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Opinião José Aires José Rodrigues Mecatrónica CINFOTEC vai ‘ceder’ técnicos à Polícia Nacional P12 Gegê Kwia Bew “Tornei-me no artista infantil mais caro do País” P35 Prémio Maboque de melhor Órgão de Comunicação Social de Angola 2013 Prémio Sexta-feira, 19 de Junho de 2015 | Número 324 | Director Carlos Rosado de Carvalho | Preço 500 Kz | www.expansao.co.ao PUB PUB BFA Net Entre no BFA Net e Click Pague os seus impostos num Click BFA Net, click e já está. PUB Inflação com maior aumento desde Setembro de 2010 Em Maio, o custo de vida em Luanda encareceu 1,2% em termos mensais e 8,9% em termos anuais. A inflação homóloga acelerou 0,7 pontos percentuais, sendo necessário recuar até Setembro de 2010 para encontrar um aumento tão acentuado. Analistas receiam que ritmo de crescimento dos preços volte aos dois dígitos | P28 PASSOU DE 8,2% EM ABRIL PARA 8,9% EM MAIO Angola estende os braços à China e relança cooperação com Portugal |PAGS 2 a 8 5 de Angola 2013 SEGUNDO O MINISTRO DA CONSTRUÇÃO Governo quer jovens sem ocupação a ajudar a recuperar infra-estruturas rodoviárias |P29 PCA REFORMA-SE Maria Luísa Abrantes deixa ANIP após conclusão da nova sede |P14 NELSON PESTANA, INVESTIGADOR SOCIAL “A inflação do ano e a acumulada vão continuar a corroer os salários dos angolanos |P24 Boa parte da Oposição critica o secretismo em torno dos negócios sino-angolanos. Expansão ensaia o ABC possível desta relação | P2 Luanda recebe, terça-feira, o I Fórum Empresarial Angola-Portugal, onde vai ser oficializado o Observatório do Investimento bilateral | P6 6,9 7,0 7,1 7,2 7,5 7,5 7,5 7,4 7,7 7,9 8,2 8,9 jun-14 Mai-15 PARCERIAS

Inflação com maior aumento desde Setembro de 2010 · tal como aconteceu em muitos paí-ses na Europa. ... ao abrigo de contratos de construção e prestação de serviços 0 1000

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Opinião José Aires José Rodrigues

Mecatrónica CINFOTEC vai ‘ceder’ técnicos à Polícia Nacional P12

Gegê Kwia Bew “Tornei-me no artista infantil mais caro do País” P35

Prémio Maboque de melhor Órgão deComunicação Social

de Angola 2013

Prémio Superbrands Angola 2013

Sexta-feira, 19 de Junho de 2015 | Número 324 | Director Carlos Rosado de Carvalho | Preço 500 Kz | www.expansao.co.ao

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BFA Net

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Inflação com maior aumento desde Setembro de 2010Em Maio, o custo de vida em Luanda encareceu 1,2% em termos mensais e 8,9% em termos anuais. A inflação homóloga acelerou 0,7 pontos percentuais, sendo necessário recuar até Setembro de 2010 para encontrar um aumento tão acentuado. Analistas receiam que ritmo de crescimento dos preços volte aos dois dígitos | P28

P A S S O U D E 8 , 2 % E M A B R I L P A R A 8 , 9 % E M M A I O

Angola estende os braços à China e relança cooperação com Portugal |PAGS 2 a 8

5

de Angola 2013

SEGUNDO O MINISTRO DA CONSTRUÇÃO

Governo quer jovens sem ocupação a ajudar a recuperar infra-estruturas rodoviárias |P29

PCA REFORMA-SE

Maria Luísa Abrantes deixa ANIP após conclusão da nova sede |P14

NELSON PESTANA, INVESTIGADOR SOCIAL

“A inflação do ano e a acumulada vão continuar a corroer os salários dos angolanos |P24

Boa parte da Oposição critica o secretismo em torno dos negócios sino-angolanos. Expansão ensaia o ABC possível desta relação | P2

Luanda recebe, terça-feira, o I Fórum Empresarial Angola-Portugal, onde vai ser oficializado o Observatório do Investimento bilateral | P6

6,9 7,0 7,1 7,27,5 7,5 7,5 7,4

7,77,9

8,2

8,9

jun-

14

Mai

-15

P A R C E R I A S

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2 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

PARCERIAS

FRANCISCO DE ANDRADE*

Alguns partidos da Oposição com assento no Parlamento, ouvidos pelo Expansão a propósito da re-cente visita de Estado efectuada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, à China, não vêem com bons olhos os moldes em que se desenvolvem as relações comerciais entre os dois países, considerando que são “pouco transparentes”.

Lindo Bernardo Tito, vice-pre-sidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), diz que, na perspectiva da sua formação polí-tica, a cooperação financeira com a China põe em causa as normas constitucionais que conferem o poder de autorização para contrair dívida à Assembleia Nacional.

O deputado explicou que, nos termos da Constituição, existem dois tipos de dívidas: a flutuante,

que resulta de financiamentos para realização de programas ins-critos no Orçamento do respectivo ano civil, e a fundada, que não tem incidência no Orçamento em que é contraída. Ambas, realçou, care-cem de autorização da Assembleia Nacional.

“Olhando para a lei que aprova o Orçamento Geral do Estado (OGE) 2015 Revisto, há uma nor-ma que autoriza o titular do poder executivo a contrair empréstimos externos. Só que esta não está em consonância com a norma consti-tucional que diz que, quando é con-cedida uma autorização para con-trair dívida fundada, têm de ser de-finidos os limites do aval a conce-der e as condições gerais da dívida. Infelizmente, a norma do OGE não define nada disto”, lamenta Lindo Bernardo Tito. “Isto permite, hoje, que haja a tal especulação sobre as garantias oferecidas pelo Estado angolano à China”, acrescenta.

Considerando o montante da dí-vida que acaba de se contrair, “que se especula situar-se entre 25 mil milhões USD e 50 mil milhões

USD”, refere o político, pode afir-mar-se que, pelo que se conhece, as necessidades de financiamento com recurso ao endividamento ex-terno no OGE 2015 Revisto são in-feriores.

Isto, prosseguiu, exige de quem tem a necessidade de realizar pro-gramas de natureza económico-fi-nanceira explicações aos parla-mentares, sobre onde residem as necessidades para que estes pos-sam ou não autorizar.

Fazendo cálculos com base numa dívida estimada em 25 mil milhões USD, o vice-presidente da CASA-CE avança que o valor cor-responde a 25% do Produto Inter-no Bruto (PIB) nacional, avaliado em pouco mais de 100 mil milhões USD.

“Em muitas ocasiões, tem-se discutido que a nossa dívida, fun-damentalmente externa, está sob controlo. Não posso precisar agora os dados do acumulado da dívida, porque não tenho neste momento os elementos estatísticos, mas tudo aponta que começamos a ir para a ‘linha vermelha’ dos 60%, e

qualquer país que esteja endivida-do a este nível começa a ir na rota da falência. Teremos apenas 40% do diferencial do nosso PIB com-parativamente à dívida, e isto é pe-rigosíssimo para a economia”, frisa o deputado.

Tito alerta que o caminho que isto indica “é estrategicamente er-

rado”, podendo criar falência do Estado, o que exigirá um resgate, tal como aconteceu em muitos paí-ses na Europa.

UNITA exige transparência Quem também não está satisfeito é Raul Danda, presidente da banca-da parlamentar da UNITA. “Con-sidero que a China é um país im-portante no contexto mundial, e é bom estabelecer relações com to-dos os países, é este o objectivo de Angola. A única coisa que quere-mos é que todas as relações estabe-lecidas com qualquer país sejam relações transparentes”, diz.

Na opinião de Raul Danda, as re-lações com a China não estão a ser transparentes. “Se o presidente Eduardo dos Santos vai estabele-cer relações com a China, e na voz do Ministério dos Negócios Es-trangeiros chinês se fala de confi-dencialidade e de secretismos, isto, à partida já não é bonito”, avisa.

O deputado lembra que a Lei do OGE Revisto, no n.º 4 do seu artigo 3.º, sobre ajustamentos e execução orçamental, estabelece que o Pre-

R E L A Ç Õ E S C O M E R C I A I S

Endividamento do País na China ‘enerva’ Oposição parlamentar Empréstimo solicitado à China pelo Governo ‘atropela’ a Constituição, denunciam deputados da Oposição, que consideram “pouco transparente” a relação comercial existente entre os dois países, agora reforçada com a visita do Presidente da República ao país do sol nascente.

“Seria de bom-tom que os angolanos soubessem todos, por via do Parlamento, quais são as condições de reembolso”

AA carta do pedido de Angola: Na abertura das negociações com o seu homólogo chi-nês, Xi Jinpin, o Presidente da República de Angola, Jo-sé Eduardo dos Santos, enumerou 10 pontos que consi-derou essenciais nas relações entre os dois países. 1 — A obtenção de uma moratória de pelo menos dois anos no pagamento da dívida e concessão de novas li-nhas de crédito, ou ampliação das que já existem;

2 — Envolvimento de empresas em programas de construção de escolas, institutos médios, institutos e escolas superiores e universidades; 3 — Aumento da formação de técnicos e especialistas angolanos na República Popular da China; 4 — Estabelecimento de um programa de reabilitação ou construção de estradas primárias e secundárias; 5 — Estabelecimento de um programa bilateral para o desenvolvimento da produção agrícola e agro-indus-

trial; 6 — Desenvolver conjuntamente parques ou pólos in-dustriais; 7 —Iniciar a construção da Barragem Hidroeléctrica de Caculo Cabaça em 2016 e a do Zenza em 2017 ou 2018; 8 — Definir um programa conjunto para a construção de centrais de captação e tratamento de água potável; 9 — A construção de uma refinaria em Angola; 10 — Continuar a concertação diplomática.

Raul Danda Deputado da UNITA

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 3

Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas da China

Relações comerciais sino-angolanas

Cooperação

Comércio Angola ChinaExportações e importações de Angola para/da China, milhões USD

Importações Exportações

Dez maiores fornecedores da ChinaImportações da China do país, milhões USD

Dez maiores fornecedores de AngolaImportações de Angola do país, milhões USD

0 50 100 150 200

15 Angola

12 África do Sul

Brasil

Suíca

Malásia

Alemanha

Áustralia

EUA

Taiwan

R. P. China

Japão

Rep. da Coreia

0 1000 2000 3000 4000 5000

Reino Unido

África do Sul

EAU

Brasil

EUA

Belgica

Rep. da Coreia

China

Singapura

Portugal

Dez maiores clientes da ChinaExportações da China para o país, milhões USD

Dez maiores clientes de AngolaExportações de Angola para o país, milhões USD

0 50 100 150 200 250 300 350 400

54 Angola

27 África do Sul

Índia

Vietname

Rússia

Reino Unido

Holanda

Alemanha

Rep. Coreia

Japão

EUA

Hong Kong

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

França

Holanda

África do sul

Espanha

Portugal

Canada

Taiwan

Eua

India

China

Dez maiores parceiros da ChinaComércio (Exportações e Importações) da China com o país, milhões USD

Dez maiores parceiros de AngolaComércio (Exportações e Importações) da China com o país, milhões USD

0 100 200 300 400 500 600

29 Angola

54 África do Sul

Brasil

Malásia

Áustralia

R. P. China

Alemanha

Taiwan

Rep. Coreia

Japan

Hong Kong

EUA

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

Rep. da Coreia

Espanha

África do sul

Canada

Taiwan

Singapura

Eua

India

Portugal

China

05000

10000150002000025000300003500040000

20132012201120102009200820072006200520042003200220012000

China em AngolaContratos de construção e prestação de serviços celebrados em Angola por empresas e outras entidades chinesas, milhões USD

010002000300040005000600070008000

20132012201120102009200820072006200520042003

A China no Mundo10 países do mundo com mais contratos de construção e prestação de serviços com empresas e outras entidades chinesas, milhões USD

Trabalhadores Chineses no mundo10 países do mundo com mais trabalhadores chineses ao abrigo de contratos de construção e prestação de serviços

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

Etiópia

Vietname

Paquistão

Nigéria

Indonésia

Argélia

Índia

Arábia Saudita

Venezuela

Angola

0 50000 100000 150000 200000

Coreia

EAU

Vietname

Rússia

Iraque

Arábia Saudita

Argélia

Angola

Singapura

Japão

A China em África10 países de África com mais contratos de construção e prestação de serviços com empresas e outras entidades chinesas, milhões USD

Trabalhadores Chineses em Angola10 países de África com mais trabalhadores chineses ao abrigo de contratos de construção e prestação de serviços

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

Tanzânia

Gana

Congo

Sudão

Zâmbia

Guiné Equatorial

Etiópia

Nigéria

Argélia

Angola

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

Moçambique

Zâmbia

Tanzania

Nigéria

Etiópia

Sudão

Congo

Guiné Equatorial

Argélia

Angola

37,4% China é o principal parceiro comercial de Angola, assegurando quase 40% das trocas comerciais do País com terceiros

Sino--dependência angolana em números

0,9% Angola reprenta menos de 1% das trocas comerciais da China com o estrangeiro

1.635% Aumento das exportações de Angola para a China entre 2000 e 2013. Passaram de pouco menos de 2 mil milhões para quase 32 mil milhões USD

11.649% Aumento das importações de Angola da China entre 2000 e 2013. Passaram de escassos 34 milhões para quase 4 mil milhões USD

1,6% Peso de Angola entre os fornecedores chineses. Os angolanos são o 15.º fornecedor mundial da China e o 2.º maior africano, atrás da África do Sul

sidente da República, enquanto ti-tular do poder executivo, é autori-zado a contrair empréstimos e rea-lizar outras operações de crédito, no mercado interno e externo, para fazer face às necessidades de financiamentos decorrentes dos investimentos públicos e da amor-tização da dívida pública previstos no Orçamento Revisto e a proce-der a ajustes em função do melhor desempenho, tanto do plano anual de endividamento como no com-portamento do preço do barril de petróleo.

Mas também, argumenta, se se olhar para o artigo 162.º da Consti-tuição, sobre a competência do controlo e fiscalização, na sua alí-nea d), lê-se que compete à Assem-bleia Nacional, no âmbito das suas funções, autorizar o Executivo a contrair e a conceder emprésti-mos, bem como realizar outras operações de crédito que não se-jam de dívida flutuante, definindo as respectivas condições gerais e fi-xar os limites máximos doa avales a conceder em cada ano.

“Seria de bom-tom que os ango-lanos soubessem todos, por via do Parlamento, quais são as condi-ções de reembolso. O Presidente da República não tem o direito de hipotecar o País da forma como acha que deve fazer, indo para a China, fazendo a mesma coisa com os Emirados Árabes Unidos, com o Brasil e outros países, pedindo em-préstimos aqui e ali, sem que se sai-bam os montantes e as condições de reembolso”, defende.

Questionado sobre as vantagens dos acordos recém-assinados, o deputado diz estar à espera de que o Presidente da República as reve-le. “Se não sei quais são os termos desta parceria, se não sei que acor-dos estão a ser firmados, não co-nheço montantes de dívidas nem conheço prazos de reembolso, não me é possível saber que vantagens é que Angola pode vir a ter, além do facto de que está a vir dinheiro, mas mesmo assim não se sabe porquê. Será dinheiro para vir para ficar como no ‘caso BESA?’”, questiona.

O Expansão tentou ouvir a reac-ção do MPLA, mas sem sucesso. O deputado Manuel Nunes Júnior atirou a ‘bola’ para o seu colega Diógenes de Oliveira, que, num primeiro contacto telefónico, acei-tou tecer algumas considerações, mas depois deixou de atender as chamadas.

Acordos devem prever qualidade das obras Por sua vez, o economista Lopes Paulo diz esperar que os acordos recém-firmados acautelem as-pectos importantes que o pri-meiro não teve a capacidade de aferir, dado o momento de emer-gência em que Angola o nego-ciou. “Julgo não ser de bom-tom que trabalhos não especializa-dos, como cavar um buraco ou colocar um pavimento num pas-seio, sejam feitos por chinês”, aponta.

Apesar de alguns constrangi-mentos do processo que decorre entre os Estados, que têm que ver com a qualidade e a eficácia de boa parte das infra-estrutu-ras erguidas pelos chineses no país, considera “positivas” as re-lações entre Angola e China.

**Com Carlos Rosado de Carvalho

0,2% Peso de Angola nas exportações chinesas. Os angolanos são o 54.º cliente mundial da China e o 2.º maior africano, atrás da África do Sul

48% Peso da China entre os clientes de Angola. Os chineses são o primeiro cliente de Angola, absorvendo cerca de metade do petróleo nacional.

10% Peso de Angola entre os clientes chineses. Os angolanos são o 54.º cliente mundial da China e o 2.º maior africano, atrás da África do Sul

7,5 mil milhões Valor em USD dos contratos oficiais da China em Angola, o que confirma o País como o maior parceiro da China em termos de cooperação internacional

50.526 Trabalhadores chineses em Angola, ao abrigo dos contratos oficiais celebrados com a China. O número total de chineses em Angola é estimado em mais de 250 mil

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4 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

PARCERIAS

CARLOS ROSADO DE CARVALHO

Quanto é que Angola deve à China? Não existe um valor oficial. De acordo com o último balanço oficial, feito pelo ex-ministro das Finanças, Carlos Alberto Lopes, em Dezembro de 2011, na Assembleia Nacional, “An-gola ainda deve 5,6 mil milhões de dólares dos 9 mil milhões de dólares que a China empres-tou”. Depois disso, não se co-nhece mais nenhum balanço oficial. Segundo a edição do Jornal de Angola de 8 de Junho de 2015, o montante de em-préstimos e linhas de crédito concedidos pela China a Ango-la desde 2004 ronda actual-mente os 15 mil milhões USD.

De onde vem o dinheiro dos empréstimos chineses? As relações financeiras entre Angola e a China pós-Paz são reguladas por um acordo-qua-dro rubricado em 28 de No-vembro de 2003 pelos ministé-rios das Finanças de Angola, e do Comércio Externo e da Coo-peração Internacional da Chi-na. Fontes cruzadas pelo Ex-pansão garantem que o acordo previa uma linha de crédito que podia chegar 10 mil mi-lhões USD até ao final do pe-ríodo de reconstrução. Oficialmente, sabe-se que o MinFin assinou com o Exim-bank da China três acordos de crédito: O primeiro, de 2 mil milhões USD, no dia 2 de Mar-ço de 2004; o segundo, de 500 milhões USD, a 19 de Julho de 2007; e o terceiro, de 2 mil mi-lhões USD, a 28 de Setembro de 2007. Um quarto empréstimo, assinado em Março/Abril de 2005, no valor de 2,9 mil mi-lhões USD, foi “angariado” pelo China Internacional Fund (CIF). Segundo o Min-Fin, o CIF é uma entidade pri-vada constituída em 2005 em Hong-Kong, com o propósito

específico de criar facilidades ou linhas de crédito para fi-nanciar projectos no âmbito do Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN). Existirá ain-da um quinto empréstimo, no valor de 1,5 mil milhões USD, com o Banco de Desenvolvi-mento da China (BDC), cuja data não foi possível apurar, mas é anterior a Dezembro de 2011. Somando os cinco em-préstimos, chegamos a um to-tal de 8,9 mil milhões USD de financiamentos chineses a An-gola até 11 de Dezembro de 2011.

Qual o peso da China no fi-nanciamento de Angola? Segundo o Relatório de Funda-mentação do Orçamento Geral do Estado Revisto 2015, no fi-nal de 2014, a dívida externa de Angola ascendia a 18,3 mil mi-lhões USD. A confirmarem-se os 15 mil milhões USD de em-préstimos chineses citados pelo Jornal de Angola, a China concentra pouco mais de 80% da dívida externa angolana.

Quais as condições dos em-préstimos chineses a Ango-la? Segundo revelou em 2011, na Assembleia Nacional, o ex-mi-nistro Carlos Alberto Lopes, citado pelo site Macauhub, a taxa de juro dos empréstimos é de 1,25% ao ano, e os prazos de amortização variam entre 15 anos e 18 anos no Eximbank, mas não ultrapassam os 9 anos no BDC, com períodos de ca-rência de três anos. Segundo outras fontes, as amortizações são bianuais em Março e Se-tembro de cada ano. Para os primeiros emprésti-mos concedidos pelo Exim-bank, a China exigiu garantias reais, no caso petróleo, mas, no financiamento do BDC, os chineses consideraram sufi-ciente a garantia do Estado an-golano.

As empresas angolanas be-neficiam dos financiamen-tos chineses? Sim, mas não. Os contratos fi-nanciados pela China têm de ser executados por empresas chinesas, e os materiais e equi-pamentos também devem ser chineses. Contudo, os acordos sino-angolanos ‘obrigam’ as empresas chinesas a subcon-tratar empresas angolanas, en-tregando-lhes 30% das em-preitadas. Uma obrigação que não é res-peitada pela parte chinesa. Se-gundo o antigo embaixador chinês em Angola, Zhang Bo-lun, citado em 2011 pelo jornal O País, a “desconfiança” é que faz com que as 50 construtoras públicas chinesas e as 400 so-ciedades privadas radicadas no território angolano não cum-pram com a obrigação de colo-carem 30% de mão-de-obra nacional nas empreitadas.

Como são feitos os desem-bolsos de financiamento? Segundo o MinFin, os desem-bolsos das linhas de crédito da China são feitos através de pa-gamentos directos aos emprei-teiros e aos fornecedores chi-neses. Mesmo os trabalhos lo-cais, ou as subcontratações fei-tas pelos empreiteiros chine-ses, têm de ser pagos a partir dos fundos que recebem do Eximbank como utilização do financiamento, ao abrigo dos contratos em execução. O pa-gamento directo às empresas chinesas pelos bancos chineses significa que a esmagadora maioria dos valores financia-dos não sai da China, o que é o mesmo que dizer que não en-tram em Angola. Este é um dos aspectos mais salientados pe-los críticos dos financiamentos chineses, que até clamam por uma lei cambial para as empre-sas chinesas, como aconteceu com o sector petrolífero.

Como são contratadas as empresas chinesas? A parte angolana, através do departamento ministerial re-levante, propõe ao Ministério do Comércio da China o pro-jecto que pretende implemen-tar. A entidade chinesa, após aprovação do projecto, indica à parte angolana três empresas ‘suficientemente’ capazes de assegurarem a concretização do projecto. O Ministério das Finanças de Angola e a instituição financia-dora chinesa concluem as ne-gociações para a assinatura do acordo individual de financia-mento para o contrato comer-cial, que deve ser acompanha-do das respectivas licenças de importação e exportação de capital. Em conformidade com a legis-lação angolana, é realizado um concurso público limitado às referidas empresas, cujo resul-tado carece de aprovação do Conselho de Ministros e visto do Tribunal de Contas. O contrato comercial deve ain-da ser homologado pelo minis-tro sectorial e obter as neces-sárias garantias de bancárias de boa execução e do pagamen-to inicial.

As empresa chinesas pagam impostos em Angola? Não se conhecem quaisquer regras especiais aplicáveis a sociedades ou sucursais de ori-gem chinesa. Ou seja, as em-presas chinesas deveriam pa-gar impostos da mesma forma que os outros contribuintes. Contudo, fontes empresariais garantem ao Expansão que a esmagadora maioria das em-presas chinesas em Angola não paga impostos nem tem os poucos trabalhadores angola-nos que emprega inscritos na Segurança Social, sem que os serviços de fiscalização com-petentes actuem.

Para onde foi o dinheiro dos financiamentos chineses? O ú n i c o b a l a n ç o e x i st e n t e , do MinFin, datado de 2008, revela que as obras públicas levaram 19,9% dos primeiros t r ê s f i n a n c i a m e n t o s d e 4 , 5 mil milhões USD, seguidas da educação (14,1%) e transpor-tes (12,6%). Entre os grandes projectos citados pela comu-nicação social, destacam-se o novo aeroporto de Luanda, avaliado em 3,8 mil milhões USD, a primeira fase do Ki-lamba (3,5 mil milhões USD) e a reconstrução da linhas de c a m i n h o - d e - f e r r o d e B e n -guela (1,9 mil milhões USD), Moçâmedes (1,2 mil milhões USD) e Luanda (600 milhões USD). O Presidente da República não tem de pedir autoriza-ção à Assembleia para endividar o País? De acordo com a Constitui-ç ã o, c o m p et e à A s s e m b l e i a Nacional (AN), no domínio do controlo e da fiscalização, au-torizar o Executivo a contrair e a c o n c e d e r e m p r é st i m o s, bem como a realizar outras operações de crédito que não sejam de dívida flutuante, de-finindo as respectivas condi-ç õ e s g e r a i s, e f i x a r o l i m i t e máximo dos avales a conceder em cada ano ao Executivo, no quadro da aprovação do Orça-mento Geral do Estado. Isso foi feito no Orçamento Geral do Estado Revisto para 2015, com a AN a autorizar o Presi-dente da República, enquanto titular do poder executivo, a contrair empréstimos e a rea-lizar outras operações de cré-dito no mercado interno e ex-terno, para fazer face às ne-cessidades de financiamento decorrentes dos investimen-tos públicos e da amortização da dívida pública, previstos no OGE 2015 Revisto, e a pro-ceder aos ajustes em função do melhor desempenho tanto do Plano Anual de Endivida-m e n t o c o m o d o c o m p o r t a -mento do preço do barril de petróleo. Com esta autoriza-ção o Presidente pode fazer o que quiser em matéria de en-dividamento, sem ter de in-formar a Assembleia Nacio-nal.

ABC sino-angolano

Para uma melhor compreensão do ‘casamento’ entre Angola e a China, o Expansão faz as perguntas e dá as respostas (possíveis) sobre uma relação tratada como um verdadeiro segredo de Estado.

Negócios da China explicados ‘tintim por tintim’

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6 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

PARCERIAS 6 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

RICARDO DAVID LOPES

Mais de 450 empresas, mais de metade das quais de direito ango-lano, vão marcar presença, na próxima terça-feira, em Luanda, no I Fórum Empresarial Angola--Portugal. No evento, subordina-do ao tema Juntos na Diversifica-ção da Economia, os ministros da Economia dos dois países vão confirmar a criação de um Obser-vatório do Investimento, que já havia sido anunciado, em Abril, pelo governo de Portugal.

Ao Expansão, António Pires de Lima (ver entrevista na página 8), ministro português da Econo-mia, explica que o Observatório “vai permitir uma abordagem mais prática e pragmática, levan-do à redução da burocracia e dos custos de contexto que se colo-cam às empresas”, o que “terá certamente efeitos muito positi-vos nos níveis de investimento e trocas comerciais” bilaterais.

A estrutura, adianta o ministro, “irá permitir dotar quer os gover-nos, quer as empresas, de dados quantitativos sobre o investi-mento nos dois países” e monito-rizar os “desafios que se apresen-tam aos empresários”. A estrutu-ra, acredita António Pires de Lima, irá “ajudar não só a crescer os níveis de investimento entre os dois países, bem como a tornar os processos mais céleres”.

ANIP optimista Maria Luísa Abrantes, presiden-te do conselho de administração (PCA) da Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP), assume ter “expectativas ópti-mas” em relação ao evento, onde marcará presença, e destaca que Portugal tem dado provas de ser um parceiro de longo prazo.

“Mesmo num período difícil, Portugal concedeu uma linha de crédito de 500 milhões de euros para apoiar as suas empresas de comércio e serviços”, sublinha a responsável, em declarações ao Expansão, aludindo às ajudas que o Estado luso tem dado às suas exportadoras com dificuldades nos recebimentos de Angola, a braços com uma quebra no cres-cimento económico causado pelo recuo das receitas petrolíferas.

Para a PCA da ANIP, apesar de Angola estar a fazer uma forte aposta na captação de investi-mento e apoio chinês (ver pági-nas 2 e 3), Portugal não perde o

‘seu’ espaço. “É mais fácil traba-lhar com as empresas portugue-sas, nomeadamente por causa da língua comum”, afirma, subli-nhando que Portugal “lidera as propostas de investimento e os projectos aprovados pela ANIP”.

Em 2013, recorda Maria Luísa Abrantes, a China, que tem vindo a “investir fortemente em Ango-la”, passou Portugal, mas, em 2014, o país europeu “voltou a li-derar” no investimento.

A ANIP não divulgou ainda va-lores do investimento até ao fim de 2014, mas, segundo dados do Banco de Portugal (ver infogra-fia ao lado), o investimento luso em Angola ascendeu, em 2013, a perto de 350 milhões de euros.

Nesse ano, houve uma quebra

do investimento directo de Por-tugal, fruto da situação de fragi-lidade económica que o país tem vindo a atravessar – e que moti-vou um pedido de auxílio finan-ceiro internacional. Entretanto, o Banco de Portugal alterou os critérios de contabilização do investimento externo, o que tor-na difícil avaliar a evolução deste indicador em 2014.

Em 2013, também Angola in-vestiu menos em Portugal face ao ano anterior. Em 2012, o in-vestimento directo líquido an-golano em Portugal tinha ascen-dido a quase 206 milhões de eu-ros; no ano seguinte, caiu para cerca de 100 milhões. De 2014, ainda não há dados fiáveis dispo-níveis. Um novo ‘olhar’ sobre Angola Banca, telecomunicações, ener-gia e imobiliário, a par dos media e restauração, têm sido os secto-res de ‘eleição’ dos investidores angolanos em Portugal.

Em sentido contrário, os por-tugueses têm investido, tam-bém, na banca e telecomunica-ções angolanas, tendo uma forte presença na construção e em al-guns sectores industriais asso-ciados.

Agora, defende Luís Moura, delegado da Agência para o In-vestimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), numa al-tura em que Angola está mais empenhada em diversificar a economia, para reduzir a depen-dência do petróleo, os empresá-rios lusos devem ‘olhar’ para ou-tras áreas, como a energia, e a in-dústria alimentar e de bebidas.

“A logística e a distribuição es-tão a passar por momentos de grande dinamismo e desenvolvi-mento e que abrange uma trans-versalidade de sectores, dos bens de consumo aos materiais de construção, passando pelo sector farmacêutico”, destaca, defendendo ainda que há opor-tunidades nos “serviços, tecno-logias, formação e educação”. Portugal pode dar mais, diz José Severino Para José Severino, presidente da Associação Industrial de An-gola (AIA), as empresas portu-guesas têm “inquestionavel-mente” contribuído para a di-versificação da economia ango-lana, mas defende que poderiam ter contribuído mais “se a situa-ção da economia de Portugal ti-vesse gozado de elasticidade” e se a lei angolana do investimen-to “não fosse tão envolvida e sem motivação para as micro, peque-nas e médias empresas”.

Este contributo, afirma, pode ser melhorado se as empresas de Portugal tiverem “apoio finan-ceiro” de Lisboa e se existir “ade-quação” da nova Lei do Investi-mento Privado angolana, numa altura em que já gozam do “con-forto” na nova Lei Geral do Tra-balho, que “equilibrou as rela-ções entre empresas e trabalha-dores”. Mas, sublinha, é também preciso haver “maior agressivi-dade empresarial angolana e maior apoio do Executivo”.

“Em projectos conjuntos, te-remos excelentes possibilidades de intervenção de sucesso na Zona de Comércio Livre da SADC”, com 220 milhões de consumidores, diz José Severi-no, que destaca a necessidade de haver mais “qualificação do sis-tema judicial e do nosso ambien-te de negócios”, e “finalmente, saúde cambial” no País.

I N V E S T I M E N T O

Portugal pode contribuir mais para a diversificação económicaFórum Empresarial Angola-Portugal junta na próxima terça-feira, em Luanda, mais de 450 empresários, num megadebate sobre a diversificação económica de Angola, onde será lançado o Observatório do Investimento bilateral. Presidente da ANIP está “optimista”, e líder da AIA vê novas oportunidades para os dois países, incluindo na SADC.

Ministros angolanos da Economia, da Indústria, da Construção e dos Transportes vão estar no fórum

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 7

EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 7

MercadoriasComércio de bens entre Pt e Ao, milhões euros

Negócios Angola - Portugal

0

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3500

20142013201220112010

0 200 400 600 800 1000

Instrumentos de ótica e precisão

Pastas celulósicas e papel

Minerais e minérios

Veículos e outro mat. transporte

Plásticos e borracha

Químicos

Agrícolas

Metais comuns

Alimentares

Máquinas e aparelhos

O que Angola compra a Portugal

0 500 1000 1500 2000

Minerais e minérios

Alimentares

Metais comuns

Agrícolas

Madeira e cortiça

Máquinas e aparelhos

Instrumentos de ótica e precisão

Veículos e outro mat. transporte

Combustíveis minerais

Serviços

Comércio de serviços entre Pt e Ao, milhões euros

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

20142013201220112010

Quanto vale Angola para Portugal

Quota de Angola no Comércio Internacional Português de Bens e Serviços

Quem investe quanto

Investimento directo estrangeiro, milhões euros

02468

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20142013201220112010

-200

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0

100

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300

400

500

20142013201220112010

Quanto vale Portugal para Angola

Quota de Portugal no Comércio Internacional de Angola de Mercadorias

02468

101214161820

20142013201220112010

IDE PT em AO IDE Ao em Pt

Exportações de Pt para Ao% exportações de PtImportações de Pt de Ao % importações Pt

Exportações de Ao para Pt% exportações de AoImportações de Ao de Pt % importações Ao

Exportações Importações

Exportações Importações

O que Angola vende a Portugal

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8 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

PARCERIAS

RICARDO DAVID LOPES O Fórum Angola-Portugal incide sobre a questão da di-versificação da economia angolana. Que mais-valias os empresários portugueses podem trazer, nesta área? A economia portuguesa é, por diversos factores, mais diversi-ficada do que a angolana, pelo que é de esperar que os empre-sários portugueses possam tra-zem algumas valências a Ango-la, onde também teremos, cer-tamente, muito a ganhar e a aprender. Portugal é, segundo dados do Fórum Económico Mundial, o 4.º país do mundo no que diz respeito à qualidade das suas escolas de gestão, o 8.º país em disponibilidade de cientistas e engenheiros, e o 18.º no que toca à qualidade das suas instituições de investiga-ção científica. Citei apenas al-guns números que, para mim, mostram o que pode Portugal oferecer a Angola e às suas em-presas. Se conseguirmos, por exemplo, conjugar a qualidade dos nossos gestores com a ino-vação científica, estou certo de que isso trará muitos e bons frutos para as duas eco-nomias. Angola atravessa um mo-mento económico e finan-ceiro menos bom. Isso pode tornar o País menos interes-sante para investir, ou, pelo contrário, a adversidade deve ser vista como uma oportunidade para as em-presas portuguesas? Todos sabemos que o momento que Angola atravessa é, em vir-tude da evolução do preço do petróleo, mais difícil e exigen-te. Mas tempos de dificuldades são tempos de oportunidades! Temos de estar focados na exe-cução. Nesse sentido, estamos a trabalhar para que as nossas empresas possam fazer face a este momento, como é o caso da Linha de Apoio ou do Observa-tório do Investimento. Se, por um lado, a Linha de Apoio ao Fundo de Maneio já está em funcionamento, por outro, va-mos ter finalmente a criação do Observatório que vai permitir uma abordagem mais prática e pragmática levando, por exem-plo, à redução da burocracia e dos custos de contexto que se colocam às empresas, algo que terá, certamente, efeitos muito positivos nos níveis de investi-mento e trocas comerciais en-tre os dois países.

Portugal tem estado presen-te, tipicamente, em Angola, na banca, construção, tele-coms e turismo/restaura-ção. Onde pensa que existem oportunidades que devem ser aproveitadas? Há sectores óbvios, como as in-fra-estruturas ou o agro-ali-mentar. Mas cabe às empresas detectarem e avaliarem as oportunidades e decidirem em conformidade. A decisão do que é ou não um bom investi-mento é uma escolha dos em-presários, não dos políticos. As empresas portuguesas devem vir sozinhas para An-gola, ou é preferível fazerem parcerias com angolanos? Os nossos empresários têm uma mente aberta e pragmáti-ca. Nas áreas em que for neces-sário ou recomendável estabe-lecer parcerias com sócios an-golanos, saberão decidir em conformidade. Uma das vanta-gens do empresário português

é a sua flexibilidade e adaptabi-lidade a outras culturas. Qual a principal mensagem que gostaria de passar no fó-rum, do ponto de vista do go-verno português? No fórum, gostaria de passar duas grandes mensagens: a pri-meira para as empresas portu-guesas, de que estamos atentos à sua situação e a trabalhar para as ajudar no que nos for possível, o que, aliás, se pode ver pela criação do Observató-rio do Investimento e pelo lan-çamento da Linha de Apoio. A segunda é um convite para que as empresas angolanas olhem bem para Portugal, pois este é um excelente momento para se investir no país. Portu-gal passou por um processo de ajustamento duro, é verdade, mas está agora a iniciar uma trajectória de crescimento sus-tentável, onde há boas áreas para se investir e um triplo ‘pa-cote’ de incentivo ao investi-

mento muito atractivo, que en-globa os fundos estruturais do Portugal 2020, a Reforma do Código do IRC e o novo Código Fiscal ao Investimento, e dis-ponível para qualquer investi-dor que se queira instalar em Portugal. Os dois países vão criar um Observatório do Investi-mento. Em que consiste e qual a sua importância? De facto, os dois países vão criar um Observatório do In-vestimento, já no dia 23 de Ju-nho, que, como referi, irá per-mitir dotar quer os governos quer as empresas de dados quantitativos sobre o investi-mento nos dois países: desafios que se apresentam aos empre-sários, quais os custos de con-texto que podemos reduzir, bu-rocracias que podemos supri-mir, entre muitas outras coisas que poderão ajudar não só a crescer os níveis de investi-mento entre os dois países,

bem como a tornar os proces-sos mais céleres. O Governo português anun-ciou uma linha de crédito de 500 milhões de euros para apoiar a tesouraria de em-presas, sobretudo exporta-doras, em dificuldades por causa de atrasos nos paga-mentos. Como tem corrido esta operação? A Linha de Crédito para Angola está em pleno funcionamento. Já recebemos 312 pedidos de fi-nanciamento e estamos a tra-balhar para que as empresas elegíveis para o fazer possam começar a receber o dinheiro ainda durante o mês de Junho. Há empresas de origem por-tuguesa em Angola que se queixam de dificuldades aqui, por atrasos em paga-mentos de bens e serviços fornecidos localmente. O Governo português pode criar algum tipo de apoio às suas tesourarias? Enquanto a Linha de Crédito visa responder a um problema muito específico que tem que

ver com a falta de divisas (e não de problemas de tesouraria) que impedem o pagamento das exportações efectuadas às em-presas portuguesas, o atraso em pagamentos, por mais que o lamentemos, diz respeito ao risco de crédito existente entre os operadores do mercado em Angola, não sendo por isso ma-téria da competência do Estado português. Depois deste fórum, que ou-tras iniciativas podem vir a surgir para reforçar os laços empresariais entre os dois países? Já no próximo mês de Julho, terá lugar a FILDA, que conta-rá, mais uma vez, com uma pre-sença muito significativa de Portugal.

Entrevista a António Pires de Lima – Ministro da Economia de Portugal

Devem ser os empresários, e não o Governo português, a olhar para Angola e ver em que sectores podem dar maiores contributos à diversificação da economia do País, defende o governante luso. Pires de Lima lança ainda um apelo ao empresariado angolano para que esteja atento a oportunidades de investimento em Portugal.

“Uma das vantagens do empresário português é a sua flexibilidade”

“Portugal passou por um processo de ajustamento duro, mas está a iniciar uma trajectória de crescimento sustentável”

PARCERIAS

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OPINIÃO

10 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

José Rodrigues Regional HR Director Western Africa, DHL Global Forwarding/PLD - Harvard Business School

D I T O

Muito se tem falado sobre qual o papel da gestão do capital humano nas organizações, bem como possíveis reinvenções desta mesma função/departamento. Independentemente de qualquer

alteração orgânica, qualquer organização deve ter uma atenção especial às suas pessoas, uma vez que são elas que podem fazer a diferença nos resultados do dia-a-dia.

É um facto que o contributo dos responsáveis pela gestão do capital humano tem de ir ao encontro do sucesso das organizações e do seus negócios/resultados de uma forma tangível e concreta, definindo políticas e acções de:

• Atracção e Desenvolvimento das pessoas certas e para os lugares adequados – num mercado como Angola, em que os bons quadros são disputados por várias empresas, importa que estas sejam capazes de atrair os melhores, respeitando as suas políticas internas, mas também conseguindo fazer ofertas à medida de cada pessoa. Todavia, é fundamental que estes talentos sejam colocados na posição adequada e que a empresa estabeleça e crie mecanismos de desenvolvimento dos mesmos, bem como estimular o seu auto-desenvolvimento.

• Comprometimento da sua força de trabalho – é absolutamente fundamental ter os seus colaboradores comprometidos com a organização. Daí que se referirmos ao ponto anterior, no momento da atracção importa aferir se a pessoa partilha os seus valores com os da organização e o que a motiva para ser um/a profissional de referência. Poderá haver outras acções que estimulem esse mesmo comprometimento, como é o exemplo de team-buildings, pequenos-almoços com colaboradores, acções de responsabilidade social, entre outros.

• Estabelecer um competitivo modelo de reconhecimento e recompensas – além do mencionado anteriormente, é crítico que as pessoas se sintam recompensadas justamente pelo seu trabalho e, para tal, as organizações poderão basear-se em estudos internos ou então em estudos salariais no país em questão, neste caso em particular, Angola. Por outro lado, é igualmente importante que os colaboradores também se sintam reconhecidos pelo seu desempenho e resultados. Para tal, os líderes das organizações poderão ter mecanismos próprios de reconhecimento, desde um simples post-it surpresa a agradecer o bom trabalho executado, até incentivos materiais, como é o exemplo de férias--extra ou fins-de-semana num qualquer resort, sendo que, naturalmente, esses custos deverão estar no orçamento da organização, ou seja, deverá haver uma preocupação na antecipação de políticas de reconhecimento.

É também importante estabelecer uma estratégia

para a Gestão do Capital do Humano. Poderemos dividir essa mesma estratégia em três pontos:

1. Gestão da Mudança: aa. Desenvolvimento organizacional: apoiar as

transformações organizacionais, sendo que é importante perceber que as organizações são seres dinâmicos e que, nos dias de hoje, a criatividade e inovação devem fazer parte do dia--a-dia dos líderes das mesmas; ter sempre em atenção que, para se ser competitivo, é fundamental assegurar equilibrados custos com pessoal.

b. Relações com colaboradores: ter actualizados acordos colectivos com os colaboradores ou sindicatos; estimular a ‘política de porta aberta’, para que qualquer questão seja abertamente discutida entre as pessoas certas; transparência e verticalidade na gestão das pessoas, para que não haja sentimentos de injustiça ou parcialidade.

c. Processos de gestão de capital humano: implementação de eficientes sistemas informáticos, integradores e de fácil/rápida utilização; implementação de processos e procedimentos ágeis que sejam valores acrescentados ao trabalho das pessoas; optimizar processos de compensações e benefícios, de recrutamento e selecção, entre outros; implementar processos de grading salarial; definir quais são os indicadores de performance.

2. Comunicação: a. Comprometimento com os colaboradores:

desenvolvimento de programas certificados para os vários departamentos da organização; Inquéritos de satisfação aos trabalhadores, utilizando plataformas tecnológicas; story telling; newsletters interactivas.

b. Uma organização, uma equipa: desenvolvimento de acções de formação em liderança para os vários níveis da empresa, de forma a que todos tenham a mesma filosofia, independentemente dos níveis que ocupam.

c. Capacitação da gestão do capital humano: desenvolver programas de gestão de capital humano com foco no negócio da Organização; definição clara e objectiva de planos de sucessão.

3. Crescimento: a. Gestão do talento: desenvolvimento dos

quadros de elevado potencial da organização, independentemente do nível hierárquico em que estejam, com foco em experiências formativas diversas, tais como participação imersiva em projectos fora da sua área de competência, até formação clássica; forte aposta na diversidade dos colaboradores (sem estipular quotas, focar essa aposta em mulheres de elevado potencial); planos dinâmicos de mobilidade interna; aposta em atribuição de posições de liderança de projectos a jovens de elevado potencial, devidamente acompanhados por mentores.

Capital humano nas organizações

“O porto é a consequência e o reflexo daquilo que for a economia. Se o País optar por mais ou menos exportação ou importação, compete a esta infra-estrutura seguir o ritmo.” Manuel Francisco Zangui Administrador para a área comercial do Porto de Luanda

“As diferenças de visão entre os principais partidos políticos são aceitáveis e até bem-vindas, mas em relação a questões fundamentais da defesa da soberania nacional e da imagem do Estado não pode haver dúvidas. A estabilidade e o progresso do País não são opções.” Editorial Jornal de Angola

“Embora a redução do preço do petróleo constitua uma condicionante para o desenvolvimento da nossa economia, continua a verificar-se um crescimento real do Produto Interno Bruto.” José Eduardo dos Santos

Presidente da República “Angola ainda precisa de muito apoio ao nível da assistência técnica, de formação. Não era altura ainda de ficarem sem alguns expatriados, porque, no fundo, os que se estão a ir embora não são os trabalhadores pouco qualificados, são os qualificados, porque são os que ganham mais e as empresas não têm maneira de pagar.” Guadalupe Cortês Pereira Chefe de finanças e contratos da União Europeia em Luanda

A N Á L I S E

Director Carlos Rosado de Carvalho Supervisor Desk Ricardo David Lopes Chefe de Redacção Adjunto Francisco de Andrade Redacção Eunice Sebastião, Osvaldo Manuel, Silvana Tchissuleno, Sita Sebastião e Ana Filipe (Secretária de Redacção) Fotografia César Magalhães e Lídia Onde Departamento Gráfico Gilson Cássio Infografia Expansão/Anyforms Design Projecto Gráfico Económica/+2 designers Colaboradores em Lisboa Alexandre Frade Batista (Gestão), Benjamim Carvalho (Ciência), Humberto Costa e Sérgio Soares (Internacional), Marta Gregório (Gráfica), Rui Gouveia (Revisão) e Sandra Martins Pereira (Weekend) Impressão Sogapal Distribuidora Score Media Direcção Comercial Luís Almeida (Director) e Cátia Amado e Maurício Pereira Direcção Administrativa e Financeira Renato Moreira (Director) Colunistas Alves da Rocha, José Alberto Rodrigues, Kiesse Canito, Norberto Carlos e Rui Malaquias Contactos Telef.: +244 222 322 665 / +244 222 322 674 Fax: +244 222 443 453. Morada: Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – Angola Contactos e-mail: [email protected] / [email protected] / agenda@expansão.co.ao Distribuição em Portugal Estratégia Media Departamento Administrativo Amélia Saavedra Contactos +351 927747062 Registo MCS-520/B2009

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12 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

EMPRESAS

B I É S O N A N G O L L U N D A S U L

80 hectares183 jovens 1,8 milhões

OSVALDO MANUEL

A entrada em funcionamento, esta semana, de uma Sala de Prá-tica de Mecatrónica no Centro Integrado de Formação Tecno-lógica (CINFOTEC), em Luan-da, eleva de um para nove a ofer-ta de cursos da entidade nos sec-tores de Mecânica e Electricida-de Automóvel, revelou o direc-tor-geral do organismo. Segundo Gilberto Figueira, que falava ao Ex-pansão à margem da inauguração da sala, sete destes cursos serão de aperfeiçoamento, um de qua-lificação, com a duração de nove meses, e o curso de Mecatrónica vai durar dois anos.

Os primeiros estudantes for-mados em Mecatrónica, avan-çou o responsável, irão integrar a equipa de profissionais da Di-recção Nacional de Viação e Trânsito, da Polícia Nacional, no âmbito de uma parceria que será brevemente assinada entre as duas instituições públicas.

“Queremos aperfeiçoar as nossas negociações com a Direcção Nacio-nal de Viação e Trânsito, para que os formandos do curso de Mecatróni-ca trabalhem na área de inspecção de automóvel”, disse, acrescentan-do que uma delegação do CINFO-TEC já visitou a entidade policial, que deverá visitar as instalações do centro de formação “para a assina-tura da parceria”.

A oficina de Mecatrónica do CIN-FONTEC tem já 80 formandos, dis-tribuídos em três períodos – 40 no período da manhã, 20 no da tarde e os restantes no pós-laboral. Segun-do o director-geral, o centro dispõe de seis formadores nacionais, que tiveram formação intensiva, com a duração de seis meses, no Centro de Formação de Formadores Salvador Caetano da Ford/Robert Hudson, no Porto, em Portugal.

A Sala de Mecatrónica permitiu alargar a oferta de cursos nas áreas

de formação inicial e contínua, “criando oportunidades para a qua-lificação dos jovens que procuram emprego sustentável”, afirmou Gil-berto Figueira, explicando que “a oficina é também destinada a pro-fissionais do sector que pretendem aumentar ou elevar as suas compe-tências na área de mecânica e elec-tricidade automóvel”.

O material da Sala de Mecatróni-ca foi oferecido pela Robert Hud-son, no âmbito da parceria de for-mação de quadros, tendo sido tam-bém a empresa a montar elevadores hidráulicos de duas e quatro colu-nas, o equipamento de diagnóstico, a bancada de trabalho, teste de bate-rias com impressora, carregador de baterias, focador de faróis, carro com ferramentas, compressor si-lencioso, entre outros, essenciais para os futuros mecânicos.

“O centro pretende ser um im-portante suporte para as empresas

angolanas e estrangeiras alcança-rem os mais altos níveis de actuali-zação tecnológica e de qualificação dos seus recursos humanos”, disse o director-geral. “Oferece soluções integradas de formação profissio-nal, transferência de tecnologia, consultoria e assistência técnica, e um conjunto de produtos e serviços que contribuem para elevar a pro-dutividade e competitividade da in-dústria angolana”, garantiu.

As viaturas de formação serão veículos Ford doados ao CINFO-TEC, e o investimento da Sala de Prática de Mecatrónica está orçado em 20 milhões Kz.

“Vamos continuar a apoiar a formação” Gabriel Almeida, administrador da Robert Hudson em Angola, expli-cou que “o objectivo é dotar o centro de uma formação especializada na área de mecânica. Esta sala permiti-

rá formação dos profissionais ango-lanos e dos colaboradores da Robert Hudson”.

O responsável acrescentou que “a formação técnico-profissional é indispensável no seio da juventu-de”, pelo que a Robert Hudson “vai continuar a apoiar na qualificação de mão-de-obra nacional, no senti-

do de responder aos desafios do mercado, cada vez mais exigente do ponto de visita profissional”.

O administrador adiantou ainda que os formandos do centro vão ter um estágio na Robert Hudson, “onde poderão exercer as suas pro-fissões com maior competência e ajudarão, sobretudo, no acresci-mento económico do País, assolado pela crise económica por causa da baixa do preço do petróleo”.

Na cerimónia, realizada esta se-mana, foram entregues os certifica-dos de formação dos formadores do CINFOTEC, atribuídos pela Escola de Formação Salvador Caetano, na presença do ministro da Adminis-tração Pública, Segurança Social, Pitra Neto, que enalteceu a iniciati-va da parceira e encorajou os for-mandos a aplicarem-se “a fundo na absorção dos conhecimentos para garantir o desenvolvimento susten-tável do País”.

CINFOTEC vai ‘ceder’ técnicos de mecatrónica à Polícia NaiconalCINFOTEC inaugura primeira Sala de Prática de Mecatrónica do País, e eleva para nove a oferta de cursos nas áreas de Mecânica e Electricidade Automóvel. Alunos vão integrar Direcção Nacional de Viação e Trânsito no fim do curso.

Área total do pólo industrial a ser construído A província da Lunda Sul vai contar, ainda este ano, com um pólo industrial a ser implementado numa área de cerca de 80 hectares. Está também prevista a constru-ção de uma mini-hídrica sobre a barragem do rio Luachimo, com vista a suportar o fornecimento de energia eléctrica.

Meta de produção díária de barris de petróleo em 2015 A Sonangol quer aumentar este ano a produção de petróleo para 1,8 milhões de barris por dia (mbd), com o arranque de novos projectos, revelou o director de Produção da empresa, Belarmino Chitangueleca. Em 2014, a produção caiu 2,6%, face a 2013, para 1,671 mbd.

Número de pessoas com primeiro emprego numa fazenda A fazenda Vinevala, no município do Chinguar, província do Bié, ofereceu o primeiro emprego a 183 jovens. A fazenda, com uma extensão de 427 hectares, está integrada num município com uma população estimada em mais de 117.470 habitantes.

Centro visa ajudar empresas angolanas e estrangeiras a alcançarem altos níveis de actualização tecnológica

DR

A U T O M Ó V E I S

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 13

Aumento da demanda das cimenteiras permite

à gestão da empresa considerar resultados

“positivos” até ao momento. Facturação

em 2015 deve subir para 500 milhões Kz

EUNICE SEBASTIÃO

A Super Gesso estima produzir 180 mil toneladas de gipsita (pe-dra de gesso) até ao final do ano em curso, revelou ao Expansão o director executivo da empresa, que se dedica à exploração e transformação de gesso, Elvis Lafayette.

Segundo o responsável, a em-presa, que neste ano vai também produzir argamassas de gesso, estima que haja um aumento da demanda pelas cimenteiras.

Até à presente data, explicou o

gestor em declarações ao Expan-são, a Super Gesso já produziu mais de 75 mil toneladas de gip-sita, resultado considerado “po-sitivo”, atendendo ao valor ini-cialmente previsto. “Para aquilo que esperamos até ao final do ano ano, podemos considerar a quantidade produzida até agora como suficiente ou positiva”, afirmou.

Actualmente, acrescentou, “a principal dificuldade no merca-do tem sido a importação do ges-so”, mas acredita que, até ao final do ano, chegarão às 180 mil tone-ladas.

Questionado sobre a falta de divisas no mercado, o gestor dis-se não influenciar o resultado. “A falta de divisas não altera de forma alguma as vendas da em-presa”, explicou.

A empresa tem uma capacida-de instalada, na componente de exploração, de cerca de 20 mil to-neladas/mês, contando ainda com uma linha de produção de britagem com capacidade de 10 mil toneladas/mês.

Segundo o gestor, a Super Ges-so dispõe de diversos produtos, nomeadamente gesso calcinado, com uma produção de 2.500 to-neladas/mês, para estuque, e

oferece matérias-primas para aplicações como blocos, placas e tectos falsos utilizados na execu-ção de paredes e divisórias inter-nas de residências.

“Além dos produtos acima re-feridos, a Super Gesso produz ainda gesso agrícola, que serve para a melhoria do solo”, expli-

cou Elvis Lafayette. A companhia de minerais ob-

teve uma facturação de 600 mi-lhões Kz no ano passado e espera, até ao final deste ano, chegar aos 700 milhões Kz.

A Super Gesso tem como prin-cipais clientes empresas como a Nova Cimangola, Fábrica de Ci-mento do Kwanza Sul (FCKS), Cimenfort, TAangola e a Sedia-

que. No mercado angolano desde

2009, a empresa localiza-se no município do Sumbe, província do Cuanza Sul, dispondo de uma área total de produção de 229 hectares.

Actualmente, a Super Gesso conta com 88 trabalhadores, dos quais 81 são nacionais e sete são expatriados.

M I N E R A I S

Super Gesso optimista com mercado, facturação sobe 100 milhões Kz

“A falta de divisas no mercado não altera de forma alguma as nossas vendas”, afirma o director executivo

Empresa localiza-se no Sumbe, Cuanza Sul, e emprega 88 pessoas

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14 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

ECONOMIA & FINANÇAS

RICARDO DAVID LOPES

A presidente do conselho de admi-nistração (PCA) da Agência Nacio-nal para o Investimento Privado (ANIP) está de saída da instituição, para a reforma. Maria Luísa Abran-tes, cujo mandato terminou em No-vembro de 2014, vai continuar a li-derar o organismo até que estejam concluídas as obras do novo edifício da ANIP, nas proximidades da nova Assembleia Nacional.

Em declarações aos jornalistas no final da semana passada, à mar-gem da assinatura de 19 contratos de investimento no valor global de mais de 46 milhões USD, a respon-sável admitiu a intenção de se refor-mar, após 41 anos de serviço, cum-prida que está a “missão de reestru-turar” o organismo, onde sucedeu a Aguinaldo Jaime, em 2012.

“Trabalho há 41 anos e até gosta-ria de me ter reformado com 40 anos de serviço”, afirmou, em res-posta a uma pergunta do Expansão, negando que a sua saída esteja liga-da às alterações na Lei do Investi-mento Privado, que alegadamente retiram poderes ao órgão que dirige.

“Quem fez o draft na nova lei foi a ANIP”, disse, explicando que, ainda que o documento possa ser alvo de melhorias, “não seria profissional demitir-me por causa de uma mu-dança” na legislação.

A PCA garantiu que a sua missão foi, desde o início, proceder à rees-truturação deste organismo, que, sublinhou, é “um órgão de execução do Governo e de consulta do PR”.

“Eu sempre disse que faria a rees-truturação e depois me reformava”, reiterou, explicando que tem cana-lizado boa parte das suas energias para conseguir concluir as obras da nova sede da ANIP, cuja data não é ainda exacta, estando, depois, pron-ta para sair. Quanto ao futuro, prefe-riu não fazer comentários.

A captação de investimento e a gestão empresarial fazem, há mui-to, parte do dia-a-dia da responsá-vel, que já tinha sido representante da ANIP nos EUA, entre 1991 e 2012, e directora da instituição, em Angola, entre 1990 e 1993, tendo sido uma das pioneiras em proces-sos de privatização.

Vasto percurso académico Nascida em Luanda, Maria Luísa Perdigão Abrantes é doutorada em Direito Económico e Financeiro. De acordo com biografia oficial, pu-blicada no site da ANIP, licenciou-se pela Faculdade de Direito da Uni-versidade Agostinho Neto (UAN) e completou os estudos de pós-gra-

duação na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Bra-sil, na Universidade Georgetown e na Universidade de Harvard, Gra-duate Business Schools, nos EUA, e nas faculdades de Direito da Uni-versidade de Lisboa e Universidade Lusíada, em Portugal.

Autora de vários trabalhos acadé-micos publicados em revistas cien-tíficas, a ainda professora auxiliar da Faculdade de Direito da UAN esteve ligada a grande parte das reformas económicas realizadas em Angola. Trabalhou, por 16 anos, como direc-tora adjunta do gabinete do vice--primeiro-ministro para a Área Produtiva e do ministro da Coorde-nação Provincial, foi directora na-cional interina da Indústria Pesada, directora do Gabinete de Intercâm-

bio Internacional do Ministério da Indústria, Energia, Geologia e Mi-nas, chefe do departamento de In-vestimetos Estrangeiros do Minis-tério do Plano, chefe do Departa-mento Económico e Financeiro da Indústria Pesada e Química Básica, e passou ainda por Ministério dos Transportes e Comunicações, Se-cretaria de Estado das Comunica-ções e Ministério do Trabalho.

Entre 1986-1990, auxiliou a aprovação de projectos no valor de milhares de dólares, como membro do conselho de admi-nistração do Centro de Desen-volvimento Empresarial--ACP/UE, em Bruxelas e, de 1984 a 1987, foi secretária-geral de Angola do Comité Nacional da ONUDI.

Faceta desportista É membro da Sociedade Ameri-cana de Direito Internacional, membro associado da Ordem dos Advogados Americana (ABA), da Ordem dos Advogados Angolanos, da Ordem dos Advo-gados Portuguesa, da Associa-ção Nacional de Mulheres Exe-cutivas nos EUA e da Amnistia Internacional, entre outros.

Maria Luísa Abrantes tem, ainda, uma vertente desportiva menos conhecida. Foi membro do Conselho de Honra do Pro-gresso do Sambizanga Futebol Clube (1991-93 em Luanda) e, por duas vezes, foi campeã de básquete feminino (1966/67/68) dos PALOP e campeã nacional de 400 metros na categoria jú-nior em 1967, em atletismo.

‘Corredora de fundo’, preside à ONG Friends of the Children of Angola – Amigos das Crianças de Angola. Em 2014, recebeu o pré-mio da Africa Round Table, pela sua contribuição para a captação de investimento directo para Africa. Já este ano, voltou a rece-ber uma distinção internacional (ver texto abaixo).

Maria Luísa Abrantes deixa ANIP após conclusão da sedeA presidente do conselho de administração e rosto da Agência Nacional para o Investimento Privado vai deixar a instituição, para a reforma. A missão, diz ao Expansão, foi cumprida.

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I N V E S T I M E N T O

Jurista, académica, a PCA da ANIP desempenhou vários cargos públicos ligados ao investimento

A PCA da ANIP foi distinguida nesta semana pela Associação das Mulhe-res para o Comércio Internacional (WIIT – Women in International Trade), um organismo com sede em Washigton, com o prémio Lifetime Achievment Award.

Em comunicado, a representa-ção da ANIP nos EUA explica que a entrega do galardão a Maria Luísa Abrentes se deve “à sua brilhante contribuição para com a organiza-çao e o comércio internacional”.

Maria Luísa Abrantes é membro

da WIIT, onde, ao longo de 16 anos, desempenhou vários cargos, no-meadamente co-chair para os Pro-gramas e para os Eventos Especiais, co-chair do Comité para África e membro do conselho de adminis-tração.

A WIIT, explica o comunicado, visa “elucidar os empresários em geral, os membros do Senado, Con-gresso e Governo sobre o comércio e o investimento internacional, através de conferências, seminários e acção de formação”.

O prémio junta-se a outros, no-meadamente o da Round Africa Table (ver texto em cima) e Wo-man Entrepeneur of the Year 2000 Award, pela American Na-tional Foundation for Women’s Legislators. Em 2002, recebeu o Prémio Reverend Sullivan, da OIC Internacional e do Banco Mundial, em reconhecimento do trabalho desenvolvido em nome das mulheres e das crianças de África, segundo a biografia ofi-cial, entre outros.

WIIT atribui Lifetime Achievement Award em Washington

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 15

Seguro de importação de mercadorias feito

em Angola não vai estancar, logo no início,

a saída de divisas. Mas é um “primeiro”

passo, diz especialista em seguros.

SILVANA TCHISSULENO

A obrigatoriedade da contrata-ção em Angola dos seguros de importação de mercadorias não vai impedir, para já, a saída de divisas do Pais, dada a ine-xistência de uma ressegurado-ra nacional, mas é “um bom passo” para “agitar” o merca-do, defende o especialista em seguro Pedro Luiz Gomes

“Quando importamos merca-dorias, elas são pagas com a inclu-são do seguro feito pelo exporta-

dor, no País de origem”, lembra o responsável do Portal Seguros, explicando que, se o seguro fosse feito cá, “as seguradoras nacio-nais que comercializam este pro-duto iriam beneficiar, para além do facto de se evitar a saída de di-visas para o exterior”.

“Com esta medida, iríamos ter mais receitas e daríamos mais empregabilidade”, adianta Pedro Luiz Gomes, para quem, por isso, parece “lógica a implementação desta medida”.

O presidente da Agência Ango-lana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), Aguinaldo Jaime, anunciou na palestra so-bre Transporte Marítimo de Mer-cadorias e Seguros, recentemen-te, que o diploma que torna obri-gatória a contratação em Angola dos seguros de importação de mercadorias deverá ser aprovado dentro de cerca de um mês.

Na ocasião, o responsável do organismo considerou “que esse é o caminho certo porque o País está a crescer, a indústria segura-

dora está a crescer, e há cada vez mais operadores no mercado que estão a fazer um esforço muito grande para se modernizarem do ponto de vista tecnológico e de darem programas de formação aos seu quadros”.

Aguinaldo Jaime acredita que, pelo esforço que as empresas têm estado a fazer no sentido de for-marem os seus quadros, as condi-ções para o seguro obrigatório de transporte de mercadoria ser contraído em Angola estão a ser criadas.

Pedro Luiz Gomes também concorda que há condições para avançar com a medida. “Não tenho dúvidas, pois, para além de termos bons técnicos no mer-cado, uma eventual tarifa obriga-tória poderia também evitar desajustamentos desaconselhá-veis ao nível da oferta. Se reparar-mos bem, todos os seguros obri-gatórios que existem têm uma tarifa obrigatória para evitar es-ses desajustamentos indesejá-veis.”

Também sobre a capacidade e solvabilidade das seguradoras nacionais para suportarem estes riscos, o responsável está con-fiante, sublinhando que “temos

resolvido esse problema com a dispersão do risco em co-seguro (entre seguradoras locais) bem

como o resseguro entre ressegu-radoras internacionais”.

“Não havendo nenhuma resse-guradora nacional, teremos outra vez a saída de divisas? Sim, é verdade”, reconhece o es-pecialista, que lembra, contudo, que “ este é um bom passo que irá certamente, para já, agitar a indústria seguradora, e outro, que neste caso seria a criação de uma resseguradora angolana, há muito está a ser pensado e de cer-teza que será solucionado no fu-turo”.

Pedro Luiz Gomes defende ainda a importância do desenvol-vimento do seguro agrícola, “pela sua própria natureza e importân-cia estratégica para o desenvolvi-mento e para a diversificação da economia”.

“É verdade que Angola tem muitas barreiras a superar, mas temos de ser ambiciosos e come-çar já, como parece estar a cami-nhar-se, a preparar a implemen-tação de um sistema de seguros agrícolas”, afirmou.

S E G U R O S

Contratação de seguros em Angola é “um bom passo para agitar o mercado”

“Temos de ser ambiciosos e começar a preparar a implementação de um sistema de seguros agrícolas”, diz Pedro Luiz Gomes

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 17

ECONOMIA & FINANÇASP R O D U Ç Ã O P E T R O L Í F E R A

Baixa do petróleo impede aprovação de projectos do sectorO director de produção da petrolífera estatal não precisou os projectos em causa, mas disse que será necessário rever-se os custos e fazerem-se novas contratações para que os mesmos sejam economicamente viáveis.

FRANCISCO DE ANDRADE

A baixa do preço de petróleo n o m e r c a d o i n t e r n a c i o n a l está a fazer com que haja pro-jectos que não puderam sair do estado em que estão para o seu sancionamento, revelou, na passada semana, em Luan-da, o director de Produção da Sociedade Nacional de Com-bustíveis (Sonangol), Belar-mino Emanuel Chitanguela.

Falando à imprensa, à mar-gem de uma conferência que debateu a melhoria da com-p et i t i v i d a d e e performance do sector de petróleo e gás, p r o m ov i d a p e l a c o n s u l t o r a Ernest Young (EY ), o respon-sável disse, sem avançar no-m e s, s e r n e c e s s á r i o r e v e r custos e fazer novas contra-tações para que os referidos projectos sejam economica-mente viáveis.

“Não pretendemos produ-zir a qualquer custo. É preci-so haver lucros e há que tra-balhar neste sentido. Os pro-jectos, antes de serem desen-volvidos, têm uma fase de es-tudos. Esta fase pode ser cur-ta ou longa, dependendo das condições do mercado”, fri-sou.

O que está a acontecer, ex-p l i c o u , é q u e o s p r a z o s d o s projectos estão a ser longos, na medida em que é necessá-rio acautelar a sua rentabili-dade, sendo que, para tal, se t o r n a i n d i s p e n s á v e l , t a m -bém, investigar em tecnolo-gias e fazer inovações, acres-centando, no entanto, existi-r e m a l g u n s q u e “ e st ã o n u m bom caminho”, como são os casos do de Cameia, do pré--sal e do Tchissonga, três que p o d e r ã o p r ox i m a m e n t e s e r sancionados.

“Em princípio, estamos na rota do crescimento, apesar das condições actuais da bai-xa do preço do barril de pe-tróleo, e estamos em sede de proteger a produção básica, i s t o é , a q u e l a q u e v e m c o m infra-estruturas. Depois, te-mos ambições. Temos de au-m e n t a r a n o s s a p r o d u ç ã o para níveis mais altos e, para i s s o, t e r e m o s d e t r a b a l h a r bastante para sancionar pro-jectos que estão excluídos”, salientou.

Fez saber, sem no entanto c i t a r, q u e , e s t e a n o, a l g u n s projectos entraram em pro-dução no bloco 15, o que si-gnifica, primeiro, reter o de-clínio que é natural, pois, dis-s e , o c a m p o d e p e t r ó l e o, quando abre para a produção, n a m e s m a a l t u r a c o m e ç a a

decair. “ H á q u e c o m p e n s a r e s t e

declínio e pode não haver a p r o d u ç ã o q u a n d o e n t r a u m projecto em linha, porque há q u e c o m p e n s a r o d e c l í n i o, depois é que temos o cresci-mento. A nossa produção tem v i n d o a a u m e n t a r. Te m o s projectos que vêm de há al-gum tempo a ser desenvolvi-dos e hoje estão a entrar em produção”, justificou o res-ponsável.

Questionado sobre a lógica de se aumentar a produção, mesmo com a baixa do preço d o c r u d e , o d i r e c t o r d a S o -n a n g o l d e f e n d e u q u e v a l e a pena, uma vez que os projec-tos sancionados fizeram in-vestimentos, por um lado, e por outro, porque, apesar da redução do preço, a procura por petróleo e gás no merca-d o i n t e r n a c i o n a l c o n t i n u a alta.

Justificou que, embora se verifique uma procura alta, os preços estão a baixar, por-q u e n ã o e x i s t e a q u i l o q u e chamou de “acertar de pas-sos” entre os fornecedores de equipamentos e de tecnolo-gia com as refinarias.

“É uma questão de ajustes. N ã o é a p r i m e i r a vez . E st e s c i c l o s e x i s t e m e v ã o c o n t i -nuar a existir. Só que não sa-bemos quanto tempo vai de-

morar esta situação da baixa de preço, mas vocês têm visto que já há uma ligeira subida”, realçou.

Sector tem défice de quadros Belarmino Chitanguela mani-festou-se também preocupado com o défice de quadros quali-ficados no sector de produção petrolífera no País. Segundo afirmou, a substituição do pes-soal reformado não está a ser da forma que se esperava, “de-vido à falta de talentos no mer-cado”.

Esta situação, indicou, pode-rá criar constrangimentos de vária ordem quando se efecti-var o aumento da produção, que exigirá os préstimos de mão-de-obra qualificada para conduzir as operações. A este défice, acrescentou, junta-se o problema das tecnologias.

“Antigamente, faziam-se planos de saída de um número e a entrada de outro para com-pensar, e isto não está a aconte-cer”, informou.

Para ultrapassar tal situação, o quadro da Sonangol prome-teu continuarem a trabalhar com as universidades locais e com os bolseiros para que se motivem as pessoas interessa-das em se juntar à indústria do petróleo.

Actualmente o País produz uma média de 1,7 milhões de barris por dia. A perspectiva é que, até ao final do ano, se atin-ja a média diária de 1,8 milhões de barris.

Chitanguela manifestou-se também preocupado com o défice de quadros qualificados no sector de produção petrolífera no País

Belarmino Chitanguela, director de produção da Sonangol

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Gestão

Em 2010, os seguidores de redes so-ciais começaram a falar de uma no-vidade então surgida, o Pinterest. Lançada em Março, surgiu com um site na Internet e uma aplicação móvel que desde logo permitiam ao utilizador descobrir, coligir, parti-lhar, recolher e armazenar imagens num painel virtual. A rede come-çou com meio milhar de utilizado-res, convidados pelo co-fundador Ben Silbermann, hoje com 32 anos, para se juntarem àquela comunida-de. Como o próprio já referiu, nes-ses primórdios da sua rede social conhecia, cada um dos 500 mem-bros. Silbermann, designado pela revista Fortune um dos 40 empreendedo-

res abaixo dos 40 anos, criou um negócio no qual é permitido que outros negócios se instalem. O co-nhecido estilista norte-americano Peter Som é um dos que ali ‘abri-ram’ atelier, ultrapassando os três milhões de seguidores. E depois há os utilizadores individuais, pessoas que querem partilhar com amigos episódios da sua vida, ou tão-só ex-plorar a rede para criar painéis com fotos para inspiração. A maioria destes clientes do Pinterest é do gé-nero feminino. Decoração de inte-riores, moda e culinária são rainhas nesta comunidade. A nudez é bani-da. Quem se recorda daqueles painéis de cortiça onde colocava fotos de

PINTERESTO prolongamento dos negócios nascidos na Internet para o mercado físico das bolsas de valores pode apanhar este ano mais algumas start-ups que têm aproveitado a generalização da Internet e a adesão de utilizadores aos canais de comunicação designados de redes sociais. O Pinterest, aplicação móvel que permite espetar alfinetes electrónicos num painel também ele virtual, é potencial candidato à bolsa, agora que encontrou nova forma de fazer render o seu negócio. A monetização que muitos procuram, mas alguns, como o Twitter, estão a ficar aquém.

ALEXANDRE FRADE BATISTA

DR

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 19

GESTÃO

amigos e família e imagens de assuntos de paixão (paisa-gens, animais, barcos, automóveis, o que cada um desejasse) entenderá a ideia por detrás do Pinterest. O nome também é claro: ‘pin’, de alfinete, e ‘interest’, ou interesse, em língua portuguesa. Agora, a evolução está na possibilidade de par-tilhar os seus painéis com amigos e conhecidos em qualquer parte do mundo, contando que tenham acesso à Internet. Deseja remodelar o seu apartamento? Construa um painel no Pinterest com fotos de decoração e diversos materiais, com estilos e cores variados. Depois, partilhe com os amigos e ‘oiça’ os comentários e sugestões. Pode ainda percorrer a Internet e ir assinalando com um ‘pin’ as fotos que encontra e lhe agradam para aquele recanto da sala onde pretende criar espaço para o piano. A versão digital dos clássicos painéis de cortiça, ou dos mais recentes que trocam o pin pelo íman, rapidamente atraiu seguidores. Números recolhidos pelo Yahoo Finance indi-cam que o Pinterest levou apenas nove meses a passar de 50 mil utilizadores únicos mensais para 17 milhões. No mesmo período do início das suas vidas, o Facebook alcançou 16 mi-lhões e o Twitter 22 milhões. Em 2011 foi considerada um dos melhores sites de Internet pela revista Time. Monetizar… para lançar em bolsa? O Facebook e o Twitter fizeram saber no ano passado que aderiam a um modelo em que também a Google está a con-fiar, a de adicionar botões de comprar nos resultados de bus-cas. O YouTube vai, por seu lado, colocar esse botão no meio dos vídeos para que se façam compras durante o visiona-mento. Novas adesões surgem ainda do Instagram (adquiri-do pelo Facebook) e do Pinterest. Esta estratégia de geração de rendimentos permitirá, assim esperam estas empresas, que as pessoas adiram a um modo de ‘ir às compras’ que não obriga sequer a procurar lojas online das marcas. No caso do Pinterest, a novidade deste botão nem será uma alteração de vulto para os seus utilizadores, os quais já estão habituados a navegar por fotografias de objectos de moda e geradores de desejo de compra. A partir do final do mês, a di-ferença é que quando virmos aquele relógio Audemars Pi-guet ou aquela bolsa Prada, ‘saltará’ no nosso ecrã um botão a instar à compra. A Pinterest anunciou dois milhões de produtos disponíveis e parceria com grandes cadeias ame-ricanas como a Macy’s. Antes, a empresa ensaiou o modelo dos ‘pins promovidos’, com anunciantes selecionados. Ago-ra, haverá uma democratização: empresas que o desejem têm ali uma plataforma para promover os seus produtos. Para 2016 já se fala num potencial de 500 milhões USD de receitas, segundo a Wedbush Securities. Depois das receitas que já provêm da publicidade, esta pos-sibilidade de criar negócio ao executar compras é outra grande fórmula (pelo menos assim julgarão os responsáveis pela estratégia) de monetização das redes sociais, algumas já cotadas em bolsa. Será assim uma espécie de ‘Amazon--ização’ das redes sociais. A empresa de São Francisco anunciou no início deste mês que começará “dentro de algumas semanas” a oferta das compras para os utilizadores dos iPhone e iPad. O sistema operativo Android surgirá algum tempo depois. O potencial de vendas é elevado, a crer nos dados recolhidos pelos ana-listas da Millward Brown, que indicam haver 93% de utiliza-dores activos do Pinterest que através da rede social pla-neiam as suas compras. Através da aplicação, os utilizadores vão sendo confronta-dos com o botão azul indicador de produtos à venda, no qual um claro Buy it se destaca do botão vermelho de Pin it (que serve para assinalar as fotos que cada um prefere). Por tipo de produto ou preço específico, os utilizadores podem fazer pesquisas que os levem mais rapidamente àquilo que pro-curam. E numa jogada com potencial, o Pinterest associou--se à carteira electrónica de pagamento Apple Pay, alterna-tiva ao cartão de crédito, mais um passo no sentido obriga-tório da agregação digital. A capacidade de gerar receitas e consequentes lucros será determinante para um outro avanço frequentemente refe-rido entre analistas há mais de um ano: o lançamento em bolsa. Nesta materialização das redes sociais em compa-nhias cotadas em Wall Street, o Twitter está a provar que nem tudo o que brilha na Internet é ouro no mundo real da finança. Nos últimos dias perdeu o CEO, Dick Costolo, en-trando interinamente para o seu lugar Jack Dorsey, co-fun-dador da empresa do chilreio de pássaro. Foi um dos estra-nhos casos em que alguém aparentemente bem-amado pela generalidade dos stakeholders da empresa, dos empre-gados à administração, passando pelos media – em 2013, foi nomeado pela revista Time um dos 10 mais influentes CEO – e até por vários sectores de Wall Street, não consegue levar a empresa ao rumo que os accionistas pretendem. Em Novembro de 2013 foi enaltecida a preparação prévia para o lançamento do IPO (Oferta Pública Inicial, na sua si-gla em inglês) do Twitter, um sucesso à altura do que tinha sido antes o Facebook. Mas entretanto o valor em bolsa co-meçou a erodir-se. Ao sair no passado dia 12, Costolo não aguentou dois anos no cargo após o lançamento na bolsa de

valores. Através do próprio Twitter logo houve quem se ofe-recesse para o lugar. “Im ready to lead @twitter !! #Soopfor-CEO”. E o que quer isto dizer? O humor (confiando que aquele tweet é uma piada) do rapper Snoop Dogg a oferecer--se para CEO é um dos exemplos de como a rede social pode ser ‘atacada’ por dentro da própria empresa. Algo que a apli-cação dos ‘pins’ terá certamente em atenção no estudo que estará a fazer ao seu potencial lançamento em bolsa. As especulações de que o Pinterest poderá lançar-se em bol-sa antecipam um potencial teste de fogo a uma empresa que, apesar de visibilidade mundial, tem apenas cinco anos de vida. O ano passado trouxe certamente muita vontade a executivos de diferentes start-ups de aproveitarem os mer-cados como veículo para aumentar o seu envelope financei-ro para investimento, quando a chinesa Alibaba conseguiu levantar 25.000 milhões USD no seu IPO. Pinterest, Snapchat, Spotify, e Dropbox são três dos potenciais candi-datos a ofertas pública iniciais durante 2015 e 2016. O Pinte-rest tem, segundo dados da Forbes, uma quantidade de refe-rências na Internet seis vezes superior ao do Twitter – o buzz que significa notoriedade –, ainda que muito aquém do líder Facebook. O CEO do Pinterest, Ben Silbermann, referiu, numa confe-rência em 2013, que não estava nos seus planos partir para o mercado de capitais, nem sequer tinha certeza se isso seria bom para atrair utilizadores, mas também não afastava a ideia. Antes de sequer pensar nisso, teria de colocar a em-presa “sobre os dois pés”. Hoje, a empresa já tem uma valori-zação em torno dos 5.000 milhões USD. Mas Silbermann tem mantido que nada está decidido.

Valerá a pena “masculinizar”? E como fazê-lo? Como o Twitter já mostrou, crescer nas receitas e nos

utilizadores é muito importante, mas não é tudo. Os lu-cros para distribuir por accionistas são indispensáveis. No caso do Pinterest, no que se refere ao potencial de crescimento, hoje 68% dos 1,36 milhões de utilizadores diários são mulheres (dados da comScore), o que levanta a dúvida sobre o caminho a seguir para aumentar o nú-mero de pessoas que acedem à rede. Será possível ganhar clientes em número elevado nos 32% do género feminino que faltam? Ou será necessário ‘masculinizar’ a rede? Por outro lado, há que ter em con-ta que aplicações similares, como a Trippy e Wanderfly, num sector de negócio onde a novidade é tão valorizada, podem roubar-lhe protagonismo. Uma das questões naturalmente na cabeça da adminis-tração da empresa dos ‘pins’ é se valerá a pena ter de abrir por completo o livro da contabilidade, respeitan-do a exigência de transparência da parte do mercado de capitais, ou se o melhor é deixar de lado o financiamen-to através da bolsa e manter em segredo os números reais da empresa. De qualquer modo, tem havido inves-tidores prontos a abrir a carteira. Em Março, numa só ronda, o Pinterest recolheu mais 367 milhões USD em financiamento de investidores. Em cinco anos já amea-lhou mais de 1.000 milhões de dólares. Numa entrevista de Maio à revista Business Insider, um dos co-fundadores do Pinterest, Evan Sharp, deixou al-gumas linhas importantes para perceber esta rede. Ao longo de um ano trabalhará no plano internacional para fazer crescer exponencialmente a aplicação fora dos EUA. Nos ‘pins’ será aplicado um modelo mais ‘accioná-vel’, mais utilizável. Quanto à designação de ‘rede so-cial’ – utilizada ao longo deste texto –, Sharp não gosta, prefere apontar um negócio que permite a cada um guardar as ideias para o seu futuro. E para que os utiliza-dores valorizem o produto em todo o seu potencial, os responsáveis da empresa sentem que há necessidade de melhorar o trabalho de esclarecimento. “Eu tenho um cão, e nunca pensei em usar [o Pinterest] para procurar brinquedos que poderia comprar para ele”, explica Sharp. Uma inacção que ele mesmo estranha, porque no Pinterest “há tanta opção para isso!”.

DR

Ben Silbermann, CEO do Pinterest

A valorização do Pinterest estava nos 1.500 milhões USD em 2012. Em Março do ano seguinte, 2.500 milhões. Em Abril do ano passado, 4.000.000 USD . Agora, estará nos 11.000.000. A rede social foi uma das poucas start-ups a conseguir ultrapassar os 1.000 milhões USD de valorização nos primeiros 5 anos de vida. Já leva 7 rondas de financiamento desde o investimento inicial de 500 mil USD, de business angels em 2010.

A versão digital dos clássicos painéis de cortiça, ou dos mais recentes que trocam o ‘pin’ pelo íman, rapidamente atraiu seguidores

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20 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

GESTÃO

O E X P L I C A D O R F I S C A L

A crescente complexidade da legislação angolana em matéria de impostos sobre o rendimento, consumo e património, aliada a uma Administração Tributária mais actuante e tecnicamente mais robusta, coloca os assuntos fiscais na ordem do dia das empresas e das famílias angolanas. A aprovação de diversos diplomas legais no último trimestre de 2014, no quadro da Reforma Tributária em curso no país, veio introduzir um conjunto signifi-

cativo de novas regras que pretendem tornar o siste-ma fiscal mais ajustado à actual realidade socioeco-nómica. Neste contexto, e por forma a dar resposta a muitas das inquietações dos seus leitores, o Expansão e a KPMG juntam-se e quinzenalmente dão resposta às diversas questões que as empresas e as famílias ango-lanas enfrentam no seu dia-a-dia, explicando a forma como as regras fiscais são na prática aplicadas.

O Grupo GRP é um grupo empresa-rial angolano que desenvolve a sua actividade no sector da construção civil e obras públicas. O Grupo GRP é liderado pela GRP Participações, a qual funciona como a sociedade holding do grupo. Em Junho de 2014, a GRP Participações adquiriu a totalidade do capital social da so-ciedade XYZ, a qual é especializada na prestação de serviços técnicos de impermeabilização. A Sociedade XYZ pretende proceder à distribui-ção de dividendos durante o próxi-mo mês de Julho de 2015. O Grupo GRP pretende saber se a projectada distribuição de dividendos está su-jeita a retenção na fonte.

O Código do Imposto sobre a Aplicação de Capitais determina que a distribui-ção de lucros ou dividendos aos sócios ou accionistas das sociedades comer-ciais ou civis sob a forma comercial está sujeita a tributação, através do mecanismo da retenção na fonte, à taxa de 10%. Contudo, o mesmo código prevê uma isenção para a distribuição de lucros ou dividendos por parte de uma socie-dade fiscalmente residente em Angola, quando a entidade beneficiária seja igualmente uma sociedade residente fiscal neste território e sujeita a Im-posto Industrial, ainda que dele isenta. Para que tal isenção seja aplicável é contudo necessário que a sociedade beneficiária detenha uma participação no capital social da sociedade que dis-tribui os lucros ou dividendos, não in-ferior a 25%, por um período superior a um ano à data da distribuição. Neste sentido, na medida em que a par-ticipação financeira na Sociedade XYZ foi adquirida em Junho de 2014 e a pro-

jectada distribuição de dividendos terá lugar apenas em Julho de 2015, o período mínimo de detenção da parti-cipação financeira de um ano encon-tra-se verificado, pelo que os dividen-dos poderão ser distribuídos sem ser objecto de qualquer retenção na fonte de Imposto sobre a Aplicação de Capi-tais. A Empresa UKC é uma sociedade de direito inglês que desenvolve a acti-vidade de prestação de serviços de consultoria de gestão em Angola através de uma sucursal devida-mente registada para o efeito. A sede deu instruções à sucursal para proceder à transferência dos lucros obtidos em Angola no exercí-cio de 2014. O director financeiro da sucursal pretende saber se os lu-cros a distribuir, tendo já sido tri-butados em sede de Imposto Indus-trial, deverão, ainda assim, ser su-jeitos a alguma tributação adicio-nal.

Nos termos do Código do Imposto so-bre a Aplicação de Capitais, na redac-ção em vigor a partir de 19 de Novem-bro de 2014, o repatriamento dos lu-cros imputáveis a estabelecimentos estáveis de entidades não residentes em Angola está sujeito a retenção na fonte à taxa de 10%. Tal significa que, aquando do repa-triamento, a sucursal deverá reter na fonte 10% do montante ilíquido dos lucros, procedendo à entrega do im-posto retido nos cofres do Estado an-golano até ao final do mês seguinte. Pela sua relevância, importa notar que, até à entrada em vigor da nova redacção do Código do Imposto sobre a Aplicação de Capitais, a norma de incidência deste imposto não con-templava de forma expressa o repa-triamento de lucros das sucursais para as respectivas sedes, mas tão-so-mente a distribuição de lucros ou di-videndos aos sócios ou accionistas das sociedades comerciais ou civis sob a forma comercial.

Gustavo Amaral Senior Manager de Corporate Tax na KPMG

José Aires Director de Formação e Desenvolvimento da A+ Angola

Um velho amigo americano, consultor e formador como eu, com quem periodicamente converso sobre temas à volta da liderança, partilhou comigo recentemente os resultados

de uma interessante investigação que, pela sua importância, achei pertinente partilhá-la também com todos aqueles que se interessam por estas “coisas” e a que chamou a Regra das 72 Horas.

A Regra das 72 Horas tem que ver com o tempo que medeia entre a aquisição de um novo conhecimento, experiência, ponto de vista, etc., e a sua aplicação. Este tema assume especial importância numa altura e que, em Angola, a formação tem um papel tão relevante.

Qualquer experiência com significado e impacto tem em si um potencial energético fortíssimo, o que já não existe na informação desarticulada. Este potencial energético é designado por “ valor proteico” da aprendizagem.

O valor é máximo no momento em que ocorre a experiência, e o seu potencial para provocar mudanças comportamentais é de 100%.

A lei de diminuição do potencial de mudança decorrente do “valor proteico” da aprendizagem diz que esta se dissipa

rapidamente e é inversamente proporcional ao tempo que decorre após a experiência. Assim, à medida que o tempo passa, o potencial de mudança diminui matematicamente:

? Incidência da aprendizagem (momento do impacto) – 100% de potencial de mudança

? 3 horas depois – 95%-98% de potencial ? 12 horas – 90% de potencial ? 24 horas – 85% de potencial ? 48 horas – 75% de potencial ? 72 horas – 51%-60% de potencial Abaixo dos 51% o potencial de mudança é

absorvido pelos nossos hábitos e rotinas, ou seja, atinge o ponto de ineficácia.

A Regra das 72 Horas é conhecida

pela regra da diminuição do potencial. A regra diz que se não se fizer nada nas primeiras 72 horas relacionado com aplicação da nova ideia aprendida, a probabilidade de esta ser implementada e provocar mudanças aproxima-se de zero. Por outro lado, quando o ciclo da aprendizagem funciona, torna-se uma espiral virtuosa de crescimento e desenvolvimento. Em suma, aplica-se o novo conhecimento, se as coisas correm bem, tem-se sucesso, e o sucesso gera motivação para continuar e aprender novas competências.

Nestes casos, a lei da diminuição do potencial é substituída pela lei da ampliação. O potencial energético não diminui, e, antes pelo contrário, é aumentado da seguinte forma:

• Recebe-se e aprende-se um novo método de (liderar, comunicar, negociar, gerir conflitos...) – 100% de potencial de mudança

• Experimenta-se o método, e , se funciona, põe-se em prática – 120% de potencial

• Surgem novos resultados e sucesso na aplicação – 150% de potencial

• O sucesso confirma-se por si mesmo, e motiva para continuar a praticar e aprender novos métodos e competências – 200% de potencial

A alavancagem está na velocidade de implementação, ou seja, quão rápido se move da ideia para a implementação e prática. Os profissionais de sucesso sabem isto e praticam-no todos os dias. Movem-se da nova ideia à realização sem demora, quase instantaneamente. Quando na sua cabeça apanham algo que acham que funciona, fazem as coisas acontecer!

Numa época de recursos escassos, é altura de aplicar a Regra das 72 Horas após um investimento em formação, numa visita profissional ao estrangeiro, numa ida a uma convenção ou congresso, etc.! Aqui fica o desafio!

A Regra das 72 Horas

A N Á L I S E

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 23

CIÊNCIA

BENJAMIM CARVALHO

A temperatura em África é ac-tualmente meio grau centígrado superior à que se verificava há 100 anos, o que gera uma maior pressão sobre os recursos hídri-cos. Nas previsões dos cientis-tas, em muitas partes do territó-rio africano o aumento de tem-peratura será o dobro do da mé-dia global, gerando diversas ca-tástrofes climáticas.

E um novo recorde de calor foi atingido no decurso do primeiro trimestre deste ano. Segundo re-velou a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional norte--americana (NOAA), o mês de Março passado foi o mais quente desde 1880, ano em que aquela agência realizou as suas primei-ras medições. Com uma tempe-ratura média de 13,6 °C, o mês de Março ultrapassou em 1,5 °C o recorde estabelecido em 2010.

Foi no Leste e Sul do continen-te que foram registadas as mais altas temperaturas. A África do Sul teve uma temperatura mé-dia superior em 2 graus à de Março de 2014, com uma máxi-ma de 42 °C no Cabo. Em Luan-da, a temperatura média foi de 34 °C, superior em 4 graus à de Março de 2014.

Para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o aquecimento no continente está a ocorrer num ritmo mais rápido do que seria de esperar. Mesmo se os esfor-ços internacionais forem sufi-cientes para manter o aqueci-mento global abaixo dos 2 °C neste século, a adaptação climá-tica teria um alto custo para África, que pode chegar aos 50 mil milhões USD até ao ano de 2050, um nível além da capaci-dade do continente.

Embora África produza me-nor quantidade de dióxido de carbono do que qualquer outra região do mundo, é considerada a mais vulnerável a secas, inun-dações e a outras intempéries, e os cientistas sustentam que vão aumentar com o aquecimento do planeta. Além de poder cau-sar declínio na produção de ali-mentos e aumentar o nível do mar, a mudança no clima tam-bém vai incentivar mais guerra em África.

Pelas projecções do PNUMA, a temperatura média de África pode subir mais do que 2 °C nas últimas duas décadas do século, e existe até a possibilidade de alcançar entre 3 °C e 6 °C até ao fim do século. Os impactos para a produção agrícola, para a segu-rança alimentar, para a disponi-bilidade de água e para a saúde humana seriam severos. Caso a temperatura média suba 4 °C, o nível do mar pode aumentar mais rápido do que o esperado, causando cheias em Moçambi-que, Tanzânia, Camarões, Egip-to, Senegal e Marrocos.

O mapa de África já está a so-frer várias alterações, como con-firmam as imagens de satélite. O principal responsável é o aquecimento global, embora a acção directa do Homem tam-bém tenha reflexos evidentes na geografia africana.

Num continente que contri-bui apenas com 4% das emissões globais de dióxido de carbono, as neves do monte Kilimanjaro es-tão a desaparecer, o lago Chade está quase seco e os glaciares das montanhas Rwenzori, no Ugan-da, diminuíram 50% nas últimas décadas. Todos os anos desapa-recem quatro milhões de hecta-res de florestas em África. Os terrenos aráveis sofrem com a erosão e os danos químicos, sen-do que 65% desses terrenos es-tão degradados.

Oportunidade para a inovação tecnológica Os cientistas não têm dúvidas: to-dos os países serão afectados pelas alterações climáticas. Mas há uns mais vulneráveis que outros, e to-dos os anos saem listas de países que precisam urgentemente de ajuda para combater este fenóme-no que, até 2100, provocará vagas de destruição e migração de popu-lações.

Baseado na história recente de conflitos e temperatura, um estu-do feito por pesquisadores nos Es-tados Unidos indica que em 2030 a incidência de conflito em África subsariana será 54% maior, resul-tando num número adicional de 393 mil mortes em combate.

Sudão e Etiópia, assim como os países que cercam o lago Vitória na África Central e o canto sudeste do continente, onde se encontram parte da África do Sul, Moçambi-que e Zimbabué, deverão ter esta-ções mais secas, com a redução de colheitas, enquanto as enchentes

ocorrerão perto dos lagos. Estas são as principais conclu-

sões de um estudo que, pela pri-meira vez, identificou três regiões africanas que deverão preparar-se para enfrentar problemas múlti-plos em 20 anos. Segundo cientis-tas alemães, elas encontram-se no nordeste, centro e sudeste do con-tinente.

Há no entanto uma boa notícia: grandes países como a Nigéria e a região do Congo deverão ser mui-

to menos impactados. O aqueci-mento é com certeza uma questão global, mas os efeitos têm ampla variação no tempo e no espaço.

As medidas de adaptação po-dem incluir melhor acesso aos mercados agrícolas internacio-nais para vender gado antes de se-cas, sistemas de seguros para a va-riabilidade crescente das colhei-tas ou armazenamento de água em sistemas de cisternas.

De facto, a mudança climática é uma realidade pessimista, contu-do pode ser uma oportunidade para procurar novas formas de ge-ração de energia como a eólica, a fotovoltaica e as pequenas hidre-léctricas. Além disso, as medidas de adaptação e mitigação podem impulsionar a inovação tecnológi-ca na produção agrícola africana, como o uso da irrigação e de fertili-zantes, diminuindo o impacto do aquecimento global na economia desses países, mas para isso é ne-cessário consciencialização polí-tica doméstica e internacional.

África, a maior vítima do aquecimento globalO aquecimento no continente africano está mais rápido do que se previa, e muita da pressão das mudanças climáticas está colocada nos países com inúmeros problemas sociais e económicos. Cientistas e especialistas em temas de segurança alertam há anos para o risco do aquecimento climático gerar instabilidade e conflitos.

As doenças causadas pelo aquecimento global podem matar mais 185 milhões de pessoas na região subsariana até ao final deste século

C I Ê N C I A E M N Ú M E R O S

O lago Chade tem agora una vigésima parte do tamanho que tinha há 50 anos. Mesmo assim, ainda alimenta cerca

de 20 milhões de pessoas no Chade, Nigéria, Camarões e República do Níger. Reduzir para metade a deflorestação

em 2030 diminuiria o dano da mudança climática em mais de 3,7 mil milhões USD. Até 2025, África

perderá 2/3 das suas terras cultiváveis, a Ásia perderá 1/3, e a América do Sul, 1/5. Até ao momento, a NASA

completou 264 passeios espaciais, dos quais 184 foram dedicados à construção da Estação Espacial Internacional

e 23 à reparação do telescópio espacial Hubble. Os glóbulos vermelhos são células relativamente grandes e não têm

núcleo. São criados na medula espinal a uma impressionante taxa de 2 a 3 milhões de células por segundo.

Dos 100 a 150 mil cabelos que possuímos, perdemos diariamente entre 40 a 100. Um feto feminino

de 5 meses de idade possui 7 milhões de óvulos nos seus ovários. Quando alcança a puberdade, só lhe restam

300 mil. Um castor adulto consegue derrubar uma árvore com 12 cm de diâmetro em menos de meia hora.

A L T E R A Ç Õ E S C L I M Á T I C A S

A pobreza de África limita a sua capacidade de se adaptar às contínuas mudanças do clima

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24 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

ENTREVISTANelson Pestana Investigador social do CEIC

Os angolanos vão perder mais poder de compra este ano, alerta o coordenador do Relatório Social de Angola 2014, elaborado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Católica. Ao Expansão, o investigador faz o ‘raio-X’ de alguns sectores do País e aponta caminhos para um desenvolvimento mais sustentado.

“A inflação do ano e a acumulada vão continuar a corroer os salários”

Texto RICARDO DAVID LOPES

Fotos CÉSAR MUGINGA O Relatório Social de Angola do CEIC refere que o País precisa de um sistema de justiça “unifi-cado, presente e eficaz”. Quais os principais problemas do sis-tema actual e em que medida a reforma judiciária prevista ga-rante que a situação melhora? A justiça do País precisa de uma maior atenção para se tornar efec-tivamente um sistema “unificado, presente e eficaz” e também de acesso igual para todos os cidadãos. Neste momento, temos dualismo judiciário, uma justiça lenta ou mesmo ausência da justiça estatal, em boa parte do território. Por ou-tro lado, há uma justiça para quem pode pagar e outra para quem não pode pagar, porque os postulados constitucionais referentes à Defe-sa Pública têm sido completamen-te ignorados. De tal sorte, que esta matéria não faz parte das preocu-pações da Comissão Nacional para a Reforma da Justiça e do Direito. Não podemos pensar que a Ordem de Advogados vai defender com o mesmo empenho os que pagam e os que não pagam: as estatísticas estão aí para provar isso! E, sobre-tudo, quando as pessoas, para se-rem defendidas, têm de passar pelo transtorno e ignomínia da apre-sentação de uma declaração de po-breza. Os chamados ‘defensores oficiosos’, nomeados ad-hoc, no ca-lor da refrega, são uma caricatura da justiça herdada do período colo-nial. Não há verdadeira justiça sem a organização e funcionamento da Defesa Pública (artigo 196.º, CRA), enquanto advogado dos cidadãos, ao nível do Ministério Público, o advogado do Estado. Os problemas da justiça afec-tam o crescimento económico? É evidente que os problemas de justiça afectam o crescimento eco-nómico, quer pelo lado do conten-cioso laboral, quer pela avaliação de risco-país dos investidores. Es-tes querem saber se, ao investirem, e tiverem algum litígio, podem con-tar com um sistema de justiça pre-

sente, eficaz e imparcial. Quando não têm essa garantia, retraem os seus investimentos. O relatório assinala ainda a re-dução da despesa social, por ha-bitante, no OGE 2015 Revisto. Que leitura pode ser feita deste indicador, num ano que se adivi-nha socialmente muito difícil? É normal que, num período de ‘va-cas magras’, haja cortes, reduções ou compensações. O problema são as prioridades! Primeiro, onde es-tão as provadas reservas que foram, no passado, apresentadas como rede de segurança? Segundo, por-quê cortar no social e não na defesa e segurança? A resposta é que o Es-tado social tem menos valor que o Estado securitário! O poder de compra de um salá-rio de 25 mil Kz, segundo as con-tas do CEIC, regista uma perda acumulada de 38,3% desde

2010. O que podemos esperar que suceda este ano e nos próxi-mos? Que políticas poderiam contrariar esta perda? Esta nossa demonstração serve para mostrar que não basta au-mentar os salários nominalmente, dando a impressão da sua progres-são, quando em termos reais eles estão em queda, o que se traduz num agravamento das condições de vida das populações. O que vai

acontecer, este ano, não cremos que venha a ser diferente dos anos anteriores. A inflação do ano e a acumulada vão continuar a corroer os salários, que vão comprar cada vez menos e obrigar as pessoas a adaptarem-se a padrões de vida ainda mais baixos. Uma medida de justiça seria a de fazer os ajusta-mentos acima ou, pelo menos, ao nível da inflação real, para além de políticas sociais que contribuíssem para a redução das despesas das fa-mílias, por exemplo, com a imple-mentação da escola integral ou, imediatamente, com a universali-zação da merenda escolar. Referem o risco de existência de pobreza estrutural. O que signi-fica e como poderia ser evitada? A pobreza estrutural diferencia-se da pobreza conjuntural, que é devi-da a factores externos ao sistema de produção (e. g., crise de preços de uma mercadoria no mercado in-ternacional). A pobreza estrutural é devida à dificuldade do próprio sistema de produção em integrar um determinado número de pes-soas. Resulta, pois, do próprio fun-cionamento do sistema e persiste mesmo em momentos de cresci-mento. Para se evitar isso, é preciso não apenas crescer, mas crescer em qualidade, de maneira a dar a opor-tunidade ao maior número possí-vel (pleno emprego) em participar da produção da riqueza, melhoran-do a relação entre factores (capi-tal/trabalho), praticar uma fiscali-dade protectora dos rendimentos dos mais pobres e melhorar a pres-tação e o acesso a serviços básicos. Com que tipo de política se pode transformar crescimento eco-nómico em desenvolvimento? O crescimento económico pode transformar-se em desenvolvi-mento se beneficiar o conjunto dos cidadãos. Se o Estado tiver a preo-cupação de adoptar medidas cor-rectivas das assimetrias sociais, primeiro, ao nível da relação capi-tal/trabalho, promovendo uma po-lítica progressiva de bons salários e, depois, através de políticas redis-tributivas melhorando o acesso e a prestação dos serviços básicos (água potável, educação, saúde, ha-bitação, lazer e cultura).

“O crescimento económico pode transformar-se em desenvolvimento se beneficiar o conjunto dos cidadãos e se o Estado tiver a preocupação de adoptar medidas correctivas das assimetrias sociais”

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 25

A agricultura familiar (AF) é apontada como fonte de cria-ção de emprego, sustento e de excedentes geradores de ri-queza. Medidas como o Pro-grama de Aquisição de Produ-tos Agro-Pecuários (PAPA-GRO) cumprem a função de apoiar esta agricultura? A AF é criadora de emprego, de ri-queza, segurança alimentar e preservação do ambiente. É ela que pode dinamizar o meio rural e torná-lo mais atractivo. O PA-PAGRO cobre apenas um dos segmentos dos estrangulamen-tos da vida no meio rural. Mas, mesmo assim, não basta instalar um sistema de comercialização (confinado aos centros de maior densidade populacional) sem proteger os termos de troca. É preciso garantir a circulação para que outros empreendedores possam levar serviços às aldeias. De qualquer modo, o primeiro problema dos camponeses é a melhoria dos seus meios de vida: o acesso a recursos para garantir a sua sobrevivência imediata e de longo prazo, em que se destacam as suas condições de produção e, consequentemente, do aumento da produtividade, que têm que ver com a segurança alimentar, climática, financeira, técnica, lo-gística, sanitária e outras. Faz sentido apostar numa agricultura de larga escala, ou deve promover-se a melhoria de condições para o desenvol-vimento da AF? A AF não se opõe à agricultura empresarial, apenas, represen-tando 99,8% das explorações agrícolas e cerca de 2,6 milhões de famílias, se impõe como prio-ridade pela sua representativida-de social e, sobretudo, pela racio-nalidade de gestão e governação. O ideal seria que ambas as activi-dades fossem complementares, numa mesma cadeia de valor. A integração dos camponeses em cadeias produtivas, em termos justos e de promoção económica e social pode e deve ser feita para o mais rápido desenvolvimento do País. Basta olharmos para as estatísticas (no País ou fora dele) para nos apercebermos da im-portância da AF e da possibilida-de da sua integração em cadeias produtivas modernas: em 1975, a AF era responsável pela produ-ção comercializada de milho (88%), mandioca (100%), feijão

(94%) ginguba (100%), batata (71%), café (30%), arroz (52%) e algodão (21%). Hoje, por exem-plo, representa 76% do efectivo pecuário bovino do País (4.586.570 cabeças). Que balanço pode ser feito da Estratégia Nacional de Com-bate à pobreza, lançada em 2004? A Estratégia de Combate à Po-breza (EPC) foi abandonada há muito tempo e nunca contou com a simpatia do Executivo, em-bora o Fundo de Apoio Social (FAS) se tenha esforçado por a materializar durante ainda al-guns anos. A partir de 2010, foi--lhe dada a ‘machadada’ final, ao ser proclamado o Programa Mu-nicipal Integrado de Desenvolvi-mento Rural e Combate à Pobre-za (PMIDRCP), dirigido central-mente pelo Presidente da Repú-blica, através de um dos seus se-cretários. O balanço da EPC resu-me-se, pois, aos programas do FAS. Para além do Estado, também as organizações não-governa-mentais (ONG) têm um papel na promoção da igualdade e do desenvolvimento. Como olha para a sua acção em An-gola? Olhamos com muita simpatia para essa acção, quer das ONG, quer das igrejas. No entanto, a acção das ONG está cada vez mais diminuída; a última Confe-rência Nacional da Sociedade Ci-vil constatou que a sua interven-ção é cada vez menor, com a reti-rada de muitas delas e com o ‘cer-co’ da ausência de financiamen-tos. Por exemplo, o Programa de Apoio aos Actores Não-Estatais (PAANE) da União Europeia, está, por imposição do Executi-vo, em vias de desaparecer. Há uma atitude de suspeição per-manente e de controlo ‘muscula-do’ do poder em relação às orga-nizações da sociedade civil (OSC) que não gozem da sua ‘bênção’ e do seu apoio. A nova Lei das Associações é o ‘acto de contrição’ para acabar com a au-tonomia que é própria da nature-za das OSC. Em que sectores as ONG são mais presentes e activas? Na defesa dos direitos humanos, na luta contra a pobreza, e na de-fesa do ambiente e da cidadania.

“A agricultura familiar pode tornar o meio rural mais atractivo”

A Estratégia Nacional de Combate à Pobreza foi abandonada há muito tempo e nunca contou com a simpatia do Executivo, embora o Fundo de Apoio Social se tenha esforçado por a materializar durante ainda alguns anos”

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26 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

ENTREVISTA

É possível falar-se numa classe média crescente em Angola? Há uma classe média crescente, em-bora de forma lenta. A classe média, no entanto, tem dois estratos: a clas-se média clientelar arrivista, que se integrou no sistema de privilégio nomenclaturista, e a classe média de aspiração, composta pela grande massa de quadros (bons ou maus, mas que são reconhecidos social-mente como tal) que não têm um ní-vel de bem-estar correspondente. O País continua a registar eleva-das taxas de mortalidade infan-til. Como inverter este quadro? Este ano foi difícil aferir a mortalida-de infantil, pois nem a Direcção Na-cional de Saúde tinha números defi-nitivos até ao momento em que con-cluímos o Relatório Social de Angola (RSA) 2014. Mas houve, de 2002 a 2012, uma tendência mundial (con-firmada pela África subsariana e por Angola) para uma maior redução (4,1%, por ano) destes índices. Coin-cidindo com o fim da guerra e o cres-cimento da receita petrolífera, An-gola registou uma relativa evolução na assistência sanitária às grávidas e aos recém-nascidos. Mas os núme-ros continuam elevados, com uma taxa de 116 por 1.000 nados-vivos e de 194 por 1.000 de mortalidade em menores de 5 anos, e estão aquém do cumprimento dos Objectivos do Milénio (75/ 1.000) e do que é aceitá-vel pela Organização Mundial de Saúde (10/1000). Esta situação im-põe uma maior atenção aos progra-mas de água e saneamento e um in-vestimento mais criterioso nas es-truturas médico-sanitárias, nos seus recursos humanos e na con-centração do foco de intervenção nos programas do pré-natal, pós--parto e saúde reprodutiva. Quais são os aspectos positivos a registar no sector da educação? É difícil responder a isso de forma taxativa, pois a maioria dos aspectos considerados positivos implica ou deixa entrever, em última análise, outros tantos negativos. Tomemos como exemplo o primeiro grau de ensino: a iniciação teve um cresci-mento bruto de 12,12%, o que é posi-tivo, pois desde 2007 que se verifica-va uma curva decrescente de 40%.

Contudo, apesar desta inversão de tendência, ainda ficaram fora da es-cola, neste nível, cerca de 133.422 crianças – e isto sem levar em conta o atraso escolar. Também no ensino primário houve um crescimento de matrículas (0,5%), mas que está abaixo do índice de crescimento da população (3,2%) – o que resulta em deixar de fora do sistema mais 480.562 crianças. O dinamismo, em termos brutos (135,5%), correspon-de, em boa parte, ao atraso escolar. Depois, a relativa inclusão observa-da em quase todas as províncias não tem sido acompanhada por um cor-relativo crescimento de docentes. O ingresso de novos docentes, no primário, tem decrescido, apresen-tando, em 2014, a taxa mais baixa dos últimos 10 anos, num rácio alu-no/professor de 33,21. Pior ainda é o rácio aluno/sala de aulas, que se si-tua acima de 80. Considerando que a população tem altas taxas de crescimento, quais os desafios da educação para os próximos anos? O maior desafio, se assim se pode di-zer, do sistema de ensino angolano continuará a ser, certamente, a equação entre crescimento e quali-dade. Em função dos resultados pre-liminares (e dos que se prevêem como definitivos) do recenseamen-to geral da população, é ponto assen-te que o Governo se deve ver obriga-do a redefinir as metas previstas para o sector da educação no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017. Em 2014, ficou mais do que evidente que a expansão da co-bertura escolar não só não tem acompanhado a evolução demográ-fica do País, como tem sido, em geral, geograficamente assimétrica. Por outro lado, é urgente que o cresci-mento de matrículas não continue a ocorrer à margem da criação das condições materiais e pedagógicas indispensáveis a um ensino de qua-lidade. O ideal é que ambos os facto-res coincidam no tempo e no espaço. Mas o factor decisivo da escola é o professor. O mais importante na po-lítica de educação é a formação dos professores (formal e contínua), e a padronização do ensino ministrado em todo o País, inclusive, com recur-so às tecnologias de informação e

comunicação. Por isto, não basta termos hoje mais de 90% das crian-ças do município do Cazenga matri-culadas; é preciso, igualmente, saber em que condições estudam: se as sa-las de aulas dispõem dos equipa-mentos adequadas, se as escolas dis-põem de bibliotecas, de espaços des-portivos e culturais, se os professo-res possuem formação académica e pedagógica adequada, quantos alu-nos por professor e por sala de aula, etc. Neste capítulo, tal como a regio-nalização do ensino superior liber-tou sinergias que o centralismo ini-bia ou mesmo coarctava, também a descentralização autárquica pode permitir um aumento em quantida-de e, sobretudo, em qualidade da educação primária prestada. O número de universidades pú-blicas e privadas tem crescido muito. Está a privilegiar-se a quantidade em detrimento da qualidade no ensino superior? Mais uma vez, o problema está na ausência de um forte investimento na formação e contratação de do-centes. Já o dissemos no RSA 2013: a expansão da rede universitária tem ocorrido em prejuízo da qualidade de ensino, porque o ensino superior é visto como um bom negócio (atractivo até mesmo para algumas instituições públicas, as que cobram propinas para o período nocturno) e uma forma de poder, através das re-

des de influência que pode propor-cionar. Se fosse visto como uma questão de saber, de meio funda-mental de desenvolvimento nacio-nal, não estaria a ser assegurado, em grande escala, por docentes sem ex-periência e com baixa qualificação académica, nas categorias de assis-tentes e assistentes estagiários. São estes que na prática, em diversas instituições de ensino superior (IES), assumem a regência de disci-plinas e a direcção das aulas, sem que haja a preocupação (e a obrigação) de se recrutarem docentes com titu-lação mais elevada, que, quando existem, são, na maior parte das ve-zes, ‘turbodocentes’. A inversão do quadro passa, necessariamente, pela assunção de uma nova atitude pelo Ministério do Ensino Superior, que deve fiscalizar e avaliar perma-nentemente as IES com base em cri-térios objectivos e universais. Existe o risco de virem a existir li-cenciados em excesso? Quais as consequências deste problema? Há, sim, o risco de haver muitos li-cenciados em determinadas áreas e muito poucos em outras, criando desequilíbrios e contradições. O Plano Nacional de Formação de Quadros (2013-2020) constatou isso mesmo e foi orientado no senti-do de fazer convergir a oferta de for-mação superior com as necessida-des reais do desenvolvimento do

País. Mas tais desequilíbrios serão sempre exteriores ao subsistema do ensino superior, colocar-se-ão em relação ao mercado de trabalho, o que quer dizer que não basta reo-rientar a oferta de formação supe-rior, há também que adequar a for-mação superior às políticas de em-prego e salarial. Há cursos que são oferecidos mas ficam desertos, por-que não garantem saídas profissio-nais, pelo menos atractivas. Então, o emprego tem de ser uma prioridade nacional mas associado a uma polí-tica de empregabilidade dos angola-nos, sem a qual continuaremos a as-sistir casos de jovens licenciados no desemprego e a um progressivo au-mento das tensões sociais, sobretu-do se estes acharem que são preteri-dos porque não pertencem à no-menclatura ou aos círculos de in-fluência; se, na sua percepção, a sua situação de marginalizados for asso-ciada à injustiça social. Não há, pois, o risco de excesso de licenciados: o País precisa de aumentar muito em termos de capital humano, necessi-ta de quadros superiores em diver-sas áreas para o seu desenvolvimen-to. O risco real, a meu ver, não é o de termos licenciados em excesso, mas sim excesso de diplomados com for-mação sem qualidade que o merca-do rejeita porque não tem o perfil técnico profissional exigido, que pa-rasitam o Estado ou fazem da licen-ciatura um mero título de nobreza.

O factor decisivo da escola é o professor. O mais importante na política de educação é a formação dos professores (formal e contínua) e a padronização do ensino ministrado em todo o País”

Investigador e activista social e político Nelson Pestana é investigador-coordenador do Departamento de Estudos Sociais do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (UCAN). Doutorado em Ciência Política pela Universi-dade de Montpellier I (França), é licenciado em Direito (1987) pela Faculda-de de Direito da Agostinho Neto. É também docente da UCAN e professor--convidado do Instituto Superior de Ciências da Educação-Luanda. No meio literário e cultural angolano, é conhecido pelo pseudónimo E. Bona-vena. Politicamente, destaca-se como militante nacionalista e cívico, ten-do sido, sucessivamente, fundador e dirigente da Associação Cívica Ango-lana, Frente para a Democracia e Bloco Democrático, após ter passado pe-las cadeias do regime de partido único.

Nelson Pestana Investigador social do CEIC

“Há o risco de haver excesso de licenciados sem formação de qualidade”

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28 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

NACIONAL

CARLOS ROSADO DE CARVALHO

O custo de vida em Luanda au-mentou 1,2% em Maio, face a Abril, a maior subida mensal des-de Dezembro de 2011, quando os preços tinham subido 1,7% em re-lação a Novembro.

O aumento registado no mês passado, revelado pela Folha de Informação Rápida do Índice de Preços no Consumidor (IPC) Fi-nal Nacional de Maio do Instituto Nacional de Estatística (INE), eleva a inflação anual para 8,9% , mais 0,7 pontos percentuais (p.p.) do que em Abril, a maior subida da inflação homóloga desde Setem-bro de 2010. Neste mês, marcado pelo aumento dos preços dos combustíveis, a inflação homólo-ga subiu 1,7 p.p., de 14% para 15,7%.

Depois de, aparentemente, ter resistido às três subidas regista-das no preços dos combustíveis desde Setembro de 2014, a infla-ção ‘soçobrou’ agora perante a desvalorização do kwanza. Até Maio, a moeda nacional já perdeu 6,1% face ao dólar. Em Dezembro, a nota ‘verde’ valia, em média. 103,1 Kz e, em Maio, trocava-se a 109,7 Kz. A desvalorização do kwanza torna os produtos impor-tados mais caros, e Angola com-pra ao exterior grande parte do que consome. A taxa de inflação de Maio ainda não incorpora a

desvalorização de 5,1%, de 111 Kz por dólar para 117 Kz decidida pelo Banco Nacional de Angola no dia 5 de Junho.

Em cima da ‘linha vermelha’ A menos de meio do ano, a infla-ção homóloga já está praticamen-te em cima da meta do Governo, que no Orçamento Geral do Esta-do (OGE) 2015 Revisto aponta para um crescimento dos preços de 9% em Dezembro de 2015. O relatório do Centro de Investi-gação Científica da Universidade Católica de Angola, divulgado na semana passada, recorde-se, aler-tou que a inflação pode regressar aos dois dígitos este ano, depois de ter estacionado em um dígito em Agosto de 2012, mês em que se fi-xou nos 9,9%.

Segundo o documento do INE, em Luanda – província que du-rante anos serviu de referência para o cálculo da variação do custo de vida em Angola –, a classe ‘Transportes’ foi a que registou o maior aumento de preços, com 2,66%. “Destacam-se também os aumentos dos preços verificados nas classes ‘Educação’, com 2,46%, ‘Bens e Serviços Diversos’, com 1,38%, e ‘Habitação, Água, Electricidade e Combustíveis’, com 1,27%”, assinala o INE.

A classe ‘Alimentação e Bebidas não Alcoólicas’ foi a que mais con-tribuiu (41,21%) para o aumento dos preços em Luanda, seguida de ‘Transportes’ (15,20%), ‘Habita-ção, Água, Electricidade e Com-

bustíveis’ (11,42%) e ‘Bens e Servi-ços Diversos’ (8,04%).

Transportes são em regra quem mais sobe preços Em Cabinda, o IPC subiu 0,41%, entre Abril a Maio de 2015. A clas-

se ‘Habitação, Água, Electricida-de e Combustíveis’ foi a que teve o maior aumento de preços, com 2,04%, destacando-se ainda as su-bidas nas classes ‘Transportes’ (1,12%), ‘Lazer, Recreação e Cul-tura’ (0,65%) e ‘Saúde (0,47%).

No Zaire, o IPC subiu 0,9%, no mesmo período, tendo a classe ‘Transportes’ registado o maior aumento, com 5,74%. Destacam--se ainda as subidas nas classes ‘Habitação, Água, Electricidade e Combustíveis’ (0,63%), ‘Alimen-tação e Bebidas não Alcoólicas’ (0,49%) e ‘Mobiliário, Equipa-mento Doméstico e Manutenção’ (0,36%).

No Uíge, por seu turno, o IPC avançou 0,82% de Abril para Maio, tendo igualmente sido a classe ‘Transportes’ a que mais se destacou (4,05%), seguindo-se ‘Habitação, Água, Electricidade e Combustíveis’ (1,50%), ‘Alimen-tação e Bebidas não Alcoólicas’ (0,80%) e ‘Vestuário e Calçado’ (0,63%).

O IPC do Cuanza Norte aumen-tou 0,7% e, de novo, a classe ‘Transportes’ liderou (4,66%), se-guindo-se as classes ‘Habitação, Água, Electricidade e Combustí-veis’ (1,45%), ‘Alimentação e Bebi-das não Alcoólicas’ (0,53%) e ‘La-zer, Recreação e Cultura’ (0,52%).

Cenário idêntico foi registado no Cuanza Sul, com a classe ‘Transportes” a liderar as subidas (3,28%). Nesta província, o IPC subiu 1%.

Os ‘Transportes’, de resto, fo-ram a classe cujos preços mais su-biram na esmagadora maioria das outras províncias. Em Malanje, o IPC registou uma variação de

1,03%, na Lunda Norte subiu 0,85%, em Benguela avançou 0,53% e no Huambo aumentou 1%.

Na província do Bié, o IPC teve uma variação de 0,83%; no Moxi-co, de 0,88%; no Cuando Cubango, aumentou 0,80%; no Namibe, su-biu 0,98; na Huíla avançou 0,87%; na Lunda Sul, 1,12%, e no Bengo, 0,99%.

No Cunene, por seu turno, a classe ‘Habitação, Água, Electrici-dade e Combustíveis’ foi a que re-gistou o maior aumento de pre-ços, com 1,90%. Nesta província, o IPC sofreu uma variação de 0,86% entre Abril e Maio.

Em termos nacionais, o IPC re-gistou uma variação de 1,03% nos meses em análise. A classe ‘Trans-portes’ (2,77%) liderou as subi-das, seguida de ‘Educação’ (2,02%), ‘Habitação, Água, Elec-tricidade e Combustíveis’ (1,29%), ‘Bens e Serviços Diver-sos’ (1,04%) e ‘Bebidas Alcoólicas e Tabaco’ (1,03%).

C U S T O D E V I D A

Inflação anual em Maio com o maior aumento desde Setembro de 2010Subida de 1,2% no custo de vida de Abril para Maio, o mais elevado desde Dezembro de 2011, eleva a inflação anual para 8,9%, mais 0,7 pontos percentuais (p.p.) do que em Abril, a maior subida da taxa homóloga desde Setembro de 2010. Meta de 9% do Governo até Dezembro deste ano pode estar em risco.

A desvalorização do kwanza torna os produtos importados mais caros, e Angola compra ao exterior grande parte do que consome

Preços aquecem

jun-14

Aumento dos preços face ao mesmo mês do ano anterior, %

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7

8

9

10

jul-14 Ago-14 Set-14 Out-14 Nov-14 Dez-14 Jan-15 Fev-15 Mar-15 Abr-15 Mai-15

6,9 7,0 7,1 7,27,5 7,5 7,5 7,4

7,7 7,98,2

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 29

FRANCISCO DE ANDRADE

O Ministério da Construção e o Ministério das Finanças traba-lham num modelo de conserva-ção de estradas que será finan-ciado pelo Fundo Rodoviário, em reestruturação, revelou na passada semana aos jornalistas o ministro Waldemar Pires Ale-xandre Segundo comunica o titular da pasta da Construção, o novo mo-delo de conservação poderá pro-piciar a participação, funda-mentalmente, de ex-militares e jovens, sobretudo pela especifi-cidade das estradas que, ao lon-go do seu traçado, atravessam várias localidades. “Passamos por estas localida-des e vemos muitos jovens sem nada para fazer, que podem mui-to bem ser engajados nas activi-dades de conservação e manu-tenção de estradas. Este é um objectivo bastante abrangente e pensamos que teremos bastante sucesso”, afirmou. O governante argumentou que, em função do pouco tempo em que decorreu o processo de construção, a dinâmica da ex-ploração das estradas e a falta de alguma capacidade que reco-nheceu existir nas próprias ins-tituições do Estado em terem uma gestão eficaz na conserva-ção e manutenção, visando a preservação do investimento, constituem algo que deve ser pensado. Waldemar Alexandre referiu que os órgãos que deviam acom-panhar as infra-estruturas cons-truídas [no caso as rodoviárias] não cresceram à mesma veloci-dade, o que leva agora o Governo a procurar modelos que possam facilitar a gestão destes em-preendimentos. Segundo o Ministério da Cons-trução, desde 2002, quando se indicou o Programa Executivo de Reabilitação de Infra-estru-turas Rodoviárias, logo depois da conquista da Paz, foram já as-faltados pouco mais de 12 mil quilómetros da malha rodoviá-ria nacional. A herança colonial era de 8 mil quilómetros de estradas asfalta-das em todo o País. Sobre o valor investido até aqui, disse ser difícil estimar, mas ga-rantiu tatar-se de um valor avul-tado. “Os orçamentos anuais do Esta-do são do conhecimento público e temos sido contemplados com um orçamento que atende a to-dos os objectivos. A avaliação dos custos é difícil de se fazer, mas são bastante elevados”, fri-sou.

Habitação social é fundamental Noutra vertente, o ministro considerou o sector da habita-ção social, tal como os demais que integram a actividade do pelouro que dirige, de “impor-tância fundamental”, e caucio-na a parceria que se pretende estabelecer com vários investi-dores, incluindo americanos Apontou o conflito que se tem verificado nos espaços em que se pretende executar obras como algo que tem interferido nos grandes projectos estrutu-rantes do Executivo. “É obriga-ção do Estado dar casas às pes-soas envolvidas nestes casos. O nosso objectivo é atender a estas situações, mediante a construção de casas sociais para o realojamento, que têm a ver com os espaços ocupados e em conflito com os nossos pro-jectos estruturantes”, desta-cou. Para reduzir os custos no sec-tor dos materiais de constru-ção, Waldemar Alexandre indi-cou ser necessário traçar políti-

cas de desenvolvimento, recor-rer às tecnologias de constru-ção que mais se adequam às ne-cessidades locais e, de certa forma, buscar o papel do labo-ratório de engenharia como ór-gão de investigação. “É indispensável recorrer-se ao laboratório de engenharia, como órgão de investigação na procura de soluções em termos de fabricação de materiais de construção, usando metodolo-gias e processos mais baratos. Conjugados todos estes esfor-ços, poderão ser atingidos estes objectivos”, garantiu. Segundo afirmou, a dependên-cia excessiva do sector petrolí-fero obriga a caminhar-se na di-recção oposta, que passa pela diversificação da nossa econo-mia, sendo esta uma medida de política que abrange todos os departamentos ministerial, como objectivo único de se me-lhorar o desempenho de cada um na actual conjuntura ma-croeconómica do País.

A herança colonial era de 8 mil quilómetros de estradas asfaltadas em todo o País

O ministro da Construção referiu que os órgãos que deviam acompanhar as infra-estruturas construídas [no caso as rodoviárias] não cresceram à mesma velocidade.

I N F R A - E S T R U T U R A S

Fundo rodoviário em reestruturação vai financiar conservação de estradas no País

Desde 2002, foram reabilitados no País mais de 12 mil quilómetros de malha rodoviária

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30 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

NACIONAL

A Agrozootec, uma empresa de co-mercialização de tractores, alfaias agrícolas e de sementes de pasta-gem, que em 2014 facturou aproxi-madamente 18 milhões USD, aposta no seu crescimento, considerando isso um sinal do desenvolvimento do sector agrícola em Angola.

A empresa inaugurou, esta quar-ta-feira, novas instalações na Via Expresso, sentido Cacuaco- Benfi-ca, em Luanda, um investimento que rondou os 2,5 milhões USD.

Esta aposta, refere o seu director--geral, José Alexandre Silva, reflec-te a confiança da empresa no forte desenvolvimento que o sector agrí-cola angolano irá experimentar nos próximos tempos. “A inauguração formal das novas instalações tem por objectivo mostrar que existem alternativas em Angola, qualidade de serviço e queremos mostrar que

estamos lado a lado com o cresci-mento deste sector que é a agricul-tura, no qual acreditamos para futu-ro do País”, disse ao Expansão.

O espaço, inaugurado quarta-fei-ra, comporta uma área de 4.500 me-tros quadrados, 700 dos quais são de showroom e escritórios, 300 des-tinados à secção de peças, 500 de oficina, 1.500 para montagem de equipamentos e 1.500 de armazém.

Esta empresa de direito angola-no, fundada em 2010, é concessio-nária dos tractores da Valtra, e re-presenta as várias marcas interna-cionais de alfaias agrícolas (Ferrari, Maschio, Gaspardo, Feraboli, entre outras). Tem uma rede de distribui-ção a nível nacional e marca presen-ça, para além de Luanda, no Cuanza Sul, no Bengo, Huíla, Benguela e Huambo, empregando 18 funcioná-rios. FF.A.

SITA SEBASTIÃO

A produção do Porto de Luanda poderá este ano ficar abaixo da de 2014, fruto da crise causada pela queda do preço do petró-leo, admitiu o presidente da co-missão executiva do Porto de Luanda. Nos primeiros três meses do ano, por exemplo, re-velou Manuel Zangui, numa conferência, esta semana, no âmbito dos 70 anos do porto, registou-se uma queda de 14% na descarga de contentores face ao homólogo.

“Fruto da crise que a econo-mia mundial regista, de que Angola não está isenta, as pers-pectivas para 2015, em termos de produção, poderão não atin-gir a cifra de 2014”, disse, ainda que, acrescentou, o movimento do segundo trimestre traga al-guns sinais de optimismo.

“A empresa portuária come-çou já a registar, no princípio do segundo trimestre, uma su-bida no número de navios, fac-to que poderá colocar o porto, no final de 2015, numa cifra próxima da de 2014”, afirmou.

Quanto ao movimento de na-vios de longo curso, nos pri-meiros três meses do ano, reve-lou, a empresa teve um movi-mento de 242 navios de longo curso – menos 11% face ao ho-mólogo – e 68.000 de cabota-gem.

De acordo com o responsá-vel, em 2014 o Porto de Luanda movimentou cerca de 13.060.494 milhões de tonela-das de mercadorias diversas, um crescimento de 15,9% face às 11.256.574 milhões tonela-das de 2013.

“O movimento de cargas não contentorizadas, nos diferen-tes terminais, foi de 3.823,207 milhões de toneladas, um cres-cimento de 34%, enquanto as cargas contentorizadas regis-taram um ligeiro crescimento de cerca de 10% em relação ao período correspondente”, sa-lientou.

Segundo o gestor, no ano pas-sado, foram desembarcados no

Porto 529.528 contentores e embarcados 525.775. “Paralelamente, em 2014, o Porto de Luanda ainda operou 8.154, dos quais 1.135 foram na-vios de longo curso e 7.019 de cabotagem”, disse. Lançado novo código de ética Entretanto, a empresa lançou lançou um novo código de éti-ca, onde estabelece procedi-mentos e regras relativas à re-cepção e análise de tratamento das informações sobre infrac-ções. O regulamento aplica-se a todos os colaboradores da Em-presa Portuária de Luanda, membros dos órgãos sociais,

chefias, funcionários, traba-lhadores, estagiários e presta-dores de serviço em geral.

Manuel Zangui disse que o código vai operar “no conjunto de ética e profissionalismo, e vai ajudar a gestão do Porto de Luanda para que os resultados a curto e médio prazo sejam sa-tisfatórios”.

“Os nossos funcionários es-tão preparados para novos de-safios, e o conselho de adminis-tração vai efectuar um conjun-to de sessões de transmissão de conhecimento e actividades para maior divulgação do códi-go de ética”, para que a sua re-ceptividade “seja positiva”, ga-rantiu.

No primeiro trimestre do ano, a descarga de contentores recuou cerca de 14% face ao mesmo período de 2014. Novo código de ética aumenta profissionalismo.

P O R C A U S A D A C R I S E

Produção do Porto de Luanda pode ficar abaixo do previsto

C O M É R C I O

Agrozootec inaugura nova sede em Luanda

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As orientações e decisões do Execu-tivo vão no sentido de todas as pes-soas, até dia 25 de Junho, começa-rem a receber as suas casas nas cen-tralidades, revelou o o presidente do conselho de administração da Imogestin. Segundo Rui Cruz, que falava numa conferência da Imogestin sobre imobiliário, esta semana, em Luanda, a habi-tação social, e a chamada habita-ção a custos controlados é, nos próximos tempos, uma necessi-dade para satisfazer a procura.

O responsável afirmou que a participação da Imogestin na gestão de alguns projectos habi-tacionais do Governo pode gerar oportunidades para se alarga-rem os benefícios ao sector pri-vado angolano, designadamen-te, nas áreas de construção, in-dústria de materiais de constru-

ção e mediação mobiliária. “Se o papel do Estado é deter-

minante na regulação desse seg-mento do mercado imobiliário, para a protecção das pessoas eco-nomicamente mais vulneráveis, o sector privado pode ver nele uma oportunidade para aumentar a oferta de materiais de construção, bem como assegurar a participa-ção nesse esforço que o Executivo vem desenvolvendo”, precisou.

Entretanto, o ministro do Ur-banismo e Habitação, José Con-ceição e Silva, apelou ao investi-mento privado em casas para ar-rendamento. O governante disse que uma das soluções para dimi-nuir o défice ainda existente, que é de 1,5 milhões de casas, passa pela aposta do investi-mento privado em moradias para arrendamento. SS.S.

H A B I T A Ç Ã O

Imogestin entrega casas a mais de 5.400 cidadãos

B R E V E S

Angola eleita para o Comité de Finanças da FAO Angola foi eleita, esta semana, em Roma (Itália), para o Comité de Finanças da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), na 152.ª sessão do conselho da organização, dedicado à eleição dos novos membros dos Comités de Finanças, Programa e Questões Constitucionais e Jurídicas. O Comité de Finanças é composto por membros de África, América Latina, Ásia, América do Norte e do Pacífico.

Presidente cria Conselho Nacional da População O Presidente José Eduardo dos Santos oficializou a criação, por decreto de 8 de Junho, do Conselho Nacional da População (CNP), que vai fazer a ligação entre o povo e os órgãos públicos na definição das políticas nacionais. De acordo com o decreto presidencial, o CNP pretende assegurar a ligação e participação da sociedade civil e dos diversos departamentos ministeriais e institutos públicos “na formulação, acompanhamento e avaliação da Política Nacional de População”.

Hungria reabre a sua embaixada em 2016 A Hungria vai reabrir a sua embaixada em Angola, no primeiro semestre do próximo ano, para melhor desenvolver as relações bilaterais e de cooperação entre os dois Estados, afirmou esta semana, em Luanda, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio Externo daquele país, Lászlo Szabó. O visitante disse que, apesar de as actuais relações bilaterais estarem a ser “redinamizadas com as conversações já existentes para a abertura da embaixada no primeiro semestre de 2016, os encontros a manter em Luanda poderão ajudar a definir a data”, justificou.

Negócios com Cabo Verde intensificam-se O presidente de Cabo Verde, Jorge Fonseca, em declarações à imprensa proferidas esta semana, classificou de “muito boas” as relações com Angola, desde a sua recente visita ao nosso País, relações essas agora mais intensificadas com a troca de delegações governamentais e também de empresários entre os dois países.

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32 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

INTERNACIONAL

SILVANA TCHISSULENO

A criação da Zona de Comércio Li-vre Tripartida, aprovada na sema-na passada no Egipto, poderá tra-zer vantagens para Angola e ou-tros países integrantes, defende o consultor económico Galvão Branco.

Na semana passada, os líderes africanos assinaram um acordo preliminar para a criação, em 2017, de uma Zona de Comércio Livre Tripartida (a vermelho, no mapa), que engloba 26 países das três comunidades, nomeadamen-te o Mercado Comum para a Áfri-ca Ocidental (COMESA), a Co-munidade da África Oriental (EAC) e a Comunidade de Desen-volvimento da África Austral (SADC), de que faz parte Angola.

A futura Zona de Comércio Li-vre Tripartida percorrerá o conti-nente africano, do Norte ao Sul, e os países que a integram consti-tuem 57% da população de África, ou seja, cerca de 500 milhões de pessoas. O PIB conjunto ronda os 1,2 biliões USD, aproximadamen-te 60% do valor das economias do continente.

Em entrevista ao Expansão, o consultor económico Galvão Branco defende que “esta nova Zona de Comércio Livre traz

grandes vantagens ao crescimen-to e desenvolvimento económico e social dos países integrantes”, traduzidas em processos de in-dustrialização, de geração de co-nhecimento e inovação “bastante intensos e com elevados padrões de qualidade e na excelência na oferta de bens e serviços”.

Apesar de considerar que “o processo será muito vantajoso para Angola, pois irá promover a competitividade e a produtivida-de das indústrias, resultando numa maior eficiência das em-presas e de cada ramo económi-co”, o especialista adverte que, para beneficiar dos aspectos posi-tivos, o País precisa da “criação de condições” que o possam favore-cer.

Falta “robustez” “Devemos, com toda a humildade, assumir que somos um mercado essencialmente consumidor de toda a panóplia de produtos im-portados, incluindo os que consti-tuem a cesta básica, e ainda não estamos muito próximo de dis-pormos de um tecido industrial, soberano no sector da alimenta-ção e da agro-indústria que dispo-nha de robustez suficiente para competir com muitos dos países que integram esses blocos econó-micos”, alerta ainda o mesmo consultor.

Na futura zona tripartida, An-gola e Moçambique passarão a in-

tegrar a mesma zona de comércio que o Egipto, que a Eritreia, que o Sudão e outros 21 países. O me-morando de entendimento assi-nado no Egipto prevê que sejam liberalizados o comércio e os ser-viços, e aponta para uma diminui-ção dos custos alfandegários em 8,5% durante os próximos cinco anos.

Angola teve como representan-tes na cimeira o ministro do Pla-neamento e do Desenvolvimento Territorial, Job Graça, bem como

os secretários de Estado do Co-mércio Externo e da Indústria, respectivamente, Alexandre Cos-ta e Kiala Gabriel.

Recorde-se que, na cimeira africana que teve lugar em Hara-re, capital de Zimbabué, no passa-do mês de Maio, foi aprovado o Plano da Estratégia Rumo ao Des-envolvimento Industrial, no qua-dro da iniciativa tripartida entre a SADC, a COMESA e também a EAC.

Para além da SADC, da EAC e da

COMESA, existem outras duas comunidades africanas, a Comu-nidae Económica e Monetária da África Central (CEMAC) e a Co-munidade Económica dos Esta-dos da África Ocidental (ECO-WAS).

A SADC, recorde-se, já lançou a sua própria zona de comércio li-vre, mas Angola só deverá inte-grá-la no decorrer de 2017. A Re-pública Democrática do Congo também ainda não faz parte deste acordo.

C O M É R C I O

Zona de Comércio Livre Tripartida pode trazer vantagens a AngolaLíderes africanos assinam acordo preliminar para criarem uma nova Zona de Comércio Livre Tripartida, num ‘corredor’ do Norte ao Sul. Angola assinou, mas ainda não está na zona de comércio da SADC.

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Zonas de trocas e comércio existentes

SADC

AngolaBotswanaR.D. CongoLesotoMadagáscarMalawiMauríciasMoçambiqueNamíbiaSeychellesÁfrica do SulSuazilândiaTanzâniaZâmbiaZimbabwe

EAC

BurundiQuéniaRuandaUgandaTanzânia

COMESA

BurundiComoresR.D. CongoRep.do DjibutiEgiptoEritreiaEtiópiaLíbiaMadagáscarMalawiMauríciasRuandaSeychellesSudãoSuazilândiaUgandaZâmbiaZimbabwe

ECOWAS

BenimBurkina FasoCabo VerdeCosta do MarfimGâmbiaGanaGuinéGuiné BissauLibériaMaliRepública do Níger NigériaSenegalSerra LeoaTogo

CEMAC

CamarõesRep. Centro AfricanaChadeR. CongoGuiné EquatorialGabão

Angola

R.D. Congo

Namíbia

África do Sul

Lesoto

Suazilândia

MadagáscarBotswana

Zimbabwe

Moçambique

Tanzânia

Zâmbia

QuéniaUganda

Etiópia

EritreiaSudão

EgiptoLíbia

Burundi

Ruanda

Fonte: BBC, não está a escala

Malawi

Seychelles

Maurícias

Rep. do Djibuti

Comores

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HUMBERTO COSTA

Nos bastidores da homenagem à Casa dos Estudantes do Im-pério (CEI), que levou a Lis-boa ex-presidentes e ex-mi-nistros de nações que inte-gram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), e ilustres figuras da cultura africana, o Expansão falou com Vítor Ramalho, presiden-te da União das Cidades Capi-tais de Língua Portuguesa (UCCLA) e também o princi-pal responsável por esta ini-ciativa.

Este angolano da Caála, que prepara já uma segunda vaga desta homenagem, designada-mente a exposição do espólio da Casa dos Estudantes do Im-pério nas capitais dos países da lusofonia, começando por Luanda, manifestou o reco-nhecimento pelo empenho en-tusiasmado dos governos dos vários países que falam portu-guês.

Contudo, lamentou também o facto de Portugal não ter ido “tão longe quanto podia”, so-bretudo ao nível “da relação institucional com os ex-pri-meiros-ministros e ex-presi-dentes da República” presen-tes nas cerimónias.

A sessão de encerramento da homenag em decorreu na Fundação Calouste Gul-benkian, em Lisboa, na pre-sença de vários ex-chefes de Estado, como Miguel Trovoa-da, Pedro Pires, Mário Soares e Jorge Sampaio, bem como de ex-primeiros-ministros, como França Van-Dúnem, Mário Machungo e Pascoal Mocum-bi.

Mas o evento, onde foi lida uma declaração de Joaquim Chissano, não contou com as presenças nem do presidente da República Portuguesa, Aní-bal Cavaco Silva, nem do pró-prio primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que foi repre-sentado pelo secretário de Es-tado dos Negócios Estrangei-ros e das Comunidades, Luís Campos Ferreira.

A propósito da ausência do presidente da República por-tuguês, Vítor Ramalho escla-receu que, desde a primeira hora, há cerca de seis meses, quando, em audiência com Ca-vaco Silva, lhe deu conta da iniciativa, o chefe de Estado português elogiou o evento, mas logo fez saber da sua in-disponibilidade para estar presente na cerimónia de en-cerramento “por razões de agenda”.

Fazendo um balanço positi-vo, Vítor Ramalho considera que o propósito desta home-nagem está ainda longe de ser cumprido. Lembrar aqueles que, inseridos numa casa que procurava servir os desígnios do poder colonial, a transfor-maram num local onde se construíram os pilares de uma cultura libertadora dos povos colonizados, merecem agora, na opinião do presidente da UCCLA, ver amplificadas as várias mensagens.

“Foi uma homenag em de progresso, de homens pro-gressistas, uma homenagem feita a pessoas que lutaram. Foram jovens que cessaram os cursos que frequentaram na flor da idade arriscando tudo, sem outro objectivo que não fosse o de concretizar o sonho de o seu país ser livre. Não os movia nenhum objectivo ma-terialista, mas apenas um so-nho que não sabiam se ia ser concretizado”, disse Vítor Ra-malho.

O presidente da UCCLA alu-dia a um dos factos que culmi-naram com o encerramento da CEI, em 1965, depois de uma fuga de 120 estudantes daque-la casa, que abandonaram a meio os seus cursos, refugia-ram-se em França, para depois partirem para África para en-

grossarem as fileiras dos mo-vimentos de libertação: “Chis-sano andava em Medicina; Pascoal Mukumbi, em Direito assim como França Van-Dú-nem. Pedro Pires teve de aban-donar Ciências, e Pepetela, o Técnico. Arriscaram tudo”, lembra Ramalho.

Este episódio, também assi-nalado nesta homenagem, vai, aliás, ser argumento de um fil-me que terá como realizadora a jornalista luso-angolana, na-tural do Chitato, Lunda Norte, Diana Andringa. HHistória da Casa alimenta a História Outro dos propósitos será o de enriquecer a narrativa históri-ca, acrescentando-lhe os fac-tos que o espólio da CEI dei-xam perceber, designadamen-te, os contributos que um con-junto de ex-estudantes inte-lectuais dos países africanos (Ag ostinho Neto, Pepetela, Luandino Vieira, Alexandre Dáskalos, Viriato da Cruz, Jo-sé Craveirinha e tantos ou-tros) deu para a cultura dos países que ajudaram a libertar.

“Ficamos estarrecidos”, diz Vítor Ramalho, “com a a sur-preendente lista de poetas e grandes escritores que por ali passaram: Pepetela, Manuel Rui Monteiro, Luandino Viei-

ra, Agostinho Neto, Alda Lara, Rui Mingas”, entre muitos ou-tros.

Vítor Ramalho destaca tam-bém a forma como fomenta-ram o “surgimento cultural de jovens escritores”. E, nesse sentido, a organização da ho-menagem fez, nesta quinta--feira, na sede da UCCLA, em Lisboa, a entrega de várias co-lecções integrais dos 22 volu-mes de poesia da autoria de ex--estudantes da CEI, publica-dos na altura pela própria casa.

Estas colecções foram dis-tribuídas pelas embaixadas dos países lusófonos, pelas as-sociações lusófonas e por diri-gentes de universidades com cursos de Estudos Africanos. Estes volumes já tinham sido distribuídos pelo semanário Sol.

Vítor Ramalho anunciou ainda que está a ser preparada a passag em da exposição do espólio da Casa dos Estudan-tes do Império por todas as ca-pitais dos países da lusofonia, exposição essa que estará pa-tente na Câmara Municipal de Lisboa, pelo menos, até ao dia 25 deste mês. Depois, seguirá para as capitais dos países lu-sófonos, começando pelo Cen-tro Cultural da Embaixada de Portugal em Luanda.

“Ficamos estarrecidos”, diz Vítor Ramalho, “com a surpreendente lista de poetas e grandes escritores que por ali passaram: Pepetela, Manuel Rui Monteiro, Luandino Vieira, Agostinho Neto, Alda Lara, Rui Mingas, entre muitos outros”

No balanço da homenagem aos estudantes da Casa do Império, o Expansão falou com o seu organizador. Vítor Ramalho lamenta não ter contado com a presença do PR português na cerimónia de encerramento.

M E M Ó R I A

Luanda receberá em breve a exposição do espólio da Casa dos Estudantes do Império

Sede da antiga Casa dos Estudantes do Império

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INTERNACIONALO MUNDO NUMA PÁGINA

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WEEKENDEXPANSÃO ESTILO TENDÊNCIAS

CULTURA

SILVANA TCHISSULENO

Lançou um novo disco, inti-tulado Música do Meu Tem-po. O que distingue este do primeiro? Comparativamente ao primei-ro, que foi mais agressivo, enal-tecendo a mensagem “Estudar Kwia”, neste trouxemos quatro vertentes diferentes. Há Toque do Papá, que é uma dança da fa-mília, que retrata a festa fami-liar inspirada na música da Pé-rola; Temos também o remix do Estudar Kwia, que vem já mais cantado, mais rimado; temos o A, E, I, O, U, dedicado às crian-ças da pré-escola; e O Lixo na Rua, que é a principal mensa-gem, tendo em conta a sujeira que há na nossa cidade. Temos de mudar a forma de pensar e agir.

Antes intitulava-se Come e Não se Borra, e agora é O Comissário. O que é que mudou de um nome para o outro? O Come e Não se Borra era inex-periente, agora o Gegé Kwia Bwe, de há cinco anos atrás, já tem mais maturidade e profis-sionalizou-se, embora tenha co-metido o erro de dedicar o disco aos pais e não às crianças. Agora, como Comissário, preocupo-me exclusivamente com as crian-ças. Diz-se Comissário das Crianças, mas qual é a sua responsabilidade? A minha responsabilidade com as outras crianças é incutir--lhes, a partir das mensagens mais positivas das minhas mú-sicas, a ideia de que, para além dos direitos, temos deveres. Pri-meiro, temermos a Deus, res-peitarmos os mais velhos, estu-darmos e não nos envolvermos em drogas, para que possamos ser uma criança-modelo. E como é essa criança-mo-delo angolana? A criança-modelo angolana tem de se basear no ditado do pri-meiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, que disse: “Ha-vemos de voltar.” Esse regresso às origens representa voltar àquela educação antiga, onde a vizinha era nossa mãe e ralhava connosco. O filho do vizinho era educado por todos. Essa seria a criança-modelo, segundo os en-sinamentos que os meus pais me passam.

Em ambos os discos há uma faixa chamada Missão Cumprida. Vai deixar de cantar? Não, mas deixarei de ser produ-zido pelo Bi Black, com quem trabalhei desde sempre. O cum-primento da missão é da parte do meu produtor. Por que razão já não o vai produzir? Pelas dificuldades por que pas-sa! O meu produtor tem sido mal-encarado, acusam-no de me usar para ganhar dinheiro, mas tudo isso não passa de calú-nias e difamação. Eu sou o que sou, porque ele faz de tudo para eu ser o Gegê Kwia Bwe, o Co-missário das Crianças. Mas vou continuar com a mesma produ-tora com a qual tenho contrato e serei acompanhado pela mesma família de sempre, incluindo o Bi Black. Em que se baseia o seu con-trato com a produtora? O meu contrato com a produto-ra é válido até aos 18 anos e não é financeiro, mas, sim, de forma-ção, assinado pelos meus pais, onde se lê “giram a carreira do meu filho, primeiro como pes-soa e criança, e posteriormente como artista”.

Foi difícil fazer esse disco? Muito difícil, em todos os capí-tulos! Nestes cinco anos, do pri-meiro até este trabalho, só te-mos recebido ‘pancadas’, mas há uma máxima que fica aqui: ‘honra e glória para sempre’. O que vale é o nosso objectivo, não o que os outros falam. Quando digo ‘pancadas’, refiro--me a actuações não pagas, pro-messas não cumpridas. E, dian-te dessas falsas promessas, tor-naram-me num artista caro, não actuo para qualquer pessoa [agente].

Diz ser um artista caro. Quanto custa? Uns bons kwanzas! E, sem reve-lar valores específicos, posso di-zer que sou o artista infantil mais caro do País, actuando ape-

nas por merecer e não porque se quer. Quantas cópias já vendeu? A venda de discos, comparativa-mente com o anterior, baixou muito. Ainda só conseguimos vender 1.340 discos, mas na pri-meira venda conseguimos 3.000, o que me faz pensar que, hoje em dia, os pais não querem que os seus filhos ouçam música infantil.

Como gasta o que ganha? O dinheiro que ganho usa-se para uma série de custos, mas principalmente para o paga-mento dos meus estudos e para a renda anual da casa da minha mãe. E há um projecto que en-globa os meus três irmãos, já não temos pai e foram inseridos

também no sistema escolar. Há a alimentação, o vestuário e o marketing, e como para toda a criança, há os meus miminhos. Cantando ou não, a produtora cuida de mim. Como é que avalia o estado da música infantil? Está mutilada! Desde que dei-xou de existir um Mamborrô, um Lucas de Brito, uma Sónia António, os próprios composi-tores de músicas infantis tam-bém desapareceram. Uns ainda insistem, mas, no geral, está mal. O que se deveria fazer para combater este cenário? Primeiro, quando um mais ve-lho cantar em festas infantis, tem de ter crianças para o con-seguirem ‘ofuscar’. Não é acei-

tável que um mais velho cante músicas para crianças e, nesse grupo, nenhuma criança saiba cantar, pois as suas vozes são brancas, têm o mesmo timbre. Devia colocar-se as crianças a imitar as músicas de Yuri, Ary, Puto Português. Assim, elas igualariam os timbres vocais dos seus ídolos, para depois criarem os seus. Em 2010, esteve na Expo Xangai e foi um sucesso. Porque não participou na Expo Milão, no Dia da Crian-ça? Apesar de termos sido convida-dos pela mamã Albina, a quem eu agradeço muito por todo o apoio que nos dá, achámos por bem ficar, pois a Expo coincidia com a fase promocional do meu disco, e eu era preciso aqui. Na portaria, na Praça da Indepen-dência, foi apenas para começar vender o disco. Posteriormente, vamos virar todas as baterias para os colégios, escolas públi-cas, fazer eventos infantes e vender nesses locais onde se concentra o meu público-alvo. É daí que vai sair o dinheiro que vai sustentar a minha carreira.

G E G Ê K W I A B W E

“As falsas promessas tornaram-me no artista infantil mais caro do País”

O comissário dos valores João Domingos da Costa, 11 anos, é estudante da 6.ª classe. Proveniente de uma família humilde e com “bons princípios”, adora cantar, dançar, estudar e brincar. A fama não o incomoda, apesar de já sentir os “delí-rios” na meninada. Tem o kuduro como o estilo de eleição, mas, futura-mente, admite vir a mudar de preferência. Tem um bom aproveitamen-to escolar, mas as notas mais altas são as da disciplina de Educação Mu-sical.

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Hoje em dia, os pais não querem que os seus filhos ouçam música infantil, o que, para mim, é muito errado”

Neste Mês da Criança, o Expansão dá voz aos jovens talentos. Nesta semana, falámos com Gegê Kwia Bwe, um cantor infantil do estilo kuduro que está no mundo da música há cinco anos. Assume-se como o Comissário das Crianças e quer passar boas mensagens aos jovens.

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36 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

WEEKENDEXPANSÃO E S T I L O / T E N D Ê N C I A S / C U L T U R A

Estar na moda não é apenas ter estilo. É também expressar o estilo de vida de uma sociedade em cada época do ano. Razão pela qual o Moda Made in Angola reunirá alguns dos principais estilistas e apreciadores do mundo fashion, pela primeira vez, na manhã de domingo do dia 21 do corrente mês, no Hotel de Convenções de Ta-latona.

Organizado pela Evision Consul-tores e Ndozy Comunicações, o even-to é uma plataforma que visa promo-ver as marcas nacionais e fomentar as parcerias entre estilistas e produto-res de moda, criando um evento que junte todos os participantes da in-dústria da moda, desde proprietários de boutique a fábricas, lojas e distri-buidoras de têxteis e acessórios de confecções.

Nesta sua primeira edição, os apre-ciadores do mundo fashion terão a oportunidade de apreciar as criações de vários fazedores de moda nacio-nal, destacando-se nomes e marcas como Representa, Luísa Almeida, Alaíde Têxtil, Soraya Piedade, Marius Nancova, Nádia de Sousa, a cadeia de lojas RBS, o Atelier Mil Artes e, como convidado internacional, a empresa, com mais de vinte anos de presença activa e especializada em calças jeans e tintura de vestuário Lamosa Jeans, que vem trocar experiências com os estilistas angolanos.

Segundo Emília Dias, organizado-ra do evento, o mesmo “não tem quaisquer fins lucrativos e enquadra--se no âmbito da diversificação da economia nacional, tendo em conta as necessidades globais da produção nacional de matérias-primas”, subli-nhou.

O programa contempla também, para além da exposição de artigos de moda, workshops-debate (permitin-do a intervenção da assistência) que serão ministrados ao longo do decor-rer do mesmo. O primeiro tema, a ser ministrado por Elizabeth Pote, Lu-crécia Moreira e Soraya Piedade, será “A trajectória da moda – De onde vie-mos e para onde vamos”. Seguindo--se “O actual estado da moda” , pales-trado pelas estilistas Aida Simão, Luí-sa Almeida, juntamente com o lojista que representa a RBS, Paulo Silva. Culminando com a intervenção da Lamosa Jeans, especializada em fa-bricação de artigos de moda.

Já Soraya da Piedade, a estilista nacional que se firmou no Brasil e que vem ganhando terreno no pa-norama fashion nacional, afirma que “os produtos de moda criados no País nunca estiveram tão valori-zados pelos consumidores, o que prestigia as nossas criações, pois começamos finalmente a ter o nos-so próprio público a querer vestir o que fazemos”. O seu trabalho, que é

direccionado essencialmente para mulheres fortes e independentes, são modelos clássicos, elegantes e intemporais, linha que define bem o seu estilo.

Paralelamente aos fazedores de moda, a Organização da Mulher An-golana (OMA) e o Ministério da Ho-telaria e Turismo também abraça-ram a causa e far-se-ão presentes, como divulgadores e promotores das potencialidades do País.

T A L A T O N A

Moda Made in Angola acontece já no domingo

Quinze candidatos ao concurso STP Music Awards by Unitel fo-ram apresentados ao público, na última semana, em Guadalu-pe, durante um espectáculo músico-cultural realizado pela organização do evento.

Durante o certame, os fina-listas mostraram as suas qua-lidades musicais, tendo con-vencido o corpo de jurados, que teve um trabalho aturado para seleccionar os artistas para a grande final do certa-me, que valoriza cada vez mais a música santomense.

O público, que apareceu em

quantidade considerável, mas dividido nas suas preferên-cias, empurrou os seus músi-cos predilectos para a grande fi n a l , q u e s e r á r e a l i z a d a n o próximo dia 4 de Julho deste ano, no Palácio dos Congres-sos, em São Tomé.

Entretanto, a alegria reina-va no semblante dos presen-tes, que encheram por com-pleto o recinto onde se reali-zou a cerimónia de apresenta-ção dos músicos finalistas do maior concurso musical san-tomense.

Segundo os responsáveis da

organização, o concurso visa reconhecer a excelência e in-centivar o intercâmbio entre os músicos, bem como criar uma maior consciência públi-ca sobre a diversidade cultu-ral dos artistas e suas contri-buições. Tem ainda como pro-pósito incentivar as iniciati-vas que desenvolvam a cultura do país, premiando os intér-pretes, produtores e criadores de música santomense que te-nham colocado no mercado trabalhos discográficos entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de cada ano.

S . T O M É E P R Í N C I P E

Começou em Guadalupe a digressão do concurso STP Music Awards by Unitel

A gala da atribuição dos prémios vai decorrer em São Tomé, capital da República de São Tomé e Príncipe, e promete manter forte concorrência até à eleição dos melhores artistas do ano.

Soraya da Piedade

RBS Store

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 37

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O escritor e jornalista portu-guês João Céu e Silva lançou no passado dia 17 deste mês, nas li-vrarias de Portugal, a sua obra de ficção/romance intitulada Adeus, África – A História do Soldado Esquecido.

O romance conta a história de amor e guerra que atravessa os vários cenários do conflito colonial e regressa a Portugal com Afonso, o soldado esqueci-do. Sangue, paixão visceral e o retrato de um tempo que pare-ce estar já longe de mais.

A história foi vivida nos anos de 1961 a 1986 e, para convidar o s n o s s o s l e i t o r e s a c o m -prar/ ler o livro, contamos no parágrafo a seguir um trecho do que se pode encontrar no ro-mance.

“O atirador especial Afon-s o e s t á n a s p r a i a s d e Po r t o A m b o i m a v i g i a r a c h e g a d a d e c e n t e n a s d e c u b a n o s e não embarca no navio portu-guês que deixa para trás uma presença de quase cinco sé-culos. Afonso sobreviverá à g u e r r a c i v i l e s c o n d i d o d u -rante onze anos, até ser cap-t u r a d o e r e p a t r i a d o. O p s i -quiatra que o acompanha no regresso a Lisboa quer saber t u d o o q u e l h e a c o n t e c e u

d u r a n t e a s s u c e s s i v a s c o -m i s s õ e s n o s t r ê s c e n á r i o s d a G u e r r a C o l o n i a l e n ã o vai descansar enquanto não d e s v e n d a r a h i s t ó r i a p o r d et r á s d o s o l d a d o e s q u e c i -do.”

João Céu e Silva nasceu em Alpiarça, em 1959, e viveu no Rio de Janeiro, onde se licen-c i o u e m H i st ó r i a . É , d e s d e 1989, jornalista do Diário de Notícias.

Adeus, África – A História do Soldado Esquecido é o seu terceiro romance, publicado d e p o i s d e t e r r e c e b i d o, e m 2013, o Prémio Literário Al-ves Redol por A Sereia Muçul-mana.

É a u t o r d e v á r i o s t í t u l o s, que vão da investigação histó-rica à literária, dos quais se d e st a c a a s é r i e U m a L o n g a Viagem, com volumes dedica-dos aos escritores José Sara-mago, António Lobo Antunes, M a n u e l A l e g r e , Á l v a r o C u -nhal e Miguel Torga.

L I V R O S

Adeus, África – A História do Soldado Esquecido já nas livrarias

RTP1 passa a exibir novela Jikulumessu de madrugadaTrês semanas após se ter estreado na RTP1, a novela angolana Jikulu-messu, que em português significa “Abre o Olho”, passará a ser exibida num outro horário. Segundo a re-vista de entretenimento de Angola Platina Line, a trama produzida pela Semba Comunicação, que era transmitida no horário das 23 ho-ras, passará a ser exibida perto das duas da manhã. “A RTP 1 vai passar a transmitir a novela Jikulumessu num outro horário. A programa-ção especial destes dias fará com que a novela angolana seja emitida a partir de quarta-feira depois do

programa Cinco para a Meia-Noite e da série Dexter. Na faixa das 23h, a RTP vai estrear a série portugue-sa desenvolvida pela Academia RTP Agora a Sério”, pode ler-se num esclarecimento enviado pela direcção de programas da estação pública, liderada por Daniel Deusdado.

A nota foi enviada após ter circulado na Internet a infor-mação de que o primeiro canal se preparava para suspender a transmissão desta novela ango-lana, alegadamente devido aos baixos resultados obtidos.

M E D I A

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EXPANSÃO | 19 de Junho 2015 39

WEEKEND

A Residência Artística diurna da 4.ª edição JAANGO Nacio-nal ou jovens artistas angola-nos decorrerá a partir de 22 de Junho até 3 de Julho (10 dias, 2 dias por semana), na Fundação Arte e Cultura, em Luanda.

Contará com a participação de Kiana, Marco Kabenda (na foto), Marta Xirica, Massalo, Binelde Hyrcan, Ngola Casaca, Babu Babu, Pedro Pires e Toy Boy.

Estes nove ‘JAANGuistas’ e m e r g e m p e l a u t i l i z a ç ã o e reciclagem de materiais des-

c a r t á v e i s, m a s p a r t i c u l a r -mente pela reciclagem con-c e p t u a l n a c r i a ç ã o d e d u a s instalações cada.

Deste modo serão criadas 18 instalações num ambiente m u l t i d i s c i p l i n a r, c o m d u a s exposições colectivas: a pri-m e i r a d i a 7 d e Ju l h o, n a UNAP/Siexpo (Baixa), e a se-gunda a 23 de Julho, na Aca-demia BAI, no Morro Bento.

Uma instalação que remete para a escultura ou para o uso de um espaço tridimensional. N e s t e a m b i e n t e é s e m p r e

“exigida” a participação di-recta do espectador na explo-ração da obra, pelo desloca-mento do seu corpo entre os d i s p o s i t i vo s, n u m a e s p é c i e de “presença cénica”.

Daí a imagem do Jango, um símbolo nacional angolano, um espaço onde as pessoas se reúnem para trocar ideias e que, afinal, é coberto, mas si-multaneamente aberto, com e n t r a d a e s a í d a d o s l a d o s, p e r m i t i n d o e s s e d e s l o c a -mento físico e cerebral/con-ceptual do espectador.

4 . ª E D I Ç Ã O

‘JAANGuistas’ reunidos em residência artística

A Adega Mayor, produtor alente-jano, lançou no mercado angola-no As Novas Colheitas Caiado 2014, (o Caiado Rosé, Caiado Branco e Caiado Tinto), que Jo-sé Carlos Beato, director-geral da Angonabeiro, considera, “pela frescura, suavidade e sa-bor”, como vinhos “mais adapta-dos ao gosto dos angolanos e à forma descontraída como gos-tam de viver os seus momentos de convívio familiar”. O Caiado Branco 2014 é um vi-nho jovem e por isso irreverente, sugerindo notas de limão e ana-nás maduro, aroma complemen-tado com um toque floral e uma sensação de mineralidade. Na boca surpreende a sua frescura e harmonia, terminando longo e cheio de garra. Um vinho versá-

til, cheio de personalidade acon-selhável para beber com amigos numa tarde de esplanada.

Já o Caiado Rosé 2014 é um vi-nho fresco, próprio para o Verão. Um aroma a sugerir fruta ver-melha fresca, concretamente morangos e cerejas. É isso que sugere na boca, a doçura, a in-tensidade da fruta que culmi-nam com um final longo e vi-brante. Um vinho que combina com gastronomia asiática.

Por último, o Caiado Tinto 2014 é u m vinho frutado que no nariz transmite juventude e exuberância , pleno de fruta ver-melha doce e concentrada que nos remete para uma sensação de compota quase rebuçado. Uma excelente companhia numa tarde de churrasco.

V I N H O S A L E N T E J A N O S

A completar 30 anos de carreira e de-pois de ter recebido quatro prémios na terceira edição do Angola Music Awards, em Saurimo, a cantora Yola Semedo prepara-se para “aterrar” no palco do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, dia 17 de Julho, às 21h30.

Este é o primeiro dos quatro concertos que a artista tem agendados para celebrar esta data, seguindo-se Moçambique, Namíbia e Angola.

A intérprete e compositora musical angolana começou a cantar aos 6 anos e desde então não mais parou. Várias vezes premiada, Yola pisou palcos em todo o mundo, ao lado de artistas de renome, como Michael Jackson ou Stevie Wonder.

3 0 A N O S D E C A R R E I R A

Yola Semedo canta no Coliseu em Lisboa

A G E N D A C U L T U R A L

Até 5 de Julho PROJECTO COLECÇÃO ARTE, CAIXA TOTTA O Camões – Centro Cultural Português tem patente até dia 5 de Julho a exposição colectiva de pintura, escultura e tapeçaria Projecto Colecção Arte, Caixa Totta, que reúne 30 obras de 17 conceituados artistas plásticos angolanos, como Álvaro Macieira, Ângelo de Carvalho, Guilherme Mampuya, António Ole, entre muitos outros. Para ver no número 50 da Av. de Portugal, em Luanda.

21 de Junho I LOVE GUETO HOUSE O campo multiusos junto ao IMEL, em Luanda, é o palco escolhido para receber neste domingo o cantor Mona Nicastro, no evento I Love Gueto House. Autor de sucessos como Vem Ser Feliz e Teu Toque, o conhecido cantor vai apresentar ao público algumas das suas novas músicas que fazem parte do seu último trabalho, Dagadã. Tempo ainda para a animação musical dos DJ Nibox e Nelasta. Preço: 2.000 Kz. Mais informações: 923378738 | 918755955

11 de Julho LUANDA BLUE FEST 10 ANOS Sabemos que a data ainda vem longe, mas não queremos que deixe de ir. Trata-se da Luanda Blue Fest 10 Anos, que terá como convidada especial a cantora Pérola, no Estádio dos Coqueiros, a partir das 19 horas. Este será também o primeiro grande espectáculo do Team de Sonho II, que conta ainda com as actuações de Suzanna Lubrano, Eva Rap Diva, Zoca, Zoca, entre outros. Ingressos a partir de 1.000 Kz.

F E S T A

E X P O S I Ç Ã O

M Ú S I C ACaiado Branco, Rosé e Tinto,

alentejanos jovens e personalizados

Carolina Herrera vai lançar uma nova edição limitada de um perfume inspirado em África. A marca ba-seou-se nas paisagens quentes e ri-cas do continente africano para ela-

borar CH Africa para homem e mu-lher, com infusões de laranja, canela, flores típicas, incenso da Somália, pi-menta-verde, café do Quénia e ma-deira de Caxemira.

C A R O L I N A H E R R E R A

CH Africa, o perfume de África

Page 40: Inflação com maior aumento desde Setembro de 2010 · tal como aconteceu em muitos paí-ses na Europa. ... ao abrigo de contratos de construção e prestação de serviços 0 1000

40 EXPANSÃO | 19 de Junho 2015

O Banco Nacional de Angola (BNA), em parceria com o Ministério da Educação, lançou, esta terça-feira, em Luanda, o Projecto de Inserção da Literacia Finan-ceira no Sistema de Ensino. Na apresentação do projecto, o ministro da Educa-ção, Mpinda Simão, considerou importante o conhe-cimento sobre a literacia financeira, por criar no cida-dão uma mentalidade adequada e saudável em rela-ção à gestão do dinheiro e do orçamento familiar. “O cidadão deve adquirir competências financeiras o mais cedo possível, e a escola desempenha um papel fundamental neste processo. Os jovens bem forma-dos estarão mais à vontade para tomarem decisões, num vasto e complexo contexto financeiro relaciona-do com o seu quotidiano”, sublinhou Mpinda Simão. O ministro lembrou que a Lei de Bases do Sistema de Educação (Lei 13/01, de 31 de Dezembro), visa a me-lhoria do ensino em Angola, proporcionando aos jo-vens aprendizagem relevante e significativa para a vida, e dotando-os de competências técnico-científi-cas que lhes permitam a realização pessoal, o assegu-ramento das condições de vida decentes para si e fa-mília, e a participação activa no desenvolvimento da sociedade. Foi a partir deste pressuposto, explicou, que o Mi-nistério da Educação e o BNA assinaram o protocolo de cooperação, válido por um período de cinco anos,

renováveis. O protocolo, acrescentou, visa imple-mentar conteúdos sobre a literacia financeira no sis-tema de educação e ensino, garantindo que as crian-ças e jovens possam estabelecer uma relação cons-ciente e equilibrada com o sistema financeiro. O programa está dividido em duas fases. A primeira, considerada ‘piloto’, inicia-se com o lançamento do projecto e abrange quatro escolas em quatro provín-cias – Luanda, Namibe, Lunda Sul e Zaire – represen-tando cada um dos subsistemas de ensino (subsiste-ma do ensino geral, que abarca as escolas do primeiro e segundo ciclo, formação técnico-profissional e sub-sistema de formação de professores). Nesta etapa, avançou o ministro da Educação, irão participar apenas alunos das 7.ª e 10.ª classes, que são as classes de entrada nos ciclos do ensino secundário. A segunda etapa, que inicia no próximo ano lectivo, será a generalização a todas as turmas da 7.ª e 10.ª classes das escolas de todas as províncias do País, se-guindo-se, nos anos subsequentes, as restantes clas-ses de cada ciclo. Os conteúdos temáticos a introduzir serão tratados numa abordagem transversal, e as disciplinas esco-lhidas para o efeito são a Língua Portuguesa, Línguas Estrangeiras (Inglês e Francês), História e a Matemá-tica. F.A.

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A semana que agora termina fica marcada pelo final das visitas de Estado do Presidente da República à China e aos Emiratos Árabes Unidos. A avaliar pelo que a comunicação social ‘oficial’ foi revelando ao longo dos dias, o balanço é positivo. A China, so-bretudo, vai ajudar Angola a recuperar da crise em que mergu-lhou, arrastada pela queda do preço do petróleo. É público que José Eduardo dos Santos solicitou uma moratória no pagamento da dívida, que pediu o apoio chinês para projectos de infra-estru-turas e agrícolas, e que a China disse que vai ajudar. Mas, para lá disto, e do pouco mais que foi sendo revelado, não se sabe nada. Em Angola pedir explicações ao Estado é algo malvisto. Pelo me-nos, pelo partido no poder, ou pelos deputados que o represen-tam. Assistimos, ao longo de mais de uma semana, a um coro de críticas e de dúvidas – até sobre a eventual violação da Constitui-ção por parte do Chefe de Es-tado. As acusações são graves. E é triste que os angolanos fi-quem sem saber, afinal, onde está a lógica de tanto segredo e polémica. Mas não passam disso mesmo: acusações que, até ver, são infundadas. Por isso mesmo, era impor-tante que o Governo viesse a público esclarecer os termos dos acordos com a China. Quem não deve, não teme. E, sendo certo que há acor-dos confidenciais em todos os países, não é menos certo que, por cá, revelar um pou-co mais do que está em causa seria uma lufada de ar fresco que o Governo daria aos angolanos. E uma ‘estalada de luva branca’ à oposição, que perderia espaço para fazer acusações tão graves. Explicar não custa. Entretanto, a semana que está prestes a começar vai trazer a Luanda um importante encontro – o Fórum Empresarial Ango-la-Portugal. Centenas de empresas, sobretudo de direito angola-no, estão de olhos postos nesta iniciativa e nos resultados e negó-cios que pode vir a gerar. Angola precisa da China, como precisa de todos os que vierem por bem. Os portugueses podem e devem ajudar mais o País. São parceiros naturais. Mas devem investir, aqui, com os angolanos, mais do que virem ‘vender o seu peixe’, pescado em Portugal. An-gola precisa de investimento e de know-how. E este facto é verda-deiro quer o petróleo valha 100 USD o barril, quer valha 10 USD. Nenhum país, hoje, vive isolado. O nosso, como todos, precisa de se ‘abrir ao mundo’, e o Governo tem divulgado essa mensagem. A transparência é, por isso, mais do que nunca, necessária. E é também preciso que apenas o mínimo segredo tenha de fazer parte do negócio. A bem da confiança de que os cidadãos preci-sam e merecem.

A transparência, mais do que nunca, necessária. E é também preciso que apenas o mínimo segredo tenha de fazer parte do negócio

L I T E R A C I A F I N A N C E I R A

BNA e Ministério da Educação ensinam estudantes a poupar e a gerir dinheiro

324

5

19.06.15PETRÓLEO

Queda dos preços impede aprovação de projectos P17

GESTÃO

Pinterest pode estar a caminho de ser cotada em bolsa P18

INTERNACIONAL

Nova Zona de Comércio Tripartida pode beneficiar Angola P32 CIÊNCIA

África, a maior vítima do aquecimento global P23

MERCADORIAS

Contratação de seguros vai “agitar” sector no País P15 EXPLICADOR FISCAL

Expansão e KPMG esclarecem dúvidas de empresas P13

1 O kwanza derrapa e deixa miserável o salário

2 Medida anunciada pelo BNA para aliviar a pressão sobre o dólar coloca operadores...

3 Modo Angola China

4 Presidente da República pede moratória de dois anos à China

5 Desvalorização do kwanza era “inevitável”, dizem especialistas

6 Moradores do Kilamba assinam novos contratos

7 Editorial: Desvalorização do Kz: uma faca de dois gumes...

8 Vendas de carros novos ‘afundam’ quase 40% em Abril

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