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PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ESCOLA DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Dissertação de Mestrado INFLUÊNCIA DA TAXA DE CARREGAMENTO NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLIFLUORETO DE VINILIDENO (PVDF) THIAGO DURÃES BARBOZA DEZEMBRO DE 2015

INFLUÊNCIA DA TAXA DE CARREGAMENTO NO … · de pressão interna é responsável pela integridade interna do tubo ... 𝜀̇ 𝑖 Limite da taxa de deformação mínima ... Derivada

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PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ESCOLA DE ENGENHARIA

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Dissertação de Mestrado

INFLUÊNCIA DA TAXA DE

CARREGAMENTO NO

COMPORTAMENTO MECÂNICO DO

POLIFLUORETO DE VINILIDENO (PVDF)

THIAGO DURÃES BARBOZA

DEZEMBRO DE 2015

THIAGO DURÃES BARBOZA

INFLUÊNCIA DA TAXA DE CARREGAMENTO NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLIFLUORETO

DE VINILIDENO (PVDF)

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa Francisco Eduardo Mourão

Saboya de Pós-Graduação em Engenhar ia

Mecânica da UFF como parte dos requisito s

para a obtenção do t ítulo de Mestre em

Ciências em Engenhar ia Mecânica

Orientador(es): Prof. João Marciano Laredo dos Reis, Ph.D. (PGMEC/UFF)

Prof. Heraldo Silva da Costa Mattos, D.Sc. (PGMEC/UFF)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE NITERÓI, 16 DE DEZEMBRO DE 2015

INFLUÊNCIA DA TAXA DE CARREGAMENTO NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DO POLIFLUORETO

DE VINILIDENO (PVDF)

Esta Dissertação é parte dos pré-requisitos para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

Área de concentração: Mecânica dos Sólidos

Aprovada em sua forma final pela Banca Examinadora formada pelos professores:

Prof. João Marciano Laredo dos Reis (Ph.D.)

Universidade Federal Fluminense – PGMEC/UFF

(Orientador)

Prof. Heraldo Silva da Costa Mattos (D.Sc.)

Universidade Federal Fluminense – PGMEC/UFF

(Orientador)

Prof.ª Maria Laura Martins Costa (D.Sc.)

Universidade Federal Fluminense – PGMEC/UFF

Prof.ª Juliana Primo Basilio de Souza (D.Sc.)

Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da

Fonseca – CEFET/RJ

Agradecimentos

A Deus, pela oportunidade concedida.

Aos meu pais, Luiz e Eunice, pela educação, exemplos e conselhos na vida.

A minha esposa, Juliana, por seu apoio, compreensão, incentivo e sempre estar

ao meu lado nos momentos difíceis.

Ao meu orientador, Prof. João, pela sua dedicação e ensinamentos que foram

fundamentais para a conclusão desse trabalho.

E a todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para a realização

desse trabalho.

Para tudo há uma ocasião, e um tempo

para cada propósito debaixo do céu.

Eclesiastes 3:1

RESUMO

A utilização de materiais poliméricos tem crescido no cenário mundial devido às

suas boas propriedades mecânicas, bem como seu uso em substituição aos metais. Na área

petrolífera, os materiais poliméricos são frequentemente usados na fabricação de algumas

das camadas que compõem os tubos flexíveis. A camada interna conhecida como barreira

de pressão interna é responsável pela integridade interna do tubo, não permitindo o

contato do fluído transportado com as outras camadas do tubo. Visando a caracterização

do comportamento mecânico desta camada, este trabalho apresenta um estudo do

comportamento em tensão do PVDF (polifluoreto de vinilideno), material atualmente

utilizado para fabricação dessa camada, sob diferentes taxas de deformação constantes,

variando de 1,6 x 10-4 s-1 a 1,6 x 10-1 s-1. Através de ensaios de tração são fornecidos

dados quantitativos das características mecânicas do material. Considerando a variação

da velocidade de carregamento dos ensaios, foi avaliado se as propriedades mecânicas do

polímero são afetadas. O PVDF possui comportamento mecânico com deformação não

linear quando solicitado e a taxa de deformação influencia consideravelmente o seu

comportamento plástico. Essa característica faz com que o material necessite de um

modelo específico para representar de forma adequada a relação tensão x deformação.

Assim, o propósito desse trabalho é apresentar um modelo matemático simplificado que

associe as características viscoplásticas de forma a melhor compreender o comportamento

linear e não linear encontrados nesse material a diferentes velocidades de deformação. Os

resultados foram obtidos para ensaios uniaxial de tração.

Palavras chaves: PVDF, Ensaio de Tração, Propriedades Mecânicas, Modelo

Matemático.

ABSTRACT

The use of polymeric materials has grown on the world scenarium due to its good

mechanical properties, as well as their use in replacing to metals. In the oil area, the

polymeric materials are often used in the manufacture of some of the layers that make up

the flexible tubes. The inner layer known as internal pressure barrier is responsible for

the internal integrity of the tube, not allowing the transported fluid to contact with the

other layers of the tube. Aimed at the characterization of the mechanical behavior of this

layer, this work presents a study of behavior in tension of PVDF (polyvinylidene

fluoride), material used to manufacture this layer, under different constant strain rates,

ranging from 1.6 x 10-4 s-1 up to 1.6 x 10-1 s-1. Through traction tests are provided

quantitative data of the mechanical characteristics of the material. Considering the

variation of the loading speed of the trials was assessed if the mechanical properties of

the polymer are affected. The PVDF has mechanical behavior with non-linear

deformation when prompted and the strain rate influence significantly your plastic

behavior. This characteristic makes the material requires a specific model to represent

properly the stress x strain relationship. Thus, the purpose of this paper is to present a

simplified mathematical model to associate the characteristics viscoplastics in order to

better understand the linear and non-linear behavior found in that material at diferent

strain rates. The results were obtained for uniaxial tensile tests.

Keywords: PVDF, Traction Test, Mechanical Properties, Mathematical Model.

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..................................................................................... I

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................... II

LISTA DE TABELAS.................................................................................................................. IV

LISTA DE SÍMBOLOS................................................................................................................ V

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 21

2.1 DUTOS FLEXÍVEIS .................................................................................................... 21

2.1.1 Riser ................................................................................................................... 25

2.1.2 Flowline ............................................................................................................. 25

2.1.3 Jumper ................................................................................................................ 26

2.2 DUTOS FLEXÍVEIS DE CAMADAS NÃO ADERENTES..................................................... 26

2.3 DESCRIÇÃO DAS CAMADAS NÃO ADERENTES ............................................................ 28

2.3.1 Carcaça Interna ................................................................................................... 28

2.3.2 Barreira à Pressão Interna .................................................................................... 30

2.3.3 Armadura de Pressão Intertravada ....................................................................... 30

2.3.4 Camada de Reforço da Armadura de Pressão ....................................................... 32

2.3.5 Camada Anti-Desgaste ........................................................................................ 32

2.3.6 Armadura de Tração ........................................................................................... 33

2.3.7 Revestimento Externo ......................................................................................... 34

2.3.8 Camadas Auxiliares ............................................................................................ 35

2.4 POLÍMEROS.............................................................................................................. 36

2.4.1 Conceitos Básicos de Polímeros .......................................................................... 37

2.4.2 Polimerização ..................................................................................................... 39

2.4.3 Comportamento Mecânico .................................................................................. 40

2.4.4 Propriedades Mecânicas ...................................................................................... 41

2.5 POLIFLUORETO DE VINILIDENO (PVDF) ................................................................... 43

2.5.1 Fases Polimórficas .............................................................................................. 46

2.6 PROPRIEDADES DO PVDF ......................................................................................... 52

2.7 APLICAÇÕES DO PVDF ............................................................................................ 55

2.8 BARREIRA DE PRESSÃO ............................................................................................ 56

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 60

3.1 MATERIAIS .............................................................................................................. 60

3.2 MÉTODOS ................................................................................................................ 61

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 63

4.1 MODELO TEÓRICO ................................................................................................... 63

4.2 ENSAIOS EXPERIMENTAIS ......................................................................................... 64

4.3 MODELAGEM ........................................................................................................... 67

4.4 IDENTIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS ........................................................................... 69

4.5 COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO PROPOSTO E O RESULTADO EXPERIMENTAL ........... 72

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 73

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................. 75

6 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 76

i

Lista de Abreviaturas e Siglas

AISI American Iron and Steel Institute

API RP American Petroleum Institute Recommended Practice

ASTM D638 Standart Test Method dor Tensile Properties of Plastic

CH2 = CF2 Fluoreto de Vinilideno

DMA Dimetilacetamida

DMF Dimetilformamida

G Gauche

HDPE High-density Polyethylene

IFP Instituto Francês de Petróleo

PA-11 Poliamida 11

PA-12 Poliamida 12

PP Polipropileno

PVC Poli (Cloreto de Vinila)

PVDF Polifluoreto de Vinilideno

PU Poliuretano

T Trans

UEP Unidades Estacionárias de Produção

XLPE Polietileno reticulado

ii

Lista de Figuras

Figura 1 – Águas profundas e ultra profundas ............................................................. 18

Figura 2 – Riser flexível e suas camadas ..................................................................... 19

Figura 3 – Configuração de dutos de camadas aderentes................................................22

Figura 4 – Configuração de dutos de camadas não aderentes ....................................... 23

Figura 5 – Aplicações offshore de dutos flexíveis ........................................................ 24

Figura 6 – Tubos umbilicais ........................................................................................ 24

Figura 7 – Esquema típico de um duto flexível de camadas não aderentes ................... 27

Figura 8 – Perfil de construção da carcaça intertravada..................................................29

Figura 9 – Perfis para a armadura de pressão: a) perfil Z, b) perfil C, c) perfil T 1 (com

grampo) e d) perfil T 2 ................................................................................................ 31

Figura 10 – Detalhe das camadas da armadura de tração posicionadas em sentidos opostos

................................................................................................................................... 34

Figura 11 – Fenômeno birdcaging............................................................................... 36

Figura 12 – Representação esquemática da estrutura das cadeias poliméricas (1) e (2)

termoplástico e (3) termorrígido .................................................................................. 39

Figura 13 – Curvas tensão x deformação para diferentes tipos de materiais poliméricos:

(a) termorrígidos, (b) termoplástico e (c) elastômeros .................................................. 42

Figura 14 – Efeitos da taxa de deformação e da temperatura sob a curva tensão x

deformação dos polímeros........................................................................................... 43

Figura 15 – Fórmula estrutural da unidade monomérica do PVDF ............................... 44

Figura 16 – Estrutura esferulítica do PVDF ................................................................. 45

Figura 17 – Forma apolar α do PVDF: a) Representação esquemática da conformação

molecular das cadeias; b) Célula unitária ..................................................................... 48

iii

Figura 18 – Forma polar β do PVDF: a) Representação esquemática da conformação

molecular das cadeias; b) Célula unitária ..................................................................... 49

Figura 19 – Representação esquemática do PVDF na fase γ e respectiva célula unitária

................................................................................................................................... 50

Figura 20 – Representação esquemática do PVDF na fase δ ........................................ 51

Figura 21 – Diagrama de obtenção de cada fase cristalina do PVDF ............................ 52

Figura 22 – Espécime utilizado nos ensaios de tração. ................................................. 61

Figura 23 – Ensaio de tração no PVDF. ....................................................................... 61

Figura 24 – Curvas médias tensão x deformação reais do PVDF a diferentes taxas de

deformação. ................................................................................................................ 65

Figura 25 – Curvas médias de tensão x deformação plástica reais do PVDF a diferentes

taxas de deformação. ................................................................................................... 67

Figura 26 – Identificação dos parâmetros 𝒂(𝜺) e 𝒃𝜺 através da curva tensão x deformação

plástica reais. .............................................................................................................. 71

Figura 27 – Curvas tensão x deformação plásticas reais experimentais e teóricas do PVDF

a diferentes taxas de deformação. ................................................................................ 72

iv

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Descrição das famílias padronizadas de dutos flexíveis de camadas não

aderentes ..................................................................................................................... 28

Tabela 2 – Principais propriedades do PVDF .............................................................. 54

Tabela 3 – Propriedades requeridas para os materiais poliméricos ............................... 58

Tabela 4 – Parâmetros do material. ............................................................................. 71

v

Lista de Símbolos

A0 Área da seção transversal do corpo de prova

a, b e c Dimensões da rede da célula unitária

A Unidade de medida da célula unitária

𝑎(𝜀) Valor da tensão para uma dada taxa de deformação

a1 e a2 Constantes positivas do material

α Estrutura cristalina do PVDF na fase alfa

β Estrutura cristalina do PVDF na fase beta

γ Estrutura cristalina do PVDF na fase gama

δ Estrutura cristalina do PVDF na fase delta

𝑏(𝜀) Valor da tensão para uma dada taxa de deformação

b1 e b2 Constantes positivas do material

% Porcentagem

c Coeficiente de resistência

C Celsius

Δl(t) Alongamento da seção útil

E Módulo de Young

ε Deformação de engenharia

εt Deformação verdadeira ou real

εe Deformação de engenharia elástica

εp Deformação de engenharia plástica

𝜀𝑝∗ Limite entre a deformação elástica e plástica

𝜀 Taxa de deformação

𝜀��𝑖𝑛 Limite da taxa de deformação mínima

vi

𝜀��á𝑥 Limite da taxa de deformação máxima

exp Exponencial

F(t) Força axial experimental

GPa Giga Pascal

g/cm3 Gramas por centímetro cúbico (densidade)

g/mol Massa molar

h Horas

J/cm Joule por centímetro

K Kelvin

l0 Comprimento inicial

lim Limite

ln Logarítimo neperiano

mm Milímetro

mm/min Milímetros por minuto (velocidade)

MPa Mega Pascal

MV/m Milivolts por metro

Ωm Ohm metro

pC/N Pressão Coulomb por Newton

s Segundos

σ Tensão de engenharia

𝜕𝜎2

𝜕𝜀𝑝2⁄ Derivada parcial segunda da tensão em função da deformação plástica

dσt Derivada da tensão verdadeira

σ0 Tensão inicial

σt Tensão verdadeira ou real

Tg Temperatura de transição vítrea

vii

Tm Temperatura de fusão

T Temperatura

t Tempo

μC/m2K Micro Coulomb por metro ao quadrado Kelvin

W/mK Watts por metro Kelvin

17

Capítulo 1

1 Introdução

Com a crescente demanda de energia mundial, a exploração e a produção de

petróleo e gás se tornaram cada vez mais importante para o avanço industrial e

tecnológico. Diante dessa necessidade, foi de extrema relevância a descoberta de reservas

com grandes acumulações de petróleo ainda não exploradas pelo homem. Tais reservas,

hoje conhecidas como pré-sal, vêm sendo constantemente exploradas, pois possuem um

óleo de excelente qualidade e grande valor comercial.

As reservas de pré-sal encontram-se em águas profundas e ultra profundas, Figura

1, ambientes hostis, com vários tipos de solicitações mecânicas. Em um primeiro

momento, essas profundidades cada vez maiores, dificultaram a produção no início de

sua descoberta, mas, por outro lado, intensificaram a busca por novas tecnologias e

18

materiais, que viessem a resistir esse severo ambiente, bem como suportar as solicitações

mecânicas, carregamentos estáticos e dinâmicos, sem ferir a integridade física e estrutural

dos equipamentos utilizados.

Figura 1 – Águas profundas e ultra profundas. Fonte: http://www.petrobras.com.br.

Segundo informações da empresa Petrobrás, de 2010 a 2014, a média anual de

produção diária do pré-sal cresceu quase 12 vezes, avançando de uma média de 42 mil

barris por dia em 2010 para 492 mil barris por dia em 2014. Atualmente, toda a produção

de petróleo no país, que é extraída do pré-sal, corresponde a aproximadamente 20% e

estima-se que esta chegará a 52% em 2018 (PETROBRÁS, 2015).

Devido ao aumento da produção atual, várias pesquisas e desenvolvimentos

surgiram a fim de minimizar os custos relativos ao processo, bem como aumentar a vida

útil dos materiais envolvidos na extração, produção e elevação de petróleo.

19

Os tubos flexíveis “risers e flowlines” são linhas de produção responsáveis pelo

transporte, condução e elevação do petróleo até as plataformas e representam um dos

principais custos de uma unidade de extração de petróleo. Devido a isso, vários estudos e

investimentos têm sido feitos para reduzir esses custos e, assim, maximizar a produção

de petróleo em águas brasileiras.

Os risers são, basicamente, tubos muito longos constituídos por diversas camadas

sobrepostas entre si de materiais e geometrias diferentes, sendo estes materiais

compósitos, polímeros e aços, Figura 2 (DINO, 2015). Cada camada de material, que

compõe sua estrutura, possui funções e particularidades específicas.

Figura 2 – Riser flexível e suas camadas. Fonte: http://www.dino.com.br.

A camada responsável pela vedação do fluído transportado, conhecida, também,

como barreira de pressão, é feita de materiais poliméricos. Atualmente, o material mais

utilizado é a PA-12 (poliamida 12), mas devido às recentes pesquisas, o PVDF

(polifluoreto de vinilideno), vem ganhando, cada vez mais espaço na área petrolífera. O

PVDF apresenta boas propriedades mecânicas, ópticas e térmicas sob as condições

agressivas das altas profundidades marítimas, além de ser altamente resistente ao ataque

de produtos químicos (LOVINGER, 1982).

20

O presente trabalho tem por objetivo o estudo do comportamento mecânico do

PVDF sob diferentes velocidades de carregamento (taxas de deformação), bem como

propor um modelo matemático simplificado que associe as características elasto-

viscoplásticas de forma a melhor compreender o comportamento linear e não linear

encontrados nesse material.

21

Capítulo 2

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Dutos Flexíveis

Os dutos flexíveis começaram a ser estudados e desenvolvidos na década de

sessenta, pelo Instituto Francês de Petróleo (Institut Français du Pétrole – IFP) e foram

introduzidos pela primeira vez no mercado na década de setenta (SILVA, 2010).

Conforme Kebadze (2000), eles possuem uma alta gama de utilização na indústria

offshore de produção de óleo e gás. Sua principal função é conduzir o fluído extraído dos

poços até as Unidades Estacionárias de Produção (UEP), sejam elas plataformas fixas ou

móveis, conforme Norma API RP 2A (American Petroleum Institute, 2000).

22

Basicamente, os dutos flexíveis são compostos por estruturas de múltiplas

camadas metálicas e poliméricas, concêntricas entre si, de forma independente. Cada

camada, tanto metálica como polimérica, confere ao duto propriedades distintas (COSTA

et al., 2003). A configuração dessas camadas representa a principal diferença entre os

dutos rígidos e os flexíveis.

Construtivamente, os dutos flexíveis podem ser divididos em duas classes:

Dutos de camadas aderentes – (bonded): construção tubular, Figura 3, que têm

como principal característica a vulcanização dos seus componentes metálicos

em uma matriz de elastômero, ou seja, as camadas estão ligadas e não são

capazes de se movimentar entre si.

Figura 3 – Configuração de dutos de camadas aderentes (XAVIER, 2009).

Dutos de camadas não aderentes – (unbonded ou non-bonded): construção

tubular, Figura 4, que têm como principal característica o livre deslizamento

entre suas camadas metálicas e não metálicas.

23

Figura 4 – Configuração de dutos de camadas não aderentes. Fonte: http://www.dino.com.br.

As camadas poliméricas têm como principal função manter a estanqueidade do

duto. Em algumas estruturas essas camadas poliméricas servem para reduzir o atrito entre

as camadas, isolar termicamente e/ou compor a resistência estrutural do duto. Já as

camadas metálicas são responsáveis pela resistência estrutural do duto flexível e variam

conforme as solicitações estáticas e dinâmicas as quais os dutos estão sujeitos

(PADILHA, 2009).

A combinação dessas camadas torna os tubos deformáveis no dobramento e fortes

e rígidos em carregamentos simétricos ao eixo como: pressão, tensão e torção. Isso é

possível devido aos elementos de vedação, que são os cilindros poliméricos flexíveis, e

aos elementos suportadores de cargas, que são as tiras de aço helicoidais dispostas ao

redor dos cilindros (JACQUES, 2009).

Os tubos flexíveis podem ter denominações diferentes dependendo de cada

aplicação, mas sua estrutura é basicamente a mesma. Eles são categorizados em situações

que exijam carregamentos estáticos ou dinâmicos, e podem ser identificados como: riser,

flowline ou jumper. A Figura 5 mostra um esquema simplificado de uma instalação

24

submarina em águas profundas. Pode-se notar a variedade de tubos flexíveis usados na

indústria petrolífera e suas aplicações.

Figura 5 – Aplicações offshore de dutos flexíveis (XAVIER, 2009).

Existem, também, outras variedades de tubos flexíveis, tais como os tubos

umbilicais, Figura 6, que são utilizados para monitorar os parâmetros operacionais dos

poços e acionar remotamente os equipamentos submersos através de um conjunto de

mangueiras e cabos que transmitem informações elétricas, hidráulicas e ópticas.

Figura 6 – Tubos umbilicais. Fonte: http://www.tecpetro.com.br.

25

2.1.1 Riser

Os risers são tubos flexíveis, muito longos, que interligam as plataformas aos

terminais submarinos. Normalmente, possuem aplicações dinâmicas, ou seja, existe um

movimento relativo entre suas conexões, que é oriundo das condições ambientais, tais

como ventos, correntes marinhas e irregularidades na superfície.

No decorrer da sua vida útil, os risers apresentam muitos ciclos de cargas, e, por

isso, eles são projetados para resistir à fadiga em altos carregamentos de tração, flexão e

torção combinados com alta pressão interna. A temperatura interna e pressão externa

também são consideradas em projeto (XAVIER, 2009).

As vantagens dos risers flexíveis no que diz respeito aos risers de aços rígidos está

na sua rigidez de flexão muito mais baixa, levando a menores raios de curvatura com uma

mesma capacidade de pressão, isso é possível, devido a sua complexa composição

estrutural, resultando em uma maior capacidade de sofrer grandes deformações sob cargas

induzidas pelas correntezas do mar, vibrações induzidas pelos vórtices, movimentos do

navio-flutuante e durante sua instalação (API RP 17B, 2002).

2.1.2 Flowline

As linhas de tubos flexíveis que ficam apoiados no solo marinho interligando os

terminais submarinos aos poços de extração, são chamadas de flowlines. Pelo fato de

serem apoiadas no leito marinho, sofrem poucas solicitações cíclicas e possuem,

basicamente, um comportamento estático.

26

2.1.3 Jumper

São linhas de tubos flexíveis, relativamente curtas, usados para interligar

equipamentos ou outros tubos. Podem ser usados tanto no fundo quanto acima da linha

do mar em aplicações onde exijam carregamentos dinâmicos e estáticos.

2.2 Dutos Flexíveis de Camadas não Aderentes

Possuem uma estrutura de camadas tubulares, metálicas e não metálicas dispostas

concentricamente, que conferem vedação e, ao mesmo tempo, reforço estrutural ao duto.

De acordo com a API RP 17B (2002), os dutos flexíveis de camadas não aderentes podem

ser classificados em três famílias: dutos de parede lisa internamente – smooth bore, de

parede rugosa internamente – rough bore e de parede rugosa internamente reforçada –

reinforced rough bore. Quando um duto é utilizado em aplicações onde não exista a

difusão de gases internos através de suas camadas, por exemplo, na injeção de água ou

no transporte de substâncias que não possuam gases, não é necessária à utilização da

camada interna carcaça, nesse caso utiliza-se um duto de parede lisa internamente. Nos

casos onde exista uma pressão interna moderada, é utilizado o duto de parede rugosa

internamente, que contribui tanto para aumentar a resistência mecânica do duto quanto

para evitar o colapso por queda de pressão da linha. Já para as situações de altas pressões

internas e em casos onde exista a possibilidade de difusão de gases entre as camadas,

utiliza-se o duto de parede rugosa com reforço interno.

A Figura 7 mostra esquematicamente as camadas de um duto flexível, cuja

configuração da camada mais interna para a mais externa é: carcaça interna (lisa ou

rugosa), barreira à pressão interna, armadura de pressão, reforço da armadura de pressão,

27

armadura de tração e revestimento externo. Na maioria dos casos, entre as camadas

intermediárias, também, são adicionados diferentes tipos de fitas anti-fricção para

minimizar o atrito e o desgaste entre as camadas, estas são conhecidas com camadas anti-

desgaste.

Figura 7 – Esquema típico de um duto flexível de camadas não aderentes (API RP 17B, 2002).

A Tabela 1 mostra as principais camadas de um duto flexível, suas funções e

famílias.

28

Tabela 1 – Descrição das famílias padronizadas de dutos flexíveis de camadas não aderentes

(API RP 17B, 2002).

Família I Família II Família III

Camada nº Função Primária

da Camada

Duto de Parede

Lisa

Duto de Parede

Rugosa

Duto de Parede

Rugosa

Reforçado

1 Prevenção ao

colapso Carcaça Carcaça

2 Integridade do fluido

interno

Barreira à pressão

interna

Barreira à pressão

interna

Barreira à pressão

interna

3 Resistência ao

reforço de pressão

Camada da

armadura de

pressão

Camada da

armadura de

pressão

4 Integridade ao fluído

externo

Barreira

intermediária

5 Resistência ao

reforço de tração

Camada da

armadura de

tração

Camada da

armadura de

tração

Camada da

armadura de

tração

6 Integridade ao fluído

externo

Revestimento

externo

Revestimento

externo

Revestimento

externo

2.3 Descrição das Camadas não Aderentes

A seguir será apresentada uma breve descrição das principais camadas de dutos

flexíveis de camadas não aderentes e os diferentes tipos de configuração da seção

transversal que depende da fabricação e utilização do duto.

2.3.1 Carcaça Interna

Esta camada está em constante contato com o fluído transportado. É

confeccionada a partir de uma ou duas fitas de aço que são intertravadas com pequeno

passo e com folgas no intertravamento. Devido a sua forma possui elevada flexibilidade

29

e grande resistência a carregamentos radiais. A Figura 8 mostra a geometria básica de

construção de uma carcaça intertravada.

Figura 8 – Perfil de construção da carcaça intertravada (TALGATTI, 2013).

Segundo SOUZA (2005), a carcaça intertravada possui as seguintes funções:

Prevenir o colapso da estrutura devido a cargas radiais distribuídas, como

pressão externa e squeeze, e devido a cargas radiais concentradas como o

crushing;

Prevenir o colapso do duto flexível devido a uma queda abrupta de pressão

interna na estrutura (dutos que transportam gases);

Fornecer resistência à abrasão causada por partículas existentes no fluído

transportado ou pela passagem de ferramentas dentro da linha flexível.

Os aços utilizados na fabricação da carcaça intertravada devem ser resistentes à

corrosão por hidrocarbonetos e água, pois estão em contato direto com o fluído

transportado. A escolha do tipo de aço está relacionada com a composição do fluído

interno e a utilização esperada da linha flexível. Conforme a API RP 17B (2002), podem-

se utilizar:

Aços carbono;

Aços inoxidáveis ferríticos (AISI 409 e 430);

30

Aços inoxidáveis austeníticos (AISI 304, 304L, 316, 316L);

Aços inoxidáveis duplex (UNS S31803);

Aços-liga com alto teor de níquel (N08825).

2.3.2 Barreira à Pressão Interna

A barreira de pressão também pode ser denominada de liner. Esta camada é

polimérica, geralmente, extrudada sobre a carcaça intertravada. Ela tem como finalidade

garantir a estanqueidade e/ou vedação da linha flexível, ou seja, não permitir que o fluído

entre em contato com as demais camadas adjacentes. Para isso, deve resistir à corrosão,

abrasão e ao ataque químico do fluído conduzido (BAI, 2010).

A escolha do material para sua confecção depende da temperatura e da

composição química do fluído transportado (API RP 17B, 2002). Normalmente utiliza-

se a PA-11 ou 12, mais comercialmente conhecidas como nylon. Para aplicações mais

severas é utilizado o PVDF. Este material, assim como a barreira de pressão, principais

enfoques do presente trabalho, serão abordados de forma mais detalhada nas próximas

seções.

2.3.3 Armadura de Pressão Intertravada

Esta camada é projetada para suportar as cargas radiais devido à imposição das

pressões internas, além de resistir à pressão externa atuante sobre a linha flexível, bem

como aos efeitos de esmagamento da armadura de tração, durante as fases de lançamento

e instalação do duto flexível, ou seja, a armadura de pressão ajuda a minimizar os esforços

sobre a carcaça interna intertravada.

31

É constituída, geralmente, por um ou dois arames de aço enrolados

helicoidalmente em sentidos opostos e em espiral de pequeno passo (XAVIER, 2009).

Assim como a carcaça intertravada possui pequena resistência a cargas axiais e de flexão,

pois seu ângulo de assentamento é próximo de 90º.

A seção transversal da armadura de pressão pode ter geometrias diferentes. A

Figura 9 ilustra suas variações. A mais utilizada é o perfil Z, levando a sua denominação

espiral ou camada zeta.

A armadura de pressão é fabricada com aços de baixo teor de carbono, mas sua

quantidade depende das condições de serviço às quais a camada será exposta. Segundo

Chiaverini (2002), quanto maior o teor de carbono, maior a dureza e a resistência

mecânica, porém menor a resistência à corrosão, a ductilidade e a soldabilidade do aço.

Figura 9 – Perfis para a armadura de pressão: a) perfil Z, b) perfil C, c) perfil T 1 (com grampo)

e d) perfil T 2 (API RP 17B, 2002).

Para a seleção do material da armadura de pressão deve-se, ainda, levar em

consideração a composição química do aço e seus elementos de liga. A alteração desses

parâmetros faz com que os limites de resistência do aço carbono sejam modificados.

32

Geralmente, usa-se aços com limites de resistência na ordem de 600 e 1000 MPa,

dependendo dos requisitos de cada projeto.

2.3.4 Camada de Reforço da Armadura de Pressão

Esta camada é opcional, sendo empregada em linhas flexíveis que irão operar com

grandes pressões internas e/ou elevadas profundidades. É formada por um ou mais arames

de aço enrolados helicoidalmente em espiral de pequeno passo, tal como a armadura de

pressão. Sua principal função é fornecer resistência adicional ao duto flexível, quando

submetidos a elevadas pressões internas e externas. Assim, ela ajuda a diminuir a carga

sofrida pela armadura de pressão e a carcaça interna intertravada (XAVIER, 2009).

2.3.5 Camada Anti-Desgaste

É uma camada não-metálica cuja função é evitar o atrito entre as camadas

metálicas e diminuir o desgaste entre elas devido aos movimentos relativos. Pode ser

extrudada, em forma de tubo ou enrolada, em forma de fitas e não apresenta grande

contribuição a resistência mecânica do duto. Sua espessura é relativamente fina quando

comparada com outras camadas.

Outra função é conferir estanqueidade ao duto flexível, servindo como barreira à

permeação do fluído externo, em caso de falha do revestimento externo, e, também, evitar

o vazamento do fluído interno, em caso de falha da camada plástica interna (XAVIER,

2009). O material empregado é o HDPE (polietileno de alta densidade) ou a PA-11 ou 12

(API RP 17B, 2002).

33

2.3.6 Armadura de Tração

A armadura de tração tem como principal função resistir aos carregamentos axiais,

provenientes do peso próprio da linha e conferir rigidez à torção devido às correntes

marítimas e aos movimentos de topo. Normalmente essas camadas consistem em arames

de aço carbono de alta resistência, com seção transversal retangular ou circular, que são

conformadas ao longo de todo o comprimento do tubo. A utilização de arames de seção

retangular permite uma melhor compactação das camadas e otimização da espessura da

camada com a área resistente (COELHO, 2013). São montadas em um número par de

camadas, geralmente duas, enroladas em sentidos opostos como mostra a Figura 10.

A camada mais interna chama-se armadura interna de tração e, a segunda camada,

mais externa, chama-se armadura externa de tração. Em um esforço axial, a tendência da

armadura é torcer, devido à disposição helicoidal dos arames. Para que isso não

prejudique a funcionalidade das demais camadas, a segunda camada da armadura de

tração é montada em um ângulo de hélice oposto à primeira camada, ou seja, se o duto

possui ângulo de hélice de 25° na primeira camada, a segunda camada terá um ângulo de

hélice de -25°.

34

Figura 10 – Detalhe das camadas da armadura de tração posicionadas em sentidos opostos

(BUENO, 2010).

Essas camadas são dispostas helicoidalmente em um ângulo de assentamento

relativamente baixo, entre 20° e 55° (XAVIER, 2009). Este ângulo é responsável pelo

balanceamento entre a rigidez axial e radial da estrutura variando conforme a necessidade

de aumentar ou diminuir a participação das armaduras na resistência à pressão interna

(PADILHA, 2009). Quanto maior for o ângulo, maior será a resistência a pressão interna

e, de maneira oposta, quanto menor for o ângulo maior será a resistência à tração. O

ângulo de assentamento é definido com relação ao eixo longitudinal da linha flexível.

2.3.7 Revestimento Externo

É a camada mais externa de uma linha flexível. É constituída por um material

plástico extrudado sobre os arames das armaduras de tração para mantê-los alinhados,

além de proteger contra abrasão, corrosão, danos externos (durante instalação) e prover

35

isolamento térmico adicional. Porém, sua principal função é vedar o duto contra

penetração de agentes externos (principalmente água do mar), no espaço anular, e, assim,

manter a integridade das camadas internas.

Em ambiente marinho com a presença de corais ou outros elementos capazes de

danificar o revestimento externo, pode ser projetada uma capa com dupla camada

polimérica, a fim de minimizar os danos provenientes da erosão. O material utilizado para

a confecção da camada externa depende do projeto e do tipo de tubo flexível.

Normalmente para risers, utiliza-se a PA-11 ou 12 e para flowlines o HDPE (API RP 17B,

2002).

2.3.8 Camadas Auxiliares

Em algumas aplicações, quando o duto flexível opera em águas com baixas

temperaturas, é necessária a utilização de uma camada de isolamento térmico. A camada

isolante tem por função limitar a perda de calor do fluido transportado com o ambiente

externo. São constituídas por fitas poliméricas com adição de micro esferas de vidro. De

acordo com Jian (2000), o isolamento térmico do duto flexível tem por objetivos: evitar

a formação de hidratos, parafinas e emulsões que podem bloquear a passagem do fluido

transportado e reduzir a viscosidade do fluido transportado para economizar potência de

bombeio. Os materiais empregados na fabricação da camada isolante são o PP

(polipropileno), PVC (policloreto de vinila) e o PU (poliuretano) (API RP 17B, 2002).

Com o avanço da explotação de petróleo em águas cada vez mais profundas,

surgiu-se a necessidade de proteção adicional das linhas flexíveis quanto à compressão

axial. Este tipo de esforço pode gerar uma expansão radial dos arames da armadura de

36

tração, levando-os à instabilidade e provocando o fenômeno conhecido como birdcaging,

Figura 11, ou “gaiola de passarinho”. Para contornar esse fenômeno uma camada

polimérica, fita anti-flambagem, veem sendo utilizada sobre a armadura de tração externa.

Assim, aumenta-se a resistência e a rigidez da linha flexível à compressão (XAVIER,

2009).

Figura 11 – Fenômeno birdcaging (DA SILVA, 2006).

2.4 Polímeros

A origem da palavra polímero vem do grego poli (muitos) e mero (unidade de

repetição). Assim, um polímero é uma macromolécula composta por muitas (dezenas de

milhares) de unidades de repetição denominadas meros, unidos por ligação covalente. A

matéria-prima para produção de um polímero é o monômero, isto é, uma molécula com

uma (mono) unidade de repetição (CANEVAROLO, 2002).

Os polímeros estruturais têm uma vasta aplicação no dia-a-dia e a sua utilização,

na área industrial, vem crescendo consideravelmente. Suas principais vantagens para isso

são: módulos de elasticidade adequados para uso estrutural, quando em temperatura

ambiente; baixa densidade em comparação com outros materiais de uso estrutural como

os metais; alta razão de resistência mecânica por unidade de massa em comparação com

37

outros materiais; boa resistência ao impacto; facilidades de fabricação e processamento;

menor consumo de energia para fabricação e transformação; não susceptível ao fenômeno

de corrosão; bom isolamento térmico e elétrico; baixo custo de acabamento (OLIVIER,

2007).

2.4.1 Conceitos Básicos de Polímeros

Um polímero é formado por moléculas muito grandes e de elevado peso molecular

(macromoléculas) constituídas por unidades estruturais repetidas, ligadas entre si por

ligações covalentes. Em certos casos, essas ligações conduzem a uma cadeia linear, com

ou sem ramificações, e em outros casos, cadeias ligadas entre si formando estruturas

reticuladas, ou com ligações cruzadas, ou tridimensionais. As propriedades dos polímeros

têm relação direta com o tipo da cadeia formada (PACHECO, 2013).

Dependendo da estrutura molecular, do tipo de estrutura química, do número

médio de meros por cadeia e do tipo de ligação covalente, os polímeros podem ser

divididos em dois grandes grupos: Termoplástico e Termorrígidos, dentro desse último

grupo incluem-se os elastômeros (OLIVIER, 2007; CANEVALORO, 2002).

Os termoplásticos são formados por cadeias moleculares bidimensionais unidas

por forças secundárias, forças de Van der Waals, que permitem os movimentos

individuais das cadeias. São muito sensíveis às mudanças de temperaturas, amolecendo

quando aquecidos e endurecendo quando resfriados. Este processo é totalmente reversível

e pode ser repetido. São solúveis e recicláveis (CALLISTER, 2002; OLIVIER, 2007).

38

Em nível molecular, a medida de que se elevam a temperatura e pressão, as forças

de ligação secundárias são diminuídas, devido ao aumento do movimento molecular, de

tal forma que o movimento relativo das cadeias adjacentes é facilitado quando um esforço

mecânico é aplicado. Os termoplásticos são relativamente dúcteis e moles e compõem-se

da maioria dos polímeros lineares e aqueles que possuem algumas estruturas ramificadas

com cadeias flexíveis (CALLISTER, 2002; PACHECO, 2013).

Os termorrígidos, também conhecidos com termofixos, são formados por cadeias

moleculares unidas por ligações covalentes primárias, ligações cruzadas, que restringem

os movimentos individuais das cadeias. Em um primeiro momento, quando submetidos

às temperaturas e pressões, amolecem assumindo a forma do molde. Já em um segundo

momento, a posterior alteração da temperatura e pressão, não geram efeito algum, ou seja,

são materiais insolúveis, infusíveis e não recicláveis. Durante o aquecimento térmico

inicial, as ligações cruzadas são formadas entre cadeias adjacentes. Essas ligações

prendem as cadeias entre si e restringem os movimentos vibracionais e rotacionais da

cadeia a temperaturas elevadas. Os termorrígidos são geralmente mais frágeis e duros do

que os termoplásticos (CALLISTER, 2002; PACHECO, 2013).

As ligações cruzadas somente serão rompidas com a introdução de elevadas

quantidades de energia que usualmente levam também ao rompimento das ligações

constituidoras das cadeias poliméricas e a consequente degradação (queima) dos

polímeros (CALLISTER, 2002).

A Figura 12, apresenta um esquema da configuração estrutural dos polímeros

termoplásticos e termorrígidos (MANO & MENDES, 1999).

39

Figura 12 – Representação esquemática da estrutura das cadeias poliméricas (1) e (2) termoplástico e (3) termorrígido. Adaptado (MANO & MENDES, 1999).

2.4.2 Polimerização

A síntese de polímeros com grandes pesos moleculares é chamada de

polimerização. Este é o processo segundo o qual as unidades monoméricas se unem umas

às outras para gerar cada uma das moléculas gigantes constituintes. As reações segundo

as quais este processo ocorre, estão divididas em duas classificações de acordo com o

mecanismo de reação: adição e condensação (CALLISTER, 2002).

A polimerização por adição, também conhecida como polimerização em cadeia, é

um processo em que as unidades monoméricas bifuncionais são fixadas, uma de cada vez,

conforme uma cadeia, para formar uma macromolécula linear. A composição da molécula

resultante é um múltiplo exato do monômero reagente original. Este processo pode ser

separado em três estágios distintos: iniciação, propagação e terminação. As taxas relativas

desses estágios irão governar o peso molecular do polímero formado. Normalmente, elas

são controladas para garantir a produção de um polímero que possua o grau de

polimerização desejado (CALLISTER; CANEVALORO, 2002).

40

A polimerização por condensação, também chamada de reação em estágios,

consiste na formação de polímeros mediante reações químicas intermoleculares etapa por

etapa, que normalmente envolvem mais de um tipo de monômero. Geralmente existe um

subproduto de pequeno peso molecular, como a água, que é eliminado. As reações de

condensação produzem monômeros trifuncionais capazes de formar polímeros com

ligações cruzadas e em rede. O tempo de reação por condensação é geralmente mais longo

do que o da polimerização por adição (CALLISTER; CANEVALORO, 2002).

2.4.3 Comportamento Mecânico

O comportamento mecânico dos materiais é caracterizado pela resposta que estes

apresentam quando submetidos à tensão ou deformação. Para os polímeros a tensão e a

deformação não são relacionadas através de simples constantes de proporcionalidade,

como módulo de Young (E) ou módulo de elasticidade. As respostas dos polímeros às

solicitações mecânicas são acentuadamente dependentes de fatores estruturais e de

variáveis externas como tempo e temperatura (WASILKOSKI, 2006).

Para materiais de baixo peso molecular, o comportamento mecânico é descrito em

termos de dois tipos de material ideal: o sólido elástico e o líquido viscoso. O sólido

elástico retorna a sua forma inicial depois de removido o esforço, segue a lei de Hooke, e

a deformação do líquido viscoso é irreversível na ausência de forças externas

(WASILKOSKI, 2006).

Os polímeros se caracterizam por apresentar um comportamento intermediário

entre o sólido elástico e o líquido viscoso, dependendo da temperatura e da escala de

41

tempo do experimento. Essa dupla característica é denominada viscoelasticidade

(WASILKOSKI, 2006).

Outro fator importante para ser considerado na análise dos polímeros é a

velocidade de carregamento dos ensaios mecânico, pois tais procedimentos podem ser

realizados de forma lenta ou rápida, influenciando a resposta do material estudado

(CANEVAROLO, 2002).

2.4.4 Propriedades Mecânicas

O comportamento mecânico de um polímero, ou seja, sua deformação, em

resposta a um carregamento aplicado, e as características de escoamento são de extrema

importância para a determinação da funcionalidade do produto final. Para muitos

materiais polimérico, o simples ensaio de tensão-deformação é empregado para

caracterização de alguns parâmetros mecânicos (CALLISTER, 2002).

As propriedades mecânicas dos polímeros são especificadas através dos mesmos

parâmetros usados para os metais, isto é, o módulo de Young, tensão e deformação no

escoamento, tensão máxima, tensão e deformação na ruptura e tenacidade. As

características mecânicas dos polímeros, são muito sensíveis à taxa de deformação, à

temperatura e a natureza química do ambiente (a presença de água, oxigênio, solventes

orgânicos, etc.), daí a grande influência desses fatores nas curvas tensão-deformação

destes materiais. Na Figura 13, mostram-se os tipos de comportamento tensão-

deformação para diferentes materiais polimérico (CALLISTER; CANEVAROLO, 2002;

OLIVIER, 2007).

42

A Figura 13(a) apresenta as curvas tensão-deformação típicas dos materiais

termorrígidos os quais são mais duros e frágeis. Sua deformação máxima é somente um

pequeno percentual. Este tipo de polímero é muito pouco sensível à taxa de deformação

e à variação da temperatura. Para os polímeros termoplásticos cristalinos e semicristalinos

a forma típica da curva tensão-deformação é mostrada na Figura 13(b). Esses polímeros

são muito sensíveis as variações de temperatura e as taxas de deformação. Geralmente o

estrangulamento (redução da área da seção transversal) e o arrastamento destes começa

nas seções mais frágeis. A deformação final pode atingir até 700%. Para elastômeros e

termoplástico muito dúcteis, que não fazem pescoço, a curva tensão-deformação é

mostrada na Figura 13(c) (OLIVIER, 2007).

Figura 13 – Curvas tensão x deformação para diferentes tipos de materiais poliméricos: (a)

termorrígidos, (b) termoplástico e (c) elastômeros (OLIVIER, 2007).

43

Na Figura 14 (OLIVIER, 2007) podem-se verificar as variações que acontecem

no comportamento dos polímeros de uso estrutural devido as mudanças na taxa de

deformação, bem como na temperatura.

Figura 14 – Efeitos da taxa de deformação e da temperatura sob a curva tensão x deformação dos polímeros (OLIVIER, 2007).

As linhas contínuas mostram as curvas tensão-deformação para taxa de

deformação constante e diferentes temperaturas ou para temperatura constante e

diferentes taxas de deformação. Pode-se perceber que para grandes taxas de deformação

e para baixas temperaturas os materiais poliméricos apresentam um comportamento

vítreo (OLIVIER, 2007).

2.5 Polifluoreto de Vinilideno (PVDF)

O PVDF é um polímero pertencente à família dos termoplásticos, sendo de

natureza semicristalina. Sua cadeia polimérica é de estrutura linear sendo formada pela

alternância do monômero fluoreto de vinilideno (CH2 = CF2). Sua sintetização é obtida

por meio da reação de polimerização por adição de unidades do monômero de flúor, isto

44

é, o polímero é formado pela adição do monômero a unidades do monômero. A Figura

15 apresenta a unidade monomérica do PVDF (DROBNY, 2001; ESTERLY, 2002;

MARTINS, 2010; ABREU, 2012).

Figura 15 – Fórmula estrutural da unidade monomérica do PVDF (ABREU, 2012).

A disposição simétrica espacial dos átomos de hidrogênio e flúor ao longo da

cadeia polimérica, conforme visto na Figura 15, confere ao PVDF certa polaridade, o que

influencia em suas propriedades, principalmente elétricas e morfológicas. Esta polaridade

é presente na molécula devido à alta eletronegatividade do flúor, isto aumenta as forças

intermoleculares devido às interações dipolo-dipolo, no qual somado com a geometria

linear da cadeia garante ao PVDF alta cristalinidade, fazendo com que a perda de

propriedades mecânicas diminua com o aumento da temperatura, possibilitando maiores

temperaturas de trabalho. Os átomos de flúor adjacentes ao grupo CH2 geram um efeito

de blindagem conferindo ao polímero alta resistência química e alta estabilidade térmica

(DROBNY, 2001; MARTINS, 2013).

O PVDF apresenta morfologia de cristalização esferulítica, onde os esferulitos são

formados por regiões cristalinas lamelares, que crescem do centro para as extremidades

do esferulito na direção radial, e por regiões amorfas, localizadas entre as lamelas

45

cristalinas dos esferulitos (ZUCOLOTTO et al., 2002). Na Figura 16 (SECANDAS,

2005) está esquematizado uma esferulite e no destaque estão representadas duas lamelas,

a região cristalina e a amorfa do material.

Figura 16 – Estrutura esferulítica do PVDF (SENCADAS, 2005).

O PVDF possui um peso molecular médio da ordem de 105 g/mol, correspondendo

a 2000 unidades de repetição. Apresenta uma temperatura de transição vítrea (Tg) em

torno de -34ºC e temperatura de fusão (Tm) na faixa de 165 a 189ºC, pois depende

fortemente das condições de processamento e da fase cristalina presente no material. Seu

grau de cristalinidade pode variar de 45 a 60% dependendo do método de preparação da

amostra e da sua história térmica (CAPITÃO, 2002; SILVA, 2009; MARTINS, 2010).

O processamento do PVDF é realizado pelas mesmas técnicas comuns aplicáveis

aos termoplásticos tais como extrusão, injeção ou compressão e usinagem. A temperatura,

para a extrusão, varia de 230-290ºC dependendo do equipamento e da forma a ser

46

utilizada. Já para o processamento de injeção (cilindro, bico e molde) as temperaturas

variam na faixa de 200-230ºC, 230-260ºC e 70-90ºC, respectivamente (CAPITÃO, 2002).

O PVDF é um termoplástico com um equilíbrio de propriedades físicas as quais o

qualificam para serviços de alto desempenho em diferentes aplicações. Isto é favorecido

pelo fato desse polímero ser facilmente processável na forma de filmes altamente

flexíveis. Ele apresenta excelentes propriedades mecânicas, térmicas e ópticas. Quando

comparado aos outros termoplásticos, se mostra superior em relação às propriedades

mecânicas, possuindo boa resistência mecânica e um número mais elevado de ciclos de

vida em fadiga. É altamente resistente ao ataque de produtos químicos, tendo sido

amplamente estudado devido à sua importância científica e tecnológica (GREGÓRIO,

1993; ESTERLY, 2002; ZUCOLOTTO et al., 2002; ABREU, 2012).

A piezoeletricidade do PVDF é uma de suas principais características e tem sido

estudada desde o final da década de 70, quando o Dr. Heiji Kawai a descobriu. O efeito

piezoelétrico consiste na produção de uma polarização elétrica em um material por meio

de uma deformação mecânica. A piezoeletricidade em filmes de PVDF surge devido à

alta polarização residual, que é maior nas regiões cristalinas do polímero. Portanto, o

aumento do grau de cristalinidade do PVDF pode ser usado para maximizar as suas

propriedades piro e piezoelétricas (FREIRE, 2007; MARTINS, 2010).

2.5.1 Fases Polimórficas

O PVDF também é conhecido por exibir propriedades polimórficas, que

geralmente não é encontrado em outros polímeros sintéticos. Ele pode ser cristalizado em

quatro estruturas cristalinas distintas: alfa (α), beta (β), gama (γ) e delta (δ), que são

47

diferenciados pela conformação da ligação carbono-carbono ao longo da cadeia principal

do polímero. Transições estruturais entre as várias fases podem ser obtidas dependendo

dos métodos de manufatura, de tratamentos térmico e mecânico, pressão e polarização.

As propriedades piroelétricas e piezoelétricas tem forte dependência em relação à

orientação, a estrutura cristalina e ao estado de polarização (CAPITÃO, 2002; FREIRE,

2007; MARTINS, 2010).

As distintas fases polimórficas do PVDF estão presentes em diferentes proporções

dependendo de uma variedade de fatores, que afetam a estrutura cristalina, tais como:

pressão externa, intensidade do campo elétrico, temperatura de cristalização a partir do

fundido e das condições de cristalização a partir de diferentes solventes (FREIRE, 2007).

2.5.1.1 Fase α

A forma cristalina mais comum do PVDF é a fase apolar α, normalmente obtida

pelo resfriamento a partir do fundido, mas também pode ser obtida através da cristalização

em solução com DMF (dimetilformamida) ou DMA (dimetilacetamida) a temperaturas

entre 80 e 120ºC. Filmes orientados nessa fase podem ser produzidos por estiramento

mecânico em temperaturas superiores a 120ºC. O estiramento em temperaturas inferiores

causa uma transição de fase α → β (GREGÓRIO FILHO E UENO, 1999; GREGÓRIO

FILHO E CAPITÃO, 2000; CAPITÃO, 2002; SILVA, 2009).

As cadeias, na fase α, dispõem-se em uma estrutura conformacional do tipo trans-

gauche-trans-gauche (TGTG), com as moléculas na forma helicoidal, permitindo um

maior distanciamento entre os átomos de flúor dispostos ao longo da cadeia. Assim, a

fase α, apresenta a menor energia potencial em relação às outras formas cristalinas desse

48

polímero. Esta fase é apolar devido ao empacotamento das cadeias que resulta em

momentos dipolares dispostos paralelamente, porém opostos. A célula unitária desta fase

tem estrutura ortorrômbica com dimensões: a=4,96 A, b=9,64 A e c=4,62 A (eixo ao

longo da cadeia) e tem densidade de 1,92 g/cm3 (CAPITÃO; ESTERLY, 2002; SILVA,

2009). A Figura 17 (SECANDAS, 2005) ilustra uma representação esquemática da

conformação molecular das cadeias e da célula unitária dessa fase.

Figura 17 – Forma apolar α do PVDF: a) Representação esquemática da conformação molecular

das cadeias; b) Célula unitária (SECANDAS, 2005).

2.5.1.2 Fase β

A forma cristalina polar β, é a mais desejada do ponto de vista tecnológico, pois é

onde encontram-se as propriedades piroelétricas e piezoelétricas. É normalmente obtida

a partir do estiramento mecânico uni ou biaxial de filmes originalmente na fase α a

temperaturas inferiores a 90ºC. Pode, também, ser obtida pela cristalização a partir do

fundido a uma alta taxa de resfriamento e através da solução com DMF ou DMA a

temperaturas inferiores a 70ºC. Além disso, segundo Imamura, Silva e Gregório Filho

49

(2008), a fase β, também, pode ser obtida pelo estiramento mecânico de amostras na fase

γ (CAPITÃO, 2002; IMAMURA, SILVA e GREGÓRIO FILHO, 2008; SILVA, 2009).

Amostras originalmente na fase β, quando estiradas, resultam sempre nessa fase

orientada para quaisquer temperaturas de estiramento. Esta fase apresenta estrutura

ortorrômbica com as cadeias na conformação zig-zag planar do tipo trans-trans-trans-

tran (TTTT), com os átomos de flúor de um lado e os de hidrogênio de outro lado da

cadeia carbônica principal. Esta fase apresenta o maior empacotamento molecular dentre

as formas cristalinas do PVDF, sendo também, a que apresenta as melhores propriedades

elétricas nesse material. Sua célula unitária possui as seguintes dimensões de rede: a=8,58

A, b=4,91 A e c=2,56 A e tem densidade de 1,97 g/cm3 (CAPITÃO, 2002; FREIRE,

2007; SILVA, 2009).

As fases cristalinas α e β são as mais importantes tecnologicamente para o PVDF,

devido a isso são as mais investigadas em trabalhos na literatura (FREIRE, 2007). A

Figura 18 (SECANDAS, 2005) ilustra uma representação esquemática da conformação

molecular das cadeias e da célula unitária dessa fase.

Figura 18 – Forma polar β do PVDF: a) Representação esquemática da conformação molecular

das cadeias; b) Célula unitária (SECANDAS, 2005).

50

2.5.1.3 Fase γ

A forma cristalina γ, também polar, é obtida pela cristalização através da solução

com DMF ou DMA ou a partir do fundido a elevada temperatura e por longo período de

tempo. O recozimento de filmes, originalmente na fase α, a elevada temperatura (T >

155ºC) e por longo período de tempo (t > 4h), também, produz a fase γ, pela

transformação, no estado sólido, da fase α → γ. Nessa fase as cadeias poliméricas estão

dispostas em um arranjo conformacional do tipo trans-trans-trans-gauche-trans-trans-

trans-gauche (T3GT3G), com célula unitária polar, apresentando estrutura monoclínica.

Suas dimensões de rede são: a=4,96 A, b=9,58 A e c=9,23 A. A fase γ apresenta fusão a

temperaturas superiores às das fases α e β (GREGÓRIO e CAPITÃO, 2000; SILVA,

2009; MARTINS, 2013). Figura 19 (SECANDAS, 2005) ilustra a conformação

molecular desta fase e respectiva da célula unitária.

Figura 19 – Representação esquemática do PVDF na fase γ e respectiva célula unitária

(SECANDAS, 2005).

51

2.5.1.4 Fase δ

A forma cristalina δ, também conhecida por α polar, é obtida a partir da fase α,

por meio da aplicação de um intenso campo elétrico entre 100 e 300 MV/m, o qual induz

a inversão dos dipolos elétricos das cadeias, obtendo assim uma versão polar da fase α.

Assim, tanto a fase δ quanto a fase α apresentam a mesma conformação das cadeias do

tipo trans-gauche-trans-gauche (TGTG), diferindo no modo de empacotamento (fase

com momento dipolar não nulo). Sua célula unitária polar possui estrutura ortorrômbica

com as mesmas dimensões de rede da fase α, ou seja: a=4,96 A, b=9,64 A e c=4,62 A

(CAPITÃO, 2002; FREIRE, 2007; SILVA, 2009). Figura 20 (SECANDAS, 2005) ilustra

uma representação esquemática da célula unitária dessa fase.

Figura 20 – Representação esquemática do PVDF na fase δ (SECANDAS, 2005).

52

2.5.1.5 Transformação de Fase

Como já mencionado em cada fase, o PVDF apresenta uma composição

relativamente simples permitindo uma alta mobilidade de cadeia e fácil conversão de uma

fase cristalina em outra. A Figura 21 apresenta um diagrama do processo de obtenção das

três outras fases metaestáveis a partir da fase α (ESTERLY, 2002).

Figura 21 – Diagrama de obtenção de cada fase cristalina do PVDF. Adaptado (ESTERLY,

2002).

2.6 Propriedades do PVDF

O PVDF é um polímero que pode ser facilmente processado em filmes finos e tem

sido amplamente estudado por causa do seu polimorfismo e das suas propriedades

ferroelétricas, o que o tornam um polímero único. Dentre suas propriedades, algumas são

de maior destaque para a área tecnológica, tais como: boa resistência mecânica, à fluência,

à propagação de trinca por fadiga, a abrasão, ao impacto, a formação de bolhas, alta

53

resistência a solventes orgânicos e produtos químicos e boa estabilidade térmica, além de

ter um baixo coeficiente de atrito, ser não tóxico, possuir elevados coeficientes

piroelétrico e piezoelétrico e baixo custo de produção quando comparado com os demais

polímeros fluorados (ESTERLY, 2002).

Este polímero, também, pode ser usado dentro de uma vasta gama de

temperaturas, tornando-o uma excelente resistência ao fogo, não é afetado pela luz

ultravioleta e tem uma forte resistência à radiação. Possui boa capacidade de

termoformagem e pode ser facilmente unido por soldagem. É reciclável e, também, pode

ser usado em processos para recuperação de energia (PLASTIC EUROPE, 2015).

Muitas propriedades de um polímero dependem do peso molecular, da

polidispersão, de irregularidades ao longo da cadeia cristalina, bem como da forma da

cadeia cristalina, no entanto, esses fatores podem ser controlados durante a própria

polimerização para garantir que uma propriedade específica seja obtida. As propriedades

do PVDF dependem parcialmente do processo de polimerização, ou seja, apresenta

características distintas para cada material fabricado (MARTINS, 2013).

O PVDF é compatível com a maioria dos fluidos produzidos ou injetados em altas

temperaturas incluindo álcoois, ácidos, solventes de cloreto, hidrocarbonetos alifáticos e

aromáticos e petróleo bruto. Possui, também, alta resistência ao envelhecimento e à

quebra sob tensão ambiental. Tem fraca resistência às aminas fortes, ácido sulfúrico

concentrado e nítrico e hidróxido de sódio (API RP 17B, 2002). A Tabela 2 lista algumas

das principais propriedades do homopolímero PVDF.

54

Tabela 2 – Principais propriedades do PVDF (MOHAMMADI, YOUSEFI e BELLAH; MARK,

2007; MARTINS, 2013).

Propriedade Unidades Valores Médio

Peso molecular

Densidade

Ponto de fusão

Cristalinidade

Absorção de água

Dureza (Shore D)

Máxima resistência a tração

Alongamento na ruptura

Módulo de elasticidade

Resistência ao impacto Izod

Condutividade térmica a 25°C

Temperatura de transição vítrea

Temperatura de deflexão a 1,8 Mpa

Fragilização a baixa temperatura

Coeficiente linear de expansão térmica

Constante dielétrica

Coeficiente piezoelétrico (β)

Coeficiente piroelétrico fase (β)

Fator de dissipação a 60 Hz

Resistividade volumétrica

g/mol

g/cm3

ºC

%

%

-

MPa

%

GPa

J/cm

W/m.K

ºC

°C

ºC

K-1

-

pCN-1

μCm-2K-1

-

Ωm

64,034

1,78

160 – 172

35 – 70

Máximo 0,04

78

35 – 50

20 – 50

2,5

1,1

0,17 – 0,19

-30

113

- 63

0,7 – 1,5 x 10-4

9 – 10

20 – 30

30 – 40

0,03 – 0,05

2 x 1012

55

2.7 Aplicações do PVDF

Desde a década de 90, o PVDF tem sido usado em tubos flexíveis multicamadas,

como risers e flowlines, para extração de petróleo e gás, em ambientes severos de

produção devido a sua comprovada resistência térmica, química e propriedades de

barreira de pressão. Para atuar na função de barreira de pressão, o principal requisito do

material é a temperatura de trabalho, pois ele tem que manter suas propriedades mesmo

em altas temperaturas. A PA-11 e PA-12 é muito utilizada para essa função, mas para

maiores profundidades em que as temperaturas chegam a 130ºC o PVDF surge como uma

alternativa, pois apresenta melhores propriedades e suporta maiores temperaturas. Outro

fator que ajuda nessa substituição é a fragilização da poliamida devido a essas altas

temperaturas, assim como pelo oxigênio, transformando-a em um material frágil

(FROMAGEOT, ROGER e LEMAIRE, 1989; ABREU, 2012; SOLVAY, 2015).

O PVDF pode ser usado em sua forma de homopolímero, ou em uma combinação

de efeitos, através de copolimerização, dependendo das aplicações e propriedades

desejadas ao material. Pode, também, ser utilizado em uma ampla faixa de temperatura,

tendo uma maior flexibilidade sem grandes alterações em suas principais propriedades

(CORDEIRO, 2010).

Pode ser empregado na fabricação de produtos usados para o transporte de fluidos.

É utilizado em sistemas de tubulação para água ultrapura, quentes, ácidos concentrados e

produtos químicos farmacêuticos. Os copolímeros de PVDF são amplamente utilizados

para escapamento de cabos de cobre (ABREU, 2012).

56

Possui, também, aplicação na indústria de semicondutores como isolamento

primário ou como capa de instalação elétrica industrial, devido ao seu alto coeficiente

dielétrico e boas propriedades mecânicas e térmicas. Também está presente na indústria

alimentícia, na área de embalagens. Na indústria médica, sendo incorporados a sensores,

dispositivos de instrumentação e computadores, devido às suas propriedades

piezoelétricas (SOLVEY, 2015).

Quando selecionamos um material para determinada aplicação, fatores como

disponibilidade, confiabilidade, durabilidade, histórico de desempenho e custo, devem

ser levados em conta. Para uma boa prevenção quanto a corrosão, polímeros a base de

flúor, estão entre os principais na lista de seleção, devido ao seu baixo custo e sua grande

disponibilidade quando comparado às ligas metálicas resistentes à corrosão

(CORDEIRO, 2010).

2.8 Barreira de Pressão

É uma camada polimérica interna do tubo flexível, que proporciona uma barreira

para manter a integridade do fluído. Geralmente é um invólucro ou é extrudada sobre a

carcaça intertravada. Sua principal finalidade é garantir a estanqueidade e/ou vedação da

linha flexível, ou seja, não permitir que o fluído entre em contato com as demais camadas

adjacentes. Por ser uma camada termoplástica, ela, também, garante o isolamento térmico

do fluido para que a diferença de temperatura entre o meio externo (água salgada) e o

óleo não aumente a viscosidade do fluido, dificultando seu transporte (API RP 17B,

2002).

57

Esta camada deve resistir à corrosão, abrasão e ao ataque químico do fluído

conduzido. Para sua confecção, alguns parâmetros têm que ser levados em conta, tais

como: concentrações de exposição, temperatura e composição química do fluído

transportado e resistência ao envelhecimento. Segundo Bai (2010), as concentrações de

exposição e temperatura fluido são requisitos imprescindíveis no projeto da barreira

interna de pressão (API RP 17B, 2002; BAI, 2010).

Conforme API RP 17B (2002), os principais materiais poliméricos empregados

nessa camada são:

HDPE – água, gás e óleo dependendo da temperatura e pressão;

XLPE – polietileno reticulado – água, gás e óleo dependendo da

temperatura e pressão;

PA-11 – gás e óleo com limitações, dependendo da temperatura, pressão,

presença de água e pH;

PA-12 – gás e óleo com limitações, dependendo da temperatura, pressão,

presença de água e pH;

PVDF – gás e óleo, para altas temperaturas e pressões.

Para a fabricação da barreira de pressão interna, o fabricante deve-se atentar e

utilizar padrões de projeto documentados com base em testes que definem o intervalo pré-

qualificado e a combinação das condições de exposição para cada um dos polímeros

utilizados nessa camada (API 17J, 2009).

58

Tabela 3 – Propriedades requeridas para os materiais poliméricos (API 17J, 2009).

Características Testes S/N

Propriedades mecânicas

e físicas

Resistência a fluência

Tensão de escoamento

Tensão de resistência

Propriedades de relaxação de tensão

Módulo de elasticidade

Dureza

Resistência a compressão

Resistência a compressão hidrostática

Resistência ao impacto

Resistência à abrasão

Densidade

Fadiga

Sensibilidade ao entalhe

S

S

S

S

S

N

N

N

N

N

S

S

S

Propriedades térmicas Coeficiente de condutividade térmica

Coeficiente de expansão térmica

Ponto de amolecimento

Capacidade térmica

Temperatura de fragilidade (transição vítrea)

S

S

S

S

S

Característica de

permeabilidade

Permeabilidade do fluído

Resistência a formação de bolhas

S

S

Compatibilidade e

envelhecimento

Compatibilidade do fluído

Envelhecimento

Tensão de ruptura ambiental (ESC)

Resistência a intempéries

Absorção de água

S

S

S

N

S

A Tabela 3 (API 17J, 2009) mostra as propriedades mecânicas, térmicas,

compatibilidade do fluído e permeabilidade requeridas, bem como os testes que devem

ser realizados para garantir tais propriedades e qualidades dos materiais polímeros

empregados para essa função. Segundo API 17J (2009), esses testes devem ser realizados

59

para um intervalo de temperaturas e pressões os quais devem ser incluídos nos valores de

projeto da barreira de pressão. Para esse material ser fabricado, todos os valores

encontrados devem estar dentro das tolerâncias mínimas e máximas da norma em

referência API 17J (2009). Desse modo, pode-se garantir a integridade do material

empregado para este fim. Outro detalhe importante é quanto à qualidade do acabamento

e textura da superfície, as quais devem ser controladas de tal modo que defeitos potenciais

não ocorram, durante fabricação e/ou instalação, pois este poderia se propagar através do

corpo do tubo (API RP 17B, 2002).

60

Capítulo 3

3 Materiais e Métodos

3.1 Materiais

Os espécimes de PVDF utilizados nos experimentos foram retirados de uma

amostra de barreira de pressão interna de um tubo flexível real. O corpo de prova de tração

foi especificado de acordo com a norma ASTM D 638 – 08 (ASTM, 2008). Foi

considerado um comprimento inicial, l0, de 33 mm e uma área de seção transversal, A0,

de 24 mm2. A Figura 22 apresenta as dimensões usadas para a fabricação das amostras.

61

Figura 22 – Espécime utilizado nos ensaios de tração.

3.2 Métodos

Ensaios de tração em diferentes taxas de deformação constante foram realizados

em uma máquina de ensaios universal Shimadzu® AG-X. Foram utilizados sensores

eletromecânicos para o controle da deformação longitudinal na seção útil dos corpos de

prova. A Figura 23 mostra o ensaio de tração realizado no PVDF.

Figura 23 – Ensaio de tração no PVDF.

62

Para quantificar a dependência da taxa de deformação do PVDF, os ensaios de

tração foram realizados a temperatura ambiente em quatro diferentes taxas de deformação

pré-estabelecidos:

1,6 x 10-4s-1;

1,6 x 10-3s-1;

1,6 x 10-2s-1; e

1,6 x 10-1s-1.

Essas taxas de deformação foram definidas com base na definição das velocidades

de carregamento dos ensaios. A norma ASTM D 638 – 08 (ASTM, 2008), especifica uma

velocidade de 5 mm/min, porém, para caracterizarmos a dependência da taxa de

deformação, também, utilizamos as seguintes velocidades:

0,5 mm/min;

50 mm/min; e

500 mm/min.

Foram realizados três ensaios para cada taxa de deformação, total de 12 ensaios.

Os dados obtidos foram analisados através do programa CurveExpert® e as curvas

apresentadas representam uma média da tensão x deformação de todas as taxas de

deformação em que o material estudado foi analisado.

63

Capítulo 4

4 Resultados e Discussão

4.1 Modelo Teórico

Para a apresentação dos ensaios, primeiramente, faz-se necessário apresentar

algumas definições de engenharia. A tensão de engenharia e a deformação de engenharia

serão denominadas, respectivamente, σ e ε e serão chamadas de tensão e deformação

simples. São definidas através das seguintes equações:

𝜎(𝑡) =𝐹(𝑡)

𝐴0 (1)

𝜀(𝑡) =∆𝑙(𝑡)

𝑙0 (2)

64

F(t) é a força axial, medida experimentalmente, necessária para impor um

alongamento da seção útil Δl(t) em um dado instante de tempo t. A0 é a área de seção

transversal inicial e l0 é o comprimento inicial do corpo de prova.

Considerando uma variação de volume desprezível, ou seja, volume constante,

podemos definir o conceito de tensão e deformação verdadeiras ou reais como,

𝜎𝑡 = 𝜎(1 + 𝜀) (3)

𝜀𝑡 = ln(1 + 𝜀) (4)

É necessário, também, enfatizar que o objetivo desse trabalho é propor uma

expressão geral para o modelo do comportamento da tensão em resposta a qualquer taxa

de deformação com um número mínimo de ensaios mecânicos para caracterizar o

comportamento mecânico do material em estudo.

4.2 Ensaios Experimentais

Conforme mencionado no Capítulo 3, foram testadas amostras de PVDF

confeccionados de acordo com a norma ASTM D 638 – 08 (ASTM, 2008) à temperatura

ambiente para as seguintes velocidades: 0,5 mm/min, 5 mm/min, 50 mm/min e 500

mm/min. A partir dos resultados dessas amostras em laboratório foram feitos comparação

das curvas médias de tensão x deformação por modelagem matemática afim de

exemplificar qual o comportamento mecânico do material estudado.

A Figura 24 mostra as curvas tensão x deformação verdadeiras do PVDF obtidas

através de ensaios de tração simples com deformações controladas a diferentes taxas de

65

deformação de engenharia constantes, 𝜀1 = 1,6 x 10−4𝑠−1, 𝜀2 = 1,6 x 10−3𝑠−1, 𝜀3 =

1,6 x 10−2𝑠−1 e 𝜀4 = 1,6 x 10−1𝑠−1.

Figura 24 – Curvas médias tensão x deformação reais do PVDF a diferentes taxas de

deformação.

Pode-se observar que as curvas apresentam uma significante dependência da taxa

de deformação, em que a máxima tensão e a tensão de escoamento crescem com o

aumento da taxa de deformação, ou seja, tem-se uma melhora da resistência mecânica do

material. As propriedades elásticas não são afetadas, o módulo de elasticidade permanece

quase constante e a rigidez não se altera. A ductilidade do material diminui com o

aumento da taxa de deformação e maiores deformações são vistas em menores taxas de

deformação. A deformação é muito uniforme sem a presença de empescoçamento antes

da ruptura do material.

Como a região elástica é, praticamente, igual, em todos os ensaios, então, sua

deformação elástica (ou reversível) 𝜀𝑒 pode ser desprezada sem nenhum prejuízo para a

66

análise dos dados. Iremos trabalhar apenas com as deformações plásticas (ou

irreversíveis) 𝜀𝑝.

Para encontrarmos a deformação plástica, consideramos que a deformação total

𝜀𝑡 é a somas das deformações intermediárias, ou seja,

𝜀𝑡 = 𝜀𝑒 + 𝜀𝑝 (5)

Sabemos que a deformação elástica é definida da seguinte forma,

𝜀𝑒 =𝜎𝑡

𝐸 (6)

Então, substituindo a Equação (6) na Equação (5) e isolando a deformação

plástica, temos que,

𝜀𝑝 = 𝜀𝑡 −𝜎𝑡

𝐸 (7)

Como o módulo de elasticidade é constante, propriedade intrínseca do material,

E ≅ 1,12 GPa, o efeito da dependência da taxa de deformação é somente observado na

região plástica 𝜀𝑝 do material. A curva tensão x deformação plástica verdadeiras para o

PVDF a diferentes taxas de deformação de engenharia é apresentada na Figura 25.

É possível identificar na Figura 25 duas regiões distintas: (i) primeiro, a região I,

onde ( 𝜕𝜎2

𝜕𝜀𝑝2⁄ < 0) e (ii) segundo, a região II, onde ( 𝜕𝜎2

𝜕𝜀𝑝2⁄ ≈ 0). A deformação

plástica de transição 𝜀𝑝∗ , entre as regiões I e II, é considerada constante.

67

Figura 25 – Curvas médias de tensão x deformação plástica reais do PVDF a diferentes taxas de

deformação.

Podemos perceber que à medida que a taxa de deformação é reduzida, as tensões

de escoamento e máximas, também, apresentam o mesmo comportamento, ou seja,

diminuem. Desse modo, vemos que a resistência mecânica do PVDF é menor quanto

menor for a taxa de deformação, por outro lado ele apresenta maiores valores de

ductilidade.

4.3 Modelagem

Afim de apresentar o modelo matemático proposto para a caracterização do

comportamento mecânico do PVDF, primeiramente, é necessário dividi-lo em duas

partes, as quais correspondem às regiões I e II observadas nos experimentos. A primeira

região é definida como a deformação elástica verdadeira, variando de 0 a 𝜀𝑝∗ , e pode ser

representada como um ponto de transição onde 𝜕𝜎2

𝜕𝜀𝑝2⁄ tende a zero, enquanto que a

68

segunda região é definida como a deformação plástica verdadeira para valores maiores

do que 𝜀𝑝∗ .

Assim, com o objetivo de encontrar uma expressão adequada para modelar o

comportamento mecânico do PVDF sob um carregamento de tensão a diferentes taxas de

deformação, foi proposto uma equação geral para representar esse modelo teórico,

buscando a melhor aproximação com as curvas experimentais. A equação utilizada faz

parte de um conjunto de equações do modelo de elastoplasticidade de Chaboche. Segundo

Ambroziak e Klosowski (2007) o modelo de Chaboche pertence a um grupo de modelos

isotrópicos constitutivos, no qual podem descrever o comportamento elastoviscoplástico

dos materiais. Mais detalhes, sobre as equações constitutivas e este comportamento,

podem ser encontradas na literatura de Lemaitre e Chaboche (1994).

𝜎𝑡 = 𝜎0 + 𝑎(𝜀)[1 − exp(−𝑏(𝜀)𝜀𝑝)] + 𝑐(𝜀𝑝)⟨𝜀 − 𝜀𝑝∗⟩ (8)

Onde a, b e c são funções definidos como,

𝑎(𝜀) = 𝑎1𝜀𝑎2 (9)

𝑏(𝜀) = 𝑏1𝜀𝑏2 (10)

⟨𝜀 − 𝜀𝑝∗⟩ = max{𝜀 − 𝜀𝑝

∗ , 0} (11)

A primeira parte do modelo matemático proposto é baseado no modelo de

saturação, onde a e b são constantes positivas do material analisado. O ponto em que se

inicia a plasticidade, ou seja, a tensão na qual começa o aparecimento da deformação

irreversível é representado pela tensão de escoamento 𝜎0. A segunda parte do modelo

69

matemático é definida pelo coeficiente de resistência c, o qual representa a inclinação da

curva tensão x deformação plástica verdadeiras após o limite de transição da deformação

plástica 𝜀𝑝∗ .

Nosso alvo é analisar a dependência da taxa de deformação no comportamento

mecânico do material estudado, devido a isso, nosso modelo foi restringido para um

histórico de carregamentos monotônicos dentro de um determinado intervalo de taxas de

deformação 𝜀��𝑖𝑛 ≤ 𝜀 ≤ 𝜀��á𝑥. Na análise realizada foi difícil definir com precisão os

limites das taxas de deformação mínimas 𝜀��𝑖𝑛 e máximas 𝜀��á𝑥, sendo utilizado os

seguintes valores: 𝜀��𝑖𝑛 = 1,6 x 10−4s−1 e 𝜀��á𝑥 = 1,6 x 10−1s−1 considerando a taxa de

deformação.

4.4 Identificação dos Parâmetros

Os parâmetros 𝜎0, 𝜀𝑝∗ e c podem ser facilmente identificados através da análise das

curvas tensão x deformação. Pode-se verificar que 𝜎0 = 15 MPa, e representa a tensão de

escoamento limite acima da qual irá surgir a deformação permanente. Em um caso

específico para 𝜎𝑡 = 𝜎0 ⇒ 𝜀𝑝 = 0.

Partindo do princípio que o modelo pode ser dividido em duas partes,

identificamos o parâmetro 𝜀𝑝∗ . Ele é o ponto limiar entre a deformação elástica e a plástica,

ou seja, a transição em que o endurecimento começa a aparecer na curva tensão x

deformação plástica verdadeiras. Seu valor é 𝜀𝑝∗ ≈ 0,08 para todos os casos, Figura 25.

Já o parâmetro c é a inclinação da segunda parte da curva tensão x deformação plástica

verdadeiras, após 𝜀𝑝∗ .

70

O valor das outras constantes do material (a1, a2, b1 e b2), que aparecem no modelo

teórico, podem ser identificadas usando apenas dois ensaios de tração a taxas de

deformação de engenharia constantes.

Através da Eq. 8, podemos chegar a uma nova expressão a qual define a parte

inicial do ensaio de tração a uma taxa de deformação de engenharia constante,

𝜎𝑡 = 𝜎0 + 𝑎(𝜀)[1 − exp(−𝑏(𝜀)𝜀𝑝)] (12)

Desprezando os termos de ordem inferiores e aplicando as definições de limite,

podemos rearranjar a Eq. 12 da seguinte forma,

lim𝜀𝑝→𝜀𝑝

∗(𝜎𝑡 − 𝜎0) ≈ lim

𝜀𝑝→∞(𝜎𝑡 − 𝜎0) = 𝑎(𝜀) (13)

Então, podemos concluir que,

𝜎𝑡 = 𝑎(𝜀) + 𝜎0 (14)

A Eq. 14 apresenta o máximo valor que 𝜎𝑡 pode alcançar a uma taxa de

deformação constante. Isso, também, pode ser visto na Figura 26. Da Eq. 14, podemos

verificar, também, que,

𝑑(𝜎𝑡 − 𝜎0)

𝑑𝜀𝑝

|𝜀𝑝=0

= 𝑎(𝜀)𝑏(𝜀) (15)

o qual corresponde ao módulo de elasticidade. Então, como 𝑎(𝜀) é conhecido, 𝑏(𝜀) pode

ser encontrado da inclinação da curva tensão x deformação plástica verdadeiras, como

71

mostra a Figura 26. Os parâmetros 𝑎(𝜀) e 𝑏(𝜀), também, podem ser alternativamente

identificados utilizando o método dos mínimos quadrados.

Figura 26 – Identificação dos parâmetros 𝒂(��) e 𝒃(��) através da curva tensão x deformação

plástica reais.

Os valores das constantes dos materiais (a1, a2, b1, b2 e c) obtidos usando os

ensaios mecânicos estão apresentados na Tabela 4, bem como as outras constantes do

material utilizadas. Vale ressaltar que apenas dois experimentos foram necessários para a

identificação dos parâmetros.

Tabela 4 – Parâmetros do material.

a1 (MPa) a2 b1 b2 c (MPa) 𝜎0 (MPa) 𝜀𝑝∗ E (GPa)

35,85 6,13 x 10-3 114,44 9,26 x 10-2 18 15 8,0 x 10-2 1,12

72

4.5 Comparação entre o Modelo Proposto e o Resultado

Experimental

Para determinar a acuidade do modelo proposto, as curvas dos resultados

experimentais foram comparadas com o modelo matemático. A Figura 27 mostra as

curvas experimentais e teóricas da tensão x deformação plástica verdadeiras a diferentes

taxas de deformação.

Figura 27 – Curvas tensão x deformação plásticas reais experimentais e teóricas do PVDF a

diferentes taxas de deformação.

De acordo com a Figura 27, podemos verificar que, apesar do comportamento não

linear do material, os resultados experimentais estão em excelente concordância com o

modelo teórico proposto. É importante salientar que, embora quatro testes a diferentes

taxas de deformação são apresentados, apenas dois testes foram utilizados para identificar

o comportamento mecânico do material.

73

Capítulo 5

5 Conclusão

Nesse estudo, a dependência da taxa de deformação do PVDF, material usado

como barreira de pressão interna em tubos flexíveis, foi analisada. A partir dos ensaios

de tração a velocidades de 0,5 mm/mim, 5 mm/min, 50 mm/mim e 50 mm/mim a

temperatura ambiente, concluímos que, realmente, a taxa de deformação influência,

significantemente, o comportamento mecânico do material. Este comportamento é dúctil,

devido aos elevados valores de deformação e alongamento antes da ruptura dos corpos de

prova.

Foi verificado que à medida que a taxa de deformação é reduzida, as tensões

máximas e de escoamento, apresentam um comportamento similar, ou seja, diminuem. A

resistência mecânica do PVDF aumenta quanto maior for a taxa de deformação e quanto

74

menor for a taxa de deformação maior será a ductilidade do material. Todas essas

alterações se devem ao fato de que as moléculas do polímero se rearranjam fazendo com

que os interstícios sejam preenchidos e reacomodados.

O modelo elastoviscoplástico proposto na Eq. (8), é uma equação matemática

simplificada, que permite o uso em problemas de engenharia para uma descrição física

realística do comportamento mecânico do PVDF em ensaios de tração monotônicos. Esse

modelo foi capaz de descrever a dependência da taxa de deformação e concluímos que,

ele apresenta boa correlação com os resultados experimentais para taxas de deformação

de engenharia constantes, quando comparamos as curvas tensão x deformação plásticas

verdadeiras teóricas com as curvas reais para as mesmas condições de testes.

Nossa intenção com o estudo, também, foi de utilizar a formulação do modelo

para colher o máximo de informações sobre as propriedades macroscópicas do PVDF

através de um número mínimo de ensaios laboratoriais, com o objetivo de economizar

tempo e custos experimentais. Concluímos, também, que atingimos tal objetivo, pois

apenas dois ensaios de tração, em temperatura ambiente, são suficientes para identificar

os parâmetros descritos na teoria.

75

5.1 Sugestões para Trabalhos Futuros

O modelo apresentado neste trabalho trata apenas da influência da taxa de

deformação no comportamento mecânico do PVDF. Como sugestão de estudo é

interessante:

Realizar os ensaios com variação de temperaturas, assim, poderemos caracterizar

o comportamento térmico do PVDF;

Verificar a influência do envelhecimento térmico nas propriedades mecânicas do

PVDF;

Realizar outros ensaios, tais como, fluência, fadiga e, entre outros, para tornar o

modelo mais abrangente e confiável.

76

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