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INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E VALOR NUTRITIVO DAS FORRAGEIRAS Panicum maximum, JACQ. E Pennisetum purpureum, SCHUM. E NO GANHO DE PESO DE NOVILHOS EUROPEU-ZEBU ENILSON GERALDO RIBEIRO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE CAMPOS DOS GOYTACAZES JUNHO DE 2004

INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE ... - uenf.br · Irrigação de pastagem 5. Bovino de corte 6. Nutrição animal I. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

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INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E VALOR NUTRITIVO DAS FORRAGEIRAS Panicum maximum, JACQ. E Pennisetum

purpureum, SCHUM. E NO GANHO DE PESO DE NOVILHOS EUROPEU-ZEBU

ENILSON GERALDO RIBEIRO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

CAMPOS DOS GOYTACAZES

JUNHO DE 2004

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca do CCTA / UENF 033/2004

Ribeiro, Enilson Geraldo

Influência da irrigação na produção de matéria seca e valor nutritivo das forrageiras Panicum maximum Jacq. e Penisetum purpureum, Schum. e no ganho de peso de novilhos europeu-zebu / Enilson Geraldo Ribeiro. – 2004. 33 f.

Orientador: Carlos Augusto de Alencar Fontes Tese (Doutorado em Produção Animal) – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias. Campos dos Goytacazes, RJ, 2004. Inclui bibliografia.

1. Capim mombaça 2. Capim elefante 3. Pastejo rotacionado 4. Irrigação de pastagem 5. Bovino de corte 6. Nutrição animal I. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias. II. Título.

CDD – 636.20845 633.2

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INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E VALOR NUTRITIVO DAS FORRAGEIRAS Panicum maximum, JACQ. E Pennisetum

purpureum, SCHUM. E NO GANHO DE PESO DE NOVILHOS EUROPEU-ZEBU

ENILSON GERALDO RIBEIRO

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Produção Animal.

Orientador: Prof. Carlos Augusto de Alencar Fontes

CAMPOS DOS GOYTACAZES

JUNHO DE 2004

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INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E VALOR NUTRITIVO DAS FORRAGEIRAS Panicum maximum, JACQ. E Pennisetum

purpureum, SCHUM. E NO GANHO DE PESO DE NOVILHOS EUROPEU-ZEBU

ENILSON GERALDO RIBEIRO

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Produção Animal.

Aprovada em 09 de junho de 2004 Comissão examinadora:

Antônio Carlos Cóser (D.Sc. Zootecnia ) – Embrapa Gado de Leite

Conselheiro

Carlos Eugênio Martins (D.Sc. Solos e Nutrição de Plantas ) – Embrapa Gado de Leite

Conselheiro

Prof. Alberto Magno Fernandes ( D.Sc., Zootecnia) - UENF

Prof. Carlos Augusto de Alencar Fontes (PhD., Nutrição de Ruminantes) - UENF Orientador

ii

A Deus, aos meus pais, José e Ângela, aos meus irmãos, Evandro e Elenice,

ao meu cunhado, Zé Roberto e à minha Jovana.

Dedico.

iii

AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), por oferecer

condições para a realização deste curso.

Ao professor Carlos Augusto de Alencar Fontes, pela orientação,

ensinamentos e dedicação fundamentais para a realização deste trabalho.

Ao professor José Brandão Fonseca, pelos ensinamentos, e a toda a família,

pela inesgotável amizade.

Aos pesquisadores Carlos Eugênio Marins e Antônio Carlos Cóser, da Embrapa – Gado de Leite, pela orientação e grande auxílio na realização deste trabalho. Aos professores do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), pelo

imprescindível aprendizado adquirido em suas aulas.

Aos colegas de experimento Jorge, João e Ana Paula pela grande ajuda na

condução deste trabalho.

Aos técnicos do LZNA Cláudio, Beatriz, Rogério e Sérgio, por auxiliarem

nesta pesquisa.

À Prof. Célia Raquel Quirino, pela amizade, companheirismo e boa

convivência profissional.

Aos motoristas Vilarinho e Noel , pelas viagens tranqüilas.

A todos os funcionários da Unidade de Pesquisa em Zootecnia,

principalmente, Cristiano, Eliziel e Edmilson, pela grande ajuda prestada.

Aos amigos e ex-funcionários Luiz, Serginho, Charles, Alicio, Pardinho e

Dirlei, pela amizade e grande ajuda na realização desta pesquisa.

iv

Aos funcionários das secretarias Etiene, Dil, Marcelo, Elenita e Angela e às

funcionárias da biblioteca Luciane, Magda, Conceição e Vângela pela eficiência.

Aos estudantes bolsistas Roberto, Joicecleide, Alice, Manuela e Carlos

Eduardo, pela participação e colaboração na condução desta pesquisa.

Ao casal Lara e Emanoel e à adorável Júlia, pela amizade e por ter dedicado

tanto na realização deste trabalho.

Aos amigos Ralph, Cleuber, Arnaldo e Hebert pelo convívio, companheirismo

e amizade.

Às amigas Renata, Roberta, Bianca, Ana Bárbara e Alessa, pela ajuda e a

todas as colegas de Pós-Graduação, pela convivência adorável e divertida.

Aos amigos Guilherme, Mirton, Ismail, Afonso, Laélio, Fabinho, Antônio e

demais colegas de Pós-Graduação, pela amizade, companherismo e diversões,

fundamentais à vida.

Aos produtores rurais Omero, Wilson, Manoel e José Roberto, pelo os animais

fornecidos ao experimento.

Aos estagiários Ricardo e Roseane, pelo grande desempenho e ajuda

prestada.

À minha família, pelo amor, dedicação, ensinamentos de vida e por

acreditarem em mim.

À Jovana, por ser a minha vida, e à sua família, Sr. Jovanil, D. Clarice e Ana

Luíza, por tudo que fazem por mim..

A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização

deste trabalho.

v

BIOGRAFIA

Enilson Geraldo Ribeiro nasceu em 19 de setembro de 1970, em Piedade do

Rio Grande, Estado de Minas Gerais.

Em novembro de 1988, formou-se em Técnico em Agropecuária pela Escola

Agrotécnica Federal de Barbacena, Barbacena - MG.

Em setembro de 1996, graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal

de Viçosa , Viçosa - MG.

No período de outubro de 1996 a agosto de 1997, foi bolsista de

aperfeiçoamento (CNPq) pela EMBRAPA - GADO DE LEITE, Juiz de Fora - MG.

Em março de 2000, tornou-se Mestre em Produção Animal, pela Universidade

Estadual do Norte Fluminense.

Em abril de 2000, iniciou o Doutorado em Produção Animal, nesta

Universidade.

vi

SUMÁRIO

página

RESUMO......................................................................................... vii

ABSTRACT...................................................................................... x

1.INTRODUÇÃO.............................................................................. 1

2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................ 4

2.1 – Forrageiras tropicais sob pastejo ................................ 4

2.2 – Forrageiras tropicais irrigadas...................................... 9

2.1.1 – Produção de biomassa................................... 9

2.2.2 – Qualidade da forragem.................................. 12

2.2.2.1 – Valor nutritivo.................................... 12

2.2.2.2 – Consumo de forragem...................... 15

2.3 – Produção animal em pastagens irrigadas..................... 16

2.3.1 – Taxa de lotação............................................... 16

2.3.2 – Ganho de peso individual................................ 17

2.3.3 – Ganho de peso por área.................................. 17

2.4 – Valor nutritivo da forragem em função do dia de pastejo 18

3. REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS ................................................ 19

4. TRABALHOS. ............................................................................... 29

5. CONCLUSÕES GERAIS............................................................... 89

vii

RESUMO

RIBEIRO, Enilson Geraldo Ribeiro, D.S., Universidade Estadual do Norte

Fluminense; Junho de 2004; Influência da irrigação na produção de matéria seca e

valor nutritivo das forrageiras Panicum maximum, jacq. e Pennisetum purpureum,

schum., e no ganho de peso de novilhos europeu-zebu; Professor orientador: Carlos

Augusto de Alencar Fontes. Professores conselheiros: Antônio Carlos Cóser e

Carlos Eugênio Martins

O experimento foi conduzido na UENF, em Campos dos Goytacazes, RJ.

Avaliou-se a influência da irrigação sobre: disponibilidades de matéria seca total

(DMST), matéria seca verde (DMSV), matéria seca foliar (MSF), matéria seca

residual (DMSR), altura e densidade da forragem, composição química da lâmina

foliar, taxa de lotação (TL), consumo de forragem, digestibilidade in vivo e ganho de

peso por animal e por área, em novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça.

Os tratamentos foram as combinações das duas forrageiras com dois níveis de

irrigação (com e sem) num arranjo fatorial. Irrigou-se, repondo 100 % da

evapotranspiração (ET0) média diária observada em dez anos. Adotou-se pastejo

rotacionado, com novilhos, com quatro dias de ocupação e 32 de descanso, carga

animal variável e pressão de pastejo de 4 kg de matéria seca foliar/100kg de peso

vivo. Na determinação da disponibilidade, a forragem contida em um quadro de 1

m2, lançado 24 vezes por ha, foi cortada a 30 cm do solo, pesada e separada em

folha, caule e material senescente. O consumo de forragem dos animais fixos foi

determinado, utilizando-se óxido crômico com marcador externo. A digestibilidade

estimada a partir do consumo de matéria seca (MS) e seus constituintes e da

excreção e composição da MS fecal. O ganho de peso dos novilhos foi avaliado a

viii

cada 28 dias, após jejum de 16 horas. Na obtenção da forragem potencialmente

consumida pelos animais, utilizaram-se 4 novilhos, providos de fístulas esofágicas.

Foram analisados, separadamente, resultados referentes às épocas seca e chuvosa.

Verificaram-se, nas forrageiras irrigadas, maiores DMST, DMSV e MSR, nas duas

épocas do ano, tendo o Capim Napier apresentado, sempre, maiores

disponibilidades. Maiores respostas à irrigação nas DMST e DMSV, foram

observadas no Capim Mombaça. A irrigação resultou em DMSF 34,0 e 78,0 % na

época seca e 18,4 e 39,0 % na época chuvosa, para os capins Napier e Mombaça,

respectivamente. Na época seca, a irrigação proporcionou às forrageiras maior

percentagem de folhas, altura e densidade de forragem. Verificou-se nesta época,

no capim Napier, menor percentagem de folhas e maior altura e densidade de

forragem que no capim Mombaça. Na época chuvosa, as forrageiras irrigadas

apresentaram maior altura e densidade de forragem, mas percentagem de folhas

semelhantes às não irrigadas. Nesta época, o capim Napier teve menor

percentagem de folha e maior altura, não diferindo do Mombaça quanto à densidade

de forragem. A irrigação não influenciou nos teores de matéria orgânica, proteína

bruta e FDN das forragens. O capim Napier, irrigado ou não, apresentou maior teor

de PB e menores teores de MO e FDN, nas duas épocas. Na época seca, a irrigação

aumentou em 25,6 e 67,6 % a TL dos capins Napier e Mombaça, respectivamente, e

na época chuvosa os aumentos foram de 21,5 e 50, 0 %. O consumo de forragem

não foi influenciado pela irrigação e espécie forrageira, na época seca. Na época

chuvosa, verificou-se maior consumo total de MS nas forrageiras não irrigadas, não

se verificando diferença no consumo em percentagem de peso vivo e por unidade de

tamanho metabólico. Na época seca, verificaram-se, nas forrageiras irrigadas,

maiores digestibilidades “in vivo” da MS, MO e FDN e menor da PB. Na época

chuvosa, as forrageiras irrigadas apresentaram menor digestibilidade da MS.

Verificaram-se maiores digestibilidades da MS, MO e FDN e menor da PB no capim

Napier. As forrageiras não irrigadas proporcionaram maiores ganhos de peso por

animal na época seca. Na época chuvosa, verificou-se menor ganho por animal no

capim Mombaça irrigado. O capim Napier proporcionou maior ganho que o

Mombaça. A irrigação promoveu aumentos de 23,0 e 22,7 % no ganho por área,

nas épocas seca e chuvosa, respectivamente, nas duas forrageiras. Verificaram-se

quedas lineares nos teores de MS, PB, e na DVMS da extrusa, com avançar do

período de ocupação do piquete, que corresponderam a 4,0 % no teor de MS, a 12,0

ix

% no teor de PB e a 2,0 % na DIVMS por dia de pastejo. Por outro lado, ocorreram

aumentos lineares (P<0,05) nos teores FDN, FDA e lignina, que corresponderam,

respectivamente, a 2,0; 4,0 e 7,0 % , por dia de ocupação do piquete.

Palavras-chave: capacidade de suporte, composição química, forrageiras tropicais, forrageiras tropicais, pastagens irrigadas

x

ABSTRACT

RIBEIRO, Enilson Geraldo. Influence of the irrigation on dry matter production and

nutritive value of the forages Panicum maximum, Jacq. and Pennisetum purpureum,

Schum. and on weight gain of crossbred European-Zebu steers. Adivisor: Carlos

Augusto de Alencar Fontes. Committe members: Antônio Carlos Coser and Carlos

Eugênio Martis.

The research was carried out at UENF, in Campos dos Goytacazes, state of

Rio de Janeiro, aiming to evaluate the influence of irrigation on availabilities of total

dry matter (TDMA), green dry matter (GDMA) and leaf dry matter (LDMA) and on

residual dry matter (RDM), forage height (FH), forage density, chemical composition

of leaf blades, stocking rate (SR), forage intake, “in vivo” digestibility and weight gain,

per animal e per area, of steers grazing Napier-grass and Mombaça-grass. The

treatments were the combinations of the two grasses and two irrigations levels (with

and without), in factorial arrangement. The irrigation supplied the previous ten-year

mean evapotranpiration (ET0). It was adopted the rotational grazing, with grazing

period of four days, rest period of 32 days and variable stocking, with grazing

pressure of four kg of leaf dry matter per 100 kg live weight. To determine forage

availability, 24 samples/hectare were taken, using a 1m X 1m quadrate. The forage

was cut 30 cm above the ground and separated into blades, stems and senescent

material. The forage intake of the test animals was determined utilizing cromic oxide

as external marker. Digestibility was estimated based on intake and composition of

forage dry matter and on fecal dry matter output and composition. The weight gain of

steer was evaluated each 28 days, after a fasting period of 16 hours. To obtain

representative samples of the forage potentially eaten by the animals, four steers

xi

fistulated in the esophagus were used. Results regarding to dry season and rainy

season were analyzed separately. Irrigated forages showed higher TDMA, GDMA

and RDM in both seasons of the year and higher yields were observed in Napier-

grass. Hower, Mombaça-grass showed higher response to irrigation in TDMA and

GDMA than Napier-grass. Irrigation resulted in LDMA 34.0 and 78.0 % higher, in dry

season, and 18.4 and 39.0 % higher, in rainy season, for Napier-grass and

Mombaça-grass, respectively. During the dry season, irrigation increased forage

percent of leaves, forage height and forage density, and Napier-grass was taller

showed lower proportion of leaves and higher density than Mombaça-grass. During

the rainy season, irrigated forages were taller and more dense, but did not differ from

the non irrigated ones regarding to percent of leaves, and Napier-grass was taller

and had lower percent of leaves, but did not differ from Mombaça-grass regarding to

density. Irrigation had no influence on organic matter (OM), crude protein (CP) and

neutral detergent fiber (NDF) content of forages. Napier-grass, irrigated or not, had

higher CP and lower OM and NDF contents than Mombaça-grass in both seasons.

Irrigated increased by 25.6 and 67.6 % Napier-grass and Mombaça-grass stocking

rate, respectively, in dry season, and by 21.5 and 50.0, in rainy season. Forage

intake was not affected by irrigation and forage species, in dry season. In rainy

season, it was observed higher total dry matter (DM) intake in non irrigated forages,

but there was no difference when DM intake was expressed as percent of live weight

or by unit methabolic size. In dry season, it was observed in irrigated forages higher

“in vivo” digestibility of DM, OM and NDF and lower digestibility of CP. In rainy

season, the irrigated forages showed lower DM digestibility. Higher digestibility of

DM, OM and NDF and lower digestibility of CP were observed in Napier-grass.

Higher weight gain per animal was observed in non irrigated forages in dry season. In

rainy season, it was observed lower weight gain per animal in irrigated Mombaça-

grass. Napier-grass provided higher weight gains than Mombaça-grass. Irrigation

Increased by 23.0 and 22.7 % weight gain per area in dry and rainy season,

respectively. Regression analyses revealed linear decrease in the content of DM, CP

and “in vitro” digestibility of extrusa DM (IVDMD) as the occupation period of the plot

advanced, which corresponded to 4.0 %, a day, in protein content and to 2.0 %, a

day, in IVDMD. By the other hand, the contents of NDF and acid detergent fiber and

lignin increased by 2.0; 4.0 and 7.0 %, respectively, each grazing day.

Key words: caring capacity, chemical composition, forage intake, irrigated grass, tropical grass

1

1. INTRODUÇÃO

O aumento da população brasileira e do poder aquisitivo de parcelas da

população de baixa renda elevam o consumo interno de produtos de origem bovina,

que, juntamente com o aumento das exportações de carne, a substituição de áreas

de pecuária por áreas agrícolas, as pressões contra o desmatamento e o aumento

de áreas de preservação, nos últimos anos, geram a necessidade da intensificação

dos sistemas de produção de bovinos. O Brasil destaca-se, dentre os maiores

produtores mundiais, por ter potencial para elevar, em muito, o nível atual de

produção. Necessita, para isso, modernizar a atividade pecuária, visando a

aumentar a produção por animal e por área, o que poderá ser alcançado utilizando-

se alimentos concentrados (com preços elevados em muitas regiões brasileiras) ou

por meio da intensificação do uso de pastagens.

A produção e a qualidade da biomassa de uma espécie forrageira são

conseqüência da transformação de energia solar e CO2 atmosférico em compostos

orgânicos, condicionada por fatores climáticos, como temperatura, luminosidade,

pluviosidade (influenciando na umidade do solo), fatores ligados à planta, ao solo

(disponibilidade de nutrientes), à presença do animal e às interações que ocorrem

entre todos estes fatores. Alguns dos fatores fortemente limitantes, como nutrientes

e água, podem ser supridos pelo homem, por meio do emprego de fertilizantes e

irrigação. Entretanto, conforme salienta Euclides (2002), para se ter melhor relação

benefícios:custo, há necessidade da maximização dos benefícios, pois os custos

dificilmente podem ser alterados com uso de certo nível de insumo. Desta forma, há

necessidade de se buscar aumento em produtividade, o que pode ser alcançado

2

pelo incremento da capacidade de suporte das pastagens e/ou pela melhoria do

ganho de peso individual.

Em décadas passadas, o objetivo principal, ao se implantar o sistema de

irrigação de pastagens, era reduzir a estacionalidade de produção forrageira no

período “seco”. No entanto, as pesquisas evidenciaram que a irrigação podia reduzir,

mas não eliminava a estacionalidade de produção de forrageiras tropicais,

verificando-se menor produção no inverno, sugerindo que outros fatores climáticos

possam limitar a produção de matéria seca. Dentre os fatores climáticos envolvidos,

precipitação pluviométrica (relacionada com a umidade do solo), luminosidade,

fotoperíodo e temperatura, a irrigação irá interferir apenas na umidade do solo.

Desta forma, o sucesso de seu uso pode ser influenciado pelos níveis dos outros

fatores.

A temperatura ótima para o desenvolvimento das gramíneas tropicais está

em torno de 30 a 35 0C (COOPER e TAITON, 1968; GOMIDE, 1994). Em muitas

regiões, a temperatura média, em alguns meses, na época seca, atinge valores

abaixo de 15 0C. Segundo COOPER e TAINTON (1968), as forrageiras tropicais têm

crescimento limitado abaixo desta temperatura.

Em se tratando de Brasil, não se pode generalizar a respeito das limitações

climáticas para o crescimento das forrageiras, apenas em função da região. O mais

correto, para fins de irrigação de pastagens, é analisar os dados climáticos do local,

principalmente o comportamento das temperaturas mínimas e a precipitação durante

o ano, para verificar que tipo de resposta se pode esperar com o uso da irrigação,

quanto ao aumento de produção e à redução da estacionalidade.

Maya (2003) relata que os incrementos no acúmulo de matéria seca, durante

a época chuvosa, em decorrência da irrigação, indicam potencial de utilização da

irrigação de pastagens o ano todo, desde que as condições de temperatura e

fotoperíodo não sejam limitantes, a fertilidade do solo seja corrigida, explorando-se

principalmente os períodos de déficit hídrico ou “veranicos”.

Dados obtidos na Estação Evapotranspirométrica da PESAGRO/UENF, em

Campos dos Goytacazes – RJ., de julho de 1996 a dezembro de 2003, indicam que

as temperaturas médias mensais mantiveram-se, durante todos os meses do ano,

acima de 20 0C. Nos meses mais frios, maio, junho, julho e agosto, observaram-se

as médias das mínimas de 17,9; 16,8; 15,9 e 16,6 0C e médias das máximas de

28,3; 28,0; 26,6 e 27,1 0C, respectivamente. Nos demais meses do ano, as médias

3

das mínimas situaram-se acima de 19,0 0C. A precipitação pluviométrica anual

média no período foi inferior a 800 mm, com ocorrência de veranicos nos meses de

janeiro e fevereiro. Essas condições climáticas sugerem que a região seja propícia

ao uso da irrigação em pastagens.

Na produção de bovinos de corte a pasto, a irrigação só se justifica quando

outras tecnologias, como a adubação de pastagens, o pastejo rotacionado, o uso de

animais especializados e de forrageiras com alta capacidade de produção possam

ser utilizadas em conjunto.

A quantidade de produto animal por área é função da taxa de lotação, que é

determinada pela disponibilidade de forragem e do desempenho individual do

animal, determinado pela quantidade e qualidade da forragem consumida e por

características do animal sob a influência do ambiente.

O aumento na taxa de lotação, até certo nível, eleva a produção por área, no

entanto, a produção por animal pode ser diminuída. Enquanto a produção por área é

importante para o produtor, pelo aumento da produtividade, o baixo desempenho

animal pode ter como conseqüência maior idade de abate, diminuindo a taxa de

desfrute da propriedade. Também a alta taxa de lotação pode influenciar

negativamente na persistência da forrageira. Com isto torna-se necessário buscar a

capacidade de suporte ótima para cada sistema de produção de bovinos a pasto,

tentando maximizar a produção por área, sem comprometer o desempenho

individual.

O desempenho animal é determinado pela quantidade de forragem consumida e

pelo valor nutritivo da forragem. Com isso, em estudos em que se avalia a produção

animal em pastejo, há a necessidade de se avaliar, juntamente com a quantidade de

forragem produzida e o desempenho animal, o consumo forrageiro e a qualidade da

forragem consumida.

Objetivou-se, com este trabalho, verificar a eficácia da irrigação, dos capins Napier e

Mombaça, em aumentar a produção de forragem, o desempenho animal e a

produtividade por área e a influência da irrigação sobre as características das

pastagens: altura, densidade volumétrica, consumo, composição química e outras

características nutritivas da forragem consumida.

4

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – Forrageiras tropicais sob pastejo As gramíneas tropicais, predominantemente do tipo C4, possuem elevada

taxa fotossintética, com produtividade muito superior à das plantas forrageiras de

clima temperado (CORRÊA, 2000). Geralmente, as gramíneas forrageiras tropicais

não possibilitam ganho diário por animal tão elevado quanto os proporcionados

pelas forrageiras de clima temperado, em função dos níveis mais baixos de consumo

e digestibilidade. Entretanto, o ganho de peso por área pode ser mais elevado,

devido ao seu alto potencial produtivo no período das águas, que lhes confere

elevada capacidade de suporte.

Dentre as gramíneas forrageiras tropicais, destacam-se, pela produtividade e

valor nutritivo, o capim-elefante (Pennisetum purpurium), com diversas cultivares de

interesse, e várias cultivares da espécie Panicum maximum. O capim-elefante é

considerado a espécie com maior potencial de produção, encontrando-se na

literatura referência de produção de até 80 toneladas de matéria seca por ha, por

ano (SANTOS, 1995). Esta forrageira, tradicionalmente utilizada para corte, tem tido

emprego crescente sob pastejo intensivo, na produção de leite e carne. Entretanto,

devido a seu hábito de crescimento, cespitoso e de grande porte, com rápida

elevação dos pontos de crescimento, requer cuidados especiais de manejo para

permitir coleta de alta proporção do material produzido, preservar a qualidade do

pasto disponível e possibilitar a persistência da pastagem.

5

A espécie Panicum maximum tem sido, ao longo dos anos, uma das

gramíneas mais importantes para produção de gado de corte no Brasil. A cultivar

Colonião foi a mais explorada durante décadas. Novas cultivares têm sido lançadas

nos últimos anos, destacando-se a Tobiatã, Tanzânia e Mombaça. Esta última

destaca-se pelo grande vigor, alta produção de massa e bom valor nutritivo. Dados

da Embrapa Gado de Corte revelam nessa cultivar produção de 41 toneladas de

matéria seca por hectare, por ano, apresentando, em média, 81,9% de folhas, 13,4%

de proteína bruta nas folhas e 9,7% nos colmos (SANTOS et al., 1999).

As recomendações para manejo de pastagens têm se baseado em

características fisiológicas das plantas, destacando-se o acúmulo de carboidratos

não estruturais, elevação/eliminação do meristema apical, área foliar remanescente

pós-pastejo e senecência das folhas e eficiência de colheita da forragem disponível.

Os carboidratos não estruturais são armazenados nas raízes, estolões,

rizomas e base das plantas, nos momentos em que a fotossíntese supera a

respiração. Esses carboidratos são mobilizados, após a desfolha, para os pontos de

crescimento. Nas forrageiras de clima temperado, o nível de carboidratos não

estruturais na planta tem, aparentemente, maior relação com a produção de

forragem da rebrota, 20 a 30 dias após a desfolha, que nas plantas tropicais

(RODRIGUES e REIS, 1995). De acordo com GOMIDE (1997), esses carboidratos

são mobilizados após a desfolha para atender, principalmente, à respiração, com a

supressão da fotossíntese, e seu nível somente apresenta correlação com a rebrota

antes do aparecimento da primeira folha.

O sistema de pastejo deve possibilitar à planta recuperação de suas reservas

de carboidratos não estruturais, sem os quais ela pode debilitar-se e não resistir à

concorrência das plantas invasoras (RODRIGUES e REIS, 1995). A recuperação

das reservas, em sistema de exploração intensiva, em pastagens tropicais, ocorre

mais facilmente quando se adota o pastejo rotacionado, verificando-se o

estabelecimento das reservas num período de 21 a 35 dias após a desfolha (CORSI,

1988).

A rebrota da pastagem ocorrerá de forma rápida quando na desfolha há

preservação de alta proporção de meristemas apicais. Em condições de pressões de

pastejo relativamente baixas, que têm prevalecido historicamente no Brasil, com

baixos níveis de adubação, tem sido recomendado o manejo de pastagens de forma

a preservar a maior proporção possível de meristemas apicais e garantir maior

6

rapidez das rebrotas e maior produção de forragem. Em espécies cespitosas de

grande porte, isto pressupõe pastejo leve e maior altura do resíduo em pastejos

sucessivos. No caso do capim-elefante, a planta quando submetida a pastejo severo

apresenta rebrota a partir de gemas basilares e, em condições de pastejo alto ou

leve, ocorre perfilhamento lateral, que seria desejável (HILLESHEIM, 1995). O

Panicum maximum apresenta pequena rebrota lateral, estando sua produção

baseada em perfilhos basais (SANTOS, 1995).

As duas espécies têm comportamento semelhante quanto à época de

aparecimento dos perfilhos. No capim-elefante, o crescimento de todos os perfilhos

inicia-se nos primeiros sete dias após o corte (SANTOS, 1995). De forma

semelhante, no Panicum maximum o desenvolvimento dos perfilhos ocorre até oito

dias após o corte, sendo o perfilhamento após dezesseis dias insignificante (CORSI,

1988). Disto, resulta que todos os perfilhos terão a mesma idade. Quando se adota o

pastejo rotacionado, que é o mais indicado para forrageiras cespitosas e de ritmo de

crescimento acelerado (CORSI, 1986; MARASCHIN, 1986), o período de ocupação

deve ser suficientemente curto de forma a não permitir dano à rebrota. Tem sido

recomendado período de ocupação para ambas as espécies não superior a cinco

dias (SANTOS, 1995).

O período de descanso deve ter duração que permita boa produção de

massa e recuperação das reservas de carboidratos não estruturais, mas não deve

ser longo demais, de forma a possibilitar ao animal consumo de forragem de bom

valor nutritivo. Têm sido recomendado para o capim-elefante e o Panicum maximum

períodos de descanso de 28 a 45 dias.

De forma a possibilitar a coleta de alta proporção da massa produzida (até o

nível de 60%), tem-se estabelecido a duração do período de descanso em função do

número médio de folhas que permanecem em um perfilho e do intervalo de dias para

o aparecimento de duas folhas sucessivas (filocrono). Atingido esse número, ocorre

senescência e perda da folha mais velha, com o surgimento de uma nova folha. Isto

significa que, quando uma folha não é colhida, ela senesce e morre (SANTOS et al.,

1998). Desse modo, para reduzir as perdas por senescência, é necessário conhecer

o tempo de vida das folhas e planejar o período de descanso das pastagens de

forma que a maior parte das folhas tenha chance de ser colhida (CORSI et al., 1994;

AGUIAR, 2000).

7

A velocidade de rebrota de uma pastagem é também influenciada pelo

índice de área foliar (IAF) remanescente após a desfolha. A rebrota de uma

pastagem com IAF remanescente zero ou próximo deste valor é altamente

dependente de carboidratos de reserva e por isso é lenta. A partir da formação das

primeiras folhas, a planta passa a independer de suas reservas orgânicas e a

crescer às custas da fotossíntese. O acúmulo de forragem é acelerado até o ponto

em que há interceptação de cerca de 95% da luz incidente (AGUIAR, 2000). Com o

aumento posterior do IAF, ocorre diminuição da produção.

No sistema de pastejo baseado em índice de área foliar remanescente e

preservação dos meristemas apicais, normalmente a altura de pastejo é mais

elevada e os níveis de perda são altos, tornando-se necessária a elevação

progressiva da altura de pastejo, o que provoca pastejo leve e pequeno

aproveitamento da forragem disponível. Esse tipo de manejo só é possível quando a

taxa de lotação é baixa, em torno de 1,5 a 2,0 UA/ha (SANTOS, 1993).

Quando o objetivo é explorar intensivamente a pastagem, há necessidade

de aplicação de altos níveis de adubação nitrogenada, ocorrendo, em conseqüência,

rápido alongamento das hastes e eliminação acentuada dos meristemas apicais,

sendo necessário explorar a capacidade de perfilhamento basal da forrageira, como

característica fisiológica de alta produtividade pós-pastejo (CORSI, 1988).

Segundo AGUIAR (2000), em condições de exploração intensiva da

pastagem, com aplicação de nitrogênio acima de 300 kg/ha, associado à alta

eficiência de colheita da forragem disponível (acima de 60%), é recomendável

adotar-se pressão de pastejo de 4% (4 kg de MS de forragem por 100kg de peso

vivo animal) e trabalhar com resíduos baixos, próximo a 20 cm de altura e 1000 a

1500 kg de matéria seca residual, no caso do Panicum maximum . Em sistemas

médios de adubação, podem ser usadas pressões de pastejo de 5 a 6 % (40 a 50%

de aproveitamento). Já em sistemas sem adubação ou com baixos níveis de

adubação devem ser mantidos resíduos pós-pastejo de 2000 a 2500 kg/ha e altura

de resíduo de 30 a 40 cm.

As gramíneas tropicais respondem, com grande intensidade, à adubação

nitrogenada até o nível de 1800 kg/ha/ano de N, com respostas lineares até 400

kg/ha/ano de N, dependendo do solo, da espécie e do manejo. Entretanto, as

melhores respostas e a maior eficiência de utilização do nitrogênio somente

8

ocorrerão quando os demais nutrientes estiverem em níveis adequados (CORREA,

2000).

Tem sido recomendada a calagem para elevar o pH do solo para valores

acima de 5,5 e o nível de saturação de bases, no caso das forragens exploradas

intensivamente para 60 a 70% (CORSI e NUSSIO, 1993). Quanto ao potássio, tem

se recomendado elevar o nível no solo para 2 a 2,5% da capacidade troca catiônica

(CTC) e para o fósforo, têm sido considerado como adequados níveis de 10 ppm

(WERNER, 1977) e 20 ppm (MONTEIRO, 1994).

O principal fator que reduz a produtividade de leite e carne, em regime

exclusivo de pasto, no Brasil Central, é a sazonalidade da produção forrageira,

determinada pela ocorrência de duas estações climáticas distintas, ao longo do ano.

Na época das águas, a umidade, a temperatura e a luminosidade são favoráveis à

grande produção forrageira, enquanto, na época seca, a insuficiência de chuvas e,

em grau variável, a temperatura e luminosidade restringem a produção. Revisão

bibliográfica efetuada por CARVALHO (1985) evidencia que de 70 a 80% da

produção do capim-elefante ocorre na época das águas. Trabalhos revisados por

GOMIDE (1994) apontam produção ainda mais baixa desta forrageira na seca, de 10

a 15% do total. A grande estacionalidade da produção tem sido igualmente

verificada no Panicum maximum. PEDREIRA (1972) concluiu que era necessária

uma variação muito ampla na taxa de lotação, de 0,2 para 5,3 UA/ha, para ajustar o

consumo de forragem à taxa de crescimento do capim colonião durante o ano.

2.2 – Forrageiras tropicais irrigadas

2.2.1 – Produção de biomassa

A água é a principal constituinte das células vegetais. Em forrageiras tem

participação fundamental nos processos: assimilação e alocação de carbono,

assimilação e alocação de nutrientes, principalmente nitrogênio, e evapotranspiração

(RASSINI, 2002). Este mesmo autor relata que a aplicação de doses de nitrogênio

isoladas promovia pequenos aumentos na produção de pastagens. A aplicação de

água dobrava a produção e a associação de água e nitrogênio aumentava de cinco

a oito vezes a produção de matéria seca das pastagens, enfatizando a importância

da água no aumento da produção e no transporte de nutrientes. Em função dos

9

inúmeros processos em que a água está envolvida, pode-se crer que ela influencia a

quantidade de biomassa acumulada e a sua composição bromatológica.

BALSALOBRE el al. (2003) salientam que a produção de forragem depende

de fatores ligados ao clima, ao solo, à planta e ao animal, além das interações entre

eles. Os fatores climáticos envolvidos são precipitação pluviométrica (relacionada

com a umidade do solo), luminosidade (quantidade e qualidade de luz), fotoperíodo

e temperatura. Como a irrigação irá interferir apenas na umidade do solo, o sucesso

de seu uso pode ser influenciado pelos outros fatores acima relacionados.

As vias metabólicas são catalisadas por enzimas, que têm sua ação afetada

pela temperatura, todavia, parece que a temperatura tem maior influência no

crescimento da planta que na taxa fotossintética. ROCHA (2001) comenta que a

temperatura afeta o crescimento através do seu efeito sobre o processo de divisão

(mitose) e expansão celular, sendo que NABINGER (2002) relata que a taxa de

aparecimento de folhas (filocromo) é termo-dependente, sendo também influenciada

pela temperatura, pela taxa de expansão foliar e pela duração de vida das folhas.

COOPER e TAINTON (1968) e GOMIDE (1994) acrescentam que a temperatura

ótima para o crescimento de forrageiras tropicais está entre 30 e 35 oC e que o

crescimento fica limitado quando a temperatura está abaixo de 15 oC. Com a

elevação da temperatura irá ocorrer um aumento na evapotranspiração e na

abertura dos estômatos, aumentando, conseqüentemente, a entrada de CO2 para

síntese de biomassa.

A radiação é a principal forma de troca de energia entre plantas e o

ambiente aéreo. Parte da energia solar absorvida pelos pigmentos é utilizada na

formação de ligações químicas ricas em energia e na síntese de compostos

reduzidos durante o processo de fotossíntese (RODRIGUES et al., 1993), sendo

estes compostos utilizados para o crescimento da planta. Ocorrendo diminuição na

quantidade de luz, amplia-se a fase escura da planta, aumentando a respiração,

diminuindo o período de fixação de carbono.

O aumento da radiação eleva a síntese de açúcares solúveis e ácidos

orgânicos com redução na proporção de parede celular, levando a um aumento da

digestibilidade.

Em condições de déficit hídrico, a produção de biomassa pode ser limitada,

por baixa taxa fotossintética, causada pela falta de água, nutrientes e CO2 e pela

distribuição dos assimilados dentro da plantas. Para KAISER (1987), o principal fator

10

limitante é a severa inibição da fotossíntese, causada pela falta de CO2 em

conseqüência do fechamento dos estômatos, artifício que a planta usa para evitar

perdas de água. CORSI e NASCIMENTO JR (1994) citam, em revisão, que o

crescimento em extensão, como, por exemplo, a expansão foliar, é mais sensível ao

déficit hídrico que ao fechamento dos estômatos. Assim, antes da ocorrência do

fechamento dos estômatos, o crescimento da planta estaria prejudicado. Por sua

vez, ROSA (2001) relata que plantas sob condições de déficit hídrico promovem a

redistribuição dos produtos assimilados, fazendo com que haja maior distribuição a

favor do sistema radicular em relação à parte aérea da planta, motivada pelo maior

desenvolvimento das raízes, para conseguirem absorver água em camadas mais

profundas do solo.

LADEIRA et al.(1966), em pastagens de capim pangola (Digitaria

decumbens Stent), sempre verde (Panicum maximum, Jacq.) e capim gordura

(Melinis minutiflora, Beauv.), adubados, verificaram um aumento médio de 84 % na

produção de forragem verde, durante a seca,quando estes capins foram irrigados,

porém a produção foi muito baixa em relação à produção do período das águas

(23%). GHELFI FILHO (1976), trabalhando com capim colonião (Panicum maximum,

Jacq.), verificou que a irrigação proporcionou incrementos de 44 % na época seca e

22% na época das águas, a irrigação também não diminuiu a estacionalidade de

produção. MATSUMOTO et al. (2002), trabalhando com 5 cultivares de Panicum

maximum, encontrou resposta positiva à irrigação na produção de matéria seca

(40% no ano), porém as respostas aconteciam no período de outubro a junho, pois

nos meses de julho, agosto e setembro a produção foi a mesma das parcelas não

irrigadas. Outros autores, trabalhando com diversas espécies forrageiras, também

encontraram resposta à irrigação, sem redução na estacionalidade de produção

(CARVALHO et al., 1975; ALVIM et al., 1986; BOTREL et al., 1991; ALVIM et al.,

1993). Todos estes autores destacaram que outros fatores estão envolvidos na

redução de produção de forrageiras tropicais, sendo os principais a luminosidade e a

temperatura.

LOPES et al. (2002a), trabalhando com capim elefante, irrigado ou em

sequeiro, adubado com 4 combinações de doses nitrogênio e potássio (400 N +300

K; 300 N + 240 K; 200 N + 160 K; 100 N+ 80 K kg/ha/ano), no período de abril de

2000 a março de 2001, não verificaram efeito significativo da irrigação, em todas as

dosagens de adubação utilizadas, no período de abril a setembro de 2000, sendo a

11

falta de resposta atribuída à baixa temperatura mínima (média de 12 oC) observada

no período. Quando foi considerado todo o período experimental (abril de 2000 a

março de 2001), observaram efeito da irrigação em três das quatro doses de

adubação estudada, sendo que quanto maior a quantidade de fertilizante maior foi a

resposta.

PALIERAQUI (2004), em Campos dos Goytacazes, observou aumentos de 68,6 %

na disponibilidade de matéria seca no capim Mombaça e de 26,5 % no capim

Napier, durante a época seca, em resposta à irrigação. RIBEIRO et al. (2003),

também em Campos dos Goytacazes e na mesma época do ano, verificaram

aumentos, em resposta à irrigação, de 25,7 e 68,7 % na disponibilidade de matéria

seca de lâmina foliar e de 21,8 e 61,4 % na taxa de lotação para os capins Napier e

Mombaça, respectivamente.

SORIA (2002), avaliando o capim Tanzânia, com cinco lâminas de irrigação

(0; 30; 70; 100 150 % da capacidade de campo) e cinco doses de nitrogênio (0; 100;

275; 756; 2079 kg N/ha/ano), durante um ano, não verificou efeito da irrigação sobre

a produção de matéria seca de lâmina foliar e de hastes para todas as doses de N

estudadas, quando os cortes foram feitos a 20 cm do solo.

2.2.2 – Qualidade da forragem

A qualidade de uma planta forrageira é determinada pela associação do seu

valor nutritivo, que é função da sua composição química e digestebilidade, com o

consumo de forragem pelos animais.

2.2.2.1 – Valor nutritivo

A expressão do valor nutritivo de uma planta forrageira é resultante da

interação de sua carga genética e estádio fisiológico com os fatores ambientais.

Elevadas temperaturas aceleram a atividade metabólica das células, promovendo

rápida conversão de produtos fotossintéticos em componentes de parede celular,

rápida lignificação desta parede e decréscimo do pool de metabólitos no conteúdo

celular (VAN SOEST, 1994). Com aumento da luminosidade, ocorre aumento da

síntese de açúcares solúveis e ácidos orgânicos e redução da proporção de parede

celular (HEATH et al., 1985) e, como conseqüência, aumento da digestibilidade,

12

mas, aparentemente, os feitos de alta temperatura são mais decisivos sobre a

qualidade das pastagens (DIAS 1997).

Em uma revisão, BALSALOBRE et al. (2003) comentam que o estresse

hídrico de curto período, ou menos severo, pode promover melhoria na qualidade da

forragem, pois aumenta a digestibilidade e reduz a relação haste/folha. Isto ocorre

devido à diminuição do crescimento foliar, aumentando a quantidade de assimilados

solúveis dentro da célula. Por outro lado, estresse severo pode trazer queda na

qualidade por aumentar a espessura da parede das células parenquimáticas. Este

efeito de concentração de soluto foi, também, abordado por CORSI e NASCIMENTO

JR (1994), que não admitem que o crescimento limitado pelo déficit hídrico possa

trazer aumento na concentração de N.

Quando forrageiras passam por período prolongado de estresse hídrico,

ocorre aumento na espessura da parede celular PACIULLO (1999), o que reduz o

ataque de microorganismo no rúmen, com reflexos na digestibilidade (WILSON e

MERTENS, 1995).

CARVALHO et al. (1975), trabalhando com duas variedades de capim

elefante (Mineiro e Gigante de Pinda) e duas formas de fertilização (mineral e

orgânica), irrigados ou não, na época da seca, não verificaram efeito dos

tratamentos sobre os teores de proteína e fibra bruta.

BOTREL et al. (1991), avaliando o efeito da irrigação sobre a produção de

forragem, teor de proteína bruta (PB), digestibilidade da matéria orgânica (DIVMO) e

perfilhamento, em sete cultivares de capim elefante, no período de março de 1988 a

abril de 1989, não verificaram efeito da irrigação no teor de PB nem na DIVMO,

embora tenha havido uma tendência de superioridade de 30% no teor de PB nos

tratamentos não irrigados. Esta tendência foi atribuída ao fato de que as forrageiras

irrigadas teriam melhores condições de crescimento e que isto levaria uma diluição

nos teores de PB.

AVEIRO et al. (1991) avaliaram os efeitos da irrigação e de duas formas de

adubação (mineral e orgânica) sobre o teor de PB do capim elefante cv. Cameroom,

no período de março a dezembro de 1988. A irrigação elevou, em cerca de 10 %, o

teor de PB, independente do tipo de adubação. O maior teor de PB nos tratamentos

irrigados está , provavelmente, ligado mais ao manejo que ao efeito da irrigação. A

forragem foi amostrada a uma altura da pastagem de 1,5m. Com isto, ocorreu, em

13

média, uma diferença de cinco dias no corte (40 dias para as irrigadas e 45 dias para

as não irrigadas).

LOPES et al. (2002b), trabalhando com capim elefante, irrigado ou em

sequeiro, adubado com 4 combinações de doses nitrogênio e potássio (400 N

+300K; 300 N + 240 K; 200 N + 160 K; 100 N+ 80 K kg/ha/ano), no período de abril

de 2000 a março de 2001, não observaram efeito da irrigação na composição das

lâminas foliares (teores de FDN, FDA, PB). Todavia, ao se considerar todo o ano, as

três maiores doses de fertilizantes resultaram em menores teores de PB e maiores

teores de FDN e FDA nos capins irrigados. Resultados semelhantes foram

observados por ANDRADE et al (2002), que verificaram menor teor de PB e a

maiores teores de FDN e FDA, quando se irrigou capim-elefante.cv. Napier,

utilizando-se as mesmas doses de fertilizantes dos autores anteriormente citados.

Em ambos os trabalhos, o menor teor de PB das forrageiras irrigadas foi atribuído ao

efeito de diluição, devido à sua maior produção de matéria seca. Os maiores teores

de FDN e FDA foram atribuídos ao maior crescimento da forrageira acompanhado

de maturação mais precoce estimulados pela irrigação, sem a limitação de nutrientes

no solo, luz e temperatura.

SORIA (2002), trabalhando com capim Tanzânia, submetido a cinco lâminas

de irrigação (0; 30; 70; 100 e 150 % da capacidade de campo) e cinco doses de

nitrogênio (0; 100; 275; 756 e 2079 kg/ha/ano de N), durante um ano, não observou

efeito da irrigação, em todas as doses de N estudadas, sobre os teores de PB, FDN,

FDA e lignina e digestibilidade in vitro.

2.2.2.2 – Consumo de forragem

Em revisão, MERTENS (1992) esclarece que, se a densidade energética do

alimento é alta (baixa concentração de fibra), em relação às exigências do animal, o

consumo será limitado pela demanda energética e o rúmen não ficará repleto.

Entretanto, se o alimento possui baixa densidade energética (alta quantidade de

fibra), o consumo será limitado pelo enchimento do rúmen. Se a disponibilidade de

alimento é limitada, nem o enchimento nem a densidade energética teriam influência

na quantidade de alimento consumida. GOMIDE e GOMIDE (2001) citam que, em

condições de pastagem, os principais fatores condicionantes do consumo de

forragem são: o valor nutritivo da forrageira (composição química e digestibilidade),

14

estrutura do relvado (altura, população de perfilhos, densidade de biomassa, relação

folha:caule) e oferta de forragem.

EUCLIDES et al. (1999b), estudando cultivares de Panicum maximum

encontraram correlação positiva do consumo com o ganho de peso. As

características estruturais das pastagens como disponibilidade de folhas e a relação

material verde/material morto correlacionaram-se positivamente com consumo e

ganho de peso e negativamente com o tempo de pastejo. O teor de FDN

correlacionou-se negativamente com o consumo e ganho de peso.

ERBESDOBLER et al. (2002), trabalhando com o capim-elefante na época

chuvosa, utilizaram novilhos europeu-zebu com peso vivo médio inicial de 332 kg e

encontraram consumo médio diário de MS de 8,18 kg e consumo de MS por 100 kg

de peso vivo de 2,16 kg

EUCLIDES et al. (1999b) encontraram consumo de 2,51; 2,34 e 2,46 kg de

MS/100 kg de peso vivo para os capins Colonião, Tobiatã e Tanzânia,

respectivamente. Estes resultados são concordantes com os valores de 2,42 e 2,37

kg de MS/100 kg de peso vivo, verificados no presente trabalho, no capim

Mombaça, para as épocas seca e chuvosa, respectivamente.

DERESZ e MOZZER (1994) citam, em revisão, valores de consumo médio

diário de MS variando de 1,65 a 2,86 kg/100 kg de peso vivo, em pastagens de

gramíneas tropicais.

2.3 – Produção animal em pastagens irrigadas

A quantidade de produto animal por área é função da taxa de lotação, que é

determinada pela disponibilidade de forragem e do desempenho animal,

determinado pela quantidade e qualidade da forragem consumida e por

características do animal sob a influência do ambiente.

2.3.1 – Taxa de lotação

EUCLIDES (2002) ressalta que o aumento na taxa de lotação eleva a

produção por área. No entanto, a produção por animal pode ser diminuída. Enquanto

a produção por área é importante para o produtor, pelo aumento da produtividade, o

baixo desempenho animal pode ter como conseqüência uma maior idade de abate,

15

diminuindo a taxa de desfrute da propriedade. Também a alta taxa de lotação pode

influenciar negativamente na persistência da forrageira.

MAYA (2003), no capim Tanzânia, irrigado ou não, respectivamente,

verificou taxas de lotação de 1,9 e 2,1 UA/ha, no período de junho a agosto, de 5,5 e

2,5 UA/ha de agosto a novembro e de 7,4 e 7,8 UA/ha de novembro a junho,

havendo diferença significativa somente no período de agosto a novembro. A baixa

resposta à irrigação observada no período de junho a agosto foi atribuída à

ocorrência de baixas temperaturas e ao fotoperíodo. Em sistemas de produção em

que se usa o capim-elefante sob condições de irrigação, tem-se conseguido

produções diárias de leite superiores a 100 kg/ha e taxas de lotação acima de 7,5

vacas/ha/dia (MARTINS et al., 2000).

ALENCAR (2001) cita que, para produção de bovinos nos trópicos, em

pastagens adubadas, a potencialidade é de 2,5 a 5,0 UA/ha, e com pastagens

adubadas e irrigadas, esta potencialidade passa a ser de 6,0 a 9,9 UA/ha.

2.3.2 – Ganho de peso individual

MAYA (2003) verificou menor ganho de peso em animais pastejando capim

Tanzânia irrigado, na época seca, atribuindo isto ao menor valor nutritivo

apresentado em relação ao capim em sequeiro. Na época chuvosa, este autor não

encontrou diferença no ganho de peso de animais pastejando capim Tanzânia com

ou sem irrigação. Os ganhos observados foram de 0,49 e 0,76 kg/animal/dia, na

época seca, e de 0,49 e 0,58 kg/animal/dia, na época chuvosa, para o capim com e

sem irrigação, respectivamente. Já EUCLIDES et al (1999a) encontraram ganho de

peso de 0,57 kg/animal/dia, em animais pastejando capim Mombaça, sem irrigação

na época chuvosa.

AITA e RESTLE (1999), trabalhando com capim-elefante cv. Taiwan A-146,

em pastejo contínuo, na estação quente (dezembro a abril), encontraram ganho de

peso médio diário de 928,0 gramas. ERBESDOBLER et al (2002), avaliando o capim

Napier,, sob pastejo rotacionado, no período chuvoso, encontraram ganho de peso

de corpo vazio diário médio de 516 gramas/animal/dia.

ZIMMER e EUCLIDES FILHO (1997) recomendam que, para que os animais

possam ser abatidos antes dos 30 meses de idade, há necessidade de ganho médio

mínimo, ao longo do ano, de 400 g/animal/dia.

16

2.3.3 – Ganho de Peso por Área

MAYA (2003) verificou ganhos de peso por área de 1.628 e 1.672 kg/ha/ano,

para o capim Tanzânia com e sem irrigação, respectivamente. Na época seca, os

ganhos por área foram de 380 e 381 kg/ha. Já AGUIAR et al (2002) verificaram no

capim Mombaça, sem irrigação, na época chuvosa (novembro a março), taxa de

lotação de 7 UA/ha, ganho de peso de 0,65 kg/animal/dia e ganho por área de 1.410

kg/ha/ano

ERBESDOBLER et al. (2002), em pastagem de capim Napier, na época

chuvosa, encontraram ganhos de 432,5 kg/ha, enquanto AITA e RESTLE (1999)

verificaram, no capim Taiwan A-146, ganho de 774,4 kg/ha, no período de 143 dias,

na época quente do ano.

2.4 - Composição Química da Extrusa em Função do Dia de Pastejo

As características do pasto não representam, muitas vezes, as

características da forragem realmente consumida pelos animais, devido ao seu

comportamento seletivo. Os animais preferem determinadas plantas e partes desta

e, de acordo com VAN SOEST (1982), os animais selecionam as partes da

forrageira mais palatáveis e digestíveis.

BLASER (1994) observou que, num sistema de pastejo rotacionado com

mais de um dia de ocupação do piquete, a qualidade nutricional da forragem é mais

alta no primeiro dia e mais baixa no último dia. Verificou, ainda, que, em vacas

pastejando um piquete com período de ocupação de 8 a 9 dias, a produção de leite

aumentava até um platô, declinando no início de ocupação de um novo piquete. Esta

oscilação está associada com o pastejo seletivo, em que, nos primeiros dias de

pastejo, foram observadas maiores percentagens de matéria seca digestível e maior

consumo de matéria seca. PALIERAQUI (2004) verificou nos capins Napier e

Mombaça, em pastejo rotacionado com 4 dias de ocupação e 32 de descanso,

diferenças nas composições químicas das extrusas destas duas forrageiras com o

avançar do período de ocupação do piquete, ocorrendo queda no teor de PB e

aumento nos constituintes de parede celular. Já CLIPES (2003) e LISTA (2003),

manejando gramíneas tropicais com 3 dias de pastejo, não encontraram diferença

na composição química da extrusa de capim-elefante com o avançar de dia de

17

pastejo. No entanto, observaram queda na qualidade do capim Mombaça ao longo

dos dias de pastejo, especialmente aumento nos constituintes da parede celular.

18

3. RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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27

4. TRABALHOS

Os trabalhos a seguir foram elaborados segundo as normas da Revista Brasileira de

Zootecnia

28

INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO SOBRE A PRODUÇÃO E A COMPOSIÇÃO

QUÍMICA DA BIOMASSA DOS CAPINS ELEFANTE (Pennisetum purpureum

Schum.) CV. NAPIER E MOMBAÇA (Panicum maximum Jacq.), MANEJADOS

SOB PASTEJO ROTACIONADO

RESUMO

O experimento foi conduzido na UENF, em Campos dos Goytacazes, RJ, com o

objetivo de se avaliar a influência da irrigação sobre as disponibilidades de matéria seca

total (DMST), matéria seca verde (DMSV) e matéria seca residual (DMSR), altura e

densidade da forragem e composição química da lâmina foliar dos capins Napier e

Mombaça. Os tratamentos foram as combinações das duas forrageiras com dois níveis

de irrigação (com e sem). Irrigou-se repondo 100 % da evapotranspiração (ET0) média

diária observada em dez anos. Adotou-se o pastejo rotacionado, com novilhos, com

quatro dias de ocupação e 32 de descanso, carga animal variável e pressão de pastejo de

4 kg de MSF /100kg de peso vivo. Na determinação da disponibilidade, a forragem

contida em um quadro de 1 m2, lançado 24 vezes por ha, foi cortada a 30 cm do solo,

pesada e separada em folha, caule e material senescente. Foram analisados

separadamente resultados referentes às épocas seca e chuvosa. Verificaram-se nas

forrageiras irrigadas maiores DMST, DMSV e DMSR, nas duas épocas do ano, tendo o

capim Napier apresentado, sempre, maiores disponibilidades. Maiores respostas à

irrigação nas DMST e DMSV foram observadas no capim Mombaça. Na época seca, a

irrigação proporcionou às forrageiras maior percentagem de folhas, altura e densidade

de forragem. Verificou-se, nesta época, no capim Napier, menor percentagem de folhas

e maior altura e densidade de forragem que no capim Mombaça. Na época chuvosa, as

forrageiras irrigadas apresentaram maior altura e densidade de forragem, mas

percentagem de folhas semelhantes às não irrigadas. Nesta época, o capim Napier teve

menor percentagem de folha e maior altura, não diferindo do Mombaça quanto à

densidade de forragem. A irrigação não influenciou os teores de matéria orgânica,

proteína bruta e FDN. O capim Napier, irrigado ou não, apresentou maior teor de PB e

menores teores de MO e FDN, nas duas épocas.

Palavras-chave: Bovinos, pastagem irrigada, forragem, Napier, Mombaça.

29

INFLUENCE OF IRRIGATION ON ELEPHANT-GRASS (Pennisetum

purpureum SCHUM.) cv. NAPIER AND MOMBAÇA-GRAS (Panicum maximum,

JACQ.) BIOMASS PRODUCTION AND COMPOSITION, UNDER

ROTATIONAL GRAZING

ABSTRACT

The research was carried out at UENF, in Campos dos Goytacazes, State of Rio de

Janeiro, aiming to evaluate the influence of irrigation on availabilities of total dry matter

(TDMA) and green dry matter (GDMA) and on residual dry matter (RDM), forage

height, forage density and chemical composition of leaf blades of the Napier-grass and

Mombaça-grass. The treatments were the combinations of the two grasses and two

irrigations levels (with and without). The irrigation supplied the previous ten-year mean

evapotranspiration (ET0). It was adopted the rotational grazing, with grazing period of

four days, rest period of 32 days and variable stocking, with grazing pressure of four kg

of leaf dry matter per 100 kg live weight. To determine forage availability, 24

samples/hectare were taken, using a 1m X 1m quadrate. The forage was cut 30 cm

above the ground and separated into blades, stems and senescent material. Results

regarding to dry season and rainy season were analyzed separately. Irrigated forages

showed higher TDMA, GDMA and RDM in both seasons of the year and higher yields

were observed in Napier-grass. The Mombaça-grass showed higher response to

irrigation in TDMA and GDMA than Napier-grass. During the dry season, irrigation

increased forage percent of leaves, forage height and forage density and Napier-grass

was taller, showed lower proportion of leaves and higher density than Mombaça-grass.

During the rainy season, irrigated forages were taller and more dense but did not differ

from the non irrigated ones regarding to percent of leaves, and Napier-grass was taller

and had lower percent of leaves, but did not differ from Mombaça-grass regarding to

density. Irrigation had no influence on organic matter (OM), crude protein (CP) and

neutral detergent fiber (NDF) content of forages. Napier-grass, irrigated or not, had

higher CP and lower OM and NDF than Mombaça-grass in both seasons.

Key words: Cattle, forage, irrigated pasture, Mombaça-grass, Napier-grass

30

INTRODUÇÃO:

O aumento da população brasileira e do poder aquisitivo de parcelas da

população de baixa renda elevam o consumo interno de produtos de origem bovina, que,

juntamente com o aumento das exportações de carne, a substituição de áreas de pecuária

por áreas agrícolas, as pressões contra desmatamento e o aumento de áreas de

preservação, nos últimos anos, geram a necessidade da intensificação dos sistemas de

produção de bovinos.

Várias tecnologias têm sido adotadas, isoladas ou em conjunto, para incrementar

a produção de bovinos a pasto, podendo-se mencionar, dentre elas, o uso de pastejo

rotacionado, adubação, irrigação, suplementação protéica, energética e mineral, pastejo

diferido, além disso, muitas vezes, utiliza-se a terminação em confinamento.

Em décadas passadas, o objetivo principal, ao se implantar o sistema de

irrigação de pastagens, era reduzir a estacionalidade de produção forrageira na época

seca. No entanto, trabalhos de vários autores (Carvalho et al., 1975; Ghelfi Filho, 1976;

Alvim et al., 1986; Botrel et al. 1991; Alvim et al., 1993; Marcelino et al., 2001) não

evidenciam que a irrigação possa suprimir a estacionalidade de produção de forrageiras

tropicais, verificando-se menor produção no inverno, o que sugere que outros fatores

climáticos, como a temperatura e o fotoperíodo, possam limitar a produção de matéria

seca. Balsalobre el al. (2003) salientam que a produção de forragem depende de fatores

ligados ao clima, ao solo, à planta e ao animal, além das interações entre eles. Os fatores

climáticos envolvidos são precipitação pluviométrica (relacionada com a umidade do

solo), luminosidade (quantidade e qualidade de luz), fotoperíodo e temperatura. Como a

irrigação irá interferir apenas na umidade do solo, o sucesso de seu uso pode ser

influenciado pelos outros fatores acima relacionados.

A temperatura ótima para o desenvolvimento das gramíneas tropicais está por

volta de 30 a 35 0C (Gomide, 1994). Em muitas regiões, a temperatura média, em

alguns meses na época seca, atinge valores abaixo de 15 0C. Segundo Cooper e Tainton

(1968), as forrageiras tropicais têm crescimento limitado abaixo desta temperatura.

Em se tratando de Brasil, não se pode generalizar a respeito das limitações

climáticas para o crescimento das forrageiras apenas em função da região. O mais

correto, para fins de irrigação de pastagens, é analisar os dados climáticos do local,

principalmente o comportamento das temperaturas mínimas e a precipitação durante o

31

ano, para verificar que tipo de resposta se pode esperar com o uso da irrigação, quanto

ao aumento de produção e à redução da estacionalidade (Andrade, 2000).

Os incrementos no acúmulo de matéria seca, durante a época chuvosa, em

decorrência da irrigação, indicam potencial de utilização da irrigação de pastagens o ano

todo, desde que as condições de temperatura e fotoperíodo não sejam limitantes, a

fertilidade do solo seja corrigida, explorando-se principalmente os períodos de déficit

hídrico ou “veranicos” (Maya 2003).

Dados obtidos na Estação Evapotranspirométrica PESAGRO/UENF, em

Campos dos Goytacazes – RJ, de julho de 1996 a dezembro de 2003, indicam que as

temperaturas médias mensais mantiveram-se, durante todos os meses do ano, acima de

20 0C. Nos meses mais frios, maio, junho, julho e agosto, observaram-se médias das

mínimas de 17,9; 16,8; 15,9 e 16,6 0C e médias das máximas de 28,3; 28,0; 26,6 e 27,06

0C, respectivamente. Nos demais meses do ano, as médias das mínimas se situaram

acima de 19,0 0C. A precipitação pluviométrica anual média no período foi inferior a

800 mm, com ocorrência de veranicos nos meses de janeiro e fevereiro. Essas condições

climáticas sugerem que a região seja propícia ao uso da irrigação em pastagens.

Informações referentes ao efeito da irrigação na Região Norte Fluminense são escassas.

Entretanto, resultados de Palieraqui (2004) e Ribeiro et al. (2003b), referentes à época

seca do ano, indicam que a prática tem grande potencial na região.

Na produção de bovinos de corte a pasto, a irrigação só é justificada quando

outras tecnologias, como a adubação de pastagens, o pastejo rotacionado, o uso de

animais especializados e o uso de forrageiras com alta capacidade de produção, possam

ser utilizados em conjunto.

Dentre as gramíneas forrageiras tropicais, destacam-se pela produtividade e

valor nutritivo, o capim-elefante (Pennisetum purpureum), com diversas cultivares de

interesse, e várias cultivares da espécie Panicum maximum. O capim-elefante é

considerado a espécie com maior potencial de produção, encontrando-se na literatura

referência de produção de até 80 t/ha/ano de matéria seca (Santos, 1995). A espécie

Panicum maximum tem sido, ao longo dos anos, uma das gramíneas mais importantes

para produção de gado de corte, no Brasil. A cultivar Colonião foi a mais explorada

durante décadas. Novas cultivares têm sido lançadas nos últimos anos, destacando-se a

Tobiatã, Tanzânia e Mombaça. Esta última destaca-se pelo grande vigor, alta produção

de massa e bom valor nutritivo. Dados da Embrapa Gado de Corte revelam nessa

32

cultivar produção de 41 t/ha/ano de matéria seca, apresentando, em média, 81,9% de

folhas, 13,4% de proteína bruta nas folhas e 9,7% nos colmos (Santos et al., 1999).

Objetivou-se, com a presente pesquisa verificar a influência da irrigação sobre as

disponibilidades de matéria seca total, matéria verde seca, matéria seca residual, altura e

densidade volumétrica de forragem (DVF) e composição química da lâmina foliar dos

capins Napier e Mombaça.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Núcleo de Pesquisa em Zootecnia da UENF,

em Campos dos Goytacazes, RJ. Foram estudadas as respostas dos capins elefante cv.

Napier (Pennisetum purpureum) e mombaça (Panicum maximum) a dois níveis de

irrigação, durante as épocas seca e chuvosa. O município de Campos tem coordenadas

geográficas de 210 44’ 47” de Latitude Sul e 410 18’ 24” de Longitude Oeste e altitude

de 12 m, situando-se no Norte do Estado do Rio de Janeiro. O padrão climático da

região é descrito como Aw, tropical quente úmido, com período seco no inverno e

chuvoso no verão, segundo a classificação de Köppen (1948). Na Tabela 1 são

apresentados dados climáticos do município.

O experimento compreendeu duas épocas de seca (junho a outubro 2002 e maio

a outubro de 2003) e uma época chuvosa (novembro de 2002 a abril de 2003), tendo

compreendido cada época quatro ciclos de pastejo.

O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados (três

blocos, com três hectares cada), com parcelas subdivididas no tempo e espaço, com

mais de uma unidade experimental por sub-classe. Cada bloco, com nível de fertilidade

diferente, foi subdividido em duas parcelas de 1,5 ha, nas quais foram alocadas, ao

acaso, as duas forrageiras. Cada parcela (em cada bloco) foi dividida em seis sub-

parcelas de 0,25 ha, distribuídas, aleatoriamente, entre dois níveis de irrigação, com três

repetições. Os níveis de irrigação foram: 1 – Testemunha, sem irrigação; 2 – Irrigação,

repondo-se 100 % da evapotranspiração obtida a partir de média histórica de 10 anos

(UFRRJ). Os efeitos de época, bloco, forrageira e nível de irrigação foram considerados

fixos e o efeito de repetição, dentro de bloco, forrageira e nível de irrigação, aleatórios.

As forrageiras foram avaliadas em regime de pastejo rotacionado, com períodos

de ocupação de quatro dias e de descanso de 32 dias.

O sistema utilizado foi por aspersão em malha com baixa pressão, utilizando-se

33

turno de rega de sete dias.

Antes da implantação das forrageiras, foi aplicado calcário dolomítico, nas

quantidades necessárias para elevar a saturação de bases para 60 %. A adubação com

fósforo foi feita no plantio, utilizando-se superfosfato simples, na dosagem de 500 kg/ha

(100 kg/ha de P2O5).

Tabela 1: Valores médios mensais de evapotranspiração de referência (ET0), precipitação pluviométrica, temperatura média (TM), temperatura máxima (TMX) e temperatura mínimas (TMN), lâmina de irrigação estimada e lâmina aplicada durante o período experimental

Meses

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2002

ET0 (mm) 5,3 4,7 5,2 4,1 3,4 2,9 2,6 3,9 3,4 5,5 5,6 5,0 PP (mm) 82,7 62,8 9,7 15,4 3,9 35,1 24,1 19,8 146,5 15,9 61,5 114,8 TM (0C) 25,3 25,2 26,3 24,7 23,3 22,0 20,3 22,3 20,6 24,0 24,7 25,5 TMX (0C) 31,3 31,3 33,3 31,7 29,6 28,5 25,7 28,5 25,1 30,3 30,6 31,1 TMN (0C) 21,4 21,4 21,5 20,1 19,3 17,7 16,4 17,8 17,0 19,7 20,9 22,0 2003 ET0 (mm) 5,1 6,1 4,9 3,8 3,0 3,0 3,0 3,3 3,5 4,3 4,4 4,7 PP (mm) 226,8 15,5 153,3 82,1 88,4 0,4 35,2 50,3 39,3 66,9 65,9 135,8 TM (0C) 26,0 26,9 26,2 24,4 21,8 21,7 20,3 19,9 --- --- --- 25,0 TMX (0C) 32,4 33,7 33,1 30,6 27,6 28,9 26,8 25,4 27,4 28,7 30,7 30,7 TMN (0C) 22,3 21,8 21,9 20,3 17,4 16,9 15,5 15,7 18,5 19,4 21,7 21,5 Lâmina Mensal de Irrigação Estimada (mm)1

137,0 124,0 123,8 94,6 75,1 64,5 70,7 84,0 90,3 114,9 120,4 128,2 Lâmina Mensal Irrigada (mm)2 2002 74,5 58,7 66,7 80,7 65,9 112,3 110,2 109,1 2003 99,2 121,4 98,3 80,9 60,4 64,4 64,8 75,6 83,8 103,8 109,4 105,6 1 – Lâmina de irrigação estimada a partir de valores de média histórica (10 anos) de evapotranspiração

(ET0), fornecida pela UFRRJ/Campus Avançado de Campos dos Goytacazes, RJ. 2 - Lâmina irrigada mensalmente, durante o período experimental, diminuída da

precipitação pluviométrica observada durante cada mês.

Trinta dias após o plantio, foi feita adubação em cobertura com nitrogênio e

potássio, aplicando-se 50 kg/ha de N e 40 kg/ha de K2O. Foram feitas adubações de

manutenção de nitrogênio e potássio, aplicando-se em cobertura 400 e 200 kg /ha/ano

de N e K2O, respectivamente, parceladas após o fim de cada período de ocupação dos

piquetes.

Foram medidas diretamente no pasto, a cada ciclo de pastejo, disponibilidades

de matéria seca total e matéria verde seca, matéria seca residual da forragem, proporção

de lâmina foliar, altura da forragem, densidade volumétrica do capim e composição

químico-bromatológica da lâmina foliar.

No pastejo, foram utilizados novilhos mestiços F1 europeu-zebu, com peso vivo

inicial em torno de 260 kg, os quais foram alocados, ao acaso, nos tratamentos. No

34

início de cada época os animais foram substituídos por outros do mesmo grupo genético

e peso semelhante.

A carga animal foi variável com o tratamento, de forma a se manter pressão de

pastejo constante de 4 kg de matéria seca foliar disponível (acima de 30 cm) por 100 kg

de peso vivo, por dia. Para isso, foram usados animais experimentais, em número de 10

por tratamento, nas águas, e 4 por tratamento, na seca, e animais adicionais

(reguladores), que foram introduzidos ou retirados dos piquetes, de acordo com a

disponibilidade de forragem, determinada antes de cada período de pastejo.

Na determinação da disponibilidade de forragem, antes do pastejo, e da matéria

seca residual, após o pastejo de cada piquete, foi utilizado um quadro metálico de 1 m

de lado e a altura da forragem, antes do pastejo, foi determinada com o auxilio de uma

régua de madeira de 2 m, graduada com intervalos de 5 cm. Foram feitas

simultaneamente as medidas de altura e as amostragens para determinação da

disponibilidade, sendo as amostragens feitas sistematicamente ao longo da diagonal do

piquete. Com auxílio da régua, fazia-se, a cada quatro metros, uma leitura de altura e na

terceira leitura o quadrado era colocado, e a forragem nele contida cortada a 30 cm do

solo. Foram feitas, por piquete, 18 mensurações de altura (correspondente a 72/ha) e 6

cortes de forragem (correspondentes a 24/ha),

Da biomassa contida nos quadros, após cortada e pesada, foi retirada uma sub-

amostra da forrageira, efetuando-se a separação em folhas (lâmina) e bainha + caule.

Após a separação, cada componente foi pesado e, em seguida, picado e dividido em

duas sub-amostras. Uma sub-amostra de cada fração, de cada tratamento, foi pré-seca

em estufa a 55oC, por 72 horas, a outra foi utilizada para determinação da matéria seca

em microondas. A porção restante da forrageira obtida nos diferentes quadros foi picada

em picadeira, tomando-se duas amostras de 300 a 400 gramas, sendo uma pré-seca em

estufa a 55oC por 72 horas. A outra sub-amostra, juntamente com as sub-amostras das

frações, foram secas em forno microondas, segundo metodologia descrita por Ribeiro et

al. (2003a), de forma a se obter rápida estimativa da matéria seca disponível, de forma a

orientar o ajuste da carga animal (número de animais reguladores a serem usados).

Para a determinação da matéria seca residual, foram feitos seis cortes, por

piquete, imediatamente após a saída dos animais, seguindo a mesma metodologia usada

na determinação da disponibilidade de forragem.

A densidade volumétrica da forrageira (DVF) foi determinada dividindo-se a

DMSV (kg/ha) pela altura da forragem (cm).

35

No laboratório, utilizando-se as sub-amostras pré-secas das forrageiras e suas

respectivas frações (lâmina foliar, colmo e material morto), após serem moídas em

moinho tipo facas, com peneira de 30 “mesh”, foram determinados os teores matéria

seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e fibra insolúvel em detergente

neutro, segundo metodologia recomendada por Silva (1990).

Na análise estatística foram consideradas, separadamente, as épocas seca e

chuvosa, segundo o modelo:

Yijklm = µ + Ai + Bj + Fk + Il + EBij + EFik+ EIil + BFjk + BIjl + FIkl + EBFijk + EBIijl

+ EFIikl + BFIjkl + EBFI ijkl + R (BjFkIl)m + eijklm, em que:

Yijklm = informações referentes à repetição m, nível de irrigação l, forrageira k, bloco j,

na época i;

µ = Média geral;

Ai = efeito do ano i, sendo i= 1 e 2;

Bj = efeito do bloco j, sendo j = 1, 2 e 3;

Fk = efeito da forrageira k, sendo k = 1, mombaça e 2, capim-elefante;

Il = efeito do nível de irrigação l, sendo l = 1, 2;

ABij = efeito da interação do ano i e o bloco j ;

AFik = efeito da interação do ano i e a forrageira k ;

AIil = efeito da interação do ano i e o nível de irrigação l;

BFjk = efeito da interação do bloco j e a forrageira k ;

BIjl = efeito da interação do bloco j e o nível de irrigação l ;

FIkl= efeito da interação da forrageira k e o nível de irrigação l ;

ABFijk = efeito da interação do ano i, bloco j, e forrageira k ;

ABIijl = efeito da interação do ano i, bloco j e nível de irrigação l ;

AFIikl = efeito da interação do ano i, forrageira k e nível de irrigação l ;

BFIjkl = efeito da interação do bloco j, forrageira k e nível de irrigação l ;

EBFIijkl = efeito da interação da época i, do bloco j, forrageira k e nível de irrigação l;

Rm (BjFkIl) = efeito da repetição m dentro de bloco, forrageira e nível de irrigação,

sendo m =1, 2 e 3;

eijklm = erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto normal e

independentemente distribuído, com média zero e variância σ 2.

Como só foi avaliada uma época chuvosa, retirou-se do modelo, para essa época,

o efeito de ano e as interações em que a variável ano participa. Os resultados foram

submetidos à análise de variância, pelo procedimento PROC GLM do SAS.

36

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2 são apresentados os resultados médios de DMST e DMSV, DMSR,

porcentagem de folha, altura da planta e densidade volumétrica da forragem referente às

épocas seca e chuvosa, dos capins Napier e Mombaça, irrigados ou não.

Ao se avaliar a DMST, não se verificou efeito de interação de (P>0,05) de

forrageira e irrigação, nas duas épocas estudadas, tendo o capim Napier superado o

Mombaça, e os capins irrigados superado os não irrigados, nas duas épocas.

As maiores DMST apresentadas pelo capim Napier devem-se às maiores

proporções de caule verificadas nesta forrageira, sendo que na época seca o capim

Napier apresentou 57,1 % de caule e o capim Mombaça 4,4 %. Na época chuvosa, os

valores foram de 58,9 e 31,96 % para os capins Napier e Mombaça, respectivamente.

Os valores de DMST dos capins Napier e Mombaça irrigados superaram,

respectivamente, os dos mesmos capins não irrigados em 18,0 e 67,0 %, na época seca e

em 15,0 e 29,0 %, na época chuvosa. Estes resultados permitem inferir que o déficit

hídrico, na época seca, seria provavelmente o principal limitante do crescimento do

Mombaça, na região, enquanto para o Napier outros fatores, tais como temperatura

ambiente e luminosidade poderiam ser igualmente importantes.

Os incrementos devidos à irrigação na DMST encontrados, no presente trabalho,

para capim Napier são menores que os citados por Ghelfi Filho (1972) de 26,0 % para

as duas épocas do ano. O menor efeito encontrado na presente pesquisa pode ser devido

ao bom desempenho do capim Napier, sem irrigação, na época seca, que correspondeu a

73,0 % da DMST do período das águas e a 42,0 % da produção total das duas épocas.

Ghelfi Filho (1972) verificou que a produção de forragem na época seca corresponde a

24 % da produção anual.

Matsumoto et al. (2002), avaliando cinco cultivares de Panicum maximum

encontraram resposta positiva à irrigação na produção de matéria seca (40% no ano),

porém a resposta ocorreu no período de outubro a junho. Nos meses de julho, agosto e

setembro não houve efeito de irrigação.

Lopes et al. (2002a), trabalhando com capim elefante, irrigado ou em sequeiro,

adubado com 4 combinações de doses nitrogênio e potássio (400N +300K; 300N +

240K; 200N + 160K; 100 N+ 80K kg/ha/ano), não verificaram efeito da irrigação, em

todos níveis de adubação, no período de abril a setembro de 2000, e atribuíram a

ausência de resposta à baixa temperatura mínima (média de 12 oC) observada no

37

período. Quando considerado todo o período experimental (abril de 2000 a março de

2001), houve resposta à irrigação em três dos quatro níveis de adubação estudados,

proporcional à quantidade de fertilizante utilizada. Aveiro et al. (1991), no Paraguai,

trabalhando com capim elefante cv. Cameroon, encontraram, no período de março a

dezembro aumento de 42 % na DMST em resposta à irrigação, semelhante ao verificado

no presente trabalho ao se considerar todo o ano.

Trabalhando com a cultivar de capim elefante Cameroon e as duas cultivares de

Panicum maximum BRA 8761 e BRA 8826, irrigados na época seca, Leal e

Nascimento (2002) encontram DMST de 4.594,0; 3.096,0 e 2721,0 para as três

forrageiras, respectivamente. Os maiores valores encontrados no presente trabalho

podem ser devidos à maior dose de adubação nitrogenada utilizada e ao maior período

de descanso (32 vs 27 dias no trabalho de Leal e Nascimento), possibilitando maior

acúmulo de forragem.

Em Campos dos Goytacazes, Maldonado et al. (1997) encontraram, nas épocas

seca e chuvosa, produções de 5.836,5 e 6.027,7 kg/ha de MS, respectivamente, no

capim Napier irrigado, repondo-se 100 % da evaporação, medida em tanque classe A.

Os valores foram calculados a partir das equações de regressão apresentadas por estes

autores, e foram inferiores ao do presente trabalho, possivelmente em função de

características do solo, ou condições climáticas diferentes nas épocas experimentais,

embora os cortes tenham sido feitos a intervalos de 56 dias, com maior período de

crescimento.

Ao se avaliar a DMSV não se verificou efeito de interação (P>0,05) de

forrageira e irrigação nas duas épocas, seca e chuvosa. Houve efeito significativo

(P<0,05) de forragem e de irrigação, tendo o capim Napier superado o Mombaça e os

tratamentos irrigados superado os não irrigados, nas duas épocas.

A DMSV do capim Napier superou em 99,6 e 17,6 % a do capim Mombaça, nas

épocas seca e chuvosa, respectivamente. A maior DMSV, na época seca, no capim

Napier, deve-se à sua maior proporção de caule e à sua menor proporção de material

senescente (9,8 % no Napier e 27,4 % no Mombaça). Na época chuvosa, a proporção de

material senescente das duas forrageiras foi semelhante (10,3 % no Napier e 9,7 % no

Mombaça), sendo o fator responsável pela maior DMSV do capim Napier a sua maior

produção de caule.

Penati (2002), avaliando o capim Tanzânia irrigado sob três resíduos pós-pastejo

(1.000, 2.500 e 4.000 kg/ha de MSV), durante todo o ano, encontrou valores médios de

38

2.194 a 6.484 kg/ha de MSV, tendo os maiores valores ocorrido no verão. Destaca-se

que o citado autor realizou os cortes ao nível do solo e efetuou a adubação com NPK

(24 – 04 –24), aplicando 334 kg/ha, após cada pastejo. Com isto, aplicaram-se 880, 147

e 880 kg/ha/ano de N, P2O5 e K2O, respectivamente, e a saturação de bases foi elevada

para 80 %. Na presente pesquisa, no capim Mombaça, gramínea da mesma espécie e

produção semelhante, quando irrigado, observaram-se DMSV médias superiores, nas

duas épocas, mesmo usando-se uma adubação menor e efetuando-se o corte a 30 cm do

solo. Um dos fatores que contribuíram para a maior DMSV do capim Mombaça, no

presente trabalho, foram os menores valores de material senescente verificados (35 vs

54 %, na seca e 12,6 vs 19 %, nas águas), uma vez que as DMST observadas para as

duas forrageiras foram semelhantes.

Não se verificou efeito de interação de forrageira e irrigação (P>0,05), nas

épocas seca e chuvosa, ao se avaliar a DMSR, tendo-se observado maior DMSR no

capim Napier e nos capins irrigados.

As maiores DMSR observadas no capim Napier estão ligadas à sua maior

proporção de caule, em relação ao capim Mombaça. As maiores DMSR observadas nas

forrageiras irrigadas, embora estas tenham apresentado maiores proporções de folhas,

podem estar relacionadas com uma possível ocorrência de maior quantidade de perda de

forragem, em conseqüência da maior altura e densidade da forragem no piquete e ao

maior numero de animais por área, fatores que poderiam causar maior tombamento e

perdas por pisoteio.

Aguiar et al (2002) encontraram resíduos médios pós-pastejo, para o capim

Mombaça com e sem irrigação, de 2.356,0 e 1.918,0 kg/ha de MS, na seca, e de 3.875,0

e 2.957,0, na época chuvosa, respectivamente. Os menores valores encontrados no

presente trabalho podem ser justificados pela forma de amostragem, para determinar a

matéria seca residual, tendo Aguiar et al. (2002) efetuado corte rente ao solo e no

presente trabalho o corte foi feito a 30 cm do solo. Aguiar et al. (2000) recomendam

que, ao manejar forrageiras do gênero Panicum intensivamente, o resíduo pós-pastejo

não deve ser superior a 1.500 kg/ha de MS, por dificultar a penetração de luz, o que traz

prejuízos na brotação basal, que é fundamental para a exploração intensiva de

gramíneas deste gênero.

39

Tabela 2: Disponibilidades médias de matéria seca total (DMST), matéria seca verde (DMSV), matéria seca residual (DMSR) e respectivos erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados1, nas épocas seca e chuvosa

Nível de Irrigação Forrageiras Irrigado Não Irrigado

Médias

ÉPOCA SECA DMST (kg/ha)

Napier 6.556,1 ± 166,9 5.332,1 ± 166,9 5.944,1 ± 118,0 a Mombaça 4.426,5 ± 166,9 2.975,7 ± 1 66,9 3.701,0 ± 118,0 b Média 5.491,3 ± 118,0 A 4.153,9 ± 118,0 B

DMSV (kg/ha)

Napier 5.929,8 ± 141,1 4.795,6 ± 141,1 5.362.7 ± 99,8 a

Mombaça 3.271,4 ± 141,1 2.101,3 ± 141,1 2.686,3 ± 99,8 b

Média 4.600,6 ± 99,8 A 3.448,5 ± 99,8 B

DMSR (kg/ha)

Napier 3.388,1 ± 85,4 2.867,9 ± 85,4 3.128,0 ± 60,4 a

Mombaça 2.015,9 ± 85,4 1.678,8 ± 85,4 1.847,4 ± 60,4 b

Média 2.702,0 ± 60,36 A 2.273,4 ± 60,4 B

ÉPOCA CHUVOSA DMST (kg/ha)

Napier 8.458,9 ± 325,0 7.335,5 ± 325,0 7.897,2 ± 229,8 a Mombaça 7.596,0 ± 325,0 5.898,4 ± 325,0 6.747,2 ± 229,8 b Média 8.027,5 ± 229,8 A 6.617,0 ± 229,8 B

DMSV (kg/ha) Napier 7.663,5 ± 298,9 6.650,1 ± 298,9 7.156,8 ± 211,3 a

Mombaça 6.746,2 ± 298,9 5.427,9 ± 298,9 6.087,1 ± 211,3 b

Média 7.204,9 ± 211,3 A 6.039,0 ± 211,3 B

DMSR (kg/ha) Napier 3.728,6 ± 140,4 3.537,3 ± 140,4 3.633,0 ± 99,3 a

Mombaça 3.142,7 ± 140,4 2.496,0 ± 140,4 2.819,4 ± 99,3 b

Média 3.453,6 ± 99,3 A 3.016,7 ± 99,3 B 1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4

cicloS de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso - Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas

diferem-se pelo teste de F.

Ao se avaliar a percentagem de folhas, não se verificou efeito de interação

(P>0,05) de forrageira e irrigação, na época chuvosa, tendo ocorrido efeito (P<0,05) de

40

forrageira e não ocorrido efeito de irrigação. Na época seca, embora ocorrendo efeito de

interação de forrageira e irrigação (P<0,05), verificaram-se os efeitos médios de

forrageira e de irrigação (P<0,05).

Na época seca, as forrageiras irrigadas apresentaram mais folhas (P<0,05) que

as não irrigadas (8,5 %), não ocorrendo diferença (P>0,05) na época chuvosa. O capim

Mombaça apresentou, nas duas épocas, maior proporção de folhas (P<0,05) que o

capim Napier, tendo suas proporções de folhas superado as do capim Napier em 108,6

%, na época seca, e em 89,3 % na época chuvosa (Tabela 3).

As maiores proporções de folhas observadas no capim Mombaça estão

relacionadas ao hábito de perfilhamento diferente das duas forrageiras: o Mombaça

apresenta maior perfilhamento basal, com pouca elongação do caule, ao contrário do

capim elefante, que tende a elevar o caule, com predominância do perfilhamento axilar.

Com isto, ao se realizar o corte a 30 cm do solo, no capim Mombaça é colhida maior

proporção de folhas, diferentemente do que ocorre no capim Napier, onde uma grande

proporção de caule é colhida.

A maior proporção de folhas promovida pela irrigação, na seca, está de acordo

com Corsi e Nascimento Jr. (1994), de que o déficit hídrico limita a expansão foliar. Na

época chuvosa, as proporções foram semelhantes, o que pode ser explicado pelo fato do

déficit hídrico ter sido menor ou não ter ocorrido.

As proporções de folhas no capim Napier, irrigado ou não, mantiveram-se

constantes nas duas épocas, o mesmo acontecendo com as proporções de material

senescente e de caule, sugerindo que, nesta forrageira, os efeitos da água e outros

fatores climáticos ocorrem na planta como um todo.

A queda de 17,0 % na proporção de folhas, observada no capim Mombaça na

época chuvosa em relação à época seca, é reflexo da proporção de caule, ocasionada

pelo alongamento das hastes, principalmente a partir de março, quando as plantas

iniciam o florescimento.

Mistura et al. (2003) encontraram efeito significativo da irrigação sobre a

percentagem de lâmina foliar do capim-elefante, na época seca, verificando os valores

de 42,3 % para o capim Napier irrigado e 26,9 % para o não irrigado. Os valores

superiores aos observados no presente trabalho, no capim-elefante irrigado, podem ser

atribuídos à diferença na forma de amostragem, uma vez que os citados autores

efetuaram o corte a 80 cm do solo, o que possibilitou coletar maiores proporções de

folhas. Quanto ao valor mais baixo na percentagem de folhas, referente ao capim Napier

41

não irrigado, este pode ser atribuído a diferenças climáticas, principalmente, na

temperatura mínima, que foi, no presente trabalho, maior que 15 0C, oferecendo

melhores condições para a expansão foliar.

Ao se avaliar a altura da forragem, não se verificou efeito de interação de

(P>0,05) de forrageira e irrigação, nas duas épocas estudadas, sendo maior no capim

Napier (P<0,05) que no Mombaça e sendo as maiores alturas (P<0,05) verificadas nos

capins irrigados.

As maiores alturas observadas nas pastagens irrigadas, na época seca, são

conseqüência de uma maior crescimento da planta, que resultou em aumento da

proporção de folha. Na época chuvosa, a maior altura observada nas pastagens irrigadas

pode ser devida ao maior crescimento do caule, principalmente na fase reprodutiva.

As maiores alturas observadas no capim Napier são conseqüência do hábito de

perfilhamento axial e de uma posição mais elevada do meristema apical, enquanto no

capim Mombaça, o perfilhamento, na sua maioria, ocorre a partir de gemas basilares,

resultando em altura inferior.

Pesquisando a influência da irrigação sobre a altura da forrageira, Aguiar et al.

(2002) encontraram para o capim Mombaça, com e sem irrigação, alturas de 80,0 e 60,7

cm, na época seca, e 128,0 e 119,8 cm na época chuvosa, respectivamente. Por sua vez,

para o capim Napier irrigado ou não, respectivamente, Lopes et al. (2002b) encontraram

valores de 157,0 e 147,0 cm, na época seca e de 183, 0 e 184,0 cm na época chuvosa.

As diferenças observadas entre os valores apresentados por estes autores e os do

presente trabalho podem ser em função dos citados autores terem utilizado a altura do

capim (170 cm) como critério para determinar o momento de entrada dos animais no

piquete, não citando a idade média do capim em que esta altura era atingida.

Não se verificou efeito de interação (P>0,05) de forrageira e irrigação na DVF

dos capins Napier e Mombaça, nas duas épocas estudadas. No entanto, observou-se

maior DVF média (P<0,05) nas duas forrageiras quando irrigadas, e maior DVF média

(P<0,05) no capim Napier, em relação ao Mombaça, nas duas épocas. O comportamento

da DVF frente à irrigação foi semelhante ao comportamento da DMSV e altura da

forrageira, o mesmo ocorrendo em relação à espécie forrageira.

Silva (1993), trabalhando com capim-elefante anão cv. Mott, encontrou DVF

média de 60 kg/ha/cm de MSV na época chuvosa. A diferença entre o trabalho de Silva

(1993) e o presente pode ser devido à menor altura do capim-elefante anão, que

apresenta menor tamanho de entrenós.

42

Tabela 3: Porcentagem de folha, altura da planta, densidade volumétrica da forragem (DVF) e respectivos erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados, nas épocas seca e chuvosa1

Nível de Irrigação Forrageiras Irrigado Não Irrigado

Médias

Época Seca Folhas (%)

Napier 34,0 ± 1,05 Ab 31,5 ± 1,05 Ab 32,7 ± 0,75 b Mombaça 71,0 ± 1,05 Aa 65,4 ± 1,05 Ba 68,2 ± 0,75 a Média 52,5 ± 0,75 A 48,5 ± 0,75 B

Altura (cm)

Napier 128,0 ± 1,95 124,3 ± 1,95 126,1 ± 1,38 a Mombaça 90,3 ± 1,95 78,5 ± 1,95 84,4 ± 1,38 b Média 109,2 ± 1,38 A 101,4 ± 1,38 B

Densidade (kg/cm)

Napier 48,1 ± 1,23 39,9 ± 1,23 44,0 ± 0,86 a Mombaça 35,4 ± 1,23 25,8 ± 1,23 30,6 ± 0,86 b Média 41,3 ± 0,86 A 32,8 ± 0,86 B

Época Chuvosa Folhas (%)

Napier 31,2 ± 2,41 30,5 ± 2,41 30,8 ± 1,70 b Mombaça 59,3 ± 2,41 57,4 ± 2,41 58,3 ± 1,70 a Média 45,2 ± 1,70 A 43,9 ± 1,70 A

Altura (cm) Napier 148,1 ± 3,41 142,7 ± 3,41 145,4 ± 2,41 a Mombaça 138,8 ± 3,41 121,6 ± 3,41 130,2 ± 2,41 b Média 143,4 ± 2,41 A 132,1 ± 2,41 B

Densidade (kg/cm) Napier 51,7 ± 2,20 47,2 ± 2,20 49,4 ± 1,56 a Mombaça 48,4 ± 2,20 43,7 ± 2,20 46,3 ± 1,56 a Média 50,3 ± 1,56 A 45,4 ± 1,56 B 1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4

ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso. - Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas

diferem-se pelo teste t.

Penati (2002) encontrou DVF de 94, 102 e 99 kg /ha/cm de MS em capim

Tanzânia irrigado, para os tratamentos com 1.000, 2.500 e 4.000 kg/ha de MSV

residual, respectivamente, não tendo verificado diferença entre os tratamentos. Esses

valores altos podem estar relacionados ao fato da DVF ter sido determinada a partir da

DMST e não da DMSV e à menor altura observada no capim Tanzânia.

43

Stobbs (1973) comenta que a DVF está diretamente relacionada com o consumo

de forragem, por aumentar o tamanho do bocado, todavia, não foi encontrada na

literatura qual a melhor DVF para cada espécie forrageira.

Os resultados referentes à composição química das duas forrageiras são

apresentados na Tabela 4. Não se verificou efeito de interação de forrageira e nível de

irrigação (P>0,05), com relação aos teores de MS, na época seca, e de MO e PB, nas

épocas seca e chuvosa. Com relação aos teores de MS na época chuvosa, embora tenha

ocorrido efeito de interação de forrageira e nível de irrigação, verificaram-se efeitos

médios (P<0,05) de forragem e de nível de irrigação. Observaram-se no capim

Mombaça, comparado ao Napier, maiores teores (P<0,05) de MS e de MO e menores

teores de PB, nas duas épocas do ano. A irrigação promoveu redução (P<0,05) no teor

de MS das duas forrageiras, nas épocas seca chuvosa, e no teor de MO, na época

chuvosa, não tendo influência (P>0,05) sobre os teores de PB, nas duas épocas, e no

teor de MO na época seca. Quanto aos teores de FDN, verificou-se efeito de interação

de forrageira e irrigação (P<0,05) e efeito médio de forrageira, nas épocas seca e

chuvosa. O capim Mombaça apresentou, nas duas épocas, teor de FDN mais elevado

(P<0,05) que o capim Napier. O capim Napier não irrigado teve menor teor de FDN

(P<0,05) que o irrigado, na época chuvosa, embora a irrigação tenha tido pequena

influência sobre o teor de FDN das duas forrageiras, nas duas épocas.

Lopes et al. (2002b) também não verificaram efeito da irrigação nos teores de

PB e FDN em lâmina foliar de capim Napier, na época seca do ano, tendo encontrado

maiores teores de FDN e menores teores de PB no capim irrigado quando se considerou

todo o ano, o que foi atribuído ao efeito de diluição do N, ocasionado pelo aumento da

parede celular, devido ao maior crescimento das plantas no período quente do ano. No

presente trabalho, este efeito pode ter ocorrido nas duas forrageiras. Apesar das duas

épocas terem sido avaliadas isoladamente, observou-se queda de 19,4 e 29,4 % nos

teores de PB e aumento de 12,6 e 8,2 % nos teores de FDN, para os capins Napier e

Mombaça, respectivamente, quando passou da época seca para a época chuvosa.

Os maiores teores de MS, MO e FDN e os menores teores de PB (pelo efeito de

diluição) no capim Mombaça podem ser conseqüência da maior DMSF apresentada por

esta forrageira, que traria maior capacidade de fixação de carbono quando as condições

climáticas não são limitantes. A queda na qualidade nutritiva desta forrageira, na época

chuvosa no ano, traz à tona a necessidade de se avaliar melhor o período ideal de

44

descanso, principalmente em regiões com temperaturas mais elevadas e com o uso de

irrigação.

Tabela 4: Teores médios de matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e fibra

insolúvel em detergente neutro (FDN) e erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados, nas épocas seca e chuvosa1

Nível de Irrigação Forrageiras Irrigado Não Irrigado

Médias

Época Seca Materia Seca (%)

Napier 16,8 ± 0,31 19,1± 0,31 17,9 ± 0,23 b Mombaça 20,5 ± 0,31 23,5 ± 0,31 22,0 ± 0,23 a MEDIA 18,6 ± 0,23 B 21,3 ± 0,23 A

Matéria Orgânica (%na MS) Napier 83,5 ± 0,27 83,9 ± 0,27 83,7 ± 0,19 b Mombaça 85,8 ± 0,27 86,2 ± 0,27 86,0 ± 0,19 a MEDIA 84,6 ± 0,19 A 85,0 ± 0,19 A

Proteína Bruta (%na MS) Napier 13,9 ± 0,21 13,8 ± 0,21 13,9 ± 0,15 a Mombaça 12,2 ± 0,21 12,2 ± 0,21 12,2 ± 0,15 b MEDIA 13,1 ± 0,15 A 13,0 ± 0,15 A

FDN (%na MS) Napier 63,0 ± 0,57Aa 64,8 ± 0,57 Aa 63,9 ± 0,40 b Mombaça 70,8 ± 0,57 Ab 70,3 ± 0,57 Ab 70,5 ± 0,40 a MEDIA 66,9 ± 0,40 A 67,5 ± 0,40 A

Época Chuvosa Materia Seca (%)

Napier 18,7 ± 0,41 Ab 19,9 ± 0,41 Ab 19,2 ± 0,29 b Mombaça 20,9 ± 0,41 Ba 23,6 ± 0,41 Aa 22,2 ± 0,29 a MEDIA 19,8 ± 0,29 B 21,6 ± 0,29 A

Matéria Orgânica (%na MS) Napier 84,6 ± 0,75 86,2 ± 0,75 85,4 ± 0,53 b Mombaça 86,8 ± 0,75 89,0 ± 0,75 87,9 ± 0,53 a MEDIA 85,7 ± 0,53 B 87,6 ± 0,5 3A

Proteína Bruta (%na MS) Napier 11,5 ± 0,34 10,9 ± 0,34 11,2 ± 0,24 a Mombaça 8,9 ± 0,34 8,4 ± 0,34 8,6 ± 0,24 b MEDIA 10,2 ± 0,24 A 9,6 ± 0,24 A

FDN (%na MS) Napier 70,3 ± 0,98 Bb 73,4 ± 0,98 Aa 71,9 ± 0,70 b Mombaça 77,4 ± 0,98 Aa 75,3 ± 0,98 Aa 76,4 ± 0,70 a MEDIA 73,8 ± 0,70 A 74,4 ± 0,70 A

1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclo de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso

- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas

diferem-se pelo teste t.

45

Soria (2002), trabalhando com capim Tanzânia com cinco lâminas de irrigação

(0; 30; 70; 100 150 % da capacidade de campo) e cinco doses de nitrogênio (0; 100;

275; 756; 2079 kg/ha/ano de N), durante um ano, não observou efeito da irrigação,

dentro de todas as doses de N estudadas, sobre os teores de PB, FDN, FDA, lignina e

digestibilidade in vitro.

CONCLUSÕES

- As forrageiras responderam bem à irrigação, ao longo ano, com maior produção

de biomassa, proporção de folhas, altura e densidade volumétrica;

- O capim Napier produziu maior quantidade de biomassa; no entanto, o capim

Mombaça apresentou maior proporção de folhas;

- A irrigação aumentou a quantidade de folhas, mas não teve influência sobre a

composição química das folhas;

- Nas condições de manejo impostas, o capim Napier apresentou melhor

composição química.

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50

TAXA DE LOTAÇÃO E DESEMPENHO DE NOVILHOS EUROPEU-ZEBU EM PASTAGENS IRRIGADAS DE CAPIM-ELEFANTE (PENNISETUM

PURPUREUM, SCHUM.) CV. NAPIER E MOMBAÇA (PANICUM MAXIMUM, JACQ.), SOB PASTEJO ROTACIONADO

RESUMO

O experimento foi conduzido na UENF, em Campos dos Goytacazes, RJ, com o

objetivo de se avaliar a influência da irrigação na disponibilidade de matéria seca foliar

(DMSF), taxa de lotação (TL), consumo de forragem, digestibilidade “in vivo” e ganho

de peso por animal e por área, em novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça. Os

tratamentos foram as combinações das duas forrageiras, com dois níveis de irrigação

(com e sem). Irrigou-se repondo 100 % da evapotranspiração (ETo) média diária de dez

anos. Adotou-se pastejo rotacionado, com quatro dias de ocupação e 32 de descanso e

carga animal variável, com pressão de pastejo de 4 kg de matéria seca foliar /100kg de

peso vivo. O consumo de forragem foi determinado nos animais fixos, utilizando-se o

indicador externo óxido crômico. Foram analisadas, separadamente, as épocas seca e

chuvosa. A irrigação resultou em DMSF superiores em 34,0 e 78,0 % na época seca e

em 18,4 e 39,0 % na época chuvosa, para os capins Napier e Mombaça,

respectivamente. A irrigação aumentou, na época seca, em 25,6 e 67,6 % a TL dos

capins Napier e Mombaça, respectivamente e, na época chuvosa, os aumentos foram de

21,5 e 50, 0 %. O consumo de forragem não foi influenciado pela irrigação e espécie

forrageira, na época seca. Na época chuvosa, verificou-se maior consumo de MS nas

forrageiras não irrigadas, não se verificando diferença no consumo em percentagem de

peso vivo e por unidade de tamanho metabólico. Na época seca, verificaram-se, nas

forrageiras irrigadas, maiores digestibilidades “in vivo” da MS, MO e FDN e menor da

proteína bruta (PB). Na época chuvosa, as forrageiras irrigadas apresentaram menor

digestibilidade da MS. Verificaram-se maiores digestibilidades da MS, MO e FDN e

menor da PB no capim Napier. As forrageiras não irrigadas proporcionaram maiores

ganhos de peso por animal na época seca. Na época chuvosa, verificou-se menor ganho

por animal no capim Mombaça irrigado. O capim Napier proporcionou maior ganho

que o Mombaça. A irrigação promoveu aumentos de 23,0 % e 22,7 % no ganho de peso

por área, na época seca e chuvosa, respectivamente.

Palavras-chave: capacidade de suporte, consumo a pasto, digestibilidade in vivo, ganho

de peso.

51

STOCKING RATE AND PERFORMANCE OF CROSSBRED EUROPEAN-ZEBU STEERS ROTATIONALLY GRAZING IRRIGATED PASTURES OF ELEPHANT-GRASS (PENNISETUM PURPUREUM, SCHUM.) CV. NAPIER

AND MOMBAÇA-GRASS (PANICUM MAXIMUM,JACQ.)

ABSTRACT The research was carried out at UENF, in Campos dos Goytacazes, State of Rio

de Janeiro, aiming to evaluate the influence of irrigation on availability of leaf dry

matter (LDMA), stocking rate (SR), forage intake and in vivo digestibility and weight

gain, per animal and per area, of steers grazing Napier-grass and Mombaça-grass. The

treatments were the combinations of the two grasses and two irrigation levels (with and

without). The irrigation supplied the previous ten-year mean evapotranspiration (ET0).

It was adopted the rotational grazing, with grazing period of four days, rest period of 32

days and variable stocking, with grazing pressure of four kg of leaf dry matter per 100

kg live weight. The forage intake of the test animals was determined utilizing cromic

oxide as external marker. Results regarding to dry season and rainy season were

analyzed separately. Irrigation resulted in LDMA 34.0 and 78.0 % higher, in dry season,

and 18.4 and 39.0 % higher, in rainy season, for Napier-grass and Mombaça-grass,

respectively. Irrigation increased by 25.6 and 67.6 % Napier-grass and Mombaça-grass

SR, respectively, in dry season, and by 21.5 and 50.0 %, in rainy season. Forage intake

was not affected by irrigation and forage species, in dry season. In rainy season, it was

observed higher total dry matter (DM) intake in non-irrigated forages, but there was no

difference when DM intake was expressed as percent of live weight or per unit

methabolic size. In dry season, irrigated forages showed higher “in vivo” digestibility of

DM, OM and NDF and lower digestibility of crude protein (CP). In rainy season, the

irrigated forages showed lower DM digestibility. Higher digestibilities of DM, OM and

NDF and lower digestibility of CP were observed in Napier-grass. Higher weight gain

per animal was observed in non-irrigated forages in dry season. In rainy season, it was

observed lower weight gain per animal in irrigated Mombaça-grass. Napier-grass

provided higher weight gains than Mombaça-grass. Irrigation Increased by 23.0 and

22.7 % weight gain per area in dry and rainy season, respectively.

Key words: carring capacity, forage intake, in vivo digestibility, weight gain

52

INTRODUÇÃO

É crescente a demanda dos mercados interno e internacional por carne bovina e

seus derivados, e o Brasil destaca-se dentre os maiores produtores, por ter potencial para

elevar, em muito, o nível atual de produção. Necessita, para isso, modernizar a atividade

pecuária, visando a aumentar a produção por animal e por área, o que poderá ser

alcançado utilizando-se alimentos concentrados (com preços elevados em muitas

regiões brasileiras) ou por meio da intensificação do uso de pastagens.

A produção de forragem é função do meio, onde se incluem fatores climáticos

como temperatura, radiação e precipitação, fatores ligados ao solo e fatores biológicos.

Alguns dos fatores fortemente limitantes como nutrientes e água podem ser supridos

pelo homem, por meio do emprego de fertilizantes e irrigação. Entretanto, conforme

salienta Euclides (2002), para se ter melhor relação de benefício:custo, há necessidade

da maximização dos benefícios, pois os custos dificilmente podem ser alterados com

uso de certo nível de insumo. Desta forma, há necessidade de se buscar aumento em

produtividade, o que pode ser alcançado pelo incremento da capacidade de suporte das

pastagens e/ou pela melhoria do ganho de peso individual.

A quantidade de produto animal por área é função da taxa de lotação, que é

determinada pela disponibilidade de forragem e do desempenho animal, determinado

pela quantidade e qualidade da forragem consumida e por características do animal sob

a influência do ambiente.

Euclides (2002) ressalta que o aumento na taxa de lotação eleva a produção por

área. No entanto, a produção por animal pode ser diminuída. Enquanto a produção por

área é importante para o produtor, pelo aumento da produtividade, o baixo desempenho

animal pode ter como conseqüência maior idade de abate diminuindo a taxa de desfrute

da propriedade. Também a alta taxa de lotação pode influenciar negativamente na

persistência da forrageira. Com isto, torna-se necessário buscar uma capacidade de

suporte ótima para cada tipo de sistema de produção de bovinos a pasto, tentando

maximizar a produção por área sem comprometer o desempenho individual.

O desempenho animal é determinado pela sua carga genética e estado

fisiológico, pela quantidade de forragem consumida e pelo valor nutritivo da forragem e

pela interação de todos estes fatores e o ambiente. Com isso, em estudos em que se

avalia a produção animal em pastejo, há necessidade de se avaliar, juntamente com as

53

características da planta e o desempenho animal, o consumo forrageiro e a qualidade da

forragem consumida.

Em revisão, Mertens (1992) esclarece que se a densidade energética do alimento

é alta (baixa concentração de fibra) em relação às exigências do animal, o consumo será

limitado pela demanda energética do animal e o rúmen não ficará repleto. Entretanto, se

o alimento possui baixa densidade energética (alta quantidade de fibra), o consumo será

limitado pelo enchimento do rúmen. Se a disponibilidade de alimento é limitada, nem o

enchimento nem a densidade energética teriam influência na quantidade de alimento

consumida. Gomide e Gomide (2001) citam que, em condições de pastagem, os

principais fatores condicionantes do consumo de forragem são: o valor nutritivo da

forrageira (composição química e digestibilidade), estrutura do relvado (altura,

população de perfilhos, densidade de biomassa, relação folha:caule) e oferta de

forragem.

Euclides et al. (1999b), estudando cultivares de Panicum maximum, encontraram

correlação positiva do consumo com o ganho de peso. As características estruturais das

pastagens, como disponibilidade de folhas e a relação material verde/material morto

correlacionaram-se positivamente com consumo e ganho de peso e negativamente com

o tempo de pastejo. O teor de FDN correlacionou-se negativamente com o consumo e o

ganho de peso.

Na literatura, trabalhos com animais em pastejo, onde foram avaliados, em

conjunto, taxa de lotação, consumo e ganho de peso, são escassos, principalmente em

pastagens irrigadas. Neste sentido, objetivou-se, com este trabalho avaliar a influência

da irrigação de pastagens dos capins Napier e Mombaça, submetidos a pastejo

rotacionado, sobre a disponibilidade de folhas, taxa de lotação, consumo de forragem,

digestibilidade in vivo e desempenho de novilhos Europeu-zebu.

MATERIAL E MÉTODOS

O local de realização da pesquisa, o período experimental, o manejo da

pastagem, da irrigação e dos animais e a metodologia de amostragens das forrageiras a

campo são apresentados no artigo 1.

A disponibilidade de matéria seca foliar (DMSF) foi calculada a partir da

disponibilidade de matéria seca total e da percentagem de folhas, ambas apresentadas no

artigo 1. A taxa de lotação foi estabelecida a partir da DMSF. No cálculo da taxa de

lotação foram incluídos os animais fixos e os animais reguladores (com peso

54

semelhante aos animais fixos), que permaneceram nos piquetes nos quatro dias de

pastejo. Na época seca utilizaram-se quatro animais fixos por tratamento e na época

chuvosa, dez animais. Para determinar a quantidade de animais a serem incluídos no

piquete utilizou-se a fórmula abaixo:

CRdCFdDMSFd

NA−= , onde

NA = numero de animais;

DMSFd = disponibilidade de MS foliar diária;

CFd = consumo diário de MS estimado para todos os animais fixos, calculado a partir

dos pesos médios dos animais e do número de animais fixos, considerando uma

pressão de pastejo de 4 kg de DMSF por 100 kg de peso vivo ;

CRd = consumo de MS estimado para cada animal regulador, considerando o peso

médio dos animais reguladores, e a mesma pressão de pastejo.

Nas análises estatísticas da DMSF e taxa de lotação adotou-se o mesmo modelo

utilizado no artigo 1.

O consumo de forragem pelos animais experimentais foi estimado duas vezes

em cada época experimental, perfazendo um total de seis ensaios. Foi adotado o método

de produção fecal/indigestibilidade.

Para a determinação da produção fecal e cálculo do consumo, utilizaram-se,

somente, os animais fixos, sendo que na época seca foram utilizados todos os animais

nos respectivos tratamentos e na época chuvosa foram sorteados quatro animais por

tratamento.

A produção fecal diária foi estimada utilizando-se o indicador óxido crômico

(Cr2O3). Cinco gramas de Cr2O3 foram ministrados, oralmente, duas vezes ao dia, às

8:00 e 15:00 horas, em cartucho de papel, a cada animal, durante 15 dias (sete dias de

estabilização e oito dias de coleta). Amostras fecais individuais foram obtidas no reto

dos novilhos, no momento de fornecimento do Cr2O3. Ao final do período de coleta, foi

constituída uma amostra composta por animal, dos oito dias de coleta, retirando-se 100

gramas de cada amostra. As amostras compostas foram secas em estufas a 60 0C, por 72

horas, posteriormente moídas e acondicionadas em vidro. Determinou-se o cromo pelo

método colorimétrico, fazendo-se digestão nitro-perclórica e utilizando-se o

espectrofotômetro UV visível a 440 nm (aparelho SPECOL UV visível).

A excreção fecal foi estimada utilizando-se a fórmula abaixo:

55

Produção fecal (kg) =MS) de (g/g fezes nas cromo de ãoConcentraç

(g/dia) fornecido Cromo

Para a obtenção de amostras representativas das dietas dos animais em pastejo

(extrusa), foram utilizados, na primeira época seca, quatro novilhos semelhantes aos

animais experimentais, fistulados no esôfago, segundo a técnica descrita por Bishop e

Froseth (1970). Na época chuvosa e na segunda época seca foram utilizados somente

dois animais, pois ocorreu a morte de um animal e outro apresentou problemas na

coleta. As bolsas de coleta foram confeccionadas de lona impermeável, dotadas de

malha de “nylon” no fundo, para drenagem do excesso de saliva. Nos dias de coleta, os

animais foram contidos e privados de alimento durante 12 horas, após o que foram

removidas as cânulas e colocadas as bolsas de coleta, deixando-se os animais pastarem

por 30 a 40 minutos.

As coletas de extrusa foram feitas no mesmo período de coleta de fezes, durante

oitos dias consecutivos. Cada animal fistulado foi utilizado em rodízio, pastejando cada

dia em um piquete correspondente a um tratamento diferente, junto com os animais

experimentais. Desta forma, cada um dos quatro animais foi usado em dois dias

diferentes na coleta de amostras referentes a cada tratamento. Quando se passou a

utilizar dois animais, cada animal pastejava dois piquetes por dia, com alternância de

forrageira, nível de irrigação e dia de pastejo. As amostras diárias foram acondicionadas

em sacos plásticos e armazenadas em congelador a -15 0C. No fim de cada período de

coleta, foram secas a 60 0C, moídas e acondicionadas em frascos para posteriores

análises laboratoriais.

A digestibilidade “in vitro” (DIVMS) da forragem (extrusa) foi determinada pelo método “in vitro” (Tilley e Terry, 19 63). No cálculo do consumo diário de matéria seca (CMS) foi utilizada a fórmula:

Consumo diário de MS (kg) =MS da idadedigestibil - 100

100 x diária fecal Produção

Nas amostras de fezes, além da determinação da concentração de cromo foram

analisados os teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e

fibra insolúvel em detergente neutro (FDN). Nas amostras de extrusa, determinou-se a

DIVMS e foram avaliados os teores de MS MO, PB, FDN, fibra insolúvel em

detergente ácido (FDA) e lignina. As análises laboratoriais foram realizadas de acordo

com as metodologias descritas por Silva (1990).

56

Após a determinação da quantidade de fezes, por animal, e dos teores de MO,

PB e FDN nas fezes, estimou-se a quantidade de cada nutriente excretado. Conhecendo-

se a quantidade de matéria seca consumida por animal por dia e a composição química

da extrusa, foram estimados os consumos de MO, PB e FDN. A partir destes valores

estimados por animal, estimou-se a digestibilidade in vivo de cada nutriente, utilizando-

se a fórmula:

DIV (%) = QNI

QNE−100x 100, onde:

DIV = digestibilidade “in vivo” de cada nutriente em percentagem;

QNE = Quantidade de nutrientes excretado, em kg/animal/dia;

QNI = Quantidade de nutrientes ingerido, em kg/animal/dia.

Todos os animais depois de castrados entraram na área experimental 21 dias

antes da primeira pesagem, para adaptação prévia. As pesagens foram feitas a cada 28

dias, após jejum de 16 horas. Os ganhos de pesos foram avaliados somente nos animais

fixos. O ganho de peso por área foi determinado pelo produto da taxa de lotação média

pelo ganho médio diário dos animais fixos multiplicados por 144 (dias de duração de

cada época). No início de cada época todos os animais foram substituídos por animais

de peso semelhantes os do início da época anterior.

Foram analisadas, separadamente, as épocas da seca e chuvosa. Nas análises de

consumo alimentar, digestibilidade “in vivo” e ganho de peso por animal, utilizou -se o

modelo estatístico abaixo:

Yijkl = µ + Ai + Fj + Ik + AFij+ AIik + FIjk + AFIijk + eijkl, em que:

Yijkl = informações referentes ao animal l, no ano i, pastejando a forrageira j, submetida

ao nível de irrigação k.

µ = Média geral;

Ai = efeito do ano i, sendo i= 1, 2002 e 2, 2003;

Fj = efeito da forrageira j, sendo j = 1, mombaça e 2, capim-elefante;

Ik = efeito do nível de irrigação k, sendo k = 1 e 2;

AFij = efeito da interação do ano i e a forrageira j ;

AIik = efeito da interação do ano i e o nível de irrigação k;

FIjk = efeito da interação da forrageira j e o nível de irrigação k ;

AFIijk = efeito da interação do ano i, forrageira j, e nível de irrigação k;

eijkl = erro aleatório associado a cada observação, pressuposto normal e

independentemente distribuído, com média zero e variância σσ 2.

57

Como só ocorreu uma época chuvosa, foram retirados do modelo, para esta

época, o efeito de ano e as interações em que a variável ano participa.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, pelo procedimento

PROC GLM do SAS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados referentes às disponibilidades de matéria seca foliar (DMSF) são

apresentados na Tabela 1. Verificou-se efeito de interação de forrageira e irrigação nas

épocas estudadas, sobre a DMSF (P<0,05). Na época seca, a irrigação proporcionou

maior DMSF nas duas forrageiras (P<0,05), tendo o capim Mombaça irrigado

apresentado maior DMSF (P<0,05) que o capim Napier irrigado. No entanto, ao não se

irrigar, verificou-se maior DMSF (P<0,05) no capim Napier que no capim Mombaça.

Na época chuvosa, verificou-se no capim Mombaça irrigado maior DMSF que no capim

Napier irrigado e que no capim Mombaça sem irrigação (P<0,05). Não se verificou

efeito da irrigação, nessa época, sobre capim Napier, não tendo ocorrido diferença

(P>0,05) quanto à DMSF entre o capim Napier irrigado e não irrigado e tendo a DMSF

do capim Mombaça não irrigado superado (P>0,05) aquela do capim Napier não

irrigado.

As maiores DMSF apresentadas pelo capim Mombaça são devidas à sua maior

proporção de folhas, observando-se, na época seca, os valores de 68,2 e 32,7 % e na

época chuvosa, os valores de 58,34 e 30,82 % para capim Mombaça e Napier,

respectivamente.

Houve efeito da irrigação na DMSF, na época seca, pois as plantas irrigadas,

além de terem apresentado maiores proporções de folhas que as não irrigadas,

apresentaram maiores produções de matéria seca verde nas duas gramíneas. Na época

chuvosa, as proporções de folhas foram semelhantes entre forrageiras irrigadas e não

irrigadas, todavia, a produção de matéria seca verde foi maior nas forrageiras irrigadas,

o que resultou na maior DMSF verificada nas forrageiras irrigadas.

Lopes et al. (2002) encontraram DMSF 27,0 % superior quando o capim

elefante foi irrigado. Este valor é próximo ao aumento de 30,0 % encontrado no

presente trabalho, quando se irrigou o capim Napier. Quando consideraram o ano todo,

Lopes et al. (2002) encontraram DMSF 43,0 % superior no capim elefante irrigado,

enquanto no presente trabalho, considerando-se o ano todo (média das épocas seca e

chuvosa), o capim Napier apresentou DMSF 38 % superior quando irrigado.

58

Ferreira (2001), trabalhando com capim Napier com 30 dias de descanso e cinco

níveis de adubação (100, 300, 500 e 700 kg/ha/ano de N), na época chuvosa, verificou

aumento linear da DMSF com o nível de adubação, no intervalo de 1.955,1 a 2.486,8

kg/ha/ciclo, valores estes muito próximos aos encontrados no presente trabalho.

Penati (2002),verificou em capim Tanzânia irrigado via pivô central valores de

DMSF que variaram de 769, 0 a 3.493,0 kg/ha/ciclo, com 33 dias de descanso. As

variações ocorreram em função da época do ano e das disponibilidades de matéria seca

residual (MSR) no ciclo anterior, que foram pré-determinadas em 1.000, 2.500, 4.000

kg/ha pós pastejo. Considerando-se somente a disponibilidade de 2.500 kg/ha de MSR,

valor este próximo ao valor médio observado no capim Mombaça no presente

experimento (2.333,4 kg/ha de MSR), este autor observou que variaram de 975 a 3185

kg DMSF/ha, em função da época do ano, sendo os menores valores verificados no

período de junho a agosto e os maiores valores no período de outubro a fevereiro. No

presente trabalho, as DMSF do capim Mombaça irrigado foram de 2.466,2 kg/ha na

época da seca e 4.149,7 kg/ha na época das águas. Os valores mais elevados

encontrados no presente trabalho podem estar relacionados com os períodos de

amostragem, que no presente trabalho foram bem definidos (época seca e chuvosa). No

trabalho do citado autor isto não ocorreu, havendo períodos de amostragem que

continham meses das épocas seca e chuvosa.

Tabela 1: Disponibilidades médias de matéria seca foliar (DMSF) e seus respectivos

erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados

Nível de Irrigação Forrageiras

Irrigado Não Irrigado Médias

DMSF (kg/ha)1

Época Seca Napier 2.173,5 ± 77,6 Ab 1.662,0 ± 77,6 Ba 1.917,8 ± 54,8 a Mombaça 2.466,2 ± 77,6 Aa 1.374,7 ± 77,6 Bb 1.920,1 ± 54,8 a Média 2.319,8 ± 54,8 A 1.518,3 ± 54,5 B

Época Chuvosa

Napier 2.610,8 ± 176,1 Ab 2.205,6 ± 176,1 Ab 2.408,2 ± 211,3 b Mombaça 4.149,7 ± 176,1 Aa 2.982,6 ± 176,1 Ba 3.566,1 ± 211,3 a Média 3.308,0 ± 124,1 A 2.594,1 ± 124,1 B

1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso

- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste t.

Ao se avaliar a taxa de lotação, verificou-se efeito de interação de forrageira e

irrigação nas duas épocas estudadas (P<0,05), sendo os resultados apresentados na

59

Tabela 2. Nas duas épocas, a irrigação proporcionou maior taxa de lotação (P<0,05) nas

duas forrageiras, tendo o capim Mombaça apresentado maior resposta que o capim

Napier. A irrigação aumentou, na época seca, em 25,6 % e 67,6 % a taxa de lotação dos

capins Napier e Mombaça, respectivamente. Na época chuvosa, os aumentos foram,

respectivamente, de 21,5 e 50, 0 %. Sem irrigação, as forrageiras apresentaram taxa de

lotação semelhante na época seca (P>0,05). No entanto, na época chuvosa, obteve-se

maior taxa de lotação no capim Mombaça (P<0,05). As maiores taxas de lotação

observadas no Mombaça são reflexo de sua maior resposta na DMSF, atingindo 79,0 vs

30,0 % do capim Napier na época seca e 40,0 vs 18% na época chuvosa.

Tabela 2: Taxa de lotação média e erros padrão dos capins Napier e Mombaça,

irrigados e não irrigados1

Nível de Irrigação Forrageiras

Irrigado Não Irrigado Médias

Taxa de lotação (animal/ha)2

Época Seca Napier 4,9 ± 0,15 Ab 3,9 ± 0,15 Ba 4,3 ± 0,11 a Mombaça 5,7 ± 0,15 Aa 3,4 ± 0,15 Ba 4,5 ± 0,11 a Média 5,3 ± 0,11 A 3,6 ± 0,11 B

Época Chuvosa

Napier 6,2 ± 0,22 Ab 5,1 ± 0,22 Bb 5,6 ± 0,16 b Mombaça 9,6 ± 0,22 Aa 6,4 ± 0,22 Ba 8,0 ± 0,16 a Média 7,9 ± 0,16 A 5,7 ± 0,16 B

1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso;

2 – Animais com peso vivo médio de 315 kg; - Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas

diferem-se pelo teste t.

Maya (2003), no capim Tanzânia irrigado ou não, respectivamente, verificou

taxas de lotação de 1,9 e 2,1 UA/ha, no período de junho a agosto, de 5,5 e 2,5 UA/ha

de agosto a novembro e de 7,4 e 7,8 UA/ha de novembro a junho, havendo diferença

(P<0,05) somente no período de agosto a novembro. A baixa resposta à irrigação

observada no período de junho a agosto foi atribuída à ocorrência de baixas

temperaturas e ao fotoperíodo. Caso fosse considerado o período de junho a novembro

como época seca, a taxa de lotação média seria de 3,6 UA/ha para a forrageira irrigada e

2,3 UA/ha para a não irrigada, com uma resposta de 56,5 % à irrigação. No presente

trabalho a resposta à irrigação foi de 67 % na época seca, superior à observada por

Maya (2003), provavelmente devido à ocorrência de temperaturas mais levadas, além de

possíveis diferenças na luminosidade. As altas taxas de lotação verificadas por Maya

60

(2003), na época chuvosa, podem estar relacionadas com a maior quantidade de

adubação nitrogenada utilizada por este autor (500 e 430 kg/ha de N, para Tanzânia com

e sem irrigação, respectivamente).

Alencar (2001) cita que, para produção de bovinos nos trópicos, em pastagens

adubadas, a potencialidade é de 2,5 a 5,0 UA/ha, e com pastagens adubadas e irrigadas,

esta potencialidade passa a ser de 6,0 a 9,9 UA/ha. No presente experimento, na época

chuvosa, estas potencialidades foram atingidas e nas duas épocas, ao não se irrigar,

conseguiram-se taxas de lotação acima de 2,5 UA/ha.

Ao se avaliar os consumos diários de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB),

fibra insolúvel em detergente neutro (CFDN) e matéria orgânica (CMO), consumo de

MS/100 kg de peso vivo (CPV) e consumo de MS por unidade de tamanho metabólico

(CTM), não se verificou efeito de interação de forrageira e irrigação (P>0,05) nas duas

épocas estudas.

Os resultados referentes à época seca são apresentados na tabela 3 e os referentes

à época chuvosa na Tabela 4.

Não se verificou, na época seca, influência da irrigação sobre o consumo dos

vários constituintes estudados, o mesmo acontecendo em relação ao CPV e CTM

(P>0,05), o que é justificável, uma vez que os animais dos diferentes tratamentos

tiveram a mesma disponibilidade de matéria seca foliar, além de não se observarem

diferenças entre os valores nutritivos das forragens dos dois tratamentos que

justificassem diferenças no consumo. Não se verificaram, nessa época, diferenças entre

forrageiras quanto ao CMS, CMO, CPV, CTM, entretanto, verificou-se maior (P<0,05)

CPB e CFDN no capim Mombaça.

Houve efeito de ano (P<0,05) para CMS, CMO, CFDN e CPB, observando-se,

respectivamente, os valores médios para as duas forrageiras de 8,9; 7,8; 6,7 e 1,1

kg/animal/dia para o primeiro ano, e de 7,5; 6,3; 5,3 e 0,9 kg/animal/dia para o segundo.

Os maiores valores de consumo observados no primeiro ano podem ser conseqüência da

roçada, ao nível do solo, em toda a área experimental antes do início do período de

coleta, realizada apenas no referido ano, resultando em maiores disponibilidades de

folhas e, praticamente, ausência de material senescente nos primeiros pastejos. Neste

ano, além de maior CMS, verificaram-se maiores teores de MO e FDN, que, juntamente

com o maior CMS, resultaram em maiores valores de consumo destes componentes.

Nos dois anos, os teores de PB da forragem foram semelhantes, mas ocorreu maior

consumo de MS no primeiro ano, justificando o maior consumo de PB. Outro fato que

61

pode ter prejudicado o consumo médio no segundo ano, foi a ocorrência de uma

infecção bacteriana aguda generalizada nos animais experimentais, ocasionando diarréia

e perda de peso em um dos períodos de pesagem.

Tabela 3: Consumo médio diário de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), fibra

insolúvel em detergente neutro (CFDN) e matéria orgânica (CMO), consumo de MS em percentagem de peso vivo (CPV) e em gramas por kg de tamanho metabólico (CTM) e seus respectivos erros padrão, de novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época seca.1

Nível de Irrigação Forrageiras

Irrigado Não Irrigado Médias

CMS (kg/animal/dia) Napier 7,7 ± 0,26 8,4 ± 0,26 8,1 ± 0,19 a Mombaça 8,5 ± 0,26 8,2 ± 0,26 8,3 ± 0,19 a Média 8,1 ± 0,19 A 8,3 ± 0,19 A

CPB (kg/animal/dia)

Napier 0,9 ± 0,04 1,0 ± 0,04 1,0 ± 0,03 b Mombaça 1,0 ± 0,04 1,1 ± 0,04 1,2 ± 0,03 a Média 1,0 ± 0,03 A 1,1 ± 0,03 A

CFDN (kg/animal/dia)

Napier 5,5 ± 0,20 6,1 ± 0,20 5,8 ± 0,14 b Mombaça 6,4 ± 0,20 6,0 ± 0,20 6,2 ± 0,14 a Média 6,0 ± 0,14 A 6,1 ± 0,14 A

CMO (kg/animal/dia)

Napier 6,6 ± 0,22 7,2 ± 0,22 6,9 ± 0,16 a Mombaça 7,2 ± 0,22 7,1 ± 0,22 7,2 ± 0,16 a Média 6,9 ± 0,16 A 7,2 ± 0,16 A

CPV (% PV/dia)

Napier 2,3 ± 0,09 2,4 ± 0,09 2,4 ± 0,06 a Mombaça 2,4 ± 0,09 2,4 ± 0,09 2,4 ± 0,06 a Média 2,4 ± 0,06 A 2,4 ± 0,06 A

CTM (g/kg PV0,75) Napier 99,7 ± 3,15 103,3 ± 3,15 101,5 ± 2,23 a Mombaça 105,3 ± 3,15 102,5 ± 3,15 103,9 ± 2,23 a Média 102,5 ± 2,23 A 102,9 ± 2,23 A

1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso

- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste F.

Na época chuvosa (Tabela 4), verificaram-se menores (P<0,05) CMS, CMO e

CFDN das duas forrageiras, quando irrigadas, não se verificando efeito de irrigação

sobre o CPB, CPV e CTM. Nesta época, observaram-se maiores CMS, CPB, CMO,

CPV e CTM no capim Napier (P<0,05), não ocorrendo diferença no CFDN entre as

duas forrageiras (P>0,05).

62

Os maiores CMS observados, nas forrageiras não irrigadas, na época chuvosa,

podem estar, em parte, relacionados com a sua maior digestibilidade “in vivo” da MS,

embora não se observasse efeito de irrigação na digestibilidade “in vitro” e na

composição química e as forrageiras irrigadas apresentassem maior disponibilidade de

folhas e maior densidade volumétrica. Além disso, o consumo pode, também, ter sido

influenciado pela carga animal, uma vez que nos tratamentos irrigados, especialmente

no capim Mombaça, na época chuvosa, ocorria alta disponibilidade de matéria seca

foliar. Em função disso, colocava-se no piquete um grande número de animais

reguladores, aumentando as perdas por tombamento das forrageiras, resultando em

maior disponibilidade de MS residual nas forrageiras irrigadas. Além disso, o maior

número de animais por área ocasionava disputas para o estabelecimento de hierarquia, o

que pode ter reduzido o tempo de pastejo e o consumo alimentar.

Pode-se observar pela Tabela 4 que, na época chuvosa, verificaram-se maiores

CMS, CPB, CMO, CPV e CTM para os animais que pastejaram o capim Napier, em

conseqüência das melhores características nutritivas desta forrageira. O capim Napier

apresentou maiores coeficientes de digestibilidade “in vitro” da MS e “in vivo” da MS,

MO e FDN. A altura também foi superior nesta forrageira, o que pode ter contribuído

para o maior consumo, concordando com as afirmações de Gomide e Gomide (2001).

Na literatura, são poucos os trabalhos em que se avaliou o consumo a pasto em

pastagens irrigadas de Napier e Mombaça, e os poucos existentes são

predominantemente com vacas leiteiras. Esta escassez de trabalhos pode estar

relacionada com as dificuldades de determinação do consumo a pasto.

Erbesdobler et al. (2002), trabalhando com capim elefante na época chuvosa,

utilizaram novilhos europeu-zebu com peso vivo médio inicial de 332 kg e encontraram

consumo médio diário de MS de 8,18 kg e consumo de MS por 100 kg de peso vivo de

2,16 kg. No presente trabalho, os CMS e CPV , na época chuvosa, foram superiores aos

observados pelos citados autores, o que pode ser devido a diferenças no valor nutritivo

da forrageira, condição animal e disponibilidade de forragem. Deresz & Mozzer (1994)

citam, em revisão, valores de consumo médio diário de MS variando de 1,65 a 2,86

kg/100 kg de peso vivo, em pastagens de gramíneas tropicais.

Euclides et al. (1999b) encontraram consumos de 2,51; 2,34 e 2,46 kg de

MS/100 kg de peso vivo, para os capins Colonião, Tobiatã e Tanzânia, respectivamente.

Estes resultados são concordantes com os valores de 2,42 e 2,37 kg de MS/100 kg de

63

peso vivo verificados no presente trabalho, no capim Mombaça, para as épocas seca e

chuvosa, respectivamente.

Tabela 4: Consumo médio diário de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), fibra

insolúvel em detergente neutro (CFDN) e matéria orgânica (CMO), consumo em percentagem de peso vivo (CPV), gramas por kg de tamanho metabólico (CTM) e erros padrão, com novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época chuvosa.1

Nível de Irrigação Forrageiras

Irrigado Não Irrigado Médias

CMS (kg/animal/dia) Napier 8,3 ± 0,34 8,9 ± 0,34 8,6 ± 0,24 a Mombaça 7,3 ± 0,34 8,3 ± 0,34 7,8 ± 0,24 b Média 7,8 ± 0,24 B 8,7 ± 0,24 A

CPB (kg/animal/dia)

Napier 0,9 ± 0,03 0,8 ± 0,03 0,9 ± 0,02 a Mombaça 0,7 ± 0,03 0,8 ± 0,03 0,8 ± 0,02 b Média 0,8 ± 0,02 A 0,8 ± 0,02 A

CFDN (kg/animal/dia)

Napier 6,1 ± 0,27 6,7 ± 0,27 6,4 ± 0,19 a Mombaça 5,8 ± 0,27 6,4 ± 0,27 6,1 ± 0,19 a Média 5,9 ± 0,19 B 6,6 ± 0,19 A

CMO (kg/animal/dia)

Napier 6,9 ± 0,28 7,5 ± 0,28 7,2 ± 0,20 a Mombaça 6,2 ± 0,28 7,0 ± 0,28 6,6 ± 0,20 b Média 6,5 ± 0,20 B 7,2 ± 0,20 A

CPV (% PV/dia)

Napier 2,6 ± 0,08 2,5 ± 0,08 2,6 ± 0,05 a Mombaça 2,3 ± 0,8 2,4 ± 0,08 2,4 ± 0,05 b Média 2,4 ± 0,05 A 2,5 ± 0,05 A

CTM (g/kg PV0,75) Napier 108,8 ± 3,28 109,5 ± 3,28 109,2 ± 2,32 a Mombaça 97,8 ± 3,28 104,1 ± 3,28 100,9 ± 2,32 b Média 103,3 ± 2,32 A 106,8 ± 2,32 A

1 - Médias referentes a duas épocas secas e uma época chuvosa, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso

- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste F.

Ao se analisarem as digestibilidades “in vivo” da MS (DMS), proteína bruta

(DPB), fibra insolúvel em detergente neutro (DFDN) e matéria orgânica (DMO), não se

verificou efeito de interação de forrageira e irrigação (P>0,05), na época seca, tendo

sido observados efeitos médios de forrageira e irrigação (P<0,05). O capim Napier

apresentou maiores (P<0,05) DMS, DFDN e DMO e menor DPB que o Mombaça.

Verificaram-se, nas forrageiras irrigadas, maiores (P<0,05) DMS, DFDN e DMO, mas

64

não foi verificado efeito de irrigação (P<0,05) sobre a DPB, nesta época. Os resultados

referentes às digestibilidades “i n vivo” dos capins Napier e Mombaça, na época seca,

são apresentados na tabela 5.

As maiores DMS e DMO observadas na época seca, nas forrageiras irrigadas,

refletem as suas maiores DFDN. As menores DFDN observadas nas pastagens não

irrigadas podem ser devidas a um possível aumento na espessura da parede celular, que

segundo Paciullo (1999), quando forrageiras passam por período prolongado de estresse

hídrico, ocorre aumento na espessura da parede celular e, de acordo com Wilson e

Mertens (1995), este aumento reduz o ataque de microorganismo no rúmen, com

reflexos na digestibilidade.

As maiores DMS e DMO verificadas no capim Napier também refletiram a

maior DFDN observada nesta forrageira, neste caso, possivelmente influenciada pelos

menores teores FDA e lignina nela verificadas.

Tabela 5: Digestibilidade “in vivo” da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra insolúvel em detergente neutro (DFDN) e matéria orgânica (DMO), e seus erros padrão dos capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época seca.1

Nível de Irrigação Forrageiras

Irrigado Não Irrigado Médias

DMS (%)

Napier 55,7 ± 0,62 53,6 ± 0,62 54,6 ± 0,44 a Mombaça 52,8 ± 0,62 51,8 ± 0,62 52,3 ± 0,44 b Média 54,2 ± 0,44 A 52,7 ± 0,44 B

DPB (%)

Napier 61,8 ± 0,85 61,7 ± 0,85 61,8 ± 0,60 b Mombaça 65,2 ± 0,85 67,1 ± 0,85 66,2± 0,60 a Média 63,5 ± 0,60 A 64,4 ± 0,60 A

DFDN (%)

Napier 56,8 ± 0,82 53,3 ± 0,82 550 ± 0,58 a Mombaça 54,2 ± 0,82 51,4 ± 0,82 52,8 ± 0,58 b Média 55,5 ± 0,58 A 52,4 ± 0,58 B

DMO (%)

Napier 62,6 ± 0,57 60,3 ± 0,57 61,5 ± 0,40 a Mombaça 57,8 ± 0,57 56,7 ± 0,57 57,2 ± 0,40 b Média 60,6 ± 0,40 A 58,5 ± 0,40 B

1 - Médias referentes a duas épocas secas, envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso

- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste F.

Na Tabela 6 são mostrados os resultados de digestibilidade “in vivo” referentes

à época chuvosa. Não foi observado efeito de interação de forrageira e irrigação para

65

DMS, DFDN e DMO (P>0,05). Quando se irrigou, verificou-se nas duas gramíneas

menor DMS (P<0,05), não sendo observado efeito da irrigação sobre as DFDN e DMO

(P>0,05). Verificaram-se maiores (P<0,05) DMS, DFDN e DMO no capim Napier que

no capim Mombaça.

Houve efeito de interação de forrageira e irrigação sobre a DPB (P<0,05), sendo

que o capim Napier não irrigado apresentou menor DPB que o Napier irrigado e

Mombaça não irrigado (P<0,05). O capim Mombaça irrigado não diferiu (P>0,05) do

Mombaça não irrigado e do capim Napier irrigado.

Tabela 6: Digestibilidade “in vivo” da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra

insolúvel em detergente neutro (DFDN) e matéria orgânica (DMO) dos capins capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época chuvosa.1

Nível de Irrigação Forrageiras

Irrigado Não Irrigado Médias

DMS (%)

Napier 56,2 ± 0,95 58,2 ± 0,95 57,2 ± 0,67 a Mombaça 51,0 ± 0,95 53,9 ± 0,95 52,4 ± 0,67 b Média 53,6 ± 0,67 B 56,0 ± 0,67 A

DPB (%)

Napier 60,4 ± 1,48 Aa 55,3 ± 1,48 Bb 57,9 ± 1,05 b Mombaça 60,2± 1,48 Aa 64,3 ± 1,48 Aa 62,3 ± 1,05 a Média 60,3 ± 1,05 A 59,8 ± 1,05 A

DFDN (%)

Napier 55,9 ± 1,43 59,2 ± 1,43 57,6 ± 1,01 a Mombaça 53,2 ± 1,43 54,5 ± 1,43 53,8 ± 1,01 b Média 54,6 ± 1,01 A 56,8 ± 1,01 A

DMO (%)

Napier 62,2 ± 0,97 63,5 ± 0,97 62,8 ± 0,69 a Mombaça 55,0 ± 0,97 57,2 ± 0,97 56,1 ± 0,69 b Média 58,6 ± 0,69 A 60,3 ± 0,69 A

1 - Médias referentes a uma época chuvosa, envolvendo 4 ciclo de pastejo com 4 dias pastejo e 32 dias de descanso

- Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes nas linhas e minúsculas nas colunas diferem-se pelo teste t.

As forrageiras não irrigadas tenderam a apresentar menores teores de FDA e

lignina que as irrigadas. Este pode ser um dos fatores que contribuíram para a menor

DMS.

As maiores DMS e DMO observadas no capim Napier refletem a sua maior

DFDN. Essa gramínea apresentou menor (P<0,05) teor de lignina que o capim

Mombaça (6,2 vs 7,6 %), o que foi, provavelmente, o principal fator responsável pela

66

maior DFDN. O capim Napier teve, ainda, teores mais baixos (P<0,05) de FDN e FDA

que o Mombaça.

Não foi encontrada justificativa, utilizando-se somente os dados disponíveis no

presente experimento, para as diferenças na DPB. Para se tentar explicar estas

diferenças haveria a necessidade de se conhecer melhor esta proteína bruta, o que

poderia ser feito pelo seu fracionamento, como recomendado por Sniffen et al. (1992).

Ao se avaliar ganho de peso diário dos animais (Tabela 7), observou-se efeito de

interação de forragem e irrigação (P<0,05), na época chuvosa, o que não ocorreu na

época seca.

Na época seca, as forrageiras irrigadas proporcionaram menor (P<0,05) ganho

diário (P<0,05) que as não irrigadas, não ocorrendo diferenças (P>0,05) entre

gramíneas. O menor GPV verificado nas forrageiras irrigadas, na época seca, deve-se ao

fato de que, na segunda época seca avaliada, ocorreu, nos animais destes tratamentos,

uma infecção generalizada, ocasionando diarréia que levou à perda de peso dos animais.

Na época chuvosa, o capim Mombaça irrigado proporcionou menor ganho

(P<0,05) que o Mombaça não irrigado e que o Napier irrigado. O capim Napier não

irrigado não diferiu (P>0,05), quanto ao ganho de peso, do capim Mombaça não

irrigado e do capim Napier irrigado.

O menor ganho de peso verificado no capim Mombaça pode ser explicado pelos

seus menores valores de consumo de MS, PB e MO, na época chuvosa, e pelo pior valor

nutritivo da MS consumida, uma vez que o capim Mombaça irrigado apresentou

maiores teores de FDN, FDA, lignina e menor DVMS e menores digestibilidades “in

vivo” da MS, FDN e MO.

Verificou-se efeito de ano (P<0,05) sobre o ganho de peso diário, sendo

observados ganhos médios diários de 0,88 e 0,44 g/animal/dia, para ano 1 e 2

respectivamente, estando o maior ganho no primeiro ano associado aos maiores

consumos de forragem (CMS, CMO e CPB). Outro fator que concorreu para o menor

ganho de peso no segundo ano foi, conforme anteriormente referido, a ocorrência de

uma infecção bacteriana aguda generalizada nos animais experimentais, ocasionando

diarréia e perda de peso dos animais de todos os tratamentos, em um dos períodos de

pesagem, e que reduziu o ganho em outros dois.

Mesmo tendo sido avaliadas separadamente, as épocas secas e chuvosas, podem

ser observadas diferenças nas respostas das duas forrageiras dependendo da época. O

capim Napier irrigado proporcionou ganhos de peso semelhantes nas duas épocas. O

67

capim Mombaça irrigado proporcionou ganhos de peso na seca 50 % superiores à época

chuvosa e no capim Mombaça não irrigado, esta superioridade foi de 24 %. Estas

diferenças podem ser atribuídas à queda no consumo e na qualidade nutritiva das

forrageiras, principalmente no capim Mombaça irrigado, no qual se observaram quedas

nos consumos de matéria seca digestível, proteína digestível e matéria orgânica

digestível de 20,0, 52,0 e 21,0 %, respectivamente, na época chuvosa em relação à seca.

Tabela 7: Ganho de peso individual médio e ganho de peso por área erros padrão em

novilhos pastejando os capins Napier e Mombaça, irrigados e não irrigados, nas época seca e chuvosa1

Nível de Irrigação Forrageiras

Irrigado Não Irrigado Médias

Ganho de peso (kg/animal/dia)1

Época Seca Elefante 0,63 ± 0,05 0,77 ± 0,05 0,70 ± 0,03 a Mombaça 0,60 ± 0,05 0,67 ± 0,05 0,63 ± 0,03 a MEDIA 0,61 ± 0,03 A 0,72 ± 0,03 B

Época Chuvosa Elefante 0,65 ± 0,03 Aa 0,58 ± 0,03 Aa 0,62 ± 0,02 a Mombaça 0,40 ± 0,03 Bb 0,54 ± 0,03 Aa 0,47 ± 0,02 b MEDIA 0,52 ± 0,02 A 0,56 ± 0,02 A

Ganho de Peso por Área (kg/ha)2 Época Seca

Elefante 444,5 432,4 438,5 Mombaça 492,5 328,0 410,3 MEDIA 468,5 380,2

Época Chuvosa Elefante 580,3 425,85 503,1 Mombaça 553,0 497,66 525,3 MEDIA 566,7 461.75

1 – Animais com peso vivo médio de 315,0 kg; 2 – ganho de peso total em um período de 144 dias em cada época; - Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes, nas linhas, e minúsculas, na coluna,

diferem-se pelo teste t.

Maya (2003) verificou menor ganho de peso em animais pastejando capim

Tanzânia irrigado, na época seca, atribuindo isto ao menor valor nutritivo apresentado

em relação ao capim Tanzânia em sequeiro. Na época chuvosa, este autor não encontrou

diferença no ganho de peso de animais pastejando capim Tanzânia com ou sem

irrigação. Os ganhos observados foram de 0,49 e 0,76 kg/animal/dia, para época seca, e

0,49 e 0,58 kg/animal/dia, para a época chuvosa, para Tanzânia com e sem irrigação,

respectivamente. Euclides et al. (1999a) encontraram ganho de peso de 0,57

68

kg/animal/dia em animais pastejando capim Mombaça sem irrigação, na época chuvosa,

muito próximo ao observado no presente trabalho, que foi de 0,54 kg/animal/dia para o

capim Mombaça sem irrigação.

Aita e Restle (1999), trabalhando com capim-elefante cv. Taiwan A-146, em

pastejo contínuo na estação quente (dezembro de abril), encontraram ganho de peso

médio diário de 928,0. Estes autores não informaram o consumo nem se referiram ao

valor nutritivo da forragem, somente relataram que houve disponibilidade de forragem

para o ganho máximo. Erbesdobler et al (2002), avaliando o capim Napier sob pastejo

rotacionado, no período chuvoso, encontraram ganho de peso de corpo vazio diário

médio de 516 gramas/animal/dia. Vale salientar que todos os ganhos do presente

trabalho, em todas as épocas, estão acima de 400 g/animal/dia que, para Zimmer e

Euclides Filho (1997), é o ganho mínimo, ao longo do ano, que permite abate dos

animais antes dos 30 meses de idade.

Nas forrageiras irrigadas, houve aumento de 23,0 % e 22,7 % no ganho por área,

na época seca e chuvosa, respectivamente. Na época seca, observou-se maior resposta

no capim Mombaça, que foi 50 % superior ao Mombaça sem irrigação. Na época

chuvosa, a irrigação possibilitou maior ganho de peso ao capim Napier, sendo 36,2 %

superior ao Napier não irrigado. Em média, na época chuvosa, a irrigação proporcionou

ganhos por área 20,0 % superiores aos da época seca. Quando não se irrigou, o ganho

foi 21,4 % superior na época chuvosa. Os maiores ganhos por área, na época chuvosa,

foram determinados pelas maiores taxas de lotação, pois os ganhos por animal foram

mais baixos nesta época.

Ao se considerarem, em conjunto, os ganhos médios nas épocas seca e chuvosa

verificaram-se, respectivamente, para Napier irrigado, Napier sem irrigação, Mombaça

irrigado e Mombaça sem irrigação, os ganhos de 1.025; 930; 1046 e 826 kg/ha, em 288

dias, equivalente a ganhos de 1.299; 1.179; 1.325 e 1.046 kg/ha/ano, respectivamente.

Erbesdobler et al. (2002), em pastagem de capim Napier, na época chuvosa,

encontraram ganhos de 432,5 kg/ha, enquanto Aita e Restle (1999) verificaram, no

capim Taiwan A-146, ganho de 774,4 kg/ha, num período de 143 dias, na época quente

do ano, em conseqüência do elevado ganho por animal por dia.

Maya (2003) verificou ganhos de peso por área de 1.628 e 1.672 kg/ha/ano, para

o capim Tanzânia com e sem irrigação, respectivamente, devidos às maiores taxas de

lotação verificadas, principalmente na época chuvosa do ano. Na época seca, os ganhos

por área foram de 380 e 381 kg/ha, menores que os observados no presente trabalho.

69

Aguiar et al. (2002) verificaram no capim Mombaça, na época chuvosa

(novembro a março), taxa de lotação de 7 UA/ha, ganho de peso de 0,65 kg/animal/dia e

ganho por área de 1.410 kg/ha/ano. Estes maiores ganhos foram proporcionados por

maiores doses de fertilizantes (533 kg/ha de N, 235 kg/ha de K2O e 49,0 kg/ha de S).

Outro fator que pode ter contribuído para este alto desempenho foi o período de

descanso menor, que pode ter refletido positivamente sobre o valor nutritivo da

forrageira. Estes autores observaram valores de PB de 11,40 % e FDN de 67,0 % na

forragem cortada acima de 40 cm do solo, enquanto no presente trabalho foram

verificados valores de PB de 8,6 % e FDN de 76,4 %, nas lâminas foliares.

CONCLUSÕES

- A irrigação aumentou a quantidade de forragem disponível refletindo-se em

maior taxa de lotação;

- A irrigação teve efeito desprezível sobre o consumo e sobre a digestibilidade da

forragem. Os animais que pastejaram o capim Napier consumiram mais

forragem e esta apresentou melhor qualidade;

- Os animais que pastejaram as forrageiras irrigadas, na época seca, ganharam

menos peso; mesmo comportamento tiveram os que pastejaram o capim

Mombaça irrigado na época chuvosa;

- O ganho de peso por área teve influência direta das maiores taxas de lotação

verificadas nas pastagens irrigadas.

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73

INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO E DO DIA DE PASTEJO NO VALOR NUTRITIVO DOS CAPINS ELEFANTE (PENNISETUM PURPUREUM,

SHUM.) CV. NAPIER E MOMBAÇA (PANICUM MAXIMUM, JACQ.), SOB PASTEJO ROTACIONADO

RESUMO

A pesquisa foi conduzida na UENF, em Campos dos Goytacazes, RJ, com o

objetivo de se avaliar a influência da irrigação e do dia de ocupação do piquete sobre a

composição química e digestibilidade “in vitro” da forragem selecionada por novilhos

pastejando os capins Napier e Mombaça. Os tratamentos foram as combinações das

duas forrageiras com dois níveis de irrigação (com e sem). Irrigou-se repondo 100 % da

evapotranspiração (ET0) média diária observada em dez anos. Adotou-se pastejo

rotacionado, com novilhos, com quatro dias de ocupação e 32 de descanso, carga animal

variável e pressão de pastejo de 4 kg de matéria seca foliar /100kg de peso vivo. Na

obtenção da forragem potencialmente consumida pelos animais, utilizaram-se quatro

novilhos providos de fístula esofágica. Foram realizados seis ensaios de amostragem,

dois em cada uma de duas épocas secas e dois ensaios em uma época chuvosa. Em cada

ensaio, foram amostrados dois piquetes diferentes, coletando-se extrusa durante oito

dias seguidos, correspondente aos quatro dias de ocupação de cada piquete. Na época

seca, não se verificou efeito de irrigação sobre os teores MS, PB, FDN, FDA e lignina e

DIVMO da extrusa. No entanto, observaram-se maiores teores de MO nas extrusas

correspondentes às forrageiras irrigadas. Não houve ainda, na época seca, diferença

entre forrageiras quanto aos teores de MO, PB, FDA e lignina, entretanto, o capim

Napier apresentou maior teor de FDN e maior DIVMS. Na época chuvosa, não se

verificou efeito de irrigação sobre os teores dos componentes químicos e sobre a

DIVMS. Nessa época, o capim Napier apresentou menores teores de FDN, FDA e

lignina e teores semelhantes de MS, MO e PB e DIVMS. A análise de regressão revelou

quedas lineares nos teores de MS, PB, e na DVMS da extrusa, com avançar do período

de ocupação do piquete, que corresponderam a 4,0 % no teor de MS, 12,0 % no teor de

PB e 2,0 % na DIVMS por dia de pastejo. Por outro lado, ocorreram aumentos lineares

(P<0,05) nos teores de FDN, FDA e lignina, que corresponderam, respectivamente, a

2,0; 4,0 e 7,0 % , por dia de ocupação do piquete.

Palavras-chave: Composição química, digestibilidade in vitro, novilhos, forrageira

tropical

74

INFLUENCE OF IRRIGATION AND OF SEQUENTIAL GRAZING DAY ON

NUTRITIVE VALUE OF ELEPHANT-GRASS (Pennisetum purpureum, Schum.)

CV. NAPIER AND MOMBAÇA-GRASS (Panicum maximum, Jacq.), UNDER

ROTATIONAL GRAZING.

ABSTRACT

The research was carried out at UENF, in Campos dos Goytacazes, State of Rio

de Janeiro, aiming to evaluate the influence of irrigation and of sequential grazing day

on chemical composition and “in vitro” digestibility of the forage selected by steers,

rotationally grazing Napier-grass and Mombaça-grass. The treatments were the

combinations of the two grasses and two irrigations levels (with and without). The

irrigation supplied the previous ten-year mean evapotranpiration (ET0). It was adopted

the rotational grazing, with grazing period of four days, rest period of 32 days and

variable stocking, with grazing pressure of four kg of leaf dry matter per 100 kg live

weight. To obtain representative samples of the forage potentially eaten by the animals,

four steers fistulated in the esophagus were used. Six sampling trials were performed,

two in each one of two dry seasons and one rainy season. In each trial, two plots were

sampled, and extrusa was collected, during eight sequential days, corresponding to the

four days of occupation of each plot. In dry season, it was not observed influence of

irrigation on dry matter (DM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid

detergent fiber (ADF) and lignin content, and on “in vitro” digestibility of extrusa DM

(IVDMD), but it was observed higher organic matter (OM) content in extrusa from

irrigated forages. In dry season, forages did not differ regarding to OM, CP, ADF and

lignin contents. However, Napier-grass showed higher NDF content and IVDMD. In

rainy season, irrigation had no influence on chemical composition or IVDMD and

Napier-grass showed lower contents of NDF, ADF and lignin than Mombaça-grass and

similar contents of DM, OM and CP and IVDMD. Regression analysis revealed linear

decrease in the content of DM, CP and “in vitro” digestibility of extrusa DM (IVDMD)

as the occupation period of the plot advanced, which corresponded to 4.0 % a day in

protein content and to 2.0 % a day in IVDMD. By the other hand, the contents of NDF

and acid detergent fiber and lignin increased by 2.0; 4.0 and 7.0 % each grazing day.

Key words: Chemical composition, in vitro digestibility, steers, tropical grass

75

INTRODUÇÃO

Na produção de bovinos a pasto, a quantidade de forragem produzida é

importante, porém, incrementos na produção de forragem não implicam,

necessariamente, em aumento no desempenho animal (Veiga, 1994). Quando o objetivo

é aumentar a quantidade de produto por área (carne ou leite) deve-se ter como propósito

aumentar a quantidade de forragem, sem comprometer a sua qualidade.

A produção e a qualidade da biomassa de uma espécie forrageira são

conseqüência da transformação de energia solar e CO2 atmosférico em compostos

orgânicos, condicionada por fatores climáticos, como: temperatura, luminosidade,

pluviosidade (influenciando na umidade do solo), fatores ligados à planta, ao solo

(disponibilidade de nutrientes), a presença do animal e as interações que ocorrem entre

estes fatores. Uma vez definida a espécie forrageira e corrigida a fertilidade do solo, a

qualidade forrageira, ao longo do ano será definida, principalmente, pelo estádio de

crescimento e pelas condições climáticas locais.

Elevadas temperaturas aceleram a atividade metabólica das células, promovendo

rápida conversão de produtos fotossintéticos em componentes da parede celular, rápida

lignificação desta parede e decréscimo da concentração de metabólitos no conteúdo

celular (Van Soest, 1994). Com o aumento da luminosidade ocorre aumento na síntese

de açúcares solúveis e ácidos orgânicos, redução na proporção de parede celular e,

como conseqüência, aumento na digestibilidade, mas parece que, aparentemente, os

efeitos de alta temperatura são mais decisivos sobre a qualidade das pastagens.

Quanto à influência da água no valor nutritivo das plantas, pouco se sabe, e na

maioria dos trabalhos existentes, não foram observadas diferenças no valor nutritivo das

forrageiras quando a variável testada era a quantidade de água no solo.

Em uma revisão, Balsalobre et al. (2003) comentam que o estresse hídrico de

curto período, ou menos severo, pode promover melhoria na qualidade da forragem,

pois aumenta a digestibilidade e reduz a relação haste/folha, aumentando a quantidade

de assimilados solúveis dentro da célula. Por outro lado, estresse severo pode trazer

queda na qualidade por aumentar a espessura da parede das células parenquimáticas.

Abordando o assunto, Corsi e Nascimento Jr. (1994) não admitem que, na planta sob

estresse hídrico, o crescimento limitado possa trazer aumento na concentração de N.

As características do pasto não representam, muitas vezes, as características da

forragem realmente consumida pelos animais, devido ao seu comportamento seletivo.

76

0s animais preferem determinadas plantas e partes desta e selecionam as partes da

forrageira mais palatáveis e digestíveis (Van Soest, 1982).

Blaser (1994) observou que, num sistema de pastejo rotacionado com mais de

um dia de ocupação do piquete, a qualidade nutricional da forragem é mais alta no

primeiro dia e mais baixa no último dia. Verificou, ainda, que, em vacas pastejando um

piquete com período de ocupação de 8 a 9 dias, a produção de leite aumentava até um

platô, declinando no início de ocupação de um novo piquete. Esta oscilação está

associada com o pastejo seletivo, em que, nos primeiros dias de pastejo, foram

observadas maiores percentagens de matéria secas digestível e maiores consumo de

matéria seca. Palieraqui (2004) verificou, nos capins Napier e Mombaça em pastejo

rotacionado, com 4 dias de ocupação e 32 de descanso, diferenças nas composições

químicas das extrusas destas duas forrageiras ao se avançar o período de ocupação do

piquete, com queda no teor de PB e aumento nos constituintes de parede celular. Já

Clipes (2003) e Lista (2003), manejando gramíneas tropicais com 3 dias de pastejo, não

encontraram diferença na composição química na extrusa de capim-elefante com o

avançar do dia de pastejo. No entanto, observaram queda na qualidade do capim

mombaça ao longo dos dias de pastejo, sendo a principal causa os aumentos nos

constituintes de parede celular.

Objetivou-se, com esta pesquisa, avaliar a influencia da irrigação e do dia

ocupação do piquete na composição química dos capins Napier e Mombaça manejados

sob pastejo rotacionado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Núcleo de Pesquisa em Zootecnia da UENF,

em Campos dos Goytacazes, RJ. Foram estudadas as respostas dos capins elefante

(Pennisetum purpureum. Schum.) cv. Napier e Mombaça (Panicum maximum, Jacq.), a

dois níveis de irrigação. durante as épocas seca e chuvosa. O município de Campos tem

coordenadas geográficas de 210 44’ 47” de Latitude Sul e 41 0 18’ 24” de Longitude

Oeste e Altitude de 12 m, situando-se no Norte do Estado do Rio de Janeiro. O padrão

climático da região é descrito como Aw, tropical quente úmido, com período seco no

inverno e chuvoso no verão, segundo o sistema de classificação de Koppen. Dados

obtidos na Estação Evapotranspirométrica da PESAGRO/UENF, localizada em Campos

dos Goytacazes,RJ, próxima ao local do experimento, referentes ao período de julho de

77

1996 a dezembro de 2003, indicam que as temperaturas médias mensais mantiveram-se,

durante todos os meses do ano, acima de 20 0C, com médias das mínimas nos meses de

maio, junho, julho e agosto de 17,9; 16,81; 15,9 e 16,6 0C, respectivamente, e acima de

19,0 0C nos demais meses. Mesmo nos meses mais frios, maio, junho, julho e agosto, as

médias das máximas foram 28,3; 28,0; 26,6 e 27,1 0C, respectivamente. A precipitação

pluviométrica anual média no período foi inferior a 800 mm. O experimento

compreendeu duas épocas de seca (de junho a outubro 2002 e de maio a outubro de

2003) e uma época chuvosa (de novembro de 2002 a abril de 2003), tendo, durante cada

época, ocorrido quatro ciclos de pastejo.

O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados (três

blocos, com três ha cada), com parcelas subdivididas no tempo e espaço, com mais de

uma unidade experimental por sub-classe. Cada bloco, com nível de fertilidade

diferente, foi subdividido em duas parcelas de 1,5 ha, nas quais foram alocadas, ao

acaso, as duas forrageiras. Cada parcela (em cada bloco) foi dividida em 6 sub-parcelas

de 0,25 ha, distribuídas, aleatoriamente, entre os dois níveis de irrigação, com três

repetições. Os níveis de irrigação foram: 1 – testemunha, sem irrigação; 2 – irrigação,

repondo-se 100 % da evapotranspiração obtida a partir de média histórica de 10 anos

(UFRRJ). O sistema utilizado foi por aspersão em malha com baixa pressão, utilizando-

se turno de rega de sete dias.

Foram utilizados novilhos mestiços F1 europeu-zebu, com peso vivo inicial em

torno de 260 kg, alocados, ao acaso, nos tratamentos, sendo substituídos por outros do

mesmo grupo genético e peso semelhantes, no início de cada época seguinte.

A carga animal foi variável, mantendo-se em todos os tratamentos pressão de

pastejo constante de 4 kg de matéria seca foliar disponível (acima de 30 cm) por 100 kg

de peso vivo por dia. Para isso, foram usados animais experimentais, em número de 10

por tratamento, na época chuvosa, e 4 por tratamento, na época seca, e animais

adicionais (reguladores ou “put and take”), que foram introduzidos ou retirados dos

piquetes, de acordo com a disponibilidade de forrageira, determinada antes de cada

período de pastejo.

Na determinação da disponibilidade de forragem, antes do pastejo, foi utilizado

um quadrado metálico de 1 metro de lado, sendo as amostragens realizadas

sistematicamente ao longo da diagonal do piquete. A cada 12 metros, o quadrado era

colocado e a forragem nele contida cortada a 30 cm do solo. Foram feitos seis cortes de

forragem, por piquete (correspondentes a 24/hectare). A biomassa contida nos

78

quadrados foi cortada e pesada, retirando-se uma amostra, que foi separada em folhas

(lâmina), bainha + caule. Após a separação, cada componente foi pesado e, em seguida,

picado e dividido em duas sub-amostras. Uma sub-amostra de cada fração, por

tratamento, foi pré-seca em estufa a 55oC, por 72 h, a outra utilizada para determinação

da matéria seca em microondas.

A disponibilidade de matéria seca foliar (DMSF) foi calculada a partir da

disponibilidade de matéria seca total e da percentagem de folhas. A taxa de lotação foi

estabelecida em função da DMSF, considerando-se os animais fixos e reguladores (com

peso semelhante aos animais fixos), que permaneceram nos piquetes nos quatro dias de

pastejo.

Para a obtenção de amostras representativas das dietas dos animais em pastejo

(extrusa), foram realizados seis ensaios (dois em cada época), sendo utilizados quatro

novilhos semelhantes aos animais experimentais, fistulados no esôfago, segundo a

técnica descrita por Bishop e Froseth (1970). Na época chuvosa e na segunda época

seca foram utilizados somente dois animais, pois ocorreu a morte de um animal e outro

apresentou problemas na coleta. As bolsas de coleta foram confeccionadas em lona

impermeável, dotadas de malha de “nylon” no fundo, para drenagem do excesso de

saliva. Nos dias de coleta os animais foram contidos e privados de alimento durante 12

horas, e após removidas as cânulas, eram colocadas as bolsas de coleta, deixando-se os

animais pastejarem por 30 a 40 minutos.

As coletas foram feitas durante oitos dias consecutivos. Cada animal fistulado

foi utilizado em rodízio, pastejando cada dia em um piquete correspondente a um

tratamento diferente, junto com os animais experimentais. Desta forma, cada um dos

quatro animais foi usado em dois dias diferentes na coleta de amostras referentes a cada

tratamento. Quando se passou a utilizar dois animais, cada animal pastejava dois

piquetes por dia, com alternância de forrageira, nível de irrigação e dia de pastejo. As

amostras diárias foram acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas em congelador

a -15 0C. No fim de cada período de coleta, foram secas a 60 0C, moídas e

acondicionadas em frascos para posteriores análises laboratoriais.

A digestibilidade in vitro (DIVMS) da extrusa foi determinada pelo método in

vitro (Tilley e Terry, 1963). Além da determinação da DIVMS foram avaliados os

teores de MS, MO, PB, FDN, fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) e lignina. As

analises laboratoriais foram feitas de acordo com as metodologias descritas por Silva

(1990).

79

Foram analisadas, separadamente, as informações obtidas nas épocas seca e

chuvosa. O modelo utilizado nas análises de digestibilidade “in vivo” e composição

química da extrusa é apresentado abaixo:

Yijkl = µ + Ai + Fj + Ik + EFij+ EIik + FIjk + EFIijk + eijkl, em que:

Yijkl = informações referentes ao animal l, no ano i, pastejando a forrageira j, submetida

ao nível de irrigação k.

µ = Média geral;

Ai = efeito do ano i, sendo i= 1, 2002 e 2, 2003;

Fj = efeito da forrageira j, sendo j = 1, mombaça e 2, capim-elefante;

Ik = efeito do nível de irrigação k, sendo k = 1 e 2;

AFij = efeito da interação do ano i e a forrageira j ;

AIik = efeito da interação do ano i e o nível de irrigação k;

FIjk = efeito da interação da forrageira j e o nível de irrigação k ;

AFIijk = efeito da interação do ano i, forrageira j, e nível de irrigação k;

eijkl = erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto normal e

independentemente distribuído, com média zero e variância ó2.

Como só incluiu uma época chuvosa, foram retirados do modelo, para esta

época, o efeito de ano e as interações em que a variável ano participa.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, usando-se o

procedimento computacional PROC GLM do SAS.

Na avaliação da influência do dia de pastejo sobre a composição química e

digestibilidade in vitro da forragem, referente aos quatro tratamentos (2 forrageiras X 2

níveis de irrigação), utilizou-se a análise de regressão, conforme modelo abaixo:

Yijk = µ + biXijk + eijk em que,

Yijk = Teor do constituinte ou digestibilidade “in vitro” da amostra k, correspondente ao

dia de pastejo j, para o tratamento i;

µ = Efeito da média (intercepto)

bi = Coeficiente de regressão do teor do constituinte ou digestibilidade “in vitro”, em

função do dia de pastejo j para o tratamento i;

Xijk = Dia de pastejo j, associado a amostra k, referente ao tratamento i;

eijk = Erro aleatório, associado a cada observação, pressuposto normal e

independentemente distribuído, com média zero e variância ó2.

Na comparação de modelos para os diferentes tratamentos utilizou-se o teste de

identidae de modelo (Graybill, 1979).

80

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 estão os resultados referentes à composição química e

digestibilidade “ in vitro” dos capins Napier e Mombaça, na época seca, e na Tabela 2,

os resultados referentes à época chuvosa.

Não se verificou, nas duas épocas, efeito de interação de irrigação e forragem

(P>0,05), desta forma os dois fatores foram considerados independentemente.

Na época seca, não se verificou efeito de irrigação (P>0,05) sobre os teores MS,

PB, FDN, FDA e lignina e DIVMS. No entanto, observaram-se maiores teores de MO

nas forrageiras irrigadas. Não houve ainda na época seca, diferença entre forrageiras,

quanto aos teores de MO, PB, FDA e lignina e DIVMS (P>0,05); entretanto, o capim

Napier apresentou menores teores de MS e de FDN que o Mombaça (P<0,05).

Houve efeito de ano sobre os teores de MS, MO e FDN (P<0,05), verificando-se,

respectivamente, os valores de 13,8; 87,3 e 75,2 % na primeira época seca e de 11,7,

83,5 e 70,9 %, na segunda, não ocorrendo efeito de ano sobre os teores de PB, FDA e

lignina e sobre a DIVMS (P>0,05).

Os menores teores de MO, nas forrageiras irrigadas, podem ser resultado de

maior transporte de minerais do solo para planta, em virtude de maior quantidade de

água disponível. Como não foi feita análise de minerais, não se pode inferir sobre quais

minerais teriam sido transportados em maior quantidade.

O valor mais elevado de DIVMS observado no capim Napier, na época seca,

pode ser explicado pela sua menor quantidade de fibra, evidenciada pelo menor teor

(P<0,05) de FDN e menores valores numéricos de FDA e de lignina.

Na época chuvosa, não se verificou efeito de irrigação (P>0,05) sobre os teores

dos componentes químicos e sobre a DIVMS. Nessa época, o capim Napier apresentou

menores teores (P<0,05) de FDN, FDA e lignina e teores semelhantes (P>0,05) de MS,

MO e PB. Apesar dos menores teores de FDN, FDA e lignina do capim Napier, não se

verificou diferença (P<0,05) na DIVMS entre forrageiras, embora tenha sido observada

uma superioridade de 8,1 % na DIVMS do Napier. Esta diferença pode ter influenciado

o maior consumo observado nesta forrageira nesta época do ano.

Não foram encontrados, na literatura consultada, trabalhos que avaliassem o

efeito da irrigação sobre a composição química de forrageiras tropicais, utilizando-se a

extrusa como método de amostragem da forrageira potencialmente consumível pelos

81

animais. As informações referentes a pastagens irrigadas, citados a seguir, basearam-se

em amostras de lâminas foliares.

Tabela 1: Médias referentes aos teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina e a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e erros padrão da extrusa dos capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época seca1

Nível de Irrigação Forrageiras

Irrigado Não Irrigado Médias

MS (%) Napier 11,9 ± 0,44 12,0 ± 0,44 11,9 ± 0,32 b Mombaça 13,5 ± 0,44 13,7 ± 0,44 13,6 ± 0,32 a Média 12,7 ± 0,32 A 12,9 ± 0,32 A

MO (% na MS)

Napier 84,4 ± 0,90 85,6 ± 0,90 85,0 ± 0,65 a Mombaça 84,4 ± 0,90 87,1 ± 0,90 85,7 ± 0,65 a Média 84,4 ± 0,65 B 86,4 ± 0,65 A

PB (% na MS)

Napier 12,4 ± 0,83 11,9 ± 0,83 12,1 ± 0,60 a Mombaça 12,7 ± 0,83 12,9 ± 0,83 12,8 ± 0,60 a Média 12,5 ± 0,60 A 12,4 ± 0,60 A

FDN (%MS)

Napier 70,6 ± 1,07 72,6 ± 1,07 71,6 ± 0,77 b Mombaça 74,6 ± 1,07 74,6 ± 1,07 74,6 ± 0,77 a Média 72,6 ± 0,77 A 73,6 ± 0,77 A

FDA (% na MS)

Napier 37,1 ± 1,12 38,9 ± 1,12 37,9 ± 0,80 a Mombaça 39,2 ± 1,12 38,9 ± 1,12 39,0 ± 0,80 a Média 38,1 ± 0,80 A 38,9 ± 0,80 A

LIGNINA (% na MS) Napier 5,3 ± 0,73 5,5 ± 0,73 5,4 ± 0,52 a Mombaça 6,4 ± 0,73 6,3 ± 0,73 6,3 ± 0,52 a Média 5,8 ± 0,52 A 5,9 ± 0,52 A

DIVMS (%) Napier 56,1 ± 1,43 54,9 ± 1,43 55,5 ± 1,03 a Mombaça 52,2 ± 1,43 51,5 ± 1,43 51,9 ± 1,03 a Média 54,2 ± 1,03 A 53,2 ± 1,03 A

1 – médias referentes a duas épocas secas, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias de ocupação e 32 dias de descanso.

- Médias seguidas de letras maiúsculas nas linhas e minúscula na coluna , diferem-se pelo teste F .

82

Tabela 2: Médias referentes aos teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina e à digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e erros padrão da extrusa dos capins Napier e Mombaça, irrigados ou não, na época chuvosa1

Nível de Irrigação Forrageiras

Irrigado Não Irrigado Médias

MS (%) Napier 11,1 ± 0,74 12,3 ± 0,74 11,7 ± 0,52 a Mombaça 12,8 ± 0,74 12,2 ± 0,74 12,5 ± 0,52 a Média 11,9 ± 0,52 A 12,2 ± 0,52 A

MO (% na MS)

Napier 83,6 ± 1,08 84,4 ± 1,08 84,0 ± 0,86 a Mombaça 84,4 ± 1,08 84,0 ± 1,08 84,2 ± 0,86 a Média 84,0 ± 0,86 A 84,2 ± ,86 A

PB (% na MS)

Napier 10,7 ± 0,55 9,6 ± 0,55 10,1 ± 0,39 a Mombaça 10,0 ± 0,55 10,4 ± 0,55 10,2 ± 0,39 a Média 10,3 ± 0,39 A 10,0 ± 0,39 A

FDN (% na MS)

Napier 74,1 ± 1,02 75,4 ± 1,02 74,7 ± 0,72 b Mombaça 78,3 ± 1,02 77,2 ± 1,02 77,7 ± 0,72 a Média 76,2 ± 0,72 A 76,3 ± 0,72 A

FDA (% na MS)

Napier 40,5 ± 0,63 39,3 ± 0,63 39,9 ± 0,45 b Mombaça 43,5 ± 0,63 42,2 ± 0,63 42,9 ± 0,45 a Média 42,0 ± 0,45 A 40,7 ± 0,45 A

LIGNINA (% na MS) Napier 6,7 ± 0,24 5,8 ± 0,24 6,2 ± 0,17 b Mombaça 7,5 ± 0,24 7,6 ± 0,24 7,6 ± 0,17 a Média 7,1 ± 0,17 A 6,7 ± 0,17 A

DIVMS (%) Napier 55,9 ± 2,07 57,5 ± 2,07 56,7 ± 1,46 a Mombaça 51,0 ± 2,07 53,9 ± 2,07 52,4 ± 1,46 a Média 53,4 ± 1,46 A 55,7 ± 1,46 A

1 – médias referentes a duas épocas secas, cada uma envolvendo 4 ciclos de pastejo com 4 dias de ocupação e 32 dias de descanso.

- Médias seguidas de letras maiúsculas nas linhas e minúscula na coluna , diferem-se pelo teste F.

Carvalho et al. (1975), trabalhando com duas variedades de capim elefante

(Mineiro e Gigante de Pinda) e duas formas de fertilização (mineral e orgânica),

irrigados ou não, não verificaram diferença significativa nos teores de proteína e fibra

bruta, em nenhuma das variáveis estudadas. Botrel et al. (1991), ao avaliarem o efeito

da irrigação sobre a produção de forragem, teor de proteína bruta (PB), digestibilidade

da matéria orgânica (DVMO) e perfilhamento em sete cultivares de capim-elefante, não

83

verificaram efeito da irrigação no teor de PB e na DVMO. Soria (2002), trabalhando

com capim Tanzânia, com cinco lâminas de irrigação e cinco doses de nitrogênio,

durante um ano, não observou efeito da irrigação, dentro de todas as doses de N

utilizadas, sobre os teores de PB, FDN, FDA, lignina e digestibilidade in vitro

corroborando os resultados obtidos no presente trabalho.

Já Lopes et al. (2002), trabalhando com capim-elefante, irrigado ou não,

adubado com 4 combinações de doses nitrogênio e potássio, não observaram efeito da

irrigação na composição (teores de FDN, FDA e PB) das lâminas foliares, na época seca

do ano. Todavia, ao considerar todo o ano, observaram menores teores de PB e maiores

teores de FDN nos tratamentos que receberam as maiores doses de fertilizantes e

irrigação. Os maiores teores de FDA foram verificados nos tratamentos irrigados. De

forma semelhante, Andrade et al. (2002) verificaram menor teor de PB e maiores teores

de FDN e FDA no capim Napier irrigado, recebendo as mesmas doses de fertilizantes

utilizadas por Lopes et al. (2002). Em ambos os trabalhos, o menor teor de PB foi

atribuído ao efeito de diluição, promovido pelo maior acúmulo de parede celular,

associado com a maior produção de matéria seca, nos tratamentos irrigados. Os maiores

teores de FDN e FDA foram atribuídos ao maior crescimento da forrageira

acompanhado de maturação mais precoce, em resposta à irrigação e a outros fatores que

não teriam sido limitantes, como adubação, luz e temperatura.

Soares et al. (1999) verificaram, no período da seca, em extrusa de capim-lefante

cv. Napier, adubado com 300 ou 700 kg/ha de N, sem irrigação e sob pastejo

rotacionado com 3 dias de ocupação e 30 dias de descanso, valores médios de 11,9;

15,3; 65,6; 34,9, 4,6 e 67,5 % para MS, PB, FDN, FDA, lignina e DIVMS,

respectivamente. As diferenças na composição química, em relação ao presente

trabalho, podem estar relacionadas com a interação de menor período de descanso,

maior nível de adubação utilizada e condições climáticas do local em que o experimento

foi desenvolvido. Local caracterizado por inverno com temperaturas amenas que,

possivelmente, limitariam o crescimento da planta, ocorrendo menor desenvolvimento

da parede celular e maior proporção relativa de conteúdo celular. As menores

quantidades de constituintes de parede celular explicariam a maior DIVMS observada.

Também na época seca, Clipes (2003) verificou, respectivamente , nos capins Napier e

Mombaça, valores de 13,4 e 14,5; 11,8 e 12,2; 64,9 e 64,3; 38,9 e 39,6; 4,3 e 4,4 e 64,8

e 63,6 % respectivamente para MS, PB, FDN, FDA, lignina e DIVMS. Os teores de

FDN mais baixos verificados por este autor têm duas causas: a primeira é que o autor

84

deduziu dos teores de FDN as quantidades de cinzas, obtidas por queima em mufla, e as

quantidades de nitrogênio insolúvel em detergente neutro, o que não foi feito no

presente trabalho. A segunda causa está relacionada com o nível de adubação de

manutenção utilizada, de 150 kg/ha de N, contra 400 kg/ha ano no presente trabalho. A

adubação mais pesada, promovendo maior crescimento foliar, traria a necessidade de

maior desenvolvimento de órgãos de estrutura, resultando em aumento nos constituintes

de parede celular. Este último efeito explicaria também as maiores concentrações de

FDA e lignina. As maiores concentrações de constituintes de parede celular verificados

no presente trabalho explicam as menores DIVMS observadas.

Na época chuvosa, Erbesdobler (1999) verificou, para o capim-elefante cv.

Napier, valores de 12,6; 10,2; 73,8; 52,7 % para MS, PB, FDN e DIVMS,

respectivamente, valores próximos ao do presente trabalho. Já Lista (2003), trabalhando

com os capins Napier e Mombaça, verificou valores de MS, MO, PB, FDN, FDA,

lignina e DVMS, respectivamente, de 12,6; 90,0; 10,6; 69,9; 29,1; 4,35 e 53,7 no capim

Napier e de 14,4; 88,1; 11,3; 67,8; 34,2; 4,3 e 65,9 no capim Mombaça. Tais resultados

são semelhantes aos encontrados por Clipes (2003) e as razões das diferenças, em

relação ao presente trabalho são as mesmas citadas para o trabalho de Clipes (2003).

Na Tabela 3, são apresentadas as médias e as equações de regressão, bem como

seus coeficientes de variação (CV) e de determinação (R2), referentes à composição

química e DIVMS, em função do dia de ocupação dos piquetes.

O teste de identidade de modelos (Graybill, 1976) indicou não haver diferença

entre as equações de regressão dos teores dos vários constituintes e da DIVMS da

extrusa, em função do dia de pastejo, ajustadas para os quatro tratamentos. Desta forma,

adotou-se equação única para os quatro tratamentos, para cada componente da forragem

e para a DIVMS, as quais são apresentadas na Tabela 3.

Não houve efeito de regressão da concentração de MO na forragem em função

do dia de ocupação do piquete, indicando que o teor deste constituinte não foi afetado

pelo dia de pastejo. Verificaram-se quedas lineares (P<0,05) dos teores de MS, PB e na

DVMS da extrusa, com o avançar do período de ocupação do piquete, que

corresponderam a 4,0 % no teor de MS, 12,0 % no teor de PB e 2,0 % na DIVMS, por

dia de pastejo. Por outro lado, ocorreram aumentos lineares (P<0,05) nos teores FDN,

FDA e lignina, que corresponderam, respectivamente, a 2,0; 4,0 e 7,0 % , por dia de

ocupação do piquete.

85

A queda na qualidade de forragem consumida pode ser atribuída, segundo Blaser

(1994), à seletividade dos animais, que tendem a consumir primeiro as forragens mais

nutritivas (ricas em proteína e carboidratos solúveis e pobres em fibra), como pequenos

perfilhos, lâminas foliares e, por último, folhas mais velhas e pequenos caules, que são

ricos em constituintes de parede celular.

Lista (2003) verificou queda de 4,0 e 6,3 % nos teores de MS do capim Napier e

Mombaça, respectivamente, por dia de ocupação de piquete, em pastejo rotacionado

com três dias de ocupação. Este mesmo autor verificou queda de 14,0 % no teor de PB

do primeiro para o último dia de pastejo, não verificando efeito do dia de pastejo sobre

os teores de FDN e FDA para os capins Napier e Mombaça. No entanto, no capim

Mombaça verificou queda linear no teor de lignina e efeito quadrático do dia de pastejo

sobre a DIVMS. Clipes (2003), trabalhando, com as mesmas forrageiras utilizadas por

Lista (2003), no mesmo local e mesmo manejo, porém em época do ano diferente, não

verificou efeito do dia de ocupação sobre a composição química e DVIMS do capim

Napier. No entanto, observou efeito do dia de pastejo no capim Mombaça, com queda

linear no teor de proteína e incrementos lineares nos teores de FDN, FDA e celulose,

concordando com os resultados do presente trabalho. A ausência de efeito de dia de

pastejo, na composição química e DIVMS do capim Napier, foi atribuída, pelo autor, à

grande quantidade de folhas presente na pastagem ao final do terceiro dia de pastejo.

Tabela 3: Teores estimados de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína

bruta (PB), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra insolúvel em detergente ácido (FDA), lignina e digestibilidade “in vitro” da matéria seca (DIVMS), em função do dia de pastejo e respectivas equações de regressão e coeficiente de variação (CV) e de determinação (R2)

Dias de Pastejo Item

1 2 3 4 Equações de regressão CV

(%) R2

MS 13,3 12,8 12,3 11,7 Y = 13,82 – 0,5225 X 13,2 0,31 MO (%MS) 84,9 84,7 85,5 84,3 ns1 PB (%MS) 15,3 13,7 12,1 10,5 Y = 16,86 – 1,6002 X 15,8 0,51 FDN (%MS) 70,2 71,5 72,8 74,1 Y = 68,92 + 1,2863 X 3,6 0,59 FDA (%MS) 35,4 36,8 38,1 39,5 Y = 34,04 + 1,3572 X 7,6 0,40 Lignina (%MS) 5,6 6,1 6,5 6,9 Y = 5,21 + 0,4214 X 25,1 0,21 DIVMS (%) 53,7 52,6 51,5 50,5 Y = 54,72 – 1,0582 X 7,3 0,24

1 – não significativo para P > 0,05.

86

CONCLUSÕES

- A irrigação não afetou a composição química e DIVMS dos capins Napier e

Mombaça.

- O capim-elefante cv. Napier apresentou composição bromatológica e

digestibilidade da matéria seca mais satisfatórias que o capim Mombaça.

- Com o avanço do período de ocupação do piquete houve queda na qualidade da

forragem consumida, ao considerar a composição química e a digestibilidade da

matéria seca.

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89

5. CONCLUSÕES GERAIS

- As forrageiras responderam bem à irrigação, ao longo do ano, com maior

produção de biomassa, proporção de folhas, altura e densidade volumétrica,

refletindo-se em maior quantidade de forragem disponível aos animais,

permitindo maior taxa de lotação;

- O capim Napier foi mais eficiente na produção de biomassa, no entanto, o

capim Mombaça apresentou maior proporção de folhas, o que permitiu maior

taxa de lotação.

- A irrigação aumentou a quantidade de folhas, mas não teve influência sobre a

composição química das folhas;

- O consumo de forragem e a digestibilidade da forragem consumida foram

pouco afetados pela irrigação. Os animais que pastejaram o capim Napier

consumiram mais forragem e esta de melhor qualidade;

- Os animais que pastejaram as forrageiras irrigadas, na época seca, ganharam

menos peso. Mesmo comportamento tiveram aqueles que pastejaram o capim

Mombaça irrigado, na época chuvosa;

- A irrigação elevou o ganho de peso por área em conseqüência das maiores

taxas de lotação;

- Com o avanço do período de ocupação do piquete houve queda na qualidade

da forragem consumida.