89
INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL FERTILIDADE E FITODISPONIBILIDADE DE METAIS PESADOS EM SOLO COM RESÍDUO DE SUCATA AUTOMOBILÍTICA FLÁVIA DE ALMEIDA GONÇALVES Orientador: Dr. Ronaldo Severiano Berton Co-orientadora: Dr. Aline Reneé Coscione Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical Área de Concentração em Gestão de Recursos Agroambientais Campinas, SP Fevereiro de 2008

INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM … · Vanessa e Ana Lúcia, pelos bons momentos, pelas boas risadas e pelas horas de ... chega afetar os componentes bióticos

  • Upload
    vodan

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

iii

INSTITUTO AGRONÔMICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL

FERTILIDADE E FITODISPONIBILIDADE DE METAIS PESADOS EM SOLO COM RESÍDUO DE SUCATA

AUTOMOBILÍTICA

FLÁVIA DE ALMEIDA GONÇALVES

Orientador: Dr. Ronaldo Severiano Berton Co-orientadora: Dr. Aline Reneé Coscione

Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical Área de Concentração em Gestão de Recursos Agroambientais

Campinas, SP Fevereiro de 2008

iv

Ficha elaborada pela bibliotecária do Núcleo de Informação e Documentação do Instituto Agronômico G635f Gonçalves, Flávia de Almeida Fertilidade e fitodisponibilidade de metais pesados em solo com resíduo de sucata automobilística/ Flávia de Almeida Gonçalves. Campinas, 2008. 89 fls Orientador: Ronaldo Severiano Berton Co-orientadora: Aline Reneé Coscione Dissertação (Mestrado) Agricultura Tropical e Subtropical Instituto Agronômico 1. Resíduo inorgânico, 2. Extratores I. Berton, Ronaldo Severiano

II. Coscione, Aline Reneé III. Título CDD. 631.876

v

vi

Á minha família, meus amigos e meu namorado

pela força e por sempre terem acreditado em mim

e na minha capacidade para realização desse trabalho.

DEDICO

A minha mãe

Por toda paciência, dedicação e carinho

OFEREÇO

iii

vii

AGRADECIMENTO

- Ao Dr. Ronaldo Severiano Berton, pela orientação e exemplo;

- À Dra. Aline Reneé Coscione, pela orientação, exemplo, apoio e paciência nas

minhas horas de dificuldades;

- Ao Dr Cristiano Alberto de Andrade, pela orientação nas análises estáticas;

- Ao IAC pela oportunidade;

- Aos Professores Drs. da pós-graduação pela dedicação e respeito;

- Aos funcionários Luciana Taminato, Luciana Damasceno, Sandra, Nilza e

estagiários, do centro de solos e recursos agroambientais, pela paciência e

colaboração na realização desse trabalho e a Denise pela ajuda na condução do

experimento;

- Ao Henrique pela paciência, pelo carinho, pela compreensão e pelo amor que me

dedicou mesmo nas horas de desespero;

- Aos meus amigos da PG e principalmente as minhas amigas Mariana, Luísa,

Vanessa e Ana Lúcia, pelos bons momentos, pelas boas risadas e pelas horas de

distração;

- Aos meus amigos de longa data, que mesmo no meu desaparecimento, continuaram

a me procurar;

- À minha família, por escutarem meu desabafo, por me aturarem nos meus piores

dias, e acima de tudo por me apoiarem;

- Enfim agradeço a DEUS, por ter me dado força, coragem e muita perseverança e

por ter colocado em minha vida pessoas tão especiais, que permitiram e apoiaram a

realização desse trabalho.

iv

viii

SUMÁRIO

RESUMO ix

ABSTRACT x

1 – INTRODUÇÃO 01

2 – REVISÃO DA LITERATURA 04

2.1 – Metais pesados em plantas 04

2.2 – Dinâmica de elementos químicos no solo 06

2.3 – Fitodisponibilidade de metais pesados 09

2.4 – Contaminação e Poluição do solo 13

2.5 – Normas para uso de resíduos na agricultura 16

2.6 – Métodos de remediação de áreas contaminadas com metais 18

3 – MATERIAL E MÉTODOS 22

3.1 – Localização da área 22

3.2 – Coleta preparo e caracterização do solo da área 22

3.2.1 – Caracterização das misturas de solo. 24

3.3 – Experimento 1: Disponibilidade de nutrientes para cultura de milho em solo

contaminado com resíduo de sucata automobilística 24

3.4 – Experimento 2: Disponibilidade e absorção de metais pesados pela cultura de

alface em solo contaminado com resíduo de sucata automobilística 26

3.5 – Experimento 3: Uso de extratores para avaliação da fitodisponibilidade de

metais no solo e fracionamento seqüencial dos metais 27

3.5.1 – Teste de Extratores 27

3.5.2 – Fracionamento seqüencial de metais 28

3.6 – Análise química da amostras de solo e planta 30

3.6.1 – Análise de Planta e Raiz 30

3.6.2 – Determinação do teor total pelo método da EPA SW 846-3051 31

3.6.3 – Determinação dos elementos nos extratos de planta e solo 33

3.7 – Forma de análise de resultados 34

4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 35

4.1 – Experimento 1: Disponibilidade de nutrientes para cultura de milho em solo

contaminado com resíduo de sucata automobilística 35

v

ix

4.1.1 – Fertilidade do solo 35

4.1.2 – Acúmulo de nutrientes e metais pesados na parte aérea 43

4.2 – Experimento 2: Disponibilidade e absorção de metais pesados pela cultura de

alface em solo contaminado com resíduo de sucata automobilística 48

4.2.1 – Concentração de micronutrientes e metais pesados na raiz 48

4.2.2 – Produção de matéria seca e acúmulo de micronutrientes e metais pesados 50

4.3 – Experimento 3: Uso de extratores para avaliação da fitodisponibilidade de

metais no solo e fracionamento seqüencial dos metais 57

4.3.1 – Teores acumulados de metais pesados na parte aérea da alface 57

4.3.2 – Uso de extratores para avaliação da fitodisponibilidade de metais em área

contaminada 57

4.3.3 – Fracionamento seqüencial de metais na fase sólida do solo não contaminado,

contaminado e resíduo 62

5 – CONCLUSÕES 69

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70

vi

x

GONÇALVES, Flávia Almeida de. Fertilidade e fitodisponibilidade de metais pesados em solo com resíduo de sucata automobilística. 2007. 84f. Dissertação (Gestão de recursos agroambientais) – Pós-graduação – IAC.

RESUMO A disposição inadequada de resíduos urbanos e industriais em solos agrícolas é a principal

fonte de entrada de metais pesados no solo. Os metais pesados são elementos muitas vezes

tóxicos, e não degradáveis, podendo permanecer no solo, ser lixiviado para rios e lagos ou

acumular nas plantas e, por isso, hoje a legislação prevê remediação para teores acima do

considerado adequado. No entanto, nem sempre esses metais estão fitodisponíveis, sendo

que hoje o maior desafio consiste em prever a fitodisponibilidade desses elementos no solo.

O objetivo desse trabalho foi avaliar a alteração da fertilidade do solo e fitodisponibilidade

de metais pesados decorrente da adição de resíduo de sucata automobilística e calcário

dolomítico ao solo, além da redistribuição dos metais nas frações do solo. As doses

utilizadas para estabelecer gradientes de contaminação permitiram ainda testar a técnica de

diluição como medida de remediação da área com o resíduo de sucata automobilística.

Foram obtidas doses crescentes de solo contaminado, diluindo com um não contaminado,

nas proporções de 0, 25, 50, 75 e 100 %. Foram realizados 3 experimentos, dois em

condições de casa de vegetação; o primeiro com milho, avaliando-se a fertilidade, e o

segundo com alface, avaliando-se a disponibilidade, no terceiro realizou-se um teste de

extratores, com três soluções: DTPA, Ácidos Orgânicos e Ácido Acético e o fracionamento

seqüencial nas amostras de solos não contaminado, contaminado e resíduo. A baixa

fertilidade do solo dessa área restringiu o desenvolvimento do milho em todos os

tratamentos, com resultado não significativo na produção de matéria seca. No experimento

com alface foi observada alta absorção de metais e B, na raiz e na parte aérea, mostrando a

disponibilidade desses elementos mesmo em valores elevados de pH alto. Os extratores

avaliados não foram eficientes na extração simultânea de micronutrientes e metais pesados.

Os três apresentaram correlações não significativas para Cr. As melhores correlações foram

para o Zn, Cu e Cd, obedecendo a seguinte ordem de eficiência DTPA > Ácido Acético >

Ácidos Orgânicos. O fracionamento mostrou que, mesmo após a adição do resíduo, os

metais mantiveram-se nas frações menos disponíveis (oxídica e residual), a afinidade dos

vii

xi

metais Zn e Cd pela fração carbonato foi observada devido a adição de calcário no solo. A

técnica de diluição para remediação desse solo mostrou-se ineficiente já que na dose de

25% foram encontrados teores tóxicos de metais e B nas duas culturas estudadas.

Palavras-chave: Contaminação por resíduo inorgânico, extratores, pH, milho e alface

viiivii

xii

GONÇALVES, Flávia Almeida de. Soil fertility and phytoavailability of heavy metals in soil with auto scrap shredding. 2007. 84f. Dissertação (Gestão de recursos agroambientais) – Pós-graduação – IAC.

ABSTRACT

The inadequate use of industrial and urban residues on agricultural land is the major source

of contamination by heavy metals in these areas. Such metals are non-degradable

contaminants and frequently toxic as well. Heavy metals may remain in the soil or leached

to underground or superficial waters. The environmental impact risks have motivated

regulatory actions to remedy heavy metal contaminated soils when the levels found are

above target levels. In spite of that, metal absorption trough the food chain is related to its

phytoavailability content and not to the total content. Hence, the evaluation of heavy

metals’ phytoavailability in contaminated soil is an important issue. The objectives of the

present work are the evaluation of soil fertility and the phytoavalilability of heavy metals in

a soil contaminated by the addition of residue originated from auto scrap shredding and

dolomitic liming to the soil, and the distribution of contaminant metals in soil solid phase.

The rates of contaminated soil used in the study also enabled the evaluation of the dilution

technique as an alternative for the remediation of the contaminated soil. The study was

developed using five rates of contaminated soil (0, 25, 50, 75 and 100%), which was

diluted with non contaminated soil of an adjacent area. Three experiments were performed,

two under greenhouse conditions using corn and lettuce as test plant species in the

evaluation of soil fertility and metals availability. The third experiment consisted in a

comparison of extracting solutions (DTPA, acetic acid and a mix of organic acids) and a

soil metals’ fractionation in the soil were lettuce was grown. In the experiment with corn it

was observed a decrease in soil fertility with low plant development and toxicity symptoms

due to B and Zn but with no effect in dry matter production. Such symptoms were also

observed in lettuce. In the experiment with lettuce it was observed high absorption of

metals and B, by the root and the shoot, showing the availability of these elements even in

high pH. The evaluated extractors had not been efficient in the simultaneous extraction of

micronutrients and heavy metals. All the extractors lead to not significant correlations for

Cr and the best correlation was observed for Zn, Cu and Cd following this order of

ix

xiii

efficiency: DTPA > Acid Acetic > Acid Organic. The soil’s fractionation showed that even

after the addition of the residue, the metals had been remained in the fractions less available

(oxidic and residual), the liming added to the area revealed that Zn and Cd have affinity

with this fraction which may be related to the lime addition. The technique of dilution for

remediation of this area was inefficient since toxic levels of metal and B on the two species

was found already at the rate of 25%.

Key words: soil pollution, soil extractors, pH, corn, lettuce

x

1

1 INTRODUÇÃO

O aumento da população e a expansão industrial têm conduzido a um acúmulo de

resíduos, cuja disposição final no ambiente é o mais grave problema. A disposição

inadequada desses resíduos pode comprometer a qualidade ambiental, contaminando e

poluindo o ar, a água e o solo. Durante muito tempo o descarte no ambiente foi

indiscriminado, provocando danos, muitas vezes, irreversíveis ou de difícil recuperação. Só

nas últimas décadas a preocupação com as questões ambientais acentuou-se, principalmente

quanto à contaminação e poluição do solo e da água.

A contaminação ocorre quando há adição de determinada espécie química, que

altere sua concentração natural. A poluição ocorre quando a concentração do contaminante

chega afetar os componentes bióticos do ecossistema, comprometendo a funcionalidade e

sustentabilidade do mesmo (ACCIOLY & SIQUEIRA, 2000).

O solo é considerado um meio promissor para a reciclagem de resíduos, pelo fato de

que estes, após cuidadosa avaliação, podem ser empregados com a finalidade de melhorar

as condições físicas, devido à presença de matéria orgânica, e/ou fornecer nutrientes como

nitrogênio, fósforo e/ou micronutrientes como Cu e Zn. Alguns resíduos podem ainda ser

usados como corretivos da acidez do solo.

Os metais pesados são elementos que podem ocorrer naturalmente no solo, e, dentre

eles, existem alguns que são essenciais às plantas e aos seres humanos, como o Zn e o Cu.

Porém, o excesso desses elementos no solo pode afetar o desenvolvimento das plantas e a

saúde animal e humana devido à sua toxicidade (COSTA et al., 2006). Por isso, há

restrições ao uso de resíduos no solo agrícola, devido à presença de altos teores de metais

pesados, que podem causar a fitotoxicidade e restringir o uso da área (ABREU et al., 2002).

Hoje existem normas que estabelecem limites de metais pesados, tanto no resíduo,

como no teor acumulado desses elementos no solo. Um exemplo disso é a resolução n° 375

do CONAMA (2006) e a norma P 4.230 da CETESB (1999) que regulamentam o uso de

lodo de esgoto na agricultura.

O uso agrícola de resíduo industrial pode ser viável se sua natureza, a composição e

sua dinâmica no solo forem conhecidas. Porém, seu uso pode implicar na adição ao solo de

metais pesados, patógenos e compostos orgânicos persistentes, devendo, desta forma, tal

2

prática ser cuidadosamente avaliada. Muitos dos resíduos industriais possuem uma matriz

inorgânica. Este tipo de material tem potencial para ser utilizado como fonte de

micronutrientes ou como corretivo da acidez. Neste sentido, os resíduos mais estudados são

as escórias, sendo que o uso do pó-de-aciaria está proibido, isto devido aos limites adotados

pela IN 26 MAPA (2006). Existem, ainda, pesquisas em andamento quanto à escória de

siderurgia (PRADO et al., 2002) e silicatadas (BARBOSA-FILHO, et al., 2004)

Nos últimos anos, órgãos ambientais governamentais vêm estabelecendo normas

para regulamentar o uso de resíduos, diretamente ou na forma de fertilizantes, a fim de

evitar a contaminação do ambiente (CONAMA 2006, MAPA 2006). No entanto, inúmeras

áreas já se encontram contaminadas no Estado de São Paulo. Até o final de 2006

totalizaram 1.822, sendo que 4% é proveniente de resíduos, e dentre os grupos de

contaminantes, os metais pesados se encontram em 4° lugar (CETESB, 2006). A Cetesb

iniciou esse monitoramento em 2002, quando registrou 225 áreas contaminadas. Desde

então ocorreu um grande aumento, mas em compensação a preocupação ambiental também

aumentou, sendo que hoje a Cetesb mostra que suas ações foram efetivas, proporcionando a

implementação de medidas de remediação em 682 áreas e a conclusão da remediação em

46 delas (CETESB, 2006).

Embora a legislação mundial, assim como a brasileira, baseie-se no teor total de

metais para fins de fiscalização, o teor total dos metais pesados no solo geralmente não é

um bom índice para se estimar a dinâmica e impactos destes no ambiente e o absorvido

pelas plantas, pois somente uma fração permanece disponível no solo (COSTA et al.,

2006). Os metais podem ser adsorvidos a componentes do solo, precipitados, ou sofrer

outras reações no solo que alteram sua disponibilidade para as plantas (KABATA-

PENDIAS, 2000). O desafio é avaliar o grau de contaminação do solo, bem como prever a

quantidade de metais presentes que poderá ser absorvido pelas plantas. O teor disponível de

metais pesados no solo pode ser considerado parâmetro importante na avaliação de uma

área contaminada. O metal na forma disponível pode, ainda, lixiviar no perfil do solo e

contaminar as águas subterrâneas, representado também uma rota à ser considerada em

avaliação de risco.

Por isso, na tentativa de avaliar os teores disponíveis de metais em áreas

contaminadas, muitos estudos têm procurado um extrator capaz de fornecer um teor de

3

metal pesado que se correlacione com o teor absorvido pelas plantas. Dentre estes existem

extratores que foram desenvolvidos para avaliação da fertilidade do solo, e os mais

recentes, em que se busca simular de maneira mais adequada o comportamento das raízes

no solo.

O método mais utilizado hoje, no Estado de São Paulo, para avaliar o teor

disponível de metal pesado é o DTPA em pH 7,3. O DTPA é um quelante sintético, muito

criticado, pois se trata de uma pobre simulação da real condição solo-planta (JONES,

1998). Neste sentido, estudos mais recentes, como de PIRES (2003), SHAN et al. (2003) e

ALTAFIN (2005), utilizam ácidos orgânicos, que são quelantes de ocorrência natural,

como extrator para predição do teor fitodisponível de metais pesados.

Este trabalho teve como objetivo avaliar as alterações na fertilidade do solo e na

fitodisponibilidade de metais pesados decorrentes da adição inadvertida de resíduo de

sucata automobilística e de calcário dolomítico, em área agrícola localizada no município

de Piracicaba, SP. Para isso, foram estabelecidos gradientes de contaminação à partir de

misturas de solo contaminado com um não contaminado. Tal procedimento permitiu

também avaliar qual o efeito da prática de diluição como técnica para remediação desta

área.

A hipótese deste trabalho foi que a aplicação de quantidades elevadas do resíduo de

sucata automobilística ao solo e a elevação do pH, devido à aplicação de calcário, deverão

alterar os atributos químicos do solo, interferindo na disponibilidade de macro e

micronutrientes às plantas; e elevar os teores fitodisponíveis dos metais pesados, devido à

presença destes no resíduo. Além disso, o uso de solução extratora composta de misturas de

ácidos orgânicos deverá predizer com maior precisão a quantidade fitodisponível dos

elementos Cu, Zn, Ni, Pb, Cr e Cd.

4

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Metais pesados nas plantas

Plantas são capazes de absorver e de acumular diversos elementos que estão

presentes no solo. Os metais micronutrientes (Cu, Zn, Mn, Fe e Ni) são requeridos em

pequenas quantidades, podendo ser tóxicos em altas concentrações. Os elementos Cd, Pb e

Hg são considerados não essenciais ou sem função no desenvolvimento dos vegetais.

Plantas podem absorver esses elementos em níveis baixos, a partir do solo, e estocar

grandes quantidades deles em seus tecidos, resultando em bioacumulação destes e entrada

na cadeia alimentar (EPSTEIN & BLOOM, 2006).

Segundo ALLOWAY (1995) os fatores que afetam a absorção dos metais pelas

plantas são: a concentração e especiação do metal na solução do solo, o movimento do

metal no solo e na superfície da raiz, o transporte do metal da superfície da raiz para dentro

da raiz e a translocação da raiz para parte aérea.

Uma absorção excessiva de elementos pode causar alterações e colapsos nos

processos metabólicos, que se denomina como fitotoxicidade (KABATA-PENDIAS,

2001). Os sintomas de fitotoxicidade podem variar de acordo com a espécie, podendo ser

visuais, como a presença de machas e necroses, além do enfezamento das raízes. Mas

segundo PIRES (2003) existem metais que sofrem pouco risco de entrar na cadeia

alimentar, pois, uma vez que ocorre o aumento na absorção provoca a morte da planta,

mecanismo este que vai depender da espécie. Os sintomas de fitotoxicidade para alguns

metais são descritos na Tabela 1.

Porém, existem plantas que são tolerantes para determinados metais e não

desenvolvem sintomas. Segundo ACCIOLY & SIQUEIRA, (2002) plantas tolerantes são

aquelas capazes de conviver com excesso de contaminantes acumulados em seus tecidos, e

esta tolerância envolve inúmeros mecanismos.

A absorção do metal pesado pela raiz pode ser tanto passiva como ativa. Absorção

passiva é a difusão do íon na solução até a entrada na raiz. Absorção ativa requer energia

metabólica e vai contra um gradiente químico (KABATA-PENDIAS, 2001).

5

Tabela 1 – Sintomas gerais de fitotoxidade de alguns elementos traço comuns (KABATA-PENDIAS & PENDIAS, 1985).

Elementos Sintomas

B Clorose nas margens ou extremidades das folhas,

pontos castanhados nas folhas, murchamento e morte de folhas velhas.

Cd Margens marrons das folhas, clorose, nervura avermelhada e raízes marrons e atrofiadas.

Cr Clorose nas folhas novas e crescimento prejudicado da raiz.

Cu Folhas verde-escuras seguida de clorose induzida por Fe, encurtamento da raiz.

Fe Folhagem verde escura, atrofiamento do cume e raízes, folhas marrons escuras à púrpura

de algumas plantas. Mn Clorose e lesão necrótica nas folhas velhas,

pontos necróticos marrons ou vermelhos, acumulação de MnO2 nas células da epiderme, atrofiamento de raízes e da planta.

Ni Clorose interneval em folhas novas, folhas cinza-esverdeadas, e raízes atrofiadas e marrons

Pb Folhas verde-escuras, murchamento de folhas velhas, folhagem atrofiada e raízes marrons e

encurtadas.

Zn Clorose e necrose nas pontas das folhas, clorose

interneval em folhas novas, retardamento do crescimento da planta

e injúria da raiz.

Durante sua evolução, as plantas têm desenvolvido mecanismos bioquímicos que

resultaram na adaptação e tolerância ao desequilíbrio químico provocado pela presença de

metais pesados em seu organismo. Porém, essa resposta pode variar e deve ser investigada

para cada sistema solo-planta (KABATA-PENDIAS, 2004).

O transporte de íons no interior das plantas envolve vários processos: movimento no

xilema, movimento no floema e armazenamento, acumulação e imobilização (KABATA-

PENDIAS, 2001).

Segundo EPSTEIN & BLOOM (2006), plantas tolerantes tendem a compartimentar

metais pesados em vacúolos, como fazem com muitas substâncias nocivas, além de

formarem quelatos de metais em citosol com peptídeos ricos em cisteína de dois tipos,

fitoquelatinas ou metalotioneinas. Fitoquelatinas são rapidamente induzidas em plantas

como resposta à metais pesados.

6

É conhecido que raízes de plantas exsudam substâncias que estão envolvidas no

mecanismo de absorção. Esses exsudados podem ter vários constituintes, mas normalmente

são compostos de baixo peso molecular, como os ácidos orgânicos acético e oxálico

(JONES, 1998; KABATA-PENDIAS, 2004).

Hall (2001) resumiu quais seriam os mecanismos celulares disponíveis para

desintoxicação e tolerância de metais pesados para as plantas:

1 – Restrição do movimento do metal na raiz;

2 – Ligação com a parede celular e exsudados radiculares;

3 – Redução do influxo através da membrana;

4 – Ativação do efluxo dentro do apoplasto;

5 – Quelatilização no citosol por vários ligantes;

6 – Reparação e proteção da membrana plasmática com concentração abaixo das

condições de stress;

7 – Transporte do complexo metal-ligante para dentro do vacúolo;

8 – Transporte e acumulação dos metais no vacúolo.

2.2 Dinâmica de elementos químicos no solo

O solo é um meio heterogêneo que compreende componentes sólidos (minerais e

orgânicos), aquosos (solução do solo) e gasosos (ar). É um sistema dinâmico influenciado

por vários fatores físicos e químicos, como condição de redox, umidade, temperatura e pH

(ALLOWAY, 1995).

Os metais pesados podem estar presentes naturalmente no solo devido à composição

química do material de origem e seu grau de intemperismo. O teor natural dos elementos

tóxicos no solo (e na solução do solo) pode variar muito (KABATA-PENDIA, 2004).

Os metais pesados estão presentes na litosfera em concentração menor que 0,1%,

podendo ou não ser tóxicos. Estes elementos apresentam peso específico maior que 6 g/cm3

ou possuem número atômico maior que 20. A classificação baseada na densidade acaba

englobando também o grupo dos semi-metais e até dos não metais (selênio) (COSTA et al.,

2006).

7

De acordo com KABATA-PENDIAS (2004), a origem do elemento traço tem

influência em sua ação no solo, podendo assim controlar sua biodisponibilidade. Elementos

de origem litogênica estão associados, ou a minerais primários, ou a minerais secundários

(principalmente minerais de argila) que ocorrem no material de origem. Sua mobilidade

depende, primeiramente, do processo de intemperismo e depois da capacidade de troca de

cátions e ânions dos minerais, saindo de uma fração mais oclusa para uma menos oclusa.

A transferência entre as fases do solo é o principal mecanismo que controla a

biodisponibilidade do metal. A fase líquida do solo (solução do solo) é constantemente e

rapidamente alterada, tanto na quantidade quanto na composição química, devido ao

contato com a fase sólida do solo e pela absorção de íons e água pela raiz das plantas

(KABATA-PENDIAS, 2004).

Existem metais pesados que são tóxicos mesmo em baixas concentrações (Pb e As)

e outros que podem se tornar tóxico em altas concentrações (Zn e Cu), porém a toxicidade

está associada à sua disponibilidade.

A disponibilidade de um metal no solo refere-se à quantidade resultante da inter-

relação dos fatores intensidade, quantidade e capacidade-tampão durante um ciclo da planta

(ABREU et al., 2002). Essa quantidade, também denominada fitodisponível, depende das

características do solo e do metal avaliado, da planta e de outros elementos presentes, sendo

extremamente difícil definir uma única forma capaz de considerar todas essas variáveis

(MATTIAZZO et al., 2001). A disponibilidade do metal está associada à sua presença na

solução do solo (COSTA et al., 2006). Esta presença, porém, é governada por fatores

como: condições de oxi-redução e cinética das reações, influenciada pelos atributos do solo

e tendências para formação de precipitados insolúveis, coprecipitados, complexos com

matéria orgânica e adsorção aos minerais (CAMARGO et al., 2001). A adsorção de metais

pode diminuir substancialmente a biodisponibilidade desse elemento no sistema solo-planta

(ALLEONI et al., 2005).

Existem muitos estudos da mobilidade e da disponibilidade dos metais pesados no

solo. SODRÉ et al. (2001), que estudaram a dinâmica do cobre no perfil do solo, citam que

é um processo bastante complexo, afetado principalmente pela composição do solo,

disponibilidade de matéria orgânica e condições de pH.

8

O pH do solo é provavelmente o fator que mais afeta a concentração dos

micronutrientes na solução do solo e também a disponibilidade dos metais pesados. No

geral, o metal pesado na forma catiônica é muito móvel em condições ácidas. O aumento

do pH, que pode ocorrer em função da calagem, reduz a fitodisponibilidade. Esse

mecanismo foi observado por BORGES & COUTINHO (2004) que estudaram o efeito do

pH e aplicação de biossólido nas distribuições de Cu, Mn, Ni, Pb e Zn, no qual a elevação

do pH do solo causou uma redistribuição dos metais da fração trocável para formas menos

fitodisponíveis, tais como ligados à matéria orgânica e com óxidos.

ACCIOLY et al. (2004) mostraram que o calcário exerce uma ação amenizante da

toxidez de Zn e Cd, devido à redução da disponibilidade desses metais no solo.

RIBEIRO-FILHO et al. (2001) também encontraram relação positiva na redução da

disponibilidade de Zn e Cd no tratamento de solos carbonatados.

Outros materiais para redução da disponibilidade também foram estudados por

RIBEIRO-FILHO et al. (2001) e são materiais predominantemente orgânicos (serragem e

vermicomposto) que reduziram a disponibilidade de Zn e Cd. Isto foi verificado tanto no

fracionamento com redução dos teores na fase trocável, como nos teores da parte aérea da

planta teste. Porém, para os outros elementos (Cu e Pb), os quais o fracionamento mostrou

uma translocação da fase trocável para fase ligada à matéria orgânica, não houve alteração

dos teores na parte aérea da planta teste. Portanto, para o Cu e o Pb, o material orgânico não

teve uma ação mitigadora da toxidez.

O uso de fosfato no solo também vem sendo estudado para reduzir a disponibilidade

de metais. Segundo PIERANGELI et al. (2004), o íon fosfato é um ligante inorgânico

capaz de adsorver os metais imobilizando-os. Esses autores encontraram aumento na

adsorção Cd, Cu e Pb, principalmente no horizonte B, pré-tratados com fosfato de cálcio.

De acordo com KABATA-PENDIAS (2001), a interação dos elementos químicos

também é um importante processo que pode causar deficiência e toxicidade em plantas. O

antagonismo ocorre quando o efeito fisiológico da combinação de dois ou mais elementos é

menor que a soma de seus efeitos independentes, e o sinergismo ocorre quando o efeito

combinado destes elementos é maior. O efeito antagônico pode promover a inibição da

absorção de metais pesados por macronutrientes, ou o metal pesado pode inibir a absorção

de um macronutriente.

9

Segundo OLSEN (1979), a interação entre elementos no solo pode originar-se

quando uma planta absorve grandes quantidades de um nutriente disponível e esta

concentração na planta alcança níveis excessivos ou tóxicos, que interfere na função

metabólica normal de outro nutriente. Por exemplo, absorção excessiva do Zn pela planta

pode causar distúrbios metabólicos na função do Fe e a planta pode sofrer clorose por Fe,

ainda que esteja com a concentração normal deste último. Outra interação conhecida é a

deficiência de Zn induzida pelo fósforo, distúrbio geralmente associado a altas

concentrações de P disponível aplicado ao solo. Entretanto, da mesma maneira que o P

induz deficiência de Zn, o Zn também induz a deficiência de P (MALAVOLTA, 2006).

KABATA-PENDIAS (2001) relata serem muito importantes para aplicação prática

os efeitos antagônicos do Ca e P sobre os metais pesados Cd, Pb e Ni, que muitas vezes

podem apresentar risco para a saúde. Neste contexto, a aplicação de fosfatos ou calcário

poder reduzir efeitos de toxidez principalmente devido à imobilização química dos metais

no solo.

Um interessante e complicado aspecto da biodisponibilidade é que organismos

vivos podem ter uma influência ativa na absorção de metais pelas plantas devido à alteração

da composição química de seu ambiente, o qual pode preceder ao aumento ou diminuição

da biodisponibilidade. Um exemplo do aumento na biodisponibilidade é a excreção de

ligantes orgânicos por micro e macroorganismos (HAAN, 1996).

2.3 Fitodisponibilidade de metais pesados

A previsão da quantidade de metal disponível às plantas é uma tarefa complicada

que depende das características do solo, do metal, dos outros elementos presentes, da planta

e do processo de determinação do metal, entre outros (ABREU et al., 2002). Conhecer as

quantidades totais e fitodisponíveis de metais é um dos fatores essenciais para o diagnóstico

de contaminação e definição de estratégia de remediação. Por isso hoje existe uma

preocupação muito grande em avaliar e prever a quantidade disponível de metais no solo.

Existem várias alternativas para se tentar prever a fitodisponibilidade de metais no

solo. Entre elas estão os métodos químicos, em que podem ser usados extratores simples e

compostos e extrações seqüências, além de modelos de especiação. A especiação das

10

formas químicas dos metais pesados na solução do solo é uma importante referência para a

predição do potencial de mobilização dos metais no solo (COSTA et al., 2006). Entretanto,

a determinação de cada espécie química solúvel do metal é analiticamente muito difícil, em

função das concentrações muito baixas (PIRES et al., 2006). Atualmente modelos de

especiação iônica estão disponíveis, destacando-se o Geochem e o Minteq, que são

programas de computadores usados para estimar essas concentrações (PIRES et al., 2006;

COSTA et al., 2006).

Com relação aos métodos químicos usados na avaliação da disponibilidade dos

metais, são sugeridas as seguintes opções: soluções neutras, que atuam com a força iônica

similar à do solo (PIRES, 2003); soluções com ácidos fortes, como o ácido clorídrico e o

emprego do extrator Melich-1, que devem extrair quantidades mais próximas às totais;

agentes quelantes como o DTPA e o EDTA, os quais são usados com o objetivo de extrair a

maior quantidade dos teores lábeis, sem dissolver as formas não lábeis dos elementos; uso

de misturas como a do Melich-3, que é uma mistura de ácidos, sais e quelantes, para extrair

metais ligados à matéria orgânica além dos teores trocáveis (ABREU et al., 2002). A

técnica mais empregada no Estado de São Paulo é a que usa o extrator DTPA.

O DTPA pH 7,3 foi desenvolvido por LINDSAY & NORVEL (1978) e tem como

princípio a complexação com íons livres em solução, formando complexos solúveis. A

quantidade de metais quelados acumulada na solução do solo durante a extração é função

das atividades desses íons livres, da habilidade do solo em reabastecer a solução,

estabilidade do quelato e da capacidade do quelante em competir com matéria orgânica

pelo íon (ABREU et al., 2001). Dessa maneira, os elementos extraídos podem ser

determinados por espectrometria de emissão em plasma. Esse método apresenta boa

correlação com os teores disponíveis em solo com alteração de pH (CAMARGO et al.,

1982) e pode ser utilizado na identificação de solos contaminados (ABREU et al., 2005).

Na literatura existem inúmeras pesquisas buscando a identificação do melhor

extrator para determinar a disponibilidade de micronutrientes e metais pesados do solo.

HAQ et al. (1980) testaram a água régia (mistura de ácido clorídrico e nítrico), o EDTA, o

DTPA, o NTA, o ácido acético, o acetado de amônio, uma mistura com

(COOH)2+(COONH4)2 e água, para a extração de Zn, Cd, Ni e Cu em 46 solos

contaminados correlacionando com a quantidade de metais encontrado na Beta vulgaris L.

11

(beterraba). Estes autores encontraram que a previsão da fitodisponibilidade dos metais não

foi eficiente, com exceção do Zn com extrator acetato de amônio. Entretanto, para os outros

elementos foi necessária à adição de variáveis independentes, como o pH e/ou matéria

orgânica, na equação, para uma boa correlação, encontrando neste caso uma boa correlação

com os metais extraídos por ácido acético, DTPA e EDTA.

Outros experimentos como de BATAGLIA & RAIJ (1989), testando DTPA, HCl

0,1mol/L, Mehlich-1 e EDTA, na extração de Cu, Fe, Mn e Zn, observaram que todos os

extratores testados tiveram uma boa correlação apenas com o metal Zn. Porém, numa

determinação coletiva (Cu, Fe, Mn e Zn), o DTPA mostrou-se mais eficiente,

principalmente por discriminar a alteração de pH com a calagem. Esse fato também foi

observado por CAMARGO et al. (1982) e CONSOLINE & COUTINHO (2004), porém no

ultimo foi testado apenas para o metal Zn.

Outro fato interessante é que, de todos os extratores analisados, o DTPA e o

Mehlich-1 são os mais freqüentes, porém existem resultados bem diferentes. Na maioria

dos casos o DTPA recebe destaque pela discriminação do pH (BATAGLIA & RAIJ, 1989;

CAMARGO et al., 1982; CONSOLINI & COUTINHO, 2004). Em outros casos os valores

de pH, MO, argila e CEC, entram como variáveis independentes, para melhorar a relação

entre o metal fitodisponível e o extraído pelo DTPA nas equações de correlação (HAQ et

al., 1980; ABREU et al., 1995; BORGES & COUTINHO, 2004). Outro resultado

encontrado refere-se a eficiência dos dois extratores (DTPA e Mehlich-1), como em

SANTOS et al. (2002) para o metal Zn e OLIVEIRA & NASCIMENTO (2006) para Fe e

Mn nos solos do Estado de Pernambuco. A justificativa para baixa correlação dos metais

extraídos pelo DTPA pode ser, ou devido à baixa concentração do metal no solo (ABREU

et al., 1995), ou pela alta concentração do metal no solo (RIBEIRO-FILHO et al., 2001).

Além dos extratores químicos diretos, outra técnica utilizada na avaliação da

disponibilidade é o fracionamento seqüencial da fase sólida do solo. Neste utilizam-se

extrações seqüenciais, que consistem em reações com solução química de “força”

crescente, começando com extrator mais fraco, extraindo metais fracamente sorvidos e

terminado com o mais forte, extraindo os metais fortemente sorvidos na fase sólida do solo.

A mobilidade do metal diminui seguindo a ordem da seqüência de extração, devido à força

do metal ligado ao solo. Esta técnica fornece informações sobre mobilidade e estabilidade

12

dos metais nas frações do solo, indicando sua biodisponibilidade atual e potencial (COSTA

et al., 2006). Existem vários métodos de extração seqüencial que utilizam diferentes

reagentes. Entre estes podem ser citados os TESSIER et al. (1979), AHNSTROM &

PARKER (1999) e o mais recente de SILVEIRA et al. (2006), no qual forma feitas

modificações para adequar o método para solos tropicais.

Os metais nas formas solúveis e trocáveis são considerados prontamente móveis e

disponíveis para planta. Metais precipitados com carbonatos, retidos em óxidos de Fe, Mn e

Al ou complexados pela matéria orgânica são considerados cada vez menos disponíveis

(COSTA et al., 2006).

Trabalhos como de RIBEIRO-FILHO et al. (2001) buscam relacionar as frações do

solo com os teores disponíveis para as plantas, usando materiais orgânicos e inorgânicos

para reduzir a disponibilidade. Esses autores encontraram uma previsão positiva apenas

para o Zn. Neste caso, a disponibilidade do Zn foi determinada pela fração solúvel mais

trocável. Outro resultado encontrado é que o teor da fração matéria orgânica também

contribui com o teor disponível para cultura de M. caesalpiniaefolia Benth (sabiá).

Entretanto, segundo SHAN et al. (2003), a maior parte dos extratores são uma pobre

simulação do ambiente real em que as plantas crescem. Este fato está em geral associado ao

fato dos extratores usados são quimicamente definidos. Desta maneira não se pode simular

a real biodisponibilidade do metal no meio ambiente. Em outras palavras para um bom

esquema de extração deve-se simular a real condição do solo e da plantas (SHAN et al.,

2003).

Ácidos orgânicos são compostos exsudados pelas raízes e presentes no solo

rizosférico. Estes estão envolvidos em muitos processos, incluindo aquisição de nutriente e

desintoxicação de metais (JONES, 1998). Este efeito é devido à formação de complexos

com o íon metálico e a diminuição do pH ao redor da raiz modificando a característica

desse solo (CLÍSTENES & BAOSHAN, 2006). As pesquisas recentes procuram utilizar

quelantes naturais na forma de ácidos orgânicos presentes em exsudados de raízes, para a

formulação de novas soluções extratoras que permitam avaliar melhor a fitodisponibilidade

de metais em solos contaminados. Na década de 80 HAQ et al. (1980) encontraram boa

eficiência no uso do ácido acético na determinação de metais. PIRES et al., (2004)

mostraram que, a partir da determinação da composição de ácidos orgânicos encontrados na

13

rizosfera de plantas de braquiária, eucalipto, cana-de-açúcar e milho, observaram

composições semelhantes, a partir daí, sendo possível propor um novo extrator com a

finalidade de prever a fitodisponibilidade. A solução era constituída por uma mistura de

ácido acético, ácido oxálico, ácido cítrico e ácido lático. Para testar a eficiência foram

utilizadas amostras de três experimentos distintos com as culturas da banana, da pupunha e

do café, todos cultivados com lodo de esgoto, e foi observada uma significativa e alta

correlação para a fitodisponibilidade dos metais Pb, Ni e Cd nas plantas em estudo.

ALTAFIN (2005) estimou a eficiência de ácidos orgânicos em separado (acético, cítrico,

lático e oxálico) para metais em solo tratado com lodo de esgoto. Como resultado

observou-se que o teor fitodisponível de Cu e Zn pode ser determinado por todos os ácidos

orgânicos estudados. Porém, apenas o ácido tartárico e o lático têm potencial para permitir

a determinação de Ni e o oxálico de Cr.

2.4 Contaminação e Poluição do solo por metais pesados

A presença de metais pesados no solo pode ter origem litogênica ou antropogênica

(KABATA-PENDIAS, 2004). A última é a razão pelo aumento na concentração de metais

em solos agrícolas. Os metais pesados presentes nos solos e mais comuns nos produtos

agrícolas são: Co, Cd, Cr, Cu, Fe, Hg, Mn, Mo, Ni, Pb, Sn e Zn. Dentre estes, são

essenciais às plantas Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn (ABREU et al., 2002).

Segundo ACCIOLY & SIQUEIRA (2000), o solo contaminado é aquele que

apresenta concentrações de determinada espécie química acima do esperado em condições

naturais. Por sua vez, solo poluído é aquele que contém concentrações de determinado

contaminante que chega afetar os componentes bióticos do ecossistema, comprometendo a

funcionalidade e sustentabilidade do mesmo. Assim, conhecer o teor “natural” de metais no

solo pode ajudar em muito na identificação de uma área contaminada, já que o aumento

nesse teor pode ser conseqüência de uma ação antropogênica, quer pela atividade agrícola

ou por outras.

Neste sentido, a CETESB (2005) publicou um relatório estabelecendo valores

orientadores para poluentes orgânicos e inorgânicos em solos e águas subterrâneas do

Estado de São Paulo. Os valores orientadores de referência indicam a concentração

14

“natural” de alguns elementos no solo, além desses valores existem o de prevenção e

intervenção. Com base nestes valores é possível estabelecer parâmetros para a necessidade

de monitoramento ou intervenção em áreas suspeitas ou com contaminação comprovada.

Outros autores também procuram estabelecer parâmetros que permitam identificar a

contaminação de solos, entretanto a concordância entre estes valores depende das áreas

estudadas e dos métodos utilizados para seu estabelecimento. FADIGAS et al. (2002)

buscaram caracterizar em vários solos brasileiros, em condições naturais, os teores totais de

alguns metais (Cd, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni e Zn). A comparação desses dados pode ser

observada na Tabela 2.

Tabela 2 – Teores naturais de alguns metais no solo.

As principais rotas antrópicas de entrada de metais pesados no solo são pela

deposição de resíduos industriais e resíduos urbanos (lodo de esgoto e composto de lixo), e

o uso de fertilizantes e pesticidas (SANTOS, 2005; COSTA et al., 2006). De acordo com a

Cetesb, em 2006 haviam sido detectadas 1.822 áreas contaminadas no Estado de São Paulo.

Dentre estas, cerca de 4% foram contaminadas por disposição de resíduos e entre os

principais grupos de contaminantes encontram-se em 4° lugar os metais (CETESB, 2006).

CETESB Fadigas Litosfera Solo Referência ** et al. (2002) ***

Bário 425 500 75 -Boro 10 5-80 - -Cádmio 0,18 0,01-3,0 <0,5 -Cromo 200 65 40 36Cobre 70 2-100 35 8Chumbo 14 3-189 17 -Estrôncio 370 50-1000 - -Ferro 41.000 38.000 - 25.000Manganês 950 200-3.000 - 172Molibdênio 1,5 2 <4 -Níquel 75 20 13 14Selenio 0,05 0,1-2 0,25 -Zinco 80 10-300 60 20

** Método da SW-846 EPA*** Método da água réguia (ácido clorídrico e nítrico)

Handbook *

-----------------------------------mg/kg----------------------------------

* Método de extração não citado (Vários autores)

Elementos

15

Hoje a maioria dos resíduos utilizados na agricultura são provenientes de fontes

orgânicas, como lodo de esgoto e composto de lixo urbano. Entretanto, alguns resíduos de

indústrias siderúrgicas apresentam potencial para corrigir a acidez de solos e até fornecer

micronutrientes. Porém, eles também contêm metais pesados em sua composição

(SANTOS et al., 2002). Muitos estudos já foram realizados com esses resíduos, que

representam uma fonte inorgânica de nutrientes. Além de SANTOS et al. (2002) com o pó-

de-aciaria, também podem ser citados ACCIOLY et al. (2000), com pó de forno elétrico;

PRADO et al. (2002) e PRADO & NATALE (2004) no uso de resíduos de siderurgia. Estes

estudos trazem conclusões positivas e negativas quanto ao uso desse tipo de resíduo na

agricultura. SANTOS et al. (2002) encontraram resultados favoráveis quanto ao uso do pó-

de-aciaria para suprir a deficiência de Zn, para a cultura de milho, sem causar contaminação

do solo por metais pesados. ACCIOLY et al. (2002) citam que, mesmo o pó de forno

elétrico sendo eficiente para suprir a necessidade de Zn, para cultura de milho, a presença

de Cd e Pb limita seu uso na agricultura.

No caso do uso de resíduo de siderurgia, em experimento com mudas de goiabeira,

PRADO et al. (2002) encontraram um efeito favorável no fornecimento e disponibilidade

de Zn, Cu, Mn e B. Entretanto, no experimento com muda de maracujazeiro, PRADO &

NATALE (2004) observaram que, mesmo em doses relativamente baixas do resíduo

(360 kg/ha), houve diminuição no acúmulo de nutrientes e na produção de matéria seca.

De acordo com os efeitos prejudiciais associados à presença de metais pesados no

solo, pode-se citar a possibilidade da absorção desses metais pelas plantas, com

conseqüente entrada na cadeia alimentar. A contaminação possibilita a bioacumulação e a

biomagnificação na cadeia alimentar, proporcionando distúrbios nos processos metabólicos

dos seres vivos, pois se encarregam de transformar concentrações normais em

concentrações tóxicas para diferentes espécies da biota e para o próprio homem (SODRÉ et

al., 2001).

16

2.5 Normas regulamentadoras para uso de resíduos na agricultura

O uso de resíduos na agricultura tem sido muito praticado, principalmente para

promover a reciclagem dos nutrientes. Dentre estes, são empregados lodo de esgoto,

resíduos de indústria sucroalcooleira (vinhaça e torta), composto de lixo urbano, além de

outros compostos denominados fertilizantes orgânicos.

Alguns países europeus e os EUA possuem leis sobre o uso de resíduos na

agricultura. Para alguns países europeus a legislação baseia-se em prevenir o acúmulo de

poluentes no solo, sendo, portanto, mais conservativa, em que a quantidade adicionada ao

solo dever ser igual à quantidade exportada pela cultura (entrada = saída). Nos EUA, a

legislação baseia-se na utilização da capacidade de atenuação dos solos, a partir de análise

de risco (EPA), sendo uma técnica que tem como objetivo racionalizar a reciclagem do

resíduo na agricultura e manter os poluentes nos solos em níveis seguros (PIRES, 2006).

Estas práticas são permitidas em vários países do mundo, inclusive Estados Unidos

e Europa (BELTRAME & CARVALHO, 2006) e estão baseados em estudos científicos

que indicam a possibilidade de melhoria de condições físicas e químicas do solo, tais como

o aporte de matéria orgânica e micronutrientes, melhoria da capacidade de infiltração de

água, aumento da estabilidade de agregados.

Hoje a prática de utilização de resíduo na agricultura é viável devido à presença de

normas que permitem o controle e o monitoramento ambiental. No Estado de São Paulo as

normas conhecidas são para disposição de lodo de esgoto na agricultura P4.230, para

disposição de lodos de curtume na agricultura P4.233 e disposição de vinhaça na

agricultura P4.231, que são Normas Técnicas da CETESB (CETESB, 2006).

Os limites indicados nestas normas são, em geral, os adotados pela USEPA nos

EUA. Porém, segundo Pires (2002), como as condições edafoclimáticas do Brasil são

diferentes das encontradas nos EUA, elas podem resultar em erros. Os teores para metais

pesados, permitidos pela legislação americana estão apresentados na Tabela 3.

17

Tabela 3 – Quantidade máxima de metais pesados permitida no lodo de esgoto e taxa máxima de aplicação anual e acumulada no solo agrícola, de acordo com a legislação 40 CFR parte 503, nos EUA a partir de 1993.

Elemento Quantidade máxima Taxa máxima de Taxa máxima de no lodo aplicação anual aplicação acumulada mg/kg kg/ha/ano kg/ha Arsênio 75 2,0 41 Cádmio 85 1,9 39 Crômio 3.000 150,0 3.000 Cobre 4.300 75,0 1.500 Chumbo 840 15,0 300 Mercúrio 57 0,9 17 Molibdênio 75 0,9 18 Níquel 420 21,0 420 Selênio 100 5,0 100 Zinco 7.500 140,0 2.800

Em agosto de 2006 uma resolução CONAMA n° 375 foi criada com a finalidade de

definir critérios e procedimentos para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em

estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados, e dar outras

providências a nível nacional. A CONAMA n° 375, é mais restritiva em relação a P4.230 e

inclui o teor de bário, sendo, portanto, a norma em vigência neste momento Os valores são

mostrados na Tabela 4.

Tabela 4 – Quantidade máxima de alguns elementos permitidos no lodo de esgoto e taxa máxima acumulada no solo agrícola, de acordo com a resolução CONAMA n°375 de 2006.

Elemento Quantidade máxima Taxa máxima de no lodo aplicação acumulada mg/kg kg/ha Arsênio 41 30 Bário 1300 265 Cádmio 39 4 Crômio 1.000 154 Cobre 1.500 137 Chumbo 300 41 Mercúrio 17 1,2 Molibdênio 50 13 Níquel 420 74 Selênio 100 13 Zinco 2.800 445

18

Atualmente ainda não existe uma legislação para o uso de resíduos de matriz

inorgânica na agricultura, que adota teores máximos permitidos, sendo necessário buscar

alternativas. Uma opção é o registro do resíduo como um novo fertilizante ou corretivo pelo

MAPA (Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento) de acordo com Decreto 4954

de 2004. No capítulo II desta legislação, o registro de todo produto novo, isto é, que não

conte com antecedente uso no País, poderá ser concedido após relatório técnico-científico

conclusivo contendo a viabilidade e eficiência de seu uso na agricultura. Entretanto, como

esse procedimento é longo e muitas vezes inviável e como não existe legislação para o uso

de resíduo inorgânico, a comparação com as legislações para lodo acaba sendo inevitável.

Porém, esses resíduos têm comportamento completamente diferente no solo, podendo levar

a conclusões errôneas.

Nota-se que ainda são necessárias muitas pesquisas nessa área para estabelecer uma

legislação que possa incluir resíduos industriais predominantemente inorgânicos.

Um alerta, neste sentido, também foi discutido por RIBEIRO–FILHO et al. (1999),

que salientam para a maioria dos estudos visando determinar níveis críticos de metais no

solo, onde geralmente a contaminação foi realizada via resíduo orgânico e que a forma na

qual os metais são adicionados constitui fator determinante do seu comportamento no

sistema.

2.6 Métodos de remediação de áreas contaminadas com metais

O solo é considerado um bem a proteger e por isso há a necessidade de se

estabelecer critérios de qualidade, exigindo-se medidas emergenciais quando à

concentração de um ou mais metais pesados é excedida (COSCIONE et al., 2006). Esses

valores de qualidade, geralmente são estabelecidos pelo órgão ambiental do Estado de São

Paulo (CETESB, 2005). Desta forma, há que submeter o solo a um tratamento para que os

níveis alterados sejam corrigidos. O tratamento de solos de área contaminadas ou poluídas é

usualmente conhecido como remediação, podendo envolver medidas para eliminar,

imobilizar ou reduzir os contaminantes (COSCIONE et al., 2006).

O termo remediação de solos contaminados é empregado como o “conjunto de

práticas ou processos que visem à atenuação ou correção do impacto de agentes

19

contaminantes, para garantir a funcionalidade do ecossistema, bem como evitar a expansão

da contaminação” (ACCIOLY & SIQUEIRA, 2000).

Segundo SOARES et al. (2002) os procedimentos de remediação podem ser

classificados em dois grupos: (i) técnicas de engenharia, como escavação e disposição em

local adequado, lavagem, tratamento térmico, vitrificação, recobrimento com camada

asfáltica e ainda sua mistura com materiais solidificantes como cimento e (ii) a

fitorremediação, que envolve técnicas biológicas e químicas, como uso da sua biota

associada, de amenizantes de solos e de práticas agronômicas que, aplicadas em conjunto,

removem, imobilizam ou tornam os contaminantes menos disponíveis ao ecossistema.

As técnicas de descontaminação (remediação) também podem ser divididas em 5

grupos de acordo com Yong, 2000: Grupo 1, corresponde às técnicas físico-químicas

(precipitação, lavagem, estabilização, oxidação eletroquímica, osmose reversa, etc.);

Grupo 2, corresponde às técnicas biológicas (degradação bacteriana, bioventilação,

fermentação, biorreatores); Grupo 3, corresponde às técnicas térmicas (vitrificação, fixação

térmica, pirólise, etc.); Grupo 4, corresponde às técnicas elétrica-acútica-magnética

(eletrocinética, eletrocoagulação, eletroacústicos, etc.); e Grupo 5, que corresponde à

técnica de combinação de alguns ou todos procedimentos dos quatro grupos (multi-

tratamento).

Devido à boa relação custo/benfício, hoje a técnica de fitorremediação é muito

atrativa para áreas contaminadas com metais pesados. As plantas podem remediar solos

pelos seguintes mecanismos (Santos, 2005):

- Fitoextração: absorção e acumulação dos metais nos tecidos das plantas;

- Fitoadsorção: adsorção no sistema radicular, ou a precipitação de formas insolúveis;

- Fitoestabilização: liberação de oxigênio e compostos capazes de imobilizar os

metais e;

- Rizorremediação: estimulação da biorremediação por fungos ou outros

microrganismos localizados no sistema solo-raiz.

A remediação natural é um termo que está sendo utilizado para técnicas que

aceleram os processos naturais, pela adição de amenizantes que têm um baixo custo e são

eficientes (ADRIANO et al., 2004). O material pode ser incorporado no solo contaminado,

provocando imobilização dos metais pesados pelas reações de adsorção, precipitação e

20

complexação (ADRIANO et al., 2004; COSCIONE et al., 2006). Desta forma a remediação

não visa à eliminação do metal do meio e sim torná-lo indisponível para os processos

bióticos do ecossistema. Esse tipo de procedimento vem sendo usado na mitigação da

toxidade de elementos tóxicos, aplicado também em combinação com a fitoestabilização. A

redução da fração disponível do metal permite a revegetação e restauração do ecossistema

de áreas contaminadas (RUTTENS et al., 2006).

Segundo CARNEIRO et al. (2002) a revegetação de áreas contaminadas com

metais, pode ser auxiliada quando se realiza a diluição ou substituição do solo poluído, ou

quando se utiliza agentes amenizantes, que diminuem a disponibilidade dos metais no solo.

No caso do uso de amenizantes, muitos estudos vêm sendo desenvolvidos; já para diluição

ou substituição de solo existem poucas pesquisas.

Em experimento para testar a eficiência de plantas fitorremediadoras, CARNEIRO

et al. (2002) encontraram que plantas mais tolerantes conseguem se estabelecer em

misturas de solos com até 30% de solo contaminado, apresentando teores de 896 e 49

mg/dm3 para Zn e Cd, respectivamente.

A aplicação de calcário é considerada a mais antiga e mais utilizada técnica de

imobilização de metais do solo (MENCH et al., 1999), sendo que o calcário é considerado

o mais importante agente amenizante da toxidez (ADRIANO et al., 2004). A condição

alcalina favorece a precipitação de metais pesados, resultante geralmente da formação de

novas substâncias com os metais da solução do solo ou como precipitado fixado na

partícula do solo. São muitos os fatores que envolvem a precipitação do metal, incluindo o

pH, concentração e espécies do metal pesado e os ligantes inorgânicos e orgânicos do solo

(YONG & MULLIGAN, 2003).

No estudo de ACCIOLY et al. (2004), para o cultivo de mudas de eucalipto em solo

contaminado, encontraram que doses superiores a 20 t/ha de calcário foram suficientes para

reduzir os teores de Zn e Cd na parte aérea e proporcionaram crescimento adequado das

mudas de eucalipto. Os autores citaram também que a quantidade de calcário aplicado

visando à ação amenizante de toxidez vai depender do grau de contaminação do solo,

podendo ser maior do que a dose requerida para cultura.

Entretanto, além do calcário, outros ligantes inorgânicos vêm sendo estudados para

mitigação da toxidez de metais pesados, incluindo o fosfato. Segundo ADRIANO et al.

21

2004, o fosfato aumenta a imobilização dos metais pesados por vários processos,

envolvendo a direta adsorção do metal pelo fosfato, a adsorção induzida pelo ânion fosfato

e a precipitação do metal da solução como fosfato-metal.

BASTA et al. (2001), em estudo comparando a eficiência de alguns amenizantes na

redução da disponibilidade de Pb, Cd e Zn, encontraram ótima relação para o uso de fosfato

de rocha na redução da biodisponilidade de Pb, entretanto para o metal Zn não ocorreu essa

redução.

Os ligantes orgânicos também são promissores no processo de mitigação de

toxicidade de metais pesados, além de provocarem melhorias nas condições físicas do solo

e adicionar nutrientes essenciais às plantas (ADRIANO et al., 2004). Entretanto, dependo

do ligante da matéria orgânica, no lugar de imobilizar pode ocorrer à mobilização.

SANTOS & RODELLA (2007) observaram esse efeito ao testar três compostos orgânicos

comerciais (turfa, solomax e CHM, este último é um composto orgânico não disponível no

mercado). Esses autores encontraram que a turfa e CHM atuaram como amenizantes de

toxicidade de Zn, Cu, Mn Pb e B, favorecendo o desenvolvimento da mostarda. O solomax

por sua vez, favoreceu o acúmulo de Mn e Cu na parte aérea da mostarda, permitindo

concluir que este produto poderia ser usado em programas de fitoextração induzida.

22

3 MATERIAL E MÉTODOS

Foram conduzidos três experimentos com base nos objetivos propostos.

O primeiro e o segundo foram realizados em condições de casa de vegetação e as

plantas testes foram o milho e a alface. Foram utilizadas amostras de solo de área que

recebeu resíduo de sucata automobilística, em misturas com o solo de área adjacente não

contaminada, para obter diferentes gradientes de contaminação.

No terceiro experimento, o solo no qual as plantas de alface foram cultivadas, foi

submetido à avaliação da fitodisponibilidade de metais pesados usando diferentes

extratores.

3.1 Localização da área

A área que recebeu a adição inadvertida do resíduo de sucata automobilística

encontra-se localizada no Sítio São Luiz, Bairro Santa Terezinha, município de Piracicaba

SP, próximo ao km 176 da rodovia SP 308. O tamanho exato da área é de 2,749 hectares e

trata-se de um Cambissolo Háplico distrófico (EMBRAPA, 1999), sendo cultivado

tradicionalmente com cana-de-açúcar. Supõe-se que os proprietários da área aplicaram esse

material para suprir as necessidades de micronutrientes para a cana-de-açúcar. Após a

aplicação, o resíduo foi incorporado aos primeiros 30 cm de solo por meio de gradagem.

Após a interdição da área, realizou-se aplicação de calcário dolomítico na quantidade de 10

t/ha, o qual também foi incorporado na mesma profundidade que o resíduo, com a

finalidade de diminuir as quantidades solúveis dos metais pesados.

3.2 Coleta, preparo e caracterização do solo

A aplicação de resíduo de sucata automobilística elevou as concentrações de metais

pesados no solo. De acordo com os valores orientadores da CETESB (2005), após a

contaminação, o solo apresentou teores de Cd, Pb e Zn acima dos níveis de intervenção

agrícola (Tabela 5).

23

Tabela 5 – Comparação entre os valores orientadores estabelecidos pela CETESB e aqueles determinados no solo da área contaminada com resíduo de sucata automobilística.

Os resíduos de sucata metálica não são conhecidamente utilizados na agricultura

como fonte de micronutrientes. São resíduos provenientes de “ferros velhos”, que possuem

em sua composição uma infinidade de metais, alguns considerados essenciais como Cu, Fe,

Mn, Ni e Zn e outros considerados tóxicos como Cd e Pb.

Devido ao fato do resíduo não ter sido aplicado e incorporado uniformemente ao

solo, a área foi dividida em 12 sub-áreas de aproximadamente 2450 m2. As sub-áreas foram

amostradas nas profundidades de 0-10; 10-20; 20-30 e 30-40 cm. As amostras foram

encaminhadas para análise química no laboratório de análise de fertilidade do solo do IAC,

de acordo com Sistema IAC de Análise de Solo (RAIJ et al., 2001).

Para os ensaios em casa de vegetação, foi selecionada uma sub-área do local que

representava a contaminação, e uma área adjacente não contaminada, da qual foram

retiradas amostras de terra na profundidade de 0-20cm. Para análise preliminar, essas

amostras foram encaminhadas ao laboratório para análise química para fins fertilidade do

solo e de metais pesados extraídos pelo DTPA (Tabela 6) (RAIJ et al., 2001). A análise de

teores totais de metais foi feita por microonda segundo método da EPA 3051 (Tabela 7).

Tabela 6 – Atributos químicos do solo contaminado (C) e não contaminado (NC) com resíduo de sucata automobilística.

Solo M.O pH P K Ca Mg H+Al S.B. CTC V%g/dm3 mg/dm3 %

NC 22 5,3 42 2,0 66 20 28 88 115,8 76C 26 7,4 30 2,7 255 63 9 320,7 329,4 97

S B Cu Fe Mn Zn Cd Cr Ni Pb

NC 6,4 0,23 4,2 58 32,6 2,3 0,01 < 0,01 0,45 1,28C 56,0 14,87 23,6 46 11,7 254,3 0,51 0,01 1,98 16,9

------------------------------------mmolc/dm3----------------------------------

----------------------------------------------------------------mg/dm3-----------------------------------------------------------------

Intervenção SoloReferência Prevenção agrícola Contaminado

Cádmio <0,5 1,3 3 8,2Chumbo 17 72 180 268Cobre 35 60 200 160Cromo 40 75 150 103Níquel 13 30 70 47Zinco 60 300 450 2454

---------------------------------------mg/kg-------------------------------------

MetalCETESB

24

Tabela 8 – Teor total de metais pesados presentes no solo contaminado (C) e não contaminado (NC) determinados pelo método EPA 3051.

Após a coleta, as amostras de solo foram secas ao ar, moídas, homogeneizadas e

passadas em peneiras de abertura de 3 mm.

3.2.1 – Caracterização das misturas de solo

Como os experimentos 1 e 2 foram baseadas na diluição do solo contaminado, isto é

na mistura de solo contaminado com um solo não contaminado, na Tabela 8 encontram-se

os teores totais estimados da concentração de metais pesados para cada diluição. Desta

forma pode-se notar que, na dose com 25% de solo contaminado, os teores de Cd e Zn

ainda encontram-se acima dos valores estabelecidos para intervenção agrícola pela

CETESB (2005). No caso do Pb, este ultrapassou o valor acima do estabelecido na

proporção com 75% de solo contaminado.

Tabela 8 – Teores totais de metais pesados do solo contaminado (100%) e não contaminado (0%) e teores estimados para as proporções das misturas de solo contaminado e não contaminado.

3.3 Experimento 1: Disponibilidade de nutrientes para cultura de milho em

solo contaminado com resíduo de sucata automobilística

Foram realizadas diluições do solo contaminado com resíduo de sucata

automobilística, usando o solo de uma área adjacente, não contaminado, como diluente. As

diluições foram realizadas nas seguintes proporções: 0, 25, 50, 75 e 100 % de solo

contaminado. Os tratamentos, assim constituídos, foram acondicionados em vasos de

Solo Cd Pb Cu Cr Ni Zn

NC 2,5 13,2 30,2 18,5 7,0 38,1C 8,2 268,0 160,0 103,0 47,0 2454,0

-------------------------------------mg/kg---------------------------------------

Proporção de Solo contaminado

0% 2,50 13,20 30,20 18,50 7,00 38,10 30180,00 543,9025% 3,93 76,90 62,65 39,63 17,00 642,08 39240,00 532,4550% 5,35 140,60 95,10 60,75 27,00 124,05 48300,00 521,0075% 6,78 204,30 127,55 81,88 35,43 1850,03 57360,00 509,55

100% 8,20 268,00 160,00 103,00 47,00 2454,00 66420,00 498,10

------------------------------------------------------mg/kg-----------------------------------------------------

Cd Pb Cu Cr Ni Zn Fe Mn

25

polipropileno, em porções de 3 dm3 de terra, sendo levemente comprimido com a finalidade

de se manter uma estrutura uniforme e evitar a compactação do solo.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, utilizando-se

cinco tratamentos (correspondentes às 5 proporções de misturas entre o solo contaminado e

o não contaminado), com cinco repetições.

Após a montagem dos vasos, foram semeadas 10 sementes da variedade de milho

Al. Bandeirantes – CATI, que foram desbastadas para cinco plantas por vaso, três dias após

a emergência. Apenas nitrogênio foi adicionado aos vasos, para promover o crescimento e

acúmulo de matéria seca, na quantidade de 350 mg de N/vaso. Este foi adicionado na forma

de nitrato de amônio, parcelado em três aplicações (50, 100 e 200 mg de N/vaso), feitas

uma vez por semana nas três primeiras semanas, de experimento.

Após 17 dias do plantio realizou-se a aplicação do inseticida Confidor 700 GrDA,

inseticida sistêmico do grupo das nitroguanidinas, na proporção de 1,5 g/L de água

destilada. Após 32 e 46 dias do plantio foram feitas novas aplicações na proporção de

0,6 g/L de água destilada. A aplicação de inseticida foi realizada como ação preventiva.

A umidade da terra dos vasos foi mantida a 70% da capacidade máxima de retenção

de água, durante todo o período de condução do experimento, por meio da pesagem dos

vasos.

A parte aérea do milho foi cortada aos quarenta e cinco dias após a germinação,

próxima à superfície da terra dos vasos e colocada em saco de papel. Em seguida, as plantas

foram lavadas com água deionizada e secas em estufa de circulação forçada de ar a 65ºC,

até peso constante. Na seqüência, as amostras foram pesadas para obtenção da massa seca

produzida, moídas em moinho tipo Wiley e acondicionadas em frascos de vidro para as

análises. Nas amostras secas da parte aérea, foram determinados os teores totais de macro e

micronutrientes e de metais pesados (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Mn, Zn, Fe, Cd, Cr, Ni e

Pb) (BATAGLIA et al. 1983).

Cerca de 500 g da terra de cada vaso, antes da semeadura, também foram retirados e

devidamente acondicionados e identificados. Nas amostras de solo foram determinados os

teores disponíveis de macro e micronutrientes e metais pesados (P, K, Ca, Mg, S, B, Cu,

Mn, Zn, Fe, Cd, Cr, Ni e Pb) (RAIJ, et al. 2001).

26

3.4 Experimento 2: Disponibilidade e absorção de metais pesados pela cultura

de alface em solo contaminado com resíduo de sucata automobilística

Foram realizadas diluições do solo contaminado com resíduo de sucata

automobilística com o solo de uma área adjacente, não contaminado, utilizado como

diluente. As diluições foram realizadas nas seguintes proporções: 0, 25, 50, 75 e 100 % de

solo contaminado, em cada vaso.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, utilizando

cinco tratamentos correspondentes às cinco proporções de mistura entre o solo contaminado

e o não contaminado, com cinco repetições.

Após a montagem dos vasos, cada unidade recebeu uma muda de alface da

variedade Brasil 303, na fase de três folhas. Apenas o nitrogênio foi adicionado aos vasos,

para promover o crescimento e acúmulo de matéria seca, na quantidade de 950 mg N/vaso,

na forma de nitrato de amônio, parcelado em seis aplicações (50, 100, 200, 200, 200, 200

mg N/vaso), realizadas uma vez por semana, durante todo experimento.

Após 36 dias do transplantio foram adicionados 300 mg/vaso de potássio, na forma

de sulfato de potássio (K2SO4), em decorrência do aparecimento de sintomas de queima de

bordas e amarelecimento nas folhas mais velhas das plantas.

Após 17 dias do transplantio das plantas foi realizada a aplicação do inseticida

Confidor 700 GrDA (grânulos dispersíveis em água). A proporção aplicada aos 17 dias foi

de 1,5 g/L de água destilada. Após 32 e 46 dias do transplante foram feitas novas

aplicações na proporção de 0,6 g/L de água destilada. O inseticida foi aplicado com ação

preventiva.

A umidade da terra foi mantida a 70% da capacidade máxima de retenção de água,

durante todo o período de condução do experimento, por meio da pesagem dos vasos.

A colheita foi realizada aos cinqüenta dias após o plantio das mudas. As plantas

foram cortadas próximas à superfície da terra dos vasos. As raízes também foram coletadas

e acondicionadas em sacos de papel para a pesagem e a obtenção da massa da matéria

fresca. A parte aérea e as raízes foram lavadas com água deionizada e secas em estufas de

circulação forçada de ar a 65°C, até o peso constante, para obtenção da massa seca

produzida. Depois, foram moídas e acondicionadas em frascos de vidro para as análises.

Nas amostras secas da parte aérea, foram determinados os teores totais de macro e

27

micronutrientes e metais pesados (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Mn, Zn, Fe, Cd, Cr, Ni e Pb).

Nas amostras secas de raiz, foram determinados os teores totais de micro nutrientes e

metais pesados (B, Cu, Mn, Zn, Fe, Cd, Cr, Ni e Pb) (BATAGLIA, et al. 1983).

Cerca de 500 g da terra de cada vaso, antes do transplantio, também foram retirados

e acondicionados em caixas de papelão devidamente identificadas. Nas amostras de solo

foram determinados os teores disponíveis de macro e micronutrientes e metais pesados (P,

K, Ca, Mg, S, B, Cu, Mn, Zn, Fe, Cd, Cr, Ni e Pb) (RAIJ, et al. 2001).

3.5 Experimento 3: Uso de extratores para avaliação da fitodisponibilidade de

metais no solo e fracionamento seqüencial dos metais

As amostras de solo de cada vaso, retiradas antes do plantio da alface (Experimento

2), foram submetidas ao teste de extratores e determinação do teor total.

Amostras do solo contaminado, não contaminado e resíduo foram submetidas a um

fracionamento seqüencial de metais para determinar a provável distribuição destes na fase

sólida do solo. A amostra considerada resíduo é a porção de solo com mais resíduo que

solo, uma vez que não foi possível encontrar o resíduo original. Os resultados da análise

química desta amostra podem ser observados na Tabela 9.

Tabela 9 – Resultado dos teores totais de macro e micronutriente da amostra considerada resíduo utilizada no fracionamento seqüencial de metais.

Amostra N Ca S P Mg K Zn

Resíduo 1,8 11,4 0,88 0,55 2,8 800,0 13730,0Amostra B Cd Cu Cr Fe Mo N Pb

Resíduo 270,0 20,4 1700,0 250,0 143600 17,7 153,0 1400,0

---------------------------------g/kg------------------------------------- -----------mg/kg----------

----------------------------------------------------------mg/kg-------------------------------------------------------

3.5.1 Teste de extratores

Determinação de teor fitodisponível por ácidos orgânicos:

Para o teste de extratores com ácidos orgânicos, foi utilizado o método descrito por

PIRES, et al. (2004), o qual estudou a presença de ácidos orgânicos no solo e desenvolveu

uma solução extratora com esses ácidos. A composição da solução utilizada neste

experimento é apresentada na Tabela 10.

28

Tabela 10 – Composição da solução extratora de metais pesados fitodisponíveis em solos tratados com lodo de esgoto, de acordo com PIRES (2003).

Essa solução foi preparada com água deionizada contendo 0,4% de clorofórmio para

inibir a atividade microbiana. Em 5 g de amostra de terra foram adicionados 20 ml de

solução extratora. A suspensão foi submetida à agitação por 6 horas, em agitador

horizontal. O extrato foi filtrado com papel de filtro de filtragem lenta e a quantificação dos

metais pesados (Zn, Cu, Pb, Cd, Cr e Ni) nos extratos realizados em espectrofotômetro

óptico por indução de plasma.

Determinação de teor fitodisponível por ácido acético:

A concentração utilizada na solução extratora foi de 1,00 mol/L, e a extração foi

conduzida conforme descrito para a determinação com a solução extratora composta pela

mistura de ácidos orgânicos.

Determinação do teor fitodisponível por DTPA pH 7,3:

O procedimento adotado foi o descrito por RAIJ et al. (2001). A solução extratora

foi preparada com 0,005 mol L-1 de DTPA, 0,1 mol L-1 de trietanolamina e 0,01 mol L-1 de

cloreto de cálcio. O pH da solução foi corrigido usando uma solução de ácido clorídrico 4

mol L-1.

Para obtenção do extrato foram cachimbados 10 cm3 de amostra e colocados em

frascos de polietileno, que são utilizados na agitação. Dispensou-se 20 ml da solução

extratora de DTPA pH 7,3 e procedeu-se a agitação a 220 rpm por 4horas. Após a agitação,

a suspensão foi imediatamente filtrada em papel de filtragem lenta.

Ácido orgânico % mol L-1

Acético 43 1,00Cítrico 31 0,72Lático 21 0,49

Oxálico 5 0,12

29

3.5.2 Fracionamento seqüencial de metais em solo:

O fracionamento foi realizado considerando-se cinco frações: fração solúvel +

trocável, fração carbonato, fração orgânica e a fração oxídica, de acordo com o método

proposto e por AHNSTROM & PARKER (1999). A fração residual foi obtida utilizando

digestão ácida assistida por microonda (método 3051 da EPA).

Paralelamente foi realizado o mesmo procedimento em amostras intactas para

corrigir eventuais de perda de massa durante o processo, pela amostra ficar acumulada no

frasco ou no papel de filtro. O fracionamento foi realizado em triplicata, com uma quarta

amostra utilizada para o cálculo da perda de massa.

Fração 1 – Metais na fração Solúvel + Trocável

Foram pesados 2,5 g de amostra em tubos de centrífuga de 50 ml. Para as amostras

usadas para perda de massa, os tubos de centrífuga foram previamente tarados.

Para essa fração foram utilizados 15 ml de uma solução de nitrato de estrôncio

(Sr(NO3)2) a 0,1 mol L-1. Os tubos contendo as amostras foram agitados por 2 horas a baixa

velocidade, sendo em seguida centrifugados à 6500 rpm, por 10 minutos. O sobrenadante

foi filtrado e recebido em frascos previamente tarados. Esse procedimento foi realizado

duas vezes.

Em seguida, as amostras remanescentes foram lavadas com 5 ml de uma solução de

cloreto de sódio (NaCl) a 0,1 mol/L e centrifugadas à 6500 rpm, por 5 minutos. O

sobrenadante foi recolhido no mesmo frasco. Esse procedimento foi realizado duas vezes.

Foram adicionadas cinco gotas de ácido nítrico ao extrato, os quais foram mantidos sob

refrigeração.

Os frascos tarados foram novamente pesados para a utilização no cálculo final de

concentração dos metais.

Fração 2 – Metais precipitados com carbonato

Aos frascos de centrífuga utilizados na fração anterior, adicionaram-se 30 ml de

uma solução de acetato de sódio (NaOAc) com o pH corrigido para 5,0. Os tubos foram

agitados por 5hs. Durante a agitação, ocasionalmente, os tubos foram abertos para expelir

30

CO2. Na seqüência as amostras foram submetidas à centrifugação à 6500 rpm durante 10

minutos. O sobrenadante foi filtrado e recebido num balão de 100 ml.

Essa fração também foi lavada com NaCl 0,1mol/L, como descrito na fração 1, duas

vezes, e seu extrato foi filtrado e recebido no mesmo balão volumétrico. Em seguida o

balão foi avolumado e o extrato foi conservado sob refrigeração.

Fração 3 – Metais na fração orgânica

Aos frascos de centrífuga utilizados na fração anterior, adicionaram-se 5 ml da

solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) a 5%, com o pH corrigido para 8,5. Os tubos

foram levados para banho-maria a uma temperatura de aproximadamente 90°C, durante 30

minutos, sendo agitados várias vezes (numa freqüência de 5 em 5 minutos). Em seguida

foram submetidos à centrifugação à 6500 rpm, durante 10 minutos. O sobrenadante foi

filtrado e recebido num balão de 100 ml. Esse procedimento foi realizado três vezes, até

parar de espumar.

Essa fração também foi lavada com NaCl 0,1 mol/L, como descrito na fração 1,

duas vezes, e seu extrato foi filtrado e recebido no mesmo balão volumétrico. Após isso o

balão foi avolumado e o extrato foi conservado sob refrigeração.

Fração 4 – Metais na fração oxídica

Aos frascos de centrífuga usados na fração anterior, adicionaram-se 20 ml da

solução contendo 0,2 mol/L de oxalato de amônio, 0,2 mol/L de ácido oxálico e 0,1 mol/L

de ácido ascórbico e o pH corrigido para 3. Os tubos foram levados para banho-maria à

uma temperatura de aproximadamente 90°C, durante 30 minutos, sendo agitados várias

vezes (numa freqüência de 5 em 5 minutos). Em seguida foram submetidos à centrifugação

a 6500 rpm, durante 10 minutos. O sobrenadante foi filtrado e recebido num balão de 100

ml. Esse procedimento foi realizado três vezes, até que o solo apresentasse uma cor

acinzentada.

Essa fração também foi lavada com NaCl 0,1 mol/L como descrito na fração 1, duas

vezes e seu extrato foi filtrado e recebido no mesmo balão volumétrico. Na seqüência o

balão foi avolumado e o extrato foi conservado sob refrigeração.

31

Fração 5 – Metais na fração residual

As amostras que sofreram extração nas fases anteriores, foram secas no tubo

centrífuga, em estufa de circulação forçada por 12 horas à 65°C. Em seguida foi pesado

0,5 g de amostra a qual foi submetida à digestão ácida conforme o método da EPA SW864–

3051, para teores totais de metais.

3.6 Análise química das amostras de solo e planta

3.6.1 Análise de folha e raiz

Tanto para as folhas quanto para as raízes, na análise de P, K, Ca, Mg, Mn, Cu, Fe,

Zn, Pb, Cd, Cr e Ni foi empregado o método de digestão por via seca descrito por

BATAGLIA et al. (1983). Esse procedimento consistiu em calcinar 1,000 g de amostra a

500°C por duas horas e meia. Após resfriamento à temperatura ambiente as cinzas foram

dissolvidas com 2 ml de HCl 6N e a solução resultante foi aquecida em chapa de

aquecimento até evaporação completa. O material seco recebeu mais 10 ml de HCl 2 mol/L

e aquecido como na fase anterior. Em seguida, esse material recebeu mais 10 ml de HCl 2

mol/L, foi novamente aquecido e em seguida filtrado em papel de filtragem lenta, lavou-se

as cinzas e o filtrado foi avolumado para 50 ml com a água deionizada.

Para a análise de S foi utilizado o método da digestão nitroperclórica. Em 500 mg

(com precisão de 1 mg) de amostra foram adicionados 5 ml de ácido nítrico e 2 ml de ácido

perclórico em tubo de vidro, que permaneceu em capela reagindo em temperatura ambiente,

por pelo menos 6 horas. Após este período, o tubo de vidro com amostra foi colocado em

bloco digestor e aquecido a 100°C por 2 horas ou até a redução do volume para

aproximadamente 2ml. Após elevou-se à temperatura para 200°C até liberação de fumaças

brancas. Em seguida, depois da amostra esfriar, completou-se o volume para 50 ml com

água deionizada e filtrou-se no filtrado foi determinado o elemento.(BATAGLIA et al.,

1983).

A determinação dos elementos nos extratos foi realizada por espectrometria de

emissão por indução de plasma (ICP-AES), num equipamento Varian modelo vista MPX,

com tocha axial.

Para análise do N foi utilizado o método de digestão seguida por destilação. Em 100

mg (com precisão de 1 mg) de amostra foram adicionados 1 g de mistura digestora (mistura

32

de sulfato de potássio, sulfato de cobre e selênio na proporção 1000, 100, e 10

respectivamente) e 3 ml de ácido sulfúrico concentrado em tubo de vidro, e levados ao

bloco digestor, permanecendo por 3 horas à 360°C. Após esse período esperou-se esfriar e

adicionou-se 5 ml de água e neutralizou-se com 15 ml de NaOH 10 mol/L. O tubo foi

levado ao destilador sendo recebido em frasco com 20 ml de ácido bórico até completar o

volume de 40 ml. Na seqüência procedeu-se a titulação com ácido sulfúrico 0,0714 mol/L.

3.6.2 Determinação do teor total de metais pelo método da EPA SW846-

3051

Este é o método oficial adotado pela USEPA (United States Environmental

Protection Agency), que consiste na digestão ácida assistida por microondas, para solo,

lodos, sedimentos e óleos.

Esse método foi utilizado para as amostras de solo onde se pesou 0,5 g de amostra

(± 1,0 mg) em frascos de teflon e adicionou-se 10 ml de ácido nítrico concentrado (65%

m/m) Os frascos foram fechados e levados a forno microondas (CEM MarsX press),

seguindo a programação descrita na Tabela 11.

Tabela 11 – Programação do forno microonda para a digestão de amostra de solo pelo método EPA – 3051.

Após o término da programação, esperou-se cerca de 30 minutos para o microondas

atingir uma pressão estável, para depois retirar os extratos. Os frascos foram retirados e

abertos em capela. Os extratos foram filtrados e transferidos quantitativamente, com água

deionizada, para balões volumétricos de 50 ml e avolumados.

3.6.3 Determinação dos teores disponíveis de macro e micronutrientes

no solo

Essa determinação foi realizada nas amostras de solo retiradas de cada vaso do

experimento 1, antes do plantio.

Potência 600 WPressão 415 kPa (60 psi)Tempo de digestão nessa presão 5 min e 30s.

33

A determinação de Ca, Mg, K e P foi realizada pelo método da resina trocadora de

íons de acordo com RAIJ & QUAGGIO (2001), que consistiu em transferir 2,5 cm3 de

amostra para frasco de 80ml. Aadicionou-se 25 ml de água ao frasco e uma bolinha de

vidro, agitando-se por 15 minutos para a desagregação da amostra. Após esta etapa as

bolinhas foram retiradas e adicionaram-se 2,5 cm3 de resina e agitou-se por 16 horas numa

velocidade de 220 rpm. Para a retirada da resina do frasco utilizou-se um jato de água sobre

uma peneira de malha de 0,4 mm, transferindo-a para outro frasco usando exatamente 50

ml de cloreto de amônio 0,8 mol/L em HCl 0,2 mol. Após esta etapa agitou-se a resina

com a solução adicionada por uma hora a 220 rpm. A determinação do Ca e do Mg foi

realizada em espectrofotômetro de absorção atômica, o K por fotometria de emissão

atômica e o P por espectrofotometria no UV-visível pelo método do azul de molibdato (Raij

et al., 1997).

A determinação do S foi realizada de acordo com CANTARELLA & PROCHNOW

(2001) que consistiu na adição de 25 ml de Ca(H2PO4) e 0,25g de carvão ativado em 10

cm3 de amostras, seguindo-se de agitação por 30 minutos. Após esta etapa filtrou-se o

sobrenadante e em 10 ml do filtrado acrescentou-se uma solução ácida mais 0,5g de cloreto

de bário. Esse método se baseia na turbidimetria determinado em espectrofotômetro.

A determinação de boro foi realizada pelo método da água quente de acordo com

ABREU et al. (2001). Em 10 cm3 de amostra em saquinhos de polipropileno e adicionaram-

se 20 ml de solução extratora de cloreto de bário. Os saquinhos foram selados mas com um

furinho no canto superior e distribuídos uniformemente em círculos no forno microonda

durante 4 minutos na potência máxima de 700W. A quantificação foi realizada em

espectrofotometria pelo método da azometina-H.

Para determinação de metais (Cu, Cd, Cr, Fe, Mn, Ni, Zn e Pb) utilizou-se o método

do DTPA já descrito no item 3.5.1.

3.6.3 Quantificação dos elementos nos extratos de solo e planta

Essa determinação foi simultânea e realizada em um espectrômetro de emissão

óptica com plasma induzido ICP-OES, utilizando-se os comprimentos de onda descritos na

Tabela 12.

34

Tabela 12 – Comprimentos de ondas usados nas determinações de micronutrientes e metais pesados pelo ICP-OES.

3.7 Forma de análise de resultados

Para a análise estatística dos experimentos 1 e 2 empregou-se a análise de variância

(ANOVA) em função das quantidades crescentes de solo contaminado. Quando os efeitos

foram significativos realizou-se regressão ajustando-se modelos lineares ou polinomiais

com o auxílio dos softwares Sisvar e Origin 6.0.

Os resultados dos testes de extratores (experimento 3) também foram submetidos a

ANOVA e quando significativos foram comparados por meio de correlação com modelo de

regressão linear com o auxílio dos softwares XLSTAT e Origin 6.0.

Elementos Comprimento de onda (nm)B 208.956

Cd 1 214.439Cd 2 226,502Cr 267.716Cu 324.754Fe 259.940Mn 257.610Ni 231.604Pb 220.353Zn 206.200

35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Experimento 1: Avaliação da disponibilidade de nutrientes para cultura de

milho em solo contaminado com resíduo de sucata automobilística

Neste experimento foram estudadas as alterações que ocorreram na fertilidade do

solo devido à diluição do solo contaminado com resíduo de sucata metálica, com solo não

contaminado, utilizando como planta teste o milho. Foram avaliados os teores de macro e

micronutrientes e metais pesados no solo e na matéria seca da parte aérea do milho.

4.1.1 Alterações na fertilidade do solo

A aplicação de resíduo de sucata automobilística elevou, além das concentrações de

metais pesados (Zn, Cd, Pb, Cr, Ni, Cu e Fe) a concentração de boro no solo para 14,9

mg/dm3, extraído pelo método da água quente. Segundo RAIJ et al. (1997), concentrações

de B acima de 0,6 mg/dm3 já são consideradas altas. Esse aumento da concentração de B no

solo provavelmente foi devido à alta concentração desse elemento no resíduo, conforme

mostrado na Tabela 9.

Como esperado, a diluição do solo contaminado com o solo não contaminado

alterou os atributos químicos do solo. O pH do solo sofreu alteração significativa e

quadrática, com valores crescentes em função da proporção de solo contaminado (Figura

1). Esse aumento no pH foi provavelmente decorrente da adição de 10 t/ha de calcário

dolomítico ao solo contaminado.

A adição de calcário em solo com alta concentração de metais pesados é uma

tentativa de mitigação da ação tóxica desses elementos no solo (ACCIOLY et al., 2004).

Essa prática alterou significativamente os teores dos elementos Ca e Mg, refletindo nos

parâmetros SB, CTC e V% que foram crescentes em relação à dose. Para o parâmetro

H+Al, também foi observado um efeito significativo, entretanto decrescente em relação à

dose. Foram observados ajustes quadráticos para todos esses parâmetros (Figura 1). A

redução do H+Al ocorreu devido à neutralização da acidez do solo pela calagem (RAIJ,

1991). A CTC do solo representa indiretamente a quantidade de cargas negativas do solo e,

com a aplicação do calcário, há elevação das cargas negativas dependentes do pH,

principalmente as relacionadas à matéria orgânica do solo.

36

O resíduo em estudo não tem a propriedade de corrigir a acidez do solo, entretanto,

como o resíduo e o calcário foram misturados ao solo numa mesma profundidade, não há

como separar os efeitos de cada material. Em alguns trabalhos que usam resíduos com

características alcalinas como corretivos de solos, como por exemplo as escórias, também

se observou alterações significativas e quadráticas para o pH e V% (PRADO et al., 2002) e

para Ca, Mg, SB e V% (PRADO & NATALE, 2004).

A matéria orgânica do solo também foi outro parâmetro que sofreu alterações

significativas, desta vez de forma linear, em relação ao aumento da quantidade de resíduo

misturado ao solo (Figura 1). Contudo esse efeito não pode ser relacionado ao resíduo do

solo contaminado, já que a matriz desse resíduo é predominantemente inorgânica. O

resíduo de sucata metálica pode apresentar teores elevados de óleos e graxas, mas estes não

são detectados na determinação de matéria orgânica pelo método da oxidação pelo

dicromato. Esse fator pode estar associado às diferentes condições de cultivo em que se

encontravam os dois solos estudados, já que o solo contaminado apresentava uma cobertura

vegetal, enquanto que no solo não contaminado foi obtido de um local não cultivado. Desta

forma, o solo da área contaminada apresentava teor de matéria orgânica originalmente

maior que o da área controle, antes da aplicação do resíduo, que pôde também ter

contribuído para o aumento da CTC do solo.

Além dos nutrientes Ca e Mg, foram encontrados efeitos significativos para o S e

P-resina. Os teores de P-resina e de S apresentaram comportamentos diferenciados em

relação ao aumento na proporção de solo contaminado. A concentração de S aumentou

linearmente, enquanto que a quantidade extraída de P-resina diminuiu de forma quadrática

com o aumento do grau da mistura (Figura 2). Esse resultado mostra que o resíduo contém

S (Tabela 9) e que este não foi influenciado pela variação no pH do solo e pela presença

dos cátions trocáveis na solução do solo, principalmente o Ca e Mg. Os resultados mostram

que a concentração de S atingiu teores considerados altos a partir da dose de 25% de solo

contaminado, o qual, segundo RAIJ et al. (1997), é a partir de 10 mg/dm3.

Entretanto, a resposta quadrática apresentada pelo P-resina indica que houve

provavelmente uma reação deste elemento com o Ca e Mg presentes no solo contaminado.

Essa reação pode ter sido favorecida pelo aumento do pH do solo resultando na formação

de fosfato de cálcio, uma forma insolúvel de P. Segundo LIN et al. (1983), solos com pH

37

alto favorecem a precipitação do fosfato de cálcio, e em solos com pH baixo, o P é fixado

na forma de fosfatos de alumínio e de ferro. De acordo com os resultados obtidos, acima da

dose de 50% ocorre a queda deste elemento (P), sendo, portanto, favorecido pelo aumento

das concentrações de Ca e do aumento do pH para 7,0. SOUZA et al. (2006) verificaram

que a calagem pode aumentar a disponibilidade de P, entretanto, altas quantidades de

calcário favorecem a precipitação do P devido ao aumento do Ca2+ na solução do solo.

Para o K trocável no solo, foram encontrados resultados variando de 1,96 a

2,28 mmolc/dm3 e não foi encontrada relação significativa com a proporção de solo

contaminado, mostrando que o resíduo não contribuiu para a adição desse elemento no

solo. Mesmo o resíduo apresentando 800mg/kg de potássio (Tabela 9).

Figura 1 –Alterações do pH, SB. CTC, V%, H+Al e MO do solo em relação ao aumento da proporção de solo contaminado. Cada ponto do gráfico é referente à média de cinco repetições (*Significativo P<0,05).

0 25 50 75 100

150

200

250

300

350

400

0 25 50 75 100

23,023,524,024,525,025,526,026,527,0

0 25 50 75 1005

10

15

20

25

30

0 25 50 75 100100

150

200

250

300

350

0 25 50 75 10080828486889092949698

0 25 50 75 1005,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

y=-0,031x2+5,088x+153,039 R2=0,910*CT

C (m

mol

c/dm

3 )

y=0,0344x+23,32 R2=0,861*

MO

(g/d

m3 )

y=0,0026x2-0,426x+26,96 R2=0,956*

H+A

l (m

mol

c/dm

3 )

y=-0,034x2+5,502x+126,198 R2=0,918*

S.B

(mm

olc/d

m3 )

y=-0,003x2+0,457x+81,743 R2=0,940*

V(%

)

Proporção de solo contaminado (%)

y=-0,00002x2+0,045x+5,273 R2=0,985*

pH

Proporção de solo contaminado (%)

38

Figura 2 – Concentração dos nutrientes S, P, Ca e Mg no solo em relação ao aumento da proporção de solo contaminado. Cada ponto corresponde á média de cinco repetições (*Significativo P<0,05).

Os teores de metais, extraídos pelo DTPA, em relação ao aumento da dose de solo

contaminado aumentaram significativamente, exceto para Fe e Pb. Os resultados para Fe

variaram de 47,4 a 55,0 mg/dm3 e os resultados de Pb de 1,5 a 39,2 mg/dm3. Foram

observados ajustes quadráticos para Cu, Zn e Cr, mostrando que além do aumento da

concentração dos metais pela adição do resíduo, a ausência da linearidade pode ser

explicada pela alteração do pH nas várias proporções de solo contaminado (Figura 3), uma

vez que com o aumento da proporção de solo contaminado, aumentou o valor de pH

(Figura 1). Nesse mesmo sentido o aumento linear de Ni e de Cd observado indica que não

houve influência do pH na extração desses elementos pelo DTPA ou que o efeito desse

0 25 50 75 100

25

30

35

40

45

50

0 25 50 75 10020

30

40

50

60

70

0 25 50 75 1000

10

20

30

40

50

60

0 25 50 75 100

100

150

200

250

300

y=-0,0045x2+0,291x+38,709 R 2=0,770*

P (m

g/dm

3 )

y=-0,004x2+0,784x+28,931 R2=0,982*

Mg

(mm

ol c/dm

3 )

y=0,4752x+5,8 R 2=0,991*S (m

g/dm

3 )

Proporção de solo contaminado (% )

y=-0,030x2+4,717x+95,074 R2=0,896*

Ca

(mm

ol c/dm

3 )

Proporção de solo contaminado (%)

39

atributo químico do solo foi igualmente proporcional em todos os graus de misturas

estudadas.

O Cd geralmente é pouco adsorvido, o que contribui para a sua mobilidade no solo.

Acima de pH 7,0 o Cd pode precipitar na forma de carbonato e/ou fosfato (McBRIDE,

1994). PIERANGELI et al. (2005) estudaram a adsorção e dessorção do Cd até pH 6,5 e

encontraram um acréscimo de 30% na adsorção, entretanto ainda observaram a dessorção

desse elemento neste pH, mostrando a dificuldade em se estabilizar este elemento em

função do pH, em formas menos disponíveis.

Segundo McBRIDE (1994), a elevação do pH para acima de 6,0 favorece a

imobilização do níquel no solo. Neste experimento não se observou essa imobilização

devido ao fato do aumento da dose de solo contaminado ter aumentado o teor de Ni

extraído pelo DTPA, mostrando um efeito maior da proporção de solo contaminado do que

do pH do solo. Na solução do solo a precipitação de Ni na forma de hidróxido ocorre em

maior quantidade a partir do pH 8,0 (ALLOWAY, 1995).

O cobre é considerado o micronutriente mais imóvel no solo, muito influenciado

pelos ligantes orgânicos e inorgânicos do solo, sendo que sua disponibilidade diminui

consideravelmente acima de pH 7,0 (KABATA-PENDIAS, 2001), pH esse encontrado a

partir da proporção de 75% de solo contaminado.

A disponibilidade do zinco é muito influenciada pelo pH. Segundo MORAGHAN

& MASCAGNI JR (1991) acima de pH 5,5 ocorre à adsorção do Zn pelos óxidos de Al, Fe

e Mn. Os resultados mostraram aumento crescente na quantidade disponível de Zn, com o

aumento da dose de solo contaminado. Entretanto, se não ocorresse a influência do pH, essa

disponibilidade provavelmente poderia ter sido aumentada, num ajuste linear e sempre

crescente.

O cromo sofre muitas alterações no solo, sendo influenciado também pelo pH e pela

presença de óxido de manganês. É um metal imóvel por ser facilmente complexado à

matéria orgânica e quimiosorvido por óxidos (McBRIDE, 1994). Nas condições oferecidas

por estas doses, encontrou-se aumento na disponibilidade desse elemento com o aumento

da proporção de solo contaminado, mostrando que a quantidade de metal teve mais

influência que o fator pH. Entretanto, como o teor encontrado foi muito baixo, uma

possível explicação para esse comportamento está na ineficiência do extrator DTPA.

40

Segundo RIBEIRO FILHO et al. (2001), o DTPA não se mostrou eficiente para

determinação simultânea de metais em solo contaminado com metais.

O Mn comportou-se diferentemente com relação à diluição do solo, em que

observou-se a redução da disponibilidade desse elemento em relação à dose de solo

contaminado (Figura 5). Segundo McBRIDE (1994), a partir do pH 6,0 o Mn2+ pode formar

complexos e precipitados, o que diminui a sua disponibilidade.

Para o micronutriente boro, extraído pelo método da água quente, também foi

encontrado efeito significativo com ajuste quadrático em relação à dose de solo

contaminado, indicando que o resíduo adicionado ao solo continha B em sua composição.

Diferentemente dos outros micronutrientes, o boro está presente na solução do solo na

forma de ânion, de modo que o seu comportamento em relação ao pH é diferenciado.

Segundos SANTOS (2005), a maior disponibilidade do B está entre valores de pH 5,0 e

7,0, diminuindo acima e abaixo destes valores. Os valores de pH do solo não contaminado e

nas várias proporções de solo contaminado estiveram dentro da faixa de pH de 5,0 à 7,0. De

acordo com SILVA & FERREYRA (1998), o boro solúvel, determinado pelo método da

água quente, não está relacionado com o pH, e sim com a matéria orgânica, sendo a

correlação do pH com o teor de B solúvel, não significativa. LIMA et al. (2007)

observaram que solos com baixo teor de matéria orgânica e com textura arenosa,

apresentam maior disponibilidade de B, indicando que ela também pode estar relacionada a

outros atributos, além do pH.

Como discutido até agora, o comportamento dos metais em relação às proporções de

solo contaminado pode ser explicado não só devido ao aumento da dose de solo

contaminado, mas também devido à calagem realizada neste solo, que resultou em aumento

de pH. Além desses dois fatores, o que pode ter ocorrido foi a saturação do extrator DTPA,

pelo excesso de metais presentes na solução do solo e adsorvidos à matéria orgânica e em

outros constituintes do solo. Nesse caso, a extração pelo DTPA ocorre seguindo o critério

de afinidade desse extrator pelos diversos metais presentes no solo.

Como o pH é um parâmetro que está diretamente relacionado com a disponibilidade

de micronutrientes e metais pesados, correlacionou-se esse índice e os metais extraídos pelo

DTPA e o boro extraído pelo método da água quente. Os resultados dessa correlação linear

encontram-se na Tabela 13. As correlações lineares estudadas foram significativas para os

41

elementos B, Cu, Mn, Zn, Ni, Cd, Pb e Cr, e mostrando novamente um resultado não

significativo para Fe. Foram observadas altas correlações para Mn, Cu, Zn, B, Ni e Cd, com

R acima de 0,9, indicando que esse índice teve forte influência na disponibilidade desses

elementos. O aumento do pH da solução do solo diminui a disponibilidade dos metais na

forma catiônica do solo (ALLOWAY, 1995). Entretanto, mesmo com o aumento do pH,

observou-se aumento na quantidade extraída pelo DTPA, indicando que a calagem deve ter

diminuindo os teores disponíveis dos metais no solo, mas não o suficiente para que os

teores não continuassem elevados, fato este que pode ser observado no cultivo de plantas

nesses tratamentos.

Tabela 13– Coeficientes de correlação linear simples para os teores de metais extraídos pelo DTPA e boro extraído pela água quente, em relação com os valores de pH obtidos nas misturas de solo, de acordo com as várias proporções de solo contaminado. (*Significativo P<0,05).

B Cu Fe Mn Zn Cd Cr Ni PbR 0,972* 0,948* ns - 0,990* 0,972* 0,912* 0,706* 0,914* 0,512*

* Significativo P<0,05ns Não Significativo

ElementosCorrelação

42

Figura 3 – Concentrações no solo de B extraído pelo método da água quente e de outros micronutrientes e metais pesados extraídos pelo DTPA, em função do aumento na proporção de solo contaminado. Cada ponto é referente à média de cinco repetições (*Significativo P<0,05).

0 25 50 75 10002468

10121416

0 25 50 75 100

5

10

15

20

25

30

0 25 50 75 100

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

0 25 50 75 1000

50100150200250300350

0 25 50 75 1000,00,10,20,30,40,50,60,70,8

0 25 50 75 1000,0080,0100,0120,0140,0160,0180,0200,0220,0240,0260,0280,030

0 25 50 75 100152025303540455055

0 25 50 75 10005

10152025303540

y=-0,0005x2+0,196x+0,363R2=0,991*

B (m

g/dm

3 )

y=-0,002x2+0,438x+5,898R2=0,935*

Cu (m

g/dm

3 )

y=0,0176x+0,626R2=0,936*

Ni (

mg/

dm3 )

y=-0,017x2+4,630x+12,893R2=0,956*

Zn (m

g/dm

3 )

y=0,007x+0,032R2=0,942*

Cd (m

g/dm

3 )

y=1,6E-6x2+8,0E-6x+0,01R2=0,869*

Cr (m

g/dm

3 )

y=-0,352x+47,404R2=0,924*

Mn

(mg/

dm3 )

Proporção de solo contaminado (%)

R2=0,517ns

Pb (m

g/dm

3 )

Proporção de solo contaminado (%)

43

4.1.2 Acúmulo de nutrientes e metais pesados na parte aérea

Quando a diluição do solo contaminado com o solo não contaminado foi realizada,

não se observou o aumento significativo na produção de matéria seca do milho, indicando

que a diluição não melhorou a fertilidade do solo. (Tabela 15 e Figura 4).

Nas plantas de milho foram observados sintomas característicos de deficiência e de

toxicidade, tanto na parte aérea, quanto na raiz. Os principais sintomas observados foram a

presença de clorose, necrose e até morte das folhas velhas com o aumento da dose de solo

contaminado, além do aparecimento de manchas avermelhadas e arroxeadas (Figura 4).

Observou-se também o engrossamento das raízes, com o aumento da proporção de solo

contaminado nos tratamentos (Figura 5). Segundo KABATA PENDIAS (2001) esse efeito

na raiz pode ser responsável pelo acúmulo de vários metais, como Cd, Cr, Ni, Fe, Mn, Pb e

Zn.

Figura 4 – Aspecto das plantas de milho cultivadas em solo que recebeu quantidades crescentes de resíduo de sucata automobilística.

Figura 5 – Aspecto das raízes das plantas de milho cultivadas em solo que recebeu quantidades crescentes de resíduo de sucata automobilística.

44

Os sintomas de clorose, necrose nas bordas das folhas mais velhas e morte dessas,

provavelmente foram devido ao excesso de boro e/ou zinco (MALAVOLTA, 2006). De

acordo com GUPTA et al. (1985), a clorose nas margens de folhas mais velhas, com rápida

evolução para necrose é sintoma característico de toxidade de boro. Sintomas similares ao

encontrados neste experimento também foram observados por LIMA et al. (2007), para

toxicidade de boro em milho.

A presença de manchas arroxeadas e avermelhadas nas folhas é devido a deficiência

de fósforo. O excesso de zinco pode ser uma das causas dessa deficiência, já que esses

elementos sofrem interações antagônicas (OLSEN 1979). Considerando-se que o solo

contaminado tem alta concentração de Zn, esse pode estar relacionado à baixa absorção do

P, devido à interação que ocorre entre esses nutrientes no solo como a formação de fosfato

com Ca e Mg. Entretanto no tratamento sem solo contaminado não era esperado o

aparecimento deste sintoma, mostrando, assim, a necessidade de adubação com fósforo.

Observando-se a Figura 4 pode se notar que o aparecimento deste sintoma foi em menor

intensidade na dose de 0% (solo não contaminado).

A baixa absorção de P, indicado pelo sintoma visual, pode explicar o baixo

desenvolvimento das plantas em todas as doses de solo contaminado e a ausência de

variação na produção de matéria seca obtida entre esses tratamentos. A deficiência na

absorção dos nutrientes pode estar relacionada à alta concentração de metais no solo

(PRADO & NATALE, 2004). Segundo KABATA-PENDIAS (2001), os nutrientes e os

metais podem sofrer interações entre si, que podem afetar a absorção desses elementos.

A concentração de P na parte aérea do milho foi, em média, de 1,04 g/kg, indicando

um nível abaixo do adequado, que de acordo com os valores adotados por MALAVOLTA

(2006) varia de 2,5 a 4,0 mg/kg (Tabela 14). Esses valores, adotados como adequado, são

para as folhas, possibilitando que os valores encontrados na parte aérea possam estar

diluídos.

Apesar de o resíduo conter cerca de 510 mg/kg de P-total e do solo contaminado

conter 330 mg/kg de P-total, pode-se concluir que esse P encontra-se numa forma

indisponível à planta, fato esse evidenciado pelo baixo teor extraído pela resina trocadora

de íons. Na Tabela 14 também pode ser observada a baixa concentração no milho de N, P e

45

Ca e a alta concentração de B e Zn, alcançando 10 vezes mais que a concentração

considerada normal para cultura, segundo MALAVOLTA (2006).

Os resultados obtidos para o acúmulo de K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe e Zn na parte

aérea do milho indicam que houve maior disponibilidade desses elementos nas doses que

receberam a adição de solo contaminado, em relação ao solo não contaminado, sendo que

para os elementos P, Mg, S, B, Cu, Mn e Zn a análise de variância apresentou significância

a 5% de probabilidade, com efeito linear para Cu, Zn, B, Mg e S, e efeito quadrático para

Mn, Pb e P (Tabela 16). Os efeitos quadráticos indicam a interferência de outros fatores,

além do aumento da quantidade de resíduo no solo (Tabela 17).

O efeito quadrático do Pb pode ser influência não só do aumento do pH, mas

também do aumento linear do S e do Zn, já que os esses dois elementos sofrem efeitos

antagônicos no translocamento do Pb para parte aérea (KABATA-PENDIAS, 2001).

As concentrações de Zn e B encontram-se acima do considerado adequado,

indicando que pode ter havido toxicidade desses elementos para o milho, com reflexo na

absorção de K e Ca. GUPTA (1985) afirmou haver uma relação entre B:Ca e B:K, no

entanto, o excesso de K e Ca pode acentuar a deficiência de B. Segundo OLSEN (1987),

essas relações podem ocorrer inversamente, podendo, portanto, o excesso de B ser o

responsável pela baixa absorção de Ca e K.

A adição de quantidades crescentes de solo contaminado ao solo não contaminado

diminuiu a absorção de N e Mn pela parte aérea do milho, provavelmente pela presença de

quantidades tóxicas de B e Zn e pela elevação do pH para o caso do Mn. Segundo OLSEN

(1979), o N e o Zn podem sofrer interações tanto sinérgicas, quanto antagônicas. De acordo

com MALAVOLTA (2006), o fornecimento de N aumenta a disponibilidade de Zn, sendo

favorecido pela adição de N-NH4+; e o aumento na dose de Zn diminui o teor de N-NO3

- na

folha. Neste experimento, a adubação com N foi realizada na forma de NH4NO3, podendo

assim ter favorecido os dois mecanismos. Como foi observada redução do teor de N nas

plantas com a adição do solo com resíduo e uma alta absorção de Zn, é mais provável ter

ocorrido uma redução de N foliar pelo excesso Zn.

Como já observado, o Mn é um metal que não foi encontrado em grandes

quantidades totais no solo contaminado e, dessa forma, o aumento do pH deve ter

intensificado a redução desse elemento também na parte aérea do milho.

46

No solo com resíduo foram encontrados teores significativos de Cd, Cr e Ni. No

entanto, esses elementos não acumularam na parte aérea do milho, provavelmente devido à

elevação do pH, as altas concentrações de Zn e B no solo, que dificultaram a translocação

da raiz para parte aérea, bem como devido às reações de adsorção desses elementos com os

complexos coloidais do solo.

As concentrações de metais pesados na parte aérea do milho encontram-se na

Tabela 15. Os resultados mostram uma tendência de aumento na fitodisponibilidade apenas

de Cd e de Pb nos tratamentos com solo contaminado.

A absorção de doses excessivas de Zn, mesmo com a calagem, pode estar

relacionada ao excesso desse metal adicionado ao solo via resíduo. Segundo ACCIOLY et

al. (2004), para solos com contaminação severa, a adição de calcário pode exceder as

quantidades que seriam utilizadas para a correção convencional do solo. Nesse caso, pode

ter ocorrido uma aplicação de corretivo menor do que a capacidade de imobilização de todo

Zn presente no solo.

Além do pH, a alta absorção de B pode ser devido ao baixo teor de matéria

orgânica. LIMA et al. (2007) observaram maiores concentrações de B na parte aérea do

milho, em solos que apresentavam baixo teor de matéria orgânica.

O efeito do aumento da disponibilidade de metais pesados, mesmo em solos com

pH elevado, tem sido observado em experimentos com lodo de esgoto calado e com

escória. BERTON et al. (1997) observaram ao usar lodo calado, a absorção de Zn, Cu e Ni

diminuiu em relação ao uso de lodo não calado. Entretanto, a absorção foi crescente,

mesmo com o aumento do pH. Assim, no presente experimento, provavelmente essa

absorção também seria maior sem a prática da calagem.

ACCIOLY et al. (2000) encontraram um aumento no teor de Zn na parte aérea do

milho, mesmo com a aplicação de calcário, mas observaram que, na ausência desta prática,

o teor foi sensivelmente maior, devido ao pH mais baixo.

47

Tabela 14 – Concentração de macro e micronutrientes na parte aérea do milho, resultado da análise de variância (ANOVA) e os teores foliares considerados adequados para esses elementos (cada resultado corresponde à média de cinco repetições).

Tabela 15 – Concentração de metais pesados na parte aérea do milho, resultado da análise de variância (ANOVA) e os teores considerados normais para esses metais elementos (cada resultado corresponde à média de cinco repetições). .

Tabela 16- Produção de matéria seca e teores acumulados de macro e micronutrientes na parte aérea do milho (cada resultado corresponde à média de cinco repetições).

Dose Cd Cr Ni Pb

0 0,22 0,80 0,60 0,5825 0,34 0,56 0,10 0,8250 0,32 1,22 2,60 6,3275 0,26 0,84 0,10 12,14100 0,42 0,30 0,10 0,70

ANOVA ns ns ns *Teores Normais** 0,06-0,1 0,25 0,19 0,02* Significativo P<0,05; ns - Não Significativo** Valor obtido em MALAVOLTA (1994)

------------------------mg/kg-----------------------

Dose N K P Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

0 29,12 39,30 1,10 7,28 3,62 1,23 25,70 7,54 66,80 112,00 46,1225 27,66 47,90 0,90 8,60 5,14 1,84 315,02 8,92 83,40 43,80 276,5450 26,92 48,10 0,94 8,94 5,58 2,01 571,76 11,64 93,00 46,00 327,8475 27,24 49,70 1,14 9,06 5,66 2,03 779,40 9,84 86,00 55,20 358,82100 26,53 49,90 1,13 9,13 5,80 2,23 949,75 12,98 80,50 67,50 453,65

ANOVA ns * * * * * * * ns * *Adequado** 28-35 17-30 2,5-4,0 21-50 2,1-4,0 1,0-2,4 15-20 6-20 21-250 20-150 20-40* Significativo P<0,05; ns - Não Significativo** Valor obtido em MALAVOLTA (2006)

-----------------------------------------g/kg------------------------------------------------------------------------------mg/kg---------------------------------

Dose MS N K P Ca Mg S Bg

0 13,33 386,74 524,60 14,79 97,76 48,32 16,29 0,3425 12,91 357,15 618,80 11,61 111,04 66,40 23,73 4,0750 12,44 334,03 599,03 11,62 111,95 69,41 25,13 6,9975 12,40 338,61 618,56 14,16 111,06 69,56 25,18 9,52

100 13,08 346,86 652,74 14,70 119,33 75,80 29,17 12,43ANOVA ns ns ns * ns * * *

Dose Cu Fe Mn Zn Cd Cr Ni Pb

0 0,100 0,893 1,487 0,611 0,002 0,011 0,008 0,00825 0,115 1,075 0,566 3,576 0,004 0,007 0,001 0,01150 0,145 1,140 0,571 4,055 0,003 0,015 0,033 0,08375 0,121 1,068 0,673 4,382 0,003 0,011 0,001 0,142

100 0,169 1,052 0,883 5,933 0,005 0,004 0,001 0,009ANOVA * ns * * ns ns ns *

----------------------------------------------mg/vaso------------------------------------------------

-----------------------------------------mg/vaso------------------------------------------

48

Tabela 17 – Regressão para os resultados significativos dos teores acumulados de macro e micronutrientes na parte aérea do milho, em relação à dose de solo contaminado.

4.2 Experimento 2: Avaliação da disponibilidade e absorção de metais pesados

pela cultura de alface em solo contaminado com resíduo de sucata automobilística

Neste experimento estudou-se a disponibilidade de micronutrientes e de metais

pesados para a cultura de alface, avaliando-se o efeito do aumento da proporção de solo

contaminado.

Para isso foram avaliados os teores de metais pesados e micronutrientes no solo

(resultado encontrado no tópico 4.1.1) e na matéria seca da parte aérea e da raiz da cultura

de alface.

4.2.1 Concentração de micronutrientes e metais pesados na raiz da

alface

As raízes podem também agir como uma “barreira” na absorção e no transporte de

metais pesados (KABATA-PENDIAS, 2001). Deste modo, podem acumular metais,

impedindo a translocação para parte aérea das plantas.

Não foi possível a determinação da matéria seca da raiz da alface, devido ao solo ter

grande quantidade de graxa, o que impediu uma separação eficiente. Entretanto, a

quantidade de raiz retirada foi encaminhada para análise para a determinação dos teores de

metais e boro (Tabela 18).

Elemento* Regressão R2

P y=0,001x2 - 0,104x + 14,32 0,725Mg y=-0,003x2 + 0,536x + 50,48 0,896S y=0,109x + 18,46 0,833B y=0,118x + 0,746 0,995

Cu y=0,0006x + 0,101 0,711Mn y=0,0003x2 - 0,031x + 1,393 0,871Zn y=-0,0003x2 + 0,080x + 0,995 0,908Pb y=-0,00003x2 + 0,0009x - 0,019 0,524

* Teor acumulado de metais experosso em mg/vaso

49

Tabela 18 – Teores de metais e de boro na raiz da alface cultivada em do solo contaminado e não contaminado, e nas várias proporções de solo contaminado (média de 5 repetições).

Para os resultados de concentração, com exceção do Mn, todos os micronutrientes e

metais pesados apresentaram aumentos significativos nos tratamentos que receberam

adição de solo contaminado com resíduo de sucata automobilística. Neste sentido, os teores

de todos os elementos analisados apresentaram ajustes quadráticos com o grau de mistura

(Tabela 19). É interessante notar que foi no grau de mistura de 50% que os elementos Cu,

Fe, Zn, Cr, Ni e Pb apresentaram a maior concentração nas raízes de alface (Tabela 18).

Esses resultados mostram alta absorção de metais pela raiz da alface. De acordo

com KABATA-PENDIAS (2001), alguns metais tendem a se acumular nas raízes e serem

pouco translocados para parte aérea, como por exemplo, o Cu, Cd e Pb.

Alguns autores como SANTOS (2005) e RIBEIRO-FILHO (2003) observaram

concentrações menores na raiz que na parte aérea, entretanto, neste caso, o grande acúmulo

na raiz pode ser devido à alta contaminação do solo. CARNEIRO et al. (2002) observaram

que em solos altamente contaminado com Zn, houve maior acúmulo desse elemento na

raiz, comparativamente com a parte aérea.

Dose B Cu Mn Fe Zn Cd Cr Ni Pb

0% 44,86 46,10 115,00 1938,20 106,58 0,10 2,32 6,02 9,5425% 54,33 70,02 100,00 2799,65 1293,04 5,76 4,76 7,50 12,6450% 77,54 142,73 112,25 11586,80 1484,70 9,44 18,75 13,68 33,5675% 82,15 84,04 74,80 3972,60 1188,54 6,02 9,50 7,96 12,06100% 112,16 99,06 64,00 2711,40 1415,58 10,50 7,06 9,60 13,14

ANOVA * * * * * * * * ** Significativo (P<0,05)

-------------------------------------------------------------- mg/kg -----------------------------------------------------------------

50

Tabela 19- Regressões para as concentrações dos metais em relação às doses de solo contaminado.

4.2.2 Produção de matéria seca e acúmulo de micronutrientes e metais

pesados

O principal sintoma observado na parte aérea da alface foi o amarelecimento das

folhas velhas, com desenvolvimento para necrose a partir das bordas e depois abrangendo a

folha toda. Como já mencionado, esse sintoma é característico de excesso de B (GUPTA et

al., 1985; KABATA-PENDIAS, 2001; MALAVOLTA, 2006; LIMA et al., 2007). Em

casos mais severos de toxicidade de Zn também pode ocorrer o aparecimento de clorose

(GUPTA et al., 1985; KABATA-PENDIAS, 2001). Os sintomas foram mais freqüentes nas

doses mais elevadas (Figura 6).

Ao contrário do observado para milho (item 4.1.2), neste experimento não foram

observados sintomas de deficiência de P. De acordo com os resultados obtidos por

MOREIRA et al. (2001), altos níveis de Zn em solução não influenciaram a absorção de P

por plantas de alface, mesmo quando o nível de P era baixo. Esses autores observaram

também que, independentemente do nível de P, ocorre alta absorção deste elemento quando

existe alta concentração de Zn no solo, ou seja, para a cultura da alface o excesso de Zn não

inibe a absorção de P e vice-versa.

Elemento* Regressão R2

B y=0,0026x2 + 0,393x + 44,934 0,965Cu y=-0,017x2 + 2,185 + 43,088 0,581Mn y=-0,005x2 - 0,037x + 112,75 0,838Fe y=-2,36x2 + 246,84x + 1108,34 0,494Zn y=-0,276x2 + 37,627x + 250,92 0,817Cd y=-0,001x2 + 0,192x + 0,801 0,765Cr y=-0,004x2 + 0,434x + 0,920 0,611Ni y=-0,001x2 + 0,163x + 5,774 0,446Pb y=-0,005x2 + 0,557x + 8,227 0,412

* Concentração de metais na raiz expresso em mg/kg

51

Figura 6 – Sintomas de queima de borda e amarelecimento das folhas velhas em plantas de alface cultivadas em solo que recebeu quantidades crescentes de solo contaminado com resíduo de sucata automobolística.

Figura 7 – Aspecto da alface cultivada em solo que recebeu quantidades crescentes de solo contaminado com sucata automobilística.

A produção de matéria seca da parte aérea da alface aumentou significativamente

com a proporção de mistura de solo contaminado, até 75%, com posterior queda na maior

proporção (100%) (Figura 7 e Figura 8).

52

Figura 8 – Produção de matéria seca para parte aérea da alface no solo sem contaminação e nas várias doses de solo contaminado (*Significativo P<0,05).

Essa maior produção de matéria seca pode ter sido favorecida pelo fornecimento de

Ca+Mg e pelo aumento do pH, devido à calagem realizada nesse solo. PRADO et al.

(2002) observaram que a produção de matéria seca da alface é favorecida pela adição de

corretivos da acidez do solo.

Observou-se resposta linear e significativa para os metais Cu, Cd, B, Pb e Mn e

ajuste quadrático para os metais Zn e Ni. As regressões não foram significativas para os

metais Fe e Cr (Figura 10). É interessante notar que o acúmulo de Mn e Pb diminuiu

significativamente a partir de dose com 50% de solo contaminado, provavelmente devido à

alteração do pH do solo provocada pela calagem. O Mn não foi um metal adicionado ao

solo via resíduo (Tabela 6). A redução do Mn com a calagem, mesmo com o aumento na

dose do resíduo foi observada por ACCIOLY et al. (2000). Esses autores notaram que a

calagem na quantidade de 2 t/ha, para atingir pH igual 5,5, foi suficiente para reduzir a

absorção de Mn pelo milho, mesmo com o aumento da dose do pó de forno elétrico.

Com o aumento da quantidade de resíduo, houve redução no acúmulo de Pb pela a

parte aérea da alface. Esse efeito pode estar relacionado com o aumento de pH e

precipitação do Pb com ligantes inorgânicos encontrados na solução do solo (KABATA-

PENDIAS, 2001), bem como pode ser função da interação antagônica desse elemento com

o Zn e o S, inibindo a translocação do Pb para parte aérea (RIBEIRO-FILHO et al., 2001).

0 25 50 75 1009,5

10,0

10,5

11,0

11,5

12,0

12,5

13,0

13,5

y=-6,29E-4x2+0,089x+9,883R2=0,945*

MS

(g/v

aso)

Proporção de solo contaminado (%)

53

Neste experimento foi observada uma alta absorção do Zn, maior que a encontrada no

milho e, como já citado, o resíduo contribuiu com o aumento linear do S no solo. Assim

esses fatores devem ter influenciado no teor de Pb na parte aérea da alface. Alguns autores

encontraram resultados diferentes dos aqui descritos, como, por exemplo, BOON &

SOLTANPOUR (1992), que observaram absorção de Pb pela alface em pH 7,0 e

ACCIOLY et al. (2000), que notaram um acentuado incremento de Pb na parte aérea da

alface, mesmo com a calagem.

Os ajustes lineares para Cu, Cd e B (Figura 9) indicam que, mesmo com a elevação

do pH do solo, esses elementos continuaram a ser absorvidos e translocados para parte

aérea da alface, na medida em que aumentou a proporção de mistura com solo

contaminado. Isso sugere que a técnica da diluição não proporcionou menor acúmulo

desses elementos na parte aérea. Da mesma forma, para o caso do B, pode-se também notar

que, no grau de mistura de 25%, esse elemento já se encontra acima da faixa de

concentração considerada adequada na alface (Raij, 1997) (Tabela 20), reforçando a

inviabilidade dessa técnica para a remediação da área.

O acúmulo de Zn na parte aérea da alface foi significativo (Tabela 20) e como

observado para o B, a diluição do solo contaminado com um não contaminado não foi

suficiente para diminuir a concentração de Zn para níveis considerados adequados para a

planta.

Ao contrário ao observado para o Zn e B, o Ni apresentou-se disponível apenas no

solo contaminado, sem diluição, indicando que qualquer grau de mistura foi suficiente para

diminuir a disponibilidade desse elemento para alface.

Os teores acumulados de Cr ficaram abaixo de 0,01 mg/vaso, evidenciando a baixa

translocação que ocorreu para esse elemento (KABATA-PENDIAS, 2001).

Com relação ao acúmulo de Cd pela planta de alface, observou-se que houve

absorção e transporte desse elemento para parte aérea em todos os tratamentos com solo

contaminado. Isso pode ser explicado pelo fato do pH do experimento ter alcançado o valor

máximo de 7,4 e, de acordo com a literatura, somente acima de pH 7,5 esse elemento torna-

se insolúvel (KABATA-PENDIAS, 2001). Esse efeito também foi observado por BOON &

SOLTANPOUR (1992) que observaram a absorção de Cd pela alface, em pH de 7,0.

O efeito quadrático observado para o acúmulo de Zn indica a possível influência do

54

aumento de pH verificado nos graus de misturas mais elevados.

Comparando os resultados de concentração de nutrientes e de metais pesados na

parte aérea, com as concentrações destes elementos encontrados nas raízes da alface, pode-

se notar que os metais Cu, Fe, Zn, Cd, Cr, Ni e Pb apresentaram concentrações maiores nas

raízes, que na parte aérea, indicando o pequeno transporte desses metais para parte aérea da

alface. De acordo com KABATA-PENDIAS (2001), os metais Cu, Cd e Pb apresentam

baixo translocamento, enquanto que o Zn apresenta moderado translocamento. A maior

translocação de B para as folhas da alface pode ter sido responsável pelo aparecimento de

sintomas de toxicidade (Figura 6).

A concentração de metais encontrada na parte aérea da alface, comparando com os

teores considerados adequados de micronutrientes, de acordo com RAIJ (1997), e os teores

considerados normais nessa cultura de metais pesados, segundo MALAVOLTA (1994),

podem ser consideradas excessivas para Zn e B. No caso dos metais pesados encontrou-se

uma alta absorção de Cd e Cr e de Ni somente na dose de 100%. Para o Pb a absorção ficou

dentro da faixa de normalidade citada em MALAVOLTA (1994).

Tabela 20- Concentração de metais e micronutrientes na parte aérea da alface comparados com teores considerados adequando pra micronutrientes e teores considerados normais de metais pesados.

Esses resultados mostram que a alta absorção de metais não inibiu a produção de

matéria seca para a alface, o que evidencia a maior tolerância dessa cultura para esses

elementos. A alface é uma planta que acumula relativamente grandes quantidades de metais

pesados (HUE, et al. 1988; BOON & SOLTANPOUR, 1992), podendo também ser usada

como indicador de contaminação por esses elementos (JORDÃO et al., 2006).

As concentrações de B e Zn acima das consideradas normais para a cultura de alface

Dose B Cu Fe Mn Zn Cd Cr Ni Pb

0% 36,30 9,42 139,00 194,60 62,74 0,10 0,60 0,10 3,1425% 118,66 10,18 168,00 141,80 487,48 0,84 0,46 0,10 3,6850% 158,90 10,64 132,60 107,20 473,36 1,14 0,88 0,10 2,0075% 269,68 12,80 107,00 106,40 620,22 0,98 0,46 0,10 1,40100% 342,36 13,24 151,80 117,60 655,50 2,58 0,82 2,74 1,76

ANOVA * * ns * * * ns * *Adequado** 30-60 7-20 50-150 30-150 30-100 0,12-0,66 0,09-0,11 1,4 0,7-3,6* Significativo (P<0,05), ns Não Significativo** Valores de B, Cu, Fe , Mn e Zn retirado em RAIJ (1997) e valores de Cd, Cr, Ni e Pb retirado em MALVOLTA (1994)

----------------------------------------------------------------mg/kg----------------------------------------------------------------

55

indicam que o excesso desses elementos constitui a principal limitação ao uso agrícola da

área e, dessa forma, a primeira medida remediadora deve focar a diminuição da

fitotoxicidade desses elementos. Com relação ao Zn pode-se sugerir o emprego de plantas

tolerantes e a manutenção de pH elevado por meio da calagem. Entretanto, a planta

acumuladora de Zn tem que ser tolerante a níveis altos de B no solo. Dessa forma, os

resultados obtidos nesse experimento sugerem que seja feita a estabilização da área com

plantas tolerantes a esses dois elementos e, posteriormente, realizem-se práticas de

adubação para adequação da fertilidade. Uma alternativa pode ser o cultivo de plantas

lenhosas como seringueira e eucalipto.

56

Figura 10 – Quantidades acumuladas de micronutrientes e metais pesados absorvidos pela cultura de alface. Cada ponto corresponde à média de cinco repetições (*Significativo P<0,05).

0 25 50 75 1000,0900,1050,1200,1350,1500,165

0 25 50 75 1001,301,401,501,601,701,801,902,00

0 25 50 75 1000,001,002,003,004,005,006,007,008,009,00

0 25 50 75 1000,00

0,01

0,02

0,03

0 25 50 75 100

0,00

0,01

0,02

0,03

0 25 50 75 100

0,000,100,200,300,400,50

0 25 50 75 1000,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

0 25 50 75 100

1,601,701,801,902,00

0 25 50 75 1000,0050,0060,0070,0080,0090,010

y = 7,616E-4x + 0,098R2 = 0,960*Cu

(mg/

vaso

)y = -0,005x + 1,799R2 = 0,794*

Mn

(mg/

vaso

)

y = -9,375E-4x2 + 0,163x + 1,066R2 = 0,930*

Zn (m

g/va

so)

y = 2,6E-4x + 9,2E-4R2 = 0,908*

Cd (m

g/va

so)

y = 7,68E-6x2 - 4,992E-4x + 0,003R2 = 0,857*

Ni (

mg/

vaso

) y = -0,002x + 0,196R2 = 0,480*

Pb (m

g/va

so)

Proporção de solo contaminado (%)

Proporção de solo contaminado (%)

y = 0,040x + 0,325R2 = 0,991*

B (m

g/va

so)

R2=0,075NS

Fe (m

g/va

so)

R2=0,506NS

Cr (m

g/va

so)

57

4.3 Experimento 3: Avaliação da fitodisponibilidade de metais pesados em solo

contaminado com resíduo de sucata automobilística sob cultivo de alface

Neste experimento foram estudados a fitodisponibilidade de metais pesados nas

várias proporções de solo contaminado, utilizando três métodos de extração e comparando-

os com os teores acumulados encontrados na matéria seca da cultura de alface.

Foi realizada também uma extração seqüencial do resíduo, do solo contaminado e

do solo não contaminado para conhecer em qual fração da fase sólida do solo esses metais

são encontrados.

4.3.1 Teores acumulados de metais pesados na parte aérea da alface

Esses resultados foram os mesmos obtidos, no experimento anterior para a parte

aérea da alface e são mostrados na Tabela 20.

4.3.2 Uso de extratores para avaliação da fitodisponibilidade de metais

em aérea contaminada

Neste ensaio foi avaliada a eficiência das soluções extratoras DTPA, ácidos

orgânicos e ácido acético, em predizer a disponibilidade de Cu, Zn, Pb, Ni, Mn, Cr e Cd nas

várias proporções de solo contaminado por resíduo de sucata metálica (Tabela 21). O

extrator composto por ácidos orgânicos e o extrator ácido acético foram escolhidos porque

simulam melhor a real condição rizosférica dos solos (JONES, 1998; PIRES, 2003). O

DTPA é um extrator de referência, utilizado no Estado de São Paulo. Entretanto, existe

muita discussão sobre a eficiência desse quelante para solos contaminados numa extração

simultânea de metais, pois o excesso de metais pode exceder a capacidade de saturação do

quelante (NORWELL, 1984 e VÁZQUES, 2005).

Pelo fato dos teores de Ni na parte aérea da alface, nas proporções de 0, 25, 50 e

75 % de solo contaminado, estarem abaixo do limite de detecção (< 0,01 mg/kg), não foi

possível estabelecer correlação entre o Ni na parte aérea e os teores encontrados nas

extrações.

De maneira geral, o extrator ácido acético foi o que retirou maiores quantidades de

Cd, Cu, Ni e Zn em relação aos demais extratores estudados (Tabela 21), sendo que as

58

quantidades extraídas foram, em ordem decrescente: ácido acético > ácidos orgânicos >

DTPA.

Para os elementos Cr, Mn e Pb o uso do dos ácidos orgânicos superou o ácido

acético, com o DTPA sempre retirando as menores quantidades (Tabela 21). Dessa forma,

para esses elementos, a ordem de extração foi: ácidos orgânicos > ácido acético > DTPA.

A menor extração observada para o DTPA pode ser explicada pelo fato das soluções

com ácidos extraíram mais metais dos que os encontrados na fração disponível. A solução

contendo ácido acético tem sido usada para dissolver os metais presentes na fração

carbonato (GLEYZES, 2002). De acordo com MADRD & DIAZ-BARRIENTOS (1992), o

acetato causa grande decréscimo em metais retidos pelos carbonatos no solo, mostrando

assim uma maior capacidade de solubilização para esse ácido.

As quantidades retiradas de Cd, Cu, Mn, Pb e Zn pelos três extratores se

correlacionaram significativamente com as quantidades acumuladas desses elementos na

parte aérea da alface, indicando a possibilidade de qualquer um desses três métodos poder

ser usado na predição de suas quantidades disponíveis para as plantas. Entretanto, o método

DTPA foi o que melhor se correlacionou com as quantidades fitodisponíveis de Cd, Cu e

obteve praticamente o mesmo coeficiente de correlação linear que os ácidos orgânicos para

o Zn.

Os métodos utilizados mostraram-se mais eficientes para os metais Cu, Zn e Cd,

com os coeficientes de correlação (r) acima que 0,75, todos significativos e positivos

quando relacionado à quantidade acumulada de metal na alface. O DTPA mostrou

correlações maiores para Cu e Cd, mas para o Zn as correlações encontradas para os três

extratores foram parecidas (Tabela 22). ALTAFIN (2005) também encontrou alto

coeficiente de correlação (r=0,88) entre o Zn extraído pelo ácido acético e o encontrado nas

plantas de arroz. Para o extrator DTPA, vários autores citam a eficiência para a predição do

Zn (BATAGLIA & RAIJ, 1989; SANTOS et al., 2002).

O coeficiente de correlação encontrado para o Cu por ALTAFIN (2005) foi maior

que o encontrado neste experimento (r=0,82), mostrando que as situações em estudo podem

alterar os resultados, já que o autor trabalha com o metal adicionado ao solo via lodo de

esgoto. Já, PIRES (2003), usando como extrator a solução mista de ácidos orgânicos,

encontrou coeficiente de correlação entre 0,60 e 0,69 também em solos tratados com lodo

59

de esgoto, corroborando com o coeficiente encontrado neste experimento (Tabela 22). Esse

fato mostrou que, além da natureza do resíduo, a planta teste também influencia nos

resultados.

A boa correlação do Cd determinado pelo ácido acético foi também observada por

HAQ et al. (1980). Neste experimento a melhor correlação foi com o DTPA, mas a

correlação com ácido acético ficou próxima (Tabela 22). BOON & SOLTANPOUR (1992)

encontraram coeficiente de correlação acima de 0,80, ao relacionar o Cd absorvido pela

alface, com o extraído pelo DTPA. Entretanto, esses autores também encontraram alto

coeficiente de correlação para Pb (r=0,95), resultado esse não encontrado nesse

experimento.

Para os metais Pb e Mn foi observada baixa eficiência dos três extratores, com

coeficiente de correlação (r) abaixo de 0,60. Mas as correlações encontradas foram

significativas e negativas para o Pb. Para o manganês foram encontradas correlações

significativas e positivas para os extratores ácidos orgânicos e DTPA, e negativa para o

extrator ácido acético (Tabela 22). BORGES & COUTINHO (2004) encontraram também

um baixo coeficiente de correlação para o Mn determinado pela solução de DTPA,

comparado com os teores em plantas de milho. BATAGLIA & RAIJ (1989) não

encontraram correlações significativas quando o Mn foi extraído pelo DTPA.

Para o Cr foi encontrado resultado não significativo para todos os extratores

estudados, mostrando a ineficiência desses métodos na predição da disponibilidade deste

metal. ALTAFIN (2005), relacionando os teores de metais nas plantas de arroz com cada

ácido orgânico da solução mista de ácidos orgânicos (acético, cítrico, lático e oxálico), não

encontrou correlação significativa para o Cr, com exceção da solução com as concentrações

mais altas do ácido oxálico. Esse resultado corrobora com encontrado neste estudo, pois a

concentração de ácido oxálico na solução mista é baixa. Para o extrator DTPA, ABREU et

al. (1995) também encontraram correlações não significativas quando relacionaram o teor

de Cr pelo DTPA com o teor na parte aérea do trigo e do feijão.

Para os metais Cd, Cu e Zn, a eficiência dos extratores exibiu a seguinte ordem:

DTPA > Ácido Acético > Ácidos Orgânicos. Para o metal Mn, mesmo com as baixas

correlações obtidas, o DTPA recebeu destaque. O extrator ácido acético foi o que

apresentou a melhor correlação para o Pb.

60

Esses resultados mostraram que, para a determinação simultânea de metais em solo

contaminado, nas condições estudadas, os três extratores possuem baixa eficiência. Mesmo

assim, o DTPA foi o que apresentou melhores resultados quando se observam todos os

metais em conjunto.

61

Tabela 21 – Quantidade acumulada de metais na parte aérea da alface e os teores de metais no solo extraídos pelo DTPA, Ácidos Orgânicos e Ácido Acético.

DTPA Ács. Orgânicos Ác. Acético% mg/vaso

0 0,001 0,000 0,271 0,00025 0,010 0,137 0,558 0,45950 0,014 0,265 1,285 1,50375 0,013 0,326 1,370 2,071

100 0,032 0,484 1,669 3,026

0 0,093 3,772 6,231 0,44525 0,121 10,468 22,492 9,08150 0,133 16,534 33,884 37,84675 0,169 17,670 33,783 45,070

100 0,165 26,698 44,304 76,138

0 0,006 0,000 0,555 0,00025 0,005 0,000 2,584 0,82150 0,009 0,002 5,280 2,39175 0,006 0,002 7,067 3,085

100 0,010 0,008 9,114 4,787

0 1,910 46,980 333,858 34,24625 1,697 34,062 340,046 96,53250 1,329 19,996 301,114 175,72475 1,392 14,817 258,720 206,445

100 1,456 13,457 216,473 215,330

0 0,000 0,461 1,787 0,35425 0,000 1,002 5,409 3,73650 0,000 1,264 10,517 10,61975 0,000 1,211 9,631 13,589

100 0,034 1,827 17,596 20,132

0 0,031 0,674 0,393 0,00025 0,044 4,889 7,150 3,79050 0,025 10,294 23,790 19,25775 0,019 11,624 35,007 25,106

100 0,021 13,233 53,495 15,971

0 0,619 0,400 1,095 0,00025 5,781 165,340 308,786 310,08750 5,923 276,740 606,331 774,96375 8,118 274,500 713,313 1145,942

100 8,152 417,180 953,995 1633,747

Pb

Zn

Cu

Cr

Mn

Ni

Dose Acumulado Extratores

--------------------mg/dm3----------------------Cd

62

Tabela 22 – Coeficientes de correlação linear simples para os teores de metais extraídos pelo DTPA, Ácidos Orgânicos e Ácido Acético, em relação com teores acumulados encontrados na parte aérea da alface.

4.3.3 Fracionamento seqüencial de metais na fase sólida do solo

contaminado, não contaminado e do resíduo

A extração seqüencial de metais foi realizada nas amostras de solo não

contaminado, contaminado e no resíduo, para se conhecer em quais das frações esses

metais estão associados preferencialmente, já que o resíduo vem de matriz inorgânica e

menos disponível. A amostra considerada resíduo é a porção de solo com mais resíduo que

solo, uma vez que não foi possível encontrar o resíduo original, sem este estar misturado do

solo.

Com a amostra do resíduo, pode-se observar apenas a presença de pequenas

quantidades de Fe, Mn, Zn e Cu na fração solúvel+trocável, indicando que todos os metais

estudados encontram-se em formas não prontamente disponíveis às plantas e também sob

condição que dificulta a lixiviação desses elementos para as águas subterrâneas (Tabela 23

e Figura 10). Entretanto, os metais estudados estão presentes na fração carbonato,

provavelmente devido ao efeito da calagem, encontrando-se em concentrações variáveis

entre 1,68mg/kg (Cu) e 13946,93 mg/kg (Zn).

Na fração solúvel mais trocável foi encontrada a presença dos metais Mn e Zn. O

Mn no solo não contaminado foi o que apresentou maior teor relativo. Para o Zn foram

encontrados teores baixos no solo contaminado e no resíduo. Nessa fração nota-se também

a presença de baixo teor de Fe e Cu no resíduo (Tabela 23).

DTPA Ács. Orgânicos Ác. AcéticoCd 0,884* 0,807* 0,821*Cu 0,75* 0,603* 0,719*Cr ns ns nsMn 0,599* 0,399* -0,516*Ni ns ns nsPb -0,434* -0,497* -0,501*Zn 0,880* 0,882* 0,822*

* Significativo (P<0,05)

ExtratoresMetais

63

Na fração matéria orgânica observou-se a presença do Cr, Ni e Zn, tanto no solo

contaminado, quanto no resíduo, bem como Pb, Mn e Cu nos três solos e não foi observada

a presença de Fe e Cd nessa fração, sendo o Zn foi o metal em maior concentração. A

fração oxídica é onde se encontram os maiores teores metais, principalmente a presença de

Fe, Cu e Zn, em concentrações que variaram e 4687 mg/kg de Zn até 89687 mg/kg para o

Fe. Na fração residual, em geral, os teores foram menores que na fração oxídica, sendo

observadas altas concentrações apenas dos metais no solo contaminado e no solo resíduo.

No solo não contaminado apenas o Fe e Mn se destacam. (Tabela 23).

A alta recuperação da maioria dos metais indica um possível erro na escolha do

método para solos com esse tipo de contaminação. O resíduo, por ser uma matriz

inorgânica oriunda da sucata automobilística, contém os metais na forma metálica, de

oxidação lenta, diferente das formas normalmente encontradas no solo agrícola.

A distribuição dos metais estudados no fracionamento pode ser observada na

Figura 10. No geral, mais de 50% foi encontrado em frações menos disponíveis (oxídica e a

residual), com exceção Cd e do Zn no resíduo e no solo contaminado, que apresentaram em

média 30% nessas frações.

Como esperado para o solo não contaminado, as quantidades detectadas dos metais

se distribuíram principalmente entre as frações menos fitodisponíveis (oxídica e residual),

exceto para Mn, que foi detectado em todas as frações, e para o Pb e Cu que também foram

encontrados na fração matéria orgânica (Figura 10). A adição do resíduo aumentou a

quantidade de metais no solo, mas especificamente na fração carbonato e na matéria

orgânica. A elevação de metais nessas duas frações deveu-se ao fato do solo contaminado

ter uma cobertura vegetal, a qual contribuiu para elevar o seu teor de matéria orgânica e de

ter recebido calagem em alta dosagem.

Como também esperado, os resultados obtidos para o solo contaminado

apresentaram concentrações intermediárias entre o solo não contaminado e o resíduo, à

exceção do Mn, pelo fato do solo não contaminado também possuir um teor alto desse

elemento, principalmente nas frações oxídica e ligada à matéria orgânica.

Em geral, o Cd ocorre na forma solúvel no solo (LASAT, 2002) o que favorece a

sua mobilidade (McBRIDE, 1998). Entretanto, os resultados obtidos com o fracionamento

detectaram 100% deste na fração oxídica para o solo não contaminado, e cerca de 72% na

64

fração carbonato para o solo contaminado e no resíduo (Figura 10). De acordo com o

observado por MADRID & DIAZ-BARRIENTOS (1992), em solo com carbonatos, a

adsorção do Cd é provavelmente o processo envolvido na sua retenção. RIBEIRO-FILHO

et al. (2001) encontraram que a presença de carbonato aumentou consideravelmente o Cd

nessa fração.

Para o Cu, encontraram-se 10% na fração matéria orgânica no solo não

contaminado, em que havia pouca matéria orgânica, e em torno de 10% também no solo

contaminado. Porém, observou-se cerca de 22% na fração carbonato e no resíduo, e cerca

de 80% na fração residual (Figura 10). Esses resultados mostram que mesmo esse metal

tendo alta afinidade pela matéria orgânica, o aumento desta última não foi acompanhado

por incremento do Cu na referida fração, mostrando também certa afinidade deste metal

pela fração carbonato. NASCIMENTO et al. (2003) e BORGES & COUTINHO (2004)

observaram que na maioria das vezes a adição de calcário reduz as quantidades de Cu

encontrada na fração matéria orgânica. Nesses dois experimentos, não foi avaliada a fração

carbonato, porém os autores citam um aumento numa fração pouco disponível, como a

oxídica.

No solo não contaminado encontrou-se todo o Cr distribuído entre as frações

oxídica e residual, mostrando assim a sua baixa mobilidade e fitodisponibilidade. No solo

contaminado e no resíduo, cerca de 85% desse metal encontra-se nas mesmas frações e

cerca de 15% nas frações matéria orgânica e carbonato, mostrando nestes casos certa

afinidade com a fração matéria orgânica (Figura 10).

O Fe foi encontrado apenas nas frações pouco disponíveis (oxídica e residual),

mostrando que nas condições estudadas esse metal encontra-se pouco disponível. O resíduo

apresentou aproximadamente 35% mais de Fe na fração residual, comparado com o solo

contaminado, e 43% a mais, em relação ao solo não contaminado (Figura 10), indicando

que o resíduo contribuiu com esse metal na fração considerada indisponível. De acordo

com COSTA et al. (2001), o Fe encontra-se preferencialmente nas frações oxídicas e

residual corroborando com os resultados encontrados.

O Mn foi o único metal encontrado na fração solúvel mais trocável, no solo não

contaminado (9%). No solo contaminado e no resíduo foram observadas concentrações de

Mn na fração carbonato com cerca de 30% (Figura 10). BORGES & COUTINHO (2004)

65

observaram que a adição de carbonato diminuiu o teor trocável desse elemento, com

incremento na fração de óxidos (Fe e Al), matéria orgânica e residual, variando para cada

solo avaliado. Entretanto, os autores não realizaram a determinação da fração carbonato,

podendo o conteúdo deste estar distribuído nas frações avaliadas.

A distribuição do Ni no solo não contaminado ocorreu apenas nas frações oxídica

(80%) e residual (20%). A adição do resíduo ao solo mostrou incremento nas frações

matéria orgânica e carbonato (Figura 10). Um fato interessante é que no solo contaminado

foi observado que mais de 50% do Ni estava nas frações matéria orgânica e na fração

carbonato, as quais apresentam uma certa fitodisponibilidade.

Para o metal Pb notou-se que no solo não contaminado este elemento se apresentava

com 25% na fração matéria orgânica. Já no solo contaminado e no resíduo, observou-se a

distribuição na fração carbonato, mas ainda foi observada a sua presença na fração matéria

orgânica. Observou-se que, independentemente das três situações estudadas, esse metal

ainda ficou preferencialmente (75%) nas frações pouco disponíveis. COSTA et al. (2007)

encontraram o Pb predominantemente nas frações matéria orgânica e residual. Neste

experimento o predomínio foi na fração oxídica, confirmando o comportamento típico

desse metal, ou seja, alta retenção, baixa mobilidade e biodispibilidade (KABATA-

PENDIAS, 2001).

O Zn no solo contaminado e no resíduo foi encontrado numa proporção maior que

50% na soma das frações carbonato e matéria orgânica, mostrando, como notado para o Cd,

que esse metal não está preferencialmente nas frações pouco disponíveis (oxídica e

residual). Essa preferência foi observada no solo não contaminado para esse metal, onde

cerca de 95% de todo o Zn encontra-se na fração oxídica e residual (Figura 10). Esses

resultados a evidenciam a importância do Zn pela fração carbonato, já que a adição do

calcário acarretou em grande aumento desse metal nessa fração. MADRID &

DIAZ-BARRIENTOS (1992) também observaram que o solo tratado com carbonato tem

afinidade para a retenção do Zn.

No geral, o resíduo contribuiu com o incremento dos metais nas frações menos

disponíveis, oxídica e residual. Entretanto, devido à calagem, observou-se grandes teores de

metais na fração carbonato, que em tese devem se encontrar na forma precipitada. No

entanto, as formas carbonatadas contendo esses metais podem ser dissolvidas na presença

66

de ácido acético, ácido esse liberado pelas raízes das plantas (PIRES, 2003), aumentando

assim o potencial de serem absorvidos pelas plantas.

67

Tabela 22 – Concentrações de Cd, Cr, Pb, Ni, Fe, Mn, Zn e Cu, encontradas nas seguintes frações do solo; (S+T), solúvel mais trocável, (Ads Carb) carbonato, (MO) matéria orgânica, (OX) oxídica e (RES) residual, além do teor total e da recuperação nos solos (NC) não contaminado, (C) contaminado e (RES) residual.

S+T Ads Carb MO OX RES%

NC 0,00 0,00 0,00 0,64 0,00 0,6 0,1 456,0C 0,00 3,89 0,00 1,36 0,00 5,2 3,2 163,3

RES 0,00 12,44 0,00 1,96 3,09 17,5 15,53 112,6

NC 0,00 0,00 0,00 16,34 4,53 20,9 13,62 153,3C 0,00 3,89 31,69 107,99 98,61 242,2 81,69 296,5

RES 0,00 9,31 43,68 177,25 153,9 384,1 247,4 155,3

NC 0,00 0,00 9,90 26,28 6,81 43,0 46,05 93,4C 0,00 77,43 76,45 633,49 141,57 928,9 546,2 170,1

RES 0,00 639,00 121,56 1602,32 821,37 3184,3 1943,00 163,9

NC 0,00 0,00 0,00 8,44 2,22 10,7 7,62 139,9C 0,00 25,14 27,29 35,25 13,23 100,9 46,10 218,9

RES 0,00 58,32 54,08 71,28 107,42 291,1 173,80 167,5

NC 0,00 6,70 0,00 40690,53 6921,41 47618,64 30180,00 157,8C 0,00 303,03 0,00 67172,20 18434,00 85909,23 66420,00 129,3

RES 0,59 1114,93 0,00 89687,20 117507,33 208310,05 181550,00 114,7

NC 67,36 58,39 88,46 722,78 57,03 994,01 543,90 182,8C 4,04 375,12 45,32 584,18 167,71 1176,37 498,10 236,2

RES 0,96 687,49 49,75 626,91 813,35 2178,45 1094,70 199,0

NC 0,00 2,46 0,00 53,24 13,64 69,3 65,25 106,3C 1,68 2847,39 1410,53 2169,73 216,06 6645,4 2630,0 252,7

RES 1,87 13946,93 2797,53 4687,06 2708,00 24141,4 11263,00 214,3

NC 0,00 1,68 7,03 54,90 3,09 66,7 150,49 44,3C 0,00 96,66 40,03 264,72 57,82 459,2 272,00 168,8

RES 0,09 545,43 111,01 1456,33 5771,10 7884,0 1204,4 654,8

Cd----------------------------------------------------mg/kg----------------------------------------------------

Zn

Fe

Ni

Pb

Cr

Solo Soma Total RecuperaçãoFrações

Cu

Mn

67

Figura 10 – Distribuição dos metais nos solos não contaminado (NC), contaminado (C), e resíduo (RES), nas seguintes frações da fase sólida do solo: solúvel mais trocável (S+T), carbonato (Ad. Carb.), matéria orgânica (MO), oxídica (OX) e residual (RES).

NC Cd

C Cd

RES Cd

0 20 40 60 80 100

NC

RES

NC

C

NC

C

RES

Cádm

io

NC Cr

C Cr

RES Cr

0 20 40 60 80 100

RES OX MO Ad. Carb. S+T

C

RES

Crom

o

NC Pb

C Pb

RES Pb

0 20 40 60 80 100

NC

C

RES

Chum

bo

NC Ni

C Ni

RES Ni

0 20 40 60 80 100

NC

C

RES

Níq

uel

NC Fe

C Fe

RES Fe

0 20 40 60 80 100

Ferro

NC Mn

C Mn

RES Mn

0 20 40 60 80 100

NC

C

RES

Man

ganê

sNC Zn

C Zn

RES Zn

0 20 40 60 80 100

NC

C

RES

%

Zinc

o

NC Cu

C Cu

RES Cu

0 20 40 60 80 100

NC

C

RES

%

Cobr

e

68

69

5 CONCLUSÕES

- O solo contaminado com resíduo de sucata automobilística apresenta baixa

fertilidade, observado pelo baixo desenvolvimento do milho, além da presença

teores tóxicos de B e Zn, mesmo em alto valor de pH.

- O resíduo proporciona, além de altos teores de metais no solo, condições tóxicas

para o desenvolvimento das culturas milho e alface, evidenciando também que a

técnica de diluição não é eficiente nessa área, já que foram encontrados teores

tóxicos de B e Zn na dose com apenas 25% de solo contaminado.

- Mesmo o resíduo sendo proveniente de uma matriz indisponível pode ser

observado alta absorção de metais pesados e de B pela cultura de alface, tanto na

parte aérea como na raiz.

- Os três extratores testados (DTPA, mistura de ácidos orgânicos e ácido acético)

usados na extração simultânea de metais em solo contaminado, foram

ineficientes para diagnosticar a fitodisponibilidade de metais pesados.

- O fracionamento usado mostrou-se deficiente nas condições do estudo, com

valores excessivos de recuperação, e indicou que mais da metade dos metais

adicionados ao solo via resíduo apresentam-se em formas menos disponíveis,

isto é, na fração oxídica e na residual.

- A remediação da área em estudo deve contemplar o uso de espécies tolerantes a

altos valores de pH, bem como a teores elevados de B e Zn na realização de uma

fitoestabilização.

- Ao se considerar as definições de contaminação e poluição descritas neste

trabalho, pode-se concluir que esse solo encontra-se poluído.

70

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, C. A.; ABREU, M. F.; RAIJ, B. van; SANTOS, W. R.; Comparação de métodos de análise para avaliar a disponibilidade de metais pesado em solos. Revista Brasileira de Ciência do solo, v.19, p.463-468, 1995.

ABREU, C. A.; ABREU, M. F.; ANDRADE, J. C. Determinação de cobre, ferro, manganês, zindo, cádmio, níquel e chumbo em solos usando a solução de DTPA em pH 7,3 In: RAIJ van B.; ANDRADE, J.C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. (Ed.) Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Instituto Agronômico de Campinas (SP), 2001. ABREU, C. A.; ABREU, M. F.; ANDRADE, J. C. Determinação de boro em água quente, usando aquecimento com microonda. In: RAIJ van B.; ANDRADE, J.C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. (Ed.) Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Instituto Agronômico de Campinas (SP), 2001. ABREU, C. A.; ABREU, M. F.; BERTON, R. S. Análise química de solo para metais pesados In: ALVAREZ V, V. H.; SCHAEFER, C. E. G. R.; BARROS, N. F.; MELLO, J. W. V.; COSTA, L. M. (Ed.) Tópicos em ciência do solo, v.2, p.644-692, 2002. ABREU, C. A.; RAIJ, B. van; ABREU, M. F.; GONZÁLES, A. P. Routine soil testing to monitou heavy metals and boron. Science Agricola, v.62, n.6, p.564-571, 2005. ACCIOLY, A. M. A.; SIQUEIRA, J. O. Contaminação química e biorremediação do solo In: NOVAIS, R. F.; ALVAREZ, V. H. V.; SCHAEFER, C. E. G, R. (Ed.) Tópicos em ciência do solo, Viçosa v.1 p.299-352, 2000. ACIOLLY, A. M. A.; SIQUIERA, J. O.; CURI, N.; MOREIRA, F. M. S. Amenização do calcário na toxidez de zinco e cádmio para mudas de Eucalyptus camaldulensis cultivadas em solo contaminado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.28, p.775-783, 2004. ACCIOLY, A. M. A.; FURTINI-NETO, A. E.; MUNIZ, J. A.; FAQUIN, V.; GUEDES, G. A. A. Pó de forno elétrico de siderurgia como fonte de micronutrientes e de contaminantes para plantas de milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, n.7, p.1483-1491, 2000. ADRIANO, D. C.; WENZEL, W. W., VANGRONSVELD, J.; BOLAN, N. S. Role of assisted natural remediation in environmental cleanup. Geoderma, v.122, p.121-142, 2004.

71

AHNSTROM, Z. S. & PARKER, D. R. Development and assessment of a sequential extraction procedure for the fraction of soil cadmium. Soil Science Society of American Jornal, v.63, p.1650-1658, 1999. ALLEONI, L. R. F.; IGLESIAS, C. S. M.; MELLO, S. C.; CAMARGO O. A.; CASAGRANDE, J. C.; LAVORENTI, N. A. Atributos do solo relacionados à adsorção de Cd e Cu em solos tropicais. Acta Scientiarun Agronomy, v.27, n.4, p.729-737, 2005. ALLOWAY, B. J. Heavy metals in soil. 2.ed. London: Blackie Academic, p.368, 1995. ALTAFIN, L. Ácidos orgânicos e solubilização de metais pesados em solos tratados com lodo de esgoto. Tese (mestrado em agronomia) Esalq – Piracicaba 2005. AMARAL, A. S.; FELIPO, B. V.; COSTA, L. M.; FONTES, M. P. F. Liberação de Zn, Fe, Mn e Cd quatro corretivos da acidez e absorção por alface em dois solos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.29, n.9, p.1351-1358, 1994. BARBOSA-FILHO, M. P.; ZIMMERMANN, F. J. P.; SILVA, O. F. Influência da escória silicatada na acidez do solo e na produtividade de grãos do arroz de terras altas. Ciência Agrotécnica, v.28, n.2, p.323-331, 2004. BASTA, N. T.; GRADWOHL, R.; SNETHEN, K. L.; SCHRODER, J. L. Chemical Immobilization of Lead, Zinc, and Cadmium in Smelter-Contaminated Soils Using Biosolids and Rock Phosphate. Journal of Environmental Quality, v.30, p.1222–1230, 2001. BATAGLIA, O. C.; FURLANI, A. M. C.; TEIXEIRA, J. P. F.; GALLO, J. R. Métodos de análise química de plantas. Campinas: Instituto Agronômico (Boletim Técnico, 78), p.48, 1983. BATAGLIA, O. C.; RAIJ, B. van. Eficiência de extratores de micronutrientes na análise de solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.13, p.205-212, 1989. BELTRANE, K. G.; CARVALHO, F. J. C. Comparação de qualidade de compostos orgânicos em diferentes países. In: SPADOTTO, C. A. & RIBEIRO, W. C. Gestão de resíduos na agricultura e agroindústria. Botucatu: FEPAF, p.319, 2006. BERTON, R. S.; VALADARES, J. M. A. S.; CAMARGO, O. A.; BATAGLIA, O. C. Peletização do lodo de esgoto e adição de CaCO3 na produção de matéria seca e absorção de Zn, Cu e Ni pelo aumento em três latossolos. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.21, p.685-691, 1997.

72

BOON, D. Y. & SOLTANPOUR, P. N. Lead, cadmium, and zinc contamination of Aspen garden soils and vegetation. Journal of Environmental Quality, v.21, p.82-86, 1992. BORGES M. R. & COUTINHO E. L. M. Metais pesados do solo após aplicação de biossólido I-Fracionamento. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.28, p.543-555, 2004. BORGES M. R. & COUTINHO E. L. M. Metais pesados do solo após aplicação de biossólido II-Disponibilidade. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.28, p.543-555, 2004. CAMARGO, O. A.; ALLEONI, L. R. F.; CASAGRANDE J. C. Reações dos micronutrientes e elementos tóxicos no solo In: FERREIRA, M. E.; CRUZ, M. C. P.; RAIJ, B. V.; ABREU, C. A. Micronutrientes elementos tóxicos na agricultura. Jaboticabal, CNPq/FAPESP/POTAFOS, p. 89-119, 2001. CAMARGO, O. A.; VALADARES, J. M. A. S.; DECHEN, A. R. Efeitos do pH e da incubação na extração do manganês, zinco, cobre e ferro do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.6, p.83-88, 1982. CANTARELLA, H. & PROCHNOW, L. I. Determinação de sulfato em solos. In: RAIJ van B.; ANDRADE, J. C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A (Ed.). Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Instituto Agronômico de Campinas (SP), 2001. CARNEIRO, M. A. C.; SIQUEIRA, J. O.; MOREIRA, F. M. S. Comportamento de espécies herbáceas em misturas de solo com diferentes graus de contaminação com metais pesados. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, n.11, p.1629-1638, 2002. CETESB – Companhia de tecnologia de saneamento ambiental – Relação de áreas contaminadas, http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/areas_contaminadas/relacao_areas.asp (19 de janeiro 2006). CETESB – Companhia de tecnologia de saneamento ambiental – Relatório de estabelicimento de valores orientadores para solos e águas subterrâneas para o estado de São Paulo, http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/relatorios/tabela_valores_2005.pdf (22 de fevereiro 2006). CONAMA - Conselho nacional do meio ambientes, http://mma.gov.br/conama (15 outubro 2007)

73

CONSOLINI, F.; COUTINHO, E. L. M. Efeito da aplicação de Zn e do pH do solo na disponibilidade de micronutrientes. Acta Scientiarun Agronomy, v.26, n.1, p.7-12, 2004. COSCIONE, A. R.; CAMARGO, O. A.; ANDRADE, J. A. Remediação de solos contaminados com elementos tóxicos. In: ANDRADE, J. C. & ABREU, M. F. Análise química de resíduos sólidos para monitoramento e estudos agroambientais, Campinas, p.178, 2006. COSTA, A. C. S.; ALMEIDA, V. C.; NOZAKI, J. Determinação de cobre, alumínio e ferro em solos derivados do basalto através de extrações seqüenciais. Química Nova, v.25, n.4, p.548-552, 2002. COSTA, N. C.; MEURER, E. J.; BISSANI, C. A.; TEDESCO, M. J. Fracionamento seqüencial de cádmio e chumbo em solos. Ciência Rural, v.37, n.5, p.1323-1328, 2007. COSTA, C. N.; MEURER, E. J.; BISSANI, C. A. & SELBACH, P. A. Contaminantes e poluentes do solo e do ambiente In: MEURER, E.J. Fundamentos de química do solo 3° Edição, Porto Alegre: Evangraf, p.285, 2006. CLÍSTENES, W. A. N. & BAOSHAN, X. Phytoextraction: A review on enhanced metal availability and plant accumulation, Sci. Agric., v.63, n.3, p.299-311, 2006. EMBRAPA – Empresa brasileira de pesquisa agropecuária. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília: Embrapa Produção da Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, p.412, 1999. EPA - Environmental protection angency, http://www.epa.gov (15 outubro 2007) EPSTEIN, E. & BLOOM, A. J. Nutrição mineral de plantas, princípios e perspectiva. 2°Ed. Editora Planta, p.401, 2006. FADIGAS, F. S.; AMARAL-SOBRINHO, N. M. B.; MAZUR, N.; ANJOS, L. H. C.; FREIXO, A. A. Concentrações naturais de metais pesados em algumas classes de solo brasileira. Bragantia, v.61, n.2, p.151-159, 2002. GLEYZES, C.; TELLIER, S.; ASTRUC, M. Fracionation studies of trace elements in contaminated soil and sedments: a review os sequential extraction produres. Trends in analytical chemistry, v.21, n.6+7, p.451-467, 2002.

74

GUPTA, U. C.; JAME, Y. W.; CAMPBELL, C. A.; LEYSHON, A. J.; NICHOLAICHUK, W. Boron toxicity and deficiency: A review. Canadian Journail of Soil Scienci, v.65, p.381-409, 1985. HAAN, F. A. M. Soil quality evaluation. In: HAAN, F. A. M. & VISSER-REYNEVELD, M. I. Soil pollution and soil protection, Wageningen Agricultural University, p.306, 1996. HALL, J. L. Celular mechanisms for heavy metal detoxification and tolerance. Journal of Exeperimental Botany, v.53, n.366, p 1-11, 2001. HAQ, A. U.; BATES, T. E.; SOON, Y. K. Comparison of extractants fos plant-available Zn, Cd, Ni and Cu in contaminated soil. Soil Science Society of American Journal v.44, p.772-777, 1980. HUE, N. V.; SILVA, J. A.; ARIFIN, R. Sewage sludge-soil interactions as measured by plant and soil chemical composition. Journal of Environmental Quality, v.17, n.3, p.384-390, 1988. JONES, D. L., Organic acids in the rhizosphere – a critical review. Plant and Soil, v.205, p.25-44, 1998. KABATA-PENDIA A., Soil-plant transfer of trace elements – an environmental issue. Geoderma, v.122, p.143-149, 2004. KABATA-PENDIAS, A. Trace elements in soils and plants. Florida: CRC Press, p.315, 2000. KABATA-PENDIAS, A. & PENDIAS, H. Trace elements in soils and plants. Florida: CRC Press, p.315, 1985. LASAT, M. M., Phytoextraction of toxic metals: A review of biological mechanisms. Journal of Environment Qualit, v.31 p.109-120 2002. LIMA, J. C. P. S.; NASCIMENTO, C. W. A.; LIMA, J. G. C.; LIRA-JUNIOR, M. A. Níveis críticos e tóxicos de boro em solos de Pernambuco determinados em casa de vegetação. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.31, p.73-79, 2007. LIN, C.; BUSSCHER, W.J.; DOUGLAS, L.A. Multifactor kinetics of phosphate reactions with minerals in acidic soils. I. Modeling and simulation. Soil Science Society of American Journal, v.47, p.1097-1103, 1983.

75

LINDSAY, W. L. Inorganic phase equilibria of micronutrients in soil. In: MORTVEDT, J. J.; GIORDANO, P. M.; LINDSAY, W. L. (Ed). Micronutrients in agriculture. Madison: Soil Science Society of America, 1979. Chap3, p.41-57. MADRID, L. & DIAZ-BARRIENTOS, E. Ifluence of carbonate on the reaction of heavy metals in soil. Journal of Soil Science, v.43, p.709-721, 1992. MALAVOLTA, E. Fertilizantes e seu impacto ambiental: micronutrientes e metais pesados, mitos, mistificação e fatos. São Paulo: ProduQuímica, p.153, 1994. MALAVOLTA E. Manual de nutrição mineral de plantas Ed. Ceres p.631, 2006. MAPA – Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento. Sistema de consulta a legislação http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do (20 outubro 2007). MATTIAZZO, M. E.; BERTON R. S.; CRUZ M. C. P.; Disponibilidade e avaliação de metais pesados potencialmente tóxicos In: FERREIRA, M. E.; CRUZ, M. C. P.; RAIJ, B. V.; ABREU, C. A. Micronutrientes elementos tóxicos na agricultura. Jaboticabal, CNPq/FAPESP/POTAFOS, 2001, p 213-230. Mc.BRIDE, M. B. Environmental chemistry of soil. Oxford University Press, p.406, 1996. MELO, V. P. Propriedades químicas e disponibilidade de metais pesados para a cultura do milho em dois latossolos que recebeu a adição de biossólido. Tese (mestrado em agronomia) UNESP – Jaboticabal 2002. MENCH, M.; VANGRONSVELD, J.; LEPP, N. W.; EDWARDS, R. Physico-chemical aspects and efficincy of trace element immobilization by soil amendments. In: VANGRONSVELD, J. & CUNNINGHAM, S. D., (eds) Metal contaminated soils. Berlin, Spring, p.151-182, 1999. MORAGHAN, J. T. & MASCAGNI JR, H. J. Environmental and soil factors affecting micronutrient deficiencies and toxicities. In: MORTVEDT, J. J.; GIORDANO, P. M.; LINDSAY, W. L. (Ed). Micronutrients in agriculture. Madison: Soil Science Society of America, Second Edition, Chap11, p.371-425, 1991. MOREIRA, M. A.; FONTES, P. C. R.; CAMARGO, M. I. Interação zinco e fósforo em solução nutritiva influenciando o crescimento e a produtividade da alface. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.36, n.6, p.903-909, 2001.

76

OLIVEIRA, A. B. & NASCIMENTO, C. W. A. Formas de manganês e ferro em solos de referência de Pernambuco. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.30, p.99-110, 2006. OLSEN, S. R. Micronutrient Interactions. In: MORTVEDT, J. J.; GIORDANO, P. M.; LINDSAY, W. L. (Ed). Micronutrients in agriculture. Madison: Soil Science Society of America, Chap3, p.41-57, 1979. PIERANGELI, M. A. P.; GUILHERME, L. R. G.; CURI, N.; SILVA, M. L. N.; LIMA, J. M.; COSTA, E. T. S. Efeito do pH na adsorção de dessorção de cádmio em latossolos brasileiros. Revista Brasileira de Ciência de Solo, v.29, p.253-532, 2005. PIRES, A. M. M. Ácidos orgânicos da rizosfera: aspectos qualitativos e quantitativos e fitodiponibilidade de metais pesados originários de biossólidos. Tese de doutorado, Piracicaba, p.106, 2003. PIRES, A. M. M. Aspectos legais da disposição de resíduos na agricultura In: Curso de reciclagem de resíduos urbanos e industriais no solo agrícola. Instituto Agronômico, Campinas, Palestras, p.sn, 2006. PIRES, A. M. M.; ANDRADE, C. A.; COSCIONE, A. R. Metais pesados em solos tratados com lodo de esgoto. In: SPADOTTO, C. A. & RIBEIRO, W. C. Gestão de resíduos na agricultura e agroindústria. Botucatu: FEPAF, p.319, 2006. PIRES, A. M. M.; MATTIAZZO, M. E.; BERTON, R. S. Ácidos orgânicos como extratores de metais pesados fitodisponíveis em solo tratados com lodo de esgoto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.39, n.7, p.671-676, 2004. PRADO, R. M.; COUTINHO, E. L. M.; ROQUE, C. G.; VILLAR, M. L. P. Avaliação da escória de siderurgia e de calcários como corretivos da acidez do solo no cultivo da alface. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, n.4, p.539-946, 2002. PRADO, R. M.; CORRÊA, M. C. M.; CINTRA, A. C. O.; NATALE, W. & SILVA, M. A. C. Liberação de micronutrientes de uma escória aplicada em um Argissolo Vermelho-amarelo cultivado com mudas de goiabeira (Psidium guajava L.). Revista Brasileira de fruticultura. Jaboticabal, v.24, n.2, p.536-542, 2002. PRADO, R. M. & NATALE, W. Efeito da aplicação de escória de siderurgia ferrocromo na produção de mudas de maracujazeiro. Revista brasileira de fruticultura, Jaboticabal, v.26, n.1, p.140-144, 2004.

77

RAIJ van B.; CANTARELA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendação de adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2°ed.ver.atual. Boletim Técnico, Fundação IAC, Campinas, p.285, 1997. RAIJ van B. & QUAGGIO, J. A. Determinação de fósforo, cálcio, magnésio e potássio extraídos com resina trocadora de íons. In: RAIJ van B.; ANDRADE, J. C.; CANTARELLA, H. & QUAGGIO, J. A (Ed.). Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Instituto Agronômico de Campinas (SP), 2001. RAIJ van B.; ANDRADE, J. C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A (Ed.). Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Instituto Agronômico de Campinas (SP), 2001. RIBEIRO-FILHO, M. R.; CURI, N.; SIQUEIRA J. O.; MOTTA P. E. F. Metais pesados em solos de área de rejeitos de indústria de processamento de zinco. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.23, p.453-464, 1999. RIBEIRO-FILHO, M. R.; SIQUEIRA, J. O.; CURI, N.; SIMÃO, J. B. P. Fracionamento e biodisponibilidade de metais pesados em solo contaminado, incubado com materiais orgânicos e inorgânicos. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.25, p.495-507, 2001. RIBEIRO-FILHO, M. R. Materiais inorgânicos como agentes amenizantes da toxicidade de metais no solo. Tese (Doutorado em Agronomia) UFLA – Lavras 2003 RUTTENS, A.; MENCH, M.; COLPAERT, J. V.; BOISSON, J.; CARLEER, R.; VANGRONSVELD, J. Phytostabilization of a metal contaminated sand soil. I: Influence of compost and/or inorganic metal immobilizing soil amendments on phytotoxicity and plant availability of metal. Environmental pollution, v.144, p.524-532, 2006. SANTOS, G. C. G. Pó-de-aciara como fonte de zinco para o milho e seu efeito na disponibilidade de metais pesados. Bragantia, Campinas, v.61, n.3, p.257-266, 2002. SANTOS, G. C. G. Comportamento de B, Zn, Cu, Mn e Pb em solo contaminado sob cultivo de plantas e adição de fontes de matéria orgânica como amenizantes do efeito tóxico. Tese (Doutorado em Agronomia) Esalq – Piracicaba 2005. SANTOS, G. C. G. & RODELLA, A. A. Efeito da adição de fontes de matéria orgânica como a menizantes do efeito tóxico da B, Zn, Cu, Mn e Pb no cultivo de Brassica juncea. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.31, p.793-801, 2007

78

SHAN, X.-q; WANG, Z., WANG, W., ZHANG, S., WEN, B., Labile rhizosphere soil fraction for prediction of bioavailability of heavy metal and rare earth elements to plants. Anal Bioanal Chem, v.375, p.400-407, 2003. SILVA, F. R. & FERREYRA H., F. F. Boro total e solúvel e suas relações com alguns atributos dos solos do estado do Ceará. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.22, p.595-602, 1998. SILVEIRA, M. L.; ALLEONI, L. R. F.; CONNOR, G. A.; CHANG, A. C. Heavy metal sequential extraction methods – A modification for tropical soil. Chemosphere, v.64, p.1929-1938, 2006. SOARES, C. R. F. S.; ACCIOLY, A. M. A.; SIQUEIRA, J. O.; MOREIRA, F. M. S. Diagnóstico e reabilitação de área degradada pela contaminação por metais pesados. In: CEMAC; Universidade Federal de Lavras; SOBRADE. (Org.). V Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas. Palestras. Lavras, v.1, p.56-82, 2002. SODRÉ, F. F.; LENZI, E.; COSTA A. C. S. Utilização de modelos físico-químicos de adsorção no estudo do comportamento do cobre em solos argilosos. Química Nova, v.24, n.3, p.324-330, 2001. SOUZA, R. F.; FAQUIN, V; TORRES, P. R. F.; BALIZA, D. P. Calagem e adubação orgânica: influência na adsorção de fósforo em solos. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.30, p.975-983, 2006. TESSIER, A.; CAMPBELL, P. G. C.; BISSON, M. Sequential extraction produre for the epeciation of particulate trace metals. Anal. Chem., v.51, p.844-851, 1979. USEPA – United states environmental protection agency. Metthod 3051: microwave assisted acid digestion of sediments, sludges, soil and oils. http://www.epa.gov/epaoswer/hazwaste/test/3_series.htm (10 janeiro 2007). VÁZQUES, E. V.; CANCELA, R. C.; CASTRO, M. M. T.; GONZÁLEZ A. P.; ABREU, C. A. Trace elements extracted by DTPA and Mehlich-3 from agricultural soils with and without compost additions. Communications in soil Science and Plant Analysis, v.36, p.717-727, 2005. YONG, R. N. Geoenvironmental engineering: Contaminated soil, pollutant fate, and mitigation, CRC Press, Boca Raton, p.xx, 2000. YONG, R. N. & MULLIGAN, C. N. Natural Attenuation of contaminants in soils, CRC Press, Boca Raton, p.319, 2003.