resposta emocio-

    nal a estmulos valenciados atravs de Eye tracking e do

    registo psicofisiolgico perifrico e central.

    E [email protected]

    Francisco Esteves licenciado

    em Psicologia pela Universidade

    de Uppsala, Sucia, em 1984.

    Doutorado em Psicologia Clnica

    pela mesma universidade em

    1994, com uma dissertao com

    o ttulo Emotional facial expres-

    sions and the unconscious acti-

    vation of physiological respon-

    ses. Professor associado na MidSweden University

    (Sucia) e o ex-director do Centro de Investigao e

    Interveno Social (CIS).

    E [email protected]

    Patrcia Arriaga Doutorada

    em Psicologia Social e Organiza-

    cional na especializao em Psi-

    cologia Social pelo ISCTE (2006);

    concluiu a Licenciatura em Psi-

    cologia (rea: Psicologia Clnica)

    em 1996 e o Mestrado em Psi-

    cologia Clnica e Psicopatologia

    pelo ISPA em 2000. atualmen-

    te Professora Auxiliar no ISCTE-IUL, tendo iniciado a ativi-

    dade de ensino no Ensino Superior em 1996. Principais

    tpicos de investigao: Emoes e Relaes interpesso-

    ais; Empatia; Exposio Violncia e Dessensibilizao

    emocional; Desenvolvimento de aplicaes e avaliao de

    intervenes em contexto de sade.

    E [email protected]

    In-Mind_Portugus, 2012, Vol.3, N. 1-4, 15-24 Rosa, Esteves e Arriaga, A relao entre ateno visual selectiva e emoo

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  • Instrues para autores

    Submisso:

    Os autores devero submeter os artigos electro-

    nicamente para [email protected]. Os artigos s pode-

    ro ser submetidos electronicamente (.rtf, .doc ou outros

    formatos open source, como .odt). O nome do artigo, bem

    como das imagens que o acompanhem, devero corres-

    ponder ao ltimo nome do primeiro autor (e.g., Palma.odt

    e Palma.png).

    A In-Mind_Portugus no uma revista ou jornal

    cientfico na dependncia de qualquer associao cientfi-

    ca de psicologia. No entanto, os autores devero seguir a

    checklist da APA para a submisso de artigos. Apenas

    sero aceites artigos de reviso (review articles) com me-

    nos de 2500 palavras (excluindo referncias, definies e

    notas) que pretendam informar o pblico em geral sobre

    investigao e tendncias em Psicologia Social.

    Importante: A In-Mind_Portugus difere de jornais

    cientficos convencionais. Embora a formatao pela nor-

    mas da APA seja um requisito necessrio, os artigos sub-

    metidos no devero ser escritos numa linguagem que

    tenha em vista a publicao em jornais ou revistas cientfi-

    cas. Os editores da In-Mind_Portugus incentivaro o rigor

    e a complexidade cientfica da disciplina, procurando pre-

    servar a legibilidade da In-Mind_Portugus por uma audi-

    ncia alargada. Os autores sero encorajados a ler nme-

    ros-ensaio, que podero ser enviados por email e que

    estaro disponveis no site.

    In-Mind_Portugus um E-Journal com reviso

    por pares.

    Qualquer questo dever ser endereada aos

    editores por email.

    Preparao de artigos:

    Os autores devero preparar os artigos de acor-

    do com as normas da APA (Publication Manual, American

    Psychological Association, 5th Edition). As instrues de

    formatao, de preparao de tabelas, figuras, referncias

    e resumos esto explicitadas no manual. Consulte por

    favor a checklist da APA para a submisses de artigos.

    Keywords:

    Todos os artigos devero incluir at cinco pala-

    vras-chave, ou frases sucintas.

    In-Mind_Portugus, 2011, Vol.2, N. 3-4

    25

  • Definies:

    Todos os artigos devero incluir uma lista de de-

    finies dos termos da psicologia social que sejam utiliza-

    dos.

    Referncias:

    As referncias devero ser listadas por ordem

    alfabtica. Cada referncia listada dever ser citada no

    corpo do texto e cada citao dever ser listada nas refe-

    rncias. A formatao bsica :

    Haag, L., Stern, E. (2003). In search of the benefits of

    learning Latin. Journal of Educational Psychology, 95, 174-

    178.

    Bollen, K. A. (1989). Structural equations with latent

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    learning and achievement. In S. Sharan (Ed.), Cooperative

    learning: Theory and research (pp. 173-202). New York:

    Praeger.

    Materiais suplementares:

    necessrio pelo menos uma imagem por artigo

    (125X175 pxeis, de preferncia em formato .png). Por

    favor, utilize apenas materiais originais ou materiais cujos

    direitos de autor tenham sido obtidos. Ligaes externas

    podero ser utilizadas de forma limitada. Ser pedido aos

    autores cujos artigos tenham sido aceites que trabalhem

    com os editores e com a equipa de produo no sentido

    de providenciarem outros materiais necessrios.

    Biografia:

    Todos os autores devero submeter uma breve

    biografia, referindo a sua afiliao, interesses de investiga-

    o e uma fotografia. Para cada autor ser necessria

    uma fotografia com 125X175 pxeis (de preferncia em

    formato .png).

    Poltica de publicao:

    A APA probe a submisso em simultneo do

    mesmo artigo considerao de duas ou mais publica-

    es. Embora a In-Mind_Portugus no pertena APA,

    seguimos a recomendao da no-submisso de artigos

    para diferentes jornais. Aconselhamos os autores a ponde-

    rarem esta questo aquando da deciso de submisso de

    um artigo para a In-Mind_Portugus no lugar de um jornal

    de uma associao cientfica.

    Apenas sero aceites artigos de reviso direccio-

    nados para o grande pblico. No possvel a publicao

    de dados originais.

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    O formato pelo qual os artigos publicados na In-

    Mind_Portugus devero ser referenciados :

    Costa-Lopes, R. (2010). Semelhana e diferena nas rela-

    es entre grupos sociais. In-Mind_Portugus, 1 (1), 22-

    28.

    In-Mind_Portugus, 2011, Vol.2, N. 3-4

    26