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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL
INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO COMPORTAMENTO E ORIENTAÇÃO DE
SEGURANÇA EM BENEFÍCIO DA PERENIDADE EMPRESARIAL
RAFAEL CAIXETA MORAES DE FREITAS
Rio de Janeiro - 2018
DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E EMPRESAS
RAFAEL CAIXETA MORAES DE FREITAS
INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS
NO COMPORTAMENTO E ORIENTAÇÃO DE SEGURANÇA
EM BENEFÍCIO DA PERENIDADE EMPRESARIAL
Rio de Janeiro – RJ 2018
RAFAEL CAIXETA MORAES DE FREITAS
INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO COMPORTAMENTO E ORIENTAÇÃO DE SEGURANÇA
EM BENEFÍCIO DA PERENIDADE EMPRESARIAL
Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão Empresarial. Orientador: Prof. Dr. Marco Tulio Zanini
Rio de Janeiro – RJ 2018
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas/FGV
Freitas, Rafael Caixeta Moraes de Influência de fatores organizacionais no comportamento e orientação de segurança em benefício da perenidade empresarial / Rafael Caixeta Moraes de Freitas. – 2018. 92 f.
Dissertação (mestrado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa.
Orientador: Marco Tulio Zanini. Inclui bibliografia. 1. Liderança transformacional. 2. Motivação no trabalho.3. Comportamento
organizacional. I. Zanini, Marco Túlio Fundão. II. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. III. Título.
CDD – 658.4092
Dedicatória, A meus pais, que me ensinaram a ser perseverante, dedicado e batalhador, pois sem eles eu jamais teria chegado até aqui. A minha companheira que sempre esteve ao meu lado com muita paciência me apoiando.
AGRADECIMENTOS
Um trabalho como este, representa o término de uma etapa de vida, foram
pouco menos de 2 anos carregados de muita história, e dessa história muita gente
fez parte. Difícil agradecer a todos, seja porque ajudaram, seja porque influenciaram
com a parte que lhes cabe na construção de nossas obra. Porém, alguns devemos
mencionar :
A Deus, pela força, fé, saúde e resiliência para que pudesse superar todos
obstáculos e dificuldades;
Ao Prof. Dr. Marco Túlio Zanini, orientador, que com muita confiança e de
forma intangível acreditou e apoiou no desenvolvimento deste trabalho,
proporcionando direcionamento e assistência para a elaboração desta dissertação.
A minha família, que sempre me apoiou nas decisões e auxiliou nas demais
atividades cotidianas extra classe para que pudesse me dedicar a conclusão do
curso. Em especial a meu pai, pelo exemplo, pelo carinho e confiança com que
sempre me incentivou, e minha mãe, por me ensinar a ser feliz e fazer feliz.
Aos meus irmãos, Fabíola, Rogério e Renata, que mesmo estando longe
fisicamente, sempre estiveram próximos em pensamentos e ligações,
proporcionando momentos lúdicos no meio da tríade: mestrado, trabalho e família.
A Tatiana Crivelli, com inteligência e compreensão, apoiou nesse importante
momento, garantindo tranqüilidade para que pudesse me dedicar ao curso;
A todos os funcionários e professores da FGV Ebape, que com sabedoria
souberam conduzir com maestria o curso, compartilhando conhecimento e
contribuindo para pensamento crítico e desenvolvimento dos mestrandos;
Aos professores Doutores da banca examinadora, José Mauro e Fernando
Filardi, pela colaboração, críticas para meu desenvolvimento e aprimoramento desta
pesquisa.
A Rômulo Borges, meu Presidente que dentro das possibilidades me
proporcionou condições para que pudesse cursar e desenvolver um bom trabalho.
Aos amigos do MEX 2017, pelos momentos ímpares, amizade e aprendizados
trocados durante o curso, realmente foi Intensivo - vão deixar saudades.
E em especial (não por último) a Juliana Carvalho, que com seu jeito único,
competência e paciência, foi fundamental na construção desse trabalho.
A todos, o meu sincero Muito Obrigado.
[...] Deve-se considerar que não há nada mais difícil de planejar, nem de êxito mais duvidoso, nem mais perigoso, do que lidar com o estabelecimento de um novo sistema. O inovador terá por inimigos todos aqueles a quem o antigo sistema beneficiava e terá tímidos defensores nos que forem beneficiados pelo novo estado de coisas. Esta fraqueza decorre em parte do medo dos adversários, em parte da incredulidade dos homens, que não acreditam na verdade das coisas novas senão depois de uma firme experiência.
NiccoloMachiavelliOPríncipe
RESUMO
Objetivo: o presente estudo pretende avaliar a influência dos fatores
organizacionais: liderança transformacional, confiança no líder e distância de poder,
no comportamento e orientação de segurança nas empresas.
Metodologia: este trabalho utilizou o método quantitativo, no intuito de entender a
relação das variáveis propostas. Para isso usou métodos estatísticos com
tratamento de dados obtidos pelos questionários. O desenvolvimento do
questionário foi realizado baseando-se no levantamento de outros estudos e artigos
relevantes e publicados pelas principais revistas. Foi utilizado a escala de Likert de 5
pontos para avaliar as questões propostas. A técnica de amostragem não aleatória
por conveniência desse estudo consiste em 196 profissionais que trabalham no
mínimo a um ano em empresas nacionais de médio e grande porte e que possuem
política ou sistema de gestão de segurança implementado a mais de quatro anos.
Resultados: os resultados sugerem que uma liderança transformacional
estabelecida com forte laços de confiança e com baixa distância de poder, resultam
em orientação e comportamento efetivo para a segurança organizacional. Podendo
afirmar que elo positivo formado por essa tríade seja mais consistente que somente
normatizações ou que culturas organizacionais.
Limitações: informação coletadas sobre as variáveis pesquisadas foram obtidas
através dos próprios funcionários, onde é possível haver algum nível de variação de
entendimento do questionamento e também no nível de percepção do trabalhador,
em função da experiência vivida sobre cada um dos fatores mensurados. Outra
limitação é que pessoas com atitudes mais positivas relaciona as ações de forma
mais positivas do que realmente são, e o mesmo ocorre com pessoas com atitudes
mais negativas. Estudos de percepção e auto-avaliação estão sujeitos a vieses
corroborando com a limitação da pesquisa.
Aplicabilidade do trabalho: a partir desses resultados, os líderes e gestores,
possam assegurar os processos, normas e cultura de segurança através do
fortalecimentos dos elos de confiança, estabelecidos através de uma liderança
transformacional com baixa distância de poder.
Contribuições para a sociedade: com os resultado deste trabalho, o fator humano
(pessoas) poder ser melhor gerenciado numa relação mais próxima entre líder e
liderado (baixa distância de poder) e através do estabelecimento de confiança, com
engajamento do líder transformacional. Um alerta para os gestores sobre o quanto a
gestão de segurança organizacional é estratégico para as organizações que querem
sobreviver em mercados de competitividade global, que demandam das empresas a
necessidade de serem mais eficientes, de buscar altos índices de produtividade,
entendendo que segurança é um bom negócio, que representa oportunidades,
minimiza perdas e riscos e garante a perenidade das pessoas e organizações
Originalidade: este é um dos poucos estudos que testam através do experimento
os efeitos positivos da confiança na segurança organizacional, e utilizando da
distância de poder como variável moderadora na variável liderança transformacional
voltado para comportamento e orientação de segurança.
Palavras-chave: gestão e cultura de segurança organizacional como vantagem
competitiva, fatores organizacionais e segurança como perenidade empresarial,
Liderança Transformacional, Motivação no trabalho, Comportamento Organizacional.
Categoria do artigo: Dissertação de Mestrado / Artigo Original.
ABSTRACT
Objective: This study intends to evaluate the influence of organizational factors:
transformational leadership, trust in the leader and distance of power, in the behavior
and orientation of security in companies.
Methodology: this work used the quantitative method, in order to understand the
relation of the proposed variables. For this he used statistical methods with data
treatment obtained by the questionnaires. The development of the questionnaire was
carried out based on the survey of other studies and relevant articles published by
the main journals. The 5-point Likert scale was used to evaluate the proposed issues.
The non-random sampling technique for the convenience of this study consists of
196 professionals who work for at least one year in national medium and large
companies and who have a policy or safety management system implemented over
four years.
Results: The results suggest that transformational leadership established with strong
ties of trust and low power distance results in effective organizational orientation and
behavior. It can affirm that the positive link formed by this triad is more consistent
than just normatizations or organizational cultures.
Limitations: information collected on the variables surveyed was obtained through
the employees themselves, where it is possible to have some level of variation of
understanding of the questioning and also in the worker perception level, depending
on the experience of each of the factors measured. Another limitation is that people
with more positive attitudes relate actions more positively than they really are, and so
do people with more negative attitudes. Perception and self-evaluation studies are
subject to bias, corroborating the research limitation.
Applicability of work: from these results, leaders and managers can ensure the
processes, norms and culture of security by strengthening the bonds of trust,
established through transformational leadership with low power distance.
Contributions to society: With the results of this work, the human factor (people)
can be better managed in a closer relation between leader and leader (low power
distance) and through establishing trust, with the transformational leader's
engagement. An alert to managers about how organizational security management is
strategic for organizations that want to survive in global competitive markets, which
require companies to be more efficient, to seek high productivity, understanding that
security is a good business, which represents opportunities, minimizes losses and
risks and guarantees the perenniality of people and organizations
Originality: this is one of the few studies that test through the experiment the
positive effects of trust in organizational safety, and using power distance as a
moderator variable in the transformational leadership variable geared towards
behavior and safety orientation.
Key words: Organizational Security Management and Culture as Competitive
Advantage, Organizational Factors and Security as Business Perennial,
Transformational Leadership, Motivation at Work, Organizational Behavior.
Paper category: Master’s Thesis / Research Paper.
ANEXOS
Anexo I Indicadores e tributos de cultura de segurança apresentados e descritos 93 Anexo II Questionário de Pesquisa _____________________________________ 94
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Modelo de custos: tangíveis e intangíveis referente a acidentes
organizacionais ______________________________________________ 17
Figura 2 Evolução da abordagem sobre segurança organizacional_____________ 31 Figura 3 Traduzido do modelo de fatores e conseqüências de orientação de
segurança________ 34
Figura 4 Modelo Conceitual de Investigação ______________________________ 59 Figura 5 Modelo Conceitual ___________________________________________ 72
LISTA DE QUADROS Quadro 1 Comparação entre Alta e Baixa Distância de Poder _________________ 56 Quadro 2 Resumo das hipóteses previstas e dos resultados encontrados________ 72
LISTA DE TABELAS Tabela 1 Definições de clima de segurança_______________________________ 37 Tabela 2 Definições de cultura de segurança _____________________________ 40 Tabela 3 Estatística descritiva por grupos ________________________________ 62 Tabela 4 Médias, desvio padrão e as correlações com as variáveis matriz_______ 65 Tabela 5 Fatores, Cargas, VME e CC____________________________________ 68 Tabela 6 Análise Regressão – Orientação a Segurança Organizacional_________ 70 Tabela 7 Mediação efeitos Direto e Indireto: Confiança media a relação entre
Liderança Transformacional e Segurança _________________________ 71
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEO Chief Executive Office – Diretor Executivo CFI Índice de ajuste comparativo GLOBE Projeto de Liderança Global e Eficácia do Comportamento Organizacional ICSI Instituto de Cultura de Segurança Industrial IEC International Electrotechnical Commission ISM Gestão de Segurança Internacional ISO International Organization for Standardization MQL Questionário Multifactorial de Liderança NR Norma Regulamentadora OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series OIT Organização Internacional do Trabalho PGT Procuradoria Geral do Trabalho RMSEA Raiz media dos quadrados dos erros de aproximação SOM Modelo de orientação de Segurança SPSS Statistical Package for the Social Science VD Variável Dependente VI Variável Independente VM Variável Mediadora
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO______________________________________________ 16
2 OBJETIVOS________________________________________________ 22
2.1 Objetivo Geral______________________________________________ 22
2.2 Objetivo Específico_________________________________________ 22
3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO__________________________________ 23
4 JUSTIFICATIVA_____________________________________________ 23
5 REFERENCIAL TEÓRICO____________________________________ 26
5.1 Cultura Organizacional______________________________________ 26
5.1.1 Elementos Culturais, Comportamento e Cultura da Segurança________ 28
5.2 Orientação de Segurança Organizacional_______________________ 31
5.2.1 Clima e Comportamento de segurança em grupo. __________________ 36
5.2.2 Relação da cultura da segurança e liderança______________________ 39
5.3 Liderança ________________________________________________ 41
5.3.1 Estilo de Liderança __________________________________________ 42
5.3.2 Liderança Transformacional ___________________________________ 44
5.3.3 Liderança e Segurança _______________________________________ 46
5.3.4 Liderança e Construção da Confiança____________________________ 47
5.4 Confiança_________________________________________________ 49
5.4.1 Confiança na Gestão_________________________________________ 49
5.4.2 Confiança, Percepção de justiça e Gestão de segurança_____________ 50
5.5 Distância de Poder - Dimensão sócio-cultural___________________ 53
5.5.1 Distância de Poder, Segurança e Confiança_______________________ 57
6 METODOLOGIA_____________________________________________ 60
6.1 Procedimentos de recolha da informação e constituição da amostra 60
6.2 População, amostra e materiais_______________________________ 61
6.3 Instrumento de Medidas_____________________________________ 62
7 RESULTADOS______________________________________________ 65
7.1 Estatística Descritiva e Analise de Variáveis ____________________ 65
7.2 Análise Fatorial_____________________________________________ 66
7.3 Teste de Hipóteses__________________________________________ 69
8 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO _________________________________ 73
8.1 Limitações e Direção para Pesquisas Futuras___________________ 76
8.2 Estudos Futuros ___________________________________________ 77
8.3 Contribuições Práticas ______________________________________ 78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________________ 82
ANEXOS________________________________________________________ 93 Anexo I: Indicadores e tributos de cultura de segurança. _______________ 93
Anexo II: Questionário de Pesquisa__________________________________ 94
16
1. INTRODUÇÃO
Informações divulgada pela ONU (News UN) e pela Agência Brasil EBC em
28.04.17, relata que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que no
mundo há mais de 300 milhões de acidentes não fatais relacionados a trabalho, e
mais de 2,3 milhões de acidentes com morte relacionados a trabalho por ano.
Devido a esses expressivos números, o assunto acidente e segurança torna-se tema
central para as organizações, já que impactam seus custos e competitividade das
empresas.
No Brasil tal situação é um problema latente para as empresas, visto que
segundo informações divulgados através do site do Ministério Público do Trabalho
(MPT) o país ocupa o quarto lugar no ranking mundial de acidentes de trabalho, com
700 mil acidentes ao ano. No país, a cada 48 segundos, acontece um acidente de
trabalho e a cada 3h38min um trabalhador perde a vida pela falta de uma cultura de
prevenção à saúde e à segurança do trabalho.
Segundo informações divulgadas no site Observatório da Procuradoria Geral
do Trabalho (PGT), gastos da Previdência com Benefícios Acidentários pagos
de 2012 a 2017 somam mais de R$ 66 bilhões de reais. Ou seja, são profissionais
que poderiam estar produzindo, mas devido à falta de cultura de segurança, estão
afastados e subtilizando seu capital humano e intelectual, diminuindo a eficiência.
Todo esses aspectos afetam diretamente o custo Brasil, reduzindo a competitividade
do país.
O mesmo ocorre nas organizações, segundo Cruz (1998), o acidente de
trabalho atinge diretamente a produtividade da empresa pela perda de mão-de-obra,
horas paradas e gastos com auxílio ao acidentado. Um acidente influencia todo
ambiente e pessoas ao redor, pois os trabalhadores são afetados pelo sentimento
do medo, insegurança e estresses, além de gerar danos materiais e
conseqüentemente ocasiona maiores custo no processo de produção. Como
destaca Sturion (2002): Acidentes podem ocorrer no local do trabalho ou a caminho do mesmo. Esses
acidentes acarretam despesas para a empresa, como tratamentos médicos,
seguros, indenizações ou mesmo despesas com mão-de-obra temporária,
custo do tempo despendido pela vítima, perda pelo menor rendimento, além
de despesas sociais, imagem da empresa perante a sociedade e seus
funcionários. (Sturion, 2002, p.38)
17
Segundo Falcão e Rousselet (1999), o acidente do trabalho, na sua grande
parte poderia ser evitado, se houvesse uma maior atenção desde o planejamento,
gerenciamento e processos adequados de execução, mas principalmente com
cultura de segurança implementada.
Machline et al. (1984) enfatizam que dificilmente alguma empresa obterá
índices elevados de produtividade quando a segurança do trabalho for deixada em
segundo plano, pois a salubridade do trabalho está diretamente relacionada aos
resultados favoráveis em relação à motivação, satisfação e conseqüentemente à
boa qualidade e produtividade no trabalho.
Outro ponto que tem de ser observado pelos gestores destacado por
Machline et al. (1984), além do aspecto negativo causado por acidente do trabalho,
os gestores devem analisar os custos tangíveis, intangíveis, diretos e indiretos
relacionados ao acidente.
Figura 1 - Modelo de custos: tangíveis e intangíveis referente a acidentes organizacionais
Fonte: Autoria própria (2018).
18
A dimensão dos danos tangíveis e intangíveis causados por falhas na
segurança, podem ser percebidos em dois casos de grande repercussão: Caso BP
OIl em 2010 no Golfo do México, segundo o site especializado Petronotícias em
08.02.13, relata que os prejuízos oriundos do acidente agendados e pagos até
aquele momento totalizavam mais de U$ 36 bilhões em multas, indenizações,
recuperação ambiental, despesas operacionais, podendo chegar ao total de U$90
bilhões, soma-se a esse montante a queda de 30% no valor das ações da
companhia além de danos a imagem e reputação da empresa. O segundo caso se
refere a Samarco/Vale que segundo noticias do Valor 28.04.16 e da Veja em
20.11.15 a empresa já custeou R$ 10,86 bilhões com despesas referente ao
acidente de Mariana-MG tais como: multas, indenizações, recuperação ambiental e
despesas operacionais, e suas ações tiveram uma queda de cerca de 15,6%
representando perda de R$ 12,6 bilhões em valor de mercado, além dos danos à
imagem e reputação da empresa.
Os ativos intangíveis são considerados recursos imateriais, que garante a
perenidade e o diferencial competitivo da organização, que são responsáveis pela
geração e proteção de valor da companhia. E segundo Barney (1991), recursos
incluem todos os ativos e competências, processos organizacionais, atributos,
informações, conhecimentos e outros fatores controlados pela empresa. Segundo
este mesmo autor, para sustentar a vantagem competitiva, esses recursos precisam
ser valiosos, raros, imitáveis e insubstituíveis, sou seja, essas características
descritas por Barney (1991) podem ser atribuídas aos ativos intangíveis.
Stewart (2001) afirma que a geração de riqueza nas organizações esta
relacionado cada vez mais aos ativos intangíveis. Onde segundo Lev (2001), o
crescente interesse e preocupação sobre os ativos intangíveis está relacionado a
combinação de duas forças econômicas: a intensificação da competição entre
empresas e o desenvolvimento da tecnologia da informação. Em se tratando de
tecnologia de informação, atualmente está sendo considerado o ativo mais precioso
das organizações, e que também se encontra vulnerável como no caso recente do
Facebook, onde segundo o site G1 do globo.com de 20.03.18, a empresa Facebook
perdeu mais de U$ 49 bilhões em valor de mercado, devido a falha de segurança
que acarretou o vazamento de dados da empresa.
19
Devido a esses fatos, entendemos que a cultura da segurança é fundamental
para garantir a perenidade de pessoas e organizações, através da criação de valor e
preservação de valor, seja nas organizações de economia tradicional ou da nova
economia, ponto em comum, é que os acidentes, ou falhas na segurança são
oriundos do fator humanos e seus comportamentos. Nesse aspecto acreditamos que
o estilo de liderança transformacional, por ter alta interação com a equipe, sendo
referência e inspiração para os liderados, exercendo influência sobre o ambiente e
no comportamento de segurança do trabalhador, pode exercer influência
determinante e relevante no comportamento e orientação de segurança da
organização. Segundo ponto que consideramos na influência do comportamento é a
distância de poder que pode impactar diretamente no desempenho e na orientação a
segurança da equipe, dependendo do nível de distância de poder de cada líder ou
organização. Último ponto que esse estudo pretende aprofundar a discussão da
relação do fator humano e segurança, é referente ao grau de confiança no líder e
sua influência no comportamento dos liderados, no intuito de diminuir o
comportamento inseguro, sendo mais adeptos as regras e normas. Onde o conjunto
e combinação dessas três variáveis (liderança, confiança e distância de poder)
podem trazer os benefícios contribuindo para ambiente e comportamento para uma
boa gestão de segurança, aprimorando a cultura da segurança, consolidando a
cultura organizacional e conseqüentemente melhorando a competitividade e
garantindo a perenidade da organização.
Diferentes fatores fizeram que pesquisadores e profissionais tenham
demonstrado crescente interesse no conceito de Cultura de Segurança dado seu
impacto sobre os resultados da Segurança Organizacional (CHOUDHRY, FANG e
MOHAMED, 2006). Segundo Guldenmund (2000) a cultura de segurança pode ser
vista como um componente da cultura organizacional, que se refere ao
comportamentos e atitudes dos indivíduos, sendo características organizacionais
que afetam a saúde e segurança dos trabalhadores.
Destaca-se na definição Reason (1997) a importância da comunicação para
uma cultura de segurança positiva, além da confiança dos empregados nas medidas
preventivas adotadas, ou seja, reforça a importância da liderança no processo de
comunicação e estabelecimento no elo de confiança entre os membros da equipe.
20
A cultura de segurança de uma organização é o produto dos valores,
atitudes, percepção, competências e padrão de comportamento de
indivíduos e grupos que determinam o comprometimento, o estilo e a
proficiência do gerenciamento da segurança do trabalho da
organização. Organizações com culturas de segurança positivas são
caracterizadas pela comunicação fundada na confiança mútua, pela
percepção compartilhada da importância da segurança e pela
confiança na eficácia das medidas preventivas. (REASON, 1997,
p.194).
Entendemos que segurança organizacional tem como objetivo a proteção dos
ativos de uma empresa, buscando desenvolver meios protetivos para a preservação
e continuidade da organização, ou seja está relacionado a bens tangíveis como
Patrimônio, Pessoas e Meio Ambiente, mas também aos bens intangíveis como
reputação, marca, informações, confiança organizacional e capital humano de uma
organização.
Referente a Segurança Organizacional há várias normas, regulamentações e
legislação vigentes, como exemplo: as inúmeras NR, ISO 14.001, OHSAS18.001,
ISO/IEC 27006 entre outras, e soma-se a essas, novas normas divulgadas
recentemente em 2018 como a ISO45001 e a NR37. Entendemos que mesmo com
todo avanço e conhecimento sobre o assunto, com políticas estabelecidas,
equipamento de proteção e prevenção, apoio que o avanço tecnológico proporciona,
a questão de segurança ganha destaque negativo através dos números e fatos
como os relatados nesse trabalho, o que coloca em risco pessoas, desde
conglomerações multinacionais a empresas locais, de diferentes tamanhos, regiões
e setores, afetando os envolvidos, sociedade e meio ambiente.
Para trabalhar e desenvolver a cultura orientada a segurança, é fundamental
criar ambiente no qual os funcionários estejam ciente dos riscos em seu local de
trabalho (Ostrom, Wilhelmsen, Daplan, 1993), evitando tomar quaisquer ações
inseguras. Assim, a orientação a segurança pode ser considerada importante
ferramenta de gestão para ajudar a controlar as crenças da força de trabalho,
atitudes e comportamentos em matéria de segurança (BECK e WOOLFSON, 1999).
21
Desenvolver estrategicamente a Gestão de Segurança atrelado como valores
da organização, faz com que tenhamos investimentos, diretrizes, desenvolva
confiança no processo, nas pessoas e na empresa, crie engajamento e
comprometimento e conseqüentemente formação de cultura ativa, proporcionando
melhorias na segurança e na gestão da empresa.
Muitos pesquisadores envolvidos na pesquisa de segurança acreditam que o
clima e cultura de segurança são preditores chaves do comportamento de
segurança e desempenho (por exemplo, COX e CHEYNE, 2000; GLENDON e
LITHERLAND, 2001; MEARNS, WHITAKER E FLIN, 2003).
Na atual conjuntura dos desafios contemporâneos de competitividade e
segurança das organizações, temos um cenário que é distinguido por um lado de
amplo arcabouço estrutural sobre segurança, com domínio de informação e
conhecimento sobre o assunto, surgimento de tecnologia avançadas para auxiliar na
prevenção, evolução de normas e regulamentações, vultuosos orçamentos para
capacitações/simulações na área de segurança, e o crescente número de estudos e
pesquisas dirigidos sobre o tema. Por outro lado nota-se que falhas graves
continuam acontecendo na segurança das organizações, ocorrendo acidentes de
diversos tamanhos, em diversas empresas de diferentes segmentos e regiões
geográficas, comprometendo a competitividade, sustentabilidade e perenidade das
organizações, em função dessa dicotomia este estudo busca questionar, analisar e
estudar de forma empírica variáveis chaves sobre o tema, com o seguinte
questionamento: Qual a relação e influência de importantes variáveis como
Liderança Transformacional, Confiança e Distância de Poder na gestão e orientação
da segurança organizacional?
22
2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral
O presente estudo tem como objetivo avaliar a influência dos fatores
organizacionais: liderança transformacional, confiança no líder e distância de poder,
no comportamento de segurança nas empresas.
2.2 Objetivo Específico
Para cumprir o objetivo deste estudo, pretende-se:
• Inferir se Liderança Transformacional afeta positivamente sendo a mais
adequada para a implementação da Orientação da Segurança
Organizacional;
• Testar a hipótese sobre a mediação da Confiança, se exerce impacto positivo
na relação entre Liderança Transformacional e Orientação da Segurança
Organizacional;
• Averiguar se relação de confiança entre os membros da equipe afeta de
forma direta e positiva as práticas e comportamentos de segurança dos
empregados;
• Verificar a moderação da Distância de Poder na relação entre Liderança
Transformacional e Orientação para Segurança, e como essa relação pode
influenciar no comportamento, gestão e cultura de segurança de uma
organização;
23
3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Este projeto de pesquisa delimita-se em colher informações através de
pesquisa quantitativa, utilizando a metodologia de questionários, com variáveis
latentes alusivos aos fatores humanos: Distância de Poder, Comportamento,
Confiança e Liderança, relacionados à orientação e gestão de segurança
organizacional, adotado por empresas da área de logística (transporte e
armazenagem) e construção civil que possuem políticas ou sistema de Gestão de
Segurança implementados a no mínimo de 4 anos. Nesta pesquisa foi considerado a
participação de funcionários de diferentes áreas (operacional, administrativo, outros)
que estejam atualmente trabalhando e tenham no mínimo 1 ano de trabalho nesse
perfil de empresa.
4. JUSTIFICATIVA
O ponto de partida para a reflexão, se deu pela própria experiências
vivenciadas ao longo da trajetória profissional deste pesquisador. Conforme relata
Burgherr; Hirschberg (2008), acidentes têm sido identificados como uma das
principais causas de catástrofes provocadas pelo homem. Fatos e afirmações como
esse leva a questionamentos sobre desperdício de todos os tipos de recursos
(tempo, recursos de produção, capital humano, retrabalho/reprocessos), além da
exposição ao risco (ambiental, vidas, perda patrimonial), todos esses aspectos
tornam as empresas ineficientes num cenário de mercado globalizado cada vez mais
competitivo. Além do que atualmente, a atenção dada à responsabilidade social e
ambiental das empresas pelos seus diversos stakeholders tem sido cada vez maior
(PUPIM, 2005).
Durante a trajetória profissional foi percebido que a questão de eficiência
nesse tema não depende unicamente e exclusivamente de grandes investimentos,
tecnologias, está centrado principalmente na pessoa, e isso varia muito de uma
organização para outra, independente de seu tamanho ou dos seus recursos
disponíveis. Assim, gerenciar o chamado “fator humano”, no contexto de segurança,
se torna uma importante iniciativa (WESTABY; KRISTER, 2005).
24
O cenário econômico nacional somado a competitividade globalizada
demandam das empresas à necessidade de serem mais eficientes, fazendo certo na
primeira vez, evitando retrabalhos e diminuindo custos, em busca de entregar
produtos e serviços mais competitivos e agregando valor para o consumidor.
Segundo Hampton (2005), colaboradores satisfeitos e motivados demonstram maior
esforço, sendo mais eficiente na execução de suas tarefas organizacionais,
conseqüentemente aprimoram a cadeia produtiva e cadeia de valor da empresa.
Outro ponto que reforça a importância desse estudo são indicadores de
acidentes (formais registrados) ocorridos nas empresas brasileiras e os altos custos
diretos despendidos dessas ocorrências, que leva a reflexão e questionamento
sobre o quanto se perde direta e indiretamente de investimento (recursos financeiro,
tempo, pessoas, equipamentos, perda de produção e etc.), isso sem considerar a
questão dos incidentes que não são registrados e contabilizados e dos valores
intangíveis presentes no negócio.
Nessa linha, ações relacionadas a segurança organizacional são cada vez
mais vitais para garantir a sustentabilidade e longevidade da organização. Sendo
que a negligência ou o não conhecimento da relevância desse tema, leva as
empresas a focarem no curto prazo, na busca pela otimização de resultados,
eficácia dos processos produtivos, sendo o lucro a qualquer custo o principal
objetivo desse perfil de gestão e organização. Dessa forma atuar com políticas de
Orientação a Segurança que se incorporem como cultura na empresa, torna-se vital
para a sobrevivência das organizações no atual ambiente competitivo, pois além de
ser uma forma de preservar valor, segurança também agrega valor para a
organização.
No ambiente competitivo torna-se primordial o aumento de eficiência nas
organizações, sendo necessário desenvolver visão holística e integrada da empresa
considerando todos os setores, sobre gestão de segurança organizacional,
considerando todos os aspectos, processos e colaboradores, saindo do senso
comum de que segurança é com “o pessoal de segurança”, ou que está restrito
somente segurança patrimonial, ou de informação ou de processos produtivos.
Segurança é um bom negócio, representa oportunidade, minimiza perdas e riscos e
garante a perenidade das pessoas e organizações.
25
A perenidade das organizações está atrelada à criação de valor, através do
aumento da eficiência e aprimoramento da cultura organizacional, mas
fundamentalmente na preservação de valor, com a prevenção e gerenciamento de
risco nas organizações, com foco e atenção nos comportamentos dos seus
liderados, na prevenção de acidentes e incidentes, preservando vidas, marcas,
ativos, meio ambiente e reputação, ou seja, salvaguardando todos bens tangíveis e
intangíveis que envolve direta e indiretamente uma organização.
No entanto, os sistemas de gestão organizacional independentemente do tipo
de modelo adotado, já vem incorporando questões de gestão de segurança, pois
sempre haverá o fator humano como responsável pela sua gestão; e o seu
desempenho tem sido diretamente associado ao nível de segurança e de proteção
pessoal, ambiental, patrimonial e estratégico das empresas (LARKIN, 2006), em
função disso esse estudo reforça a importância em aprofundar a análise e
entendimento sobre as variáveis liderança, confiança e distância de poder e como
elas se relacionam e contribuem com o comportamento e a gestão de orientação a
segurança organizacional.
26
5. REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 Cultura Organizacional
Atualmente as empresas são consideradas como um organismo vivo que
possui normas, processos, história e personalidade. É de conhecimento que a
cultura da empresa reflete nas estratégias, estrutura e sistemas da organização,
transmitindo suas crenças e valores formando uma identidade organizacional.
Schein (1992) define cultura como um padrão de pressupostos básicos que
são compartilhados e aprendidos pelo grupo, na medida em que resolveram seus
problemas de adaptação externa e integração interna, ou seja um produto de
aprendizado compartilhado. E passam a ser ensinados aos novos
membros/integrantes como uma maneira correta de perceber, pensar e sentir em
relação as situações vivenciadas. Para Hofstede (2001) cultura é “a programação
coletiva da mente que distingue os membros de um grupo ou categoria de pessoas
do outro”.
Oshiro, Crnkovic e Santos (2005), afirmam que cultura organizacional é “um
processo de interação da empresa com o ambiente e as relações estabelecidas
entre seus membros”. De acordo com Fleury (2009), cultura é a concepção de
conjunto de valores e crenças compartilhados pelos trabalhadores de uma
organização, deve ser consistente com outras variáveis organizacionais como
estrutura, tecnologia, estilo de liderança. Fleury (2009) propõe que a cultura
organizacional pode ser expressa e absorvida através elementos simbólicos,
atribuindo significados, construindo identidade organizacional,.
Segundo Schein (1992) os maiores influenciadores da cultura organizacional
são os fundadores e as principais lideranças da empresa. Pois são os que definem
os valores, simbolismos, a forma de gerir a organização, em geral prevalecendo as
suas crenças e convicções pessoais.
27
Para Pettigrew (2009) e Barney (1991), cultura organizacional existe a partir
de diferentes níveis. Em seu nível mais profundo pode ser pensada como um
conjunto de valores, pressupostos e crenças que definem o comportamento de cada
empresa perante seus negócios.
Para Schein (1992), a cultura de uma organização pode ser analisada sob
três aspectos: a) Produtos Visíveis, representado através do ambiente, da
organização, layout e comportamentos visíveis das pessoas; b) Pressupostos
Básicos, que determina como os membros de um grupo percebem, sentem e
pensam; c) Valores, ocorre através da razão, que é expressado por meio do
comportamento dos membros da organização.
Segundo Cabral (2000), Cultura Organizacional pode ser definida [...] como
sendo um conjunto de valores que são desenvolvidos e reforçados com o decorrer
do tempo, fazendo com que se sedimentem como sendo válidos para lidar com
algum tipo de conflito que possa vir ameaçar a ordem vigente da organização. São
crenças, valores, mitos e tabus que interagem entre si e que expressam através do
comportamento dos membros da organização, tornando-se perceptível a outras
pessoas.
Podemos definir cultura organizacional, como conjunto de valores enraizados,
permeados, praticados e consolidados ao longo dos anos entre os membros da
empresa e que são característico daquela organização. Ou seja, para realmente
haver o total entendimento de uma cultura organizacional, é fundamental entender a
essência da empresa, os seus elementos culturais e como é a vivência social dos
colaboradores que pertence a mesma.
28
5.1.1 Elementos Culturais, Comportamento e Cultura da Segurança
Os elementos culturais de comportamento que sensibilizam e
desenvolvimento organizacional são múltiplos e diversificados. Para Migueles,
Lafraia e Souza (2014), cultura é construída através da forma como o conjunto de
valores são passados, transmitidos e incorporados na vivência da pessoa. A cultura
passa a ser uma criação coletiva da sociedade, e não determinam o comportamento
humano, pois somos seres racionais, capazes de tomar decisões e fazer escolhas
de forma autônoma. Como exemplo nas empresas, há presença de diferentes estilos
e níveis de lideranças, tais como: supervisores, gerentes de sites, gerentes seniores
corporativos, diretores da organização e clientes, que exercem influência no
comportamento e formação da cultura na organização. No entanto, também é
possível que os elementos culturais contribuam para a formatação da cultura de
segurança, influenciando em que medida os valores culturais fundamentais podem
determinar o comportamento de segurança.
O texto "Criando o hábito da Excelência" dos escritores Migueles, Lafraia e
Costa (2009), apresenta resultado do estudo realizado pelos autores, dos fatores e
seus elementos que impactam na Gestão de Segurança. Mas mesmo com todo o
trabalho teórico e metodológico desenvolvido pelos pesquisadores, ainda não há
uma conclusão definitiva para determinar os principais fatores e os principais valores
para que haja efetiva adesão e comprometimento dos funcionários sobre
comportamentos esperado sobre segurança. Estudo realizado por Lafraia, com base
em estudos e métricas proposta por Hofstede (2001), e corroboradas por estudos da
cultura local Migueles, Lafraia e Costa (2009), determinaram os principais elementos
da cultural nacional presente nas organizações:
• Distância do poder: cultura brasileira tolera muita desigualdade e muita
concentração de poder e distância social entre gerentes e subordinados.
Alguns estudos sobre causas sociais e culturais de acidentes, encontram uma
correlação positiva entre a grande distância do poder e taxas de acidentes
elevados.
• Pequena autonomia dos subordinados, transferindo a responsabilidade pelos
resultados para os níveis mais altos da hierarquia.
29
• Foco de curto prazo por parte dos gestores, é percebido em todas as áreas,
principalmente operacionais, levando ao cumprimento mecânico da atividade
sem o entendimento completo do que esta sendo realizado e principalmente
dos riscos envolvidos na operação. Essa situação não cria engajamento
futuro que ajuda no estabelecimento de cultura, e não molda comportamento
de risco dos funcionários aumentando a probabilidade de acidentes.
• Aversão á incerteza: incentiva a criação de regras, normas e procedimentos
em abundância para controlar o comportamento. Com isso não é possível
determinar o real motivador do comportamento, não gerando adesão as
políticas e como conseqüência cria-se uma cultura do "jeitinho brasileiro" para
contornar as dificuldades geradas com os excessos de normas.
• Baixa Confiança: Usam indicadores de desempenho de segurança que não
reflete a realidade, somente com o intuito de “estar bem na foto”. Não tem
confiança no uso da ferramenta como Gestão, que possa extrair reais
benefícios para as pessoas e organizações, gerindo fatores de risco
operacionais reais.
• Tendência em diluir as responsabilidades do indivíduo no grupo, o que reduz
a possibilidade de controle sobre as variáveis individuais importantes para o
controle de riscos.
Como pode ser percebido, todos esses elementos culturais voltados para
segurança organizacional, são fundamentais para a formação da Cultura da
Segurança nas empresas. Segundo Cox, Jone e Collinson (2006), apontam que a
cultura de segurança é produto de um número de subculturas interdependentes,
com regras claras sobre comportamentos aceitáveis e inaceitáveis. Um ambiente
propício para o compartilhamento de informações essenciais é a base de
sustentação da cultura de informação e de aprendizagem. Os autores destacam que
a gestão da cultura de segurança tem se destacado como um importante fator na
manutenção do bom desempenho das organizações de alta confiabilidade.
Pereira (2012) define cultura de segurança como "um conjunto de valores,
percepções, atitudes e padrões de comportamento em relação à segurança
compartilhada por membros da organização”. No Anexo I, encontra-se seis atributos
de segurança apresentados e descritos que também traz os indicadores dos
atributos apontados pelo autor.
30
A cultura da segurança esta atribuída tanto a pessoas, quanto as
organizações, principalmente relacionadas a questões comportamentais. Importante
destacar e desmitificar que: a cultura da segurança pode ser aplicável a qualquer
área, ramo, segmento ou departamento, e de qualquer setor (industrial, comercial e
serviços).
Segundo Simard (1998), a cultura de uma empresa pode variar em função do
peso de fatores atribuídos pelos líderes e liderados. Ele distingue que na Cultura
Segurança Fatalista, onde os acidentes são percebidos como uma falta de sorte e
as pessoas creem não poderem influenciar no nível de segurança. O segundo estilo
é a cultura de segurança da profissão, caracterizado pelo líder não dar a devida
importância, onde o operador desenvolve ou transmite de forma autodidata. A
terceira forma é a segurança gerencial, onde há formalização do sistema de
segurança de forma “top-down” sem ouvir, ou conhecer a necessidade dos
liderados. E por último a segurança integrada, é resultado do conjunto de
conhecimento para assegurar o bom desempenho da segurança. O conhecimento é
compartilhado em todos os níveis da empresa, e faz parte do “DNA” da empresa,
sendo a forma de trabalhar.
Ivan Boissières (Diretor geral do ICSI) faz o seguinte relato sobre cultura de
segurança no anuário ICSI 2017:
“Trabalhar para melhorar a cultura de segurança pode permitir uma
gestão mais próxima do campo, equipes mais solidárias, situações
mais adaptadas, operadores mais motivados... Não são assuntos
específicos de segurança, se trata aqui das bases do bom
funcionamento de uma organização. É nessa perspectiva que se pode
compreender essa frase que poderia parecer um pouco publicitária:
“good safety is good business”. Uma boa performance em segurança é
muitas vezes a alavanca de uma boa performance global”.
BOISSIÈRES (2017, p.20)
Geller (1994, p.12) relata que: “A segurança deveria ser um valor que os
empregados trariam a todos os cargos, apesar das prioridades ou exigências de
tarefas. Deveria ser uma regra tácita (norma social) que se seguisse
independentemente de situações”.
31
5.2 Orientação de Segurança Organizacional
Hale e Hovden (1998) apresentam a evolução dos conceito e entendimento
sobre acidentes e segurança. Os autores relatam que houve evolução de uma
“Primeira Fase” onde era tratado como um problema técnico, baseado em legislação
e ações técnicas. Progrediu o entendimento para uma “Segunda Fase” adicionou-se
o fator humano como parte integrante do Sistema de Gestão de Segurança, e
evoluindo tempos depois para a “Terceira Fase” como foco no sistema de
funcionamento da administração, levando muitos estudiosos a estudarem aspectos
sócio-técnicos dos acidentes e publicarem análise sobre impacto e importância do
clima e cultura de segurança organizacional.
Figura 2: Evolução da abordagem sobre segurança organizacional
Fonte: Adaptado pelo Autor (2018) do relatório ICIS 2013
Segundo Tavares (2009), no Brasil em termos de legislação, as primeiras leis
surgiram em 1919 e foram aprimorado ano após ano, em 1966 foi criado
FUNDACENTRO, que atua em pesquisa científica e tecnológica relacionada à
segurança e saúde dos trabalhadores, mas somente 1972 que a história
32
da segurança do trabalho no país teve mudanças substanciais em termos de
regulamentação com a publicação da portaria nº 3.237, onde foi estabelecida a
obrigatoriedade dos serviços especializados em segurança. Mundialmente a
regulamentação já existe à vários anos mas o conceito de Cultura de Segurança
surgiu após a seqüencia de acidentes de Bhopal em 1984, Chernobyl em 1986 e
Piper Alpha em 1988, que serviu de reflexão e ponto de inflexão sobre as falhas
organizacionais e políticas em como gerenciar os riscos associados de uma
organização.
Diversos autores entre eles Cox (1996), Hale (2000) Rosness (2003), Cooper
(2000), Zhang (2002), questionam o termo e conceito Cultura da Segurança,
relatando que para muitos praticantes trata-se de um conceito abstrato para haver
entendimento amplo e irrestrito, que haveria algumas limitações em função de
fatores contextuais, e que a relação entre diferentes culturas nacionais associados
com diferentes culturas organizacionais geram confusão de percepção,
entendimento e adesão ao conceito. Guldenmund (2000) reforça a limitação
ressaltando que as definições de cultura da segurança são baseadas somente em
normas e valores.
Essa crítica sobre esse conceito fez com que Havold (2005) desenvolvesse
um conceito mais prático e introduzisse novo construto - Orientação de Segurança,
aprimorando o conceito anteriormente utilizado, podendo ser mais útil num contexto
organizacional. Relaciona-se fortemente com as legislações, normatizações atuais
vigentes, bem como a Gestão de Segurança Internacional (ISM) e com contínuo
aprendizagem organizacional. Influências como a nacionalidade, cultura da indústria,
regulamentos e mercados, estão incluídos no modelo de orientação de segurança
(SOM).
Em função de ser um termo mais atual, amplo, objetivo, de entendimento e
aplicação prática esse estudo adotará o constructo Orientação de Segurança no
desenvolvimento deste trabalho. Håvold (2005, p. 97) ofereceu a seguinte definição
de orientação de segurança:
33
''Orientação de Segurança está relacionado a fatores culturais e contextuais
criando atitudes e comportamentos que influenciam a segurança.
Organizações com uma orientação positiva de segurança são
caracterizados por uma percepção da importância de segurança, e pela
confiança na eficácia de medidas preventivas para criar o comportamento
necessário para evitar os acidentes e continuamente melhorar a segurança
organizacional” (Håvold, 2005a, p. 97).
Havold (2005), cita que orientação de segurança pode consequentemente,
ser entendido como uma aplicação do conceito de cultura de segurança, a fim de
guiar as atividades e processos dentro de uma organização. Este novo construto é
semelhante para a distinção correspondente entre o que é conceitual (construto
anterior) e o que é orientação voltada para prática e aplicação de mercado (novo
construto).
A idéia do modelo de orientação de segurança apresentado na Figura 3 é
descrever o processo pelo qual as variáveis culturais e práticas organizacionais se
relacionam para influenciar a segurança organizacional, bem como para medir os
indicadores, dimensões, fatores de cultura de segurança e ver como eles interagem
com o resultado medido em diferentes contextos.
34
Figura 3. Traduzido do Modelo de fatores e conseqüências de
orientação de segurança
Fonte: Modelo de orientação de segurança (SOM); Havold, (2005).
35
A construção da orientação de segurança esta relacionada diretamente entre
comportamento de segurança e o número de acidentes de trabalho. A orientação de
segurança pode ser entendido como uma aplicação do conceito da cultura de
segurança, a fim de guiar as atividades e processos dentro de uma organização.
A perspectiva adotada neste documento, compreende que o
comprometimento da administração com a segurança, será fator chave na
determinação dos níveis de comportamento de segurança na força de trabalho.
Essas percepções indicam a verdadeira prioridade da segurança, pois são
construídas através do valor relativo da segurança em relação a outros objetivos
organizacionais (NEAL e GRIFFIN, 2004; ZOHAR, 2002).
Importante notar que diferentes níveis e diferentes tipos de gestão dentro de
uma organização estarão exercendo um efeito sobre as atitudes, percepção e
comportamentos da força de trabalho (YULE et al., 2007).
Neal e Griffin (2004) argumentaram que a relação entre clima e
comportamento é mediada pelo conduta de segurança. Pois o comportamento de
segurança é o fator crítico para determinar o nível de risco de um acidente ou
incidente e influenciando diretamente na formação de cultura de segurança
organizacional, ou seja, os indicadores de comportamento de segurança devem ser
mais forte do que os efeitos do clima de segurança.
Criar esses mecanismos de envolvimento e participação realizando o
engajamento de todos e aproveitando o conhecimento tácito dos funcionários, torna-
se um importante mecanismos da Gestão de Segurança organizacional.
Com isso entende-se que prioridade de segurança e comprometimento de
segurança devem ser avaliado em ambos os níveis de relação. Normas de riscos
aceitáveis podem desempenhar um papel negativo em relação à prioridade de
segurança (TÖRNER e NORDLING; 2000).
36
5.2.1 Clima e Comportamento de segurança em grupo.
Estudos realizados constatam que percepção do clima de segurança está
correlacionado diretamente com o comportamento de segurança (NEAL e GRIFFIN,
2004; NEAL, GRIFFIN e HART, 2000; RUNDMO, 1992).
Griffin e Neal (2004) argumentou que o clima de segurança percebido é um
antecedente do comportamento de segurança. É refletido na medida que os
funcionários acreditam que a segurança é valorizada dentro da organização. Como
exemplo argumentam que as classificações de grau de risco, reações afetivas a
questões de segurança, crenças normativas sobre segurança e comportamento de
segurança auto-reportados, não são percepções do clima de segurança.
O termo clima psicológico refere-se a percepção individual de políticas,
procedimento e práticas relacionadas ao ambiente de trabalho (JAMES e JAMES,
1989). Já o clima de segurança em grupo refere-se às percepções compartilhadas
do grupo como um todo. Pesquisadores podem operacionalizar clima de segurança
de um grupo, agregando percepções individuais ao nível do grupo, usando o modelo
de consenso direto (CHAN, 1998).
Níveis de clima de segurança podem variar entre equipes da mesma
organização, por causa de diferenças em processos de grupo ou práticas de
supervisão. Isso pode influenciar e moldar as percepções dos membros sobre as
políticas, práticas e procedimentos organizacionais (ZOHAR e LURIA, 2004).
37
Para amplo entendimento e análise de clima segurança, foi consolidado o conceito referente a esse assunto de diferentes autores: (Tabela 1)
Tabela 1 - Definições de clima de segurança
Referência Definição de clima de segurança
Referência Zohar (1980)
Um resumo das percepções que os funcionários compartilham sobre seus ambientes de trabalho.
Glennon (1982a, b)
Percepções das muitas características de sua organização que têm um impacto direto sobre o seu comportamento para reduzir ou eliminar. O clima de segurança dos funcionários é um tipo especial de clima organizacional.
Brown e Holmes (1986)
Um conjunto de percepções ou crenças de um indivíduo e/ou grupo sobre uma determinada entidade – organização/líder.
Dedobbeleer e Bea terra (1991)
Percepções que as pessoas têm de seus ambientes de trabalho.
Cooper e Philips (1994)
Clima de segurança está preocupado com as percepções e crenças compartilhados entre os trabalhadores sobre questões de segurança no seu local de trabalho.
Niskanen (1994)
Clima de segurança refere-se a um conjunto de atributos que podem ser percebidas sobre organizações, e que podem ser induzidas pelas políticas e práticas que as organizações impõem sobre seus trabalhadores e supervisores.
Coyle et al. (1995) Berends (1996) Lee (1996)
A medida objetiva de atitudes e percepções em relação a questões de saúde e segurança no trabalho.
Cabrera et al. (1997)
As percepções compartilhadas de membros da organização sobre o seu ambiente de trabalho, e mais precisamente, sobre as suas políticas de segurança organizacionais.
Williamson et al. (1997)
Clima de segurança é um conceito sumário que descreve a ética de segurança em uma organização ou local de trabalho, que reflete nas crenças dos funcionários sobre a segurança.
Fonte: Consolidação realizadas por Guldenmund (2000)
38
Estes argumentos sugerem que os indivíduos que trabalham em grupos com
clima de segurança positivo, deve ser mais motivados a se envolver mais em
atividades de segurança, se comparado aos indivíduos que trabalham em grupos
com um clima de segurança negativa. Os indivíduos que são motivados a se
envolver em gestão e prática de segurança deve por sua vez, ser mais propensos a
ter esse tipo de comportamento. Dado que a direção da causalidade é assumido
como sendo do clima de motivação para o comportamento.
Com isso deduz-se que o clima de segurança de um grupo irá exercer
influência sobre a motivação de segurança individual. E que a motivação de
segurança individual irá exercer um efeito defasado na participação do indivíduo
relacionado a conformidade de segurança.
Uma vez o indivíduo estando em equilíbrio com o ambiente social, contribui
para sensação de segurança e reduz o estresse. As percepções compartilhadas de
segurança sendo valorizadas e esperadas pela organização também contribuem
para o desenvolvimento de normas para grupos de trabalho que favorecessem a
segurança. Tais normas indicam um comportamento de segurança individual, já que
os indivíduos podem esperar que um comportamento seguro seja recompensado
socialmente pelo grupo. Clarke (2006), ao discutir os resultados de sua análise de
19 estudos sobre clima de segurança, sugeriu que os indivíduos se sentem mais
comprometidos com o trabalho em grupo do que com a organização e que o
trabalho em grupo é poderosa ferramenta na socialização de novos membro. Clarke
sugeriu que as percepções das normas do trabalho em grupo são altamente
decisivas para o clima de segurança.
Ou seja, coesão e padrões de grupo também determinaram o comportamento
de segurança. Da mesma forma, Young e Parker (1999), estudando a formação de
climas de grupo, descobriram que esta significativamente relacionado à interação
entre os membros do grupo. Resultados obtidos pela pesquisa de Watson et al.
(2005) demonstram que o índice de normas de segurança de colegas de trabalho
estava negativamente correlacionado com o comportamento de risco.
Pesquisas conduzidas (Tucker et al. 2008, Törner et al., 2009) identificaram
que o envolvimento do trabalho em grupo intermediavam o efeito das percepções
climáticas em relação à gestão, à motivação e comportamento de segurança.
39
Outro ponto interessante é que a contribuição e intervenção do empregado
sobre segurança no intuito de melhorar as condições inseguras de trabalho gera
percepção positiva, ocasionando efeito favorável e de apoio, contribuindo para o
clima de segurança em grupo na organização.
Para as indústrias e empresas é altamente relevante entender aspectos
intrínsecos referente as dimensões do clima de segurança que vão além das
políticas e normas gerenciais estabelecidas. Estudos comparativos de clima de
segurança entre e dentro de empresas, indústrias e países, são fundamentais para
entendimento e uso prático para avaliar e dimensionar a status do clima de
segurança, servindo de diagnóstico e para avaliação do efeito de intervenções no
clima de segurança, procedimentos e práticas, mas também do grupo de trabalho,
como foi apresentado por Melía et al. (2008).
5.2.2 Relação da cultura da segurança e liderança.
Segundo Schein (1985), os líderes têm grande impacto no clima e na
formação da cultura organizacional. Suas crenças, valores e premissas formam a
base da cultura em uma organização. Os líderes podem transmitir e incorporar a
cultura organizacional seja liderando pelo exemplo ou através de formação e
orientação e desenvolvimento dos colaboradores. Desenvolvendo e aprimorando
seleção e recrutamento, incentivando a promoção, premiação e reconhecimentos,
influenciando diretamente na cultura o clima de segurança na organização.
40
Para amplo entendimento e análise de cultura de segurança, foi consolidado o conceito referente a esse assunto de inúmeros autores: (Tabela 2)
Tabela 2 - Definições de cultura de segurança
Referência Definição de cultura de segurança
Cox e Cox (1991)
culturas de segurança reflete as atitudes, crenças, percepções e valores que os funcionários compartilham em relação à segurança.
Grupo Consultivo de Segurança Internacional (1991)
A cultura de segurança é conjunto de características e atitudes estabelecidos nas organizações e indivíduos, atrelados as questões de segurança da planta nuclear, que recebem a devida atenção garantindo sua relevância como prioridade absoluta.
Pidgeon (1991)
O conjunto de crenças, normas, atitudes, papéis e práticas sociais e técnicas que estão preocupados em minimizar a exposição dos empregados, gerentes, clientes e membros do público às condições consideradas perigosa ou prejudicial.
Ostrom et al. (1993)
O conceito de que as crenças e atitudes da organização se manifestam através de ações, políticas e procedimentos, afetando o seu desempenho em segurança.
Geller (1994) Niskanen (1994)
Em uma cultura de segurança total, todo mundo se sente responsável pela segurança e a persegue esse objetivo diariamente.
Berends (1996)
A programação mental coletiva para a segurança de um grupo de membros da organização.
Lee (1996)
A cultura de segurança de uma organização é o produto dos valores individuais e de grupo, atitudes, percepções, competências e padrões de comportamento que determinam o compromisso e o estilo de gestão na saúde e segurança da organização.
Tomei (2003)
Crenças compartilhadas pela alta gerência em uma companhia sobre como eles devem gerenciar a si mesmos e aos outros empregados e como eles devem conduzir seus negócios. Estas crenças são, em geral, invisíveis para a alta gerência, mas tem grande impacto na sua forma de pensar e agir.
Holbeche (2005)
Conjunto de tradições, valores, políticas, crenças e atitudes que constituem um contexto abrangente para tudo o que se faz e pensa em uma organização.
Fonte: Consolidação realizadas por Guldenmund (2000)
41
Os líderes podem gerar comprometimento dos funcionários com a segurança
através da evolução e aprimoramento dos comportamentos dos liderados,
destacando valores fundamentais e promovendo a lealdade ao grupo. Os líderes são
os responsáveis por determinar a ambientação e clima de segurança na
organização, para isso utilizam de simbologias organizacionais, marcos, slogans e
outras expressões culturais. Eles podem motivar os funcionários para perseguir
metas consideradas desafiadoras, mudar valores e crenças dos colaboradores
através de contratos psicológicos entre empregados e empregadores, e incentivar
qualquer necessidade de mudança (ROUSSEAU,1998; SCHEIN,1985; TRICE e
BEYER, 1993).
Todos esses pontos reforçam a importância da relação intrínseca entre
cultura organizacional, segurança e liderança. Nesse sentido será explorado no
próximo tópico a variável liderança, seus diferentes estilos e a relação da liderança
transformacional com a segurança, seus impactos e influencias no comportamento e
orientação de segurança nas organizações.
5.3 Liderança
Segundo Bass (2008), liderança é considerada fator de sucesso ou fracasso
nas organizações. Para Collier; Fishwick; Floyd (2004), é definida como componente
relevante na definição das estratégias organizacionais, na construção de vantagens
competitivas, no estímulo ao comprometimento e na melhora do desempenho
organizacional.
A liderança é frequentemente conceitualizada em termos de traços de
personalidade, estilos de comportamento e fatores contingenciais (YUKL e VAN
FLEET, 1992; YUKL, 1989; AUBERT, 1991; BERGAMINI, 1994).
O conceito de liderança vem passando por mudanças no decorrer dos anos,
diferentes estudioso diferem sobre a melhor definição do conceito para o mundo
contemporâneo:
• Liderança é o processo de influenciar as atividades de um grupo
organizado em direção à realização de um objetivo (Rauch; Behling, 1984)
42
• “Liderança é o processo de dar propósito (direção significativa) ao esforço
coletivo e provocar o desejo de despender este esforço para se atingir o
objetivo” (Jacobs e Jaques, apud Yukl, 1998).
• Liderança como influência, baseado na capacidade de um indivíduo de
obter seguidores para aquilo que ele almeja.(Bergamini, 1994).
• “Liderança é o que dá a uma organização sua visão e capacidade para
transformar essa visão em realidade” (Bennis, 1988).
• O estudo GLOBE define liderança como a capacidade de um indivíduo de
influenciar, motivar e permitir que outros contribuam para a eficácia e o
sucesso das organizações das quais são membros (House et al, 2004).
Segundo Tannenbaum, Weschler e Massarik, (1961, p. 24), liderança é uma
influência pessoal, exercida em uma situação e dirigida através do processo de
comunicação, no sentido de atingir um objetivos.
Mas mesmo com todos essas conceitos, é necessário rever os modelos e
estilos de liderança obsoletos ainda hoje praticados, uma vez que não pensar a
respeito pode se tornar mais um obstáculo a ser enfrentado, pois os novos tempos
mudaram com a tecnologia e alta competitividade do mercado, e novas questões
como sustentabilidade e a necessidade das empresas operarem em ambientes
seguros, fazem com que as organizações e seus líderes precisem estar preparadas
para lidar com os momentos de transição, adaptando-se rapidamente a elas. Diante
dessas definições entende-se que liderar é ter atitude empreendedora, através de
ações que guiem, motivem, inspirem, influenciem, estabelecendo uma relação de
confiança que determine e direcionem atitudes e comportamento de pessoas. O líder
precisa estar verdadeiramente comprometido em promover o desenvolvimento de
pessoas.
5.3.1 Estilo de Liderança
A avaliação dos estilos de liderança pode ser analisado de diferentes formas,
como: capital humano, talento, competências, motivação, poder hierárquico, gestão
da informação e a forma como o controlo é exercido (ROLOFF, 2008).
Burns (1980,2003) desenvolveu a teoria abrangente de liderança
transformacional e transacional e Bass (1985) aplicou para discernir uma liderança
eficaz em uma variedade de organizações. Bass (1985) incluiu a Laissez-faire sob o
43
rótulo da liderança transacional, embora se possa pensar como não liderança ou
vacância de responsabilidades da liderança.
A Liderança Laissez-faire tem como definição proporcionar total liberdade
para a tomada de decisões por parte do liderado. Líder não se impõe aos liderados é
visto como facilitador do processo sendo o responsável por compartilhar
conhecimento e estimular a criatividade da equipe. É uma estilo de liderança
considerado liberal, de supervisão não constante, que tem como objetivo ponderar e
mensurar habilidades, responsabilidade, nível de conhecimento e principalmente
comportamento do liderado. Esse estilo se torna eficaz somente em situações em
que os membros do grupo são altamente qualificados, motivados e capazes de
trabalhar de forma autônoma.
A liderança transacional baseia-se no uso da motivação extrínseca. Segundo
Bass (1980) o líder transacional conduz e motiva os liderados através do processo
de troca, da transação (recompensa versus desempenho). Segundo Wright (2000)
“com a liderança transacional, os administradores utilizam a autoridade de seu
cargo, para trocar recompensas como pagamento e status pelos esforços de
trabalho dos funcionários”.
Os líderes transacionais não tem preocupação de motivar, influenciar,
capacitar e orientar seus liderados, para o bem da organização. O foco desse tipo de
liderança é entregar os objetivos de forma mais eficiente e eficaz. Segundo Wright
(2000) “o líder transacional típico está sempre preocupado com o aumento de
vendas, com a participação de mercado e os lucros, em vez de se concentrar em
transformar a organização”.
Quando deparamos e confrontamos os dois estilos de liderança mais
difundidos nas organizações (transacional e transformacional), observamos
diferentes questionamentos, divergências e discordância sobre os estilos.
Judge e Piccolo, (2004) citam:
Bass (1985) discorda de Burns (1978) a respeito de liderança transformacional e liderança de transacional representam fins opostos de um continuum. Bass defendeu que liderança transformacional e liderança de transacional são conceitos separados, e adicionalmente defendeu que os melhores líderes são tanto transformacional como transacional.
44
Para Robbins (2002), os estilos de liderança transacional e transformacional
são dois modelos que se complementam: A liderança transformacional é construída
em cima da liderança transacional – produz, nos liderados, níveis de esforço e de
desempenho que vão além dos obtidos apenas na abordagem transacional.
Para Zanini (2015), os comportamentos de liderança transformacional operam
parcialmente devido ao cuidado e à preocupação percebida no relacionamento,
enquanto os líderes transacionais enfatizam menos a relação e mais a garantia –
baseada no caráter – de que serão vistos como justos, confiáveis e íntegros.
Este estudo aprofundará no próximo tópico sobre a Liderança
Transformacional, como objeto de estudo na análise do impacto sobre o
comportamento e orientação de segurança organizacional.
5.3.2 Liderança Transformacional
Shin e Zhou (2007), propõe que independentemente da área de atuação, a
liderança transformacional é capaz de modificar comportamentos por meio de seus
exemplos e atitudes. Lau e Linden (2008) relata que os liderados sentem mais
confiança e lealdade em líderes com características transformacionais, aumentando
o nível de satisfação dos funcionários e respeito para com os líderes (Yang e
Mossholder, 2010). Para Burns (2003), os liderados sentem confiança, admiração,
lealdade e respeito pelo líder por causa das qualidades do líder transformacional, e
estão dispostos a trabalhar mais do que o inicialmente esperado.
Segundo Jaskyte (2004), líderes transformacionais levam os colaboradores a
pensar na organização em vez de pensar em si próprios, a terem desempenhos
acima das expectativas, estimulam a criatividade, fomentam a capacidade de
inovação e a tornarem-se eles próprios líderes transformacionais.
Para Gomes e Cruz (2007), o líder transformacional valoriza a criação de um
ambiente de apoio às idéias propostas. Segundo Piccolo e Colquitt (2006), os
líderes transformacionais recorre aos ideais e valores dos colaboradores para
alcançar o compromisso com a sua visão e inspirá-los a desenvolver uma nova
forma de pensar sobre os problemas. Conforme Burns (2003), o líder
transformacional eleva a moral e motivação dos colaboradores. Se compromete em
45
interações baseadas em valores, crenças, e metas, encorajam os liderados na
busca pelo desempenho excepcional.
De acordo com Bass (2008), liderança transformacional pode ser definida
com base no impacto que tem sobre os liderados. Os líderes transformacionais
adquirem confiança, respeito e admiração de seus liderados.
A liderança transformacional muda a cultura da organização e apóia a alta
performance. Atua como referencial positivo para a equipe e organização. Os
comportamentos de liderança transformacional estabelece visão, e alta expectativas
de performance, criando consenso em volta do objetivo comum.
O líder transformacional compreende a importância do seu papel como
agente de mudanças organizacionais e sociais. Com isso ele assume papel de
agente de mudança, e compreendendo as habilidades e competências de cada
colaborador.
Toda essa conjuntura fazem do estilo de liderança transacional o perfil mais
adequado para esse cenário repleto de exigências mutantes. Equipes que sente
confiança na organização e na liderança, sentem-se mais seguros e confiantes no
desenvolvimento das atividades, rendendo muito mais se comparado a empresas
que não estabelecem essa relação de confiança com seus empregados.
O líder transformacional tem como característica alta interação com a equipe,
preocupação com o bem-estar dos funcionários, além de serem vistos como
gestores sobremodo eficazes para a organização. Segundo Bass (1990), o líder
transformacional apresenta outros quatro atributos:
I. Influência idealizada, são atribuições ou comportamentos carismáticos, que
servem com modelo para os liderados. Ela apresenta dois aspectos:
a. Atribuída - Demonstra qualidades que motivam respeito e orgulho.
Trata a percepção que os subordinados têm da forma da liderança e
confiança depositada no líder.
b. Comportamento - Comunica valores, propósito e importância da
missão da organização. Os riscos são compartilhados com os
liderados e a atuação é coerente com valores organizacionais.
II. Motivação Inspiracional – otimismo, comunica confiança e expõe a emoção
sobre as metas e desafios futuros. Leva os liderados a se superarem
alcançando objetivos ambiciosos, visto como inalcançáveis.
46
III. Estimulação intelectual - Examina novas perspectivas para a resolução de
problemas e completar tarefas. Estimula a inovação e a criatividade,
questionando os dados, reformula problemas através de diferentes ângulos.
IV. Consideração individualizada - São reconhecidas as diferenças individuais e
as necessidades de cada elemento. Foco no desenvolvimento e orientação
dos liderados atendendo às suas necessidades individuais. Busca manter um
contato freqüente, e desenvolve ações de aconselhamento, e fornecendo
apoio sócio-emocional em prol do seu desenvolvimento.
Através da combinação dessas características, faz do líder transformacional um
agente positivo de mudanças, um gestor que impacta positivamente nos resultados
das empresas.
5.3.3- Liderança e Segurança
Segundo Migueles, Lafraia e Costa (2014), na gestão de segurança é
importante a participação visível da liderança engajando todos os níveis hierárquicos
da empresa a participar ativamente criando a conscientização em forma de cultura.
Transformar processos e práticas organizacionais é muito mais difícil e leva muito
mais tempo do que se imagina. Não basta só querer e criar manuais com novos
procedimento, é preciso engajar e vivenciar esse novo momento do processo de
mudança. Não há excelência em Gestão de Segurança sem uma atitude proativa
por parte de cada funcionário, assumir responsabilidade ajuda a fortalecer como
pessoas e profissionais em diversos sentidos.
De acordo com Rowold e Heinitz (2007), há relação positiva entre liderança e
empenho dos colaboradores, devido a influencia positiva do líder sobre os liderados.
A liderança transformacional motiva os colaboradores que, conseqüentemente dão
prioridade ao interesse organizacional sobre o seu interesse individual (MALIK,
DANISH e MUNIR, 2012). Aspecto de grande importância são os líderes
demonstrarem através de ações, atitudes e decisões, que os valores da empresa
estão interligados com as diretrizes de Gestão da Segurança fazendo com que os
empregados percebam o comprometimento da liderança.
Dessa forma o colaborador adquire confiança se sentido inclinado a ser parte
integrante do programa, quando o mesmo visualiza a alta gerência refletindo o
47
cumprimento das próprias ações. A atitude dos líderes em relação a implementação
de novos processos, mas principalmente referente às normas de segurança é
fundamental para disseminação de segurança no trabalho como valor.
Fundamentado nos argumentos acima, assume-se que:
Hipótese H1: A Liderança Transformacional afeta positivamente
Orientação a Segurança, de forma que um líder transformacional proporciona maior estimulo e preocupação da liderança com segurança organizacional.
5.3.4 Liderança e construção da confiança
Pesquisas demonstram que o nível de desempenho dos trabalhadores esta
correlacionado com o grau de confiança da equipe em sua liderança, o que torna
relevante para o entendimento da interação, reação e adesão das equipes de
trabalhos a normas, procedimentos formais e informais de uma organização (DIRKS
e FERRIN, 2001, ZANINI 2015).
Mendes (1999), relata que é fundamental estabelecer relação de confiança
entre funcionário e empresa.
Estabelecer a relação de confiança em uma empresa é mostrar
através do envolvimento da alta administração da companhia as
razões da nova postura, as vantagens que todos poderão desfrutar no
novo paradigma. Mendes (1999, p.15).
O estabelecimento do processo de confiança é determinante para que a
pessoa crie autonomia no desempenho da sua função e assuma riscos, esse é o
principal ponto para explicar e descrever a confiança com base psicológica e
sociológica. Na relação entre líderes e liderados, a confiança é um estado
psicológico que determina a pré-disposição da pessoa em colocar-se suscetível em
relação a outra pessoa. A confiança profissional pode estar ancorada em habilidades
profissionais e competências que levam a confiabilidade. Essa disposição de
confiança mutua é caracterizada pelo apoio, interdependência entre as partes
representando confiança relacional. (ROUSSEAU, et.al, 1998, ZANINI 2015).
48
Segundo Bartram e Casimir (2007), citado por Lima, Santos e Zanini (2015), o
processo do estabelecimento de confiança dos líderes é construído através de
engajamento em ações que demonstrem preocupação individualizada e respeito
para com os liderados em todo o processo de Gestão, gerando confiança nos
liderados com o objetivo de estabelecer lealdade entre ambos.
Líderes constroem confiança, demonstrando preocupação individualizada e
respeito para com os liderados, que envolve desde a consulta ao liderado antes de
tomar uma decisão até sua implementação, com base na lealdade entre ambos
(BARTRAM e CASIMIR, 2007).
Segundo Zanini (2015), um líder mais consultivo, que toma suas decisões
baseando-se nas informações de seus liderados na equipe, gera ambiente propício
para estabelecimento de maior confiança no próprio líder. Isso reflete tanto na esfera
profissional, ou seja, no quanto confia no líder para o apoiar em desafios
profissionais, quanto na esfera pessoal, na capacidade do líder de compreender
seus desafios de vida pessoal, o que é especialmente importante em tarefas que
demandam equilíbrio emocional.
Estudos recentes têm mostrado consistentemente que a teoria de troca líder-
liderado tem efeito direto sobre o comprometimento organizacional (Eisenberger, et
al., 2010), estando positivamente relacionada com o comprometimento afetivo e
normativo, mas negativamente relacionada com o comprometimento instrumental.
Além disso, a relação entre confiança interpessoal e comprometimento já foi
observada em estudos anteriores (FARRELL, 2003; CROSSMAN e LEE-KELLEY,
2004; LAZZARINI, MILLER e ZENGER, 2004; ZANINI, 2007; ZANINI et al., 2013).
Muitos desses estudos identificaram uma relação positiva direta entre confiança no
superior imediato e o comprometimento do subordinado (PILLAI et al., 1991;
UGBORO, 2003; ZANINI, 2007).
Com isso, torna-se evidente que a confiança faz-se necessário para que os
indivíduos no comando das equipes estejam comprometidos com a prática e o
fortalecimento das normas e regras que promovam uma atmosfera de segurança por
meio da aplicação de mecanismos de punição e reconhecimento (ZANINI, 2013), por
isso será aprofundado o entendimento do fator confiança e suas relações no
próximo tópico.
49
5.4 Confiança
5.4.1 Confiança na Gestão
Quando os gerentes representam e comunicam os valores da organização,
demonstram que estão comprometidos e priorizam a segurança da equipe, esse ato
sinaliza o cuidado com a vida e saúde dos funcionários. Dessa forma gera a
expectativa do comprometimento e retribuição recíproco dos funcionários,
contribuindo intrinsecamente para a segurança organizacional.
Burns, Mearns e McGeorge (2006) alegam que os líderes de uma
organização também devem gerenciar pelo exemplo, demonstrando seu
compromisso com a segurança dos funcionários, onde todo o discurso sobre
segurança tem que refletir em seus atos e atitudes, por exemplo: ter atitudes
seguras alinhadas com a política e procedimentos cascateados para a equipe, em
situações insegurança ou relatórios de incidentes agir proativamente e
imediatamente no caso, são ações e atitudes que servem de simbolismos para a
equipe, e que contribuirá para o desenvolvimento da confiança nos líderes. As
pessoas estão pré-dispostas a fazer interpretações positivas das atividades e
características organizacionais, e contribuir para a internalização de valores e
normas organizacionais.
McEvily et al. (2003) afirmaram que a confiança facilita a cooperação e a
resolução conjunta de problemas, aumentando a abertura e a transferência de
conhecimento. Cox, Jones e Collinson (2006), discutindo a confiança em
organizações de alta confiabilidade, concluiu que baixa relação de confiança pode
ter impactos negativos em uma cultura de segurança eficaz.
Zacharatos et al. (2005) concluiu que a confiança nos lideres esta relacionado
diretamente com o clima de segurança, pressupondo maior entendimento e
conscientização sobre comportamento de segurança, tendo como conseqüência
menores indicadores de acidentes ou incidentes em uma organização.
No entanto, alguns aspectos negativos da confiança também foram
discutidos. McEvily et al. (2003) afirmou que a confiança pode ser deslocada, na
medida em que o gestor não é necessariamente confiável. Outro ponto é que o nível
50
de confiança pode ser excessivo gerando sentimentos, comportamentos
inadequados estimulando ou possibilitando as pessoas a terem atitudes não
condizentes com a realidade do ambiente e podendo colocar em situação de risco
ou em condições inseguras.
Burns, Mearns e McGeorge (2006) sugere que confiança e desconfiança
podem ser vistas como construtos diferentes, ambos os quais podem ter um impacto
positivo na segurança. Para isso deve avaliar a confiança dos funcionários na
gestão, e a confiança na competência do gestor que foi escolhido para representá-
lo. No entanto, a natureza complexa da confiança em relação à segurança reforça
ainda mais, a importância de medir simultaneamente a comunicação de segurança.
Segundo Assmar, Ferreira e Souto (2005) um dos principais benefícios do
estabelecimento da confiança entre líderes e liderados, é a criação de ambiente
favorável à eficiência organizacional.
Com base no exposto sobre liderança transformacional e confiança voltada
para questões de segurança, pretende confirmar que:
Hipótese H2: a relação entre Liderança Transformacional e
Orientação para Segurança é mediada pela Confiança, ou seja, se
existe uma dependência entre as variáveis.
5.4.2 Confiança, Percepção de justiça e Gestão de segurança
A complexidade da confiança deve ser mantida em mente, como apontaram
Conchie e Donald (2008), se houver confiança cega nos colegas de trabalho, a
dupla verificação das tarefas críticas de segurança pode ser negligenciada, e os
erros podem passar despercebidos. A importância de uma comunicação aberta, rica
e participativa proporciona empoderamento de segurança colocando todas as
pessoas no mesmo nível de autonomia e poder, independente da posição
hierárquica na organização, a fim de torná-la intrínseca e cultural nas pessoas e
organizações, neutralizando o desenvolvimento da confiança cega, e criando o
sentimento da confiança mútua de segurança como competência de grupo.
Flin et al. (2000) em sua revisão de 18 escalas de clima de segurança
identificou a importância percebida do treinamento adequado sobre segurança, e
51
sobre as percepções dos sistemas formais e processuais de segurança como temas
centrais, como exemplo: existência de comitê de segurança, a satisfação ou
confiança nas políticas estabelecidas de segurança.
No estudo qualitativo com supervisores de primeira linha e representantes de
segurança do trabalhador realizado por Törner e Pousette (2009), confirma e relata a
importância do bom funcionamento dos sistemas de segurança.
Para a implementação de sistema de segurança, tentar antecipar todos os
riscos possíveis e tentar evitá-los por meio de elaborados sistemas de
gerenciamento, pode levar a respostas rígidas podendo engessar processos e até a
organização, ao invés de trabalhar o desenvolvimento da resiliência quando ocorrem
eventos não previstos (CONCHIE et al., 2006). A percepção da eficácia nos
sistemas de segurança deve ser avaliado em conjunto com outros aspectos da
gestão de segurança, a fim de criar cultura e identidade para a empresa,
proporcionando benefícios sustentáveis para a segurança organizacional.
Em uma organização a percepção da eficácia dos sistemas de segurança,
pode ser conduzida através de uma comunicação rica e aberta, se tornando
elemento importante e uma dimensão essencial para o clima de segurança, a fim de
neutralizar quaisquer desvantagens potenciais que falta de confiança pode
proporcionar ao sistema de segurança organizacional.
Comunicação e interação entre pessoas, equipe e lideres são fundamentais
para a construção de elos, estabelecimento de confiança e criação de clima
organizacional. Hofmann e Stetzer (1998) sugerem que uma gestão que encoraja a
comunicação aberta sobre segurança, passa um forte sinal de valorização de
segurança pela liderança e organização.
De acordo com a Fiske (2002), o individualismo do funcionário sobre atitudes
seguras está relacionado diretamente sobre questão de comunicação, como um
importante atributo no desenvolvimento de uma cultura de segurança positiva.
Jeffcott et al. (2006) salientou a importância da aprendizagem para cultura de
segurança, ou seja, é fundamental ter constância na divulgação e compartilhamento
de informações, indicadores interno, boas práticas sobre segurança, valorizando o
ambiente, estimulando a comunicação e troca de conhecimentos, criando e
fortalecendo elos baseado na confiança, criando ambiente propício para que os
52
empregados possam contribuir identificando e relatando melhorias na segurança do
ambiente de trabalho. Com isso a comunicação não é somente uma troca de
informação, mas também um pré-requisito para a aprendizagem e para o surgimento
de idéias inovadoras. Importante destacar que a comunicação deve ser eficaz, para
isso deve ser estimulada não apenas como uma interação entre empresa e
funcionários e mas principalmente entre os próprios funcionários.
Cropanzano, Bowen e Gilliland (2007), relata que a percepção de justiça
organizacional é uma avaliação individual constituída a partir do ponto de vista
relativo do trabalhador, podendo proporcionar benefícios para as organizações e
seus colaboradores, como o aumento do comprometimento organizacional e
melhoria de desempenho.
Segundo Hofmann; Morgeson; Gerras (2003) trabalhadores com senso e
percepção de justiça organizacional, empenham em atividades no intuito de tornar o
ambiente de trabalho mais seguro para os membros da equipe. Gyeekye e Salminen
(2010) ressalta que esse engajamento as políticas de segurança consequentemente
geram menor envolvimento em acidentes de trabalho. Com isso, pode ser percebido
a correlação entre percepção de justiça dos funcionários e o desempenho em
segurança estabelecido através do comportamento de cada indivíduo.
Para Jeffcott et al. (2006) o sentimento de culpa pode ser uma barreira para a
aprendizagem, e argumenta que quando a responsabilização e a culpa são
características predominantes em uma organização, a segurança tende a ser
excessivamente gerenciada através de procedimentos formais, como meio de auto-
preservação, resultando em uma cultura cada vez mais prescritiva e inflexível.
Em seu artigo Weiner, Hobgoog e Lewis (2008) afirmam que a falha em
disciplinar os funcionários que agem conscientemente de forma insegura, desafia os
princípios morais amplamente aceitos, tanto quanto pune aqueles que cometem
erros honestos, gerando mal exemplo ou referência para a cultura organizacional e
de segurança de uma empresa. Com base no exposto, assume-se que:
Hipótese H3: A confiança entre os membros da equipe afeta positivamente o Orientação para Segurança Organizacional, de
forma que quanto maior a confiança entre os membros maior orientação a segurança da Equipe.
53
5.5 DISTÂNCIA DE PODER - dimensão sócio-cultural.
Ao estabelecer novas práticas, costumes e valores em uma organização é
importante que as empresas devam levar em conta aspectos de dimensões sócio-
culturais dos valores local.
A busca por uma estratégia empresarial que garanta efetividade na
implementação dos processos de segurança, e na formação de uma nova cultura, se
torna ambiente favorável para o estímulo de pesquisas científicas e aumento no
número de publicações nessa área.
Segundo Hofstede (2001) não existe um método de gestão universal nem
uma teoria de gestão no mundo. O modelo das dimensões é um quadro-referência
que descreve e distingue cinco dimensões com diferenças e perspectivas dos
valores centrais entre as culturas nacionais.
O projeto de Liderança Global e Eficácia do Comportamento Organizacional
(GLOBE), busca compreender a mudança nos valores culturais desde o trabalho
pioneiro realizado por Hofstede (1980), analisando as inter-relações entre cultura
societária, eficácia e liderança organizacional. A revisão do estudo do GLOBE
(1999) é um programa de pesquisa inicialmente liderado por Robert J. Casa, em
conjunto com 150 pesquisadores distribuídos em 62 países que buscou aprofundar
entendimento das culturas ampliando o trabalho original de Hofstede, e
acrescentando novas dimensões culturais na análise do estudo.
A dimensão cultural objeto que esse estudo irá tratar refere-se a distância do
poder, que é o grau de desigualdade entre as pessoas e a forma que são percebidas
como apropriadas e aceitáveis pela sociedade, ou seja, dentro de uma organização
trata-se da distância das lideranças e liderados – a hierarquia verticalizada versus
uma ênfase na igualdade e sensação de desconforto com distinções hierárquicas
em sociedades e organizações horizontalizadas; HOFSTEDE (1980); SINGELIS,
TRIANDIS, BHAWUK e GELFAND (1995).
House et al. (2004) declarou: “A robustez do índice de distância de poder de
Hofstede foi estabelecida em um grau bastante alto por replicação independente em
vários estudos”.
Hofstede (1980) conceitua Distância do Poder sendo a incidência sobre o
grau de igualdade, ou a desigualdade, entre as pessoas na sociedade do país, é
uma medida do quanto os membros menos poderosos de uma sociedade aceitam
54
distribuição desigual de poder na sociedade. Ela é mensurada a partir dos sistemas
de valores daqueles que têm menos poder, sendo medida o quanto uma pessoa
esta em posição hierárquica inferior. A dimensão Distância do Poder está
diretamente relacionada com a forma encontrada por diferentes sociedades para
lidar com a questão fundamental de gerir as desigualdades entre os indivíduos..
Nessa dimensão cultural a desigualdade é aceita, há hierarquia por necessidade,
quem têm poder têm privilégios e a mudança acontece através de revoluções.
Hofstede (2001) afirmou que os membros das culturas de alta distância de
poder aceitam diferenças entre os níveis hierárquicos, em comparação com culturas
de distância de poder mais baixas que aceitam menores diferenças de poder.
Segundo GLOBE (2006) a distância do poder é definida como o grau em que
os membros de uma sociedade aceita que o poder seja dividido de maneira
desigual. Representa a medida em que a comunidade mantém a desigualdade entre
os seus membros por estratificação de indivíduos e grupos no que diz respeito ao
poder, autoridade, prestígio, riqueza e bens materiais. Ou seja, até que ponto a
comunidade aceita e endossa autoridade, diferenças de poder e privilégios de
status. Reflete o estabelecimento e manutenção da dominação e controle dos
menos poderosos pelos mais poderosos.
Segundo Hofstede e Mccrae, (2004) a conseqüência da desigualdade com
diferentes níveis de poder; denota que todas as sociedades são desiguais, mas há
níveis diferentes de desigualdade entre elas.
É notado nas análises dos estudos de Hofstede que empresas com filiais em
outros países tenham diferença em seu funcionamento, ainda que tivesse o mesmo
método de gestão igual ao da matriz.
Hofstede (2001) descreve cultura nacional correlacionada com a percepção
de risco e antecedentes para a cultura de segurança, tal como medido por fatores
que resultam a partir de um questionário de segurança.
Segundo Hofstede (2003), não existe um método correto de gestão, mas é
possível identificar os aspectos locais e assim adaptar procedimentos e ferramentas
para ter maior êxito na implantação de processos e estabelecimento da cultura de
segurança de uma forma que não agrida a cultura organizacional.
55
A aplicação do método de Hofstede auxilia na compreensão dos fatores
críticos de lideranças, aspectos comportamentais dos indivíduos e comunicação em
um processo de implementação de procedimentos de segurança e aprimoramento
da cultura organizacional.
Segundo Hofstede (1980, 1984), em países identificados com alto grau de
distância do poder, os empregados freqüentemente demonstram medo em não
concordar com seus superiores. Também revelam preferir chefes autocráticos ou
paternalistas a chefes consultivos. Superiores e subordinados não se colocam em
patamar de igualdade e o sistema hierárquico se baseia na desigualdade existente.
Algumas características encontradas nesse tipo de ambiente organizacional são:
estruturas hierárquicas verticalizadas, poder concentrado nas mãos de poucas
pessoas, privilégios para os níveis hierárquicos mais altos, chefes autocráticos e
paternalistas.
Os resultados do GLOBE concluíram que “a distância do poder é, portanto,
relatada como a menos desejável, mas a característica mais proeminente das
práticas sociais em países do mundo todo” (HOUSE et al., 2004).
No estudo GLOBE, a sociedade de alta distância de poder, é de fácil
identificação e reconhecimento ver quem tem poder e status, onde possui como
característica maior subordinação dos liderados aos superiores, diferentemente nas
sociedade e organizações que possuem baixa distância de poder, onde possui uma
relação mais igualitária, de forma inclusiva, que propicia a participação das pessoas
na tomada de decisões (WALDMAN et al., 2006).
GLOBE ressalta que nas culturas de baixa distância do poder há menor
centralização na tomada de decisão, ou seja, como conseqüência há menor
delegação do líder para seus liderados (HOUSE et al., 2004).
Outro ponto destacado no projeto realizado por GLOBE (2006), é que a
comunicação eficaz também depende do nível de distância do poder em uma
sociedade. Em sociedades com alta distância do poder, a comunicação é
geralmente realizada de cima para baixo, a liderança tem de possuir maior
conhecimento que os liderados, e dificilmente esse líder dá feedback para sua
equipe.
56
Toda a sociedade é afetada pela dimensão cultural de distância de poder. E
aspectos extremos entre grandes e pequenas distância de poder mais relevante em
uma organização pode ser visto no Quadro 1.
Quadro 1. Comparação entre Alta e Baixa Distância de Poder
Alta Distância de Poder Baixa Distância de Poder
Superiores e subordinados consideram um ou outro existencialmente como desiguais
Superiores e subordinados consideram um ou outro existencialmente como iguais
Sistema hierárquico baseado na desigualdade
Sistema hierárquico por conveniência, sendo apenas uma desigualdade de funções
Poder Centralizado Poder descentralizado
Subordinados esperam receber instruções sobre o que fazer
Subordinados esperam ser consultados antes de seu trabalho ser afetado por alguma decisão
Grande número de supervisores e altas hierarquias
Numero limitado de Supervisores e pirâmide hierárquica plana
Grandes diferenças de salários entre funcionários de alto e baixo escalão
Pouca diferença de salários entre funcionários de alto e baixo escalão
Trabalhadores com pouca educação, e trabalho manual tem menos status que trabalho de escritório
Trabalhadores bem qualificados, e trabalho manual que exige grandes habilidade tem mais status que trabalho de escritório que exige poucas habilidades.
Superiores possuem privilégios Privilégios são indesejáveis
Somente superiores iniciam contato com subordinados Superiores são acessíveis a subordinados
Chefe ideal é um autocrata benevolente Chefe ideal é um engenhoso democrata
Símbolos de status contribuem para a autoridade dos chefes Símbolos de status são suspeitos
Abuso de poder é aceitável Existe estrutura que os empregados reportam abuso de poder.
Fonte: Adaptado de Hofstede, Hofstede e Minkov (2010)
57
A importância deste estudo reside na possibilidade de oferecer subsídios que
auxiliem as organizações no quanto a distância de poder pode facilitar ou dificultar
na implementação de cultura e processos de segurança dentro de uma empresa
com características típicas de países latinos, mas que por estar sob comando de
multinacionais ou com gestão de CEO de outras culturas pode sofrer influência de
dimensão cultural referente a Distância de Poder.
Um dos objetivos deste trabalho, tomando como base os estudos de Hofstede
(1997) e GLOBE (2004), mensurar e indagar de como a dimensão de distância de
poder influencia no comportamento dos funcionários, na gestão e cultura de
segurança de uma organização. Com este questionamento, pretende-se confirmar
que:
Hipótese H4: a relação entre liderança transformacional e
orientação para segurança é moderada pela Distância de Poder.
5.5.1 Distância de Poder, Segurança e Confiança
Pesquisas de Migueles, et al (2009) e Zanini, et al (2009), produziram
evidências de que a combinação entre a grande distância do poder e forte aversão à
incerteza (Hofstede e Minkov, 2010) resulta em baixa nível de confiança no contexto
organizacional, impactando no desenvolvimento de autonomia pessoal,
comprometendo o engajamento das pessoas e equipes no cumprimento dos
procedimentos e normas. A combinação dessas características nas três dimensões,
gera maior distanciamento entre o que é planejado e o que é executado, gerando
menor adesão a gestão de segurança, conseqüentemente aumentando o nível de
risco de acidentes. De acordo com Zanini (2009), confiança é abordada a partir de
um grande número de perspectivas empíricas e conceituais e através da revisão do
conjunto interdisciplinar de pesquisas e teorias.
58
Grande estudo conduzido por Helmreich e Merrit, (1998), a partir dos valores
baseados nos pilares de dimensões de Hofstede 1984, concluiu encontrando
evidências de diferenças entre atitudes e comportamento de funcionários com
relação ao cumprimento de regras e procedimentos. Com referência a taxonomia de
Hofstede indica inter-correlação entre Individualismo, Distância de Poder e Aversão
a incerteza, sugerindo que uma ou mais dessas dimensões determinam o tipo de
comportamento. Como exemplo o estudo coloca que quanto maior a distância de
poder mais propenso os funcionários estão a seguir ordens e procedimentos e aderir
a padrões operacionais.
Outro estudo realizado por Mearns et al. (2003), realizou a mensuração de
percepção de risco, atitude e compromisso com a segurança própria e de terceiros.
Este estudo concluiu mesmo havendo diferenças culturais entre setores,
procedimentos, normas e instalações específicas, mas o que prevaleceu são fatores
psicossociais e organizacionais da força de trabalho relacionado a segurança.
Tan (2002), afirma que para uma visão geral, proponentes da abordagem de
convergência argumentam que o processo de globalização, industrialização e
desenvolvimento econômico leva a uma convergência de atitudes e
comportamentos, independentemente de questões culturais, particularmente no
nível gerencial, atribuindo esse fato a fatores ambientais, ou seja, a evolução ocorre
a partir de ambientes de negócios propícios e capitalistas, como sustentação de
sistemas jurídicos fortes, independentes e sistema políticos democráticos. Esses
fatores criam ambientes de segurança nacional no sentimento mais amplo e irrestrito
do termo da palavra, possibilitando condições para que organizações não sejam
impactadas por questões de Segurança.
O modelo teórico adotado nessa tese, teve como base o estudo qualitativo e
quantitativo realizado por Zanini, Santos e Lima (2015), que analisaram o estilo de
liderança e a relação de confiança existente entre líder e liderado, e seu grau de
comprometimento. O estudo aponta que a liderança e confiança explicam
parcialmente a qualidade da coordenação informal de equipes, Dados desse estudo
indicam que esses são os mesmos fatores que explicam a propensão dos liderados
de se colocar em risco juntamente com o foco e busca por resultados.
59
Assim, como base no estudo mencionado anteriormente e referencial teórico
levantado, propõe-se o seguinte modelo teórico, que considera a Orientação a
Segurança, como variável central de pesquisa (Figura 4), presumindo que Liderança
Transformacional influencia diretamente a relação com Segurança, mas quando
Liderança é mediada com a variável Confiança essa relação é mais forte, tendo
maior influência na Orientação de Segurança. E busca verificar a relação de
moderação exercida pela Distância de Poder na relação entre Liderança
Transformacional e Orientação a Segurança dos trabalhadores nas empresas.
Figura 4 – Modelo Conceitual de Investigação
Fonte: Autoria Própria (2018)
60
6. METODOLOGIA
O procedimento metodológico tem o intuito de explicar como e quais foram os
métodos para realização da pesquisa científica. Este trabalho utilizou o método
quantitativo, buscando entender a relação das variáveis propostas. Para isso usou
métodos estatísticos com tratamento de dados oriundos de questionários. Segundo
Gil (1991) e Creswell (2007) a coleta de informações e sua tabulação geram dados
que auxiliam na resolução da pergunta de pesquisa, traduzindo variáveis e
indicadores em números e tendências.
6.1 Procedimentos de coleta de informação e constituição da amostra
O design da pesquisa caracteriza-se como do tipo survey, também conhecido
como levantamento. Uma das principais características do método survey é produzir
descrições quantitativas e o instrumento de coleta (questionário) ser pré-definido.
O questionário utilizado nesta pesquisa (Anexo II) foi dividido em duas partes,
para ser aplicado na coleta de dados. Na primeira parte foi composta e dividida em
quatro blocos de escalas já validadas em estudos anteriores referente a Orientação
de Segurança, Liderança Transformacional, Confiança e Distância de Poder, na
segunda parte do questionário, levantou dados demográficos dos participantes.
O desenvolvimento do questionário foi realizado baseando-se no
levantamento de outros estudos e artigos relevantes e publicados nas principais
revistas internacionais. Os questionamentos do survey foram traduzidos
preservando a essência e buscando tornar simples o entendimento das perguntas,
com o intuito de obter respostas que exprimam devidamente as percepções de
liderança, confiança e distância de poder relacionado a orientação na segurança
organizacional.
A formatação do questionário e obtenção dos dados foram alcançados
utilizando a plataforma QUALTRICS. A aplicação ocorreu entre junho e agosto de
2018. O dados foram recolhidos através de questionário online usando a plataforma,
de modo a padronizar a coleta das respostas e facilitar o processamento das
informações para melhor análise e estudo dos dados.
61
O questionário foi elaborado a partir da tradução de questionários testados e
validados, com o intuito de recolher informações confiáveis. Antes de realizar a
aplicação definitiva foi realizado pré-teste em uma amostra com a participação de
09 entrevistados para calibração e servindo como uma amostra de validação.
6.2 População, amostra e materiais.
Para obter amostra com amplitude e diversificação foi feito seleção não
probabilística de 16 stakeholders obtidos através de contato pessoais do
pesquisador que atuam na posição de Diretor, CEO ou sócio-proprietário de
empresas privadas, nacionais, familiares de capital fechado SA ou Ltda, de médio e
grande porte que atuam no ramo de construção civil e logística (transporte e
operador logístico), e que possuem políticas e sistema de gestão de segurança
estabelecidas e implementadas na organização a mais de quatro (04) anos.
Primeiramente foi realizado reunião individual via telefone ou via Skype com
cada um dos 16 stakeholders, para realizar engajamento dos mesmos,
apresentando, explicando a relevância e contribuição do tema de pesquisa e tirando
dúvidas sobre o projeto e aplicação do questionário de pesquisa. Após essa etapa o
questionário foi enviado via email e mensagem de texto de celular para os 16
stakeholders, para que pudessem de forma aleatória realizar a aplicação da
pesquisa no público alvo. O público alvo consiste o total de 196 profissionais das
áreas operacionais e administrativas que estão trabalhando na empresa no mínimo
a um (01) ano nas empresas pesquisadas. Em específico no estado do RJ a
aplicação da pesquisa contou com a participação direta e presencial do pesquisador
nas empresas mapeadas. Dessa forma foi utilizada a técnica de amostragem não
aleatória por conveniência. Na aplicação foi tomada as devidas preocupações para
garantir o anonimato dos respondentes, de modo que as respostas não fossem
enviesadas.
Nesse estudo foi levantado os dados e informações detalhadas, com o
objetivo de analisar as variáveis definidas. A amostra se caracteriza por profissionais
que trabalham em empresas que tem políticas de gestão de segurança
implementados nas organizações, de faixa etária entre 20 a 70 anos com idade
média de 37 anos e 7 meses, sendo que esses profissionais possuem tempo médio
62
de 5 anos e 6 meses de trabalhos, com variância do mínino de 01 ano e o máximo
30 anos de trabalho na organização. Em sua grande maioria são composto por
homens sendo 78% do sexo masculino, com a grande predominância de
trabalhadores casados com 68% e com a seguinte distribuição de nível de
escolaridade: 23,5% Pós Graduado, 24% de nível Superior, 19,4% nível técnico,
23,5% nível media e 9,7% nível fundamental.
Tabela 03: Estatística descritiva por grupos
Masculino Feminino
Sexo 153 43 (%) 78,06% 21,94% Casado Solteiro Estado Civil 123 73 (%) 62,75% 37,25% Escolaridade Fundamental 19 (%) 9,69% Ensino Médio 46 (%) 23,47% Ensino Técnico 38 (%) 19,39% Graduação 47 (%) 23,98% Pós Graduação 46 23,47% Fonte: Autoria Própria (2018)
6.3 Instrumento de Medidas
Para testar as hipóteses formuladas, foram selecionados e aplicados
questionários estruturados em cinco blocos referente a Orientação de Segurança
desenvolvido por Havold e Nesset (2007); Os fatores referente a Liderança
Transformacional aplicados no Questionário de Liderança Multifactor desenvolvido
por Bass e Avolio (1989); Modelo integrado de Confiança Organizacional
desenvolvido por Mayer e Schhorman (1995); e Efeitos da Distância de Poder (Farh,
63
Hackett e Liang (2007) e o quinto e último bloco com a solicitação de informações
para comporem a variável de controle.
Na primeira parte do questionário que pesquisa as quatro variáveis, as
questões são avaliadas e composta em escala de Likert de 5 pontos, variando de 1
a 5, onde 1 indica que a pessoa Concorda Totalmente com a afirmação e o 5
Discorda totalmente da afirmação. Essa escala foi utilizada, pois segundo Malhotra
(2001), ela facilita a construção, aplicação e entendimento dos respondentes. As
escalas utilizadas estão descritas a seguir:
• Orientação a Segurança: para o construto de Orientação a Segurança, a
escala originalmente tem a denominação de safety orientation scale de
(HAVOL e NESSET, 2007). Para esta pesquisa foi utilizada esta escala de
forma reduzida e adaptada para 16 itens, que mostram a importância do
papel dos gestores na promoção de comportamentos seguros dos
funcionários, tanto diretamente através de suas atitudes comportamentos,
e indiretamente, através do desenvolvimento de um sistema de gestão da
segurança. Essa é uma escala de boa confiabilidade, com Alfas de
Cronbach superiores a 0,84 com elevado grau de estabilidade da escala
em segmento de empresas e indústrias distintos, sendo utilizado em
diversos trabalhos como uma nova forma de mensurar orientação a
segurança. Os participantes responderam questões como: “As pessoas
estão dispostas a relatar falhas e acidentes”; “Orientações de Segurança
são difíceis de entender”.
• Liderança Transformacional: Para esta variável foi utilizado parte do
questionário de Liderança Multifactor desenvolvido por Bass e Avolio
(1989), onde foi adaptado a parte referente a liderança transformacional
para escala de 7 itens, que testa e investiga o comportamento do líder.
Dentro os diferentes estilos de liderança citados pelos autores dessa
escala, o estilo de liderança transformacional foi escolhido, em função de
sua característica de ser uma agente de mudança exercendo influência no
comportamento do funcionário, servindo de exemplo e inspiração para
seus liderados e impactando positivamente a cultura da organização. Essa
é uma escala de boa confiabilidade, com Alfas de Cronbach superiores a
64
0,90. Em uma escala de 1 a 5, os participantes responderam questões
como: “Meu chefe sempre encoraja a equipe e faz reconhecimento aos
funcionários dessa empresa”; “Meu chefe lidera através do exemplo”.
• Confiança: para o construto Confiança, a escala originalmente tem
denominação de Modelo Integrado de Confiança Organizacional
desenvolvido por Mayer e Schhorman (1995), que mede a confiança dos
liderados em seu líder. Essa é uma escala de boa confiabilidade, com
Alfas de Cronbach superiores a 0,63. Essa escala foi utilizada de forma
reduzida e adaptada composta por 7 questões, onde os participantes
responderam questões como: “Se meu supervisor perguntasse porque um
problema ocorreu, eu falaria tranquilamente (sem maiores problemas),
mesmo se tivesse parte da culpa”; “Eu estaria disposto a deixar meu chefe
ter controle total sobre o meu futuro nesta empresa”.
• Distância de Poder: a escala originalmente para este construto é relativo
a Efeitos da Distância de Poder de Farh, Hackett e Liang (2007). Essa
escala mede o quanto os membros menos poderosos de uma sociedade
aceitam distribuição desigual de poder na organização. Essa é uma escala
de boa confiabilidade, com Alfas de Cronbach superiores 0,81, sendo
composta por 7 itens que foram adaptados para essa pesquisa. Os
participantes responderam questões como: “Os subordinados tem
liberdade para discordar de seus chefes”; “É freqüente o uso de
autoridade e poder na relação entre superiores e subordinados”.
• O último bloco do questionário contém 11 questões demográficas,
pessoais sobre o perfil do candidato, tais como: gênero, idade,
escolaridades, tempo de empresa, estado civil.
65
7. RESULTADOS
7.1 Estatística Descritiva e Análise de Variáveis
As análises estatísticas foram realizadas com uso do software SPSS
(Statistical Package for the Social Science). Primeiramente, foi realizado análise
descritiva dos dados analisando médias, freqüências e desvio padrão das variáveis
desta pesquisa, do mesmo modo foi realizado análise da correlações entre as
variáveis e a consistência do alfa de Cronbach. A tabela Tabela 4, consolida as
médias e o desvio padrão das variáveis empregadas no teste das hipóteses, e a
correlação entre as variáveis.
Tabela 04: Médias, desvios padrão e as correlações com as variáveis da matriz Médi
a Desvio Padr. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)
Líder.Transformacional (1) 3,90 0,86 1,00
Segurança (2) 3,77 0,65 0,51 1,00
Confiança (3) 3,42 0,70 0,52 0,53 1,00
Distância de Poder (4) 2,81 0,86 -0,51 -0,56 -0,48 1,00
Idade (5) 37,7 9,19 -0,14 -0,04 -0,03 -0,02 1,00
Sexo (6) 0,78 0,42 0,03 0,14 0,01 -0,10 0,04 1,00
Escolaridade (7) 3,37 1,31 -0,21 -0,13 -0,14 0,05 -0,07 -0,19 1,00
Tempo de Empresa (8) 5,64 6,58 -0,04 -0,03 -0,03 -0,03 -0,03 0,05 0,24 1,00
Estado Civil (9) 0,63 0,48 0,15 0,17 0,09 -0,15 0,06 0,13 0,28 0,26 1,00
Fonte: Autoria Própria (2018) Notas: N = 196, Sexo: 0 = Masculino, 1 = Feminino Escolaridade = 0 = fundamental, 1=ensino médio, 2 nível técnico, 3 nível superior, 4 Pós graduado Tempo de Empresa: unidade em anos Estado Civil: 0 = solteiro, separado, divorciado, 1 = casado/união estável
A validade convergente do modelo foi avaliada através do exame de cargas
fatoriais, sendo o limite de carga de 0,5 recomendado pelos estudos de Hair, Black
Babin, & Anderson (2009). Alguns itens de Distância Poder, Confiança e Segurança
Organizacional estiveram abaixo desse índice, contudo ao retirar esses itens
poderíamos descaracterizar a estrutura proposta para a escala, perdendo a validade
66
nomológica destas escalas visto que elas são compostas respectivamente por 7, 7 e
16 itens. Assim para manter a integridade teórica da escala, escolhemos manter
esses itens. A correlação entre os construtos quadrado (Tabela 04) é menor do que
os VME (Tabela 05) destes construtos (Fornell & Larcker, 1981), o que também
indica validade convergente.
7.2 Análise Fatorial
Para realizar a análise fatorial foi utilizado o software IBM SPSS. A análise
consiste em testar os dados do modelo proposto, utilizando a modelagem de
equações estruturais, na qual as relações entre variáveis observadas e fatores é
modelado em uma série de regressões lineares, utilizando para isso uma matriz de
covariâncias. No que tange aos coeficientes considerados, foram utilizados os
índices de ajuste CFI, RMSEA.
Abaixo segue a definição dos índices de ajuste da análise fatorial
confirmatória, e também na modelagem de equações estruturais que serão
utilizados nessa pesquisa:
- CFI (índice de ajuste comparativo): Segundo Bentler (1999), mede o ajuste do
modelo observado comparando com um modelo base e independente de referência,
com base na técnica da verossimilhança, e que procura levar em consideração a
complexidade de um modelo. Valores maiores que 0,80 são considerados como
indicativos de elevada adequação ao modelo. Um dos benefícios da utilização do
CFI é evitar a subestimação do ajuste observado no NFI quando a amostra é
pequena.
- RMSEA (raiz da média dos quadrados dos erros de aproximação): caracteriza-se
por ser a forma mais apropriada quão bem um modelo se ajusta à população, não
apenas à amostra utilizada para a estimação. Valores abaixo de 0,08 são
considerado desejáveis e valores abaixo de 0,05 são considerados ótimos.
Por se tratar de uma variável latente, é importante testar preliminarmente a
validade do construto. Na análise fatorial confirmatória foi utilizado o método da
máxima verossimilhança para testar a adequação do modelo dos fatores proposto.
Ao executar o modelo com covariâncias entre as variáveis, os resultados sugeriram
um bom ajuste (CFI = 0,815; RMSEA = 0,065).
67
Para verificar a confiabilidade das escalas foi utilizado o cálculo da
Confiabilidade Composta. Os resultados demonstraram boa confiabilidade das
variáveis, por apresentarem uma alta consistência interna da variável com
resultados superiores a 0,80 (Tabela 05), muito acima dos critérios de 0,60
apresentados por Bagozzi & Yi (1998). Com relação a VME, indicadores de validade
discriminante, para Segurança Organizacional, Confiança e Distância de Poder
(Tabela 05) estão abaixo do mínimo de 0,5 estabelecido por Fornell e Larcker
(1981). No entanto, devido à validade nomológica, confiabilidade aceitável e para
manter a integridade teórica da escala optou-se por manter, não excluindo fator
dessas variáveis.
Os resultados representam que o modelo produziu medida de ajuste
adequadas em todos os índices avaliados. Dessa maneira os resultados dos índices
de ajustamento do modelo observado, derivado da análise fatorial confirmatória
(CFI=0,815; RMSEA=0,065), exprimem a sua adequação e qualidade. Quando
examinados em conjunto, os índices sustentam a validade do modelo apresentado
nessa pesquisa:
68
Tabela 05 – Fatores, Cargas, VME e CC
Carga VME CC Liderança Transformacional 0,55351 0,90 Lider.Transformacional_1 0,69288 Lider.Transformacional_2 0,77499 Lider.Transformacional_3 0,76426 Lider,Transformacional_4 0,68537 Lider.Transformacional_5 0,59109 Lider.Transformacional_6 0,85514 Lider.Transformacional_7 0,81204
Segurança Organizacional 0,26267 0,84 Seg.Organizaciona_1 0,41645 Seg.Organizaciona_2 0,60923 Seg.Organizaciona_3 0,36307 Seg.Organizaciona_4 0,70831 Seg.Organizaciona_5 0,43031 Seg.Organizaciona_6 0,26481 Seg.Organizaciona_7 0,60821 Seg.Organizaciona_8 0,36261 Seg.Organizaciona_9 0,71299 Seg.Organizaciona_10 0,43591 Seg.Organizaciona_11 0,45872 Seg.Organizaciona_12 0,19501 Seg.Organizaciona_13 0,47591 Seg.Organizaciona_14 0,71412 Seg.Organizaciona_15 0,57213
(Continuação) Carga VME CC Seg.Organizaciona_16 0,50719
Confiança 0,20913 0,63 Confi_1 0,71750 Confi_2 0,52508 Confi_3 0,45953 Confi_4 0,35576 Confi_5 0,31477 Confi_6 0,27879 Confi_7 0,39853
Distância de Poder 0,47303 0,81 Dist.Poder_1 0,65694 Dist.Poder_2 0,45656 Dist.Poder_3 0,80248 Dist.Poder_4 0,75165 Dist.Poder_5 0,71846 Dist.Poder_6 0,61266 Dist.Poder_7 0,62372
Fonte: Autoria Própria (2018)
69
7.3 Teste de Hipóteses
O teste das hipóteses propostas foi realizado através de regressão múltipla.
Em todas os testes as variáveis de controle estão presentes, será examinado se
Liderança Transformacional e Confiança são preditores positivos de Orientação de
Segurança, em seguida, será acrescido variável mediadora (confiança) e verificado
se há efeito relevante na relação indireta entre Liderança e Segurança e por último
será acrescido variável moderadora (distância de poder) e investigado o efeito
moderador exercido na relação de Liderança e Segurança. Os resultados de cada
uma das hipóteses estão detalhados abaixo e dispostas na Tabela 06.
Hipótese H1: A Liderança Transformacional afeta positivamente Orientação a
Segurança, de forma que um líder transformacional proporciona maior estimulo e
preocupação da liderança com segurança organizacional. Essa hipótese foi
confirmada com o resultado da liderança transformacional (b = 0,377; p<0,001)
apresentado no modelo 2 (tabela 6) da regressão múltipla.
Hipótese H2: a relação entre Liderança Transformacional e Orientação para
Segurança é mediada pela Confiança, ou seja, se existe uma dependência entre as
variáveis (Mediação). Essa hipótese foi confirmada com o resultado da Mediação de
Confiança (b=0,32; p<0,001) na Liderança Transformacional (b = 0,377; p<0,001)
(tabela 6).
Hipótese H3: A Confiança entre os membros da equipe afeta positivamente o
Orientação para Segurança Organizacional, de forma que quanto maior a confiança
entre os membros maior orientação a segurança da Equipe. Essa hipótese foi
confirmada com o resultado de confiança (b=0,32; p<0,001) apresentado no modelo
4 (tabela 6) da regressão múltipla.
Hipótese H4: a relação entre liderança transformacional e orientação para
segurança é moderada pela Distância de Poder. Essa hipótese foi confirmada com o
resultado de distância de poder (b=-0,75; p<0,001) apresentado no modelo 5 (tabela
6) da regressão múltipla.
70
Tabela 06 - Análise Regressão - Orientação a Segurança Organizacional
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
Idade ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 Sexo ,191 ,186 ,195 ,190 ,113 Tempo de Empresa -,008 -,003 -,005 -,003 -,002 Estado Civil ,262** ,132 ,185 ,127 ,114 Liderança -,060 -,028 -,052 -,034 -,071 Transformacional ,000 ,377*** ,239*** ,411 Confiança ,471 ,323*** Mod_PD1 -,075*** Constant 3,531 2,115 1,949 1,549 2,791
R ,238 ,547 ,564 ,624 ,654 R Square ,057 ,299 ,318 ,390 ,428
Adjusted R Square ,031 ,276 ,295 ,366 ,405 * p < .10, **p < 0.05, ***p < 0.001
Fonte: Autoria Própria (2018)
Segundo os autores Baron & Kenny (1986), a mediação tem os seguintes objetivos:
- Demonstrar que a Variável Independente (VI) é capaz de explicar a variação
na Variável Mediadora (VM), ou seja o efeito da VI sobre VD;
- Demonstrar que a Variável Mediadora (VM) é capaz de explicar a variação
na Variável Dependente (VD), ou seja o efeito da VM sobre VD;
- O efeito inicial relevante de VI sobre VD passa a não ser significativo quando
o efeito da VM é incluída no modelo de hipóteses, ou seja, há redução parcial
ou total do efeito da VI na VD quando o efeito da VM é controlado.
Para que uma mediação seja significante, é necessário que o efeito da
variável independente (liderança transformacional), sobre o mediador (confiança)
seja significante, assim como o efeito do mediador sobre a variável dependente
(segurança) seja significante, como pode ser observado nos resultados do teste
deste estudo (Tabela 6).
71
Tabela 07 – Mediação efeitos Direto e Indireto: Confiança media a relação entre
Liderança Transformacional e Segurança.
************ DIRECT AND INDIRECT EFFECTS OF X ON Y **************** 1)Direct effect of X on Y (Liderança com Segurança) Effect se t p LLCI ULCI ,2386 ,0521 4,5843 ,0000 ,1359 ,3414 2)Indirect effects of X on Y: (Liderança+mediação Confiança na Segurança) Effect BootSE BootLLCI BootULCI Confiança ,1380 ,0316 ,0807 ,2039
Fonte: Autoria Própria (2018)
A fim de analisar o efeito direto da mediação entre liderança transformacional
e confiança, foi realizada uma regressão simples, e obtido o resultado de b = 0,24 e
p < 0.0001.
Com a finalidade de investigar o efeito indireto da mediação entre liderança
transformacional e confiança, os resultados do teste foram obtidos por meio do
modelo de bootstrap que testa a mediação através de 5000 repetições, onde o
resultado obtido pelo modelo bootstrap não contém 0 (zero) nos 4 resultados. Pelo
modelo de bootstrap, quando obtemos resultado diferente de 0 (zero), significa que
existe uma mediação parcial, o que torna o resultado relevante, pois há presença
tanto para efeito direto liderança e confiança, como do indireto sendo mediada pela
Confiança.
Em suma, com os resultados obtidos podemos inferir que existe mediação na
hipótese H2 proposta, porque existe efeito direto da Liderança na Confiança, assim
como existe o efeito indireto.
Outra análise realizada foi sobre o efeito moderador de Distância de Poder na
relação entre Liderança Transformacional e Orientação de Segurança, conjecturado
na hipótese 4. Para testá-la foi utilizado pacote process do SPSS, que buscou
analisar a interação entre a variável dependente (segurança), com a independente
(liderança transformacional) acrescida na relação a variável moderadora (distância
de poder). Os dados podem ser observados no modelo 5 da Tabela 06, onde o
teste apresenta resultados (b= -0,75; p<0,001) entre liderança transformacional e
72
orientação para segurança demonstrando a moderação exercida pela Distância de
Poder.
Os resultados descritos nas tabelas anteriores, encontram-se esquematizados na
figura 05, abaixo:
Figura 5 - Modelo Conceitual
Fonte: Autoria Própria (2018). Nota: N= 196 * p<0,01
No Quadro 02 é apresentado consolidado das hipóteses propostas, as variáveis
envolvidas, os tipos de relações previstos e os resultados encontrados:
Quadro 02 – Resumo das hipóteses previstas e dos resultados encontrados
Hipóteses Variável Independente
Variável Dependente
Efeito Previsto Resultado
H1 Liderança Transformacional
Orientação de Segurança
Direto Positivo Confirmado
H2 Liderança Transformacional
Relação: Orientação de Segurança -
Confiança
Mediador Positivo Confirmado
H3 Confiança Orientação de Segurança
Direto Positivo Confirmado
H4 Liderança Transformacional
Relação: Orientação de Segurança - Distância Poder
Moderador Confirmado
Fonte: Autoria Própria (2018)
73
8 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Nas últimas décadas segurança sempre esteve em debate, mas a discussão
intensifica quando eventos relevante acontecem, foi assim na seqüência de eventos
da década dos anos 80 com Bhopal em 1984, Chernobyl em 1986 e Piper Alpha em
1988. Recentemente a discussão retoma com maior ímpeto com nova seqüência de
eventos como BP Oil em 2010, Fukushima em 2011, Samarco em 2015. Outro fator
que contribui no crescimento da discussão é quando ocorre mudanças intensas,
revolucionando mercados e empresas, como a atual revolução tecnológica e de
informação presente nas organizações da nova economia, ao mesmo tempo que em
contrapartida surgem novos problemas, como a segurança de informação, ilustrado
pelo caso do Facebook em 2018.
Com os resultados obtidos a partir dos teste empíricos e pesquisa
bibliográfica realizada, podemos concluir e afirmar que a liderança transformacional
tem relevante ascendência sobre o ambiente, desempenho e comportamento de
segurança do trabalhador, esse estilo de liderança proporciona maior estímulo e
preocupação dos funcionários com segurança organizacional. Segundo Bass (1990)
e Barling et.al (2005), um líder de alta interação com a equipe, se torna referência e
inspiração para os liderados, tem foco no desenvolvimento, mudança de atitude e
comportamento, alinhado com as práticas de segurança, utilizando-se de uma
comunicação efetiva, transmitindo confiança voltada para a orientação e segurança
para seus liderados. O líder transformacional é um agente de mudanças, que
proporciona resultados positivos para a organização em questões de segurança
organizacional. O envolvimento do líder aumenta o nível de atenção, conhecimento,
percepção e consciência dos liderados sobre segurança nas empresas. Ou seja, o
envolvimento da liderança leva a resultados superiores para a questão de segurança
organizacional.
Nesse estudo foi possível verificar que o líder transformacional é fator crucial
para proporcionar alta motivação e dar as diretrizes para o desenvolvimento do
funcionário, fazendo ele ser mais adepto aos direcionamentos propostos de
orientação a segurança, fazendo o colaborador mais empenhado e aderente a
normas e procedimentos, e ele entendendo seu papel relevante dentro da segurança
da organização. Conseqüentemente acarretará aprimoramento do comportamento
dos liderados, com diminuição a atos inseguros, resultando em menor índice nas
74
falhas de segurança, preservando os ativos da empresa, impactando positivamente
na orientação da segurança organizacional.
Apesar de estudos teóricos sugerirem a importância da Confiança no Líder,
este é um dos poucos estudos quantitativos que testam empiricamente a influência
positiva de confiança numa liderança que impacta na orientação de segurança
organizacional. Reason (1997), afirma que as organizações com culturas de
segurança positivas são caracterizadas pela comunicação fundada na confiança
mútua, pela percepção compartilhada da importância da segurança e pela confiança
na eficácia das medidas preventivas.
Os resultados do teste empírico reforçam o estudo teórico e confirma a
hipótese apresentada pelo autor, inferindo que o nível de confiança no líder
influencia no comportamento dos liderados, diminuindo o comportamento inseguro,
sendo mais adeptos as regras e normas, obtendo o desempenho de segurança
esperado, impactando positivamente na orientação da segurança organizacional.
Em suma quanto maior a confiança entre os membros da equipe, maior
preocupação e adesão as orientações de segurança.
O estudo realizado fornece subsídios concludente para considerar a liderança
transformacional e a confiança como um construto verdadeiro e preditivo que
influencia no comportamento de segurança. Os indicadores obtidos pela pesquisa
denotam que a liderança transformacional esta relacionada com o nível de confiança
do trabalhador em seu líder. A relação entre os dois são de aumento, ou seja, a
liderança transformacional proporciona confiança ao liderado através de
previsibilidade, aumentando o comportamento e nível de segurança organizacional.
Lau e Linden (2008) relata que os liderados sentem mais confiança e lealdade em
líderes com características transformacionais, aumentando o nível de satisfação dos
funcionários e respeito para com os líderes.
Os resultados obtidos na relação de liderança transformacional sobre
orientação a segurança mostra o influência da distância de poder como moderador
dessa relação. Os efeitos da liderança podem diferir dependendo do nível de
distância de poder de cada líder ou organização, impactando diretamente no
comportamento e na orientação a segurança das equipes. Isso direciona a atenção
para processos indiretos que moderam relações e que são ignorados dentro das
organizações a sua importância e relevância (HOUSE et al., 2004; KLEIN et al.,
75
1999) em especial com relação a segurança organizacional, (HOFMANN et al.,
1996).
Em suma, a liderança transformacional, pode não desempenhar o mesmo
efeito sobre orientação a segurança organizacional conforme relatado nesse estudo,
em função do nível de hierarquização da organização ou indivíduos que tem baixa
orientação a distância de Poder, distanciando líderes e funcionários de uma
organização, fazendo o colaborador não assumindo o papel de protagonista, não
colocando em prática o comportamento necessário para desempenho pleno da
orientação a segurança organizacional. Ou seja, o padrão de relação entre liderança
e segurança pode depender do nível hierárquico dos líderes (ZOHAR, 2002).
De forma geral, os resultados aprofundaram a discussão e análise, e
sugerem que uma liderança transformacional estabelecida com forte laços de
confiança e com baixa distância de poder, resultam em orientação e comportamento
efetivo de segurança organizacional. Podendo inferir que elo positivo formado por
essa tríade seja mais consistente que algumas normas e algumas culturas
organizacionais.
76
8.1 Limitações e Direção para Pesquisas Futuras
Apesar deste trabalho fornecer informações relevantes e úteis sobre as
relações pesquisadas, o presente estudo apresenta como limitação o fato que as
informação coletadas sobre as variáveis pesquisadas foram obtidas através dos
próprios funcionários, onde é possível haver algum nível de variação de
entendimento do questionamento e também no nível de percepção do trabalhador,
em função da experiência vivida sobre cada um dos fatores mensurados. O
segundo ponto que pode limitar este estudo e destacado por Ross (et al. 1986),
refere-se que pessoa com atitudes mais positivas relaciona as ações de forma mais
positivas do que realmente são, e o mesmo ocorre com pessoas com atitudes mais
negativas, que relatam ações de forma mais negativa do que realmente foi realizado,
ou seja, estudos de auto-avaliação estão sujeitos a vieses corroborando com a
limitação da pesquisa. O terceiro ponto que pode influenciar e limitar o estudo é que
práticas de liderança criam entendimento que os comportamentos em torno de
valores, estão negativamente relacionados à segurança.
Apesar dessas limitações, este estudo procurou explorar e capturar o domínio
completo das variáveis pesquisadas, e os resultados deste estudo são significativos
do ponto de vista teórico e de aplicação prática.
77
8.2 Estudos Futuros
As limitações deste trabalho representam igualmente possibilidades para
estudos futuros. O presente estudo recomenda oportunidades para futuras
pesquisas, por exemplo:
• realizar o estudo comparativo entre organizações que tenham políticas de
gestão de segurança implementados comparativamente com empresas que
não tenham sistemas de gestão de segurança implementados, no intuito de
mensurar as diferenças e influências das variáveis medidas nesse estudo
(liderança transformacional, confiança e distância de poder) com a real
contribuição e eficiência das políticas de gestão segurança implementadas.
• Buscar desenvolver indicador ou escala que relacione o estilo de liderança e
quanto maior o nível de confiança entre funcionários e seus líderes e de seus
funcionários com a empresa, menor o nível de ocorrências de acidentes e
incidentes em uma organização, e concomitantemente mensurando se há
alguma correlação com as normas, processos e cultura de segurança
implementados na organização.
• Realizar pesquisa etnográfica em empresas com baixo índice de acidente e
em empresas com alto índice de acidentes, no intuito de compreender as
razões e motivações que fazem os funcionários serem mais aderente ou não
as normas e processos de segurança e o quanto que a confiança no líder ou
qual outro fator é relevante e determinante para absorção do comportamento
voltado para orientação de segurança.
• Outra possibilidade de investigação é observar a dinâmica da relação
temporal da evolução do comportamento de segurança relacionado aos anos
de trabalho do funcionário em uma organização.
78
8.3 Contribuições Práticas
Contribuição relevante desse estudo evidencia que mesmo com altos
investimentos em programas de segurança, equipamento de proteção e prevenção,
tecnologias avançadas empregadas, processos, normas e com cultura da segurança
e organizacional estabelecidos, ainda assim não são suficientes para evitar
acidentes graves e emblemáticos como BP Oil, Samarco/Vale, Fukushima e
Facebook que colocaram em risco toda uma sociedade ou seu meio ambiente, e a
própria perenidade da organização.
O ponto determinante para a segurança é o fator humano, e com o resultado
deste trabalho, fica evidenciado a possibilidade de melhor gestão numa relação mais
próxima entre líder e liderado (baixa distância de poder) e através do
estabelecimento de confiança, com engajamento do líder transformacional. Por isso
as empresas devem ficar atentas a importância no ato de selecionar, contratar,
promover e investir no estilo de liderança correto. E ter o entendimento que para ter
organizações seguras e perenes, tem de haver aproximação entre os níveis
hierárquicos da organização, onde a segurança de um é a segurança de todos.
Outro ponto de contribuição é fazer um alerta para os gestores sobre o
quanto a gestão de segurança organizacional é estratégico para as organizações
que querem sobreviver em mercados de competitividade global, que demandam das
empresas a necessidade de serem mais eficientes, de buscar altos índices de
produtividade, entendendo que segurança é um bom negócio, que representa
oportunidades, melhora e otimiza processos, minimiza perdas e riscos, cria-se uma
cultura positiva e garante a perenidade das pessoas e organizações.
A busca pela perenidade das organizações está centrada nos pilares: criação
de valor e na preservação de valor, e como pode ser observado pelos resultados da
pesquisa aplicada, embasados com o estudo teórico e exemplos apresentados,
observa-se que o tema segurança contribui relevantemente para os dois pilares da
perenidade nas organizações.
No pilar preservação de valor, destaca a contribuição da tríade (liderança,
confiança, distância de poder), no aprimoramento do comportamento seguro do
funcionário, no intuito de minimizar os riscos que podem impactar os ativos tangíveis
e principalmente nos intangíveis da empresa (marca, reputação, capital intelectual,
informação, credibilidade, confiança entre outros).
79
As empresas e gestores podem rever e aperfeiçoar a eficácia dos canais
bidirecionais de comunicação entre líder e liderado, para fortalecer os elos de
confiança entre os membros da equipe em prol das medidas preventivas adotadas,
aprimorando o entendimento da orientação a segurança, criando valor através do
reforço da cultura positiva de segurança organizacional.
Outros pontos relevantes de contribuição são:
• A importância de buscar formas de diminuir o elemento distância de poder na
organização, pois ficou destacado nesse trabalho que distanciamento entre o
que é planejado (liderança) e o que é executado (liderados), gera menor
adesão a gestão de segurança, conseqüentemente aumentando o nível de
risco de acidentes;
• Importante sair do entendimento e discussão baseado no senso comum de
que segurança é com “o pessoal de segurança”, ou que está restrito somente
segurança patrimonial, ou de informação ou de processos produtivos.
Segurança envolve todos os membros da organização e o papel do líder
transformacional na gestão das pessoas estabelecendo elo de confiança com
a equipe se torna uma ferramenta poderosa de gestão da segurança;
• Este estudo destaca que a segurança organizacional tem função em
contribuir com a proteção de ativos de uma empresa, e destaca o aumento
relevante dos ativos intangíveis nas organizações (marca, reputação, capital
intelectual, informação, credibilidade, confiança entre outros);
• Pelo resultado empírico e pelo estudo teórico, pode-se perceber a
contribuição das três variáveis para a cultura de segurança e
consequentemente para a formação e consolidação da cultura organizacional,
contribuindo com o bom desempenho das organizações de alta
confiabilidade;
• Segurança de forma geral, ajuda a evitar retrabalhos, diminuir custos, diminuir
desperdício de todos os tipos de recursos (tempo, recursos de produção,
capital humano, informação) reduzir retrabalho e reprocessos, na busca
potencializar a geração de riquezas através da entrega produtos e serviços
mais competitivos agregando valor para o consumidor.
• Líderes transformacionais potencializam os benefícios da gestão de
segurança como ferramenta estratégica de gerenciamento, contribuindo para
a performance total da empresa.
80
• Com a tríade da segurança (liderança, confiança e distância de poder),
permite uma gestão mais próxima do campo, com posicionamento mais
equilibrado entre líderes e liderados, gerando equipes mais solidárias,
situações mais customizadas para a realidade da organização.
• Com confiança estabelecida entre os membros da equipe, proporciona para o
tema segurança, abertura para discussão de ocorrências, situações,
fenômenos que eram até então desconhecidos, encobertos, reprimidos ou
escondidos na organização. Cria momentos oportunos para discussão
estratégica sobre as forças e fraquezas da empresa.
• Todos esses fatores trazem melhoria em outros aspectos, tais como: melhoria
da qualidade do produto ou serviço prestado, maior satisfação e motivação
dos funcionários, respeito aos cronogramas, encoraja os funcionários de
todos os níveis a serem mais participativos e protagonista e com senso de
responsabilidade dentro de uma organização, melhora e blinda a imagem e
reputação da marca/empresa,
Os resultados deste estudo sugerem que é fundamental que os gestores
compreendam que o tipo de liderança e o estabelecimento de confiança são
fundamentais para empresas operarem de forma segura e sustentável. Que esse elo
desenvolve valores e moldam comportamentos através de práticas de segurança, se
tornando mais efetivo que regulamentações, normatizações ou capacitações.
Embora a mudança de comportamento seja difícil de alcançar é essencial
persegui-la, e há várias maneiras pelas quais o comportamento de segurança
organizacional pode ser influenciada, seja através das convicções e experiências de
seus membros, através de crenças e valores dos líderes, e através de práticas
organizacionais, mas como pode ser observado a junção da figura do líder
transformacional em conjunto com a variável confiança levantada por esse estudo se
torna imprescindível para influenciar na execução e mudança de comportamento de
pessoas e equipes. Ao desenvolver comportamento que estimulam a segurança
organizacional, os gestores colaboram diretamente com suas equipes e com a
organização a se tornarem mais receptivas ao mudanças no ambiente externo e se
tornar mais eficazes.
81
A percepção e entendimento do liderado, é fundamental para implementar as
mudanças comportamentais necessárias e que possam refletir na cultura
organizacional. E imprescindível que o funcionário acredite que possa incorporar e
internalizar novos padrões, preceitos, crenças e valores, se sentindo parte
importante e integrada do meio, em conjuntura com a nova realidade da
organização.
Realizar mudanças organizacionais de forma forçada, autoritária (distância de
poder), sem haver envolvimento e mal comunicada (liderança transformacional), em
processos e procedimentos que os funcionários não acreditam (confiança), resulta
no desenvolvimento de sub-culturas em geral de caráter reativo. Desse modo os
gestores devem estar atentos além da cultura organizacional, mas focado
principalmente nas três variáveis estudadas e testadas desse trabalho (liderança
transformacional, confiança e distância de poder), para obter maior êxito em
processos de mudança de valores da empresa, principalmente no que se refere a
orientação de comportamento a segurança organizacional, com o intuito de gerar e
preservar valor através da gestão de segurança organizacional.
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ANEXOS
Anexo I - Indicadores e tributos de cultura de segurança - PEREIRA (2012).
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Anexo II – Questionário de Pesquisa
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