Analisando a Relação Das Variáveis Macroeconômicas Com o Mercado Acionário

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  • UNIVERSIDADE METODISTA DE SO PAULO

    FACULDADE DE CINCIAS ADMINISTRATIVAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO

    ELAINE SILVIA PASQUINI

    ANALISANDO A RELAO DAS VARIVEIS

    MACROECONMICAS COM O MERCADO ACIONRIO

    DISSERTAO DE MESTRADO

    SO BERNARDO DO CAMPO

    2008

  • ii

    ELAINE SILVIA PASQUINI

    ANALISANDO A RELAO DAS VARIVEIS

    MACROECONMICAS COM O MERCADO ACIONRIO

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Administrao da

    Universidade Metodista de So Paulo,

    como requisito parcial para a obteno do

    ttulo de Mestre em Administrao.

    Orientador: Prof. Dr. Elmo Tambosi Filho

    SO BERNARDO DO CAMPO

    2008

  • iii

    ELAINE SILVIA PASQUINI

    ANALISANDO A RELAO DAS VARIVEIS

    MACROECONMICAS COM O MERCADO ACIONRIO

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Administrao da

    Universidade Metodista de So Paulo,

    como requisito parcial para a obteno do

    ttulo de Mestre em Administrao.

    Data da Aprovao: / /2008

    Banca Examinadora: Prof. Dr. Elmo Tambosi Filho _________________________ Orientador Universidade Metodista de So Paulo - UMESP Prof. Dr. Joshua Onome Imoniana _________________________ Examinador Interno Universidade Metodista de So Paulo UMESP

    Profa. Dra. Neyde Lopes de Souza __________________________ Examinadora Externa Universidade Municipal de So Caetano do Sul SP - IMES

  • iv

    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho a todos aqueles que,

    nestes dois anos, ao olhar nos meus olhos,

    acreditaram na minha vitria.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Ao diretor da Universidade Metodista de So Paulo, pela confiana e apoio,

    na figura do Ilmo. Ms. Sr. Luiz Silvrio Silva. Sinto-me honrada em fazer parte

    de seu grupo.

    Ao meu orientador, Prof.Dr. Elmo Tambosi Filho, pela dedicao,

    pacincia em todos os momentos. Com compreenso e sem obstculos,

    consegue capacitar e criar valor a seus orientandos, mesmo aos mais

    questionadores.

    Aos membros da Banca Examinadora: Profa. Dra. Neyde Lopes de

    Souza, com sua susceptibilidade e cortesia, e Prof. Dr. Joshua Onome

    Imoniana, pelas crticas construtivas e sugestes que aprimoraram a dissertao.

    Ao Prof. Dr. Octavio Ribeiro de Mendona Neto, que mesmo

    sobrecarregado com sua coordenao no curso de ps-graduao, sempre me

    incentivou. Ao colega Cludio, pela ajuda junto ao sistema Statistica.

    Agradecimentos especiais, a algumas pessoas que merecem todo o meu

    carinho:

    Aos meus filhos, Natalia e Sandro, que eu tanto amo. Obrigado pela

    integridade e orgulho que me proporcionam, alm do prazer que tenho ao v-los

    adultos.

    Olga e Ricardo, meus pais, que mesmo de longe, sempre torceram por

    mim.

    Luiza e Fabula, grandes amigas, que ao meu lado, sempre incentivaram

    a busca pelos meus objetivos.

  • vi

    E, finalmente, a voc, Carlos Fernandez, pelo apoio, por seu amor.

    Obrigado por mostrar que o meu sorriso te importa. Neste tempo de tanto estudo,

    voc me ensinou que as aes dizem mais que as palavras, e que na hierarquia

    das interaes pessoais por mim vividas, mesmo sendo serva, por voc sou vista

    e tratada como majestade.

  • vii

    RESUMO

    Variveis macroecmicas que interferem na economia e contgio

    decorrente de crises mundiais o tema que preocupa os estudiosos da rea

    financeira. Desde 1980, que o perodo deste estudo, a bolsa de valores traz

    volumosos lucros nas aes das companhias de capital aberto, ao mesmo tempo

    em que assusta os investidores, devido ao comportamento voltil de seus

    resultados. O escopo deste trabalho o de identificar se existe uma relao entre

    o comportamento das variveis macroeconmicas e o resultado obtido pelas

    empresas nacionais, ocasionada pelo comportamento das crises

    macroeconmicas. Efetuada a anlise de Componentes Principais, conclui-se que

    as variveis macroeconmicas tm importncia fundamental no desempenho que

    determina o ndice de retorno BOVESPA.

    Palavras-chaves: Crises Macroeconmicas Aes Volatilidade Anlise

    Tcnica e Fundamentalista.

  • viii

    ABSTRACT

    Macroeconomical variables that interfere in the economy and contagy that

    came of from worldwide crisis is the main theme which worries researchers of the

    financing area. Since 1980, that is the studied period of this research, the Stock

    Market brings huge amounts of profit in the shares of the companies of open

    capital, at the same time in that it scares the stock market holders, due to the

    volatile behaviour of its outcomes. The scope of this work is to identify if there is a

    relation between this behaviour of these macro economical variables and the

    obtained outcome by the national companies, which happens because of the

    behaviour of the macro economical crisis. Done the analysis of the Main

    Components, it is concluded that the macro economical variables have a

    fundamental importance in the action that determines the return index BOVESPA.

    Key-words: Macro Economical Crisis Shares Volatility Technical and

    Fundamentalist Analysis.

  • ix

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Representao Grfica do IS-LM....... 3

    Figura 2 VAUE................................................................................................. 24

    Figura 3 Representao da TIR Taxa Interna de Retorno........................... 25

  • x

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Desempenho Mensal das Aes BOVESPA 1968/2007.............. 30

    Grfico 2 Desempenho Mensal das Aes BOVESPA, com Crises

    Macroeconmicas 1968/2007.........................................................................

    31

  • xi

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Regresso das Variveis Dependentes........................................... 72

    Tabela 2 Regresso dos Ativos....................................................................... 72

    Tabela 3 Anlise de Varincia......................................................................... 72

  • xii

    SUMRIO

    RESUMO .............................................................................................................................vii ABSTRACT.......................................................................................................................viii LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... ix LISTA DE GRFICOS ........................................................................................................ x LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... xi INTRODUO .....................................................................................................................1 1. Tema e Problemtica ....................................................................................................1

    1.1. Problema de Pesquisa ..........................................................................................11 1.2. Objetivo Geral .........................................................................................................12 1.3. Objetivos Especficos ............................................................................................12 1.4. Justificativa ..............................................................................................................12 1.5. Hiptese do Trabalho ............................................................................................14 1.6. Procedimentos Metodolgicos ............................................................................14

    1.6.1. Regresso Mltipla .........................................................................................15 1.6.2. Anlise Fatorial................................................................................................15 1.6.3. Anlise de Componentes Principais...........................................................16

    1.7. Limitaes do Trabalho .........................................................................................16 1.8. Estrutura do Trabalho ............................................................................................17

    CAPTULO I........................................................................................................................19 1. FUNDAMENTAO TERICA.................................................................................19

    1.1. Breve Histria do Mercado Financeiro ..............................................................19 1.2. Anlise Tcnica para Investimentos no Contexto Microeconmico ..............21 1.3. Anlise Fundamentalista para Investimentos no Contexto Microeconmico .............................................................................................................28 1.4. A Relao das Variveis Macroeconmicas e o Mercado Acionrio ............29 1.5. A Relao do Mercado Acionrio no Contexto Macroeconmico Brasileiro36

    1.5.1. PIB - Produto Interno Bruto ..........................................................................45 1.5.2. Investimento Direto Estrangeiro ..................................................................46 1.5.3. Taxa de Juros ..................................................................................................48 1.5.4. Taxa de Cmbio..............................................................................................49 1.5.5. Polticas Econmicas .....................................................................................49 1.5.6. Bens de Capital ...............................................................................................51 1.5.7. Sistema Financeiro .........................................................................................52 1.5.8. Mercado Eficiente ...........................................................................................59

    1.6. A Relao do Mercado Acionrio na Atividade Econmica das Empresas Nacionais.........................................................................................................................61

    1.6.1. Poison Pills.......................................................................................................63 CAPTULO II .......................................................................................................................68 1. ANLISE EMPRICA....................................................................................................68

    1.1. Metodologia .............................................................................................................68 1.2. O Modelo de Componentes Principais...............................................................68

  • xiii

    1.3. O Modelo de Regresso Mltipla ........................................................................69 CAPTULO III .....................................................................................................................74 1. CONCLUSO E RECOMENDAES......................................................................74 GLOSSRIO ......................................................................................................................76 REFERNCIAS..................................................................................................................85

  • 1

    INTRODUO 1. Tema e Problemtica

    Crise na economia um fato natural. As dificuldades surgem

    repentinamente variando apenas o setor impactado. O capitalismo clama cada vez

    por mais dinheiro, e este se torna um produto requisitado talvez o mais

    requisitado. Algum risco, mesmo que natural, que contraia a economia pode ser

    causa de crise. O mercado se assusta, as bolsas despencam. As dvidas so

    refinanciadas, a indstria cresce, o emprego aumenta, novos emprstimos so

    liberados. Aumentam os preos de matrias-primas, e o valor das aes das

    empresas que operam na Bolsa de Valores. O perfil do investidor muda para

    opes que agregam algum risco na busca de maior rentabilidade.

    A partir da busca de melhores resultados os investidores passaram a dar mais importncia ao gerenciamento de carteiras, juntamente ao comportamento dos fatores que influenciam os riscos dessas carteiras, de modo que esses riscos pudessem ser reduzidos significativamente, sem prejuzo da riqueza esperada do investidor. (TAMBOSI FILHO, 2003, p.12).

    Segundo anlise acima, o autor visa entender o sistema macroeconmico

    (inflao, desemprego e desenvolvimento econmico) como agente de

    interferncia nas decises corporativas. Caso haja influncia nos resultados das

    corporaes e certa previsibilidade obtida pela coleta dos dados macro e

    microeconmicos, poder-se- contribuir em modelos de gesto empresarial, na

    busca de excelncia no desempenho de empresas. Ser que as grandes crises

    mundiais influenciaram ou no as empresas no seu contexto final?

    Para o perodo pr-capitalista, as crises foram decorrentes de escassez

    sbita no abastecimento de bens, oriundas de fenmenos naturais como: secas,

    inundaes e epidemias, entre outros. Algumas revolues, como a Revoluo

    Inglesa, de 1640 a 60, a Revoluo Francesa, de 1798 a 99 e a Independncia

  • 2

    dos EUA, em 1775, construram o suporte ao desenvolvimento capitalista,

    chamado de era do capitalismo moderno.

    A partir da segunda metade do sculo XVIII, com a Revoluo Industrial,

    causada pela a implantao do capitalismo, inicia-se um processo ininterrupto de

    produo coletiva em massa, gerao de lucro e acmulo de capital. As

    sociedades vo superando os tradicionais critrios da aristocracia (principalmente

    a do privilgio de nascimento). Surgem as primeiras teorias econmicas

    modernas: a Economia Poltica e a ideologia que lhe corresponde, o liberalismo.

    Na Inglaterra, o escocs Adam Smith, um dos fundadores da primeira e

    adepto do segundo, publica a obra: Uma Investigao sobre a Natureza e as

    Causas da Riqueza das Naes.

    A superproduo caracterizou o perodo capitalista com maior produo do

    que demanda no setor de bens e capital, depois sobre bens de consumo. Esta

    superproduo gerou queda na produo, falncia de empresas, reduo de

    salrios e demisses. O perodo da mais sria crise aconteceu entre 1929 e 1933

    e foi chamado de Grande Depresso.

    A princpio, os estudiosos acreditavam ser um problema temporrio, mesmo

    que a tenso durasse anos, havia confiana na recuperao do mercado. A partir

    desse momento, cria-se a Teoria Geral, ajustando as vrias teorias adotadas.

    A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de John Mayard Keynes,

    publicado em 1936, inicia a narrao da macroeconomia contempornea.

    Inicialmente denominada Teoria dos Ciclos Econmicos, a macroeconomia estuda

    a demanda efetiva 1 do produto. Outros pontos so analisados, como a relao

    entre o consumo e a renda, choques de demanda e tambm como a poltica 1 Demanda efetiva denominada atualmente demanda agregada. a soma de consumo, investimento e gastos do governo (consumo por bens). Olivier Blanchard. Macroeconomics. 4 edio. Macroeconomia. Traduo Cludia Martins e Mnica Rosemberg. Editora Pearson Prentice Hall. So Paulo. 2007. 602 pgs.

  • 3

    monetria interfere nas taxas de juros e na demanda agregada. Foi um momento

    de harmonia, com necessidade do uso da poltica fiscal para que o grau de

    emprego retornasse a elevar.

    Ao final dos anos 30, destaca-se Alvin Hansen e John Richard Hicks, que

    analisam o modelo Keynesiano por meio da chamada Anlise IS -LM - Investment

    Saving Liquidity Money (dcada de 30 e incio de 1940). A seguir, h expressivo

    desenvolvimento da teoria econmica, com resultado excelente, concretizando o

    progresso do padro de vida coletivo.

    A Figura 1 apresenta o IS-LM (Investment Saving Liquidity Money) no eixo

    horizontal onde est reproduzido o rendimento nacional do PIB - produto interno

    bruto, e representado como eixo Y. O eixo X representa a taxa de juro real. O IS

    uma curva descendente, representando, desde 1937, a resultante entre a

    despesa do consumidor privado, o investimento privado e pblico, as importaes

    e exportaes lquidas. Esta resultante deve ser considerada o ponto de encontro

    de todos os equilbrios, alm das despesas serem desejadas e presumidas.

    Figura 1 - Representao grfica do IS-LM (Investment Saving Liquidity Money).

    Investimento em poupana Expanso Monetria.

    Fonte: Revista The Economist, em 11/agosto/2005.

  • 4

    A primeira representao simula o aumento/diminuio em poupana. A

    segunda representao simula o aumento/ diminuio em liquidez.

    A Sntese Neoclssica surge com Paul Samuelson, com o livro Economics

    (1955), no incio da dcada de 50, integrando os estudos de Keynes, Hansen e

    Hicks, entre outros. Este perodo foi chamado como era de ouro da

    macroeconomia, tendo continuado como viso predominante por mais de 20 anos.

    Nesta ocasio, Keynes enfatiza a importncia do comportamento do

    consumo, do investimento e da escolha entre moeda e outros ativos financeiros.

    (BLANCHARD, 2007, p: 547). O autor cita Franco Modigliani e Milton Friedman

    que insistem na importncia de amparar as decises de dispndio presente. Na

    dcada de 50, h o estudo de James Tobin, que cria a teoria do investimento

    baseada na afinidade entre o valor presente dos lucros e o investimento. Alm

    desta teoria, desenvolve a teoria da demanda por moeda e a da teoria da

    alternativa entre diversos ativos com embasamento na liquidez, retorno e risco.

    Observa-se o estudo aprofundado pela teoria das finanas em geral.

    Mesmo com preocupaes sobre flutuaes, h desenvolvimento rpido na

    maioria dos pases, nas dcadas de 50 e 60. Robert Solow (1956) cria um modelo

    de crescimento desenvolvido, seguido por inmeros estudos sobre poupana,

    progresso tecnolgico e suas interferncias determinantes no progresso dos

    Estados.

    As pesquisas mostram que os Keynesianos acreditaram no futuro

    brilhante. A volatilidade tornou-se compreendida, tornando os modelos

    desenvolvidos mais robustos. Surge a curva de Phillips original, que identifica a

    relao entre os movimentos da inflao e o desemprego. A seguir cria-se a curva

    de Phillips modificada, que mostra a relao entre a variao da taxa de inflao e

    a taxa de desemprego.

    Na dcada de 60, predominavam trs assuntos econmicos:

  • 5

    A eficcia da poltica monetria versus poltica fiscal,

    A curva de Phillips, e

    O papel da poltica econmica. (BLANCHARD, 2007, p: 548).

    1. Poltica Monetria Versus Poltica Fiscal: A Poltica Monetria faz aluso

    ao desempenho do governo a propsito da abundncia de dinheiro, crdito e

    alquota de juros, enquanto a Poltica Fiscal faz referncia aos instrumentos

    governamentais responsveis pela poltica tributria e ainda sobre o controle

    dos seus gastos.

    2. A Curva de Phillips: apesar de no fazer parte do modelo Keynesiano

    inicial, na dcada de 60 torna-se conveniente e aparentemente confivel, pois

    explica as variaes de salrios e preos ao longo do tempo. Portanto, a curva

    de Phillips fica apropriada como parte da Sntese Neoclssica.

    Segundo Blanchard, (2007), a Curva de Phillips afirma que:

    p depende da inflao esperada, p e desemprego cclico: o desvio da taxa real de desemprego da taxa natural choques de oferta, ?

    p = p e - (u - un ) + ?, tal que > 0 uma constante exgena (que cresce para fora).

    Em 1958, h um estudo de A.W.Phillips que mostra a relao negativa

    entre a taxa de inflao e a taxa de desemprego, no perodo de 1861 a 1957.

    Inversamente proporcional a curto prazo, este estudo foi aperfeioado em seguida

    por Paul Samuelson e Robert Solow, com dados de 1900 a 1960. Os economistas,

    neste momento, chamaram esta anlise de curva de Phillips. Estas investigaes

  • 6

    tornam-se importantes na poltica e no pensamento macroeconomico at a dcada

    de 70. (BLANCHARD, 2007).

    A curva de Phillips tornou-se parte da sntese neoclssica, mas Milton

    Friedman e Edmund Phelps argumentavam que o aparente dilema entre

    desemprego e inflao desapareceria rapidamente se os formuladores de poltica

    econmica tentassem explor-lo. Em meados de 1970, o consenso era de que

    no havia nenhum dilema de longo prazo entre inflao e desemprego.

    Nesta interpretao feita por Friedman-Phelps a curva de Phillips,

    aceleracionista. Indica que para que se conserve a taxa de desemprego baixa,

    inferior ao indicador da taxa de desemprego natural, implica na variao da

    inflao, sendo necessrio taxas de inflao crescentes com o intuito de conservar

    as taxas de desemprego inferiores.

    A Curva de Phillips aceleracionista foi nominada NAIRU (sigla em ingls

    para Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment, Taxa de Desemprego

    No-Acelerando a Inflao).Tornou-se popular por explicar a estagflao,

    estudada por economistas nos anos 70.

    A NAIRU a taxa de desemprego qual associada inflao estvel. Se

    U* a NAIRU e U a taxa de desemprego corrente, a teoria, baseada na noo de

    expectativas racionais, afirma que:

    se U < U* por algum tempo, as expectativas inflacionrias aumentam, e a

    inflao tende a se acelerar;

    se U > U* por algum tempo, as expectativas inflacionrias caem, e a inflao

    tende a se desacelerar; e

    se U = U*, a taxa de inflao tende a permanecer a mesma, a no ser que

    ocorra um choque exgeno.

  • 7

    No estudo sobre a NAIRU, mesmo com a produo mxima a economia

    pode apresentar desemprego. A curva modificada de Phillips, ou curva de Phillips

    aumentada pelas expectativas, ou ainda curva de Phillips aceleracionista, :

    A relao acima importante por dois motivos:

    Proporciona outra maneira de pensar na curva de Phillips: como uma

    relao entre a taxa de desemprego efetiva, ut, a taxa natural de

    desemprego, un, e a variao da taxa de inflao.

    Proporciona tambm outra maneira de pensar a taxa natural de

    desemprego. A taxa de desemprego no aceleradora da inflao (ou

    TDNAI) a taxa de desemprego necessria para manter a taxa de inflao

    constante. (BLANCHARD, 2007, p: 151-166)'

    3. O Papel da Poltica Econmica: Milton Friedman no acredita que

    os economistas podem estabilizar o preo dos produtos ou ainda na capacidade

    dos formuladores de polticas, e passa a defender regras simples como o

    crescimento da moeda constante. Friedman e seus amigos economistas

    defendem que discrepncias extensas interferem negativamente. Com opinio

    contrria, a coligao inspirada por Franco Modigliani em 1985, cria modelos

    macroeconomtricos, acreditando que havia chegado a hora da sintonia

    econmica. Segundo Blanchard (2007), h precariedade nestas anlises em

    referncia s implicaes da poltica econmica. As polticas econmicas atuais

    e suas expectativas futuras no interagem, provocando efeitos na

    macroeconomia.

    p p at t t nu- = - --1 ( ) u

  • 8

    Prximo a 1970, ocorre um fato globalizado que os economistas no

    previam - a estagflao2 foi o momento da alta inflao, recesso e

    consequentemente do alto desemprego. Pela imprevisibilidade, demanda

    inmeros estudos a respeito do assunto, sendo que a discusso ocorre

    principalmente nos efeitos de embates adversos da oferta na mesma proporo

    sobre os preos quanto sobre o produto.

    Sobre a estagflao, Galbraith (1991), faz um estudo sobre o curso de

    conselhos econmicos que interligam as naes, dada a vitria do capitalismo. O

    autor observa que os pases desenvolvidos economicamente daro o rumo a ser

    seguido pelos pases no desenvolvidos. Estas naes desenvolvidas, segundo o

    autor, sentem certo incmodo ao perceber a assistncia essencial e crescente

    dada aos pobres, e sinalizao de um desenvolvimento igualitrio por parte dos

    menos favorecidos economicamente.

    Assim, os E.U.A., seguidos de outras naes desenvolvidas, sugerem que

    a privao da sociedade, a falta de empregos, a falta de controle inflacionrio e a

    baixa condio social nas prprias necessidades bsicas3 dos indivduos, passem

    2 Estagflao: um termo dos anos 70, que define uma circunstncia onde h elevado desemprego e altas taxas de inflao. Por sua vez, a inflao concebe o incremento constante dos preos dos bens e ponderada como IPC - ndice de Preos no Consumidor . Resultante da adaptao de ligas da lngua inglesa - estagflao [estag(nao) + (in)flao] termo da Economia, proporciona um incidncia consonntica em portugus (gfl). CORREIA, Margarita. Criatividade e inovao terminolgica novos desafios. Flul/ Iltec/ AiT, Lisboa.Disponvel em < http://www.iltec.pt/pdf/wpapers/9998>. Acesso em 19out.2007. 3 A hierarquia de necessidades de Maslow , uma diviso hierrquica proposta por Abraham Maslow, em que as necessidades de nvel mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nvel mais alto. Cada um tem de "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realizao. Maslow define um conjunto de cinco necessidades: necessidades fisiolgicas (bsicas ), tais como a fome, a sede, o sono, a excreo, o abrigo; necessidades de segurana, que vo da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de

    uma casa a formas mais elaboradas de segurana como um emprego estvel, um plano de sade ou um seguro de vida;

    necessidades sociais ou de amor, afeto, afeio e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;

    necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face nossa capacidade de adequao s funes que desempenhamos;

  • 9

    a ser encaradas como condio necessria. O autor Galbraith (1991), analisa que

    estas carncias faro surgir uma nova vontade de trabalho, forte e tica. Esta

    nova forma de trabalho vem da necessidade e privao vivida pelos indivduos

    menos favorecidos.

    O ideal seria a teoria do controle timo, o que, conforme os autores

    estudados no existe. Percebe-se necessidade emergencial em interao entre os

    formuladores das estratgias econmicas, as estratgias e finalmente entre os

    formuladores polticos, as pessoas e as corporaes. Cria-se a teoria dos jogos,

    usada como instrumento respeitvel em todos os ramos da economia. Foram trs

    os formuladores da teoria dos jogos: John Nash, de Princeton, E.U.A.4*; John

    Harsanyi, de Berkeley, E.U.A. e Reinhard Selten, da Alemanha.

    Supe-se, com o breve histrico mencionado, que os formuladores da

    poltica econmica eram benevolentes que tentavam fazer o que era melhor

    para a economia... Os polticos ou os formuladores da poltica econmica,...,

    fazem o que melhor para si mesmo, e isso nem sempre o melhor para o pas.

    BLANCHARD (2007, p: 492).

    Entende-se que as empresas devem tornam-se aptas a implantar boas

    alternativas em relao s interferncias oriundas das polticas e restries fiscais.

    Os funcionrios responsveis pela rea financeira devem desempenhar a

    proteo empresarial, quer nas captaes, quer nas aplicaes. Cada ao

    desenvolvida deve ser analisada e testada, com os mecanismos existentes,

    buscando a integridade dos ativos sob sua responsabilidade.

    necessidades de auto-realizao, em que o indivduo procura tornar-se aquilo que ele pode

    ser: ser tudo o que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais. Disponvel em < http://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia _de_necessidades _de _Maslow>.Acesso em 24out.2007.

    4(Prmio Nobel de economia em 1994 com sua vida retratada no filme Uma Mente Brilhante). Estados Unidos da Amrica.

  • 10

    Muitas decises, que podem resultar em ganhos ou perdas, derivam de

    uma expressiva taxa de incerteza em relao ao futuro. Estes fatores, analisados

    historicamente, corroboram com o profissional em suas decises, antecipando

    comportamentos, ao tempo em que minimizam os riscos provenientes do

    comportamento do mercado. A medio do comportamento dos ativos existentes

    no mercado, seus riscos, e a melhoria do desempenho de uma carteira de

    investimentos so fatores que preocupam os gestores de investimentos.

    Para Sandroni (pg.81), as crises econmicas so divididas e explicadas

    pelas diversas fases polticas da economia, que interfe rem na histria mundial: a

    crise econmica uma perturbao na vida econmica, atribuda pela economia

    clssica a um desequilbrio entre produo e consumo, localizado em fatores

    isolados da produo. SANDRONI, (2000).

    Vrios autores foram estudados, como Sandroni (1994, 2000, 2005),

    Pinheiro (2001), Mankiw (1998) e Nunes et. al, (2005), pois a volatilidade

    macroeconmica mostra uma tendncia h dcadas, de impacto, crise, conflito,

    contgio no ambiente domstico. Os autores descrevem os cenrios

    macroeconmicos, baseados em indicadores histricos. Estes autores focam em

    seus estudos, os mercados monetrios, os mercados de capitais e ainda o

    mercado de derivativos, traando um cenrio racional, seguro e transparente,

    onde os aplicadores encontram segurana e rentabilidade em suas operaes,

    alm de credibilidade de informao.

    A literatura recente a que apresenta maior inquietao sobre o assunto.

    Inmeros artigos e teses so escritos por autores como Bresser Pereira (1991),

    Studart (1997), Tambosi Filho (2004), Oreiro (2004 e 2005), J.E.P.Gonalves

    (2005), R.Gonalves (2006), Oliveira (2006), Correia (2002) e Guidugli (2005).

  • 11

    O autor que observamos retratar com alto grau de reflexo os assuntos

    ligados s flutuaes econmicas Blanchard, em seu livro Macroeconomics

    (2007). Olivier considera que:

    As flutuaes econmicas so o resultado de um fluxo contnuo de choques na oferta agregada ou na demanda agregada e dos efeitos dinmicos de cada um destes choques sobre o produto. s vezes os choques (sejam isolados ou combinados) so adversos o suficiente para levar a uma recesso. (BLANCHARD, 2007, p. 146).

    Os estudiosos sobre o assunto buscam entender se h e como se comporta

    a interferncia macroeconmica nos diversos ambientes que permeiam o mercado

    financeiro. Alguns deles usam modelos para dimensionar estas relaes.

    O referencial terico que ser apresentado neste estudo, em conjunto com

    as reflexes dos autores citados, instiga uma anlise destes cenrios. Sero

    analisados os valores mensais de fechamento das aes de empresas

    nacionais, relacionando com o conjunto de variveis macroeconmicas como taxa

    de juros reais interbancrias e taxa de cambio.

    1.1. Problema de Pesquisa

    Quais as influncias das variveis macroeconmicas no resultado das

    empresas nacionais?

    Existir uma relao entre o comportamento das variveis

    macroeconmicas e o resultado obtido pelas empresas nacionais?

    A comprovao desta relao permitir que as influncias descritas sejam

    verificadas e ponderadas.

  • 12

    1.2. Objetivo Geral

    Identificar se existe a influncia das variveis macro e microeconmicas no

    mercado acionrio e conseqente interferncia em empresas nacionais de capital

    aberto.

    1.3. Objetivos Especficos

    a) Mensurar a influncia das variveis macroeconmicas no contexto de

    sociedades jurdicas, com o estudo das variveis dependentes SELIC, PIB,

    INPC e valor de fechamento das aes, obtido pelos dados fornecidos pelo

    IBOVESPA, no perodo de 1990 a 2006, de companhias nacionais de

    capital aberto.

    b) Pretende-se analisar as relaes e seu impacto entre as variveis macro e

    microeconmicas e o desempenho do mercado acionrio. As variveis

    dependentes so o valor do fechamento das aes, o PIB, o INPC e a taxa

    SELIC.

    1.4. Justificativa

    Vrios autores estudam sobre as interferncias macroeconmicas na

    economia nacional. Alguns deles, como Guidugli, (2005), dedica um artigo ao

    estudo do contgio como fato econmico relacionado transmisso do

    comportamento de algumas variveis econmicas e financeiras de um pas para

    outro, aps um pas ter sofrido um choque adverso. (GUIDUGLI, 2005, p.31).

    H registros de diversas turbulncias econmico-financeiras, em mbito

    mundial, que modificam a atuao das corporaes, seus resultados e valores.

    Entretanto, estas ocorrncias originam-se em mudanas traadas por Bolsas de

  • 13

    Valores, PIB (Produto Interno Bruto), FMI, Copom, FED (Federal Reserve Bank),

    SELIC, CDI (Certificado de Depsito Interbancrio).

    Outro ponto merecedor de ateno a suscetibilidade do mercado interno

    em relao a eventos oriundos no mercado externo. Entre eles temos o IDE

    Investimento Direto Estrangeiro que,

    ...quando empresas transnacionais (ETNs) se instalam num determinado pas, trazem consigo uma srie de novas tecnologias, que podem ser transmitidas, na forma de externalidades, para as empresas domsticas, resultando em ganhos de produtividade e em aumentos de competitividade. O IDE seria, portanto, uma importante fonte de tecnologia para pases em desenvolvimento, justificando a adoo de medidas de atrao desses investimentos. (GONALVES, J.E.P.,2005, p.13).

    Quando iniciou o processo de abertura comercial, inmeros estudos

    identificaram a importncia dos efeitos dos investimentos estrangeiros no Brasil,

    no longo prazo. Segundo J.E.P.Gonalves (2005, p.16), o IDE visto como um

    dos principais veculos de transferncia internacional de tecnologia. Esta pode

    migrar para as empresas domsticas, o que justifica os incentivos de atrao

    destes investimentos. Para Carvalho e Silva (2000, p.265), o cenrio internacional

    sofre alteraes relacionadas s oscilaes nas taxas de juros americanas.

    Desde a dcada de 80, a trajetria de crescimento brasileiro, depois de

    sucessivas falhas na sua poltica de estabilizao, fica afetada. A renda per capita

    no cresce, os investimentos baixam, causando declnio no desenvolvimento

    agrcola e industrial. Dada a importncia do assunto, autores como Bresser

    Pereira e tcnicos liderados por F. DallAcqua discutiram, em 1989, a posio e as

    perspectivas do crescimento setorial auto-sustentado no Brasil. O objetivo da

    anlise feita seria assegurar o crescimento da economia brasileira no incio da

    dcada atual.

  • 14

    Em acordo com este assunto, ao tempo em que sugere que as influncias

    advindas das crises ocorridas alcanam a economia nacional, h a indicao de

    que o estudo destas interferncias poder contribuir ao ser tratado como

    informao facilitadora na busca de recursos, cultura e tecnologia, conforme a

    opinio dos autores citados.

    1.5. Hiptese do Trabalho

    Choques macroeconmicos em determinados anos podem afetar todas as

    empresas pertencentes a determinados setores industriais. Sorte pode ser um dos

    determinantes de desempenho [BARNEY, 1986; apud BRITO & VASCONCELOS,

    (2004a: p.108)].

    As crises sinalizam interferncias nos resultados empresariais, assim como

    existe a possibilidade deste impacto ser forte a ponto de comprometer a

    continuidade da sociedade jurdica. Entende-se que, se os responsveis pela

    formulao da poltica econmica observarem estas influncias, seus

    fundamentos e prospeces, tendem a fragilizar o efeito destas interferncias.

    Assim, ao serem efetuadas as anlises sobre a interferncia

    macroeconmica no desempenho das empresas nacionais estudadas; assegura -

    se a contribuio com reflexes sobre decises a serem tomadas, visando

    minimizar influncias ps-crises.

    1.6. Procedimentos Metodolgicos

    A coleta de dados feita no software Economtica, do site IPEAData, com

    os dados de fechamento das aes de empresas nacionais, de capital aberto.

    Estas informaes tm periodicidade mensal. A anlise Multivariada de Dados

    ser atravs do software estatstica, considerado como modelo de ltima gerao

  • 15

    no mercado, de nome STATISTICA, utilizado potencialmente nas universidades

    USP Universidade de So Paulo e FGV Fundao Getlio Vargas, sendo

    universidades de referncia nacional.

    A amostra de catorze empresas, com observaes mensais, no perodo

    de 1990 a 2006. As observaes so de outubro/2007.

    1.6.1. Regresso Mltipla

    Os modelos com regresso mltipla so aqueles com duas ou mais

    variveis independentes. (HAIR et. al, 2005). Pretende-se estudar a varivel

    macroeconmica impactando a varivel microeconmica.

    O ideal a observao de um menor nmero de variveis que mostrem o

    impacto do modelo.

    1.6.2. Anlise Fatorial

    A anlise fatorial uma tcnica particularmente adequada para analisar os

    padres de relaes complexas multidimensionais, usada pelas pessoas que se

    dedicam a pesquisas.

    A tcnica de anlise fatorial teve ampliao na rea financeira uma vez que

    traz subsdios para as investigaes e crescem na mesma velocidade que as

    pesquisas se desenvolvem. (HAIR et. al. 2005).

    O autor citado explica que, com alta intensidade de relacionamento, pode-

    se eliminar uma delas. Assim, ao generalizar os dados, pretende-se usar o menor

    nmero deles.

  • 16

    1.6.3. Anlise de Componentes Principais

    ACP - A Anlise de Componentes Principais um modelo fatorial cujos

    fatores so baseados na varincia total. Na matriz de correlao, afere-se 1,000

    na diagonal, de forma que toda varincia seja comum ou compartilhada. (HAIR et.

    al, 2005).

    A anlise de componentes principais escolhida pela sua aplicabilidade.

    Caso se verifique alta inter-relao, o fator ou constructo ser explicado. O

    objetivo desta tcnica compreender o inter-relacionamento entre as variveis

    originais.

    A crtica do trabalho ser obtida por meio do resumo dos dados. Para dar

    robustez ao modelo, ser aplicada a tcnica de regresso.

    1.7. Limitaes do Trabalho

    Este estudo no responder a todas as questes que permeiam as

    influncias macroeconmicas em empresas nacionais, entretanto estas respostas

    podero servir de referncia e/ou reflexes para futuros estudos.

    No referencial terico encontram-se conceitos, definies e estudos de

    diversos autores, com variados pontos de vista. Cada um dos autores citados faz

    seus estudos baseados em conhecimentos, pesquisas, anlises e trajetria

    profissional.

    Cabe lembrar que a diversidade de opinies sobre o mercado financeiro

    enriquece em alto nvel o pesquisador. Influncias governamentais, inovaes,

    interao entre empresas e governo, economias emergentes ou desenvolvidas, o

    nvel de sofisticao do mercado de capitais inserido no contexto e, necessidades

  • 17

    de investimentos em pesquisa fazem parte, mas no esgotam a anlise criteriosa

    a ser realizada nos modelos economticos obtidos.

    Markowitz (2002) defende que a diversificao de papis no portfolio de

    ativos reduz o risco, mas no o elimina, e ainda aumenta a expectativa de retorno

    (p2), e quanto varincia (s p2), a diversificao de papis minimiza a variao do

    retorno. Tambosi Filho (2004), com a mesma opinio, observa que investidores

    podem fazer previses financeiras cautelosas, que minimizem os riscos, desde

    que haja embasamento em modelos estatisticamente slidos.

    Com opinio adversa, Taleb (2007, p.16), considera que a proposio de

    Markowitz muito perigosa porque te leva a construir carteiras timas, e elas no

    so timas. Para o autor, comum o acontecimento de grandes eventos,

    confirma haver um encadeamento de boom e falncia. Taleb (2007) preocupa-se

    com os extremos e tem por objetivo tornar menor a decorrncia da volatilidade do

    mercado.

    Uma futura pesquisa poder dar indicativos sobre como conciliar as anlises

    tradicionais que decidem sobre aplicaes ou investimentos financeiros e o perfil

    ideal da pessoa que atue como financeiro de uma empresa, que exige grande

    potencial de deciso e ainda deve manter sob controle as incertezas futuras, como

    a volatilidade do mercado domstico e externo.

    1.8. Estrutura do Trabalho

    Este trabalho comea com a introduo e, posteriormente, encontram-se

    trs captulos. Segue a fundamentao terica e sua relevncia, alm de breve

    histria do Mercado Financeiro, com suas respectivas e tradicionais anlises:

    tcnica e fundamentalista. Acrescenta-se o impacto macroeconmico das crises

    no mercado acionrio; a seguir este impacto no contexto macroeconmico

    brasileiro. Neste item h um breve relato de alguns indicadores econmicos, alm

  • 18

    de relato sobre o comportamento da poltica monetria e, por fim, este impacto na

    atividade econmica das empresas nacionais de capital aberto. A seguir, inclui-se

    a anlise emprica, com a metodologia estudada, que o modelo de componentes

    principais, sendo verificada sua robustez com a anlise de regresso apresentam-

    se a concluso e consideraes encontradas aps a aplicao da metodologia.

    Devido grande quantidade de termos no nacionais, e expresses tpicas da

    rea da economia, ao trmino do trabalho, h o glossrio com as respectivas

    tradues tcnicas e as referncias bibliogrficas.

  • 19

    CAPTULO I

    1. FUNDAMENTAO TERICA

    As crises financeiras costumam ser agravadas por crises em pases

    vizinhos, porm o contgio s ocorre quando as economias destes pases esto

    vulnerveis para tal fenmeno. (Pinto et. al, 2005, p.2). Pondera -se que as crises

    podem ou no, ser acompanhadas por oscilaes no mercado de capitais. Nas

    situaes mais amenas, apenas observa-se interdependncia entre os fatos

    observados.

    1.1. Breve Histria do Mercado Financeiro

    O mercado financeiro tem sua origem no escambo gerado pela barganha

    entre os senhores possuidores de alguns bens, assim como na necessidade

    destes e de outros de bens distintos aos seus. Com o passar do tempo e a

    crescente necessidade destas trocas, so criados os pontos de encontro, onde as

    permutas passam a ser realizadas. Nem sempre as mercadorias ou os escravos

    comercializados tinham o mesmo valor. Surge a a necessidade de se auferir um

    crdito referente a esta diferena de valor.

    Algumas pessoas, ao adquirir estes crditos perceberam que seu acmulo

    traria no s maior poder nas trocas, como possibilidade de domnio sobre seus

    pares. Surge a moeda e conseqentemente a autoridade e propriedade. Esta

    autoridade, inicialmente imposta pela Igreja, cria imprios e dinastias, que passam

    a formular a composio das diversas reas da poltica monetria, econmica e

    financeira. Surgem os bancos, executores dos meios de pagamentos e sua

    regulamentao governamental.

    Para que o mercado financeiro exista, autores citados nas referncias

    bibliogrficas observam que os agentes superavitrios, assim como os agentes

    deficitrios criam a oferta e a procura de dinheiro. O ponto de encontro entre a

  • 20

    remunerao devida aos poupadores e a cobrana de juros aos tomadores de

    emprstimos indica este intercambio. Os ativos financeiros so comercializados e

    seus preos estabelecidos. Entretanto, esta atividade que forma o mercado

    financeiro possui regulamentao especfica e rigidamente controlada pelos

    Bancos Centrais.

    Em seus estudos, Pinheiro, (2001, p.21b), e Carvalho & Silva (2000, p.258),

    observam a revoluo tecnolgica ocorrida nos meios de comunicao no

    mercado de capitais, quando a burocracia escrita substituda por vrios recursos

    instantneos e automatizados. Nas Instituies Financeiras observamos a mesma

    complexidade, iniciada com o avano da rea tecnolgica, criando grande

    velocidade no fechamento de negcios via telefone e fax. Os negcios se

    intensificam com o auto-atendimento, possibilitados pela internet, celulares e

    terminais, em inmeros pontos harmonicamente distribudos.

    A seguir, acontece a fase de prosperidade (boom)5, que traz o pleno

    emprego e a plena produo. Neste mote acontece a parada do crescimento da

    renda nacional e do lucro. Os preos sobem, trazendo desorganizao no

    mercado financeiro e de capitais, contraindo a economia.

    Este tumulto financeiro mostra que os investimentos j no so atrativos, a

    renda nacional decresce e acontece novamente a depresso: quedas de produo

    aumentam o desemprego, restrio dos investimentos e alta liquidez bancria.

    Estas crises podem ser endgenas de superproduo, venda, crdito e

    especulao; e exgenas decorrentes de causas no-econmicas, como

    guerras, desastres naturais e epidemias.

    As Finanas Corporativas so embasadas por decises de investimento,

    financiamento e distribuio de dividendos, conforme os autores Gitman e Madura

    5 Perodo de grande expanso nas atividades econmicas. normalmente de carter especulativo, em especial em aes e ttulos. Estes momentos so seguidos de momentos de recesso ou ainda depresso.

  • 21

    (2003), Samanez (2007), e Assaf Neto (2003). Os autores consideram mrito da

    Governana Corporativa a correta aplicao de recursos no momento da tomada

    de deciso, pois envolve a escolha da melhor alternativa para a empresa, na

    busca da criao ou maximizao do valor a ser gerado ao acionista.

    A maioria dos autores, como Marcelino et. al, (2006); Cspedes et. al,

    (2005); ressaltam que pessoas tendem a auferir de prioridade aos papis de longo

    prazo, pois as mesmas, na sua maioria, so conservadoras e necessitam de

    investimentos que trazem segurana, como ativos imobilirios. Acrescentam que

    um recurso seguro ampara confortavelmente, o que no ocorre em recurso com

    risco.

    Outro panorama analisado por Tambosi Filho e Albuquerque (2004), ao

    observarem mudanas no mercado de aes, que j no se apresenta voltado

    apenas para pessoa jurdica, especialmente para as grandes corporaes e

    instituies financeiras. Percebe-se o aumento do interesse da pessoa fsica, que

    inicia a troca da poupana por ttulos imobilirios.

    O mercado de capitais, sob a viso de Pinheiro (2001), observado por

    investidores de todo o mundo, que ao aprofundarem-se sobre a bolsa de valores,

    percebem que podem realizar lucros. Isto ocorre mediante anlises praticadas

    com cuidado, de cunho fundamentalista ou tcnico. Para o autor, os que no so

    estudiosos continuam associando a bolsa de valores a jogos de azar, baseados

    em acontecimentos como o Crack americano de 1.929 ou s perdas resultantes

    de operaes em bolsa, ocorridas no Brasil em 1.971.

    1.2. Anlise Tcnica para Investimentos no Contexto Microeconmico

    Para que haja definies nas decises de investimentos, os autores

    estudados e citados na bibliografia consultada sugerem algumas hipteses,

  • 22

    como as perfeitas ponderaes dos agentes, a eficincia dos mercados futuros, e

    a no volatilidade do ndice Ibovespa6.

    A anlise tcnica ocorre quando o mercado incorpora completamente seu

    histrico, e projeta o futuro antecipadamente. Existem sintomas de repetio de

    eventos, porm a espcie mais fcil de informao que pode-se obter sobre uma

    ao que, consequentemente, gera menor retorno.

    Na anlise tcnica existe a necessidade de analisar o VPL Mtodo do

    Valor Presente Lquido; VAUE Mtodo do valor Anual Uniforme Equivalente;

    alm do Mtodo da Taxa Interna de Retorno TIR; Mtodo do ndice de

    Benefcio/Custo (IBC), Mtodo da Taxa de Retorno Contbil e Mtodo do Perodo

    de Recuperao do Investimento (PRI), conhecido tambm por pay-back, que

    aceita o emprego do mtodo usual ou ainda descontado. Estes mtodos sero

    explicados a seguir:

    a) Mtodo do Valor Presente Lquido - Este mtodo mede o valor dos fluxos

    de caixa de um projeto, trazidos para o valor presente. Esta metodologia

    torna-se um excelente critrio para que se possa auferir a viabilidade ou

    no de um investimento.

    Para que se entenda o resultado da anlise, deve -se analisar:

    6 Ibovespa ndice que mostra a variao das aes mais negociadas na Bolsa de Valores de So Paulo. o mais usado porque reflete o resultado do prego. IBX - ndice que espelha o comportamento das 100 aes mais negociadas na Bolsa de Valores de So Paulo (Bovespa). o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira terica de aes, constituda em 2/1/68, a part ir de uma aplicao hipottica. Sua finalidade bsica de servir como indicador mdio do comportamento do mercado. (FOMC) DEUTSCHER (2007).

    FOMC The 12-Member Open Market Committee of the Federal Reserve Board makes policy decisions that influence the health of the American economy. O comit federal do mercado aberto (FOMC) a corporao executante da poltica monetria do sistema de reserva federal, responsvel para a formulao de uma poltica monetria que visa o crescimento econmico, o emprego pleno, preos estveis, e um padro sustentvel para o comrcio internacional e de pagamentos do governo dos EUA Estados Unidos da Amrica e da agncia federal americana.

  • 23

    VPL > 0, o projeto apresenta viabilidade.

    VPL = 0, o projeto tem o valor pelo qual a proposta feita.

    VPL < 0, o projeto invivel.

    Como qualquer investimento, preciso que se observe o custo de capital

    estimado. A aplicabilidade do mecanismo torna interessante a proposta que

    exceda o padro de custo de capital estimado. Este custo mensurado com uma

    taxa de juro dada, representada em forma percentual e em qualquer unidade de

    tempo. Estas explicaes so encontradas detalhadamente em livros de

    graduao, como GITMAN, & MADURA (2003); SAMANEZ (2007), entre outros. O

    VPL representado por:

    n VPL = - I + ? FC t

    t=1 (1 + i)t

    onde,

    I = investimento inicial

    FCt = fluxo de caixa no t-simo perodo

    ? = smbolo que indica somatrio a soma dever ser realizada do momento 1 ao

    momento n.

    i = taxa de juro, custo do capital, TMA taxa mdia de atratividade ou ainda TO

    taxa de oportunidade. GITMAN, & MADURA (2003); SAMANEZ (2007)

    b) VAUE Mtodo do Valor Anual Uniforme Equivalente Esta

    metodologia incide em conseguir a srie uniforme anual equivalente ao fluxo de

    caixa dos projetos, comparados TMA Taxa Mdia de Atratividade.

  • 24

    Figura 2 VAUE

    Fonte: GITMAN Lawrence J. & MADURA Jeff (2003).

    Critrio de deciso:

    Se VAUE 0, o projeto deve ser aceito.

    Se VAUE < 0 rejeita-se o projeto.

    A grande vantagem deste mtodo que o horizonte do plano est traado,

    assim no imprescindvel que os fluxos de caixa dos investimentos sejam

    repetidos at um momento comum para poder aplicar o VAUE.

    A frmula para a apurao deste mtodo :

    PV anual = 1 - ( 1 + r ) n x montante aplicado r onde, n = nmero de perodos. r = taxa de interesse do perodo. PV = presente valor no momento zero.

    FV = futuro valor no tempo n = montante.

    c) TIR - Mtodo da Taxa Interna de Retorno Este mtodo tem como

    objetivo encontrar a taxa de rendimento. Por definio, TIR a taxa de retorno do

  • 25

    investimento, e matematicamente uma taxa com a finalidade de anular o VPL,

    ou seja, o valor de i* que satisfaz a seguinte equao:

    n VPL = - I + ? FCt = 0

    t=1 (1 + i*)t

    onde,

    I = investimento inicial

    FCt = fluxo de caixa no t-simo perodo

    ? = smbolo que indica somatrio a soma dever ser realizada do momento 1 ao

    momento n.

    i* = taxa de juro, custo do capital, TMA taxa mdia de atratividade ou ainda TO

    taxa de oportunidade.

    Supondo que o investimento A represente 20% da taxa de rentabilidade

    oferecida pelo mercado financeiro e o investimento B seja 10%, a taxa de retorno

    deste investimento observada por TIR (B-A) = 20-10 = 10%, conforme grficos a

    seguir:

    Figura 3 Representao da TIR Taxa Interna de Retorno.

    Fonte:GITMAN Lawrence J. & MADURA Jeff (2003).

  • 26

    a) Mtodo do ndice de Custo/ Benefcio (IBC) o ndice custo-benefcio

    IBC uma referncia que deriva da diviso do valor atualizado dos acrescimentos

    pelo valor atualizado dos custos do investimento. Caso o resultado desta diviso

    seja maior do que 1, h a indicao da viabilidade do projeto. O ndice pode ser

    encontrado com a aplicao da seguinte frmula:

    n bt ? _______

    t=0 (1 + K)t

    B/C = _______________________

    n ct ? _______

    t=0 (1 + K)t

    onde,

    B/C = ndice custo-benefcio

    ? = smbolo que indica somatrio a soma dever ser realizada do momento 0 ao

    momento n.

    K = custo do capital.

    bt = benefcios do perodo t

    ct = custos do perodo t

    n = perodo de planejamento.

    b) CAE - Mtodo do Custo Anual Equivalente Para alguns projetos de

    investimentos ou servio difcil a mensurao em valores monetrios, o que no

    ocorre com os custos. Assim, a forma mais adequada para esta anlise a

    ponderao dos custos anualizados e, posteriormente, deve-se fazer a escolha do

    menor custo.

    O custo anual equivalente significa o rateio do custo pela unidade de

    perodo. Deve-se ponderar, ainda, o custo de oportunidade e os custos

    operacionais, selecionando, conforme dito anteriormente, os menores custos.

  • 27

    Estas explicaes so encontradas detalhadamente em livros como GITMAN, &

    MADURA (2003); SAMANEZ (2007), entre outros.

    c) PRI - Mtodo do Perodo de Recuperao do Investimento7 A

    anlise econmica da proposta foi analisada do ponto de vista econmico

    comparando as estimativas de custos mensais de consumo e demanda do

    sistema atual com o projeto proposto. Estes custos so estimados atravs da

    aplicao das tarifas apresentadas nas propostas com a adoo do novo sistema,

    calcula-se o momento de retorno do investimento (PRI), conforme a equao

    abaixo:

    PRI = CUSTO/INVESTIMENTO ESTIMADO

    Economia Anual Estimada

    d) Pay-back Usual o tempo que se necessita para a recuperao de

    um investimento. Esta mensurao estima as quantidades de unidade de tempo

    que demanda, com base nos valores resultantes das entradas e sadas de caixa,

    para que o capital investido retorne para o investidor. Normalmente, esta medida

    feita em perodos anuais, entretanto, dependendo da atividade, o pay-back pode

    acontecer em perodos inferiores a um ano, como por exemplo alguns meses.

    Como exemplo, supe-se um investimento de R$ 100.000,00, e a

    estimativa de R$ 20.000,00 por perodo, de entradas de recursos (considera-se a

    resultante por perodo de todas as entradas e sadas de recursos). Assim, pode-se

    considerar que em 5 perodos acontea o retorno do investimento.

    d) Pay-back Descontado Semelhante ao exemplo anterior, o pay-back

    descontado considerado como um mtodo mais rigoroso, pois considera o valor 7 Este mtodo foi estudado em experimento na Universidade Federal de Santa Catarina RETROFIT DO SISTEMA DE ILUMINAO ARTIFICIAL NA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFSC, por ORDENES, Martin, LAMBERTS Roberto e FAGUNDES, Joo Carlos. 2005. Apresentado no ENCAD ELACAD 2005 Macei AL outubro/2005. Disponvel em arquivos/ publicacoes/ ENCAC05_1378_1386.pdf. Acesso em 20out.2007.

  • 28

    do dinheiro no tempo. Os resultados de caixa so atualizados por perodos de

    ocorrncia, a uma taxa de atratividade estimada, normalmente variando de 6 a

    15% ao ano. Cada resultado descapitalizado ao valor presente, e comparado

    com o investimento feito, at o momento em que os recursos aplicados retornem

    ao investidor. Atua lmente, o meio acadmico utiliza este mtodo, uma vez que as

    unidades monetrias sofrem reduo de seu valor com o passar do tempo.

    O objetivo da anlise financeira usar os demonstrativos contbeis, que

    do as indicaes de liquidez, rentabilidade, estrutura de capital, inclusive

    endividamento, e ciclo operacional, indicando se as taxas aplicadas agregam valor

    ou no.

    1.3. Anlise Fundamentalista para Investimentos no Contexto Microeconmico

    A anlise fundamentalista defendida por autores como Iudcibus e Marion

    (2000), que defendem a anlise minuciosa dos relatrios contbeis das empresas

    que abrem seu capital ao pblico. Nesta anlise possvel verificar o desempenho

    da empresa em questo, inclusive fazer um comparativo com a mdia setorial

    obtida pelas empresas do mesmo ramo de atividade. Ao obter esta anlise, ser

    possvel optar por boas alternativas de investimentos.

    Visando obter grandes resultados na aplicao dos ativos empresariais, os

    operadores observam o mercado interno e externo, e eventuais acontecimentos

    macroeconmicos que estejam de alguma forma interferindo nos resultados dos

    investimentos; alm das anlises que prevem os princpios bsicos de

    investimentos de capital (objetivo, prazo, volatilidade do investimento).

    O ponto principal, segundo os autores citados anteriormente, determinar o

    valor do ativo, e a seguir, o valor intrnseco, onde se avalia tanto o tangvel como a

    intangibilidade. Os analistas, para Iudcibus e Marion (2000), orientam que deve-

  • 29

    se levar em considerao os lucros e dividendos esperados dos resultados

    empresariais.

    Conforme os autores estudados, para que os resultados sejam positivos,

    percebe-se que h um conjunto agregado e estruturado de avaliao de aes e

    opes, que oferece subsdios para o direcionamento dos investimentos

    empresariais.

    Observa-se que o estudo dos fundamentos macro e microeconmicos serve

    para a tomada de deciso domstica ou ainda em investimentos internacionais,

    com alto grau de conhecimento estratgico, empresarial, financeiro e contbil para

    a realizao de negcios.

    1.4. A Relao das Variveis Macroeconmicas e o Mercado Acionrio

    Segundo informaes obtidas na BOVESPA, (2007), O ndice BOVESPA

    representa as variaes dos valores das aes e o resultado das distribuies de

    lucros. O ndice Bovespa um respeitvel indicador de performance das cotaes

    de mercado das melhores aes de empresas nacionais.

    Mensalmente, divulga-se a resultante da performance das aes que fazem

    parte do ndice IBOVESPA. Nos grficos representados a seguir, h a

    abrangncia da volatilidade apresentada pelas aes, pertencentes ao

    IBOVESPA, desde janeiro de 1968, at janeiro de 2007.

    No eixo X, consideram-se as datas e no eixo Y, consideram-se o nmero de

    pontos das aes. As quedas ocorridas, como se pode observar, esto

    correlacionadas a eventos econmicos.

  • 30

    Grfico 1 Desempenho Mensal das Aes BOVESPA 1968/2007

    0

    10.000

    20.000

    30.000

    40.000

    50.000

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    IBOVESPA MENSAL CORRIGIDO PELO IGP-DI Grfico Elaborado por Vnia Lcia Lopes de Souza, da Bovespa

    GTM/SAM em 16/10/2007

    Fonte: BOVESPA, setembro/07. Os dados foram coletados mensalmente, mas representados na periodicidade anual.

    Pode-se analisar neste grfico que o ndice Ibovespa, apesar das quedas

    aos longos dos anos, vem aumentando continuamente. Este aumento que atrai

    os investidores na busca de maior rentabilidade aos seus investimentos.

  • 31

    Grfico 2 Desempenho Mensal das Aes BOVESPA, com crises macroeconmicas 1968/2007

    CASO NAHAS

    GOVERNO MDICI

    CRISE DO PETRLEO

    MILAGRE ECONMICO

    PLANO CRUZADO

    AROVAO LEI GERAL DE TELECOMUNICA ES

    MELHORA DO DESEMPENHO DOS

    AGREGADOS MACROECONMICOS E

    REDUO DE TAXAS (JUROS E COMPULSRIO)

    GOVERNO FIGUEIREDO

    CRISE ASITICA

    PLANO REAL

    CRISE MXICO

    CRISE RUSSA

    DESVALROIZA O DO REAL

    GUERRA IRAQUE

    ATAQUE TERRORISTA

    EUA

    REDUO NO RISCO BRASIL

    MELHORA NO CENRIO ECNOMICO

    NOVA CRISE

    ARGENTINA

    ELEIES NO BRASIL

    PROBLEMAS CONTABEIS EM CORPORAES

    AMERICANAS

    VOLATILIDADE MUNDIAL, FED

    ALTA DE JUROS

    0

    10.000

    20.000

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    FRACASSO PLANO

    BRESSER

    IBOVESPA MENSAL CORRIGIDO PELO IGP-DIGrfico Elaborado por Vnia Lcia Lopes de Souza, da Bovespa GTM/SAM

    em 16/10/2007

    Fonte: BOVESPA, setembro/07 Os dados foram coletados mensalmente, mas representados na periodicidade anual.

    Retrospectivamente, a transformao econmica intensa. O perodo

    keynesiano, at os anos 1970, procurou a moderao entre o econmico, o social

    e o elementar. Nos anos 1980, com o governo Reagan nos EUA e Margareth

    Thatcher na Inglaterra, o igualitrio d espao aos resultados econmicos e

    financeiros. Na dcada de 1990, com o IDH do PNUD8, uma nova reviravolta com

    a constatao de que a economia deve servir o bem-estar humano, e no o

    contrrio. A partir da desenvolvem-se metodologias que avaliam o trabalho

    8 O Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento tem como mandato central o combate pobreza. O PNUD uma instituio multilateral e uma rede global presente hoje em 166 pases, pois est consciente de que nenhuma nao pode gerir sozinha a crescente agenda de temas do desenvolvimento. Acesso: 18out.2007. :http://www.pnud.org.br/pnud/.

  • 32

    voluntrio, o trabalho no remunerado domstico, a destruio ou proteo do

    meio ambiente, o sentimento de insegurana gerada nos processos produtivos e

    assim por diante, a dilapidao dos recursos no renovveis - at o Banco

    Mundial, World Development Indicators, (2003).

    Na dcada de 90, h uma srie de crises no mundo que desencadeiam

    considervel queda no ndice Ibovespa: Crise Asitica, Mexicana, Argentina e

    Russa. Essas crises afetam diretamente o cenrio nacional.

    Depois dessas crises, h o ataque terrorista aos Estados Unidos. Logo

    aps essa poca de baixas nos ndices de rentabilidade, entre 2000 e 2001, h

    uma melhora do desempenho dos agregados macroeconmicos e reduo na

    taxa de juros e de depsito compulsrio. Assim, aps vrios momentos de crise no

    mercado de aes, o Brasil comea a ganhar o mercado internacional, o risco pas

    diminui e consequentemente acontece a diminuio na taxa de juros do pas com

    maior confiabilidade dos investidores externos.

    Aps esse perodo de alta, houve uma grande queda do ndice provinda de

    uma nova crise na Argentina e posteriormente, guerra no Iraque. Tambm em

    (2002) acontecem as novas eleies para presidente no Brasil. Luiz Incio Lula da

    Silva eleito como presidente e, devido sua formao e procedncia, os analistas

    nacionais e internacionais temiam que ele no conseguisse equilibrar o pas.

    O leque de metodologias, a sua sofisticao e confiabilidade esto se

    tornando bastante importantes. Pela primeira vez, comea-se a ter instrumentos

    que podem ser disponibilizados, e que devero permitir ao cidado saber se o que

    est sendo realizado corresponde s suas opes econmicas, sociais e

    ambientais.

    Crise (Do Latim, crise)...fase difcil, grave, na evoluo das coisas, dos fatos, das idias, perodo de crise. (FERREIRA, 1999, p.402). O contgio pode ser definido como o fato econmico relacionado transmisso do comportamento de algumas variveis

  • 33

    econmicas e financeiras de um pas para outro, aps um certo pas ter sofrido um choque adverso. (GUIDUGLI, 2005, p.31).

    A explicao convencional das crises financeiras foi extrada da

    experincia latino-americana dos anos 80 ou seja, de crises originadas pela

    insolvncia de devedores soberanos. As crises so compreendidas como fruto da

    deteriorao de fundamentos macroeconmicos: ampliao dos dficits pblicos e

    externos, supervalorizao da taxa real de cmbio, baixa poupana privada,

    inflao alta, baixas reservas cambiais, e assim por diante. (AGLIETTA, 1998).

    H registros de diversas turbulncias econmico-financeiras, em mbito

    mundial, que modificam a atuao das corporaes, seus resultados e valores.

    Entretanto, estas ocorrncias originam-se em mudanas traadas por Bolsas de

    Valores, PIB (Produto Interno Bruto), FMI, Copom, FED (Federal Reserve Bank),

    SELIC, CDI (Certificado de Depsito Interbancrio), entre outras.

    Nunes et. al, (2005), elaboram um estudo detalhado sobre a influncia

    econmica, observam que diversas analises consideram a relao de diferentes

    variveis macroeconmicas relevantes em conjunto ao custo dos ativos, como

    nvel de atividade econmica, taxa de juros e taxa de cmbio. Em termos tericos

    pode-se destacar os trabalhos de Blanchard (1990), Hansen e Singleton (1983),

    entre outros. Blanchard (1990) considerou a semelhana entre os preos dos

    ativos e a atividade econmica, almejando caracterizar a influncia mtua entre as

    variveis e constatar a hiptese conjugada sobre as possveis adulteraes nas

    polticas fiscal e monetria.

    Para os mercados financeiros, o desenvolvimento tecnolgico das

    comunicaes transformou as bolsas de valores em grandes mercados

    internacionais, que operam com maior rapidez e celeridade em seus mecanismos.

    (PINHEIRO, 2001).

  • 34

    Cysne (1998), ao estudar a influncia da poltica americana em 1981, de

    combate inflao, observou o aumento da taxa de juros, e em 1985 a

    valorizao do dlar. Analisou ainda a onda de crescimento de 1990 at junho de

    1999, baseada em tecnologia de ponta, que terminou com o aumento da taxa

    bsica de juros americanos. Este aumento repetiu-se por seis vezes, mantendo-se

    at dezembro de 2000, momento em que a economia e a produtividade

    encontravam-se em queda e o ndice de desemprego crescente. Neste momento

    o FED (The Federal Reserve Bank) reduz a taxa bsica de juros, estimulando a

    economia e evitando a recesso. (CYSNE 1998, p.51).

    Nunes et al, (2005), em seu artigo observam que, ao analisarem a reao

    da poltica monetria americana, relacionando com as variaes no mercado

    acionrio, entre 1985 e 2000, h interferncia significante nas taxas de juros e nas

    movimentaes financeiras de curto prazo. Esta anlise harmnica como

    resultado nas oscilaes dos valores dos ativos sobre a demanda agregada,

    indicando, assim, que os policymakers9 esto reagindo s mudanas no mercado

    para impedir possveis conflitos negativos sobre oscilaes econmicas.

    Observa-se que quando se tem um juro elevado e uma expectativa de

    valorizao inferior ao diferencial de juros interno e externo existe um afluxo de

    capitais para o pas, (CYSNE, 1998, p.33). A relao entre taxa de cmbio e

    preo dos ativos destaque nos trabalhos de Nunes et al.(2005). Encontraram

    uma relao causal unidirecional dos retornos dos ativos da taxa de cmbio para

    as economias desenvolvidas. No segundo, os autores verificaram que os

    excessos dos retornos em termos reais refletem as variaes nos termos de troca

    real, bem como variaes reais da taxa de cmbio induzidas por fatores

    macroeconmicos na Alemanha, EUA e Japo.

    9 * policymakers formuladores de poltica pblica. Exemplo: Direcionado aos "policymakers" - os fazedores de polticas pblicas-, o sumrio apresenta evidncias dos impactos fsicos (os mais ntidos), biolgicos (os mais bem-documentados) e sociais (os mais controversos) causados pelo aquecimento global. Jornal Folha de So Paulo, Relatrio prev crise de gua e alimento So Paulo, sexta-feira, 06abril.2007. So Paulo Cincia.

  • 35

    Garcia, (2003), ao analisar a poltica americana, pondera:

    ...a estagflao (estagnao com inflao) dos anos 70 ensinou aos macroeconomistas e aos gestores das economias os limites do ativismo monetrio. Para o autor, desde que Paul Volcker (o predecessor de Alan Greenspan) apagou o princpio de incndio inflacionrio na virada dos oitentas, a poltica monetria dos EUA tem se guiado para a suavizao do ciclo econmico sem colocar em risco o controle inflacionrio. A alternativa (trade-off) enfrentada pelos bancos centrais no entre inflao e crescimento, como na antiga literatura da Curva de Phillips, mas entre a variabilidade da inflao e a variabilidade do crescimento. (GARCIA, 2003, p.1).

    Para o autor citado, o que a poltica monetria pode fazer suavizar o ciclo

    econmico, tornando menos profundas as recesses, mas no se pode aumentar

    o crescimento de longo prazo. certo, para o autor, que uma poltica monetria

    irresponsavelmente frouxa (juros reais excessivamente baixos) pode gerar grande

    instabilidade inflacionria, impedindo o pas de atingir sua taxa (mxima) de

    crescimento de longo prazo.

    Assim, a poltica monetria pode prejudicar o crescimento econmico, mas

    no pode fazer com que a economia cresa alm de seu potencial, pois depende

    de fatores fundamentais, fora do controle da poltica monetria. Quanto a este

    aspecto, o autor citado observa que no h diferena entre a economia brasileira e

    a economia dos EUA.

    Guidugli, (2005, p.32) ao estudar sobre o contgio transmitido de um pas

    para outro, cita que a tese de Forbes e Rigobon (1999), para a investigao

    emprica sobre contgio calcular a correlao entre os retornos dos ativos dos

    pases envolvidos no perodo de crise e no de tranqilidade e verificar se ocorreu

    um aumento significativo da relao. A mesma opinio tem Studart (1997), ao

    observar que os atuais eventos mundiais interferem nas economias nacionais. O

    autor ressalta que h interdependncia entre renda, comrcio e fluxos de capital

    entre os Estados, assim como as polticas governamentais perderam graus de

    liberdade.

  • 36

    1.5. A Relao do Mercado Acionrio no Contexto Macroeconmico Brasileiro

    Saes e Campos, (2005), estudam sobre a economia nacional, no perodo

    compreendido entre o golpe militar de 1964 e o governo Lula. Os autores

    lembram as propostas de desenvolvimento traadas por Juscelino Kubitscheck, e

    aquelas erguidas pelos militares, cujos efeitos induziram dependncia brasileira,

    implicando em quatro dcadas de conteno ao financiamento da economia

    brasileira.

    Na dcada de 1970 para 1980, quando da deficincia nos financiamentos

    do Estado, houve aumento de dvida pblica e da inflao, resultando em escasso

    desenvolvimento nacional em comparao ao contexto internacional. A economia

    procurava fixar-se como industrializada, mas na poltica havia a preciso de

    incluso do dinheiro das populaes para manter o Estado. O governo de Getlio

    Vargas cria o projeto de desenvolvimento nacional, e Juscelino Kubitschek prev

    o crescimento com maior internacionalizao.

    Na procura de incremento econmico, livre de sua forma (nacionalista ou

    por abertura de mercados), os governantes contaram com a habilidade do Estado

    em financiar tais planos. Em algumas ocasies, entre 1930 a 1980, para que o

    crescimento no descontinuasse, houve maior entrada de dinheiro investido ou

    ainda por emprstimos do exterior.

    Em 1959 o caf deixa de ser o produto economicamente mais importante,

    alm da quebra de acordos poltico-financeiros com o FMI Fundo Monetrio

    Nacional, e o Banco Mundial. Mas, na expectativa de expanso interna, continua

    a obra de construo de Braslia e a Operao Nordeste 10. O pas cresce seu

    10 Operao Nordeste - A Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste, criada pela Lei no 3.692, de 15 de dezembro de 1959, foi uma forma de interveno do Estado no Nordeste, com o objetivo de promover e coordenar o desenvolvimento da regio. Sua instituio envolveu a definio do espao que seria

  • 37

    endividamento, diminui o poder de compra da populao e h um aumento

    incontrolvel nos nveis inflacionrios.

    Para Saes e Campos, (2005), o ano de 1960 o perodo de maior

    endividamento nacional, com aumento de processos sociais e grande capacidade

    de o governo buscar recursos internacionais.

    Entre 1964 a 1966 h a reforma fiscal e financeira, no governo de Castelo

    Branco (que governa de 64 a 67), com superao nos avanos at ento

    estagnados. As melhoras foram nas condies de pagamento da dvida pblica, e

    em alguns servios pblicos. Saes (2005), apud Alesina et. al, (1998), cita a

    energia eltrica, e expanso de emprstimos para consumidores, alm de

    incentivos para as empresas exportadoras.

    De abril de 1967 a agosto de 1969, Costa e Silva, ento presidente, foi

    afastado por doena, sendo substitudo pela Junta Militar, por Emlio Mdici.

    Tancredo Neves eleito Presidente em 15/03/1985, com uma vitria que

    trouxe muita esperana ao povo, pois era antagnico ao regime autoritrio vigente

    at ento. s vsperas de sua posse, problemas de sade o afastam da poltica,

    vindo a falecer. substitudo por Jos Sarney, e em 22/04/1985 o substituto

    assume o cargo oficialmente, at 1990. Seu governo marcado por um clima de

    livre-arbtrio popular.

    compreendido como Nordeste e passaria a ser objeto da ao governamental: os estados do Maranho, Piau, Cear, Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais (SUDENE). Esse conjunto, equivalente a 18,4% do territrio nacional, abrigava, em 1980, cerca de 35 milhes de habitantes, o que correspondia a 30% da populao brasileira. De 1959 a 1964, Celso Furtado. foi responsvel pela estratgia de atuao do rgo, definida a partir do diagnstico apresentado em seu livro A operao Nordeste, de 1959. Disponvel em < http://www.cpdoc.fgv.br/nav_jk/htm/ O_Brasil_de_JK/A_criacao_da_Sudene.asp>. Acesso em 28out.2007.

  • 38

    Plano Cruzado - 01/ 03/ 1986 Lanado um plano econmico em 28 de

    fevereiro de 1986 no governo do presidente Jos Sarney, com a participao do

    ministro da fazenda Dlson Funaro e demais economistas dentre eles: Joo

    Sayad, Edmar Bacha e Prsio Arida.

    O plano muda a moeda anterior adotada no Brasil de Cruzeiro para

    Cruzado e posteriormente para Cruzado Novo , congela-se os preos e salrios,

    cria-se o gatilho salarial e o seguro-desemprego. Houve apoio popular, pois o

    objetivo era impedir a continuidade da inflao, o que no ocorreu. Ao mudar de

    Cruzeiro para Cruzado, h diviso do valor de face por 1000, fazendo com que

    Cr$ 1.000,00 = Cz$ 1,00; h a suspenso da correo monetria, pois cria-se a

    inflao e especulao, alm do congelamento de preos pelo prazo de um ano.

    H antecipao dos reajustes salariais, e correo automtica dos salrios,

    sempre que a inflao ultrapassasse 20%.

    Plano Cruzado II - 21/11/1986 - O PMDB, Partido do Movimento

    Democrtico Brasileiro, partido de apoio ao governo conquistou a simpatia

    popular. Entretanto, volta inflao, que desorganiza a economia. Em 21 de

    novembro de 1986, lana-se o "Plano Cruzado II". Os preos de produtos e

    servios so liberados, os dispndios que servem de base para clculo da

    inflao se baseiam em famlias com renda de at cinco salrios mnimos, ficam

    abertas as negociaes de reajustes de aluguis entre locador e locatrio.

    Crescem os impostos sobre bebidas e cigarros. Importa-se mais e exporta -se

    menos. Consumem-se as reservas cambiais. Sem sucesso, o Plano Cruzado II

    tambm teve grande aumento inflacionrio. O Brasil suspende a liquidao da

    divida externa em 20 de janeiro de 1987. Dlson Funaro, Ministro da Fazenda,

    substitudo por Luiz Carlos Bresser Pereira. Disponvel em:

    . Acesso em 24.out.2007.

    Plano Bresser 16/ 06/ 1987 - Institudo pelo Ministro da Fazenda, Luiz

    Carlos Bresser Pereira , objetivou substituir o Plano Cruzado, que no logrou xito,

  • 39

    pois no conseguiu estancar a inflao. Assim que Bresser Pereira assumiu o

    ministrio, o ndice de inflao atingiu 23,26%. Detectou-se que as despesas

    pblicas, maiores que a arrecadao, indicavam as correes a serem feitas. O

    Plano Bresser decretou congelamento de preos, aluguis e salrios por 60 dias.

    Com relao ao dficit pblico, aumentaram-se tributos, adiaram-se obras e

    cancelou--se o gatilho salarial. Bresser Pereira retoma as negociaes com o FMI.

    Mesmo assim, a inflao continua crescendo.

    06/ 01/ 1988 Bresser Pereira substitudo por Malson da Nbrega. Este

    prope medidas amenas, com ajustes localizados, que no evitaram as altas

    taxas de inflao. Em 1988 a inflao chega a 933%. O governo sente-se forado

    a lanar mais um plano econmico.

    Plano Vero Cruzado Novo -16/ 01/ 1989 - O presidente brasileiro ainda

    Jos Sarney, e o Ministro da Fazenda, Mailson da Nbrega. Editam uma lei que

    altera a capitalizao nos depsitos em poupana, h o congelamento dos preos

    e salrios, o fim da correo monetria, e a cria-se uma moeda, o Cruzado Novo.

    As perdas nos investimentos de poupana atingem quase 21% em 1989. Tambm

    h o corte de trs zeros, onde R$ 1.000,00 cruzado passa a ser R$ 1,00 cruzado

    novo. outra iniciativa catastrfica, e no ms de dezembro a inflao chega a

    mais de 53%. Considerando fevereiro de 1989 a fevereiro de 1990, a inflao

    atinge 2.751%. Wikipdia (2007).

    Naji Nahas -1989 - De origem libanesa instala -se no Brasil, na dcada de

    70. Faz parte de vrias empresas, com atividades diferenciadas : fbricas,

    agropecuria, instituies financeiras, seguradoras, etc. Em 1989, indiciado

    como suspeito por ter quebrado a bolsa de valores do Rio de Janeiro.

    A acusao de Naji Nahas foi que ao emprestar recursos em bancos

    aplicava em bolsa de valores, algumas vezes em nome de outras pessoas.

    Quando as instituies financeiras perceberam o risco devido a compra de grande

  • 40

    quantidade de aes, cessaram os emprstimos, o que gerou a retrao na bolsa

    de valores do Rio de Janeiro.

    A estratgia do empresrio era constituda na compra de aes em D+1

    em linguagem bancria, compra-se no dia para pagar no dia seguinte; e a venda

    sempre ocorria antes do pagamento. Vrios investidores tinham este

    procedimento. Todos os processos judiciais, referentes compra e venda de

    aes de Naji Nahas, o inocentaram. O empresrio teve como testemunhas nos

    processos, economistas como Delfim Neto e Mario Henrique Simonsen, que

    explicaram, em juzo, a movimentao da bolsa de valores.

    Plano Collor -15/ 03/ 1990 - Fernando Collor de Mello, eleito por voto

    direto, escolhido dentro das normas da Constituio de 1988, ex-governador de

    Alagoas promete a moralizao da poltica e o fim da inflao.

    Objetivando a eficincia e competitividade nacional, Fernando Collor de

    Mello prope eliminar a burocracia na poltica econmica e a abertura da

    economia, como a facilitao na entrada de mercadorias e capitais de outros

    pases. Com o intuito de equilibrar as contas internas instaura um confisco

    monetrio, congelamento temporrio de preos e salrios, e nova forma de

    clculo de correo monetria. As mudanas so bem aceitas, principalmente

    porque h uma reduo da mquina estatal.

    1991 - H aumento da recesso e a inflao no eliminada. Notcias de

    corrupo incluindo vrios funcionrios do governo, de todos os escales, so

    divulgadas, inclusive com favorecimento de governantes a familiares. 25/ 04/ 1992

    Pedro Collor - A imprensa, consegue declaraes do irmo do presidente,

    Pedro Collor, que explica sobre o trfico de influncia e irregularidades financeiras

    arranjadas por Paulo Csar Farias, amigo do presidente, Fernando Collor. 26/ 05/

    1992 CPI Comisso Parlamentar de Inqurito O Congresso cria a CPI para

    aquilatar as irregularidades. Entre outras, h a confirmao de depsitos que as

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    empresas de Paulo Csar Farias faziam regularmente em contas irregulares.

    Estas declaraes atingiram diretamente o Presidente. 29/ 12/ 1992

    Impeachment11.

    Plano Real 01/ 07/ 1994 - A sucesso feita por Itamar Franco, que

    divulga um plano de estabilizao economica, criado pela equipe de Fernando

    Henrique Cardoso, ento Ministro da Fazenda. O objetivo do plano era, mais uma

    vez, controlar a inflao. Inicialmente o nome dado ao Plano Real era Plano

    Bacha, homenagem ao idelizador Edmar Bacha, da equipe econmica. Foi um

    plano de longo prazo, dando fim a trs dcadas de inflao galopante, e a

    principal conquista foi a nova moeda, o Real, que passa a vigorar em 01/ 07/

    1994. O governo preocupa-se com o volume de arrecadao, insuficiente para

    cobrir os gastos pblicos. Conforme exposto anteriormente, em 1990 esta

    preocupao j contemplada pelo Presidente eleito, Fernado Collor de Mello.

    Com a finalidade da reduo deste deficit, adota-se um ajuste fiscal, com

    reduo nos gastos pblicos, reunido a aumento de impostos. Cria-se a URV

    Unidade Real de Valor, que passa a indexar os preos diariamente. O intuito

    excluir a memria inflacionria existente. Outras medidas so adotadas, como

    reduo da atividade econmica interna, aumento da taxa bsica de juros e

    aumento dos depsitos compulsrios.

    A princpio, observa-se consequncias positivas, pois h controle da

    inflao e ndices crescentes de investimentos econmicos. Entretanto, uma

    persistente inflao residual se mantm: a inflao acumulada no Brasil nos

    onze primeiros anos do plano atingiu 165%, segundo pesquisa divulgada

    pela FIPE (Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas, atravs do IPC -

    ndice de Preos ao Consumidor). Observa-se tambm que o resultado do

    11 Impeachment - O Presidente foi afastado do cargo por solicitao do Parlamento, perdendo direitos

    polticos por oito anos. A procuradoria Geral da Repblica o denuncia por corrupo e formao de quadrilha.

    Disponvel em: < http://elogica.br.inter.net/crdubeux/ hmello.html. Acesso: 26out.2007.

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    ajuste fiscal, que combina contas das polticas pblicas com controle de inflao

    no longo prazo foi restrito.

    Posse de Fernando Henrique Cardoso - 01/ 01/ 1995 Em maro deste

    ano, na tentativa de conter a crise gerada pelo dficit pblico, adota-se a

    desvalorizao do Real em 5%, e vrias medidas de austeridade fiscal e

    monetria. Alm disso, eleva-se alquotas de importao de vrios produtos

    considerados no essenciais.

    A inflao controlada pelo Plano Real, apresentando ndice de inflao

    anual com apenas um dgito. Conforme informaes do IPC-FIPE, em 1993 a

    inflao de 2.490,99%; h deflao em 1998 e inflao de 8,64% em 1999. O

    Banco Central, entre 1994 a 1997, opera como agente de emprstimos de

    recursos financeiros s necessidades do sistema bancrio. Estes emprstimos

    aumentam a base monetria nacional. SIMONETTO e TRICHES (2006).

    Com a estabilizao termina o imposto inflacionrio, o que reflete em

    melhoria de renda para as camadas mais pobres. H inclusive maior planejamento

    para a alocao de recursos a longo prazo.

    Cria-se forte abertura comercial, o que faz com que os produtos nacionais,

    para serem vendidos, passem a fazer concorrncia com os produtos importados.

    Entretanto, o governo aceita passivamente as leis protecionistas dos pases

    desenvolvidos. Busca-se a entrada de capital internacional, que mesmo

    especulativo, cria reservas internas.

    A abertura comercial traz muitos produtos importados para o pas, o que

    acarreta falncias e demisses. Para atrair capitais externos, as taxas de juros

    reais aumentam significativamente. Em momentos de crise, as taxas de juros

    aumentam ainda mais.

    O Brasil empresta R$ 40 bilhes do FMI 1998 Fundo Monetrio

    Internacional, objetivando quitar suas dvidas com os investidos estrangeiros.

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    Eram valores aplicados em ttulos de dvida pblica, atrelados a taxa de juros

    SELIC Sistema Especial de Liquidao e Custdia. Neste ano a taxa SELIC

    atinge 45%. Neste ano assinado um acordo com o FMI, com vrias exigncias a

    serem realizadas.

    Fernando Henrique Cardoso Reeleito - 1999 Acontece a

    desvalorizao do Real em comparao ao dlar e h incentivo na entrada de