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www.dizerodireito.com.br Página1 INFORMATIVO esquematizado Informativo 667 – STF Márcio André Lopes Cavalcante Processo excluído deste informativo esquematizado por não ter sido concluído: ADI 4414/AL. Julgados excluídos por terem sido decididos com base em peculiaridades do caso concreto: Pet 3030 QO/RO; RMS 28456/DF; MS 28399 AgR/DF. DIREITO CONSTITUCIONAL Ministério Público do Trabalho e ausência de legitimidade para atuar perante o STF O Ministério Público do Trabalho NÃO TEM legitimidade para atuar no STF. A atuação, nesse caso, é feita exclusivamente pelo Procurador-Geral da República, que é chefe do MPU, do qual o MPT faz parte. Vale ressaltar, no entanto, que o STF já reconheceu a legitimidade ativa autônoma do Ministério Público estadual para propor reclamação perante o STF. Comentários O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para atuar no STF. Logo, se for necessário, por exemplo, propor uma reclamação no STF e que seja do interesse do MPT, quem deve manejar essa reclamação é o Procurador-Geral da República. O Procurador do Trabalho não pode atuar diretamente no STF (nem mesmo o Procurador- Geral do Trabalho). O exercício das funções do Ministério Público junto ao Supremo Tribunal Federal cabe privativamente ao Procurador-Geral da República, nos termos do art. 103, § 1º, da CF e do art. 46 da LC 75/93 (Estatuto do Ministério Público da União): Art. 46. Incumbe ao Procurador-Geral da República exercer as funções do Ministério Público junto ao Supremo Tribunal Federal, manifestando-se previamente em todos os processos de sua competência. Assim, o MPT é parte ilegítima para, em sede originária, atuar no STF, uma vez que integra a estrutura orgânica do Ministério Público da União, cuja atuação funcional compete, em face da própria unidade institucional, ao seu chefe, qual seja, o Procurador-Geral da República. LC 75/93: Art. 24. O Ministério Público da União compreende: I - o Ministério Público Federal; II - o Ministério Público do Trabalho; III - o Ministério Público Militar; IV - o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Art. 25. O Procurador-Geral da República é o chefe do Ministério Público da União (...) Página1

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    Informativo 667 STF

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante Processo excludo deste informativo esquematizado por no ter sido concludo: ADI 4414/AL. Julgados excludos por terem sido decididos com base em peculiaridades do caso concreto: Pet 3030 QO/RO; RMS 28456/DF; MS 28399 AgR/DF.

    DIREITO CONSTITUCIONAL

    Ministrio Pblico do Trabalho e ausncia de legitimidade para atuar perante o STF

    O Ministrio Pblico do Trabalho NO TEM legitimidade para atuar no STF. A atuao, nesse caso, feita exclusivamente pelo Procurador-Geral da Repblica, que chefe

    do MPU, do qual o MPT faz parte.

    Vale ressaltar, no entanto, que o STF j reconheceu a legitimidade ativa autnoma do Ministrio Pblico estadual para propor reclamao perante o STF.

    Comentrios O Ministrio Pblico do Trabalho no tem legitimidade para atuar no STF. Logo, se for necessrio, por exemplo, propor uma reclamao no STF e que seja do interesse do MPT, quem deve manejar essa reclamao o Procurador-Geral da Repblica. O Procurador do Trabalho no pode atuar diretamente no STF (nem mesmo o Procurador-Geral do Trabalho). O exerccio das funes do Ministrio Pblico junto ao Supremo Tribunal Federal cabe privativamente ao Procurador-Geral da Repblica, nos termos do art. 103, 1, da CF e do art. 46 da LC 75/93 (Estatuto do Ministrio Pblico da Unio):

    Art. 46. Incumbe ao Procurador-Geral da Repblica exercer as funes do Ministrio Pblico junto ao Supremo Tribunal Federal, manifestando-se previamente em todos os processos de sua competncia.

    Assim, o MPT parte ilegtima para, em sede originria, atuar no STF, uma vez que integra a estrutura orgnica do Ministrio Pblico da Unio, cuja atuao funcional compete, em face da prpria unidade institucional, ao seu chefe, qual seja, o Procurador-Geral da Repblica. LC 75/93:

    Art. 24. O Ministrio Pblico da Unio compreende: I - o Ministrio Pblico Federal; II - o Ministrio Pblico do Trabalho; III - o Ministrio Pblico Militar; IV - o Ministrio Pblico do Distrito Federal e Territrios. Art. 25. O Procurador-Geral da Repblica o chefe do Ministrio Pblico da Unio (...)

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    E o MPE? Se for necessrio propor uma reclamao no STF de interesse do Ministrio Pblico de algum Estado, o MPE possui legitimidade para isso? SIM. No julgamento da Rcl 7358/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 24.2.2011, foi reconhecida a legitimidade ativa autnoma do Ministrio Pblico estadual para propor reclamao perante o STF. Por que o MPE pode propor reclamao no STF e o MPT no? So trs as razes: a) Porque no existe qualquer relao de hierarquia ou dependncia entre o MPU e o

    Ministrio Pblico dos Estados-membros. b) Alm disso, pode ocorrer de o Ministrio Pblico estadual pretender algo no STF com a

    qual a chefia do MPU no concorde. Desse modo, no poderia o MPE ficar dependendo do MPU para chegar ao STF.

    c) Fazer com que o Ministrio Pblico estadual ficasse na dependncia do que viesse a entender o Ministrio Pblico Federal seria incompatvel, dentre outros princpios, com o da paridade de armas, considerando que, em eventual conflito entre o MPE e o MPU, o chefe do MPU (PGR) poderia atuar diretamente no STF, mas no o MPE.

    Processo Plenrio. Rcl 6239 AgR-AgR/RO, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acrdo Min. Rosa Weber, 23.5.2012. Rcl 7318 AgR/PB, rel. Min. Dias Toffoli, 23.5.2012.

    ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Princpio da insignificncia

    possvel a aplicao do princpio da insignificncia para os atos infracionais. Comentrios possvel a aplicao do princpio da insignificncia para atos infracionais? SIM.

    Como regra, o Estado obrigado a aplicar as medidas previstas no ECA considerando que elas possuem carter educativo, preventivo e protetor. No entanto, excepcionalmente, diante de peculiaridades do caso concreto possvel que o Estado deixe de aplicar essas medidas quando for verificado que o ato infracional praticado insignificante (princpio da insignificncia). No razovel que o direito penal (ou infracional) e todo o aparelho do Estado-polcia e do Estado-juiz se movimentem no sentido de atribuir relevncia tpica a situaes insignificantes. Concluso: o princpio da insignificncia aplicvel aos atos infracionais, desde que verificados os requisitos necessrios para a configurao do delito de bagatela. No caso concreto, a segunda turma do STF reconheceu a insignificncia no caso da tentativa de furto de um objeto avaliado em R$ 80,00.

    Posio pacfica

    Trata-se de posio pacfica no STF e no STJ.

    Processo Segunda Turma. HC 112400/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 22.5.2012.

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    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    Justia gratuita

    A assistncia jurdica gratuita pode ser requerida no ato da interposio do recurso. Comentrios Normalmente o pedido de justia gratuita feito na prpria petio inicial (no caso do

    autor) ou na contestao (no caso do ru). A dvida era a seguinte: possvel requerer a assistncia jurdica gratuita no ato da interposio do recurso? SIM. A 1 Turma do STF entendeu que cabvel deferir-se a gratuidade antes da interposio ou como pleito embutido na petio do recurso extraordinrio, salvo se houvesse fraude, como, por exemplo, quando a parte no efetuasse o preparo e, depois, requeresse que se relevasse a desero. O Min. Marco Aurlio afirmou que plausvel imaginar a situao de uma pessoa que, no incio do processo pudesse custear as despesas processuais e, no entanto, depois de um tempo, com a mudana de sua situao econmica, no tivesse mais condies de pagar o preparo do recurso, devendo, ento ter direito de pleitear a assistncia judiciria nessa fase processual.

    Processo Primeira Turma. AI 652139 AgR/MG, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acrdo Min. Marco Aurlio, 22.5.2012.

    Mandado de segurana

    No mandado de segurana, se o impetrante morre, os seus herdeiros no podem se habilitar para continuar o processo. Assim, falecendo o impetrante, o mandado de segurana ser

    extinto sem resoluo do mrito, ainda que j esteja em fase de recurso. Isso ocorre em razo do carter mandamental e da natureza personalssima do MS.

    Comentrios Em regra, quando o autor da ao morre no curso do processo, dever ser analisado o seguinte: a) Se o direito pleiteado na ao for transmissvel: dever ser determinada a suspenso do

    processo (art. 265, I, do CPC) para que se realize a substituio do autor falecido por seu esplio ou pelos seus sucessores mediante o procedimento de habilitao (art. 1.055);

    b) Se o direito pleiteado na ao for personalssimo (intransmissvel): haver a extino do processo sem resoluo do mrito (art. 267, IX).

    No caso do mandado de segurana, a jurisprudncia pacfica do STF e do STJ entende que o falecimento do impetrante causa a extino do MS sem resoluo do mrito por ser intransmissvel, salvo se sua morte ocorrer aps o trnsito em julgado, quando j iniciada a execuo de algum valor reconhecido na sentena. Assim, segundo a jurisprudncia consolidada, no cabe a habilitao de herdeiros em mandado de segurana, quando houver falecimento do impetrante. Falecendo o impetrante, deve o mandado de segurana ser extinto, sem resoluo de mrito (art. 267, IX, do CPC). Mesmo que o mandado de segurana j tenha sido julgado em outras instncias e que esteja apenas aguardando o julgamento de recurso extraordinrio, caso o impetrante morra, o recurso extraordinrio no ter seu mrito apreciado e ser extinto sem resoluo do mrito.

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    Vale ressaltar que os herdeiros podero pleitear o direito que eventualmente possuam por meio das vias ordinrias, ou seja, mediante o ajuizamento de uma ao ordinria. O que no podem continuar o mandado de segurana impetrado pelo falecido.

    Outro precedente no mesmo sentido

    (...) 1. Jurisprudncia do Supremo Tribunal no sentido de no caber habilitao de herdeiros em mandado de segurana. Precedentes. 2. Possibilidade de acesso s vias ordinrias. (...) (RMS 25775 AgR, Relatora Min. Crmen Lcia, Primeira Turma, julgado em 03/04/2007)

    Essa tambm a posio do STJ

    1. A jurisprudncia deste Superior Tribunal de Justia, na esteira de precedentes do excelso Supremo Tribunal Federal, firmou j entendimento no sentido de que, em razo do carter mandamental e da natureza personalssima da ao mandamental, incabvel a sucesso de partes em processo de mandado de segurana. 2. Recurso especial conhecido e provido, ressalvando-se o direito dos herdeiros do impetrante de recorrerem s vias ordinrias. (REsp 112.207/PR, 6. Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJ de 05/11/2001.)

    Processo Primeira Turma. RMS 26806 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 22.5.2012.

    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    Execuo penal

    O art. 127 da LEP determina que, em caso de falta grave, o juiz poder revogar, no mximo, at 1/3 (um tero) do tempo remido.

    Da leitura desse dispositivo legal se infere que o legislador pretendeu limitar somente a revogao DOS DIAS REMIDOS (benefcio da remio), razo pela qual no merece acolhida a

    pretenso de se estender o referido limite aos demais benefcios da execuo. Comentrios O art. 126 da Lei de Execues Penais (Lei n. 7.210/84) estabelece:

    Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poder remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execuo da pena.

    O art. 126 da LEP trata, portanto, da remio (ato de remir).

    O que a remio? Remio ... - o direito que possui o condenado ou a pessoa presa cautelarmente - de reduzir o tempo de cumprimento da pena - mediante o abatimento - de 1 dia de pena a cada 12 horas de estudo ou - de 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho.

    uma forma de estimular e premiar o condenado para que ocupe seu tempo com uma atividade produtiva (trabalho ou estudo), servindo ainda como forma de ressocializao e de preparao do apenado para que, quando termine de cumprir sua pena, possa ter menos dificuldades de ingressar no mercado de trabalho.

    O tempo remido ser considerado como pena cumprida, para todos os efeitos (art. 128).

    Obs: a remio de que trata a LEP com (remio). Remisso (com ss) significa outra coisa, qual seja, perdo, renncia etc., sendo muito utilizada no direito civil (direito das obrigaes) para indicar o perdo do dbito.

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    Remio pelo TRABALHO Remio pelo ESTUDO

    A cada 3 dias de trabalho, diminui 1 dia de pena.

    A cada 12 horas de estudo, diminui 1 dia de pena.

    Obs: as 12 horas de estudo devero ser

    divididas em, no mnimo, 3 dias.

    Somente aplicada se o condenado cumpre pena em regime fechado ou semiaberto.

    Obs: no se aplica se o condenado estiver cumprindo pena no regime aberto ou se

    estiver em livramento condicional.

    Pode ser aplicada ao condenado que cumpra pena em regime fechado,

    semiaberto, aberto ou ainda que esteja em livramento condicional.

    Ateno: perceba a diferena em relao

    remio pelo trabalho.

    Outras regras importantes sobre a remio:

    As atividades de estudo podero ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino distncia e devero ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados ( 2 do art. 126).

    possvel que o condenado cumule a remio pelo trabalho e pelo estudo, desde que as horas dirias de trabalho e de estudo sejam compatveis ( 3 do art. 126).

    O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos, continuar a beneficiar-se com a remio ( 4 do art. 126).

    O tempo a remir em funo das horas de estudo ser acrescido de 1/3 (um tero) caso o condenado consiga concluir o ensino fundamental, mdio ou superior durante o cumprimento da pena ( 5 do art. 126).

    A remio pode ser aplicada para a pessoa presa cautelarmente ( 7 do art. 126). Assim, se o indivduo est preso preventivamente e decide trabalhar, esse tempo ser abatido de sua pena caso venha a ser condenado no futuro.

    A remio ser declarada pelo juiz da execuo, ouvidos o Ministrio Pblico e a defesa ( 8 do art. 126).

    Perda dos dias remidos pela prtica de falta grave (art. 127) A LEP prev, em seu art. 127, que, se o condenado praticar uma falta grave ele perder

    parte dos dias remidos. Esse artigo foi recentemente alterado pela lei n. 12.433/2011. Vejamos o que mudou:

    Art. 127

    Antes da Lei n. 12.433/2011 Depois da Lei n. 12.433/2011

    O condenado que fosse punido por falta grave perdia o direito ao tempo remido, comeando o novo perodo a partir da data da infrao disciplinar.

    No perde mais todo o tempo remido. Agora, se o condenado for punido por falta grave, o juiz poder revogar at 1/3 do tempo remido.

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    A perda de todos os dias remidos sempre ocorria em caso de falta grave.

    Agora, o juiz poder revogar at o limite mximo de 1/3 do tempo remido. No momento de decidir quanto tempo remido ser perdido, o juiz dever levar em considerao a natureza, os motivos, as circunstncias e as consequncias da falta praticada pelo apenado, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de priso,

    Confira a redao atual do art. 127 da LEP:

    Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poder revogar at 1/3 (um tero) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeando a contagem a partir da data da infrao disciplinar. (Redao dada pela Lei n 12.433/2011)

    Caso concreto julgado pelo STF

    Essa limitao de 1/3, prevista no art. 127, s vale para a perda dos dias remidos ou pode ser utilizada por analogia para limitar a perda de outros benefcios da execuo penal? Vamos explicar melhor. Quando um condenado pratica falta grave, a data-base para a concesso de futuros benefcios alterada, recomeando a contagem de tempo para que ele adquira outros benefcios da execuo. Vejamos o seguinte exemplo hipottico: A foi condenado a 6 anos por roubo (roubo no hediondo, salvo o latrocnio). A comeou a cumprir a pena em 01/02/2010 no regime fechado. Para progredir ao regime semiaberto, A precisa cumprir 1/6 da pena (1 ano) e ter bom comportamento carcerrio. No perodo de cumprimento da pena, A trabalhou 90 dias, tendo direito, portanto, a 30 dias de remio, de modo que A completaria 1/6 da pena em 31/12/2010. Ocorre que, em 30/10/2010, A fugiu, tendo sido recapturado em 15/12/2010. A fuga considerada falta grave do condenado (art. 50, II, da LEP). Como A praticou falta grave, seu perodo de tempo para obter a progresso de regime ir reiniciar do zero, descontado, ainda, at 1/3 do tempo remido, conforme o art. 127 da LEP. No caso de fuga, a contagem do tempo recomeada a partir do dia da recaptura. Digamos que o juiz decidiu revogar 1/3 do tempo remido. Nesse caso, revogou 10 dias. Logo, para que A obtenha o direito progresso, precisar cumprir 1/6 do restante da pena, contado a partir de 15/12/2010. At o dia da fuga, A cumpriu 10 meses (includo o perodo remido). Restariam ainda 5 anos e 2 meses de pena. No entanto, considerando a revogao de 10 dias de remio (1/3) faltariam, na verdade, 5 anos, 1 ms e 20 dias. Desse perodo, A ter que cumprir 1/6. Conta-se esse 1/6 do dia da recaptura (15/12/2010). Assim, A atingir 1/6 em 22/10/2011. Em suma, o cometimento de falta grave pelo apenado implica reincio da contagem do prazo para obter os benefcios relativos execuo da pena, inclusive a progresso de regime prisional. Qual era a tese da Defensoria Pblica da Unio e que foi julgada pelo STF? A DPU queria aplicar o art. 127 da LEP e fazer com que o tempo para obter a progresso de regime no recomeasse do zero, mas estivesse limitada a 1/3, que nem ocorre com a perda dos dias remidos.

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    O objetivo da DPU era o de assegurar ao condenado, para todos os benefcios que exigem a contagem de tempo, o limite de 1/3, previsto no art. 127 da LEP. Se a tese da DPU fosse aceita, no exemplo dado, para que A obtivesse o direito progresso, A poderia aproveitar parte do tempo j cumprido antes de cometer falta grave porque o fato de praticar falta grave no poderia zerar a contagem, j que a punio estaria limitada perda de 1/3 do tempo que passou (com base no art. 127). O STF concordou com a tese da DPU? A 2 Turma do STF no concordou com a tese da DPU e decidiu que, pela leitura do art. 127 da LEP, possvel inferir que o legislador pretendeu restringir ao patamar de 1/3 somente a revogao dos dias remidos, no podendo estender esse limite aos demais benefcios da execuo penal. Logo, no possvel aplicar esse art. 127 para os demais benefcios da execuo. A contagem do prazo para a progresso de regime, por exemplo, no foi alterada pela nova redao do art. 127. Assim, no dia que o apenado cometer falta grave, ter que recomear o prazo de 1/6 para obter a progresso. O tempo que ele cumpriu de pena e o tempo remido (descontado at 1/3) continuaro valendo (no sero apagados). No entanto, o apenado ter que cumprir 1/6 da pena que sobrou (ou seja, descontados o perodo j cumprido efetivamente e o remido). Dessa forma, o reincio do prazo para a progresso e a perda limitada dos dias remidos so institutos diferentes. A Lei 12.433/2011 somente limitou a perda dos dias remidos, mas no impediu que o prazo para a progresso fosse reiniciado com a falta grave. Observao importante: Esse julgado extremamente difcil de se entender, especialmente para aqueles que no trabalham constantemente com execuo penal. No necessrio que vocs saibam os detalhes dessa explicao. Por enquanto, o que importante que vocs guardem o seguinte: O art. 127 da LEP determina que, em caso de falta grave, a perda dos dias remidos est limitada a 1/3. Esse limite de 1/3 de desconto do lapso temporal no desconto da pena NO PODE ser aplicado para os demais benefcios da execuo penal, estando limitado remio.

    Outro precedente

    A Segunda Turma do STF j havia decidido da mesma forma: (...) I O art. 127 da LEP, com a redao conferida pela Lei 12.433/2011, impe ao juzo da execuo que, ao decretar a perda dos dias remidos, atenha-se ao limite de 1/3 do tempo remido e leve em conta, na aplicao dessa sano, a natureza, os motivos, as circunstncias e as consequncias do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de priso. II - Por se tratar de lei mais benfica ao ru, deve ser imediatamente aplicada, consoante o disposto no art. 5, XL, da Carta Magna, de modo que o retorno dos autos ao juzo da execuo, para que redimensione a penalidade da revogao do tempo remido pelo trabalho, respeitado o limite de 1/3, medida que se impe. III - Da leitura do dispositivo legal se infere que o legislador pretendeu limitar somente a revogao dos dias remidos ao patamar de 1/3, razo pela qual no merece acolhida a pretenso de se estender o referido limite aos demais benefcios da execuo. IV - Ordem concedida em parte. (HC 110851, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 06/12/2011)

    Processo Segunda Turma. HC 110921/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 22.5.2012.

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    DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR (obs: este julgado somente interessa para os concursos que exigem a matria)

    Priso preventiva

    Mesmo na Justia Militar a decretao da custdia (priso) cautelar deve atender aos requisitos previstos para a priso preventiva no art. 312 do CPP.

    Esses requisitos devem ser demonstrados na fundamentao da deciso,

    no sendo suficiente a mera transcrio das palavras da lei. Comentrios A justia militar deve justificar, em cada situao, a imprescindibilidade da adoo de

    medida constritiva do status libertatis do indiciado ou do ru, sob pena de caracterizao de ilegalidade ou de abuso de poder na decretao de priso meramente processual. Ao decretar a priso cautelar de indiciado ou ru, no basta que o juzo se limite a mencionar as palavras da lei. indispensvel que o magistrado indique razes concretas que demonstrem a excepcional necessidade de adoo dessa medida.

    Processo Segunda Tura. RHC 105776/PA, rel. Min. Celso de Mello, 22.5.2012.

    EXERCCIOS DE FIXAO

    Julgue os itens a seguir: 1) (Juiz TJ-CE/2012) O MP do Trabalho no dispe de legitimidade para atuar perante o STF, atribuio

    privativa do procurador-geral da Repblica. ( ) 2) O STF j reconheceu a legitimidade ativa autnoma do Ministrio Pblico estadual para propor

    reclamao perante o STF. ( ) 3) No possvel a aplicao do princpio da insignificncia para os atos infracionais. ( ) 4) A assistncia jurdica gratuita pode ser requerida no ato da interposio do recurso. ( ) 5) incabvel a sucesso de partes em processo de mandado de segurana. ( ) 6) O art. 127 da LEP, com a redao conferida pela Lei 12.433/2011, impe ao juzo da execuo que, ao

    decretar a perda dos dias remidos, atenha-se ao limite de 1/3 e leve em conta, na aplicao dessa sano, a natureza, os motivos, as circunstncias e as consequncias do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de priso. ( )

    7) A nova redao do art. 127 da LEP, dada pela Lei 12.433/2011, no pode ser imediatamente aplicada, consoante o princpio da irretroatividade da lei penal, disposto no art. 5, XL, da Carta Magna. ( )

    8) Da leitura do art. 127 da LEP, dada pela Lei 12.433/2011, infere-se que o legislador pretendeu limitar somente a revogao dos dias remidos ao patamar de 1/3, razo pela qual no merece acolhida a pretenso de se estender o referido limite aos demais benefcios da execuo. ( )

    9) (Juiz Federal TRF5/2011) De acordo com a jurisprudncia pacificada do STJ, o tempo remido pelo preso no gera mera expectativa de direito, mas direito adquirido. ( )

    10) (Promotor MP-CE/2011) No que concerne remio pelo estudo, correto afirmar que: a) A contagem de tempo ser feita razo de um dia de pena a cada oito horas de frequncia escolar,

    divididas, no mnimo em trs dias. b) As correspondentes atividades somente podero ser desenvolvidas de forma presencial. c) O tempo remido ser considerado como pena cumprida, para todos os efeitos. d) Inaplicvel s hipteses de priso cautelar. e) O juiz, em caso de falta grave, poder revogar at metade do tempo remido.

    Gabarito

    1. C 2. C 3. E 4. C 5. C 6. C 7. E 8. C 9. E 10. letra C