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INFO nº12

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Abril - Junho 2007 Picote: 50 anos

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Page 2: INFO nº12

info

Desde o seu primeiro número, que o destaque em cada edição da Revista Infoera focalizado numa pessoa, num engenheiro de reconhecidos créditos pes-soais e profissionais que, através do seu depoimento, nos comunicava a suavasta experiência e o seu notável conhecimento dando testemunho de umavida dedicada à Engenharia. Foram muitos os ilustres colegas que, ao longodestes três anos, nos enriqueceram com pedaços da sua vida e do seu saber. Com o presente número, inicia a revista Info um novo ciclo na sua jovem exis-tência. O destaque passará a centrar-se numa obra de Engenharia que, pelo seurelevo e importância, merece ser lembrada e evocada, e em torno da qual serãoreunidos diversos depoimentos de alguns dos seus protagonistas, directos ouindirectos. Coube ao aproveitamento hidroeléctrico de Picote a distinção deabrir este novo ciclo da revista. É uma distinção de toda a justiça! Trata-se deuma obra emblemática, de grande envergadura e complexidade, e que envolveuo trabalho de uma enorme equipa de engenheiros e outros profissionais queem conjunto foram capazes de ultrapassar de forma exemplar as dificuldadessurgidas. Picote foi o primeiro escalão a ser construído por Portugal no troçodo Douro Internacional que lhe foi atribuído pelo Convénio Luso-Espanhol de1927, o qual dividiu em duas zonas o troço internacional do rio limitadas pelaconfluência do Tormes (afluente da margem direita), ficando reservada aPortugal a zona de montante. Esta obra notável está em vias de festejar um beloaniversário: escassos seis meses nos separam de se completarem os cinquen-ta anos sobre a entrada em exploração da central. Factor de relevo constituiainda a circunstância de terem arrancado recentemente os trabalhos de reforçode potência da central de Picote que vai passar a dispôr de mais um grupo compotência superior à dos outros três em funcionamento. Este reforço de potên-cia será decisivo para terminar com os descarregamentos a que a barragem erafrequentemente obrigada, em face dos caudais afluentes a Miranda do Douroe, por esta central, turbinados. A finalizar deve acrescentar-se ainda que, numainiciativa inédita, o complexo de Picote está a ser alvo de um processo de clas-sificação como imóvel de interesse público por parte do Instituto Português doPatrimónio Arquitectónico.Neste número da Info surgem ainda outros motivos de muito interesse, comdestaque para o artigo de opinião da responsabilidade do Colégio deEngenharia Florestal sobre a reflorestação da zona Norte, a Engenharia noMundo que evoca o último recorde de velocidade do TGV, além dos diversoseventos da Vida Associativa, reveladores da dinâmica da nossa actividade,como o 7º. Congresso Internacional de Higiene e Segurança no Trabalho e asduas homenagens recentemente levadas a cabo aos engenheiros BarreirosMartins e Augusto Farinas de Almeida. Votos de boa leitura!

António Machado e MouraVogal do Conselho Directivo da Ordem dos Engenheiros - Região Norte

índice4 6Opinião

Destaque

Vida Associativa 3826Engenharia no Mundo

40Disciplina

Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região Norte.Director: Luís Ramos ([email protected].).Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, FernandoAlmeida Santos, Maria Teresa Ponce de Leão, António Machado e Moura, JoaquimFerreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, Hipólito Camposde Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, António FontainhasFernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, Fernando Junqueira Martins,Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo Pinto Rodrigues, AntónioRodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho.Redacção: Susana Branco (edição), Natércia Ribeiro e Paula Cardoso Almeida.Paginação: João Silva.Imagens: Arquivo QuidNovi, EDP e Cannatà e FernandesGrafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi. Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155.www.quidnovi.pt. [email protected]ção trimestral: Abr/Mai/Jun – nº 12/2007. Preço: 2,00 euros. Tiragem: 12 500exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.Contactos Ordem dos Engenheiros – Região Norte:Jorge Basílio, secretário-geral da Ordem dos Engenheiros – Região Norte.Sede: Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto. Tel. 222 071 300. Fax.222002876. http://norte.ordemdosengenheiros.ptDelegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga. Tel. 253269080. Fax. 253269114.Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1º/Fracção AL. Edifício Celas – 5300-252 Bragança. Tel. 273333808.Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1º/sala 1 – 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522.Delegação de Vila Real: Av. 1º de Maio, 74/1º dir. – 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473.

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editorial

Ficha Técnica

Perfil Jovem

3944

Lazer

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46Agenda

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José Castro, coordenador do Colégio Regional de Engenharia Florestal

infoPágina 4 OPINIÃO

Com a publicação a 10 de Abril último dos decretosregulamentares nº 41/2007 e nº 42/2007, relativos aosPlanos Regionais de Ordenamento Florestal do Tâmega e daÁrea Metropolitana do Porto e Entre Douro e Vouga,respectivamente, completa-se o edifício legislativo relativoao ordenamento florestal do território da Região Norte. Taisinstrumentos legais vieram juntar-se aos planos regionais deordenamento florestal do Alto Minho e do Baixo Minhopublicados a 28 de Março (Decretos Regulamentar nº16/2007 e nº 17/2007), ao Plano Regional de OrdenamentoFlorestal do Douro publicado a 22 de Janeiro (DecretoRegulamentar nº 4/2007) e aos planos regionais deordenamento florestal do Nordeste e do Barroso e Padrelapublicados a 7 de Janeiro (Decretos Regulamentar nº16/2007 e nº 17/2007).A Região Norte fica assim dotada das orientaçõesestratégicas relativas ao seu espaço de uso e/ou aptidãoflorestal para os próximos 20 anos, ainda que a sua revisãopontual esteja prevista com intervalos não inferiores a cincoanos. Os Planos Regionais de Ordenamento Florestal –PROFs – são instrumentos legais de gestão territorial quevisam transpor para a escala regional, as orientações dapolítica nacional para o sector estipuladas anteriormente naLei de Bases da Política Florestal (Lei nº 33/96, de 17 deAgosto), vinculando as entidades públicas e definindo osprincípios orientadores a que devem coerência os PlanosEspaciais e Municipais de Ordenamento do Território, estes,então sim, com competências para vincular entidadespúblicas e privadas.Os estudos base estiveram a cargo de consórcios formadospela Direcção-Geral dos Recursos Florestais e aUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a quem se

juntou a Nordeste Rural para o PROF do Nordeste, doDouro, e do Barroso e Padrela, e a Direcção Regional deAgricultura do Entre Douro e Minho para os restantesPROFs do Alto Minho, do Baixo Minho, do Tâmega, e daÁrea Metropolitana do Porto e Entre Douro e Vouga.Para a definição das suas linhas orientadores contribuíramrepresentantes dos principais agentes ligados ao sectorflorestal da Região, com sejam a Administração Pública(Direcção-Geral dos Recursos Florestais, da DirecçãoRegional de Agricultura de Entre Douro e Minho, doInstituto da Conservação da Natureza, da Comissão deCoordenação e Desenvolvimento Regional do Norte,Municípios, Serviço Nacional de Bombeiros e ProtecçãoCivil), as Organizações de Proprietários e ProdutoresFlorestais, as Empresas Especializadas do Sector, bem comoainda os resultados de sessões públicas e temáticas em quese tentou auscultar as expectativas da sociedaderelativamente ao sector e ao espaço de utilização e/ouaptidão florestal.Os objectivos gerais e específicos, traçados para as diversasregiões e sub-regiões homogéneas delineadas nos PROFs,passam por assegurar uma relação sustentada entre osrecursos e o espaço florestal em causa, pela harmonizaçãoda classificação e regulamentação dos espaços florestais aonível dos Planos Directores Municipais, pela recuperação davegetação arbórea local, pelo potenciar da coerênciaecológica das paisagens, bem como pela promoção derefúgio para a biodiversidade. Para conseguir a sustentabilidade do espaço florestal daRegião Norte, os PROFs preconizam a escolha de espéciesem equilíbrio com as condições locais, dando particularatenção à necessidade de relocalização do pinheiro bravo,

O OrdenamentoFlorestal da RegiãoNorte

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info Página 5OPINIÃO

ao alargamento das áreas de espécies de cariz mediterrânicoresistentes e/ou adaptadas às condições de secura inerentesàs alterações climáticas e à formação e protecção dos solosflorestais mediante a utilização de espécies resinosas emregiões de montanha, em conjunto com o reforço dosapoios à florestação e à beneficiação da floresta deprotecção.Os PROFs reconhecem a coerência ecológica das paisagensflorestais (mosaícidade e compartimentação) comocondição base para uma resiliência acrescida do territóriorelativamente à propagação de incêndios. A sua potenciaçãopassa pela recuperação da vegetação arbórea local, pelaprotecção de espaços florestais sensíveis, pela conservaçãodos bosques autóctones, pela promoção da beneficiação emdetrimento da arborização, assim como pela ampliação dasajudas à manutenção de maciços de espécies autóctones.Particular atenção é dada a estruturação dos corredores quecomunicam a rede de espaços protegidos constituídos porÁreas Protegidas, Sítios Natura 2000, e Zonas Especiais deProtecção de Aves e Habitats. Trata-se de regular ciclosecológicos, condicionado a actividade florestal em defesadas linhas de água, promovendo pastagens melhoradas eoutros incentivos à silvopastorícia, bem como medidas deordenamento do território que visam contrariar o êxodo daspopulações rurais para as grandes urbes. Por outro lado,preconiza-se o emparcelamento das áreas ardidas para areabilitação do espaço florestal, bem como o reforço dossistemas de detecção e de prevenção de incêndios e amelhoria das condições de circulação no interior dasprincipais manchas florestais.Para cada sub-região homogénea foram definidas asprioridades das alternativas para a utilização do espaçoflorestal: a produção florestal; a conservação de habitats ede espécies de fauna e flora, e geossítios; a protecçãoflorestal; o recreio e enquadramento estético da paisagem; ea silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores.Para a consecução do ordenamento do espaço florestal sãocolocadas metas para os próximos 20 anos, condiçõesnecessárias para atingir os objectivos do presente processode planeamento. Essas metas traduzir-se-ão no aumento doespaço florestal arborizado em 12% no Nordeste, 7% noBarroso e Padrela, 6% no Douro, 4% no Tâmega, 3% naÁrea Metropolitana do Porto e Entre Douro e Vouga, 1% noBaixo Minho e 1% no Alto Minho.Espera-se agora que todo este Planeamento passe do papelpara o terreno. Para tal, o primeiro passo será divulgá-lo deforma ampla e a todos os possíveis interessados. Tal comosucedeu recentemente com o Inventário Florestal, aguarda-

se por isso a disponibilização dos PROFs mediante umaplataforma webSIG que permita ao seu utilizador finalreconhecer rapidamente as prioridades estipuladas paraqualquer espaço florestal da Região Norte. Tal instrumento,a ser dotado de interactividade, permitirá a comunicaçãoentre a tutela e os utilizadores em geral, de forma aconcretizar uma administração aberta e transparente. Destaforma dispor-se-á de informação rápida e actualizada sobreos indicadores do processo de planeamento, os recursosacessíveis às entidades públicas e privadas paraconcretização de acções, e informação complementar sobreos agentes de promoção, aconselhamento e controle, entreoutra, inerente a cada região ou sub-região homogénea.Os PROFs representam um enorme desafio para a RegiãoNorte, no qual estarão envolvidos todos os actores ligadosmais ou menos directamente à actividade económicabaseada no espaço florestal. Entre estes, os EngenheirosFlorestais serão actores a quem estará reservado um papelmaior. Pese embora a estrutura representativa da EngenhariaFlorestal da Região não tenha sido chamada a assumirresponsabilidades directas durante o processo deplaneamento, cremos constituirmos um parceiroincontornável para o Ordenamento Florestal da RegiãoNorte responsável e com garantias de qualidade. Para tal énecessário que a tutela, bem como a sociedade em geral,exijam dos Engenheiros Florestais, a responsabilidade pelosactos de Engenharia Florestal inerentes à consecução dosPROFs da Região Norte. Só assim poderemos todos nofuturo, usufruir de uma Floresta que cumpra plenamente assuas funções económicas, sociais e ambientais.

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Aproveitamento hidroeléctrico de Picote

infoPágina 6 DESTAQUE

Apresentação

Construída entre 1954 e 1958, a Barragem de Picote situa-se notroço internacional do rio Douro, num impressionante estran-gulamento do seu profundo vale. Mas a barragem é apenas umdos elementos que integra um conjunto mais vasto e complexodenominado por aproveitamento hidroeléctrico. Localizadoperto da povoação com o mesmo nome, no concelho deMiranda do Douro e distrito de Bragança, o aproveitamentohidroeléctrico de Picote encontra-se ainda implantado num valebem pronunciado pelas suas margens íngremes. Com umapotência instalada de 195 MW e uma produção média de cerca

de 1000 GWh/ano, Picote foi o primeiro aproveitamento portu-guês no rio Douro. Um aproveitamento que utiliza o desnívelde cerca de 69 m existente entre o seu próprio nível de reten-ção normal – cota 471 m – e o nível de retenção do aproveita-mento de Bemposta (situado a jusante), tendo a sua albufeirauma extensão aproximada de 21 quilómetros (km) e uma capa-cidade total de 63 milhões de m3, dos quais apenas 13 milhõessão turbináveis em exploração normal.O aproveitamento hidroeléctrico de Picote compreende a barra-gem, sobre a qual se dispõe o descarregador de cheias, a cen-tral subterrânea, os edifícios de comando e de descarga e asubestação implantados, na margem direita.

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info Página 7DESTAQUE

A BarragemCom 92, 3 m de corda no coroamento, entre encontros, aBarragem de Picote é do tipo abóbada de dupla curvaturasimétrica. O raio de curvatura a montante decrescedesde 85, 4 m no coramento até 54, 5 m. Face ao vale profundamente encaixado, de margensmuito abruptas, principalmente abaixo da cota 475, amorfologia de canhão é típica com o fundo do vale amais de 400 m.A barragem tem uma altura máxima acima das fundaçõesde 100 m e uma espessura na base da consola central de17,5 m. Imediatamente a jusante da barragem e em conti-nuidade hidráulica uma estrutura em contrafortes decabeça maciça forma a soleira e o salto de “ski” do des-carregador.Os materiais inertes para o fabrico de betão foram obti-dos a partir da britagem mecânica do granito provenientedas escavações da barragem e da central. O cimento utilizado “Portland” modificado apresentou

valores médios de calor de hidratação (método de disso-lução) de 53 cal/g aos três dias e 69 cal/g aos 7 dias. A dosagem média do betão da barragem foi de 228 kg decimento por m3 de betão.

Descarregador principal de cheiasO descarregador sobre a barragem é constituído porquatro vãos, providos de comportas de segmento de 20m de comprimento e 8,60 m de altura, com um pesoaproximado de 63 toneladas e que permitem no seu con-junto um caudal máximo de 10 400 m3 por segundo.Para a regulação do nível da albufeira e para a evacuaçãode caudais de pequenas cheias, a barragem dispõe aindade uma descarga auxiliar de meio fundo. Dimensionadapara um caudal de 530 m3 por segundo esta descarga,com a entrada situada a 49 m abaixo do nível normal daalbufeira, é constituída por uma galeria circular de 5, 50m de diâmetro, com blindagem metálica, prolongada ajusante por um canal aberto.A descarga auxiliar é munida de uma comporta enseca-deira instalada num poço próximo da boca de entrada ede uma comporta de segmento automática situada noextremo de jusante do troço em galeria em carga.

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Aproveitamento hidroeléctrico de Picote

infoPágina 8 DESTAQUE

CentralTotalizando a potência nominal de 195 MW e turbinando nomáximo 112 m3 por segundo, a central é subterrânea. Tem88 m de comprimento total da caverna, 16,6 m de largura e35 m de altura máxima de escavação, e nela estão instala-dos três grupos de geradores, cada um deles com uma tur-bina Francis de eixo vertical, de 68 402kW e um alternadortrifásico de 72 MVA. A abóbada da central é revestida porum arco de betão simples, com 1,2 m de espessura nofecho. Solidariamente ligadas às nascenças da abóbadabetonaram-se duas paredes contínuas que, funcionandocomo tirantes, servem de suspensão às vigas de apoio doscaminhos de rolamento das pontes rolantes. Cada grupoutiliza tomadas de água e condutas forçadas independen-tes. Os três tubos de aspiração reúnem-se numa única gale-ria de fuga, com 15 m de altura e 12 m de largura, que resti-tui as águas turbinadas sob o trampolim do descarregadorde cheias. Os mesmos tubos de aspiração são providos decomportas do tipo lagarta, servindo para a visita da turbinae para protecção da central.

Totalmente revestido a betão, o perfil longitudinal destetúnel foi estabelecido por forma a evitar a entrada de ar quepudesse atingir os tubos de aspiração.

Edifícios de comando e de descarga e subestaçãoOs edifícios de comando local e de descarga localizam-seem duas plataformas, na margem direita, junto do coroa-mento da barragem. A subestação de transformação15/245/ kV, situada na mesma plataforma do edifício decomando local, dispõe de três blocos de transformadoresmonofásicos de 3x25 MVA. Nesta apenas estão instaladostransformadores, seccionadores e descarregadores desobretensões. Toda a restante aparelhagem está instaladano parque de linhas que se localiza numa plataforma àcota 650 e está ligado à subestação por linha aérea. Dispõede barramento duplo e está actualmente dimensionadopara nove painéis de saída, sendo nesta altura utilizadosapenas oito.Projectado há cinquenta anos, pela empresa Hidro Eléctricado Douro, Picote envolveu um árduo trabalho de uma vasta

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info Página 9DESTAQUE

equipa que envolveu centenas de engenheiros de diversasespecialidades, desde civis, a electrotécnicos, mecânicos,geológicos, agronómicos, minas e ambiente. Juntamente com o então presidente do Conselho deAdministração daquela empresa, Paulo Marques, enge-nheiros como Pedro Nunes, Fausto GonçalvesHenriques, Walter Rosa, Agostinho Álvares Ribeiro,Ferreira Lemos, Cristiano VanZeller, Daniel Pinto daSilva, Afonso Sousa Soares, Moutinho Cardoso, EugénioPimentel, Raul Preza, Quintanilha de Menezes, Vasquese Vasques, Mariares de Vasconcelos, Catela Rola, JoséManuel Oliveira Nunes, formaram a equipa de responsá-veis pelo projecto e construção do aproveitamento dePicote.Com um investimento global na ordem dos 670 mil contos(à época), Picote, é um importante contributo para a satis-fação dos consumos de energia eléctrica nacional, para amelhoria das condições de navegabilidade do rio e para acriação de emprego. De resto, a sua construção e explora-ção, à semelhança dos restantes aproveitamentos doDouro, constituiu e constitui ainda um factor de progressoe desenvolvimento económico e social de uma vasta região.O aproveitamento hidroeléctrico de Picote está integrado noCentro de Produção Douro que inclui ainda os de Miranda(a montante) e Bemposta (a jusante), Pocinho, Valeira,Régua, Carrapatelo e Crestuma-Lever (no curso principal doDouro) e dois aproveitamentos em afluentes, Vilar-Tabuaço(no Távora) e Torrão (no Tâmega). As suas centrais são ope-radas a partir do Centro de Telecomando de CentraisHidroeléctricas, localizado em Bagaúste, na Régua.O Centro de Produção Douro é um dos três centros dadirecção de produção hidraúlica responsável pela explora-ção de alguns dos mais importantes aproveitamentos dosistema produtor hidroeléctrico da EDP Produção – Gestãoda Produção de Energia, S.A.A barragem de Picote, no Douro internacional, e tambéma aldeia do Barrocal do Douro que foi construída a partirda grandiosa obra de Engenharia há 50 anos estão pres-tes a integrar oficialmente a lista de património nacionalclassificado. Um distinção inédita no historial do InstitutoPortuguês do Património Arquitectónico que pela primei-ra vez procede à classificação de uma estrutura destetipo.O que é facto, é que é assustadora a revolução que umaobra desta dimensão provoca onde é implantada. Umaepopeia no Douro Internacional, resultante de uma colabo-ração multidisciplinar retratada nos testemunhos que seseguem.

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Luís Braga da Cruz, engenheiro Civil

infoPágina 10 DESTAQUE

1. As Grandes Barragens em Portugal

Procurando caracterizar a fase pioneira da gesta construtiva dasprimeiras grandes barragens em Portugal é importante apro-fundar o contributo dado por algumas instituições nacionaisque muito fizeram pelo seu desenvolvimento em Portugal epara a afirmação da capacidade técnica nacional neste domínio.Entre estas podemos referir o papel desempenhado, desde ofinal dos anos 40, pelas empresas hidroeléctricas e da própriaDirecção Geral dos Serviços Hidráulicos. A preocupação de dotar o País de um vasto sistema de centroselectroprodutores deu origem a que fosse planeado, projectadoe executado um numeroso conjunto de aproveitamentoshidroeléctricos a partir do início dos anos 50. A circunstânciado território nacional ser dotado de boas características hidroló-gicas e de uma modelação orográfica recortada por vales acen-tuados foi factor favorável à exploração dos nossos recursoshídricos numa perspectiva da sua valorização energética, deforma a dar resposta às incipientes necessidades de desenvolvi-mento industrial português.Um forte desafio técnico foi então colocado à capacidade deconcretização nacional, verificando-se uma activa conjugaçãode esforços para criação de riqueza a partir da exploração derecursos nacionais. Um importante ponto de partida para esse

objectivo foi a constituição de empresas, que tiveram de mobili-zar recursos financeiros privados e o conhecimento técnicoindispensável à boa condução dos processos de estudo dosprojectos e de execução das obras. As três principais empresashidroeléctricas, então constituídas em torno das bacias hidro-gráficas com maior potencial: Zêzere, Cávado e Douro, emula-vam-se entre si com uma preocupação de insinuar qualidadetécnica nos seus aproveitamentos. No princípio, grandes nomes da Engenharia Hidráulica euro-peia passaram por Portugal, deixando a sua assinatura no pro-jecto de algumas das nossas primeiras grandes barragens, taiscomo o francês engenheiro André Coyne (Santa Luzia, Ribeirade Unhais, 1942; Venda Nova, Rio Rabagão, 1951; Castelo doBode, Rio Zézere, 1951; Salamonde, Rio Cávado, 1953), o suíçoprofessor Alfred Stucky (Guilhofrei, Rio Ave, 1938, Andorinhas,Rio Ave, 1945; Pracana, 1951; Penide, Cávado, 1951; Belver, RioTejo, 1952) ou o inglês Sir William Halcrow (Alto Ceira, RioCeira, 1949) 1.No entanto, desde muito cedo a preocupação de internacionali-zar o conhecimento passou a estar presente, procurando facul-tar uma significativa incorporação de valor nacional a esta acti-vidade, por autonomização da responsabilidade técnica quepassou a ser assumida por engenheiros portugueses, a partirde meados da década de 50. Deram disso os primeiros exemplos a Hidro-Eléctrica doCávado com a Barragem de Caniçada (Rio Cávado, 1955), a

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info Página 11DESTAQUE

Hidro-Eléctrica do Douro com a Barragem de Picote (Rio DouroInternacional, 1958), a Hidro-Eléctrica do Zêzere com aBarragem do Cabril (Rio Zêzere, 1954) e a Hidro-Eléctrica daSerra da Estrela com as barragens de gravidade em alvenaria degranito de Vale do Rossim (Ribeira da Fervença, 1956) e daLagoa Comprida (Ribeira da Carriça, 1958). Antes deste período já algumas barragens para aproveitamen-tos hidroeléctricos percursores tinham sido construídas, sendode salientar, na cascata da Ribeira de Niza (pela Hidro-Eléctricado Alto Alentejo), as barragens de Póvoa e Meadas (1928) e doPoio (1932).As preocupações com as condicionantes geológicas estiverampresentes desde essa fase inicial, havendo inúmeros trabalhospublicados na bibliografia técnica relativa ao reconhecimentodas condições geológicas dos maciços de fundação de barra-gens e de atravessamento de túneis de derivação, por parte deeminentes figuras da Geologia portuguesa, como por exemploo professor João Cotêlo Neiva, desde 1953 2 3 4 5 e respeitantesaos primeiros e complexos aproveitamentos hidroeléctricos daexclusiva responsabilidade de engenheiros portugueses – osescalões de Caniçada e Paradela – da Hidro-Eléctrica doCávado. A entrada no sector das barragens da Geologia Aplicada coinci-de precisamente com o referido momento de autonomizaçãotécnica da Engenharia nacional, associando de forma incontor-nável o nome de várias grandes figuras à história das grandesbarragens e obras hidráulicas em Portugal. Pelo lado do sector público é indispensável referir o contributodado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) aoconhecimento técnico do sector das Barragens, da HidráulicaAplicada e da Geotecnia. Criado em 1946, desempenhou umapapel decisivo na investigação sobre o comportamento dassuperestruturas, através da modelização reduzida, do desenvol-vimento de métodos de observação física, da caracterizaçãodos materiais e das técnicas de construção, ou ainda da com-paração dos distintos métodos de cálculo analítico e de avalia-ção do desempenho dos maciços rochosos para as fundaçõesdessas estruturas. Como instituição pública de referência doMinistério de Obras Públicas e de investigação aplicada a activi-dades emergentes na sociedade portuguesa, o LNEC teve umpapel fundamental no desenvolvimento e na consolidação deconhecimentos a elas ligadas. Continuando ainda a abordar o tema das barragens, agora nodomínio das obras hidráulicas para fins agrícolas, mas repor-tando-nos ao período de crescimento económico que se seguiuà Guerra de 1939-1945, é indispensável não esquecer doisoutros sectores da Administração do Estado que fizeram umimportante esforço para dotar o país de infra-estruturas de

suporte aos planos de rega, enxugo e defesa, especial no sul doPaís. Refiro-me concretamente àDirecção Geral dos Serviços Hidráulicos (DGRH) do Ministériodas Obras Públicas, autonomizada em 1944 e à JuntaAutónoma das Obras de Hidráulica Agrícola (JAOHA) criada noMinistério da Agricultura em 1930 e que vem a ser integrada naDGSH em 1949. Qualquer destes serviços foi também umaboa escola de aprendizagem técnica de muitos engenheirosportugueses. Apesar dos aproveitamentos hidroagrícolas, então estudados econcretizados pela sua dimensão e natureza, não serem tãocomplexos como os hidroeléctricos, introduziram em Portugalmuitos aspectos inovadores tanto nas soluções hidráulicascomo nas estruturais. Um ponto muito curioso foi a preferênciadominante pelas barragens de terra, nos esquema de regadio,ao contrário das soluções em betão sempre preferidas nosescalões hidro-eléctricos.Como registo histórico desse período6 podem citar-se, no querespeita à DGRH e integradas no sistema de rega do vale doSorraia, as seguintes barragens: Maranhão (Ribeira da Seda,terra, 1957), Montargil (Rio Sôr, terra, 1958) e Furadouro(Ribeira da Raia, gravidade, 1958) e Gameiro (Ribeira da Raia,terra e gravidade, 1960). Quanto à JAOHA, teria iniciado antes o seu trabalho podendoreferenciar-se como mais significativas as barragens dosseguintes aproveitamentos: Magos (Ribeira de Magos, Ribatejo,terra, 1938), Burgães (Rio Caima, Vale de Cambra, alvenaria degravidade, 1940), Pego do Altar (Ribeira de Santa Catarina,afluente do Rio Sado, enrocamento, 1949), Idanha (Rio Ponsul,gravidade em alvenaria de granito, 1949), Vale do Gaio (RioXarrama, afluente do Rio Sado, enrocamento, 1949). Na sua transição para a DGSH refiram-se as barragens deCampilhas (Ribeira de Campilhas, afluente do Rio Sado, terra,1954) e de Arade (Ribeira de Arade, Silves, terra, 1955).Nesta preocupação de referir os contributos dados às primeirasobras de barragens portuguesas será justo fazer aqui uma refe-rência a um grande projectista português que alcançou prestí-gio internacional e que ficou ligado à Universidade de Coimbracomo catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia – oprofessor Laginha Serafim. É dele o projecto da elegante eesbelta Barragem do Covão do Meio (Ribeira de Loriga, 1953),em arco gravidade, bem como muitas outras especialmente emEspanha (Almendra, no Rio Tormes, afluente do Douro, quedeu origem à segunda maior albufeira espanhola) e no Brasil.Com o decorrer dos anos e a partir da experiência colhida destaprimeira fase os engenheiros de barragens foram progressiva-mente dando conta de como o bom desempenho de uma bar-ragem dependia não só das sua formas estruturais mas tam-

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Luís Braga da Cruz, engenheiro Civil

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bém do grau de conhecimento existente sobre a geologia esobre o presumível comportamento do maciço rochoso queteria de reagir ao sistema de forças transmitidas pela super-estruturas sobre a sua fundação.Em Dezembro de 1969, foi criada a Companhia Portuguesa deElectricidade (CPE) que reuniu as principais empresas do sec-tor eléctrico. Em Junho de 1976 foi criada a Electricidade dePortugal (EDP), que agregou num mesmo grupo empresarialas actividades de produção eléctrica, transporte e distribuição.Passou também a integrar as empresas de menor dimensão eprogressivamente, a nível local, os serviços municipalizados deelectricidade. Foi a partir desta altura que se desvaloriza aimportância da produção hidroeléctrica e se inicia a construçãode centrais termoeléctricas. Entra-se numa fase de maturidadesendo cometida a função de zelar pela conservação das barra-gens que, com algumas dezenas de anos de idade, reclama-vam uma vigilância desdobrada. Os sistemas de monitorizaçãosofreram um forte desenvolvimento e têm continuado a asse-gurar a segurança das barragens.O notável trabalho que o LNEC desenvolveu nestes domíniosespecíficos permitiu o aprofundamento dos conhecimentos,especialmente na Geotecnia e na Mecânica das Rochas, ondeavulta entre outras a destacada figura do engenheiro, cientista,professor e político Manuel Rocha. Foi na sequência desta atitude que as grandes empresas com-preenderam a importância da realização de reconhecimentosgeológicos prévios e sentiram como a caracterização dos maci-ços rochosos da fundação das barragens e de outros trabalhossubterrâneos (túneis, poços, galerias e cavernas para a localiza-ção das centrais, etc.) poderia ser decisivo para o bom desem-penho global do aproveitamento e das suas superestruturas. A interpretação da complexidade geomorfológica da envolventeda barragem e demais componentes de um aproveitamentohidroeléctrico passou a ser um determinante para reduzir osfactores de incerteza que ponderam sobre o comportamentoestrutural de cada infra-estrutura.

2. A Barragem do PicoteCom se referiu, o primeiro empreendimento hidroeléctrico aser executado pela Hidroeléctrica do Douro foi oAproveitamento do Picote.Fazia parte do conjunto dos três escalões no troço do DouroInternacional que pelo Convénio estabelecido com Espanhacoube a Portugal.Por este acordo internacional estabelecido entre os dois paísesos rios internacionais foram objecto de uma avaliação do seupotencial hidrocinético, ponderando afluências médias anuais equedas brutas aproveitáveis. No caso da divisão dos recursos

do Douro Internacional, Portugal ficou com o troço de montan-te, onde construiu os empreendimentos de Miranda do Douro(1961), Picote (1958) e Bemposta (1964), enquanto Espanhaficou com o troço de jusante, apenas nele construindo doisaproveitamentos: Aldeadavila (1963) e Saucelle (1956).O sítio da barragem de Picote corresponde a um dos troçosmais acanhonados do Rio Douro, sendo necessário conceberum circuito hidráulico muito engenhoso com galerias emcarga, uma central subterrânea e uma galeria de restituição,tudo de grande dimensão e de extensão relativamente reduzi-da, que forçou a uma solução cuidadosamente optimizadanum espaço reduzido, no maciço rochoso da margem direita.A Barragem de Picote é de solução em abóbada de dupla cur-vatura, relativamente espessa (com cerca de 10m de espessu-ra mínima), tem 100 m de altura máxima acima da fundação.Um problema especialmente complexo foi projectar um des-carregador de cheia, de quatro pistas, assente no coroamentoda barragem e numa estrutura autónoma de betão, a jusante,capaz de evacuar um caudal de 11.000 m3/seg, de tal formaconcebido que a barragem, vista do exterior parece ser umabarragem de arco-gravidade. Teve responsabilidade especialno seu projecto entre outros o engenheiro Agostinho ÁlvaresRibeiro.Mais tarde foi necessário fazer face ao processo fortementeerosivo, que entretanto se verificou a jusante da barragem, pro-vocado no leito do rio pelo impacto do jacto das descargas decheias.O empreendimento de Picote ficou conhecido pelo cuidadoque foi tido para integrar todas as componentes no conjuntodo projecto. Não podemos esquecer que se tratava de umaregião com uma especificidade cultural muito forte. Nos anos50, estas terras ainda preservavam algumas das mais singula-res relíquias da nossa Etnografia e da nossa Antropologia. Oisolamento permitiu guardar vestígios da língua mirandesa queainda se falava nas aldeias mais próximas. Havia a noção de que o impacto da construção do aprovei-tamento hidroeléctrico de Picote iria ser muito grande.Porém, por isso mesmo, os responsáveis da Hidroeléctricado Douro (faz aqui sentido recordar a figura ímpar doengenheiro Paulo Marques) tiveram uma grande preocupa-ção por integrar as estruturas de apoio á construção – bair-ro, escola, posto de saúde, igreja, pousada, etc. – de formaa respeitar uma envolvente de grande valor social e paisa-gístico através da prévia compreensão sociológica daregião e de uma cuidada intervenção ao nível da arquitecu-ra desses equipamentos e que ainda hoje são reconhecidascomo marcos na arquitectura contemporânea portuguesa(onde é justo recordar nomes como os dos arquitectos

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João Archer de Carvalho, Rogério Ramos e Manuel Nunesde Almeida).O empreendimento de Picote vale a pena ser classificadocomo uma das grandes obras da Engenharia nacional.Corresponde a uma fase dos primórdios da Engenhariadas barragens (primeira metade da década de 50), preci-samente quando a Engenharia portuguesa tinha alcança-do a sua autonomia em relação ao primeiro ciclo de gran-des obras concebidas por engenheiros estrangeiros quetrabalharam em Portugal (engenheiros André Coyne, pro-fessor Alfred Stucky, Sir William Halcrow) na década ante-rior.

Tratava-se de equipas pluridisciplinares de engenheiros quese empenhavam em transferir para Portugal as melhores prá-ticas internacionais, não esquecendo a contribuição do LNEC,criado em 1946, e que era reconhecido pela sua competênciana investigação dos processos de cálculo estrutural, de fun-cionamento hidráulico e de observação do comportamentoda barragem após o primeiro enchimento e na sua explora-ção.Assim se pode concluir que a participação dos engenheiros dediferentes especialidades foi decisiva para a concretização des-tas obras, sendo justo fazer homenagem a todos os que forampercussores nesta gesta.

1 “Large Dams in Portugal”, Portuguese National Committee on Large Dams, LNEC, Lisboa, 19922 Neiva, J. M. Cotelo; “Sobre a Geologia do local da barragem da Caniçada”; 1953;3 Neiva, J. M. Cotelo; “Informação geológica acerca do túnel de Caniçada”; 1953; 4 Neiva, J. M. Cotelo; “Geologia do local da barragem da Paradela”; 1953;5 Neiva, J. M. Cotelo; “Geologia da região que interessa para abertura do túnel de Paradela”; 1953;6 Quintela, António C.; Pinheiro, António N.; Miranda, José C.; “Biblioteca da Direcção-Geral dos Recursos e AproveitamentosHidráulicos 1985; Catálogo Anotado de Documentos Seleccionados”; Ministério do Ambiente e Recursos Naturais; Instituto daÁgua; Lisboa; 1993

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Agostinho Álvares Ribeiro, Professor Catedrático Jubilado de Engenharia Cívil (Hidráulica) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

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Introdução

A Barragem de Picote foi projectada pelos engenheirosCarvalho Xerez, Henrique Granger Pinto, Laginha Serafim eAntónio Silveira, da empresa Hidro Eléctrica do Zêzere(H.E.Z.), onde eu acompanhei os trabalhos aí desenvolvidossobre a mesma barragem e o descarregador das cheias, epela Hidro Eléctrica do Douro (H.E.D.). Fui recebido no dia 1de Outubro de 1953 como engenheiro civil do quadro peloengenheiro chefe da Engenharia Civil da H.E.D., Pedro Nunesque anos depois foi cooperado pelo engenheiro GonçalvesHenriques. Na mesma altura, o engenheiro Brás de Oliveiraera o responsável pelo estaleiro das obras de Engenharia Civilem Picote, enquanto o engenheiro Oliveira Nunes coordena-va os betões e o engenheiro Adriano Caulino de Matos tinhasob sua égide o bairro e os acessos. Nos equipamentos(equipamentos eléctricos, alternadores, grupos, etc.), oengenheiro chefe da especialidade de Electrotécnica, WalterRosa, foi depois cooperado pelos engenheiros Raul Presa eCosta Santos. A Arquitectura estava a cargo do arquitectoArcher de Carvalho (meu primo). Finalmente, a Geotecnia, assondagens e as galerias de reconhecimento foram geridaspelo consultor Walter Weyerman, figura com larga experiêncianas barragens feitas no Douro (em Espanha) e mais tardepelo Professor Catedrático Cotelo Neiva.

Caudais de cheiaA grande cheia do Douro no canhão de Picote, em 1909, foide 7 200 m3/s e o caudal máximo de cheia considerado noprojecto e dimensionamento do descarregador foi de 10400m3/s. A área da bacia hidrográfica é de 63 750 km2.Para dar uma ideia da grandeza destes valores, tem inte-resse compará-los com valores de outros rios conhecidos.A cheia máxima do Douro na Régua, que tem a baciahidrográfica de 91 119 km2, foi de 18 000 m3/s. Esta cheiaé superior à cheia de grandes rios da Europa: No rioRódano, no perfil de Beaucaire com uma bacia hidrográfi-ca de 95 500 km2, a maior cheia conhecida é de 11 000m3/s. Já no rio Danúbio, no perfil de Stein Krene combacia hidrográfica de 96 000 km2, a maior cheia registadafoi de 11 200 m3/s. São, portanto, valores muito inferioresrelativamente aos valores do rio Douro. Tem interessecitar o livro “Aproveitamentos Hidráulicos do Douro”,publicado em Dezembro de 1986 pela Electricidade dePortugal (EDP) e elaborado por alguns dos seus engenhei-ros. Nesta edição estão publicados vários estudos eensaios dos aproveitamentos realizados desde o Douro

Internacional até à foz do rio. Um trabalho, de resto queconstitui uma mais-valia para o país. O leitor, na generali-dade, e o engenheiro, em particular, poderão nesta publi-cação consultar qualquer aspecto ou elemento que neces-sitem. É curioso que este excelente livro inspirou aEspanha, um país com muitos mais aproveitamentos doque o nosso país, a publicar o livro “La Construccion deLos Saltos del Duero1903-1970”, de Álvaro Chapa. Umaedição de 1999, por isso muito mais recente do que aque-le publicado por nós.

Consequência dos caudais de cheia no canhão de PicoteAntes das obras hidroeléctricas feitas em Picote, a jusante

e próximo à barragem, o leito do rio era sempre em rocha.Com a cota a cerca de 390 metros. Depois da exploração edo funcionamento de anos do descarregador o leito baixoupara a cota 370, ou seja 20 metros. Para o caudal máximode projecto, os estudos feitos indicavam um afundamentode mais 10 metros, isto é à cota de 360 metros. Estes eoutros elementos de elevado interesse, e que evidenciam onível da Engenharia portuguesa nos aproveitamentoshidráulicos, estão compilados nos CongressosInternacionais das Grandes Barragens. Os que estão refe-renciados no parágrafo acima foram apresentados por mimem pormenor e com excelentes desenhos num congressorealizado em Istambul, no ano de 1967, na questão 33 dorelatório 19 (cujo extracto publico nesta edição da revistaInfo). Igualmente interessantes são os “ProceedingsRivertech 1996” apresentados por mim e por Rodrigo Maiaem Chicago durante a conferência “Safety of InternationalRivers” relacionada com o risco sobre pessoas e bens, entreoutros aspectos.

Colaboração de engenheiros, arquitectos, médicos e trabalhadoresÉ de todo o interesse referir que em todos estes aproveita-mentos hidroeléctricos do rio Douro houve uma grandecolaboração de todos os que aí projectaram e trabalharam.Assim a colaboração dos arquitectos com os seus superio-res engenheiros foi excelente. No sector onde trabalhei, particularmente na barragem dePicote, o arquitecto chefe projectou as guardas da estradasobre a barragem, de muito valor e beleza e também comgrande segurança, e uma iluminação nocturna de alta efi-ciência. Neste projecto de Picote os arquitectos tiveramigualmente um trabalho meritório no bairro, capela, pousa-da, drogaria, padaria, etc.

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Agostinho Álvares Ribeiro, Professor Catedrático Jubilado de Engenharia Cívil (Hidráulica) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

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Agostinho Álvares Ribeiro, Professor Catedrático Jubilado de Engenharia Cívil (Hidráulica) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

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João Archer de Carvalho - Arquitecto

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A participação dos arquitectos na Epopeiado Douro Internacional

Solicitado para escrever algo sobre a participação dosarquitectos na obra do aproveitamento hidro-eléctrico dePicote, imediatamente me disponibilizei, com gosto, por setratar de um assunto que marcou notoriamente a minhacarreira profissional e ter sido tarefa à qual totalmente meentreguei.Tendo acabado o curso justamente na altura da constitui-ção da empresa Hidro-Eléctrica do Douro – Julho 1953 –foi-me facultada a oportunidade de assumir nessa jovemempresa a responsabilidade da área de Arquitectura, a qualse antevia e desejava abrangente de um vasto campo deactividade. Foi também desde esses primeiros contactosque, a meu pedido, foi acordado que tal acção implicariaparticipação em todos os projectos, desde as primeirasdecisões.E foi nestas condições que todo o trabalho se foi desenvol-vendo, evidentemente com maior ou menor incidência emcada uma das componentes de uma obra com tal grandio-sidade e diversidade de implicações. Ao fim de menos deum ano, os arquitectos Rogério Ramos e Manuel Nunes deAlmeida foram também admitidos, para além de outroselementos ainda em formação, chegando o Departamentode Arquitectura, posteriormente criado já na ElectricidadeDe Portugal (EDP) e após a nacionalização, a dispor denove arquitectos então já trabalhando para todo o país –António Cândido Barbosa, Fernando Paula, Fernando Leal,Mota de Sousa, José Manuel Costa Pereira, Joaquim Joséde Sousa, Hildeberto Secca e António Dias.Mas talvez a parte mais apaixonante do nosso trabalhotenha sido justamente a epopeia do Douro Internacionalque integralmente nos ocupou durante mais de 10 anos,com incidência especial no escalão de Picote.Uma região imponente, extraordinariamente bela e em quetudo faltava, era o campo ideal para jovens arquitectostudo sonharem e, quando um homem sonha… a obranasce! Foram anos de total empenhamento e os resultadossó há poucos anos apreciados e louvados após cerca de 40anos de desconhecimento.Começou-se pelo estudo de um plano geral englobando osvários núcleos e seus acessos: a parte afecta ao centro pro-dutor de energia, a zona habitacional incluindo uma pousa-da com 16 quartos, 5 habitações para pessoal dirigente e50 para pessoal especializado e uma piscina, as instalaçõesde interesse colectivo e social, capela, centro comercial,

escola, armazéns, oficinas, estações de tratamento deágua, etc., para além de todas as habitações e dormitórios,refeitório e posto médico, com carácter desmontável, inte-ressando uma população que chegou quase às 5.000 pes-soas.Mesmo na parte respeitante ao centro de produção deenergia em tudo se colaborou, desde uma epidérmicaintervenção na barragem, que quase se resumiu ao seucoroamento, passando por uma importante participação nacentral, até ao edifício de comando e arranjos exteriores detodo o conjunto.Atente-se que, naquela época, não havia oferta local prati-camente para nada. Mesmo a nível nacional houve necessi-dade de criar e fabricar numerosos componentes para asexigências a que os nossos projectos obrigavam. No entan-to, sempre que possível, recorremos a materiais da regiãocomo a pedra (havia excelente granito na região), a ardó-sia, o xisto, os mármores de Vimioso e outros, em certoscasos fazendo mesmo reviver alguma produção local queestava em declínio.Também no aspecto paisagístico houve a manifesta preo-cupação de respeitar toda a envolvente, aproveitando omais possível o que a natureza nos oferecia e integrandoos novos elementos com especial cuidado na sua implanta-ção, para reduzir ao mínimo a perturbação que a sua intro-dução sempre representa para o “lugar”. Com a colabora-ção do engenheiro silvicultor Moreira da Silva, procedeu-seà recuperação de numerosas áreas afectadas recorrendo anovos arranjos e à introdução de inúmeras plantas e árvo-res, algumas com carácter experimental.É assustadora a revolução que uma obra desta dimensãoprovoca onde se implanta! Situação agravada no caso pre-sente por se tratar de uma região virgem onde há muitasdécadas nada acontecera. Indispensável seria pois avaliarcriteriosamente a situação, tentando minorar os impactesnegativos resultantes. A administração da nossa empresaassumiu tal responsabilidade e sempre se empenhou emincentivar os esforços feitos nesse sentido; assim sendo,também sempre apoiou a nossa intervenção no intuito detudo fazer com a melhor qualidade para que, dentro decustos razoáveis, procurar a excelência das realizações.Para nós, então jovens arquitectos, era uma oportunidadede expressar a modernidade e frescura da nossa formação,um raro desafio com a sonhada abrangência “da colher àcidade”. Foi ainda na linha desta exigência que foram tam-bém chamados à nossa colaboração alguns técnicos eartistas exteriores aos quadros da empresa, como aconte-ceu com os escultores Barata Feyo e Gustavo Bastos, com

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o pintor Júlio Resende e com os arquitectos Luís Cunha ePádua Ramos.A exposição levada a cabo, por iniciativa dos arquitectosMichele Cannata e Fátima Fernandes na cadeia da relaçãodo Porto em fins de 1997, revelou a vastidão do trabalhoexecutado para os aproveitamentos hidro-eléctricos doDouro Internacional, com relevância no que diz respeito aPicote, verificando-se, para além da qualidade dos projec-tos mais referenciados como a pousada, as habitações, apiscina, a capela e o edifício de comando, a envolvência dosector de arquitectura em tudo o que aí foi realizado. Ocatálogo dessa mostra – livro com mais de 200 páginasque recebeu o feliz título de “Moderno Escondido” – dáuma ideia do que foi tal participação, abrangendo mobiliá-rio, alfaias litúrgicas, baixela (com respectiva marca), equi-pamentos, publicações, etc.Para terminar, pretendo destacar uma postura que foi fun-damental para os bons resultados que julgo terem sidoconseguidos, a qual mereceu de todos empenho e atenção– o “espírito de equipa” que sempre se praticou na Hidro-Eléctrica do Douro. Era muito frequente acontecer que, no

fim de um dia de trabalho, se juntassem engenheiros civis,electrotécnicos ou mecânicos, arquitectos e outros profis-sionais (a todos os níveis hierárquicos), para debater esteou aquele assunto, tirar dúvidas, ouvir diferentes opiniões,em suma procurar sempre a melhor solução para os pro-blemas.Tal colaboração pluridisciplinar foi sempre leal, eficaz e

irrepreensível no respeito do papel de cada interveniente.Embora tal espírito possa conduzir a uma certa diluição da“autoria” de qualquer realização, os benefícios colhidoscom tal método foram por todos reconhecidos, sem quetenha sido prejudicada a afirmação profissional de cadaum.Não tendo referido o nome dos variadíssimos engenheiroscom quem partilhamos responsabilidades em toda a obrarealizada, não posso deixar de prestar homenagem aoEngenheiro Pedro Nunes que, na chefia dos “Serviços deEngenharia Civil”, dos quais fazia parte a secção de “edifí-cios e acessos” (onde se integravam os arquitectos), foiuma personalidade decisiva para a exemplar relação de tra-balho que se verificou.

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Carlos de Brito, membro conselheiro da Ordem dos Engenheiros e actualmente membro do Conselho Fiscal da Região Norte da mesma Ordem

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O aproveitamento hidroeléctrico de Picote, no Douro Internacional

Testemunho de “um engenheiro de barragens”

Pertencer à gesta das barragens foi um privilégio para umageração de engenheiros que por lá passaram. O aproveita-mento do potencial de energia oferecido pelos rios dePortugal assumia um desafio para os engenheiros portu-gueses. Era preciso produzir energia eléctrica para o consu-mo dos portugueses e as reservas hídricas do país eramsignificativas, constituindo uma fonte de energia a não per-der. Fonte tanto mais eficaz quanto era de energia renová-vel, tanto mais importante quanto era portuguesa, aliviandoo gasto de divisas com importações de energia.O objectivo era claro e bem definido. Os projectos erammanifestamente de Engenharia multidisciplinar e mesmointerdisciplinar. O critério era bipolar: eficácia e segurança.A abordagem era solidamente alicerçada em conhecimentoscientíficos e na aplicação de técnicas modernas e tradicio-nais, algumas de ponta em termos mundiais, muitas decor-rentes de autênticos trabalhos de pesquisa e de investiga-ção realizados pelos próprios “engenheiros das barragens”.Três bacias hidrográficas se perspectivavam desde logo etrês empresas foram criadas para a sua exploração hidroe-léctrica: Tejo (especialmente o seu afluente Zêzere), Cávadoe Douro. Daí que, face à bacia hidrográfica do Douro – aterceira a ser abordada – fossem elaborados os estudosnecessários ao estabelecimento de um plano geral de apro-veitamentos, no Douro Nacional e no Douro Internacional,este no troço comum a Portugal e a Espanha.Partiu-se, então, para uma epopeia de Engenharia, a juntaràs do Zêzere e do Cávado, começando por Picote, conside-rado o mais rendível aproveitamento hidroeléctrico do troçodo Douro Internacional atribuído a Portugal. Tratou-se derealizar uma grande obra de Engenharia, num terreno muitohostil, subordinada a princípios de hidráulica, de mecânicae de electricidade, ciências dominadas pelos engenheirosdas respectivas especialidades. Mas não só a forma final doempreendimento era determinada por estas engenharias,como a própria concretização construtiva recorria àGeologia, à Geotecnia, à Topografia e às diversas técnicasde Engenharia Civil.Constituiu-se, assim, uma verdadeira escola de Engenhariade aproveitamentos hidroeléctricos, vulgo de barragens –para além das próprias universidades, ainda muito académi-cas – onde umas dezenas de engenheiros foram interagin-

do nas suas várias especialidades e valências e criaram umcorpo de verdadeiros especialistas, tanto na realização des-tas obras como na montagem dos respectivos equipamen-tos electromecânicos.O que hoje se observa em Picote é manifestamente o resul-tado da intervenção de engenheiros a plasmar uma obrahidroeléctrica com uma estética decorrente da combinaçãode ciência e natureza e com objectivos de eficácia e desegurança. Uma estética funcional que não deixa, por isso,de ser estética, senão de ser ainda mais profundamenteestética. Uma obra a cumprir os princípios de MarcoVitrúvio (séc. I, AC): utilidade, solidez e beleza.Não participei directa e pessoalmente no projecto de Picote– cheguei mais tarde – mas senti, e de que maneira, o quefoi uma obra de engenharia de referência para todos osengenheiros que sucessivamente foram trabalhando na“gesta das barragens”, em especial na bacia hidrográfica doDouro.Tive a sorte e a honra de pertencer a um colectivo de enge-nheiros que, com humildade científica e sem necessidadede bajulação individual ou profissional, realizou um conjun-to das maiores obras de engenharia no Portugal contempo-râneo, ao serviço do seu Povo. Daí que personalizar emalguém esta gesta de Engenharia era ofender cada um etodos, que a viveram e pela qual viveram.

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Aproveitamento hidroeléctrico do Douro InternacionalReforço de potência de Picote – Síntese

Ao longo dos anos têm-se vindo a verificar descarregamentosimportantes nos aproveitamentos de Picote e de Bempostadevido, por um lado, às suas pequenas capacidades úteis e, poroutro, aos respectivos níveis reduzidos de dimensionamento. Após os reforços de potência do escalão de Miranda, em explo-ração desde 1995, e do escalão de Ricobayo no rio Esla (o maisimportante afluente da margem direita do rio Douro emEspanha) em 1999, a pressão sobre os aproveitamentos ajusante, principalmente Picote e Bemposta devido ao baixocaudal instalado, torna imprescindível reforçar a potência des-tes aproveitamentos.Assim, o reforço de potência do escalão de Picote visa evitar, deforma económica e utilizando estruturas já existentes, o des-perdício de energia ligada aos descarregamentos impostospelas circunstâncias focadas. Adicionalmente, permite diminuira dependência que a exploração de Castro e Miranda coloca àexploração do escalão de Picote, face à sua localização a jusan-te e ao pequeno volume útil da sua albufeira.A construção de reforço de Picote decorrerá entre 2007 e 2011.Prevê-se que a construção do reforço de Bemposta arranque noinício de 2008, com entrada em exploração no final de 2011.O reforço de potência de Bemposta insere-se na estratégia depromoção e exploração de centros electroprodutores que utili-zam fontes renováveis, nomeadamente, no domínio hídrico, etem em vista os objectivos nacionais de produção de energiaeléctrica por via renovável. Portugal assumiu diversos compro-missos internacionais, nomeadamente os decorrentes doProtocolo de Quioto, em que se obrigou a limitar o aumentodas suas emissões de gases com efeito de estufa em 27% rela-tivamente aos valores de 1990, e da Directiva relativa à promo-ção da electricidade produzida a partir de fontes de energiarenováveis, que estabelece como meta indicativa que a electrici-dade produzida a partir de fontes de energia renovável corres-ponda a 39% do consumo bruto de electricidade em 2010.Mais recentemente, o governo português estabeleceu objecti-vos ainda mais ambiciosos, elevando esta meta para 45%.Além disso, a utilização das energias renováveis assume parti-cular importância pela redução da dependência face aos com-bustíveis fósseis.

Desenvolvimento:O aproveitamento, para Portugal, das potencialidades hidroe-léctricas do troço internacional do rio Douro, definido no âmbi-

to do Convénio Luso-Espanhol, originalmente em 1927, substi-tuído em 1964, encontra-se realizado pela cascata constituída,de montante para jusante, pelos escalões de Miranda, Picote eBemposta, construídos nas décadas de 50 e 60 e que se encon-tram em exploração pela EDP - Gestão da Produção de Energia,S.A. (“EDP Produção”).Neste troço do Douro Internacional as albufeiras têm capacida-des úteis bastante diminutas - 6,0 hm3 em Miranda, 13,3 hm3em Picote e 20,0 hm3 em Bemposta - e, consequentemente,reduzidas capacidades de regularização. Por outro lado, foram realizados, em 1977, o reforço de potên-cia do aproveitamento hidroeléctrico de Castro, em Espanha(actualmente com 620 m3/s de caudal equipado), imediata-mente a montante de Miranda, e em 1995, o reforço deMiranda (com 764 m3/s).Assim, para que a cascata de aproveitamentos portuguesesdo Douro Internacional venha a ter um idêntico nível dedimensionamento, em caudal instalado, os escalões dePicote e de Bemposta deverão ser reforçados. Nessas con-dições, o caudal instalado em qualquer dos três aproveita-mentos da referida cascata seria de cerca de três vezes ocaudal médio actual do rio Douro no trecho onde está insta-lada (240 m3/s, de acordo com o Plano de BaciaHidrográfica do Douro [INAG (1999)]; a mesma fonte indi-ca, ainda, que, na situação natural da bacia hidrográfica, ovalor desse caudal já teria sido de aproximadamente 330m3/s).As obras do projecto de reforço de potência de Picote vãodecorrer entre 2007 (2º semestre) e final de 2011, e espera-seque as obras de reforço de Bemposta possam arrancar no iní-cio de 2008, com entrada em serviço também até ao final de2011.O actual escalão de Picote comporta 3 grupos geradores, comcaudal nominal de 345 m3/s (3x115 m3/s). Com o reforço de potência será instalado um novo grupo comum caudal nominal de 400 m3/s.Obras principais do reforço de potência:central subterrânea (68 m x 23 m), câmara dos transformado-res (19 m x 15 m), tomada de água (100 m a montante), circui-to hidráulico (450 m) e restituição (100 m a jusante), 1 poço decabos e ventilação (170 m de altura e 4,30 m de diâmetro útil),ligação à rede 220 kV; acessos vários e trabalhos de recupera-ção paisagística;2 ensecadeiras (temporárias) e rebaixamento de um troço doleito do rio a jusante. Com a instalação deste novo grupo gerador, com uma potêncianominal de 239 MW, espera-se vir a recuperar 239 GWh deenergia, em ano médio, através da conversão de cerca de 1200

Engenheiros Eduardo Guedes e Abílio Seca Teixeira – Direcção de Desenvolvimento do Negócio da EDP - Produção

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Engenheiros Eduardo Guedes e Abílio Seca Teixeira – Direcção de Desenvolvimento do Negócio da EDP - Produção

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hm3 de caudais que deixarão de ser descarregados, o que equi-vale a cerca de 2/3 de redução desses mesmos caudais descar-regados, quando comparados com o verificado numa sériehidrológica de 40 anos.Para a construção da tomada de água e da restituição seránecessário baixar o nível das albufeiras de Picote e deBemposta, durante alguns períodos de tempo entre 2007 e2011.Nesses períodos de tempo também será necessário limitar ocaudal afluente de Miranda até 250 m3/s, que é a capacidadede vazão da descarga auxiliar de Picote associado ao nível deabaixamento pretendido. A construção dos bocais da tomada de água e da restituiçãopela sua dimensão, volume de trabalho e complexidade vai exi-gir a construção de ensecadeiras, para permitir reduzir os

períodos de condicionamento às albufeiras onde se inserem e,essencialmente, minimizar as perdas de produção das respecti-vas centrais.Os períodos de condicionamento nos níveis das albufeiras dePicote e de Bemposta serão em 2007, 2008 e em 2011, nesteúltimo caso para a demolição das ensecadeiras (Quadro I).Para reduzir o risco de inundação dos trabalhos, estes períodosforam, temporalmente, posicionados em épocas de estiagem enos meses em que existe uma baixa probabilidade dos caudaisafluentes a Picote ultrapassarem a capacidade de vazão da des-carga auxiliar que, para os níveis de retenção referidos, seencontra limitada a cerca de 250 m3/s (Quadro 2).Durante estes períodos as respectivas centrais ficarão fora deserviço, sendo os caudais do rio Douro, em Picote, desviadospela galeria de descarga auxiliar existente.

Quadro I: períodos e cotas máximas de retenção das albufeiras de Picote e Bemposta:

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Em termos de potência emitida para a rede, pode obser-var-se na Figura 1 (potência colocada em % do tempo),para o ano de 2015 e para condições médias de hidrauli-cidade, o efeito da concentração nas horas de ponta, per-

mitida pelo reforço de potência de Picote, e da corres-pondente redução nas horas de vazio, resultantes de umestudo de simulação com o modelo Valoragua.

Figura 1 - Potências colocadas pela central de Picote no ano 2015

Por outro lado, atendendo à importância crescente das con-dicionantes ambientais, é importante referir e contabilizar acontribuição do reforço de potência de Picote para o objec-tivo geral de redução de emissões atmosféricas, nomeada-mente de CO2. O mesmo estudo com o modelo Valoraguareferido atrás, aponta para uma redução de 88 kt nas emis-sões de CO2 devido ao acréscimo de produção em Picote.

Finalmente salienta-se que com a entrada em exploraçãodos reforços de potência de Picote e de Bemposta, ambosprevistos para final de 2011 conforme já referido, conclui-se o projecto de reforço das centrais portuguesas doDouro Internacional, que tinha sido iniciado com o refor-ço da central de Miranda, em serviço desde final de 1995.

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Assembleia Nacionalde Representantes

“Ao fim de 70 anos, não podemos estarreformados. Estamos a começar umanova geração, com novos desafios quese estabelecem na sociedade portuguesado século XXI”. É com este espírito que oBastonário da Ordem dos Engenheiros(OE) enfrenta 2007 e o seu próximomandato. Tudo para que a instituição aque preside seja uma “referência emmuitos domínios” e, mais do que isso,“cumpra a sua missão”.Reforçar a componente técnica dequadros da Ordem para poderresponder, em prazos muitos curtos, aprojectos governamentais é uma dasgrandes prioridades para este ano. Mas agrande preocupação de Fernando Santoé o bom nome dos engenheiros. Por issopretende intervir na alteração legislativa,designadamente ao nível do processo delicenciamento, para que, justifica ainda oBastonário, se possa ter “um quadromuito mais simplificado na atribuição deresponsabilidades aos engenheiros que

são aqueles que têm de dar a cara e quenão podem ficar dependentes de matériaadministrativa. Uma matéria que muitasvezes tem pouco a ver com a Engenhariae está mais ligada a burocratas que estãoempenhados em fazer valer a burocraciaem detrimento da intervenção técnica depessoas competentes”.Estas e outras preocupações foramlevantadas na Assembleia deRepresentantes do Conselho DirectivoNacional, que decorreu a 31 de Março nasede da Região Norte da OE (no Porto) eonde se fez um balanço do ano passado,tendo-se deliberado sobre o Relatório eContas. A mesma ocasião serviu para seproceder à preparação deste ano, com aaprovação do Plano de Actividades eOrçamento, e para a aprovação daproposta de alterações ao Regulamentodas Especializações.Do mandato de três anos de FernandoSanto, agora findo, fica a sensação demissão cumprida, tendo a OEconseguido concretizar alguns dos seusobjectivos mais importantes, comdestaque para a regulamentação da

profissão, que obriga a que seja exigida aidentificação da qualificação profissionale não apenas o título académico. A níveleconómico, os resultados também nãoforam desanimadores: dois milhões deeuros de lucro.Só no ano passado, aquando do seu 70ºaniversário, a OE realizou, entre outrascoisas, 44 acções de formação e/ouseminários; criou um Fundo dePensões; esteve presente em 654 notíciasda comunicação social; acompanhou oProcesso de Bolonha junto do Ministérioda Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,etc. Por isso, as “previsões para 2006 foramlargamente ultrapassadas”, afirma oBastonário, destacando a elevadaparticipação da OE na sociedadeportuguesa e em assuntos de interessepúblico. “É hoje claramente reconhecidoque as nossas posições são ouvidas erespeitadas”, diz ainda Fernando Santo,acrescentando que o “critério, rigor econceitos técnicos que fazem parte dacultura dos engenheiros têm sido muitobem aceites”. A prova disso foi a

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participação da Ordem no debate da RTPsobre o aeroporto da Ota.Para este mandato, o Bastonário deixaum desejo – “continuar o trabalhodesenvolvido” – e uma advertência:“vamos criar mais guerras do que noanterior mandato”.

Assembleia Regionalda OERN

A assembleia regional da Ordem dosEngenheiros da Região Norte (OERN)aprovou por unanimidade o relatório econtas de 2006, bem como o plano deactividades e o orçamento previsto para2007. O presidente da mesa daassembleia regional, Braga da Cruz,presidiu aos trabalhos realizados na sededa OERN (no Porto) no dia 26 de Março,que se iniciaram com a leitura e aaprovação da acta resultante daassembleia regional extraordinária deDezembro do ano passado. Aclassificação pelo Instituto Português doPatrimónio Arquitectónico (IPPAR) da

barragem de Picote como bem deinteresse nacional, em detrimento dopapel dos engenheiros neste projecto, foium dos pontos da acta que suscitou aadvertência do engenheiro Braga da Cruzpara “repor a legitimidade e a autoria aoprojecto que apesar de sermultidisciplinar não invalida o facto de aparticipação dos engenheiros ser única edecisiva”. Sobre esta matéria opresidente do Conselho Directivo daOERN, Gerardo Sariva de Menezes,adiantou que depois de uma cartaenviada ao IPPAR e de um textoesclarecedor sobre a posição da OERNque circulou na internet, o qual obteve asolidariedade de várias delegações e dopróprio Bastonário, “o Colégio Civilcontinua a tomar conta do caso junto deum representante da Ordem dosAdvogados que se mostrou disponívelpara defender os interesses dosengenheiros, nomeadamente tomandoprovidências, como medidas cautelares”,Depois dos esclarecimentos dopresidente do Conselho Directivo daOERN, o engenheiro Braga da Cruz

apelou a uma resposta colectiva porparte da Ordem dos Engenheiros,propondo alterações à classificação dabarragem.Antes mesmo da aprovação do relatórioe contas, o engenheiro Gerardo Saraivade Menezes traçou um balanço positivodas actividades realizadas pela OERN em2006, o último ano do seu primeiromandato. A consolidação de váriosprocedimentos internos; a gestão dainformação, com os investimentos noportal nacional que está em vias deconcretização; o processo deregulamentação da via profissional, querecebeu um bom apoio por parte dadirecção nacional; e as evoluções nodiploma sobre a segurança naconstrução, foram algumas dasiniciativas salientadas pelo presidente doConselho Directivo que sublinhou umafilosofia de continuidade face ao trabalhoiniciado no mandato cessante. Oengenheiro Gerardo Saraiva de Menezesjustificou ainda o investimento feito emvariadas acções: “No processo deformação financiada e não-financiada,proporcionámos mais formaçãocolmatando todas as carências queverificámos, sobretudo nas regiões ondea mesma formação não chegava.Mantemos em curso alguns estudos eedições técnicas e culturais, como foi ocaso do livro sobre a História daEngenharia Civil. Reforçámos as relaçõestransfronteiriças, nomeadamente com otrabalho que temos desenvolvido emparceria com o Colégio de Caminos,Canales e Puertos da Galiza e o IlustreColégio Oficial de Ingenieros Industrialesde Galiza. Finalmente demos particularatenção aos congressos e conferênciasque se foram já reafirmando no Norte dopaís”, referiu. A relação entre Portugal e a Galiza levouo engenheiro Braga da Cruz a lembrar oinvestimento anunciado pelo governo e asublinhar o grande potencial de

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crescimento entre os dois países: “Osengenheiros têm uma importânciadecisiva neste processo de estímulo daeconomia portuguesa”, afirmou. Daassistência, o engenheiro Carlos Brito(vogal do Conselho Fiscal da Ordem)reiterou a mesma ideia, adiantando que“a sobrevivência da Ordem dosEngenheiros da Região Norte deve-se àGaliza”.Da plateia surgiu ainda a ideia daconstituição de um prémio instituídopela Ordem dos Engenheiros queprestigiasse o empreendedorismo dosengenheiros. Uma ideia que o presidentedo Conselho Directivo da OERNprometeu levar à consideração dosdiversos Colégios.Aprovado o relatório e contas, oengenheiro Gerardo Saraiva de Menezesconcluiu os trabalhos afirmando: “nosúltimos três anos foram criadas ascondições para estarmos agora bemposicionados para cuidarmos dosinteresses da Ordem, respeitando ascompetências de todos os órgãos e nestamedida pensarmos de que formapodemos intervir no processo de revisãodos estatutos da Ordem dosEngenheiros”. O presidente do ConselhoDirectivo da OERN deixou ainda “um

agradecimento a todos os quecontribuíram para um esforço conjunto,mesmo aqueles que não vão continuarconnosco”.

Homenagem a Barreiros Martins

Vários apontamentos musicais, deviolino e viola, pontuaram o lançamentoda terceira biografia da série “Memórias”sobre a vida e obra do engenheiro JúlioBarreiros Martins. A cerimónia, que tevelugar no salão Nobre da reitoria daUniversidade do Minho (UM), nopassado dia 21 de Abril, integra o ciclo dehomenagens promovidas pela RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros quecontinua assim a distinguir as grandesobras e vultos da Engenharia.Perante uma plateia repleta e com apompa que a circunstância ditou, osvários oradores convidados evocaram afigura exímia do professor universitário eprofissional de Engenharia Civil. Paulo Cruz, coordenador do livro, referiu-se ao homenageado como “uma pessoacom um perfil profundamente humanistaque detesta visceralmente a burocracia ea mediocridade”. Uma personalidade,

sublinhou, que deve servir de exemplo àprofissão de engenheiro. O presidente do Conselho Directivo daOrdem dos Engenheiros - Região Norte(OE-RN), Gerardo Saraiva de Menezes,elogiou igualmente a postura doengenheiro Júlio Barreiros Martins:“demonstrou sempre uma dedicação àclasse, não por interesse pessoal que nãotem nenhum, mas pelos mais novos ouseja pelo futuro da classe”, lembrou.Numa altura em que o Departamento deEngenharia Civil da UM celebra o seu 25ºaniversário, o presidente da Escola deEngenharia da mesma universidade,António Cunha, realçou o papel doprofessor Barreiros Martins dentro daescola. “Foi sobretudo o responsável porcriar dentro da escola uma cultura derigor e de precisão científica. Nunca éindiferente a nada e é sempre capaz defundamentar muito bem umpensamento”, afirmou. Coube ao engenheiro Sebastião Feyorepresentar o bastonário da Ordem dosEngenheiros que não pode comparecer àcerimónia, através de um comunicadono qual Fernando Santo subscreveu “ojusto reconhecimento de uma vidadedicada à Engenharia e de um homemque entendeu como ninguém o interesse

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público ao serviço de uma sociedade”. Antes de passar a palavra aohomenageado, o reitor da UM,Guimarães Rodrigues, concluiu a sessãoapelidando Barreiros Martins como “umexemplo de humildade e de luta e umreferencial que a universidade e a escolasaúdam”.Finalmente, Júlio Barreiros Martinsagradeceu a homenagem que considerouser não apenas sua mas de todas aspessoas que contribuiram para a suaformação e com quem colaborou.Durante o seu discurso Barreiros Martinsresumiu o seu percurso académico,desde os tempos de estudante até àdocência, e abordou temas como afundação das universidades de LourençoMarques e do Minho e respectivasEscolas de Engenharia, a problemáticada investigação em Engenharia e asobras aeroportuárias (nomeadamente aconstrução da OTA). Uma exposiçãooral que teve ainda lugar para umaremota citação de Confucius, 500 anosantes de Cristo: “ Conhecimento! seexiste deve ser ensinado e posto emprática!”. A frase, segundo o professorBarreiros Martins, “deve ser o lema detodo o docente e investigador emEngenharia”.

Homenagem a AugustoFarinas de Almeida

Augusto Farinas de Almeida, grandevulto da Engenharia de Minas, foi alvo deuma homenagem póstuma no passadodia 17 de Maio, na sede da Ordem dosEngenheiros - Região Norte (OE-RN). Acerimónia, inserida no ciclo dehomenagens promovidas pela OE-RNaos grandes nomes da Engenharianacional, serviu igualmente paraassinalar o lançamento oficial do livro“Memórias” que resume a vida e obra do

engenheiro de minas, professor dos maisilustres da Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto, gestor einvestigador. E foi de resto de memóriasque se revestiu esta homenagem atravésdos testemunhos proferidos pelosoradores convidados, os dois ex-bastonários da Ordem dos EngenheirosHorácio Maia e Costa e Simões Cortez,que exaltaram as qualidades doengenheiro, do professor e do amigo. Na sua intervenção, o engenheiroSimões Cortez sublinhou o trabalhodesenvolvido por Farinas de Almeidaenquanto cientista e investigador,nomeadamente a tese de concurso paraprofessor catedátrico da Faculdade deEngenharia que introduziu em Portugalo estudo do comportamento mecânicodos maciços rochosos e suasconsequências para a exploração deminas: “Esse trabalho, que denominou ‘APressão dos Terrenos em Lavra de Minas- Introdução Geral ao seu Estudo’, foipioneiro em Portugal pois introduziuconceitos e raciocínios que aparecem naliteratura técnica estrangeira mais de

uma década depois”. Além das virtudes profissionais dohomenageado, Horácio Maia e Costaenalteceu ainda o carácter da figura.“Para além de docente universitário, deengenheiro e de gestor o professorFarinas de Almeida era umapersonalidade que se distinguia pelamaneira, muito exigente, de encarar avida em sociedade, estudando ereflectindo sobre os autores e filósofosclássicos de modo a defender ou acontrariar as ideias que nas suaspublicações se encontravam expressas”,afirmou.Em representação do homenageado, oseu filho, Rui Farinas, enalteceu o serhumano e o homem de família: “Erauma pessoa com uma vida interiorintensa”, lembrou. Num retrato familiar,Rui Farinas resumiu a faceta mais íntimada vida do pai, desde as suas raízesespanholas até ao percurso escolar e àopção pela Engenharia de Minas. A constante curiosidade intelectual deFarinas de Almeida foi ainda evocadapelo filho que partilhou com todos os

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presentes o último encontro que tevecom o pai: “No leito da sua morte,lembro-me que falávamos de Economiae o meu pai não descansou enquantonão procurámos num livro o significadodo PIB. De facto ele morreu comosempre viveu, ou seja com um grandeespírito de rigor e necessidade desaber!”.

Tomada de posse da Região Norte da OE

A oficialização da tomada de posse danova direcção da Ordem dosEngenheiros - Região Norte (OERN)marcou o início de mais um ciclo na vidadesta Ordem. Foi desta forma que opresidente reeleito do Conselho Directivoda OE -RN, Gerardo Saraiva de Menezes,abriu o discurso durante a cerimónia queempossou todos os membros eleitospara os órgãos directivos da OERN, parao próximo triénio, e que teve lugar nasede do Porto, no dia 4 de Abril.Com o objectivo de manter o elevadonível de participação da Região Norte

nos processos de gestão e de decisão daOrdem dos Engenheiros, o presidente doConselho Directivo da OERN sublinhouo empenho em cinco domínios deintervenção: A organização,“prosseguindo o investimento nareorganização interna, agora com o saltoda certificação da qualidade, e nodesenvolvimento dos interfaces entre aOrdem e a comunidade e a Ordem e osseus membros”; o reconhecimento daformação, “no sentido do reforço egeneralização da actividade deacreditação da formação, graduada oupós-graduada, percebendo-a mesmocomo uma obrigação perante asociedade face aos preocupantes sinaisde degradação do nível do ensino”; aqualificação profissional, “ no actualquadro regulamentar, assegurandoeficiência de procedimentos naadmissão, rigor e transparência naapreciação das candidaturas”; aregulamentação profissional, “definindoas competências apropriadas à garantiados padrões de desempenho exigíveis,como condição imperativa para aconstrução de um edifício legislativo enormativo sustentável, centrado na

qualidade e no interesse colectivo”; asrelações transfronteiriças, “com interesseno desenvolvimento do intercâmbioprofissional, na avaliação de experiênciasdesenvolvidas em ambientes muitosimilares ao nosso e na necessidade,igualmente através da Engenharia, deinvestirmos no fortalecimento da euro-região que integramos para, por essa via,alcançarmos escala que favoreça odesenvolvimento da comunidade”.Expostas as linhas de acção pela novadirecção da OERN, o engenheiro Bragada Cruz (presidente da mesa daAssembleia) enalteceu o contributo dadopelo presidente do Conselho Directivo“num grande esforço em prol da coesãode todos os engenheiros no espaçoregional norte”. A mesma opinião foireiterada pelo Bastonário da OE,Fernando Santo, que reafirmou asintonia entre o Conselho Nacional e osconcelhos regionais na continuidade daestratégia seguida até ao momento, parao cumprimento dos objectivos nacionais,e que resultou num balanço positivo daOE com um aumentou em 10% os seusmembros efectivos, uma situaçãofinanceira excelente e a criação do fundode pensões. “Devemo-nos preocuparcom o futuro dos engenheiros que têmuma profissão de grande desgaste,muito próxima aos futebolistas. A Ordemdeve pois criar mecanismos de protecçãopara o futuro, assumindo estacomponente social que temos obrigaçãode fazer”, referiu.

7ºCongresso Internacional deSegurança, Higiene e Saúdedo Trabalho

O Congresso Internacional de Segurança,Higiene e Saúde do Trabalho realizou-sepela sétima vez consecutiva entre os dias31 de Maio e 1 de Junho no Centro deCongressos do Porto (Edifício da

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Alfândega). A iniciativa, organizada pelaOrdem dos Engenheiros - Região Norte(OE-RN) em cooperação com aInspecção Geral do Trabalho (IGT) e aAssociação Portuguesa de Segurança eHigiene do Trabalho (APSET), combinou,este ano, sessões plenárias com orado-res convidados e sessões paralelas sobrediversas temáticas.Na sessão de abertura, Paulo Bárcia, daOrganização Internacional de Trabalho(OIT Lisboa) deu a conhecer algunsnúmeros que considera preocupantes.“Em todo o mundo ocorrem por anocerca de 270 milhões de acidentes de tra-balho (mortais e não mortais) e outrastantas doenças profissionais”, disseacrescentando que ao longo dos anos aglobalização é que provocou o agrava-mento. No entanto, esclarece que a pre-venção é primordial e considera impor-tante haver sinergias entre os meios aca-démicos e os profissionais.Em representação do Ministro das ObrasPúblicas, Transportes e Comunicaçõesesteve Hipólito Ponce de Leão, doInstituto da Construção e do Imobiliário(InCi), ex-IMOPPI, que encarou a ques-tão da segurança de uma forma globalpara que exista um máximo de qualida-de. “Apesar do sector da construçãoobter maior sinistralidade a questão nãose fica apenas por aí”, adiantou. Nesteâmbito, lembrou ainda que é preciso“levar à responsabilização dos emprega-dos e do dono de obra pública, bemcomo dos técnicos por aquilo que projec-tam”. Para Hipólito Ponce de Leão abase é a sustentabilidade como sinóni-mo de qualidade, segurança e higiene.O bastonário da Ordem dos Engenheiros(OE), Fernando Santo, esteve representa-do por Sebastião Feyo, vice-presidente daOE. Corroborando com a máxima impor-tância do tema com vista ao melhora-mento das condições de Segurança eHigiene do Trabalho, o bastonário, nodiscurso enviado em papel, sublinhou a

redução do número de acidentes de tra-balho mortais ao longo dos tempos, masconsiderou que “as instituições legaisainda estão longe de dar os contributosque deveriam para uma maior prestaçãoqualificada nesta área de trabalho”.Fernando Santo reconhece uma maiorconsciencialização da sociedade paracom as consequências dos acidentes eos esforços das empresas na reduçãodos risco. Contudo, chama a atençãopara a legislação, que na sua óptica “temgraves lacunas” e considera fulcral oconhecimento das qualificações profis-sionais exigidas para o exercício de taiselevadas funções na área da segurança.“A OE continuará a debater-se para queem matéria de Segurança do Trabalho seexijam o mesmo tipo de competênciasespecíficas tal como em outras áreas”,assegurou.Manuel Roxo, sub-inspector geral do tra-balho, abordou o tema “Avaliação deRiscos – Problemas e desafios”, que serevelou uma fase importante para asegurança e higiene do trabalho.Apresentando os desafios da nova estra-tégia 2007-2012, que aponta para uma

redução de 25% em toda a UniãoEuropeia dos acidentes e das doenças dotrabalho, e dos desafios do papel da ins-pecção do trabalho na avaliação dos ris-cos, Manuel Roxo adiantou que “o pro-blema é complexo e premente. É neces-sário descobrir o melhor caminho”.“A gestão e desenvolvimento de sistemasnacionais para a promoção da SHST”ficou a cargo de Seiji Machida, da OITGenebra, que deu uma panorâmica geraldos principais instrumentos que têmsido adoptados nos últimos dez anos naOIT. Um modelo que se pode traduzirnum desafio a adoptar por alguns países.Bernard Godefroy, da AssociaçãoInternacional da Segurança Social (AISS),falou sobre “Riscos Profissionais naIndústria da Construção” e apresentoualguns exemplos que podem ser segui-dos como modelos de segurança naconstrução. Da AISS, mas do ramoFormação esteve Diane Gaudet com otema “Pela defesa de uma cultura pre-ventiva”, que nos últimos tempos muitose tem debatido. Referindo-se aoProtocolo de Québec, que visa a integra-ção de competências em saúde e segu-

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rança no trabalho, no ensino e na forma-ção profissionais e técnicos (já em 9 paí-ses), e à Declaração de Berlim para odesenvolvimento de uma cultura de pre-venção em saúde e segurança, acentuoua importância da convergência da educa-ção e da formação com o objectivo daprevenção.Já Eusébio Rial-Gonzalez, doObservatório Europeu de Riscos e daAgência Europeia para a Segurança e aSaúde no Trabalho referiu-se aos “Riscosemergentes”. “Quando falamos emsegurança no trabalho não devemosesquecer a saúde”, disse apresentandoas diferenças entre os riscos dos aciden-tes e das doenças profissionais, que serevelam menos tangíveis e com efeitos alongo prazo. Neste âmbito, alertou paraos factores psicossociais, perturbaçõesmúsculo-esqueléticas e cancros relacio-nados com o trabalho.Durante os dois dias de congresso, queconseguiu cerca de 450 participantes,tiveram lugar diversas sessões de traba-lho paralelas, das quais foram tiradasalgumas conclusões, entre as quais anecessidade de mais investigações sobrecausas de acidentes na construção; maisinformação, base de dados pública deacidentes e incidentes; estabelecimentode um novo quadro regulamentar que

aumenta o nível de qualidade e obriga-ções dos empregadores e mais medidaspoliticas de segurança rodoviárias.Na sessão de encerramento, Luís Freitasconclui alertando para a necessidade deaprovação de um regime de qualificaçãode coordenadores de segurança do traba-lho na construção e de um reforço daformação estruturante de técnicos desegurança e higiene. “Sem eles não háprevenção de riscos”, assegurou. Por suavez, Paulo Morgado, inspector-geral dotrabalho, evidenciou a necessidade deum melhor trabalho ao nível das doençasprofissionais. Referiu-se ainda ao assuntoda Autoridade para as condições do tra-balho: “Pretende-se vantagens não só deracionalização de meios, mas tambémaproveitar sinergias e optimizar qualifica-ções tradicionalmente existentes naadministração do trabalho, permitindouma maior flexibilidade de gestão e ummelhor aproveitamento dos recursosexistentes”.Quanta à Autoridade, o ministro doTrabalho e Obras Públicas, José Vieira daSilva, considerou “uma excelente oportu-nidade para ultrapassar a dualidade con-génita do nosso sistema de combate àsinistralidade e produção das condiçõesde segurança e higiene no trabalho”.Enaltecendo também a redução da sinis-

tralidade, considerou que “não estamosainda ao nível dos países mais desenvol-vidos neste domínio, mas temos feitoprogressos mais significativos”. E conti-nuou: “perante a nova estratégia 2007-2012 estamos numa fase de mudança”.

8º Encontro nacional do colé-gio de engenharia electrotécnica

No âmbito de mais um Endiel - 15ºEncontro para o Desenvolvimento doSector Eléctrico e Electrónico, quedecorreu entre 15 e 19 de Maio, na FIL,Lisboa, o Colégio de EngenhariaElectrotécnica promoveu mais umEncontro Nacional.No dia 17 de Maio, num dos auditóriosda FIL, o Colégio de EngenhariaElectrotécnica debateu, em duas sessõesdistintas, vários assuntos com diferentesconferencistas de reconhecido mérito. A abertura do encontro promovida peloBastonário da Ordem dos Engenheiros,Fernando Santo, iniciou o debate sobre aregulamentação profissional e váriosaspectos a ele ligados.Seguiu-se a intervenção doengenheiro Renato Romano, doDGGE e do engenheiro ConstantinoSoares do ISEL, que versaramtemáticas relativas à regulamentaçãode segurança de instalações eléctricasde BT.Antes do encerramento, AlexandreFernandes, Director-Geral da ADENE,referiu as qualificações necessáriaspara o exercício das funções técnicasprevistas no SCE – Sistema Nacionalde Certificação Energética e daQualidade do Ar Interior dosEdifícios.O encerramento ficou a cargo doPresidente do Colégio de EngenhariaElectrotécnica, Engº Francisco Sanchez.

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MATERIAIS 2007

A Conferência Internacional MATERIAIS2007 – 13th Conference of SociedadePortuguesa de Materiais, IV InternationalMaterials Conference Symposium – AMaterials Science Forum: “GlobalMaterials for the XXI Century: Challengesto Academia and Industry”, da SociedadePortuguesa de Materiais, decorreu naFEUP entre 1 e 4 de Abril, tendo reunidocerca de 600 investigadores de um totalde 34 nacionalidades. A conferência tevecomo grande objectivo “discutir, a nívelinternacional, a utilização dos materiais eperspectivar novos caminhos, tendênciase orientações futuras para a investigaçãode novos materiais e sua aplicação”.Foram apresentadas cerca de 240comunicações orais, 19 temas sobremateriais e foram expostos cerca de 350posters ao longo dos dias daconferência.Esta edição teve algumas novidades,nomeadamente um concurso defotografia (a cores, a preto e branco emicroscopia óptica e electrónica) abertoa toda a comunidade (foram enviadosconvites para a participação dos alunosde muitas das escolas do Grande Porto).A pintora Patrícia Sá Carneiro criou umquadro para a conferência, versando otema dos materiais, em que utilizou

madeira, papel, areia e outros materiais(fig. 1), tendo sido produzido ummarcador de livro com a fotografia doquadro que foi oferecido a todos ospalestrantes. Foi também concebido, pelo designerAcácio Pereira, um copo de vinho doPorto com o pé em estanho, que foiespecificamente produzido pela empresaFreitas e Dores para oferecer a todos osconferencistas (fig. 2). Simultaneamente,lançou-se o desafio a várias entidadespara produzirem bases para este coponos mais variados materiais (açoinoxidável, gesso, betão polimérico,cobre, ligas de baixo ponto de fusão,materiais utilizados em prototipagemrápida, poliuretano, resina com pó demadeira, etc.). O resultado foi aprodução de cerca de 30 coposdiferentes (fig. 3) que estiveram emexposição na FEUP e no MercadoFerreira Borges, na exposição “Materiaise a Cidade”, que decorreu em paralelocom a conferência, entre 1 e 7 de Abril, eque contou com o apoio da CâmaraMunicipal do Porto e de um grandenúmero de empresas da área dosmateriais. A exposição esteve aberta aopúblico e teve actividades de animação,como a actuação da Tuna da Faculdadede Engenharia da Universidade do Porto,um workshop sobre materiais intitulado“Materials and Cultural Heritage”

(materials science and technology in theresearch of the degradation, conservationand restoration of the cultural heritage.).A exposição teve áreas institucionaisonde cerca de 50 empresas deram aconhecer a actividade e produtos quedesenvolvem na área dos mais variadosMATERIAIS, como a do ramo automóvel,construção, electrónica, naval,aeronáutica, etc.Esta exposição foi realizada pelo facto detodos os elementos da ComissãoOrganizadora trabalharem directamentecom materiais e terem um papelextremamente activo na divulgação daimportância da selecção, compreensão ecorrecta utilização dos materiais nasmais variadas aplicações. Como tal,acharam que a oportunidade de realizar,em simultâneo com a conferência, estaexposição, permitiria estreitar as relaçõesentre empresas, universidades einstitutos de investigação edesenvolvimento e inovação, com acidade do Porto e com a sua populaçãoem geral, alertando-os para o seu papelextremamente importante no dia a dia davida das pessoas”.

Mais informações sobre a Exposição e aConferência poderão ser consultadas emwww.fe.up.pt/materiais2007.

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Valença do Minho recebe 4ºEncontro de Membros Eleitosda Região Norte

Durante os dias 25 e 26 de Maio, VilaNova de Cerveira e Valença do Minho,foram palco de reuniões de coopera-ção transfronteiriça entre Colégios edo 4º Encontro de Membros eleitosda Região Norte.No primeiro dia, a Região Norte daOrdem dos Engenheiros, recebeu osmembros dos Colegio de Ingenierosde Caminos, Canales y Puertos eColegio Oficial de IngenierosIndustriales da Galiza, que se reuni-ram com os Coordenadores e vogaisdos Colégios de Engenharia Civil eElectrotécnica e Mecânica, de modo apoderem debater as formas de melho-rar e aumentar a cooperação trans-fronteiriça.A Pousada de Cerveira recebeu, natarde do dia 25, a reunião dosColégios de Engenharia Electrotécnicae Mecânica, representados por A.

Machado e Moura e Jorge Lino, e oIlustre Colegio Oficial de IngenierosIndustriales de Galicia (ICOIIG),representado por José Luis LópezSangil (Decano) e por ConstantinoGarcía Ares (Vicedecano) assim comoo director de gestão Francisco JavierBrandariz Bernardez. Estiveram igual-mente presentes a Vice-Presidente doCDRN, Maria Teresa Ponce de Leão eo director da Escuela de IngenierosIndustriales da Universidade de Vigo,Luis González Piñeiro.Nesta reunião debateu-se a possibili-dade de intercâmbio regional entremembros da OERN e do ICOIIG,tendo ficado acordado a criação deum grupo de trabalho para estudarestas possibilidades. Foi decididolevar a cabo a realização de um even-to comum, designado por 1º EncontroNorte de Portugal / Galiza deEngenharia Industrial, o qual terialugar a 26 de Outubro de 2007, inte-grado na Feira Concreta (Exponor),tendo como tema principal asEnergias Renováveis.

Nesse mesmo dia, na Pousada de SãoTeotónio, em Valença, o Colégio deEngenharia Civil e o Colegio deIngenieros de Caminos, Canales yPuertos, debateram a organização dopróximo encontro de Engenharia CivilNorte de Portugal/Galiza, a realizarna Galiza, assim como o estudo dalegislação aplicável à profissão emambos os países, para que se possaproceder a uma uniformização da pro-fissão.O 4º Encontro de membros eleitos daRegião Norte ficou ainda marcado,por uma conferência no dia 26, naBiblioteca Municipal de Valença,sobre “A Engenharia e o ImpactoTransfronteiriço”. Temática que foiabordada pelo orador convidado, opresidente do Colegio de Ingenierosde Caminos, Canales Y Puertos.Edelmiro Rúa Alvarez centrou-se narelação entre o trafego de pessoas emercadorias transfronteiriças e asactuais e futuras comunicações entrePortugal e Espanha. Um panoramaque o Decano resumiu para a Info:

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info Página 35VIDA ASSOCIATIVA

Comunicaciones TransfronterizasPortugal-EspañaLa frontera hispano-portuguesa tiene unalongitud de 1292 Km. y en la actualidades una frontera totalmente permeablecomo corresponde a dos países pertene-cientes a la Unión Europea. Esta situa-ción lleva a la existencia de 60 pasos ter-restres con más o menos circulación.La realidad es que la mayor cantidad detrafico se realiza por cinco pasos fronteri-zos distribuidos a lo largo de la frontera:Tuy – Valença do Minho, Verin – VilaVerde, Fuentes de Oñoro- Vilar Formoso,Badajoz – Caia y Ayamonte – MonteFrancisco.Por estos cinco pasos circulan anualmen-te 52.879 vehículos diarios de un total de87.000 ó sea un 60,8 % del total, siendolos pasos con mayor incremento el Tuycon un incremento del 140 % y el deBadajoz del 40% en el periodo compren-dido entre 1994 y 2004.El trafico de viajeros por ferrocarril y enavión es similar en ambos sentidos, peromientras el trafico ferroviario esta estabi-lizado entorno a los cien mil viajeros año

en cada dirección no sucede lo mismocon el trafico aéreo que experimento unaumento del 130% entre los años 1996 y2004, estando en la actualidad entorno alos 870.000 viajeros año en cada direc-ción.De los 56 millones de viajeros del año2004 el 87,5 % lo han realizado en auto-móvil, el 8,5 % en autocares, el 3,0 % enavión, el 0,3 % en ferrocarril y el 0,8 %por vía fluvial.Una situación similar se produce con eltransporte de mercancías, los datos delaño 2004 son: transporte por carretera87,0 %, por ferrocarril 2,0 % y por víamarítima 11,0 %.Actuaciones necesarias.Los datos anteriores nos llevan a plan-tear dos tipos de actuaciones:Mejora de las comunicaciones por carre-tera.Incremento del transporte por ferrocarrilLa primera debe estar encaminada a ladescongestión de los pasos actualessobresaturados con su dimensión actual.La segunda puede producir una mejoramedioambiental (descenso de contami-

nación) y una disminución de las tarifas.Actuaciones previstas en carreteras.Las actuaciones previstas por Portugal encarreteras son:Puentes:Vila Verde de Raia – Feces de BaixoQuintanilla – San Martín de Pedroso.Alcoutim – San Lucas de Guadiana.Carreteras:Vilar Formoso – Fuentes de OñoroBeja – Vila Verde de Fíchalo.Por parte de España:Verin- Vila Verde da Raia.Tordesillas – Zamora – Frontera.Burgos – Tordesillas – Salamanca –Fuentes de Oñoro.Corredor Badajoz- Córdoba- Granada consu conexión a la A-92 y a la A-340 dandosalida al Mediterráneo.Actuaciones previstas en ferrocarril deAlta Velocidad.Existen cuatro corredores en proyecto:I) Oporto – Vigo (2009)II) Salamanca – Aveiro (2010/ 2015)III) Lisboa – Badajoz (2010) retrasado al2013 el 01/05/2007IV) Huelva - Faro

Page 35: INFO nº12

El corredor Oporto – Vigo continuaría aCoruña, están en construcción y el25/05/2007 se han licitado 4 tramos con163 Km., pero sigue en estudio el tramoVigo- Tuy.Se esta planteando utilizar las líneas deAlta Velocidad para trafico mixto, mer-cancías y viajeros, el inconveniente esque por un lado las cargas de los trenesde mercancías producen un mayorimpacto sobre la plataforma de la vía yademás la mayor ocupación de la víadeja menos tiempo para mantenimiento,es todavía una incógnita su aprovecha-miento mixto. Depois da conferência, o vice-presidenteda Câmara Municipal de Valença, ManuelSousa Domingues, enalteceu o encontroem Valença, “onde também se encon-tram a Galiza e o Norte de Portugal e oponto central na geografia da euro-região”. O vice-presidente lembrou aindao rico património edificado de Valença,como o grande exemplo de Engenharia ede Arquitectura militar da Fortaleza, esublinhou a indústria que marca umnovo rumo do desenvolvimento com o

parque empresarial de Valença, o maiorda região. A visita às obras a decorrer na Fortaleza eàs caves Alvarinho finalizou este 4ºEncontro dos membros eleitos da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros.

OERN estabelece protocolocom Harden Spa

A Ordem dos Engenheiros - RegiãoNorte (OE-RN) e a Harden Spa - Lazere Estética, Lda. estabeleceram um pro-tocolo de cooperação que estipula ocumprimento pela OE-RN da promo-ção e divulgação dos serviços disponí-veis no Spa. Em contrapartida, osmembros da OE-RN beneficiam de 5%de desconto nas seguintes massa-gens orientais: Ayurvédica; Massagemde Som com Taças Tibetanas; ThaiYoga; Reiki Dinâmico; Pedras Semi-preciosas Jade; Reflexologia eShirodara. Já relativamente às massa-gens Relaxamento; Californiana; Anti-stress; Desportiva; Energizante;Localizada; Circulatória; Geriátrica;Pós Cirúrgica; e Linfática, o desconto éde 15%.Os descontos oferecidos não são acu-

muláveis com outras promoções,nomeadamente o Cartão de ClienteHarden Spa.

infoPágina 36 VIDA ASSOCIATIVA

Page 36: INFO nº12
Page 37: INFO nº12

infoPágina 38 ENGENHARIA NO MUNDO

RECORDE

DE VELOCIDADE

BATIDO PELO TGV

Vinte e nove anos depois do primeiroTGV eléctrico (foto), a França voltou aconseguir uma proeza na históriaferroviária. Sobre a nova linhaferroviária, que liga Paris à região lestede França, preparada especialmentepara o efeito que no dia 3 de Abril onovo TGV francês bateu o recordemundial de velocidade sobre carris.Ultrapassando todas as expectativasdos técnicos, o combóio de altavelocidade circulou a uns estonteantes574, 8 quilómetros por hora, sendo quea velocidade máxima verificou-se emLe Chemin (perto da região francesade Champagne-Ardenne), 16 minutosapós o arranque.

Apresentado no final de Março, oprotótipo V150 foi produzido na fábricada Alstom de La Rochelle e resulta deum trabalho conjunto de mais de 100engenheiros e técnicos. Além daAlstom, são ainda parceiros nestenegócio a Sociedade Nacional deCaminhos de Ferro (SNCF) e a RedeFérrea de França (RFF) numinvestimento que rondou os 90milhões de euros.O nome de código V150 é alusivo aos150 metros por segundo que sepretendiam atingir. Ainda assim, aviagem realizada pelo novo TGVfrancês foi ainda mais rápida do queestava previsto pelos técnicos queapontavam para uma velocidade de540 km/hora.A proeza foi antecedida por 14 mesesde trabalho, sendo que desde Janeiro,dezenas de engenheiros e técnicos daAlstom, da SNCF e da RFF testaramcerca de 600 parâmetros de segurança

e conforto da composição. Umtrabalho experimental de 200 horas,traduzido em 40 marchas de ensaios,durante as quais foram atingidasvelocidades superiores a 450 km/hora,e 3200 quilómetros percorridos.Com cinco carruagens, o V150 écomposto por dois motores capazes desuportar três carruagens com doisandares e rodas mais largas daquiloque é habitual. Inovações introduzidasneste novo TGV que integra algumascomponentes que irão incorporar onovo modelo AGV que a Alstompretende apresentar a concurso para alinha de alta velocidade entre Lisboa eMadrid e que deverá começar afuncionar em 2013. Uma aposta daAlstom para retirar a liderança dosector à Bombardier. Mais fortes, oscanadianos têm uma cota de mercadode 21% contra os franceses que detêmuma cota de 18%, seguidos pelaSiemens, na terceira posição, com 17%.O AGV, que pode ter onze carruagens,deverá ter uma capacidade standard de458 passageiros, podendo atingir ummáximo de 510. Apesar de ainda seencontrar numa fase dedesenvolvimento, o AGV tem já fixadauma velocidade comercial de 350km/hora, sendo que o primeirocombóio deverá iniciar operaçõesdentro de dois anos.A viagem de 150 quilómetros emapenas 30 minutos, feita pelo V150 nalinha de ligação entre Paris eEstrasburgo que vai inaugurar a 10 deJunho, deita assim por terra o anteriorrecorde de velocidade atingido por umTGV que data de 1990, ano em que oAtlantic nº325 atingiu a velocidade de513, 3 quilómetros por hora. Ainda assim, o feito do V150 nãoconseguiu destronar o combóioexperimental japonês Maglev que semovimenta por levitação magnética eem 2003 atingiu os 581 km/hora. O primeiro TGV eléctrico apresentado pela França em 1978.

Page 38: INFO nº12

Jorge Alexandre da Silva

MELHOR ESTÁGIO

DE ENGENHARIA

METALÚRGICA

E MATERIAIS DE 2005

Natural do Porto, Jorge Alexandre dos Santos Pinheiro daSilva divide-se entre a Engenharia e a música. “A Engenhariaé a base da civilização, tal como a conhecemos hoje”, diz. Ea música, porque se actualmente não fosse engenheiroseria músico.O engenheiro Jorge Silva foi o vencedor do prémio MelhorEstágio 2005, na especialidade de Engenharia Metalúrgica eMateriais. Uma distição pelo seu trabalho denominado“Desenvolvimento e Implementação do Sistema de Gestãoda Qualidade na Traterme”. Para o jovem engenheiro foi umdesafio ganho: “A pedido do engenheiro António Rebeloaceitei o desafio de colaborar na certificação da empresa. Eassim fizemos, com muito trabalho e espírito de equipa.Obtivemos a certificação que se encontra agora em fase derenovação”. Um trabalho importante para a empresa ondeainda hoje se mantém a trabalhar, como explica oengenheiro Jorge Alexandre da Silva. “A Traterme é umaPME que tem aproximadamente 80% da sua actividadedireccionada para a Indústria Automóvel. Por conseguinte esendo as exigências dos clientes cada vez maiores, acertificação surge como ‘um bem necessário’ para odesenvolvimento sustentado das empresas”, refere. Masactualmente, o profissional tem outros desafios pela frente:“As metas a atingir na minha profissão são, agora, osuperar de desafios que constantemente nos sãosolicitados. Neste momento a empresa está em fase demudança de instalações. Este é um projecto que a nívelprofissional e pessoal é bastante enriquecedor. A frequênciade uma pós-graduação em Gestão Empresarial permite-meabrir os horizontes e aprofundar conceitos que nas PME’ssão solicitados permanentemente, visto que a função dosengenheiros nestas empresas é mais do que meramentetécnica e focalizada na formação de base”, revela. Além de engenheiro metalúrgico e de materiais na Traterme- Tratamentos Térmicos, Lda., Jorge Alexandre da Silva, de29 anos, é também professor de bateria. Uma actividadeque concilia com outros hobbies, como a leitura, as viagense a fotografia. De resto, o seu primeiro emprego foi numlaboratório de fotografia.

“A insatisfação constante é a certeza de crescimento” é olema de profissão do jovem engenheiro portuense,licenciado na Faculdade de Engenharia da Universidade doPorto, que em criança queria ser cientista e cujo dia-a-dia seapresenta hoje sempre com factos curiosos que o levam areflectir. Pensar é de resto algo que Jorge Silva se recusa adeixar de fazer, uma qualidade típica de um engenheiro comuma personalidade persistente que vê na figura do pai umexemplo a seguir pessoal e profissionalmente.

info Página 39PERFIL JOVEM

Page 39: INFO nº12

infoPágina 40 DISCIPLINA

Factos Provados:1. Que o arguido foi o técnico responsável pela direcção técnica de uma obra de construção de um empreendimentoimobiliário com quatro edifícios situado na freguesia de F, concelho de C, a que corresponde o Processo de Obras nº X, daCâmara Municipal de C, em nome de Imobiliária I.2. Que fez parte daquela obra a construção de um muro de vedação, delimitando a Sul o empreendimento imobil-iário em causa.3. Que a construção daquele muro afectou a estabilidade de um outro muro, já existente no terreno da participante,e apesar de não oferecer agora grande perigo de derrocada pela intervenção entretanto efectuada, não foi executado nascondições recomendáveis, não respeitando as mais elementares regras de boa construção e segurança exigíveis, tendo havi-do negligência na execução do mesmo.4. Que o arguido não respondeu ao pedido de esclarecimentos que lhe foi dirigido pelo Conselho Disciplinar daRegião Norte da Ordem dos Engenheiros, no âmbito da fase de averiguações do presente processo disciplinar.5. Que o arguido não tem antecedentes disciplinares.

Decisão:

Os factos provados nºs 1 e 3 revelam que o arguido, sendo técnico responsável pela direcção técnica de uma obra de con-

strução da qual fazia parte o muro em questão, permitiu que este fosse executado sem que fossem respeitadas as mais

elementares regras de boa construção e segurança exigíveis. Mesmo admitindo que o arguido transmitiu aos empreit-

eiros que construíram o muro em questão instruções rigorosas e exactas para que o projecto fosse cumprido tal como

tinha sido aprovado e para que as boas normas de construção fossem respeitadas, a verdade é que não cumpriu ade-

quadamente as suas funções de técnico responsável, pois não foi capaz de evitar que tivesse ocorrido negligência na exe-

cução daquele muro, que, aliás, era de simples vedação.

Agindo deste modo, o arguido não procurou assegurar, na sua qualidade de responsável pela direcção técnica da obra, a mel-

hor solução técnica para a construção daquele muro, violando o dever deontológico previsto no nº5 do artigo 86º do

Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

Conclui-se, ainda, que a violação da norma deontológica acima citada foi culposa, pois o arguido tinha a obrigação de

conhecer aquela norma deontológica e o significado e alcance das funções de técnico responsável pela direcção técnica

de uma obra. Com o seu comportamento, o arguido omitiu deveres de cuidado minimamente exigíveis a um profissio-

nal de engenharia que actuasse com a diligência de um “bom pai de família” (artigo 487º/nº2 do Código Civil), agindo,

por isso, com negligência.

O facto provado nº 4 revela que o arguido não respondeu a um inquérito do Conselho Disciplinar da Região Norte, ale-

gando, para justificar essa sua atitude, que no período em que deveria ter respondido à carta que lhe foi enviada se

encontrava a trabalhar no estrangeiro. Apesar do arguido não ter feito prova desta circunstância, que em seu entender

seria justificativa da sua não resposta, consta do presente processo o aviso de recepção assinado que demonstra que a

carta que lhe foi dirigida pelo Conselho Disciplinar da Região Norte foi efectivamente recebida na sua residência. Assim

Acórdão do Conselho Disciplinar da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros – SínteseProcesso CDISN 02/2006

Page 40: INFO nº12

info Página 41DISCIPLINA

sendo, o arguido poderia ter feito chegar à Ordem dos Engenheiros a comunicação de que estava ausente no estrangei-

ro, pedindo que lhe fosse concedido um prazo mais alargado para responder, e na verdade não o fez.

Actuando desta forma, o arguido violou o dever estatuído pela norma prevista na alínea g) do nº 1 do Artigo 83º do

Estatuto da Ordem dos Engenheiros e fê-lo culposamente, pois tinha a obrigação de conhecer aquele dever de resposta

e agiu conformando-se com a sua violação, desconsiderando, desse modo, a Ordem profissional a que pertence.

Do exposto conclui-se que o arguido, ao violar, da forma descrita, os deveres deontológicos consagrados no nº5 do arti-

go 86º e na alínea g) do nº1 do artigo 83º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros praticou duas infracções disciplinares,

nos termos do disposto no artigo 67º do mesmo Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

Considerando o facto do arguido não ter antecedentes disciplinares, mas tendo em conta as exigências de prevenção

geral e de defesa do interesse público associadas ao exercício da engenharia, decide-se, nos termos do disposto no Artigo

71º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros e no artigo 5º do Regulamento Disciplinar, pela aplicação ao arguido, em

cúmulo jurídico pelas duas infracções disciplinares praticadas, de uma pena de Censura Registada, prevista na alínea b)

do nº 1 do Artigo 70º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

Page 41: INFO nº12

Comunicado

Concurso de ideias para a Revitalização da Frente Ribeirinha do Porto na Zona deIntervenção Prioritária

A Ordem dos Engenheiros tendo tomado conhecimento da apresentação, hoje, do concurso em epigrafe,constatou que a versão do regulamento deste concurso, estabelecida de comum acordo por todos os inter-venientes em 10 de Julho de 2006, sofreu alterações de todo inaceitáveis nomeadamente nos pontos 5 e 6do artigo 6 º.

A Ordem dos Engenheiros considera que estas alterações foram introduzidas exclusivamente para privile-giar um dos grupos profissionais que intervêm neste processo de concurso, facto que pode desvirtuar oobjectivo deste concurso de ideias.

Em consequência a Ordem dos Engenheiros apresentou hoje ao Presidente da Porto Vivo, SRU - Sociedadede Reabilitação Urbana da Baixa Portuense, S.A a sua demissão da Comissão Organizadora e do Júri doConcurso.

Porto, 15 de Maio de 2007

O Conselho Directivo da Ordem dos Engenheiros - Região Norte

ORDEM DOS ENGENHEIROSregião norte

Rua Rodrigues Sampaio, 1234000 - 425 PORTOT. 222 071 300F. 222 002 876 – 222 039 [email protected]://norte.ordemdosengenheiros.pt/

Page 42: INFO nº12
Page 43: INFO nº12

Agostinho Peixoto, consultor/especialista em Turismo

infoPágina 44 LAZER

“ALGARVE TODO O ANO”

Bem-vindo ao Algarve, uma regiãoonde há sempre algo de novo paraver e para descobrir. Uma regiãointernacionalmente conhecida peloseu clima ameno, praias recortadaspor rochedos esculpidos pelo mar eimensos areais dourados. As serras,de uma beleza paisagística e naturalpeculiar, conservam os costumes eas tradições de outrora. O coloridodos barcos de pesca, com cheiro amar. Noites quentes e animadas,cheias de brilho.A Primavera veste de branco as ter-ras algarvias, pela quantidade deamendoeiras em flor. A gastronomiaé rica, quer em delícias que provêem

do mar – como a prateada e saboro-sa sardinha algarvia e os mariscos –,quer na doçaria tradicional, à basede amêndoa e frutos secos. A olaria,a cestaria, os trabalhos em linho ejuta são algumas das actividadesartesanais que se destacam pela pre-cisão e técnica da sua cuidada elabo-ração.Destino aprazível para os tempos delazer, o Algarve é também um desti-no ideal para a prática desportiva aoar livre durante todo o ano, dispon-do actualmente de um vasto conjun-to de infra-estruturas desportivaspreparadas para receber desportistasamadores e de alta competição. Oscampos de golfe algarvios têm famaa nível mundial, revelando uma qua-lidade e beleza excepcionais.Destino turístico de grande qualida-

de, o Algarve é sempre um prazer.Terra de encantos e contrastes, oAlgarve recebe-o com tradições, len-das e histórias que se perdem nostempos. Mas também com numero-sos testemunhos da História dePortugal, como os belos castelos efortalezas cuja memória o tempoainda não apagou e que fazem asdelícias de visitantes estrangeiros eportugueses.A tudo isto une-se o espírito dasgentes, cordial e afável, que certa-mente vai tornar inesquecível a suaviagem ao Algarve – o lugar certopara as suas férias, todo o ano!

O Golfe no Algarve…Nada melhor do que uma boa parti-da de golfe para começar bem asférias. Aproveite o clima ameno eparta à descoberta de um dos maisinteressantes circuitos de golfe euro-peus. Actualmente o Algarve dispõede cerca de 30 campos de golfe,todos eles com excelentes condiçõespara a prática deste desporto duran-te todo o ano. Em comum estescampos têm também a beleza daspaisagens naturais em que se inse-rem e uma arquitectura inteligente.Por tudo isto os greens algarvios são,cada vez mais, palco de concorridoseventos de golfe a nível mundial. OAlgarve das águas cálidas e areiabranca é também o paraíso dos gol-fistas.Referências do golfe a nível mundial,os greens algarvios são reconhecidospela beleza e qualidade dos seus tra-çados, muitos deles da autoria dosarquitectos mais conceituados daárea. O elevado nível de capacidadede organização das empresas dosector e a credibilidade das mesmastrazem ao Algarve provas de renomeinternacional como o Open dePortugal, o Ladies Open, o Seniors

Page 44: INFO nº12

info Página 45LAZER

Open e a World Cup.No Algarve podem-se encontraralguns dos melhores campos degolfe do mundo. A diversidade deenquadramentos paisagísticos eníveis de dificuldade permitem queprofissionais, amadores ousimples curiosos, encontrem sem-

pre um green à sua medida:Vilamoura. Capital por excelência dogolfe em Portugal, tem também oestatuto de melhor destino de golfeturístico da Europa. Com cinco cam-pos de 18 buracos, dotados de traça-dos notáveis e com diferentes grausde dificuldade, Vilamoura acolhealgumas provas muito conceituadas eé um desafio para todos os golfistas.

Quinta do Lago e Vale do Lobo. Osseus fairways ondulados com pinhei-ros, oliveiras e eucaliptos estão inse-ridos na paisagem do Parque naturalda Ria Formosa onde, entre a águado mar e da ria, se podem observarinúmeras espécies de aves.Referências no mundo do golfe edetentores de alguns dos mais exi-gentes greens do Algarve, são hámuito palco de provas do circuitointernacional europeu. É aqui que seencontra o famoso buraco 16, omais fotografado da Europa. Albufeira. Situados em pinhais no

cima das falésias onde habitam inú-meras espécies protegidas, aqui oscampos apresentam-se planos dei-xando apreciar uma vista deslum-brante sobre a praia. Estão envolvi-dos numa relaxante paisagem natu-ral que abriga inúmeras espéciesprotegidas.Barlavento algarvio. Os seus greens

possuem algumas das vistas maisinteressantes do Algarve com o mare a Serra de Monchique a serviremde fundo. Em alguns campos, situa-dos em declives suaves sobre as

praias e falésias, podem-se mesmoencontrar típicas figueiras e olivei-ras.Sotavento algarvio. A maioria dos

seus campos estão envolvidos porextensos pinhais e magníficas vistassobre a serra, o mar, o ParqueNatural da Ria Formosa e o RioGuadiana. Um autêntico paraísopara os amantes do golfe.

O Verde sobre o Azul…Antes ou depois de mais uma parti-da de golfe, vale a pena conhecer oAlgarve que se estende para alémdos greens. As praias, autênticospostais ilustrados, são o cenário per-feito para apanhar uns banhos desol, dar um passeio à beira-mar oufazer relaxantes passeios de barco. Tal como as praias de areias doura-das, também os greens algarvios seestendem a perder de vista. O climamediterrânico, a beleza natural e aqualidade dos campos fazem doAlgarve um destino de golfe porexcelência.Os parques naturais e a serra são

locais privilegiados para partir à des-coberta da natureza, no seu estadomais selvagem. Caminhadas, escala-das, passeios a cavalo ou de bicicle-ta, alpinismo e espeleologia sãoalgumas das actividades que sepodem praticar com uma magníficapaisagem natural a servir de fundo.Fazer um tratamento num Spa,saborear um peixe assado numaesplanada à beira-mar, assistir a umespectáculo musical, ir às compras,visitar igrejas e monumentos históri-cos ou tentar a sorte no casino sãooutras sugestões para uns momen-tos de pura descontracção. Ao longo de todo o ano o sol e atemperatura amena convidam aapreciar o que o Algarve tem demelhor. E com tantas opções dediversão o Algarve oferece tambémtodas as condições para trabalhar.Servido por um aeroporto internacio-nal, modernos centros empresariaise um vasto serviço de apoio a reu-niões de negócios, o Algarve é umdestino de negócios por excelência,onde trabalhar é um prazer.

Page 45: INFO nº12

infoPágina 46 AGENDA

ENCONTROS, CONGRESSOS E SEMINÁRIOS EXTERNOS

26 A 28 DE OUTUBRO 2007LOCAL: FEUP, PORTOORGANIZAÇÃO: FEUPSISMICA 20077 ENCONTRO DE SISMOLOGIA E ENGENHARIA SISMICA

15 DE NOVEMBRO 2007LOCAL: LNEC - LISBOAORGANIZAÇÃO: LNECSEMINÁRIO “PAREDES DE ALVENARIA: INOVAÇÃO EPOSSIBILIDADES ACTUAIS”Mais informações em: http://www.civil.uminho.pt/alvenaria

FORMAÇÃO OE

NOTA: O PLANO DE FORMAÇÃO ESTARÁ DISPONÍVEL APARTIR DE SETEMBRO 07

ENCONTRO, CONGRESSOS E SEMINÁRIOS OE

12 OUTUBRO 2007LOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: CDRNSEMINÁRIO GESTÃO E COORDENAÇÃO DE SEGURANÇANO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO

17/18 OUTUBRO 2007LOCAL: GALIZAORGANIZAÇÃO: CDRN/ICCGICONGRESSO NORTE DE PORTUGAL/ GALIZA DE ENGE-NHARIA INDUSTRIAL

20 OUTUBRO 2007LOCAL: MIRANDELAORGANIZAÇÃO: CDRN3º DIA REGIONAL DO ENGENHEIRO

24 NOVEMBRO 2007LOCAL: COIMBRAORGANIZAÇÃO: CDNDIA NACIONAL DO ENGENHEIRO

DEZEMBRO 2007LOCAL: BRAGAORGANIZAÇÃO: CDRN10º ANIVERSÁRIO DA CRIAÇÃO DA DELEGAÇÃO DEBRAGA

Pin da Ordem dos Engenheiros – Região Norte à venda na sede

e nas delegações distritais por 5 euros