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ASSOCIAÇÃO CULTURAL JOSÉ MARTÍ 30 ANOS INFORMATIVO BRASIL CUBA 2 o semestre de 2013 A Associação José Martí do Rio de Janeiro completa 30 anos de existência defendendo a mesma bandeira: CUBA É O EXEMPLO VIVO DO QUE SE PODE FAZER PARA MELHORAR A EXISTÊNCIA HUMANA. Nesta edição do Informativo Brasil-Cuba, Zuleide Faria de Melo fala sobre sua experiência à frente do processo. (Ao lado fac símile da ata de fundação da Associação Cultural José Martí-RJ) ASSOCIAÇÃO CULTURAL JOSÉ MARTÍ

Informativo Brasil_Cuba

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Publicação da Associação Cultural José Martí-RJ - 2º semestre de 2013

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InformatIvoBrasil Cuba2o semestre de 2013

A Associação José Martí do Rio de Janeiro completa 30 anos de existência defendendo a mesma bandeira: CUBA É O EXEMPLO VIVO DO QUE SE PODE FAZER PARA MELHORAR A EXISTÊNCIA HUMANA. Nesta edição do Informativo Brasil-Cuba, Zuleide Faria de Melo fala sobre sua experiência à frente do processo.

(Ao lado fac símile da ata de fundação da Associação Cultural José Martí-RJ)

AssociAçãoculturAl

José martí

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Como são as relações de Cuba com o mundo hoje?Em 1996, os senadores americanos Jesse Helms e Dan Barton radicalizaram o bloqueio à ilha. Por causa da lei de sua autoria, Cuba tem até hoje enormes dificuldades de negociar com os outros países do planeta. São regras que só valem para Cuba, não valem para nenhum outro país. Nem com o Vietnam – país com o qual tiveram uma guerra - os EUA têm esta atitude. O bloqueio chegou a tal ponto que o senador Helms acentuou a necessidade de punir qualquer navio de qualquer país que aportasse em Cuba. Criou então uma lei para que quem o fizesse não pudesse mais aportar em nenhum porto americano. Quer dizer, um país da Europa jamais deixaria de negociar com os EUA para fazê-lo com Cuba. E, pior, Cuba poderia ter dinheiro, mas ninguém lhe vendia coisa alguma. Eu mesma estive nesta época em Cuba e a bomba d’água do hotel onde fiquei hospedada quebrou. A assistência técnica e as peças de reposição vinham do México, que interrompeu tudo por conta do bloqueio. Ficamos eu e todos os outros hóspedes durante dois dias esperando os engenheiros que ali chegaram para resolver a questão. Isto é um exemplo do prejuízo que o bloqueio vem causando. Imagine um turista que chega a Cuba procurando descanso e conforto. Não vai querer voltar. Até a matéria prima para se fazer sabão entrava no bloqueio. Os cubanos queriam comprar e o resto do mundo se recusava a vender. Com isso as forças de esquerda que apoiavam Cuba entenderam que trazer artistas cubanos para cá ou levar brasileiros para lá não era suficiente para combater o bloqueio. No governo Itamar Franco, construímos uma delegação de 32 pessoas que foi muito bem recebida. O Fidel Castro nos deu uma casa confortável e um senador nos acompanhou. Como foi uma ação de Estado teve grande repercussão nacional e internacional.

O que são as Brigadas de Trabalho Voluntário?Em 1992, já existiam várias entidades de solidariedade a Cuba no Brasil e até hoje realizamos 19 convenções entre as Associações José Martí. Por meio delas produzíamos a Brigada de Trabalho Voluntário Agrícola duas vezes por ano. Uma em janeiro para a colheita de cítricos e outra em julho voltada exclusivamente para o corte de cana, um trabalho muito duro para o qual iam só homens. Essa Brigada do corte de cana em julho acabou, pois Cuba hoje tem sua agricultura mecanizada. Mesmo essa Brigada de janeiro hoje é mais um projeto político do que outra coisa. Você vai ao campo, assiste a debates etc. Este ano a Brigada de janeiro já está pronta. Aí aparecem alguns problemas tipo casais que querem ficar juntos quando os dormitórios são separados. Como um casal que queria comemorar um ano de casados na Brigada. Não deu certo! Porém, atualmente pudemos dar um novo formato às Brigadas. As idas ao campo são pontuais, mas acontecem muitas outras atividades (passeios, visitas) e com isso as pessoas voltam muito felizes de um modo geral. Visitam outras províncias etc.

Qual a reação dos brigadistas diante das limitações de um país pobre? Muitas vezes alguns se enganaram por entenderem que ali poderiam fazer turismo barato. Mas conseguimos resolver isso. Hoje não existe mais esse problema. Todos sabem que existem os horários das varias atividades e respeitam.

Como é a preparação dos brigadistas antes de sua ida à Cuba?Eles recebem aulas, vêem filmes e assistem a palestras para chegarem lá minimamente preparados. Sabendo, por exemplo, como é

que um país pobre como Cuba pode ter saúde e educação de qualidade. Entendendo que é uma questão de escolha de prioridades.

Cuba enfrentou, durante os anos 90, no chamado Período Especial, grandes problemas estruturais. Como foram superadas as dificuldades?Eles foram criativos. Criaram o Médico de Família e organizaram a saúde pública. O Médico de Família atende basicamente a um quarteirão de cerca de 60 casas e reside no posto de saúde. Aprofundaram o atendimento às pessoas da terceira idade. Vacinaram a população por inteiro. Com isso preveniram as doenças mais comuns e reduziram a mortalidade infantil ao nível dos países europeus. O resultado foi o aumento de casamentos de pessoas da terceira idade. Curioso, mas compreensível, aumentou também o número de casamentos entre médicos e enfermeiras e vice-versa.

Como são tratadas as grávidas no sistema de saúde pública?São tratadas pelo Médico de Família. Ele pede todos os exames e marca em uma ficha tudo o que deve ser feito. Ela deve retornar ao médico todos os meses independente de qualquer coisa. Para isso o local de trabalho da mulher é avisado antecipadamente. Ao nascer, a criança toma obrigatoriamente 13 vacinas e a mãe já sai do hospital com a certidão de nascimento, pois o cartório também fica ali.

Como funciona o ensino público?A Constituição cubana obriga os responsáveis a matricularem os filhos na escola. As turmas têm no máximo 25 alunos e a criança recebe o material escolar gratuitamente. Então, do primário à pós-graduação a família não gasta nada. Em uma das vezes que estive em Cuba fiquei num hotel em frente a uma escola primária

Por uma Cuba livre

e ali não vi ninguém. Estranhei e perguntei ao gerente o que havia acontecido. Ele me explicou que todas as crianças estavam no estádio fazendo ginástica rítmica.

Existe política pública para os excepcionais?Eles são atendidos em hospitais exclusivos e os pais, convidados a morarem perto. A mãe passa a receber salário do governo para cuidar do filho e sai do emprego para ter tempo livre. É um tratamento de Primeiro Mundo. Portanto, para falar de Cuba no que diz respeito à saúde e à educação, a mentalidade tem que ser outra. No capitalismo, a gente aprende a somar e a multiplicar, nunca a dividir. É outra visão de mundo.

Como você vê a atuação do movimento popular hoje?O movimento popular hoje tem grande dificuldade em se renovar e uma das questões são as guerras. Como se posicionar? Existe a doutrina das guerras sem fim. Segundo Bush pai declarou a várias emissoras de rádio e TV, com o fim da guerra fria, instaurou-se no planeta uma nova ordem mundial. Neste exato momento a aviação americana começou a bombardear o Iraque.

Qual a verdadeira origem desses conflitos?Eu não entendia bem a destruição do Iraque e não conseguia alcançar o porquê da guerra contra o Afeganistão. Mas, como sou curiosa, descobri que o Afeganistão faz fronteira com o Paquistão e com ex-repúblicas soviéticas e ali se situa o Mar Morto, uma região onde se encontram pelo menos 60% das reservas de petróleo e gás do planeta. Aí ficou tudo claro. A tentativa de invadir o Irã e as outras guerras fazem parte dessa estratégia. Na verdade, o interesse nas riquezas minerais fica muito claro. E o que é feito é horrível. Invadem, quebram, destroem, como aconteceu em uma biblioteca no Iraque com sete mil anos de existência contendo toda a história do Oriente. Dessa forma, além da destruição física, as guerras promovem também a destruição cultural.

E as investidas contra Cuba?A exemplo do que fazem com o Oriente, os EUA insistem em criar mecanismos para triturar Cuba. Foram várias tentativas de invasão, todas repelidas. Em 1961, houve a principal tentativa de invasão por terra, mar e ar, mas repelida em 48 horas com saldo de 800 prisioneiros. E o Período Especial trouxe enormes problemas. Faltava tudo. O leite, por exemplo, só era fornecido a crianças e idosos.

Cuba também sofreu e sofre com eventos climáticos extremos.Essa região fica em cima de duas placas tectônicas, o que traz uma enorme instabilidade geológica. São terremotos constantes, maremotos, furacões. Em 2008, três grandes furacões quase destruíram Cuba completamente. Uma das duas redes elétricas existentes caiu e levou dois dias para ser recuperada. Oitenta por cento da produção agrícola foi destruída. Por conta de sua constituição geográfica, Cuba preparou o melhor possível sua defesa civil. Existe todo um planejamento para salvar vidas.

O que Cuba representa hoje no cenário mundial?Cuba hoje é um exemplo vivo do que se pode fazer para melhorar a existência humana. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o índice de mortalidade infantil cubano é um dos menores do mundo e a longevidade, na média, uma das maiores. Isso por que Cuba entendeu que o povo precisa ter cultura; que o povo que está pronto para defender seu país precisa ter saúde. O mesmo acontece com a educação. As crianças vão para a escola obrigatoriamente. E só é obrigatório porque é gratuito, porque o pai ou a mãe não podem alegar que não têm dinheiro. Como defendo um mundo mais digno para os seres humanos, acredito que tem de haver um projeto. Um projeto de uma nova sociedade, de uma nova humanidade. Que a gente possa cuidar das nossas crianças dando a elas o que necessitam para crescer. Cada criança cubana recebe do governo a possibilidade de escolher. Pouco antes de morrer, o Aloísio Teixeira, à época reitor da UFRJ, relatou a uma platéia de 500 pessoas que estava perplexo com o fato de que em Cuba o índice de jovens na universidade chega a 80% e aqui no Brasil, apenas a 10%.

AssociAção culturAl José MArtí, 30 Anos a cientista social Zuleide Faria de Melo talvez seja a brasileira que melhor conhece Cuba. Presidente da associação José Martí Rio de Janeiro há mais de 10 anos, ela elegeu o apoio ao povo cubano como sua principal missão. aqui ela relata algumas de suas experiências em Cuba, com a clareza e a coerência que marcaram sua trajetória. a Cuba que leva para a universidade 80% de seus jovens é a mesma que sofre um bloqueio econômico criminoso. É esta Cuba plural e lutadora que Zuleide nos apresenta, nessa edição comemorativa dos 30 anos da associação.

Entrevista: Zuleide Faria de Melo

“”

Minha preocupação ao longo da vida é encontrar melhores condições de vida para o ser humano.

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Com a presença de uma centena de delegados, aconteceu no Rio de Janeiro, em 18 de outubro, o I Encontro Continental de Cubanos Residentes na América Latina e Caribe. A defesa da soberania cubana e da autodeterminação de seu povo foi o tema que reuniu os participantes na sede do Clube de Engenharia.

“Estamos aqui para fortalecer os vínculos com a pátria, lutar pelo fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro estadunidense contra a ilha e combinar ações pela liberação de compatriotas cubanos presos injustamente por evitar atos terroristas contra a maior ilha das Antilhas”, destacou o embaixador de

Cuba no Brasil, Carlos Zamora.Ao discursar na abertura do encontro,

Zamora afirmou que os representantes das associações de cubanos residentes no exterior devem adquirir experiência, compartilhar critérios e adotar medidas para fazer valer a liberdade de Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Antonio Guerrero e Fernando González. Estes lutadores sofrem severas sanções, enquanto René González, outro detido em 1998, já se encontra em Cuba depois de cumprir sua sentença.

Zamora pediu aos participantes que aproveitem os dois dias da reunião para avançar e adotar medidas que contribuam para a libertação de Gerardo, Ramón, Antonio e Fernando.

Foram homenageados Adriana Pérez, esposa do antiterrorista Gerardo; o embaixador Carlos Zamora; e Rafael Dausa, diretor de Assuntos Consulares e Atenção a Cubanos Residentes no Exterior, entre outros.

Na abertura do encontro, o Clube de Engenharia apresentou uma mostra de fotografias, de autoria de Miguel Ángel Albuerne Arcay. Denominada “Cobrir de Rosas Brancas”, a mostra é inspirada nos poemas de José Martí.

María Magdalena Torbisco Dacosta, coordenadora da reunião, ressaltou que o objetivo do encontro era valorizar o trabalho da comunidade cubana no exterior, além de homenagear José Martí, que faria 160 anos se estívesse vivo.

Cubanos residentes no exterior defendem soberania

TODOS OS DirigenTeS neSSeS 30 anOS

Marcio Moreira Alves, salomão Blajberg, Jennifer Blajberg, luiz Jorge Werneck Vianna, roberto lent, lincoln de Abreu Penna, Alberto Passos Guimarães, Ennio candotti, Maria Angélica trajber, Zelik trajber, Mario shenberg, Justo carvalho, leandro Konder, carlos nelson coutinho, carlos lessa, Antônio r. t. Barros, Eduardo Mascarenhas, Antonio Modesto da silveira, Marcelo cerqueira, lucio de Abreu, Pedro ribeiro Barbosa, José noronha, Paulo Márcio Bracha, rogério Paysano Marrocos, Heckel osório, José l. Fiore, carlos Eduardo castello Branco, rita de cássia Andrade, neila Fátima Felício de Barros, Jacob Kligerman, Henfil, nelson Brunhos, sergio cabral, Ziraldo, Jair Ferreira de sá, izabel Picaluga, Maria de lourdes Henriques, Herbert de souza, Alfredo sirkys, ivan ribeiro, leonardo Moreira leite, Maria da conceição tavares, rolland corbisier, Josué Almeida, Paulo cristophli Jr, Hésio cordeiro, cristiane torloni, Philomena Gebran, José Gomes talarico, luciano D”Ângelo, Paulo roberto de castro, Francisco A. Viana de castro, cid Queiroz Benjamim, sergio de Faria Pinto, napoleão Vellozo, Geraldo cândido da silva, João dos santos nogueira, luiz carlos da silva, Jânio costa, renato Morais c. Mendes, roberto Percinotto, ricardo Pessoa da silva, ivan Martins Pinheiro, Maria thereza t. da silva, robespierre Martins teixeira, Jane nobre de Melo, rosagda P. ribeiro, Manoel Pinto, Jorge luiz do Amaral, Janise M. Paiva, labanca, Armindo Dias Gomes, luiz carlos de J. Machado, Eraldo lirio de Azeredo, conceição A. lassano, Elizabeth F.carvalho Pacheco, luiz Antonio Martins, Flavio Araujo, Mirian Goldenberg, Jorge Bittar, roberto Dias, Angela ribeiro de souza, José Eduardo de Jesus rocha, luiz Antonio r. Elias, carmen Garcia, Antonio carlos de Andrade, M. José c. Alves, olga Darc Pimentel, Marcos cavalcanti, Manoel F. carvalho, Aluísio de castro, Hermano castro, ofelino de souza, renan rocha, carmen lima Amaral, sonia latge Azevedo, carlos Pinheiro telles de Menezes, luiz Antonio soares, Alan Melo Marinho de Albuquerque, umberto trigueiros lima, Moisés Vinhas, Jaime W. cardoso, Antonio carlos callado, Antonio Houaiss, Apolonio de carvalho, chico Buarque de Hollanda, João Alves saldanha, Maria Augusta Brandão, luiz carlos Fajardo, luiz claudio l. Amorim, raimundo de oliveira, Maria Amália Almeida sampaio, nery Alberto, rilda Valois, Eduardo Gomes serra, Jordan cosme Franco Werneck.

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AssociAçãoculturAl

José martí

Na noite de 12 de setembro de 1998,a polícia da Fórida invadiu as residências de Antonio Guerrero, Fernando Gonzáles, Geraldo Hernández, Ramón Labañino e René González.em Miami e levou-os para a prisão sem qualquer acusação formal,mantendo-os por 17 meses em solitárias.