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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO COMPORTAMENTO E ORIENTAÇÃO DE SEGURANÇA EM BENEFÍCIO DA PERENIDADE EMPRESARIAL RAFAEL CAIXETA MORAES DE FREITAS Rio de Janeiro - 2018 DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

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Page 1: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO COMPORTAMENTO E ORIENTAÇÃO DE

SEGURANÇA EM BENEFÍCIO DA PERENIDADE EMPRESARIAL

RAFAEL CAIXETA MORAES DE FREITAS

Rio de Janeiro - 2018

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E EMPRESAS

RAFAEL CAIXETA MORAES DE FREITAS

INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS

NO COMPORTAMENTO E ORIENTAÇÃO DE SEGURANÇA

EM BENEFÍCIO DA PERENIDADE EMPRESARIAL

Rio de Janeiro – RJ 2018

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RAFAEL CAIXETA MORAES DE FREITAS

INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO COMPORTAMENTO E ORIENTAÇÃO DE SEGURANÇA

EM BENEFÍCIO DA PERENIDADE EMPRESARIAL

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão Empresarial. Orientador: Prof. Dr. Marco Tulio Zanini

Rio de Janeiro – RJ 2018

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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas/FGV

Freitas, Rafael Caixeta Moraes de Influência de fatores organizacionais no comportamento e orientação de segurança em benefício da perenidade empresarial / Rafael Caixeta Moraes de Freitas. – 2018. 92 f.

Dissertação (mestrado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa.

Orientador: Marco Tulio Zanini. Inclui bibliografia. 1. Liderança transformacional. 2. Motivação no trabalho.3. Comportamento

organizacional. I. Zanini, Marco Túlio Fundão. II. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa. III. Título.

CDD – 658.4092

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Dedicatória, A meus pais, que me ensinaram a ser perseverante, dedicado e batalhador, pois sem eles eu jamais teria chegado até aqui. A minha companheira que sempre esteve ao meu lado com muita paciência me apoiando.

Page 7: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

AGRADECIMENTOS

Um trabalho como este, representa o término de uma etapa de vida, foram

pouco menos de 2 anos carregados de muita história, e dessa história muita gente

fez parte. Difícil agradecer a todos, seja porque ajudaram, seja porque influenciaram

com a parte que lhes cabe na construção de nossas obra. Porém, alguns devemos

mencionar :

A Deus, pela força, fé, saúde e resiliência para que pudesse superar todos

obstáculos e dificuldades;

Ao Prof. Dr. Marco Túlio Zanini, orientador, que com muita confiança e de

forma intangível acreditou e apoiou no desenvolvimento deste trabalho,

proporcionando direcionamento e assistência para a elaboração desta dissertação.

A minha família, que sempre me apoiou nas decisões e auxiliou nas demais

atividades cotidianas extra classe para que pudesse me dedicar a conclusão do

curso. Em especial a meu pai, pelo exemplo, pelo carinho e confiança com que

sempre me incentivou, e minha mãe, por me ensinar a ser feliz e fazer feliz.

Aos meus irmãos, Fabíola, Rogério e Renata, que mesmo estando longe

fisicamente, sempre estiveram próximos em pensamentos e ligações,

proporcionando momentos lúdicos no meio da tríade: mestrado, trabalho e família.

A Tatiana Crivelli, com inteligência e compreensão, apoiou nesse importante

momento, garantindo tranqüilidade para que pudesse me dedicar ao curso;

A todos os funcionários e professores da FGV Ebape, que com sabedoria

souberam conduzir com maestria o curso, compartilhando conhecimento e

contribuindo para pensamento crítico e desenvolvimento dos mestrandos;

Aos professores Doutores da banca examinadora, José Mauro e Fernando

Filardi, pela colaboração, críticas para meu desenvolvimento e aprimoramento desta

pesquisa.

A Rômulo Borges, meu Presidente que dentro das possibilidades me

proporcionou condições para que pudesse cursar e desenvolver um bom trabalho.

Aos amigos do MEX 2017, pelos momentos ímpares, amizade e aprendizados

trocados durante o curso, realmente foi Intensivo - vão deixar saudades.

E em especial (não por último) a Juliana Carvalho, que com seu jeito único,

competência e paciência, foi fundamental na construção desse trabalho.

A todos, o meu sincero Muito Obrigado.

Page 8: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

[...] Deve-se considerar que não há nada mais difícil de planejar, nem de êxito mais duvidoso, nem mais perigoso, do que lidar com o estabelecimento de um novo sistema. O inovador terá por inimigos todos aqueles a quem o antigo sistema beneficiava e terá tímidos defensores nos que forem beneficiados pelo novo estado de coisas. Esta fraqueza decorre em parte do medo dos adversários, em parte da incredulidade dos homens, que não acreditam na verdade das coisas novas senão depois de uma firme experiência.

NiccoloMachiavelliOPríncipe

Page 9: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

RESUMO

Objetivo: o presente estudo pretende avaliar a influência dos fatores

organizacionais: liderança transformacional, confiança no líder e distância de poder,

no comportamento e orientação de segurança nas empresas.

Metodologia: este trabalho utilizou o método quantitativo, no intuito de entender a

relação das variáveis propostas. Para isso usou métodos estatísticos com

tratamento de dados obtidos pelos questionários. O desenvolvimento do

questionário foi realizado baseando-se no levantamento de outros estudos e artigos

relevantes e publicados pelas principais revistas. Foi utilizado a escala de Likert de 5

pontos para avaliar as questões propostas. A técnica de amostragem não aleatória

por conveniência desse estudo consiste em 196 profissionais que trabalham no

mínimo a um ano em empresas nacionais de médio e grande porte e que possuem

política ou sistema de gestão de segurança implementado a mais de quatro anos.

Resultados: os resultados sugerem que uma liderança transformacional

estabelecida com forte laços de confiança e com baixa distância de poder, resultam

em orientação e comportamento efetivo para a segurança organizacional. Podendo

afirmar que elo positivo formado por essa tríade seja mais consistente que somente

normatizações ou que culturas organizacionais.

Limitações: informação coletadas sobre as variáveis pesquisadas foram obtidas

através dos próprios funcionários, onde é possível haver algum nível de variação de

entendimento do questionamento e também no nível de percepção do trabalhador,

em função da experiência vivida sobre cada um dos fatores mensurados. Outra

limitação é que pessoas com atitudes mais positivas relaciona as ações de forma

mais positivas do que realmente são, e o mesmo ocorre com pessoas com atitudes

mais negativas. Estudos de percepção e auto-avaliação estão sujeitos a vieses

corroborando com a limitação da pesquisa.

Aplicabilidade do trabalho: a partir desses resultados, os líderes e gestores,

possam assegurar os processos, normas e cultura de segurança através do

fortalecimentos dos elos de confiança, estabelecidos através de uma liderança

transformacional com baixa distância de poder.

Page 10: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

Contribuições para a sociedade: com os resultado deste trabalho, o fator humano

(pessoas) poder ser melhor gerenciado numa relação mais próxima entre líder e

liderado (baixa distância de poder) e através do estabelecimento de confiança, com

engajamento do líder transformacional. Um alerta para os gestores sobre o quanto a

gestão de segurança organizacional é estratégico para as organizações que querem

sobreviver em mercados de competitividade global, que demandam das empresas a

necessidade de serem mais eficientes, de buscar altos índices de produtividade,

entendendo que segurança é um bom negócio, que representa oportunidades,

minimiza perdas e riscos e garante a perenidade das pessoas e organizações

Originalidade: este é um dos poucos estudos que testam através do experimento

os efeitos positivos da confiança na segurança organizacional, e utilizando da

distância de poder como variável moderadora na variável liderança transformacional

voltado para comportamento e orientação de segurança.

Palavras-chave: gestão e cultura de segurança organizacional como vantagem

competitiva, fatores organizacionais e segurança como perenidade empresarial,

Liderança Transformacional, Motivação no trabalho, Comportamento Organizacional.

Categoria do artigo: Dissertação de Mestrado / Artigo Original.

.
Page 11: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

ABSTRACT

Objective: This study intends to evaluate the influence of organizational factors:

transformational leadership, trust in the leader and distance of power, in the behavior

and orientation of security in companies.

Methodology: this work used the quantitative method, in order to understand the

relation of the proposed variables. For this he used statistical methods with data

treatment obtained by the questionnaires. The development of the questionnaire was

carried out based on the survey of other studies and relevant articles published by

the main journals. The 5-point Likert scale was used to evaluate the proposed issues.

The non-random sampling technique for the convenience of this study consists of

196 professionals who work for at least one year in national medium and large

companies and who have a policy or safety management system implemented over

four years.

Results: The results suggest that transformational leadership established with strong

ties of trust and low power distance results in effective organizational orientation and

behavior. It can affirm that the positive link formed by this triad is more consistent

than just normatizations or organizational cultures.

Limitations: information collected on the variables surveyed was obtained through

the employees themselves, where it is possible to have some level of variation of

understanding of the questioning and also in the worker perception level, depending

on the experience of each of the factors measured. Another limitation is that people

with more positive attitudes relate actions more positively than they really are, and so

do people with more negative attitudes. Perception and self-evaluation studies are

subject to bias, corroborating the research limitation.

Applicability of work: from these results, leaders and managers can ensure the

processes, norms and culture of security by strengthening the bonds of trust,

established through transformational leadership with low power distance.

Contributions to society: With the results of this work, the human factor (people)

can be better managed in a closer relation between leader and leader (low power

distance) and through establishing trust, with the transformational leader's

engagement. An alert to managers about how organizational security management is

strategic for organizations that want to survive in global competitive markets, which

Page 12: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

require companies to be more efficient, to seek high productivity, understanding that

security is a good business, which represents opportunities, minimizes losses and

risks and guarantees the perenniality of people and organizations

Originality: this is one of the few studies that test through the experiment the

positive effects of trust in organizational safety, and using power distance as a

moderator variable in the transformational leadership variable geared towards

behavior and safety orientation.

Key words: Organizational Security Management and Culture as Competitive

Advantage, Organizational Factors and Security as Business Perennial,

Transformational Leadership, Motivation at Work, Organizational Behavior.

Paper category: Master’s Thesis / Research Paper.

.
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ANEXOS

Anexo I Indicadores e tributos de cultura de segurança apresentados e descritos 93 Anexo II Questionário de Pesquisa _____________________________________ 94

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Modelo de custos: tangíveis e intangíveis referente a acidentes

organizacionais ______________________________________________ 17

Figura 2 Evolução da abordagem sobre segurança organizacional_____________ 31 Figura 3 Traduzido do modelo de fatores e conseqüências de orientação de

segurança________ 34

Figura 4 Modelo Conceitual de Investigação ______________________________ 59 Figura 5 Modelo Conceitual ___________________________________________ 72

LISTA DE QUADROS Quadro 1 Comparação entre Alta e Baixa Distância de Poder _________________ 56 Quadro 2 Resumo das hipóteses previstas e dos resultados encontrados________ 72

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Definições de clima de segurança_______________________________ 37 Tabela 2 Definições de cultura de segurança _____________________________ 40 Tabela 3 Estatística descritiva por grupos ________________________________ 62 Tabela 4 Médias, desvio padrão e as correlações com as variáveis matriz_______ 65 Tabela 5 Fatores, Cargas, VME e CC____________________________________ 68 Tabela 6 Análise Regressão – Orientação a Segurança Organizacional_________ 70 Tabela 7 Mediação efeitos Direto e Indireto: Confiança media a relação entre

Liderança Transformacional e Segurança _________________________ 71

. .
Page 14: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEO Chief Executive Office – Diretor Executivo CFI Índice de ajuste comparativo GLOBE Projeto de Liderança Global e Eficácia do Comportamento Organizacional ICSI Instituto de Cultura de Segurança Industrial IEC International Electrotechnical Commission ISM Gestão de Segurança Internacional ISO International Organization for Standardization MQL Questionário Multifactorial de Liderança NR Norma Regulamentadora OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series OIT Organização Internacional do Trabalho PGT Procuradoria Geral do Trabalho RMSEA Raiz media dos quadrados dos erros de aproximação SOM Modelo de orientação de Segurança SPSS Statistical Package for the Social Science VD Variável Dependente VI Variável Independente VM Variável Mediadora

Page 15: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO______________________________________________ 16

2 OBJETIVOS________________________________________________ 22

2.1 Objetivo Geral______________________________________________ 22

2.2 Objetivo Específico_________________________________________ 22

3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO__________________________________ 23

4 JUSTIFICATIVA_____________________________________________ 23

5 REFERENCIAL TEÓRICO____________________________________ 26

5.1 Cultura Organizacional______________________________________ 26

5.1.1 Elementos Culturais, Comportamento e Cultura da Segurança________ 28

5.2 Orientação de Segurança Organizacional_______________________ 31

5.2.1 Clima e Comportamento de segurança em grupo. __________________ 36

5.2.2 Relação da cultura da segurança e liderança______________________ 39

5.3 Liderança ________________________________________________ 41

5.3.1 Estilo de Liderança __________________________________________ 42

5.3.2 Liderança Transformacional ___________________________________ 44

5.3.3 Liderança e Segurança _______________________________________ 46

5.3.4 Liderança e Construção da Confiança____________________________ 47

5.4 Confiança_________________________________________________ 49

5.4.1 Confiança na Gestão_________________________________________ 49

5.4.2 Confiança, Percepção de justiça e Gestão de segurança_____________ 50

5.5 Distância de Poder - Dimensão sócio-cultural___________________ 53

5.5.1 Distância de Poder, Segurança e Confiança_______________________ 57

6 METODOLOGIA_____________________________________________ 60

6.1 Procedimentos de recolha da informação e constituição da amostra 60

6.2 População, amostra e materiais_______________________________ 61

6.3 Instrumento de Medidas_____________________________________ 62

Page 16: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

7 RESULTADOS______________________________________________ 65

7.1 Estatística Descritiva e Analise de Variáveis ____________________ 65

7.2 Análise Fatorial_____________________________________________ 66

7.3 Teste de Hipóteses__________________________________________ 69

8 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO _________________________________ 73

8.1 Limitações e Direção para Pesquisas Futuras___________________ 76

8.2 Estudos Futuros ___________________________________________ 77

8.3 Contribuições Práticas ______________________________________ 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________________ 82

ANEXOS________________________________________________________ 93 Anexo I: Indicadores e tributos de cultura de segurança. _______________ 93

Anexo II: Questionário de Pesquisa__________________________________ 94

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16

1. INTRODUÇÃO

Informações divulgada pela ONU (News UN) e pela Agência Brasil EBC em

28.04.17, relata que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que no

mundo há mais de 300 milhões de acidentes não fatais relacionados a trabalho, e

mais de 2,3 milhões de acidentes com morte relacionados a trabalho por ano.

Devido a esses expressivos números, o assunto acidente e segurança torna-se tema

central para as organizações, já que impactam seus custos e competitividade das

empresas.

No Brasil tal situação é um problema latente para as empresas, visto que

segundo informações divulgados através do site do Ministério Público do Trabalho

(MPT) o país ocupa o quarto lugar no ranking mundial de acidentes de trabalho, com

700 mil acidentes ao ano. No país, a cada 48 segundos, acontece um acidente de

trabalho e a cada 3h38min um trabalhador perde a vida pela falta de uma cultura de

prevenção à saúde e à segurança do trabalho.

Segundo informações divulgadas no site Observatório da Procuradoria Geral

do Trabalho (PGT), gastos da Previdência com Benefícios Acidentários pagos

de 2012 a 2017 somam mais de R$ 66 bilhões de reais. Ou seja, são profissionais

que poderiam estar produzindo, mas devido à falta de cultura de segurança, estão

afastados e subtilizando seu capital humano e intelectual, diminuindo a eficiência.

Todo esses aspectos afetam diretamente o custo Brasil, reduzindo a competitividade

do país.

O mesmo ocorre nas organizações, segundo Cruz (1998), o acidente de

trabalho atinge diretamente a produtividade da empresa pela perda de mão-de-obra,

horas paradas e gastos com auxílio ao acidentado. Um acidente influencia todo

ambiente e pessoas ao redor, pois os trabalhadores são afetados pelo sentimento

do medo, insegurança e estresses, além de gerar danos materiais e

conseqüentemente ocasiona maiores custo no processo de produção. Como

destaca Sturion (2002): Acidentes podem ocorrer no local do trabalho ou a caminho do mesmo. Esses

acidentes acarretam despesas para a empresa, como tratamentos médicos,

seguros, indenizações ou mesmo despesas com mão-de-obra temporária,

custo do tempo despendido pela vítima, perda pelo menor rendimento, além

de despesas sociais, imagem da empresa perante a sociedade e seus

funcionários. (Sturion, 2002, p.38)

Page 18: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

17

Segundo Falcão e Rousselet (1999), o acidente do trabalho, na sua grande

parte poderia ser evitado, se houvesse uma maior atenção desde o planejamento,

gerenciamento e processos adequados de execução, mas principalmente com

cultura de segurança implementada.

Machline et al. (1984) enfatizam que dificilmente alguma empresa obterá

índices elevados de produtividade quando a segurança do trabalho for deixada em

segundo plano, pois a salubridade do trabalho está diretamente relacionada aos

resultados favoráveis em relação à motivação, satisfação e conseqüentemente à

boa qualidade e produtividade no trabalho.

Outro ponto que tem de ser observado pelos gestores destacado por

Machline et al. (1984), além do aspecto negativo causado por acidente do trabalho,

os gestores devem analisar os custos tangíveis, intangíveis, diretos e indiretos

relacionados ao acidente.

Figura 1 - Modelo de custos: tangíveis e intangíveis referente a acidentes organizacionais

Fonte: Autoria própria (2018).

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18

A dimensão dos danos tangíveis e intangíveis causados por falhas na

segurança, podem ser percebidos em dois casos de grande repercussão: Caso BP

OIl em 2010 no Golfo do México, segundo o site especializado Petronotícias em

08.02.13, relata que os prejuízos oriundos do acidente agendados e pagos até

aquele momento totalizavam mais de U$ 36 bilhões em multas, indenizações,

recuperação ambiental, despesas operacionais, podendo chegar ao total de U$90

bilhões, soma-se a esse montante a queda de 30% no valor das ações da

companhia além de danos a imagem e reputação da empresa. O segundo caso se

refere a Samarco/Vale que segundo noticias do Valor 28.04.16 e da Veja em

20.11.15 a empresa já custeou R$ 10,86 bilhões com despesas referente ao

acidente de Mariana-MG tais como: multas, indenizações, recuperação ambiental e

despesas operacionais, e suas ações tiveram uma queda de cerca de 15,6%

representando perda de R$ 12,6 bilhões em valor de mercado, além dos danos à

imagem e reputação da empresa.

Os ativos intangíveis são considerados recursos imateriais, que garante a

perenidade e o diferencial competitivo da organização, que são responsáveis pela

geração e proteção de valor da companhia. E segundo Barney (1991), recursos

incluem todos os ativos e competências, processos organizacionais, atributos,

informações, conhecimentos e outros fatores controlados pela empresa. Segundo

este mesmo autor, para sustentar a vantagem competitiva, esses recursos precisam

ser valiosos, raros, imitáveis e insubstituíveis, sou seja, essas características

descritas por Barney (1991) podem ser atribuídas aos ativos intangíveis.

Stewart (2001) afirma que a geração de riqueza nas organizações esta

relacionado cada vez mais aos ativos intangíveis. Onde segundo Lev (2001), o

crescente interesse e preocupação sobre os ativos intangíveis está relacionado a

combinação de duas forças econômicas: a intensificação da competição entre

empresas e o desenvolvimento da tecnologia da informação. Em se tratando de

tecnologia de informação, atualmente está sendo considerado o ativo mais precioso

das organizações, e que também se encontra vulnerável como no caso recente do

Facebook, onde segundo o site G1 do globo.com de 20.03.18, a empresa Facebook

perdeu mais de U$ 49 bilhões em valor de mercado, devido a falha de segurança

que acarretou o vazamento de dados da empresa.

Page 20: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

19

Devido a esses fatos, entendemos que a cultura da segurança é fundamental

para garantir a perenidade de pessoas e organizações, através da criação de valor e

preservação de valor, seja nas organizações de economia tradicional ou da nova

economia, ponto em comum, é que os acidentes, ou falhas na segurança são

oriundos do fator humanos e seus comportamentos. Nesse aspecto acreditamos que

o estilo de liderança transformacional, por ter alta interação com a equipe, sendo

referência e inspiração para os liderados, exercendo influência sobre o ambiente e

no comportamento de segurança do trabalhador, pode exercer influência

determinante e relevante no comportamento e orientação de segurança da

organização. Segundo ponto que consideramos na influência do comportamento é a

distância de poder que pode impactar diretamente no desempenho e na orientação a

segurança da equipe, dependendo do nível de distância de poder de cada líder ou

organização. Último ponto que esse estudo pretende aprofundar a discussão da

relação do fator humano e segurança, é referente ao grau de confiança no líder e

sua influência no comportamento dos liderados, no intuito de diminuir o

comportamento inseguro, sendo mais adeptos as regras e normas. Onde o conjunto

e combinação dessas três variáveis (liderança, confiança e distância de poder)

podem trazer os benefícios contribuindo para ambiente e comportamento para uma

boa gestão de segurança, aprimorando a cultura da segurança, consolidando a

cultura organizacional e conseqüentemente melhorando a competitividade e

garantindo a perenidade da organização.

Diferentes fatores fizeram que pesquisadores e profissionais tenham

demonstrado crescente interesse no conceito de Cultura de Segurança dado seu

impacto sobre os resultados da Segurança Organizacional (CHOUDHRY, FANG e

MOHAMED, 2006). Segundo Guldenmund (2000) a cultura de segurança pode ser

vista como um componente da cultura organizacional, que se refere ao

comportamentos e atitudes dos indivíduos, sendo características organizacionais

que afetam a saúde e segurança dos trabalhadores.

Destaca-se na definição Reason (1997) a importância da comunicação para

uma cultura de segurança positiva, além da confiança dos empregados nas medidas

preventivas adotadas, ou seja, reforça a importância da liderança no processo de

comunicação e estabelecimento no elo de confiança entre os membros da equipe.

Page 21: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

20

A cultura de segurança de uma organização é o produto dos valores,

atitudes, percepção, competências e padrão de comportamento de

indivíduos e grupos que determinam o comprometimento, o estilo e a

proficiência do gerenciamento da segurança do trabalho da

organização. Organizações com culturas de segurança positivas são

caracterizadas pela comunicação fundada na confiança mútua, pela

percepção compartilhada da importância da segurança e pela

confiança na eficácia das medidas preventivas. (REASON, 1997,

p.194).

Entendemos que segurança organizacional tem como objetivo a proteção dos

ativos de uma empresa, buscando desenvolver meios protetivos para a preservação

e continuidade da organização, ou seja está relacionado a bens tangíveis como

Patrimônio, Pessoas e Meio Ambiente, mas também aos bens intangíveis como

reputação, marca, informações, confiança organizacional e capital humano de uma

organização.

Referente a Segurança Organizacional há várias normas, regulamentações e

legislação vigentes, como exemplo: as inúmeras NR, ISO 14.001, OHSAS18.001,

ISO/IEC 27006 entre outras, e soma-se a essas, novas normas divulgadas

recentemente em 2018 como a ISO45001 e a NR37. Entendemos que mesmo com

todo avanço e conhecimento sobre o assunto, com políticas estabelecidas,

equipamento de proteção e prevenção, apoio que o avanço tecnológico proporciona,

a questão de segurança ganha destaque negativo através dos números e fatos

como os relatados nesse trabalho, o que coloca em risco pessoas, desde

conglomerações multinacionais a empresas locais, de diferentes tamanhos, regiões

e setores, afetando os envolvidos, sociedade e meio ambiente.

Para trabalhar e desenvolver a cultura orientada a segurança, é fundamental

criar ambiente no qual os funcionários estejam ciente dos riscos em seu local de

trabalho (Ostrom, Wilhelmsen, Daplan, 1993), evitando tomar quaisquer ações

inseguras. Assim, a orientação a segurança pode ser considerada importante

ferramenta de gestão para ajudar a controlar as crenças da força de trabalho,

atitudes e comportamentos em matéria de segurança (BECK e WOOLFSON, 1999).

Page 22: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

21

Desenvolver estrategicamente a Gestão de Segurança atrelado como valores

da organização, faz com que tenhamos investimentos, diretrizes, desenvolva

confiança no processo, nas pessoas e na empresa, crie engajamento e

comprometimento e conseqüentemente formação de cultura ativa, proporcionando

melhorias na segurança e na gestão da empresa.

Muitos pesquisadores envolvidos na pesquisa de segurança acreditam que o

clima e cultura de segurança são preditores chaves do comportamento de

segurança e desempenho (por exemplo, COX e CHEYNE, 2000; GLENDON e

LITHERLAND, 2001; MEARNS, WHITAKER E FLIN, 2003).

Na atual conjuntura dos desafios contemporâneos de competitividade e

segurança das organizações, temos um cenário que é distinguido por um lado de

amplo arcabouço estrutural sobre segurança, com domínio de informação e

conhecimento sobre o assunto, surgimento de tecnologia avançadas para auxiliar na

prevenção, evolução de normas e regulamentações, vultuosos orçamentos para

capacitações/simulações na área de segurança, e o crescente número de estudos e

pesquisas dirigidos sobre o tema. Por outro lado nota-se que falhas graves

continuam acontecendo na segurança das organizações, ocorrendo acidentes de

diversos tamanhos, em diversas empresas de diferentes segmentos e regiões

geográficas, comprometendo a competitividade, sustentabilidade e perenidade das

organizações, em função dessa dicotomia este estudo busca questionar, analisar e

estudar de forma empírica variáveis chaves sobre o tema, com o seguinte

questionamento: Qual a relação e influência de importantes variáveis como

Liderança Transformacional, Confiança e Distância de Poder na gestão e orientação

da segurança organizacional?

Page 23: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

22

2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral

O presente estudo tem como objetivo avaliar a influência dos fatores

organizacionais: liderança transformacional, confiança no líder e distância de poder,

no comportamento de segurança nas empresas.

2.2 Objetivo Específico

Para cumprir o objetivo deste estudo, pretende-se:

• Inferir se Liderança Transformacional afeta positivamente sendo a mais

adequada para a implementação da Orientação da Segurança

Organizacional;

• Testar a hipótese sobre a mediação da Confiança, se exerce impacto positivo

na relação entre Liderança Transformacional e Orientação da Segurança

Organizacional;

• Averiguar se relação de confiança entre os membros da equipe afeta de

forma direta e positiva as práticas e comportamentos de segurança dos

empregados;

• Verificar a moderação da Distância de Poder na relação entre Liderança

Transformacional e Orientação para Segurança, e como essa relação pode

influenciar no comportamento, gestão e cultura de segurança de uma

organização;

Page 24: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

23

3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este projeto de pesquisa delimita-se em colher informações através de

pesquisa quantitativa, utilizando a metodologia de questionários, com variáveis

latentes alusivos aos fatores humanos: Distância de Poder, Comportamento,

Confiança e Liderança, relacionados à orientação e gestão de segurança

organizacional, adotado por empresas da área de logística (transporte e

armazenagem) e construção civil que possuem políticas ou sistema de Gestão de

Segurança implementados a no mínimo de 4 anos. Nesta pesquisa foi considerado a

participação de funcionários de diferentes áreas (operacional, administrativo, outros)

que estejam atualmente trabalhando e tenham no mínimo 1 ano de trabalho nesse

perfil de empresa.

4. JUSTIFICATIVA

O ponto de partida para a reflexão, se deu pela própria experiências

vivenciadas ao longo da trajetória profissional deste pesquisador. Conforme relata

Burgherr; Hirschberg (2008), acidentes têm sido identificados como uma das

principais causas de catástrofes provocadas pelo homem. Fatos e afirmações como

esse leva a questionamentos sobre desperdício de todos os tipos de recursos

(tempo, recursos de produção, capital humano, retrabalho/reprocessos), além da

exposição ao risco (ambiental, vidas, perda patrimonial), todos esses aspectos

tornam as empresas ineficientes num cenário de mercado globalizado cada vez mais

competitivo. Além do que atualmente, a atenção dada à responsabilidade social e

ambiental das empresas pelos seus diversos stakeholders tem sido cada vez maior

(PUPIM, 2005).

Durante a trajetória profissional foi percebido que a questão de eficiência

nesse tema não depende unicamente e exclusivamente de grandes investimentos,

tecnologias, está centrado principalmente na pessoa, e isso varia muito de uma

organização para outra, independente de seu tamanho ou dos seus recursos

disponíveis. Assim, gerenciar o chamado “fator humano”, no contexto de segurança,

se torna uma importante iniciativa (WESTABY; KRISTER, 2005).

Page 25: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

24

O cenário econômico nacional somado a competitividade globalizada

demandam das empresas à necessidade de serem mais eficientes, fazendo certo na

primeira vez, evitando retrabalhos e diminuindo custos, em busca de entregar

produtos e serviços mais competitivos e agregando valor para o consumidor.

Segundo Hampton (2005), colaboradores satisfeitos e motivados demonstram maior

esforço, sendo mais eficiente na execução de suas tarefas organizacionais,

conseqüentemente aprimoram a cadeia produtiva e cadeia de valor da empresa.

Outro ponto que reforça a importância desse estudo são indicadores de

acidentes (formais registrados) ocorridos nas empresas brasileiras e os altos custos

diretos despendidos dessas ocorrências, que leva a reflexão e questionamento

sobre o quanto se perde direta e indiretamente de investimento (recursos financeiro,

tempo, pessoas, equipamentos, perda de produção e etc.), isso sem considerar a

questão dos incidentes que não são registrados e contabilizados e dos valores

intangíveis presentes no negócio.

Nessa linha, ações relacionadas a segurança organizacional são cada vez

mais vitais para garantir a sustentabilidade e longevidade da organização. Sendo

que a negligência ou o não conhecimento da relevância desse tema, leva as

empresas a focarem no curto prazo, na busca pela otimização de resultados,

eficácia dos processos produtivos, sendo o lucro a qualquer custo o principal

objetivo desse perfil de gestão e organização. Dessa forma atuar com políticas de

Orientação a Segurança que se incorporem como cultura na empresa, torna-se vital

para a sobrevivência das organizações no atual ambiente competitivo, pois além de

ser uma forma de preservar valor, segurança também agrega valor para a

organização.

No ambiente competitivo torna-se primordial o aumento de eficiência nas

organizações, sendo necessário desenvolver visão holística e integrada da empresa

considerando todos os setores, sobre gestão de segurança organizacional,

considerando todos os aspectos, processos e colaboradores, saindo do senso

comum de que segurança é com “o pessoal de segurança”, ou que está restrito

somente segurança patrimonial, ou de informação ou de processos produtivos.

Segurança é um bom negócio, representa oportunidade, minimiza perdas e riscos e

garante a perenidade das pessoas e organizações.

Page 26: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

25

A perenidade das organizações está atrelada à criação de valor, através do

aumento da eficiência e aprimoramento da cultura organizacional, mas

fundamentalmente na preservação de valor, com a prevenção e gerenciamento de

risco nas organizações, com foco e atenção nos comportamentos dos seus

liderados, na prevenção de acidentes e incidentes, preservando vidas, marcas,

ativos, meio ambiente e reputação, ou seja, salvaguardando todos bens tangíveis e

intangíveis que envolve direta e indiretamente uma organização.

No entanto, os sistemas de gestão organizacional independentemente do tipo

de modelo adotado, já vem incorporando questões de gestão de segurança, pois

sempre haverá o fator humano como responsável pela sua gestão; e o seu

desempenho tem sido diretamente associado ao nível de segurança e de proteção

pessoal, ambiental, patrimonial e estratégico das empresas (LARKIN, 2006), em

função disso esse estudo reforça a importância em aprofundar a análise e

entendimento sobre as variáveis liderança, confiança e distância de poder e como

elas se relacionam e contribuem com o comportamento e a gestão de orientação a

segurança organizacional.

Page 27: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

26

5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 Cultura Organizacional

Atualmente as empresas são consideradas como um organismo vivo que

possui normas, processos, história e personalidade. É de conhecimento que a

cultura da empresa reflete nas estratégias, estrutura e sistemas da organização,

transmitindo suas crenças e valores formando uma identidade organizacional.

Schein (1992) define cultura como um padrão de pressupostos básicos que

são compartilhados e aprendidos pelo grupo, na medida em que resolveram seus

problemas de adaptação externa e integração interna, ou seja um produto de

aprendizado compartilhado. E passam a ser ensinados aos novos

membros/integrantes como uma maneira correta de perceber, pensar e sentir em

relação as situações vivenciadas. Para Hofstede (2001) cultura é “a programação

coletiva da mente que distingue os membros de um grupo ou categoria de pessoas

do outro”.

Oshiro, Crnkovic e Santos (2005), afirmam que cultura organizacional é “um

processo de interação da empresa com o ambiente e as relações estabelecidas

entre seus membros”. De acordo com Fleury (2009), cultura é a concepção de

conjunto de valores e crenças compartilhados pelos trabalhadores de uma

organização, deve ser consistente com outras variáveis organizacionais como

estrutura, tecnologia, estilo de liderança. Fleury (2009) propõe que a cultura

organizacional pode ser expressa e absorvida através elementos simbólicos,

atribuindo significados, construindo identidade organizacional,.

Segundo Schein (1992) os maiores influenciadores da cultura organizacional

são os fundadores e as principais lideranças da empresa. Pois são os que definem

os valores, simbolismos, a forma de gerir a organização, em geral prevalecendo as

suas crenças e convicções pessoais.

Page 28: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

27

Para Pettigrew (2009) e Barney (1991), cultura organizacional existe a partir

de diferentes níveis. Em seu nível mais profundo pode ser pensada como um

conjunto de valores, pressupostos e crenças que definem o comportamento de cada

empresa perante seus negócios.

Para Schein (1992), a cultura de uma organização pode ser analisada sob

três aspectos: a) Produtos Visíveis, representado através do ambiente, da

organização, layout e comportamentos visíveis das pessoas; b) Pressupostos

Básicos, que determina como os membros de um grupo percebem, sentem e

pensam; c) Valores, ocorre através da razão, que é expressado por meio do

comportamento dos membros da organização.

Segundo Cabral (2000), Cultura Organizacional pode ser definida [...] como

sendo um conjunto de valores que são desenvolvidos e reforçados com o decorrer

do tempo, fazendo com que se sedimentem como sendo válidos para lidar com

algum tipo de conflito que possa vir ameaçar a ordem vigente da organização. São

crenças, valores, mitos e tabus que interagem entre si e que expressam através do

comportamento dos membros da organização, tornando-se perceptível a outras

pessoas.

Podemos definir cultura organizacional, como conjunto de valores enraizados,

permeados, praticados e consolidados ao longo dos anos entre os membros da

empresa e que são característico daquela organização. Ou seja, para realmente

haver o total entendimento de uma cultura organizacional, é fundamental entender a

essência da empresa, os seus elementos culturais e como é a vivência social dos

colaboradores que pertence a mesma.

Page 29: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

28

5.1.1 Elementos Culturais, Comportamento e Cultura da Segurança

Os elementos culturais de comportamento que sensibilizam e

desenvolvimento organizacional são múltiplos e diversificados. Para Migueles,

Lafraia e Souza (2014), cultura é construída através da forma como o conjunto de

valores são passados, transmitidos e incorporados na vivência da pessoa. A cultura

passa a ser uma criação coletiva da sociedade, e não determinam o comportamento

humano, pois somos seres racionais, capazes de tomar decisões e fazer escolhas

de forma autônoma. Como exemplo nas empresas, há presença de diferentes estilos

e níveis de lideranças, tais como: supervisores, gerentes de sites, gerentes seniores

corporativos, diretores da organização e clientes, que exercem influência no

comportamento e formação da cultura na organização. No entanto, também é

possível que os elementos culturais contribuam para a formatação da cultura de

segurança, influenciando em que medida os valores culturais fundamentais podem

determinar o comportamento de segurança.

O texto "Criando o hábito da Excelência" dos escritores Migueles, Lafraia e

Costa (2009), apresenta resultado do estudo realizado pelos autores, dos fatores e

seus elementos que impactam na Gestão de Segurança. Mas mesmo com todo o

trabalho teórico e metodológico desenvolvido pelos pesquisadores, ainda não há

uma conclusão definitiva para determinar os principais fatores e os principais valores

para que haja efetiva adesão e comprometimento dos funcionários sobre

comportamentos esperado sobre segurança. Estudo realizado por Lafraia, com base

em estudos e métricas proposta por Hofstede (2001), e corroboradas por estudos da

cultura local Migueles, Lafraia e Costa (2009), determinaram os principais elementos

da cultural nacional presente nas organizações:

• Distância do poder: cultura brasileira tolera muita desigualdade e muita

concentração de poder e distância social entre gerentes e subordinados.

Alguns estudos sobre causas sociais e culturais de acidentes, encontram uma

correlação positiva entre a grande distância do poder e taxas de acidentes

elevados.

• Pequena autonomia dos subordinados, transferindo a responsabilidade pelos

resultados para os níveis mais altos da hierarquia.

Page 30: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

29

• Foco de curto prazo por parte dos gestores, é percebido em todas as áreas,

principalmente operacionais, levando ao cumprimento mecânico da atividade

sem o entendimento completo do que esta sendo realizado e principalmente

dos riscos envolvidos na operação. Essa situação não cria engajamento

futuro que ajuda no estabelecimento de cultura, e não molda comportamento

de risco dos funcionários aumentando a probabilidade de acidentes.

• Aversão á incerteza: incentiva a criação de regras, normas e procedimentos

em abundância para controlar o comportamento. Com isso não é possível

determinar o real motivador do comportamento, não gerando adesão as

políticas e como conseqüência cria-se uma cultura do "jeitinho brasileiro" para

contornar as dificuldades geradas com os excessos de normas.

• Baixa Confiança: Usam indicadores de desempenho de segurança que não

reflete a realidade, somente com o intuito de “estar bem na foto”. Não tem

confiança no uso da ferramenta como Gestão, que possa extrair reais

benefícios para as pessoas e organizações, gerindo fatores de risco

operacionais reais.

• Tendência em diluir as responsabilidades do indivíduo no grupo, o que reduz

a possibilidade de controle sobre as variáveis individuais importantes para o

controle de riscos.

Como pode ser percebido, todos esses elementos culturais voltados para

segurança organizacional, são fundamentais para a formação da Cultura da

Segurança nas empresas. Segundo Cox, Jone e Collinson (2006), apontam que a

cultura de segurança é produto de um número de subculturas interdependentes,

com regras claras sobre comportamentos aceitáveis e inaceitáveis. Um ambiente

propício para o compartilhamento de informações essenciais é a base de

sustentação da cultura de informação e de aprendizagem. Os autores destacam que

a gestão da cultura de segurança tem se destacado como um importante fator na

manutenção do bom desempenho das organizações de alta confiabilidade.

Pereira (2012) define cultura de segurança como "um conjunto de valores,

percepções, atitudes e padrões de comportamento em relação à segurança

compartilhada por membros da organização”. No Anexo I, encontra-se seis atributos

de segurança apresentados e descritos que também traz os indicadores dos

atributos apontados pelo autor.

Page 31: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

30

A cultura da segurança esta atribuída tanto a pessoas, quanto as

organizações, principalmente relacionadas a questões comportamentais. Importante

destacar e desmitificar que: a cultura da segurança pode ser aplicável a qualquer

área, ramo, segmento ou departamento, e de qualquer setor (industrial, comercial e

serviços).

Segundo Simard (1998), a cultura de uma empresa pode variar em função do

peso de fatores atribuídos pelos líderes e liderados. Ele distingue que na Cultura

Segurança Fatalista, onde os acidentes são percebidos como uma falta de sorte e

as pessoas creem não poderem influenciar no nível de segurança. O segundo estilo

é a cultura de segurança da profissão, caracterizado pelo líder não dar a devida

importância, onde o operador desenvolve ou transmite de forma autodidata. A

terceira forma é a segurança gerencial, onde há formalização do sistema de

segurança de forma “top-down” sem ouvir, ou conhecer a necessidade dos

liderados. E por último a segurança integrada, é resultado do conjunto de

conhecimento para assegurar o bom desempenho da segurança. O conhecimento é

compartilhado em todos os níveis da empresa, e faz parte do “DNA” da empresa,

sendo a forma de trabalhar.

Ivan Boissières (Diretor geral do ICSI) faz o seguinte relato sobre cultura de

segurança no anuário ICSI 2017:

“Trabalhar para melhorar a cultura de segurança pode permitir uma

gestão mais próxima do campo, equipes mais solidárias, situações

mais adaptadas, operadores mais motivados... Não são assuntos

específicos de segurança, se trata aqui das bases do bom

funcionamento de uma organização. É nessa perspectiva que se pode

compreender essa frase que poderia parecer um pouco publicitária:

“good safety is good business”. Uma boa performance em segurança é

muitas vezes a alavanca de uma boa performance global”.

BOISSIÈRES (2017, p.20)

Geller (1994, p.12) relata que: “A segurança deveria ser um valor que os

empregados trariam a todos os cargos, apesar das prioridades ou exigências de

tarefas. Deveria ser uma regra tácita (norma social) que se seguisse

independentemente de situações”.

Page 32: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

31

5.2 Orientação de Segurança Organizacional

Hale e Hovden (1998) apresentam a evolução dos conceito e entendimento

sobre acidentes e segurança. Os autores relatam que houve evolução de uma

“Primeira Fase” onde era tratado como um problema técnico, baseado em legislação

e ações técnicas. Progrediu o entendimento para uma “Segunda Fase” adicionou-se

o fator humano como parte integrante do Sistema de Gestão de Segurança, e

evoluindo tempos depois para a “Terceira Fase” como foco no sistema de

funcionamento da administração, levando muitos estudiosos a estudarem aspectos

sócio-técnicos dos acidentes e publicarem análise sobre impacto e importância do

clima e cultura de segurança organizacional.

Figura 2: Evolução da abordagem sobre segurança organizacional

Fonte: Adaptado pelo Autor (2018) do relatório ICIS 2013

Segundo Tavares (2009), no Brasil em termos de legislação, as primeiras leis

surgiram em 1919 e foram aprimorado ano após ano, em 1966 foi criado

FUNDACENTRO, que atua em pesquisa científica e tecnológica relacionada à

segurança e saúde dos trabalhadores, mas somente 1972 que a história

Page 33: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

32

da segurança do trabalho no país teve mudanças substanciais em termos de

regulamentação com a publicação da portaria nº 3.237, onde foi estabelecida a

obrigatoriedade dos serviços especializados em segurança. Mundialmente a

regulamentação já existe à vários anos mas o conceito de Cultura de Segurança

surgiu após a seqüencia de acidentes de Bhopal em 1984, Chernobyl em 1986 e

Piper Alpha em 1988, que serviu de reflexão e ponto de inflexão sobre as falhas

organizacionais e políticas em como gerenciar os riscos associados de uma

organização.

Diversos autores entre eles Cox (1996), Hale (2000) Rosness (2003), Cooper

(2000), Zhang (2002), questionam o termo e conceito Cultura da Segurança,

relatando que para muitos praticantes trata-se de um conceito abstrato para haver

entendimento amplo e irrestrito, que haveria algumas limitações em função de

fatores contextuais, e que a relação entre diferentes culturas nacionais associados

com diferentes culturas organizacionais geram confusão de percepção,

entendimento e adesão ao conceito. Guldenmund (2000) reforça a limitação

ressaltando que as definições de cultura da segurança são baseadas somente em

normas e valores.

Essa crítica sobre esse conceito fez com que Havold (2005) desenvolvesse

um conceito mais prático e introduzisse novo construto - Orientação de Segurança,

aprimorando o conceito anteriormente utilizado, podendo ser mais útil num contexto

organizacional. Relaciona-se fortemente com as legislações, normatizações atuais

vigentes, bem como a Gestão de Segurança Internacional (ISM) e com contínuo

aprendizagem organizacional. Influências como a nacionalidade, cultura da indústria,

regulamentos e mercados, estão incluídos no modelo de orientação de segurança

(SOM).

Em função de ser um termo mais atual, amplo, objetivo, de entendimento e

aplicação prática esse estudo adotará o constructo Orientação de Segurança no

desenvolvimento deste trabalho. Håvold (2005, p. 97) ofereceu a seguinte definição

de orientação de segurança:

Page 34: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

33

''Orientação de Segurança está relacionado a fatores culturais e contextuais

criando atitudes e comportamentos que influenciam a segurança.

Organizações com uma orientação positiva de segurança são

caracterizados por uma percepção da importância de segurança, e pela

confiança na eficácia de medidas preventivas para criar o comportamento

necessário para evitar os acidentes e continuamente melhorar a segurança

organizacional” (Håvold, 2005a, p. 97).

Havold (2005), cita que orientação de segurança pode consequentemente,

ser entendido como uma aplicação do conceito de cultura de segurança, a fim de

guiar as atividades e processos dentro de uma organização. Este novo construto é

semelhante para a distinção correspondente entre o que é conceitual (construto

anterior) e o que é orientação voltada para prática e aplicação de mercado (novo

construto).

A idéia do modelo de orientação de segurança apresentado na Figura 3 é

descrever o processo pelo qual as variáveis culturais e práticas organizacionais se

relacionam para influenciar a segurança organizacional, bem como para medir os

indicadores, dimensões, fatores de cultura de segurança e ver como eles interagem

com o resultado medido em diferentes contextos.

Page 35: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

34

Figura 3. Traduzido do Modelo de fatores e conseqüências de

orientação de segurança

Fonte: Modelo de orientação de segurança (SOM); Havold, (2005).

Page 36: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

35

A construção da orientação de segurança esta relacionada diretamente entre

comportamento de segurança e o número de acidentes de trabalho. A orientação de

segurança pode ser entendido como uma aplicação do conceito da cultura de

segurança, a fim de guiar as atividades e processos dentro de uma organização.

A perspectiva adotada neste documento, compreende que o

comprometimento da administração com a segurança, será fator chave na

determinação dos níveis de comportamento de segurança na força de trabalho.

Essas percepções indicam a verdadeira prioridade da segurança, pois são

construídas através do valor relativo da segurança em relação a outros objetivos

organizacionais (NEAL e GRIFFIN, 2004; ZOHAR, 2002).

Importante notar que diferentes níveis e diferentes tipos de gestão dentro de

uma organização estarão exercendo um efeito sobre as atitudes, percepção e

comportamentos da força de trabalho (YULE et al., 2007).

Neal e Griffin (2004) argumentaram que a relação entre clima e

comportamento é mediada pelo conduta de segurança. Pois o comportamento de

segurança é o fator crítico para determinar o nível de risco de um acidente ou

incidente e influenciando diretamente na formação de cultura de segurança

organizacional, ou seja, os indicadores de comportamento de segurança devem ser

mais forte do que os efeitos do clima de segurança.

Criar esses mecanismos de envolvimento e participação realizando o

engajamento de todos e aproveitando o conhecimento tácito dos funcionários, torna-

se um importante mecanismos da Gestão de Segurança organizacional.

Com isso entende-se que prioridade de segurança e comprometimento de

segurança devem ser avaliado em ambos os níveis de relação. Normas de riscos

aceitáveis podem desempenhar um papel negativo em relação à prioridade de

segurança (TÖRNER e NORDLING; 2000).

Page 37: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

36

5.2.1 Clima e Comportamento de segurança em grupo.

Estudos realizados constatam que percepção do clima de segurança está

correlacionado diretamente com o comportamento de segurança (NEAL e GRIFFIN,

2004; NEAL, GRIFFIN e HART, 2000; RUNDMO, 1992).

Griffin e Neal (2004) argumentou que o clima de segurança percebido é um

antecedente do comportamento de segurança. É refletido na medida que os

funcionários acreditam que a segurança é valorizada dentro da organização. Como

exemplo argumentam que as classificações de grau de risco, reações afetivas a

questões de segurança, crenças normativas sobre segurança e comportamento de

segurança auto-reportados, não são percepções do clima de segurança.

O termo clima psicológico refere-se a percepção individual de políticas,

procedimento e práticas relacionadas ao ambiente de trabalho (JAMES e JAMES,

1989). Já o clima de segurança em grupo refere-se às percepções compartilhadas

do grupo como um todo. Pesquisadores podem operacionalizar clima de segurança

de um grupo, agregando percepções individuais ao nível do grupo, usando o modelo

de consenso direto (CHAN, 1998).

Níveis de clima de segurança podem variar entre equipes da mesma

organização, por causa de diferenças em processos de grupo ou práticas de

supervisão. Isso pode influenciar e moldar as percepções dos membros sobre as

políticas, práticas e procedimentos organizacionais (ZOHAR e LURIA, 2004).

Page 38: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

37

Para amplo entendimento e análise de clima segurança, foi consolidado o conceito referente a esse assunto de diferentes autores: (Tabela 1)

Tabela 1 - Definições de clima de segurança

Referência Definição de clima de segurança

Referência Zohar (1980)

Um resumo das percepções que os funcionários compartilham sobre seus ambientes de trabalho.

Glennon (1982a, b)

Percepções das muitas características de sua organização que têm um impacto direto sobre o seu comportamento para reduzir ou eliminar. O clima de segurança dos funcionários é um tipo especial de clima organizacional.

Brown e Holmes (1986)

Um conjunto de percepções ou crenças de um indivíduo e/ou grupo sobre uma determinada entidade – organização/líder.

Dedobbeleer e Bea terra (1991)

Percepções que as pessoas têm de seus ambientes de trabalho.

Cooper e Philips (1994)

Clima de segurança está preocupado com as percepções e crenças compartilhados entre os trabalhadores sobre questões de segurança no seu local de trabalho.

Niskanen (1994)

Clima de segurança refere-se a um conjunto de atributos que podem ser percebidas sobre organizações, e que podem ser induzidas pelas políticas e práticas que as organizações impõem sobre seus trabalhadores e supervisores.

Coyle et al. (1995) Berends (1996) Lee (1996)

A medida objetiva de atitudes e percepções em relação a questões de saúde e segurança no trabalho.

Cabrera et al. (1997)

As percepções compartilhadas de membros da organização sobre o seu ambiente de trabalho, e mais precisamente, sobre as suas políticas de segurança organizacionais.

Williamson et al. (1997)

Clima de segurança é um conceito sumário que descreve a ética de segurança em uma organização ou local de trabalho, que reflete nas crenças dos funcionários sobre a segurança.

Fonte: Consolidação realizadas por Guldenmund (2000)

Page 39: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

38

Estes argumentos sugerem que os indivíduos que trabalham em grupos com

clima de segurança positivo, deve ser mais motivados a se envolver mais em

atividades de segurança, se comparado aos indivíduos que trabalham em grupos

com um clima de segurança negativa. Os indivíduos que são motivados a se

envolver em gestão e prática de segurança deve por sua vez, ser mais propensos a

ter esse tipo de comportamento. Dado que a direção da causalidade é assumido

como sendo do clima de motivação para o comportamento.

Com isso deduz-se que o clima de segurança de um grupo irá exercer

influência sobre a motivação de segurança individual. E que a motivação de

segurança individual irá exercer um efeito defasado na participação do indivíduo

relacionado a conformidade de segurança.

Uma vez o indivíduo estando em equilíbrio com o ambiente social, contribui

para sensação de segurança e reduz o estresse. As percepções compartilhadas de

segurança sendo valorizadas e esperadas pela organização também contribuem

para o desenvolvimento de normas para grupos de trabalho que favorecessem a

segurança. Tais normas indicam um comportamento de segurança individual, já que

os indivíduos podem esperar que um comportamento seguro seja recompensado

socialmente pelo grupo. Clarke (2006), ao discutir os resultados de sua análise de

19 estudos sobre clima de segurança, sugeriu que os indivíduos se sentem mais

comprometidos com o trabalho em grupo do que com a organização e que o

trabalho em grupo é poderosa ferramenta na socialização de novos membro. Clarke

sugeriu que as percepções das normas do trabalho em grupo são altamente

decisivas para o clima de segurança.

Ou seja, coesão e padrões de grupo também determinaram o comportamento

de segurança. Da mesma forma, Young e Parker (1999), estudando a formação de

climas de grupo, descobriram que esta significativamente relacionado à interação

entre os membros do grupo. Resultados obtidos pela pesquisa de Watson et al.

(2005) demonstram que o índice de normas de segurança de colegas de trabalho

estava negativamente correlacionado com o comportamento de risco.

Pesquisas conduzidas (Tucker et al. 2008, Törner et al., 2009) identificaram

que o envolvimento do trabalho em grupo intermediavam o efeito das percepções

climáticas em relação à gestão, à motivação e comportamento de segurança.

Page 40: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

39

Outro ponto interessante é que a contribuição e intervenção do empregado

sobre segurança no intuito de melhorar as condições inseguras de trabalho gera

percepção positiva, ocasionando efeito favorável e de apoio, contribuindo para o

clima de segurança em grupo na organização.

Para as indústrias e empresas é altamente relevante entender aspectos

intrínsecos referente as dimensões do clima de segurança que vão além das

políticas e normas gerenciais estabelecidas. Estudos comparativos de clima de

segurança entre e dentro de empresas, indústrias e países, são fundamentais para

entendimento e uso prático para avaliar e dimensionar a status do clima de

segurança, servindo de diagnóstico e para avaliação do efeito de intervenções no

clima de segurança, procedimentos e práticas, mas também do grupo de trabalho,

como foi apresentado por Melía et al. (2008).

5.2.2 Relação da cultura da segurança e liderança.

Segundo Schein (1985), os líderes têm grande impacto no clima e na

formação da cultura organizacional. Suas crenças, valores e premissas formam a

base da cultura em uma organização. Os líderes podem transmitir e incorporar a

cultura organizacional seja liderando pelo exemplo ou através de formação e

orientação e desenvolvimento dos colaboradores. Desenvolvendo e aprimorando

seleção e recrutamento, incentivando a promoção, premiação e reconhecimentos,

influenciando diretamente na cultura o clima de segurança na organização.

Page 41: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

40

Para amplo entendimento e análise de cultura de segurança, foi consolidado o conceito referente a esse assunto de inúmeros autores: (Tabela 2)

Tabela 2 - Definições de cultura de segurança

Referência Definição de cultura de segurança

Cox e Cox (1991)

culturas de segurança reflete as atitudes, crenças, percepções e valores que os funcionários compartilham em relação à segurança.

Grupo Consultivo de Segurança Internacional (1991)

A cultura de segurança é conjunto de características e atitudes estabelecidos nas organizações e indivíduos, atrelados as questões de segurança da planta nuclear, que recebem a devida atenção garantindo sua relevância como prioridade absoluta.

Pidgeon (1991)

O conjunto de crenças, normas, atitudes, papéis e práticas sociais e técnicas que estão preocupados em minimizar a exposição dos empregados, gerentes, clientes e membros do público às condições consideradas perigosa ou prejudicial.

Ostrom et al. (1993)

O conceito de que as crenças e atitudes da organização se manifestam através de ações, políticas e procedimentos, afetando o seu desempenho em segurança.

Geller (1994) Niskanen (1994)

Em uma cultura de segurança total, todo mundo se sente responsável pela segurança e a persegue esse objetivo diariamente.

Berends (1996)

A programação mental coletiva para a segurança de um grupo de membros da organização.

Lee (1996)

A cultura de segurança de uma organização é o produto dos valores individuais e de grupo, atitudes, percepções, competências e padrões de comportamento que determinam o compromisso e o estilo de gestão na saúde e segurança da organização.

Tomei (2003)

Crenças compartilhadas pela alta gerência em uma companhia sobre como eles devem gerenciar a si mesmos e aos outros empregados e como eles devem conduzir seus negócios. Estas crenças são, em geral, invisíveis para a alta gerência, mas tem grande impacto na sua forma de pensar e agir.

Holbeche (2005)

Conjunto de tradições, valores, políticas, crenças e atitudes que constituem um contexto abrangente para tudo o que se faz e pensa em uma organização.

Fonte: Consolidação realizadas por Guldenmund (2000)

Page 42: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

41

Os líderes podem gerar comprometimento dos funcionários com a segurança

através da evolução e aprimoramento dos comportamentos dos liderados,

destacando valores fundamentais e promovendo a lealdade ao grupo. Os líderes são

os responsáveis por determinar a ambientação e clima de segurança na

organização, para isso utilizam de simbologias organizacionais, marcos, slogans e

outras expressões culturais. Eles podem motivar os funcionários para perseguir

metas consideradas desafiadoras, mudar valores e crenças dos colaboradores

através de contratos psicológicos entre empregados e empregadores, e incentivar

qualquer necessidade de mudança (ROUSSEAU,1998; SCHEIN,1985; TRICE e

BEYER, 1993).

Todos esses pontos reforçam a importância da relação intrínseca entre

cultura organizacional, segurança e liderança. Nesse sentido será explorado no

próximo tópico a variável liderança, seus diferentes estilos e a relação da liderança

transformacional com a segurança, seus impactos e influencias no comportamento e

orientação de segurança nas organizações.

5.3 Liderança

Segundo Bass (2008), liderança é considerada fator de sucesso ou fracasso

nas organizações. Para Collier; Fishwick; Floyd (2004), é definida como componente

relevante na definição das estratégias organizacionais, na construção de vantagens

competitivas, no estímulo ao comprometimento e na melhora do desempenho

organizacional.

A liderança é frequentemente conceitualizada em termos de traços de

personalidade, estilos de comportamento e fatores contingenciais (YUKL e VAN

FLEET, 1992; YUKL, 1989; AUBERT, 1991; BERGAMINI, 1994).

O conceito de liderança vem passando por mudanças no decorrer dos anos,

diferentes estudioso diferem sobre a melhor definição do conceito para o mundo

contemporâneo:

• Liderança é o processo de influenciar as atividades de um grupo

organizado em direção à realização de um objetivo (Rauch; Behling, 1984)

Page 43: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

42

• “Liderança é o processo de dar propósito (direção significativa) ao esforço

coletivo e provocar o desejo de despender este esforço para se atingir o

objetivo” (Jacobs e Jaques, apud Yukl, 1998).

• Liderança como influência, baseado na capacidade de um indivíduo de

obter seguidores para aquilo que ele almeja.(Bergamini, 1994).

• “Liderança é o que dá a uma organização sua visão e capacidade para

transformar essa visão em realidade” (Bennis, 1988).

• O estudo GLOBE define liderança como a capacidade de um indivíduo de

influenciar, motivar e permitir que outros contribuam para a eficácia e o

sucesso das organizações das quais são membros (House et al, 2004).

Segundo Tannenbaum, Weschler e Massarik, (1961, p. 24), liderança é uma

influência pessoal, exercida em uma situação e dirigida através do processo de

comunicação, no sentido de atingir um objetivos.

Mas mesmo com todos essas conceitos, é necessário rever os modelos e

estilos de liderança obsoletos ainda hoje praticados, uma vez que não pensar a

respeito pode se tornar mais um obstáculo a ser enfrentado, pois os novos tempos

mudaram com a tecnologia e alta competitividade do mercado, e novas questões

como sustentabilidade e a necessidade das empresas operarem em ambientes

seguros, fazem com que as organizações e seus líderes precisem estar preparadas

para lidar com os momentos de transição, adaptando-se rapidamente a elas. Diante

dessas definições entende-se que liderar é ter atitude empreendedora, através de

ações que guiem, motivem, inspirem, influenciem, estabelecendo uma relação de

confiança que determine e direcionem atitudes e comportamento de pessoas. O líder

precisa estar verdadeiramente comprometido em promover o desenvolvimento de

pessoas.

5.3.1 Estilo de Liderança

A avaliação dos estilos de liderança pode ser analisado de diferentes formas,

como: capital humano, talento, competências, motivação, poder hierárquico, gestão

da informação e a forma como o controlo é exercido (ROLOFF, 2008).

Burns (1980,2003) desenvolveu a teoria abrangente de liderança

transformacional e transacional e Bass (1985) aplicou para discernir uma liderança

eficaz em uma variedade de organizações. Bass (1985) incluiu a Laissez-faire sob o

Page 44: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

43

rótulo da liderança transacional, embora se possa pensar como não liderança ou

vacância de responsabilidades da liderança.

A Liderança Laissez-faire tem como definição proporcionar total liberdade

para a tomada de decisões por parte do liderado. Líder não se impõe aos liderados é

visto como facilitador do processo sendo o responsável por compartilhar

conhecimento e estimular a criatividade da equipe. É uma estilo de liderança

considerado liberal, de supervisão não constante, que tem como objetivo ponderar e

mensurar habilidades, responsabilidade, nível de conhecimento e principalmente

comportamento do liderado. Esse estilo se torna eficaz somente em situações em

que os membros do grupo são altamente qualificados, motivados e capazes de

trabalhar de forma autônoma.

A liderança transacional baseia-se no uso da motivação extrínseca. Segundo

Bass (1980) o líder transacional conduz e motiva os liderados através do processo

de troca, da transação (recompensa versus desempenho). Segundo Wright (2000)

“com a liderança transacional, os administradores utilizam a autoridade de seu

cargo, para trocar recompensas como pagamento e status pelos esforços de

trabalho dos funcionários”.

Os líderes transacionais não tem preocupação de motivar, influenciar,

capacitar e orientar seus liderados, para o bem da organização. O foco desse tipo de

liderança é entregar os objetivos de forma mais eficiente e eficaz. Segundo Wright

(2000) “o líder transacional típico está sempre preocupado com o aumento de

vendas, com a participação de mercado e os lucros, em vez de se concentrar em

transformar a organização”.

Quando deparamos e confrontamos os dois estilos de liderança mais

difundidos nas organizações (transacional e transformacional), observamos

diferentes questionamentos, divergências e discordância sobre os estilos.

Judge e Piccolo, (2004) citam:

Bass (1985) discorda de Burns (1978) a respeito de liderança transformacional e liderança de transacional representam fins opostos de um continuum. Bass defendeu que liderança transformacional e liderança de transacional são conceitos separados, e adicionalmente defendeu que os melhores líderes são tanto transformacional como transacional.

Page 45: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

44

Para Robbins (2002), os estilos de liderança transacional e transformacional

são dois modelos que se complementam: A liderança transformacional é construída

em cima da liderança transacional – produz, nos liderados, níveis de esforço e de

desempenho que vão além dos obtidos apenas na abordagem transacional.

Para Zanini (2015), os comportamentos de liderança transformacional operam

parcialmente devido ao cuidado e à preocupação percebida no relacionamento,

enquanto os líderes transacionais enfatizam menos a relação e mais a garantia –

baseada no caráter – de que serão vistos como justos, confiáveis e íntegros.

Este estudo aprofundará no próximo tópico sobre a Liderança

Transformacional, como objeto de estudo na análise do impacto sobre o

comportamento e orientação de segurança organizacional.

5.3.2 Liderança Transformacional

Shin e Zhou (2007), propõe que independentemente da área de atuação, a

liderança transformacional é capaz de modificar comportamentos por meio de seus

exemplos e atitudes. Lau e Linden (2008) relata que os liderados sentem mais

confiança e lealdade em líderes com características transformacionais, aumentando

o nível de satisfação dos funcionários e respeito para com os líderes (Yang e

Mossholder, 2010). Para Burns (2003), os liderados sentem confiança, admiração,

lealdade e respeito pelo líder por causa das qualidades do líder transformacional, e

estão dispostos a trabalhar mais do que o inicialmente esperado.

Segundo Jaskyte (2004), líderes transformacionais levam os colaboradores a

pensar na organização em vez de pensar em si próprios, a terem desempenhos

acima das expectativas, estimulam a criatividade, fomentam a capacidade de

inovação e a tornarem-se eles próprios líderes transformacionais.

Para Gomes e Cruz (2007), o líder transformacional valoriza a criação de um

ambiente de apoio às idéias propostas. Segundo Piccolo e Colquitt (2006), os

líderes transformacionais recorre aos ideais e valores dos colaboradores para

alcançar o compromisso com a sua visão e inspirá-los a desenvolver uma nova

forma de pensar sobre os problemas. Conforme Burns (2003), o líder

transformacional eleva a moral e motivação dos colaboradores. Se compromete em

Page 46: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

45

interações baseadas em valores, crenças, e metas, encorajam os liderados na

busca pelo desempenho excepcional.

De acordo com Bass (2008), liderança transformacional pode ser definida

com base no impacto que tem sobre os liderados. Os líderes transformacionais

adquirem confiança, respeito e admiração de seus liderados.

A liderança transformacional muda a cultura da organização e apóia a alta

performance. Atua como referencial positivo para a equipe e organização. Os

comportamentos de liderança transformacional estabelece visão, e alta expectativas

de performance, criando consenso em volta do objetivo comum.

O líder transformacional compreende a importância do seu papel como

agente de mudanças organizacionais e sociais. Com isso ele assume papel de

agente de mudança, e compreendendo as habilidades e competências de cada

colaborador.

Toda essa conjuntura fazem do estilo de liderança transacional o perfil mais

adequado para esse cenário repleto de exigências mutantes. Equipes que sente

confiança na organização e na liderança, sentem-se mais seguros e confiantes no

desenvolvimento das atividades, rendendo muito mais se comparado a empresas

que não estabelecem essa relação de confiança com seus empregados.

O líder transformacional tem como característica alta interação com a equipe,

preocupação com o bem-estar dos funcionários, além de serem vistos como

gestores sobremodo eficazes para a organização. Segundo Bass (1990), o líder

transformacional apresenta outros quatro atributos:

I. Influência idealizada, são atribuições ou comportamentos carismáticos, que

servem com modelo para os liderados. Ela apresenta dois aspectos:

a. Atribuída - Demonstra qualidades que motivam respeito e orgulho.

Trata a percepção que os subordinados têm da forma da liderança e

confiança depositada no líder.

b. Comportamento - Comunica valores, propósito e importância da

missão da organização. Os riscos são compartilhados com os

liderados e a atuação é coerente com valores organizacionais.

II. Motivação Inspiracional – otimismo, comunica confiança e expõe a emoção

sobre as metas e desafios futuros. Leva os liderados a se superarem

alcançando objetivos ambiciosos, visto como inalcançáveis.

Page 47: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

46

III. Estimulação intelectual - Examina novas perspectivas para a resolução de

problemas e completar tarefas. Estimula a inovação e a criatividade,

questionando os dados, reformula problemas através de diferentes ângulos.

IV. Consideração individualizada - São reconhecidas as diferenças individuais e

as necessidades de cada elemento. Foco no desenvolvimento e orientação

dos liderados atendendo às suas necessidades individuais. Busca manter um

contato freqüente, e desenvolve ações de aconselhamento, e fornecendo

apoio sócio-emocional em prol do seu desenvolvimento.

Através da combinação dessas características, faz do líder transformacional um

agente positivo de mudanças, um gestor que impacta positivamente nos resultados

das empresas.

5.3.3- Liderança e Segurança

Segundo Migueles, Lafraia e Costa (2014), na gestão de segurança é

importante a participação visível da liderança engajando todos os níveis hierárquicos

da empresa a participar ativamente criando a conscientização em forma de cultura.

Transformar processos e práticas organizacionais é muito mais difícil e leva muito

mais tempo do que se imagina. Não basta só querer e criar manuais com novos

procedimento, é preciso engajar e vivenciar esse novo momento do processo de

mudança. Não há excelência em Gestão de Segurança sem uma atitude proativa

por parte de cada funcionário, assumir responsabilidade ajuda a fortalecer como

pessoas e profissionais em diversos sentidos.

De acordo com Rowold e Heinitz (2007), há relação positiva entre liderança e

empenho dos colaboradores, devido a influencia positiva do líder sobre os liderados.

A liderança transformacional motiva os colaboradores que, conseqüentemente dão

prioridade ao interesse organizacional sobre o seu interesse individual (MALIK,

DANISH e MUNIR, 2012). Aspecto de grande importância são os líderes

demonstrarem através de ações, atitudes e decisões, que os valores da empresa

estão interligados com as diretrizes de Gestão da Segurança fazendo com que os

empregados percebam o comprometimento da liderança.

Dessa forma o colaborador adquire confiança se sentido inclinado a ser parte

integrante do programa, quando o mesmo visualiza a alta gerência refletindo o

Page 48: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

47

cumprimento das próprias ações. A atitude dos líderes em relação a implementação

de novos processos, mas principalmente referente às normas de segurança é

fundamental para disseminação de segurança no trabalho como valor.

Fundamentado nos argumentos acima, assume-se que:

Hipótese H1: A Liderança Transformacional afeta positivamente

Orientação a Segurança, de forma que um líder transformacional proporciona maior estimulo e preocupação da liderança com segurança organizacional.

5.3.4 Liderança e construção da confiança

Pesquisas demonstram que o nível de desempenho dos trabalhadores esta

correlacionado com o grau de confiança da equipe em sua liderança, o que torna

relevante para o entendimento da interação, reação e adesão das equipes de

trabalhos a normas, procedimentos formais e informais de uma organização (DIRKS

e FERRIN, 2001, ZANINI 2015).

Mendes (1999), relata que é fundamental estabelecer relação de confiança

entre funcionário e empresa.

Estabelecer a relação de confiança em uma empresa é mostrar

através do envolvimento da alta administração da companhia as

razões da nova postura, as vantagens que todos poderão desfrutar no

novo paradigma. Mendes (1999, p.15).

O estabelecimento do processo de confiança é determinante para que a

pessoa crie autonomia no desempenho da sua função e assuma riscos, esse é o

principal ponto para explicar e descrever a confiança com base psicológica e

sociológica. Na relação entre líderes e liderados, a confiança é um estado

psicológico que determina a pré-disposição da pessoa em colocar-se suscetível em

relação a outra pessoa. A confiança profissional pode estar ancorada em habilidades

profissionais e competências que levam a confiabilidade. Essa disposição de

confiança mutua é caracterizada pelo apoio, interdependência entre as partes

representando confiança relacional. (ROUSSEAU, et.al, 1998, ZANINI 2015).

Page 49: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

48

Segundo Bartram e Casimir (2007), citado por Lima, Santos e Zanini (2015), o

processo do estabelecimento de confiança dos líderes é construído através de

engajamento em ações que demonstrem preocupação individualizada e respeito

para com os liderados em todo o processo de Gestão, gerando confiança nos

liderados com o objetivo de estabelecer lealdade entre ambos.

Líderes constroem confiança, demonstrando preocupação individualizada e

respeito para com os liderados, que envolve desde a consulta ao liderado antes de

tomar uma decisão até sua implementação, com base na lealdade entre ambos

(BARTRAM e CASIMIR, 2007).

Segundo Zanini (2015), um líder mais consultivo, que toma suas decisões

baseando-se nas informações de seus liderados na equipe, gera ambiente propício

para estabelecimento de maior confiança no próprio líder. Isso reflete tanto na esfera

profissional, ou seja, no quanto confia no líder para o apoiar em desafios

profissionais, quanto na esfera pessoal, na capacidade do líder de compreender

seus desafios de vida pessoal, o que é especialmente importante em tarefas que

demandam equilíbrio emocional.

Estudos recentes têm mostrado consistentemente que a teoria de troca líder-

liderado tem efeito direto sobre o comprometimento organizacional (Eisenberger, et

al., 2010), estando positivamente relacionada com o comprometimento afetivo e

normativo, mas negativamente relacionada com o comprometimento instrumental.

Além disso, a relação entre confiança interpessoal e comprometimento já foi

observada em estudos anteriores (FARRELL, 2003; CROSSMAN e LEE-KELLEY,

2004; LAZZARINI, MILLER e ZENGER, 2004; ZANINI, 2007; ZANINI et al., 2013).

Muitos desses estudos identificaram uma relação positiva direta entre confiança no

superior imediato e o comprometimento do subordinado (PILLAI et al., 1991;

UGBORO, 2003; ZANINI, 2007).

Com isso, torna-se evidente que a confiança faz-se necessário para que os

indivíduos no comando das equipes estejam comprometidos com a prática e o

fortalecimento das normas e regras que promovam uma atmosfera de segurança por

meio da aplicação de mecanismos de punição e reconhecimento (ZANINI, 2013), por

isso será aprofundado o entendimento do fator confiança e suas relações no

próximo tópico.

Page 50: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

49

5.4 Confiança

5.4.1 Confiança na Gestão

Quando os gerentes representam e comunicam os valores da organização,

demonstram que estão comprometidos e priorizam a segurança da equipe, esse ato

sinaliza o cuidado com a vida e saúde dos funcionários. Dessa forma gera a

expectativa do comprometimento e retribuição recíproco dos funcionários,

contribuindo intrinsecamente para a segurança organizacional.

Burns, Mearns e McGeorge (2006) alegam que os líderes de uma

organização também devem gerenciar pelo exemplo, demonstrando seu

compromisso com a segurança dos funcionários, onde todo o discurso sobre

segurança tem que refletir em seus atos e atitudes, por exemplo: ter atitudes

seguras alinhadas com a política e procedimentos cascateados para a equipe, em

situações insegurança ou relatórios de incidentes agir proativamente e

imediatamente no caso, são ações e atitudes que servem de simbolismos para a

equipe, e que contribuirá para o desenvolvimento da confiança nos líderes. As

pessoas estão pré-dispostas a fazer interpretações positivas das atividades e

características organizacionais, e contribuir para a internalização de valores e

normas organizacionais.

McEvily et al. (2003) afirmaram que a confiança facilita a cooperação e a

resolução conjunta de problemas, aumentando a abertura e a transferência de

conhecimento. Cox, Jones e Collinson (2006), discutindo a confiança em

organizações de alta confiabilidade, concluiu que baixa relação de confiança pode

ter impactos negativos em uma cultura de segurança eficaz.

Zacharatos et al. (2005) concluiu que a confiança nos lideres esta relacionado

diretamente com o clima de segurança, pressupondo maior entendimento e

conscientização sobre comportamento de segurança, tendo como conseqüência

menores indicadores de acidentes ou incidentes em uma organização.

No entanto, alguns aspectos negativos da confiança também foram

discutidos. McEvily et al. (2003) afirmou que a confiança pode ser deslocada, na

medida em que o gestor não é necessariamente confiável. Outro ponto é que o nível

Page 51: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

50

de confiança pode ser excessivo gerando sentimentos, comportamentos

inadequados estimulando ou possibilitando as pessoas a terem atitudes não

condizentes com a realidade do ambiente e podendo colocar em situação de risco

ou em condições inseguras.

Burns, Mearns e McGeorge (2006) sugere que confiança e desconfiança

podem ser vistas como construtos diferentes, ambos os quais podem ter um impacto

positivo na segurança. Para isso deve avaliar a confiança dos funcionários na

gestão, e a confiança na competência do gestor que foi escolhido para representá-

lo. No entanto, a natureza complexa da confiança em relação à segurança reforça

ainda mais, a importância de medir simultaneamente a comunicação de segurança.

Segundo Assmar, Ferreira e Souto (2005) um dos principais benefícios do

estabelecimento da confiança entre líderes e liderados, é a criação de ambiente

favorável à eficiência organizacional.

Com base no exposto sobre liderança transformacional e confiança voltada

para questões de segurança, pretende confirmar que:

Hipótese H2: a relação entre Liderança Transformacional e

Orientação para Segurança é mediada pela Confiança, ou seja, se

existe uma dependência entre as variáveis.

5.4.2 Confiança, Percepção de justiça e Gestão de segurança

A complexidade da confiança deve ser mantida em mente, como apontaram

Conchie e Donald (2008), se houver confiança cega nos colegas de trabalho, a

dupla verificação das tarefas críticas de segurança pode ser negligenciada, e os

erros podem passar despercebidos. A importância de uma comunicação aberta, rica

e participativa proporciona empoderamento de segurança colocando todas as

pessoas no mesmo nível de autonomia e poder, independente da posição

hierárquica na organização, a fim de torná-la intrínseca e cultural nas pessoas e

organizações, neutralizando o desenvolvimento da confiança cega, e criando o

sentimento da confiança mútua de segurança como competência de grupo.

Flin et al. (2000) em sua revisão de 18 escalas de clima de segurança

identificou a importância percebida do treinamento adequado sobre segurança, e

Page 52: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

51

sobre as percepções dos sistemas formais e processuais de segurança como temas

centrais, como exemplo: existência de comitê de segurança, a satisfação ou

confiança nas políticas estabelecidas de segurança.

No estudo qualitativo com supervisores de primeira linha e representantes de

segurança do trabalhador realizado por Törner e Pousette (2009), confirma e relata a

importância do bom funcionamento dos sistemas de segurança.

Para a implementação de sistema de segurança, tentar antecipar todos os

riscos possíveis e tentar evitá-los por meio de elaborados sistemas de

gerenciamento, pode levar a respostas rígidas podendo engessar processos e até a

organização, ao invés de trabalhar o desenvolvimento da resiliência quando ocorrem

eventos não previstos (CONCHIE et al., 2006). A percepção da eficácia nos

sistemas de segurança deve ser avaliado em conjunto com outros aspectos da

gestão de segurança, a fim de criar cultura e identidade para a empresa,

proporcionando benefícios sustentáveis para a segurança organizacional.

Em uma organização a percepção da eficácia dos sistemas de segurança,

pode ser conduzida através de uma comunicação rica e aberta, se tornando

elemento importante e uma dimensão essencial para o clima de segurança, a fim de

neutralizar quaisquer desvantagens potenciais que falta de confiança pode

proporcionar ao sistema de segurança organizacional.

Comunicação e interação entre pessoas, equipe e lideres são fundamentais

para a construção de elos, estabelecimento de confiança e criação de clima

organizacional. Hofmann e Stetzer (1998) sugerem que uma gestão que encoraja a

comunicação aberta sobre segurança, passa um forte sinal de valorização de

segurança pela liderança e organização.

De acordo com a Fiske (2002), o individualismo do funcionário sobre atitudes

seguras está relacionado diretamente sobre questão de comunicação, como um

importante atributo no desenvolvimento de uma cultura de segurança positiva.

Jeffcott et al. (2006) salientou a importância da aprendizagem para cultura de

segurança, ou seja, é fundamental ter constância na divulgação e compartilhamento

de informações, indicadores interno, boas práticas sobre segurança, valorizando o

ambiente, estimulando a comunicação e troca de conhecimentos, criando e

fortalecendo elos baseado na confiança, criando ambiente propício para que os

Page 53: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

52

empregados possam contribuir identificando e relatando melhorias na segurança do

ambiente de trabalho. Com isso a comunicação não é somente uma troca de

informação, mas também um pré-requisito para a aprendizagem e para o surgimento

de idéias inovadoras. Importante destacar que a comunicação deve ser eficaz, para

isso deve ser estimulada não apenas como uma interação entre empresa e

funcionários e mas principalmente entre os próprios funcionários.

Cropanzano, Bowen e Gilliland (2007), relata que a percepção de justiça

organizacional é uma avaliação individual constituída a partir do ponto de vista

relativo do trabalhador, podendo proporcionar benefícios para as organizações e

seus colaboradores, como o aumento do comprometimento organizacional e

melhoria de desempenho.

Segundo Hofmann; Morgeson; Gerras (2003) trabalhadores com senso e

percepção de justiça organizacional, empenham em atividades no intuito de tornar o

ambiente de trabalho mais seguro para os membros da equipe. Gyeekye e Salminen

(2010) ressalta que esse engajamento as políticas de segurança consequentemente

geram menor envolvimento em acidentes de trabalho. Com isso, pode ser percebido

a correlação entre percepção de justiça dos funcionários e o desempenho em

segurança estabelecido através do comportamento de cada indivíduo.

Para Jeffcott et al. (2006) o sentimento de culpa pode ser uma barreira para a

aprendizagem, e argumenta que quando a responsabilização e a culpa são

características predominantes em uma organização, a segurança tende a ser

excessivamente gerenciada através de procedimentos formais, como meio de auto-

preservação, resultando em uma cultura cada vez mais prescritiva e inflexível.

Em seu artigo Weiner, Hobgoog e Lewis (2008) afirmam que a falha em

disciplinar os funcionários que agem conscientemente de forma insegura, desafia os

princípios morais amplamente aceitos, tanto quanto pune aqueles que cometem

erros honestos, gerando mal exemplo ou referência para a cultura organizacional e

de segurança de uma empresa. Com base no exposto, assume-se que:

Hipótese H3: A confiança entre os membros da equipe afeta positivamente o Orientação para Segurança Organizacional, de

forma que quanto maior a confiança entre os membros maior orientação a segurança da Equipe.

Page 54: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

53

5.5 DISTÂNCIA DE PODER - dimensão sócio-cultural.

Ao estabelecer novas práticas, costumes e valores em uma organização é

importante que as empresas devam levar em conta aspectos de dimensões sócio-

culturais dos valores local.

A busca por uma estratégia empresarial que garanta efetividade na

implementação dos processos de segurança, e na formação de uma nova cultura, se

torna ambiente favorável para o estímulo de pesquisas científicas e aumento no

número de publicações nessa área.

Segundo Hofstede (2001) não existe um método de gestão universal nem

uma teoria de gestão no mundo. O modelo das dimensões é um quadro-referência

que descreve e distingue cinco dimensões com diferenças e perspectivas dos

valores centrais entre as culturas nacionais.

O projeto de Liderança Global e Eficácia do Comportamento Organizacional

(GLOBE), busca compreender a mudança nos valores culturais desde o trabalho

pioneiro realizado por Hofstede (1980), analisando as inter-relações entre cultura

societária, eficácia e liderança organizacional. A revisão do estudo do GLOBE

(1999) é um programa de pesquisa inicialmente liderado por Robert J. Casa, em

conjunto com 150 pesquisadores distribuídos em 62 países que buscou aprofundar

entendimento das culturas ampliando o trabalho original de Hofstede, e

acrescentando novas dimensões culturais na análise do estudo.

A dimensão cultural objeto que esse estudo irá tratar refere-se a distância do

poder, que é o grau de desigualdade entre as pessoas e a forma que são percebidas

como apropriadas e aceitáveis pela sociedade, ou seja, dentro de uma organização

trata-se da distância das lideranças e liderados – a hierarquia verticalizada versus

uma ênfase na igualdade e sensação de desconforto com distinções hierárquicas

em sociedades e organizações horizontalizadas; HOFSTEDE (1980); SINGELIS,

TRIANDIS, BHAWUK e GELFAND (1995).

House et al. (2004) declarou: “A robustez do índice de distância de poder de

Hofstede foi estabelecida em um grau bastante alto por replicação independente em

vários estudos”.

Hofstede (1980) conceitua Distância do Poder sendo a incidência sobre o

grau de igualdade, ou a desigualdade, entre as pessoas na sociedade do país, é

uma medida do quanto os membros menos poderosos de uma sociedade aceitam

Page 55: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

54

distribuição desigual de poder na sociedade. Ela é mensurada a partir dos sistemas

de valores daqueles que têm menos poder, sendo medida o quanto uma pessoa

esta em posição hierárquica inferior. A dimensão Distância do Poder está

diretamente relacionada com a forma encontrada por diferentes sociedades para

lidar com a questão fundamental de gerir as desigualdades entre os indivíduos..

Nessa dimensão cultural a desigualdade é aceita, há hierarquia por necessidade,

quem têm poder têm privilégios e a mudança acontece através de revoluções.

Hofstede (2001) afirmou que os membros das culturas de alta distância de

poder aceitam diferenças entre os níveis hierárquicos, em comparação com culturas

de distância de poder mais baixas que aceitam menores diferenças de poder.

Segundo GLOBE (2006) a distância do poder é definida como o grau em que

os membros de uma sociedade aceita que o poder seja dividido de maneira

desigual. Representa a medida em que a comunidade mantém a desigualdade entre

os seus membros por estratificação de indivíduos e grupos no que diz respeito ao

poder, autoridade, prestígio, riqueza e bens materiais. Ou seja, até que ponto a

comunidade aceita e endossa autoridade, diferenças de poder e privilégios de

status. Reflete o estabelecimento e manutenção da dominação e controle dos

menos poderosos pelos mais poderosos.

Segundo Hofstede e Mccrae, (2004) a conseqüência da desigualdade com

diferentes níveis de poder; denota que todas as sociedades são desiguais, mas há

níveis diferentes de desigualdade entre elas.

É notado nas análises dos estudos de Hofstede que empresas com filiais em

outros países tenham diferença em seu funcionamento, ainda que tivesse o mesmo

método de gestão igual ao da matriz.

Hofstede (2001) descreve cultura nacional correlacionada com a percepção

de risco e antecedentes para a cultura de segurança, tal como medido por fatores

que resultam a partir de um questionário de segurança.

Segundo Hofstede (2003), não existe um método correto de gestão, mas é

possível identificar os aspectos locais e assim adaptar procedimentos e ferramentas

para ter maior êxito na implantação de processos e estabelecimento da cultura de

segurança de uma forma que não agrida a cultura organizacional.

Page 56: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

55

A aplicação do método de Hofstede auxilia na compreensão dos fatores

críticos de lideranças, aspectos comportamentais dos indivíduos e comunicação em

um processo de implementação de procedimentos de segurança e aprimoramento

da cultura organizacional.

Segundo Hofstede (1980, 1984), em países identificados com alto grau de

distância do poder, os empregados freqüentemente demonstram medo em não

concordar com seus superiores. Também revelam preferir chefes autocráticos ou

paternalistas a chefes consultivos. Superiores e subordinados não se colocam em

patamar de igualdade e o sistema hierárquico se baseia na desigualdade existente.

Algumas características encontradas nesse tipo de ambiente organizacional são:

estruturas hierárquicas verticalizadas, poder concentrado nas mãos de poucas

pessoas, privilégios para os níveis hierárquicos mais altos, chefes autocráticos e

paternalistas.

Os resultados do GLOBE concluíram que “a distância do poder é, portanto,

relatada como a menos desejável, mas a característica mais proeminente das

práticas sociais em países do mundo todo” (HOUSE et al., 2004).

No estudo GLOBE, a sociedade de alta distância de poder, é de fácil

identificação e reconhecimento ver quem tem poder e status, onde possui como

característica maior subordinação dos liderados aos superiores, diferentemente nas

sociedade e organizações que possuem baixa distância de poder, onde possui uma

relação mais igualitária, de forma inclusiva, que propicia a participação das pessoas

na tomada de decisões (WALDMAN et al., 2006).

GLOBE ressalta que nas culturas de baixa distância do poder há menor

centralização na tomada de decisão, ou seja, como conseqüência há menor

delegação do líder para seus liderados (HOUSE et al., 2004).

Outro ponto destacado no projeto realizado por GLOBE (2006), é que a

comunicação eficaz também depende do nível de distância do poder em uma

sociedade. Em sociedades com alta distância do poder, a comunicação é

geralmente realizada de cima para baixo, a liderança tem de possuir maior

conhecimento que os liderados, e dificilmente esse líder dá feedback para sua

equipe.

Page 57: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

56

Toda a sociedade é afetada pela dimensão cultural de distância de poder. E

aspectos extremos entre grandes e pequenas distância de poder mais relevante em

uma organização pode ser visto no Quadro 1.

Quadro 1. Comparação entre Alta e Baixa Distância de Poder

Alta Distância de Poder Baixa Distância de Poder

Superiores e subordinados consideram um ou outro existencialmente como desiguais

Superiores e subordinados consideram um ou outro existencialmente como iguais

Sistema hierárquico baseado na desigualdade

Sistema hierárquico por conveniência, sendo apenas uma desigualdade de funções

Poder Centralizado Poder descentralizado

Subordinados esperam receber instruções sobre o que fazer

Subordinados esperam ser consultados antes de seu trabalho ser afetado por alguma decisão

Grande número de supervisores e altas hierarquias

Numero limitado de Supervisores e pirâmide hierárquica plana

Grandes diferenças de salários entre funcionários de alto e baixo escalão

Pouca diferença de salários entre funcionários de alto e baixo escalão

Trabalhadores com pouca educação, e trabalho manual tem menos status que trabalho de escritório

Trabalhadores bem qualificados, e trabalho manual que exige grandes habilidade tem mais status que trabalho de escritório que exige poucas habilidades.

Superiores possuem privilégios Privilégios são indesejáveis

Somente superiores iniciam contato com subordinados Superiores são acessíveis a subordinados

Chefe ideal é um autocrata benevolente Chefe ideal é um engenhoso democrata

Símbolos de status contribuem para a autoridade dos chefes Símbolos de status são suspeitos

Abuso de poder é aceitável Existe estrutura que os empregados reportam abuso de poder.

Fonte: Adaptado de Hofstede, Hofstede e Minkov (2010)

Page 58: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

57

A importância deste estudo reside na possibilidade de oferecer subsídios que

auxiliem as organizações no quanto a distância de poder pode facilitar ou dificultar

na implementação de cultura e processos de segurança dentro de uma empresa

com características típicas de países latinos, mas que por estar sob comando de

multinacionais ou com gestão de CEO de outras culturas pode sofrer influência de

dimensão cultural referente a Distância de Poder.

Um dos objetivos deste trabalho, tomando como base os estudos de Hofstede

(1997) e GLOBE (2004), mensurar e indagar de como a dimensão de distância de

poder influencia no comportamento dos funcionários, na gestão e cultura de

segurança de uma organização. Com este questionamento, pretende-se confirmar

que:

Hipótese H4: a relação entre liderança transformacional e

orientação para segurança é moderada pela Distância de Poder.

5.5.1 Distância de Poder, Segurança e Confiança

Pesquisas de Migueles, et al (2009) e Zanini, et al (2009), produziram

evidências de que a combinação entre a grande distância do poder e forte aversão à

incerteza (Hofstede e Minkov, 2010) resulta em baixa nível de confiança no contexto

organizacional, impactando no desenvolvimento de autonomia pessoal,

comprometendo o engajamento das pessoas e equipes no cumprimento dos

procedimentos e normas. A combinação dessas características nas três dimensões,

gera maior distanciamento entre o que é planejado e o que é executado, gerando

menor adesão a gestão de segurança, conseqüentemente aumentando o nível de

risco de acidentes. De acordo com Zanini (2009), confiança é abordada a partir de

um grande número de perspectivas empíricas e conceituais e através da revisão do

conjunto interdisciplinar de pesquisas e teorias.

Page 59: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

58

Grande estudo conduzido por Helmreich e Merrit, (1998), a partir dos valores

baseados nos pilares de dimensões de Hofstede 1984, concluiu encontrando

evidências de diferenças entre atitudes e comportamento de funcionários com

relação ao cumprimento de regras e procedimentos. Com referência a taxonomia de

Hofstede indica inter-correlação entre Individualismo, Distância de Poder e Aversão

a incerteza, sugerindo que uma ou mais dessas dimensões determinam o tipo de

comportamento. Como exemplo o estudo coloca que quanto maior a distância de

poder mais propenso os funcionários estão a seguir ordens e procedimentos e aderir

a padrões operacionais.

Outro estudo realizado por Mearns et al. (2003), realizou a mensuração de

percepção de risco, atitude e compromisso com a segurança própria e de terceiros.

Este estudo concluiu mesmo havendo diferenças culturais entre setores,

procedimentos, normas e instalações específicas, mas o que prevaleceu são fatores

psicossociais e organizacionais da força de trabalho relacionado a segurança.

Tan (2002), afirma que para uma visão geral, proponentes da abordagem de

convergência argumentam que o processo de globalização, industrialização e

desenvolvimento econômico leva a uma convergência de atitudes e

comportamentos, independentemente de questões culturais, particularmente no

nível gerencial, atribuindo esse fato a fatores ambientais, ou seja, a evolução ocorre

a partir de ambientes de negócios propícios e capitalistas, como sustentação de

sistemas jurídicos fortes, independentes e sistema políticos democráticos. Esses

fatores criam ambientes de segurança nacional no sentimento mais amplo e irrestrito

do termo da palavra, possibilitando condições para que organizações não sejam

impactadas por questões de Segurança.

O modelo teórico adotado nessa tese, teve como base o estudo qualitativo e

quantitativo realizado por Zanini, Santos e Lima (2015), que analisaram o estilo de

liderança e a relação de confiança existente entre líder e liderado, e seu grau de

comprometimento. O estudo aponta que a liderança e confiança explicam

parcialmente a qualidade da coordenação informal de equipes, Dados desse estudo

indicam que esses são os mesmos fatores que explicam a propensão dos liderados

de se colocar em risco juntamente com o foco e busca por resultados.

Page 60: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

59

Assim, como base no estudo mencionado anteriormente e referencial teórico

levantado, propõe-se o seguinte modelo teórico, que considera a Orientação a

Segurança, como variável central de pesquisa (Figura 4), presumindo que Liderança

Transformacional influencia diretamente a relação com Segurança, mas quando

Liderança é mediada com a variável Confiança essa relação é mais forte, tendo

maior influência na Orientação de Segurança. E busca verificar a relação de

moderação exercida pela Distância de Poder na relação entre Liderança

Transformacional e Orientação a Segurança dos trabalhadores nas empresas.

Figura 4 – Modelo Conceitual de Investigação

Fonte: Autoria Própria (2018)

Page 61: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

60

6. METODOLOGIA

O procedimento metodológico tem o intuito de explicar como e quais foram os

métodos para realização da pesquisa científica. Este trabalho utilizou o método

quantitativo, buscando entender a relação das variáveis propostas. Para isso usou

métodos estatísticos com tratamento de dados oriundos de questionários. Segundo

Gil (1991) e Creswell (2007) a coleta de informações e sua tabulação geram dados

que auxiliam na resolução da pergunta de pesquisa, traduzindo variáveis e

indicadores em números e tendências.

6.1 Procedimentos de coleta de informação e constituição da amostra

O design da pesquisa caracteriza-se como do tipo survey, também conhecido

como levantamento. Uma das principais características do método survey é produzir

descrições quantitativas e o instrumento de coleta (questionário) ser pré-definido.

O questionário utilizado nesta pesquisa (Anexo II) foi dividido em duas partes,

para ser aplicado na coleta de dados. Na primeira parte foi composta e dividida em

quatro blocos de escalas já validadas em estudos anteriores referente a Orientação

de Segurança, Liderança Transformacional, Confiança e Distância de Poder, na

segunda parte do questionário, levantou dados demográficos dos participantes.

O desenvolvimento do questionário foi realizado baseando-se no

levantamento de outros estudos e artigos relevantes e publicados nas principais

revistas internacionais. Os questionamentos do survey foram traduzidos

preservando a essência e buscando tornar simples o entendimento das perguntas,

com o intuito de obter respostas que exprimam devidamente as percepções de

liderança, confiança e distância de poder relacionado a orientação na segurança

organizacional.

A formatação do questionário e obtenção dos dados foram alcançados

utilizando a plataforma QUALTRICS. A aplicação ocorreu entre junho e agosto de

2018. O dados foram recolhidos através de questionário online usando a plataforma,

de modo a padronizar a coleta das respostas e facilitar o processamento das

informações para melhor análise e estudo dos dados.

Page 62: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

61

O questionário foi elaborado a partir da tradução de questionários testados e

validados, com o intuito de recolher informações confiáveis. Antes de realizar a

aplicação definitiva foi realizado pré-teste em uma amostra com a participação de

09 entrevistados para calibração e servindo como uma amostra de validação.

6.2 População, amostra e materiais.

Para obter amostra com amplitude e diversificação foi feito seleção não

probabilística de 16 stakeholders obtidos através de contato pessoais do

pesquisador que atuam na posição de Diretor, CEO ou sócio-proprietário de

empresas privadas, nacionais, familiares de capital fechado SA ou Ltda, de médio e

grande porte que atuam no ramo de construção civil e logística (transporte e

operador logístico), e que possuem políticas e sistema de gestão de segurança

estabelecidas e implementadas na organização a mais de quatro (04) anos.

Primeiramente foi realizado reunião individual via telefone ou via Skype com

cada um dos 16 stakeholders, para realizar engajamento dos mesmos,

apresentando, explicando a relevância e contribuição do tema de pesquisa e tirando

dúvidas sobre o projeto e aplicação do questionário de pesquisa. Após essa etapa o

questionário foi enviado via email e mensagem de texto de celular para os 16

stakeholders, para que pudessem de forma aleatória realizar a aplicação da

pesquisa no público alvo. O público alvo consiste o total de 196 profissionais das

áreas operacionais e administrativas que estão trabalhando na empresa no mínimo

a um (01) ano nas empresas pesquisadas. Em específico no estado do RJ a

aplicação da pesquisa contou com a participação direta e presencial do pesquisador

nas empresas mapeadas. Dessa forma foi utilizada a técnica de amostragem não

aleatória por conveniência. Na aplicação foi tomada as devidas preocupações para

garantir o anonimato dos respondentes, de modo que as respostas não fossem

enviesadas.

Nesse estudo foi levantado os dados e informações detalhadas, com o

objetivo de analisar as variáveis definidas. A amostra se caracteriza por profissionais

que trabalham em empresas que tem políticas de gestão de segurança

implementados nas organizações, de faixa etária entre 20 a 70 anos com idade

média de 37 anos e 7 meses, sendo que esses profissionais possuem tempo médio

Page 63: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

62

de 5 anos e 6 meses de trabalhos, com variância do mínino de 01 ano e o máximo

30 anos de trabalho na organização. Em sua grande maioria são composto por

homens sendo 78% do sexo masculino, com a grande predominância de

trabalhadores casados com 68% e com a seguinte distribuição de nível de

escolaridade: 23,5% Pós Graduado, 24% de nível Superior, 19,4% nível técnico,

23,5% nível media e 9,7% nível fundamental.

Tabela 03: Estatística descritiva por grupos

Masculino Feminino

Sexo 153 43 (%) 78,06% 21,94% Casado Solteiro Estado Civil 123 73 (%) 62,75% 37,25% Escolaridade Fundamental 19 (%) 9,69% Ensino Médio 46 (%) 23,47% Ensino Técnico 38 (%) 19,39% Graduação 47 (%) 23,98% Pós Graduação 46 23,47% Fonte: Autoria Própria (2018)

6.3 Instrumento de Medidas

Para testar as hipóteses formuladas, foram selecionados e aplicados

questionários estruturados em cinco blocos referente a Orientação de Segurança

desenvolvido por Havold e Nesset (2007); Os fatores referente a Liderança

Transformacional aplicados no Questionário de Liderança Multifactor desenvolvido

por Bass e Avolio (1989); Modelo integrado de Confiança Organizacional

desenvolvido por Mayer e Schhorman (1995); e Efeitos da Distância de Poder (Farh,

Page 64: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

63

Hackett e Liang (2007) e o quinto e último bloco com a solicitação de informações

para comporem a variável de controle.

Na primeira parte do questionário que pesquisa as quatro variáveis, as

questões são avaliadas e composta em escala de Likert de 5 pontos, variando de 1

a 5, onde 1 indica que a pessoa Concorda Totalmente com a afirmação e o 5

Discorda totalmente da afirmação. Essa escala foi utilizada, pois segundo Malhotra

(2001), ela facilita a construção, aplicação e entendimento dos respondentes. As

escalas utilizadas estão descritas a seguir:

• Orientação a Segurança: para o construto de Orientação a Segurança, a

escala originalmente tem a denominação de safety orientation scale de

(HAVOL e NESSET, 2007). Para esta pesquisa foi utilizada esta escala de

forma reduzida e adaptada para 16 itens, que mostram a importância do

papel dos gestores na promoção de comportamentos seguros dos

funcionários, tanto diretamente através de suas atitudes comportamentos,

e indiretamente, através do desenvolvimento de um sistema de gestão da

segurança. Essa é uma escala de boa confiabilidade, com Alfas de

Cronbach superiores a 0,84 com elevado grau de estabilidade da escala

em segmento de empresas e indústrias distintos, sendo utilizado em

diversos trabalhos como uma nova forma de mensurar orientação a

segurança. Os participantes responderam questões como: “As pessoas

estão dispostas a relatar falhas e acidentes”; “Orientações de Segurança

são difíceis de entender”.

• Liderança Transformacional: Para esta variável foi utilizado parte do

questionário de Liderança Multifactor desenvolvido por Bass e Avolio

(1989), onde foi adaptado a parte referente a liderança transformacional

para escala de 7 itens, que testa e investiga o comportamento do líder.

Dentro os diferentes estilos de liderança citados pelos autores dessa

escala, o estilo de liderança transformacional foi escolhido, em função de

sua característica de ser uma agente de mudança exercendo influência no

comportamento do funcionário, servindo de exemplo e inspiração para

seus liderados e impactando positivamente a cultura da organização. Essa

é uma escala de boa confiabilidade, com Alfas de Cronbach superiores a

Page 65: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

64

0,90. Em uma escala de 1 a 5, os participantes responderam questões

como: “Meu chefe sempre encoraja a equipe e faz reconhecimento aos

funcionários dessa empresa”; “Meu chefe lidera através do exemplo”.

• Confiança: para o construto Confiança, a escala originalmente tem

denominação de Modelo Integrado de Confiança Organizacional

desenvolvido por Mayer e Schhorman (1995), que mede a confiança dos

liderados em seu líder. Essa é uma escala de boa confiabilidade, com

Alfas de Cronbach superiores a 0,63. Essa escala foi utilizada de forma

reduzida e adaptada composta por 7 questões, onde os participantes

responderam questões como: “Se meu supervisor perguntasse porque um

problema ocorreu, eu falaria tranquilamente (sem maiores problemas),

mesmo se tivesse parte da culpa”; “Eu estaria disposto a deixar meu chefe

ter controle total sobre o meu futuro nesta empresa”.

• Distância de Poder: a escala originalmente para este construto é relativo

a Efeitos da Distância de Poder de Farh, Hackett e Liang (2007). Essa

escala mede o quanto os membros menos poderosos de uma sociedade

aceitam distribuição desigual de poder na organização. Essa é uma escala

de boa confiabilidade, com Alfas de Cronbach superiores 0,81, sendo

composta por 7 itens que foram adaptados para essa pesquisa. Os

participantes responderam questões como: “Os subordinados tem

liberdade para discordar de seus chefes”; “É freqüente o uso de

autoridade e poder na relação entre superiores e subordinados”.

• O último bloco do questionário contém 11 questões demográficas,

pessoais sobre o perfil do candidato, tais como: gênero, idade,

escolaridades, tempo de empresa, estado civil.

Page 66: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

65

7. RESULTADOS

7.1 Estatística Descritiva e Análise de Variáveis

As análises estatísticas foram realizadas com uso do software SPSS

(Statistical Package for the Social Science). Primeiramente, foi realizado análise

descritiva dos dados analisando médias, freqüências e desvio padrão das variáveis

desta pesquisa, do mesmo modo foi realizado análise da correlações entre as

variáveis e a consistência do alfa de Cronbach. A tabela Tabela 4, consolida as

médias e o desvio padrão das variáveis empregadas no teste das hipóteses, e a

correlação entre as variáveis.

Tabela 04: Médias, desvios padrão e as correlações com as variáveis da matriz Médi

a Desvio Padr. (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)

Líder.Transformacional (1) 3,90 0,86 1,00

Segurança (2) 3,77 0,65 0,51 1,00

Confiança (3) 3,42 0,70 0,52 0,53 1,00

Distância de Poder (4) 2,81 0,86 -0,51 -0,56 -0,48 1,00

Idade (5) 37,7 9,19 -0,14 -0,04 -0,03 -0,02 1,00

Sexo (6) 0,78 0,42 0,03 0,14 0,01 -0,10 0,04 1,00

Escolaridade (7) 3,37 1,31 -0,21 -0,13 -0,14 0,05 -0,07 -0,19 1,00

Tempo de Empresa (8) 5,64 6,58 -0,04 -0,03 -0,03 -0,03 -0,03 0,05 0,24 1,00

Estado Civil (9) 0,63 0,48 0,15 0,17 0,09 -0,15 0,06 0,13 0,28 0,26 1,00

Fonte: Autoria Própria (2018) Notas: N = 196, Sexo: 0 = Masculino, 1 = Feminino Escolaridade = 0 = fundamental, 1=ensino médio, 2 nível técnico, 3 nível superior, 4 Pós graduado Tempo de Empresa: unidade em anos Estado Civil: 0 = solteiro, separado, divorciado, 1 = casado/união estável

A validade convergente do modelo foi avaliada através do exame de cargas

fatoriais, sendo o limite de carga de 0,5 recomendado pelos estudos de Hair, Black

Babin, & Anderson (2009). Alguns itens de Distância Poder, Confiança e Segurança

Organizacional estiveram abaixo desse índice, contudo ao retirar esses itens

poderíamos descaracterizar a estrutura proposta para a escala, perdendo a validade

Page 67: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

66

nomológica destas escalas visto que elas são compostas respectivamente por 7, 7 e

16 itens. Assim para manter a integridade teórica da escala, escolhemos manter

esses itens. A correlação entre os construtos quadrado (Tabela 04) é menor do que

os VME (Tabela 05) destes construtos (Fornell & Larcker, 1981), o que também

indica validade convergente.

7.2 Análise Fatorial

Para realizar a análise fatorial foi utilizado o software IBM SPSS. A análise

consiste em testar os dados do modelo proposto, utilizando a modelagem de

equações estruturais, na qual as relações entre variáveis observadas e fatores é

modelado em uma série de regressões lineares, utilizando para isso uma matriz de

covariâncias. No que tange aos coeficientes considerados, foram utilizados os

índices de ajuste CFI, RMSEA.

Abaixo segue a definição dos índices de ajuste da análise fatorial

confirmatória, e também na modelagem de equações estruturais que serão

utilizados nessa pesquisa:

- CFI (índice de ajuste comparativo): Segundo Bentler (1999), mede o ajuste do

modelo observado comparando com um modelo base e independente de referência,

com base na técnica da verossimilhança, e que procura levar em consideração a

complexidade de um modelo. Valores maiores que 0,80 são considerados como

indicativos de elevada adequação ao modelo. Um dos benefícios da utilização do

CFI é evitar a subestimação do ajuste observado no NFI quando a amostra é

pequena.

- RMSEA (raiz da média dos quadrados dos erros de aproximação): caracteriza-se

por ser a forma mais apropriada quão bem um modelo se ajusta à população, não

apenas à amostra utilizada para a estimação. Valores abaixo de 0,08 são

considerado desejáveis e valores abaixo de 0,05 são considerados ótimos.

Por se tratar de uma variável latente, é importante testar preliminarmente a

validade do construto. Na análise fatorial confirmatória foi utilizado o método da

máxima verossimilhança para testar a adequação do modelo dos fatores proposto.

Ao executar o modelo com covariâncias entre as variáveis, os resultados sugeriram

um bom ajuste (CFI = 0,815; RMSEA = 0,065).

Page 68: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

67

Para verificar a confiabilidade das escalas foi utilizado o cálculo da

Confiabilidade Composta. Os resultados demonstraram boa confiabilidade das

variáveis, por apresentarem uma alta consistência interna da variável com

resultados superiores a 0,80 (Tabela 05), muito acima dos critérios de 0,60

apresentados por Bagozzi & Yi (1998). Com relação a VME, indicadores de validade

discriminante, para Segurança Organizacional, Confiança e Distância de Poder

(Tabela 05) estão abaixo do mínimo de 0,5 estabelecido por Fornell e Larcker

(1981). No entanto, devido à validade nomológica, confiabilidade aceitável e para

manter a integridade teórica da escala optou-se por manter, não excluindo fator

dessas variáveis.

Os resultados representam que o modelo produziu medida de ajuste

adequadas em todos os índices avaliados. Dessa maneira os resultados dos índices

de ajustamento do modelo observado, derivado da análise fatorial confirmatória

(CFI=0,815; RMSEA=0,065), exprimem a sua adequação e qualidade. Quando

examinados em conjunto, os índices sustentam a validade do modelo apresentado

nessa pesquisa:

Page 69: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

68

Tabela 05 – Fatores, Cargas, VME e CC

Carga VME CC Liderança Transformacional 0,55351 0,90 Lider.Transformacional_1 0,69288 Lider.Transformacional_2 0,77499 Lider.Transformacional_3 0,76426 Lider,Transformacional_4 0,68537 Lider.Transformacional_5 0,59109 Lider.Transformacional_6 0,85514 Lider.Transformacional_7 0,81204

Segurança Organizacional 0,26267 0,84 Seg.Organizaciona_1 0,41645 Seg.Organizaciona_2 0,60923 Seg.Organizaciona_3 0,36307 Seg.Organizaciona_4 0,70831 Seg.Organizaciona_5 0,43031 Seg.Organizaciona_6 0,26481 Seg.Organizaciona_7 0,60821 Seg.Organizaciona_8 0,36261 Seg.Organizaciona_9 0,71299 Seg.Organizaciona_10 0,43591 Seg.Organizaciona_11 0,45872 Seg.Organizaciona_12 0,19501 Seg.Organizaciona_13 0,47591 Seg.Organizaciona_14 0,71412 Seg.Organizaciona_15 0,57213

(Continuação) Carga VME CC Seg.Organizaciona_16 0,50719

Confiança 0,20913 0,63 Confi_1 0,71750 Confi_2 0,52508 Confi_3 0,45953 Confi_4 0,35576 Confi_5 0,31477 Confi_6 0,27879 Confi_7 0,39853

Distância de Poder 0,47303 0,81 Dist.Poder_1 0,65694 Dist.Poder_2 0,45656 Dist.Poder_3 0,80248 Dist.Poder_4 0,75165 Dist.Poder_5 0,71846 Dist.Poder_6 0,61266 Dist.Poder_7 0,62372

Fonte: Autoria Própria (2018)

Page 70: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

69

7.3 Teste de Hipóteses

O teste das hipóteses propostas foi realizado através de regressão múltipla.

Em todas os testes as variáveis de controle estão presentes, será examinado se

Liderança Transformacional e Confiança são preditores positivos de Orientação de

Segurança, em seguida, será acrescido variável mediadora (confiança) e verificado

se há efeito relevante na relação indireta entre Liderança e Segurança e por último

será acrescido variável moderadora (distância de poder) e investigado o efeito

moderador exercido na relação de Liderança e Segurança. Os resultados de cada

uma das hipóteses estão detalhados abaixo e dispostas na Tabela 06.

Hipótese H1: A Liderança Transformacional afeta positivamente Orientação a

Segurança, de forma que um líder transformacional proporciona maior estimulo e

preocupação da liderança com segurança organizacional. Essa hipótese foi

confirmada com o resultado da liderança transformacional (b = 0,377; p<0,001)

apresentado no modelo 2 (tabela 6) da regressão múltipla.

Hipótese H2: a relação entre Liderança Transformacional e Orientação para

Segurança é mediada pela Confiança, ou seja, se existe uma dependência entre as

variáveis (Mediação). Essa hipótese foi confirmada com o resultado da Mediação de

Confiança (b=0,32; p<0,001) na Liderança Transformacional (b = 0,377; p<0,001)

(tabela 6).

Hipótese H3: A Confiança entre os membros da equipe afeta positivamente o

Orientação para Segurança Organizacional, de forma que quanto maior a confiança

entre os membros maior orientação a segurança da Equipe. Essa hipótese foi

confirmada com o resultado de confiança (b=0,32; p<0,001) apresentado no modelo

4 (tabela 6) da regressão múltipla.

Hipótese H4: a relação entre liderança transformacional e orientação para

segurança é moderada pela Distância de Poder. Essa hipótese foi confirmada com o

resultado de distância de poder (b=-0,75; p<0,001) apresentado no modelo 5 (tabela

6) da regressão múltipla.

Page 71: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

70

Tabela 06 - Análise Regressão - Orientação a Segurança Organizacional

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5

Idade ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 Sexo ,191 ,186 ,195 ,190 ,113 Tempo de Empresa -,008 -,003 -,005 -,003 -,002 Estado Civil ,262** ,132 ,185 ,127 ,114 Liderança -,060 -,028 -,052 -,034 -,071 Transformacional ,000 ,377*** ,239*** ,411 Confiança ,471 ,323*** Mod_PD1 -,075*** Constant 3,531 2,115 1,949 1,549 2,791

R ,238 ,547 ,564 ,624 ,654 R Square ,057 ,299 ,318 ,390 ,428

Adjusted R Square ,031 ,276 ,295 ,366 ,405 * p < .10, **p < 0.05, ***p < 0.001

Fonte: Autoria Própria (2018)

Segundo os autores Baron & Kenny (1986), a mediação tem os seguintes objetivos:

- Demonstrar que a Variável Independente (VI) é capaz de explicar a variação

na Variável Mediadora (VM), ou seja o efeito da VI sobre VD;

- Demonstrar que a Variável Mediadora (VM) é capaz de explicar a variação

na Variável Dependente (VD), ou seja o efeito da VM sobre VD;

- O efeito inicial relevante de VI sobre VD passa a não ser significativo quando

o efeito da VM é incluída no modelo de hipóteses, ou seja, há redução parcial

ou total do efeito da VI na VD quando o efeito da VM é controlado.

Para que uma mediação seja significante, é necessário que o efeito da

variável independente (liderança transformacional), sobre o mediador (confiança)

seja significante, assim como o efeito do mediador sobre a variável dependente

(segurança) seja significante, como pode ser observado nos resultados do teste

deste estudo (Tabela 6).

Page 72: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

71

Tabela 07 – Mediação efeitos Direto e Indireto: Confiança media a relação entre

Liderança Transformacional e Segurança.

************ DIRECT AND INDIRECT EFFECTS OF X ON Y **************** 1)Direct effect of X on Y (Liderança com Segurança) Effect se t p LLCI ULCI ,2386 ,0521 4,5843 ,0000 ,1359 ,3414 2)Indirect effects of X on Y: (Liderança+mediação Confiança na Segurança) Effect BootSE BootLLCI BootULCI Confiança ,1380 ,0316 ,0807 ,2039

Fonte: Autoria Própria (2018)

A fim de analisar o efeito direto da mediação entre liderança transformacional

e confiança, foi realizada uma regressão simples, e obtido o resultado de b = 0,24 e

p < 0.0001.

Com a finalidade de investigar o efeito indireto da mediação entre liderança

transformacional e confiança, os resultados do teste foram obtidos por meio do

modelo de bootstrap que testa a mediação através de 5000 repetições, onde o

resultado obtido pelo modelo bootstrap não contém 0 (zero) nos 4 resultados. Pelo

modelo de bootstrap, quando obtemos resultado diferente de 0 (zero), significa que

existe uma mediação parcial, o que torna o resultado relevante, pois há presença

tanto para efeito direto liderança e confiança, como do indireto sendo mediada pela

Confiança.

Em suma, com os resultados obtidos podemos inferir que existe mediação na

hipótese H2 proposta, porque existe efeito direto da Liderança na Confiança, assim

como existe o efeito indireto.

Outra análise realizada foi sobre o efeito moderador de Distância de Poder na

relação entre Liderança Transformacional e Orientação de Segurança, conjecturado

na hipótese 4. Para testá-la foi utilizado pacote process do SPSS, que buscou

analisar a interação entre a variável dependente (segurança), com a independente

(liderança transformacional) acrescida na relação a variável moderadora (distância

de poder). Os dados podem ser observados no modelo 5 da Tabela 06, onde o

teste apresenta resultados (b= -0,75; p<0,001) entre liderança transformacional e

Page 73: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

72

orientação para segurança demonstrando a moderação exercida pela Distância de

Poder.

Os resultados descritos nas tabelas anteriores, encontram-se esquematizados na

figura 05, abaixo:

Figura 5 - Modelo Conceitual

Fonte: Autoria Própria (2018). Nota: N= 196 * p<0,01

No Quadro 02 é apresentado consolidado das hipóteses propostas, as variáveis

envolvidas, os tipos de relações previstos e os resultados encontrados:

Quadro 02 – Resumo das hipóteses previstas e dos resultados encontrados

Hipóteses Variável Independente

Variável Dependente

Efeito Previsto Resultado

H1 Liderança Transformacional

Orientação de Segurança

Direto Positivo Confirmado

H2 Liderança Transformacional

Relação: Orientação de Segurança -

Confiança

Mediador Positivo Confirmado

H3 Confiança Orientação de Segurança

Direto Positivo Confirmado

H4 Liderança Transformacional

Relação: Orientação de Segurança - Distância Poder

Moderador Confirmado

Fonte: Autoria Própria (2018)

Page 74: INFLUÊNCIA DE FATORES ORGANIZACIONAIS NO …

73

8 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Nas últimas décadas segurança sempre esteve em debate, mas a discussão

intensifica quando eventos relevante acontecem, foi assim na seqüência de eventos

da década dos anos 80 com Bhopal em 1984, Chernobyl em 1986 e Piper Alpha em

1988. Recentemente a discussão retoma com maior ímpeto com nova seqüência de

eventos como BP Oil em 2010, Fukushima em 2011, Samarco em 2015. Outro fator

que contribui no crescimento da discussão é quando ocorre mudanças intensas,

revolucionando mercados e empresas, como a atual revolução tecnológica e de

informação presente nas organizações da nova economia, ao mesmo tempo que em

contrapartida surgem novos problemas, como a segurança de informação, ilustrado

pelo caso do Facebook em 2018.

Com os resultados obtidos a partir dos teste empíricos e pesquisa

bibliográfica realizada, podemos concluir e afirmar que a liderança transformacional

tem relevante ascendência sobre o ambiente, desempenho e comportamento de

segurança do trabalhador, esse estilo de liderança proporciona maior estímulo e

preocupação dos funcionários com segurança organizacional. Segundo Bass (1990)

e Barling et.al (2005), um líder de alta interação com a equipe, se torna referência e

inspiração para os liderados, tem foco no desenvolvimento, mudança de atitude e

comportamento, alinhado com as práticas de segurança, utilizando-se de uma

comunicação efetiva, transmitindo confiança voltada para a orientação e segurança

para seus liderados. O líder transformacional é um agente de mudanças, que

proporciona resultados positivos para a organização em questões de segurança

organizacional. O envolvimento do líder aumenta o nível de atenção, conhecimento,

percepção e consciência dos liderados sobre segurança nas empresas. Ou seja, o

envolvimento da liderança leva a resultados superiores para a questão de segurança

organizacional.

Nesse estudo foi possível verificar que o líder transformacional é fator crucial

para proporcionar alta motivação e dar as diretrizes para o desenvolvimento do

funcionário, fazendo ele ser mais adepto aos direcionamentos propostos de

orientação a segurança, fazendo o colaborador mais empenhado e aderente a

normas e procedimentos, e ele entendendo seu papel relevante dentro da segurança

da organização. Conseqüentemente acarretará aprimoramento do comportamento

dos liderados, com diminuição a atos inseguros, resultando em menor índice nas

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74

falhas de segurança, preservando os ativos da empresa, impactando positivamente

na orientação da segurança organizacional.

Apesar de estudos teóricos sugerirem a importância da Confiança no Líder,

este é um dos poucos estudos quantitativos que testam empiricamente a influência

positiva de confiança numa liderança que impacta na orientação de segurança

organizacional. Reason (1997), afirma que as organizações com culturas de

segurança positivas são caracterizadas pela comunicação fundada na confiança

mútua, pela percepção compartilhada da importância da segurança e pela confiança

na eficácia das medidas preventivas.

Os resultados do teste empírico reforçam o estudo teórico e confirma a

hipótese apresentada pelo autor, inferindo que o nível de confiança no líder

influencia no comportamento dos liderados, diminuindo o comportamento inseguro,

sendo mais adeptos as regras e normas, obtendo o desempenho de segurança

esperado, impactando positivamente na orientação da segurança organizacional.

Em suma quanto maior a confiança entre os membros da equipe, maior

preocupação e adesão as orientações de segurança.

O estudo realizado fornece subsídios concludente para considerar a liderança

transformacional e a confiança como um construto verdadeiro e preditivo que

influencia no comportamento de segurança. Os indicadores obtidos pela pesquisa

denotam que a liderança transformacional esta relacionada com o nível de confiança

do trabalhador em seu líder. A relação entre os dois são de aumento, ou seja, a

liderança transformacional proporciona confiança ao liderado através de

previsibilidade, aumentando o comportamento e nível de segurança organizacional.

Lau e Linden (2008) relata que os liderados sentem mais confiança e lealdade em

líderes com características transformacionais, aumentando o nível de satisfação dos

funcionários e respeito para com os líderes.

Os resultados obtidos na relação de liderança transformacional sobre

orientação a segurança mostra o influência da distância de poder como moderador

dessa relação. Os efeitos da liderança podem diferir dependendo do nível de

distância de poder de cada líder ou organização, impactando diretamente no

comportamento e na orientação a segurança das equipes. Isso direciona a atenção

para processos indiretos que moderam relações e que são ignorados dentro das

organizações a sua importância e relevância (HOUSE et al., 2004; KLEIN et al.,

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75

1999) em especial com relação a segurança organizacional, (HOFMANN et al.,

1996).

Em suma, a liderança transformacional, pode não desempenhar o mesmo

efeito sobre orientação a segurança organizacional conforme relatado nesse estudo,

em função do nível de hierarquização da organização ou indivíduos que tem baixa

orientação a distância de Poder, distanciando líderes e funcionários de uma

organização, fazendo o colaborador não assumindo o papel de protagonista, não

colocando em prática o comportamento necessário para desempenho pleno da

orientação a segurança organizacional. Ou seja, o padrão de relação entre liderança

e segurança pode depender do nível hierárquico dos líderes (ZOHAR, 2002).

De forma geral, os resultados aprofundaram a discussão e análise, e

sugerem que uma liderança transformacional estabelecida com forte laços de

confiança e com baixa distância de poder, resultam em orientação e comportamento

efetivo de segurança organizacional. Podendo inferir que elo positivo formado por

essa tríade seja mais consistente que algumas normas e algumas culturas

organizacionais.

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76

8.1 Limitações e Direção para Pesquisas Futuras

Apesar deste trabalho fornecer informações relevantes e úteis sobre as

relações pesquisadas, o presente estudo apresenta como limitação o fato que as

informação coletadas sobre as variáveis pesquisadas foram obtidas através dos

próprios funcionários, onde é possível haver algum nível de variação de

entendimento do questionamento e também no nível de percepção do trabalhador,

em função da experiência vivida sobre cada um dos fatores mensurados. O

segundo ponto que pode limitar este estudo e destacado por Ross (et al. 1986),

refere-se que pessoa com atitudes mais positivas relaciona as ações de forma mais

positivas do que realmente são, e o mesmo ocorre com pessoas com atitudes mais

negativas, que relatam ações de forma mais negativa do que realmente foi realizado,

ou seja, estudos de auto-avaliação estão sujeitos a vieses corroborando com a

limitação da pesquisa. O terceiro ponto que pode influenciar e limitar o estudo é que

práticas de liderança criam entendimento que os comportamentos em torno de

valores, estão negativamente relacionados à segurança.

Apesar dessas limitações, este estudo procurou explorar e capturar o domínio

completo das variáveis pesquisadas, e os resultados deste estudo são significativos

do ponto de vista teórico e de aplicação prática.

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77

8.2 Estudos Futuros

As limitações deste trabalho representam igualmente possibilidades para

estudos futuros. O presente estudo recomenda oportunidades para futuras

pesquisas, por exemplo:

• realizar o estudo comparativo entre organizações que tenham políticas de

gestão de segurança implementados comparativamente com empresas que

não tenham sistemas de gestão de segurança implementados, no intuito de

mensurar as diferenças e influências das variáveis medidas nesse estudo

(liderança transformacional, confiança e distância de poder) com a real

contribuição e eficiência das políticas de gestão segurança implementadas.

• Buscar desenvolver indicador ou escala que relacione o estilo de liderança e

quanto maior o nível de confiança entre funcionários e seus líderes e de seus

funcionários com a empresa, menor o nível de ocorrências de acidentes e

incidentes em uma organização, e concomitantemente mensurando se há

alguma correlação com as normas, processos e cultura de segurança

implementados na organização.

• Realizar pesquisa etnográfica em empresas com baixo índice de acidente e

em empresas com alto índice de acidentes, no intuito de compreender as

razões e motivações que fazem os funcionários serem mais aderente ou não

as normas e processos de segurança e o quanto que a confiança no líder ou

qual outro fator é relevante e determinante para absorção do comportamento

voltado para orientação de segurança.

• Outra possibilidade de investigação é observar a dinâmica da relação

temporal da evolução do comportamento de segurança relacionado aos anos

de trabalho do funcionário em uma organização.

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78

8.3 Contribuições Práticas

Contribuição relevante desse estudo evidencia que mesmo com altos

investimentos em programas de segurança, equipamento de proteção e prevenção,

tecnologias avançadas empregadas, processos, normas e com cultura da segurança

e organizacional estabelecidos, ainda assim não são suficientes para evitar

acidentes graves e emblemáticos como BP Oil, Samarco/Vale, Fukushima e

Facebook que colocaram em risco toda uma sociedade ou seu meio ambiente, e a

própria perenidade da organização.

O ponto determinante para a segurança é o fator humano, e com o resultado

deste trabalho, fica evidenciado a possibilidade de melhor gestão numa relação mais

próxima entre líder e liderado (baixa distância de poder) e através do

estabelecimento de confiança, com engajamento do líder transformacional. Por isso

as empresas devem ficar atentas a importância no ato de selecionar, contratar,

promover e investir no estilo de liderança correto. E ter o entendimento que para ter

organizações seguras e perenes, tem de haver aproximação entre os níveis

hierárquicos da organização, onde a segurança de um é a segurança de todos.

Outro ponto de contribuição é fazer um alerta para os gestores sobre o

quanto a gestão de segurança organizacional é estratégico para as organizações

que querem sobreviver em mercados de competitividade global, que demandam das

empresas a necessidade de serem mais eficientes, de buscar altos índices de

produtividade, entendendo que segurança é um bom negócio, que representa

oportunidades, melhora e otimiza processos, minimiza perdas e riscos, cria-se uma

cultura positiva e garante a perenidade das pessoas e organizações.

A busca pela perenidade das organizações está centrada nos pilares: criação

de valor e na preservação de valor, e como pode ser observado pelos resultados da

pesquisa aplicada, embasados com o estudo teórico e exemplos apresentados,

observa-se que o tema segurança contribui relevantemente para os dois pilares da

perenidade nas organizações.

No pilar preservação de valor, destaca a contribuição da tríade (liderança,

confiança, distância de poder), no aprimoramento do comportamento seguro do

funcionário, no intuito de minimizar os riscos que podem impactar os ativos tangíveis

e principalmente nos intangíveis da empresa (marca, reputação, capital intelectual,

informação, credibilidade, confiança entre outros).

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79

As empresas e gestores podem rever e aperfeiçoar a eficácia dos canais

bidirecionais de comunicação entre líder e liderado, para fortalecer os elos de

confiança entre os membros da equipe em prol das medidas preventivas adotadas,

aprimorando o entendimento da orientação a segurança, criando valor através do

reforço da cultura positiva de segurança organizacional.

Outros pontos relevantes de contribuição são:

• A importância de buscar formas de diminuir o elemento distância de poder na

organização, pois ficou destacado nesse trabalho que distanciamento entre o

que é planejado (liderança) e o que é executado (liderados), gera menor

adesão a gestão de segurança, conseqüentemente aumentando o nível de

risco de acidentes;

• Importante sair do entendimento e discussão baseado no senso comum de

que segurança é com “o pessoal de segurança”, ou que está restrito somente

segurança patrimonial, ou de informação ou de processos produtivos.

Segurança envolve todos os membros da organização e o papel do líder

transformacional na gestão das pessoas estabelecendo elo de confiança com

a equipe se torna uma ferramenta poderosa de gestão da segurança;

• Este estudo destaca que a segurança organizacional tem função em

contribuir com a proteção de ativos de uma empresa, e destaca o aumento

relevante dos ativos intangíveis nas organizações (marca, reputação, capital

intelectual, informação, credibilidade, confiança entre outros);

• Pelo resultado empírico e pelo estudo teórico, pode-se perceber a

contribuição das três variáveis para a cultura de segurança e

consequentemente para a formação e consolidação da cultura organizacional,

contribuindo com o bom desempenho das organizações de alta

confiabilidade;

• Segurança de forma geral, ajuda a evitar retrabalhos, diminuir custos, diminuir

desperdício de todos os tipos de recursos (tempo, recursos de produção,

capital humano, informação) reduzir retrabalho e reprocessos, na busca

potencializar a geração de riquezas através da entrega produtos e serviços

mais competitivos agregando valor para o consumidor.

• Líderes transformacionais potencializam os benefícios da gestão de

segurança como ferramenta estratégica de gerenciamento, contribuindo para

a performance total da empresa.

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80

• Com a tríade da segurança (liderança, confiança e distância de poder),

permite uma gestão mais próxima do campo, com posicionamento mais

equilibrado entre líderes e liderados, gerando equipes mais solidárias,

situações mais customizadas para a realidade da organização.

• Com confiança estabelecida entre os membros da equipe, proporciona para o

tema segurança, abertura para discussão de ocorrências, situações,

fenômenos que eram até então desconhecidos, encobertos, reprimidos ou

escondidos na organização. Cria momentos oportunos para discussão

estratégica sobre as forças e fraquezas da empresa.

• Todos esses fatores trazem melhoria em outros aspectos, tais como: melhoria

da qualidade do produto ou serviço prestado, maior satisfação e motivação

dos funcionários, respeito aos cronogramas, encoraja os funcionários de

todos os níveis a serem mais participativos e protagonista e com senso de

responsabilidade dentro de uma organização, melhora e blinda a imagem e

reputação da marca/empresa,

Os resultados deste estudo sugerem que é fundamental que os gestores

compreendam que o tipo de liderança e o estabelecimento de confiança são

fundamentais para empresas operarem de forma segura e sustentável. Que esse elo

desenvolve valores e moldam comportamentos através de práticas de segurança, se

tornando mais efetivo que regulamentações, normatizações ou capacitações.

Embora a mudança de comportamento seja difícil de alcançar é essencial

persegui-la, e há várias maneiras pelas quais o comportamento de segurança

organizacional pode ser influenciada, seja através das convicções e experiências de

seus membros, através de crenças e valores dos líderes, e através de práticas

organizacionais, mas como pode ser observado a junção da figura do líder

transformacional em conjunto com a variável confiança levantada por esse estudo se

torna imprescindível para influenciar na execução e mudança de comportamento de

pessoas e equipes. Ao desenvolver comportamento que estimulam a segurança

organizacional, os gestores colaboram diretamente com suas equipes e com a

organização a se tornarem mais receptivas ao mudanças no ambiente externo e se

tornar mais eficazes.

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81

A percepção e entendimento do liderado, é fundamental para implementar as

mudanças comportamentais necessárias e que possam refletir na cultura

organizacional. E imprescindível que o funcionário acredite que possa incorporar e

internalizar novos padrões, preceitos, crenças e valores, se sentindo parte

importante e integrada do meio, em conjuntura com a nova realidade da

organização.

Realizar mudanças organizacionais de forma forçada, autoritária (distância de

poder), sem haver envolvimento e mal comunicada (liderança transformacional), em

processos e procedimentos que os funcionários não acreditam (confiança), resulta

no desenvolvimento de sub-culturas em geral de caráter reativo. Desse modo os

gestores devem estar atentos além da cultura organizacional, mas focado

principalmente nas três variáveis estudadas e testadas desse trabalho (liderança

transformacional, confiança e distância de poder), para obter maior êxito em

processos de mudança de valores da empresa, principalmente no que se refere a

orientação de comportamento a segurança organizacional, com o intuito de gerar e

preservar valor através da gestão de segurança organizacional.

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ANEXOS

Anexo I - Indicadores e tributos de cultura de segurança - PEREIRA (2012).

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Anexo II – Questionário de Pesquisa

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