103
i UFRRJ INSTITUTO DE BIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS DISSERTAÇÃO: Respostas autonômicas e comportamentais ao estresse sonoro agudo em cães de companhia com histórico de fobia a sons de trovão e/ou fogos de artifício Carla Caroline Franzini de Souza 2015

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Page 1: Respostas autonômicas e comportamentais ao estresse sonoro ...cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgcf/files/2017/07/Dissertação-Carla... · ao estresse sonoro agudo em cães de companhia

i

UFRRJ

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS

FISIOLOacuteGICAS

DISSERTACcedilAtildeO

Respostas autonocircmicas e comportamentais ao estresse

sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de

fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio

Carla Caroline Franzini de Souza

2015

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS

FISIOLOacuteGICAS

RESPOSTAS AUTONOcircMICAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM

HISTOacuteRICO DE FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE

ARTIFIacuteCIO

CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA

Sob a Orientaccedilatildeo da Professora

Magda Alves de Medeiros

Dissertaccedilatildeo submetida como

requisito parcial para obtenccedilatildeo do

grau de Mestre em Ciecircncias no

Programa de poacutes-graduaccedilatildeo em

Ciecircncias Fisioloacutegicas

Seropeacutedica RJ

Fevereiro de 2015

iii

6367

S729r

T

Souza Carla Caroline Franzini de 1988-

Respostas autonocircmicas e comportamentais

ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Carla

Caroline Franzini de Souza ndash 2015

102 f il

Orientador Magda Alves de Medeiros

Dissertaccedilatildeo (mestrado) ndash Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro Curso de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas

Bibliografia f 67-76

1 Catildeo ndash Fisiologia ndash Teses 2 Catildeo ndash

Efeito do stress ndash Teses 3 Catildeo ndash

Comportamento ndash Teses 4 Stress

(Fisiologia) ndash Teses I Medeiros Magda

Alves de 1973- II Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro Curso de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas III

Tiacutetulo

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA

Dissertaccedilatildeo submetida como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em

Ciecircncias no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas

DISSERTACcedilAtildeO APROVADA EM 25022015

Magda Alves de Medeiros (Ph D) UFRRJ

(Orientadora)

Faacutebio Fagundes da Rocha (Ph D) UFRRJ

Luciene Covolan (Ph D) UNIFESP

v

DEDICATOacuteRIA

Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul

(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me

encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e

inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos

de maravilhosos tempos

Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me

deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir

na pesquisa do que amo

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em

todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do

trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz

Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus

cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando

eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a

minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre

presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre

me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo

Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus

proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando

e confiando seus animais a noacutes

Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento

sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes

para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos

Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth

Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de

trabalho e amizade

A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice

que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre

transformando os momentos mais tensos em divertimento

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me

guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia

Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando

mais precisamos

Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho

Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ

E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter

sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com

muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo

ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca

vii

RESUMO

FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao

estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias

Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropeacutedica RJ 2015

O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E

apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do

estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para

o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado

emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta

num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo

considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e

fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse

Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da

anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais

Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10

a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do

municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a

intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo

foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro

consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima

de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de

frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa

CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas

gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas

diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de

manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi

capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos

como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos

comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos

submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais

significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se

Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos

proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram

correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo

significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros

comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir

Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de

induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa

ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser

utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos

Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento

fobia a sons

viii

ABSTRACT

FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise

acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural

University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015

Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the

stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or

exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an

anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is

persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context

many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as

thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we

have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder

sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability

of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs

different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases

from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by

questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or

not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus

consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of

sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through

frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries

241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics

(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in

the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling

between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was

able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and

phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF

was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress

model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only

phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense

behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding

Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown

by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and

Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the

following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting

Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound

model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a

good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with

history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new

therapeutic targets

Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia

ix

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento 51

Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19

Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20

Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25

Figura 6 Catildeo no momento do som 26

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de

frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30

Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao

estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

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ii

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS

FISIOLOacuteGICAS

RESPOSTAS AUTONOcircMICAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM

HISTOacuteRICO DE FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE

ARTIFIacuteCIO

CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA

Sob a Orientaccedilatildeo da Professora

Magda Alves de Medeiros

Dissertaccedilatildeo submetida como

requisito parcial para obtenccedilatildeo do

grau de Mestre em Ciecircncias no

Programa de poacutes-graduaccedilatildeo em

Ciecircncias Fisioloacutegicas

Seropeacutedica RJ

Fevereiro de 2015

iii

6367

S729r

T

Souza Carla Caroline Franzini de 1988-

Respostas autonocircmicas e comportamentais

ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Carla

Caroline Franzini de Souza ndash 2015

102 f il

Orientador Magda Alves de Medeiros

Dissertaccedilatildeo (mestrado) ndash Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro Curso de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas

Bibliografia f 67-76

1 Catildeo ndash Fisiologia ndash Teses 2 Catildeo ndash

Efeito do stress ndash Teses 3 Catildeo ndash

Comportamento ndash Teses 4 Stress

(Fisiologia) ndash Teses I Medeiros Magda

Alves de 1973- II Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro Curso de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas III

Tiacutetulo

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA

Dissertaccedilatildeo submetida como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em

Ciecircncias no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas

DISSERTACcedilAtildeO APROVADA EM 25022015

Magda Alves de Medeiros (Ph D) UFRRJ

(Orientadora)

Faacutebio Fagundes da Rocha (Ph D) UFRRJ

Luciene Covolan (Ph D) UNIFESP

v

DEDICATOacuteRIA

Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul

(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me

encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e

inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos

de maravilhosos tempos

Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me

deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir

na pesquisa do que amo

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em

todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do

trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz

Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus

cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando

eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a

minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre

presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre

me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo

Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus

proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando

e confiando seus animais a noacutes

Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento

sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes

para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos

Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth

Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de

trabalho e amizade

A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice

que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre

transformando os momentos mais tensos em divertimento

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me

guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia

Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando

mais precisamos

Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho

Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ

E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter

sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com

muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo

ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca

vii

RESUMO

FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao

estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias

Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropeacutedica RJ 2015

O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E

apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do

estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para

o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado

emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta

num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo

considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e

fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse

Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da

anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais

Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10

a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do

municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a

intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo

foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro

consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima

de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de

frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa

CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas

gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas

diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de

manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi

capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos

como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos

comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos

submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais

significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se

Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos

proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram

correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo

significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros

comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir

Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de

induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa

ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser

utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos

Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento

fobia a sons

viii

ABSTRACT

FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise

acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural

University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015

Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the

stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or

exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an

anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is

persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context

many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as

thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we

have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder

sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability

of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs

different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases

from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by

questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or

not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus

consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of

sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through

frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries

241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics

(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in

the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling

between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was

able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and

phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF

was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress

model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only

phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense

behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding

Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown

by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and

Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the

following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting

Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound

model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a

good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with

history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new

therapeutic targets

Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia

ix

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento 51

Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19

Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20

Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25

Figura 6 Catildeo no momento do som 26

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de

frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30

Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao

estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

Page 3: Respostas autonômicas e comportamentais ao estresse sonoro ...cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgcf/files/2017/07/Dissertação-Carla... · ao estresse sonoro agudo em cães de companhia

iii

6367

S729r

T

Souza Carla Caroline Franzini de 1988-

Respostas autonocircmicas e comportamentais

ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Carla

Caroline Franzini de Souza ndash 2015

102 f il

Orientador Magda Alves de Medeiros

Dissertaccedilatildeo (mestrado) ndash Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro Curso de

Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas

Bibliografia f 67-76

1 Catildeo ndash Fisiologia ndash Teses 2 Catildeo ndash

Efeito do stress ndash Teses 3 Catildeo ndash

Comportamento ndash Teses 4 Stress

(Fisiologia) ndash Teses I Medeiros Magda

Alves de 1973- II Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro Curso de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas III

Tiacutetulo

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA

Dissertaccedilatildeo submetida como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em

Ciecircncias no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas

DISSERTACcedilAtildeO APROVADA EM 25022015

Magda Alves de Medeiros (Ph D) UFRRJ

(Orientadora)

Faacutebio Fagundes da Rocha (Ph D) UFRRJ

Luciene Covolan (Ph D) UNIFESP

v

DEDICATOacuteRIA

Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul

(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me

encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e

inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos

de maravilhosos tempos

Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me

deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir

na pesquisa do que amo

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em

todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do

trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz

Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus

cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando

eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a

minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre

presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre

me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo

Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus

proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando

e confiando seus animais a noacutes

Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento

sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes

para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos

Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth

Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de

trabalho e amizade

A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice

que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre

transformando os momentos mais tensos em divertimento

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me

guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia

Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando

mais precisamos

Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho

Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ

E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter

sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com

muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo

ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca

vii

RESUMO

FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao

estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias

Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropeacutedica RJ 2015

O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E

apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do

estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para

o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado

emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta

num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo

considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e

fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse

Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da

anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais

Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10

a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do

municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a

intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo

foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro

consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima

de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de

frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa

CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas

gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas

diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de

manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi

capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos

como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos

comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos

submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais

significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se

Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos

proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram

correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo

significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros

comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir

Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de

induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa

ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser

utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos

Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento

fobia a sons

viii

ABSTRACT

FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise

acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural

University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015

Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the

stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or

exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an

anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is

persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context

many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as

thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we

have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder

sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability

of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs

different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases

from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by

questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or

not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus

consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of

sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through

frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries

241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics

(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in

the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling

between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was

able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and

phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF

was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress

model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only

phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense

behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding

Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown

by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and

Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the

following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting

Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound

model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a

good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with

history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new

therapeutic targets

Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia

ix

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento 51

Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19

Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20

Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25

Figura 6 Catildeo no momento do som 26

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de

frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30

Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao

estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

Page 4: Respostas autonômicas e comportamentais ao estresse sonoro ...cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgcf/files/2017/07/Dissertação-Carla... · ao estresse sonoro agudo em cães de companhia

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA

Dissertaccedilatildeo submetida como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em

Ciecircncias no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas

DISSERTACcedilAtildeO APROVADA EM 25022015

Magda Alves de Medeiros (Ph D) UFRRJ

(Orientadora)

Faacutebio Fagundes da Rocha (Ph D) UFRRJ

Luciene Covolan (Ph D) UNIFESP

v

DEDICATOacuteRIA

Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul

(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me

encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e

inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos

de maravilhosos tempos

Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me

deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir

na pesquisa do que amo

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em

todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do

trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz

Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus

cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando

eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a

minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre

presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre

me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo

Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus

proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando

e confiando seus animais a noacutes

Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento

sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes

para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos

Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth

Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de

trabalho e amizade

A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice

que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre

transformando os momentos mais tensos em divertimento

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me

guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia

Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando

mais precisamos

Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho

Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ

E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter

sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com

muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo

ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca

vii

RESUMO

FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao

estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias

Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropeacutedica RJ 2015

O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E

apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do

estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para

o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado

emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta

num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo

considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e

fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse

Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da

anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais

Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10

a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do

municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a

intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo

foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro

consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima

de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de

frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa

CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas

gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas

diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de

manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi

capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos

como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos

comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos

submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais

significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se

Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos

proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram

correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo

significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros

comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir

Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de

induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa

ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser

utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos

Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento

fobia a sons

viii

ABSTRACT

FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise

acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural

University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015

Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the

stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or

exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an

anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is

persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context

many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as

thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we

have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder

sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability

of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs

different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases

from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by

questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or

not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus

consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of

sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through

frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries

241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics

(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in

the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling

between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was

able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and

phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF

was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress

model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only

phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense

behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding

Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown

by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and

Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the

following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting

Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound

model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a

good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with

history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new

therapeutic targets

Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia

ix

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento 51

Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19

Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20

Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25

Figura 6 Catildeo no momento do som 26

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de

frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30

Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao

estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

Page 5: Respostas autonômicas e comportamentais ao estresse sonoro ...cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgcf/files/2017/07/Dissertação-Carla... · ao estresse sonoro agudo em cães de companhia

v

DEDICATOacuteRIA

Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul

(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me

encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e

inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos

de maravilhosos tempos

Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me

deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir

na pesquisa do que amo

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em

todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do

trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz

Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus

cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando

eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a

minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre

presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre

me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo

Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus

proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando

e confiando seus animais a noacutes

Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento

sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes

para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos

Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth

Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de

trabalho e amizade

A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice

que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre

transformando os momentos mais tensos em divertimento

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me

guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia

Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando

mais precisamos

Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho

Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ

E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter

sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com

muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo

ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca

vii

RESUMO

FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao

estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias

Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropeacutedica RJ 2015

O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E

apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do

estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para

o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado

emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta

num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo

considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e

fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse

Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da

anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais

Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10

a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do

municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a

intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo

foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro

consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima

de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de

frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa

CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas

gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas

diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de

manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi

capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos

como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos

comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos

submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais

significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se

Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos

proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram

correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo

significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros

comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir

Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de

induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa

ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser

utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos

Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento

fobia a sons

viii

ABSTRACT

FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise

acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural

University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015

Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the

stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or

exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an

anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is

persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context

many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as

thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we

have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder

sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability

of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs

different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases

from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by

questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or

not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus

consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of

sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through

frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries

241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics

(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in

the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling

between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was

able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and

phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF

was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress

model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only

phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense

behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding

Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown

by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and

Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the

following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting

Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound

model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a

good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with

history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new

therapeutic targets

Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia

ix

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento 51

Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19

Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20

Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25

Figura 6 Catildeo no momento do som 26

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de

frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30

Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao

estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

Page 6: Respostas autonômicas e comportamentais ao estresse sonoro ...cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgcf/files/2017/07/Dissertação-Carla... · ao estresse sonoro agudo em cães de companhia

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em

todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do

trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz

Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus

cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando

eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a

minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre

presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre

me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo

Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus

proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando

e confiando seus animais a noacutes

Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento

sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes

para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos

Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth

Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de

trabalho e amizade

A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice

que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre

transformando os momentos mais tensos em divertimento

Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me

guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia

Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando

mais precisamos

Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho

Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ

E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter

sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com

muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo

ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca

vii

RESUMO

FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao

estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias

Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropeacutedica RJ 2015

O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E

apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do

estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para

o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado

emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta

num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo

considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e

fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse

Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da

anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais

Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10

a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do

municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a

intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo

foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro

consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima

de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de

frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa

CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas

gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas

diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de

manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi

capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos

como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos

comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos

submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais

significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se

Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos

proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram

correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo

significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros

comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir

Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de

induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa

ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser

utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos

Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento

fobia a sons

viii

ABSTRACT

FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise

acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural

University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015

Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the

stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or

exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an

anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is

persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context

many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as

thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we

have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder

sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability

of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs

different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases

from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by

questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or

not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus

consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of

sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through

frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries

241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics

(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in

the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling

between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was

able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and

phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF

was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress

model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only

phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense

behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding

Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown

by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and

Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the

following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting

Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound

model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a

good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with

history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new

therapeutic targets

Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia

ix

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento 51

Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19

Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20

Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25

Figura 6 Catildeo no momento do som 26

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de

frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30

Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao

estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

Page 7: Respostas autonômicas e comportamentais ao estresse sonoro ...cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgcf/files/2017/07/Dissertação-Carla... · ao estresse sonoro agudo em cães de companhia

vii

RESUMO

FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao

estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de

trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias

Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Seropeacutedica RJ 2015

O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E

apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do

estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para

o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado

emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta

num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo

considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e

fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse

Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da

anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais

Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10

a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do

municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a

intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo

foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro

consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima

de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de

frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa

CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas

gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas

diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de

manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi

capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos

como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos

comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos

submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais

significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se

Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos

proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram

correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo

significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros

comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir

Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de

induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa

ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser

utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos

Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento

fobia a sons

viii

ABSTRACT

FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise

acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural

University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015

Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the

stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or

exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an

anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is

persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context

many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as

thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we

have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder

sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability

of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs

different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases

from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by

questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or

not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus

consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of

sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through

frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries

241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics

(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in

the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling

between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was

able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and

phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF

was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress

model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only

phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense

behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding

Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown

by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and

Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the

following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting

Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound

model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a

good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with

history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new

therapeutic targets

Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia

ix

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento 51

Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19

Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20

Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25

Figura 6 Catildeo no momento do som 26

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de

frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30

Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao

estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

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viii

ABSTRACT

FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise

acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural

University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015

Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the

stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or

exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an

anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is

persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context

many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as

thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we

have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder

sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability

of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs

different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases

from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by

questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or

not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus

consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of

sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through

frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries

241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics

(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in

the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling

between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was

able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and

phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF

was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress

model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only

phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense

behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding

Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown

by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and

Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the

following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting

Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound

model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a

good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with

history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new

therapeutic targets

Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia

ix

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento 51

Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19

Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20

Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25

Figura 6 Catildeo no momento do som 26

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de

frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30

Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao

estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

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ix

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento 51

Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19

Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20

Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25

Figura 6 Catildeo no momento do som 26

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de

frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30

Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao

estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45

x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

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x

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio

e a razatildeo LFHF 54

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

Page 11: Respostas autonômicas e comportamentais ao estresse sonoro ...cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgcf/files/2017/07/Dissertação-Carla... · ao estresse sonoro agudo em cães de companhia

xi

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS

AC Adenilatociclase

ACh Acetilcolina

ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico

AVP Vasopressina

CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares

CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais

CRH Hormocircnio liberador de corticotropina

dB decibeacuteis

DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas

DPA Departamento de Parasitologia Animal

FC Frequecircncia Cardiacuteaca

FFT Transformada Raacutepida de Fourier

GR Receptor de Glicocorticoacuteides

HF Frequecircncia alta

HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal

IRR Intervalos RR

LC Locus Coeruleus

LF Frequecircncia baixa

MR Receptor de Mineralocorticoacuteide

NAV Nodo Atrioventricular

NA Noradrenalina

NS Nodo Sinoatrial

PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc

PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo

RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos

consecutivos elevadas ao quadrado

SAM Sistema Simpato-adreno-medular

SNA Sistema Nervoso Autocircnomo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico

SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico

xii

SRD Sem raccedila definida

STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

xiii

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA v

AGRADECIMENTOS vi

RESUMO vii

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix

LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Justificativa 3

12 Objetivos 4

121 Geral 4

122 Especiacuteficos 4

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5

21 Estresse 5

22 Fisiologia do estresse 6

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16

26 Fobia em catildees 18

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22

32 Animais 22

321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23

33 Procedimentos Experimentais 24

xiv

331 Estiacutemulo Sonoro 25

34 Grupos experimentais 26

35 Coletas de sangue 26

36 Uso do Frequenciacutemetro 27

37 Anaacutelise Espectral da VIC 27

38 Anaacutelise Comportamental 30

39 Anaacutelise Estatiacutestica 31

4 RESULTADOS 33

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46

44 Correlaccedilotildees entre os dados 51

5 DISCUSSAtildeO 55

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61

54 Correlaccedilotildees entre dados 62

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63

6 CONCLUSOtildeES 65

7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67

8 ANEXOS 77

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85

ANEXO 5 Termo de Consentimento 86

xv

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as

reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio

selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados

acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade

A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um

animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais

ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e

comunidades

Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para

os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando

atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar

influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no

cotidiano

A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos

quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem

estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de

um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos

O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente

importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo

desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder

rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos

seres

Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo

redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento

de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta

momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas

situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos

A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na

espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e

2

neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e

fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer

danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune

A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo

claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional

e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso

sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase

fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas

ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o

eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema

nervoso simpaacutetico

Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos

podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e

aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de

ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a

resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre

na fobia

Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos

que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia

subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as

alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas

neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa

Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo

de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais

utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo

cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar

o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente

desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises

citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos

estudos mais recentes

Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas

e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com

3

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado

consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido

a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a

uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos

deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais

Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram

historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam

qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos

ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio

Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14

paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos

para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol

11 Justificativa

Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no

seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse

e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes

devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie

O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo

necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste

sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma

de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos

caminhos terapecircuticos

Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo

pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao

estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo

4

12 Objetivos

121 Geral

Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de

companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

122 Especiacuteficos

Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e

comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do

intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos

de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia

a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos

proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos

exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio

Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em

catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio

submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo

5

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

21 Estresse

O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela

primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para

a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)

Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse

conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o

termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase

como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que

ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais

nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)

E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye

definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o

termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia

distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador

(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo

desafiador (FRANCI 2005)

A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser

vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da

ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e

manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para

restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de

doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e

mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo

superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)

A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo

para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a

mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma

certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado

pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)

6

Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo

hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o

sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina

Adrenalina)

A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a

distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico

cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da

resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)

22 Fisiologia do estresse

Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a

homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e

intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo

Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos

estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias

toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de

relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso

e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda

classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)

Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda

espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios

gerais

1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante

2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante

3deg As consequecircncias da resposta de estresse

Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e

fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)

Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular

gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema

cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E

7

o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na

produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp

HERMAN 2009) (Figura 1)

As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se

prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute

desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da

redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas

vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo

mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees

digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer

excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas

diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta

(ROGERSON 1997)

8

Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular

(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a

manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de

neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal

toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para

vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal

Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi

primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e

leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos

terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo

perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o

estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-

ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos

inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao

estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que

secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e

vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam

na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que

atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios

glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e

potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o

coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de

glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees

complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo

arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)

CRH

AVP

9

As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva

onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila

Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo

com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute

a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta

(MARGIS et al 2003)

A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse

ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto

significativo ao seu bem-estar

Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de

estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais

e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-

optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral

Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)

e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo

com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no

desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a

amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da

medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao

estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)

O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico

inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas

liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN

2009)

O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais

metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor

coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute

sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a

vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal

hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio

adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)

10

O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a

corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que

sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o

glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para

paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)

Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a

dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide

(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria

das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a

regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde

ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem

com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de

regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao

estresse

O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou

em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no

ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o

aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um

aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA

(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor

estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)

Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das

respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a

adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o

corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de

defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)

23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse

231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca

11

O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no

coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam

seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais

a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou

seja constante (STAUSS 2007)

Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo

constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou

outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos

leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos

batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos

aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC

apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)

No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea

na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo

logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)

Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de

noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a

adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no

coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase

(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase

dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2

e Na+

acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de

disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo

inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina

(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)

inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh

ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana

levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a

12

frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a

frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)

Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e

parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos

terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem

mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das

diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-

ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos

celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON

BORELL et al 2007)

232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)

A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo

riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos

irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)

A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos

iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia

No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode

ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem

caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida

entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009

SONG et al 2006)

Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos

cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o

tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al

2007)

A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste

no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier

(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes

oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios

no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das

frequecircncias baixas e altas da VIC

13

Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo

divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo

espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na

anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et

al 2009)

Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute

confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes

regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade

riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas

resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)

(Figura 2)

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC

Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo

jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute

Repouso Movimento

14

disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes

principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna

predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo

relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)

A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores

obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade

simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes

espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se

situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et

al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o

seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de

responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica

Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007

PICCIRILLO et al 2009)

Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de

indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON

BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da

atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados

fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um

aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do

componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF

(STAUSS 2007)

24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees

O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu

desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento

ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de

ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades

relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp

WALTERS 1981)

15

A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso

central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes

dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta

conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade

variabilidade e complexidade

Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de

surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo

comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para

a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa

significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo

Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta

intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele

iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo

emocional

E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e

duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas

para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)

Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando

perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas

geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato

de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees

extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro

tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis

caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral

de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS

1981)

Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros

visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a

funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa

espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de

16

armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a

espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa

justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)

E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees

(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o

estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse

acuacutestico de sobressalto em ratos

25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees

Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada

sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos

que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o

ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)

Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois

permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e

psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes

correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006

MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor

utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e

mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS

1989 DARWIN 2004)

Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)

definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao

meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de

companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado

pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria

passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais

Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com

organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de

17

ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus

ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)

Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam

desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes

alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar

Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute

que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas

deacutecadas em animais com problemas comportamentais

Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de

estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo

apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia

apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e

metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)

A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com

que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados

Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de

relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os

animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de

vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas

naturais (OVERALL et al 2001)

Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias

criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao

aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)

Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e

mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)

O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou

ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio

(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de

reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo

18

estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de

forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados

26 Fobia em catildees

Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o

organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta

imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve

processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com

hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)

Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo

destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da

pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas

que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim

de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)

O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral

responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e

ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em

aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao

perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao

estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)

A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees

de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das

diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias

Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala

recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e

associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada

esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo

cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)

19

Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo

sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na

divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio

enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do

taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares

posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo

associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para

amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)

A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos

negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a

amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais

especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal

(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas

ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)

Kandel 2003

20

Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas

hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al

2003)

O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios

noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de

fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo

parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY

1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)

Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta

Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas

haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou

satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa

ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)

A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e

estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em

humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e

persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou

atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de

comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento

Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica

mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo

21

coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo

HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico

Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para

tal transtorno

As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria

de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma

o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida

mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)

Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais

mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em

todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas

(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta

resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel

nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral

se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas

do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania

concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou

estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores

comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-

SELCER amp STAGG 1991)

Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os

mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em

alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex

(OVERALL 2010)

E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do

viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do

catildeo afetado (MILLS etal 2003)

22

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental

Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de

Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia

Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os

procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg

56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na

Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14

32 Animais

Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados

28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e

vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ

Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio

interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a

participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos

animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral

(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que

constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame

neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados

animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de

seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos

e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao

modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme

as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de

trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-

DAVIS 2003) (Anexo 3)

23

Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto

veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no

municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)

Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio

adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)

321 Consideraccedilotildees eacuteticas

A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados

mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para

interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica

ou mental dos animais que participaram do projeto

322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som

Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao

questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio

O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos

como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo

esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses

parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)

a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009

CROWELL-DAVIS 2003)

Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e

Foacutebicosfogos quando

Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante

o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3

ou algum item com escore maacuteximo (5)

Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede

e integridade fiacutesica

E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior

parte do tempo durante o estiacutemulo

24

33 Procedimentos Experimentais

O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves

9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador

realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do

experimento

Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e

os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e

comportamento do animal

A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme

as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com

histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e

animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)

No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de

silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a

colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram

com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental

Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local

por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do

momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio

onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado

acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com

ventilaccedilatildeo adequada

Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem

manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro

dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a

segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)

O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de

fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2

minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)

Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer

manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do

estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos

(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)

25

A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees

comportamentais

Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua

casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio

Figura 5 Esquema do protocolo experimental

331 Estiacutemulo Sonoro

Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e

30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos

sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality

stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de

fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous

fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom

O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas

as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada

atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-

104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol

seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho

auditivo (ISING et al 1999)

O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater

DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um

metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi

contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover

naturalmente sem intervenccedilotildees

26

Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora

34 Grupos experimentais

Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo

ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos

Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de

fogos de artifiacutecio

Formando os grupos

Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de trovatildeo

Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de

estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio

35 Coletas de sangue

As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso

22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As

amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas

27

na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi

acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados

36 Uso do Frequenciacutemetro

Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema

de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa

elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o

outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a

conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado

entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento

que armazena os dados

Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-

transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver

Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da

interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal

37 Anaacutelise Espectral da VIC

Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer

5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos

A

B C

E D F

28

Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora

Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC

(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)

Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo

pessoal

29

Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o

programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos

RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram

selecionados os segmentos a serem analisados

Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do

proprietaacuterio

Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao

laboratoacuterio

Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro

Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro

Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de

leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos

valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os

segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que

permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo

Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da

VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo

entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo

simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis

utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986

LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007

HARADA et al 2005)

VLFndash 0 a 004

LF 004 ndash 015

HF ndash 015 ndash 04

taxa de interpolaccedilatildeo = 4

pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512

Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da

meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao

quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo

30

Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes

de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal

38 Anaacutelise Comportamental

As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera

Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um

pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam

Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se

esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva

salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros

comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1

Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados

em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =

observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme

descrito por Mills et al 2003

31

Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados

Paracircmetros Descriccedilatildeo

Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da

boca

Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo

Postura de

submissatildeo

Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo

Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no

local

Procurar

pessoas

Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou

tentando interagir

Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente

Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr

Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar

Atitude

destrutiva

Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente

Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva

Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese

Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo

Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda

Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo

(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)

39 Anaacutelise Estatiacutestica

Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos

animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test

t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando

possiacutevel) no caso de dados qualitativos

A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e

RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas

considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos

e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e

do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o

momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo

(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo

Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os

escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-

Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e

FoacutebicoFogos

32

Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph

Pad Prisma 6

33

4 RESULTADOS

41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais

Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos

quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito

na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo

feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As

profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio

(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)

Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

ESTADO CIVIL Profissatildeo

Feminino Masculino Total Geral

Casado 12 1 13 464

Agrocircnomo 1 1 2 71

Estudante Universitaacuterio 3 3 107

Med Veterinaacuterio 4 4 142

Professor Universitaacuterio 4 4 142

Solteiro 10 4 14 50

Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357

Med Veterinaacuterio 1

1 35

Servidor puacuteblico 2

2 71

Zootecnista 1 1 35

Viuacutevo 1 1 35

Dona de casa 1 1 35

Total Geral 23 5 28 100

8214 1786 10000

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo

houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)

estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na

34

populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de

proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)

Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos

PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

F M total F M total

Casado 5

5 416 Casado 6 1 7 437

Agrocircnomo 1

1 83 Agrocircnomo

1 1 62

Estudante Uni 1

1 83 Estudante Uni 2

2 125

Med Veterinaacuterio 2

2 166 Med Veterinaacuterio 2

2 125

Professor Uni 1

1 83 Professor Uni 2

2 125

Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50

Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25

Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1

1 62

Servidor UFRRJ 2

2 125

Zootecnista

1 1 62

Viuacuteva 1

1 62

Dona de casa 1

1 62

Total 812 187 16 100

Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e

porcentagem

Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais

natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=

1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-

foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O

teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na

caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais

frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e

687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41

dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-

foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais

natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos

Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo

haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na

populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)

35

Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES

NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS

SEXO CASTRADOS

F 8 666 F 13 812

NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312

SIM 5 416 SIM 8 50

M 4 333 M 3 187

NAtildeO 3 25 SIM 3 187

SIM 1 83 Total 16 100

Total 12 100

PESO

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

195 30 12 189 30 10

IDADE

Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten

28 5 2 34 6 2

RACcedilA

DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62

LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125

PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62

SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62

Total 12 100 SRD 11 687

Total 16 100

ORIGEM

CANIL 1 83 CANIL 2 125

DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125

RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250

Total 12 100 RUA 8 500

Total 16 100

Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se

houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos

natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a

mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos

natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)

Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou

interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos

Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em

sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875

36

dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em

apartamento

Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande

maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com

piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa

Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)

Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na

entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial

Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada

uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia

Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse

estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia

frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de

serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais

natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de

MANEJO

NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687

MORTE 2 166 3 187

DIVORCIO 0 0 0 0

CASAMENTO 0 0 1 62

NASCIMENTO 1 83 1 62

MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562

OUTROS 5 416 3 187

TIPO DE MORADIA

APARTAMENTO 1 83 2 125

CASA QUINTAL 11 916 14 875

ONDE DORME

CIMENTO CANIL 1 83 1 62

CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25

DENTRO DE CASA 2 166 5 312

PISO QUINTAL 6 50 6 375

37

artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-

foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de

maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar

com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e

437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437

contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-

quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos

(p=07333)

Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos

responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de

trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a

conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada

de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma

exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de

proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas

fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos

Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou

tratamento comportamental ateacute o dia do experimento

O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi

composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas

salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente

observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados

produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney

comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos

proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt

00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=

00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute

os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila

significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)

(Figura 11)

38

Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos

COMPORTAMENTO

QUEIXAS

COMPORTAMENTAIS

(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS

FOacuteBICOS

Nordm de CAtildeES 12 100 15 937

FUGIR 7 583 9 562

TIMIDEZ 1 83 7 437

ROER 1 83 6 375

AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437

MORDER 2 166 2 125

DESOBEDIENCIA 3 25 2 125

CAVAR 4 333 9 562

LATIR 3 25 4 25

BRIGAR 2 166 0 0

AGRESSAtildeO 1 83 1 62

UIVAR 2 166 1 62

COPROFAGIA 0 0 0 0

PULAR 6 50 7 437

Dados apresentados em contagem e porcentagem

39

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

P r o c u r a r p e s s o a s

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

5

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-2

0

2

4

6

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-1

0

1

2

3

4

Es

co

re

A u to fla g e lo

N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s

-0 5

0 0

0 5

1 0

1 5

2 0

2 5

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

I J

40

Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados

apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio

(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste

de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)

e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se

Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F

Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G

Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo

41

42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa

na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3

72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos

(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e

Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos

Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos

basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)

Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de

estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de

duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou

diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando

diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1

24)= 05538 p lt 0464)

Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som

de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute

que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF

produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos

Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de

Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm

da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

1

2

3

4

5

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o tro vatilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o fo g o s

LF

HF

42

significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-

foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e

Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)

Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo

(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no

fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)

Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees

Muacuteltiplas de Bonferroni

Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no

momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos

basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF

aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito

do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute

significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura

13)

Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos

ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o sLF

(n

u)

43

1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa

no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de

duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3

72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)

e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni

natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos

natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na

avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo

x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator

Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator

Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo

apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas

de Bonferroni

Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada

parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em

relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que

houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos

(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF

produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais

natildeo-foacutebicos (Figura 14)

44

Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de

Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo

apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-

som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator

Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo

Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram

FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das

diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia

detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila

nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa

entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo

de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa

no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos

fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de

Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia

foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos

e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e

fogos de artifiacutecio

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

HF

(n

u)

45

Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM

(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando

diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre

batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro

agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1

basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo

havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo

sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou

diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos

fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O

Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em

nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

8 0

1 0 0

1 2 0

1 4 0

1 6 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

BP

M

B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

N atilde o -foacute b ico tro vatilde o

F oacute b ic o s tro v atilde o

N atilde o -foacute b ico fo g o s

F oacute b ic o s fo g o s

RM

SS

D (

MS

)

46

do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila

significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo

Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento

som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos

e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)

43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de

filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14

paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala

de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado

frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo

apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero

de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado

pelos grupos experimentais

No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de

mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde

foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som

foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos

paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi

avaliado somente o momento som

47

Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento

Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2

= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao

numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo

48

O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila

significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder

(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O

Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi

significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no

paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo

Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila

significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos

Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees

muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)

Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)

Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e

Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido

Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o

experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)

49

Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder

A rfa r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

T r e m e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S u b m is s atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S e e s c o n d e r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

P r o c u r a r

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V ig ilacirc n c ia

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

In q u ie ta ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

V o c a liz a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

G H

50

(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos

Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de

companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados

correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos

grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis

detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila

significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo

D e s tr u iccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S a liv a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

E lim in a ccedil atilde o

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

D is p a r a d a

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

F u g ir

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

S o b r e s s a lto

N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s

0

1

2

3

4

Es

co

re

A B

C D

E F

51

44 Correlaccedilotildees entre os dados

Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre

comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou

fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso

correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no

laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo

em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros

comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)

e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas

Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os

paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo

foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e

principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)

Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute

apresentado na tabela 8

Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e

os avaliados durante o experimento

Paracircmetros

Avaliaccedilatildeo por escore segundo

proprietaacuterio (0-5)

Avaliaccedilatildeo por escore no momento som

experimento (0-3)

Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos

Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)

Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)

Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)

Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)

Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)

Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)

Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)

Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)

Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)

Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6

notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos

escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e

foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram

reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som

do experimento

52

A rfa r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 1 2 1

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

ioT r e m e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 6 8 1 5

p = lt0 0 0 0 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S e e s c o n d e r

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 2 5 7

p = 0 0 0 4 1

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

P r o c u r a r p e s s o a s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 0 9 6 8

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

In q u ie ta ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 1 6 8 7

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

V o c a liz a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= -0 1 1 9 3

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

D e s tr u iccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

S a liv a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 3 1 9 9

n s

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

E lim in a ccedil atilde o

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

c a s a

La

bo

ra

toacuter

io

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

A u to f la g e lo

De

str

uiccedil

atildeo

A B

C D

E F

G H

I J

53

Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar

significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)

Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros

comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos

induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os

paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de

Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587

(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)

Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562

(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo

Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os

valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram

analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o

experimento

54

Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no

laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)

Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)

Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que

natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r

T re m e r

S e e s c o n d e r

r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0

r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4

F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o

V o c a liz a ccedil atilde o

V ig ilacirc n c ia

r= 0 1 0 2 3 n s

r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1

S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

0 2 4 6

-1

0

1

2

3

4

r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r

S u b m is s atilde o

S o b re s s a lto

r= 0 3 4 0 7 n s

r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7

L F H F

Co

mp

orta

me

nto

s

55

5 DISCUSSAtildeO

O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em

resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons

de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado

atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem

da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem

do cortisol

Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios

caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos

a correlaccedilatildeo entre os dados

51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais

Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees

da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel

superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em

medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais

abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar

de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo

geral

Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram

catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a

situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e

acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela

situaccedilatildeo dos animais abandonados

Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo

foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada

e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que

mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com

histoacuterico de fobia

Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e

castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de

artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de

56

animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia

de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo

suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)

Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees

tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo

caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia

segundo os proprietaacuterios

Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas

com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas

importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi

identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia

Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por

34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o

manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio

com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos

observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de

medo em cada catildeo

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos

proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder

procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo

eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no

presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a

destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp

GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de

que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois

em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de

catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores

(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e

autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees

submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus

proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os

paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de

57

duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a

duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores

de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3

em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono

vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em

disparada e fugir meacutedia 1

Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de

catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco

associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute

descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons

que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por

tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com

os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram

sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que

indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um

evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo

mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses

comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem

que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto

que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade

(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)

No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre

apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo

sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto

Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos

(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e

somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias

descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade

se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim

de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores

desencadeadores

O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao

trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e

58

colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros

possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a

desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da

habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos

(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A

exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e

outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao

aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de

tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de

carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator

desencadeador

Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e

Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees

podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que

envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na

pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse

transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a

eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente

transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo

acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se

torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade

(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave

diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons

No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de

grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de

reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da

outra

Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e

problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode

resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia

ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira

estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis

tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade

59

52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo

Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos

de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA

(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000

PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees

de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como

um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da

anaacutelise da VIC)

Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no

momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os

grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no

fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse

sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico

de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo

autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos

A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante

pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que

alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o

coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre

aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os

dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente

um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade

vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo

natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes

da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser

considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em

conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro

principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo

funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados

psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir

seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)

60

Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo

LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x

fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar

que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a

sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)

Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que

segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a

regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades

Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia

natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e

fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a

importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica

poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses

resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos

basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos

em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento

som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos

do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da

ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)

O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento

som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover

uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os

catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos

Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo

apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves

variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas

estatisticamente

Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que

avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do

presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello

(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas

61

em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido

considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento

na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade

(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute

capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina

(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a

frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro

agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2

segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo

evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os

animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som

No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram

detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a

condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado

um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um

aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi

verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando

niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14

24 mmolL) (BEERDA et al 1997)

53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som

Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees

comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o

ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees

mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto

animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se

esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos

Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos

apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi

diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila

estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos

No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons

foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico

Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15

62

primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2

minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas

comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os

dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados

Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas

pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel

para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por

espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em

conjunto se mostram ferramentas mais eficientes

54 Correlaccedilotildees entre dados

Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais

dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de

artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os

paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os

paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram

correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo

em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das

respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em

laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter

ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade

sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem

de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente

ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo

normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao

fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode

variar natildeo necessariamente relatando a realidade

Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as

respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do

animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al

2003 BRANSON amp ROGERS 2006)

Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com

paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com

comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se

63

Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees

significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise

da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de

dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por

Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF

55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees

Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os

eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em

diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons

especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003

DRESCHEL amp GRANGER 2005)

O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo

dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar

animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees

Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como

vantagens que

O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por

ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais

de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao

aparelho auditivo (ISING et al 1999)

Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo

A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem

ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de

manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo

sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os

proprietaacuterios e outros animais

O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo

ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que

os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)

Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma

vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento

doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse

64

sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes

raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons

atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp

ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001

DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp

DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA

ET AL 2007)

Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de

comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em

seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema

comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao

estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o

estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos

neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos

Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros

65

6 CONCLUSOtildeES

Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de

animais foacutebicos e natildeo foacutebicos

Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade

gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com

histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de

fobia

Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos

relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram

arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e

salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram

descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo

Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da

a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a

magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente

maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos

Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo

interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos

submetidos ao trovatildeo e aos fogos

O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros

vigilacircncia tremer e se esconder

Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram

respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-

foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo

Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas

comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos

As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos

catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros

tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar

por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os

comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo

66

Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais

induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se

esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros

submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo

significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo

foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos

durante o experimento

O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e

autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a

sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos

caminhos terapecircuticos

67

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77

8 ANEXOS

ANEXO 1 Ficha geral de cadastro

IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

PPGCF- PROJETO DE MESTRADO

Identificaccedilatildeo animal 1) Nome

2) Espeacutecie

3) Raccedila

4) Pelagem

5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

6) Data da castraccedilatildeo

7) Motivo para castraccedilatildeo

8) Idade

9) Idade de Obtenccedilatildeo

10) Origem

Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio

1) Nome

2) Endereccedilo

3) Bairro

4) Cidade

5) CEP

6) Estado

7) Telefone

Dados familiares

1) Estado civil

2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO

3) Profissatildeo

4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR

Manejo

1) Onde dorme

2) Acesso agrave casa

3) Acesso agrave rua

4) Ambiente

5) Banho (freq local produtos etc)

6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos

7) Dieta

Tipo ( ) Caseira ( ) comercial

Frequumlecircncia

78

Quantidade

8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO

9) Outros animais

10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta

no momento do som

Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)

Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse

comportamento

Ele tem mais medo um do que do outro

Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira

frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo

relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio

1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar

2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar

3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia

Outros _______________

Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional

Desde quando ______

Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum

fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________

Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano

( ) Sim ( ) Natildeo

Se sim qual

( ) Morte de pessoa da famiacutelia

( ) Morte de animal da famiacutelia

( ) Divoacutercio

( ) Casamento

( ) Nascimento de bebecirc

( ) Animais adicionados

( ) Mudanccedila de casa

( ) Outros

79

Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de

seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que

forma

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________

Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________

Vocecirc jaacute criou animais antes

( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)

_______________________________________

Antecedentes cliacutenicos

Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________

Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo

Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo

Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________

Qual a idade do 1ordm cio ___________

Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________

O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo

Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece

Porque ele foi doado _______________________________

Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________

Onde vocecirc adquiriu este animal

( ) Encontrado na rua

( ) Criador Canil

( ) Abrigo de animais

( ) Cria da casa

( ) Pet-Shop

( ) Amigo

( ) Outro Qual_______________

Porque vocecirc adquiriu este animal

Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________

2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________

Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo

Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO

Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____

Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________

Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo

Vocecirc permite que seu catildeo

( ) Corra livre sem guia na rua

( ) Corra livre no canilquintalcasa

( ) Andar com coleira

( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo

( ) Soacute dentro de casa

80

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________

Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________

Qual tipo de moradia vocecirc vive

( ) Apartamento

( ) Casa na cidadeCondomiacutenio

( ) Casa com quintal pequeno

( ) Casa com quintal grande

( ) SiacutetioFazenda

Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-

se a noite)

( ) Em cima da sua cama

( ) No canil

( ) Na cama dele no seu quarto

( ) Em outro cocircmodo

( ) No quintal

Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar

sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um

afeto exagerado por ele

Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia

Problema atual

1) Queixa Principal

2) Histoacuterico

81

ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica

ProprietaacuterioNome

Idade

Telefone Raccedila (M) (F) (C)

Data

QUEIXA Neuroloacutegica

Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu

AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA

Personalidade e atividade

Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo

Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)

Postura da cabeccedila

Coordenaccedilatildeo da cabeccedila

NERVOS CRANIANOS

Olfativo (I)

Ameaccedila (II e VII)

Reflexo Pupilar (II e III)

Tamanho da pupila (II PS Simp)

Simetria da pupila (PS Simp)

Estrabismo (III IV VI VIII)

Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)

Nistagmo espontacircneo (VIII)

Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)

Temporal e Masseter (V)

Vestibular especial (VIII)

Audiccedilatildeo (VIII)

Degluticcedilatildeo (IX X)

Regurgitaccedilatildeo (X)

Laringe (X)

Trapeacutezio (XI)

Liacutengua (XII)

Sinais Vitais

Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo

82

ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS

Carrindo de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do biacuteceps E D

Reflexo do triacuteceps E D

Extensor radial do carpo E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Sensaccedilatildeo superficial

Dor no Pescoccedilo

Atrofia muscular

AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS

Carrinho de matildeo

Pular num soacute peacute ED

Posicionamento ED

Propriocepccedilatildeo E D

Resistecircncia Extensora E D

Reflexo do patelar E D

Reflexo do tibial craniano E D

Reflexo gastrocnecircmio E D

Reflexo Flexor E D

Extensatildeo cruzada E D

Dor profunda E D

Sinal de Babinski E D

Reflexo anal

Resposta do rabo

Paniacuteculo

Niacutevel sensitivo

Atrofia muscular

83

ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia

UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

Animal

Responsaacutevel

Data

ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO

E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO

ATITUDE DESTRUTIVA

0 1 2 3 4 5

Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)

ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)

0 1 2 3 4 5

Pouco Muito

VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento

0 1 2 3 4 5

Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora

SALIVACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado

ESCONDER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

INQUIETACcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

ARFAR

0 1 2 3 4 5

84

Poucas vezes Todo o tempo

PROCURA PELO DONO

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

AUTO DESTRUICcedilAtildeO

0 1 2 3 4 5

Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados

TREMER

0 1 2 3 4 5

Poucas vezes Todo o tempo

85

ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo

86

ANEXO 5 Termo de Consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E

RESPONSAacuteVEL

A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE

11) Nome do paciente _______________________________________

12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________

13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO

14) Data de Nascimento____________

B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL

8) Nome__________________________________________________

9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)

10) Endereccedilo_______________________________________________

Bairro____________________Cidade_______________________

CEP_______________ Telefone____________________________

II ndash DADOS DA PESQUISA

PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS

A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA

ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO

ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE

FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo

B- PESQUISADORES

PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA

PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA

C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA

SEM RISCO

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS

DO SUJEITO DA PESQUISA

87

A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios

relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas

B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar

do estudo

C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade

V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO

ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE

INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS

Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros

Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869

E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom

VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO

Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa

Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014

__________________________________

Assinatura do responsaacutevel legal

__________________________________

Assinatura do pesquisador

88

ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental

Data Pesquisadores

Experimento

Prop Nome Idade Peso Sexo

Temperamento

Exame cliacutenico

Temperatura Mucosas Ausculta

Otoloacutegico

Protocolo experimental

Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6

Escore comportamental

COMPORTAMENTO NOTA

1 arfar

2 tremer

3 postura de submissatildeo

4 se esconder

5 procurar por pessoas

6 vigilacircncia

7 inquietaccedilatildeo

8 vocalizaccedilatildeo

9 atitude destrutiva

10 salivaccedilatildeo

11 eliminaccedilatildeo

12 disparada

13 fugir da sala

14 sobressalto

Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =

observado durante todo o tempo de estiacutemulo

Observaccedilotildees

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