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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ADENILSON VIANA NERY-18, 24, 58, 72, 82 ADMAR JOSE CORREA-12, 26, 57 ADRIANA ZANDONADE-33, 36, 38 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-15, 20 Allan Titonelli Nunes-44 ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-52, 92 ANA MERCEDES MILANEZ-27 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-69, 73 ANDRÉ DIAS IRIGON-6, 9 ANDRE MIRANDA VICOSA-84 ANDREA M. SANTOS SANTANA-43, 97 ANDRESSA POZES TIRADENTES RIBEIRO-8 ANILSON BOLSANELO-77, 81 ANTONIO CARLOS SANTOLIN-90 ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO-69, 73 ANTÔNIO JUSTINO COSTA-49, 90 ANTONIO LUIZ CASTELO FONSECA-39 ARMANDO VEIGA-13, 4, 67 BRUNA NASCIMENTO HONÓRIO-94 Bruno Medeiros Bastos-67, 71 BRUNO MIRANDA COSTA-103, 26 BRUNO SANTOS ARRIGONI-78 CAMILA DE JESUS FIGUEIRAUJO-17 CARLOS AUGUSTO CARLETTI-90 CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA-47 Carolina Augusta da Rocha Rosado-23 CELSO MELLO-23 CHRISTINNE ABOUMRAD R. AGUIAR LEITE-99 CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-104, 41 CINTHIA CIPRESTE SANSON WASCONCELLOS-45 CLEBER ALVES TUMOLI-46, 96 CLEBSON DA SILVEIRA-15, 48, 52 CRISTINE ALEDI CORREIA-40 DANIELE RICARDO DE SOUZA-5 DANNIELLY FIENI DA VITÓRIA-48 DAVID GUERRA FELIPE-25 DIMAS PINTO VIEIRA-57 EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA-46 ELIAS ASSAD NETO-10, 51 ELINARA FERNANDES SOARES-55 ELOILSON CAETANO SABADINE-85 EMANUEL DO NASCIMENTO-89 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-16, 24, 25, 42, 56 EUSTACHIO DOMICIO L. RAMACCIOTTI-63, 64, 65 EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI-28, 29, 30, 31 FABIANA GONÇALES COUTINHO VIEIRA-93 FABIANO LOPES FERREIRA-97 FERNANDO BRASIL OLIVEIRA-3 FLAVIA AQUINO DOS SANTOS-48 FLAVIO TELES FILOGONIO-29 FREDERICO AUGUSTO MACHADO-19, 91 FREDERICO LYRA CHAGAS-94, 95 GERALDO BENICIO-22

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO DE ... · souza) x pablo gullity pereira de souza (representado por sua genitora janete pereira de souza) (advogado: fernando brasil

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ADENILSON VIANA NERY-18, 24, 58, 72, 82ADMAR JOSE CORREA-12, 26, 57ADRIANA ZANDONADE-33, 36, 38ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-15, 20Allan Titonelli Nunes-44ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-52, 92ANA MERCEDES MILANEZ-27ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-69, 73ANDRÉ DIAS IRIGON-6, 9ANDRE MIRANDA VICOSA-84ANDREA M. SANTOS SANTANA-43, 97ANDRESSA POZES TIRADENTES RIBEIRO-8ANILSON BOLSANELO-77, 81ANTONIO CARLOS SANTOLIN-90ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO-69, 73ANTÔNIO JUSTINO COSTA-49, 90ANTONIO LUIZ CASTELO FONSECA-39ARMANDO VEIGA-13, 4, 67BRUNA NASCIMENTO HONÓRIO-94Bruno Medeiros Bastos-67, 71BRUNO MIRANDA COSTA-103, 26BRUNO SANTOS ARRIGONI-78CAMILA DE JESUS FIGUEIRAUJO-17CARLOS AUGUSTO CARLETTI-90CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA-47Carolina Augusta da Rocha Rosado-23CELSO MELLO-23CHRISTINNE ABOUMRAD R. AGUIAR LEITE-99CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-104, 41CINTHIA CIPRESTE SANSON WASCONCELLOS-45CLEBER ALVES TUMOLI-46, 96CLEBSON DA SILVEIRA-15, 48, 52CRISTINE ALEDI CORREIA-40DANIELE RICARDO DE SOUZA-5DANNIELLY FIENI DA VITÓRIA-48DAVID GUERRA FELIPE-25DIMAS PINTO VIEIRA-57EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA-46ELIAS ASSAD NETO-10, 51ELINARA FERNANDES SOARES-55ELOILSON CAETANO SABADINE-85EMANUEL DO NASCIMENTO-89ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-16, 24, 25, 42, 56EUSTACHIO DOMICIO L. RAMACCIOTTI-63, 64, 65EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI-28, 29, 30, 31FABIANA GONÇALES COUTINHO VIEIRA-93FABIANO LOPES FERREIRA-97FERNANDO BRASIL OLIVEIRA-3FLAVIA AQUINO DOS SANTOS-48FLAVIO TELES FILOGONIO-29FREDERICO AUGUSTO MACHADO-19, 91FREDERICO LYRA CHAGAS-94, 95GERALDO BENICIO-22

GISELA PAGUNG TOMAZINI-85GUSTAVO CABRAL VIEIRA-27, 53, 59, 61, 83GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-35GUSTAVO FERREIRA DE PAULA-61GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS-42HENRIQUE SOARES MACEDO-74, 78HERVAL SALOTTO-99ISRAEL NUNES SILVA-70IZABETE MORONARI LEITE-70IZAEL DE MELLO REZENDE-27, 53IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR-1JAKELINE LOPES NOLASCO-48JAMILSON SERRANO PORFIRIO-59, 6, 83, 87JOANA D'ARC BASTOS LEITE-99JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-19JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-103, 104, 62José Arteiro Vieira de Mello-90JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES-71JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-68JOSÉ NASCIMENTO-71JULIO RIBEIRO BRANDAO-21LEONARDO PIZZOL VINHA-28, 29, 30, 31, 32LEONARDO SILVA BARBOSA-5LEONARDO ZACHE THOMAZINE-30LIETE VOLPONI FORTUNA-2, 66, 80LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-14, 66, 80, 81LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-50LUCIANO AZEVEDO SILVA-98Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-1MANOEL FERNANDES ALVES-76MARCELA REIS SILVA-13, 4, 51, 55, 84Marcelo Camata Pereira-68, 98MARCELO MATEDI ALVES-28, 29, 30, 31, 32, 63, 64, 65MARCIA RIBEIRO PAIVA-12, 93MARCOS ANTONIO BORGES BARBOSA-74Marcos Figueredo Marçal-17, 60, 62MARCOS JOSÉ DE JESUS-41MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-34MARGARET BICALHO MACHADO-50MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-100, 101, 102, 34, 35, 36, 37, 38MARIA REGINA COUTO ULIANA-79, 86MARIANA ANDRADE COVRE-50MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-27, 53MARILENA MIGNONE RIOS-9MARQUIVALDO DIAS CUNHA-60, 96MARTHA HELENA GALVANI CARVALHO-54MICHELA JACOMELI MARTINS-1MICHELI JESUS VIEIRA DE MELO-10MILTON CHAVES DE SOUZA-70NADJA MARIA DE VALOIS FERNANDES-11NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-57, 78, 85, 89NEIDE DEZANE MARIANI-31, 63, 64, 65NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA-89OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-54Paulo Henrique Vaz Fidalgo-72PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-22

PRISCILA PERIM GAVA-14PRISCILLA FERREIRA DA COSTA-48RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-49, 7ROBNEI BATISTA DE BARROS-69, 73, 75RODRIGO BARBOSA DE BARROS-37, 39RODRIGO COSTA BUARQUE-75, 77, 78RODRIGO SALES DOS SANTOS-40RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-18, 3, 58, 79RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-8RONILCE PLOTEGHER LUBIANA-85ROSEMARY MACHADO DE PAULA-61ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-21, 22, 8, 87, 88, 99ROSIVALDO VIEIRA DE CASTRO-95SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-27, 53SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-2SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS-100, 101, 102, 104, 76, 86, 88SHIZUE SOUZA KITAGAWA-32SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-20, 47, 89, 91, 92SIRO DA COSTA-7TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-30TERESA CRISTINA SOUSA FERNANDES-16THALITA CHAGAS CORREA-61THIAGO COSTA BOLZANI-78, 85THIAGO VARGAS PIMENTEL-88THYAGO BRITO DE MELLO-8UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-11, 82URBANO LEAL PEREIRA-71VILMAR LOBO ABDALAH JR.-28Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-5WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-16WESLEY LOUREIRO DA CUNHA-44

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES

Nro. Boletim 2010.000267 DIRETOR(a) DE SECRETARIA AUGUSTO S. F. RANGEL

28/09/2010Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 2008.50.51.000588-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme NogueiraFreire Carneiro.) x GILBERTO DOS SANTOS EDUARDO x ADALBERTO DOS SANTOS EDUARDO REP POR LUCIANADOS SANTOS EDUARDO (ADVOGADO: MICHELA JACOMELI MARTINS, IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR.) xLUCIANA DOS SANTOS EDUARDO.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. VÍNCULO DE EMPREGO RECONHECIDO POR SENTENÇATRABALHISTA. AUSÊNCIA DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. SENTENÇA EXCLUSIVAMENTE FUNDAMENTADA NACONFISSÃO FICTA. REVELIA DA RECLAMADA. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL PARA COMPROVAÇÃODE TEMPO DE SERVIÇO. RECURSO PROVIDO. SENTEÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar provimento ao recurso.

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2 - 2009.50.54.000153-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIOFARDIN.) x LUCIA HELENA SANTANA (ADVOGADO: LIETE VOLPONI FORTUNA.) x ALTEMIRO FRANCISCO XAVIER.Processo nº. 2009.50.54.000153-2/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : ALTEMIRO FRANCISCO XAVIER E OUTRA

E M E N T ARECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE –DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DOS PAIS EMRELAÇÃO AO FILHO FALECIDO –COMPROVAÇÃO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido de condenaçãoda autarquia à concessão de pensão previdenciária decorrente de óbito de filho dos recorridos. Aduz o recorrente inexistirprova nos autos da dependência econômica em relação ao de cujus, que, inclusive, encontrava-se desempregado à épocado óbito, sendo indevido, portanto, o benefício pleiteado.Segundo o art. 74, caput, da Lei nº 8.213/91, a pensão por morte é devida aos dependentes do segurado que falecer e, deacordo com o art. 16, II e § 4º desse mesmo diploma, devem os pais comprovar dependência econômica em relação a seufilho ao requererem pensão em virtude de seu óbito.A dependência econômica do pai ou mãe em relação ao filho, conquanto não necessite ser exclusiva, deve ser essencial àsobrevivência dos demandantes, e não um simples auxílio financeiro.Na hipótese em exame, o núcleo familiar era composto pelos autores – pai e mãe do de cujus, que laboravam,respectivamente, como pedreiro (autônomo, trabalhando através de “bicos”) e empregada doméstica - e outros dois outrosfilhos, ainda menores.Não obstante a situação de desemprego do de cujus no momento do óbito – insuficiente para retirar sua qualidade desegurado – certo é que os documentos juntados aos autos e a prova testemunhal comprovaram que os rendimentospercebidos pelo referido segurado eram imprescindíveis à manutenção do equilíbrio financeiro da família, circunstânciasuficiente para a classificação da dependência econômica e, em conseqüência, pela concessão do benefício postulado.Sentença que se mantém por seus próprios fundamentos.Recurso conhecido e improvido.Sem custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, que fixo em R$ 500,00, com fulcro noart. 20, §4º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na formada ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

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3 - 2005.50.52.000487-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DEALMEIDA.) x SABRINA JESSICA PEREIRA DE SOUZA (REPRESENTADA POR SUA GENITORA JANETE PEREIRA DESOUZA) x PABLO GULLITY PEREIRA DE SOUZA (REPRESENTADO POR SUA GENITORA JANETE PEREIRA DESOUZA) (ADVOGADO: FERNANDO BRASIL OLIVEIRA.) x JANETE PEREIRA DE SOUZA.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. VÍNCULO DE EMPREGO RECONHECIDO POR SENTENÇATRABALHISTA. AUSÊNCIA DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. SENTENÇA EXCLUSIVAMENTE FUNDAMENTADA NACONFISSÃO FICTA. REVELIA DA RECLAMADA. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL PARA COMPROVAÇÃODE TEMPO DE SERVIÇO. RECURSO PROVIDO. SENTEÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar provimento ao recurso.

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4 - 2007.50.51.002973-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)x NILSON CAMPOREZ (ADVOGADO: ARMANDO VEIGA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito SantoTurma Recursal dos Juizados Especiais Federais

Processo nº. 2007.50.51.002973-7/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido : NILSON CAMPOREZ

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO – INCIDÊNCIA DA DECADÊNCIA – EMBARGOS NÃOPROVIDOS – DECADÊNCIA PRONUNCIADA.

Cuida-se de Embargos de Declaração interpostos em face do acórdão de fls. 81/82 proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais aduz o INSS que há omissão no caso, na medida em que o julgado guerreado concedeu o benefíciode aposentadoria por invalidez desde 12.11.1996, utilizando como data de início a do requerimento administrativo, mas, nocaso, incidiu a decadência, matéria esta cognoscível de ofício por esta Turma. Suscita a aplicação da Súmula 8 aprovadapela Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência da 2ª Região.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissões, aportar clareza ou retificareventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais.Em sede preliminar do recurso inominado (fls. 65/72), a parte embargante aduziu que estariam “prescritas” não apenas asparcelas anteriores ao ultimo quinquenio, com relação às parcelas do benefício pleiteado, como também o próprio direitoreclamado, em atenção à Súmula do E. STJ.O acórdão guerreado (fls. 81/82), por sua vez, enfrentou a questão a respeito da “prescrição”, cujo texto passo a consignar:“Primeiramente, não procede a alegação de prescrição do direito do autor, tendo em vista que o instituto da prescrição nãotem o condão de extinguir direitos; o que o mesmo faz é extinguir a pretensão autoral. De todo modo, não deve serexcluída da apreciação do Poder Judiciário ameaça ou lesão a direito, conforme previsão constitucional do artigo 5º, incisoXXXV, da Constituição da República de 1988. A Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça não exclui o direito do autor deingressar com uma ação judicial, até porque a prescrição não pode atingir o direito de ação consagrado no dispositivoconstitucional acima. Verificado que o recorrido faz jus ao benefício em questão, deve o mesmo ser concedido”.

Como se percebe a hipótese dos autos não caracteriza omissão, posto que a questão posta em apreciação na peçarecursal foi devidamente apreciada, não podendo prosperar o recurso interposto, uma vez que ausentes os requisitosprevistos no art. 535 do CPC.Na verdade, a matéria posta no recurso inominado mereceu exame e desate nos limites das razões recursais, sendodescabida a alegação de que teria sido omissa quanto aos argumentos lançados na peça recursal.Assim, inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.Não obstante, a decadência é matéria de ordem pública que pode e deve ser analisada pelo Poder Judiciário,independentemente de alegação das partes, a qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição.A Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ªRegião, responsável pela uniformização da interpretação da lei federal quando houver divergência sobre as questões de

direito material entre decisões proferidas pelas Turmas Recursais do Espírito Santo e Rio de Janeiro, em razão deinúmeros precedentes acerca desta matéria, editou a Súmula n. 8, cuja redação é a seguinte: “Em 01.08.2007, operou-se adecadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a28.06.1997, data da edição da MP n. 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei n. 8.213/91”.Assim, os benefícios com DIB anterior a 27.06.1997, data da nona edição da MP 1.523, convertida na Lei 9.528, de10.12.97, a qual alterou a redação do art. 103 da Lei 8.213/91, estarão impedidos de serem revistos a partir de 27.06.2007.Na verdade, em 01.08.2007, 10 anos contados do “dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação”recebida após o início da vigência da Medida Provisória nº 1.523-9/1997, operou-se a decadência das ações que visem àrevisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 26.06.1997, data da entrada em vigor dareferida MP.No caso dos autos, o benefício foi requerido e indeferido antes de 26.06.1997, conforme documento acostado à fl. 34, e aação foi ajuizada somente em 26.10.2007, ou seja, intempestivamente, não se podendo negar, portanto, a decadência nahipótese.Embargos de declaração não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.Pronunciamento da decadência na hipótese, por tratar-se de matéria de ordem pública.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, masreconhecendo a incidência da decadência, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

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5 - 2009.50.51.000839-1/01 OREVY SILVA DOS SANTOS (ADVOGADO: LEONARDO SILVA BARBOSA, DANIELERICARDO DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda AleodimCampos.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DAMÃE EM RELAÇÃO AO FILHO. FILHO INVÁLIDO. RECURSO IMPROVIDO.Os pais podem ser beneficiários do Regime Geral de Previdência Social na condição de dependentes do segurado, masprecisam comprovar a dependência econômica em relação ao segurado.A dependência econômica só se configura quando o instituidor da pensão contribua de forma decisiva para a manutençãodo dependente, quando a assistência financeira prestada pelo segurado falecido seja imprescindível para garantir asubsistência do dependente. Se a cessação da assistência financeira apenas reduz o padrão de vida do assistido, semcomprometer decisivamente a manutenção da subsistência, não há dependência econômica.Diferença entre dependência econômica e mero auxílio financeiro: na primeira, a cessação da assistência financeiraimplica, para a mãe (não obstante os rendimentos próprios desta pessoa), privação total ou parcial da satisfação denecessidades básicas; na segunda, a cessação importa apenas redução no padrão de vida, sem comprometimento dasnecessidades básicas.A recorrente é viúva desde 2003. O filho faleceu em 2008. Junto com a recorrente moravam o filho falecido, outra filha edois netos. O filho falecido era beneficiário de aposentadoria por invalidez com renda equivalente a um salário mínimo. Afilha é faxineira. Na data do óbito do filho, a recorrente já era beneficiária de aposentadoria com renda equivalente a umsalário mínimo e cumulativamente recebia salário de R$ 698,00 em razão de emprego na prefeitura municipal.A prova testemunhal não comprovou que a assistência material prestada pelo filho era indispensável à subsistência darecorrente. Foi ouvida uma única testemunha, que, de relevante, limitou-se a declarar vagamente que a “família vivia deajuda”, sem, todavia, detalhar fatos que justificassem a insuficiência dos rendimentos da mãe para assegurar o própriosustento.A assistência material prestada pelo filho, no máximo, concorria para elevar o padrão de vida da recorrente. Mera

colaboração para o orçamento familiar não é suficiente para qualificar o filho como arrimo de família. “A ajuda dos filhosnas despesas da casa configura comportamento normal que se espera em relação ao vinculo aqui existente, no entanto,disso não pode se extrair que toda ajuda prestada pelos filhos aos seus pais geraria a dependência desses em relaçãoàqueles.” (Turma Nacional de Uniformização dos JEFs – PU 2002.61.84.0067742 - DJU 15/05/2006 – voto da JuízaFederal Renata Andrade Lotufo).O filho era inválido. A testemunha declarou que ele sofria de problemas psiquiátricos. Esse fato concorre para demonstrarque era ele quem dependia da mãe, e não o contrário.Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, está isenta de custas e de honorários advocatícios por serbeneficiária da assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

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6 - 2007.50.51.002948-8/01 HELENA MALIKOUSKI DE SOUZA (ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).Processo nº 2007.50.51.002948-8/01

Recorrente : HELENA MALIKOUSKI DE SOUZARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS

1. Trata-se de recurso inominado interposto por HELENA MALIKOUSKI DE SOUZA contra a r. sentença de fls. 108/110,que julgou improcedentes os pedidos de concessão de aposentadoria rural por idade e de pagamento de valoresretroativos à data do requerimento administrativo.2. Em suas razões recursais, alega a recorrente que todas as testemunhas ouvidas comprovaram o exercício de atividaderural da autora no período de carência exigido pelo benefício; que a circunstância de ter contribuído para a PrevidênciaSocial não seria óbice à sua pretensão, vez que, mesmo neste período, continuou a exercer atividade rural; que a inspeçãoda juíza nas mãos da recorrente não merece prosperar, vez que as mãos de uma trabalhadora rural não devem,necessariamente, ser calejadas para que seja caracterizado o labor rural, tendo em vista que, na maioria das vezes, astrabalhadoras rurais utilizam luvas, bem como o fato de que determinadas atividades, como o cultivo de hortaliças, nãoproduzir calosidade nas mãos; que há nos autos documentos que comprovam que a recorrente exerce atividade rural até apresente data, não obstante ser necessária a prova somente até a data em que completou 55 anos; que os documentostrazidos aos autos (escritura pública de propriedade rural, datada de 1950, constando o pai da Autora como adquirente - fl.22; contrato de comodato de uma área rural, datado de junho de 2005, figurando a Autora côo Comodatária - fls. 27/28;certificado de registro e licenciamento de veículo, constando o endereço da Autora como sendo na Zona Rural - fl. 35;declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Afonso Cláudio, Laranja da Terra e Brejetuba, informando que aAutora trabalhou na propriedade de Rodolfo Malikouski de 16/05/1957 a 08/05/1972, para Florêncio Malikauski, de09/05/1972 a 29/12/1979 e para Elza Malikouski Vieira de 27/01/1995 a 27/04/2006), bem como o depoimento dastestemunhas, comprovaram que a recorrente sempre exerceu atividade rural em regime de economia familiar, razão pelaqual requer a reforma da sentença e o deferimento dos pleitos contidos na inicial.3. Para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é imprescindível que se comprove o exercício de atividadespor período equivalente à carência estabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe a respeito do número demeses necessários para que o trabalhador implemente a condição. Esse diploma legal considera segurado especial oprodutor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime deeconomia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelo menos, um início de prova material para acomprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).4. No caso dos autos, andou bem o juízo de origem ao concluir pelo indeferimento do benefício, vez que, a despeito dapresença de início de prova material, não houve prova do período de carência necessário à concessão do benefício, vezque o exercício de atividade rural da autora foi comprovado pelas testemunhas apenas a partir do momento em que amesma foi residir em Lagoa Serra Pelada, após o falecimento de seu esposo, em 1995, o que não perfaz 180 (cento eoitenta) meses de carência.5. Ainda segundo o juízo de origem, restou comprovado que, antes desta data (1995), a autora residia em Vitória, não

tendo exercido atividade rural neste período, pois seu marido era motorista, segundo afirmou e restou comprovado pelodepoimento prestado pela autora ao INSS (fl. 17).6. Diante do que foi exposto e analisado, não merece qualquer reforma a sentença, cujos argumentos utilizo como razãode decidir.7. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.8. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício daassistência judiciária gratuita (fl. 94).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

7 - 2008.50.51.000738-2/01 ANA AUGUSTA DA SILVA LEOPOLDINO (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CÔNJUGE SEPARADO DE FATO. IMPOSSIBILIDADE DE PRESUNÇÃO DEDEPENDÊNCIA ECONÔMICA.A recorrente casou-se com o de cujus em 1983. Tiveram dois filhos em comum. A recorrente admitiu a separação de fatoem 2000. O esposo faleceu em 2008. O cônjuge separado de fato mantém a qualidade de dependente para finsprevidenciários, desde que comprove a efetiva dependência econômica após a separação.O art. 76, § 2º, da Lei nº 8.213/91 condiciona a manutenção da qualidade de dependente do cônjuge separado de fato àcomprovação de que auferia pensão alimentícia do segurado. A jurisprudência, porém, é mais flexível, admitindo que ocônjuge separado de fato tenha direito à pensão por morte mesmo com a renúncia ao recebimento de alimentos, desdeque comprove a dependência econômica em relação ao falecido em momento posterior à separação. Não há, porém,nenhuma prova material de dependência econômica. E a prova testemunhal não foi suficientemente segura em demonstrara dependência econômica.A primeira testemunha, quando perguntada se o falecido pagava alguma pensão à recorrente, respondeu “que sempre viaa autora com o de cujus”. Perguntado novamente se o mesmo contribuía financeiramente, disse que “aposta que sim, poisos via sempre juntos”. A testemunha, portanto, emitiu mero juízo de valor. Não demonstrou nenhum fato que denotassedependência econômica. O mero fato de cônjuges separados de fato serem vistos juntos não comprova dependênciaeconômica.A segunda testemunha, irmão do de cujus (e, portanto, parente colateral da recorrente), disse que o falecido seguradoajudava como podia; que mesmo depois da separação, o falecido estava todo final de semana na casa da autora; que aajuda financeira se dava por meio de dinheiro (que às vezes o falecido ganhava) ou por meio de compras para casa. Odepoimento, porém, omite-se em revelar detalhes relevantes, como a garantia de que a assistência material eraindispensável à manutenção da subsistência (e não mero complemento de renda) e que a necessidade realmente seestendeu até a data do óbito. Por outro lado, a recorrente tem fonte de renda própria, uma vez que se qualificou na petiçãoinicial como servente. Ambos os filhos do casal haviam atingido a maioridade na época do óbito do segurado. Esses dadosexigiam um conjunto probatório mais contundente para com segurança demonstrar a recorrente, ainda na data do óbito,necessitava da assistência material do marido para sobreviver.Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, está isenta de custas e de honorários advocatícios por serbeneficiária da assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

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8 - 2006.50.50.007126-1/01 LUCIA MARIA CARDOSO DA SILVA (ADVOGADO: ANDRESSA POZES TIRADENTESRIBEIRO, THYAGO BRITO DE MELLO, RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito SantoTurma Recursal dos Juizados Especiais Federais

Processo nº. 2006.50.50.007126-1/01

Embargante : LUCIA MARIA CARDOSO DA SILVA

Embargado : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INDEFERIMENTO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA – OMISSÃO –INEXISTÊNCIA – EMBARGOS NÃO ACOLHIDOS – ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração interpostos em face do acórdão de fls. 181/182 proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais aduz a parte autora, ora embargante, que foi apontado pela perícia médica que a referida embarganteapresentava incapacidade parcial. Ademais, salienta que o próprio INSS, ora embargado, reconheceu a incapacidade daembargante, aduzindo também que o benefício de auxílio-doença somente pode ser encerrado após a realização deprocesso de reabilitação, pontos nos quais considerou que o acórdão foi omisso.

Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissões, aportar clareza ou retificareventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura das argumentações doembargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão na decisão proferida por este Juízo.

Todavia, a hipótese dos autos não caracteriza omissão, contradição ou obscuridade, não podendo prosperar o recursointerposto, uma vez que ausentes os requisitos previstos no art. 535 do CPC.

Os embargos de declaração não merecem ser acolhidos, haja vista que o acórdão embargado não padece de omissãopassível do manejo da referida peça processual. No supracitado acórdão, verifica-se que foram utilizados, como referencialpara decisão embargada, os laudos periciais presentes às fls. 119/122 e 142/144, os quais se complementam.

Todavia, o laudo pericial determinante para que o pleito autoral fosse indeferido é o que consta às fls. 142/144, haja vistaque o mesmo fundamentou suas conclusões no exame de ressonância magnética de fl. 138, o qual, por sua vez,sedimentou que a embargante não possui incapacidade para o labor.

Desse modo, não cabe a alegação da embargante de que o laudo pericial apontou sua incapacidade, tendo em vista que osegundo laudo apontou com veemência que a mesma possuía incapacidade para o trabalho, de forma a não haveromissão no julgado embargado.

Quanto à alegação de que o INSS reconheceu a incapacidade da embargante, tem-se que tal alegação procede. Ocorreque, de todo modo, a embargante não faz jus ao benefício pleiteado, tendo em vista que a mesma não possuía a qualidadede segurada da Previdência Social. Na verdade, a embargante teve o recebimento do benefício cessado em 05 de marçode 2004 (fl. 113). Após os doze meses do período de graça, esta não contribuiu para a Previdência Social (fls. 173-174), deforma a não fazer jus ao benefício. Sendo assim, a alegação supracitada não tem o condão de modificar o acórdãoembargado, não tendo havido omissão por parte deste quando de sua confecção.

Por fim, quanto à alegação de que o auxílio-doença somente pode ser cessado após o processo de reabilitação, tem-seque tal alegação também carece de procedência, haja vista que, tendo sido verificado, pela autarquia previdenciária, que obeneficiário não mais se encontra incapacitado, o benefício pode ser cessado, não sendo obrigatória, em todos os casos, areabilitação profissional, quando se verifica, no exame periódico feito pelo INSS, que o referido beneficiário não mais

necessita receber o benefício.

Sendo assim, considerando que as alegações elencadas pela embargante não propiciaram a alteração do julgado, hajavista não ter havido omissão no acórdão embargado, deve o mesmo ser rejeitado.

Vale frisar que não houve violação a qualquer dispositivo constitucional ou legal quando da confecção do acórdãoembargado, em especial dos artigos 62, 89 e 92 da Lei 8.213/91. Vale frisar ainda que o próprio artigo 92 traz oentendimento de que o beneficiário pode atuar em outra atividade que não a da reabilitação, o que leva ao raciocínio deque, estando o mencionado beneficiário capacitado para o exercício de qualquer atividade (e esta foi a conclusão do INSSà época da cessação do benefício), o mesmo poderá exercê-la, sendo então o benefício cessado, sem a necessidade dereabilitação.

Embargos de declaração não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, restando demonstradatão-somente a inconformidade da embargante com o provimento jurisdicional. Os embargos de declaração, insta frisar, nãoconstituem meio hábil para a defesa de teses inerentes ao processo.

Embargos de declaração rejeitados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

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9 - 2009.50.51.000651-5/01 OSNEIA JOSE ALVES CARDOSO (ADVOGADO: MARILENA MIGNONE RIOS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DAMÃE EM RELAÇÃO À FILHA, ASSISTÊNCIA MATERIAL. MERA COLABORAÇÃO. RECURSO MIPROVIDO.Os pais podem ser beneficiários do Regime Geral de Previdência Social na condição de dependentes do segurado, masprecisam comprovar a dependência econômica em relação ao segurado.A dependência econômica só se configura quando o instituidor da pensão contribua de forma decisiva para a manutençãodo dependente, quando a assistência financeira prestada pelo segurado falecido seja imprescindível para garantir asubsistência do dependente. Se a cessação da assistência financeira apenas reduz o padrão de vida do assistido, semcomprometer decisivamente a manutenção da subsistência, não há dependência econômica.Diferença entre dependência econômica e mero auxílio financeiro: na primeira, a cessação da assistência financeiraimplica, para a mãe (não obstante os rendimentos próprios desta pessoa), privação total ou parcial da satisfação denecessidades básicas; na segunda, a cessação importa apenas redução no padrão de vida, sem comprometimento dasnecessidades básicas.A filha faleceu em 2008. Na época, a recorrente trabalhava como gari na prefeitura municipal auferindo remuneraçãomensal equivalente a um salário mínimo. Além disso, conforme confessou em depoimento pessoal, o ex-marido pagava R$150,00 a título de pensão alimentícia para uma filha menor. A recorrente alegou que junto consigo vivia um afilhadoportador do vírus HIV, mas admitiu no depoimento pessoal que ele também trabalhava como gari. A filha falecida eraempregada doméstica.A prova testemunhal não comprovou que a assistência material prestada pela filha era indispensável à subsistência darecorrente. Foi ouvida uma única testemunha, que, de relevante, limitou-se a declarar vagamente que era a filha quemsustentava a casa. Entretanto, a testemunha não detalhou fatos que justificassem a insuficiência dos rendimentos da mãepara assegurar o próprio sustento.A assistência material prestada pelo filho, no máximo, concorria para elevar o padrão de vida da recorrente. Meracolaboração para o orçamento familiar não é suficiente para qualificar o filho como arrimo de família. “A ajuda dos filhosnas despesas da casa configura comportamento normal que se espera em relação ao vinculo aqui existente, no entanto,disso não pode se extrair que toda ajuda prestada pelos filhos aos seus pais geraria a dependência desses em relaçãoàqueles.” (Turma Nacional de Uniformização dos JEFs – PU 2002.61.84.0067742 - DJU 15/05/2006 – voto da Juíza

Federal Renata Andrade Lotufo).A filha tinha apenas 24 anos de idade quando faleceu. “Nesses casos, em que a mãe do falecido possui renda própria, ofalecido era jovem e a tendência seria constituir a sua própria família, não resta caracterizada a dependência econômicadela em relação a ele” (TRF 4ª Região, AC 2009.70.99.0018264, DJU 17/08/2009).Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, está isenta de custas e de honorários advocatícios por serbeneficiária da assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

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10 - 2008.50.51.000077-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MICHELI JESUS VIEIRADE MELO.) x ANTONIO MARTINHO GUIZZARDI (ADVOGADO: ELIAS ASSAD NETO.).Processo nº 2008.50.51.000077-6/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS

Recorrida : ANTONIO MARTINHO GUIZZARDI

E M E N T ARECURSO INOMINADO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE VERIFICADA APÓS INGRESSO AOSISTEMA PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO A PARTIR DO INTERROMPIMENTOADMINISTRATIVO – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente o pedidoautoral, determinando o restabelecimento do benefício de aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suasrazões recursais, que o recorrido já se encontrava incapaz no momento em que ingressou ao sistema previdenciário,sendo que o jusperito baseou suas respostas acerca da data de início da incapacidade nos dados colhidos quando oficioucomo perito do INSS, o que compromete a legitimidade da conclusão, por ausência, nos autos, de documentação nessesentido.

2. A aposentadoria por invalidez, por força no disposto no art. 42 do mesmo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida,quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, forconsiderado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, eser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. A autarquia previdenciária, em sede de contestação, aduziu que o recorrido, além de não estar incapacitado para o seulabor, perdeu a qualidade de segurado, posto que a sua última contribuição havia sido realizada em 30.06.1997, sendo quea doença foi preexistente ao seu reingresso no Regime Geral da Previdência Social, considerando que voltou a contribuirsomente em 01.01.2004 e a data de início da doença/incapacidade foi fixada em 28.04.2003.

4. A sentença guerreada, por seu turno, consignou que o cumprimento do período de carência e a qualidade de seguradosão fatos incontroversos. Isso porque o próprio INSS concedeu auxílio-doença à parte recorrida no período de 12.08.2004a 30.08.2004, sendo este transformado em aposentadoria por invalidez no período de 30.08.2004 a 31.12.2005.

5. Por certo, a filiação como contribuinte individual após o surgimento da incapacidade impede a concessão do benefício,conforme preceituado no artigo 42, § 2º, da Lei nº 8.213/91. Todavia, pelo mesmo motivo anterior, também não há que sefalar que o recorrido ingressou na Previdência Social já incapaz, mesmo porque consta, nos autos, que este contribuiu nosperíodos de 01/2004 a 05/2004 e o perito fixou sua incapacidade em 12.08.2004 (fls. 101 e 117), momento em que aautarquia previdenciária lhe concedeu o benefício de auxílio-doença. Vale apontar que a autarquia previdenciária nãocomprovou que a moléstia verificada para concessão da aposentadoria por invalidez corresponde exatamente àquelaverificada em 2003, por meio de atestado médico para concessão de benefício assistencial, o que afasta a alegação deque a incapacidade iniciou desde aquela época, quando o recorrido não possuía ainda a qualidade de segurado.

6. Registre-se que não há óbice para que o profissional que atuou na perícia administrativa seja o mesmo que irá atuar naperícia judicial, posto que não caracteriza hipótese de suspeição/impedimento. Diferentemente, seria o caso de o perito

judicial ter atuado como médico particular da parte pericianda, o que não se verificou na hipótese.

7. É bom que se esclareça também que a perícia é prova técnica indispensável que deve se constituir em avaliaçãocriteriosa e completa (apresentação e qualificação do paciente; histórico da doença; respostas aos quesitos com base emtodos os documentos apresentados, tais como resultados de exames, prontuários, atestados e prescrições médicas dentreos mais comuns; e prognóstico da doença, considerando a ocupação habitual e as passíveis de exercício pelo periciando),pois, do contrário, não cumpre sua finalidade, qual seja, a de instrução da causa, sedo certo que eventual omissão dolaudo não impede o prosseguimento do feito, e tampouco a prolação da decisão judicial. Isso porque, além dapossibilidade de realização de nova perícia (arts. 437 e 438 do CPC), é dever do juiz a apreciação de todas as demaisprovas (art. 427 do CPC), as quais podem ser responsáveis por complementar a prova técnica, por reforçá-la, ou, ainda,por afastá-la. O necessário, de qualquer modo, é apreciar todas as provas existentes aos autos para, ao final, possibilitar alegítima formação da convicção do julgador, a ser exposta em decisão judicial devidamente fundamentada - o queefetivamente ocorreu nos autos.

8. Cumpre registrar também que, conforme a jurisprudência, o termo inicial do benefício deve ser a data da concessãoadministrativa anterior de benefício por incapacidade, como é o caso dos autos.

9. Recurso ao qual se nega provimento.

10. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Condenação do INSS ao pagamento de honoráriosadvocatícios no montante de R$ 500,00 (quinhentos reais), nos termos do artigo 20, § 4º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

11 - 2009.50.53.000406-8/01 JARCI BARCELOS LOPES (ADVOGADO: NADJA MARIA DE VALOIS FERNANDES.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. ÓBITO ANTERIOR À LEI 8.213/91. MARIDO NÃO INVÁLIDO. FALTA DEQUALIDADE DE DEPENDENTE. RECURSO IMPROVIDO.O direito à pensão por morte é regulado pela legislação vigente na época do óbito do segurado. A esposa do recorrentefaleceu em 11/10/1988. Naquela época, ainda estavam em vigor a Lei nº 3.807/60 (art. 11, I) e o Decreto nº 89.312/84,segundo os quais o marido só era considerado dependente da esposa, para fins previdenciários, quando inválido. Como orecorrente não alegou ser inválido, não se qualificava como dependente da segurada.O art. 201, V, da Constituição Federal, que equipara homem e mulher para efeito de concessão de pensão por morte, nãotem aplicabilidade imediata, pois faz remissão aos “termos da lei”. A inclusão do marido no elenco dos dependentes desegurado dependia de lei específica. Precedentes do STF (AI-AgR 502392, RE-ED 195898, RE-AgR 429931, AI-AgR465650, RE-AgR 387416).

A Lei nº 8.213/91, que considera o cônjuge do sexo masculino como dependente do segurado independentemente dequalquer condição (art. 16, I), não pode ser aplicada retroativamente. Como a segurada morreu antes de essa lei entrar emvigor, o recorrente não adquiriu a qualidade de dependente.Recurso improvido. O recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios por ser beneficiárioda assistência judiciária gratuita.

.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

12 - 2008.50.50.006491-5/01 MARIA DA PENHA RIBEIRO DA VICTÓRIA (ADVOGADO: ADMAR JOSE CORREA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. PRINCÍPIO CONSTITUCIONALDA PROPORCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE.A perda da qualidade de segurado é fato incontroverso: as contribuições cessaram cinco anos antes do falecimento do decujus. A recorrente, porém, invoca o princípio constitucional da proporcionalidade para respaldar a aplicação do art. 102, §2º, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual a pensão por morte pode ser concedida aos dependentes do segurado que falecerapós a perda da qualidade de segurado, desde que ele tenha preenchido os requisitos para se aposentar. Sustentou serirrazoável negar a pensão por morte aos dependentes de segurado que recolheu contribuições durante mais de dez anos,se essa mesma pensão pode ser deferida aos dependentes de segurado que tenha recolhido uma única contribuiçãomensal.Tradicionalmente, existem no mundo dois regimes previdenciários. O regime de capitalização baseia-se na individualidade.Cada segurado contribui exclusivamente para o seu próprio benefício futuro, com precisa correspondência entre o custeioe o benefício de cada um. Por outro lado, o regime de repartição caracteriza-se pela solidariedade entre os segurados dosistema, ou seja, os segurados em atividade contribuem para o pagamento dos benefícios do grupo de segurados eminatividade. Sob o ponto de vista individual, não há neste regime nenhuma garantia de equivalência entre custeio ebenefício. Assim, o segurado que recolhe poucas contribuições, mas completa todos os requisitos previstos em lei,assegura direito a uma prestação previdenciária; mas o segurado que recolhe muitas contribuições e perde o vínculo como regime previdenciário antes de preencher os requisitos para assegurar direito a alguma prestação previdenciária, nãoconquista nenhuma vantagem. A previdência social pública brasileira segue o regime de repartição, e não o regime decapitalização. Logo, é irrelevante que o marido da recorrente tenha recolhido muitas contribuições, se na data do fatogerador da pensão por morte ele não mais estava vinculado ao Regime Geral de Previdência Social, nem tinha direitoadquirido a qualquer aposentadoria. Afastada a argüição de ofensa ao princípio constitucional da proporcionalidade.A seguridade social é informada pelo princípio da seletividade (art. 194, parágrafo único, inciso III, da ConstituiçãoFederal), segundo o qual “a seleção (escolha) das prestações vai ser feita de acordo com as possibilidadeseconômico-financeiras do sistema da seguridade social” (MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 15ª ed.São Paulo: Atlas, 2001. p. 76). Cabe à lei eleger as situações que mereçam proteção previdenciária, de acordo com adisponibilidade orçamentária. Por conseguinte, o art. 102, § 2º, da Lei nº 8.213/91, ao vedar a concessão de pensão pormorte aos dependentes do segurado que falecer após a perda dessa qualidade, não contraria a Constituição Federal.Impertinência da aplicação do princípio da proporcionalidade.O art. 3º da Lei nº 10.666/2003 ressalva que a perda da qualidade de segurado deve ser desconsiderada para a concessãode aposentadorias especial, por tempo de contribuição e por idade. Trata-se de situações em que todos os requisitos paraa concessão do benefício se aperfeiçoam antes da perda da qualidade de segurado. Falta similitude com a hipótese deconcessão de pensão por morte, quando um dos requisitos, o óbito, ocorre em instante no qual o segurado já não maisconserva tal qualidade. Afastada a aplicação da norma por analogia.Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, está isenta de custas e de honorários advocatícios por serbeneficiária da assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

13 - 2009.50.51.000825-1/01 ADELIA GIUBINI MOREIRA (ADVOGADO: ARMANDO VEIGA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DAMÃE EM RELAÇÃO AO FILHO. MERA COLABORAÇÃO PARA ORÇAMENTO FAMILIAR. RECURSO IMPROVIDO.Os pais podem ser beneficiários do Regime Geral de Previdência Social na condição de dependentes do segurado, masprecisam comprovar a dependência econômica em relação ao segurado.A dependência econômica só se configura quando o instituidor da pensão contribua de forma decisiva para a manutenção

do dependente, quando a assistência financeira prestada pelo segurado falecido seja imprescindível para garantir asubsistência do dependente. Se a cessação da assistência financeira apenas reduz o padrão de vida do assistido, semcomprometer decisivamente a manutenção da subsistência, não há dependência econômica.Diferença entre dependência econômica e mero auxílio financeiro: na primeira, a cessação da assistência financeiraimplica, para a mãe (não obstante os rendimentos próprios desta pessoa), privação total ou parcial da satisfação denecessidades básicas; na segunda, a cessação importa apenas redução no padrão de vida, sem comprometimento dasnecessidades básicas.A recorrente tinha 67 anos de idade em 2006, quando o filho faleceu. Era trabalhadora rural e recebe aposentadoria poridade, em valor equivalente a um salário mínimo, desde 1994. Também recebe pensão por morte deixada pelo maridodesde 2003, com renda mensal equivalente a R$ 707,06 em 2009. Em depoimento pessoal, a recorrente alegou que aaposentadoria havia sido cancelada depois que começou a receber pensão por morte, mas os documentos exibidos peloINSS a desmentiram, demonstrando a percepção cumulativa dos benefícios.A única testemunha ouvida em juízo declarou que o filho falecido morava junto com a recorrente e que era ele quemsustentava a casa. Entretanto, a recorrente admitiu no depoimento pessoal que o filho trabalhava em uma padaria erecebia remuneração próxima de um salário mínimo. Se a remuneração do filho era inferior à metade dos rendimentos damãe, não podia ser ele o responsável pelo provimento das despesas do lar.A assistência material prestada pelo filho, no máximo, concorria para elevar o padrão de vida da recorrente. Meracolaboração para o orçamento familiar não é suficiente para qualificar o filho como arrimo de família. “A ajuda dos filhosnas despesas da casa configura comportamento normal que se espera em relação ao vinculo aqui existente, no entanto,disso não pode se extrair que toda ajuda prestada pelos filhos aos seus pais geraria a dependência desses em relaçãoàqueles.” (Turma Nacional de Uniformização dos JEFs – PU 2002.61.84.0067742 - DJU 15/05/2006 – voto da JuízaFederal Renata Andrade Lotufo).Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, está isenta de custas e de honorários advocatícios por serbeneficiária da assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

14 - 2007.50.51.001963-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DOESPÍRITO SANTO.) x CREUSIANE NASCIMENTO PESSANHA REP. POR CREUZENI NASCIMENTO SILVA xADEMILTON NASCIMENTO PESSANHA REP. POR CREUZENI NASCIMENTO SILVA (ADVOGADO: PRISCILA PERIMGAVA.) x CREUZENI NASCIMENTO SILVA.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DAINCAPACIDADE PARA O TRABALHO NO PERÍODO POSTERIOR À CESSAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES.O instituidor da pensão, companheiro da recorrida, recebeu auxílio-doença até 31/08/2002. A partir daí transcorreu períodode graça de doze meses, conforme art. 15, II, da Lei nº 8.213/91. A perda da qualidade de segurado ocorreu em16/10/2003. O companheiro faleceu em 09/11/2003.Não perde a qualidade de segurado quem fica impossibilitado de trabalhar e de contribuir por motivo de doençaincapacitante. Ocorre que não há prova de que o companheiro da recorrida tenha persistido incapacitado para o trabalhodesde a data da cessação do auxílio-doença. O auxílio-doença mantido no período de 05/04/2002 a 31/08/2002 foijustificado pela perícia médica do INSS com o diagnóstico de erupção de pele (fl. 134). Após esse fato, só há prova de queo companheiro voltou a ficar incapacitado para o trabalho quando recebeu atendimento médico de urgência em 30/10/2003(fl. 72), ficando internado em hospital no período de 05/11/2003 até a véspera do óbito com diagnóstico de encefalite aguda(fl. 125). Como as doenças diagnosticadas na época da concessão do auxílio-doença e na véspera do óbito nãocoincidiam, a sentença recorrida não dispunha de subsídios para presumir que o estado de incapacidade para o trabalhopersistiu ininterruptamente.Cabia à recorrida o ônus de produzir prova tendente a demonstrar que o companheiro estava incapacitado para o trabalhono período compreendido entre a cessação do auxílio-doença e o óbito. Nenhum atestado médico ou qualquer outrodocumento foi apresentado para esclarecer o fato.A pensão por morte é devida ao conjunto de dependentes do segurado que falecer. Se o companheiro da recorrida, nadata do falecimento, já havia perdido a qualidade de segurado, seus dependentes não têm direito à proteçãoprevidenciária.Recurso provido para reformar a sentença, julgando improcedente o pedido deduzido na petição inicial. Tutela antecipadarevogada sem efeitos retroativos, conforme precedentes do Superior Tribunal de Justiça.Só há condenação em custas e honorários advocatícios quando o vencido é o recorrente (art. 55, caput, segunda parte, daLei nº 9.099/95). Descartada a condenação do recorrido sucumbente a pagar as verbas de sucumbência.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar provimento ao recurso.

15 - 2009.50.50.002546-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DASILVEIRA.) x MARIA ZILDA PEREIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).

E M E N T A

PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA EXTRA PETITA. NULIDADE. RECURSO PROVIDO PARA ANULAR A SENTENÇA NAPARTE EM QUE DETERMINOU O RESTABELECIMENTO DA RENDA MENSAL DA PENSÃO POR MORTE.Em processo anterior, instaurado em 2003, o INSS foi condenado por sentença passada em julgado a revisar a RMI dapensão por morte como reflexo da aplicação do índice de variação nominal da ORTN/OTN aos salários-de-contribuiçãoapurados na concessão da aposentadoria-base. Posteriormente, o INSS efetuou revisão administrativa da pensão pormorte, reduzindo o valor da renda mensal e cobrando a restituição de diferenças recebidas a maior. A presente demandajudicial foi proposta com o único objetivo de condenar o INSS a se abster de cobrar os valores recebidos, em razão danatureza alimentar. A sentença, porém, extrapolou os limites objetivos da lide, condenando o INSS a restabelecer a rendamensal da pensão por morte anterior à revisão administrativa. A sentença extra petita é nula por contrariar os artigos 128 e460 do CPC.Recurso provido para anular a sentença na parte em que determinou o restabelecimento da renda mensal da pensão pormorte. Mantém-se a sentença apenas na parte em que declarou a inexistência de débito.Só há condenação em custas e honorários advocatícios quando o vencido é o recorrente (art. 55, caput, segunda parte, daLei nº 9.099/95). Descartada a condenação do recorrido sucumbente a pagar as verbas de sucumbência.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar provimento ao recurso.

16 - 2009.50.53.000264-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITEVIEIRA.) x DEMARCOS AZEREDO CORDEIRO (ADVOGADO: TERESA CRISTINA SOUSA FERNANDES, WANESSAALDRIGUES CANDIDO.) x OS MESMOS.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. TRANSFORMAÇÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO EMAPOSENTADORIA ESPECIAL. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO.IMPUGNAÇÃO À ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. Em contrarrazões ao recurso do autor, o INSS impugnou aconcessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, alegando que o autor recebe aposentadoria com renda superiora R$ 2.000,00, não sendo pobre para os fins da lei. É intempestiva a impugnação ao requerimento de justiça gratuita.Ademais, as contrarrazões de recurso inominado não se revelam meio adequado de impugnação. Questão processualrejeitada.COISA JULGADA MATERIAL. PRESSUPOSTO PROCESSUAL NEGATIVO. NULIDADE ABSOLUTA DA SENTENÇA. NoProcesso nº 2004.50.50.006505-7, a sentença reconheceu direito à conversão de tempo especial em comum referente aosseguintes períodos: 16/07/1973 a 25/01/1974; 24/01/1979 a 28/05/1998 (fl. 115). Quanto ao período de 29/05/1998 a15/12/1998, a motivação da sentença reconheceu tempo especial, mas afastou a possibilidade de conversão em tempocomum. Na parte dispositiva, porém, não se manifestou sobre o período, razão pela qual não foi formada coisa julgadamaterial nesse ponto. Quanto ao enquadramento de atividade especial no período posterior a 16/12/1998, a sentença nãose manifestou, porque essa questão não integrava o pedido deduzido em juízo (fl. 115). Logo, também não se formoucoisa julgada nesse ponto. O primeiro processo condenou o INSS a conceder aposentadoria por tempo de contribuição. Oautor propôs a segunda demanda visando à transformação daquela espécie de benefício em aposentadoria especial, pois,com o reconhecimento de atividade especial no período de 06/03/1997 a 31/12/2003, o autor teria completado 25 anos deatividade especial. Quanto ao período de 06/03/1997 a 28/05/1998, já havia sido formada coisa julgada material, mas emsentido favorável ao autor. Quanto ao período de 29/05/1998 a 31/12/2003, a sentença transitada em julgado não emitiunenhum provimento, razão pela qual a discussão da questão é livre. Questão processual rejeitada.SENTENÇA ULTRA PETITA. Na petição inicial, foi deduzido pedido de enquadramento de atividade especial no período de06/03/1997 a 31/12/2003, para efeito de transformação da aposentadoria por tempo de contribuição em aposentadoriaespecial. O INSS alegou que a sentença extrapolou os limites da lide por ter determinado a contagem especial de diversosoutros períodos não abrangidos no lapso temporal fixado pelo autor. Ocorre que, na causa de pedir, a petição inicial aludiuà contagem especial dos períodos que já haviam sido reconhecidos na sentença passada em julgado como trabalhadosem condição especial (fl. 4, item 1; fl. 122). Por isso, a motivação da sentença, ao computar os períodos de atividadeespecial anteriores a 06/03/1997 (fl. 140), não extrapolou os limites objetivos da lide. Questão processual rejeitada.AVERBAÇÃO DO PERÍODO DE TRABALHO NA COMPANHIA UNIÃO MANUFATURA DE TECIDOS. AUSÊNCIA DELAUDO TÉCNICO PARA COMPROVAÇÃO DE EXPOSIÇÃO A RUÍDO. A sentença transitada em julgado no Processo nº2004.50.50.006505-7 reconheceu, sob o manto da coisa julgada, o trabalho sob condições especiais nesses períodos. Aquestão tornou-se insuscetível de discussão.RECURSO DO AUTOR. FIXAÇÃO DA DIB DA APOSENTADORIA ESPECIAL. A sentença recorrida condenou o INSS aconverter a aposentadoria por tempo de contribuição em aposentadoria especial, mas fixou a DIB na data do ajuizamentoda ação. O autor pediu a reforma da sentença, a fim de que a DIB fosse antecipada para 31/12/2003, data em que foramcompletados 25 anos de atividade especial. Uma vez reconhecido que todos os requisitos para deferimento deaposentadoria especial haviam sido completados antes do requerimento administrativo, os efeitos financeiros decorrentesda concessão do benefício devem retroagir até a data de entrada do requerimento. Não há razão para limitar os efeitos

financeiros à data de ajuizamento da ação. A sentença condenatória é imbuída de eficácia ex tunc, ou seja, seus efeitosretroagem ao momento da lesão. A data de início do benefício, porém, não pode ser anterior à data de entrada dorequerimento administrativo, ainda que os requisitos estivessem completados em instante anterior.Recurso do INSS improvido. Recurso do autor parcialmente provido para reformar a sentença, fixando a DIB daaposentadoria especial em 27/04/2004. Considerando que a sucumbência do autor é ínfima, o INSS deve responder porinteiro pelas despesas do processo (art. 21, parágrafo único, do CPC). Condeno-o em honorários advocatícios arbitradosem 10% do valor da condenação. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso do INSS e dar parcial provimento ao recurso do autor.

17 - 2008.50.50.006013-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos FigueredoMarçal.) x JOSE FERNANDO CUNHA COSTA (ADVOGADO: CAMILA DE JESUS FIGUEIRAUJO.).E M E N T A

POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DE TEMPO COMUM EM ESPECIAL. O INSS alegou que a Lei nº 8.213/91, com aredação conferida pela Lei nº 9.032/95, somente permite a conversão de atividade especial em comum, e não o contrário.O art. 57, § 3º da Lei nº 8.213/91, na sua redação original, admitia a conversão de tempo de atividade comum em especialpara fim de concessão de aposentadoria especial. O direito à conversão só foi abolido a partir de 29/04/1995, quandoentrou em vigor a Lei nº 9.032/95, que modificou a redação do citado dispositivo da Lei nº 8.213/91. A sentença recorridaconverteu em especial somente atividade comum exercida até 1983, época em que ainda havia suporte legal para aconversão de tempo comum em especial. O direito à conversão é regulado pela legislação vigente na época do exercícioda atividade, conforme jurisprudência pacífica.TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA. A sentença fixou o termo inicial a data da decisão que indeferiu o requerimentoadministrativo. Os juros moratórios só começam a correr a partir do momento em que o devedor é constituído em mora.Não existe lei que eleja o requerimento administrativo como instrumento de constituição em mora. De acordo com o art.219 do CPC, é a citação válida que constitui em mora o devedor. Aplicação da Súmula 204 do STJ: “Os juros de mora nasações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”.JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA. CONDENAÇÃO CONTRA FAZENDA PÚBLICA. LEI NOVA. NORMAESPECIAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. A sentença condenou o INSS EM juros de mora à taxa de 1% ao mês. A Lei nº11.960/2009, porém, modificou a redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, passando a dispor em todas as condenaçõesimpostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração docapital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Essa lei nova tem aplicação imediata sobre os processospendentes (Precedente: STF - RE 559.445 – Rel. Ellen Gracie – DJe 10/06/2009). Assim, até 30/06/2009, dia de início davigência da lei nova, a correção monetária segue a tabela de precatórios da justiça federal, e os juros moratórios seguem ataxa de 1% ao mês a partir da citação. A partir de 30/06/2009, para efeito de correção monetária e de juros de mora,aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, fixando o termo inicial dos juros de mora na data da citação eestipulando que os juros de mora e a correção monetária, a partir de 30/06/2009, devem seguir os índices oficiais deremuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

18 - 2008.50.52.000357-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHANDE ALMEIDA.) x EDMAR FERREIRA DE CARVALHO (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. RUÍDO. EPI EFICAZ. IRRELEVÂNCIA. SÚMULA Nº 9 DA TNU.IMPOSSIBILIDADE DE RECEBIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA A APOSENTADO. COMPENSAÇÃO.A sentença recorrida reconheceu atividade especial por exposição ao ruído. O PPP relatou utilização de EPI eficaz. A meradisponibilidade de equipamento de proteção individual é irrelevante, porque, segundo a jurisprudência dominante, aindaque o EPI elimine a insalubridade no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o enquadramento da atividadeespecial. Aplicação da Súmula nº 9 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Ressalvadoponto de vista pessoal do relator em sentido contrário.A sentença condenou o INSS a conceder aposentadoria com efeitos financeiros retroativos a 04/06/2008. Entretanto, orecorrido gozou auxílio-doença nos seguintes períodos: 30/06/2009 a 25/01/2010 e 26/01/2010 a 30/04/2010 (fls. 158/159).Depois da concessão da aposentadoria, o beneficiário não tem direito a auxílio-doença. Segundo art. 18, § 2º, da Lei nº8.213/91, o aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social que permanecer em atividade sujeita a esse regime, ou aele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao

salário-família e à reabilitação profissional. Como os efeitos financeiros da aposentadoria retroagiram a instante anterior aogozo do benefício por incapacidade, os respectivos proventos deverão ser compensados no montante do crédito deprestações vencidas da aposentadoria.Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, ressalvando o direito do INSS em compensar, no montante docrédito de prestações vencidas da aposentadoria, o valor correspondente ao somatório de proventos de auxílio-doençareferentes aos períodos de 30/06/2009 a 25/01/2010 e de 26/01/2010 a 30/04/2010.Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

19 - 2007.50.50.011782-4/01 GILMAR ANTONIO PISA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. EXPOSIÇÃO A HIDROCARBONETOS. PPP. AUSÊNCIA DECOMPROVAÇÃO DA HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.O Perfil Profissiográfico Previdenciário relata que o recorrente exerceu a função de trocador de óleo em posto de gasolinaem diversos períodos. A função consistia em verificar e trocar óleo lubrificante de veículos automotores. O agente nocivo aque o autor se expunha eram derivados de petróleo. Em contrapartida, a CTPS atribui ao recorrente cargo genérico deauxiliar de posto, que permite inferir que ao recorrente cabiam atribuições diversas no ambiente de trabalho. Asinformações vagas prestadas pelo PPP não comprovam que a exposição a óleo lubrificante era habitual e permanente.Ainda que o documento fosse suficiente para embasar o enquadramento no código 1.2.11 do anexo do Decreto nº53.831/64, este somente poderia abranger as atividades exercidas até 05/03/1997. A partir de 06/03/1997, entrou em vigoro Anexo IV do Decreto nº 2.172/97, que deixou de classificar genericamente os hidrocarbonetos como agente nocivo àsaúde.Recurso improvido. O recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e de honorários advocatícios por serbeneficiário da assistência judiciária gratuita.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

20 - 2008.50.50.000365-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBERDARROZ ROSSONI.) x PAULO CESAR FERREIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. RUÍDO. SUBSTITUIÇÃO DE LAUDO TÉCNICO POR PPP. INDICAÇÃO DENÍVEIS VARIÁVEIS DE RUÍDO. EFICÁCIA DE EPI. LAUDO EXTEMPORÂNEO.A sentença reconheceu condição especial de trabalho em períodos diversos por exposição a ruído em nível equivalentesuperior ao limite de tolerância. A comprovação no nível de pressão sonora foi feita mediante Perfil ProfissiográficoPrevidenciário.O recorrente alegou que a comprovação da exposição ao ruído dependia de exibição de laudo técnico. A exibição do laudotécnico, porém, é dispensável. O PPP é documento suficiente para comprovar a exposição a agente nocivo à saúde,conforme art. 161, § 1º, da Instrução Normativa INSS/PRES nº 20/2007. Como não houve impugnação específica a essedocumento, seu conteúdo presume-se verdadeiro, inclusive no que se refere à indicação de nível equivalente de ruído.O recorrente alegou que havia utilização de EPI eficaz. A mera disponibilidade de equipamento de proteção individual éirrelevante, porque, segundo a jurisprudência dominante, ainda que o EPI elimine a insalubridade no caso de exposição aruído, não descaracteriza o enquadramento da atividade especial. Aplicação da Súmula nº 9 da Turma Nacional deUniformização dos Juizados Especiais Federais. Ressalvado ponto de vista pessoal do relator em sentido contrário.O recorrente alegou que o laudo técnico apenas apontou a média de ruído, omitindo-se em relatar os níveis variáveisdeterminados ao longo da jornada de trabalho. O Perfil Profissiográfico Previdenciário, com efeito, relatou sinteticamente onível equivalente de ruído. O chamado nível equivalente de ruído (LEq) representa a média da pressão sonora a que oempregado fica exposto durante uma jornada diária de oito horas. É como se o empregado estivesse exposto a esse nívelde ruído durante toda a jornada. O nível equivalente de ruído funciona como um valor médio representativo da exposiçãoocupacional, tendo em conta os diversos níveis instantâneos de pressão sonora ocorridos ao longo do período de medição.Se o nível equivalente de ruído é superior ao limite de tolerância, fica caracterizada exposição habitual e permanente aruído.O recorrente alegou que os laudos técnicos são extemporâneos. A data da elaboração dos laudos não foi esclarecida, umavez que somente foram exibidos os Perfis Profissiográficos Previdenciários. A questão, porém, é irrelevante, porque a leinão estipula prazo para elaboração do laudo técnico. Ademais, como as condições do ambiente de trabalho tendem a

aprimorar-se com a evolução tecnológica, é razoável supor que em tempos pretéritos a situação fosse igual ou pior àconstatada na data da avaliação pericial.Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honoráriosadvocatícios, fixados em R$ 500,00 (quinhentos reais). A verba honorária deve ser revertida em favor do fundo destinadoao aparelhamento da Defensoria Pública Federal e à capacitação profissional de seus membros e servidores (art. 4º, XXI,da Lei Complementar nº 80/94, com a redação conferida pela Lei Complementar nº 132/2009).

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

21 - 2007.50.50.001047-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERGANTONIO DA SILVA.) x AMARANTHO WILSON PHILADELPHO LEONCIO (ADVOGADO: JULIO RIBEIRO BRANDAO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUALENQUADRAMENTO DA ATIVIDADE ESPECIAL. NÃO DESCARACTERIZADO. SÚMULA Nº 9 DA TNU.A sentença enquadrou atividade do recorrido no código 1.1.3 do Anexo I do Decreto nº 83.080/79 (radiação ionizante),além de admitir o ruído como agente nocivo. O INSS alegou a falta de comprovação de contato direto e permanente comradiação ionizante. Alegou também que a utilização de EPI eficaz elimina a insalubridade após 18/11/2003 e impede oreconhecimento de trabalho especial desde então.Para o período anterior a 18/11/2003, não há impugnação ao reconhecimento de atividade especial por exposição aoruído. A impugnação envolve apenas o período compreendido entre 18/11/2003 e 21/09/2005. A mera utilização deequipamento de proteção individual é irrelevante, porque, segundo a jurisprudência dominante, ainda que elimine ainsalubridade no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o enquadramento da atividade especial. Aplicação daSúmula nº 9 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Ressalvado ponto de vista pessoal dorelator em sentido contrário. Mantido o enquadramento por exposição a ruído no período posterior a 18/11/2003, édesnecessário analisar a impugnação ao enquadramento por exposição a radiação ionizante.Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honoráriosadvocatícios, fixados em R$ 1.500,00.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

22 - 2009.50.50.001227-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERGANTONIO DA SILVA.) x ANTONIO TENÓRIO VILAÇA (ADVOGADO: PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN, GERALDOBENICIO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. EPI. NEUTRALIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº9 DA TNU.O recorrente alegou que a utilização de EPI eficaz elimina a insalubridade e descaracteriza a condição especial de trabalhoa partir de 18/11/2003. A mera disponibilidade de equipamento de proteção individual é irrelevante, porque, segundo ajurisprudência dominante, ainda que o EPI elimine a insalubridade no caso de exposição a ruído, não descaracteriza oenquadramento da atividade especial. Aplicação da Súmula nº 9 da Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais. Ressalvado ponto de vista pessoal do relator em sentido contrário.Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honoráriosadvocatícios, fixados em cinco por cento do valor da condenação com base no art. 20, § 4º, do CPC.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

23 - 2006.50.51.001320-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta daRocha Rosado.) x MARIA PAIVA COCK (ADVOGADO: CELSO MELLO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. NÚMERO DE CONTRIBUIÇÕES INSUFICIENTE. VALORES

RECOLHIDOS EM ATRASO. APROVEITAMENTO. JUIZO DE EQUIDADE. IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTOS DECOMPETÊNCIAS POSTERIORES. PERIODO DE CARÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES FALTANTES. VALORAÇÃO FLEXÍVEL.EXCEPCIONALIDADE. DEDUÇÃO DO VALOR DO CRÉDITO DE PRESTAÇÕES VENCIDAS DA APOSENTADORIA.RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

24 - 2008.50.52.000353-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITEVIEIRA.) x ESBELTA DO NASCIMENTO FELISDORO (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.CONDIÇÃO DE PROPRIETÁRIO RURAL. INDÍCIO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURÍCOLA. PERÍODO DECARÊNCIA COMPLETADO.A recorrida casou-se em 2002, mas, segundo prova testemunhal, já convivia em união estável com o homem que veio a setornar seu marido desde 1993. O marido aposentou-se como trabalhador rural em 1993. A recorrida completou 55 anos deidade em julho/2005. O marido faleceu em janeiro/2006.Como início de prova material, há apenas documentos que comprovam que o marido da recorrida era proprietário rural. Oimóvel rural foi adquirido em 1986, quando o futuro marido ainda era casado com outra mulher e não tinha relacionamentocom a recorrida. Esse documento, com efeito, não serve como indício de que, em 1986, a recorrida exercia atividade rural,uma vez que o futuro esposo ainda não se relacionava com ela. Entretanto, declaração do ITR referente ao exercício de2002 atesta que o marido, em época na qual já convivia com a recorrida, ainda conservava a propriedade rural (fl. 17). Acondição de proprietário rural (fato secundário) serve de indício de que, como acontece na maioria das vezes, o imóveltenha sido pessoalmente explorado pelo dono e pela família, caracterizando o exercício da atividade rural pelacompanheira ou pela esposa (fato principal). O fato de o esposo ter ficado aposentado desde 1993 não é suficiente pararefutar a possibilidade de a companheira e, depois, esposa ter concorrido na exploração do imóvel rural durante o tempoem que conviveram (1993 a dezembro/2005).A prova testemunhal, embora não tenha revelado maiores detalhes, foi suficiente para demonstrar que a recorrida moravajunto com o companheiro/marido no lugar chamado Córrego da Areia e que lá trabalhava na roça produzindo pimenta, cafée lavoura branca.A comprovação do exercício de atividade rural entre 1993 e 2006 é suficiente para preencher tempo equivalente à carênciada aposentadoria, que, na forma do art. 142 da Lei nº 8.213/91, correspondia a 144 meses para quem, como a recorrida,completou os requisitos para se aposentar em 2005.Recurso improvido. Condenação do INSS em honorários advocatícios, arbitrados em 10% do valor da condenação.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

25 - 2009.50.54.000329-2/01 ALVINA STRELOW EQUER (ADVOGADO: DAVID GUERRA FELIPE.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. CERTIDÃO DECASAMENTO. ATIVIDADE RURAL DESCONTÍNUA. VÍNCULO URBANO DA RECORRENTE E SEU CÔNJUGE. CURTOPERÍODO. NÃO DESCARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL. RECURSO PROVIDO.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar provimento ao recurso.

26 - 2008.50.50.000511-0/01 ALESSANDRA DOS SANTOS ANTONIO E OUTROS (ADVOGADO: ADMAR JOSECORREA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. REQUISITO DE BAIXA RENDA. SELETIVIDADE RELACIONADA AOSEGURADO.O auxílio-reclusão é benefício previdenciário devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão. O art. 201, IV, daConstituição Federal, com a redação determinada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, prevê a concessão do

auxílio-reclusão exclusivamente “para os dependentes dos segurados de baixa renda”.O Supremo Tribunal Federal decidiu que o requisito da “baixa renda” está ligado ao segurado, e não aos dependentes.Aplicou-se a interpretação literal e teleológica do dispositivo constitucional (REs 587.365 e 486.413).O critério para aferir se o segurado é de “baixa renda” é objetivo: deve levar em conta o último salário-de-contribuição dosegurado, nos termos do artigo 116 do Decreto nº 3.048/99.O segurado foi recolhido à prisão em 25/8/2007. O último salário-de-contribuição, referente a junho/2007, equivalia a R$1.500,40. Na época, o valor máximo do salário-de-contribuição do segurado de baixa renda era fixado em R$ 676,27,conforme Portaria MPS nº 142, de 11/04/2007. Os recorrentes não fazem jus ao auxílio-reclusão, porque a últimaremuneração auferida pelo segurado ultrapassava o limite de baixa renda vigente na época da prisão.Recurso improvido. Os recorrentes, embora sucumbentes, estão isentos de custas e honorários advocatícios, por serembeneficiários da assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

27 - 2009.50.50.002023-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRALVIEIRA.) x TEREZINHA KHETTLEY STTLEISSY DA SILVA MOREIRA (ADVOGADO: IZAEL DE MELLO REZENDE,SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, ANA MERCEDES MILANEZ, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.) xLUZIA FERNANDES DA SILVA.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. REQUISITO DE BAIXA RENDA. SELETIVIDADE RELACIONADA AOSEGURADO.O Supremo Tribunal Federal decidiu que o requisito da “baixa renda” está ligado ao segurado, e não aos dependentes.Aplicou-se a interpretação literal e teleológica do dispositivo constitucional. (REs 587.365 e 486.413).O critério para aferir se o segurado é de “baixa renda” é objetivo. O último salário auferido pelo esposo da recorrenteultrapassava o limite de baixa renda vigente na época da prisão do segurado.O INSS pode cancelar o benefício implantado por força de decisão judicial antecipatória, mas não pode cobrar a restituiçãodos proventos que chegaram a ser pagos, haja vista a natureza alimentar.Recurso provido. Revogada a antecipação de tutela sem efeitos retroativos.Só haveria condenação em honorários advocatícios se o vencido fosse o recorrente (art. 55, caput, segunda parte, da Leinº 9.099/95). Sem custas.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo dar provimento ao recurso.

28 - 2007.50.54.000657-0/02 GEROLINO PACATUBA (ADVOGADO: EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI,LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR:VILMAR LOBO ABDALAH JR..).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PLANO DE SEGURIDADE SOCIAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS(PSS). NÃO INCIDÊNCIA SOBRE ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.A União havia sido condenada a restituir o indébito tributário. A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União,anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com a citação da Funasa. Foi proferida sentença deimprocedência em face da autarquia, que, em contrarrazões ao recurso do autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.Antigamente, o colegiado pressupunha que a autarquia incorporava a seu orçamento o produto da arrecadação dacontribuição para o Plano de Seguridade Social descontada da remuneração dos servidores públicos a ela vinculados. Anova orientação da turma recursal é no sentido de que o produto da arrecadação da contribuição é repassado para oTesouro Nacional, sob a ingerência da União. Prejudicada a aplicação do art. 40, § 20, da Constituição Federal. Mesmoassim, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, na medida em que tem competência para proceder à retençãoda contribuição na fonte. À autarquia caberá não só cessar os descontos como também restituir todos os valores que játenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional, sem prejuízo de ação regressiva contra a União ou de compensaçãoextraprocessual. Considerou-se que a legitimação passiva para a causa é concorrente entre a União e autarquia, podendoo servidor público ajuizar a ação em face de qualquer um dos entes legitimados.A contribuição social para o PSS não se trata de tributo sujeito a lançamento por homologação, porque é descontado emfolha e as operações necessárias para a determinação do valor da obrigação tributária e para o recolhimento do montanteapurado independem do concurso do sujeito passivo. Por conseguinte, aplica-se o art. 168, I, do CTN, sem conjugaçãocom o art. 150, § 4º, do mesmo código.Como o adicional de 1/3 de férias não se incorpora aos proventos do servidor aposentado, a cobrança de contribuiçãoprevidenciária sobre aquela vantagem não implica nenhuma contrapartida da previdência social, transgredindo o princípio

da razoabilidade.O STF já se manifestou pela impossibilidade de incidência de contribuição social sobre adicional de 1/3 de férias nojulgamento do RE 389.903-AgR/DF, que teve como relator o Ministro Eros Grau. Não há que se falar em violação aoprincípio da legalidade (art. 37, caput, da CF), porque o art. 4º, §1º, da Lei nº 10.887/04 está sendo interpretado como rolexemplificativo. Quanto ao princípio da solidariedade, este deve ceder, em ponderação de valores, ante a prevalência doprincípio da razoabilidade.Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objetoa incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela referente ao terço constitucional de férias, condenado aautarquia a cessar os descontos e a restituir todos os valores que já tenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional,respeitada a prescrição quinquenal. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Até 30/06/2009, aplica-se a taxa SELIC.A partir de 30/06/2009, para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

29 - 2007.50.54.000652-1/02 DENILSON CARLOS DO CARMO (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELOMATEDI ALVES, EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI.) x FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA(PROCDOR: FLAVIO TELES FILOGONIO.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PLANO DE SEGURIDADE SOCIAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS(PSS). NÃO INCIDÊNCIA SOBRE ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.A União havia sido condenada a restituir o indébito tributário. A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União,anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com a citação da Funasa. Foi proferida sentença deimprocedência em face da autarquia, que, em contrarrazões ao recurso do autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.Antigamente, o colegiado pressupunha que a autarquia incorporava a seu orçamento o produto da arrecadação dacontribuição para o Plano de Seguridade Social descontada da remuneração dos servidores públicos a ela vinculados. Anova orientação da turma recursal é no sentido de que o produto da arrecadação da contribuição é repassado para oTesouro Nacional, sob a ingerência da União. Prejudicada a aplicação do art. 40, § 20, da Constituição Federal. Mesmoassim, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, na medida em que tem competência para proceder à retençãoda contribuição na fonte. À autarquia caberá não só cessar os descontos como também restituir todos os valores que játenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional, sem prejuízo de ação regressiva contra a União ou de compensaçãoextraprocessual. Considerou-se que a legitimação passiva para a causa é concorrente entre a União e autarquia, podendoo servidor público ajuizar a ação em face de qualquer um dos entes legitimados.A contribuição social para o PSS não se trata de tributo sujeito a lançamento por homologação, porque é descontado emfolha e as operações necessárias para a determinação do valor da obrigação tributária e para o recolhimento do montanteapurado independem do concurso do sujeito passivo. Por conseguinte, aplica-se o art. 168, I, do CTN, sem conjugaçãocom o art. 150, § 4º, do mesmo código.Como o adicional de 1/3 de férias não se incorpora aos proventos do servidor aposentado, a cobrança de contribuiçãoprevidenciária sobre aquela vantagem não implica nenhuma contrapartida da previdência social, transgredindo o princípioda razoabilidade.O STF já se manifestou pela impossibilidade de incidência de contribuição social sobre adicional de 1/3 de férias nojulgamento do RE 389.903-AgR/DF, que teve como relator o Ministro Eros Grau. Não há que se falar em violação aoprincípio da legalidade (art. 37, caput, da CF), porque o art. 4º, §1º, da Lei nº 10.887/04 está sendo interpretado como rolexemplificativo. Quanto ao princípio da solidariedade, este deve ceder, em ponderação de valores, ante a prevalência doprincípio da razoabilidade.Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objetoa incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela referente ao terço constitucional de férias, condenado aautarquia a cessar os descontos e a restituir todos os valores que já tenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional,respeitada a prescrição quinquenal. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Até 30/06/2009, aplica-se a taxa SELIC.A partir de 30/06/2009, para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

30 - 2007.50.54.000661-2/02 EDVALDO PEREIRA CALAES (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, LEONARDOZACHE THOMAZINE, MARCELO MATEDI ALVES, EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI.) x FUNDACAONACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PLANO DE SEGURIDADE SOCIAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS(PSS). NÃO INCIDÊNCIA SOBRE ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.A União havia sido condenada a restituir o indébito tributário. A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União,anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com a citação da Funasa. Foi proferida sentença deimprocedência em face da autarquia, que, em contrarrazões ao recurso do autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.Antigamente, o colegiado pressupunha que a autarquia incorporava a seu orçamento o produto da arrecadação dacontribuição para o Plano de Seguridade Social descontada da remuneração dos servidores públicos a ela vinculados. Anova orientação da turma recursal é no sentido de que o produto da arrecadação da contribuição é repassado para oTesouro Nacional, sob a ingerência da União. Prejudicada a aplicação do art. 40, § 20, da Constituição Federal. Mesmoassim, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, na medida em que tem competência para proceder à retençãoda contribuição na fonte. À autarquia caberá não só cessar os descontos como também restituir todos os valores que játenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional, sem prejuízo de ação regressiva contra a União ou de compensaçãoextraprocessual. Considerou-se que a legitimação passiva para a causa é concorrente entre a União e autarquia, podendoo servidor público ajuizar a ação em face de qualquer um dos entes legitimados.A contribuição social para o PSS não se trata de tributo sujeito a lançamento por homologação, porque é descontado emfolha e as operações necessárias para a determinação do valor da obrigação tributária e para o recolhimento do montanteapurado independem do concurso do sujeito passivo. Por conseguinte, aplica-se o art. 168, I, do CTN, sem conjugaçãocom o art. 150, § 4º, do mesmo código.Como o adicional de 1/3 de férias não se incorpora aos proventos do servidor aposentado, a cobrança de contribuiçãoprevidenciária sobre aquela vantagem não implica nenhuma contrapartida da previdência social, transgredindo o princípioda razoabilidade.O STF já se manifestou pela impossibilidade de incidência de contribuição social sobre adicional de 1/3 de férias nojulgamento do RE 389.903-AgR/DF, que teve como relator o Ministro Eros Grau. Não há que se falar em violação aoprincípio da legalidade (art. 37, caput, da CF), porque o art. 4º, §1º, da Lei nº 10.887/04 está sendo interpretado como rolexemplificativo. Quanto ao princípio da solidariedade, este deve ceder, em ponderação de valores, ante a prevalência doprincípio da razoabilidade.Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objetoa incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela referente ao terço constitucional de férias, condenado aautarquia a cessar os descontos e a restituir todos os valores que já tenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional,respeitada a prescrição quinquenal. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Até 30/06/2009, aplica-se a taxa SELIC.A partir de 30/06/2009, para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

31 - 2007.50.54.000134-1/02 PAULO ROGERIO MANZINI DE SOUZA (ADVOGADO: EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESIRAMACCIOTTI, LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE -FUNASA (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PLANO DE SEGURIDADE SOCIAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS(PSS). NÃO INCIDÊNCIA SOBRE ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.A União havia sido condenada a restituir o indébito tributário. A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União,anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com a citação da Funasa. Foi proferida sentença deimprocedência em face da autarquia, que, em contrarrazões ao recurso do autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.Antigamente, o colegiado pressupunha que a autarquia incorporava a seu orçamento o produto da arrecadação dacontribuição para o Plano de Seguridade Social descontada da remuneração dos servidores públicos a ela vinculados. Anova orientação da turma recursal é no sentido de que o produto da arrecadação da contribuição é repassado para oTesouro Nacional, sob a ingerência da União. Prejudicada a aplicação do art. 40, § 20, da Constituição Federal. Mesmoassim, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, na medida em que tem competência para proceder à retençãoda contribuição na fonte. À autarquia caberá não só cessar os descontos como também restituir todos os valores que játenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional, sem prejuízo de ação regressiva contra a União ou de compensaçãoextraprocessual. Considerou-se que a legitimação passiva para a causa é concorrente entre a União e autarquia, podendoo servidor público ajuizar a ação em face de qualquer um dos entes legitimados.A contribuição social para o PSS não se trata de tributo sujeito a lançamento por homologação, porque é descontado emfolha e as operações necessárias para a determinação do valor da obrigação tributária e para o recolhimento do montanteapurado independem do concurso do sujeito passivo. Por conseguinte, aplica-se o art. 168, I, do CTN, sem conjugaçãocom o art. 150, § 4º, do mesmo código.Como o adicional de 1/3 de férias não se incorpora aos proventos do servidor aposentado, a cobrança de contribuiçãoprevidenciária sobre aquela vantagem não implica nenhuma contrapartida da previdência social, transgredindo o princípioda razoabilidade.O STF já se manifestou pela impossibilidade de incidência de contribuição social sobre adicional de 1/3 de férias no

julgamento do RE 389.903-AgR/DF, que teve como relator o Ministro Eros Grau. Não há que se falar em violação aoprincípio da legalidade (art. 37, caput, da CF), porque o art. 4º, §1º, da Lei nº 10.887/04 está sendo interpretado como rolexemplificativo. Quanto ao princípio da solidariedade, este deve ceder, em ponderação de valores, ante a prevalência doprincípio da razoabilidade.Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objetoa incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela referente ao terço constitucional de férias, condenado aautarquia a cessar os descontos e a restituir todos os valores que já tenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional,respeitada a prescrição quinquenal. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Até 30/06/2009, aplica-se a taxa SELIC.A partir de 30/06/2009, para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

32 - 2007.50.54.000135-3/02 JOSE AILTON PEREIRA (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOLVINHA.) x FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: SHIZUE SOUZA KITAGAWA.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O PLANO DE SEGURIDADE SOCIAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS(PSS). NÃO INCIDÊNCIA SOBRE ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.A União havia sido condenada a restituir o indébito tributário. A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União,anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com a citação da Funasa. Foi proferida sentença deimprocedência em face da autarquia, que, em contrarrazões ao recurso do autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.Antigamente, o colegiado pressupunha que a autarquia incorporava a seu orçamento o produto da arrecadação dacontribuição para o Plano de Seguridade Social descontada da remuneração dos servidores públicos a ela vinculados. Anova orientação da turma recursal é no sentido de que o produto da arrecadação da contribuição é repassado para oTesouro Nacional, sob a ingerência da União. Prejudicada a aplicação do art. 40, § 20, da Constituição Federal. Mesmoassim, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, na medida em que tem competência para proceder à retençãoda contribuição na fonte. À autarquia caberá não só cessar os descontos como também restituir todos os valores que játenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional, sem prejuízo de ação regressiva contra a União ou de compensaçãoextraprocessual. Considerou-se que a legitimação passiva para a causa é concorrente entre a União e autarquia, podendoo servidor público ajuizar a ação em face de qualquer um dos entes legitimados.A contribuição social para o PSS não se trata de tributo sujeito a lançamento por homologação, porque é descontado emfolha e as operações necessárias para a determinação do valor da obrigação tributária e para o recolhimento do montanteapurado independem do concurso do sujeito passivo. Por conseguinte, aplica-se o art. 168, I, do CTN, sem conjugaçãocom o art. 150, § 4º, do mesmo código.Como o adicional de 1/3 de férias não se incorpora aos proventos do servidor aposentado, a cobrança de contribuiçãoprevidenciária sobre aquela vantagem não implica nenhuma contrapartida da previdência social, transgredindo o princípioda razoabilidade.O STF já se manifestou pela impossibilidade de incidência de contribuição social sobre adicional de 1/3 de férias nojulgamento do RE 389.903-AgR/DF, que teve como relator o Ministro Eros Grau. Não há que se falar em violação aoprincípio da legalidade (art. 37, caput, da CF), porque o art. 4º, §1º, da Lei nº 10.887/04 está sendo interpretado como rolexemplificativo. Quanto ao princípio da solidariedade, este deve ceder, em ponderação de valores, ante a prevalência doprincípio da razoabilidade.Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objetoa incidência de contribuição previdenciária sobre a parcela referente ao terço constitucional de férias, condenado aautarquia a cessar os descontos e a restituir todos os valores que já tenham sido arrecadados ao Tesouro Nacional,respeitada a prescrição quinquenal. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Até 30/06/2009, aplica-se a taxa SELIC.A partir de 30/06/2009, para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

33 - 2008.50.50.007484-2/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x THEREZA CRISTINA N.COELHO MARINHO.E M E N T A

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO-INCIDÊNCIA DOTRIBUTO. RECURSO IMPROVIDO.O art. 54, IV, da Lei nº 8.069/90 dispõe que é dever do Estado o atendimento em creches e pré-escolas às crianças dezero a seis anos de idade. Regulamentando essa norma jurídica em relação aos servidores públicos federais, o art. 7º do

Decreto nº 977/93 estatui que a “assistência pré-escolar poderá ser prestada nas modalidades de assistência direta,através de creches próprias, e indireta, através de auxílio pré-escolar, que consiste em valor expresso em moeda referenteao mês em curso, que o servidor receberá do órgão ou entidade”. O pagamento em pecúnia do auxílio-creche substitui aprestação direta, que deveria ocorrer mediante a criação de berçários, jardins de infância e pré-escolas. Trata-se, pois, deverba de natureza indenizatória.O auxílio-creche não importa acréscimo patrimonial, mas apenas recompõe o valor antecipadamente desembolsado parapagamento de despesas. Logo, não �pode se ajustar à hipótese de incidência do imposto de renda, tal qual delimitadapelo art. 43 do Código Tributário Nacional.Não se trata de isenção, mas de não-incidência de tributo. Por isso, é impertinente a argüição de transgressão ao artigo153, III, § 2º, I, da Constituição Federal, assim como ao artigo 111, II do Código Tributário Nacional.A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça considera que “a verba decorrente do recebimento de auxílio-creche, porpossuir natureza indenizatória, não é passível de incidência de imposto de renda” (RESP 625.506/RS - Segunda Turma -Data da decisão: 15/02/2007).Recurso improvido.Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Sem condenação em honorários advocatícios, porque a recorridavencedora não está representada por advogado.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

34 - 2008.50.50.003576-9/01 MARIA ISABEL PINHEIRO DE ARAUJO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA.PRESCRIÇÃO DECENAL RECONHECIDA. PROSSEGUIMENTO À INSTRUÇÃO PROCESSUAL. SENTEÇA ANULADA.RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

35 - 2008.50.50.005857-5/01 SANDRA IZABEL LOBATO ALBANI LIMA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA.PRESCRIÇÃO DECENAL RECONHECIDA. PROSSEGUIMENTO À INSTRUÇÃO PROCESSUAL. SENTEÇA ANULADA.RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

36 - 2008.50.50.006302-9/01 LUIZ PEDRO MENZEL (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃOFEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA.PRESCRIÇÃO DECENAL RECONHECIDA. TERMO INICIAL. NECESSIDADE DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL.SENTEÇA ANULADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

37 - 2008.50.50.007593-7/01 MARIA DE LOURDES ZORZAL DE ALMEIDA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA.PRESCRIÇÃO DECENAL RECONHECIDA. TERMO INICIAL. NECESSIDADE DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL.

SENTEÇA ANULADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

38 - 2009.50.54.000855-1/01 DALVA DE ARAUJO PASSAMANI (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) xUNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. COMPLEXIDADE DA CAUSA. AFASTA INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS.REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA. BIS IN IDEM.DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À PROPOSITURA DA DEMANDA. INTIMAÇÃO DA RECORRENTE. SENTEÇAANULADA.Trata-se de demanda visando à restituição de imposto de renda sobre a complementação de suplementação deaposentadoria paga por entidade de previdência fechada, com base na alegação de bis in idem em razão da incidência domesmo imposto sobre as contribuições vertidas no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995. A sentença declarou aincompetência do juizado especial federal para o julgamento da causa, em razão da necessidade de perícia contábilcomplexa, e extinguiu o processo sem julgamento de mérito.A Segunda Seção do STJ, ao apreciar conflito de competência instaurado entre a 3ª Vara Federal Cível de Vitória e o 1ºJEF de Vitória, proclamou que "a Lei 10.259/2001 não exclui de sua competência as disputas que envolvam examepericial. Em se tratando de cobrança inferior a 60 salários mínimos deve-se reconhecer a competência absoluta dosJuizados Federais.” (CC 83.130/ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ de 4.10.2007, p. 165). No mesmo sentido, a PrimeiraSeção do STJ decidiu que "diferentemente do que ocorre no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, admite-se, em sedede Juizado Especial Federal, a produção de prova pericial, fato que demonstra a viabilidade de que questões de maiorcomplexidade sejam discutidas nos feitos de que trata a Lei 10.259/01" (CC 92.612/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ12.5.2008). Mais recentemente, este mesmo órgão fracionário decidiu que “a necessidade de produção de prova pericial,além de não ser o critério próprio para definir a competência, não é sequer incompatível com o rito dos Juizados Federais,que prevê expressamente a produção dessa espécie de prova (art. 12 da Lei 10.259/01)” (CC 97.273/SC, Rel. Min. TeoriAlbino Zavascki, DJe 20/10/2008). Afastada a declaração de incompetência absoluta para julgar a causa.O art. 515, § 3º, do CPC dispõe que “nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunalpode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediatojulgamento”. Como ainda faltam documentos indispensáveis à propositura da ação, a turma recursal não pode julgar a lide.São indispensáveis à propositura da ação documentos que comprovem: o recolhimento de contribuições para o fundo deprevidência privada no período de 1º/01/1989 e 31/12/1995; a data de início do pagamento do complemento deaposentadoria. O contracheque de fl. 19 não esclarece a matéria fática. Ao juízo a quo caberá conceder à recorrenteoportunidade para exibir os documentos.Apesar da falta de documentos, descarta-se a imediata conclusão pela improcedência da pretensão. O juiz não podia terindeferido liminarmente a petição inicial, sem prévia intimação para emenda. A inobservância do art. 284 do CPC implicanulidade da sentença.Recurso provido para anular a sentença.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo anular a sentença.

39 - 2008.50.04.000153-8/01 DAVID HUPP (ADVOGADO: ANTONIO LUIZ CASTELO FONSECA.) x UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).E M E N T A

AUTO DE INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE. ART. 41 DA LEI 8.212/1991. REVOGAÇÃOPELA LEI 11.941/2009. LEI POSTERIOR MAIS BENÉFICA. APLICABILIDADE. RECURSO PROVIDO.O presidente da Câmara de Vereadores foi pessoalmente responsabilizado com a aplicação de multa por ter deixado deincluir em GFIP remunerações pagas a título de diárias a segurados obrigatórios do RGPS e por não ter descontado naremuneração dos segurados as contribuições incidentes sobre as diárias pagas. A responsabilidade pessoal foi imputadaao presidente da Câmara de Vereadores porque a estrutura interna do órgão não previa nenhum responsável pelopreenchimento da GFIP. A cópia dos autos de infração foi supervenientemente exibida, permitindo entrever a motivação dapunição (fls. 78 e 89).A responsabilidade pessoal tinha suporte no art. 41 da Lei nº 8.212/91, segundo o qual o dirigente de órgão ou entidade daadministração federal, estadual ou municipal responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos dalei. Essa norma foi supervenientemente revogada pela Lei nº 11.941/2009. A revogação deve ser aplicada com efeitosretroativos, desconstituindo todos os autos de infração embasados na lei revogada. Precedente do STJ: “A lex mitior deveretroagir seus efeitos, nos termos do art. 106, II, "a" do CTN” (Resp 981.511, Rel. Min. Luiz Fux, DJE 18/12/2009). Nomesmo sentido é a orientação do TRF 1ª Região: “O art. 41 da Lei 8.212/1991 estabelecia a responsabilidade pessoal do

dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, quanto à infraçãodescrita no inciso IV do art. 32 da mesma Lei. 2. A Lei 11.941, de 27/05/2009, revogou o art. 41 da Lei 8.212/1991. 3. Nãoobstante a data da autuação, aplicável o entendimento segundo o qual a legislação tributária retroage para beneficiar ocontribuinte, caso a norma posterior deixe de definir o ato como infração” (AMS 2001.33.00.0002960, e-DJF1 21/05/2010).Recurso provido para reformar a sentença, anulando os Autos de Infração 37.131.415-1 e 37.131.416-0.Só há condenação em custas e honorários advocatícios quando o vencido é o recorrente (art. 55, caput, segunda parte, daLei nº 9.099/95). Descartada a condenação do recorrido sucumbente a pagar as verbas de sucumbência.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar provimento ao recurso.

40 - 2007.50.50.004668-4/01 LUIZ CARLOS ZORTEA (ADVOGADO: CRISTINE ALEDI CORREIA.) x CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO SALES DOS SANTOS.).E M E N T A

INDEFERIDO REQUERIMENTO DE SUSPENSÃO DO PROCESSO POR FALTA DE CORRELAÇÃO LÓGICA ENTRE OASSUNTO QUESTIONADO NA REPERCUSSÃO GERAL E A MATÉRIA IMPUGNADA NO RECURSO INTERPOSTOCONTRA A SENTENÇA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRECLUSÃO TEMPORAL PARA IMPUGNAR CÁLCULOS.INOCORRENCIA DE ERRO MATERIAL. IMPUGNAÇÃO DO CRITÉRIO DE CÁLCULO. QUESTÃO NÃO CORRIGÍVEL AQUALQUER TEMPO. PRECLUSÃO TEMPORAL.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

41 - 2006.50.50.004886-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DEJESUS.) x JOSE MARIA ROSA LOUREIRO (ADVOGADO: CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. ELETRICIDADE. CABISTA. TRABALHADOR DE EMPRESACONCESSIONÁRIA DE TELEFONIA. LAUDO PERICIAL EM RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. EXPOSIÇÃO HABITUAL EPERMANENTE.O Perfil Profissiográfico Previdenciário relata que o autor trabalhava em empresa concessionária de telefonia e exercia afunção de cabista, que compreendia a instalação e remoção de cabos telefônicos aéreos e subterrâneos e a execução devinculações elétricas entre as redes telefônicas subterrâneas e aéreas. Com base em laudo pericial produzido na justiça dotrabalho, concluiu que havia exposição à eletricidade com tensão variável entre 48 e 11.400 volts (fl. 23).O laudo pericial produzido para instruir reclamação trabalhista tem valor para fins previdenciários, apesar de o INSS nãoparticipar da relação processual. O art. 161, § 2º, I, da Instrução Normativa nº 20/2007 dispunha que “poderão ser aceitos,em substituição ao LTCAT, ou ainda de forma complementar a este, os seguintes documentos, laudos técnico-periciaisemitidos por determinação da Justiça do Trabalho, em ações trabalhistas, acordos ou dissídios coletivos”. No mesmosentido, o art. 256, § 1º, I, da atual Instrução Normativa nº 45/2010. Trata-se de ato normativo editado pelo Presidente doINSS, que vincula hierarquicamente todas as instâncias administrativas daquela autarquia.O laudo pericial avaliou genericamente as diversas funções exercidas pelos reclamantes, dentre as quais a funçãoespecificamente exercida pelo autor, qual seja, a de cabista. As condições de trabalho dessa função foram descritas notópico “nas demais ocupações” (fl. 62, último parágrafo). Destaca-se a informação de que, no lançamento e manutençãode cabos telefônicos, os trabalhos eram executados em linha viva (ou seja, energizada) em postes compartilhados com aconcessionária de energia elétrica. A rede telefônica compartilha os mesmos postes em que ficam instaladas as redeselétricas de baixa e de alta tensão da Escelsa (na rede de alta tensão, a tensão é muito superior a 250 volts). A distânciaentre os fios telefônicos e os fios da rede de eletricidade é, na prática, muito pequena, de forma que, quando o cabistasobe em postes para fazer instalação ou reparos na rede telefônica, acaba expondo-se ao risco de choque na rede deeletricidade.Para que se configure o “trabalho permanente e habitualmente prestado em atividades sujeitas a condições especiais”,basta que o trabalhador, para exercer todas ou algumas de suas atribuições, fique obrigado a se expor a local sujeito arisco à sua saúde ou integridade física. Basta que a exposição faça parte da rotina da atividade profissional, ainda que nãoperdure toda a jornada de trabalho. O tempo de exposição não é determinante para a configuração da nocividade doambiente de trabalho. Nesse sentido, o Decreto nº 4.882/2003 modificou a redação do art. 65 do Decreto nº 3.084/99,conceituando o trabalho permanente sem fazer qualquer menção à duração da exposição aos agentes nocivos à saúde:“Considera-se trabalho permanente, para efeito desta Subseção, aquele que é exercido de forma não ocasional nemintermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo sejaindissociável da produção do bem ou da prestação do serviço”. Em se tratando de exposição à eletricidade, o risco deacidente ou de choque independe do tempo de exposição à tensão superior a 250 volts.Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honoráriosadvocatícios, arbitrados em R$ 1.500,00.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

42 - 2009.50.53.000523-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITEVIEIRA.) x ARNALDO SANDRE (ADVOGADO: GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. RUÍDO. LAUDO TÉCNICO.O INSS questionou o reconhecimento de condição especial de trabalho por exposição ao ruído no período de 31/07/2002 a13/10/2005, porque o laudo técnico não abrangeu a atividade exercida naquele lapso temporal.O laudo técnico avaliou especificamente a atividade exercida pelo recorrido no período de 06/07/1992 a 31/07/2002.Atestou que o recorrido trabalhava em fábrica de móveis, ocupando o cargo de chefe de oficina mecânica e exercendo afunção de encarregado de manutenção. O recorrido trabalhava no setor de manutenção. Nessa condição, ficava exposto anível equivalente de ruído estimado em 92,8 dB(A).O Perfil Profissiográfico Previdenciário atestou que, no período de 31/07/2002 a 13/10/2005, o recorrido continuoutrabalhando no mesmo setor da mesma empresa, exercendo as mesmas atividades. Por isso, a conclusão exposta nolaudo técnico estende-se para esse período, ainda que o laudo não o tenha mencionado.Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honoráriosadvocatícios, fixados em cinco por cento do valor da condenação, com base no art. 20, § 4º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

43 - 2007.50.50.002062-2/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.) x ALDACYR DE SA LIMAGENN.E M E N T A

ADMINISTRATIVO. SENTENÇA QUE CONDENOU AO PAGAMENTO DE DIFERENÇAS A TÍTULO DE GDATA.PENSIONISTA FAZIA JUS A OUTRA ESPÉCIE DE GRATIFICAÇÃO.A sentença condenou a recorrente a pagar diferenças de Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa– GDATA com base na seguinte pontuação: 37,5 pontos no período de 01/02/2002 a 31/05/2002; 60 pontos a partir de01/05/2004.A recorrida é beneficiária de pensão vitalícia desde fevereiro/2007. Desde então, nunca recebeu GDATA. A gratificaçãoque lhe era paga era a Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa e de Suporte – GDPGTAS, a qualnão está abrangida no objeto deste processo. Com efeito, os contracheques anexados à petição inicial, assim como odemonstrativo financeiro juntado pela recorrente, indicam apenas o pagamento desta espécie de gratificação. Dessaforma, não faz sentido reconhecer em favor da recorrida direito a diferenças de uma gratificação que ela nunca recebeu.Em tese, seria possível que a recorrida tivesse cobrado o pagamento das diferenças de GDATA não recebidas em vidapelo servidor público instituidor da pensão. Entretanto, a petição inicial não deduziu pedido nesse sentido.Recurso provido para reformar a sentença, desconstituindo a condenação da recorrente a pagar diferenças a título deGDATA.Só haveria condenação em honorários advocatícios se o vencido fosse o recorrente (art. 55, caput, segunda parte, da Leinº 9.099/95).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo dar provimento ao recurso.

44 - 2008.50.53.000382-5/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Allan Titonelli Nunes.) x MARIA DO CARMO RIBEIRO DOSSANTOS BROEDEL (ADVOGADO: WESLEY LOUREIRO DA CUNHA.).E M E N T A

TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. TESE DOS CINCO MAIS CINCO. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEICOMPLEMENTAR 118. NORMA SEM NATUREZA INTERPRETATIVA.O art. 3º da Lei Complementar nº 118/2005, que modificou o termo inicial da prescrição da pretensão à repetição deindébito, não tem natureza interpretativa e, por isso, não pode ser aplicada retroativamente. Precedentes do SuperiorTribunal de Justiça.Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honoráriosadvocatícios, arbitrados em R$ 500,00.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

45 - 2007.50.01.015073-2/01 ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SECAO DO ESPIRITO SANTO (ADVOGADO:CINTHIA CIPRESTE SANSON WASCONCELLOS.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal.EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA ATO DE JUIZ FEDERAL. NÃOHÁ INTERESSE RECURSAL DESTA AUTORIDADE IMPETRADA PARA MANEJAR AS VIAS RECURSAIS ANTE AAUSÊNCIA DE POTENCIALIDADE LESIVA À ESFERA JURÍDICA DO ENTE AO QUAL A AUTORIDADE PERTENCE.RECURSO NÃO CONHECIDO.

1. Ao tomar ciência do acórdão que recebeu a inicial do mandado de segurança, a autoridade interpôs embargos dedeclaração com vistas a determinar a motivação do ato de recebimento.2. Quem formalmente figura como parte no mandado de segurança é a autoridade impetrada, mas quem tem sua esferajurídica potencialmente sujeita aos efeitos da decisão do mandado de segurança é a entidade de direito público à qual sevincula a autoridade impetrada. A autoridade impetrada apenas presenta (torna presente) em juízo a entidade de direitopúblico. Quando as consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado hão de serpotencialmente suportadas pela entidade à qual a autoridade impetrada se vincula, esta tem não só legitimidade, comotambém interesse jurídico em recorrer. O interesse decorre da necessidade de evitar que a decisão judicial atinja a esferajurídica da entidade de direito público presentada em juízo pela autoridade impetrada.3. Entretanto, em se tratando de mandado de segurança contra ato judicial, a autoridade impetrada é o juiz que proferiu adecisão judicial impugnada. O mandado de segurança contra ato judicial de juiz federal não possui a potencialidade deagravar a esfera jurídica da entidade à qual o magistrado se vincula, a saber, a União. O mandado de segurança contra atojudicial só pode atingir a esfera jurídica de quem toma parte na relação processual onde houver sido proferido o ato judicialcoator. Assim, no mandado de segurança contra ato judicial, embora tenha legitimidade para recorrer reconhecida por lei(art. 14, § 2º, da Lei nº 12.016/2009), a autoridade coatora – a saber, o juiz prolator da decisão impugnada – não possuiinteresse recursal.4. Não configura interesse recursal, no caso dos autos, a mera finalidade de firmar tese jurídica. Reconsiderando a decisãomonocrática de fls. 94/95, os embargos não devem ser conhecidos.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo NÃO CONHECER o recurso interposto, nos termos da ementa que faz parte deste julgado.

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

46 - 2008.50.50.000319-7/01 VASCO SERGIO EDUARDO (DEF.PUB: EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) xCAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI.).EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE – ALEGAÇÃO DENULIDADE QUE NÃO SE RECONHECE – EMBARGOS REJEITADOS.1. Insurge-se o embargante contra acórdão que manteve a sentença de improcedência de pedido de condenação da Caixaa creditar na conta do autor, vinculada ao FGTS, diferenças inerentes a juros progressivos devidos na forma da Lei nº5.107/66. Alega que a Defensoria Pública da União não foi intimada pessoalmente para o julgamento do recurso inominadointerposto, não tendo se manifestado a Turma Recursal acerca da afronta aos artigos 5º, LXXIV e 134, ambos da CF.2. Nos termos da Portaria nº 03/2009 da Presidência da Turma Recursal do Espírito Santo, a intimação da pauta da sessãode julgamento será feita “somente pela imprensa oficial, salvo nos casos onde houver interesse do Ministério PúblicoFederal”.3. A Defensoria Pública da União alega nulidade do acórdão por ausência de intimação pessoal da pauta de julgamento. Oart. 44 - I da LC 80/94, de fato, prevê a intimação pessoal como prerrogativa dos membros da Defensoria Pública.Entretanto, a alegação de nulidade vem desacompanhada de demonstração de prejuízo. Em princípio, a ausência deintimação não causa prejuízo porque a presença do defensor na sessão de julgamento é destituída de sentido prático, umavez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da turma recursal. Segundo art. 249, § 1º, doCPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.3. Inexistência de qualquer omissão, obscuridade ou contradição a ser sanada. A via dos embargos não é adequada paraa manifestação de inconformismo com o que restou decidido pela Turma Recursal. Nulidade alegada que não se

reconhece. Embargos rejeitados.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR os embargos de declaração, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

47 - 2009.50.50.000736-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBERDARROZ ROSSONI.) x TARCISIO ANTONIO MALAVASI (ADVOGADO: CARLOS AUGUSTO NUNES DE OLIVEIRA.).E M E N T APREVIDENCIÁRIO – RURAL – LAUDO PERICIAL ATESTA A IMPOSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE QUEDEMANDE ESFORÇO FÍSICO – INEXISTÊNCIA DE CONDIÇÕES PESSOAIS PARA REABILITAÇÃO –APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DEVIDA - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DO INSS NÃO PROVIDO.1. Recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente pedido de concessão deaposentadoria por invalidez com DIB em 16/01/2009. Sustenta o recorrente que a aposentadoria por invalidez não édevida, pois o autor não está incapacitado para o exercício de qualquer atividade que lhe garanta subsistência, conformeconcluiu o perito, ao responder o quesito 16 (fl. 41): “Sim, o paciente pode ser reabilitado para funções que não dependamdo carregamento ou levantamento de peso. Porteiro, por exemplo”. Contrarrazões às fls. 68/70.2. A sentença não merece reparos, pois levou em consideração tanto o próprio laudo pericial quanto as condiçõespessoais do segurado, como baixo grau de instrução e natureza do trabalho habitual (rural), cujo desempenho exige plenascondições físicas. A tese aventada pela autarquia ré, de que o recorrido pode trabalhar como porteiro ou vigilante nãomerece prosperar. Não se afigura razoável supor que uma pessoa que sempre trabalhou no meio rural e que sempretrabalhou exercendo esforço físico intenso possa reunir razoáveis condições de exercer a função de porteiro ou serinserido no mercado de trabalho para o desenvolvimento de outra atividade, que lhe garanta a subsistência e não demandeesforço físico. Aliás, no meio rural e nas cidades distantes dos grandes centros urbanos as ofertas de trabalho nessascondições são muito diminutas. Assim, conclui-se que os fatos supramencionados autorizam a concessão deaposentadoria por invalidez – cabendo ressaltar que esse benefício também pode vir a ser cessado, na forma do art. 47 daLei 8.213/91.3. Recurso do INSS conhecido e não provido. Sentença mantida. O benefício previdenciário deverá ser implantadoimediatamente, com DIB em 16/01/2009, conforme requerido pela parte autora à fl. 73 e já determinado na decisão de fls.54/56, sob pena de multa diária de R$ 500,00 a contar do 10º dia posterior à intimação desta decisão. Condenação daparte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, fixados no montante de 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação, atendendo ao disposto no art. 20, §4º do CPC c/c art. 55 da Lei nº 9.099/95. Sem custas (art. 4. º, I da Lei9.289/96).

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa queintegra o presente julgado.

48 - 2008.50.50.007405-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DASILVEIRA.) x JOSE RIBEIRO DE SOUSA (ADVOGADO: FLAVIA AQUINO DOS SANTOS, JAKELINE LOPES NOLASCO,DANNIELLY FIENI DA VITÓRIA, PRISCILLA FERREIRA DA COSTA.).E M E N T APREVIDENCIÁRIO – CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADECOMPROVADA - CONDIÇÕES PESSOAIS QUE DIFICULTAM A REABILITAÇÃO PROFISSIONAL - RECURSO DO INSSNÃO PROVIDO1. Recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido de conversão dobenefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, desde a data da realização da perícia médica (03/02/2009).Sustenta o recorrente, em síntese, que não está comprovada incapacidade definitiva que autorize a concessão deaposentadoria por invalidez. Contrarrazões às fls. 81/85.2. Tanto o laudo pericial (fls. 38 / 39) quanto os esclarecimentos prestados pelo perito (56/57) demonstram que o recorridoé portador de seqüela definitiva, proveniente de fratura da tíbia e do fêmur (quesito 10 – fl. 89). Essa lesão fez com que aautarquia mantivesse o autor em gozo de auxílio-doença, ininterruptamente, desde 2003. Assim sendo, recomendou operito que o benefício percebido fosse mantido e que o autor retomasse o tratamento médico (quesitos 11, 12 e 13 – fl. 57).3. O recorrido não pode exercer sua atividade habitual, já que a profissão de ajudante de pedreiro exige plenas condiçõesfísicas. A reabilitação profissional, por sua vez, é bastante improvável, pois, apesar de o autor ser relativamente jovem (44anos), seu baixíssimo grau de instrução (analfabeto) inviabiliza a reinserção no mercado de trabalho nas denominadasatividades burocráticas. Por outro lado, a reabilitação para profissão que exija esforço físico também se mostra impossível,pois o autor “deambula com auxílio de bengalas, com claudicação pelo encurtamento de seis centímetros no membroinferior esquerdo (laudo médico à fl. 71). Ademais, o INSS mantém o autor em gozo de auxílio-doença, ininterruptamente,desde 2003, há mais de seis anos, não o submetendo, administrativamente, a processo de reabilitação profissional.4. Nesses termos, deve ser mantida, inclusive por seus próprios fundamentos, a sentença que condenou o INSS àconversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. De qualquer forma, eventual reabilitação dorecorrido para o efetivo desempenho de outra atividade laboral poderá ensejar a cessação do benefício, nos termos do art.47 da Lei 8213 / 91.5. Recurso do INSS conhecido e não provido. Condenação em honorários fixada em 10 % sobre o valor da causa. Semcustas (art. 4º, I, Lei 9289/96).

A C Ó R DÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa queintegra o presente julgado.

49 - 2006.50.51.001708-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RENATA PEDRO DEMORAES SENTO-SÉ REIS.) x JOAO OBDEM DUTRA (ADVOGADO: ANTÔNIO JUSTINO COSTA.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE POSTERIOR AO INGRESSO DO SEGURADONO RGPS. INEXISTÊNCIA DE CONDIÇÕES RAZOÁVEIS DE REABILITAÇÃO. RECURSO DO INSS NÃO PROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pleitoda inicial, reconhecendo a qualidade de segurado especial do autor e determinando a concessão de aposentadoria porinvalidez, a partir da data da prolação da sentença. A sentença condenou o INSS, ainda, ao pagamento do auxílio-doençadesde a data da juntada do laudo pericial (14/12/2006), até o dia imediatamente anterior à prolação da sentença(17/09/2009). Em suas razões recursais, o INSS sustenta que: (1) a doença é preexistente ao ingresso do segurado noRGPS; (2) e o recorrido não se encontra incapaz de exercer toda e qualquer atividade laboral, podendo ser reabilitado.Contrarrazões às fls. 138 / 140.2.De acordo com o laudo médico pericial de fls. 37 / 38, o autor é portador de deficiência física na mão direita, resultante deseqüela de acidente ocorrido na infância (colocou a mão em máquina de picar ração), além de doença degenerativa nacoluna lombar (artrose lombar). Em razão da insuficiência das informações trazidas nos laudos apresentados, o perito nãoconseguiu determinar a data de início da incapacidade (quesito 03, letras a e b – fl. 37). Por fim, recomendou que o autorfosse submetido a processo de reabilitação profissional, pois sua incapacidade é parcial e definitiva, de forma a não podermais desempenhar a atividade de lavrador (quesitos 9, 10, 12 e 13 da fl. 38), pois o exercício da atividade habitual leva aoagravamento da dor.3. O INSS alegou que a doença na qual se fundou a concessão do benefício é preexistente à filiação do recorrido aoRGPS. Os elementos constantes dos autos indicam, contudo, que a incapacidade do autor decorre, principalmente, daenfermidade que acomete sua coluna lombar e não da deficiência física de sua mão direita. De acordo com o atestadomédico juntado à fl. 30, “a lombalgia é incapacitante e a medicação não deu resultado satisfatório”. O laudo pericial (fls. 37/ 38) e a prova testemunhal colhida em audiência (fl. 127) corroboram essa conclusão. Assim, não se pode falar que aconcessão de aposentadoria foi fundada em incapacidade oriunda da infância.4. Além disso, o recorrido trabalhou regularmente na lavoura – ainda que com certas limitações – até o requerimentoadministrativo de concessão do auxílio-doença, como pode ser observado nos documentos juntados às fls. 47 / 57. Aqualidade de segurado do autor, aliás, não é objeto do recurso do INSS. Também é oportuno registrar que o INSSconsiderou o autor apto para o exercício da atividade habitual nos requerimentos formulados em 20.02.2006 e 26.12.2005(fls. 18 e 22). Logo, não deve prosperar a argumentação de que a incapacidade é preexistente.5. O INSS alega, por outro lado, que o autor pode ser reabilitado para o exercício de outra profissão, especialmente emrazão de sua pouca idade (hoje com 45 anos). O perito do Juízo (quesito 12, fl. 38) afirmou a possibilidade de o recorridodesempenhar outras atividades remuneradas. Entretanto, com fundamento no art. 436 do CPC, o juiz não está adstrito aolaudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.6. Apesar de o autor ser relativamente jovem, tem baixo grau de escolaridade e está definitivamente incapacitado para oexercício de atividades que exijam esforço físico, devido ao problema na coluna. Por outro lado, nunca exerceu outraatividade que não a rural / braçal, o que inviabiliza seu novo enquadramento profissional para as atividades denominadasburocráticas. Ademais, na zona rural e longe dos grandes centros urbanos, essas possibilidades de recolocaçãoprofissional são muito reduzidas. Assim, entendo que a sentença deve ser mantida, neste particular, inclusive por seuspróprios fundamentos, pois inexistem condições razoáveis de reabilitação para o exercício de qualquer outra atividade7. Recurso do INSS conhecido e não provido. Sentença mantida. Condenação do recorrente ao pagamento de honoráriosadvocatícios fixados em 10 % sobre o valor da condenação. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa queintegra o presente julgado.

50 - 2009.50.51.000392-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOSMALAFAIA COSTA.) x CARLOS JOSE DE OLIVEIRA (ADVOGADO: MARGARET BICALHO MACHADO, MARIANAANDRADE COVRE.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INAPTIDÃO TOTAL E DEFINITIVA PARA EXERCERATIVIDADE HABITUAL. INCAPACIDADE SUPERVENIENTE AO INGRESSO DO SEGURADO NO RGPS. RECURSO DOINSS NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. Cuida-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido,determinando a concessão de aposentadoria por invalidez desde a data da juntada do laudo pericial (18/05/2009). Emsuas razões recursais, sustenta a autarquia que: (1) não há incapacidade total e definitiva para toda e qualquer atividadelaborativa; e (2) a incapacidade é anterior ao ingresso do autor no Regime Geral da Previdência Social (RGPS).

Contrarrazões às fls. 92/96.2. Embora não esteja incapacitado para o exercício de qualquer atividade laboral, o recorrido se encontra total edefinitivamente impossibilitado de exercer sua atividade habitual de lavrador, conforme laudo pericial de fl. 77 (quesitos 09e 10). Informou também o perito que o autor se queixou de dificuldades para andar e de dor na coluna lombar, o que defato limita a realização de atividades na lavoura.3. De acordo com o art. 42 da Lei 8.213/91, a aposentadoria por invalidez é devida ao segurado que for consideradoincapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para outra atividade que lhe garanta a subsistência. Nos autos, épossível constatar que o único trabalho que o recorrido exerceu na vida foi o de lavrador, para o qual se encontraincapacitado. Com efeito, não pode mais desempenhar a única atividade que, desde seus 15 (quinze) anos, lhe garantiu osustento. Assim sendo, torna-se devida a concessão de aposentadoria por invalidez, em razão da impossibilidade de orecorrido prover a própria subsistência e da dificuldade de reabilitá-lo para outra função, tendo em vista que nunca exerceuoutra profissão.4. Alegou também o INSS que o segurado já sofria da doença antes de se filiar ao RGPS, fato este que demonstra serindevida a concessão de aposentadoria por invalidez. Na verdade, a regra do parágrafo único do art. 59, da Lei 8213/91,explicita que só será devido o benefício previdenciário se o segurado sofrer a lesão ou a doença depois de se filiar aoRGPS, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou de agravamento dessa doença ou lesão.Diante disto, importa ressaltar que os elementos presentes nos autos convergem para a conclusão de que a incapacidadese manifestou em momento posterior ao aparecimento da doença, tendo em vista que a manifestação inicial da patologiase deu em 1984 (fl. 77) e o primeiro requerimento administrativo foi feito no ano de 2008 (fl. 56). Ademais, o próprio INSSpor duas vezes já reconheceu a incapacidade do recorrido e sua conseqüente condição de segurado, concedendo-o obenefício de auxílio-doença (fls. 28/29), bem como o perito da autarquia constatou que não existia incapacidade (fls. 72).5. Recurso do INSS conhecido e não provido. Sentença mantida. Condenação do recorrente ao pagamento de honoráriosadvocatícios fixados em 10 % sobre o valor da condenação. Sem custas (art. 4º - I, Lei 9.289/96).A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa queintegra o presente julgado.

51 - 2008.50.51.000581-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)x MARIA DA PENHA SILVA DO CARMO (ADVOGADO: ELIAS ASSAD NETO.) x OS MESMOS.EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA OU CONVERSÃO EM APOSENTADORIA PORINVALIDEZ. CONDIÇÃO DE SEGURADO DO RGPS. INOVAÇÃO RECURSAL. RECURSO DO INSS NÃO PROVIDO.CONCESSÃO DAS PARCELAS DO AUXÍLIO-DOENÇA NOS PERÍODOS EM QUE FOI INDEVIDAMENTE CESSADO.SENTENÇA REFORMADA. RECURSO DA PARTE AUTORA PROVIDO.

1. Recursos inominados interpostos pelo INSS e pela parte autora em face de sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido da inicial, condenando a autarquia a conceder aposentadoria por invalidez desde a data da juntada dolaudo pericial, 22/08/2008. Em sede recursal, o INSS alegou que a autora perdeu a condição de segurado, pois deixou decontribuir por período superior ao de graça. Já a autora pleiteou a concessão do benefício de auxílio-doença nos períodosde 01/03/2005 a 20/01/2006 e de 31/03/2006 a 22/08/2008. Contrarrazões apresentadas às fls. 155 / 157 e às fls. 158 /161.

2. A parte autora sustenta ser devida a concessão do benefício de auxílio doença, nos intervalos entre 01/03/2005 a20/01/2006 e 31/03/2006 a 22/08/2008, pois nestes períodos a percepção teria sido indevidamente interrompida pelaautarquia. O laudo médico pericial de fls. 114/115 informou que a autora sofre de doenças psiquiátricas e de doençasortopédicas degenerativas, que a deixam total e definitivamente incapacitada para o exercício de toda e qualquer atividadelaborativa. Em resposta ao quesito n. 12 (fls. 114/115), o perito afirmou que devido à natureza progressiva da doença nãopoderia determinar inequivocamente a data exata do início da incapacidade. A sentença recorrida, com base no laudopericial de fls. 114 /1 15, entendeu não ser possível determinar a data do marco inicial da incapacidade, condenando oINSS a implantar a aposentadoria apenas a partir da data da juntada do laudo pericial.

3. No entanto, as provas carreadas aos autos, tais como laudos e receituários médicos, indicam que desde 2005 a autorajá se encontrava incapaz.. O laudo médico de fl. 18, datado de 25/08/2005, por exemplo, atesta que: [... a referida pacienteapresenta quadro clínico compatível c/ depressão endógena crônica encontrando-se em tratamento. Não devendo praticaratividades físicas e de trabalho. Consta dos autos, ainda, farta documentação acostada à inicial (fls. 16/60) que demonstraque a incapacidade da autora é anterior a 2005 (data da primeira cessação indevida) e que, a partir de então, o quadroclínico só tem se agravado. Dentre os documentos, destacam-se os laudos médicos emitidos em 30/06/2004 (fl. 19)19/01/06 (fls. 17), 17/11/06 (fl. 26), 29/11/06 (fl. 27), 28/02/07 (fl. 16) e 27/11/07 (fl. 21), que demonstram que a autora sofrede moléstias psíquicas e de doença degenerativa na coluna vertebral, bem como que a autora encontra-se sem condiçõesde trabalhar. Assim, é devida a concessão do benefício de auxílio-doença nos períodos de 01/03/2005 a 20/01/2006 e de31/03/2006 a 22/08/2008.

4. O INSS, em seu recurso, alegou não ter a autora comprovado o preenchimento do requisito referente à qualidade desegurado, fato este que torna indevida a concessão do benefício previdenciário. No entanto, tal alegação não foi formulada

antes da sentença, de modo a configurar inovação recursal. As questões de fato não propostas no juízo inferior só podemser conhecidas se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior (art. 517 do CPC). Logo, não merecereparos a sentença, nesse particular, pois julgou a lide nos limites em que foi proposta e concedeu o benefício com basenas provas e nas alegações presentes nos autos. Ademais, provido o recurso da parte autora, e reconhecido o direto aobenefício por incapacidade desde a cessação indevida, não há que se falar em perda da qualidade de segurado.

5. Recurso do INSS conhecido e não provido. Recurso da parte autora conhecido e provido, para determinar o pagamentodas parcelas do auxílio-doença referentes aos períodos de 02/03/2005 a 19/01/2006 e de 01/04/2006 a 21/08/2008.Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no valor de 10% (dez por cento) do valor da causa. Semcustas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso do INSS e DAR PROVIMENTO ao recurso da parteautora, nos termos da ementa – parte integrante deste julgado.

52 - 2008.50.50.007254-7/01 FLAVIO GAVA CANAL (ADVOGADO: ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).E M E N T AAUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. LAUDO PERICIALNULO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SENTENÇA FUNDAMENTADA NO LAUDO PERICIAL. NULIDADERECONHECIDA DE OFÍCIO. RECURSO INOMINADO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA PREJUDICADO.

Recurso inominado interposto pelo autor em face de sentença que julgou improcedente o pedido de concessão deauxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, desde a data do requerimento administrativo. O recorrente requer adesignação de nova perícia médica, com perito especialista em reumatologia, ou, sucessivamente, a reforma da sentença.Contrarrazões às fls. 199 / 200.

O recorrente sofre de doença reumática, degenerativa, grave e incapacitante, denominada de espondilite anquilosante.Esta patologia possui causa genética e apresenta um estado instável de dor crônica que tende a se agravar ao longo davida. Além de ser incurável, a gravidade da doença é tal que não se exige o período de carência para a concessão deaposentadoria por invalidez e de auxílio-doença, com base no art. 30, III, do Regulamento dos Benefícios da PrevidênciaSocial (RBPS) c/c o art. 1º, IX, da Portaria Interministerial 2.998/2001, que regulamenta a matéria. O autor é lavrador. Estaprofissão exige sobrecarga na coluna, movimentos repetitivos e agachamentos. Portanto, não é provável que alguémacometido dessa doença possa exercer normalmente tal atividade habitual.

O laudo médico pericial (fls. 46/52) se limitou a atestar que, apesar de o autor relatar sintomas incapacitantes, a doença seencontra em estágio inicial, isto é, que a patologia não atingiu seu nível mais grave. Concluiu, por fim, que inexisteincapacidade para o trabalho, bem como que o recorrente não apresenta restrições de movimentos (apesar de relatar dor),devendo prosseguir com seu tratamento médico. Contudo, o perito não se manifestou sobre questões essenciais àverificação da incapacidade como, por exemplo, se o exercício da atividade de lavrador agrava as dores que o autor alegasofrer, ou mesmo se o esforço físico agrava a progressão da doença. Assim, embora não se exija, em regra, que o peritopossua formação clínica específica para a patologia a ser diagnostica, percebe-se que, no caso dos autos, o laudo seapresenta incompleto e insuficiente para subsidiar o entendimento acerca da incapacidade laborativa do autor, fazendo-senecessária a avaliação por médico reumatologista.

A conclusão do laudo pericial, por outro lado, é infirmada diante dos exames e laudos médicos juntados ao recurso, queindicam a existência de incapacidade (fls. 102/194).

A nulidade do laudo contamina integralmente a sentença proferida às fls. 62 / 63, uma vez a decisão foi baseadaexclusivamente no laudo pericial: “a concessão do benefício fica adstrito (sic) ao resultado da perícia médica (fls. 46/52)”.Nenhum outro argumento foi acrescentado que fosse capaz de, por si só, sustentar a improcedência do pedido formuladopelo autor. Desse modo, uma vez nulo o laudo pericial, o mesmo ocorrerá com a sentença.

Nulidade declarada de ofício, desde a elaboração do laudo pericial, para determinar o retorno dos autos ao Juizado deorigem, para a realização de nova perícia médica, com médico reumatologista, na qual sejam descritas e devidamentediscutidas as lesões e enfermidades que acometem a parte autora, fundamentando-se a conclusão de capacidade ou deincapacidade laboral – restando prejudicado o recurso inominado interposto. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios (Lei 9099 / 95 – art. 55).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo DECLARAR A NULIDADE DA SENTENÇA, dando por prejudicado o recurso interposto pelo autor, nostermos da ementa – parte integrante deste julgado.

53 - 2006.50.50.003323-5/01 ANTONIO RAYMUNDO PINTO (ADVOGADO: IZAEL DE MELLO REZENDE, SARITA DONASCIMENTO FREITAS, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).E M E N T APREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA DESDE A CESSAÇÃO. AUSÊNCIA DEINCAPACIDADE. ALTO GRAU DE INSTRUÇÃO. CONDENAÇÃO EM LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ. RECURSO CONHECIDO ENÃO PROVIDO.

Recurso inominado interposto pelo autor em face de sentença que julgou improcedente o pedido de restabelecimento deauxílio-doença, desde a cessação administrativa (30/04/2006 – fl. 130). Recurso da parte autora que se insurge contra asconclusões dos laudos judiciais, adotadas pela sentença impugnada. O autor sustenta que exercia função de mecânico demáquinas pesadas, alega ainda, que em razão do baixo grau de instrução e qualificação profissional não teria condiçõesde se inserir no mercado de trabalho. Contrarrazões às fls. 95/97.

O perito reumatologista (fl. 23) atestou um quadro de artrite gotosa e de síndrome pós trombótica por trombose venosa demembro inferior direito, apontando a inexistência de incapacidade para a atividade habitualmente desenvolvida pelorecorrente (mecânico de máquina pesada). Afirmou, entretanto, que o autor possui limitação para permanecer por “longosperíodos com os membros inferiores abaixados e em posição de cócoras, ou com posições forçadas”.

O perito angiologista (fls. 54/58) atestou que o autor sofreu uma trombose venosa profunda em membro inferior direito em2003 e apresentava, na data da perícia, edema de pequena intensidade na perna direita. Em seguida, afirmou que orecorrente está incapacitado para atividades que demandem esforço físico intenso (como carregar peso, por exemplo).

Em resposta a diligência de fl. 99, a empresa Topograph Engenharia Ltda., às fls.104/105, afirmou que “o recorrente, sr.Antônio Raymundo Pinto, nunca operou máquinas pesadas, exercendo a atividade de supervisor de pessoal no períodoque laborou para a informante (17 de julho de 2006 a 16 de janeiro de 2007)”. A referida empresa juntou, ainda, sentençatrabalhista que atesta a relação laboral que detinha com o autor (fls. 106/121). Após a juntada destes esclarecimentos, foidada a oportunidade para as partes se manifestarem.

As perícias foram unânimes em atestar que a incapacidade do autor limitava-se às atividades que demandassem esforçosfísicos; a antiga empregadora do autor, por sua vez, revelou que este “nunca operou máquinas pesadas, exercendo aatividade de supervisor de pessoal”, o que demonstra que o autor não exercia atividades que exigiam esforço físico.Ademais, o pedido inicial é o restabelecimento do auxílio-doença, desde a cessação administrativa (30.04.2006) e a antigaempregadora do autor, confirmou que este trabalhou no período de 17.07.2006 a 16.01.2007. Ora, como poderia o autorestar incapacitado, ainda que de forma parcial e temporária, e continuar trabalhando, com a percepção de R$ 4.000,00,conforme fl. 102?

As alegações do autor, os laudos particulares e demais documentos juntados não são suficientes para afastar a conclusãodo laudo pericial. O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular. (Enunciado 08 da TR/ES).

Ademais, verifico que o autor, na perícia judicial (quesito 07 - fl. 55), relatou que sua profissão era mecânico de máquinaspesadas (técnico em mecânica). No recurso, à fl. 83, o recorrente volta a afirmar que sua produtividade restaria reduzida,em decorrência de suas limitações físicas para o exercício da atividade de mecânico de máquinas pesadas. A parte autoraafirmou, ainda, que suas condições pessoais, principalmente o baixo grau de instrução, sua idade e qualificaçãoprofissional seriam desfavoráveis à inserção no mercado de trabalho. Ocorre que, a antiga empregadora do recorrentedeclarou à fl. 105 que, “o recorrente trabalhou por seis meses como supervisor de pessoal em usina de beneficiamento delixo doméstico, função que não exige esforço físico, em local que não há máquinas pesadas”. O recorrente, namanifestação de fl. 125, relatou que trabalhava como engenheiro.

Portanto, o recorrente pretendia desvirtuar a verdade dos fatos, pois apesar de deter alto grau de instrução e qualificaçãoprofissional e não trabalhar com máquinas pesadas, afirmou tal fato durante toda a instrução processual. Ademais, o autor,mesmo após a cessação do auxílio-doença, iniciou novo vínculo laborativo, com alto valor remuneratório, o que demonstraa ausência de incapacidade. Litigância de má-fé configurada, na forma do art. 17 II – CPC, atraindo a incidência de multa.

Recurso conhecido e não provido. Condenação do recorrente, por litigância de má fé, em 1% sobre o valor da causa (arts.17, II e 18 – CPC), bem como, ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10 % sobre o valor da causa, naforma do art. 20 § 4° do CPC. Custas na forma da le i.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo autor, nos termos da ementa – parteintegrante deste julgado.

54 - 2008.50.51.002360-0/01 ANA LUCIA PEREIRA AFONSO (ADVOGADO: MARTHA HELENA GALVANI CARVALHO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE DEFINITIVA E INSUSCETIBILIDADE DEREABILITAÇÃO NÃO COMPROVADAS. RECURSO NÃO PROVIDO.1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora contra sentença que julgou improcedente o pedido de concessãode aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que o laudo pericial foi conclusivo no sentido da incapacidadedefinitiva e permanente. Requer, também, sejam levadas em consideração suas condições pessoais e a dificuldade dereinserção no mercado de trabalho, devendo, por conseguinte, ser concedido o benefício. Contrarrazões às fls. 85/92.2. O perito do juízo (fl. 48) descreveu que a recorrente sofre de hipotireoidismo, poliartrite fixa e síndrome de Raynaud,doenças que a incapacitam parcialmente para sua atividade habitual (quesito 9), sendo a incapacidade permanente edefinitiva (quesitos 10 e 11). Por fim, o perito conclui que a autora poderia ser reabilitada para desempenhar outrasatividades laborativas dentro de sua realidade funcional e grau de instrução (quesito 12).3. Para que haja a concessão da aposentadoria por invalidez é necessário que a incapacidade definitiva e ainsuscetibilidade de reabilitação estejam nitidamente provadas nos autos, nos termos do art. 42 da Lei 8.213 / 1991. Taisrequisitos não foram comprovados pelas provas juntadas e, inclusive, foram afastados pelo perito, que recomendou areabilitação profissional da recorrente.4. É certo que o juiz não fica adstrito às conclusões do laudo pericial. Entretanto, no caso concreto, as alegações da autorae demais documentos juntados não são suficientes para afastar a conclusão do laudo pericial, que foi firme no sentido deque a autora, por ora, faz jus apenas ao benefício de auxílio-doença. O laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular (Enunciado 08 da TR/ES).5. Importa ressaltar também que a reinserção do indivíduo no mercado de trabalho não será prejudicada por sua condição,já que, como afirmou o perito, a autora poderia ser reabilitada para desempenhar outras atividades. Não obstante, a idadeda autora (38 anos) não representa obstáculo insuperável à reinserção no mercado de trabalho. Após o processo dereabilitação, a autora estará apta a desempenhar nova atividade profissional, para a qual estará devidamente preparada.Logo, não merece reforma a sentença recorrida. Registro que a questão controvertida se restringe à concessão deaposentadoria por invalidez. Não há nos autos notícia de a autora ter pleiteado nem administrativa nem judicialmenteauxílio-doença.6. Recurso não provido. Condenação da recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em R$ 50,00(cinqüenta reais), atendendo ao disposto no art. 20, § 4º da Legislação Processual Civil c/c art. 55 da Lei nº 9.099/95,observando-se o disposto no art. 12, da Lei nº 1.060/50. Sem custas (art. 4º II – Lei 9289/96).ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela autora, nos termos da ementa – parteintegrante deste julgado.

55 - 2008.50.51.001625-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)x CARLINDO EUGENIO DE PAULA (ADVOGADO: ELINARA FERNANDES SOARES.).EMENTA

AMPARO SOCIAL. RENDA MENSAL SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 34,PARÁGRAFO ÚNICO, DO ESTATUTO DO IDOSO. MISERABILIDADE DEMONSTRADA. RECURSO CONHECIDO ENÃO PROVIDO.1. Recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente pedido de benefício assistencial.Sustenta a autarquia ré que o benefício assistencial recebido pela filha deficiente do recorrido não deve ser excluído docálculo da renda per capita do grupo familiar, pois o art. 34, § único do Estatuto do Idoso é destinado a resguardar o direitodos idosos e não dos deficientes, assim a renda per capita do grupo familiar seria superior a ¼ do salário mínimo.Contrarrazões às fls. 157/160.2. O parecer social de fls. 58/59 revela que o grupo familiar em questão, com observância ao disposto no art. 20, § 1º daLei 8742/93, é formado pelo autor idoso (70 anos), sua esposa (59 anos) e sua filha (30 anos), beneficiária de LOAS, emdecorrência dos problemas mentais que a acometem. A assistente social fala que o autor percebe em torno de R$ 100,00mensais e atesta, ainda, que “a idade avançada, e a falta de escolaridade dificultam sua inserção no mercado de trabalho”.3. É entendimento pacífico no âmbito da TNU que “para fins de concessão de benefício assistencial a idoso, o disposto noparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) se aplica por analogia para a exclusão do benefícioprevidenciário de valor mínimo recebido por membro idoso do grupo familiar, o qual também fica excluído do grupo parafins de cálculo da renda familiar per capita” (Pedido de Uniformização 2008.70.53.00.1178-6, Rel. Juíza Jacqueline MichelsBilhalva, DJ 11.06.2010). Nada obstante, no âmbito do STJ o tema é tratado de forma radicalmente oposta: “É firme oentendimento no âmbito desta Corte Superior no sentido de que o art. 34, parágrafo único, da Lei n.º 10.741/2003 deve serinterpretado restritivamente, ou seja, somente o benefício assistencial porventura recebido por qualquer membro da famíliapode ser desconsiderado para fins de averiguação da renda per capita familiar, quando da concessão do benefícioassistencial a outro ente familiar” (AG no RESP 926203, 5ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJE 06.04.2009.4. O caso dos autos, contudo, é particularmente diverso: trata-se de benefício assistencial recebido por deficiente físiconão idoso. Tenho que a regra do art. 34 § único do Estatuto do Idoso não pode ser estendida do idoso para o deficiente.Nada obstante as regras constitucionais de proteção a ambas as categorias, essa proteção se faz por diversos diplomas

legais. O Estatuto do Idoso tem sua aplicabilidade restrita ao idoso, não havendo lacuna a ser preenchida em relação aodeficiente. Não havendo regra específica de cálculo da renda per capita do grupo familiar para as hipóteses em queexistem deficientes físicos, devem ser aplicadas as regras gerais, o que afasta tecnicamente a existência de lacuna(ausência de regra jurídica a normatizar determinado fato). A extensão do art. 34 § único ao deficiente implica atividade delegislador positivo, o que não se pode admitir. Contudo, o benefício pode ser concedido ao autor por outras razões.5. O STF, no julgamento de ação direta de inconstitucionalidade n° 1232, decidiu que deve ser aplicado o critério objetivofixado pela norma (art. 20, § 3º da Lei 8.742/93), não cabendo interpretação do citado dispositivo legal de forma diversa.No presente caso, não há que se falar em inconstitucionalidade da regra, mas de lhe conferir interpretação emconsonância com o princípio da dignidade da pessoa, no sentido de se reconhecer a possibilidade de que esse parâmetroobjetivo seja conjugado, no caso concreto, com outros fatores indicativos do estado de penúria do cidadão. Em julgadosposteriores o próprio STF já sinalizou no sentido da relativização do critério objetivo. “O exame dos votos proferidos nojulgamento revela que o Supremo Tribunal apenas declarou que a norma do art. 20 e seu § 3º da Lei n. 8.742/93 nãoapresentava inconstitucionalidade ao definir limites gerais para o pagamento do benefício a ser assumido pelo INSS, oraReclamante. Mas não afirmou que, no exame do caso concreto, o juiz não poderia fixar o que se fizesse mister para que anorma constitucional do art. 203, inc. V, e demais direitos fundamentais e princípios constitucionais se cumprissemrigorosa, prioritária e inescusavelmente. (...) De se concluir, portanto, que o Supremo Tribunal teve por constitucional, emtese (cuidava-se de controle abstrato), a norma do art. 20 da Lei n. 8.742/93, mas não afirmou inexistirem outras situaçõesconcretas que impusessem atendimento constitucional e não subsunção àquela norma” (STF, Rcl 3805/SP, Min. CarmenLúcia, DJ 18/10/2006, p.00041).6. Resulta que o grupo familiar constituído por 3 pessoas (autor, cônjuge e filho maior deficiente) aufere renda de poucomais de um salário mínimo (salário-mínimo decorrente do LOAS recebido pelo filho deficiente físico acrescido da rendavariável – decorrente de biscates e trabalho informal – de R$ 100,00 recebida pelo autor). Renda per capita de R$ 203,00 –pouco abaixo de ½ salário mínimo. Dadas as condições de miserabilidade descritas no laudo social (estado precário damoradia e necessidade de medicamentos para controle de diabetes e problemas cardíacos), entendo devido o benefíciorelativizando-se o critério objetivo.7. Recurso conhecido e não provido. Sem custas. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios nomontante de 10 % sobre o valor da condenação, nos termos do art. 20, § 4º do CPC.

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa – parteintegrante deste julgado.

56 - 2005.50.52.000624-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITEVIEIRA.) x LEOMAR DO ANJOS (REPRESENTADO POR LAERTE DOS ANJOS).E M E N T AAMPARO SOCIAL. RENDA MENSAL INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. GRUPO FAMILIAR COMPOSTOUNICAMENTE PELO AUTOR. RECURSO NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente pedido derestabelecimento do benefício assistencial. Alega, em síntese, o recorrente, que a renda do grupo familiar ultrapassa ¼(um quarto) do salário mínimo per capita, o que impossibilita a concessão do benefício. Sem contrarrazões.2. Ao longo do processo, foram elaborados dois laudos sócio-econômicos. O primeiro, às fls. 28 / 29, e o segundo, às fls.48 / 49. Neste último, formulado em 2007, a assistente social constatou que o recorrido havia se mudado para a casa dairmã, onde morava com o cunhado, o sobrinho e o irmão (que à época tinha 16 anos). A irmã e o cunhado trabalhavam econseguiam prover o sustento da família, de modo que a renda per capita do grupo familiar excedia o limite legal. Mesmoassim, a sentença concedeu o benefício por identificar que a renda per capita se aproximava muito da exigida em lei e queexistiam gastos com cuidados especiais com o autor, que é absolutamente incapaz e necessita de assistência permanente,em razão de seqüela de poliomielite adquirida na infância.3. A jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização aponta no sentido de que o grupo familiar, para efeito daconcessão do benefício assistencial, deve ser definido de acordo com o art. 20, § 1º da Lei 8.742/93 e art. 16 da lei8.213/91, considerando-se como componentes do grupo familiar apenas e tão-somente: I - o cônjuge, a companheira, ocompanheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; II - os pais; e III- o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido. (PU 200563060020122, DJ13.11.2006, relator Juiz Federal Alexandre Miguel).4. Nesses termos, tanto na situação retratada na primeira visita social, quanto na segunda, o grupo familiar do autor écomposto, no máximo, pelo próprio autor e seu irmão menor (com 16 anos à época). Os irmãos maiores e capazes, bemcomo suas companheiras e filhos, não integram o grupo familiar do autor – para efeito de concessão do benefícioassistencial, ainda que vivam sob o mesmo teto e cooperem com a sua subsistência, pois este não foi o critério que olegislador escolheu. Assim, sua renda deve ser excluída do cálculo da renda mensal per capita.5. Por outro lado, o §1º. do art. 20 da Lei 8.742/93 define como família o conjunto de pessoas elencadas no art. 16 da Leino 8.213, de 24 de julho de 1991, desde que vivam sob o mesmo teto. Assim, é irrelevante o fato de a mãe do autor obterrenda proveniente de aposentadoria por idade rural, no valor de um salário-mínimo, pois, como revelaram os relatóriossociais, o autor não vive com a mãe, mas sim com seus irmãos.6. Assim, em que pese ter o INSS juntado ao recurso documentos (fls. 107/117) que comprovam que a irmã e o cunhadodo recorrido auferem renda de aproximadamente R$ 2.000,00 (dois mil reais) por mês, esta não deve ser incluída para ocômputo da renda familiar do autor. Logo, tendo em vista que o autor e seu irmão menor não trabalham e não recebembenefício algum, a renda per capita familiar do autor é nula, o que autoriza a concessão do amparo social. Aliás, o contexto

dos fatos confirma justamente a necessidade da concessão do benefício ao autor: sua mãe, por receber salário-mínimo,não tinha condições de arcar com o sustento do autor e, por isso, o mesmo foi morar com sua irmã maior de idade – quenão integra o grupo familiar nos termos do art. 16 da Lei 8213 / 91 – que detinha melhores condições econômicas.7. Além do mais, a jurisprudência é predominante no sentido de que o limite de ¼ do salário mínimo não é absoluto,podendo ser constatada a miserabilidade a partir de outros elementos. Assim, mesmo se outro fosse o entendimentoacerca da formação do grupo familiar, a sentença não mereceria reforma, uma vez que observou a existência demiserabilidade por outros meios (especificidades do caso concreto, condições pessoais e tipo de doença/lesão). Nestecontexto, vale citar a Súmula 6 da TNU, que dispõe: “A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) dosalário mínimo não impede a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, § 3º da Lei nº. 8.742 de 1993, desdeque comprovada, por outros meios, a miserabilidade do postulante.”8. Recurso do INSS conhecido e não provido. Sem condenação em honorários advocatícios, considerando que a parteautora não está assistida por advogado. Sem custas (art. 4. º, I da Lei 9.289/96).A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso, na forma da ementa, que integra o presentejulgado.

57 - 2008.50.50.003176-4/01 MARIA HELENA LIMA COELHO (ADVOGADO: DIMAS PINTO VIEIRA, ADMAR JOSECORREA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUESCARVALHO.).E M E N T AAMPARO SOCIAL. CÔNJUGE APOSENTADO. RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO PER CAPITA.MISERABILIDADE NÃO COMPROVADA POR OUTROS MEIOS. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.1. Recurso inominado interposto pela autora em face de sentença que julgou improcedente pedido de concessão deamparo social desde 08/06/2005 (data da cessação por via administrativa), visto que a renda familiar per capita superava¼ (um quarto) do salário mínimo. Sustenta a recorrente que, apesar de sua renda exceder o limite legal, deve-se atentarpara o caso concreto, buscando outros critérios para aferir a miserabilidade. Sem contrarrazões (fl. 166).2. De acordo com o relatório social de fls. 146 / 157, o grupo familiar em questão é formado pela recorrente, de 58 anos, eseu marido, de 63 anos. A renda familiar é composta unicamente pela aposentadoria que o marido recebe, no valor de umsalário mínimo. Queixou-se também a recorrente que possui gastos extraordinários com remédios e que recebe ajuda daigreja e de terceiros, para prover sua subsistência. Ademais, restou comprovado no laudo médico (fls. 125 / 126) que éportadora de deficiência visual em ambos os olhos, o que a torna totalmente incapaz de trabalhar e de realizar atos da vidaindependente.3. A renda mencionada, se dividida entre os componentes do grupo familiar, ultrapassa ¼ (um quarto) do salário mínimoper capita. Por outro lado, não é possível, por ora, excluir-se objetivamente a renda auferida pelo cônjuge da autora, emaplicação extensiva do art. 34, parágrafo único da Lei 10.741/03, pois ele ainda não completou 65 anos de idade. A regrado art. 34, parágrafo único da lei 10.741/2003 destina-se à proteção legal do idoso, maior de 65 anos, prevendo que obenefício já concedido à pessoa idosa, no termos do caput do art. 34, não seja computado para os fins do cálculo da rendafamiliar per capita a que se refere a Loas, de modo a resguardar, dessa forma, a renda do idoso. Ocorre que, no caso dosautos, em que pese a incapacidade da autora, não há idosos no grupo familiar, de acordo com a definição da lei, o queinviabiliza, por ora, a aplicação extensiva do art. 34, parágrafo único da Lei 10.741/03.4. A família reside em moradia própria, de alvenaria, em bairro que apresenta infraestrutura urbana básica, com acesso àrede de água, energia elétrica e esgotamento sanitário. Os mencionados gastos com medicamentos, por sua vez, não semostram exorbitantes, pois, conforme o laudo da visita social, a maioria é fornecida pela rede pública de saúde. Por outrolado, quando a família tem que comprá-los, a despesa é em torno de R$100,00 mensais. Os demais gastos alegados, porsua vez, não ultrapassam o valor da renda obtida pelo cônjuge da recorrente. Assim, entendo que não está comprovada amiserabilidade do grupo familiar.5. Conforme novo posicionamento adotado pela Turma Recursal do Espírito Santo, incide condenação em honoráriosadvocatícios mesmo na hipótese de não haver o recorrido apresentado contrarrazões. A uma porque o trabalho doadvogado da parte recorrida não se mede simplesmente pelo oferecimento dessa peça processual, mas sim, pelo conjuntode sua atuação no processo. A duas porque a finalidade essencial da condenação em honorários somente na hipótese deo recorrente ser vencido consiste no desestímulo ao recurso, conforme os princípios de celeridade que informam osjuizados especiais.6. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º - II, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em R$50,00, ficando sua execução suspensa, na forma do art. 12 da Lei 1.060/50.Proceda a Secretaria à renumeração dos autos, a partir da fl. 170.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela autora, nos termos da ementa – parteintegrante deste julgado.

58 - 2008.50.52.000217-4/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHANDE ALMEIDA.) x MATEUS ROCHA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. IDADE. CARÊNCIA DEMONSTRADA. INICIO DE PROVA MATERIAL.PROVA TESTEMUNHAL. EXTENSÃO DOS EFEITOS. MONTANTE ACIMA DO TETO LEGAL. PRECATÓRIO. RPV.INEXISTÊNCIA DE PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. RECURSO DO INSS CONHECIDO E NÃO PROVIDO.ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, naforma da ementa que integra este julgado.

59 - 2008.50.50.004863-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRALVIEIRA.) x MARIA DA PENHA RUDIO ZAMPIERI (ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.).EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INEXISTÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL DAATIVIDADE RURAL ANTERIOR A 1991. CARÊNCIA DE 180 MESES. VÍNCULOS URBANOS DO MARIDO DA AUTORANÃO DESCARACTERIZAM A CONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL. RENDA RURAL DA ESPOSA É INDISPENSÁVELAO SUSTENTO DA FAMÍLIA. PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE PROCESSUAL. ALTERA DIB. CORREÇÃO MONETÁRIADEVIDA A PARTIR DO VENCIMENTO DE CADA PARCELA. JUROS NOS TERMOS DA LEI 11.960/2009. SENTENÇAPARCIALMENTE REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido deaposentadoria por idade rural. Sustenta a recorrente, em suas razões recursais, que: (1) não há nos autos início de provamaterial da atividade rural, anterior a 1991, assim, a autora deveria comprovar 180 meses de carência e não 132 meses,conforme dispõe o art.25, II, da Lei 8.213/91; (2) a autora não apresentou início de prova material e a atividade rural nãopode ser comprovada exclusivamente pela prova testemunhal; (3) a existência de vínculos urbanos de seu cônjugedescaracteriza sua qualidade de segurada especial; (4) o exercício individual de atividade rural só pode ser aplicadoàqueles que não pertencem a grupo familiar. Requer, subsidiariamente que: até 29/06/2009, a correção monetária sejafixada a partir do ajuizamento da ação, nos termos do artigo 1º § 2º da Lei 6.899/81 e da Súmula 148 do STJ, bem comojuros moratórios sejam fixados em 0,5% ao mês, a partir da citação; e que a partir de 30/06/2009, a atualização monetáriae os juros de mora sejam estipulados de acordo com art.1º F, da Lei 11.960/2009. Contrarrazões às fls. 122/136.2. Após compulsar os autos, verifico que realmente não há início de prova documental hábil a comprovar exercício deatividade rural antes de 1991, o que reduziria o prazo de carência, nos termos do art. 142 da Lei 8.213/91. A certidão decasamento (fl. 17), muito embora seja do ano de 1975, não pode ser considerada como início de prova material, visto queconsta, neste documento, a profissão da autora como sendo doméstica, e a do esposo, operário. Verifico, no entanto, iníciode prova material da atividade rural posterior ao ano de 1991: fichas de atendimento médico ambulatorial (fls. 20/22 e 54),datadas de 1994, ficha de matrícula da filha da autora do ano de 2000 (fl.23), em que consta a profissão da autora comolavradora, certificado de cadastro de imóvel rural em nome do sogro da autora e do comprovante do ITR (fls. 26/29),contrato de comodato datado de 1999 (fls.42/43), em que o marido da autora é qualificado como lavrador. Cumpre pontuar,ademais, que todos estes documentos foram corroborados por prova testemunhal consistente. “Para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício” (Súmula 14 TNU). Início de prova documental também não se confunde com prova plena, podendoa atividade rural ser confirmada com base na prova testemunhal. A autora preencheu o requisito da idade (55 anos deidade em 28.04.2004) e terá que cumprir a carência de 180 meses para fins de concessão do benefício pleiteado.3. Em juízo a autora declarou que sempre laborou no meio rural, sendo que, após o casamento foi trabalhar na roça dosogro, o Sr. Agelim Zampieri, já falecido. A prova testemunhal colhida em audiência, especialmente, a Sra. Rosa RodriguesMattos foi incisiva ao afirmar que conhece a autora há mais de 30 anos e que esta sempre laborou no meio rural, napropriedade do sogro; que a autora mora a apenas 10 minutos da propriedade rural em que trabalha, que não háempregados na roça e tudo o que é produzido é consumido em casa pela recorrida, o pouco que sobra é vendido parapequenos comerciantes. Por fim, pontuou que a autora depende do trabalho na roça para viver. Este depoimento foiposteriormente confirmado pela outra testemunha, que não apresentou nenhum fato novo capaz de contradizer o que foiafirmado pela primeira testemunha.4. Em que pese as afirmações do INSS, de que a renda proveniente do trabalho rural desenvolvido pela autora não eraessencial para o sustento familiar, esta assertiva não merece prosperar, pois de acordo com o depoimento da recorrida,confirmado pelas testemunhas, os proventos obtidos com as atividades rurais, sempre foram fundamentais para asubsistência familiar; ademais, cumpre mencionar que, na audiência de instrução e julgamento, a parte autora afirmou quesó foi possível comprar a passagem e comparecer aquele ato processual, porque a colheita havido sido farta. Instaesclarecer, que é ponto incontroverso dos autos que o cônjuge da recorrida sempre desenvolveu trabalho urbano, contudo,a prova testemunhal demonstrou que, não obstante tal fato, a autora continuou trabalhando na roça e que a renda advindado trabalho rural era indispensável ao sustento da família. As testemunhas afirmaram, ainda, que o esposo da parte autora,mesmo desempenhado atividade eminentemente urbana, nas épocas de desemprego, trabalhava com a esposa no meiorural. Pontuaram finalmente, que atualmente, o marido da recorrida ajuda nas atividades rurais. Esclarece-se, no entanto,que os vínculos urbanos do marido da autora foram de pequena duração (aproximadamente um total de 61 meses em umintervalo de 180 meses) durante a carência para a concessão do benefício (fl. 75). O desempenho de atividade urbana porum membro do grupo familiar não constitui, por si só, óbice à demonstração da condição de segurado especial por outrocomponente da família, desde que, a renda advinda da agricultura seja indispensável ao sustento do lar. Nesse sentido,convém a seguinte referência à jurisprudência da TNU:PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVAMATERIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL. 1. Para fins decomprovação de tempo de serviço exercido em regime de economia familiar afigura-se necessária a apresentação de

início de prova material, conforme exigido pelo § 3º do art. 55 da Lei nº 8.213/91. 2. O indício também pode serconsiderado início de prova material, por configurar, juntamente com a presunção, modalidade de prova indireta,consistindo na prova que, resultante de um fato, convence a existência de outro fato, desde que mantenha nexo lógico epróximo com o fato a ser provado. 3. Neste sentido, no caso, ainda que esteja em nome do marido da autora, a escriturapública de compra e venda de propriedade rural datada em 04.10.89 serve como início de prova material. 4. O fato de umdos membros do grupo familiar ser trabalhador urbano ou titular de benefício previdenciário urbano não descaracteriza, porsi só, o regime de economia familiar em relação aos demais membros do grupo familiar. 5. Nesse contexto, o regime deeconomia familiar somente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbanofor suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, noutros termos, se a rendaauferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. 6. Caso em que, em conformidade com ajurisprudência desta Turma Nacional, examinando o conjunto probatório, o Juizado de origem considerou presente iníciode prova material do desempenho de atividade rural em regime de economia familiar desde 04.10.89, bem como que otrabalho rural era indispensável à manutenção da família, cujos entendimentos devem prevalecer sobre os entendimentosdo acórdão recorrido. 7. Pedido de uniformização provido (TNU – PEDILEF 200770630002109 – Juíza Federal JacquelineMichels Bilhalva - DJ 08/01/2010).

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. ALEGADA DESCARACTERIZAÇÃO DOTRABALHO RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR, DIANTE DA EXISTÊNCIA DE RENDA URBANA RECEBIDAPELO CÔNJUGE DA AUTORA. JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE FIRMADA NO MESMO SENTIDO DO ACÓRDÃORECORRIDO. QUESTÃO DE ORDEM N.º 13. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVA. PEDIDO DEUNIFORMIZAÇÃO NÃO CONHECIDO. I - No acórdão recorrido firmou-se entendimento no sentido de que os vínculosurbanos do cônjuge não são hábeis a descaracterizar a qualidade de segurada especial da autora. II - Esta Corte temdecidido que o regime de economia familiar somente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana oucom o benefício urbano for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou,noutros termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. (...) (TNU -PEDILEF 200840007028291 – Juiz Federal Ivori Luis da Silva Scheffer - DJ 08/01/Portanto, os vínculos urbanos do cônjuge da parte autora, não são capazes, por si só, de descaracterizar a qualidade desegurada especial da recorrida, vez que restou demonstrada a indispensabilidade do labor rural da autora para o sustentoda família.5. Como não há início de prova material da atividade rural anterior a 1991, a autora deve comprovar a carência de 180meses de exercício de atividade rural, nos termos do art.25, II, da Lei 8.213/91, para fazer jus à aposentadoria rural. Assim,ao levarmos em consideração que o primeiro documento apresentado pela autora como início de prova material, data de1994, e que a prova testemunhal pode ampliar a eficácia temporal da prova documental, nos termos das súmulas 14 e 34da TNU, bem como a declaração da autora em audiência, de que exerce atividade rural até os dias atuais (23.06.2009 –data da audiência), entendo que a autora conseguiu provar o exercício de atividade rural a partir de 1991 até os diasatuais, o que perfaz a carência de 15 anos, exigida em lei. Como o requerimento administrativo da autora data de17.03.2005, época em que não havia completado a carência de 180 meses, mas em respeito ao princípio da efetividadeprocessual e para evitar novas demandas em sede administrativa e judicial, entendo ser devido a aposentadoria rural àrecorrida, todavia, com DIB fixada em 25.07.2006.6. O INSS requereu, ainda, em caso de manutenção da sentença, que a correção monetária fosse fixada a partir doajuizamento da ação, nos termos do art. 1.º, § 2º da Lei 6.899/81 e da Súmula 148 do STJ. A sentença proferida nospresentes autos não é líquida, mas liquidável, portanto, aplica-se o art. 1.º, § 1.º daquela lei: “nas execuções de títulos dedívida líquida e certa, a correção será calculada a contar do respectivo vencimento”, razão pela qual a sentença nãomerece reforma neste ponto. Em relação aos juros de mora, cumpre aduzir, que a sentença foi prolatada em 15/07/2009,ou seja, nesta data já estava em vigor a Lei 11.960/2009, assim sendo, merece reforma o percentual de juros definidosnaquela condenação. Do exposto, fixo o percentual de aplicação dos juros de mora, conforme disposto no art.1º da Lei11.690/2009.7. Pelo exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso interposto para reformar a sentença, condenando oINSS à concessão de aposentadoria por idade rural com DIB em 25.07.2006, bem como ao pagamento das parcelasatrasadas, acrescidas de correção monetária desde a data em que cada parcela foi devida, conforme tabela do CJF, ejuros moratórios de 1% ao mês a contar da citação e até 29.06.2009 (data do advento da Lei 11960 / 2009). Após essadata, atualização na forma do art. 1º F da Lei 9494 / 97, com a redação que lhe foi dada pela Lei 11960/2009. Semcondenação em custas e honorários (art. 55 da Lei 9099 / 95).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS,nos termos da ementa – parte integrante deste julgado.

60 - 2009.50.50.001353-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos FigueredoMarçal.) x DAYNNE MAPELI NOVAES (ADVOGADO: MARQUIVALDO DIAS CUNHA, MARQUIVALDO DIAS CUNHA.) xWASHINGTON LAZARO NOVAES.E M E N T APREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RECURSO INOMINADO INTERPOSTO PELO INSS EM FACE DESENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. A SENTENÇA RECONHECEU A QUALIDADE DE SEGURADO DO FALECIDO PELAPRORROGAÇÃO DECORRENTE DA SITUAÇÃO DE DESEMPREGO. DESEMPREGO RECONHECIDO

EXCLUSIVAMENTE EM FACE DA AUSÊNCIA DE ANOTAÇÃO DE NOVO VÍNCULO EMPREGATÍCIO EM CTPS. AREALIZAÇÃO DE AIJ FOI DISPENSADA NO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU. ENTENDIMENTO POSTERIORCONSOLIDADO PELO STJ NO JULGAMENTO DA PET7115 / PR EM SENTIDO CONTRÁRIO. SEGURANÇA JURÍDICA.DEVIDO PROCESSO LEGAL. SENTENÇA ANULADA DE OFÍCIO. RECURSO INTERPOSTO PELO INSS A QUE SE DÁPARCIAL PROVIMENTO.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo ANULAR, de ofício, a sentença proferida, dando PARCIAL PROVIMENTO ao recurso interposto peloINSS, nos termos do voto e da ementa que integram este julgado.

61 - 2008.50.50.007322-9/01 MIRIAM CONCEIÇAO SILVA (ADVOGADO: ROSEMARY MACHADO DE PAULA,GUSTAVO FERREIRA DE PAULA, THALITA CHAGAS CORREA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).E M E N T APREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PEDIDO FORMULADO PELA MÃE DO FALECIDO. DEPENDÊNCIAECONÔMICA COMPROVADA PELA PROVA ORAL. BENEFÍCIO DEVIDO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSOINTERPOSTO PELA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela parte autora, naforma do voto e da ementa que integram este julgado.

62 - 2008.50.50.001803-6/01 MARTINS PEREIRA DE CARVALHO (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMONHOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. ART. 29 – II LEI 8.213 / 91. RECURSO DA PARTE AUTORA PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor contra sentença que julgou improcedente pedido de revisão derenda mensal inicial de benefício previdenciário pela aplicação do art. 29, II, da Lei 8.213/91.

2. A matéria em questão já se encontra pacificada nesta Turma, nos termos do enunciado 47 (publicado no DIOES -Boletim da Justiça Federal em 06/05/2009, pág. 24/25): “Para a aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doençaconcedido sob a vigência da lei nº. 9.876/99, o salário-de-benefício deve ser apurado com base na média aritméticasimples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da datade filiação do segurado e do número de contribuições mensais no período contributivo. É ilegal o art. 32, § 20, do decretonº. 3.048/99, acrescentado pelo decreto nº. 5.545/2005.”

3. No caso dos autos, a parte autora busca a revisão de RMI de benefício de auxílio-doença concedido em 05.01.2004 (fl.10), já sob a vigência, portanto, da Lei 9.876/99, pelo que é devida revisão pleiteada, independentemente da data defiliação do segurado e do número de contribuições mensais no período contributivo.

4. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença e condenar o INSS a revisar a renda mensal inicial do benefíciode auxílio-doença em questão na forma do art. 29, II, da Lei 8.213/91, considerando, na apuração do salário-de-benefício,a média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, desprezando-se os20% menores, bem como a pagar à parte autora as diferenças vencidas, observada a prescrição qüinqüenal, corrigidasmonetariamente de acordo com a tabela para ações condenatórias do CJF e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês, apartir da citação e até 29.06.2009. Após 30.06.2009, deve-se aplicar exclusivamente a correção prevista no art. 1º - F daLei 9494 / 97, com a nova redação dada pela Lei 11960 / 2009. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art.55, Lei 9.099/95).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela parte autora naforma da ementa – parte integrante do presente julgado.

63 - 2008.50.50.000759-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NEIDE DEZANEMARIANI.) x OSIAS BARCELOS DE JESUS (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, EUSTACHIO DOMICIO L.RAMACCIOTTI.).EMENTAA GDASS – Gratificação de Desempenho de Atividades do Seguro Social -, é devida ao servidor público civil federal ativoem razão do desempenho individual e institucional da entidade ou do órgão em cujo quadro de pessoal o cargo públicoefetivo se encontra lotado, com fundamento na MP 146/2003, convertida na Lei 10.855/2004. Impossibilidade de extensãoaos inativos de vantagens remuneratórias conferidas legalmente aos servidores da ativa que dependem de aferição de

desempenho individual e coletivo / institucional (vantagem pro labore faciendo). Possibilidade de extensão quando apontuação é atribuída pela simples ocupação do cargo (ex facto officii). Precedentes do STF neste sentido (RE 476.279/DFe 476.390/DF). São devidas ao servidor inativo diferenças de GDASS, a ser apurada entre os valores que lhe foram pagose: (a) 60 % do valor máximo da GDASS, para o período de 11.12.2003 (data do início da vigência da MP 146 / 2003) a15.12.2004 (data do início da vigência da Lei 10997 / 2004, que revogou o art. 19 da Lei 10855 / 2004) e (b) 80 pontos,para o período de 01.03.2007 até 29 de fevereiro de 2008 e até o início do primeiro ciclo de avaliação individual einstitucional de que tratam os §§ 11º e 12º da Lei 11501 / 2007. Sobre as diferenças deverão incidir correção monetáriadesde a data em que a parcela se tornou devida e juros de mora de 0,5 % ao mês (artigo 1º-F da Lei 9494/97, introduzidopela Medida Provisória n.º 2.180-35/2001) a contar da citação, observada a prescrição qüinqüenal, até 29.06.2009 (data doadvento da Lei 11960 / 2009). Após essa data, atualização exclusivamente na forma do art. 1º F da Lei 9494 / 97, com aredação que lhe foi dada pela Lei 11960 / 2009 Recurso do INSS conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada.Sem condenação em honorários advocatícios ante a sucumbência recíproca. Sem custas.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa –parte integrante deste julgado.

64 - 2008.50.50.001118-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NEIDE DEZANEMARIANI.) x MARINA LOUREIRO DA SILVA (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, EUSTACHIO DOMICIO L.RAMACCIOTTI.).EMENTAA GDASS – Gratificação de Desempenho de Atividades do Seguro Social -, é devida ao servidor público civil federal ativoem razão do desempenho individual e institucional da entidade ou do órgão em cujo quadro de pessoal o cargo públicoefetivo se encontra lotado, com fundamento na MP 146/2003, convertida na Lei 10.855/2004. Impossibilidade de extensãoaos inativos de vantagens remuneratórias conferidas legalmente aos servidores da ativa que dependem de aferição dedesempenho individual e coletivo / institucional (vantagem pro labore faciendo). Possibilidade de extensão quando apontuação é atribuída pela simples ocupação do cargo (ex facto officii). Precedentes do STF neste sentido (RE 476.279/DFe 476.390/DF). São devidas ao servidor inativo diferenças de GDASS, a ser apurada entre os valores que lhe foram pagose: (a) 60 % do valor máximo da GDASS, para o período de 11.12.2003 (data do início da vigência da MP 146 / 2003) a15.12.2004 (data do início da vigência da Lei 10997 / 2004, que revogou o art. 19 da Lei 10855 / 2004) e (b) 80 pontos,para o período de 01.03.2007 até 29 de fevereiro de 2008 e até o início do primeiro ciclo de avaliação individual einstitucional de que tratam os §§ 11º e 12º da Lei 11501 / 2007. Sobre as diferenças deverão incidir correção monetáriadesde a data em que a parcela se tornou devida e juros de mora de 0,5 % ao mês (artigo 1º-F da Lei 9494/97, introduzidopela Medida Provisória n.º 2.180-35/2001) a contar da citação, observada a prescrição qüinqüenal, até 29.06.2009 (data doadvento da Lei 11960 / 2009). Após essa data, atualização exclusivamente na forma do art. 1º F da Lei 9494 / 97, com aredação que lhe foi dada pela Lei 11960 / 2009. Recurso do INSS conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada.Sem condenação em honorários advocatícios ante a sucumbência recíproca. Sem custas.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa –parte integrante deste julgado.

65 - 2008.50.50.000710-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NEIDE DEZANEMARIANI.) x ORLY SILVA DE SOUZA (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, EUSTACHIO DOMICIO L.RAMACCIOTTI.).EMENTAA GDASS – Gratificação de Desempenho de Atividades do Seguro Social -, é devida ao servidor público civil federal ativoem razão do desempenho individual e institucional da entidade ou do órgão em cujo quadro de pessoal o cargo públicoefetivo se encontra lotado, com fundamento na MP 146/2003, convertida na Lei 10.855/2004. Impossibilidade de extensãoaos inativos de vantagens remuneratórias conferidas legalmente aos servidores da ativa que dependem de aferição dedesempenho individual e coletivo / institucional (vantagem pro labore faciendo). Possibilidade de extensão quando apontuação é atribuída pela simples ocupação do cargo (ex facto officii). Precedentes do STF neste sentido (RE 476.279/DFe 476.390/DF). São devidas ao servidor inativo diferenças de GDASS, a ser apurada entre os valores que lhe foram pagose: (a) 60 % do valor máximo da GDASS, para o período de 11.12.2003 (data do início da vigência da MP 146 / 2003) a15.12.2004 (data do início da vigência da Lei 10997 / 2004, que revogou o art. 19 da Lei 10855 / 2004) e (b) 80 pontos,para o período de 01.03.2007 até 29 de fevereiro de 2008 e até o início do primeiro ciclo de avaliação individual einstitucional de que tratam os §§ 11º e 12º da Lei 11501 / 2007. Sobre as diferenças deverão incidir correção monetáriadesde a data em que a parcela se tornou devida e juros de mora de 0,5 % ao mês (artigo 1º-F da Lei 9494/97, introduzidopela Medida Provisória n.º 2.180-35/2001) a contar da citação, observada a prescrição qüinqüenal, até 29.06.2009 (data doadvento da Lei 11960 / 2009). Após essa data, atualização exclusivamente na forma do art. 1º F da Lei 9494 / 97, com aredação que lhe foi dada pela Lei 11960 / 2009. Recurso do INSS conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada.Sem condenação em honorários advocatícios ante a sucumbência recíproca. Sem custas.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa –parte integrante deste julgado.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

66 - 2008.50.54.000234-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DOESPÍRITO SANTO.) x MARIA HELENA AZEREDO BRUM (ADVOGADO: LIETE VOLPONI FORTUNA.).Processo nº. 2008.50.54.000234-9/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido : MARIA HELENA AZEREDO BRUM

EMENTA

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AOREQUERIMENTO DO BENEFÍCIO, EM 2007 – EQUÍVOCO NO CONTRATO DE PARCERIA FIRMADO EM 1994 QUENÃO IMPEDE A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO – PROVA TESTEMUNHAL QUE CORROBORA O EXERCÍCIO DEATIVIDADE RURÍCOLA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 93-97, que julgouprocedente o pleito autoral, de concessão de aposentadoria rural por idade. Alega o recorrente, em suas razões recursais,que a recorrida não preencheu os requisitos para a percepção do benefício requerido, sendo que o contrato de parceria àsfls. 50/52 dos autos não pode ser utilizado para fins de comprovação de início de prova material.

2. Em primeiro lugar, é deve-se ressaltar que, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91, o trabalhador rural referido na alínea“a” do inciso I e na alínea “g” do inciso V, e nos incisos VI e VII do art. 11 da mesma lei, para fins de recebimento deaposentadoria rural por idade, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), deve comprovar oefetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

3. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início derazoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei 8213/91 e, para que talatividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família sejaindispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e que seja exercido emcondições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da Lei8.213/91.

4. Vislumbra-se, ao se analisar os autos em epígrafe, que o contrato de parceria de fls. 50/52, tema da controvérsia entrerecorrente e recorrida, de fato possui um equívoco com relação ao estado civil da outorgante, mas tal equívoco não fazcom que seja constatado indício de fraude na sua confecção. Sabe-se que contratos como este, massificados epadronizados, por vezes se cometem equívocos quando das substituições de informações referentes aos parceiroscontratantes, o que não pode prejudicar quem está a pleitear o benefício de aposentadoria rural por idade, sobretudo pelofato de o início de prova material não se embasar apenas neste documento. Vale ressaltar que esses equívocos nãocostumam ser notados pelos parceiros outorgantes, os quais são pessoas simples e com pouca instrução. A própriarecorrida, à fl. 46, afirmou que não se lembra do ano em que firmou o referido contrato, tampouco quando reconheceu afirma relacionada a tal negócio jurídico, o que demonstra a sua simplicidade.

5. Verifica-se, no presente caso, que a recorrida, independentemente do contrato de parceria presente às fls. 50/52,conseguiu comprovar, nos autos, o início de prova material necessário para a concessão do benefício de aposentadoriarural por idade, conforme o artigo 55, § 3º, da Lei 8.213/91. Com efeito, o contrato de parceria agrícola firmado entre JoãoScardua, a recorrida e o seu companheiro (fl. 62, verso), com início no ano de 2002, já constitui início de prova material.Ademais, a prova testemunhal foi uníssona em mencionar que a recorrida exerceu atividade rural por grande período detempo, inclusive antes de se unir ao seu companheiro.

6. Desse modo, resta claro que a recorrida faz jus ao benefício pleiteado, uma vez que preencheu os requisitos para a suaconcessão. Tendo sido preenchidos os requisitos para a concessão do benefício em questão, não procede o argumento daautarquia previdenciária no sentido de que não há início de prova material apto a permitir que a recorrida percebaaposentadoria rural por idade. Deve-se mencionar, aliás, que, em entrevista rural à fl. 46, a recorrida afirmou que aatividade exercida quando do segundo contrato de parceria era realizada no mesmo terreno do contrato anterior, o quereforça a legitimidade do exercício de atividade rural presente no contrato de parceria de fls. 50-52, posto que a outorgantedo primeiro contrato de parceria, Maria Soares Ramos Scardua, realizou a divisão de sua propriedade entre os seusherdeiros (fls. 56, 57-60), entre os quais se inclui João Scardua, outorgante no segundo contrato de parceria.

7. Sendo assim, resta comprovado que foi exercida atividade rural por parte da recorrida durante o período anterior aorequerimento administrativo (09/05/2007 – fl. 46), de forma que o referido período, corroborado pela prova testemunhalcolhida em Juízo, deve ser computado para fins de concessão do benefício de aposentadoria rural por idade requerido.

8. Quanto ao requerimento por parte da recorrida, em sede de contrarrazões recursais, pautado na condenação daautarquia previdenciária por litigância de má-fé, considera-se que tal requerimento não procede, haja vista que o recursointerposto pelo INSS, ao impugnar a sentença proferida, não atacou fato incontroverso nem agiu de modo protelatório.Havia controvérsia entre as partes no que diz respeito a como deveria ser analisado o equívoco presente no contrato deparceria de fls. 50/52, de forma que a autarquia previdenciária se valeu da peça recursal para que houvesse a reanálise daquestão, o que é legítimo. Ademais, o referido recurso, recebido apenas no efeito devolutivo, não trouxe prejuízos diretos àrecorrida, a qual continuou a perceber o benefício previdenciário concedido, conforme fls. 104-105 dos autos.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Sem condenação em custas processuais, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honoráriosadvocatícios no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), conforme o artigo 20, § 4º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, deforma a manter a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

67 - 2005.50.02.001214-1/01 PEDROLINA ZANARDO VINCO (ADVOGADO: ARMANDO VEIGA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Bruno Medeiros Bastos.).Processo nº. 2005.50.020001214-1/01

Recorrente : PEDROLINA ZANARDO VINCO

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

EMENTA

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AOREQUERIMENTO DO BENEFÍCIO, EM 1993 – PROVA TESTEMUNHAL QUE CORROBORA O REFERIDO EXERCÍCIO –RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 144/146, quejulgou improcedente o pleito autoral, de concessão de aposentadoria rural por idade. Alega a recorrente, em suas razõesrecursais, que há, nos autos, início de prova material do exercício de atividade rural e que a mesma nunca deixou deexercer atividade rurícola.

2. Em primeiro lugar, é deve-se ressaltar que, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91, o trabalhador rural referido na alínea“a” do inciso I e na alínea “g” do inciso V, e nos incisos VI e VII do art. 11 da mesma lei, para fins de recebimento deaposentadoria rural por idade, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), deve comprovar oefetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

3. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início derazoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei 8213/91 e, para que talatividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família sejaindispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e que seja exercido emcondições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da Lei8.213/91.

4. Verifica-se, no presente caso, que, a despeito das considerações tecidas na sentença proferida, a recorrente faz jus aobenefício pleiteado. Com efeito, esta requereu o benefício de aposentadoria rural por idade no ano de 1993, conformedocumento de fl. 33 dos autos. Desse modo, a análise do tempo de atividade rural exercida pela referida recorrente deveser feita tendo por base o período anterior a esse requerimento, conforme o artigo 143 da Lei 8.213/91.

5. Os autos demonstram que a recorrente, de fato, exerceu atividade rural no período anterior ao requerimentoadministrativo. Isso fica claro no documento de fl. 152 (certidão de casamento datada em 1954, na qual consta comoprofissão do cônjuge da recorrente como a de lavrador) e nos documentos de fls. 54/58 dos mencionados autos, os quaistrazem o Termo de Homologação pelo Ministério Público de Castelo/ES de atividade rural exercida pela recorrente de 1987a 1992, declaração contemporânea ao exercício de atividade rural, sendo esta datada de 1992, e contrato de parceriaagrícola firmado entre esta, seu cônjuge e terceiro, sendo que este, inclusive, chegou a prestar declaração, no ano de1992, de que a recorrente exerceu atividade rural em regime de economia familiar entre janeiro de 1987 e agosto de 1990,o que condiz com o ato contratual supracitado, o qual teve início em 30 de agosto de 1990.

6. É preciso salientar que somente o período homologado pelo Ministério Público, baseado na declaração apresentadapelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Castelo/ES, conforme fl. 54, constitui tempo de atividade rural suficiente para aconcessão do benefício de aposentadoria rural por idade à recorrente, posto que, conforme o artigo 142 da Lei 8.213/91,esta deveria cumprir 66 meses de carência, período correspondente ao ano do requerimento administrativo, qual seja,1993, e que equivale a cinco anos e seis meses. O referido período, diga-se, foi corroborado pela prova testemunhalcolhida em audiência, conforme o disposto às fls. 16-18.

7. Registre-se que, segundo a jurisprudência do E. STJ, a declaração firmada por Sindicato de Trabalhadores Rurais,devidamente homologada por membro do Ministério Público, é suficiente para o reconhecimento do exercício de atividaderurícola (STJ, RESP 254144, 5ª TURMA, REL. MIN. EDSON VIDIGAL, DJ 14.08.2000).

8. Vale ressaltar que a análise feita pela juíza a quo levou em consideração vínculos urbanos posteriores ao ano de 1993,os quais não possuem repercussão para o presente caso, pelas razões acima expostas. Sendo assim, verifica-se que arecorrente exerceu atividade rural em regime de economia familiar, pelo período necessário ao cumprimento da carência, oque faz com que faça jus ao benefício pleiteado.

9. Quanto à declaração de fl. 35 dos autos, a qual traz entendimentos controversos por parte de Jorge Venturim,considera-se aqui que não tem o condão de desqualificar as demais provas dos autos, principalmente o contrato deparceria firmado entre este, a recorrente e seu cônjuge. Ademais, a legislação previdenciária menciona apenas anecessidade de início de prova material do exercício de atividade rural, a qual deve ser corroborada por prova testemunhal,para que se conceda o benefício de aposentadoria rural por idade, o que foi preenchido no presente caso,independentemente de ser conferida validade ou não à referida declaração de fl. 31.

10. Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido recursal, para condenar a autarquia previdenciária a conceder obenefício de aposentadoria rural por idade em nome da recorrente desde 23/09/1993 (fl. 33), data do requerimentoadministrativo. O benefício deverá ser implantado no prazo de trinta dias, contados da intimação deste julgado, devendoser comprovado, no prazo de dez dias, após a implantação.

11. Condeno o INSS, também, ao pagamento das diferenças das parcelas vencidas, corrigidas monetariamente,respeitada a prescrição quinquenal e o teto fixado para este Juizado, acrescidas de correção monetária desde o momentoem que deveriam ter sido pagos e juros de mora de 1% ao mês a contar da citação até 30/06/2009 e, a partir de então,conforme os termos da Lei 11.690/2009.

12. Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto à não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSSpossui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com asdisposições dos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e nº 22 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro.Após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei 10.259/2001, será então expedido, sendo o caso, o “Requisitório de Pequeno Valor”.

13. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada.

14. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, de formaa reformar a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

68 - 2007.50.53.000734-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcelo CamataPereira.) x ANTONIO BRUNHARA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).Processo nº 2007.50.53.000734-6/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL.Recorrido : ANTÔNIO BRUNHARA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS.COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL, COMPLEMENTADA POR PROVA TESTEMUNHAL. SÚMULA Nº 41DA JURISPRUDÊNCIA DA TNU. NÃO-DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte requerida contra sentença proferida pelo juiz a quo que julgouprocedente a pretensão externada na inicial desta ação. Em suas razões recursais, alega o recorrente que a recorrida nãopreenche os requisitos para a concessão do benefício pleiteado, pois não fez prova suficiente do efetivo trabalho rural portodo o período necessário.

Os requisitos para a concessão do benefício de aposentadoria estão previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº8.213/91. São eles: (a) idade de 60 (sessenta) anos, se homem, ou 55 (cinqüenta e cinco) anos, se mulher (art. 48, § 1.º,da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, caput, do Decreto n.º 3.048/1999); (b) efetivo exercício de atividade rural, ainda que deforma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, pelo número de meses decontribuição correspondente ao da carência para a obtenção do benefício, consoante tabelas previstas nos respectivosdispositivos legais (art. 48, § 2.º c/c art. 143 da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, parágrafo único, c/c art. 182 do Decreto n.º3.048/1999); (c) atividade rural exercida em regime de economia familiar e de subsistência, admitindo-se apenas a títuloexcepcional, em caráter eventual, a prestação de serviços de terceiros não componentes da unidade familiar.

A Lei n. 8.213/1991 considera segurado especial o produtor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçamsuas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelomenos, um início de prova material para a comprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).

Como “asseverado pela súmula nº 41 da TNU, o desempenho de atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, o que deverá ser analisado no caso concreto”. (TNU,Processo n. 200381100064215, Relatora JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA, DJ 11/06/2010).

A apresentação de prova documental mínima, necessária ao seguimento do feito, foi cumprida com a apresentação dosseguintes documentos: a) contrato de parceria agrícola datado em 1979 (fls. 18/19); b) contrato de parceria agrícola datadoem 2003 (fls. 17/18); e c) certidão de casamento, na qual consta a profissão de lavrador (fl. 11).Os argumentos suscitados pela autarquia-ré em suas razões recursais são descabidos. A prova oral, corroborando osdocumentos supracitados, revelou que o autor trabalhou na roça de 1979 a 1990, aproximadamente, quando migrou para azona urbana, momento em que passou a laborar como vigia entre 1991 e 2001. Restou confirmado, ainda, que, após talperíodo, o autor voltou ao meio rural, trabalhando assim, no campo, desde o ano 2001.

Destarte, levando-se em conta o tempo trabalhado no meio rural entre 1979 e 1990, e ainda, o tempo que o autor vemtrabalhando antes do requerimento administrativo ocorrido em 2007, tem-se o tempo mínimo de carência exigido por lei, econsiderando que autor já alcançou idade para tanto, mostra-se acertada a decisão guerreada que determinou aconcessão do benefício pleiteado.

Cumpre ressaltar que, como afirma o juiz a quo: “a parte autora é pessoa que apresenta todas as características queidentificam as pessoas ´da roça´”. Para isso, o magistrado levou em conta tanto o aspecto pessoal quanto a forma de seexpressar e de se portar, ficando evidente que se trata de pessoa que nasceu e permaneceu toda a vida na zona rural,extraindo da terra seu meio de subsistência.

Recurso ao qual se nega provimento.

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honorários advocatícios arbitradosno valor de R$ 500,00, com fulcro no art. 20, §4º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

69 - 2007.50.54.000924-8/01 FRANCISCO BORGES (ADVOGADO: ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO, ROBNEIBATISTA DE BARROS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETOMONTEIRO ROTHEN.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL .DEMONSTRADO LABORRURAL NO PERÍODO DE CARÊNCIA. LABOR RURAL PODE SER DESCONTÍNUO. INDISPENSABILIDADE DA RENDARURAL AO SUSTENTO DA FAMÍLIA. RECURSO DO AUTOR PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face de sentença que julgou improcedente o pedido deaposentadoria rural por idade pelos seguintes fundamentos: inexistência de início de prova material do labor rural, uma vezque o CNIS do autor (fl. 69/70) demonstra vínculo urbano no período de 1990 a 1996 e não demonstração do exercício deatividade rural em regime de economia familiar. Sustenta a recorrente, em suas alegações recursais, que (1) apresentouinício de prova material da atividade rural; (2) que apesar de ter exercido a atividade de vigia noturno, durante o diasempre trabalhou na roça; (3) a renda obtida com o labor rural era indispensável à manutenção de sua família; (4) aatividade rural pode ser descontínua, nos termos do art. 39 da Lei 8.213/91. Contrarrazões às fls. 100/102.2. Existem nos presentes autos início de prova material do exercício da atividade rural do autor: certidão de casamento,datada de 15.09.1964, em que o autor é qualificado como lavrador (fl. 14); contrato de parceria agrícola (fl. 28); escriturapública de compra e venda, datada de 11.12.2002, em que o autor é qualificado como lavrador (fls. 34/35). Ademais, a suaesposa é aposentada na qualidade de segurada especial rural (fl. 15) e a qualidade de segurada especial da esposa seestende ao marido, conforme entendimento jurisprudencial majoritário. Como o autor nasceu em 08.05.1943 (fl. 11) ecompletou 60 anos em 2003, deve comprovar 132 meses (11 anos) de atividade rural, pois havendo atividade rural anteriorao advento da Lei 8213 / 91, aplica-se a tabela transitória do art. 142. Entendo que o autor demonstrou o exercício do laborrural no prazo de carência exigida em lei, fato este que foi corroborado pela prova testemunhal.3. O fato de o autor ter exercido atividade urbana no período de 1990 a 1996 não retira a sua qualidade de seguradoespecial rural, pois a atividade rural que autoriza concessão de aposentadoria pode ser descontínua (art. 39, I, Lei8.213/91). Ademais, o autor afirmou que o labor como vigia noturno não o impediu de continuar trabalhando na roçadurante o dia, o que demonstra que o labor rural continuava indispensável ao sustento de sua família. O autor continuou,ainda, a laborar na roça, após o fim do vínculo urbano, o que reforça a caracterização do regime de economia familiar, emface da possibilidade de descontinuidade .4. Recurso da parte autora conhecido e provido para conceder a aposentadoria rural por idade desde o requerimentoadministrativo do benefício (25.08.2003 – fl. 59), bem como, pagar as parcelas vencidas, acrescidas de correção monetáriadesde o momento em que deveriam ter sido pagas, conforme tabela do CJF, e juros de mora de 1 % ao mês a contar dacitação até a edição da Lei 11960 / 2009, a partir de quando deverá ser observada sua sistemática.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela parte autora, nostermos da ementa – parte integrante deste julgado.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

70 - 2006.50.52.001132-4/01 ALZIRA DA CRUZ SILVA (ADVOGADO: MILTON CHAVES DE SOUZA, IZABETEMORONARI LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ISRAEL NUNES SILVA.).Processo nº 2006.50.52.001132-4/01

Recorrente : ALZIRA DA CRUZ SILVARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS1. Trata-se de recurso inominado interposto por ALZIRA DA CRUZ SILVA contra a r. sentença de fls. 137/146, que julgouimprocedentes os pedidos de concessão de aposentadoria rural por idade e de pagamento de valores retroativos à data dorequerimento administrativo.2. Segundo o juízo de origem, o período de carência para o percebimento do benefício não restou comprovado, pois aprova documental revelou que a autora esteve sob o benefício de amparo social, como portadora de deficiência, noperíodo de 09/07/1996 a 01/08/2003, conforme documentos de fls. 15, 18 e 106, fato também confirmado pela própriaautora, em audiência.3. Em suas razões recursais, alega a recorrente que o juízo não levou em consideração as causas que ensejaram orecebimento do amparo social durante o período de carência, tampouco possibilitou a oitiva de testemunhas para oesclarecimento da questão. Afirma que sempre foi trabalhadora rural e que, tendo adoecido, foi instruída por seu médico aprocurar o serviço social da localidade onde ficou internada, pois teria que ficar afastada de suas atividades por umsignificativo período de tempo, em virtude do estado de sua doença. Relata que, comparecendo à agência do INSS, comauxílio de outra pessoa, preencheu documentos e passou a perceber rendimentos que, segundo seu reduzido grau deinstrução, seria aquele a que faria jus. Informa que, no seu entender, sabia apenas que recebia o valor mensal de umsalário mínimo porque estava impossibilitada de realizar suas atividades diárias como rurícola; que tal circunstância aprejudicou, vez que teria direito ao auxílio-doença, por se tratar de segurada especial, e que, em virtude de erro cometidopelo serviço social que a atendeu, bem como pela autarquia previdenciária, deixou de receber 13º salário durante operíodo no qual esteve afastada. Alega que, “assim que melhorou, após ter o amparo social suspenso, voltou a trabalharno campo, embora ainda com certa dificuldade devido ao seu problema de osteoporose” (fl. 150). Aduz que a prova dosautos corroboram as alegações da petição e requer, ao final, a procedência dos pleitos contidos na peça de ingresso.4. Para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é imprescindível que se comprove o exercício de atividadespor período equivalente à carência estabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe a respeito do número demeses necessários para que o trabalhador implemente a condição, que, na hipótese vertente, corresponde a 144 meses,equivalente a 12 anos, pois o requerimento administrativo, objeto do presente processo, ocorreu no ano de 2005.

6. Não obstante os ponderáveis argumentos da recorrente, andou bem o juízo de origem ao indeferir a aposentadoria ruralpor idade, vez que a percepção de benefício de amparo social no período de 09/07/1996 a 01/08/2003 (fls. 15, 18 e 106),como portadora de deficiência, obsta o reconhecimento do exercício da atividade rural no período de carência previsto noart. 142 da Lei n. 8.213/1991.7. O argumento segundo o qual o benefício do amparo social teria sido concedido irregularmente, supostamente porque aautora faria jus ao auxílio-doença, constitui flagrante inovação, devendo ser comprovado, se for o caso, em ação própriapara esse fim.8. Diante do que foi exposto e analisado, não merece qualquer reforma a sentença, cujos argumentos utilizo como razãode decidir.9. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.10. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício daassistência judiciária gratuita (fl. 90).A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

71 - 2006.50.51.001846-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Bruno Medeiros Bastos.)x ELZA REGINALDO DE FREITAS (ADVOGADO: URBANO LEAL PEREIRA, JOSÉ NASCIMENTO, JOSÉ DE OLIVEIRAGOMES.).Processo nº 2006.50.51.001846-2/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ELZA REGINALDO DE FREITAS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS.

COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL, COMPLEMENTADA POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DASÚMULA 06 DO TNU. NÃO-DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autarquia-ré, ora recorrente, contra sentença proferida pelo juiz a quo, quejulgou procedente a pretensão externada na inicial desta ação. Em suas razões recursais, alega o recorrente que a autoranão faz jus ao benefício pleiteado por não cumprir os requisitos para concessão de aposentadoria rural por idade. Istoporque não haveria sido cumprido o período de carência, nem mesmo viveria a recorrida em regime de economia familiar,conforme exigido por lei. Sustenta ainda que não exercia a pleiteante atividade rural, descaracterizando-se, assim, maisuma vez, o regime previdenciário de segurado especial. Requer, então, o INSS, que se reforme a sentença de piso,negando provimento ao pedido autoral.

Os requisitos para a concessão do benefício de aposentadoria estão previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº8.213/91. São eles: (a) idade de 60 (sessenta) anos, se homem, ou 55 (cinqüenta e cinco) anos, se mulher (art. 48, § 1.º,da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, caput, do Decreto n.º 3.048/1999); (b) efetivo exercício de atividade rural, ainda que deforma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, pelo número de meses decontribuição correspondente ao da carência para a obtenção do benefício, consoante tabelas previstas nos respectivosdispositivos legais (art. 48, § 2.º c/c art. 143 da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, parágrafo único, c/c art. 182 do Decreto n.º3.048/1999); (c) atividade rural exercida em regime de economia familiar e de subsistência, admitindo-se apenas a títuloexcepcional, em caráter eventual, a prestação de serviços de terceiros não componentes da unidade familiar.

A Lei n. 8.213/1991 considera segurado especial o produtor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçamsuas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelomenos, um início de prova material para a comprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).

São descabidos os argumentos suscitados pela autarquia-ré em suas razões recursais, posto que não há procedência naalegação da ausência de início de prova material. Isto porque o enquadramento da recorrida como segurada especialencontra, sim, fundamento na certidão de casamento, datada de 1980, em que se consta a profissão de seu cônjuge como“lavrador”, conforme documento exarado à fl. 09. Tal prova, ainda que não comprove documentalmente o efetivo exercícioda atividade rural para subsistência durante todo o período requisitado, traz fortes indícios da veracidade de tal feito,justificando o início da prova material. Cumpre lembrar, ainda, que, segundo o entendimento pacificado pela TurmaNacional de Uniformização na súmula de nº 06, “a certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie acondição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola”. De maneiracomplementar, esta prova é corroborada satisfatória e robustamente pelos depoimentos obtidos por prova testemunhal, osquais, sem contradição, confirmaram a profissão da autora como trabalhadora rural à época de cumprimento da carência.Não reside, portanto, mácula na sentença de piso, que merece ser mantida.

Recurso ao qual se nega provimento.

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honorários advocatícios arbitradosem R$ 500,00 (quinhentos reais), com fulcro no art. 20, §4º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER O RECURSO E, NO MÉRITO, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

72 - 2007.50.52.000818-4/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique VazFidalgo.) x MARIA OLIVEIRA SANTANA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).Processo nº 2007.50.52.000818-4/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido : MARIA DE OLIVEIRA SANTANA

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS contra a r.sentença de fls. 35/38, que julgou procedente o pedido de concessão de aposentadoria rural por idade.

2. Segundo o juízo de origem, a autora trouxe aos autos início de prova material suficiente, restando comprovado, pelaprova testemunhal, que ela e seu marido trabalharam longos períodos como “trabalhadores braçais” (em diversas firmas deeucalipto e de carvão vegetal no norte do Espírito Santo) e que a autora realmente costumava ter um pequeno plantio nasterras da Sra. Geni das Virgens Gonçalves. Constatou que a autora somente teve sua carteira anotada por referidasempresas de 1989 para cá, mas que já era empregada informal nos anos anteriores, registrando que o trabalho decarvoagem sempre foi tratado pela jurisprudência como ofício de natureza rural, e não urbana. Concluiu que a autorasempre laborou no meio rural, ora na roça de Dona Geni, ora como empregada rural no plantio e corte de eucalipto e nocarvoejamento, ao lado de seu marido, também empregado rural e que, somando o tempo de carteira assinada como“braçal” (4 anos, 1 mês e 4 dias) com os longos anos anteriores em que trabalhou na mesma função e para as mesmasempresas, sem carteira assinada, bem como considerando o tempo em que laborou apenas na roça nas terras de DonaGeni, a autora possuía muito mais do que os 66 meses de trabalho rural necessários à concessão do benefício.3. Em suas razões recursais, alega o recorrente que a parte autora não comprovou a atividade rural em regime deeconomia familiar durante o período de carência exigido pela lei, vez que a certidão de casamento não comprova que aautora exerceu a atividade rural em regime de economia familiar durante o casamento, muito menos que seu maridocontinuou exercendo tal função, tanto assim que o registro no CNSI demonstra que o mesmo possuiu vínculos urbanos noperíodo de 1979 a 2001, que inclusive serviram como prova para que ele se aposentasse como trabalhador urbano, o quefaz presunção contra a esposa no tocante ao pedido de aposentadoria rural. Alega que a ficha do Sindicato dosTrabalhadores Rurais, além de extemporânea, não foi homologada pelo INSS, como exigido por lei, registrando, por fim,que os registros na CTPS da autora não comprovam o exercício de atividade rural em regime de economia familiar, sendoque, ainda que assim não fosse, também não comprovariam o preenchimento do prazo de carência exigido por lei.4. Para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é imprescindível que se comprove o exercício de atividadespor período equivalente à carência estabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe a respeito do número demeses necessários para que o trabalhador implemente a condição. Esse diploma legal considera segurado especial oprodutor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime deeconomia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelo menos, um início de prova material para acomprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).5. No caso dos autos, andou bem o juízo de origem ao concluir pelo deferimento do benefício, vez que a autora juntou aosautos início de prova material suficiente à comprovação do exercício da atividade rural no período de carência (certidão decasamento, onde figura a profissão do marido como “trabalhador braçal” (fl. 13); ficha antiga do sindicato dos trabalhadoresrurais de Conceição da Barra, em nome do marido, com anotações de recolhimentos entre 1991 a 1994 (fl. 14); anotaçõesem CTPS da autora como trabalhadora braçal (fl. 17).6. Ademais, os depoimentos das testemunhas foram claros e coerentes com as alegações da parte autora, significandodizer que o início de prova material foi suficientemente complementado pela prova testemunhal.7. O fato de o cônjuge ter exercido atividade urbana não necessariamente impediria a qualificação da recorrente comosegurada especial, enquanto exercia individualmente a atividade rural. A jurisprudência dominante do STJ reconhece aqualificação do segurado especial mesmo quando outro membro da família exerce atividade diversa da agrícola, masressalva que o exercício da atividade rural deve ser indispensável para a subsistência do trabalhador. Além disso, não hános autos prova de que os rendimentos advindos do trabalho do cônjuge da autora fossem de tal monta que pudessemdispensar o trabalho rural desempenhado pelo restante da família.8. É pertinente, ainda, a inspeção judicial realizada pelo juízo de origem na demandante, tendo constatado que “... amesma já era bastante idosa e, apesar de falante, tinha dificuldades em recordar datas e anos, bem como em esclarecerprecisamente os períodos trabalhados...” (fl. 36) e que “... pôde este juízo verificar que a demandante nasceu e foi criadana roça ” (fl. 38).9. Diante do que foi exposto e analisado, não merece qualquer reforma a sentença, cujos argumentos utilizo como razãode decidir.10. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.11. Sem custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, que fixo em R$ 500,00 (quinhentos reais),com fulcro no art. 20, §4º, do CPC.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

73 - 2007.50.54.000922-4/01 JOANA HONÓRIO GONÇALVES (ADVOGADO: ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO,ROBNEI BATISTA DE BARROS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULABARRETO MONTEIRO ROTHEN.).Processo nº 2007.50.54.000922-4/01

Recorrente : JOANA HONÓRIO GONÇALVESRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – DOCUMENTOS EM NOMEDO PAI – INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL - RECURSO PROVIDO

1. Trata-se de recurso inominado interposto por JOANA HONÓRIO GONÇALVES contra a r. sentença de fls. 66/67, quejulgou improcedentes os pedidos de concessão de aposentadoria rural por idade e de pagamento de valores retroativos àdata do requerimento administrativo.2. Segundo o juízo de origem, a autora, que não possui certidão de casamento, juntou aos autos contrato de parceriaagrícola iniciando em 1995 e com término em 1998 (fls. 24/26); contrato de parceria agrícola com data de início marcadapara março de 2007 e término para o ano de 2009; e declaração do Sindicato dos Agricultores Rurais de Barra de SãoFrancisco datado de julho de 2007, ou seja, mesmo mês da data do requerimento administrativo, formulado em 06/07/2007(fl. 47/48), concluindo que tais documentos são incapazes de demonstrar o efetivo exercício de atividade rural, pelo tempoexigido legalmente (art. 142 da Lei nº 8.213/91). Como a autora não apresentou início de prova material do direito alegado,bem como não demonstrou o exercício de atividade rural em regime de economia familiar, considerou insuficiente odepoimento das testemunhas para atestar o trabalho realizado pela autora, visto ser inadmissível a comprovação deatividade rural exclusivamente pela produção de prova testemunhal.3. Em suas razões recursais, alega a recorrente que, como é solteira, sempre trabalhou com seus pais e irmãos, emregime de economia familiar; que juntou documentos em nome dos pais, constando os mesmos como lavradores; queacostou aos autos declaração emitida pelo sindicato dos trabalhadores rurais de Barra de São Francisco/ES, comprovandoa atividade rural, registrando, ainda, que o próprio INSS reconheceu a atividade rural da apelante, homologando o períodocompreendido entre 30/01/1998 e 05/07/2007, salientando, por fim, que os documentos contendo o nome dos pais eirmãos da recorrente servem como início de prova material, consoante jurisprudência que apresenta.4. Para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é imprescindível que se comprove o exercício de atividadespor período equivalente à carência estabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe a respeito do número demeses necessários para que o trabalhador implemente a condição. Esse diploma legal considera segurado especial oprodutor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime deeconomia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelo menos, um início de prova material para acomprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).5. De acordo com a Súmula nº 34 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados EspeciaisFederais, “para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à épocados fatos a provar”.6. A declaração do sindicato de trabalhadores rurais (fl. 11) não vale como início de prova material, porque sem a devidacomprovação documental contemporânea dos fatos declarados e, ainda, porque não está homologada pelo INSS,conforme exige o art. 106, III, da Lei nº 8.213/91.7. Contudo, a jurisprudência da Terceira Seção do C. STJ é pacífica no sentido de admitir como início de prova material osdocumentos relativos à atividade agrícola exercida em nome do pai e/ou marido da segurada, os quais funcionam comoprova indireta de seu trabalho.8. Neste sentido, o julgado ora colacionado: “PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. REGIME DE ECONOMIAFAMILIAR. LEI N.º 8.213/91. CONTRIBUIÇÕES. DISPENSA. PERÍODO ANTERIOR. ABRANGÊNCIA. INÍCIO RAZOÁVELDE PROVA MATERIAL. DOCUMENTOS EM NOME DOS PAIS. VALIDADE. (...)5. É sedimentado o entendimento dasTurmas que integram a Egrégia Terceira Seção no sentido de que "as atividades desenvolvidas em regime de economiafamiliar, podem ser comprovadas através de documentos em nome do pai de família, que conta com a colaboração efetivada esposa e filhos no trabalho rural." (REsp 386.538/RS, Quinta Turma, rel. Min. JORGE SCARTEZZINI, DJ de07/04/2003.) 6. Existência de documentos também em nome do Autor. 7. Recurso parcialmente conhecido e, nessa parte,desprovido”. (REsp 538232/RS, 5ª Turma, Relatora Ministra Laurita Vaz, DJ 15/03/2004 p. 294, RSTJ vol. 187 p. 500).9. Sendo assim, considerando que os documentos de fls. 16/19 comprovam que o genitor da recorrente possuíapropriedade rural (fls. 16/18) e sempre se declarou como lavrador (certidão de casamento de fl. 19); considerando oscontratos de parceria agrícola de fls. 24/26 (iniciando em 1995 e com término em 1998) e de fl. 29 (com data de iníciomarcada para março de 2007 e término para o ano de 2009) e considerando, por fim, que o próprio INSS homologou operíodo de 30/01/1998 a 05/07/2007 (fl. 43), conclui-se que os documentos colacionados aos autos consubstanciam iníciode prova material do trabalho rural desenvolvido em regime de economia familiar, circunstância que também restouprovada através das testemunhas ouvidas em juízo.10. Em face do exposto, deve ser deferido o pedido formulado na inicial da ação, condenando o réu, ora recorrido, aconceder o benefício de aposentadoria rural por idade à parte autora, ora recorrente, com DIB e DIP a partir de06/07/2007, data do requerimento administrativo (fl. 46), devendo o benefício ser implementado no prazo de 30 (trinta)dias, sendo que a autarquia previdenciária deverá comprovar, nos autos, o atendimento da presente determinação judicialno mesmo prazo.11. Deverá o INSS, ainda, pagar as parcelas vencidas, corrigidas monetariamente, respeitado o teto fixado para esteJuizado, acrescido de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, desde a citação até 30/06/2009 (data da vigência daLei 11.960/2009), e, a partir dessa data, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança.

12. Destaca-se, quanto à não liquidez deste decisum, o fato de que o réu possui maiores condições e facilidades naelaboração dos discriminativos dos valores em questão, já detentor dos elementos de cálculos. Tal posicionamentocoaduna-se com o entendimento consubstanciado no Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e 22 dasTurmas Recursais do Rio de Janeiro. Desta feita, após a apuração administrativa dos valores em comento, a serconsiderada como obrigação de fazer, na forma do art. 16 da Lei 10.259/2001, será então expedido o requisitório

adequado.

13. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO, reformando-sea sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

74 - 2007.50.50.010255-9/01 ZENILDA DA PENHA CETTO GASPERAZZO (ADVOGADO: HENRIQUE SOARESMACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS ANTONIO BORGESBARBOSA.).Processo nº 2007.50.50.010255-9/01

Recorrente : ZENILDA DA PENHA CETTO GASPERAZZORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ZENILDA DA PENHA CETTO GASPERAZZO contra a r. sentença de fls.72/74, que julgou improcedentes os pedidos de concessão de aposentadoria rural por idade e de pagamento de valoresretroativos à data do requerimento administrativo.2. Em suas razões recursais, alega a recorrente que a prova testemunhal comprovou o exercício de atividade rural noprazo de carência de 156 meses e que, na entrevista de fl. 47, a autora havia declarado que exerceu atividade rural napropriedade do Sr. Afonso Morelatto. Aduz, por fim, que registrou na petição inicial que exerceu o trabalho rural desde suainfância, pleiteando a reforma da sentença e a procedência dos pedidos iniciais.3. Para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é imprescindível que se comprove o exercício de atividadespor período equivalente à carência estabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe a respeito do número demeses necessários para que o trabalhador implemente a condição. Esse diploma legal considera segurado especial oprodutor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime deeconomia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelo menos, um início de prova material para acomprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).4. No caso dos autos, andou bem o juízo de origem ao concluir pelo indeferimento do benefício, vez que os depoimentoscolhidos em audiência demonstram que a autora trabalhou na roça apenas nos últimos 12 anos consecutivos, ou seja, apartir de 1996, quando passou a morar na sua atual propriedade, não preenchendo o período de carência necessário àconcessão do benefício postulado.5. Além disso, as cópias da Carteira de Trabalho da autora demonstram a existência de vínculos de emprego, entre 1982 a1995, nas funções de empregada doméstica, auxiliar de bordadeira, selecionadora de plástico e costureira (fls. 13/16),contrariando as alegações da recorrente de que sempre exerceu atividades rurais.6. Diante do que foi exposto e analisado, não merece qualquer reforma a sentença, cujos argumentos utilizo como razãode decidir.7. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.8. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício daassistência judiciária gratuita (fl. 54).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

75 - 2007.50.54.000760-4/01 GERALDO BARBOSA (ADVOGADO: ROBNEI BATISTA DE BARROS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).Processo nº. 2007.50.54.000760-4/01

Recorrente : GERALDO BARBOSA

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

EMENTA

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –NÃO DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – VÍNCULOS URBANOS DE CURTOSPERÍODOS E NECESSÁRIOS À COMPLEMENTAÇÃO DA RENDA FAMILIAR – PROVA TESTEMUNHAL SUFICIENTEPARA CORROBORAR A PROVA MATERIAL – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 71/74, que julgouimprocedente o pleito autoral, de concessão de aposentadoria rural por idade. Alega o recorrente, em suas razõesrecursais, que exerceu atividade rural em regime de economia familiar, posto que a atividade urbana foi desenvolvidaapenas para complementar a renda da família. Ademais, alega que há prova material (corroborada pela testemunhal)suficiente nos autos para a concessão do benefício pleiteado.

2. Em primeiro lugar, é deve-se ressaltar que, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91, o trabalhador rural referido na alínea“a” do inciso I e na alínea “g” do inciso V, e nos incisos VI e VII do art. 11 da mesma lei, para fins de recebimento deaposentadoria rural por idade, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), deve comprovar oefetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

3. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início derazoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei 8213/91 e, para que talatividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família sejaindispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e que seja exercido emcondições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da Lei8.213/91.

4. Verifica-se, no presente caso, que o recorrente faz jus ao benefício requerido, haja vista preencher os requisitos para oauferimento deste. Com efeito, o recorrente apresentou prova material suficiente, corroborada pela prova testemunhalprestada em Juízo.

5. A certidão de casamento à fl. 13 (embora seja uma segunda vida, pode ser considerada como prova material, pois oescrevente da referida certidão possui fé pública), o formal de partilha às fls. 24/26 e os documentos de fls. 27/39 (os quaiscomprovam que o recorrente possui pequena propriedade rural desde 1998) formam o conjunto probatório hábil àconstatação de que o recorrente exercia atividade rural em regime de economia familiar, inclusive antes de adquirir amencionada pequena propriedade rural, o que foi confirmado pela prova testemunhal colhida em audiência e pelo próprioINSS, quando, à fl. 49, a autarquia previdenciária homologou o período de atividade rural do recorrente entre 1989 ejaneiro de 1997.

6. Quanto ao exercício da atividade rural em regime de economia familiar, deve-se salientar que os vínculos urbanos dorecorrente não são hábeis para descaracterizar o supracitado regime. Apesar da existência de mais de um vínculo deatividade urbana, os mesmos foram exercidos por curtos períodos de tempo, conforme consta do CNIS à fl. 58 dos autos,apenas com o intuito de complementar a renda familiar.

7. Essa informação é corroborada pelo depoimento pessoal do recorrente, quando este disse que o labor urbano eraexercido quando o rural não era suficiente para suprir as necessidades da família, ou seja, quando este “fracassava”.Ademais, o recorrente trabalhava em sua propriedade nos finais de semana, e sua família não deixou de laborar no meiorurícola durante o exercício de atividade urbana pelo recorrente, conforme constatado por prova testemunhal, o quereforça o fato de que a renda proveniente do meio rural não era dispensável à família.

8. O fato de o recorrente ter percebido auxílio-doença, por período inferior a dois meses, na condição de industriário (fl.59), não lhe retira a condição de trabalhador rural em regime de economia familiar, posto que a decisão pautada naconcessão do benefício levou em consideração o vínculo contemporâneo a esta concessão, o qual era efêmero, comotodos os demais vínculos urbanos do recorrente.

9. Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido recursal, para condenar a autarquia previdenciária a conceder obenefício de aposentadoria rural por idade em nome do recorrente desde 11/04/2005, data do requerimento administrativo(fl. 50). O benefício deverá ser implantado no prazo de trinta dias, contados da intimação deste julgado, devendo sercomprovado, no prazo de dez dias, após a implantação.

10. Condeno o INSS, também, ao pagamento das diferenças das parcelas vencidas, corrigidas monetariamente,

respeitada a prescrição quinquenal e o teto fixado para este Juizado, acrescidas de correção monetária desde o momentoem que deveriam ter sido pagos e juros de mora de 1% ao mês a contar da citação até 30/06/2009 e, a partir de então,conforme os termos da Lei 11.690/2009.

11. Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto à não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSSpossui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com asdisposições dos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e nº 22 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro.Após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei 10.259/2001, será então expedido, sendo o caso, o “Requisitório de Pequeno Valor”.

12. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada.

13. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, de forma areformar a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

76 - 2007.50.52.000522-5/01 ALCIDES PEDRO DE PAULA (ADVOGADO: MANOEL FERNANDES ALVES.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS .).Processo nº 2007.50.52.000522-5/01

Recorrente : ALCIDES PEDRO DE PAULARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE - TRABALHADOR RURAL –ATIVIDADES URBANAS DESENVOLVIDAS NO PERÍOD DE CARÊNCIA - - SENTENÇA MANTIDA - RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, contra sentença proferida pelo juiz a quo quejulgou improcedente a pretensão externada na inicial desta ação, que pugnava pela concessão de aposentadoria especialrural. Em suas razões recursais, alega o recorrente que, no bojo da ação, provou que trabalhou na zona rural no períodoapontado, colacionando provas nesse sentido, atendendo assim aos requisitos legais. Na oportunidade, prequestiona osarts. 1º, III, 3º, III e IV, e 7º da CR/88, bem como os arts. 26, III, 39, I, e 48, §§ 1º e 2º, da Lei n. 8.213/91.

2. O benefício da aposentadoria por idade é concedido mediante a comprovação da condição de trabalhador rural, ou deprodutor rural em regime de economia familiar, por prova material plena ou por prova testemunhal baseada em início deprova documental, na forma do art. 39, I, da Lei n. 8.213/91, bem como a idade superior a 60 anos para homem e 55 anospara mulher. É pacífica a jurisprudência no sentido de que o rol do art. 106 da Lei 8.213/91 é meramente exemplificativo,sendo admissíveis, portanto, outros documentos hábeis à comprovação do exercício de atividade rural, além dos aliprevistos. No caso dos segurados especiais, tem-se ainda que a prova de filiação é desnecessária, eis que esta decorredo próprio exercício da atividade rural.

3. Na verdade, para comprovar a condição de trabalhador rural, não é necessária a apresentação de prova documentalrobusta. Basta que o segurado apresente início razoável de prova material, contemporânea aos fatos que se pretendeprovar, apta a ser corroborada por prova testemunhal, consoante o disposto no art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91. O que éinadmissível é que a comprovação do tempo de serviço seja por prova exclusivamente testemunhal.

4. Deveras, a certidão de casamento da parte autora realizado em 1971, fl. 20, demonstra que a sua profissão à época erade lavrador. O documento expedido pelo SINDICATO DOS AGRICULTORES FAMILIARES E ASSALARIADOS RURAISDE BOA ESPERANÇA/ES, fls. 34/35, denota que o recorrente laborou no campo no período de 02.10.1984 a 30.07.1989.A entrevista rural juntada às fls. 47/48 consigna que o recorrente declarou que, outubro/1984 a julho/1989, exerceuatividade rural em regime de economia familiar. As declarações prestadas às fls. 56/58 revelam que o recorrente exerceuatividade no campo entre os anos de 1981 a 1996.

5. Ocorre que, por outros documentos acostados aos autos (cópias de sua CTPS e CNIS, fls. 49/52 e 59/62), se verificaque o recorrente, durante o período de carência para a concessão do benefício pleiteado, laborou em atividades urbanas,como auxiliar de serviços gerais, vigia e guarda, inclusive de instituição bancária. Registre-se que o próprio recorrente, emseu depoimento em Juízo, declarou os vínculos empregatícios em questão, sendo que as testemunhas arroladas por eletambém confirmaram tal fato.

6. Ora, o trabalhador rural deve comprovar que efetivamente trabalhou no campo no período de carência respectivo. Osvínculos relacionados na CTPS do recorrente e no CNIS demonstram que este intercalou atividades rurais e urbanas. Odepoimento pessoal do recorrente corroborou tal fato, assim como os depoimentos das testemunhas por ele arroladas.Assim, o conjunto probatório demonstrou que o recorrente exerceu atividade urbana de forma predominante, o quedescaracteriza a condição de rurícola para fins de concessão de benefício de aposentadoria por idade de trabalhador rural.

7. Não merece, portanto, reforma a sentença guerreada. Recurso ao qual se nega provimento.

8. Sem custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do pedido de assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO,reformando-se a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

77 - 2007.50.54.000240-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTABUARQUE.) x TEREZINHA MARIANA DA PAZ (ADVOGADO: ANILSON BOLSANELO.).Processo nº 2007.50.54.000240-0/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido : TEREZINHA MARIANA DA PAZ

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS contra a r.sentença de fls. 148/154, que julgou procedentes os pedidos de concessão da aposentadoria por idade, no valor de 01(um) salário mínimo, com data do início do benefício em 04/02/2003 (data do requerimento administrativo, fl. 38), e data deinício do pagamento no dia 1º/12/2008, condenando o requerido ao pagamento das parcelas vencidas, no valor de R$24.900,00 (vinte e quatro mil e novecentos reais), mediante RPV.2. Segundo o juízo de origem, a certidão de casamento e as notas de comercialização de produtos rurais (fls. 17/22)deveriam ser admitidas como prova do exercício de atividade rural pela demandante, salientando que, emboraposteriormente ao matrimônio o marido da demandante tenha firmado diversos contratos de trabalho, os vínculosempregatícios do Sr. Geraldo Maria Alves tiveram início em setembro de 1977 (CNIS de fl. 120), ou seja, se a certidão decasamento não pudesse ser aproveitada como início de prova, pelos vínculos urbanos do Sr. Geraldo, isso somenteocorreria a partir da efetiva contratação desse como empregado, o que somente se deu 13 (treze) anos após a celebraçãodo casamento, acontecido em 17/07/1964 (fl. 100). Afirmou que, com relação ao período anterior aos vínculosempregatícios firmados pelo Sr. Geraldo, a certidão de casamento persiste como documento hábil à comprovação doexercício de atividade rural. Destacou que também deveriam ser acolhidas como início de prova material as notas decomercialização de café (fls. 17 e 22), datadas de 1976, 1987 e 1992 e confirmam que o café objeto de negociação erapertencente à própria autora, circunstância de peculiar importância, pois demonstram que a mesma efetivamente realizavaatividades de maior destaque, como a comercialização de produtos, além das tarefas corriqueiras do meio rural. Refutou,por fim, a alegação do INSS no sentido de que o regime de economia familiar estaria descaracterizado pelo fato do maridoda mesma ter desempenhado atividade urbana e por ela atualmente perceber pensão por morte, advinda do falecimentode seu cônjuge. Sustentou o juízo que, conforme art. 11, § 9º, inc. I, da Lei nº 8.213/91, manterão sua condição desegurado especial os indivíduos que perceberem benefício previdenciário (pensão por morte, auxílio-acidente ouauxílio-reclusão), desde que o valor da renda mensal do mesmo não ultrapasse o valor do menor benefício de prestaçãocontinuada, ou seja, a quantia de 01 (um) salário mínimo. E, conforme se constata dos documentos anexos a estasentença, extraídos do programa PLENUS, fornecido pelo próprio INSS, o benefício da pensão por morte percebido pela

demandante possui renda mensal de 01 (um) salário mínimo. Assim, seu recebimento não afasta a condição de seguradaespecial da demandante, condição esta comprovada pelos depoimentos colhidos em audiência.3. Em suas razões recursais, alega o recorrente inexistir qualquer prova contemporânea ao período alegado pela autora,qual seja, de 1964 a 2000, faltando o requisito “início de prova material” para a concessão do benefício pleiteado. Sustentaque não restou observado pelo magistrado que, além de constar na certidão de casamento do marido da autora a profissãode agricultor, e não lavrador, referido documento foi emitido apenas em 1992, não servindo para comprovar fatosanteriores à sua expedição. Com relação às notas de comercialização em nome da autora, entende equivocada aconsideração das mesmas como prova apta, pois sequer comprovam a atividade da autora na propriedade da Sra.Holanda Peroni Ribon, inexistindo qualquer citação neste sentido. Acrescenta que referidas notas são eventuais diante dosperíodos indicados e que não podem servir para atestar as supostas atividades da autora, tampouco que as mesmas eramdesenvolvidas em regime de economia familiar, tanto assim que o trabalho de seu esposo, desenvolvido em 1977 e 1992,foi na cidade de Colatina/ES, enquanto a alegada atividade rural da autora teria sido desenvolvida nas propriedades ruraisda Sra. Holanda (Sítio Guarani, Córrego Guarani e Novo Brasil), todos no município de Governador Lindemberg/ES.4. Para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é imprescindível que se comprove o exercício de atividadespor período equivalente à carência estabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe a respeito do número demeses necessários para que o trabalhador implemente a condição. Esse diploma legal considera segurado especial oprodutor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime deeconomia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelo menos, um início de prova material para acomprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).5. Não obstante os argumentos do recorrente, andou bem o juízo de origem ao concluir pelo deferimento do benefício, vezque, ainda que a certidão de casamento de fls. as notas de pilagem de café de fls. 17 e 22, em nome da autora e datadasde 1976, 1987 e 1997 constituem início de prova material suficientes a demonstrar o exercício de atividade rural da autora.6. A ficha médica de fl. 95-vº, não impugnada pelo INSS, também registra consultas médicas realizadas a partir de 1978 econsigna a profissão de lavradora da autora.7. Além disso, a condição de segurada especial restou comprovada pelos depoimentos colhidos em audiência, vez que,segundo o juízo de origem, as testemunhas inquiridas foram unânimes em afirmar que a autora sempre trabalhou na roça,com auxílio exclusivo da família, sendo que a testemunha Catarina Contadini Schimith afirmou que o marido da autora, nosfinais de semana, a auxiliava nos trabalhos da roça, demonstrando, assim, a necessidade do labor rural para compor arenda familiar.8. Diante do que foi exposto e analisado, não merece qualquer reforma a sentença, cujos argumentos utilizo como razãode decidir.9. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.10. Sem custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, que fixo em R$ 500,00 (quinhentos reais),com fulcro no art. 20, §4º, do CPC.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

78 - 2007.50.54.000960-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDADOMINGUES CARVALHO, RODRIGO COSTA BUARQUE, THIAGO COSTA BOLZANI.) x ORLANDINA NUNESCARNEIRO (ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.).Processo nº 2007.50.54.000960-1/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ORLANDINA NUNES CARNEIRO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS.COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL, COMPLEMENTADA POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DASÚMULA 06 DO TNU. CÔNJUGE TRABALHADOR URBANO NÃO IMPEDE POR SI SÓ A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.CONTRIBUIÇÃO INDIVIDUAL À PREVIDÊNCIA NÃO OBSTA À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.NÃO-DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autarquia-ré, ora recorrente, contra sentença proferida pelo juiz a quo, quejulgou procedente a pretensão externada na inicial desta ação. Em suas razões recursais, alega o recorrente que a autoranão faz jus ao benefício pleiteado por não cumprir os requisitos para concessão de aposentadoria rural por idade. Istoporque não houve apresentação de início de prova material contemporânea ao período que se queria comprovar. Alega

ainda que a pleiteante do benefício contribuiu durante longo período na forma de autônoma, o que a descaracterizariacomo segurada especial. Por fim, alega a autarquia previdenciária que o cônjuge da recorrida durante longo períodotrabalhou na cidade, o que tornaria sua família como inapta a ser constituinte de regime de economia familiar, conformerequisitado pela legislação. Requer, então, o INSS, que se reforme a sentença de piso, negando provimento ao pedidoautoral.

Os requisitos para a concessão do benefício de aposentadoria estão previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº8.213/91. São eles: (a) idade de 60 (sessenta) anos, se homem, ou 55 (cinqüenta e cinco) anos, se mulher (art. 48, § 1.º,da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, caput, do Decreto n.º 3.048/1999); (b) efetivo exercício de atividade rural, ainda que deforma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, pelo número de meses decontribuição correspondente ao da carência para a obtenção do benefício, consoante tabelas previstas nos respectivosdispositivos legais (art. 48, § 2.º c/c art. 143 da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, parágrafo único, c/c art. 182 do Decreto n.º3.048/1999); (c) atividade rural exercida em regime de economia familiar e de subsistência, admitindo-se apenas a títuloexcepcional, em caráter eventual, a prestação de serviços de terceiros não componentes da unidade familiar.

A Lei n. 8.213/1991 considera segurado especial o produtor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçamsuas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelomenos, um início de prova material para a comprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).

São descabidos todos os argumentos suscitados pela autarquia-ré em suas razões recursais, conforme ficará exposto aseguir.

Não há procedência na alegação da ausência de início de prova material. Isto porque o enquadramento da recorrida comosegurada especial encontra, sim, fundamento nas provas juntadas aos autos às fls. 12, 23-25 e 32 . Tais provas, aindaque não comprovem documentalmente o efetivo exercício da atividade rural para subsistência durante todo o períodorequisitado, traz fortes indícios da veracidade de tal feito, justificando o início da prova material. Cumpre lembrar, também,que, segundo o entendimento pacificado pela Turma Nacional de Uniformização na súmula de nº 06, “a certidão decasamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoávelde prova material da atividade rurícola”. De maneira complementar, são as provas corroboradas satisfatória erobustamente pelos depoimentos obtidos por prova testemunhal, os quais, sem contradição, confirmaram a profissão daautora como trabalhadora rural à época de cumprimento da carência.

No que tange à atividade urbana supostamente exercida pelo cônjuge da recorrida até 2002, há que se fazer a ressalvaque, após minuciosa análise dos autos, não foi encontrada qualquer prova nesse sentido, o que torna tal argumento infértil.Não obstante tal constatação, cumpre observar que, como asseverado pela súmula nº 41 da TNU, “o desempenho deatividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, o que deverá seranalisado no caso concreto”. (TNU, Processo n. 200381100064215, Relatora JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINSPEREIRA, DJ 11/06/2010).

O fato de a recorrida manter vínculo regularmente junto à Previdência como contribuinte individual (fls. 48-51), não é óbiceà concessão do benefício pleiteado, seja por conta das provas produzidas, seja em virtude das disposições do Decreto-Lein. 1.166/71, segundo o qual a qualificação de empregador rural é uma referência a quem, proprietário ou não, mesmo semempregado, em regime de economia familiar, explore imóvel rural que lhe absorva toda a força de trabalho e lhe garanta asubsistência, em área não superior a dois módulos rurais da respectiva região. Trata-se da hipótese em tela, não restandodesqualificado, portanto, o regime de economia familiar.

Não reside, portanto, mácula na sentença de piso, que merece ser mantida.

Recurso ao qual se nega provimento.

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honorários advocatícios arbitradosem R$ 500,00 (quinhentos reais), com fulcro no art. 20, §4º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER O RECURSO E, NO MÉRITO, NEGAR-LHE

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

79 - 2008.50.52.000768-8/01 EVILASIO FAVARO (ADVOGADO: MARIA REGINA COUTO ULIANA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).E M E N T APREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA EM RAZÃO DAINEXISTÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA ACERCA DO TRABALHO RURAL. AUDIÊNCIADE INSTRUÇÃO NÃO REALIZADA. CERCEAMENTO DE DEFESA. SENTENÇA ANULADA. RECURSO INTERPOSTOPELA PARTE AUTORA PROVIDO.01. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente pedido deaposentadoria por idade rural, dispensando a realização da audiência de instrução e julgamento, sob o fundamento da“inexistência de início de prova material contemporânea e idônea acerca do trabalho rural”.02. O recorrente alega cerceamento de defesa, uma vez que não foi oportunizada a produção de prova testemunhal.Requer a anulação da sentença, ou, subsidiariamente, a sua reforma, sustentando que os documentos apresentadosconstituem suficiente início de prova material. Contrarrazões às fls. 257/259.03. O recurso do autor merece ser provido, reconhecendo-se a nulidade da sentença, por cerceamento de defesa.04. Existem nos presentes autos documentos que podem ser considerados como início de prova material do exercício daatividade rural do autor: ITR’s dos anos de 1992 e 2007 (fls. 22/24, 27), Certificado de Cadastro de Imóvel Rural dos anosde 1998/1999, 2003/2005 (fls. 28/29); escritura pública de compra e venda, em que o pai do autor é qualificado comolavrador (fls. 36/37); comprovante de recebimento de financiamento (PROAGRO), datados de 1988 e 1991 (fls 65/68);Cédula Rural Pignoratícia para custeio agrícola (plantação de milho), em nome do pai do autor e comprovante que o autorpagou determinada parcela (fls. 66 e 121). Como o autor nasceu em 15.07.1947 (fl. 11) e completou 60 anos em 2007,deve comprovar 156 meses (13 anos) de atividade rural, pois havendo atividade rural anterior ao advento da Lei 8213 / 91,aplica-se a tabela transitória do art. 142.05. A sentença recorrida considerou, ainda, que a prova material não era contemporânea aos períodos de atividade ruralque o autor pretendia provar. A exigência de contemporaneidade do início de prova material prevista no art.55, §3º da Lei8.213/91 e na súmula nº3 4 da TNU já correspondem a uma limitação temporal, não sendo cabível estabelecer outra aoarrepio da lei. Nesse sentido:EMENTA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.CONTEMPORANEIDADE. EXTENSÃO DA EFICÁCIA PROBATÓRIA PELA PROVA TESTEMUNHAL. 1. Para fins decontemporaneidade, o início de prova material não precisa, necessariamente, abranger todo o período de tempo de serviçoque se pretende reconhecer. 2. Considera-se contemporâneo o documento que estiver datado dentro do período de tempode serviço que se pretende reconhecer, dada à possibilidade de extensão no tempo da eficácia probatória do início deprova material apresentado pela prova testemunhal para fins de abrangência de todo o período, desde que não hajacontradição, imprecisão ou inconsistência entre as declarações prestadas pela parte autora e as testemunhas e/ou entreestas e a prova material apresentada. 3. Pedido de uniformização provido. (TNU - PU 2006.72.59.00.0860-0 - Relator JuizFederal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho – DJ 29/09/2009)06. Portanto, fixar o tempo rural pelo critério do ano do documento em nome do autor vai de encontro ao critério dacontemporaneidade afirmado na súmula 34 da TNU e na Lei 8.213/91. Ademais, a prova testemunhal pode ampliar aeficácia temporal da prova material produzida, a qual não precisa, necessariamente, abranger o início e o final do período aser comprovado. A TNU pacificou entendimento no sentido de que não se exige que o início de prova material correspondaa todo o período a ser reconhecido. Nesse sentido: Enunciado 14. Para a concessão de aposentadoria rural por idade, nãose exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.07. A sentença recorrida considerou, finalmente, que o autor é empresário, conforme transcrevo a seguir: “a quantidade deprodutos vendidos é próprio de uma empresa, estando afastada a alegação de que a empresa teria encerrado suasatividades em 1984. Assim, resta descaracterizado o regime de economia familiar”. Este fato, por si só, não é apto adescaracterizar a condição de segurado especial do autor e muito menos, o regime de economia familiar.08. Conclui-se, assim, que os fundamentos adotados pela sentença não autorizam, por si sós, a descaracterização dacondição de segurado especial. Apresentada documentação referente à atividade rural, o autor tem direito à produção deprova testemunhal, a fim de corroborar a prova documental produzida e até ampliar a sua eficácia temporal, bem como,comprovar o regime de economia familiar. Assim, resta evidenciado o cerceamento de defesa, pois a sentença dispensoua realização da audiência de instrução, apenas considerando a “inexistência de início de prova material contemporânea eidônea acerca do trabalho rural”.09. Recurso interposto pelo autor provido. Sentença anulada em razão do cerceamento de defesa. Remessa dos autos aojuízo de origem, para realização de audiência de instrução e novo julgamento. Sem custas e honorários advocatícios.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA e ANULAR A SENTENÇA RECORRIDA, nostermos da ementa que integra este julgado.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

80 - 2008.50.54.000129-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DOESPÍRITO SANTO.) x MARIA DE LOURDES GONÇALVES (ADVOGADO: LIETE VOLPONI FORTUNA.).Processo nº 2008.50.54.000129-1/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrida : MARIA DE LOURDES GONÇALVES

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE (SEGURADO ESPECIAL) –TRABALHO RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR NÃO DESCARACTERIZADO – TODOS OS REQUISITOSPRESENTES PARA OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO PLEITEADO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, contra a sentença proferida pelo juiz a quo quejulgou procedente a pretensão externada na inicial desta ação, determinando a implantação do benefício da aposentadoriarural por idade. Em suas razões recursais, alega o recorrente que não restou demonstrada a qualidade de seguradaespecial da recorrida, como também a carência exigida por lei, pelo contrário, foram apurados fatos que descaracterizam otrabalho rural em regime de economia familiar. Frisa que houve divergências entre os depoimentos das testemunhas e daprópria parte autora, sendo revelado que, após o óbito do cônjuge, em 2001, a recorrida passou a morar na área urbana.

De fato, para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é imprescindível que se comprove o exercício deatividades por período equivalente à carência estabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe o número demeses necessários para que o trabalhador implemente a condição. Esse diploma legal considera segurado especial oprodutor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime deeconomia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelo menos, um início de prova material para acomprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).

Na verdade, para comprovar a condição de trabalhador rural, não é necessária a apresentação de prova documentalrobusta. Basta que o segurado apresente início razoável de prova material, contemporânea aos fatos que se pretendeprovar, apta a ser corroborada por prova testemunhal, consoante o disposto no art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91. O que éinadmissível é que a comprovação do tempo de serviço seja por prova exclusivamente testemunhal.

Registre-se que, nos termos do Enunciado 14 da TNU, a prova material não necessita se referir a todo o período detrabalho na roça, desde que contemporânea ao período que se provar (Enunciado 34 da TNU).

A recorrida juntou, aos autos, os documentos acostados às fls. 32, 45, 55/56, para comprovar o início de prova materialquanto ao alegado exercício de trabalho rural. Trata-se de certidão de casamento contraído em 1965, na qual consta aprofissão do cônjuge como lavrador, de uma declaração de proprietário rural de que a autora laborou como meeira dejulho/1987 a junho/1991 e de um contrato de parceria agrícola firmado em outubro/2000 com término em julho/2006, emque se declara ainda a existência de contrato verbal desde agosto/1994.

Os depoimentos das testemunhas confirmaram a atividade rurícola revelada pela prova documental, as quais aduziramainda que a autora reside até o momento no campo, tendo se dirigido à zona urbana somente para o tratamento de saúdedo cônjuge, sendo que, após o óbito deste, voltou ao trabalho na roça. Descabida, portanto, a alegação recursal emsentido contrário.

Registre-se que a prova oral também confirmou o trabalho em regime de economia familiar, o que pode ser constatadoainda pela análise dos documentos supracitados, como a certidão de casamento em que revela que a recorrida tem aocupação "doméstica" e seu cônjuge a profissão de "lavrador", juntamente com o contrato de parceria agrícola firmado comseu cônjuge e terceiros, tudo em harmonia com a unanimidade dos depoimentos das testemunhas. Ora, se o cônjugedesempenhava trabalho no meio rural, em regime de economia domiciliar, há a presunção de que a mulher também o fez,em razão das características da atividade - trabalho em família, em prol de sua subsistência. Não procede, portanto, a

alegação recursal em sentido contrário.

Registre-se que o início de prova material, de acordo com a interpretação sistemática da lei, é aquele feito mediantedocumentos que comprovem o exercício da atividade nos períodos a serem contados, devendo ser contemporâneos dosfatos a comprovar, o que se verificou na hipótese.

Não obstante, vale apontar que o início de prova documental vem sendo flexibilizado pela jurisprudência, em face daconhecida precariedade das relações trabalhistas na zona rural, que, ainda nos dias de hoje, são tratadas com bastanteinformalidade. Exigir dos rurícolas a apresentação exclusiva de documentos contemporâneos ao período sobcomprovação, para a obtenção do benefício da aposentadoria especial, inviabilizaria a implementação do próprio instituto,salientando-se que o rol de documentos constante do artigo 106 da Lei 8.213/91 é meramente exemplificativo.

No mais, vale revelar que eventuais contradições nos depoimentos das testemunhas sobre detalhes da vida laboralpregressa da parte autora não retiram a convicção e a certeza de que houve sim o exercício de atividade rurícola nopresente caso, inclusive em regime de economia familiar, considerando todo o conjunto probatório.

Recurso ao qual se nega provimento.

Sem custas, na forma da lei. Condeno o INSS em honorários advocatícios que fixo em R$ 500,00 (quinhentos reais), comfulcro no art. 20, §4°, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

81 - 2008.50.54.000057-2/01 DANIEL DE CASTRO E SOUSA (ADVOGADO: ANILSON BOLSANELO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).Processo nº 2008.50.54.000057-2/01

Recorrente : DANIEL DE CASTRO E SOUSARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL - INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS.COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL PRESENTE. PROVA TESTEMUNHAL FAVORÁVEL. SÚMULA 14 E 41DO TNU. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra sentença proferida pelo juiz a quo, que julgouimprocedente a pretensão externada na inicial desta ação. Em suas razões recursais, alega o recorrente que há e início deprova material de trabalho rural, sendo que estão presentes todos os requisitos para a concessão do benefício pleiteado.

Os requisitos para a concessão do benefício de aposentadoria estão previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº8.213/91. São eles: (a) idade de 60 (sessenta) anos, se homem, ou 55 (cinqüenta e cinco) anos, se mulher (art. 48, § 1.º,da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, caput, do Decreto n.º 3.048/1999); (b) efetivo exercício de atividade rural, ainda que deforma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, pelo número de meses decontribuição correspondente ao da carência para a obtenção do benefício, consoante tabelas previstas nos respectivosdispositivos legais (art. 48, § 2.º c/c art. 143 da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, parágrafo único, c/c art. 182 do Decreto n.º3.048/1999); (c) atividade rural exercida em regime de economia familiar e de subsistência, admitindo-se apenas a títuloexcepcional, em caráter eventual, a prestação de serviços de terceiros não componentes da unidade familiar.

A Lei n. 8.213/1991 considera segurado especial o produtor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçamsuas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelomenos, um início de prova material para a comprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).

Conforme o entendimento exposto no enunciado nº 14 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados EspeciaisFederais: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda atodo o período equivalente à carência do benefício”. Basta, portanto, a comprovação documental de parte do período decarência para a concessão da aposentadoria por idade.

Já houve manifestação da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais, nos termos do enunciadonº 06, com o seguinte teor: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencia a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola”. Nesse sentido, quanto aos documentosaptos a comprovarem o exercício de atividade rural, a Lei nº 8.213/91, em seu art. 106, parágrafo único, apresenta umarelação, a qual é considerada pela doutrina e jurisprudência apenas exemplificativa.

O juiz a quo não adotou a segunda via da certidão de casamento acostada aos autos na fl. 25, inadmitindo tal como iníciode prova material, por ter sido confeccionada de forma extemporânea à comprovação do tempo de serviço agrícola emquestão. Todavia, não analisou o documento original acostado na fl. 48, fato que muda diametralmente o deslinde da lide,pois, de acordo com a jurisprudência pátria, tal documento é capaz sim de comprovar a qualidade de segurado especial,constituindo em início razoável de prova material.

Não obstante, segundo o disposto no art. 55, §3º da Lei nº 8.213: “A comprovação do tempo de serviço para os efeitosdesta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeitoquando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrênciade motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento”. Ora, as declarações nas fls. 19 e 20constituem clara prova de que, de fato, houve um episódio que ensejou a decretação de calamidade pública emAimorés/MG, o que permitiria o uso exclusivo de prova testemunhal para a comprovação do tempo de serviço prestado.Mesmo assim, não foi o que aconteceu, pois, de acordo com a análise do lastro probatório acostado aos autos, malgradouma boa parte dos documentos seja extemporânea, há a certidão de casamento e nascimento de seus filhos quecomprovam cabalmente o exercício da profissão de lavrador por tempo suficiente à concessão legal do benefício.

Embora o autor tenha tido alguns vínculos empregatícios urbanos, tais foram realizados de forma subsidiária àcomplementação da renda familiar, não sendo bastante, portanto, para que se descaracterize a condição de seguradoespecial. A uma, porque os vínculos foram demasiadamente curtos. A duas, porque foram por períodos de tempodescontínuos. Destarte, pelo conjunto probatório acostado, é lícito inferir que o autor é produtor agrícola que sobrevivepreponderantemente com as rendas de suas atividades rurais.

Pela concatenação da prova documental e da prova testemunhal, pode-se concluir pela existência do início de provamaterial propícia à concessão do benefício em litígio.

Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido recursal, para condenar a autarquia previdenciária a conceder o benefíciode aposentadoria rural por idade em nome do recorrente desde 06.10.2005 (fl. 73), data do requerimento administrativo,inclusive a título de antecipação dos efeitos da tutela (art. 273 do CPC), posto que presentes os requisitos para tanto(verossimilhança da alegação e perigo na demora do provimento judicial). O benefício deverá ser implantado no prazo detrinta dias, contados da intimação deste julgado, devendo ser comprovado, no prazo de dez dias, após a implantação.

Condeno o INSS, também, ao pagamento das diferenças das parcelas vencidas, corrigidas monetariamente, respeitada aprescrição quinquenal e o teto fixado para este Juizado, acrescidas de correção monetária desde o momento em quedeveriam ter sido pagos e juros de mora de 1% ao mês a contar da citação até 30/06/2009 e, a partir de então, conformeos termos da Lei 11.690/2009.

Deverá o INSS informar a este Juízo os valores a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (trinta) dias, contados apartir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto à não liquidez desta decisão, ressalto o fato de que o INSSpossui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso e que tal posicionamento coaduna-se com asdisposições dos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e nº 22 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro.Após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16da Lei 10.259/2001, será então expedido, sendo o caso, o “Requisitório de Pequeno Valor”.

13. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada.

14. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER O RECURSO E, NO MÉRITO, CONCEDER-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

82 - 2007.50.52.000477-4/01 DELBA DE AGUILAR CARDOSO (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº 2007.50.52.000477-4/01

Recorrente : DELBA DE AGUILAR CARDOSORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL - INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS LEGAISAUSENTES. NÃO-COMPROVAÇÃO DE TRABALHO EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVAMATERIAL, PORÉM PROVA TESTEMUNHAL NÃO FAVORÁVEL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora contra sentença proferida pelo juiz a quo, que julgouimprocedente a pretensão externada na inicial desta ação. Em suas razões recursais, alega a recorrente que houve iníciode prova material com a apresentação dos documentos juntados aos autos.

Os requisitos para a concessão do benefício de aposentadoria estão previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº8.213/91. São eles: (a) idade de 60 (sessenta) anos, se homem, ou 55 (cinqüenta e cinco) anos, se mulher (art. 48, § 1.º,da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, caput, do Decreto n.º 3.048/1999); (b) efetivo exercício de atividade rural, ainda que deforma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, pelo número de meses decontribuição correspondente ao da carência para a obtenção do benefício, consoante tabelas previstas nos respectivosdispositivos legais (art. 48, § 2.º c/c art. 143 da Lei n.º 8.213/1991 e art. 51, parágrafo único, c/c art. 182 do Decreto n.º3.048/1999); (c) atividade rural exercida em regime de economia familiar e de subsistência, admitindo-se apenas a títuloexcepcional, em caráter eventual, a prestação de serviços de terceiros não componentes da unidade familiar.

A Lei n. 8.213/1991 considera segurado especial o produtor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçamsuas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelomenos, um início de prova material para a comprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).

Em verdade, constata-se o início da prova material com os documentos exarados às fls. 8; 9; e 14-18. Todavia, como écediço, não basta, com o fim de comprovar efetivo exercício de atividade rural, a apresentação de prova documental paraque se conclua inequivocamente pela sua veracidade. Faz-se necessária a sua corroboração por via da produção de provatestemunhal, destinada ao completo convencimento do juiz.

Ora, essa importante ferramenta de juízo, todavia, serviu para externar ao magistrado a quo a ausência de mérito dopedido autoral. Isso porque, nos depoimentos obtidos na audiência de instrução e julgamento, restou demonstrado, assimcomo se constatou na sentença recorrida, que a recorrente não mais trabalhou no roçado após sua mudança para a cidadeem 1985, salvo esporádicos auxílios em “panhas” de café. A própria recorrente, em seu depoimento, demonstrou não ser aatividade rural principal fonte de sustento da família, vez que, enquanto seu cônjuge se aposentou por invalidez comotrabalhador urbano (fl. 33), ela não tinha condições de se dedicar ao labor rural, haja vista seu relatado “medo daslagartas”. Restou, assim, cristalino não se tratar, esta, de uma família cujo regime de economia seja familiar, assim comoser indevida a concessão do benefício de aposentadoria por idade rural.

Não reside, portanto, mácula na sentença de piso, motivo pelo qual se nega provimento ao recurso.

Sem custas ou condenação da recorrente em honorários advocatícios, haja vista ser esta beneficiada pela assistênciajudiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO E, NO MÉRITO, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

83 - 2007.50.50.011272-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRALVIEIRA.) x MARGARIDA ILZA NITZ BRANDT (ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.).Processo nº 2007.50.50.011272-3/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrida : MARGARIDA ILZA NITZ BRANDT

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE (SEGURADO ESPECIAL) –TRABALHO RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR NÃO DESCARACTERIZADO – TODOS OS REQUISITOSPRESENTES PARA OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO PLEITEADO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, contra a sentença proferida pelo juiz a quo quejulgou procedente a pretensão externada na inicial desta ação, determinando a imediata implantação do benefício daaposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, alega o recorrente que não foram preenchidos os requisitos paratanto, posto que não houve comprovação do período de carência, nos termos do art. 25, II, da Lei n. 8.213/91. Destaca quenão houve apresentação de provas contemporâneas aos fatos alegados, como também qualquer documentocontemporâneo que contenha a referência da profissão de lavradora da parte autora.

De fato, para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é imprescindível que se comprove o exercício deatividades por período equivalente à carência estabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe o número demeses necessários para que o trabalhador implemente a condição. Esse diploma legal considera segurado especial oprodutor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime deeconomia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelo menos, um início de prova material para acomprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).

Na verdade, para comprovar a condição de trabalhador rural, não é necessária a apresentação de prova documentalrobusta. Basta que o segurado apresente início razoável de prova material, contemporânea aos fatos que se pretendeprovar, apta a ser corroborada por prova testemunhal, consoante o disposto no art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91. O que éinadmissível é que a comprovação do tempo de serviço seja por prova exclusivamente testemunhal.

Registre-se que, nos termos do Enunciado 14 da TNU, a prova material não necessita se referir a todo o período detrabalho na roça, desde que contemporânea ao período que se provar (Enunciado 34 da TNU).

No caso dos autos, a autarquia previdenciária recorrente concedeu administrativamente o benefício em questão à parterecorrida em 14.04.2005 e, depois de quatro anos de gozo, suspendeu sob o argumento de que havia irregularidades pelanão-comprovação da atividade rural em período anterior a 1993, desconsiderando o período homologado anteriormente (fl.30, verso).

Todavia, na hipótese dos autos, a autora, ora recorrida, logrou comprovar o labor rural com base em prova materialproduzida desde 1969 (certidão de casamento em que consta a condição de trabalhador rural do cônjuge (fl. 31), ficha dematrícula escolar à fl. 36 que revela a profissão da autora como lavradora, bem como as declarações acostadas às fls.37/43 que denotam tal fato, dentre outros documentos – fls. 38, 40, 42, 70), complementada pela prova testemunhal.

Para comprovar o trabalho rural em regime de economia familiar, constam, nos autos, a certidão de casamento em querevela que a recorrida tem a ocupação "doméstica" e seu cônjuge a profissão de "lavrador", juntamente com o contrato deparceria agrícola firmado com seu cônjuge e terceiros, tudo em harmonia com a unanimidade dos depoimentos dastestemunhas. Ora, se o cônjuge desempenhava trabalho no meio rural, em regime de economia domiciliar, há a presunçãode que a mulher também o fez, em razão das características da atividade - trabalho em família, em prol de suasubsistência. Não procede, portanto, a alegação recursal em sentido contrário.

Registre-se que o início de prova material, de acordo com a interpretação sistemática da lei, é aquele feito mediantedocumentos que comprovem o exercício da atividade nos períodos a serem contados, devendo ser contemporâneos dosfatos a comprovar, o que se verificou na hipótese.

Não obstante, vale apontar que o início de prova documental vem sendo flexibilizado pela jurisprudência, em face daconhecida precariedade das relações trabalhistas na zona rural, que, ainda nos dias de hoje, são tratadas com bastante

informalidade. Exigir dos rurícolas a apresentação exclusiva de documentos contemporâneos ao período sobcomprovação, para a obtenção do benefício da aposentadoria especial, inviabilizaria a implementação do próprio instituto,salientando-se que o rol de documentos constante do artigo 106 da Lei 8.213/91 é meramente exemplificativo.

O art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91 é bem claro ao dispor que o segurado que exercia atividades laborais na qualidade desegurado especial, em período anterior a 24.07.1991, tem direito de beneficiar-se da norma prevista no art. 143 dessediploma legal, que confere a possibilidade do interessado requerer aposentadoria por idade, durante 15 anos, contados apartir da vigência da referida lei, desde que se comprove o exercício de atividade rurícola, ainda que de forma descontínua,por período imediatamente anterior ao requerimento administrativo, em número de meses igual à carência, conformedestacou a sentença guerreada.

A parte autora, na data do requerimento administrativo, em 29.11.2000, comprovou que havia preenchido todos osrequisitos necessários à aposentadoria especial rural. A sentença, portanto, não merece ser reformada.

Recurso ao qual se nega provimento.

Sem custas, na forma da lei. Condeno a parte recorrente em honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor dacausa, com fulcro no art. 55 da Lei n. 9.099/95, combinado com o art. 20, §3º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

84 - 2007.50.51.002435-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)x LUZIA DA SILVA OLIVEIRA (ADVOGADO: ANDRE MIRANDA VICOSA.).Processo nº. 2007.50.51.002435-1/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido : LUZIA DA SILVA OLIVEIRA

EMENTA

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –PRESENÇA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA PELA PROVA TESTEMUNHAL – NÃODESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR, EM VIRTUDE DE O VÍNCULO URBANO SER DECURTO PERÍODO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 130/132, que julgouprocedente o pleito autoral, de concessão de aposentadoria rural por idade. Alega o recorrente, em suas razões recursais,que não há início de prova material nos autos e que restou descaracterizado o regime de economia familiar em virtude de arecorrida ter trabalhado em atividade urbana.

2. Em primeiro lugar, é deve-se ressaltar que, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91, o trabalhador rural referido na alínea“a” do inciso I e na alínea “g” do inciso V, e nos incisos VI e VII do art. 11 da mesma lei, para fins de recebimento deaposentadoria rural por idade, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), deve comprovar oefetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

3. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início derazoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei 8213/91 e, para que talatividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família sejaindispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar, e que seja exercido emcondições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da Lei8.213/91.

4. Verifica-se, no presente caso, que foi acertada a decisão do magistrado que proferiu a sentença, no sentido de deferir o

benefício pleiteado pela recorrida. Com efeito, os documentos constantes dos autos constituem início de prova materialque, tendo sido corroborada pela prova testemunhal prestada em Juízo, enseja a concessão do benefício pleiteado àrecorrida.

5. A certidão de casamento da recorrida, datada de 1983, na qual consta como profissão do seu cônjuge a de lavrador (fl.13), a certidão de óbito do cônjuge, datada de 1993, na qual também consta como profissão do mesmo a de lavrador, e odocumento de fl. 90, o qual comprova o recebimento pela recorrida de pensão por morte referente ao seu cônjuge, cujafiliação se enquadrava na categoria segurado especial – atividade rural, formam o início de prova material exigido para finsde concessão do benefício de aposentadoria rural por idade. Consonante com este entendimento está a Súmula 06 daTurma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, a qual aduz que a certidão decasamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoávelde prova material da atividade rurícula (sic).

6. Sendo assim, há o início de prova material necessário, o qual deve ser corroborado por prova testemunhal. Emaudiência, os depoimentos das testemunhas confirmaram o labor rural da recorrida, no sentido de que a mesma apenas seafastou do meio rural quando do falecimento de seu cônjuge, em 1993, tendo retornado a este meio posteriormente.

7. Nessa ocasião, a recorrida, de fato, trabalhou num sanatório no Rio de Janeiro, conforme documento de fl. 51; todavia,esta atividade urbana durou menos de três meses, período demasiadamente escasso frente ao labor rural exercido pelarecorrida. Conforme consta do depoimento pessoal da mesma, este trabalho foi exercido em virtude de necessidadesfinanceiras, sendo que, após o seu retorno ao meio rural, há mais de 10 anos, a mencionada recorrida apenas exerceuatividades de índole rurícola, na propriedade de seu filho. Vale enfatizar que, conforme depoimento de testemunha, duranteo período em que estava a residir no Rio de Janeiro, retornava ao meio rural na época de colheita.

8. Tudo isso demonstra que a atividade rural em regime de economia familiar sempre foi indispensável à recorrida, deforma que um vínculo urbano tão diminuto não pode ter o condão de descaracterizá-lo.

9. Sendo assim, faz jus a recorrida ao benefício de aposentadoria rural por idade, benefício que pode ser cumulado com apensão por morte já auferida, em virtude do direito adquirido e de esta cumulação não ser vedada pelo artigo 124 da Lei8.213/91.

10. Recurso conhecido e improvido.

11. Sem condenação em custas processuais, na forma da lei. Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios,que fixo em R$ 500,00, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, deforma a manter a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presentejulgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DASECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

85 - 2007.50.54.000665-0/01 ELZA COSTA FEREGUETTI (ADVOGADO: RONILCE PLOTEGHER LUBIANA, ELOILSONCAETANO SABADINE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDADOMINGUES CARVALHO, GISELA PAGUNG TOMAZINI, THIAGO COSTA BOLZANI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL DEMONSTRADO LABORRURAL NO PERÍODO DE CARÊNCIA. TAMANHO DA PROPRIEDADE E EVENTUAL CONTRATAÇÃO DE MEEIROSNÃO DESCARACTERIZAM O REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. RECURSO DA AUTORA PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido deaposentadoria rural por idade, sob o fundamento de que a autora não possui a qualidade de segurada especial em regimede economia familiar, pois ela e seu marido são proprietários de um imóvel de 16 alqueires, o que fere o art. 3.º, II da Lei

11.326/2006. Sustenta a recorrente, em suas alegações recursais, que (1) o tamanho da propriedade não é apto, por si só,a descaracterizar a qualidade de segurada especial em regime de economia familiar; (2) apresentou início de provamaterial da atividade rural, que foi corroborada pela prova testemunhal. Contrarrazões às fls. 121/123.2. Existem nos presentes autos início de prova material do exercício da atividade rural da autora: escritura pública decompra e venda, datada de 02.10.1978, em que o autora é qualificado como agropecuarista (fls. 34/37); ITR’s de 1992,1994/2002 (fls. 81). Como a autora nasceu em 26.05.1946 (fl. 14) e completou 55 anos em 2001, deve comprovar 120meses (10 anos) de atividade rural, pois havendo atividade rural anterior ao advento da Lei 8213 / 91, aplica-se a tabelatransitória do art. 142. Entendo que a autora demonstrou o exercício do labor rural no prazo de carência exigida em lei, fatoeste que foi corroborado pela prova testemunhal.3. A autora e seu marido são proprietários de uma propriedade de 80 hectares, que totalizam 3,22 módulos fiscais (fl. 40).Inicialmente, a extensão da propriedade, por si só, não é fato que descaracteriza o regime de economia familiar, sem acomprovação concreta de outros fatos que afastem essa conclusão; ao contrário, o conjunto dos fatos autoriza oreconhecimento da qualidade de segurado especial. Nesse sentido a súmula 30 da TNU: “Tratando-se de demandaprevidenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário comosegurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar”. Apenas a títulode comparação, o tamanho da propriedade está abaixo do limite de 4 módulos fiscais, previsto na Lei 11.718/2008. É que omódulo fiscal da região corresponde a 18 ha. Registro, apenas, que o limite de 4 módulos fiscais previsto na Lei11.718/2008 não se aplica ao tempo de atividade rural anterior, sob pena de retirar do patrimônio jurídico do autor tempo jáa ele incorporado. Faz-se referência apenas a título de reforço de argumentação.4. No mesmo sentido, a classificação de seu esposo, em certificado de cadastro do INCRA, como empregador rural II – Btambém não é suficiente para afastar a qualidade de segurado especial da recorrente. Eis a jurisprudência: A qualificaçãodo marido da autora como "empregador rural II-B", em certificado de cadastro do INCRA, não o descaracteriza comosegurado especial, seja porque o mesmo documento consigna que a exploração do imóvel dá-se sem assalariados – o quefoi corroborado pela prova oral – seja porque o art. 1º, II, b, do Decreto-lei nº 1.166, de 15/04/71, dispõe que, para fins deenquadramento sindical rural, considera-se empresário ou empregador rural "quem, proprietário ou não e mesmo semempregado, em regime de economia familiar, explora imóvel rural que lhe absorva toda a força de trabalho e lhe garanta asubsistência e progresso social e econômico em área igual ou superior à dimensão do módulo rural da respectiva região”,motivo pelo qual a Ordem de Serviço INSS/DSS nº 556, de 14/11/96, dispõe que "será aceito como comprovante do tempode atividade rural do segurado especial o Certificado de Cadastro do INCRA, no qual o proprietário esteja enquadradocomo Empregador Rural II-B com exercício da atividade rural em regime de economia familiar sem empregados, desdeque seja confirmado com a apresentação de outros documentos". (TRF 1ª Região, AC 01000006667 / MG, 2ª Turma,Relatora Juíza Assusete Magalhães, DJ 21/02/2000, p. 72).5. Ademais, a colheita de 600 a 800 sacos de café maduro não pode ser considerada como produção elevada. O café éum produto que só exige o uso efetivo de mão de obra na época da colheita. Devemos considerar, ainda, que estaquantidade de sacos de café reduz quase a metade quando é pilado. O produtor rural deve, ainda, descontar do seu lucroo gasto que teve com adubo e fertilizantes na plantação; deve-se considerar também que os meeiros ficam com a metadeda produção. Portanto, este fato não descaracteriza o regime de economia familiar.6. Ressalta-se, ainda, que eventualmente, como em épocas de colheita, os pequenos produtores rurais podem dependerdo auxílio de terceiros, o que não descaracteriza o regime de economia familiar. A própria Lei 11.718/2008 – emboraposterior ao trabalho rural controvertido nestes autos -, expressamente afirma que não descaracteriza o regime deeconomia familiar a outorga de até 50% das terras - argumento novamente utilizado, somente, a título de comparação, poisessas disposições são inaplicáveis ao tempo rural pretérito.7. Recurso da parte autora conhecido e provido para conceder a aposentadoria rural por idade desde o requerimentoadministrativo do benefício (05.06.2003 – fl. 11), bem como, pagar as parcelas vencidas, acrescidas de correção monetáriadesde o momento em que deveriam ter sido pagas, conforme tabela do CJF, e juros de mora de 1 % ao mês a contar dacitação até a edição da Lei 11960 / 2009, a partir de quando deverá ser observada sua sistemática.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela parte autora, nostermos da ementa – parte integrante deste julgado.

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86 - 2006.50.52.000624-9/01 JOAQUIM BENICÁ (ADVOGADO: MARIA REGINA COUTO ULIANA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS .).Processo nº 2006.50.52.000624-9/01

Recorrente : JOAQUIM BENICÁRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – PEQUENO PROPRIETÁRIORURAL – EXISTÊNCIA DE MEEIROS NO PERÍODO DE CARÊNCIA – NÃO DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DEECONOMIA FAMILIAR – RECURSO PROVIDO1. Trata-se de recurso inominado interposto por JOAQUIM BENICÁ contra a r. sentença de fls. 78/87, que julgouimprocedente o pedido de concessão de aposentadoria rural por idade.2. Segundo o juízo de origem, a parte autora pretende ter reconhecido o tempo rural anterior a 1985 (entre 1967 a 1984)para ser acrescido ao tempo já apurado pelo INSS, não tendo comprovado, todavia, o efetivo exercício de atividade rural,vez que, não obstante a certidão de casamento de fl. 20 (de 25/10/1975) atestar que o autor era ‘agricultor’, osrecolhimentos ao Sindicato Rural (guias de fls. 24/25 e 26), referentes aos anos de 1975 a 1979 e 1982, foram feitos naqualidade de empregador e não como segurado especial, o que está em correspondência com a Ficha de Inscrição deEmpregador (fl.27) e a certidão do RGI de fl. 34/35, comprovando que o autor era proprietário e não mero seguradoespecial. Além disso, observou o juízo que as testemunhas declaram que, em Minas Gerais, o autor tinha meeiros, o queconduzia à sua qualidade de empregador, proprietário, razão pela qual concluiu não haver prova de atividade rural comosegurado especial, nem contribuição para o INSS na qualidade de empregador rural, não havendo, portanto, tempo a seracrescido para fins de aposentadoria por tempo de contribuição.3. Em suas razões recursais, alega o recorrente que trabalha desde 1967 como rurícola, juntamente com seu pai, pequenoproprietário rural, e, desde 1985, como vaqueiro, consoante CTPS juntada aos autos; que juntou aos autos diversosdocumentos tidos como início de prova material, dentre eles a certidão expedida pelo Ministério do Exército, em 1973,constando sua profissão de lavrador (fl. 23), bem como documentos relativos ao imóvel de propriedade de seu pai (fls.30/38), onde exerceu suas atividades; que logrou êxito em corroborar o exercício de atividades rurais através dodepoimento das testemunhas ouvidas, unânimes em confirmar este fato; que os registros de terra em nome de seu pai temo condão de comprovar o exercício de atividades rurais em relação aos filhos, consoante jurisprudência que transcreve;que o fato de o autor ter trabalhado como proprietário rural não impede que o mesmo seja enquadrado como seguradoespecial, pois o art. 195 da Constituição Federal e o artigo 11 da Lei n. 8.213/1991 abrange também este trabalhadores;com relação aos recolhimentos em favor da Previdência Social, como empregador rural, esclarece que o próprio INSSexigia que os trabalhadores rurais em regime de economia familiar contribuíssem como empregadores rurais, para quetivessem acesso ao benefício previdenciário; que tais trabalhadores rurais eram classificados como empregadores ruraisem decorrência do módulo rural, nos termos da Lei n. 6.260/75 e pelo Decreto n. 77.514/76, que a regulamentou, sendoque tais circunstâncias não influenciam na condição de segurado especial, consoante jurisprudência que transcreve; quenunca contratou empregados e que a circunstância de possuir meeiros em sua propriedade não lhe retira a condição desegurando especial.4. Para o deferimento do benefício da aposentadoria por idade, é imprescindível que se comprove o exercício de atividadespor período equivalente à carência estabelecida, sendo que o art. 142 da Lei n. 8.213/1991 dispõe a respeito do número demeses necessários para que o trabalhador implemente a condição. Esse diploma legal considera segurado especial oprodutor, parceiro, meeiro, comodatário ou arrendatário que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime deeconomia familiar (art. 11, inciso VII), sendo certo que se exige, pelo menos, um início de prova material para acomprovação do tempo de serviço do rurícola (art. 55, § 3º).5. Na hipótese em apreço, o conjunto probatório demonstra que o autor exerceu atividade rural em regime de economiafamiliar pela carência necessária. Neste sentido estão as seguintes documentações: 1) certidão de registro de imóvel rural(fls. 30/31) que comprovam que o genitor do recorrente possuía propriedade rural e sempre se declarou como lavrador�;2) certificado de Alistamento Militar, emitido em 10/12/1973 (fl. 23) e Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais deBoa Esperança/ES, datada de 1986 (fl. 17), ambos constando a profissão de lavrador; 3) certidão de casamento, realizadoem 1975, constando o recorrente como agricultor (fl. 20). Ademais, os depoimentos das testemunhas foram claros ecoerentes com as alegações da parte autora, significando dizer que o início de prova material foi suficientementecomplementado pela prova testemunhal.6. A Lei nº 6.260/75 instituiu em favor dos empregadores rurais os benefícios de previdência e assistência social. Emcontrapartida, criou uma contribuição anual obrigatória, a cargo do empregador rural, pagável até 31 de março de cada ano(art. 5º). Entretanto, a lei previa que o empregador rural que perdesse essa qualidade e não estivesse obrigado a ingressarem outro regime de previdência social poderia permanecer filiado ao FUNRURAL mediante o continuado pagamento dacontribuição anual (art. 8º). Por esta razão, a circunstância do recorrente ter preenchido “ficha de inscrição de empregadorrural” (fl. 27) e recolhido contribuições de empregador rural (fls. 24, 25 e 26) não faz prova cabal de que ele fosse, de fato,empregador rural.7. No que tange à presença de meeiros na propriedade, tal circunstância não possui o condão de descaracterizar acondição de segurado especial no exercício de atividade rural em regime de economia familiar, à luz do art. 11, § 8º, I daLei nº 8.213/91. Somente a utilização de “empregados permanentes” descaracteriza o regime de economia familiar e obstao enquadramento como segurado especial (art. 195, § 8º, da Constituição Federal), sendo certo que não há prova de que aexistência de meeiros propiciasse à família do recorrente renda suficiente para a garantia da subsistência do núcleofamiliar, faltando respaldo, portanto, para desqualificar o regime de economia familiar.8. Em face do exposto, deve ser deferido o pedido formulado na inicial da ação, condenando o réu, ora recorrido, aconceder o benefício de aposentadoria rural por idade à parte autora, ora recorrente, com DIB e DIP a partir de20/01/2006, data do requerimento administrativo (fl. 51 e 57), devendo o benefício ser implementado no prazo de 30 (trinta)dias, sendo que a autarquia previdenciária deverá comprovar, nos autos, o atendimento da presente determinação judicialno mesmo prazo.9. Deverá o INSS, ainda, pagar as parcelas vencidas, corrigidas monetariamente, respeitado o teto fixado para esteJuizado, acrescido de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, desde a citação até 30/06/2009 (data da vigência daLei 11.960/2009), e, a partir dessa data, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança.

10. Destaca-se, quanto à não liquidez deste decisum, o fato de que o réu possui maiores condições e facilidades naelaboração dos discriminativos dos valores em questão, já detentor dos elementos de cálculos. Tal posicionamentocoaduna-se com o entendimento consubstanciado no Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e 22 dasTurmas Recursais do Rio de Janeiro. Desta feita, após a apuração administrativa dos valores em comento, a serconsiderada como obrigação de fazer, na forma do art. 16 da Lei 10.259/2001, será então expedido o requisitórioadequado.

11. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, por força doart. 55 da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO, reformando-sea sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

87 - 2007.50.50.011270-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERGANTONIO DA SILVA.) x ODETI DEZIDERIO DA SILVA (ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.).Processo nº 2007.50.50.011270-0/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido : ODETI DEZIDERIO DA SILVA

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – ATIVIDADE URBANA DOCÔNJUGE – RENDA SUFICIENTE À MANUTENÇÃO DA FAMÍLIA - DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DEECONOMIA FAMILIAR - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS contra a r.sentença de fls. 117/121, que o condenou a restabelecer, em favor da autora, o benefício de aposentadoria por idade rural.2. Segundo o juízo de origem, diante dos fatos narrados pelas testemunhas, bem como pelos documentos juntados aosautos, a parte autora comprovou que sempre exerceu atividade rural, sendo que, de acordo com o documento de fl. 29, oinício dessa atividade se deu em janeiro de 1987, razão pela qual faz jus ao benefício de aposentadoria por idade naqualidade de segurada especial. Aduziu não prosperar a alegação do réu de que não seria cabível o benefício em razão domarido da autora trabalhar na área urbana (funcionário do Departamento de Estradas e Rodagem do Espírito Santo, de1968 a 1994), pois o inciso VII, art. 11 da Lei nº 8.213/91, também classifica como segurado especial o produtor queexerce suas atividades individualmente, não sendo obrigatória a participação dos demais entes familiares.3. Em suas razões recursais, alega o recorrente que a documentação apresentada pela autora não foi suficiente paracomprovar a atividade rural, e que, ainda que assim não fosse, tal atividade não poderia ser considerada como exercidaem regime de economia familiar, vez que os documentos trazidos aos autos demonstraram a existência de vínculo detrabalho urbano de seu marido em vários períodos (fls. 55/56), encontrando-se o mesmo, atualmente, aposentado nacondição de servidor público com renda mensal de, aproximadamente, R$ 1.500,00 (fl. 107), o que descaracteriza o regimede economia familiar em relação à atividade rural exercida pela autora. Afirma que a renda principal da família é advinda daaposentadoria do marido da autora, e não do trabalho rural; que o próprio juiz reconheceu, na sentença, que a autoracultivava principalmente verdura e café. Aduz que a produção era dividida “à meia” com o proprietário rural, tendo a autoradito em audiência que o café era pouco, sustentando, ainda, que a pequena produção de verduras não era a principal fontede renda da família, que sempre sobreviveu do trabalho urbano do marido da autora. Ressalta que a família reside em áreaurbana do Município de Santa Maria de Jetibá/ES, e não na roça, tratando-se de mais um fato descaracterizador do regimede economia familiar.4. A Lei nº 8.213/91 reconhece a condição de segurado especial tanto ao trabalhador rural que exerça sua atividade emregime de economia familiar, quanto àquele que a desempenhe individualmente (art. 11, VII, da Lei nº 8.213/91). Assim,para que o trabalhador rural se qualifique como segurado especial não é imprescindível a existência de regime deeconomia familiar, devendo, todavia, exercer a atividade rural sozinho.5. A jurisprudência dominante do STJ reconhece a qualificação do segurado especial mesmo quando outro membro dafamília exerce atividade diversa da agrícola, mas ressalva que o exercício da atividade rural deve ser indispensável para asubsistência do trabalhador.6. Neste sentido, os seguintes julgados: “Somente estaria descaracterizado o regime de economia familiar se a rendaobtida com a outra atividade fosse suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividadeagrícola”. (STJ - AGRESP 691391 - Sexta Turma – Rel. Hélio Quaglia Barbosa - Data da decisão: 24/05/2005); “Oexercício de atividade urbana por um dos membros do grupo familiar não descaracteriza a condição de segurado especialdos demais, quando não comprovado que os rendimentos dali advindos sejam de tal monta que possam dispensar otrabalho rural desempenhado pelo restante da família.” (TRF 4ª Região - Processo 200504010401037 - Data da decisão:

30/08/2006).7. Assim, o fato de o cônjuge ter exercido atividade urbana não necessariamente impediria a qualificação da recorridacomo segurada especial, enquanto exercia individualmente a atividade rural.8. Não obstante, as peculiaridades do caso concreto apontam que a renda auferida pelo marido da autora na atividadeurbana era e é suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade agrícola da autora, vezque sempre exerceu atividade urbana, trabalhando para o Departamento de Estrada de Rodagem do Espírito Santo desde1968, consoante fl. 55, até aposentar-se, como servidor público, por tempo de contribuição, em 29/07/1994 (fl. 106). Arenda mensal inicial do benefício, à época, era de R$ 257,70 (fl. 106), o equivalente a quase quatro salários da época (ovalor do salário mínimo, em 01/07/1994, era de R$ 64,79, consoante MP 566/94). E, em julho/2007, correspondia a R$1.042,96 (fl. 107), renda que se presume suficiente para a subsistência da família.9. Sendo assim, não obstante os ponderáveis argumentos do juízo de origem, dou provimento ao recurso para reformar asentença e julgar improcedente o pedido deduzido na petição inicial.10. Recurso conhecido e provido.11. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lein.º. 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

88 - 2003.50.50.022411-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERGANTONIO DA SILVA, SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.) x JAILDES RIBEIRO MARQUES (ADVOGADO: THIAGOVARGAS PIMENTEL.).Processo nº 2003.50.50.022411-8/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : JAILDES RIBEIRO MARQUES

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – EXERCÍCIO DE ATIVIDADES COMEXPOSIÇÃO HABITUAL A TENSÃO ELÉTRICA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL contra a r. sentença defls. 78/83, que julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na exordial.2. Segundo o juízo de origem, o documento de fls. 35/36 (formulário DIRBEN – 8030) comprovou que a autora trabalhou naempresa Telemar Norte-Leste S/A, no período de 16/06/1983 a 15/07/2000, como auxiliar técnico de rede, na função deinstalador e reparador de linhas, aparelhos e ligador, bem como que a mesma exercia suas atividades no setor de rede detelefonia instalando linhas e aparelhos telefônicos de assinantes, efetuando a manutenção de LA, LPCD´s, LP´s, TP´s elinhas de rádio, dentre outros, ficando exposta de modo habitual e permanente ao agente nocivo eletricidade, com tensõesvariáveis entre 48V. CC a 11.400V. Ressaltou que o referido laudo técnico foi emitido pela empresa mediantedeterminação judicial, uma vez que a Justiça do trabalho reconheceu o trabalho da demandante em condições adversascom exposição a ambientes insalubres ou perigosos nesse período (fls. 40/41). Registrou, por fim, que a operação emlocais com eletricidade em condições de perigo de vida, com sujeição a tensão superior a 250 volts, gera direito aaposentadoria especial aos 25 anos de serviço (item 1.1.8 do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64). Sendo assim, julgouparcialmente procedente o pedido formulado na inicial e condenou o INSS a computar como tempo de serviço especial operíodo de 16/06/1986 a 15/07/2000, trabalhado pela autora, bem como a converter o período de 16/06/1986 a 28/05/1998em tempo de serviço comum (consignou que o direito à conversão do tempo especial em tempo comum para efeito deobtenção de qualquer benefício previdenciário é cabível até o advento da Medida Provisória nº 1.663-10, de 28/05/1998,convertida posteriormente na Lei nº 9.711/98, de 20 de novembro de 1998).3. Em suas razões recursais, alega o recorrente que o juízo se equivocou ao considerar comprovada a exposição daautora a condições especiais, de forma habitual e permanente, pois o próprio laudo técnico de fls. 38 informa que haviaexposição entre 48 v.CC a 11.400 V. (CA). Aduz que a exposição a tensão inferior a 250 volts descaracteriza ahabitualidade e permanência da exposição e que, in casu, não há informação de qual a exposição média durante a jornadade trabalho, não havendo comprovação de que a autora ficava, durante a maior parte da jornada, exposta a tensãosuperior a 250 volts. Sustenta que, além disso, as atividades da autora consistiam em serviços administrativos, como, porexemplo, dirigir veículos da empresa, fazer relatório de utilização de veículo e relatório diário sobre produção, ou seja, semexposição a qualquer agente perigoso. Afirma que em nenhum momento os documentos apresentados pela autoracomprovam que a mesma estivesse exposta ao agente eletricidade, de forma habitual e permanente, razão pela qual aatividade que desenvolvia não pode ser considerada especial para o fim de conversão em atividade comum.Sucessivamente, requer seja desconsiderada a condição de especial do período posterior a 05/03/1997, data do Decreto2172, que estabeleceu nova relação de agentes nocivos no Anexo IV para enquadramento como atividade especial. Frisaque, após tal data, as atividades consideradas perigosas, como a eletricidade, deixaram de ser consideradas especiais.

4. Comprovado por laudo técnico (fl. 38) que a autora encontrava-se exposta a tensões variáveis entre 48 v.CC a 11.400 V.(CA), caberia ao recorrente comprovar a alegada exposição habitual a tensão inferior a 250 volts, ônus do qual não sedesincumbiu.5. Não prospera o argumento de que as atividades da autora limitavam-se a serviços administrativos. O formulário DIRBEN– 8030 de fls. 35/36 comprova que a autora, como auxiliar técnico de rede, trabalhava na função de instaladora ereparadora de linhas, aparelhos e ligador, bem como que exercia suas atividades no setor de rede de telefonia instalandolinhas e aparelhos telefônicos de assinantes, efetuando a manutenção de LA, LPCD´s, LP´s, TP´s e linhas de rádio, dentreoutros, ficando exposta de modo habitual e permanente ao agente nocivo eletricidade, com tensões variáveis entre 48V.CC a 11.400V.6. Muito embora o agente físico eletricidade não tenha permanecido no rol de classificação de agentes nocivos a partir daedição do Decreto 2.172 de 06/03/1997, constata-se que o laudo técnico juntado aos autos atesta a periculosidade datensão elétrica, que, aliás, está expressamente prevista no anexo do Decreto nº. 93.412/86, nas mais variadas situações,dentre elas as desempenhadas pelo segurado, como agente perigoso à saúde. O regulamento em questão,lamentavelmente, não acompanhou a evolução da legislação trabalhista no assunto, tendo deixado de reconhecerexpressamente inúmeras situações de risco máximo à saúde e à própria integridade física do trabalhador, como nos casosdas pessoas que trabalham em contato habitual e permanente com tensão elétrica.7. Não obstante, a hipótese em tela enquadra-se no entendimento da Súmula 198 do extinto TRF ("Atendidos os demaisrequisitos, é devida a aposentadoria especial se perícia judicial constata que a atividade exercida pelo segurado éperigosa, insalubre ou penosa, mesmo não inscrita em Regulamento"), sendo irreparável a sentença que reconheceucomo especial tal período de trabalho.8. Recurso conhecido e improvido.9. Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios no valor de R$500,00 (quinhentos reais), nos termos do art. 20, § 4º do CPC.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

89 - 2006.50.51.000005-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (ADVOGADO: EMANUEL DONASCIMENTO. PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI, NANCI APARECIDA DOMINGUESCARVALHO.) x JORGE LUIZ SALVAT CIPRIANO (ADVOGADO: NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito SantoTurma Recursal dos Juizados Especiais Federais

Processo nº 2006.50.51.000005-6/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido : JORGE LUIZ SALVAT CIPRIANO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – TRABALHO ESPECIAL –AGENTES NOCIVOS À SAÚDE – RECURSOIMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, contra sentença proferida pelo juiz a quo quejulgou procedente a pretensão externada na inicial desta ação, condenando a autarquia previdenciária a instituir obenefício da aposentadoria especial em favor da parte autora. O recorrente, em suas razões recursais, sustenta que paraque o autor tivesse direito à conversão do período alegado como trabalho em condições insalubres, seria necessário queficasse sob tais condições durante toda a jornada de trabalho, o que não se verificou.

2. Consta, nos autos, que o recorrido trabalhou, sob condições especiais, no período de 15.07.1978 a 16.10.1979 e de02.02.1981 a 18.03.2005, sempre exposto a materiais infectocontagiantes/agentes nocivos biológicos, classificados comoinsalubres, conforme o disposto no Decreto n. 53.831/64 e no Decreto n. 3.048/99.

3. Deveras, com o advento da Lei 9.032/95, extinguiu-se, em definitivo, o direito de categoria, passando a serimprescindível a efetiva exposição a agentes nocivos, químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais

à saúde ou à integridade física, impondo-se a demonstração de tempo de trabalho permanente, não ocasional, nemintermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.

4. Os documentos acostados às fls. 16/21 revelam que o autor estava exposto de modo habitual e permanente a riscosbiológicos, motivo pelo qual não assiste razão ao recorrente em alegar tese contrária. Ora, caberia à autarquiaprevidenciária comprovar as suas alegações, nos termos do art. 333 do CPC, providência esta da qual não se desincumbiuo recorrente.

5. Diante do que fora exposto e analisado, não merece reparo a sentença guerreada.

6. Recurso conhecido e improvido.

7. Sem custas, na forma da lei. Honorários advocatícios fixado em R$ 500,00 (quinhentos reais), com fulcro no art. 20, §4º,do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

90 - 2005.50.51.000458-6/01 ADILSON LOURENÇO NOGUEIRA (ADVOGADO: CARLOS AUGUSTO CARLETTI,ANTÔNIO JUSTINO COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (ADVOGADO: ANTONIO CARLOSSANTOLIN. PROCDOR: José Arteiro Vieira de Mello.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito SantoTurma Recursal dos Juizados Especiais Federais

Processo nº. 2005.50.51.000458-6/01

Recorrente : ADILSON LOURENÇO NOGUEIRA

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM COMUM – MUDANÇA DOSREQUISITOS PARA COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE ESPECIAL COM A LEI 9.032/95 – AUSÊNCIA DECOMPROVAÇÃO DE CONDIÇÃO LABORAL INSALUBRE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fl. 84-91, que indeferiua pretensão externada na inicial de concessão de aposentadoria especial, por não comprovação de exercício por atividadeespecial por 25 anos, conforme determina a legislação previdenciária. Sustenta o recorrente que o período de trabalhoanterior à vigência da Lei 9.032/95 pode ser comprovado como sendo atividade insalubre somente por sua categoriaprofissional anotada em carteira. Assim, cumprir-se-ia, com a conversão do mencionado lapso temporal trabalhado deatividade especial para comum, o tempo necessário para concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Requer,

então, que se reforme a sentença nesse sentido.

Antes da reforma promovida pela Lei 9.032/95, a Lei 8.213/91 determinava, em seu art. 57, que, para haver a concessãode aposentadoria especial, fazia-se necessário trabalhar, conforme a atividade profissional, sujeito a condições especiaisque prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conformedispuser a lei. Desta forma, para que se cumprisse o exigido pela legislação previdenciária, bastava o enquadramento daatividade laborativa nas tabelas por grupos profissionais, segundo determinava os Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79.

Todavia, com o advento da reforma legislativa produzida pela vigência da Lei 9.032/95, inseriram-se os §§ 3º, 4º e 5º,surgindo a necessidade de comprovação pelo segurado, perante o INSS, além do período efetivamente trabalhado,também a exposição aos agentes nocivos condicionadores da insalubridade. Além disso, houve, com a reforma, arevogação implícita do enquadramento pelo grupo profissional, ou seja, deixou-se de lado a mera necessidade de ter ogrupo funcional enquadrado no rol das atividades insalubres para se privilegiar a exigência de efetiva comprovação decondição trabalhista insalubre, nos moldes estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social.

O art. 57, § 5º, da Lei 8.213/91, por sua vez, assegura o direito de conversão do período de trabalho exercido sobcondições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física e a soma desteperíodo convertido, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito deconcessão de qualquer benefício.

A questão principal, posta em discussão em sede recursal, cinge-se em aferir o período de trabalho exercido pelorecorrente em época anterior à vigência da Lei 9.032/95 como sendo atividade especial, para conversão de tal tempo econcessão da aposentadoria por tempo de contribuição ao pleiteante.

Segundo já exposto pelo juiz a quo, do documento exarado às fls. 79-83, extrai-se que, anteriormente à vigência dasupracitada lei, momento em que se levaria em consideração somente o cargo funcional para atestar atividade especial, oscargos exercidos pelo recorrente foram os seguintes: trabalhador rural; ajudante; servente; braçal; “cozinhador” eencanador. Não obstante, somente para esta última função, a de encanador, é que restou provado período de exercíciolaborativo insalubre, como a própria autarquia previdenciária já havia reconhecido. As demais atividades laborais,entretanto, não constituem, per si, atividades especiais. Destarte, se o recorrente quisesse comprovar que as atividadesexercidas o sujeitavam a condições insalubres, deveria este ter juntado, aos autos, provas técnicas esclarecedoras sobreesse entendimento, o que não ocorreu, em atenção ao disposto no art. 333 do CPC.

Irretocável, então, o provimento jurisdicional, não residindo mácula na sentença guerreada, que merece ser mantida.

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.

Sem condenação em custas ou honorários, por fazer jus o recorrente ao benefício da assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

91 - 2008.50.50.005076-0/01 SERGIO RICARDO REBELLO (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº 2008.50.50.005076-0/01

Recorrente : SERGIO RICARDO REBELLORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – LAUDO PERICIAL QUE NÃO ESCLARECE A DATADO INÍCIO DA INCAPACIDADE –INCAPACIDADE DECORRENTE DA MESMA CAUSA QUE JUSTIFICOU ACONCESSÃO DE BENEFÍCIO QUE SE PRETENDE ESTABELECER – RECURSO PROVIDO

1. Trata-se de recurso inominado interposto por SERGIO RICARDO REBELLO contra a r. sentença de fls. 67/69, quecondenou o INSS a restabelecer o benefício auxílio-doença em seu favor, com data de início (DIB) na data da realizaçãoda perícia judicial (27/10/2008).

2. Em suas razões recursais, pugna o recorrente pela concessão do benefício desde a data da suspensão do benefícioanterior, em 10/05/2008, alegando, em síntese, que a lesão que o acomete é a mesma reconhecida no laudo do peritojudicial; que entre 2004 e 2008 foi submetido a 16 perícias, todas elas concluindo pela sua incapacidade.

3. A perícia médica constatou que o autor é portador de cervicodiscoartrose com estenose foraminal entre C5-C6 e C6-C7,doença que causa incapacidade para múltiplas atividades laborativas (multiprofissional); a incapacidade impede orequerente de exercer atividades laborais que demandem carregar peso e permanecer em posições desconfortáveis; oexercício da função habitualmente desempenhada pelo autor (representante comercial), encontra-se obstada, devido àprática de atividades como o manuseio de pastas pesadas e a permanência em posições desconfortáveis.

4. Segundo o juízo de origem, a data de início do benefício (DIB) deveria ser fixada na data da realização da perícia judicial(27/10/2008), pois o perito judicial afirmou não ser possível aferir se a existência da incapacidade laborativa estavapresente em 24/05/2008 (data da cessação do benefício); não foram juntados aos autos laudos ou receituários quecomprovem a presença da incapacidade nesta data ou em período posterior a ela; o perito judicial afirmou que aincapacidade do autor existia quando da realização do exame.

5. Embora o laudo pericial não esclareça a data de início da incapacidade, houve renovação, desde 2004, do benefícioauxílio-doença concedido ao autor (fls. 18/35), tendo o último cessado em 10/05/2008, poucos meses antes da realizaçãoda perícia médica (27/10/2008); não houve prova do retorno ao trabalho após a data do cancelamento do último benefícioe a incapacidade decorreu da mesma lesão que justificou a concessão do benefício que se pretende restabelecer,circunstâncias que autorizam presumir a continuidade do estado incapacitante desde a data do cancelamento do benefícioanterior, que deverá ser considerada como data de início do benefício (DIB) deferido em sentença.

6. Sem custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n.º. 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

92 - 2008.50.50.005961-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBERDARROZ ROSSONI.) x HILARIO KUHN (ADVOGADO: ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO.).Processo nº 2008.50.50.005961-0/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido : HILARIO KUHN

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL - TERMOINICIAL DA INCAPACIDADE – PERÍCIA INCONCLUSIVA – SENTENÇA QUE FIXA A DATA DO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO COMO TERMO INICIAL - RECURSO IMPROVIDO

1. Trata-se de recurso inominado interposto por INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL – INSS contra a r. sentençade fls. 105/106, que julgou procedente o pedido de auxílio-doença, fixando a data do requerimento administrativo(23/04/2008) como termo inicial do benefício.

2. Em suas razões recursais, alega o recorrente que o marco inicial para a concessão do benefício deve ser a data doexame médico realizado pelo perito judicial, pois não restou comprovado nos autos que o segurado apresentavaincapacidade em data anterior à realização do exame médico pericial; que a perícia médica do INSS, que goza depresunção de legalidade, examinou e concluiu pela aptidão da parte autora, em decorrência do quadro que se apresentava

à época; que a circunstância de a doença diagnosticada ser a mesma que motivou a concessão de benefício anterior emnada inovaria, já que a existência da doença não necessariamente comprova a presença de incapacidade. Requer, ainda,que os juros de mora incidam a partir da citação válida.

3. A perícia médica, realizada em 17/02/2009, constatou que a parte autora é portadora de seqüelas de Acidente VascularCerebral (AVC) ocorrido em 2005 e 2007 e que as sequelas induzem incapacidade total para o trabalho do segurado(trabalhador rural). Questionado pelo juízo se seria possível afirmar se a incapacidade existia em 23/04/2008 (fl. 75,quesito 7.1.), informou o perito que os documentos dos autos não permitiam concluir pela existência de incapacidade nareferida data.

4. Considerando a constatação de sequelas incapacitantes decorrentes de Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorrido em2005 e 2007; considerando a existência de incapacidade do segurado à época da perícia judicial, em 17/02/2009;considerando não ter havido prova do retorno ao trabalho após a data do cancelamento do último benefício econsiderando, por fim, que a incapacidade decorreu da grave lesão que justificou a concessão do benefício que sepretende restabelecer, irreparável a r. sentença que fixou a data do requerimento administrativo (23/04/2008) como termoinicial do benefício auxílio-doença.

5. Os juros moratórios só começam a correr a partir do momento em que o devedor é constituído em mora. Não existe leique eleja o ato ilícito como instrumento de constituição em mora. De acordo com o art. 219 do CPC, é a citação válida queconstitui em mora o devedor. Aplicação da Súmula 204 do STJ, do seguinte teor: “Os juros de mora nas ações relativas abenefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”.

6. Recurso parcialmente provido.

7. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lein.º. 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

93 - 2009.50.50.001439-4/01 LAURINDA ROSA DE ARAUJO (ADVOGADO: FABIANA GONÇALES COUTINHO VIEIRA.)x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).Processo nº 2009.50.50.001439-4/01

Recorrente : LAURINDA ROSA DE ARAÚJORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL –

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA –INCAPACIDADE LABORAL TEMPORÁRIA –PERÍCIA DESFAVORÁVEL – CONVICÇÃO FORMADA COM BASE NOS DEMAIS ELEMENTOS DOS AUTOS -RECURSO PROVIDO

1. Trata-se de recurso inominado interposto por LAURINDA ROSA DE ARAÚJO contra a r. sentença de fl. 49, que julgouimprocedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença, sob o argumento de que a perícia judicial atestou ainexistência de incapacidade para o exercício de atividades profissionais da autora, e, ainda, de que não teria sidoapresentado nenhum dado médico-factual que indicasse a impossibilidade involuntária do exercício da atividade habitualou peculiaridade relevante que tornasse tal exercício inexigível ou razoavelmente dispensável.

2. Em suas razões recursais, argúi a recorrente a nulidade do laudo pericial, porque insuficiente e contraditório, poisafirmou que a paciente não poderia fazer esforços físicos devido à compressão das raízes nervosas cervicais, sem levarem conta, contudo, a profissão exercida pela segurada (auxiliar de serviços gerais). Alega que se encontra impossibilitadade exercer suas atividades laborais, consoante laudos e atestados médicos juntados aos autos, e que necessita da ajudade seus familiares para seu sustento. Sucessivamente, requer seja concedido o benefício auxílio-doença, com base noconjunto probatório acostados aos autos.

3. O objeto da presente ação é o restabelecimento do auxílio-doença. A autora, auxiliar de serviços gerais, com 56 anos(nascida em 1954, fl. 05), alegou na petição inicial que se encontrava afastada de suas atividades desde 2003 e em gozo

do benefício auxílio-doença até 2008, por ser portadora de osteoartrose cervical/espondilodiscoartrose, que lhe impedia deexercer suas atividades laborativas.

4. Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida.

5. Na hipótese em apreço, após minuciosa análise e com base no livre convencimento, este Juízo entende que o materialprobatório acostado aos autos é suficiente para a concessão do benefício pretendido, desde a cessação, pelas seguintesrazões: o perito judicial, após constatar que a autora é portadora de processo degenerativo discreto de coluna lombar eartrose mais avançada de coluna cervical, afirmou expressamente que a referida segurada “Não pode fazer esforçosdevido à compressão das raízes nervosas cervicais” (fl. 28); os documentos (radiografias e tomografias) e atestadosmédicos juntados aos autos (fls. 10/14), subscritos por diferentes médicos, confirmam que a autora é portadora deosteoartrose da coluna cervical e lombar, e que estaria incapacitada para suas atividades laborativas habituais; o trabalhoárduo inerente à profissão exercida (auxiliar de serviços gerais) e a idade atual da segurada (56 anos) potencializam oagravamento das moléstias da segurada, com evidente prejuízo a sua saúde.

6. Recurso conhecido e provido para condenar a autarquia previdenciária a conceder o auxílio-doença à recorrente, desdea data da cessação do benefício, devendo o mesmo ser implementado no prazo de 30 (trinta) dias, sendo que a autarquiaprevidenciária deverá comprovar, nos autos, o atendimento da presente determinação judicial no mesmo prazo.7. Deverá o INSS, ainda, pagar as parcelas vencidas, corrigidas monetariamente, respeitado o teto fixado para esteJuizado, acrescidas dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança (a citação da réocorreu em 03/07/2009 – fl. 33, quando já em vigor a Lei nº 11.960/2009).

8. Destaca-se, quanto à não liquidez deste decisum, o fato de que o réu possui maiores condições e facilidades naelaboração dos discriminativos dos valores em questão, já detentor dos elementos de cálculos. Tal posicionamentocoaduna-se com o entendimento consubstanciado no Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e 22 dasTurmas Recursais do Rio de Janeiro. Desta feita, após a apuração administrativa dos valores em comento, a serconsiderada como obrigação de fazer, na forma do art. 16 da Lei 10.259/2001, será então expedido o requisitórioadequado.

9. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

94 - 2009.50.52.000689-5/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: FREDERICO LYRA CHAGAS.) x JOSECLAUDIO SOSSAI (ADVOGADO: BRUNA NASCIMENTO HONÓRIO.).Processo nº 2009.50.52.000689-5/01

Recorrente: CAIXA ECONÔMICA FEDERALRecorrido:JOSÉ CLAUDIO SOSSAI

E M E N T ARECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – JUROS DE MORA - CORREÇÃOMONETÁRIA – TERMO INICIAL – DATA DO ARBITRAMENTO - SÚMULA 362 DO STJ - RECURSO PARCIALMENTEPROVIDO1. Trata-se de recurso inominado interposto pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL contra a r. sentença que julgouparcialmente procedente o pedido de indenização por danos morais.2. Segundo o juízo de origem, o valor da condenação sofrerá atualização desde a data da negativação indevida,observados os índices recomendados no manual de cálculos do Conselho da Justiça Federal; a partir da citação, noentanto, haverá incidência de correção monetária e juros moratórios, calculados pela taxa SELIC, que engloba ambos, nostermos do art. 406 do novo Código Civil, combinado com o parágrafo único do art. 161 do Código Tributário Nacional e como § 4º do art. 39 da Lei n. 9.250/95.3. Em suas razões recursais, alega a recorrente que a data de incidência dos juros de mora e da correção monetária,fixada pelo juízo de origem, encontra-se em descompasso com o entendimento sumulado pelo Superior Tribunal deJustiça, pugnando pela reforma da r. decisão a fim de que os juros de mora e a correção monetária incidam a partir da dataem que foi proferida a sentença recorrida.

4. O termo inicial da correção monetária da indenização por dano moral é a data da fixação da compensação, nos termosdo entendimento consolidado na Súmula n. 362 do C. STJ (“A correção monetária do valor da indenização do dano moralincide desde a data do arbitramento”).5. Os juros de mora, em se tratando de responsabilidade contratual, correm a partir da citação.6. Neste sentido, o seguinte julgado: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL. OMISSÃO.EXISTÊNCIA. JUROS DE MORA. FLUÊNCIA A PARTIR DA CITAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL.ARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO. SUCUMBÊNCIA. REDISTRIBUIÇÃO. IMPOSSIBLIDADE. VERBETE Nº 326/STJ.EMBARGOS PARCIALMENTE ACOLHIDOS. 1. Em caso de responsabilidade contratual, os juros moratórios incidem acontar da citação. Precedentes. 2. A atualização monetária da indenização por danos morais se faz a partir da fixação doseu quantum. 3. Sucumbência impossibilidade de redistribuição."Na ação de indenização por dano moral, a condenaçãoem montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca." (Enunciado nº 326/STJ). 4.Embargos dedeclaração parcialmente acolhidos para determinar a incidência dos juros de mora a partir da citação, à taxa de 0,5% aomês até o dia 10.1.2003, e, a partir de 11.1.2003, pelo que determina o artigo 406 do atual Código Civil, bem como paradeterminar que a correção monetária incida a partir da data do arbitramento da indenização por esta Corte de Justiça. EDclno REsp 468903 / RJ, 4ª Turma, Ministro Hélio Quaglia Barbosa, DJ 21/05/2007, p. 581.7. Recurso parcialmente provido.8. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lein.º. 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

95 - 2009.50.52.001032-1/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: FREDERICO LYRA CHAGAS.) xALESSANDRA TAVARES DOS SANTOS SOUZA (ADVOGADO: ROSIVALDO VIEIRA DE CASTRO.).Processo nº 2009.50.52.001032-1/01

Recorrente: CAIXA ECONÔMICA FEDERALRecorrido:ALESSANDRA TAVARES DOS SANTOS SOUZA

E M E N T ARECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – JUROS DE MORA - CORREÇÃOMONETÁRIA – TERMO INICIAL – DATA DO ARBITRAMENTO - SÚMULA 362 DO STJ - RECURSO PARCIALMENTEPROVIDO1. Trata-se de recurso inominado interposto pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL contra a r. sentença que julgouparcialmente procedente o pedido de indenização por danos morais.2. Segundo o juízo de origem, o valor da condenação sofrerá atualização desde a data da negativação indevida,observados os índices recomendados no manual de cálculos do Conselho da Justiça Federal; a partir da citação, noentanto, haverá incidência de correção monetária e juros moratórios, calculados pela taxa SELIC, que engloba ambos, nostermos do art. 406 do novo Código Civil, combinado com o parágrafo único do art. 161 do Código Tributário Nacional e como § 4º do art. 39 da Lei n. 9.250/95.3. Em suas razões recursais, alega a recorrente que a data de incidência dos juros de mora e da correção monetária,fixada pelo juízo de origem, encontra-se em descompasso com o entendimento sumulado pelo Superior Tribunal deJustiça, pugnando pela reforma da r. decisão a fim de que os juros de mora e a correção monetária incidam a partir da dataem que foi proferida a sentença recorrida.4. O termo inicial da correção monetária da indenização por dano moral é a data da fixação da compensação, nos termosdo entendimento consolidado na Súmula n. 362 do C. STJ (“A correção monetária do valor da indenização do dano moralincide desde a data do arbitramento”).5. Os juros de mora, em se tratando de responsabilidade contratual, correm a partir da citação.6. Neste sentido, o seguinte julgado: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL. OMISSÃO.EXISTÊNCIA. JUROS DE MORA. FLUÊNCIA A PARTIR DA CITAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL.ARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO. SUCUMBÊNCIA. REDISTRIBUIÇÃO. IMPOSSIBLIDADE. VERBETE Nº 326/STJ.EMBARGOS PARCIALMENTE ACOLHIDOS. 1. Em caso de responsabilidade contratual, os juros moratórios incidem acontar da citação. Precedentes. 2. A atualização monetária da indenização por danos morais se faz a partir da fixação doseu quantum. 3. Sucumbência impossibilidade de redistribuição."Na ação de indenização por dano moral, a condenaçãoem montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca." (Enunciado nº 326/STJ). 4.Embargos dedeclaração parcialmente acolhidos para determinar a incidência dos juros de mora a partir da citação, à taxa de 0,5% aomês até o dia 10.1.2003, e, a partir de 11.1.2003, pelo que determina o artigo 406 do atual Código Civil, bem como paradeterminar que a correção monetária incida a partir da data do arbitramento da indenização por esta Corte de Justiça. EDclno REsp 468903 / RJ, 4ª Turma, Ministro Hélio Quaglia Barbosa, DJ 21/05/2007, p. 581.

7. Recurso parcialmente provido.8. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lein.º. 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

96 - 2007.50.50.008015-1/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI.) x MARLENEBARBOSA PORTO (ADVOGADO: MARQUIVALDO DIAS CUNHA.).Processo nº. 2007.50.50.008015-1/01

Recorrente : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXARecorrida : MARLENE BARBOSA PORTO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – COBRANÇA DE DÍVIDA INEXISTENTE – APLICAÇÃO DOART. 42 DO CDC – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, em face da sentença que julgou procedente em parte a pretensãoexternada na inicial desta ação, condenando a CAIXA a ressarcir, em dobro, à autora, ora recorrida, os valores recolhidosindevidamente, além de danos morais. Alega a recorrente que restou incontroverso que os valores pagos após ofalecimento de Sebastião Ferreira Barbosa foram devolvidos à parte autora quando efetuou o pagamento do resíduo do DL2.065/83 em 09.04.1997, sendo que não houve comprovação de que o episódio tenha trazido repercussões à imagem ou àhonra da autora.

Não assiste razão à recorrente. Verifica-se que a parte ré, em sua peça de resistência, aduziu que recebeu a totalidade dosaldo devedor pela seguradora quando do falecimento do mutuário Sebastião Ferreira Barbosa, motivo pelo qual nãopoderia, antes de liberar a hipoteca do imóvel em benefício da parte sucessora, ora autora e recorrida, cobrar valores porforça do TERMO DE ALTERAÇÃO DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO (fls. 99/100), com base no DL n. 2.065/83,assinado em 1983, com vigência até 1985.

Ora, o contrato de seguro para o caso de morte do mutuário foi celebrado destinando-se a quitar, junto aos agentesfinanceiros, saldo devedor remanescente de contratos no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação. Assim, se houve umerro por parte da recorrente, no que tange ao resíduo, não poderia a parte recorrida arcar com tal ônus. As prestaçõespagas por esta, ou seja, a maior, portanto, foram destinadas à recorrente, o que não tem cabimento, posto que estarecebeu o seguro em sua totalidade.

Caberia à recorrente, se fosse o caso, registrar, em instrumento próprio, a existência de resíduo em decorrência do DL n.2.065/83. Esta, todavia, juntou, aos autos, tão-somente uma conta elaborada à fl. 116, aduzindo que os valores aliconsignados foram efetivamente compensados pela parte recorrida.

Conforme destacou a sentença guerreada, no caso, exigir-se do mutuário o valor de qualquer diferença após a ocorrênciade sinistro total é, na verdade, uma renegociação de dívida inexistente, o que revela uma prática abusiva. Dessa forma, foimedida correta a condenação da recorrente a pagar, à parte autora, as diferenças pagas posteriormente ao sinistro,inclusive em dobro, em atenção ao art. 42 do CDC, aplicável na hipótese.

No mais, vale apontar que, no âmbito do direito privado, o ordenamento jurídico pátrio adota a tese da responsabilidadecivil subjetiva, disciplinada no art. 186 do Código Civil de 2002. Na hipótese, não se pode negar que aquele que éconvocado a pagar dívida inexistente dano causado pela injustiça (Nesse sentido: TRF, 5ª Região, Segunda Turma, AC nº301499/AL, Rel. Des. Federal PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA, DJ: 03/08/2004, p. 739), principalmente quando aparte lesada é obrigada a recorrer ao Poder Judiciário para garantir a reparação da má conduta da outra parte. O valorfixado, a título de indenização moral, não merece reforma, posto que se apresenta plenamente razoável e de acordo comseu objetivo precípuo, qual seja, o de coibir a continuidade de atos de mesma natureza, em conformidade com o princípioda proporcionalidade.

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.

8. Custas já recolhidas. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, arbitrados em R$ 500,00 (quinhentosreais), nos termos do art. 20, §4º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

97 - 2007.50.50.011005-2/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.) x NAZARETHMACHADO MARTINS SGRANCIO (ADVOGADO: FABIANO LOPES FERREIRA.).Processo nº. 2007.50.50.011005-2/01

Recorrente : UNIÃO FEDERALRecorrida : NAZARETH MACHADO MARTINS SGRANCIO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOSCONSTITUCIONAIS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, em face da sentença que julgou procedente a pretensão externada nainicial desta ação, condenando a UNIÃO a pagar à parte autora a diferença proveniente de pagamento de quintosincorporados, acrescida de correção monetária e juros de mora. Alega a recorrente que a necessidade de previsãoorçamentária para fazer face às projeções de despesas de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes possui assentoconstitucional (art. 169-A da CR/88), destacando que o administrador deve estrita obediência ao regramento legal atual,implementando pela LRF. Suscita indevida interferência do Poder Judiciário no Poder Executivo.

Não assiste razão à recorrente. Como bem destacado na sentença guerreada, apesar de a prévia dotação orçamentáriaser exigência constitucional indispensável para a concessão de vantagens a servidor público, nos termos do art. 169, §1º,da CR/88, não há óbice a seu pagamento via precatório judicial ou requisição de pequeno valor em caso de atrasoinjustificado na inclusão de parcelas pertencentes ao servidor no orçamento da União.

Ora, o argumento da União de que a sentença guerreada desrespeita a necessidade de existência de dotaçãoorçamentária e as regras de equilíbrio fiscal é inócuo, isso porque a presença ou a falta de dotação, o equilíbrio oudesequilíbrio de contas públicas em nada determina o direito à indenização, que existirá sempre que houver dano aalguém por ação ou omissão. O que se modifica apenas é a forma de pagamento, o que é fácil discernir pelo art. 100 daConstituição da República. Ali é que a Carta harmoniza de um lado a necessidade de garantir o respeito às determinaçõesjudiciais, incluindo-se aí, obviamente, as condenações por indenização, e de outro lado um sistema de pagamento eprevisão de orçamento, escalonado conforme o valor a ser pago (precatório ou RPV).

Não se justifica a União, ou qualquer outro ente, se esquivar de indenizações com o argumento de que ela só pode serconcedida mediante previsão orçamentária, vez que, se assim fosse, o § 6º do art. 37 da Constituição estaria revogado,assim como o art. 100 da mesma Carta.

Não se vislumbra, portanto, violação ao princípio da legalidade (art. 37 da CR/88) e da independência e harmonia entre osPoderes (art. 2º da CR/88), como também ao que dispõe o art. 169 da Carta Magna.

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.

7. Sem custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, arbitrados em R$ 500,00(quinhentos reais), nos termos do art. 20, §4º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

98 - 2008.50.50.004443-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcelo CamataPereira.) x SHEILA RAMOS MOSCHEN DA CONCEIÇAO (ADVOGADO: LUCIANO AZEVEDO SILVA.).Processo nº. 2008.50.50.004443-6/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : SHEILA RAMOS MOSCHEN DA CONCEIÇÃO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-RECLUSÃO – INTERPRETAÇÃO DO ART. 201, IV, DA CR/88 –SEGURADO NÃO É DE BAIXA RENDA – DECISÃO DO STF COM REPERCUSSÃO GERAL – RECURSO CONHECIDOE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença que julgou parcialmenteprocedente a pretensão externada na inicial desta ação, condenando a autarquia previdenciária a conceder à parte autorao benefício de auxílio-reclusão. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que a Constituição da República dispõe queo benefício em questão é para os dependentes dos segurados de baixa renda e não dependentes de baixa renda,ressaltando inclusive que este é o entendimento do e. STF.

O auxílio-reclusão é devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão. O inciso IV do art. 201 da ConstituiçãoFederal estabelece que a previdência social atenderá, nos termos da lei, ao auxílio reclusão para os dependentes dossegurados de baixa renda.

Deveras, segundo decorre da interpretação literal e teleológica do art. 201, IV, da Constituição Republicana, a renda dosegurado preso é que a deve ser utilizada como parâmetro para a concessão do benefício e não a de seus dependentes.Tal compreensão se extrai da redação dada ao referido dispositivo pela EC 20/1998, que restringiu o universo daquelesalcançados pelo auxílio-reclusão, a qual adotou o critério da seletividade para apurar a efetiva necessidade dosbeneficiários (Precedente do STF, com repercussão geral: STF, RE 587365/SC, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI,j. 25/03/2009, Tribunal Pleno, maioria).

Registre-se que a questão da possibilidade de fruição do auxílio reclusão somente aos dependentes de segurados debaixa renda foi considerada como matéria de repercussão geral pelo STF que, recentemente, pacificou o seu entendimentoa respeito, segundo consta do Informativo nº 540, no sentido de que “A renda a ser considerada para a concessão doauxílio-reclusão de que trata o art. 201, IV, da CF, com a redação que lhe conferiu a EC 20/98, é a do segurado preso enão a de seus dependentes”.

Na verdade, o auxílio-reclusão surgiu a partir da EC 20/98 e que o requisito “baixa renda”, desde a redação original do art.201 da CR/88, ligava-se aos segurados e não aos dependentes. Além disso, mesmo ultrapassando o âmbito dainterpretação literal dessa norma para adentrar na seara da interpretação teleológica, constatar-se-ia que, se o constituintederivado tivesse pretendido escolher a renda dos dependentes do segurado como base de cálculo do benefício emquestão, não teria inserido no texto a expressão “baixa renda” como adjetivo para qualificar os “segurados”, mas paracaracterizar os dependentes.

Vale lembrar que o entendimento da Corte Suprema em sede de julgamento de matéria de repercussão geral vincula osdemais tribunais, não cabendo manutenção ou reforma do julgado para fazer prevalecer tese oposta àquele entendimento.

No presente caso, o segurado em questão (FLORIANO DA CONCEIÇÃO) teve como último salário-de-contribuição mensalintegral, em outubro/2007, antes de seu aprisionamento (julho/2008), o valor de R$ 1.219,16, conforme se extrai doespelho do CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais) acostado à fl. 26. A Portaria do Ministério da PrevidênciaSocial de n. 142, de 11 de abril de 2007, por seu turno, considerava baixa renda até o montante de R$ 710,08.

Assim, não faz jus a recorrida ao benefício de auxílio-reclusão, já que o último salário-de-contribuição do segurado foisuperior ao mínimo previsto na legislação vigente à época.

Em face do exposto, merece ser acolhida a pretensão recursal, devendo ser reformada a sentença guerreada, para negarà autora o benefício de auxílio-reclusão, sendo que, diante da natureza alimentar do benefício concedido, se mostraincabível a devolução de valores recebidos.

Recurso conhecido e, no mérito, provido.

Sem custas e honorários advocatícios, ante o deferimento da assistência judiciária gratuita e por força do art. 55 da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

99 - 2007.50.50.009897-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERGANTONIO DA SILVA.) x ANGELA MARIA RODRIGUES DIAS (ADVOGADO: CHRISTINNE ABOUMRAD R. AGUIARLEITE, JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x ORMI AUGUSTA CASOTTI (ADVOGADO: HERVAL SALOTTO.).CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO

A Turma Recursal, à unanimidade, suspendeu o julgamento e determinou a intimação do recorrente e da recorrida para semanifestarem no prazo sucessivo de 10(dez) dias, a contar da publicação, tendo em vista a juntada dos documentos de fls.236/243 em sessão, pelo advogado da parte Ormy Augusta Ferreira. E ainda determinou que fosse corrigida a autuação,fazendo-se constar o nome da parte Ormi Augusta Ferreira. Votaram os MM. Juízes Federais Fernando César Baptista deMattos, José Eduardo do Nascimento e Rogerio Moreira Alves.

100 - 2008.50.50.003973-8/01 AMASILDO DA SILVA AGUIAR (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.).Processo nº. 2008.50.50.003973-8/01

Recorrente : AMASILDO DA SILVA AGUIARRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO - PEDIDO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO – RECÁLCULO DA RMI COMBASE NO ART. 29 § 5º – DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO ORIGINÁRIO ANTES DE 28.06.1997 – INCIDÊNCIA DADECADÊNCIA – AÇÃO AJUIZADA EM 11/07/2008 - RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que pronunciou adecadência da pretensão autoral, indeferindo a petição inicial. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que não háincidência de decadência no caso em tela, lançando mão de diversas jurisprudências nesse sentido.

2. Deveras, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federaisda 2ª Região, responsável pela uniformização da interpretação da lei federal quando houver divergência sobre as questõesde direito material entre decisões proferidas pelas Turmas Recursais do Espírito Santo e Rio de Janeiro, em razão deinúmeros precedentes acerca desta matéria, editou a Súmula n. 8, cuja redação é a seguinte: “Em 01.08.2007, operou-se adecadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a28.06.1997, data da edição da MP n. 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei n. 8.213/91”.

3. Assim, os benefícios com DIB anterior a 27.06.1997, data da nona edição da MP 1.523, convertida na Lei 9.528, de10.12.97, a qual alterou a redação do art. 103 da Lei 8.213/91, estarão impedidos de serem revistos a partir de 27.06.2007.Na verdade, em 01.08.2007, 10 anos contados do “dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação”recebida após o início da vigência da Medida Provisória nº 1.523-9/1997, operou-se a decadência das ações que visem àrevisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 26.06.1997, data da entrada em vigor dareferida MP.

4. No caso dos autos, o benefício foi concedido antes de 28.06.1997 e a ação foi ajuizada somente em 11.07.2008. Assim,não há como afastar a incidência da decadência na hipótese.

5. Recurso conhecido e, no mérito, improvido.

6. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, por gozar o recorrente do benefício da assistência judiciáriagratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

101 - 2007.50.50.011349-1/01 JOSE MARIA SANTOS (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.).Processo nº. 2007.50.011349-1/01Recorrente : JOSE MARIA SANTOSRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO - PEDIDO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO – RECÁLCULO DA RMI COMBASE NO ARTIGO 29, § 5º, DA LEI 8.213/91 – DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO ORIGINÁRIO ANTES DE 26.06.1997 –OCORRÊNCIA DA DECADÊNCIA – AÇÃO AJUIZADA DEPOIS DE 01/08/2007 - RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgouimprocedente a pretensão externada na inicial desta ação, em que se pleiteava revisão da renda mensal inicial dobenefício originário. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que o direito autoral não foi alcançado pela decadência,posto que o benefício originário foi concedido antes de 28.06.1997, não podendo o instituto da decadência atingir relaçõesjurídicas constituídas antes da vigência da Lei que instituiu a decadência para as demandas previdenciárias.2. A Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ªRegião, responsável pela uniformização da interpretação da lei federal quando houver divergência sobre as questões dedireito material entre decisões proferidas pelas Turmas Recursais do Espírito Santo e Rio de Janeiro, em razão deinúmeros precedentes acerca desta matéria, editou a Súmula n. 8, cuja redação é a seguinte: “Em 01.08.2007, operou-se adecadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a28.06.1997, data da edição da MP n. 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei n. 8.213/91”.3. Assim, os benefícios com DIB anterior a 27.06.1997, data da nona edição da MP 1.523, convertida na Lei 9.528, de10.12.97, a qual alterou a redação do art. 103 da Lei 8.213/91, estarão impedidos de serem revistos a partir de 27.06.2007.Na verdade, em 01.08.2007, 10 anos contados do “dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação”recebida após o início da vigência da Medida Provisória nº 1.523-9/1997, operou-se a decadência das ações que visem àrevisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 26.06.1997, data da entrada em vigor dareferida MP.4. No caso dos autos, o benefício foi concedido antes de 26.06.1997 e a ação foi ajuizada em 26.10.2007 (fl. 04), ou seja,intempestivamente, de forma a incidir a decadência para o caso concreto. O instituto da decadência se aplica aosbenefícios concedidos antes do advento da Lei que criou o referido instituto para o direito previdenciário; todavia, adecadência não incidirá a partir da data do ato da concessão do benefício, mas a partir da vigência da Lei que a instituiu,ou melhor, da MP que a instituiu, a qual foi convertida na Lei 9.528/97. Este raciocínio, consonante com a Súmula 08 acimareferida e que foi adotado na sentença de 1ª Instância, é o que deve prevalecer para a demanda em questão.5. Recurso conhecido e, no mérito, improvido.6. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, haja vista sero recorrente beneficiário da Assistência Jurídica Gratuita (fl. 69).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

102 - 2009.50.50.001061-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTOLEAL DOS SANTOS.) x MARIA HELENA ALVES DE MELO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito SantoTurma Recursal dos Juizados Especiais Federais

Processo nº 2009.50.50.001061-3/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido : MARIA HELENA ALVES DE MELO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RMI – APLICAÇÃO DO ART. 29, §5º, DA LEI N. 8.213/91 – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensãoexternada na inicial, determinando a revisão da RMI da aposentadoria por invalidez e o pagamento das diferençascorrespondentes. Sustenta, em suas razões, que o valor do benefício previdenciário jamais poderá substituir o salário decontribuição, rechaçando a aplicação do §5º do art. 29 da Lei de Benefícios na hipótese.

Pela leitura da inicial, depreende-se que a questão controvertida se refere, única e exclusivamente, à aplicação da regra do§ 5º do art. 29 da Lei 8.213/99, ou seja, em casos de concessão de aposentadoria por invalidez decorrentes de conversãode auxílio-doença, se, no cálculo da RMI daquele, deve ser considerado, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício deste.

A redação original do caput do art. 29 limitava o período básico de cálculo para a aposentadoria por invalidez aos mesesanteriores ao afastamento do trabalho (e, pelo óbvio, no caso de prévio recebimento de auxílio-doença, ambos teriammesmo período básico de cálculo). O §5º permite que o período de gozo de auxílio-doença anterior (e seu respectivosalário de benefício) seja computado como salário de contribuição da aposentadoria por invalidez.

O §5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876/99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29, caput). A hipótese do §5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalado com retornos à atividade. Isso se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).

A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29,caput, da Lei 8.213/91 pela Lei 9.876/99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5ºfoi revogado. O art. 29, caput, atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamenteanteriores ao do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, nãohá fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.

Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3.048/99, pela qualse considera somente, como RMI da aposentadoria por invalidez, o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio-doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.

Assim, considerando que o benefício da autora foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9.876, de 26 denovembro de 1999, ou seja, em 19.09.2002 (fl. 17), procede a revisão pleiteada.

Não existe, portanto, mácula na sentença de piso, que merece ser mantida.

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.

Sem custas, em respeito ao art. 4º, I, da Lei 9.289/96. Condenação do recorrente ao pagamento de honoráriosadvocatícios no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), com fulcro no art. 20, § 4º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

103 - 2007.50.50.008165-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDACOSTA.) x SILVIO LUIZ BARBOZA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito SantoTurma Recursal dos Juizados Especiais Federais

Processo nº 2007.50.50.008165-9/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido : SILVIO LUIZ BARBOZA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RMI – APLICAÇÃO DO ART. 29, §5º, DA LEI N. 8.213/91 – PREQUESTIONAMENTO –JUROS MORATÓRIOS DE ACORDO COM A LEI 11.960/09 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensãoexternada na inicial, determinando a revisão da RMI da aposentadoria por invalidez e o pagamento das diferençascorrespondentes. Sustenta, em suas razões, que a sentença guerreada violou vários dispositivos constitucionais relativosao princípio contributivo, ao da igualdade, ao da fonte de custeio total, ao da preservação do valor real dos benefíciosconforme critérios definidos em lei e ao da necessidade de correção dos salários-de-contribuição na forma da lei. Requer,também, que se manifeste esta Turma Recursal com a finalidade de prequestionar a matéria constitucional evidenciada. Aseguir, rechaça a aplicação do §5º do art. 29 da Lei de Benefícios na hipótese. Suscita a prescrição das parcelasanteriores a cinco anos da propositura da ação. Requer ainda a aplicação da Lei n. 11.960/2009, no que tange aos jurosmoratórios.Pela leitura da inicial, depreende-se que a questão controvertida se refere, única e exclusivamente, à aplicação da regra do§ 5º do art. 29 da Lei 8.213/99, ou seja, em casos de concessão de aposentadoria por invalidez decorrentes de conversãode auxílio-doença, se, no cálculo da RMI daquele, deve ser considerado, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício deste.A redação original do caput do art. 29 limitava o período básico de cálculo para a aposentadoria por invalidez aos mesesanteriores ao afastamento do trabalho (e, pelo óbvio, no caso de prévio recebimento de auxílio-doença, ambos teriammesmo período básico de cálculo). O §5º permite que o período de gozo de auxílio-doença anterior (e seu respectivosalário de benefício) seja computado como salário de contribuição da aposentadoria por invalidez.O §5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876/99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29, caput). A hipótese do §5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalado com retornos à atividade. Isso se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29,caput, da Lei 8.213/91 pela Lei 9.876/99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5ºfoi revogado. O art. 29, caput, atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamenteanteriores ao do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não

há fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3.048/99, pela qualse considera somente, como RMI da aposentadoria por invalidez, o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio-doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9.876, de 26 denovembro de 1999, ou seja, em 12/11/2003 (fl. 12), procede a revisão pleiteada.Não obstante, não se vislumbra atentado aos arts. 2º, 5º, caput e inciso XXXVI, 201, caput e §1º, da CRFB/88, vedatóriosdo uso de critérios não isonômicos para concessão de benefícios, bem como violação aos preceitos residentes nos arts.29, 44, 55, II, 63 e 195, todos estes insertos na Carta Magna.Com relação à incidência de juros moratórios, cumpre registrar que os §§ 3º e 4º do art. 45, da Lei nº 8.212/91, determinamque, no pagamento da indenização referente às contribuições previdenciárias, para fins de contagem de tempo de serviço,incidirão juros moratórios de 1% ao mês, razão pela qual deve ser utilizado o mesmo coeficiente quanto ao pagamento dasparcelas do benefício devidas pela Autarquia Previdenciária, em respeito ao princípio da reciprocidade.No mais, cumpre registrar que a modificação do art. 1º-F, introduzida pela Lei nº 11.960/2009, trata de regra que deve terimediata aplicação ao caso concreto, prevendo a incidência de uma única vez, dos juros e dos índices oficiais deremuneração da caderneta de poupança em condenações judiciais, como se tal se desse de forma englobada.No mais, quanto à alegada prescrição, a sentença guerreada expõe claramente a incidência desta, não havendo interessede agir, pela parte recorrente, nesse sentido.Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Condenação do INSS ao pagamento de honoráriosadvocatícios que fixo em R$ 500,00 (quinhentos reais), com fulcro no art. 20, §4, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

104 - 2007.50.50.008227-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTOLEAL DOS SANTOS.) x ANTONIO DE MELO SILVA (ADVOGADO: CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, JOAO FELIPEDE MELO CALMON HOLLIDAY.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSeção Judiciária do Espírito SantoTurma Recursal dos Juizados Especiais Federais

Processo nº 2007.50.50.008227-5/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido : ANTONIO DE MELO SILVA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RMI – APLICAÇÃO DO ART. 29, §5º, DA LEI N. 8.213/91 – NÃO-APLICAÇÃO DO IRSM DEFEVEREIRO DE 1994 - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença que julgou parcialmenteprocedente a pretensão externada na inicial, determinando a revisão da RMI da aposentadoria por invalidez e o pagamentodas diferenças correspondentes. Sustenta, em suas razões, que o salário de benefício do auxílio-doença somente poderáser computado como salário de contribuição da aposentadoria por invalidez nos casos em que o período de incapacidadefor intercalado com período de atividade, conforme o artigo 55, II, da Lei 8.213/91, sendo que o § 7º do artigo 36 do

Decreto 3.048/99 dispõe no mesmo sentido.Pela leitura da inicial, depreende-se que a questão controvertida se refere à aplicação da regra do § 5º do art. 29 da Lei8.213/99, ou seja, em casos de concessão de aposentadoria por invalidez decorrentes de conversão de auxílio-doença, se,no cálculo da RMI daquele, deve ser considerado, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício deste.A redação original do caput do art. 29 limitava o período básico de cálculo para a aposentadoria por invalidez aos mesesanteriores ao afastamento do trabalho (e, pelo óbvio, no caso de prévio recebimento de auxílio-doença, ambos teriammesmo período básico de cálculo). O §5º permite que o período de gozo de auxílio-doença anterior (e seu respectivosalário de benefício) seja computado como salário de contribuição da aposentadoria por invalidez.O §5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876/99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29, caput). A hipótese do §5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalado com retornos à atividade, o que ocorreu no caso concreto. Isso se percebefacilmente no emprego da palavra no plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios porincapacidade,...”).A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29,caput, da Lei 8.213/91 pela Lei 9.876/99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5ºfoi revogado. O art. 29, caput, atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamenteanteriores ao do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, nãohá fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3.048/99, pela qualse considera somente, como RMI da aposentadoria por invalidez, o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio-doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9.876, de 26 denovembro de 1999, ou seja, em 06.03.2004 (fl. 11), procede a revisão pleiteada.Recurso conhecido e, no mérito, improvido. Sentença mantida.Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento dos honorários advocatícios no valor de R$ 500,00(quinhentos reais), conforme o artigo 20, § 4º, do CPC.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

Anular a sentença e julgar prejudicado o recursoTotal 2 : Dar parcial provimentoTotal 20 : Dar provimentoTotal 21 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 2 : Não conhecer os embargos de declaraçãoTotal 1 : Negar provimentoTotal 54 : Rejeitar os embargosTotal 2 :