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http://grupos.ebeji.com.br Informativo de Jurisprudência 15 Agosto/2010 Este informativo é uma cortesia da Escola Brasileira de Ensino Jurídico na Internet - EBEJI. 1 Conheça o novo GEMPU Subjetiva Analista Processual Grupo de Estudos para Técnico e Analista www.grupos.ebeji.com.br/gempu Selecionado a partir da Revista dos Tribunais, repositório oficial de jurisprudência, edições 891, de janeiro de 2010, a 896, de junho de 2010. ADMINISTRATIVO 01. Responsabilidade Civil do Estado – Indenização – Dano moral – Assalto praticado por foragidos da Febem – Ausência de nexo causal ente a fuga dos infratores e o crime praticado pelo fugitivo – Circunstância em que, fora dos parâmetros da causalidade, impossível responsabilizar o poder público pelo evento danoso – Verba indevida – Inteligência do art. 37, §6º, da CF/1988. Ementa oficial: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO. OMISSÃO. DANOS MORAIS. CRIME PRATICADO POR FORAGIDO DA FEBEM. ART. 37, § 6º, CF/88. AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL. 1. Inexistência de nexo causal entre a fuga de apenado e o crime praticado pelo fugitivo. 2. Não existindo nexo causal entre a fuga do apenado e o crime praticado, não se caracteriza a responsabilidade civil do Estado. Precedentes. 3. Agravo regimental improvido (AI 463531 AgR / RT 891). CIVIL E PROCESSO CIVIL 01. Mandado de Segurança – Desistência da ação – Ato que não necessita da aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada – Irrelevância, também, de já terem sido prestadas as informações ou de ter sido produzido parecer do Ministério Público sobre a impetração. Ementa oficial: EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA - DESISTÊNCIA - POSSIBILIDADE - INAPLICABILIDADE DO ART. 267, § 4º, DO CPC - RECURSO IMPROVIDO. - É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança, independentemente de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o caso, dos litisconsortes passivos necessários, mesmo que já prestadas as informações ou produzido o parecer do Ministério Público. Doutrina. Precedentes. (MS 26890 AgR / RT 892). 02. Execução Fiscal – Penhora – Demanda interposta contra a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – Constrição incidente sobre os bens da executada – Impenhorabilidade – Processo executivo que deve observar o regime de precatórios. Competência – Execução fiscal – Comarca que não possui vara da Justiça Federal – Julgamento afeto à Justiça Estadual. Ementa oficial: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. IMPENHORABILIDADE DOS BENS. EXECUÇÃO FISCAL. OBSERVÂNCIA DO REGIME DE PRECATÓRIOS. COMPETÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Os bens, as rendas e os serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos são impenhoráveis, e a execução deve observar o regime de precatórios. 2. Nas comarcas onde não há Vara da Justiça Federal, os Juízes Estaduais são competentes para apreciar a execução fiscal (RE 393032 AgR / RT 893). 03. Sucumbência – Assistência judiciária – Justiça gratuita Beneficiário que é condenado ao referido ônus – Admissibilidade, desde que ressalvada situação disposta no art. 12 da Lei 1.060/1950. Ementa oficial: PROCESSUAL CIVIL. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. JUSTIÇA GRATUITA. ART. 12 DA LEI 1.160/50. 1. O beneficiário da justiça gratuita pode ser condenado aos ônus da sucumbência, ficando ressalvado o disposto no art. 12 da Lei 1.060/50. 2. Agravo regimental improvido (RE 528030 AgR / RT 894). CONSTITUCIONAL 01. Medida cautelar – Julgamento em ação direta de inconstitucionalidade – Circunstância que autoriza o exame de recursos sobre controvérsia que tenha sido debatida no âmbito da cautelar. Dr. George Felício, advogado do Banco do Nordeste do Brasil S/A. Informativo de Jurisprudência Supremo Tribunal Federal

Informativo nº 15 - Agosto 2010

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Informativo da EBEJI n. 15, Agosto de 2010. Gratuito.

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Este informativo é uma cortesia da Escola Brasileira de Ensino Jurídico na Internet - EBEJI. 1

Conheça o novo

GEMPU Subjetiva

Analista Processual Grupo de Estudos para

Técnico e Analista www.grupos.ebeji.com.br/gempu

Selecionado a partir da Revista dos Tribunais, repositório oficial de jurisprudência, edições 891, de janeiro de 2010, a 896, de

junho de 2010.

ADMINISTRATIVO 01. Responsabilidade Civil do Estado – Indenização – Dano moral – Assalto praticado por foragidos da Febem – Ausência de nexo causal ente a fuga dos infratores e o crime praticado pelo fugitivo – Circunstância em que, fora dos parâmetros da causalidade, impossível responsabilizar o poder público pelo evento danoso – Verba indevida – Inteligência do art. 37, §6º, da CF/1988. Ementa oficial: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO. OMISSÃO. DANOS MORAIS. CRIME PRATICADO POR FORAGIDO DA FEBEM. ART. 37, § 6º, CF/88. AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL. 1. Inexistência de nexo causal entre a fuga de apenado e o crime praticado pelo fugitivo. 2. Não existindo nexo causal entre a fuga do apenado e o crime praticado, não se caracteriza a responsabilidade civil do Estado . Precedentes. 3. Agravo regimental improvido (AI 463531 AgR / RT 891).

CIVIL E PROCESSO CIVIL 01. Mandado de Segurança – Desistência da ação – Ato que não necessita da aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada – Irrelevância, também, de já terem sido prestadas as informações ou de ter sido produzido parecer do Ministério Público sobre a impetração. Ementa oficial: EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA - DESISTÊNCIA - POSSIBILIDADE - INAPLICABILIDADE DO ART. 267, § 4º, DO CPC - RECURSO IMPROVIDO. - É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segura nça, independentemente de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal intere ssada ou, ainda, quando for o caso, dos litisconsortes pa ssivos necessários, mesmo que já prestadas as informações ou

produzido o parecer do Ministério Público . Doutrina. Precedentes. (MS 26890 AgR / RT 892). 02. Execução Fiscal – Penhora – Demanda interposta contra a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – Constrição incidente sobre os bens da executada – Impenhorabilidade – Processo executivo que deve observar o regime de precatórios. Competência – Execução fiscal – Comarca que não possui vara da Justiça Federal – Julgamento afeto à Justiça Estadual. Ementa oficial: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT. IMPENHORABILIDADE DOS BENS. EXECUÇÃO FISCAL. OBSERVÂNCIA DO REGIME DE PRECATÓRIOS.

COMPETÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA

PROVIMENTO. 1. Os bens, as rendas e os serviços da Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos são impenhoráveis, e a execução deve observar o regime de precatórios. 2. Nas comarcas onde não há Vara da Justiça Federal, os Juízes Estaduais são competentes para apreciar a execução fiscal (RE 393032 AgR / RT 893).

03. Sucumbência – Assistência judiciária –

Justiça gratuita – Beneficiário que é condenado ao referido ônus – Admissibilidade,

desde que ressalvada situação disposta no art. 12 da Lei 1.060/1950.

Ementa oficial: PROCESSUAL CIVIL. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. JUSTIÇA GRATUITA. ART. 12 DA LEI 1.160/50. 1. O beneficiário da justiça gratuita pode ser condenado aos ônus da sucumbência, ficando ressalva do o disposto no art. 12 da Lei 1.060/50 . 2. Agravo regimental improvido (RE 528030 AgR / RT 894).

CONSTITUCIONAL 01. Medida cautelar – Julgamento em ação direta de inconstitucionalidade – Circunstância que autoriza o exame de recursos sobre controvérsia que tenha sido debatida no âmbito da cautelar.

Dr. George Felício, advogado

do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

Informativo de Jurisprudência

Supremo Tribunal Federal

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Atendendo a (muitos) pedidos

Preparação direcionada para a

Magistratura do Trabalho

GEMAT Grupo de Estudos para concursos

da Magistratura do Trabalho

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Ementa oficial: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IMPOSTO DE RENDA SOBRE OS RENDIMENTOS E GANHOS DE CAPITAL AUFERIDOS EM APLICAÇÃO FINANCEIRA. ART. 150, INC. VI, ALÍNEA C, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. O julgamento de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade autoriza o exame imediato dos recursos sobre a controvérsia que nela tenha sido debatida . (AI 649457 AgR / RT 892). 02. Ilegitimidade Ativa Ad Causam – Argüição de descumprimento de preceito fundamental – Instrumento utilizado por entidade sindical de segundo grau – Inadmissibilidade – Ausência de qualificação como confederação – Inteligência do art. 103, IX, da CF/1988. Ementa oficial: AGRAVO REGIMENTAL. ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. ENTIDADE SINDICAL DE SEGUNDO GRAU. ART. 103, IX, PRIMEIRA PARTE, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ART. 2º, I, DA LEI 9.882/99. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. 1. A agravante busca demonstrar sua legitimidade ativa mesclando indevidamente duas das hipóteses de legitimação previstas no art. 103 da Constituição Federal. Porém, sua inequívoca natureza sindical a exclui, peremptoriamente, das demais categorias de associação de âmbito nacional . Precedentes. 2. Não se tratando de confederação sindical organizada na forma da lei, mas de entidade sindical de segundo grau (federação), mostra-se irrelevante a maior ou menor representatividade territorial no que toca ao atendimento da exigência contida na primeira parte do art. 103, IX, da Carta Magna . Precedentes. 3. Agravo regimental improvido (ADPF 96 AgR / RT 893). 03. Plano de saúde – Ressarcimento à Administração Pública por serviços prestados pela rede do Sistema Único de Saúde e instituições conveniadas, em face da impossibilidade de atendimento pela operadora – Admissibilidade – Inexistência de ofensa ao devido processo legal. Ementa oficial: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. RESSARCIMENTO AO SUS. OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE. ART. 32 DA LEI 9.656/1998. CONSTITUCIONALIDADE. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 1.931-MC (rel. min. Maurício Corrêa, DJ 28.05.2004), entendeu que o ressarcimento à Administração Pública pelos serviços prestados pela rede do Sistema Único de Saúde - SUS e instituições conveniadas - face à impossibilidade de atendimento pela operadora de Plano de Saúde - mediante condições preestabelecidas em resoluções internas da Câmara de Saúde Complementar, não ofende o devido processo legal. Nos termos da jurisprudência deste Tribunal, é legítima a decisão monocrática que deci de controvérsia de acordo com orientação firmada em julgamento efetuado pelo Pleno da Corte em exame de

pedido de medida cautelar . Agravo regimental a que se nega provimento (RE 510606 AgR / RT 895). 04. Prisão civil – Depositário infiel – Depósito judicial – Inadmissibilidade da decretação de custódia por dívida, exceto quando se tratar de débito de natureza alimentar – Pacto de San José da Costa Rica que, por ser considerado norma supralegal, sobrepõe-se à regra ordinária brasileira em sentido oposto – Inteligência do art. 5º, LVVII, e §2º, da CF/1988. Ementa oficial: EMENTA: HABEAS CORPUS. SALVO-CONDUTO. PRISÃO CIVIL. DEPOSITÁRIO JUDICIAL. DÍVIDA DE CARÁTER NÃO ALIMENTAR. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou a orientação de que só é possível a prisão civil do "responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia" (inciso LXVII do art. 5º da CF/88). Precedentes: HCs 87.585 e 92.566, da relatoria do ministro Marco Aurélio. 2. A norma que se extrai do inciso LXVII do artigo 5º da Constituição Federal é de eficácia restringível. Pelo que as duas exceções nela contidas podem ser aportadas por lei, quebrantando, assim, a força protetora da proibição, como regra geral, da prisão civil por dívida. 3. O Pacto de San José

da Costa Rica (ratificado pelo Brasil - Decreto 678 de 6 de novembro de 1992), para valer como

norma jurídica interna do Brasil, há de ter como fundamento de validade o § 2º do

artigo 5º da Magna Carta. A se contrapor, então, a qualquer norma ordinária originariamente brasileira que preveja a prisão civil por dívida. Noutros termos: o Pacto de San José da Costa Rica, passando a ter como fundamento de validade o § 2º do art. 5º da CF/88, prevalece como norma supralegal em

nossa ordem jurídica interna e, assim, proíbe a prisão civil por dívida. Não é

norma constitucional -- à falta do rito exigido pelo § 3º do art. 5º --, mas a sua

hierarquia intermediária de norma supralegal autoriza afastar regra ordinária brasileira que

possibilite a prisão civil por dívida . 4. No caso, o paciente corre o risco de ver contra si expedido mandado prisional por se encontrar na situação de infiel depositário judicial. 5. Ordem concedida (HC 100888 / RT 896).

ELEITORAL 01. Recurso extraordinário – Prazo – Matéria eleitoral – Lapso recursal de três dias para interposição do apelo extremo – Norma do art. 12 da Lei 6.055/1974 que não foi derrogada pelo art. 508 do CPC. Agravo de instrumento – Não conhecimento – Interposição contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral que negou trânsito a recurso extraordinário deduzido contra acórdão daquela Corte de Justiça – Traslado de peça documental tardiamente realizado – Impossibilidade de posterior juntada do documento, no Supremo Tribunal Federal, se referida documentação já existia à época da interposição do apelo extremo. Ementa oficial: MATÉRIA ELEITORAL - RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA ACÓRDÃO EMANADO DO

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Estudando para o Ministério

Público Federal? Você tem

mais um aliado:

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TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - PRAZO DE INTERPOSIÇÃO: TRÊS (3) DIAS - INTEMPESTIVIDADE - PRODUÇÃO TARDIA DO DOCUMENTO COMPROBATÓRIO DA ALEGADA TEMPESTIVIDADE RECURSAL - IMPOSSIBILIDADE DE JUNTADA POSTERIOR, NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DE TAL PEÇA DOCUMENTAL, DESDE QUE JÁ EXISTENTE À ÉPOCA DA INTERPOSIÇÃO DO APELO EXTREMO - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO - Em matéria eleitoral, o prazo de interposição do recurso extraordinário é de três (0 3) dias. A norma legal que define esse prazo recursal (Lei n º 6.055/74, art. 12) - por qualificar-se como "lex sp ecialis" - não foi derrogada pelo art. 508 do CPC, na redação que lhe deu a Lei nº 8.950/94 . Doutrina. Precedentes. - É também de três (03) dias, consoante prescreve o Código Eleitoral (art. 282), o prazo de interposição do agravo de instrumento, cabível contra decisão da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral, que nega trânsito a recurso extraordinário deduzido contra acórdão emanado dessa alta Corte judiciária. Doutrina. Precedentes (AI 680917 AgR / RT 896).

PENAL E PROCESSO PENAL 01. Arma de Fogo – Estatuto do Desarmamento – Porte ilegal – Supressão do número de identificação do artefato – Pretendido reconhecimento de atipicidade da conduta, uma vez que o armamento, no momento da apreensão, não estava municiado – Inadmissibilidade – Arma que, independentemente de estar com ou sem munição, deve conter número de série, marca ou sinal identificador, a fim de garantir o controle estatal – Inteligência do art. 16, IV, da Lei 10.826/2003. Ementa oficial: HABEAS CORPUS. PENAL. ARTIGO 16, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO IV, DA LEI N. 10.826/03. ARMA DE FOGO. SUPRESSÃO DO NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. INOCORRÊNCIA. A arma de fogo desmuniciada não infirma a conduta tipificada no artigo 16, inci so IV, da Lei n. 10.826/03. Isso porque, com ou sem munição, dela sempre deverá constar número de série, marca ou sin al de identificação, a fim de garantir o controle estatal . Ordem denegada. (HC 91853 / RT 891). 02. Ação Penal – Roubo – Crimes praticados em sequência – Oferecimento de denúncia referente a apenas uma das práticas delitivas – Pretendido arquivamento implícito do inquérito policial relativo a outra empreitada criminosa não denunciada – Inadmissibilidade – Inaplicabilidade do princípio da indivisibilidade em se tratando de ação penal pública – Inteligência do art. 48 do CPP. Ementa oficial: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. COMETIMENTO DE DOIS CRIMES DE ROUBO SEQUENCIAIS. CONEXÃO RECONHECIDA RELATIVAMENTE AOS RESPECTIVOS INQUÉRITOS POLICIAIS PELO MP. DENÚNCIA OFERECIDA APENAS QUANTO A UM DELES. ALEGAÇÃO DE

ARQUIVAMENTE IMPLÍCITO QUANTO AO OUTRO. INOCORRÊNCIA. PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE. INEXISTÊNCIA. AÇÃO PENAL PÚBLICA. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. I - Praticados dois roubos em sequência e oferecida a denúncia apenas quanto a um deles, nada impede que o MP ajuíze nova ação penal quanto delito remanescent e. II - Incidência do postulado da indisponibilidade da ação penal pública que decorre do elevado valor dos bens jurídicos que ela tutela. III - Inexiste dispositivo legal que preveja o arquivamento implícito do inquérito policial, deven do ser o pedido formulado expressamente, a teor do disposto no art. 28 do Código Processual Penal . IV - Inaplicabilidade do princípio da indivisibilidade à ação penal pública. Precedentes. V - Recurso desprovido (RHC 95141 / RT 891). 03. Prescrição – Ocorrência – Estelionato – Crime praticado em detrimento da Previdência Social – Concessão de aposentadoria a partir de dados falsos – Delito instantâneo que não é transmudado em permanente pelo fato de terceiro haver sido beneficiado com a fraude de forma projetada no tempo – Circunstância que impede a contagem do lapso prescricional a partir da cessão dos efeitos – Inaplicabilidade do art. 111, III,

do CP.

Ementa oficial: PRESCRIÇÃO - APOSENTADORIA - FRAUDE

PERPETRADA - CRIME INSTANTÂNEO DE RESULTADOS PERMANENTES VERSUS CRIME PERMANENTE - DADOS FALSOS. O crime consubstanciado na concessão de aposentadoria a partir de dados falsos é instantâneo, não o transmudando em permanente o fato de terceiro haver sido

beneficiado com a fraude de forma projetada no tempo. A óptica afasta a

contagem do prazo prescricional a partir da cessação dos efeitos - artigo 111, inciso III, do

Código Penal . Precedentes: Habeas Corpus nºs 75.053-2/SP, 79.744-0/SP e 84.998-9/RS e Recurso

Ordinário em Habeas Corpus nº 83.446-9/RS, por mim relatados perante a Segunda Turma - os dois primeiros - e a Primeira Turma - os dois últimos -, cujos acórdãos foram publicados no Diário da Justiça de 30 de abril de 1998, 12 de abril de 2002, 16 de setembro de 2005 e 28 de novembro de 2003, respectivamente. (HC 95564 / RT 892). 04. Regime prisional – Regressão – Admissibilidade – Falta grave – Indisciplina que também altera a data-base para concessão de novos benefícios executórios. Crime hediondo – Regime prisional – Progressão – Inaplicabilidade da Lei 11. 464/2007 se o réu foi condenado antes da vigência do referido diploma legal – Observância ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa – Aplicação da Lei 7.210/1984. Ementa oficial: EMENTA: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. CONDENAÇÃO A 38 ANOS E 8 MESES DE PRISÃO POR ESTUPRO (3 VEZES) E ROUBO (4 VEZES). FALTA GRAVE. REGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL. CUMPRIMENTO DE 3/5 DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. EXAME CRIMINOLÓGICO. QUESTÕES QUE

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NÃO FORAM SUBMETIDAS ÀS INSTÂNCIAS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE DA IMPETRAÇÃO, NO PONTO, SOB PENA DE INDEVIDA SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. CONHECIMENTO DA IMPETRAÇÃO SOMENTE QUANTO AOS REFLEXOS DA FALTA GRAVE NA EXECUÇÃO PENAL. PRECEDENTES. HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, DENEGADO. ALEGAÇÃO DE QUE TERIA DIREITO À PROGRESSÃO DE REGIME NOS TERMOS DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DA TESE. FLAGRANTE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA APLICAÇÃO, NO CASO, DA LEI DE EXECUÇÕES PENAIS. 1. Se as alegações de que constituiria constrangimento ilegal o cumprimento do requisito temporal definido na Lei n. 11.464/07 e de que seria indevida a realização do exame criminológico não foram submetidas às instâncias antecedentes, não cabe ao Supremo Tribunal delas conhecer originariamente, sob pena de supressão de instância. 2. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federa l no sentido de que, em caso de falta grave, impõem-se a regressão de regime e a alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios 3. Habeas corpus parcialmente conhecido e, nesta parte, denegado. 4. A Lei n. 11.464/07 - no ponto em que disciplinou a progressão de regime - trouxe critérios mais rígidos do que os anteriormente estabelecidos na Lei de Execução Penal, vigente à época do fato. Não se aplica o cumprimento da pena imposta pelos critérios da Lei n. 11.464/07 aos fatos anteriormente praticado: afronta ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa (art. 5º, inc. XL, da Constituição da República e art. 2º do Código Penal). 5. Concessão de ofício apenas para assegurar ao Paciente a aplicação das regras de progressão definidas na Lei da Execução Penal. (HC 97659 / RT 892). 05. Crime continuado – Inocorrência – Reiteração delitiva – Inaplicabilidade do art. 71 do CP. Ementa oficial: EMENTA: HABEAS CORPUS. UNIFICAÇÃO DAS PENAS. CONTINUIDADE DELITIVA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 71 CONSTATADA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REITERAÇÃO DELITIVA. ORDEM DENEGADA. 1. A continuidade delitiva é, na sistemática penal brasileira, uma criação puramente jurídica. Espécie de presunção, a implicar verdadeiro benefício àqueles que, nas mesmas circunstâncias de tempo, modo e lugar de execução, praticam crimes da mesma espécie. Isso porque, nada obstante a quantidade de condutas cometidas pelo agente, a lei presume a existência de um crime único. 2. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federa l, a reiteração delitiva afasta o reconhecimento do crim e continuado . 3. Ordem denegada, por ausência da figura da continuidade delitiva. (HC 98647 / RT 892). 06. Imunidade parlamentar – Aplicabilidade – Senador – Crime contra a honra – Calúnia – Discurso proferido em tribuna do Senado Federal que aponta corrupção em Comissão Parlamentar de Inquérito – Acusado respaldado pelo exercício de mandato legislativo – Inteligência do art. 53 da CF/1988. Ementa oficial: QUEIXA-CRIME - PARLAMENTAR - TRIBUNA DA CASA LEGISLATIVA. Ante a imunidade prevista no artigo 53 da Carta Federal, a utilização da tribuna da Casa

Legislativa, considerado certo contexto ligado a fr ustrada comissão parlamentar de inquérito, apontando-se corrupção em órgão público, não enseja ação penal . (Inq 2815 ED-AgR / RT 893). 07. Regime prisional – Progressão – Exame criminológico exigido para apreciação do pedido – Admissibilidade – Procedimento não obrigatório, mas que, em virtude da complexidade do feito e gravidade do delito, faz-se necessário – Inteligência do art. 112 da Lei 7.210/1984, com a redação dada pela Lei 10.792/2003. Ementa oficial: EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. EXAME CRIMINOLÓGICO. LEI 10.792/03. PROGRESSÃO DE REGIME. DECISÃO FUNDAMENTADA. DENEGAÇÃO. 1. A questão de direito tratada neste writ diz respeito à possibilidade de a autoridade judiciária determinar a realização do exame criminológico como requisito para apreciação do pedido de progressão do regime de cumprimento da pena, nos termos do art. 112 da Lei de Execução Penal (redação dada pela Lei 10.792/03). 2. Esta Corte tem-se pronunciado no sentido da possibilidade de determinação da realização do exam e criminológico "sempre que julgada necessária pelo magistrado competente" (AI-AgR-ED 550735-MG, rel. Min. Celso de Mello, DJ 25.04.2008). 3. O art. 112 da LEP (na redação dada pela Lei 10.792/03) não veda a realiza ção do exame criminológico . No mesmo sentido: HC 96.660/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, DJe 21.08.2009; e HC 93.848/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 2ª Turma, DJe 19.12.2008. 4. A magistrada de primeira instância fundamentou suficientemente a decisão, já que, diante da complexidade do caso e da gravidade do delito, julgou necessário o exame criminológico para apreciação do pedido de progressão de regime, nos termos do art. 112 da Lei de Execução Penal. 5. A noção de bom comportamento, tal como prevista no ar t. 112 da LEP (na redação dada pela Lei 10.792/03), ab range a valoração de elementos que não podem se restringir ao mero atestado de boa conduta carcerária . 6. Habeas corpus denegado. (HC 101050 / RT 893). 08. Livramento condicional – Concessão do benefício sem a devida comprovação do requisito subjetivo – Inadmissibilidade – Agente que empreendeu fuga do presídio por três vezes – Obrigatoriedade do preenchimento das condições estabelecidas no art. 112 da Lei 7.213/1984 e no art. 83 do CP. Ementa oficial: EMENTA: EXECUÇÃO PENAL. LIVRAMENTO CONDICIONAL. REQUISITOS: OBJETIVO E SUBJETIVO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO REQUISITO SUBJETIVO. FUGA. ORDEM DENEGADA. 1. O Supremo Tribunal Federal entende que o deferimento de benefícios prisionais está vinculado ao preenchimento, pelo condenado, de requisitos objetivo e subjetivo. Sendo certo que, n a aferição do pressuposto subjetivo, pode o Juiz da Execução usar o exame criminológico como um dos elementos de formação de sua convicção. Noutro fala r: a ideia-força que orienta os julgados desta Corte é a de que o exame criminológico pode subsidiar as decisões do Juiz das Execuções Criminais. Juiz, é bom que se diga, q ue não estará adstrito ao laudo técnico, podendo valorá-lo , a partir dos demais elementos que instruem os autos de execu ção criminal . 2. Na concreta situação dos autos, o Juízo das

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Execuções Penais dispensou, indevidamente, a comprovação do requisito subjetivo. Requisito subjetivo exigido tanto pelo art. 112 da Lei de Execuções Penais quanto pelo art. 83 do Código Penal. Mais: a própria notícia de que o paciente empreendeu três fugas do estabelecimento prisional já impede considerar preenchido o requisito subjetivo necessário ao livramento condicional . Precedentes: HCs 95.884, da relatoria do ministro Ricardo Lewandowski; 96.189, da relatoria da ministra Ellen Gracie. 3. Ordem denegada (HC 94208 / RT 894). 09. Sentença – Decisão condenatória – Nulidade – Inocorrência – Ausência de fundamentação na dosimetria da pena aplicada – Anulação que não vicia inteiramente o decisum, somente influindo no critério adotado para a fixação da reprimenda – Validade de todo o restante que foi decidido, em face do princípio do utile per inutile no vitiatur. Ementa oficial: PENAL. HABEAS CORPUS. DOSIMETRIA DA PENA. NULIDADE PARCIAL DA SENTENÇA. PRECEDENTES STF. ORDEM DENEGADA. 1. A presente impetração visa ao reconhecimento de nulidade da sentença condenatória prolatada em desfavor do paciente, sob o fundamento de ausência de fundamentação na dosimetria da pena aplicada. 2. O Supremo Tribunal Federal tem entendimento de que nulidade quanto à dosimetria da pena "não vicia inteiramente a sentença e o acórdão das instâncias inferiores, mas diz respeito, apenas ao critério adotado para a fixação da pena. Tudo o mais neles decidido é válido, em face do princípio utile per inutile non vitiatur ." (HC 59.950/RJ, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 01.11.1982). 3. Habeas corpus denegado (HC 94888 / RT 894). 10. Ministério Público – Promoção de procedimento administrativo de cunho investigatório – Admissibilidade – Ação penal pública outorgada ao Parquet que lhe permite coletar informações, em casos especiais, para oferecimento de denúncia – Inteligência do art. 129, I e VIII, da CF/1988. Ementa oficial: DIREITO PROCESSUAL PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ALEGAÇÕES DE PROVA OBTIDA POR MEIO ILÍCITO, FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO DE PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA E EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE. PODERES INVESTIGATÓRIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, IMPROVIDO. 1. O recurso extraordinário busca debater quatro questões centrais: a) a nulidade do processo em razão da obtenção de prova ilícita (depoimentos colhidos diretamente pelo Ministério Público em procedimento próprio; gravação de áudio e vídeo realizada pelo Ministério Público; consideração de prova emprestada); b) invasão das atribuições da polícia judiciária pelo Ministério Público Federal; c) incorreção na dosimetria da pena com violação ao princípio da inocência na consideração dos maus antecedentes na fixação da pena-base; d) ausência de fundamentação para o decreto de perda da função pública. 2. O extraordinário somente deve ser conhecido em relação às

atribuições do Ministério Público (CF, art. 129, I e VIII), porquanto as questões relativas à suposta violação ao princípio constitucional da presunção de inocência na fixação da pena-base e à suposta falta de fundamentação na decretação da perda da função pública dos recorrentes, já foram apreciadas e resolvidas no julgamento do recurso especial pelo Superior Tribunal de Justiça. 3. Apenas houve debate na Corte local sobre as atribuições do Ministério Público, previstas constitucionalmente. O ponto relacionado à nulidade do processo por suposta obtenção e produção de prova ilícita à luz da normativa constitucional não foi objeto de debate no acórdão recorrido. 4. Esta Corte já se pronunciou no sentido de que "o debate do tema constitucional deve ser explícito" (RE 428.194 AgR/MG, rel. Min. Eros Grau, 1ª Turma, DJ 28.10.2005) e, assim, "a ausência de efetiva apreciação do litígio constitucional, por parte do Tribunal de que emanou o acórdão impugnado, não autoriza - ante a falta de prequestionamento explicíto da controvérsia jurídica - a utilização do recurso extraordinário" (AI 557.344 AgR/DF, rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, DJ 11.11.2005). 5. A denúncia

pode ser fundamentada em peças de informação obtidas pelo órgão do MPF sem a necessidade do prévio inquérito

policial, como já previa o Código de Processo Penal. Não há óbice a que o Ministério

Público requisite esclarecimentos ou diligencie diretamente a obtenção da prova de modo a formar seu convencimento a respeito de determinado fato, aperfeiçoando a persecução penal, mormente em casos graves como o presente que envolvem a presença de policiais civis e militares na

prática de crimes graves como o tráfico de substância entorpecente e a

associação para fins de tráfico . 6. É perfeitamente possível que o órgão do

Ministério Público promova a colheita de determinados elementos de prova que demonstrem

a existência da autoria e da materialidade de deter minado delito, ainda que a título excepcional, como é a hi pótese do caso em tela. Tal conclusão não significa retirar d a Polícia Judiciária as atribuições previstas constitucionalm ente, mas apenas harmonizar as normas constitucionais (ar ts. 129 e 144) de modo a compatibilizá-las para permiti r não apenas a correta e regular apuração dos fatos supostamente delituosos, mas também a formação da opinio delicti . 7. O art. 129, inciso I, da Constituição Federal, atribui ao parquet a privatividade na promoção da ação penal pública. Do seu turno, o Código de Processo Penal estabelece que o inquérito policial é dispensável, já que o Ministério Público pode embasar seu pedido em peças de informação que concretizem justa causa para a denúncia. 8. Há princípio basilar da hermenêutica constitucional, a saber, o dos "poderes implícitos", segundo o qual, quando a Constituição Federal concede os fins, dá os meios. Se a atividade fim - promoção da ação penal pública - fo i outorgada ao parquet em foro de privatividade, não se concebe como não lhe oportunizar a colheita de prov a para tanto, já que o CPP autoriza que "peças de informaç ão" embasem a denúncia . 9. Levando em consideração os dados fáticos considerados nos autos, os policiais identificados se associaram a outras pessoas para a perpetração de tais

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crimes, realizando, entre outras atividades, a de "escolta" de veículos contendo o entorpecente e de "controle" de todo o comércio espúrio no município de Chapecó. 10. Recurso extraordinário parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido (RE 468523 / RT 895). 11. Interrogatório – Nulidade – Ocorrência – Videoconferência – Ato realizado antes da vigência da Lei 11.719/2008 – Determinação que acarreta a invalidação de todos os demais atos subseqüentes, exceto o depoimento das testemunhas. Prisão preventiva – Custódia decretada para a garantia da ordem pública e para assegurar a aplicação da norma penal – Admissibilidade – Decreto que está adequadamente fundamentado, persistindo os motivos que determinaram a sua expedição. Prisão Preventiva – Excesso de prazo para o encerramento da instrução criminal – Matéria que não foi apreciada nas instâncias ordinárias – Impossibilidade de análise na instância superior sob pena de supressão de instância. Ementa oficial: EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL JÁ RECONHECIDA POR ESTA CORTE. ANULAÇÃO DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO E DE TODOS OS ATOS SUBSEQUENTES COM EXCEÇÃO DO DEPOIMENTO DAS TESTEMUNHAS. EXCESSO DE PRAZO. MATÉRIA NÃO SUBMETIDA ÀS INSTÂNCIAS INFERIORES. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DECRETO DE PRISÂO CAUTELAR CUJOS MOTIVOS PERSISTEM. HABEAS CORPUS CONHECIDO EM PARTE, E, NESSA EXTENSÃO, CONCEDIDA PARCIALMENTE A ORDEM. I - É entendimento desta Corte que a realização de interrogatório por videoconferência com base em legislação estadual ou provimento de Tribunal é formalmente inconstitucional . II - A decretação de nulidade de um ato apenas acarreta a nulidade de outros que dele sejam dependentes. Assim, é nulo o interrogatório realizado por meio de sistema de videoconferência com base em legislação anterior a Lei 11.719/2008 e todos os demais atos subsequentes, à exceção do depoimento das testemunhas. III - O decreto de prisão cautelar encontra-se adequadamente fundamentado, persistindo os motivos que determinaram sua expedição. IV - A questão relativa ao excesso de prazo para o término da instrução penal não foi apreciada nas instâncias ordinárias. Assim, seu conhecimento em sede originária pelo Supremo Tribunal Federal implicaria em supressão de instância. Precedentes. V - Habeas corpus conhecido em parte, concedida a ordem na parte conhecida (HC 99609 / RT 896). 12. Competência – Falsidade documental – Uso de documento falso e falsidade ideológica – Inserção de dados falsos em carteira de trabalho – CTPS falsificada utilizada para instruir ação previdenciária com o fim de obter benefício fraudulento – Desistência da ação intentada contra o INSS – Circunstância que afasta o interesse da União no deslinde da causa –

Incompetência da Justiça Federal para processamento do feito – Julgamento afeto à Justiça comum. Ementa oficial: HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. ANOTAÇÃO FALSA EM CTPS. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL. ORDEM DENEGADA. 1. A questão tratada no presente habeas corpus diz respeito a constrangimento ilegal a que estaria sendo submetido o paciente em decorrência de decisão que entendeu ser competente a Justiça Estadual para a tramitação do inquérito policial em que foi indiciado. 2. O caso versado neste writ não se confunde com o do HC 91.895. Naquele habeas corpus não se discutiu qual a justiça competente para julgar os processos. Neste writ, por sua vez, o que a impetrante pretende é deslocar o inquérito que tramita na 2ª Vara da Comarca de São Manuel/SP para a Justiça Federal. 3. Na espécie, a CTPS apreendida foi utilizada para instruir ação previde nciária com o fim de obter benefício fraudulento, contudo o paciente desistiu da referida ação previdenciária . 4. Uma vez tendo ocorrido a desistência da ação previdenci ária, não houve lesão ao INSS capaz de atrair a competênc ia da

Justiça Federal. Dessa forma, o paciente deverá responder apenas pelo delito de anotação falsa

na CTPS, cuja competência para o julgamento cabe à Justiça Estadual . 5. Habeas corpus

denegado (HC 99738 / RT 896). 13. Roubo qualificado – Desclassificação para roubo – Inadmissibilidade – Emprego de arma de fogo para a prática de delito – Ausência, no entanto, de apreensão do artefato utilizado – Irrelevância – Declarações das vítimas que não deixam

dúvidas quanto a utilização do armamento na atividade criminosa. Pena – Roubo

qualificado – Emprego de arma de fogo – Incidência da majorante que se impõe em razão

do maior potencial de intimidação e conseqüente rendição da vítima, provocadas pelo uso do artefato –

Inteligência do art. 1557, §2º, I, do CP. Ementa oficial: EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO. CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA. EMPREGO DE ARMA DE FOGO. ARMA NÃO APREENDIDA. CONFISSÃO JUDICIAL E DECLARAÇÕES DA VÍTIMA. VALOR PROBANTE. ORDEM DENEGADA. 1. Na falta de apreensão da arma de fogo, mas comprovado o seu emprego por outros meios idôneos de prova, não há que se desclassificar o delito para roubo simples. 2. A incidência da majorante do inciso I do § 2º do a rt. 157 do CP se explica pelo maior potencial de intimidaçã o e consequente rendição da vítima, provocada pelo uso de arma de fogo . Precedentes. Ordem denegada (HC 100.861 / RT 896).

TRIBUTÁRIO 01. Imunidade Tributária – Livros, jornais e periódicos – Pretendida extensão do benefício a insumos gráficos – Inadmissibilidade – Garantia constitucional que somente

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abrange materiais que se mostrem assimiláveis ao papel – Inteligência do art. 150, VI, d, da CF/1988. Ementa oficial: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE. IMPOSTOS. LIVROS, JORNAIS E PERIÓDICOS. ART. 150, VI, "D", DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. INSUMOS. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de q ue a garantia constitucional da imunidade tributária ins erta no art. 150, VI, "d", da Constituição do Brasil, esten de-se, exclusivamente --- tratando-se de insumos destinado s à impressão de livros, jornais e periódicos --- a mat eriais que se mostrem assimiláveis ao papel, abrangendo, em conseqüência, para esse efeito, os filmes e papéis fotográficos . Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento (RE 495385 AgR / RT 891). 02. IPTU – Imunidade recíproca – Aplicabilidade – Terrenos de propriedade da União em área portuária – Ocupação por empresa administradora que detém posse precária e desdobrada, decorrente de contrato de concessão de uso – Inteligência do art. 150, VI, a, da CF/1988. Ementa oficial: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPTU. IMÓVEL DE PROPRIEDADE DA UNIÃO. CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO. POSSE PRECÁRIA. PÓLO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150, VI, "A", DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. IMPOSSIBILIDADE DA TRIBUTAÇÃO. 1. O Supremo Tribunal Federal, em caso análogo ao presente, o RE n. 451.152, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJ de 27.4.07, fixou entendimento no sentido da impossibilidade do detentor da posse precária e desdobrada, decorrente de contrato de concessão de uso, figurar no pólo passivo da obriga ção tributária . Precedentes. 2. Impossibilidade de tributação, pela Municipalidade, dos terrenos de propriedade da União, em face da imunidade prevista no art. 150, VI, "a", da Constituição. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento (RE 599417 AgR / RT 891). 03. ICMS – Exportação – Produtos industrializados – Imunidade tributária – Benefício que abrange todas as operações que contribuíram para a transação, independentemente da natureza da moeda empregada. Ementa oficial: EMENTA: TRIBUTO. ICMS. Exportação de produtos industrializados. Imunidade. Limitação apenas às operações realizadas com moeda estrangeira. Restrição imposta pelo Decreto Estadual nº 7.004/90 e Convênio ICMS nº 4/90. Inadmissibilidade. Recurso Extraordinário não provido. A imunidade do ICMS relativa à exportação de produtos industrializados abrange todas as operações que contribuíram para a exportação, independentemente d a natureza da moeda empregada . (RE 248499 / RT 892).

04. Contribuição social – Desvinculação de percentagem da receita mediante emenda constitucional – Admissibilidade – Ato que não constitui criação de imposto inominado, não sendo uma inovação – Inexistência de incompatibilidade com o ordenamento constitucional – Norma que muda destinação de arrecadação, ademais, que não pode ser considerada violadora de cláusula pétrea – Inteligência da EC 27/2000. Ementa oficial: 1. TRIBUTO. Contribuição social. Art. 76 do ADCT. Emenda Constitucional nº 27/2000. Desvinculação de 20% do produto da arrecadação. Admissibilidade. Inexistência de ofensa a cláusula pétrea. Negado seguimento ao recurso. Não é inconstitucional a desvinculação de parte da arrecadação de contribuição social, levada a efeito por emenda constitucional (RE 537610 / RT 894). 05. Imposto de exportação – Norma infraconstitucional que autoriza órgão integrante da Administração Pública Federal a alterar alíquotas – Admissibilidade – Atribuição que não é privativa do Presidente da República, mas ao Poder Executivo em seu todo – Imposto regulatório do comércio exterior, ademais, que visa eficiência, alcançada por meio de órgãos

especializados, no mercado internacional – Inteligência dos arts. 84, caput, IV e parágrafo

único, e 153, §1º, da CF/1988.

Ementa oficial: EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO. ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTA. ART. 153, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DO PRESIDENTRE DA REPÚBLICA NÃO CONFIGURADA. ATRIBUIÇÃO DEFERIDA À CAMEX. CONSTITUCIONALIDADE.

FACULDADE DISCRICIONÁRIA CUJOS LIMITES ENCONTRAM-SE

ESTABELECIDOS EM LEI. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO. I - É

compatível com a Carta Magna a norma infraconstitucional que atribui a órgão integrante do Poder Executivo da União a faculdade de estabelecer as al íquotas do Imposto de Exportação . II - Competência que não é privativa do Presidente da República . III - Inocorrência de ofensa aos arts. 84, caput, IV e parágrafo único, e 153, § 1º, da Constituição Federal ou ao princípio de reserva legal. Precedentes. IV - Faculdade discricionária atribuída à Câmara de Comércio Exterior - CAMEX, que se circunscreve ao disposto no Decreto-Lei 1.578/1977 e às demais normas regulamentares. V - Recurso extraordinário conhecido e desprovido (RE 570680 / RT 894). 06. Cofins – Isenção – Revogação – Admissibilidade – Benefício instituído pelo art. 6º, II, da LC 70/1991, revogado pelo art. 56 da Lei 9.430/1996 – Inexistência de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Ementa oficial: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ISENÇÃO. LEI 9.430/1996 E LEI COMPLEMENTAR 70/1991. PRECEDENTES. 1. É constitucional a revogação da isenção da COFINS, uma vez que não existe hierarqui a entre lei complementar e lei ordinária . 2. Matéria pacificada

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pelo Plenário do Supremo Tribunal: RE 381.964/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, Pleno, por maioria, DJe 13.3.2009 e RE 377.457/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, Pleno, por maioria, DJe 19.12.2008. 3. Não ocorreu omissão quanto ao art. 3º, §1º, da Lei 9.718/98, pois o referido dispositivo não foi argüido anteriormente pela parte agravante. 4. Agravo regimental improvido (AI 632154 AgR / RT 894).

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junho de 2010.

ADMINISTRATIVO 01. Ministério Público – Ilegitimidade ad causam – Ação civil pública – Demanda interposta contra ex-dirigente de clube de futebol que teria causado prejuízos de ordem moral e patrimonial à agremiação – Inadmissibilidade – Associação com personalidade de direito privado – Legitimação do parquet, em conceito que abrange aspectos material e imaterial, quando há lesão ao bem jurídico tutelado – Fraude a organização desportiva privada que atinge somente de forma reflexa o patrimônio cultural. Ementa oficial: PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – GESTÃO FRAUDULENTA DE CLUBE DE FUTEBOL (ATLÉTICO MINEIRO) – ASSOCIAÇÃO COM PERSONALIDADE DE DIREITO PRIVADO - OFENSA REFLEXA AO SISTEMA BRASILEIRO DO DESPORTO – ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. É entendimento desta Corte a legitimidade do Ministério Público para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público, conceito que abrange aspectos material e imaterial, quando há direta lesão ao bem jurídico tutelado. 2. Somente de forma reflexa é atingido o patrimônio cultural, quando fraudada organização desportiva privada . 3. Inadequação da ação civil pública e ilegitimidade ativa ad causam do Ministério Público para a defesa do patrimônio ofendido . 4. Recurso especial não conhecido (REsp 1041765/MG / RT 891). 02. Responsabilidade civil – Inocorrência – Assalto a ônibus que redunda em morte de cobrador – Fato estranho a atividade que implica excludente de responsabilidade da empresa transportadora – Irrelevância, ademais, da habitualidade de assaltos em determinadas linhas. Ementa oficial: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ASSALTO A ÔNIBUS COLETIVO. MORTE DO COBRADOR. FATO ESTRANHO À ATIVIDADE DE TRANSPORTE. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÇÃO. RECURSO PROVIDO. 1. A jurisprudência

consolidada no âmbito da Segunda Seção do STJ considera assalto em interior de ônibus causa exclu dente da responsabilidade de empresa transportadora por t ratar-se de fato de terceiro inteiramente estranho à ativ idade de transporte - fortuito externo . 2. Agravo regimental provido. (AgRg no REsp 620259/MG / RT 892). 03. Desapropriação – Ação que discute domínio público em terras situadas na faixa de fronteira – Admissibilidade – Debate que deve ser realizado para não resultar em ressarcimento pelo Estado de terras que lhe pertencem – Inteligência dos arts. 20 e 34 do Dec.-lei 3.365/1941. Ementa oficial: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL –

ÁREA SITUADA EM FAIXA DE FRONTEIRA – BEM DOMINICAL DA UNIÃO TRANSFERIDO PELO

ESTADO DO PARANÁ A TERCEIRO – INAPLICABILIDADE DOS ARTS. 20 E 34 DO

DECRETO-LEI N. 3.365/41 – NULIDADE DO ATO JURÍDICO – POSSIBILIDADE DE DEBATE SOBRE DOMÍNIO NA AÇÃO DESAPROPRIATÓRIA – PRECEDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. 1. Ações de desapropriações ajuizadas pelo INCRA com dois objetivos: questionar a validade da transferência da propriedade de bem

pertencente à União, e propiciar a regularização fundiária de terras situadas em

faixa de fronteira. Inaplicabilidade dos arts. 20 e 34 do Dec. Lei n. 3.365/41. 2. Viável debate

sobre domínio em ação expropriatória movida pelo INCRA contra particulares que receberam do Estado do

Paraná títulos de propriedade de terras devolutas da UNIÃO situadas em faixa de fronteira. 3. Impedir o INCRA de discutir a regularidade do título dominial em desapropriaçõe s de terras localizadas na faixa de fronteira implica im por à União a obrigação de indenizar área de sua propried ade para, só depois e em ação distinta, discutir a nuli dade do título translativo da propriedade. O que, segundo o s modernos princípios processuais, mostra-se desarrazoado . Embargos de divergência conhecidos e improvidos. (EREsp 753188/PR / RT 893). 04. Poder de polícia – Trânsito – Multa – Aplicação por sociedade de economia mista – Inadmissibilidade – Atos relativos à legislação e à sanção que derivam do poder de coerção do Poder Público – Possibilidade de delegação somente dos atos referentes ao consentimento e à fiscalização

Dr. George Felício, advogado

do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

Informativo de Jurisprudência

Superior Tribunal de Justiça

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– Transferência do poder de polícia a particulares que, para aumentar a arrecadação em busca de lucro, poderia comprometer o bom desempenho do gerenciamento. Ementa oficial: ADMINISTRATIVO. PODER DE POLÍCIA. TRÂNSITO. SANÇÃO PECUNIÁRIA APLICADA POR SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Antes de adentrar o mérito da controvérsia, convém afastar a preliminar de conhecimento levantada pela parte recorrida. Embora o fundamento da origem tenha sido a lei local, não há dúvidas que a tese sustentada pelo recorrente em sede de especial (delegação de poder de polícia) é retirada, quando o assunto é trânsito, dos dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro arrolados pelo recorrente (arts. 21 e 24), na medida em que estes artigos tratam da competência dos órgãos de trânsito. O enfrentamento da tese pela instância ordinária também tem por conseqüência o cumprimento do requisito do prequestionamento. 2. No que tange ao mérito, convém assinalar que, em sentido amplo, poder de polícia pode ser conceituado como o dever estatal de limitar-se o exercício da propriedade e da liberdade em favor do interesse público. A controvérsia em debate é a possibilidade de exercício do poder de polícia por particulares (no caso, aplicação de multas de trânsito por sociedade de economia mista). 3. As atividades que envolvem a consecução do poder de polícia podem ser sumariamente divididas em quatro grupos, a saber: ( i) legislação, (ii) consentimento, (iii) fiscalização e (iv) sanção . 4. No âmbito da limitação do exercício da propriedade e da liberdade no trânsito, esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece normas genéricas e abstratas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão da carteira corporifica a vontade o Poder Público (consentimento); a Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não guarda observância ao CTB (sanção). 5. Somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, p ois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder Público . 6. No que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento por particula res estaria, inclusive, comprometido pela busca do lucr o - aplicação de multas para aumentar a arrecadação . 7. Recurso especial provido (REsp 817534/MG / RT 894). 05. Improbidade administrativa – Caracterização – Chefe de gabinete de município que utiliza veículo e funcionários do poder público para transportar utensílio e bens particulares – Pequeno prejuízo ao erário que não afasta ofensa ao princípio da moralidade administrativa. Ementa oficial: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MERA IRREGULARIDADE ADMINISTRATIVA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. DISTINÇÃO ENTRE JUÍZO DE IMPROBIDADE DA CONDUTA E JUÍZO DE DOSIMETRIA DA SANÇÃO. 1. Hipótese em que o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul ajuizou Ação Civil Pública contra o Chefe de Gabinete do Município de Vacaria/RS, por ter utilizado veículo de propriedade municipal e força de trabalho de três membros da Guarda Municipal para transportar utensílios e bens particulares. 2. Não se deve trivializar a Lei da Improbidade Administrativa, seja porque a

severidade das punições nela previstas recomenda cautela e equilíbrio na sua aplicação, seja porque os remédios jurídicos para as desconformidades entre o ideal e o real da Administração brasileira não se resumem às sanções impostas ao administrador, tanto mais quando nosso ordenamento atribui ao juiz, pela ferramenta da Ação Civil Pública, amplos e genéricos poderes de editar provimentos mandamentais de regularização do funcionamento das atividades do Estado. 3. A implementação judicial da Lei da Improbidade Administrativa segue uma espécie de silogismo – concretizado em dois momentos, distintos e consecutivos, da sentença ou acórdão – que deságua no dispositivo final de condenação: o juízo de improbidade da conduta (= premissa maior) e o juízo de dosimetria da sanção (= premissa menor). 4. Para que o defeito de uma conduta seja considerado mera irregularidade administrativa, exige-se valoração nos planos quantitativo e qualitativo, com atenção especial para os bens jurídicos tutelados pela Constituição, pela Lei da Improbidade Administrativa, pela Lei das Licitações, pela Lei da Responsabilidade Fiscal e por outras normas aplicáveis à espécie. Trata-se de exame que deve ser minucioso, sob pena de transmudar-se a irregularidade administrativa banal ou trivial, noção que legitimamente suaviza a severidade da Lei da Improbidade Administrativa, em senha para a impunidade, business as usual. 5. Nem toda irregularidade administrativa caracteriza improbidade, nem se confunde o administ rador inábil com o administrador ímprobo. Contudo, se o j uiz, mesmo que implicitamente, declara ou insinua ser ím proba a conduta do agente, ou reconhece violação aos bens e valores protegidos pela Lei da Improbidade Administ rativa (= juízo de improbidade da conduta), já não lhe é f acultado – sob o influxo do princípio da insignificância, mo rmente se por "insignificância" se entender somente o impa cto monetário direto da conduta nos cofres públicos – e vitar o juízo de dosimetria da sanção, pois seria o mesmo q ue, por inteiro, excluir (e não apenas dosar) as penas lega lmente previstas . 6. Iniqüidade é tanto punir como improbidade, quando desnecessário (por atipicidade, p. ex.) ou a lém do necessário (= iniqüidade individual), como absolver comportamento social e legalmente reprovado (= iniqüidade coletiva), incompatível com o marco constitucional e a legislação que consagram e garan tem os princípios estruturantes da boa administração . 7. O juiz, na medida da reprimenda (= juízo de dosimetria da sanç ão), deve levar em conta a gravidade, ou não, da conduta do agente, sob o manto dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, que têm necessária e ampla incid ência no campo da Lei da Improbidade Administrativa . 8. Como o seu próprio nomen iuris indica, a Lei 8.429/92 tem na moralidade administrativa o bem jurídico protegido por excelência, valor abstrato e intangível, nem sempre reduzido ou reduzível à moeda corrente . 9. A conduta ímproba não é apenas aquela que causa dano financei ro ao Erário. Se assim fosse, a Lei da Improbidade Administrativa se resumiria ao art. 10, emparedados e esvaziados de sentido, por essa ótica, os arts. 9 e 11. Logo, sobretudo no campo dos princípios administrativos, não há como aplicar a lei com calculadora na mão, tudo expressando, ou querendo expressar, na forma de rea is e centavos . 10. A insatisfação dos eminentes julgadores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul com o resultado do juízo de dosimetria da sanção, efetuado pela sentença, levou-

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os, em momento inoportuno (isto é, após eles mesmos reconhecerem implicitamente a improbidade), a invalidar ou tornar sem efeito o próprio juízo de improbidade da conduta, um equívoco nos planos técnico, lógico e jurídico. 11. A Quinta Turma do STJ, em relação a crime de responsabilidad e, já se pronunciou no sentido de que "deve ser afastada a aplicação do princípio da insignificância, não obst ante a pequena quantia desviada, diante da própria condiçã o de Prefeito do réu, de quem se exige um comportamento adequado, isto é, dentro do que a sociedade conside ra correto, do ponto de vista ético e moral." (REsp 76 9317/AL, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJ 27/3/20 06). Ora, se é assim no campo penal, com maior razão no universo da Lei de Improbidade Administrativa, que tem caráter civil . 12. Recurso Especial provido, somente para restabelecer a multa civil de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais), afastadas as sanções de suspensão de direitos políticos e proibição de contratar com o Poder Público, pretendidas originalmente pelo Ministério Público (REsp 892818/RS / RT 895). 06. Improbidade administrativa – Nepotismo – Preenchimento do cargo de assessora parlamentar pela esposa do presidente da Câmara dos Vereadores – Inadmissibilidade – Alegação de ausência de dano ao patrimônio público e de serviços prestados com dedicação e eficiência – Irrelevância – Violação aos princípios constitucionais que regem toda a Administração Pública – Inteligência do art. 11, caput, da Lei 8.429/1992. Ementa oficial: ADMINISTRATIVO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - NEPOTISMO - VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - OFENSA AO ART. 11 DA LEI 8.429/1992 - DESNECESSIDADE DE DANO MATERIAL AO ERÁRIO. 1. Ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Santa Catarina em razão da nomeação da mulher do Presidente da Câmara de Vereadores, para ocupar cargo de assessora parlamentar desse da mesma Câmara Municipal. 2. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que o ato de improbidade por lesão aos princípios administrativos (art. 11 da Lei 8.249/1992), independe de dano ou lesão material ao erário. 3. Hipótese em que o Tribunal de Justiça, não obstante reconheça textualmente a ocorrência de ato de nepotismo, conclui pela inexistência de improbidade administrativa, sob o argumento de que os serviços foram prestados com 'dedicação e eficiência'. 4. O Supremo Tribunal, por ocasião do julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade 12/DF, ajuizada em defesa do ato normativo do Conselho Nacional de Justiça (Resolução 7/2005), se pronunciou expressamente no sentido de que o nepotismo afronta a moralidade e a impessoalidade da Administração Pública. 5. O fato de a Resolução 7/2005 - CNJ restringir-se objetivamente ao âmbito do Poder Judiciário, não impede -e nem deveria -que toda a Administração Pública respeite os mesmos princípios constitucionais norteadores (moralidade e impessoalidade) da formulação desse ato normativo. 6. A prática de nepotismo encerra grave ofensa aos princípios da Administração Pública e, nessa me dida,

configura ato de improbidade administrativa, nos mo ldes preconizados pelo art. 11 da Lei 8.429/1992 . 7. Recurso especial provido (REsp 1009926/SC / RT 896).

CIVIL E PROCESSO CIVIL 01. Arrematação – Preço vil – Ocorrência – Lance oferecido que ultrapassou um pouco mais de 60% do valor do be m leiloado – Intervalo temporal entre o praceamento e a avaliação, porém, superior a dois anos . Ementa oficial: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. ARREMATAÇÃO. PREÇO VIL. INTERVALO TEMPORAL ENTRE A AVALIAÇÃO E A ARREMATAÇÃO. 1. A despeito de entender esta Corte que a arrematação pelo valor equivalente a no mínimo 50% da avaliação não config ura preço vil, vale ressaltar que tal base de cálculo c onsidera o valor atualizado, devendo, por isso, haver proximid ade temporal entre a avaliação e a arrematação , o que não se verifica na hipótese concreta destes autos. 2. Recurso especial

não conhecido (REsp 267934/MS / RT 891).

02. Execução – Alimentos – Penhora – Incidência sobre o FGTS – Admissibilidade – Mitigação do

rol taxativo previsto em lei, em razão da observância dos princípios constitucionais da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana – Circunstância em que o bloqueio da conta para a garantia do pagamento da obrigação alimentar é acolhido segundo as peculiaridades do caso concreto – Inteligência do art. 20 da Lei 8.036/1990.

Ementa oficial: AGRAVO REGIMENTAL.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS.

PENHORA SOBRE CONTA DO FGTS. POSSIBILIDADE. 1. Este Tribunal Superior entende ser

possível a penhora de conta vinculada do FGTS (e do PIS) no caso de execução de alimentos. É que, em casos t ais, há mitigação do rol taxativo previsto no art. 20 da Lei 8.036/90, dada a incidência dos princípios constitu cionais da proporcionalidade e da dignidade da pessoa human a. 2. A orientação jurisprudencial das Turmas de Direito Privado desta Corte é na vertente de se admitir o bloqueio da conta relativa ao FGTS para a garantia do pagamento da obrigação alimentar, segundo as peculiaridades do c aso concreto . 3. Agravo regimental não provido (AgRg no Ag 1034295/SP / RT 891). 03. Usucapião – Admissibilidade – Terreno localizado próximo a faixa de fronteira – Circunstância que, por si só, não implica o reconhecimento de tratar-se de bem de domínio público – Ausência de registro de propriedade do imóvel que possibilita o terreno ser usucapido. Ementa oficial: RECURSO ESPECIAL. USUCAPIÃO. FAIXA DE FRONTEIRA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE REGISTRO ACERCA DA PROPRIEDADE DO IMÓVEL. INEXISTÊNCIA DE PRESUNÇÃO EM FAVOR DO ESTADO DE QUE A TERRA É PÚBLICA. 1. O terreno localizado em

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faixa de fronteira, por si só, não é considerado de domínio público, consoante entendimento pacífico da Corte Superior . 2. Não havendo registro de propriedade do imóvel, inexiste, em favor do Estado, presunção iur is tantum de que sejam terras devolutas, cabendo a est e provar a titularidade pública do bem . Caso contrário, o terreno pode ser usucapido. 3. Recurso especial não conhecido. (REsp 674558/RS / RT 892). 04. ITR – Propriedade esbulhada pelo movimento “sem terra” – Estado que viola seu dever de preservação da propriedade, afastando faculdade de onerar tributariamente imóvel expropriado – Cobrança do tributo indevida. Ementa oficial: TRIBUTÁRIO. ITR. INCIDÊNCIA SOBRE IMÓVEL. INVASÃO DO MOVIMENTO "SEM TERRA". PERDA DO DOMÍNIO E DOS DIREITOS INERENTES À PROPRIEDADE. IMPOSSIBILIDADE DA SUBSISTÊNCIA DA EXAÇÃO TRIBUTÁRIA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. Conforme salientado no acórdão recorrido, o Tribunal a quo, no exame da matéria fática e probatória constante nos autos, explicitou que a recorrida não se encontraria na posse dos bens de sua propriedade desde 1987. 2. Verifica-se que houve a efetiva violação ao dever constitucional do Estado em garantir a propriedade da impetrante, configurando-se uma grave omissão do se u dever de garantir a observância dos direitos fundam entais da Constituição . 3. Ofende os princípios básicos da razoabilidade e da justiça o fato do Estado violar o direito de garantia de propriedade e, concomitantemente, ex ercer a sua prerrogativa de constituir ônus tributário so bre imóvel expropriado por particulares (proibição do v enire contra factum proprium) . 4. A propriedade plena pressupõe o domínio, que se subdivide nos poderes de usar, gozar, dispor e reinvidicar a coisa. Em que pese ser a propriedade um dos fatos geradores do ITR, essa propriedade não é plena quando o imóvel encontra-se invadido, pois o proprietário é tolhido das faculdades inerentes ao domínio sobre o imóvel. 5. Com a invasão do movimento "sem terra", o direito da recorrida ficou tolhido de praticamente todos seus elementos: não há mais posse, possibilidade de uso ou fruição do bem; consequentemente, não havendo a exploração do imóvel, não há, a partir dele, qualquer tipo de geração de renda ou de benefícios para a proprietária. 6. Ocorre que a função social da propriedade se caracteriza pelo fato do propriet ário condicionar o uso e a exploração do imóvel não só d e acordo com os seus interesses particulares e egoíst icos, mas pressupõe o condicionamento do direito de propriedade à satisfação de objetivos para com a sociedade, tais como a obtenção de um grau de produtividade, o respeito ao meio ambiente, o pagam ento de impostos etc . 7. Sobreleva nesse ponto, desde o advento da Emenda Constitucional n. 42/2003, o pagamento do ITR como questão inerente à função social da propriedade. O proprietário, por possuir o domínio sobre o imóvel, deve atender aos objetivos da função social da proprieda de; por conseguinte, se não há um efetivo exercício de domí nio, não seria razoável exigir desse proprietário o cump rimento da sua função social, o que se inclui aí a exigênci a de pagamento dos impostos reais . 8. Na peculiar situação dos autos, ao considerar-se a privação antecipada da po sse e o

esvaziamento dos elementos de propriedade sem o dev ido êxito do processo de desapropriação, é inexigível o ITR diante do desaparecimento da base material do fato gerador e da violação dos referidos princípios da propriedade, da função social e da proporcionalidad e. 9. Recurso especial não provido. (REsp 1144982/PR / RT 892). 05. Seguro de vida – Indenização – Morte da segurada 24 anos após a contratação inicial e contínua atualização da avença – Recusa da seguradora em efetuar o pagamento alegando que a associada omitiu doença preexistente – Inadmissibilidade – Empresa que auferiu vantagem por duas décadas sem exigir exame clínicos prévios nas sucessivas renovações do contrato – Suposta omissão de procedimento cirúrgico ocorrido antes do último ajuste, que não é suficiente para deduzir que houve má-fé da contratante – Verba devida. Ementa oficial: DIREITO CIVIL. SEGURO DE VIDA. DOENÇA PREEXISTENTE. LONGEVIDADE DA SEGURADA POR 24 ANOS APÓS A CONTRATAÇÃO E SUCESSIVAS RENOVAÇÕES DA AVENÇA. OMISSÃO IRRELEVANTE. MÁ-FÉ. INEXISTÊNCIA. I - Este Egrégio Superior Tribunal de Justiça já decidiu: "(...) 2. Não pode a seguradora eximir-se do dever de indenizar, alegando omissão de informaç ões por parte do associado, se dele não exigiu exames c línicos prévios " (REsp 402.457-RO, Rel. Min. Barros Monteiro, 4ª Turma). II - In casu, a não exigência de exames prévios, bem como a longevidade da segurada que perdurou por 24 anos da contratação inicial até o óbito, sendo renovado periodicamente, não elide a responsabilidade da seguradora em pagar o seguro, porque, em verdade, a suposta omissão de procedimento cirúrgico anterior a última renovação não é suficientemente relevante para induzir a má-fé da segurada, mormente se a Seguradora auferiu vantagem por duas décadas sem exigir, repiso, exames clínicos nas sucessivas renovações do contrato. III - Recurso Especial parcialmente conhecido e provido (REsp 543089/MG / RT 894). 06. Plano de saúde – Obrigação de fazer – Fornecimento de medicamentos – Decisão judicial que determinou à seguradora o fornecimento de remédios de importação e comercialização vetada pela Anvisa – Inadmissibilidade – Procedimento que constitui infração de natureza sanitária – Circunstância em que não cabe ao Poder Judiciário impor o descumprimento de ordem legal, sob pena de vulneração do princípio da legalidade. Ementa oficial: RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. OBRIGAÇÃO DE DAR. FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA. IMPORTAÇÃO DE MEDICAMENTO NÃO-REGISTRADO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Em princípio, a prestadora de serviços de plano de saúde está obrigada ao fornecimento de tratamento de saúd e a que se comprometeu por contrato, pelo que deve forn ecer os medicamentos necessários à recuperação da saúde do contratado . 2. Contudo, essa obrigação não se impõe na hipótese em que o medicamento recomendado seja de importação e comercialização vetada pelos órgãos governamentais . 3. Não pode o Judiciário impor a prestadora de serviços que realize ato tipificado c omo infração de natureza sanitária, previsto na Lei n. 6.360, art. 66, pois isso significaria, em última análise, a vu lneração

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do princípio da legalidade previsto constitucionalm ente . 4. Recurso especial provido (REsp 874976/MT / RT 894). 07. Execução fiscal – Multa administrativa – Prescrição – Prazo prescricional de cinco anos, em razão de não se tratar de crédito de natureza tributária – Fazenda Pública como sujeito ativo na execução do crédito que deve, por analogia, ter a mesma restrição que seria aplicada ao administrado em situação equivalente – Princípio da isonomia que se impõe – Inteligência do art. 1º do Dec. 20.910/1932. Ementa oficial: ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. MULTA NÃO TRIBUTÁRIA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. NATUREZA PÚBLICA DAS MULTAS. PRINCÍPIO DA IGUALDADE. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO DECRETO N. 20.910/32. 1. Se a relação que deu origem ao crédito em cobrança tem assento no Direito Público, não tem aplicação a prescrição constante do Código Civil. 2. Uma vez que a exigência dos valores cobrados a título de multa tem nascedouro num vínculo de natureza administrativa, não representando, por isso, a exigência de crédito tributário, afasta-se do tratamento da matéria a disciplina jurídica do CTN. 3. Incidência, na espécie, do Decreto 20.910/32, porque à Administração Pública, na cobrança de seus créditos, deve-se impor a mesma restrição aplicada ao administrado no que se refere às dívidas passivas daquela. Aplicação do princípio da igualdade, corolário do princípio da simetria . 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1138675/SP / RT 895). 08. Aval – Outorga uxória – Necessidade – Prestador da garantia casado sob o regime obrigatório de separação de bens – Inteligência do art. 1.647, III, do CC/2002. Ementa oficial: RECURSO ESPECIAL - AÇÃO ANULATÓRIA DE AVAL - OUTORGA CONJUGAL PARA CÔNJUGES CASADOS SOB O REGIME DA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS - NECESSIDADE - RECURSO PROVIDO. 1. É necessária a vênia conjugal para a prestação de aval por pessoa casada sob o regime da separação obrigatória de bens, à luz do artigo 1647 , III, do Código Civil . 2. A exigência de outorga uxória ou marital para os negócios jurídicos de (presumidamente) maior expressão econômica previstos no artigo 1647 do Código Civil (como a prestação de aval ou a alienação de imóveis) decorre da necessidade de garantir a ambos os cônjuges meio de controle da gestão patrimonial, tendo em vista que, em eventual dissolução do vínculo matrimonial, os consortes terão interesse na partilha dos bens adquiridos onerosamente na constância do casamento. 3. Nas hipóteses de casamento sob o regime da separação legal, os consortes, por força da Súmu la n. 377/STF, possuem o interesse pelos bens adquiridos onerosamente ao longo do casamento, razão por que é de rigor garantir-lhes o mecanismo de controle de outo rga uxória/marital para os negócios jurídicos previstos no artigo 1647 da lei civil . 4. Recurso especial provido. (REsp 1163074/PB / RT 895).

09. Ação indenizatória – Dano moral – Ilegitimidade ativa ad causam – Ocorrência – Inserção irregular de nome de correntista já falecido em cadastro de devedores inadimplentes – Demanda interposta pelo espólio do de cujus – Inadmissibilidade – Pretensão a ser buscada pelos herdeiros. Ementa oficial: PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANO MORAL DECORRENTE DE COBRANÇA DE FATURA DE CARTÃO DE CRÉDITO. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO CARTÃO POR TERCEIRO. NEGATIVAÇÃO DO NOME DO CORRENTISTA DOIS APÓS SUA MORTE. ILEGITIMIDADE DO ESPÓLIO. DIREITO PESSOAL DOS HERDEIROS. 1. Controvérsia acerca da legitimidade ativa do espólio para pleitear reparação por dano moral resultante do sofrimento causado à família do de cujus em razão da cobrança e da negativação do nome do falecido decorrentes da utilização indevida de cartão de crédito por terceiro dois anos após o óbito. 2. O espólio carece de legitimidade ativa para ajuizar ação em que se evid encia que o dano moral pleiteado pela família tem como ti tulares do direito os herdeiros, não por herança, mas por d ireito próprio deles . 3. Recurso especial provido (REsp 869970/RJ /

RT 896).

COMERCIAL / EMPRESARIAL

01. Nome comercial – Registro de marca em idioma estrangeiro junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial – Admissibilidade – Apelido que, traduzido, revela expressão genérica e que não faz alusão a produto específico – Nome estrangeiro, ademais, que não é de uso

comum – Inteligência do art. 124, VI, da Lei 9.279/1996.

Ementa oficial: RECURSO ESPECIAL.

REGISTRO DE MARCA DE IDIOMA ESTRANGEIRO. NOME SUFICIENTEMENTE

DISTINTIVO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. A vedação legal ao registro de marca cujo nome é genérico ou comum visa a emprestar a esta singularidade suficiente para destacá-la do domínio comum, do uso corriqueiro. Isso porque a razão imediata da existência do direito sobre marca é a distintividade, de sorte que não se pode conceder direito de registro quando outra pessoa, natural ou jurídica, já possui sobre o nome direito de uso, ou mesmo quando a coletividade possui direito de uso sobre o mesmo objeto, o qual, por sua vulgaridade ou desvalor jurídico, já se encontra no domínio público. 2. Porém, o caráter genérico ou vulgar da marca deve ser aferido segund o os usos e costumes nacionais. Ou seja, deve-se analisa r se, muito embora em outra língua, o nome que se pretend e registro é de uso comum, tal como grafado. Assim, conquanto traduzido o nome, revele este expressão genérica ("marca inigualável"), não há óbice no reg istro da marca se, analisada a expressão em sua literalidade , nada disser ao homem médio brasileiro . 3. Recurso especial conhecido e provido (REsp 605738/RJ / RT 892). 02. Marca – Propriedade industrial – Não utilização de nome distintivo – Admissibilidade – Semelhança na grafia e

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sonoridade conjugadas com prestação de serviço no mesmo segmento – Desnecessidade de prova demonstrando efetivo erro de consumidor – Irrelevância de empresas pertencerem a diferentes Estados da Federação – Inteligência dos arts. 129 e 189, I, da Lei 9.279/1996. Ementa oficial: CIVIL. PROPRIEDADE INTELECTUAL. MARCAS “RICAVEL” E “RICAVE”. POSSIBILIDADE DE CONFUSÃO. EMPRESAS QUE ATUAM NO MESMO SEGUIMENTO, SOB A MESMA BANDEIRA. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 129 E 189, I, DO CÓDIGO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL. 1. Para a tutela da marca basta a possibilidade de confusão, não se exigindo prova de efetiva engano por parte de clientes ou consumidore s específicos . 2. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido (REsp 401105/RJ / RT 893). 03. Propriedade industrial – Patente pipeline – Concessão de prazo suplementar – Inadmissibilidade – Princípio da independência das patentes – Termo de proteção restante que se inicia no país onde houve o depósito do primeiro pedido, observando o prazo limite previsto em legislação específica e sua finalidade social – Inteligência dos arts. 40 e 230, §4º, da Lei 9.279/1996 e do art. 5º, XXIX, da CF. Ementa oficial: PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. PATENTE PIPELINE. PRAZO DE VALIDADE. CONTAGEM. TERMO INICIAL. PRIMEIRO DEPÓSITO NO EXTERIOR. OCORRÊNCIA DE DESISTÊNCIA DO PEDIDO. IRRELEVÂNCIA. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA E SISTEMÁTICA DE NORMAS. TRATADOS INTERNACIONAIS (TRIPS E CUP). PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA DAS PATENTES. APLICAÇÃO DA LEI. OBSERVÂNCIA DA FINALIDADE SOCIAL. 1. O regime de patente pipeline, ou de importação, ou equivalente é uma criação excepcional, de caráter temporário, que permite a revalidação, em território nacional, observadas certas condições, de patente concedida ou depositada em outro país. 2. Para a concessão da patente pipeline, o princípio da novidade é mitigado, bem c omo não são examinados os requisitos usuais de patenteabilidade. Destarte, é um sistema de exceção , não previsto em tratados internacionais, que deve ser interpretado restritivamente, seja por contrapor ao sistema comum de patentes, seja por restringir a concorrênc ia e a livre iniciativa . 3. Quando se tratar da vigência da patente pipeline, o termo inicial de contagem do prazo remanescente à correspondente estrangeira, a incidi r a partir da data do pedido de revalidação no Brasil, é o dia em que foi realizado o depósito no sistema de conce ssão original, ou seja, o primeiro depósito no exterior, ainda que abandonado, visto que a partir de tal fato já surgi u proteção ao invento (v.g.: prioridade unionista). Interpretação sistemática dos arts. 40 e 230, § 4º, da Lei 9.279/96, 33 do TRIPS e 4º bis da CUP . 4. Nem sempre a data da entrada em domínio público da patente pipeline no Brasil vai ser a mesma da correspondente no exterior. Incidência do princípio da independência das patentes, que se aplica, de modo absoluto, tanto do ponto de vista das causas de nulidade e de caducidade patentárias como do ponto de vista da duração normal. 5. Consoante o art. 5º, XXIX, da CF, os direitos de propriedade industrial devem ter como norte, além do desenvolvimento tecnológico e econômico do país, o

interesse social. Outrossim, na aplicação da lei, o juiz deverá atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (art. 5º da LICC). 6. Recurso especial a que se nega provimento (REsp 1.145.637/RJ / RT 896).

CONSUMIDOR 01. Competência – Eleição de foro – Consumidor – Ação indenizatória – Dano moral – Doadora de sangue que recebe exames equivocados lhe atribuindo doença inexistente, culminando na negativação de seu nome em bancos de sangue – Coleta de hemoderivados de doadores que é exercida pelo hemocentro com parte de sua atividade comercial – Circunstância que evidencia relação de consumo – Julgamento da demanda afeto ao foro fo domicílio da autora da pretensão reparatória – Inteligência dos arts. 2º, 3º, §2º, e 101, I, da Lei 8.078/1990. Ementa oficial: CIVIL E PROCESSUAL. DOAÇÃO DE SANGUE. EXAMES EQUIVOCADOS QUE ATRIBUÍRAM À DOADORA DOENÇA INEXISTENTE. CADASTRAMENTO NEGATIVO EM BANCOS DE SANGUE. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. AJUIZAMENTO NA COMARCA DE DOMICÍLIO DA AUTORA. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA ACOLHIDA. RELAÇÃO DE CONSUMO CARACTERIZADA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. DESTINATÁRIO FINAL. CDC, ARTS. 2º , 3º, § 2º, E 101, I. EXEGESE. I. A coleta de sangue de doador, exercida pelo hemocentro como parte de sua atividade comercial, configura-se como serviço para fins de enquadrament o no Código de Defesa do Consumidor, de sorte que a regr a de foro privilegiado prevista no art. 101, I, se impõe para efeito de firmar a competência do foro do domicílio da aut ora para julgar ação indenizatória por dano moral em ra zão de alegado erro no fornecimento de informação sobre do ença inexistente e registro negativo em bancos de sangue do país . II. Recurso conhecido e provido (REsp 540922/PR, RT 591). 02. Poder de polícia – Multa – Aplicação pelo Inmetro – Admissibilidade – Autarquia criada com competência fiscalizatória das relações de consumo sob aspectos de conformidade e metrologia – Violações a deveres de informação e de transparência quantitativa que representam também ilícitos administrativos de consumo, que podem ser sancionados pela autarquia em tela – Inteligência do art. 170, V, da CF/1988. Consumidor – Estabelecimento comercial – Responsabilidade civil – Conduta abusiva – Venda de mercadoria sem as devidas informações, apresentando defeito de qualidade – Fornecedor que responde solidariamente com o fabricante nos ilícitos administrativos de consumo – Circunstância em que a identificação do fabricante não afasta a responsabilidade administrativa do comerciante – Inaplicabilidade do art. 18, §5º, da Lei 8.078/1990. Ementa oficial: ADMINISTRATIVO – REGULAÇÃO – PODER DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA – FISCALIZAÇÃO DE RELAÇÃO DE CONSUMO – INMETRO – COMPETÊNCIA RELACIONADA A ASPECTOS DE CONFORMIDADE E METROLOGIA – DEVERES DE INFORMAÇÃO E DE TRANSPARÊNCIA QUANTITATIVA – VIOLAÇÃO –

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AUTUAÇÃO – ILÍCITO ADMINISTRATIVO DE CONSUMO – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS FORNECEDORES – POSSIBILIDADE. 1. A Constituição Federal/88 elegeu a defesa do consumidor como fundamento da ordem econômica pátria, inciso V do art. 170, possibilitando, assim, a criação de autarquias regulatórias como o INMETRO, com competência fiscalizatória das relações de consumo sob aspectos de conformidade e metrologia. 2. As violações a deveres de informação e de transparência quantitativa representam também ilícitos administrativos de consumo que podem ser sancionados pela autarquia em tela. 3. A responsabilidade civil nos ilícitos administrativos de consumo tem a mesma natureza ontológica da responsabilidade civil na re lação jurídica base de consumo. Logo, é, por disposição l egal, solidária . 4. O argumento do comerciante de que não fabricou o produto e de que o fabricante foi identi ficado não afasta a sua responsabilidade administrativa, p ois não incide, in casu, o § 5º do art. 18 do CDC . Recurso especial provido (REsp 1118302/SC / RT 891).

PENAL E PROCESSO PENAL 01. Denúncia – Inépcia – Ocorrência – Crime contra a Administração Pública – Advocacia administrativa – Desembargador que outorga procuração para resguardar interesse do próprio Tribunal em que atua, utilizando-se da qualidade de mandatário e não da de funcionário público – Conduta atípica evidenciada – Inteligência do art. 321 do CP. Denúncia – Inépcia – Ocorrência – Falsidade documental – Falsificação de selo ou sinal público – Outorga de procuração com a utilização de papel com o brasão da República e identificação do Tribunal – Conduta do acusado que não implicou a obtenção de vantagem própria ou de terceiro, ou, ainda, prejuízo de alguém – Inteligência do art. 296, §1º, I e III, do CP. Ementa oficial: AÇÃO PENAL. DESEMBARGADOR E ASSESSOR DE TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. PROCURAÇÃO PARA USO PRIVADO. UTILIZAÇÃO DE PAPEL COM O BRASÃO DA REPÚBLICA E IDENTIFICAÇÃO DO TRIBUNAL. ARTIGO 296, § 1º, II e III, e § 2º, DO CÓDIGO PENAL. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA. NÃO DEMONSTRADA A TIPICIDADE DA CONDUTA. 1. A quaestio juris, no momento em que é analisado o recebimento da denúncia, não requer juízo probatório aprofundado; mas, de outro lado, a junção dos fatos à norma do tipo penal deve ser realizada com proficiência. 2. Para que haja o crime de advocacia administrativa, previsto no artigo 321 do Código Penal, é necessário que o interesse patrocinado sej a particular e alheio. Extraindo-se da peça acusatóri a que o interesse patrocinado é do próprio Tribunal Regiona l do Trabalho, impõe-se o reconhecimento da atipicidade da conduta . 3. O tipo penal previsto no inciso II do parágrafo 1º do artigo 296 do Código Penal exige, além do uso indevido de selo ou sinal público verdadeiro, a obtenção de vantagem para o agente ou terceiro ou o prejuízo de alguém. Portanto, restando patente a ausência de tais elementos na conduta do acusado,

impõe-se o não-recebimento da denúncia. 4. O tipo previsto no inciso III do parágrafo primeiro do artigo 296 do Código Penal exige que haja uso indevido dos signos na norma descritos. Ausente a hipótese de uso indevido, não procede a acusação. 5. Denúncia improcedente (artigo 6º, caput, da Lei n. 8.038/90) (APn 567/GO / RT 891). 02. Princípio da Consunção – Inaplicabilidade – Crimes de incêndio e explosão – Agente que, com intuito único de auferir prêmio de seguro, despeja litros de gasolina e coloca botijões de gás de cozinha, em um edifício, ocasionado acidente de grandes proporções – Ausência de relação de progressividade entre as condutas criminosas como preparação de uma à execução da outra – Hipótese de concurso formal – Inteligência do art. 70 do CP. Ementa oficial: HABEAS CORPUS. CRIMES DE INCÊNDIO E EXPLOSÃO . PRETENSÃO DE AFASTAMENTO DO CONCURSO FORMAL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO (ABSORÇÃO). IMPOSSIBILIDADE. CONDUTAS AUTÔNOMAS. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE PROGRESSIVIDADE. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO

ILEGAL. 1. Não há falar na aplicação do princípio da consunção (ou absorção) quando inexistir

relação de progressividade; continente e conteúdo; de menor para maior; de crime-

meio para crime-fim . 2. No caso dos autos, o que existe é uma pluralidade de condutas (incêndio e explosão), independentes, praticadas no mesmo contexto, o que atrai a incidência da regra do concurso formal, prevista no art. 70 do Código Penal. 3. De mais a mais, para se chegar a conclusão diversa daquela adotada pelas instâncias

ordinárias, seria indispensável o revolvimento do conjunto fático-probatório,

providência incompatível com a via eleita. Precedentes. 4. Ordem denegada. (HC

50557/SC / RT 891).

03. Competência – Ação penal – Agente acusado de cometer homicídio contra menor de idade, com o fim de remover órgãos, tecidos e partes do cadáver da criança para transplante – Precedência do crime contra a vida em relação àquele previsto no art. 14 da Lei 9.434/1997 – Inexistência de lesão a bens ou serviços da União – Incompetência da Justiça Federal para processamento do feito – Julgamento afeto à Justiça Estadual. Ementa oficial: Remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano. Sistema Nacional de Transplante. Lei nº 9.434/97. Decreto nº 2.268/97. Competência federal/estadual. 1. O sistema organizado pelo Decreto nº 2.268/97, ao dispor que o Ministério da Saúde exercerá as funções de órgão central, não remeteu à Justiça Federal toda a competência para as questões penais daí oriundas. 2. No caso, a remoção dos órgãos ou partes do cadáver foi consequência da açã o de homicídio, essa a ação principal. A precedência do homicídio para a remoção de órgãos ou partes de cad áver, portanto, foi a mais ampla possível tanto em relaçã o à censurabilidade das condutas quanto no que diz resp eito à ordem natural dos acontecimentos . 3. Sendo, pois,

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hipótese de homicídio, o caso é de competência esta dual . 4. Conflito do qual se conheceu, declarando-se competente o suscitante (CC 103599/MG / RT 891). 04. Crime de Responsabilidade – Prefeito municipal – Pena – Perda do cargo e inabilitação para o exercício de cargo ou função pública – Reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva da reprimenda privativa de liberdade – Irrelevância – Sanção prevista no art. 1º, §2º, do Dec.-lei 201/1967 que é autônoma e tem lapso prescricional próprio. Ementa oficial: PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. ART. 1º, § 2º, DL 201/67. PREFEITO MUNICIPAL. PERDA DO CARGO E INABILITAÇÃO PARA EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO PÚBLICA. PENAS AUTÔNOMAS EM RELAÇÃO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. PRAZOS PRESCRICIONAIS DISTINTOS. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. A perda do cargo e a inabilitação para o exercício de cargo ou função pública é decorrência da própria condenação, não fi cando, portanto, ao critério do magistrado a sua aplicação ou não . Precedentes do STF e do STJ. 2. A pena de inabilitação é autônoma em relação à privativa de liberdade e amba s têm lapso temporal prescricional distinto . 3. Recurso Especial a que se dá provimento (REsp 799350/PR / RT 891). 04. Falsa identidade – Descaracterização – Agente que, perante autoridade policial, fornece nome falso – Conduta que visou impedir o cerceamento de liberdade e não ofender a fé pública – Atipicidade da conduta evidenciada – Inteligência do art. 370 do CP. Ementa oficial: FALSA IDENTIDADE PERANTE AUTORIDADE POLICIAL (ART. 307 DO CÓD. PENAL). ATIPICIDADE DA CONDUTA (CASO). Matéria pacificada no Superior Tribunal (precedentes). Agravo regimental (desprovimento). (AgRg-HC 103.863/SP / RT 892). 05. Conflito aparente de normas – Inocorrência – Extração de areia sem autorização legal – Leis federais que tutelam o meio ambiente e a ordem econômica como bens jurídicos distintos – Inteligência do art. 55 da Lei 9.605/1998 e do art. 2º da Lei 8.176/1991. Ementa oficial: PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. EXTRAÇÃO DE AREIA SEM AUTORIZAÇÃO. LEIS 8.176/91 E 9.605/98. PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS DISTINTOS. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. INEXISTÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, os arts. 55 da Lei 9.605/98 e 2º, caput, da Lei 8.176/ 91 protegem bens jurídicos distintos, quais sejam, o m eio ambiente e a ordem econômica, não havendo falar em derrogação da segunda pela primeira, restando ausen te o conflito aparente de normas . 2. Recurso especial conhecido e provido para determinar o prosseguimento da ação penal nos termos da denúncia. (REsp 942326/MS / RT 892). 06. Extorsão qualificada – Tentativa – Ocorrência – Vítima ameaçada que, vencendo o temor inspirado e deixando de

atender à imposição quanto ao facere, pati ou omittere, prefere resistir ao perigo e solicita intervenção policial. Pena – Reincidência – Configuração – Réu com condenação anterior à pena de multa – Inexistência de distinção quanto ao tipo de crime cometido ou a reprimenda aplicada. Ementa oficial: HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADO A 6 ANOS, 2 MESES E 20 DIAS DE RECLUSÃO, EM REGIME FECHADO, E MULTA, POR EXTORSÃO QUALIFICADA (ART. 158, § 1o DO CPB), NEGADO O APELO EM LIBERDADE. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA A FORMA TENTADA. ACÓRDÃO QUE REGISTRA, EXPRESSAMENTE, QUE A VÍTIMA NÃO PRATICOU QUALQUER AÇÃO (OU OMITIU-SE), EM RAZÃO DA AMEAÇA A ELA DIRIGIDA, COMUNICANDO O FATO IMEDIATAMENTE À POLÍCIA. AUSÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADE COM O ENUNCIADO 96 DA SÚMULA DE JURISPRUDÊNCIA DESTE STJ. PRECEDENTE DO STJ. PACIENTE COM CONDENAÇÃO ANTERIOR À PENA DE MULTA. POSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DA REINCIDÊNCIA. PRECEDENTE DO STJ, PARECER DO MPF PELA CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA, PARA QUE, BAIXANDO OS AUTOS AO TRIBUNAL DE ORIGEM, PROCEDA-SE A UMA NOVA DOSIMETRIA DA PENA, RECONHECENDO-SE A FORMA TENTADA DO CRIME DE EXTORSÃO QUALIFICADA. 1. Nada obstante a natureza formal do crime de extorsão e o enunciado 96 da Súmula de Jurisprudência deste Superior Tribunal (o crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida), nenhuma ação praticou a vítima, em função da ameaça sofrida, faltando, pois, elementos necessários para a caracterização da forma consumada do delito, comunicando o fato imediatamente à polícia. Precedente do STJ. 2. Conforme lição de Nelson Hungria, acontecendo que o ameaçado vença o temor inspirado e deixe de atender à imposi ção quanto ao facere, pati ou omittere, preferindo arro star o perigo ou solicitar, confiantemente, a intervenção policial, é inquestionável a existência da tentativa de extor são (in comentários ao Código Penal, vol. VII. Rio de Janeiro: Forense, 1980, p. 68). 3. É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que a condenação anterior à pena de mult a não afasta a reincidência . 4. Parecer do MPF pela concessão parcial da ordem. 5. Ordem parcialmente concedida, para que, baixando os autos ao Tribunal de origem, proceda-se a uma nova dosimetria da pena, reconhecendo-se a forma tentada do crime de extorsão qualificada (HC 95389/SP / RT 893). 07. Competência – Crime contra o patrimônio – Saques irregulares em conta-corrente da Caixa Econômica Federal – Hipótese de furto mediante fraude ou estelionato consumado ou tentado, que, em tese, teria sido praticado pelo próprio correntista – Ausência de ressarcimento do prejuízo ao cliente – Circunstância que não retira a condição de vítima da instituição financeira, atraindo o interesse da União – Julgamento afeto à Justiça Federal. Ementa oficial: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL E JUSTIÇA FEDERAL. SAQUES IRREGULARES EM CONTA CORRENTE DA CEF. IRRELEVÂNCIA DO NÃO RESSARCIMENTO DO PREJUÍZO AO CORRENTISTA. HIPÓTESE DE CRIME DE FURTO MEDIANTE FRAUDE OU ESTELIONATO CONSUMADO OU

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TENTADO, EM TESE, PRATICADO PELO PRÓPRIO CORRENTISTA. VÍTIMA, EM AMBAS AS HIPÓTESES, QUE CONTINUA SENDO A CEF. ART. 109, IV DA CF. PARECER DO MPF PELA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. CONFLITO CONHECIDO, PARA DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO FEDERAL DA 3A. VARA DE SANTOS, O SUSCITADO. 1. Ocorrendo saques irregulares em conta corrente da Caixa Econômica Federal, quer se conclua pela existência do crime de furto mediante fraude (art. 155, § 4o., II do CPB), em que, mediante embuste, o agente ludibria a vigilância da instituição financeira que não percebe que a res lhe está sendo subtraída, quer se repute consumado ou tentado o delito de estelionato (art. 171, § 3o. do CPB), em tese praticado pelo titular da conta, o fato de não ter havido ressarcimento ao correntista não retira a condição de vítima da CEF, e portanto, o interesse da União, ra zão pela qual a competência para o processamento de eventual Ação Penal a ser instaurada continua sendo da Justi ça Federal . 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 3a. Vara de Santos, o suscitado. (CC 106618/SP / RT 893). 08. Crime contra a ordem tributária – Adesão ao Refis após o recebimento da denúncia – Pretendida suspensão da pretensão punitiva do Estado – Admissibilidade – Retroação da Lei 10.684/2003, por ser mais benéfica ao processado, alcançando fatos ocorridos antes do período de sua vigência – Medida de respeito à igualdade e aos direitos individuais do cidadão – Inteligência do art. 5º, XL, da CF. Ementa oficial: PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. ART. 1º DA LEI 8.137/90. ADESÃO AO PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO FISCAL APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. INEXISTÊNCIA DA LEI 9.964/2000 À ÉPOCA. INCIDÊNCIA DA LEI 10.684/03. RETROATIVIDADE. SUSPENSÃO DO PROCESSO. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE DÁ PROVIMENTO. 1. "Nos termos do art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal é de se aplicar o art. 15 da Lei nº 9.964/2000 retroativamente às h ipóteses em que a adesão ao REFIS se deu após o recebimento da denúncia, mas a persecutio criminis in iudicio teve início antes da entrada em vigor da lei instituidora do re ferido programa ". (EREsp 659.081/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2006, DJ 30/10/2006 p. 245). 2. Da mesma forma, ingressando no ordenamento jurídico a regra do artigo 9º da Lei 10 .684/03, que se mostra mais benéfica ao processado, deve est a retroagir para alcançar fatos ocorridos antes do pe ríodo de sua vigência, como medida de respeito à igualdade e aos direitos individuais do cidadão . 3. Agravo regimental a que se dá provimento, para negar seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Ministério Público, mantendo-se o acórdão recorrido. (AgRg nos EDcl no REsp 681600/RS / RT 893).

09. Apropriação indébita previdenciária – Denúncia – Crime omissivo próprio – Delito que não se esgota somente pela ausência do recolhimento – Peça acusatória que, além de demonstrar a existência do débito, deve indicar a intenção específica ou vontade deliberada na intenção de se furtar ao recolhimento tributário – Inteligência do art. 168-A do CP. Ementa oficial: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TIPO PENAL (ART. 168-A DO CP). DOLO ESPECÍFICO. NECESSIDADE DE A DENÚNCIA DESCREVER A INTENÇÃO DE SE FURTAR AO RECOLHIMENTO TRIBUTÁRIO. O tipo do art. 168-A do Código Penal, embora tratando de crime omissivo pró prio, não se esgota somente no "deixar de recolher", isto significando que, além da existência do débito, hav erá a peça acusatória de demonstrar a intenção específica ou vontade deliberada de pretender algum benefício com a supressão ou redução, já que o agente "podia e devi a" realizar o recolhimento . Agravo provido para também prover o recurso especial, de modo a reconduzir a sentença de rejeição da denúncia. (AgRg no REsp 695487/CE / RT 893).

10. Inquérito policial – Desmembramento –

Inadmissibilidade – Alteração de denúncia, que pode obstruir manifestação do Ministério

Público sobre o delito – Ato, ademais, que pode ser realizado em qualquer fase da persecução penal. Ementa oficial: INQUÉRITO PENAL. DESMEMBRAMENTO. O desmembramento de inquérito policial que implique a alteração da competência

é prematuro antes do oferecimento da denúncia, porque pode subtrair do

Ministério Público a opinio delicti . Agravo regimental provido (AgRg no Inq 603/DF / RT

894).

11. Competência – Crime contra a Administração Pública – Usurpação de função pública – Agente que, simulando ser fiscal da Receita Federal, obtém vantagens de terceiro – Ofensa ao bem jurídico particular que afasta apreciação da Justiça Federal – Julgamento afeto à Justiça Estadual. Ementa oficial: PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA. ACUSADO QUE SE PASSA POR FISCAL DA RECEITA FEDERAL PARA OBTER VANTAGEM DE TERCEIROS. INTERESSE GENÉRICO E REFLEXO DA UNIÃO. PREJUÍZO SUPORTADO PELOS PARTICULARES. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DO EFETIVO PREJUÍZO PARA A UNIÃO. NÃO-OCORRÊNCIA. CONFLITO REMANESCENTE ENTRE JUÍZO COMUM ESTADUAL E JUIZADO ESPECIAL. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PRECEDENTE DO STF. CONFLITO NÃO-CONHECIDO E REMESSA AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ. 1. Quando as pessoas enganadas, e efetivamente lesadas, pelas eventuais práticas das condutas criminosas são os particulare s, ainda que tenha a União o interesse na punição dos agentes, tal seria genérico e reflexo, pois não há ofensa a

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seus bens, serviços ou interesses . 2. Não obstante o acusado se apresente como agente público federal, e sse fato, por si só, não configura lesão a bens, serviç os e interesses da União, pois deve estar demonstrado o efetivo prejuízo causado para esse ente federado . 3. O julgamento de conflito remanescente entre Juízo Comum Estadual e Juizado Especial vinculados ao mesmo Tribunal deve ser por este julgado. 4. Conflito conhecido para determinar a competência da Justiça estadual, incumbindo ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná a fixação do Juízo estadual competente (CC 101196/PR / RT 894). 12. Princípio da insignificância – Aplicabilidade – Descaminho – Agente que, em um automóvel, transportam diversas mercadorias – Rateio entre as partes envolvidas dos bens adquiridos que implica divisão proporcional do montante para fins tributários – Quantia inferior a dez mil reais – Inteligência do art. 20 da Lei 10.522/2002. Ementa oficial: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. DESCAMINHO. DIVERSAS MERCADORIAS TRANSPORTADAS EM AUTOMÓVEL. VÁRIOS RÉUS. CORRELAÇÃO ENTRE OS BENS E SEUS ADQUIRENTES. AUSÊNCIA. ATRIBUIÇÃO GLOBAL DE DÉBITO FISCAL. IMPROPRIEDADE. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE. VIOLAÇÃO. RATEIO DO VALOR ENTRE TODOS OS RÉUS. QUANTUM INFERIOR A DEZ MIL REAIS. ART. 20 DA LEI 10.522/02. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA. 1. A ilusão fiscal, concernente ao crime de descaminho , deve ser apurada em relação a cada um dos adquirentes da s mercadorias internalizadas conjuntamente dentro de dado veículo. Caso contrário, tem-se por violado o princ ípio da culpabilidade, determinante da responsabilidade pes soal de cada um dos agentes do delito. Diante da irregul ar atribuição, indiscriminada, do valor global do trib uto a todos os ocupantes de determinado meio de transport e, deve-se promover a divisão equânime de tal montante entre os acusados para se aferir a aplicabilidade d o princípio da insignificância nos moldes do artigo 2 0 da Lei 10.522/02. Sendo o valor do tributo devido inferior a dez mil reais, tem-se a atipicidade material do crime previ sto no artigo 334 do Código Penal . Precedentes do STF e do STJ. 2. Ordem concedida. (com voto-vencido) (HC 121264/RS / RT 894). 13. Furto – Tentativa – Descaracterização – Posse, pelo agente, da res subtraída não considerada mansa e pacífica – Irrelevância – Recuperação da coisa furtada que não afasta o momento consumativo do delito – Hipótese de crime consumado – Inteligência do art. 14, II, do CP. Ementa oficial: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO. MOMENTO CONSUMATIVO DO DELITO. POSSE DA RES FURTIVA. ADOÇÃO PELO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO DA TEORIA DA APPREHENSIO OU AMOTIO. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. I - Conforme entendimento jurisprudencial firmado por esta Corte, o delito de furto consuma-se no momento em que o agente se torna possuidor da res subtraída, pouco importando que a posse seja ou não mansa e pacífica. II - A mera recuperação da coisa furtada logo após o crime, não tem relevância para fins de tipificação, quanto ao seu momento consumativo . III - In

casu, o Tribunal a quo reconheceu tratar-se de crime de tentado, em razão de a vítima haver recuperado seus bens, logo após a pratica criminosa. IV - Recurso a que se dá provimento, para afastar a aplicação da regra prevista no art. 14, II, do Código Penal, restabelecendo, por via de conseqüência, a decisão de primeira instância (REsp 758911/RS / RT 894). 14. Pena – Remição – Sentenciado que se dedica ao estudo e ao trabalho – Pretendido reconhecimento do tempo remido em dobro – Inadmissibilidade – horas dedicadas a tais atividades que somente podem ser somadas até o limite máximo de oito horas diárias – Observância ao princípio da isonomia. Ementa oficial: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO DA PENA PELO ESTUDO. SÚMULA Nº 341/STJ. TRABALHO E ESTUDO CONCOMITANTES. POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DO LIMITE MÁXIMO DE 8 (OITO) HORAS DIÁRIAS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. ORDEM DENEGADA. 1. O Superior Tribunal de Justiça, interpretando o disposto no art. 126 da Lei de Execução Penal, pacificou o entendimento de que a realização de atividade estudantil é causa de remição da pena. 2. "A freqüência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou semi-aberto" (Súmula nº 341/STJ). 3. Não se revela possível reconhecer duas vezes a remição da pena em decorrência de trab alho e estudo realizados no mesmo período . 4. Embora seja possível ao condenado trabalhar e estudar no mesmo dia, as horas dedicadas a tais atividades somente podem ser somadas, para fins de remição, até o limite máximo de 8 (oito) horas diárias, sob pena de violação do princ ípio da isonomia . 5. Habeas corpus denegado (HC 89201/SP / RT 895). 15. Prova ilícita – Inocorrência – Tráfico ilícito de drogas – Busca domiciliar e pessoal sem mandado judicial – Admissibilidade – Crime de natureza permanente cuja consumação se prolonga no tempo – Inteligência do art. 5º, XI, da CF. Ementa oficial: PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ARTS. 33, CAPUT, DA LEI 11.343/06 E 16, PARÁGRAFO ÚNICO, IV, DA LEI 10.826/03. BUSCA DOMICILIAR E PESSOAL. ALEGAÇÃO DE ILICITUDE NA EFETIVAÇÃO PRISÃO. INOCORRÊNCIA. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. DELITO PERMANENTE. Tratando-se de tráfico ilícito de substância entorpecente, crime de natureza permanen te, cuja consumação se prolonga no tempo, a busca domiciliar e pessoal que culminou com prisão do pac iente, mantendo em depósito drogas e na posse de arma de f ogo, não constitui prova ilícita, pois ficou evidenciada a figura do flagrante delito, o que, a teor do disposto no a rt. 5º, inciso XI, da Constituição Federal, autoriza o ingr esso, ainda que sem mandado judicial, no domicílio alheio (Precedentes). Habeas corpus denegado. (HC 126556/SP / RT 895). 16. Denúncia – Réu estrangeiro – Cerceamento de defesa – Inocorrência – Peça acusatória que não foi traduzida para o idioma natal do acusado – Irrelevância – Necessidade de

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Estudando para o Concurso

do Ministério Público da

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tradução da acusação somente no interrogatório judicial – Interpretação do art. 193 do CPP – Inexistência de afronta ao princípio constitucional da presunção de inocência e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Ementa oficial: RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. RECORRENTE DENUNCIADO PELOS CRIMES ENTÃO PREVISTOS NOS ARTS. 12 E 18, INCISO I, DA LEI N.º 6.368/76. DENUNCIA OFERECIDA CONTRA ACUSADO DE NACIONALIDADE ESPANHOLA. TESE DE NULIDADE DA PEÇA, SOB A ALEGAÇÃO DE QUE DEVERIA TER SIDO TRADUZIDA PARA A LÍNGUA ESPANHOLA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. ART. 193 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL: EXIGÊNCIA SOMENTE DE QUE O RÉU ESTRANGEIRO SEJA INTERROGADO POR INTERMÉDIO DE INTÉRPRETE, O QUE OCORREU TANTO NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL QUANTO NA FASE JUDICIAL. PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA: PREVISÃO APENAS DE O RÉU SER ASSISTIDO EM JUÍZO POR INTÉRPRETE, SEM QUE HAJA O DEVER DE O PODER JUDICIÁRIO FORNECER CÓPIA TRADUZIDA DA DENÚNCIA. INEXISTÊNCIA DE TERATOLOGIA. RECURSO DESPROVIDO. 1. A utilização de mandado de segurança contra ato judicial é admitida, excepcionalmente, desde que o referido ato seja manifestamente ilegal ou revestido de teratologia, o que não é o caso dos autos. Precedentes. 2. Não há, sequer no Código de Processo Penal, quanto na Declaração Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) -ratificado pelo Brasil pelo Decreto n.º 678/92 -, determinação para que se traduza a denúncia oferecida contra réu de nacionalidade estrangeira para a sua língua. Da combinação do art. 193 do Código de Processo Penal com o art. 8.º, item 2, a, b e c do Pacto de São José da Costa Rica, tem-se que se exige, somente, a assistência do acusado em juízo por intérprete, o q ue por si só se mostra suficiente para a comunicação p révia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada e pa ra que este tenha o tempo e os meios adequados para a preparação de sua defesa. Não há, portanto, teratol ogia no acórdão que não reconheceu o direito líquido e cert o do recorrente . 3. Recurso desprovido (RMS 19892/CE / RT 896). 17. Inquérito policial – Trancamento – Admissibilidade – Atentado violento ao pudor – Crime impossível – Ocorrência – Agente acusado de prática de ato libidinoso ao se comunicar via Internet por webcam com menor de 14 anos – Tipo penal atualmente equiparado ao crime de estupro, em que se exige, tanto na consumação quanto na tentativa, o contato físico entre autor e vítima. Ementa oficial: PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR (ANTIGO TIPO PENAL). INEXISTÊNCIA DE POSSIBILIDADE DE CONTATO FÍSICO ENTRE AUTOR E VÍTIMA. CONDUTA ATÍPICA. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO. I - Para a consumação do crime de atentado violento pudor (que atualmente se equipara ao crime de estupro) é necessário o contat o físico

entre a vítima e o autor (Precedentes). II - Na hipótese, seria impossível até mesmo a tentativa da prática do crim e em questão, pois o agente e a vítima se comunicavam ap enas por via eletrônica, de comarcas distintas . III - Considerando que a conduta do agente não se enquadra em nenhum outro tipo penal, é imperiosa a concessão de habeas corpus para o trancamento do inquérito policial. Conflito não conhecido. Writ concedido de ofício para trancar o inquérito policial (CComp 103258/MG / RT 896).

PREVIDENCIÁRIO 01. Acidente do trabalho – Auxílio-acidente – Redução auditiva incapacitante para as tarefas habitualmente exercidas pelo acidentado, que resultou da atividade exercida – Benefício devido, ainda que a incapacidade esteja em percentual abaixo do mínimo indenizável previsto em tabela específica – Inteligência do art. 86, §4º, da Lei 8.213/1991. Ementa oficial: PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. DISACUSIA. AUXÍLIO-ACIDENTE.

REQUISITOS. NEXO CAUSAL E REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA. TABELA FOWLER.

INAPLICABILIDADE. PRECEDENTES. 1. É possível a concessão de auxílio-acidente

em razão da perda auditiva, ainda que se encontre em percentual inferior ao mínimo indenizável admitido pela Tabela Fowler . Precedentes. 2. Agravo interno ao qual nego provimento. (AgRg no REsp 1087733/SP / RT 892).

TRIBUTÁRIO

01. ICMS – Incidência sobre operações de

mercadorias dadas em bonificação – Inadmissibilidade – Base de cálculo incidente em

vendas mercantis que devem ser as efetivamente realizadas, não se incluindo descontos incondicionais – Inteligência do art. 13 da LC 87/1996. Ementa oficial: TRIBUTÁRIO – ICMS – MERCADORIAS DADAS EM BONIFICAÇÃO – ESPÉCIE DE DESCONTO INCONDICIONAL – INEXISTÊNCIA DE OPERAÇÃO MERCANTIL – ART. 13 DA LC 87/96 – NÃO-INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO. 1. A matéria controvertida, examinada sob o rito do art. 543-C do Código de Processo Civil, restringe-se tão-somente à incidência do ICMS nas operações que envolvem mercadorias dadas em bonificação ou com descontos incondicionais; não envolve incidência de IPI ou operação realizada pela sistemática da substituição tributária. 2. A bonificação é uma modalidade de desconto que consiste na entrega de uma maior quantidade de produto vendido em vez de conceder uma redução do valor da venda. Dessa forma, o provador das mercadorias é beneficiado com a redução do preço médio de cada produto, mas sem que isso implique redução do preço do negócio. 3. A literalidade do art. 13 da Lei Complementar n. 87/96 é suficiente para concluir que a base de cálculo do ICMS nas operações mercantis é aquela efetivamente realizada, não se incluindo os "descontos

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concedidos incondicionais". 4. A jurisprudência desta Corte Superior é pacífica no sentido de que o valor das mercadorias dadas a título de bonificação não integ ra a base de cálculo do ICMS . 5. Precedentes: AgRg no REsp 1.073.076/RS, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 25.11.2008, DJe 17.12.2008; AgRg no AgRg nos EDcl no REsp 935.462/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe 8.5.2008; REsp 975.373/MG, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 15.5.2008, DJe 16.6.2008; EDcl no REsp 1.085.542/SP, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 24.3.2009, DJe 29.4.2009. Recurso especial provido para reconhecer a não-incidência do ICMS sobre as vendas realizadas em bonificação. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do Código de Processo Civil e da Resolução 8/2008 do Superior Tribunal de Justiça. (REsp 1111156/SP / RT 892). 02. Imposto de renda – Benefício fiscal – Serviços hospitalares – Incentivo que não abrange as consultas médicas – Interpretação do art. 15, §1º, III, a, da Lei 9.249/1995. Ementa oficial: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIÇOS HOSPITALARES. CONCEITO E ALCANCE DA EXPRESSÃO. NOVO ENTENDIMENTO. INTERNAÇÃO. NÃO OBRIGATORIEDADE. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DA NORMA. FINALIDADE EXTRAFISCAL DA TRIBUTAÇÃO. SIMPLES CONSULTAS NÃO SE INCLUEM NA BENESSE FISCAL. PARCIAL PROVIMENTO DO AGRAVO REGIMENTAL PARA EXCLUIR DO BENEFÍCIO AS SIMPLES CONSULTAS. 1. De acordo com o recente entendimento da Primeira Seção, deve ser dada interpretação teleológica à expressão “serviço s hospitalares”, contida no art. 15, § 1º, III, a, da Lei 9.249/95, para se adequar a norma à sua função extrafiscal, q ual seja, criar facilidades para a prestação de serviço s essenciais de saúde, direito fundamental na Constit uição Federal . 2. Excluem-se, contudo, do benefício fiscal, as

simples consultas, em razão do conteúdo legislativo que lhe dá base . 3. Agravo regimental parcialmente provido, para excluir as simples consultas da benesse fiscal. (AgRg no REsp 1087738/PR / RT 894). 03. Crédito tributário – Prescrição – Ocorrência – Lançamento de ofício pela autoridade administrativa – Contagem do prazo qüinqüenal que se inicia não do lançamento, mas da constituição definitiva – Inaplicabilidade da regra do art. 2º, §3º, da Lei 6.830/1980 aos débitos de natureza tributária – Início de lapso temporal que depende do comportamento do contribuinte em razão do lançamento. Ementa oficial: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IMPOSTO DE RENDA. PRESCRIÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DATA DA CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 1. A constituição definitiva do crédito tributário depende do comportamento do contribuinte em razão do lançamento. Caso o contribuinte não o impugne, a constituição definitiva ocorrerá ao término do prazo previsto na lei. Na esfera administrativa federal, o prazo é de trinta dias para que seja protocolizada a impugnação. Nesse caso, a constituição definitiva ocorrerá no trigésimo primeiro dia após a notificação do lançamento. 2. Ocorrendo a notificação do lançamento definitivo em 02.03.91, sendo revel o contribuinte, restou constituído o crédito em 02.04.91. Ajuizada a execução fiscal em 24.04.96, torna-se evidente o transcurso do lustro prescricional nos termos do art. 174 do CTN. 3. "A norma contida no art. 2º, § 3º da Lei 6.830/80, seg undo a qual a inscrição em dívida ativa suspende a prescri ção por 180 (cento e oitenta) dias ou até a distribuição da execução fiscal, se anterior àquele prazo, aplica-se tão-som ente às dívidas de natureza não-tributárias, porque a presc rição das dívidas tributárias regula-se por lei complemen tar, no caso o art. 174 do CTN " (EREsp 657.536/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 07.04.08). 4. Recurso especial não provido (REsp 1163124/SP / RT 896).