Iniciação à Prática Profissional I Trabalho de campo I

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Mestrado em Ensino da Fsica e da Qumica

Iniciao Prtica Profissional I

Trabalho de campo I

Docente: Professora Mnica Baptista Discente: Ana Lus, n. 2450

2011/2012

Trabalho de Campo I ndice Pgina Introduo..3 Metodologia...4 Resultados..6 Discusso Final12 Referncias Bibliogrficas...13 Anexos.14 Anexo 1 Guio da entrevista.14 Anexo 2 Transcrio da entrevista15

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Trabalho de Campo I Introduo

Segundo as orientaes curriculares para as cincias fsicas e naturais para o 3 ciclo do ensino bsico, essencial que os alunos desenvolvam um conjunto de competncias: conhecimento (substantivo, processual e epistemolgico), raciocnio, comunicao e atitudes. dever do professor, enquanto pedagogo, desenvolver estratgias de modo a que os seus alunos desenvolvam essas mesmas competncias. Foi com o intuito de conhecer a perspetiva de um professor acerca da aprendizagem, por parte dos alunos, deste conjunto de competncias que se realizou uma entrevista, cujo guio se encontra em anexo, a uma professora de Cincias Fsico-Qumicas da Escola Bsica dos 2 e 3 ciclos dos Pombais, em Odivelas, no distrito de Lisboa. Para este estudo, realizou-se a caraterizao da escola e do seu meio envolvente, a caraterizao da professora e a caraterizao dos alunos de uma das turmas da professora. A caraterizao da escola e do seu meio envolvente foi feita atravs de pesquisa no stio da internet da escola, tendo sido complementada com informao fornecida pela professora. A caraterizao da professora e dos alunos foi feita exclusivamente com a informao fornecida pela professora ao longo da entrevista. Aps a caraterizao dos vrios elementos (escola, professora e alunos), efetuouse a discrio dos resultados obtidos e a anlise dos mesmos, seguidos de uma discusso final de todo o trabalho.

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Trabalho de Campo I Metodologia

Sendo este trabalho um estudo qualitativo, foi necessrio recorrer a uma das tcnicas de recolha de dados qualitativos, a entrevista. Segundo Bruyne et al. (1975), citado por Tuckman (2000), a entrevista uma tcnica de investigao que permite recolher dados, ficando escolha do entrevistador a forma como esta realizada. Consoante o seu grau de estruturao, a entrevista pode ser classificada como: estruturada, semiestruturada e no estruturada. Nas entrevistas estruturadas, existe um guio com perguntas pr-estabelecidas, que deve ser seguido sem desvios. Este tipo de abordagem permite ao investigador entrevistar um grande nmero de participantes e padronizar os resultados (Burton & Bartlett, 2005, p. 109). No caso das entrevistas no-estruturadas, a conversao entre entrevistador e entrevistado decorre volta de um tema geral, sem um conjunto de questes prdefinidas. Neste tipo de entrevista, o objetivo consiste em compreender o comportamento complexo e os significados construdos pelo sujeito, sem impor uma categorizao exterior que limite excessivamente o campo da investigao. (Afonso, 2005, p. 98). As entrevistas semiestruturadas correspondem a um estado intermdio entre os tipos de entrevistas anteriormente referidos, isto , obedecem ao modelo global da entrevista no-estruturada, mas com temas mais especficos (Afonso, 2005, p. 99). Neste estudo, recorreu-se a uma entrevista individual semi-estruturada. Na entrevista semi-estruturada existe um guio diretivo pelo qual o entrevistador se orienta, podendo alterar-se a ordem pela qual as perguntas so realizadas ou, at, introduzir-se perguntas que se considerem pertinentes medida que a entrevista decorre. Segundo Afonso (2005), O guio deve ser construdo a partir das questes de pesquisa e eixos de anlise do projecto de investigao. () a substncia da entrevista organizada por objectivos, questes e itens ou tpicos..

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Trabalho de Campo I A entrevista utilizada neste trabalho, cujo guio se encontra no Anexo 1, foi organizada em nove categorias: caraterizao da escola, caraterizao da professora, caraterizao dos alunos, estratgias de ensino, recursos, adequao do currculo, competncias, desempenho dos alunos e dificuldades dos alunos. Com esta entrevista pretendeu-se recolher dados que permitissem conhecer a perspetiva de um professor de Cincias Fsico-Qumicas acerca da aprendizagem dos seus alunos. A entrevista foi gravada, com autorizao da entrevistada, e posteriormente transcrita (Anexo 2). Com os dados recolhidos atravs da entrevista, complementada com pesquisa ao stio da internet da escola, foi possvel caraterizar a escola. A Escola Bsica dos 2 e 3 ciclos dos Pombais situa-se no concelho de Odivelas, no distrito de Lisboa, e est inserida num bairro cuja maioria da populao de classe mdia-baixa. A escola possui vrias infra-estruturas de apoio a professores e alunos, tais como bar, cantina e papelaria. No que diz respeito s aulas de Cincias Fsico-Qumicas, a escola possui uma sala ampla adaptada a laboratrio, com uma pequena dispensa para arrumar material e reagentes. Foi ainda possvel, atravs da entrevista, realizar a caraterizao da professora. No mbito deste estudo, apenas se considerou relevante o percurso acadmico e profissional da professora. A professora Carla Matoso licenciada em Qumica pela Faculdade de Cincias da Universidade de Lisboa, fez a profissionalizao em servio e, neste momento, est a terminar o Mestrado em Cincias da Educao, na vertente Didtica das Cincias. A professora leciona h 14 anos, est profissionalizada h cerca de 8 anos, e d aulas na escola bsica dos Pombais h 6 anos. Este ano letivo tem as funes de professora de Cincias Fisico-Qumicas e orientadora cooperante e pertence ao secretariado de exames. A professora Carla decidiu ser professora depois de ter experimentado dar aulas e, desde que iniciou a sua atividade letiva, nunca a interrompeu. Finalmente, caraterizou-se ainda uma turma de alunos, na qual a professora se focou ao longo da entrevista. A professora focou-se numa turma de 8 ano, com 28 alunos, com uma mdia de idades de 14 anos, existindo um equilbrio na proporo de rapazes e raparigas na turma. De um modo geral, os alunos pertencem a uma classe

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Trabalho de Campo I mdia, mdia-baixa. Apesar de ter dois ou trs elementos acima da mdia de idades, a turma no tem alunos que tenham reprovado no ano letivo anterior. Resultados

Aps a transcrio da entrevista, esta foi analisada e encontraram-se as categorias indicadas na tabela 1.Tabela 1 Categorias e de anlise da entrevista acerca da perspetiva de uma professora de Cincias Fsico-Qumicas acerca das aprendizagens dos seus alunos.

Objetivo

Categorias Caraterizao da escola

Conhecer a perspetiva dos professores de Cincias FsicoQumicas acerca da aprendizagem dos seus alunos

Caraterizao do professor Caraterizao da turma Estratgias de ensino Recursos Adequao do currculo Competncias Desempenho dos alunos Dificuldades dos alunos

De modo a identificar cada uma das categorias na transcrio da entrevista, apresentam-se vrios excertos para cada uma delas.

Caraterizao da escola. A professora fala dos recursos que a escola disponibiliza a professores e alunos, entre eles () biblioteca, com computadores, tem alguns computadores. Salas, as salas tambm tm alguns, todas elas tm computadores. A sala de fsico qumica, no sei se tem mais alguma, temos mais 3 computadores para os alunos usarem. Depois temos alguns portteis, mas poucos, ().

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Trabalho de Campo I A professora refere ainda que o laboratrio, No um laboratrio mas para o ensino bsico funciona. () temos uma sala ampla, temos tambm uma salinha mesmo ao lado onde podemos guardar o material e os reagentes (). Por isso para fazer trabalho experimental () d perfeitamente.

Segundo a professora,

() Nunca me vi impossibilitada de fazer qualquer trabalho experimental.

A escola possui ainda cantina, no entanto

No tem, infelizmente, pavilho gimnodesportivo tem muito espao livre mas no tem um pavilho. H um pavilho ao lado, mas () por falta de recursos () no concluram a obra. E os alunos para passarem teriam que atravessar a estrada. Por isso ou haveria uma ponte ou teria que haver algum que os levasse ao pavilho. E ento no utilizam o pavilho.

Caraterizao da professora. A professora leciona na Escola dos Pombais H 6 anos, mais ou menos (). Antes saltava de escola em escola ().

Acerca dos cargos que desempenha este ano letivo, Professora de fsico-qumica (). E sou orientadora cooperante. () Nos outros anos j fui directora de turma, e fui coordenadora de projetos e clubes. () Tambm estou no secretariado de exames.

Segundo a professora, o ensino no foi a sua primeira opo. 7 Ana Lus, n.2450

Trabalho de Campo I

() eu quando conclu o curso sempre achei que que ia ser investigadora. Depois as coisas no correram assim propriamente bem e eu precisava de ganhar dinheiro e concorri, mini-concurso. () e gostei muito da experincia. E como gostei muito da experincia decidi continuar. ()

A professora licenciada em Qumica pela Faculdade de Cincias. () Depois quando sa da investigao e fui dar aulas, naquela altura ao fim de 5, 6 anos chamavam-se professores profissionalizados em servio e por isso fiz a profissionalizao em servio () h 3 anos iniciei o mestrado em educao, em cincias, na vertente de didtica das cincias ().

Fez a profissionalizao () h 8 anos. Ora 14, tinha 5, 6 anos (de docncia), deve ter sido h 8 anos.()

No que diz respeito ao seu desenvolvimento profissional, a entrevistada considera que () foi muito importante fazer o mestrado em educao, cresci muito como professora. () Deu-me imenso trabalho mas passei a ver o ensino de outra forma, mais ainda do que com as aes de formao. () Se no tivesse feito o mestrado teria continuado a fazer as coisas da mesma forma. Agora acho que tambm consegui alargar os meus horizontes. () Percebi que no nos podem exigir que acertemos sempre, s vezes, tentamos uma coisa e aquilo no resulta, faz parte, assim que se cresce. Eu antes tinha medo de errar, agora, se uma coisa no resulta, pacincia, arranjamos outra soluo.

Caraterizao da turma. A turma em que a professora se focou tem () 28 alunos. () 8 Ana Lus, n.2450

Trabalho de Campo I

Sendo que a proporo entre rapazes e raparigas () mais ou menos equilibrado embora noutras turmas isso no acontea.

A turma caraterizada pela professora uma turma de 8 ano e os seus alunos pertencem () classe mdia, classe mdia-baixa ().

E a sua mdia de idades () deve ser a 13/14 anos (). Eles so muito imaturos ().

Estratgias de ensino. No que diz respeito s estratgias que desenvolve com os seus alunos em sala de aula, a professora refere que

Depende dos contedos. s vezes dou aulas um bocadinho mais expositivas outras vezes utilizo tarefas de investigao ().

Recursos. So vrios os recursos que a professora utiliza para desenvolver as suas aulas, entre eles PowerPoint, simulaes e vdeos. Segundo a mesma, os recursos utilizados na aula variam em funo da matria a ser trabalhada e das preferncias dos alunos. () s vezes utilizo simulaes, outras vezes utilizo PowerPoint, (). () os alunos de 7 ano gostam de ver vdeos (). () No 8 ano a maioria gosta das atividades laboratoriais ().

Adequao do currculo. No que diz respeito ao currculo nacional, a professora considera que

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Trabalho de Campo I () est adequado faixa etria, o meu problema, s vezes, que alguns alunos que no esto... () ou seja eles deviam estar noutros anos () para os meus alunos que nunca reprovaram, eu acho que est adequado, o problema s vezes para alguns alunos mais crescidos () depende do interesse da disciplina, se so mais ou menos curiosos. Depois o que acontece aqui nesta escola que h muitos alunos que vm para a escola porque acham que tm que vir e gostam de estar na escola mas no gostam de estar na sala de aula e s vezes um bocadinho complicado. Depois depende dos temas ()

Competncias. Quanto s competncias que a professora pretende que os seus alunos adquiram, () uma coisa que eu cada vez acho mais importante eles lerem e saberem retirar a informao de um texto () eles tm que compreender aquilo que lem () eu quero muito que eles saibam ler e escrever. Porque eu acho que transversal a todas a disciplinas. () autonomia, (), claro que depois h as competncias especficas da disciplina ().

Enquanto pedagoga, a professora pretende estimular a curiosidade dos alunos de modo a que estes se interessem por assuntos relacionados com a cincia e pesquisem os temas que maior interesse lhes despertam. () abram os horizontes, ou seja, h muita coisa que entra e sai, mas pelo menos que fiquem com curiosidade e ideias e que tenham vontade de pesquisar, que saibam procurar novos conhecimentos. () o importante que quando sarem daqui saibam ler uma notcia e perceber o que esto a ler () O que eu tento que eles tambm saibam o que cincia.

Desempenho dos alunos. Na viso da professora, o desempenho dos alunos depende das turmas, isto , do comportamento dos elementos das diferentes turmas e, consequentemente, do ambiente na sala de aula.

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Trabalho de Campo I Nas turmas de 7ano mais complicado porque a transio do 2 para o 3 ciclo. Eles ainda so muito bebs, ainda no sabem estar dentro de uma sala de aula. A participao depende dos temas. () tenho alunos muito diferentes, alguns gostam mais de participar e fazem tudo o que solicitado, outros mais ou menos, depende do interesse do tema e do ambiente em sala de aula. () So agitados mas no se pode esperar que estejam calados a olhar para mim a beber o conhecimento () s vezes ficam preguiosos ()

Dificuldades dos alunos. A entrevistada considera que os alunos tm dificuldade

() em trabalhar em grupo e em abrir o livro e investigar, no esto habituados a isso, gostam mais da informao mastigada pelos professores, por isso, nas tarefas de investigao complicado. Abrir o livro e pesquisar informao. () Tm dificuldades em ler um texto e resumir. Tambm complicado escrever textos. Eles acham que eu tenho de adivinhar o que eles querem dizer.

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Discusso Final

A entrevista professora Carla Matoso demonstrou que esta uma professora dinmica, cujas aulas no so meramente expositivas. A professora considera muito importante a participao dos alunos nas aulas, exigindo que estes sejam mais do que participantes passivos, promovendo, para isso, atividades de investigao e trabalho cooperativo. O desenvolvimento deste tipo de atividades, tal como referem as orientaes curriculares para o 3 ciclo do ensino bsico, promove a literacia cientfica nos alunos. Considera que os alunos apresentam algumas dificuldades na aquisio de competncias, nomeadamente, na aquisio das competncias que se referem comunicao, revelando dificuldade na interpretao de textos, e s atitudes. A professora considera importante adaptar o ritmo e o tipo de atividades desenvolvidas s necessidades de cada turma.

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Referncias Bibliogrficas

Afonso, N. (2005). Investigao naturalista em educao: um guia prtico e crtico. Lisboa: ASA Editores. Burton, D., & Bartlett, S. (2005). Practitioner research for teachers. London: Paul Chapman Ministrio da Educao (2001). Orientaes curriculares 3 ciclo: Cincias fsicas e naturais. Lisboa: Departamento da Educao Bsica Tuckman, B. W. (2000). Manual de investigao em educao. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian

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Anexos A1. Guio de entrevista professora Carla MatosoObjectivos Caraterizar a escola, o professor e a Caraterizao professor do Dimenses Caraterizao da escola Questes Q1. Que recursos que a escola oferece a professores e alunos? Q2. H quanto tempo d aulas nesta escola? Q3. Que cargos desempenha na escola? Q4. Porque que decidiu ser professora? Q5. Qual a sua formao acadmica? Q6. Quando fez a profissionalizao? Q7. J fez alguma interrupo como professora? Q20. Que atividades tem desenvolvido que

turma

melhoram a sua atividade docente? Caraterizao da turma (focar numa turma) Q8. Quantos alunos so (rapazes e raparigas)? Q9. A que meio socioeconmico pertencem? Q10. Qual a mdia de idades? Q11. Qual a taxa de sucesso? Conhecer perspetiva professores da a dos acerca Aspetos curriculares Q12. Que tipo de atividades desenvolve com os seus alunos? Q13. Que competncias tenta que os seus alunos desenvolvam durante as suas aulas? Pode dar um exemplo? Q14. Em que medida o currculo est adequado faixa etria dos alunos? Desempenho dos alunos Q15. O que acha que os alunos aprendem? Q16. Como que classifica os seus alunos ao nvel da participao, comportamento e aprendizagem? Q17. A que tipo de atividades os alunos so mais recetivos? Factores condicionantes Q18. Em que medida que as condies que a escola oferece condiciona a aprendizagem dos alunos? Q19. Que dificuldades revelam os alunos? Como as

aprendizagem

dos seus alunos

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Trabalho de Campo Iultrapassam?

A2. Transcrio da entrevista

Local da entrevista: Sala de atendimento aos encarregados de educao/ Posto mdico da Escola Bsica dos 2 e 3 ciclos dos Pombais Data e hora: 19 de Outubro de 2011, 11h45

Q1. Que recursos que a escola oferece a professores e alunos? R1. Que recursos? Bem, em termos de recursos ns temos, temos centro de recursos com biblioteca, com computadores, tem alguns computadores. Salas, as salas tambm tm alguns, todas elas tm computadores. A sala de fsico qumica, no sei se tem mais alguma, temos mais 3 computadores para os alunos usarem. Depois temos alguns portteis, mas poucos, neste momento no esto a funcionar muito bem. Quadros interactivos tambm temos em algumas salas. Depois, mais? Q1.1. Laboratrio? R1.1. Laboratrio? No um laboratrio mas para o ensino bsico funciona. Quer dizer, no tem uma hotte, claro no ? Mas temos uma sala ampla, temos tambm uma salinha mesmo ao lado onde podemos guardar o material e os reagentes. Por isso para fazer trabalho experimental principalmente em qumica, em fsica j temos mais falhas, mas em qumica d perfeitamente. Nunca me vi impossibilitada de fazer qualquer trabalho experimental. Q1.2. Tem cantina para professores e alunos?

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Trabalho de Campo I R1.2. Tem cantina. assim, para os professores no fao ideia porque nunca utilizei, mas para os alunos h. E h bar. E tem papelaria. No tem, infelizmente, pavilho gimnodesportivo tem muito espao livre mas no tem um pavilho. H um pavilho ao lado, mas como no h Os alunos o pavilho por falta de recursos acho que no ficou completo, no concluram a obra. E os alunos para passarem teriam que atravessar a estrada. Por isso ou haveria uma ponte ou teria que haver algum que os levasse ao pavilho. E ento no utilizam o pavilho. Q2. Vamos ento passar caraterizao da professora. H quanto tempo d aulas nesta escola? R2. H 6 anos, mais ou menos, j perdi um bocadinho a conta. Antes saltava de escola em escola, agora como estou h muito tempo nesta escola chega a uma altura mas acho que 6, mais coisa menos coisa. Q3. Que cargos desempenha na escola? R3. Que cargos? Professora de fsico-qumica neste momento. E sou orientadora cooperante. o nico cargo, este ano. Nos outros anos j fui directora de turma, e fui coordenadora de projectos e clubes. Ah, e secretariado de exames, que eu esqueo-me sempre. Tambm estou no secretariado de exames. (risos) O que d bastante trabalho. Pois d. Q4. Porque decidiu ser professora? R4. Olhe, na altura, eu quando conclu o curso sempre achei que que ia ser investigadora. Depois as coisas no correram assim propriamente bem e eu precisava de ganhar dinheiro e concorri, mini-concurso. Foi, mini-concurso e gostei muito da experiencia. E como gostei muito da experiencia decidi continuar. Agora no sei se foi muito boa ideia. (risos) Mais em termos de financeiros e em progresso da carreira, claro que depois uma pessoa no tem, como que hei-de explicar, no valorizada neste aspeto. Mas eu gosto muito de lidar com midos. Apesar de s vezes algumas turmas so mais problemticas, eu gosto muito de lidar com midos.

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Trabalho de Campo I Q5. Qual a sua formao acadmica? R5. Sou licenciada em Qumica pela Faculdade de Cincias. Q5.1. Em Qumica? R5.1. Qumica, qumica. Depois quando sai da investigao e fui dar aulas, naquela altura ao fim de 5, 6 anos chamavam-se professores profissionalizados em servio e por isso fiz a profissionalizao em servio. E h 3 anos fiz h 3 anos iniciei o mestrado em educao, em cincias, na vertente de didtica das cincias e agora que entreguei a tese. (risos) Agora estou espera da discusso. Q6. Quando fez a profissionalizao? Esta j foi respondida. R6. Pois, deixe-me fazer as contas, deve ter sido h 8 anos, por ai. Ora 14, tinha 5, 6 anos (de docncia), deve ter sido h 8 anos. Depois perco um bocado a noo, mas foi a h 8 anos. Q7. J fez alguma interrupo na sua atividade de professora? R7. No Q8. Agora pedamos-lhe que escolha uma turma sua e nos ajude a caracteriz-la. Quantos alunos tem? R8. Numa determinada turma?... Pois numa turma especfica?... Pois porque as turmas no so...Por exemplo esta turma aqui qual estive agora a dar aulas so 28 alunos. Q8.1. Mais rapazes ou raparigas? R8.1. E agora deixe-me c pensar... eu acho que mais ou menos... embora isso depois no seja... eu ainda no conheo os alunos todos, eu sei as caras mas eu nem sempre associo s turmas porque so alunos novos. Eu acho que nesta turma mais ou menos equilibrado embora noutras turmas isso no acontea. Q8.2. E uma turma de que ano? R8.2. 8 Ano. Q9. A que meio socioeconmico pertencem? R9. Pois ns ainda no fizemos a caraterizao das turmas porque isso s em Novembro mas normalmente sempre classe mdia, classe mdia-baixa. 17 Ana Lus, n.2450

Trabalho de Campo I Q10. Qual a mdia de idades? R10. Esto a fazer perguntas difceis. Pois, no sei, eu acho que ainda parecem muito meninos portanto deve ser a 13/14 anos mas no tenho a noo. Como ainda no se fez a caraterizao da turma e eu no sou diretora da turma, no sei. Q10.1. Ou seja partida no h assim muitos repetentes? R10.1. Eu acho que no. Eu posso ver, mas eu acho que no. Nesta turma por acaso eu no tenho ideia que haja muitos repetentes. Q11. Pois porque a pergunta seguinte era: qual era a taxa de sucesso? R11. Pois no sei, no sei. No fao ideia. Mas tem alguns repetentes deve ter agora no sei se pois no, dos outros no, mas tem alguns alunos mais crescidos. que depois alguns disfaram um bocadinho a idade, outros no. Pois, assim, a maioria tem 13 anos mas depois tenho alguns com 17. Por exemplo a Gildana eu nunca diria que ela teria 16 anos. Engana, engana um bocadinho. Eles so muito imaturos, provavelmente... Eles so muito imaturos por isso alguns...o Emanuel eu vejo mais pela postura de no querer fazer nada pronto est um bocadinho desfasado. Mas o resto realmente no noto. Q11.2. Esto mais ou menos na faixa etria que corresponde ao ano escolar em que se encontram? R11.2. Sim, exatamente e eles no reprovaram no ano anterior, pelo menos eu no tenho qualquer indicao quanto a isso aqui nesta lista dos alunos. Q12. Que tipo de atividades desenvolve com os seus alunos? R12. Depende dos contedos s vezes dou aulas um bocadinho mais expositivas outras vezes utilizo tarefas de investigao. Por exemplo no caso do 8 ano eu tenho utilizado isso porque estamos a dar o tema reaces qumicas portanto faz todo o sentido realizar tarefas de investigao. s vezes utilizo simulaes, outras vezes utilizo powerpoint, depende da turma, depende do contedo e depende da inspirao quando estou a preparar a aula. Porque s vezes uma pessoa encontra uma coisa nova, no ?, e decide experimentar. s vezes resulta, outras vezes no resulta, mas uma pessoa tem sempre que experimentar, porque seno... Q12.1. Tambm depende um bocado do tipo de alunos com que se confrontado? R12.1. Sim, sim embora eu s vezes experimente. Claro que depois posso ficar um bocadinho mais desapontada mas experimento. Depois, se no resultar, no vou enveredar outra vez pelo mesmo tipo de tarefa mas experimento uma vez s para ver 18 Ana Lus, n.2450

Trabalho de Campo I como que que as coisas funcionam. s vezes fico surpreendida pela positiva outras vezes no, depende. Q12.2. Eles gostam do Powerpoint? R12.2. Alguns gostam. Por exemplo, os meus alunos do 7 ano gostam mas como eu ponho muitas animaes e ponho muitos vdeos eles acabam por gostar. Mas tambm sempre aulas expositivas, convm ir variando um bocadinho, mas depende dos temas. Q13. Que competncias tenta que os seus alunos desenvolvam durante as suas aulas? Pode dar um exemplo? R13. Competncias? Olhe uma coisa que eu cada vez acho mais importante eles lerem e saberem retirar a informao de um texto, que eles no gostam muito, mas eles tm que compreender aquilo que lem. Tambm saberem escrever seja... at nos testes, eu gosto s vezes de por um texto e por, por exemplo, uma pergunta que exija que eles escrevam mais um bocadinho, nas tarefas de investigao, no planeamento, por exemplo, da experincia, nas concluses. Eu quero muito que eles saibam ler e escrever. Porque eu acho que transversal a todas a disciplinas. Depois o trabalho em grupo, tambm acho importante, o trabalho colaborativo tambm, autonomia, tambm acho importante. Claro que depois h as competncias especficas da disciplina, no , mas tento...isso acho que importante. Q14. Em que medida o currculo est adequado faixa etria dos alunos? R14. Eu acho que est adequado faixa etria, o meu problema, s vezes, que alguns alunos que no esto... a faixa etria deles, ou seja, eles deviam estar noutros anos porque eu reparo, por exemplo, as minhas turmas do 7 ano para os meus alunos que nunca reprovaram, eu acho que est adequado, o problema s vezes para alguns alunos mais crescidos e nesta fase um ano faz toda a diferena, e s vezes uma pessoa pensa em algo que vai fazer na turma e realmente funciona para muitos deles mas depois h outro que est completamente desfasado da turma e s vezes no o mais adequado para ele mas uma pessoa tem que fazer ajustes, no ? Depende. Esse aluno de 17 anos se calhar a est um bocadinho desfasado. Exatamente. Para ele os contedos j no so... Pois, depende do interesse da disciplina, se so mais ou menos curiosos. Depois o que acontece aqui nesta escola que h muitos alunos que vm para a escola porque acham que tm que vir e gostam de estar na escola mas no gostam de estar na sala de aula e s 19 Ana Lus, n.2450

Trabalho de Campo I vezes um bocadinho complicado. Depois depende dos temas, como bvio, porque uma pessoa no pode agradar a toda a gente, primeiro eu no consigo que toda a gente goste de Fsico-Qumica, pronto uma pessoa esfora-se mas realmente difcil conseguir, e depois dentro da Fsico-Qumica h temas que, por exemplo, que eles gostam mais e outros que estes gostam menos. Por exemplo Terra no Espao, os midos at normalmente gostam, reaces qumicas tambm, mas no 9 Ano s vezes um bocadinho complicado... Circuitos elctricos... No, circuitos elctricos eles gostam, eles no gostam da parte inicial dos movimentos, por exemplo, porque depois exige analisar grficos, construir grficos, exige depois... tm que recorrer ao clculo matemtico, e por isso como precisam depois de conhecimento de outras disciplinas s vezes um bocadinho complicado e tm aquelas ideias feitas, como tm que fazer clculo muito difcil muito complicado e eu no vou conseguir fazer. Por isso, isso no assim muito fcil, s vezes. Depende. Q15. O que acha que os alunos aprendem? R15. Para mim, acho importante que abram os horizontes, ou seja, muita coisa que entra e sai, mas pelo menos que fiquem com curiosidade e ideias e que tenham vontade de pesquisar, que saibam procurar novos conhecimentos. No ensino bsico damos formao, no fundo, alargamos horizontes em diferentes reas do saber, alguns midos vo continuar a estudar cincias, outros no, o importante que quando sarem daqui saibam ler uma notcia e perceber o que esto a ler, j que muitas vezes a cincia rogada para segundo plano. O que eu tento que eles tambm saibam o que cincia. Q16. Como que classifica os seus alunos ao nvel da participao, comportamento e aprendizagem? R16. Tenho turmas muito diferentes. Nas turmas de 7ano mais complicado porque a transio do 2 para o 3 ciclo. Eles ainda so muito bebs, ainda no sabem estar dentro de uma sala de aula. A participao depende dos temas. As turmas do 7 gostam muito do espao, mas tenho alunos muito diferentes, alguns gostam mais de participar e fazem tudo o que solicitado, outros mais ou menos, depende do interesse do tema e do ambiente em sala de aula. Basicamente temos de lhes dar a volta, s vezes consigo, outras vezes no. 20 Ana Lus, n.2450

Trabalho de Campo I So agitados mas no se pode esperar que estejam calados a olhar para mim a beber o conhecimento. Tenho uma turma com alunos mais indisciplinados e temos que dar as regras da boa educao, nota-se que faltam em casa. H coisas que so bsicas e que temos de explicar como o dizer por favor e obrigada. Como eu ainda no os conheo muito bem, vamos ver daqui para a frente como a participao, j que, s vezes ficam preguiosos. Eles sabem que o teste um mtodo formal de avaliao e importante que vo participando e respondendo s perguntas que fao na aula. Q17. A que tipo de atividades os alunos so mais recetivos? R17. No sei. (risos). partida os alunos de 7 ano gostam de ver vdeos e trabalhar em grupo, no entanto, no sabem como que se funciona em grupo. No 8 ano a maioria gosta das atividades laboratoriais e tambm do trabalho em grupo. Gostam de fazer coisas diferentes. Q18. Em que medida que as condies que a escola oferece condiciona a aprendizagem dos alunos? R18. Eu acho que ns pensamos que a escola no tem condies, que os alunos assim no aprendem, mas isso depende da nossa vontade, certo que a escola no perfeita, bvio, mas ns nunca vamos encontrar uma escola perfeita. Acho que tem de haver vontade dos professores, d mais trabalho, mas quando h turmas em que os alunos querem fazer coisas, eu tambm tenho vontade de fazer. Se os alunos tm vontade de aprender e no h condies, arranja-se outra maneira. Alis, ns os portugueses somos desenrascados. Q19. Que dificuldades revelam os alunos? Como as ultrapassam? R19. Ainda estamos no incio do ano, mas noto que tm muitas dificuldades em trabalhar em grupo e em abrir o livro e investigar, no esto habituados a isso, gostam mais da informao mastigada pelos professores, por isso, nas tarefas de investigao complicado. Abrir o livro e pesquisar informao. Depois se eu peo para ler um texto e fazer um resumo complexo e transversal a todas as disciplinas. Tm dificuldades em ler um texto e resumir. Tambm complicado escrever textos. Eles acham que eu tenho de adivinhar o que eles querem dizer.

Q20. Que atividades tem desenvolvido que melhoram a sua atividade docente?

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Trabalho de Campo I R20. Para mim foi muito importante fazer o mestrado em educao, cresci muito como professora. Gostei muito de o fazer. Deu-me imenso trabalho mas passei a ver o ensino de outra forma, mais ainda do que com as aes de formao. O mestrado exige muita dedicao mas foi importante. O recolher dados, transcrever e produzir um texto. Se no tivesse feito o mestrado teria continuado a fazer as coisas da mesma forma. Agora acho que tambm consegui alargar os meus horizontes. Havia muitas coisas a preto e branco, agora vejo mais em tons de cinzento. Percebi que no nos podem exigir que acertemos sempre, s vezes, tentamos uma coisa e aquilo no resulta, faz parte, assim que se cresce. Eu antes tinha medo de errar, agora, se uma coisa no resulta, pacincia, arranjamos outra soluo.

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