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  1  A HISTÓRIA M.B.A.S.R., grávida de seu primeiro filho, fazia seu pré-natal através do convênio Unimed Paulistana com o médico José Roberto Gallo Ferreira.  Em 26/10/06, às 18h33min, com dores abdominais e suspeita de ruptura de bolsa amniótica procurou atendimento na Maternidade Pró-Matre Paulista, onde foi atendida pela enfermeira obstetra de plantão Eliete Centelli., que submeteu a paciente à uma cardiotocografia com duas estimulações sonoras e mecânicas, o resultado tendo sido não-reativo fato documentado. Embora um médico desta maternidade também tenha assinado um documento reconhecendo o resultado do exame como não-reativo ”, soube-se que é rotina da maternidade os médicos assinarem esses documentos somente no final do plantão, assinando todos de uma só vez . A enfermeira E.C., preocupada com o resultado comunicou o médico J.R.G.F.  por telefone, que recomendou dar Buscopan, via oral, e solicitou que M.B.A.S.R. se dirigisse ao seu consultório, que ficava há uma quadra do hospital. E.C. dispensou M.B.A.S.R. que em instantes chegou a clínica de J.R.G.F.  onde aguardou duas horas para ser atendida. O médico J.R.G.F.  reteve o gráfico da cardiotocografia e, sem examinar a paciente, por volta da 23h de 26/10/2006 mandou que M.B.A.S.R. , realizasse outra cardiotocografia somente no dia seguinte (27/10/2006). M.B.A.S.R. , ligou então para a Pro-Matre Paulista ainda na noite de 26/10/2006 para agendar o exame, a telefonista desta maternidade orientou que, tendo em vista se tratar de um exame de rotina e não ser um caso de urgência, o mesmo só porderia ser feito na Matriz da Maternidade Pro-Matre Paulista, que é o Hospital e Maternidade Santa Joana, ficando o exame agendado para as 11h da manhã de 27/10/2006. O resultado desta segunda cardiotocografia após três estimulações sonoras foi feto hipoativo, não reativo . Para confirmar o exame foi realizada uma ultra-sonografia com dopllerfluxometria, que revelou “centralização hemodinâmica”, quando a enfermeira obstetra I.D. do Santa Joana, (que fez a cardiotocografia), telefonou para o médico J.R.G.F.  relatando o caso e este garantiu e informou não haver urgência nenhuma no caso, solicitando que a enfermeira ligasse em sua clínica já que seu celular não estava funcionando bem. Ao ligar na clínica a enfermeira I.D. perguntou pelo médico J.R.G.F  à secretária que havia atendido ao telefone, esta, por sua vez, disse que o médico não estava, foi quando I.D. disse que há instantes havia falado com J.R.G.F  e que havia sido ele quem havia pedido que ligasse naquele número. A secretária então, passou a ligação. O médico J.R.G.F. ao atender disse à enfermeira I.D.: “essa menina quer ter o filho mais cedo”, “pode internar ela que eu chego ai as 21h, pois não há nenhuma urgência”. (esse fato se deu por volta de 12h). A enfermeira I.D. preocupada diante da negativa do médico  J.R.G.F. em comparecer prontamente no hospital tendo em vista os resultados do exame confabulou com a equipe de plantão sobre o caso, e retornando informou à mãe e ao marido de M.B.A.S.R.,  que daquela situação o caso era sim de urgência e que poderiam se utilizar da equipe de plantão para realizar o parto. A família solicitou que assim fosse feito. O médico J.R.G.F . foi avisado da decisão da família. O bebê nasceu em péssimas condições, em meio a grande quantidade de mecônio e em perigo de vida por asfixia acentuada e parada cardiorrespiratória, que foi recuperada com massagem cardíaca. Daí em diante a evolução do bebê de M.B.A.S.R.  foi tormentosa, tendo permanecido cerca de 2 anos e meio em UTI infantil, com gravíssima seqüela neurológica denominada “paralisia cerebral ”. Atualmente em internação domiciliar Home Care , está totalmente paralítico, nem as pálpebras (suturadas) ou a boca (travada) se movem. Respira e se alimenta por tubos, a respiração com ajuda mecânica e tubo ligado à traqueostomia (operação que comunica a traquéia a pele do pescoço), a alimentação se dá por uma operação comunicando o estômago com a pele do abdome (gastrostomia), as pálpebras suturadas para os globos oculares não serem lesados pela luz e falta de lubrificação, não move seus membros (braços e pernas), por isso os joelhos são semi- rígidos, enfim, a criança não tem qualquer interação com o meio ambiente, “sobrevive” em estado “vegetativo”, não sorri, não interage com ninguém, e a escoliose por so ficar deitada se agrava dia a dia. A família tenta a todo custo fazer justiça, processou o médico e o hospital no CRSMESP que por sua vez não quis instaurar processo administrativo contra o médico, baseando

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 A HISTÓRIA

M.B.A.S.R., grávida de seu primeiro filho, fazia seu pré-natal através do convênioUnimed Paulistana com o médico José Roberto Gallo Ferreira. Em 26/10/06, às18h33min, com dores abdominais e suspeita de ruptura de bolsa amniótica procurouatendimento na Maternidade Pró-Matre Paulista, onde foi atendida pela enfermeiraobstetra de plantão Eliete Centelli., que submeteu a paciente à uma cardiotocografia comduas estimulações sonoras e mecânicas, o resultado tendo sido “Unão-reativoU” fatodocumentado. Embora um médico desta maternidade também tenha assinado umdocumento reconhecendo o resultado do exame como “Unão-reativoU”, soube-se que érotina da maternidade os médicos assinarem esses documentos somente no final doplantão, assinando todos de uma só vez. A enfermeira E.C., preocupada com o resultadocomunicou o médico J.R.G.F. por telefone, que recomendou dar Buscopan, via oral, esolicitou que M.B.A.S.R. se dirigisse ao seu consultório, que ficava há uma quadra dohospital. E.C. dispensou M.B.A.S.R. que em instantes chegou a clínica de J.R.G.F. ondeaguardou duas horas para ser atendida. O médico J.R.G.F. reteve o gráfico da

cardiotocografia e, sem examinar a paciente, por volta da 23h de 26/10/2006 mandouque M.B.A.S.R., realizasse outra cardiotocografia somente no dia seguinte (27/10/2006).M.B.A.S.R., ligou então para a Pro-Matre Paulista ainda na noite de 26/10/2006 paraagendar o exame, a telefonista desta maternidade orientou que, tendo em vista se tratarde um exame de rotina e não ser um caso de urgência, o mesmo só porderia ser feito naMatriz da Maternidade Pro-Matre Paulista, que é o Hospital e Maternidade Santa Joana,ficando o exame agendado para as 11h da manhã de 27/10/2006. O resultado destasegunda cardiotocografia após três estimulações sonoras foi “Ufeto hipoativo, nãoreativoU”. Para confirmar o exame foi realizada uma ultra-sonografia comdopllerfluxometria, que revelou “centralização hemodinâmica”, quando a enfermeiraobstetra I.D. do Santa Joana, (que fez a cardiotocografia), telefonou para o médico

J.R.G.F. relatando o caso e este garantiu e informou não haver urgência nenhuma nocaso, solicitando que a enfermeira ligasse em sua clínica já que seu celular não estavafuncionando bem. Ao ligar na clínica a enfermeira I.D. perguntou pelo médico J.R.G.F àsecretária que havia atendido ao telefone, esta, por sua vez, disse que o médico nãoestava, foi quando I.D. disse que há instantes havia falado com J.R.G.F e que havia sidoele quem havia pedido que ligasse naquele número. A secretária então, passou a ligação.O médico J.R.G.F. ao atender disse à enfermeira I.D.: “essa menina quer ter o filho maiscedo”, “pode internar ela que eu chego ai as 21h, pois não há nenhuma urgência”. (essefato se deu por volta de 12h). A enfermeira I.D. preocupada diante da negativa domédico J.R.G.F. em comparecer prontamente no hospital tendo em vista os resultados doexame confabulou com a equipe de plantão sobre o caso, e retornando informou à mãe eao marido de M.B.A.S.R., que daquela situação o caso era sim de urgência e que

poderiam se utilizar da equipe de plantão para realizar o parto. A família solicitou queassim fosse feito. O médico J.R.G.F. foi avisado da decisão da família. O bebê nasceu empéssimas condições, em meio a grande quantidade de mecônio e em perigo de vida porasfixia acentuada e parada cardiorrespiratória, que foi recuperada com massagemcardíaca. Daí em diante a evolução do bebê de M.B.A.S.R. foi tormentosa, tendopermanecido cerca de 2 anos e meio em UTI infantil, com gravíssima seqüela neurológicadenominada “Uparalisia cerebralU”. Atualmente em internação domiciliar Home Care , estátotalmente paralítico, nem as pálpebras (suturadas) ou a boca (travada) se movem.Respira e se alimenta por tubos, a respiração com ajuda mecânica e tubo ligado àtraqueostomia (operação que comunica a traquéia a pele do pescoço), a alimentação sedá por uma operação comunicando o estômago com a pele do abdome (gastrostomia),

as pálpebras suturadas para os globos oculares não serem lesados pela luz e falta delubrificação, não move seus membros (braços e pernas), por isso os joelhos são semi-rígidos, enfim, a criança não tem qualquer interação com o meio ambiente, “sobrevive” em estado “vegetativo”, não sorri, não interage com ninguém, e a escoliose por so ficardeitada se agrava dia a dia.

A família tenta a todo custo fazer justiça, processou o médico e o hospital no CRSMESPque por sua vez não quis instaurar processo administrativo contra o médico, baseandosua decisão em um parecer do Dr. Bussâmara Neme, famoso obstetra. Ocorre que o Dr.Bussâmara Neme é diretor do Hospital Pró-Matre e entre suas absurdas alegações(embora não tenha isentado o médico de culpa), disse em seu parecer que M.B.A.S.R. teria ido por conta própria repetir o exame na Maternidade Santa Joana. Temos então,que a decisão do CREMESP se baseou na palavra de quem mais tinha interesse no caso.

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M.B.A.S.R. recorreu ao Conselho Federal de Medicina que determinou ao contrário doCREMESP, determinou a abertura de processo administrativo contra o médico e asindicância esta em andamento. O Ministério Público de São Paulo solicitou a abertura deInquérito Policial, mas por erro da justiça ( que entendeu ser lesão corporal leve, quandodeveria ser lesão corporal grave, já que o dano resultou entre outras coisas emincapacidade permanente para o trabalho), determinou que o médico J.R.G.F. e aenfermeira E.C., cumprissem penas alternativas de serviço à comunidade. Tivemos acesso aos documentos tanto do processo criminal como do processo civil everificamos que houve inclusive tentativas por parte do hospital de confundir a idadegestacional de M.B.A.S.R., porém verificamos que nos prontuários e exames queM.B.A.S.R. na data dos fatos tinha 36 semanas e 2 dias de gestação e que seu bebênascera com 1.970kg. Verificamos também que:

(a) Segundo o “PROCESSO-CONSULTA CFM Nº 2.132/2001 PC/CFM/Nº 60/2002 Acardiotocografia é o exame de avaliação da vitalidade fetal mais empregado em todo omundo, tanto durante a gestação (cardiotocografia anteparto) quanto no parto(cardiotocografia intraparto).(...) “UA cardiotocografia é um exame dinâmico, onde o

diagnóstico é construído à medida que diversas variações são observadas. É, portanto,obrigatoriamente, um ato médico U. (grifamos) (...) Considerando que quando o feto nãoapresenta movimentação no período do exame é feito um estímulo sonoro, entendo quea decisão de proceder ou não o estímulo sonoro se baseia em conhecimentos defisiopatologia fetal. Assim, Uo exame cardiotocográfico deve ser efetuado pelo médico, queé o profissional detentor deste conhecimento U. (...)“3- Pode um enfermeiro, umenfermeiro com especialização em obstetrícia (enfermeiro obstetra) ou uma obstetrizproceder a realização do exame cardiotocográfico?” Resposta: Não, por todo o expostonas duas questões respondidas anteriormente. (...)4-Pode um enfermeiro, umenfermeiro com especialização em obstetrícia (enfermeiro obstetra) ou uma obstetraproceder a interpretação do exame cardiotocográfico?” Resposta: Não. Mesma resposta

anterior(...)”.(b) “No capítulo “Anteparto” do “Tratado de Obstetrícia FEBRASGO”, de autoria daobstetra Anna Maria Bertini, Professora Associada Livre-Docente do Departamento deObstetrícia e Ginecologia da Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de SãoPaulo (EPM–UNIFESP), indiscutivelmente uma das mais respeitadas escolas e centrosmédicos do País ela UadverteU: “A cardiotocografia com padrão UpatológicoU evidencia estadode  Ugrave comprometimento do feto. A conduta deve ser imediata, ultimando-se agestação por meio de cesáreaU.(...) Ressalte-se que a Federação Brasileira dasAssociações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), entidade científica máxima emnível nacional, além de organizar concursos para emissão de títulos de especialistas,promover seminários, empenhar-se no aprimoramento dos médicos nas especialidadesde Obstetrícia e Ginecologia, edita o citado tratado, uma respeitada fonte de

ensinamentos da especialidade —na edição consultada conta com a colaboração de 156conceituados obstetras como autores de seus muitos capítulos—, sendo uma espécie de

 “livro de cabeceira” de médicos das citadas especialidades. Portanto, a séria advertênciaacima transcrita da Professora Bertini merece superlativa credibilidade” (...) Segundobons obstetras que exercem a docência e a pesquisa como, por exemplo, o ProfessorCorintio Mariani Neto2, autor do capítulo “Cardiotocografia Anteparto” no tratado

 “Obstetrícia Básica” do Professor Bussâmara Neme, obstetra este, que emitiu parecer emfavor” Da maternidade Pró-Matre “(...), o resultado “ Unão-reativoU” é consideradoUpatológicoU, pois os fetos correspondentes apresentam elevados índices de morbidade emortalidade perinatais, a norma de conduta sendo “Uinterromper a gravidez pela melhorvia, tão logo haja condições mínimas de sobrevidaU” “(...)Ressaltamos que no mesmo

capítulo “Cardiotocografia Anteparto”, o Professor Corintio Mariani NetoU

enfatiza que anorma de CONDUTA OBSTÉTRICA deve ser INTERVENCIONISTA E RÁPIDA para casos defetos com padrão cardiotocográfico anteparto NÃO-REATIVO U, desde que não hajamalformações graves nem falha técnica do exame. E afirma, categoricamente, comoabaixo vai transcrito, que UO PADRÃO CARDIOTOCOGRÁFICO FETAL NÃO REATIVOREQUER A INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ “TÃO LOGO HAJA CONDIÇÕES MÍNIMAS DESOBREVIDAU”, ou seja, o peso fetal estimado seja igual ou maior que 750g: (...)“Fetosnão reativos (excluídas malformações graves e falha técnica do exame) apresentamelevada morbidade e mortalidade perinatais e Ua norma é interromper a gravidez pelamelhor via, tão logo haja condições mínimas de sobrevida (peso fetal estimado ≥ 750g).U” 

(c) O Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de AçõesProgramáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Manual Ténico–Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção

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à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério daSaúde, 2005. Home page:  http://www.saude.gov.br, Ué taxativo pela continuidade doatendimento da gestante num centro dotado de recursos apropriados U, mediante a

 “Uutilização de método mais apurado para avaliação da vitalidade fetal U” ou, então, Udar umatendimento de pronto socorro obstétrico, serviço que não e lugar para delongas. OMinistério da Saúde recomenda:U “ • Teste negativo: ausência de resposta fetal identificada tanto pela falta de aumento dos BCF quanto pela falta de movimentos fetais ativos. O teste deverá ser realizado duas vezes, com intervalo de, pelo menos, dez minutos para se considerar negativo. UNa presença de teste simplificado negativo e/ou

desaceleração da freqüência cardíaca fetal, está indicada a utilização de método mais

apurado para avaliação da vitalidade fetal. Referir a gestante para um nível de maior

complexidade ou pronto atendimento obstétrico.U”

Fotos da traqueostomia utilizada pelo bebê para respirar

Fotos da Cifose que se acentua dia a dia no bebê:

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Fotos da sondas de alimentação para o bebê.

Fotos das Modificações que os pais tiveram que fazer no quarto do bebê.