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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE Valquer Vinicius Kottwitz INFLUÊNCIA DAS AFLATOXINAS NA PRODUÇÃO DE AVES Castro 2008

Influência das Aflatoxinas na Produção de Aves - Capa - Va–tcconline.utp.br/media/tcc/2015/01/INFLUENCIA-DAS-AFLATOXINAS.pdf · De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE

Valquer Vinicius Kottwitz

INFLUÊNCIA DAS AFLATOXINAS NA PRODUÇÃO DE AVES

Castro

2008

Valquer Vinicius Kottwitz

INFLUÊNCIA DAS AFLATOXINAS NA PRODUÇÃO DE AVES

Castro

2008

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Especialista no Curso de Especialização em Produção de Aves e Suínos da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Dilkin (UFSM).

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os amigos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a

realização deste trabalho, parte integrante de uma longa caminhada.

Agradeço também aos meus familiares e, em especial aos meus queridos pais,

pessoas tão especiais e fundamentais em todas as minhas conquistas.

Quero agradecer ainda aos queridos amigos e colegas de trabalho da empresa

Perdigão Agroindustrial S/A, por todo o apoio durante o período ao qual me dediquei

a este trabalho.

A todos vocês, muito obrigado.

iv

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... v RESUMO.................................................................................................................vi 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7 2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 9 3. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 10 3.1. Os fungos e a produção de micotoxinas ................................................... 10 3.2. Fatores importantes para o desenvolvimento fúngico ............................... 14 3.2.1. Atividade de água (Aw) e umidade (%) ......................................... 14 3.2.2. Temperatura ................................................................................. 16 3.2.3. Outros fatores importantes ........................................................... 17 3.3. Principais micotoxinas e efeitos sobre a produção avícola ....................... 18 3.4. Aflatoxinas................................................................................................. 19 3.4.1. Influência das aflatoxinas sobre a avicultura – uma revisão......... 21 3.4.2. Efeitos das aflatoxinas sobre o fígado.......................................... 24 3.5. Aflatoxinas: detecção e prevenção............................................................ 26 4. CONCLUSÕES ................................................................................................. 30 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 31

v

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: PRINCIPAIS MICOTOXINAS, FUNGOS RESPONSÁVEIS POR SUA PRODUÇÃO E EFEITOS DE SUA INGESTÃO .................................................... 12 TABELA 2: CONDIÇÕES PARA O CRESCIMENTO DE FUNGOS NA MASSA DE GRÃOS EM TEMPERATURAS DE 25 A 27º C .................................................... 13 TABELA 3: ATIVIDADE DE ÁGUA MÍNIMA NECESSÁRIA PARA A SOBREVIVÊNCIA DE FUNGOS........................................................................... 14 TABELA 4: ATIVIDADE DE ÁGUA MÍNIMA NECESSÁRIA PARA A PRODUÇÃO E ACÚMULO DE MICOTOXINAS ............................................................................ 14 TABELA 5: CONDIÇÕES DE UMIDADE E TEMPERATURA QUE FAVORECEM O DESENVOLVIMENTO FÚNGICO ......................................................................... 16 TABELA 6: PRINCIPAIS MICOTOXINAS, FUNGOS PRODUTORES, ALIMENTOS MAIS CONTAMINADOS E CONDIÇÕES DE OCORRÊNCIA NA AVICULTURA. 18 TABELA 7: DOSES DL 50 PARA PATOS DE UM DIA DE IDADE ...................... 20

vi

RESUMO

A avicultura brasileira, certamente, destaca-se no cenário mundial. Sua grande capacidade de geração de empregos e, principalmente, alimentos, faz da atividade uma das principais também no cenário mundial. Porém, com o claro desenvolvimento pelo qual foi submetida nos últimos anos, a atividade encontrou entraves, relacionados principalmente a sanidade e a alimentação dos animais. Decorrentes do aumento da densidade de produção, da concentração de um grande número de aves em espaços cada vez mais reduzidos e da utilização de dietas cada vez mais concentradas, com grandes quantidades de grãos, aos poucos, maneiras para solucionas tais problemas foram sendo desenvolvidas. As micotoxicoses destacam-se nesse quadro. Causadas por micotoxinas, substâncias tóxicas às aves e produzidas por fungos, as micotoxicoses causam sérios impactos sobre o desempenho das aves, comprometendo em muito os resultados esperados pelos produtores. No Brasil, as aflatoxicoses merecem destaque, por dois motivos principais: são as micotoxinas de maior ocorrência e, também, são as mais nocivas às aves. Com isso, este trabalho objetivou demonstrar os principais efeitos das aflatoxinas sobre o metabolismo e o desenvolvimento das aves, fatores favoráveis ao desenvolvimento fúngico e à produção de micotoxinas, bem como maneiras de controle das aflatoxicoses. Palavras-chaves: aflatoxinas, avicultura, micotoxinas.

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1. INTRODUÇÃO

A avicultura brasileira tem participado ativamente no desenvolvimento econômico

e social do país, devido, principalmente, à sua grande capacidade de geração de

empregos e renda e, fundamentalmente, de proteínas de origem animal.

Mediante o evidente avanço da atividade nos últimos anos, os diversos

segmentos envolvidos com a avicultura sofreram grandes mudanças: as instalações

passaram por inúmeras adequações, sob vários aspectos, relacionados à

biosseguridade e ambiência, por exemplo. A utilização de linhagens de aves

geneticamente melhoradas, juntamente com a melhoria da nutrição animal, cada vez

mais, permite que melhores índices zootécnicos sejam observados.

Porém, todas as alterações pelas quais a avicultura foi submetida trouxeram

consigo conseqüências, em alguns casos, muito severas. Sob esse aspecto, a questão

ambiental é de grande relevância. O confinamento de um número cada vez maior de

aves nas granjas gera uma grande quantidade de resíduos, nem sempre tratados da

maneira correta e com a ideal destinação. HAMMOND (1994) afirma que os dejetos

gerados pela avicultura são os que possuem o maior potencial poluente, quando em

comparação aos dejetos de suínos e bovinos.

Outro exemplo do impacto sofrido pela avicultura, alavancado pelo

desenvolvimento da atividade, faz relação à alimentação das aves. Como o número de

aves alojadas aumentou consideravelmente, bem como a exigência nutricional destas

aves, geneticamente melhoradas, também a quantidade de alimento destinado às aves

aumentou.

De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal

(SINDIRAÇÕES, 2008), a produção de rações para a avicultura cresceu

aproximadamente 10% no ano de 2008, sendo responsável pelo consumo de 50% de

toda a ração produzida no país, o que representa cerca de 30 milhões de toneladas.

Frente a tal crescimento, não só da produção avícola, mas sim da produção

animal em geral, a destinação de grandes quantidades de grãos e cereais para a

alimentação dos animais passou a ser observada.

Com isso, surge aí outro problema decorrente da concentração da produção

animal: a ocorrência de micotoxicoses, causadas por micotoxinas, assim chamadas por

8

serem metabólitos tóxicos produzidos por fungos que se desenvolvem nos alimentos,

na lavoura e, principalmente, no armazenamento, sempre que condições favoráveis são

observadas (SANTURIO, 2000). De acordo com MANNON & JONHSON (1985),

aproximadamente um quarto de todos os grãos produzidos no mundo encontram-se

contaminados por micotoxinas.

Os primeiros casos de micotoxicoses foram observados em 1960, ano em que

milhares de perus morreram ao consumirem rações contendo torta de amendoim

importada do Brasil; este surto ficou conhecido como “Turkey X Disease” (SARGEANT,

1961).

Dentre as principais micotoxinas causadoras de efeitos prejudiciais aos animais

destacam-se as aflatoxinas, os tricotenos (grupo que engloba toxinas como a T2, a

vomitoxina ou deoxinivalenol (DON), diacetoxicirpenol (DAS), além de outras), a

zearalenona, e as fumonisinas (EMBRAPA, 2000).

As principais micotoxicoses que apresentam efeitos sobre a avicultura são as

chamadas aflatoxicoses, causadas por micotoxinas de um grupo conhecido por

aflatoxinas, representado pelas toxinas B1, B2, G1, G2 e M1, produzidas principalmente

pelos fungos Aspergillus flavus e Aepergillus parasiticus (BACK, 2002).

LAZZARI (1993) classifica os fungos de acordo com o período no qual

apresentam maior desenvolvimento e, conseqüentemente, maiores índices de

contaminação dos alimentos. Nesta classificação, o autor identifica os fungos do gênero

Aspergillus como sendo fungos de armazenamento, apresentando grande

desenvolvimento quando condições de temperatura e umidade favoráveis são

observadas.

Desta forma, o objetivo deste trabalho é caracterizar as principais micotoxinas,

bem como seus efeitos sobre a produção de aves, dando ênfase à aflatoxina,

responsável por consideráveis perdas à avicultura.

9

2. OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é descrever os principais efeitos das

micotoxinas sobre a avicultura.

De maneira específica, demonstrar quais as principais micotoxinas, dando

ênfase às aflatoxinas e, ainda, mostrar quais os principais fatores que favorecem o

desenvolvimento de fungos e a produção de micotoxinas, inclusive maneiras para sua

detecção e controle.

10

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Os fungos e a produção de micotoxinas

Por muito tempo os fungos foram considerados vegetais. A partir de 1969 é que

foram classificados em um reino à parte, o Reino Fungi (TRABULSI et al., 1999).

Os fungos constituem um grupo de organismos em que não ocorrem clorofila, e

suas estruturas reprodutivas são diferenciadas das vegetativas, o que constitui sua

base sistemática (PUTZKE & PUTZKE, 1998). Não sintetizam clorofila e nenhum outro

pigmento fotossintético (TRABULSI et al., 1999) e seus esporos são abundantes e

amplamente encontrados na natureza; germinam rapidamente no solo, plantas,

alimentos, etc. Os alimentos armazenados consistem em um ótimo ambiente para o

desenvolvimento dos fungos, principalmente quando o armazenamento é feito de

maneira incorreta (FONSECA, 2008).

Existem milhares de espécies de fungos e algumas se destacam pela

capacidade de atacar alimentos e produzir micotoxinas. Nos cultivos agrícolas, cerca de

100 espécies de fungos podem ser encontradas, tanto no campo como no

armazenamento e, entre estas espécies, aproximadamente 20 são capazes de produzir

micotoxinas causadoras de doenças em animais; em alguns casos pode-se até mesmo

observar a morte após a ingestão (BEZERRA, 2005).

Os principais efeitos da contaminação fúngica nos alimentos, de acordo com

GIRALT et al. (1989), são os seguintes:

� Alterações físicas e organolépticas, com diminuição da fluidez dos alimentos,

formação de “grumos” e descoloração, além da produção de cheiro e sabor

característicos;

� Perdas nutritivas por degradação de proteínas, gorduras e glicídios, bem como

alterações nas vitaminas dos alimentos;

� Produção de metano e outros gases combustíveis;

� Produção de micotoxinas, causadoras de prejuízos e efeitos nocivos aos animais,

com possível inutilização dos alimentos.

LAZZARI (1993) dá ênfase à perda de matéria seca e gordura, com conseqüente

diminuição dos níveis energéticos dos alimentos, citando uma perda de até 7% de

matéria seca, 100 a 150 kcal/kg e 2 a 3% nos teores de óleo e proteína, em massas de

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milho com 10 a 15% de grãos danificados por fungos. O mesmo autor afirma ainda que

o peso específico dos grãos pode diminuir até 50%, quando o ataque for intenso.

Avaliando a qualidade de grãos de milho, KRAABE et al. (1994) obtiveram

resultados nos quais foi possível observar-se quedas de 6 a 16% de peso específico,

diminuição de 23 a 33% nos teores de gordura total (com umidade entre 15 e 18% e

tempo de armazenamento de 20 a 61 dias), não tendo sido observadas variações sobre

a proteína bruta do material.

Os fungos que contaminam os alimentos são classificados em três grandes

grupos (LAZARRI, 1993), a saber:

� Fungos de Campo: aqueles que invadem os grãos e sementes durante o processo

de amadurecimento, causando danos que antecedem a colheita (ex: Fusarium);

� Fungos Intermediários: contaminam os alimentos durante a colheita e/ou

armazenamento (ex: principalmente Fusarium e Penicillium);

� Fungos de Armazenamento: desenvolvem-se durante o armazenamento, sempre

que este é realizado de maneira correta, gerando ambiente adequado (umidade e

temperatura) ao desenvolvimento fúngico (ex: Aspergillus e Penicillium).

Diferentemente, a FAO (2008) classifica-os apenas em dois grandes grupos:

fungos de campo e fungos de armazenamento.

A seguir, na tabela 1, estão descritos os principais fungos produtores das

micotoxinas de maior impacto sobre a produção animal, descritas por EMBRAPA

(2000), os metabólitos produzidos por cada um deles e os principais efeitos de sua

ingestão (FAO, 2008).

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Tabela 1: Principais micotoxinas, fungos responsáveis por sua produção e efeitos de sua ingestão. Micotoxina Fontes Efeitos da Ingestão

Deoxinivalenol Fusarium gramineum

Nivalenol Fusarium culmorum

Fusarium crookwellense

Toxicose em humanos relatada na Índia, China, Japão e Coréia. Tóxicos para animais,

especialmente suínos.

Zearalenona Fusarium gramineum Fusarium culmorum Fusarium crookwellense

Identificada pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (AIPC) como possível

cancerígeno para humanos. Causa grandes impactos sobre a reprodução de fêmeas suínas.

Ocratoxina A Aspergillus ochraceus Penicillium verrucosum

Suspeita de efeitos cancerígenos para humanos (AIPC). Cancerígeno para suínos e animais de

laboratório. Fumonisina B1 Fusarium moniliforme

Outras espécies Suspeita de efeitos cancerígenos para humanos

(AIPC). Tóxico para aves e suínos. Causa leucoencefalomalácia eqüina (ELEM), doença

fatal aos animais. Aflatoxinas (B1 e B2) Aspergillus flavus

B1, B2, G1 e G2 Aspergillus parasiticus

Aflatoxina B1 e misturas de aflatoxinas apresentam sérios efeitos sobre a saúde dos

animais, especialmente de aves.

FONTE: FAO (2008).

Observa-se que diferentes espécies de fungos podem produzir a mesma toxina,

enquanto um mesmo fungo é capaz de produzir mais de um tipo de toxina (BACK,

2002), sendo importante ressaltar que a presença do fungo não significa que existam

micotoxinas nos alimentos, bem como a ausência dos fungos não garante que os

alimentos estejam livres de micotoxinas prejudiciais aos animais (SANTIN, 2000a).

Considerando a alta umidade e temperaturas médias entre 20 e 26º C, o clima

brasileiro se constitui em um ambiente altamente favorável desenvolvimento de fungos

da espécie Fusarium, ainda no campo (SANTIN et al., 2000b).

Durante o armazenamento dos grãos e cereais, as principais espécies de fungos

encontradas são Aspergillus sp. e Penicillium sp., e na tabela 2 podem ser observadas

as condições ideais para seu crescimento, entre as temperaturas de 25 e 27º C

(BAKKER-ARKEMA, 1999).

13

Tabela 2: Condições para o crescimento de fungos na massa de grãos em temperaturas de 25 a 27º C.

Espécie Umidade Relativa do Ar Intergranular (%) Umidade dos Grãos (%) Aspergillus halophileus 68 12 a 14

A. restriticus 70 13 a 15 A. glaucus 73 13 a 15

A. candidus; A. ochraeus 80 14 a 16 A. flavus; A. parasiticus 82 15 a 18

Penicillium spp. 80 a 90 15 a 18

FONTE: BAKKER-ARKEMA (1999)

Como citado na introdução deste trabalho, MANNON & JONHSON (1985), em

artigo publicado na revista New Science, afirmam que ¼ de todos os grãos produzidos

no mundo encontram-se contaminados por fungos, sendo possível, mediante tal

informação, ter-se idéia da importância destes sobre a produção animal, bem como dos

riscos e danos causados pelas micotoxinas por eles produzidas.

14

3.2. Fatores importantes para o desenvolvimento fún gico

3.2.1. Atividade de água (A w) e umidade (%)

Define-se como atividade de água a quantidade de água livre nos alimentos,

disponível para o desenvolvimento de microorganismos, inclusive fungos (CONTALLÉ,

2006). A seguir, na tabela 3, estão apresentados valores mínimos de atividade de água

necessários para a sobrevivência de algumas espécies de fungos, em condições ótimas

de temperatura; 26 a 30º C (CHRISTENSEN & KAUFMANN, 1974).

Tabela 3: Atividade de água mínima necessária para a sobrevivência de fungos. Aspergillus restrictus 0,70

Aspergillus halophilicus 0,68 Aspergillus glaucus 0,73

Aspergillus candidus 0,80 Aspergillus ochraceus 0,80

Aspergillus flavus 0,85

Penicillium (diversas espécies) 0,85 FONTE: CHRISTENSEN & KAUFMANN (1974)

Em outro estudo relacionado à atividade de água, (CONTALLÉ, 2006)

determinou valores mínimos de atividade de água para que algumas espécies de

fungos sejam capazes de produzir micotoxinas. Os resultados deste trabalho podem ser

observados na tabela 4.

Tabela 4: Atividade de água mínima necessária para a produção e acúmulo de micotoxinas. Fungo Aw Micotoxina Aw

Aspergillus flavus 0,78 Aflatoxinas 0,83 Aspergillus parasiticus 0,70 Aflatoxinas 0,80 Aspergillus ochraceus 0,77 Ocratoxinas 0,90 Penicillium expansum 0,85 Patulina 0,95

Penicillium granulosum 0,83 Ocratoxinas 0,90 Penicillium citrinum 0,80 Citrinina 0,88

FONTE: CONTALLÉ (2006)

15

De acordo com POPINIGS (1985), a umidade do material ao armazenamento,

aliada à temperatura, é fundamental à qualidade, uma vez que esta define a velocidade

respiratória dos grãos. Em grãos armazenados com umidade de 15%, a respiração é

responsável pela perda de até 0,3% de matéria seca ao mês, quando submetidos a

temperaturas acima e 38º C (HARRIS & LIMBLAND, 1978).

O aumento do teor de umidade leva à elevação da taxa respiratória dos grãos, e

o aumento desta taxa é responsável pelo aumento da taxa metabólica dos fungos

presentes na superfície e no interior dos grãos, tendo como conseqüência a liberação

de energia na forma de calor, aumentando assim a temperatura do produto (TRIPPLES,

1995).

Quando grãos são armazenados com umidade adequada e uniformemente

distribuída por toda a massa, podem permanecer armazenados por longos períodos de

tempo. Quando não há aeração adequada, a umidade migra de um ponto para o outro,

em função das significativas diferenças na temperatura dentro da massa de grãos,

provocando correntes de ar e criando pontos de alta umidade, com condições

favoráveis ao desenvolvimento de fungos (SANTOS, 2009).

16

3.2.2. Temperatura

A maioria das espécies de fungos não se desenvolve em temperaturas inferiores

aos 5º C e superiores à 45º C. A temperatura ótima para o desenvolvimento de grande

parte das espécies de fungos está entre 25 e 30º C, sendo que para a produção de

micotoxinas, a temperatura mínima necessária varia de acordo com a espécie fúngica e

a micotoxina em questão (CALVO, 2001).

Uma das alternativas ao controle da temperatura de grãos armazenados é a

aeração, utilizada para reduzir a temperatura da massa de grãos e, com isso, inibir a

migração de umidade, não permitindo assim o desenvolvimento insetos e fungos.

Abaixo, na tabela 5, podem ser observadas as condições que favorecem o

desenvolvimento de fungos na armazenagem, em relação a umidade e ao calor na

conservação dos grãos.

Tabela 5: Condições de umidade e temperatura que favorecem o desenvolvimento fúngico. Teor de Umidade (%) Desenvolvimento Fúngico Temperatura (ºC) Desenvolvimento Fúngico

< 13 Lento < 15 Lento 13 – 16 Rápido 20 - 30 Médio

> 16 Explosivo 40 - 55 Máximo FONTE: CASEMG (2009)

17

3.2.3. Outros fatores importantes

Além dos fatores citados anteriormente, outros podem ser importantes para que

ocorra o desenvolvimento fúngico com a conseqüente produção de micotoxinas durante

o armazenamento de grãos.

De acordo com CASEMG (2009), outros fatores importantes para que haja

desenvolvimento fúngico são:

� Presença de impurezas (restos de planta, poeira, cascas e pedaços de grãos);

� Luz;

� Insetos e ácaros (causadores de danos aos grãos);

� Condições dos grãos (danos mecânicos ou visualmente alterados);

� Microclima (oxigênio);

� Fungicidas (sub dosagem com estresse fúngico e produção de micotoxinas).

Resumidamente, a utilização de práticas agrícolas incorretas e que prolonguem o

contato dos produtos com o solo, as lesões nas superfícies dos grãos, provocadas por

insetos, o armazenamento inadequado, em locais úmidos e sem ventilação, são os

fatores preponderantes para que ocorra o desenvolvimento de diversas espécies de

fungos toxigênicos (CHU, 1991).

18

3.3. Principais micotoxinas e efeitos sobre a produ ção avícola

De acordo com a FAO (2008), as principais micotoxinas produzidas por fungos

presentes nos alimentos são: deoxinivalenol, nivalenol, zearalenona, ocratoxinas,

fumonisinas e aflatoxinas.

Considerando o setor avícola, os principais problemas relacionados às

micotoxicoses são causados pelas toxinas descritas abaixo, na tabela 6.

Tabela 6: Principais micotoxinas, fungos produtores, alimentos mais contaminados e condições de ocorrência na avicultura.

Micotoxina Fungos Produtores Alimentos Condições para Contaminação

Aflatoxinas Aspergillus flavus Amendoim, milho e Armazenamento inadequado Aspergillus parasiticus cereais em geral

Ácido Ciclopiazônico Aspergillus flavus Milho e Armazenamento inadequado amendoim

Tricotenos Fusarium sp. Milho e cereais Baixa temperatura, alta umidade de inverno e armazenamento inadequado

Fumonisinas Fusarium sp. Milho e cereais Estação seca seguida de de inverno alta umidade e temperatura

FONTE: MALLMANN et al. (2007)

Dentre as micotoxinas acima citadas, MALLMANN (2009) afirma que as

aflatoxinas são aquelas que apresentam maior índice de ocorrência no Brasil. De

acordo com o autor, baseando-se em dados do LAMIC (Laboratório de Análises

Micotoxicológicas da Universidade Federal de Santa Maria), de 24.938 amostras

analisadas, 50,3% apresentaram resultados positivos para aflatoxinas.

Complementando tais informações, o autor afirma ainda que estes altos níveis de

incidência são os responsáveis por 45,9% de positividade nas análises de aflatoxinas

realizadas em amostras de rações animais produzidas no Brasil.

Com isso, considerando tamanha ocorrência, o próximo item deste trabalho

descreverá as aflatoxinas, bem como seus efeitos sobre a produção avícola.

19

3.4. Aflatoxinas

Produzidas pelos fungos A. flavus e A. parasiticus, as aflatoxinas podem ser

encontradas em praticamente todos os grãos e cereais armazenados e utilizados para o

consumo humano e animal, sendo que o primeiro caso de aflatoxicose foi registrado em

1960, na Inglaterra, com a ocorrência da doença x dos perus (LANCASTER, et al.,

1961).

As aflatoxinas, assim como outros compostos heterocíclicos, são substâncias

fluorescentes com características próprias. Tanto a aflatoxina B1 como a B2

apresentam fluorescência azul, enquanto as aflatoxinas G1 e G2 apresentam

fluorescência verde amarelada sob luz ultravioleta (HUSSEIN & BRASEL, 2001).

As aflatoxicoses têm causado grande preocupação pública, devido aos efeitos

provocados pelas rações contaminadas sobre a saúde das aves e a possibilidade de

transmissão de resíduos tóxicos para a carne, leite e ovos, resultando assim em um

risco potencial à saúde humana (DALVI & McGOWAN, 1984). Como exemplo disso,

tem-se o trabalho de TRUCKSSES et al. (1983), no qual os autores encontraram

aflatoxina B1 em ovos após 24 horas do início da ingestão de rações contaminadas.

Animais como cavalos, macacos, perus e patos são altamente sensíveis às

aflatoxinas. MULLER et al. (1970) cita que patos são os mais sensíveis, seguidos por

perus, gansos, faisões e frangos e, de acordo com COULOMBE (1991), mesmo entre

indivíduos de uma mesma espécie, a relação dose-resposta pode variar de acordo com

a raça, sexo, idade e composição da dieta, além de outros fatores. Para McLEAN &

DUTTON (1995), em muitas espécies, os machos são mais sensíveis do que as fêmeas

e, de forma geral, a sensibilidade é notadamente maior em animais mais jovens. Na

tabela 7 podem ser observadas as DL 50 (dose letal em mg/kg) para patos de um dia

de idade. De acordo com PIER (1992), a DL 50 para galinhas com idade de uma

semana é de 6,5 mg/kg de peso corpóreo.

20

Tabela 7: Doses DL 50 para patos de um dia de idade Tipo de Aflatoxina DL 50 mg/kg

B1 3,6 B2 17,0 G1 8,0 G2 25,0 M1 8,0 M2 31,0

FONTE: Adaptado de SILVA (2009).

A legislação brasileira estabeleceu, em 1988, o nível máximo de tolerância para

as aflatoxinas: 50 µg/kg, sendo este válido para qualquer matéria-prima a ser utilizada

na produção de alimentos destinados ao consumo animal. As rações prontas merecem

certo destaque, uma vez que constituem um ambiente altamente favorável ao

desenvolvimento de fungos do gênero Aspergillus sp., principal responsável pela

produção de aflatoxinas (ROSMANINHO et al., 2001).

Atualmente, são conhecidos 18 compostos designados pelo termo aflatoxina.

Destes, os principais são B1, B2, G1 e G2, sendo a aflatoxina B1 a mais freqüente e a

que possui maiores efeitos toxigênicos sobre as aves (ROSMANINHO et al., 2001).

TERAO & UENO (1978) demonstraram que a magnitude da toxidez das aflatoxinas G2,

B2 e G1 correspondem à 10, 20 e 50% da B1, respectivamente.

21

3.4.1. Influência das aflatoxinas sobre a avicultur a – uma revisão

De acordo com RAMOS & HERNANDEZ (1996), a absorção das aflatoxinas

ocorre por difusão passiva através do intestino, difundindo-se rapidamente por todo o

organismo, sendo que três horas após a ingestão, estas toxinas podem ser encontradas

em vários tecidos, principalmente na moela e no fígado.

SAWHNEY (1973) afirma que, no primeiro dia de intoxicação, a concentração de

aflatoxinas é altamente elevada no fígado, órgãos reprodutores e rins, provavelmente

pela importância que estes órgãos desempenham na excreção de toxinas, sendo

encontrados resquícios nas fezes apenas 7 dias após a ingestão. Por outro lado,

LEESON & SUMMERS (1995) citam que 28% da dose é eliminada na excreta em 24

horas, enquanto 71% da dose é eliminada em 7 dias. Outros órgãos como baço e

linfonódos também podem sofrer alterações, principalmente em animais monogástricos

como aves e suínos (MARIN et al., 2002).

Na avicultura, os perus são as aves mais sensíveis às aflatoxinas, sendo

possível observar altos índices de mortalidade e alterações dos sinais nervosos nos

lotes acometidos, como observado por BONDINE & MERTENS (1983). Poedeiras são

menos sensíveis, porém, com doses de apenas 1 ppm, podem ser observados

sintomas como esteatorréia e redução no conteúdo de lipídios e carotenóides

sanguíneos (LARBIER & LECLERCQ, 1992).

A intoxicação por aflatoxinas pode ser aguda ou crônica, dependendo,

principalmente, da dose ingerida e do tempo de exposição, da idade e do estado

sanitário do animal, sendo a ingestão direta a única via de exposição às aflatoxinas. A

exposição crônica é a mais comum, apesar de não ser facilmente reconhecida, uma vez

que causa redução de desempenho, efeito este passível de ser causado por uma

infinidade de outras síndromes. A intoxicação aguda em aves ocorre com níveis entre 6

e 16 ppm, e seus efeitos são observados pouco tempo após o início da exposição às

toxinas (SCUSSEL, 1998).

Os principais sinais da intoxicação por aflatoxinas são redução no consumo

alimentar e no ganho de peso, bem como da eficiência alimentar, palidez e

desuniformidade. Aves em produção podem apresentar queda de postura, com

reduções também na eclodibilidade; machos têm a fertilidade reduzida e, em casos

22

mais severos, observa-se depressão, penas eriçadas e morte (BACK, 2002). Após duas

semanas ingerindo rações com 5 ppm de aflatoxina, aves de postura apresentaram

redução significativa na postura. A partir da ingestão de rações livres de toxinas, a

postura manteve-se baixa por 3 semanas, atingindo sua normalidade somente após

esse período (ROSA et al., 2001). EXARCHOS & GENTRY (1982) administraram doses

orais de aflatoxinas de 0,07, 1,00 e 5,00 mg/kg de peso corporal/dia, durante cinco

semanas, e observaram uma redução significativa na produção de ovos em todas as

doses de toxina.

QERISHI et al. (1998) observaram altas taxas de mortalidade embrionária tardia

em aves que ingeriram 5 a 10 ppm de aflatoxinas e concluíram que os efeitos são

maiores quanto maior o tempo de ingestão às aflatoxinas. Esse efeito deve-se à

transferência de metabólitos ou, até mesmo, de aflatoxinas aos ovos, causando assim

alterações imunes no embrião. A exposição do embrião a resíduos ou metabólitos de

aflatoxinas via maternal pode influenciar no processo de maturação e diferenciação das

células progenitoras, as quais são consideradas essenciais para o estabelecimento de

várias células da linhagem hematopoiética, bem como linfócitos e macrófagos

(NICOLAS-BOLNET et al., 1995).

GIACOMINI et al. (2006) observaram aglomeramento de frangos nos cantos das

instalações, desuniformidade na estrutura, prostração, redução do consumo, apatia e

palidez de crista, barbela e patas. Esta despigmentação ocorre devido à menor

absorção dos carotenóides da dieta e conseqüente redução destes nos tecidos

(LEESON & SUMMERS, 1995).

Em frangos de corte, os efeitos deletérios das aflatoxinas são maiores e mais

evidentes na fase inicial de criação (1 a 21 dias). Porém, o reflexo negativo persiste até

o final da criação, sendo geralmente observada redução do ganho de peso (HUFF et

al., 1986).

Outro de seus principais efeitos sobre o metabolismo é a inibição da síntese

protéica com conseqüente redução dos níveis de proteínas plasmáticas, sendo que,

após uma hora de ingestão, tal inibição já é observada in vitro (SANTIN, 2000a).

Segundo a autora, ocorre inibição da RNA polimerase, uma vez que estas toxinas,

provavelmente, entram no núcleo da célula hepática, onde se ligam ao DNA e inibem a

23

RNA polimerase; esta capacidade é que confere às micotoxinas seus efeitos

carcinogênicos, teratogênicos e mutagênicos. Estas afirmações são confirmadas por

GHOSH et al. (1990), que observou redução dos níveis séricos de albuminas e

globulinas, bem como redução da síntese protéica no fígado e, de acordo com

QUEZADA et al. (2000), frangos de corte tratados com 2,0 mg/kg de aflatoxinas

apresentaram significante decréscimo (P<0,10) na quantidade de proteínas plasmáticas

(55%) e albumina (80%).

Entre os efeitos de imunossupressão observados em aves, destacam-se a

aplasia do timo e a bursa de Fabricius, redução do número e da atividade de células T,

supressão da atividade fagocitária e redução dos componentes humorais (PETSKA &

BONDY, 1990; PIER, 1991; CELIK et al., 2000). A exemplo disso, AZZAM & GABAL

(1997) verificaram que 200 ppb de aflatoxina na dieta de frangos de corte reduziram a

imunidade vacinal às doenças de Gumboro, New Castle e Bronquite infecciosa.

GIACOMINI et al. (2006) e WYLLIE & MOREHOUSE (1978) observaram

aumento no tempo de coagulação sanguínea no interior da cavidade abdominal, fato

também constatado pelas hemorragias subcutâneas e musculares, principalmente no

músculo tensor da fascia lata. Ainda, segundo os últimos autores, quando da

intoxicação de rações com 100 µg de aflatoxinas/kg de ração, observa-se aparência

hepática pálida, com pontos focais brancos e petéquias.

24

3.4.2. Efeitos das aflatoxinas sobre o fígado

Grande parte das aflatoxinas ingeridas, em especial a B1, é excretada dentro de

48 horas, sendo que a parte retida pelas aves é encontrada, em sua maioria, no fígado,

demonstrando que, além de ser o órgão mais sensível, retém aflatoxinas ou seus

metabólitos, em quantidades superiores aos demais órgãos (OBIOHA et al., 1986).

A síntese hepática de gorduras, assim como seu transporte até outras partes do

organismo, é seriamente afetada pela ação de aflatoxinas, em especial pela aflatoxina

B1. Este efeito explica o acúmulo de gordura que ocorre no fígado. Infiltrações

gordurosas generalizadas, megalocitose dos hepatócitos e a hiperplasia das células

dos ductos biliares, indicando lesão hepática crônica, são geralmente observadas. A

ligação de aflatoxinas com proteínas leva ao mau funcionamento do fígado, levando

assim a uma profunda alteração nas propriedades funcionais e na síntese das proteínas

das aves (WYATT, 1991).

Após o consumo de pequenas doses por vários dias (doses sub letais), os

animais desenvolvem uma síndrome tóxica, sendo o fígado o órgão mais afetado

(EDDS, 1973). Em um de seus estudos, SMITH & HAMILTON (1970) observaram que a

dose limiar para o aumento do fígado foi menor que aquela utilizada para os outros

órgãos testados, fato que indica ser este o órgão mais suscetível aos efeitos das

aflatoxinas.

GIACOMINI et al. (2006), ao avaliarem o peso relativo de órgãos e carcaças,

observaram que o coração e o fígado apresentam aumento de tamanho. Os autores

concluíram ainda que o baço e a moela não apresentaram diferenças em seu peso

relativo, e que as carcaças das aves intoxicadas apresentaram menor peso aos 42 dias.

Em outro estudo, ORTATALI et al. (2004) não observaram reduções de peso relativo do

fígado, rins, baço, timo e bursa de Fabricius em frangos de corte, provavelmente devido

à baixa dose de aflatoxinas utilizada na intoxicação (50µ e 100µ de aflatoxina por kg de

ração).

O fato de serem absorvidas muito rapidamente pelo trato gastrintestinal é que faz

das aflatoxinas substâncias altamente tóxicas para as aves e, em especial, a aflatoxina

B1 mostra-se muito nociva a estes animais. Logo após sua absorção, a aflatoxina B1

liga-se, de forma reversível, à albumina sanguínea e, em menor escala, a outras

25

proteínas. Após isso, formas ligadas e não ligadas de aflatoxinas espalham-se pelo

organismo e, em especial, concentram-se no fígado. Uma vez depositadas nesse

órgão, as aflatoxinas são biotransformadas, primariamente, por enzimas microssomais

do sistema de funções oxidases mistas (BIEHL & BUCK, 1987). Estas enzimas,

pertencentes à superfamília de enzimas do citocromo P-450, constituem parte do

processo de detoxicação de uma ampla variedade de xenobióticos no organismo

(FORRESTER et al., 1990).

De forma sucinta, as aflatoxinas afetam praticamente todos os sistemas

orgânicos dos animais, de forma que se pode observar icterícia como resposta à

desordem hepática, hemorragias generalizadas na musculatura, devido a sua

fragilidade vascular e aumento de tamanho; observa-se ainda necrose nas glândulas

adrenais e enterite hemorrágica, que pode ser confundida com outras enterites.

Apesar de todos esses fatores serem importantes e colaborarem para a redução

do desempenho das aves, os danos causados ao sistema imune merecem certo

destaque, uma vez que expõe o animal a uma série de outras doenças.

DOEER et al. (1983) ressaltaram que em aves alojadas de maneira semelhante

à praticada comercialmente torna difícil a determinação de um nível seguro de

contaminação na ração, devido justamente aos vários efeitos ambientais capazes de

produzir estresse nos animais, o que poderia potencializar os efeitos das aflatoxinas.

26

3.5. Aflatoxinas: detecção e prevenção

Atualmente, a obtenção de resultados exatos nas análises de micotoxinas não é

tarefa fácil, uma vez que muitos fatores interferem nesta análise. São alguns destes

fatores a distribuição não uniforme da carga de micotoxinas nos lotes contaminados e

concentrações de micotoxinas baixíssimas (na ordem de ppb), que requerem diferentes

métodos de extração (HORWITZ & ALBERT, 1982).

Na prática, as micotoxinas têm sido detectadas por técnicas físico-químicas e

biológicas (ELLIS et al., 1991; RODRIGUEZ-AMAYA, 1989). Dentre as técnicas físico-

químicas estão as cromatográficas (camada delgada, líquida de alta eficiência e

gasosa) e as instrumentais (fluorodensitometria e espectrofotometria). As técnicas

biológicas incluem os bioensaios (cultura de tecidos, animais e microorganismos) e os

imunoensaios (radioimuniensaio, cromatografia de afinidade e teste ELISA – Enzyme

Linked Immunosorbent Assay).

A cromatografia líquida de alta eficiência tem sido usada como detecção por

absorção ultravioleta, fluorescência, espectrometria de massas e amperométrica. O

sistema de detecção por fluorescência é aproximadamente 40 vezes mais sensível do

que o sistema de detecção por UV para micotoxinas. A sensibilidade desta técnica pode

ser aumentada por meio da conversão de aflatoxinas em derivados por derivação pós-

coluna com iodeto ou brometo (PAPP et al., 2002; ELIZALDE-GONZÁLES et al., 1998).

Por outro lado, a cromatografia em camada delgada é a técnica referência para

muitos laboratórios brasileiros, uma vez que não necessita de equipamentos onerosos

e é confiável (SOARES & RODRIGUEZ-AMAYA, 1989). Esta técnica permite a

separação eficaz dos compostos, o que torna este um método muito útil na

caracterização de aflatoxinas, sendo possível sua quantificação por meio da utilização

da técnica visual sob luz UV ou a densitometria (STROKA & ANKLAN, 2000).

O teste ELISA detecta e amplifica a reação antígeno-anticorpo pela ligação

covalente entre enzima-anticorpo ou enzima-analito, cuja presença é posteriormente

determinada pela adição de enzima no substrato. A quantidade de substrato convertido

a um tempo determinado é indicativo da concentração original do composto a ser

analisado (ALLEN, 1987).

27

Muitos trabalhos vêm demonstrando as vantagens apresentadas pela técnica

ELISA (ALLEN, 1987; ELLIS et al., 1991), destacando-se entre elas as citadas a seguir:

� Especificidade;

� Sensibilidade;

� Rapidez;

� Facilidade de uso;

� Custo.

A partir de alimentos contaminados, HIRANO et al. (1991) demonstrou que o

teste ELISA é mais sensível que o de cromatografia em camada delgada de alta

performance para a aflatoxina B1, em plasma de frangos de corte.

Em outro de seus estudos, HIRANO et al. (1992) desenvolveram um método de

ELISA que utiliza um processo complexo de extração para detecção de aflatoxinas em

fígados de frangos de corte, em até 24 horas após a inoculação oral de toxina.

SALLE et al. (1994), utilizando a técnica ELISA, conseguiram detectar aflatoxinas

em fígados de frangos de corte, após simples extração por etanol. Por outro lado,

HIRANO et al. (1992), não detectaram a toxina em fígados de frangos de corte obtidos

em abatedouros, nem em fígados de aves retiradas de granjas comerciais.

Utilizando a técnica de cromatografia em camada delgada, WESTLAKE &

DUTTON (1985) verificaram em cinco fígados, de um total de 27 aves, a presença de

aflatoxina B1, concluindo ainda que a hora de amostragem é um fator crítico, uma vez

que a micotoxina em questão é rapidamente metabolizada e excretada pelas aves.

A detecção de aflatoxinas no organismo das aves diminui as dificuldades pelas

quais passaram SMITH & HAMILTON (1970), que observaram em vários casos que a

amostragem do alimento não é feita da maneira correta e a ração contaminada pode já

ter sido consumida, dificultando assim o diagnóstico. Já a detecção de aflatoxinas em

fígados de frangos de corte naturalmente contaminados é fundamental, uma vez que

sua simples presença no organismo das aves é o bastante para o diagnóstico final de

aflatoxicose, mostrando assim que realmente as aves foram expostas às aflatoxinas

(SALLE et al., 2001).

Embora não existam métodos totalmente eficazes para a inativação das

aflatoxinas, sabe-se que estas são destruídas à temperatura de 237/306º C, variando

28

de acordo com a atividade de água, pH do substrato e tempo de exposição ao calor,

valendo ainda ressaltar que os raios ultravioletas do sol são muito eficazes na

inativação destas moléculas (RUSTOM, 1997).

Considerando as diferentes técnicas para análise, dentre os métodos mais

acessíveis, os imunoensaios apresentam como vantagem a baixa utilização de

solventes orgânicos. A cromatografia em camada delgada é amplamente utilizada nos

países em desenvolvimento, devido ao seu baixo custo e a eficiência, enquanto a

cromatografia líquida de alta eficiência é praticada em países desenvolvidos.

No que diz respeito a prevenção da contaminação dos alimentos por

micotoxinas, quaisquer medidas que tenham por objetivo impedir o desenvolvimento de

fungos, tais como diminuir a presença de insetos nas plantações de grãos e a umidade

durante a armazenagem das matérias-primas e rações, além de reduzir a incidência de

micotoxicoses, também diminuem as perdas nutricionais que os fungos causam nos

alimentos. KRAABE (1995) observou que os ácidos orgânicos têm se mostrado

eficientes na armazenagem de grãos, uma vez que reduzem o pH do meio e o tornam

impróprio ao crescimento fúngico. O autor ressalta que, em muitas situações, essas

medidas não são adequadamente empregadas e o controle das toxinas já formadas se

faz necessário.

São conhecidos métodos químicos, físicos e biológicos para a prevenção dos

efeitos gerados pelas micotoxinas. Os métodos químicos, de acordo com NORRED et

al. (1993), consistem em degradar estruturalmente as micotoxinas, com o uso de

ácidos, bases, aldeídos, agentes oxidantes e vários gases, dentre os quais pode-se

destacar a amonização, utilizada para a detoxificação de fumonisinas. STANLEY et al.

(1993) citam alguns métodos biológicos para o controle de micotoxinas. Dentre eles

estão a utilização de microorganismos como leveduras, bolores e bactérias, com o

objetivo de modificar e/ou inativar as toxinas fúngicas. O autor cita também a utilização

de Saccharomyces cerevisae como atenuante dos efeitos causados pelas aflatoxinas.

Processos de inativação térmica, irradiação gama, segregação por densidade, extração

por solventes e adsorção com várias substâncias são classificados como métodos

físicos para o controle das micotoxicoses. A separação física dos grãos atacados, mais

29

leves que os sadios, também é uma das maneiras pelas quais se tenta de evitar a

ocorrência de micotoxicoses.

Dentre todos os métodos mencionados, a utilização de adsorventes é a mais

praticada atualmente, isso por ser de fácil utilização e de certa forma, bastante

eficiente. Uma série de estudos, desenvolvidos por autores como PHILLIPS et al.

(1988), SCHEIDELER (1993), ARABA & WYATT (1991) e SANTURIO et al. (1994)

demonstram que aluminosilicatos de sódio e de sódio e cálcio, além de bentonita sódica

natural, podem ser adsorventes de aflatoxinas.

Esta habilidade de adsorção foi demonstrada por DOERR (1983) e está

relacionada à capacidade de troca de íons entre as aflatoxinas e os radicais livres

dessas substâncias e, dependendo da estrutura química de cada adsorvente, poderá

ser maior ou menor. A Bentonita foi definida por WRIGHT (1968) como sendo uma

argila originada do grupo mineral das esmectitas e suas propriedades físicas são

inerentes a este tipo mineral argiloso. MASIMANGO et al. (1979) observou que 1g de

bentonita sódica pode adsorver de 94 a 100% de 400mg de aflatoxina B1 diluída em

50ml de leite, cerveja ou meio de Czapek.

Como já citado anteriormente, a utilização de adsorventes é uma prática

bastante difundida, pelo fato de ser de simples utilização e, sobremaneira, viável

economicamente, quando em comparação às demais formas mencionadas.

30

4. CONCLUSÕES

Os resultados de diversos autores, mencionados neste trabalho, deixam clara a

importância e o impacto causado pelas micotoxinas na avicultura praticada atualmente.

Como é possível perceber, as aflatoxinas são as micotoxinas que mais influenciam a

atividade avícola, além de serem as micotoxinas de maior freqüência nas matérias-

primas comumente utilizadas na produção de rações para o consumo animal.

O difícil controle da contaminação fúngica com conseqüente produção de

micotoxinas é o que preocupa os avicultores e a utilização de adsorventes mostra-se

como uma prática viável e eficaz na tentativa de serem evitados os danos causados

pelas aflatoxinas sobre o desempenho das aves, bem como de outras espécies

animais.

O presente trabalho permite ainda concluir que, por mais que algumas práticas

mostrem-se eficientes para o controle das micotoxicoses, este é um problema que

ainda hoje atormenta os avicultores e, como tal, necessita ser mais estudado para que,

num futuro próximo, não sejam motivo de tantas preocupações relacionadas à saúde

animal e, principalmente, à saúde dos consumidores.

31

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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