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i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE BIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA INFLUÊNCIA DA ÁREA E DA HETEROGENEIDADE DE HABITATS NA DIVERSIDADE VEGETAL EM FRAGMENTOS DE FLORESTA ATLÂNTICA ANA CAROLINA BORGES LINS E SILVA Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências Biológicas (Ecologia). Orientador: Prof. Fabio Rubio Scarano, PhD RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL ABRIL DE 2010

INFLUÊNCIA DA ÁREA E DA HETEROGENEIDADE DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp140629.pdf · Carla Bernadete Madureira Cruz ... o destino da minha água era não ficar em mim

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

INFLUÊNCIA DA ÁREA E DA HETEROGENEIDADE DE HABITATS NA DIVERSIDADE VEGETAL EM FRAGMENTOS DE FLORESTA ATLÂNTICA

ANA CAROLINA BORGES LINS E SILVA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências Biológicas (Ecologia).

Orientador: Prof. Fabio Rubio Scarano, PhD

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

ABRIL DE 2010

Livros Grátis

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Milhares de livros grátis para download.

ii 

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO/UFRJ INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA-PPGE

CX.POSTAL 68.020 – ILHA DO FUNDÃO CEP: 21941-590 – RIO DE JANEIRO – RJ – BRASIL

TEL./FAX: (21) 290-3308 TEL.: (21) 562-6320 

INFLUÊNCIA DA ÁREA E DA HETEROGENEIDADE DE HABITATS NA DIVERSIDADE VEGETAL EM FRAGMENTOS DE FLORESTA

ATLÂNTICA

ANA CAROLINA BORGES LINS E SILVA

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau

de Doutor em Ciências Biológicas (Ecologia).

Defendida em 5 de abril de 2010. APROVADA POR:

________________________________________________Dr. Fabio Rubio Scarano (orientador)

________________________________________________Dr. Jean Paul W. Metzger

________________________________________________Dr. Claudio Belmonte de Athayde Bohrer

________________________________________________Dra. Rejan Rodrigues Guedes-Bruni

________________________________________________Dra. Dorothy Sue Dunn de Araújo

________________________________________________Dr. Marcelo Trindade Nascimento (suplente)

________________________________________________Dra. Carla Bernadete Madureira Cruz (suplente)

iii 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LINS E SILVA, ANA CAROLINA BORGES Influência da área e da heterogeneidade de habitats na

diversidade vegetal em fragmentos de Floresta Atlântica. [Rio de Janeiro] 2010

XVI. 162 p. 29,7 cm (Instituto de Biologia/UFRJ, D.Sc., Ecologia, 2010)

Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, PPGE 1. Floresta Atlântica 2. Fragmentos 3. Heterogeneidade de habitats I. IB/UFRJ II. Título ( série )

 

iv 

 

Da mais alta janela da minha casa

Com um lenço branco digo adeus

Aos meus versos que partem para a Humanidade.

E não estou alegre nem triste.

Esse é o destino dos versos.

Escrevi-os e devo mostrá-los a todos

Porque não posso fazer o contrário

Como a flor não pode esconder a cor,

Nem o rio esconder que corre,

Nem a árvore esconder que dá fruto.

Ei-los que vão já longe como que na diligência

E eu sem querer sinto pena

Como uma dor no corpo.

Quem sabe quem os lerá?

Quem sabe a que mãos irão?

Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.

Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.

Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.

Submeto-me e sinto-me quase alegre,

Quase alegre como quem se cansa de estar triste.

Ide, ide de mim!

Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.

Murcha a flor e o seu pó dura sempre.

Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua.

Passo e fico, como o Universo.

Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

O Guardador de Rebanhos, 1914

 

À minha família - meu nicho realizado, meu habitat preferido, minha felicidade não fragmentada,

Ofereço.

À memória de Marlene Farias, cujo ponto final nesta Terra coincidiu com o ponto final desta tese,

Dedico.

vi 

 

AGRADECIMENTOS

Esta tese é fruto de uma conjunção de privilégios recebidos. Minha fé me diz

que, mais que benefícios, uma conjunção de graças me trouxe até aqui. Tudo esteve

ajustado demais, sincrônico demais para ser simplesmente obra do acaso.

Há dez anos, tive o privilégio de ingressar como docente na Universidade

Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que, desde 2006, autorizou que eu me afastasse

das atividades docentes para cursar o Doutorado. Sou grata aos que fazem a Reitoria, à

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação (PRPPG), à Diretoria do Departamento de

Biologia e à Supervisão da Área de Ecologia, por autorizarem meu afastamento. Aos

colegas de Área Paula Gomes, Ângelo Alves, Carlos Guaraná, Lady Maia, Karine

Magalhães, Fátima Santos, Mônica Botter e Lohengrin Fernandes, que seguraram as

pontas na minha ausência e sempre me deram força e incentivo; aos substitutos que

ministraram minhas aulas; aos colegas de outras áreas acadêmicas que sempre vibraram

com minhas conquistas, em especial a Edson Silva, Emídio Cantídio e Maria José de

Sena. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa de doutorado através da PRPPG/ UFRPE. A vocês todos, meus

sinceros agradecimentos!

Há seis anos, tenho a honra de integrar a equipe do Projeto Fragmentos, Fases I e

II, desenvolvido no âmbito do Programa de Ciência e Tecnologia para a Mata Atlântica,

com apoio financeiro do CNPq (590039/2006-7) e do Ministério Federal de Educação e

Pesquisa da Alemanha (BMBF, 01 LB 0203 A1). O projeto garantiu a logística sem a

qual este trabalho não seria, nem de longe, possível. Permitiu, também, que uma ótima

equipe se formasse, integrando pessoas das mais diversas áreas em torno de uma

pergunta comum: qual é o presente e o futuro desses fragmentos? Foi um prazer

trabalhar com os colegas da UFRPE, UFPE, IPA e Universidade de Ulm. Obrigada

especialíssimo à coordenadora Mari Rodal, amiga de tantos anos, por acreditar no

projeto, “comprar” minhas idéias e nunca esmorecer nos incentivos. Sou muito grata

também aos colegas do Grupo de Estrutura, Variação Temporal e Florística, cujos

líderes e pesquisadores contribuíram valiosamente para montagem do banco de dados e

identificação botânica. Obrigada a Mari Rodal, Marccus Alves, Ana Du Bocage e

Everardo Sampaio e aos seus extensos grupos de pesquisadores, especialmente

Ladivânia Nascimento, Amanda Menezes, Poliana Mendes, Tassiane Novacosque,

vii 

 

Diego Marcelino, Tânia Costa, Maria Carolina Nunes, Jussara Souza, Fátima Lucena,

Anderson Alves-Araújo, Jefferson Maciel, Diogo Amorim e Aline Melo. Importante

frisar que eu não teria ido muito longe sem o empenho da minha equipe do Laboratório

de Ecologia Vegetal (LEVE), em especial do seu primeiro integrante Henrique Costa,

de “todo mundo” (Juliana Gomes, Kleybiana Dantas e Wilkilane Silva), de Frederico

Brandão e Thiago Campos. Um agradecimento caloroso ao empenho de Marcos

Chagas, nosso fiel escudeiro Marquinhos, que se descobriu mais botânico que mateiro e

cuja ajuda foi essencial no campo. À Michelle Trindade, cuja habilidade com mapas e

geoprocessamento foi fundamental à realização desta tese, com todo apoio logístico do

Geosere, principalmente do Professor Hernande Pereira e dos pesquisadores Sandro

Figueira e Gustavo Sobral. Agradeço também a participação daqueles que deixaram sua

contribuição nas coletas e bancos de dados, em especial a Sarah Freire, Iana Moura,

Clayton Souza, André Lima, Alexandre Gomes, Keila Costa, Fragoso Júnior, Jacemy

Souza, Airton Cavalcanti, Mário Machado e Ana Carla Souto. Meus sinceros

agradecimentos aos colegas alemães que contribuíram para a realização desta tese,

investindo horas na dura tarefa de coordenar acadêmica e financeiramente, além de

dividir conosco as horas de campo e laboratório, muito especialmente a Michael

Schessl, Leonhard Krause, Daniel Piechowski, Holger Teichert, Ute Knörr, Marcus

Braun e Thomas Kimmel. Valeu, turma da Usina!

Há quatro anos, tive o privilégio de ingressar no Programa de Pós Graduação em

Ecologia (PPGE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro para realização do

Doutorado. Esta casa deu créditos aos meus anseios de estudar os fragmentos florestais

na minha terra, Pernambuco. Meu agradecimento mais que especial ao professor,

mentor e amigo Fabio Scarano, que desde o primeiro contato acreditou no potencial

desses fragmentos perdidos no canavial, aceitando dividir comigo sua experiência em

conversas sempre produtivas, criticando quando necessário, sugerindo, apoiando e

elogiando (por que não?). Valeu, grande Fabio, por tudo! À coordenação do PPGE, na

sua gestão atual e passadas; à Secretaria do Programa, nas pessoas sempre disponíveis e

prestativas de Sueli Teixeira e Márcia Renauld; aos professores que se empenharam nas

disciplinas, especialmente Ricardo Iglesias, Reinaldo Bozelli e Jean Valentin; a Eduardo

Arcoverde e Pablo Rodrigues pelas valiosas críticas na Qualificação; aos colegas de

curso, em especial a Solange Pessoa, Leonardo Lignani, Miriam Pinto e Erli Costa. Ao

professor Jean Paul Metzger e a Milton César Ribeiro (Miltinho), da Universidade de

viii 

 

São Paulo, com os quais tive o privilégio de cursar Ecologia de Paisagens, trocar muitas

idéias e aprender a pensar nessa escala. Sou grata a vocês, para sempre!

Durante todos esses anos de vigência do Projeto Fragmentos, a Usina São José,

proprietária da área de estudo, virou minha casa e meu laboratório, com o

consentimento e confiança do seu visionário Diretor, Frederico Petribú Vilaça, e do

companheiro biólogo Roberto Siqueira, responsável e grande conhecedor da riqueza

contida naquelas matas. Sou grata pela privilegiada logística e apoio constante da

Diretoria e do Setor Agrícola da Usina, nas suas gestões atual e passada, e pelo apoio

indispensável dos seus funcionários, em especial dos agrônomos Luiz Vital, Antônio

Bandeira e Luiz Lúcio, do nosso sábio auxiliar florestal Lenilson, das secretárias Sueli e

Marluce e do topógrafo João. Minha gratidão a vocês, com os votos que essa parceria

renda produtivos frutos, por muito tempo.

Desde sempre, tenho o privilégio de ser filha de Marieta Borges e Fernando

Lins-e-Silva e neta de Tosca Barbieri, que sempre acreditaram que uma boa educação

seria a melhor herança para mim e para minhas irmãs. Sou eternamente grata a vocês

por pensarem assim e espero ter-lhes dado o orgulho que vocês merecem. Agradeço a

Deus por ter comigo a minha mãe, minha grande família e especiais amigos

testemunhando este momento, enquanto meu pai e minha vó, que trago no coração,

celebram junto ao Pai. A vida me permitiu ainda o privilégio de construir uma família

com Gilmar e termos juntos nossa Laura. Sou a grata a vocês, por todo amor que

recebo, por entenderem minhas ausências, por vibrarem com minhas vitórias e,

principalmente, por me permitirem ser esposa e mãe, minhas maiores conquistas. Amo

vocês, rei e princesa! Sou grata também aos meus especiais amigos e família no Rio de

Janeiro. Sem o apoio de vocês, acredito que eu teria tomado outro destino. Obrigada, de

coração, à família Almeida, dos queridos Álvaro e sua estrela Dorinha (in memoriam),

das primas-irmãs Bia e Zezé (e Fernando); e aos Guedes-Bruni, da querida Rejan e seus

Sérgio, Flora, Tito, Dona Dora (in memoriam) e Cida. Muito obrigada também a Malu

Pires e Mônica Santos, que me abrigaram em São Paulo. A acolhida de todos vocês foi

essencial e incondicional. Dou graças ao privilégio de poder tê-los sempre por perto.

Enfim, por todos que deram as mãos para a realização deste trabalho, sou grata a

Deus. Como diz o poeta, quando “Deus quer, O homem sonha, A obra nasce”.

ix 

 

Resumo Geral

Em fragmentos florestais, o aumento progressivo na riqueza com aumento do tamanho é

explicado como função da área ou da maior heterogeneidade, com base, principalmente,

na Teoria da Biogeografia de Ilhas e nas Teorias de Nicho. Como a pesquisa empírica

aponta que essas hipóteses são relacionadas, comprovadas ou refutadas, em algum grau

e escala, objetivou-se, nesta tese, testar ambas as idéias em comunidades vegetais

fragmentadas numa paisagem de Floresta Atlântica. Inicialmente, analisou-se a relação

entre área, forma e heterogeneidade em 80 fragmentos, nos quais os habitats foram

classificados e quantificados quanto à borda, topografia e presença de água. Utilizando-

se regressões, verificou-se que o número (NH) e a diversidade (DH) de habitats foram

positiva e significativamente relacionados à área dos fragmentos, uma relação menor em

fragmentos < 50 ha. Área e forma juntas explicaram 60% da variância de NH e 53% de

DH. Em seguida, focando em nove fragmentos em três classes de tamanho, assembléias

de dossel (30 parcelas de 100 m2 em cada) e sub-bosque (30 de 25 m2) foram

inventariadas e comparadas entre tamanhos de fragmentos. Amostraram-se 14200

plantas e um total de 300 espécies. A riqueza total variou de 126 ± 25 em fragmentos

grandes a 91 ± 15 nos pequenos, mas apenas o sub-bosque foi significativamente mais

rico nos fragmentos maiores, o que sinaliza um risco de perda de espécies no futuro.

Complementarmente, três fragmentos grandes e três pequenos foram analisados quanto

à heterogeneidade de habitats e especialização de plantas, obtendo-se amostras de dossel

e sub-bosque por habitat. Variáveis estruturais foram comparadas entre habitats e entre

fragmentos, neste caso a partir de estimativas obtidas por rarefação e bootstrapping.

Foram amostradas 308 espécies, sendo a riqueza e diversidade significativamente

maiores em fragmentos grandes. Entre habitats, a similaridade foi mais baixa entre

habitats semelhantes em diferentes fragmentos do que entre habitats distintos em um

mesmo fragmento. Preferências por habitats foram identificadas em 57 (teste do qui-

quadrado) e 49 (análise de espécies indicadoras - ISA) espécies, principalmente por

sítios ripários. Os resultados sugerem que há um efeito da área na riqueza, da

heterogeneidade de habitats na diversidade beta, e da limitação de dispersão na

complementaridade entre fragmentos. Conclui-se, assim, que área e heterogeneidade de

habitats são hipóteses correlacionadas, porém complementares, pois a área per se não é

suficiente para explicar padrões de riqueza com vistas à conservação da diversidade na

paisagem como um todo.

 

General Abstract

In forest fragments, the progressive increase in species richness with increasing size is

explained as a function of either area per se or greater environmental heterogeneity,

based on the Island Biogeography Theory and Niche Theories. Considering that

empirical research has found that these two hypotheses are related, confirmed or

refuted, at some degree or scale, the objective this thesis was to analyze both ideas in

fragmented plant communities in an Atlantic Forest landscape. Initially, the relationship

between area, shape and heterogeneity was analyzed in 80 fragments, in which habitats

were classified according to edge, topography and water presence. Using regression

models, it was found that habitat number (HN) and diversity (HD) were positive and

significantly related to fragment area, with a weaker relationship in fragments smaller

than 50 ha. Area and shape together explained 60% of HN variance and 53% of HD

variance. Secondly, focusing on nine fragments in three size classes, canopy

assemblages (thirty 100m2-plots in each) and understory (thirty 25m2-plots) were

surveyed and compared between fragment size classes. A total of 14,200 plants and 300

species were recorded. Total richness varied between 126 ± 25 in large fragments and

91 ± 15 in small fragments, but only understory assemblages were significantly richer in

large fragments, indicating a risk of future loss of species. Three large and three small

fragments were further analyzed in relation to habitat heterogeneity and plant

specialization, based on canopy and understory samples per habitat. Structural variables

were compared between habitats and fragments; in the latter case richness estimatives

were used applying sample-based rarefaction and bootstrapping. A total of 308 species

were identified, being richness and diversity significantly greater in larger fragments,

independently of habitat diversity. Species similarity was smaller between similar

habitats in different fragments than between different habitats within the same fragment,

for total sample and per stratum. Habitat preferences were identified in 57 (chi-square

test) and 49 (indicative species analyses - ISA) species, mainly for riparian sites. Results

suggest that there is an area effect on species richness, a heterogeneity effect on β-

diversity and an influence of dispersal limitation on species complementarity between

fragments. As a conclusion, although area and heterogeneity are indeed correlated

hypotheses, they are complementary, because area per se alone cannot explain patterns

of richness or guarantee the maintenance of high plant diversity on a landscape level.

xi 

 

SUMÁRIO

Resumo Geral........................................................................................................................ ix 

General Abstract ................................................................................................................. x 

I.  INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................ 1 

II.  ÁREA DE ESTUDO E METOLOGIA GERAL ................................................... 5 

1.  Descrição da área ................................................................................................... 6 

2.  Metodologia geral ................................................................................................. 11 

III.  CAPÍTULO 1 - Diversidade vegetal em fragmentos florestais: bases teóricas e empíricas ......................................................................................... 14 

1.  Resumo ..................................................................................................................... 15 

2.  Introdução ............................................................................................................... 16 

3.  O estado da arte – ou o que se sabe sobre os determinantes de riqueza e diversidade em comunidades naturais? ............................................... 17 

4.  Os limites das molduras - ou o que se sabe sobre riqueza e diversidade em comunidades naturais fragmentadas? ..................................... 32 

5.  Integrando as idéias: heterogeneidade, ilhas e bordas ........................ 42 

IV.  CAPÍTULO 2 - Integrando área, forma e heterogeneidade de habitats em remanescentes florestais numa paisagem altamente fragmentada da Floresta Atlântica ........................................................................ 46 

1.  Resumo ..................................................................................................................... 47 

2.  Introdução ............................................................................................................... 48 

3.  Material e métodos .............................................................................................. 51 

4.  Resultados ............................................................................................................... 57 

5.  Discussão ................................................................................................................. 63 

6.  Considerações finais e implicações ................................................................ 67 

V.  CAPÍTULO 3 – Diversidade de assembléias de plantas de dossel e sub-bosque em fragmentos de Floresta Atlântica: a área

importa? ................................................................................................................................. 69 

1.  Resumo ..................................................................................................................... 70 

2.  Introdução ............................................................................................................... 71 

3.  Material e métodos .............................................................................................. 74 

4.  Resultados ............................................................................................................... 77 

5.  Discussão ................................................................................................................. 88 

6.  Considerações finais e implicações ................................................................ 92 

xii 

 

VI.  CAPÍTULO 4 - Influência da heterogeneidade de habitats na diversidade e especialização de plantas em fragmentos de Floresta Atlântica ................................................................................................................................. 94 

1.  Resumo ..................................................................................................................... 95 

2.  Introdução ............................................................................................................... 96 

3.  Material e métodos .............................................................................................. 99 

4.  Resultados ............................................................................................................. 103 

5.  Discussão ............................................................................................................... 116 

6.  Considerações finais e implicações .............................................................. 119 

VII.  CONCLUSÃO GERAL ........................................................................................... 121 

II.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 124 

APÊNDICE A ....................................................................................................................... 153 

xiii 

 

Índice de Figuras

Figura II.1. Localização da área de estudo, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do Brasil. ........................................................................................................... 6

Figura II.2. Paisagem atual na área de estudo, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Fonte: Trindade et al. (2008). ........................................................... 7

Figura II.3. Dados climatológicos de precipitação e temperatura em médias mensais (Janeiro a Dezembro) no período de 1998 a 2006, coletados no Posto Meteorológico principal (Posto Piedade) da Usina São José, Igarassu, Pernambuco. ............................. 8

Figura II.4. Vista geral da paisagem na Zona da Mata Norte de Pernambuco, com fragmentos florestais dispersos em meio ao canavial (a). Em detalhe, encosta íngreme revestida por floresta (b) e recorte de um fragmento (c). ............................................... 10

Figura IV.1. Localização da área de estudo, no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil e os 80 fragmentos florestais analisados. ............................................................. 53

Figura IV.2. Distribuição dos fragmentos de acordo com o índice de forma (IF) em 80 fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Valores nas classes correspondem ao limite superior aberto em cada classe. .... 58

Figura IV.3. Regressão logarítmica entre área total do fragmento (AT) e índice de forma (IF) em 80 fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do Brasil. ......................................................................................................... 58

Figura IV.4. Frequência de ocorrência dos oito tipos potenciais de habitats em 80 fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do Brasil. .............................................................................................................................. 59

Figura IV.5. Relação entre área total (AT) e proporção de habitats de borda em 80 fragmentos de floresta atlântica na Zona da Mata Norte, Nordeste do Brasil. ............... 60

Figura IV.6. Proporção dos tipos de habitats em relação à topografia em 80 fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Brasil. Habitats de fundo de vale estão detalhados em relação à presença de água (permanente ou temporária). ...... 60

Figura IV.7. Relação entre área total (AT) e riqueza de habitats (NH) em 80 fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do Brasil. ......... 62

Figura IV.8. Relação entre área total (AT) e diversidade de habitats (NH) em 80 fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do Brasil. .............................................................................................................................. 63

Figura V.1. Localização dos nove fragmentos estudados na paisagem altamente fragmentada na Zona da Mata Norte, Pernambuco, Nordeste do Brasil. ....................... 74

xiv 

 

Figura V.2. Densidades das assembléias de plantas (dossel e sub-bosque) amostradas em nove fragmentos de Floresta Atlântica, agrupados por tamanho, em Pernambuco, Nordeste do Brasil. Barras de erro = erro padrão. .......................................................... 79

Figura V.3. Riqueza de espécies em assembléias de plantas (dossel, sub-bosque e amostra total) em nove fragmentos de Floresta Atlântica, agrupados por tamanho, em Pernambuco, Nordeste do Brasil. Barras de erro = erro padrão. .................................... 80

Figura V.4. Curvas de rarefação baseadas nos indivíduos (médias de 100 re-amostragens) em assembléias de plantas em nove fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Nordeste do Brasil. (a) curvas para amostras totais; (b) curvas para sub-bosque. Códigos alfa-numéricos referem-se aos fragmentos grandes (G), médios (M) e pequenos (P), conforme descrito na Tabela 1................................................................. 81

Figura V.5. Diversidade de espécies em assembléias de plantas (dossel, sub-bosque e amostra total) em nove fragmentos de Floresta Atlântica, agrupados por tamanho, em Pernambuco, Nordeste do Brasil. Barras de erro = erro padrão. .................................... 82

Figura V.6. Densidade relativa de espécies muito frequentes (registradas em todos os fragmentos) e de espécies exclusivas em nove fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Nordeste do Brasil. G = fragmento grande, M = médio e P = pequeno, conforme descrito na Tabela 1........................................................................................ 86

Figura V.7. Distribuição média de espécies em quatro categorias de frequência em fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Nordeste do Brasil, agrupados por tamanho (N=3 fragmentos em cada grupo). Espécies infrequentes (amostradas em 1-2 fragmentos), pouco frequentes (3-5), frequentes (6-7) e muito frequentes (8-9). .......... 88

Figura VI.1. Distribuição percentual dos habitats ocorrentes em seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil. Linha pontilhada e valores referem-se à diversidade de habitats correspondente (DH, índice de Simpson 1/D). ................ 104

Figura VI.2. Densidade de indivíduos de dossel, sub-bosque e amostra total registrados em seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil, com indicação do número de habitats amostrados em cada (linha pontilhada), definindo a ordem dos fragmentos no eixo x. G, fragmentos grandes e P, fragmentos pequenos, conforme descrito na Tabela 1...................................................................................... 105

Figura VI.3. Densidade de indivíduos na amostra de dossel e sub-bosque (colunas) e riqueza total (triângulos) nos cinco habitats mais frequentes em seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil. a) encosta, b) ripário permanente, c) ripário temporário. G – fragmento grande, P – fragmento pequeno (conforme Tabela 1). ...................................................................................................................................... 108

Figura VI.4. Índices de diversidade β calculados para seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil, para amostra total, dossel e sub-bosque. a) SS – similaridade de Sørensen média; b) βW – Diversidade β de Whittaker; G – fragmento grande, P – fragmento pequeno, conforme descrito na Tabela 1; barras de erro = ± 1 erro padrão. .......................................................................................................................... 110

xv 

 

Figura VI.5. Similaridade de Sørensen média (SSM) entre habitats semelhantes ocorrentes em seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil, para amostra total e estratos. IRT – Interior ripário temporário (N=4), BE – borda de encosta (6), IE – interior de encosta (6), BRP – borda ripária permanente (5), IT – interior tabuleiro (2), IRP – interior ripário permanente (5). Barras de erro=±1 erro padrão. .......................................................................................................................... 112

Figura VI.6. Correlação entre o número de ocorrências do habitat e riqueza de espécies (amostra total) no habitat, em seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil. Coeficiente de correlação linear r = 0,8713. Cada ponto no gráfico representa um habitat: IRT – Interior ripário temporário, BE – borda de encosta, IE – interior de encosta, BRP – borda ripária permanente, IT – interior tabuleiro, IRP – interior ripário permanente, BT – borda de tabuleiro, BRT – borda ripária temporária. ...................................................................................................................................... 112

xvi 

 

Índice de Tabelas

Tabela II.1. Características e número de parcelas instaladas nos nove fragmentos florestais estudados na Zona da Mata Norte do Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. .............................................................................................................................. 13

Tabela IV.1. Tipos potenciais de habitats com base em três dimensões utilizadas para quantificação da heterogeneidade de habitats em fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Nordeste do Brasil. ................................................................................... 55

Tabela IV.2. Descritores da heterogeneidade de habitats e resultados da regressão logarítmica em fragmentos de floresta atlântica na Zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do Brasil, para amostra total e para sub-amostra de fragmentos menores que 50 ha. NH, número de habitats; DH, diversidade de habitats; Min, valor mínimo,; max, valor máximo; N, número de fragmentos; VI, variável independente; AT, área total. .. 61

Tabela V.1. Características dos nove fragmentos florestais estudados na Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. .................................................... 77

Tabela V.2. Percentuais de mortos de pé e lianas amostrados no dossel e de mortos de pé no sub-bosque de nove fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Nordeste do Brasil. G, fragmentos grandes; M, médios; e P, pequenos. ....................................... 78

Tabela V.3. Espécies muito abundantes (> 100 indivíduos) e/ou muito frequentes (em 8-9 fragmentos), ordenadas pelo valor absoluto de abundância (amostra total), em nove fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Brasil. Em destaque, densidades das muito abundantes localmente (no fragmento). G, fragmentos grandes; M, médio; P, pequeno, conforme descrito na Tabela 1. ....................................................................... 84

Tabela V.4. Número (± desvio padrão) e proporção média de espécies por categorias de abundância em fragmentos florestais estudados na Zona da Mata Norte, Pernambuco, Nordeste do Brasil. ......................................................................................................... 86

Tabela V.5. Espécies exclusivas de um fragmento e registradas com densidades > 5 indivíduos, amostradas em nove fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Nordeste do Brasil. ......................................................................................................... 87

Tabela VI.1. Características dos seis fragmentos florestais estudados na Região Norte do Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. N, número; DH, diversidade de habitats (índice de Simpson recíproco). ..................................................................................... 102

Tabela VI.2. Riqueza e diversidade de espécies observados e estimados em seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil, para amostra total, dossel e sub-bosque. G, fragmentos grandes; P, fragmentos pequenos; S, número de espécies; H', diversidade de Shannon; estimativas obtidas por (a) rarefação (±1 desvio padrão) e (b) bootstrapping........................................................................................... 107

Tabela VI.3. Espécies com associação positiva por habitats (pelo teste do χ2) e/ou indicadoras de habitat (ISA), para oito habitats em seis fragmentos de Floresta Atlântica, Pernambuco, Brasil: IRT – Interior ripário temporário, BE – borda de encosta, IE – interior de encosta, BRP – borda ripária permanente, IT – interior tabuleiro, IRP – interior ripário permanente, BT – borda de tabuleiro, BRT – borda ripária temporária. No resultados da ISA, o valor indicador (INDVAL) marca o habitat de preferência; ns – não significativo. VI – valor de Importância, G – fragmento grande, P – frag. pequeno. ......................................................................................................... 113

I. INTRODUÇÃO GERAL

 

No mundo atual, poucas áreas exibem uma cobertura vegetal nativa contínua. A

necessidade de uso da terra, principalmente para exploração agrícola, moldou novas

formas de paisagens ao longo dos últimos séculos. Como resultado, fisionomias

homogêneas vêm sendo transformadas em mosaicos heterogêneos, nos quais a

vegetação remanescente é tipicamente reduzida e fragmentada (SAUNDERS et al.,

1991), especialmente na região tropical, com as maiores perdas de área registradas

(MYERS et al., 2000). Esta interferência humana nas comunidades primitivas

introduziu grandes desafios à ciência ecológica que, se por um lado ainda carece de uma

teoria geral sobre a organização de comunidades (SIMBERLOFF, 2004;

ROUGHGARDEN, 2009), por outro lado, precisa atuar na solução e mitigação dos

problemas gerados na interface natureza-sociedade (KREBS, 2006).

Enquanto termos como fragmentação, efeito de borda, isolamento, mudança e

subdivisão de habitats têm se incorporado rapidamente à Ecologia e Conservação nas

últimas décadas (NOBIS; WOHLGEMUTH, 2004; FAZEY et al., 2005;

LINDENMAYER; FISCHER, 2007), pesquisa empírica e teórica vêm investigando a

importância e o peso de diferentes variáveis na manutenção da diversidade em

paisagens fragmentadas. Embora ainda não se tenha alcançado uma teoria unificadora

(HAILA, 2002; WATSON, 2002), a crescente produção de pesquisa nas últimas

décadas (FISCHER; LINDENMAYER, 2007) vem construindo sólido conhecimento

sobre padrões e processos biológicos ao nível do fragmento e da paisagem (HAILA,

2002). Na escala do fragmento, análises do efeito da área, com base na Teoria da

Biogeografia de Ilhas (MACARTHUR; WILSON, 1967), e do efeito de borda

(SAUNDERS et al., 1991; MURCIA, 1995) têm gerado importante corpo de dados

empíricos. Paralelamente, com o desenvolvimento da Ecologia de Paisagens (TURNER,

2005b), tornou-se mais frequente analisar o efeito da estrutura da paisagem sobre a biota

fragmentada, como, por exemplo, o papel da conectividade (MURPHY; LOVETT-

DOUST, 2004; DAMSCHEN et al., 2006), a influência da matriz (RICKETTS, 2001), e

o tempo de acomodação de populações e comunidades à fragmentação (HELM et al.,

2006; METZGER et al., 2009).

A existência de paisagens altamente fragmentadas tem provocado uma mudança

no paradigma de conservação da biodiversidade, passando da prioridade de se conservar

grandes áreas para uma abordagem de conservação da paisagem (SILVA;

TABARELLI, 2000; LINDENMAYER et al., 2006; METZGER, 2006), na qual

 

também importam os menores fragmentos (TURNER; CORLETT, 1996) e as florestas

secundárias (CHAZDON et al., 2009; DENT; WRIGHT, 2009). Esta é uma tendência

especialmente relevante na região de abrangência da Floresta Atlântica brasileira.

Considerada um dos cinco principais hotspots mundiais de biodiversidade, por

concentrar alto endemismo de espécies (MORELLATO; HADDAD, 2000; MYERS et

al., 2000), esta floresta sofreu intensa redução de área, restando um percentual estimado

máximo de 16% da cobertura original no país (RIBEIRO et al., 2009). Este percentual,

entretanto, não é homogêneo ao longo da região de ocorrência potencial dessas

florestas. Na região ao norte do rio São Francisco, incluindo a faixa costeira de Alagoas

ao Rio Grande do Norte, o chamado Centro de Endemismo Pernambuco sensu Silva e

Casteleti (2005), restam 11,5% da cobertura nativa (RIBEIRO et al., 2009). Mais do

que o total remanescente, chama à atenção a intensa fragmentação nessa região, na qual

o maior fragmento atinge 3500 ha (OLIVEIRA et al., 2004) e a maioria tem tamanho

inferior a 50 ha (RANTA et al., 1998; TRINDADE et al., 2008).

Em fragmentos florestais, as árvores são elementos cruciais que determinam a

arquitetura e as condições microclimáticas (LAURANCE et al., 1998; LAURANCE et

al., 2006) e fisicamente manifestam os efeitos das muitas variáveis ecológicas

(HARPER et al., 2005). Entre os componentes de uma floresta, as árvores parecem ser

os mais resistentes aos efeitos da fragmentação, considerando a longevidade de muitas

espécies. Estudos em florestas fragmentadas amazônicas e atlânticas revelaram,

contrariamente, que a fragmentação provoca mudanças rápidas e profundas nas

comunidades arbóreas, levando a um aumento na mortalidade, declínio de algumas

populações e extinções locais (SILVA; TABARELLI, 2000; LAURANCE et al., 2002;

LAURANCE et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2008; SANTOS et al., 2008; LOPES et

al., 2009). Os efeitos marcantes podem também se revelar tardiamente em relação ao

evento de fragmentação, em um atraso de até várias décadas, de modo especial para

árvores e outros grupos biológicos de dispersão limitada (METZGER et al., 2009).

Existindo na forma contínua ou isolada, comunidades florestais são compostas,

em relevantes proporções, por espécies arbóreas com preferências por determinados

habitats (CONDIT et al., 2000; HOFER et al., 2008). Como a fragmentação acontece

com objetivos de uso da terra, alguns ambientes são preferidos por serem mais úteis à

ocupação e agricultura, de forma que os remanescentes, geralmente, cobrem áreas

íngremes, encharcadas e menos produtivas da paisagem (SEABLOOM et al., 2002).

 

Tem-se, assim, que não apenas espécies são perdidas no processo de fragmentação, mas

também se perdem os habitats que provêm condições de ocupação e recursos para várias

espécies (KOLASA; WALTHO, 1998).

Em uma região altamente fragmentada da floresta atlântica no estado de

Pernambuco, Nordeste do Brasil, fragmentos, habitats e comunidades de plantas de

dossel e sub-bosque foram avaliados e deram origem a esta tese, cujo objetivo principal

foi analisar as consequências da perda de área florestal sobre a disponibilidade de

habitats e diversidade vegetal. Os objetivos específicos foram abordados em quatro

capítulos distintos. No primeiro capítulo, objetivou-se revisar as bases teóricas e

empíricas no estudo de comunidades fragmentadas, prioritariamente assembléias

vegetais. São discutidas as teorias e sínteses que formam o arcabouço do tema da tese,

apresentando a relevância de se aplicar tanto teorias espaciais neutras quanto teorias de

nicho (SCARANO; DIAS, 2004) aos estudos de comunidades. No segundo capítulo,

aborda-se a influência da redução da área florestal na perda de habitats. Para tanto, foi

analisada a relação entre área e forma dos fragmentos com a heterogeneidade de

habitats, a partir de oito habitats relevantes para comunidades florestais, mapeados e

quantificados espacialmente em 80 fragmentos. No terceiro capítulo, aborda-se a

influência da redução da área florestal sobre a perda de espécies. Especificamente,

objetivou-se investigar a relação entre o tamanho de fragmentos e assembléias de

plantas de dossel e sub-bosque. A análise foi feita em conjunto e separadamente por

estrato, com objetivo de descrever se esta relação existia para árvores ou apenas no sub-

bosque, devido a sua menor idade e maior suscetibilidade aos efeitos da fragmentação.

No quarto capítulo, foi avaliada a influência da heterogeneidade de habitats na estrutura

e especialização de plantas, o que permitiu distinguir a influência da heterogeneidade de

habitats da influência da área sobre as comunidades de plantas, identificar espécies com

especialização por habitats e discutir a importância da complementaridade na

diversidade de comunidades fragmentadas.

Ao final, são compilados os principais achados desta tese que, em síntese, testa

as seguintes hipóteses: i) a disponibilidade de habitats aumenta com o aumento da área

do fragmento; ii) a riqueza e a diversidade de plantas aumentam com a área do

fragmento; iii) a riqueza e a diversidade vegetal aumentam com o aumento da

heterogeneidade de habitats; e iv) assembléias de dossel e de sub-bosque apresentam

respostas distintas ao efeito da área.

 

II. ÁREA DE ESTUDO E METOLOGIA GERAL

 

1. Descrição da área

Os estudos que formam esta tese foram conduzidos na propriedade da Usina São

José/ Grupo Cavalcanti Petribú – USJ, uma área de aproximadamente 240 km2 na Zona

da Mata Norte do Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, com sua porção principal

no município de Igarassu e partes nos municípios de Goiana, Itaquitinga, Itapissuma,

Abreu e Lima e Araçoiaba (Figura II.1). A região é uma das mais reduzidas e

fragmentadas da Floresta Atlântica, com percentual remanescente estimado em 11,5%

(RIBEIRO et al., 2009) para a sub-região biogeográfica “Centro de Endemismo

Pernambuco” (SILVA; CASTELETI, 2005), na qual está inserida, e 4,6% da floresta

original no estado de Pernambuco (LIMA, 1998). Na propriedade da USJ, há 202

manchas de vegetação nativa (Floresta Atlântica), sendo 96 áreas de floresta secundária

(capoeiras) e 106 remanescentes de floresta madura (TRINDADE et al., 2008) (Figura

II.2), dos quais subconjuntos de 80 (capítulo 2), nove (capítulo 3) e seis (capítulo 4)

constituíram o material das pesquisas.

Figura II.1. Localização da área de estudo, na Zona da Mata Norte de Pernambuco,

Nordeste do Brasil.

Com base em dados coletados na Estação Meteorológica da Usina São José/

Posto Piedade (7°48'44"S, 34°59'33"W), no período de 1998 a 2006 (Figura II.3), a

 

temperatura média anual é de 24,9ºC, com média de 25,7º C no mês mais quente. A

precipitação média anual é de 1.687 mm, com uma estação seca no verão, sendo

novembro o mês mais seco (31 mm), e uma estação chuvosa de março a agosto,

registrando-se a maior precipitação no mês de junho, quando chovem, em média, 342

mm. A pequena amplitude térmica anual e a sazonalidade da precipitação permitem

caracterizar o clima na área como quente e úmido com verão seco e chuvas de outono-

inverno, característico do As' no sistema de Köppen (REIS, 1970; STRAHLER;

STRAHLER, 1978).

Figura II.2. Paisagem atual na área de estudo, na Zona da Mata Norte de Pernambuco,

Nordeste do Brasil. Fonte: Trindade et al. (2008).

 

Os recursos hídricos superficiais incluem parte das Bacias hidrográficas dos rios

Goiana, Igarassu, Itapessoca e, principalmente, a Bacia Botafogo-Arataca, a mais

extensa no litoral norte, incluindo o grande reservatório Barragem de Botafogo e

pequenos açudes que atendem ao consumo das propriedades onde estão localizados.

Inclui, ainda, o Canal de Santa Cruz, um braço de mar que funciona como desaguadouro

dos rios desse conjunto de bacias (CPRH, 2003).

O relevo é complexo, composto por morros com encostas suaves e tabuleiros,

esses escavados por vales estreitos e profundos, com encostas laterais de alta

declividade (>30%), além de planícies aluviais (CPRH, 2003). A alta declividade é o

principal fator restritivo às práticas de agricultura e ocupação urbana na região.

Geologicamente, a região se caracteriza por rochas cristalinas sobre as quais se seguem

rochas sedimentares da Formação Paraíba, datadas do Cretáceo-Terciário, recobertas

por sedimentos cenozóicos do Grupo Barreiras e sedimentos recentes de várias origens

(BARBOSA et al., 2003). O Grupo Barreiras, feição geológica predominante, é um

espesso depósito continental do formado entre o Mioceno e Pleistoceno Inferior, com

ampla ocorrência ao longo da costa brasileira (VILAS BÔAS et al., 2001).

Figura II.3. Dados climatológicos de precipitação e temperatura em médias mensais

(Janeiro a Dezembro) no período de 1998 a 2006, coletados no Posto Meteorológico

principal (Posto Piedade) da Usina São José, Igarassu, Pernambuco.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0

40

80

120

160

200

240

280

320

360

J A S O N D J F M A M J

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Meses

Usina São José ‐ Posto Piedade7°48'44"S, 34°59'33"W,  116 m1998‐2006 24,9 °C, 1687 mm

 

A vegetação primária na área é Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas

(VELOSO et al., 1991), atualmente muito reduzida e fragmentada. A floresta original

começou a ser derrubada com a chegada dos colonizadores portugueses no século XVI,

primeiramente para exploração da madeira, e mais tarde para ceder lugar a pastagens e

agricultura, principalmente cana-de-açúcar (CÂMARA, 2003; KIMMEL et al., 2008).

Trindade et al. (2008) descreveram a perda de área florestal nesta paisagem em cerca de

50% entre 1975 e 2005, o que provavelmente ocorreu devido ao incentivo para

produção de biocombustível ocorrido entre meados da década de 1970 a meados dos

anos de 1980, que motivou um pico de desflorestamento para implantação de canaviais

(GOLDEMBERG et al., 2008). A paisagem atual é caracterizada por plantações de

cana-de-açúcar revestindo tabuleiros, encostas e terraços fluviais (CPRH, 2003), com

fragmentos florestais esparsamente distribuídos (Figura II.4), com vários tamanhos e

formas (RANTA et al., 1998; TRINDADE et al., 2008). Remanescentes florestais

cobrem 24% da paisagem, sendo o tamanho médio dos fragmentos de 61 ha, ocupando

as áreas menos úteis para cultivo, que são as íngremes e os fundos de vale, um padrão

frequente em paisagens de floresta atlântica no nordeste (TRINDADE et al., 2008) e

sudeste (SILVA et al., 2007; SILVA et al., 2008d).

Desde 2003, pesquisas científicas vêm sendo desenvolvidas na propriedade USJ,

através do “Projeto Fragmentos”1 (RODAL et al., 2008), cujos resultados revelam que

os remanescentes florestais ainda ostentam uma fisionomia densa, com árvores altas, e

expressivas riqueza de plantas de dossel e sub-bosque (SILVA et al., 2008a; SILVA et

al., 2008c; GOMES et al., 2009). Uma primeira listagem florística catalogou 650

espécies de plantas em seis fragmentos na área, incluindo 280 espécies de ervas e

arbustos, 213 arbóreas e 93 trepadeiras e lianas (ALVES-ARAÚJO et al., 2008). Entre

as espécies lenhosas, destacam-se como mais importantes Eschweilera ovata

(Cambess.) Miers., Pogonophora schomburgkiana Miers ex Benth., Brosimum

guianense (Aubl.) Huber, Tapirira guianensis Aubl., Parkia pendula (Willd.) Benth. ex.                                                             1 Em 2001, foram iniciadas pesquisas científicas na propriedade da Usina São José, através de Convênio de Cooperação Científica com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Em 2003, teve início o Projeto Fragmentos, uma iniciativa da UFRPE, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade de Ulm (Alemanha) e Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), viabilizada através da Cooperação Brasil – Alemanha no âmbito do Programa de Ciência e Tecnologia para a Mata Atlântica, com apoio financeiro do Ministério de Ciência e Tecnologia/ CNPq e Ministério Federal de Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF). Na fase I (2003-2006), foram desenvolvidas pesquisas de Florística e Estrutura, Biologia de Solos e etno-ornitologia. Na fase II, na qual se insere este trabalho, o projeto agregou biologia vegetal, animal e de solos, interação planta-animal, ecologia de paisagens e etnobotânica, numa perspectiva interdisciplinar (CNPq 590039/2006-7, BMBF 01 LB 0203 A1).

10 

 

Walp., Schefflera morototoni (Aubl.) Magari, Sleyrm, Inga thibaudiana DC.,

Thyrsodium spruceanum Benth. e Miconia prasina (Sw.) DC. (ROCHA et al., 2008;

BRANDÃO et al., 2009).

A iniciativa de pesquisa conjunta na área representa uma mudança de paradigma

na indústria canavieira na região, que hoje se alia às ações de conservação da Floresta

Atlântica, atuando na preservação de reservas, proteção de mananciais e reflorestamento

(TABARELLI; RODA, 2005). Dada a importância biológica das florestas e seu valor

para pesquisa, ensino, lazer e educação ambiental, além da relevância na proteção dos

recursos hídricos, do relevo e do solo, esta região integra, desde 1993, a área piloto

“Complexo Itamaracá – Itapissuma – Igarassu” da Reserva da Biosfera da Mata

Atlântica no Programa Homem e Biosfera (MAB) da UNESCO (LIMA, 1998).

Figura II.4. Vista geral da paisagem na Zona da Mata Norte de Pernambuco, com

fragmentos florestais dispersos em meio ao canavial (a). Em detalhe, encosta íngreme

revestida por floresta (b) e recorte de um fragmento (c).

a

cb Foto: L. Krause

Foto: A.C.B. Lins e Silva

Foto: A.C.B. Lins e Silva

11 

 

O histórico dos remanescentes florestais foi avaliado através da análise do

material cartográfico disponível, incluindo fotografias aéreas de 1969 elaboradas pelo

Exército Brasileiro/ 3ª Divisão de Levantamento, ortofotocartas de 1975 elaboradas pela

FIDEM (atual Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco), imagens

multiespectrais de alta resolução do satélite IKONOS II, obtidas em 2005, e

documentação de campo e produção agrícola (carta planimétrica) da USJ. Esta análise

permitiu constatar o tempo de isolamento dos fragmentos e ocorrência de alterações

fitofisionômicas nos últimos 40 anos.

2. Metodologia geral

2.1. Amostragem das assembléias de plantas

Para amostragem das assembléias nos fragmentos (Capítulos 3 e 4), adotou-se o

método de parcelas (MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974), demarcadas com

estacas de PVC e fitilho de polietileno, cada uma medindo 10 x 10 m para amostragem

do dossel. Uma parcela menor para amostragem do estrato de sub-bosque (5 x 5 m) foi

instalada dentro e em um vértice de cada parcela de dossel. No dossel, foram

amostrados todos os indivíduos lenhosos com circunferência à altura do peito – 1,30 m

do solo (CAP) ≥ 15 cm, incluindo árvores, palmeiras, lianas, fetos arborescentes e

indivíduos mortos de pé. No sub-bosque, incluíram-se todas as plantas lenhosas e

mortas de pé com circunferência ao nível do solo (CNS) ≥ 1 cm até CAP < 15 cm.

Optou por definir o critério de amostragem no solo e sem limite de altura, entre as

várias maneiras de se amostrar o sub-bosque, por este ser mais inclusivo para plântulas,

indivíduos jovens, arvoretas e arbustos (GOMES et al., 2009).

O número de parcelas instaladas em cada fragmento variou de acordo com o

objetivo do estudo e hipótese testada. No capítulo 3, são descritos dados obtidos em

nove fragmentos (três pequenos, três médios e três grandes), tendo sido instaladas 30

parcelas de dossel e 30 de sub-bosque em cada, nos habitats mais frequentes,

totalizando 270 parcelas em cada estrato. Nos fragmentos grandes e pequenos, os

habitats existentes foram abordados em mais detalhes (capítulo 4) e, assim, foi

necessária complementação da amostra, instalando-se mais 120 parcelas (dossel e sub-

bosque) distribuídas nesses seis fragmentos. A amostra total envolveu, portanto, 390

12 

 

parcelas em cada estrato (Tabela II.1), totalizando 3,9 ha na amostra de dossel e 0,975

ha na amostra de sub-bosque.

Em cada parcela, as plantas que atenderam ao critério definido foram marcadas

com plaqueta de PVC com numeração sequencial e tiveram suas medidas de

circunferência (CAP ou CNS) e de altura total anotadas. Plantas com diâmetros

múltiplos tiveram todos os perfilhos medidos, desde que pelo menos um atendesse ao

critério estabelecido. Todos os indivíduos marcados foram identificados no campo e

coletados de acordo com normas de coleta botânica (ALVES-ARAÚJO et al., 2008)

para preparação de exsicatas de herbário visando à identificação/ confirmação

taxonômica. A coleta de material botânico foi feita entre 2004 e 2009, e os dados

estruturais obtidos em campo entre 2007 e 2008. No total, o banco de dados incluiu 55

famílias botânicas e 345 espécies/ morfoespécies (Apêndice A). Grande esforço

taxonômico foi empreendido para identificação dos táxons ao nível de família, gênero e

espécie, com auxílio de especialistas e coleções dos Herbários UFP (Geraldo Mariz) e

IPA (Dárdano de Andrade-Lima) e de diversas instituições nacionais e estrangeiras

(PEUFR, HST, JPB, CEPEC, MAC, BHCB, ASE, HUEFS, ALCB, RB, R, NY, MO, G,

P), sob a coordenação taxonômica de M. Alves e A.L du Bocage. Desse esforço, 63%

das espécies foram identificadas totalmente, 64 (19%) até gênero e 52 (15%) foram

identificadas apenas ao nível de família, enquanto 12 (3%) restaram não identificadas,

devido à falta de material fértil, principalmente nas espécies de sub-bosque ou naquelas

registradas em apenas um indivíduo. As plantas indeterminadas foram separadas e

numeradas como morfoespécies, de forma que listas de espécies e estimativas de

riqueza pudessem ser obtidas. Exsicatas foram incluídas na Coleção de Referência da

Flora da Usina São José (Projeto Fragmentos - Fase II), no UFP e IPA. Duplicatas das

coletas férteis foram enviadas aos Herbários ULM, da Universidade de Ulm, Alemanha,

e RB, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O arranjo das famílias seguiu a proposta

do APG II (AGP-II, 2003) e os nomes das espécies e abreviação dos autores seguiram a

base de dados Tropicos do Missouri Botanical Garden (www.tropicos.org).

2.2. Montagem do banco de dados

O banco de dados geral foi preparado, armazenado e manejado no programa

Mata Nativa 2.0 - MNT (SOUZA et al., 2006). Foram criados projetos no ambiente

13 

 

MNT, para cada fragmento individualmente, para os nove fragmentos (270 parcelas) e

para seis fragmentos (300 parcelas), sendo cada planta individualizada por um sistema

de código de habitat/ parcela/ indivíduo. Plantas perfilhadas tiveram os perfilhos

incluídos separadamente, porém foram tratadas como um único indivíduo, sendo as

várias medidas convertidas em um valor único de área basal (m2). No próprio programa,

foi possível calcular os seguintes atributos descritivos da assembléia de plantas, por

parcela, por habitat, por fragmento ou por estrato: densidade, área basal (m2), riqueza

(número de espécies), diversidade α (sensu Whittaker 1972) calculada através do índice

de Shannon, equitabilidade de Pielou e coeficiente de similaridade de Sørensen

(MAGURRAN, 2004), além da elaboração de matrizes binárias e quantitativas para os

conjuntos de dados necessários a cada análise.

Tabela II.1. Características e número de parcelas instaladas nos nove fragmentos

florestais estudados na Zona da Mata Norte do Estado de Pernambuco, Nordeste do

Brasil. Nome do fragmento

Coordenadas geográficas Área (ha)

Altitude (m) max/min

Número parcelas

Amostra (ha) Dossel SB

Zambana 07º41'29,13"; 07º43'17,09" S 35º00'08,75"; 34º58'38,78" W

387,85 115/20 60 0,6 0,15

Macacos 07º46'02,89"; 07º47'40,82" S 34º59'42,95"; 35º01'06,31" W

356,92 155/40 50 0,5 0,125

Piedade 07º49'12,66"; 07º50'55,43" S 34º59'21,29"; 35º00'35,92" W

305,78 113/30 60 0,6 0,15

BR 07º47'14,22"; 07º48'06,01" S 34º56'39,81"; 34º55'59,58" W

91,36 85/20 30 0,3 0,075

Chave 07º48'30,12"; 07º49'34,85" S 34º58'49,46"; 34º57'37,58" W

89,28 100/25 30 0,3 0,075

Cruzinha 07º41'24,87"; 07º42'10,32" S 34º58'13,76"; 34º57'31,32" W

87,27 100/25 30 0,3 0,075

Pezinho 07°47'27,82"; 07°48'01,04" S 35°01'25,86"; 35°01'00,64" W

29,89 125/50 50 0,5 0,125

Vespas 07º44'50,11"; 07º45'08,29" S 34º59'02,37"; 34º58'45,04" W

13,80 105/45 40 0,4 0,10

Santa Helena

07º46'59,39"; 07º47'16,65" S 34º56'41,80"; 34º56'29,24" W

11,85 85/20 40 0,4 0,10

TOTAL 390 3,9 0,975 SB ‐ sub‐bosque 

 

14 

III. CAPÍTULO 1 - Diversidade vegetal em

fragmentos florestais: bases teóricas e empíricas

15 

 

1. Resumo

O estudo de comunidades fragmentadas reúne, como arcabouço, várias teorias e sínteses

ecológicas, cuja revisão constitui o objetivo deste trabalho. Com ênfase nas relações

espécie-espaço em comunidades vegetais florestais, as contribuições teóricas e

empíricas aqui revisadas compõem dois grupos principais. No primeiro grupo, estão as

idéias acerca dos processos determinantes da diversidade, independentemente dos seus

limites espaciais, destacando-se as Teorias de Nicho/ Heterogeneidade de Habitats e a

Teoria neutra da biodiversidade. Nicho e habitat, conceitos desenvolvidos paralelamente

ao longo do século XX, evoluíram para hipóteses explicativas da diversidade biológica,

pois quanto mais nichos e habitats, mais espécies. Frequentemente testadas em

comunidades de plantas, tais teorias se comprovam para pelo menos uma fração das

espécies. Em oposição às idéias de nicho, a teoria neutra assume que as espécies são

ecologicamente equivalentes e seus testes também a corroboram parcialmente. No

segundo grupo, reúnem-se as teorias nas quais as relações espaciais importam. A

primeira delas, a Relação Espécie-Área, ou aumento progressivo no número de espécies

com aumento da área, tem três principais hipóteses explicativas: a riqueza aumenta em

função da área per se, em função da amostra ou devido à maior heterogeneidade de

habitats. Fortemente baseada na primeira, a teoria da biogeografia de ilhas (TBI) soma à

área per se o efeito do isolamento geográfico, que teria uma correlação negativa com a

riqueza. Além das variáveis da TBI, outros aspectos se integram ao estudo de

comunidades fragmentadas, entre eles o efeito de borda. De alta relevância em estudos

de fragmentação, este efeito penetra nos fragmentos, altera a dinâmica e, geralmente,

tem efeito deletério sobre a comunidade de plantas. Considerando a comprovação ou

refutação empírica, em algum grau e escala, de todas as teorias aqui discutidas, ressalta-

se a necessidade de integração das idéias para uma melhor compreensão da diversidade

biológica em comunidades fragmentadas. Despontam como lacunas que precisam ser

preenchidas a investigação da relação entre área e heterogeneidade de habitats em

paisagens fragmentadas e o entendimento da influência de uma e/ ou outra na riqueza e

diversidade de espécies nos remanescentes de vegetação.

16 

 

2. Introdução

As teorias e sínteses que mais têm contribuído para esclarecer os padrões de

diversidade vegetal em fragmentos florestais derivam de dois grupos, cuja integração

teórica é complexa e continua a ser um desafio (GARDNER; ENGELHARDT, 2008).

De um lado, situam-se as idéias acerca dos processos determinantes da diversidade,

independentemente dos limites espaciais do ecossistema estudado (WRIGHT, 2002),

aqui se inserindo duas abordagens em lados bem opostos para explicar a organização de

comunidades (KELLY et al., 2008): as Teorias de Nicho/ Heterogeneidade de Habitats

e a Teoria Neutra Unificada da Biodiversidade e Biogeografia. No outro grupo, reúnem-

se as idéias que abordam ecossistemas com limites definidos, quando o recorte espacial

importa e define um novo paradigma (WU; LOUCKS, 1995; CANTRELL; COSNER,

2001), entre elas a Relação Espécie-Área, a Teoria da Biogeografia de Ilhas e o Efeito

de Borda.

Neste texto, objetiva-se sintetizar as teorias e pesquisas nos dois grupos expostos

acima, que formam o arcabouço do estudo de comunidades fragmentadas. Para tanto,

foi feito um amplo trabalho de revisão bibliográfica, seguindo dois eixos principais:

sobre a pesquisa em fragmentação e sobre as teorias de comunidades, listadas a partir de

textos em Ecologia (BEGON et al., 1996; CRAWLEY, 1997; SCARANO; DIAS,

2004). Em ambos os casos, foi utilizada a base de dados Web of Science do Institute for

Scientific Information (ISI, 2010) para localização de trabalhos relevantes, empregando-

se combinações de palavras chave como ‘fragmentation’, ‘theory’, ‘community’, “island

biogeography’, ‘niche theory’, ‘heterogeneity’ e ‘neutral theory’, com foco inicial em

documentos de revisão. Nesses, as primeiras citações, trabalhos teóricos e pioneiros

foram localizados, incluindo artigos e livros ou capítulos de livros. Em um segundo

momento, foram pesquisados trabalhos empíricos sobre os temas, a partir da literatura já

levantada e em novas buscas na base Web of Science. Para localização de pesquisa

original no Brasil, utilizou-se a base eletrônica Scielo (FAPESP/BIREME, 2010).

Ressalta-se que a revisão aqui apresentada enfatiza as relações espécie-espaço e

não as relações espécie-espécie, acreditando que as últimas só podem ser realizadas no

contexto das primeiras (KOLASA; WALTHO, 1998). Também é nossa intenção

investigar, na literatura, se a heterogeneidade de habitats é abordada ou considerada

uma determinante importante da diversidade em ecossistemas fragmentados e priorizar,

17 

 

nesses temas, exemplos advindos da Ecologia vegetal, principalmente comunidades

arbóreas. Portanto, com permissão da metáfora, para entendimento da informação

contida num fragmento de ecossistema é necessário conhecer a ‘arte’ e o recorte a ela

imposto pelas ‘molduras’. E nossa arte é tendenciosamente espacial e heterogênea, com

padrões fundamentalmente vegetais.

3. O estado da arte – ou o que se sabe sobre os

determinantes de riqueza e diversidade em

comunidades naturais?

3.1. Teoria de nicho e heterogeneidade de habitats

 

Há muito se reconhece, em Ecologia, que cada espécie ocupa um ambiente e

desempenha uma função. Os termos referentes a essas propriedades formalizaram-se no

início no século XX, um referente ao espaço e outro ao papel das espécies no espaço,

respectivamente, habitat e nicho (WHITTAKER et al., 1973). Os dois conceitos, por

serem relacionados, promoveram muita ambiguidade e debates, de forma que várias

sínteses e revisões foram feitas (WHITTAKER et al., 1973; LEIBOLD, 1995; HALL et

al., 1997; KOLASA; WALTHO, 1998; PETREN, 2001; KEARNEY, 2006), buscando

uniformizar as definições e, assim, melhor operacionalizar as pesquisas no tema.

Habitat e nicho começaram como conceitos, mas rapidamente evoluíram para

hipóteses explicativas da diversidade biológica, a partir de uma dedução simples:

quanto mais nichos e habitats, mais espécies (SHMIDA; WILSON, 1985). Esta

dedução, descrita inicialmente com referência ao nicho por MacArthur e Levins (1967),

pode ser sintetizada como: o número total de espécies competindo que podem coexistir

é proporcional à amplitude ambiental dividida pela amplitude de nicho das espécies.

Roughgarden (2009) utiliza a metáfora da ‘prateleira de livros’ para explicar a hipótese:

as espécies são livros, com suas larguras variadas (nichos) e a riqueza resultante

depende do número de livros que a prateleira (ambiente) pode acomodar. Dito de outra

forma, em referência aos habitats, tem-se: habitats são distribuídos de forma

heterogênea no espaço, e porque diferentes espécies necessitam de diferentes habitats,

quanto mais habitats, mais espécies (TURNER; TJØRVE, 2005). Cabe destacar a

18 

 

importância da competição na estruturação das comunidades, cujos conceitos e

mecanismos - não discutidos neste texto - evoluíram paralelamente ao conceito de nicho

e ditaram muito do que foi pesquisado a partir da década de 1920, com o

desenvolvimento dos modelos de V. Volterra, A.J. Lotka e G.F. Gause

(HUTCHINSON, 1957; PETREN, 2001).

A partir das décadas de 1960 e 1970, a relação entre a co-existência de espécies

e a diversidade de nichos e habitats, além da habilidade das espécies na partição de tais

nichos (LEIBOLD, 2008), passaram a ser aspectos fundamentais para o entendimento

da biodiversidade (PETREN, 2001; ROUGHGARDEN, 2009). Como os sistemas

naturais ocupam espaço e quase sempre exibem variabilidade no espaço que ocupam

(CANTRELL; COSNER, 2001), todo um corpo teórico fundamentou-se na

heterogeneidade e partição de recursos, distinguindo-se como teoria de nicho (CHASE;

LEIBOLD, 2003; KELLY et al., 2008; ROUGHGARDEN, 2009).

O que é nicho?

A definição de nicho engloba todas as interações possíveis de uma espécie com

o ambiente em que vive (PETREN, 2001). O termo foi criado e aplicado (mas não

definido) inicialmente por R.H. Johnson, em 1910 (GAFFNEY, 1975) e,

posteriormente, por Grinnel (1917), que detalhou as condições de vida de uma espécie

de ave e seus fatores limitantes, incluindo distribuição geográfica, condições climáticas,

relações tróficas, e o comportamento da espécie. Mais tarde, o termo nicho consagrou-

se no vocabulário de Ecologia através da obra Animal Ecology de Elton (1927), na qual

se cunhou a expressão de nicho como o ‘papel’ da espécie na comunidade (LEIBOLD,

1995). Numa reunião de biologia quantitativa, Hutchinson (1957) formalizou a

definição mais clássica de nicho, redefinida por várias outras vezes por Whittaker et al.

(1973), Leibold (1995), Kolasa e Waltho (1998), Petren (2001) e Chase e Leibold

(2003), para citar algumas, cada uma trazendo uma ênfase especial no enfoque espacial,

funcional ou em ambos.

Classicamente, define-se nicho como um espaço n-dimensional, de n variáveis

físicas e biológicas, que completamente definem as propriedades ecológicas da espécie,

constituindo um hiper-volume ou nicho fundamental para uma espécie S, sendo que as

dimensões efetivamente ocupadas por S definem seu nicho realizado (HUTCHINSON,

1957). Por definição, portanto, o nicho é um atributo de uma espécie e sua população.

19 

 

Em 1973, Whittaker et al. lamentaram que os termos nicho e habitat eram utilizados de

forma confusa, pois o aspecto n-dimensional vinha sendo aplicado aos dois conceitos,

indiscriminadamente. Ao revisarem os termos, definiram que o conceito clássico de

nicho (HUTCHINSON, 1957) envolve um componente funcional e um espacial, e esse

espacial seria o habitat, embora Hutchinson não tenha definido habitat propriamente.

Para Whittaker et al. (1973), habitat pode ser definido para uma espécie ou comunidade,

porém nicho é propriedade da espécie, e abrange as variáveis que descrevem o seu papel

na comunidade. Leibold (1995) identificou duas vertentes nas definições: a que envolve

requisitos ambientais e a que envolve o impacto dos organismos nos recursos

disponíveis, chamando-as, respectivamente, de nicho de requisitos (esse englobando o

habitat) e nicho de impacto, que juntas formariam o nicho total. Para Petren (2001), os

conceitos de nicho e habitat se desenvolveram simultaneamente desde os trabalhos de

Grinnell (1917) e convergiram ao longo do tempo, de forma que habitat e seus

gradientes associados se tornaram um subconjunto de nicho.

Em síntese, as n-dimensões que definem as condições de uma espécie pertencem

a dois componentes: um espacial e outro funcional. Nicho pode se referir apenas ao

componente funcional (WHITTAKER et al., 1973) ou à soma dos dois (GRINNELL,

1917; HUTCHINSON, 1957; LEIBOLD, 1995; PETREN, 2001). As dimensões

espaciais, se integradas ao nicho, pertencem ao subconjunto habitat (PETREN, 2001) ou

nicho de requisitos (LEIBOLD, 1995); se complementares ao nicho, formam o habitat

propriamente dito (WHITTAKER et al., 1973, 1975).

Analisando o desenvolvimento do conceito de nicho, extensamente revisado por

Chase e Leibold (2003), chama à atenção o fato que à medida que a teoria foi sendo

desenvolvida, mais clara ficou a dificuldade em se descrever o nicho realizado ou total

de uma espécie no mundo real. Hutchinson (1957) já esclarecia que a sua definição era

claramente uma abstração e que a ordenação de todas as variáveis era impossível. Para

lidar com esta limitação à pesquisa empírica, muitos ecólogos enveredaram pela criação

de modelos matemáticos que representassem simplificações do mundo real e

permitissem testar a teoria, baseando-se nos mecanismos de competição por nicho (p.

ex. MacArthur e Levins 1967) ou na heterogeneidade ambiental (AUSTIN et al., 1990;

KOLASA; WALTHO, 1998) como fatores explicativos da coexistência de espécies. Os

modelos de nicho são hoje abundantes na literatura (AUSTIN, 2007) e intensamente

utilizados para desenvolver hipóteses sobre os limites de distribuição e prever o

20 

 

comportamento futuro de espécies a partir de algumas dimensões de nicho conhecidas,

tais como recursos, variáveis espaciais ou fisiológicas (KEARNEY, 2006; KEARNEY;

PORTER, 2009).

Visando a operacionalização da pesquisa empírica, Hutchinson (1957) propôs

definir um nicho restrito contendo apenas variáveis nas quais as espécies competem,

enquanto outros recomendaram a construção do nicho básico para uma espécie, a partir

de alguns fatores, como alimento, micro-habitat, características físicas e requerimentos

reprodutivos para animais (PETREN, 2001), ou topografia, luz e variáveis edáficas para

espécies vegetais (WHITTAKER et al., 1973). Em alguns casos, os modelos propostos

foram testados com dados empíricos, o que permitiu confrontar curvas de abundância de

espécies entre si (MACARTHUR, 1957; KELLY et al., 2008; LEVINE;

HILLERISLAMBERS, 2009) ou com as dimensões de nicho escolhidas. Para aplicar

este teste às plantas, o grupo de M.P. Austin, na Austrália, escolheu cinco variáveis

ambientais (precipitação, temperatura, radiação, litologia e topografia) testando-as como

nicho realizado de duas a cinco espécies de Eucalyptus, o que permitiu determinar a

largura e sobreposição de nicho das espécies testadas (AUSTIN et al., 1990; AUSTIN et

al., 2009). Note-se que as variáveis espaciais (habitat) estão, via de regra, incluídas na

lista reduzida de dimensões a serem descritas. Esta abordagem reducionista está

provavelmente apoiada no entendimento que as variáveis abióticas fornecem as

condições para as variáveis bióticas (por exemplo, espaço limita competição), na

opinião crítica de Mitchell (2005).

Apesar de considerada em crescente desuso para alguns, principalmente após o

surgimento da Teoria Neutra Unificada da Biodiversidade e Biogeografia (HUBBELL,

2001), discutida adiante, e seus seguidores “neutralistas” (LEIBOLD, 2008), a

existência do nicho foi recentemente testada em comunidades de plantas anuais, através

da utilização da predição de modelos e pesquisa empírica (LEVINE;

HILLERISLAMBERS, 2009). No experimento, registrou-se, após duas gerações, uma

diversidade 50% maior em comunidades não manejadas, nas quais as diferenças de

nicho aconteciam, do que nas comunidades controladas para essas diferenças,

fornecendo fortes evidências da importância do nicho na manutenção da diversidade.

O que é habitat?

Após descrever nicho, aceitamos que, independentemente do conceito espacial,

funcional ou uma mistura de ambas (WHITTAKER et al., 1973; LEIBOLD, 1995),

21 

 

habitat é parte fundamental ou complementar do nicho, fisicamente possível de

descrever na forma de variáveis ambientais espaciais, e típico de uma população ou de

uma comunidade, cujas populações tenham necessidades semelhantes. Apesar de

parecer simples de definir, constituindo um paradigma fundamental da ecologia básica e

aplicada (MITCHELL, 2005), a terminologia relacionada ao conceito de habitat é

imprecisa e ambígua (HALL et al., 1997), principalmente quando se considera o grupo

biológico ao qual o conceito se aplica. Enquanto alguns autores definem habitat para um

organismo específico, habitat pode significar, para outros, cobertura vegetal nativa ou

selvagem (LINDENMAYER; FISCHER, 2007) ou simplesmente onde um organismo

pode ser encontrado na natureza; e sua abrangência, em maior escala, já foi comparada

aos limites de bioma (PETREN, 2001).

Numa tentativa de unificar esta terminologia, Hall et al. (1997) definiram habitat

como “as condições e recursos presentes em uma área, que produzem ocupação por um

dado organismo – incluindo sobrevivência e reprodução; habitat é específico do

organismo (animal ou planta), e relaciona a presença de uma espécie, população ou

indivíduo às características físicas e biológicas de uma área”. Petren (2001) e Kolasa e

Waltho (1998), tal qual Whittaker et al. (1973), estenderam o conceito à comunidade,

no chamado habitat de comunidade (KOLASA; WALTHO, 1998), já que esta partilha

condições gerais que se aplicam a muitas espécies, coincidindo aproximadamente com

porções homogêneas do ambiente (HUTCHINSON, 1957).

Na sua obra, Kolasa e Waltho (1998) apresentaram uma definição objetiva de

habitat: um conjunto de dimensões descritivas do mundo físico, relevantes para a

ecologia, cujos valores interagem com uma espécie e variam no espaço e no tempo.

Propuseram, ainda, que a caracterização de habitat seja feita hierarquicamente, partindo

de unidades maiores (o habitat de comunidade) para subunidades, essas representando a

‘percepção’ das espécies. Os passos mais importantes em um estudo de habitats e

comunidades seriam (KOLASA; WALTHO, 1998; MITCHELL, 2005): 1) a

identificação de dimensões de habitats relevantes para as espécies presentes, 2) a

identificação de atributos das populações que quantifiquem a influência dos habitats,

tais como abundância e crescimento e 3) a quantificação e correlação adequadas dessas

variáveis.

As idéias integrando heterogeneidade de habitats e diversidade biológica têm seu

nascimento na biogeografia do século XIX, que reconheceu ser o mundo heterogêneo; a

22 

 

expansão dessas idéias, porém, só aconteceu na década de 1960, como uma oposição ao

paradigma de equilíbrio e homogeneidade reinante na ecologia daquela época (WIENS,

2000). Na escala de comunidades, Williams (1964) propôs que a heterogeneidade de

habitats explica a correlação entre área e riqueza específica, criando o que viria a se

chamar “Hipótese da Diversidade de Habitats”. A partir daí, muitas pesquisas

procuraram analisar esta relação, que se mostra positiva na maioria das vezes

(TURNER; TJØRVE, 2005).

A heterogeneidade de habitats existe e, em teoria, pode ser mensurada em várias

escalas. Objetivando viabilizar as pesquisas, especialmente na Ecologia Vegetal, R.H.

Whittaker desenvolveu, na década de 1960, a “Análise de gradientes” (WHITTAKER;

NIERING, 1965; WHITTAKER, 1967), que consiste no estudo das relações de

populações e comunidades ao longo de gradientes ambientais, reduzindo o espaço n-

dimensional a poucas dimensões em um sistema de coordenadas, no qual a distribuição

das espécies será representada (WHITTAKER et al., 1973). Em um gradiente de

habitats, considerando que as espécies evoluem para ocupar diferentes posições, é

possível medir a influência do gradiente na comunidade através de descritores de

diversidade, as chamadas diversidade alfa, tomada em um habitat no gradiente, e a

diversidade beta, medida entre habitats (WHITTAKER, 1972; HALVORSEN;

EDVARDSEN, 2009).

Heterogeneidade de habitats e comunidades vegetais

O desenvolvimento da teoria de nicho e habitats se deu basicamente por

pesquisadores da Ecologia Animal (GRINNELL, 1917; HUTCHINSON, 1957;

WILLIAMS, 1964; MACARTHUR; LEVINS, 1967; LEIBOLD, 1995; HALL et al.,

1997; PETREN, 2001). Esses ecólogos, mesmo quando explicitamente intencionado,

não estenderam com clareza a sistematização de habitat para as espécies vegetais. Por

exemplo, Hall et al. (1997) assumiram um olhar fixamente tendencioso do “ponto de

vista animal” (aves e mamíferos, basicamente) para as definições das diversas variáveis

relacionadas ao habitat, tais como uso (“a forma que um animal usa...”), disponibilidade

(“acessibilidade por animais...”) e seleção (“decisões comportamentais feitas por um

animal...”).

Para plantas, dada a sua natureza modular, imóvel e a ausência de

comportamento, Bazzaz (1991) discutiu se a “seleção”, “escolha” e “especialização” de

23 

 

habitat não seriam primeiramente desempenhadas pelo próprio habitat e em seguida

fixadas pelas plantas através de seleção natural. A plasticidade vegetal, que seria

equivalente ao comportamento nos animais, e os mecanismos de reprodução ampliariam

essa capacidade de escolha das espécies e atuariam na diferenciação de comunidades

(BAZZAZ, 1991). Com esses argumentos, lançou-se luz sobre o fato que as plantas

também selecionam (ou são selecionadas) por diferentes habitats e, mesmo sendo

indivíduos sésseis, a elas também se aplica a idéia de coexistência dependente da

variação espaço-temporal (WRIGHT, 2002) e da interação e competição espacial entre

organismos vizinhos (TILMAN, 1994).

Sob um ‘ponto de vista vegetal’, quais seriam, então, as dimensões mais

relevantes nas pesquisas que integram heterogeneidade de habitats e comunidades?

Historicamente, a análise de gradientes de Whittaker (WHITTAKER; NIERING, 1965;

WHITTAKER, 1967) representou uma exceção à predominância da Ecologia Animal

na formação da teoria de nicho. As dimensões escolhidas por Whittaker e seu grupo

para estudo da vegetação em vários gradientes topográficos norte-americanos foram

altitude, inclinação, material parental (rocha), solo e grau de perturbação. Embora visto

com críticas, principalmente devido à subjetividade dos métodos empregados para

caracterizar as dimensões de habitat (WILSON et al., 2004), a análise se destaca pelo

pioneirismo e influencia pesquisas até os dias de hoje, com crescente refinamento dos

métodos empregados (LOOKINGBILL; URBAN, 2005).

Nas duas últimas décadas, as dimensões de habitats para comunidades de plantas

não mudaram muito em relação àquelas utilizadas por Whittaker, ou seja, variáveis de

relevo e substrato, de forma que habitats são frequentemente definidos com base em

diferenças topográficas e edáficas. De fato, a topografia é considerada o fator abiótico

mais importante causando variação espacial e influenciando a estrutura e diversidade de

comunidades (OLIVEIRA-FILHO et al., 1994b; JOHNSON et al., 2003;

LUNDHOLM, 2009). Os padrões horizontais e verticais dos solos reconhecidamente

também criam oportunidades potenciais para diferenciação de nichos e coexistência

(FITTER et al., 2000; JOHN et al., 2007).

Em florestas tropicais, já há fortes evidências que as plantas lenhosas respondem

às diferenças de nicho associadas à topografia (WRIGHT, 2002), porém para um

percentual variável na comunidade, de pelo menos um terço das espécies. Clark et al.

(1999), examinando a relação entre diversidade de árvore e as dimensões topografia e

24 

 

solo em uma floresta na Costa Rica, encontraram gradientes significativos e sugeriram

que 30% das espécies têm distribuição relacionada ao substrato. Uma parcela de 42%

das espécies mostrou preferência por pelo menos um habitat na comunidade florestal do

Barro Colorado, com destaque para as especialistas por habitats de encosta (HARMS et

al., 2001), enquanto 25% de espécies mostraram preferência por nichos topográficos na

Amazônia equatoriana (VALENCIA et al., 2004). Estudando a diversidade de

pteridófitas, Kessler e Lehnert (2009) também encontraram alta preferência das espécies

por habitats de encosta, nos quais há maior diversidade de microhabitats típicos de

pteridófitas, em contraste com a baixa riqueza de espécies e maior homogeneidade

ambiental no habitat de topo.

A natureza imóvel das plantas faz com que o seu conjunto assuma uma

fisionomia, que aparece como a representação física mais evidente do ecossistema. Por

este motivo, é comum na literatura se descrever habitat como sinônimo de vegetação ou

fitofisionomia, o que é, para alguns, inapropriado (HALL et al., 1997; MILLER, 2000;

FISCHER; LINDENMAYER, 2007; LINDENMAYER; FISCHER, 2007). De fato,

para animais, a percepção e uso dos habitats podem envolver múltiplas fisionomias ou

uma parte restrita de uma fisionomia. Para plantas, uma fisionomia homogênea pode ser

formada por grupos distintos de espécies ocupando habitats específicos com relação às

dimensões físicas, tais quais disponibilidade de água e topografia. É comum, porém,

usar a heterogeneidade fisionômica, resultante de perturbação, sucessão e idade, como

indicadora da heterogeneidade de habitats. Neste caso, as fitofisionomias atuam como

substitutas (surrogates) de idade, variáveis microclimáticas, níveis de perturbação ou

disponibilidade de água (PITMAN et al., 1999). Como resultado, aceitando-se que a

medida direta de uma dimensão de habitat (primária) fornece uma medida indireta de

outra (secundária), numa relação de substituição nem sempre quantitativa, distinguem-

se dois tipos de estudos: 1) aquele nos quais dimensões primárias substituem dimensões

secundárias (PITMAN et al., 1999) e 2) aquele que envolve dois componentes: a

relação dimensão primária - dimensão secundária e a relação habitat - comunidade

vegetal (WEBB; FA'AUMU, 1999; KUBOTA et al., 2004; ZANNE; CHAPMAN,

2005).

Exemplo típico do primeiro grupo, Pitman et al. (1999) estudaram a distribuição

de árvores na Amazônia peruana em quatro fitofisionomias (ou quatro habitats, na

definição dos autores), registrando um percentual de até 26% das espécies com

25 

 

especificidade por habitat. Webb e Fa'aumu (1999) também consideraram floresta

madura e em regeneração como habitats distintos ao estudarem a comunidade arbórea

na ilha de Samoa. O estudo conjugou a fitofisionomia ao substrato (sem o amostrar),

escolhendo dois tipos de floresta madura de acordo com o tipo de solo, e permitiu

registrar 29% das espécies com distribuição agregada em um habitat específico e pelo

menos 25% com distribuição preferencial em floresta madura ou secundária. Zanne e

Chapman (2005) consideraram habitats quatro tipos de cobertura de copa ao estudarem

plantas lenhosas em Uganda. A sua caracterização, entretanto, exemplifica o segundo

grupo, pois, partindo da fisionomia, os autores amostraram variáveis de solo e luz em

cada sítio. Como resultados, encontraram alta similaridade microclimática entre as

fisionomias florestais e uma forte preferência de espécies (de até 72%) por habitats

específicos. Kubota et al. (2004) quantificaram e confirmaram o efeito da topografia nas

variáveis de solo em floresta no Japão, e da topografia e solo nas plantas, encontrando

que a heterogeneidade topográfica, mais que a edáfica, foi fortemente correlacionada à

riqueza e distribuição espacial da comunidade vegetal estudada.

A disponibilidade hídrica é também uma dimensão amplamente considerada,

mensurada de diversas formas, e para a qual as espécies demonstram seletividade. Por

vezes, pode ser substituída por uma descrição qualitativa do sítio, como por exemplo,

“áreas inundadas e áreas bem drenadas” (CLARK et al., 1999) ou “microhabitats

úmidos ao longo de riachos” (KESSLER; LEHNERT, 2009). A variação hídrica

temporal é, da mesma forma, uma medida de heterogeneidade, como descrito por Brose

(2001), que identificou quatro tipos de habitat em áreas úmidas na Alemanha, a

depender do período do ano e abrangência espacial da inundação, revelando ser a

heterogeneidade hídrica espaço-temporal altamente correlacionada aos padrões de

riqueza vegetal encontrados. Topografia também é usada como substituta de

disponibilidade de água, descrevendo-se sítios mais baixos e mais altos, ou adjacente ou

não adjacente aos rios, que revelam, geralmente, correlação com a riqueza e estrutura

vegetal sobrejacente (OLIVEIRA-FILHO et al., 1994a; 1994b; 1994c). Da mesma

forma, variáveis edáficas como classe de drenagem e saturação por bases quantificam

variações no regime de água, produzindo significativas relações espécie-habitat

(BOTREL et al., 2002).

O estudo da heterogeneidade de habitats tem seus problemas intrínsecos. Do

ponto de vista operacional, há o reducionismo obrigatório, a seleção de variáveis por

26 

 

inferência ou conveniência e a frequente conversão de variáveis ambientais contínuas

em discretas (MITCHELL, 2005). Para Wiens (2000), considerando a necessidade de

medição e quantificação, podem-se listar até quatro formas de heterogeneidade, desde a

mais simples, que quantifica as dimensões ambientais em pontos numa área

qualitativamente semelhante até a espacialmente mais integradora, quando pontos são

convertidos numa área com referência espacial. A estrutura das comunidades também

impõe seus percalços, pois as interações entre variáveis atuam em diferentes escalas

espaço temporais (KOLASA; WALTHO, 1998; WRIGHT, 2002; CUSHMAN;

MCGARIGAL, 2004) e as medidas de abundância das populações podem ser resposta a

uma condição ambiental anterior ao momento das pesquisas (MITCHELL, 2005).

Apesar dessas limitações, muitos estudos bem conduzidos apontam para especialização

por habitats e correlação à heterogeneidade ambiental em várias comunidades,

demonstrando que os mecanismos subjacentes à teoria de habitats de fato operam em

comunidades vegetais (WRIGHT, 2002) em diferentes escalas espaciais (JOHNSON et

al., 2003). Ao revisar 52 estudos que compararam a diversidade vegetal e tiveram a

heterogeneidade espacial medida em pelo menos duas áreas, Lundholm (2009)

confirmou os padrões conhecidos: 78% dos estudos utilizaram topografia, variáveis

edáficas ou ambas como dimensões da heterogeneidade de habitats; houve grande

variabilidade de escala nos estudos; e, na maioria, houve relação positiva entre

heterogeneidade de habitats e riqueza ou diversidade vegetal.

Qual o papel das perturbações na criação de novos habitats?

Lamentando a ausência de boas teorias que explicassem a diversidade em

florestas tropicais, Ricklefs (1977) propôs a “Hipótese da Heterogeneidade Ambiental”,

na qual sugeriu que a principal força causadora da heterogeneidade nessas florestas seria

a perturbação e formação de clareiras. A hipótese relaciona a formação de clareiras às

alterações de propriedades microclimáticas e edáficas e, consequentemente, à

regeneração florestal nestas condições. Esta relação entre clareiras, novos habitats e

diversidade foi explicada por Connell (1978) como causada pelo não-equilíbrio

ocasionado por perturbações de frequência e intensidade variáveis, na chamada

“Hipótese do Equilíbrio Intermediário”. Denslow (1987) progrediu ainda mais em

direção a uma síntese teórica da relação entre clareiras e diversidade em florestas

tropicais. A partir de criteriosa revisão, observou que a maioria das árvores tropicais

27 

 

teria alguma dependência de clareiras para crescimento e reprodução, e o

estabelecimento de plântulas e juvenis dessas espécies estaria limitado à quantidade e

duração da radiação. Com base nesta propriedade, as espécies poderiam ser organizadas

em um gradiente de disponibilidade de luz ou em grupos típicos de clareiras com

diferentes tamanhos e regimes de radiação. As clareiras seriam, então, responsáveis pelo

aumento da heterogeneidade de habitats para espécies dependentes de luz e temperatura.

Alternativamente, a maior diversidade de plantas em clareiras estaria ligada à maior

densidade de indivíduos recrutados nesses ambientes (DENSLOW, 1995).

Ainda não há um consenso se a abertura de clareiras atua criando uma

heterogeneidade suficientemente explicativa da diversidade vegetal. Hubbell et al.

(1999) testaram o papel da perturbação por mais de 13 anos em uma floresta tropical no

Panamá e não registraram relação entre a riqueza de espécies lenhosas e presença ou

densidade de clareiras. Já Molino e Sabatier (2001) aplicaram o teste em uma floresta

secundária na Guiana Francesa e encontraram forte relação entre a presença de clareiras

e diversidade, afirmando que os novos habitats criados pela alteração nos regimes de luz

em clareiras não são efêmeros, mas permanecem por décadas após a abertura inicial.

Em estudo recente, Bongers et al. (2009) analisaram o papel das perturbações

em florestas úmidas e secas em Gana, a partir de um extenso banco de dados. Apesar de

terem confirmado uma influência das perturbações na riqueza de espécies, concluíram

que este papel seria mais importante em florestas mais secas. Na úmida floresta

amazônica, porém, a importância das clareiras naturais como geradoras de habitats de

regeneração foi recentemente comprovada. Comparando sítios de floresta primária a

áreas contendo clareiras de diversos tamanhos, Chambers et al. (2009) encontraram

fortes diferenças estruturais e maior diversidade florística nas áreas naturalmente

perturbadas, diferenças essas que seriam melhor percebidas em maiores escalas. A

perturbação seria, então, uma dimensão temporal criando padrões de heterogeneidade

espacial em algum grau (WIENS, 2000; PEREIRA et al., 2007), através de eventos

estocásticos percebíveis em maiores escalas espaciais, que formam gradientes

ecológicos e influenciam a estrutura de comunidades (CHAMBERS et al., 2009).

Um esclarecimento: habitat na Ecologia de Paisagens

A heterogeneidade espacial sempre foi um tema presente nos estudos de

sistemas ecológicos. Na década de 1980, surgiu um novo ramo da Ecologia dedicado ao

28 

 

entendimento das causas e consequências da heterogeneidade, integrando escala espaço-

temporal e ferramentas de geoprocessamento ao estudo de padrões e processos

ecológicos - a Ecologia de Paisagens (TURNER, 2005b). Com os atributos de ser uma

disciplina espacial e visual, a Ecologia de Paisagens agrega elementos da Ecologia e da

Geografia, com abordagens ligeiramente distintas em cada uma (METZGER, 2001). A

abordagem ecológica de paisagens define as pesquisas através da “perspectiva do

organismo estudado”, de forma que a paisagem passa a ser uma abstração da

heterogeneidade em qualquer escala, assumindo uma configuração diferente a depender

da espécie (PICKETT; CADENASSO, 1995; HAILA, 2002).

Neste contexto ecológico e na escala da espécie, o termo habitat naturalmente se

incorporou ao vocabulário e pesquisas em paisagens. Fragmentação, configuração,

abundância, perda, conexão, disponibilidade e qualidade de habitats, por exemplo, são

expressões abundantes nos textos básicos da disciplina (PICKETT; CADENASSO,

1995; METZGER, 2001; TURNER, 2005a) ou em artigos de conservação (HAILA,

2002; VILLARD, 2002; LINDENMAYER; FISCHER, 2007; LAURANCE, 2008).

Seus significados, porém, correspondem ao habitat na Ecologia de Populações ou

Comunidades?

Considerando as origens da Ecologia de Paisagens, o termo habitat ainda tem, na

disciplina, um uso confuso, em função da escala e abordagem do estudo. Quando

trabalhando na escala de espécie (abordagem ecológica), habitat é usado como sinônimo

de território ou área de uso, configurando uma unidade de paisagem no mosaico

descrito. Esta aplicação é semelhante ao habitat revisado neste texto, porém inclui

apenas dimensões espaciais e horizontais, tais como tamanho, perímetro, forma e

contexto, traçando-se a área de sítios com diferentes condições de exploração para

diferentes espécies (GARDNER; ENGELHARDT, 2008). A interação espécie - habitat

nesta abordagem refere-se ao modo como a espécie interage com a área ocupada pelo

habitat e seu contexto na configuração da paisagem. Para descrição desta relação, foi

criado um índice de “especificidade por habitat”, que é uma expressão quantitativa da

contribuição das manchas de habitat à riqueza específica na escala da paisagem

(HALVORSEN; EDVARDSEN, 2009).

Na visão mais geográfica, particularmente usada em estudos de fragmentação e

conservação, definem-se na paisagem unidades de habitat e não-habitat para uma

determinada fitofisionomia (METZGER, 2001), sendo habitat um sinônimo de

29 

 

cobertura vegetal ou forma de uso da terra, que é determinado pela área e contexto de

sítios habitáveis em uma matriz inabitável (GARDNER; ENGELHARDT, 2008). É

necessário cautela, então, ao inventariar pesquisas sobre heterogeneidade de habitats,

pois, em estudos de paisagem, o termo pode ter um sentido distinto, significando

cobertura do terreno e não exatamente relacionado à população ou comunidade

(LINDENMAYER; FISCHER, 2007). Neste caso, está-se descrevendo a

heterogeneidade de manchas na paisagem e não a heterogeneidade de habitats

propriamente ditos.

3.2. A neutralidade

Em oposição ao paradigma clássico de diversidade biológica baseado nas idéias

de nicho, uma nova escola de pensamento fundamentada na idéia que as espécies são

ecologicamente idênticas surgiu, já no século XXI, a partir da publicação da Teoria

Neutra Unificada da Biodiversidade e Biogeografia ou, simplesmente, Teoria Neutra

(HUBBELL, 2001). Neutralidade, nas palavras de Hubbell (2001), significa

equivalência ecológica de todos os indivíduos numa comunidade, ou seja, todos têm a

mesma probabilidade de nascer, morrer, migrar ou até de sofrer especiação.

Para estruturar a teoria, Hubbell partiu da sua própria experiência em florestas

tropicais, da proposta de neutralidade construída na Teoria da Biogeografia de Ilhas

(MACARTHUR; WILSON, 1967), da observação cautelosa de vários modelos

descritivos da abundância de espécies em comunidades e vislumbrou uma possível

analogia ecológica com os modelos de deriva em genética de populações (CHASE;

LEIBOLD, 2003; CASSEMIRO; PADIAL, 2008). Observou, então, faltar uma teoria

explicativa (não descritiva) de comunidades, que tivesse valor preditivo e que incluísse

processos de dinâmica populacional. Sua teoria propôs, assim, uma nova distribuição de

abundâncias de espécies, baseada no tamanho da comunidade, nos padrões

populacionais e nas taxas de migração, extinção e especiação, aplicada em várias

escalas espaciais e temporais.

A teoria e seus modelos neutros trazem uma visão radicalmente diferente das

comunidades ecológicas e uma nova forma de explicar a diversidade de espécies

(BELL, 2001; HUBBELL, 2001; CHAVE, 2004), o que motivou uma busca por

padrões empíricos que confirmassem a neutralidade em comunidades e uma reavaliação

30 

 

das interpretações de diversidade, atraindo seguidores e críticos. Muitas críticas advêm

do fato da teoria: (i) afirmar que as idéias de nicho não são essenciais à coexistência, (ii)

defender que não há equilíbrio de espécies, mas sim de indivíduos, nas comunidades e

(iii) por valorizar a estruturação de comunidades por eventos aleatórios de dispersão e

extinção (HUBBELL, 2001, 2006; CASSEMIRO; PADIAL, 2008). Contra essas

premissas, Chase e Leibold (2003) argumentam que há sim demonstrações empíricas de

que existe equilíbrio nas comunidades, como um retorno após perturbação, e que muitos

padrões empíricos de diversidade não se ajustam às predições do modelo de

neutralidade. Ricklefs (2006a) critica ainda que a aplicação da teoria a amplas escalas

ignora que os ambientes não são uniformes e que as espécies respondem a gradientes

ambientais através de ajustes populacionais e, assim, não são ecologicamente

equivalentes.

Desde a publicação da teoria, vários testes vêm comparando os modelos de

nicho e neutros na estruturação de comunidades, gerando um caloroso debate na

literatura, motivado principalmente pela controversa idéia da equivalência ecológica

entre espécies (HUBBELL, 2006). Na floresta amazônica, Gilbert et al. (2006) testaram

a teoria com base em um banco de dados de vários censos de indivíduos arbóreos,

coletado em 30 parcelas permanentes de 1 ha, em fragmentos de vários tamanhos e

floresta contínua. No teste, empregaram-se as premissas básicas da teoria, entre elas:

todas as árvores são fundamentalmente equivalentes, a densidade da comunidade é

constante, e o ambiente é uniforme. Aplicando um modelo neutro derivado da genética

de populações, Gilbert et al. (2006) obtiveram predições de vários parâmetros da

comunidade e compararam a dados reais. Como resultados, obtiveram ajustes acurados

para os parâmetros de extinção e mortalidade, porém não precisos para mudanças na

composição de espécies, indicando a atuação de processos de nicho, ou seja, que as

espécies respondem diferentemente às mudanças ambientais.

Gilbert e Lechowicz (2004) testaram a teoria neutra e de nichos ambientais na

comunidade vegetal de sub-bosque em uma floresta no Canadá. O estudo partiu da

seguinte hipótese: havendo equivalência ecológica das espécies, as predições do modelo

neutro serão semelhantes à estrutura da comunidade encontrada na natureza,

independentemente da heterogeneidade ambiental, sendo o único fator de influência a

distância de dispersão entre sítios. Os resultados mostraram fortes evidências da

influência de nichos (variáveis edáficas, topográficas e microclimáticas) na estruturação

31 

 

das comunidades e não confirmaram a neutralidade, demonstrando que testes

apropriados da teoria neutra requerem a incorporação (e contestação da influência) de

parâmetros de heterogeneidade ambiental, dispersão e história evolutiva das espécies.

Os resultados obtidos nos exemplos acima corroboram parcialmente ou não

corroboram a teoria neutra, demonstrando que são pertinentes as críticas existentes à

equivalência ecológica (CHASE; LEIBOLD, 2003; LEIBOLD; MCPEEK, 2006;

RICKLEFS, 2006b). Kelly et al. (2008) testaram a equivalência ecológica versus o

papel do nicho na coexistência de espécies e levaram em consideração a história

evolutiva das espécies. Para tanto, escolheram pares de espécies arbóreas em uma

floresta tropical no México, de acordo com similaridades evolutivas (26 pares

pertencentes ao mesmo gênero e 20 à mesma família), o que indicaria possível

similaridade de nichos. Compararam, então, os dois grupos entre si quanto à abundância

relativa nos pares, e compararam cada grupo à distribuição de uma seleção aleatória de

espécies na comunidade. Na hipótese da neutralidade, as distribuições de abundâncias

dos pares relacionados seriam semelhantes nos dois grupos e com a amostra aleatória,

mas isso não ocorreu. Apenas foram semelhantes as distribuições entre pares de uma

mesma família e amostra aleatória, demonstrando haver alguma separação de nicho

entre espécies de um mesmo gênero.

Ao revisar evidências empíricas que confirmassem ou não a teoria, com ênfase

em comunidades vegetais, Chave (2004) encontrou que a teoria responde a alguns

padrões básicos de diversidade, enquanto mostra pouco suporte para outros. Isso o

levou a afirmar que o desenvolvimento ideal de uma teoria de comunidades buscaria a

fusão da teoria neutra com os processos de nicho. Esse ponto é também defendido por

Leibold e McPeek (2006), para quem equivalência total entre espécies é uma abstração

e os modelos neutros e de nicho não são mutuamente exclusivos. Para Leibold (2008),

resultados de estudos como o de Kelly et al. (2008) indicam que ambas as teorias

contribuem, de alguma forma, para explicar a estrutura de comunidades, que seria

dependente da separação de nichos pelo menos em uma fração das suas espécies.

32 

 

4. Os limites das molduras - ou o que se sabe sobre

riqueza e diversidade em comunidades naturais

fragmentadas?

4.1. A relação espécie-área

 

A relação entre área e número de espécies, ou relação espécie-área, foi descrita

inicialmente no século XIX pelo biogeógrafo De Candolle (SCHEINER, 2004). Apenas

na década de 1920, a partir de estudo de comunidades de plantas, Arrhenius (1921) e

Gleason (1922; 1925) formalizaram a existência da curva espécie-área e sua formulação

matemática. Ambos buscaram, embora com formulações diferentes e em escalas

espaciais distintas, descrever o aumento progressivo no número de espécies com

aumento da área amostral (SCHEINER, 2003).

Segundo Gardner e Engelhardt (2008), os modelos relação espécie-área são

fáceis de formular, porém difíceis de explicar, não por falta de hipóteses, mas por falta

de testes que permitam distinguir os seus diversos fatores causais. Connor e McCoy

(1979) listam que três principais idéias explicam o aumento da riqueza com a área. A

primeira delas, a “hipótese da área per se”, é neutra com relação às espécies e

diversidade de nichos e habitats, explicando a riqueza como uma função da área

(PRESTON, 1960). A teoria da biogeografia de ilhas, discutida adiante, baseou-se nesta

hipótese, vinculando à área a atuação dos processos de imigração e extinção

(MACARTHUR; WILSON, 1967). O processo de imigração seria dependente da

distância da área em questão à fonte de espécies, enquanto a extinção seria diretamente

proporcional à área e ao tamanho das populações ali residentes – quanto maiores,

menores as probabilidades de extinção (CONNOR; MCCOY, 1979). Assim sendo, pela

hipótese da área per se o número de espécies aumentará com a área mesmo em

ambientes homogêneos (KALLIMANIS et al., 2008).

A segunda suposição explicativa da relação espécie-área, a “hipótese da

diversidade de habitats” formulada por Williams (1964), é baseada nas idéias de nicho e

relaciona o aumento da riqueza à maior diversidade de habitats amostrada em áreas

maiores. Por esta hipótese, o número de espécies aumenta com a área apenas se mais

habitats forem amostrados. Enquanto a área per se é mais facilmente comprovada,

33 

 

considerando a sua neutralidade, um menor número de estudos experimentais

demonstrou a influência da diversidade de habitats na relação espécie-área, devido à

própria correlação da diversidade de habitats com área, e à dificuldade em definir

dimensões de habitats relevantes que produzam resposta pela comunidade estudada

(RICKLEFS; LOVETTE, 1999).

A terceira hipótese, proposta por Connor e McCoy (1979) como alternativa às

outras duas, é a chamada “hipótese da amostra passiva”, que explica que mais espécies

são amostradas em maiores áreas porque nessas são feitas maiores amostras. Esta

hipótese, diferentemente das outras duas que se baseiam em processos biológicos, é

baseada puramente na amostragem e, assim sendo, também é neutra com relação ao

nicho ou aos processos populacionais. A idéia da relação espécie-área como resultante

da amostragem foi abordada por Turner e Tjørve (2005) como “hipótese da amostragem

incompleta”, relacionando o aumento da riqueza não só à área, mas também ao número

de indivíduos amostrados e ao posicionamento aleatório das espécies na área.

Schoereder et al. (2004) testaram o efeito amostral em comunidades arbóreas e não

encontraram comprovação desta hipótese, pois a relação espécie-área foi independente

do número de amostras empregadas em áreas com diferentes tamanhos. Ao registrarem

também um aumento da diversidade beta entre amostras numa mesma área, inferiram a

atuação da diversidade de habitats sobre a riqueza (SCHOEREDER et al., 2004). Turner

e Tjørve (2005) somam ainda às três hipóteses apresentadas, a “hipótese da

independência evolutiva”, perceptível quando a relação espécie-área é investigada em

escalas espaciais maiores, tais como províncias biogeográficas. Por não se aplicar à

escala temporal da fragmentação, esta hipótese não é considerada aqui como um quarto

fator explicativo da relação espécie-área.

Apesar das explicações da relação espécie-área ainda causarem considerável

debate (HOLT et al., 1999), sua existência já está comprovada na Ecologia, tanto

empiricamente quanto através de descrições matemáticas (ARRHENIUS, 1921;

GLEASON, 1925; PRESTON, 1960; CONNOR; MCCOY, 1979). Vários tipos de

relação já foram descritos na literatura, em número de três (HOLT et al., 1999) a seis

tipos diferentes de curvas (SCHEINER, 2003), a depender da característica da amostra e

da análise empregada. Em linhas gerais, as curvas são construídas a partir da riqueza

versus área amostral, dando origem a: curva tipo I, obtida de uma amostra única em um

único habitat; curvas tipo II e III, estimadas a partir de várias amostras contíguas (tipo

34 

 

II) ou não contíguas (tipo III) em uma área; e tipo IV, baseada em uma amostra única

que cubra uma área inteira (HOLT et al., 1999; SCHEINER, 2003, 2004). De acordo

com Scheiner (2003; 2004), as curvas que descrevem a relação espécie-área são função

da diversidade alfa e beta (WHITTAKER, 1972), e têm várias aplicações em ecologia e

conservação, de forma que os modelos existentes são úteis tanto para descrição da

riqueza de uma amostra quanto para estimativa do número de espécies em uma área

maior que a amostra (KALLIMANIS et al., 2008).

4.2. A teoria da biogeografia de ilhas e sua adaptação aos

estudos de fragmentação florestal

 

Em 1967, MacArthur e Wilson publicaram seu célebre livro “A Teoria da

Biogeografia de Ilhas” (TBI), no qual reconheceram o valor da insularidade para a

biologia, tais como seu impacto na evolução e biogeografia. A teoria, considerada

neutra no sentido de equivalência ecológica das espécies (sensu HUBBELL, 2001),

assume que as espécies são essencialmente idênticas, e que as ilhas são idênticas nas

suas características, com exceção de área e isolamento (BROWN; LOMOLINO, 2000).

Assim, relaciona a riqueza de espécies residentes ao tamanho e grau de isolamento da

ilha, e à atuação de processos de dispersão, dependentes de parâmetros demográficos

das diferentes populações no contexto regional. A TBI trouxe muito da relação espécie-

área, mas incorporou o contexto insular e os processos de dispersão a esta relação

(HUBBELL, 2001).

No seu modelo clássico, MacArthur e Wilson (1967) se baseiam em cinco

premissas: há uma relação positiva entre a área de uma ilha e o número de espécies ali

encontrado; há um balanço entre os processos de imigração e extinção em ilhas; a

diversidade das biotas insulares representa um equilíbrio entre esses processos; há um

limite no número de espécies persistindo numa ilha; e os processos de imigração e

extinção são influenciados pelo tamanho e grau de isolamento das ilhas. A integração

dessas premissas levou ao modelo teórico proposto que, em síntese, prevê que ilhas

menores e mais isoladas têm menos espécies que ilhas maiores e mais próximas ao

continente (DEBINSKI; HOLT, 2000), o que foi exemplificado com dados empíricos na

própria obra e em várias pesquisas subsequentes.

35 

 

Mais do que os processos, o padrão insular da relação riqueza-área-isolamento é

frequentemente comprovado na literatura. Visando testar a TBI em floras insulares,

destacamos alguns exemplos em variados números de ilhas e situações geográficas. Nos

Estados Unidos e Canadá, em ilhas com diferentes áreas, McMaster (2005) examinou a

riqueza de plantas e relacionou às variáveis de área e isolamento, confirmando as

predições da teoria: a riqueza foi positivamente relacionada ao tamanho da ilha e

negativamente relacionada à distância da ilha mais próxima. Da mesma forma, Panitsa

et al. (2006) examinou a composição florística em pequenas ilhas na Grécia e encontrou

ser a área o fator que mais explicou a riqueza insular, enquanto Kreft et al. (2008)

examinaram a diversidade de plantas em ilhas e áreas continentais e encontraram que a

variável área foi a determinante mais forte da riqueza de espécies vegetais insulares,

seguida por isolamento. Os princípios gerais da TBI se ajustaram também ao padrão

registrado em ilhas no Mar Báltico, por Hannus e von Numers (2008), que encontraram

a riqueza da flora vascular significantemente associada ao tamanho da ilha.

Como exceção ao padrão área-riqueza, MacArthur e Wilson (1967) notaram a

ocorrência frequente de um fato curioso: em ilhas pequenas, aquém de um certo

tamanho relativo às demais, não há variação da riqueza relacionada à área. Este padrão,

o chamado “Efeito da Pequena Ilha” (SIE na sigla em inglês) aparece comumente em

bancos de dados para vários taxa e o limiar abaixo do qual o efeito é detectável é menor

para plantas (LOMOLINO; WEISER, 2001), o que significa dizer que as variáveis da

TBI são explicativas até ilhas bem pequenas para comunidades vegetais.

Na obra original, MacArthur e Wilson (1967) já previam a aplicabilidade das

idéias por eles formuladas à acelerada quebra de habitats previamente contínuos. De

fato, uma das consequências da remoção da cobertura vegetal natural é que a vegetação

remanescente fica fragmentada na paisagem, o que lhes dá um caráter insular de

isolamento ou de habitat-ilha (SAUNDERS et al., 1991), habitat aqui empregado no

contexto de paisagem. A partir da década de 1970, enquanto o tema fragmentação ia se

tornando um dos principais e mais adotados para a ecologia e conservação (HAILA,

2002), a TBI inspirava muito dos estudos desenvolvidos sobre o tema nos anos

subsequentes à teoria, estimulando uma avalanche de pesquisas em ecossistemas

fragmentados (LAURANCE, 2008) e contribuindo para o desenvolvimento da Ecologia

de Paisagens (METZGER, 2001).

36 

 

A TBI reúne, por um lado, elementos importantes de sistemas biológicos e

constitui uma contribuição fundamental à teoria ecológica, mas por outro lado ignora

vários aspectos cruciais para o estudo de biotas continentais. Muitos trabalhos têm sido

produzidos visando à sistematização de conceitos em fragmentação, incluindo a

adaptação dos estudos de ilhas aos fragmentos e paisagens fragmentadas (SAUNDERS

et al., 1991; LAURANCE, 1999a; DEBINSKI; HOLT, 2000; VILLARD, 2002;

FISCHER; LINDENMAYER, 2007; LINDENMAYER; FISCHER, 2007).

Considerando as diferenças entre ilhas e fragmentos, Watson (2002) propôs uma

classificação de ecossistemas tipo-ilha para melhor operacionalizar a aplicação da TBI

aos estudos de fragmentação e permitir comparações e sínteses entre estudos. Foram

criadas, então, oito classes, de acordo com três aspectos: origem (ilha real versus

fragmento de ecossistema), contraste entre mancha e matriz (alto versus baixo) e tempo

de formação (até 200 anos versus mais de 200 anos). Testes da TBI em arquipélagos de

fragmentos florestais (manchas recentes e de baixo contraste com a matriz, de acordo

com a classificação de Watson 2002), embora geralmente testem mais o efeito da área

do que isolamento (ZUIDEMA et al., 1996), na maioria das vezes têm confirmado o

padrão de relação riqueza-área em diversas paisagens fragmentadas, como por exemplo,

em fragmentos florestais na Amazônia (LAURANCE et al., 2002), no estudo da

diversidade de árvores em 21 fragmentos florestais em Gana (HILL; CURRAN, 2003)

ou em 51 remanescentes florestais no Chile (ECHEVERRÍA et al., 2007). A forma dos

fragmentos, variável não considerada na TBI, também tem sido testada e exibe

correlação positiva com a riqueza, principalmente em áreas relativamente menores

(SAUNDERS et al., 1991), de forma que quanto mais regular o fragmento, maior a

riqueza (HILL; CURRAN, 2003). Há exemplos, porém, da não confirmação da relação

riqueza-área (DEBINSKI; HOLT, 2000), demonstrando que paisagens fragmentadas

exibem novos padrões e uma dinâmica típica, indo muito além das relações clássicas da

TBI (EWERS; DIDHAM, 2006).

Haila (2002) e Laurance (2008) discutiram a proporção em que a pesquisa em

fragmentação transcendeu a TBI, listando tópicos a serem considerados para o avanço

da pesquisa empírica em ecossistemas fragmentados, que seriam tão ou mais

importantes que as variáveis insulares básicas. Entre esses pontos, citam a relevância da

heterogeneidade da paisagem e a qualidade da matriz, termo típico do estudo de

paisagens continentais, análogo de água na TBI (CADENASSO et al., 2003a), mas nem

37 

 

sempre inóspita como a água para ilhas reais. As qualidades da matriz, juntamente com

padrões espaciais da paisagem, incluindo o arranjo dos fragmentos e conectividade,

podem compensar o efeito da área e isolamento e facilitar os fluxos biológicos na

paisagem (METZGER, 1997; LAURANCE et al., 2002; DAMSCHEN et al., 2006),

sendo tão importantes para comunidades de plantas quanto as propriedades dos

fragmentos isoladamente. Isso porque, como explicam Murphy e Lovett-Doust (2004),

as plantas não têm uma percepção discreta da paisagem e respondem mais a gradientes

ambientais do que ao binário fragmento e matriz.

Para Laurance (2008), um dos aspectos mais importantes a ser considerado ao se

empregar a teoria insular é que a fragmentação é um processo não aleatório e os habitats

remanescentes ocupam, intencionalmente, as áreas menos privilegiadas para uso

humano e menos úteis na paisagem, tais como encostas íngremes e terras inundadas.

Adicionalmente, a TBI, por ser neutra com relação à ecologia das espécies e dinâmica

de suas populações (CANTRELL; COSNER, 2001; KADMON; ALLOUCHE, 2007),

considera apenas a riqueza e não a composição das espécies. Para Saunders et al.

(1991), a identidade das espécies é fundamental em estudos de fragmentação, já que

número de espécies não reflete a qualidade da biota, oportunamente ‘enriquecida’ por

espécies da matriz adjacente (DEBINSKI; HOLT, 2000). Quando a relação riqueza-área

não se confirma, por exemplo, a riqueza em fragmentos menores pode estar sendo

influenciada pela presença de espécies pioneiras, ruderais ou invasoras, principalmente

na fase inicial pós-fragmentação (JANZEN, 1983) ou em fragmentos sob forte

perturbação (SANTOS et al., 2007b). Uma mudança na composição de espécies e sua

relação com área do fragmento tem sido, de fato, reportada por vários estudos, que

demonstram haver, em menores remanescentes, alteração na estrutura de guildas de

plantas lenhosas, aumentando a importância de espécies ruderais (TABARELLI et al.,

1999), empobrecimento da comunidade vegetal, incorporação de exóticas e

desaparecimento de espécies raras (CAGNOLO et al., 2006) e declínio ou extinção

local de populações devido à alteração de processos de polinização e fecundidade

(LAURANCE et al., 2002).

Outro tópico importante a ser ponderado na aplicação da TBI à fragmentação diz

respeito à origem das biotas em ilhas e em fragmentos. As ilhas têm uma origem

geológica seguida de colonização primária e história evolutiva (processos

biogeográficos), podendo resultar em biotas muito distintas, enquanto fragmentos de

38 

 

ecossistemas, por outro lado, são áreas remanescentes, nas quais persiste uma amostra

de espécies que já existia na área contínua (HAILA, 2002; WATSON, 2002). A biota

resultante em um fragmento, assim, não depende de história evolutiva biológica, mas

sim da história da paisagem e do tempo de acomodação da biota e esta paisagem

(SAUNDERS et al., 1991). Estudos de fato têm mostrado que a riqueza atual de

espécies exibe maior correlação com a estrutura de paisagens passadas do que com a

paisagem presente, como comprovado para a comunidade de árvores numa paisagem de

Mata Atlântica em São Paulo, Brasil (METZGER et al., 2009), o que leva à dedução

que pode ocorrer uma maior perda de espécies no futuro mesmo se a paisagem atual for

mantida (LINDBORG; ERIKSSON, 2004).

Em termos conceituais, o vocábulo fragmentação tem sido usado

indiscriminadamente para se referir a dois processos distintos, que geralmente atuam

juntos: a perda de área e fragmentação propriamente dita (FAHRIG, 2003;

LINDENMAYER; FISCHER, 2007). O modelo de ilhas se adapta aos estudos da

fragmentação propriamente dita (FISCHER; LINDENMAYER, 2007; LAURANCE,

2008), que diz respeito à subdivisão de áreas previamente contínuas, aumenta o número

de fragmentos e produz isolamento. Porém, muitas pesquisas não diferenciam esses dois

processos, dificultando a compreensão do declínio na biodiversidade em função da área

e isolamento como preconizado na TBI. Ao revisar vários trabalhos sobre fragmentação,

Fahrig (2003) observou que a perda de área, medida como o percentual de cobertura

remanescente na paisagem, teria um efeito mais forte na biodiversidade do que a

fragmentação propriamente dita. A separação desses dois processos ainda é um desafio

na pesquisa em fragmentação (LAURANCE, 2008), e a esses se soma ainda outro

processo chave ao entendimento dos efeitos da fragmentação na biodiversidade, o efeito

de borda (RIES et al., 2004).

4.3. O efeito de borda

 

Todo limite físico cria zonas de contato entre duas situações adjacentes distintas,

na forma de áreas de transição ou bordas abruptas (CADENASSO et al., 2003a). No

processo de fragmentação de ecossistemas terrestres, os novos limites dos fragmentos

passam a exibir condições diferentes da antiga condição contínua, surgindo uma faixa

de transição onde há interações entre o ecossistema fragmentado e o entorno, e o

39 

 

resultado desta interação é o que tem se chamado “efeito de borda” (MURCIA, 1995).

Com a fragmentação acelerada de ecossistemas no último século e o consequente

aumento de habitats de borda (LAURANCE, 2000), o estudo dos padrões e processos

de influência da borda se tornou um tópico fundamental em pesquisas de ecologia e

paisagens (CADENASSO et al., 2003a; HARPER et al., 2005).

Considerando a importância das bordas nas paisagens atuais, várias sínteses têm

sido feitas, visando à sistematização de padrões gerais (MURCIA, 1995; LAURANCE

et al., 2001; CADENASSO et al., 2003a; STRAYER et al., 2003; RIES et al., 2004) e

construção de uma teoria unificadora (CADENASSO et al., 2003b). O que as pesquisas

e sínteses têm buscado responder pode-se resumir em: i) é possível uma teoria geral de

bordas ecológicas?; ii) é possível uma classificação de bordas e unificação de

conceitos?; iii) em que sistemas biológicos as bordas são relevantes?; iv) que grupos

biológicos e em que escala o efeito de borda exerce influência? v) qual a espessura da

zona de borda, ou qual a dimensão espacial e temporal da influência da borda? e vi) o

efeito de borda é deletério para a diversidade biológica?

Entre os avanços na resposta ao primeiro desafio, Cadenasso et al. (2003b)

evoluíram em direção a uma teoria unificadora de bordas, baseando-se numa estrutura

hierárquica entre componentes, fluxos e contrastes. Numa primeira aproximação de

classificação dos componentes, Strayer et al. (2003) observaram que as bordas na

natureza diferem em origem, estrutura espacial, função e dinâmica temporal. Ries et al.

(2004) avançaram ainda mais na proposição de um modelo de respostas ecológicas às

bordas, no qual reconheceram a multiplicidade do efeito de borda e identificaram quatro

mecanismos principais que determinam a abundância dos organismos e dinâmica nessas

condições, dois relacionados ao espaço e ambiente (distribuição espacial dos recursos, e

acesso dos organismos a recursos distintos nos habitats adjacentes) e dois relacionados

aos organismos, fluxos, e suas interações (movimentos de matéria, energia e

organismos, e interações entre espécies).

Quanto aos sistemas biológicos nos quais as bordas exercem influência,

fragmentos florestais são de inegável relevância ecológica e de compreensão

extremamente desafiadora, devido ao contraste microclimático entre floresta e entorno

aberto (HARPER et al., 2005; LAURANCE, 2008). A criação de uma borda numa

floresta gera, assim, novo habitat com condições microclimáticas e edáficas distintas

(DAVIES-COLLEY et al., 2000), definindo novos nichos no qual a comunidade se

40 

 

reestruturará. Bordas florestais são classificadas, sensu Strayer et al. (2003) como

antropogênicas em origem, com espessura variável, sendo permeáveis ou semi-

permeáveis e dinâmicas. Para caracterização da estrutura e dinâmica nessas bordas, têm-

se utilizado como objetos de estudo variáveis bióticas diretas (características

demográficas e estruturais de plantas e animais), bióticas indiretas (interações

biológicas e reprodução) e condições abióticas (variáveis microclimáticas e edáficas,

substâncias químicas) (MURCIA, 1995). Essas variáveis podem ser empregadas para

descrever e avaliar o contraste entre ambientes de borda e interior ou, se medidas ao

longo de um gradiente, para avaliar a espessura ou distância de influência da borda.

Harper et al. (2005) revisaram uma coletânea de artigos sobre efeito de borda

amostrando comunidades de plantas em fragmentos florestais, e formularam uma

síntese fundamental à compreensão da influência das bordas em florestas.

Primeiramente, foi descrita a dinâmica da influência, distinguindo-se as respostas

primárias, incluindo os danos físicos e alterações microclimáticas imediatas após a

criação das bordas, e secundárias, incluindo os processos subsequentes de regeneração,

crescimento, reprodução e mortalidade. Em segundo lugar, foi possível distinguir que a

espessura da zona de borda em florestas no geral atinge até 50m, valor que já tinha sido

referido por Murcia (1995) e Ries et al. (2004) como recorrentes para plantas e

variáveis abióticas, podendo atingir distâncias maiores, a depender da variável testada e

da qualidade da matriz. Excepcionalmente, já foi registrada uma largura de borda de

500m, medidos através da distância de penetração de espécies indicadoras de

perturbação em florestas australianas (LAURANCE, 1991). As evidências mostram que

a distância de influência pode ser maior: nas respostas secundárias do que primárias

(HARPER; MACDONALD, 2002), em bordas mais antigas do que bordas recentes

(WILLIAMS-LINERA et al., 1998), para indivíduos de sub-bosque do que arbóreos

(HARPER; MACDONALD, 2001) e em bordas com vegetação adjacente aberta/ baixa

do que lenhosa (MESQUITA et al., 1999). Isso indica haver uma dinâmica de

desenvolvimento da zona de borda, que exibe, logo após criação do limite físico, grande

intensidade do efeito penetrando uma menor distância e, numa fase posterior de

expansão, um efeito menos intenso penetrando maiores distâncias (HARPER et al.,

2005).

A magnitude e a distância de influência da borda em um fragmento dependente

da sua área e forma (LAURANCE et al., 1998), aumentando a proporção de bordas à

41 

 

medida que a área do remanescente diminui, levando a uma maior razão borda/ interior

e à redução do habitat interior, que pode até desaparecer (BÁLDI, 1999). Fragmentos

pequenos, desta forma, podem estar totalmente sob influência da borda, não contendo as

condições microclimáticas de interior que garantem a sobrevivência de espécies típicas

de floresta madura (MATLACK, 1993; YOUNG; MITCHELL, 1994). Porém, a

magnitude da influência da borda não é função apenas da distância de penetração e área

do fragmento, mas também da forma e qualidade das bordas (homogênea versus

heterogênea). Fernández et al. (2002) modelaram o efeito de borda considerando essas

variáveis e encontraram uma complexa interação, sugerindo que as variáveis forma do

fragmento e qualidade das bordas sejam levadas em consideração para estimar a

influência no remanescente como um todo.

Quanto às bordas terem efeito deletério na diversidade, especialmente de

plantas, o modelo de Ries et al. (2004) confirmou com consistente previsibilidade um

efeito negativo nas bordas de ecossistemas limitados por habitats externos de qualidade

inferior, com baixa disponibilidade ou desprovido de recursos. No nível do fragmento

isoladamente, o efeito negativo ocorre na forma alteração da estrutura da comunidade,

havendo diminuição na diversidade, perda de espécies climácicas e aumento de espécies

secundárias nas bordas (OOSTERHOORN; KAPPELLE, 2000; OLIVEIRA et al.,

2004; SANTOS et al., 2008; GOMES et al., 2009), além de alteração em processos de

regeneração, como chuva de sementes, que apresentam menor riqueza de espécies e

menor número de sementes grandes na borda (MELO et al., 2006). O efeito na

diversidade ocorre concomitantemente às alterações fisionômicas na borda,

representadas pelo aumento da densidade do estrato de sub-bosque (JOSE et al., 1996;

NASCIMENTO; LAURANCE, 2006; SCHEDLBAUER et al., 2007; SILVA et al.,

2008c; GOMES et al., 2009), diminuição da cobertura da copa (LAURANCE, 1991) e

altura do dossel (DIDHAM; LAWTON, 1999), bem como aumento na produção de

serrapilheira, principalmente pelo efeito de dessecação pelo vento (FEELEY, 2004;

SCHESSL et al., 2008).

Além da influência por fragmento, é importante analisar a influência das bordas

na paisagem como um todo. Estudos apontam, por um lado, que o efeito de borda pode

atuar em amplas escalas, produzindo vulnerabilidade nos ecossistemas, principalmente à

invasão de espécies exóticas (LAURANCE, 2000). Por outro lado, a manutenção de

habitats apropriados de interior em vários fragmentos pode ajudar na manutenção da

42 

 

biodiversidade no nível da paisagem (WILLIAMS-LINERA et al., 1998; NELSON;

HALPERN, 2005), indicando que o contexto da paisagem importa para garantir a

cicatrização e enriquecimento de espécies nas bordas, na sequência da dinâmica de

respostas secundárias sensu Harper et al. (2005). Os componentes da paisagem que

podem auxiliar na manutenção da diversidade em longo prazo são plantações florestais,

proximidade a outros fragmentos e até mesmo árvores isoladas (KOLLMANN;

SCHNEIDER, 1999).

5. Conclusão: é possível integrar as idéias de

heterogeneidade, ilhas e bordas?

A pesquisa em comunidades fragmentadas reúne, como pano de fundo,

elementos de todas as teorias e sínteses aqui apresentadas. Porém, a maioria dos

estudos, sob influência da TBI, aborda número de espécies nos fragmentos como função

da área, independentemente dos tipos de habitats presentes nesta área (HAILA, 2002)

ou evitando as zonas de borda para minimizar a influência dessa variável (SANTOS et

al., 2007b; METZGER et al., 2009). A idéia de variabilidade espacial, apesar de

demonstrada e conhecida desde antes dos anos de 1970 (WILLIAMS, 1964), foi

negligenciada por algumas décadas e vista como um fator complicador, em favor da

homogeneidade assumida por conveniência ou simplificação (PICKETT;

CADENASSO, 1995).

Nos primórdios da descrição da relação espécie-área, Arrhenius (1921) já

reconhecia a influência da heterogeneidade e gradientes de habitats na relação, ao citar

que o número de espécies aumenta continuamente à medida que a área aumenta e são

amostradas diferentes associações de plantas, que penetram umas nas outras

continuamente, sem limites visíveis. Da mesma forma, Preston (1960) constatou que

áreas pequenas de tamanho semelhante têm aproximadamente o mesmo número de

espécies, incluindo uma ressalva: desde que seja evitada a escolha de áreas que são, por

exemplo, metade floresta e metade pântano. Reconheceu, assim, que a curva espécie-

área podia ser influenciada pelas mudanças ecológicas inevitáveis e diversidade de

habitats encontrada em grandes áreas. Entre essas mudanças, citou a existência de um

efeito de borda ou ecótono, consequente de um encontro de dois habitats distintos. Na

43 

 

própria obra original da TBI, MacArthur e Wilson (1967) também afirmaram que a área

de uma ilha é correlacionada à diversidade de ambientes presentes, e que esta última

teria um efeito mais direto sobre o número de espécies do que área apenas. Porém,

embora tenham reconhecido que em menores ilhas reduz-se a variedade de habitats,

constataram que não havia boa informação disponível sobre diversidade de habitats e

que esta era, à época, uma variável que apenas começava a ser descrita e medida (pp. 8

e 65).

Os estudos de fragmentação requerem, assim, uma abordagem mais ampla e

integrada das teorias, mas que continue mantendo uma simplicidade sintetizadora. Para

tanto, o efeito de borda e as perturbações se integram à heterogeneidade por gerarem

habitats microclimaticamente diferenciados nos fragmentos; a heterogeneidade de

habitats representa a disponibilidade de recursos e nichos para a comunidade no

fragmento; e a relação espécie-área, para área total do fragmento, é relacionada à

heterogeneidade de habitats presentes. Desta forma, área, isolamento e heterogeneidade

de habitats formam os parâmetros básicos para o entendimento da estrutura de

comunidades isoladas. Só recentemente, a integração dessas variáveis tem sido

considerada, tanto na criação de modelos teóricos (KADMON; ALLOUCHE, 2007)

quanto em estudos empíricos em comunidades insulares e fragmentadas.

Em ambientes insulares, Ricklefs e Lovette (1999) conseguiram isolar os efeitos

da área per se versus diversidade de habitat, a partir de bancos de dados de fauna,

influenciando, nos anos subsequentes, muito da pesquisa desenvolvida e testes de novos

métodos (TRIANTIS et al., 2005). No estudo, analisaram a relação entre área e

diversidade de habitats e riqueza de quatro taxa, em 19 ilhas no Caribe, escolhendo tipos

vegetacionais e elevação como dimensões de habitats, que se mostraram fortemente

correlacionadas. Área e diversidade de habitats apresentaram estreita correlação, porém

uma ou outra mostrou relação significativa para grupos distintos de fauna, a depender da

biologia do grupo. A diversidade de habitats foi, assim, mais influente para grupos não

voadores e com reconhecida especialização por habitats, como anfíbios, por exemplo.

Em ilhas e com enfoque em plantas, as pesquisas empíricas têm de fato

confirmado haver uma correlação positiva entre área e diversidade de habitats, tal qual

descrito por Ricklefs e Lovette (1999). Porém, os estudos têm revelado também que

essas duas variáveis desempenham papéis independentes, principalmente para a flora

nativa. Tal resultado foi encontrado por McMaster (2005), que somou elevação e tipos

44 

 

de solo - variáveis de habitat - às variáveis típicas da TBI para explicar a riqueza

florística em 22 ilhas e encontrou importante poder explicativo da riqueza vegetal na

variável edáfica. Hannus e von Numers (2008), utilizando vegetação como dimensão de

habitat, observaram uma maior correlação entre a riqueza de plantas e um índice obtido

pela multiplicação da área de cada uma das 160 ilhas estudadas pelo seu número de

habitats, do que com área ou número de habitats separadamente. Kreft et al. (2008)

examinaram a diversidade vegetal global em um número maior de ilhas (488) e em mais

970 amostras em continentes e também introduziram, além das variáveis da TBI, uma

variável topográfica, a amplitude de elevação, usada pelos autores como substituta

(surrogate) da complexidade e diversidade de habitats. Como resultado, mostraram uma

relação forte e positiva entre a complexidade topográfica e a riqueza de plantas, além da

correlação área- diversidade de habitats. A frequente covariância entre área e

diversidade de habitats quando esta é descrita através variável topográfica levou

Johnson et al. (2003) a questionar se área e topografia não seriam correlacionadas

simplesmente porque a complexidade topográfica aumenta a superfície e, assim, reflete

um aumento da área per se. Aplicando este teste em ilhas britânicas, encontraram um

efeito da topografia independente da área em um grupo de ilhas, e um efeito dependente

da área em outro, sugerindo a existência de gradientes mais complexos do que o de

topográfico atuando nas comunidades.

Em arquipélagos de fragmentos sobre o continente, há maior versatilidade na

definição das dimensões de habitat a serem relacionadas à riqueza, e geralmente o

número de fragmentos não excede algumas dezenas. Brose (2001), por exemplo,

pesquisou 58 fragmentos de áreas úmidas temporárias, correlacionando a riqueza de

plantas vasculares à área do fragmento, isolamento e diversidade de habitats, definidos

quanto à dinâmica hidrológica. Gignac e Dale (2005) mediram variáveis meteorológicas

e a variação nos sítios propícios ao estabelecimento de criptógamos em 44 fragmentos

florestais de diferentes tamanhos. Já Pereira et al. (2007) estudaram 20 fragmentos

florestais nos quais a heterogeneidade foi medida através de variáveis de solo,

topografia, e índices de borda e perturbação. Nesses estudos, os resultados confirmaram

a hipótese de heterogeneidade, que foi a principal variável explicativa da riqueza,

seguida pela borda, que exerceu efeito negativo na riqueza nos estudos em que o efeito

de borda foi considerado. Porém, mesmo quando utilizando variáveis não topográficas,

45 

 

esses estudos também revelaram a existência de correlação entre tamanho dos

fragmentos e diversidade de habitats.

Se área e diversidade de habitats são correlacionadas, alguns defendem que a

área per se seria suficiente para explicar padrões de riqueza, atuando como substituta da

heterogeneidade. Três estudos recentes fizeram um importante avanço na compreensão

desta relação. Do lado teórico, Kadmon e Allouche (2007) apresentaram um modelo

para unificação da TBI e teoria da heterogeneidade de habitats, incorporando as

variáveis e os processos insulares, e a diversidade de habitats e nichos, confirmando

alguns padrões, porém obtendo alguns resultados inesperados. Entre as confirmações,

estão a correlação positiva entre riqueza e área e negativa entre riqueza e isolamento.

Inesperadamente, porém, o modelo gerado revelou que a heterogeneidade de habitats

pode ter efeito positivo ou negativo na riqueza. Relações positivas são esperadas em

grandes áreas, enquanto em pequenas áreas a heterogeneidade leva a uma redução na

riqueza, devido à diminuição relativa da disponibilidade de cada habitat, aumentando o

risco de extinção estocástica de espécies especialistas. O estudo de Kadmon e Allouche

(2007) revelou que, então, que a heterogeneidade de habitats afeta comunidades

biológicas de forma mais complexa do que tem se assumido. Do lado empírico,

Kallimanis et al. (2008), analisaram a integração de área e heterogeneidade de habitats a

um banco de dados da flora em 237 sítios na Grécia. Considerando o grande número de

áreas amostradas e o rigor na definição dos habitats, a pesquisa permitiu descrever um

padrão interessante: mantendo-se área constante, a riqueza foi correlacionada à

diversidade de habitats e mantendo-se heterogeneidade constante, a riqueza foi

correlacionada à área. Já Báldi (2008) reforçou a defesa da hipótese da heterogeneidade

por não encontrar correlação entre área e heterogeneidade, e registrar forte relação da

riqueza com a heterogeneidade ao estudar 16 reservas na Hungria.

Os resultados de Kadmon e Allouche (2007), Kallimanis et al. (2008) e Báldi

(2008) sinalizam, assim, que as hipóteses de área e heterogeneidade têm papéis

independentes e não são mutuamente exclusivas, e sugerem o abandono da dicotomia e

uma crítica reavaliação e redirecionamento das pesquisas em comunidades

fragmentadas, à luz de um arcabouço teórico mais integrado. Despontam como lacunas

que precisam ser preenchidas a investigação da relação entre área e heterogeneidade de

habitats em paisagens fragmentadas e o entendimento da influência de uma e/ ou outra

na riqueza e diversidade de espécies nos remanescentes de vegetação.

46 

 

IV. CAPÍTULO 2 - Integrando área, forma e

heterogeneidade de habitats em remanescentes

florestais numa paisagem altamente fragmentada da

Floresta Atlântica

47 

 

1. Resumo

Duas são as hipóteses principais que explicam a relação espécie-área: a da área per se e

da heterogeneidade de habitats, esta última menos pesquisada, devido à sua frequente

relação positiva com a área e à dificuldade em se definirem variáveis relevantes de

habitats. Este estudo objetivou descrever a heterogeneidade de habitats e investigar sua

relação com a área e forma de fragmentos florestais numa paisagem altamente

fragmentada (19.200 ha) da Floresta Atlântica. Com base em imagens de satélite de alta

resolução (4 m) e mapas topográficos (curvas de nível a cada 5 m), 80 fragmentos foram

mapeados, nos quais os habitats foram classificados e quantificados de acordo a posição

em relação à borda, relevo e presença de água, resultando em oito habitats possíveis.

Para cada fragmento, calculou-se área total (AT), índice de forma (IF), número (NH),

diversidade de Simpson (DH) e equitabilidade de habitats (EH). Nas análises,

utilizaram-se regressões lineares e logarítmicas, sendo AT e IF as variáveis

independentes, cujo efeito conjunto também foi analisado através de regressão múltipla

(stepwise). AT variou de 1,2 a 790 ha, sendo 77% <50 ha; IF variou de 1,11 a 5,03 e foi

positivamente relacionado à área. Habitats de borda cobriram 40% da área florestal,

sendo borda de encosta o habitat mais frequente, seguido pelo interior de encosta, que

foi o mais importante em cobertura (44%). Quanto à topografia, 77% da área são de

encosta, apenas 2% tabuleiros, e 21% são fundos de vale. Nesses, 72% são áreas ripárias

permanentes. NH variou de 1 a 7, e DH de 1 a 3,32, sendo as duas variáveis positiva e

significativamente relacionadas à TA, uma relação menor em fragmentos < 50 ha. AT e

IF juntas explicaram 60% da variância de NH e 53% de DH, restando uma importante

fração de NH e DH não explicadas. Os resultados reforçam as idéias que: área e

heterogeneidade são hipóteses mutuamente complementares e não exclusivas, com

relação mais sincrônica em áreas maiores e menos previsível em áreas menores. Este

comportamento imprevisível tem implicações cruciais para conservação. Habitats

ripários, por exemplo, altamente vulneráveis às modificações humanas, ocorrem em

fragmentos a partir de 5 ha, perfazendo uma relevante soma desses sítios na paisagem.

Portanto, embora em pequenos fragmentos haja um aumento na proporção de habitats

perturbados ou de relevo mais acidentado, a configuração espacial dos habitats

remanescentes na paisagem deve ser considerada, principalmente no caso de fragmentos

próximos entre si, com vistas à preservação dos habitats em proporções adequadas para

manutenção da diversidade biológica na escala da paisagem.  

48 

 

2. Introdução

 

A heterogeneidade de habitats é uma importante hipótese explicativa da relação

espécie-área – REA (WILLIAMS, 1964; CONNOR; MCCOY, 1979) e,

consequentemente, da diversidade de espécies, o que é amplamente reconhecido na

teoria ecológica e demonstrado em simulações e pesquisa empírica (DUFOUR et al.,

2006). A hipótese prevê maior riqueza de espécies em função da maior heterogeneidade

ambiental em áreas maiores (BÁLDI, 2008), uma relação aparentemente mais forte em

menores escalas, considerando que a heterogeneidade normalmente é dissipada em

maiores escalas (WILLIAMSON et al., 2001). Outra importante explicação para a REA,

a hipótese da área per se, explica o aumento na riqueza de espécies com aumento na

área (PRESTON, 1960; BROSE, 2001) e processos relacionados de dinâmica de

colonização e extinção, como aplicado pela Teoria da Biogeografia de Ilhas

(MACARTHUR; WILSON, 1967). Como alternativa, uma hipótese não biológica

explica a riqueza de espécies como um efeito passivo da amostragem, que seria

incompleta em áreas menores (CONNOR; MCCOY, 1979; TURNER; TJØRVE, 2005).

A existência de diferentes habitats explica a riqueza de espécies porque mais

espécies se beneficiam dos vários nichos ou tipos de vida que os habitats fornecem

(MACARTHUR; MACARTHUR, 1961). A adaptação de uma espécie a um habitat

pode resultar em inferioridade competitiva em outro, levando diferenças na composição

e abundância de espécies entre diferentes habitats (CRAMER; WILLIG, 2005). Como

consequência, considerando que cada tipo de habitat seja grande o suficiente para

suportar populações viáveis, a diversidade de habitats aumenta a diversidade geral inter-

habitats, conhecida como diversidade beta (WHITTAKER, 1972). Por outro ponto de

vista, a hipótese da área per se prevê que o número de espécies aumentará com a área

mesmo se o ambiente permanecer homogêneo (KALLIMANIS et al., 2008).

As duas hipóteses mais importantes que explicam a REA são frequentemente

testadas em comunidades vivendo em ilhas ou em áreas insulares sobre o continente,

tais como fragmentos florestas (WATSON, 2002; LAURANCE, 2008). Nessas áreas

isoladas, o número de espécies residentes, as densidades populacionais e diversidade

resultante são reconhecidas como consequentes da área per se, da heterogeneidade de

habitats ou da integração de ambos (KADMON; ALLOUCHE, 2007). Apesar da

importância da heterogeneidade ambiental ser amplamente reconhecida (WILLIAMS,

49 

 

1964), mesmo pelos defensores da área per se (PRESTON, 1960; MACARTHUR;

WILSON, 1967) sua relação à riqueza de espécies é bem menos estudada do que o

efeito da área. Há duas razões básicas para isso. Primeiramente, essas variáveis são

normalmente correlacionadas (ROSENZWEIG, 1995; KALLIMANIS et al., 2008) e,

assim, a área apenas seria a hipótese principal explicando a riqueza de espécies. Além

disso, a heterogeneidade de habitats é difícil de ser estudada, devido à falta de

consistência e unificação na definição de habitats e suas variáveis relevantes

(TRIANTIS et al., 2003; MITCHELL, 2005).

O termo habitat corresponde ao componente ambiental do nicho em seus

aspectos físicos e químicos, sendo típico de uma população (HALL et al., 1997;

MITCHELL, 2005) ou de comunidades (WHITTAKER et al., 1973; KOLASA;

WALTHO, 1998; PETREN, 2001). As definições de habitat vão da mais simples

“lugar onde um organismo habita” (BEGON et al., 1996), a conceitos mais descritivos

de um local físico onde uma espécie vive ou poderia potencialmente viver, em uma

escala (espacial e temporal) particular, de natureza simplesmente abiótica (KEARNEY,

2006) ou, eventualmente, incluindo componentes bióticos (MITCHELL, 2005). Habitat,

portanto, inclui os recursos e condições que produzem ocupação, incluindo

sobrevivência e reprodução, por um organismo (HALL et al., 1997). Essas condições

podem ser quantificadas como uma série de dimensões físicas descritivas e relevantes,

cujos valores variem espacial e temporalmente, e interagem com uma espécie ou

comunidade (KOLASA; WALTHO, 1998).

Além do problema conceitual, uma peça chave no estudo de habitats está na

identificação de dimensões que sejam, ao mesmo tempo, possíveis de quantificar e

relevantes para a comunidade biológica estudada. Considerando a natureza

multidimensional do espaço ecológico, pode-se tornar muito difícil escolher um fator

ambiental que capture a heterogeneidade, criando diferentes condições ao longo das

quais haja um efeito na partição de espécies (DUFOUR et al., 2006). Além disso, apesar

de, geralmente, as dimensões escolhidas serem muito simplificadas (MITCHELL,

2005), elas devem ainda assim reter uma informação pertinente para os organismos. Em

estudos empíricos, as variáveis frequentemente escolhidas como dimensões de habitat

relevantes para diferentes comunidades são: fatores topográficos (JOHNSON et al.,

2003; HOFER et al., 2008; LUNDHOLM, 2009), edáficos (FITTER et al., 2000;

KUBOTA et al., 2004; JOHN et al., 2007), hídricos (CLARK et al., 1999; BROSE,

50 

 

2001; DRUCKER et al., 2008; KELLER et al., 2009; KESSLER; LEHNERT, 2009;

SFENTHOURAKIS; TRIANTIS, 2009), microclimáticos (CLARK et al., 1999;

DUFOUR et al., 2006; PEREIRA et al., 2007) e cobertura vegetal (TEWS et al., 2004).

Antes de se entender o efeito da área per se e da heterogeneidade de habitats na

diversidade de espécies, a relação entre essas duas hipóteses precisa ser mais bem

investigada. Esta avaliação requer, idealmente, a definição e quantificação apropriada

de dimensões de habitat em um número o quanto maior de áreas isoladas, estimativa da

disponibilidade de habitats em cada área e avaliação de uma eventual relação. Seguindo

este procedimento, área e diversidade de habitats mostraram ser correlacionadas em

ilhas de vários tamanhos e diferentes posições geográficas (RICKLEFS; LOVETTE,

1999; MCMASTER, 2005; TRIANTIS et al., 2005; PANITSA et al., 2006; HANNUS;

VON NUMERS, 2008; KREFT et al., 2008; SFENTHOURAKIS; TRIANTIS, 2009). O

padrão de correlação entre área e heterogeneidade também foi confirmado em

fragmentos continentais de várias origens, tais como áreas úmidas (BROSE, 2001),

florestas manejadas (GIGNAC; DALE, 2005), áreas protegidas (KALLIMANIS et al.,

2008) e minas calcárias (KRAUSS et al., 2009). Há exceções ao padrão, porém, como

demonstrado por Báldi (2008), que não encontrou correspondência entre área e

heterogeneidade em 16 reservas na Hungria, e por Benedick et al. (2006), quando

estudando borboletas em fragmentos florestais em Bornéu. Quando a correlação

positiva entre área e heterogeneidade foi violada, Báldi (2008) viu em seu estudo de

campo um sistema excelente para examinar a contribuição relativa da área versus

heterogeneidade à riqueza de espécies.

Neste estudo, objetivou-se investigar a relação entre área e heterogeneidade de

habitats em fragmentos florestais numa paisagem altamente fragmentada no Centro de

Endemismo Pernambuco (SILVA; CASTELETI, 2005), na Floresta Atlântica brasileira.

Os objetivos principais foram descrever a disponibilidade de habitats e testar sua

positiva relação com área, baseado na quantificação de dimensões de habitats relevantes

para comunidades florestais em 80 fragmentos. Além da área, a forma dos fragmentos

também foi avaliada como uma variável explicativa da heterogeneidade. Intenciona-se

discorrer sobre esta nova faceta na aplicação da teoria de biogeografia de ilhas aos

estudos de fragmentação e na importância e representação de habitats para a

conservação de comunidades florestais fragmentadas neste bioma extremamente

ameaçado.

51 

 

3. Material e métodos

 

3.1. Área de Estudo

O estudo foi desenvolvido em uma região de 19.200 ha, contida na propriedade

da Usina São José, Pernambuco, Nordeste do Brasil (07º40'21,25", 07º55'50,92"S e

34º54'14,25", 35º05'21,08"W, Figura IV.1). Para descrição da geologia, relevo, clima e

histórico da área, ver item “Área de Estudo”, p. 6. O local escolhido é uma amostra

típica da paisagem na região costeira do Nordeste, caracterizada pela predominância de

plantações de cana-de-açúcar e fragmentos esparsos de floresta ombrófila densa das

terras baixas (RANTA et al., 1998; TRINDADE et al., 2008), vegetação potencial na

área (VELOSO et al., 1991).

3.2. Métodos

Aquisição de dados

Este estudo teve como base duas fontes de dados espaciais disponíveis para todo o

polígono analisado, contendo informações sobre os fragmentos e relevo. A informação

espacial sobre os fragmentos foi obtida a partir de um mosaico digital de imagens

multi-espectrais do satélite IKONOS II, obtidas em janeiro de 2005, com resolução

espacial de 4 m, projeção UTM e Datum WGS 84, georreferenciadas com base em um

levantamento de reconhecimento de campo utilizando GPS com receptores geodésicos

e método diferencial. Com base nesta imagem, todos os fragmentos com área maior

que 1 ha foram vetorizados em tela, seguido de checagem de campo. Atributos de

relevo foram obtidos a partir de mapas topográficos na escala de 1:10.000, elaborados

com base em fotografias aéreas pela atual Agência Estadual de Planejamento e

Pesquisas de Pernambuco (antiga FIDEM), em 1975. Curvas de nível com intervalos

equidistantes de 5 m foram digitalizadas para, a partir delas, gerar-se a altimetria.

Ambas as fontes de dados foram geoprocessadas e integradas utilizando o software

Arcview GIS 9.2 (ESRI, 2006).

52 

 

Classificação dos habitats

Em duas recentes revisões sobre a relação área-habitat e diversidade de espécies,

percebe-se que, para animais, é mais frequente a escolha de cobertura vegetal como

dimensão de habitats (TEWS et al., 2004), enquanto para plantas, variáveis topográficas

e de solo são mais comuns (LUNDHOLM, 2009). Além disso, a escala especial das

dimensões varia muito, desde amplas categorias de cobertura (BÁLDI, 2008) a micro-

habitats relevantes para um táxon em particular como, por exemplo, moluscos

(TRIANTIS et al., 2005) terrestres ou criptógamos (GIGNAC; DALE, 2005). No

primeiro caso, o número de categorias de habitats pode ser simplificado demais,

enquanto dimensões de micro-habitats podem levar a um número excessivo de habitats

possíveis. Numa abordagem ideal, os tipos de habitat devem refletir dimensões que são

proeminentes em paisagens fragmentadas e relevantes para uma ampla gama de

espécies em vários grupos taxonômicos, atuando como estruturas-chave sensu Tews et

al. (2004), isto é, uma estrutura espacial distinta que provê recursos e abrigo para

grupos cruciais de espécies. Habitats foram classificados de acordo com três dimensões:

(i) posição em relação à borda florestal, (ii) relevo e (iii) presença de água. Em todos os

fragmentos, os habitats foram quantificados através de áreas (polígonos). A

heterogeneidade pode ser medida de várias formas, de pontos amostrais a polígonos

espacialmente explícitos (WIENS, 2000). Esta abordagem de área, apesar de arbitrária,

considerando que porções homogêneas de habitats com bordas abruptas constituem

apenas uma aproximação de habitats reais, é espacialmente mais integradora e mais

facilmente aplicável a iniciativas de conservação (WIENS, 2000; HOFER et al., 2008)

e, por este motivo, adotada neste estudo. Definições de cada dimensão e tipos de

habitats resultantes estão descritos a seguir.

53 

Figura IV.1. Localização da

área de estudo, no estado de

Pernambuco, Nordeste do

Brasil e os 80 fragmentos

florestais analisados.

54 

 

Posição em relação à borda: para definição do habitat sob influência da borda, buffers

de 50 m foram gerados a partir do limite do fragmento em direção ao interior, em um

plano de informações contendo todos os polígonos dos fragmentos. Cada buffer

corresponde a um cinturão de influência ao logo do perímetro do fragmento. As áreas

restantes, isto é, áreas além dos 50 m de influência da borda, foram consideradas como

interior. A largura de 50 m para definição da influência da borda foi escolhida com base

na literatura disponível e revisões (MURCIA, 1995; RIES et al., 2004; HARPER et al.,

2005; PEREIRA et al., 2007) e também na pesquisa sobre influência da borda em

fragmentos florestais na área de estudo, desenvolvidos por Silva et al. (2008a), Silva et

al.(2008c) e Gomes et al. (2009). Nesta dimensão, dois habitats são possíveis: borda e

interior.

Relevo: para classificação dos habitats em relação aos atributos de relevo, foi utilizada a

extensão 3D-Analyst no ArcGIS 9.2 (ESRI, 2006). Inicialmente, foram gerados clips

combinando altimetria e todos os fragmentos vetorizados. A partir destes, modelos 3D

(tins) foram criados, com informação sobre a declividade, em percentagem. Após

análises preliminares sobre possíveis classes de declividade, foram escolhidas duas

classes, aplicando-se como divisor a declividade de 10%. Áreas com declividade igual

ou menor que 10% foram classificadas como superfícies plano-suave inclinadas,

enquanto aquelas com declividade > 10% foram classificadas como encostas. Nas

análises, superfícies plano-suave inclinadas foram geradas para altitudes altas e baixas,

essas últimas correspondendo aos terraços fluviais. Foram incluídas como superfícies

planas apenas as de maiores altitudes, correspondendo aos tabuleiros; áreas planas

baixas foram incluídas nos habitats ripários. Como resultado, três habitats possíveis

foram identificados de acordo com o relevo, todos quantificados em projeção

horizontal: tabuleiros altos, encostas e fundos de vale. Os últimos foram classificados

em mais detalhes de acordo com a presença de água, descritos a seguir.

Presença de água: para determinação dos sítios sob influência de corpos d´água, as

características hidrológicas da área foram analisadas, procurando-se identificar água

permanente ou temporária. Um complexo sistema de drenagem existe na área, incluindo

superfícies suaves e muito inclinadas, terraços fluviais, canais horizontais e profundos

ou fundos de vale baixos, escavados nos sedimentos Barreiras. Considerando esta

55 

 

complexidade, uma metodologia foi definida para classificação dos sítios ripários com

base em três fontes de informação. Primeiramente, foram consideradas as áreas

identificadas como terraços na análise de declividade. Como segunda fonte, na ausência

de um terraço plano, mas havendo confirmação da presença de água, através de

checagem de campo ou imagem de satélite, foram usadas as curvas de nível para

demarcar uma área definida entre a cota altitudinal mais baixa no fragmento e a curva

10 a 15m acima desta. Como um último recurso, a ferramenta Hydrology no ArcGIS 9.2

foi utilizada para gerar linhas de drenagem, a partir das quais buffers de 30 m foram

criados para quantificação da influência ripária ao longo dos canais de drenagem.

Habitats ripários foram definidos através da soma dos terraços, fundos de vale baixos e

fundos de vale inclinados. Nesta dimensão, habitats possíveis foram definidos como:

ripários permanentes (com rios, riachos, reservatórios ou nascentes), e ripários

temporários (com drenagem ativa apenas durante chuvas pesadas na estação úmida).

Através da combinação das três dimensões de habitat, foi possível definir oito

tipos de habitat potenciais nos fragmentos estudados, descritos na Tabela IV.1.

Tabela IV.1. Tipos potenciais de habitats com base em três dimensões utilizadas para

quantificação da heterogeneidade de habitats em fragmentos de Floresta Atlântica em

Pernambuco, Nordeste do Brasil.

Dimensão de habitat Tipo de habitat potencial Influência de

borda Relevo Presença de água

Borda

Encosta Não-ripário Borda de encosta Tabuleiro alto Borda de tabuleiro Fundo de vale Ripário permanente Borda ripária permanente

Ripário temporário Borda ripária temporária

Interior

Encosta Não-ripário

Interior de encosta Tabuleiro alto Interior de tabuleiro Fundo de vale Ripário permanente Interior ripário permanente

Ripário temporário Interior ripário temporário

3.3. Análise dos dados

Para cada fragmento, foi calculada a área total (AT), em hectares, e a área

ocupada por cada tipo de habitat, todas em projeção planimétrica. Trindade et al.

(2008), ao analisarem 110 fragmentos em um polígono de 280 km2 circunscrito a esta

paisagem em estudo, encontraram uma diferença pronunciada no número de fragmentos

56 

 

por classe de tamanho. Considerando este padrão, a distribuição dos fragmentos por

classe de tamanho foi avaliada e testada quanto à normalidade, para definição do melhor

modelo de regressão a ser utilizado nas análises, se linear ou logarítmica.

A forma dos fragmentos foi descrita utilizando-se um índice de forma (IF),

calculado para cada fragmento, de acordo com Jorge e Garcia (1997). O índice é

baseado na razão do perímetro pela raiz quadrada da área, descrito como

IF = P/(2√(πA)

Onde P é o perímetro do fragmento (em metros) e A é a área do fragmento (em m2). IF

foi proposto como uma alternativa para reduzir a dependência de escala que existe

quando o índice é baseado na razão entre o perímetro e a área do fragmento (JORGE;

GARCIA, 1997; COMBER et al., 2003), e assume um valor de 1,0 para áreas

perfeitamente circulares, aumentado a medida que a forma se torna mais complexa ou

irregular.

A heterogeneidade de habitats (aqui também chamada disponibilidade de

habitats ou de ambientes) em cada fragmento foi definida através da riqueza de habitats,

isto é, número de habitats presentes (NH) e diversidade de habitats (DH). A diversidade

foi estimada utilizando-se o índice de Simpson inverso ou recíproco (SIMPSON, 1949;

RICKLEFS; LOVETTE, 1999; MAGURRAN, 2004):

DH= 1/ Σ ni=1 pi

2

Onde p é a proporção da área total ocupada pelo habitat i de n habitats. Este índice não

resulta em zero, como seria esperado quando apenas um habitat tivesse sido encontrado

em um fragmento particular, aplicando-se índices baseados na distribuição logarítmica,

como índice de Shannon. Além disso, o índice escolhido é mais sensível e enfatiza o

grau de equitabilidade nas proporções entre áreas de habitats. No presente estudo, o

índice poderia variar de 1, quando apenas um habitat for encontrado em um fragmento,

a 8, se todos os habitats possíveis estiverem representados com proporções iguais numa

área (RICKLEFS; LOVETTE, 1999; NAGENDRA, 2002). A equitabilidade de habitat

(EH) foi também avaliada utilizando-se o índice de equitabilidade de Simpson,

calculado como o valor observado de DH em um fragmento dividido pelo valor máximo

possível de diversidade (NAGENDRA, 2002).

Para análises estatísticas, utilizaram-se técnicas padrões de regressão linear e não

linear, sendo área (AT) e forma (IF) colocadas como variáveis independentes,

objetivando-se analisar possíveis relações entre essas e as variáveis dependentes riqueza

57 

 

de habitats (NH) e diversidade (DH), separadamente. Regressões simples foram

utilizadas para avaliar a relação entre proporções de tipos específicos de habitats e área

(AT). Adicionalmente, uma análise de regressão múltipla tipo stepwise foi utilizada para

avaliar a contribuição conjunta de área e forma para disponibilidade de habitats (NH e

DH). O coeficiente de determinação (R2) ajustado foi escolhido em todos os resultados

significativos (P>0,05) nas análises de regressão. Todas as análises foram feitas no

software STATISTICA versão 9.0 (STATSOFT, 2009).

4. Resultados

4.1. Padrão geral da paisagem

Na área de estudo, há 80 fragmentos de vários tamanhos, com AT variando de

1,2 ha a 790 ha, cobrindo uma área de 4970 ha (26%) na paisagem estudada. Analisando

a distribuição dos fragmentos por classes de tamanho, constatou-se uma distribuição

irregular, não se ajustando à curva de distribuição normal (p<0,001), com

predominância de pequenos fragmentos. Apesar do maior fragmento na área ser mais de

600 vezes maior que o menor fragmento, 62 (77%) remanescentes são menores que 50

ha e apenas 9% são maiores que 250 ha. Uma distribuição normal foi ajustada quando

as áreas foram transformadas (log10), e, por isso, a regressão logarítmica foi utilizada

nas análises.

O índice de forma dos fragmentos (IF) teve ampla variação, de 1,11 a 5,03, com

aproximadamente metade dos fragmentos apresentando índices com valor até 2,0

(Figura IV.2). Isto demonstra que nenhum fragmento na área tem forma regular e que

metade do total tem forma complexa. AT e IF foram positivamente relacionados

(r2=0,525, p<0,001), indicando a tendência de formas mais complexas em fragmentos

maiores (Figura IV.3). O maior valor de IF foi, de fato, obtido para o maior fragmento.

4.2. Frequência e abundância dos tipos de habitats

Uma proporção substancial de habitats de borda foi documentada no

levantamento, sendo a cobertura relativa de habitats de borda e interior de 40% e 60%

da área florestal total, respectivamente. A borda de encosta foi o tipo de habitat mais

frequente, ocorrendo em 78 dos 80 fragmentos (Figura IV.4), nos quais tiveram

proporções de área variando de 15 a 100%. Entretanto, a proporção de habitats de

58 

 

borda, como esperado, foi negativamente relacionada à AT, sendo maior em fragmentos

menores (r2=0,736, p<0,001) (Figura IV.5). Habitats de borda compuseram mais da

metade da área em 76% dos fragmentos, incluindo 12 nos quais 100% da área são

apenas borda. Vale destacar que todos esses fragmentos com alta influência de bordas

são menores que 50 ha.

Figura IV.2. Distribuição dos fragmentos de acordo com o índice de forma (IF) em 80

fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do

Brasil. Valores nas classes correspondem ao limite superior aberto em cada classe.

Figura IV.3. Regressão logarítmica entre área total do fragmento (AT) e índice de

forma (IF) em 80 fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de

Pernambuco, Nordeste do Brasil.

24%

53%

71%

80%

94%99% 99% 99% 100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0

5

10

15

20

25

1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5

Freq

uênc

ia

Classes IF

SI = 1,0167+0,8929*log10(x)

-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

TA

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

SI

IF

IF

AT

59 

 

O interior de encosta foi o segundo habitat mais frequente, ocorrendo em cerca

de 80% dos fragmentos (Figura IV.4), sendo o mais importante em cobertura,

perfazendo 44% do total de área de floresta, e de 4,6 a 56% da área dos fragmentos. A

análise dos tipos de habitat em relação à topografia mostrou que 77% da área dos

fragmentos são de encosta, enquanto 21% são fundos de vale (Figura IV.6).

Figura IV.4. Frequência de ocorrência dos oito tipos potenciais de habitats em 80

fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do

Brasil.

As áreas ripárias permanentes representaram 72% dos habitats de fundo de vale

e foram registradas em 35 (44%) fragmentos, com percentual de cobertura bem variável.

Esses sítios relacionados à água existem em fragmentos com área de 5 a 790 ha, sendo

nove dos 35 fragmentos com habitats ripários menores que 20 ha. Alguns tipos de

habitats foram frequentes, mas ocuparam uma pequena área nos fragmentos. Este é o

caso das áreas ripárias temporárias em ambas as condições, de borda e interior. Os

habitats de tabuleiro foram os menos frequentes e abundantes, ocupando uma pequena

fração da área em apenas seis fragmentos, com percentuais variando de 3 a 15%, com

exceção de um pequeno fragmento (4,5 ha) onde 46% da área total são de tabuleiro.

0

20

40

60

80

100

Borda de encosta

Interior de encosta

Interior ripário temporário

Borda ripária permanents

Borda ripária temporária

Interior ripário permanente

Interior de tabuleiro

Borda de tabuleiro

Freq

uênc

ia (%

)

Tipo de habita t

60 

 

Figura IV.5. Relação entre área total (AT) e proporção de habitats de borda em 80

fragmentos de floresta atlântica na Zona da Mata Norte, Nordeste do Brasil.

Figura IV.6. Proporção dos tipos de habitats em relação à topografia em 80

fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Brasil. Habitats

de fundo de vale estão detalhados em relação à presença de água (permanente ou

temporária).

Edge % = 107,3749-29,9989*log10(x)

-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

TA

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Edge

pro

porti

onPr

opor

ção

de b

orda

AT

Borda %

77.3

1.6

15.1

6.0

21.1

Encostas

Tabuleiros

Ripários permanentes

Ripários temporários

61 

 

4.3. Disponibilidade de habitats em relação à área e forma

dos fragmentos

 

O número de habitats (NH) registrado nos fragmentos variou de 1 a 7, o que

significa que nenhum fragmentos teve os oito tipos potenciais definidos. NH foi positiva

e significativamente relacionado à TA (Tabela IV.2, Figura IV.7), isto é, um maior

número de habitats é esperado em maiores fragmentos. O índice de diversidade de

habitats (DH) variou de 1 a 3,32 e os valores foram também significativamente

relacionados à TA (Tabela IV.2, Figura IV.8). Índice igual a 1,0 para fragmentos com

apenas um tipo de habitat foi encontrado em oito áreas, todas elas compostas por

habitats de borda, seja de encosta ou ripária. Um alto DH, acima de 2,5, foi registrado

em 41% dos fragmentos, mas em apenas 12 fragmentos DH foi maior que 3,0, a maioria

em áreas maiores que 50 ha. O maior fragmento teve DH de 2,82, enquanto o maior DH

(3,32) foi registrado em um fragmento de 112 ha. Considerando a distribuição irregular

dos fragmentos quanto ao tamanho, foi testada a relação entre AT e NH ou DH em uma

sub-amostra contendo os fragmentos menores que 50 ha, obtendo-se relações

significativas, porém mais fracas: TA explicou 21,1% de NH e apenas 6% de DH

(Tabela IV.2).

Tabela IV.2. Descritores da heterogeneidade de habitats e resultados da regressão

logarítmica em fragmentos de floresta atlântica na Zona da Mata Norte de Pernambuco,

Nordeste do Brasil, para amostra total e para sub-amostra de fragmentos menores que

50 ha. NH, número de habitats; DH, diversidade de habitats; Min, valor mínimo,; max,

valor máximo; N, número de fragmentos; VI, variável independente; AT, área total.

Var

iáve

l

Amostra total Sub-amostra < 50 ha

Valores Resultados

regressão

VI: AT

Valores Resultados

regressão

VI: AT

Média Min Max N r2 Média Min Max N r2

NH 3,65 1 7 80 0,418 ** 3,20 1 6 62 0,211 *

DH 2,21 1 3,32 80 0,324 ** 1,99 1 3,10 62 0,060 *

EH 0,28 0,125 0,415 80 0,316 ** 0,24 0,125 0,388 62 0,076 *

*P < 0,05; **P < 0,001

62 

 

NH e DH tiveram uma relação linear positiva e significativa (r2=0,686,

p<0,001), indicando que o número tem um peso importante na diversidade de habitats.

Porém, o maior valor de DH não coincidiu com o maior NH, refletindo a pequena

contribuição em extensão dos tabuleiros e habitats ripários temporários à DH em

fragmentos com alto NH. De maneira geral, a equitabilidade foi baixa, EH variando

entre 0,125 e 0,41, positiva e significantemente relacionada à AT (r2=0,324, p<0,001).

Uma relação mais fraca foi encontrada entre AT de fragmentos <50 ha e EH (Tabela

IV.2), revelando uma menor equitabilidade nos menores fragmentos.

Quando análises de regressão múltipla foram realizadas, as variáveis

independentes AT e IF juntas foram significativa e positivamente relacionadas à NH,

explicando 60% da variância (R2=0,609, p<0,001) e à DH, explicando 53% da variância

da diversidade de habitats (p<0,001). IF, portanto, acrescentou uma pequena

contribuição ao modelo, aumentando o poder explicativo de ambas as variáveis

dependentes em cerca de 20%. Entretanto, considerando IF sozinho, regressões simples

com NH ou DH mostraram relações não significativas em ambos os casos. Estes

resultados demonstram que AT é a principal variável explicativa do número e

diversidade de habitats nos fragmentos, e que AT + IF compõem um modelo plausível

para explicar a relação entre área e heterogeneidade de habitats.

Figura IV.7. Relação entre área total (AT) e riqueza de habitats (NH) em 80

fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do

Brasil.

NH = 1,7336+1,5034*log10(x)

-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

TA

0

1

2

3

4

5

6

7

8

NH

AT

63 

 

Figura IV.8. Relação entre área total (AT) e diversidade de habitats (NH) em 80

fragmentos de floresta atlântica na zona da Mata Norte de Pernambuco, Nordeste do

Brasil.

5. Discussão

 

Neste estudo, área e forma atuaram na previsão da heterogeneidade de habitats

em fragmentos florestais, integrando as duas hipóteses explicativas principais da relação

espécie-área. Entretanto, apesar da relação existente, uma importante parte da variância

na riqueza e diversidade de habitats (38 a 46%, respectivamente) permanece não

explicada. Relações positivas e significativas têm sido encontradas para diferentes taxa

em ilhas e em fragmentos tipo-ilha (RICKLEFS; LOVETTE, 1999; BROSE, 2001;

MCMASTER, 2005; TRIANTIS et al., 2005; PANITSA et al., 2006; BÁLDI, 2008;

HANNUS; VON NUMERS, 2008; KALLIMANIS et al., 2008; KREFT et al., 2008;

KRAUSS et al., 2009; SFENTHOURAKIS; TRIANTIS, 2009). Em pesquisas nas quais

são informadas as regressões entre área e riqueza ou diversidade de habitats,

coeficientes de determinação significativos variam de valores tão baixos quanto 0,269

(KALLIMANIS et al., 2008) até cerca de 0,8 (MCMASTER, 2005; TRIANTIS et al.,

2005; SFENTHOURAKIS; TRIANTIS, 2009). As evidências apontam, portanto, que a

área explica uma percentagem bem variável da heterogeneidade de habitats, considerada

HD = 1,4333+0,6071*log10(x)

-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

TA

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

3,0

3,2

3,4

3,6

HD

AT

DH

DH

64 

 

fraca por certos autores (RICKLEFS; LOVETTE, 1999; PANITSA et al., 2006). Por

este motivo, apesar do constante debate, área per se e heterogeneidade de habitats são

consideradas hipóteses mutuamente complementares e não mutuamente exclusivas

(TRIANTIS et al., 2003; HANNUS; VON NUMERS, 2008), com diferentes respostas

para cada uma de acordo com o grupo taxonômico analisado (RICKLEFS; LOVETTE,

1999).

A forma dos fragmentos, uma variável não avaliada com frequência (HILL;

CURRAN, 2003; GIGNAC; DALE, 2005), acrescentou uma pequena contribuição à

explicação da heterogeneidade de habitats, quando integrada à área. Formas irregulares

são uma característica eminente nos fragmentos nesta paisagem, como revelado por

Trindade et al, (2008) que registraram 98% de todos os fragmentos irregulares,

incluindo todos os fragmentos com área maior que 30 ha. Nossos resultados mostraram

uma relação entre forma e habitats mais fraca do que em outras paisagens de florestas

fragmentadas (HILL; CURRAN, 2003; GIGNAC; DALE, 2005), sendo também aqui

mais fraca a relação entre forma e área. Porém, diferentes índices de forma estão

disponíveis na literatura e são adotados em diferentes pesquisas, variando desde uma

medida de circularidade (MARTINS et al., 2002; TRINDADE et al., 2008), à razão

entre perímetro e área (HILL; CURRAN, 2003) ou à razão entre perímetro e a raiz

quadrada da área (COMBER et al., 2003). Sem dúvida, o entendimento do papel da

forma na diversidade de habitats depende da compreensão da sua relação com a área

(EWERS; DIDHAM, 2006) e da adoção de um único índice de forma nos estudos desta

variável, para o que seria recomendável o índice baseado na razão entre perímetro e raiz

quadrada da área, como sugerido por Jorge e Garcia (1997), Comber et al. (2003) e

Ochoa-Gaona et al. (2004).

Hipoteticamente, a ausência de uma relação forte entre área e disponibilidade de

habitats poderia ser explicada pela alta concentração de fragmentos pequenos, uma

característica comum e restritiva nas paisagens atuais em “arquipélagos” de fragmentos,

especialmente na floresta tropical (TURNER; CORLETT, 1996), tornando a

transformação logarítmica da variável área uma escolha frequente (BROSE, 2001;

HILL; CURRAN, 2003; BENEDICK et al., 2006; BÁLDI, 2008; KALLIMANIS et al.,

2008; KRAUSS et al., 2009). Ao analisarmos uma subamostra de fragmentos mais

homogêneos em tamanho, reunindo aqueles menores que 50 ha, os resultados obtidos

revelaram que o poder explicativo da área foi ainda menor do que para a amostra total.

65 

 

O padrão observado nos nossos dados mostrou-se semelhante ao reportado em ilhas por

Sfenthourakis e Triantis (2009): em geral, para áreas maiores, a diversidade de habitats

aumenta com o aumento do tamanho de uma forma bem sincrônica, enquanto em áreas

menores esta relação se torna mais variável. Nessas manchas pequenas e mais

frequentes, a disponibilidade de habitats é, portanto, menos uniforme, sendo a riqueza e

diversidade de habitats menos previsíveis com base na área.

Se a relação área-habitat foi menor em manchas menores, o que estaria

contribuindo para uma maior relação em áreas maiores? Por certo, a presença de alguns

tipos de habitats cuja ocorrência é esperada apenas em áreas grandes, como os habitats

de tabuleiro e os ripários. Tabuleiros ocorreram em baixíssima proporção nos

remanescentes florestais. Como áreas úteis para cultivo da cana-de-açúcar, a exclusão

desses habitats é claramente resultante de um processo não aleatório no qual a complexa

topografia da região, aliada às restrições impostas ao uso da terra, atuam na condução

do padrão de fragmentação e nas posições e formas finais dos remanescentes, que

guardam uma amostra tendenciosa da paisagem original (LAURANCE, 2008). Na área

de estudo, a maioria dos fragmentos está em superfícies inclinadas, caracteristicamente

menos úteis para objetivos econômicos como agricultura (SILVA et al., 2007),

principalmente quando se observam os altos níveis de desflorestamento e antropização

nas superfícies mais planas, tanto em baixas (RANTA et al., 1998) quanto altas

altitudes (TRINDADE et al., 2008). Apesar de a heterogeneidade topográfica ser

amplamente reconhecida por influenciar a diversidade de espécies na escala da

paisagem, ao longo de um gradiente altitudinal climático ou edáfico (VALENCIA et al.,

2004), sendo um estimador apropriado da riqueza biológica relativa em paisagens

topograficamente heterogêneas (HOFER et al., 2008), nesses sítios a influência do

relevo é mais indireta por guiar a exclusão de habitats planos, do que um efeito direto

natural (SILVA et al., 2008d).

Habitats ripários, por serem extremamente vulneráveis às modificações humanas

(SFENTHOURAKIS; TRIANTIS, 2009), também seriam uma categoria esperada em

maiores áreas. Na presente análise, áreas ripárias estiveram presentes em fragmentos a

partir de 5 ha, perfazendo uma relevante soma total de sítios ripários na paisagem. Isto

aumenta o valor de pequenos fragmentos para conservação, tanto para proteção de

recursos naturais quanto para a manutenção de espécies ripárias. Estes sítios são

importantes “estruturas-chave” para várias espécies de plantas hidrofílicas, com

66 

 

adaptações morfológicas e fisiológicas (NAIMAN; DÉCAMPS, 1997), garantindo

refúgio, forragem e sítios de reprodução para vertebrados e invertebrados (BOUTIN et

al., 2003) e contendo um número maior de especialistas em relação a outros

ecossistemas (MOUW; ALABACK, 2003). Reconhecidos como um dos mais

dinâmicos e complexos habitats biofísicos entre os ecossistemas terrestres (NAIMAN;

DÉCAMPS, 1997), sítios ripários são considerados de importância central para a

conservação da biodiversidade. Uma vez que habitats ripários são identificados em

vários fragmentos, iniciativas de manejo considerando a rede de drenagem como um

todo podem vir a restaurar a integridade de rios e planícies de inundação (NAIMAN;

DÉCAMPS, 1997). Áreas ripárias podem atuar como um eixo ou área nuclear para

guiar a regeneração florestal (WILLIAMS-LINERA et al., 1998), pois os fluxos

biológicos entre fragmentos podem ser restabelecidos através da criação de corredores

ripários (PUTH; WILSON, 2001).

Nesta paisagem, quase metade da área florestal remanescente está sob efeito de

borda, o que é mais pronunciado em menores fragmentos. Apesar da reconhecida

influência da borda e relevância nos estudos de fragmentação (RIES et al., 2004;

HARPER et al., 2005; LAURANCE, 2008), principalmente devido aos seus efeitos

deletérios, raramente se inclui uma dimensão de habitat relacionada à borda na pesquisa

de heterogeneidade que avalia mais habitats do que o par interior-borda. Uma alta

proporção de bordas tem múltiplas consequências (RANTA et al., 1998). No nível do

fragmento, são esperadas mudanças nas variáveis microclimáticas, estrutura da

vegetação, processos ecológicos e um consequente declínio na riqueza de espécies

(DAVIES-COLLEY et al., 2000; FLETCHER JR, 2005; SANTOS et al., 2008),

enquanto no nível da paisagem, ecossistemas sob efeito de borda são mais vulneráveis a

vários processos externos, tais como invasão biológica (LAURANCE, 2000). Na

paisagem estudada, a manutenção de uma alta proporção de habitats de interior é crucial

para conservação da biodiversidade (WILLIAMS-LINERA et al., 1998; KOLLMANN;

SCHNEIDER, 1999), bem como a indução da recuperação das bordas com vistas a um

enriquecimento progressivo em espécies, como definido por Harper et al. (2005).

67 

 

6. Considerações finais e implicações

Entre os resultados encontrados, uma maior diversidade de habitats em

fragmentos maiores encaixa no padrão esperado. O comportamento imprevisível da

disponibilidade de habitats em pequenos fragmentos, porém, é a exceção que tem

implicações cruciais para conservação. Por um lado, em fragmentos pequenos há um

aumento na proporção de habitats perturbados, tais como ambientes de borda, ou de

habitats de relevo mais acidentado e, consequentemente, mais suscetíveis a perturbações

naturais como deslizamentos, movimentos de matéria e queda de árvores (LINS-E-

SILVA; RODAL, 2008). Além disso, em pequenos fragmentos, a presença de sítios que

são mais frágeis e sensíveis a variações microclimáticas pode ser reduzida. Por outro

ângulo, há casos em que um pequeno fragmento conserva muitos habitats. Nossos dados

revelaram que, entre fragmentos pequenos (<50 ha), 45% têm quatro a seis habitats.

Porém, no mesmo grupo, apenas 25% têm uma diversidade de habitats maior que 2,5.

Isto revela que mesmo quando um pequeno fragmento tem alta riqueza, a equitabilidade

entre tipos de habitats não é alta, levando a uma baixa representação de habitats

particulares. Considerando que a representação de habitats afeta a diversidade através da

alteração significativa das proporções relativas de espécies em habitats contrastantes

(CRAMER; WILLIG, 2005), a pergunta chave é: até que ponto a presença de um

habitat em particular garante uma área adequada para manutenção de populações

viáveis? O modelo unificado de Kadmon e Allouche (2007), integrando área e

heterogeneidade, demonstrou que um efeito negativo da heterogeneidade de habitats na

diversidade pode ocorrer quando áreas pequenas são ricas em habitats. O contexto da

paisagem, porém, poderia auxiliar na compensação deste feito. No caso particular da

paisagem no Centro de Endemismo Pernambuco (SILVA; CASTELETI, 2005), no qual

os fragmentos são próximos entre si (RANTA et al., 1998; TRINDADE et al., 2008),

onde pequenos fragmentos são particularmente importantes para reduzir o isolamento

(RIBEIRO et al., 2009) e onde ainda há fluxo gênico entre indivíduos de populações,

por exemplo, da espécie arbórea Tapirira guianensis (SILVA et al., 2008b), pequenas

porções de habitats em vários fragmentos poderia garantir a manutenção de populações

viáveis (EWERS; DIDHAM, 2006). Atenção especial deve ser dada aos habitats

ripários, devido às suas características antagônicas de serem pequenos em área, mas de

alta importância para conservação.

68 

 

Consideremos as evidências de que, para uma fração considerável de espécies

nas comunidades tropicais, há partição por habitats (CLARK et al., 1999; HARMS et

al., 2001; BOTREL et al., 2002; WRIGHT, 2002; VALENCIA et al., 2004; KESSLER;

LEHNERT, 2009). Se os fragmentos são vistos como mosaicos, cujas partes restringem

a área efetiva de ocupação dessas espécies, a verificação do papel dos habitats

heterogêneos na estrutura das comunidades é essencial à conservação, pois a simples

medida de área do fragmento não é suficiente para assegurar a manutenção de espécies

que dependam de habitats específicos. As três dimensões de habitat utilizadas aqui

proporcionam uma relevante caracterização da disponibilidade de habitats, que pode

guiar a definição de prioridades para futuros inventários e iniciativas de conservação. É

importante ter em mente, ainda, que a relação entre área e heterogeneidade de habitats

não é apenas uma relação numérica, mas a qualidade e configuração espacial dos

habitats remanescentes devem ser consideradas. Desta forma, todos os esforços devem

ser feitos para garantir que todos os habitats sejam preservados em proporções

adequadas para manutenção da diversidade biológica na escala da paisagem.

69 

V. CAPÍTULO 3 – Diversidade de assembléias de

plantas de dossel e sub-bosque em fragmentos de

Floresta Atlântica: a área importa?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

70 

 

1. Resumo

Neste estudo, objetivou-se inventariar assembléias de plantas de dossel e sub-bosque em

nove fragmentos de floresta atlântica em Pernambuco, Brasil, isolados há pelo menos

25 anos. Utilizando-se três réplicas por tamanhos (grandes, ≈300 ha; médios, ≈100 ha; e

pequenos, ≈ 15 ha), analisou-se a influência da área por estrato, hipoteticamente maior

no sub-bosque, separando-se o efeito da área de um possível efeito de densidade. Em

cada fragmento, instalaram-se 30 parcelas de 0,01 ha para amostra do dossel (CAP ≥ 15

cm); e dentro de cada, uma parcela de 5 x 5 m para amostragem do sub-bosque (CNS ≥

1 cm até CAP < 15 cm), sendo as plantas amostradas marcadas, medidas e identificadas.

Amostras de dossel, sub-bosque e totais foram comparadas entre classes de tamanho de

fragmentos utilizando-se ANOVA de um fator e teste de Tukey, testando-se: percentual

de mortos e lianas, densidade, riqueza, diversidade de Shannon, classes de abundância e

frequência. Estimativas de riqueza também foram obtidas através de curvas de rarefação

com 100 re-amostragens. Os percentuais de mortos de pé e de lianas foram muito

variáveis nos estratos, sem diferenças significativas entre tamanhos. Amostraram-se

4502 plantas no dossel e 9698 no sub-bosque, com médias de densidade

significativamente mais altas no sub-bosque de fragmentos médios. Nos nove

fragmentos, ocorreram 55 famílias e 300 espécies, 192 no dossel e 249 no sub-bosque.

No total, a média de espécies variou de 126 ± 25 em fragmentos grandes a 91 ± 15 nos

pequenos. Nas estimativas por rarefação, o sub-bosque foi significativamente mais rico

nos fragmentos maiores (93,3 ± 13,2). A diversidade do sub-bosque também foi

significativamente maior nos fragmentos grandes, fornecendo evidências à relação

espécie-área. Diferentes respostas em amostras de diferentes idades sinalizaram a

existência de um débito ecológico. Cerca de metade das espécies foram raras, com

proporções por fragmento entre 50 e 60%. Apenas 12% das espécies foram muito

frequentes, cada fragmento exibindo algumas muito abundantes localmente. Quase 60%

das espécies foram infrequentes (120 exclusivas de um fragmento em particular), com

decréscimo nas suas proporções dos fragmentos grandes (29,7%) para os pequenos

(19,5%). Em conjunto, os resultados encontrados descrevem um cenário de alta riqueza,

com riscos de perda de espécies no futuro. Neste contexto, medidas urgentes são

necessárias para minimizar futuras perdas, principalmente a manutenção de todas as

florestas maduras, independentemente do tamanho, nesta paisagem onde pequenas áreas

atuam como importantes complementos para as grandes áreas.

71 

 

2. Introdução

A pesquisa em fragmentação, embora ainda por alcançar uma estrutura

conceitual unificadora (HAILA, 2002; WATSON, 2002), tem como embasamento

teórico principal a relação espécie-área (ARRHENIUS, 1921; GLEASON, 1925), que

descreve o aumento progressivo no número de espécies com aumento da área amostral

(SCHEINER, 2003). MacArthur e Wilson (1967) aplicaram esta relação a ecossistemas

insulares na Teoria de Biogeografia de Ilhas, que prevê um aumento na riqueza em ilhas

maiores. Na teoria, vincularam à área a atuação do processo de extinção local – quanto

maior a ilha, menores as probabilidades de extinção – e vincularam ao isolamento as

probabilidades de migração – menores em ilhas mais isoladas (CONNOR; MCCOY,

1979). A teoria da biogeografia de ilhas explicou o aumento de espécies com o aumento

da área de forma neutra com relação à diversidade de nichos e habitats, assumindo que

as espécies são essencialmente idênticas, e que as ilhas são idênticas nas suas

características, com exceção das variáveis área e isolamento (BROWN; LOMOLINO,

2000). Esta interpretação neutra do efeito da área configura a primeira proposição

explicativa da relação espécie-área, a chamada hipótese da área per se (PRESTON,

1960; RICKLEFS; LOVETTE, 1999; TRIANTIS et al., 2003).

A transposição das idéias da biogeografia de ilhas aos estudos sobre as

consequências da crescente fragmentação de ecossistemas ocorreu de forma acelerada

nos anos subsequentes à publicação da teoria (HAILA, 2002; LAURANCE, 2008),

principalmente com o desenvolvimento da Ecologia de Paisagens (METZGER, 2001).

De fato, mosaicos heterogêneos, nos quais a vegetação remanescente é tipicamente

reduzida e fragmentada para ceder espaço à agricultura, são a forma predominante de

paisagens atuais (SAUNDERS et al., 1991). Esse cenário é mais crítico nos trópicos

úmidos, região de potencial ocorrência das florestas tropicais (WRIGHT; MULLER-

LANDAU, 2006), que, embora reconhecidamente possuam a maior diversidade de

plantas no mundo (GIVNISH, 1999), estão criticamente ameaçadas pela fragmentação e

redução de área (MYERS et al., 2000). A percepção de que a chance de conservação da

diversidade nessas florestas está na manutenção dos remanescentes estimulou o

crescente interesse pela pesquisa em fragmentos florestais tropicais (SAUNDERS et al.,

1991; LAURANCE; BIERREGAARD JR, 1997; LAURANCE, 1999a).

72 

 

Testes da teoria de ilhas em arquipélagos de fragmentos geralmente investigam

mais o efeito da área do que isolamento (ZUIDEMA et al., 1996) e, na maioria das

vezes têm confirmado a relação espécie-área para plantas, em diversas paisagens

(LAURANCE et al., 2002; HILL; CURRAN, 2003; CAGNOLO et al., 2006;

ECHEVERRÍA et al., 2007). Há exemplos, porém, da não confirmação da relação

espécie-área (DEBINSKI; HOLT, 2000; CAYUELA et al., 2006; SANTOS et al.,

2007b), demonstrando que paisagens fragmentadas exibem uma dinâmica típica e

multifacetada, indo além das relações clássicas da teoria (HAILA, 2002; EWERS;

DIDHAM, 2006; LAURANCE, 2008). Novos aspectos tais como a qualidade da matriz

(GASCON et al., 1999), o grau de conectividade (METZGER, 1997; OCHOA-GAONA

et al., 2004; METZGER et al., 2009), o efeito de borda e perturbação antropogênica

(CAYUELA et al., 2006; PEREIRA et al., 2007; TABARELLI et al., 2008) e invasão

de espécies (JANZEN, 1983; TABARELLI et al., 1999; CAGNOLO et al., 2006)

exercem também influência na biota de fragmentos tipo-ilha sobre o continente.

Além dos vários aspectos típicos da fragmentação, remanescentes de áreas

anteriormente contínuas constituem uma amostra da riqueza dessas áreas (WATSON,

2002), cuja dinâmica pós-fragmentação depende da história da paisagem, sendo

esperado um tempo de acomodação da biota nos fragmentos (LAURANCE, 2008).

Desta forma, a riqueza em um fragmento pode estar mais relacionada à estrutura de

paisagens passadas do que a do presente, o que tem sido comprovado em fragmentos de

comunidades vegetais herbáceas (LINDBORG; ERIKSSON, 2004; ERNOULT et al.,

2006; HELM et al., 2006) e arbóreas (PALTTO et al., 2006; METZGER et al., 2009).

Este tempo de acomodação seria especialmente importante para indivíduos de maior

longevidade, como árvores (PALTTO et al., 2006), o que foi comprovado por Metzger

et al. (2009), ao revelar que a estrutura de paisagens passadas, principalmente o

tamanho dos fragmentos, significativamente explica a riqueza da comunidade arbórea

em florestas. Assim, é provável que os efeitos da paisagem atual sejam mais atuantes e

perceptíveis sobre a comunidade de “árvores do futuro” (METZGER, 1998) ou no sub-

bosque (OCHOA-GAONA et al., 2004), que inclui o estrato de regeneração do dossel e

espécies de ciclo de vida mais curto, tais como arvoretas, arbustos, palmeiras e fetos

arborescentes, plântulas e ervas (GOMES et al., 2009).

Entre as florestas tropicais, a floresta atlântica apresenta uma das maiores taxas

de redução de área e fragmentação no mundo (RIBEIRO et al., 2009), sendo

73 

 

considerada um hotspot para conservação da biodiversidade (MYERS et al., 2000). Na

sua porção mais a nordeste, estão os menores percentuais de florestas remanescentes,

especialmente na sub-região biogeográfica “Centro de Endemismo Pernambuco”, sensu

Silva e Casteleti (2005), na qual restam apenas 12% das florestas (RIBEIRO et al.,

2009) e não há nenhum fragmento maior que 3500 ha (OLIVEIRA et al., 2004). Na

paisagem típica desta região, predominam arquipélagos de fragmentos pequenos e

recentes, formados a partir da década de 1970, em sua maioria, e distribuídos com baixa

densidade (≈0,7 fragmento/ km2) em uma matriz de cana-de-açúcar (RANTA et al.,

1998; TRINDADE et al., 2008). Quanto ao isolamento, os fragmentos geralmente

ocorrem em grupos, com uma distância entre manchas de um mesmo grupo inferior a

350 m (RANTA et al., 1998).

Este cenário configura, portanto, um sistema apropriado para analisar a relação

entre área e riqueza de espécies, constituindo um “experimento pronto”, ideal para

estudos de insularização (SAUNDERS et al., 1991; CAGNOLO et al., 2006),

fornecendo réplicas de tamanho em um mesmo contexto de paisagem, com a vantagem

da neutralidade da variável isolamento como possível fonte de influência. Esta análise,

objeto do presente trabalho, permitirá compreender o impacto da redução de área na

diversidade de plantas e, assim, auxiliar na definição de estratégias mais realísticas de

conservação e manejo da floresta atlântica, numa região carente de tais estudos e de

grandes remanescentes, geralmente prioritários para conservação (TABARELLI;

GASCON, 2005). Os nossos objetivos foram: inventariar assembléias de plantas

lenhosas de dossel e sub-bosque em fragmentos de diferentes tamanhos, investigar a

influência da área na diversidade total, analisar a influência da área por estrato,

hipoteticamente maior no sub-bosque, considerando-se sua menor idade e respostas

mais imediatas às mudanças na paisagem, e separar o efeito da área de um possível

efeito de densidade, através da rarefação das amostras.

74 

 

3. Material e métodos

3.1. Área de estudo

 

Os fragmentos florestais estudados estão localizados nos municípios de Igarassu

e Goiana, Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, na

propriedade da Usina São José/ Grupo Cavalcanti Petribú. Para descrição da geologia,

relevo, clima e histórico da área, ver item “Área de Estudo”, p. 6.

Na propriedade, há 106 fragmentos de floresta madura, dos quais nove foram

selecionados para estudo (Figura V.1, Tabela V.1), com base no estado de conservação,

tempo de isolamento e tamanho, sendo três grandes (G), três médios (M) e três

pequenos (P). Todos os fragmentos estudados foram isolados há pelo menos 25 anos.

Figura V.1. Localização dos nove fragmentos estudados na paisagem altamente

fragmentada na Zona da Mata Norte, Pernambuco, Nordeste do Brasil.

G1

G2

G3

M1

M2

M3

P1

P2

P3

Fragmentosestudados

75 

 

Desenho amostral

As assembléias de plantas foram amostradas em dois estratos: dossel e sub-

bosque. O estrato de dossel incluiu todos os indivíduos lenhosos com circunferência a

altura do peito (CAP) ≥ 15 cm, compreendendo árvores, lianas e plantas mortas de pé. A

amostra de sub-bosque incluiu todas as plantas lenhosas vivas e mortas de pé com

circunferência ao nível do solo (CNS) a partir de 1 cm até CAP < 15 cm. Optou-se por

definir o critério de inclusão do sub-bosque ao nível do solo e sem limite de altura, por

ser este mais inclusivo para indivíduos jovens, arvoretas e arbustos (GOMES et al.,

2009).

Nos habitats mais frequentes nos fragmentos, ou seja, borda (até 50 m da borda

florestal), interior de encosta e habitats não ripários de interior (para descrição completa

dos habitats, ver capítulo 2), 30 parcelas de 0,01 ha (10 x 10 m) foram instaladas por

fragmento, para amostragem do dossel, sistematicamente estabelecidas,

georreferenciadas e distribuídas em grupos de 10 parcelas, contíguas em pelo menos um

lado nesses grupos. No interior de cada parcela de dossel, foi instalada parcela menor

para amostragem do sub-bosque (5 x 5 m). As plantas incluídas nas amostras de dossel

e sub-bosque foram marcadas e medidas no campo, coletadas e identificadas, seguindo

procedimentos gerais descritos na “Área de Estudo/ Metodologia Geral”, p. 11.

Análise dos dados

O banco de dados foi preparado e manejado no software Mata Nativa 2.0

(SOUZA et al., 2006). Nas análises, várias questões aplicadas a conjuntos particulares

do banco de dados. Primeiramente, foi explorada a participação dos indivíduos mortos

de pé e lianas nas amostras em fragmentos de tamanhos distintos. Para tanto, totais e

percentuais de indivíduos mortos e lianas foram calculados para cada fragmento e

comparados através de ANOVA de um fator (ZAR, 1999). Em seguida, considerando o

conjunto de indivíduos vivos, os seguintes atributos descritivos de assembléias de

plantas foram obtidos: densidade, riqueza (número de espécies) e diversidade de

Shannon H’ (MAGURRAN, 2004), tabulados para cada estrato e para amostra total por

fragmento. Apesar de a área amostral ser equivalente em todos os fragmentos, a

densidade de indivíduos variou consideravelmente entre fragmentos e estratos, o que

poderia influenciar a riqueza e diversidade devido a um “efeito de densidade”

(DENSLOW, 1995) e não devido à área per se. Para comparar número de espécies com

76 

 

base no número de indivíduos, a riqueza foi estimada utilizando curvas de rarefação.

Estas curvas foram produzidas através de repetidas re-amostragens aleatórias (100

randomizações) das amostras de indivíduos, obtendo-se três curvas para cada fragmento

(amostra total, dossel e sub-bosque) e 27 curvas no total. O resultado de rarefação

corresponde à expectativa estatística de uma curva de acumulação de espécies obtida a

partir de diferentes ordens de amostragem dos indivíduos (GOTELLI; COLWELL,

2001). As curvas de rarefação foram computadas no software EstimateS 7.5.2

(COLWELL, 2006), sem reposição em cada re-amostragem. Para comparação, a riqueza

em cada fragmento, para amostra total, dossel e sub-bosque, foi obtida de um número

equivalente de indivíduos, sendo este número fornecido pela menor densidade da

amostra em questão entre os nove fragmentos.

A relação entre área do fragmento e os atributos vegetais das assembléias foi

analisada através de comparações de médias obtidas de grupos de três fragmentos de

tamanhos similares: grandes, médios e pequenos (G, M, e P, respectivamente; Tabela

V.1). As médias foram comparadas utilizando-se ANOVA de um fator e teste de Tukey

para comparações a posteriori. Adicionalmente, foi testada a relação entre área do

fragmento e diversidade utilizando-se regressão linear simples. Área dos fragmentos, a

variável independente, foi transformada (log10) para esta análise.

Números e percentuais de espécies amostradas em cada estrato e comuns a

ambos foram calculados para cada fragmento. Número de espécies raras (até cinco

indivíduos), comuns (6 a 100 plantas) e espécies muito abundantes (mais de 100

indivíduos) foram obtidos por estrato e por fragmento, assim como números de espécies

exclusivas. Considerando que o limite para definição de espécies raras varia

amplamente, dependendo da escala de investigação (MAGURRAN, 2004), o ponto de

corte em cinco indivíduos foi escolhido, devido à amostra por fragmento ser inferior a 1

ha, não permitindo a definição de raras como aquelas com densidade ≤ 1 planta/ ha

(TABANEZ; VIANA, 2000; GUEDES-BRUNI et al., 2009). As espécies foram

classificadas de acordo com a frequência, como aplicado por Metzger et al. (1997) e

Santos et al. (2007b), com modificações, em: infrequente (registrada em 1-2

fragmentos), pouco frequente (2-5), frequente (6-7) e muito frequente (presente em 8 a

9 fragmentos), para amostra total e por fragmento. Diferenças significativas nas

proporções de espécies com relação ao estrato, abundância e frequência foram

analisadas entre pares de fragmentos utilizando qui-quadrado, enquanto diferenças nas

77 

 

proporções numa mesma classe de cada variável, entre fragmentos de diferentes

tamanhos, foram testadas através de ANOVA de um fator. Todas as análises foram

conduzidas no software BioEstat 5.0 (AYRES et al., 2007).

Tabela V.1. Características dos nove fragmentos florestais estudados na Zona da Mata

Norte do estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil.

Nome do fragmento

Código Coordenadas geográficas Área (ha) Altitude max/min (m)

Zambana G1 07º41'29,13"; 07º43'17,09" S 35º00'08,75"; 34º58'38,78" W

387,85 115/20

Macacos G2 07º46'02,89"; 07º47'40,82" S 34º59'42,95"; 35º01'06,31" W

356,92 155/40

Piedade G3 07º49'12,66"; 07º50'55,43" S 34º59'21,29"; 35º00'35,92" W

305,78 113/30

BR M1 07º47'14,22"; 07º48'06,01" S 34º56'39,81"; 34º55'59,58" W

91,36 85/20

Chave M2 07º48'30,12"; 07º49'34,85" S 34º58'49,46"; 34º57'37,58" W

89,28 100/25

Cruzinha M3 07º41'24,87"; 07º42'10,32" S 34º58'13,76"; 34º57'31,32" W

87,27 100/25

Pezinho P1 07°47'27,82"; 07°48'01,04" S 35°01'25,86"; 35°01'00,64" W

29,89 125/50

Vespas P2 07º44'50,11"; 07º45'08,29" S 34º59'02,37"; 34º58'45,04" W

13,80 105/45

Santa Helena P3 07º46'59,39"; 07º47'16,65" S 34º56'41,80"; 34º56'29,24" W

11,85 85/20

 

 

4. Resultados

4.1. Descrição geral das assembléias de plantas

 

Foram amostradas 15.360 plantas, sendo 4995 no dossel e 10.365 no sub-

bosque. No dossel, o percentual de mortos de pé foi muito variável entre fragmentos

(Tabela V.2), sendo mais baixo em M1 (1,8%), seguido por proporções entre 3 e 8% na

maioria dos fragmentos e chegando a mais de 10% em G3, M3 e P2. No sub-bosque,

registrou-se um padrão semelhante, com percentuais de mortos variando entre 1,5 (M1)

e 13,3% (M3). Não houve diferenças significativas entre as médias dos fragmentos de

diferentes tamanhos. No dossel, a contribuição de lianas variou pouco e sem diferenças

significativas, com percentuais entre 0,3 em M2 e 4,7% em P2.

78 

 

Indivíduos vivos somaram 4502 no dossel e 9698 no sub-bosque, compondo

uma amostra total de 14.200 plantas. A densidade por fragmento variou amplamente em

ambos os estratos, de 381 árvores e 648 indivíduos de sub-bosque em um fragmento

pequeno (P3) a 814 árvores e 1693 indivíduos de sub-bosque em dois fragmentos

médios (M2 e M1, respectivamente). As médias diferiram significativamente entre

tamanhos de fragmentos apenas na amostra de sub-bosque (F=6.0439; p=0,0366; Figura

V.2). Densidades mais altas foram registradas em fragmentos médios, cuja média

diferiu dos grandes e pequenos (p<0,05), estes dois grupos com médias similares.

4.2. Riqueza de espécies e diversidade

 

Nos nove fragmentos, 300 espécies foram registradas, distribuídas em 55

famílias botânicas (para lista completa, ver Apêndice A). As famílias Fabaceae (45

espécies), Myrtaceae (39), Sapotaceae (23), Melastomataceae (20) e Rubiaceae (20)

juntas somaram 30% das espécies, ao passo que, entre os indivíduos, 40% perteceram às

famílias Lecythidaceae (2619), Euphorbiaceae (1963), Myrtaceae (1930) e Fabaceae

(1544). Apenas duas famílias (Sterculiaceae e Lacistemataceae) foram exclusivas do

dossel, e nove foram exclusivas do sub-bosque, com destaque para Piperaceae,

Solanaceae e Monimiaceae pelo maior número de indivíduos.

 

Tabela V.2. Percentuais de mortos de pé e lianas amostrados no dossel e de mortos de

pé no sub-bosque de nove fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Nordeste

do Brasil. G, fragmentos grandes; M, médios; e P, pequenos.

Estrato Componente Fragmento G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

Dossel Mortos de pé 4,15 6,93 10,24 1,85 8,61 12,76 3,59 11,59 3,19Lianas 2,56 3,90 1,38 3,90 0,34 2,87 1,90 4,72 3,43

Sub-bosque Mortos de pé 3,36 9,43 6,16 1,51 2,67 13,38 10,36 7,86 5,81

79 

 

Figura V.2. Densidades das assembléias de plantas (dossel e sub-bosque) amostradas

em nove fragmentos de Floresta Atlântica, agrupados por tamanho, em Pernambuco,

Nordeste do Brasil. Barras de erro = erro padrão.

O sub-bosque (249 espécies) foi em torno de 30% mais rico em espécies do que

o dossel (192 espécies). Além disso, houve mais espécies exclusivas no estrato de sub-

bosque (36%) do que no dossel (17%). Um total de 141 espécies (47%) foi amostrado

em ambos os estratos. Esta proporção de espécies comuns a ambos os estratos variou

muito pouco entre fragmentos, sempre em torno de 40% de espécies compartilhadas

entre estratos. O percentual de exclusivas de sub-bosque foi um pouco menor em

fragmentos pequenos (média de 36%), mas não significativamente diferente do

encontrado em fragmentos grandes (média de 41%) ou médios (38%).

Em média, o número total de espécies variou de 126 ± 25 (média ± desvio

padrão) em fragmentos grandes a 91 ± 15 em fragmentos pequenos. Maiores riquezas

foram registradas em fragmentos grandes, tanto no dossel quanto no sub-bosque,

decrescendo com a diminuição da área (Figura V.3). Entretanto, médias de riqueza no

dossel, sub-bosque e amostra total não diferiram significativamente entre fragmentos de

tamanhos distintos. Juntos, os três fragmentos grandes comportaram 72% das 300

espécies. Somados aos médios, 89% do total de espécies foram representados. Por outro

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

Grande Médio Pequeno

Den

sida

de

Tamanho do fragmento

Dossel

Sub-bosque

80 

 

lado, os três fragmentos pequenos somaram juntos 52% da riqueza total, alcançando

67% quando somados aos médios.

Figura V.3. Riqueza de espécies em assembléias de plantas (dossel, sub-bosque e

amostra total) em nove fragmentos de Floresta Atlântica, agrupados por tamanho, em

Pernambuco, Nordeste do Brasil. Barras de erro = erro padrão.

Quando a riqueza foi estimada através de rarefação, com valores obtidos na

menor densidade de indivíduos em cada amostra, as diferenças entre médias foram

marginalmente significativas (p=0,054) para amostra total (Figura V.4a), variando de

115,7 ± 22.4 em fragmentos grandes a 80,3 ± 10,3 nos médios e 82 ± 9,3 nos pequenos

(densidade total mínima de 1029 indivíduos em P3). As curvas para amostras de dossel

(densidade mínima de 381 indivíduos) revelaram uma média de 69,7 ± 18,1 espécies em

fragmentos grandes, não diferindo dos valores observados em remanescentes médios

(52,3 ± 3 espécies) ou pequenos (55,7 ± 10,6). A comparação da riqueza em amostras

de sub-bosque com base nas curvas de rarefação (densidade mínima de 648 indivíduos)

revelou uma riqueza significativamente mais alta nos fragmentos maiores (93,3 ± 13,2,

F=12.62, p<0,01) em relação às áreas médias e pequenas (Figura V.4b).

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Grande Médio Pequeno

Riq

ueza

Tamanho do fragmento

Dossel

Sub-bosque

Total

81 

 

(a)

(b)

Figura V.4. Curvas de rarefação baseadas nos indivíduos (médias de 100 re-

amostragens) em assembléias de plantas em nove fragmentos de Floresta Atlântica em

Pernambuco, Nordeste do Brasil. (a) curvas para amostras totais; (b) curvas para sub-

bosque. Códigos alfa-numéricos referem-se aos fragmentos grandes (G), médios (M) e

pequenos (P), conforme descrito na Tabela 1.

G3

G2

M2

M1

M3

P1

P2

P3

G1

G3

G2

M3M1

M2

P1P2

P3

G1

82 

 

A diversidade foi maior nos fragmentos grandes, tanto nos estratos de dossel e

sub-bosque quanto na amostra total, sendo o valor mais alto registrado em G2 (3,89).

Médias de diversidade para amostra total variaram de 3,49 em fragmentos grandes a

3,27 nos pequenos (Figura V.5). Estas diferenças foram significativas entre tamanhos de

fragmentos, para amostra total (F=19,17, p=0,005) e sub-bosque (F=15,42, p=0,003).

Em ambos os casos, fragmentos grandes diferiram dos médios e pequenos com

diversidades mais altas (p<0,01). A relação entre área dos fragmentos e diversidade foi

confirmada pela análise de regressão, que mostrou um resultado positivo significativo

entre as duas variáveis (r2= 0,401; p=0,04).

Figura V.5. Diversidade de espécies em assembléias de plantas (dossel, sub-bosque e

amostra total) em nove fragmentos de Floresta Atlântica, agrupados por tamanho, em

Pernambuco, Nordeste do Brasil. Barras de erro = erro padrão.

4.3. Abundância e frequência de espécies

Cerca de metade das espécies foram raras, isto é, amostradas em número de até

cinco indivíduos (47%), enquanto a outra metade foi registrada em número de seis até

valores de 1545 indivíduos da espécie Pogonophora schomburgkiana (Euphorbiaceae) e

o máximo de 2038 plantas da espécie Eschweilera ovata (Lecythidaceae), as principais

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

Grande Médio Pequeno

Div

ersi

dade

(H')

Tamanho do fragmento

Dossel

Sub-bosque

Total

83 

 

entre 32 espécies muito abundantes (Tabela V.3). Considerando a amostra total por

fragmento, proporções de espécies raras variaram de uma média de 59,45% em

fragmentos grandes a 52,88% em fragmentos médios (Tabela V.4). Analisando o dossel,

proporções médias mais altas de espécies raras foram encontradas: 72,17% em

fragmentos grandes, e médias similares em torno de 67% em remanescentes médios e

pequenos. No sub-bosque, proporções médias foram 67,87% em grandes, 56,44% em

médios e 59,96% em fragmentos pequenos. Essas proporções de espécies raras não

diferiram entre fragmentos de tamanhos distintos em nenhum dos estratos.

Apenas 7% de todas as espécies foram registradas em nove fragmentos, e 5% em

oito, juntas perfazendo 12% de espécies muito frequentes (Tabela V.3), que

representaram 38 a 87% da densidade total nos nove fragmentos estudados (Figura

V.6). Apesar de uma clara tendência a uma maior densidade de espécies muito

frequentes em fragmentos médios e pequenos, essas diferenças não foram significativas.

Entre as muito frequentes, a maioria foi também muito abundante, destacando-se,

principalmente, espécies das famílias Fabaceae e Myrtaceae. Excetuando-se as espécies

E. ovata e P. schomburgkiana, as mais frequentes e abundantes, cada fragmento teve

uma ou algumas espécies muito abundantes localmente, como Thyrsodium spruceanum

em G1, Tovomita mangle e Anaxagorea dolichocarpa em G3, Pouteria gardneri e

Albizia pedicellaris em M1, Maytenus distichophyla em M2, Myrcia racemosa em M3,

Myrcia guianensis em P1 e Brosimum guianense em P3 (Tabela V.3).

Quase 60% foram registradas em apenas um ou dois fragmentos, sendo

classificadas como infrequentes, entre as quais 120 espécies (40% do total) foram

exclusivas de um fragmento em particular. O número de exclusivas por fragmento

variou bastante, independentemente da área, em valores tão distintos quanto seis

espécies (menos de 1% dos indivíduos) em G1 a 33 espécies em G3 (7% dos

indivíduos) e 23 espécies (10% dos indivíduos) em M2 (Figura V.6). Entre aquelas 120

exclusivas de um fragmento, 90% foram também raras, isto é, amostradas em números

de até cinco indivíduos, restando apenas 12 espécies exclusivas e, ao mesmo tempo,

com densidade > 5 (Tabela V.5), destacando-se espécies das famílias Myrtaceae e

Euphorbiaceae.

84 

Tabela V.3. Espécies muito abundantes (> 100 indivíduos) e/ou muito frequentes (em 8-9 fragmentos), ordenadas pelo valor absoluto de abundância (amostra total), em nove fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Brasil. Em destaque, densidades das muito abundantes localmente (no fragmento). G, fragmentos grandes; M, médio; P, pequeno, conforme descrito na Tabela 1.

Espécie Família Abundância Frequencia G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3 Total

Eschweilera ovata (Cambess.) Miers. Lecythidaceae 243 165 97 331 192 274 205 395 136 2038 Muito frequente Pogonophora schomburgkiana Miers ex Benth. Euphorbiaceae 148 98 78 282 328 382 8 184 37 1545 Muito frequente Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni Sapotaceae 22 48 33 207 62 6 127 2 507 Muito frequente Albizia pedicellaris (DC.) L.Rico Fabaceae-Mim. 4 1 248 23 16 104 11 407 Frequente Maytenus distichophyla Mart. ex Reissek Celastraceae 7 17 20 17 194 96 5 57 8 421 Muito frequente Ouratea castanaeifolia (DC.) Engl. Ochnaceae 4 4 2 168 27 141 1 9 356 Muito frequente Myrcia guianensis (Aubl.) DC. Myrtaceae 31 25 1 62 13 188 7 62 389 Muito frequente Myrcia racemosa (O.Berg) Kiaersk. Myrtaceae 6 9 11 2 15 166 58 14 36 317 Muito frequente Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae 30 29 65 24 14 1 82 42 30 317 Muito frequente Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandwith Annonaceae 152 79 231 Pouco frequente Cupania racemosa (Vell.) Radlk. Sapindaceae 47 30 6 59 29 9 45 14 25 264 Muito frequente Coccoloba mollis Casar. Polygonaceae 30 3 64 66 40 7 7 3 220 Muito frequente Calyptranthes brasiliensis Spreng. Myrtaceae 11 12 10 2 107 63 2 1 208 Muito frequente Thyrsodium spruceanum Benth. Anacardiaceae 111 41 30 35 37 12 32 38 336 Muito frequente Brosimum guianense (Aubl.) Huber Moraceae 11 37 17 3 4 32 4 101 209 Muito frequente Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson Apocynaceae 21 18 10 18 43 19 13 36 20 198 Muito frequente Paypayrola blanchetiana Tul. Violaceae 3 1 17 1 4 134 1 161 Frequente Cupania oblongifolia Mart. Sapindaceae 1 1 6 149 1 158 Pouco frequente Tovomita mangle G. Mariz Clusiaceae 9 121 1 16 7 154 Pouco frequente Myrcia sylvatica (G.Mey.) DC. Myrtaceae 5 4 12 89 13 14 11 148 Frequente Guapira nitida (Schmidt) Lundell Nyctaginaceae 29 7 3 48 20 48 1 9 6 171 Muito frequente Inga thibaudiana DC. Fabaceae-Mim. 25 22 10 29 1 19 25 49 180 Muito frequente

85 

Espécie Família G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3 Total Frequencia

Psychotria carthagenensis Jacq. Rubiaceae 20 49 6 42 53 15 3 6 4 198 Muito frequente Clusia nemorosa G.Mey Clusiaceae 26 14 31 71 12 154 Pouco frequente Eugenia cf. umbelliflora O.Berg Myrtaceae 123 123 Infrequente Eugenia punicifolia (Kunth) DC. Myrtaceae 8 6 25 83 1 1 124 Frequente Scheffera morototoni (Aubl.) Magari , Sleyrm & Frodim Araliaceae 22 15 11 17 6 2 28 13 29 143 Muito frequente Allophylus edulis (A.St.-Hil., A.Juss. & Cambess.) Radlk. Sapindaceae 2 5 24 14 4 8 54 111 Frequente Miconia prasina (Sw.) DC. Melastomataceae 5 2 2 3 12 1 24 33 26 108 Muito frequente Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Burseraceae 27 22 13 17 9 1 14 26 7 136 Muito frequente Casearia javitensis Humb., Bonpl. & Kunth Salicaceae 7 5 19 22 9 6 7 1 14 90 Muito frequente Symphonia globulifera L.f. Clusiaceae 46 14 16 3 40 1 120 Frequente Byrsonima sericea A.DC. Malpighiaceae 15 1 9 9 5 13 16 14 3 85 Muito frequente Cordia superba Cham. Boraginaceae 16 11 5 14 12 18 1 12 7 96 Muito frequente Trichilia lepidota Mart. Meliaceae 7 11 2 9 29 15 10 2 85 Muito frequente Dialium guianense (Aubl.) Sandwith Fabaceae-Caes 7 12 8 9 2 13 30 4 85 Muito frequente Sorocea hilarii Gaudich. Moraceae 5 9 4 3 6 1 26 4 16 74 Muito frequente Plathymenia reticulata Benth. Fabaceae-Mim. 8 3 1 5 14 12 1 12 12 68 Muito frequente Palicourea crocea (Sw.) Roem. & Schult. Rubiaceae 44 2 2 13 6 31 4 102 Frequente Henriettea succosa (Aubl.) DC. Melastomataceae 12 12 13 5 9 1 18 8 78 Muito frequente Psychotria barbiflora DC. Rubiaceae 8 3 11 4 18 12 4 1 61 Muito frequente Bowdichia virgilioides Kunth Fabaceae-Fab 10 6 1 4 6 3 18 3 7 58 Muito frequente Pera ferruginea (Schott) Mull. Arg. Euphorbiaceae 17 4 4 4 9 6 11 3 58 Muito frequente Inga cayannensis Sagot ex Benth. Fabaceae-Mim. 8 2 1 11 3 8 8 1 42 Muito frequente Guapira opposita (Vell.) Reitz Nyctaginaceae 26 6 3 7 7 5 4 2 1 61 Muito frequente Simarouba amara Aubl. Simaroubaceae 1 1 2 1 3 1 7 4 8 28 Muito frequente Cecropia pachystachya Trécul Urticaceae 4 18 6 3 1 1 8 7 48 Muito frequente Ocotea glomerata (Nees) Mez Lauraceae 5 1 2 6 2 1 1 14 32 Muito frequente Andira nitida Mart. ex. Benth. Fabaceae-Fab 2 2 3 6 1 1 5 2 2 24 Muito frequente

86 

 

Tabela V.4. Número (± desvio padrão) e proporção média de espécies por categorias de

abundância em fragmentos florestais estudados na Zona da Mata Norte, Pernambuco,

Nordeste do Brasil. Categorias de

abundância

Amostra

total

Fragmentos

grandes

Fragmentos

médios

Fragmentos

pequenos

N % Média ± DP % Média ± DP % Média ± DP %

Rara (1-5) 143 47,67 77,00 ± 24,5 59,69 53,67 ± 14,8 52,88 51,67 ± 12,5 56,18

Comum (6-100) 125 41,67 47,67 ± 3,0 38,57 41,67 ± 2,3 42,17 36,67 ± 3,5 40,50

Muito abundante (>100) 32 10,67 2,00 ± 1,0 1,73 5,00 ± 2,0 4,95 3,00 ± 1,0 3,33

Figura V.6. Densidade relativa de espécies muito frequentes (registradas em todos os

fragmentos) e de espécies exclusivas em nove fragmentos de Floresta Atlântica em

Pernambuco, Nordeste do Brasil. G = fragmento grande, M = médio e P = pequeno,

conforme descrito na Tabela 1.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

Den

sida

de r

elat

iva

Fragmento

OutrasEspécies exclusivasEspécies muito frequentes

87 

 

Tabela V.5. Espécies exclusivas de um fragmento e registradas com densidades > 5

indivíduos, amostradas em nove fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco,

Nordeste do Brasil.

Espécie Família Abundância G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3 Total

Eugenia cf. umbelliflora O.Berg Myrtaceae 123 123Euphorbiaceae A Euphorbiaceae 47 47Euterpe sp. Arecaceae 17 17Mabea piriri Aubl. Euphorbiaceae 16 16Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Bignoniaceae 16 16Coccoloba sp. Polygonaceae 15 15Solanum asperum Rich. Solanaceae 14 14Eugenia sp.1 Myrtaceae 14 14Miconia hypoleuca (Benth.) Triana Melastomataceae 13 13Inga flagelliformes (Vell.) Mart. Fabaceae-Mim. 7 7Pouteria sp. Sapotaceae 6 6Eugenia sp.2 Myrtaceae 6 6

 

Os mais altos percentuais de espécies infrequentes foram registrados em dois

fragmentos grandes e um médio, o maior percentual alcançando 40% em G3. Houve um

decréscimo nas proporções de espécies infrequentes dos fragmentos grandes (média de

39 ± 22 espécies, 29,7%) para os pequenos (média 17,7 ± 2,61 espécies, 19,5%),

concomitantemente com um aumento no percentual de espécies muito frequentes, de

29,7% (nos grandes) a 39,5% (nos pequenos). Porém, apesar desta tendência observada

(Figura V.7), a distribuição das espécies nas classes de frequência variou tanto entre

fragmentos de tamanhos distintos quanto entre fragmentos de uma mesma classe de

tamanho (p<0,01). Por exemplo, as proporções de espécies infrequentes e pouco

frequentes foram significativamente maiores em G3 entre os fragmentos grandes

(p=0,015), em M2 entre os médios (p=0,02) e em P2 entre os pequenos (p=0,028).

 

88 

 

Figura V.7. Distribuição média de espécies em quatro categorias de frequência em

fragmentos de Floresta Atlântica em Pernambuco, Nordeste do Brasil, agrupados por

tamanho (N=3 fragmentos em cada grupo). Espécies infrequentes (amostradas em 1-2

fragmentos), pouco frequentes (3-5), frequentes (6-7) e muito frequentes (8-9).

 

 

5. Discussão

Nos fragmentos estudados, foi constatado que a área tem influência sobre a

riqueza e diversidade de plantas, principalmente no sub-bosque, fornecendo mais uma

evidência à relação geral de empobrecimento de espécies em fragmentos de tamanho

menor (DEBINSKI; HOLT, 2000; EWERS; DIDHAM, 2006), um padrão previsto na

relação espécie-área (ARRHENIUS, 1921; GLEASON, 1925) e na biogeografia de ilhas

(MACARTHUR; WILSON, 1967). Os mecanismos principais atuando por trás da

influência da área, nesta paisagem onde não se diferenciam graus de isolamento

(RANTA et al., 1998; TRINDADE et al., 2008), seriam o processo de extinção

estocástica local (CONNOR; MCCOY, 1979; CAGNOLO et al., 2006) ou a

heterogeneidade de habitats (WILLIAMS, 1964), como discutido nos Capítulos 2 e 4.

Como a distribuição das parcelas considerou os habitats com a intenção de

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Grande

Médio

Pequeno

InfrequentePouco frequenteFrequenteMuito frequente

89 

 

homogeneizar a amostra nos fragmentos, a área figura como a variável explicativa

principal da diversidade vegetal, o que já foi confirmado em diversas paisagens com

alto grau de fragmentação florestal, como na floresta atlântica brasileira (TABARELLI

et al., 1999), na floresta amazônica (LAURANCE et al., 2002), na floresta tropical em

Gana (HILL; CURRAN, 2003), no Chaco argentino (CAGNOLO et al., 2006) e em

florestas temperadas chilenas (ECHEVERRÍA et al., 2007).

A riqueza global do dossel foi mais alta que o esperado nesta região

biogeográfica da floresta atlântica, ao norte do Rio São Francisco, onde têm sido

reportados valores de riqueza de plantas arbóreas e arbustivas, compilados a partir de

estudos em florestas de terras baixas, de 282 (SIQUEIRA et al., 2001), 427 (SILVA;

TABARELLI, 2000) e 452 espécies (SANTOS et al., 2007a). Principalmente quando se

considera que o inventário foi desenvolvido em fragmentos numa mesma paisagem, as

192 espécies arbóreas aqui encontradas correspondem a um percentual entre 40% e 70%

do número estimado na região. Pontualmente, apesar de uma pequena variação

metodológica, quando é amostrado o dossel (DAP > 5 cm) em área de até 1 ha, o

número de espécies por fragmento nesta região tem variado desde 40-50 espécies em

áreas menores, perturbadas ou urbanas (BARBOSA, 1996; LINS-E-SILVA; RODAL,

2008) até 80-120 espécies em fragmentos maiores ou mais preservados (SIQUEIRA et

al., 2001; ROCHA et al., 2008; SILVA et al., 2008a; SILVA JÚNIOR et al., 2008;

BRANDÃO et al., 2009). Em áreas amostrais maiores, incluindo-se árvores com DAP >

10 cm, há registros de 146 espécies em 3,8 ha (OLIVEIRA, 2007) e 219 espécies em

7,5 ha (SANTOS et al., 2008).

A amostra de sub-bosque trouxe significativo acréscimo à riqueza global,

permitindo inventariar tanto espécies típicas deste estrato, tais como as várias

Myrtaceae, Melastomataceae e Rubiaceae, quanto espécies arbóreas em regeneração, a

exemplo das espécies da família Sapotaceae, importante componente do dossel nessas

florestas (OLIVEIRA et al., 2004; SILVA et al., 2008c). Este incremento na riqueza foi,

da mesma forma, demonstrado por Silva et al. (2008a) e Silva et al. (2008c), revelando

ser o sub-bosque essencial para o entendimento da ecologia e dinâmica de comunidades

fragmentadas ou perturbadas (LINS-E-SILVA; RODAL, 2008).

As assembléias amostradas foram dominadas por espécies de baixa frequência

(60%) e raras (47%). Este padrão é relatado em outras paisagens fragmentadas da

floresta atlântica (METZGER et al., 1997; OCHOA-GAONA et al., 2004; SANTOS et

90 

 

al., 2007b) e parece ser típico de florestas tropicais (MARTINS, 1993), nas quais

espécies regionalmente raras aparecem como exclusivas de uma comunidade

(GUEDES-BRUNI et al., 2009), de um fragmento ou de um tipo de paisagem

(METZGER et al., 1997). Entretanto, a presença de espécies raras e infrequentes em

fragmentos florestais não deve ser interpretada – de imediato – como um sinal de bom

estado de conservação do fragmento ou das espécies (SANTOS et al., 2007b). Isto

porque o tempo de resposta biológica a um evento de fragmentação – o tempo de

latência – cria um retardo entre o evento e a acomodação da comunidade, representando

um débito ecológico, que é um custo ecológico futuro de uma situação presente

(TILMAN et al., 1994). Este processo de acomodação pode ser positivo para algumas

populações com altas taxas de colonização (TILMAN et al., 1994) ou negativo, na

forma de extinções – neste caso as raras possivelmente levam desvantagem (HENLE et

al., 2004), principalmente na regeneração do estrato de dossel, onde as raras são mais

importantes (GUEDES-BRUNI et al., 2009). No grupo das lianas, que normalmente

apresenta alta colonização em ambientes alterados (SCHNITZER; BONGERS, 2002),

não parece estar havendo acomodação em direção a um incremento da abundância em

fragmentos menores. Por outro lado, em pelo menos cinco fragmentos foram registrados

percentuais > 5% de plantas mortas de pé, no dossel e sub-bosque. Estes valores,

considerados altos em relação a outros levantamentos de floresta atlântica na região

(SIQUEIRA et al., 2001), representam um potencial efeito negativo na produção de

sementes, dispersão e regeneração florestal (BENITEZ-MALVIDO, 1998).

A comunidade vegetal estudada, separada em estratos – como dublês da idade –

ressaltou novos aspectos da aplicação da teoria de ilhas às comunidades fragmentadas.

Como fragmentos são remanescentes de áreas contínuas, isolados pela imposição de

uma matriz contrastante (WATSON, 2002), nossos dados confirmaram que amostras de

diferentes idades podem apresentar diferentes respostas à fragmentação e redução da

área, numa mistura de efeitos de curto prazo e débitos de extinção de longo prazo

(EWERS; DIDHAM, 2006). Isto porque árvores mais antigas no dossel já estavam ali

antes da fragmentação e, portanto, não refletem uma resposta a este evento, enquanto o

estrato de regeneração já exibe uma resposta à nova cobertura vegetal remanescente. Há

duas maneiras de se testar esta idéia: confrontando uma comunidade atual com a

paisagem atual e passada (LINDBORG; ERIKSSON, 2004; ERNOULT et al., 2006;

HELM et al., 2006; METZGER et al., 2009), ou confrontando uma paisagem atual com

91 

 

estratos de diferentes idades na comunidade. Metzger (1998) investigou a influência da

paisagem na riqueza de diferentes grupos etários em 11 fragmentos florestais ripários

(Bacia do rio Jacaré-Pepira, São Paulo). Distinguindo “árvores do presente” e “árvores

do futuro”, a partir de relações alométricas em plantas com DAP ≥ 3 cm, o estudo

constatou serem as árvores mais jovens (“do futuro”) mais sensíveis à estrutura atual da

paisagem. Ochoa-Gaona et al. (2004) amostraram dossel e sub-bosque de florestas no

México e encontraram relação apenas entre as métricas da paisagem atual (basicamente

forma e isolamento) e o componente arbustivo e de sub-bosque. Nossos dados, embora

distinguindo estruturas etárias de forma diferente, corroboram esta idéia: houve baixa

taxa de renovação nos fragmentos (percentuais < 50% de similaridade entre estratos), e

houve diferenças significativas na riqueza e diversidade do sub-bosque entre fragmentos

de diferentes tamanhos. Neste estrato, no qual ocorrem regenerantes do dossel e

espécies de ciclo de vida mais curto (OLIVEIRA et al., 2001; OLIVEIRA; AMARAL,

2005; GOMES et al., 2009), a riqueza foi menor nos fragmentos menores, o que não

aconteceu com o estrato de dossel, que muito provavelmente ainda responde à cobertura

vegetal anterior à fragmentação.

Cabe ressaltar que a alta regeneração no sub-bosque, principalmente nos

fragmentos médios, causou o chamado “efeito de densidade” (DENSLOW, 1995),

quando um maior número de indivíduos suporta um maior número de espécies. Este

efeito foi revelado ao aplicarmos rarefação às amostras: sem rarefação, não houve

diferenças na riqueza entre tamanhos de fragmentos; após rarefação, a riqueza se

revelou maior nos fragmentos maiores. Este incremento na riqueza, porém, foi de

espécies cujas abundâncias não influenciaram a diversidade nos fragmentos médios, que

foi significativamente menor que os grandes mesmo sem rarefação das amostras.

Segundo Gotelli e Colwell (2001), a comparação da riqueza com base na área amostral

pode esconder uma “armadilha”, pois, mesmo em áreas semelhantes, diferentes

densidades podem surgir como reflexo de diferentes – e aleatórios – regimes locais de

perturbação, densidade de clareiras ou estágio de sucessão.

92 

 

6. Considerações finais e implicações

Em conjunto, os resultados encontrados descrevem um cenário de alta riqueza e

diversidade numa paisagem altamente fragmentada da Floresta Atlântica. Porém, há

riscos de perda de espécies no futuro, mesmo se mantendo a paisagem atual, a depender

do tempo de acomodação da comunidade (LINDBORG; ERIKSSON, 2004). De fato,

predições baseadas em modelos têm mostrado que a própria redução de área já levou à

extinção uma importante parcela da biodiversidade nesta região da floresta atlântica

(TABARELLI et al., 2004). Algumas implicações para conservação podem ser

delineadas a partir deste cenário. Em primeiro lugar, é preciso considerar que, muito

embora a maior parte da riqueza esteja contida nos maiores fragmentos, fragmentos

pequenos sozinhos contêm mais de 50% da riqueza amostrada. Além disso, há um alto

percentual de espécies raras e de espécies de alta frequência, porém com abundâncias

distintas nos vários fragmentos. Neste contexto, pequenas áreas atuam como

importantes complementos para as grandes áreas, suportando diferentes amostras de

espécies (FISCHER; LINDENMAYER, 2007; RODRIGUES et al., 2009), podendo vir

a garantir o balanço entre recrutamento e mortalidade entre fragmentos (MANNING et

al., 2006). Deve-se considerar, ainda, que outros habitats, além dos aqui amostrados,

estão presentes nos vários fragmentos (capítulo 2), a exemplo dos ambientes ripários.

Considerando a dinâmica própria e alto número de especialistas esperado nesses sítios

(NAIMAN; DÉCAMPS, 1997; MOUW; ALABACK, 2003) é possível que as espécies

ali presentes representem um aumento na riqueza dos fragmentos (capítulo 4).

O valor de fragmentos pequenos para manutenção da diversidade em paisagens

fragmentadas é inegavelmente reconhecido (SANTOS et al., 2007b; RICHART;

HEWITT, 2008; RODRIGUES et al., 2009). O conceito de “pequeno”, porém, é muito

relativo. Qual seria o limiar de tamanho para um fragmento ser considerado pequeno?

Turner e Corlett (1996) afirmaram que nas terras baixas tropicais a floresta tropical está

restrita a fragmentos menores que 400 ha, “pequenos e isolados”. Muito do

conhecimento dos efeitos da fragmentação foi gerado em estudos de fragmentos com

menos de 10 ha, considerados por Zuidema et al. (1996) como inviáveis para várias

populações. Todos os fragmentos aqui estudados, mesmo os localmente grandes,

seriam, assim, pequenos e, portanto, extremamente vulneráveis a fatores externos.

Medidas urgentes são necessárias, portanto, para minimizar futuras perdas de espécies.

93 

 

Como iniciativas de conservação numa paisagem fragmentada, Metzger et al.

(2009) sugerem a manutenção das florestas maduras e aumento da área de florestas e

conectividade, através da restauração florestal. Iniciativas de manutenção das florestas

maduras já estão em prática na região, lideradas pelo setor sucroalcooleiro em parceria

com centros de pesquisa (TABARELLI; RODA, 2005). Faz-se necessário, porém, um

controle mais eficiente da exploração dos recursos madeireiros pelas populações locais,

que tem relevante impacto nas comunidades arbóreas (ALBUQUERQUE et al., 2008;

ALMEIDA et al., 2008). Por outro lado, já foram iniciadas e fazem parte da agenda do

setor práticas de restauração florestal e abandono de áreas de cultura para regeneração

natural, formando “capoeiras” com várias idades, que já apresentam aumento

progressivo na riqueza e diversidade (NASCIMENTO, 2010).

Saunders et al. (1991), ao discorrerem sobre as consequências da fragmentação,

relembraram a questão: “qual a área mínima de um ecossistema para preservar sua

diversidade e composição?”. Embora existam modelos propostos para área mínima, com

base em regimes de perturbação natural (LEROUX et al., 2007), a questão nesta região

da floresta atlântica é: mesmo havendo um efeito de área e uma tendência a perda de

espécies, não é possível abrir mão de pequenos fragmentos. Ao contrário, nossos

resultados sinalizam que todos os fragmentos são importantes como refúgio e banco de

espécies (AERTS et al., 2006), para conservação da diversidade atual nesta paisagem.

94 

VI. CAPÍTULO 4 - Influência da heterogeneidade de

habitats na diversidade e especialização de plantas

em fragmentos de Floresta Atlântica

95 

 

1. Resumo

Neste trabalho, analisou-se a influência da heterogeneidade de habitats e

especialização de plantas sobre a diversidade de seis fragmentos (3 grandes, ≈ 300 ha; 3

pequenos, ≈15 ha) de Floresta Atlântica. Foram obtidas amostras em parcelas de dossel

(10 x 10 m) e sub-bosque (5 x 5 m) por habitat, em uma área amostral total de 3 ha. Em

cada habitat, calculou-se a densidade, área basal (m2), riqueza e diversidade de

Shannon, comparadas através de análise de variância. Como variou o número de

habitats por fragmento (4 a 6), foram estimadas a riqueza e diversidade totais por

fragmentos através de rarefação e bootstrapping, comparadas pelo teste t. Como

medidas de complementaridade, calcularam-se a similaridade de Sørensen e diversidade

β de Whittaker. Para identificar preferência por habitats, foi aplicado o teste do qui-

quadrado e análise de espécies indicadoras (ISA) às espécies com ≥ 30 indivíduos.

Foram amostrados 13808 indivíduos (4389 no dossel, 9419 no sub-bosque),

pertencentes a 308 espécies. A riqueza e diversidade estimadas foram

significativamente maiores em fragmentos grandes, por estrato e na amostra total. Nos

habitats de maior frequência, borda e interior de encosta, apesar da densidade e área

basal terem sido semelhantes, a riqueza foi significativamente inferior nos fragmentos

pequenos. Nos habitats ripários, registraram-se maiores densidade e área basal, e as

mais baixas diversidades, enquanto o interior de tabuleiro teve a maior riqueza e

diversidade entre todas as áreas. A similaridade média por fragmento (amostra total)

variou de 0,44 e 0,62 e a diversidade βW, de 1,80 a 2,55, sendo maior no sub-bosque,

com complementaridade significativamente maior nos fragmentos grandes. Entre

habitats, a similaridade foi mais baixa entre habitats semelhantes em diferentes

fragmentos do que entre habitats distintos em um mesmo fragmento, tanto na amostra

total, quanto nos estratos. Entre as espécies, 86 foram testadas quanto à preferência por

habitat, resultando em 57 com associação por um a três ambientes e 49 espécies

indicadoras (39 em comum). A maioria teve especialização por habitats ripários

permanentes e temporários. Os resultados sugerem, nesses fragmentos, a atuação de três

processos estruturadores de comunidades fragmentadas: o efeito da área na riqueza, da

heterogeneidade de habitats na diversidade beta, e da limitação de dispersão na

complementaridade entre fragmentos. Conclui-se, assim, que a diversidade só será

preservada com base na manutenção de todos os fragmentos e da soma de porções de

seus habitats.

96 

 

2. Introdução

A crescente fragmentação de áreas naturais tem levado importantes ecossistemas

continentais a existirem sob a forma de fragmentos, com consequente perda de espécies

(HENLE et al., 2004; LINDENMAYER; FISCHER, 2006; FISCHER;

LINDENMAYER, 2007). São notadamente marcantes as modificações na paisagem em

regiões tropicais (LAURANCE, 1999b; WRIGHT; MULLER-LANDAU, 2006),

principalmente na floresta atlântica brasileira, onde os remanescentes são, na maioria,

pequenos e isolados (RIBEIRO et al., 2009). Quando se quer investigar a diversidade

remanescente nessas manchas - questão-chave em qualquer iniciativa de conservação de

comunidades (GROVES et al., 2002; METZGER, 2006) - normalmente se abordam os

efeitos inerentes à condição de fragmentação antropogênica: o de área e o de borda

(LAURANCE et al., 2007). O primeiro, guiado pela teoria da biogeografia de ilhas

(MACARTHUR; WILSON, 1967), prediz que fragmentos menores têm menos

espécies; o segundo prevê uma condição alterada nos novos limites do ecossistema que

estão em contato com o entorno distinto (LAURANCE et al., 2001; RIES et al., 2004).

Outro efeito, mais timidamente investigado (KADMON; ALLOUCHE, 2007), pode ser

ainda somado ao entendimento de comunidades fragmentadas: o da heterogeneidade

interna nos remanescentes.

A variação espacial nas condições e recursos presentes em uma área causa

heterogeneidade. Em estudos de ecologia, a integração entre heterogeneidade e

diversidade biológica teve forte expansão a partir da década de 1960, erguidas sobre a

base sólida de um dos principais paradigmas da ecologia básica e aplicada

(MITCHELL, 2005): o conceito de habitat. Definido como um conjunto de dimensões

do mundo físico, cujos valores variam no espaço e no tempo (KOLASA; WALTHO,

1998), no habitat se produzem as condições de ocupação, sobrevivência e reprodução

por uma espécie (HALL et al., 1997) ou para toda uma comunidade que partilha

condições homogêneas do ambiente (WHITTAKER et al., 1973; KOLASA; WALTHO,

1998; PETREN, 2001). Williams (1964) foi pioneiro ao propor que a correlação entre

área e riqueza específica pode ser explicada pela heterogeneidade de habitats, e, por este

motivo, é considerado o criador da “Hipótese da Diversidade de Habitats”. Se os

habitats são distribuídos de forma heterogênea no espaço, e porque diferentes espécies

necessitam de diferentes habitats, quanto mais habitats, mais espécies (TURNER;

97 

 

TJØRVE, 2005). Por esta hipótese, com o aumento da área, o número de espécies

aumenta apenas se mais habitats forem amostrados (RICKLEFS; LOVETTE, 1999).

As plantas, mesmo sendo indivíduos sésseis, também respondem à variação

espacial dos recursos através de diversos mecanismos (WRIGHT, 2002). A

especialização por habitat em plantas ocorre quando diferentes espécies são mais

adaptadas a diferentes ambientes, nos quais são relativamente mais abundantes,

consistindo numa manifestação da diferenciação por nichos de recursos (HARMS et al.,

2001). Segundo Bazzaz (1991), os mecanismos que explicam a preferência de espécies

vegetais por habitats são passivos, sendo a seleção, escolha e especialização de habitat

primeiramente desempenhada pelo próprio habitat e em seguida fixada pelas plantas

através de seleção natural.

Como resultado de processos complexos da dinâmica das espécies, o padrão de

distribuição de plantas numa comunidade pode ser usado para inferir preferência ou

especialização por habitats (HARMS, 1997). Nos estudos pioneiros de R. Whittaker em

gradientes ambientais (WHITTAKER; NIERING, 1965; WHITTAKER, 1967), a

representação das distribuições das populações revelou tendências à formação de

assembléias de espécies com preferências por alguma zona do gradiente, composto por

poucas dimensões em um sistema de coordenadas (WHITTAKER et al., 1973). A

análise de gradientes levou à formulação de descritores de diversidade que capturassem

a relação entre heterogeneidade e diversidade a partir de parâmetros da própria

assembléia (WHITTAKER, 1972): a diversidade alfa, tomada em um habitat, e a

diversidade beta, medida como a desigualdade ou a taxa de substituição entre dois

habitats (WHITTAKER, 1972; CONDIT et al., 2002; HALVORSEN; EDVARDSEN,

2009).

A distribuição não aleatória de espécies com relação a gradientes ambientais tem

sido documentada em várias escalas e em várias comunidades vegetais, demonstrando

que os mecanismos subjacentes à teoria de habitats de fato operam em comunidades

vegetais (WRIGHT, 2002) e são uma explicação plausível para manutenção da

diversidade (COMITA et al., 2007). Em seis grandes áreas de florestas tropicais, Condit

et al. (2000) demonstraram que a distribuição de indivíduos de populações de plantas

lenhosas raramente é aleatória, e que tanto indivíduos jovens quanto grandes árvores

ocorrem em padrões agregados correspondentes às variações de habitats. Ao revisar 52

estudos que compararam a diversidade vegetal e tiveram a heterogeneidade espacial

98 

 

medida em pelo menos duas áreas, Lundholm (2009) confirmou que a maioria mostrou

relação positiva entre heterogeneidade de habitats e riqueza ou diversidade vegetal,

apesar da grande variabilidade de escala nos estudos, e que as principais dimensões

utilizadas para descrição de habitats para plantas são variáveis de relevo e substrato.

Entre esses, a topografia é considerada o fator abiótico mais importante causando

variação espacial e influenciando a estrutura e diversidade de comunidades

(OLIVEIRA-FILHO et al., 1994b; JOHNSON et al., 2003).

Em florestas tropicais e subtropicais, há fortes evidências que as plantas

lenhosas respondem às diferenças de nicho associadas à topografia (WRIGHT, 2002;

HOFER et al., 2008), para um percentual de pelo menos um terço das espécies

(HUBBELL; FOSTER, 1983; CLARK et al., 1999; HARMS et al., 2001; KUBOTA et

al., 2004; VALENCIA et al., 2004). A disponibilidade hídrica é também uma dimensão

amplamente considerada e para a qual as espécies demonstram seletividade espacial

(OLIVEIRA-FILHO et al., 1994a; 1994b; 1994c; BOTREL et al., 2002; DRUCKER et

al., 2008; KESSLER; LEHNERT, 2009; SFENTHOURAKIS; TRIANTIS, 2009) ou

temporal (BROSE, 2001). Recentemente, variáveis de habitat relacionadas a

perturbações têm sido escolhidas (PEREIRA et al., 2007; SANTOS et al., 2008), o que

é uma tendência natural em ecossistemas fragmentados, nos quais proporções de

habitats perturbados têm aumentado, principalmente sob influência da bordas

(LAURANCE, 2000; TABARELLI et al., 2008). Nesses habitats, alterações

microclimáticas atuam sobre os processos de dinâmica da comunidade (HARPER et al.,

2005; LOPES et al., 2009), levando à formação de uma assembléia distinta, geralmente

por efeito deletério na diversidade (RIES et al., 2004).

A fragmentação é um processo antropogênico e, portanto, não aleatório

(SEABLOOM et al., 2002), de forma que os fragmentos de áreas naturais são, com

frequência, uma amostra tendenciosamente mais representativa de áreas com menor

potencial de uso econômico, tais como encostas íngremes ou áreas inundadas

(TABARELLI et al., 2004; LAURANCE, 2008). Esta seleção determinística pode fazer

com que, numa mesma paisagem, fragmentos com diferentes tamanhos comportem

diferentes números e tipos de habitats. A análise da influência desta heterogeneidade na

estrutura e especialização de plantas em comunidades vegetais fragmentadas foi o

objetivo deste estudo. Para tanto, foram avaliados seis fragmentos na floresta atlântica

do Nordeste do Brasil, nos quais se estratificou a amostra, considerando os habitats

99 

 

existentes, avaliando-se o dossel e o sub-bosque. Foram metas específicas: descrever a

estrutura das assembléias por habitat e por fragmento, distinguir a influência da

heterogeneidade de habitats da influência da área do fragmento, e identificar se as

espécies encontradas apresentam especialização por habitats.

3. Material e métodos

 

3.1. Área de Estudo

 

O estudo foi conduzido em seis remanescentes de Floresta Atlântica localizados

na Zona da Mata Norte do Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, em terras de

propriedade da Usina São José/ Grupo Cavalcanti Petribú - USJ (Tabela VI.1). Para

descrição da geologia, relevo, clima e histórico da área, ver item “Área de Estudo”, pp.

6-11. A vegetação primária na área é Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas,

atualmente muito reduzida e fragmentada. Na propriedade USJ, há 106 fragmentos

florestais, dos quais seis foram escolhidos para estudo, com base no seu tamanho, sendo

três grandes e três pequenos (Tabela VI.1), todos com bom estado de conservação e

tempo de isolamento semelhante, de pelo menos 25 anos.

3.2. Desenho amostral

 

As assembléias de plantas foram amostradas em dois diferentes estratos: dossel

(plantas lenhosas com circunferência à altura do peito - CAP ≥ 15 cm) e sub-bosque

(plantas lenhosas com circunferência ao nível do solo ≥ 1 cm a CAP < 15 cm).

Procedimentos de amostragem e marcação dos indivíduos em cada estrato, coleta e

identificação botânica estão descritos “Área de Estudo/ Metodologia Geral”, p. 11.

Em cada fragmento, os habitats existentes foram identificados e quantificados e

foi calculada a diversidade de habitats (Tabela VI.1) através do índice de diversidade de

Simpson recíproco – 1/D (SIMPSON, 1949), seguindo metodologia descrita no

Capítulo 2. Em todos os habitats determinados, dez parcelas de 0,01 ha (10 x 10 m)

foram instaladas para amostragem do dossel, sistematicamente localizadas com auxílio

de GPS na área mais central possível do habitat, formando módulos de 20 x 50m. Uma

parcela menor para amostragem de sub-bosque (5 x 5 m) foi instalada em cada uma das

100 

 

parcelas de dossel. A distância entre habitats nos fragmentos foi calculada a partir do

centro da área instalação das parcelas (Tabela VI.1).

3.3. Análise de dados

 

O banco de dados foi preparado, armazenado e manejado no programa Mata

Nativa 2.0 (SOUZA et al., 2006). Em cada fragmento, foram calculados os seguintes

atributos descritivos da assembléia de plantas, por parcela e por habitat: densidade, área

basal (m2), riqueza (número de espécies) e diversidade α (referente a uma série de

unidades amostrais em um mesmo habitat, sensu Whittaker 1972), calculada através do

índice de Shannon (MAGURRAN, 2004). Em cada situação, foram gerados valores

para amostra total (dossel + sub-bosque) e separadamente por estrato.

Os valores de atributos obtidos foram comparados entre fragmentos ou entre

habitats. Para comparações entre grupos de fragmentos (1 fragmento = 1 amostra),

utilizou-se teste t para amostras independentes e, para comparações entre habitats (1

parcela = 1 amostra), utilizou-se o teste não paramétrico de análise de variância

Kruskal–Wallis, no programa BioEstat 5.0 (AYRES et al., 2007). Em cada fragmento, a

similaridade florística entre habitats foi calculada através do coeficiente de similaridade

de Sørensen (1948), SS. O mesmo coeficiente foi aplicado para calcular similaridade

entre habitats semelhantes em diferentes fragmentos. A riqueza total de cada habitat,

somando-se as amostras nos vários fragmentos, também foi obtida e correlacionada ao

número de fragmentos em que o habitat ocorreu, através do coeficiente de correlação

linear de Pearson.

Devido à variação no número de habitats, a quantidade de parcelas variou entre

fragmentos (Tabela VI.1). Por este motivo, para permitir comparação da riqueza e

diversidade, foi obtida uma curva suavizada de amostragem de espécies para amostra

total de cada fragmento, elaborada através de 100 re-amostragens aleatórias de todas as

parcelas e indivíduos no fragmento, sem substituição, obtendo-se médias para cada

ponto na curva, sendo que cada indivíduo ou amostra teve a mesma probabilidade de ser

incluído na média de riqueza em qualquer ponto da curva (GOTELLI; COLWELL,

2001). Por este procedimento, anula-se o efeito da ordem da amostragem (COLWELL;

CODDINGTON, 1994), permitindo a comparação entre amostras por interpolação, ou

seja, no ponto em que se assemelham no eixo x, como por exemplo, comparando-se

101 

 

todos os fragmentos pelo menor número de parcelas ou indivíduos amostrados.

Também foi utilizado o método não-paramétrico “bootstrapping” (SMITH; VAN

BELLE, 1984) para obter estimativas da riqueza comparáveis entre fragmentos, a partir

de sub-amostras retiradas por 100 vezes, aleatoriamente, da amostra total de cada

fragmento, com substituição, ou seja, cada indivíduo pode aparecer mais de uma vez

numa mesma sub-amostra. As duas estimativas de riqueza foram obtidas no programa

EstimateS 7.5.2 (COLWELL, 2006). Os valores observados (todos os indivíduos

amostrados) e obtidos por rarefação ou bootstrapping para cada fragmento foram

comparados entre si através de teste G (AYRES et al., 2007).

Visando ao entendimento da contribuição dos vários habitats à diversidade

vegetal nos fragmentos, para cada fragmento foram calculados dois índices: a

similaridade média e a diversidade beta (βW). A similaridade média (SSM) foi obtida a

partir da média do índice de similaridade de Sørensen obtido para pares de habitats no

fragmento (VELLEND, 2001). A diversidade βW (WHITTAKER, 1972), que mede a

taxa de substituição de espécies entre áreas, sendo maior quanto menor for a

similaridade entre habitats, foi calculada através da fórmula:

βW = SC/αM

sendo SC a riqueza total combinada registrada no fragmento e αM a média da riqueza por

habitat no fragmento.

Para identificar preferência por habitats entre as espécies, foi aplicado o teste do

qui-quadrado (partição) e análise de espécies indicadoras (ISA). O uso do qui-quadrado

para análise de associações por habitats (HUBBELL; FOSTER, 1983) é visto com

alguma reserva (HARMS et al., 2001; ZANNE; CHAPMAN, 2005), pois o teste

assume independência entre amostras (parcelas ou indivíduos), premissa

frequentemente violada em comunidades vegetais devido aos padrões de dispersão e

recrutamento. Entretanto, nas nossas análises, a distribuição das espécies foi avaliada

por habitats, e as amostras por habitat foram suficientemente afastadas daquelas nos

habitats vizinhos, diminuindo uma possível autocorrelação entre amostras. No teste,

comparou-se a densidade observada para cada espécie em cada um dos habitats

(amostra total) à proporção esperada, obtida com base na área amostral, através da

multiplicação da densidade total da espécie pela proporção da área amostrada naquele

habitat em relação ao total (NP/300), onde NP é o número de parcelas no habitat em

questão e 300 o número total de parcelas amostradas. Como a proporção esperada em

102 

 

cada habitat não pode ser menor que 1 (SIEGEL, 1975), a densidade mínima para

aplicação do teste foi obtida através da multiplicação de 1 por 0,033 (10 parcelas/ 300

parcelas), obtendo-se valor de 30 indivíduos. O número de habitats variou para cada

espécie, pois foram excluídos aqueles no qual a espécie não ocorreu (habitats não úteis

para a espécie). Assim, os grau de liberdade foram ajustados caso a caso, variando entre

1 (dois habitats disponíveis) e 7 (oito habitats disponíveis), como aplicado por Harms

(1997) e Harms et al. (2001). Havendo diferenças significativas para a distribuição das

espécies, complementava-se o teste com a análise de resíduos do qui-quadrado, para

verificação da significância de cada associação (AYRES et al., 2007).

A análise de espécies indicadoras (ISA) foi aplicada utilizando-se o programa

PC-ORD 4.0 (MCCUNE; MELFORD, 1999), a partir de uma matriz quantitativa com

todas as parcelas em todos os habitats, incluindo as espécies com pelo menos 30

indivíduos, para permitir comparações com o teste do qui-quadrado. Na análise, valores

indicadores (INDVAL) foram calculados para cada espécie, combinando a abundância

relativa da espécie e frequência nos habitats, após 1000 permutações (Monte Carlo) para

testar a significância da distribuição da espécie comparada a uma distribuição aleatória

(DUFRÊNE; LEGENDRE, 1997). Espécies com associação e/ ou indicadoras de habitat

foram analisadas quanto à sua posição na assembléia nos diferentes fragmentos, a partir

do seu valor de importância, obtido por meio da soma dos atributos relativos de

densidade, dominância e frequência da espécie em cada habitat.

Tabela VI.1. Características dos seis fragmentos florestais estudados na Região Norte

do Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. N, número; DH, diversidade de habitats

(índice de Simpson recíproco); distância entre, distância aos outros cinco fragmentos

estudados; distância intra, distância entre habitats no fragmento (média ± IC). Nome Área

(ha) Código área

N habitats

N parcelas

DH Código DH

Distância média entre (km)

Distância média intra (m)

Zambana 387,85 G1 6 60 3.03

A1 7,28 ± 2,51

736,86 ± 356

Macacos 356,92 G2 5 50 2.57

B1 4,63 ± 1,70

428,00 ± 283

Piedade 305,78 G3 6 60 3.08

A2 6,63 ± 2,77 696,38 ± 299

Pezinho 29,89 P1 5 50 2.57

B2 6,30 ± 2,34

119,60 ± 79

Vespas 13,80 P2 4 40 2.41

B3 5,45 ± 1,12

95,00 ± 51

Sta Helena

11,85 P3 4 40 2.69 A3 6,03 ± 2,02 125,00 ± 108

103 

 

4. Resultados

4.1. Heterogeneidade de habitats nos fragmentos

O número de habitats por fragmento variou de 4 a 6, de forma que o estudo

envolveu 30 áreas nos seis fragmentos, perfazendo uma amostra total de 3 ha para

dossel e 0,75 ha para sub-bosque. Os distintos percentuais de cobertura de cada habitat

(Figura VI.1) geraram índices de diversidade de habitats (DH) entre 2,41 e 3,08. Para

permitir comparações, os fragmentos foram classificados com base no tamanho

(pequenos versus grandes) e na DH (maior DH versus menor DH), utilizando-se o valor

de 2,60 para separar fragmentos de alta ou baixa DH (Tabela VI.1). Agrupando-se

quanto ao tamanho, os pequenos fragmentos apresentaram média de DH inferior, mas

não significativamente diferente dos grandes (t=1,84; p=0,06). Quanto à DH, um

fragmento pequeno (P3) teve alta DH, enquanto um grande (G2) teve baixa DH,

gerando grupos distintos daqueles formados por tamanho.

Borda e interior, ambos de encosta, foram os dois únicos habitats presentes em

todos os fragmentos estudados, com percentuais de cobertura bem distintos em

fragmentos pequenos e grandes (Figura VI.1). Os demais habitats ocuparam de 12,5%

(P2) a 33% (G1) da área dos fragmentos. Habitats ripários ocorreram em todos os

fragmentos, ocupando entre 11 e 27% das áreas, sendo que ripários permanentes

ocorreram em cinco e temporários, em quatro. Ambientes de tabuleiro estiveram

restritos aos fragmentos grandes, ocupando 6% de G1 e 15% de G3.

4.2. Assembléias de plantas nos fragmentos e habitats

No total, foram amostrados 13808 indivíduos, 4389 no dossel e 9419 no sub-

bosque, pertencentes a 308 espécies/ morfoespécies em 58 famílias botânicas. A

densidade de indivíduos por fragmento variou amplamente, de forma sincrônica com o

número de habitats amostrados (Figura VI.2). A amostra de dossel, para os seis

fragmentos, forneceu uma lista de 206 espécies, enquanto a amostra de sub-bosque

acrescentou mais 102 espécies à lista total, além das 163 espécies em comum com o

dossel (53% do total). Considerando a amostra total, 28% das espécies ocorreram com

um ou dois indivíduos e 46% foram amostradas em número maior que 10 plantas. Por

104 

 

estrato, 38% (78) das espécies no dossel e 45% (120) no sub-bosque tiveram densidade

≥ 10.

Figura VI.1. Distribuição percentual dos habitats ocorrentes em seis fragmentos de

Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil. Linha pontilhada e valores referem-

se à diversidade de habitats correspondente (DH, índice de Simpson 1/D).

A riqueza e diversidade da amostra total por fragmento, considerando todos os

habitats e parcelas, atingiram valores máximos de 213 espécies e H’ de 4,31 em G3, e

valores mínimos de 91 espécies em P3 e H’ de 3,2 em P2 (Tabela VI.2). A riqueza e

diversidade obtidas por reamostragem para um número de 40 parcelas em cada

fragmento e para uma amostra de 500, 1000 e 1500 indivíduos para dossel, sub-bosque

e amostra total, respectivamente, revelaram os valores estimados dispostos na Tabela

VI.2. Não foram observadas diferenças significativas entre os valores observados e os

estimados, ajustados quanto ao tamanho da amostra, nem para amostra total nem por

estrato. A comparação dos valores estimados entre fragmentos, porém, mostrou haver

diferenças significativas (p<0,05) para pelo menos quatro dos seis atributos estimados

na amostra total e no sub-bosque, sempre menores nos fragmentos pequenos. A análise

por grupo de DH, por outro lado, não mostrou diferenças entre as assembléias de

plantas. De fato, fragmentos com tamanhos diferentes e número de habitats e DH

semelhantes (G2 e P1) tiveram riqueza e diversidade totais bem maiores no fragmento

grande, tanto na amostra total, quanto nos estratos (Tabela VI.2).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

G1 G2 G3 P1 P2 P3

Borda ripária temporária

Borda tabuleiro

Interior tabuleiro

Borda ripária permanente

Interior ripário

Interior ripário temporário

Borda de encosta

Interior de encosta

3.03

2.57

3.08

2.57

2.41

2.69

105 

 

Nos habitats de encosta, borda e interior, a densidade de indivíduos na amostra

total e nos estratos foi semelhante entre os seis fragmentos, sem diferenças entre

grandes e pequenos, variando, no total, de 300 a 550 plantas na borda e de 370 a 542 no

interior de encosta. Apenas dois fragmentos tiveram densidades mais altas, destacando-

se dos demais (p<0,05), no dossel (G1) e no sub-bosque (P1). A média de árvores no

dossel, considerando os seis fragmentos, foi de 153,7 ± 38 na borda de encosta e 165,7

± 36 no interior de encosta. No sub-bosque, a média nesses habitats foi de 249 ± 85 e

286 ± 55 na borda e interior de encosta, respectivamente. A área basal da amostra total

nos ambientes de encosta variou de 2,05 (P1) a 3,06 m2 (G2) na borda e de 1,97 (G2) a

2,96 m2 (G3) no interior, sem diferenças entre fragmentos pequenos e grandes.

Embora as amostras de indivíduos tenham sido semelhantes, a riqueza e

diversidade registradas nos ambientes de encosta foram significativamente inferiores

nos fragmentos pequenos, para amostra total, mas não diferiram quanto aos grupos de

DH. Na borda de encosta, a riqueza variou de 73 ± 11,9 nos fragmentos grandes a 50,3

± 3,2 nos pequenos (t = 3,22; p = 0,016), enquanto no interior de encosta, variou de 80,7

± 13 a 54,3 ± 2,3 (t = 3,44; p = 0,013). Essas diferenças foram confirmadas no dossel e

no sub-bosque, nos dois habitats (p < 0,05), quanto à riqueza, e no sub-bosque, quanto à

diversidade (Figura VI.3a).

Figura VI.2. Densidade de indivíduos de dossel, sub-bosque e amostra total registrados em seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil, com indicação do número de habitats amostrados em cada (linha pontilhada), definindo a ordem dos fragmentos no eixo x. G, fragmentos grandes e P, fragmentos pequenos, conforme descrito na Tabela 1.

0

1

2

3

4

5

6

7

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

G1 G3 G2 P1 P2 P3

Núm

ero de

 habitats

Den

sida

de

Árvores

Sub-bosque

Total

Número de Habitats

106 

 

Nos ambientes ripários permanentes, foram registrados altos valores de

densidade e área basal para amostra total, tanto em ambientes de borda quanto de

interior (Figura VI.3b). No dossel, a densidade registrada nos ambientes ripários foi

inferior nos fragmentos pequenos (p = 0,01). No sub-bosque, estas diferenças não foram

observadas, tendo-se registrado densidades tão distintas quanto 679 indivíduos no

interior ripário de P2 e 271 em habitat semelhante em G3. Diferenças em área basal com

relação ao tamanho dos fragmentos também não ocorreram. Os valores de diversidade

foram mais baixos em ambientes ripários permanentes que nos demais habitats, com H'

geralmente inferior a 3,0 nos vários fragmentos, independentemente do tamanho, tanto

na amostra total, quanto por estrato. Nos ambientes ripários temporários (Figura VI.3c),

os atributos vegetais foram mais semelhantes aos ambientes de encosta do que aos

ripários permanentes, sem diferenças entre tamanhos de fragmentos.

As duas únicas áreas de interior sobre tabuleiros existentes nos fragmentos

tiveram alta densidade na amostra total (> 520 indivíduos), pela grande contribuição do

sub-bosque, com mais de 400 indivíduos na amostra em cada área, significativamente

maior em G3 (p<0,05). Nesse habitat, registrou-se o mais alto valor de riqueza e

diversidade entre todas as áreas, no fragmento G3, onde habitats de tabuleiro atingem a

maior proporção entre os fragmentos estudados: 119 espécies, sendo 55 no dossel e 102

no sub-bosque, e H' = 3,91.

4.3. Similaridade entre fragmentos e habitats

 

Valores de similaridade média (SSM) obtidos por fragmento variaram entre 0,44

e 0,62 para amostra total, entre 0,35 a 0,55 para amostra de sub-bosque e de 0,33 a 0,49

no dossel (Figura VI.4a). Claramente, fragmentos menores, nos quais os habitats são

mais próximos (Tabela VI.1), tiveram maior SSM entre habitats, o que foi confirmado

pela análise entre grupos de tamanho, tanto na amostra total (t = 2,70; p = 0,02) quanto

no sub-bosque (p = 0,01), não se registrando diferenças entre grupos de DH.

107 

 

Tabela VI.2. Riqueza e diversidade de espécies observados e estimados em seis

fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil, para amostra total,

dossel e sub-bosque. G, fragmentos grandes; P, fragmentos pequenos; S, número de

espécies; H', diversidade de Shannon; estimativas obtidas por (a) rarefação (±1 desvio

padrão) e (b) bootstrapping.

TOTAL Observado Estimado: 40 parcelas Estimado: 1500 indivíduos

S H' S (a)* H' (a) S (b)* S (a) H' (a)* S (b)*G1 124 3,87 112(4,7) 3,83(0,04) 114,7(5,0) 106(4,7) 3,81(0,05) 110,5(4,9)G2 157 3,79 147(5,6) 3,88(0,03) 144,3(6,7) 141(5,5) 3,86(0,04) 140(7,7)G3 213 4,31 191(5,09) 4,38(0,04) 192,5(8,2) 177(5,1) 4,34(0,05) 183,7(9,5)P1 105 3,59 98(5,6) 3,62(0,03) 95,7(4,7) 92(5,4) 3,6(0,04) 92,3(5,1)P2 121 3,2 121(7,4) 3,36(0,01) 112,2(5,7) 109(6,8) 3,34(0,04) 106,7(6,3)P3 91 3,56 91(3,7) 3,64(0,01) 87,2(4,1) 89(3,6) 3,64(0,01) 86,7(4,5)

DOSSEL Observado Estimado: 40 parcelas Estimado: 1500 indivíduos

S H' S (a) H' (a) S (b)* S (a) H' (a) S (b)G1 83 3,4 74(3,03) 3,36(0,04) 75(4,8) 63(3,3) 3,31(0,06) 67(5,3)G2 97 3,66 89(5,02) 3,63(0,07) 86(6,4) 83(4,8) 3,6(0,09) 83(7,4)G3 132 4,21 115(4,8) 4,14(0,05) 115(7,1) 109(4,7) 4,11(0,06) 111(7,7)P1 55 3,22 52(3,3) 3,21(0,04) 50(3,4) 52(3,4) 3,21(0,04) 51(3,3)P2 80 3,41 80(6,1) 3,41(0,01) 73,4(5,8) 78(5,9) 3,4(0,02) 72,7(5,9)P3 61 3,37 61(4,3) 3,37(0,01) 57,6(3,5) 61(4,3) 3,37(0,01) 57,6(3,5)

SUB BOSQUE

Observado Estimado: 40 parcelas Estimado: 1500 indivíduos S H' S (a)* H' (a)* S (b) S (a)* H' (a)* S (b)*

G1 106 3,82 94,8(4,0) 3,78(0,05) 95,8(5,5) 91(4,02) 3,76(0,07) 93,5(6,2)G2 133 3,68 122,7(6,11) 3,65(0,04) 119,7(6,8) 116(5,9) 3,62(0,06) 115(7,9)G3 185 4,22 163(5,35) 4,16(0,05) 165,1(10,6) 146(5,2) 4,11(0,07) 152(11,4)P1 94 3,54 80(4,5) 3,5(0,03) 86,4(4,2) 88(4,4) 3,47(0,06) 81,4(4,7)P2 86 3,1 86(4,8) 3,1(0,02) 81,2(5,2) 76(4,4) 3,07(0,07) 75,5(6,5)P3 74 3,47 74(2,81) 3,47(0,01) 72,2(3,7) 74(2,8) 3,47(0,02) 71,6(3,8)* Diferenças significativas a 5% de probabilidade, entre fragmentos grandes e pequenos

108 

 

a)

Borda

Interior

b)

Borda

Interior

c)

Interior

Figura VI.3. Densidade de indivíduos na amostra de dossel e sub-bosque (colunas) e

riqueza total (triângulos) nos cinco habitats mais frequentes em seis fragmentos de

Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil. a) encosta, b) ripário permanente, c)

ripário temporário. G – fragmento grande, P – fragmento pequeno (conforme Tabela 1).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

G1 G2 G3 P1 P2 P30

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

G1 G2 G3 P1 P2 P3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

G1 G2 G3 P1 P2 P30

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

G1 G2 G3 P1 P2 P3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

G1 G2 G3 P1 P2 P3

Sub-bosque

Dossel

Riqueza

109 

 

A diversidade βW calculada por fragmento, para amostra total, variou de 1,80 no

menor fragmento (P3) a 2,55 em G3 (Figura VI.4b). Entre grupos de tamanho, βW da

amostra total foi significativamente maior em fragmentos maiores (t = 3,40; p = 0,01),

não havendo diferenças entre grupos de DH. De fato, o maior e o menor valor de βW

ocorreram em fragmentos com alto DH. Diferenças entre fragmentos pequenos e

grandes mantiveram-se ao serem analisados os valores de βW obtidos de amostras de

dossel (p = 0,01) e sub-bosque (p < 0,01).

Entre os habitats, seis ocorreram em pelo menos dois fragmentos, permitindo

calcular a similaridade entre eles, através da SSM. Esta análise revelou valores de

similaridade mais baixos entre habitats semelhantes em diferentes fragmentos do que

entre habitats distintos em um mesmo fragmento, tanto na amostra total, quanto nos

estratos (p < 0,05). Habitats de interior ripário temporário (N = 4) foram os mais

semelhantes entre si, com mais de 50% de similaridade, seguidos por habitats de borda

e interior de encosta (Figura VI.5). Menores valores de similaridade foram registrados

entre habitats ripários permanentes (N = 5). Entre fragmentos, considerando todas as

parcelas amostradas, a similaridade florística variou entre 0,47 e 0,65 para amostra total,

entre 0,4 e 0,66 para dossel e 0,46 e 0,64 no sub-bosque. Quando se consideraram

apenas as amostras obtidas nos habitats de maior frequência, borda e interior de encosta,

a similaridade entre fragmentos manteve as mesmas proporções, entre 0,42 e 0,66.

Menores similaridades foram registradas entre o fragmento G3 (de maior riqueza) e P1

ou P3 (de menores riquezas).

Analisando por fragmento, registraram-se percentuais de 33 a 49% das espécies

exclusivas em um habitat, e baixas proporções de espécies comuns a todos os habitats

(de 3,7 a 8% nos fragmentos grandes e de 14 a 24% nos pequenos). Analisando-se por

habitat, houve uma forte correlação (r=0,871) entre o número total de espécies no

habitat, somando todas as suas amostras, e o número de fragmentos em que esse habitat

ocorreu (Figura VI.6), demonstrando a contribuição dos vários fragmentos à riqueza

total em cada habitat. De fato, nos cinco habitats que ocorreram em pelo menos quatro

fragmentos, entre 42 e 57% das espécies foram registradas em apenas um fragmento.

110 

 

a)

b)

Figura VI.4. Índices de diversidade β calculados para seis fragmentos de Floresta

Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil, para amostra total, dossel e sub-bosque. a)

SS – similaridade de Sørensen média; b) βW – Diversidade β de Whittaker; G –

fragmento grande, P – fragmento pequeno, conforme descrito na Tabela 1; barras de

erro = ± 1 erro padrão.

4.4. Associações entre espécies e habitats

Apenas duas espécies ocorreram em todos os fragmentos e habitats, Eschweilera

ovata (Lecythidaceae) e Tapirira guianensis (Anacardiaceae). Entre as demais, 86

espécies com número maior que 30 indivíduos foram testadas quanto à preferência por

habitat. Para este número de espécies, com oito possibilidades de associação de habitat

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

G1 G2 G3 P1 P2 P3

Søre

nsen

méd

io

Amostra total

Dossel

Sub-bosque

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

G1 G2 G3 P1 P2 P3

Div

ersi

dade

β d

e W

hitta

ker

Amostra total

Dossel

Sub-bosque

111 

 

para cada, havia 688 associações possíveis. Dessas, foram registradas 186 (27%)

associações positivas ou negativas, em 60 espécies. Excluindo-se as espécies sem

associação positiva (3), obteve-se uma lista de 57 espécies, com 80 associações

positivas, sendo 37 espécies com associação por um habitat, 17 por dois habitats e 3 por

três habitats (Tabela VI.3). Entre as espécies com associação por habitat, 46 são de

dossel e 11 são típicas de sub-bosque. Habitats ripários permanentes (borda e interior)

apresentaram maior número de associações positivas, 31 no total, seguidos pelos

ripários temporários (25) e interior de tabuleiro (10).

A análise de espécies indicadoras (ISA) apontou 49 espécies indicadoras, entre

as quais sete foram indicadas apenas pela ISA, 39 concordaram com o teste do qui-

quadrado, com associação pelos mesmos habitats, duas foram apontadas para habitats

distintos nos dois testes e uma (Dialium guianense, Fabaceae) teve, pelo qui-quadrado,

apenas associações negativas (Tabela VI.3). Semelhantemente, os habitats com maior

número de espécies indicadoras foram os ripários (temporário e permanente, borda e

interior) e interior de tabuleiro, que juntos somaram 44 espécies.

Entre as espécies com associação, observou-se variação na posição de

importância (VI) na assembléia do habitat nos vários fragmentos. Como indicado na

Tabela VI.3, cerca de 60% das espécies com associação por habitats foram mais

importantes nos fragmentos grandes, enquanto 40% se destacaram nos pequenos. As

espécies associadas à borda de encosta foram todas arbóreas, figurando, em sua maioria,

entre as mais importantes nos fragmentos grandes. Entre as seis espécies associadas ao

interior de encosta, três são típicas de sub-bosque e três de dossel, com destaque para a

arbórea Eschweilera ovata, sempre na posição de primeira ou segunda em importância

nesse habitat em todos os fragmentos. Nos habitats ripários temporários e permanentes,

as espécies associadas foram, na maioria, do dossel, com importância bem distinta entre

os fragmentos, a exemplo das Annonaceae Anaxagorea dolichocarpa em G3, e Xylopia

frutescens em P1, e da Myrtaceae Calyptranthes brasiliensis em G1. Espécies de dossel

também predominaram como típicas nos ambientes de tabuleiro.

112 

 

Figura VI.5. Similaridade de Sørensen média (SSM) entre habitats semelhantes ocorrentes em seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil, para amostra total e estratos. IRT – Interior ripário temporário (N=4), BE – borda de encosta (6), IE – interior de encosta (6), BRP – borda ripária permanente (5), IT – interior tabuleiro (2), IRP – interior ripário permanente (5). Barras de erro=±1 erro padrão.

Figura VI.6. Correlação entre o número de ocorrências do habitat e riqueza de espécies (amostra total) no habitat, em seis fragmentos de Floresta Atlântica ao Norte de Pernambuco, Brasil. Coeficiente de correlação linear r = 0,8713. Cada ponto no gráfico representa um habitat: IRT – Interior ripário temporário, BE – borda de encosta, IE – interior de encosta, BRP – borda ripária permanente, IT – interior tabuleiro, IRP – interior ripário permanente, BT – borda de tabuleiro, BRT – borda ripária temporária.

0.0000

0.1000

0.2000

0.3000

0.4000

0.5000

0.6000

IRT BE IE BRP IT IRP

Søre

nsen

méd

io

Amostra total

Dossel

Sub-bosque

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

0 1 2 3 4 5 6 7

Riq

ueza

Número de ocorrências do habitat

BRT

BT

IRT

IT

BRP

IRP

BE

IE

113 

Tabela VI.3. Espécies com associação positiva por habitats (pelo teste do χ2) e/ou indicadoras de habitat (ISA), para oito habitats em seis fragmentos de

Floresta Atlântica, Pernambuco, Brasil: IRT – Interior ripário temporário, BE – borda de encosta, IE – interior de encosta, BRP – borda ripária

permanente, IT – interior tabuleiro, IRP – interior ripário permanente, BT – borda de tabuleiro, BRT – borda ripária temporária. No resultados da ISA, o

valor indicador (INDVAL) marca o habitat de preferência; ns – não significativo. VI – valor de Importância, G – fragmento grande, P – frag. pequeno.

Espécie

Associação positiva por habitat Qui-quadrado (p<0,05)

Espécie indicadora de habitat ISA (p< 0,05)

Fragmento de destaque da espécie

BE IE IRT BRP IRP IT BT BRT BE IE IRT BRP IRP IT BT BRT Fragmento Posição (VI)

Brosimum guianense (Aubl.) Huber + + G2/P3 4a/ 3a Thyrsodium spruceanum Benth. + + 20 G1/G1 2a/ 1a Casearia javitensis Humb., Bonpl. & Kunth + + 16,6 G3/G3 8a/ 3a Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni + P1 2a Pogonophora schomburgkiana Miers ex Benth. + + + 15 P2/P2/G3 1a/ 2a/4a Myrcia guianensis (Aubl.) DC. - SB + + 12,5 P1/P3 3a/ 4a Palicourea crocea (Sw.) Roem. & Schult. - SB + + + 8,1 P1/G1/G1 8a/5a/11a Cordia nodosa Lam. SB + G1 4a Eschweilera ovata (Cambess.) Miers. + G2/G1/P2 1a/1a/1a Pouteria bangii (Rusby) T.D.Penn. + P1 8a Cupania oblongifolia Mart. + P1 1a Psychotria carthagenensis Jacq. SB + + G2/G1 2a/ 14a Guapira opposita (Vell.) Reitz + + 17,1 G1/G3 8a/ 11a Guapira nitida (Schmidt) Lundell + + 23,4 G1/G1 9a/ 6a Allophylus edulis (A.St.-Hil., A.Juss. & Cambess.) Radlk. + + 44,7 P3/P3 2a/ 4a

Cupania racemosa (Vell.) Radlk. + + 17 G2/P3 6a/ 5a Ouratea castanaeifolia (DC.) Engl. + + 25,2 P3/P3 22a/ 17a Guatteria sp. + 9,5 G1 3a

114 

Espécie

Associação positiva por habitat Qui-quadrado (p<0,05)

Espécie indicadora de habitat ISA (p< 0,05)

Fragmento de destaque da espécie

BE IE IRT BRP IRP IT BT BRT BE IE IRT BRP IRP IT BT BRT Fragmento Posição (VI)

Henriettea succosa (Aubl.) DC. + + 22 G2/G2 6a/ 6a Miconia prasina (Sw.) DC. + + P1/P1 4a/ 1a Pilocarpus cf. giganteus Engl. + + G1/G2 5a/ 5a Siparuna guianensis Aubl. - SB + + G2/P1 5a/ 3a Symphonia globulifera L.f. + + + 18,6 G2/P2/G2 4a/2a/ 1a Xylopia frutescens Aubl. + + P1/P1 8a/ 5a Albizia saman (Jacq.) Merr. + 10,8 P1 5a Coccoloba mollis Casar. * + 10,9 G1 22a Erythroxylum citrifolium A. St.-Hil. + G2 10a Eugenia candolleana DC. + 10 G3 4a Hirtella racemosa Lam. - SB + G3 7a Miconia minutiflora (Bonpl.) DC. - SB + 14,9 P1 11a Paypayrola blanchetiana Tul. + 6,9 G1 1a Piper marginatum Jacq. - SB + P1 1a Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand + + 17,1 G2/P3 3a/6a Simarouba amara Aubl. + 7,5 G2 8a Tovomita mangle G. Mariz * + 8,9 G3 2a Albizia pedicellaris (DC.) L.Rico + + 37,4 P2/P3 2a/ 3a Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandwith + 31,8 G2 2a Calyptranthes brasiliensis Spreng. + G1 6a Ilex sp. + 10 G2 4a Phyllanthus juglandifolius Willd. - SB + 7,7 P2 5a Protium aracouchini (Aubl.) March + 6 G3 5a Abarema cochliocarpos (Gomez) Barneby & Grimes + 36,7 G3 8a

115 

Espécie

Associação positiva por habitat Qui-quadrado (p<0,05)

Espécie indicadora de habitat ISA (p< 0,05)

Fragmento de destaque da espécie

BE IE IRT BRP IRP IT BT BRT BE IE IRT BRP IRP IT BT BRT Fragmento Posição (VI)

Alseis pickelii Pilg. & Schmale + 12,2 G3 6a Brosimum rubescens Taub. + 19 G3 7a Eugenia sp. - SB + 10 G3 9a Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Rusby + 16,1 G3 17a Maytenus obtusifolia Mart. + 32 G1 3a Miconia ciliata (Rich.) DC. - SB + G1 24a Aspidosperma discolor A.DC. + 27,9 G3 2a Protium giganteum Engl. + 13,8 G3 3a Luehea paniculata Mart. + 23,4 G3 16a Byrsonima sericea A.DC. + 19,5 P3 8a Cupania paniculata Cambess. + 14,4 P3 15a Guatteria schomburgkiana Mart. + 27,6 P3 13a Inga thibaudiana DC. + 11,3 P3 12a Maytenus distichophyla Mart. ex Reissek + 18,1 P3 10a Rapanea guianensis Aubl. + 14,3 P3 16a Dialium guianense (Aubl.) Sandwith - 15,2 P3 11a Ocotea glomerata (Nees) Mez ns 10,6 G3 38a Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson ns 10 G1 8a Campomanesia dichotoma (O.Berg) Mattos ns 5,8 P3 29a Erythroxylum mucronatum Sw. ns 6,0 P3 31a Annonaceae 7 ns 9,7 G1 2a Cecropia pachystachya Trécul ns 7,7 P1 2a Chrysobalanaceae 8 ns 6,8 G3 1a

* Espécies indicadas para habitats distintos pelos dois testes; SB – espécie típica de sub-bosque.

116 

 

5. Discussão

5.1. Heterogeneidade de habitats e diversidade

Neste estudo, área teve maior influência na riqueza e diversidade de plantas, na

escala do fragmento, somando evidências à aplicação da teoria de ilhas a fragmentos

florestais (LAURANCE et al., 2002; HILL; CURRAN, 2003; CAGNOLO et al., 2006;

ECHEVERRÍA et al., 2007), porém divergindo da hipótese da heterogeneidade de

habitats como explicativa da relação espécie-área (WILLIAMS, 1964; CONNOR;

MCCOY, 1979; BROSE, 2001; DUFOUR et al., 2006; BÁLDI, 2008).

Independentemente do número e diversidade de habitats, maiores riquezas ocorreram

em fragmentos grandes, e menores riquezas nos pequenos, mesmo quando um pequeno

(P1) teve número de habitats semelhante a um grande (G2). Este padrão de maior

riqueza em fragmentos maiores foi também independente da densidade de indivíduos,

portanto não influenciado pelo efeito de densidade ou de massa (SHMIDA; WILSON,

1985; DENSLOW, 1995), e da ordem de amostragem seguindo a distribuição dos

habitats.

Apesar da influência da heterogeneidade de habitats na relação espécie-área não

ter sido confirmada, a influência da área na diversidade de habitats se revelou decisiva

para a riqueza de plantas, pois apenas em fragmentos maiores registraram-se habitats de

tabuleiro, detentores da maior riqueza florística neste estudo. Este dado fornece mais

uma evidência às sérias consequências da natureza não aleatória da fragmentação

(SEABLOOM et al., 2002) e à necessidade de se avaliar os habitats remanescentes na

paisagem como um todo, independentemente do tamanho dos fragmentos, buscando

identificar porções significativas de habitats que atuem provendo recursos e abrigo para

grupos cruciais de espécies (TEWS et al., 2004; EWERS; DIDHAM, 2006).

A heterogeneidade de habitats teve influência marcante na diversidade beta.

Mesmo em fragmentos pequenos, nos quais as distâncias entre sítios são menores,

valores de similaridade entre habitats foram, em média, inferiores a 50%, ou seja, um

alto percentual de espécies ocorreu em habitats restritos. Este dado reforça a

necessidade de se considerar a escala do habitat em estudos de diversidade (KOLASA;

WALTHO, 1998), a partir de dimensões relevantes para a assembléia em foco

(LOOKINGBILL; URBAN, 2005; LUNDHOLM, 2009). Neste caso, uma amostra mais

117 

 

completa da riqueza vegetal (308 espécies) foi obtida partindo do habitat para o

fragmento e deste à paisagem. Da mesma forma, se nossa abordagem enfocasse área do

fragmento apenas, teríamos uma medida numérica e dissociada da complementaridade,

que mede a distinção na composição de espécies entre habitats diferentes (COLWELL;

CODDINGTON, 1994). Altos graus de complementaridade vêm sendo registrados em

ecossistemas florestais no nível do fragmento (METZGER et al., 1997; CHUST et al.,

2006; PEREIRA et al., 2007; SANTOS et al., 2007b), mostrando ser esta uma medida

imprescindível ao entendimento de padrões de diversidade em paisagens fragmentadas,

principalmente se obtida ao nível do habitat (CRAMER; WILLIG, 2005).

Entre os fragmentos, habitats de borda predominaram nos menores. Nesses

ambientes, pesquisas têm revelado uma tendência à redução da diversidade alfa

(OLIVEIRA et al., 2004; PEREIRA et al., 2007; LAURANCE, 2008; SILVA et al.,

2008c; GOMES et al., 2009) e simplificação das assembléias de plantas, devido à

proliferação de espécies pioneiras e invasoras (LAURANCE et al., 2007; TABARELLI

et al., 2008), alteração nos processos reprodutivos (LOPES et al., 2009) e aumento nas

taxas de mortalidade (LAURANCE et al., 2007). Os estudos de Santos et al. (2008) e

Oliveira et al. (2008), numa paisagem altamente fragmentada, permitiram descrever a

influência da borda como agente de erosão florística e de colapso estrutural das espécies

de dossel. Além de somar mais uma evidência a esses processos, nossos dados

revelaram que esta influência é dependente da proporção do habitat de borda no

fragmento, já que bordas em fragmentos menores tiveram menor riqueza do que em

fragmentos maiores, principalmente no estrato de dossel.

Habitats de encosta, que ocorreram em maiores proporções, foram os que mais

contribuíram para a riqueza total nos fragmentos, especialmente o interior de encosta.

Porém, em fragmentos menores, a proporção relativamente menor de interior de encosta

coincidiu com uma diminuição da riqueza nesses habitats. Isto pode ser reflexo de um

processo de simplificação da estrutura da assembléia, devido à maior proporção de

bordas, que favoreceria uma homogeneização por extinção seletiva de espécies

secundárias de dossel (LAURANCE et al., 2007) ou uma influência do tamanho no

desaparecimento de espécies mais sensíveis típicas de floresta madura (TILMAN et al.,

1994).

118 

 

5.2. Heterogeneidade de habitats e especialização de plantas

Considerando a alta proporção de raras na amostra e as restrições das análises,

um número relativamente pequeno de espécies (28%) pôde ser testado quanto à

preferência por habitats. Dessas, 66% das espécies analisadas (19% do total) mostraram

associação positiva ou indicação por algum habitat. Este percentual é compatível com

os mais altos registrados em outras comunidades florestais, como, por exemplo: 76% de

34 espécies dominantes no sudoeste da Amazônia (PHILLIPS et al., 2003); 42% de 171

espécies (HARMS et al., 2001) ou 37% de 80 espécies (COMITA et al., 2007), no

Panamá; 36% de 199 espécies na Colômbia (JOHN et al., 2007); 30% de 132 espécies

em La Selva, Costa Rica (CLARK et al., 1999); e 25% em 1104 espécies na Amazônia

(VALENCIA et al., 2004).

A maioria das espécies teve associação ou foi indicadora de habitats ripários

permanentes ou temporários. Estas áreas, embora com menor diversidade alfa entre os

habitats estudados, contribuem com a riqueza total por abrigarem espécies exclusivas,

de distribuição restrita e com adaptações a inundações e intolerância à seca, um padrão

comum em sítios ripários (HARMS et al., 2001; GUNATILLEKE et al., 2006;

DRUCKER et al., 2008). São exemplos particularmente interessantes as espécies

ripárias restritas Symphonia globulifera, de alta frequência nos fragmentos, e Tovomita

mangle e Anaxagorea dolichocarpa, de ocorrência exclusiva em um fragmento. Muitas

espécies tiveram associação com o habitat de tabuleiro, que também apresentou a maior

diversidade alfa, somando mais de 140 espécies, embora ocorrendo em apenas dois

fragmentos. Lamentavelmente, este habitat está entre os menos frequentes e com menor

cobertura nesta paisagem (capítulo 2) e provavelmente sofreu maior desflorestamento

nas décadas passadas (TRINDADE et al., 2008).

Apesar das assembléias terem sido amostradas separadamente em dossel e sub-

bosque, não foram observadas, no geral, grandes diferenças nas respostas dos estratos

nas análises realizadas. O sub-bosque, porém, teve valores de similaridade entre habitats

ligeiramente maiores do que o dossel tanto dentro quanto entre fragmentos. Embora não

tenhamos testado a associação espécie-habitat por estrato, este dado pode estar

sinalizando que as preferências por habitats se definem em diferentes estágios de plantas

lenhosas (WEBB; PEART, 2000), o que leva a distintos valores de diversidade beta em

cada estrato. Comita et al. (2007), em floresta panamenha, só encontraram associações

119 

 

por habitats em grandes árvores e não no estrato de regeneração, enquanto Duque et al.

(2002) registraram padrão contrário na Amazônia. Uma maior similaridade no estrato de

sub-bosque pode apontar, por outro lado, para uma convergência das assembléias por

homogeneização, representando uma resposta tardia à fragmentação (METZGER et al.,

2009), como discutido no capítulo 3.

6. Considerações finais e implicações

A integração entre área e heterogeneidade em comunidades fragmentadas ainda

é um desafio, com um problema implícito de escala. John et al. (2007) argumentam que

há poucos trabalhos avaliando a correspondência entre dimensões de habitat e

distribuição de espécies em escalas em torno de 1 km2, na qual se enquadram os

fragmentos avaliados no nosso estudo. Além disso, tem-se, por um lado, poucas

pesquisas que avaliam a relação entre riqueza, área e alguma medida de

heterogeneidade em um grande número de fragmentos de variados tamanhos, testando o

poder explicativo de cada variável (BROSE, 2001; GIGNAC; DALE, 2005; PEREIRA

et al., 2007). Por outro lado, estudos desenvolvidos em áreas contínuas ou parcelas

permanentes fornecem as principais evidências à existência de preferências por habitats,

seja na Amazônia (PITMAN et al., 1999; PITMAN et al., 2002; PHILLIPS et al.,

2003), Costa Rica (CLARK et al., 1999), Panamá (HUBBELL; FOSTER, 1983;

CONDIT et al., 2000; HARMS et al., 2001; PYKE et al., 2001; CONDIT et al., 2002;

COMITA et al., 2007; ZILLIO; CONDIT, 2007) ou Malásia (WILLS; CONDIT, 1999;

CONDIT et al., 2002; POTTS et al., 2002). Nesses, geralmente investiga-se a qual

mecanismo de estruturação de comunidades as espécies respondem: preferências por

habitats ou limitações na dispersão, esta última explicando a diversidade de forma

neutra (HUBBELL, 2001), por dispersão aleatória limitada pelo aumento da distância

geográfica (PHILLIPS et al., 2003; CHUST et al., 2006).

Nos dados aqui apresentados, foram registradas baixas similaridades (i.e. alta

complementaridade), alto número de espécies exclusivas por habitat e baixa proporção

de espécies comuns entre habitats, mesmo em fragmentos pequenos, o que suscita uma

atuação mais provável, ao nível do fragmento, do processo de preferência por habitats

ou ‘segregação ambiental’ (CHUST et al., 2006). Porém, a alta complementaridade

entre habitats semelhantes em fragmentos distintos sugere a influência da limitação de

120 

 

dispersão, imposta pela distância geográfica ou inospitalidade da matriz, para explicar

este padrão. Na literatura, há evidências, de fato, que os processos de segregação

ambiental e dispersão provavelmente atuam em diferentes escalas espaciais e temporais

(SHMIDA; WILSON, 1985; CONDIT et al., 2002; PHILLIPS et al., 2003; CHUST et

al., 2006). Padrões similares, quando mais de um processo é evidente, foram discutidos

por Condit et al. (2002) para florestas no Panamá, Equador e Peru, por Valencia et al.

(2004) na Amazônia e Hardy e Sonke (2004) em Camarões. No nosso caso, fica clara a

necessidade de mais pesquisas nesta direção, baseadas na estrutura de habitats e

amostrando-se um maior número de fragmentos.

Dos resultados aqui apresentados, portanto, podem-se derivar algumas

implicações para teoria ecológica e conservação: são fornecidas evidências à atuação de

pelo menos três processos estruturadores de comunidades fragmentadas: o efeito da

área, heterogeneidade de habitats e limitação de dispersão; ressalta-se ser a diversidade

beta tão importante quanto à alfa para conservação, como postulado por Condit et al.

(2002); constata-se que grande perda de espécies deve ter ocorrido a partir da perda de

habitats de tabuleiro e ripários, preservados em menores proporções, porém,

respectivamente, de maior diversidade e riqueza em espécies exclusivas; e corrobora,

junto a vários outros autores (TURNER; CORLETT, 1996; BENEDICK et al., 2006;

SANTOS et al., 2007b), que em florestas altamente fragmentadas e reduzidas, a

diversidade só será preservada com base na manutenção de todos os fragmentos e da

soma de porções de seus habitats, com enfoque na complementaridade entre

assembléias.

121 

VII. CONCLUSÃO GERAL

122 

 

Nesta tese, transitou-se em uma área de sobreposição de disciplinas e escalas

ecológicas. De um lado, há a pesquisa em fragmentação - no seu senso amplo que

aborda redução de área e quebra de continuidade - na qual a maioria dos estudos

investiga a riqueza como função da área apenas ou testa o efeito de borda ou evita as

zonas de borda e a heterogeneidade ambiental. Do outro lado, há os estudos

sinecológicos que explicam a estruturação de comunidades vegetais a partir da

preferência por nichos de recursos (ou habitats) ou de forma neutra, quando as espécies

são equivalentes. Na interface, há fragmentos de comunidades anteriormente contínuas,

há previsão de perda de habitats e de perda de espécies. A partir dos resultados, foi

possível somar evidências às teorias e listar várias implicações para conservação.

Para integrar área, heterogeneidade e riqueza, a abordagem adotada partiu da

paisagem e terminou no habitat e nas espécies. Numa prospecção inicial, na escala da

paisagem, somaram-se evidências à relação entre área e heterogeneidade de habitats:

são variáveis positiva e significativamente relacionadas. Esta relação, entretanto, se

mostrou menos previsível nos fragmentos menores, que são exatamente a maioria. Em

áreas maiores, a relação foi influenciada por certos tipos de habitat eliminados,

principalmente, dos fragmentos menores no processo de fragmentação, tais como os

sítios ripários e as áreas planas altas (tabuleiro). Na escala do habitat, nas áreas ripárias

perenes ocorreu maior número de espécies exclusivas, exibindo preferências pelo

habitat; e o tabuleiro foi a área com maior riqueza e diversidade.

Habitats ripários resistem em 44% dos fragmentos, mas somam juntos apenas

15% das áreas florestais. Os vales de rios foram os primeiros habitats a serem

explorados na região canavieira de Pernambuco, por apresentarem os solos mais férteis

(KIMMEL et al., 2008). Assim, habitats ripários podem estar isolados uns dos outros há

pelo menos um século, considerando o acelerado desenvolvimento da cultura da cana-

de-açúcar até o final do século XIX (ANDRADE, 1989). É provável que, por isso, as

áreas ripárias amostradas compartilhem tão poucas espécies. Em florestas ripárias, é

uma característica comum a variação da riqueza ao longo do curso dos rios,

contribuindo para uma alta diversidade biótica total. Porém, uma vez isoladas,

comunidades ripárias tendem a diminuir em riqueza (NILSSON; SVEDMARK, 2002).

Antagonicamente à alta riqueza, é alarmante constatar que apenas 2% da área dos

fragmentos são habitats de tabuleiro. Provavelmente, um considerável número de

espécies já foi perdido nessas áreas, cujo desmatamento foi mais recente e impulsionado

123 

 

pela mecanização no cultivo da cana-de-açúcar e adoção de novos métodos de irrigação

na segunda metade do século XX (KIMMEL et al., 2008).

No nível do fragmento, constatou-se que a relação espécie-área é explicada pela

área per se e não pela heterogeneidade de habitats. Em outras palavras, confirmou-se

um aumento do número de espécies com aumento da área, mesmo quando se estimou a

riqueza para amostras equivalentes. A heterogeneidade, por outro lado, foi importante

para explicar a diversidade beta nos fragmentos e a complementaridade da riqueza total

na paisagem. Isso implica que cada porção de habitat em cada fragmento, mesmo nos

pequenos, importa para a riqueza no nível da paisagem. Entretanto, a análise do sub-

bosque, tanto em relação à área quanto à similaridade entre fragmentos, mostra que já se

delineia uma tendência à simplificação das assembléias, provavelmente como uma

resposta secundária à influência das bordas (HARPER et al., 2005; SANTOS et al.,

2008), que dominam 40% da área florestal, e redução da área. As decorrências deste

fato são: apesar da riqueza de habitats e espécies nos pequenos fragmentos contribuir de

forma relevante para a riqueza total, o número de espécies pode ainda diminuir

progressivamente em direção a assembléias mais homogêneas e simplificadas. A alta

complementaridade encontrada soma, ainda, evidências da atuação do processo de

limitação de dispersão, imposta pela distância entre fragmentos ou inospitalidade da

matriz.

Do ponto de vista conservacionista, a sustentação da riqueza e diversidade na

paisagem, em longo prazo, depende i) de medidas efetivas de manutenção dos

fragmentos existentes, quase exclusivamente formados por habitats de encostas, ii) de

ações de recuperação florestal para aumentar a conectividade entre fragmentos de

diferentes tamanhos, iii) da criação de corredores ciliares que reintegrem os habitats

ripários, iv) da proteção das bordas florestais e v) acompanhamento das variações

temporais das assembléias nos diferentes habitats para verificar a regeneração no sub-

bosque.

À luz das teorias de comunidades, se área e diversidade de habitats são

correlacionadas, área per se seria suficiente para explicar padrões de riqueza vegetal,

atuando como substituta da heterogeneidade? A resposta é sim para uma relação

espécie-área simplesmente. Mas a resposta é não quando se deseja a conservação da

riqueza remanescente como um todo, nesta paisagem de Floresta Atlântica.

124 

 

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153 

 

APÊNDICE A

Lista florística geral de espécies ocorrentes no dossel e sub-bosque em 390 parcelas de

dossel e 390 de sub-bosque, amostradas em nove fragmentos de Floresta Atlântica em

Pernambuco, Nordeste do Brasil. G - fragmento grande; M - fragmento médio; e P -

fragmento pequeno; IRT - Interior ripário temporário; BE - borda de encosta; IE -

interior de encosta; BRP - borda ripária permanente; IT - interior tabuleiro; IRP -

interior ripário permanente; BT - borda de tabuleiro; BRT - borda ripária temporária.

Em uma célula correspondente a um fragmento/ habitat, D significa que a espécie

ocorreu apenas no dossel; SB, apenas no sub-bosque; e DSB, nos dois estratos.

154 

Família Nome Científico G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

BE IE IRT BRP IRP IT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP IT BT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP BE IE IRT BRT Anacardiaceae Mangifera indica L. D Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. DSB DSB DSB DSB DSB DSB D D D D DSB DSB D DSB D D DSB DSB D DSB DSB D D D D DSB DSB DSB DSB DSB DSB D DSB D DSB D DSB Anacardiaceae Thyrsodium spruceanum Benth. DSB DSB DSB D DSB DSB DSB DSB SB DSB D SB DSB DSB DSB SB DSB DSB DSB SB SB DSB D SB SB DSB DSB DSB SB Annonaceae Anaxagorea dolichocarpa Sprague &

Sandwith SB DSB SB DSB SB SB SB SB

Annonaceae Annona cf. montana Macfad. SB DSB SB SB D DSB DSB DSB SB Annonaceae Annona salzmannii A.DC. D D DSB D D D D Annonaceae Annonaceae 6 SB Annonaceae Annonaceae 7 DSB DSB Annonaceae Annonaceae 9 SB SB SB SB SB SB Annonaceae Cymbopetalum brasiliense (Vell.) Benth. ex

Baill. SB SB

Annonaceae Guatteria cf. australis A. St.-Hil. SB SB Annonaceae Guatteria pogonopus Mart. SB D SB DSB SB SB SB SB D SB D SB SB SB Annonaceae Guatteria schomburgkiana Mart. DSB DSB D SB SB DSB SB DSB DSB D SB SB SB D D DSB D SB DSB Annonaceae Guatteria sp1 DSB DSB SB D Annonaceae Guatteria sp2 DSB Annonaceae Xylopia frutescens Aubl. SB SB DSB D SB SB DSB SB SB D D D DSB D SB DSB DSB SB DSB SB SB DSB D D Apocynaceae Aspidosperma discolor A.DC. DSB DSB DSB SB D Apocynaceae Aspidosperma spruceanum Benth. ex

Mull.Arg. D D DSB SB D SB D

Apocynaceae Condylocarpon sp. SB Apocynaceae Couma sp. D Apocynaceae Himatanthus phagedaenicus (Mart.)

Woodson DSB DSB DSB DSB D DSB SB D DSB DSB D DSB D DSB D D DSB DSB SB DSB DSB DSB SB DSB DSB DSB D DSB DSB DSB DSB SB DSB DSB SB

Apocynaceae Rauvolfia grandiflora Mart. ex A.DC. SB SB SB Apocynaceae Tabernaemontana aff. submollis Mart. ex

Mull. Arg. D D

Apocynaceae Tabernaemontana flavicans Willd. Ex Roem. & Schult.

SB DSB SB D DSB D DSB DSB SB D

Aquifoliaceae Ilex cf. sapotifolia Reissek D SB D D SB SB SB SB SB SB SB SB Aquifoliaceae Ilex sp1 D D DSB DSB DSB DSB SB DSB SB Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl.) Magari ,

Sleyrm & Frodim DSB D DSB D DSB DSB D D DSB DSB DSB D DSB D D DSB D DSB D SB DSB D SB DSB D DSB DSB DSB DSB D D D D DSB D DSB

Arecaceae Bactris ferruginea Burret D D SB SB D DSB DSB D SB D Arecaceae Elaeis guineensis Jacq. D D D DSB Arecaceae Euterpe sp. D DSB D Asteraceae Asteraceae 10 SB Bignoniaceae Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.)

Standl. DSB D DSB SB

Bixaceae Cochlospermum vitifolium (Willd.) Spreng. D

155 

Família Nome Científico G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

BE IE IRT BRP IRP IT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP IT BT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP BE IE IRT BRT Boraginaceae Cordia nodosa Lam. SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB Boraginaceae Cordia sellowiana Cham. SB Boraginaceae Cordia superba Cham. DSB DSB SB DSB DSB DSB DSB SB SB DSB DSB SB DSB DSB D DSB DSB SB DSB DSB DSB D DSB SB Burseraceae Burseraceae 2 D SB Burseraceae Protium aracouchini (Aubl.) March SB SB D DSB DSB SB SB SB Burseraceae Protium giganteum Engl. DSB DSB D SB D DSB SB DSB DSB DSB SB SB D SB D Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand DSB DSB SB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB D SB D DSB SB SB DSB SB SB SB SB DSB SB SB DSB DSB SB SB SB SB SB DSB Burseraceae Tetragastris catuaba Cunha D SB SB SB DSB SB D Burseraceae Tetragastris sp. D Celastraceae Celastraceae 1 SB SB SB SB SB Celastraceae Maytenus distichophyla Mart. ex Reissek D DSB SB SB SB DSB SB SB DSB DSB DSB DSB SB D DSB SB DSB DSB DSB DSB DSB DSB SB SB DSB DSB SB SB SB SB Celastraceae Maytenus obtusifolia Mart. D D SB DSB SB D DSB SB Celastraceae Maytenus sp1 SB SB SB Celastraceae Maytenus sp2 SB SB Celastraceae Maytenus sp3 SB SB D D SB Chrysobalanaceae Chrysobalanaceae 5 SB

Chrysobalanaceae Chrysobalanaceae 7 D Chrysobalanaceae Chrysobalanaceae 8 DSB DSB DSB Chrysobalanaceae Couepia rufa Ducke. SB SB SB D D DSB DSB D Chrysobalanaceae Hirtella racemosa Lam. DSB DSB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB Chrysobalanaceae Hirtella sp1 SB SB Chrysobalanaceae Hirtella sp2 SB SB SB SB SB SB Chrysobalanaceae Hirtella sprucei Benth. D SB Chrysobalanaceae Licania kunthiana Hook. f. DSB SB SB SB SB Chrysobalanaceae Licania octandra (Hoffmanns. ex Roem. &

Schult.) Kuntze SB SB SB

Chrysobalanaceae Licania tomentosa (Benth.) Fritsch D SB SB SB DSB SB DSB SB SB DSB D D D DSB D Clusiaceae Clusia nemorosa G.Mey DSB D DSB D D DSB DSB D D DSB D D D D DSB DSB D D D Clusiaceae Garcinia gardneriana (Planch. & Triana)

Zappi SB SB DSB DSB DSB DSB D

Clusiaceae Symphonia globulifera L.f. DSB DSB SB DSB DSB DSB DSB SB SB SB DSB SB SB SB Clusiaceae Tovomita brasiliensis (Mart.) Walp. DSB Clusiaceae Tovomita brevistaminea Engl. SB SB Clusiaceae Tovomita mangle G. Mariz SB DSB SB SB DSB DSB D DSB DSB SB Combretaceae Buchenavia tetraphylla (Aubl.)

R.A.Howard D D D D D D

Combretaceae Combretaceae 1 D SB D Combretaceae Combretaceae 2 SB D D Connaraceae Rourea sp. SB SB SB Cyatheaceae Cyathea phalerata Mart. DSB D

156 

Família Nome Científico G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

BE IE IRT BRP IRP IT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP IT BT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP BE IE IRT BRT Elaeocarpaceae Sloanea garckeana K. Schum. D Elaeocarpaceae Sloania guianensis (Aubl.) Benth. D DSB SB D SB DSB Erythroxylaceae Erythroxylum cf. nobile O.E.Schulz SB SB SB SB Erythroxylaceae Erythroxylum citrifolium A. St.-Hil. SB SB SB SB DSB SB DSB SB SB SB SB SB SB SB SB SB Erythroxylaceae Erythroxylum mucronatum Sw. SB D SB DSB DSB SB DSB SB SB SB SB SB Erythroxylaceae Erythroxylum squamatum Sw. SB SB DSB SB SB SB SB D SB SB D Euphorbiaceae Chaetocarpus myrsinites Baill. SB D SB D DSB D D DSB SB DSB D D D DSB Euphorbiaceae Croton selowii Baill SB Euphorbiaceae Euphorbiaceae 4 SB DSB DSB Euphorbiaceae Euphorbiaceae 6 D Euphorbiaceae Euphorbiaceae 7 DSB Euphorbiaceae Mabea piriri Aubl. D DSB Euphorbiaceae Pera ferruginea (Schott) Mull. Arg. D D DSB D D D D D DSB D D D SB D D D DSB D D DSB D SB SB DSB SB D SB SB D Euphorbiaceae Pogonophora schomburgkiana Miers ex

Benth. DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB D DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB SB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB D SB

Euphorbiaceae Senefeldera sp. SB Euphorbiaceae Senefeldera verticillata (Vell.) Croizat D D Fab-Caesalpinoideae Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. DSB D DSB D Fab-Caesalpinoideae Chamaecrista ensiformes (Vell.)

H.S.Irwin & Barneby SB

Fab-Caesalpinoideae Copaifera sp. SB SB SB SB SB D Fab-Caesalpinoideae Dialium guianense (Aubl.) Sandwith D SB D D D SB DSB DSB DSB SB DSB D SB DSB DSB D SB DSB D DSB D DSB DSB DSB Fab-Caesalpinoideae Fab-Caesalpinioidea 2 D DSB SB SB SB SB Fab-Caesalpinoideae Fab-Caesalpinioidea 4 SB Fab-Caesalpinoideae Fab-Caesalpinioidea 6 D D SB SB D Fab-Caesalpinoideae Fab-Caesalpinioidea 8 D D D Fab-Caesalpinoideae Fab-Caesalpinioidea 9 D D Fab-Caesalpinoideae Hymenaea sp1 SB D SB SB D SB Fab-Caesalpinoideae Hymenaea sp2 SB Fab-Caesalpinoideae Sclerolobium densiflorum Benth. DSB SB D D DSB D DSB SB D SB DSB DSB D Fab-Caesalpinoideae Senna georgica H.S.Irwin & Barneby SB SB SB Fab-Caesalpinoideae Senna quinquangulata (Rich) H.S.Irwin

& Barneby SB SB

Fab-Caesalpinoideae Senna sp1 D Fab-Faboideae Andira fraxinifolia Benth. D DSB DSB D D D Fab-Faboideae Andira nitida Mart. ex. Benth. D D D SB DSB SB SB DSB SB DSB DSB D SB DSB Fab-Faboideae Andira sp1 D D Fab-Faboideae Bowdichia virgilioides Kunth D D D D D D D D DSB DSB SB D D D DSB D SB D D D D D D SB SB D D D D Fab-Faboideae Fab-Papilionoidea 11 SB Fab-Faboideae Fab-Papilionoidea 12 SB SB Fab-Faboideae Fab-Papilionoidea 13 SB SB Fab-Faboideae Fab-Papilionoidea 4 D

157 

Família Nome Científico G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

BE IE IRT BRP IRP IT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP IT BT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP BE IE IRT BRT Fab-Faboideae Fab-Papilionoidea 8 D Fab-Faboideae Hymenolobium janeirense Kuhlm. D SB SB D Fab-Faboideae Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld D D SB D D Fab-Faboideae Machaerium salzmannii Benth. SB Fab-Faboideae Pterocarpus rohrii Vahl SB Fab-Faboideae Swartzia pickelii Killip ex Ducke SB D D D SB SB D DSB Fab-Mimosoideae Abarema cochliocarpos (Gomez) Barneby &

Grimes DSB D DSB DSB DSB DSB SB DSB DSB SB SB DSB SB

Fab-Mimosoideae Albizia pedicellaris (DC.) L.Rico D D DSB DSB D DSB D SB DSB SB DSB DSB SB D D SB DSB DSB DSB DSB Fab-Mimosoideae Albizia saman (Jacq.) Merr. D DSB DSB D Fab-Mimosoideae Fab-Mimosoidea 1 D Fab-Mimosoideae Fab-Mimosoidea 3 SB Fab-Mimosoideae Inga capitata Desv. SB SB SB SB SB DSB SB SB D D Fab-Mimosoideae Inga cayannensis Sagot ex Benth. SB DSB SB D SB D D DSB DSB SB D D SB DSB D Fab-Mimosoideae Inga flagelliformes (Vell.) Mart. DSB D SB Fab-Mimosoideae Inga ingoides (Rich.) Willd. D Fab-Mimosoideae Inga laurina (Sw.) Willd. DSB D Fab-Mimosoideae Inga sp8 D DSB Fab-Mimosoideae Inga subnuda Salzm. ex Benth. DSB D D DSB D SB Fab-Mimosoideae Inga thibaudiana DC. SB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB SB SB DSB SB SB SB SB SB SB DSB SB DSB SB DSB SB DSB DSB DSB DSB Fab-Mimosoideae Parkia pendula (Willd.) Benth. ex. Walp. DSB DSB DSB SB DSB D DSB D DSB SB D SB SB D SB Fab-Mimosoideae Plathymenia reticulata Benth. SB DSB SB DSB SB SB SB SB SB D D DSB DSB DSB SB DSB SB DSB D SB DSB D DSB SB D DSB D SB Fab-Mimosoideae Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.)

Hochr. D D DSB D D

Hernandiaceae Sparattanthelium botocudorum Mart. SB SB SB SB SB SB SB SB Humiriaceae Sacoglottis mattogrossensis Benth. DSB DSB SB SB D SB SB D D SB SB D DSB DSB D SB SB SB Hypericaceae Vismia guianensis (Aubl.) Pers. SB SB SB SB D DSB DSB D SB D Indeterminada Indeterminada 26 SB Indeterminada Indeterminada 63 SB Indeterminada Indeterminada 69 SB Indeterminada Indeterminada 72 SB SB Indeterminada Indeterminada 74 SB Indeterminada Indeterminada 75 SB Indeterminada Indeterminada 78 SB Indeterminada Indeterminada 80 SB Indeterminada Indeterminada 82 SB Indeterminada Indeterminada 86 SB Indeterminada Indeterminada 89 SB SB SB SB SB Indeterminada Indeterminada 92 D Lacistemataceae Lacistema robustum Schnizl. D Lamiaceae Aegiphila pernambucensis Mold. D D

158 

Família Nome Científico G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

BE IE IRT BRP IRP IT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP IT BT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP BE IE IRT BRT Lamiaceae Aegiphila vitelliniflora Klotzsch SB SB SB Lauraceae Lauraceae 2 D Lauraceae Nectandra cuspidata Nees & Mart. D Lauraceae Nectranda sp. SB SB SB D SB SB Lauraceae Ocotea gardneri (Meipn.) Mez DSB D DSB DSB SB DSB DSB D DSB SB DSB DSB DSB DSB DSB SB Lauraceae Ocotea glomerata (Nees) Mez SB DSB D SB SB DSB D DSB D D SB SB D DSB DSB D Lauraceae Ocotea indecora (Schott) Mez D SB SB SB SB DSB D SB SB SB SB Lauraceae Ocotea limae Vattimo SB SB SB D DSB SB DSB SB SB DSB SB SB DSB DSB SB SB SB SB Lauraceae Ocotea opifera Mart. D Lauraceae Ocotea sp4 SB D SB SB Lecythidaceae Eschweilera ovata (Cambess.) Miers. DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB SB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB SB SB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB Lecythidaceae Gustavia augusta L. SB DSB DSB SB SB Lecythidaceae Lecythis pisonis (Cambess.) Miers. SB DSB D SB SB DSB SB D D DSB SB DSB DSB D D DSB D Loganiaceae Strychnos bahiensis Krukoff & Barneby SB SB Malpighiaceae Byrsonima sericea A.DC. D D DSB D D D D D D DSB DSB D D D D D D D D DSB DSB D D D D DSB D D DSB D DSB DSB Malpighiaceae Byrsonima sp. D Malvaceae Apeiba tibourbou Aubl. D D D D D SB D SB DSB SB D D SB Malvaceae Eriotheca crenulaticalyx A.Robyns D SB D D D D D DSB D SB D D D D D D Malvaceae Guazuma ulmifolia Pers. D Malvaceae Luehea paniculata Mart. D D D D DSB D DSB D D D D DSB D D D D Malvaceae Pavonia malacophylla (Nees & Mart.)

Garcke. SB SB

Malvaceae Quararibea turbinata (Sw.) Poir. SB Melastomataceae Aciotis rubricaulis (Mart. ex DC.) Triana SB Melastomataceae Clidemia capitellata (Bonpl.) D.Don SB Melastomataceae Clidemia sp1 SB Melastomataceae Henriettea succosa (Aubl.) DC. D DSB D DSB DSB SB DSB DSB DSB D DSB D D D DSB DSB SB D DSB DSB DSB SB DSB D Melastomataceae Leandra rufescens (DC.) Cogn. SB Melastomataceae Melastomataceae 7 SB Melastomataceae Melastomataceae 9 D D D Melastomataceae Miconia amoena Triana SB SB SB Melastomataceae Miconia cf. discolor DC. DSB DSB DSB SB SB SB SB D D SB SB SB Melastomataceae Miconia ciliata (Rich.) DC. SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB Melastomataceae Miconia compressa Naudin D SB SB Melastomataceae Miconia holosericea (L.) DC. SB D D DSB Melastomataceae Miconia hypoleuca (Benth.) Triana D D DSB SB Melastomataceae Miconia minutiflora (Bonpl.) DC. SB DSB D SB DSB SB SB DSB DSB DSB SB Melastomataceae Miconia prasina (Sw.) DC. SB SB DSB DSB DSB SB D D DSB D SB SB DSB DSB SB SB DSB DSB DSB DSB SB SB SB DSB DSB DSB DSB DSB Melastomataceae Miconia serialis DC. SB SB SB Melastomataceae Miconia sp12 SB Melastomataceae Miconia sp15 SB SB

159 

Família Nome Científico G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

BE IE IRT BRP IRP IT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP IT BT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP BE IE IRT BRT Melastomataceae Miconia sp9 SB SB Melastomataceae Mouriri sp. SB SB Meliaceae Meliaceae 1 D Meliaceae Meliaceae 2 SB Meliaceae Meliaceae 3 SB Meliaceae Trichilia lepidota Mart. SB SB DSB SB SB SB SB SB DSB SB SB SB SB DSB DSB SB DSB DSB D D DSB SB SB SB Meliaceae Trichilia ramalhoi Rizzini SB Meliaceae Trichilia silvatica C. DC. D SB SB SB SB D Moraceae Artocarpus heterophyllus Lam. DSB SB SB D SB Moraceae Brosimum gaudichaudii Trécul SB D Moraceae Brosimum guianense (Aubl.) Huber DSB D DSB DSB DSB DSB DSB DSB SB DSB DSB SB SB DSB D SB SB DSB D DSB SB SB DSB SB SB SB Moraceae Brosimum rubescens Taub. DSB SB DSB DSB D D D Moraceae Clarisia racemosa Ruiz & Pav. D D D DSB Moraceae Ficus subapiculata (Miq.) Miq. D D D Moraceae Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Rusby D D SB DSB DSB DSB

Moraceae Moraceae 2 SB Moraceae Sorocea hilarii Gaudich. SB DSB DSB DSB SB SB DSB D SB SB SB SB SB DSB DSB DSB SB SB SB SB SB DSB SB SB Myristicaceae Virola gardneri (A.DC.) Warb. D SB DSB DSB D D Myrsinaceae Rapanea guianensis Aubl. DSB SB SB DSB DSB SB SB SB D D DSB DSB DSB DSB D DSB DSB Myrtaceae Calyptranthes brasiliensis Spreng. D D SB DSB DSB SB SB SB SB SB SB SB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB SB SB Myrtaceae Calyptranthes cf. lucida Mart. ex DC. SB D Myrtaceae Calyptranthes sp2 SB Myrtaceae Campomanesia dichotoma (O.Berg) Mattos D SB D D SB DSB SB SB SB SB D D DSB

Myrtaceae Eugenia candolleana DC. DSB DSB DSB D SB Myrtaceae Eugenia cf. blastantha (O.Berg) D. Legrand SB SB Myrtaceae Eugenia cf. umbelliflora O.Berg DSB DSB Myrtaceae Eugenia florida DC. DSB SB D Myrtaceae Eugenia punicifolia (Kunth) DC. D DSB DSB SB D SB DSB D DSB SB SB SB SB SB Myrtaceae Eugenia sp10 D Myrtaceae Eugenia sp13 SB Myrtaceae Eugenia sp14 D SB SB Myrtaceae Eugenia sp15 D D Myrtaceae Eugenia sp2 SB SB Myrtaceae Eugenia sp3 SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB Myrtaceae Eugenia sp4 SB DSB SB DSB SB DSB D D Myrtaceae Eugenia sp5 SB SB DSB SB D SB D DSB D Myrtaceae Eugenia sp7 SB SB SB SB Myrtaceae Eugenia sp8 SB

160 

Família Nome Científico G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

BE IE IRT BRP IRP IT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP IT BT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP BE IE IRT BRT Myrtaceae Eugenia sp9 D SB Myrtaceae Eugenia umbrosa O.Berg SB SB SB SB SB SB SB SB DSB SB SB Myrtaceae Myrcia cf. decorticans DC. D Myrtaceae Myrcia cf. splendens (Sw.) DC. DSB SB SB SB SB SB Myrtaceae Myrcia guianensis (Aubl.) DC. SB SB SB SB SB SB DSB SB SB DSB SB SB SB SB DSB DSB DSB SB SB SB DSB DSB SB DSB DSB SB Myrtaceae Myrcia racemosa (O.Berg) Kiaersk. SB SB DSB SB SB SB SB SB SB SB SB DSB SB DSB SB SB DSB DSB SB DSB DSB DSB SB SB DSB DSB DSB DSB SB Myrtaceae Myrcia sp3 SB SB SB SB SB SB SB DSB Myrtaceae Myrcia sp5 D SB Myrtaceae Myrcia sp6 D Myrtaceae Myrcia sp7 SB SB Myrtaceae Myrcia sylvatica (G.Mey.) DC. DSB D D DSB SB SB SB SB SB SB DSB DSB DSB DSB SB SB DSB SB SB SB DSB SB SB D Myrtaceae Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. D SB Myrtaceae Myrcia vittoriana Kiaersk. SB Myrtaceae Myrciaria ferruginea O.Berg SB SB SB Myrtaceae Myrciaria floribunda (H. West ex Willd.)

O.Berg SB SB SB SB

Myrtaceae Myrtaceae 31 SB Myrtaceae Myrtaceae 32 D SB SB Myrtaceae Myrtaceae 33 SB D Myrtaceae Myrtaceae 34 D Myrtaceae Psidium guineense Sw. D SB Nyctaginaceae Guapira nitida (Schmidt) Lundell D DSB SB SB DSB DSB DSB D D DSB SB DSB DSB DSB DSB DSB D SB D DSB DSB SB DSB SB SB SB Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz DSB DSB SB DSB SB SB SB DSB DSB SB SB SB DSB SB DSB D DSB SB SB D DSB D SB SB SB SB Nyctaginaceae Neea sp. D SB D DSB D Ochnaceae Elvasia cf. tricarpellata Sastre D Ochnaceae Ochnaceae 1 SB Ochnaceae Ouratea castanaeifolia (DC.) Engl. SB D SB SB DSB DSB DSB DSB DSB DSB DSB SB DSB DSB DSB SB SB SB SB DSB Ochnaceae Ouratea cf. polygyna Engl. DSB DSB DSB SB SB DSB SB DSB D D D D SB SB SB Ochnaceae Ouratea sp1 SB SB Olacaceae Schoepfia brasiliensis A. DC. D D SB SB DSB D DSB SB DSB DSB Phylantaceae Hyeronima alchorneoides Allemao SB SB Phylantaceae Margaritaria nobilis L.f. D DSB SB Phylantaceae Phyllanthus juglandifolius Willd. SB SB Piperaceae Piper caldense C.DC. SB SB SB SB SB Piperaceae Piper hispidum Sw. SB Piperaceae Piper marginatum Jacq. SB SB SB SB SB Piperaceae Piperaceae 3 SB SB Polygonaceae Coccoloba laevis Casar. SB SB SB Polygonaceae Coccoloba marginste Benth. SB Polygonaceae Coccoloba mollis Casar. DSB DSB SB D DSB DSB D DSB DSB DSB DSB DSB DSB D DSB DSB DSB DSB SB D SB D D DSB DSB SB DSB SB Polygonaceae Coccoloba sp10 SB Polygonaceae Coccoloba sp16 SB

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Família Nome Científico G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

BE IE IRT BRP IRP IT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP IT BT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP BE IE IRT BRT Polygonaceae Coccoloba sp3 SB SB SB SB SB SB Polygonaceae Coccoloba sp4 D Rubiaceae Alseis pickelii Pilg. & Schmale DSB SB D SB D D DSB SB SB SB SB SB D SB DSB DSB Rubiaceae Amaioua guianensis Aubl. D SB Rubiaceae Gonzalagunia dicocca Cham. & Schltdl. SB SB Rubiaceae Malanea cf. bahiensis Mull. Arg. SB SB Rubiaceae Palicourea crocea (Sw.) Roem. & Schult. SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB Rubiaceae Posoqueria cf. grandiflora Standl. SB Rubiaceae Posoqueria longiflora Aubl. SB SB SB SB SB SB Rubiaceae Psychotria barbiflora DC. SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB Rubiaceae Psychotria bracteocardia (DC.) Mull.Arg. SB SB SB SB SB Rubiaceae Psychotria capitata Ruiz & Pav. SB SB SB Rubiaceae Psychotria carthagenensis Jacq. SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB DSB SB SB DSB DSB SB SB SB SB SB SB SB SB SB SB DSB SB Rubiaceae Psychotria erecta (Aubl.) Standl. & Steyerm. SB SB SB SB SB SB SB SB SB Rubiaceae Psychotria hoffmanseggiana (Willd. ex Roem.

& Schult.) Mull.Arg. SB

Rubiaceae Psychotria mapouriodes DC. D Rubiaceae Rubiaceae 12 SB Rubiaceae Rubiaceae 18 SB Rubiaceae Rubiaceae 19 DSB Rubiaceae Rubiaceae 7 SB Rubiaceae Rubiaceae 9 DSB SB SB SB SB Rubiaceae Salzmannia nitida DC. SB SB SB SB SB SB Rutaceae Hortia arborea Engl. DSB Rutaceae Pilocarpus cf. giganteus Engl. DSB SB DSB DSB SB SB Salicaceae Banara cf. brasiliensis (Schott) Benth. SB Salicaceae Casearia arborea (Rich.) Urb. D D D SB Salicaceae Casearia decandra Jacq. D Salicaceae Casearia javitensis Humb., Bonpl. & Kunth DSB DSB D D DSB D SB SB DSB DSB SB DSB DSB DSB SB DSB SB SB SB SB D SB DSB SB DSB DSB Salicaceae Casearia sp2 SB Salicaceae Casearia sp3 D D DSB DSB DSB DSB DSB SB SB D D DSB DSB D SB Salicaceae Casearia sylvestris Sw. SB SB SB SB Sapindaceae Allophylus edulis (A.St.-Hil., A.Juss. &

Cambess.) Radlk. SB SB DSB DSB SB SB DSB DSB SB SB SB SB SB SB SB DSB DSB DSB DSB DSB

Sapindaceae Cupania oblongifolia Mart. D D DSB DSB DSB SB D DSB DSB DSB DSB SB SB DSB Sapindaceae Cupania paniculata Cambess. SB DSB DSB SB SB D DSB DSB DSB SB Sapindaceae Cupania racemosa (Vell.) Radlk. DSB DSB DSB DSB DSB SB DSB DSB SB SB SB DSB DSB DSB DSB DSB SB DSB DSB SB DSB SB DSB SB DSB DSB DSB DSB DSB Sapindaceae Cupania revoluta Rolfe SB Sapindaceae Cupania sp3 SB Sapindaceae Paulinia trigonia Vell. SB SB Sapindaceae Sapindaceae 1 D

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Família Nome Científico G1 G2 G3 M1 M2 M3 P1 P2 P3

BE IE IRT BRP IRP IT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP IT BT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BE IE IRT BRP IRP BE IE BRP IRP BE IE IRT BRT Sapindaceae Sapindaceae 4 SB Sapindaceae Talisia elephantipes Sandwith ex Tutin SB SB D SB SB Sapindaceae Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk. DSB D Sapindaceae Talisia sp1 SB SB Sapotaceae Chrysophylum sp1 D Sapotaceae Diploon cuspidatum (Hoehne) Cronquist DSB DSB SB DSB DSB Sapotaceae Manilkara salzmannii (A. DC.) H.J. Lam SB D D SB Sapotaceae Micropholis compta Pierre SB Sapotaceae Pouteria bangii (Rusby) T.D.Penn. DSB DSB SB SB DSB DSB DSB DSB SB Sapotaceae Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni SB SB SB DSB DSB SB SB SB DSB SB DSB DSB DSB DSB SB DSB DSB DSB SB SB SB SB DSB DSB SB SB DSB Sapotaceae Pouteria grandiflora (A.DC.) Baehni D SB SB SB SB D Sapotaceae Pouteria sp10 D Sapotaceae Pouteria sp11 SB SB Sapotaceae Pouteria sp12 D Sapotaceae Pouteria sp13 D SB Sapotaceae Pouteria sp4 DSB D Sapotaceae Pouteria sp8 D D DSB Sapotaceae Pouteria sp9 SB Sapotaceae Pouteria torta (Mart.) Radlk. DSB D SB D SB Sapotaceae Pradosia lactescens (Vell.) Radlk. D D Sapotaceae Pradosia sp1 SB SB Sapotaceae Sapotaceae 1 SB Sapotaceae Sapotaceae 3 D Sapotaceae Sapotaceae 6 SB D Sapotaceae Sapotaceae 8 D Sapotaceae Sapotaceae 9 D D Sapotaceae Sarcaulus brasiliensis (A.DC.) Eyma D SB SB Simaroubaceae Simarouba amara Aubl. SB D DSB D DSB D SB DSB SB D SB SB D D SB DSB D Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. SB SB SB SB SB SB SB DSB Solanaceae Solanaceae 1 SB Solanaceae Solanum asperum Rich. SB SB Solanaceae Solanum paludosum Moric. SB DSB Solanaceae Solanum sp2 SB SB Stemonuraceae Discophora guianensis Miers SB SB Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul SB D D DSB D D DSB D SB D D D D D D DSB DSB D D Urticaceae Pouroma cf. velutina Mart. ex Miq. D Urticaceae Pourouma mollis Trécul D Verbenaceae Lantana camara L. SB Violaceae Paypayrola blanchetiana Tul. SB DSB SB SB SB SB SB SB SB SB DSB SB

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