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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS RAFAEL LEITE BRANDÃO LARANJA INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES LENHOSAS EM UMA PLANÍCIE INUNDÁVEL NEOTROPICAL CUIABÁ MT 2018

INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

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Page 1: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

RAFAEL LEITE BRANDÃO LARANJA

INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O

PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES

LENHOSAS EM UMA PLANÍCIE INUNDÁVEL

NEOTROPICAL

CUIABÁ – MT

2018

Page 2: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

RAFAEL LEITE BRANDÃO LARANJA

INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O

PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES

LENHOSAS EM UMA PLANÍCIE INUNDÁVEL

NEOTROPICAL

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Ambientais

– PPGCA, Universidade de Cuiabá -

UNIC, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em

Ciências Ambientais.

Orientadora: Dr(a). Julia Arieira

Cuiabá, MT

2018

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Page 4: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE
Page 5: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Rosiane e Jefferson que

me apoiaram em todos os momentos da

minha vida e ao meu filho Lorenzo,

minha fonte de luz e força para seguir

adiante.

Page 6: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

AGRADECIMENTOS

Á Deus pela graça concedida em todos os momentos da minha vida.

Aos meus Pais Jefferson e Rosiane pela confiança em mim depositada pelo

sustento, apoio e força nos momentos mais difíceis da minha vida. Obrigado por tudo e

pelo exemplo de dignidade e perseverança que carregarei comigo por toda eternidade.

Dedico a vocês!

A minha irmã Alyne por ser minha grande parceira durante esses 26 anos de

jornada. Um apoiando o outro no que for necessário. Obrigado minha irmã.

Agradeço também aos meus familiares que foram compreensivos nesse

momento que tive que dedicar a dissertação e as viagens.

A minha Orientadora Julia Arieira pela ajuda, compreensão, idas ao campo.

Uma pessoa e profissional extraordinária, sempre muito solícita e que se tornou uma

grande inspiração profissional para mim. Obrigado por esses pouco mais de dois anos

de convivência e por ser fundamental na conclusão dessa Dissertação.

Aos Professores do Programa de Mestrado em Ciências Ambientais da UNIC

pelos ensinamentos compartilhados e pelos momentos que vivemos em sala de aula e

fora dela. Muito obrigado.

Aos membros da banca: professora Luciana e aos professores Léo e Fernando

pelas importantíssimas considerações e sugestões que contribuíram para o

desenvolvimento e conclusão desse trabalho.

Aos meus colegas do Programa pela amizade e parceria durante esses dois anos

do curso.

Ao grupo CO.BRA da Universidade Federal de Mato Grosso. Sobretudo aos

professores Karl-L. Schuchmann e Marinez Isaac Marques pelo fundamental apoio e

parceria durante esses meses de trabalho.

A Francielly e ao ―Seu‖ Hélio pela ajuda durante o período de coleta, em

especial ao meu vovô Hélio um grande ser humano que hoje levo comigo como grande

amigo. Uma pessoa que posso contar sempre.

A ―Dona‖ Doca e ―Seu‖ Adolfo pela ajuda na base e no campo.

À CNPQ pelo apoio financeiro concedido.

Ao SESC Pantanal pelo apoio logístico no campo.

Page 7: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

EPÍGRAFE

No meio da confusão, encontre a

simplicidade. A partir da discórdia,

encontre a harmonia. No meio da

dificuldade reside a oportunidade.

(Albert Einstein)

Page 8: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. X

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... XI

RESUMO .................................................................................................................. XII

ABSTRACT ............................................................................................................. XIII

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 3

2.1 Caracterização do Pantanal Matogrossense ........................................................... 3

2.2 Fitogeografia do Pantanal ...................................................................................... 4

2.3 Heterogeneidade de uma paisagem inundável ....................................................... 6

3. OBJETIVOS ........................................................................................................... 9

3.1 Geral ....................................................................................................................... 9

3.2 Específicos ............................................................................................................. 9

4. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 10

4.1 Área de Estudo ................................................................................................... 10

4.2 Delineamento Amostral e Coleta de Dados ........................................................... 9

4.2.1 Vegetação .......................................................................................................... 11

4.2.2 Solo ................................................................................................................... 13

4.3 Ánalise de Dados ................................................................................................. 14

4.3.1 Padrões de variação na composição de espécies e identificação de de grupos

florísticos ................................................................................................................... 14

4.3.2 Gradientes edáficos e suas relações com a vegetação ....................................... 15

4.3.3 Relações fitogeográficas ................................................................................... 16

5. RESULTADOS .................................................................................................... 17

5.1 Gradiente vegetacional e sua relação com as condições hidro—edáficas............17

5.2 Definição e descrição de habitats ......................................................................... 20

5.2.1 Cerrado Sensu Stricto........................................................................................ 22

Page 9: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

5.2. Arbustal .............................................................................................................. 23

5.2.3 Savana Estépica ................................................................................................. 24

5.2.4 Floresta Estacional Decidual ............................................................................. 25

5.2.5 Floresta Aluvial Decidual ................................................................................. 26

5.2.6 Floresta Monoespecífica (Vochysia divergens Pohl).........................................27

5.3 Afinidades fitogeográficas da flora local ............................................................. 28

6. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 32

6.1 Efeitos dos atributos hidro-edáficos sobre a distribuição das plantas...................32

6.2 Influências Fitogeográficas .................................................................................. 36

7. CONCLUSÕES .................................................................................................... 38

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 39

ANEXO ..................................................................................................................... 47

Page 10: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

X

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da área de estudo no Pantanal Mato-grossense, Brasil........................10

Figura 2: Método do ponto-quadrante.....................................................................................12

Figura 3: Análise de Coordenadas principais representando os principais gradientes

vegetacionais da planície de inundação....................................................................................17

Figura 4: Modelo Linear Generalizado mostrando a relação entre gradiente de abundância de

espécies de planta lenhosas e variáveis ambientais: areia, saturação por bases, umidade do

solo e fósforo (P).......................................................................................................................18

Figura 5: Modelo Linear Generalizado mostrando a relação entre Riqueza de espécies de

planta lenhosas e variáveis ambientais: areia, saturação por bases, umidade do solo e fósforo

(P)..............................................................................................................................................19

Figura 6: Cerrado Sensu Stricto...............................................................................................21

Figura 7: Percentagem de Umidade e Fertilidade do solo nas seis

fitofisionomias..........................................................................................................................22

Figura 8: Arbustal....................................................................................................................22

Figura 9: Savana Estépica........................................................................................................23

Figura 10: Floresta Estacional Decidual..................................................................................24

Figura 11: Floresta Aluvial Semidecidual...............................................................................25

Figura 12: Floresta Monodominante.......................................................................................26

Page 11: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

XI

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características florísticas e estruturais de seis fitofisionomias no Pantanal. Espécies

indicadoras de cada tipo de vegetação são mostradas e, em parêntese, o índice de espécie

indicadora mostrando seu grau de afinidade com a comunidade..............................................20

Tabela 2: Relações fitogeográficas das espécies encontradas neste estudo com os Biomas

Amazônia, Cerrado, Chaco e Mata Atlântica. As formações vegetais onde estas espécies

foram encontradas na planície de inundação estudada são mostradas. AR: Arbustal, CC:

Cerrado Sentido Restrito, FD: Floresta Decidual, FSD: Floresta Aluvial Semidecidual, FM:

Floresta Monoespecífica, SE: Savana.......................................................................................

28

Page 12: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

XII

RESUMO

LARANJA, R.L.B. Influências Locais e Regionais Sobre o Padrão de Distribuição das

Espécies Lenhosas em Uma Planície Inundável Neotropical. 2018, 48f. Dissertação

(Mestrado em Ciências Ambientais), Departamento de Ciências Ambientais, Universidade de

Cuiabá, Unidade Barão de Melgaço, Cuiabá, 2018.

O presente estudo teve como objetivo determinar o padrão de variação na composição de

espécies em uma paisagem sazonalmente inundável no Pantanal e entender como fatores

físico-químicos do solo, como sua umidade, textura e fertilidade, afetam a estrutura e

variação da vegetação. Além disso, visou investigar as relações fitogeográficas das espécies

identificadas, com as dos biomas Amazônia, Cerrado, Chaco e Floresta Atlântica, a fim de

verificar se as espécies se agrupam em comunidades em função de suas afinidades. Este

estudo foi realizado nos meses de agosto e setembro do ano de 2016, no Pantanal Norte, no

Centro Avançado de Pesquisas da Universidade Federal de Mato Grosso, localizado no

Parque Baía das Pedras da Estância Ecológica SESC-Pantanal, Poconé. Oito sítios amostrais,

separados em pelo menos 500 metros um do outro, foram estabelecidos sobre esta paisagem

a fim de capturar esta variação dos componentes da vegetação e de gradientes ambientais

associados. O método de coleta de dados da vegetação utilizado foi o Método do Ponto-

Quadrante (Point-Centered Quarter Method – PCQM). Tal método consistiu do

estabelecimento aleatório de 10 pontos centrais em cada sítio. Sendo determinado em cada

sitio amostral as características físico-químicas do solo, com base em três amostras de solo

distribuídas próxima aos pontos de vegetação. As relações fitogeográficas das espécies

identificadas foram investigadas nas regiões ou biomas, Cerrado, Amazônia, Chaco, Floresta

Estacional e Mata Atlântica, e várias combinações biogeográficas. Um total de 80 espécies

foram encontradas na área de estudo, distribuídas em 67 gêneros e 35 famílias. A capacidade

de retenção de umidade no solo nos diferentes habitats foi o principal determinante da

configuração da paisagem, determinando a predominância de formações abertas nas partes

mais secas e de formações florestais nas partes mais úmidas. Analisando a vegetação das

áreas estudadas, pode-se observar que existe predominância de alguns estratos dominantes

em cada formação vegetal. As espécies arbustivas possuem maior número de indivíduos nas

áreas de Cerrado e nas formações florestais há um predomínio de estrato arbóreo. As

características pedológicas foram os principais diferenciadores das formações vegetais na

planície inundável. Do total de espécies encontradas na paisagem estudada, 5 estão

relacionadas exclusivamente a flora Amazônica, 3 do Cerrado, 2 Chaco, 2 Pantanal e 21 de

ampla distribuição nos Biomas. As demais espécies ocorrem em combinações de dois ou três

biomas. A planície de inundação estudada abriga um mosaico de ecossistemas, possuindo

grande heterogeneidade ambiental e ecológica, com extensas áreas de Cerrado e formações

florestais. Desse modo, os resultados obtidos podem ser utilizados para gerar subsídios para

o planejamento ambiental dentro de áreas úmidas de alto interesse ecológico e social.

Palavras Chaves: Formações Florestais, Heterogeneidade Ambiental; Fatores Edáficos.

Page 13: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

XIII

ABSTRACT

LARANJA, R.L.B. Local and Regional Influences on the Pattern of Linen Species

Distribuition in a Flood Neotropical Plain.. 2018, 48f. Dissertation (Master in Environmental

Sciences), Department of Environmental Sciences, University of Cuiabá, Barão de Melgaço

Unit, Cuiabá, 2018.

The present study has as main objectives to determine the pattern of variation in the

composition of species and to identify floristic groups in a seasonally flooded landscape in the

Pantanal; and understand how physical-chemical soil factors, such as their moisture, texture

and fertility, affect the structure and variation of vegetation. In addition, it aims to investigate

the phytogeographic relationships of the identified species, with those of the Amazon,

Cerrado, Chaco and Atlantic Forest biomes, in order to verify if the species group in

communities according to their origins. This study was carried out in August and September

of the year 2016, in the Pantanal Norte, at the Advanced Research Center of the Federal

University of Mato Grosso, located in the Baía das Pedras Park of the SESC-Pantanal

Ecological Estancia, Poconé. Eight sample sites, separated by at least 500 meters from one

another, were established on this landscape in order to capture this variation of vegetation

components and associated environmental gradients. The method of collecting vegetation data

used here was the Point-Centered Quarter Method (PCQM). This method consisted of the

random establishment of 10 central points at each site. Physical and chemical characteristics

of the soil were determined at each sampling site, based on three soil samples distributed

close to the vegetation points. The phytogeographic relationships of the identified species

were investigated in the regions or biomes, Cerrado, Amazonia, Chaco, Seasonal Forest and

Atlantic Forest, and several biogeographic combinations. 82 species were found in the study

area, distributed in 67 genera and 35 families. Of the total species found in the studied

landscape, 5 are exclusively related to the Amazonian flora, 3 of the Cerrado, 2 Chaco, 2

Pantanal and 21 of wide distribution in the Biomes. The other species occur in combinations

of two or three biomes. The studied floodplain shelters a mosaic of ecosystems, possessing

great environmental and ecological heterogeneity. The moisture retention capacity in the soil

was the main determinant of the landscape configuration, determining the predominance of

open formations in the drier parts and of forest formations in the wetter parts. Analyzing the

vegetation of the studied areas, it can be observed that there is predominance of some

dominant strata in each plant formation. Shrub species have a greater number of individuals in

the Cerrado areas and in forest formations; there is a predominance of arboreal stratum. The

importance of edaphic factors in the distribution of plant species was also evaluated. The

study area provided an ideal scenario to investigate these objectives, considering the biotic

and abiotic singularity among the phytophysiognomies sampled. The pedological and

phytophysiognomic characteristics were the main differentiators of the formations in the

RPPN. The reserve has an ample environmental and ecological mosaic in ecotonal conditions,

with extensive areas of Cerrado and forest formations. In this way, the results obtained can be

used to generate subsidies for the environmental planning of the Conservation Unit.

Key Words: Forest Formations, Environmental Heterogeneity; Edaphic Factors

Page 14: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

1

INTRODUÇÃO

As áreas úmidas (AUs) são ecossistemas na interface entre ambientes terrestres e

aquáticos, que sofrem inundações periódicas ou permanente (NUNES DA CUNHA;

PIEDADE; JUNK, 2014). Em função desta dinâmica hídrica, o ambiente se modifica

morfologicamente e fisiologicamente resultando em características especificas de

comunidades biológicas, com estratégias de adaptação a essas mudanças periódicas

(JUNK et al., 1989).

Mundialmente, as áreas úmidas (AUs) pertencem aos ecossistemas mais

afetados e ameaçados pelo homem como reconhecido por tratados internacionais, em

especial, pela Convenção de Ramsar (MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT,

2005; DARWALL et al., 2008; SCBD, 2010). Apresentando ao mesmo tempo

relevantes serviços socioambientais e econômicos, tal como manutenção da

biodiversidade e provisão de alimentos, controle de ciclos biogeoquímicos, entre outros

(GOPAL et al., 2000).

Estima-se que cerca de 20% do território brasileiro pode ser considerado AUs,

incluindo-se neste contesto, as várzeas e igapós da Amazônia, como as áreas costeiras, e

as baixadas litorâneas (NUNES DA CUNHA et al., 2015; FINLAYSON et al., 2018).

Outra área, é o Pantanal, sendo este, uma planície de inundação, submetida

sazonalmente a mudanças marcantes associadas ao regime hidrológico, que marcam sua

alta complexidade estrutural e refletem seu mosaico paisagístico e funcional

(FERNANDES et al., 2010). A inundação está associada ao regime hidrológico, que

provoca a expansão, contração e fragmentação dos ecossistemas, interferindo no grau de

conectividade entre as partes do sistema (TOCKNER et al., 1999).

De acordo com Damasceno Júnior e Pott (2009), a riqueza de plantas no

Pantanal é estimada em 2.000 espécies de fanerógamas, incluindo 200 exóticas, e 600

lenhosas, sendo leguminosas e gramíneas as principais famílias, as quais perfazem

quase ¼ da flora. Como o Pantanal, de acordo com Assine e Soares (2004), ―é uma

planície de inundação quaternária geologicamente recente (Holoceno)‖, a sua

biodiversidade é composta principalmente de espécies provenientes de biomas que o

contornam, i.e., Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Chaco e Cerrado, não havendo

quase endemismos (ALHO E SABINO, 2011).

Assim, possui tanto elementos essencialmente florestais, assim como de áreas

mais abertas e, de forma geral, sua flora é típica do bioma Cerrado (e.g. Anadenanthera

Page 15: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

2

colubrina e Astronium fraxinifolium), ambiente predominante no Pantanal. Entretanto,

como citado Damasceno Júnior e Pott (2009) que apesar de grupo mais numeroso de

espécies serem do Cerrado, muitas espécies que vivem nos cerrados dos planaltos de

entorno nunca adentram a planície pantaneira, o que corrobora a ideia de que o Pantanal

funciona tanto como barreira ecológica, quanto como corredor de dispersão para muitas

espécies (GUIMARÃES et al., 2014).

Com relação à origem fitogeográfica, estimam-se que 50% de espécies

fanerógamas são de ampla distribuição, 30% de espécies do Cerrado, e 20% de outras

origens (DASMACENO JUNIOR e POTT, 2009; GUIMARÃES et al., 2014). Entender

padrões de distribuição das espécies de planta na paisagem do Pantanal ainda é um

desafio, porque a vegetação da região é influenciada não apenas pela amplitude e a

duração da inundação, mas por diversos fatores, como umidade do solo, fogo e

intensidade de pastejo (ARIEIRA et al., 2016).

Sobre amplitudes de inundação similares, podem ser encontradas comunidades

de plantas dominados por diferentes espécies. Interessante notar que, muitas espécies

lenhosas parecem agrupar-se no Pantanal de acordo com sua origem biogeográfica,

como visto pela prevalência de plantas amazônicas junto a rios e terrenos baixos (e.g.

Mouriri guianensis e Vochysia divergens), ou elementos do Cerrado em zonas mais

secas (DAMASCENO JUNIOR e POTT, 2009).

As diferentes Fitofisionomias da área de estudo ressaltadas pela variação da

tipologia vegetal apresentam origens diferentes em função de processos hidrológicos,

climáticos e morfopedológicos regional. Os solos com cobertura vegetal arbórea

apresentam textura mais arenosa, melhor drenadas e mais férteis. As florestas de galeria

possuem forte influência amazônica; os trechos não inundados (áridos) possuem relação

com o Chaco e florestas secas, sendo as espécies do Cerrado consistem em sua grande

maioria provenientes do Planalto Central (PRANCE e SCHALLER, 1982).

O presente estudo tem como principais objetivos determinar o padrão de

variação na composição de espécies e identificar grupos florísticos em uma paisagem

sazonalmente inundável no Pantanal; e entender como fatores físico-químicos do solo,

como sua umidade, textura e fertilidade, afetam a estrutura e variação da vegetação.

Além disso, visa investigar as relações fitogeográficas das espécies identificadas, com

as dos biomas Amazônia, Cerrado, Chaco e Floresta Atlântica serão investigadas, a fim

de verificar se as espécies se agrupam em comunidades em função de suas origens,

como sugerido por Pott et al. (2009).

Page 16: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

3

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Caracterização do Pantanal Mato-grossense

O Pantanal é uma das maiores AUs do mundo. Os dados sobre a sua extensão

variam entre os autores. Hamilton et al. (1996) indicam uma área total de 137.000 km2 e

baseando se em critérios morfológico e hidrológicos. Padovani (2010), usando o nível

de inundação máxima como limite e incluindo manchas sedimentares internos não

inundados estima uma área total de 150.500 km2. Cerca de 130.000 km

2 pertencem aos

estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, 15.000 km2 à Bolívia e 5.000

km2 ao Paraguai. A área periodicamente inundada varia de acordo com o nível médio

máximo dos períodos estudados. Para o Pantanal inteiro, Hamilton et al. (1996) estimam

para o período de 1979 - 1987 com cheias relativamente altas uma área alagada máxima

de 110.000 km2, média de 53.000 km

2, e mínima de 11.000 km

2. A estimativa do

Padovani (2010) para o período mais seco com um nível médio de água cerca de um

metro mais baixo de 2000 - 2009 chega somente a 52.894 km2 no máximo, 18.329 km

2

no médio, e 5.539 km2 no mínimo.

As flutuações anuais do nível de água regulam os processos ecológicos

existentes (JUNK et al., 1989; NEIFF, 1990). Sua hidrografia é formada por grandes

rios, como o Paraguai, Cuiabá, São Lourenço, Piquiri, Taquari e Negro, entre outros.

Esta complexa rede hidrográfica, em conjunto com diversos tipos de solo, dá origem a

uma grande variedade de paisagens (DNOS, 1974). O Pantanal inclui um mosaico de

formações vegetais do chaco, do cerrado do Planalto Central e da Floresta Amazônica

(PRANCE e SCHALLER, 1982). O mesmo é distribuído entre os estados de Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul, foi dividido em 11 sub-regiões (SILVA e ABDON,

1998).

A geomorfologia da região foi diferenciada pelo Projeto RadamBrasil

(BRASIL,1982) e as peculiaridades destas refletem na diversidade de macrohabitats,

tais como cordilheiras, capões, campos inundados, lagoas, etc. A maior parte do

Pantanal é coberta por sedimentos antigos lixiviados, de origem fluvial e lacustre,

arenosos e com alto teor de alumínio, consolidado e laterítico; enquanto, ao longo dos

rios, ocorrem depósitos de sedimentos recentes (AMARAL FILHO, 1984). Diferentes

padrões de descarga do rio Paraguai e seus afluentes durante períodos geológicos

resultaram em um mosaico de formações geomorfológicas e grande diversidade de

macrohabitats dentro do Pantanal (JIMENEZ-RUEDA et al., 1998).

Page 17: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

4

Os solos da região do Pantanal costumam ser argilosos, sendo caracterizados

como solos variáveis. Comumente isso ocorre devido essas áreas serem sujeitas a

inundações e transbordamentos de rio e tendem a conter mais areias nas partes mais

altas dos leques aluviais, incluindo áreas sujeitas a inundação por chuva local

(HAMILTON, 2002; MACHADO et al., 2015).

Hoje, o Pantanal é uma AU sujeita a um pulso de inundação monomodal

previsível, com uma pronunciada fase aquática e outra terrestre que se alternam

anualmente. Este é o fator ecológico fundamental, a força matriz na paisagem (JUNK e

DA SILVA, 1999; JUNK, 2000). Começam logo após o início das chuvas (dezembro)

ao norte, contudo na parte central e sul podem ocorrer defasagens de até 3 meses entre o

pico das precipitações, que ocorre em fevereiro ou março, e o máximo das inundações

(CADAVID GARCIA, 1984; FANTIN-CRUZ et al., 2010). A inundação das planícies

geralmente é mantida pelo transbordamento dos rios devido os canais intermitentes. Em

locais distantes a influência do rio se torna menor, e a inundação pode ser causada por

chuvas locais. O Pantanal possui característica topográfica com altitudes que variam em

entre 100 e 180m formando assim um relevo baixo e plano (FANTIN-CRUZ et al.,

2010).

2.2 Fitogeografia do Pantanal

Prance e Schaller (1982); Guarim Neto (1992); Ratter et al. (2006); Pott e

Damasceno Junior (2009) destacam que a flora do Pantanal de Mato Grosso possui

elementos que definem diferentes fitofisionomias que vão desde as formações

campestres, até as savânicas e florestais. De acordo com o Plano de Conservação da

Bacia do Alto Paraguai (PCBAP), a flora catalogada para a Bacia do Alto Paraguai,

considerando apenas as fanerógamas, consta de 3400 espécies e estima-se que a metade

ocorra no Pantanal (BRASIL, 1997). Essa estimativa de riqueza florística, se enquadra

com as compilações realizadas por Guarim Neto (1992) e Pott e Pott (1994).

Dessa forma, a vegetação e suas diferentes unidades de paisagem são

fundamentais no Pantanal, principalmente no que concerne aos aspectos da sua

manutenção, enquanto áreas que gradativamente sofrem acelerada alteração,

especialmente antrópica e que apresentam uma diversidade florística considerável

(GUARIM NETO, 1992). A conservação dessa biodiversidade adquire caráter de

Page 18: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

5

indiscutível importância, principalmente se for lembrada a função de áreas protegidas,

como é o caso das Unidades de Conservação implantadas na região.

A riqueza de plantas no Pantanal é estimada em 2.000 espécies de fanerógamas,

incluindo 200 exóticas, sendo leguminosas e gramíneas as principais famílias, as quais

perfazem quase ¼ da flora. Aproximadamente 1.000 espécies, ou mais da metade, são

terrestres herbáceas (POTT, 2003). Pott e Damasceno Júnior (2009) revelam que a

origem da flora do Pantanal vinha sendo atribuída à influência de Cerrado, Amazônia,

Mata Atlântica e Chaco, sem o devido levantamento de espécies. Com base em coletas

botânicas para herbário e listagem florística, as proporções fitogeográficas encontradas

são 50% de espécies de ampla distribuição, 30% de espécies do Cerrado, e 20% de

outras origens. Entre plantas de ampla distribuição há muitas gramíneas neotropicais,

ciperáceas e outras espécies herbáceas e arbóreas.

Pott e Damasceno Júnior (2009) acreditam a distribuição de plantas não é

homogênea no Pantanal, pois, os elementos do Cerrado são mais prevalentes na parte

leste, enquanto as plantas amazônicas ocorrem junto aos rios e em partes baixas,

principalmente a oeste. A influência do Chaco é restrita ao sudoeste do Pantanal e as

plantas de influência da floresta atlântica tem sua maior ocorrência concomitante com

as espécies Amazônicas.

As 350 principais plantas lenhosas do Pantanal foram agrupadas em

contingentes fitogeográficos, sendo alguns grupos combinados não são exclusivos de

um único bioma, segundo bibliografia (PRANCE e SCHALLER, 1982; RATTER et al.,

1988; POTT e POTT, 1994, 1997, 1999; JARDIM et al., 2003; OLIVEIRA FILHO et

al., 2006; PENNINGTON et al., 2006; RATTER et al., 2006; SPICHIGER et al., 2006).

O grupo mais numeroso é do Cerrado (66 espécies), seguido pelos de Cerrado e Floresta

Estacional (47), Ampla Distribuição (31), Chaco (29), Floresta Estacional (23), Cerrado,

Floresta Estacional e Mata Atlântica (22), Chaco e Floresta Estacional (21), Ampla

Distribuição exceto Floresta Estacional (21), Floresta Estacional e Amazônia (14),

Amazônia (10), Amazônia e Mata Atlântica (9), Bacia do Paraná-Paraguai (10),

Floresta Estacional e Mata Atlântica (8), Floresta Estacional, Amazônia e Mata

Atlântica (7), Cerrado, Floresta Estacional e Amazônia (6), Cerrado e Mata Atlântica

(6), Cerrado e Amazônia (5), Chaco e Amazônia (5) (POTT e RATTER, 2011).

Uma curiosa coincidência, que ficou evidente na tabulação de dados realizados

por Pott e Ratter (2011) é que muitas espécies lenhosas parecem agrupar-se no Pantanal

de acordo com sua origem biogeográfica, por exemplo, os seguintes conjuntos

Page 19: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

6

relacionados à Amazônia tendem a crescer em vegetação ripária e áreas inundáveis do

Pantanal:

Amazônia: Alchornea discolor, Astrocaryum vulgare, Bactris glaucescens,

Brosimum lactescens, Dalbergia riedelii, Laetia americana, Licania

minutiflora, L. parvifolia, Mouriri guianensis, Zygia cauliflora, Z. inaequalis,

Vochysia divergens;

Floresta Estacional/Amazônia: Coccoloba ochreolata, Couepia uiti,

Erythrina fusca, Ficus luschnathiana, Garcinia brasiliensis, Genipa

americana, Mabea paniculata, Spondias mombin, Triplaris americana, Vitex

cymosa, Xylopia aromatica; - Amazônia/Floresta Atlântica: Alchornea

castaneifolia, Amaioua guianensis, Byttneria filipes, Calophyllum

brasiliense, Cassia grandis, Eugenia egensis, Guarea macrophylla;

Chaco/Amazônia: Banara arguta, Pouteria glomerata, Ruprechtia

brachysepala (POTT e RATTER, 2011).

Enquanto o grupo de ampla distribuição é o prevalente considerando a Flora

toda (Pott e Pott, 1999), o contingente do Cerrado é o mais numeroso para árvores e

arbustos grandes. A maioria das 116 espécies lenhosas dominantes da flora do Cerrado

Brasileiro listadas por Ratter et al. (2006), também tem grande ocorrência no Pantanal,

tais como:

Alibertia edulis, Anacardium humile, Annona dioica, Buchenavia tomentosa,

Dimorphandra mollis, Eriotheca gracilipes, Hymenaea stigonocarpa,

Mouriri elliptica, Qualea grandiflora, Q. parviflora, Sclerolobium aureum,

Simarouba versicolor, Stryphnodendron obovatum. Algumas das quais

crescem na transição com campo inundável, com caráter de pioneiras que se

expandem em anos secos e depois podem persistir com inundação breve

(RATTER et al., 2006).

Outras pioneiras podem constituir formações monodominantes, comuns no

Pantanal como savanas arborizadas inundáveis ou como florestas mais densas, tais

como acurizal (Attalea phalerata), babaçual (A. speciosa), cambarazal (Vochysia

divergens), canjiqueiral (Byrsonima orbignyna), lixeiral (Curatella americana),

paratudal (Tabebuia aurea), pimenteiral (Licania parvifolia), pindaival (Xylopia

aromatica), piuval (H. heptaphylla) (POTT, 1994).

2.3 Heterogeneidade de uma Paisagem Inundável

Planícies de inundação são marcadas pela alta complexidade estrutural, refletida

por um mosaico paisagístico e funcional decorrente das drásticas modificações sazonais

as quais o sistema é submetido periodicamente (JUNK et al., 1989). A inundação para

Tockner et al. (1999) está associada ao regime hidrológico que provoca a expansão,

Page 20: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

7

contração e fragmentação dos sistemas aquáticos, além de interferir no grau de

conectividade entre as partes do sistema.

Durante a inundação, os sistemas aquáticos expandem suas áreas, inundando

porções da planície e assim estabelecem ligações entre diferentes tipos de

compartimentos. Essa conectividade pode ocorrer entre rio e planície, rio e lagoa, lagoa

e planície, e entre os próprios compartimentos da planície, ou ainda entre uma

combinação de todos esses ambientes (NEIFF, 1996). O mesmo autor complementa

que:

Os diferentes níveis de conectividade determinam a transferência de matéria

e nutrientes, bem como a troca de organismos entre os compartimentos,

assim, dependendo da dinâmica espacial e temporal da extensão e da

profundidade da água na planície, esta pode alterar entre sistema de

estocagem de água para sistema de transporte de água produzido por fluxos

horizontais (NEIFF, 1996).

A heterogeneidade de paisagens e as diferentes intensidades e durações das

inundações periódicas permitiram a categorização do Pantanal em 11 sub-regiões.

Localizados na região norte do estado de Mato Grosso estão os Pantanais de Poconé,

Cáceres e Barão de Melgaço (ADÁMOLI, 1982; NUNES DA CUNHA e JUNK, 2011,

2015). Na sub-região de Poconé há uma ampla variedade de habitats que é influenciada

por diversos fatores naturais como o tipo de solo, a amplitude e duração da inundação,

ou antrópicos como o estresse causado pelo fogo, a intensidade de pastejo pelo gado, e a

limpeza manual ou mecanizada de áreas para pecuária (FERNANDES et al., 2010).

Um pequeno gradiente altitudinal de poucos metros permite que áreas mais

elevadas não sejam alagadas durante as inundações periódicas formando ilhas na

planície inundada (BORDIGNON et al., 2007). Essas formações vegetacionais que não

sofrem efeito direto das inundações são conhecidas como cordilheiras e capões, e em

razão dessa posição elevada permanecem secas durante o período da cheia, servindo

como áreas de refúgio para a fauna terrestre local. (OLIVEIRA-FILHO e FURLEY

1992; PONCE e CUNHA, 1993; NUNES DA CUNHA e JUNK, 1999, 2011, 2015). As

formações localizadas nas partes baixas, sujeitas a inundação, são dominadas por

plantas tolerantes a inundação (NUNES da CUNHA e JUNK, 1999, 2015).

As diferentes unidades de paisagens diferem no tocante às condições edáficas e

hidrológicas e estão descritas detalhadamente em Nunes da Cunha et al. (2007) e Nunes

da Cunha e Junk (2009). Abaixo estão alguns exemplos de diferentes unidades de

paisagens com as denominações regionais que consideram características

Page 21: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

8

geomorfológicas, hidrológicas e/ou aspectos vegetacionais (NUNES da CUNHA e

JUNK, 2009). Entre as unidades de paisagens não inundáveis, constituídas sobre formas

positivas de relevo, estão:

Cordilheiras: caracterizadas por elevações alongadas da planície (cordões

arenosos) originadas a partir de depósitos de sedimentos de antigos leitos de

rios, sendo cobertas por vegetação lenhosa típicas de cerrado (savana),

cerradão (savana florestada) ou floresta decídua;

Capões: caracterizados por elevações que possuem formas arredondadas ou

ovais originadas a partir de processos erosivos das cordilheiras, sendo

cobertos por vegetação de cerrado ou florestas semidecíduas;

Capões de aterro ou Aterros de bugres: são elevações produzidas

artificialmente com diâmetro de dezenas de metros construídas pelas

populações indígenas para promover proteção contra as inundações. Sobre

estes aterros há vegetação arbórea com ocorrência de muitas espécies

frutíferas e de produtos não madereiros dos quais as populações faziam uso.

Escavações revelam a presença de cerâmicas e outros artefatos arqueológicos

(PONCE e NUNES da CUNHA, 1993).

Entre as unidades de paisagens sazonalmente inundáveis, constituídas sobre as

formas planas de relevo, estão:

Campos limpos: com cobertura de gramíneas, cyperáceas e ervas;

Campos sujos: com cobertura de herbáceas, arbustos e algumas árvores;

alguns campos possuem elevações do terreno chamadas de ―murundus‖,

―cocurutos‖ ou ―monchões‖ sobre os quais se desenvolvem elementos

arbóreos típicos do cerrado, com cobertura herbácea nas partes planas, sendo

denominados de Campos de murundus (PONCE e CUNHA, 1993).

Entre outras unidades de paisagens sazonalmente inundáveis, constituídas sobre

as formas negativas de relevo, estão:

Vazantes: ocorrentes em canais rasos de drenagem e temporários cobertos

por gramíneas e outras herbáceas. Quando estes canais rasos de drenagem e

temporários são cobertos por vegetação arbórea, com elevada densidade da

espécie Calophyllum brasiliensis, esta unidade de paisagem é denominada de

Landi (NUNES da CUNHA e JUNK, 2009).

Entre as unidades de paisagens permanentemente inundáveis, também

constituídas sobre as formas negativas de relevo, estão:

Baías ou Lagoas: conectadas com os rios durante o período chuvoso e

cobertas em suas margens por macrófitas aquáticas flutuantes e submersas;

Corixos: são pequenos canais na planície que podem conectar as baías umas

com as outras e/ou com o canal do rio, sendo periodicamente cobertos por

macrófitas aquáticas; os Brejos são áreas cobertas por espécies hidrófilas que

permanecem com saturação hídrica do solo durante o período de seca (NUNES da CUNHA e JUNK, 2009).

Page 22: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

9

É de suma importância os esforços de definição e classificação das Áreas

Úmidas (AUs) para implementação de políticas de conservação e manejo, que apesar de

serem consideradas por uma parte da população e o poder público áreas sem valor

ecológico, este posicionamento ficou bem claro no debate sobre o novo Código

Florestal Brasileiro, que ignorou completamente a importância ecológica e

socioeconômica das AUs (SOUSA Jr. et al. 2011; PIEDADE et al., 2012). Além disso,

a discussão evidenciou lacunas assustadoras de conhecimento sobre a importância das

AUs pelos tomadores de decisão, assim como a falta de mecanismos legais para sua

adequada proteção. (JUNK et al., 2012).

3. OBJETIVOS

3.1 Geral

Determinar o padrão de variação na composição de espécies, identificar

grupos florísticos em uma paisagem sazonalmente inundável no Pantanal e

entender como fatores físico-químicos do solo, como umidade, textura e

fertilidade, afetam os gradientes vegetacionais.

3.2 Específicos

I. Identificar a diversidade e gradientes estruturais e composicionais da vegetação

em uma paisagem sazonalmente inundada no Pantanal Norte;

II. Identificar gradientes da vegetação e suas relações com gradientes hidro-

edáficos, responsáveis pela distribuição de hábitats na paisagem;

III. Avaliar as relações fitogeográficas das espécies identificadas com os biomas

Cerrado, Amazônia, Chaco, Mata Atlântica e Floresta Estacional.

Page 23: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

10

4.MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Área Estudo

Este estudo foi realizado nos meses de agosto e setembro do ano de 2016, no

Pantanal Norte (16°39’S e 56º47’O), no Centro Avançado de Pesquisas da Universidade

Federal de Mato Grosso, localizado no Parque Baía das Pedras da Estância Ecológica

SESC-Pantanal, Poconé, MT (Figura 1). A área possui cerca de 4.200 hectares (SESC,

2010) e se localiza às margens do rio Cuiabá, na região da planície pantaneira.

Figura 1 – Localização da área de estudo no Pantanal Mato-grossense, Brasil.

O clima desta região, segundo a classificação climática de Köppen (1948) é

tropical úmido, com sazonalidade marcada entre os períodos de inverno e verão e média

de precipitação de 1.100 mm ao ano. O verão de novembro a abril caracteriza-se por

altas temperaturas (temperatura média do dia 34oC) e é a estação com a maior

Page 24: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

11

quantidade de precipitação. A precipitação diminui no inverno, resultando em uma

estação muito seca (De MUSIS et al., 1997).

O nível da água no rio Cuiabá segue a tendência sazonal na precipitação. Devido

à baixa capacidade de drenagem dos solos fraca drenagem superficial e subterrânea e à

topografia quase plana (ALVARENGA et al., 1984; ASSINE e SOARES, 2004), a

paisagem em estudo é inundada anualmente, com duração da fase úmida ou inundada

em cerca de 6 meses.

De acordo com Eiten (1982), a vegetação do Pantanal é considerada uma savana

hiper-sazonal devido à existência de uma inundação prolongada em uma área onde

predominam os tipos de vegetação do Cerrado (SILVA et al., 2000). A despeito disto, a

vegetação do Pantanal apresenta elementos florísticos de três importantes domínios

morfoclimáticos e fitogeográficos, Cerrado (savana brasileira), Amazônia e Chaco, o

que faz da sua área uma zona de tensão ecológica (AB`SABER, 1988). A influência

Atlântica, geralmente ocorre em espécies que se distribuem em mais de um bioma

(POTT e POTT; DAMASCENO JUNIOR, 2009).

4.2 Delineamento Amostral e Coleta de Dados

4.2.1 Vegetação

A área estudada é formada por um rico mosaico de diferentes formações

florestais e abertas (e.g. campo sujo, campo cerrado) que representam variações

significativas em componentes florísticos e estruturais da vegetação e em condições

ambientais. Oito sítios amostrais, separados em pelo menos 500 metros um do outro,

foram estabelecidos sobre esta paisagem a fim de capturar esta variação dos

componentes da vegetação e de gradientes ambientais associados.

O método de coleta de dados da vegetação utilizado aqui foi o Método do Ponto-

Quadrante (Point-Centered Quarter Method – PCQM) (MITCHELL, 2007). Este

método consistiu do estabelecimento aleatório de dez pontos centrais em cada sítio.

Cada ponto funciona como centro de um plano cartesiano definindo quatro quadrantes

(MARTINS, 2008). Em cada um dos quatro quadrantes foi mensurada a menor

distância entre o ponto central até os indivíduos mais próximos (Figura 2). As árvores

foram classificadas de acordo com DAP (diâmetro a altura do peito) sendo aquelas com

DAP inferior a 10 cm classificadas como árvores médias, e as com DAP maiores que 10

Page 25: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

12

cm classificadas como árvores grande. Os arbustos e as palmeiras foram também foram

mensuradas, entretanto, sem restrição de DAP. Assim, em cada quadrante, obtivemos

até quatro medidas de distância, uma por forma de vida. A altura destes indivíduos

também foi tomada para calcular a altura dos estratos.

Figura 2 - Método do ponto-quadrante. Medidas de distância entre o ponto amostral com indivíduos mais

próximos (linhas pontilhadas), de três formas de vida: arbusto, árvore e palmeira, foram tomadas em cada

quadrante (I a IV). Árvores de tamanho médio e tamanho grande foram consideradas duas classes de

forma de vida e medidas separadamente.

Todas as espécies foram identificadas através de comparações feitas com

espécimes incluídas no Herbário Central da Universidade Federal de Mato Grosso.

Nomes científicos foram confirmados usando o site do REFLORA,

http://reflora.jbrj.gov.br.

Com base nos dados de distância, a densidade absoluta de cada espécie em cada

sitio foi calculada (MITCHELL, 2007). Primeiro a média das distâncias (r) árvore-

ponto central em cada sítio foi calculada, somando as distâncias (R) de cada indivíduo

nos 10 (n) pontos e dividindo pelo número de pontos (4 quadrantes x 10 pontos = 40)

(Equação 1).

n

Rr ijj

n

i

4

4

11

Equação 1

Page 26: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

13

n

Rr ijj

n

i

4

4

11

Onde,

n = número de pontos amostrais em cada sítio

4n = número de amostras ou observações, uma para cada quadrante em cada ponto

i = cada sítio amostral, onde i = 1, ..., 8

j = um quadrante em um ponto amostral, onde j = 1, ...,4

R ij = a distância ponto-para-árvore no ponto i no quarto j

Em seguida, a densidade absoluta ( ) de lenhosas em cada sítio (ind.m2) foi calculada

com base na raiz quadrada da média da distância (Equação 2).

Equação 2

A Densidade Absoluta, para a k-ésima espécie no sítio (DAk) foi calculada com a

equação 3 abaixo:

Equação 3

onde: é dado em hectares.

Com base nestes dados, uma matriz de densidade por espécie foi criada para as análises

seguintes e características fitossociológicas das áreas amostrais foram investigadas.

4.2.2 Solo

Características físico-químicas do solo foram determinadas em cada sitio

amostral, com base em três amostras de solo distribuídas próxima aos pontos de

vegetação, coletadas nos primeiros 20 cm de profundidade com o auxílio de um trado

Page 27: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

14

holandês. As propriedades físicas e químicas dessas amostras foram analisadas em

laboratório, de acordo com os procedimentos apresentados pela EMBRAPA (2011).

As amostras de solo coletadas, após secas ao ar e peneiradas foram analisadas. O

pH foi determinado com eletrodo de vidro com proporção de solo-água igual a 1:2,5,

sendo determinados em diferentes soluções, de água, cloreto de cálcio e cloreto de

potássio.

A composição granulométrica (textura do solo) foi determinada pelo método de

densímetro, após dispersão com NaOH 0,1N, sendo que a fração mais grosseira (areia)

foi identificada por tamisagem. A percentagem de matéria orgânica do solo foi

determinada no fotocolorímetro, após combustão úmida com dicromato de potássio e

ácido sulfúrico. Alumínio, cálcio, magnésio e manganês permutáveis foram extraídos

com a utilização de KCl 1M e determinados por titulação com NaOH 0,025 N, num

primeiro momento e EDTA 0,025 N, em seguida.

O fósforo, potássio, sódio, cobre, ferro e zinco foram extraídos com solução

Mehlich 1 (HCl 0,05 M + H2SO4 0,0125 M), sendo o fósforo determinado por

fotocolorimetria (molibdato de amônio), enquanto o potássio, sódio, cobre, ferro e

zinco, por espectrofotometria de absorção atômica.

A análise da umidade gravimétrica do solo (%) foi adquirida através da

diferença do peso úmido e seco das amostras. Para isso as amostras foram pesadas, em

seguida levadas a estufa com temperatura variando entre 105ºC a 110ºC, onde

permaneceram por 72 horas, e pesadas novamente. As amostras de solo foram

colocadas em pequenos potes de alumínio, vedadas e levadas ao Laboratório de Física

do Solo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), para pesagem e secagem do

material.

O valor dos atributos do solo de cada sitio amostral foi considerado a média dos

três valores obtidos em cada amostra. Estes valores foram submetidos ao teste de

correlação de Pearson (p<0,05), a fim de excluir variáveis com alta correlação (>0.70)

nas análises subsequentes e assim evitar interpretações imprecisas dos dados.

4.3 Análise de dados

4.3.1 Padrões de Variação na Composição de Espécies e Identificação de Grupos

Florísticos

Page 28: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

15

Análise de Coordenadas Principais (PCoA) foi realizada com dados de

densidade de espécies log-transformados. Com base nestes dados, tal como nos estudos

realizados por Gauch (1982); Dillon e Goldstein (1984); Bernstein et al. (1988); Manly

(1994); Jongman et al. (1995) onde uma matriz de dissimilaridade foi calculada com o

índice de Bray-Curtis, a fim de visualização dos padrões de variação na composição das

espécies de plantas na área de estudo.

A PCoA é uma técnica de ordenação multivariada podendo ser aplicada quando

as relações entre as variáveis não são lineares, é uma generalização do PCA (Análise de

componentes principais) (MANLY, 1994; JOGMAN et al., 1995) . Enquanto a PCA

preserva apenas distância Euclideana, a PCoA preserva qualquer medida de distância.

Sendo assim, a linearidade entre as variáveis não é uma premissa da PCoA, o que a

torna uma técnica apropriada a dados de abundância de espécies (LEGENDRE e

LEGENDRE, 2012).

Em seguida, análise de agrupamento foi rodada com os escores dos dois

primeiros eixos da PCoA pelo método k-mean, no software R, versão 3.3.3, 2016, a fim

de definir as associações florísticas e estruturais locais, que identificam distintas

comunidades de planta. Esta análise particiona as n amostras em k grupos, sendo a soma

dos quadrados entre pontos designados para centros do grupo sejam minimizadas. O

algoritmo utilizado nesta análise é de Hartigan e Wong (1979).

A partir da definição dos grupos florísticos, uma análise de espécies indicadoras

foi utilizada para identificar fortes associações específicas com estas comunidades. Esta

análise se baseia na abundância e fidelidade de cada espécie com uma comunidade

(Dufrêne e Legendre, 1997) e foi realizada no programa R, usando a função IndVal da

biblioteca labdsv (ROBERTS, 2013).

4.3.2 Gradientes Edáficos e suas Relações com a Vegetação

Modelo Linear Generalizado (GLM) foi utilizado para avaliar a relação entre a

variação na abundância e composição das espécies de planta, representada pelos eixos

da PCoA, e a riqueza de espécies, com variáveis edáficas, selecionadas após avaliação

de multicolinearidade. GLM é uma generalização da regressão de mínimos quadrados

ordinária, que relaciona a distribuição aleatória da variável dependente no experimento

(a função de distribuição) com a parte sistemática (não aleatória) (ou preditor linear)

através de uma função chamada função de ligação (AGRESTI, 2007).

Page 29: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

16

Novamente foi usado o software R, versão 3.3.3, 2016 usando a função GLM,

considerando a distribuição gaussiana e função de ligação ―identity‖. A significância

das variáveis edáficas em explicar a variação em abundância de plantas foi analisada

usando o teste F na análise de variância (anova).

4.3.3 Relações Fitogeográficas

Influencias fitogeográficas das espécies identificadas foram investigadas através

da literatura, usando a divisão proposta por Pott e Pott (2009) das seguintes regiões ou

biomas: Cerrado, Amazônia, Chaco, Floresta Estacional, Mata Atlântica, Pantanal e

várias combinações biogeográficas. Em seguida, uma matriz de porcentagem de

espécies pertencentes a cada uma das seis regiões fitogeográficas presentes em cada um

dos oito sítios amostrais foi utilizada na PCoA, usando índice de dissimilaridade de

Bray-Curtis, a fim de visualização dos padrões de variação da vegetação associados a

suas influencias fitogeográficas ou regionais. Aquelas espécies com relação com mais

de um bioma foram contadas mais de uma vez no mesmo sitio, em cada uma de suas

regiões de ocorrência. O eixo da PCoA resultante foi utilizado nas análises seguintes

como variável preditora para avaliar se os agrupamentos florísticos locais são afetados

pelas influencias fitogeográficas das espécies, como sugerido por Pott e Pott (2009).

Page 30: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

17

5. RESULTADOS

5.1 Gradientes estruturais e florísticos do componente lenhoso e suas relações com as

condições hidro-edáficas

Um total de 80 espécies foram encontradas na área de estudo, distribuídas em 65

gêneros e 33 famílias (Anexo I). A família com maior número de espécies foi Fabaceae,

totalizando 10 espécies, seguidas das famílias Bignoniaceae, Malvaceae, Polygonaceae

e Rubiacea com 6 espécies cada. Essas cinco famílias juntas respondem por 52% do

total de espécies amostradas, sendo que somente a Fabaceae obteve 15%.

A PCoA dos dados de densidade destas 80 espécies resultou em dois eixos

explicando 60% do gradiente da vegetação (Figura 3). O primeiro eixo de ordenação,

que explica a maior parte da variação dos dados (37%), separou as espécies que

ocorrem em ambientes florestais, daqueles presentes em ambientes savânicos (Cerrado).

Com base na similaridade florística e estrutural dos oito sítios, mostrada no

biplot da PCoA, seis (6) assembleias de planta foram identificadas e, posteriormente,

confirmadas usando análise de agrupamento (Figura 3). Os seis principais tipos de

vegetação são:

1. Floresta Aluvial Semidecidual (FSD);

2. Cerrado Sensu Stricto (CSS);

3. Floresta Estacional Decidual (Mata Seca) (FD);

4. Arbustal (ARB);

5. Floresta Monoespecífica (Vochysia divergens Pohl) (FM); e

6. Savana Estépica (SE).

Page 31: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

18

Figura 3 - Análise de Coordenadas principais representando os principais gradientes de vegetação da

planície de inundação. Com base nas relações florísticas e estruturais, seis comunidades de plantas foram

identificadas: A e E - Floresta Aluvial Semidecidual; B e D - Cerrado Sensu Stricto; C - Floresta

Estacional Decidual; G - Floresta Monoespecífica; e F - Savana Estépica.

Do total de espécies, 31 espécies ocorreram de forma exclusiva nas formações

vegetais, sendo 13 espécies exclusivas da Floresta Semidecidual, 7 em Arbustal, 4 em

Floresta Monoespecífica, a Floresta Decidual e o Cerrado Sentido Restrito com 3

espécies cada e a Savana Estépica com 2 espécies exclusivas. As outras 51 espécies

foram compartilhadas em duas ou mais formações. Apenas três espécies estiveram

presentes em todas as fisionomias: Bactris glauscences, Combretum laxum e Psychotria

carthagenensis.

A relação entre o gradiente de vegetação, expresso pelo primeiro eixo da PCoA,

com as variáveis não redundantes: percentagem de areia, saturação por bases, umidade

do solo e conteúdo de fósforo no solo foi testada na GLM (Figura 4). De acordo com a

análise, houve relação significativa entre o gradiente de vegetação e apenas umidade do

solo (p-valor = 0.03). Nesta relação observa-se que, em geral, as áreas que mantem

maior umidade do solo durante a estação seca, são as florestas próximas a cursos de rio

ou baias, ou sobre depressões na paisagem que inundam por longos períodos ao ano.

Nestas áreas a umidade do solo é de 11% a 18%.

As áreas de maior déficit hídrico foram savana estépica, florestas secas e

arbustal. A textura do solo não influenciou fortemente o conteúdo de umidade retido

durante a seca, com solos muito argilosos, como o arbustal (67% argila), ou muito

arenosos como a Savana estépica (73% areia), essa última apresentando baixíssima

umidade do solo (2%). Apesar da fertilidade do solo não ser determinante do gradiente

Page 32: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

19

composicional e estrutural da vegetação, ela está fortemente associada a presença de

algumas comunidades de planta, como a floresta seca.

Figura 4. Modelo Linear Generalizado mostrando a relação entre gradiente de abundância de espécies de

planta lenhosas e variáveis ambientais: areia, saturação por bases, umidade do solo e fósforo (P).

Além da umidade do solo, o teor de fósforo no solo foi significativamente

determinante do padrão de riqueza de espécies na planície inundável (P < 0.05). A

riqueza de espécies apresentou relação positiva com umidade do solo e relação negativa

com o teor de P (Figura 5). Nas áreas onde o valor da umidade foi elevado, pôde-se

observar o aumento do valor da riqueza. Como por exemplo, na Floresta Aluvial

Semidecidual, com altos valores de umidade do solo (25%) e riqueza de espécies (31).

Nessa mesma fisionomia vegetal também se nota (Tabela 1) que o teor de fósforo está

diretamente correlacionado ao valor da riqueza de espécies, ou seja, quanto menor o

teor de P (mg dm-3

) maior é a riqueza da área.

Page 33: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

20

Figura 5 - Modelo Linear Generalizado mostrando a relação entre Riqueza de espécies de planta

lenhosas e variáveis ambientais: areia, saturação por bases, umidade do solo e fósforo (P).

5.2 Definição e descrição dos habitats

As seis comunidades de planta identificadas aqui apresentaram diferenças em

parâmetros estruturais e florísticos, associados à sua distribuição no gradiente

ambiental. Na Tabela 1 estas diferenças, assim como os caracteres específicos de cada

habitat são descritos.

Tabela 1 - Características florísticas e estruturais de seis fitofisionomias no Pantanal.

Espécies indicadoras de cada tipo de vegetação são mostradas e, em parêntese, o índice

de espécie indicadora mostrando seu grau de afinidade com a comunidade.

Tipos de Vegetação

Variável Cerrado

SS

Arbustal Savana Estépica Floresta Decidual Floresta

Aluvial

Semidecidual

Floresta

Monodominante

VARIÁVEIS AMBIENTAIS

Areia (%) 34 15 73 32 34 40

Silte (%) 14 18 6 15 14 13

Argila (%) 52 67 21 53 52 47

Umidade do

solo (%) 22 14 12 19 25 26

Page 34: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

21

Fertilidade do

solo (V%) 32 49 21 55 41 49

pHágua 5 6 5 6 6 6

Fósforo (P),

(mg/dm³) 3 4 2 5 4 7

Mat Org

(g/dm³) 36 47 14 51 48 43

m% 13 0 35 0 2 1

VARIÁVEIS ETRUTURAIS E FLORÍSTICAS

Riqueza 25 15 18 30 31 21

Densidade,

no * m2

5516 4437 2752 1674 2187 902

Área Basal

(m².ha-¹)

15.94 1.55 17.42 27.41 23.06 42.68

Altura de

Copa (m)

17 5.3 14.5 17.3 18.5 19

Nº de estratos

4 2 3 4 4 4

Camada

dominante

Arbusto

Arbusto

Arbusto

Árvore

Árvore

Árvore

Espécies

Indicadoras

Bactris

glaucensce

s Drude

(indval =

0.555)

Amaioua

guianensis

Aubl.

(indval =

0.2865)

Aeschynomen

e histrix Poir.

(indval = 0.5)

Casearia

aculeata

Jacq.

(Indval =

0.2483)

Prosopis

ruscifolia

Griseb

(indval =

0.2264)

Mimosa

chaetosphaer

a Barneby

(indval =

0.044)

. Combretum

laxum Jacq.

(indval =

0.05)

Thevetia

bicornuta

Müll. Arg.

indval =

0.035)

Handroanthus

heptaphyllus

(Vell.) Mattos

(indval =

0.6316)

Erythroxylum

anguifugum

Mart.(indval=

0.4528)

Bauhinia

bauhinioides

(Mart.)

J.F.Macbr

(indval=

0.2835

Callisthene

fasciculata Mart

(indval = 0.4056)

Cordia glabrata

(Mart.) A. DC

(Indval = 0.2783).

Astronium

fraxinifolium Sch

ott.

(indval=0.2542)

Handroanthus

impetiginosus(Ma

rt. ex DC.) Mattos

(indval=0.225)

Spondias

mombin L.

(indval =

0.35)

Coccoloba

mollis Casar

(indval =

0.3)

Guazuma

ulmifolia Lam

(indval =

0.2089)

Myrcia fallax

(Rich) (indval

= 0.2)

Vochysia

divergens Pohl (in

dval = 0.9283)

Licania minutiflora

(Sagot) Fritsch

(indval = 0.7)

Coccoloba

cujabensis Wedd

(indval =

0.3978)

Byrsonima

crassifolia (L.)

Kunth (indval =

0.3728)

Licania parvifolia

Huber (indval =

0.3585)

Mouriri elliptica

Mart. (indval =

0.3306)

Peritassa

dulcis (Benth.)

Miers

(indval = 02)

Brosimum

lactescens

(S.Moore)

C.C.Berg (Indival

= 0.1826)

Page 35: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

22

5.2.1. Cerrado Sensu Stricto

Figura 6 - Cerrado Sensu Stricto.

Essa fitofisionomia apresenta dois estratos bem definidos: 1) estrato inferior,

composto por uma camada descontínua de gramíneas e espécies subarbustivas; 2)

estrato superior, composto por espécies arbóreo-arbustivas, que variam entre 0,2 a 8 m

de altura, em média. Porém existem espécies nessas áreas, como Handroanthus

heptaphyllus e Tabebuia aurea, que atingem mais de 15 metros de altura. A densidade

de indivíduos é a mais alta dentre as áreas, com 5.516 individuos por hectare. A

despeito disto, a área basal total é baixa (15,9 m2.ha

-1), indicando a predominância de

indivíduos de fuste fino e baixa estatura, entre 1,5 a 4 metros. Dentre as árvores e

arbustos indicadores dessa fitofisionomia estão: Bactris glaucensces (indval = 0,55) e

Amaioua guianenses (indval = 0,29) (Tabela 1).

Os solos dessa formação vegetal são distróficos, com 32% de Saturação por

Bases (V), ácidos (5,4), e apresentam os baixos teores de matéria orgânica (36 g/dm³) e

fósforo disponíveis (3 mg/dm³), apresentando textura argilosa (52%). A umidade do

solo fica baixa durante a época de menor precipitação, com cerca de 22 % de umidade

(Tabela 1).

Page 36: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

23

Figura 7 – Percentagem de Umidade e Fertilidade (V%) do solo nas seis fitofisionomias fertilidade x

riqueza

5.2.2. Arbustal

Figura 8 - Arbustal.

A vegetação característica desta formação é dominada por indivíduos arbustivos

de pequeno porte, com altura média de 5,3 metros, densamente agrupados e

ramificados. A riqueza de espécies é a mais baixa dentre as áreas, de apenas 15

espécies. Entre as espécies indicadoras desta vegetação destacam-se: Aeschynomene

histrix (Indval = 0.5), Casearia acuelata (Indval = 0.24), Prosopis ruscifolia (Indval =

0.2264), Mimosa chaetosphaera (Indval = 0.20), Thevetia bicornuta (Indval = 0.16) e

Combretum laxum (Indval = 0.21).

Page 37: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

24

O pombeiro (Combretum laxum Jacq.), espécie altamente tolerável a inundação,

dá a característica a essa fitofisionomia, comumente chamado de pombeiral, áreas que

permanecem inundadas por até 6 meses. Apesar de apresentar valores baixos umidade

(14%), o solo se mostrou fértil em comparação com outras áreas (V = 49%) e com a

maior concentração de argila dentre as áreas, 67%. Estas áreas inundadas por longos

períodos, acumulam grande quantidade de matéria orgânica (46.5 g/dm³).

5.2.3. Savana Estépica

Figura 9 – Savana Estépica.

A Savana Estépica se caracterizou pela predominância das famílias: Fabaceae e

Bignoniaceae, sobretudo, das espécies Handroanthus heptaphyllus (piúva do Pantanal)

e Macherium hirtum (espinheiro), cujas abundâncias relativas foram de 63% e 34%,

respectivamente. Apesar da densidade de indivíduos ser semelhante a encontrada em

áreas florestais (2.752 ind.ha-1

), a riqueza de espécies foi baixa, com apenas 18 espécies

amostradas. As espécies indicadoras dessa formação vegetal foram: Handroanthus

heptaphyllus (indval = 063), Bauhinia bauhinioides (indval = 0.28), Erythroxylum

anguifugum (indval = 0.45). Ainda que M. hirtum (Indval = tenha sido visto em maior

frequência nesta formação do que nas demais (frequência relativa de 0,40), sua

abundância relativa foi semelhante a áreas de cerrado ss (0,32) e floresta decidual

(0,32), fazendo com que esta espécie não tenha sido considerada indicadora desta

formação.

Page 38: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

25

Por estar situada numa posição da paisagem mais elevada e devido a presença de

solos com alto teor de areia (73%), o déficit hídrico nesta área é enorme, sendo a

umidade relativa do solo em setembro de 12%. Os solos são os mais pobres, com

saturação por bases de 21%, os mais ácidos (pH = 5,1) e com alto teor de alumínio (m%

= 35%). A textura arenosa do solo reflete o baixo teor de matéria orgânica (14 g/dm³) e

fósforo disponível (2 mg/dm³).

5.2.4. Floresta Estacional Decidual (Mata Seca)

Figura 10 – Floresta Estacional Decidual.

A formação vegetal desse habitat se caracteriza por espécies arbóreas que

atingem até 17 metros de altura, sendo constituída, sobretudo por indivíduos entre 6 a

10 m, entre as espécies que caracteriza o dossel dessa formação está a Cordia glabrata e

Handroanthus impetiginosa (Indval = 0.22). No período da seca a percentagem de perda

de folhas chega a mais de 50% dos indivíduos, podendo ser observados a dominância de

carvoeiros (Callisthene fasciculata - Indval = 0.40) e gonçaleiros (Astronium

fraxinifolium – Indval = 0.25) nesse habitat.

Apresentou um elevado teor de matéria orgânica (51 g/dm³), o maior entre as

áreas amostradas. Em função da riqueza de nutrientes disponíveis no solo deste habitat,

a soma de bases e a saturação de bases se apresentaram com valores mais elevados do

estudo, 7,1 cmolc/dm³ e 55%, respectivamente. A umidade do solo de 19% é uma das

mais baixas dentre as comunidades.

Page 39: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

26

5.2.5. Floresta Aluvial Semidecidual

Figura 11 – Floresta Aluvial Semidecidual.

A Floresta Aluvial Semidecidual se caracteriza pela sua localização próximo à

margem de rios e corixos, pela dominância de indivíduos arbóreos, formação de dossel

contínuo, e presença de elementos arbustivos em seu sub-bosque, lugar marcado pela

alta densidade da palmeira Attalea phalerata (acuri). As espécies arbóreo-arbustivas

variam entre 2 a 17 m de altura. Entretanto, a maioria dos indivíduos possui entre 5 a 15

m de altura, que em geral é mais alta que nas matas secas. Junto com a Floresta

Decidual (30 espécies), está entre os dois tipos de vegetação mais ricos em espécies

lenhosas, com 31 espécies. As espécies indicadoras, característica desta formação, são:

Spondias mombim (Indval = 0.35), Coccoloba mollis (Indval = 0.3), Myrcia fallax

(Indval = 0.2) e Guazuma ulmifolia (Indval = 0.20.)

De acordo com a classificação de Prado (2005), estas florestas estão sobre solos

mesotróficos, com 41% de saturação por bases e acidez moderada (pH = 5,7). A textura

do solo é argilosa (52%), e a umidade do solo retida durante a seca é a segunda maior

dentre as formações vegetais (25%), ficando abaixo apenas da Floresta Monoespecífica.

O alto teor de matéria orgânica (48 g/dm³) se contrapõe com a baixa disponilidade de

fosfóro (3.85 mg/dm³).

Page 40: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

27

5.2.6. Floresta Monoespecífica (Vochysia divergens Pohl)

Figura 12 – Floresta Monodominante.

Chamado popularmente de Cambarazal, essa formação vegetal se caracteriza

pela dominância da espécie Vochysia divergens (Indval = 0.92), e de outros indivíduos

arbóreos de médio e grande porte (Licania parvifolia - Indval = 0.35). Na floresta

monoespecifica, a riqueza e a densidade de indivíduos são relativamente baixas, 21

espécies e 902 individuos por hectare.

Com período de inundação de até 8 meses no ano, o solo apresenta uma elevada

umidade (25%) e fertilidade (V=50%) e consequentemente um estoque de nutrientes

que corrobora para o rápido desenvolvimento da planta.

A altura do dossel dos Cambarazais ultrapassa a 20 m, formando uma vegetação

densa na copa das árvores. As espécies indicadoras dessa vegetação são: Coccoloba

cujabensis (IndVal = 0.39), Byrsonimia crassifolia (IndVal = 0.37), Mouriri elliptica

(IndVal=0.33), Peritassia dulcis (IndVal = 0.20), Brosimum lactescens (IndVal = 0.18)

e Licania minutifolia (IndVal = 0.70).

A textura do solo observada na área do cambarazal é média (25% de argila), com

um pH (6) e elevado teor de P disponível, 7,4 mg/dm³ (o maior valor amostrado)

corroborando para um solo mesotrófico e úmido. (PRADO, 2005)

Duas espécies arbóreas são indicadoras e apresentaram maior representatividade no

valor de ―Indval‖ em todo o estudo, V. divergens (Indval = 0.92) e Licania minutiflora

(Indval = 0.7). Estas florestas, apesar de mais pobres em espécies do que as florestas

Page 41: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

28

deciduais e semideciduais possuem alta área basal ocupada por lenhosas, devido a

predominância de grandes árvores de Vochysia divergens.

5.3 Afinidades fitogeográficas da flora local

Das 80 espécies encontradas na paisagem estudada, cinco (5) estão relacionadas

exclusivamente a flora Amazônica, três (3) do Cerrado, duas (2) Chaco, duas (2)

Pantanal e 21 de ampla distribuição nos Biomas. As demais espécies ocorrem em

combinações de dois ou três biomas (Tabela 03).

As espécies de influência Amazônica, como Licania parvifolia, Mouriri

guianensise Vochysia divergens, ocorreram predominantemente na Floresta

Monodominante, mas também apareceram em outras formações como de Cerrado sensu

stricto e Floresta Semidecidual Aluvial, ambos ambientes sujeitos a inundações

sazonais.

As três espécies de influência única do bioma Cerrado foram Handroanthus

heptaphyllus, Mouriri elliptica e Vernonia scabra. Exceto por M. elliptica que

ocorreram em diferentes fitofisionomias na área de estudo; as demais ocorreram

exclusivamente em fisionomias de Cerrado, como Cerrado Senso Stricto e Savana

Estépica, o que sugere que algumas espécies se agrupam de acordo com sua influência

fitogeográfica.

As duas espécies com relação fitogeográfica com o Chaco, Muellera sericea e

Prosopis ruscifolia, se distribuíram amplamente nas diferentes formações vegetais,

sendo a primeira indicadora da formação de Arbustais.

Thevetia bicornuta e Solanum glaucophyllum representaram as espécies de

influência típica do Pantanal. Estas espécies ocorreram fundamentalmente em Arbustal,

local onde a dinâmica de inundação é forte, com extremos de seca e umidade.

As espécies de influência da Mata Atlântica, também apresentaram influência de

outros biomas, como Floresta Estacional, Amazônia e Chaco. Spondias mombin, por

exemplo, que foi indicadora de Floresta Aluvial Semidecidual neste estudo, apresenta

afinidade com os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Floresta Estacional. Astronium

fraxinifolium, espécie indicadora de Floresta Decidual está associada aos biomas Mata

Atlântica, Floresta Estacional e Cerrado. A maior parte das espécies com afinidade com

os biomas Mata Atlântica e Floresta Estacional, e.g., Rollinia emarginata, Hymenaea

courbaril, Strychnos pseudoquina e Trichilia catiguaq ocorreram na paisagem estudada

Page 42: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

29

em Floresta Aluvial Semidecidual. De modo semelhante, mais da metade das espécies

de ampla distribuição nos Biomas ocorreram em Floresta Aluvial Semidecidual.

Mais uma evidência do papel das influências fitogeográficas, relacionadas ao

desenvolvimento de características evolutivas das espécies, na distribuição de lenhosas

na planície de inundação Pantaneira é vista com a espécie Callisthene fasciculata, que

foi indicadora de Floresta Seca e apresentou relação fitogeográfica com os biomas

Cerrado e Floresta Estacional.

Tabela 2. Relações fitogeográficas das espécies encontradas neste estudo com os

Biomas Amazônia, Cerrado, Chaco e Mata Atlântica. As formações vegetais onde estas

espécies foram encontradas na planície de inundação estudada são mostradas.

Família Espécies Comunidade

Amazonia

Chrysobalanaceae Licania minutiflora FM

Chrysobalanaceae Licania parvifolia CC/FM

Fabaceae Dalbergia riedelii CC

Melastomataceae Mouriri guianensis FM

Volchysiceae Vochysia divergens Todas exceto FD

Amazonia e Mata Atlântica

Calophyllaceae Calophyllum brasiliense FM

Fabaceae Cassia grandis FSD

Myrtaceae Eugenia egensis CC/FSD

Rubiaceae Amaioua guianensis CC/FD/FSD

Sapindaceae Cupania vernalis FSD

Amazonia, Mata Atlântica e Estacional

Anacardiaceae Spondias mombin L. FSD

Cerrado

Bignoniaceae Handroanthus heptaphyllus CC/SE

Melastomataceae Mouriri elliptica FD/FM/FSD

Vernonia scabra CC/SE

Cerrado e Amazonia

Apocynaceae Bounafusia siphilitica FD/FSD/FM

Celastraceae Peritassa dulcis FM

Erythroxylaceae Erythroxylum anguifugum CC/FM/SE

Malvaceae Sterculia apetala CC/SE

Moraceae Ficus insipida FSD

Myrtaceae Eugenia biflora CC/FD/FSD

Rubiaceae Duroia duckei FM/FSD

Cerrado e Floresta Estacional

Boraginaceae Cordia glabrata CC/FD/FSD

Page 43: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

30

Lauraceae Ocotea diospyrifolia FM/FSD

Malvaceae Pseudobombax tomentosum FD

Rubiaceae Sphinctanthus hasslerianus AR/SE

Rubiaceae Alibertia sessilis FSD/SE

Volchysiceae Callisthene fasciculata CC/FD

Cerrado, Floresta Estacional e Amazônia

Apocynaceae Aspidosperma cylindrocarpon FSD

Arecaceae Attalea phalerata CC/FD/FSD

Chaco

Fabaceae Muellera sericea CC/FD/FSD

Fabaceae Prosopis ruscifolia AR/FD/SE

Chaco e Amazonia

Polygonaceae Coccoloba cujabensis CC/FD/FM/FSD

Polygonaceae Ruprechtia brachysepala AR

Silacaceae Banara arguta FM/FSD

Arecaceae Bactris glaucescens Todas

Floresta Estacional e Amazonia

Clusiaceae Garcinia brasiliensis Mart. FD/FSD

Malvaceae Ceiba samauma FD/FSD

Polygonaceae Triplaris americana FSD

Rubiaceae Genipa americana Todas, exceto AR

Floresta Estacional e Chaco

Arecaceae Copernicia alba SE

Mata Atlântica e Floresta Estacional

Euphorbiaceae Sapium haematospermum AR

Annonaceae Rollinia emarginata FSD

Bignoniaceae Handroanthus impetiginosa CC/FD/FSD/SE

Fabaceae Hymenaea courbaril FSD

Loganiaceae Strychnos pseudoquina FSD

Malvaceae Guazuma ulmifolia CC/FD/FSD

Meliaceae Trichilia catigua FD/FSD

Mata Atlântica, Cerrado e Chaco

Polygonaceae Coccoloba rigida AR/CC

Mata Atlântica, Floresta Estacional e Cerrado

Polygonaceae Coccoloba mollis FSD

Anacardiaceae Astronium fraxinifolium CC/FD/FSD

Pantanal

Apocynaceae Thevetia bicornuta AR/CC

Solanaceae Solanum glaucophyllum Desf. AR

Ampla Distribuição

Apocynaceae Aspidosperma cuspa CC/FD/FSD

Bignoniaceae Handroanthus serratifolius CC/FD/FSD

Bignoniaceae Tabebuia aurea CC/FD/SE

Page 44: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

31

Combretaceae Combretum lanceolatum CC

Combretaceae Combretum laxum Todas

Combretaceae Combretum leprosum FD

Dilleniaceae Curatella americana CC/FSD

Ebenaceae Diospyros hispida CC/FSD

Fabaceae Aeschynomene histrix AR

Fabaceae Andira inermis CC

Fabaceae Machaerium hirtum CC/FD/FSD/SE

Icacinaceae Emmotum nitens FSD

Malpighiaceae Byrsonima crassifolia FM/FSD

Malvaceae Sida santaremnensis SE

Meliaceae Trichilia elegans FSD

Moraceae Ficus gomelleira FSD

Myrtaceae Eugenia florida FD

Nyctaginaceae Neea hermaphrodita FD/FM/FSD

Rubiaceae Psychotria carthagenensis Todas

Silacaceae Casearia aculeata AR/CC

Vitaceae Cissus spinosa AR

Ampla Distribuição, exceto Floresta Estacional

Euphorbiaceae Sapium obovatum FSD

Fabaceae Bauhinia bauhinioides CC/FD/SE

Fabaceae Mimosa pellita AR

Moraceae Brosimum lactescens CC/FM/FSD/SE

Myrtaceae Myrcia fallax FSD

AR: Arbustal, CC: Cerrado Sentido Restrito, FD: Floresta Decidual, FSD: Floresta

Aluvial Semidecidual, FM: Floresta Monoespecífica, SE: Savana Estépica.

Page 45: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

32

6. DISCUSSÃO

6.1. Efeitos dos atributos hidro-edáficos sobre a distribuição das plantas

A planície de inundação estudada abriga um mosaico de comunidade de plantas,

cuja distribuição na paisagem é influenciada pela dinâmica da inundação, de

características geomorfológicas e edáficas do habitat (JUNK et al., 1989; ZEILHOFER

e SCHEESSL, 2000; POTT; POTT e DAMASCENO JUNIOR, 2009; ARIEIRA et al.,

2016). Estudos anteriores têm demonstrado a importância da dinâmica da inundação no

padrão de distribuição das espécies no Pantanal (FERNANDES et al., 2010;

MACHADO et al., 2012; LOVERDE-OLIVEIRA et al., 2013). enquanto que o papel do

estresse hídrico durante a fase seca sobre a riqueza de plantas e estrutura da vegetação

foram pouco discutidos até agora.

Este estudo, mostrou a importância da capacidade de retenção de umidade do

solo durante o período de estresse hídrico no Pantanal, que coincide com o inverno

Austral (julho-setembro), sobre a distribuição em abundância e a diversidade de plantas

lenhosas na planície estudada. A capacidade de retenção de umidade no solo foi

importante para determinar a distribuição de formações abertas nas partes mais secas e

de formações florestais nas partes mais úmidas durante a fase seca e terrestre na área

estudada. Somado a isto, as áreas de maior umidade também foram em geral mais ricas

em espécies lenhosas.

Diferente do esperado, a capacidade de reter umidade pelo solo não é sempre

diretamente relacionada com a duração da inundação no local, mas é afetada pelo

material de deposição fluvial, textura do solo, forma do terreno e cobertura de plantas

(MARCHESE et al., 2005; MACHADO, 2015; NASSARDEN, 2016). Isto significa,

que não só o solo afeta a vegetação, mas que as comunidades vegetais também podem

influenciar em muitos processos biogeoquímicos do solo através de feedbacks

(TOWNSEND et al., 2008). Nas formações vegetais abertas, por exemplo, como

arbustais e cerrado stricto sensu, a área já se encontrava muito seca em setembro

durante as coletas, influenciada pelo baixo sombreamento por árvores; diferentemente

das áreas de florestas, i.e. Monodominante e Semidecidual, onde a copa das árvores

dificultam a penetração de luz solar e evaporação da água, mantendo o solo mais úmido.

Deste modo, as propriedades do solo podem determinar o aumento da biomassa de

certas espécies de árvores, que consequentemente reduzem a disponibilidade de luz e

Page 46: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

33

influenciam os parâmetros de diversidade e composição florística dos habitats (ASSIS

et al., 2011). Já nos ambientes mais abertos, predominantemente savânicos, observa-se a

textura influenciando diretamente na disponibilidade de água para as plantas através do

seu efeito sobre a capacidade de retenção de água (ANTUNES et al., 2012; TOLEDO et

al., 2012; MAGNAGO et al., 2013).

A diferença entre os solos das fitofisionomias estudadas, em termos de química e

textura, demonstrou a influência da heterogeneidade ambiental na paisagem inundável

sobre o mosaico de vegetação. Mesmo não havendo diferenças significativas na

fertilidade do solo sobre a distribuição de plantas, o estudo demonstrou que esta pode

ser determinante na ocorrência de certas formações vegetais, como a savana estépica e a

floresta seca. Enquanto a savana estépica ocupa áreas com alto déficit hídrico e com

altíssimo teor de alumínio e solos distróficos, a floresta seca ocupa áreas de alta

fertilidade. As Florestas deciduais, diferentes das demais florestas encontradas na

planície inundável apresentam aspectos florísticos e ecológicos particulares, sendo por

isso de alto valor para conservação no Pantanal (DUARTE, 2007). A savana estépica,

por outro lado, apresenta em sua flora espécies altamente adaptadas em evitar a perda de

água por evaporação (FONSECA, 2015). É uma das poucas vegetações remanescentes

no território Brasileiro que se assemelha com o Chaco tornando-a importante para a

conservação devido a sua pouca distribuição e especificidade na biodiversidade

brasileira. (SILVA e CAPUTO, 2010)

As características do solo no Cerrado Sensu Stricto se apresentam de acordo com

a classificação de Prado (2005) como mesotrófico, ácidos e pouca disponibilidade de

matéria orgânica e fósforo, com uma textura mais argilosa (52%) do que arenosa (34%)

em seu perfil, características parecidas foram encontradas em estudos realizados por

Gomes et al. (2004), Duarte (2007), e Pinheiro et al. (2009).

Além disso, as múltiplas combinações das diferentes unidades hidro

morfológicas com as diferentes comunidades de plantas herbáceas e lenhosas resultam

em um grande número de macrohabitats (NUNES da CUNHA et al., 2015).

Fonseca (2016) diz que os princípios da análise estrutural da cobertura

pedológica, pode contribuir para a compreensão da distribuição dos solos em

diferentes formas de relevo presentes no Pantanal, onde o ambiente é fortemente

condicionado a ação da circulação lateral das águas e a circulação da mesma entre os

horizontes do solo em decorrência da sazonalidade, o que provoca uma hidromorfia

em todo o perfil do solo.

Page 47: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

34

O papel da umidade foi mais expressivo nas formações savânicas do que nas

florestais, como evidenciado na Floresta Decidual que ocupou as zonas mais secas e

férteis do gradiente hidro-edáfico. Estas alterações nas características edáficas em áreas

ecotonais também foram encontradas em outros estudos no Pantanal (ARRUDA et al.,

2013; VELOSO et al., 2014; NUNES da CUNHA et al., 2015 e MACHADO et al.,

2015;).

O Arbustal também se destaca por apresentar a menor média de área basal dos

indivíduos lenhosos, que se deve, provavelmente, a um conjunto de fatores, como baixa

qualidade nutricional do solo e ação do fogo promovido pelos fazendeiros da região

(NUNES da CUNHA et al., 2015).

Com relação às formações florestais, a Floresta monoespecífica apresentou

maior frequência de indivíduos maiores e maior área basal, apesar da baixa densidade.

A longa duração da inundação dessa área, entre 6 a 7 meses (NUNES da CUNHA et al.,

2015) e o estrato superior bem definido sobretudo de V.divergens limita o crescimento

de espécies localizadas no sub-bosque (zona sombreada) ressaltando a maior

importância na definição da zona eufótica (ARIEIRA e NUNES da CUNHA, 2006).

Lugo (1990) e Arieira e Nunes da Cunha (2006) ainda consideram a altura de

plantas como parâmetro para definição de estandes florestais, pois uma mesma espécie

pode variar amplamente em altura entre diferentes habitats, em função da influência de

diferentes condições ambientais.

A Floresta Decidual apresentou destaque em relação ao parâmetro de riqueza de

espécies, foram verificadas 30 diferentes espécies nesse habitat, apesar da sua baixa

densidade (1.674 m².ha-1

), ou seja, existe uma grande diversidade de espécies, porém

com poucos indivíduos amostrados, em sua maioria árvores com dossel superior não

superando 20 m de altura (BULLOCK e SOLÍS-MAGALLANES, 1990; GENTRY,

1995)

Neste estudo, foram analisados os padrões de distribuição de espécies lenhosas

em relação ao gradiente edáfico em seis formações vegetais no Pantanal. No geral, a

ocorrência do número maior de riqueza de espécies nas formações florestais se deve

pela relação com a umidade e fertilidade do solo. Uma explicação para esse fato é que

os nutrientes disponíveis nesses solos mais orgânicos se tornam mais importantes para a

distribuição das espécies já que os nutrientes disponíveis estão intimamente vinculados

à ciclagem e à serapilheira nesses habitats (PRADO, 1998; DUARTE, 2007;

RODRIGUES, 2015).

Page 48: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

35

Solos com grandes quantidades de MO podem provocar mudanças nas

características físicas, químicas e biológicas do solo, aumentando a aeração e a retenção

de umidade. A MO melhora a estrutura do solo, reduz a plasticidade e a coesão,

aumenta a capacidade de retenção de água e a aeração, permitindo maior penetração e

distribuição das raízes (ALBUQUERQUE, 2003; SANTOS et al., 2015).

Em geral, o substrato predominante entre as formações de cerrado é

caracterizado por solos com baixa fertilidade (distróficos) e, em geral, são mal drenados

(MENDES, 2009). No entanto, solos mesotróficos e eutróficos também são

encontrados, como na área de Arbustal e Floresta seca, respectivamente. A mais alta

fertilidade do solo pode estar relacionada tanto com o material de origem de formação

do solo, quanto a dinâmica de inundação (CORINGA et al., 2012; FONSECA, 2015).

O alto teor de argila no solo impede o escoamento da água, dificulta infiltração e retém

a umidade por mais tempo do que solos arenosos (ANTUNES et al., 2012). Por outro

lado, as florestas secas no Pantanal se encontram geralmente sobre paleo-diques (e.g.

cordilheiras e capões) ricos em nutrientes. A umidade do solo pode estar atrelada a

modificação de pH do meio, pois o oxigênio é consumido pela respiração de

microorganismos, deixando dessa forma H+ livres na solução, diminuindo assim o pH

do meio (KIRK, 2004). Dessa forma a textura do solo também foi um dos fatores que

corroborou com a modificação do pH no solo nas diferentes fitofisionomias, tendo em

vista que a argila possui muitas cargas negativas, interferindo assim na retenção de H+.

Confirmando a tese de

Analisando a vegetação das áreas estudadas, pode-se observar que existe

predominância de alguns estratos dominantes em cada formação vegetal. Assim, se por

um lado as espécies arbustivas (Aeschynomene histrix, Amaioua guianensis, Combretum

laxum, Bauhinia bauinoides) possuem maior número de indivíduos nas áreas de

Cerrado, dando características a esses habitats, nas formações florestais há um

predomínio de estrato arbóreo, com algumas espécies dominando essas fisionomias (e.g.

Attalea phalerata, Spondias mombim, Licania minutiflora, Vochysia divergens).

Essas oscilações entre as espécies dominantes nas fitofisionomias indicam que

há favorecimento à ocupação espacial de algumas espécies, enquanto outras são

restringidas ou menos favorecidas (UHLMANN et al., 1998; FERREIRA-JÚNIOR et

al., 2007). Além de características edáficas, outros fatores, tais como clima, interações

bióticas e distúrbios (antrópicos e naturais) podem estar influenciando a distribuição das

espécies vegetais (NUNES da CUNHA e JUNK, 1996; TOLEDO et al., 2012).

Page 49: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

36

Nas Florestas Estacionais Deciduais estudadas foram amostrados diferentes tipos

solos. Assim, nas formações florestais onde existe uma extensa camada de serapilheira

deixando o solo com maior teor de matéria orgânica são encontrados solos mais férteis,

corroborando com outros estudos que mencionam a forte associação desse tipo

vegetacional com solos relativamente mais ricos em nutrientes (MADEIRA et al., 2009;

ARRUDA et al., 2013, COELHO et al., 2013). Contrapondo com a Floresta

Semidecidual que mesmo com a proximidade a cursos d’agua, sobretudo corixos, os

solos são mesotróficos, apesar da elevada umidade, conferindo-lhe uma característica

singular para esta fisionomia florestal.

De acordo com Salis et al. (2006), a distribuição das espécies arbóreas dos

cerradões e florestas estacionais das cordilheiras do Pantanal não estão relacionadas

somente com as variáveis ambientais, como solo e clima, mas também às ações

antrópicas como retirada de madeira, desmatamentos, criação de gado extensiva e fogo

sistemático podem descaracterizar estas florestas na planície pantaneira.

Os processos de lixiviação e erosão dos materiais areníticos pobres das áreas

elevadas (Savana estépica) são fatores que estão estritamente relacionados ao baixo

potencial químico destes solos (RODRIGUES, 2015).

6.2. Influências fitogeográficas

A diversidade fitogeográfica no Pantanal é relevante devido à convergência de

quatro grandes províncias fitogeográficas da América do Sul: Amazônica, Cerrado,

Mata Atlântica e Chaco (PRANCE e SCHALLER, 1982; ADÁMOLI, 1986).

Este estudo corrobora o suposto por Pott e Damasceno Junior (2009), sobre a

relação entre associação de plantas lenhosas do Pantanal e suas influências

fitogeográficas. Muitas das espécies que ocorreram em áreas de floresta seca, como

Callistene fasciculata, foi associada aos biomas cerrado e floresta estacional. As

espécies de ampla distribuição nos Biomas foram associadas a Floresta Aluvial

Semidecidual, mostrando o papel de corredores de rio na conectividade das espécies de

planta lenhosas com o Pantanal.

A influência da Mata Atlântica no Pantanal ocorreu também associada as

florestas aluviais semideciduais, sendo de caráter não exclusivo de um único Bioma

como mencionado por Pott et al. (2009).

Em trabalhos sobre a influência das florestas Amazônica e Atlântica na

vegetação do cerrado Prance e Schaller, (1982); Pinto e Oliveira Filho, (1999) e Duarte

Page 50: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

37

(2007); relatam que entre os tipos fisionômicos do bioma Cerrado, a mata de galeria é

mais favorável para as espécies oriundas da floresta Amazônica, como o observado nas

áreas estudadas.

A influência da flora Savânica se destaca na composição florística da vegetação

pantaneira, uma vez que o Cerrado ocupa 70% da superfície do Pantanal (ADÁMOLI,

1982). Neste estudo a influência da flora das Savanas foi bastante representativa, com

21 espécies (25,6%). Algumas espécies encontradas foram citadas por Ratter (2006) e

Pott e Damasceno Junior (2009) em seus estudos sobre fitogeografia do Cerrado e

Pantanal, como: Curatella americana, Tabebuia aurea, Astronium fraxinifolium,

Callisthene fasciculata, Cordia glabrata e Amaioua guianensis, essa última, presente

neste estudo como espécie indicadora do Campo Sensu Stricto.

As áreas não inundáveis do Pantanal têm relação com o Chaco e com outras

florestas secas, representadas por espécies como: Cordia glabrata, Handroanthus

heptaphyllus e Erythroxylum anguifugum. Os dois últimos são as espécies mais

representativas da Savana Estépica. Outras espécies de regiões áridas como Combretum

leprosum e Prosopis ruscifolia são mais dispersas e ligam a região do Pantanal com a

Caatinga nordestina (DUARTE, 2007).

Algumas espécies deste estudo são comuns com a Floresta Tropical

Semidecídua Chiquitanía (Bolívia) (KILLEEN et al., 1993): Tabebuia impetiginosa,

Aspidosperma cylindrocarpon e Astronium fraxinifolium. Muitas variações na

distribuição geográfica e na fisionomia que foram observadas tanto no campo como na

literatura é de fundamental importância na composição florística dos remanescentes

florestais (Almeida e Machado, 2006) e serve de subsídio para futuros trabalhos na

Unidade de Conservação.

Page 51: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

38

7. CONCLUSÕES

O presente estudo descreveu seis diferentes formações florestais na RPPN

SESC-PANTANAL Baia das Pedras, além disso, foi verificada a associação entre

alguns atributos das comunidades vegetais, estrutura e diversidade, com características

do solo, em diferentes hábitats. A importância dos fatores edáficos na distribuição de

espécies vegetais também foi avaliada. A área de estudo forneceu um cenário ideal para

investigar tais objetivos, visto a singularidade, biótica e abiótica, existente entre as

fitofisionomias amostradas.

As características pedológicas e fitofisionômicas foram os principais

diferenciadores das formações na RPPN. A reserva possui um amplo mosaico ambiental

e ecológico em condições ecotonais, com extensas áreas de Cerrado e formações

florestais. As singularidades de relevo, solo e vegetação foram evidenciadas para cada

Fitofisionomia.

A Planíce inundável está inserida em um contexto ecotonal entre diferentes

domínios fitogeográficos (Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Chaco), apresentando

uma paisagem constituída por comunidades vegetais distribuídas ao longo de gradientes

ambientais. Vale ressaltar a importância de outros estudos para aprofundar mais as

questões abordadas, a fim de verificar se os padrões encontrados são mantidos em

outras áreas ecotonais semelhantes.

Page 52: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 60: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

47

ANEXO

Lista de famílias e espécies

Fabaceae Aeschynomene histrix

Rubiaceae Amaioua guianensis

Fabaceae Andira inermis

Annonaceae Annona emarginata

Apocynaceae Aspidosperma cuspa

Apocynaceae Aspidosperma cylindrocarpon

Anacardiaceae Astronium fraxinifolium

Arecaceae Attalea phalerata

Arecaceae Bactris glaucescens

Saliacaceae Banara arguta

Fabaceae Bauhinia bauhinioides

Moraceae Brosimum lactescens

Malpighiaceae Byrsonima crassifolia

Volchysiceae Callisthene fasciculata

Calophyllaceae Calophyllum brasiliense

Silacaceae Casearia aculeate

Fabaceae Cassia grandis

Malvaceae Ceiba samauma

Vitaceae Cissus spinosa

Polygonaceae Coccoloba cujabensis

Polygonaceae Coccoloba mollis

Polygonaceae Coccoloba rigida

Combretaceae Combretum lanceolatum

Combretaceae Combretum laxum

Combretaceae Combretum leprosum

Arecaceae Copernicia alba

Boraginaceae Cordia glabrata

Rubiaceae Cordiera humilis

Sapindaceae Cupania vernalis

Dilleniaceae Curatella americana

Fabaceae Dalbergia riedelii

Ebenaceae Diospyros hispida

Rubiaceae Duroia duckei

Icacinaceae Emmotum nitens

Erythroxylaceae Erythroxylum anguifugum

Myrtaceae Eugenia biflora

Myrtaceae Eugenia egensis

Myrtaceae Eugenia florida

Moraceae Ficus gomelleira

Moraceae Ficus insipida

Clusiaceae Garcinia brasiliensis

Rubiaceae Genipa Americana

Page 61: INFLUÊNCIAS LOCAIS E REGIONAIS SOBRE O PADRÃO DE

48

Malvaceae Guazuma ulmifolia

Bignoniaceae Handroanthus impetiginosus

Bignoniaceae Handroanthus heptaphyllus

Bignoniaceae Handroanthus serratifolius

Fabaceae Hymenaea courbaril

Chrysobalanaceae Licania minutiflora

Chrysobalanaceae Licania parvifolia

Fabaceae Machaerium hirtum

Fabaceae Mimosa chaetosphaera

Melastomataceae Mouriri elliptica

Melastomataceae Mouriri guianensis

Fabaceae Muellera sericea

Myrtaceae Myrcia fallax

Nyctaginaceae Neea hermaphrodita

Lauraceae Ocotea diospyrifolia

Celastraceae Peritassa dulcis

Fabaceae Prosopis Ruscifolia

Malvaceae Pseudobombax tomentosum

Rubiaceae Psychotria carthagenensis

Polygonaceae Ruprechtia brachysepala

Euphorbiaceae Sapium haematospermum

Euphorbiaceae Sapium obovatum

Malvaceae Sida santaremnensis

Solanaceae Solanum bonariense

Rubiaceae Sphinctanthus hasslerianus

Anacardiaceae Spondias Lutea

Malvaceae Sterculia apetala

Loganiaceae Strychnos pseudoquina

Bignoniaceae Tabebuia aurea

Bignoniaceae Tabebuia elliptica

Apocynaceae Tabernaemontana siphilitica

Apocynaceae Thevetia bicornuta

Meliaceae Trichilia catigua

Meliaceae Trichilia elegans

Polygonaceae Triplaris Americana

Polygonaceae Triplaris gardneriana

Asteraceae Vernonia discolor

Volchysiceae Vochysia divergens