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novembro de 2007 Ano II - nº 11 EXPOSIBRAM 2007 E 12º CONGRESSO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO RECEBERAM MAIS DE 43 MIL PESSOAS Sucesso do maior evento de mineração: a procura por estandes para a próxima edição já é grande Francisco Milton Estudo revela que Brasil tem o maior potencial mineral do mundo Imprensa repercute necessidade de flexibilizar monopólio estatal de urânio Primeiros gerentes operacionais da Alunorte contam como era a vida na vila operária há 13 anos

Indústria da Mineração nº 11

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Ano II - nº 11

EXPOSIBRAM 2007 E 12º COngRESSO BRASILEIRO dE MInERAçãO RECEBERAM MAIS dE 43 MIL PESSOAS

Sucesso do maior evento de mineração: a procura por estandes para a próxima edição já é grande

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Estudo revela que Brasil tem o maior potencial mineral do mundo

Imprensa repercute necessidade de flexibilizar monopólio estatal de urânio

Primeiros gerentes operacionais da Alunorte contam como era a vida na vila operária há 13 anos

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Indústria da Mineração Ano II - nº 11, novembro de 2007

EdItORIAL

EXPEdIENtE Indústria da Mineração - Informativo do Instituto Brasileiro de Mineração

dIREtORIA EXECutIvA: Presidente: Paulo Camillo Vargas Penna / diretor de Assuntos Minerários: marcelo Ribeiro Tunes / diretor de Assuntos Ambientais: Rinaldo César mancinCOnSELhO dIREtOR: Presidente: Roberto Negrão de Lima / vice-Presidente: César Weinschenck de Faria

Produção: Profissionais do Texto – [email protected] / Jorn. Resp.: Sérgio Cross (mTB3978) tiragem: 7 mil

Sede: [novo endereço] SHIS QL 12 Conjunto 0 (zero) Casa 04 – Lago Sul – Brasília/DF – CEP 71630-205Fone: (61) 3248.0155/ Fax: (61) 3248.4940 – E-mail: [email protected] – Portal: www.ibram.org.br

IBRAM-Amazônia: Av Gov. José malcher, 815 s/ 313/14 – Ed. Palladium Center – CEP: 66055-260 – Belém/PA Fone: (91) 3230.4066/55 – E-mail: [email protected]

IBRAM-COnIM: Av José Cândido da Silveira, 2000, Horto, Prédio do CETEC, CEP 31170-000 – Belo Horizonte/mGFone (31) 3486.2007 – E-mail: [email protected]

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A Exposição Internacional de mineração – EXPOSIBRAm 2007 é sem dúvida a maior de todas já realizadas no mundo. Tivemos quase 500 estandes brasileiros e de 10 países, um número bem maior comparado aos 200 do China Mining – evento anual chinês – no ano passado. Sem contar, é claro, com o enorme sucesso do 12º Congresso Brasileiro de mineração. Ambos os eventos reuniram mais de 43 mil pessoas em quatro dias. Além de movimentar a economia de toda uma região metropolitana promoveu-se inovação para o setor mineral.

Foram muitos fatos que merecem aplausos, mas são tantos que fica difícil enumerar os resultados positivos da EXPOSIBRAm 2007.

EXPOSIBRAM 2007Já existe, inclusive, uma lista de expositores que querem participar da próxima edição e da EXPOSIBRAm AmAZôNIA 2008, promoção inédita do Instituto Brasileiro de mineração – IBRAm.

Nesta edição, apresentamos uma visão geral do Congresso e da Exposição e várias matérias interessantes, como a segunda parte da reportagem especial sobre o amianto, realizada em minaçu (GO) na SAmA mineração. A série especial sobre os calcários terá continuação no próximo número.

Para acessar este jornal na internet é só digitar o endereço www.ibram.org.br

urânio será destaque no China Mining governadora do Pará fará lançamento de evento do IBRAM

A preocupação com o crescimento do preço do urânio nos últimos anos e o inte-resse da China em fechar cooperações in-ternacionais na construção e gerenciamento de usinas nucleares são questões que serão levadas para discussão no China Mining – evento de mineração que será realizado na capital chinesa Beijing, entre os dias 13 e 15 de novembro.

membros do governo, estudantes, en-genheiros e representantes de indústrias vão discutir as políticas e regulamentos do urânio, como também as tendências do progresso na exploração deste minério, da tecnologia empregada em minas e as expe-riências adquiridas no gerenciamento da mineração de urânio.

O IBRAm estará no China Mining repre-sentado pelo presidente da entidade, Paulo Camillo Penna, e o diretor de Assuntos mine-rários, marcelo Ribeiro Tunes. “Certamente

será uma grande conferência. O Instituto tem participado ultimamente de eventos internacionais como forma de acompanhar as tendências do setor mineral no mundo. E esta é mais uma prova de que o urânio é a grande vedete do momento. Foi destaque na EXPOSIBRAm 2007 e no 12º Congresso Bra-sileiro de mineração e no PDAC (Prospectors and Developers Association of Canadá), no início do ano”, afirma Paulo Camillo.

Durante o evento os visitantes poderão conferir também estandes que estarão expondo projetos e novas tecnologias do urânio.

O China Mining será realizado no “Beijing International Convention Center”. Informações de como participar podem ser obtidas pelo número (61) 3319 5635 ou e-mail [email protected]. Para saber mais sobre o evento basta acessar www.china-mining.com.

A 2 ª C o n f e r ê n c i a d e R e s p o n s a b i l i d a d e Socioambiental da Amazônia – promovido pelo IBRAm – que será realizado nos dias 19 e 20 de novembro, estreitará os laços entre os institutos (universidades, ongs etc), empresas mineradoras e sociedade por meio da criação de uma agenda regular. Dentre os temas a serem discutidos estão o desenvolvimento sustentável, a inclusão social pela educação e formação profissional e questões relacionadas à segurança e saúde do trabalho.

O professor Paulo Haddad, ex-mi-nistro do Planejamento e da Fazenda, inaugurará o circuito de palestras falan-do sobre a mineração e o processo de desenvolvimento sustentável. A abertura do evento será realizada pelo presidente do IBRAm, Paulo Camillo, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, o presidente da FIEPA (Federação das Indústrias do Estado do Pará), José Conrado dos Santos, e o secretário de Geologia, mineração e Transformação mineral do ministério de minas e Energia, Cláudio Scliar.

As inscrições gratuitas podem ser feitas no endereço eletrônico: www.ibram.org.br. Confira

no mesmo site a programação do evento!

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Indústria da Mineração - Edição EspecialAno II - nº 11, novembro de 2007 3

Amianto que transforma vida: bem-estar e segurança

Esta é a segunda parte da reportagem especial em Minaçu, um dos municípios mais ricos do estado, a 510 km de Goiânia (GO). A cidade nasceu da

descoberta da crisotila, matéria-prima do amianto.

A SAmA possui um rico e completo arquivo – no Departamento de Saúde Ocu-pacional – com prontuários de todos os trabalhadores que passaram pela empresa desde a fundação, em 1976. A qualidade dos dados é tão elevada que o material fez parte de um trabalho de pesquisadores, em 1996, da Universidade Federal de Campinas – Unicamp, em São Paulo, sobre mortalidade e morbidade da mineração do amianto.

O estudo é uma prova científica de que a exposição ao amianto de forma responsável, como é feita na empresa, não provoca danos à saúde e que não existem motivos para o banimento da atividade no Brasil.

A pesquisa avaliou mais de 12 mil tra-balhadores que passaram pela mineradora, incluindo os que atuaram na mina de Po-ções, na Bahia, entre as décadas de 40 e 70, onde até hoje a SAmA mantém um escritório para acompanhar todos os ex-funcionários, que também têm plano de saúde pago pela mineradora.

Números do estudo apontam que menos de 1%, ou seja, cerca de 120 pessoas, apre-sentou algum tipo de problema atribuído ao amianto. Do total de casos, apenas 30 são de asbestose (doença causada pela exposição à fibra do amianto).

Segundo o enfermeiro do trabalho do Departamento de Saúde Ocupacional, Fernando macedo, os ex-trabalhadores que apresentaram alguma complicação atuaram na mina baiana, onde o amianto era uma mistura de crisotila e anfibólio (banido internacionalmente por apresentar riscos à saúde). Além disso, eram fumantes e foram expostos ao minério por mais de 15 anos numa época em que não se co-nheciam os riscos.

macedo garante que desde a década de 80, quando a empresa passou a adotar novas medidas de segurança, após tornarem-se

conhecidos os riscos do amianto, não há caso de alteração no quadro clínico de servidores devido à exposição ao minério.

Preservação do meio ambiente

A gestão de recursos hídricos é uma pre-ocupação relevante da SAmA. Até mesmo o saneamento básico da vila de funcionários é feito pela empresa.

O processo utilizado é simples e inte-ressante: a água utilizada para molhar a mina é a mesma que brota do solo quando acontecem as escavações. Todo o líquido do processo produtivo é tratado para o reuso e também para abastecer a área de moradia dos trabalhadores.

Projetos de responsabilidade social e ambiental promovem esperança

Em 1996, implantou-se o Projeto Que-lônios, que promove educação ambiental e manejo desses animais de água doce e terrestres, totalizando 469 catalogados, sendo 250 naturais da Amazônia.

Atualmente, 68 jabotis já foram reinte-grados na reserva florestal e duas tartarugas da Amazônia nasceram no criatório, que é o primeiro conservacionista de quelônios em Goiás e dentro de uma empresa.

Além desta ação de responsabilidade so-cial, a SAmA financia diversos projetos sociais e entidades filantrópicas em minaçu, como a Associação Desportiva Charles Thaysson, que desde 2002 proporciona esporte e educação para mais de três mil crianças e adolescentes carentes, de 10 a 16 anos.

O responsável pelo projeto, Odilon Petro-nílio de Souza, diz que a mineradora financia a alimentação e vestuário das crianças. Dou-glas Soares Valadão, de 12 anos, conta que antes ficava em casa e agora freqüenta aulas de esporte. “Aqui é muito legal. Tenho lanche,

Menos de 1% dos trabalhadores apresentou

probleMa de saúde atribuído ao aMianto,

segundo pesquisa

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1ª foto: Odilon ensina garotos do Projeto da Associação Desportiva Sharles Thaysson a jogarem futebol

2ª foto: O Projeto Quelônios promove educação ambiental e manejo de tartarugas

faço amigos e no futuro posso ser um jogador de futebol”, sonha.

Cursos de artesanato, de artigos de de-coração confeccionados a partir das rochas estéreas (material não aproveitado do miné-rio) são oferecidos para deficientes físicos e pessoas carentes da comunidade.

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O mês de setembro foi consagrado pela Exposição Internacional de mineração (EXPOSIBRAm), a maior do mundo no setor. O grande evento bianual, promovido pelo IBRAm, aconteceu entre os dias 24 e 27 e atraiu mais de 43 mil pessoas, em Belo Horizonte (mG).

Em apenas quatro dias, visitantes de várias partes do mundo passaram pelos corredores do Expominas – um dos maiores espaços para realização de eventos do País. Todos os hotéis da cidade estavam lotados, como também restaurantes, shoppings, além de um acréscimo na rotina dos táxis. Estes fatores são uma prova que a Exposição, além de ser um ótimo meio de fechar negócios na mineração, pode também movimentar sobremaneira a economia de uma cidade.

A edição deste ano contou com 445 estandes, mais do que em 2005, com 370. Só o Pavilhão do Canadá estava representado por 21 estandes; os Estados Unidos por 20 e a Alemanha, 13. O resultado confirma o sucesso que o evento representa para as mineradoras e fabricantes de equipamentos. Sabe-se que algumas empresas chegaram a vender quase 1 milhão de reais em apenas um dia.

O número de expositores, tanto brasileiros quanto estrangeiros, tam-bém aumentou: de 351 subiu para 362. Só neste ano, quase 100 em-presas do exterior participaram. Nota-se que a diferença da participação estrangeira entre a última Exposição e a de 2007 é pequena nos países internacionais, o que comprova a fidelidade em relação à EXPOSIBRAm, que adquiriu caráter de negócios sem deixar de lado o institucional.

Tanto assim que empresários brasileiros e de outros países interessa-dos em fechar negócios e conhecer a força e importância da indústria da mineração brasileira marcaram forte presença na Exposição.

12º Congresso Brasileiro de Mineração atraiu mais de 1300 participantes

Concomitantemente à EXPOSIBRAm 2007 aconteceu o 12º Congresso Brasileiro de mineração (CBm) – que, com toda a riqueza de informação e palestrantes de renome internacionais e nacionais, atraiu 1.341 participantes de todos os estados bra-sileiros e de 14 países.

No total, 1.271 participantes do CBm são brasileiros. Observa-se que o maior número de congressistas é de minas Gerais, com quase 600 inscritos. Em seguida, estão São Paulo e Distrito Federal, que foram representados por 143 e 106 pesso-as, respectivamente, o que é uma diferença do resultado da últi-ma edição, na qual o Pará ficava em terceiro lugar. Desta vez, este estado foi represen-tado por 58 pessoas. (Veja quadro)

O número de estran-geiros se manteve igual ao do último Congresso Brasileiro de mineração: 70 congressistas. mas

Mais de 43 mil pessoas passaram pelos corredores da EXPOSIBRAM 2007. O número de estandes foi recorde: 445.

PB 24PE 34PI 2PR 15RJ 91RN 4RS 44SC 9SE 2SP 143

TOTAL 1271

AP 4BA 79CE 1DF 106ES 23GO 17MA 1MG 592MS 10MT 12PA 58

12º COngRESSO BRASILEIRO dE MInERAçãO

Inscritos por estado brasileiro

EXPOSIBRAMMaior evento de mineração do mundo movimentou Minas gerais

1 - Paulo Camillo Penna discursa na abertura do evento • 2 - A criatividade dos estandes: marca registrada na EXPOSIBRAM 2007 • 3 - Autoridades inauguram a EXPOSIBRAM 2007

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Elmer Almeida Andres/ Andres Acera

Andres/ Andres Acera

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Indústria da Mineração - Edição EspecialAno II - nº 11, novembro de 2007 5

Lançamento de selo comemorativo em

homenagem ao Pai da Geologia do Brasil

O IBRAm, por meio da Empresa de Correios e Telégrafos, lançou durante aber-tura do 12º CBm e EXPOSIBRAm 2007, selo e carimbo comemorativo alusivo a um dos mais importantes geólogos da história brasileira, o norte-americano de nascimento e brasileiro por opção, Orville Derby. Tanto a marca quanto ao selo foram desenvolvidos pelo próprio Instituto.

com uma diferença significante neste ano: novos países entraram para o circuito, como a Áustria, a China, o Uruguai e a Venezuela.

Inauguração contou com a presença de autoridades

O debate de aspectos políticos e econô-micos ligados ao setor da mineração marcou a solenidade de abertura dos eventos. O 12º CBm teve como tema “A mineração do Brasil no mundo globalizado”. Compareceram, entre outras autoridades, o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, o ministro de minas e Energia, Nelson Hubner, o vice-governador de minas Gerais, Antonio Augusto Anastasia, o presidente da Comissão de Ser-viços de Infra-Estrutura do Senado, marconi Perillo e o da Comissão de minas e Energia da Câmara, José Otávio Germano.

Paulo Camillo Penna, presidente do IBRAm, ressaltou o papel da indústria da mine-ração no cenário econômico nacional, levando em conta a participação no PIB e o volume de investimentos previstos pelo setor. Segundo ele, o segmento contribuiu com mais de um terço do saldo da balança comercial brasileira em 2006. “mesmo com inegável posição de destaque no crescimento do País, o setor en-frenta entraves clássicos, no que diz respeito à falta de regulamentação legal, disse.

Ele apontou, entre outras urgências, a necessidade de tributação diferenciada da energia elétrica para o segmento; a regu-lamentação do artigo 23 da Constituição Federal (Repartição de Competências de Licenciamento Ambiental); e, de uma forma geral, maior atenção para as questões do setor junto aos poderes Executivo e Legislativo, nas esferas federal, estadual e municipal.

Para o presidente do Conselho Diretor do IBRAm, Roberto Negrão de Lima, a EXPOSI-BRAm 2007 é uma oportunidade para o Brasil mostrar ao mundo todo o potencial mineral. “O País não pode ficar naquela atitude es-

quizofrênica que a minha geração teve com relação ao exterior. O fato de termos agora uma certa visibilidade internacional é conse-qüência de uma mudança”, observou.

As autoridades reafirmaram a importância da mineração para o desenvolvimento do País. O deputado Chinaglia declarou que há projetos de lei no Congresso Nacional tratando sobre licenciamento e avaliações estratégicas ambientais e exploração mineral em territórios indígenas.

O ministro Hubner afirmou que o go-verno federal avançou em pesquisas que podem abrir novos horizontes à atividade da mineração. Ele disse que são três os prin-cipais desafios para o setor: a ampliação do conhecimento do território nacional, com a descoberta de novas áreas de exploração; o aproveitamento do potencial da mineração do Brasil; e, por fim, o incremento tecnoló-gico da atividade. “Podemos avançar. A situ-ação que temos agora é adequada: inflação controlada e reservas crescentes”, disse.

Nesse mesmo dia (27/9), aconteceu a Key-note Session “O Brasil no Cenário mundial”, com a participação de Antenor Firmino da Silva, presidente e COO da Yamana Gold Inc., Jones Belther, diretor de Exploração mineral da Votorantim metais Ltda., murilo Pinto de Oliveira Ferreira, CEO da CVRD-INCO e Sebastião Henrique Ubaldo Ribeiro, presidente e COO da Divisão de minério de Ferro da BHP Billiton (todas empresas filiadas ao IBRAm). O moderador foi o jornalista William Waack, da Rede Globo.

A EXPOSIBRAm 2007 teve todos os efeitos de emis-são de gases de efeito estufa neutralizados com o plantio simultâneo de 120 árvores no Parque Estadual Serra do Rola moça, no município de Brumadinho (mG), em processo de-nominado “Seqüestro de Carbono” – no qual a emissão de fotossíntese permite a retenção de 598 kg de gás carbônico por árvore. A ação é uma iniciativa do IBRAm que contratou

uma consultoria ambiental para realizar o estudo sobre a quantidade de carbono emitido pelos eventos.

O estudo calculou os efeitos de ações como o transporte de pessoas, utilização de geradores e produção de resíduos sólidos, consumo total de energia elétrica da rede nacional e quantidade de viagens aéreas dos participantes.

Sarah mazza, da Key Associados, empresa res-ponsável pelo estudo, explicou que a análise foi feita nos moldes do realizado na Copa do mundo de 2006, quando uma equipe técnica calculou a quantidade de gás carbônico emitida na atmosfera e desenvolveu projeto de biodigestores, para compensar o que foi emitido no campeonato.

EXPOSIBRAM 2007: efeito estufa neutralizado

O Geólogo Orville Derby, norte-ame-ricano nascido em 1851, naturalizado brasileiro (tendo chegado ao Brasil em 1871) idealizou em 1907 o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, vinculado ao Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas. Ele o adminis-trou desde sua fundação até falecer em 1915. Este ilustre e conceituadíssimo cientista é conhecido no Brasil como o “Pai da Geologia do Brasil” e também foi a ele atribuído o título de “Príncipe dos Geólogos do Brasil”.

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Sebastião Henrique Ribeiro, presidente da BHP Billiton; Murilo Pinto Ferreira, CEO da Companhia Vale do Rio

Doce INCO; William Waack, jornalista da Rede Globo; Jones Belther, diretor de Exploração da Votorantim

Metais; Antenor Firmino da Silva, presidente da Yamana Gold Inc. (da esquerda para direita)

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Indústria da Mineração Ano II - nº 11, novembro de 20076

Mineração necessita de mão-de-obra qualificadaA falta de mão-de-obra qualificada pode gerar atrasos em toda a cadeia produtiva

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FerraMentas para atrair novos proFissionais: bons salários, oportunidade de CresCiMento e qualidade de vida.

O atual cenário mundial do trabalho na mineração é alarmante, segundo especia-listas. Os profissionais mais experientes do mercado estão se aposentando e a carência de mão-de-obra é constante. A avaliação foi feita durante o 12º Congresso Brasileiro de mineração (CBm) pela professora do Departamento de Engenharia metalúrgica e de materiais da Universidade Federal de minas Gerais, Virgínia Ciminelli, e pelo pro-fessor do Departamento de minas e minerais da Universidade Virgínia Tech, dos Estados Unidos, michael Karmis.

Os dados apresentados no painel “Ca-pacitação e Inovação Tecnológica no Brasil” revelaram que a proporção de engenheiros no Brasil é de cinco para cada mil trabalhadores, um número pequeno se comparado à média mundial, que se situa entre 15 e 25 engenhei-ros para cada mil trabalhadores.

“Há no Brasil grande concentração de es-tudantes na Engenharia Civil, numa escala de 45%, enquanto nos Estados Unidos a parcela é de 14%”, alerta a professora.

Problemas relacionados ao fato de os profissionais mais experientes estarem se aposentando não são só brasileiros. Se-gundo Karmis, nos EUA a idade média dos profissionais que trabalham na mineração é superior a 40 anos e que no leste do país, onde estão localizadas as minas de carvão, a situação é mais preocupante: a média já passa dos 50 anos.

Há saída para a falta de mão-de-obra

Bons salários, oportunidade de cresci-mento e qualidade de vida foram algumas das propostas apresentadas para contornar a situação da falta de mão-de-obra. Ciminelli

aponta que a atração de jovens e mulheres, para compor o mercado de trabalho na mi-neração é uma saída.

Para Karmis é preciso que as empresas estimulem ou até mesmo divulguem as pro-postas de trabalho com mais afinco como forma de chamamento. “Quem oferecer as melhores oportunidades de carreira vai ficar com os melhores profissionais”, afirma.

Produção de projetos é uma das áreas mais afetadas da mineração

Pouco é feito para se atrair novos quadros para o setor de mineração o que reflete di-retamente na produção de projetos, afirma o australiano Tom Revy, diretor de desenvol-vimento da GDR minproc Ltd, na palestra “Tendências no desenvolvimento de projetos. Para onde estão se dirigindo?”, realizada no segundo dia de Congresso.

“Nossa força de trabalho está envelhecendo e sem uma renovação teremos problemas téc-nicos principalmente nos custos dos projetos ligados ao setor”, diz. Segundo ele, pesquisas publicadas em 2006 apontam que a falta de especialista é o fator chave para a realização

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Indústria da Mineração - Edição EspecialAno II - nº 11, novembro de 2007 7

Para capacitar ou manter a mão-de-obra qualificada, as empresas entrevistadas estão tomando algumas iniciativas:

• apenas 30% recorrem a contratação direta no mercado;• 70% capacitam os trabalhadores após contratação;• 84% investem em programas de capacitação. Entre as grandes empresas, o percentual

chega a 96%.

“o treinaMento é iMportante para

garantir que o joveM de hoje tenha a MesMa

oportunidade que tiveMos há 30 anos”

Tom Revy durante palestra “Tendências no desenvolvimento de projetos. Para

onde estão se dirigindo?”

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de projetos mal elaborados o que afetaria as negociações e gestão dos contratos.

As conseqüências “são atrasos na en-trega e excessos de custos, o que acarreta mudanças no contrato e conseqüentemente conflitos judiciais de ambas as partes”, diz Revy. “Os litígios geram um aumento ainda maior no custo de desenvolvimento de pro-jetos”, acrescenta.

Governo tem parte de culpa na falta de mão-de-obra

Falta de mão-de-obra especializada e adiamento de tomada de decisões por parte do governo são entraves para aumento dos investimentos do setor de mineração. A afir-mação é de murilo Pinto de Oliveira Ferreira, CEO da Companhia Vale do Rio Doce-Inco. Segundo ele, entre os bloqueios para o cres-cimento do setor há, ainda no Brasil, uma distância entre a regulamentação das leis e sua aplicabilidade.

Estudantes do RS vestem a camisa na EXPOSIBRAM 2007

Universitários de todo o Brasil se orga-nizaram para participar da EXPOSIBRAm 2007 e do 12º CBm. mas, especialmente, um grupo de 44 pessoas chamou a atenção: os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Eles mesmos tomaram todas as iniciativas, inclusive do aluguel do ônibus. Tudo para participar do maior evento de mineração.

Os universitários fizeram até mesmo uma camiseta identificando a universidade na frente e o nome EXPOSIBRAm estampado nas costas.

O estudante Leandro Koppe está no 8º semestre do curso de Engenharia de minas. Ele afirmou que participar do evento é uma ótima oportunidade de aprendizado. “As pa-lestras demonstram qualidade, a organização do evento é espetacular e os estandes estão bem variados”, disse.

Outro futuro engenheiro de minas Cássio Diedrich, que também fez parte do grupo sulista, considerou o nível dos palestrantes do congresso excelente. “O evento valeu muito para mim, começando pela oportunidade de emprego para os estudantes. Há muitas empresas ligadas ao setor. Você conversa com todo mundo aqui”, contou.

CNI fez estudo sobre falta de mão-de-obra

A Confederação Nacional de Indústria realizou, entre os dias 29 de junho e 18 de julho, uma pesquisa sobre mão-de-obra. O estudo revela que a falta de capacitação do trabalhador é um fato negativo, sobretudo na área de produção, pois restringe o aumento da competitividade. Das 1.714 indústrias entrevistadas, 56% possuem problemas de falta de mão-de-obra qualificada. No total, a pesquisa analisou 949 pequenas, 507 médias e 258 grandes empresas.

A área de produção é a mais afetada in-dependentemente do porte da empresa. E a indústria extrativa é um dos setores que mais reclama falta de mão-de-obra.

A busca pela eficiência é a ação mais afe-tada por todas as empresas. Das entrevistadas na pesquisa, 36% mencionaram que a falta de mão-de-obra qualificada prejudica a busca pela qualidade de produtos. E 25% que o pro-blema afeta a aquisição de novas tecnologias. O desenvolvimento de novos produtos foi outro ponto citado por 23% das empresas.

É preciso renovar a força de trabalho que está envelhecendo

Estudantes de Engenharia de Minas de todo o país visitaram a EXPOSIBRAM 2007

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A michelin apresentou duas inovações para o setor. Além de toda linha de pneus para ca-minhões rígidos e articulados, minicarregadeiras, niveladoras, empilhadeiras e carregadeiras, a fabricante revela pela primeira vez no Brasil o conceito michelin Tweel, um pneu sem ar que não fura, e o mEmS (Michelin Earthmover Management System), sistema de monitoramento de pressão em tempo real.

As informações geradas pelo novo sistema proporcionam benefícios imediatos, como detectar pneus fora das faixas de pressão e temperatura recomendadas, o que permite possíveis paradas do equipamento para conferência de pressão e garantia das condições seguras de trabalho. Além disso, a médio e longo prazo, o mEmS é capaz de diminuir perdas de pneus, melhorar o rendi-mento, reduzir os tempos improdutivos e otimizar os recursos - tanto humanos como técnicos.

Expositores superam expectativas de negócios na EXPOSIBRAM

Michelin apresentou tecnologias inéditas para setor de mineração

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Expositores tiveram oportunidade de fechar bons negócios durante a EXPOSIBRAM 2007

Michelin Earthmover Management System – MEMS: 1) Um Tag (sensor) é instalado em cada pneu. O sensor transmite ao receiver, instalado na cabine, informações de pressão e de temperatura a cada minuto. 2) Um receptor transmite as informações para o Sistema de Gestão da mina, a cada 10 min. 3) O HHU (Hand Held Unit) é utilizado

principalmente para parametrizar o receiver e tags no caminhão e para acompanhar a inflação dos pneus. 4) Sistema de Gestão de minas.

Contatos, lançamentos de novos pro-dutos e serviços, prospecção de clientela e negócios. A EXPOSIBRAm 2007 foi apontada como uma das melhores edições da história do evento. Um balanço preliminar demonstra que, muito mais que uma vitrine, a exposição é um campo fértil e efetivo de negócios.

A Volvo Construction Equipment, presente na feira desde as primeiras edições, comemo-ra um volume de vendas de R$ 8,7 milhões. A empresa vendeu no total 16 máquinas. Sendo que 12 tiveram destino já nos dois primeiros dias de Exposição, atendendo diretamente a seis empresas do ramo da mineração e siderurgia, no Pará e em minas Gerais. “A exposição superou nossa expectativa e, sem dúvida, em termos de vendas, este ano foi o mais movimentado”, diz Ricardo Navarro, do setor comercial da Volvo.

O público no estande da Volvo, segundo João Luiz Zarpelão, gerente de engenharia, também foi recorde: mais de 800 visitantes. Deste número, cerca de 70% são empresas e os outros 30% se dividem entre fornecedores e estudantes. “A exposição é um excelente catalisador de negócios e clientes. Além de divulgação, a oportunidade de relacionamen-to é imensa”, diz.

A K & L mecânica Ltda, localizada em Belo Horizonte (mG), iniciou, nesta edição do evento, 25 novas oportunidades de negócios. Em apenas um dia, a empresa que existe há 20 anos, vendeu quase R$ 1 milhão para a mina de miguel Burnier, em Congonhas

(mG), da Gerdau Açominas. Ao total, foram 11 talhas elétricas (equipamento para elevar a carga) e duas pontes volantes.

Para o engenheiro Guido Silva, do Depar-tamento Comercial, embora seja a segunda vez que a K & L participa da Exposição, esta foi a melhor em todos os sentidos. “Houve muita troca de informações. Empresas que não fabricam talhas mostraram interesse nos nossos equipamentos. Foi tão positivo que acho que teremos que ampliar a empresa”, comemora.

A ImIC, empresa com sede em Conta-gem que fornece serviço em Turn Key – do projeto até a montagem – vendeu, só no primeiro dia, um classificador elicoidal para a empresa Barbosa melo, também com sede em minas Gerais. A empresa está em fase de fechamento de um projeto de upgrade da planta para a mineração Tatuassú, de maceió (AL). E, ainda em fase de negocia-ção com a Bahia mineração e a Pedreira Guarani, de Recife (PE).

“muitos negócios nascem na feira”, co-menta Per Krato, gerente de linha de produto da Atlas Copco. Segundo ele, várias vendas estão encaminhadas e a empresa já tem tradição em negociações via EXPOSIBRAm. “Em 2005, apresentamos uma máquina ROCL8, uma carreta de perfuração e des-monte de rocha, para a Samarco mineração. A venda foi concretizada na edição 2007. mas o “namoro” começou aqui na Exposição que, para nós, é uma ótima oportunidade para tornar a marca conhecida”, diz.

Outras estratégias foram desenvolvidas pelas empresas para aquecer o mercado du-rante a feira. A Goodyear enviou aos clientes uma comunicação, via correio eletrônico, antecipando os contatos e a prospecção de clientes. Para a exposição de 2007, a fabri-cante trouxe a linha de pneus para veículos fora-de-estrada e inovações tecnológicas na linha de correias industriais para mineração. “A Exposibram é interessante para o relacio-namento com os clientes. É onde podemos reunir todo o público interessado no nosso negócio”, avalia Frederico martins, analista de marketing da Goodyear.

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Indústria da Mineração - Edição EspecialAno II - nº 11, novembro de 2007 9

Brasil pode se beneficiar do crescimento da mineração na China e ÍndiaGoldman Sachs afirma que o avanço econômico asiático pode valorizar contratos de exportação de minerais

O crescimento da China e da Índia vem sendo acompanhado por analistas de vários mercados do mundo. Pertencem a um grupo seleto de nações que superam o ritmo de crescimento mundial - o que pode animar mineradoras de várias nacionalidades. O Brasil, que se destaca na exportação de minérios, pode se beneficiar disso, com base nos dados apresentados por Paul Gray, analista de commodities do banco de investimentos Goldman Sachs. A tendência é de um reajuste de até 30% no valor dos contratos de exportação de minerais.

De acordo com o especialista, vários fatores levam a crer que a elevada demanda chinesa por insumos como minério de ferro, níquel e cobre sofrerá novos acréscimos. Embora o país asiático esteja em processo de modernização, apenas 40% dos seus habitantes moram em zonas urbanas. “O êxodo rural é crescente, o que gerará procura por aço, energia, à medida que os níveis de urbanização cheguem perto dos países industrializados”.

A frase de Paul evoca o princípio básico das relações econômi-cas: quanto maior a demanda, maior será o preço cobrado pelo produto. Por isso é taxativo ao afirmar que o declínio dos preços das commodities acabou. “Os preços continuarão elevados nos próximos anos”.

Números revelam o fenômeno. Só em 2007, as exportações de minério de ferro à China somam 380 milhões de toneladas (metade

do mercado transoceâni-co). Até 2010, a previsão é que o volume chegue a 565 milhões, uma eleva-ção de quase 50%.

O quadro revela um horizonte promissor para o empresariado brasileiro, levando-se em conta que o País é, hoje, o segun-do maior fornecedor de minério de ferro para os chineses, com 24% das exportações contra 38% da Austrália. mas há que se considerar que, enquanto o volume vendido pelos australianos recuou três pontos percentuais desde 2006, o volume de exportações brasileiras subiu quatro neste período.

No momento, as três maiores potências do mercado de mine-ração mundial, BHP Billinton, Companhia Vale do Rio Doce e Rio Tinto investem em cadeias produtivas para suprir essa demanda sem precedentes.

Paul Gray afirmou que o preço das commodities continuará elevado

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Brasil é o 3º produtor de grafite, mas “efeito China” eleva preçoOs aumentos dos preços da grafite no mundo, nos últimos três

anos, se justificam, por causa do alto custo do minério na China – o maior país produtor. O problema é a situação do alto preço dos fre-tes marinhos em portos chineses. Um exemplo deste acréscimo é no flake cristalino grande (um dos tipos da grafite) que aumentou de 570 dólares, em 2004, para 800 dólares, em 2007. A afirmação faz parte do trabalho do gerente de marketing da Nacional de Grafite, Sandio Ricardo Nunes Pereira.

O Brasil está em 3º lugar na produção mundial do mineral com 7%. A líder é a China com 68%, seguida da Índia (11%). Outros países que também se destacam são Coréia do Norte e Canadá. Juntos são responsáveis pela produção mundial de 92%.

Segundo dados da USGS Minerals Yearbook, o Brasil produziu, em 2006, 76 mil toneladas. Atrás da China e Índia, com 720 mil e

120 mil toneladas, respectivamente.

Considerando os avanços tecnológicos, outros campos de atuação da grafite têm sido muito estudados. E com o

avanço na fabricação e venda de veículos híbridos e elétricos, o uso do minério pode aumentar

consideravelmente nos próximos anos, segundo Sandio. “Sobretudo, com

a intensificação do controle ambiental. E tem mais: é um mineral que não polui e não explode”, diz.

A atual produção brasileira atende a demanda interna da grafite natural, além de garantir reservas confortáveis para o País. Há um vasto campo a ser explorado. “Pela inércia química, o minério é um excelente condutor elétrico, além de possuir propriedades lubrificantes, que faz com que resista muito bem a elevadas temperaturas e pressões”, observa.

QuAdRO COMPARAtIvOPROduçãO QuAntIdAdE BEnEfICIAdA – gRAfItE – tOnS

2005 2004 2003 2002 2001Brasil - Total 61.305,00 61.665,00 56.112,00 50.438,00 47.926,00minas Gerais 56.848,00 56.947,00 53.611,00 50.438,00 47.762,00Bahia 4.457,00 4.718,00 2.501,00 164,00

Fonte: DNP, Sumário Mineral 2005

• A maior empresa brasileira produtora de grafite natural beneficiada é a Nacional de Grafite Ltda, que lavra nos municípios de Itapecerica, Pedra Azul e Salto da Divisa, todos em Minas Gerais (MG);

• As demais empresas produtoras são a Grafita MG (municípios de Serra Azul e Mateus Leme, ambos em MG) e a Extrativa Metalquímica S/A (Maiquinique na Bahia);

• A atual produção brasileira atende a demanda interna de grafite natural do tipo “Flake” (cristalino de maior ocorrência em rochas metamórficas) – o que gera excedente exportável.

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O Brasil detém a 6ª maior reserva de urânio do mundo, mas não participa do mercado in-ternacional. Tudo o que extrai serve às usinas Angra 1 e 2. Diante disso, mineradoras defen-dem que o governo mude as regras e permita que empresas privadas façam a prospecção do minério no País. O IBRAm considera o urânio assunto de interesse mundial.

Segundo o presidente da entidade, Paulo Camillo Penna, o urânio foi um dos assuntos dominantes na EXPOSIBRAm 2007 e no 12º Congresso Brasileiro de mineração. “Há um interesse muito grande neste minério pela perspectiva de maior uso da energia nuclear em razão dos problemas ambientais e do aquecimento global motivados por outras formas de geração energética”, afirma.

O ministro de minas e Energia, Nelson Hubner, concorda com a importância do urânio para o País e afirma que o minério é uma realidade no mercado de energia internacional. “A utilização do urânio está tendo uma retomada, é quase um boom mundial”, diz.

utilização do urânio é destaque em todo o mundoO urânio é o assunto do momento. A imprensa noticia diariamente cada novo passo acerca do minério. Veja nesta reportagem um pouco do que se fala sobre o tema e a necessidade de flexibilizar a pesquisa e a lavra

Segundo Paulo Camillo, o setor busca a flexibilidade legal para realizar pesquisas e lavra de minérios nucleares. E foi justamente esta questão que foi levada ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, no final do primeiro semestre e reforçada em setembro, durante a EXPOSIBRAm.

“Só investigamos 30% do território na-cional, isso significa que temos excedente de urânio não utilizados e poderíamos comer-cializá-los no mercado internacional”, avalia Paulo Camillo. O que sobra, acrescenta, serviria como fonte de recursos para finan-ciar o programa nuclear brasileiro. “Ainda não dominamos o ciclo do urânio, então poderíamos investir em tecnologia, formação de pessoal e mesmo na construção de novas usinas atômicas”, diz.

Empresas trocam investimentos no Brasil pela Austrália

Grandes mineradoras que atuam há anos no Brasil, como Vale do Rio Doce e Rio Tinto, exploram urânio na Austrália, em razão do monopólio estatal no Brasil, em que as etapas envolvendo a produção são exclusividade da União, conforme prevê a Constituição. Ou-tros países, como o Uruguai e a Argentina,

já adotaram medidas mais flexíveis para o urânio, devido ao grande interesse

internacional pelo minério.

A vantagem do Brasil é que além de ter o minério, o País domina as outras etapas de beneficiamento, inclusive o enriquecimento para a produção de energia elétrica. “Poderíamos, por exemplo, vender o urânio já enrique-

cido. Isso aumentaria as exportações”, defende Paulo Camillo.

Um dos motivos que também leva o IBRAm a discutir a questão do urânio

é o forte aumento nos preços do mi-nério. Em três anos, por exemplo, a cotação saltou de US$ 12 para US$ 110 a libra-peso.

Energia Nuclear x Energia Elétrica

A participação nuclear brasileira na es-trutura da oferta interna de energia elétrica ainda é pequena: 2,2% - índice inferior aos 6,9% da Argentina. Existem alternativas de energia, como a eólica, solar e biomassa, mas que não se provaram economicamente viáveis. Ao passo que a energia nuclear está pronta para ser explorada.

Ministro de Minas Energia diz que há um boom mundial em relação ao urânio

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2% China 30,5% República Tcheca

2,2% Brasil 31% Alemanha

2,8% Paquistão 32,1 % Suiça

2,8% Índia 32,9% Finlândia

3,9% Holanda 37,2% Hungria

5% méxico 42,4% Eslovênia

5,5% África do Sul 42,7% Armênia

6,9% Argentina 44,1% Bulgária

8,6% Romênia 44,7% Coréia do Sul

14,6% Canadá 46,7% Suécia

15,8% Rússia 48,5% Ucrânia

19,3% EUA 55,6% Bélgica

19,6% Espanha 56,1% Eslováquia

19,9% Reino Unido 78,5% França

29,3% Japão 79,6% Lituânia

Fontes: World Nuclear Association, IAEA e Nuclear Engeneering International

Participação da energia nuclear na geração de energia elétrica – 2005

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Indústria da Mineração - Edição EspecialAno II - nº 11, novembro de 2007 11

VEjA uM RESuMO dO quE A IMPRENSA NOtICIOu:

gar a 309 mil toneladas com apenas 25% do território prospectado.

Atualmente, a capacidade de produção do Brasil é de 400 toneladas com apenas uma mina em funcionamento, a Caetité, na Bahia. Contudo, dados geológicos permitem estimar reservas em torno de 800 mil toneladas.

AGêNCIA ESTADO

Ministro admite exploração de urânio por empresas privadas

O ministro de minas e Energia, Nelson Hubner, admite a possibilidade de as empresas privadas obterem autorização para explorar urânio no País. Ele disse que “agora cabe uma revisitação e uma discussão com a sociedade brasileira” a respeito do assunto, ressaltando, porém, que não acredita em modificação do cenário num curto ou médio prazo.

Em um debate, o presidente da CVRD Inco, murilo Ferreira, disse que a companhia tem interesse em iniciar a exploração em território brasileiro. “A Vale já começou a exploração do mineral no Canadá, com boas perspectivas”. O presidente da Yamana Gold, Antenor Firmino da Silva, afirmou “que não vê sentido no mono-pólio”. De acordo o IBRAm, o País é o décimo segundo maior produtor de urânio, com cerca de 360 toneladas/ano (concentrado).

DIÁRIO DO COmÉRCIO (mG)

CE terá usina de urânio com recursos de até uS$ 190 mi

Em 2011, o Ceará deve receber uma usina de urânio. O Estado possui uma jazida do mi-nério em Itataia, no município de Santa Qui-téria. A planta da fábrica deve ser instalada com uma unidade de processamento de fos-fato, que tem no urânio seu principal insumo. Esta ação será executada por uma empresa privada, enquanto a usina contará com capital e exploração do governo federal.

De acordo com as Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), o projeto deve consumir in-vestimentos entre US$ 140 milhões e US$ 190 milhões. A mineradora selecionada aportará entre US$ 120 milhões e US$ 170 milhões, na construção da planta de fosfato. Os US$ 20 milhões restantes serão investidos pela INB.

VALOR ECONômICO

Empresários querem abertura para explorar urânio

Empresários do setor mineral querem a flexibilização do monopólio de urânio.

“O Brasil deve reaver o monopólio estatal de urânio porque a visão existente ainda é a do tempo do regime militar”, afirma o pre-sidente da BHP Billiton no Brasil, Sebastião Henrique Ribeiro. Também defendem a ne-cessidade de flexibilizar o monopólio, Jones Belther, diretor de exploração mineral da Votorantim metais, Antenor Silva, da Yamana Gold e murilo Ferreira, CEO da Companhia Vale do Rio Doce.

Para Belther, o País está “perdendo esse bonde” ao deixar de aproveitar os bons pre-ços no mercado internacional. Silva ressaltou não ver nenhum sentido no monopólio estatal de minérios nucleares, inclusive porque não se conhece o potencial de urânio no País. Ferreira, por sua vez, revela que a Vale tem interesse nesse mercado e poderá explorar o minério no Canadá.

O GLOBO

uRÂNIO: Riqueza intocável

Há no mundo um mercado potencial de US$ 12 bilhões por ano ávido por fornecedo-res, mas o Brasil está impedido de disputá-lo. Trata-se da compra e venda de urânio. Nos últimos anos, a demanda internacional cresceu a tal ponto que calcula-se que haja um déficit de cerca de 60 mil toneladas para atender aos interessados, que buscam fontes de energia limpa. Atentas à possibilidade de lucros, as mi-neradoras brasileiras querem uma fatia desse bolo, mas esbarram no monopólio estatal.

Vale vai investir na Austrália

A Vale do Rio Doce manifestou publica-mente interesse em minerar no Brasil. Já que não consegue, vai investir R$ 6,5 milhões para explorar urânio na Austrália. Fonte de energia limpa, a alternativa não polui o ar (como as térmicas), ou inunda grandes faixas de terra (como as hidrelétricas).

“Quando o muro de Berlim caiu, em 1989, acabou a necessidade de os países acumularem grandes reservas de urânio”, diz Luciano Borges, ex-secretário de mi-nas e metalurgia do ministério de minas e Energia.

De acordo com Roberto Esteves, ex-presidente da INB, achar urânio hoje é uma dor de cabeça e, por isso, desde 1982 não se descobre uma grande jazida no País. “Se encontrar o minério, é preciso notificar o governo e nem se é indenizado. muitas vezes, o minerador joga terra em cima, mas em outras, o urânio vem associado a outros minérios, como o ouro e o nióbio, e acaba se tornando um rejeito, que poderia render à empresa uma boa receita”, afirma.

GAZETA mERCANTIL

Especialistas defendem maior utilização do urânio

Um dos temas principais nas discussões sobre a matriz energética mundial é a utili-zação do urânio. E a presença brasileira neste mercado deverá ser, nos próximos 10 anos, uma das mais importantes, segundo estudos das INB. As reservas brasileiras podem che-

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Indústria da Mineração Ano II - nº 11, novembro de 200712

O Brasil é o quarto maior produtor de rochas ornamentais no mundo. Apesar da po-sição destacada na área produtiva, o geólogo Cid Chiodi Filho, da Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas), lembra que ainda há muito a ser feito para que o País consiga alcançar a China no desen-volvimento do parque tecnológico do setor.

Investimentos em tecnologia, segundo pesquisa da Associação, em 2005, possibilitou ao país asiático chegar ao primeiro lugar no ranking mundial em exportação de rochas ornamentais, sendo responsável por 24,7% do mercado mundial. Segundo o geólogo, um dos motivos do avanço chinês é a reprodução do modelo das máquinas italianas, referência no mercado, que passaram a ser fabricadas em larga escala pelos asiáticos. “O que espe-ramos é reconduzir um processo parecido com o da China”, diz.

Os principais produtos exportados pelo Brasil são as chapas beneficiadas e brutas de granito, blocos e ardósia. No mercado inter-no, além dos granitos também se destaca o consumo de mármore.

Segundo Cid, uma das principais metas para os próximos três anos é a divulgação dos produtos brasileiros nos “mercados imobiliários emergentes”, como também a ampliação das exportações de rochas

Brasil x China: investimento em tecnologia faz a diferença

processadas semi-acabadas, principalmente chapas de granito, para o continente asiático e a promoção dos denominados “materiais exóticos” (granitos pegmatóides e pegmati-tos, quartzitos coloridos, rochas de derivação vulcânica, jaspes).

transações comerciais devem movimentar uS$ 4,1 bi

As rochas ornamentais brasileiras têm atraído cada vez mais a atenção do mercado externo. Seja pela diversidade, exotismo ou beleza, o setor aumentou em 16% as tran-sações comerciais (negócios relacionados às exportações, importações, máquinas, equi-pamentos e serviços), em 2006, alcançando US$ 3,6 bi. O número é resultado de um faturamento de US$ 1,045 bi nas vendas de rochas brutas e processadas para o exterior. Já no mercado interno, as rochas ornamentais registraram vendas de US$ 2,6 bi. A meta, de acordo a Abirochas, é que o crescimento chegue a US$ 4,1 bi, em 2007.

No campo das exportações, o movimento de rochas apresentou variação positiva de 32%, em 2006. A previsão para este ano é que as vendas para fora do País cresçam no máxi-mo 10%, devido a uma certa desaceleração do mercado imobiliário norte-americano. A expectativa para 2007 é que as exportações do Brasil atinjam US$ 1,2 bilhão.

Setor de Rochas Ornamentais amplia oferta de emprego

A Abirochas revela que o número de em-pregos diretos e formais no setor aumentou 500% no Brasil, entre 1980 e 2000. Atual-mente, estima-se 141 mil postos de trabalho em todas as etapas do processo produtivo.

Na região de Cachoeiro de Itapemirim – sul do Estado do Espírito Santo – o setor experimentou um forte crescimento a partir de 1990. Em 15 anos, houve mudança signi-ficativa no processo de gestão de empresas e no tipo de mão-de-obra utilizada. Antes, tudo era centralizado. Uma pessoa só chegava a fazer tudo: comprar, vender, efetuar paga-mentos, planejar e participar da produção. Hoje, os processos são normatizados.

mesmo diante de números positivos, o se-tor de rochas ornamentais reclama a carência de mão-de-obra qualificada.

núMEROS dO SEtOR dE ROChAS ORnAMEntAIS

• No Brasil, existem 12 mil empresas nas diversas eta-pas da cadeia produtiva. Destas, 1,2 mil empresas são do Espírito Santo.

• O Estado do Espírito Santo é o maior exportador brasileiro de rochas ornamentais, respondendo com 65%, só em 2006, e 62% em 2005. Em seguida, está minas Gerais, representando 20% em 2005, e 17,8% em 2006.

• Espírito Santo: foram US$ 679, milhões de vendas para o exterior, em 2006, contra US$ 490 milhões em 2005, um crescimento de 38,7%.

• Até julho deste ano, foram US$ 420 milhões em exportações no Estado capixaba.

• Previsão para o Estado do Espírito Santo em expor-tações, em 2007: US$ 720 milhões.

• A previsão dos empresários capixabas é alcançar US$ 1 bilhão de exportações até 2008.

• O município que mais se destaca no País e no Espírito Santo é Cachoeiro do Itapemirim que tem o maior parque industrial de rochas ornamentais do Brasil, além de maior reserva de mármore.

• minas Gerais: foram exportados US$ 185,4 milhões, em 2006, contra US$ 142,9 milhões, em 2005.

• Previsão para o Estado de minas Gerais em expor-tações, em 2007: US$ 264 milhões

Resultado do trabalho em rochas ornamentais: peça em três dimensões

Exemplo de acabamento de bordas

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Indústria da Mineração - Edição EspecialAno II - nº 11, novembro de 2007 13

O último levantamento sobre a potên-cia mineral acaba de ser divulgado. Há 15 anos, o estudo Policy Potential Index da entidade americana Fraser Institute faz a constatação sobre tal índice. Neste ano, revelou-se que o Brasil é o País com maior potencial mineral do mundo, numa escala de 98 em 100.

Segundo a entidade, o potencial brasi-leiro supera o de outras áreas importantes em mineração, como Canadá (incluindo Quebec e Ontário, que tiveram índice 97), Estados Unidos (Alasca, também com 97), e Austrália (a região oeste do país teve índice 97 e a norte 96).

Em outro estudo, o Metal Economics Group, outra entidade que acompanha o setor verificou que o Brasil aumentou a fatia nos investimentos globais em explo-ração mineral, de 3% para 4%, ficando no mesmo nível de países com potencial mineral semelhante, como Austrália, Canadá e África do Sul. E o percentual pode crescer ainda mais. Nos últimos dez dias, empresas como a Vale do Rio Doce, Votorantim e Alcoa anunciaram aportes superiores a US$ 40 bilhões no setor nos próximos cinco anos, os mais altos da história.

Em 2008, a Vale planeja investir mais de US$ 7,5 bilhões em minerais ferrosos e não ferrosos, além de alumínio. E nos pró-ximos cinco anos, a Votorantim pretende aplicar US$ 6 bilhões na mineração.Com informações da mídia brasileira

dnPM lança novos aplicativosO Departamento Nacional de Produção

mineral (DNPm) deu mais um passo no Pro-jeto de modernização, iniciado em 2003. Durante a EXPOSIBRAm 2007 foram lan-çados três novos aplicativos, que têm como objetivo utilizar a tecnologia como aliada nos processos da entidade.

Um dos aplicativos lançados foi o pré-re-querimento eletrônico versão 2.0, um sistema via Internet responsável pela coleta de dados contidos nos requerimentos preenchidos pelo minerador, para a obtenção do direito minerário. O novo sistema também agilizará as solicitações de produtos e serviços oferecidos pelo DNPm.

Outro aplicativo é o Cadastro mineiro (CADmIN WEB), que tem como foco o controle e gerenciamento do processo de mineração. Por meio dele é possível realizar

o cadastramento, atualizar e manter dados técnicos legais e informações individuais de dados de Pessoa Jurídica e Pessoa Física.

O Sistema Georreferenciado (SIGÁreas), mais um lançamento, permitirá o cruzamento do conjunto de informações do CADmIN WEB com dados geográficos, a fim de facilitar o estudo das áreas de minério.

De acordo com o diretor geral do DNPm, miguel Nery, os novos aplicativos foram lança-dos por conta de uma visão política estratégi-ca do DNPm, já que o Brasil se destaca como grande reserva mineral no mundo.

“O setor mineral está aquecido e o preço das commodities quadruplicou nos últimos anos. Isso redirecionou os fluxos de investi-mento”, explica Nery.

Agamenon Dantas, presidente da CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Geológico do Brasil discursa no Pavilhão Brasil

Mina desativada serve como laboratório geológicoO fechamento de uma mina não deve resultar no fechamento da cava, não se deve jogar terra e não se deve

plantar nada no local, salvo quando uma bancada for instável, defende o pesquisador do Centro de Tecnologia mineral (CETEm), Roberto Cerrini Villas Bôas. “Trata-se de um verdadeiro patrimônio geológico” diz.

“Nos Estados Unidos, uma mina acaba de ser transformada em um laboratório de lavra subterrânea. Onde nós temos isso aqui no Brasil?”, questiona. “Temos que usar nossa capacidade criativa”.

Sobre as questões de sustentabilidade ambiental, Villas Bôas avalia que a partir da década de 70 a indústria mineral passou a ter uma postura mais aberta. “Desde então, as empresas começaram a pagar pelos danos causados. A indústria recente minimiza os passivos”, comemora.

Brasil é maior em potencial mineral do mundo

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Indústria da Mineração Ano II - nº 11, novembro de 200714

A Rio Tinto (associada ao IBRAm) anun-ciou, em seu estande na EXPOSIBRAm 2007, investimentos e projetos destinados à expan-são da empresa no Brasil. Estiveram presentes, na ocasião, o presidente da companhia no País, Andy Connor, e o diretor de relações externas, Eduardo Rodrigues.

No estande, os visitantes encontraram folders e vídeos sobre a ampliação da ca-pacidade da mina de minério de ferro da empresa em Corumbá (mS), que deverá passar dos atuais 2 para 15 milhões de tone-ladas/ano até 2014, e a constituição da infra-estrutura do projeto siderúrgico idealizado para a região. Ambos os empreendimentos encontram-se em fase de licenciamento ambiental. A geração de empregos, renda, diversificação da base econômica regional e maior retorno em arrecadação tributária no

Anglogold Ashanti: segurança e qualidade ao longo de 170 anosQuando, em 1834, a inglesa Saint John Del

Rey Mining Company transferiu as atividades para Nova Lima, nos arredores de Belo Hori-zonte, seus proprietários vislumbraram ali uma grande oportunidade de crescer com a riqueza da mina de morro Velho. Pouco tempo depois, aquele seria reconhecido como o empreendi-mento mais lucrativo da Inglaterra na América Latina no século XIX. Hoje, o local é explorado

cânicos de alta tecnologia que evitam esse contato”, relata Lopes.

Os números da Anglogold mostram o re-sultado deste zelo. A taxa de acidentes com afastamento do trabalho caiu de um índice de 45,85 ao ano de 1989 para 2,22 em 2007. O motivo foi a implantação, em 1991, do Programa de Prevenção de Perdas. “Os acidentes caem, enquanto a produtividade sobe”, comemora o coordenador.

Expansão

O complexo industrial de Queiroz, em Nova Lima, passou recentemente por um processo de expansão que pode ser consi-derado modelo para o setor. motivo básico: planejamento bem-estruturado para manter a produtividade, ao mesmo tempo em que reformulações substanciais eram feitas na planta. A idéia da Anglogold era dobrar mais a capacidade de produção: meta atingida com sucesso.

O investimento somou R$ 100 milhões Apenas com as áreas de projeto e enge-nharia foram consumidas mais de 47 mil horas de trabalho. A conclusão, em 2007, levou 16 meses.

Rio tinto divulgou planos de expansão no Brasil na EXPOSIBRAM 2007

pela maior produtora mundial de ouro: a An-glogold Ashanti (associada ao IBRAm).

Durante o 12º Congresso Brasileiro de mineração, o coordenador de Segurança do Trabalho da mineradora, Gilmar Dieguez Lopes conta, como era o trabalho nas minas numa época bem distante:

“O ambiente, nos primeiros momentos da atividade, era inóspi-to. A afirmação pode ser sustentada por alguns motivos, como o fato de o calor aumentar à medida em que os mineiros buscavam o ouro em profundidades maiores e, tam-bém, de o ar inalado ser repleto de partículas prejudiciais à saúde. Esta época ficou para trás.”

Várias mudanças foram im-plementadas ao processo, em grande parte pela absorção de tecnologias, ainda que de apa-rente trivialidade. “Antes os trabalhadores usavam panos mo-lhados sobre o rosto, pensando que isso evitava a inalação de partículas nocivas, o que não ocorria. Hoje temos filtros me-Anglogold Ashanti na EXPOSIBRAM 2007

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mato Grosso do Sul são alguns dos benefícios mencionados para Corumbá.

Na visão da Rio Tinto, a magnitude da atual edição da Exposição representa a rele-vância brasileira no cenário latino e mundial de mineração. Os esforços para discutir de forma transparente e democrática as próximas etapas da evolução do setor foram ampla-mente alcançados.

“Estamos orgulhosos de participar do evento. São notórios os resultados em curto prazo apresentados pelo IBRAm em promo-ver política mineral legítima, obtendo das esferas governamentais a atenção condizente à grande contribuição da indústria da mine-ração brasileira ao país. Já verificamos uma participação de 37,5% do setor na composi-ção do PIB”, menciona Andy Connor.

O progresso da indústria de mineração em várias esferas de atuação – co-mercial, meio ambiente, res-ponsabilidade social, recursos humanos – estão entre os fato-res observados por Rodrigues como importantes para o crescimento do setor neste milênio. “Vive-mos um ciclo evolu-tivo em escala global. As grandes empresas estão preocupadas em promover po-líticas sustentáveis no contexto das responsabilidades corporativas”, analisa.

Presidente da Rio Tinto no Brasil, Andy Connor

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Indústria da Mineração - Edição EspecialAno II - nº 11, novembro de 2007 15

De casas populares a arranha-céus, de ruas a rodovias interestaduais. Impossível dissociar qualquer dessas obras de elementos tão básicos como a areia, britas e cimento. Não à toa esses insumos, chamados pela indústria da mineração de “agregados”, são responsáveis pela movi-mentação de R$ 3,7 bilhões anuais e criação de 65 mil empregos diretos no Brasil, conforme relatório de 2006 do Departamento Nacional de Produção mineral (DNPm). Pelo fato de os agregados serem essenciais à construção de obras públicas, entre diversos outros fins, o consumo tem relação direta com o Índice de Desenvolvimento Humano de um país. O fato alerta os especialistas, pois números mostram que o consumo no Brasil ainda é bem inferior ao de países desenvolvidos, o que revela déficits habitacionais e estruturais.

Segundo dados de pesquisa da Anepac – Associação Nacional de Entidades de Pro-dutores de Agregados para Construção Civil (associada ao IBRAm), o Brasil consumiu 397 milhões de toneladas de agregados minerais em 2006. No mesmo período, os Estados Unidos registraram consumo de 2.950 milhões de toneladas e a União Européia, de 3.200 milhões de toneladas. O consumo per capita brasileiro ficou em 2,2 milhões de toneladas, contra 7,8 milhões dos norte-americanos e 10 milhões dos europeus.

“Esses dados estão intimamente ligados à qualidade de vida e à infra-estrutura do País”, afirma um dos autores da pesquisa, Fernando mendes Valverde, geólogo e diretor-executivo

Consumo de agregados minerais revela déficits estruturais do BrasilIndústria, responsável pela criação de 65 mil empregos diretos e pela movimentação de R$ 3,7 bilhões anuais, revela que consumo per capita dos insumos, como areia, cimento e brita é quase cinco vezes menor que o de países da União Européia

da Anepac. Para se ter uma idéia, em uma habi-tação popular de 50 metros quadrados gasta-se em média 68 toneladas de agregados. Em uma obra mais complexa, como a construção de linhas de metrô, esse total chega a 58 toneladas por quilômetro.

Se a indústria, de um lado, reconhece a importância social, de outro clama por mu-danças por parte do poder público, a fim de que as atividades se tornem menos onerosas. De janeiro de 2001 a agosto de 2007, houve aumento de 79% no custo da produção de agregados, em grande parte devido a aumentos com mão-de-obra e combustíveis, além da alta carga tributária.

Setor têm bons exemplos de gestão ambiental

A indústria da mineração realiza, cada vez mais, medidas de prevenção quanto a danos ambientais. Com a produção de agregados não é diferente. “O uso racional e socialmente res-ponsável é fundamental para a sustentabilidade das mineradoras e para sua aceitação diante da sociedade”, diz Valverde. Ele cita exemplos de revitalização pós-uso de campos de extração de agregados, como a raia olímpica da Cidade Universitária, em São Paulo, e a Ópera de Ara-me, em Curitiba.

“A preocupação ambiental envolve a im-plantação de equipamentos mais limpos em todos os degraus da produção”, afirma Osvaldo Yutaka, co-autor da pesquisa. Isso se deve, tam-bém, a um cenário cada vez maior de restrições legais, uma vez que várias mineradoras extraem agregados de áreas urbanas, diferentemente do que ocorre com extração de ferro e cobre.

Elvira Ciacco Dias, coordenadora de Estu-dos Ambientais da multigeo, observa que, se comparados com os impactos ambientais de outras atividades minerais, os da extração de agregados ganham dimensão reduzida. Segun-do ela, é preciso que as mineradoras estreitem relação com as comunidades localizadas nas proximidades de suas obras.

Produção de agregados para a construção civil cresceu 8% em 2006

Segundo a Anepac, a produção de agre-gados para a construção civil cresceu 8%, em 2006, no Brasil. Um dos motivos do aumento da demanda destes produtos é devido, princi-palmente, à recuperação da malha viária (reca-peamento e revitalização urbana) do estado de São Paulo. O Rio de Janeiro também contribuiu para este resultado: o crescimento vertiginoso, na ordem de 20%, se deve às obras realizadas para os jogos Pan-Americanos.

Dados revelam que, em 2006, foram pro-duzidos 358 milhões de toneladas de agregados contra 331 milhões de toneladas, no ano ante-rior. Deste total, 146 milhões de toneladas são de pedra britada e 212 milhões de toneladas correspondem à areia. O estado de São Paulo continua líder na produção com 39%, em 2006. Em seguida, estão minas Gerais (11,5%), Rio de Janeiro (9,2%), Paraná (6,5%), Rio Grande do Sul (4,2%) e Santa Catarina (3,5%).

AnOSAgREgAdOS

AREIA BRItA tOtAL

1996 159.038.656 95.984.080 255.022.736

1997 204.638.192 140.755.571 345.393.763

1998 200.351.070 146.021.733 346.372.803

1999 204.949.917 141.913.214 346.863.131

2000 241.374.107 170.267.050 411.641.157

2001 243.522.861 163.613.051 407.135.912

2002 241.061.544 161.045.896 402.107.440

2003 215.814.978 143.160.046 358.975.024

2004 205.990.907 156.387.022 362.377.930

2005 196.000.000 135.000.000 331.000.000

Evolução da Produção de Agregados para Construção Civil

(1996 – 2005 ) – ANEPAC - (em toneladas)

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AgREgAdOS nO BRASILPRInCIPAIS MERCAdOS EStAduAIS – 2006

4% Rio Grande do Sul

40% São Paulo

11% minas GeraisRio de Janeiro 9%

Paraná 7%

Santa Catarina 4%

Outros 25%

Fonte: DNPM/Sumário

Mineral 2007

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Quando se paga por um bem, a consciência do seu valor vem à tona e se torna efetivamente visível. Este é o princípio que rege e justifica a cobrança pelo uso da água, instituída pela Lei 9.433/97, e que a definiu como um dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos. A avaliação é de Thadeu Thomas, especialista em recursos hídricos da Agência Nacional das Águas (ANA). Junto a isso, a Lei 9984/2000 atribuiu à agência competência para implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográ-fica, a cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio da União.

“A cobrança é um incentivo ao uso cons-ciente e racional; reeduca o usuário, já que ele passa a considerar seu uso com base numa análise real de necessidade. Nossas pesquisas comprovam que o consumo cai radicalmente quando há cobrança”, comenta Thomas.

No País, as bacias dos rios Paraíba do Sul, responsável pelo abastecimento de metade do estado de São Paulo, e o conjunto de rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) já têm a cobrança implementada, somando 32 usuários cadastrados nas duas regiões. A arrecadação entre os anos de 2004 e 2007 chegou a R$ 27.628,51, revertidos em financiamento de ações para a recuperação das bacias, segundo determinação dos Comitês de Bacia Hidrográ-fica, que são, segundo o analista, os organismos competentes para decidir quanto, onde e o porquê de se investir em cada bacia específica. “Nos comitês estão as pessoas diretamente ligadas às bacias, conhecem a necessidade e a realidade de cada região”, completa.

A partir deste ano, a cobrança na bacia do rio Paraíba do Sul passou a incidir sobre todas as atividades do setor de mineração que, entre outros setores, participou e concordou com a resolução da ANA que instituiu valores e regimentos que norteiam a cobrança.

Cobrança gera utilização consciente da águaA medida é uma forma de reeducação do usuário. Pesquisas da Agência Nacional de Águas revelam

que ao cobrar pelo uso da água, o consumo cai radicalmente

Pagando entre R$ 1,80 e R$ 2,05 por m3 de areia produzida, o impacto anual no acréscimo médio de custo de produção foi menor que 1%, o que, segundo Thomas, foi bem aceito pelas mineradoras. Nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, a cobrança já abrangia todas as atividades de mineração em 2006. No setor, existem três usos especi-ficados: extração em leito, extração em cava e desmonte hidráulico de solos, e, nos três processos, o uso da água é imprescindível, o que justifica a cobrança e o incentivo ao uso consciente.

Ainda segundo o especialista, ao longo dos anos, já foram arrecadados 50 milhões de reais nas duas bacias e mais de 100 ações de recupe-ração foram efetivadas ou estão em curso.

Dados da ANA, na esfera estadual, mos-tram que atualmente 24 estados e o Distrito Federal já aprovaram leis sobre Política e Sis-tema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que incluem a cobrança pelo uso dos recursos hídricos como instrumento de gestão.

“A participação das mineradoras das bacias no processo de regularização de usos e na cobrança sinaliza a preocupação e o compro-metimento do setor com a política nacional dos recursos hídricos”, conclui o analista.

Mineradoras estão mais conscientes quanto ao uso da água

Desde a criação do Programa Especial de Recursos Hídricos pelo IBRAm, notou-se que a água tem sido usada de forma mais racional pelas empresas mineradoras. A idéia agora é criar uma cartilha com os pontos mais impor-tantes da relação mineração - água.

Desde a instalação do programa, várias mi-neradoras instituíram internamente seus próprios

programas de gestão de Recursos Hídricos”, diz a engenheira civil, especializada em Recursos Hídricos, Patrícia Boson.

No final do ano passado, em parceria com a Agência Nacional de Águas, o IBRAm lançou o livro “A Gestão de Recursos Hídricos e a mineração”. A obra reúne trabalhos de mais de 40 profissionais vinculados à atividade, com exemplos de empresas que utilizam racional-mente a água em atividade mineral e casos de gestão e manejo adequado da água.

Confira abaixo alguns casos:

ÁguA COMO SIStEMA dE tRAnSPORtE

Este tipo de transporte é praticado pela Samarco mineração (associada ao IBRAm), desde 1979, por meio do mineroduto, uma espécie de tubo de 400km que liga mariana (mG) à Ponta de Ubu (ES). Em 2004, foram transportadas 15 milhões de toneladas em polpa com 70% de sólidos, o que significa um volume de água transportado de 6 milhões de m3/ano. Existem também outros minero-dutos, nas minerações de fosfato em minas Gerais e nas minerações de caulim no Pará.

gEStãO dE RECuRSOS hÍdRICOS dA COMPAnhIA vALE dO RIO dOCE

A Vale do Rio Doce utiliza água em todas as operações. Os valores mais expressivos de con-sumo ocorrem nas usinas, onde a água é utili-zada para tratamento de minérios, resfriamento etc. A água tem usos para consumo humano, transporte de minérios e lavagens de equipa-mentos e peças, consumindo em 17 unidades operacionais um total de 137 milhões de m3/ ano, que equivalem ao consumi médio anual de uma cidade de 1.5000.000 habitantes.

A Gestão de Recursos Hídricos da Vale é um dos focos de atenção da empresa. A água atua como insumo de absoluta relevância para os processos industriais da empresa.

Poço – Sistema de Checagem – Reinjeção na mina de cobre a céu aberto (Sevilha-Espanha)

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Drenagem na mina subterrânea de cobre da Konkola (Zambia), da Konkola Copper Mine

O Programa Especial de Recursos Hídricos do IBRAM estabelece o uso consciente da água

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Indústria da Mineração - Edição EspecialAno II - nº 11, novembro de 2007 17

O IBRAm aprovou a criação do Pro-grama Especial de Saúde e Segurança do Trabalho na mineração. A previsão é que até o final do ano o programa esteja em operação. mas para isso é preciso maior adesão das mineradoras.

O objetivo do programa é diminuir o número de acidentes de trabalho do setor por meio da implantação de uma série de medidas, como treinamento e intercâmbio; e, ainda, a criação de um banco de dados das melhores práticas da mineração, que guiarão os programas de prevenção.

O setor mineral vem lidando com a dura realidade de ser o líder das taxas de mortali-dade no País, à frente de outros setores como transporte terrestre e construção. Tal realidade contrasta com o que a mineração vem de-monstrando nos últimos anos, especialmente quanto à liderança na balança comercial.

Para o coordenador do programa e também diretor de Assuntos Ambientais do IBRAm, Rinaldo mancin, a última reunião para tratar sobre o assunto, realizada em setembro, mostra que a nova iniciativa “está começando a ganhar corpo”.

“Cresce a cada dia no nosso setor a noção de responsabilidade social das empresas,

Programa Saúde e Segurança do trabalho do IBRAM quer aumentar

adesão de mineradorasO Programa do Instituto nasceu do interesse de dez empresas. Mas para diminuir o número de acidentes de trabalho na mineração por

meio de uma série de medidas é preciso maior adesão

ficando evidente que novas abordagens devem ser incorporadas nas estratégias de governança corporativa, o que certamente passa pelas políticas de sustentabilidade, saú-de e segurança. Assim, bons indicadores no campo da saúde e segurança são estratégicos, refletindo até no rating das empresas para a captação de recursos”, afirma mancin.

Programa será referência

O programa – que é uma proposta por adesão solicitada inicialmente por dez em-presas – disseminará o intercâmbio de boas práticas entre as empresas mineradoras no Brasil como a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável.

“Trata-se de uma Iniciativa voluntária do setor de mineração no Brasil e que incluirá, não somente as grandes empresas de mineração, mas também as menores”, afirma mancin.

O dirigente afirma que “o programa está sendo criado para ser uma referência nacional em Saúde e Segurança do Trabalho, com a finalidade de contribuir para reverter os in-dicadores que hoje são negativos ao setor de mineração, especialmente no segmento nas pequenas e médias empresas”.

A idéia é também incentivar a participação de todas as mineradoras, independentemente do porte e sistema de gestão, com adesão voluntária ao programa.

“Literalmente, precisamos de um progra-ma como este. É preciso uma mudança am-pla. É uma questão setorial”, diz Jorge Soto, Diretor do Departamento de Saúde e Segu-rança da Companhia Vale do Rio Doce.

O Programa prevê um investimento de US$ 700 mil nos três primeiros anos de implantação.

Ano Acidentes doenças trajeto

2003 2.300 148 130

2004 3.396 159 210

2005 4.215 221 251

Evolução de Acidentes e Doenças (através das CATs), Brasil, 2003 a 2005, indústria extrativa mineral.

Anuário Brasileiro Proteção, Dataprev, Acidentes Registrados por Motivo Segundo o Setor de

Atividade Econômica, 2003-2005.

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Indústria da Mineração Ano II - nº 11, novembro de 200718

Não é à toa quando falam que uma ima-gem vale mais do que mil palavras. A foto da primeira turma de estagiários da Alunorte – Alumina do Norte do Brasil, localizada em Barcarena, no Pará, a 40 km de Belém, é prova disso. Os trabalhadores, extremamente felizes, viriam a ser os estreantes da maior empresa produtora de alumina no mundo, que abriu as portas em 1995.

Um ano antes, algumas pessoas de dife-rentes partes do País, foram escolhidas para gerentes operacionais da então futura Alu-norte. E foi em Ouro Preto (mG), em uma refinaria de alumina (produto obtido a partir da refinação da bauxita) da Alcan, que tudo começou em junho de 1994. Ali mais uma família se formava.

Curso concluído. Todos rumo à vila operária – moradia oferecida pela empresa – que há 13 anos estava nascendo e não tinha muito a oferecer. Adauto Cardoso, 48 anos, especialista de processo elétrico e instrução da empresa, lembra que existia uma padaria e farmácia, além da escola que, na opinião dele, foi excelente para os três filhos: hoje, um é fisioterapeuta, outro médico e uma futura advogada.

“Tudo era muito arcaico e maravilhoso. Estabelecemos cumplicidade entre as famílias. Lembro-me que uma vez ajudei a tirar uma jibóia de dois metros que estava enrolada na grade da garagem de um vizinho, impedindo a passagem dos moradores”, conta.

Adauto trocou minas Gerais pelo Pará e garante que não trocará o Norte por nada neste mundo. Ele se acostumou desde o início com o local, ao contrário de muitas famílias que tive-ram que voltar às origens por não tolerar o ca-lor, a umidade, os mosquitos e a alimentação. “Quando não conseguia dormir por causa do

homenagem a quem faz história...Esta reportagem foi produzida

especialmente para aqueles

que fizeram parte dos primeiros

passos da Alunorte, localizada

em Barcarena, no Pará

calor, eu levantava, tomava banho para depois continuar o sono. Era engraçado e diferente de minas. marcávamos os compromissos antes ou depois da chuva”, lembra.

O maranhense Paulo Urubatan Costa, 49 anos, técnico em metalurgia e segurança e saúde do trabalho, deixou São Luis e seguiu para o Pará. Nascido sob o signo de peixes, a capacidade de sonhar é marca registrada. E foi justamente este sentimento que motivou Paulo a arrastar três filhos e esposa para a vila em Bar-carena. “Sinto-me orgulhoso em fazer parte da equipe e ter sido um dos primeiros funcionários da Alunorte. Aprendemos muito em Ouro Preto e passamos a conhecer o processo bayer de refinaria da alumina”, diz.

“juntar as panelas”

A vida na vila operária poderia render um belo enredo de novela ou, quem sabe, uma música ou coleção de idéias para crônicas de Luís Fernando Veríssimo. Pedir emprestado um pouco de açúcar para o vizinho é um fato coti-diano (pelo menos antigamente), mas que não se compara ao procedimento de tirar jibóias

O Brasil é o segundo maior produtor de alumina no mundo, com 9,221 milhões de toneladas por ano. Está atrás da Austrália que produz anualmente 19, 250 milhões de toneladas do minério. No País, ainda há espaço para crescimento devido às grandes reservas de bauxita.

Paulo é o que está abaixado e Adauto, logo atrás, em pé.

do caminho para a família passar.

Aos domingos, o almoço alternava: cada dia era na casa de um funcionário. Ou então, as famílias “juntavam as pane-las” e iam à praia de água doce a 6 km de Barcarena. Quando batia uma saudade da cidade grande, pega-vam a balsa e em 40 minutos percorriam o trajeto Barcarena- Be-lém. Adauto diz que de vez em quando levavam as crianças para “tomarem ba-nho” de shopping.

E era assim. As pessoas eram muito próxi-mas na vila em 1994. As histórias que aconte-ciam lá pareciam ser muito mais antigas, talvez da década de 60.

Números comprovam o sucesso

Quando iniciou as atividades, a Alunorte produzia 900 mil toneladas de alumina por ano, um aumento de 400% comparado ao atual registro de 4,4 milhões de toneladas. A empresa, maior produtora mundial, representa uma boa fatia das 6 milhões de toneladas anuais de todo o País.

A estimativa é que, com a terceira expan-são da empresa, o número aumente para 6,2 milhões de toneladas, em julho de 2008. “Hoje temos cinco linhas de produção. No próximo ano, pularemos para sete”, come-mora Paulo.

Em 1995, a paraense empregava 460 pessoas em sua usina. Este número triplicou. Agora, mais 1.600 trabalhadores fazem parte das operações.

Alunorte