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VICENTE MATIAS DA SILVA NETO INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A RECUPERAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA APÓS SESSÃO AGUDA DE EXERCÍCIO FÍSICO EM DIABÉTICOS TIPO 2 UBERABA 2017

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VICENTE MATIAS DA SILVA NETO

INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A RECUPERAÇÃO

AUTONÔMICA CARDÍACA APÓS SESSÃO AGUDA DE EXERCÍCIO FÍSICO EM

DIABÉTICOS TIPO 2

UBERABA

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Vicente Matias da Silva Neto

INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A RECUPERAÇÃO

AUTONÔMICA CARDÍACA APÓS SESSÃO AGUDA DE EXERCÍCIO FÍSICO EM

DIABÉTICOS TIPO 2

UBERABA

2017

Dissertação apresentada ao programa

de pós-graduação em Educação Física,

área concentração “Educação física,

Esporte e Saúde” (linha de pesquisa:

Exercício Físico, Ajustes e Adaptações

Neuromusculares, Cardiorrespiratórias

e Endócrino-metabólicas), da

Universidade Federal do Triângulo

Mineiro, como requisito parcial para

obtenção do titulo de mestre.

Orientador: Dr. Octávio Barbosa Neto

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Vicente Matias da Silva Neto

INFLUÊNCIA DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA SOBRE A RECUPERAÇÃO

AUTONÔMICA CARDÍACA APÓS SESSÃO AGUDA DE EXERCÍCIO FÍSICO EM

DIABÉTICOS TIPO 2

Apresentada em 15 de março de 2017.

Banca examinadora:

Dr. Octávio Barbosa Neto

Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM

Dr. Cassiano Merussi Neiva

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP

Drª. Maria de Fatima Borges

Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM

Dissertação apresentada ao programa de pós-

graduação em Educação Física, área

concentração “Educação física, Esporte e

Saúde” (linha de pesquisa: Exercício Físico,

Ajustes e Adaptações Neuromusculares,

Cardiorrespiratórias e Endócrino-metabólicas),

da Universidade Federal do Triângulo Mineiro,

como requisito parcial para obtenção do titulo

de mestre.

Orientador: Dr. Octávio Barbosa Neto

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por ter concedido toda força, saúde e

perseverança para seguir em busca de todos meus sonhos e por sempre ter colocado em meu

caminho pessoas que sempre me motivaram a seguir em frente apesar das dificuldades.

Agradeço também aos meus pais Francisco Holanda e Maria José, que mesmo com todas as

dificuldades sempre proporcionaram as melhores oportunidades, para que meus irmãos e eu

nos tornássemos não apenas bons profissionais, mas também pessoas melhores. Agradeço não

somente aos conselhos e ensinamentos recebidos de meus pais, mas também por todos os os

conselhos e apoio no decorrer destes dois anos de mestrado.

Agradeço aos meus irmãos, Francimar, Donizete e Junior, que apesar da distancia

durante o período de mestrado, sempre me ajudaram com o apoio e incentivo a seguir em

frente acima de tudo.

A família de minha esposa, a qual considero como minha segunda família, Rosilda e

Raimundo, assim também como dona Mazé, Rosa, Ronaldo, Dada, Lene e Fernando por todo

apoio e carinho que sempre recebi. Agradeço também por fazer parte desta família honrada e

carinhosa.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) agradeço

pelo apoio financeiro prestado durante o curso de mestrado.

Aos professores da Universidade Federal do Piauí, agradeço por todo o conhecimento

que adquiri no curso de Licenciatura em Educação Física, em especial ao professor Alex

Ferraz por ter mostrado que a Educação física era bem mais do que eu imaginava e me

incentivado a sempre buscar mais conhecimento. Aos amigos que realizei durante o período

de graduação, Ivone e Michele, agradeço por todo o carinho e força transmitidos, mesmo

apesar da distancia.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Octávio Barbosa Neto, por ter me aceitado

como seu aluno, mesmo sem me conhecer antes do período de mestrado. Agradeço também

por todo o auxilio necessário durante o decorrer do curso. Espero que saiba que lhe considero

como um exemplo de humildade e profissionalismo ao qual sempre irei me espelhar.

Agradeço também por toda sua amizade durante os dois anos de mestrado, pois além de um

ótimo orientador também o considero como um ótimo amigo.

Agradeço à Universidade Federal do Triângulo Mineiro por ter proporcionado que eu

realizasse o curso de mestrado em Educação Física. Ao corpo docente do programa de Pós-

graduação em Educação Física agradeço por terem transmitido o conhecimento cientifico

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necessário em todo decorrer do curso, além de sempre me incentivarem a buscar novos

conhecimentos. Em especial, agradeço aos professores Sheilla Tribess, Jair Sindra e Jeffer

Sasaki que além de terem transmitido conhecimento de suas respectivas áreas, também

sempre me estimularam a crescer profissionalmente, mas sempre mantendo a humildade.

Agradeço também aos funcionários do programa de pós-graduação em educação física,

Angélica, Ana Lucia, Cleone, Roberto e Guilherme, por toda a amizade e apoio transmitidos

no decorrer destes dois anos.

Agradeço também ao Tiago Peçanha por toda ajuda prestada durante análise da

recuperação autonômica cardíaca dos voluntários do estudo.

Aos colegas de turma agradeço por toda amizade e ajuda durante o curso de mestrado.

Agradeço especialmente os amigos que consegui durante o período de mestrado, Fernanda

Aparecida, Fernanda Martins, Aleteia, Joilson, Gersiel e Damares, que com toda amizade e

companheirismo fizeram com que a vida longe da família se tornasse menos dolorosa.

Agradeço ao grupo de estudo NEAFISA, em especial a Joilson Menegucci, por ter permitido

que eu participasse de suas reuniões cientificas, fazendo assim com que eu aumentasse meus

conhecimentos em outras áreas de estudo.

Por fim, mas não menos importante, agradeço a Fernanda Coutinho, minha esposa, por

sempre ter estado ao meu lado em todos os momentos de estresse, angustias, ira e

principalmente por todo o apoio durante os dois anos de mestrado. E o que torna esta

conquista ainda mais satisfatória é saber que consegui realiza-la ao lado da pessoa que amo.

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RESUMO

A Neuropatia autonômica cardíaca (NAC) é um distúrbio do controle autonômico cardíaco,

decorrente de inúmeros processos patológicos, dentre eles o Diabetes Mellitus é um dos mais

importantes devido a sua alta prevalência. A NAC promove um desequilíbrio simpatovagal de

repouso, que pode ser refletido também durante períodos de recuperação pós-exercício. A

mesma pode ser avaliada pela análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC), tanto

no repouso quanto na recuperação pós-exercício, sendo esta última avaliada por métodos

específicos para tal período, pois o exercício físico proporciona uma alteração nas influências

simpáticas e parassimpáticas sobre o coração, necessitando que ocorra o retorno destas

influências autonômicas sobre o coração ao equilíbrio de repouso. A lentidão nesta

recuperação do equilíbrio autonômico representa um grande risco à saúde cardiovascular

devido ao alto risco de acometimento de eventos cardiovasculares decorrentes deste estado de

desequilíbrio autonômico. O principal objetivo deste estudo foi avaliar a influência do nível

de atividade física sobre a recuperação autonômica após esforço físico em indivíduos

diabéticos tipo 2. Foram avaliados neste estudo 14 indivíduos diabéticos de ambos os sexos,

divididos em dois grupos: fisicamente ativos (DMFA; n = 7; idade: 57,57 ±2,47 anos) e

insuficientemente ativos (DMIA; n = 7; idade: 54,29 ±2,67). A análise da VFC de repouso foi

realizada através do registro eletrocardiográfico, utilizando-se métodos, tanto no domínio do

tempo quanto da frequência. Para avaliação da recuperação autonômica cardíaca, os

voluntários realizaram um teste de esforço submáximo, seguindo o protocolo de Bruce. Foram

utilizados os métodos Time-varying e análise Tempo-frequência da VFC, obtendo-se os

índices RMSSD e HF, a partir de consecutivas janelas de 30 segundos e de 1 minuto,

respectivamente. Para análise comparativa entre grupos foi utilizado o teste t de Student ou

teste U de Mann-Whitney, de acordo com presença ou ausência de normalidade. Para análise

do efeito agudo do exercício sobre a frequência cardíaca (FC) durante a recuperação foi

utilizado o teste One-Way ANOVA e para avaliação da correlação entre nível de atividade

física e atividade vagal cardíaca de repouso foi utilizado a análise de correlação de Pearson. O

nível de significância adotado foi de 5 %. O grupo de diabéticos fisicamente ativos apresentou

uma menor FC de repouso, assim como uma maior atividade vagal cardíaca durante o repouso

e recuperação pós-exercício. O comportamento da FC durante o período de recuperação foi

similar entre os dois grupos, porém o grupo de DMIA apresentou valores de FC mais

elevados quando comparado aos seus níveis de repouso, mesmo após 30 minutos de

recuperação. Quanto à análise da reativação vagal plena evidenciamos que somente o grupo

DMFA alcançou a completa reativação vagal plena. Concluímos que a prática regular de

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atividade física é eficaz em promover melhorias no comportamento autonômico de repouso,

assim como na recuperação autonômica pós-exercício.

Palavras chave: Diabetes Mellitus tipo 2. Atividades físicas. Frequência Cardíaca.

Neuropatias Diabéticas.

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ABSTRACT

Cardiac Autonomic Neuropathy (CAN) is a disorder in cardiac autonomic control, due to

several pathological processes, among them Diabetes Mellitus is one of the most important

due to its high prevalence. CAN promotes sympathovagal imbalance at rest, which can also

be reflected during periods of post-exercise recovery. It can be evaluated by the analysis of

the Heart Rate Variability (HRV), both at rest and in the post-exercise recovery, the latter

being evaluated by specific methods for this period. Physical activity provides a change in the

sympathetic and parasympathetic influences on the heart, necessitating the return of these

autonomic influences on the heart to the rest equilibrium. The slowness in this recovery of the

autonomic balance represents a great risk to cardiovascular health due to the high risk of

cardiovascular events due to this state of autonomic imbalance. The main objective of this

study was to evaluate the influence of the level of physical activity on autonomic recovery

after physical effort in type 2 diabetic individuals. In this study 14 diabetic subjects of both

sexes were divided into two groups: physically active (DMFA; n = 7; age: 57.57 ± 2.47 years)

and insufficiently active (DMIA; n = 7; age: 54.29 ± 2.67). The HRV at rest analysis was

performed through the electrocardiographic record, using both time and frequency methods.

To evaluate the cardiac autonomic recovery, the volunteers performed a submaximal stress

test, following the Bruce protocol. Time-varying methods and HRV-Time-frequency analysis

were used, obtaining the RMSSD and HF indexes, from consecutive 30-second and 1-minute

windows, respectively. For comparative analysis between groups, the t-test of Student or

Mann-Whitney U test was used, according to the presence or absence of normality. For the

analysis of the acute effect of exercise on HR during recovery, the One-Way ANOVA test

was used and Pearson's correlation analysis was used to assess the association between

physical activity level and cardiac vagal activity. The level of significance was 5%. The group

of physically active diabetics had a lower resting HR, as well as increased cardiac vagal

activity during rest and post-exercise recovery. The HR behavior during the recovery period

was similar between the two groups, however, the group DMIA presented higher HR values

when compared to their resting levels, even after 30 minutes of recovery. Regarding the

analysis of the full vagal reactivation, we showed that only the DMFA group achieved

complete full vagal reactivation. We conclude that the regular practice of physical activity is

effective in promoting improvements in the autonomic behavior at rest, as well as in the

autonomic recovery after exercise.

Key words: Type 2 diabetes mellitus. Physical Activities. Heart Rate. Diabetic Neuropathies.

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LISTA DE FIGURAS

Figuras

1 Correlação entre o nível de atividade física e o índice de atividade parassimpática no

domínio da frequência dos grupos DMFA e DMIA. ................................................................ 41

2 Taxa de recuperação da frequência cardíaca com 1, 2 e 3 minutos de recuperação após teste

ergométrico. .............................................................................................................................. 42

3 Comportamento da frequência cardíaca durante o repouso, exercício e período de

recuperação do grupo DMFA. .................................................................................................. 43

4 Comportamento da frequência cardíaca durante o repouso, exercício e período de

recuperação do grupo DMIA.. .................................................................................................. 44

5 Comportamento da FC na fase de recuperação após o teste ergométrico. ............................ 45

6 Análise comparativa em grupos da média dos índices RMSSD (avaliado em janelas de 30

segundos) e HF (avaliados em janelas de um minuto durante recuperação). ........................... 46

7 Comportamento dos valores de RMSSD30s referente ao grupo DMFA no período de 60

minutos de recuperação após teste ergométrico. ...................................................................... 47

8 Comportamento dos valores de RMSSD30s referente ao grupo DMIA no período de 60

minutos de recuperação após teste ergométrico. ...................................................................... 48

9 Comportamento dos valores de HF1min. referente ao grupo DMFA no período de 60

minutos de recuperação após teste ergométrico. ...................................................................... 49

10 Comportamento dos valores de HF1min. referente ao grupo DMIA no período de 60

minutos de recuperação após teste ergométrico. ...................................................................... 50

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LISTA DE TABELAS

Tabelas

1 Caracterização dos voluntários quanto ao tempo de diagnóstico de DM, idade, variáveis

antropométricas e de composição corporal. ............................................................................. 38

2 Parâmetros hemodinâmicos de repouso. ............................................................................... 39

3 Modulação autonômica cardíaca de repouso. ........................................................................ 40

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LISTA DE ABREVIATURAS

DM – Diabetes Mellitus

DM1 – Diabetes tipo 1

DM2 – Diabetes tipo 2

DAC – Doença Arterial Coronariana

AVE – Acidente Vascular Encefálico

NAC – Neuropatia Autonômica Cardíaca

FC – Frequência Cardíaca

VFC – Variabilidade da Frequência Cardíaca

SNA – Sistema Nervoso Autônomo

SNP – Sistema Nervoso Parassimpático

SNS – Sistema Nervoso Simpático

PA – Pressão Arterial

RFC – Recuperação da Frequência Cardíaca

DCNT – Doenças Crônicas Não transmissíveis

IDF – International Diabetes Federation

DC – Débito Cardíaco

iRR – Intervalo entre as ondas R

ECG – Eletrocardiograma

DT – Domínio do Tempo

DF – Domínio da Frequência

SDNN – Desvio Padrão de todos os iRR normais

SDANN – Desvio Padrão das médias dos iRR normais

RMSSD – Raiz Quadrada da Média do Quadrado das diferenças entre iRR normais adjacentes

PNN50 – Porcentagem dos iRR adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms

TRF – Transformação Rápida de Fourier

ULF – Banda Ultra Low Frequency

VLF – Banda Very Low Frequency

LF – Banda Low Frequency

HF – Banda High Frequency

nu – Unidade Normalizadas

PT – Potencia Total do Espectro

RVP – Reativação Vagal Plena

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HC-UFTM – Hospital das Clinicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

DCE – Departamento de Ciência do Esporte

DMFA – Diabéticos Fisicamente Ativos

DMIA – Diabéticos Insuficientemente ativos

NAF – Nível de Atividade Física

IPAQ – International Physical Activity Questionnaire

CV – Coeficiente de Variação

PAS – Pressão Arterial Sistólica

PAD – Pressão Arterial Diastólica

PAM – Pressão Arterial Média

IMC – Índice de Massa Corporal

%G – Percentual de Gordura Corporal

MCM – Massa Corporal Magra

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16

2 OBJETIVO ...................................................................................................................... 19

2.1 GERAL ...................................................................................................................... 19

2.2 ESPECIFICOS ........................................................................................................... 19

3 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 20

3.1 FISIOPATOLOGIA DO DIABETES ....................................................................... 20

3.2 EPIDEMIOLOGIA DO DIABETES ......................................................................... 21

3.3 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ...................................................................... 22

3.4 VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO DM ............................... 23

3.5 COMPORTAMENTO AUTONÔMICO CARDÍACO DURANTE E APÓS

EXERCÍCIO FÍSICO ........................................................................................................... 25

3.6 RECUPERAÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO DM ................................. 26

3.7 REATIVAÇÃO VAGAL PLENA NO DM .............................................................. 27

3.8 EXERCÍCIO FÍSICO NO DM .................................................................................. 29

4 MÉTODOS ...................................................................................................................... 31

4.1 DESENHO EXPERIMENTAL ................................................................................. 31

4.2 AMOSTRA ................................................................................................................ 32

4.3 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA ............................................. 32

4.4 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E DE COMPOSIÇÃO CORPORAL .......... 33

4.5 AVALIAÇÃO DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE

REPOUSO ............................................................................................................................ 33

4.5.1 Registro eletrocardiográfico ............................................................................... 33

4.5.2 Análise no domínio do tempo ............................................................................. 34

4.5.3 Análise de domínio de frequência ...................................................................... 34

4.6 AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA PÓS-

EXERCÍCIO ......................................................................................................................... 34

4.6.1 Teste de esforço submáximo .............................................................................. 34

4.6.2 Registro dos iRR, Transmissão dos dados, Processamento do sinal e Análise da

VFC ............................................................................................................................ 35

4.6.3 Análise time-varying da VFC ............................................................................. 36

4.6.4 Análise tempo-frequência da VFC ..................................................................... 36

4.6.5 Determinação da reativação vagal plena ............................................................ 36

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4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................ 37

5 RESULTADOS ................................................................................................................ 38

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .................................................................... 38

5.2 PARÂMETROS HEMODINÂMICOS BASAIS ...................................................... 39

5.3 MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA DE REPOUSO .............................. 39

5.4 CORRELAÇÃO ENTRE NAF E ATIVIDADE VAGAL CARDÍACA DE

REPOUSO ............................................................................................................................ 40

5.5 COMPORTAMENTO DA FC APÓS TESTE DE ESFORÇO SUBMÁXIMO ....... 41

5.6 COMPORTAMENTO AUTONÔMICO APÓS TESTE DE ESFORÇO

SUBMÁXIMO ...................................................................................................................... 45

5.7 REATIVAÇÃO VAGAL PLENA APÓS TESTE DE ESFORÇO SUBMÁXIMO . 46

6 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 51

6.1 CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS, DE COMPOSIÇÃO CORPORAL

E NAF ................................................................................................................................... 51

6.2 PARÂMETROS HEMODINÂMICOS BASAIS ...................................................... 52

6.3 PARÂMETROS AUTONÔMICOS DE REPOUSO ................................................ 53

6.4 RECUPERAÇÃO DA FC APÓS ESFORÇO FÍSICO .............................................. 54

6.5 RECUPERAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA APÓS ESFORÇO FÍSICO ........ 55

7 CONSIDERAÇOES FINAIS ......................................................................................... 57

REFERENCIAS ..................................................................................................................... 58

APÊNDICE ............................................................................................................................. 72

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1. INTRODUÇÃO

Diabetes Mellitus (DM) é uma desordem metabólica decorrente do defeito na

secreção, na ação biológica da insulina, ou em ambas, sendo caracterizada pela hiperglicemia

(ALBERTI; ZIMMET, 1998). De acordo com os critérios da American Diabetes Association,

(2016a) o DM é classificado de acordo com seu processo patogênico, em: DM tipo 1 (DM1),

DM tipo 2 (DM2), diabetes gestacional e tipos específicos de diabetes decorrentes de outras

causas.

De acordo com a International Diabetes Federation (2015) em 2015, 415 milhões de

pessoas, com idade entre 20 e 79 anos, viviam com diabetes no mundo, a mesma ainda estima

que para o ano de 2040 este número se aproxime de 642 milhões. No Brasil a ocorrência de

DM foi de aproximadamente 14,3 milhões no mesmo período, alcançando assim o quarto

lugar entre os dez países com maior número de diabéticos e o quinto entre os dez com maiores

gastos com saúde relacionados ao diabetes.

O DM é considerado um problema de saúde pública devido a seus efeitos deletérios a

outros sistemas fisiológicos. As complicações decorrentes do DM podem ser de caráter micro

e macro-vasculares, como nefropatia, retinopatia, doença arterial coronariana (DAC) e

acidente vascular encefálico (AVE). Além de distúrbios vasculares, indivíduos diabéticos

também podem apresentar distúrbios no controle autonômico cardíaco, representada pela

Neuropatia Autonômica Cardíaca (NAC), a qual provoca alterações no controle da frequência

cardíaca (FC), devido aos danos às fibras nervosas que inervam o coração e vasos sanguíneos,

provocados pelo estado de hiperglicemia (JAISWAL et al., 2013a, 2013b; RUDCHENKO;

AKUDE; COOPER, 2014).

A NAC pode ser avaliada pela análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca

(VFC), pois a mesma descreve as oscilações entre os consecutivos batimentos cardíacos que

estão relacionados às influências do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) sobre o nodo sinusal

(TASK FORCE, 1996). Em se tratando de indivíduos diabéticos a análise dos componentes

da VFC demonstra uma redução da atividade do Sistema Nervoso Parassimpático (SNP) e

atividade do Sistema Nervoso Simpático (SNS) preservada ou prejuízo em ambas as

atividades, o que sugere redução no controle da FC diante de diferentes situações (DE

MOURA-TONELLO et al., 2016; MICHEL-CHÁVEZ et al., 2015; TIFTIKCIOGLU et al.,

2016; UEHARA et al., 1999).

Com relação à presença desta disfunção autonômica em indivíduos diabéticos, Maser

et al., (2003) verificaram em um estudo de meta-análise que diabéticos portadores de NAC

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17

apresentavam risco de mortalidade 3,45 vezes maior comparados a diabéticos sem NAC. Este

aumento na mortalidade pode ser explicado em parte pelo fato de a baixa VFC estar associada

à incidência de arritmias cardíacas e morte súbita. No entanto, a redução da VFC encontrada

em pacientes diabéticos pode ser atenuada em estágios iniciais por meio da prática regular de

exercícios físicos, como demonstram Howorka et al., (1997), os quais verificaram pela

primeira vez que o treinamento físico de endurance foi capaz de aumentar os índices da VFC

em indivíduos diabéticos com NAC em estágio inicial.

Quanto à realização crônica de exercícios físicos como terapia não farmacológica no

controle do DM, a American Diabetes Association, (2016a), recomenda a prática regular de

exercícios aeróbicos, de intensidade moderada, por pelo menos 150 minutos por semana,

assim também como uma redução no tempo gasto em atividades sedentárias. Além disto,

efeitos benéficos relacionados ao treinamento físico de curta duração também são observados,

como demonstrados por Winnick et al., (2008), os quais verificaram que um treinamento

físico foi capaz de proporcionar aumento na sensibilidade insulínica de corpo inteiro, em

homens obesos com DM2, a partir do sétimo dia de treinamento.

Embora os efeitos benéficos do treinamento físico para pessoas diabéticas sejam

evidentes na literatura cientifica (ABOUASSI et al., 2015; PANDEY et al., 2015; RABASA-

LHORET et al., 2001), sua prescrição para esta população requer alguns cuidados, pois a

prevalência de doenças cardiovasculares em indivíduos diabéticos é relativamente alta. Por

este motivo o teste de esforço ergométrico é indicado, pois o mesmo é capaz de identificar

possíveis anormalidades cardiovasculares que possam proporcionar riscos durante a prática de

exercícios físicos. Um dos parâmetros a serem investigados durante o teste ergométrico é a

resposta da pressão arterial (PA) na fase aguda do exercício físico, pois indivíduos diabéticos

podem apresentar repostas pressóricas exacerbadas ao esforço físico (REGENSTEINER et al.,

2009; SCOTT et al., 2008).

Além da avaliação dos parâmetros fisiológicos antes ou durante a realização de

exercícios físicos possuírem grande relevância para a prescrição adequada de treinamento

físico para indivíduos com DM, a avaliação pós-exercício possui igual importância. Pois, o

exercício físico em sua fase subaguda, sobretudo realizado em diferentes tipos e altas

intensidades é considerado um estimulo estressor, que aumenta o risco de arritmias (ALBERT

et al., 2000). Neste sentido, a avaliação de parâmetros cardiovasculares após o término de

exercícios físicos (fase subaguda) torna-se de fundamental importância. Uma forma de avaliar

as respostas cardiovasculares após o exercício físico é por meio da análise da Recuperação da

Frequência Cardíaca (RFC).

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18

A RFC é definida como o intervalo de tempo que a FC leva para retornar aos valores

basais após a realização de um exercício físico (COOTE, 2010). Cole et al., (1999) foi um dos

primeiros a utilizar a taxa de RFC como um indicador de mortalidade. Atualmente já se sabe

que indivíduos com DM apresentam uma menor taxa de RFC, quando comparados a sujeitos

saudáveis (SIPAHI et al., 2004; ANARUMA et al., 2016). Esta lenta RFC pode ser observada

precocemente ao diagnóstico de diabetes, como demonstrado por Yu et al., (2016) que

constataram que a lenta RFC pode ser um preditor de incidência de diabetes tipo 2.

Esta RFC após sessões de exercício físico ocorre pela diminuição da atividade

simpática, porém ela ocorre especialmente devido ao retorno da atividade vagal sobre o nodo

sinusal (SAVIN; DAVIDSON; HASKELL, 1982), fenômeno conhecido como “Reativação

Vagal” (IMAI et al., 1994; PERINI et al., 1989). Embora a RFC seja um indicador de retorno

da atividade vagal cardíaca, a mesma descreve apenas a fase inicial da completa recuperação

autonômica cardiovascular, o que não permite identificar o tempo de duração da janela de

exposição a riscos cardiovasculares, que segundo Albert et al., (2000) trata-se do período de

tempo ao qual um indivíduo está exposto à eventos cardiovasculares após a realização de um

exercício físico, devido a condição autonômica desfavorável.

Embora os benefícios da prática regular de exercícios físicos sobre a VFC em

indivíduos diabéticos já tenham sido comprovados cientificamente (BHAGYALAKSHMI et

al., 2007; FISHER et al., 2007; HOWORKA et al., 1997), até onde temos conhecimento na

literatura atual, estudos destinados à avaliar a influência do estilo de vida fisicamente ativo

sobre a completa recuperação autonômica cardíaca em indivíduos com DM2 após a realização

de esforços físicos, ainda não se encontram elucidados, já que atuais pesquisas que estão

voltadas para este tipo de análise utilizam-se apenas da RFC, a qual avalia apenas a fase

rápida da recuperação autonômica cárdica. Por este motivo, estudos voltados à avaliação da

recuperação autonômica cardíaca de indivíduos com DM2 podem proporcionar um melhor

conhecimento sobre os potenciais riscos cardiovasculares aos quais esta população se

encontra submetida, assim como a possível influência da prática regular de atividade física

sobre o controle autonômico cardíaco após a realização de esforços físicos.

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2 OBJETIVO

2.1 GERAL

Avaliar a influência do nível de atividade física sobre a recuperação autonômica

cardíaca após esforço físico em pacientes com DM2.

2.2 ESPECIFICOS

Avaliar em diabéticos do tipo 2:

Dados antropométricos e composição corporal;

Nível de atividade física;

Parâmetros hemodinâmicos basais;

Variabilidade da frequência cardíaca em repouso;

Recuperação da frequência cardíaca após exercício físico;

Reativação vagal plena após esforço físico

Correlação entre nível de atividade física e atividade vagal cardíaca de repouso.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 FISIOPATOLOGIA DO DIABETES

A ingestão de macronutrientes com grande teor energético (carboidratos, gorduras e

proteínas) promove a liberação de insulina a partir das células β do pâncreas. A insulina é um

hormônio anabólico cuja função é facilitar a captação e o armazenamento de substancias

energéticas nos músculos, fígado e tecido adiposo, sendo que este, tem sua secreção

controlada por um mecanismo de feedback negativo, onde os níveis energéticos elevados

estimulam o fluxo de insulina para corrente sanguínea. Distúrbios na produção ou utilização

da insulina promovem alterações nos valores glicêmicos, fenômeno este conhecido como DM

(ALBERTI; ZIMMET, 1998).

O DM pode ser classificado de acordo com seu processo fisiopatológico, em DM1,

DM2, diabetes gestacional e tipos específicos de diabetes decorrentes de outras causas

(AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2016a). Sendo o DM2 o de maior prevalência

(AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2016b).

O DM2 é caracterizado pela deficiência progressiva na secreção de insulina aliada a

uma menor sensibilidade insulínica. No entanto, este tipo de diabetes ainda sofre influência da

predisposição genética, apresentando risco familiar de 40% quando os dois pais são diabéticos

(AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2016a).

A resistência à insulina, principal característica do DM2, trata-se da diminuição da

resposta biológica à ação da mesma (CEFALU, 2001; HUNTER; GARVEY, 1998;

SOWERS; SOWERS; PEULER, 1994). Esta disfunção metabólica provavelmente possui

várias causas, dependendo do seu estado fisiopatológico, porém a obesidade é um dos

principais fatores contribuintes para resistência insulínica no DM2 (DE LUCA; OLEFSKY,

2008).

A menor sensibilidade à insulina ocasionada pela obesidade deve-se em grande parte

ao estado pró-inflamatório decorrente do maior acúmulo de gordura, principalmente na região

abdominal e visceral do corpo. Isso ocorre pelo fato de o tecido adiposo produzir citocinas

nocivas à secreção e ação da insulina (DE LUCA; OLEFSKY, 2008; SAMUEL; SHULMAN,

2012). Um bom exemplo disto são citocinas como Fator de Necrose Tumoral α (TNFα) e

Interleucina 8 (IL-8) que apresentam-se em níveis elevados em indivíduos obesos com

resistência à insulina (HOTAMISLIGIL et al., 1995; HOTAMISLIGIL; SPIEGELMAN,

1994; STRACZKOWSKI et al., 2002).

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3.2 EPIDEMIOLOGIA DO DIABETES

O DM é uma das quatro Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) alvo de

líderes mundiais na Declaração Política sobre controle de DCNT (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2012). Esta preocupação baseia-se no fato de que o DM além de gerar

altos custos financeiros em saúde pública também está relacionado a um grande índice de

mortalidade associado à glicemia elevada (“WHO Mortality Database”, [s.d.])

Em 2015, aproximadamente 415 milhões de pessoas, com idade entre 20 e 79 anos,

viviam com DM no mundo, a International Diabetes Federation (IDF) estima que para o ano

de 2040 este número se aproxime de 642 milhões. O Brasil ocupa o quarto lugar entre os dez

países com maior número de indivíduos diabéticos, com aproximadamente 14,3 milhões de

diabéticos no mesmo período, além de ser o quinto entre os dez países com maiores gastos

com saúde relacionados ao diabetes (INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2015).

A alta prevalência de DM acarreta enormes custos financeiros aos sistemas de saúde

pública, sendo os custos por pessoa, na população mundial em 2014 contabilizado entre USD

1.583 e USD 2.842 sendo os gastos globais estimados em pelo menos USD 612 bilhões, o que

representa 11% das despesas com saúde em todo mundo (DA ROCHA FERNANDES et al.,

2016). Porém, estes gastos ainda podem estar subestimados devido ao grande número de

diabéticos não diagnosticados.

Mundialmente estima-se que 174,8 milhões de pessoas viviam com diabetes não

diagnosticada em 2013 (BEAGLEY et al., 2014). Devido à falta de diagnóstico precoce do

DM a prevenção de complicações decorrentes da hiperglicemia por meio de intervenções

farmacológicas e/ou não farmacológicas se torna dificultada. A respeito da importância do

diagnóstico e tratamento do DM, Gaede et al., (2008) demonstraram que uma terapia

intensiva apresentou efeitos benéficos sobre a taxa de mortalidade por todas as causas de

indivíduos diabéticos.

Apesar de esta ser uma doença controlável, por meio de medicamentos, mudança no

estilo de vida e controle nutricional, o número de mortes relacionadas ao descontrole

glicêmico ainda se encontra bastante elevado. No Brasil, somente no ano de 2013,

aproximadamente 58 mil pessoas de ambos os sexos foram a óbito devido às complicações

decorrentes do DM, isto representa 30,6 mortes para cada 100 mil habitantes (“WHO

Mortality Database”, [s.d.]).

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3.3 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

O SNA é uma interface bidirecional corpo-cérebro com a função de integrar e

controlar o meio interno em resposta ao ambiente, mantendo assim a homeostase fisiológica

(BROCK et al., 2016). O mesmo tem a função de controlar os músculos lisos dos órgãos

internos, sistema cardiovascular e função secretora das glândulas, sendo composto por ramos

simpáticos e parassimpáticos, que diferem na sua anatomia e função. Os ramos simpáticos

possuem inervação difusa, ações generalizadas e rápidas servindo como mecanismo de defesa

em reposta a estímulos estressores, tais como: medo, hipóxia e exercício físico. Já os ramos

parassimpáticos envolvem ações localizadas geralmente relacionadas à economia de energia,

como: hipotensão e bradicardia (TARALOV; TERZIYSKI; KOSTIANEV, 2016, 2016).

No sistema cardiovascular, o SNA atua como principal controlador da FC por meio da

sua inervação simpática e parassimpática (vagal), onde os ramos parassimpáticos inervam

principalmente o nodo sinoatrial e atrioventricular. Sua estimulação promove a liberação do

neurotransmissor acetilcolina, provocando uma hiperpolarização, reduzindo o potencial de

membrana, o que ocasiona um aumento no tempo de limiar de excitação, tornando a

frequência rítmica destas fibras mais lenta. Seu principal efeito é a diminuição da FC

(GUYTON; HALL, 2002).

Já os ramos simpáticos inervam as paredes musculares dos ventrículos e vasos

sanguíneos. Sua estimulação promove a liberação do neurotransmissor noraepinefrina,

desencadeando o aumento da frequência de disparos do nodo sinoatrial, a velocidade de

condução elétrica e o nível de excitabilidade em todas as partes do coração. O aumento da

permeabilidade aos íons cálcio explica o aumento da força contrátil da musculatura cardíaca.

Uma forte estimulação simpática no coração aumenta a FC e a força de contração,

aumentando, consequentemente, tanto o volume bombeado de sangue como a pressão de

ejeção, logo, aumenta o débito cardíaco (DC). Enquanto que, uma forte estimulação

parassimpática sobre o coração, pode, cessar por alguns segundos os batimentos cardíacos e

também, diminuir ligeiramente a força de contração (GUYTON; HALL, 2002).

Além do controle cardiovascular o SNA também está envolvido no controle

metabólico, como descrito no estudo de Uno et al., (2006), os quais verificaram a existência

de uma via neural, composta pelo nervo vago aferente do fígado e nervo simpático eferente

para o tecido adiposo, que está envolvida no equilíbrio energético, sensibilidade insulínica

sistêmica, metabolismo glicêmico e distribuição de gordura entre o fígado e tecidos

periféricos. Esta regulação ocorre quando o armazenamento energético (gordura neutra)

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excessivo faz com que um sinal vagal aferente proveniente do fígado, provoque um envio de

sinais simpáticos eferentes para os tecidos adiposos, aumentando assim a lipólise e dispêndio

energético.

Izumida et al., (2013) ao estudar esta via neural fígado-cérebro-tecido adiposo,

verificou em modelos experimentais, que a diminuição nos estoques de glicogênio hepático,

durante o jejum, também ativa esta via, fazendo com que ocorra uma alteração da fonte

energética de carboidratos para lipídios, afim de manter um suprimento energético adequado.

Em relação à hipoglicemia induzida pela insulina, o SNA atua aumentando a secreção de

glucagon, estimulando o fígado a degradar glicogênio e liberar glicose para a corrente

sanguínea, mantendo assim o equilíbrio glicêmico (HAVEL; AHREN, 1997; TABORSKY;

AHRÉN; HAVEL, 1998).

Distúrbios neste controle metabólico realizado pelo SNA estão relacionados ao dano

às fibras nervosas autonômicas relacionadas ao controle de outros sistemas fisiológicos. Um

exemplo de distúrbio metabólico é o estado de hiperglicemia decorrente do DM, o que por sua

vez provoca uma diminuição na transmissão sináptica de neurônios simpáticos e células

cromafins, porém sem induzir alterações relevantes sobre a transmissão sináptica de

neurônios parassimpáticos (RUDCHENKO; AKUDE; COOPER, 2014).

A este respeito Lutfi; Elhakeem, (2016) constataram a importância do controle

glicêmico para ao SNA, ao demonstrarem em indivíduos saudáveis, que os níveis de glicose

mantidos dentro da zona fisiológica são associados com uma melhora na atividade

parassimpática cardíaca. No entanto, em indivíduos diabéticos com descontrole glicêmico, é

notado um desequilíbrio autonômico, principalmente cardiovascular, caracterizado pelo

prejuízo no controle da FC, devido ao dano às fibras nervosas autonômicas que inervam o

coração (JAISWAL et al., 2013a, 2013b).

Um dos métodos mais utilizados para avaliação deste dano autonômico cardiovascular

causado pelo DM é por meio da análise da VFC, a mesma já tendo sido utilizada por uma

ampla variedade de estudos (ANARUMA et al., 2016; ARROYO-CARMONA et al., 2016;

BROCK et al., 2016; GUZIK et al., 2010; SILVA et al., 2016; TIFTIKCIOGLU et al., 2016)

para análise das complicações decorrentes do DM.

3.4 VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO DM

A VFC consiste na mudança da distância ou intervalo entre um batimento cardíaco e o

batimento seguinte (TASK FORCE, 1996). Esta VFC é obtida a partir dos intervalos entre as

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ondas R (iRR) registrados por meio de um eletrocardiograma (ECG), com o qual são

construídos os sinais de tacograma. Levando-se em consideração que as variações da FC são

controladas pelo SNA, a quantificação destas variações refere-se ao efeito da modulação

autonômica sobre a atividade cardíaca (KLEIGER; STEIN; BIGGER, 2005).

A análise da VFC pode ser realizada por meio de métodos lineares, domínio do tempo

(DT) e da frequência (DF), ou por métodos não lineares. A análise no DT é obtida por índices

estatísticos efetuados na medida de cada batimento cardíaco normal, durante um determinado

período de tempo (em milissegundos - ms). Os índices obtidos a partir desta análise são:

SDNN (desvio padrão de todos os iRR normais gravados em um determinado tempo,

expresso em ms); SDANN (desvio padrão das médias dos iRR normais, a cada cinco minutos,

em um intervalo de tempo, expresso em ms) representando tanto atividade simpática quanto

parassimpática. Já os índices RMSSD (raiz quadrada da média do quadrado das diferenças

entre iRR normais adjacentes, em um intervalo de tempo, expresso em ms); pNN50

(porcentagem dos iRR adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms) representam

especificamente atividade parassimpática (TASK FORCE, 1996).

Para a análise da VFC no DF utilizam-se métodos autoregressivos e a transformação

rápida de Fourier (TRF) para quantificar as flutuações cíclicas do iRR. Nesta análise a VFC é

decomposta em quatro componentes espectrais: Ultrabaixa Frequência (ULF – Ultra Low

Frequency – variando entre 0,00001 e 0,01 Hz); Muita Baixa Frequência (VLF – Very Low

Frequency – variando entre 0,01 e 0,04 Hz); Baixa Frequência (LF – Low Frequency –

variando entre 0,04 e 0,15 Hz, decorrente da ação conjunta dos componentes vagal e

simpático sobre o coração, com predominância simpática); Alta Frequência (HF – high

Frequency – variando entre 0,15 a 0,4 Hz, correspondente à modulação respiratória e é um

indicador de atividade parassimpática). Ainda não se conhecem os exatos mecanismos

fisiológicos responsáveis pelas bandas ULF e VLF, porém acreditasse que possam estar

relacionadas ao sistema renina-angiotensina-aldosterona, termorregulação e tônus vasomotor

periférico (DRAGHICI; TAYLOR, 2016; TASK FORCE, 1996).

Com o intuito de verificar a interação absoluta e relativa entre os ramos simpáticos e

parassimpáticos pode-se calcular a razão LF/HF para verificação do equilíbrio simpatovagal

sobre o coração. Estas amplitudes de frequência podem ser avaliadas em valores absolutos de

potência (ms²), valores relativos (%) ou unidades normalizadas (nu). Os valores em unidades

normalizadas indicam o valor relativo da amplitude das componentes de frequência, presentes

nas bandas LF e HF, em proporção à potência total do espectro (PT) sem a interferência da

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banda VLF, variando entre zero e 100 (TARALOV; TERZIYSKI; KOSTIANEV, 2016;

TASK FORCE, 1996).

A análise da VFC de indivíduos diabéticos demonstra uma redução nos índices tanto

no DT quanto do DF, demonstrando um baixo controle autonômico cardiovascular

(ANARUMA et al., 2016; DE MOURA-TONELLO et al., 2016; JAISWAL et al., 2013a;

MICHEL-CHÁVEZ et al., 2015; RIVERA et al., 2016). Esta disfunção autonômica conhecida

como NAC, pode apresentar sinais ou sintomas como: intolerância ao exercício físico,

taquicardia de repouso e hipotensão ortostática (VINIK et al., 2003). Esta NAC pode ser

resultado de uma disfunção na atividade do SNS, atividade do SNP ou mesmo uma

combinação de ambas (UEHARA et al., 1999). Além de fatores metabólicos, características

físicas também estão relacionadas à menor atividade parassimpática em indivíduos com DM,

pois uma maior relação cintura-quadril está associada a uma menor atividade parassimpática

cardíaca independentemente do sexo (SILVA et al., 2016).

Devido ao fato de a baixa VFC ser associada ao aumento na incidência de arritmias e

mortes súbitas Maser et al., (2003) verificou que indivíduos diabéticos que apresentam NAC

possuem um risco de morte 3,45 vezes maior comparados aqueles sem a presença de NAC.

Confirmando este achado, Lacigova et al., (2016) observaram em seu estudo, por um período

de dez anos, que grupos diagnosticados com NAC apresentaram mortalidade 5 vezes maior

em comparação aqueles que não possuíam NAC.

3.5 COMPORTAMENTO AUTONÔMICO CARDÍACO DURANTE E APÓS EXERCÍCIO

FÍSICO

A resposta do sistema cardiovascular ao início da realização de qualquer exercício é a

elevação da FC, que ocorre de maneira gradual e correspondente ao aumento da intensidade.

A elevação da FC nos momentos iniciais do exercício é devido à diminuição da atividade

parassimpática sobre o nodo sinusal, conhecido como “Retirada Vagal” (EKBLOM;

HERMANSEN, 1968; NÓBREGA; ARAÚJO, 1993). Com o decorrer da realização do

exercício físico e concomitante ao aumento da intensidade do mesmo, ocorre um maior

incremento na FC, que pode ser explicada em parte pelo aumento da atividade do SNS sobre o

coração, fenômeno conhecido como “Entrada Simpática” (O’HAGAN; CASEY; CLIFFORD,

1997).

Ao término do exercício físico ocorre a diminuição progressiva e gradual da FC,

reduzindo o DC, até que retorne aos níveis de repouso (IMAI et al., 1994; PERINI et al.,

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1989). A redução da FC após execução de exercício físico ocorre pela atenuação da atividade

simpática, sendo esta, justificada pela Reativação Vagal (IMAI et al., 1994; PERINI et al.,

1989). A Reativação Vagal ocorre em duas fases distintas: fase rápida (Fase I) e fase lenta da

recuperação autonômica cardíaca (Fase II) (COOTE, 2010; IMAI et al., 1994; PERINI et al.,

1989).

Na fase I ocorre uma rápida redução da FC (IMAI et al., 1994; PERINI et al., 1989), a

qual se deve à interrupção dos estímulos do comando central e mecanoreceptores musculares

(BULL et al., 1989; CARTER et al., 1999; OGOH et al., 2002). Esta rápida queda da FC pode

ser eliminada pela aplicação intravenosa de atropina (bloqueador parassimpático),

demonstrando que esta rápida redução da FC após sessões de exercício físico é mediada pela

ação vagal sobre o nodo sinusal (BORRESEN; LAMBERT, 2008; FISHER et al., 2006; IMAI

et al., 1994; SAVIN; DAVIDSON; HASKELL, 1982).

Com o decorrer do período de recuperação, ocorre a remoção de metabolitos

produzidos durante a realização do exercício físico e catecolaminas circulantes, assim como o

retorno do pH e temperatura corporal aos níveis basais (COOTE, 2010; PERINI et al., 1989).

Esta normalização dos substratos produzidos durante o exercício físico em conjunto com a

regulação da temperatura corporal, permite a diminuição da ação de quimiorreceptores,

metaborreceptores musculares e termoreceptores (COOTE, 2010; GONZÁLEZ-ALONSO,

2012; GUJIC et al., 2007; NIEMELÄ et al., 2008) o que resulta em uma redução da FC de

maneira gradual e sustentada, devido ao retorno da atividade vagal cardíaca aliada a uma

redução da atividade simpática cardíaca (COOTE, 2010).

Devido a esta dependência do SNA a análise da RFC após sessões de exercício físico

representa uma importante ferramenta clínica não invasiva na análise da função autonômica

cardíaca de indivíduos com DCNT, como o DM.

3.6 RECUPERAÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NO DM

A RFC é definida como o intervalo de tempo que a FC leva para retornar aos valores

basais após a realização de exercício físico (COOTE, 2010). A qual se deve ao aumento da

atividade do SNP e uma redução SNS sobre o coração (SAVIN; DAVIDSON; HASKELL,

1982). O método mais conhecido e utilizado para avaliação da RFC se dá por meio da

diferença entre a FC mensurada ao pico do exercício e a FC aferida após um determinado

período de recuperação (COLE et al., 1999; OSTOJIC et al., 2009).

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Cole et al., (1999) foram os primeiros a utilizar a RFC como um indicador de

mortalidade. Esta associação atualmente é comprovada por Arbit et al., (2015) e Dhoble et al.,

(2014), os quais verificaram que a RFC pode ser um preditor de mortalidade por todas as

causas, além de adicionar valor incremental a sua predição. Esta associação também é

constatada em indivíduos diabéticos (CHENG et al., 2003; ZAFRIR et al., 2016), devido à

disfunção autonômica cardíaca decorrente do DM, pois como demonstrado por Sacre et al.,

(2012) a RFC após exercício físico pode promover um diagnóstico preciso de disfunção

autonômica cardíaca, em indivíduos com DM2. Além de sua associação com a mortalidade, a

RFC também esta associada com isquemia miocárdica e predição de outros eventos cardíacos

(CHACKO et al., 2008; GEORGOULIAS et al., 2009; YAMADA et al., 2011).

Atualmente se sabe que indivíduos diabéticos apresentam uma menor taxa de RFC

(ANARUMA et al., 2016; BANTHIA et al., 2013; KARJALAINEN et al., 2012; SIPAHI et

al., 2004; SYDÓ et al., 2016; TURKER et al., 2013). Esta menor taxa de RFC pode ser notada

mesmo antes do diagnóstico de diabetes, como demonstrado por Jae et al., (2016) e Yu et al.,

(2016) os quais verificaram que a lenta RFC pode ser um preditor de incidência de DM2. Esta

lenta RFC em indivíduos diabéticos pode ser explicada pela menor atividade vagal à qual

estes indivíduos estão submetidos (DE MOURA-TONELLO et al., 2016; JAISWAL et al.,

2013a), pois a RFC representa um índice de atividade do SNP, sendo mediada pelo nervo

vago (ARAI et al., 1989; IMAI et al., 1994; SAVIN; DAVIDSON; HASKELL, 1982).

O maior tempo de RFC implica em um maior risco a eventos cardiovasculares após a

realização de exercícios físicos, a este respeito Albert et al., (2000) propuseram o modelo de

“janela de exposição” a riscos cardiovasculares. Este modelo sugere que minutos após a

realização de exercícios físicos o praticante estará exposto a um maior risco cardiovascular

devido à condição autonômica desfavorável, a qual se deve ao fato de que durante o exercício

físico ocorre uma retirada vagal (atividade cardioprotetora) e um concomitante aumento da

atividade simpática (ARAI et al., 1989; SAVIN; DAVIDSON; HASKELL, 1982).

3.7 REATIVAÇÃO VAGAL PLENA NO DM

Uma ferramenta eficaz para se avaliar a reativação vagal pós-exercício é a análise da

VFC, porém os índices da VFC tanto no DT, quanto no DF necessitam de fases estacionarias

do sinal de iRR, impossibilitando sua utilização nos momentos iniciais do período de

recuperação pós-exercício (TASK FORCE, 1996). Com o intuito de adaptar a VFC para

análise em momentos pós-esforço físico, algumas metodologias como a análise “Time-

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varying” da VFC e análise “tempo-frequência” da VFC foram propostas, possibilitando assim

a avaliação autonômica em momentos não estacionários do sinal dos iRR (GOLDBERGER et

al., 2006; MAINARDI; BIANCHI; CERUTTI, 2002).

A análise “time-varying” da VFC foi proposta por Goldberger et al., (2006) quando ao

utilizarem bloqueio farmacológico, observaram que a curva dos sinais de iRR pós-esforço

físico poderia ser dividida em intervalos estáveis, nos quais a VFC possui uma forte

correlação com a atividade parassimpática, com esta observação estes autores propuseram a

utilização do cálculo do índice RMSSD, em intervalos de 30 segundos (RMSS30s), para

análise da reativação vagal plena (RVP) pós-exercício.

Para a análise Tempo-Frequência da VFC é utilizado a “Short-Time Fourier

Transform” a qual se trata de uma extensão da TRF, proposta para cálculo da VFC em

momentos não estacionários (MAINARDI; BIANCHI; CERUTTI, 2002). A aplicação deste

procedimento calcula a VFC, a partir da estimativa da densidade espectral das bandas LF e

HF, em pequenas janelas de um minuto, o que produz um gráfico tridimensional, onde as

abscissas representam os instantes de tempo e a frequência dos componentes do segmento

analisado, e a ordenada, corresponde à amplitude de energia correspondente (AKAY; IEEE

ENGINEERING IN MEDICINE AND BIOLOGY SOCIETY, 1998).

Em se tratando da análise da RVP em indivíduos diabéticos, até onde sabemos,

somente o estudo de Anaruma et al., (2016) investigaram o comportamento autonômico após

sessão aguda de esforço físico. Estes autores demonstraram que indivíduos portadores de

DM1 apresentam um desequilíbrio autonômico, principalmente relacionado ao tônus

parassimpático após sessão aguda de esforço físico, o que se reflete em uma menor reativação

vagal em comparação com controles não diabéticos. Porém neste estudo a VFC após esforço

físico foi avaliada apenas em indivíduos com DM1 e somente por um período de 30 minutos,

o que não possibilitou a identificação da total recuperação autonômica destes indivíduos, ou

seja, a RVP.

Levando-se em consideração o modelo de “Janela de exposição” a riscos

cardiovasculares, proposto por Albert et al., (2000) e a baixa taxa de RFC presente em

indivíduos diabéticos, está claro que esta população possui um elevado risco a saúde

cardiovascular e que o exercício físico realizado cronicamente pode ser um importante aliado

no controle e tratamento dos efeitos deletérios decorrentes do DM, porém ainda não se sabe o

real risco ao qual estes indivíduos estão submetidos após a realização de esforços físicos,

devido à escassez literária investigando o efeito de diferentes níveis de atividade física sobre a

recuperação autonômica cardíaca desta população.

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Em relação ao aumento no risco de mortalidade devido à baixa RFC, intervenções por

meio da utilização de programas de treinamento físico podem trazer efeitos benéficos ao

controle glicêmico (KANG et al., 2009), capacidade aeróbica (REVDAL; HOLLEKIM-

STRAND; INGUL, 2016) e parâmetros autonômicos cardiovasculares, como RFC (LIU et al.,

2016; RIBISL et al., 2012) reduzindo assim fatores de risco cardiovascular associados ao DM.

3.8 EXERCÍCIO FÍSICO NO DM

A prática regular de exercícios físicos juntamente com o controle nutricional são

consideradas intervenções não farmacológicas de controle do DM, por este motivo, a

American Diabetes Association, (2016a) e a World Health Organization, (2010) recomendam

a realização de exercícios físicos aeróbicos de intensidade moderada, por pelo menos 150

minutos por semana, assim como uma redução do tempo em atividades sedentárias. Esta

adoção à prática regular de exercícios fiscos pode proporcionar uma melhoria da qualidade de

vida de indivíduos diabéticos (MYERS et al., 2013).

Estes efeitos são mais evidenciados no DM2, já que à melhora no controle glicêmico

do DM1 não está associada à prática de exercícios físicos (LIGTENBERG et al., 1999),

porém o aumento da sensibilidade à insulina exógena auxilia na diminuição da dose

necessária para o controle glicêmico destes indivíduos (RABASA-LHORET et al., 2001).

Além da redução dos fatores de risco associados ao DM, estudos anteriores têm

demonstrado que o treinamento físico também pode proporcionar benefícios ao SNA,

aumentando o tônus vagal cardíaco e reduzindo o tônus simpático, tanto em humanos quanto

em modelos experimentais (CHEN; CHANDLER; DICARLO, 1997; DIXON et al., 1992).

Com relação à função autonômica cardiovascular de indivíduos diabéticos, alguns estudos

também têm demonstrado sua eficácia, seja em humanos ou em animais

(BHAGYALAKSHMI et al., 2007; DE ANGELIS et al., 2000; FISHER et al., 2007; GOIT et

al., 2014; HOWORKA et al., 1997; MOSTARDA et al., 2009; PAGKALOS et al., 2008;

SHIN et al., 2014; SRIDHAR et al., 2010; ZOPPINI et al., 2007).

O ponto em comum destes estudos é o fato de utilizarem o exercício físico aeróbio

para proporcionarem tais resultados, porém Mostarda et al., (2014) verificaram que o

treinamento resistido de baixa intensidade também foi eficaz em induzir melhorias no

controle autonômico cardiovascular de ratos Wistar. No entanto, Kang; Ko; Baek, (2016) e

Sacre et al., (2014) ao avaliarem o efeito do treinamento resistido e aeróbio combinados sobre

a VFC não obtiveram diferenças significativas.

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Por outro lado, Liu et al., (2016) verificaram que treinamento aeróbio e resistido,

combinados, de doze semanas resultaram em uma diminuição no tempo de RFC de indivíduos

com DM2, o que é um indicador de melhora da disfunção autonômica decorrente do DM.

Além disso, Ribisl et al., (2012), verificaram que uma mudança no estilo de vida, com

aplicação de exercícios físicos e controle alimentar objetivando a perda de peso, também

proporcionaram uma melhora significativa na RFC de pacientes com DM2. Com relação ao

treinamento de endurance, Figueroa et al., (2007) obtiveram resultados positivos sobre o

controle autonômico da FC pós-exercício em mulheres obesas com DM2.

Embora os benefícios da prática regular de exercícios físicos sobre a VFC em

pacientes com DM2 já tenham sido comprovados cientificamente, até onde temos

conhecimento, estudos destinados à avaliar a influência do estilo de vida fisicamente ativo

sobre a RFC e RVP pós-exercício desta população ainda não foram realizados. Necessitando-

se de mais informações cientificas a respeito das possíveis influências do estilo de vida,

fisicamente ativo ou insuficientemente ativo, sobre o comportamento autonômico cardíaco

após esforço físico de indivíduos diabéticos tipo 2.

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4 MÉTODOS

4.1 DESENHO EXPERIMENTAL

O presente estudo se caracteriza como um estudo transversal, descritivo e exploratório,

de base institucional, o qual foi composto por pacientes diabéticos de ambos os sexos, com

idade entre 18 e 65 anos, atendidos rotineiramente no Ambulatório de Diabetes da Disciplina

de Endocrinologia do Hospital de Clinicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro

(HC-UFTM) desde o ano de 2010 até o presente momento.

Inicialmente foi realizado contato via correio eletrônico com o Escritório de Processos

e Projetos do HC-UFTM - Filial Ebserh/SGPTI, responsável pelo controle de aprovações de

consultas de prontuários, para ter acesso ao Aplicativo de Gestão para Hospitais

Universitários (AGHU) com objetivo de se obter informações dos pacientes diabéticos

atendidos no ambulatório de especialidades do HC-UFTM.

A abordagem aos pacientes foi realizada nos dias e horários habituais destinados a

consultas de rotina, nesse momento, os pesquisadores discorreram de todas as informações

sobre a pesquisa e convidaram os mesmos a participarem voluntariamente do estudo com a

apresentação verbal e por escrito do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

(Apêndice A) para posterior preenchimento e assinatura de autorização.

Após as etapas iniciais de apresentação do estudo e seleção dos voluntários, uma

anamnese foi realizada a partir de um questionário elaborado e aplicado pelos pesquisadores

(Apêndice B) a fim de se obter informações sobre os dados pessoais, antecedentes familiares,

histórico de moléstia atual, estilo de vida relacionado à saúde e hábitos comportamentais.

Com os resultados destas avaliações, juntamente com os resultados do nível de

atividade física, os voluntários selecionados para participar do presente estudo foram alocados

em dois grupos:

Grupo DMFA: composto por diabéticos com DM2 fisicamente ativos;

Grupo DMIA: composto por diabéticos com DM2 insuficientemente ativos;

Posteriormente, exames físicos foram realizados para obtenção do perfil

antropométrico, composição corporal, parâmetros hemodinâmicos da FC e PA em repouso.

Em seguida, todos os voluntários foram convidados a comparecer ao laboratório de

Biodinâmica do Desempenho do Departamento de Ciências do Esporte (DCE) da UFTM para

realização do registro eletrocardiográfico e teste de esforço submáximo com posterior análise

da recuperação autonômica cardíaca.

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4.2 AMOSTRA

A amostra da presente investigação foi constituída por 14 pacientes com DM2, de

ambos os sexos. Os voluntários participantes do estudo foram alocados em dois grupos:

fisicamente ativos (n=7) e insuficientemente ativos (n=7). Para garantir o perfil clinico

exigido para pesquisa, os seguintes critérios de inclusão foram adotados:

Pacientes de ambos os sexos com diagnóstico de DM2;

Idade entre 18 e 65 anos;

Pacientes que estejam participando da rotina de atendimentos do Ambulatório de

Diabetes da Disciplina de Endocrinologia do HC-UFTM.

Aceitar participar do estudo assinando o TCLE.

Para garantir total segurança aos voluntários da presente pesquisa os seguintes

critérios de exclusão foram adotados:

Ser portador de necessidades especiais físicas e/ou neurológicas que comprometam a

capacidade de compreensão e/ou deambulação;

Histórico de alcoolismo e/ou tabagismo;

Pacientes diagnosticadas com diabetes gestacional;

Pacientes que fazem parte do programa de atendimentos do Ambulatório de

Especialidades, mas que estão ausentes de atendimentos a mais de 12 meses

consecutivos.

4.3 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA

Para avaliar o nível de atividade física (NAF) foi utilizada a forma curta do

International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) (Apêndice C), validado para população

brasileira com idade entre 18 e 65 anos por Craig et al., (2003). Este questionário apresenta

questões relacionadas com as atividades físicas realizadas em uma semana habitual, com

intensidades moderadas e vigorosas, por pelo menos 10 minutos contínuos. Além da avaliação

do tempo sentado em um dia de semana e um dia de final de semana.

Os indivíduos foram classificados em fisicamente ativos ou insuficientemente ativos,

de acordo com os critérios estabelecidos pela World Health Organization, (2010). Esta

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categorização foi realizada pelo tempo total dispendido em atividades de intensidade

moderado-vigorosa, obtidos pelo IPAQ, sendo classificados da seguinte forma:

Insuficientemente ativos (< 150 minutos/semana de atividade física de intensidade

moderada ou < 75 minutos/semana de atividade física vigorosa);

Fisicamente ativos (≥ 150 minutos/semana de atividade física de intensidade moderada

ou ≥ 75 minutos/semana de atividade física vigorosa);

4.4 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E DE COMPOSIÇÃO CORPORAL

A avaliação antropométrica foi realizada por profissionais de Educação Física,

previamente treinados para realização de protocolos de avaliação física. Para definir a massa

corporal utilizou-se uma balança digital (Design Clean HD313 – Tanira®). Para averiguar a

estatura corporal foi utilizado um estadiômetro (E120p – Tonelli®). A partir desses dados

quantificou-se o Índice de Massa Corporal (IMC), dado pela razão entre o peso corporal (kg)

e a altura ao quadrado (m2).

A circunferência de cintura foi mensurada no ponto médio entre a última costela e a

porção superior da crista ilíaca. A circunferência de quadril foi mensurada no ponto de maior

circunferência. Os valores obtidos nestas mensurações foram utilizados para o calculo da

Relação Cintura/Quadril (RCQ), dada pela razão entre a circunferência de cintura e

circunferência de quadril.

Para realização da avaliação da composição corporal foi realizada aplicando o

protocolo de dobras cutâneas de Pollock; Jackson, (1984) utilizando-se adipômetro cientifico

da marca Cescorf®.

4.5 AVALIAÇÃO DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE REPOUSO

4.5.1 Registro eletrocardiográfico

Após um período mínimo de dez minutos de repouso para estabilização da FC na

posição supina, o registro do sinal eletrocardiográfico de repouso foi realizado com o

voluntário por um período de cinco minutos, com eletrodos na posição CM5 (utilizando-se

eletrocardiograma ADInstruments, Austrália). Os sinais de ECG registados foram

transportados através de conversor analógico-digital (PowerLab, sistema de aquisição de

dados de 4 canais, ADInstruments, Austrália) com uma frequência de amostragem de 1024

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Hz. Um segmento sem artefatos ou batimentos ectópicos de 5 minutos do sinal de ECG foi

analisado utilizando-se o software LabChart 8.0.10 (Copyright© 1994-2015 ADInstruments),

o qual permitiu a inspeção visual do sinal de ECG bruto e dos sinais respiratórios, de modo a

obter os parâmetros de VFC, no DT e da DF.

4.5.2 Análise no domínio do tempo

Esta análise envolveu a comparação de dois sinais diferentes e foi analisada utilizando

medidas estatísticas. As flutuações da FC foram avaliadas utilizando-se as variáveis (a) desvio

padrão dos iRR normais, sensíveis a todas as fontes de variação (SDNN); (b) diferença

quadrática média de iRR (RMSSD) e (c) porcentagem de iRR sucessivos que variam em mais

de 50 ms (PNN50), que são mais sensíveis ao componente de frequência mais elevada e

melhores preditores de atividade parassimpática.

4.5.3 Análise de domínio de frequência

A TRF não paramétrica foi utilizada para análise de parâmetros do DF. Diferentes

componentes da TRF com suas faixas de frequência específicas foram: VLF, variando de

0,003 a 0,04 Hz, que indica termorregulação e pode ser usada para calcular a unidade

normalizada de LF (LFnu) e HF (HFnu) o que representam o valor relativo de cada

componente em proporção à potência total menos o componente VLF; LF, variando de 0,04 a

0,15 Hz, indicando o tônus simpático e parassimpático, porém com predominância simpática;

HF, variando de 0,15 a 0,4 Hz, que é indicativa do tônus vagal; Potência Total do Espectro

(PT) (0-0,4 Hz) que reflete tônus simpático e parassimpático e razão LF/HF que reflete o

equilíbrio simpatovagal.

4.6 AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA PÓS-EXERCÍCIO

4.6.1 Teste de esforço submáximo

Para a realização do teste de esforço submáximo os voluntários foram orientados a se

apresentarem ao laboratório de Biodinâmica do Desempenho da UFTM utilizando roupas

apropriadas para a realização de exercícios físicos e não realizarem qualquer exercício físico

durante as 24 horas que antecediam o teste, assim como se absterem de café, chá,

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refrigerantes, energéticos ou qualquer outro tipo de alimento ou bebida que contenham

substâncias estimulantes do sistema nervoso central em sua composição, por um período

mínimo de 12 horas que antecediam o teste.

Teste de esforço progressivo submáximo, em esteira ergométrica, foi aplicado

seguindo protocolo de Bruce, realizado em esteira ergométrica (Imbramed Super ATL,

Imbrasport). O teste consistiu de múltiplos estágios, com duração de três minutos, com

velocidade inicial de 2,7 Km/h e inclinação de 10%, havendo incremento de 1,3 Km/h na

velocidade e de 2% na inclinação a cada estágio. A intensidade do esforço foi constantemente

controlada pela escala de percepção subjetiva do esforço de Borg CR-10.

Os testes foram encerrados quando os voluntários atenderam pelo menos um dos dois

critérios adotados: a) exaustão voluntária máxima, definida pela indicação da pontuação 10 na

escala Borg CR-10; b) atingir o valor de 85% da FC máxima predita para idade ou presença

de platô de FC (ΔFC entre duas intensidades consecutivas ≤ 4 batimentos/min). Todos os

testes foram realizados em ambiente com a temperatura controlada entre 21ºC a 23ºC e

umidade relativa do ar entre 55% a 70%, onde permanecerão por todo o período de

recuperação (HOWLEY; BASSETT; WELCH, 1995).

4.6.2 Registro dos iRR, Transmissão dos dados, Processamento do sinal e Análise da VFC

O iRR foi constantemente registrado durante todo o decorrer do teste (iRRteste) e por

um período de 60 minutos após o término do teste (iRRrecuperação), por meio de

cardiofrequencímetro (Polar RS800cx Polar™, Kempele, Finland) com uma frequência de

amostragem de 1000 Hz. O sinal de iRRteste e iRRrecuperação, foram transmitidos para um

computador por meio de interface com dispositivo infravermelho e do software Polar

Precision Performance (Polar™, Kempele, Finland). Os sinais foram filtrados pelo

programa, excluindo os valores do iRR com diferenças maiores que 30% do iRR precedente

(CUNHA et al., 2015).

Após a remoção de artefatos os sinais foram então processados pela TRF usando o

método de Welch e uma janela de Hanning com sobreposição de 50%, usando um algoritmo

customizado (SinusCor, versão 1.0.1) de Matlab (Matlab 6.0, Mathworks Inc., EUA)

(CUNHA et al., 2015). As séries de iRR foram então convertidas em séries temporais

igualmente espaçadas com intervalos de 200 ms utilizando interpolação de spline cúbica

(TASK FORCE, 1996).

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4.6.3 Análise time-varying da VFC

Para análise da VFC, no DT, no repouso e na recuperação pós-esforço físico, foi

realizada a análise “time-varying” da VFC. Inicialmente realizou-se o alisamento dos sinais

em questão, em todo o sinal registrado. Os primeiros e os últimos valores não foram filtrados.

Após o alisamento, foi calculado o índice RMSSD (raiz média quadrática da diferença dos

iRR sucessivos), para cada janela de 30 segundos (RMSSD30s) como proposto por

Goldberger et al., (2006) tendo sua reprodutibilidade confirmada por Al Haddad et al., (2010)

e Buchheit; Laursen; Ahmaidi, (2007).

4.6.4 Análise tempo-frequência da VFC

Para análise da VFC no domínio da frequência, no repouso e na recuperação, utilizou-

se a análise “tempo-frequência”. Para isto, as séries de iRR foram interpoladas a seis Hz, por

meio de spline cúbica, efetuando-se a remoção do componente de tendência linear do sinal

(detrend) e aplicando-se o método de Welch (AKAY; IEEE ENGINEERING IN MEDICINE

AND BIOLOGY SOCIETY, 1998; MAINARDI; BIANCHI; CERUTTI, 2002).

Para sua construção, um segmento de 360 amostras foi multiplicado por uma janela

Hanning antes de calcular sua função de densidade espectral (PSD - power spectral density).

Em seguida, a janela foi deslocada ao longo do sinal, ao passo de um milissegundo,

permitindo o cálculo de trechos consecutivos. Para a análise espectral da VFC, em cada

espectro de potência, foram calculadas as áreas das bandas de Baixa (LF; 0,04-0,15 Hz) e Alta

Frequência (HF; 0,15-0,4 Hz). Em cada período de um minuto, foram estimadas as médias

dos valores LF e HF, expressas em potência absoluta (em ms²).

4.6.5 Determinação da reativação vagal plena

Para determinação da RVP, inicialmente foi determinada a faixa de tolerância da VFC

de repouso. A faixa de tolerância da VFC de repouso foi calculada a partir do coeficiente de

variação (CV%) dos valores de RMSSD30s e HF1min. de repouso, de cada indivíduo.

Inicialmente, foram calculados, para todo o período de repouso, os índices RMSSD30s (10

janelas de 30 segundos) e HF (5 janelas de 1 minuto). Após isto, realizou-se o cálculo da

média e o desvio padrão destes valores. O CV (%) foi, então, calculado a partir do quociente

entre o desvio padrão e a média da VFC de repouso, multiplicado por 100. A faixa de

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tolerância, portanto, foi a média dos valores de VFC de repouso ± 1 CV (%). No momento em

que os valores de RMSSD30s e HF1min. de recuperação alcancem a faixa de tolerância de

seus valores de repouso, este foi considerado o ponto de RVP.

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram tabulados para a elaboração do banco de dados utilizando o programa

Epinfo 3.5.1, sendo que para análise estatística utilizou-se o software Sigma Plot versão 13.0.

Foi realizada análise descritiva utilizando a média e erro padrão. Para a análise bivariada

foram utilizados os seguintes testes estatísticos: para comparações entre grupos foi utilizado o

teste “t” de student ou teste U de Mann-Whitney de acordo com a presença ou não de

normalidade de distribuição e/ou homogeneidade da variância. Para análise do efeito

subagudo do exercício físico foi utilizado do teste One Way ANOVA seguido de pos-teste de

Bonferroni e para análise de correlação foi utilizado o teste de Pearson. A diferença entre os

parâmetros foi considerada significativa quando a probabilidade foi a 5%.

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5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A tabela 1 apresenta o tempo de diagnóstico do diabetes, a idade e características

antropométricas e de composição corporal dos voluntários do presente estudo, assim como o

tempo semanal despendido em atividade física, demonstrado pelo NAF. Evidenciou-se que a

idade e o tempo de diagnóstico de diabetes não diferiram entre os grupos, o que garante uma

homogeneidade amostral dos grupos avaliados. Para o NAF evidenciou-se que o grupo DMIA

apresentou uma menor prática semanal de atividade física (97,86 ± 42,68 min./sem.)

comparado ao grupo DMFA (333,57 ±70,80 min./sem.; p = 0,011). Quanto aos parâmetros

antropométricos e de composição corporal, observou-se que apenas a variável massa corporal

magra diferiu entre os grupos avaliados, a qual se apresentou menor no grupo de indivíduos

insuficientemente ativos em relação ao grupo de indivíduos fisicamente ativos (43,57 ± 2,57

Kg vs. 57,00 ± 3,09 Kg; p = 0,006).

Tabela 1. Caracterização dos voluntários quanto ao tempo de diagnóstico de DM, idade,

variáveis antropométricas e de composição corporal.

DMIA (n=7) DMFA (n=7) P

Tempo de diagnóstico (anos) 14 ±2,94 9,71 ±2,36 0,278

Idade (anos) 57,57 ±2,47 54,29 ±2,63 0,381

NAF (minutos/semana) 97,86 ±42,68 333,57 ±70,80 0,011

IMC (kg/m²) 28,73 ±1,49 34,1 ±2,57 0,096

Percentual de gordura (%) 38,29 ±0,39 37,77 ±0,7 0,534

MCM (kg) 43,57 ±2,57 57 ±3,09 0,006

RCQ (cm) 0,97 ±0,04 0,93 ±0,03 0,420

Dados expressos como média (±epm). NAF = Nível de atividade física; IMC = Índice de Massa Corporal; MCM

= Massa Corporal Magra; RCQ = relação cintura/quadril.

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5.2 PARÂMETROS HEMODINÂMICOS BASAIS

Na tabela 2 se encontram os valores dos parâmetros hemodinâmicos de repouso de

ambos os grupos. Pode-se evidenciar que o grupo DMIA apresentou maiores valores de FC de

repouso comparado ao grupo DMFA (78,34 ± 3,09 bpm vs. 67,78 ± 3,04 bpm; P = 0,035).

Quanto aos níveis de PA sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM) não foram

observadas diferenças significativas entre os grupos avaliados no presente estudo.

Tabela 2. Parâmetros hemodinâmicos de repouso.

DMIA (n=7) DMFA (n=7) P

FC (bpm) 77,66 ± 3,17 67,11 ± 2,66 0,025

PAS (mmHg) 134,28 ± 5,71 132,14 ± 3,76 0,759

PAD (mmHg) 88,57 ± 2,61 85,71 ± 2,97 0,484

PAM (mmHg) 103,80 ± 3,53 101,20 ± 2,97 0,581

Dados expressos como média (±epm); FC = frequência cardíaca; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão

arterial diastólica e PAM = pressão arterial media.

5.3 MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA DE REPOUSO

A análise da modulação autonômica cardíaca de repouso dos voluntários deste estudo

(Tabela 3) demonstrou que os indivíduos do grupo DMIA apresentaram menores índices da

VFC em comparação aos DMFA como demonstrado pelos índices no domínio do tempo:

SDNN (16,07 ± 2,85 ms vs. 26,04 ± 1,98 ms; p = 0,014), RMSSD (10,78 ± 1,77 ms vs. 21,16

± 2,05 ms; p = 0,002), pNN50 (0,25 ± 0,20% vs. 2,42 ± 1,23%; p = 0,004).

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Tabela 3. Modulação autonômica cardíaca de repouso.

DMIA (n=7) DMFA (n=7) P

iRR (ms) 779,9 ± 28.32 903,27 ± 35,72 0,014

SDNN (ms) 16,07 ± 2,85 26,04 ± 1,98 0,014

RMSSD (ms) 10,78 ± 1,77 21,16 ± 2,05 0,002

pNN50 (%) 0,25 ± 0,20 2,42 ± 1,23 0,004

PT ms² 363,71 ± 109,35 761,5 ± 108,17 0,017

LF ms² 114,61 ± 34,44 145,33 ± 14,84 0,429

HF ms² 133,02 ± 79,16 254,98 ± 47,82 0,038

Razão LF/HF 2,99 ± 1.92 0,71 ± 0.14 0,259

LF nu 55,81 ± 8.92 38,37 ± 4.97 0,113

HF nu 45,05 ± 7.89 59,23 ± 4.82 0,152

Dados expressos como média (±epm); iRR = intervalos entre ondas R do eletrocardiograma; SDNN = desvio

padrão dos iRR normais; RMSSD = diferença quadrática média de intervalos RR; pNN50 = porcentagem dos

iRR adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms; PT = potência total da VFC no domínio da

frequência; VLF = very low frequency (banda de muito baixa frequência); LF = low frequency (banda de baixa

frequência); HF = high frequency (banda de alta frequência); nu – unidades normalizadas.

Com relação à análise da VFC no domínio da frequência, evidencia-se um

comportamento semelhante ao encontrado na análise no DT, onde o grupo DMIA apresentou

os menores índices de PT (363,71 ± 109,35 ms²) e HF (133,02 ± 79,16 ms²) comparado ao

grupo DMFA (PT: 761,5 ± 108,17 e HF: 254,98 ± 47,82; p ˂ 0,05), demonstrando um menor

controle autonômico cardíaco, devido especialmente ao menor índice do componente

espectral de HF, o que representa uma baixo controle parassimpático cardíaco neste grupo.

5.4 CORRELAÇÃO ENTRE NAF E ATIVIDADE VAGAL CARDÍACA DE REPOUSO

A figura 1 apresenta os valores de associação entre o NAF e o índice do componente

HF da VFC dos grupos DMIA e DMFA. Observa-se que ocorreu uma moderada e positiva

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correlação entre o NAF e o índice HF (r = 0,684; P = 0,006). O que demonstra o efeito

benéfico da prática de atividade física sobre o a atividade vagal cardíaca.

Figura 1. Correlação entre o nível de atividade física e o índice de atividade parassimpática no

domínio da frequência dos grupos DMFA e DMIA.

5.5 COMPORTAMENTO DA FC APÓS TESTE DE ESFORÇO SUBMÁXIMO

O efeito subagudo do exercício físico sobre a FC nos momentos iniciais do período de

recuperação é evidenciado na figura 2. Constatou-se que nenhum dos indivíduos dos grupos

avaliados apresentou anormalidades na RFC (marcada pela RFC após um minuto de

recuperação ˂ 18 bpm). Também não foram observadas diferenças entre os grupos DMIA e

DMFA quanto à RFC após 1 minuto (33,43 ± 1,84 bpm vs. 41,29 ± 6,12 bpm; p = 0,383), 2

minutos (47,0 ±3,33 bpm vs. 53,857 ± 4.94 bpm; p = 0,272) e 3 minutos (47,0 ±3,50 bpm vs.

56,29 ±6,10 bpm; p = 0,212) após o término do teste de esforço submáximo.

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Figura 2. Taxa de recuperação da frequência cardíaca com 1, 2 e 3 minutos de recuperação

após teste ergométrico. Os valores são correspondentes à média (±epm) da RFC com 1 (A), 2

(B) e 3 minutos (C) de recuperação após o exercício.

A análise do comportamento da FC em todo o período de recuperação é evidenciada

na figura 3, foi observado que para o grupo fisicamente ativo, a FC após o exercício

apresentou valores mais elevados, em comparação ao repouso, por um período de 25 minutos

após o término do exercício, após este período a FC apresentou oscilações em seus valores até

o minuto 41 do período de recuperação. Após 42 minutos de recuperação a FC cardíaca não

apresentou diferenças estatísticas em relação ao repouso, obtendo assim uma completa

recuperação da FC.

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43

Figura 3. Comportamento da frequência cardíaca durante o repouso, exercício e período de

recuperação do grupo DMFA. Os valores da FC são correspondentes à média (±epm) de 1

minuto da duração total pós-exercício. *p<0,05 vs. repouso.

Com relação ao comportamento da FC dos indivíduos do grupo DMIA durante a

recuperação (Figura 4) podemos observar que os mesmos apresentaram maiores valores de

FC em comparação ao repouso, em grande parte dos momentos avaliados, não apresentando

diferença estatística apenas durante os minutos 45 e 46.

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44

Figura 4. Comportamento da frequência cardíaca durante o repouso, exercício e período de

recuperação do grupo DMIA. Os valores da FC são correspondentes à média (±epm) de 1

minuto da duração total pós-exercício. *p<0,05 vs. REPOUSO.

Ao comparar as médias de FC durante o todo período de recuperação entre os grupos

avaliados, observou-se que o grupo DMFA apresentou uma menor FC média no período de

recuperação (78,24 ± 0,93 bpm) comparado ao grupo DMIA (89,11 ± 0,85 bpm; P ˂ 0,001).

Porém, ao avaliar os valores de FC minuto a minuto (figura 5), foram observadas diferenças

estatísticas entre os grupos DMFA e DMIA, respectivamente, apenas para os minutos oito

(80,42 ± 2,88 bpm vs. 92,27 ±4,61 bpm; P = 0,05), 18 (77,96 ±3,1 bpm vs. 90,44 ±4,17 bpm;

P = 0,033) e 22 (77,19 ±2,64 bpm vs. 88,74 ±4,47 bpm; P = 0,046).

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45

Figura 5. Comportamento da FC na fase de recuperação após o teste ergométrico. Os valores

da FC são correspondentes à média (±epm) de 1 minuto da duração total pós-exercício. *p <

0,05 vs. DMIA.

5.6 COMPORTAMENTO AUTONÔMICO APÓS TESTE DE ESFORÇO SUBMÁXIMO

A figura 6 apresenta a média dos índices RMSSD30s e HF1min. de todos os períodos

de recuperação. Podemos observar que o grupo DMIA quando comparado ao grupo DMFA

apresentou reduzidos índices no DT (9,27 ± 0.15 ms vs. 16,16 ± 0.26 ms; p ˂ 0,001) e DF

(43,97 ± 2,73 ms² vs. 97,40 ± 4,97 ms²; p < 0.001) da VFC o que representa uma menor

atividade parassimpática cardíaca destes indivíduos insuficientemente ativos durante a

recuperação.

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46

Figura 6. Análise comparativa em grupos da média dos índices RMSSD (avaliado em janelas

de 30 segundos) e HF (avaliados em janelas de um minuto durante recuperação).

5.7 REATIVAÇÃO VAGAL PLENA APÓS TESTE DE ESFORÇO SUBMÁXIMO

Quanto realizada a análise da RVP por meio da análise time-varying da VFC no DT

(RMSSD30s), durante o período de recuperação, foi observado que o grupo DMFA

apresentou um rápido aumento no tônus vagal após a realização do esforço físico, alcançando

o limiar inferior da faixa de tolerância da VFC de repouso, após 10,5 minutos de recuperação

(Figura 7).

RMSSD HF

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Figura 7. Comportamento dos valores de RMSSD30s referente ao grupo DMFA no período de

60 minutos de recuperação após teste ergométrico. As barras de erro padrão foram omitidas

para permitir uma melhor visualização do gráfico.

Por outro lado ao realizar a análise da RVP no DT dos indivíduos do grupo DMIA,

verificou-se que os mesmos não atingiram o nível de RVP, expresso na faixa de tolerância,

durante a recuperação, o que demonstra que o índice RMSSD30s apresentou-se suprimido por

todo o período de recuperação pós-exercício, indicando o retardo da reativação vagal após o

exercício.

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Figura 8. Comportamento dos valores de RMSSD30s referente ao grupo DMIA no período de

60 minutos de recuperação após teste ergométrico. As barras de erro padrão foram omitidas

para permitir uma melhor visualização do gráfico.

A RVP no DF no período de recuperação após sessão aguda de exercício físico do

grupo DMFA é evidenciado na figura 9. Esta análise tempo-frequência da VFC no DF

(HF1min.) demonstrou que o grupo de indivíduos fisicamente ativos alcançaram a RVP,

expresso na faixa de tolerância, após 30 minutos de recuperação.

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Figura 9. Comportamento dos valores de HF1min. referente ao grupo DMFA no período de

60 minutos de recuperação após teste ergométrico. As barras de erro padrão foram omitidas

para permitir uma melhor visualização do gráfico.

A figura 10 apresenta o comportamento do índice HF1min. no período de recuperação

do grupo DMIA. Neste gráfico podemos notar que os indivíduos deste grupo apresentaram

uma reduzida atividade parassimpática no período de recuperação quando comparada ao

repouso, representado por valores do índice HF1min. abaixo da faixa de tolerância da RVP.

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Figura 10. Comportamento dos valores de HF1min. referente ao grupo DMIA no período de

60 minutos de recuperação após teste ergométrico. As barras de erro padrão foram omitidas

para permitir uma melhor visualização do gráfico.

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6 DISCUSSÃO

6.1 CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS, DE COMPOSIÇÃO CORPORAL E

NAF

As características antropométricas, tempo de diagnóstico de diabetes e NAF são

apresentadas na tabela 1. Podemos observar que o grupo DMFA apresentou um maior tempo

semanal despendido em atividade física comparado ao grupo DMIA. Também podemos notar

que o grupo de diabéticos fisicamente ativos apresentaram uma média de tempo de prática de

atividade física semanal superior ao recomendado pelas organizações de saúde vigentes.

Quanto as variáveis antropométricas e de composição corporal (IMC, RCQ e %G) entre os

grupos avaliados, o grupo DMFA apresentou uma maior quantidade de massa muscular,

representada pela MCM.

Com relação à composição corporal de indivíduos diabéticos, um estilo de vida

fisicamente ativos é uma ferramenta eficaz em proporcionar melhorias nestas variáveis, como

constatado no estudo de Yalamanchi et al., (2016), os quais demonstraram que o treinamento

físico aeróbio e resistido, executado três vezes por semana, foi eficaz em reduzir a quantidade

de gordura corporal, além de aumentar os valores de massa corporal magra em indivíduos

diabéticos tipo 2. No entanto, não foram observadas diferenças quanto ao percentual de

gordura entre os grupos avaliados, porém notou-se uma maior média de MCM no grupo de

diabéticos fisicamente ativos, corroborando com o estudo de Dahjio et al., (2016) que

encontraram resultados similares em relação à estas variáveis.

Este maior NAF do grupo DMFA representa um importante papel de controle da

glicose sanguínea dos indivíduos deste grupo, pois o exercício físico promove o aumento da

captação periférica de glicose através do aumento da expressão e translocação de GLUT-4,

sem que haja a necessidade da ação insulínica (GOODYEAR et al., 1992; HUGHES et al.,

1993). Além do NAF, a maior quantidade de massa muscular no grupo de diabéticos

fisicamente ativos também representa um efeito benéfico da prática de exercícios físicos ao

tratamento do DM, pois o tecido muscular é um dos principais responsáveis pela captação de

glicose plasmática, sendo responsável por cerca de 85% de toda captação periférica de glicose

pelos tecidos (DEFRONZO et al., 1985). No entanto, não podemos afirmar com exatidão que

estas variáveis interferiram no controle glicêmico dos indivíduos avaliados, já que não foram

realizadas análises bioquímicas da glicemia plasmática bem como da hemoglobina glicada.

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6.2 PARÂMETROS HEMODINÂMICOS BASAIS

Cerca de 40% dos diabéticos recentemente diagnosticados apresentam hipertensão

arterial (“Hypertension in Diabetes Study (HDS)”, 1993). Neste estudo a análise de PA dos

pacientes avaliados demonstra níveis pressóricos acima do recomendado pela VII Diretriz de

Hipertensão arterial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010) para

indivíduos com DM. Embora estudos tenham demonstrado que a prática regular de exercícios

físicos proporcionam reduções nos níveis pressóricos de indivíduos diabéticos (KANG; KO;

BAEK, 2016; SACRE et al., 2014), não foram evidenciadas alterações significativas na PAS,

PAD ou PAM entre os grupos avaliados.

Com relação à FC de repouso de indivíduos diabéticos, estudos anteriores não

encontraram diferenças consideráveis na FC de repouso de indivíduos com DM2, quando

comparados a indivíduos não diabéticos (BALDI et al., 2006; MICHEL-CHÁVEZ et al.,

2015; REGENSTEINER et al., 2009), porém anormalidades na FC de repouso ainda podem

ser observadas, o que pode representar um risco cardiovascular. A este respeito Hillis et al.,

(2012) encontraram uma associação entre os valores elevados de FC de repouso e aumento do

risco de mortalidade, demonstrando que para cada aumento de 10 bpm na FC de repouso o

risco de morte cardiovascular aumenta em 16% em indivíduos com DM2.

No presente estudo foi evidenciado que o grupo DMFA apresentou uma menor

frequência cardíaca de repouso. Nossos resultados corroboram com outros estudos que

observaram bradicardia de repouso induzida por treinamento físico ou pela adoção de um

estilo de vida saudável, utilizando a prática regular de atividade física como os estudos de

Ribisl et al., (2012) e Sacre et al., (2014) que observaram redução da FC de repouso, em

indivíduos diabéticos, após intervenções por meio de treinamento físico e mudanças nos

hábitos comportamentais.

Esta redução na FC de repouso observada no grupo DMFA, pode ser explicada pelo

seu maior NAF, pois estudos anteriores tem demonstrado que a realização crônica de

exercícios físicos proporciona bradicardia de repouso, quando comparados a sujeitos

sedentários, tendo seus efeitos mais evidenciados com o treinamento aeróbio (CONRAD;

NAGLE; CORLISS, 1982; SOBIESZCZANSKA et al., 2007). Esta bradicardia induzida pela

prática de exercícios físicos pode ser explicada pela melhora na modulação autonômica

cardíaca, caracterizado pelo aumento na modulação parassimpática cardíaca e redução da

atividade simpática cardíaca (BLOMQVIST; SALTIN, 1983; DIXON et al., 1992;

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GOLDSMITH et al., 1992). Outra possível explicação para a bradicardia de repouso no grupo

DMFA é a redução da frequência intrínseca de marcapasso cardíaco (KATONA et al., 1982).

6.3 PARÂMETROS AUTONÔMICOS DE REPOUSO

A análise da VFC é um dos métodos mais aceitos para a avaliação do controle

autonômico da FC, pois a mesma se trata de uma análise não invasiva e descreve as

influências parassimpáticas e simpáticas sobre o coração (TASK FORCE, 1996). Quanto à

análise da VFC de indivíduos diabéticos, estudos anteriores têm demonstrado um reduzido

controle da FC pelo SNA caracterizado, tanto por uma menor atividade vagal cardíaca, quanto

por uma atividade simpática inalterada ou elevada (DE MOURA-TONELLO et al., 2016;

MICHEL-CHÁVEZ et al., 2015; RIVERA et al., 2016; TIFTIKCIOGLU et al., 2016).

Quanto aos resultados da análise da VFC de repouso dos voluntários avaliados no

presente estudo, observamos que o grupo DMFA apresentou elevados índices no DT (SDNN,

RMSSD e PNN50) comparados ao grupo DMIA. O maior índice SDNN no grupo de

diabéticos fisicamente ativos representa, tanto uma maior atividade simpática, quanto

parassimpática cardíaca, enquanto que os maiores índices RMSSD e PNN50 são indicativos

de uma maior atividade vagal cardíaca.

No que diz respeito à análise da VFC no DF, nossos resultados revelaram que o grupo

DMFA apresentou uma maior VFC (representado pelo índice PT), assim como uma maior

atividade vagal cardíaca, representado pelo maior índice HF. Em suma a análise da VFC,

tanto no DT quanto no DF, indicam que o maior nível de atividade física do grupo de

indivíduos fisicamente ativos foi eficaz em proporcionar melhorias no controle autonômico

cardíaco, evidenciados principalmente pelos maiores índices de atividade parassimpática

cardíaca, refletindo-se na bradicardia encontrada neste grupo. A razão LF/HF, que representa

o equilíbrio simpatovagal cardíaco, não diferiu entre os dois grupos avaliados, porém a

ausência de alterações neste índice não interfere sobre os valores de FC de repouso, pois a

razão LF/HF não possui efeito sobre a bradicardia de repouso (YAMAMOTO et al., 2001).

Nossos resultados corroboram com estudos anteriores, em humanos e modelos

animais, que encontraram melhorias no controle autonômico da FC decorrentes do exercício

físico regular (BHAGYALAKSHMI et al., 2007, 2007; GOIT et al., 2014; GOULOPOULOU

et al., 2010; PAGKALOS et al., 2008). Resultados adversos também foram encontrados na

literatura, como demonstrado por Kang; Ko; Baek, (2016) os quais não observaram alterações

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nos índices de VFC, tanto no DT quanto no DF, com treinamento resistido e aeróbico com 12

semanas de duração.

Porém, esta ausência de modificações nos parâmetros autonômicos cardíacos

avaliados por meio da análise da VFC pode estar relacionada ao curto período de tempo. A

este respeito Zoppini et al., (2007) ao utilizar um programa de treinamento aeróbico com

duração de seis meses, observou que o treinamento foi eficaz em proporcionar melhorias na

função autonômica cardíaca, caracterizada por uma redução da atividade simpática, além de

uma elevada atividade vagal, de diabéticos tipo 2. Por este motivo acreditamos que os

benefícios autonômicos decorrentes da prática de atividade física podem estar mais

relacionados a treinamento com um maior volume.

De fato, neste estudo ao realizarmos uma análise correlacional entre o NAF e o índice

de atividade parassimpática no DF, evidenciou-se a existência de uma moderada correlação

entre estas duas variáveis, demonstrando que quanto maior o volume semanal despendido em

atividade física, maior atividade vagal cardíaca de repouso. Assim como demonstrado por

Aeschbacher et al., (2016) que encontraram uma importante associação ente a adoção de um

estilo de vida saudável e função autonômica cardíaca, demonstrando que a prática de hábitos

de vida saldáveis tem um importante efeito benéfico sobre a função autonômica de indivíduos

saudáveis.

6.4 RECUPERAÇÃO DA FC APÓS ESFORÇO FÍSICO

A lenta recuperação da FC após a realização de exercícios físicos é um importante

preditor de mortalidade na população em geral e em várias condições patológicas, como o

DM2 (CHACKO et al., 2008; CHENG et al., 2003; COLE et al., 1999; MYERS et al., 2013).

A RFC é considerada um índice de atividade do SNA, em especial a do SNP (IMAI et al.,

1994). Com relação à análise da RFC de indivíduos diabéticos, alguns estudos têm

evidenciado baixos valores referentes à taxa de RFC destes indivíduos (ANARUMA et al.,

2016; BANTHIA et al., 2013; SIPAHI et al., 2004).

Em relação aos resultados referentes à taxa de RFC dos voluntários do presente

estudo, não foram observadas diferenças entres os dois grupos avaliados, além de não terem

sido notadas anormalidades quanto à taxa de RFC nos primeiros momentos de recuperação

pós-exercício (RFC < 18 bpm). Estes resultados vão de encontro aos resultados encontrados

por Ribisl et al., (2012) que demonstraram que uma intervenção baseada na mudança de estilo

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de vida, pela adoção à prática de exercícios físicos, assim com uma dieta saudável, foi eficaz

em elevar a taxa de RFC após dois minutos de recuperação.

A ausência de dissemelhança na RFC entre os grupos avaliados nos leva a crer que os

baixos NAF não foram capazes de influenciar negativamente a RFC dos voluntários avaliados

no presente estudo. No entanto, Karjalainen et al., (2012) encontraram uma positiva

associação entre a prática de atividade física, avaliada em horas por dia, com uma maior RFC

após um minuto de recuperação pós-exercício em diabéticos tipo 2. Quanto à ausência de

anormalidade na RFC em ambos os grupos avaliados, acreditamos que a mesma possa indicar

funções sistólica e diastólica preservadas, devido a sua associação em diabéticos tipo 2

(FANG et al., 2005).

No entanto, analisando o efeito subagudo do exercício sobre a FC durante o período de

recuperação evidenciou-se que o grupo DMIA apresentou elevados valores de FC, comparado

ao momento de repouso, enquanto que para o grupo DMFA a FC retornou aos valores de

repouso após 44 minutos de recuperação. Quando comparadas as médias da FC durante a

recuperação, observou-se que os diabéticos fisicamente ativos apresentaram menores valores

de FC. Estes achados corroboram com os resultados da análise da VFC que indicam que os

indivíduos diabéticos insuficientemente ativos apresentam uma menor atividade vagal

cardíaca, pois a RFC correlaciona-se com menor atividade vagal cardíaca e disfunção

autonômica (FANG et al., 2005; IMAI et al., 1994).

6.5 RECUPERAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA APÓS ESFORÇO FÍSICO

O exercício físico, assim como sua fase subaguda de recuperação, representa um

elevado risco ao acometimento de infarto do miocárdio e morte súbita, e a lenta recuperação

autonômica após esforço físico está associada com aumento na mortalidade de indivíduos

diabéticos (CHENG et al., 2003; MASER et al., 2003). A este respeito Banthia et al., (2013)

encontraram que indivíduos diabéticos apresentaram uma lenta RFC, assim como uma menor

atividade parassimpática cardíaca durante o período de recuperação pós-exercício.

Em relação aos resultados referentes ao comportamento autonômico durante o período

de recuperação dos voluntários do presente estudo, evidenciou-se uma maior atividade

parassimpática cardíaca no grupo DMFA, avaliada pelos índices RMSSD e HF, obtidos a

partir das análises realizadas em consecutivas janelas de 30 segundo e 1 minuto,

respectivamente. Isto pode ser ainda mais evidenciado após a análise da RVP, onde somente o

grupo DMFA obteve valores dos índices RMSSD30s e HF1min., elevados o suficientes para

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que alcançasse a faixa de tolerância da VFC de repouso, indicando o alcance RVP, fato este

não evidenciado no grupo DMIA. Esta ausência de RVP no grupo DMIA é uma provável

explicação para os elevados valores de FC durante o período de recuperação deste grupo.

A ausência de RVP no grupo de diabéticos insuficientemente ativos corrobora com o

estudo de Anaruma et al., (2016) os quais evidenciaram em diabéticos tipo 1, que os índices

RMSSD e PNN50, representantes de atividade vagal cardíaca no DT, encontram-se reduzidos

comparados aos seus níveis de repouso e também quando comparados a controles saudáveis,

mesmo após um período de 30 minutos de recuperação, o que indica uma lenta recuperação

autonômica.

A obtenção da RVP dos indivíduos fisicamente ativos pode ser explicada pelo seu

maior NAF. Pois a prática regular de exercícios físico pode influenciar de maneira positiva o

controle autonômico pós-esforço físico, como demonstrado por Yamamoto et al., (2001) os

quais observaram que o treinamento de endurance em ciclo ergômetro, com duração de seis

semanas e frequência semanal de quatro dias a uma intensidade correspondente a 80% do pico

de VO2, encontraram um aumento no índice HF mensurado após 10 minutos de cessação do

exercício físico em jovens saudáveis.

Vários fatores podem interferir na recuperação autonômica cardíaca após esforço,

como treinamento físico, imersão em água fria e intensidade do exercício (BUCHHEIT, 2006;

BUCHHEIT et al., 2008; NIEWIADOMSKI et al., 2007). Porém, o protocolo de teste

submáximo utilizado neste estudo, não diferiu quanto à modalidade e intensidade do exercício

entre os grupos avaliados. A ingestão de água também é uma variável capaz de interferir na

resposta da recuperação autonômica pós-exercício (DE OLIVEIRA et al., 2011), no entanto a

ingestão de água pelos voluntários não foi controlada, pois todos os voluntários tinham livre

acesso à água, impossibilitando assim a quantificação da ingestão hídrica.

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7 CONSIDERAÇOES FINAIS

A análise dos resultados do presente estudo juntamente com dados na literatura nos

permite concluir que indivíduos diabéticos tipo 2 apresentam um menor controle autonômico

da FC, durante o repouso e recuperação pós-esforço físico, caracterizado por uma menor

atividade nervosa parassimpática.

Adicionalmente nossos dados nos permitem afirmar que os elevados NAF de

diabéticos tipo 2 estão positivamente associados com a melhora de função vagal cardíaca,

sendo eficaz de promover melhorias tanto em parâmetros autonômicos de repouso, quanto de

recuperação após esforço submáximo.

Por fim, os métodos de identificação da reativação vagal plena, utilizados neste estudo,

baseados nos cálculos da banda HF, por meio da análise tempo-frequência, ou no cálculo do

índice RMSSD30s, mostraram-se de fácil realização e com boa aplicabilidade na prática

clínica e desportiva.

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APÊNDICE

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PARTICIPANTES MAIORES DE IDADE

Título do Projeto: ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE O PERFIL METABÓLICO E O

RISCO CARDIOVASCULAR EM INDIVÍDUOS DIAGNOSTICADOS COM DIABETES

ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE DIABETES DA DISCIPLINA DE

ENDOCRINOLOGIA DO HC-UFTM

TERMO DE ESCLARECIMENTO

Você está sendo convidado a participar do estudo “Estudo da relação entre o perfil

metabólico e o risco cardiovascular em indivíduos diagnosticados com diabetes atendidos

no Ambulatório de Diabetes da Disciplina de Endocrinologia do HC-UFTM”. Os avanços

na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a sua participação é muito

importante. Este estudo se justifica pelo simples fato de que até o presente momento ainda

não se sabe como se encontra o comportamento das gorduras e hormônios no seu sangue e

como isso pode influenciar na chance de você desenvolver riscos para doenças no coração e

nos vasos sanguíneos. De acordo com suas características e informações, você fará parte do

grupo de indivíduos com diagnóstico de Diabetes (do tipo 1 ou 2) que frequentam

rotineiramente o Ambulatório de Diabetes da Disciplina de Endocrinologia do Hospital de

Clínicas da UFTM.

Caso você participe, será necessário responder inicialmente dois questionários, que será

aplicado na sala de atendimento que se localiza ao lado do consultório no Ambulatório Maria

da Glória, o primeiro é para obter informações sobre seus dados pessoais, antecedentes

familiares, história da moléstia atual, estilo de vida relacionado à saúde e hábitos

comportamentais, o segundo será aplicado com intuito de avaliar se você possui riscos

coronarianos. O tempo será gasto para a aplicação dos dois questionários será de

aproximadamente 40 minutos (20 minutos para cada questionário). Em seguida, você terá de

fazer uma avaliação física antropométrica para obtermos dados de seu peso corporal, altura,

índice de massa corporal, um eletrocardiograma, aferição da sua pressão arterial e frequência

cardíaca em repouso. Você continuará sendo atendido no Ambulatório nos mesmos dias e

horário já definidos e também terá de fazer um exame de sangue no Laboratório Central do

Hospital de Clínicas da UFTM, onde você já esta acostumado a realizar com frequência.

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Além do mais, você terá de fazer um teste para avaliar como esta a situação da elasticidade da

sua artéria (vaso sanguíneo), esse teste será realizado por um cardiologista no Centro de

Diagnóstico Cardiológico localizado na Praça Dr. Thomaz Ulhoa - 544, bairro Abadia, Cep.:

38025-050 - Uberaba/MG, com telefone de contato: (34) 3331-5200.Todas as avaliações e

exames serão agendados de acordo com a sua disponibilidade. Não será feito nenhum

procedimento que traga qualquer risco à sua vida.

Os desconfortos e riscos desse estudo são considerados mínimos. Com exceção do exame de

sangue, os outros testes e exames não são invasivos (não colocaremos agulha ou outro tipo de

material cortante em seu corpo). Entretanto, pode ocorrer um desconforto ao coletar o sangue,

porém esta coleta será feita por profissionais da área de saúde com experiência no local que

você esta acostumado a fazer esse exame (Laboratório Central do Hospital de Clínicas da

UFTM), e se necessário, todas as medidas para diminuir esses desconfortos serão feitas por

essa equipe. Em todas as fases desta pesquisa, em nenhum momento seu nome aparecerá, pois

você será identificado por um código, assegurando dessa forma, seu anonimato e

confidencialidade dos resultados.

Como benefício, você receberá todos os resultados dos testes que serão feitos e todas as

informações e explicações das análises dos seus resultados em um prazo máximo de 40 dias

após a realização dos exames, bem como acompanhamento se necessário, nos mesmos dias e

horários que você comparece rotineiramente no ambulatório para consulta.

Você poderá obter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou

retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua

participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de

que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua

responsabilidade.

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APÊNDICE B – ANAMNESE

Nome:_______________________________________________ Abreviatura:____________

Data de nascimento: ______________________________________ Idade:______________

Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )

Estado civil:

Solteiro ( ) Casado ( ) União estável ( ) Divorciado ( ) Viúvo (a) ( )

Nº filhos:

Nenhum ( ) 1 a 3 ( ) Mais de 3 ( )

Profissão:__________________________ Ocupação:____________________________

Carga horária trabalho/semana:___________________________________

História da DM:

Condições de diagnóstico:

Exame de rotina ( ) Descontrole clínico com glicose elevada ( )

CAD ( ) OUTROS ( )

OUTROS:_______________________________________________________

Tempo de diagnóstico:_________________________________

Classificação do DM:

DM1A anti GAD ( ) DM1A anti-ilhota ( ) DM1A anti-insulina ( )

DM1A outros ( ) DM1B ( ) DM1 LADA antiga ( )

DM1LADA antiilhota ( ) DM1 LADA anti insulina ( ) DM1 LADA outros ( )

DM 2 (...)

Tratamento atual do DM:

Drogas:__________________________________________

Tempo pré-insulina:________________________________

Tipo de insulina:___________________________________

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Doenças preexistentes e medicamentos em uso:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Cirurgias:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Hábitos e condições de vida:

Prática exercício físico?

Não realiza ( ) 60 a 90 minutos/semana ( ) 91 a 150 minutos/ semana ( ) Mais que

150 minutos/semana ( )

Tabagista?

SIM ( ) NÃO ( ) Quantos cigarros por dia:____________

Uso de álcool

SIM ( ) NÃO ( ) Com qual frequência:_______________

Antecedentes familiares:

HAS ( ) AVE ( ) DCA ( ) Câncer ( ) IRC( ) ICC ( )

IAM ( ) DM ( ) Alteração tireoidiana ( ) Obesidade ( )

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APÊNDICE C - International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) – VERSÃO CURTA

Nome:_____________________________________________________________________

Data: ______/ _______ / ______ Idade : ______ Sexo: F ( ) M ( )

Telefone___________________________________________________________________

Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas fazem como parte

do seu dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está sendo feito em diferentes

países ao redor do mundo. Suas respostas nos ajudarão a entender que tão ativos nós somos

em relação à pessoas de outros países. As perguntas estão relacionadas ao tempo que você

gasta fazendo atividade física na ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que

você faz no trabalho, para ir de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como

parte das suas atividades em casa ou no jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por

favor, responda cada questão mesmo que considere que não seja ativo. Obrigado pela sua

participação!

Para responder as questões lembre que:

Atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço

físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal

Atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e

que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal

Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos

10 minutos contínuos de cada vez.

1a Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10 minutos

contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para outro,

por lazer, por prazer ou como forma de exercício?

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum

1b Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no

total você gastou caminhando por dia?

______ horas: _____ Minutos

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2a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por pelo

menos 10 minutos contínuos, como por exemplo: pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar,

fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços

domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou

qualquer atividade que fez aumentar moderadamente sua respiração ou batimentos do

coração (POR FAVOR NÃO INCLUA CAMINHADA).

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum

2b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos

contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?

______ horas: _____ Minutos

3a Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo

menos 10 minutos contínuos, como por exemplo: correr, fazer ginástica aeróbica, jogar

futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em

casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez

aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração.

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum

3b Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos

quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?

______ horas: _____ Minutos

Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo dia, no trabalho,

na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui o tempo sentado

estudando, sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa visitando um amigo, lendo,

sentado ou deitado assistindo TV. Não inclua o tempo gasto sentando durante o transporte em

ônibus, trem, metrô ou carro.

4a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana?

______horas ____minutos

4b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de semana?

______horas ____minutos