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SDO SDO Informação Informação Faculdade de Odontologia da USP Ano 6 - n. 1 - Abril de 2005 http//www http//www.fo fo.usp. .usp. br/sdo br/sdo As novas tecnologias de registro e reprodução de sons e imagens, caminha de uma forma rápida, levando os tradicionais filmes, fotos, discos e fitas tornarem-se antigos. Apesar dessa modernidade, o problema da durabilidade dos materiais ainda não foi resolvido. Os mais recentes estudos sobre conservação sugerem uma postura cautelosa em relação às novidades tecnológicas. Hoje esse problema merece atenção redobrada para que não ocorram decisões equivocadas, desperdício de dinheiro e enganos que poderão comprometer os documentos. As novas tecnologias digitais oferecem recursos valiosos para reprodução, acesso e restauro. Sem dúvida, a agilidade, a capacidade de recortar e fazer montagens e a clonagem, com sua extraordinária fidelidade ao original, são verdadeiros avanços. Hoje, o melhor a fazer, é adotar todos os recursos de digitalização para restaurar os documentos e, então, retornar ao original para sua guarda permanente. De formato em formato, um problema tira o sono dos encarregados da salvaguarda de documentos audiovisuais: os novos materiais são incompatíveis com os velhos formatos. A obsolescência dos equipamentos suscita a seguinte pergunta: Seria uma insanidade transportar todas as informações dos formatos superados para novos suportes sabendo que tudo o que hoje consideramos “novidade“ receberá, em breve, o atestado de óbito e dará entrada na “tumba dos meios obsoletos”? A conservação do patrimônio sonoro e de imagens em movimento está associada também à preservação dos aparelhos. Reformatar gera custos enormes e exige mão-de-obra especializada para tratamento da informação. Filmes, fitas e discos constituem bens culturais cuja guarda e conservação são mais dispendiosas e falta, em toda parte, apoio material e financeiro para assegurar sua permanência. Se as condições de armazenagem não forem adequadas, os documentos audiovisuais se deterioram devido às reações químicas e a ação dos fungos e bactérias. Em geral, os filmes, fitas e discos são constituídos de camadas de diversos materiais, um suporte, um substrato muito fino e uma camada de emulsão para o registro da informação. Solange Alves Otto Franco [email protected] CONSERVAÇÃO DE FITAS E FILMES: qual a solução? CONSERVAÇÃO DE FITAS E FILMES: qual a solução? máx. 50% 6 o – 12 o Fita Magnética e Discos máx. 30% -5 o Filme color. 40% - 50% 16 o – 18 o Filme p&b Umidade Relativa do Ar Temperatura (C) A climatização é absolutamente necessária: As fitas magnéticas, os discos e filmes cinematográficos quando guardados em ambiente muito seco, perdem através da evaporação alguns componentes químicos concentrados em sua estrutura, provocando seu encolhimento e desprendendo a emulsão (área formadora de informação ) da base. Os resultados dessas reações químicas diferem de acordo com a natureza do documento. As fitas magnéticas, que é o caso do acervo do SDO, são constituídas de micro-agulhas suspensas na base de poliéster. Essas agulhas necessitam permanecer sempre na mesma posição para que a imagem não se desfaça. Um dos aspectos mais sérios das gravações magnéticas é o fato de que elas não podem fixar-se definitivamente, motivo pelo qual a proteção contra a interferência dos campos eletromagnéticos é fundamental. O cuidado deve ser redobrado ao se armazenar as fitas de VHS, nunca em peitoris de janelas, próximo a televisores, equipamentos eletrônicos e máquinas em geral. A sua exposição a campos magnéticos fortes deve ser evitada para prevenir a perda de informação. Deve ser colocada em prateleiras, de pé e uma vez por ano deve-se passá-la no aparelho de videocassete em, tempo real, para arejá-las. Além do controle da temperatura e umidade relativa do ar, é preciso evitar a contaminação por poeiras e outras sujidades, a ação prejudicial da luz, os poluentes ambientais, os resíduos químicos do mau processamento o manuseio incorreto. Limpar e duplicar são as únicas ações capazes de recuperar o documento. Mas o problema maior são os equipamentos de leitura que não existirão mais daqui a algum tempo.

Informativo ANO 6 N. 1 ABRIL DE 2005 - fo.usp.br · conservação do patrimônio sonoro e de imagens em movimento está associada também à preservação dos ... suas fotos em branco&preto

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SDOSDO InformaçãoInformaçãoFaculdade de Odontologia da USP Ano 6 - n. 1 - Abril de 2005

http//wwwhttp//www..fofo.usp..usp.br/sdobr/sdo

As novas tecnologias de registro e reprodução de sons e imagens, caminha de uma forma rápida, levando os tradicionais filmes, fotos, discos e fitas tornarem-se antigos. Apesar dessa modernidade, o problema da durabilidade dos materiais ainda não foi resolvido. Os mais recentes estudos sobre conservação sugerem uma postura cautelosa em relação às novidades tecnológicas. Hoje esse problema merece atenção redobrada para que não ocorram decisões equivocadas, desperdício de dinheiro e enganos que poderão comprometer os documentos. As novas tecnologias digitais oferecem recursos valiosos para reprodução, acesso e restauro. Sem dúvida, a agilidade, a capacidade de recortar e fazer montagens e a clonagem, com sua extraordinária fidelidade ao original, são verdadeiros avanços. Hoje, o melhor a fazer, é adotar todos os recursos de digitalização para restaurar os documentos e, então, retornar ao original para sua guarda permanente. De formato em formato, um problema tira o sono dos encarregados da salvaguarda de documentos audiovisuais: os novos materiais são incompatíveis com os velhos formatos. A obsolescência dos equipamentos suscita a seguinte pergunta: Seria uma insanidade transportar todas as informações dos formatos superados para novos suportes sabendo que tudo o que hoje consideramos “novidade“ receberá, em breve, o atestado de óbito e dará entrada na “tumba dos meios obsoletos”? A conservação do patrimônio sonoro e de imagens em movimento está associada também à preservação dos aparelhos. Reformatar gera custos enormes e exige mão-de-obra especializada para tratamento da informação. Filmes, fitas e discos constituem bens culturais cuja guarda e conservação são mais dispendiosas e falta, em toda parte, apoio material e financeiro para assegurar sua permanência. Se as condições de armazenagem não forem adequadas, os documentos audiovisuais se deterioram devido às reações químicas e a ação dos fungos e bactérias. Em geral, os filmes, fitas e discos são constituídos de camadas de diversos materiais, um suporte, um substrato muito fino e uma camada de emulsão para o registro da informação.

Solange Alves Otto [email protected]

CONSERVAÇÃO DE FITAS E FILMES: qual a solução?CONSERVAÇÃO DE FITAS E FILMES: qual a solução?

máx. 50%6o – 12oFita Magnética e Discos

máx. 30%-5oFilme color.

40% - 50%16o – 18oFilme p&b

Umidade Relativa do Ar

Temperatura (C)

A climatização é absolutamente necessária:

As fitas magnéticas, os discos e filmes cinematográficos quando guardados em ambiente muito seco, perdem através da evaporação alguns componentes químicos concentrados em sua estrutura, provocando seu encolhimento e desprendendo a emulsão (área formadora de informação ) da base. Os resultados dessas reações químicas diferem de acordo com a natureza do documento. As fitas magnéticas, que é o caso do acervo do SDO, são constituídas de micro-agulhas suspensas na base de poliéster. Essas agulhas necessitam permanecer sempre na mesma posição para que a imagem não se desfaça. Um dos aspectos mais sérios das gravações magnéticas é o fato de que elas não podem fixar-se definitivamente, motivo pelo qual a proteção contra a interferência dos campos eletromagnéticos é fundamental. O cuidado deve ser redobrado ao se armazenar as fitas de VHS, nunca em peitoris de janelas, próximo a televisores, equipamentos eletrônicos e máquinas em geral. A sua exposição a campos magnéticos fortes deve ser evitada para prevenir a perda de informação. Deve ser colocada em prateleiras, de pé e uma vez por ano deve-se passá-la no aparelho de videocassete em, tempo real, para arejá-las. Além do controle da temperatura e umidade relativa do ar, é preciso evitar a contaminação por poeiras e outras sujidades, a ação prejudicial da luz, os poluentes ambientais, os resíduos químicos do mau processamento o manuseio incorreto. Limpar e duplicar são as únicas ações capazes de recuperar o documento. Mas o problema maior são os equipamentos de leitura que não existirão mais daqui a algum tempo.

2 Ano 6 - n. 1 - Abril de 2005

Como precaução, as áreas de matrizes (arquivo de segurança) deverão ser isoladas dos depósitos de cópias para garantir a integridade do acervo, principalmente em caso de incêndio. Duplicar fitas deterioradas pode garantir a conservação durável por algum tempo, mas em recursos isso não será possível. Fala-se muito em DVD (Digital Vídeo Disc), como indicador de um suporte duradouro para imagens em movimento, à exemplo dos CDs (CompactDisc), substitutos dos discos de polivinila (vinil).Os fabricantes afirmam que o lançamento do VHS na década de 1970, nada irá causar tamanha revolução na indústria do entretenimento quanto o DVD. Será que o DVD se presta à preservação de documentos de imagens em movimento? Além do princípio da leitura ótica a laser, do que é feito o DVD? Quais são seus componentes físico-químicos? Há riscos de deterioração? Em que prazo? Essa tecnologia ainda é uma incógnita, e poucas são as informações dos fabricantes, interessados na divulgação apenas de dados que satisfaçam os consumidores, postura que os resguarda dos riscos da espionagem industrial pós-moderna.

O fato é que o DVD introduz um novo conceito: não é cópia, é réplica. O videocassete é copiado em tempo real, enquanto que o DVD é replicado em poucos segundos. No processo onde as reproduções são iguais aos originais, elas devem ser chamadas de réplicas e não cópias, pois não há perdas. Ainda é muito cedo para conhecer e estudar o comportamento do DVD quanto à durabilidade. Existem alguns órgãos de cooperação internacional que estudam a preservação desses documentos, são a Commission on Preservation and Access , o The Councilon Library and Information Resources-CLIR(www.clir.org), o Northeast Document ConservationCenter (www.nedcc.org) e o Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos-CPBA(www.arquivonacional.gov.br) que oferece textos traduzidos.

_________________Fonte: Informações retiradas do curso Projeto Como Fazer de Clóvis Molinari Jr.

www.www.aberaber.org..org.brbr [disponível em 01/12/2004][disponível em 01/12/2004]

Dica 01Dica 01Efeitos da radiação de luz nos acervos: A luz causa desbotamento, além de outros danos, em toda natureza de acervo, inclusive – e de forma drástica – sobre obras em papel. Mantenha fotografias e obras de arte (gravuras, guache, aquarela, e outros tipos de obras de arte) em lugares fora do alcance de radiação luminosa. Não ponha livros e documentos valiosos em locais onde incidem radiações de luz de forma direta, tanto luz natural quanto artificial. Quando não houver possibilidade de manter nessas condições, recomenda-se instalar bloqueadores de luz nas janelas e filtros para radiação UV nas luminárias.

Dica 02Dica 02Para remover o odor desagradável de livros velhos, certifique-se que eles estejam bem secos. Coloque-os em local fresco e seco por algumas horas. Se o cheiro persistir, coloque-os em algum container aberto (caixa de papelão, de polietileno, etc.) que irá dentro de outro maior com tampa com um recipiente contendo bicarbonato de sódio. Não permitir que o bicarbonato toque nas obras. Deixe assim por alguns dias em lugar fresco. Vistorie uma vez ao dia para se certificar que não haja desenvolvimento de esporos de fungos (mofo).

Dica 03Dica 03Se você quiser guardar os registros fotográficos do acervo da família (casamento, aniversário, etc.) para que seus filhos e netos possam curtir, tire suas fotos em branco&preto. Os vídeos, slides coloridos e a maioria das fotos coloridas tem uma expectativa de vida limitada.

Dica 04Se você quiser guardar por longo tempo um artigo de jornal de seu interesse, tire uma fotocópia sobre papel alcalino. A cópia irá durar muito mais tempo que o original.

Ano 6 - n. 1 - Abril de 2005 3

oação da UNESCO do acesso à plataforma E-Livro para a USP*

A UNESCO fez doação, pelo Programa de “Parceiros das Bibliotecas do SIBi/USP”, do acesso à plataforma E-Livro, pelo período de um ano a partir de março de 2005.

Trata-se de uma plataforma internacional, à qual várias bibliotecas de diversos países estão conectadas. Oferece informações oriundas de produtos de cerca de 200 editores, em todo mundo, a saber: UNESCO, McGraw-Hill, Harvard UniversityPress, Cambridge, UniversityPress, entre outras.

O E-Livro dispõe livros eletrônicos, mapas, partituras musicais, periódicos e relatórios. Abrange vários assuntos, sendo que a área de saúde ainda está sendo implementada. O acesso está disponível a partir de equipamentos existentes na USP. No SDO, a plataforma consta de nossa homepage, em Base de Dados.

IIMPORTANTE!MPORTANTE!Alguns Serviços Alguns Serviços

do SDOdo SDO

OO SDO disponibiliza muitos

serviços aos usuários procurando facilitar o acesso a informação, como por exemplo, empréstimo entre bibliotecas, levantamentos bibliográficos, cursos para elaboração de trabalhos científicos, entre outros.Para conhecer mais o que o SDO oferece, acesse o site: www.fo.usp.br/sdoSe você precisar de artigos de periódicos e teses que não temos no acervo, pode utilizar o serviço de comutação bibliográfica (COMUT), no piso superior. Procure a bibliotecária para maiores informações.Contato: Glauci Elaine Damásio FidelisFone: (0XX11) 3091-7836e-mail: [email protected], se a sua necessidade é o levantamento de produção científica da FOUSP, procure a Seção de Preparo de Publicações e Divulgação (SPPD), no piso inferior.Contatos:Fábio Jastwebskie-mail: [email protected]úcia Maria S. V. Costa Ramose-mail: [email protected]: (0XX11) 3091-7851

DissertationAbstracts – acesso*

Base de dados bibliográfica que permite o acesso a registros referenciais de cerca de 2.000.000 de dissertações e teses desde 1861, abrangendo todas as áreas do conhecimento.A base é atualizada com o acréscimo aproximado de 55.000 novos registros a cada ano.Em 2005, o acesso à base Dissertation Abstracts foi aprimorado. Dessa forma, a consulta se efetiva a partir de equipamentos existentes na USP, pela interface "Proquest Digital Dissertation", que passará a ser chamada "Proquest Dissertations& Theses (PQDT)", pela SIBiNetcom a possibilidade de acesso a:

* Fonte: Universidade de São Paulo. Sistema Integrado de Bibliotecas. SIBiNet(www.usp.br/sibi)

D

• citações e resumos dos títulos; • texto completo dos títulos

publicados, desde 1997, dispondo as primeiras 24 páginas, em formato PDF para consulta prévia, antes da execução do download do trabalho selecionado.

O SIDC (Serviço de Informação Documentária e Circulação) normaliza as monografias de especialização, dissertações de mestrado, teses de doutorado e outros trabalhos científicos e acadêmicos para a comunidade FOUSP.Para tanto é necessário que o usuário encaminhe um exemplar do trabalho completo (sem encadernar) para que a normalização seja feita.O prazo para entrega dos trabalhos é de 5 (cinco) dias úteis. Solicitamos que, tanto os pós-graduandos como os orientadores, fiquem atentos quanto ao prazo de depósito das teses no Serviço de Pós Graduação, pois com a obrigatoriedade de todos os trabalhos serem normalizados pelo

PÓS-GRADUANDOS E DOCENTESPÓSPÓS--GRADUANDOS E DOCENTESGRADUANDOS E DOCENTES

Srs. Srs. UsuáriosUsuários, o , o SDOSDO oferece o serviço de gravação de seu oferece o serviço de gravação de seu trabalho acadêmico em .trabalho acadêmico em .pdfpdf (mudança de .doc para .pdf) (mudança de .doc para .pdf) gratuitamente. Maiores informações com as bibliotecárias gratuitamente. Maiores informações com as bibliotecárias Vânia, Vânia, GlauciGlauci e e AguidaAguida..

SDO, nem sempre poderemos entregá-los com um prazo menor que este.O SDO oferece este serviço com muito prorfissionalismoe não pode se responsabilizar pelo prazo que os pós-graduandos têm para o depósito das teses.Solicitamos a todos que necessitem deste serviço que faça a solicitação no SDO com antecedência para não causar transtornos que podem ser prejudiciais para ambas as partes.Para maiores esclarecimentos procurem pela bibliotecária Vânia que terá o maior prazer em orientá-los neste sentido.

([email protected])

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Romeu Tuma (PFL-SP) comemorou o dia do bibliotecário lembrando sua passagem, em 12 demarço. Ele também ressaltou a importância da biblioteca do Senado e pediuque seja realizado um novo concurso para contratar mais funcionários.

O senador explicou que a data dedicada aos bibliotecários foi escolhida emhomenagem ao poeta Manoel Bastos Tigre, que trabalhou durante muitos anosna Biblioteca Nacional.

Citando o professor Waldomiro Vergueiro, da USP, Tuma disse que aBiblioteconomia é uma das atividades mais beneficiadas pelas novastecnologias, como a Internet, a TV e o rádio.FONTE: JORNAL DO SENADO, 21/03/2005

O dia do Bibliotecário foi comemorado em alto estilo!!!OO dia do Bibliotecário foi dia do Bibliotecário foi

comemorado em alto estilo!!!comemorado em alto estilo!!!

O PODER DA LEITURAClaudia Costin

Correio Popular - Opinião - Campinas –Quarta-feira, 10 de novembro de 2004

Após inaugurar mais uma biblioteca das dezenas que temos instalado em cidades do Interior de São Paulo e na Capital, fui abordada por um garoto de uns oito anos de idade que se apoiou no vidro do carro e perguntou: “Tia, tem uma bala aí?”. Pensei e respondi: “Não tenho bala, mas vou lhe dar uma coisa muito melhor. Se você atravessar a rua, logo ali, encontrará uma biblioteca e poderá escolher um dentre os vários livros infantis que ela possui. Você pode levá-lo para casa, ler e depois devolve-lo”. Ele olhou para mim desconfiado e disse: “Mentira, você acha que vão me deixar levar para casa?”. Insisti que fosse ver. E o garoto, um pouco incrédulo, mas animado, correu para o outro lado da rua com o desejo de escolher o seu livro, encantado pela proposta.O episódio me fez refletir sobre como podemos incentivar crianças e jovens a encontrar na leitura um encantamento. Essa é uma tarefa que pode ser realizada por adultos e, principalmente, por quem tem a missãode educá-los, os professores. No entanto, a realidade em que vivemos não é bem essa. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro no ano de 2001 mostra que apenas 26% dos adultos são capazes de ler e entender um livro.Outra pesquisa, de resultados ainda mais desanimadores, da Confederação

dos Trabalhadores em Educação, relata que 60% dos professores do País não têm o hábito da leitura.O Brasil também obteve uma classificação muito ruim na recente avaliação de qualidade da Educação do Saeb (2003). A média de desempenho dos estudantes de 4ª série, em leitura e interpretação de textos foi de 169,4 pontos – número que indica uma melhora em relação a 2001. Entretanto, a média mínima satisfatória para quatro anos de escolarização é de 200 pontos. Os especialistas são unânimes em afirmar que esta triste performance se deve ao fato de que nossa juventude não tem o hábito de ler por prazer. Os meios de comunicação de massa certamente cooperam com tal realidade. A televisão brasileira tem tirado não só crianças e jovens da possibilidade do uso do tempo livre para leitura, como suas mães, que tiveram outrora o papel de ler em voz alta para crianças pequenas e despertar o interesse para relatos dissociados de imagens.Da mesma forma, muitos professores não familiarizados com o universo dos livros, mas especializados em ensinar Português e Literatura, tendem a reforçar a visão de que leitura e prazer são mutuamente excludentes.Há um certo consenso de que leitores surgem de famílias que lêem regularmente ou de um trabalho competente em salas de aula. Por isso éessencial que nossos professores sejam qualificados para que adquiram a

paixão pela leitura e transmitam esse encantamento às nossas crianças. Como especialista em políticas públicas e ocupando o posto de Secretária da Cultura do Estado de São Paulo, pude olhar para a política cultural como a ação do Estado frente às necessidades da população, estruturada por faixa etária.Desta maneira, formatamos, em parceria com a Secretária Estadual da Educação, programas voltados ao aprimoramento dos educadores. As ações vão de cursos centrados no acervo da Pinacoteca, passa por ensaios abertos da OSESP, até peças de teatro encenadas ou apresentação de poesias para professores. Espera-se, assim, além de ajudar na formação desses profissionais mais aptos a entender a contemporaneidade em suas múltiplas expressões, permitir que possam ser um instrumento de encantamento para seus alunos. Um jovem que não lê, não perde apenas a oportunidade de se encantar. Além da perda do prazer estético e do entretenimento, não tem acesso a informações vitais para constituir-se em cidadão independente e participante e torna-se apto a ser constantemente manipulado. A leitura pode proporcionar a autonomia necessária ao verdadeiro exercício da cidadania.

CURIOSIDADECURIOSIDADE

Ano 6 - n. 1 - Abril de 2005 5

Em 08 de março de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorqueentraram em greve. Eram 130 operárias que lutavam por melhores condições detrabalho, redução da carga horária de 16 horas diárias para apenas 10 horas emelhores salários. Essas mulheres recebiam menos de um terço do salário dos homens.

A greve terminou em tragédia, pois os patrões não cederam e mandaramatear fogo no prédio, e todas morreram queimadas. Em 1910, numa conferenciainternacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagemàquelas mulheres, comemorar o 8 de março como "Dia Internacional da Mulher".

RECORDAÇÕESRECORDAÇÕES......

Eram nestas pequenas embarcações onde cada pescador executava o seu trabalho de pesca à linha própria para peixes de águas profundas do mar do norte.Informações baseadas em depoimentos de pescadores daquela época, quando o Bacalhoeiro chegava à Terra Nova ancorava e começava todo o preparo para lida da pesca. Era um trabalho solitário de cada pescador. Saía nos Doris por volta das quatro horas da madrugada para retornar ao Bacalhoeiro somente no mesmo horário do outro dia, tivesse ou não pescado bacalhau. Nesse período de solidão e trabalho enquanto permanecia a pescar nos pequenos barcos, sua alimentação baseava-se em chá que transportava numa garrafa térmica, pão e peixe frito, ou então, sopa feita de cabeças de bacalhau. Esta rotina era diária e repetia-se durante um longo período de seis meses, enfrentando o frio e os temidos nevoeiros dos mares do norte. Este trabalho difícil e arriscado, que fez esses homens heróis serem conhecidos como “Lobos do Mar”.Mais tarde e com a natural evolução da tecnologia surgiram navios de pesca do bacalhau diferentes, os ARRASTÕES, que praticam a pesca com redes de arrasto.

LÁ VÊM ELES!...LÁ VÊM ELES!...OS BACALHOEIROS ESTÃO CHEGANDO, ESTÃO CHEGANDO!...Esses são os gritos de alegria dos familiares que esperam com tanta ansiedade o regresso da pesca do bacalhau de maridos, filhos, irmãos e amigos.Todos correm para o cais, e o que vêm?...Os Barcos Bacalhoeiros entrando na barra com toda a sua elegância e imponência, todas as velas enfunadas pelo vento o que lhes permitem deslizar velozmente sobre as ondas do mar e realizar o desejo de voltar para seus lares e entes queridos, após uma ausência de seis meses em mares de águas profundas e geladas da Terra Nova.Segundo registros históricos os portugueses já praticavam a pesca do bacalhau nos finais do séc. XV. No final do séc. XIX até meados do séc. XX os Barcos Bacalhoeiros enviados para essa árdua tarefa eram feitos de madeira com quatro mastros à vela, (foto em

Barco Barcalhoeiro

texto). Em seu interior transportavam pequenas embarcações de fundo chato chamadas “DORI”.

Dori

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Esta pequena informação sobre os Barcos Bacalhoeiros e seus bravos pescadores de antigamente, é uma singela homenagem a uma pequena cidade situada na costa do litoral português, ÍLHAVO , local de origem de parte de minha família, onde partiram e ainda partem muitos navios e homens para a pesca do bacalhau. Essas histórias verídicas, rodeadas por vezes de alguma fantasia e passadas de pais para filhos ou vivenciadas pelo próprio narrador, eram contadas muitas vezes em noites frias de inverno na casa de meus avós, em rodinhas de familiares e amigos.

BACALHAU

Na língua portuguesa a palavra bacalhau tem origem no latim “Baccalaureu”, tendo correspondência semântica para o espanhol “Bacalao”; italiano “Baccalà”; francês “Morue”; inglês “Cod e Codfish”; anglo-saxão “Stockfish”; dinamarquês “Torsk”.São peixes de águas frias das costas da Noruega, Islândia, Groenlândia, Labrador e Terra Nova. Vivem em grandes profundidades, podendo encontrar-se a mais de 450 metros. Podem atingir 20 anos de idade, ultrapassar 180 centímetros e pesar mais de 20 quilos.Tradicionalmente o bacalhau é consumido seco e salgado, mas atualmente verifica-se uma tendência para o seu consumo em fresco. Pertence à categoria dos peixes magros, sendo muito rico em proteínas, entrando na sua composição o sódio, potássio, flúor, iodo, cálcio, fósforo e vitaminas A, B e D.Em Portugal o bacalhau é um produto alimentar dos mais tradicionais e de maior consumo no mundo, sendo chamado carinhosamente de “fiel amigo”.Durante muitos anos o bacalhau foi um alimento barato podendo ser consumido pelas camadas mais populares. Após a 2.a Guerra Mundial com a escassez de alimentos em toda a Europa, aumento da pesca e respectivo consumo, seu preço encareceu o que resultou numa mudança do perfil de seu consumidor, ou seja, ficou restrito a mesas não tão populares, verificando-se um maior consumo nas principais festas cristãs: Natal e Páscoa.O hábito de comer bacalhau no Brasil veio com os portugueses na época dos descobrimentos, mas a sua difusão e hábito alimentar deu-se com a vinda da corte portuguesa no início do séc. XIX, datando dessa época a primeira exportação oficial de bacalhau da Noruega para o Brasil, em 1843.

Atualmente o bacalhau está totalmente incorporado à culinária brasileira, podendo ser encontrado em todos os cardápios dos principais restaurantes.

CONHEÇA OS VÁRIOS TIPOS DE BACALHAU

Tecnicamente peixe salgado e seco é um produto do peixe limpo, eviscerado, com ou sem cabeça, convenientemente tratado com sal (cloreto de sódio) e devidamente seco. Existem cinco tipos de bacalhau salgado seco no mercado brasileiro: Cod Gadus Morrhua, Cod Gadus Macrocephalus, Saitho, Ling e Zarbo.

O legítimo bacalhau é o Cod Gadus Morrhua, também conhecido no Brasil como “Bacalhau do Porto”, “Portinho” ou “Codinho”.É pescado no Atlântico Norte e considerado o mais nobre bacalhau. O seu tamanho é o maior e mais largo. Quando seco tem uma coloração palha uniforme. Depois de cozido desfaz-se em lascas claras e tenras.

O Cod Gadus Macrocephalus ou Bacalhau do Pacífico é muito parecido com o Cod Gadus Morrhua. No entanto têm diferenças: não se desmancha em lascas, é fibroso, mais claro e não tem o mesmo paladar.

O Saitho é mais escuro e de sabor mais forte. Por ser mais barato é também o mais vendido, sendo muito utilizado para bolinhos, saladas e ensopados de bacalhau.

O Ling é claro e mais estreito que os anteriores

Arrastão

Ano 6 - n. 1 - Abril de 2005 7

Universidade de São PauloReitor: Prof. Dr. Adolpho José MelfiVice-Reitor: Prof. Dr. Hélio Nogueira da Cruz

Faculdade de OdontologiaDiretor: Prof. Dr. Ney Soares de AraújoVice-Diretora: Profa. Dra . Esther Goldenberg Birman

Comissão de BibliotecaPresidente: Prof. Dr. Antonio Carlos de CamposServiço de Documentação OdontológicaDiretora Técnica: Telma de Carvalho – [email protected]

Serviço de Tratamento da InformaçãoSuely Cafazzi Prati – [email protected]

Serviço de Informação Documentária e CirculaçãoVânia Martins Bueno de Oliveira Funaro – [email protected]

Serviço de Assistência e Divulgação Técnico-CientíficaLúcia Maria S. V. Costa Ramos – [email protected]

__________________________________Serviço de Documentação Odontológica – FOUSPElaborado por: Luzia Marilda Z. M. Moraes – [email protected]ção: Maria Aparecida Pinto – [email protected] neste número: Luzia Marilda Z. M. Moraes, Maria Aparecida Pinto, Solange Alves O. Franco, Maria Isabel N. Silva Odina, Vânia Martins B. O. Funaro, Aguida Feliziani C. da SilvaAv. Prof. Lineu Prestes, 2227 - Cidade Universitária05508-000 São Paulo - SP - BrasilFone: 0055-011- 3091-7816/3091-7836/3091-7837/3091-7861/3091-7413Fax: 0055-011- 3032-4409E Mail: [email protected]://www.fo.usp.br/bibfo/

O Zarbo é o mais popular e o seu tamanho é menor que os demais.

O QUE É BACALHAU DO PORTO?

A cidade do Porto, situada ao norte de Portugal, foi a primeira a receber e preparar o bacalhau trazido pelos pescadores portugueses da Terra Nova, continuando a ser ainda hoje a principal cidade da culinária do bacalhau.No Brasil por tradição e identificação do melhor bacalhau que chegava de Portugal vindo da cidade do Porto, passou a ser chamado como “Bacalhau do Porto”, sendo comercializado nos portos do Rio de Janeiro e Salvador.Atualmente o bacalhau que se comercializa no Brasil e que chamamos “Bacalhau do Porto” tem de ser do tipo CodGadus Morhua ou o Cod Gadus Macrocephalus, com peso superior a 3 kg, podendo ser de origem norueguesa, portuguesa, islandesa, espanhola ou francesa, principais países exportadores do bacalhau.

Maria Isabel N. Silva [email protected]

RECEITA:

BACALHAU À LAGAREIRO COM BATATAS A MURRO

Ingredientes: 4 postas de bacalhau bem demolhadas; 1kg de batatas pequenas; 4 dentes de alho; 1 cebola grande; 0,5 l de azeite; azeitonas pretas; raminhosde salsa.

Preparo:Lave bem as batatas, envolva com sal grosso e coloque num tabuleiro sem tirar a pele. Leve a assar em forno bem quente, durante mais ou menos 40 minutos.Após esse tempo, retiram-se do forno, sacodem-se bem para retirar o sal que ficar agarrado e dá-se um “murro” em cada batata ou, com a palma da mão faz-se pressão até a batata arrebentar.Dica: para se verificar se as batatas estão assadas, espetar com cuidado um palito ou garfo.Enquanto as batatas assam, prepare o bacalhau:Enxugue as postas de bacalhau e grelhe lentamente de ambos os lados, tendo o cuidado de não ficarem queimadas e secas.À mão ou com dois garfos separe o bacalhau em lascas, misture com as batatas e deite numa travessa ou prato de barro. Por cima espalhe a cebola cortada em rodelas finas. Esmague os alhos, deite-os numa frigideira ou panela com o azeite e leve ao fogo a aquecer muito bem sem deixar queimar o alho. Jogue por cima do bacalhau misturado com as batatas e cebola. Decore com azeitonas pretas e raminhos de salsa. Sirva bem quente.

BOM APETITEBOM APETITE