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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO GAHELYKA AGHTA PANTANO SOUZA INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA TRANSFORMAÇÃO DE UMA OBRA DIDÁTICA DE QUÍMICA CUIABÁ MT 2016

INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

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Page 1: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

GAHELYKA AGHTA PANTANO SOUZA

INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

TRANSFORMAÇÃO DE UMA OBRA DIDÁTICA DE QUÍMICA

CUIABÁ – MT

2016

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GAHELYKA AGHTA PATANO SOUZA

INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

TRANSFORMAÇÃO DE UMA OBRA DIDÁTICA DE QUÍMICA

Orientadora

Prof. Dr. Irene Cristina de Mello

CUIABÁ – MT

2016

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Educação – PPGE do

Instituto de Educação da Universidade

Federal de Mato Grosso como requisito

para a obtenção do título de Mestre em

Educação na Linha de Pesquisa Educação

em Ciências e Educação Matemática

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Page 4: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PRÓ-REITORIA DE ESNINO DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 – Boa Esperança – CEP: 78060-900 – CUIABÁ/MT

Tel: 3615-8431/3615-8429 – Email: [email protected]

FOLHA DE APROVAÇÃO

TÍTULO: “Influências de Uma Política Pública Educacional na Transformação de uma

Obra Didática de Química”

AUTORA: Mestranda Gahelyka Aghta Pantano Souza

Dissertação Defendida e Aprovada em 24 de março de 2016.

Composição da Banca Examinadora:

Presidente Banca/Orientadora Doutora Irene Cristina de Mello

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Examinadora Interna Doutora Michelle Tatiane Jaber da Silva

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Examinadora Externa Doutora Maria do Carmo Galiazzi

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE/FURG

Examinadora Suplente Doutora Mariuce Campos de Moraes

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CUIABÁ, 24 DE MARÇO DE 2016.

Page 5: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

Gahelyka Aghta Pantano Souza

Professora de Química na Educação Básica e Superior em Cuiabá-MT. Formada em

Licenciatura em Química pela Universidade Federal de Mato Grosso. Pesquisadora no grupo

de estudo e pesquisa do Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química (LabPEQ). Mestranda

do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso. E-

mail: [email protected]

Page 6: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

Dedico este trabalho a

Layhane Damihana Pantano Souza (in memoria)

que apesar de já não estar aqui

sonhou este projeto

comigo!

Page 7: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

AGRADECIMENTOS

A Deus,

Pelo seu amor incondicional, cuidado e companhia durante todos esses anos de minha vida,

pelas oportunidades e dificuldades que me ensinaram muito nos últimos anos e me fizeram

crescer me tornando uma pessoa melhor. Pelas suas misericórdias que se renovam a cada

manhã e com elas a força e a fé, na certeza que mais uma oportunidade me foi concedida.

Graças a Deus!!

Aos meus Pais,

Eles aceitaram o desafio de Deus e me deixaram crescer, me deram a vida!! Sabem

exatamente quem eu sou e ainda assim me são um apoio sempre presente, atenção, cuidado e

incentivo que jamais conseguirei retribuir. Muito Obrigada!!

À minha orientadora Prof.ª Dr.ª Irene Cristina de Mello,

Agradeço pela sua orientação, paciência, amizade e cuidado, por ter aceitado o desafio de me

orientar e compartilhar comigo sua sabedoria e competência. Obrigada pelo diálogo, o

acolhimento e os ensinamentos e especialmente por ter me proporcionado experiências

inesquecíveis, desde a minha graduação. Eternamente grata por tudo!! Muito obrigada!!

À Banca Examinadora,

Constituída pelas professoras doutoras, Maria do Carmo Galiazzi, Michelle Tatiane Jaber da

Silva e Mariuce Campos de Moraes, pela atenção que dedicaram na leitura desta pesquisa e

também pelas contribuições enriquecedoras que fizeram a este trabalho. Muito Obrigada!!

Ao professor Jefferson Mainardes,

Pela sua atenção e contribuição com minha pesquisa, pelo incentivo concedido a mim desde o

início desse trabalho e principalmente pelos materiais encaminhados que foram de grande

contribuição para a elaboração deste trabalho. Muito Obrigada!!

As amigas da Linha de Ensino de Ciências,

Ana Cristina e Cassia Lemos, que conheci no mestrado e com certeza marcaram meus dias

durante esses dois anos com isso ganharam espaço no meu coração, juntas choramos,

Page 8: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

sorrimos, comemoramos, viajamos e assim alcançamos mais uma conquista. Muito

Obrigada!!

Ao PPGE,

Aos professores do mestrado, colegas da linha de pesquisa “Educação em Ciências e

Educação Matemática” e à equipe da secretaria e coordenação do PPGE, pelo apoio e

incentivo concedidos durante a realização deste trabalho. Muito Obrigada!!

Ao Centro De Ensino Maranata,

Diretora, coordenação, professores e funcionários administrativos, pelo apoio e incentivo que

me deram durante o período de desenvolvimento desta pesquisa. Muito Obrigada!!

À SEDUC,

Na pessoa da professora Maidan Lara, pela atenção e ajuda ao providenciar as coleções de

livros didáticos objeto de estudo desta pesquisa. Muito Obrigada!!

À Capes e a UFMT,

Pelo auxílio financeiro e pelas oportunidades diretas e indiretas a mim concedidas durante o

desenvolvimento desta pesquisa. Muito Obrigada!!

Aos meus parentes e amigos que de maneira direta ou indireta contribuíram para a realização

deste sonho... meu Muito Obrigada!!

Page 9: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

“Se nada ficar destas páginas, algo, pelo menos, esperamos

que permaneça; nossa confiança no povo.

Nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que

seja menos difícil amar.”

Paulo Freire

Page 10: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

RESUMO

SOUZA, Gahelyka Aghta Pantano. Influências de uma Política Pública Educacional na

Transformação de uma Obra Didática de Química. Cuiabá, 2016. Dissertação (Mestrado

em Educação), Instituto de Educação – IE, Universidade Federal de Mato Grosso, fevereiro

de 2016.

Os livros didáticos exercem um importante papel nos processos de ensino e aprendizagem, o

que o faz um objeto recorrente nas pesquisas educacionais, ocupando inclusive situação de

destaque no âmbito das políticas públicas brasileiras. Na maioria das vezes, não é o único

material didático disponibilizado a professores e alunos da rede pública de ensino, porém

sempre foi o mais utilizado, difundido e evidenciado por professores e pesquisadores,

sobretudo nas últimas décadas com a criação do Programa Nacional do Livro Didático para o

ensino médio (PNLEM). Neste contexto, o presente trabalho investiga os aspectos em que a

política pública educacional brasileira influenciou na (re)elaboração de uma obra didática da

área de Química. A Coleção didática, objeto deste estudo - Química Cidadã -, foi elaborada

no interior de uma universidade pública, com proposta de trabalhar o ensino de Química na

perspectiva da formação cidadã. A investigação foi desenvolvida nos moldes de pesquisa de

abordagem qualitativa, com elementos de estudo de caso. Foram analisadas as coleções da

Obra supracitada participantes dos processos de seleção do PNLEM/PNLD, desde o Edital de

2007. Módulos didáticos identificados como percussores da Coleção didática em estudo

também foram considerados nas análises. Utilizamos como instrumentos de coleta de dados a

análise documental e entrevistas, com enfoque nos processos de (re)elaboração do livro

Química Cidadã. Os dados apresentados foram coletados mediante a análise e descrição da

coleção e organizados por categorias, as quais foram estabelecidas de acordo com as fichas de

avaliação disponibilizadas no Catálogo e nos Guias Didáticos emitidos após cada seleção do

PNLEM/PNLD. Foram realizadas três entrevistas, sendo duas com os autores da coleção e

outra com uma professora de Química da educação básica, que adota a obra didática em

estudo. Gravadas em áudio, transcritas e textualizadas, as entrevistas foram tomadas como

narrativas, mônadas (BENJAMIN, 2012) foram elaboradas. O ciclo de políticas proposto por

Stephen Ball e seus colaboradores, compreende parte dos pressupostos teóricos utilizados no

sentido de discutir os contextos das políticas públicas na pesquisa realizada. Para tratar sobre

a evolução do livro didático e do livro didático de Química, autores como Mortimer (2008),

Lopes (1996, 2002, 2005 e 2011), Francalanza (1993), Schnetzler (1980, 2010), foram

utilizados, dentre outros. Os resultados indicam que as mudanças observadas entre as coleções

estão nos aspectos gráficos editoriais, por serem eles os principais responsáveis pela aparência

estética da coleção, no interior desse aspecto, as mudanças ocorreram na quantidade de

imagens, cores e textos. Além disso, nas falas dos colaboradores é possível identificarmos que

as mudanças só acontecem de acordo com as orientações do Edital. Fica evidente que os

aspectos analisados sofrem influências diretas do Edital, pois suas modificações e adequações

ocorreram de acordo com as orientações estabelecidas em cada processo de seleção.

Sobretudo ao considerarmos os livros didáticos como produtos de disputas as quais se

estabelecem no contexto de influência em acordo com os demais contextos, a coleção

Química Cidadã apresenta no decorrer da sua história, adequações realizadas de acordo com

as orientações do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Palavras-chave: Livro Didático. Ensino de Química. PNLD. Políticas Públicas.

Page 11: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

ABSTRACT

SOUZA, Gahelyka Aghta Pantano. The Influences of a Public Educational Policy in the

Transformation of a Didactic Woek of Chemistry. Cuiabá, 2016. Dissertation (Master in

Education), Institute of Education – IE, Federal University of Mato Grosso, february 2016.

The textbooks have an important role in teaching and learning processes, which causes a

recurring object in educational research, also occupying a prominent situation in the context

of Brazilian public policies. Most of the times, is not the only teaching material made

available by teachers and students from public school, but has always been the most common,

disseminated and evidenced by teachers and researchers, especially in the last decades with

the creation of the National Didactic Book Program for High School (PNLEM). In this

context, this work investigates the aspects in which the Brazilian public educational policy

influenced in the (re)elaboration of a didactic work of Chemistry area. The research was

developed in the molds of a qualitative approach, with elements of the case study. It was

analyzed the collections of the aforementioned work participants of the processes of selection

of PNLEM/PNLD, since the notice of 2007. Didactic modules identified as precursor of

Collection Didactics in the study were also considered in the assays. We used as instruments

for data collection the documental analysis and interviews, focusing on the processes book´s

(re)elaboration “Química Cidadã”, The data reported were collected through analysis and

description of the collection and organized by categories, which have been established in

accordance with the assessment sheets made available in the catalog and in didactic guides

issued after each selection PNLEM/PNLD. The three interviews were performed, being two

with the authors of the collection and another with a Chemistry´s teacher of basic education,

which adopts the didactic work in study. Audio-recorded, transcribed and textualized, the

interviews were taken as monads narratives, (Benjamin, 2012) have been drawn up. The

policies cycle proposed by Stephen Ball and his collaborators, comprises part of the

theoretical assumptions used in order to discuss the contexts of public policies on research

carried out. To deal on the evolution of the didactic book and the textbook of Chemistry,

authors such as Mortimer (2008), Lopes (1996, 2002, 2005 and 2011), Francalanza (1993),

Schnetzler (1980, 2010), were used, among others. The results indicate that the changes

observed among the collections are at the editorials graphical aspects, for being the main

responsible for the aesthetic appearance of the collection, in the interior of this aspect, the

changes occurred in the quantity of images, colors and texts. In addition, the discourse of

collaborators it is possible to identify that the changes happen only in accordance with the

guidelines of the announcement. It is evident that the analyzed aspects suffer direct influences

of Announcement, because its modifications and adaptations occurred in accordance with the

guidelines established in each selection process. Especially when considering the didactic

books as products of disputes which are established in the context of influence in agreement

with the other contexts, “Química Cidadã” collection presents during its history, adaptations

performed according to the guidelines of the National Textbook Program (PNLD).

Keywords: Textebook. Chemistry Teaching. PNLD. Public Policies.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Contexto de Elaboração da Política .......................................................................... 47

Figura 2: Transformações químicas/Obesidade e a imagem no espelho .................................. 88

Figura 3: A Química, o químico e suas atividades/Quantidade de matéria. ............................. 89

Figura 4: Modelos atômicos de Thomson/Substituindo átomos das cadeias carbônicas ......... 91

Figura 5: Grandezas do estado gasoso/A termodinâmica e os motores ................................... 92

Figura 6: Tema em foco/Exercícios.......................................................................................... 94

Figura 7: Tema em foco/Princípio zero da termodinâmica ...................................................... 95

Figura 8: Exercícios/Abertura da Unidade 5 ............................................................................ 96

Figura 9: Concentração e suas unidades/Exercícios ................................................................. 97

Figura 10: Capítulo 3/Capítulo 3 .............................................................................................. 98

Figura 11: Unidade 1/Unidade 9 .............................................................................................. 99

Figura 12: Unidade 1/Unidade 1 ............................................................................................ 100

Figura 13: Unidade 1/Unidade 1 ............................................................................................ 101

Figura 14: Capas dos Módulos Didáticos ............................................................................... 105

Figura 15: Capa do Livro Química e Sociedade .................................................................... 106

Figura 16: Livro Didático Química Cidadã/PNLD 2012 ....................................................... 108

Figura 17: Livro Didático Química Cidadã/PNLD 2015 ....................................................... 109

Page 13: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Obras de Química Aprovadas no PNLEM 2007 ...................................................... 56

Tabela 2: Obras de Química Aprovadas no PNLD 2012 ......................................................... 62

Tabela 3: Obras de Química Aprovadas no PNLD 2015 ......................................................... 68

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNLD – Comissão Nacional do Livro Didático

COLTED – Comissão do Livro Técnico e do Livro Didático

FAE – Fundação de Assistência ao Estudante

Fename – Fundação Nacional do Material Escolar

FNDE – Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação

IES – Instituição de Ensino Superior

INL – Instituto Nacional do Livro

LabPEQ – Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química

LD – Livro Didático

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LDQ – Livro Didático de Química

Libras – Língua Brasileira de Sinais

MEC – Ministério da Educação

MD – Módulos Didáticos

Pequis – Projeto de Ensino de Química e Sociedade

PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência

Plidef – Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental

PNLA – Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos

PNLD – Programa Nacional do Livro Didático

PNLEM – Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio

QC – Livro Didático, Três Volumes, Versão PNLD 2012

QCI – Livro Didático, Três Volumes, Versão PNLD 2015

QS – Livro Didático, Volume único, Versão PNLEM 2007

SEB – Secretária de Educação Básica

SEDUC – Secretária de Estado de Educação

SNEL – Sindicato Nacional dos Editores de Livros

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TCLEIC – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o Uso das Imagens da Coleção

UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso

UnB – Universidade de Brasília

Usaid – Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional

Page 15: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 17

CAPÍTULO I CAMINHO METODOLÓGICO: APRESENTANDO A PESQUISA ..... 21

1.1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................................ 21

1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 23

1.3 O PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................... 25

1.4 A OPÇÃO METODOLÓGICA ...................................................................................... 26

1.5 PRODUÇÃO DE DADOS ............................................................................................. 27

1.6 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS ....................................................................... 31

CAPÍTULO II O QUE SABEMOS SOBRE O LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL ......... 33

3.1 AS ORIGENS HISTÓRICAS DO LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL .......................... 33

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA .................... 39

3.3 OS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA .................................................................... 42

CAPÍTULO III A POLÍTICA PÚBLICA NA ELABORAÇÃO E REELABORAÇÃO

DOS LIVROS DIDÁTICOS .................................................................................................. 44

3.1 O CICLO DE POLÍTICAS NA PERSPECTIVA DE BALL ......................................... 45

3.2 O LIVRO DIDÁTICO NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO DAS POLÍTICAS

PÚBLICAS BRASILEIRAS ................................................................................................ 49

CAPÍTULO IV QUÍMICA CIDADÃ: UMA OBRA DIDÁTICA INOVADORA? ......... 52

4.1 OS PRIMEIROS MÓDULOS ........................................................................................ 53

4.2 O LIVRO QUÍMICA E SOCIEDADE – PNLEM 2007 ................................................ 56

4.3 A COLEÇÃO QUÍMICA CIDADÃ – PNLD 2012 ....................................................... 61

4.4 A COLEÇÃO QUÍMICA CIDADÃ – PNLD 2015 ....................................................... 67

CAPÍTULO V DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................. 74

Page 16: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

5.1 MÔNADAS .................................................................................................................... 74

5.2 ENTRE DISCURSOS E INFLUÊNCIAS: O QUE MUDOU? ...................................... 86

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ........................................................................................ 139

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 145

ANEXOS ............................................................................................................................... 152

APÊNDICES ......................................................................................................................... 163

Page 17: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

17

INTRODUÇÃO

"O livro traz a vantagem de a gente poder estar só

e ao mesmo tempo acompanhado"

Mário Quintana

Contemplado como objeto de estudo para muitos pesquisadores (LOPES, 1992, 2005;

SCHENETZLER, 1980; FRANCALANZA, 1993; APPLE, 1984; VARIZO, 2003), e

analisado nos diferentes contextos da prática docente, ainda que cercado de inúmeras

possibilidades tecnológicas do mundo contemporâneo, o livro didático é uma das diferentes

ferramentas para o ensino e, em alguns casos mantém-se como um dos recursos pedagógicos

mais utilizados nos diferentes espaços de educação no Brasil, sendo até mesmo tema de

discussões no âmbito das políticas públicas educacionais. Como considera Quadros, Lélis e

Freitas (2015), “O livro didático tem sido um dos recursos mais utilizados pelos professores e

também muito discutido na literatura. Em algumas escolas, inclusive, ele é a base de toda a

prática docente” (p. 105).

Apesar das criticas em virtude de sua permanência nas escolas, das dificuldades de um

mercado editorial que em alguns momentos enfatiza mais os aspectos econômicos em

detrimento dos aspectos pedagógicos, dentre outros problemas do sistema educacional

brasileiro, há autores como Batista (2011), que consideram o livro didático um importante

componente na construção histórica escolar de cada sujeito, por possuir um papel relevante na

cultura e na memória visual de gerações de alunos ao longo de décadas.

Pode-se atribuir o destaque do livro didático, ao fato de ser uma das principais

ferramentas utilizadas por professores do ensino fundamental e médio, nas suas diferentes

modalidades de ensino, quando não a única ferramenta disponibilizada pela escola, como

possibilidade de mediação durante o preparo e o desenvolvimento das aulas, utilizado tanto

dentro como fora do espaço escolar.

Essa centralidade lhe confere estatuto e funções privilegiadas na medida em que é

através dele que o professor organiza, desenvolve e avalia seu trabalho pedagógico

de sala de aula. Para o aluno, o livro é um dos elementos determinantes da sua

relação com a disciplina. (CARNEIRO, SANTOS E MÓL, 2005, p.2).

A presença constante desta ferramenta pedagógica nos processos de escolarização

caracteriza seu papel na formação do aluno das diversas modalidades de ensino, porque,

Page 18: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

18

especialmente em alguns casos, seu contato com materiais didáticos é apenas com o livro

didático adotado pelos professores da escola. Nesse contexto, torna-se relevante que o

educador saiba além de selecionar um livro didático em acordo com as necessidades e

realidade da sua comunidade e do espaço escolar, os utilize com autonomia. Para Lopes

(2007, p. 209), o livro didático é considerado como um “currículo escrito”, que favorece a

orientação das práticas pedagógicas de professores, realizadas no contexto da prática docente.

Em meio a diversos recursos didáticos, voltados ao aprimoramento da prática docente,

o livro didático se destaca como uma ferramenta auxiliar no trabalho do professor,

favorecendo a aprendizagem dos alunos. Como evidencia Choppin (2004), em tais situações o

livro didático não tem mais existência independente, mas torna-se um elemento constitutivo

de um conjunto multimídia, por assumir diferentes funções.

É de se destacar ainda que os livros escolares assumem, conjuntamente ou não,

múltiplas funções: o estudo histórico mostra que os livros didáticos exercem quatro

funções essenciais, que podem variar consideravelmente segundo o ambiente

sociocultural, a época, as disciplinas, os níveis de ensino, os métodos e as formas de

utilização (p. 553).

Para Freitas e Rodrigues (2007), sua história surge no interior da cultura escolar, ao

final do século XV, quando ainda não havia a imprensa, nesse período os livros eram

considerados como materiais de difícil acesso, os estudantes da época, principalmente os

europeus, produziam seus próprios cadernos de textos. Com a chegada da imprensa, e com a

necessidade de se atender a uma parcela maior de estudantes, os livros didáticos, foram os

primeiros produtos produzidos em larga escala.

Assim, Quadros, Lélis e Freitas (2015) consideram que, “diante desse contexto e das

críticas significativas ao conteúdo presente nos livros didáticos disponíveis no mercado foi

criado o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)” (p. 105).

No Brasil políticas públicas voltadas a seleção, compra e distribuição de livros

didáticos surge no ano de 1985, com a implantação do Programa Nacional do Livro Didático,

como iniciativa do Ministério da Educação (MEC). Inicialmente com o objetivo de distribuir

gratuitamente livros didáticos aos estudantes das escolas públicas que atendesse a modalidade

de ensino fundamental.

O PNLD como política pública, vem se preocupando não apenas com a qualidade das

coleções, mas também com os aspectos pedagógicos e didáticos das obras aprovadas. No

Brasil, a elaboração, seleção e distribuição dos livros didáticos são procedimentos

organizados pelo Programa. Por meio de Editais específicos, o Governo Federal seleciona,

Page 19: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

19

compra e distribui às escolas públicas brasileiras, livros didáticos que atendam além do

currículo proposto para cada uma das componentes curriculares, conforme as diferentes

modalidades de ensino, a formação política e cidadã dos alunos brasileiros.

As seleções são realizadas em ciclos trienais, organizadas de acordo com um Edital

específico elaborado conforme as áreas de conhecimento atendidas em cada seleção. Assim,

no intervalo entre um processo seletivo e outro, os autores se dedicam a reelaborar suas obras

didáticas, com o intuito de atualizá-las, corrigir possíveis erros e atender as novas

especificações do Edital, ao final dessa reelaboração, uma nova obra didática é submetida à

seleção e, com isso, mudanças são observadas nas coleções selecionadas. No

desenvolvimento do período de reelaboração da obra didática aspectos relevantes da sua

constituição como, por exemplo, aqueles relacionados à editoração gráfica das Coleções

sofrem modificações à medida que o contexto da política do livro didático também se altera.

Considerando esse contexto a problemática desta pesquisa1 está pautada no seguinte

questionamento: "Em quais aspectos a Política Pública Educacional no âmbito do PNLD

tem influenciado na (re)elaboração do Livro Didático Química Cidadã2?”

Para poder atender às necessidades investigativas desta pesquisa, o estudo pautou-se

na abordagem qualitativa da pesquisa em educação. Os aspectos metodológicos da pesquisa

estão amparados nas obras de Bogdan e Biklen (1994) e Marconi e Lakatos (2006). Como

suporte para a compreensão da questão que buscamos responder, nosso referencial teórico

está pautado em pesquisadores que estudam a política pública educacional como o sociólogo

Stephen Ball et.al.; (1992, 1994); Mainardes e Marcondes (2009); Mainardes (2006); Lopes e

Macedo (2011); Lopes (2005). Em relação aos livros didáticos nosso aporte teórico consiste

em Lopes (2007); Valente (2008); Mortimer (1988, 2012); Schnetzler (1980,2013), dentre

outros.

Com vistas à organização desta pesquisa foi necessário no decorrer dos diferentes

capítulos apresentar conceitos, abordagens teóricas e percurso metodológico, de acordo com a

organização apresentada a seguir:

No Capítulo I - Caminho Metodológico: apresentando a pesquisa expomos a

trajetória percorrida para a elaboração desta pesquisa, como os aspectos éticos

1 A edição desse trabalho seguem as normas da ABNT atualizada que estão disponíveis em: FURASTÉ, Pedro.

A. Normas Técnicas para o Trabalho Científico, 17ª Edição, 2015.

2 Nesta pesquisa optamos por identificar de maneira geral a coleção de livros didáticos, objeto desse estudo,

como Química Cidadã, por ser esse o nome atribuído à última coleção de livros publicada. Quando tratarmos

apenas de uma edição especifica a mesma será identificada pelo nome que constar na capa.

Page 20: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

20

regulamentados de acordo com o comitê de ética nacional, a delimitação do problema, os

objetivos, a abordagem metodológica utilizada e os procedimentos realizados para a

elaboração deste trabalho.

O Capítulo II - O Que Sabemos Sobre o Livro Didático no Brasil. Apresenta o

contexto histórico do livro didático e do livro didático de Química no Brasil, conforme os

registros históricos encontrados durante a pesquisa, bem como a elaboração dos livros

didáticos de Química, no decorrer dos anos.

O Capitulo III - A Política Pública na Elaboração e Reelaboração dos Livros

Didáticos. Apresenta os conceitos, a organização e a relação da política pública brasileira,

representada neste trabalho pelo PNLD, mediante os referenciais teórico-metodológicos que

nos auxiliaram durante as análises dos dados, coletados e descritos em um capítulo futuro.

Por trabalharmos com uma única Coleção de livros didáticos de Química, no Capítulo

IV - Química Cidadã: Uma Obra Didática Inovadora? Destacamos a descrição da coleção

Química Cidadã, desde seus primeiros módulos, impressos inicialmente pela editora da

Universidade de Brasília (UnB) até a última coleção aprovada mediante o Edital PNLD 2015,

o qual está em vigência nas escolas públicas atualmente.

Os resultados obtidos durante o desenvolvimento da pesquisa são apresentados no

Capítulo V - Resultados e Discussões. Organizados em dois momentos, em que, no primeiro

traremos da apresentação das mônadas e no segundo da descrição e a análises das coleções,

com base em categorias pré-estabelecidas.

Por fim, no capítulo intitulado Algumas Considerações, apresentamos algumas

considerações decorrentes da investigação realizada somadas a possíveis contribuições.

Page 21: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

21

CAPÍTULO I

CAMINHO METODOLÓGICO: APRESENTANDO A PESQUISA

“Uma caminhada de mil léguas começa sempre

com o primeiro passo”

Provérbio Chinês

Este capítulo tem por objetivo apresentar a pesquisa realizada, no que se refere à

questão metodológica empregada. Para isso, inicialmente descreveremos a trajetória

profissional da pesquisadora e o que a levou a investigar a elaboração e reelaboração de livros

didáticos de Química. Discutiremos sobre o delineamento da pesquisa, esclarecendo a opção

por estudar o livro didático Química Cidadã. Na sequência trataremos da temática em que se

insere o objeto de pesquisa, o problema investigado, o objetivo geral e os específicos e a

opção metodológica adotada. Ao final apontamos os percursos para o desenvolvimento deste

estudo.

1 APRESENTANDO A PESQUISA

1.1 MOTIVAÇÃO

Realizar uma pesquisa na área de Educação, não seria, muito provavelmente, uma

das minhas escolhas antes do final do ano de 2005. Ao final desse ano, prestei vestibular para

o curso de Licenciatura em Química, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A

decisão por esse curso baseou-se na minha afinidade com a disciplina Química e pela

facilidade em auxiliar colegas em suas dúvidas durante as aulas, mas, ainda não expressava

em mim o desejo de trilhar os caminhos da docência em química.

Durante a minha passagem pela academia, no curso de Licenciatura em Química,

surgiu a oportunidade de trabalho em um laboratório de pesquisa vinculado diretamente ao

ensino de Química, o Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química (LabPEQ). Para

participar de um programa de incentivo à docência, que estava em sua primeira edição na

universidade, o atual Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID),

Page 22: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

22

registro aqui a importância que tal Programa teve na consolidação da minha identidade

docente, por meio das vivencias e experiências oportunizadas pelo Programa.

Após a conclusão do curso de graduação, comecei a trabalhar como professora em

um colégio da rede particular de Cuiabá, em turmas de ensino fundamental II e de ensino

médio. Durante o desenvolvimento da minha prática, passei a observar o ambiente escolar e

como a minha participação no PIBID havia contribuído com a minha formação inicial ainda

durante a minha graduação. Um ano mais tarde passei a lecionar em outra escola da rede

particular da educação básica, nesta oportunidade, trabalhando apenas com o ensino médio.

Após um ano trabalhando nessa escola, percebi que havia questões que me

inquietavam principalmente no que se referia ao material didático adotado pela escola, em

Cuiabá/MT, é comum as escolas particulares trabalharem com sistemas apostilados de ensino.

Com isso, percebi que necessitava de um número maior de informações para preparar minhas

aulas, pois o sistema apostilado não contemplava todas as informações que eram pertinentes

ao conteúdo proposto. Além disso, o material didático apresentava erros conceituais, erros de

analogias e até mesmo erros na resolução dos exercícios propostos, e também por receber uma

apostila por bimestre, o material não me permitia flexibilizar a ordem dos conteúdos do

ensino médio.

Com o intuito de atender às necessidades que eu sentia e, ao sentimento de

incompletude, intensifiquei o uso dos livros didáticos de Química, que eu possuía na época,

alguns deles eram livros antigos, elaborados e comercializados sem terem sido submetidos a

nenhum processo de seleção do PNLD, outros eram os livros já aprovados em seleções do

PNLD, alguns eram os mesmos livros com os quais havia trabalhado no PIBID.

Com o maior uso dos livros no preparo das minhas aulas, novos questionamentos

surgiram, pois a abordagem dos livros aprovados mediante a seleção do PNLD era em alguns

momentos, diferente da abordagem que livros de química antigos apresentavam. O sistema

apostilado da escola apresentava um conteúdo bem mais resumido em relação aos livros

didáticos.

Com isso, ao final do segundo ano trabalhando com o sistema apostilado, e

utilizando livros didáticos, selecionados ou não pelo PNLD, resolvi entender melhor as

inquietações que tinha e ainda tenho em relação à elaboração dos livros didáticos de Química.

Foi a partir desses acontecimentos, sobretudo pelas experiências vivenciadas no PIBID e,

posteriormente, com as experiências durante os meus primeiros anos de docência, que

ingressei no Programa de Pós-Graduação em Educação na UFMT, na linha de Ensino de

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23

Ciências e Educação Matemática, em nível de mestrado, com a proposta de uma investigação

que buscasse explicar as transformações de uma obra didática3 de Química.

A pesquisa foi iniciada no ano de 2014, a partir da leitura sobre a elaboração de

livros didáticos e a política pública educacional. Durante o primeiro semestre do ano, optamos

por estudar a obra didática Química Cidadã, principalmente por ser ele um dos livros

didáticos utilizados por mim no PIBID. Após a escolha da coleção didática e da aprovação do

projeto no comitê de ética, selecionamos os colaboradores da pesquisa.

1.2 JUSTIFICATIVA

Para os autores Silva, Souza e Duarte (2009), o livro didático chega a ser

considerado um obstáculo, capaz de impedir os avanços no espaço escolar, por ser

considerado como um parâmetro de influencia direta no trabalho do professor da educação

básica, e então, impedir que ele desenvolva sua prática pedagógica de maneira autônoma.

Entretanto, o sistema educacional brasileiro, possui algumas limitações, e nesse sentido, nem

sempre é capaz de ofertar diferentes materiais didáticos às escolas públicas, o que torna o

livro didático o principal recurso disponível ao professor para ser trabalhado dentro e fora da

sala de aula.

Ainda é bastante consensual que o livro didático, na maioria das salas de aula,

continua prevalecendo como principal instrumento de trabalho do professor,

embasando significativamente a prática docente. Sendo ou não intensamente usado

pelos alunos, é seguramente a principal referência da grande maioria dos professores

(DELIZOICOV et al; 2011, p. 36).

Uma vez considerado, ao mesmo tempo, mercadoria e elemento essencial na cultura

escolar brasileira, o livro didático como objeto de estudo, tem proporcionado vários caminhos

privilegiando diferentes discussões, que na sua maioria resultam em medidas governamentais,

elaboradas com o intuito de sanar as limitações que essas ferramentas didáticas têm

apresentado.

O Brasil é o país que mais investe na aquisição de livros didáticos, de acordo com os

dados disponibilizados no portal do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

3 Termo utilizado no Edital de Convocação para Inscrição no Processo de Avaliação e Seleção de Obras

Didáticas a serem Incluídas no Catálogo do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio-PNLEM/2007.

Portanto, entende-se obra didática como o conjunto livro didático do aluno mais o manual do professor.

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(FNDE). Na última seleção de livros didáticos para o ensino médio, ocorrida no ano de 2014,

para o ano letivo de 2015, o governo federal investiu cerca de R$898.947.328, 294. Para

Cassiano esse investimento decorre da “centralidade que o manual escolar assume na

educação, por ser ao mesmo tempo mercadoria e elemento fundamental da cultura escolar

[...]” (2013, p. 29), nessa conjuntura o PNLD é consolidado como uma das políticas públicas

educacionais, que emprega valores vultosos na avaliação, na aquisição e na distribuição

gratuita de livros didáticos, às escolas públicas de todo o país, atualmente atendendo às

diversas séries e modalidades de ensino.

Considerando o processo educacional e o contexto apresentado, bem como, a

participação da Química como componente curricular do ensino médio brasileiro, na seleção

de livros didáticos, a pesquisa se justifica pela importância em relacionar a política pública

educacional desenvolvida no âmbito do PNLD com a (re)elabração da Coleção de livros

didáticos Química Cidadã.

Como Lopes (2007), compreendemos que:

São múltiplos os discursos curriculares, relativos à seleção e à organização de

conteúdos culturais, às atividades de ensino e à própria concepção de livro didático,

que constituem as práticas que formam os livros como materiais escolares (LOPES,

2007, p. 209).

Assim, nasce o livro didático Química Cidadã. A proposta inicial desta obra surge a

partir de um grupo de professores, de uma universidade federal e da rede estadual de ensino,

todos vinculados ao mesmo grupo de pesquisa, o Projeto de Ensino de Química em um

Contexto Social (PEQUIS)5. Desenvolvido no Laboratório de Pesquisas em Ensino de

Química do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo Carneiro, Santos e Mól (2005):

Os livros desta coleção, “Química e Sociedade”, têm como proposta explícita a

abordagem de temas sociais, visando preparar o aluno para o exercício consciente da

cidadania, por meio do conhecimento de conceitos químicos básicos e das

implicações sociais da Química (CARNEIRO, SANTOS e MÓL, 2005, p. 7).

4 Valor gasto com aquisição, distribuição, controle de qualidade e etc. Dados disponíveis em:

<http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-didatico-dados-estatisticos>. Acesso em 11/08/2015.

5 O PEQUIS é um projeto no qual seis professores do ensino médio participam do processo de elaboração,

aplicação e avaliação de materiais didáticos. Atualmente, já foram elaboradas três edições do livro “Química e

Sociedade”, mediante as seleções realizadas pelo PNLD. Informações disponíveis em: <

http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ensaio/article/viewFile/93/142>. Acesso em: 06/03/2015.

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25

E ainda:

Além da contextualização social que caracteriza sua abordagem, a obra apresenta

outros aspectos inovadores: a inclusão de diversas atividades de construção do

conhecimento, muitas das quais envolvendo experimentos investigativos; a

abordagem contextualizada dos conceitos químicos; o redimensionamento do

conteúdo químico; além de um formato editorial rico em ilustrações vinculadas aos

temas abordados. Essas características o diferenciam dos demais livros disponíveis

no mercado, conferindo-lhe um caráter inovador, tanto no que diz respeito à forma

de apresentação dos conteúdos, quanto à abordagem metodológica e ao formato

(CARNEIRO, SANTOS e MÓL, 2005, p.7).

Ponderando o contexto apresentado e a experiência em ter trabalhado com uma das

edições desta obra durante os dois anos de minha permanência no PIBID/Química/UFMT, é

que justificamos a pesquisa realizada apenas com a Coleção Química Cidadã.

1.3 O PROBLEMA DE PESQUISA

A temática principal é a política pública educacional e o livro didático de Química,

nesse sentido, objetivamos investigar aspectos que caracterizam as mudanças pelas quais a

Coleção Química Cidadã passou desde o PNLEM 2007.

A problemática desta pesquisa está pautada no seguinte questionamento: "Em quais

aspectos a Política Pública Educacional no âmbito do PNLD tem influenciado na

(re)elaboração do Livro Didático Química Cidadã?”

Com desdobramentos nos questionamentos a seguir:

Como era elaborada a obra didática “Química Cidadã” antes da realização da

primeira avaliação, na época realizada pelo Plano Nacional do Livro para o

Ensino Médio (PNLEM) para a componente curricular Química?

Como foi elaborada a obra didática “Química Cidadã” mediante os editais

PNLEM 2007/Química, PNLD 2012/Química e PNLD 2015/Química?

Entende-se que os dados obtidos a partir desta investigação podem ajudar na

compreensão das políticas públicas educacionais e das relações que a partir dela se

estabelecem na elaboração e reelaboração de livros didáticos, inclusive em relação aos livros

didáticos de Química. Consequentemente este estudo possibilitará reflexões sobre o

importante papel do PNLD e do livro didático no âmbito da escola atual.

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26

1.4 A OPÇÃO METODOLÓGICA

A opção metodológica abordada nesta pesquisa é de natureza qualitativa, que de

acordo com Bogdan e Biklen (1994), é um termo genérico por agrupar diferentes estratégias

de investigação, no entanto, em determinadas situações compartilha as mesmas

características. Para os autores:

Os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa riscos em

pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais, e conversas, e de complexo

tratamento estatístico. As questões a investigar não se estabelecem mediante a

operacionalização de varáveis, sendo, outros sim formulados com o objetivo de

investigar os fenômenos em toda a sua complexidade e em contexto natural. Ainda

que os indivíduos venham selecionar questões específicas à medida que recolhem os

dados, a abordagem à investigação não é feita com o objetivo de responder as

questões prévias ou de testar hipóteses. Privilegiam, essencialmente, a compreensão

dos comportamentos a partir da perspectiva dos sujeitos da investigação. [...]

Recolhem naturalmente os dados em função de um contato aprofundado com os

indivíduos, nos seus contextos ecológicos naturais. (BOGDAN E BIKLEN, 1994,

p.16).

Investigações desta natureza têm, portanto, características próprias como: i) A fonte

direta de dados é o ambiente natural da pesquisa, na qual o investigador é constituindo o

instrumento principal. ii) Os dados são recolhidos em forma descritiva, e seus resultados são

apresentados na pesquisa no mesmo formato. iii) Os interesses que norteiam os investigadores

estão muito mais pontuados no processo de desenvolvimento da investigação, do que

simplesmente nos resultados ou produtos. iv) Os investigadores tendem a analisar os dados

obtidos de forma indutiva. v) E por fim, os investigadores qualitativos, não se limitam em

observar os comportamentos, mas se preocupam também com os significados atribuídos pelos

sujeitos em suas ações e as dos outros. Muitas são as expressões empregadas para a

investigação de cunho qualitativo na educação, é frequentemente designada por ser

naturalista, onde o investigador frequenta o lugar e naturalmente se verificam os fenômenos

nos quais está interessado, incidindo os dados coletados em comportamentos naturais das

pessoas, tais como: observar, escrever, visitar, dentre outros (BOGDAN E BIKLEN, 1994).

Assim, a presente pesquisa, se adéqua às características da pesquisa qualitativa, na

medida em que o ambiente investigado se desenvolve a partir da construção de materiais

didáticos orientados por políticas públicas educacionais.

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27

1.4.1 O Estudo de Caso

A investigação qualitativa realizada nesta pesquisa consiste em um estudo de caso

por realizar a observação detalhada de um contexto, um grupo de indivíduos e de documentos

oficiais. Além disso, analisamos a coleção de livros didáticos Química Cidadã, Editais e

Guias didáticos elaborados antes e depois da realização dos processos de seleção do PNLD.

De acordo com Marconi e Lakatos (2006, p. 274), “o estudo de caso é um método de

pesquisa que se refere ao levantamento aprofundado de determinado caso ou grupo humano

sob todos os seus aspectos”. Portanto, esse tipo de pesquisa nos permite apresentar a

particularidade de diferentes situações, de maneira a focalizar totalmente o problema, e ainda

utilizar de diferentes fontes na coleta dos dados. Nesse sentido, é que buscamos a partir dos

dados coletados, interpretar em quais aspectos a coleção Química Cidadã, tem se modificado

devido à influência da política pública.

1.5 PRODUÇÃO DE DADOS

Para a obtenção dos dados apresentados nesta pesquisa, alguns instrumentos de

coleta de dados foram adotados e algumas delimitações foram realizadas. Os colaboradores da

pesquisa são autores da coleção didática, escolhidos mediante a aceitação em participar desse

trabalho, e apenas dois atenderam ao convite.

Além dos dois autores, compõem o quadro de colaboradores da pesquisa uma

professora da educação básica, lotada no município de Cuiabá, dois critérios foram

estabelecidos para a seleção da professora, a saber:

O primeiro critério estabelecido era conhecer a coleção Química Cidadã

elaborada ainda no formato de módulos didáticos, antes mesmo da realização

de qual quer seleção de avaliação do PNLEM ou PNLD.

Como segundo critério, o professor ou professora selecionado no critério

anterior, já deveria ter adotado a coleção Química Cidadã e trabalhado com ela

durante os três anos de vigência de cada Edital. Isso poderia ter acontecido em

qualquer um dos Editais ou em todos eles.

Inicialmente realizamos um levantamento de dados no sítio da Secretária Estadual de

Educação (SEDUC), para identificarmos quais eram as escolas estaduais de ensino médio na

modalidade regular, localizadas no perímetro urbano de Cuiabá. E em seguida outro

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levantamento de dados foi realizado no sítio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação, para sabermos quais escolas haviam escolhido o livro didático Química Cidadã

para o ano letivo de 20126.

De posse desses dados, por e-mail, entramos em contato com os professores das

respectivas instituições, solicitando algumas informações, com o intuito de identificarmos

quais se adequavam ao primeiro critério estabelecido. No entanto, dos professores contatados

apenas duas professoras atendiam ao primeiro critério estabelecido, porém, dessas duas

professoras apenas uma já havia trabalhado com a coleção Química Cidadã. E, ao ser

convidado para participar desta pesquisa, prontamente nos atendeu.

1.5.1 Etapa Preliminar de Condução dos Procedimentos Éticos

A primeira etapa teve duração de aproximadamente quatro (4) meses e meio entre

junho e outubro de 2014, com a submissão do projeto de pesquisa ao comitê de ética, por

meio do acesso a Plataforma Brasil7. O projeto foi submetido (ANEXO A), com

Comprovante de Registro CEP/UFMT 058212/2014, e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso conforme análise final Parecer nº 811.495

(ANEXO B).

Para aqueles que concordaram em participar como colaboradores desta pesquisa, dois

contratos individuais foram elaborados, para a assinatura, o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido – TCLE (APÊNDICE A) e do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para

o Uso das Imagens da Coleção – TCLEIC (APÊNDICE B), bem como o preenchimento dos

dados pessoais, a fim de garantir aos colaboradores desta pesquisa privacidade de acordo com

motivos éticos.

Portanto, os nomes apresentados no capítulo V, onde são apresentadas as descrições

e as análises dos dados coletados nesta pesquisa, são nomes fictícios atribuídos aos

colaboradores de acordo com os nomes de personagens que contribuíram para a evolução da

6 Esta pesquisa deu origem ao resumo intitulado: “A Escolha dos Livros Didáticos de Química Pelos Professores

de Cuiabá”. Apresentado no XVII Encontro Nacional de Ensino de Química – ENEQ. Disponível em: <

http://www.eneq2014.ufop.br/files/publico/Anais%20XVII%20ENEQ%20completo.pdf>. Acesso em

20/04/2015.

7 A plataforma Brasil consiste em um sistema eletrônico criado pelo Governo Federal para sistematizar o

recebimento dos projetos de pesquisa que envolva seres humanos nos Comitês de Ética em todo o país. Link para

acesso a página da plataforma Brasil: <http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf>. Acesso em

10/09/2014.

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29

Química no mundo. Após a aprovação do projeto pelo comitê de ética, iniciou-se a coleta dos

dados apresentados.

1.5.2 Instrumentos de Coleta de Dados

A coleta dos dados apresentados nesta pesquisa divide-se em três etapas, mediante os

seguintes instrumentos:

1.5.2.1 Descrição e Análise dos Documentos Oficiais e da Coleção Química Cidadã

Deu-se por meio da descrição e análise dos documentos oficiais, emitidos pelo Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação, para as seleções de livros didáticos, realizadas

pelo PNLD, para a escolha das obras didáticas destinadas a componente curricular Química.

Conforme obras didáticas relacionadas nas referências desse trabalho.

1.5.2.2 Entrevistas

Inicialmente, com o intuito de convidar os colaboradores a participarem da

entrevista, em uma conversa preliminar, esclareci as finalidades desta pesquisa e definiram-se

algumas formalidades como: a definição do local, data e horário em que as entrevistas

gravadas seriam realizadas. Já na data marcada para a realização de cada entrevista, os

colaboradores assinaram os termos de consentimento e confirmou-se a garantia de sigilo.

Assim, as entrevistas foram realizadas individualmente com cada colaborador

participante, após a análise dos documentos oficiais e da coleção Química Cidadã, elas foram

gravadas em áudio, transcritas e textualizadas. Os textos obtidos a partir das transcrições

foram tomados como narrativas, com base nos princípios teóricos expressos por Walter

Benjamin (2012).

Assim, para compreendermos o conceito de narrativas, conhecemos a obra “Obras

Escolhidas I – Magia e Técnica, Arte e Política” e “Obras Escolhidas II – Rua de Mão Única”

(BENJAMIN, 2012).

Para Benjamin, narrativas são:

Uma forma artesanal de comunicação. Ela não está interessada em transmitir o “puro

em si” da coisa narrada, como uma informação ou um relatório. Ele mergulha a

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30

coisa na vida do narrador para em seguida retira-la dele. Assim, imprime-se na

narrativa a marca do narrador (BENJAMIN, 2012, p. 221).

Por sua vez, “o narrador retira o que ele conta da experiência: de sua própria

experiência ou da relatada por outros. E incorpora, por sua vez, as coisas narradas à

experiência dos seus ouvintes” (BENJAMIN, 2012, p. 217). Nesse sentido, o texto narrado é

capaz de relacionar passado e presente, em diferentes classificações de tempo, de espaço e de

relações sociais, que se estabelecem durante esse processo.

A partir das narrativas textualizadas, produziu-se um conjunto de mônadas.

Compreendidas por Benjamin como:

Pensar não inclui apenas o movimento dos pensamentos, mas também, sua

imobilização. Quando o pensamento para, bruscamente, numa constelação saturada

de tensões, ele lhe comunica um choque, através do qual ela se cristaliza numa

mônada (BENJAMIN, 2012, p. 251).

O autor nos permite compreender a mônada como uma história inacabada, por

considerar uma imobilização do sistema. Na mônada, Benjamin, “reconhece o sinal de uma

imobilização messiânica dos acontecimentos, ou, dito de outro modo, uma oportunidade

revolucionária na luta pelo passado oprimido” (2012, p. 251)

A definição de mônadas abordada por Benjamin em suas obras é inspirada em

Gottfried Wilhelm Leibniz8.

Segundo Almeida (2010) a mônada para Leibniz é:

a base para uma concepção dinâmica do mundo material, ao contrário daquela

mecânica de Descartes. Intrínseca à mônada há uma força vitalizante, não como

extensão. “Quem meditar sobre a natureza da substância (...) verificará não consistir

apenas na extensão, isto é, no tamanho, figura e movimento toda a natureza do

corpo” (LEIBNIZ, 1974, p. 85). O universo é visto como um composto dessas

unidades de força e cada uma delas, fechadas em si mesmas, representam e

espelham todo o universo sob um determinado ponto de vista. A mônada é um ponto

com o poder de exprimir o todo e por isso não recebe informações de fora: sua

dinâmica é imanente ainda que dependente da imanência de outras. E aí, uma

interpretação peculiar: Deus é criador da matéria em sua eternidade; sua criação não

é feita no tempo e nem poderia, mas uma criação das coisas na dependência de seu

Ser (p. 60).

8 Gottfried Wilhelm Von Leibniz (1646-1716) – Nasceu em Leipzig, Alemanha em 1º de julho de 1646.

Ingressou na Universidade aos quinze anos de idade e, aos dezessete, já havia adquirido o seu diploma de

bacharel. Estudou Teologia, Direito, Filosofia e Matemática na Universidade. Para muitos historiadores, Leibniz

é tido como o último erudito que possuía conhecimento universal. Disponível em: <

http://ecalculo.if.usp.br/historia/leibniz.htm >. Acesso em: 30/09/2015.

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31

Portanto, são compreendidas como pequenos fragmentos de história, que juntas

conseguem contar sobre o todo, ainda que esse todo possa ser contado por apenas um

fragmento, pois, “em cada mônada, estão presentes todas as outras”. (PETRUCCI-ROSA et

al, 2011, p. 205). Apesar das mônadas juntas poderem descrever o todo elas são

independentes entre si, de forma que o todo pode ser interpretado de um único fragmento em

um processo atemporal, dessa maneira as mônadas tornam-se autônomas e não dependentes

do tempo.

Trilhando pela perspectiva de Benjamin para a elaboração das narrativas, as

entrevistas foram realizadas sem muitas questões pré-definidas, apesar de termos um roteiro

preparado, ao inicio de cada entrevista foi pedido ao sujeito que contasse suas experiências,

adquiridas a partir da avaliação do livro didático de Química, no contexto do PNLD. A partir

dai as entrevistas seguiam livremente, com duração variada entre cinquenta minutos e duas

horas. Houve momentos em que, a pedido dos colaboradores, somente nesses casos,

intervíamos com perguntas elaboradas de acordo com a fala do colaborador, para dar

seguimento à entrevista.

1.6 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

A fase de análise de dados de uma pesquisa consiste em uma organização das

informações obtidas pelo pesquisador por meio de diferentes instrumentos de coleta de dados

ao longo do desenvolvimento da pesquisa, que de acordo com Bogdan e Biklen (1994) é

compreendida como:

[...] o processo de busca e de organização sistemático de transcrições de entrevistas,

de notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, com o

objetivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais e de lhe

permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou. A análise envolve o trabalho

com os dados, a sua organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese,

procura de padrões, descoberta dos aspectos importantes e do que deve ser

aprendido e a decisão sobre o que vai ser transmitido aos outros. (BOGDAN E

BIKLEN, p. 205, 1994).

Paralelo à submissão do projeto ao comitê de ética, realizou-se a descrição da

coleção desde a análise dos módulos até os livros didáticos. Para que as entrevistas fossem

realizadas, foi necessária a aprovação do projeto pelo comitê de ética. Após, a aprovação

concedida foi combinado uma data de acordo com os horários disponibilizados pelos

colaboradores, assim, a primeira entrevista foi realizada em março de 2015, na cidade de

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Cuiabá e as duas outras entrevistas foram realizadas em maio de 2015, na cidade de Brasília.

Todas as entrevistas depois de transcritas foram reenviadas aos colaboradores para as

correções, mudanças e melhorias, que lhes parecessem necessárias.

Para uma melhor organização dos dados analisados determinamos códigos de

identificação estabelecidos conforme a sequência da publicação das edições, a saber:

MD – Módulos didáticos;

QS – Livro didático, volume único, versão PNLEM 2007;

QC – Livro didático, três volumes, versão PNLD 2012;

QCI – Livro didático, três volumes, versão PNLD 2015.

Para a análise mais específica de cada obra didática, algumas categorias foram

elencadas. Ao optarmos pelo uso dessas categorias estamos estabelecendo uma ligação, que

funcionará como um fio condutor entre a análise do catálogo do PNLEM e os Guias Didáticos

do PNLD, e entre a análise das obras didáticas elaboradas em diferentes épocas, em acordo

com os requisitos estabelecidos em cada Edital de seleção, e entre a visão dos colaboradores

participantes desta pesquisa, no que diz respeito às principais mudanças observadas nas obras

didáticas, identificadas nas mônadas constituídas a partir das entrevistas textualizadas.

A fim de facilitar a compreensão dos dados apresentados posteriormente, foram

estabelecidas quatro (4) categorias, as quais foram elaboradas com base nas Orientações

Curriculares (2006) e nas fichas de avaliação das obras didáticas. A ficha de avaliação é

elaborada pela coordenação geral da comissão constituída para organizar e acompanhar o

processo de seleção dos livros didáticos, os quais são responsáveis pelo processo de seleção

dos livros didáticos, posteriormente essas fichas são disponibilizadas nos catálogos e guias

didáticos, esse material é então encaminhado às escolas públicas, para auxiliar o professor no

momento da escolha do livro didático.

Assim, as quatro categorias constituídas são aqui denominadas de aspectos,

conforme descrito a seguir:

Aspectos Gráficos Editoriais (Projeto Gráfico Editorial);

Aspectos Teórico-Metodológicos e Proposta Didático-Pedagógica;

Aspectos Conceituais;

Aspectos do Manual do Professor

Devido à grande quantidade de informações que envolvem cada uma desses

aspectos, houve necessidade de dividi-los em subaspectos, cada um foi elaborado de acordo

com o objetivo do aspecto principal.

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33

CAPÍTULO II

O QUE SABEMOS SOBRE O LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL

“Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas.

Os livros só mudam as pessoas”

Mário Quintana

“Mesmo que com muito tempo de vida o Livro Didático surge no Brasil

no século 19, e com tantas novas fontes de informação cada vez mais comuns à vida

de educadores e alunos, como a TV e a Internet, o LD não perde o posto de material

pedagógico mais utilizado na história da educação” 9 – Circe Bittencourt

10.

Ao questionar sobre o que sabemos sobre a gênese do livro didático no Brasil,

apresentamos, neste capítulo, uma reflexão histórica sobre a elaboração do livro didático, com

a certeza de que o mesmo constitui-se, ainda, como material pedagógico mais utilizado na

educação escolar, como nos afirma Bittencourt na frase de abertura deste texto. O objetivo é

traçar possíveis relações que são estabelecidas no referido período e, por conseguinte,

entendermos as mudanças que os livros didáticos foram submetidos por décadas até chegar ao

material disponibilizado às escolas da rede pública brasileira em tempos atuais.

3.1 AS ORIGENS HISTÓRICAS DO LIVRO DIDÁTICO NO BRASIL

O período histórico em que surge no Brasil o livro didático foi marcado por grandes

mudanças em diversas áreas do país como na economia, na política e no social, contribuindo

com mudanças no Estado e nas instituições nacionais. Na educação, ocorreu um embate

ideológico entre os diversos setores da sociedade (Estado, militares e a igreja) os quais tinham

por pretensão assumir o controle da política educacional brasileira. A igreja11

por sua vez, via

o futuro do país determinado por meio da educação, por considerá-la a principal responsável

pela formação do caráter moral e das habilidades profissionais de seus cidadãos

9 Trecho retirado da entrevista publicada pela Revista Nova Escola, de Fevereiro de 2014. Seção: Fala, Mestre!

Com o titulo “O bom livro didático é aquele usado por um bom professor” (Página 26 e 27).

10 Historiadora e docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

11 Igreja Católica Apostólica Romana.

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34

(SCHWARTZMAN et al, 2000). Devido a todo esse embate ideológico da década de 1930,

muitas foram às discussões, reformas, construções e desconstruções nas universidades,

ocorrendo mudanças na legislação da época a fim de estruturar as bases legais para a

construção do novo campo educacional brasileiro.

Em meio a toda essa disputa da época o ensino secundário de Química no Brasil tem

início no ano de 1862 conforme Gikovate (1937). No entanto, esse ensino é separado do

ensino de Física no ano de 1925, com a reforma Rocha Vaz, porém, com um pequeno número

de aulas para os dois últimos anos do ensino secundário. “Razões para esta pouca importância

decorrem da nossa herança educacional, marcada durante 210 anos (1549-1759) pela

educação jesuítica, caracterizada por ser escolástica, literária e desinteressada dos estudos

científicos” (SCHNETZLER, 2010, p.54).

No período de 1875-1930 o ensino secundário de Química no Brasil, não obteve a

atenção desejada, por parte dos educadores da época, principalmente, devido a forte influência

humanística e literária. Foi então, nesse período, que se utilizou o primeiro livro didático

brasileiro de Química – “Noções de Chimica Geral: baseadas nas doutrinas modernas” –

escrito por João Martins Teixeira. Amplamente utilizado no país, com a primeira edição em

1875 e a última em 1931. Essa época foi marcada por seis reformas educacionais, a saber: a

de Leôncio de Carvalho, de 1879 a 1889; a de Benjamin Constant, de 1890 a 1900; a de

Epitácio Pessoa, de 1901 a 1910; a de Rivadália Correa, de 1911 a 1914; a de Carlos

Maximiliano, de 1915 a 1924, e por fim, a de Rocha Vaz, de 1925 a 1930. (SCHNETZLER,

2010).

A partir da reforma educacional de Rocha Vaz, que ocorreu no período de 1925 a

1930, mudanças significativas foram observadas no ensino de Ciências e inclusive no ensino

secundário de Química da época. Desta reforma, algumas medidas começaram a vigorar e em

1929, foi criado pelo Estado um órgão especifico para legislar sobre as políticas do livro

didático, o Instituto Nacional do Livro (INL), contribuindo para dar maior legitimidade ao

livro didático nacional e consequentemente, auxiliando no aumento de sua produção.

Os anos seguem e as reformas educacionais continuam, com a reforma de Francisco

Campos, realizada entre os anos de 1931 a 1941. É nesse período que é instituído a primeira

política pública voltada à produção, importação e utilização do Livro Didático no Brasil.

Surge então a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD) instituída por Getúlio

Vargas pelo Decreto-Lei nº 1.006, de 30 de dezembro de 1938, com notável atenção do então

ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema. Essa atenção se destaca no momento em

que Capanema escolhe todos os membros da CNLD.

Page 35: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

35

A comissão era constituída por sete membros, dois dos sete membros eram

especializados em metodologias das línguas, três tinham especialização em metodologia das

ciências e os outros dois eram especializados em metodologias das técnicas, sendo que esses

membros não poderiam ter qualquer tipo de ligação comercial com editoras nacionais ou

estrangeiras12

.

Muitas foram às dificuldades encontradas pela comissão durante a operacionalização

das atividades, segundo Oliveira et. al apud Oliveira (2014), uma das dificuldades encontradas

pela comissão instituída na época era a grande quantidade de obras submetidas para a

avaliação da comissão. Segundo o balanço realizado em 17 de julho de 1941, naquela época,

aguardavam avaliação cerca de 1.986 livros.

Ao final do mandato do presidente Getúlio Vargas, as questões direcionadas ao livro

didático passaram a ser responsabilidade de outros órgãos e governantes, e em meio às criticas

de centralização de poder, risco de censura, diversas acusações por parte das editoras e outros

acontecimentos da época um novo Decreto-Lei foi implementado.

Em dezembro de 1945 é implantado o Decreto-Lei nº 8.460 é consolidada a

legislação sobre as condições de produção, de importação e de utilização do livro didático. O

Decreto-Lei tratava ainda da definição, das atribuições e das funções da CNLD com uma

maior especificidade, além de definir no art. 5º que:

Os poderes públicos não poderiam determinar a obrigatoriedade de adoção de um só

livro ou de certos e determinados livros para cada grau ou ramo de ensino, nem

ainda estabelecer preferência entre os livros didáticos de uso autorizado, sendo livre

aos professores de ensino primário, secundário, normal e profissional a escolha de

livros para uso dos alunos, uma vez que constem da relação oficial das obras de uso

autorizado (BRASIL, 1945).

Os anos seguintes foram marcados por diversas discussões realizadas pelo governo

que tratavam do livro didático e, também sobre os elevados custos de aquisição dos livros,

que muitas vezes eram incompatíveis com a renda familiar à época.

Na década de 60, no ano de 1966, por meio do Decreto n. 59.355, de 04 de outubro

de 1966, foi assinado um convênio entre o Ministério da Educação (MEC) e a Agência Norte-

Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), instituindo a Comissão do Livro

Técnico e do Livro Didático (COLTED). Esse convênio contava também com a participação

do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), seu objetivo era disponibilizar aos

12

De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-historico>. Acesso

em: junho de 2014.

Page 36: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

36

estudantes, gratuitamente, cerca de 51 milhões de livros no período de três anos. Propondo

também a instalação de bibliotecas e treinamentos de instrutores e professores no país.

Quatro anos depois é implantado pela Portaria n. 35, de 11 de março de 1970, o

sistema de co-edição de livros com as editoras nacionais, com os recursos do Instituto

Nacional do Livro (INL). No ano seguinte, em 1971, o INL começou a desenvolver o

Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental (Plidef), assumindo as atribuições

administrativas e de gerenciamento dos recursos financeiros até então a cargo da Colted13

.

Em 04 de fevereiro de 1976, por meio do Decreto n. 77.107, que dispõe sobre a

edição e distribuição de livros textos (BRSIL, 1976), o governo passa a comprar uma

determinada quantidade de livros com o propósito de serem distribuídos em parte das escolas.

O INL é extinto e a Fundação Nacional do Material Escolar (Fename) torna-se a então

responsável pelo programa do livro didático. Os recursos utilizados eram originários do

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A quantidade disponível de

recursos era muito pequena não sendo suficiente para atender a todos os alunos do ensino

fundamental da rede pública, e com isso a grande maioria das escolas foram excluídas do

programa.

Anos mais tarde, em 1983, a Fename é substituída e, é criada a Fundação de

Assistência ao Estudante (FAE). Nesse momento, novas mudanças são incluídas no processo

da escolha do livro didático, havia um grupo de trabalho encarregado do exame dos

problemas relacionados às obras. A fundação propunha ainda a inclusão de outras séries do

ensino fundamental além da participação dos professores no processo de escolha dos livros.

Em 1985 é implantado o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), instituído

pelo Decreto nº 91.542, de 19 de agosto, que dispõe sobre sua execução e dá outras

providencias (BRASIL, 1985). Como uma iniciativa do Ministério da Educação, com o

objetivo de distribuir os Livros Didáticos aos estudantes das escolas públicas do Ensino

Fundamental.

Segundo Cassiano (2013), a criação do PNLD:

[...] apresentou grandes modificações em relação ao programa de livro didático que

vigorava antes, o Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental

(PLIDEF).

O PNLD trazia princípios, até então inéditos, de aquisição e distribuição universal e

gratuita de livros didáticos para os alunos da rede pública do então1º grau (1º a 8º

série, para alunos de 7 a 14 anos) (p.53).

13

De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-

didatico-historico>. Acesso em junho de 2014.

Page 37: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

37

A execução do PNLD que anteriormente era competência do MEC, por meio da

Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), passa a ser da responsabilidade do Fundo

Nacional do Desenvolvimento da Educação. A esse órgão competia a função de captar os

recursos para o financiamento de programas voltados ao ensino fundamental. Ainda com

vistas à melhoria da qualidade do livro didático utilizado nas escolas públicas do país.

O PNLD desenvolve avaliações em ciclos trienais dos livros didáticos, coordenadas

pela Secretária de Educação Básica (SEB), do MEC. A primeira avaliação dos livros didáticos

aconteceu em 1996, quando foram analisados os livros das seguintes disciplinas: Português,

Matemática, Ciências e Estudos Sociais, de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental.

A Resolução CD FNDE nº. 6, publicada em julho de 1993, destina recursos para a

aquisição dos livros didáticos destinados aos alunos das redes públicas de ensino,

estabelecendo-se, assim, um fluxo regular de verbas para a aquisição e distribuição das

obras14

.

Posterior a isso, o governo define critérios para a avaliação dos livros didáticos,

quando em 1994 é publicado o material intitulado “Definições de Critérios para a Avaliação

dos Livros Didáticos”. Esse manual era destinado às disciplinas de Português, Matemática,

Estudos Sociais e Ciências de 1º a 4º série do ensino fundamental. Assim, de maneira

gradativa foi sendo retomada a distribuição dos livros didáticos para as escolas públicas de

ensino fundamental. Inicialmente, com as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática,

posteriormente foram retomadas as disciplinas de Ciências e Estudos Sociais e incluída as

disciplinas de Geografia e História.

Segundo a história disponibilizada no site do FNDE, no ano de 1996 inicia-se a

avaliação pedagógica das obras inscritas para o PNLD e, nesse ano é publicado então o

primeiro Guia de Livros Didáticos de 1º a 4º série. A seleção ocorreu a partir de uma

avaliação realizada pelo MEC, baseada em critérios previamente definidos. Sendo assim, as

obras que apresentavam erros conceituais, induções a erros, desatualização com a época,

preconceito ou discriminação de qualquer tipo eram excluídas do Guia do Livro Didático. Tal

procedimento foi aperfeiçoado no decorrer dos anos, sendo aplicado até os dias atuais.

No ano seguinte, 1997, a FAE é extinta e a responsabilidade política de

desenvolvimento do PNLD torna-se competência exclusiva do Fundo Nacional de

14

De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-

didatico-historico>. Acesso em: junho de 2014.

Page 38: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

38

Desenvolvimento da Educação (FNDE). Com isso, tornou-se necessário a ampliação do

programa, e o MEC passou a adquirir continuamente livros didáticos das disciplinas que

compunham o currículo da educação básica de 1º a 8º série (designação à época) do ensino

fundamental público brasileiro15

.

Já ano de 2000 o PNLD incluiu-se a distribuição gratuita de dicionários da Língua

Portuguesa aos alunos de 1º a 4º série, a distribuição começa a ser realizada em 2001. Até

então os livros didáticos adotados pelas escolhas da rede pública, chegam com longos atrasos,

em relação ao ano letivo que já estava em andamento. Nesse ano, houve uma regularização da

entrega das obras selecionadas, os livros didáticos passaram a chegar ao final do ano letivo

anterior ao qual eles seriam utilizados, ou seja, os livros para o ano letivo de 2001 foram

entregue as escolas públicas até o dia 31 de dezembro do ano letivo de 2000.

Um grande crescimento do programa pode ser observado no ano de 2001, quando o

PNLD começa de maneira gradativa, o atendimento aos alunos portadores de deficiência

visual, que estudavam nas escolas públicas de ensino regular do país, com a distribuição de

livros didáticos em braile. Atualmente, os alunos com deficiência auditiva são atendidos

também com as obras que são traduzidas na Língua Brasileira de Sinais (Libras), caractere

ampliado e na versão MecDaisy16

.

Até o ano de 2001, a maioria dos livros didáticos eram obras consideradas

descartáveis, ou seja, a cada novo ano uma nova obra era enviada à escola. A partir de 2002, o

PNLD instituiu que apenas os livros dos anos iniciais, os quais correspondiam às séries de

alfabetização, seriam livros de reposição. Os anos finais do ensino fundamental passariam por

avaliações em um período de três em três anos.

No ano de 2003, grandes mudanças chegam ao PNLD, com a publicação da

Resolução CD FNDE n. 38, de 15 de outubro de 2003, por meio dela é instituído o Programa

Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM). Até então apenas o ensino

fundamental era beneficiado com o recebimento dos livros didáticos, a distribuição ao ensino

médio é instituída gradativamente, em 2004 seu primeiro ano de execução, as obras

adquiridas foram de Matemática e Português para os alunos do 1° ano das escolas públicas

15

De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-

didatico-historico>. Acesso em: outubro de 2015.

16 É um conjunto de programas que permite transformar qualquer formato de texto disponível no computador em

texto digital falado. De acordo com as informações disponíveis em:

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13786%3Aprograma-amplia-

inclusao-de-pessoas-com-deficiencia-ao-converter-texto-em-audio&catid=205&Itemid=826>. Acesso em: julho

de 2014.

Page 39: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

39

localizadas nos Estados das regiões Norte e do Nordeste do Brasil17

. A partir do ano de 2005

todas as regiões brasileiras foram contempladas com a distribuição de livros didáticos de

Português e Matemática para todos os anos do ensino médio.

Em 2006, além das obras já distribuídas ao ensino médio, o PNLD faz a compra

integral dos livros de Biologia. Para atender aos alunos surdos, que utilizam a Língua

Brasileira de Sinais, foi distribuído até ao 5º ano das series iniciais correspondentes ao ensino

fundamental o dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue – Língua Brasileira de

Sinais/Língua Portuguesa/Língua Inglesa.

O programa cresce a cada ano que passa, e novos níveis de ensino da rede pública

são atendidos como o PNLD, para a Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLA), instituída em

2007 e, dificuldades com a logística que envolve a distribuição das obras escolhidas começam

a ser sanadas. Nesse mesmo ano, para o ensino médio, novas disciplinas são incluídas nos

processos de seleção do PNLD e, dentre elas, a Química. A primeira seleção foi denominada

PNLEM 2007/Química, realizada com o intuito de avaliar livros didáticos destinados à

componente curricular Química do ensino médio regular, nas escolas públicas em todo o país.

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA

No Brasil, a trajetória histórica percorrida pelo livro didático, para que o mesmo

chegasse até as escolas brasileiras, inicia-se no ano de 1929, conforme Mortimer (1988).

Paralelo a todo o contexto histórico apresentado anteriormente, Mortimer em seu artigo

explica que não há registros históricos oficiais que tratem sobre o uso dos livros didáticos no

Brasil, datados antes desse período.

Nos anos que antecederam a década de 30, os livros didáticos utilizados se

caracterizavam como compêndios18

. Ou seja, os compêndios da época eram modelos de livros

que englobavam apenas os conhecimentos considerados mais importantes de uma

determinada área do conhecimento. Desde o início da história do livro didático no Brasil, os

17

De acordo com as informações disponíveis em: <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-

didatico-historico>. Acesso em julho de 2014.

18 Segundo o dicionário Informal on line, compêndio é o nome que se dá a uma súmula dos conhecimentos

relativos a uma dada área do saber, em forma de livro. Por exemplo, um compêndio de Física engloba em si os

conhecimentos considerados mais importantes desta ciência ou uma enciclopédia é um compêndio de

conhecimento humano. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/comp%C3%AAndio/>. Acesso

em: agosto de 2015.

Page 40: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

40

compêndios estavam diretamente associados às políticas públicas que, embora sejam

classificadas de maneira indireta regulamentam a produção desses materiais.

Segundo Mortimer (1988) até o ano de 1930, os primeiros livros didáticos de

Química eram conhecidos como compêndios de Química Geral, o que na época era aceitável

devido à estrutura curricular do ensino secundário abordado naquele período. Isso, devido à

carência de um sistema de ensino melhor estruturado. Em consequência disso, não se

pensavam em livro por série, pois os estudos realizados tinham o objetivo de introduzir um

ensino voltado para exames preparatórios. Devido a essa situação muitos compêndios de

Química Geral eram utilizados no curso secundário e praticamente eram os mesmos

abordados nos cursos superiores.

Esses livros eram caracterizados por uma pequena parte de química geral seguida de

outra parte de química descritiva, bastante extensa. A parte referente à Química Geral

apresentava uma boa estrutura metodológica, as principais definições eram encontradas em

meio a uma variedade de exemplos, abordados em textos bem encadeados (MORTIMER,

1988).

Mortimer (1988) relata em seu artigo que os livros não apresentam uma preocupação

em conceituar algo para depois exemplificar. De maneira geral os livros apresentavam

discussões sobre determinados fenômenos e assim em meio à discussão deste, o conceito era

naturalmente introduzido no texto. Da década de 30 ate 1960, no século XX, os livros

encontrados apresentavam uma grande homogeneidade entre si, isso era resultado da

existência de programas oficiais que marcaram a trajetória da elaboração do livro didático no

Brasil nesse período.

A partir da reforma de Francisco Campos, no período de 1931 a 1941, mudanças na

educação da época é tema de árduas discussões, com a proposta da Escola Nova, onde o

ensino seria centrado exclusivamente no aluno. Em meio a essas discussões, é publicado um

livro (LEÃO, 1936) que propõe um ensino estruturado em uma série de experimentos,

empregado na introdução de temas (MORTIMER e SANTOS, 2008).

Anos depois entra em vigor a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB), de 1961, a partir da implantação dessa lei, diversas mudanças são observadas nos

livros didáticos da época. Esse período é marcando também, por discussões entres cientistas e

educadores, em torno do destino da educação cientifica no país. Na Química, diversas

mudanças aconteceram e a partir delas houve uma revalorização das disciplinas da área de

Ciências da Natureza, com um aumento de carga horária nos currículos da época, segundo

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41

Mortimer e Santos “é o período em que se observa a maior variedade de abordagens nos

livros didáticos” (2008. p. 87).

Em 1971, uma nova lei entra em vigor e novas mudanças são realizadas no ensino

secundário brasileiro. A Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, fixa Diretrizes e Bases para o

ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências (BRASIL, 1971).

A partir da publicação da lei o ensino secundário previa a formação

profissionalizante, com isso os sistemas de vestibulares das universidades federais da época,

difundem as questões de múltipla escolha, e o reflexo disso é observado nos livros didáticos

que acabam por sofrer aprofundas mudanças, “tornando-se uma mercadoria de consumo de

massa e adquirindo a diagramação e aspectos gráficos que apresentam atualmente, com

ilustrações, diagramas, fotos, etc.” (MORTIMER e SANTOS, 2008, p. 87).

Novas mudanças na LDB ocorrem e em 1996 é promulgada a nova LDB, com isso

inicia-se um período de luta pela democratização e melhorias no ensino público brasileiro,

principalmente no ensino médio. Isso acaba por atingir a todos os setores da educação,

inclusive ao PNLD, quando ele além de atender com livros didáticos gratuitos o ensino

fundamental, amplia-se e passa a atender também o ensino médio, no ano de 2004.

Para Mortimer e Santos “os livros de Química dos anos 80 continuaram, na década

de 1990, com a homogeneidade imposta pelo mercado editorial, [...]” (2008, p. 89). O que

para os autores é classificado como homogeneidade, para Chervel:

[...] um fenômeno de “vulgata”, o qual parece comum às diferentes disciplinas. Em

cada época, o ensino dispensado pelos professores é, grosso modo, idêntico, para a

mesma disciplina e para o mesmo nível. Todos os manuais ou quase todos dizem

então a mesma coisa, ou quase isso. Os conceitos ensinados, a terminologia adotada,

a coleção de rubricas e capítulos, a organização do corpus de conhecimentos,

mesmo os exemplos utilizados ou os tipos de exercícios praticados são idênticos,

com variações aproximadas (CHERVEL, 1990, p. 203).

Nessa perspectiva, a homogeneidade dos livros didáticos de Química, caracterizada

por Mortimer e Santos (2008), nada mais é do que a vulgata escolar, denominada por Chervel

(1990), e essa repetição “é tão grande que o plágio é comum entre os textos didáticos”

(Valente, 2008, p.142).

Porém, um período de heterogeneidade, ou seja, um período de inovação na

elaboração dos livros didáticos estava próximo, pois com as mudanças na legislação as

editoras e os autores precisavam então (re)elaborar os livros didáticos, de maneira a adequá-

los a nova legislação e as necessidades apresentadas na época. Surgem então as propostas

inovadoras para os livros didáticos de Química.

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42

3.3 OS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA

O livro didático de Química carrega conceitos, informações e procedimentos desta

área de conhecimento. Para o professor seu papel é bem mais importante, por propor

diferentes metodologias de ensino, concepções de ciência, educação e sociedade. Para a

componente curricular Química, há a existência de elementos próprios do seu ensino, a saber:

a experimentação, a história da Ciência e a contextualização dos conteúdos (BRASIL, 2014).

Na década de 80, a área de Ensino de Química, no Brasil é marcada pelas pesquisas

desenvolvidas com projetos de produção de materiais didáticos e processos de formação de

professores. Esses projetos tiveram um papel fundamental à área por motivar o rompimento

com a abordagem clássica dos conteúdos químicos, na maioria dos livros didáticos comerciais

e, com isso, propor novas metodologias de ensino (MORTIMER e SANTOS, 2008).

Surgem, então, diferentes propostas de livros didáticos de Química, com novas

abordagens quebrando a clássica divisão do ensino em Química Geral, Físico-Química e

Química Orgânica. E assim, em várias regiões do país, principalmente pesquisadores das

universidades federais começaram a propor materiais didáticos, elaborados com base em uma

perspectiva inovadora: como outras duas propostas, também elaborados na década de 80.

A primeira proposta é do Grupo de Pesquisas em Educação Química – Gepeq,

coordenado pelos professores Luiz Pitombo e Maria Eunice Marcondes. O grupo iniciou sua

produção com o livro Interações e Transformações Químicas para o 2º grau (GEPEQ, 1993).

No decorrer dos anos, o material produzido pelo grupo cresceu, ganhou novos volumes,

cadernos de atividades e cadernos de exercícios, destinados a alunos e professores. A segunda

proposta nasce na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, com a obra Química, os

autores Eduardo Fleury Mortimer e Andréa Horta Machado, apresentam um trabalho

realizado por mais de vinte anos de pesquisas na área de Educação Química (MACHADO,

MOL e ZANON, 2012).

O Projeto de Ensino de Química e Sociedade é coordenado pelos professores

Wildson Santos e Gérson Mól, seus trabalhos giram em torno de uma proposta didática

construtivista para o ensino de Química nas turmas do ensino médio, das escolas estaduais no

Distrito Federal. Seus módulos didáticos foram posteriormente publicados pela universidade

de Brasília, em 1988, e mais tarde a proposta passou a ser publicada pela editora Nova

Geração (MACHADO, MOL e ZANON, 2012).

Tempos depois o projeto, suas publicações e o grupo de pesquisa, ganham destaques

não somente entre as escolas estaduais de Brasília, mas também em outras regiões do país. No

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43

ano de 2004, com a publicação do edital do FNDE, surge uma política pública destinada à

seleção, compra e distribuição gratuita de livros didáticos para o ensino médio e, anos depois,

para a compra de livros didáticos de Química. Os autores decidem em parceria com a editora

da época, converter os módulos em um livro didático, com a mesma proposta e configuração

que o grupo já vinha desenvolvendo. Era necessária uma adaptação que se daria conforme as

orientações do Edital do PNLEM/2007, a atual política pública que orientava o processo de

elaboração e seleção dos livros didáticos para o ensino médio.

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44

CAPÍTULO III

A POLÍTICA PÚBLICA NA ELABORAÇÃO E REELABORAÇÃO DOS

LIVROS DIDÁTICOS

“Um dos principais deveres do homem é

cultivar a amizade dos livros”

Thomas Carlyle

Este capítulo discute sobre políticas públicas na área educacional, no contexto do

Programa Nacional do Livro Didático como politica pública de destaque na (re)elaboração,

avaliação, seleção e distribuição dos livros didáticos no Brasil. Para tanto, utilizamos

conceitos dos três contextos que constituem o ciclo de políticas proposto pelo sociólogo

Stephen Ball19

.

No final do século XX, intensificaram-se, no Brasil, pesquisas e grupos de estudos

relacionados às políticas educacionais, resultando na promoção de um campo distinto de

investigação, mas que ainda vem buscando estabilidade. Em meio a esse processo de

consolidação das políticas, com pesquisas e grupos de estudos específicos, observou-se um

aumento nas investigações, nas publicações, no surgimento de novos grupos de pesquisa com

essa perspectiva e, inclusive, em novas linhas de pesquisas nos diversos programas de pós-

graduação, dentre outros momentos relacionados às políticas sociais e educacionais (BALL e

MAINARDES, 2011).

Em meio às reformas econômicas e educacionais que marcaram o governo de

Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), diversos documentos curriculares foram escritos,

várias pesquisas pautavam-se nos Parâmetros e nas Diretrizes Curriculares Nacionais

elaborados ao final da década de 1990 (LOPES e MACEDO, 2011). Segundo Oliveira (2014),

essas pesquisas, em sua maioria, eram direcionadas à crítica dos documentos e dos resultados

por eles apresentados, em vez de se pautarem em investigações teóricas e empíricas

relacionadas às políticas de currículo da época. Com à produção de todas essas pesquisas,

comumente destacava-se a distinção entre propostas e práticas, entre o currículo formal

19

Professor de Sociologia da educação, na Universidade de Londres, lotado no Instituto de Educação. Autor de

diversas obras no âmbito das Políticas Públicas Educacionais, conforme informações disponibilizadas em:

<https://www.udesa.edu.ar/files/EscEdu/CV/CV-BALL2006.PDF>. Acesso em 16 de junho de 2014.

Page 45: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

45

(prescrito pelo Estado) e o currículo em ação (praticado nas escolas), com vistas a uma

perspectiva estadocêntrica, separando políticas e práticas (LOPES e MACEDO, 2011).

Novas pesquisas têm procurado superar a distinção existente entre proposta e

implementação, dentre elas destaca-se a abordagem formulada pelo sociólogo inglês Stephem

Ball e seus colaboradores, por permitir uma análise crítica e contextualizada de programas e

políticas de educação, considerando os diversos contextos sociais que envolvem sua

elaboração seguindo até a sua implementação no contexto da prática, bem como seus

resultados correspondentes (MAINARDES, 2006).

Ball (1994) assume a política como:

uma “economia de poder”, um conjunto de tecnologias e práticas as quais são

realizadas e disputadas em níveis locais. Política é texto e ação, palavras e fatos,

tanto o que é praticado, quanto o que é pretendido20

(BALL, 1994, p.10) [Tradução

nossa].

O autor nos direciona para a compreensão da política como um processo de

intervenções textuais na prática, ao afirmar a existência de um terceiro espaço, “há muito mais

além da escola e da sala de aula, outras preocupações, demandas, pressões, propósitos,

desejos21

” (BALL, 1994, p.11) [Tradução nossa].

3.1 O CICLO DE POLÍTICAS NA PERSPECTIVA DE BALL

O termo ciclo de políticas, nada mais é que uma denominação atribuída pelos seus

idealizadores, Stephen Ball e colaboradores (1992), com o intuito de melhor explicar as

políticas educacionais, bem como os processos que envolvem os profissionais que convivem

com as políticas, desde a sua elaboração até a sua execução na prática.

Para Mainardes (2006), ciclo de políticas é definido como uma abordagem, e:

Essa abordagem destaca a natureza complexa e controversa da política educacional,

enfatiza os processos micropolíticos e a ação dos profissionais que lidam com as

políticas no nível local e indica a necessidade de se articularem os processos macro e

micro na análise de políticas educacionais (p. 49).

20

No texto, em inglês, lê-se: “Policy is, as already indicated, an „economy of power‟, a set of Technologies and

practices which are realized and struggled over in local settings. Policy is both text and action, words and

deeds, it is what is enacted as well as what is intended”.

21 No texto, em inglês, lê-se: “There is just more to school and classroom life than this, a third space – other

concerns, demands, pressures, purposes and desires”.

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46

Em entrevista concedida a Mainardes e Marcondes (2009), Ball define o ciclo de

políticas, como:

[...] um método. Ele não diz respeito à explicação das políticas. É uma maneira de

pesquisar e teorizar as políticas. O ciclo de políticas não tem a intenção de ser uma

descrição das políticas, é uma maneira de pensar as políticas e saber como elas são

“feitas”, usando alguns conceitos que são diferentes dos tradicionais como, por

exemplo, o de atuação ou encenação. (BALL, 2009 apud MAINARDES e

MARCONDES, 2009, p. 304-305).

Compreendemos que, para Ball, o ciclo de políticas é um método e sua referência

faz-se no que diz respeito à não explicação das políticas, convertendo-se em um modo de

pesquisar e teorizar as políticas. Assim se entende que as políticas não podem dizer o que

deve ser feito, mas podem proporcionar situações para serem analisadas e executadas. Por

esse motivo, o autor considera que a política não pode ser implementada de maneira linear, ou

seja, como se existisse alguém para planejar as políticas e alguém para executá-las, sugerindo

um processo linear em que a política segue em direção à prática de maneira direta e perfeita.

Contudo, a transcrição da política em prática é um processo complexo, e ele se constitui entre

a alternação de modalidades (BALL, 2009 apud MAINARDES e MARCONDES, 2009).

A modalidade primária é textual, pois as políticas são escritas, enquanto que a

prática é ação, inclui o fazer coisas. Assim, a pessoa que põe em prática as políticas

tem que converter/transformar essas duas modalidades, entre a modalidade da

palavra escrita e a da ação, e isto é algo difícil e desafiador de se fazer. E o que isto

envolve é um processo de atuação, a efetivação da política na prática e através da

prática. É quase como uma peça teatral. Temos as palavras do texto da peça, mas a

realidade da peça apenas toma vida quando alguém as representa. E este é um

processo de interpretação e criatividade e as políticas são assim. A prática é

composta de muito mais do que a soma de uma gama de políticas e é tipicamente

investida de valores locais e pessoais e, como tal, envolve a resolução de, ou luta

com, expectativas e requisitos contraditórios – acordos e ajustes secundários fazem-

se necessários (p. 305).

Logo, o ciclo de políticas apresentado por Ball et. al. (1992), considera que os

profissionais que atuam na escola, sobretudo os professores, não estão excluídos dos

processos de formulação e de implementação de políticas, ou seja, significa que tanto

professores como os demais profissionais atuantes no espaço escolar, são protagonistas no

processo de formulação e implementação das políticas, podendo ou não ter suas experiências

envolvidas nesse processo. Caracterizando assim, processos sociais e pessoais, além de ser um

processo material e representar as políticas em contextos materiais.

Ball, Bawe e Gold (1992) propuseram, inicialmente. cinco contextos políticos, mas

que após estudos e debates foram reduzidos a três, considerados principais, cada um deles

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47

apresentam arenas, lugares, e grupos de interesse envolvendo disputas e embates. Porém,

esses três contextos basilares encontram-se inter-relacionados, de maneira não linear e não

apresentam dimensão temporal ou sequencial.

Conforme apresentado na figura 122:

Figura 1: Contexto de Elaboração da Política

Fonte: Baseado em Ball, Bawe e Gold, 1992, p. 20.

O primeiro contexto a ser representado é o Contexto de Influência, “é o lugar onde a

política pública é normalmente iniciada23

” (BALL et. al. 1992, p.19) [Tradução nossa]. No

âmbito desse contexto, as políticas públicas são iniciadas e os discursos políticos são

elaborados. Nele há, também, os grupos de interesse, os quais se destacam pelas disputas de

influência, exercidas sob a definição da finalidade social da educação. Nesse contexto, existe

ainda, a atuação das redes sociais, dentro e entorno dos partidos políticos, do governo e do

processo legislativo. Tal contexto contribui até mesmo para que os conceitos adquiram

legalidade formando discurso de base para a política. E encontram-se, nele, os órgãos

governamentais, partidos políticos, agências internacionais de financiamento, grupos

privados, comunidades disciplinares e institucionais, apresentando quase que uma relação

simbiótica com o segundo contexto (MAINARDES, 2006).

O segundo contexto capaz de apresentar uma interface com o contexto anterior, é o

Contexto de Produção de Textos. A linguagem política é apresentada no formato de textos

pelos documentos oficiais e legais, comentários, mídias, pronunciamentos oficiais, que podem

ser formais ou informais sobre os textos oficiais, dentre outros. Nem sempre esses textos,

22

No texto, em inglês, lê-se: “Contexts of policy making”.

23 No texto, em inglês, lê-se: “is where public policy is normally initiated”.

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48

acessíveis à população, serão coerentes e claros, em alguns momentos poderão ser, inclusive,

contraditórios. No entanto, por serem textos políticos, são resultados de disputas e acordos

devido às lutas existentes entre os grupos que tentam controlar a política. Sendo assim, as

consequências das disputas estabelecidas no segundo contexto, é refletido no terceiro

contexto, o contexto da prática (MAINARDES, 2006).

O Contexto da Prática é o contexto no qual a política pode ser interpretada e recriada,

produzindo efeitos e consequências, e assim, resultando em mudanças significativas na

política original. Ou seja, no Contexto da Prática, os discursos elaborados no Contexto de

Influência e os textos produzidos no Contexto de Produção de Textos são submetidos a

julgamentos de interpretação e são recriados, modificando o seu sentido original (LOPES e

MACEDO, 2011; PETRUCCI-ROSA, VARSONE e RAMOS, 2008).

Para Ball et al (1992),

Os profissionais envolvidos no contexto da prática não interpretam os textos

políticos como leitores ingênuos, suas leituras são realizadas com base em suas

histórias, suas experiências, seus valores e propósitos [...]. Assim, as políticas serão

interpretadas de maneira diferente por considerar que as histórias, as experiências, os

valores, os propósitos e os interesses são múltiplos. Isso se deve pelo fato de que os

autores dos textos políticos não podem controlar os significados de seus textos.

Onde partes desses textos, podem ser rejeitadas, selecionadas, ignoradas,

deliberadamente mal interpretadas, respostas podem ser frívolas, etc. Além disso,

interpretação é uma questão de disputa. Diferentes interpretações serão contestadas,

uma vez que se relacionam com interesses diversos, é possível que uma ou outra

interpretação predomine, embora desvios ou interpretações minoritárias possam ser

importantes24

. (BALL, BOWE e GOLD, 1992, p.22) [Tradução nossa].

Fica evidente que os professores e demais profissionais envolvidos com a educação,

possuem um papel relevante no que se refere à interpretação e reinterpretação das políticas

públicas educacionais e assim, a concepção que possuem passa a ter implicações diretas para

o processo de implementação das políticas, para Ball (1992), a política deve ser ponderada

como texto e como discurso, concomitantemente.

Para Lopes (2005a) discurso e texto são definidos respectivamente como:

24

No texto, em inglês, lê-se: “Practitioners do not confront policy texts as naive readers, they come with

histories, with experience, with values and purposes of their own, […]. Policies will be interpreted differently as

the histories, experiences, values, purposes and interests which make up any arena differ. The simple point is

that policy writers cannot control the meanings of their texts. Parts of texts will be rejected, selected out,

ignored, deliberately misunderstood, responses may be frivolous, etc. Furthermore, yet again, interpretation is a

matter of struggle. Different interpretations will be in contest, as they relate to different interests, one or other

interpretation will predominate, although deviant or minority readings may be important”.

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49

[...] categoria na qual todo sujeito é posicionado ou reposicionado, práticas que

sistematicamente formam os objetos dos quais elas falam, e defino texto como

qualquer representação expressa pela fala ou pela escrita, nas quais são realizadas a

produção e a reprodução cultural. (p. 264).

Logo, em acordo com as considerações de Lopes (2005a) compreendemos as

políticas de currículo como produtos da recontextualização dos textos e discursos, que podem

ser do governo, de agências nacionais e internacionais de fomento, das instituições nacionais e

internacionais de ensino superior, das escolas, dos docentes e, inclusive, das editoras.

Lopes (2005b) compreende a recontextualização a partir da definição apresentada

por Bernstein (1996, 1998), para o autor os textos oficiais ou não-oficiais, sofrem uma

fragmentação ao circularem no campo da educação, alguns dos fragmentos formados são bem

mais valorizados que outros, e por fim são associados a outros fragmentos de texto capazes de

lhes atribuir um novo significado e novas interpretações. Ou seja, os textos produzidos

nacional ou internacionalmente sofrem modificações ao serem inseridos em diferentes

contextos como de diferentes países, Estados e municípios, instituições de ensino superior,

escolas, dentre outros contextos.

Deste modo, podemos considerar a política curricular como um híbrido, por se tratar

da mutação entre fragmentos de diferentes textos, em um processo de constante

transformação. Em outras palavras,

[...], a recontextualização dos textos e discursos curriculares assume um caráter

híbrido, na medida em que esses são deslocados das questões e relações de origem e

recolocados em novas questões e relações produzindo novos sentidos e significados

para os recortes estabelecidos. (ABREU, GOMES e LOPES, 2005, p. 406).

Isso não significa dizer que o processo de recontextualização por hibridismo não

sugere a atribuição de qualquer sentido aos textos políticos, pois a construção de sentidos e

significados para tais textos se desenvolve de maneira complexa, além de envolver disputas e

negociações a fim de legitimar todo o processo de recontextualização. Dentre os diversos

textos que circulam, nos diferentes contextos de produção das políticas públicas, destacamos

os livros didáticos, foco da presente pesquisa.

3.2 O LIVRO DIDÁTICO NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO DAS POLÍTICAS

PÚBLICAS BRASILEIRAS

Considerando o ciclo de políticas proposto por Ball e seus colaboradores, toda a

política pública que envolve a (re)elaboração dos livros didáticos brasileiros reflete as

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50

características dos três contextos apresentados. O contexto de influência articula todas as

relações de poder e influência, posteriormente conjecturadas no contexto da produção de

textos, com a elaboração dos Editais específicos, documentos de cunho nacional que norteia a

realização de cada seleção de livros, e refletido também na elaboração dos livros didáticos

pelos autores, que a partir de suas experiências que ressignificam sua prática docente na

elaboração de seus livros didáticos mediante as orientações dos documentos oficiais.

Aos serem selecionados, os livros didáticos indicam estar de acordo com as

orientações estabelecidas nos Editais de seleção, bem como com a legislação vigente

atendendo ao currículo estabelecido para cada período escolar. Considerando os livros

didáticos brasileiros como produtos de disputas pautadas nas decisões e ações curriculares,

um currículo escrito como é considerado por Goodson (1995).

O currículo escrito não passa de um testemunho visível, público e sujeito a

mudanças, uma lógica que se escolhe para, mediante sua retórica, legitimar uma

escolarização. Como tal, o currículo escrito promulga e justifica determinadas

intenções básicas da escolarização, à medida que vão sendo operacionalizadas em

estruturas e instituições (GOODSON, 1995, p. 21).

Portanto, não se pode negar que os livros didáticos sofrem transformações quando

estão inseridos no contexto da prática, no desenvolvimento da prática escolar, na sala de aula,

seus textos são interpretados e ressignificados com base nas histórias vividas que

acompanham a vida de cada professor, além de suas percepções curriculares e da cultura

escolar da qual fazem parte. Todo esse processo de recontextualização da política exerce

influência na elaboração desses materiais didáticos, como ressalta Abreu, Gomes e Lopes

(2005):

[...] salientamos que uma das ações das políticas de currículo é fazer desses textos

menos polissêmicos, menos abertos a serem reescritos, em virtude dos discursos que

os constituem e das condições de leitura. [...] em função do que se supõe ser o

controle de qualidade da prática curricular. Tal controle é exercido não apenas pelo

contexto de produção das definições curriculares, mas também pelo mercado

editorial, pelos grupos produtores dos Livros Didáticos, por discursos de valorização

do Livro Didático e por mecanismos de avaliação centralizados dos livros (ABREU,

GOMES e LOPES, 2005, p.407).

Em acordo com Abreu, Gomes e Lopes (2005, p.407), defendemos que “os Livros

Didáticos são produções recontextualizadas por hibridismo em diferentes contextos e relações

sociais”. E assim, ao compreendermos como são elaborados os discursos híbridos que

envolvem esse processo de recontextualização, será possível identificarmos as relações de

poder instituídas pela política.

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51

Como Ball, compreendemos que as políticas públicas educacionais não podem ser

implementadas de maneira linear, por serem produto de um amálgama de interesses e

proposições de organizações, grupos sociais e culturais, empreendimentos privados e

públicos, comunidade acadêmica e escolar, associações, partidos políticos, dentre outros.

Esses grupos e organizações são capazes de moldar e influenciar, diretamente, a proposição

de novas políticas públicas, como aquelas destinadas à educação brasileira, por exemplo, a

criação do PIBID, que possibilita a inserção de acadêmicos de cursos de licenciatura nas

escolas públicas, sob a supervisão e orientação de professores da educação básica do ensino

superior e ainda a criação do PNLEM, com a proposta de distribuir gratuitamente, livros

didáticos aos estudantes do ensino médio.

O meio acadêmico é um dos diversos grupos capaz de influenciar a criação das

políticas públicas, bem como na elaboração dos livros didáticos, dentre eles dos livros

didáticos da Química, destinados ao ensino médio brasileiro; como a Obra didática Química

Cidadã elaborada no âmbito do PNLD. Ao ser reformulada, a Coleção assume, em cada nova

edição, percepções, legendas, formatos e aspectos recomendados nos documentos oficiais.

Isto para justificar as novas elaborações impressas, evidenciando as características presentes

nos contextos que constituem o ciclo de políticas. Essas assimilações se desenvolvem de

diferentes maneiras, de acordo com os atores envolvidos em cada contexto, bem como suas

vivências, o que contribui para uma ressignificação da prática docente em cada contexto do

ciclo.

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52

CAPÍTULO IV

QUÍMICA CIDADÃ: UMA OBRA DIDÁTICA INOVADORA?

“O mundo é um livro,

e quem fica sentado em casa lê somente uma página”.

Santo Agostinho

Neste capítulo apresentaremos a descrição da obra didática, objeto desta pesquisa, na

perspectiva de descrevermos as características principais da Coleção Química Cidadã, desde a

publicação do seu primeiro exemplar como módulos didáticos até as obras didáticas

aprovadas conforme os processos de seleção do PNLD, de acordo com o catálogo do PNLEM

2007 e com os guias didáticos do PNLD 2012/2015.

Por ser uma das ferramentas didáticas, geralmente, muito utilizada pelos professores

no planejamento e preparo de suas aulas, inclusive nas demais atividades escolares envolvidas

com o processo de ensino e aprendizagem, o livro didático pode e, em algumas situações, é o

único material disponibilizado pela escola, o que deixa evidente a importância dessa

ferramenta pedagógica na formação cidadã dos alunos.

Ainda hoje, algumas das obras didáticas que são aprovadas nos processos de seleção

do PNLD para a componente curricular Química, repetem a tradicional divisão desta Ciência

em três frentes, a saber: Química Geral, Físico-Química e Química Orgânica, e em alguns

casos, não são considerados os aspectos formativos (BRASIL, 2006).

Cabe, ao professor, investir em práticas capazes de favorecer a quebra dessa

tradicional linearidade e fragmentação dos conteúdos de Química, tão evidentes nos livros

considerados tradicionais de química e, assim, contribuir com sua própria prática, como

orienta o catálogo do PNLEM 2008:

No âmbito do PNLEM, a avaliação das obras didáticas baseia-se, portanto, na

premissa de que a obra deve auxiliar os professores na busca por caminhos possíveis

para sua prática pedagógica. Esses caminhos não são únicos, posto que o universo

de referência não pode se esgotar no restrito espaço da sala de aula ou da obra

didática, mas atuam como uma orientação importante para que os professores

busquem, de forma autônoma, outras fontes e experiências para complementar seu

trabalho em sala de aula. A obra didática deve considerar, em sua proposta

científico-pedagógica, o perfil do aluno e dos professores visados, as características

gerais da escola pública e as situações mais típicas e frequentes de interação

Page 53: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

53

professor-aluno, especialmente em sala de aula. Além disso, nos conteúdos e

procedimentos que mobiliza, deve apresentar-se como compatível e atualizada, seja

em relação aos conhecimentos correspondentes nas ciências e saberes de referência,

seja no que diz respeito às orientações curriculares oficiais (BRASIL, 2007, p.11).

Poucas são as propostas de livros didáticos com uma perspectiva mais dinâmica e

autônoma capazes de favorecer as relações que se estabelecem entre o professor e os alunos

dentro e fora do espaço escolar. O livro didático Química e Sociedade tem proporcionado ao

professor uma maior independência, no que refere ao preparo e condução das aulas e das

atividades realizadas dentro e fora da escola, além de ser considerada por seus autores uma

obra de perspectiva inovadora (MACHADO, MOL e ZANON, 2012).

4.1 OS PRIMEIROS MÓDULOS

4.1.1 O Livro Didático do Aluno

A obra didática Química e Sociedade, da editora Nova Geração, elaborada em

volume único, apresenta-se como uma proposta inovadora, com nove módulos didáticos

trabalhando diferentes temáticas para os conteúdos de Química. Ela surge a partir de um

projeto denominado Ensino de Química em um Contexto Social, na Universidade de Brasília.

O projeto é coordenado por professores da própria universidade e conta, também, com a

participação de outros seis professores da rede pública estadual de ensino do Distrito Federal.

No âmbito deste grupo surge a primeira edição do livro Química e Sociedade,

diagramada pelos próprios autores e publicada pela Editora da UnB, e após novas adequações

e acréscimos surge a 2º edição. Com a participação em eventos científicos esse material ficou

conhecido entre os pesquisadores e professores da educação básica e, com isso, as primeiras

revisões se fizeram necessárias.

A segunda edição, também impressa pela Editora da UnB, ganhou o Prêmio Jabuti

2001, na categoria “Didático de Ensino Fundamental e Médio” (MACHADO, MOL e

ZANON, 2012).

Com a conquista desse prêmio, o grupo e suas publicações ficaram ainda mais

conhecidos e com isso surge a proposta dos módulos didáticos. Elaborados com

características semelhantes a de uma revista, os módulos didáticos traziam como proposta o

ensino de Química por meio de temáticas principais nas quais os conteúdos e conceitos de

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54

Química eram aglutinados. Ao todo a proposta original continha nove módulos didáticos, dos

quais só chegaram a ser impressos os quatro primeiros.

Com 126 páginas, cada um dos nove módulos tinha uma temática própria a ser

trabalhada, todos seguiam a mesma organização, apresentavam uma temática principal e

internamente eram divididos em três capítulos. O primeiro módulo tem como título “A

Ciência, os Materiais e o Lixo”, a temática principal abordada é o Lixo, dividido em três

capítulos denominados como: Capítulo I – Ciência, Química, Tecnologia e Sociedade;

Capítulo II – Materiais e Transformações e Capítulo III – Métodos de Separação.

O segundo módulo, denominado “Modelos de Partículas e Poluição Atmosférica”,

assim como o módulo anterior, também estava dividido em três capítulos, a saber: Capítulo I

– O Químico e Suas Atividades; Capítulo II – Estudo dos Gases e Modelos Científicos e

Capítulo III – Modelos Atômicos. Sua temática principal é a Poluição Atmosférica. No

terceiro módulo a temática principal era a Agricultura, denominado “Elementos, Interações e

Agricultura”, seus três capítulos são: Capítulo I – Classificação dos Elementos Químicos;

Capítulo II – Substâncias Iônicas e Capítulo III – Substâncias Moleculares.

O quarto módulo didático intitulado “Cálculos, Soluções e Estática”, tinha como

temática principal a Estética, seus três capítulos são: Capítulo I – Unidades Utilizadas Pelo

Químico; Capítulo II – Cálculos Químicos e Capítulo III – Soluções. O quarto módulo foi o

último a ser impresso e comercializado.

O quinto módulo didático assim, como os módulos que serão descritos a seguir, não

foram impressos, porém, sua organização seguiria a mesma dos quatro módulos anteriores. O

quinto módulo intitulado “Equilíbrio Químico e Água” teria como temática principal a Água,

seus três capítulos seriam: Capítulo I – Propriedades da Água, Propriedades Coligativas;

Capítulo II – Equilíbrio Químico e Capítulo III – Equilíbrio Iônico, Ácidos e Bases.

O sexto módulo didático intitulado “Metais, Pilhas e Baterias” abordaria a temática

dos Metais, e seus três capítulos seriam: Capítulo I – Ligação metálica e Oxirredução;

Capítulo II – Pilhas e Capítulo III – Eletroquímica. O sétimo módulo chamado de

“Termoquímica, Cinética e Recursos Energéticos”, aglutinaria os conteúdos químicos a

temática dos Recursos Energéticos. Seus capítulos seriam: Capítulo I – Hidrocarbonetos;

Capítulo II – Termoquímica e Capítulo III – Cinética Química.

O oitavo módulo “A Química Orgânica de Cada Dia”, teria como temática principal

Substâncias Orgânicas e Suas Aplicações, seus capítulos seriam: Capítulo I – Substâncias

Orgânicas; Capítulo II – Polímeros e Capítulo III – Reações Orgânicas. O último módulo que

iria compor a coleção era o nono intitulado “Átomo, Radioatividade e Energia Nuclear”, a

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55

temática principal seria a Radioatividade e a Energia Nuclear, assim seus capítulos seriam:

Capítulo I – Estrutura Eletrônica do Átomo; Capítulo II – Estabilidade Nuclear e

Radioatividade e Capítulo III – Energia Nuclear.

Todos os módulos didáticos impressos acompanhavam um Guia do professor

conforme descrição a seguir.

4.1.2 O Guia do Professor

O guia do professor foi elaborado como um material independente do módulo

didático do aluno, ou seja, além do módulo igual ao do aluno ao adquirir a obra, o professor

recebia também o guia do professor. Com 47 páginas, o guia do professor foi estruturado em

6 capítulos, essa organização se repete nos quatro guias do professor publicados e nos permite

acreditar que a mesma elaboração serviria para os outros 5 módulos didáticos, que não

chegaram a ser publicados.

Os autores iniciaram o guia com duas cartas, na primeira eles agradecem a amigos e

professores externos ao grupo de autores, a alunos do ensino médio e do curso de licenciatura

em Química da UnB e a todos os colegas que colaboraram com a elaboração da obra. A

segunda carta é dedicada ao professor que adota o módulo didático, nessa carta os autores

contam uma parte da história da Coleção e se propõem a estabelecer um diálogo com o

professor, “no intuito de que, ao trocar nossas experiências de sala de aula, possamos ajudá-lo

na tarefa de planejamento e execução de suas ações pedagógicas” (SANTOS, MÓL, et. al.;

2003, p. 3).

Em seguida os autores apresentam o “Sumário”, nele estão descritos os capítulos que

constituem o módulo, a saber: O capítulo I – Repensando o Ensino de Química; Capítulo II –

Atuação e Dinâmica da Sala de Aula: o professor de química; Capítulo III – Química e

Sociedade: organização e abordagem do conteúdo; Capítulo IV – Química e Sociedade:

atividades de ensino.

A mesma organização descrita até o capítulo IV é observada nos outros três Guias do

Professor, porém, os Capítulos V e VI são diferentes de acordo com o módulo didático de

cada Guia. Assim, o Capítulo V trata da organização, resolução dos exercícios e exercícios de

revisão e o Capítulo VI da bibliografia consultada, isso é feito de acordo com o módulo que o

acompanha. Em todo o manual são apresentados os princípios gerais que orientam a obra

didática, trabalhando com assuntos que além de nortearem a prática do professor, abordam

temáticas atualizadas à época em que foram elaborados.

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Apesar da organização gráfica dos módulos didáticos se assemelharem a de uma

revista, a proposta apresentada era diferente em relação àquela apresentada nos livros

didáticos da época, principalmente pela organização dos conteúdos, que se dava pelas

temáticas centrais, nas quais os conteúdos seriam posteriormente aglutinados. Outra

característica dos módulos era a sequencia dos conteúdos, os autores não seguiam

necessariamente uma ordem linear como é normalmente conhecida pelos professores de

Química, isso permitia ao professor utilizar os módulos de maneira aleatória ou seguir a

sequencia numérica estabelecida para cada módulo.

Até a publicação do quarto módulo didático o PNLD não tinha uma política pública

destinada à seleção, compra e distribuição de livros didático de Química para o ensino médio,

atendendo apenas as componentes curricular Matemática e Língua Portuguesa, até esse ano os

professores adotavam os livros didáticos de acordo com critérios próprios e condicionados à

realidade social de sua escola.

Então antes que o quinto módulo didático fosse impresso pela editora, o FNDE, pelo

programa PNLEM, publica um Edital divulgando um processo de seleção de livros didáticos

destinados a outras áreas de conhecimento dentre elas a Química.

4.2 O LIVRO QUÍMICA E SOCIEDADE – PNLEM 2007

4.2.1 O Livro Didático do Aluno

A primeira avaliação destinada à seleção de obras didáticas, para a componente

curricular Química, do ensino médio, ocorreu no ano de 2007 – conforme normas e

orientações estabelecidas no Edital PNLEM 2007. Na época, de todas as obras submetidas ao

processo de seleção apenas seis foram selecionadas, conforme apresentado na tabela abaixo:

Tabela 1: Obras de Química Aprovadas no PNLEM 2007

Título das Obras Autor(es) Editora

Química na Abordagem do

Cotidiano

Eduardo L. Canto e Francisco M.

Peruzzo Moderna

Química Ricardo Feltre Moderna

Universo da Química José C. A. Bianchi, Carlos H.

Abrecht e Daltamir J. Maia FTD

Química Olímpio S. Nóbrega, Eduardo R.

Silva e Ruth H. Silva Ática

Química Andréa H. Machado e Eduardo F.

Mortimer Scipione

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57

Química e Sociedade Grupo PEQUIS Nova Geração

Fonte: Catálogo PNLEM 2007/Química.

Das obras didáticas selecionadas algumas eram identificadas como coleções por

apresentarem três volumes enquanto outras eram identificadas como volume único, conforme

orientação apresentada no Edital. Elaborada em volume único, e nesta ocasião vinculada a

uma nova editora, a obra didática Química e Sociedade é aprovada no PNLEM 2007/Química.

De acordo com o catálogo do PNLEM 2007, as obras selecionadas haviam passado

por um processo de seleção que atravessou várias fases. A primeira consistiu em uma

cuidadosa análise das obras inscritas por suas editoras, com a verificação das especificações

técnicas dos livros (formato, matéria prima e acabamento), com o intuito de garantir que os

volumes aprovados ao final da seleção, atendessem aos critérios estabelecidos pelo MEC.

Posteriormente, as mesmas obras foram submetidas a uma detalhada avaliação dos aspectos

conceituais, metodológicos e éticos. O objetivo desta segunda etapa era assegurar que a obra

didática seleciona pelo professor, apresentasse condições satisfatórias ao serem usadas na

prática pedagógica nas escolas brasileiras (BRASIL, 2007).

Contendo 744 páginas e em volume único, a obra Química e Sociedade, aprovada na

primeira avaliação do PNLD para a disciplina de Química, tinha por objetivo fornecer aos

estudantes do ensino médio, “as ferramentas básicas do domínio da Química” (MOL,

SANTOS et al, 2012), e assim contribuir com o exercício da cidadania dos alunos da

educação básica, influenciando a sociedade com atitudes críticas e cidadãs. Com conteúdos

elaborados e ordenados na perspectiva de desenvolver um trabalho contextualizado, os

autores buscaram associar os conteúdos básicos do currículo de Química para o ensino médio

com o contexto da época em que o livro didático foi elaborado. Nesta perspectiva, temas

como meio ambiente, fontes alternativas de energia, consumo, lixo, alimentação, agricultura

dentre outros, foram selecionados e discutidos em diferentes momentos do livro didático.

O livro didático está dividido em 26 capítulos, os quais estão distribuídos em 09

unidades, a saber: Unidade 1 – A Ciência, os Materiais e o Lixo, esta dividida em três

capítulos, que são eles: Capítulo 1 – Química, Tecnologia e Sociedade; Capítulo 2 –

Identificação de Materiais e Substâncias; Capítulo 3 – Materiais e Substâncias: Separação,

Constituição e Simbologia. A unidade 2 – Modelos de Partículas e Poluição Atmosférica,

assim como, a unidade anterior está dividido em três capítulos, a saber: Capítulo 4 – O

Químico e Suas Atividades; Capítulo 5 – Estudo dos Gases; Capítulo 6 – Modelos Atômicos.

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A unidade 3 Elementos, Interações e Agricultura, assim como, as duas unidades

anteriores apresentam três capítulos em sua divisão, que são: Capítulo 7 – Classificação dos

Elementos Químicos; Capítulo 8 – Substâncias Iônicas; Capítulo 9 – Substâncias

Moleculares. A unidade seguinte, unidade 4 – Cálculos, Soluções e Estética, vem mantendo a

distribuição de três capítulos: Capítulo 10 – Unidades Utilizadas pelo Químico; Capítulo 11 –

Cálculos Químicos; Capítulo 12 – Materiais: Classificação, Concentração e Composição.

A unidade 5 – Termoquímica, Cinética e Recursos Energéticos, assim como as

anteriores é dividida em três capítulos: Capítulo 13 – Petróleo e Hidrocarbonetos; Capítulo 14

– Reações de Combustão e Termoquímica; Capítulo 15 – Cinética Química. A unidade 6 –

Equilíbrio Químico e Água, também foi dividida em três capítulos, que são: Capítulo 16 –

Propriedades da Água e Propriedades Coligativas; Capítulo 17 – Ácidos e Bases; Capítulo 18

– Equilíbrio Químico. Na unidade 7 – A Química em Nossas Vidas, se apresenta com uma

mudança em relação à quantidade de capítulos que vinham sendo distribuídos entre as seis

unidades anteriores, agora os autores, dividem a unidade sete em quatro capítulos, a saber:

Capítulo 19 – Alimentos e Funções Orgânicas; Capítulo 20 – Saúde e Nomenclatura

Orgânica; Capítulo 21 – Polímeros e Propriedades das Substâncias Orgânicas; Capítulo 22 –

Indústria Química e Síntese Orgânica.

Já na unidade 8 – Metais, Pilhas e Baterias e na unidade 9 – Átomo, Radioatividade e

Energia Nuclear, os autores apresentam apenas dois capítulos em cada unidade, que são:

Capítulo 23 – Ligação Metálica e Óxido-Redução; Capítulo 24 – Pilhas e Eletrólise; Capítulo

25 – Estrutura Eletrônica do Átomo; Capítulo 26 – Estabilidade Nuclear, Radioatividade e

Energia Nuclear; respectivamente.

As unidades são iniciadas a partir da apresentação de uma situação problematizadora,

que é trabalhada em todos os capítulos que compõem a respectiva unidade, ao mesmo tempo

em que são apresentados os conteúdos específicos de química. Os temas apresentados são de

caráter social, assim como um fio condutor, eles irão contribuir com o desenvolvimento dos

conteúdos no decorrer da unidade.

O catálogo do PNLEM 2007 destaca ainda outro ponto importante na elaboração

dessa obra, evidenciando as conexões que são estabelecidas entre os diversos conteúdos da

Química. No livro, os autores com frequência procuram a partir de um determinado

conhecimento da Química, dar significado a outro, ou seja, o conhecimento já construído é

bem articulado ao novo conhecimento que se pretende construir a partir das abordagens

contidas no próprio livro (BRASIL, 2007).

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No catálogo os avaliadores deixam claro que os autores se preocuparam em abordar

os fenômenos químicos a partir de seus aspectos qualitativos e macroscópicos, para

posteriormente inserir os aspectos qualitativos e microscópicos. Evidenciando a utilização

adequada da linguagem química, bem como outras formas de representação também

utilizadas nesta Ciência, como, por exemplo, o uso de tabelas, gráficos e ilustrações.

O livro aborda ainda, problemas de caráter social, da história da ciência Química

bem como de outras áreas do conhecimento, compreendidos no catálogo do PNLEM como

uma “tentativa de inseri-las de forma a compor a unidade, sem que haja rupturas com os

conteúdos e a temática que está sendo apresentada” (BRASIL, 2007, p. 52).

Organizado em unidades e subdivido em capítulos, o livro didático do aluno é

composto, também, por diferentes seções como: Pense, Debata e Entenda; Tema em Foco;

Pense; Ação e Cidadania; Química na escola, dentre outros. Essas seções foram propostas

com o objetivo de desenvolver a exposição dos temas e dos conteúdos, sugestões de

atividades que podem ser desenvolvidas dentro e fora do espaço escolar como, atividades

práticas para serem desenvolvidas nas aulas e exercícios os quais se apresentam divididos em

dissertativos e de múltipla escolha.

Ao término de cada unidade são propostos Exercícios de Revisão, os quais abordam,

em sua maioria, questões de vestibulares. Ao final, estão relacionados os seguintes tópicos:

Gabarito, nele estão disponibilizadas as respostas finais dos exercícios propostos no interior

do livro; a seção É Bom Ler, neste tópico os autores apresentam as referências bibliográficas

organizadas segundo as unidades do livro; O tópico seguinte é Para navegar na Internet

neste, os autores disponibilizam referências de sítios, também organizada conforme as

unidades do livro. Os autores apresentam, ainda, o Glossário, contendo termos químicos

relevantes para a compreensão do conteúdo trabalhado; Bibliografia Básica Consultada;

Tabela Periódica dos Elementos e Regras de Segurança em Laboratório.

O livro didático do aluno acompanhava o Manual do professor, como descrito a

seguir.

4.2.2 O Manual do Professor

O manual do professor está elaborado como um material à parte do livro didático do

aluno, ou seja, além do livro didático igual ao do aluno, o professor recebe o manual do

professor. Com 168 páginas, esse manual foi elaborado com o objetivo de contribuir com a

formação e atualização do professor da educação básica, planejamento e execução de suas

Page 60: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

60

tarefas pedagógicas na utilização do livro didático, o manual sugere meios de encontrar

informações adicionais e apresenta sugestões de instrumentos diversificados de avaliação

(BRASIL, 2007).

Os autores iniciam o manual com uma carta de agradecimentos, destinada a

familiares, amigos e alunos, pessoas próximas que direta ou indiretamente participaram da

elaboração do livro Química e Sociedade. Em seguida há outro texto, destinado aos

professores. O manual aborda temas pertinentes à atualização do professor, além de contribuir

com o uso da obra em sala de aula. Todavia não foram identificadas sugestões de atividades

complementares. O sumário está dividido em cinco capítulos, a saber: Capítulo 1 –

Orientações ao Professor – princípios teórico-metodológicos; Capítulo 2 – Como Fazer Uso

da Obra e Sugestões de Atividades; Capítulo 3 – Formação do Professor; Capítulo 4 –

Objetivos e Sugestões Metodológicas e, por fim, o capítulo 5 – Resolução de Exercícios.

No primeiro capítulo, os autores apresentam os princípios gerais que orientam a obra

didática, ponderando sobre assuntos como: Ensino Médio e Formação da Cidadania;

Parâmetros Curriculares Nacionais e Orientações Curriculares; Abordagem Temática,

Contextualização e Interdisciplinaridade; Construção e Mediação do Conhecimento;

Atualização e Adequação Conceitual e Visão de Ciência e das Interações Ciência-Tecnologia-

Sociedade.

No segundo capítulo são apresentadas, ao professor, sugestões de procedimentos

para o desenvolvimento de cada capítulo do livro didático, bem como das possibilidades para

a utilização das diferentes seções abordadas no livro. O capítulo 3 trata, inicialmente, sobre o

significado da atividade do professor. Os autores propõem também um texto no qual são

apresentados elementos para que o professor possa subsidiar o ensino diante do desafio da

inclusão, no tópico identificado como Educação, Inclusão e Diversidade.

Ainda neste mesmo capítulo são discutidos os processos de avaliação, e os autores

apontam a necessidade de um processo que ultrapasse os limites de uma avaliação apenas

quantitativa. Os autores apresentam uma bibliografia básica comentada, uma bibliografia de

educação, filosofia da Ciência e Ensino de Ciências e de Química, além de sítios de pesquisa

para o desenvolvimento do trabalho do professor. Essas sugestões são propostas, segundo os

autores da obra, com o intuído de contribuir com a formação continuada do professor da

educação básica.

No capítulo quatro são discutidos conteúdos abordados nas nove unidades do livro

didático. São apresentados os objetivos das unidades, os conceitos tratados e, um conjunto de

referências bibliográficas para cada uma das nove unidades. No capítulo cinco, os autores

Page 61: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

61

apresentam detalhadamente a resolução dos exercícios e questões presentes nas nove

unidades, incluindo os exercícios de revisão.

De uma maneira geral, o livro não situa uma relação clara entre a ordem em que as

unidades podem ser trabalhadas nas respectivas séries do ensino médio. Proporcionando ao

professor liberdade para criar uma ordem de apresentação dessas unidades, que não aquela

estabelecida pela sequencia disposta no livro. Assim, o docente pode escolher a ordem de

apresentação que melhor atenda as necessidades do projeto pedagógico de sua escola.

Toda a articulação interna dos conteúdos sugere o desenvolvimento de um trabalho

que não fique restrito apenas à exposição do conteúdo e resolução de exercícios, mas

direciona o professor a uma dinâmica maior no desenvolvimento de suas aulas. Nesse sentido,

a participação integral dos alunos é fundamental para o êxito nas atividades e compreensão

dos conteúdos (BRASIL, 2007).

Elaborado em volume único, essa obra didática segue a mesma proposta descrita nos

módulos didáticos. Os autores repetem os textos temáticos, as atividades experimentais,

imagens, exercícios, etc. O livro QS nos permite concluir que ele nada mais é do que a

adaptação de todos os MD (impressos e não impressos).

Essa aglutinação dos módulos originou o primeiro livro didático submetido e

selecionado pelo PNLD para a componente curricular Química, no ano de 2007. Apesar de

alguns aspectos serem os mesmos nas duas obras, a QS atende a critérios específicos

estabelecidos no Edital, diferente dos MD que, provavelmente, foram elaborados com base

nas experiências anteriores dos autores, em elaborarem materiais didáticos.

4.3 A COLEÇÃO QUÍMICA CIDADÃ – PNLD 2012

4.3.1 O Livro Didático do Aluno

A seleção para a escolha das obras didáticas de Química acontece trienalmente.

Assim, a cada três anos um novo edital de seleção para a escolha das obras didáticas de

diferentes disciplinas é aberto. Portanto, o segundo processo de avaliação, para as obras

didáticas de Química, ocorreu conforme as normas estabelecidas no Edital PNLD 2012.

Para essa avaliação diversas obras foram inscritas no processo das quais apenas cinco

coleções foram aprovadas, conforme a tabela abaixo:

Page 62: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

62

Tabela 2: Obras de Química Aprovadas no PNLD 2012

Título das Obras Autor(es) Editora

Química na Abordagem do

Cotidiano

Eduardo L. Canto e Francisco M.

Peruzzo Moderna

Química-MeioAmbiente-

Cidadania-Tecnologia Martha Reis Marques da Fonseca FTD

Química Andréa H. Machado e Eduardo F.

Mortimer Scipione

Química para a Nova Geração

– Química Cidadã Grupo PEQUIS Nova Geração

Ser Protagonista Química Julio C. F. Lisboa SM

Fonte: Guia Didático PNLD 2012/Química.

Todas as coleções aprovadas apresentavam três volumes, conforme orientação do

edital, das cinco obras aprovadas no PNLD 2012/Química, três haviam sido aprovadas no

processo de seleção anterior, PNLEM 2007/Química, a saber: Química na abordagem do

Cotidiano; Química e a obra Química para a Nova Geração – Química Cidadã.

Uma mudança evidente nesta nova obra didática é o nome da coleção que, na seleção

anterior do PNLEM 2007, estava identificada como Química e Sociedade e agora Química

Cidadã. A obra esta elaborada em três volumes, os quais estão divididos em unidades e

capítulos, assim como na obra anterior, as unidades desta coleção estão organizadas a partir

de temas sociocientíficos, por meio dos quais os conteúdos são trabalhados. A partir de

questionamentos e propostas de atividades os autores fomentam a reflexão crítica cidadã dos

alunos (BRASIL, 2011).

A obra didática Química Para a Nova Geração - Química Cidadã, aprovada na

segunda avaliação do PNLD para a disciplina de Química, tem como finalidade a abordagem

contextualizada dos conceitos e das informações químicas. Assim como na obra anterior, os

autores apresentam conteúdos elaborados e ordenados de acordo com a finalidade inicial desta

obra. A fim de desenvolver um trabalho contextualizado, eles buscam associar os conteúdos

básicos que constituem o currículo de Química com o atual contexto social em que a obra foi

elaborada. Para isso, temas como meio ambiente, fontes alternativas de energia, consumismo,

lixo, alimentação e agricultura, dentre outros, continuam sendo abordados nas discussões

apresentadas no livro didático.

Com 416 páginas, o primeiro volume dessa coleção é destinado ao primeiro ano do

ensino médio. A obra está dividida em quatro unidades, a primeira unidade identificada como

Química, Materiais e Consumo Sustentável, que se encontra subdividida em três capítulos:

Capítulo 1 – Transformações e Propriedades das Substancias; Capítulo 2 – Materiais e

Page 63: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

63

Processos de Separação; Capítulo 3 – Constituintes das Substâncias, Química e Ciência.

Como tema em foco nessa unidade os autores trabalham o Consumo Sustentável. A segunda

unidade, denominada Gases, Modelos Atômicos e Poluição Atmosférica, está subdividida em

dois capítulos, porém a sequência numérica estabelecida nos capítulos da primeira unidade

segue nas demais. Assim, os capítulos da segunda unidade são: Capítulo 4 – Estudos dos

Gases; Capítulo 5 – Modelos Atômicos. Nesta unidade o tema em foco abordado pelos

autores é Poluição Atmosférica.

A terceira unidade, identificada como: Constituintes, Interações Químicas,

Propriedades das Substâncias e Agricultura, está dividida em três capítulos, a saber: Capítulo

6 – Classificação dos Elementos Químicos; Capítulo 7 – Ligações Iônica, Covalente e

Metálica; e o Capítulo 8 – Interações entre Constituintes e Propriedades de Substancias

Inorgânicas e Orgânicas. O tema em foco abordado pelos autores, que conduzirá as discussões

desta unidade é Agricultura. A unidade quatro, a última deste volume, ela está dividida em

dois capítulos, o Capítulo 9 – Unidades Utilizadas pelo Químico e o Capítulo 10 – Cálculos

Químicos. Nesta unidade o tema em foco tem por titulo Produtos Químicos.

O segundo volume foi elaborado para atender ao currículo proposto para o segundo

ano do ensino médio, nesse sentido, com 408 páginas, o livro didático do aluno, assim como

no volume anterior, foi dividido em três unidades que, posteriormente, foram subdivididas em

9 capítulos. Portanto, a primeira unidade intitulada Composição e Classificação dos Materiais,

Solubilidade, Propriedades Coligativas e Hidrosfera, está dividida em dois capítulos, a saber:

Capítulo 1 – Soluções Coloides, Agregados, Concentração e Composição; e o Capítulo 2 –

Propriedades da Água, Solubilidade e Propriedades Coligativas. Diferente do volume anterior

os autores não mantiveram um titulo especifico para o tema em foco a ser trabalhado em cada

unidade, apesar de todas as unidades trabalharem com um tema em questão na abordagem dos

conceitos.

A unidade 2 – Hidrocarbonetos, Álcoois, Termoquímica, Cinética, Eletroquímica,

Energia Nuclear e Recursos Energéticos, mantém a sequência numérica estabelecida nos

capítulos da unidade um. Portanto, a unidade dois divide-se em cinco capítulos, que são:

Capítulo 3 – Petróleo, Introdução à Química Orgânica, Hidrocarbonetos e Álcoois; Capítulo 4

– Termoquímica; Capítulo 5 – Cinética Química; Capítulo 6 – Modelos Atômicos,

Radioatividade e Energia Nuclear; Capítulo 7 – Oxidorredução e Pilhas Químicas. Por fim, a

terceira unidade, intitulada Substâncias Inorgânicas, Equilíbrio Químico e Poluição das

Águas, está dividida em dois capítulos: Capítulo 8 – Substâncias Inorgânicas e Capítulo 9 –

Equilíbrio Químico.

Page 64: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

64

Por fim, o terceiro volume que compõe a coleção Química Cidadã, como livro

didático do aluno, contém 384 páginas e assim como os volumes anteriores, a divisão

estabelecida entre unidades e capítulos é mantida neste terceiro volume que está dividido em

três unidades e, posteriormente, subdividido em 9 capítulos. A unidade 1 – A Química Em

Nossas Vidas está dividida em cinco capítulos, a saber: Capítulo 1 – A Química Orgânica e a

Transformação da Vida; Capítulo 2 – Alimentos e Funções Orgânicas; Capítulo 3 – Química

da Saúde e da Beleza e a Nomenclatura Orgânica; Capítulo 4 – Polímeros e Propriedades das

Substâncias Orgânicas; Capítulo 5 – Indústria Química e Síntese Orgânica. Novamente o tema

em foco que irá acompanhar o desenvolvimento dos conceitos de Química para essa unidade

não é identificado com um tema definido, apenas apresenta os tópicos que compõem o tema

que será trabalhado.

Assim como nas unidades anteriores, os autores procuram manter a sequência

numérica para os capítulos, iniciada na primeira unidade. Portanto, unidade 2 – Metais, Pilhas

e Baterias, da continuidade a numeração dos capítulos. Dividido então em dois capítulos:

Capítulo 6 – Ligação Metálica e Oxidorredução e Capítulo 7 – Pilhas e Eletrólise. A unidade

3 – Átomo, Radioatividade e Energia Nuclear, também divide-se em dois capítulos. O

capítulo 8 – Modelo Quântico e Radioatividade; Capítulo 9 – Transformações Nucleares. O

tema em foco da unidade dois e da unidade três, assim como na primeira unidade não

apresenta um titulo definido, como observamos no volume 1 desta coleção, porém, apresenta

os tópicos que serão trabalhados.

As unidades são iniciadas a partir da representação de uma situação

problematizadora que, assim como na obra didática anterior, é trabalhada em todos os

capítulos que compõem a unidade, articulado ao desenvolvimento dos conceitos e conteúdos

Químicos. Mantendo a perspectiva de uma obra didática que se denomina com caráter social,

os autores destacam diferentes seções no interior dos capítulos, a saber: Tema em foco nesta

seção, os autores por meio de um texto introdutório, evidenciam um determinado tema social

para a contextualização do conhecimento químico; A seção Pense propõe-se a fazer com que

o aluno reflita sobre os diferentes conceitos que são introduzidos no decorrer do capítulo.

As seções Pense, Debata e Entenda e Ação e Cidadania, têm por proposta exercer a

opinião critica dos alunos, a respeito de questões sociais que estão no seu cotidiano, isso

articulado a debates e discussões por meio, de uma dinâmica de sala, fazendo com que os

alunos, além de aprenderem a respeitar a opinião do próximo, conheçam também a sua

comunidade. Os experimentos são denominados de Química na Escola, nesta seção os

autores, apresentam uma série de experimentos investigativos. Estes, segundo os autores

Page 65: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

65

podem ser realizados em sala de aula, por meio de um trabalho colaborativo. Ao terminar

cada capítulo, temos a seção O que aprendemos neste capítulo, neste item é apresentado pelos

autores uma revisão de tudo o que foi abordado no respectivo capítulo.

As seções Atividades; Exercícios; Exercícios de Revisão do Capítulo e Exercícios de

Revisão da Unidade são seções apresentadas ao longo dos capítulos, em que os autores

propõem atividades para a verificação da compreensão dos conteúdos trabalhados. Os

exercícios de revisão do capítulo e da unidade são, em sua maioria exercícios com foco a

preparação para o vestibular/ENEM. Muitos os exercícios que estão distribuídos no interior

dos capítulos são elaborados pelos autores. Essas seções se repetem em toda a coleção.

Nas páginas finais de cada livro didático, encontra-se o gabarito dos exercícios,

separado por unidades e capítulos as seções É Bom Ler e Para Navegar na Internet, onde os

autores indicam referências bibliográficas complementares de cada unidade, bem como, a

sugestão de sítios para acessos na rede de cada unidade. Há também um glossário, contendo

diferentes termos próprios da Química, que foram abordados no decorrer do livro, e a

Bibliografia Básica Consultada, uma Tabela Periódica dos Elementos e as informações de

Segurança no Laboratório.

Os autores deixam evidente que a proposta do grupo de pesquisa, evidenciada na

obra didática submetida à avaliação do PNLEM 2007, Química e Sociedade, se mantém nesta

coleção, submetida agora à avaliação do PNLD 2012, ou seja, seu trabalho encontra-se

organizado em torno de temas centrais do conhecimento químico, com a abordagem de

significados contextualizados e relacionados a diferentes situações do cotidiano.

Dessa forma, o Guia de Livros Didáticos de Química/PNLD 2012, considera que:

A obra assume e, de algum modo, concretiza uma proposta com dupla perspectiva:

de um lado, a preparação cidadã, especialmente com foco em questões ambientais

relacionadas à Química; e, de outro, a preparação para o ensino superior. De um

modo geral, ao longo dos livros evidencia-se um esforço em atingir uma educação

para a cidadania, com posturas éticas e criticas. (BRASIL, 2011, p. 42).

Para isso, a coleção apresenta diversificados textos que, se bem articulados entre si,

contribuem para uma prática pedagógica contextualizada, relacionando assim, os conteúdos

de Química com a realidade vivida pelos alunos do ensino médio. Portanto, os autores,

parecem pretender proporcionar um trabalho em torno de conceitos centrais, fazendo com que

o conhecido programa tradicional e linear da disciplina Química seja substituído.

O livro didático do aluno está intimamente articulado com o manual do professor,

nesse sentido a dinâmica que o professor pode estabelecer em suas aulas, se envolve com a

Page 66: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

66

proposta de construção do conhecimento que, em todo o momento, os autores apontam na

obra didática evidenciada por meio da atividade do professor.

4.3.2 O Manual do Professor

O manual do professor compõe o respectivo livro didático do aluno e, na sequência,

os autores apresentam o texto A Você Professor. O texto é destinado ao professor, com o

objetivo de apresentar o manual e, pretensamente, contribuir com a prática do mesmo. Em

cada um dos três volumes que constituem a obra didática, o manual do professor com cerca de

175 páginas, é apresentado subdividido em cinco capítulos. Evidenciam-se elementos que

permitem afirmar que os autores introduzem subsídios que contribuem para ajudar o

professor, a fim de que sua prática docente valorize processos de construção, em detrimento

às práticas que favorecem apenas a absorção de determinados conteúdos e conceitos da área:

O capítulo 1 – Formação do Professor trata dos seguintes assuntos a Autonomia do

professor; Educação, inclusão e diversidade; O processo de avaliação e Atualização do

professor e Bibliografia recomendada. Enquanto que o capítulo 2 – Orientações Teórico-

Metodológicas, os autores evidenciam assuntos como: O Ensino Médio e a formação da

cidadania; PCN e orientações curriculares; Abordagem Temática, contextualização e

interdisciplinaridade; Construção e mediação do conhecimento; Linguagem da ciência e A

visão e Ciência e das interações Ciência-Tecnologia-Sociedade.

Já o capítulo 3 – Como Fazer Uso da Obra, orienta os professores na utilização da

obra didática. Dividido em três assuntos, esse capítulo, aborda temas como: Conteúdo e

organização curricular; Seleção dos conteúdos da obra; Recursividade e flexibilidade

curricular; A ordem geral dos conteúdos de química na obra e por fim, Recomendações de

conteúdos de química a serem abordados. O segundo assuntos trata da Organização da obra

por unidades temáticas, apresentando ainda um quadro de temas sociocientíficos e seus temas

centrais. Por fim, o terceiro assunto destaca as seções presentes no livro didático do aluno,

além de incluir os tópicos Glossário e O uso das imagens do livro.

No capítulo 4 – Sugestões Metodológicas e Informações Adicionais, os autores

apresentam sugestões metodológicas e subsídios adicionais de acordo com cada assunto

abordado nos três volumes que constituem a coleção. Dessa forma, no capítulo 5 – Resolução

dos Exercícios, os autores apresentam a resolução dos exercícios propostos no livro didático

do aluno, assim como no capítulo 4, essa proposta é elaborada de acordo com os exercícios

propostos em cada volume da coleção.

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67

De maneira geral, os conteúdos propostos na obra didática são tratados dentro da

perspectiva da Química e em diversos momentos, não apresenta articulação com conteúdos de

outras disciplinas do ensino médio, exceto nos textos da seção Tema em Foco, na qual os

autores destacam a tecnologia e as questões ambientais emergentes da atividade química na

sociedade. Há um evidente esforço para possibilitar a compreensão da realidade com os

conteúdos, contudo, o foco abordado na maioria das atividades é da Química (BRASIL,

2011).

Com um total de 1208 páginas o livro didático do aluno foi elaborado conforme o

currículo proposto para a componente curricular Química, estudada nas escolas de ensino

médio regular. Apesar das modificações solicitadas pelo Edital nesta Coleção os autores

durante todo o desenvolvimento da obra, se mantiveram na mesma perspectiva inicial. Os

autores não mudam a proposta teórico-metodológica da obra, assim a obra acompanha o eixo

temático das edições anteriores.

As mudanças que mais se destacam são alterações nos aspectos gráficos editoriais,

como, por exemplo, a redução não apenas na quantidade de imagens e também nos tamanhos.

Outra mudança está nas cores, essa coleção não possuía tantas cores como as anteriores, a

obra agora segue uma melhor organização.

O manual do professor não sofre mudanças significativas, em relação aos manuais

anteriores, as diferenças estão apenas nos capítulos que tratam de informações especificas de

cada volume do livro do aluno, o que se observa é que isso é uma prática comum, os autores

dessa coleção pouco modificam o manual do professor.

4.4 A COLEÇÃO QUÍMICA CIDADÃ – PNLD 2015

4.4.1 O Livro Didático do Aluno

A terceira seleção de obras didáticas para a componente curricular Química ocorreu

no ano de 2014. A avaliação das obras inscritas no PNLD 2015 foi realizada com base em

critérios definidos previamente em Edital, no âmbito de um contexto curricular combinado

com as questões atualizadas no que se refere ao ensino e a educação (BRASIL, 2014).

De acordo com o guia didático de Química, das diversas obras submetidas ao

processo de avaliação, apenas quatro foram aprovadas, conforme a tabela 03, abaixo:

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Tabela 3: Obras de Química Aprovadas no PNLD 2015

Título das Obras Autor(es) Editora

Química Martha Reis Marques da Fonseca Ática

Química Andréa H. Machado e Eduardo F.

Mortimer Scipione

Química Cidadã Grupo PEQUIS AJS

Ser Protagonista – Química Murilo Tissoni Antunes SM

Fonte: Guia Didático PNLD 2015/Química

Assim como no processo anterior, todas as coleções submetidas ao processo de

seleção deveriam ser elaboradas em três volumes, a mudança que o edital trouxe para a

terceira avaliação foi a inclusão da obra digital, podendo, além do livro didático impresso, os

autores apresentarem a mesma versão do livro elaborada como livro didático digital

associados aos objetos virtuais de aprendizagem.

A obra didática Química Cidadã, aprovada na terceira avaliação do PNLD para a

disciplina de Química, tem como foco, segundo o Guia Didático (Brasil, 2015), o

desenvolvimento e o exercício da cidadania dos estudantes do ensino médio, bem como, a

aprendizagem significativa dos conceitos químicos. Assim, como nas obras anteriores, os

autores propõem conteúdos elaborados e ordenados na perspectiva de desenvolver um

trabalho contextualizado, buscando associar os conteúdos básicos que constituem o currículo

de Química com o atual contexto social em que a obra foi elaborada. Portanto, temas como

meio ambiente, fontes alternativas de energia, consumismo, lixo, alimentação e agricultura,

dentre outros, são novamente abordados nas discussões apresentadas no livro didático.

Com 320 páginas, o primeiro volume desta coleção é destinado ao primeiro ano do

ensino médio e, está dividido em três unidades as quais estão subdivididas em 6 capítulos.

Diferente da obra anterior, aprovada no PNLD 2012, os autores propõem agora a seção Tema

em Foco para cada capítulo: A unidade 1 – Consumo Sustentável, foi dividida em três

capítulos, capítulo 1 – Transformações e Propriedades das Substâncias. O tema em foco

proposto pelos autores busca trabalhar com os alunos a relação existente entre os conceitos

químicos o Consumismo no XXI; Capítulo 2 – Materiais e Processos de separação. Neste os

autores traz como Tema em foco, a Reciclagem; Para o capítulo 3 – Constituintes das

Substâncias, Química e Ciência. O tema em foco relaciona o lixo e o consumismo.

A unidade 2 – Poluição Atmosférica está dividida em dois capítulos, a saber: capítulo

4 – Estudo dos Gases. Neste capítulo o tema em foco trabalha assuntos como Poluição

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69

atmosférica e aquecimento global. Já para o capítulo 5 – Modelos Atômicos, o tema em foco

aborda temáticas como: camada de ozônio e radiação solar e mercado de carbono. A unidade

3 – Agricultura. Está dividido em três capítulos: capítulo 6 – Classificação periódica, traz

como tema em foco a presença da Química na agricultura. O capítulo 7 – Ligações Químicas

se propõe a discutir como tema em foco a produção de alimentos e o ambiente. Por fim, o

capítulo 6 – Substâncias Inorgânicas. Traz como tema em foco, a agricultura sustentável.

O segundo volume, elaborado com 320 páginas, mantém a mesma sequência de

organização abordada no volume 1, e nas obras anteriores. Dividido em três unidades, o

segundo volume se propõe a trabalhar os conteúdos do currículo básico proposto ao segundo

ano do ensino médio. Dessa maneira, a unidade 1 – Produtos Químicos, está dividida em dois

capítulos, a saber: Capítulo 1 – Unidades Utilizadas pelos Químicos, com a proposta do tema

em foco, pautada no desperdício e o capítulo 2 – Cálculos Químicos, no qual os autores

tratam dos perigos que envolvem os produtos químicos domésticos, no tema em foco. A

unidade 2 – Hidrosfera e Poluição das Águas. Foi dividida em três capítulos. O capítulo 3 –

Classificação e Composição dos Materiais. Na seção tema em foco, se propõe a discutir o

ciclo da água e sociedade.

Para o capítulo 4 – Propriedades da água e Propriedades coligativas, os autores

abordam como tema em foco a gestão de recursos hídricos. Enquanto que no capítulo 5 –

Equilíbrio Químico, último dessa unidade, é abordado como tema em foco a poluição das

águas e a relação entre a química, o tratamento de água e o saneamento básico. A unidade 3 –

Recursos Energéticos e Energia Nuclear. Encontra-se dividida em três capítulos, a saber:

capítulo 6 – Termoquímica, com tema em foco na energia, sociedade e ambiente. O capítulo 7

– Cinética Química. Aborda como tema em foco fontes de energia. E por fim, o capítulo 8 –

Energia Nuclear. Trata como tema em foco da energia nuclear.

O terceiro volume foi também elaborado com 320 páginas, assim como os volumes

anteriores e está dividido em unidades as quais estão divididas em capítulos, mantendo a

organização proposta nos dois primeiros volumes. A unidade 1 – A Química em nossas vidas.

Está dividida em cinco capítulos, a saber: Capítulo 1 – A Química Orgânica e a

Transformação da Vida, com tema em foco na engenharia da vida e a ética; O capítulo 2 –

Alimentos e Funções Orgânicas traz como tema em foco os alimentos; Já o capítulo 3 –

Química da Saúde e da Beleza e a Nomenclatura Orgânica, abordam como tema em foco a

Química da saúde e da beleza; Enquanto que o capítulo 4 – Polímeros e Propriedades das

Substâncias Orgânicas. Trabalha no item tema em foco, os plásticos e o ambiente; Já o último

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70

capítulo desta unidade o capítulo 5 – Indústria Química e Síntese Orgânica, trabalha como

tema em foco a indústria química e sociedade.

A unidade 2 – Metais, Pilhas e Baterias. Foi dividida em dois capítulos: capítulo 6 -

Ligação Metálica e Oxidorredução. Trabalha na seção tema em foco, metais: materiais do

nosso dia a dia. Enquanto que o capítulo 7 – Pilhas e Eletrólise. Trabalha no tema em foco

descarte de pilhas e baterias e metais, sociedade e ambiente. A unidade 3 – Química para um

Novo Mundo, contém apenas um capítulo, a saber: capítulo 8 – Modelo Quântico. Tem como

tema em foco o microcosmo do mundo atômico e a química teórica e nanotecnologia.

Assim, como nas obras didáticas anteriores, as unidades são iniciadas a partir da

representação de uma situação problematizadora, por meio de uma imagem. Essa situação

problematizadora é quem irá contextualizar os conteúdos e os conceitos próprios do ensino de

química, com o cotidiano dos alunos. Em seguida, no início do capítulo, é apresentada a seção

Tema em foco, composta por um texto com situações e questões geradoras de discussões

sobre diferentes problemática, relacionadas aquela proposta como situação problematizadora

na abertura da unidade. Mantendo a perspectiva, de uma obra didática de caráter social, os

conceitos e conteúdos químicos são, na sua maioria, abordados de maneira contextualizada e

interdisciplinar, apontando as relações existentes entre Ciência, Tecnologia e Sociedade.

Inicialmente, é apresentada a página Conheça seu Livro, nela são fornecidas

informações sobre as diferentes seções abordadas no interior dos capítulos, a saber: Tema em

foco, nesta seção os autores evidenciam um determinado tema social, para a contextualização

do conhecimento químico. A seção Pense se propõe a fazer com que o aluno reflita sobre os

diferentes conceitos que são introduzidos no decorrer do capítulo.

Enquanto que as seções Debata e Entenda e Ação e Cidadania, têm por proposta

exercer a opinião crítica dos alunos, a respeito das questões sociais cotidianas, bem como

aquelas abordadas no desenvolvimento das atividades propostas no livro didático. Na lógica

da obra isso deverá ser realizado a partir de uma articulação com debates e discussões por

meio de uma dinâmica de sala, dessa maneira, o professor fará com que os alunos, além de

aprenderem a respeitar a opinião do próximo conheçam também a sua comunidade, e se

preocupem em contribuir com ações alternativas para seus problemas. Os experimentos são

denominados de Química na Escola. Nesta seção, os autores apresentam uma série de

experimentos que conforme os autores descrevem no manual do professor é de caráter

investigativo. Estes podem, na sua maioria ser realizados em sala de aula, por meio de um

trabalho colaborativo entre alunos e professor.

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71

A seção A Ciência na História, aborda a contextualização histórica do surgimento

das diferentes definições e dos conceitos relativos aos conteúdos estudados em cada capítulo,

além de como os cientistas citados contribuíram com o desenvolvimento da Química e da

Ciência. Há, também, a seção Atitude Sustentável, onde os autores propõem um conjunto de

sugestões, cuidados e orientações para a prática da cidadania, relacionada aos impactos

ambientais, envolvendo diferentes conceitos da Química. Ao terminar cada capítulo, temos a

seção O Que Aprendemos Neste Capítulo e, neste item, encontramos uma revisão de tudo o

que foi abordado no respectivo capítulo já trabalhado.

As seções Exercícios e Atividades são apresentadas ao longo dos capítulos, nos quais

os autores propõem atividades para a verificação da compreensão dos conteúdos trabalhados.

Os autores entendem que o aprendizado dos conceitos e conteúdos Químicos ocorre a partir

da leitura dos textos e da realização dos exercícios. Essas seções se repetem com os mesmos

objetivos em toda a coleção. Nas páginas finais de cada livro didático, é apresentado o

Gabarito dos Exercícios, a seção É Bom Ler, onde os autores indicam referências

bibliográficas complementares de cada unidade, a Bibliografia Básica Consultada, uma

Tabela Periódica dos Elementos e as informações de Segurança no Laboratório.

4.4.2 O Manual do Professor

O manual do professor está vinculado a cada livro didático, e apresenta-se

subdividido em cinco assuntos, com 144 páginas. Os três primeiros assuntos são comuns em

todos os volumes que compõem a coleção. Inicialmente os autores apresentam uma carta

destinada ao professor, em seguida é apresentado o sumário, dividido em cinco assuntos, a

saber: o primeiro assunto é Formação do professor; o segundo assunto trata das Orientações

Teórico-Metodológicas; o terceiro orienta o professor em Como Fazer uso da Obra; no quarto

assunto, encontramos as Orientações e Sugestões Metodológicas e por fim, no quinto assunto,

está a Resolução dos Exercícios.

O primeiro assunto se propõe a tratar da autonomia do professor; Educação, inclusão

e diversidade; O processo de avaliação; Atualização do professor e Bibliografia recomendada.

No segundo assunto, os autores abordam tópicos, como: O ensino médio e a formação da

cidadania; PCN e orientações curriculares; Abordagem temática, contextualização e

interdisciplinaridade; Construção e mediação do conhecimento; Linguagem da Ciência e A

Visão da Ciência e das Interações Ciência-Tecnologia-Sociedade. No terceiro assunto, são

apresentados tópicos como: Conteúdo e Organização Curricular; Seleção de Conteúdos da

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Obra; Recursividade e Flexibilidade Curricular; A ordem Geral do Conteúdo de Química na

Obra; Recomendações de Conteúdos de Química a Serem Abordados; Organização da Obra

por Unidades temáticas; Quadro de Temas Sociocientíficos e seus Temas Centrais; As Seções

do Livro e finalmente, O Uso das Imagens do Livro.

Já no quarto assunto, os tópicos abordados tratam das Orientações Sobre Articulação

do Conteúdo Programático; Recomendações Específicas para Desenvolvimento do Conteúdo;

Orientações para o Desenvolvimento do Tema em Foco; Sugestões de Atividades

Pedagógicas; Sugestões de Atividades Adicionais; Referências Bibliográficas

Complementares. Todos apresentados por unidades do livro. No quinto assunto, os autores

apresentam a resolução total dos exercícios de cada capítulo em sua respectiva unidade. Os

assuntos quarto e quinto são elaborados de acordo com os assuntos abordados, em cada

volume que compõem a coleção.

De maneira geral, a coleção é elaborada de uma maneira clara e motivadora, por

conter orientações e sugestões que direcionam os alunos a buscar novas informações a fim de

relacioná-las com as que o livro já apresenta, responder questões originadas de situações

problemas, realizar experimentos, buscando aprendizagens dos conceitos e conteúdos

fundamentais da Química (BRASIL, 2014).

A obra propõe, também, o desenvolvimento de temas socioambientais, que

contribuem para a abordagem dos conceitos químicos, a partir das estratégias propostas nas

seções de cada um dos três volumes. É apresentada uma diversidade de textos e atividades

que relacionam os conceitos apresentados no texto. Esses textos sugerem ao professor a opção

de dinamizar a organização de suas aulas, elaboradas a partir de tais textos, isso contribuirá

para o envolvimento de seus alunos em diálogos e discussões realizadas dentro e fora do

espaço escolar.

A obra surge com uma proposta inovadora, sobretudo por ser fruto de pesquisas que

nortearam e contribuíram para a elaboração das primeiras edições. No entanto, durante as

participações nos Editais de seleção do PNLD e, conforme as orientações de cada processo de

seleção, a configuração de uma obra com proposta inovadora vai se perdendo e, as últimas

edições não apresentam modificações que possam ser consideradas como inovações.

Atual obra selecionada, pelo PNLD é encontrada em algumas escolas públicas

brasileiras, com mudanças não apenas nos aspectos gráficos editoriais, mas também na

organização e abordagem do conteúdo químico.

Diferente das edições descritas anteriormente, nesta coleção os autores organizam o

conteúdo de maneira similar a outros livros didáticos de Química. Essa similaridade está na

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73

sequencia comum, pela qual o conteúdo é apresentado, assim os autores trabalham com a

apresentação dos conceitos/definições seguido das fórmulas matemáticas, quando necessário,

e, por último, apresentam um exercício resolvido como exemplo da aplicação da fórmula, e

assim demonstrar matematicamente como o exercício deve ser resolvido.

Essa organização não era vista nas obras anteriores, compreendíamos que as

ausências dessas representações matemáticas eram propositais, para que os professores

pudessem construí-las em sala, durante o desenvolvimento da sua aula, a partir da leitura do

texto principal e dos textos temáticos. Assim, o professor necessitaria mediar a compreensão

do conceito/definição para então, por meio, da linguagem matemática a fórmula fosse

representada.

O manual do professor não apresenta mudanças significativas, continuando com a

mesma similaridade nos textos em relação ao manual e guias das obras didáticas anteriores.

Portanto, suas mudanças continuam nos capítulos específicos de cada volume da coleção,

assim como tem sido nas outras edições da obra.

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74

CAPÍTULO V

DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

“O PNLEM levou o livro para a sala de aula

de todos os alunos”

Colaborador da Pesquisa

Com os dados descritos neste capítulo, buscamos identificar em quais aspectos o

livro didático Química Cidadã foi influenciado em suas (re)elaborações pelo Programa

Nacional do Livro Didático, considerando as descrições apresentadas de cada obra, a análise

das obras didáticas por categorias e as mônadas constituídas a partir das entrevistas narrativas

realizadas com os sujeitos da pesquisa.

Apresentamos, a partir de agora, os resultados obtidos em dois momentos, a saber:

Análise e descrição da coleção Química Cidadã (módulos didáticos, elaborados antes do

PNLEM/2007 e livros didáticos selecionados por meio dos critérios estabelecidos nos Editais

do PNLD) e as Mônadas elaboradas a partir das narrativas dos colaboradores desta pesquisa.

5.1 MÔNADAS

Nesta segunda parte da descrição dos dados coletados, apresentamos as mônadas

elaboradas a partir das entrevistas realizadas com os protagonistas envolvidos na elaboração,

produção e escolha dos livros didáticos de Química. Trago as narrativas dos autores do livro

Química Cidadã e da professora da educação básica, que atualmente adotou essa coleção na

escola onde trabalha. As narrativas estão enumeradas sequencialmente com o intuito de

organizar a discussão dessas mônadas. Essa sequência de exposição não seguiu nenhum

critério a priori. No entanto, em alguns momentos optamos por organizá-las seguindo a

ordem cronológica dos acontecimentos narrados, com o intuito de facilitar o acompanhamento

dos acontecimentos e entendermos como se desenvolveu o processo de produção da obra

didática.

Realizadas individualmente as entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas, os

textos obtidos foram tomados como narrativas, denominadas de mônadas de acordo com os

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75

princípios teóricos de Walter Benjamin (2012). Para Benjamin as narrativas são “uma forma

artesanal de comunicação” (p. 221). O Narrador retira o que ele conta da experiência: de sua

própria experiência ou da relatada por outros. E incorpora, por sua vez, as coisas narradas à

experiência dos seus ouvintes (p. 217). Assim, as mônadas nada mais são do que fragmentos

independentes entre si, capazes de narrar toda a história de maneira atemporal.

A partir de agora são apresentadas as mônadas dos colaboradores desta pesquisa.

Dois deles, além de se dedicarem à elaboração de livros didáticos, são professores de nível

superior e da educação básica em Brasília – DF, já a terceira colaboradora é professora na

educação básica na rede pública e particular de ensino em Cuiabá – MT.

Os nomes25

Marie Curie26

, Irène Curie27

e Pierre Curie28

são fictícios e, por serem os

colaboradores desta pesquisa professores de Química, os nomes atribuídos a eles foram

propositalmente escolhidos com o intuito de registrar aqui membros de uma mesma família

que muito contribuíram com o desenvolvimento da ciência Química.

Mônada 1 – Eu Gostaria de Fazer Odontologia

Eu havia passado no vestibular em Uberaba, pois eu gostaria de fazer odontologia e minha

mãe não tinha condições de custear por conta da situação do meu pai. Meu pai veio a falecer,

o que foi pior, pois ela ficou sozinha. Na época, ela era professora da secretária de educação.

Não foi possível eu ir, mas, pensei em estudar mais e prestar vestibular em Brasília, então eu

passei no vestibular para Química, que era minha terceira opção, não passei para odontologia

na universidade de Brasília, mas passei para Química e comecei o curso. (Irène Curie)

Mônada 2 – Fiz a opção sem duvida alguma por Química

25

Manteve-se o gênero dos colaboradores entrevistados.

26 Marie Curie (1867-1934) – Curie é famosa por sua pesquisa pioneira sobre a radioatividade, pela descoberta

dos elementos Polônio e Rádio e por conseguir isolar isótopos destes elementos. Foi a primeira mulher a ganhar

um Nobel e a primeira pessoa a ser laureada duas vezes com o prêmio: a primeira vez em Química, em 1903, e a

segunda vez em Física, em 1911. Fonte: < http://www.engenhariaquimica.alegre.ufes.br/content/10-grandes-

mulheres-da-ci%C3%AAncia>. Acesso em 18/05/2015.

27 Irène Joliot-Curie (1897-1956) – Filha mais velha de Marie Curie e Pierre Curie, Irène recebeu o prêmio

Nobel de Química em 1935, “em reconhecimento por sua síntese de novos elementos radioativos”, feita ao

bombardear alumínio com partículas alfa. Fonte: < http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc14/v14a06.pdf>. Acesso

em 18/05/2015.

28 Pierre Curie (1859-1906) – Nascido em Paris, onde se dedicou ao estudo da calorimetria e da cristalografia e

revela o principio da piezeletricidade. Casado com Marie Curie. Em 1903 recebe juntamente com sua esposa o

prêmio Nobel de Física pela descoberta da radioatividade. É nomeado professor na Universidade de Paris em

1904 e começa a pesquisar os raios X e sua aplicação na medicina. Fonte: <

https://www.algosobre.com.br/biografias/pierre-e-marie-curie.html>. Acesso em 18/05/2015.

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O meu curso estava começando, pois ele tinha se originado a partir do desmembramento de

um curso de Ciências. Então, na verdade, eu fiz um vestibular para Ciências. Fui aprovado e

eles nos chamaram e fiz a opção sem dúvida alguma por Química. Fiz o bacharelado em

Química, paralelo a isso eu fiz as disciplinas pedagógicas, como nós chamávamos. Então, eu

tenho o diploma de bacharel e tenho um carimbo atrás dizendo que eu sou licenciado. (Pierre

Curie)

Mônada 3 – Na Verdade eu nunca Quis ser Professora

Na verdade eu nunca quis ser professora. Na época eu estava fazendo química com a intenção

de fazer uma pós-graduação para ser supervisora no Laboratório Carlos Chagas, onde eu já

trabalhava, fazer o curso de Química não era para ser professora. Depois de graduada passei

por alguns problemas pessoais e o caminho que eu optei seguir foi a docência. (Marie Curie)

Mônada 4 – Escolhi a Profissão Por que eu Gostava Dela

Eu comecei a dar aulas com dezenove anos e era, muitas vezes, confundida com os alunos.

Mas eu gostava muito de trabalhar no colégio que era apenas para meninas. E escolhi a

profissão porque eu gostava dela. Eu sempre gostei muito de ser professora, por três vezes

tive a oportunidade de sair do magistério e não quis, porque eu gosto de ser professora, tenho

orgulho, gosto. Em março de 1989, eu assumi como professora na secretária de educação, e

até os dias de hoje sempre fui professora. (Irène Curie)

Mônada 5 – O que é o PAS?

A universidade de Brasília quis mudar a dinâmica do vestibular e, com isso, ela chamou toda

a sociedade para discutir essas possíveis mudanças, por meio de um fórum permanente de

debates, a fim de poder montar essa estrutura do PAS, do programa de avaliação seriada, que

hoje ainda existe. E funciona assim, o aluno faz o vestibular no primeiro ano, no segundo ano

e no terceiro ano quando obtém uma classificação. Na época do PAS, eu fazia parte do

programa como professora do colégio objetivo, nós discutíamos todas aquelas mudanças, que

teriam. Em uma das reuniões do curso surgiu a ideia de elaborar um material didático. (Irène

Curie)

Mônada 6 – O Material Didático

Desse curso, nós queríamos que os professores escrevessem material didático, por quê? O

material didático que existia no mercado era muito homogêneo e não atendia a perspectiva

que o PAS exigia, incluindo a mudança na organização dos conteúdos, que em alguns lugares

eram trabalhados no primeiro ano e aqui eram trabalhados no segundo ano e vice-versa. Então

surgiu a ideia, juntamente com esses professores, de escrevermos um material que atendesse a

perspectiva do PAS. (Pierre Curie)

Mônada 7 – No Início Era Um Sonho

Um livro didático. Os organizadores da coleção acharam a ideia legal e como tínhamos um

grupo muito bom começamos a fazer reuniões. Esse grupo foi sendo lapidado e ficou sendo o

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PEQUIS, mais adiante. No início era um sonho e nós não sabíamos que resultados alcançaria

o grupo, porém, acredito que desde o início tenhamos empregado tantas energias na

elaboração desta coleção que chegamos ao que temos hoje. (Irène Curie)

Mônada 8 – Um Grupo Composto Por Professores

Naquela época, tínhamos tanta vontade de fazer um ensino de química de qualidade e por

nosso grupo ser composto por professores, nós sabíamos e percebíamos os problemas que eles

vivenciavam e queríamos que essa situação mudasse. Minha vontade era que a química fosse

algo prazeroso para os alunos. Acredito que essa era a maior vontade do grupo, que a química

não fosse aquela química teórica de decoreba, que era ministrada nos livros tradicionais.

Queríamos que fosse uma Química que mostrasse às pessoas, que você poderia fazer química

o tempo todo. (Irène Curie)

Mônada 9 – O Trabalho Era Voluntário

Nos reuníamos na UnB por dias seguidos e durante horas. O trabalho não era remunerado e

fazíamos todo o trabalho de forma voluntária, pois não sabíamos no que toda essa ideia iria

resultar. Sabíamos que estávamos escrevendo um livro, porém, ninguém ganhava nada para

isso. Com o passar dos anos o grupo foi amadurecendo e acabamos formando equipes e,

assim, distribuindo funções. A nossa experiência com o uso do computador foi melhorando e

com a chegada da internet fez com que as nossas idas e vindas à UnB não fossem mais tão

constantes, e elas foram diminuindo. Pois podíamos resolver tudo a distância. (Irène Curie)

Mônada 10 - A Primeira Versão

Começamos em 1997, já em 1998 publicamos a primeira versão. Reorganizar a primeira

versão e concluímos com a elaboração da segunda, ainda pela editora da Universidade de

Brasília. Tínhamos um material elaborado para atender a demanda de Brasília, não era um

material exclusivo, porém, estava muito próximo do que era trabalhado em Brasília em

relação aos demais estados brasileiros. (Pierre Curie)

Mônada 11 – As Imagens Eram Produzidas Pelo Próprio Grupo

Elaboramos o volume I, que foi digitado no Word, por um dos organizadores. Ele digitou os

desenhos gráficos, as fotografias. Eu lembro que até mesmo eu tirei fotografias para colocar

nesse livro. As imagens eram produzidas pelo próprio grupo. O volume II era uma

continuidade do volume I, ainda era a mesma proposta, com atividades metodológicas para

serem aplicadas no ensino de determinados conceitos químicos, pois apenas alguns conceitos

eram abordados nos livros, além disso, o livro era pequeno com pouco mais de cem páginas.

E esses dois livros foram publicados pela editora da Universidade de Brasília. Os

organizadores conversaram com o editor na época, e ele achou por bem publicar o livro. E a

venda dos livros era de um por um, mão a mão mesmo. (Irène Curie)

Mônada 12 – O Volume Único

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Nisso, um dos organizadores resolveu fazer uma editoração gráfica um pouco mais

sofisticada, nesse período ele fazia o doutorado em outra cidade. Ele conversou com uma

pessoa que começou a fazer essas mudanças gráficas nos módulos. Assim, nós juntamos o

módulo I e o módulo II em um volume único, e acrescentamos novos conceitos que não havia

sido trabalhado anteriormente nos módulos. Porém, a característica do livro continuava a

mesma, de trabalhar de maneira mais geral, ele não se destinava a um único ano do ensino

médio, nem estava elaborado conforme os livros de Química tradicionais. A proposta era a de

que o professor poderia usá-lo tanto no primeiro ano como no segundo ou no terceiro, mas já

tinha uma editoração melhor que até então não tínhamos. Desse material originou-se o livro

com a foto do Dalton na capa. (Irène Curie)

Mônada 13 – O Prêmio Jabuti de Literatura

Nesse período, os parâmetros curriculares foram aprovados, e mais uma vez nossa obra foi

novamente reorganizada, dessa reorganização surgiu a obra com a foto do Dalton na capa,

com esse livro nós ganhamos o prêmio Jabuti de literatura, e foi um prêmio que nos

incentivou muito. (Pierre Curie)

Mônada 14 – O Convite da Editora

Logo em seguida, a editora Nova Geração nos convidou a trabalhar com a proposta que eles

vinham desenvolvendo em outras áreas que era em módulos. E nós achamos essa proposta

interessante, por podermos alcançar um maior número de professores brasileiros. Além disso,

os módulos proporcionavam uma maior flexibilidade conforme os parâmetros curriculares

nacionais apresentavam. De não ter um currículo engessado, e sim organizado de acordo com

o projeto político pedagógico da escola. Os módulos proporcionavam isso. Seriam uma

coleção com nove módulos para atender todo o currículo do ensino médio, onde o professor

poderia, por exemplo, trabalhar o um, dois e o quatro, na perspectiva de Brasília de acordo

com o PAS, o restante do Brasil, poderia seguir a sequência dos módulos. (Pierre Curie)

Mônada 15 – O Parque Gráfico

A editora já tinha outras obras assim, uma de Biologia e uma de Física, então começamos a

escrever para eles e muitos dos textos já estavam pronto. A ideia era que o aluno tivesse

quatro fascículos por ano, um por bimestre. É nesse momento, que surgem os quatro módulos

didático. E o apelo visual da editora era muito interessante, pois os fascículos eram elaborados

no formato de revistas e, naquela época, a editora Nova Geração na editora 3, a mesma da

revista Isto é. Então eles usavam o parque gráfico da revista Isto é para elaborar os livros

didáticos. Com isso, nos tínhamos toda uma estrutura, eram diferentes profissionais que

poderiam contribuir com a elaboração desses fascículos. (Irène Curie)

Mônada 16 – Primeiro Edital do PNLD

Começamos a produzir os módulos e chegaram a ser publicados quatro dos nove módulos,

dois já estavam na editora, que era o cinco e o seis, para serem impressos, já em fase de

diagramação. Nesse período, saiu o edital do Programa Nacional do Livro Didático para o

ensino médio, que contemplava Química. Ficamos em um dilema de como fazer, pois na

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79

época o Edital previa volume único ou uma coleção de três volumes, como era muito comum

na época. A maioria dos autores tinha duas formas de livros, o volume único que havia uma

política para a escola pública, pois segundo eles sai mais barato e a coleção de três volumes

que era mais completo, e atenderia a rede privada. (Pierre Curie)

Mônada 17 – Elaboração do Volume Único para o PNLEM

Então íamos relendo os módulos, e marcando o que sairiam e o que ficaria isso já na

elaboração do livro volume único, para o PNLEM. Nessa época nós ainda tínhamos que nos

encontrar com frequência, pois a internet não era tão simples como é hoje, era um recurso

muito caro. (Irène Curie)

Mônada 18 – O Currículo De Química É Ditado Pelos Livros Didáticos

Porém, no meio do caminho, eu percebi que o currículo de Química, que é muito utilizado nas

escolas ele é ditado pelos livros didáticos, porque a formação do professor ainda hoje no país,

não é uma formação adequada, então imagina como era na época em que começamos a

elaborar a obra. Nós tínhamos dados que mostravam que na maioria das escolas brasileiras, os

professores de química, não tinham nenhuma formação na área para estarem atuando. Então,

nossa ideia foi de elaborar um livro que proporcionasse ao professor fazer um trabalho de

qualidade, e esse livro tinha que ser então recheado de informações de coisas interessantes.

Nossa pesquisa partiu exatamente desse pressuposto, como fazer a química ser interessante?.

(Irène Curie)

Mônada 19 – A Flexibilidade

No nosso caso, nós optamos pelo volume único, pois ele nos proporcionava a flexibilidade

que nós tínhamos com os módulos, além de atender ao programa de Brasília e de qualquer

outro Estado. Para o segundo PNLD, já não foi possível à opção de volume único, então nós

adaptamos a obra em três volumes. No último, nós aprovamos a sexta edição do material.

Nesse meio tempo, nós fomos ajustando algumas coisas, na perspectiva de ajustar, de ouvir

críticas de professores e colegas e realizar os ajustes em função das novas demandas. (Pierre

Curie)

Mônada 20 – Adquirir os Livros Pagando do Próprio Bolso

No período em que passei no concurso do Estado, não existia uma política pública destinada à

distribuição de livros didáticos de Química para as escolas públicas. De modo que, o sistema

era adquirir os livros pagando do próprio bolso. De que maneira? Os representantes das

editoras iam até às escolas e ofereciam seus exemplares a preços acessíveis, havia aqueles que

tinham dificuldades financeiras para esta aquisição. Mas, no momento de escolhermos os

livros, olhávamos se era volume único, então os alunos poderiam usar por mais tempo. O

peso, o tamanho, coisas assim. Inicialmente, trabalhei com Tito e Canto, o que seguiu por

aproximadamente uns seis anos. Então no ano de 2007, foi anunciado que haveria a partir do

ano letivo de 2008, livros didáticos de Química, pois até então os livros do ensino médio que

estavam na escola, eram de Matemática e Português. Na época eu era professora, em uma

escola estadual. (Marie Curie)

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Mônada 21 – Chegada do Catálogo

Próximo do final do ano letivo de 2007 chegou às escolas um catálogo, e nele tinham os livros

didáticos de Química que seriam enviados às escolas públicas a partir de 2008. E tínhamos

que escolher um daqueles livros didáticos que estavam no catálogo. Não me recordo de todos

os livros, porém, lembro-me do Química e Sociedade, que com muito custo consegui adotar

na escola pública que eu estava. (Marie Curie)

Mônada 22 – Eles Eram Semelhantes A Uma Revista

A primeira vez que eu tive contato com o Química e Sociedade foi em 2003, por meio dos

módulos didáticos. Eles eram semelhantes a uma revista, gostei muito, achei muito

interessante e a partir dai comecei a utilizar nas minhas aulas como material de apoio,

informativo, com o intuito de auxiliar na aula. Utilizei como paradidático, no preparo das

minhas aulas. Eles traziam muitas informações, muitos textos que não tinham, nos outros

livros. Eu nunca parei para analisar os detalhes existentes entre os módulos didáticos e o livro

de volume único, porém, o que deu para perceber é que os autores condensaram os módulos

no livro. Foi mais ou menos isso o que eles fizeram, mas detalhes, o que eles acrescentaram, o

que eles alteraram, o que eles melhoraram, eu não fiz essa análise. Mas o que fica claro é que

eles pegaram os módulos e transformaram no livro didático volume único. (Marie Curie)

Mônada 23 – Não são Revistas, São Livros Didáticos

Essa primeira proposta, da editora Nova Geração que são os módulos, buscava uma

aproximação com o aluno, até pela cara, pois tinha o formato de revista. Mas, isso gerava até

uma brincadeira, pois as pessoas falavam que era revista e nós não, são livros didáticos, com

aparência de revista. Porém, são livros didáticos! Então ele propunha uma diagramação muito

colorida, mas recebemos algumas críticas, porque você é obrigado a enxugar conteúdos, pois

tinha a questão de tamanho. Então em muitos momentos, víamos que não tinha como diminuir

o texto, então diminuíam as imagens. (Pierre Curie)

Mônada 24 – A Nossa Proposta É Totalmente Diferente

Para você ter uma ideia, nem abríamos livros didáticos consagrados do ensino de Química,

aqueles mais conhecidos entre os professores. Não usávamos nada, nem olhávamos esses

materiais. Na época em que o Edital do PNLD exigiu a mudança do volume único para três

volumes, os organizadores, fizeram alguns estudos acadêmicos interessantes para ver como

estava sendo realizada essa divisão. E os momentos em que chegamos a olhar os livros foram

apenas para ver isso, como se dava essa divisão, mas não tínhamos interesse algum em saber

como eles elaboravam esses materiais. A nossa proposta é totalmente diferente da apresentada

na elaboração desses livros. O nosso tema em foco mesmo, vem com um texto enorme,

extenso, com a proposta de desenvolver um caráter cidadão, de desenvolver a cidadania

individual. (Irène Curie)

Mônada 25 – Fomos Ficando Meio Que Obrigados a Enxugar

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Os módulos foram escritos na perspectiva de que eles poderiam ser utilizados de forma

independente. Tínhamos a preocupação de apresentarmos um conteúdo que não havia sido

dado ali. No livro de volume único você tem a tranquilidade de que esse conteúdo está no

capítulo anterior ou seguinte e isso não era possível no módulo, assim nós reapresentávamos

muitos conceitos e conteúdos que não eram necessários no volume único, porém, eram

resgatados ao elaborarmos os três volumes. Por exemplo, na primeira versão de três volumes,

nós tínhamos um pouco de Química Orgânica em cada ano do ensino médio, depois nós

fomos ficando meio que obrigados a enxugar isso, em função da quantidade de páginas. Além

disso, esses ajustes sempre eram feitos a partir da concepção do material. (Pierre Curie)

Mônadas 26 – O Livro Do Terceiro Ano Trás Conteúdos do Primeiro Ano

Eu trabalho com três terceiros anos, e não tem o livro para todos, só que eles já foram meus

alunos e não querem outros livros, mesmo porque, o livro do terceiro ano traz conteúdos do

primeiro ano, como o atomismo, as ligações químicas e a tabela periódica. Traz, também,

matéria do segundo ano. Então, não tem como usar o livro anterior e ser a mesma coisa, será

completamente diferente. Por exemplo, eu achei melhor começar a trabalhar com os terceiros

anos, pelos últimos capítulos do livro. (Marie Curie)

Mônada 27 – Ficava Quebrando Cabeça Para Diminuir o Livro

Na última edição, precisamos nos adaptar ao número de páginas limitado. Um dos

organizadores ficava quebrando cabeça para diminuir o livro e isso era feito cortando o texto,

limitando a quantidade de palavras por texto, limitando as repetições das seções e até mesmo

reorganizando as seções. E isso foi muito bom para o grupo, pois foi um novo exercício de

lapidar o livro, aprendemos a selecionar o importante para a proposta que queríamos para o

livro. (Irène Curie)

Mônada 28 – Nós Sempre Trabalhamos Um Tema Central

Nós sempre trabalhamos um tema central, então elaborávamos todos os textos que abordavam

o tema, porém, tínhamos que colocar o conteúdo nessa temática. Em alguns momentos isso

dava muito certo, mas em outras situações isso dava um trabalho muito grande. O lixo foi

uma temática muito utilizada, hoje nos nossos últimos livros nós trabalhamos o consumismo,

assim, o lixo já não é mais o tema central, ele se tornou o coadjuvante, em nossa proposta.

Sempre que possível, nós iniciávamos com uma poesia ou música, que tinha uma relação com

a temática trabalhada, isso tudo nos módulos. Já para o PNLD, nós tivemos que tirar tudo

isso, pois era necessário nos adaptarmos aos Editais. (Irène Curie)

Mônada 29 – Agora Está Mais Clean

Os autores continuam a usar muitos textos temáticos, alguns que era até mesmo de edições

anteriores, porém, algumas mudanças são bem evidentes. As imagens que ele traz no livro de

volume único são grandes e são muitas. Nessa terceira edição, as imagens estão reduzidas

tanto no tamanho como na quantidade, imagens que antes usavam meia página toda, hoje

utiliza apenas três linhas. Então, os autores deram uma reduzida, penso que estava meio

poluído visualmente e agora está mais Clean. Porém, ainda usam o mesmo contexto que eles

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usavam nos livros anteriores, o que não tem problema nenhum. No entanto, ele sistematizou,

inicia com um texto, depois não vem mais texto, vem o conteúdo e então dentro do

desenvolvimento do conteúdo é que os autores mencionam o dia-a-dia, mas não com texto

como ele fazia antes. (Marie Curie)

Mônada 30 - As Imagens

Nós sempre tivemos uma visão muito critica com relação às imagens, sempre achamos que a

imagem não está no livro apenas para decorar, ela deve ter uma relação com o texto, do nosso

ponto de vista, nenhuma imagem, foi colocada para decorar a página, pode até ser que alguém

faça uma leitura nesse sentido, mas todas as nossas imagens tinham um propósito ao serem

colocadas no livro, relacionado ao conteúdo a ser discutido. (Pierre Curie)

Mônada 31 – A Imagem Do Negro No Livro Didático

Eu assisti a uma palestra, de uma professora que investigava as imagens do negro nos livros

didáticos. E uma coisa que ela disse foi que os livros brasileiros trazem imagens do negro em

situações desfavoráveis. Então, nesse momento, como nós trabalhávamos na elaboração do

módulo 4, começamos a fazer tudo ao contrário do que essa professora havia falado, daí todas

as imagens de negro que nós colocamos nesse módulo eram imagens que favorecia aos

negros, eles possuíam situação de destaque ou de igualdade ao branco. E isso foi levado para

os livros didáticos submetidos às avaliações do PNLD. (Irène Curie)

Mônada 32 – Muita Imagem, Muito Texto, Então a Pessoa Se Perde

Na coleção atual podemos observar que os autores usaram uma parte mais sistêmica, acho que

eles se organizaram melhor. Isso comparado ao livro antigo, que é meio rebuscado, muita

imagem, muito texto, então a pessoa se perde. Essa nova edição apresenta uma visão mais

limpa, menos congestionada, em relação à primeira edição, onde as imagens e mesmo alguns

textos, que de repente o autor insere na imagem, deixam o leitor meio perdido com a

organização do material. (Marie Curie)

Mônada 33 – Identidade Própria

Em todo o tempo nos sentamos e realizamos mudanças nos livros. Quando saiu o primeiro

Edital, tínhamos muita liberdade para fazermos o que queríamos como o livro, que já possuía

uma identidade própria. Era só concluir, dentro da proposta metodológica desenhada por nós.

O que dá muito trabalho não é escrever o livro, é revisar. São revisões constantes e de repente

aparece uma pessoa falando que achou um erro. (Irène Curie)

Mônada 34 – Nós Fomos Fazendo Ajustes

O que fomos fazendo eram ajustes que achávamos necessário, diminuímos o tamanho dos

textos. Quando nós passamos dos módulos para o volume único, muita coisa foi diminuída,

pois senão o volume único teria ficado muito maior. Quando começamos a trabalhar com

coleção, nós resgatamos muita coisa que estava nos módulos, e que não tínhamos utilizado no

volume único, então basicamente o projeto nunca mudou, nossos ajustes eram feitos de

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acordo com a necessidade, e nada que não fosse legal e tivesse que ser feito de outra forma.

(Pierre Curie)

Mônada 35 – Eu Já Percebi As Relações

Nós ainda estamos começando, mas eu já percebi as relações no momento em que

trabalhamos as transformações químicas e físicas. Ele sempre busca a relação com os textos e

ele coloca no livro muito a questão social. Por exemplo, no livro do primeiro ano já vem

consumismo, como temática principal, quer dizer uma questão de consciência, que ultrapassa

até mesmo a questão social. Pois se pararmos para pensar em nossa sociedade hoje é puro

consumismo e pronto. (Marie Curie)

Mônada 36 – Tinham Uma Linguagem Muito Acadêmica

Elaborávamos os textos, as propostas de atividades e íamos para a escola testar. Discutíamos

no grupo e íamos para a escola para aplicar, pois precisávamos saber se a nossa proposta ia

dar certo. Então, voltávamos e íamos escrever e os coordenadores, como professores da

academia tinham uma linguagem muito acadêmica e em alguns momentos nem mesmo nós

conseguíamos entender o que eles escreviam. A linguagem que tínhamos que ter deveria

atender aos alunos do ensino médio, mas eles acham que não podíamos baixar o nível e

demorou até conseguirmos quebrar essa questão da linguagem. (Irène Curie)

Mônada 37 – A Linguagem Do Livro Está Perfeita

A linguagem do livro está perfeita, em todo o contexto, apesar de existir alguns alunos que

desconhecem muitas palavras, o interessante é que dependendo do conteúdo que você está

trabalhando e da sua experiência, você pode trazer para sua aula situações que complemente o

que é trabalhado pelos autores no livro. Além disso, você pode também substituir uma

temática por outra. (Marie Curie)

Mônada 38 – Algumas Coisas Mudaram

Algumas coisas mudaram, como é o caso da experimentação, que no início estava bem mais

presente. Na hora em que você propõe um material que não é para uso no Distrito Federal, e,

sim, a nível Brasil, você acaba por considerar uma realidade mais diversificada, então

algumas como a experimentação foi diminuindo um pouco, porém, a identidade nós não

perdemos. (Pierre Curie)

Mônadas 39 – Não São Atividades Difíceis

Tenho observado que em um capítulo ele trouxe varias práticas, não são atividades difíceis de

serem realizadas, ao menos essas inicias, mas eu ainda não vi todas do livro, justamente por

ter cerca de três a quatro práticas de experimentação em um único capítulo. São atividades

experimentais interessantes, no entanto, os autores propõem práticas que podem ser realizadas

em sala, ou em outro espaço fora do espaço da sala de aula. As práticas apresentadas no livro

não são difíceis e nem perigosas, são adequadas a realidade dos alunos. Mas, infelizmente,

não temos laboratório na escola pública que trabalho. (Marie Curie)

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84

Mônada 40 – As Capas

As primeiras capas foram bem simples, no primeiro livro, a terceira edição como tinha quatro

capítulos, tentamos apresentar na capa os quatro capítulos que constituíam o material. Nos

módulos a proposta continuou, a ideia era mostrar a temática principal do módulo. E isso era

um motivo de reclamação dos professores, então resolvemos trazer nas capas uma identidade

mais presente da Química, pois era importante que eles olhassem os materiais como livros e

não como revista. Nas últimas edições você vê a preocupação de relacionarmos a Química

com a sociedade, como os tubos de ensaio representando o congresso, por exemplo. O volume

único tem uma história única, foi um trabalho muito rápido para podermos registrar o livro no

PNLEM e a editora mandou a capa, na véspera de inscrever o livro. O colega coordenador do

grupo me chamou para ver, pois, haviam mandado a capa. Quando eu vi, eu falei para ele:

“Não tem condições, uma capa dessas é exatamente o que nós falamos contra. Um cara, com

cara de cientista maluco, nós falamos contra isso aí”. Então ligamos para a editora e falamos

que a capa não dava, e eles falaram que já ia para gráfica e que não tínhamos mais tempo.

Depois nós descobrimos, conversando na editora, que o dono da editora foi quem havia feito a

capa do nosso livro, e ele sempre apostou muito no nosso projeto, ele sempre gostou da nossa

linha de trabalho. Então ele chamou um artista plástico, não sei exatamente, que profissional

era, penso um capista, e foi relatando a ele como ele queria a capa. Depois ouvimos uma

justificativa que é a seguinte: “É uma capa interdisciplinar, pois tem um cara, com cara de

físico, segurando um cálice da biologia, em um livro de Química”. (Pierre Curie)

Mônada 41 – Sempre Teve Capas Bem Chamativas

Em relação às capas, a coleção em si, sempre teve capas bem chamativas, desde os módulos, é

possível observarmos que os autores demonstra desde a ilustração da capa a proposta temática

do livro didático. Em relação a coleção de 2015, achei interessante eles usaram a química e a

sociedade, porém de uma maneira mais infantil. Quanto aos alunos, muitos gostaram e

disseram: “ai que capa linda”. Os alunos gostaram, houve um ou outro aluno que falou: “ai

parece de crianças”, mais foram poucos que fizeram essa observação. (Marie Curie)

Mônadas 42 – Isso é Algo Da Editora

Isso é algo da editora. Quando chegou a capa com a figura do Einstein, amarela, nós não

gostamos, mas quem havia escolhido era a editora. Porque ele fez uma conotação errada do

cientista. E até criticamos ele, mas a editora disse que aquela capa iria chamar muito a atenção

e foi dito e feito, foi o livro mais conhecido, por causa da capa. Ele esta dentro de uma editora

que não é uma editora pedagógica e tem um conhecimento de marketing. Quando foi a

segunda capa, fizeram aquela capa e ficou ela mesma. Na terceira capa foi um cara da editora

que trabalhou conosco e ele propôs outra e nos adoramos a ideia: é Brasília, o campo e a

cidade. Brasília foi homenageada na capa, pois os autores são daqui. Foi a editora quem

escolheu e desenhou a capa. (Irène Curie)

Mônada 43 – O Manual Do Professor

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85

Nós sempre tentamos trazer para o professor as questões que nortearam o livro, discussões, a

importância da experimentação, a questão da inclusão, da interdisciplinaridade. Trazer isso

para um professor que em alguns casos, nem conhece. Pois, se pensarmos em um professor

que não é licenciado em Química ou que teve uma graduação muito conteudista, esse manual

do professor vai explicar o que é a proposta. Além disso, o manual está em sintonia com o que

escrevemos no livro do aluno, diferente de outros materiais, que o autor escreve o livro do

aluno, porém contrata outra pessoa para fazer o guia, por não ter esse tipo de leitura e, até

mesmo, por pouca experiência como professor ou professora. Em toda edição é feita uma

discussão do que pode vir a ser mudado, acrescentado, melhorado enxugado no guia do

professor. Mas, como eu falei, a proposta central foi mantida, a visão de experimentação é a

mesma até hoje apesar da realidade ser diferente. Então, hoje a questão da experimentação

está mais distante da escola por uma serie de contextos e tentamos avaliar a situação como um

todo. (Pierre Curie)

Mônada 44 – PNLD Sempre Nos Deu a Oportunidade de Melhorar

O livro didático é um documento que vai nortear o trabalho do professor em sala de aula, só

isso, ele serve como subsidio para o professor e o aluno. Hoje com mídias, tecnologias,

acessos rápidos a inúmeras fontes de informação, se você pega um livro que tenha tudo e só

aquilo servirá de base, que ensino sem graça, que ensino pobre seria esse? Então penso que

tudo foi positivo, eu não vejo pontos negativos nessa proposta e tudo foi construído

democraticamente. E eu acho o PNLD muito bom, pois, ele busca o pessoal da universidade

para avaliar seu livro, ele expõe seu livro e a proposta. Nós nunca recebemos críticas

negativas, as críticas que recebemos são em relação ao que está errado e vamos lá e

arrumamos. Sempre tem crítica positiva. Porém, reconhecemos, também, que é um livro

muito difícil para o professor, pois ele traz informações que o professor ainda não teve, e não

teve por quê? Por ter uma formação inadequada, a maioria dos professores não tem uma

formação acadêmica que seja especifica para a área da educação. Então essas concepções

metodológicas que falamos, o nosso manual, que é um senhor manual, explica, o que o

professor desconhece. As críticas que temos não são boas em relação aos professores que

fazem uso, porque ele não tem fundamentação teórica que nos convença. Para você ter uma

ideia, eu já tive professor que chegou para mim e falou que o livro era muito visual, muito

cansativo. Já tive professor que falou que escolheu o livro pela capa, pois era bonitinha. Então

esse é o grande problema. Porém, o PNLD sempre nos deu a oportunidade de melhorar e

superar e eu penso que seja esse o caminho. E todas as mudanças que ele nos impôs, foram

positivas, pois nós tivemos que fazer alguma coisa, e nesse momento acabamos encontrando

alguma coisa ou outra, que não estava legal, e isso acaba sendo melhorado. A maturidade

também é outra, a experiência que tínhamos no começo da elaboração da obra, para a que

temos hoje é outra. A abordagem do nosso livro é única, e hoje ele acaba sendo referencia

para outros, eu já vi ideias nossas sendo usadas em outros livros didáticos, até mesmo

imagens, que nós elaboramos que nós desenhamos sendo reproduzidas em outros livros. As

estruturas moleculares de química orgânica, por exemplo, não eram trazidas nos livros

didáticos, e nós começamos a apresentar e hoje já existe. Eu já vi estruturas nossas nos livros

didáticos dos meus filhos, as escolas particulares aqui no DF utilizam livros didáticos, e eu já

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86

vi ideias nossas nos livros deles. Além disso, a construção visual do livro, que nós inovamos e

acabamos fazendo história. (Irène Curie)

Mônada 45 – O PNLEM Levou o Livro Para Todos Os Alunos

Nós trabalhamos em uma instituição pública e a nossa preocupação é a escola pública.

Quando nós elaboramos o primeiro material que era vendido pela editora da UnB, nós

queríamos que ele fosse barato e de fato era um material muito barato, o preço de capa era 10

reais. E conseguíamos desconto na editora e esse desconto era repassado aos alunos, o que era

a nossa proposta, apesar disso não ser muito comum. Naquela época o que se via era que

alunos de escola particular tinham livros didáticos, e alunos de escola publica não tinham, a

não ser uma escola em Brasília, no plano piloto que se destacasse, por exemplo. O PNLEM

levou o livro para a sala de aula de todos os alunos e com isso, conseguimos levar um material

que é a grande ferramenta de formação no ensino. Tem trabalhos que apontam isso, ou seja,

houve uma democratização, coisa que antes não existia. Ministrei aulas em escola pública

antes disso e, para muitos alunos, o conteúdo era o que o professor passava no quadro e o

PNLEM mudou isso. Por outro lado, como é política pública, essas coisas têm uma série de

entraves e, até o momento ninguém sabe quando vai sair e como vai ser o próximo edital. A

princípio era pra sair no final desse ano, mas não temos nenhuma notícia confirmada. O livro

digital que foi entregue na última edição, o MEC não comprou e não decidiu o que vai fazer e

não se sabe se vamos entrar no próximo edital. Então, essa insegurança é muito difícil, para

você investir em um trabalho e não saber ao certo o que vai acontecer. (Pierre Curie)

5.2 ENTRE DISCURSOS E INFLUÊNCIAS: O QUE MUDOU?

A abordagem do ciclo de políticas nos permite compreender que as políticas públicas

sofrem modificações quando experienciadas no contexto da prática. Portanto, o processo de

transpor as políticas formuladas, no âmbito do contexto da produção de texto, em ações do

contexto da prática é influenciado por processos intrínsecos e extrínsecos, dos protagonistas

envolvidos em cada contexto. De modo que a política proporciona a produção de efeitos e

consequências que representam mudanças e expressivas na política elaborada inicialmente.

(BALL, BOWE e GOLD, 1992).

Considerando o PNLD produto de uma política pública complexa que envolve

processos de seleção e distribuição das obras didáticas, concordamos com Oliveira (2014),

quando a autora considera o livro didático como:

Um artefato cultural produzido no interior de uma rede de discursos, que na

abordagem de Ball é representada pelo ciclo de políticas, composto por três

contextos: influência, produção de texto e prática. Nessa rede, assumo que o livro

didático é construído levando em consideração diversas vozes, como Ministério da

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87

Educação, editoras, alunos, comunidade acadêmica, etc., que são hibridizadas e

recontextualizadas ao longo do processo de elaboração do material didático.

(OLIVEIRA, 2014, p. 140).

Com base nas informações descritas da coleção Química Cidadã e nas mônadas

elaboradas a partir das entrevistas textualizadas, buscamos identificar aspectos que sofreram

influência do PNLD, durante as (re)elaborações do livro didático Química Cidadã,

considerando que os colaboradores “exercem um papel ativo, no processo de interpretação e

reinterpretação das políticas educacionais e, dessa forma, o que eles pensam e acreditam tem

implicações no processo de implementação das políticas” (MAINARDES, 2007, p. 30).

5.2.1 Aspectos Gráficos Editoriais (Projeto Gráfico Editorial)

O projeto gráfico editorial é aqui definido como elemento essencial no processo de

produção de uma publicação, podendo ser essa produção impressa ou digital, considerada de

dois tipos, uma publicação regular, como revistas e jornais ou como uma produção única,

como um catálogo ou um livro.

Assim, o projeto gráfico editorial é, portanto:

O que determina os aspectos técnicos e gráficos-visuais, decorrentes da composição

visual do conteúdo (diagramação e layout) e do processo de produção digital ou de

impressão e acabamento do produto gráfico-editorial (CASTRO e SOUSA, 2013,

p.3).

Com base nas definições de Castro e Souza (2013), dividimos a categoria Aspectos

Gráficos Editoriais em cinco subcategorias, que são elas: Estrutura editorial; Legibilidade;

Ilustrações; Referências e Indicações de Leitura e Capa.

5.1.1.1 Estrutura Editorial

Em relação à estrutura editorial, procuramos observar, como as obras estão

organizadas, se de forma clara, coerente e funcional, de acordo com a proposta didático-

pedagógica da Coleção. Para tanto, observamos a organização e coerência das imagens,

tabelas, gráficos e demais representações ilustrativas, tamanho e quantidade dos textos e

seções apresentados nas obras.

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88

Os MD segue uma organização clara, coerente e funcional, parte dos conteúdos de

Química, que compõem o currículo do ensino médio, está distribuída entre os quatro (4)

módulos que compõem a Coleção. As imagens são coerentes, e estão colocadas no texto de

acordo com o tema trabalhado. As tabelas e gráficos aparecem pouco nos módulos, no

entanto, é possível perceber sua integração com o conteúdo e informação onde estão inseridas.

Observamos uso excessivo de imagens, que se repente em todos os MD. As imagens

colocadas no livro são de diferentes tamanhos, quase em toda a obra são mais de uma imagem

para exemplificar um mesmo assunto.

Como é possível observar na figura 2, a seguir:

Figura 2: Transformações químicas/Obesidade e a imagem no espelho

Na figura 2, representamos dois exemplos, o primeiro do MD volume I e o segundo

do MD volume IV. Nestes exemplos é possível observarmos como as imagens estão

colocadas nos módulos didáticos. São imagens dos mais variados tamanhos e cores ao ponto

de dividirem espaço com o texto principal29

dificilmente encontramos menos que uma

imagem na mesma página, todas são colocadas no MD, possivelmente, com o intuito de

explicarem o mesmo assunto. Situações como essa se repetem nos quatro volumes, impressos

da coleção.

Os MD não são casos isolados. A situação se repete no volume único QS, apesar da

proposta dos autores de elaborarem uma obra clara, coerente e funcional, estando de acordo

29

Texto principal é compreendido nesta pesquisa como o texto que trabalha conceitos e conteúdos da Química e

não faz parte de nenhuma seção do livro.

Fonte: MD I – A ciência, os materiais e o lixo, 2005, p. 35/MD IV – Cálculos, soluções e estética,

2005, p. 19.

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89

com a proposta teórico-metodológica, que também é adotada para a elaboração dos MD, o

uso excessivo de imagens é novamente repetido.

Como considera a professora Marie Curie a seguir:

Eles traziam muitas informações, muitos textos que não tinham, nos outros livros.

(Marie Curie – Mônada 22)

O livro QS tem uma organização muito semelhante à utilizada nos MD, como

observa a professora Marie, inclusive no excesso de imagens, de diferentes tamanhos e cores.

Além disso, assim como na obra anterior, em algumas páginas do livro as imagens chegam a

ocupar mais da metade da folha. Como, por exemplo, na figura 3, a seguir:

Figura 3: A Química, o químico e suas atividades/Quantidade de matéria.

Fonte: Química e Sociedade/PNLEM 2007, volume único, p. 91/p. 257.

É possível observar, na figura 3, que os autores organizam as imagens da mesma

maneira como são organizadas nos MD, como representado na figura 2, são imagens de

diferentes tamanhos, que explicam o mesmo assunto chegando a ocupar mais da metade da

folha, disputando espaço com o texto principal e as imagens dividem espaço com suas

próprias legendas. Por si só, as imagens não evidenciam a ideia principal do texto,

demonstrando a necessidade de adicionar as caixas de texto contendo uma pequena

explicação sobre elas, o que poderá possibilitar ao aluno a leitura apenas da imagem e sua

explicação.

Situações como essa se repetem ao longo do livro QS, inclusive nas páginas

seguintes 92 e 93, podendo causar uma poluição visual, que envolve principalmente cores e

imagens. Em relação à questão de imagens o Edital PNLEM 2007 não faz nenhuma

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90

referência, inclusive em relação a quantidade ou tamanho, o que permitiu à obra chegar ao

número aproximado de 1790 imagens30

.

Segundo os autores:

Nós sempre tivemos uma visão muito crítica em relação às imagens. [...] do nosso

ponto de vista, nenhuma imagem foi colocada para decorar a página, [...] todas as

imagens tinham um propósito ao serem colocadas no livro, relacionado ao conteúdo

a ser discutido. (Pierre Curie – Mônada 30)

Entendemos que esses recursos visuais tendem a contribuir como um meio de atrair a

atenção dos alunos, proporcionando ao livro uma especialidade que se assemelha a uma

apresentação. Entretanto, o uso excessivo de imagens pode vir a interferir na leitura e na

compreensão do texto, principalmente no que se refere aos conceitos e conteúdos da Química.

No Edital do PNLD 2012 ocorreu mudança em relação ao formato da obra, pois só

poderiam ser inscritas no processo de seleção obras no formato de coleções, fazendo com que

os autores da obra Química Cidadã reelaborassem QS (volume único), em três volumes,

conforme os anos do ensino médio no Brasil. Lembrando que essa nova reelaboração deu

origem à coleção QC.

Assim como as obras MD e QS, a nova coleção QC está organizada de forma

coerente, clara e funcional (BRASIL, 2012). No entanto, diferente das obras anteriores seus

conteúdos estão distribuídos em três volumes, de acordo com os anos do ensino médio

regular, conforme solicitado no Edital. Esta coleção se diferencia das obras anteriores, por

apresentar uma linguagem um tanto mais básica ao tratar dos conteúdos e conceitos químicos.

Outra mudança observada é a maior evidência concedida ao texto principal, visto que

nas obras anteriores o mesmo dividia espaço com o excesso de imagens. Nessa coleção as

imagens aparecem de maneira mais equilibrada no que se refere à quantidade e tamanho,

quando comparadas com as obras anteriores.

Como podemos observar na figura 4:

30

Consideramos imagens, apenas ilustrações ou fotos com características reais. Imagens ou ilustrações que se

assemelhasse com desenhos não eram consideradas. Não consideramos também, tabelas, gráficos e quadros ou

representações próprias da linguagem Química.

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91

Figura 4: Modelos atômicos de Thomson/Substituindo átomos das cadeias carbônicas

Fonte: Química Cidadã/PNLD 2012, Volume 1, p. 177/Volume 3, p. 183.

As ilustrações que os autores utilizam para trabalhar o conteúdo modelo atômico e

química orgânica, são ilustrações de tamanhos menores em relação às ilustrações apresentadas

nas figuras 2 e 3. Além disso, o espaço destinado ao texto principal é maior, em função das

imagens ocuparem um espaço menor na página e a caixa de texto explicando cada uma das

ilustrações traz uma informação resumida, fazendo com que seu tamanho seja o mais reduzido

possível.

Outra mudança evidente é diminuição das cores. As imagens, além de estarem em

menor quantidade não são tão coloridas como as imagens das obras MD e QS, as páginas são

mais brancas. Em toda a coleção QC, é possível observar o uso de apenas três cores atribuídas

para distinguir as unidades de cada volume. Fica evidente ainda, que os textos (principal,

seções ou legendas) são combinados de maneira ponderada com o uso das imagens, podendo

induzir o leitor a dedicar mais atenção ao texto do que a imagens ou a legenda. Esse equilíbrio

está refletido ainda nas expressões gráficas, desenhos, tabelas e quadros, e outras

representações, isso se mantém constante nos três volumes da coleção QC.

Na elaboração da coleção QCI os autores seguem a mesma proposta teórico-

metodológica, utilizada nas obras MD, QS e QC. Sua organização está mais semelhante à

organização da coleção QC, isso porque os conteúdos desta coleção também estão

distribuídos em três volumes, de acordo com os anos do ensino médio regular, e que

novamente estava preconizado no Edital PNLD 2015.

Por meio do uso de textos, que de maneira ponderada dividem espaço com os

gráficos, imagens, tabelas e quadros os autores conservam a proposta inicial, fica evidente

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92

durante a leitura da coleção, a redução na quantidade e no tamanho das imagens em todos os

volumes, como podemos observar na figura 5, a seguir:

Figura 5: Grandezas do estado gasoso/A termodinâmica e os motores

Fonte: Química Cidadã/PNLD 2015, volume 1, p. 119/volume 2, p. 217.

A análise da figura 5 permite considerar que os autores proporcionam mais ênfase ao

texto principal em relação à imagem presente na página. Durante a elaboração desta coleção

as imagens, as tabelas e demais expressões gráficas são apresentadas em tamanhos

ponderados de acordo com a quantidade de elementos da página. O excesso de cores é muito

menor quando comparada às obras MD, QS e QC.

E essa nova edição, apresenta uma visão mais limpa, menos congestionada, em

relação a primeira edição, onde as imagens e até alguns textos, que de repente o

autor insere na imagem, deixam o leitor meio perdido, na organização do material.

(Marie Curie – Mônada 32)

Além da organização que na primeira coleção não pareceu clara para a professora,

Marie Curie, identificamos outras mudanças entre as edições da Obra em estudo, ao falar da

presença das imagens e dos textos, a professora fala de uma mudança evidente de uma

coleção para a outra.

Os autores continuam a usar muitos textos temáticos, alguns que era até mesmo de

edições anteriores, porém, algumas mudanças são bem evidentes, as imagens que ele

traz no livro de volume único, são grandes, são muitas, nessa terceira edição, as

imagens estão reduzidas tanto no tamanho como na quantidade, imagens que antes

usavam meia página hoje utiliza apenas três linhas. (Marie Curie – Mônada 29)

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Há uma possível justificativa para essa mudança tão evidente em relação às edições

discutidas anteriormente. O Edital do PNLD 2015, trazia uma adequação até então não

proposta nos Editais anteriores, o número de páginas do livro didático estava estabelecido,

sendo 320 páginas para o livro do aluno.

Como considera o autor Pierre Curie:

Por exemplo, na primeira versão de três volumes, nós tínhamos um pouco de

orgânica em cada ano do ensino médio, depois nós fomos ficando meio que

obrigados a enxugar isso, em função da quantidade de páginas, além disso, esses

ajustes sempre eram feitos a partir da concepção do material. (Pierre Curie –

Mônada 25)

Isso nos permite acreditar que devido à limitação de páginas apresentada pelo Edital

do PNLD 2015, os autores ao reelaborarem a coleção, priorizam os conceitos e conteúdos da

Química em detrimento à imagens, figuras, quadros, tabelas e seções.

5.2.1.2 Legibilidade Gráfica

O formato e as cores das letras os espaçamentos entre elas e as imagens são

elementos visuais importantes na elaboração de um texto impresso, por poder facilitar ou

dificultar a leitura do mesmo. Assim, com o intuito de analisarmos se a obra apresenta

legibilidade gráfica adequada ao ensino médio, foram observados pontos como desenhos,

formatação das letras, palavras e linhas, títulos e subtítulos e, ainda, a apresentação dos textos

em cada página.

Os MD são legíveis, as letras utilizadas são de fácil visualização, o texto principal

está escrito em preto, os títulos estão em tamanho maior quando comparado ao texto

principal, estão bem identificados, a fim de facilitar a compreensão da temática do texto. Em

sua maioria os MD apresentam uma quantidade maior de imagens em relação à quantidade de

desenhos, mas há ainda desenhos que aparecem timidamente no desenvolvimento do volume.

Elas aparecem com uma maior frequência nos exercícios ao final do módulo conforme ilustra

a figura 6.

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94

Figura 6: Tema em foco/Exercícios

As muitas cores estão presentes por todas as páginas dos módulos, desde a capa até a

última página. Os títulos e subtítulos são coloridos, raramente aparecem em cor preta, os

textos explicativos das imagens variam de cor e isso ocorre de acordo com a variação da

coloração do fundo. As páginas não são totalmente brancas, em sua maioria possuem uma

coloração clara, no tom de creme. Quando o texto é de uma das seções a coloração é

diferenciada das demais páginas, como é possível observar nas seções Exercícios e Tema em

Foco.

O livro QS está legível, em meio às disputas entre imagens e textos, os desenhos

estão presentes em diferentes momentos do livro (capítulos e unidades). Assim como nos

MD, aparecem com maior frequência nos exercícios e atividades práticas, na maioria das

vezes, possivelmente, com o objetivo de auxiliar na explicação do que é solicitado no

exercício. O texto principal está em preto e em fundo branco, conforme orienta o Edital

PNLEM 2007, porém divide espaço com as diferentes cores das páginas do livro, a impressão

nas páginas não atrapalha a leitura nas páginas seguintes e a maior parte dos títulos e

subtítulos é de cor azul.

Já nos textos que pertencem às seções do livro QS e também as legendas, eles

aparecem no decorrer do livro em diferentes cores, em alguns momentos em preto, branco ou

amarelo. Essa variação nas cores é alterada conforme o fundo em que o texto se encontra

como na seção “Tema em Foco” que apesar de estar com o texto principal em preto, não

apresenta o fundo do texto na cor branca, como na figura 7, a seguir:

Fonte: MD I – A ciência, os materiais e o lixo, 2005, p. 53/ MD II – Modelos de partículas e

poluição atmosférica, p. 21.

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95

Figura 7: Tema em foco/Princípio zero da termodinâmica

Fonte: Química e Sociedade/PNLEM 2007, volume único, p.97/p 379.

É possível observar na figura 07, que o texto da seção está em preto, porém, a cor de

fundo na página é creme e não branca, o título que dá nome à seção está na cor azul escuro

enquanto que o titulo identificado Tema em Foco, está em amarelo ocre. Além disso, há ainda

as diferentes cores no fundo das legendas das imagens e o texto na maioria das vezes está na

cor branca.

Na imagem ao lado, temos o texto principal em preto no fundo branco, porém, existe

uma diversidade de cores, quando observamos as legendas das imagens e o título do texto.

Essa mistura de cores, tamanhos e formas geométricas, se repetem em todo o livro didático,

inclusive nos exercícios onde o fundo das páginas está na cor amarela.

A coleção QC atende aos critérios de legibilidade, porém, se diferencia em alguns

dos exemplos mostrados no livro QS. Nesta obra, os autores diminuíram o uso excessivo de

cores e isso pode ser observado em toda a Coleção. A quantidade de desenhos é um pouco

menor em relação ao livro anterior e aparecem com mais frequência nos exercícios e nas

atividades experimentais.

O texto principal está em preto no fundo branco, conforme orienta o Edital PNLD

2012, como os autores definiram cores especificadas para cada uma das unidades do livro, os

títulos e subtítulos apresentam a cor de acordo com a cor estipulada para a sua unidade. Essa

especificação das cores está presente desde a apresentação dos conteúdos no sumário de cada

volume que compõe a coleção, até ao final do livro. Cada volume é constituído por quatro (4)

unidades e os autores utilizaram para esta coleção apenas quatro cores, como ilustra a figura

8.

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96

Figura 8: Exercícios/Abertura da Unidade 5

Fonte: Química Cidadã/PNLD 2012, volume 1, p. 113/volume 3, p. 166.

Nas imagens apresentadas na figura 8, podemos observar a presença dos desenhos, o

texto principal escrito em preto no fundo branco, diferente das obras anteriores, MD e QS,

onde os exercícios eram escritos em fundo amarelo, além disso, as diferentes cores entre os

textos das seções também já não existem mais, ficando restritas apenas às cores de cada

unidade. A seção Tema em Foco não possui mais uma cor creme ao fundo do texto, sendo

identificada apenas pela coloração nas margens das páginas que correspondem a secção, e em

acordo com a cor estabelecida para a unidade em que ela está inserida.

Outras seções como Pense, Debata e Entenda, ainda apresentam fundo colorido,

contudo, são utilizadas cores que atendem a proposta gráfica dos autores do livro QC, e não

comprometem a legibilidade e compreensão dos demais textos.

Assim como nas obras didáticas anteriores, a coleção QCI atende ao critério de

legibilidade e a impressão da página não interfere na leitura da página seguinte. Os desenhos

assim como nas obras MD, QS e QC, aparecem com menor frequência durante o texto

principal, porém nos exercícios e nas atividades experimentas quase sempre estão presentes.

Há ocasiões em que é possível observar uma quantidade maior de desenhos, entretanto, isso

varia conforme o conteúdo abordado pelo capítulo.

O texto principal está em preto com o fundo branco, sendo que em vários momentos

os autores procuram dar uma maior visibilidade ao texto principal, em detrimento dos textos

das seções. Em relação ao excesso de cores, observado no MD e QS, é possível afirmar que

para a coleção QCI os autores a mantêm padronizada, semelhante à maneira como foi feito na

coleção QC. Todos os volumes apresentam a mesma cor nas páginas, na sua maioria são

páginas brancas e limpas sem muitas ilustrações ou cores, inclusive nas legendas das imagens,

proporcionando ao livro uma sensação de limpeza, conforme mostra a figura 9.

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97

Figura 9: Concentração e suas unidades/Exercícios

Fonte: Química Cidadã/PNLD 2015, volume 2, p. 79/volume 3, p. 267.

A figura 9 mostra que o texto principal está em preto e o título em azul escuro, isso é

constante tanto para títulos como subtítulos, a cor azul é sempre a mesma nesses casos. Para

as secções, essa coloração varia, por exemplo, na seção Tema em Foco, o texto principal está

em preto, o fundo da página é colorido, os títulos e subtítulos estão em uma coloração

diferente da utilizada para os títulos e subtítulos dos textos principais. É importante

observarmos ainda, a coloração no lado direito na parte superior, esse destaque é padrão em

toda a coleção. Em termos gerais a coleção QCI segue a proposta da coleção QC, mas se

diferencia das obras MD e QS.

5.2.1.3 Ilustrações

Na análise das ilustrações foram consideradas imagens ilustrativas ou representações

próprias da Química. Nesse sentido, buscou-se observar se as ilustrações retratavam

adequadamente a temática proposta em cada unidade e capítulo do livro, e se as ilustrações de

caráter científico eram contempladas no livro, observando ainda a quantidade de ilustrações

nas obras didáticas e se as imagens eram coloridas ou pretas e brancas.

Os MD apresentam, aproximadamente, 1.670 imagens, não sendo consideradas

tabelas, gráficos e quadros, nem imagens e desenhos que estão nos exercícios ou nas

atividades experimentais. Essa alta quantidade de ilustrações pode ser uma das justificativas

para a poluição visual observada nos quatro módulos. Poucas são as imagens em preto e

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98

branco, em sua maioria elas aparecem quando se quer retratar um cientista relacionando-o

com a história da Química.

As unidades são iniciadas com uma imagem de tamanho grande, pela qual os autores

procuram apresentar a temática principal do módulo didático. Nesta temática são aglutinados

os conteúdos e conceitos químicos, que serão abordados em cada um dos MD. Como é

possível observar na figura 10.

Figura 10: Capítulo 3/Capítulo 3

A figura 10 representa a temática proposta no MD I - A Ciência, os Materiais e o

Lixo. Durante todo o desenvolvimento do módulo, os conceitos e conteúdos químicos, os

textos e as imagens, estão aglutinadas à temática central. Da mesma maneira, o MD IV –

Cálculos, Soluções e Estética, têm suas unidades, conteúdos, textos e imagens, pautados na

temática central.

A proposta de trabalhar com temáticas segue por toda a Coleção, em nenhum dos

Editais consta alguma orientação em relação a esse tipo de organização, como podemos

observar isso no livro QS. No que se refere às ilustrações, o livro didático de volume único,

segue a mesma proposta encontrada nos MD e em toda a obra há uma ampla poluição visual,

com aproximadamente 1.790 imagens. Poucas são as imagens em preto e branco, isso varia de

acordo com o assunto trabalhado no texto, em sua maioria as imagens, que estão em preto e

branco, retratam os cientistas que fazem parte da história da Química, assim como na coleção

apresentada anteriormente.

Fonte: MD I – A ciência, os materiais e o lixo, 2005, p.76/MD IV – Cálculos, soluções e estética,

p. 78.

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99

As unidades são iniciadas com uma imagem ilustrando a temática principal a ser

trabalhada nos capítulos, pois os autores, ao propor o tema, articulam as imagens, os

conteúdos e conceitos químicos referentes a cada unidade. Como na figura 11.

Figura 11: Unidade 1/Unidade 9

Fonte: Química e Sociedade, volume único, 2007, p. 8/p 682.

Na figura 11, fica claro que a imagem de abertura da unidade, utilizada pelos autores,

ocupa toda a página. Isso se repete em todas as unidades que constituem o livro QS. Há ainda

capítulos com, aproximadamente, sete imagens em uma única página, como na página 14. As

imagens são em sua maioria de tamanho grande, e isso faz com que o espaço seja disputado

com os textos, seções, legendas e demais representações gráficas. A maioria apresenta-se com

imagem bem colorida, boa parte está relacionada à temática da unidade e algumas são de

caráter cientifico, além de serem adequadas ao nível de escolaridade para o qual o livro é

elaborado.

A partir da coleção QC, mudanças são observadas diferentemente da edição anterior, a

QS. A coleção aprovada, no PNLD 2012, não apresenta a mesma poluição visual que é

observada na coleção anterior, principalmente no que se refere às imagens e sua organização

no texto. Apesar de não apresentar a mesma quantidade de imagens por página, os três

volumes desta coleção possuem um número maior de imagens, em relação ao livro anterior. A

obra apresenta, aproximadamente, 3.642 imagens distribuídas nos três volumes da coleção.

Acredita-se que pelo fato de estar reelaborada em três volumes, os autores puderam melhor

distribuir as imagens nos livros. A proposta de abertura das unidades com imagens que

retratam a temática a ser trabalhada nos capítulos subsequentes é mantida nesta Coleção,

como mostra a figura 12.

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100

Figura 12: Unidade 1/Unidade 1

Fonte: Química Cidadã/PNLD 2012, volume 2, p.8/volume 3, p. 8

Na representação da figura 12 é possível observar que o tamanho das imagens

utilizadas para introduzir a temática que será trabalhada nos capítulos subsequentes. No

desenvolvimento dos capítulos, as imagens são menores, quando comparadas com as imagens

utilizadas na abertura das unidades. Outra coisa que se repete nessa coleção é a intenção que

os autores demonstram ao utilizarem mais de uma imagem para significar ou exemplificar um

mesmo assunto, normalmente adicionadas à mesma página.

Em relação às ilustrações algumas mudanças ficam visíveis na coleção QCI,

principalmente a quantidade de imagens. Esta obra apresenta cerca de 1.906 imagens, quase

1.736 imagens a menos que a coleção QC, elaborada três anos antes. Acredita-se que essa

redução na quantidade de imagens seja devido à exigência do Edital, ao limitar a quantidade

de páginas na obra didática.

A redução nas imagens não se deu apenas em quantidade, mas também no que se

refere ao tamanho, nas obras MD e QS, principalmente, elas aparecem dividindo espaço com

o texto principal. No entanto, em relação às imagens que introduzem as unidades do livro,

nada mudou, elas continuam ocupando toda a página, como está ilustrado na figura 13.

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101

Figura 13: Unidade 1/Unidade 1

Fonte: Química Cidadã/PNLD 2015, volume 1, p. 8/volume 2, p. 8.

A figura 13, ilustra a abertura da unidade 1, do volume 1 e a abertura da unidade 1 do

volume 2, assim como nas obras anteriores, as imagens utilizadas nas aberturas das unidades

são bem evidenciadas pelos autores, a proposta de se trabalhar uma temática principal é

continuada como considera Irène Curie:

Nós sempre trabalhamos um tema central, então elaborávamos todos os textos que

abordavam o tema, porém, tínhamos que colocar o conteúdo nessa temática, em

alguns momentos isso dava muito certo, mas em outras situações isso dava um

trabalho muito grande (Irène Curie – Mônada 29)

Além disso, observamos também que essas imagens se repetem. Por exemplo, a

primeira imagem da figura 13 é a mesma observada na figura 11, a diferença é a temática

abordada. No livro QS a temática desta unidade é o Lixo, enquanto que agora a temática é

consumismo. Já a segunda imagem não é a mesma observada na figura 10, no entanto, retrata

a mesma proposta que seria trabalhada no capítulo 3 do MD. É a mesma ilustração

apresentada na figura 11, apesar da temática proposta para trabalhar os conteúdos e conceitos

dessa unidade, ser diferente da temática proposta na figura 11, a repetição de imagens dos

livros didáticos anteriores nesta coleção é comum.

Segundo Chervel:

[...] um fenômeno de “vulgata”, o qual parece comum às diferentes disciplinas. Em

cada época, o ensino dispensado pelos professores é, grosso modo, idêntico, para a

mesma disciplina e para o mesmo nível. Todos os manuais ou quase todos dizem

então a mesma coisa, ou quase isso. Os conceitos ensinados, a terminologia adotada,

a coleção de rubricas e capítulos, a organização do corpus de conhecimentos,

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102

mesmo os exemplos utilizados ou os tipos de exercícios praticados são idênticos,

com variações aproximadas (CHERVEL, 1990, p. 203).

Situações, como a descrita por Chervel (1990), são comuns nas edições e nos

módulos didáticos da Coleção.

5.2.1.4 – REFERÊNCIAS E INDICAÇÕES DE LEITURA

Na análise da subcategoria referências e indicações de leitura, buscou-se observar

como os autores contemplam esses itens na elaboração e organização dos conteúdos e

conceitos dentro das unidades e capítulos em cada obra didática.

Durante a leitura do MD é possível observar que os autores enfatizam a temática

principal de cada módulo e, assim, aglutinam os conteúdos e conceitos da Química a essa

temática. Possivelmente porque os alunos acabam por serem direcionados à leituras que

complementem o conteúdo trabalhado no módulo, por meio dos textos trabalhados nas

secções como, por exemplo, a secção Tema em foco. Há ainda, exercícios que, no decorrer

dos capítulos, propõem ao aluno a discussão dessas temáticas, por meio de atividades de

pesquisa ou de debates e discussões.

Como observado no capítulo 1, do MD 1, na página 20, há a conclusão do texto que

estava sendo trabalhado na página anterior (página 19). No final da página são propostos 7

exercícios, pelos quais os autores propõem uma discussão sobre a temática que estava sendo

discutida no texto. Os exercícios apresentados podem exigir do aluno uma leitura a respeito

do assunto Saber popular e Química, que vai além da leitura do texto no MD, a busca por

novas referências proporciona ao estudante, a possibilidade de responder perguntas como: O

que é método científico? ou Estabeleça a principal diferença entre a alquimia e a Química.

Além desses casos, com os exercícios os autores podem provocar nos alunos a busca

por maiores informações a respeito do tema trabalhado. Há no final de cada MD, as seções É

Bom Ler e Para Navegar na Internet, nas quais os autores propõem referências bibliográficas

que complementam as leituras sobre a temática principal abordada durante todo o módulo

didático. Essa proposta, possivelmente, poderá facilitar a pesquisa dos alunos, de maneira a

direcioná-los durante essa busca. Cabe ressaltar ainda que o módulo didático destinado ao

aluno, não apresenta bibliografia consultada.

Durante a leitura do livro didático QS, é possível observamos que os autores fazem

nos textos indicações explícitas de referências ou leituras, porém, nas seções como Pense

Debata e Entenda ou Ação e Cidadania, fica subentendido que para responder às perguntas e

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103

solicitações propostas pelos autores é necessário uma leitura complementar sobre o assunto

tratado no texto, com quando solicitado no item três da seção Ação e Cidadania:

Após a visita, faça um relatório indicando os aspectos positivos e os negativos

encontrados no sistema de tratamento usado, em relação aos problemas ambientais e

sociais. Caso visite um lixão, procure incluir em seu relatório os seguintes itens:

a) Identificação da quantidade e do perfil dos catadores de lixo (idade, sexo,

escolaridade, renda familiar, tempo que está nessa atividade, o que o levou a

trabalhar no lixão, local em que mora, etc.);

b) Localização do lixão: distância da cidade, proximidade de rios, de plantações, de

concentração urbana, de nascentes, de áreas de lazer, etc.;

c) Identificação dos principais problemas ambientais no local (LIVRO DIDÁTICO

QUÍMICA E SOCIEDADE, 2005, p.79).

No trecho descrito anteriormente, retirado de uma das seções do livro QS, é possível

observarmos a necessidade de informações complementares aos textos e às explicações do

professor, para que o aluno possa de maneira satisfatória, realizar a atividade. Isso porque a

atividade exige do aluno leituras sobre a atual situação ambiental de sua região, envolvendo

uma compreensão da realidade de sua cidade e localizações geográficas.

Não há referências, no decorrer dos textos principais e nos textos das seções, porém

ao final do livro, nas páginas 737 e 738, os autores destacam a seção É Bom Ler, nela são

apresentadas sugestões de leituras complementares, organizadas conforme as unidades do

livro didático do aluno.

Além disso, nas páginas 738 e 739, os autores apresentam também a seção Para

Navegar na Internet, que nos MD não constava, onde há indicações de sítios organizados de

acordo com as unidades do livro. Essas indicações contribuem com as leituras

complementares dos conteúdos e conceitos trabalhados nas unidades e o professor tem total

liberdade de propor outras sugestões de leitura e sítios de busca. Já na página 742, os autores

apresentam a seção Bibliografia Básica Consultada, nela é exposto um resumo das

referências bibliográficas utilizadas na elaboração do livro didático QS, podendo ser

consultadas pelos alunos.

Na coleção QC, os autores mantiveram a proposta anterior. Na leitura do livro do

aluno não há nenhuma sugestão de referência bibliográfica ou eletrônica para leituras

complementares, o que também não constava nas obras MD e QS, descritas anteriormente.

Porém, nas discussões propostas nos textos das seções como, por exemplo, na Pense,

Debata e Entenda, há situações que, para serem respondidas poderão exigir dos alunos uma

maior compreensão de determinados conceitos. Como na atividade de número nove, desta

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104

mesma seção, onde se lê: “9. Em sua opinião, por que existe pouca água potável em relação

ao total de água da Terra?” (LIVRO DIDÁTICO QUÍMICA CIDADÃ, 2010b, p. 16).

Para que aluno possa elaborar uma opinião sobre o assunto discutido, além da leitura

do texto no livro é necessário que outras leituras sejam realizadas, para melhor compreensão.

Todavia, não é feito nenhuma indicação clara de leitura durante as seções ou mesmo dos

conteúdos específicos do capítulo e unidade. Ao final de cada volume que compõem a

coleção, os autores apresentam as seguintes seções: É Bom Ler, nela é apresentada, conforme

a cada unidade a bibliografia recomendada de acordo com os assuntos tratados em cada

volume; Para Navegar na Internet, assim como a seção anterior, está organizada conforme as

unidades trabalhadas em cada volume, nesta seção os autores apresentam sugestões de sítios

da Internet, a fim de complementar os conteúdos trabalhados.

Os autores apresentam também a seção Bibliografia Básica Consultada, nela os

autores listam as referências bibliográficas, utilizada por eles na elaboração do livro didático

do aluno. Essas seções se repetem nos três volumes que compõem a Coleção, mas cada seção

apresenta as referências de acordo com os conteúdos e conceitos trabalhados em seu

respectivo volume.

Na coleção QCI é possível observarmos que o método de elaboração observado nas

obras MD, QS e QC, descritas anteriormente, é muito semelhante. Os autores não fazem

referências diretas no decorrer do texto a nenhuma sugestão de bibliografia complementar,

porém, a maneira como são elaborados os textos das seções Tema em Foco, Pense, Debata e

Entenda, dentre outras, poderá levar o aluno a procurar de maneira autônoma por outras

referências, a fim de melhor compreender o assunto discutido, e então atender ao que é

proposto nas atividades e exercícios.

Ao final do livro do aluno, nas páginas 316 e 317 os autores apresentam duas seções:

É Bom Ler, onde são apresentadas sugestões de bibliografias para cada unidade que constitui

o livro, essas referências variam de acordo com os temas trabalhados em cada volume. E é

apresentado também a seção Bibliografia Básica Consultada, nas páginas 317 e 318, não

organizada por capítulos como a seção anterior, nela os autores destacam as referências

consultadas para a elaboração do livro didático, de maneira geral. Entretanto, nesta Coleção

os autores ao final do livro, não apresentam sugestões de leituras em sítios da Internet como

eram proposto nas obras descritas anteriormente.

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105

5.2.1.5 – CAPA

Na análise da subcategoria Capa, observou-se como estavam elaborados os seguintes

elementos: título da obra, título ou identificação do número do volume ou ainda a expressão

“volume único”, nome do autor ou autores ou ainda pseudônimo(s), componente curricular

(disciplina) e nome da editora, bem como cores e ilustrações que constavam na capa.

Conforme Pierre Curie:

Nós começamos a produzir os módulos, e chegaram a ser publicados quatro dos

nove módulos, dois já estavam na editora, que era o cinco e o seis, para serem

impressos, já em fase de diagramação. (Pierre Curie – Mônada 17)

Assim, quatro dos nove módulos foram impressos e publicados, neles são

trabalhados diferentes conceitos e conteúdos da Química, por meio de quatro temáticas

distintas. Nas capas são apresentados elementos comuns que podem ser observados em todas

elas, como: no nome da componente curricular, pois, ao dar evidencia ao nome dos módulos

“Química e Sociedade” a palavra Química aparece em destaque e colorida, a identificação do

volume do módulo e a série para o qual ele é elaborado aparecem no lado inferior à direita.

Na capa observa-se ainda, o nome do grupo de pesquisa responsável pela elaboração

dos livros, nele estão vinculados todos os autores, no entanto, o nome dos autores não é

destacado na capa. Há outros elementos como, o nome da editora, a temática que será

trabalhada no módulo, uma margem com variadas imagens que representam diferentes áreas

da Química. A capa evidencia também, por meio de uma ilustração central e de destaque, a

temática principal do módulo, o que é possível observar na figura 14.

Figura 14: Capas dos Módulos Didáticos

Fonte: Souza (2015)

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106

A partir da observação das capas na figura 14, é possível notarmos a diversidade de

cores e imagens, bem como seus variados tamanhos, indicando inclusive como será o interior

dos MD. O módulo 3, por exemplo, traz na capa a imagem de uma boneco de palha, essa

imagem ilustra o tema principal que será o uso dos agrotóxicos, evidenciando que a proposta

dos autores é o desenvolvimento de um ensino de Química contextualizado.

[...] os módulos proporcionavam uma maior flexibilidade conforme os parâmetros

curriculares nacionais apresentavam. De não ter um currículo engessado, e sim

organizado de acordo com o projeto político pedagógico da escola, e os módulos

proporcionavam isso. (Pierre Curie – Mônada 15)

Por se tratar de um volume único, a obra QS apresenta apenas uma capa. Nela estão

os elementos indicados pelo edital PNLEM 2007, como o nome da componente curricular,

pois, ao dar evidencia ao nome da obra didática Química e Sociedade a palavra Química

aparece em destaque e colorida. Assim como nos MD, a identificação de volume único e a

série para a qual é elaborado aparecem na capa no formato de um carimbo rosa, no lado

esquerdo. A obra evidencia ainda o nome do grupo de pesquisa ao qual os autores são

vinculados, porém os nomes dos autores não estão elencados na capa.

Há outros elementos como o nome da editora e a indicação do PNLEM 2009, além

do código do livro e da informação venda proibida. A capa dessa edição pode ser observada

na figura 15.

Figura 15: Capa do Livro Química e Sociedade

Fonte: Souza (2015)

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Na figura 15 é possível identificar, já na capa o uso excessivo de cores, por exemplo,

no título Química, em que cada uma das letras que formam a palavra é destacada por cores

diferentes. No fundo da imagem central, a cor de destaque é amarelo e esse excesso de cores é

reproduzido no interior do livro didático. Há, também, a representação da imagem de um

cientista “maluco”, que podemos remeter à imagem de Albert Einsten, com cabelos brancos,

grandes e bagunçados, um bigode grisalho, óculos de grau, vestido com jaleco branco, em sua

mão direita há uma vidraria própria de uso em laboratório de bioquímica, contendo uma

solução de coloração azul em um processo de efervescência, o que nos remete a pensar na

realização de um experimento.

Essas características são próprias da idealização social, de como é a representação de

um profissional desta ciência que atua em laboratório. No entanto não são representações

reais, como se um químico fosse alguém com aparência de “maluco”, que somente é capaz de

fazer as coisas explodirem. Concepções como essa e o desconhecimento de quem são e de

como agem os cientistas e ainda de como a ciência funciona, acabam por impedir a

aproximação dos estudantes da real cultura científica. A consequência imediata desse

impedimento é a tentativa de transferência acrítica dos valores prezados pela cultura cientifica

para os estudantes (KOSMINSKY e GIORDAN, 2002, p. 17).

O volume único tem uma história única, a editora mandou a capa, na véspera de

inscrever o livro, e outro colega coordenador do grupo, me chamou para ver, pois,

haviam mandado a capa, quando eu vi, eu falei para ele: “Não tem condições, uma

capa dessas é exatamente o que nós falamos contra. Um sujeito, com cara de

cientista maluco, nós falamos contra isso ai”. (Pierre Curie – Mônada 40)

Por se tratar de uma coleção, a obra QC tem uma capa distinta para cada um de seus

volumes. Elas estão organizadas de acordo com as temáticas trabalhadas em cada volume,

porém, os itens essencias são comuns em todas as capas, como: a identificação da disciplina

ou componente curricular, o volume e a série para a qual são destinadas as siglas do grupo de

pesquisa seguido do nome dos coordenadores do grupo, que até então não constavam em

nenhuma das capas descritas anteriormente. Uma informação que não constava nas capas

anteriores é a presença de palavras-chave, elas resumem os assuntos que serão trabalhados no

interior de cada volume. Há, ainda, o selo de identificação do PNLD 2012 e o código do livro

do aluno, como podemos observar na figura 16.

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Figura 16: Livro Didático Química Cidadã/PNLD 2012

Fonte: Souza (2015)

Diferente da obra anterior, nesta edição da coleção, os autores procuram deixar a

capa com menos cores, detalhes e ilustrações, Optam por imagens voltadas para o meio

ambiente e de contato cotidiano, que podem ser observadas a partir da perspectiva de um

balão de fundo redondo, de um tubo de ensaio e de um erlenmeyer (materiais característicos

de uso em laboratório de Química). Os autores mantêm o uso de cores que combinam entre si,

e essa organização se repete nas capas dos três volumes. O que se percebe é que os autores

procuram relacionar a Química com situações comuns ao cotidiano dos alunos.

Também elaborada no formato de coleção, os livros QCI, se assemelha à Coleção

anterior, por estar dividida em três volumes, com uma capa diferente para cada um. Nas

mesmas constam elementos como: nome da componente curricular, volume da coleção, a

indicação da série para a qual o livro foi elaborado, além do nome do grupo de pesquisa

seguido do nome de seus coordenadores, o que era apresentado desde a edição anterior. O selo

do PNLD 2015, o código da coleção do aluno e o nome da editora. A figura 17 ilustra a capa

desta edição.

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Figura 17: Livro Didático Química Cidadã/PNLD 2015

Fonte: Souza (2015)

A proposta da capa reflete a mesma perspectiva apresentada pelos autores na

Coleção anterior, na qual por meio de ilustrações com materiais de uso próprio em

laboratórios, os autores procuram retratar a presença da ciência Química no interior da

sociedade, substituindo situações típicas do cotidiano do aluno por representações dessas

situações características de vivências em laboratório.

Essa representação fica evidente ao observarmos a capa do volume 1, por exemplo,

nela os autores representam, com figuras de materiais de laboratório, partes de uma cidade,

dando a entender que a química faz parte do cotidiano urbano dos alunos do ensino médio.

Enquanto na capa do volume 3 é representado o Congresso Nacional, com utilização de

materiais de laboratório. As ilustrações não são reais, são desenhos, isso infantiliza a capa,

quando pensamos em um público constituído, principalmente, por adolescentes.

Em relação às capas, a coleção em si, sempre teve capas bem chamativas, desde os

módulos, é possível observarmos que os autores demonstra desde a ilustração da

capa a proposta temática do livro didático. Em relação a coleção de 2015, eu achei

interessante ele usou a química e a sociedade, porém, de uma maneira mais infantil

[...].(Marie Curie – Mônada 41)

Ball, Bowe e Gold (1992) consideram a materialização das políticas por meio dos

textos produzidos, documentos oficiais, pronunciamentos políticos, materiais de divulgação

como folhetos, vídeos, manuais e cartilhas, dentre outros. Assim, ao analisarmos a descrição

apresentada nos aspectos gráficos editoriais compreendemos que os autores atendem ao que é

solicitado nos Editais que nortearam os processos de seleção, apesar da semelhança entre os

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110

MD (elaborados fora de um processo seletivo do PNLD) e a obra QS (primeira obra da

coleção selecionada no PNLEM).

As políticas podem, ainda, ser representadas por textos primários (aqueles que

registram os principais aspectos das políticas) e de textos secundários ou complementares

(BALL, BOWE e GOLD, 1992), o que nos permite compreender que os Editais nada mais são

do que textos primários, produtos do contexto de produção de texto, os quais expressam a

política pública desenvolvida pelo PNLD durante o processo de seleção e distribuição dos

livros didáticos às escolas públicas.

No que se refere à estrutura editorial, os autores atendem ao que é solicitado em

Edital, para a elaboração da Coleção. Contudo, podemos observar na Mônada 29 que, para

Marie Curie, os autores, ao elaborarem a coleção QS, excedem o tamanho e quantidade de

imagens, cores e páginas, dentre outras características. Porém, o Edital que norteou a seleção

desta coleção não faz nenhuma referência à quantidade de imagens, cores ou número de

páginas, o que proporciona aos autores, maior liberdade ao elaborar a obra.

Em relação à legibilidade gráfica, podemos observar as mudanças realizadas de uma

obra para outra, ainda que os Editais mantenham as mesmas orientações e além da impressão

que não deve prejudicar a legibilidade no verso da página. Orientam, ainda que a mesma seja:

adequada para o nível de escolaridade visado, do ponto de vista do desenho e do

tamanho das letras; do espaçamento entre letras, palavras e linhas; do formato,

dimensões e disposição dos textos na página (BRASIL, 2013, p.43).

Apesar das orientações serem as mesmas em cada um dos Editais, para essa

subcategoria, é possível observarmos mudanças de uma obra para a outra, principalmente

quando descrevemos as coleções QC e QCI. Nessas duas coleções os autores começam a dar

um novo design para os livros ou como na fala da professora Marie Curie (Mônada 32) “E

essa nova edição, apresenta uma visão mais limpa” com menos cores e imagens no decorrer

do texto principal.

Situação semelhante, podemos observar ao descrevermos a subcategoria Ilustrações,

na qual os autores começam com um amplo número de imagens no decorrer dos MD e da

obra QS, como observado na figura 10 e na figura 11. No entanto mudanças começam a ser

observadas nas coleções seguintes, apesar de iniciarem as unidades com uma imagem como é

comum nos livros anteriores, o decorrer dos livros não segue a mesma elaboração das obras

anteriores.

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111

É interessante observar como a quantidade e o tamanho das ilustrações muda de uma

obra para outra, após as seleções do PNLEM e PNLD. Na sua maioria são imagens com

recorrência ao cotidiano, o que facilita o reconhecimento pelos leitores. Carneiro (1997)

considera as imagens como um recurso adequado quando se pretende facilitar a aprendizagem

dos conhecimentos abordados nos livros, contudo elas devem ser relacionadas com o texto

escrito, por também se apresentarem com caráter cientifico.

No que diz respeito às capas, observamos que elas seguem a proposta temática de

cada obra didática. Não há nos Editais orientações especificas para a elaboração das mesmas,

eles apenas descrevem quais elementos devem conter e solicitam que seja encaminhada a

proposta de capa para cada um dos volumes que irão constituir a Obra quando submetida ao

processo de seleção. Isso proporciona, aos autores, uma própria interpretação do Edital, desde

que contemplem, nas capas, os elementos solicitados no documento político; os autores,

juntamente, com suas editoras, dispõem de total liberdade na elaboração da capa.

Compreendemos que as mudanças identificadas nos aspectos gráficos editoriais da

Coleção Química Cidadã devem-se à reinterpretação do texto do Edital, além das experiências

dos autores vivenciadas no contexto da prática. Esse processo não ocorre de maneira linear,

como consideram Ball, Bowe e Gold (1992) ele se desenvolve em ciclos, de maneira que

devido às experiências com a elaboração de livros didáticos e da produção de textos

secundários como artigos e pesquisas acadêmicas que têm como objeto de estudo o livro

didático Química Cidadã, ou ainda outros livros didáticos de Química. Os autores passam a

reproduzir nas edições seguintes adequações que atendem não somente os Editais, mas

também a necessidade de professores e estudantes que fazem uso do material disponibilizado

pelo Governo Federal sem deixar de atender a proposta didático-pedagógica da Coleção,

como veremos a seguir.

5.2.2 – ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS E A PROPOSTA DIDÁTICO-

PEDAGÓGICA

A proposta científico-pedagógica tem como base um conjunto de escolhas teórico-

metodológicas, as quais são responsáveis pela coerência interna da obra e por sua posição

relativa no confronto com outras propostas e/ou possibilidades. Portanto, são aqui definidos

como elementos essenciais na instrumentalização do aluno, como compreendido pelos autores

da obra investigada:

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112

[...] com as ferramentas culturais do conhecimento químico, assume uma postura de

compromisso ético com a sociedade brasileira no seu contexto socioeconômico e

político. Para isso foi adotado uma orientação metodológica sustentada em

pressupostos de natureza construtivista (MANUAL DO PROFESSOR, 2005, p.5).

Baseado na compreensão apresentada pelos autores da obra didática foi necessário

dividirmos a categoria aspectos teórico-metodológicos e a proposta didático-pedagógica em

quatro subcategorias, são elas: Organização do Conteúdo e Linguagem Química; Discursos

Maniqueístas da Química; Interdisciplinaridade e Contextualização e Experimentação.

5.2.2.1 – ORGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO QUÍMICO E LINGUAGEM QUÍMICA

Em relação à organização do conteúdo e da linguagem Química, procuramos

observar se a organização dos volumes está disposta de maneira a garantir o desenvolvimento

do processo de ensino e aprendizagem. A partir da organização dos conteúdos e da sua

conexão com as demais áreas, bem como com a realidade dos alunos; além de símbolos,

nomes científicos, diagramas e imagens que são apresentadas na Coleção e devem atender a

linguagem própria da Química.

A proposta de um trabalho, de natureza construtivista e contextualizada, está presente

em muitos momentos na elaboração dos módulos. Os autores propõem uma organização

diferente, em relação à sequência dos conteúdos apresentados. No caso dos MD, parte do

conteúdo está dividido de acordo com sua relação com a temática principal do módulo, ou

seja, inicialmente são definidas as temáticas assim, os conteúdos e conceitos são aglutinados a

ela. De certa forma, essa metodologia poderá contribuir com o trabalho do professor, ao

proporcionar uma autonomia ao mesmo, no desenvolvimento, organização e elaboração de

suas aulas.

Por ser um trabalho desenvolvido a partir de temas centrais, os autores acabam por

relacionar esses temas com as demais áreas do conhecimento, como por exemplo, na página

25 do módulo 2, onde os autores propõem a seção Pense, Debata e Entenda, propondo

atividades que provoquem a discussão da temática em questão. No entanto, para que o aluno

realize as atividades propostas é necessário a compreensão de determinados conceitos da

geografia, por exemplo, conforme indicação feita pelos autores. Situações como essas, se

repetem em todos os módulos, mas não são situações frequentes. Há momentos em que são

necessárias relações conceituais com outras áreas de conhecimento, para que a atividade

proposta seja realizada.

Page 113: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

113

A proposta de um trabalho pautado em pressupostos de natureza construtivista é

novamente mantida na elaboração do livro QS. Nele os autores afirmam propor uma

organização inovadora em relação à sequência “logicamente organizada”, comum na química

e observada na maioria dos livros didáticos de Química. Compreendemos como Becker

(1993, p. 88), que o construtivismo nada mais é do que a ideia de que nada está pronto,

acabado, inclusive o conhecimento, que não é dado como algo terminado. Ele se constitui pela

interação do sujeito com seu meio físico e social, e isso se forma por meio da sua ação e não

por qualquer dotação prévia, hereditária ou do meio, que o sujeito possa ter.

Na obra QS os conteúdos não estão organizados de maneira a seguir o formato

tradicional, estipulado para organizar os conteúdos químicos em livros didáticos e disciplinas.

Entretanto, acreditamos que essa facilidade de articulação dos conteúdos só foi possível por se

tratar de um livro elaborado em volume único e que em coleções futuras elaboradas a partir de

três volumes, algumas limitações em relação a essa organização poderão ser encontradas.

Temas centrais os conteúdos químicos são trabalhados, com o intuito de estabelecer

uma relação com as demais ciências, abordando textos que contextualizam os conceitos e

conteúdos químicos. Dessa forma, os autores propõem diferentes temas que contemplam a

linguagem química, os símbolos próprios desta área de conhecimento, articulando-os ao

contexto social da época.

Para que as atividades propostas nas seções sejam realizadas com êxito, faz-se

necessário que outras relações se estabeleçam, como aquelas feitas com as outras áreas de

conhecimento. Como, por exemplo, o que acontece na página 243, do livro QS. Nela os

autores, ao final da página, apresentam a secção Pense, Debata e Entenda, e ao propor as

discussões sobre a temática discutida no texto anterior, indicam ao aluno a necessidade de

relacionar cada uma das discussões com áreas do conhecimento de sua realidade como, por

exemplo, a Geografia, Filosofia, História e Sociologia.

Compreende-se que toda essa articulação desenhada pelos autores poderá

proporciona ao professor uma maior liberdade, em relacionar os conteúdos a serem

trabalhados em cada ano do ensino médio com os textos e atividades propostas no livro. No

entanto, os autores afirmam ir além, ao proporcionar ao professor trabalhar de maneira

transdisciplinar com outras áreas de conhecimento de sua escola, integrando assim, assuntos e

discussões de maneira contextualizada.

A proposta segue e como a edição anterior, na coleção QC, os autores, mantém a

proposta de uma orientação metodológica fundamentada em pressupostos de natureza

construtivista. Dessa maneira, a coleção é organizada em três volumes, o que pode vir a

Page 114: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

114

dificultar o uso dos conteúdos caso a sequência usual da Química seja totalmente

desconsiderada. Os conteúdos são distribuídos conforme o currículo proposto para os três

anos do ensino médio. Entretanto os autores, por desenvolverem um trabalho pautado na

proposta de temas centrais superam, ainda que não totalmente, a sequência tradicional dos

conteúdos presentes em cada ano do no ensino médio, conservando a proposta didático-

pedagógica característica da Obra.

Os três volumes da coleção seguem, parcialmente, a organização: Química Geral,

Físico-Química e Química Orgânica, contudo, no interior dos livros os conteúdos são

organizados de maneira não linear, ou seja, não seguem a organização já conhecida, comum

em outros livros didáticos de Química. Trabalhando com temas centrais para cada unidade, os

conteúdos químicos são abordados no interior dos volumes, porém evidenciamos as

articulações com as outras áreas de conhecimento, como nas obras MD e QS, mas os autores

enfatizam muito mais a própria área de conhecimento, o que pode ser considerado, até certo

ponto, como natural uma vez que trata-se de um livro de Química.

A coleção QC atende a linguagem própria da Química, por símbolos e demais

representação, de forma contextualizada e atualizada ao contexto social da época da

elaboração do livro. Contudo, a Coleção se propõe manter a mesma proposta de autonomia ao

professor, assim como é proposto nas obras descritas anteriormente. Ainda conservando a

proposta metodológica fundamentada em pressupostos de natureza construtivista, os autores

elaboraram a coleção QCI de maneira clara, buscando superar um programa tradicional e

linear na organização dos conteúdos elaborados em cada um dos volumes, que atende aos três

anos do ensino médio, assim os três volumes da coleção continuam como na edição anterior,

organizados em: Química Geral, Físico-Química e Química Orgânica. No interior dos

volumes a sequência não é a mesma esperada para cada uma das subáreas de que trata o

volume, no entanto, assim como nas obras didáticas anteriores, os conteúdos químicos são

organizados e relacionados às demais ciências, conforme a temática central proposta pelos

autores.

Os autores atendem à linguagem desta ciência a partir de símbolos e demais

representações próprias da química, de maneira contextualizada e com foco na formação

cidadã e critica do aluno, atualizado de acordo com o atual contexto social. Observamos a

proposta de autonomia destinada ao professor no preparo e organização de suas aulas,

também observada nas obras anteriores. Entretanto, a articulação com as outras áreas de

conhecimento não é evidente como no livro QS, deixando subentendido que essa articulação

Page 115: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

115

deve ser feita de forma independente, de acordo com as necessidades apresentadas pelos

alunos ou nas atividades que serão trabalhadas.

Para a professora Marie Curie:

A linguagem do livro está perfeita, em todo o contexto, apesar de haver alguns

alunos que desconhecem muitas palavras, o interessante é que dependendo do

conteúdo que você está trabalhando, e da sua experiência, você pode trazer para sua

aula situações que complemente o que é trabalhado [...]. (Marie Curie – Mônada 37)

Nos Editais há orientações breves que permitem a compreensão de como a

linguagem e os conteúdos da área de Ciências da Natureza e da disciplina Química devem ser

organizados nas obras didáticas, assim, segundo o Edital:

A Química – como disciplina escolar – também deve articular seus saberes com

diferentes campos, possibilitando formas de compreensão acerca da natureza, de

atividades humanas como as artes e a literatura, por exemplo. Do ponto de vista

epistemológico, os princípios de identidade e processo são centrais para o

entendimento de todo o arcabouço teórico-prático que se caracteriza como ciência

química, que, medida didaticamente na escola, transforma-se em conhecimento

escolar. O princípio de identidade é expresso no conceito de substância como

unidade-base que define a matéria. Por sua vez, o princípio de processo relaciona-se

diretamente com o conceito de reação ou transformação química, que rege toda a

estrutura conceitual da ciência, desdobrada em diferentes áreas, conhecidas por

química inorgânica, química orgânica e físico-química. Outro aspecto a ser

considerado na constituição dessa disciplina escolar é a articulação entre três níveis

de conhecimento: o empírico, o teórico e a linguagem, sendo que os dois últimos são

mutuamente constituídos.

(7) Valoriza a constituição do conhecimento químico a partir de uma linguagem

marcada por representações e símbolos especificamente significativos para essa

ciência e que necessitam ser mediados na relação pedagógica (BRASIL, 2013, p. 61

e 65).

O texto político, disponibilizado no Edital, acaba por induzir os autores na

elaboração de suas obras, fazendo com que eles sigam a mesma tradição linear de organização

dos conteúdos químicos – Química Geral e Química Inorgânica; Físico-Química e Química

Orgânica – dessa forma, ainda que os autores se proponham a trabalhar uma proposta

inovadora, permitindo maior flexibilidade na organização dos conteúdos específicos de cada

área e proporcionando, ao professor, o uso aleatório das unidades e capítulos, dos livros

didáticos, a sequência linear elaborada para cada ano do ensino médio é conservada na

Coleção.

Em situações como essas, poucas são as opções dos autores, dessa maneira eles

empenham-se a seguir rigorosamente tais orientações, principalmente, por algumas das

especificações serem de caráter eliminatório, ou seja, a obra que não atender a essas

Page 116: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

116

orientações é automaticamente reprovada, com isso, tanto a editora quanto os autores perdem

financeiramente.

5.2.2.2 – DISCURSOS MANIQUEÍSTAS DA QUÍMICA

No que se refere aos discursos maniqueístas da química, procurou-se observar se a

obra evita discursos calcados em crenças de que esta ciência é responsável pelas catástrofes

ambientais, pelos fenômenos de poluição, bem como artificialidade de produtos,

principalmente àqueles relacionados com alimentação e saúde.

Por estarem divididos em MD e acompanhados por temáticas que relacionam o ensino

de Química, os conceitos e conteúdos apresentados são aqueles usualmente adotados no

currículo brasileiro do ensino médio, para a componente curricular Química. Por meio dos

textos e ilustrações, os autores deixam evidente a relação existente entre a Química e as áreas

que contribuem com a formação cidadã do aluno, como a área da saúde, do meio ambiente, as

questões éticas, dentre outras.

Os autores procuram mostrar aos alunos os dois lados da mesma ciência, ou seja,

demonstrar avanços e limitações da Química, com o intuito de instigarem discussões que

relacionam situações cotidianas, ora favoráveis e ora prejudiciais à sociedade. Como no

módulo 4, capítulo 3, na seção Tema em Foco, que dá abertura aos assuntos do capítulo, é

tratado dos cuidados necessário com os produtos químicos de uso doméstico. No texto são

apresentados pontos positivos e negativos, da presença desses produtos em casa, de maneira a

orientar para que os usuários tomem os devidos cuidados em relação à armazenagem,

identificação, manuseio e possíveis misturas dos produtos.

Na seção seguinte, Pense, Debata e Entenda, os autores propõem questionamentos

que provocam no aluno a elaboração de compreensões e conceitos capazes de fundamentar

uma resposta a respeito da Química e sua relação com a vida da sociedade, justificando os

pontos favoráveis e não favoráveis a esta ciência, no mundo atual.

Apesar de não estarem organizados de maneira tradicional e linear como os demais

livros de Química, os conteúdos do livro QS são aqueles usualmente adotados nas escolas

brasileiras de ensino médio, em harmonia com as propostas curriculares do período em que o

livro didático foi elaborado. Nos textos e atividades é possível observar um esforço dos

autores em evidenciar a relação existente entre as áreas da saúde, preservação do meio

ambiente, direitos da criança e do adolescente além das questões éticas, entre outras que

contribuem na construção da cidadania no aluno.

Page 117: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

117

Como dizem os autores, em um trecho da obra:

A Química tem garantido ao ser humano uma vida mais longa e confortável. O seu

desenvolvimento tem permitido a busca para solução de problemas ambientais, o

tratamento de doenças antes incuráveis, o aumento da produção agrícola, a

construção de prédios mais resistentes, a produção de materiais que permitem a

confecção de novos equipamentos (LIVRO DIDÁTICO QUÍMICA E

SOCIEDADE, 2005, p. 23).

Por discutir os problemas ambientais, o livro didático evidencia posições

divergentes, com o intuito de mostrar as diferentes disputas que existem em torno de um

determinado tema. É possível considerar que a obra trata as questões ambientais a partir de

problemas reais existentes na sociedade. A interpretação que temos é que as preocupações

com as questões ambientais dizem respeito aos problemas derivados do desenvolvimento

técnico-científico, que poderá provocar no aluno a formação de opinião crítica a respeito de

temas tão presentes na sociedade.

Na organização do conteúdo químico para a elaboração da coleção QC, é possível

observamos elementos que facilitam o desenvolvimento da proposta metodológica

apresentada pelos autores. A coleção foi elaborada com foco em duas perspectivas distintas,

uma é a preparação cidadã do aluno do ensino médio, pautado em questões ambientais

relacionadas à Química; e, a segunda perspectiva, diz respeito à preparação para o ensino

superior, que, na obra anterior, não era tão evidente.

Nesse sentido, a fim de atender as duas perspectivas propostas nas obras, os autores

conseguem realizar uma adequada articulação entre o conhecimento químico e os processos

produtivos, deixando evidências dessa integração entre conhecimento científico e sua

aplicação, proporcionando discussões sobre os benefícios e os problemas causados pela

produção química, como apresentado no trecho abaixo:

A Química tem garantido ao ser humano uma vida mais longa e confortável. O seu

desenvolvimento permite a busca para solução de problemas ambientais, o

tratamento de doenças antes incuráveis, o aumento da produção agrícola, a

construção de prédios mais resistentes, a produção de materiais que possibilitam a

confecção de novos equipamentos etc. Contudo, o progresso tem um preço e está

associado a uma infinidade de desequilíbrios ambientais. Vazamentos de gases

tóxicos, contaminação de rios e do solo, envenenamento por ingestão de alimentos

combinados, entre outros, são problemas divulgados, todos os dias, pela imprensa,

[...] (LIVRO DIDÁTICO QUÍMICA CIDADÃ, p. 19-20. 2012a).

Assim, ao mesmo tempo em que os autores apresentam, no decorrer dos conteúdos e

conceitos trabalhados na coleção, os pontos positivos e negativos da produção química, eles

Page 118: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

118

se preocupam em sugerir questionamentos e ações cidadãs. Esta postura se deve ao provável

intuito de instigar os alunos do ensino médio à compreensão das necessidades da sociedade

atual e proporcionar, às gerações futuras, condições melhores oriundas do acesso aos

benefícios ofertados por essa ciência.

A proposta é mantida e, assim, como nas obras anteriores, os autores mantém na

coleção QCI a mesma dinâmica, apresentando os conteúdos por meio de temas, que tratam de

assuntos relacionados com a química, como a temática meio ambiente, que está presente em

todos os volumes. O conteúdo temático químico abordado nesta coleção considera a

hierarquia conceitual, a fim de propiciar o desenvolvimento do potencial intelectual-cognitivo

do aluno, como nas atividades propostas em seções, a saber: Ação e Cidadania e Atitude

Sustentável.

A obra propõe discussões que procuram apontar pontos positivos e negativos

referentes aos benefícios da Química empregados no nosso cotidiano, como descrito no trecho

abaixo:

A Química tem garantido ao ser humano uma vida mais longa e confortável. O seu

desenvolvimento permite a busca para solução de problemas ambientais, o

tratamento de doenças antes incuráveis, o aumento da produção agrícola, a

construção de prédios mais resistentes, a produção de materiais que possibilitam a

confecção de novos equipamentos etc.

Contudo o progresso tem um preço e está associado a uma infinidade de

desequilíbrios ambientais. Vazamentos de gases tóxicos, contaminação dos rios e do

solo e envenenamento por ingestão de alimentos contaminados, entre outros, são

problemas divulgados, todos os dias pela imprensa (LIVRO DIDÁTICO QUÍMICA

CIDADÃ, p.18. 2013a).

A obra apresenta uma proposta de trabalho associada aos conceitos químicos e sua

aplicação na sociedade, de maneira que se bem conduzida pelo professor, poderá oportunizar

ao aluno o desenvolvimento de um pensamento crítico e autônomo em relação às diversas

questões sociais e ambientais apresentadas nos textos das seções de cada um dos volumes do

livro.

O que muda de uma obra para a outra é o enfoque que o tema principal irá

desenvolver na Coleção. Os autores circundam pelo tema Meio Ambiente, desde que o livro

didático SQ foi selecionado no PNLEM, nos MD, os autores transitavam por diferentes

situações cotidianas que englobavam tanto os cuidados com o meio ambiente como os

cuidados com a saúde. Nas coleções seguintes, os autores mantiveram a temática Meio

Ambiente, no entanto, eles a desenvolvem a partir de uma situação coadjuvante a ela, nesse

processo temas como o cuidado com a saúde e a alimentação, são trabalhados em segundo

plano nos livros didáticos.

Page 119: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

119

Ao adotarem essa postura os autores atendem o Edital, que orienta a apresentação da

Química como:

(1) [...] ciência que se preocupa com a dimensão ambiental dos problemas

contemporâneos, levando em conta não somente situações e conceitos que envolvem

as transformações da matéria e os artefatos tecnológicos em si, mas também os

processos humanos subjacentes aos modos de produção do mundo do trabalho;

(2) rompe com a possibilidade de construção de discursos maniqueístas a respeito da

Química, colocados em crenças de que essa ciência é permanentemente responsável

pelas catástrofes ambientais, fenômenos de poluição, bem como pela artificialidade

de produtos, principalmente aqueles relacionados com a alimentação e remédios

(BRASIL, 2012, p. 39).

A partir das informações dispostas no Edital, os autores são induzidos a direcionar a

temática central trabalhada nos livros, enfatizando o tema meio ambiente em detrimento dos

demais, o que não era tão presente nos MD. Nestes, os autores procuravam apresentar um

equilíbrio entre as temáticas, de maneira que cada módulo desenvolvia um tema. Devido à

participação nos processos de seleção do PNLD, os autores passam a trabalhar mais com a

temática citada nos Editais.

5.2.2.3 – INTERDISCIPLINARIDADE E CONTEXTUALIZAÇÃO

Em relação à interdisciplinaridade e a contextualização, procurou-se observar se as

obras didáticas analisadas apresentam o conhecimento científico de forma contextualizada, a

partir do uso adequado dos conhecimentos prévios e das experiências culturais dos alunos.

A proposta central é a de apresentar um ensino de Química contextualizado, não

seguindo a sequência logicamente organizada para os conteúdos desta ciência, assim os

autores esperam despertar nos alunos do ensino médio, o domínio dos conhecimentos,

conceitos e da linguagem Química, a fim de relacioná-los com seu cotidiano, por meio do

exercício de sua cidadania.

Minha vontade era que a Química, fosse algo prazeroso para os alunos, e acredito

que essa era a maior vontade do grupo, que a Química não fosse aquela Química

teórica de mais ou a de decoreba, que estava sendo ministrada nos livros

tradicionais, mas que fosse uma Química que mostrasse as pessoas, que você

poderia fazer química o tempo todo. (Irène Curie – Mônada 9)

Isso fica evidente na página 52 do MD II, quando os autores discutem sobre o estudo

dos gases e, no decorrer da discussão dos conceitos, é apresentada a seção Conhecendo um

Pouco Mais. Nela os autores falam a respeito do motor de combustão e explicam o seu

funcionamento. Durante a explicação é possível vermos o uso da linguagem química, no

Page 120: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

120

entanto, não há, nessa situação, o uso de fórmulas químicas ou de outros elementos também

representativos. Situações como essas, que relacionam conceitos químicos com situações

cotidianas, estão presentes em todos os módulos, em diferentes momentos, mas poucas são as

vezes em que há representações com elementos característicos da Química.

Por se tratar da proposta central do livro QS, toda a obra foi elaborada, pela

perspectiva dos autores, com o intuito de despertar, no aluno, o domínio dos conceitos e da

linguagem da Química, bem como a aplicação desses por meio do exercício da cidadania,

atuando, assim, na sociedade onde estão inseridos. Por meio dos temas distribuídos entre os

conteúdos, os autores procuram relacionar conhecimentos científicos com as situações

cotidianas dos seus alunos.

Por exemplo, na página 282 do livro Química e Sociedade, ao trabalhar os conceitos

referentes ao Balanceamento de Equação Química, os autores apresentam um pequeno texto

complementar, na seção Conhecendo um Pouco Mais, que traz como exemplo a água

oxigenada, que é comumente utilizada para descolorir os cabelos. Tais situações estão,

presentes no decorrer da obra, e evidenciam a intenção dos autores em favorecer a

compreensão das relações existentes entre a Química e sua aplicação no cotidiano dos alunos,

relacionando-as aos conteúdos e conceitos desta ciência. Sendo assim, pode-se afirmar que a

obra foi elaborada com vistas à contextualização.

Assim como na obra anterior, a proposta de um ensino de química contextualizado é

mantida na coleção QC, talvez um pouco menos dinâmico em relação ao livro QS que, por se

tratar de um volume único, proporciona, ao professor, uma maior autonomia em trabalhar

seus conteúdos. No volume 2 da coleção QC, na página 96 é abordado pelos autores o tema

petróleo e sua relação com a Química Orgânica. Ao abordar dos conceitos e funções orgânicas

oriundas de hidrocarbonetos, os autores contextualizam os conceitos a partir da aplicação,

constituição e obtenção do petróleo, e suas transformações em objetos e materiais utilizados

no cotidiano dos alunos. O trabalho apresentado considera os conceitos centrais e

fundamentais da Química que, a partir da discussão de um tema, relaciona o conhecimento

químico às situações diversificadas e reais do cotidiano do aluno. Isso ocorre na obra,

principalmente por meio de textos complementares, que proporcionam uma aproximação dos

conteúdos Químicos com essa realidade.

Assim, como nas obras MD, QS e QC descritas a proposta central dos autores, em

elaborar um livro didático contextualizado é mantida, inclusive na coleção QCI. Na análise

desta obra, isso fica evidente, assim como nas obras anteriores, que por meio do uso de temas,

Page 121: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

121

os autores abordam conceitos e conteúdos da Química e os apresenta de forma

contextualizada e atualizada.

A presença de seções durante o texto principal, é bem menor em relação às obras

anteriores. Como por exemplo, na página 151 do volume 2, da coleção QCI em que ao

trabalhar os conceitos referentes ao Efeito da Variação da Concentração, são apresentadas

imagens acompanhadas de legenda explicativa, sem a necessidade de uma seção que discuta

temas relacionados ao assunto trabalhado no texto principal.

Quando presentes, os textos complementares disponíveis nas diferentes seções

abordadas na coleção, deixam evidente a pluralidade existente na obra. Nestas seções os

alunos poderão manter contato com questões sociais e ambientais contextualizadas, que são

apresentadas na coleção atendendo a linguagem desta faixa etária, a partir de uma proposta de

diálogos, discussões em grupos e produção de material escrito, com o intuito de contribuir

com a independência intelectual, social e crítica dos alunos do ensino médio.

Os autores atendem o que é previsto no Edital, em relação à interdisciplinaridade e à

contextualização, ao elaborarem uma obra com vista ao trabalho desenvolvido a partir de

temas geradores, relacionando outras ciências. Contudo, essa proposta já não está tão presente

na coleção atual, os autores não deixam de atender o que é orientado no Edital do PNLD

2015, todavia evidenciam mais os conteúdos e conceitos químicos, com a definição e

resolução de exercícios, sem muita articulação com outras áreas do conhecimento,

proporcionando enfoque às representações da química e da matemática.

5.2.2.4 – EXPERIMENTAÇÃO

Em relação à experimentação, procurou-se observar se a obra propõe experimentos

adequados à realidade escolar, com alerta aos riscos e cuidados específicos que se deve ter no

desenvolvimento de cada atividade prática.

Na elaboração dos MD, há diferentes experimentos que podem ser realizados dentro

de uma sala de aula ou em um laboratório com recursos para isso, apesar de seus

experimentos, na maioria das vezes, utilizarem recursos alternativos, de livre e fácil acesso

aos alunos, grande parte requer utensílios próprios de laboratório, que em muitos casos, nem

sempre estarão estar disponíveis nas escolas públicas.

A elaboração de atividades que não necessitem de ambiente como de laboratório

completo é uma preocupação evidenciada por parte dos autores, provavelmente por não haver

nas escolas espaços destinados a realização de atividades experimentais, além de materiais e

recursos para isso. Há exercícios que exigem não somente um espaço apropriado, mas

Page 122: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

122

também materiais e regentes apropriados, além de uma atenção redobrada no

desenvolvimento do experimento.

Outro ponto importante observado nos textos que relatam os experimentos é a

evidente participação dos alunos nas aulas práticas. Desde o preparo dos materiais (soluções e

reagentes) para a realização da aula até a discussão dos resultados obtidos, os autores

propõem que os alunos tenham participação protagonista. Os autores chamam atenção para

situações de risco que cada atividade experimental pode apresentar, por meio da utilização de

ícones que indicam algum risco envolvido em determinada etapa da atividade. Ao final do

módulo, há uma página com o título Segurança no Laboratório. Nesta página são

apresentados pelos autores, determinados cuidados que os alunos devem ter durante a

realização das atividades práticas, além disso, há a representação dos ícones que estão

presentes nas atividades com suas respectivas explicações.

Para a elaboração do livro QS, os autores propõem uma série de experimentos

considerados, por eles, como de caráter investigativo. Assim como na elaboração dos MD os

experimentos propostos podem ser realizados em sala de aula, enquanto outros necessitam de

um espaço adequado para sua realização, como laboratórios. Isso aponta uma preocupação,

por parte dos autores, em relação aos cuidados que se deve ter ao realizar os experimentos.

Além disso, nos experimentos é possível observar uma informação, em que os autores

solicitam que as normas de segurança no laboratório sejam consultadas antes que a prática

seja realizada.

Na leitura da descrição do roteiro das atividades, os autores deixam evidente o

protagonismo dos alunos no desenvolvimento das atividades experimentais, desde o período

que antecede e termina a realização da atividade experimental. Isso fica evidente quando os

autores sugerem em algumas atividades práticas que, ao término o professor conduza

discussões destinadas às questões de análises de dados, com a utilização de tabelas e gráficos,

contribuindo para o desenvolvimento de determinadas habilidades como a elaboração dos

mesmos, proporcionando ao aluno a compreensão dos modelos apresentados ou, ainda,

estabelecer generalizações que possam explicar o fenômeno observado durante a realização da

atividade prática.

Na elaboração da coleção QC, os autores continuam com a mesma proposta do livro

didático QS e, como no livro anterior, os experimentos propostos são considerados pelos

autores como de caráter investigativo. Porém, alguns experimentos são novos e outros são

iguais aos da edição anterior. O foco na participação do aluno, em todos os momentos em que

a atividade prática é realizada, é novamente enfatizado nas atividades práticas, descritas nos

Page 123: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

123

livros, podendo algumas delas serem realizadas em sala de aula, sem a necessidade de um

espaço específico. Além disso, a proposta de trabalhar com materiais de fácil acesso aos

alunos é mantida. Há, inclusive, atividades, que por não apresentarem nenhum risco físico,

podem ser realizadas pelos alunos em casa.

A proposta de discussão a partir de gráficos ou tabelas está novamente presente na

elaboração desta coleção. É orientado aos professores e alunos que ao realizarem as atividades

práticas propostas nos livros didáticos, observem as normas de segurança no laboratório. Ao

final do livro há uma descrição do significado de cada ícone que aparece, quando necessário,

no roteiro das atividades práticas. Uma indicação que pouco apareceu nas práticas do livro

didático QS é a presença de ícones indicando a necessidade de uma maior atenção ao

manusear determinados reagentes e durante a realização da prática.

Na coleção QCI, os autores conservam as mesmas perspectivas observadas nas obras

anteriores, as atividades experimentais propostas são, em sua maioria, consideradas como de

natureza problematizadora e investigativa. O protagonismo exercido pelos alunos é essencial

na proposta central das práticas, que podem ser realizadas dentro ou fora da sala de aula, e

nem sempre necessitam de um espaço adequado como laboratório. Além disso, os materiais e

reagentes são, em alguns momentos de fácil, acesso dos alunos e em outros são materiais

restritos ao manuseio do professor que conduz a aula.

Como observa a professora Marie Curie:

São atividades experimentais interessantes, no entanto, os autores propõem práticas

que podem ser realizadas em sala, ou em outro espaço fora do espaço da sala de

aula. As práticas apresentadas no livro não são difíceis nem perigosas, são

adequadas a realidade dos alunos. Mas, infelizmente não temos laboratório na escola

estadual onde trabalho. (Marie Curie – Mônada 39)

Algumas das experimentações se repetem de um livro didático para outro, são

práticas de baixa periculosidade e há ícones de alerta acerca dos cuidados específicos para a

realização dos procedimentos experimentais. Uma novidade nesta coleção, que até então não

tinha sido proposto, é a sugestão de outras atividades práticas disponibilizadas em sítios como

os disponibilizados no portal Pontociência31

.

31

O portal pontociência é uma iniciativa pioneira na criação de uma comunidade virtual de professores, alunos e

entusiastas da ciência. Nele é possível encontrar instruções passo-a-passo, com fotos e vídeos, de experimentos

de Química, Física e Biologia. A ciência por trás dos fenômenos é explicada em uma linguagem simples e com

grande cuidado e precisão nas informações fornecidas. O portal é um ponto de encontro onde pessoas podem

discutir a criação e utilização de experimentos no ensino e na divulgação da ciência. Disponível

em:<http://www.pontociencia.org.br/>. Acesso em 23/12/2014.

Page 124: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

124

Como nas obras anteriores, os autores chamam a atenção dos alunos e professores ao

realizar as atividades experimentais, solicitando que, antes da realização de cada atividade

prática, consultem as normas de segurança localizadas na última página do livro. É importante

ressaltar, ainda, que as indicações, representadas por pequenos ícones, alertando sobre o

cuidado ao manusear determinados materiais durante a atividade, são novamente evidenciadas

nesta coleção.

Para Pierre Curie:

Algumas coisas mudaram como a experimentação que no inicio estava bem mais

presente (Pierre Curie – Mônada 38).

Assim como na análise do aspecto anterior, os autores atendem ao que orientam os

Editais para os aspectos teórico-metodológicos e a proposta didático-pedagógica. No que se

refere ao sub aspecto organização do conteúdo químico e linguagem química, não há nos

Editais oficiais nenhuma orientação específica para a obra didática de Química. Como no

Edital do PNLD 2015, que orienta aos autores:

(2) aborda a dimensão ambiental dos problemas contemporâneos, levando em conta

não somente situações e conceitos que envolvem as transformações da matéria e os

artefatos tecnológicos em si, mas também os processos humanos subjacentes aos

modos de produção do mundo do trabalho;

(3) apresenta o conhecimento químico de forma contextualizada, considerando

dimensões sociais, econômicas e culturais da vida humana em detrimento de visões

simplistas acerca do cotidiano estritamente voltadas à menção de exemplos

ilustrativos genéricos que não podem ser considerados significativos enquanto

vivência;

(5) trata os conteúdos articulando-se com outras disciplinas escolares, tanto na área

das Ciências da Natureza quanto com outras áreas, marcando uma perspectiva

interdisciplinar na proposição de temas, de questões de estudo e de atividades;

(7) valoriza a constituição do conhecimento químico a partir de uma linguagem

marcada por representações e símbolos especificamente significativos para essa

ciência e que necessitam ser mediados na relação pedagógica;

(8) valoriza em suas atividades a necessidade de leitura e compreensão de

representações nas suas diferentes formas, equações químicas, gráficos, esquemas e

figuras a partir do conteúdo apresentado; (BRASIL, 2013, p. 65).

Os autores atendem ao que é orientado pelos Editais, no que se refere à linguagem e

a organização do conteúdo Químico, incentivando, principalmente a formação de conceitos

que se relacionam com as vivências dos alunos do ensino médio, por meio de textos,

ilustrações e representações conforme compreendido no texto da política pública.

Como Lopes (2007) entendemos que:

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125

o trabalho educativo consiste essencialmente em uma relação dialógica, na qual

não se desenvolve apenas o intercâmbio de ideias, mas sua construção. Não

existem respostas prontas para perguntas previsíveis, mas a constante aplicação

do pensamento para a elaboração de um intertexto (p. 58).

Em outros termos, o processo de ensino aprendizagem não se desenvolve apenas pelo

ver e ouvir nas aulas de Química, mas também pelas mudanças que ocorrem nas concepções

cidadãs dos alunos, dessa maneira “as informações só se transformam em conhecimento a

medida que modificam o espírito do aprendiz” (idem, p.58).

Nesse sentido, o livro didático atua como um disseminador dos conceitos e da

linguagem química, por meio dos símbolos, códigos e expressões matemáticas próprias desta

ciência. Nessa elaboração, se consideram os interesses e as concepções dos autores. O fato de

pouco alterarem a organização dos conteúdos disciplinares, reforça a ideia da estrutura

disciplinar já existente para o ensino de química, comum no ensino médio.

No que se refere à sub categoria discursos maniqueístas da Química os Editais são

bem específicos em orientarem que:

(2) rompe com a possibilidade de construção de discursos maniqueístas a respeito da

Química, calcados em crenças de que essa ciência é permanentemente responsável

pelas catástrofes ambientais, fenômenos de poluição, bem como pela artificialidade

de produtos, principalmente aqueles relacionados com alimentação e remédios

(BRASIL, 2012, p. 39).

Por fazer parte da proposta didático-pedagógica da obra, os autores em todo o

momento trabalham os conteúdos e conceitos químicos aglutinados a uma temática principal

e, na sua maioria tratam do meio ambiente. Assim, a Coleção acaba por enfatizar problemas

reais, com foco, principalmente, nas questões ambientais, que são do cotidiano dos alunos.

Nessas situações, é favorecida a formação da opinião critica em relação à influência e

participação dos processos Químicos.

Nesse caso, os autores apresentam pontos de vista divergente para essas situações

como no apresentado no Livro QS. Os autores iniciam a obra apresentando situações para

problemas ambientais, de saúde e na produção de novos materiais, porém no decorrer do

texto, apresentam situações conflitantes com esses benefícios sobre que o desenvolvimento da

Química tem proporcionado ao ser humano. Compreendemos que esse posicionamento dos

autores é resultado da compreensão do texto do Edital; no entanto eles não direcionam os

alunos para a construção de uma única opinião a respeito dos benefícios ou malefícios

ocasionados pelo desenvolvimento da Química, mas sim para a existência de dois momentos

que precisam ser desenvolvidos de maneira equilibrada e consciente.

Page 126: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

126

A proposta de se desenvolver um trabalho com temas principais iniciada, ainda, na

elaboração dos MD vem, posteriormente, de encontro ao que é solicitado nos Editais de

seleção. O sub aspecto Interdisciplinaridade e Contextualização é prontamente atendido pelos

autores, pois além de relacionarem os conteúdos e conceitos químicos com situações

cotidianas dos alunos, procuram ainda relacionar os conteúdos químicos entre si e, também,

com aqueles conceitos aprendidos em outras ciências, por exemplo, a Física, a Biologia e a

Matemática.

Os autores tentam articular a interdisciplinaridade e a contextualização à proposta

didático-pedagógica da Coleção, à medida que buscam uma organização diferenciada dos

conteúdos disciplinares no interior das obras, como observado na fala da professora Marie

Curie na Mônada 26. Nela, a professora identifica conteúdos do primeiro ano, que comumente

estão no primeiro volume também são encontrados no terceiro volume no qual se encontram

os conteúdos do terceiro ano para o Ensino Médio. Para os autores, essa relação não acontece

apenas com os conteúdos e conceitos de outras áreas, mas com as atividades de

experimentação voltadas para o ensino de Química, que são propostas no decorrer dos livros.

Os Editais sempre apontaram um item específico para a experimentação na

elaboração das obras didáticas, como apresentado no trecho a seguir:

(11) apresenta, em suas atividades, uma visão de experimentação que se alinha com

uma perspectiva investigativa, que contribua para que os jovens pensem a ciência

como campo de construção de conhecimento permeado por teoria e observação,

pensamento e linguagem. Nesse sentido, é plenamente necessário que a obra – em

seu conteúdo – favoreça a apresentação de situações-problema que fomentem a

compreensão dos fenômenos, bem como a construção de argumentações (BRASIL,

2015, p. 66).

De maneira geral, os autores atendem o que é proposto nos textos dos Editais. Os

experimentos são, em sua maioria, adequados à realidade escolar, com alerta aos riscos e

cuidados específicos, ao final do livro, e no roteiro da atividade experimental. Na

compreensão dos autores, que é descrita nos livros, os experimentos apresentados na Coleção

são de caráter investigativo, o que vem ao encontro à postura construtivista enfatizada pelos

autores.

Para Carvalho et al, (1992) “a atividade deve estar acompanhada de situações

problematizadoras, questionadoras, diálogo, envolvendo, portanto, a resolução de problemas e

levando à introdução de conceitos” (p.42). Hodson (1994) compreende que as atividades

experimentais devem estimular o desenvolvimento conceitual dos alunos, fazendo com que os

mesmos participem ativamente desse processo.

Page 127: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

127

Compreendemos, então, que a experimentação investigativa deve permitir a

participação ativa dos alunos durante as aulas, de forma que eles possam propor discussões

argumentando sobre a problemática proposta. Os alunos são os responsáveis por formularem

hipóteses, planejarem o experimento, coletarem e analisarem os resultados obtidos bem como

propor conclusões sobre o fenômeno estudado.

Considerando a função da experimentação investigativa e analisando as atividades

experimentais dos livros didáticos do aluno, observamos que eles não atendem aos critérios

para o desenvolvimento de uma atividade experimental investigativa, por orientarem os

alunos durante o desenvolvimento da prática, não pelo roteiro que é proporcionado ao aluno,

mas durante o desenvolvimento da atividade, direcionando os alunos a um resultado já

esperado. Os experimentos passam a ser realizados, apenas, para a comprovação da teoria que

é trabalhada no mesmo capítulo ou unidade, não favorecendo a discussão e a proposição de

novas conclusões para o fenômeno estudado.

5.2.3 – ASPECTOS CONCEITUAIS

No que se refere aos aspectos conceituais da Coleção, considera-se essencial que a

mesma expresse conhecimentos que compõem a Base Comum Nacional para a formação

básica em química, que são apresentados nas Orientações Curriculares Para o Ensino Médio,

considerando que a Química:

estrutura-se como um conhecimento que se estabelece mediante relações complexas

e dinâmicas que envolvem um tripé bastante específico, em seus três eixos

constitutivos fundamentais: as transformações químicas, os materiais e suas

propriedades e os modelos explicativos (Brasil, 2002) [grifos do autor]. Assim,

assume-se, na condição de compor a base curricular nacional, uma organização do

conhecimento químico que se estrutura a partir dos três eixos mencionados, que,

dinamicamente relacionados entre si, correspondem aos objetos e aos focos de

interesse da Química, como ciência e componente curricular, cujas investigações e

estudos se centram, precisamente, nas propriedades, na constituição e nas

transformações dos materiais e das substâncias, em situações reais diversificadas.

[...] considerando os três eixos estruturantes mencionados, sendo importante não

esquecer que é como os conceitos químicos - associados às linguagens e aos

modelos teóricos próprios - que é possível compor os conteúdos integrantes do

componente curricular de Química (BRASIL, 2006, p.110 e 111).

De acordo com o que dizem as Orientações Curriculares para o Ensino Médio, a

respeito dos conteúdos químicos, consideramos, por bem, dividir a categoria em tela em duas

subcategorias que são elas: Conceitos e Informações Químicas e Exercícios e Atividades.

5.2.3.1 – CONCEITOS E INFORMAÇÕES QUÍMICAS

Page 128: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

128

Em relação aos conceitos e informações químicas, procurou-se observar se os

mesmos são apresentados na obra didática com as informações contextualizadas e atualizadas,

adequado aos alunos do ensino médio e conforme o período temporal na qual a obra foi

elaborada.

Por se tratar de uma abordagem com perspectiva contextualizada, todos os MD

descritos apresentam conceitos e informações químicas, com enfoques contextualizados e

atualizados de acordo com o período em que os módulos didáticos foram elaborados,

inclusive as imagens retratam situações características da época em que o MD foi produzido.

Esses conceitos e informações químicas estão aglutinados à temática principal

desenvolvida no módulo. Assim, os autores não seguem uma ordem em que se trabalha

fórmula química, definição de termos e exemplos de exercícios resolvidos, o que para a época

é comum nos livros e materiais didáticos. Pressupomos que caberá, ao professor, o papel de

melhor articular essas temáticas à perspectiva de sua aula, de acordo com a realidade social da

escola e dos alunos, além disso, apresentar os conceitos que estão diluídos no tema

trabalhado.

Os elementos que evidenciam a contextualização de temas norteadores estão

presentes na organização do livro QS. Inclusive, os conceitos e informações químicas,

também são apresentados de maneira contextualizada e atualizada ao período em que o livro

foi elaborado, apesar de repetir as mesmas imagens e textos que foram publicados nos MD,

anos antes.

Sua organização é muito semelhante à dos MD, por não conter uma sequência

constituída por fórmulas químicas, definição do conteúdo e exemplos de exercícios

resolvidos. Assim, a partir da utilização desses temas, o professor tem a livre escolha de

começar seu conteúdo relacionando-o à temática principal, sem necessariamente trabalhar a

repetição de fórmulas e definições. Portanto, por meio de ilustrações, textos complementares e

da linguagem própria da química, suas formas e representações, o professor poderá ser capaz

de dinamizar sua aula, aproximando-a da realidade de seus alunos.

Assim como no livro didático QS, os autores envolvem, na coleção QC, os conceitos e

informações químicas, relacionando-as a situações cotidianas dos alunos do ensino médio. O

uso de temas principais está presente em toda a Coleção, o que pode facilitar, ao professor,

trabalhar os conceitos, as representações e a linguagem Química de maneira contextualizada.

Esse trabalho é desenvolvido com os textos complementares, das atividades e ilustrações que

estão distribuídos nos três volumes que constituem a coleção e, ainda, pelo uso adequado da

linguagem química.

Page 129: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

129

É importante ressaltar que os autores não seguem um roteiro linear como é comum em

outros livros didáticos, onde se tem a fórmula, seguida da definição do conteúdo e finalizando

com o exemplo de um exercício resolvido. No entanto, algumas fórmulas que não eram tão

claramente representadas no livro QS, estão representadas na coleção QC, mas elas aparecem

como auxiliares do que foi contextualizado, e não como o foco de ensino.

A proposta temática continua evidenciada na coleção QCI assim como nas coleções

descritas anteriormente. Porém, diferente das anteriores os autores trabalham prioritariamente

com temas socioambientais, presentes nos textos complementares, nas atividades, nas

imagens e nas representações químicas. Além do auxílio dos textos e atividades, trabalham os

conceitos e informações com uma proposta articulada ao „papel de mediador do professor‟

regente da disciplina, proporcionando possivelmente autonomia no momento em que trabalha

os conteúdos.

Diferente das obras anteriores, nesta coleção é possível observarmos um maior número

de ocorrências que representam fórmulas e definições da Química. Os autores não seguem a

sequência linear, com fórmula, seguida da definição e, finalmente, um exemplo de exercício

resolvido. Contudo, a presença de representações da linguagem matemática, unidades e

destaques da definição de alguns conceitos estão mais presentes, na coleção QC, por

exemplo.

5.2.3.2 – EXERCÍCIOS E ATIVIDADES

Em relação aos exercícios e atividades propostas nos módulos e livros didáticos,

procurou-se observar se os mesmos são apresentados nas obras atualizados e

contextualizados, relacionando-se aos conteúdos e conceitos de cada unidade e capítulo.

Nos MD os exercícios aparecem distribuídos entre os três capítulos que constituem

cada um dos módulos. Tais exercícios variam entre de múltipla escolha e dissertativos, alguns

são de processos seletivos de instituições de ensino superior e outros elaborados pelos autores.

Todos os exercícios estão de acordo com o conteúdo trabalhado no capítulo, além de serem

contextualizados como a temática principal da obra, percebe-se também que eles variam entre

três níveis de dificuldade, os mais fáceis, os de dificuldade média e os considerados mais

difíceis.

Ao final do módulo, há uma seção identificada como Exercícios de Revisão. Nesta

seção há uma sequência de exercícios que variam em quantidade, porém são todos de múltipla

Page 130: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

130

escolha, com perspectiva contextualizada. Esses exercícios são retirados dos diferentes

processos de seleção realizados principalmente em instituições de ensino superior.

Na elaboração do QS, os autores distribuíram os exercícios entre os capítulos, que

estão relacionados aos conteúdos e conceitos trabalhados no desenvolvimento do mesmo. Ao

final da unidade são apresentados os exercícios de revisão; neles são contemplados exercícios

que relacionam todos os conceitos e conteúdos trabalhados nos capítulos que compõem a

unidade.

Os exercícios dos capítulos são, provavelmente, elaborados pelos autores do livro

didático, por não haver referência, crédito ou fonte. Os exercícios variam entre de múltipla

escolha e discursivos, com a ocorrência maior de exercícios discursivos, do que de múltipla

escolha, sendo que alguns estão acompanhados de ilustrações, gráficos ou tabelas. Os

exercícios de revisão estão ao final da unidade, são oriundos de processos seletivos das

instituições de ensino superior, por esse motivo são todos de múltipla escolha, estão

acompanhados de ilustrações, tabelas e gráficos quando necessário. Observa-se, ainda, uma

referência aos alunos para que resolvam os exercícios apenas no caderno, e não no livro

didático, observação que existe no MD.

Com algumas mudanças em relação ao livro QS, a coleção QC apresenta um número

maior de exercícios distribuídos entre as unidades e capítulos de cada volume que a constitui.

A ordem é a mesma para os três volumes, os autores distribuíram exercícios no decorrer do

capítulo, conforme os conteúdos e conceitos são finalizados, esses exercícios variam entre de

múltipla escolha e dissertativo, sendo alguns deles elaborados pelos autores e outros retirados

de processos seletivos.

Além dos exercícios encontrados ao longo dos capítulos, há, ainda, os exercícios de

revisão que estão disponíveis ao final de cada capítulo. São em grande parte, exercícios de

múltipla escolha, retirados de processos seletivos, poucos são os exercícios elaborados pelos

autores. Os exercícios de revisão que estão distribuídos no decorrer do capítulo apresentam

ilustrações, tabelas e gráficos, quando necessário.

Há ainda uma terceira seção onde se encontram os exercícios de revisão da unidade.

Ao final da unidade, os autores disponibilizam uma série de exercícios de múltipla escolha,

oriundos de processos seletivos, neles estão contemplados os conteúdos e conceitos que foram

trabalhados em todos os capítulos que compõem a unidade. Observa-se uma indicação aos

alunos para que respondam os exercícios no caderno e não no livro didático, assim como nas

edições anteriores.

Page 131: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

131

Na coleção QCI, algumas modificações foram realizadas em relação à coleção QC

descrita anteriormente. Os exercícios estão distribuídos no decorrer dos capítulos, e variam

entre exercícios de múltipla escola e discursivos. São em sua maioria oriundos de processos

seletivos, mas há os exercícios elaborados pelos próprios autores. Não havendo exercícios de

revisão ao final do capítulo nem ao final da unidade. A presença de figuras, tabelas e gráficos

nos exercícios varia de acordo com o conteúdo trabalhado nos capítulos e unidades. Essa

organização é constante nos três volumes que compõem a coleção atual.

No que se refere aos aspectos conceituais os Editais não fazem nenhuma orientação

especifica aos conceitos químicos. As orientações são gerais e nelas os Editais comumente

orientam que os conceitos trabalhados em cada área devem ser atualizados e relacionados

entre si e com outras áreas do conhecimento.

Considerando a proposta didático-pedagógica da obra e os documentos oficiais

destinados à organização das políticas públicas educacionais, compreendemos que os autores

atendem ao que é solicitado em Edital. No entanto, eles não seguem a proposta tradicional

comum nos livros didáticos Química, em que os conteúdos disciplinares são organizados nos

livros de maneira linear, na qual se trabalha a fórmula química, definição de termos e

exemplos e exercícios resolvidos. Na verdade isso começa a se modificar pouco a pouco a

partir da elaboração das coleções QC e QCI.

Nelas, os autores continuam não seguindo a mesma organização linear para a

exposição dos conceitos e das informações químicas ou fórmulas que, antes não eram vistas,

passam a integrar o texto principal, além de exercícios resolvidos e caixas contendo

definições em destaque também são incluídos nos livros. Esta organização nos permite

compreender que, a partir da compreensão do texto do Edital e da organização textual dos

livros didáticos de Química, os autores reinterpretam suas concepções na reelaboração da

Coleção.

Os exercícios sempre existiram, nos livros didáticos é comum a presença dessas

seções, sejam elas apresentadas ao final do capítulo, da unidade ou da experimentação, são

fundamentais para a compreensão dos conteúdos aprendidos anteriormente. Na Coleção

Química Cidadã os autores trabalham com exercícios voltados para a avaliação da

compreensão conceitual.

A proposta central dos exercícios é fazer com que o aluno, ao iniciar a busca por uma

resposta satisfatória retorne aos conceitos aprendidos anteriormente no capítulo ou unidade.

Dessa forma, propositalmente, o aluno será direcionado aos pontos mais relevantes de cada

conteúdo assim, ele deverá realizar uma nova leitura do texto e então poderá formular

Page 132: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

132

novamente sua resposta. Essa ação vai ao encontro da proposta construtivista utilizada pelos

autores na elaboração da obra.

Os exercícios são divididos entre os diversos conceitos, dessa maneira os alunos não

têm apenas exercícios dissertativos mas também aqueles específicos da Química, e a partir de

fórmulas matemáticas usuais nesta ciência o aluno é capaz de resolver o problema

apresentado nas questões.

Nem todas as obras apresentam fórmulas matemáticas definidas como apresentado no

sub aspecto anterior, isso poderá favorecer a compreensão do conceito por parte do aluno e do

professor, e a fórmula se torna uma consequência da compreensão de como o exercício

precisa ser resolvido.

5.2.4 – ASPECTOS DO MANUAL DO PROFESSOR

Referente ao manual do professor das obras didáticas alguns critérios foram

observados, conforme orienta o Edital PNLEM 2007:

Livro voltado à atividade docente que explicita a orientação teórico-metodológica e

de articulação dos conteúdos das diferentes partes da obra entre si e com outras áreas

do conhecimento. Deve oferecer, ainda, discussões sobre propostas de avaliação da

aprendizagem, leituras e informações adicionais ao livro do aluno, bibliografia, bem

como sugestões de leituras que contribuam para a formação e atualização do

professor. (BRASIL, 2005, p.5).

Assim estabelecemos quatro subcategorias: Pressupostos Teórico-Metodológicos e

Sua Relação com a Proposta Didático-Pedagógica; Coerência Entre o Manual do Professor e o

Livro Didático; Sugestões de Atividades e Atividades Experimentais Complementares e

Referências Bibliográficas e Leituras Complementares.

Nós sempre tentamos trazer para o professor as questões que nortearam os livros,

discussões, a importância da experimentação, a questão da inclusão, da

interdisciplinaridade, trazer isso para um professor que em alguns casos, nem

conhece. [...] o manual está em sintonia com o que nós escrevemos no livro do

aluno, [...]. (Pierre Curie – Mônada 43)

5.2.4.1 – PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS E SUA RELAÇÃO COM

A PROPOSTA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Independente do MD, o Guia do professor, como é identificado, é o mesmo, exceto o

capítulo 5 e algumas referências consultadas que são apresentadas no capítulo 6, isso por

tratarem de informações específicas de seu respectivo módulo.

Page 133: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

133

Em nenhum ponto do Guia do professor, os autores fazem referências claras ou

apontam um subitem com o titulo teórico-metodológico, porém, em todo o capítulo 1 do Guia

os autores apresentam a abordagem principal dos módulos didáticos, ou seja, para os autores o

ensino de Química não deve apenas auxiliar os alunos em exames de vestibulares, mas

contribuir para oportunizar uma formação cidadã.

Como consideram os autores:

A função da escola não se limita a preparar o aluno para concorrer em exames; tal

preparação na verdade deve ser somente decorrência da formação que a escola vai

lhe propiciar. Além disso, a sociedade requer muitos outros conhecimentos e

habilidades dos nossos alunos – que não serão eternos candidatos em exames, mas,

principalmente, cidadãos (GUIA DO PROFESSOR, 2004, p. 7).

Com essa fala, os autores demonstram que propõem um material elaborado a partir

de uma perspectiva construtivista e contextualizada, uma proposta dinâmica os alunos

participam ativamente das atividades sejam elas realizadas dentro e fora do espaço escolar,

formando além de cidadãos alunos preparados para os diversos exames de seleção.

No que se refere aos princípios teórico-metodológicos, o manual do professor deixa

claro a proposta central dos autores, ao elaborarem o livro QS. Um texto introdutório é

elaborado e nele é justificado a abordagem principal da obra, seu objetivo, o papel do

professor no processo ensino-aprendizagem, etc.

Por isso, foi adotada uma orientação metodológica sustentada em pressupostos de

natureza construtivista. Nessa orientação, o aluno tem papel central no processo

ensino-aprendizagem, em que o livro torna-se um instrumento de mediação do

conhecimento por meio de atividades centradas nos alunos (MANUAL DO

PROFESSOR, PNLEM 2007, p.05).

No manual do professor, os autores demonstram a relação existente entre a proposta

teórico-metodológica e a sua relação com a proposta didático-pedagógica apresentada no livro

didático do aluno. Nos tópicos seguintes, essas pontuações são melhor explicitadas pelos

autores. O restante do manual é constituído por capítulos que tratam de situações e proposta

especificas da obra, com objetivos e sugestões para cada uma das unidades e a resolução dos

exercícios do livro.

Diferente da obra QS, para a coleção QC os autores acoplaram o manual do professor

ao livro didático do aluno, isso conforme orientação do Edital de seleção que, no período,

regulamentava o processo de seleção. Além disso, o manual do professor, em alguns

momentos de sua elaboração, é o mesmo nos três volumes da coleção, diferindo em situações

Page 134: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

134

próprias de cada volume, como a resolução dos exercícios ou as orientações e sugestões de

como trabalhar com a obra.

Ao falar das orientações teórico-metodológicas nada muda em relação ao texto que é

apresentado no manual do professor do livro QS. A proposta é a mesma, o que comprova a

relação entre a proposta teórico-metodológica e a didático-pedagógica, além de dar

continuidade à proposta central da obra, apresentada na elaboração dos módulos didáticos.

Por se tratar de uma coleção e o manual do professor estar acoplado ao livro didático

do aluno, as mudanças variam conforme o volume da coleção QCI, como, por exemplo, o

capítulo 5 que trata dos exercícios, é diferente em cada um dos manuais. Na análise desta

coleção é possível observarmos que os autores conservam as mesmas informações do manual

do professor da coleção anterior, os textos são os mesmos, principalmente em relação à

proposta teórico-metodológica.

Compreendemos, então, que a proposta teórico-metodológica continua sendo

relacionada com a proposta didático-pedagógica e que a proposta inicial de um ensino

contextualizado e da formação social e crítica dos alunos do ensino médio é mantida desde a

elaboração dos módulos didáticos. Os autores começam a dar foco, ainda que quase

imperceptível, a partir das coleções QC e QCI, iniciam o trabalho com a perspectiva de

preparar os alunos do ensino médio para exames de seleção destinados ao ingresso em

instituições de ensino superior.

5.2.4.2 – COERÊNCIA ENTRE O MANUAL DO PROFESSOR E O LIVRO

DIDÁTICO

Toda a fundamentação teórica apresentada no guia do professor é percebida no

desenvolvimento e nas abordagens utilizadas nos MD, porém, no capítulo 5, que trata em

específico, da organização de cada módulo didático, os autores deixam mais evidente a

coerência existente entre guia do professor e módulo didático. Isso, principalmente, ao

comentar tópicos de cada um dos capítulos do módulo didático, sugerindo ao professor

possibilidades e cuidados que podem ser tomados durante o preparo e ministração de

determinados conteúdos.

Na leitura do manual didático, do livro QS é possível observarmos a relação de

coerência que existe entre ele e o livro do aluno, ao ponto de serem representadas imagens do

livro didático no manual do professor. Além disso, no capítulo 3, do manual, apresentam

sugestões de atividades para os professores e indicam sugestões de como o livro didático pode

ser utilizado nas aulas. Já no capítulo 4, os autores sugerem metodologias que podem ser

Page 135: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

135

trabalhadas, essas sugestões são feitas de acordo com as temáticas abordadas nas unidades do

livro didático.

Como no manual do professor anterior, na coleção QC, os autores apresentam uma

evidente relação com o livro didático, como por exemplo, no capítulo 3, os autores sugerem

orientações ao professor de como o livro didático e sua proposta didático-pedagógica podem

ser implementadas na elaboração das aulas, incluindo discussões sobre as seções do livro. No

capítulo 4 são apresentadas sugestões de metodologias e informações adicionais que podem

vir a ser utilizadas pelos professores no preparo das aulas.

As recomendações específicas são inseridas por unidade; nelas são propostas

sugestões para o desenvolvimento dos conteúdos de cada uma das unidades do volume do

livro didático em questão.

Não são muitas as mudanças de um manual para outro, poucas são as adequações que

os autores realizam nesses manuais. Assim como, no anterior, as informações são as mesmas

no manual da coleção QCI. No capítulo 3, os autores apresentam sugestões de como os

professores podem utilizar a obra em suas aulas, apresentam as temáticas discutidas na

coleção e comentam sobre as seções do livro didático. No capítulo 4, são propostas sugestões

metodológicas e orientações ao professor, organizadas de acordo com as unidades do volume

do livro didático.

5.2.4.3 – SUGESTÕES DE ATIVIDADES E ATIVIDADES EXPERIMENTAIS

COMPLEMENTARES

O guia do professor, elaborado de acordo com cada um dos conteúdos trabalhados

nos MD, não faz sugestões claras a respeito, tanto das atividades quanto das experimentais

complementares, aquelas propostas no interior dos módulos didáticos. Porém, os autores

destinam dois tópicos que tratam sobre O papel da experimentação e Exercícios. Nesses

tópicos é discutida a importância dessas atividades na rotina dos alunos e, consequentemente,

nas atividades propostas dentro e fora do espaço escolar. Entretanto, não há sugestões

específicas de referências para os professores, como, por exemplo, uma bibliografia sugerida,

deixando a cargo do professor a busca por novas atividades ou, quando necessário, adaptações

às que já estão propostas nos módulos didáticos.

O manual do professor, da coleção QS, não faz sugestões claras a respeito dos

exercícios e atividades experimentais complementares, aquelas propostas no livro utilizado

pelos alunos. Todavia, na leitura das discussões realizadas sobre os conteúdos trabalhados em

cada unidade do livro didático, pode ser possível, ao professor, com base na sua experiência

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136

profissional e conhecimento do contexto social da sua escola, propor atividades que envolvam

e evidenciem relações apresentadas nas discussões realizadas pelos autores, para cada

unidade.

Os autores propõem sítios de pesquisa para o trabalho do professor, o que, de certo

modo, evidencia uma possibilidade de autonomia do professor, em poder escolher como

melhor preparar suas aulas com o apoio do livro didático.

Ao analisarmos o manual QC, da coleção Química Cidadã/PNLD 2012, observou-se

que os autores fazem referência a sugestões de atividades e atividades experimentais

complementares. Na leitura das discussões realizadas sobre cada unidade do livro didático, é

possível compreender que o professor terá liberdade para realizar buscas em outros materiais

didáticos a fim de complementar o preparo de suas aulas.

Identificamos uma seção que apresenta tanto exercícios como atividades

experimentais, organizadas conforme as unidades do livro didático. As informações estão

organizadas em uma tabela, com nome do experimento ou do objeto de aprendizagem;

objetivo; descrição e endereço eletrônico com link.

Na análise realizada no manual do professor da coleção QCI é possível identificarmos

que apesar dos autores deixarem um espaço para as sugestões de atividades complementares,

deixam subentendido que o professor precisa desenvolver uma autonomia em relação ao

preparo e ministração de suas aulas, e com isso buscar outros materiais didáticos.

Ao sugerirem as atividades, os autores informam ainda que, no portal do MEC,

existem outras, atividades disponíveis. As sugestões dos autores estão organizadas de acordo

com as unidades do respectivo volume, nelas estão propostos filmes, entrevistas, animações,

vídeo aula, simulações, objetos de aprendizagem, dentre outros, todos acompanhados de uma

descrição e o endereço eletrônico com link.

5.2.4.4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E LEITURAS COMPLEMENTARES

Como descrevemos na subcategoria anterior, os autores não fazem nenhuma sugestão

clara de referências bibliográficas e leituras complementares, nos MD, mas nas discussões

apresentadas em cada um dos capítulos do guia do professor, percebe-se que os autores

reconhecem a importância da formação continuada do professor, do seu conhecimento sobre a

Ciência Química e da sua autonomia. Ao final do guia é apresentado o capítulo 6, nele está

disponibilizada a bibliografia consultada, o que proporciona ao professor novas leituras, o que

seria de se esperar para o manual do professor. O grupo de pesquisa formado pelos autores

Page 137: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

137

trabalha com foco nas pesquisas na área de formação de professores de química tanto inicial

quanto continuada.

Na análise do manual do livro QS é possível observarmos que os autores destinam

um espaço para comentários sobre a bibliografia básica, apresentada ao final do livro didático

do aluno. Porém, os autores apresentam outro item identificado como Bibliografia de

Educação, Filosofia da Ciência e Ensino de Ciências e de Química, nele estão

disponibilizadas ao professor outras propostas de referências bibliográficas, além daquelas

disponibilizadas no livro. No manual os autores disponibilizam alguns sítios de pesquisa,

identificado como Sites de pesquisa para o trabalho do professor, neste tópico estão

disponibilizados, na sua maioria, links de grupos de pesquisa em Educação Química.

No manual QC da coleção Química Cidadã/PNLD 2012, apresentam referências

bibliográficas para o aprofundamento do professor. Organizadas conforme as unidades do

respectivo volume, os autores propõem artigos e livros que podem contribuir com o

aprofundamento bibliográfico do professor, no preparo de suas aulas.

Na análise do manual QCI é possível observarmos um espaço destinado às

referências bibliográficas, para o aprofundamento do professor, assim como, na coleção

anterior, as referências estão organizadas de acordo com as unidades do respectivo volume.

São apresentados livros e artigos que podem complementar o preparo das aulas. Além disso,

os autores propõem também, sugestões de visitas, de links para acesso a vídeos, de objetos de

aprendizagem no computador e sítios de aprofundamento de conteúdos, destinados à pesquisa

e à formação do professor.

Por serem os principais responsáveis pelo design da coleção, os Aspectos Gráficos

Editoriais são os que mais exibem mudanças visíveis a cada (re)elaboração, principalmente

quando comparamos as obras didáticas entre si. Os MD em muitas das subcategorias descritas

se assemelham com o livro QS, por apresentarem uma organização semelhante entre si, como

podemos observar na fala da Marie Curie:

Mas o que fica claro é que eles pegaram os módulos e transformaram no livro

didático volume único. (Marie Curie – Mônada 22)

No decorrer da descrição e comparação das obras fica evidente que os autores

converteram os módulos didáticos no volume QS, realizando apenas as adaptações

necessárias para adequar o conteúdo dos MD em um livro didático de acordo com as

orientações do Edital PNLEM 2007.

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138

Então íamos relendo os módulos, e marcando o que sairia e o que ficaria isso já na

elaboração do livro volume único, para o PNLEM. (Irène Curie – Mônada 18)

O que nós fomos fazendo eram ajustes que achávamos necessários, diminuindo o

tamanho dos textos. (Pierre Curie – Mônada 34)

Para a elaboração do manual do professor o Edital PNLD 2015, orienta:

4.1.8. O manual do professor não poderá ser apenas cópia do livro do aluno com os

exercícios resolvidos. É necessário que ofereça orientação teórico-metodológica e

articulação dos conteúdos do livro entre si e com outras áreas do conhecimento;

ofereça, também, discussão sobre a proposta de avaliação da aprendizagem, leituras

e informações adicionais ao livro do aluno, bibliografia, bem como sugestões de

leituras que contribuam para a formação e atualização do professor (BRASIL, 2013,

p.2).

1.1.9. No miolo

a) O manual do professor deve conter instruções e orientações metodológicas ao

professor, acompanhadas do livro do aluno de forma integral, com ou sem

comentários adicionais (BRASIIL, 2013, p. 17).

De maneira geral os manuais destinados ao uso exclusivo do professor atendem o

que é solicitado em Edital, para cada um dos sub aspectos apresentados. Para Ball, Bawe e

Gold (1992), o contexto da prática é o momento em que os protagonistas reinterpretam os

textos produzidos no contexto da produção de texto. Assim, os autores elaboram o manual do

professor conforme o que orientam os Editais, e como os textos da política não fazem

nenhuma referencia direta em relação à repetição do texto.

Sendo assim, a cada novo processo de seleção os autores não realizam grandes

mudanças no manual do professor, além daquelas referentes aos aspectos gráficos editoriais, e

da resolução de exercícios apresentada, que se modificam quando uma nova edição da

Coleção é (re)elaborada.

A partir disso, o próximo capítulo apresenta as considerações finais, limitações e

possíveis contribuições desta pesquisa para futuros trabalhos.

Page 139: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

139

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

“Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos

alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre”

Paulo Freire

A partir de agora retomaremos, brevemente, o percurso que nos permitiu chegar a

esta etapa do trabalho. Recordamos que o interesse por essa investigação foi constituído ao

longo de nossa trajetória acadêmica, principalmente durante nossa participação no Programa

PIBID/Química, na UFMT, quando nesse período tivemos nosso primeiro contato com livros

didáticos de Química selecionados pelo PNLEM. Posteriormente, consolidou-se durante

nossos primeiros anos de docência na educação básica, na rede particular em Cuiabá.

Diante das experiências vivenciadas, com o uso de livros didáticos de Química

durante o PIBID, seguida da utilização do sistema apostilado de ensino nas escolas

particulares de Cuiabá, apontaram distintas maneiras de organização dos conteúdos de

química, utilização e produção dos materiais didáticos, desencadeando em nós inúmeras

reações de desconforto diante da elaboração de tais ferramentas didáticas.

Delineamos a questão norteadora da pesquisa e sua possível resposta vem por

justificar a realização desta investigação: Em quais aspectos a política pública educacional no

âmbito do PNLD tem influenciado na (re)elaboração do Livro Didático Química Cidadã?

Contudo antes de apresentarmos os resultados coletados durante o desenvolvimento

desta investigação, sentimos a necessidade de apresentar algumas ponderações da

pesquisadora.

Desenvolver uma pesquisa que busque investigar as relações de influência que se

estabelecem entre o PNLD e a (re)elaboração de um material didático, de nossos pares, que é

selecionado e distribuído nacionalmente, nos provocou muitas dúvidas e questionamentos

pois compreendemos que todo o processo seletivo desencadeado pelo Programa bem como o

trabalho desenvolvido pelos autores em parceria com suas respectivas editoras, envolvem

pessoas com experiências as quais foram adquiridas no decorrer de suas vidas.

Sabemos que o processo desenvolvido pelo PNLD evolve uma subjetividade cultural

e historicamente (REY, 2011) situada nas práticas e contextos, nas quais as editoras, os

autores e os professores estão envolvidos. Entendemos esse processo como um sistema

complexo ainda em desenvolvimento, que se configura no ciclo de políticas proposto por

Ball, Bawe e Gold (1992), chegando a facilitar ou impedir as mudanças que se observam nas

Page 140: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

140

obras didáticas, nesse movimento há diversas experiências históricas e atuais dos autores,

professores, e outros atores que estão direta ou indiretamente envolvidos com os contextos

que constituem o ciclo de políticas, por meio de múltiplos sentidos subjetivos novas

configurações são definidas quando um novo processo seletivo é iniciado pelo PNLD.

O livro didático, como tradicionalmente considerado, talvez não seja tão importante

aos alunos nas salas de aula da educação básica brasileira; talvez nem mesmo seja utilizado e

escolhido com tanto esmero por professores; talvez não tenha a devida importância haja vista

os custos financeiros demandados ao Brasil. Em outros termos, seria o livro didático um

material importante na formação de estudantes em todo o Brasil?

O que se percebe é que além da existência de lacunas no processo de formação

inicial e continuada dos professores, o atual mercado editorial brasileiro, tem em alguns

momentos, evidenciado o caráter econômico em detrimento do pedagógico, na produção das

obras didáticas selecionadas, como produto desse processo, quase sempre os professores

passam a inferiorizar os livros didáticos.

Compreendemos que o processo de seleção realizado pelo PNLD é complexo e que

envolve diversos atores, bem como temos conhecimento de que a (re)elaboração dos livros

didáticos também se constitui em um processo complexo, envolvendo em alguns casos, um

número menor de participantes, por isso, consideramos nesta investigação a essência

subjetiva, histórica e social dos autores e de seus conhecimentos. Por isso, ressaltamos que no

decorrer da elaboração de cada coleção Química Cidadã, ocorreram mudanças continuas que

não se deram apenas pelas das especificações orientadas nos Editais do PNLEM/PNLD.

Os processos de seleção do PNLEM/PNLD orientam a avaliação dos livros didáticos

prezando principalmente pela qualidade das obras, estabelecendo padrões para a seleção,

compra e distribuição das coleções aos estados brasileiros. Por diversos momentos os Editais

não especificam com profundidade alguns dos critérios estabelecidos para as análises das

coleções submetidas às seleções, isso faz com que as interpretações do texto político pelos

autores sejam realizadas conforme suas experiências e vivencias e assim, a Coleção é

elaborada também com traços das concepções desses autores, o que acaba por caracterizar o

livro didático como uma produção cultural (LOPES, 2007).

Importante ressaltar que as análises apresentadas, ainda que respaldadas

teoricamente, não consistem em um resultado pronto e absoluto. Devido à subjetividade que

envolve as investigações qualitativas, as considerações aqui apresentadas nada mais são do

que o olhar das pesquisadoras sobre objeto de estudo investigado, o qual é limitado a um

determinado contexto, assim, está sujeito e aberto a outros olhares e interpretações.

Page 141: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

141

Na coleta de dados e informações que nos possibilitassem responder nossa questão

de pesquisa, escolhemos utilizar os seguintes procedimentos e instrumentos: análise das obras

didáticas que compõem a Coleção Química Cidadã e entrevistas gravadas em áudio,

posteriormente transcritas e convertidas em Mônadas. Não buscamos generalizar os resultados

apresentados nesta investigação, coerente com o aporte teórico privilegiados nesta pesquisa,

acreditamos que foi relevante a nossa opção pela abordagem qualitativa, tendo o estudo de

caso (BOGDAN e BIKLEN, 1994; MARCONI e LAKATOS, 2006) como método de

pesquisa.

Nesta perspectiva, organizamos, descrevemos e discutimos os dados coletados a

partir das análises e das entrevistas realizadas, considerando o seu desenvolvimento conforme

a sua historicidade. Para tanto, utilizamos quatro categorias de análise, denominadas na

pesquisa de aspectos, a saber: Aspectos Gráficos Editoriais (Projeto Gráfico Editorial);

Aspectos Teórico-Metodológicos e Proposta Didático-Pedagógica; Aspectos Conceituais e

Aspectos do Manual do Professor.

Os Aspectos Gráficos Editoriais (Projeto Gráfico Editorial) são os que mais

evidenciam mudanças quando analisados em todas as coleções Química Cidadã, suas

mudanças saltam aos olhos de alunos e professores, por se tratar da feição da obra didática.

São cores, imagens e ilustrações que modificaram a aparência do livro Química Cidadã, no

decorrer dos anos. As mudanças ocorrem principalmente nas quantidades de cores, imagens e

ilustrações que vão diminuindo de uma coleção para outra, e proporcionando mais espaço

para o texto principal.

Acreditamos que seja esse o aspecto que mais foi modificado, na opinião de alunos e

professores como observado na Mônada 22, quando a professora Marie Curie, relata seu

primeiro contato com os Módulos Didáticos e posteriormente com o livro didático Química e

Sociedade. Nessa Mônada, a professora identifica, claramente, a conversão dos Módulos

Didáticos no livro Química e Sociedade, comentando, inclusive, sobre as semelhanças entre

as obras.

Os Aspectos Teórico-Metodológicos e a Proposta Didático-Pedagógica se mantêm

em meio às mudanças sofridas no aspecto anterior. Os autores conservam os aspectos

metodológicos e pedagógicos da Obra Química Cidadã, a proposta de se desenvolver um

material que trabalhe o ensino de Química na perspectiva da formação cidadã continua

presente na Coleção, por meio dos textos complementares (Tema em Foco) e das discussões

que se seguem a partir da leitura desse material. Todavia, já situações como a experimentação

Page 142: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

142

investigativa que os autores afirmam existir, na nossa compreensão, não está presente na

Coleção.

Esse aspecto é conservado e fica evidente na fala da autora Irène Curie, na Mônada

33, para ela o livro possui uma identidade própria, eles apenas faziam as adaptações “dentro

da proposta metodológica desenhada por nós” (IRÈNE CURIE). A fala de Irène nos permite

compreender que os autores conservam esse aspecto na Coleção, mudando apenas a temática

trabalhada de uma coleção para outra, como diz Pierre Curie, na Mônada 34, “nós fomos

apenas fazendo ajustes”.

Os Aspectos Conceituais sofrem modificações nesse processo, e ficam mais

evidentes na coleção QCI, quando os autores evidenciam mais a linguagem química. Nessa

coleção estão em destaque conceitos, definições e resoluções passo a passo de exercícios, que

não eram observados nas primeiras obras, o que causava certo desconforto ao professor da

escola pública, ao trabalhar com uma coleção tão contextualizada como foi o QS, e que pouco

a pouco destacavam na coleção QC.

Nesse aspecto as mudanças são sentidas principalmente pelos professores que

trabalham com o livro, pois trata de informações internas da Coleção, que são percebidas no

cotidiano da escola. Na Mônada 29, a professora Marie Curie, fala como viu as mudanças de

uma coleção para a outra, e ao final de sua fala, descreve como os autores organizaram a

coleção aprovada no PNLD 2015, dizendo que o conteúdo está mais presente no livro sem

deixar de lado a proposta teórica-metodológica e didático-pedagógica da obra.

Por fim, os Aspectos do Manual do Professor, não demonstram sofrer alterações de

uma coleção para outra, os textos e discussões que são comuns nos volumes que compõem

cada coleção, não apresentam mudanças significativas em relação aos volumes das obras

anteriores. O que encontramos de diferente são os capítulos específicos de cada volume da

coleção, pois tratam da resolução passo a passo dos exercícios, bem como dos conteúdos de

seus respectivos volumes.

Nesse aspecto, os autores pouco apresentam mudanças, principalmente porque o

Edital de cada um dos processos seletivos, também não orienta mudanças evidentes para o

manual do professor, dessa forma os autores se mantêm de acordo com o Edital, contudo, os

autores sempre procuraram apresentar no manual do professor “as questões que nortearam o

livro, discussões, a importância da experimentação, a questão da inclusão, da

interdisciplinaridade” (Pierre Curie, Mônada 43).

As análises desenvolvidas neste estudo, apresentadas ao final de cada aspecto

remetem ao entendimento de que o PNLD é, atualmente, uma importante política pública

Page 143: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

143

educacional no contexto da educação básica brasileira. O Programa é uma das mais

importantes iniciativas do governo no país no que diz respeito à seleção, compra e

distribuição gratuita de livros didáticos, atualmente a todas as modalidades de ensino. No

entanto, seus procedimentos de seleção têm influenciado, por meio das orientações contidas

nos Editais, os processos de (re)elaboração das obras didáticas, inclusive da Coleção Química

Cidadã.

Compreendemos também, que o PNLD não é o único a exercer influência nos

processos de (re)elaboração dos livros didáticos, há outros grupos, ainda que de maneira

indireta, que acabam por influenciar a (re)elaboração das obras didáticas, como por exemplo,

a comunidade acadêmica, por meio das pesquisas desenvolvidas, os grupos vinculados a

movimentos sociais, que buscam por espaço e reconhecimento na sociedade atual, a

interpretação da legislação nacional, que considera o que deve ou não estar presente nos livros

didáticos e ainda os próprios autores com suas experiências que durante esse percurso de

elaboração dos livros didáticos resignificam sua prática pedagógica.

A Coleção Química Cidadã analisada, nesta investigação, tem evidenciado mudanças

em diferentes aspectos desde a sua primeira participação no PNLEM/2007. Percebemos que

essas mudanças estão mais evidentes nos aspectos gráficos editoriais, por serem eles os

responsáveis pela aparência dos livros didáticos, mas na última coleção aprovada no

PNLD/2015, mudanças nos Aspectos Conceituais começam a aparecer na obra. Para Ball,

Bowe e Gold (1992), isso acontece em ciclo, a partir das relações que são estabelecidas entre

os contextos de Influência, contexto de Produção de Texto e o contexto da Prática, que

compõem o ciclo de políticas.

Essa influência se consolida a partir da compreensão que os autores fazem da leitura

do texto político, considerados textos principais, e ainda dos textos secundários, como

pesquisas cientificas desenvolvidas sobre livros didáticos, debates e discussões sobre a

escolha dos livros por professores da rede pública de ensino, dentre outros momentos, que

mobilizam as mudanças de uma coleção para outra, em uma mesma obra.

Em meio a todas as inquietações que a proposta desta investigação desencadeou,

compreendemos a necessidade de novas pesquisas na área, com o intuito de indicar novos

caminhos para a formação de professores e para a elaboração das políticas públicas

educacionais, dessa forma, contribuir com nossos pares, na utilização dos livros didáticos de

Química, nas aulas do ensino médio.

Ainda que identifiquemos limitações em nossa pesquisa, como a influência que esse

processo exerce sobre os conteúdos de Química que os autores abordam na Coleção Química

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144

Cidadã, identificamos também possibilidades de futuras investigações, que possam transitar

pelo campo da linguagem e das políticas públicas para formação de professores.

Outro resultado importante alcançado deste estudo foi em relação ao nosso próprio

crescimento como pesquisadora e, acima de tudo, como professora da educação básica, que

trabalha com livros didáticos e sistema apostilado, em Cuiabá. A partir desta investigação

pudemos ampliar nossos conhecimentos relativos às políticas públicas e (re)elaboração de

livros didáticos. Ademais, tornou-se significativo refletir sobre a necessidade de prosseguir

com nossa formação continuada, por compreendermos que esse é apenas um primeiro passo,

nesse imenso e continuo processo de formação docente. A certeza que tenho é que já não sou

a mesma professora que ingressou no mestrado em 17 de março de 2014.

Page 145: INFLUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL NA

145

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janeiro de 2014

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ANEXOS

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ANEXO A

PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_PROJETO_359940

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ANEXO B

PARECER DE APROVAÇÃO DO PROJETO

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSCENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO - TCLE

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Universidade Federal de Mato Grosso

Programa de Pós-Graduação em Educação

LabPEQ - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Tema do Projeto: A Influência do Programa Nacional do Livro Didático como Política Pública na

(Re)Elaboração dos Livros Didáticos do Ensino Médio: Um Estudo de Caso na Produção de um Livro

Didático de Química

Pesquisador Responsável: Gahelyka Aghta Pantano Souza

Telefone para Contato:

CEP: Comitê de Ética em Pesquisa com seres Humanos do Hospital Universitário Julio Müller –

UFMT. Coordenadora Shirley Ferreira Pereira – Endereço: Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367 – Boa

Esperança – 78060-900. Cuiabá – MT, local de atendimento: CCBS I – 1º andar – Tel. (65) 3615-

8254. E-mail: [email protected]

Objetivo da Pesquisa:

Está pesquisa tem por objetivo investigar em quais aspectos o Programa Nacional do Livro Didático

(PNLD) influenciou na (re)elaboração do livro didático “Química Cidadã”, com foco na análise das

obras submetidas às seleções do PNLD para a componente curricular Química realizadas até o

desenvolvimento deste projeto.

O beneficio desta pesquisa:

A partir das declarações orais e da análise dos documentos oficiais, pretende-se divulgar a pesquisa em

eventos científicos da área de Educação e/ou do Ensino de Ciências e publicações em periódicos das

referidas áreas, a fim de conceder a pesquisa visibilidade, por esta uma temática pouco pesquisada em

Mato Grosso. Os sujeitos que se disporem a participar da pesquisa terão a oportunidade de, a partir de

suas narrativas, contar em quais aspectos o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), tem

influenciado na (re)elaboração do livro didático “Química Cidadã”.

Você está sendo convidado a participar, como voluntário (a), em uma pesquisa. Após ser

informado (a), e no caso de aceitar, assine ao final deste documento, que será

disponibilizado em duas vias. Sendo uma sua e outra do pesquisador. Em caso de recusa

não será penalizado (a) de forma alguma.

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Obrigada Pela Sua Participação!

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO COLABORADOR

Eu, _______________________________________________________, portador do RG nº _____________.

Abaixo assinado, concordo em participar do estudo “A Influência Do PNLD como Política Pública na

(Re)Elaboração de um Livro Didático de Química”, como colaborador. Compreendo que terei garantia de

confidencialidade das informações concedidas por meio da entrevista gravada, ou seja, que apenas os dados

consolidados serão divulgados na pesquisa. AUTORIZO a pesquisadora responsável, a colher meu depoimento,

sem quaisquer ônus financeiros a nenhuma das partes. Ao mesmo tempo, libero a utilização destes depoimentos

para fins científicos e de estudos (livros, artigos, slides e transparências de publicação nacional e internacional).

Entendo ainda, que tenho direito a receber informações adicionais sobre o estudo a qualquer momento,

mantendo contanto com o pesquisador principal. Também fui comunicado, que a minha participação é

voluntária e que se eu preferir não participar ou deixar de participar deste estudo a qualquer momento, isso não

me acarretará nenhuma penalidade. Entendo tudo o que me foi explicado sobre o estudo a que se refere esse

documento e concordo em participar do mesmo.

Assinatura do responsável: __________________________________________.

Assinatura do pesquisador principal: ___________________________________.

Cuiabá-MT, _______ de _______________________ de 2015.

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APÊNDICE B

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM DA COLEÇÃO

QUÍMICA CIDADÃ

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Universidade Federal de Mato Grosso

Programa de Pós-Graduação em Educação

LabPEQ - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM DA COLEÇÃO QUÍMICA

CIDADÃ

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Tema do Projeto: A Influência do Programa Nacional do Livro Didático como Política Pública na

(Re)Elaboração dos Livros Didáticos do Ensino Médio: Um Estudo de Caso na Produção de um Livro

Didático de Química

Pesquisador Responsável: Gahelyka Aghta Pantano Souza

Telefone para Contato:

CEP: Comitê de Ética em Pesquisa com seres Humanos do Hospital Universitário Julio Müller –

UFMT. Coordenadora Shirley Ferreira Pereira – Endereço: Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367 – Boa

Esperança – 78060-900. Cuiabá – MT, local de atendimento: CCBS I – 1º andar – Tel. (65) 3615-

8254. E-mail: [email protected]

Objetivo da Pesquisa:

Está pesquisa tem por objetivo investigar em quais aspectos o Programa Nacional do Livro Didático

(PNLD) influenciou na (re)elaboração do livro didático “Química Cidadã”, com foco na análise das

obras submetidas às seleções do PNLD para a componente curricular Química realizadas até o

desenvolvimento deste projeto.

O beneficio desta pesquisa:

A partir das declarações orais e da análise dos documentos oficiais, pretende-se divulgar a pesquisa em

eventos científicos da área de Educação e/ou do Ensino de Ciências e publicações em periódicos das

referidas áreas, a fim de conceder a pesquisa visibilidade, por esta uma temática pouco pesquisada em

Mato Grosso. Os sujeitos que se disporem a participar da pesquisa terão a oportunidade de, a partir de

suas narrativas, contar em quais aspectos o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), tem

influenciado na (re)elaboração do livro didático “Química Cidadã”.

Você está sendo convidado a participar, como voluntário (a), em uma pesquisa. Após ser

informado (a), e no caso de aceitar, assine ao final deste documento, que será

disponibilizado em duas vias. Sendo uma sua e outra do pesquisador. Em caso de recusa

não será penalizado (a) de forma alguma.

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Obrigada Pela Sua Participação!

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO COLABORADOR

Eu, _______________________________________________________, portador do RG nº _____________.

Abaixo assinado, concordo em participar do estudo “A Influência Do PNLD como Política Pública na

(Re)Elaboração de um Livro Didático de Química”, como colaborador. Compreendo que é necessária a

divulgação de imagens de partes das obras que compõem a coleção Química Cidadã, por ser esta a obra didática

estudada nesta pesquisa. AUTORIZO a pesquisadora responsável a realizar as fotos que se façam necessárias

sem quaisquer ônus financeiros a nenhuma das partes. Ao mesmo tempo, libero a utilização destas imagens para

fins científicos e de estudos (livros, artigos, slides e transparências de publicação nacional e internacional).

Entendo ainda, que tenho direito a receber informações adicionais sobre o estudo a qualquer momento,

mantendo contanto com o pesquisador principal. Entendo tudo o que me foi explicado sobre o estudo a que se

refere esse documento e concordo em participar do mesmo.

Assinatura do responsável: __________________________________________.

Assinatura do pesquisador principal: ___________________________________.

Brasília - DF, _______ de _______________________ de 2015.

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APÊNDICE C

ROTEIRO DA ENTREVISTA - PROFESSORA DA EDUCAÇÃO

BÁSICA

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Universidade Federal de Mato Grosso

Programa de Pós-Graduação em Educação

LabPEQ - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química

Entrevista – Professora da Educação Básica

1º Bloco – Perfil Profissional da Professora

Quanto tempo de careira como professora de Química?

Qual a experiência no ensino público e particular?

Na sua formação inicial você estudou sobre os livros didáticos e como selecioná-los?

Conte-me sobre sua carreira docente.

2º Bloco – Elaboração da Obra Didática

Os organizadores da obra didática G. Mól e W. Santos, organizaram em conjunto uma obra

que foi publicada em diferentes contextos.

Como você conheceu esta obra e qual a sua opinião sobre ela?

Quais edições da Obra você utilizou ao longo de sua carreira? Por quê? Como foi a

experiência?

Você percebeu diferenças entre as edições desta Obra? Quais? Em que aspectos?

A quem ou a quê você atribui as diferenças percebidas.

Conte-me como você vê esta obra e sua importância para o ensino de Química.

Obrigada pela atenção!!!

Mestranda Gahelyka Aghta Pantano Souza

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APÊNDICE D

ROTEIRO DA ENTREVISTA - AUTORES

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Universidade Federal de Mato Grosso

Programa de Pós-Graduação em Educação

LabPEQ - Laboratório de Pesquisa e Ensino de Química

Entrevista Narrativa – Autor do Livro “Química Cidadã”

1º Bloco – Relato da Formação do Autor

Nesse primeiro bloco o autor poderá relatar por até vinte minutos (20‟), como foi sua

trajetória escolar e acadêmica até a primeira proposta de elaboração dos módulos didáticos,

podendo haver intervenções da entrevistadora durante a narrativa.

Como eram os seus livros escolares e na graduação?

Como eram seus livros de Química?

Esses livros contribuíram na elaboração da coleção “Química Cidadã”?

Que mudanças você vê nos livros atualmente em relação aos livros da sua época?

2º Bloco – Elaboração da Obra Didática

Para o segundo bloco da entrevista, o autor irá relatar a história de elaboração da

coleção “Química Cidadã” até a participação no PNELM 2007, no período de tempo que

julgar necessário, podendo haver intervenções da entrevistadora durante a narrativa.

Por qual motivo surgiu à proposta da obra didática Química Cidadã?

Em que ano são impressos os primeiros exemplares da coleção?

Descreva como eram esses exemplares.

Sabemos que a coleção foi elaborada dentro de um grupo de pesquisa, portanto, são vários os

autores. Como são os autores do “Química Cidadã”?

3º Bloco – Participação nas Seleções do PNLD

Para o terceiro bloco da entrevista, o autor irá narrar como foi e como tem sido sua

participação nos processos de seleção realizados pelo PNLD, sua relação com a interpretação

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dos Editais e quais tem sido os avanços e as limitações do Programa. Não há limitação no

tempo, podendo inclusive haver intervenções da entrevistadora quando necessário.

Como foi a adaptação dos módulos didáticos em um livro didático, de acordo com as

especificações do Edital PNLEM 2007?

O período de escolha dos livros didáticos pelos professores da escola pública acontece em

ciclos trienais, quanto tempo os autores tem, entre a realização de uma seleção e outra para

contemplar nas obras didáticas as atualizações e adequações necessárias para a submissão ao

novo processo de seleção?

Em quais aspectos, Editais de seleção do PNLD, tem provocado maiores mudanças ao

elaborar cada nova edição da coleção “Química Cidadã”?

Por que a mudança do nome de “Química e Sociedade” para “Química Cidadã”?

Obrigada pela atenção!!!

Mestranda Gahelyka Aghta Pantano Souza