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Talita de Sousa Nascimento Me. Políticas Públicas INDICADORES SOCIAIS: noções básicas

INDICADORES SOCIAIS: noções básicas · Primeiro deve ser concebida a sistemática e depois o sistema de informações. O sistema de suporte não precisa, necessariamente, ser perfeito

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Talita de Sousa Nascimento

Me. Políticas Públicas

INDICADORES SOCIAIS: noções básicas

ESTRUTURA1. INTRODUÇÃO

2. INDICADORES SOCIAIS NO BRASIL

3. GRANDES MITOS

4. INDICADORES SOCIAIS

• Conceito

• Funções básicas

• Propriedades básicas

• Classificações

• Limitações

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

6. REFERENCIAS

INTRODUÇÃO

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Foi-se o tempo em que os indicadores, particularmente

os sociais, ficavam guardados pelos e para os especialistas

(estatísticos e matemáticos).

Atualmente é quase obrigatória a referência a indicadores

de situação, de desempenho e de resultado para se

propagandear qualquer programa ou atividade pública

efetivada;

Assistiu-se à emergência da cultura dos indicadores, das

avaliações permanentes, sistemáticas e consistentes.

INTRODUÇÃO

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Os indicadores sociais já possuem um papel importante na

discussão política e social do cotidiano nacional e

internacional; políticos, organizações não governamentais,

lideranças populares, jornalistas, dentre outros, utilizam

de forma frequente os indicadores sociais para

acompanhar e avaliar os avanços e retrocessos das

condições de vida da população (LIMA, 2006).

INDICADORES SOCIAIS NO BRASIL

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GRANDES MITOS

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Deve-se medir tudo

Quem quer medir tudo acaba não medindo nada; deve-se medir

o que é relevante, significativo, útil; medir custa tempo e

dinheiro.

Medir por medir

As medidas devem ter significância, não devem ser

operacionalizadas por obrigação ou imposição legal, mas por se

constituírem ferramentas úteis a todo o ciclo de gestão das

políticas públicas. Medir e depois decidir o que fazer com as

medidas não faz sentido

GRANDES MITOS

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A Medição deve ser absoluta

Raramente uma medida consegue atender a todas as propriedades

dos indicadores como validade, confiabilidade, simplicidade,

especificidade, disponibilidade, economicidade e outras. Uma boa

prática é trabalhar com aproximações a partir de dados já

existentes.

Dependência tecnológica

Primeiro deve ser concebida a sistemática e depois o sistema de

informações. O sistema de suporte não precisa, necessariamente,

ser perfeito ou baseado no “estado da arte” da tecnologia, mas

deve ser funcionalmente útil e agregar valor à análise.

ESTATÍSTICAS PÚBLICAS x INDICADORES

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Estatísticas públicas passaram a ser coletadas e desenvolvidas para servir de insumo para a construção de indicadores sociais.

As estatísticas públicas são o dado social na forma bruta, parcialmente preparado para uso na interpretação empírica da realidade.

Constituem essas estatísticas os censos demográficos, pesquisas amostrais e registros administrativos.

Tais estatísticas são utilizadas para construção de indicadores sociais, os quais permitem contextualizar e comparar a realidade social.

Os indicadores sociais possuem um conteúdo informacional (um valor contextual baseado em uma teoria social ou finalidade programática) que os difere das estatísticas públicas.

INDICADOR: Conceito

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Um indicador social é uma medida em geral quantitativa

dotada de significado social substantivo, usado para

substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito

social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa

acadêmica) ou programático (para formulação de

políticas).

É um recurso metodológico, empiricamente referido, que

informa algo sobre um aspecto da realidade social ou

sobre mudanças que estão se processando na mesma.

INDICADOR: Conceito

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Para a pesquisa acadêmica, o indicador social é,

pois, o elo de ligação entre os modelos explicativos da

Teoria Social e a evidência empírica dos fenômenos

sociais observados.

Em uma perspectiva programática, o indicador

social é um instrumento operacional para

monitoramento da realidade social, para fins de

formulação e reformulação de políticas públicas.

PROCESSO DE AGREGAÇÃO DE VALOR

INFORMACIONAL NO INDICADOR

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Construção de Indicadores Sociais

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INDICADOR: propriedades

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1. Relevância social

2. Validade

3. Confiabilidade

4. Cobertura

5. Sensibilidade

6. Especificidade

7. Inteligibilidade de sua construção & Comunicabilidade

8. Factibilidade para obtenção & Periodicidade na atualização

9. Desagregabilidade

10. Historicidade

INDICADOR: propriedades

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1. RELEVÂNCIA SOCIAL

A relevância social do indicador se refere à sua pertinência para

explicar a realidade em análise.

A pertinência de produção do indicador é historicamente

determinada, resultante de discussões de cada sociedade.

Atualmente, há produção de indicadores mais específicos e

geograficamente mais representativos, como forma de melhor

entender cada realidade social.

Por exemplo, problemas de exclusão e desigualdade social em

países em desenvolvimento geram necessidade de coleta de

estatísticas e de construção de indicadores sobre intensidade de

pobreza, níveis de carência e acesso a bens e serviços públicos.

Ex: setores censitários; Unidade de Desenv. Humano - UDH

INDICADOR: propriedades

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2. VALIDADE

A validade do indicador corresponde ao grau de proximidade

entre o conceito e a medida.

É a capacidade de refletir o conceito abstrato a que o indicador se

propõe a substituir e operacionalizar.

Diz respeito à proximidade entre indicador e indicando,

propriedade fundamental para justificar o emprego e a

denominação de uma medida quantitativa qualquer como um

indicador social.

Por exemplo, percentual de famílias com renda abaixo de um

salário mínimo geralmente é um indicador mais adequado para

retratar o nível de pobreza de uma população, do que a renda

média per capita.

INDICADOR: propriedades

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3. CONFIABILIDADE

Confiabilidade diz respeito à qualidade do levantamento dos

dados usados na estimação do indicador.

Indicadores calculados por pesquisas amostrais realizadas por

agências públicas são medidas confiáveis, porque os dados são

coletados de forma padronizada, por corpos técnicos

qualificados, e seguindo uma metodologia de obtenção, registro e

avaliação das informações.

É preciso eliminar toda variação não aleatória na coleta e

processamento dos dados para garantir que mudanças no

indicador, ao longo do tempo, sejam analisadas de forma

consistente.

Os registros administrativos dos órgãos públicos ainda precisam

melhorar a confiabilidade de seus indicadores.

INDICADOR: propriedades

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4. GRAU DE COBERTURA

É importante dispor de indicadores com boa cobertura espacial

ou populacional de forma que sejam representativos da realidade

empírica em análise.

Os dados dos censos demográficos são importantes para o

planejamento público justamente porque têm cobertura de todo

o território nacional, além de possuir diversas variáveis para

análise.

Mesmo dados de órgãos públicos com cobertura parcial (tanto

geograficamente, como conceitualmente) podem gerar

importantes indicadores para a análise da realidade social..

INDICADOR: propriedades

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5. SENSIBILIDADE

Um indicador é sensível se for capaz de refletir mudanças

significativas, em momentos que as condições que afetam a

dimensão social em estudo se alterarem.

Ao realizar a avaliação do impacto de um programa social, é

preciso verificar qual indicador responde mais às mudanças

implementadas na realidade social.

Um indicador pode não apresentar mudanças estatisticamente

significativas após a aplicação de políticas públicas, não

somente porque não houve uma melhora nas condições de

vida da população, mas talvez porque ele não possui

sensibilidade suficiente para avaliação do tópico em estudo.

Ex: Bolsa Família > renda, escolarização, mortalidade infantil

INDICADOR: propriedades

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6. ESPECIFICIDADE

Um indicador é específico se tem a propriedade de refletir

alterações ligadas somente às mudanças relacionadas à

dimensão social em estudo.

Se os indicadores constitutivos de indicadores compostos

(índices sociais) têm baixa associação entre si, tais índices

podem não ser específicos o suficiente para mostrar variações

na direção esperada.

Pode ser preferível utilizar um indicador parcial e limitado,

mas que apresenta um significado claro de identificação com a

realidade social.

EX: o IDH não expressa o resultado de uma ação específica da

saúde

INDICADOR: propriedades

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7. INTELIGIBILIDADE & COMUNICABILIDADE

Inteligibilidade se refere à transparência da metodologia

de construção do indicador.

Um indicador também deve ser facilmente compreensível

aos demais (comunicável).

Isso é muito importante para indicadores voltados à

formulação de políticas, já que a alocação de recursos

públicos só pode se legitimar tecnicamente se os agentes

envolvidos entenderem os critérios metodológicos

utilizados, ainda que não concordem com os mesmos.

A inteligibilidade e comunicabilidade são importantes para

garantir a transparência no uso programático do indicador

INDICADOR: propriedades

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8. FACTIBILIDADE & PERIODICIDADE

É preciso que o indicador possa ser factível de obtenção a

custos acessíveis pelos órgãos de coleta ou pesquisadores.

Um indicador se torna mais rico se há a possibilidade de

coletar as estatísticas que o compõem com uma certa

periodicidade.

A regularidade com que as estatísticas sociais são coletadas

indica se é factível a utilização do indicador em estudos

específicos.

O custo e tempo para obtenção do indicador têm que ser

compatíveis com as necessidades e usos que se faz do

mesmo.

INDICADOR: propriedades

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9. DESAGREGABILIDADE

É importante que os indicadores se refiram aos grupos

sociais de interesse (população-alvo) dos programas.

Os indicadores sociais devem se referir aos espaços

geográficos em análise (Estados, municípios, áreas de

ponderação, setores censitários), a sub-grupos

sociodemográficos (crianças, idosos, mulheres), ou grupos

vulneráveis específicos (desempregados, analfabetos).

No entanto, devido a dificuldades metodológicas, falta de

recursos e outros fatores, não é possível produzir

estatísticas sociais com a freqüência e representatividade

amostral desejada pelos pesquisadores.

INDICADOR: propriedades

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10. HISTORICIDADE

Historicidade de um indicador é a propriedade de se

dispor de séries históricas extensas e comparáveis do

mesmo.

Dessa forma é possível comparar os níveis atuais com os

do passado, estimar tendências e avaliar efeitos de políticas

sociais implementadas.

É importante que indicadores passados sejam compatíveis

conceitualmente e tenham confiabilidade similar aos

indicadores atuais.

INDICADOR: propriedades

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Na prática, nem sempre o indicador de maior validade é o mais

confiável; nem sempre o mais confiável é o mais intelegível; nem

sempre o mais claro é o mais sensível; enfim, nem sempre o

indicador que reúne todas estas qualidades é passível de ser

obtido na escala espacial e periodicidade requerida.

De todo modo, é importante garantir que haja:

Validade: relação recíproca entre o conceito abstrato e os

indicadores propostos.

Confiabilidade: qualidade e padronização dos

indicadores.

Inteligibilidade: transparência das decisões tomadas em

bases técnicas.

INDICADORES: classificação

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Na literatura existente há mais de uma dezena de formas de

classificação dos Indicadores Sociais. Neste trabalho será adotada a

seguinte classificação:

Indicador simples/composto

Indicador descritivo/normativo

Indicador quantitativo/qualitativo

Indicador objetivo/subjetivo

Indicador insumo/fluxo/produto

Indicador esforço/resultados

Indicador performance/estoque

Indicador eficiência/eficácia/efetividade social

Indicador absoluto/relativo

Indicadores simples e compostos

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Indicadores simples e compostos

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Indicadores objetivos e subjetivos

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Indicadores objetivos e subjetivos

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INDICADORES: momentos do ciclo das PP (I)

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INDICADORES: momentos do ciclo das PP (I)

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ex-ante (antes): no diagnóstico de situação, para

subsidiar a definição do problema, o desenho de uma

política e a fixação das referências que se deseja

modificar;

in curso (durante): para monitoramento e avaliação da

execução, revisão do planejamento e correção de desvios;

ex-post (depois): para avaliação de alcance de metas, dos

resultados no público-alvo e dos impactos verificados na

sociedade.

INDICADORES: momentos do ciclo das PP (II)

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INDICADORES: momentos do ciclo das PP (II)

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Essa classificação tem grande

importância para a equipe

gerencial do Programa no

gerenciamento do processo de

formulação e implementação das

políticas públicas, pois permite

separar os indicadores de acordo

com a sua aplicação nas diferentes

fases do ciclo de gestão.

Indicadores de Avaliação de Desempenho

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Indicadores de Avaliação de Desempenho

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Foco: avaliação dos recursos alocados e dos resultados alcançados Economicidade: medem os gastos envolvidos na obtenção dos

insumos (materiais, humanos, financeiros etc.) necessários às

ações que produzirão os resultados planejados;

Eficiência: essa medida possui estreita relação com

produtividade, ou seja, o quanto se consegue produzir com os

meios disponibilizados;

Eficácia: aponta o grau com que um Programa atinge as metas e

objetivos planejados;

Efetividade: mede os efeitos positivos ou negativos na realidade

que sofreu a intervenção, ou seja, aponta se houve mudanças

socioeconômicas, ambientais ou institucionais decorrentes dos

resultados obtidos pela política, plano ou programa

INDICADOR: Limitações

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Indicadores são representações imperfeitas e suscetíveis:

Por definição os indicadores são abstrações, representações,

simplificações de uma dada realidade, portanto são suscetíveis aos

vieses de quem produziu, coletou e/ou interpretou.

Desta forma, não se deve confiar cega e eternamente nas medidas,

o que significa dizer que o gestor de uma política pública deve,

periodicamente, realizar uma avaliação crítica acerca da

adequabilidade dos indicadores selecionados, considerando ainda

que, a todo tempo, surgem modelos mais aperfeiçoados baseados

em novas teorias.

Deve-se, portanto, confiar nas escolhas realizadas enquanto não

surgirem alternativas melhores, mais válidas e aprimoradas,

desenvolvidas a partir de pesquisas e trabalhos metodologicamente

confiáveis (MAGALHÃES, 2004).

INDICADOR: Limitações

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O indicador e a dimensão de interesse não se confundem:

Deve-se atentar que o indicador apenas aponta, assinala, indica

como o próprio nome revela. Contudo, é comum casos em que o

foco das ações seja deslocado da realidade com que se deseja

trabalhar para o indicador escolhido para representá-la. Há casos até

em que primeiro se escolhe o indicador para depois associá-lo a um

problema ou demanda. De fato em algumas situações existe forte

identificação entre o conceito e o indicador como, por exemplo,

mortalidade ou morbidade por causas diversas; porém em geral

essa não é a regra, principalmente para conceitos multidimensionais

como desenvolvimento humano e qualidade de vida (JANNUZZI,

2002).

INDICADORES: Limitações

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Indicador Sintético versus Sistema de Indicadores:

Quando os conceitos são complexos não se pode reduzir a

gestão de uma política ou programa à simples apreciação

de um indicador sintético. O IDH, por exemplo, resultado

da ponderação de três temas distintos (economia, saúde e

educação), busca melhor representar o nível de

desenvolvimento socioeconômico de um país; porém a sua

composição mistura um conceito mais sensível às variações

conjunturais e de prazo mais curto (PIB per capita) com

conceitos estruturais menos sensíveis e de prazo mais

longo de evolução (saúde e educação).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Os Indicadores Sociais são insumos básicos e indispensáveis

em todas as faces do processo de formulação e

implementação das políticas públicas;

Cada fase do processo de formulação e implementação da

política social requer o emprego de indicadores

específicos;

Conhecer o significado, os limites e as potencialidades dos

indicadores sociais é de capital importância para na

discussão sobre as prioridades sociais e alocação de

recursos do Orçamento Público.

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