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INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS
MACROECONÔMICAS SOBRE O
RETORNO DAS AÇÕES DA PETROBRÁS
S.A.
RAFAEL BORGES RIBEIRO (UFU)
Fernanda Sousa Gabriel (UFU)
Karem Cristina de Sousa Ribeiro (UFU)
No processo de análise de investimentos há a necessidade de
relacionar os diversos tipos de riscos inerentes às expectativas de
retorno oferecidas pela empresa e exigidas pelos acionistas. Se
comparado a outros países, o mercado de capitaiss brasileiro possui
número reduzido de companhias abertas e emissões primárias de
ações, além de um cenário macroeconômico marcado por
instabilidade. Portanto, analisar as variáveis macroeconômicas em um
país historicamente marcado pela instabilidade da moeda, por altas
taxas de juros e a presença de inflação torna-se pré-requisito para
qualquer análise de investimento. O presente estudo visa analisar qual
a influência das principais variáveis macroeconômicas definidas pela
literatura, tais como risco país, inflação, taxa de juros e produto
interno bruto sobre o retorno das ações da Petrobrás S.A. no período
de janeiro de 2000 a dezembro de 2011. No ano de 2011, a Petrobrás
S/A foi considerada pela agência PFC Energy e pela Financial Times
como a quinta maior empresa com valor de mercado dentre as
companhias de energia e gás do mundo, considerando que a empresa
se preocupa no desenvolvimento de ações que incorporam a
sustentabilidade. Diante todo esse contexto, justifica-se a seleção da
empresa para a realização do estudo. Em termos metodológicos, a
pesquisa é descritiva com abordagem quantitativa, através de estudos
estatísticos como a correlação, regressão e análises gráficas. Mediante
a metodologia empregada, não há indícios de que os efeitos das
variáveis macroeconômicas estudadas impactaram fortemente o
retorno das ações ordinárias no período de 2000 a 2011, como
afirmado pela literatura. Ressalta-se que entre os anos de 2002 e 2003
as variáveis macroeconômicas exerceram influências sobre o retorno
das ações de forma mais acentuada que no restante do período, devido
a fatos específicos, como as expectativas de mudança de governo.
Como sugestão para trabalhos futuros, sugere-se analisar a influência
de outras variáveis econômicas sobre o retorno das ações da
Petrobrás. Adicionalmente, empresas de outros segmentos também
poderiam ser analisadas.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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Palavras-chaves: Petrobrás, Variáveis Macroeconômicas e Retorno
das ações
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1. Introdução
O mercado de valores consiste em um ambiente onde dois importantes personagens se
relacionam. De um lado, as empresas que buscam recursos para financiar investimentos e
expandir seus negócios e em troca comprometem-se a pagar juros a seus investidores. De
outro lado, têm-se os investidores que exigem uma taxa de retorno para compensar os
recursos próprios investidos na compra das ações de uma determinada empresa. Neste
contexto, os investidores tendem a escolher as ações a serem adquiridas com base nas suas
rentabilidades. A rentabilidade das ações por sua vez não depende exclusivamente do
desempenho econômico das empresas que as emite.
Características como o tamanho da empresa, setor econômico, movimentação do mercado
acionário, situação econômica do país e comportamento dos investidores (NELSON, 1976;
FAMA, 1990; GRÔPPO, 2004; CECHETTI, 2008) podem influenciar o desempenho
empresarial e consequentemente, a rentabilidade por ação. Neste ambiente, a análise do
contexto macroeconômico e as particularidades do mercado tornam-se importantes
ferramentas como forma de maximizar o retorno dos acionistas e garantir a sustentabilidade
das organizações. O presente trabalho optou por escolher a Petrobrás S.A para responder ao
seguinte problema de pesquisa: Qual a influência das principais variáveis
macroeconômicas sobre o retorno das ações da Petrobrás S.A. no período de janeiro de
2000 a dezembro de 2011?
Criada em 1953, a empresa atua no segmento de energia e derivados de petróleo. Em relação
aos aspectos gerenciais, a Petrobrás adota práticas de governança corporativa que prima pela
transparência de suas ações, respeito aos investidores, sustentabilidade empresarial e
responsabilidade ao meio ambiente (PETROBRÁS, 2012). A partir do ano de 2001, a
empresa engajou-se a desenvolver ações de política ambiental como a implantação do projeto
Pégaso. Em 2004, a organização inaugurou a sua primeira usina aeólica em Macau-RN
visando à inovação de projetos de energias renováveis.
Em 2005, devido ao bom desempenho da empresa no que tange aos critérios de índice
ambiental, social e de governança, a agência Goldman Sachs, classificou a Petrobrás como
uma das seis melhores empresas de energia para investimento sustentável do mundo
(BM&FBOVESPA). No ano de 2006, a empresa tornou-se auto-suficiente na produção de
petróleo e no ano de 2009 iniciou a extração nas bacias do pré-sal. Em 2011, devido a uma
sólida política de investimentos a Petrobrás S/A foi consagrada como a quinta maior empresa
em valor de mercado do mundo pela Financial Times (2011). Ainda em 2011, a PFC Energy
classificou a Petrobrás S.A como a quinta maior empresa do ramo de energia e gás do mundo
(PFC Energy, 2011). Frente a este contexto, o presente estudo justifica-se visando investigar
empiricamente qual a influência das principais variáveis macroeconômicas definidas pela
literatura, tais como risco-país, inflação, taxa de juros e produto interno bruto sobre o retorno
das ações da Petrobrás S.A. no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2011. Parte-se da
hipótese de que as variáveis macroeconômicas influenciam sistematicamente no
comportamento das ações.
O trabalho está dividido em quatro seções, sendo a primeira parte composta pela revisão
bibliográfica da literatura pertinente a este trabalho. Na segunda seção são apresentados os
procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa. A terceira seção consiste na análise dos
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resultados obtidos. Finalmente, na última seção são feitas as considerações finais sobre a
pesquisa e as sugestões para trabalhos futuros.
2. Referencial Teórico
O processo de gestão e avaliação de empresas está relacionado a eventos futuros que afetarão
o valor dos empreendimentos. Com o objetivo de maximizar a riqueza dos acionistas, os
gestores financeiros tomam decisões que envolvem a ausência de certeza. Para cada decisão
tomada existem expectativas relacionadas à ocorrência dos eventos. Nesse sentido é avaliado
se há a possibilidade de mensurar os, surgindo os termos risco e incerteza.
Kassai et al (2005) define que,
Quando todas as ocorrências possíveis, ou estados futuros, de certa variável são
conhecidas e encontram-se sujeitas a uma distribuição de probabilidade também
conhecida, ou que pode ser calculada com algum grau de imprecisão, diz se que
existe risco. Quando essa distribuição de probabilidade não pode ser avaliada, diz se
que há incerteza.
As probabilidades de retorno de um investimento estão associadas a diversos fatores, tais
como os riscos de um empreendimento, riscos legais, de imagem e de crédito. No entanto, o
retorno de um investimento também está associado a fatores macroeconômicos influenciados
por decisões políticas e econômicas, tais como a estabilidade da moeda e a inflação
(NELSON, 1976; FAMA, 1990; GRÔPPO, 2004; CECHETTI, 2008).
A identificação dos fatores macroeconômicos que influenciam o retorno das ações ainda é um
desafio para acadêmicos e profissionais que atuam no mercado acionário (FISCHER, 1984;
GRÔPPO, 2004; MOHAMMAD, 2009; CALLADO et al, 2010). Para Ibrahim e Aziz (2003),
as variáveis macroeconômicas têm a capacidade de influenciar sistematicamente o retorno das
ações. Dentre as variáveis macroeconômicas que têm sido relacionadas ao retorno das ações
podem-se destacar (CALLADO et al, 2010): taxa de juros, taxa de câmbio, inflação, produção
industrial, saldo da balança comercial.
Diversos estudos foram realizados com o objetivo de verificar qual a influência das variáveis
macroeconômicas sobre o preço das ações de uma empresa (NELSON, 1976; CHEN, ROLL e
ROSS, 1986; CHEN, 1991; CHATRATH e SANVICENT, 2002; ALI e AHMED, 2008;
GAY, 2008). Em 2006, Shabaz, pesquisou a associação entre o preço das ações e as variáveis
macroeconômicas da China, Índia, Brasil e Rússia. Para realizar o estudo, o autor comparou o
valor do petróleo, a taxa de câmbio, além de outros valores, com o preço de diversas ações.
Shabaz (2006) obteve resultados insignificantes, mas concluiu que no caso de países em
desenvolvimento, os fatores econômicos internos teriam uma influência maior do que os
fatores externos utilizados na pesquisa.
Para Silva Júnior, Menezes e Fernandez (2011) o cenário de investimentos brasileiro adquiriu
credibilidade mundial e influencia o comportamento das variáveis macroeconômicas e da sua
dinâmica de atuação. No que tange a inflação, as pesquisas de Nelson (1976) verificaram uma
relação negativa entre a inflação mensal e o retorno das ações americanas no período pós-
guerra, entre 1953 a 1974. Chatrath e Sanvicente (2002) também concluíram haver uma
associação negativa entre as duas variáveis.
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Contradizendo-se aos estudos mencionados anteriormente, Chen, Roll e Ross (1986)
verificaram que variáveis macroeconômicas como PIB Industrial, variação no risco premium,
taxa de juros, e inflação em períodos de alta volatilidade tiveram um impacto significante no
preço das ações. De forma semelhante, Ali e Ahmed (2008), usando o teste DF-GLS, que
retira a tendência linear de uma população, verificaram uma associação entre o crescimento
econômico do país e o preço das ações empresariais.
Em relação ao risco-país, Rogers, Ribeiro e Securato (2006) afirmam que este produz um
efeito incontestável sobre o mercado de capitais e que aumentos nesse indicador demonstram
a desconfiança dos agentes em relação à situação social, política e econômica.
O presente estudo optou por escolher, com base na literatura, quatro variáveis econômicas
para verificar suas influencias no retorno das ações da Petrobrás S.A, a saber, o risco país,
inflação, taxa de juros e produto interno bruto. Abaixo uma breve definição das mesmas:
Risco-País Taxa Selic Inflação Produto Interno
Bruto (PIB)
- O risco país é um índice
denominado Emerging
Markets Bond Index Plus
(EMBI+) e mensura o risco
geral de um país (BACEN,
2012).
- Corresponde a uma junção
de todos os riscos a que um
investidor está vulnerável
(STANKOVIC E
PETROVIC, 2009).
- Investidores tendem a
acreditar que países em
desenvolvimento são mais
suscetíveis a esse risco.
Assim, exigem um maior
retorno sobre os
investimentos, conhecido
como risco país premium
(SABAL, 2008).
- Corresponde à taxa
obtida no Selic (Sistema
Especial de Liquidação e
Custódia).
- As taxas de juros
correspondem,
fundamentalmente, às
condições instantâneas de
liquidez no mercado
monetário (oferta versus
demanda de recursos)
(BACEN, 2012).
- Corresponde à medida
na qual os preços de
produtos e serviços
aumentam em um
determinado período
(CECHETTI, 2008).
- Reduz o poder de
compra dos
consumidores, à medida
que desvaloriza a moeda.
- No presente estudo a
taxa escolhida para
representar a inflação foi
o IGP-M– Índice Geral de
Preços.
- Reflete o valor dos
bens e serviços finais
produzidos em uma
economia durante um
determinado período.
- O crescimento do PIB
aumenta o valor
adicionado de bens e
serviços proporcionado
pelas empresas que,
por conseguinte, pode
aumentar os lucros e os
preços das ações,
contribuindo para o
crescimento
macroeconômico.
(ROGERS, RIBEIRO
e SECURATO, 2006)
Fonte: (ROGERS, RIBEIRO e SECURATO, 2006; CECHETTI, 2008; SABAL, 2008; STANKOVIC E
PETROVIC, 2009; BACEN, 2012)
TABELA 1 – Variáveis Macroeconômicas
3. Metodologia
A abordagem metodológica utilizada nesta pesquisa foi descritiva. Segundo Gil (2008) a
“pesquisa descritiva visa descrever as características de uma população, fenômeno ou
experiência”. Em relação ao método de tratamento dos dados foi utilizada a abordagem
quantitativa mediante ferramentas estatísticas como correlação, regressão e análises gráficas.
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Os dados do mercado de ações foram obtidos a partir do banco de dados Economática. Os
dados relativos às séries históricas brasileiras, como PIB, risco-país, taxa de juros Selic e
Inflação foram obtidas junto ao Economist Intelligence Unit´s CountryData (ECONOMIST
INTELLIGENCE UNIT, 2012), Instituto Assaf (2012) e IPEA (2012). Foram tomadas para
análise as séries temporais mensais as variáveis compreendidas entre Janeiro de 2000 à
Dezembro de 2011.
O período da análise justifica-se pelo fato de que em 2000 houve a quebra de monopólio da
exploração de petróleo no Brasil. Em 2010 houve uma expansão no volume de lançamento de
ações primárias pela Petrobrás S/A.
A escolha pela análise mensal das variáveis justifica-se porque a maioria das séries escolhidas
tem periodicidade mensal. Em outros casos, as variáveis com periodicidade inferior a um mês,
possuem pouca variabilidade, tais como a taxa de juros Selic (ROGERS, 2006). Vale lembrar
que esta pesquisa utilizou uma proxy do PIB, o PIB Industrial, porque o último apresenta
valores mensais para análise.
4. Análise dos resultados
O Risco Brasil sofreu diversas alterações da última década, principalmente nos anos de 2001,
2002 e 2009. Este resultado pode estar associado ao ataque terrorista nos USA em 2001, à
eleição presidencial brasileira em 2002 e a crise global financeira em 2008. Estes fatores
contribuíram para uma maior volatilidade no mercado e, consequentemente, influenciaram o
risco-país.
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janjanjanjanjanjanjanjanjanjanjanjan
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10,00%
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-10,00%
-20,00%
-30,00%
-40,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
-10,00%
-20,00%
Re
torn
o d
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Açõ
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ON
EM
BI
+ R
isco
-Bra
sil
EMBI + Risco-Brasil
Retorno das Ações ON
Variação EMBI + Risco-Brasil versus Retorno das Ações ON
FIGURA 1 - Risco Brasil versus Variação Retorno das Ações ON
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Em 2002, a correlação entre o Risco Brasil e a variação dos retornos das ações ordinárias
(Tabela 2), mostra uma fraca correlação negativa (-0.23). Isto indica que enquanto o Risco
Brasil aumentava, o retorno das ações diminuía ou vice-versa.
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
-0,36 -0,42 -0,23 -0,65 -0,49 -0,28 0,06 0,05 -0,31 0,48 -0,07 0,27
0,13 0,18 0,05 0,42 0,24 0,08 0,00 0,00 0,10 0,23 0,00 0,07
Correlação Variação Preço Ação ON
versus EMBI Brasil - Anual
Correlação Variação Preço Ação ON
versus EMBI Brasilde 2000 a 2011
R2 Retorno da Ação ON versus
EMBI Brasil - Anual
R2 Retorno da Ação ON versus EMBI
Brasil de 2000 a 2011
-0,06
0,00
Fonte: Autores
TABELA 2 - Risco Brasil versus Variação Retorno das Ações ON
O risco-país decresceu a partir do final de 2002 até atingir 403 pontos no ano de 2004. Nesse
período, a correlação entre o Risco Brasil e a variação dos retornos das ações ordinárias
mostra uma moderada correlação negativa. No que tange a análise de regressão, o índice
decresce de 0,13 (em 2000) para 0,05 (em 2002). Assim, em 2000, o Risco Brasil explicava
13% dos casos a variação do retorno das ações ordinárias da Petrobrás, mas em 2002
explicava somente 5% dos casos. Em 2003 têm-se os índices mais fortes de correlação (-0,65)
e a regressão mostra-se mais forte durante (+0,42). Neste caso, o risco-país explica em 42%
dos casos a variação do retorno das ações da Petrobrás.
No período de 2005 a 2007, o índice de correlação entre as variáveis aumenta, passando a ser
positivo no ano de 2007. Entretanto, no mesmo período o índice de regressão é insignificante.
Em 2008 o retorno das ações sofreu quedas consideráveis (gráfico 1), influenciadas pela crise
econômica e o coeficiente de correlação voltou a ser negativo (-0,31). Já o coeficiente de
regressão é de 0,10.
No ano de 2009, tabela 1, esta relação inverte-se e a correlação entre as variáveis torna-se
moderadamente positiva (+0,48). Novamente em 2010, o índice de correlação volta a ser
negativo (-0,07), mas positivo em 2011 (+0,27). Entretanto, o índice de regressão de 2009 a
2011 mostra-se insignificante.
Analisando os índices de correlação e regressão durante o período de 2000 a 2011, tem-se que
esses valores não são expressivos, com exceção ao período de 2002 a 2003, que há a mudança
de governo. Este resultado se contradiz com os estudos realizados por Erb, Campbell e
Viskanta (1995) que verificaram um índice de regressão negativo de 40% entre o risco-país e
retorno das ações.
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-20,00%
-30,00%
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6,00%
5,00%
4,00%
3,00%
2,00%
1,00%
0,00%
-1,00%
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IG
P-M
- (
% a
.m.)
Retorno das Ações ON
Inflação - IGP-M - (% a.m.)
Inflação e Variação do Retorno das Ações ON
FIGURA 2 - Inflação - IGP-M versus Variação Retorno das Ações ON
De acordo com tabela 3, em 2000 o índice de correlação entre a inflação e o retorno das ações
foi de +0,19. Em 2001 o índice de correlação passa a ser negativo -0,08, indicando que as
duas variáveis movem-se em sentidos. Em 2002 a correlação é moderada e negativa
indicando que as duas variáveis não estão relacionadas. Após 2005, o índice de correlação é
crescente até 2007.
Os anos de 2005 e 2007 apresentam uma peculiaridade quando comparado com os demais
períodos anuais. Em 2005, tabela 2, tem-se que o grau de correlação entre as variáveis é
negativamente forte (-0,73) e o grau de regressão é de 0,53 ou 53%, demonstrando que em
53% dos casos a variável inflação explica a variação do retorno das ações da Petrobrás. Em
2007, tem-se que o grau de correlação das variáveis é positivamente forte (-0,67) e o grau de
regressão é de 0,44. Isto demonstra que a variável inflação explica as mudanças no retorno
das ações da Petrobrás em44% dos casos.
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
0,19 -0,08 -0,66 -0,36 -0,30 -0,73 0,37 0,67 -0,25 0,19 -0,20 0,21
0,04 0,01 0,00 0,13 0,09 0,53 0,14 0,44 0,06 0,04 0,04 0,05
Correlação Variação Preço Ação ON
versus Inflação - IGP M
Correlação Variação Preço Ação ON
versus Inflaçãode 2000 a 2011-0,08
R2 Retorno da Ação ON versus EMBI
Brasil Inflação - IGP M
R2 Retorno da Ação ON versus Inflação -
IGP M de 2000 a 20110,01
Fonte: Autores
TABELA 3- Inflação - IGP-M versus Variação Retorno das Ações ON
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Analisando todo o período, os índices de correlação e regressão entre a inflação e retorno das
ações são de -0,08 e 0,001, respectivamente. O índice de regressão indica que a inflação não
explica a variação do retorno das ações da Petrobrás no período estudado. Estes resultados são
corroborados pelas pesquisas de Nelson (1976), que identificaram uma relação negativa entre
a inflação mensal e o retorno das ações americanas no período pós-guerra, entre 1953 a 1974.
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0,00%
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-20,00%
-30,00%
-40,00%
2,25%
2,00%
1,75%
1,50%
1,25%
1,00%
0,75%
0,50%
Re
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Açõ
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ON
Ta
xa
de
ju
ros
- S
eli
c
Taxa de juros - Selic
Retorno das Ações ON
Taxa de Juros Selic versus Variação do Retorno das Ações ON
FI
GURA 3 - Taxa de Juros - Selic versus Variação Retorno das Ações ON
De acordo com o gráfico 3, no ano 2003 a Taxa Selic apresentou os valores mais altos de todo
o período (2000 a 2011). Analisando o índice de correlação entre a taxa e a variação retorno
das ações ordinárias em 2003 (Tabela 4) tem-se um grau negativo e relativamente forte entre
as variáveis (-0,42). Entretanto, nesse mesmo período, a variação da taxa Selic apenas explica
a variação do retorno das ações da Petrobrás em 18% dos casos.
Em 2000 (Tabela 4), o índice de correlação (+0.62) e o índice de regressão (+0,39) são
relativamente fortes e positivos. Nos anos de 2009 e 2010, o índice de correlação entre as
variáveis foi relativamente fraco e positivo (0.41 e 0,34, respectivamente). Além disso, o
índice de regressão também foi relativamente forte (+0.22). Em 2011, o índice de regressão
entre as variáveis é fraco (+0.23). Em contrapartida, o índice de correlação é negativo e
relativamente forte (-0.48). Apesar de índices de correlação mensais relativamente fortes entre
a taxa Selic e o retorno das ações durante o período analisado, os índices de regressão no
mesmo período mostram-se insignificantes (tabela 4).
Este resultado é corroborado pelas pesquisas de Chen, Roll e Ross (1986), que obtiveram um
resultado insignificante no retorno das ações quando estudadas em relação às taxas de juros
do mercado.
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2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
0,62 -0,27 0,11 -0,42 0,25 0,11 0,05 -0,39 -0,41 0,34 0,40 -0,48
0,39 0,07 0,01 0,18 0,06 0,01 0,00 0,15 0,17 0,11 0,16 0,23
Correlação Variação Preço Ação ON
versus Taxa de Juros Selic
Correlação Variação Preço Ação ON
versus Taxa de Juros Selic de 2000 a 20110,09
R2 Retorno da Ação ON versus Taxa de
Juros Selic de 2000 a 2011
R2 Retorno da Ação ON versus Taxa de
Juros Selic de 2000 a 20110,01
Fonte: Autores
TABELA 4 - Taxa de Juros - Selic versus Variação Retorno das Ações ON
Analisando o gráfico 4, tem-se que os valores do PIB Industrial (uma proxy do PIB Nacional)
são bastante dispersos durante o período de 2000 a 2011 - apesar de ter assumido valores
positivos durante a maior parte do período.
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5,00%
0,00%
-5,00%
-10,00%
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es
ON
PIB
- V
ari
açã
o
PIB - Variação
Retorno das Ações ON
Variação do PIB e Retorno das Ações ON
FIGURA 4 – PIB Industrial versus Variação Retorno das Ações ON
No período de 2000 a 2002, tabela 5, os índices de correlação entre as o PIB Industrial e
retorno das ações ordinárias mostram-se fracas e negativas, indicando que as baixo grau de
relacionamento linear entre as variáveis.
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2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
-0,14 -0,11 -0,03 0,61 0,04 -0,03 0,00 0,64 -0,53 -0,44 0,20 -0,05
0,02 0,01 0,00 0,37 0,00 0,00 0,00 0,41 0,28 0,19 0,04 0,00
Correlação Variação Preço Ação ON
versus PIB
Correlação Variação Preço Ação ON
versus PIB de 2000 a 2011-0,15
R2 Retorno da Ação ON versus PIB -
Anual
R2 Retorno da Ação ON versus PIB
de 2000 a 20110,02
Fonte: Autores
TABELA 5 – PIB Industrial versus Variação Retorno das Ações ON
Nos demais anos do período, a correlação entre as variáveis alterna-se entre períodos aonde a
correlação é relativamente forte, positiva ou negativa. Em 2007, o índice de correlação era
forte e positivo. No mesmo ano, pelo índice de regressão tem-se que o PIB Industrial explica
a variação do retorno das ações ordinárias da Petrobrás em 41% dos casos.
No que tange a avaliação do período geral dos índices de correlação e regressão para o
período tem-se que esses valores não são expressivos. De 2000 a 2011, o índice de correlação
foi de -0,15 e o índice de regressão (que explica a variação do Retorno das ações em relação à
variação do PIB Industrial) foi de apenas 0,02.
5. Considerações finais
No Brasil, o mercado de capitais possui número reduzido de companhias abertas e emissões
primárias de ações, além de um cenário macroeconômico marcado por instabilidade. Baseado
nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo identificar qual a influência das
principais variáveis macroeconômicas sobre o retorno das ações da Petrobrás S.A. no período
de janeiro de 2000 a dezembro de 2011.
Acontecimentos importantes marcaram o período analisado, tais como o atentado aos Estados
Unidos em 2001, as eleições presidenciais brasileiras em 2002 e a crise global financeira em
2008. Todos esses acontecimentos definiram as políticas e cenários macroeconômicos
brasileiros.
Mediante a análise dos dados estatísticos obtidos foi possível inferir que as variáveis
macroeconômicas tais como risco-país, inflação, taxa de juros e produto interno bruto não
exerceram forte influência sobre o retorno das ações da Petrobrás S.A. no período de janeiro
de 2000 a dezembro de 2011, com exceção dos períodos mencionados.
Como sugestão para trabalhos futuros, sugere-se analisar a influência de outras variáveis
econômicas sobre o retorno das ações da Petrobrás e a utilização de outras técnicas mais
estatisticamente robustas. Adicionalmente, empresas de outros segmentos também poderiam
ser analisadas com o intuito de confirmar ou refutar os dados obtidos neste trabalho.
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