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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE
NITERÓI DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
yUTEITA-SNIECIPÃD-A"
RUDE DE_MENOR
••• ritenrerxty PROCEBTMENTO. MEDICU-MPIT=
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LUCAS SIQUEIRA FERNANDES PINTO, brasileiro, menor impúbere, inscrito no • CPF/MF 160.525.737-08, residente e domiciliado na Rua Professor João Brasil, n° 150, Bloco
3, Apto 404, Fonseca, Niterói — RJ, CEP 24.130-082 , neste ato representado por seus
genitores, BRUNO DE CARLI MONTEIRO PINTO, vendedor, portador da carteira de
identidade n° 124763962, expedido pelo Detran, inscrito no CPF/MF sob o n° 103.624.117-
35, residente e domiciliado na Rua Professor João Brasil, n° 150, Bloco 3, Apto 404,
Fonseca, Niterói — RJ, CEP 24.130-082 e PAOLA SIQUEIRA FERNANDES, portador da
carteira de identidade n° 12.805.482-2, expedido pelo IFP, inscrita no CPF/MF sob o n°
089.483.397-96, residente e domiciliada na Rua São Diogo, n° 38, Ponta D'Areia, Niterói —
RJ, CEP 24040-045, também Autores da demanda, vem, por sua patrona in fine assinada,
devidamente constituída conforme procuração em anexo, ajuizar a presente:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
C/C INDENIZATÓRIA
Em face de UNIMED, com sede na Rua Doutor Borman, 51, 11 2 Andar — Centro - Niterói - RJ -
CEP: 24.020 -320, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Inicialmente, requer os beneficios da gratuidade de justiça, eis que as partes Autoras não tem
condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo da subsistência da família, sendo
hipossuficientes. Desta forma, imperioso se faz o deferimento do beneficio da justiça gratuita,
na forma do art. 4 0 da Lei 1060/50.
II - DOS FATOS
O Reclamante é beneficiário do plano de saúde comercializado com a Ré, integrando o
contrato tipicamente de adesão e estando rigorosamente em dia com o pagamento das
mensalidades referentes à contratação (vide boletos em anexo).
Saliente-se, por cautela, que tal contratação foi realizada antes de a criança completar 30 dias,
e que em nenhum momento foi informado à Ré quaisquer imposição de carência. Ad
argumentandum ,ainda que houvessem carências na contratação, os prazos destas previstos na
Lei 9656/98 já se encontram devidamente cumpridos.
A parte Autora, menor impúbere e que conta com apenas 10 meses de vida, desenvolveu
delicadíssima doença cardíaca, denominada CARDIOPATIA CONGÊNITA
CIANÓTICA: ASTRESIA PULMONAR COM COMUNICAÇÃO E SHUNT
SISTÊMICA PULMONAR (vide laudo médico em anexo) o que já a torna sofrida desde
esses primeiros meses de vida.
Em ato contínuo, foi recomendado pela médica credenciada da parte Ré, DRA. ANA
FLÁVIA MALHEIROS, CRM 52.733336-9, a realização do procedimento de
CATETERISMO CARDÍACO, ESSENCIAL PARA A MANUTENÇÃO DA VIDA DO
BEBÊ, ORA AUTOR.
• Ao entrar em contato com a operadora de saúde Ré, esta inexplicavelmente e em atitude
desrespeitosa e revoltante NEGOU-SE A ARCAR COM A SUA CONTRAPRESTAÇÃO
NO CONTRATO FIRMADO, ALEGANDO QUE O PROCEDIMENTO ESTARIA
EXCLUÍDO DA CONTRATAÇÃO EM VIRTUDE DE CARÊNCIA, MESMO JÁ
TENDO AUTORIZADO PROCEDIMENTOS ANTERIORES, COMO A CIRURGIA
QUE IMPLANTOU UM STENT, OCORRIDA EM 30/06/2011.
IMPORTANTE CONSIGNAR AINDA QUE AS CORTES SUPERIORES JÁ
FIRMARAM ENTENDIMENTO QUE O PLANO NÃO PODE NEGAR COBERTURA
EM RAZÃO DE EVENTUAL LIMITAÇÃO DE CUSTO DO PROCEDIMENTO.
ORA EXa, AINDA QUE CONSTASSE EVENTUAL CLÁUSULA RESTRINGINDO O
DIREITO DA PARTE AUTORA, ESTA SERIA NULA, EIS QUE VAI CONTRA O
DIREITO DE INCLUIR O DEPENDENTE RECÉM-NASCIDO SEM CARÊNCIA
PREVISTO NA LEI 9656/98 (MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA), ALÉM DE
IMPORTAR ONEROSIDADE EXCESSIVA À PARTE AUTORA,
DESEQUILIBRANDO A RELAÇÃO JURÍDICO-CONTRATUAL.
Inúmeros foram os apelos dos pais do Autor junto à operadora de planos de saúde Ré, porém,
todos restaram infrutíferos, gerando a dor de ver um filho correndo risco de vida em virtude
da contumaz política de negativas indevidas da Ré, que geram uma massa de processos
judiciais. Tais atos abusivos já são corriqueiros e diariamente enfrentados por este Tribunal.
Urge citar que chegou a ser anotado n° de protocolo (67863452), no qual a preposta da Ré,
Sra. Vania Rocha, disse que o procedimento não seria autorizado devido ao cumprimento de
carência.
Neste sentido, urge-nos destacar a r. sentença proferida pelo Exmo. Juiz Magno Alves, da 29a
Vara Cível da Comarca da Capital em 21/09/2011, no processo 0350958-94.2009.8.19.0001
que discorre com exatidão a política LEVIANA, PREDATÓRIA, CAPITALISTA E
DESAFIADORA À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA realizada pela empresa Ré,
DESRESPEITANDO O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A BOA-FÉ
OBJETIVA:
SENTENÇA NEGEM ANTONIO MISQUEY promoveu Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Indenização por danos morais, com pedido de tutela antecipada, pelo procedimento ordinário, em face de UNIMED-RIO COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DO RIO DE JANEIRO LTDA, (...) Ou seja, a finalidade de se contratar um plano de saúde é justamente garantir a saúde do segurado-consumidor contra evento futuro e incerto, através da assunção, pela seguradora, do dever de prestar serviços médicos necessário à cura, ou de reembolsar as despesas efetuadas para esse fim (Resp 319.707- SP Min. Nancy
Andrighi). ( ) Por isso, a exclusão de cobertura desde o início do contrato
já fere o seu objetivo básico, qual seja, garantir os meios para que o
consumidor obtenha a cura, sendo absurda a afirmação de que se trata
de 'uma questão puramente comercial, em que, o que se busca é
justamente um diferencial neste tipo de mercado, hoje considerado
muito competitivo'. Ora, casos como o presente envolvem a vida, ou
melhor, diversas vidas, que não podem ser tratadas como simples caça-
níqueis pela ré, pois são bens superiores a quaisquer outros dentre
aqueles protegidos pela nossa Constituição, dentre os quais o direito ao
lucro, tão sagrado para a ré. ( ) Nesse tocante, frisa-se que a
Cooperativa UNIMED tem sido recalcitrante em cumprir decisões
judiciais, desafiando o Poder Judiciário e o Estado Constituído, o que
por si só já justificaria imposição de danos morais, porque não se trata
de mero descumprimento contratual, mas de arrogância, prepotência da
empresa que está transferindo o dinheiro do cidadão comum que nela
confia para a construção de um verdadeiro império, que inclui Hospital
na Barra da Tijuca para atender apenas aos usuários do Plano Ômega,
as tais UPA's da Cooperativa UNIMED e, até mesmo, um famoso clube
de futebol, em detrimento dos usuários dos planos mais simples, como
por exemplo, de plano ambulatorial, do plano Delta, dentre outros. Tanto
é verdade que este Juízo tem tomou conhecimento junto à ANS, através
de consulta, de que a UNIMED está sob correição e ameaçada de
intervenção. Os consumidores 'menos favorecidos', por sinal, têm
recorrentemente tido os mais simples pedidos (e utiliza-se esta palavra
para ressaltar a relação de inferioridade que, infelizmente, está
estabelecida nessa relação, pois o correto seria que o consumidor desse
a ORDEM para o cumprimento do contrato) negados pela ré,
multiplicando-se os casos que chegam ao Poder Judiciário e que a
trazem no pólo passivo, o que demonstra que a negativa deixou o
campo da excepcionalidade e tornou-se a verdadeira política da
empresa. ( ) A ré, totalmente insensível para com a frágil situação do
autor, postergou ao máximo a concessão do atendimento que lhe
poderia garantir a vida. Certamente, apostava na morte do autor, a fim de
livrar-se desse "ônus', que para ela, é aquele que confia em seus
serviços e opta por contratá-la. Pergunta-se: o atraso na mensalidade
seria tratado com benevolência? ( ) Ou seja: espera-se que, com essa
decisão, a ré, nas próximas vezes em que seja procurada pelos
usuários, deixe de utilizar de expedientes para evitar o cumprimento de
suas obrigações. Se assim não for, ao menos irá lembrar de que o
Judiciário está presente, sempre pronto a aplicar as leis e a
Constituição. ( ) É Por essas e outras que o Poder Judiciário está cada
vez mais abarrotado de demandas idênticas e que seriam resolvidas se
fossem respeitados os direitos do cidadão-consumidor. Arbitro, pois, c
dano moral em R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais), que
deverão ser corrigidos da data da sentença e acrescidos de juros de 1%
ao mês a contar da citação, CHAMANDO A ATENÇÃO DO EMINENTE
DESEMBARGADOR RELATOR, ACASO VENHA SER MANEJADO
RECURSO DE APELAÇÃO, QUE TAL APENAÇÃO SE MOSTRA
NECESSÁRIA PARA QUE O PRESIDENTE E A DIRETORIA DA
COOPERATIVA UNIMED REFLITA SOBRE A RECALCITRÃNCIA
PERMANENTE EM ATENDER CASOS ANÁLOGOS, SENDO ESTUDO
DESTE EGRÉGIO TRIBUNAL, DE QUE A COOPERATIVA, QUE, NA
VERDADE SE TRANSFORMOU EM CONFEDERAÇÃO, PARA FRAUDAR
A LEI E DEIXAR DE PAGAR TRIBUTOS, ALEGANDO PLANEJAMENTO
TRIBUTÁRIO, REINCIDE EM NÃO CUMPRIR AS DECISÕES JUDICIAIS E
ESPERAR QUE O PRÓPRIO TEMPO RESOLVA O CASO CONCRETO,
PORQUE SABE QUE AS CONDENAÇÕES GERALMENTE TÊM SIDO
IRRELEVANTES E COM O ÓBITO DOS USUÁRIOS DO PLANO DE SAÚDE O CUSTO DA COOPERATIVA DE SAÚDE FICA MENOR, QUER SEJA PELA NECESSIDADE DE DISPENDER RECURSOS COM O TRATAMENTO DO USUÁRIO QUE VEM A FALECER, OU PORQUE AS APENAÇÕES A TÍTULO DE DANO MORAL SÃO INSIGNIFICANTES PORQUE O JUDICIÁRIO JÁ ESTÁ ATENTO ÁS HIPÓTESES DE BANALIZAÇÃO DO DANO MORAL, O QUE NÃO É A HIPOTESE CONCRETA SOB EXAME, SERVINDO ASSIM COM FUNÇÃO EDUCATIVA-PEDAGÓGICA, MELHORANDO A RELAÇÃO DA COOPERATIVA PARA COM OS USUÁRIOS E TAMBÉM EM RELAÇÃO AO PODER JUDICIÁRIO. Ao Eminente Relator, acaso manejado recurso de Apelação, reitero votos de que seja ouvida a Receita Federal sobre as manipulações da contabilidade escriturai da Cooperativa UNIMED e da Cooperativa de Crédito UNIMED que mantém convênio com o BRADESCO, justamente para dificultar a fiscalização. Isto posto e por tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS contidos na inicial, tornando definitiva a liminar concedida em antecipação de tutela, condenando a ré a autorizar o tratamento domiciliar - home care - completo do autor, até que o médico responsável ateste ter sido afastada a necessidade do mesmo, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), bem como ao pagamento da quantia de R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais) a titulo de danos morais, nos termos da fundamentação acima, visando aplicação dos princípios constitucionais da equidade,
razoabilidade, proporcionalidade, bem assim que sirva de função educativa- pedagógica à administração da Cooperativa ré, reiteradamente recalcitrante, que na certeza de que nos casos de idosos e de pessoas em que o estado de saúde está debilitado, preferem contar com o retardamento do atendimento, na certeza de que o óbito do usuário ocorrer com maior rapidez e o custo de administração será menor para a cooperativa, e também porque os Juizos têm seguido o padrão ao apenar danos morais determinado pelo Egrégio S.T.J, mas que neste caso especifico merece ser majorado para os fins sociais necessários à reflexão da Diretoria do Plano de Saúde quanto ao descumprimento de decisões judiciais e também quanto ao retardamento injustificado no tempo necessário às autorizações administrativas; e que ainda deverão ser corrigidos da data da sentença e acrescidos de juros de 1% (um por cento) ao mês, a contar da citação. Condeno ainda, a ré, ao pagamento das custas
processuais e honorários de advogado, que fixo em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, já corrigido monetariamente. P.R.I.
III — DA NECESSÁRIA TUTELA ANTECIPADA INAUDITA ALTERA PARS
Diante de tudo acima exposto, resta cristalino estarem presentes os requisitos para o
deferimento da tutela antecipada, previstos no art. 273, do CPC.
A verossimilhança dos fatos narrados é evidente face à documentação ora acostada e aos
argumentos esposados.
O fumus boni iuris é claro, face à dignidade da pessoa humana, ao cumprimento de todas as
carências que poderiam ser aplicáveis ao caso de acordo com a Lei 9656/98, em especial os
art. 12, III, "h" e art. 35-C, I, da referida lei e à pontualidade dos pagamentos referentes à
contratação, que está em plena vigência.
O periculum in mora se dá face ao fato DA URGÊNCIA DO PROCEDIMENTO
PRETENDINDO E DO RISCO DE VIDA DA PARTE AUTORA CASO ESTE NÃO
SEJA REALIZADO.
Assim, é inconteste a necessidade extremada do provimento jurisdicional de forma antecipada
para que o Réu seja compelido na obrigação de fazer de AUTORIZAR O
110 PROCEDIMENTO PRESCRITO POR MÉDICA CREDENCIADA DA PRÓPRIA RÉ,
DRA. ANA FLÁVIA MALHEIROS, CRM 52.733336-9, SOB PENA DE MULTA
DIÁRIA DE R$ 5.000,00 EM CASO DE DESCUMPRIMENTO.
IV — DOS FUNDAMENTOS
DO DIREITO À INCLUSÃO DE DEPENDENTE SEM QUALQUER CARÊNCIA
INTELIGÊNCIA DO ART. 12, III, "b" DA LEI 9656/98
• É imperioso destacar a TOTAL CONTRARIEDADE do ato praticado pela parte Ré, eis que
FERE frontalmente preceito legal constante na Lei 9656/98, que disciplina os planos de
saude, em especial o dispositivo abaixo:
Art. 12. São facultadas a oferta, a contratação e a vigência dos produtos de que tratam o inciso I e o § 12 do art. 1 desta Lei, nas segmentações previstas nos incisos I a IV deste artigo, respeitadas as respectivas amplitudes de cobertura definidas no plano-referência de que trata o art. 10, segundo as seguintes exigências mínimas:
(--) III - quando incluir atendimento obstétrico:
(—) b) inscrição assegurada ao recém-nascido, filho natural ou adotivo do consumidor, como dependente, iSPuto do cumprimento dos períodos de carência, desde que a inscrição ocorra no prazo máximo de trinta dias do nascimento ou da adoção;
Ora, Exa, a inscrição do dependente foi realizada logo após o nascimento, isto é, antes do
cômputo de 30 dias previsto no supracitado dispositivo, TORNANDO INEXPLICÁVEL E
ANTIJURIDICA A CONDUTA DA ACIONADA!!!
Ainda que fosse aceita a carência imposta, esta não poderia prevalecer, por se tratar de risco
de vida para o menor, enquadrando-se no disposto do art. 35-C, da Lei 9656/98:
Art. 35-C. É obrigatória a cobertura do atendimento nos casos: (Redação dada pela Lei n° 11.935, de 2009)
I - de emergência, como tal definidos os que implicarem risco imediato de vida ou de lesões irreparáveis para o paciente, caracterizado em declaração do médico assistente;
Cumpre destacar que o artigo 35-A da Lei em destaque criou o Conselho de Saúde
Suplementar—CONSU, órgão que regulamentou a obrigação das operadoras de plano de saúde
de oferecer cobertura de atendimento nos casos de urgência e emergência.
Dentro de sua competência normativa, o CONSU editou a Resolução n° 13, de 03.11.1998 que,
em seu artigo 1°, disciplina:
Art. 1° A cobertura dos procedimentos de emergência e urgência de que trata o artigo 35-D, da Lei 9.656/98, que implicar em risco imediato de vida ou de lesões irreparáveis para o paciente, incluindo os resultantes de acidentes pessoais ou de complicações no processo gestacional, deverá reger-se pela garantia da atenção e atuação no sentido da preservação da vida, órgãos e funções, variando, a partir dai, de acordo com a segmentação de cobertura a qual o contrato esteja adstrito.
Portanto, injustificável a negativa da Acionada!!! ! !
DA NULIDADE DE EVENTUAL CLÁUSULA RESTRITIVA DO LEGÍTIMO
DIREITO DO AUTOR CONFERIDO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO
Caso a Ré invoque eventual cláusula no contrato de adesão firmado, restaria configurada
restrição ilegal e arbitraria repudiada com veemência pelo Código de Defesa do Consumidor,
em seu art. 51, § 1 0, II:
"Art. 51 — São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
§ 1°, II — Restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes a natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objetivo ou equilíbrio contratual;
A conduta da empresa Ré restringe os direitos dos Autores, pois aquela está se furtando em
cumprir obrigação inerente à natureza do contrato firmado entre as partes, afinal, quem contrata
um plano de saúde requer, por um raciocínio lógico, a cobertura para eventos futuros e incertos,
como no caso em debate.
As cláusulas abusivas devem ser examinadas e consideradas nulas, por força de lei, cujos
• princípios vão de encontro à cláusula restritiva do direito de receber o que lhe é devido.
A respeito de cláusulas abusivas, calha o entendimento de Guilherme Fernandes Neto:
•
"A cláusula abusiva é a manifestação por excelência do abuso do direito do contrato, pois se abusa do seu direito quando, apesar de permanecer dentro dos seu limites, se visa um fim diferente daquele que o legislador objetivava — esse, aliás, é o escorreito magistério de Josserand. Assim, quando algum empresário, utilizando da liberdade de contratar, impõe aos consumidores cláusulas extremamente onerosas, está ele praticando um ato abusivo; quando aqueles que, em virtude de gozarem de posição monopolistica ou eligopolística no mercado, vierem a inserir cláusulas que poderão acarretar prejuízo para os aderentes, que contrataram talvez por necessidade. Indiscutivelmente todos os contratos inclusive e principalmente os de adesão, são permeáveis ao abuso de direito, podendo tal deformação intencional do direito manifestar-se em quaisquer de suas fases." (in Os Contratos de Adesão e o controle de Cláusulas Abusivas, p. 77/78, Saraiva).
Com a entrada em vigor da Constituição Federal em 1988 e posteriormente do Código de
Proteção e Defesa do Consumidor, o dogma da "autonomia da vontade" perdeu força para se
adequar à nova realidade da função social do contrato.
Nesse mesmo sentido manifesta-se com absoluta clareza Cláudia Lima Marques:
9:95,
"Segundo a nova visão do direito, o contrato não pode mais ser considerado somente como um campo livre e exclusivo para a vontade criadora dos indivíduos. Hoje a função social do contrato, como instrumento basilar para o movimento das riquezas e para a realização dos legítimos interesses dos indivíduos, exige que o contrato siga um regramento legal rigoroso. A nova teoria contratual fornecerá o embasamento teórico para a edição de normas cogentes, que traçarão o novo conceito e os novos limites da autonomia da vontade, com o fim de assegurar que o contato cumpra a sua função social." (in Contatos no novo Código de Defesa do Consumidor, p. 118, 3" ed., Revista dos Tribunais).
A vingar tal atitude, estar-se-á atentando contra as expectativas dos Autores e de toda a
sociedade, que vê, na contratação de um plano de saúde, a segurança mínima para a cobertura
de ocorrências futuras e incertas, como se observa no presente caso.
A questão do cálculo realizado pelas operadoras de Planos de Saúde, prejudicial ao
consumidor, é muito bem analisada pelo doutrinador Fernão Justen de Oliveira, abaixo
transcrito:
"No contrato de seguro-saúde, identifica-se a onerosidade excessiva para o segurado através de raciocínio que tenha em conta a existência de um contrato de risco. Esse, precisamente, é o critério definidor do equilíbrio do contrato de seguro-saúde: se o segurado puder escolher as situações de risco que lhe aprouverem, é previsível que somente escolherá aquelas cujo prêmio mensal naturalmente já cobriria os custos — eis que a relação entre o custo e o prêmio poderá ser facilmente definida pelo segurador através de cálculos atuariais. Assim, o equilíbrio subsiste enquanto houver possibilidade de o segurador auferir benefício econômico se não ocorrer a condição contratual (o sinistro) e, ao mesmo tempo, mas, inversamente, suportar prejuízo no caso de superveniência da condição. O evento capaz de determinar o rompimento do equilíbrio desfavoravelmente ao segurado é a manobra do segurador — hábil dominador da técnica atuarial — tendente a reduzir seu risco a zero, entregando-o todo ao segurado. O desequilíbrio abusivo estaria configurado em adição de ônus ao segurado e diminuição de ônus ao segurador" (Revista do Consumidor, número 23-24, pág. 146)
Portanto, face aos princípios insertos no ordenamento pátrio, inexiste justificativa para a
atitude abusiva da Ré.
DA RELAÇÃO DE CONSUMO
Claramente percebe-se que a relação entre as partes é de consumo, enquadrando-se o Autor na
figura de consumidor descrita no art. 2° do CDC e a Ré na figura do fornecedor, descrita no
art. 3 0 do supracitado diploma legal:
AH. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Neste diapasão, devem ser aplicadas ao caso as regras de ordem pública, inerentes a relação,
previstas na Lei 8078/90, o Código de Defesa do Consumidor. Deve ser aplicada, em especial,
a inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6', VIII, do CDC, haja vista a verossimilhança
das alegação autorais e a hipossuficiência do reclamante perante o fornecedor do serviço.
A DIFICULDADE EM EFETIVAR O DIREITO Á INFORMAÇÃO NOS
CONTRATOS DE PLANO DE SAÚDE.
Mesmo sendo cristalino o direito do usuário de plano de saúde em receber, de forma clara e
por escrito, todas as informações que digam respeito às negativas de consultas ou
procedimentos, na prática o que se percebe é que muitas empresas fornecedoras do serviço de
plano de saúde ignoram esse direito, deixando os usuários desamparados ou, ao menos,
prejudicados, quando da busca do cumprimento adequado do contrato.
Em muitos casos, a negativa é feita por telefone, não sendo fornecido ao usuário qualquer
transcrição da conversa; outras vezes, essa negativa vem acompanhada de um número de
protocolo, mas, ao se buscar informações sobre esse protocolo (em especial pelosite da
empresa), nenhuma informação aparece; em outros casos, sequer é informado ao usuário a
negativa, deixando-o por meses angustiado por uma resposta que nunca vem.
Essa postura, como dito, tem um único intuito — tolher ou prejudicar o usuário no momento de
buscar saber se a negativa é justa, ou no momento de buscar a proteção do Poder Judiciário
para a reparação da violação do direito do consumidor.
É lamentavelmente costumeiro o desrespeito ao direito de o consumidor em não receber
informação adequada das operadoras de planos de saúde a vulnerabilidade dos consumidores
é flagrante diante dos planos de saúde, uma vez que atrelados a estes de forma duradoura —
sem a pretensão de findar a relação formalizada, pois busca-se uma proteção futura e o não
desperdício do quanto já pago — terminam aceitando os abusos cometidos.
Não deve o consumidor aceitar, inerte, os abusos!!!
Não é difícil entender que o usuário do plano de saúde tem direito, quando da contratação, a
todas as informações sobre seus direitos e deveres.
A obrigatoriedade de se informar o consumidor de forma precisa, clara e completa decorre
naturalmente da qualidade de fornecedor no mercado de consumo. Ainda assim, a Resolução
08/1998 do Conselho Nacional de Saúde Suplementar — CONSU, através do art. 4°, impôs às
operadoras de planos de saúde o dever de "fornecer ao consumidor laudo circunstanciado,
quando solicitado, bem como cópia de toda a documentação relativa às questões de impasse
que possam surgir no curso do contrato (...)"
Portanto, também por esta ótica, a atitude da Ré é condenável.
DOS DANOS MORAIS SOFRIDOS
INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 216 DO TJRJ
Com o advento da Constituição de 1988, que normatizou a possibilidade da reparação do dano
moral, inúmeras leis vêm sendo produzidas em nosso país, ampliando, dessa forma, a gama de
possibilidades para o cultivo, isto é, para a propositura de ações nesse campo.
Vale destacar, ainda, o que reza nossa Magna Carta de 1988 nos incisos V e X do exemplar
artigo 5°:
Art. 5° (...) V — é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (...) X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; (...)
O ser humano é imbuído por um conjunto de valores que compõem o seu patrimônio, e que
podem vir a ser objeto de lesões, em decorrência de atos ilícitos.
Nesses termos, o Código Civil pátrio normatiza a reparabilidade de quaisquer danos, sejam
morais, sejam materiais, causados por ato ilícito, ex vi o arts. 186 e 927, que trata
da reparação do dano causado por ação, omissão, imprudência ou negligência do agente:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Ressalte-se que a personalidade do ser humano é formada por um conjunto de valores que
compõem o seu patrimônio, podendo ser objeto de lesões, em decorrência de atos ilícitos. A
constatação da existência de um patrimônio material e moral e a necessidade de sua reparação,
na hipótese de dano, constituem marco importante no processo evolutivo das civilizações.
Existem circunstâncias em que o ato lesivo afeta a personalidade do indivíduo, sua honra, sua
integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, enfim, causando lhe mal-estar ou uma
indisposição de natureza espiritual.
Sendo assim, a reparação, em tais casos, reside no pagamento de uma soma pecuniária,
arbitrada pelo consenso do juiz, que possibilite ao lesado uma satisfação compensatória da sua
dor íntima, compensa os dissabores sofridos pela vítima, em virtude da ação ilícita do
lesionador.
A personalidade do indivíduo é o repositório de bens ideais que impulsionam o homem ao
trabalho e à criatividade. As ofensas a esses bens imateriais redundam em dano
extrapatrimonial, suscetível de reparação.
Observa-se que as ofensas a esses bens causam sempre no seu titular, aflições, desgostos e
mágoas que interferem grandemente no comportamento do indivíduo. E, em decorrência dessas
ofensas, o indivíduo, em razão das angústias sofridas, reduz a sua capacidade criativa e
produtiva. Nesse caso, além do dano eminentemente moral, ocorre ainda o reflexo no seu
patrimônio material.
lel A indenização deverá ser medida pela extensão do dano (art. 944, do Código Civil). Quantificar
o dano moral, não é sinônimo de mercantilizar a dor e o sofrimento. O dinheiro não apaga a dor
ou a violação moral, porém proporciona meios para minimizá-la. A soma em dinheiro paga
pelo agente é para que ele sinta, de alguma maneira, o mal que praticou.
Segundo MARIA HELENA DINIZ :
•
A reparação do dano moral é, em regra, pecuniária, ante a impossibilidade do exercício do Jus vindictae, visto que ele ofenderia os princípios do exercício da coexistência e da paz social. A reparação em dinheiro viria neutralizar os sentimentos negativos de mágoa, dor, tristeza, angústia, pela supereminência de sensações positivas, de alegria, satisfação, pois possibilitaria ao ofendido algum prazer, que, em certa medida, poderia atenuar seu sofrimento. Ter-se-ia, então, como já dissemos, uma reparação do dano moral, pela compensação da dor com alegria. O dinheiro seria tão-somente um lenitivo, que facilitaria a aquisição de tudo aquilo que possa concorrer para trazer ao lesado uma compensação por seus sofrimentos.
Deve ser considerado, portanto, nos critérios para a fixação da indenização, que a Demandada é
pessoa jurídica de grande porte e que, por outro lado, o Demandante é pessoa que sofreu em
virtude da conduta ilícita da Demandada.
Assim, a penalização haverá de ser suficientemente pesada para punir, minimizar os prejuízos,
a fim de inibir futuras reincidências. Portanto, o valor consignado ao final deste petitório,
configura-se mais um parâmetro, um norte, que poderá ser seguido por esse douto Juizo quando
do provimento jurisdicional.
A jurisprudência corrobora com o pleito do menor, sendo tal matéria inclusive tema de verbete
sumular editado por este Tribunal:
No jenra:idíae",:a,dineiiial,e outros estaiJOS liinitgdores.d; consciêncialde agressao não excluem u incidência do,danomoral.",
A partir da Constituição Federal de 1988, adveio uma nova perspectiva para a configuração
do dano moral, tendo como norte a dignidade da pessoa humana, a qual constitui um dos
fundamentos do Estado Democrático de Direito, do que se segue que aquelas condições não
constituem empecilho para caracterização do dano moral.
DO JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO TJ/RJ E DO STJ QUANTO AO
CABIMENTO DE DANO MORAL REFLEXO OU EM RICOCHETE
PRÉTUDICE D'AFFECTION
Não podemos nos olvidar para a humilhação, o vexame, a sensação de impotência, o abalo
sentimental dos pais do 1° Autor em virtude da lastimável conduta da empresa Acionada.
Atentando a isso, a jurisprudência, verdadeiro braço da sociedade na construção e preservação
dos direitos consagrados no ordenamento, já pacificou a matéria constante na possibilidade de
fixação de indenização à titulo de danos morais aos que também sofreram com as atitudes
desumanas da Ré, senão vejamos:
RECURSO ESPECIAL N° 1.208.949 - MG (2010/0152911-3) RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI RECORRENTE : JOSÉ RENATO DE OLIVEIRA ADVOGADO : SABRINA RODRIGUES BELICO E OUTRO(S) RECORRIDO : ORLANDO ORSINI E OUTROS ADVOGADO : HÉLCIO DE OLIVEIRA FERNANDES EMENTA DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. COMPENSAÇAO POR
RECONHECIME ANO MORAL POR RICOCHETE ; DEDUÇÃO. SEGURO DPVAT. INDENIZAÇÃO JUDICIAL. SÚMULA 2461STJ.
IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DE SÚMULA. DESCABIMENTO. DENUNCIAÇÃO À LIDE. IMPOSSIBILDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ E 283/STF. 1. A interposição de recurso especial não é cabível quando ocorre violação de súmula, de dispositivo constitucional ou de qualquer ato normativo que não se enquadre no conceito de lei federal, conforme disposto no art. 105, III, "a" da CF/88. 2. Reconhece-se a legitimidade ativa dos pais de vítima direta para, conjuntamente com essa, pleitear a compensação por dano moral por ricochete, porquanto experimentaram, comprovadamente, os efeitos lesivos de forma indireta ou reflexa. Precedentes. 3. Recurso especial não provido.
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0116794-87.2009.8.19.0001 - APELACAO - P Ementa DES. HELENA CANDIDA LISBOA GAEDE - Julgamento: 28/01/2011 - DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACIDENTE AÉREO. MORTE , DE :PASSÀÓEIRA-, -IRMA-15ÁTÀÚTORÁ1 PREEIMINAWDE-ILEGITIMIDADI ATIVA AO CAUSAM QUÊTVTEIWEE
REJEITÀDA._i PRECEDENTES DO:: STJ TEDO1 :JJRJ1 RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO DE TRANSPORTE. MANUTENÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRHO FIXADO NA R. SENTENÇA. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. JUROS DE MORA A CONTAR DA CITAÇÃO, POR SE TRATAR DE RESPONSABILIDE CONTRATUAL, A TEOR DOS ART. 405 DO C. CIVIL E 219 DO CPC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. ART. 20, §3°, DO CPC. PARCIAL PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS, NA FORMA DO ART. 557, §1°-A, DO CPC.
Decisão Monocrática: 28/01/2011 ***************************************************************************
0006168-77.2009.8.19.0202 - APELACAO - P Ementa DES. MARCELO LIMA BUHATEM - Julgamento: 27/04/2011 - QUARTA CAMARA CIVEL
APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO DO CONSUMIDOR - ÇÃO NDENIZATÓRIK POIÜÃNOS MORÁIS MANEJADÁ PELA GENITORA DA MENOR - CONTRATO DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-HOSPITALAR WNOR _IMPÚBERE VÍTIMA. DE FRATURA ,EM COTOVELO - NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO CIRÚRGICA - PLANO DE SAÚDE - REDE CREDENCIADA DESPROVIDA DE EQUIPE MÉDICA NECESSÁRIA AO PROCEDIMENTO - MENOR QUE Só LOGROU REALIZAR CIRURGIA EM HOSPITAL DA REDE PÚBLICA -
tOl\IFIGUIW-A-0—DE D'ANO:MORAL"--EM RICOCHETUPREJUDICE b'AFFECTION) - SENTENÇA QUE SE MANTÉM - RECURSO DESPROVIDO. 1. Os planos de saúde devem manter rol de médicos e hospitais credenciados capazes de atender às necessidades dos usuários. 2. Relação de consumo. Aplicação do CDC que não foi impugnada pelas partes, sendo incontroverso que a parte autora se subsume ao conceito de consumidor previsto no art. 2°. do referido diploma legal e a parte ré, ao conceito de fornecedor disposto no art. 3°. da mesma lei.3. Garantia do consumidor de atendimento médico-hospitalar dentro das especialidades médicas listadas no contrato, dentre as quais, in casu, se inclui a hipótese em testilha. 4. Autora cuja filha menor sofreu fratura do cotovelo, com necessidade de intervenção cirúrgica em caráter emergencial, mas que não foi atendida em razão da ausência, na rede credenciada da ré, de equipe médica necessária ao procedimento. 5. Demandante que foi obrigada a buscar, por seus próprios meios, atendimento médico, socorrendo-se da rede pública de saúde, apesar da celebração de contrato de assistência médico-hospitalar. 6. Ao credenciar médicos e hospitais para formar rede de fornecimentos de serviços médicos e, assim, torná-los mais eficientes, atrativos e competitivos no mercado de consumo, o plano de saúde compartilha da responsabilidade civil dos profissionais e estabelecimentos que seleciona, integrando, desta forma, a cadeia de consumo da prestação de serviços médicos, sendo solidariamente responsável por seus credenciados. 7. Configuração da dano moral reflexo, também conhecido por préjudice d'affection. A princípio, a titularidade à pretensão indenizatória pertence a quem diretamente suportou o prejuízo, o que na doutrina alemã é chamado de "Anspruch". No entanto, esta regra comporta exceções, dentre as quais se sobressai a teoria do dano em ricochete ("Reflexschaden" ou "Préjudice d'affection"), hipótese em que embora o ato tenha sido praticado diretamente contra determinada pessoa, seus efeitos acabam por atingir, indiretamente, a integridade moral de terceiros, ensejando que a reparação possa ser reclamada não só pela vítima direta, mas também pelos ascendentes, descendentes e aqueles que se encontram em um círculo mais próximo de parentesco, guardando relação estreita de afeto com a vítima. 8. Sentença que julgou procedente o pedido, condenando a ré ao pagamento de verba a título de dano moral no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais) entendendo observados os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, valor indenizatório que se mostra aquém do que vem sendo fixado em caso semelhante, por este TJRJ, mas que mantenho à míngua de recurso autoral. NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO, NA FORMA DO ART. 557, CAPUT DO CPC.
Decisão Monocrática: 27/04/2011 ***************************************************************************
0002857-02.2009.8.19.0001 - APELACAO - P Ementa DES. MARIO ASSIS GONCALVES - Julgamento: 30/06/2010 - TERCEIRA CAMARA CIVEL
Apelação cível. Ação de responsabilidade civil. Responsabilidade civil objetiva. Teoria do risco do empreendimento. Indenização. Contrato bancário. Conta corrente. Falecimento do correntista. Cheque especial. Quitação do saldo
remanescente cobrado. Conta encerrada a pedido de viúva e herdeira do correntista, mas mantida aberta indevidamente. Cobrança. Negativação do nome do consumidor nos cadastros restritivos de crédito. Asa° proposta pelaymva e rilha do delcuj---us._CegitimidjI2 Valor da indenização. Critérios de Fixação. Evidente a relação de consumo no caso em comento. Inscrição do nome do falecido cônjuge e pai das autoras em cadastros de proteção ao crédito, por suposto débito referente a uma conta corrente cujo saldo devedor remanescente foi quitado em seguida à cobrança, com pedido das mesmas de encerramento da conta. A mantença indevida da conta corrente apesar do óbito comunicado, isso aliado à cobrança injusta de valor indevido, a pretexto de se tratar de saldo devedor que remanescera, assim como a negativação do correntista já falecido constitui ato ilícito a ser indenizado. O nome é um direito e um dos atributos inerentes à personalidade. Representa e guarda a linhagem da pessoa, sua tradição familiar, seus costumes, a perpetuação do nome de família, direitos, créditos, deveres, etc., e que em sendo maculado, gera evidente lesão que implica no direito à reparação pelo dano sofrido. Preliminar de ilegitimidade ativa ad causam rejeitada. Legitimidade ativa que decorre dos artigos 12 e seu parágrafo único, e 943, ambos do Código Civil. Dano moral próprio, reflexo ou em ricochete. Danos morais. A Constituição da República apenas assinala em seu artigo 5°, inc. V e X, que existe a possibilidade de se reparar o dano moral, cuidando o novo Código Civil, no art. 186, de tratar os danos morais como um ato ilícito. Também não se descure o fato de que o Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8078/90) no art. 6°, inc. VI e VII, também trata da reparação do dano moral. Danos morais in re ipsa. A fixação da indenização no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) para cada autora foi fixada em harmoniosa observância do princípio da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser mantida. Recurso a que se nega provimento.
Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 30/06/2010 ***************************************************************************
0061621-78.2009.8.19.0001 - APELACAO - 1' Ementa DES. MONICA TOLLEDO DE OLIVEIRA - Julgamento: 29/09/2010 - QUARTA CAMARA CIVEL
Apelação Cível. Responsabilidade Civil. Acidente aéreo envolvendo o avião da Gol com o jato Legacy. Indenização_por danos moraisTroposta por três innãs_dà EíLtiakãLSíUíçD,.çLpm-s_1çklç.J2,an.a_oàã___„LQ_,cado em m R 5 .000 (apara cada' urna. Recurso de ambas as partes. O dano moral decorre da lesão aos direitos da personalidade, atingindo as pessoas próximas da vítima fatal, mas com intensidade distinta. O pagamento de ind;ria-ii-o7a7;7imis,-à-yitiVae ao filho: • or,.meio de acordo extrajudicial, nao exclui a. indenização devida as irmãs que- ignilin-enie—niie mesmo evento, danoso. Outra insurgência da ré se prende ao fato de que a terceira autora teve sua paternidade reconhecida somente após o acidente aéreo,
quando, então, passou a ostentar o status jurídico de irmã da vítima. Prova induvidosa nos autos de que a terceira autora, mesmo antes do reconhecimento da paternidade, tinha estreito vínculo afetivo com a vítima de modo a justificar o recebimento de indenização. Indenização fixada na sentença que não levou em consideração todo o sofrimento daqueles que possuem vínculo afetivo e consangüíneo próximo com a vítima. Cabe mais considerar que a morte em decorrência de acidente aéreo é consideravelmente dolorosa para os familiares que ficam, pois que, abruptamente, se vêem privados da figura humana do ente querido e nem mesmo conseguem, na grande maioria das vezes, se despedir e sepultar o corpo daquele familiar, isto pelo desaparecimento dos restos mortais. Majoração do dano moral ao patamar de R$ 100.000,00 para cada autora. Correta a fixação dos honorários em 10% sobre o valor da condenação. Provimento parcial do primeiro apelo (autoras) e desprovimento do segundo ( réu).
Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 29/09/2010
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Não restam dúvidas do direito dos pais à reparação pelo dano moral por eles sofridos, em
decorrência do ato ilícito praticado pela Ré.
V - DO PEDIDO
Face a todo o exposto, invocando os áureos e doutos suplementos de Vossa Excelência
requerem as partes Autoras:
a) A antecipação da tutela nos termos supramencionados para que a UNIMED seja
compelida na obrigação de fazer já indicada, qual seja, a realização do procedimento
CATETERISMO CARDÍACO E DE TODOS OS DEMAIS PROCEDIMENTOS
NECESSÁRIOS PARA A MANUTENÇÃO DA VIDA E SAÚDE DO AUTOR,
devendo arcar com todos os custos e materiais destes, sob pena de multa diária no
valor de R$ 5.000,00;
b) A citação da Ré no endereço indicado, para, querendo, apresentar contestação aos
fatos narrados sob pena de revelia, reputando-se verdadeiros todos os fatos ora
alegados, para ao final condená-la;
c) A inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6°, VIII, do CDC;
d) A procedência do pedido para que seja confirmada a tutela antecipada, bem como para
que a Ré seja compelida a indenizar os reclamantes pelos danos morais sofridos em
quantum a ser arbitrado por este douto Juizo a cada um dos Autores, sugerindo-se
monta não inferior a R$20.000,00 para cada um, levando-se em consideração o
caráter punitivo-pedagógico, a gravidade do ato ilícito praticado e a extensão do
dano causado, intimamente relacionado ao direito à vida e à dignidade da pessoa
humana;
e) A declaração de total nulidade de eventual cláusula, constante em contrato de
adesão, que importe em onerosidade excessiva imposta à parte Autora.
f) A oitiva do Ministério Público, por se tratar de causa envolvendo menor;
g) A condenação da Ré ao pagamento de honorários advocatícios e custas na máxima
cominação legal.
Protesta desde já pela produção de todas as provas em direito admitidas.
Por fim, em atenção ao art. 39, I e II, do CPC, requer ainda que V. Exa. determine a anotação
na capa do processo do nome de sua patrona, LUCIANA IRENE VERAS DE SOUZA,
OAB/RJ 159.688, para fins de futuras intimações na imprensa oficial, sob pena de nulidade.
Dá-se à causa o valor de R$ 5.000,00.
Termos em que,
Pede deferimento.
Niterói, 30 de março de 2012.
LUCIANA IRE E V4 S DE SOUZA
OAB/RJ 159.688