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INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA DO CADE
10 a 12 de fevereiro de 2016
Diário Oficial da União de 10.2.2016
AC nº 08700.012654/2015-95 |
Informações gerais
Requerentes: Polimix Concreto Ltda. ("Polimix") e InterCement Brasil S.A. ("InterCement").
Assuntos: arrendamento de ativos.
Mercados envolvidos: cimento e concreto.
Resultado: aprovação sem restrições.
Dados da decisão
Objeto: arrendamento, pela Polimix, de oito centrais de concreto ("Concreteiras") da
InterCement. As referidas centrais são compostas pelo conjunto de bens, equipamentos e demais
pertences, instalados em imóveis, com suas benfeitorias e instalações. Esses ativos serão
utilizados na prestação de serviços de concretagem. As Concreteiras estão localizadas nos
municípios de Camaçari/BA, Alagoinhas/BA, Vitória da Conquista/BA, São Leopoldo/RS,
Canoas/RS, Passo Fundo/RS, Caxias do Sul/RS e Pelotas/RS.
Resumo da decisão: os mercados de atuação das Requerentes já foram analisados em diversos
precedentes do CADE, como, por exemplo: Atos de Concentração nº 08700.007621/2014-42 -
Requerentes: Lafarge S.A. e Holcim Ltda.; nº 08700.009163/2013-03 - Requerentes: Serobrita
Mineração Ltda. e Empresa Brasileira de Agregados Minerais S.A.; e nº 08012.001551/2011-24 -
Requerentes: Votorantim Cimentos S.A. e São Francisco Mineração Ltda., dentre outros. O
mercado relevante de concreto é limitado geograficamente a um raio de 50 km ou de duas horas
de transporte de concreto por caminhão betoneira, a partir da concreteira objeto da operação. O
mercado relevante de cimento, por sua vez, é limitado geograficamente a um raio de 300 ou 500
km a partir da cimenteira objeto da operação, a depender da densidade populacional da área em
questão.
A SG-CADE entendeu que a presente operação afeta os mercados de concreto e cimento, uma vez
que os ativos vendidos são centrais de concreto e o grupo econômico da Polimix atua na produção
de cimento, de modo que é capaz de fornecer insumos para todas as centrais de concreto
negociadas na operação.
Em análise das potenciais sobreposições horizontais decorrentes da operação, a SG-CADE
assinalou que as concreteiras localizadas na Bahia e no Rio Grande do Sul são próximas a outras
concreteiras já detidas pelo Grupo Polimix. A partir de dados apresentados pelas Requerentes
relativos à produção total de concreto nas localidades referidas (em acesso restrito às partes),
constatou-se que a participação conjunta de ambas as Requerentes nos cenários considerados era
consideravelmente baixa. No cenário da Bahia, a participação final do Grupo Polimix ficaria entre
21-30% mas com baixa variação do índice Herfindahl-Hirschmann ("HHI"). Assim, eventual
tentativa de exercício de poder de mercado por parte do Grupo Polimix não guardaria nexo causal
com a operação. Quanto ao cenário do Rio Grande do Sul, a SG-CADE apontou que a soma de
participação do Grupo Polimix chegaria a 11-20%, percentual que também não suscita maiores
preocupações concorrenciais.
Quanto à possibilidade de integração vertical em decorrência do fato do Grupo Polimix produzir
insumos para a produção de cimento, a SG-CADE optou por analisar dois cenários de mercado
relevante possíveis: para um, considera-se um raio de 300 km a partir da central de cimento, e,
para o outro, de 500 km. No primeiro cenário, a SG-CADE apontou a inexistência de integração
vertical entre as concreteiras que são o objeto da operação e o Grupo Polimix. No segundo
cenário, entretanto, ocorreria integração vertical entre concreteira detida pelo Grupo Polimix em
Pacatuba/SE e a concreteira de Alagoinhas. Desse modo, a SG-CADE apontou a necessidade de
verificar as participações de mercado das Requerentes nos mercados upstream (de cimento) e
downstream (de concreto).
O mercado downstream seria formado por todas as concreteiras que estão dentro de um raio de
500 km da Cimenteira de Pacatuba/SE. Uma vez que a SG-CADE realizou análise mais
conservadora desse espaço de mercado ao verificar as potenciais sobreposições horizontais e,
ainda assim, não assinalou maiores preocupações concorrenciais, entendeu-se que a
concretização da operação em um cenário mercado mais extenso geograficamente também seria
incapaz de ensejar efeitos danosos à concorrência.
O mercado upstream, por sua vez, seria formado por todas as cimenteiras localizadas em um raio
de 500 km da Concreteira de Alagoinhas e em um raio de 500 km da Concreteira de Camaçari.
Utilizando estimativas apresentadas pela Polimix e dados do Sindicato Nacional da Indústria de
Cimento, a SG-CADE constatou que a participação de mercado da Concreteira de Pacatuba em um
raio de 500 km a partir dela própria seria de entre 0-10%. Desse modo, seria impossível um
fechamento de mercado downstream.
Diante do exposto, a SG-CADE recomendou a aprovação da operação sem restrições.
AC nº 08700.000611/2016-48 |
Informações gerais
Requerentes: SEREDE - Serviços de Rede S.A. ("SEREDE") e ARM Telecom e Serviços de
Engenharia S.A. ("ARM").
Assuntos: aquisição de ativos.
Mercados envolvidos: mercado de construção e manutenção de redes de telecomunicações.
Resultado: aprovação sem restrições.
Dados da decisão
Objeto: aquisição, pela SEREDE, dos ativos e passivos da ARM, empresa contratada pelo Grupo
Oi, para prestação de serviços de instalação e manutenção de rede de telecomunicações. A
informação sobre quais são os estados nos quais tais serviços serão prestados é de acesso restrito
às partes.
Resumo da decisão: a SG-CADE assinalou que as Requerentes desenvolvem a mesma atividade
econômica, qual seja, a instalação e manutenção de redes de telecomunicações. Assim, ao menos
em tese, a operação em tela implicaria alguma sobreposição horizontal. Ocorre que a SEREDE
presta seus serviços de forma cativa às prestadoras de serviços de telecomunicações que
integram o Grupo Oi e a ARM, embora não seja integrante do Grupo Oi, presta serviços
diretamente às empresas que compõem o Grupo Oi. Conforme informado pelas partes, os ativos
da ARM que serão adquiridos são utilizados apenas para prestação de serviços ao Grupo Oi, de
modo que não há sobreposições horizontais a serem examinadas.
Quanto à possível integração vertical decorrente da operação, a SG-CADE apontou que as
Requerentes declararam que o Grupo Oi já prestava os serviços de instalação e manutenção de
redes de telecomunicação por meio da SEREDE. A ARM, por sua vez, prestava tais serviços apenas
para o Grupo Oi em todos os estados nos quais a operação surtirá efeitos, com exceção de um, no
qual a ARM também presta serviços a terceiros. A SG-CADE acolheu consideração das partes de
que a presente operação não afetará as atividades da ARM no estado em questão, uma vez que
todos os ativos envolvidos na operação se prestam exclusivamente a atender às prestadoras de
serviços de telecomunicações integrantes do Grupo Oi. Ademais, tais ativos abrangidos pela
operação no estado em questão envolvem apenas funcionários da ARM dedicados exclusivamente
ao atendimento do Grupo Oi, e a ARM continuará prestando serviços a terceiros após a
concretização da operação.
Uma vez que tanto a SEREDE quanto os ativos da ARM envolvidos na operação são dedicados à
prestação de serviços de forma cativa às prestadoras de serviços de telecomunicações que
integram o Grupo Oi, a SG-CADE entendeu que a presente operação não acarreta impacto na
estrutura de oferta dos mercados envolvidos na operação em tela.
Diante do exposto, a operação foi aprovada sem restrições.
AC nº 08700.000425/2016-17 |
Informações gerais
Requerentes: GP Real Properties II C, LLC. ("GP Properties"), BR Properties S.A. ("BR
Properties") e Tamweelview European Holdings S.A. ("Tamweelview").
Assuntos: oferta pública voluntária de ações.
Mercados envolvidos: mercado de incorporação imobiliária.
Resultado: aprovação sem restrições.
Dados da decisão
Objeto: oferta pública, pela GP Properties, para a aquisição de controle da BR Properties.
Resumo da decisão: em análises anteriores, o mercado de incorporação imobiliária foi
classificado pelo CADE como sendo um setor altamente pulverizado, segmentado em
incorporação, locação e venda. A abrangência geográfica do mercado é definida como municipal,
sendo possível a inclusão de cidades satélites ou até mesmo restringir o exame a áreas menores
que um município, especialmente em cidades de maior porte, como São Paulo e Rio de Janeiro,
por exemplo. Vale ressaltar que esse entendimento foi adotado nos seguintes precedentes, dentre
outros: Atos de Concentração nº 08700.00386/2013-59 - Requerentes: Kinea II Real Estate Equity
Fundo de Investimento Imobiliário e Econ Construtora e Incorporadora Imobiliária e nº
08700.009815/2012-11 - Requerentes: Kinea II Real Estate Equity Fundo de Investimento
Imobiliário e Sergus Construções e Comércio Ltda.
A SG-CADE optou por analisar a operação de maneira conservadora, considerando a possibilidade
de sobreposição horizontal entre as Requerentes no cenário de mercado relevante de
incorporação imobiliária, tanto por município quanto por regiões dentro desse municípios.
Desconsiderou-se, assim, afirmação das Requerentes de que não haveria concorrência entre as
atividades por elas desenvolvidas.
Utilizando dados apresentados pelas Requerentes e colhidos junto à CBRE Research, a SG-CADE
analisou suas participações de mercado no segmento de propriedades corporativas nos municípios
de São Paulo e Rio de Janeiro. Em qualquer cenário considerado, seja municipal ou por regiões
dos municípios referidos, as Requerentes, juntas, não atingem uma participação de mercado
superior a 20%. No município do Rio de Janeiro, as Requerentes atingiram uma participação de
10-20%; no município de São Paulo, a participação seria de 0-10%.
Diante das baixas participações encontradas, entendeu-se que a operação não ensejaria
preocupações concorrenciais, e a SG-CADE recomendou a aprovação da operação sem restrições.
AC nº 08700.000373/2016-71 |
Informações gerais
Requerentes: 9 West Finance SARL ("9 West"), OSX Brasil S.A. ("OSX"), CCX Carvão da
Colômbia S.A. ("CCX"), Companhia Industrial de Grandes Hotéis ("CIGH"), Rex Sul
Empreendimentos Ltda. ("Rex Sul") e Rex Empreendimentos Imobiliários IV Ltda. ("Rex IV").
Assuntos: aquisição de participação societária.
Mercados envolvidos: hotelaria, construção de embarcações e apoio à extração de petróleo.
Resultado: aprovação sem restrições.
Dados da decisão
Objeto: aquisição de participações societárias, pela 9 West, na OSX, CCX, CIGH, Rex Sul e Rex IV
(em conjunto, "empresas-alvo"). As participações societárias a serem adquiridas estão em
acesso restrito às partes. No formulário de notificação da operação, a 9 West aponta que a
operação envolve a aquisição, pela 9 West, de determinado percentual do capital social total e
votante da CIGH, Rex Sul e Rex IV, bem como de ações da OSX e da CSX. Cumpre ressaltar que
as empresas-alvo são todas integrantes do Grupo EBX. Além disso, destacou-se que a OSX se
encontra em recuperação judicial e apenas a CCX desenvolve alguma atividade econômica, ao
passo que as demais empresas-alvo, atualmente, não são operacionais. Por fim, a 9 West
informou ser uma subsidiária integral da Mubadala Development Company ("Mubadala"),
responsável pelo investimento em nome do Grupo.
Resumo da decisão: a SG-CADE apontou a inexistência de sobreposição horizontal ou
integração vertical entre as atividades da Mubadala e as empresas-alvo em decorrência da
operação em tela.
Com efeito, a OSX atua no setor de equipamentos e serviços direcionados à indústria naval e
offshore, oferecendo soluções integradas de engenharia, construção, fretamento e serviços de
operação e manutenção para empresas de exploração e produção de petróleo. Uma vez que a
referida empresa possui um estaleiro no Porto de Açu, localizado em São João da Barra/RJ, e o
Grupo Mubadala possui participação societária no Porto Sudeste, em Itaguaí/RJ, a SG-CADE
oficiou a OSX para esclarecer se possui participação societária no Porto de Açu. Se a OSX
detivesse participação societária nesse Porto, ocorreria potencial sobreposição horizontal ou
integração vertical entre a OSX e o Grupo Mubadala, uma vez que o Grupo, além de ter
participação no Porto Sudeste, recentemente adquiriu ativos e direitos da MMX Sudeste Mineração
S.A. ("Mineração Sudeste") a qual explora minério de ferro. As Requerentes responderam o
ofício apontando que a OSX não possui participação societária no Porto Açu, detendo apenas um
estaleiro. Assim, a SG-CADE entendeu que não há relação horizontal entre a exploração da OSX e
as atividades do grupo econômico da adquirente.
A CCX não desenvolve qualquer atividade no Brasil. A CIGH, por sua vez, atua apenas no mercado
de investimentos em propriedades hoteleiras e não é operacional, assim como a Rex IV e Rex Sul.
Uma vez que as atividades do Grupo Mubadala não guardam relação horizontal com as atividades
das empresas-alvo, a SG-CADE recomendou a aprovação da operação sem restrições.
Diário Oficial da União de 12.2.2016
PA nº 08012.011791/2010-56 |
Informações gerais
Representantes: Ministério Público do Estado de São Paulo.
Representados: Associação dos Despachantes e Autoescolas de Santa Bárbara D’Oeste
("ADESBO"), Centro de Formação de Condutores Estrela Ltda., Centro de Formação de
Condutores Alves Ltda. ME, Centro de Formação de Condutores Mundial Ltda. ME, Centro de
Formação de Condutores Santa Bárbara Ltda. ME, Auto Escola Sinal Verde, Martignago Centro de
Formação Ltda. ME, Centro de Formação de Condutores Blitz Ltda. ME, Centro de Formação de
Condutores Brasil SBO S/C Sociedade Ltda., Centro de Formação de Condutores Reis Ltda. ME,
Centro de Formação de Condutores Borges & Castro Ltda. ME, Auto Escola Brasil, Despachante e
Autoescola Excelsior Ltda., Paiosin & Paiosin Ltda., Despachante Veloz S/C Ltda., Paulo Amaro
Andrade, Neli Tadin Reis, Maria de Lurdes Camilo, Deise Aparecida de Araújo Fernandes, Vorney
Caetano ME, Carvalho & Carvalho Auto Moto Escola Ltda. ME, Centro de Formação de Condutores
Quatro Rodas Ltda. ME, M3 Despachante Ltda. ME, Criar Prestadora de Serviços Internet Ltda.
("Criar"), José Carlos dos Reis ("Presidente") e Claudionor Nivaldo Theodoro ("Vice-
Presidente").
Assuntos: formação de cartel para uniformização de preços e condições de prestação de
serviços.
Mercados envolvidos: mercados municipais de autoescolas e despachantes.
Resultado: o Tribunal do CADE decidiu pela condenação dos Representados Centro de Formação
de Condutores SBO Ltda. EPP, Centro de Formação de Condutores Quatro Rodas Ltda. ME, Centro
de Formação de Condutores Estrela Ltda. ME, Centro de Formação de Condutores Blitz Ltda. ME,
Centro de Formação de Condutores Borges & Castro Ltda. ME, Centro de Formação de Condutores
Mundial Ltda. ME, Centro de Formação de Condutores Alves Ltda. ME, Centro de Formação de
Condutores Santa Bárbara Ltda. e Centro de Formação de Condutores Reis Ltda. ME bem como o
arquivamento do processo para os demais Representados.
Dados da decisão
Objeto: Processo Administrativo ("PA") instaurado a fim de apurar suposta prática de cartel para
uniformização de preços e de demais condições de prestação de serviços pelos Centros de
Formação de Condutores ("CFCs") e pelos despachantes situados no município de Santa Bárbara
D’Oeste/SP. O PA também foi instaurado em face da empresa Criar, fornecedora de software.
Resumo da decisão: preliminarmente, arguiu-se a necessidade de desmembramento do PA, em
razão da diferença na atividade desenvolvida por despachantes e autoescolas. No entanto, o
pedido não foi acolhido, pois o Tribunal entendeu que o processo foi conduzido de forma célere e,
além disso, (i) não houve dificuldades na notificação dos Representados, (ii) alguns Representados
exercem tanto a atividade de autoescolas como a de despachantes; e (iii) existem grupos de
partes com os mesmo advogados.
Segundo o Tribunal do CADE, a ADESBO, entidade de classes das autoescolas e despachantes,
elaborou diversas tabelas com preços ajustados para os serviços fornecidos por autoescolas e por
despachantes. As tabelas apresentavam orientações para a modificação nos preços, juntamente
com a data de vigência, data da assembleia realizada pela ADESBO, a qual contou com a presença
e anuência de todos os associados, inclusive com a assinatura de alguns dos Representados nas
respectivas atas.
Ainda no âmbito da ADESBO, os donos das autoescolas assinavam um Termo de Compromisso,
mediante o qual se comprometiam a obedecer às tabelas e aceitar a pena de perda de qualidade
de associado caso contrário.
Diante desses elementos, o Tribunal do CADE entendeu que o cartel foi organizado e liderado pela
ADESBO, a qual realizou as assembleias e impôs a aplicação das tabelas de preços, inclusive com
a previsão de penalidades.
O Tribunal do CADE destacou, também, a relevância do software desenvolvido pela Criar, o
Sistema de Controle de Matrículas ("SMC"), para a institucionalização do cartel. Por meio desse
programa, teria sido possível a distribuição equitativa de serviços, como exames médicos e
psicológicos entre os associados da ADESBO. Para o Tribunal do CADE, o referido software
facilitou a uniformização de preços dos serviços prestados pelas autoescolas, limitou a livre
negociação entre a autoescola e o cliente e serviu de mecanismo de controle do cartel.
Diante do exposto, o Tribunal do CADE determinou a condenação dos Representados Centro de
Formação de Condutores SBO Ltda. EPP, Centro de Formação de Condutores Quatro Rodas Ltda.
ME, Centro de Formação de Condutores Estrela Ltda. ME, Centro de Formação de Condutores Blitz
Ltda. ME, Centro de Formação de Condutores Borges & Castro Ltda. ME, Centro de Formação de
Condutores Mundial Ltda. ME, Centro de Formação de Condutores Alves Ltda. ME, Centro de
Formação de Condutores Santa Bárbara Ltda. e Centro de Formação de Condutores Reis Ltda. ME.
Para os demais Representados, o Tribunal do CADE entendeu que não havia provas suficientes
para sua condenação e decidiu pelo arquivamento do processo.
Ademais, o Tribunal considerou os mercados envolvidos no cartel para a determinação da multa
aos Representados, e decidiu pelo percentual de penalidade pecuniária de 16% aos
Representados que atuam no mercado de autoescolas, e pelo percentual de 17% para aqueles
que atuam tanto no mercado de autoescolas como no de despachantes.
Para fins de dosimetria da pena aplicada em face da ADESBO, o Tribunal do CADE considerou a
arrecadação da associação e a alíquota máxima permitida, determinando o pagamento de multa
no valor de R$ 146.845,80. Para a Criar, aplicou-se pena de multa correspondente a 18% de seu
faturamento bruto, por ter facilitado a institucionalização do cartel. Finalmente, o Presidente e
Vice-Presidente da ADESBO também foram condenados ao pagamento de multa, no valor de R$
15.668,30 e R$ 17.825,05, respectivamente.
Recurso Voluntário nº 08700.000719/2016-31 |
Informações gerais
Recorrente: Cascol Combustíveis para Veículos Ltda. ("Cascol").
Assuntos: medida preventiva.
Mercados envolvidos: mercado de revenda de combustíveis no Distrito Federal ("DF").
Resultado: recurso conhecido e indeferido.
Dados da decisão
Objeto: Recurso Voluntário interposto em face de Medida Preventiva imposta pela
Superintendência-Geral do CADE no bojo do Inquérito Administrativo nº 08012.008859/2009-86,
que investiga possível formação de cartel e indução a conduta uniforme nos mercados de
distribuição e revenda de combustíveis automotivos no DF.
Considerando os indícios de infração à ordem econômica obtidos pelo CADE, Polícia Federal ("PF")
e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios ("MPDFT") por meio de interceptações
telefônicas e buscas e apreensão, a medida preventiva foi adotada pela SG-CADE em 25.1.2016,
determinando a nomeação de um administrador provisório para a Cascol, que administrará de
forma independente determinados postos de propriedade da empresa.
A Recorrente requereu a concessão de efeito suspensivo ao Recurso, sob o argumento de perigo
de grave lesão à empresa à vista da determinação da SG/CADE de que o administrador nomeado
implemente uma política de preços distinta daquela idealizada no planejamento estratégico da
empresa.
Resumo da decisão: de acordo com o Tribunal do CADE, as notas técnicas da Agência Nacional
de Petróleo ("ANP"), demonstraram que haveria fortes indícios de formação de cartel no mercado
de revenda de combustíveis no DF e, ainda, constataram a existência de uniformização em preços
e altas margens de lucro.
Primeiramente, o Tribunal do CADE ressaltou a posição dominante da Cascol no mercado de
revenda de combustíveis, com participação de cerca de 30%, bem como sua relação de
exclusividade com a Petrobrás Distribuidora S.A (“BR Distribuidora”), o que resultaria em
vantagens à Cascol, quando comparada a seus concorrentes.
Segundo o Tribunal, haveria indícios de que a Cascol continuaria na liderança do cartel mesmo
após a adoção da medida preventiva, pois teria declarado que repassaria os valores decorrentes
do aumento da alíquota do ICMS ao consumidor final, induzindo os demais participantes a fazer o
mesmo. Para o CADE, tal afirmação evidencia que a Cascol não se sentia ameaçada por seus
concorrentes, uma vez que em um mercado competitivo não seria possível o aumento constante
na margem de lucro, sem que a demanda fosse dispersa entre os demais concorrentes.
O Tribunal afirmou, ainda, que em um mercado homogêneo como o de combustíveis, o aumento
de custo como o citado, resultaria em redução de margem de revenda e não em automático
aumento do preço ao consumidor final, como orientado pela Cascol.
Considerando que o aumento foi efetivo e acima da taxa de tributos, e que os demais
concorrentes seguiram a elevação no preço, segundo dados da ANP, o CADE entendeu que o
aumento generalizado consistiria em prova de formação do cartel e de sua liderança pela Cascol.
Além disso, considerou-se que a liderança da Cascol também seria corroborada por interceptações
telefônicas entre a empresa e o presidente do Sindicato do setor, nas quais se teria discutido a
entrada de novas concorrentes no mercado.
Diante do exposto, o Tribunal do CADE concluiu pela existência de fortes indícios de cartel no
mercado de revenda de combustíveis no DF, e que a Cascol exercia o papel de liderança no cartel.
Assim, foi reafirmado o periculum in mora e a urgência na adoção da medida imposta pela SG-
CADE, considerando: (i) a dificuldade imposta pela Cascol para a entrada de novas concorrentes;
(ii) continuidade da elevação das margens de lucro no mercado envolvido; (iii) elevação do custo
ao consumidor final não apenas dos combustíveis, mas de serviços correlatos; e (iv) prejuízo ao
Poder Público decorrente da celebração de contratos de fornecimento de combustíveis, que
poderia impactar os índices de inflação no DF.
A fim de adotar uma medida eficiente, porém, reversível, e sem implicar em alteração contratual
entre distribuidoras e revendedoras ou venda de ativos, o Tribunal do CADE entendeu que a
medida formulada pela SG-CADE quanto à estipulação de um administrador independente, apenas
para os postos de bandeira BR, seria adequada para o caso concreto.
Diante do exposto, indeferiu-e o pedido de concessão de efeito suspensivo o Recurso.
PA nº 08012.003824/2002-84 |
Informações gerais
Representante: Ministério Público Federal – Procuradoria da República na Bahia.
Representados: Tecon Salvador S.A. e Intermarítima Terminais Ltda. ("Operadores")
Assuntos: abuso na cobrança de taxa.
Mercados envolvidos: mercado de armazenagem de contêineres no Porto de Rio Grande/RS.
Resultado: o Tribunal do CADE decidiu pela condenação da Tecon e da Intermarítima pela
prática de abuso de poder dominante ao pagamento de multa no valor de R$ 3.724.350 e R$
2.128.200, respectivamente.
Dados da decisão
Objeto: Processo Administrativo instaurado em face dos Operadores, a partir de Representação
do MPF, sob a alegação de que a Tecon estaria cometendo abusos na cobrança de Terminal
Handling Charges ("THC2") no Porto de Salvador/BA.
Resumo da decisão: Inicialmente, a THC2 consiste em uma espécie de adicional cobrada pelos
operadores de terminais portuários ("TP") dos armadores que movimentavam suas cargas para
Terminais Retroportuários Alfandegados ("TRA") independentes, não integrados verticalmente
àqueles TPs. Dessa forma, para os armadores, operar em TPs integrados a um TRA se tornaria
mais vantajoso, tendo em vista que não seria necessário pagar a THC2. Por outro lado, o serviço
oferecido pelo TP que não se integravam a TRA apresentava valores menos competitivos, em
virtude do adicional.
Em sede de preliminar, a Tecon Salvador argumentou a existência de decisões judiciais que
afirmaram a legalidade da cobrança da THC2 pelos operadores portuários. No entanto, segundo o
CADE, as decisões proferidas não retiram a competência do órgão antitruste, pois algumas
também consideram ilegal a cobrança da THC2. Além disso, as ações judiciais possuem escopo
diverso do processo administrativo instaurado, pois analisariam apenas as normas e contratos,
sem, contudo, discutir a questão sob o prisma do direito antitruste.
As Representadas também arguiram a existência de conflito entre a regulação portuária e a
competência do CADE, uma vez que a ANTAQ publicou a Resolução nº 2.389/12 ("Resolução"),
que autorizaria a cobrança da THC2. Todavia, para o CADE, a existência de regulação própria em
determinado setor não afasta, de imediato, a competência do órgão antitruste de examinar a
questão. Seria necessário analisar o caso concreto a fim de interpretar a abrangência da
regulação, verificando se, de fato, haveria imunidade à aplicação da Lei Antitruste.
Segundo o CADE, a conduta praticada pela Intermarítima teria ocorrido entre março de 2000 e
março de 2005, enquanto aquela adotada pela Tecon acontecera entre março de 2000 e dezembro
de 2006. Para o órgão, a aplicação da THC2 à época investigada não possuía respaldo em
qualquer autorização regulatória, e teria sido iniciada sob o argumento de ausência de proibição à
imposição de custos adicionais. A Resolução, criada 6 anos após o término da conduta, definiria
apenas que a prestação de serviços adicionais, não contemplados como serviços básicos, poderia
ser negociada nos termos do contrato de arrendamento, além do que jamais poderia se cogitar
que tivesse efeitos retroativos à data dos fatos investigados.
Assim, o Tribunal do CADE considerou que a cobrança da THC2 foi abusiva e ilegal durante o
período investigado, ocasionando prejuízos concorrenciais no mercado de armazenagem de
contêineres, em razão da posição dominante dos Operadores e de seu poder de barganha frente
aos TRAs.
Diante do exposto, o Tribunal o CADE condenou a Tecon e à Intermarítima por abuso de poder
dominante ao pagamento de multa no valor de R$ 3.724.350 e R$ 2.128.200, respectivamente.
Isso porque o CADE considerou que a Tecon foi a pioneira na implantação da THC2 e que é
arrendatária exclusiva de dois terços dos berços de atracação de calado profundo, os quais são
mais apropriados aos navios transportadores de contêineres.
Embargos de Declaração na Consulta nº 08700.010927/2015-67 |
Informações gerais
Consulente: Polimix Concreto Ltda. ("Polimix").
Embargante: Votorantim Cimentos S.A. (''Votorantim").
Assuntos: embargos de declaração. Consulta.
Mercados envolvidos: fornecimento de insumos para cimento e serviços de concretagem.
Resultado: não conhecimento dos Embargos.
Dados da decisão
Objeto: Embargos de Declaração ("ED") opostos contra decisão colegiada proferida em
20.1.2016 pelo Plenário do CADE.
Resumo da decisão: a Votorantim opôs ED em face de decisão adotada no âmbito de consulta
formulada pela Polimix em 3.11.2015, que visava a questionar se os contratos de fornecimento
entre essa e a Votorantim seriam qualificados como "contratos associativos", nos termos da
Resolução CADE 10/2014 e, portanto, necessitariam de aprovação prévia do CADE para que
fossem implementados. Em análise de mérito, o Plenário do CADE entendeu que os contratos
apresentados pela Consulente seriam, de fato, associativos e deveriam ser notificados, uma vez
que apresentavam cláusulas de preferência cruzada que surtiriam efeitos jurídico-econômicos
equiparáveis a cláusulas de exclusividade.
Em 1.2.2016, a Votorantim opôs Embargos alegando os seguintes vícios na consulta referida: (i)
inexistência de preferências "cruzadas"; e (ii) não observância do pedido de acesso restrito em
sua integralidade.
O Conselheiro Relator Márcio de Oliveira Júnior apontou a tempestividade dos ED, entretanto,
destacou a ausência de pressuposto processual extrínseco, necessário ao conhecimento do
recurso, qual seja: a legitimidade. O Conselheiro apontou a inexistência, nos autos, do necessário
instrumento de mandato judicial por parte da advogada que assina a petição dos ED, qual seja,
procuração emitida pela Votorantim.
Cumpre ressaltar que a Embargante ingressou no processo depois de proferida a decisão relativa
à consulta, não havendo sequer habilitação como terceira interessada.
Em relação à alegação de inobservância, pelo CADE, da integralidade do pedido de acesso restrito,
o Conselheiro apontou que a análise de mérito da consulta não poderia ter sido feita sem a
avaliação de determinadas cláusulas do contrato apresentado pela Consulente, razão pela qual a
decisão não mereceria qualquer reparo.
Diante do exposto, os Embargos não foram conhecidos.
PA nº 08012.005422/2003-03 |
Informações gerais
Representantes: Multi Armazéns Ltda. ("Multi") e Transportadora Simas Ltda. ("Simas")
Representado: Tecon Rio Grande S.A.
Assuntos: abuso na cobrança de taxa.
Mercados envolvidos: mercado de armazenagem de contêineres no Porto de Rio Grande/RS.
Resultado: o Tribunal do CADE decidiu pela condenação da Tecon pela prática de abuso de
poder ao pagamento de multa no valor de R$ 4.788.450,00.
Dados da decisão
Objeto: Processo Administrativo instaurado em 26.9.2003, por Representação das Estações
Aduaneiras Interior (“EADIs”) Multi e Simas, segundo as quais a Tecon Rio Grande S.A.
(“Tecon”) estaria cometendo abusos na cobrança da taxa de armazenagem de contêineres de
importação submetidos ao regime de Declaração de Trânsito Aduaneiro (“DTA”) retirados em
menos de 48 horas no Porto de Rio Grande/RS.
Resumo da decisão: Segundo as Representantes, a Representada teria cometido infrações à
ordem econômica, entre 2002 e 2010, ao cobrar taxa de armazenagem de contêineres de
importação submetidos ao regime DTA retirados em menos de 48 horas no Porto de Rio
Grande/RS. A Tecon estaria cobrando o tempo de 48 horas em que o contêiner permanece nas
dependências do Operador Portuário ("OP"), o que, segundo as Representantes, não
corresponderia a tempo de armazenagem, mas sim de transporte, resultando em uma dupla
cobrança pelo mesmo serviço.
A Tecon Rio Grande arguiu, preliminarmente, a existência da Apelação Cível nº 70004059739/2002
em trâmite perante o Tribunal de Justiça do Rio Grande Do Sul, que teria declarado a legalidade
da cobrança da taxa. No entanto, o CADE entendeu que esta ação judicial dizia respeito apenas à
taxa de segregação e ao Contrato de Arrendamento, do ponto de vista do direito civil, o que não
afastaria a competência do CADE para o exame de eventual infração econômica no caso concreto.
O CADE analisou o regulamento de exploração do Porto do Rio Grande, vigente à época da
celebração do contrato de arrendamento, e concluiu que, entre 1997 a 2002, a cobrança da taxa
era legítima, uma vez que a remuneração pelo serviço de armazenagem era devida desde a
entrada da carga no terminal. No entanto, a partir de 25.11.2002, Instrução Normativa nº 248/02
da Secretaria da Receita Federal determinou que a taxa só poderia ser cobrada na hipótese de a
carga permanecer no pátio do terminal por mais de 48 horas.
Segundo o CADE, os OP exercem condição de monopolista, uma vez que os armadores escolhem
OP integrados a um Recinto Alfandegado, a fim de evitar cobranças adicionais nos serviços de
armazenagem.
Assim, o CADE considerou que a Tecon, ao cobrar a taxa de armazenagem de contêineres que
permanecem no terminal por menos de 48 horas, como se tivessem sido armazenados por 15
dias, na verdade estaria impondo um custo adicional a seus concorrentes em dissonância com a
previsão autorizada pela regulação vigente. Dessa forma, haveria prejuízo à concorrência, ainda
que potencial, à vista de seu poder de barganha em face dos Recintos Alfandegados.
Diante do exposto, o Tribunal do CADE determinou à Tecon o pagamento de multa no valor de R$
4.788.450,00 pela prática de abuso de poder dominante.
PA nº 08012.008850/2008-94 |
Informações gerais
Representados: Brasil Sul Indústria e Comércio Ltda.; Lógica Lavanderia e Limpeza Ltda.;
Lavanderia São Sebastião de Nilópolis Ltda.; Ferlim Serviços Técnicos Ltda.; Lido Serviços Gerais
Ltda.; Prolav Serviços Técnicos Ltda.; Sindicato das Empresas de Lavanderias e Similares no Rio
de Janeiro ("SINDILAV"); Atmosfera Gestão e Higienização de Têxteis S.A.; Altineu Pires
Coutinho; Marcelo Cortes Freitas Coutinho; Antônio Augusto Menezes Teixeira; Altivo Augusto
Gold Bittencourt Pires; Gilberto da Silveira Côrrea; José Otávio Kudsi Macedo; Geraldo da Costa
Brito; Celso Quintanilha D'Avilla; Luiz de Mello Maia Filho; Leonardo Luis Roedel Ascenção;
Raphael Cortes Freitas Coutinho; Julio César Canova.
Assuntos: cartel.
Mercados envolvidos: lavagem e higienização terceirizada de enxovais de hospitais no Rio de
Janeiro.
Resultado: arquivamento do processo em relação a Raphael Cortes Freitas Coutinho e
condenação dos demais Representados.
Dados da decisão
Objeto: Processo Administrativo ("PA") instaurado para apurar a existência de cartel em
licitações públicas no mercado de lavagem e higienização terceirizada de enxovais de hospitais no
Rio de Janeiro.
Resumo da decisão: cumpre ressaltar que o processo de instrução desse PA teve como
fundamento provas obtidas no âmbito de Ação Penal em trâmite junto a 4ª Vara Federal Criminal
da Seção Judiciária do Rio de Janeiro ("AP"). Na AP, todos os Representados foram condenados
pela prática do crime de fraude em licitações, de formação de quadrilha e de corrupção ativa, com
exceção de Raphael Cortes Freitas Coutinho e Júlio Canova. Em sede de apelação, a sentença foi
parcialmente reformada quanto aos os Srs. Leonardo Ascensão e Luiz Mello, os quais foram
absolvidos do primeiro crime pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região ("TRF2").
Vale ressaltar, ainda, que a houve desmembramento da AP em relação a Altineu Pires Coutinho,
cujas condutas passaram a ser investigadas no âmbito de outros autos. A sentença condenou o
Representado pelos três crimes descritos na primeira ação penal. Em sede de apelação, o TRF2
houve por bem reformar parcialmente a sentença, relativamente à dosimetria da pena,
entendimento que veio a ser confirmado pelo Superior Tribunal de Justiça ("STJ"). Em ambas as
ações penais, houve trânsito em julgado das decisões condenatórias.
A instrução do presente PA apontou que representantes de empresas atuantes no mercado
envolvido mantiveram contatos telefônicos e realizaram reuniões presenciais em diversas
ocasiões, tendo compartilhado informações comerciais sensíveis, tais como preços, valores de
propostas comerciais, carteiras de contratos, dentre outros. Tais contatos teriam como finalidade:
(i) a divisão de mercado; (ii) apresentação de propostas de cobertura; e (iii) imposição de
dificuldades para a entrada de novos concorrentes. Além disso, o Sindilav, sindicato do setor, teria
atuado para facilitar a conclusão de acordos feitos entre as empresas.
Em análise de mérito, a Relatora original, então Conselheira Ana Frazão, apontou que as decisões
de condenação constante das ações penais, a despeito de não vincularem de modo algum a
autoridade administrativa, reforçam a existência do cartel ora investigado. Desse modo, a análise
a ser feita no âmbito da autoridade antitruste é de definir se os fatos comprovados em sede de
ação penal configurariam infrações à ordem econômica.
Em relação à divisão de mercado, a Relatora apontou a existência de documento interno,
apreendido na sede da Sindilav, que traria informações relativas a uma reunião realizada no
sindicato, a qual comprovaria a existência de cartel. Nessa reunião, teria ocorrido a elaboração de
uma "proposta de divisão de mercado" pelo Representado Antônio Augusto. Tal proposta fora
implementada por ocasião da realização da Concorrência nº 006/2003 ("Concorrência"),
organizada pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro ("SES/RJ"), para contratar
empresas de prestação de serviços de lavanderia de roupa hospitalar em todos os hospitais e
unidades de saúde sob a gestão municipal. A SES/RJ segmentou o objeto da licitação em trinta
lotes, os quais, por sua vez, foram divididos entre as Representadas. Ao cotejar o resultado da
Concorrência com a proposta acordada na reunião referida, aRelatora constatou que a divisão de
mercado praticada pelas empresas participantes do cartel alcançou seus objetivos. Além disso, a
análise do documento em questão, conjuntamente com diversas correspondências trocadas entre
os administradores dos Representados, apontou que determinadas empresas ingressavam na
licitação com o único objetivo de formular propostas de cobertura. Desse modo, entendeu-se que
as provas acostadas aos autos comprovavam a conduta de divisão de mercado.
Quanto à criação de dificuldades para potenciais ingressantes no mercado, a Relatora apontou a
existência de diversas ações empreendidas pelas empresas Representadas e respectivos
administradores, em sua maioria filiadas ao Sindilav, para intimidar potenciais entrantes oriundos
de São Paulo/SP. A ação de maior destaque foi a identificação, pelos Representados, de eventuais
irregularidades dos contratos celebrados por estes potenciais entrantes no estado de São Paulo, e
subsequente envio de ofícios a estas empresas detalhando tais irregularidades.
À vista da caracterização da prática anticompetitiva, o Tribunal do CADE determinou a aplicação
de multa nos seguintes valores: (i) R$ 4.221.385,64 para a Brasil Sul Indústria e Comércio Ltda.;
(ii) R$ 5.299.141,84 para a Lógica Lavanderia e Limpeza Ltda; (iii) R$ 5.236.197,04 para Lido
Serviços Gerais Ltda.; (iv) R$ 1.219.118,13 para Lavanderia São Sebastião de Nilópolis Ltda.; (v)
R$ 5.299.141,84 para Ferlim Serviços Técnicos Ltda.; (vi) R$ 2.504.650,40 para Prolav Serviços
Técnicos Ltda.; (vii) R$ 425.640,00 para SINDILAV; (viii) R$ 425.640,00 para Altineu Pires
Coutinho; (ix) R$ 464.352,42 para Marcelo Cortes Freitas Coutinho; (x) R$ 319.230,00 para
Antônio Augusto Menezes Teixeira; (xi) R$ 319.230,00 para Altivo Augusto Gold Bittencourt Pires;
(xii) R$ 121.911,81 para Gilberto da Silveira Corrêa; (xiii) R$ 264.957,09 para José Otávio Kudsi
Macedo; (xiv) R$ 200.372,03 para Geraldo da Costa Brito; (xv) R$ 261.809,85 para Celso
Quintanilha D'Ávilla; (xvi) R$ 264.957,09 para Luiz de Mello Maia Filho; (xvii) R$ 264.957,09 para
Leonardo Luis Roedel Ascenção; e (xviii) R$ 264.957,09 para Júlio César Canova.
Além disso, foram impostas as seguintes penalidades: (i) inscrição das empresas condenadas no
Cadastro Nacional de Defesa do Consumidor, e (ii) expedição de recomendação à Receita Federal
para que não seja concedido parcelamento de tributos federais devidos pelas pessoas jurídicas
condenadas.
Adicionalmente, segundo voto-vista do Conselheiro Alexandre Cordeiro, acompanhado pelos
demais Conselheiros, os Representados Brasil Sul Indústria e Comércio Ltda., Altineu Pires
Coutinho, Marcelo Cortes Freitas Coutinho, Antônio Augusto Menezes Teixeira e Altivo Augusto
Gold Bittencourt Pires ficaram proibidos de contratar com a Administração Pública Federal,
Estadual, Municipal e do Distrito Federal pelo prazo de cinco anos, seja na condição de pessoa
natural ou mesmo como sócios de pessoa jurídica