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Resumo A maioria do conhecimento científico usado como evidência para as recomenda- ções alimentares que hoje conhecemos ba- seia-se no efeito de determinados alimentos ou nutrientes isolados na saúde. contudo, é no equilibro da quantidade e qualidade de alimentos e nutrientes ingeridos que reside o benefício da alimentação, pelo que é fun- damental considerar o seu efeito cumulativo e de interação. na europa, a adesão ao Pa- drão Alimentar Mediterrânico tem sido am- plamente estudado e, para compreender em que medida as práticas dos indivíduos se aproximam daquilo que as recomendações preconizam, uma abordagem a priori tem sido utilizada: os componentes da alimenta- ção são classificados e ponderados e daí re- sulta uma pontuação que reflete a sua qualidade global, facilmente entendida pelos consumidores e profissionais de saúde. O ín- dice original de adesão ao Padrão Alimentar Mediterrânico foi publicado no ano de 1995 na Grécia e dele derivam diversas versões (aqui sumariamente apresentadas e descri- tas), criadas para avaliar a sua aplicação em grupos populacionais distintos. destaca-se o instrumento PRediMed, desenvolvido em espanha com o objetivo de testar a eficácia da dieta Mediterrânica na prevenção primá- ria da doença cardiovascular, pela sua prac- ticidade de utilização em contexto clínico. Padrão alimentar mediterrânico: origem e abordagens metodológicas para o seu estudo Historicamente, em estudos epidemioló- gicos, na sua maioria de natureza observa- cional, a alimentação de populações do Mediterrâneo teve especial destaque pela constatação de que os adultos residentes na proximidade do mar Mediterrâneo apresen- tavam menor incidência de doenças cróni- cas, vivendo por mais anos, com mais saúde 1 . O estudo do impacto da dieta Medi- terrânica na saúde das populações teve a sua origem no trabalho desenvolvido por Ancel Keys, iniciado em 1952 e que pretendeu compreender as reduzidas taxas de doença cardiovascular nesta região 2 . Keys descreveu este tipo de alimentação como «não muito calórica, baseada em produtos frescos, locais e sazonais» e sublinhou a importância de dela retirar algumas práticas para promover ganhos em saúde: «restringir o consumo de gordura saturada, promover o consumo de gordura de origem vegetal (como o azeite) tendo o cuidado que não ultrapasse os 30% do consumo energético diário, favorecer o consumo de vegetais, fruta e lacticínios com baixo teor em gordura e reduzir o consumo de açúcares simples e sal 1,3 ». Assim, é na combinação de um conjunto de práticas que reside o benefício da dieta Mediterrânica e estudar o seu impacto na 48 Lisa Afonso Teresa Moreira Andreia Oliveira Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Porto, Portugal Índices de adesão ao padrão alimentar mediterrânico – a base metodológica para estudar a sua relação com a saúde Palavras-chave: Dieta Mediterrânica, Índice de adesão; Padrão alimentar Nº31 Jan-Mar 2014 Pág. 48-55 1 2 3 1 3 2

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ResumoA maioria do conhecimento científico

usado como evidência para as recomenda-ções alimentares que hoje conhecemos ba-seia-se no efeito de determinados alimentosou nutrientes isolados na saúde. contudo, éno equilibro da quantidade e qualidade dealimentos e nutrientes ingeridos que resideo benefício da alimentação, pelo que é fun-damental considerar o seu efeito cumulativoe de interação. na europa, a adesão ao Pa-drão Alimentar Mediterrânico tem sido am-plamente estudado e, para compreender emque medida as práticas dos indivíduos seaproximam daquilo que as recomendaçõespreconizam, uma abordagem a priori temsido utilizada: os componentes da alimenta-ção são classificados e ponderados e daí re-sulta uma pontuação que reflete a suaqualidade global, facilmente entendida pelosconsumidores e profissionais de saúde. O ín-dice original de adesão ao Padrão AlimentarMediterrânico foi publicado no ano de 1995na Grécia e dele derivam diversas versões(aqui sumariamente apresentadas e descri-tas), criadas para avaliar a sua aplicação emgrupos populacionais distintos. destaca-se oinstrumento PRediMed, desenvolvido emespanha com o objetivo de testar a eficáciada dieta Mediterrânica na prevenção primá-ria da doença cardiovascular, pela sua prac-ticidade de utilização em contexto clínico.

Padrão alimentar mediterrânico: origem e abordagens metodológicaspara o seu estudo

Historicamente, em estudos epidemioló-gicos, na sua maioria de natureza observa-cional, a alimentação de populações doMediterrâneo teve especial destaque pelaconstatação de que os adultos residentes naproximidade do mar Mediterrâneo apresen-tavam menor incidência de doenças cróni-cas, vivendo por mais anos, com maissaúde1. O estudo do impacto da dieta Medi-terrânica na saúde das populações teve a suaorigem no trabalho desenvolvido por AncelKeys, iniciado em 1952 e que pretendeucompreender as reduzidas taxas de doençacardiovascular nesta região2. Keys descreveueste tipo de alimentação como «não muitocalórica, baseada em produtos frescos, locaise sazonais» e sublinhou a importância dedela retirar algumas práticas para promoverganhos em saúde: «restringir o consumo degordura saturada, promover o consumo degordura de origem vegetal (como o azeite)tendo o cuidado que não ultrapasse os 30%do consumo energético diário, favorecer oconsumo de vegetais, fruta e lacticínios combaixo teor em gordura e reduzir o consumode açúcares simples e sal1,3».

Assim, é na combinação de um conjuntode práticas que reside o benefício da dietaMediterrânica e estudar o seu impacto na

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Lisa Afonso Teresa MoreiraAndreia OliveiraFaculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal instituto de Saúde Pública da Universidadedo Porto, Porto, Portugal

Índices de adesão ao padrão alimentar mediterrânico – a base metodológica para estudar a sua relação com a saúde

Palavras-chave: Dieta Mediterrânica, Índice de adesão; Padrão alimentar

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saúde deve significar muito mais do que aanálise do efeito de um nutriente ou alimentoisolados. no entanto, a maioria do conheci-mento científico usado como evidência paraas recomendações alimentares que hoje co-nhecemos teve por base os efeitos que deter-minados alimentos ou nutrientes isoladosapresentam na saúde e muitas destas reco-mendações são frequentemente interpreta-das isoladamente. embora esta abordagemclássica tenha produzido conhecimento cien-tífico importante, ela apresenta limitaçõesconceptuais e metodológicas óbvias4-6, cen-tradas essencialmente no facto do efeito daingestão conjunta de um grupo de alimentosou nutrientes poder não corresponder àsoma da sua ação isolada, dado o seu efeitosinérgico e de interação. Adicionalmente, oefeito de um determinado nutriente pode serdemasiado pequeno para ser detetado por sisó ou ainda atenuado ou modificado pelosrestantes componentes da alimentação.

Por estes motivos o estudo dos padrõesalimentares, como o da dieta Mediterrânica,tem sido amplamente utilizado, dado quepermite avaliar o efeito cumulativo de váriosalimentos, nutrientes e mesmo práticas ali-mentares na prevenção ou tratamento de di-

versas doenças, como a doença coronária eo acidente vascular cerebral, para as quaissabemos que múltiplos componentes ali-mentares contribuem4.

duas abordagens têm sido utilizadas paradefinir padrões alimentares, em estudos ob-servacionais (Figura 1): 1) abordagem orien-tada por hipóteses (também designada de apriori) que produz uma pontuação com basena adesão ao consumo de vários itens ali-mentares e/ou nutricionais, selecionados deacordo com evidência científica prévia; 2)abordagem exploratória (também designadade a posteriori), que define padrões pura-mente empíricos, com base em técnicas es-tatísticas como a análise fatorial, a análise decomponentes principais ou de clusters5. Aprimeira abordagem, utilizada quando defi-nimos um Padrão Alimentar Mediterrânico,permite uma visão holística da alimentação,sendo também um método de fácil reprodu-tibilidade, comparabilidade, interpretação etradução para o público em geral4,5,7. Maisconcretamente, um padrão alimentar apriori ou índice resulta num valor que repre-senta o nível de adesão às recomendaçõesalimentares e/ou reflete a qualidade globalda alimentação, tornando-se mais facil-

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Traduzido e adaptado de Schulze et al. The british journal of nutrition 2006; 95:860-869

Figura 1 Diferentes abordagens metodológicas para definir Padrões Alimentares. O Padrão Alimentar Mediterrânico enquadra-se na abordagem orientada por hipóteses.

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mente entendido pelos consumidores, pro-fissionais de saúde e mesmo decisores polí-ticos8.

Padrão alimentar mediterrânico: definição e versões descritasna literatura

existem vários padrões alimentares defi-nidos a priori descritos na literatura (Figura2). estes têm essencialmente o objetivo deinvestigar a adesão a padrões alimentaresespecíficos ou avaliar a associação da ali-mentação com resultados em saúde ou riscode mortalidade9.

essencialmente na europa, o Padrão Ali-mentar Mediterrânico é o mais amplamenteutilizado e foi originalmente criado para ava-

liar o grau de adesão à dieta Mediterrânicana Grécia10. O índice original, publicado noano de 1995, reúne 8 componentes: 1) ele-vada razão de gordura monoinsaturada/sa-turada; 2) consumo moderado de bebidasalcoólicas; 3) consumo elevado de legumino-sas, 4) de cereais (incluindo pão e batata), 5)de fruta e 6) de vegetais; 7) consumo baixode carne e produtos cárneos e 8) consumomoderado de leite e produtos lácteos. Para asua operacionalização é necessário avaliarpreviamente o consumo de alimentos e nu-trientes e posteriormente é atribuída umapontuação de 0 ou 1, de acordo com a inges-tão diária dos oito componentes (1 se o con-sumo dos componentes característicos dadieta Mediterrânica for superior à mediana

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Figura 2

Exemplos de alguns padrões alimentares a priori descritos na literatura.

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DesignaçãoPrimeiro autor

(país, ano e referência)

Componentes alimentares e/ou nutricionais incluídos na definição do índice

Mediterranean Diet Score (MDS)

Trichopoulou(Grécia 1995 11)

8 componentes: razão ácidos gordos monoinsaturados/satura-dos, leguminosas, cereais, fruta e oleaginosas, hortícolas, carnee produtos cárneos, lacticínios e álcool.A partir desta versão, outros índices foram criados com pequenas variações 12,13-15

Mediterranean Adequacy Index(MAI)

Alberti-Fidanza(itália 1999 16)

4 componentes: alimentos ricos em hidratos de carbono (pão, cereais, leguminosas secas, batatas), alimentos protetores(hortícolas, leguminosas frescas, fruta, peixe, bebidas alcoóli-cas como vinho tinto, óleos vegetais), alimentos de origem ani-mal (leite, queijo, carne, ovo, gorduras animais e margarinas),doces (bebidas açucaradas, bolos, tartes, bolachas, açúcar).

Mediterranean-Die-tary Quality Index(Med-DQI)

Gerber (França 2000 17)

7 componentes: ácidos gordos saturados, colesterol, carnes, azeite, peixe, cereais e hortofrutícolas.

Mediterranean dietary pattern (Case-control studyin Navarra, Spain)

Martínez-González(espanha 2002 18)

8 componentes: azeite, fibra, fruta, hortícolas, peixe e álcool(considerados protetores); carne/produtos cárneos e itens comelevada carga glicémica (pão, massa e arroz).

Mediterranean dietary pattern (Spanish EPIC cohort)

González (espanha 2002 19)

9 componentes: vegetais, fruta, leguminosas, cereais, carnevermelha, peixe, azeite, leite e derivados e vinho.

Mediterraneandietary pattern (Prospective cohortstudy in Navarra,Spain)

Sánchez-Villegas(espanha 2002 20)

9 componentes: leguminosas, cereais (incluindo pão e batatas),fruta, hortícolas, carne, leite (incluindo produtos lácteos), álcool, razão ácidos gordos monoinsaturados/saturados e ácidos gordos trans.

Mediterranean Score (MS)

Goulet (canadá 2003 21)

11 componentes da pirâmide Mediterrânica: cereais, fruta, hortí-colas, leguminosas/frutos gordos/sementes, azeite, produtos lác-teos, peixe, aves, ovos, doces e carne vermelha/carne processada.

Mediterranean DietScore (ATTICA study)

chrysohoou e Panagiotakos(Grécia 2004 22)

11 componentes: produtos lácteos, peixe, fruta e oleaginosas,carne vermelha e produtos cárneos, cereais não refinados, batatas, aves, leguminosas, hortícolas, doces, vinho.

Mediterranean Diet Quality Index in chil-dren and adolescents(KIDMED)

Serra-Majem (espanha 2004 23)

16 componentes: consumo diário de fruta ou sumo de fruta,quantidade de fruta, consumo diário de hortícolas, quantidadehortícolas frescos ou no prato, peixe, ida a restaurantes fast-food,gostar de leguminosas, massas/arroz, cereais ou pão ao pequeno--almoço; oleaginosas, uso de azeite, toma de pequeno-almoçodiariamente, consumo de lacticínios ao pequeno-almoço,consumo de produtos de confeitaria ao pequeno-almoço, iogurtes/queijo, guloseimas.

Alternate Mediterra-nean Diet Score(aMDS)

Fung (estadosUnidos da Amé-rica 2005 24)

9 componentes: razão ácidos gordos monoinsaturados/satura-dos, leguminosas, cereais integrais, fruta, oleaginosas, hortíco-las, peixe, carne e produtos cárneos e álcool.

Quadro 1 Descrição de vários padrões alimentares mediterrânicos descritos na literatura.

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da população em estudo e 0 se o consumofor inferior ao consumo mediano da popula-ção). Para se obter uma pontuação final, apontuação obtida para cada componente ésomada e no geral uma pontuação final de 4ou mais (variação possível de 0 a 8) é consi-derada uma adesão satisfatória ao padrão ea melhores resultados em saúde. A partirdeste índice, inúmeras versões de PadrãoAlimentar Mediterrânico foram então cria-das para avaliar a sua aplicação em grupospopulacionais distintos. no Quadro 1 descre-vem-se vários Padrões Alimentares Mediter-rânicos descritos na literatura.

Alguns padrões são calculados tendo porbase informação do consumo alimentar pre-viamente recolhida, não específica para ava-liar a dieta Mediterrânica, ou podem aindaser obtidos com base em ferramentas espe-cíficas, criadas pelos autores para o efeito9,como é o caso do instrumento PRediMed,que aqui destacamos pela sua praticidade de

utilização em contexto clínico. O estudoPRediMed (PRevención com dieta Medi-terránea)29 foi desenvolvido em espanhacom o objetivo de testar a eficácia da dietaMediterrânica na prevenção primária dadoença cardiovascular e observar o seuefeito a longo prazo em participantes comelevado risco cardiovascular. Os autores de-senvolveram um questionário com 14 itens(ver Quadro 2, onde propomos uma tradu-ção do seu conteúdo) 30, a partir do qual, deuma forma rápida e prática, se consegue ca-tegorizar o indivíduo como tendo uma boaou fraca adesão à dieta Mediterrânica. A res-posta a cada um dos 14 itens é pontuada com1 no caso de cumprir os critérios definidoscomo característicos deste tipo de alimenta-ção (âmbito de variação possível 0-14 pon-tos). O instrumento está também disponívelonline (versão em inglês)31. Quer no sítio ele-trónico quer em publicações científicas, osautores consideram uma pontuação final

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Designação(cont.)

Primeiro autor (país, ano e referência)

(cont.)

Componentes alimentares e/ou nutricionais incluídos na definição do índice

(cont.)

Mediterranean StyleDietary Pattern Score(MSDPS)

Rumawas (esta-dos Unidos daAmérica 2009 25)

13 componentes da pirâmide Mediterrânica: cereais integrais,fruta, hortícolas, lacticínios, vinho, peixe, aves, azeitonas/legu-minosas/oleaginosas, batatas, ovos, doces, carne e azeite.

Mediterranean DietAdherence Screener(MEDAS) – Mediter-ranean food patternPREDIMED Study(MeDiet-PREDIMED)

Schroder (espanha 2011 26)

14 componentes: uso de azeite na confecção, azeite, hortícolas,fruta, carne vermelha e produtos cárneos, manteiga/marga-rina/natas, bebidas açucaradas gaseificadas, vinho, legumino-sas, pescado/marisco, doces/ bolachas/bolos comerciais,oleaginosas, preferência por carnes brancas, refogados à basede tomate.

Mediterranean-likediet score (MLDS)

Benitez-Arciniega(espanha 2011 27)

13 componentes: cereais, fruta, hortícolas, leguminosas, peixe,azeite, oleaginosas, carne, lacticínios e vinho tinto, refrigeran-tes açucarados e açúcares adicionados, produtos de pastelaria e fast-food.

Italian Mediterra-nean Index (IMI)

Agnoli (itália 2011 28)

11 componentes: massa, hortícolas tipicamente Mediterrânicoscomo tomates, hortícolas folhosos, cebolas, alho, saladas, fruta,leguminosas, azeite e peixe (considerados tipicamente Mediter-rânicos); refrigerantes, manteiga, carne vermelha e batatas(considerados não-Mediterrânicos); consumo de álcool.

Os padrões descritos nesta tabela resultam de uma pesquisa exaustiva, no entanto ressalva-se a possibilidade de existirempadrões não identificados dada a natureza não sistemática da pesquisa levada a cabo.

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Critérios para atribuir 1 ponto

1 Utiliza azeite como principal gordura culinária? Sim

2Que quantidade de azeite consome num dia (incluindo uso para fritar, temperar saladas, refeições fora de casa, etc.)?

≥ 4 colheres sopa

3Quantas porções de produtos hortícolas consome por dia? (1 porção: 200 g; considere acompanhamentos como metade de uma porção)

≥ 2 porções por dia(ou ≥1 porção crua ou em salada)

4Quantas peças de fruta (incluindo sumos de fruta natural) consome por dia?

≥ 3 por dia

5Quantas porções de carne vermelha, hambúrguer ou produtos cárneos (presunto, salsicha, etc.) consome por dia? (1 porção: 100-150 g)

< 1 porção por dia

6Quantas porções de manteiga, margarina, ou natas consome por dia? (1 porção: 12 g)

< 1 porção por dia

7 Quantas bebidas açucaradas ou gaseificadas bebe por dia? <1 por dia

8 Quantos copos de vinho bebe por semana? ≥ 7 copos por semana

9Quantas porções de leguminosas consome por semana? (1 porção: 150 g)

≥ 3 por semana

10Quantas porções de peixe ou marisco consome por semana? (1 porção: 100-150 g de peixe ou 4-5 unidades ou 200 g de marisco)

≥3 por semana

11Quantas vezes por semana consome produtos de pastelaria ou docescomerciais (não caseiros), como bolos, bolachas, biscoitos?

<3 vezes por semana

12Quantas porções de oleaginosas (nozes, amêndoas, incluindo amendoins) consome por semana? (1 porção 30 g)

≥ 3 por semana

13consome preferencialmente frango, peru ou coelho em vez de vaca,porco, hambúrguer ou salsicha?

Sim

14Quantas vezes por semana consome hortícolas, massa, arroz ou outros pratos confecionados com um refogado (molho à base de tomate, cebola, alho-francês ou alho e azeite)?

≥ 2 vezes por semana

BOA AdeSÃO À dieTA MediTeRRÂnicA POnTUAÇÃO FinAL ≥ 10

Quadro 2 Descrição do instrumento PREDIMED.

Traduzido e adaptado de Martínez-González M, et al. Plos One 2012; 7 (8): e43134. doi:10.1371/journal.pone.0043134.t001

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≥10 como representando uma boa adesão àdieta Mediterrânica. este instrumento foipreviamente validado32, comparando a pon-tuação final com a informação obtida por umquestionário de frequência alimentar. Foramencontradas associações para os diferentesconsumos alimentares na mesma direçãodos reportados pelo questionário de fre-quência alimentar e correlações inversascom os níveis de glicose em jejum, razão co-lesterol total-HdL, triglicerídeos e o risco es-timado a 10 anos de doença coronária,suportando a validade deste instrumento.

Outros índices foram criados com basenas recomendações da Pirâmide da dietaMediterrânica3,21, guia desenvolvido em1994, com o objetivo de traduzir, de umaforma mais intuitiva, a proporção e frequên-cia de consumo dos diferentes grupos ali-mentares que este padrão preconiza. Váriasadaptações têm sido também efetuadas paraestudar associações com diferentes doençasem populações mais específicas, como a po-pulação infantil. A título de exemplo refere-se o índice KidMed33, que surge no âmbitodo enkid Study, em espanha, e que avalia ograu de adesão ao Padrão Alimentar Medi-terrânico por crianças. Variantes para a apli-cação deste padrão nos eUA foram tambémdesenvolvidas34, o que reforça o interesse eimportância deste Padrão Alimentar a nívelmundial.

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